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AS PRÁTICAS DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Eleyenne Fernandes Araújo¹


Maria de Lourdes Neves Soares2
Orientador: Profº Mauricio Martins Cabral3

RESUMO

O tema abordado neste trabalho refere-se sobre as Práticas do Letramento na Educação


Infantil no processo educativo na primeira infância, por meio de atividades do cotidiano das
crianças, e na construção de seus conhecimentos. Para tanto, o presente estudo busca visa
compreender como imergir as crianças da Educação Infantil ao mundo da leitura e a
representação da escrita, com análise e discussões com base em autores do contexto em
análise, a qual dispõem reflexões sobre as práticas do letramento. A aquisição da leitura
acontece com estímulos e inserção do letramento com práticas pedagógicas organizadas com
uso de faz de conta, brincadeiras e músicas infantis, a qual as crianças buscam suas
curiosidades e com isso se desenvolvem. A metodologia aplicada se constitui em um
levantamento bibliografico, com base em artigos publicados em Biblioteca Eletrônica
Científica Online (SciELO), e desta forma buscou-se compreender o que pesquisadores e
estudiosos discutem sobre o tema. Com o estudo chegou-se ao rascunho de ter uma Educação
Infantil – EI, com o objetivo de que na primeira etapa da educação básica podemos oferecer
um espaço onde as crianças podem aprender sobre leitura brincando, e que o ato de ler e
escrever deve começar a partir da primeira infância para que os mesmo consigam uma
compreensão muito abrangente de ler o mundo. No desenvolvimento teórico fizemos uma
relação sobre a Educação Infantil com base legal, contextualizando sua trajetória histórica
com avanços e como chegamos aos dias atuais com uma educação infantil com perspectiva de
letramento. Sem desconsiderar a criança como sujeito de diretos para vivenciar na primeira
infância.

Palavras-Chave: Educação Infantil. Prática Pedagógica. Letramento.

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¹Aluna do curso de especialização em Gestão Escoalr da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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Aluna do curso de especialização em Gestão Escoalr da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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Professor do curso de especialização em gestão escolar da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo ancora-se nas práticas do letramento na Educação Infantil, busca


discutir, analisar e compreender as estratégias utilizadas para imergir a leitura e a
representação da escrita realizada pelos professores nesse contexto, a qual dispõem para às
crianças reflexões sobre o sistema de escrita alfabética por meio de práticas de letramento.
Historicamente o letramento surgi no Brasil por volta da década de 80, a palavra é
uma tradução para o português da língua inglesa literacy. Literacy é um estado ou condição
que introjeta aquele que aprende a ler e escrever. Desta forma o letramento parti da
necessidade de denominar o estado ou condição daqueles que não mais pertenciam ao grupo
dos analfabetos e que utilizavam a escrita e a leitura em seus contextos.
A partir das considerações de Piaget, Vygotsky e Wallon procurei embasamento
teórico dos autores(as) Magda Soares (2009), Kleiman (2005), para explicar que o letramento,
já ocorrem normalmente com as crianças de educação infantil e que não é possível deter o
conhecimento dos pequenos.
A educação infantil centrada em uma perspectiva progressista, a mesma não tem
como proposta fundamental alfabetizar as crianças uma vez que essa é primeira etapa da
educação tem por objetivo desenvolver a criança em sua integralidade, portanto como
acontece as práticas do letramento nessa etapa de ensino? Essas práticas estão inseridas dentro
de qual proposta pedagógica? Conjecturamos que as práticas do letramento emergi de uma
cultura letrada e assim na escola as crianças têm suas experiências cotidianas planejadas
intencionalmente para que cada aspecto seja trabalhado de maneira global.
Partimos do princípio legal instituída pela Lei nº 9.394/96, que reconhece a criança
como um sujeito de direitos. Mesmo a Base Nacional Comum Curricular - BNCC não
assumindo o letramento de forma explícita, ela sinaliza caminhos para o trabalho com o
sistema de escrita nessa fase, todavia estudiosos e profissionais da Educação Infantil
entendem que as crianças já nascem imersas na cultura escrita, daí a importância de trazer o
registro escrito para o cotidiano delas por meio eixo norteado: as interações e brincadeiras
(BRASIL, 2018).
Com base nisso, a presente pesquisa tem por objeto investigar práticas de letramento,
analisando as estratégias utilizadas pelos professores para a reflexão do sistema de escrita na
Educação infantil. Com base nos autores(as) que abordam sobre a temática apresentada acima
e para responder os questionamentos deste estudo utilizou os seguintes critérios: quanto aos

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objetivos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, ao incorporar uma revisão de literatura sobre
o tema. E com base em uma pesquisa exploratória, uma vez que se buscam mais registros e
informações e assim uma maior compreensão sobre o estudo.
Inicialmente traremos uma contextualização sobre a Educação Infantil desde a
antiguidade até os dias atuais, discutiremos com os autores em estudo acerca do tema,
relacionando com os dispositivos legais que asseguram essa etapa de ensino e como eles
definem que seja proposto e por fim apresentaremos os caminhos percorridos para imersão da
criança ao letramento.
Assim sendo, compreende-se que este estudo é de suma importância, o que
certamente poderá contribuir para o incentivo a mudanças, visando uma educação infantil,
orientando os professores sobre o processo de ensino/aprendizagem no letramento, resultando
na melhoria da qualidade educativa com comptencias e habilidades desenvolvidas em sua
integralidade.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Base Legal para a Educação Infantil

A educação no Brasil para a primeira infância iniciou- se de forma assistencialista,


partindo do processo de modernização e industrialização no cenário brasileiro, a qual as
mulheres passaram a fazer parte do mercado de trabalho e as crianças não tinham para onde ir.
Desta forma surgi então as “mães mercenárias”, que cuidavam de várias crianças
juntas para suas mães trabalharem fora. Com as péssimas condições de higiene onde as
crianças ficavam e com a ausência das mães, deixando assim as crianças tristes e vulneráveis,
o número de mortalidade infantil se elevou de forma significativa.
Assim surge as primeiras creches e pré-escolas. No início eram filantrópicas ou
mantidas pelos próprios usuários e, somente mais tarde, mais tarde com a promulgação da
Constituição Federal em 1988 elas se tornaram públicas.
Com base nesse pressuposto as crianças brasileiras ganharam o direito de serem
atendidas em creches e pré-escolas. Conforme artigo 208, inciso IV, “O dever do estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de: IV - educação infantil, em creche e pré-
escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; [...] (BRASIL/CF, 1988).
A Constituição Federal de 1988 afirma que a educação infantil é primeira etapa da
educação básica e estabelece no sistema formal institucional. Desta forma, surgiram novos
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marcos legais com intuito de integrarem creches e pré-escolas ao setor educacional, tais
como: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.396, de 20 de dezembro de 1996),
Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998), Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (2009), Plano Nacional de Educação (Lei nº 13.005 de 25
de junho de 2014), Base Nacional Comum Curricular (2017) e entre outros.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96 reafirma a
importância da aprendizagem nos primeiros anos de vida como processo fundamental para
“desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, e a
valorização integral das crianças.
Portanto segundo a LDB (1996) Art. 29: A educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até
5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade; Art. 30: A educação infantil
será oferecida em: I creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três
anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de
idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

Com os avanços e mudanças ocorridas na educação brasileira, o ensino obrigatório


na educação infantil para as crianças de 4 e 5 anos iniciou em 2009 com a Emenda
Constitucional nº 59, e somente quatro anos depois, em 2013 que a extensão da
obrigatoriedade é incluída na LDB, determinando que todas as crianças de 4 e 5 anos estejam
matriculadas em instituições de educação infantil.
Diante de uma nova realidade social vivenciada pelas famílias e escola no século
XXI, buscou – se novas perspectivas de repensar e ampliar esses espaços educativos sobre a
real função da educação infantil no contexto atual. Assim, as práticas educativas atuais
permitem reflexões sobre o seu fazer e o seu planejar a partir do que é necessário para o
desenvolvimento da criança, entrelaçando o prazer com a ludicidade, desta forma a
brincadeira deve ganhar espaço no contexto escolar da educação infantil.
Deste modo, especialista nacionais discutiram e viabilizaram através do MEC em
1998 a publicação do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), com
intuito de servir como guia para refletir a educação no âmbito dos objetivos, conteúdos e
orientações para os profissionais que atuam com crianças de zero a seis anos, propõe uma
visão global da criança de zero a seis anos de idade, focando assim no educar, o brincar e o
cuidar e sugere a valorização integral. Este documento está organizado em três volumes e

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disponível no site do Ministério da Educação e Cultura, e traz subsídios para o


desenvolvimento das esferas curricular e pedagógica da educação infantil e durantes anos
serviu como modelo para a elaboração de propostas curriculares dos municípios e para os
projetos político pedagógicos das escolas.
Como base para nortear a produção do conhecimento infantil partindo dos princípios
éticos, políticos e estéticos e ter como foco as interações e brincadeiras como eixos
estruturantes do currículo na Educação Infantil, em 2009 o MEC estabelece as Diretrizes
Curriculares para a Educação Infantil (DCNEI) fundamentada no artigo 29 da LDB 9394/96,
que diz:
Art. 29.  A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família
e da comunidade (BRASIL,1996)

Assim o DCNEI traz como marco conceitual a relação entre o cuidar e o educar,
desta forma amplia o olhar sobre a criança considerando as interações e suas práticas sociais
como elementos fundamentais para a aprendizagem, articulando ainda com as diferentes
linguagens para a organização curricular e didática na educação infantil.
Com os avanços nesta etapa de educação, é necessário efetivar as ações pertinente a
Educação Infantil, requerendo supervisão, acompanhamento e avaliação do sistema de ensino.
Deste modo, a política nacional de educação, estabeleceu através do Plano Nacional De
Educação (2014-2024) metas e estratégias para alcançar os objetivos desejados.

Conforme a meta 1 do Plano Nacional de Educação de 2014 estabelece que:


universalizar, até 216, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches
de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3
(três) anos até o final da vigência deste PNE.

Nesse sentido a Educação Infantil galga para uma evolução importantíssima


fundamentada nos dispositivos legais, a qual direciona para novos horizontes com a
implementação da BNCC divulgada em 2017. O documento estabelece referências e diretrizes
para as instituições de ensino no que diz respeito à elaboração dos currículos escolares e
propostas pedagógicas para todos os ciclos da educação básica.
Reconhece que as creches e pré-escolas são ambientes fundamentais no processo de
desenvolvimento da criança visto que, muitas vezes, são a primeira separação dos pequenos
com os seus vínculos familiares. Tendo como objetivo principal a ampliação do universo das

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experiências, conhecimentos e habilidades das crianças, diversificando e consolidando novas


aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar.
O brincar é importante nos anos de vida da criança. A BNCC estabelece como eixo
norteador para a Educação Infantil - brincadeiras e interações, e estabelece seis direitos de
aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil: conviver, brincar, participar, explorar,
expressar e conhecer-se (BRASIL, 2017, p. 61).
Deste modo as escolas infantis devem propor ambientes que possibilitem desafios e
incentivem as crianças se tornarem sujeitos ativos na construção de sua própria identidade.

2.2 Educação Infantil na Perspectiva do Letramento

A exploração da leitura e da escrita com intencionalidade pedagógica deve ter início


na Educação Infantil por meio da interação das crianças com a linguagem escrita, a partir de
práticas lúdicas significativas ancoradas, sobretudo, nos princípios do letramento.
Desta forma o letramento viabiliza o ingresso da criança ao mundo da imaginação,
através do contato com os livros literários e outros elementos. Mesmo que o uso dos
paradidáticos inicie de forma aleatória, é importante o contato da criança em manusear esse
objeto como faz com qualquer outro objeto na escola, virando o livro de ponta cabeça,
olhando-o de trás para frente, enfim, eles vão construindo uma aprendizagem com vivências
práticas do mundo da leitura.
Com abordagem a BNCC, organiza o processo de aprendizagem e estrutura a
organização curricular validando os eixos estruturantes já definidos no DCNEI como
princípios norteadores (interações e brincadeira) para as práticas pedagógicas dos professores.
De tal modo, visa nortear habilidades, atitudes e valores que as crianças de 0 a 5 anos devem
desenvolver, além de propor seis direitos de aprendizagem (conviver, brincar, participar,
explorar, expressar e conhecer-se) considerados fundamentais.
Desta forma os eixos (interações e brincadeiras) e os direitos de aprendizagem
orientam também os campos de experiência presentes no currículo da Educação Infantil (O
eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala,
pensamento e imaginação; Espaços, tempo, quantidades, relações e transformações).

Segundo Cordi (2018, apud Zabalza, 1998, p. 6) intende que as crianças aprendem e
se desenvolve de forma integrada, [...] pois são sujeitos não segmentados. Elas se
desenvolve no âmbito afetivo, social e cognitivo integradamente a parti de suas
experiências e, embora necessite de cuidados físicos e psicológicos que se
manifestam desde a mais tenra idade. São sujeitos com ideias, vontades e

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sentimentos próprios, inseridos em uma cultura com o qual aprendem e na qual se


desenvolve pelas experiências e oportunidades que tem.

A nova base não trazendo de forma explicita o letramento para a primeira etapa da
educação básica, mas é perceptível que as crianças são ao mundo que envolve a leitura desde
o seu nascimento. Assim o ponto de partida dessa discussão é o fato de que o aprendizado das
crianças começa muito antes de elas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado
com a qual a criança se defronta na escola tem uma história prévia (VYGOSTKY, 2007,
p.94).
Nesse sentido os direitos de aprendizagem, constitui estratégias que possibilita o
letramento na educação infantil. O direito de aprendizagem “conviver” possibilita a inserção
da criança ao mundo da leitura através de diferentes gêneros e suportes textuais. Para Piaget a
criança vai ampliando seus esquemas conforme vivências, situações interativas com o objeto
de conhecimento, e os novos esquemas se formam a partir de outros, anteriormente
adquiridos, ou seja, elas constroem o seu conhecimento durante as interações com os outros e
com o mundo (PIAGET, 1995, P 67).

De acordo com os estágios Piaget determina a fase para o desenvolvimento da


criança: Sensório-motor (0 a 2 anos): nesta fase a criança está explorando o meio
físico através de seus esquemas motores, a principal característica desse período é a
ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os
objetos. Pré-operatório (2 a 7 anos): a criança é capaz de simbolizar, de evocar
objetos ausentes, estabelecendo diferença entre significante e significado, o que
possibilita distância entre o sujeito e o objeto, por meio da imagem mental, a criança
é capaz de imitar gestos, mesmo com a ausência de modelos. (PIAGET, 1995, p.
69).

Para Vygotsky (2007) a linguagem escrita não segue uma linha reta e nem contínua,
pois a escrita diz respeito à apropriação da produção da cultura, dos modos de vida,
das crenças, das concepções dos conhecimentos elaborados e sistematizados
partilhados com os sujeitos ou grupos que compõem o contexto mais próximo à
criança (VYGOTSKY, 2007, p. 112)

Deste modo o percurso didático estabelecido nas atividades permanentes na


Educação Infantil viabiliza o letramento entre as crianças, mas somente será possível se forem
inseridas na rotina como prática pedagógica. Dialogando com os autores é perceptível a
importância da intencionalidade nas ações desenvolvidas na educação infantil de modo que
estejam diretamente relacionadas aos interesses das crianças.
Porém, o letramento é prática e não uma metodologia que conjectura dar conta das
lacunas no processo de alfabetização. Este processo de imersão da criança ao mundo letrado,
tal como trata Kleiman (2005) diz que: e esta mesma imersão dar-se-á através de práticas
diárias de leitura e contato direto com diferentes materiais escritos, despertando diferentes
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sentidos no leitor, independentemente do nível no qual se encontre, a funcionalidade é a


produção de sentidos.
Na escola as atividades permanentes, tais como: roda de conversa, brincadeiras
cantadas, roda de leitura, faz de conta, desenho, jogos de regras e entre outras favorecem essa
imersão da criança ao mundo do letramento e possibilita o letramento na criança de forma
afetiva e segura.
O professor mediando as atividades articuladas e desenvolvidas com as crianças visa
desenvolver as práticas do letramento na Educação Infantil, respeitando os grupos as quais as
crianças estão inseridas.

Segundo a BNCC (2018) Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão


organizados sequencialmente em três grupos por faixa etária, que correspondem,
aproximadamente, às possibilidades de aprendizagem e características do
desenvolvimento das crianças, conforme está estabelecido na nova base: Creche –
(bebês de zero a 1 ano e 6 meses; crianças bem pequenas de 1 ano e 7 meses a 3
anos e 11 meses), pré-escola - Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).

Porém, não podemos considerar de forma rígida a composição desses grupos, haja
visto, que há diferenças de ritmo na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças que
precisam ser consideradas na prática pedagógica.
Para a Educação Infantil, as aprendizagens essenciais compreendem tanto
comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto vivências que promovem aprendizagem
e desenvolvimento da criança, sempre como ponto de partida contexto social em que a criança
está inserida, na escola ou no seio família.

Wallon (2004) afirma que: a criança ao nascer tem que responder


as exigências do seu meio, tendo que se adaptar a ele, estabelecendo assim uma
relação recíproca. Esse processo de adaptação é contínuo e que
sofre mudanças ao longo da vida e considera o ato motor, a afetividade e a cognição.
A nova base trás em seus escritos que a vivência promovem aprendizagem e
desenvolvimento com base nos cinco campos de experiências, sempre tomando como ponto
inicial as interações e a brincadeira como eixos primordiais. Essas aprendizagens, portanto,
constituem-se como objetivos de aprendizagem e desenvolvimento [...] (BNCC, 2018, p.42).
Assim a proposta pedagógica (currículos escolares, plano de ação da escola,
planejamento pedagógico e a rotina) devem atender as orientações que base estabelece para
promover a formação integral das crianças e para a construção de uma sociedade mais justa,
democrática e inclusiva.
As atividades como os rabiscos, desenhos, jogos e brincadeiras são bastante comuns
na educação infantil, mesmo não sendo consideradas como alfabetizadoras, mas elas já fazem
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parte desse processo. Pois as músicas, parlendas, versos e poesias trabalham as habilidades
leitoras com os pequenos na educação infantil, não tento limite de idade, para oferecer tais
atividades. [...] jogos voltados para o desenvolvimento da consciência fonológica, se
realizados sistematicamente na educação infantil, criam condições propícias e, inclusive,
necessárias para a apropriação do sistema alfabético (SOARES, 2009, p.11).
A leitura frequente de histórias para as crianças, como nos coloca a autora, é, sem
dúvida, a principal atividade de letramento na educação infantil. Ela coloca ainda que além de
principal, esta atividade é indispensável para os pequenos. Através da audição de histórias, os
alunos são conduzidos, a conhecimentos e habilidades para uma significativa inserção no
mundo escrito. Através dos livros, os alunos começam a se familiarizar com o texto escrito,
ou seja, com a materialidade da escrita.
Nesta perspectiva o acesso à leitura na educação infantil, tem base para o letramento,
já que o ato de “ler” é fundamental para um meio de interação e comunicação social, enquanto
a alfabetização deve ser entendida pela criança como a ferramenta que ela irá
usar para envolver-se nas práticas sociais de leitura e escrita.
Para Soares (2009), uma história que o professor conta pode trazer outras formas de
escrita, provocar inquietações, curiosidades que leve a busca de informações, pode fazer com
que as crianças interessem em saber como se escreve o título da história e ajudam as crianças
a fazer relações entre os sons que se repetem em muitas palavras.
A autora ainda nos lembra que a história lida pode gerar várias atividades de escrita,
como pode provocar uma curiosidade que leve à busca de informações em outras fontes;
frases ou palavras da história podem vir a ser objeto de atividades de alfabetização; poemas
podem levar à consciência de rimas e aliterações (SOARES, 2009, p.21).
Trabalhando de uma forma lúdica, partindo do interesse e da vivência das crianças,
podemos afirmar que a leitura tem sido muito importante na educação infantil. Pois ela é
essencial e, assim, necessário que as salas de educação infantil, sejam imersas ao um contexto
letrado e que atividades de leitura sejam aproveitadas, de maneira planejada e sistemática.
Para dar continuidade aos processos de alfabetização e letramento que as crianças já
vivenciam em suas casas, antes mesmo, às vezes, de chegar às instituições de educação
infantil (SOARES, 2009, p. 35).
Assim, é com base nas pesquisas realizadas, evidencia que o letramento, desenvolve-
se como qualquer outra competência ou habilidade da criança, desde que seja incentivado e
estimulado desde cedo. Valorizar o ato de ler, como se valoriza o aprender a caminhar, falar

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ou brincar é essencial para comunicar a importância cultural e social da leitura, revelando os


inúmeros prazeres e as possibilidades que esta pode oferecer à vida da criança.
Assim, em uma sociedade letrada e produtora de escritas, deveria ser natural pensar a
leitura e a escrita como integrantes do cotidiano da criança desde seus primeiros meses de
vida. Embora não saibam ler, no sentido estrito da palavra, as crianças podem mergulhar no
universo da literatura e interagir com a leitura por intermédio de seus familiares, cuidadores e
professores.
Portanto a educação infantil dentro de uma perspectiva progressista não tem como
proposta fundamental alfabetizar as crianças, uma vez que essa é primeira etapa da educação
tem por objetivo desenvolver a criança em sua integralidade, portanto entende- se que essas
crianças estão inseridas dentro de uma cultura letrada e o papel da escola é sistematizar essas
práticas de letramento.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o desenvolvimento integral da criança, o presente trabalho refletiu


sobre as práticas de letramento na Educação Infantil, percebeu-se que as crianças estão
envolvidos em vários processos de contato com a linguagem e esses processos oportunizam e
diversificam situações de desenvolvimento e aprendizagens delas.
O letramento nas turmas da primeira etapa da educação básica garante o
conhecimento, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças através das vivências e
experiências em atividades que sejam enriquecedoras e significativas. Ou seja, as ações
pedagógicas diferenciadas possibilitem as crianças desenvolvimento na sua integralidade,
cada uma em seu tempo e ritmo, a qual os professores, parceiros mais experientes, sejam
coparticipantes nas ações que conduzirão todo o processo de planejamento e organização das
situações de aprendizagem para o mundo letrado.
Assim as brincadeiras mostra-se como forte aliada para este processo, pois estimula
os sentidos, incentiva à interação, impulsiona o processo de conhecimento mais amplo. Sendo
assim, o papel do professor (a) da Educação Infantil (re)conhecer os interesses das crianças
para que possam ampliar esses conhecimentos de forma significativa com intervenções
pedagógicas direcionadas.
Logo, cabe ao professor (a) oportunizar para as crianças um ambiente favorável à
aprendizagem que possibilite à expressão de ideias e explicações, a exploração do meio, a
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experimentação, a escuta do outro, o desenvolvimento da capacidade de observação e


percepção de fenômenos, de levantar hipóteses, verificar resultados. São essas possibilidades
de aprendizagem que estimulam e encorajam as crianças a descobrir o mundo a sua volta,
reelaborando suas hipóteses e se apropriando de conceitos, atitudes e linguagem oral e escrita.
Nessa perspectiva, salienta se que os professores necessitam compreender que, o
letramento na educação infantil não se restringem apenas às atividades de ler e/ou nomear
objetos. Estas funções estão presentes, mas elas por si mesmas não ensinam o papel social da
leitura para as crianças. Pois, é preciso que elas saibam a importância de aprender a ler, com
atividades que propiciem multiplicidades de saberes. Logo, é por meio de atividades lúdicas
que a crianças constroem e produzem cultura e conhecimento.
Ressaltamos que uma perspectiva de ensino amplo considera a criança como centro
do planejamento e capaz de construir seu aprendizado a partir de suas interações com o meio
que a cerca. Assim consideramos que as práticas de leitura tem grande importância para o
desenvolvimento integral da criança, visto que o Letramento é indissociável de seu aspecto
social e através das experiências as crianças vão construindo uma identidade autônoma e
crítica perante a sociedade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 1988.


Disponível<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em:
25 de janeiro de 2023

BRASIL. LDB. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases


da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível em<
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Acesso em 11 de dez. 2022

BRASIL. Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil- Ministério da Educação e do


Desporto, SEF. Brasília, 1998.Disponivel<
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¹Aluna do curso de especialização em Gestão Escoalr da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
2
Aluna do curso de especialização em Gestão Escoalr da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
3
Professor do curso de especialização em gestão escolar da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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¹Aluna do curso de especialização em Gestão Escoalr da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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Aluna do curso de especialização em Gestão Escoalr da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.
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Professor do curso de especialização em gestão escolar da Faculdade Maranhense – Arari – MA. 2021/2022.

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