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Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRJ
Assistente em Administração

NV-008MR-22
Cód.: 7908428801717
Obra

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro


Assistente em Administração

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Rebecca Soares, Isabella Ramiro, Monalisa Costa, Ana Cátia Collares e
Giselli Neves

LEGISLAÇÃO • Jonatas Albino, Kamila Gomes, Marília Cunha, Samantha Rodrigues, Nelson Sartori e
Fernando Paternostro Zantedeschi

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 • Ana Philippini, Samara Kich, Giovana Marques e Jonatas Albino

RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká)

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA • Fernando Nishimura, Ricardo Reis e Rafael Leandro

ISBN: 978-65-87525-45-7

Edição:

Março/2022

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
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de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no
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e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com o Edital nº 190/2022 para o cargo
de Assistente em Administração da UFRJ - Universidade Federal do
Rio de Janeiro.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca UFRJ própria da instituição, organizadora do
certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

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dos complementares disponíveis on-line para este livro em nos-
sa plataforma: Bônus com 5hs de videoaulas. Para acessar, basta
seguir as orientações na próxima página.
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line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:
• Curso On-line.
à Língua Portuguesa: Gêneros e Tipologia Textuais
à Legislação: Lei Federal nº 9.784/1999
à Constituição Federal: Dos Princípios Fundamentais
à Raciocínio Lógico: Argumentação - Tabela Verdade
à Conhecimento de Informática: Conceitos de Internet, Intranet e Extranet

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO VERBAIS................................ 9

ANÁLISE DE DISCURSOS NO PLANO DAS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM,


COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE.......................................................................................................... 11

PRODUÇÃO E RECEPÇÃO TEXTUAIS NAS PRÁTICAS SOCIAIS.................................................... 11

LINGUAGEM......................................................................................................................................... 12

RECONHECIMENTO CRÍTICO DAS LINGUAGENS COMO ELEMENTOS INTEGRADORES DOS SISTEMAS E


PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO.....................................................................................................................12

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO...................................................................................................... 15

VARIEDADES LINGUÍSTICAS............................................................................................................. 15

GÊNEROS E TIPOLOGIA TEXTUAIS E SEUS ELEMENTOS CONSTITUINTES................................ 16

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS.................................................................................................... 21

EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS................................................................ 25

RELAÇÕES DE SINONÍMIA E ANTONÍMIA........................................................................................ 26

CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS................................................................................................. 28

SINTAXE............................................................................................................................................... 48

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO.............................................................................................................................48

PERÍODO COMPOSTO (COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO)........................................................ 49

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL........................................................................................................ 51

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL............................................................................................ 52

PRONOME............................................................................................................................................ 52

COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................................52

ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 54

ACENTUAÇÃO GRÁFICA...................................................................................................................................54

PONTUAÇÃO......................................................................................................................................................55

LEGISLAÇÃO.........................................................................................................................65
LEI FEDERAL 8.112, DE 1990............................................................................................................. 65
LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 2011...................................................................................................... 74

LEI FEDERAL Nº 13.709, DE 2018...................................................................................................... 83

DECRETO FEDERAL Nº 7.724, DE 2012............................................................................................. 92

DECRETO Nº 1.171, DE 1994............................................................................................................105

DECRETO Nº 9.758, DE 2019............................................................................................................110

LEI FEDERAL Nº 8.666, DE 1993......................................................................................................110

LEI FEDERAL Nº 9.784, DE 1999......................................................................................................124

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988........................................................................ 135


DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.................................................................................................135

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS............................................................................138

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO......................................................................................................167

DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA........................................................................................167

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................................................................168

Disposições Gerais.......................................................................................................................................168
Dos Servidores Públicos..............................................................................................................................177

DA ORDEM SOCIAL...........................................................................................................................180

DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO............................................................................................180

Da Educação.................................................................................................................................................180

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS.....................................................................181

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA.........................................................................................184

PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL DA UFRJ (PDI 2020-2024)...........................................188

RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 193


ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO.............................................................193

DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................................194

PROBABILIDADE...............................................................................................................................199

PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE...........................................................................................199

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS.....................................................................................................205

RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................209
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.......................................................................................213

CÁLCULOS COM PORCENTAGEM...................................................................................................216

JUROS SIMPLES E COMPOSTOS....................................................................................................218

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA................................................................... 225


CONCEITOS E PRINCIPAIS COMANDOS E FUNÇÕES DE SISTEMAS OPERACIONAIS
(WINDOWS E LINUX).........................................................................................................................225

NOÇÕES DE APLICATIVOS DE EDIÇÃO DE TEXTOS E PLANILHAS (MICROSOFT OFFICE E


LIBREOFFICE)....................................................................................................................................239

CONCEITOS DE INTERNET, INTRANET E EXTRANET....................................................................255

NOÇÕES BÁSICAS DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS


ASSOCIADOS À INTERNET E INTRANET.......................................................................................................256

NOÇÕES DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO.........................................................................................259

GOVERNO ELETRÔNICO (E-GOV)....................................................................................................282

CONCEITOS, OBJETIVOS E SERVIÇOS..........................................................................................................282

CONCEITOS BÁSICOS E UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS E APLICATIVOS


DE NAVEGAÇÃO, CORREIO ELETRÔNICO E DE GESTÃO
DE PROCESSOS E DOCUMENTOS ELETRÔNICOS.........................................................................284
INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
LÍNGUA PORTUGUESA interpretação de texto.

Dica

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-


to, nas linhas apresentadas.
TEXTOS VERBAIS E NÃO VERBAIS
Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
INTRODUÇÃO
subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a
A interpretação e a compreensão textual são aspectos
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
essenciais a serem dominados por aqueles candidatos
que buscam a aprovação em seleções e concursos públi- perceptível quando identificamos como o raciocínio
cos. Trata-se de um assunto que abrange questões especí- dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
ficas e de conteúdo geral nas provas; conhecer e dominar da análise de dados, informações com fontes confiáveis
estratégias que facilitem a apreensão desse assunto pode ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
ser o grande diferencial entre o quase e a aprovação. das consequências, a fim de se identificar as causas.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a Por isso, é preciso compreender como podemos
interpretação textual, ambas guardam uma relação interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
de proximidade com um assunto pouco explorado Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
pelos cursos de português: a semântica, que incide
que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
suas relações de estudo sobre as relações de sentido
que a forma linguística pode assumir. neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
Portanto, neste material você encontrará recursos zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
ção e compreensão textual, associando a essas temá- A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido que focam nas formas de inferência sobre um texto.
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- o processo de inferência, que se dá por dedução ou
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
precisa ser reconhecido por quem o lê.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma O marido da minha chefe parou de beber.
breve diferença entre os termos compreensão e
interpretação textual. Observe que é possível inferir várias informações a
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enuncia-
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
dor é casada (informação comprovada pela expressão
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor “marido”), a segunda é que o enunciador está trabalhan-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido do (informação comprovada pela expressão “minha che-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a fe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador
interpretação realiza ligações com o texto a partir bebia (expressão comprovada pela expressão “parou de
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no que induzem o leitor a interpretar essas informações.
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma Tratando-se de interpretação textual, os processos
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos
tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
essencialmente relacionados à significação das palavras
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
Sabendo disso, é importante separarmos os con- texto junto da articulação com as informações acessa-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou das pelo leitor do texto.
compreensivo. Neste material, você encontrará um A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- senta como ocorre a relação desses processos:
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência;
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex-
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
LÍNGUA PORTUGUESA

compreensão e semântica, os principais tópicos são: INFERÊNCIA


semântica dos sentidos e suas relações; coerência e INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin-
guísticas e suas consequências para o sentido. A partir desse esquema, conseguimos visualizar
Todos esses assuntos completam o estudo basilar melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
de semântica com foco em provas e concursos, sempre
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra- tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais, seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
selecionados especialmente para que este material tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação. de mundo na interpretação de textos. 9
A INDUÇÃO Fique atento a essa informação, pois é uma das
primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
As estratégias de interpretação que observam
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto pretação textual: formular hipóteses, a partir da
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura inicial,
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no o texto pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras
texto e que variam conforme o tipo textual. informações que podem vir como “acessórios” do texto
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos iden- e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá
tificar uma organização cronológica e espacial no desen- se seguir. Uma outra dica importante é ler as questões
volvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses
do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organi- já estarão agindo conforme um objetivo mais definido.
zar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos O processo de interpretação por estratégias de dedu-
e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjun-
ções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. z Conhecimento Linguístico;
No processo interpretativo indutivo, as ideias são z Conhecimento Textual;
organizadas a partir de uma especificação para uma z Conhecimento de Mundo.
generalização. Vejamos um exemplo:

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
espécie de animal. O que observei neles, no tempo em assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
que estive na redação do O Globo, foi o bastante para Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
não os amar, nem os imitar. São em geral de uma
lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de Conhecimento Linguístico
receitas, só capazes de colher fatos detalhados
e impotentes para generalizar, curvados aos for- Esse é o conhecimento basilar para compreensão
tes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
(BARRETO, 2010, p. 21) nhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconheci-
O trecho em destaque na citação do escritor Lima mento sobre o funcionamento da língua não são, neces-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías sariamente, as regras gramaticais, mas as regras que
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento estabelecem, por exemplo, no caso da língua portuguesa,
indutivo compõe a interpretação e decodificação de que o feminino é marcado pela desinência -a, que a ordem
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- de escrita respeita o sistema sujeito-verbo-objeto (SVO) etc.
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
ção cronológica de um texto.
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
A propriedade vocabular leva o cérebro o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
PROCURE
a aproximar as palavras que têm maior Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
SINÔNIMOS
associação com o tema do texto dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Os conectivos (conjunções, prepo-
ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores
CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos e
localizadores textuais

A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
10 conhecimento. Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.
Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores ANÁLISE DE DISCURSOS NO PLANO
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar DAS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM,
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que
LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO
podemos usar métodos dedutivos.
A linguagem é um processo que relaciona cinco
Conhecimento Textual fatores. Acompanhe a seguir:

Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- z Enunciador: É que fala e, assim, desempenha um
mento linguístico e se desenvolve pela experiência papel na sociedade;
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de z Interlocutor(es): Para quem se fala; é importante
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- saber o grau de intimidade que se tem com quem
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque está falando;
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que z Discurso: O que é dito (o enunciado). Tem marca-
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê ções ideológicas;
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma z Situação imediata: O que se apresenta quando a
reportagem como se lê um poema. fala é enunciada; pode ser material (lugar, fato) ou
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- imaterial (tempo, espaço);
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de z Contexto mais amplo: Reúne configurações sociais,
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. ideológicas e históricas que permeiam a fala.

Conhecimento de Mundo Observando esses cinco aspectos, pode-se perce-


ber que a linguagem transcende o que é dito – para ela,
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental também importam fatores como a intimidade entre os
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre sujeitos, a situação na qual estão inseridos e o contexto
importante que o candidato a cargos públicos reserve sócio-histórico no qual o enunciado é elaborado. Importa,
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes ainda, o conhecimento que o indivíduo tem do mundo a
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- sua volta e suas relações com sua própria língua e cultura.
tar seu conhecimento de mundo. Assim, pode-se dizer que o sentido do enunciado
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso não está pronto no ato da fala (ou escrita), mas que
conhecimento de mundo que é relevante para a com- deve ser construído entre os sujeitos nela envolvidos.
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso Para finalizar, podemos afirmar que a língua é a
cérebro associar informações, a fim de compreender parte operacional da linguagem, por meio da qual
o novo texto que está em processo de interpretação. esta se realiza.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- Já o discurso envolve elementos enunciativos que
cício para atestarmos a importância da ativação do englobam agentes localizados no tempo, no local e na
conhecimento de mundo em um processo de interpre- língua durante o ato de fala. Por fim, o estilo traz a
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: marca pessoal do indivíduo que fala.

Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- RESUMINDO


fiou valentemente todos os risos desdenhosos que Processo de interação entre participantes da
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- Linguagem
enunciação.
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as Língua Sistema pelo qual a linguagem opera.
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de Marcas deixada pela língua em práticas de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- Discurso determinada classe social.
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e Exemplo: Discurso político.
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).
Efeito da linguagem que pertence a uma pes-
Estilo
Agora tente responder as seguintes perguntas soa, marcando suas idiossincrasias na fala.
sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
LÍNGUA PORTUGUESA

PRODUÇÃO E RECEPÇÃO TEXTUAIS


Certamente, você não conseguiu responder nenhu- NAS PRÁTICAS SOCIAIS
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
TEXTO E CONTEXTO
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
Um fator essencial para estudar os fundamentos da
responder às questões; certamente você não terá mais
Língua Portuguesa é entender a construção da comuni-
as mesmas dificuldades.
cação e a maneira como ela se manifesta em sociedade.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar A relação entre locutor (autor) e interlocutor
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do (leitor) em cada mensagem é o objeto principal de
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré- estudo da comunicação, seja ela verbal ou não-verbal,
vio que é essencial para a interpretação de questões. seja ela escrita, oral ou gestual. 11
A comunicação escrita, por sua vez, é a forma docu- Dica
mental da comunicação verbal. Dentro dela, algumas
Questões que envolvem reflexões sobre texto e
terminologias devem ser bem definidas para o estudo
contexto costumam estar “escondidas” em sim-
da língua, bem como os conceitos de texto e contexto.
ples questões de interpretação de texto.
O QUE É O TEXTO

Texto pode ser designado como uma manifestação


linguística de sentido, elaborado a partir de um conjun- LINGUAGEM
to de signos linguísticos de um determinado idioma que,
quando combinados, expressam ideias e argumentos do RECONHECIMENTO CRÍTICO DAS LINGUAGENS
autor. Ou seja, uma junção de palavras que dão sentido COMO ELEMENTOS INTEGRADORES DOS
à mensagem que o locutor pretende passar. SISTEMAS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
É a partir da decodificação dos signos presentes
no texto que o leitor consegue interpretar qualquer Frequentemente, os vocábulos língua e lingua-
informação lá presente. Observe o esquema a seguir gem são tratados como sinônimos, mas, na realidade,
sobre como funciona o fluxo da comunicação: trata-se de conceitos diferentes.
A língua é um sistema composto de regras, por
meio das quais podemos usar um idioma para comu-
nicação, seja de forma oral ou escrita. A língua tem sig-
nos, que são os sons e as representações escritas desses
Sinais Gestos Sons Palavra Escrita sons. Fazem parte da língua todas as normas de orto-
grafia, gramática, fonética e fonologia que conhecemos.
Já a linguagem é mais abrangente, pois inclui, ain-
Cores Desenhos Palavra Falada da, imagens, cores, gestos e tons de voz que utiliza-
mos ao usar a língua em um contexto de comunicação.
Não apenas a língua é suficiente para transmitir uma
informação, mas também todo o contexto em que ela
foi utilizada. Podemos dizer, portanto, que a lingua-
gem abrange a língua escrita e a oral.
Apesar de a língua incluir um conjunto de normas,
Emissor Receptor (inter- utilizar essas normas não é a única maneira de comu-
Canal
(locutor, escri- locutor, leitor, nicação correta. O propósito da língua é a comunica-
Código
tor, falante, ouvinte, etc.). ção, sendo assim, de acordo com a sociolinguística,
Mensagem
etc.). quando há comunicação, ainda que infrinja algumas
das normas, a língua alcança seu objetivo.
Vale frisar que a língua está em constante mudan-
Para entender melhor a relação da comunicação ça e é usada em diferentes contextos, por isso, deve
com os signos linguísticos, pense nisso da seguinte ser adequada a cada situação.
forma: alguém que não está familiarizado com o man- A norma culta ou padrão, geralmente, é usada em
darim provavelmente não conseguiria ler um texto situações formais, como textos oficiais, documentos,
escrito neste idioma, mas a partir do momento que o livros, provas escolares, concursos públicos, dentre
leitor é capaz de reconhecer as letras deste alfabeto outros. Além disso, segue todas as regras da língua por-
e formar palavras, combinando cada um dos signos, tuguesa, principalmente em relação à regência, concor-
de modo a dar sentido à mensagem escrita, só então a dância, pontuação e ortografia, incluindo a escolha de
vocabulário mais formal e rebuscado, não admitindo o
comunicação é efetiva. O propósito de todo e qualquer
uso de gírias e palavras de baixo calão, como palavrões
texto é expressar, por meio de símbolos linguísticos, etc. Esse é o registro ensinado na escola e considerado,
uma mensagem que será interpretada pelo leitor. por muitos, como a forma “certa” de falar e escrever.
Já a língua coloquial é a forma de comunicação
A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO mais utilizada no cotidiano das pessoas. Ela se faz pre-
sente em situações informais, como em redes sociais,
A decodificação dos símbolos e signos, no entan- admitindo algumas inadequações gramaticais, gírias,
to, não é o único fator responsável pela compreensão vocabulário mais simples e léxico menos rebuscado.
do texto. Além do fator linguístico, é necessário que o Além da norma culta, a língua portuguesa admite
interlocutor utilize seus conhecimentos históricos, cul- variações linguísticas, que são mudanças que ocor-
rem por naturezas diferentes. São elas:
turais e sociais no momento da leitura. Estes fatores
também se aplicam para a produção textual. Chama-
z Variação diacrônica/histórica: conforme mencio-
mos isso de contexto: o ambiente físico ou situacional
nado, a língua é viva e, portanto, está em constante
que envolve a mensagem e torna o texto um objeto de
mudança e evolução. A variação diacrônica diz res-
recorte da realidade de quem escreve para quem lê.
peito às mudanças que ocorreram em razão do tem-
Para exemplificar a ideia do contexto como fator
po. Algumas palavras deixaram de ser usadas, outras
chave para a interpretação textual, pode-se pensar
numa anedota, uma piada escrita. Mesmo que a pia- tiveram mudanças em sua escrita e, ainda, outras
da em questão seja escrita no seu idioma nativo, se surgiram ou começaram a ser mais utilizadas em
o contexto envolve humor sobre algo regional do sul razão do tempo e momento histórico. Podemos citar,
de Minas ou do interior do Ceará, é provável que um como exemplos, “pharmácia”, que, agora, escreve-
leitor que mora Rio de Janeiro ou em São Paulo não mos “farmácia” e “vossemecê” que sofreu transfor-
compreenda a informação ali posta. Sendo assim, o mações de pronúncia e escrita até se tornar “você”;
z Variação diatópica/geográfica: são variações
contexto é uma das ferramentas mais importantes
que ocorrem entre os locais onde vivem as pes-
12 para a totalidade da compreensão de um texto. soas. A língua apresenta variações de vocabulários
(palavras diferentes usadas para o mesmo con- z Linguagem denotativa: quando as palavras são
ceito), dialetos, sotaques e gírias de acordo com a usadas com o seu significado real. Geralmente, é
região ou a cidade. Essa variação está intimamen- utilizada em artigos, notícias, editoriais, reporta-
te ligada à cultura de determinado lugar, algo que
gens e documentos;
é bastante acentuado no Brasil, por ser um país
de dimensões continentais. Podemos citar, como z Linguagem conotativa: quando as palavras assu-
exemplo, a “mandioca” que, em muitos lugares, é mem novos significados dentro de determinado
chamada de “macaxeira” e, em outros, de “aipim”; contexto. Esse tipo de linguagem é marcado pelo
z Variação diastrática/social: ocorre dentro de uso de figuras de linguagem, que conferem às pala-
grupos da sociedade, de acordo com os hábitos e a vras novos sentidos. Geralmente, essa linguagem é
cultura de cada um. Podemos citar, como exemplo, vista em obras literárias e poéticas, letras de músi-
gírias de rappers, ou de surfistas, que, dentro de cas e anúncios publicitáriosa.
seus universos, têm um vocabulário próprio para
se comunicarem. Geralmente, um usuário da lín-
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
gua alheio a esse grupo não consegue compreen-
der tudo o que o grupo conversa;
z Variação diafásica/situacional: ocorre a depender O processo de comunicação é composto por vários
da situação de uso, pois um mesmo falante pode elementos. O linguista Jakobson estudou esse proces-
usar a linguagem informal/coloquial, para tratar so e entendeu que, para que a comunicação ocorra,
com seus familiares e amigos e usar a norma culta são necessários alguns elementos que compõem este
e um vocabulário selecionado, para tratar com um processo. A partir dessa teoria, cada elemento está
juiz de direito ou autoridade política por exemplo. associado a uma função da linguagem.
O esquema a seguir mostra a relação que cada um
desses elementos exerce dentro do contexto da emis-
Importante! são de uma mensagem. Após uma visualização aten-
É necessário reconhecer que a língua tem essas ta, conheceremos, de modo mais detalhado, cada um
variações para não incorrer em preconceito lin- desses elementos, a fim de compreender suas funções
guístico. O preconceito linguístico é um conceito dentro do processo comunicativo.
de recente utilização, que entende que as varia-
ções da língua não são “erros” ou “inadequa- Contexto/Referente
ções”, mas, sim, diferenças.
Emissor Mensagem Receptor
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
Canal
Quando falamos sobre a linguagem, vimos que ela
abrange muito mais que a língua, pois compreende,
também, cores, gestos e entonação. Neste sentido, em Código
se tratando de texto escrito, podemos falar em lingua-
gem verbal e não verbal.
A linguagem verbal diz respeito a tudo o que usa Elementos da Comunicação
letras e palavras para passar uma informação, como,
por exemplo, artigo de opinião, romance, notícia, tex- z Emissor: quem formula a mensagem para enviar.
tos científicos, dentre outros. Já a linguagem não ver- O emissor pode ser uma “pessoa” ou o eu-lírico,
bal consegue transmitir uma mensagem sem nenhuma uma empresa, uma instituição; é quem estabelece
palavra escrita, apenas com imagens, desenhos e cores, a intencionalidade da mensagem;
como em fotos ou histórias em quadrinhos sem balões z Receptor: recebe a mensagem do emissor;
de fala, bem como as charges e cartuns. z Mensagem: trata-se da mensagem propriamente
Desse modo, pode-se afirmar que uma tirinha sem dita, o que foi comunicado;
escrita e sem balões de fala compreende um texto cuja z Canal: é o meio através do qual a mensagem é
linguagem é não verbal. Atente-se a essas característi-
transmitida;
cas sobre a linguagem, pois são constantes as questões
que abordam esse assunto em concursos públicos. z Referente: trata-se do contexto e do assunto sobre
Ainda, a linguagem mista ou híbrida apresenta o qual trata a mensagem;
esses dois tipos de linguagens juntos, que podemos z Código: é o sistema linguístico utilizado para pro-
ver cotidianamente em histórias em quadrinhos duzir a mensagem. No caso das mensagens em lín-
com balões de falas, anúncios publicitários, dentre gua portuguesa, o código é a própria língua.
LÍNGUA PORTUGUESA

outros. A união das duas linguagens promove uma


melhor compreensão do texto e nenhum detalhe deve Funções da Linguagem
ser negligenciado – texto escrito, escolha vocabular,
cores, disposição do texto e das imagens, tamanho da São, ao todo, seis funções da linguagem, as quais
letra, expressão facial (caso haja) –, pois absolutamen-
estão relacionadas a cada um dos elementos da lin-
te tudo dentro de um contexto com linguagem mista
guagem. Vejamos:
comunica e deve ser interpretado.

CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO z Emotiva/Expressiva: Nos textos em que predomina


a função emotiva, o foco está em transmitir a mensa-
A linguagem em uso pode assumir papéis sociais dife- gem de acordo com os sentimentos do autor. A maior
rentes, bem como significados diferentes a depender do preocupação do emissor é conseguir externar suas
contexto. Em relação a esse tema, podemos falar em: opiniões, sensações, emoções e sentimentos. 13
Suas principais características são: Exemplo:
„ Verbos na primeira pessoa;
João amava Teresa que amava Raimundo
„ Pronomes em primeira pessoa (eu, meu, nosso,
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
minha);
que não amava ninguém.
„ Utiliza linguagem subjetiva;
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o
„ Utiliza figuras de linguagem;
convento,
„ Explora o ponto de vista do emissor.
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Os gêneros em que mais vemos a função emotiva em Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
destaque são as cartas, alguns poemas, diários, relatos,
que não tinha entrado na história.
depoimentos e artigos de opinião.
(Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade)
Exemplo:
z Fática: O foco desta função é no canal de comunica-
De tudo, ao meu amor serei atento ção, havendo interesse apenas em manter a comuni-
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
cação com o interlocutor. Geralmente, está presente
Que mesmo em face do maior encanto
na oralidade, mas também pode aparecer na escrita.
Dele se encante mais meu pensamento.
(Soneto da Felicidade, Vinícius de Moraes)
Suas principais características são:
z Conativa/Apelativa: A função conativa está cen-
trada no receptor da mensagem. A mensagem é „ Tempo verbal variável;
construída com a intenção de convencer ou per- „ Linguagem objetiva;
suadir o leitor/receptor. „ Uso da linguagem verbal.

Suas principais características são: Exemplos: Alô!/ Bom dia!/ Tchau!/ Oi!/ Até logo!
„ Verbos no imperativo;
z Metalinguística: A função metalinguística é carac-
„ Linguagem clara e objetiva;
terizada por usar determinada forma de código
„ Pode mesclar linguagem verbal e não verbal.
para explicar o próprio código, como as músicas
Seus gêneros mais comuns são: anúncios publici- que falam de canções, um vídeo do youtube que
tários escritos ou em vídeo, cartas argumentativas, apresenta um tutorial de como postar vídeos nessa
discursos políticos, sermões religiosos, dentre outros. plataforma, dentre outros.

Exemplo: Suas principais características são:

„ Não apresenta estrutura fixa;


„ Linguagem objetiva.

Exemplo: Lutar com palavras é a luta mais vã.


(Carlos Drummond de Andrade)

z Referencial: O objetivo principal desta função é


informar, portanto o foco está no referente (con-
texto de uso). Também pode ser chamada de fun-
ção informativa.

Suas principais características são:

„ Impessoalidade;
„ Escrito na terceira pessoa;
„ Linguagem objetiva;
„ Linguagem denotativa.
z Poética: A função poética não está restrita aos
poemas. Ela é caracterizada pela construção de
uma mensagem, valorizando a estilística com a Seus principais gêneros são: artigos científicos,
presença de figuras de linguagem, rimas e escolha notícias, textos jornalísticos e materiais didáticos.
vocabular. Costuma estar presente em textos em
poesia ou em prosa, sendo mais comum em textos Exemplo:
poéticos.
Operação da PF combate fraudes ao auxílio
Suas principais características são: emergencial em oito estados

„ Tempo verbal variável; A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (4)


„ Linguagem subjetiva; a Operação Quarta Parcela, para combater fraudes
„ Presença de figuras de linguagem; ao auxílio emergencial pago pelo governo federal à
„ Presença de rimas e repetições; população para aliviar os efeitos econômicos da pan-
14 „ Pode mesclar linguagem verbal e não verbal. demia de covid-19.
Cerca de 100 policiais federais cumprem 28 man- ainda, o conhecimento que o indivíduo tem do mundo a
dados de busca e apreensão e sete mandados de sua volta e suas relações com sua própria língua e cultura.
sequestro de bens, nos estados do Amazonas, Bahia, Assim, pode-se dizer que o sentido do enunciado
Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rondônia, Maranhão e não está pronto no ato da fala (ou escrita), mas que
São Paulo. Por determinação judicial, mais de R$ 170 deve ser construído entre os sujeitos nela envolvidos.
mil foram bloqueados. Para finalizar, podemos afirmar que a língua é a
“Os objetivos da atuação conjunta e estratégica são parte operacional da linguagem, por meio da qual
a identificação de fraudes massivas e a desarticulação esta se realiza.
de organizações criminosas que atuam causando pre- Já o discurso envolve elementos enunciativos que
juízos ao programa assistencial e, por consequência, englobam agentes localizados no tempo, no local e na
atingindo a parcela da população que necessita desses língua durante o ato de fala. Por fim, o estilo traz a
valores”, informou a Polícia Federal. marca pessoal do indivíduo que fala.
Além da PF, participam dessa operação o Ministé-
rio Público Federal, Ministério da Cidadania, a Caixa,
RESUMINDO
Receita Federal, Controladoria-Geral da União e o Tri-
bunal de Contas da União.
Processo de interação entre participantes
(Fonte: https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2021/03/04/ Linguagem
da enunciação.
operacao-da-pf-combate-fraudes-ao-auxilio-emergencial-em-oito-
estados.html)
Língua Sistema pelo qual a linguagem opera.
Podemos resumir, portanto, a relação entre os ele-
mentos da linguagem e as funções da linguagem con- Marcas deixada pela língua em práticas
forme o esquema a seguir, que destaca as funções e o Discurso de determinada classe social.
elemento mais importante para cada uma delas. Exemplo: Discurso político.

Função Referencial
(Contexto/Referente) Efeito da linguagem que pertence a uma
Estilo pessoa, marcando suas idiossincrasias
na fala.
Função Poética
(Mensagem)
Função Função
Emotiva Conotativa
(Emissor) (Receptor)
Função Fática VARIEDADES LINGUÍSTICAS
(Canal)
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela
pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém
Função Metalinguística já disse que em país algum se fala uma língua só, há
(Código) várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não
é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem
a sua. A essa característica da língua damos o nome
de variação linguística. De forma sintética, podemos
dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão for-
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO mal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta
suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos:
A linguagem é um processo que relaciona cinco
fatores. Acompanhe a seguir: PADRÃO FORMAL

z Enunciador: É que fala e, assim, desempenha um Norma Culta


papel na sociedade;
z Interlocutor(es): Para quem se fala; é importante A norma culta da língua portuguesa é estabelecida
saber o grau de intimidade que se tem com quem pelos padrões definidos conforme a classe social mais
está falando; abastada, detentora de poder político e cultural. As
z Discurso: O que é dito (o enunciado). Tem marca- pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri-
LÍNGUA PORTUGUESA

ções ideológicas; vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive,


z Situação imediata: O que se apresenta quando a as regras da língua, direcionando o que é considerado
fala é enunciada; pode ser material (lugar, fato) ou permitido e aquilo que não é.
imaterial (tempo, espaço);
z Contexto mais amplo: Reúne configurações sociais, Norma Padrão
ideológicas e históricas que permeiam a fala.
A norma padrão diz respeito às regras organizadas
Observando esses cinco aspectos, pode-se perce- nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras
ber que a linguagem transcende o que é dito – para ela, e preceitos que devem ser respeitados na utilização
também importam fatores como a intimidade entre os da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs-
sujeitos, a situação na qual estão inseridos e o contexto trato, tendo em vista que também considera fatores
sócio-histórico no qual o enunciado é elaborado. Importa, sociais, como a norma culta. 15
Língua Formal
VARIAÇÃO DIAFÁSICA
A língua formal não está, diretamente, associada a Mudança no som, como veio (pronúncia com
padrões sociais; embora saibamos que a influência social Diafásica
E aberto) e more (pronúncia com E fechado,
exerce grande poder na língua, a língua formal busca for- fonética
assemelhando-se quase a pronúncia de i)
malizar em regras e padrões as suas normas a fim de esta-
Ocorre em contextos de informalidade, em
belecer um preceito mais concreto sobre a linguagem. Diafásica
que há mais liberdade para usar gírias e ex-
lexical
PADRÃO INFORMAL pressões lexicais diferentes
Diafásica Ocorre com a alteração dos elementos sin-
Coloquialismo sintática táticos, ocasionando erros
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné-
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que z Variação diacrônica
apresenta formas informais no falar e/ou escrever.
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido
Oralidade estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos.
A oralidade marca as maneiras informais de se Podemos citar alguns exemplos comuns, como as
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você.
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros Além dessas, a variação diacrônica também marca a
orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali- presença de gírias comuns em determinadas épocas,
zados apenas pela linguagem oral. como broto, chocante, carango etc.
Linguagem Coloquial

A linguagem coloquial marca formas fora do


padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos, GÊNEROS E TIPOLOGIA TEXTUAIS E
existem alguns tipos de variação linguística; dentre
elas, as mais comuns em provas de concurso são: SEUS ELEMENTOS CONSTITUINTES
z Variação diatópica ou geográfica CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS

A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-


Tipos ou sequências textuais são unidades que
rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente
também o exemplo das variações que ocorrem em autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais
diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha- marcam uma forma de organização da estrutura do
mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e texto que se molda a depender do gênero discursivo e
lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros
para representar um carinho feito em alguém. O que que apresentam a predominância de narrações – con-
em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
tos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc –,
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
variação denominamos diatópica lexical, já que lexi- em outros predomina a argumentação – redação do
cal significa algo relativo ao vocabulário. ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
z Variação diastrática ou sociocultural inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
essa figura que demonstra como podemos identificar os
A variação diastrática, como também ocorre com a
diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática, depen- tipos textuais e suas principais características, tendo em
dendo do que seja modificado pelo falar do indivíduo: vista que cada sequência textual apresenta característi-
falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de variação cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco
diastrática fonética. Usar “presunto” no lugar de corpo ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
de pessoa assassinada é variação diastrática lexical. ra linguística quase rígida que nos permite classificar os
E falar “Houveram menas percas” no lugar de “Houve tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo;
menos perdas” é variação diastrática sintática.
Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
z Variação diafásica ou estilística
GÊNERO TEXTUAL
A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
por morar em determinado lugar nem porque todos FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a A partir desse esquema, podemos identificar que a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo- orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
gado dizer “Encontrei ele”, também em momento tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a predominante que o texto deve manter, organizado
16 variação diafásica sintática. pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
TIPO TEXTUAL Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresen- Girava o mundo, mas acabou
tadas no texto. Também é chamado de sequência textual Fazendo a guerra no Vietnã
GÊNERO TEXTUAL Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída Um instrumento que sempre dá
6. Situação final
socialmente A mesma nota,
7. Avaliação
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
Uma última informação muito importante sobre Só gente morta caindo ao chão
tipos textuais que devemos considerar é que nem todos Ao seu país não voltará
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor- Pois está morto no Vietnã
re é a existência de predominância de algumas sequên- Stop! Com Rolling Stones
cias em detrimento de outras, de acordo com o texto. Stop! Com Beatles songs
8. Moral
Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a Stop! Com Beatles songs
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo No peito, um coração não há
suas principais características e marcas linguísticas. Mas duas medalhas sim

Essas sete marcas que definem o tipo textual narra-


CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS tivo podem ser resumidas em marcas de organização
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS linguística caracterizadas por: presença de marcado-
res temporais e espaciais; verbos, predominante-
Narrativo mente, utilizados no passado; presença de narrador
e personagens.
Os textos compostos predominantemente por se-
quências narrativas cumprem o objetivo de contar
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
Importante!
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos Os gêneros textuais que são, predominantemen-
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um tuais em sua composição, tendo em vista que
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
nenhum texto é composto exclusivamente por
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
vo pode ser caracterizado por sete aspectos: uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi- dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente; Para sua compreensão, também é preciso saber o
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que ampliam que são marcadores temporais e espaciais.
a tensão; São formas linguísticas como advérbios, prono-
z Resolução: Momento de solução da tensão; mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço
z Situação final: Retorno da situação equilibrada; físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar-
z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
rativos, esses elementos são essenciais para marcar o
a resolução;
z Moral: Apresentação de valores morais que a histó- equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
ria possa ter apresentado. a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- aqui, ali, então...
te exemplo, a canção Era um garoto que como eu... Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
Vamos ler e identificar essas características, bem sença do narrador da história. Por isso, é importante
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
tual narrativo.
rador de um texto:

Era um garoto que como eu


1. Situação inicial: Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
predomínio de responsável por contar os fatos que compõem o texto
LÍNGUA PORTUGUESA

equilíbrio
As coisas lindas da América
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
Não era belo, mas mesmo assim soa. O narrador participa dos fatos
Havia uma garota afim
Cantava Help and Ticket to Ride Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Oh Lady Jane, Yesterday soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade
Mas uma carta sem esperar
início da tensão porém não participa das ações
Da sua guitarra, o separou
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones
3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
não participa das ações, porém o fluxo de consciência
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax
do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Lutar com vietcongs 1ª pessoa
17
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas, são eles: notícia, diário, con-
to, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos não
significa que não possam apresentar outras sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial prestar atenção nas
marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas
mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utilizam esse
tipo textual, geralmente, utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos
de textos cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista
de compras etc. Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impressões a respeito de alguns
aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.

Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo,
assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam
mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta;
e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha

Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio abaixo:

Fonte:https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-
18 vender-na-web.ghtml
Note que há presença de muitos adjetivos, locuções e substantivos que buscam levar o leitor a imaginar o
objeto descrito. O gênero acima apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc) com uso de
adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele está organizado de forma
esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira que facilita a leitura (o pedido, no
caso) do cliente.
Organização do texto descritivo:

Expositivo

O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo tex-
tual, é muito comum a presença de dados, informações científicas, citações diretas e indiretas, que servem para
embasar o assunto do qual o texto trata. Para lustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua

O infográfico acima apresenta as informações pertinentes sobre o panorama mundial da situação da água no
ano de 2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do tema tratado, e
para isso, o autor dispõe, além da linguagem clara e objetiva, de recursos visuais para atingir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados anteriormente, os textos expositivos também apresentam uma
estrutura que mistura elementos tipológicos de outras sequências textuais, tendo em vista que, para apresentar
fatos e ideias, utilizamos aspectos descritivos, narrativos e, por vezes, injuntivos. 19
É importante destacar que os textos expositivos Como faço para criar uma conta do Instagram?
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
argumentativos, uma vez que existem textos argu- 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
mentativos que são classificados como expositivos, ou Google Play Store (Android).
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
para abri-lo.
argumentação.
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
Outra importante diferença entre a sequência
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
para a argumentação, uma vez que o fato exposto bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento cadastrar com sua conta do Facebook.
sobre uma questão não é posto em debate. 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte- lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões. as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
Marcas linguísticas do texto expositivo: se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
conta do Facebook, caso tenha saído dela.
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre- Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
sença de verbos de estado; 07/09/2020.
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
organizam a informação; No exemplo acima, podemos destacar a presença de
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; verbos conjugados no modo imperativo, como: baixe,
z Presença de figuras de linguagem como metáfora toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como:
e comparação; instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao textos injuntivos é a enumeração de passos a serem
final do texto. cumpridos para a realização correta da tarefa ensina-
da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien- É importante lembrar que a principal marca
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- linguística dessa tipologia é a presença de verbos
dade nos leitores, como o exemplo a seguir: conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO- persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
NARAM O MUNDO nadas pelo gênero.
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
Argumentativo
Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy complexo e, por vezes, pode apresentar um maior
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia grau de dificuldade na identificação, bem como em
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer- sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên- a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini- defesa de uma tese e a apresentação de argumen-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, tos que visam sustentar essa tese.
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen-
Wi-Fi e o Bluetooth.
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto,
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No
Instrucional ou Injuntivo
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli-
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet, autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre-
horóscopos e também nos manuais de instrução. senta possíveis soluções para o problema em questão.
A principal marca linguística dessa tipologia é a Outro aspecto importante dos textos argumentati-
presença de verbos conjugados no modo imperati- vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve cas conhecidas como operadores argumentativos, que
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e organizam as orações subordinadas, estruturas mais
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. comuns nesse tipo textual.
Para que possamos identificar corretamente essa A seguir, apresentamos um quadro sintético com
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- algumas estruturas linguísticas que funcionam como
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
20 exemplo a seguir: a leitura de textos argumentativos:
OPERADORES ARGUMENTATIVOS Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
É incontestável que...
que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
É mister, é fundamental, é essencial...
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
cas que os processos envolvendo a coerência.
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju- características da coerência em um texto e como esse
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
estrutura argumentativa desse tipo textual. mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
Importante! estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
O tipo textual argumentativo não pode ser
que se encontra mais na mente que no texto”.
confundido com o gênero textual dissertativo- Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
-argumentativo. Esse gênero é composto por para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
sequências argumentativas, mas também há passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de são. A autora afirma que a coerência:
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame
Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame [...] Não está no texto em si; não nos é possível
que cobra esse gênero em sua prova de redação. apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística,
confere sentido ao que lê (2013, p.31).
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- importantes para uma boa compreensão e elaboração
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e textual. É importante destacar que esses processos
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- de coesão não podem ser dissociados da construção
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro de sentidos implícita no processo de organização da
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
e por que buscar esse padrão é importante. seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
Os textos não são somente um aglomerado de pala- com fins estritamente didáticos.
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
das e organizadas harmoniosamente de maneira que COESÃO REFERENCIAL
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se A coesão é marcada por processos referenciais
chama de coesão textual. Os articuladores responsá- relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto inserem ou retomam uma porção textual. Os pro-
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser cessos marcados pela referenciação caracterizam-se
articulados de forma que garanta uma relação lógica pela construção de referentes em um texto, os quais
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
diretamente à significação do texto, aos sentidos que ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
ele produz para o leitor. vras, das quais falaremos a seguir.
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
COESÃO COERÊNCIA
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa- “as expressões que retomam referentes já apresenta-
perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro- dos no texto por outras expressões são chamadas de
na forma e na articulação dução de sentido/relação anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir:
entre as ideias lógica
LÍNGUA PORTUGUESA

O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair-


Fonte: Elaborado pela autora.
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky
Podemos usar uma metáfora muito interessante era um jovem promissor, mas nunca se interessou
quando se trata de compreender os processos de coe- realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um
são e coerência.
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de
prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom
Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju-
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí-
dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
do depende da organização das nossas ideias, da forma
primeira luta que fez com Apollo Creed.
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. 30/09/2020. Adaptado. 21
A partir da leitura, podemos perceber que todos os participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
termos destacados fazem referência a um mesmo refe- pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza- to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs-
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto. maior, fazendo referência ao momento de pandemia
Já os processos referenciais catafóricos apontam pelo qual o mundo passa.
para porções textuais que ainda não foram mencio- O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista” coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.
Não é possível saber qual dos homens estava
Dica acompanhado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras
Em provas de concursos e seleções, ainda se relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
encontra a terminologia “expressões referenciais são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
material. No entanto, é importante salientar que, escolares. O interesse das principais bancas de con-
para linguistas e estudiosos, as anáforas são os cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
processos referenciais que recuperam e/ou apon- tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise
tam para porções textuais. de processos coesivos visa analisar a capacidade do
candidato de reconhecer a que e qual elemento está
USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO construindo as referências textuais.

Utilizar pronomes para manter a coesão de um USO DE NUMERAIS


texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste categorias gramaticais concorre para a progressão tex-
estudo os principais pronomes utilizados em recursos tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro-
textuais para manter a coesão. cesso é o uso de numerais.
A pronominalização é a base de recursos anafóri- Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
específico a que o autor faz referência no texto. Veja- em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
mos dois exemplos: vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
riores numa relação de coesão.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
Biden foi quente, com diversas interrupções e acu- As formas destacadas são numerais ordinais que
sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi recuperam informação no texto, evitando a repetição
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
a indicação de Trump da juíza conservadora Amy
Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de
USO DE ADVÉRBIOS
Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que
tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
processo de coesão. As formas adverbias que marcam
ram que perderam a eleição”. […]. tempo e espaço podem também ser denominadas de
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
EUA são o país mais atingido pela pandemia - são Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O Percebam que esses advérbios só podem ser asso-
âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles ciados a um referente se forem instaurados no discur-
fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata- so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas
cou o republicano dizendo que Trump “não tem um que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê
plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua “hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma
resposta atacando a China - “deveriam ter fechado sala compreenderá que a marcação temporal refere-
suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as -se ao momento em que a leitura foi realizada. Por
estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou- isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos.
ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho” Independentemente de como são chamados, esses
nesse momento dos EUA. elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
to, auxiliando também a construção da coesão textual.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado. USO DE NOMINALIZAÇÃO

Após a leitura do texto, é possível notar que a recu- As expressões que retomam ideias e nomes, já
peração da informação apresentada é feita a partir de apresentados no texto, mediante outras formas de
muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono- expressão, podem ser analisadas como processos
mes destacados recupera o assunto informado e ajuda nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e
o leitor a construir seu posicionamento. É importante outras classes nominais.
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe- Essas expressões recuperam informações median-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”, uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
22 já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que Vejamos um exemplo:
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel- “O Brasil evoluiu bastante desde o iní-
chior foi um cantor, compositor, músico, produtor, cio do século XXI. O país proporcionou
artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem- a inclusão social de muitas pessoas. A
SEM ELIPSE
bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, nação obteve notoriedade internacional
Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros por causa disso. A pátria, porém, ainda
cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso enfrenta certas adversidades...”
internacional, em meados da década de 1970. “O Brasil evoluiu bastante desde o início do
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
século XXI e proporcionou a inclusão social
30/09/2020. Adaptado. de muitas pessoas, por causa disso obteve COM ELIPSE
notoriedade internacional, porém ainda en-
Todas as marcações em negrito fazem referência ao frenta certas adversidades...”
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza- COESÃO SEQUENCIAL
dores que servem para ligar ideias e construir o texto.
A coesão sequencial é responsável por organi-
USO DE ADJETIVOS
zar a progressão temática do texto, isto é, garantir a
Os adjetivos também são considerados expressões manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a
nominalizadoras que fazem referência a uma porção promover a evolução do debate assumido pelo autor.
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a par-
acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, tir de locuções que marcam tempo, conjunções, desi-
músico, produtor, artista plástico e professor” apre- nências e modos verbais. Neste material, iremos nos
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de deter, sobretudo, aos processos de conjunções que são
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações utilizadas para garantir a progressão textual.
sobre essa personalidade, referida anteriormente.
É importante recordar que não podemos identifi- Conjunções Coordenativas
car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as As conjunções coordenativas são aquelas que
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis- ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
ta, professor são substantivos que funcionam como semântico independente. Na construção textual, elas
adjetivos e colaboram na construção textual. são importantes, pois, com seus valores, adicionam
informações relevantes ao texto.
USO DE VERBOS VICÁRIOS
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
na coesão:
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
são verbos usados em substituição de outros que já Não apenas conversava com os de-
foram muito utilizados no texto. ADITIVA mais alunos como também atrapa-
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós lhava o professor.
esperávamos.
Eram ideias interessantes, porém
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda ADVERSATIVA
ninguém concordou com elas.
oração pelo verbo “foi”.
Superou o estigma que pregava “ou
ALTERNATIVAS estuda, ou trabalha” e conseguiu ser
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
aprovada.
Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
Ao final, faça os exercícios, pois
Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
EXPLICATIVA é uma forma de praticar o que
fizemos”
aprendeu.
Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
falta de interesse” O candidato não cumpriu sua pro-
Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais” CONCLUSIVA messa. Ficamos, portanto, desapon-
tados com ele.
USO DE ELIPSE
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
A elipse é uma forma de omissão de uma informação precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
já mencionada no texto. Geralmente, estudamos a da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
elipse mais detalhadamente na seção de figuras de orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
LÍNGUA PORTUGUESA

linguagem de uma gramática; neste material, iremos rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
seção. Aqui é importante salientar as propriedades sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
pósito de manter a coesão textual. Conjunções Subordinativas
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi-
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên- nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre-
cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu- sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas,
zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas estas ligam ideias apresentadas em orações subordi-
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”. nadas, ou seja, orações que precisam de outra para
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: terem o sentido apreendido. 23
Exemplos de conjunções subordinativas atuando No entanto, a repetição é um recurso coesivo
na coesão: essencial para manter a progressão temática do texto,
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
Como não havia estudado dido, levando o escritor a fugir da temática.
CAUSAL suficiente, resolvi não fazer Embora também não recomendemos as repetições
essa prova. exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir,
Falaram tão mal do filme que alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.
CONSECUTIVA
ele nem entrou em cartaz.

COMPARATIVA Trabalhou como um escravo. CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES

Conforme o Ministro da Economia, O candidato foi encontrado com


CONFORMATIVA Marcar ênfase duzentos milhões de reais na mala,
os concursos não irão acabar.
duzentos milhões!
Ainda que vivamos um período
CONCESSIVA de poucos concursos, não po- Marcar
Existem Políticos e políticos.
demos desanimar. contraste

Se estudarmos, conseguire- “Agora que sentei na minha cadeira


CONDICIONAL de madeira, junto à minha mesa de
mos ser aprovados!
madeira, colocada em cima deste
À proporção que aumentava Marcar a
assoalho de madeira, olho minhas
PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais continuidade
estantes de madeira e procuro um
forte o candidato se tornava. temática
livro feito de polpa de madeira para
escrever um artigo contra o desma-
Estudava sempre com afinco, a
FINAL tamento florestal” Millôr Fernandes.
fim de ser aprovado.

Quando o edital for publicado, já Uso de Paráfrase


TEMPORAL
estarei adiantado nos estudos.
A paráfrase é um recurso de reiteração que propor-
ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no
Importante! texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre
algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antu-
Não confundir:
nes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
“Física e Química são disciplinas afins”.
Vejamos o seguinte exemplo:
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Castelão. Ceará no Castelão.
Conjunções Integrantes
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
As conjunções integrantes fazem parte das orações da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
subordinadas, na realidade, elas apenas integram, ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
ligam uma oração principal a outra, subordinada. posições diferentes, cumpre um papel importante na
Como podemos notar, o papel dessas conjunções é progressão temática do texto.
essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
“peças” que unem as orações. Existem apenas dois Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
tipos de conjunções integrantes: que e se. uso de expressões textuais bem características, como: em
outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
Quando é possível subs-
Quero que a prova esteja cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
tituir o que pelo pronome
fácil. to, garantindo a informatividade do texto.
isso, estamos diante de
Quero. O quê? Isso.
uma conjunção integrante
Uso de Paralelismo
Sempre haverá conjunção
Perguntei se ele estava
integrante em orações subs- As ideias similares devem fazer a correspondência
em casa.
tantivase,consequentemen- entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
Perguntei. O quê? Isso
te, em períodos compostos nome de paralelismo. Quando as construções de frases
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá-
COESÃO RECORRENCIAL tico. Quando há sequência de expressões simétricas no
plano das ideias e coerência entre as informações, ocor-
Uso de Repetições re o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.

As recorrências de repetições em textos são comu- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
mente recusadas pelos mestres da língua portugue- JUNTAS
sa. Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos
professores recomendam em uníssono: evite repetir Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
24 palavras e expressões!
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti- Verbo por Substantivo e Vice-versa
ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
em que houve quebra de paralelismo: Pode-se usar um substantivo correspondente no
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” lugar de um verbo ou vice-versa, desde que isso faça
– Errado. sentido dentro do contexto.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem” Exs.:
– Correto.
Devemos manter a organização das orações, pois z Caminhar: caminho;
não podemos coordenar orações reduzidas com ora- z Resolver: resolução;
ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo z Trabalhar: trabalho;
e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente z Necessitar: necessidade;
reduzidas. z Estudar: estudos;
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é z Beijar: beijo;
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no z O trabalho enobrece o homem / Trabalhar eno-
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja- brece o homem.
mos o seguinte exemplo:
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamen- Voz Verbal
te, por outro podem não ter agido errado” – Incorreto.
“Por um lado, os manifestantes agiram correta- É possível mudar a voz verbal sem mudar a men-
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu- sagem do enunciado.
lação” – Correto. Exs.:
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto. z Eu fiz todo o trabalho / Todo o trabalho foi feito
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma por mim.
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto.
Palavra por Locução Correspondente

Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locu-


EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO ção que corresponda a ela, ou vice-versa.
Ex.:
DE ESTRUTURAS
z O amor materno é singular / O amor de mãe é
SUBSTITUIÇÃO singular.

A substituição pode ser realizada por meio de Conectivos com Mesmo Valor Semântico
recursos como sinônimos, antônimos, locução ver-
bal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal,
Os conectivos são palavras ou expressões que têm
conectivos, dentre outros.
a função de ligar os períodos e parágrafos do texto.
Os conectores ou conectivos podem ser conjunções ou
Sinônimos advérbios/locuções adverbiais e sempre promovem
uma relação entre os termos conectados.
Palavras ou expressões que possuem significados Por meio da substituição de conectivos, é possí-
iguais ou semelhantes. vel modificar e reescrever um trecho sem que haja
Ex.: mudança de sentido.
z O carro está com algum problema / O automóvel
apresentou defeitos. Importante!
Antônimos Identifique a relação que cada conector indica,
pois, ao substituir um conector por outro que não
Palavras que possuem significados diferentes, ou possui relação semântica, pode ocorrer mudan-
seja, significados opostos que podem ser usados para ça no sentido do texto.
substituir a palavra anterior. Ao usar um conectivo para substituir outro, é
Ex.: necessário que ambos estabeleçam o mesmo
tipo de relação.
LÍNGUA PORTUGUESA

z O homem estava nervoso e inquieto / O senhor


não estava calmo.
A seguir, relembraremos algumas das principais
Locução Verbal relações que os conectores expressam:

Ao invés de usar a forma única do verbo, é pos- z Adição: E, também, além disso, mas também;
sível substituir o verbo por uma locução verbal e z Oposição: Mas, porém, contudo, entretanto, no
vice-versa. entanto;
Exs.: z Causa: Por isso, portanto, certamente;
z Tempo: Atualmente, nos dias de hoje, na socieda-
z Vou solicitar os documentos amanhã / Solicitarei de atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até
os documentos amanhã. que; 25
z Consequência: Logo, consequentemente, por con- Pronome Indefinido
sequência;
z Confirmação / Reafirmação: Ou seja, nesse sen- Ex.: Não quero que alguma situação tire nossa paz;
tido, nessa perspectiva, em suma, em outras pala- Não quero que situação alguma tire nossa paz.
vras, dessa forma;
z Hipótese / Probabilidade: A menos que, mesmo Neste caso, não há mudança de sentido e a correção
gramatical foi mantida, pois essa mudança não implica
que, supondo que;
necessidade de vírgula nem provoca erro gramatical.
z Semelhança: Do mesmo modo, assim como, bem
Observe o quadro a seguir para sanar suas dúvidas
como; sobre as diferenças entre os recursos:
z Finalidade: Afim de, para, para que, com a finali-
dade de, com o objetivo de; DIFERENÇAS ENTRE OS RECURSOS
z Exemplificação: Por exemplo, a exemplo de, isto
Deslocamento Substituição
é;
z Ênfase: Na verdade, efetivamente, certamente, Muda um termo de lugar Substitui determinado termo do tre-
com efeito; dentro do próprio enunciado cho, mantendo o mesmo sentido
z Dúvida: Talvez, por ventura, provavelmente, Antes
Antes
possivelmente; Ex.: Dessa forma, todos po-
Ex.: Dessa forma, todos podere-
deremos ir juntos ao local
z Conclusão: Portanto, logo, enfim, em suma. mos ir juntos ao local do evento
do evento
Dentro de cada um dos grupos de conjunções aci- Depois
Depois
ma citados é possível haver substituição entre as con- Ex.: Todos poderemos, des-
Ex.: Assim, todos poderemos ir
junções sem que haja prejuízo no entendimento final sa forma, ir juntos ao local
juntos ao local do evento
do evento
do trecho reescrito.

DESLOCAMENTO Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado


tanto a questões de concursos quanto à produção de
Deslocamento é o recurso utilizado para reescre- redações e textos diversos.
ver determinado trecho, que se baseia em modificar de Nas questões, é necessário analisar as opções
lugar determinados termos. Ou seja: um termo que esta- dadas para encontrar aquela na qual a escrita esteja
va no início pode ir para o final do texto e vice-versa. gramaticalmente correta e o sentido original do tex-
Podemos citar como exemplo os períodos a seguir: to esteja presente, sem mudanças na compreensão.
Já nas redações, a reescrita é essencial para corri-
z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat; gir erros e escrever de forma mais clara. Ela auxilia,
z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São Paulo. também, para poder utilizar o texto-base como sub-
sídio para a escrita, fazendo modificações de alguns
Para reescrever frases utilizando o deslocamen- trechos e adaptando-os para a sua escrita.
to, é necessário observar se há mudança de sentido
e se a correção gramatical foi mantida. Do mesmo
modo, para analisar uma questão de reescritura, é
necessário observar qual elemento foi deslocado e
RELAÇÕES DE SINONÍMIA E
se esse deslocamento provocou mudança de sentido
ou inadequação gramatical. ANTONÍMIA
É possível deslocar os seguintes termos em uma
oração: O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

Adjunto Adverbial Quando escolhemos determinadas palavras ou


expressões dentro de um conjunto de possibilidades
Ex.: Na semana passada, participei de todas as de uso, estamos levando em conta o contexto que
aulas da faculdade. Participei de todas as aulas da influencia e permite o estabelecimento de diferentes
faculdade na semana passada. relações de sentido. Essas relações podem se dar por
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
Observando os pontos anteriormente menciona- mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
dos, é possível perceber que neste caso não há mudan-
ça de sentido, e que a correção gramatical foi mantida,
já que o adjunto adverbial de tempo no final da ora- Importante!
ção não precisa de vírgula. Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
Adjetivo sões de um idioma.
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
Ex.: Meu novo namorado trabalha com vendas; que cada falante seleciona do léxico para se
comunicar.
Meu namorado novo trabalha com vendas.

Na frase original, o adjetivo “novo” está antes do z Sinonímia


substantivo, e na segunda frase, aparece depois. No
entanto, é possível perceber não há mudança de sen- São palavras ou expressões que, empregadas em
tido e que a correção gramatical foi mantida, já que um determinado contexto, têm significados seme-
essa mudança não implica necessidade de vírgula lhantes. É importante entender que a identidade dos
26 nem provoca erro gramatical. sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, cerrar (fechar) serrar (cortar)
o que pode não acontecer em outras situações. O
cervo (veado) servo (criado)
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
pagamento) xadrez)
de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur- círio (vela) sírio (natural da Síria)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia cito (forma do verbo citar) sito (situado)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- concerto (sessão musical) conserto (reparo)
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura coser (costurar) cozer (cozinhar)
do texto. exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)
público)
z Antonímia espectador (aquele que expectador (aquele que tem
assiste) esperança, que espera)
São palavras ou expressões que, empregadas em esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
um determinado contexto, têm significados opostos. espiar (observar) expiar (pagar pena)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- estático (imóvel) extático (admirado)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
esterno (osso do peito) externo (exterior)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
z Absorver/absolver
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
construída a partir dos sentidos opostos das palavras „ Tentaremos absorver toda esta água com
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- esponjas. (sorver)
se contexto. „ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
de seus pecados. (inocentar)
z Homonímia
z Aferir/auferir
Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- „ Realizaremos uma prova para aferir seus
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a conhecimentos. (avaliar, cotejar)
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- „ O empresário consegue sempre auferir lucros
nimos importantes: em seus investimentos. (obter)

acender (colocar fogo) ascender (subir) z Cavaleiro/cavalheiro


acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
LÍNGUA PORTUGUESA

acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) „ Todos os cavaleiros que integravam a cava-
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) laria do rei participaram na batalha. (homem
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) que anda de cavalo)
bucho (estômago) buxo (arbusto)
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
sempre as portas para eu passar. (homem edu-
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
cado e cortês)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto) z Cumprimento/comprimento
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
„ O comprimento do tecido que eu comprei é de
céptico (descrente) séptico (que causa infecção) 3,50 metros. (tamanho, grandeza)
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) „ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
27
z Delatar/dilatar ARTIGOS

São palavras que antecedem o substantivo, defi-


„ Um dos alunos da turma delatou o colega que nindo ou não o seu sentido. Podem ser classificados
chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar) em definidos e indefinidos.
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan- Há apenas um artigo definido – o – e um arti-
do seu estômago. (alargar, estender) go indefinido – um, que depois variam em gênero e
número (os, a, as) para artigos definidos e (uma, uns,
umas) para os indefinidos.
z Dirigente/diligente O artigo definido serve para indicar um ser defi-
nido entre outros e indicar todo conjunto de seres.
„ O dirigente da empresa não quis prestar decla- Ex.: A menina saiu contente. / Os garotos adoram
rações sobre o funcionamento da mesma. (pes- jogar futebol.
soa que dirige, gere) Já o artigo indefinido pode ser:
„ Minha funcionária é diligente na realização de
� Indefinido entres os outros;
suas funções. (expedito, aplicado) � Subconjunto de seres indefinidos;
Reforço de ideia.
z Discriminar/descriminar Ex.: Uns gostam de cão, outros de gato.
� Contaram-me uma história antiga e duvidosa.
„ Ela se sentiu discriminada por não poder
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar) Importante!
„ Em muitos países se discute sobre descriminar o
uso de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar) Os artigos indefinidos (um, uma, uns, umas) podem
ser confundidos com o numeral. Como dito, os
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par
artigos acompanham substantivos, enquanto os
numerais indicam número, ou seja, quantidade.
onimas/. Acessado em 17/10/2020.
Veja os exemplos:
Nas férias, pretendo ler um livro. = Artigo indefini-
Polissemia (Plurissignificação)
do. Pode ser um livro qualquer; aqui, trata-se do
termo “livro” de forma mais geral.
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
Nas férias, vou ler apenas um livro. = Numeral.
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras A quantidade de livros a serem lidos nas férias é
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre apenas um.
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
semia é encontrada no exemplo a seguir:
NUMERAIS

São as palavras utilizadas para designar posição


ou número.
Exs.: Eu quero um pastel de carne;
Pedro ganhou a corrida em primeiro lugar;
Milhares de pessoas compareceram ao evento.
Os numerais podem ser classificados em cardinais,
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
ordinais, multiplicativos e fracionários.

� Cardinais: expressam quantidade exata de seres


z Hipônimo e Hiperônimo através da palavra.
Ex.: Ganhei sete bombons ontem;
Relação estabelecida entre termos que guardam � Ordinais: indicam ordem ou posição dentro de
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- uma sequência;
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – Exs.: João ganhou a corrida em segundo lugar.
Esta foi a primeira vez que consegui compreendê-lo;
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... � Multiplicativos: expressam o número de vezes
pelo qual determinada quantidade é multiplicada.
Dobro = duas vezes; triplo = três vezes; quádruplo
= quatro vezes...
CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS Ex.: Eu trabalho o dobro de horas que você;
� Fracionários: expressam frações, divisões ou
diminuições proporcionais em quantidade.
INTRODUÇÃO
Ex.: Esse mês já gastei um terço do meu salário.

A Morfologia estuda a estrutura das palavras, sua Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
formação e classificação. Neste tópico, estudaremos de isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
maneira aprofundada como as palavras são classificadas. quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Dúzia: conjunto de doze unidades;
As classes gramaticais (ou classes de palavras) são os
Novena: período de nove dias;
grupos em que as palavras estão classificadas; isso pode Década: período de dez anos;
ser de grande ajuda para utilizarmos cada uma delas de Século: período de cem anos;
28 maneira correta. Veremos agora cada uma delas. Bimestre: período de dois meses.
SUBSTANTIVOS „ Cavalos: cavalaria, cavalhada, tropa, manada;
„ Cebola: réstia, cebolal;
São palavras que dão nome aos seres em geral, „ Chaves: molho, penca, chavaria;
vivos ou não vivos e a conceitos.
„ Discos: discoteca, fonoteca;
„ Elefantes: manada;
Tipos de Substantivos
„ Estrelas: constelação;
Existem diferentes tipos de substantivos. São eles: „ Filhotes: ninhada, redada;
„ Flores: ramalhete, ramo, buquê, braçada;
z Concreto: dá nome a seres existentes, independentes „ Formigas: colônia, formigueiro, formigame,
ou que são pensados dessa forma. Veja os exemplos carreiro, correição;
dados pelo autor do livro Gramática pela Prática: „ Gafanhoto: nuvem, gafanhotada, onda, praga;
„ Galinhas: galinhada, galinhame;
„ Pessoas: José, Júlia; „ Gatos: gataria, bichanada;
„ Ocupantes de cargos: tesoureiro, professor; „ Ilhas: arquipélago;
„ Animais: tigre, lesma; „ Índios: tribo, aldeia, indiada;
„ Vegetais: árvore, bambu; „ Insetos: nuvem, colônia, praga, onda.
„ Minerais: água, ouro;
„ Fenômenos: chuva, relâmpago;
z Compostos
„ Lugares: continente, Piauí;
„ Objetos: caneta livro;
Os substantivos compostos são substantivos for-
„ Imaginados: saci, fada, Deus.
mados por mais de uma palavra ou radical, sendo
z Abstrato: nomeia seres/conceitos que não existem constituídos pelo processo de composição (formados
por si só. Observe os exemplos: pela junção de duas palavras).
Ex.: notícia-bomba; bate boca; quinta-feira.
„ Ações: o chute, a entrega;
„ Sentimentos: amor, compreensão; Plural de Substantivos Compostos
„ Qualidades: dureza, feiura;
„ Estado: desonra, glória. Se o substantivo composto é escrito sem hífen,
para utilizá-lo no plural, basta acrescentar a letra
Os substantivos abstratos existem apenas em fun- “s”. Agora, se ele for escrito com hífen, deve-se
ção de outros seres. A feiura, por exemplo, depende de seguir algumas regrinhas. São elas:
uma pessoa, um substantivo concreto a quem esteja
associada. „ Substantivo + substantivo que especifica o
primeiro.
z Próprio: dá nome a um ser específico (pessoa, país etc.)
Ex.: notícia-bomba, notícias-bomba.
Ex.: José, Brasil, Carolina, Nova Concursos, São
Paulo, Varsóvia;
„ Palavras unidas por preposição.
z Comum: é o que nomeia um ser como pertencente Ex.: água-de-colônia, águas-de-colônia.
a uma classe.
Ex.: homem, país, editora; „ Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo.
Ex.: bate-boca, bate-bocas, alto-falante, alto-falantes.
z Coletivo: dá nome comum para um conjunto de
seres. „ Palavras repetidas ou onomatopaicas.
„ Abelhas: enxame, colmeia, abelhal;
Ex.: tico-tico, tico-ticos;
„ Alho: réstia, alhada, alhal;
„ Alunos: turma, classe, alunato;
„ Animais: fauna, bando, bicharada, animalada, „ Palavra variável + palavra variável.
pandilha, piara; Ex.: quinta-feira, quintas-feiras.
„ Anjos: legião, falange, coro;
„ Artistas: companhia, elenco, trupe, plêiade, Referência:
academia; Exemplos retirados da internet. Disponível em:
„ Árvores: arvoredo, renque, mata, floresta, <https://www.todamateria.com.br/substantivo-com-
LÍNGUA PORTUGUESA

bosque; posto/>. Acesso em 25 ago. 2020.


„ Atores: elenco, companhia, trupe;
„ Automóveis: frota; Flexão de Gênero
„ Aves: bando, revoada, bandada;
„ Aviões: esquadrilha, frota, aviação; Os substantivos podem sofrer flexão de gênero:
„ Bananas: cacho, bananada;
feminino e masculino.
„ Bois: manada, boiada, junta, armento, rebanho;
É comum fazermos a associação de que substan-
„ Borboletas: panapaná, panapanã;
„ Burros: récua, burricada, burrada; tivos masculinos são marcados pela desinência “o”
„ Cabras: fato, rebanho, cabrada, cabralhada, e que os femininos são marcados pela desinência
cabroeira; “a”;porém, o mais assertivo é pensar que os substanti-
„ Cães: matilha, cachorrada, canzoada; vos masculinos são aqueles cujo artigo “o” vem ante-
„ Camelo: cáfila, catar; posto. Veja: 29
z O carro / o motor / o cigarro. Em relação ao número gramatical, existem dois em
que os substantivos sofrem flexão: singular e plural.
O mesmo com os substantivos femininos, que vêm O singular indica apenas um ser ou um grupo de
com o artigo “a” anteposto: seres, e o plural indica dois ou mais seres ou grupos
de seres.
z A cadeira / a maçã / a verdade. A flexão dos substantivos para o plural possui
algumas regrinhas que podem ajudar. Veja:
Existem alguns substantivos masculinos que pos-
suem terminações diferentes de “o”; por isso, essa é a z Substantivos que terminam em vogal, ditongo oral
“regra” mais confiável. Ex: O amor / o celular. ou com a letra “N” flexionam para o plural com o
Além disso, os substantivos podem ser classifica- acréscimo da letra “s”.
dos em uniformes e biformes.
Os substantivos biformes apresentam diferentes � Pai: pais;
formas para o masculino e feminino. Ex.: Menino / � Mãe: mães;
menina � Hífen:hifens;
Exceção: Cânon – cânones.
z Garoto / Garota;
z Substantivos terminados em “R” e “Z” fazem o plu-
Já os substantivos uniformes são aqueles que ral pelo acréscimo de “-es”.
apresentam uma única forma, independente do gêne-
ro. Veja: � Cobertor: cobertores;
� Rapaz: rapazes.
z Criança / testemunha / artista;
z Substantivos que terminam em “al”, “el”, “ol”, “ul”
Dessa forma, só é possível identificar o gênero des- sofrem flexão no plural, trocando o “L” por “-is”.
se tipo de substantivo por meio do artigo, que vem
anteposto a ele. � Casal: casais;
� Quartel: quarteis;
z O estudante / A estudante. � Lençol: lençóis;
� Azul: azuis.
Gênero e Significação
Variação de Grau nos Substantivos
É possível realizar a determinação do gênero pela
significação. Veja algumas regrinhas básicas para O grau do substantivo é a possibilidade de indicar
ajudar a identificar quando o substantivo é femini- o tamanho/proporção do ser nomeado, e os substanti-
no e quando é masculino. vos podem ser de três graus: aumentativo, diminuti-
vo e normal.
Gênero Feminino O grau normal é o natural do ser.

z São femininos: z Aumentativo: exprime o aumento do tamanho do


ser nomeado.
„ Nomes de mulheres e as funções exercidas por
elas: � Livro: livrão;
Ex.: Ana, Helena, Maria, professora, rainha, vende- � Porta: portão;
dora; � Cachorro: cachorrão.

„ Nomes de animais do sexo feminino: z Diminutivo: exprime, ao contrário do aumentati-


Ex.: Vaca, anta, galinha, pata; vo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.
„ Nomes de cidades e ilhas em que se subentende
o gênero feminino: � Livro: livrinho;
Ex.: A Veneza, A marcante Florianópolis. � Porta: portinha;
� Cachorro: cachorrinho.
z São masculinos:
Vale ressaltar que a flexão de grau dos substanti-
„ Nomes de homens e suas funções.
vos pode ser feita de duas formas diferentes:
Ex.: Cláudio, José, Henrique, médico, professor,
vendedor;
� Analítica: acrescenta-se um adjetivo:
„ Nomes de animais do sexo masculino:
Ex.: Elefante, leão, boi; „ Cachorro grande/pequeno; livro grande/pequeno.

„ Nomes dos meses e dos pontos cardeais: � Sintética: acrescenta-se um sufixo à palavra:
Ex.: O mês de janeiro, o mês de maio, o Leste, o „ Cachorrinho/cachorrão; livrinho/livrão.
Norte.
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
„ Nomes de lagos, montes, oceanos e rios, em que
se subentende o gênero masculino: De acordo com o novo acordo ortográfico, vigente
Ex.: O Amazonas (o rio Amazonas), o Atlântico (o no país desde o início de 2009, utiliza-se maiúsculas
30 oceano Atlântico).Flexão de Número. em:
� Nome de pessoas reais ou imaginárias (nome, Locuções Adjetivas
sobrenome, apelido, seres mitológicos etc).
Trata-se de uma expressão formada por mais de
� Gabriela; uma palavra com o valor/significado de um adjetivo.
� Tiago; Em geral, costuma ser formada por uma preposição +
� Ferreira; substantivo. Veja:
� Magalhães; Lucas tem atitude de criança: “atitude de crian-
� Silva; ça” = locução adjetiva com valor de “atitude infantil”.
� Xuxa; Veja algumas locuções adjetivas e seus correspon-
� Cinderela; dentes na tabela a seguir:
� Poseidon.
LOCUÇÃO CORRESPON- LOCUÇÃO CORRES-
� Nomes de cidades, países, continentes (reais ou ADJETIVA DENTE ADJETIVA PONDENTE
imaginários).
de abdômen abdominal de campo rural
� Cuba;
de abelha apícola de criança infantil
� Londres;
� Minas Gerais; de abutre vulturino de lua lunar
� França; de aluno discente de mestre magistral
� América;
níveo
� Nárnia. de baço esplênico de neve
ou nival
de boca bucal, oral de ovelha ovino
z Nomes de festas e festividades.
� Carnaval; de bode hircino de pai paternal
� Dia das Crianças; de cabra caprino de rio fluvial
� Natal;
� Ano Novo; Adjetivos de Relação
� Páscoa.
Os adjetivos de relação possuem algumas caracte-
� Nomes de instituições e entidades. rísticas, e são assim classificados por:
� Organização das Nações Unidas;
� Cruz Vermelha; z T
er valor semântico objetivo (não expressa nenhu-
� Sistema Único de Saúde. ma subjetividade).
Ex.: Problema mundial = problema relativo ao mundo.
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes.
z N
ão possui variação de grau (veja no próximo
� Norte / Sul / Leste / Oeste;
assunto).
� Nordeste / Sudoeste;
Ex.: Vinho chileno = não pode ser: chileníssimo,
� Oriente / Ocidente.
pouco chileno.

z Vem após substantivo.


Importante!
Os pontos cardeais são grafados com maiúsculas Ex.: Mapa mundial.
apenas quando utilizados indicando uma região.
� Este ano vou conhecer o Sul. (O Sul do Brasil); Veja alguns exemplos:
Quando utilizados indicando uma direção, devem
Energia do núcleo: energia nuclear;
ser escritos com minúsculas.
Roteiro de Carnaval: roteiro carnavalesco;
� Correu a América de norte a sul.
Vinho do Chile: vinho chileno.

� Títulos de periódicos. Variação de Grau nos Adjetivos


� Veja; Os adjetivos variam em dois graus: comparativo e
� O Globo; superlativo.
� Correio do Brasil.
� Comparativo: atua fazendo comparação entre ele-
� Em siglas, símbolos ou abreviaturas. mentos da frase. O comparativo possui três graus:
LÍNGUA PORTUGUESA

� ONU / INPS; � 1° Comparativo de igualdade: compara elemen-


� Unesco / Bradesco / Sr.(a); tos colocando-os num mesmo patamar.
� S [Sul] / K [Potássio]; Ex.: A sua receita é tão saborosa quanto a
dela;
� 2° Comparativo de superioridade: compara, evi-
denciando um elemento como superior ao outro.
ADJETIVOS Ex.: A sua receita é melhor do que a dela;
� 3° Comparativo de inferioridade: compara, evi-
São palavras que qualificam os substantivos, dão denciando um elemento como inferior ao outro.
Ex.: A sua receita é pior do que a dela.
características (feliz, gordo, alto, interessante).
Exs: Ana é uma menina muito alegre; � Superlativo: eleva, intensifica as características
O noticiário de hoje está interessante. dadas aos substantivos. Possui dois tipos: 31
� 1° Superlativo relativo: quando essa elevação se refere a um conjunto.
Ex.: Dentre os discos gravados por você, este é o mais elaborado;
� 2° Superlativo absoluto: faz referência apenas a um substantivo;
Ex.: Este disco gravado por você é o mais elaborado.

Estes dois tipos podem ser ainda:

„ s uperlativo relativo de superioridade: “Ele é o filho mais obediente”;


„ superlativo relativo de inferioridade: “Ele é o filho menos desobediente”;
„ superlativo absoluto analítico: “Ele é muito obediente”;
„ superlativo absoluto sintético: “Ele é obedientíssimo”.

Formação dos Adjetivos

Tipos de adjetivos:

� Adjetivo simples: apresenta somente um radical.


Ex.: pobre, magro, triste, alto, feliz;
� Adjetivo composto: apresenta mais de um radical.
Ex.: afro-brasileiro, superinteressante, super-herói;
� Adjetivo primitivo: palavra que dá origem a outros adjetivos.
Ex.: alegre, bom, puro;
� Adjetivo derivado: palavras que derivam de verbos ou substantivos.
Ex.: escultor (de “esculpir), formoso (de “formosura”).
z Adjetivos pátrios: São responsáveis por representar a origem das pessoas, objetos e seres em relação ao país,
estado ou cidade. Veja a seguir alguns deles:

32
ADVÉRBIOS Advérbios Interrogativos

São palavras que se referem a um adjetivo ou a um Os advérbios interrogativos introduzem uma per-
verbo, modificando-o ou intensificando-o em diferen- gunta, podendo exprimir uma ideia de modo, tempo,
tes circunstâncias (tempo, modo e intensidade). lugar ou causa (como, quando, onde e por que). Veja a
seguir alguns exemplos:
� Tempo: advérbios que fornecem informações
temporais, isto é, indicam o momento em que a � Modo: Como se locomoveu até lá?;
ação ocorreu, ocorre ou ocorrerá � Tempo: Quando ele foi embora?;
São eles: Hoje, logo, já, afinal, amanhã, ontem, � Lugar: Onde é que se escondeu?;
tarde, breve, depois, cedo, antes, enfim, jamais,
� Causa: Por que não veio ontem?
nunca, sempre, doravante, outrora, imediatamen-
te, antigamente, primeiramente, constantemente,
sucessivamente, posteriormente; Grau do Advérbio
� Modo: advérbios que fornecem informações a respei-
to da maneira com que a ação se dá, deu-se ou se dará. Os advérbios podem se flexionar em dois graus:
Em sua maioria, possuem a terminação –mente. comparativo e superlativo.
São eles: rapidamente, bem, mal, devagar, silencio-
samente, vagarosamente, apressadamente, insis- � Comparativo: no grau comparativo, pode ser
tentemente, tristemente, alegremente etc; dividido em: de igualdade, de superioridade e de
� Intensidade: advérbios que ajudam na percepção inferioridade:
da intensidade do verbo, comumente utilizados com
adjetivos e até mesmo com outros advérbios. „ D
e igualdade: formado pela palavra “tão” antes
Alguns deles: meio, menos, mais, muito, pouco, do advérbio e “quanto” ou “como” depois dele,
demais. colocando dois elementos em mesmo nível.
Locuções Adverbiais Ex.: Ele chegou tão tarde quanto o pai.
Cantava tão bem como a irmã.
A locução adverbial é o conjunto de duas ou mais
palavras que pode desempenhar a função de advérbio, � De superioridade: formado pelo “mais” anteposto
alterando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. ao advérbio, acrescentado de “que” ou “de que”.
A maioria das locuções adverbiais são formadas Ex.: Ele chegou mais tarde que [de que] o pai.
por uma preposição e um substantivo. Há ainda os Cantava melhor que [de que] a irmã.
que são formados por adjetivos ou por advérbios. Veja
alguns exemplos:
Importante!
z Preposição + substantivo: de novo;
z Preposição + adjetivo: em breve; Os advérbios “bem” e “mal” recebem o grau
z Preposição + advérbio: por ali. comparativo de superioridade irregular, sendo
“melhor” e “pior”, respectivamente.
Agora, veja a aplicação nas frases: � No exame, você se saiu melhor que eu.
Professora, você pode me explicar a matéria de � No exame, você se saiu pior que eu.
novo? (de novo = novamente);
Em breve o filme estará em cartaz nos cinemas.
(em breve = brevemente); „ D
e inferioridade: formado pelo “antes” antepos-
Acho que eles foram por ali. to ao advérbio, seguido de “que” ou “de que”.
As locuções adverbiais podem se classificar em:
Ex.: Ela andava menos firmemente que [de que]
� Locuções adverbiais de tempo: em breve, à tar- André.
de, à noite, logo mais, pela manhã, de tempos em
tempos, por vezes... Advérbios e Adjetivos
Ex.: À tarde passearemos com as crianças no
parque; Existem ainda os adjetivos adverbializados. Tra-
� Locuções adverbiais de lugar: em cima, por perto, ta-se de um fato linguístico em que os adjetivos pas-
ao lado, à direita, à esquerda, para dentro, para fora... sam a pertencer à classe dos advérbios, conforme sua
Ex.: Os pais querem sempre os filhos por perto; utilização dentro da oração. Veja os exemplos:
� Locuções adverbiais de modo: às pressas, ao con- Os alunos chegaram apressados. = Os alunos che-
trário, em silêncio, de cor, às claras, à toa, em geral... garam apressadamente.
Ex.: O suspeito permaneceu em silêncio durante
LÍNGUA PORTUGUESA

As alunas chegaram apressadas. = As alunas che-


todo o interrogatório;
garam apressadamente.
� Locuções adverbiais de negação: de forma algu-
ma, de modo algum, de maneira nenhuma... Ou seja, para determinar a função de advérbio no
Ex.: Não usaria isto de forma alguma; adjetivo, basta transformar seus enunciados, levando
� Locuções adverbiais de afirmação: sem dúvida, em consideração as mudanças em gênero e número.
de fato, com certeza, por certo... O que vai definir se determinada palavra é um
Ex.: Ele, de fato, amava muito sua namorada; advérbio ou um adjetivo é o elemento ao qual ela se
� Locuções adverbiais de dúvida: com certeza, refere. Veja o exemplo:
quem sabe, por certo... O menino alto cantava alto.
Ex.: Quem sabe ele ainda apareça por aqui; A primeira palavra “alto” é um adjetivo, pois quali-
� Locuções adverbiais de intensidade: de muito, fica o substantivo “menino”; a segunda palavra “alto”
de pouco, em excesso, de todo. já funciona como advérbio, pois define a forma que o
Ex.: Eles compram roupas em excesso. menino canta e complementa o verbo “cantava”. 33
O mesmo pode ocorrer em relação ao pronome Dica
indefinido. Vamos ao exemplo dado pelo autor do livro “Os pronomes eu e tu são retos.
Gramática pela Prática: Nós, vós, ele(s) serão retos ou oblíquos, depen-
Era muito problema... x Era problema muito fácil. dendo de seu emprego na frase.” (PIMENTEL,
O “muito” do primeiro exemplo se refere a um 2015, p. 137)Pronomes de Tratamento
substantivo; em casos como esse, trata-se de um pro-
nome indefinido; Os pronomes de tratamento são utilizados para se
O “muito” do segundo exemplo já faz referência ao dirigir à pessoa com quem se fala. Existem pronomes
adjetivo “fácil”, definindo o substantivo “problema”. de tratamento bastante específicos. Veja na tabela a
seguir, da esquerda para a direita, pronome de trata-
Palavras Denotativas mento, sua abreviação e seu uso, respectivamente.

As palavras denotativas se assemelham e muito PRONOMES DE TRATAMENTO


com os advérbios, porém não pertencem a nenhuma
classe de palavras em específico, segundo a Nomencla- príncipes,
Vossa Alteza V. A.
tura Gramatical Brasileira. duques
Sabemos que as palavras, como já visto, podem ter Vossa Eminência V. Ema.(s) Cardeais
diferentes significados, de acordo com a situação em Vossa sacerdotes e
V. Revma.(s)
que são utilizadas. Isso não acontece com as palavras Reverendíssima bispos
denotativas. Palavras denotativas se referem a um altas autoridades
sentido literal, uma significação plena, e são muito Vossa Excelência V. Ex.ª (s)
eoficiais-generais
úteis na produção de texto, uma vez que podem fun- Vossa reitores de
cionar como mecanismo de coesão. V. Mag.ª (s)
Magnificência universidades
As palavras denotativas podem ser classificadas de Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
diferentes formas, de acordo com a ideia que expres-
Vossa Majestade
sam. Veja: V. M. I. Imperadores
Imperial
� Inclusão: até, também, inclusive, ademais; Vossa Santidade V. S. Papa
� Exclusão: apesar, apenas, salvo, exceto, menos; tratamento
Vossa Senhoria V. S.ª (s)
� Explicação: isto é, por exemplo, ou seja, a saber; cerimonioso
� Retificação: aliás, ou melhor, digo, isto é; Vossa
V. O. Deus
� Realce: lá, cá, é porque, é que; Onipotência
� Situação: então, afinal, agora;
� Designação: eis. Existem ainda os mais frequentes:

PRONOMES z Senhor (Sr.) e Senhora (Sr.ª): tratamento cerimo-


nioso, formal ou mais distante;
Palavras que substituem ou acompanham os subs- z Você: tratamento mais familiar, corriqueiro ou
tantivos. Os pronomes são denominados de distintas íntimo.
maneiras, de acordo com o papel que desempenham
na oração. Pronomes Indefinidos

Pronomes Pessoais Referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago,


impreciso. Veja:
Todos foram à festa ontem.
Referem-se às pessoas que participam do discurso. Muitos pais não se interessam verdadeiramente
O falante corresponde à 1ª pessoa; o ouvinte, à 2ª; e o pela educação dos seus filhos.
assunto, à 3ª. Eles podem se classificar como retos ou Os pronomes indefinidos podem ser variáveis,
oblíquos, de acordo com sua utilidade na frase. isto é, sofrem flexão em gênero e número, e também
invariáveis, que não sofrem essa flexão. Observe na
Confira a tabela a seguir: tabela a seguir os:

PRONOMES PESSOAIS PRONOMES INDEFINIDOS


Pronome Reto Pronome Oblíquo Variáveis Invariáveis
Tônico Átono Tônico Algum, alguma, alguns,
Alguém
1ª pessoa sing. algumas
Eu Nenhum, nenhuma,
Me Mim, comigo Ninguém
2ª pessoa sing. nenhuns, nenhumas
Te Te, contigo
Tu Todo, toda, todos, todas Quem
Se, lhe,o, a Si, consigo, ele, ela
3ª pessoa sing. Outro, outra, outros, outras Outrem
Ele, ela
Muito, muita, muitos,
1ª pessoa pl. Nós Nós, conosco Algo
Nos muitas
2ª pessoa pl. Vós Vós, convosco
Vos Pouco, pouca, poucos,
3ª pessoa pl. Si, consigo, Tudo
lhes, os, as poucas
Eles, elas eles, elas
Certo, certa, certos, certas Nada
34 Para Sujeito Para Outras Funções
Pronomes Interrogativos
PRONOMES INDEFINIDOS
Vários, várias Cada São os pronomes utilizados para formular perguntas
diretas ou indiretas. São eles: quem, quanto, que, qual.
Quanto, quanta, quantos,
Que Ex.: Quem entregará o trabalho hoje?;
quantas Quantos alunos chegaram atrasados hoje?;
Tanto, tanta, tantos, tantas Que é isso?;
Qualquer, quaisquer Qual é o resultado desse problema?
Qual, quais
Pronomes Possessivos
Um, uma, uns, umas
De acordo com o escritor de um blog de língua por-
Pronomes Demonstrativos tuguesa, os pronomes possessivos são “palavras que,
ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acres-
Os pronomes demonstrativos são palavras que centam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
situam algo no tempo, espaço e no discurso em rela- Ex.: Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pes-
ção à pessoa que fala (1ª pessoa), com quem se fala (2ª soa do singular).
pessoa) e de quem se fala (3ª pessoa).
Os principais pronomes demonstrativos são: este, Observe na tabela a seguir a distribuição dos pro-
esse e aquele. nomes possessivos:
Exs.:
Este é o meu livro; PRONOMES POSSESSIVOS
Esse é o seu livro;
Aquele é o livro deles. Número Pessoa Pronome
Singular Primeira meu(s), minha(s)
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis Singular Segunda teu(s), tua(s)
e invariáveis em gênero e número.
Singular Terceira seu(s), sua(s)
z Variáveis nosso(s),
Plural Primeira
1ª pessoa: este, esta, estes, estas; nossa(s)
2ª pessoa: esse, essa, esses, essas; vosso(s),
Plural Segunda
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas. vossa(s)
Ex.: Esta bolsa é minha. (Indica proximidade com
Plural Terceira seu(s), sua(s)
relação à 1ª pessoa / quem fala).
Essa bolsa é minha. (Indica proximidade com rela-
Outras Funções do “Se”
ção à 2ª pessoa / com quem se fala).
Aquele cachorro fugiu do abrigo. (Indica distância Veja a seguir algumas outras funções que podem
com relação às pessoas do discurso). ser exercidas pelo “se” nos textos.
z Invariáveis z Pronome:
1ª pessoa: isto; � Pessoal reflexivo: neste caso, pode ser subs-
2ª pessoa: isso; tituído por “a si mesmo”; a ação recai sobre o
3ª pessoa: aquilo. sujeito da oração.
Ex.: Isto não é meu. (Indica proximidade com rela- Ex.: Carlos drogou-se a noite inteira;
ção à 1ª pessoa / quem fala). � Pessoal recíproco: a ação de um elemento/sujei-
Isso é meu (Indica proximidade com relação à 2ª to recai sobre o outro, e vice-versa.
pessoa / com quem se fala). Ex.: Carla e Joaquina abraçaram-se amorosamente;
� Apassivador: utilizado na voz passiva do verbo,
Pronomes Relativos podendo ocorrer apenas em verbos transitivos
diretos.
Os pronomes relativos são aqueles utilizados em
Ex.: Alugam-se barcos.
uma frase para retomar algum termo já citado ante-
Compra-se roupas;
riormente, evitando uma repetição desnecessária.
� Indefinido: tem função de indeterminação de
Estes pronomes podem ser variáveis ou invariá- sujeito, e pode ocorrer em verbos intransitivos,
veis, ou seja, podem ou não sofrer alterações de gêne- transitivos indiretos e verbos de ligação.
ro e número. Ex.: Ama-se a Deus.
Aqui se é feliz.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Pronomes relativos variáveis: cujo, o qual, quanto;


� Partícula expletiva: quando acompanha verbo
z Pronomes relativos invariáveis: que, quem, onde.
intransitivo, com sujeito determinado ou oculto,
Veja, na tabela a seguir os pronomes relativos e podendo ser usado apenas para realce.
suas variações. Ex.: Acabou-se o mundo.
Foram-se embora todos os amigos que restavam;
VARIÁVEIS
� Conjunção:
Masculino Feminino INVARIÁVEIS
Singular Plural Singular Plural � Causal: usada quando a oração subordinada
cujo cujos cuja cujas que expressa uma causa para a oração principal.
Ex.: Se João demorar, jantaremos apenas nós.
o qual os quais a qual as quais quem
� Condicional: indica uma condição da oração.
quanto quantos - quantas onde Ex.: Se fizer sol, iremos ao parque; 35
� Integrante: quando integra orações subordi- � Se o verbo estiver no futuro do presente ou
nadas substantivas, completando o sentido da futuro do pretérito, pode-se utilizar a antecipa-
oração principal. ção pronominal. Exs.:
Ex.: Não se sabe ao certo qual a verdadeira cau- Eu me dedicarei aos estudos gramaticais
sa de seu falecimento. quando...
Sabe-se que não são muitos os que realmente Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...;
se preocupam. „ Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é
aconselhável, por revelar-se pedante. Embora
Colocação Pronominal o pronome pessoal do caso reto não tenha força
atrativa, é recomendável a próclise para evitar
� Próclise: quando o pronome é colocado antes do o preciosismo da mesóclise;
verbo, sendo comum nos seguintes casos: � Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se
usar ênclise e não próclise.”
� Quando o verbo segue uma partícula negativa:
não, nunca, jamais, nada, ninguém. � Ênclise: quando o pronome é colocado depois do
Ex.: Não nos responsabilizaremos por sua ati- verbo. Esse tipo de colocação pronominal se rela-
tude rebelde. ciona aos seguintes casos:
Nunca se acusou um cliente por esses motivos. � Verbo no imperativo afirmativo.
Um vendedor de nossa empresa jamais se con- Ex.: Depois de terminar, chamem-nos.
tentará com níveis de faturamento tão baixos. Para começar, joguem-lhes a bola!;
O relatório fora bem escrito, mas nada o � Verbo no infinitivo impessoal.
recomendava como modelo que devesse ser Ex.: Gostaria de pentear-te à minha maneira.
imitado. O seu maior sonho é casar-se;
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra � Verbo inicia a oração.
no escritório; Ex.: Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
� As orações que se iniciam por pronomes e Acordei e surpreendi-me com o café da manhã;
advérbios interrogativos também exigem ante- � Verbo no gerúndio (sem a preposição em pois
cipação do pronome ao verbo. quando regido pela preposição em deve ser
Ex.: Por que o diretor se ausentou tão cedo? usada a próclise).
Como se justificam essas afirmações? Ex.: Vive a vida encantando-me com as suas
Quem lhe disse que o gerente de vendas não se surpresas.
interessaria por tal fato?; Faço sempre bolos diferentes experimentan-
� As orações subordinadas também exigem ante- do-lhes ingredientes novos.
cipação do pronome ao verbo.
Ex.: Ainda que lhe enviassem relatórios subs- � Mesóclise: o pronome é colocado no meio do ver-
tanciais, não poderia tomar nenhuma decisão. bo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:
cabeça. Orgulhar-me-ei dos meus alunos;
Aquela correspondência que te chegou às Orgulhar-me-ia dos meus alunos.
mãos...;
� Alguns advérbios exercem força atrativa sobre Dica
o pronome: mal, ainda, já, sempre, só, talvez,
não. Ex.: Existem casos em que o adjetivo pode vir antes
Mal se despedira... dos substantivos, nesses caso, deve-se concor-
Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no dar com um ou com o outro?
deserto. A regra é a seguinte: concorde o adjetivo com o
Já se falou aqui da inconsequente... substantivo mais próximo, como no exemplo:
Só se acredita naquilo por que se interessa. Linda filha e bebê.
Os relatórios talvez se abstenham de informar...
Perceba que o adjetivo “linda” está concordando
Não se manifestará apoio ao desonesto, cor-
em gênero com o substantivo “filha”, nesse caso,
rupto e politiqueiro idealizador de semelhante
o mais próximo.
comemoração;
� A palavra ambos, bem como alguns indefinidos VERBOS
(alguém, todos, tudo, outro, qualquer) também
tem força atrativa. Ex.: z Os verbos indicam ações, fenômenos da natureza
Ambos os empregados me inquiriram sobre ou estado.
suas férias. Exs.: Chove muito aqui na cidade;
Alguém te dirá aos ouvidos... Caminharemos até a cidade vizinha;
Todos te olharão de esguelha... Corro muitos quilômetros por dia.
Tudo se transformará com o tempo.
Outro secretário se ajustará ao cargo com z O verbo pode variar em número (singular e plural)
dificuldade. e em pessoa (primeira [eu], segunda [tu] e terceira
Qualquer pessoa se persigna quando a situa- [ele/ela]). Veja o mesmo verbo, gostar, conjugado
ção está complicada; em diferentes pessoas e número:
� Nas locuções verbais, se houver negação ou Eu gosto de cantar. = 1ª pessoa do singular;
pronome relativo, interrogativo. Ex.: Pedro e Ana gostam de cantar. = 3ª pessoa do
Não se pode deixar de realizar... plural;
Coisas que se podem deixar de realizar... Eu, Pedro e Ana gostamos de cantar. = 1ª pessoa
36 Por que se deve realizar esta tarefa?; do plural.
Flexões Modo-temporais – Tempos Simples

São os tempos básicos em que o verbo pode ser conjugado. São eles: presente, pretérito imperfeito, pretérito
perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
Na tabela a seguir você verá alguns verbos conjugados nos diferentes tempos, modos e pessoas verbais até
então vistos aqui.

MODO TEMPO 1ªCONJUGAÇÃO (-AR) 2ª CONJUGAÇÃO (-ER) 3ª CONJUGAÇÃO (-IR)


Indicativo Presente ando como divido
Indicativo Pretérito imperfeito andava comia dividia
Indicativo Pretérito perfeito andei comi dividi
Pretérito
Indicativo andara comera dividira
mais-que-perfeito
Indicativo Futuro do presente andarei comerei dividirei
Indicativo Futuro do pretérito andaria comeria dividiria
Subjuntivo Presente ande coma divida
Subjuntivo Pretérito imperfeito andasse comesse dividisse
Subjuntivo Futuro andar comer dividir
Imperativo Afirmativo anda come divide
Imperativo Negativo não andes não comas dividas

Flexões Modo-temporais – Tempos Compostos

São eles: pretérito perfeito composto, pretérito mais-que-perfeito composto, futuro do presente composto,
futuro do pretérito composto.
Observe os exemplos da tabela a seguir:

MODO TEMPO 1ª CONJUGAÇÃO (-AR) 2ª CONJUGAÇÃO (-ER) 3ªCONJUGAÇÃO (-IR)


Indicativo Pretérito perfeito composto tenho estudado tenho escrito tenho dividido
Pretérito mais-que-perfeito
Indicativo tinha estudado tinha escrito tinha dividido
composto
Futuro do presente
Indicativo terei estudado terei escrito terei dividido
composto
Indicativo Futuro do pretérito composto teria estudado teria escrito teria dividido
Subjuntivo Pretérito perfeito composto tenha estudado tenha escrito tenha dividido
Pretérito mais-que-perfeito
Subjuntivo tivesse estudado tivesse escrito tivesse dividido
composto
Subjuntivo Futuro composto tiver estudado tiver escrito tiver dividido

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são: Infinitivo, gerúndio e particípio. Elas possuem tanto função de verbo como
de nome.

� Infinitivo: representa o nome do verbo, livre de conjugação (flexões de tempo, pessoa, número etc.). Corres-
ponde aos verbos terminados em ar, er e ir.
Ex.: Amar, brincar, correr, beber, sorrir, divertir etc.
O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal:
„ Pessoal: Aqui há um sujeito envolvido na ação.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Trouxe um trabalho para vocês fazerem;


„ Impessoal: Não há envolvimento de sujeito na ação.
Ex.: Trouxe um trabalho para fazer.

� Gerúndio: dá uma ideia de ação contínua, e possui a terminação -ndo.


Exs.: Te vi correndo na praça ontem;
Estou andando de bicicleta.
Ele estava sorrindo tão lindamente!

� Particípio: dá ideia de ação terminada, concluída, e para a maioria dos casos, possui a terminação -do(a).
Exs.: Ele já havia finalizado o trabalho;
Quando cheguei, ela já havia partido;
Encerrada a discussão, finalizou a reunião. 37
Locuções Verbais

Locução verbal é o nome dado à junção de dois verbos, um auxiliar e um principal, que quando aparecem
juntos numa oração, desempenham o papel de apenas um verbo. Veja alguns exemplos de locuções verbais:

z Estive pensando;
z Quero sair;
z Pode ocorrer;
z Tem investigado;
z Tinha decidido;
z Estou esperando;
z Vou correndo;
z Estou lendo.

Tipos de Verbos

z Intransitivos

Os verbos intransitivos são aqueles que não dependem/necessitam de um complemento, pois possuem sentido
completo por si mesmos, então, podem compor um predicado sozinhos.
Exs.:
Célia morreu;
Ana chegou.
Muitas vezes, os verbos intransitivos podem vir acompanhados de um predicativo e de um adjunto adverbial.
É importante relembrar a diferença entre eles, uma vez que estes termos costumam trazer bastante confusão
para as pessoas:
O predicativo, em geral, caracteriza o substantivo, em grande maioria, por meio do uso de adjetivos, exprimin-
do uma qualidade ao sujeito.
Ex.: Laura é bonita.
O adjunto adverbial, por usa vez, remete à ideia de circunstância, e modifica um verbo (Mudou imediatamen-
te), um adjetivo (Fiquei muito emocionado) ou o advérbio (Estava muito bem).
Agora, vamos voltar a tratar dos verbos intransitivos e seu acompanhamento. Veja:

z Célia morreu serenamente:

„ Célia: sujeito;
„ Morreu: verbo intransitivo (possui sentido por si mesmo, sem necessidade de complemento);
„ Serenamente: adjunto adverbial (qualifica o verbo, indicando o modo como Célia morreu).

z Ana chegou satisfeita.

„ Ana: sujeito;
„ Chegou: verbo intransitivo;
„ Satisfeita: predicativo (pois caracteriza o substantivo próprio “Ana”, indicando o modo como ela chegou).

Veja na tabela a seguir alguns exemplos desse tipo de verbo:

VERBOS INTRANSITIVOS
Andar João lê e anda ao mesmo tempo
Brincar Elena brincou com Lucas durante a tarde
Casar Josi casa amanhã.
Chegar Ainda não cheguei
Dormir Vou dormir às 22 horas
Errar Nós erramos
Nascer A filha de Júlia nasceu!
Morrer Sua avó morreu?
Sofrer Chega de sofrer
Viver Minha avó ainda vive

z Verbos Transitivos

Os verbos transitivos, ao contrário dos intransitivos, são verbos que necessitam de complemento para adqui-
38 rirem sentido completo.
Podem ser classificados em verbos transitivos diretos, verbos transitivos indiretos e verbos transitivos diretos
ou indiretos.
„ T
ransitivo Direto: pede, como complemento, um objeto direto, indicando quem ou o quê. Veja:
Verbo: ler [o quê?]:
Eu leio notícias;
Eu leio livros de romance;
Eu leio revistas.
“Notícias”, “romance” e ‘‘revistas’’ são objetos diretos.
Verbo: visitar [quem?]:
Visitar a avó.
Visitar uns amigos.
Visitar o doente.
“Avó”, “uns amigos” e “o doente” são objetos diretos.

„ Transitivo indireto: pede, como complemento, um objeto indireto (que necessita de preposição). Veja:
Verbo: precisar [de quê?]
Precisar de ajuda;
Precisar de dinheiro;
Precisar de um casaco.
“Ajuda”, “dinheiro” e “um casaco” são objetos indiretos.

Verbo: concordar [com quem?]


Concordar com a mãe;
Concordar com o diretor;
Concordar com a amiga.
“A mãe”, “o diretor” e “a amiga” são objetos indiretos.

� Transitivo direto e indireto: pede, como complemento, tanto um objeto direto quanto um objeto indireto.
Veja:
Verbo: agradecer [o quê? A quem?]
Agradecer o presente ao namorado.
Agradecer o convite à diretora.
Agradecer a atenção à professora.
“O presente”, “o convite” e “a atenção” são objetos diretos;
“Ao namorado”, “à diretora” e “à professora” são objetos indiretos.
Além disso, os verbos podem ser classificados em:

z Verbos regulares e verbos irregulares

Os verbos regulares são aqueles que, ao serem conjugados, não sofrem alterações em seu radical ou em suas
terminações:

„ Verbo Beber

INDICATIVO
Pretérito Pretérito Pretérito mais Futuro do
Presente Futuro do Pretérito
Imperfeito Perfeito que perfeito Presente
Eu bebo Eu bebia Eu bebi Eu bebera Eu beberei Eu beberia
Tu bebes Tu bebias Tu bebeste Tu beberas Tu beberás Tu beberias
Ele bebe Ele bebia Ele bebeu Ele bebera Ele beberá Ele beberia
Nós bebemos Nós bebíamos Nós bebemos Nós bebêramos Nós beberemos Nós beberíamos
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós bebeis Vós bebíeis Vós bebestes Vós bebêreis Vós bebereis Vós beberíeis
Eles bebem Eles bebiam Eles beberam Eles beberam Eles beberão Eles beberiam

SUBJUNTIVO
Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu beba se eu bebesse quando eu beber
que tu bebas se tu bebesses quando tu beberes
que ele beba se ele bebesse quando ele beber
que nós bebamos se nós bebêssemos quando nós bebermos
que vós bebais se vós bebêsseis quando vós beberdes
que eles bebam se eles bebessem quando eles beberem 39
IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
- -
Bebe tu Não bebas tu
Beba você Não beba você
Bebamos nós Não bebamos nós
Bebei vós Não bebais vós
Bebam vocês Não bebam vocês

INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles

„ Verbo Gostar

INDICATIVO
Pretérito Pretérito Pretérito mais Futuro do Futuro do
Presente
Imperfeito Perfeito que perfeito Presente Pretérito
Eu gosto Eu gostei Eu gostara Eu gostarei Eu gostaria
Eu gostava
Tu gostas Tu gostaste Tu gostaras Tu gostarás Tu gostarias
Tu gostavas
Ele gosta Ele gostou Ele gostara Ele gostará Ele gostaria
Ele gostava
Nós gostamos Nós gostamos Nós gostáramos Nós gostaremos Nós gostaríamos
Nós gostávamos
Vós gostais Vós gostastes Vós gostáreis Vós gostareis Vós gostaríeis
Eles gostavam
Eles gostam Eles gostaram Eles gostaram Eles gostarão Eles gostariam

SUBJUNTIVO
Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu goste se eu gostasse quando eu gostar
que tu gostes se tu gostasses quando tu gostares
que ele goste se ele gostasse quando ele gostar
que nós gostemos se nós gostássemos quando nós gostarmos
que vós gosteis se vós gostásseis quando vós gostardes
que eles gostem se eles gostassem quando eles gostarem

IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
- -
Gosta tu Não gostes tu
Goste você Não goste você
Gostemos nós Não gostemos nós
Gostai vós Não gosteis vós
Gostem vocês Não gostem vocês

INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles

Os verbos irregulares, ao contrário, ao serem conjugados sofrem algumas alterações.


Um exemplo é o verbo dizer. Veja: Eu digo, eu direi...Observe a lista a seguir com os principais verbos
40 irregulares:
VERBOS IRREGULARES
Ser Trazer
Estar Dizer
Haver Vir
Saber Querer
Poder Pedir
Medir Ouvir
Fazer Caber
Dar

Não existe uma regra para conjugar estes verbos. Em alguns, as alterações acontecem apenas em seu radical,
já em outros, em suas terminações, e há aqueles nos quais as alterações ocorrem em ambos os casos.
Dentro dos verbos irregulares, podemos classificá-los em padrões de irregularidade:
Verbos irregulares fortes: são os verbos que, conjugados no tempo pretérito perfeito do indicativo, apresen-
tam um radical diferente de quando conjugados no presente do indicativo. Veja a tabela a seguir, que indica quais
são esses verbos e como se diferem nestas conjugações.

VERBO CABER DIZER ESTAR FAZER HAVER PODER QUERER SABER TRAZER
Presente do In-
eles eles eles eles eles eles eles eles
dicativo (3ª pes- eles hão
cabem dizem estão fazem podem querem sabem trazem
soa do plural)
Pretérito Perfei-
to do Indicativo eles eles eles eles eles eles eles eles eles
(3ª pessoa do couberam disseram estiveram fizeram houveram puderam quiseram souberam trouxeram
plural)

Verbos irregulares fracos: estes podem apresentar mais subgrupos de irregularidades. Veja a seguir alguns
exemplos nas tabelas apresentadas:

„ F
ormas irregulares na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do
subjuntivo.

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIR MEDIAR ODIAR PEDIR REMEDIAR REQUERER VALER
Presente do in-
eu eu eu eu eu eu eu eu
dicativo (1ª pes- eu requeiro
anseio incendeio meço  medeio odeio peço remedeio valho
soa do singular)
Presente do
que
subjuntivo que ele que ele que eu ele eu que ele que ele que ele
eu
(3ª pessoa do anseie incendeie meça medeie odeie remedeie requeira valha
peça
singular)

„ Verbos terminados em -iar são conjugadas segundo as regras dos verbos terminados em –ear.

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIAR ODIAR REMEDIAR


Presente do Indicativo (1ª pessoa do
eu anseio eu incendeio eu medeio eu odeio eu remedeio
singular)
Presente do Indicativo (3ª pessoa do
ele anseia ele incendeia ele medeia ele odeia ele remedeia
singular)

„ Q
uando não apresentam alteração de “ele” para “tu” em algumas formas conjugadas do presente do indi-
LÍNGUA PORTUGUESA

cativo e do imperativo afirmativo.

VERBO CONSTRUIR DESTRUIR SACUDIR SUMIR


Presente do Indicativo (3ª ele ele
ele constrói ele destrói
pessoa do singular) sacode some
Imperativo Afirmativo (2ª sacode some
constrói tu constrói tu
pessoa do singular) tu tu

41
z Verbos anômalos PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR
Os verbos anômalos correspondem aos “verbos
Inserir Inserido Inserto
irregulares que apresentam radicais primários dife-
rentes quando conjugados.” Isentar Isentado Isento
Os verbos “ser” e “ir” são os principais verbos anô- Juntar Juntado Junto
malos. Observe a tabela a seguir:
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
PRINCIPAIS VERBOS ANÔMALOS
Omitir Omitido Omisso
Ser Ir
Pagar Pagado Pago
Eu sou feliz contigo. Eu vou embora agora.
Prender Prendido Preso
Eu fui feliz contigo. Eu fui embora ontem.
Romper Rompido Roto
Eu era feliz contigo. Eu irei embora amanhã.
Salvar Salvado Salvo
Existem, apesar disso, alguns outros verbos anô- Secar Secado Seco
malos. São eles:
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
OUTROS VERBOS ANÔMALOS
Tingir Tingido Tinto
Caber Por
Torcer Torcido Torto
Dar Saber
Estar Ter
PARTICÍPIO PARTICÍPIO
Haver Ver INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR
Dizer Vir
Eu já tinha aceita- O convite foi
Poder Aceitar
do o convite aceito
Aviso quando
z Verbos abundantes
Entregar tiver entregado a Está entregue!
encomenda
Os verbos abundantes são aqueles que, no particí-
pio, apresentam mais de uma forma aceita pela norma Quando chegou
Havia morrido há
culta, sendo uma regular e outra irregular. Observe: Morrer encontrou o ani-
dias
mal morto
PARTICÍPIO PARTICÍPIO A bala foi expelida Esta é a bala
INFINITIVO Expelir
REGULAR IRREGULAR por aquela arma expulsa
Absolver Absolvido Absolto Tinha enxugado
a louça quan- A roupa está
Abstrair Abstraído Abstrato Enxugar
do o programa enxuta
Aceitar Aceitado Aceito começou
Benzer Benzido Bento Depois de ter fin-
Cobrir Cobrido Coberto Findar dado o trabalho, Trabalho findo!
descansou
Completar Completado Completo
Se tivesse imprimi-
Confundir Confundido Confuso Onde está o docu-
Imprimir do tínhamos como
Demitir Demitido Demisso mento impresso?
provar
Despertar Despertado Desperto Eu tinha limpado Que casa tão
Limpar
Dispersar Dispersado Disperso a casa limpa!
Eleger Elegido Eleito Dados importantes
Informações es-
Omitir tinham sido omiti-
Encher Enchido Cheio tavam omissas
dos por ela
Entregar Entregado Entregue
Após ter submer- Deixe os legumes
Morrer Morrido Morto Submergir gido os legumes, submersos por
Expelir Expelido Expulso reparou no amigo alguns minutos
Enxugar Enxugado Enxuto Nunca tinha suspen- Você está
Suspender
dido ninguém suspenso!
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
42
Vamos agora a alguns exemplos de verbos regula- Lembrando que a voz passiva pode ser classificada
res, ou seja, aqueles que não apresentam “exceções” / em analítica e sintética.
irregularidades:
„ A voz passiva analítica é formada por:
VERBOS REGULARES
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar etc.) +
Amar Entender verbo principal no particípio + agente da passiva.
Abrir Falar Para facilitar, veja como funciona na prática:
Acabar Fingir O café da manhã foi tomado por Bia logo cedo.
A casa toda foi aspirada por nós.
Agradecer Gostar O trabalho foi feito por mim.
Almoçar Julgar
„ A voz passiva sintética (ou voz passiva prono-
Aprender Lavar
minal) é formada por:
Assistir Lembrar
Beber Levar Verbo na 3ª pessoa (singular ou plural) + pronome
“se” + sujeito paciente.
Chorar Mandar
Veja nos exemplos:
Chover Mexer Tomou-se o café da manhã logo cedo.
Colorir Mudar Aspirou-se a casa toda.
Já se fez o trabalho.
Comer Participar
Comprar Partir z Voz reflexiva: é formada por:
Compreender Permitir Verbo na voz ativa + pronome oblíquo (me, te, se,
nos, vos), que serve de objeto direto ou, por vezes,
Convidar Pular de objeto indireto, e representa a mesma pessoa
Cumprir Receber que o sujeito.
Decidir Viajar Veja alguns exemplos:

Dever Viver „ A tropelou-se em suas próprias palavras;


Dividir Voar „ Machucou-se todo naquele jogo de futebol;
Encontrar Voltar „ Olhei-me ao espelho.

z Verbos auxiliares Para compreender melhor, observe a tabela:

Os verbos auxiliares são aqueles que auxiliam na Sujeito é o agente Ex.: Vi a


conjugação de outros verbos. Os principais verbos VOZ ATIVA
da ação professora
auxiliares são: ser, estar, ter e haver.
Existem ainda os chamados verbos auxiliares de VOZ Ex.: A professora
Sujeito sofre a ação
tempo: ir e andar, ao lado dos verbos auxiliares. PASSIVA foi vista
Sendo assim, neste caso, apenas o verbo auxiliar VOZ Sujeito pratica e Ex.: Vi-me ao
sofre flexão, e o verbo principal pode aparecer no par- REFLEXIVA sofre a ação espelho
ticípio, no gerúndio ou no infinitivo.
Ex.: Iremos andando enquanto você não vem. Conjugação de Verbos Derivados
Há ainda os verbos auxiliares modais. Esses
podem indicar desejo, intenção e possibilidade (que- Verbo derivado é aquele que deriva de um ver-
rer, poder, tentar, dever, chegar etc.)
bo primitivo; para trabalhar a conjugação destes
Ex.: Os alunos querem tirar notas altas.
Note que, nesse caso, o verbo principal aparece no verbos, é importante ter clara a conjugação de seus
gerúndio (ou pode aparecer também no particípio). “originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
Vozes Verbais mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em concursos e vestibulares:
As vozes verbais correspondem à forma com que
os verbos se apresentam na oração, para assim deter- z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;
LÍNGUA PORTUGUESA

minar se o sujeito pratica ou sofre a ação. � Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
� Ver: antever, rever, prever;
z Voz ativa: o sujeito é o agente, ele pratica a ação. � Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
Veja os exemplos:
„ Eu fiz o trabalho; Outro problema é quando se precisa conjugá-los
„ Bia tomou o café da manhã; em determinados tempos, como no futuro do subjun-
„ João comprou um carro. tivo. Veja como ficam:

z Voz passiva: na voz passiva, o sujeito sofre, recebe � Pôr: quando eu puser;
a ação. Veja: � Ter: quando eu tiver;
„ O assassino foi preso ontem; � Ver: quando eu vir;
„ Aumentou-se a vigilância. � Vir: quando eu vier. 43
PREPOSIÇÕES z Medida ou finalidade: Régua de 30 cm;
z Modo: Olhar alguém de frente;
São as palavras que têm a função de ligar dois ter-
z Preço: Caderno de 10 reais;
mos, tornando o segundo subordinado ao primeiro.
Algumas preposições essenciais: a, ante, até, z Qualidade: Vender artigo de primeira;
após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, z Semelhança ou comparação: Atitudes de imbecil.
perante, sem, sob, sobre, trás.
Exs.: Dei um presente a ele; “Desde”
O evento começará após o jantar.
Veja essa relação de preposições e o seu valor den- z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
tro das orações: z Tempo: Desde ontem ele não aparece.

“A” “Em”

z C
ausa ou motivo: acordar aos gritos das crianças; z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
z Conformidade: escrever ao modo clássico;
dólares;
z Destino (em correlação com a preposição de):
z Meio: Pagou a dívida em cheque;
De Santos à Bahia;
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi bom.;
z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
z Preço: Vendemos o filhote de nosso cachorro a R$
mãos em concha;
300,00;
z Direção: Levantar as mãos aos céus; z Transformação ou alteração: Transformou dóla-
z Distância: Cair a poucos metros da namorada; res em reais;
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo; z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
z Lugar: Ir a Santa Catarina; z Fim: Pedir em casamento;
z Modo: Falar aos gritos; z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
z Sucessão: Dia a dia. z Modo: Escrever em francês;
z Tempo: Nasci a três de maio; z Sucessão: De grão em grão;
z Proximidade: Estar à janela. z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
z Especialidade: João formou-se em Engenharia.
“Após”
“Entre”
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
“Com” z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Causa: Ficar pobre com a inflação; discórdia.
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla- “Para”
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Matéria: Vinho se faz com uva; não cair em armadilhas;
z Modo: Andar com elegância; z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
comigo sempre é assim. z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
“Contra”
z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Oposição: Jogar contra à seleção brasileira; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Direção: Olhar contra o sol; z Destino ou direção : Olhe para frente!
z Proximidade ou Contiguidade: Apertou o filho
contra o peito. “Perante”

“De” z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.


z Causa: Chorar de saudade;
“POR”
z Assunto: Falar de religião;
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio;
z Origem: Você descende de família humilde; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Posse: Este é o carro de João; z Conformidade: Copiar por original;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Favor: lutar por seus ideais;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Meio: Ir por terra;
z Definição: Pessoa de coragem; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Instrumento: Apanhar de chicote; z Substituição: Comprar gato por lebre;
44 z Meio: Viver de ilusões; z Tempo: Viver por muitos anos.
“Sem” Combinações e Contrações

As preposições podem se ligar a outras palavras de


z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
outras classes gramaticais por meio de dois proces-
dinheiro; sos: combinação e contração.

“Sob” � Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhu-


ma redução.
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. a + o = ao;
Pedro II; a + os = aos;
� Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução.
z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente. Veja a lista a seguir, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas:
“Sobre”
z Preposição a:
z 1. Assunto: Não gosto de falar sobre política;
z 2. Direção: Ir sobre o adversário; � com o artigo definido ou pronome demonstrati-
vo feminino:
z 3. Lugar: Cair sobre o inimigo. a + a= à
a + as= às;
Locuções Prepositivas „ com o pronome demonstrativo:
a + aquele = àquele
São locuções (conjunto de duas ou mais palavras) a + aqueles = àqueles
que possuem a função de preposição. Veja alguns a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas
exemplos: a + aquilo = àquilo.

� Apesar de: z Preposição de:

„ Apesar de terem sumido, voltaram logo; � com artigo definido masculino e feminino:
de + o/os = do/dos
� A respeito de: de + a/as = da/das;
� com artigo indefinido:
de + um= dum
„ Nossa reunião foi a respeito de finanças; de + uns = duns
de + uma = duma
� Graças a: de + umas = dumas;
� com pronome demonstrativo:
„ G
raças ao bom Deus, não aconteceu nada de + este(s)= deste, destes
de + esta(s)= desta, destas
grave;
de + isto= disto
de + esse(s) = desse, desses
� De acordo: de + essa(s)= dessa, dessas
de + isso = disso
„ De acordo com W. Hamboldt, a língua é indis- de + aquele(s) = daquele, daqueles
pensável para que possamos pensar, mesmo de + aquela(s) = daquela, daquelas
de + aquilo= daquilo;
que estivéssemos sempre sozinhos;
� com o pronome pessoal:
de + ele(s) = dele, deles
� Por causa de: de + ela(s) = dela, delas;
� com o pronome indefinido:
„ P
or causa de poucos pontos, não passei no de + outro(s)= doutro, doutros
exame; de + outra(s) = doutra, doutras;
� com advérbio:
de + aqui= daqui
� Para com: de + aí= daí
LÍNGUA PORTUGUESA

de + ali= dali.
„ M
inha mãe me ensinou ter respeito para com
os mais velhos; z Preposição em:

� Por baixo de: � com artigo definido:


em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos;
„ Por baixo do vestido, ela usa um short. � com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
Outras locuções prepositivas que você pode encon- em + essa(s)= nessa, nessas
trar: abaixo de, diante de, além de, antes de, em em + isso = nisso
cima de, por cima de, em frente a, ao lado de, junto em + este(s) = neste, nestes
a, em vez de, por trás de. em + esta(s) = nesta, nestas 45
em + isto = nisto z Aditivas: somam informações da mesma natureza
em + aquele(s) = naquele, naqueles (e, nem, não só.... mas também etc.).
em + aquela(s) = naquelas Ex.: Ela estudou e aprendeu: positiva + positiva;
em + aquilo = naquilo; Ela não estudou e não aprendeu. / Ela não estudou
� com pronome pessoal: nem aprendeu: negativa + negativa.
em + ele(s) = nele, neles
em + ela(s) = nela, nelas. z Adversativas: colocam informações em oposição,
contradição (e, mas, porém, todavia, no entanto,
z Preposição per contudo, entretanto).
Ex.: Estudou, mas não aprendeu: positiva + negativa;
� com as formas antigas do artigo definido (lo, Não estudou, no entanto, aprendeu: negativa +
la): positiva;
per + lo(s) = pelo, pelos; z Alternativas: ligam orações com ideias que não
per + la(s) = pela, pelas; acontecem simultaneamente, que se excluem (ou,
ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja).
z Preposição para (pra): Ex.: Estudava ou se divertia;
Ora estudava ora se divertia;
� com artigo definido: z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que
para (pra) + o(s) = pro, pros;
a segunda conclua o que foi dito na primeira
para (pra) + a(s)= pra, pras.
(logo, por isso, portanto, por conseguinte, então,
consequentemente).
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
Ex.: Seu combustível está no fim; portanto, não
Preposições
conseguirá chegar;
Está na hora da decolagem; deve, então,
Antes de entrarmos neste assunto, vale relem-
apressar-se;
brar o que significa Semântica. Semântica é a área do
z Explicativas: ligam orações, de forma que em
conhecimento que relaciona o significado da palavra
uma delas explica o que se afirma na outra (pois –
ao seu contexto.
em começo de oração –, porque, que, porquanto).
As preposições estabelecem essa relação semânti-
Ex.: Preciso ir, porque já é tarde;
ca entre o termo que pede preposição (chamado de
Viva bem, pois isso é o mais importante.
termo regente), e o termo que completa seu sentido
(termo regido).
Conjunções Subordinativas
Veja alguns exemplos:
As conjunções subordinativas ligam duas orações,
� Peguei o livro do professor com o compromisso de
devolvê-lo amanhã: Posse; sendo que uma delas é necessária para o sentido com-
� As esculturas de cerâmica fizeram o maior sucesso pleto da outra. Podem ser classificadas em:
durante a exposição: Matéria;
� Estudar com os amigos é muito mais proveitoso: z Conjunções Subordinativas Adverbiais:
Companhia;
� O conhecimento é a chave para o sucesso: „ Temporais: iniciam a oração expressando
Finalidade; ideia de tempo (quando, depois que, antes que,
� Fiz o trabalho conforme você sugeriu: Conformidade; logo que, assim que, desde que...).
� Falamos sobre Machado de Assis durante a apre- Ex.: Logo que chegou, fez a alegria das crianças;
sentação do seminário: Assunto;
� O garoto se feriu com a faca: Instrumento; „ Causais: iniciam a oração dando ideia de causa.
� Aguardávamos com ansiedade o resultado do (como, por isso que, porque, pois, visto que…).
concurso: Modo; Ex.: Como não choveu, a represa secou;
� O cachorro morreu de uma epidemia desconheci-
da: Causa; „ Condicionais: iniciam uma oração com ideia
� A plateia protestou contra o alto preço da mensali- de hipótese, condição (se, salvo se, caso, con-
dade: Oposição; tanto que, a não ser que, a menos que...).
� O orientador estipulou um prazo de vinte dias Ex.: Se quiser, eu vou.
para a entrega da tese de dissertação: Tempo. Posso lhe ajudar, caso necessite;

CONJUNÇÕES „ Proporcionais: ideia de proporcionalidade (à


proporção que, à medida que, ao passo que,
São as palavras que ligam duas orações ou dois ele- quanto mais, quanto menos).
mentos da frase que tem o mesmo sentido gramatical. Ex.: Quanto mais gritava, menos era entendido.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela;
Conjunções Coordenativas
„ Finais: expressam ideia de finalidade (a fim de
As conjunções coordenativas ligam elementos que, para que etc.).
independentes, isto é, orações ou termos que possuem Ex.: Mentiu para que todos lhe dessem crédito.
a mesma função gramatical e que, por si só, possuem Comprou um computador a fim de que pudesse
46 sentido completo. Elas podem ser classificadas em: trabalhar tranquilamente;
„ Consecutivas: iniciam a oração expressando Em que aquela funcionária fosse despedida:
ideia de consequência (que associado a tal, tan- objeto indireto;
to, tão, tamanho (expressos ou subentendidos A Conjunção “em que” está integrando orações,
na oração anterior); de forma que, de maneira atuando como parte do objeto indireto.
que, de modo que etc.).
� Oração subordinada substantiva completiva nomi-
Ex.: Era tanta beleza que chegava a ofuscar os nal: é aquela que exerce a função de complemento
olhos. nominal de um termo da oração principal.
Fala tanto que o marido decidiu fugir. � Tenho esperança de que você venha comigo:
Desde que chegou, todos as cercam; Tenho esperança: oração principal;
De que você venha comigo: complemento
„ Concessivas: iniciam uma oração com uma nominal do substantivo “esperança”;
ideia contrária à da oração principal (embora, Conjunção “de que” integra as orações, atuan-
conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, do como complemento nominal.
se bem que, por mais que, por menos que, ape-
sar de que, nem que, que, de todo modo...). � Oração subordinada substantiva predicativa: é
Ex.: Trabalhava, por mais que a perna doesse; aquela que exerce função de predicativo do sujeito
da oração principal.
„ Comparativas: iniciam orações comparando
� A dúvida é se ela vem acompanhada:
ações, e em geral, o verbo fica subentendido
A dúvida é: oração principal;
(tal...qual, tanto... quanto..., como, assim como,
Se ela vem acompanhada: predicativo do sujei-
bem como, [do] que – relacionado a mais,
to “dúvida”;
menos, melhor, pior, maior, menor).
A conjunção “se” está integrando orações,
Ex.: Ela dança tanto quanto Carlos. = Igualdade;
atuando como predicativo.
Ela dança menos [do] que Júlia. = Inferioridade;
Ela dança mais [do] que Renata. = Superioridade.
� Oração subordinada substantiva apositiva: aquela
que exerce a função de aposto da oração principal.
„ Conformativas: expressam, a conformidade
de uma ideia com a da oração principal (como, � Apenas quero uma coisa: que sejamos amigos
segundo, conforme etc.). para sempre:
Ex.: Conforme eu esperava, tudo acabou mal. Apenas quero uma coisa: oração principal;
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Que sejamos amigos para sempre: aposto.
tempo. “Que” integra as orações, atuando como aposto.

Conjunções Integrantes INTERJEIÇÕES

As conjunções integrantes apresentam uma ora- São palavras que expressam emotividade.
ção que atua como sujeito, objeto direto ou indireto, Exs.:
predicativo, aposto ou complemento nominal de uma
outra oração (que, se). z Psiu! A criança está dormindo;
Ex.: Tive medo, percebi que cometi um erro. z Oi! Que bom que você veio hoje;
Veja se compreende. z Bravo! Nosso time foi campeão pela 3ª vez
consecutiva!;
Observe os diferentes tipos de orações com con-
junções integrantes:
Há também as locuções interjetivas, que são duas
ou mais palavras que possuem valor de interjeição.
� Oração subordinada substantiva subjetiva: aquela
Exs.:
que exerce função de sujeito da oração principal.
� É obrigatório que você esteja presente: z Poxa vida!;
É obrigatório: oração principal; z Nossa senhora!
Que você esteja presente: sujeito;
Perceba: a conjunção “que” atua como inte-
Veja algumas classificações de locução interjetiva
grante sujeito.
e seus exemplos:
� Oração subordinada substantiva objetiva direta:
aquela que exerce função de objeto direto da ora- z De advertência: Olha lá!; Vê bem!; Presta aten-
LÍNGUA PORTUGUESA

ção principal. ção!; Volta aqui!;


z De agradecimento: Graças a Deus!; Muito obriga-
� Não sei se as inscrições já terminaram:
Não sei: oração principal; da!; Valeu a pena!;
Se as inscrições já terminaram: objeto direto; z De alegria: Que bom!; Que maravilha!;
A conjunção “se” atua como objeto direto. z De animação: Vamos lá!; Você consegue!; Tenha
coragem!;
� Oração subordinada substantiva objetiva indire- z De concordância: Sem dúvidas!; Com certeza!;
ta: aquela que exerce função de objeto indireto da z De aplauso: Isso aí!; Muito bem!;
oração principal. z De desejo: Queira Deus!; Quem me dera!;
z De dor: Ai de mim!; Que dor!;
� O diretor insistiu em que aquela funcionária
fosse despedida: z De espanto: Nossa mãe!; Meu Deus!; Senhor Jesus!;
O diretor insistiu: oração principal; Crê em Deus Pai! 47
SUJEITO
SINTAXE
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE pelo verbo.
O sujeito pode ser:
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
os grandes grupos de palavras existentes na língua, � o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases, � o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
nós construímos um painel morfológico. pelo verbo;
As palavras normalmente recebem uma dupla clas- � o termo que pode ser substituído por um pronome
sificação: a morfológica, que está relacionada à classe do caso reto;
gramatical a que pertence, e a sintática, relacionada à
função específica que assumem em determinada frase. � o termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO da COVID-19.

Frase No exemplo anterior a população é:

Frase é todo enunciado com sentido completo. z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras.
Ex.: Fogo! z O elemento que pratica a ação de implorar;
Silêncio! z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
Ramos)
z O termo que pode ser substituído por um pronome
Oração do caso reto.
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- Núcleo do sujeito
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen-
tá-lo completo ou incompleto. O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a
porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
poluição.
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque) núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
do determinada função sintática, que atua ou sofre
Período a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
Período é o enunciado constituído de uma ou mais pronome.
orações.
Classifica-se em: z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Ex.: O povo pediu providências ao governador.
� Simples: possui apenas uma oração. Sujeito: O povo
Ex.: O sol surgiu radiante. Núcleo do sujeito: povo
Ninguém viu o acidente.
� Composto: possui duas ou mais orações. z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” de dois ou mais termos.
(Chico Buarque) As luzes e as cores são bem visíveis.
Chegou Em Casa E Tomou Banho. Sujeito: As luzes e as cores
Núcleo do sujeito: luzes/cores
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO

Os termos que formam o período simples são dis- Dica


tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
grantes (complemento verbal, complemento nominal
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, as expressões interrogativas quem? ou o quê?
adjunto adverbial e aposto). Antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
Termos Essenciais da Oração governador.
quem pediu uma providência ao governador?
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica Resposta: A população (sujeito).
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por outro.
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a o que iria de um lado para o outro?
48 seguir cada um deles. Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
Tipos de Sujeito Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
Simples vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
outro termo da oração.
DETERMINADO Composto Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
Elíptico O aposto se relaciona sintaticamente com outro termo
da oração.
Com verbos flexionados na 3ª
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
pessoa do plural
INDETERMINADO Sujeito: a cozinha de lufe.
Com verbos acompanhados do se Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao sujeito).
(índice de indeterminação do sujeito)
Usado para fenômenos da PERIODO COMPOSTO
INEXISTENTE natureza ou com verbos
impessoais Observe os exemplos a seguir:

z Determinado: quando se identifica a pessoa, o A apostila de Português está completa.


lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essenciais
„ Simples: quando há apenas um núcleo. para ser aprovado em concursos.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro. Dois verbos: duas orações = período composto
Núcleo: aluguel O período composto é formado por duas ou mais
Sujeito simples: O aluguel da casa orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
períodos simples e período compostos.
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Núcleos: sons, cores. PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
Sujeito composto: Os sons e as cores
O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não para evitar aglomeração
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. Para não esquecer:
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) Período simples é aquele formado por uma só
oração.
z Indeterminado: quando não é possível identificar Período composto é aquele formado por duas ou
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. mais orações.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- Classifica-se nas seguintes categorias:
do por um índice de indeterminação do sujeito, a
partícula “se”. z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;

„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, „ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-


não se referindo a nenhuma palavra determi- sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
nada no contexto.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. z Por subordinação:
Entende-se que alguém passou cedo.
„ Colocando-se verbos sem complemento direto „ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro- pletivas nominais, predicativas, apositivas;
nome se, que atua como índice de indetermina- „ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
ção do sujeito. explicativas;
Ex.: Não se vê com a neblina. „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
Entende-se que ninguém consegue ver nessa comparativas, concessivas, condicionais, con-
condição. formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
temporais.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Por coordenação e subordinação: orações for-


madas por períodos mistos;
PERÍODO COMPOSTO (COORDENAÇÃO z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
E SUBORDINAÇÃO)
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
VOCATIVO
O vocativo é um termo que não mantém relação As orações são sintaticamente independentes. Isso
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- significa que uma não possui relação sintática com ver-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para bos, nomes ou pronomes das demais orações no período.
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
ja se comunicar. É um termo independente, pois (Fernando Pessoa)
não faz parte da estrutura da oração. Oração coordenada 1: Deus quer 49
Oração coordenada 2: o homem sonha Orações Subordinadas Substantivas
Oração coordenada 3: a obra nasce.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da São classificadas nas seguintes categorias:
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à são introduzidas pelas conjunções subordinativas
porta da sala de Damasceno integrantes que e se.
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
Conjunção adversativa: mas nada impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite.
Orações Coordenadas Sindéticas z Orações subordinadas substantivas justapostas:
introduzidas por advérbios ou pronomes interrogati-
As orações coordenadas podem aparecer ligadas vos (onde, como, quando, quanto, quem etc.)
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
sindética. Veremos agora cada uma delas: roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
simultaneidade. não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- no infinitivo.
bém, mas ainda, bem como, como também, se- Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
Os convidados não compareceram nem explica- exercem a função de sujeito. O verbo da oração
ram o motivo. principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
rir a nenhum termo na oração.
traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- cional) (or. sub. subst. subje.)
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
z Orações subordinadas substantivas objetivas
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
diretas: exercem a função de objeto direto de um
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
morte.” (Laurindo Rabelo)
reto da oração principal.
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
se excluem. Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... subst. obj. dir.)
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez
... talvez). z Orações subordinadas substantivas completi-
Ex.: Ora responde, ora fica calado. vas nominais: exercem a função de complemento
Você quer suco de laranja ou refrigerante? nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
da oração principal.
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
sobre um raciocínio. mento nominal)
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início plemento nominal oracional) (or. sub. subst. compl.
de frase). nom.)
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
semana. z Orações subordinadas substantivas predicati-
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Mendes Campos) oração principal. Sempre figuram após o verbo de
ligação ser.
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, sujeito)
porquanto, pois. Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
a “pois”)
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos z Orações subordinadas substantivas apositivas:
com fome. funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
de dois-pontos ou entre vírgulas.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
Formado por orações sintaticamente dependentes, mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
considerando a função sintática em relação a um ver- z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
bo, nome ou pronome de outra oração. função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
Tipos de orações subordinadas: raramente, aposto explicativo). São introduzidas
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
z Substantivas; quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
z Adjetivas; orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
50 z Adverbiais. explicativas e restritivas.
z Orações subordinadas adjetivas explicativas: � Orações subordinadas adverbiais finais: indicam
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- um objetivo a ser alcançado. São introduzidas por:
tam uma explicação sobre o termo antecedente. para que, a fim de que, porque e que (= para que).
São consideradas termo acessório no período, Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola- tivessem bom estudo.
das por vírgulas.
� Orações subordinadas adverbiais proporcio-
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
cria trinta gatos.
porção que, quanto mais, quanto menos etc.
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a aprecio.
especificam ou limitam a significação do termo
� Orações subordinadas adverbiais temporais:
antecedente, acrescentando-lhe um elemento indis-
pensável ao sentido. Não são isoladas por vírgulas. são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
incurável. agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Dica Para separar as orações de um período composto, é
Como diferenciar as orações subordinadas adje- necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
vas explicativas? (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
Ele visitará o irmão que mora em Recife. esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
ções verbais. Exs.:
visitar apenas o que mora em Recife)
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [para fixar outros] – 2ª oração
mora em Recife) [que os rodeiam] – 3ª oração
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem ção (M. de Assis)
uma circunstância relativa a um fato expresso em
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
São introduzidas por conjunções subordinativas basta, pertencente à 1ª (oração principal).
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin- A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
tes grupos: ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.

� Orações subordinadas adverbiais causais: são


introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
que, visto que etc.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
que ficamos sem gasolina.
REGÊNCIA NOMINAL
� Orações subordinadas adverbiais comparati-
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal É o nome que se dá a toda relação estabelecida
qual, como, mais etc. entre um nome (substantivo, advérbio ou adjetivo) e
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) os termos regidos por esse nome, sendo sempre inter-
que a importada. mediada por uma preposição.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: Veja o exemplo do verbo obedecer:
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- Obedecer a algo/ a alguém.
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São É obediente a algo/ a alguém.
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, Tanto esse verbo quanto os seus correspondentes
por mais que, se bem que etc. regem complementos que são introduzidos pela pre-
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. posição a.

� Orações subordinadas adverbiais condicionais: REGÊNCIA VERBAL


são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se,
contanto que, a menos que etc. Ocupa-se da relação entre os verbos e os termos
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. que o complementam e se seguem dentro da oração.
LÍNGUA PORTUGUESA

� Orações subordinadas adverbiais conformati- Os verbos são os termos regentes, e os objetos (dire-
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun- to e indireto) e adjuntos adverbiais, os termos regidos.
do, consoante. Ex.: Ele mora em outra cidade.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos. Mora – termo regente / verbo transitivo indireto;
Em outra cidade – termo regido.
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
são introduzidas por: que (precedido na oração Ex.: Eles irão ao passeio.
anterior de termos intensivos como tão, tanto, Irão – termo regente / verbo transitivo indireto;
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma Ao passeio – termo regido.
que, sem que.
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. Ex.: Chegamos ao local indicado no mapa.
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- Chegamos – Termo regente;
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles) Ao local indicado no mapa – termo regido. 51
Dica
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
“Os pronomes eu e tu são retos.
Nós, vós, ele(s) serão retos ou oblíquos, depen-
CONCORDÂNCIA NOMINAL
dendo de seu emprego na frase.” (PIMENTEL,
2015, p. 137)Pronomes de Tratamento
Diz respeito à concordância do sujeito com adjeti-
vos, por exemplo, ou com outras classes de palavras. Os pronomes de tratamento são utilizados para se
Veja o exemplo: dirigir à pessoa com quem se fala. Existem pronomes
de tratamento bastante específicos. Veja na tabela a
Amanhã compraremos roupas bonitas e baratas seguir, da esquerda para a direita, pronome de trata-
naquela loja. mento, sua abreviação e seu uso, respectivamente.
Aqui, os adjetivos “bonitas” e “baratas” concordam
em gênero e número com o substantivo “roupas”.
PRONOMES DE TRATAMENTO
CONCORDÂNCIA VERBAL príncipes,
Vossa Alteza V. A.
duques
Diz respeito à concordância entre sujeito e verbo Vossa Eminência V. Ema.(s) Cardeais
em gênero, pessoa e número. Por exemplo, se o sujeito Vossa sacerdotes e
é a 3ª pessoa do plural masculino (eles), o verbo preci- V. Revma.(s)
Reverendíssima bispos
sa estar conjugado dessa mesma maneira. Veja: altas autoridades
Eles viajarão juntos na próxima semana. Vossa Excelência V. Ex.ª (s)
eoficiais-generais
Sujeito “eles”, verbo “viajarão”.
Vossa reitores de
V. Mag.ª (s)
Eu irei embora pela manhã. Magnificência universidades
“Eu” – 1ª pessoa do singular; Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
“irei” – verbo conjugado na 1ª pessoa do singular. Vossa Majestade
Nós buscamos compreender a todos. V. M. I. Imperadores
Imperial
“Nós” – 1ª pessoa do plural; Vossa Santidade V. S. Papa
“buscamos” – verbo conjugado na 3ª pessoa do plural.
tratamento
Vossa Senhoria V. S.ª (s)
cerimonioso
Vossa
V. O. Deus
Onipotência
PRONOME
Existem ainda os mais frequentes:
COLOCAÇÃO PRONOMIAL
z Senhor (Sr.) e Senhora (Sr.ª): tratamento cerimo-
Palavras que substituem ou acompanham os subs- nioso, formal ou mais distante;
tantivos. Os pronomes são denominados de distintas z Você: tratamento mais familiar, corriqueiro ou
maneiras, de acordo com o papel que desempenham na íntimo.
oração.
Pronomes Indefinidos
Pronomes Pessoais
Referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago,
Referem-se às pessoas que participam do discurso. impreciso. Veja:
O falante corresponde à 1ª pessoa; o ouvinte, à 2ª; e o Todos foram à festa ontem.
assunto, à 3ª. Eles podem se classificar como retos ou Muitos pais não se interessam verdadeiramente
oblíquos, de acordo com sua utilidade na frase. pela educação dos seus filhos.
Os pronomes indefinidos podem ser variáveis,
Confira a tabela a seguir: isto é, sofrem flexão em gênero e número, e também
invariáveis, que não sofrem essa flexão. Observe na
tabela a seguir os:
PRONOMES PESSOAIS
Pronome Reto Pronome Oblíquo PRONOMES INDEFINIDOS
Tônico Átono Tônico
Variáveis Invariáveis
1ª pessoa sing.
Eu Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Me Mim, comigo Nenhum, nenhuma,
2ª pessoa sing. Ninguém
Te Te, contigo nenhuns, nenhumas
Tu
Se, lhe,o, a Si, consigo, ele, ela
3ª pessoa sing. Todo, toda, todos, todas Quem
Ele, ela Outro, outra, outros, outras Outrem
1ª pessoa pl. Nós Nós, conosco Muito, muita, muitos, muitas Algo
Nos
2ª pessoa pl. Vós Vós, convosco Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Vos
3ª pessoa pl. Si, consigo,
lhes, os, as Certo, certa, certos, certas Nada
Eles, elas eles, elas
Vários, várias Cada
Para Sujeito Para Outras Funções
Quanto, quanta, quantos,
Que
52 quantas
Pronomes Interrogativos
PRONOMES INDEFINIDOS
Tanto, tanta, tantos, tantas São os pronomes utilizados para formular perguntas
Qualquer, quaisquer diretas ou indiretas. São eles: quem, quanto, que, qual.
Ex.: Quem entregará o trabalho hoje?;
Qual, quais
Quantos alunos chegaram atrasados hoje?;
Um, uma, uns, umas Que é isso?;
Qual é o resultado desse problema?
Pronomes Demonstrativos
Pronomes Possessivos
Os pronomes demonstrativos são palavras que
situam algo no tempo, espaço e no discurso em rela- De acordo com o escritor de um blog de língua por-
ção à pessoa que fala (1ª pessoa), com quem se fala (2ª tuguesa, os pronomes possessivos são “palavras que,
pessoa) e de quem se fala (3ª pessoa). ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acres-
Os principais pronomes demonstrativos são: este, centam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
esse e aquele. Ex.: Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pes-
Exs.: soa do singular).
Este é o meu livro;
Esse é o seu livro; Observe na tabela a seguir a distribuição dos pro-
Aquele é o livro deles. nomes possessivos:

Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis


e invariáveis em gênero e número. PRONOMES POSSESSIVOS
Número Pessoa Pronome
z Variáveis Singular Primeira meu(s), minha(s)

1ª pessoa: este, esta, estes, estas; Singular Segunda teu(s), tua(s)


2ª pessoa: esse, essa, esses, essas; Singular Terceira seu(s), sua(s)
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas. nosso(s),
Ex.: Esta bolsa é minha. (Indica proximidade com Plural Primeira
nossa(s)
relação à 1ª pessoa / quem fala).
Essa bolsa é minha. (Indica proximidade com rela- vosso(s),
Plural Segunda
ção à 2ª pessoa / com quem se fala). vossa(s)
Aquele cachorro fugiu do abrigo. (Indica distância Plural Terceira seu(s), sua(s)
com relação às pessoas do discurso).
Outras Funções do “Se”
z Invariáveis
Veja a seguir algumas outras funções que podem
1ª pessoa: isto; ser exercidas pelo “se” nos textos.
2ª pessoa: isso;
3ª pessoa: aquilo. z Pronome:
Ex.: Isto não é meu. (Indica proximidade com rela-
ção à 1ª pessoa / quem fala).
� Pessoal reflexivo: neste caso, pode ser subs-
Isso é meu (Indica proximidade com relação à 2ª tituído por “a si mesmo”; a ação recai sobre o
pessoa / com quem se fala). sujeito da oração.
Ex.: Carlos drogou-se a noite inteira;
Pronomes Relativos � Pessoal recíproco: a ação de um elemento/sujei-
to recai sobre o outro, e vice-versa.
Os pronomes relativos são aqueles utilizados em Ex.: Carla e Joaquina abraçaram-se amorosamente;
uma frase para retomar algum termo já citado ante- � Apassivador: utilizado na voz passiva do verbo,
riormente, evitando uma repetição desnecessária. podendo ocorrer apenas em verbos transitivos
diretos.
Estes pronomes podem ser variáveis ou invariá- Ex.: Alugam-se barcos.
veis, ou seja, podem ou não sofrer alterações de gêne- Compra-se roupas;
ro e número. � Indefinido: tem função de indeterminação de
sujeito, e pode ocorrer em verbos intransitivos,
z Pronomes relativos variáveis: cujo, o qual, quanto; transitivos indiretos e verbos de ligação.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Pronomes relativos invariáveis: que, quem, onde. Ex.: Ama-se a Deus.


Aqui se é feliz.
Veja, na tabela a seguir os pronomes relativos e
� Partícula expletiva: quando acompanha verbo
suas variações.
intransitivo, com sujeito determinado ou oculto,
podendo ser usado apenas para realce.
VARIÁVEIS Ex.: Acabou-se o mundo.
Masculino Feminino INVARIÁVEIS Foram-se embora todos os amigos que restavam;
Singular Plural Singular Plural
� Conjunção:
cujo cujos cuja cujas que
� Causal: usada quando a oração subordinada
o qual os quais a qual as quais quem
expressa uma causa para a oração principal.
quanto quantos - quantas onde Ex.: Se João demorar, jantaremos apenas nós. 53
� Condicional: indica uma condição da oração. � Se o verbo estiver no futuro do presente ou
Ex.: Se fizer sol, iremos ao parque; futuro do pretérito, pode-se utilizar a antecipa-
� Integrante: quando integra orações subordi- ção pronominal. Exs.:
nadas substantivas, completando o sentido da Eu me dedicarei aos estudos gramaticais
oração principal. quando...
Ex.: Não se sabe ao certo qual a verdadeira cau- Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...;
sa de seu falecimento. „ Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é
Sabe-se que não são muitos os que realmente aconselhável, por revelar-se pedante. Embora
se preocupam. o pronome pessoal do caso reto não tenha força
atrativa, é recomendável a próclise para evitar
Colocação Pronominal o preciosismo da mesóclise;
� Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se
� Próclise: quando o pronome é colocado antes do usar ênclise e não próclise.”
verbo, sendo comum nos seguintes casos:
� Ênclise: quando o pronome é colocado depois do
� Quando o verbo segue uma partícula negativa: verbo. Esse tipo de colocação pronominal se rela-
não, nunca, jamais, nada, ninguém. ciona aos seguintes casos:
Ex.: Não nos responsabilizaremos por sua ati- � Verbo no imperativo afirmativo.
tude rebelde. Ex.: Depois de terminar, chamem-nos.
Nunca se acusou um cliente por esses motivos. Para começar, joguem-lhes a bola!;
Um vendedor de nossa empresa jamais se con- � Verbo no infinitivo impessoal.
tentará com níveis de faturamento tão baixos. Ex.: Gostaria de pentear-te à minha maneira.
O relatório fora bem escrito, mas nada o O seu maior sonho é casar-se;
recomendava como modelo que devesse ser � Verbo inicia a oração.
imitado. Ex.: Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra Acordei e surpreendi-me com o café da manhã;
no escritório; � Verbo no gerúndio (sem a preposição em pois
� As orações que se iniciam por pronomes e quando regido pela preposição em deve ser
advérbios interrogativos também exigem ante- usada a próclise).
cipação do pronome ao verbo. Ex.: Vive a vida encantando-me com as suas
Ex.: Por que o diretor se ausentou tão cedo? surpresas.
Como se justificam essas afirmações? Faço sempre bolos diferentes experimentan-
Quem lhe disse que o gerente de vendas não se do-lhes ingredientes novos.
interessaria por tal fato?;
� As orações subordinadas também exigem ante- � Mesóclise: o pronome é colocado no meio do ver-
cipação do pronome ao verbo. bo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
Ex.: Ainda que lhe enviassem relatórios subs- Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:
tanciais, não poderia tomar nenhuma decisão. Orgulhar-me-ei dos meus alunos;
Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a Orgulhar-me-ia dos meus alunos.
cabeça.
Aquela correspondência que te chegou às Dica
mãos...;
� Alguns advérbios exercem força atrativa sobre Existem casos em que o adjetivo pode vir antes
o pronome: mal, ainda, já, sempre, só, talvez, dos substantivos, nesses caso, deve-se concor-
não. Ex.: dar com um ou com o outro?
Mal se despedira... A regra é a seguinte: concorde o adjetivo com o
Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no substantivo mais próximo, como no exemplo:
deserto. Linda filha e bebê.
Já se falou aqui da inconsequente... Perceba que o adjetivo “linda” está concordando
Só se acredita naquilo por que se interessa. em gênero com o substantivo “filha”, nesse caso,
Os relatórios talvez se abstenham de informar... o mais próximo.
Não se manifestará apoio ao desonesto, cor-
rupto e politiqueiro idealizador de semelhante
comemoração;
� A palavra ambos, bem como alguns indefinidos ORTOGRAFIA
(alguém, todos, tudo, outro, qualquer) também
tem força atrativa. Ex.:
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Ambos os empregados me inquiriram sobre
suas férias.
Alguém te dirá aos ouvidos... Regras de Acentuação
Todos te olharão de esguelha...
Tudo se transformará com o tempo. Há na língua portuguesa algumas regras de acen-
Outro secretário se ajustará ao cargo com tuação das palavras segundo a sua classificação quan-
dificuldade. to à tonicidade, e é importante conhecê-las para não
Qualquer pessoa se persigna quando a situa- cometer enganos na hora da escrita. São elas:
ção está complicada;
� Nas locuções verbais, se houver negação ou z Proparoxítonas (antepenúltima sílaba tônica) São
pronome relativo, interrogativo. Ex.: sempre acentuadas graficamente.
Não se pode deixar de realizar... Ex.: trágico, árvore, mármore;
Coisas que se podem deixar de realizar... � Paroxítonas (penúltima sílaba tônica): São acen-
54 Por que se deve realizar esta tarefa?; tuadas quando terminam em:
� “L”: fácil, portátil; Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
� “N”: pólen, hífen; Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
� “R”: cadáver, poliéster; em casa.
� “PS”: bíceps; Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
� “X”: tórax; Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
� “US”: vírus; Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono
� “I, IS”: júri, lápis; durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
� “OM”, “ONS”: iândom, íons;
ficou com sono durante a aula.
� “UM”, “UNS”: álbum, álbuns;
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
� “Ã(S)”, “ÃO(S)”: órfã, órfãs, órfão, órfãos;
� Ditongo oral: jóquei, túneis. amanhã, se não chover.

Existem algumas observações/exceções a serem Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
feitas a respeito da acentuação das paroxítonas: � Entre o sujeito e o verbo
„ Os prefixos terminados em “i” e “r” não são Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
acentuados. Ex.: Semi, super, hiper; ram a explicação. (errado)
„ Paroxítonas terminadas em ditongos crescentes Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
(ea, oa, eo, ua, ia, eu, ie, uo, io) recebem acento. sertaram minha visão. (errado)
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
Ex.: Mágoas, tênue, férias, ingênuo. dicativo do sujeito:
z Oxítonas : São acentuadas as oxítonas terminadas Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
em: ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
„ a(s): sofá, sofás; dem. (errado)
„ e(s): jacaré, vocês; Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
„ o(s): paletó, avôs; (errado)
„ em, ens: armazém, armazéns.
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
PONTUAÇÃO ou adjunto adnominal.
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
Veremos a seguir as regras sobre seus usos.Uso de pelos alunos. (errado)
Vírgula � Entre locução verbal de voz passiva e agente da
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três passiva:
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e professor para a feira. (errado)
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
qualquer ambiguidade. � Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Quando se trata de separar termos de uma mesma Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: Considero interessantes, as suas aulas. (errado)

� Para separar os termos de mesma função Uso de Ponto e Vírgula


Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de e vírgula (;):
enumeração.
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
arrastado pelo tsunami. ficou triste.

� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
já apareceu na frase) do verbo Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. to, exausto.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
filmes de terror. Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
� Para separar palavras ou locuções explicativas, ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
LÍNGUA PORTUGUESA

retificativas
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 sorvete.
anos. � Em enumerações, portarias, sequências
� Para separar datas e nomes de lugar Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985. o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República;
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
e, nem, ou.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. Dois-pontos

A vírgula também é facultativa quando a expres- Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, não foi concluída.
mas uma palavra só. Exemplos: Servem para: 55
� Introduzir uma citação (discurso direto): Dica
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um homem
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
mais pelas suas perguntas que pelas suas respostas”.
tos químicos não vêm com ponto final:
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, Exemplos: km, m, cm, He, K, C
distributivo ou uma oração subordinada substan-
tiva apositiva Ponto de Interrogação
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos. Marca uma entonação ascendente (elevação da
� Introduzir uma explicação ou enumeração após voz) em tom questionador.
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a Usa-se:
saber, como.
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, � Em frase interrogativa direta:
Filosofia, Ciências... Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
� Entre parênteses para indicar incerteza:
(relação semântica de oposição, explicação/causa
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
ou consequência)
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um que havia palavra melhor no contexto.
homem culto. � Junto com o ponto de exclamação, para denotar
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com surpresa:
cautela. Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
� Marcar invocação em correspondências � E interrogações retóricas:
Ex.: Prezados senhores: Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Comunico, por meio deste, que... que não jogaremos comida fora à toa”).

Travessão Ponto de Exclamação

� Usado em discursos diretos, indica a mudança de � É empregado para marcar o fim de uma frase com
discurso de interlocutor: Ex.:
entonação exclamativa:
– Bom dia, Maria!
Ex.: Que linda mulher!
– Bom dia, Pedro!
Coitada dessa criança!
� Serve também para colocar em relevo certas � Aparece após uma interjeição:
expressões, orações ou termos. Pode ser substituído Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
por vírgula, dois-pontos, parênteses ou colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada) � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
marcar uma ênfase:
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui- Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”. metros em 20 segundos!!!

Parênteses Reticências

Têm função semelhante à dos travessões e das São usadas para:


vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
mos, expressões ou orações. � Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) Ex.: ― Estou ciente de que...
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) ― Pode dizer...
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
� Indicar partes suprimidas de um texto:
jantar. (oração intercalada)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
Ponto-final desceu as escadas apressadamente. (Também pode
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
É o sinal que denota maior pausa. depois desceu as escadas apressadamente.)
Usa-se: � Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
período.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” � Para indicar hesitação:
Carlos Drummond de Andrade Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
vergonha.
� Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
sec. = secretário mente com outras intenções:
56 a.C. = antes de Cristo Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
Uso das Aspas Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis.
São usadas em citações ou em algum termo que pre-
cisa ser destacado no texto. Pode ser substituído por itá- � Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
lico ou negrito, que têm a mesma função de destaque. senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
Usam-se nos seguintes casos: é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Ex.: Parecer, do latim *parescere.
� Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
afirma Dad Squarisi, 64. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
da gramática.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas:
Uso da Barra
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava.
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Não gosto de “pavonismos”.
Dê um “up” no seu visual.
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, substituída pela conjunção “ou”:
às vezes com ironia ou malícia Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
sonoro. � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
ção das conjunções e/ou.
� Para citar nomes de mídias, livros etc.
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
e/ou escritos.
Colchetes � Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
ção entre si.
Representam uma variante dos parênteses, porém Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
tem uso mais restrito. (plural/singular).
Usam-se nos seguintes casos:
O carro atingiu os 220 km/h.
� Para incluir num texto uma observação de nature- � Para separar os versos de poesias, quando escritos
za elucidativa: seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de barras para indicar a separação das estrofes.
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”. Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
que pareça, o texto original é assim mesmo: te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
do.” (Machado de Assis) não foi escrita na sua totalidade:
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda Ex.: a/c = aos cuidados de;
Fonologia: s/ = sem
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy] � Para separar o numerador do denominador nos
� Para suprimir parte de um texto (assim como números fracionários, substituindo a barra da
parênteses) fração:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois Ex.: 1/3 = um terço
desceu as escadas apressadamente. ou
� Nas datas:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí- Ex.: 31/03/1983
vel segundo as normas da ABNT) � Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52
Asterisco
LÍNGUA PORTUGUESA

� Nos endereços:
� É colocado à direita e no canto superior de uma Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
� Na indicação de dois anos consecutivos:
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
triste acrescido do sufixo -eza*. Ex.: /s/
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo. Embora não existam regras muito definidas sobre
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
tuição a um substantivo próprio: lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. 57
Assim, dezenas de pequenos rios vêm desaparecen-
HORA DE PRATICAR! do, enquanto as nascentes dos grandes rios estão
secando ou migrando para áreas mais baixas, à medi-
1. (UFRJ — 2014) O texto a seguir é um fragmento do da que o lençol que as abastece vai sendo também
conto Passeio noturno – parte II, de Rubem Fonseca. rebaixado. O esvaziamento a olhos nus das represas
Depois de lê-lo com atenção, responda à questão que abastecem São Paulo teria seu correspondente
proposta. literalmente mais profundo no esgotamento invisível
“Eu ia para casa quando um carro encostou no meu, dos reservatórios subterrâneos, que deu seu sinal
buzinando insistentemente. Uma mulher dirigia, abai- emblemático, faz poucos dias, com o estancamento
xei os vidros do carro para entender o que ela dizia. da nascente do São Francisco. As chuvas que sobre-
Uma lufada de ar quente entrou com o som da voz vierem, quando vierem, não têm a mesma capacidade
dela: Não está mais conhecendo os outros? de nutrir, na falta da vegetação mediadora, os enfra-
Eu nunca tinha visto aquela mulher. Sorri polidamente. quecidos reservatórios ocultos. O Brasil não pode
Outros carros buzinaram atrás dos nossos. A Avenida mais ser visto, senão irresponsavelmente, como o
Atlântica, às sete horas da noite, é muito movimentada (...).” paraíso dos mananciais inesgotáveis.
Marque a alternativa que justifica corretamente a gra-
O Globo, 25, out. 2014
fia das palavras sublinhadas, destacadas no texto.
Assinale a alternativa em que todas as palavras são
a) Escrevem-se rr e ss quando, entre vogais, representam
acentuadas segundo a mesma regra:
os sons simples do r e s iniciais.
b) Duplicam-se o r e o s todas as vezes que a um ele- a) lençóis / império.
mento de composição terminado em vogal se segue b) silêncios / também.
palavra começada por uma daquelas letras. c) Paraná / paraíso.
c) Duplicam-se o r e o s sempre quando vierem entre vogais. d) invisível / fácil.
d) Escrevem-se rr e ss exclusivamente quando figurarem e) Matusalém / Amazônia.
entre vogais em substantivos e verbos.
e) Escrevem-se rr e ss exclusivamente quando figurarem 3. (UFRJ — 2018)
entre vogais em substantivos, verbos e pronomes.
Vou Te Encontrar
2. (UFRJ — 2015)
Paulo Miklos
RECADOS Compositor: Nando Reis

José Miguel Wisnik Olha, ainda estou aqui


Perto, nunca te esqueci
O Cerrado é o Matusalém dos biomas. Enquanto a Ama- Forte, com a cabeça no lugar
zônia tem três mil anos de formada, e a Mata Atlântica, Livre, livre para amar
sete mil, o Cerrado tem quarenta milhões. É, ou chegou Sofro, como qualquer um
a ser, o maior viveiro de espécies florais do planeta. Ali, Rio, quando estou feliz
em sua lentidão ancestral, um buriti de vinte e cinco ou Homem, dessa mulher
trinta metros de altura tem a idade do Brasil. Nas suas Vivo, como você quer
áreas planas, a água das chuvas é absorvida pela vege- Nas ondas do mar
tação nativa, tendo esta a maior parte da sua estrutura Nas pedras do rio
dentro da terra, como uma verdadeira floresta invertida. Nos raios de sol
Por suas raízes são alimentados os lençóis freáticos e Nas noites de frio
os lençóis artesianos dos aquíferos, cuja carga interna No céu, no horizonte
No inverno, verão
aflora, por sua vez, na forma das nascentes dos rios (ou,
Nas estrelas que formam
para dizer como Guimarães Rosa, “rebrotam desengoli-
Uma constelação
dos num bilo-bilo fácil”).
Vou te encontrar...
Essa respiração hídrica veio sendo sufocada, no
Vou te encontrar
entanto, pela introdução de gramíneas para o pasto-
Olha, eu fiquei aqui
reio, pela expansão da fronteira agrícola com a soja e
Perto, está você em mim
o algodão, cujas raízes são superficiais, pela ação dos Forte, pra continuar
fertilizantes, pela devastação dos insetos e animais Livre, livre para amar
polinizadores, impedindo a renovação da vegetação Sofro, como qualquer um
nativa, ditadas todas pela ocupação desenfreada que Rio, porque sou feliz
o agronegócio impôs ao Cerrado desde os anos 1970. Homem, de uma mulher
Aparentemente, teríamos aí apenas uma mudança de Vivo, como você quer
paisagem, e a substituição da flora anciã pelas ino- No beijo da moça
vações progressistas das monoculturas, junto com o No alto e no chão
império do eucalipto a ser convertido em carvão. Mas, Nos dentes da boca
[...] o processo envolve uma devastação invisível de Nos dedos da mão
grandes consequências estruturais: é a floresta sub- No brilho dos olhos
terrânea das raízes que desaparece junto com a vege- Na luz da visão
tação nativa, com ela o bioma de milhões de anos e o No peito dos homens
58 sistema que alimenta e realimenta os aquíferos. No meu coração
Vou te encontrar... 8. (UFRJ — 2018) TEXTO
Vou te encontrar
Em “Nas estrelas que formam uma constelação”, a
palavra em destaque é um substantivo coletivo.
Assinale a alternativa em que há um substantivo na
mesma condição.

a) Músico
b) Peregrino
c) Artista
d) Disco “(...) — O doutor é formado em Direito? indaguei por
e) Fato minha vez — Não. Formei-me em Línguas Orientais e
Exegese Bíblica, na Universidade de Sófia, tendo come-
4. (UFRJ — 2018) Em “Sofro, como qualquer um” pode- çado o curso no Cairo. Disfarcei a vontade que me deu
-se afirmar que o termo em destaque é uma oração de rir, ouvindo tão extravagante título escolar. Havia
subordinada adverbial: alguma coisa de opereta, mas o homem era tão simpá-
tico, tinha sido tão amável e parecia tão ilustrado que
a) comparativa me esforcei por sujeitar o meu ímpeto de rir, soltando
b) causal uma frase à-toa: — Na Europa o homem de estudo tem
campo, sabe onde deve chegar; aqui... — Qual, doutor!
c) conformativa
Não há como a sua terra! A questão é pendurar, quando
d) final
se entra, a sobrecasaca de cavalheiro no Pão de Açú-
e) consecutiva
car; e no mais — tudo vai às mil maravilhas! O padeiro
ficou atônito com a cínica franqueza do julgamento
5. (UFRJ — 2018) No texto, o compositor reflete acerca do jornalista. Teve um assomo de virtude e objetou
da perda e da ausência de um ente querido. Tais senti- pudicamente: — Nem tanto, doutor! Nem tanto! olhe
mentos estão presentes respectivamente em: que ainda há homens honestos nesta terra e em altas
posições — o que é mais raro! O doutor Gregoróvitch
a) Na luz da visão / No meu coração. dardejou-lhe um breve olhar sarcástico e expelindo
b) Livre, livre para amar / Rio, porque sou feliz. uma longa fumaça cheia de dúvida e de troça, disse
c) Vou te encontrar / Perto, nunca te esqueci. devagar: — Pode ser, Laje! Quem sabe?”
d) Vou te encontrar / Na luz da visão.
Fragmento de “O triste fim de Policarpo Quaresma” Lima Barreto.
e) Vivo, como você quer / Nas noites de frio. p. 19.

6. (UFRJ — 2018) Em “Vou te encontrar… vou te encon- Na frase “O doutor Gregoróvitch dardejou-lhe um bre-
trar”, o emprego das reticências indica: ve olhar sarcástico (...)”, o termo em destaque apre-
senta um pronome:
a) pausa
b) segurança a) oblíquo em posição de mesóclise que se refere ao
c) hesitação jornalista.
d) certeza b) reto em posição de próclise que se refere ao narrador.
e) reflexão c) oblíquo em posição de ênclise que se refere ao jornalista.
d) oblíquo em posição de ênclise que se refere ao padeiro.
7. (UFRJ — 2014) Observe atentamente o trecho literário e) reto em posição de ênclise que se refere ao padeiro.
e responda a questão a seguir:
“(...) 9. (UFRJ — 2018) TEXTO
E à tarde, quando o sol — condor sangrento —,
No ocidente se aninha sonolento,
Como a abelha na flor...
E a luz da estrela trêmula se irmana
Co’a fogueira noturna da cabana,
Que acendera o pastor,
(...)”
LÍNGUA PORTUGUESA

(Castro Alves Boa Vista, 1867, Espumas Flutuantes, 1870)

Nos versos “Co’a fogueira noturna da cabana,/ Que


acendera o pastor” o verbo sublinhado denota uma Carolina Maria de Jesus
ação passada anterior a outro fato também passado.
A forma verbal corresponde ao: “[...] em 1948, quando começaram a demolir as casas
térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que
a) futuro do pretérito do modo subjuntivo. residíamos nas habitações coletivas, fomos despe-
b) presente do modo imperativo. jados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por
c) pretérito imperfeito do modo indicativo. isso que eu denomino que a favela é o quarto de des-
d) presente do modo indicativo. pejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes
e) pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo. velhos. 59
[...]” “[...] Eu classifico São Paulo assim: o Palácio é a Mas não me deixe sentar na poltrona
sala de visita, a Prefeitura é a sala de jantar e a cida- No dia de domingo, domingo!
de é o seu jardim. A favela é o quintal onde jogam os Procurando novas drogas de aluguel
lixos. [...]” “Quando estou na cidade, tenho a impres- Neste vídeo coagido...
são que estou na sala de visita, com seus lustres de É pela paz que eu não quero seguir admitindo
cristais, seus tapetes de veludo, almofadas de cetim. É pela paz que eu não quero seguir
E quando estou na favela, tenho a impressão que sou É pela paz que eu não quero seguir
um objeto fora de uso, digno de estar num quarto
É pela paz que eu não quero seguir admitindo
de despejo.” “[...] nós somos pobres, viemos para as
margens do rio. As margens do rio são os lugares do
Assinale a alternativa em que o verso da canção apre-
lixo e dos marginais. Gente da favela é considerada
marginal. Não mais se vê os corvos voando às mar- senta um pronome pessoal oblíquo em posição de
gens dos rios, perto dos lixos. Os homens desempre- próclise.
gados substituíram os corvos.” “Os políticos sabem
que eu sou poetisa. E que o poeta enfrenta a morte a) Qual a paz que eu não quero conservar
quando vê o seu povo oprimido.” “O Brasil devia ser b) A minha alma tá armada e apontada
dirigido por quem passou fome.” “Não digam que fui c) Faça um filho comigo!
rebotalho, que vivi à margem da vida. Digam que eu d) Às vezes é ela quem diz:
procurava trabalho, mas fui sempre preterida. Digam e) Mas não me deixe sentar na poltrona
ao povo brasileiro que meu sonho era ser escritora,
mas eu não tinha dinheiro para pagar uma editora.” 11. (UFRJ — 2014) Leia o texto a seguir e responda a
questão:
(trechos extraídos do livro Quarto de despejo – diário de uma
“Desde a véspera do massacre, após uma (1) passea-
favelada, 1960, de CAROLINA MARIA DE JESUS).
ta sob a divisa ‘Povo organizado derruba a ditadura’,
A primeira edição saiu com 30 mil exemplares. A obra 600 estudantes (240 eram moças) estavam (2) encur-
foi reimpressa sete vezes em 1960. No total, vendeu ralados por centenas de policiais, na Faculdade de
80 mil exemplares. “Quarto de Despejo” foi traduzi- Medicina da UFRJ. Às 3h45 do dia 23, (...) deu-se a (3)
do para 14 línguas em 20 países. Carolina de Jesus invasão, assim descrita pela mãe de uma das moças
lançou mais três livros: “Casa de Alvenaria”, “Pedaços cercadas, em carta à Revista Civilização Brasileira: ‘...
de Fome” e “Provérbios”. Postumamente, em 1982, foi A golpes de aríete, correndo (4) histericamente, che-
lançado na França, “Diário de Bitita”, que chegou ao gavam os PMS (...), quebraram os portões da FNM e,
Brasil pela Nova Fronteira em 1986. feito uma horda de bárbaros, aos gritos e palavrões,
Leia o trecho a seguir: invadiram a faculdade...Vi sair um Rapaz todo ensan-
“Digam ao povo brasileiro que meu sonho era ser escri- güentado, debaixo de cacetadas, uma moça semides-
tora, mas eu não tinha dinheiro para pagar uma editora.” pida e descalça, carregada por policiais do Exército, e
Se quisermos manter a coesão e a coerência textuais mais outra (5) desmaiada, e serem carregadas para a
do período acima, NÃO podemos substituir a palavra ambulância. Vi um rapaz aleijado ser espancado na
em destaque por: perna defeituosa; rapazes semimortos, alguns deles
muito jovens, (...); outros, capengando, eram postos
a) entretanto a correr, sob uma saraivada de cacetadas e aos gri-
b) porém tos de corram vagabundos, covardes, filhos da... Não
c) contudo pude me conter, gritando que parassem com aquela
d) porque covardia e um dos facínoras me disse: ninguém está
e) todavia batendo pra valer, é só para assustar. Outro gritou: sai
daí que não queremos bater também em velhas... (...).”
10. (UFRJ — 2016) TEXTO 4
Da Vaia em Castelo ao Massacre da Praia Vermelha. José Arthur
Minha Alma (a paz que eu não quero) Poerner. Invaão da FNM 40 anos. Série Memorabilia. UFRJ.
Setembro de 2006.
Marcelo Yuka, O Rappa
Considerando as relações de sinonímia, assinale,
A minha alma tá armada e apontada dentre as alternativas adiante, aquela cuja relação
Para cara do sossego! de termos sinônimos que substituem as expressões
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!) numeradas e sublinhadas não altera o sentido e a dra-
Pois paz sem voz, paz sem voz maticidade original do texto:
Não é paz, é medo!
(Medo! Medo! Medo! Medo!) a) (1) caminhada; (2) acompanhados; (3) entrada; (4)
Às vezes eu falo com a vida,
descontroladamente; (5) descolorida
Às vezes é ela quem diz:
b) (1) excursão; (2) monitorados; (3) ocupação; (4) tensa-
“Qual a paz que eu não quero conservar,
Prá tentar ser feliz?” mente; (5) desbotada
As grades do condomínio c) (1) manifestação; (2) sitiados; (3) irrupção; (4) exalta-
São pra trazer proteção damente; (5) desfalecida
Mas também trazem a dúvida d) (1) passeio; (2) controlados; (3) intromissão; (4) nervo-
Se é você que tá nessa prisão samente; (5) enfraquecida
Me abrace e me dê um beijo, e) (1) digressão; (2) cingidos; (3) conquista; (4) desequi-
60 Faça um filho comigo! libradamente; (5) esmorecida
12. (UFRJ — 2018) TEXTO a) simples.
b) composto por coordenação.
c) composto por subordinação.
d) composto por coordenação e subordinação.
e) composto por três orações.

14. (UFRJ — 2015) TEXTO 3


Os meios de transportes, e comunicação em massa,
as mercadorias, casa, alimento e roupa, a produção
irresistível da indústria de diversões e informação
trazem atitudes e hábitos prescritos, certas reações
intelectuais e emocionais que prendem os consumi-
dores mais ou menos agradavelmente aos produtores
e, através destes, ao todo. Os produtos doutrinam e
manipulam; promovem uma falsa consciência que é
Alda do Espírito Santo, 1952, tinta-da-china imune à sua falsidade. E, ao ficarem esses produtos
benéficos à disposição de maior número de indivíduos
Construir sobre a fachada do luar das nossas terras e de classes sociais, a doutrinação que eles portam
Um mundo novo onde o amor campeia, unindo os deixa de ser publicidade; torna-se um estilo de vida.
homens de todas as terras É um bom estilo de vida – muito melhor do que antes
Por sobre os recalques, os ódios e as incompreen- – e, como um bom estilo de vida, milita contra a trans-
sões, as torturas de todas as eras. formação qualitativa. Surge, assim, um padrão de pen-
É um longo caminho a percorrer no mundo dos samento e comportamento unidimensionais no qual
homens. as ideias, as aspirações e os objetivos que, por seu
É difícil, sim, percorrer este longo caminho conteúdo, transcendem o universo estabelecido da
e longe de toda a África martirizada. palavra e da ação são repelidos ou reduzidos a termos
Crucificada todos os dias na alma dos seus filhos. (…) desse universo. São redefinidos pela racionalidade do
sistema dado e de sua extensão quantitativa.
Fragmento do poema CONSTRUIR, de Alda do Espírito Santo (1926,
São Tomé e Príncipe – 2010, Luanda, Angola). MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro:
Zahar, 1979. p.32. Adaptado.
Leia o trecho a seguir:
“Um mundo novo onde o amor campeia, unindo os Leia o trecho a seguir.
homens de todas as terras”. “Os meios de transportes, e comunicação em massa,
Esses versos, destacados do poema dado, se estrutu- as mercadorias, casa, alimento e roupa, a produção
ram num período: irresistível da indústria de diversões e informação
trazem atitudes e hábitos prescritos, certas reações
a) composto por subordinação. intelectuais e emocionais que prendem os consumi-
b) simples. dores mais ou menos agradavelmente aos produtores
c) composto por coordenação. e, através destes, ao todo.” (texto 3)
d) composto por coordenação e subordinação.
e) com três orações. Quanto à regência, os verbos destacados são
respectivamente:
13. (UFRJ — 2018) TEXTO
Leia atentamente o texto abaixo e responda a questão. a) transitivo indireto; transitivo direto
Maria Firmina dos Reis (1825-1917), escritora e edu- b) transitivo direto; transitivo direto e indireto
cadora, autodidata, nasceu na ilha de São Luís do c) transitivo direto; transitivo indireto
Maranhão. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia d) transitivo direto e indireto; transitivo direto e indireto
materna, acolhimento esse crucial para a sua forma- e) transitivo direto e indireto; transitivo indireto
ção. Foi incentivada pelo escritor e gramático Sotero
dos Reis, seu primo por parte de mãe, a dedicar-se 15. (UFRJ — 2018) TEXTO
na busca pelo conhecimento. Em 1847, concorreu
à cadeira de Instrução primária no município de Via- CANÇÃO NEGREIRA
mão e foi aprovada. Nessa região, até 1881, exerceu a
profissão de professora de primeiras letras. Em 1859, Amo-te
publicou o que é considerada sua principal obra e um com as raízes de uma canção negreira
LÍNGUA PORTUGUESA

dos primeiros romances abolicionistas da literatura na madrugada dos meus olhos pardos.
brasileira – Úrsula. A obra foi classificada como um E derrotas de fome
dos primeiros escritos de uma mulher negra brasileira, nas minhas mãos de bronze
com forte imersão em elementos da tradição africana, florescem languidamente na velha
que trata a tragédia da escravidão a partir da perspec- e nervosa cadência marinheira
tiva dos negros escravizados. do cais donde os meus avós negros
embarcaram para hemisférios da escravidão
Trecho adaptado de Antigo – A cor da Cultura Mas se as madrugadas
das minhas órbitas violentadas despertam as raízes
No trecho “Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução do tempo antigo...
primária no município de Viamão e foi aprovada.”, há mulher de olhos fadados de amor verde-claro
um período: ventre sedoso de veludo 61
lábios de mampsincha(*) madura Antes de morrer, todas as experiências por que pas-
e soluções de espasmo latejando no quarto sara durante esse tempo convergem para uma per-
enche de beijos as sirenas do meu sangue que meni- gunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz
nos das mesmas raízes um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não
e das mesmas dolorosas madrugadas esperam a sua podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem
vez. de curvar-se profundamente, visto que a diferença
das estaturas se modificara bastante. “Que queres
* fruto comestível de planta rasteira.
tu ainda saber?”, pergunta o porteiro. “És insaciá-
vel.” “Se todos aspiram à Lei”, diz o homem, “como é
José Craveirinha, in Obra Poética Maputo: Direcção de Cultura,
Universidade Eduardo Mondlane, 2002.
que, durante todos esses anos, ninguém mais, além
de mim, pediu para entrar?” O porteiro percebe que
o homem já está às portas da morte, de modo que
A forma verbal florescem, na segunda estrofe do poe-
para alcançar o seu ouvido moribundo, berra: “Aqui,
ma dado, concorda com a seguinte expressão: ninguém, a não ser tu, podia entrar, pois esta entrada
era apenas destinada a ti. Agora, vou-me embora e a
a) minhas mãos fecho.”
b) os meus avós negros.
c) derrotas de fome KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153. Tradução
Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
d) hemisférios da escravidão
e) embarcaram
“Torna-se acriançado e, como durante anos a fio estu-
dou o porteiro, acaba também por conhecer as pulgas
16. (UFRJ — 2015)
da gola do seu capote; assim, pede-lhes que o ajudem
Diante da Lei está um porteiro. Um homem que vem
a demover o porteiro.”
do campo acerca-se dele e pede para entrar na Lei. O
O pronome oblíquo em destaque estabelece a coesão
porteiro, porém, responde que naquele momento não
textual, pois substitui o termo:
pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se
mais tarde terá autorização para entrar. “É possível”,
a) pulgas
responde o porteiro, “mas agora não pode ser”. Como o
b) anos
portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre,
c) porteiro
aberto, e o porteiro se afasta um pouco para o lado, o
d) torna-se
homem inclina-se a fim de olhar para o interior. Assim
e) acriançado
que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te
sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha
17. (UFRJ — 2015) “Aqui, ninguém, a não ser tu, podia
proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim
entrar, pois esta entrada era apenas destinada a ti.
sou o mais ínfimo dos porteiros. De sala para sala, há
Agora, vou-me embora e a fecho.” As frases que encer-
outros sentinelas, cada um mais forte que o outro. Eu
ram a parábola evidenciam que:
não posso sequer suportar o olhar do terceiro.”
O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a
a) o porteiro nunca abriria a porta para um jovem desco-
Lei devia ser sempre acessível a toda a gente”, pensa ele.
nhecido entrar na lei
Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capo-
b) o jovem poderia entrar na lei se não tivesse se curva-
te de peles, o seu grande nariz afilado, a longa barba rala e
do diante da primeira dificuldade
negra à tártaros, acha que é melhor esperar até lhe darem
c) a passividade submissa do jovem não foi nociva a ele
autorização para entrar. O porteiro dá aojovem um banqui-
próprio
nho e o faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante
d) a ação do porteiro é ilimitada e localizada
anos ele permanece sentado. Faz diversas diligências
e) o porteiro tinha que ir embora e, por isso gritou ao
para entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às
ouvido do jovem do campo e fechou a porta
vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios
sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas de uma
maneira indiferente, como fazem os grandes senhores, e 18. (UFRJ — 2018)
no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar.
O homem, que se provera bem para a viagem, emprega DISCRETA PRIMAVERA
tudo, por mais valioso que fosse, para subornar o porteiro.
Fernanda Torres
Este aceita tudo, mas diz: “só aceito o que me dás para que
te convenças de que nada omitiste.”
As petições pululam na tela do computador. Assino,
Durante todos aqueles longos anos, o homem olha
assino todas elas. Peço a demarcação das terras indí-
quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se
genas, a liberação do aborto e a descriminalização das
dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o
drogas. Grito contra o trabalho escravo, o preconceito
único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. racial e de gênero; tento melar o emprego indiscrimina-
Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros do de agrotóxicos, frear o degelo das calotas polares, o
anos; mais tarde, à medida que envelhece, já não faz desmatamento e a destruição dos corais da Amazônia.
outra coisa senão resmungar. Torna-se acriançado Clamo pelo fim da guerra na Síria, da corrupção e do
e, como durante anos a fio estudou o porteiro, aca- foro privilegiado; exijo a reforma política; voto pela pro-
ba também por conhecer as pulgas da gola do seu teção dos micos-leões e falho com os ursos-polares.
capote; assim, pede-lhes que o ajudem a demover o E, em meio ao acúmulo de urgências, ao imenso ruído
porteiro. Por fim, a sua vista torna-se tão fraca que do planeta, vacilo entre a paralisia e a ação. Entre o
já nem sabe se escurece realmente à sua volta ou se engajamento e a reflexão no silêncio. Entre ser e não
é apenas ilusão dos seus olhos. Agora, em meio às ser. Quem É Primavera das Neves?, documentário de
trevas, percebe um raio de luz inextinguível através da Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo, toca em cheio na
62 porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida. histeria do agora, sem falar diretamente dela.
Primavera Ácrata Saiz das Neves é uma mulher que Locutor 1 – e eu terei tempo disponível não que eu
enfrentou o açoite e os insultos do mundo, a afronta deseje: liberdade deseje eh eh estar assim sem obri-
do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do gações para com as crianças... mas é que eu terei
amor humilhado, as delongas da lei, a prepotência do tempo disponível para fazer as coisas extras não é?
mando e o achincalhe do século XX.
Filha de pai anarquista e mãe sufragista, fugidos das (NURC-SP D2 360: 1230-1233, p. 167 apud FÁVERO; ANDRADE;
ditaduras de Franco e Salazar, ela cresceu no Catete do AQUINO. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua
pós-guerra, estudou no Licée e dominou seis línguas. materna. 2. ed. Cortez, 2000. p. 59-60)
Casou-se com um tenente português e retornou para
o Brasil em 1964, sozinha, com uma filha pequena. O Entre os enunciados “deseje:liberdade” e “deseje estar
marido permaneceu em Lisboa, condenado à prisão assim sem obrigações para com as crianças”, obser-
por ter participado da mal-sucedida Revolta da Beja. va-se uma relação de:
Em meio à insensatez e às injustiças de seu tempo,
Primavera dedicou a vida à amizade, à maternidade, a) paráfrase, já que se explica e retifica o significado da
ao amor e à arte. Foi íntima e discreta, e nem por isso palavra liberdade
mesquinha, pequena ou indiferente. b) sinonímia, uma vez que há retomada do termo ante-
Traduziu Lewis Carroll, Vladimir Nabokov, Arthur C. riormente mencionado
Clarke e Emily Dickinson, Simenon e Julio Verne. Foi c) antonímia, tendo em vista a retificação da ideia antes
poeta, mãe, mulher, amiga e adoradora de Wagner; exposta
influenciou de forma profunda os que a conheceram, d) catáfora, já que introduz uma informação nova para o
mas teve uma vida invisível. Morreu aos 47 anos. interlocutor
Teria permanecido anônima, não fosse a obstinação
e) intertextualidade, tendo em vista que há citação de
de arqueólogo de Furtado e Azevedo, que, intrigados
uma parte do texto em outro
com o nome da tradutora de Alice no País das Maravi-
lhas, desencavaram sua preciosa história.
Eulalie, a amiga saudosa, que sempre admirou a 9 GABARITO
personalidade livre e contemporânea de Primavera,
jamais percebeu nela a vontade de se promover — é o
verbo que usa: promover. 1 A
Hoje, estamos todos em promoção, gritando a esmo, 2 D
como numa liquidação de Natal.
O século XXI promove revoluções movidas a likes. 3 E
Não diminuo a importância das petições que, reitero,
assino convicta. Mas o milênio que se inicia também 4 A
produziu uma perturbadora pornografia do ego, do exi-
bicionismo das selfies; o bestialógico da multiplicação 5 C
de blogueiros e a brutalidade travestida de diversão 6 C
dos realities. Um confessionário a céu aberto, onde
todos, e cada um, têm o quinhão de narcisismo preen- 7 E
chido pela publicação de seu diário de bordo.
Primavera era em tudo o contrário. Apesar das perse- 8 D
guições que testemunhou e sofreu, da inteligência e
sensibilidade que possuiu, nunca se impôs ao mundo, 9 D
ou impôs o seu mundo aos demais. 10 E
A ela, bastava ser — qualidade cada vez mais rara de
ver, ter e encontrar. 11 C
Fonte: http://vejario.abril.com.br/blog/fernanda-torres/discreta- 12 A
primavera/
13 B
É correto afirmar que o estrangeirismo empregado no
texto se refere a: 14 B

15 C
a) promover
b) criticar 16 A
c) ser
d) impor 17 B
e) testemunhar
18 A
LÍNGUA PORTUGUESA

19. (UFRJ — 2018) Em relação ao foco da narrativa do tex- 19 B


to, pode-se afirmar que o narrador é:
20 A
a) onisciente
b) protagonista
c) coadjuvante
d) observador
e) intérprete

20. (UFRJ — 2014) Leia a transcrição da entrevista oral a


seguir:
63
ANOTAÇÕES

64
Suas competências constam diretamente na CF/88
e possuem prerrogativas específicas. Como exemplo,
temos Deputado Federal, Ministro de Estado etc.

z Agentes honoríficos: não possuem vínculo e normal-


LEGISLAÇÃO mente atuam sem remuneração. Prestam serviços espe-
cíficos e temporários, como os mesários em eleições.
z Agentes delegados: são particulares que exercem
atividades de interesse público em seu próprio
nome, estando sujeitos à fiscalização do Estado. Os
LEI FEDERAL 8.112, DE 1990 tabeliães são exemplos.
z Agentes credenciados: têm por missão representar
CONCEITO a Administração Pública em um evento ou atividade
específica. Um exemplo é um atleta em atividade ou
Dentre os vários conceitos de agente público, um dos aposentado que representa o país em evento da FIFA
mais completos e esclarecedores é o constante da Lei de ou outra organização de esporte.
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92). Vejamos.
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran- Vamos conhecer mais três conceitos importantes
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, no âmbito do estudo dos agentes públicos. Inicialmen-
nomeação, designação, contratação ou qualquer te, vejamos o conceito de cargo público, previsto no
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, artigo 3º da Lei nº 8.122, de 1990.
cargo, emprego ou função nas entidades menciona-
das no artigo anterior.
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na estrutura organiza-
Veja que, não por acaso, o conceito é o mais abran- cional que devem ser cometidas a um servidor.
gente possível, visto que se trata de uma lei que tem
o intuito de alcançar atos impróprios praticados por Seus ocupantes são chamados servidores públicos e
pessoas que estejam agindo em nome da Administra- seu provimento poderá se dar em caráter efetivo (em
ção Pública. regra por meio de concurso público) ou comissiona-
do (ocupados provisoriamente por agentes nomeados
Espécies e exonerados livremente pela autoridade competente).
Os empregos públicos são ocupados por empregados
Conhecido o conceito de agente público da forma públicos, cujo vínculo tem por base a CLT, possuindo,
mais ampla possível, passamos agora a dois tipos que portanto, natureza contratual e trabalhista. Em regra,
são certamente os mais frequentes. serão providos por meio de concurso público. Não adqui-
rem estabilidade, mas sua demissão deve se dar mediante
processo administrativo com ampla defesa e contraditório.
� Possuem regime próprio (estatuto) Por fim, temos a função pública. Inicialmente,
predominantemente de direito precisamos entender que todo cargo ou emprego está
Servidores público, devido às funções em que associado a uma função. No entanto, nem toda função
Públicos atuam. está associado a um cargo ou emprego. O que estamos
� Ocupam cargos públicos efetivos abordando aqui é, logicamente, a existência da função
(por meio de concurso público). de maneira isolada. Elas poderão ser classificadas em
temporárias ou permanentes.
As funções temporárias têm respaldo constitucional,
z Agentes públicos que têm seus existindo por tempo determinado e com base em
vínculos baseados na CLT. O excepcional interesse público.
Empregados vínculo é chamado de celetista ou
Públicos contratual. CF, de 1988
z Há predominância do regime Art. 37 [...]
privado. IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
Os conceitos acima são estritos. Em sentido amplo,
o termo “servidores públicos” engloba os dois grupos A Lei nº 8.745, de 1993, trata do assunto, sendo a
colocados acima e também os servidores temporários. assistência a situações de calamidade pública uma des-
Vamos agora conhecer outras espécies citadas pela dou- sas hipóteses.
trina, mas menos frequentes que as duas anteriores. Temos também as funções permanentes, que
LEGISLAÇÃO

serão exercidas juntamente com cargos públicos.


z Agentes administrativos: são aqueles remune- Aqui, é preciso atenção. Não estamos falando em fun-
rados para exercer cargos, empregos e funções ção associada ao cargo público, e sim da possibilida-
públicas. São basicamente os dois tipos que vimos de de exercício simultâneo.
acima em apenas um grupo. Exemplo: Você passa em um concurso e ocupa um
z Agentes políticos: que fazem parte da cúpula cargo em determinado setor. Depois de um tempo,
da Administração Pública. Eles definem as políti- assume a função de chefia. Essa função existe perma-
cas públicas e atuam diretamente na direção da nentemente e não está associada ao cargo que você
implementação. ocupa, mas pode ser exercida juntamente com ele. 65
LEI Nº 8.112/90 Art. 9º A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo iso-
Compreendidos os conceitos iniciais anteriormen- lado de provimento efetivo ou de carreira;
te apresentados, estudaremos agora a Lei nº 8.112, de I - em comissão, inclusive na condição de interino,
1990, que é o estatuto dos servidores civis da União, para cargos de confiança vagos.
como fica exposto já em seu artigo 1º.
A nomeação para cargo de carreira ou cargo isola-
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Ser-
do de provimento efetivo depende de prévia habili-
vidores Públicos Civis da União, das autarquias,
inclusive as em regime especial, e das fundações tação em concurso público de provas ou de provas e
públicas federais. títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo
de sua validade, conforme previsão do artigo 10.
Vamos, então, conhecer os principais institutos e
respectivos dispositivos constantes da lei. Art. 10 A nomeação para cargo de carreira ou car-
go isolado de provimento efetivo depende de prévia
z Provimento habilitação em concurso público de provas ou de
provas e títulos, obedecidos a ordem de classifica-
É a ocupação do cargo público por uma pessoa. O ção e o prazo de sua validade.
artigo 5º traz os requisitos:
z Concurso Público
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em
cargo público:
O concurso será de provas ou provas e títulos e
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos; poderá ser realizado em duas etapas, conforme dis-
III - a quitação com as obrigações militares e posição da lei e regulamento ligado à carreira. Terá
eleitorais; validade de até 2 anos, podendo ser prorrogado uma
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício única vez, por igual período.
do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos; z Posse e Exercício
VI - aptidão física e mental.
„ Posse: tratada nos artigos 13 e 14, ocorrerá
A investidura é o termo jurídico utilizado para pela assinatura do respectivo termo, no qual
indicar o momento em que a pessoa toma posse do deverão constar as atribuições, os deveres, as
cargo; o artigo 7º traz essa informação. Ele é impor- responsabilidades e os direitos inerentes ao
tante e bastante cobrado em provas. cargo ocupado, que não poderão ser alterados
unilateralmente, por qualquer das partes, res-
Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá
com a posse.
salvados os atos de ofício previstos em lei.

Em seguida, no artigo 8º, temos as formas de “ocu- A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
par” o cargo público. A lei chama-as de formas de da publicação do ato de provimento que, no caso do
provimento. São elas: concurso, é a nomeação e poderá ocorrer mediante
procuração específica.
Nomeação
„ Exercício: é o efetivo desempenho das atri-
buições do cargo público ou da função de con-
Promoção fiança, sendo de quinze dias o prazo para o
servidor empossado em cargo público entrar
FORMAS DE PROVIMENTO

em exercício, contados da data da posse.


Readaptação
O servidor será exonerado do cargo ou será tornado
sem efeito o ato de sua designação para função de con-
Reversão fiança se não entrar em exercício no prazo. O início, a
suspensão, a interrupção e o reinício do exercício serão
registrados no assentamento individual do servidor.
Aproveitamento
z Estágio Probatório e Estabilidade
Reintegração
Vejamos os artigos 20 e 21, que nos trazem os fato-
res a serem observados por ocasião do estágio proba-
Recondução tório e o prazo para estabilidade.

Art. 20 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado


Não se preocupe com o significado de cada um dos
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
incisos, pois falaremos sobre eles mais à frente. estágio probatório por período de 24 (vinte e qua-
tro) meses, durante o qual a sua aptidão e capaci-
z Nomeação dade serão objeto de avaliação para o desempenho
do cargo, observados os seguintes fatores:
A nomeação é o ato unilateral da administração I - assiduidade;
para prover o cargo. Poderá se dar em caráter efetivo II - disciplina;
ou em comissão, conforme a natureza do vínculo (efe- III - capacidade de iniciativa;
66 tivo ou comissionado). Vejamos o artigo 9º: IV - produtividade;
V- responsabilidade. cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao
Art. 21 O servidor habilitado em concurso público cargo de origem, sem direito à indenização, aprovei-
e empossado em cargo de provimento efetivo adqui- tado em outro cargo ou, ainda, posto em disponibili-
rirá estabilidade no serviço público ao completar 2 dade. Entenderemos a recondução a seguir.
(dois) anos de efetivo exercício.
z Recondução
É importante ressaltar que o prazo de 24 meses se
encontra em discordância com o artigo 41 da Consti-
tuição Federal, que traz o prazo de 36 meses. Portanto, É o retorno do servidor estável ao cargo anterior-
fique atento para não se confundir. mente ocupado e decorrerá de inabilitação em estágio
probatório relativo a outro cargo ou reintegração do
anterior ocupante. Encontrando-se provido o cargo de
Importante origem, o servidor será aproveitado em outro.

Lei nº 8.112, de 1990: O servidor estável só per- z Disponibilidade e Aproveitamento


derá o cargo em virtude de:
� sentença judicial transitada em julgado; ou Disponibilidade é a situação em que o servidor
� de processo administrativo disciplinar no qual fica afastado de suas atividades com remuneração
lhe seja assegurada ampla defesa. proporcional ao tempo de serviço, aguardando o
CF/88: O servidor público estável só perderá o retorno às atividades, que é o aproveitamento.
cargo: Na lei, temos o artigo 30 como principal disposição
� em virtude de sentença judicial transitada em a esse respeito.
julgado;
� mediante processo administrativo em que lhe Art. 30 O retorno à atividade de servidor em dis-
seja assegurada ampla defesa; ponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
� mediante procedimento de avaliação periódi- obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
ca de desempenho, na forma de lei complemen- compatíveis com o anteriormente ocupado.
tar, assegurada ampla defesa.
z Vacância
z Readaptação
É a ocorrência de algum evento que torna vago o
cargo. A lei enumera esses eventos no seu artigo 33.
Segundo o artigo 24, é a investidura do servidor
em cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capaci- Exoneração
dade física ou mental verificada em inspeção médica.
Se julgado incapaz para o serviço público, o readap-
tando será aposentado.
Demissão
z Reversão

De acordo com o artigo 25, é o retorno à atividade Promoção


de servidor aposentado:
VACÂNCIA

„ Por invalidez, quando junta médica oficial decla- Readaptação


rar insubsistentes os motivos da aposentadoria;
„ No interesse da administração.
Aposentadoria
A segunda hipótese acima poderá ocorrer desde que:
Posse em outro
z Tenha sido solicitada a reversão;
cargo inacumulável
z A aposentadoria tenha sido voluntária;
z O servidor era estável quando na atividade;
z A aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos Recondução
anteriores à solicitação;
z Haja cargo vago.
A exoneração de cargo efetivo ocorrerá a pedido
Não poderá ser revertido o aposentado que já tiver do servidor, ou de ofício. Quando de ofício, será por
completado 70 anos de idade. (1) não terem sido satisfeitas as condições do estágio
probatório ou (2) quando o servidor, após tomar pos-
LEGISLAÇÃO

z Reintegração se, não entrar em exercício no prazo estabelecido.


A exoneração de cargo em comissão e a dispensa
Segundo o artigo 28, é a reinvestidura do servidor de função de confiança dar-se-á a juízo da autoridade
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo competente e a pedido do próprio servidor.
resultante de sua transformação, quando invalidada Atenção! Muitas vezes, principalmente com base
a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, em leitura de notícias ou noticiários televisivos, aca-
com ressarcimento de todas as vantagens. bamos interpretando o termo exoneração como uma
Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor punição ou sanção. Veja que a lei não prevê a exone-
ficará em disponibilidade. Encontrando-se provido o ração dessa forma. 67
As sanções estão previstas em outros dispositivos e Vencimento é uma parcela básica que compõe a
serão oportunamente abordadas. remuneração do agente público. Ela é fixada em lei, não
estando ligada a situações eventuais em que o servidor
REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO possa se enquadrar. Ao nos aprofundarmos no que pode
integrar a remuneração, o conceito ficará mais claro.
Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
Remoção (segundo o artigo 36) é o deslocamento
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mes- estabelecidas em lei. Veremos mais à frente as espé-
mo quadro, com ou sem mudança de sede. São moda- cies de vantagens.
lidades de remoção:

z de ofício, no interesse da Administração; Vencimentos


z a pedido, a critério da Administração;
z a pedido, para outra localidade, independente-
mente do interesse da Administração: REMUNERAÇÃO

„ para acompanhar cônjuge ou companheiro,


Vantagens
também servidor público civil ou militar, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
cado no interesse da Administração;
tagens de caráter permanente, é irredutível. Salvo por
„ por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
imposição legal ou mandado judicial, nenhum des-
companheiro ou dependente que viva às suas
conto incidirá sobre a remuneração ou provento.
expensas e conste do seu assentamento fun-
cional, condicionada à comprovação por junta
VANTAGENS
médica oficial;
„ em virtude de processo seletivo promovido, As vantagens estão previstas no artigo 49 e porme-
na hipótese em que o número de interessados norizadas na sequência. Vejamos quais são:
for superior ao número de vagas, de acordo
com normas preestabelecidas pelo órgão ou Art. 49 Além do vencimento, poderão ser pagas ao
entidade em que aqueles estejam lotados. servidor as seguintes vantagens:
I - indenizações;
Vejamos agora a redistribuição que, ao contrário II - gratificações;
da remoção, impõe dentre seus preceitos a necessária III - adicionais.
existência de interesse público. § 1º As indenizações não se incorporam ao
vencimento ou provento para qualquer efeito.
Art. 37 Redistribuição é o deslocamento de cargo § 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se
de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbi- ao vencimento ou provento, nos casos e condições
indicados em lei.
to do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou
entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação
do órgão central do SIPEC, observados os seguintes As indenizações são reposições de gastos que o
preceitos: servidor realiza em razão do seu ofício. Elas podem
I - interesse da administração; ser as seguintes:
II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do z Ajuda de custo: Destina-se a compensar as despe-
cargo; sas de instalação do servidor que, no interesse do
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
complexidade das atividades; mudança de domicílio em caráter permanente,
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou vedado o duplo pagamento de indenização, a qual-
habilitação profissional; quer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e que detenha também a condição de servidor, vier
as finalidades institucionais do órgão ou entidade. a ter exercício na mesma sede;
z Diária: Destinada a repor gastos com pousada, ali-
Veja que, enquanto na remoção a lei fala em deslo- mentação e locomoção para afastamento em cará-
camento do servidor, na redistribuição temos o des- ter eventual e transitório a serviço.
locamento do próprio cargo. Em outros termos, no z Indenização de transporte: Concedida ao servidor
primeiro caso, temos a mudança do servidor sem que que realizar despesas com a utilização de meio pró-
ocorra qualquer alteração nos quadros dos servidores prio de locomoção para a execução de serviços exter-
envolvidos. No segundo caso, temos uma mudança da nos, por força das atribuições próprias do cargo.
localização do cargo.

VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO Importante


Vejamos o conceito de vencimento constante do As indenizações não se incorporam ao ven-
artigo 40 da lei: cimento ou provento para qualquer efeito, ao
contrário do que poderá ocorrer com as gratifica-
Art. 40 Vencimento é a retribuição pecuniária pelo ções e adicionais.
68 exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
FÉRIAS A partir do registro da candidatura e até o déci-
mo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
O servidor fará jus a trinta dias de férias, que licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo,
podem ser acumuladas até o máximo de dois perío- somente pelo período de três meses. Após isso, tere-
dos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as mos o afastamento para exercício de mandato eletivo
hipóteses em que haja legislação específica (artigo 77). (veremos mais à frente).
Para o primeiro período aquisitivo de férias,
serão exigidos 12 meses de exercício; as férias pode-
rão ser parceladas em até três etapas, desde que Importante!
assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
Não confunda licença com afastamento!
administração pública.
É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
serviço. Temos também a licença para tratar de interesses
particulares. Ela será discricionária (escolha da Admi-
LICENÇAS nistração Pública) e poderá perdurar por até 3 anos, não
podendo ser concedida a servidor em estágio probatório
A partir do artigo 81, fala-se sobre as licenças. e podendo ser revogada a qualquer tempo.
Abordaremos as mais cobradas em concursos aqui.
Antes, vejamos a lista de todas elas: AFASTAMENTOS

Art. 81 Conceder-se-á ao servidor licença: São três os afastamentos previstos no artigo 93 e


I - por motivo de doença em pessoa da família; seguintes:
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; z Servir a outro órgão ou entidade;
III - para o serviço militar; z Exercício de mandato eletivo;
IV - para atividade política; z Afastamento para estudo ou missão no exterior.
V - para capacitação;
VI - para tratar de interesses particulares;
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
VII - para desempenho de mandato classista.
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios. A ces-
Primeiramente, temos a licença por motivo de são ocorrerá mediante Portaria publicada no Diário
doença em pessoa da família. A lista do que o estatu- Oficial da União e, mediante autorização expressa do
to considera família é a seguinte: cônjuge ou compa- Presidente da República, o servidor do Poder Executi-
nheiro, pais, filhos, padrasto ou madrasta e enteado vo poderá ter exercício em outro órgão da Administra-
ou dependente que viva a suas expensas e conste do ção Federal direta que não tenha quadro próprio de
seu assentamento funcional. pessoal, para fim determinado e a prazo certo.
A licença poderá ser concedida da seguinte forma, No caso da segunda hipótese, o artigo 94 repete os
a cada período de 12 meses: comandos constitucionais para cumulação do cargo
com o mandato eletivo.
A cada 12 meses, a
licença poderá ser Art. 94 Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
concedida cam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
ficará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
Até 60 dias Até 90 dias
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
(consecutivos ou não) (consecutivos ou não)
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração
Mantida a remuneração Sem remuneração ao do cargo eletivo;
do servidor servidor b) não havendo compatibilidade de horário, será afas-
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração.
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor
Conforme comando do artigo 84, poderá ser con-
contribuirá para a seguridade social como se em
cedida licença por motivo de afastamento do cônju- exercício estivesse.
ge ou companheiro. A concessão poderá ocorrer em § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
caso de deslocamento para outro ponto do território sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofí-
nacional, para o exterior ou para o exercício de man- cio para localidade diversa daquela onde exerce o
dato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. mandato.
LEGISLAÇÃO

A concessão ocorrerá por prazo indeterminado e


sem remuneração. Por fim, em relação ao último afastamento, o ser-
O estatuto também prevê a concessão de licença vidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou
para atividade política. Aqui, temos dois parâmetros missão oficial sem autorização do Presidente da Repú-
diferentes, portanto, é necessário ter atenção. blica, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e
A licença será sem remuneração entre o período Presidente do Supremo Tribunal Federal.
que mediar entre a sua escolha em convenção parti- A ausência não excederá a 4 anos, e finda a mis-
dária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do são ou estudo, somente será permitida nova ausência
registro de sua candidatura perante à Justiça Eleitoral. decorrido igual período. 69
O afastamento de servidor para servir em organis- O direito de requerer prescreve:
mo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
coopere dar-se-á com perda total da remuneração. z Em 5 anos, quanto aos atos de demissão e de cas-
sação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
CONCESSÕES afetem interesse patrimonial e créditos resultan-
tes das relações de trabalho;
Vejamos as concessões previstas no estatuto. São z Em 120 dias, nos demais casos, salvo quando outro
benesses que o estatuto traz ligadas a ocorrências na prazo for fixado em lei.
vida particular do servidor, e constam basicamente
do artigo 97:
Dica
Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor Prescrição é a impossibilidade de perseguir
ausentar-se do serviço:
determinado direito. A sua ocorrência é uma das
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para bases da segurança jurídica de um ordenamento.
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita-
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias; REGIME DISCIPLINAR
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
a) casamento; Para a devida aplicação das penalidades, por meio
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, de um regime disciplinar, primeiramente é neces-
madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob
sário estabelecer as bases por meio dos deveres e
guarda ou tutela e irmãos.
proibições.
Vejamos, inicialmente, os deveres:
DIREITO DE PETIÇÃO
Art. 116 São deveres do servidor:
Vamos conhecer o direito de petição, que nada
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
mais é do que o direito de solicitar informações e
cargo;
esclarecimentos para a defesa de um direito.
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
Art. 104 É assegurado ao servidor o direito de
requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
ou interesse legítimo. manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
O requerimento (artigo 105) será dirigido à auto- a) ao público em geral, prestando as informações
ridade competente para decidi-lo e ser encaminhado requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
por intermédio daquela a que estiver imediatamente b) à expedição de certidões requeridas para defesa
subordinado o requerente. Cabe pedido de recon- de direito ou esclarecimento de situações de inte-
sideração à autoridade que houver expedido o ato resse pessoal;
ou proferido a primeira decisão, não podendo ser c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
renovado. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
O pedido de reconsideração é uma forma do em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
requerente argumentar à autoridade que proferiu a superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
decisão de que ela decidiu incorretamente, antes de mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
recorrer a outra autoridade. competente para apuração;
O requerimento e o pedido de reconsideração VII - zelar pela economia do material e a conserva-
deverão ser despachados no prazo de 5 dias e decidi- ção do patrimônio público;
dos dentro de 30 dias. VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
O artigo 107 traz as possibilidades de recurso: IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativa;
Art. 107 Caberá recurso: X - ser assíduo e pontual ao serviço;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; XI - tratar com urbanidade as pessoas;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente XII - representar contra ilegalidade, omissão
interpostos. ou abuso de poder.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade Parágrafo único. A representação de que trata o
imediatamente superior à que tiver expedido o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e
ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em apreciada pela autoridade superior àquela contra a
escala ascendente, às demais autoridades. qual é formulada, assegurando-se ao representan-
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio do ampla defesa.
da autoridade a que estiver imediatamente
subordinado o requerente.
Não acredito na necessidade de decorar os disposi-
tivos. Veja que todos são bem lógicos; talvez o menos
Pelo próprio significado do termo, saberemos que
o pedido de reconsideração é endereçado à própria lógico seja o destacado – o parágrafo único refere-se
autoridade que proferiu a decisão. O recurso será à exclusivamente a ele.
autoridade superior. Em seguida, temos as proibições, previstas no art.
O prazo para interposição de pedido de reconside- 117. Aqui, já há uma preocupação maior, pois, de acordo
ração ou de recurso é de 30 dias, a contar da publi- com a gravidade da proibição ferida, teremos uma puni-
cação ou da ciência, pelo interessado, da decisão ção mais grave. Deixaremos, desde já, a distribuição de
70 recorrida. acordo com a penalidade eventualmente aplicável.
Proibições sujeitas à advertência Há casos em que a demissão ou a destituição de car-
go em comissão, de acordo com os atos praticados, terá
z Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem outras consequências que visam resguardar o interesse
prévia autorização do chefe imediato; público. Vejamos primeiramente o art. 136:
z Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
tente, qualquer documento ou objeto da repartição; Art. 136 A demissão ou a destituição de cargo em
z Recusar fé a documentos públicos; comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do
z Opor resistência injustificada ao andamento de art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o
documento e processo ou execução de serviço; ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
z Promover manifestação de apreço ou desapreço penal cabível.
no recinto da repartição;
z Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos Observemos as hipóteses em relação às quais
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja haverá a indisponibilidade de bens e ressarcimento
de sua responsabilidade ou de seu subordinado; ao erário, nos termos do art. 136.
z Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
partido político; casos:
z Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun- IV - improbidade administrativa;
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou paren- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
te até o segundo grau civil; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
z Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan- mônio nacional;
do solicitado. XI - corrupção.

Proibições sujeitas à suspensão Para facilitar sua memorização, perceba que as


hipóteses trazidas são aquelas em que há prejuízo já
z Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao causado ou potencial aos cofres públicos.
cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- O parágrafo único do artigo 137 traz a impossibili-
cia e transitórias; dade do retorno ao serviço público federal em deter-
z Exercer quaisquer atividades que sejam incompa- minadas hipóteses. O dispositivo é questionado junto
tíveis com o exercício do cargo ou função e com o ao STF por, em tese, configurar pena perpétua, o que é
horário de trabalho. vedado pela CF, de 1988.
No entanto, a literalidade do dispositivo é passível
Proibições sujeitas à demissão de cobrança em provas, portanto, devemos estar aten-
tos. Vejamos o dispositivo em questão:
z Participar de gerência ou administração de socie-
dade privada, personificada ou não personificada; Art. 137 [...]
z Exercer o comércio, exceto na qualidade de acio- Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço
nista, cotista ou comanditário (tal proibição não se público federal o servidor que for demitido ou desti-
aplica na participação nos conselhos de adminis- tuído do cargo em comissão por infringência do art.
tração e fiscal de empresas ou entidades em que a 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
União detenha, direta ou indiretamente, participa-
ção no capital social ou em sociedade cooperativa As hipóteses nele citadas são as seguintes:
constituída para prestar serviços a seus membros
nem no gozo de licença para o trato de interesses Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
particulares, observada a legislação sobre conflito casos:
de interesses); I - crime contra a administração pública;
z Receber propina, comissão, presente ou vantagem IV - improbidade administrativa;
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
z Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
estrangeiro; mônio nacional;
z Praticar usura sob qualquer de suas formas; XI - corrupção.
z Proceder de forma desidiosa; Penalidades
z Utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
ção em serviços ou atividades particulares. Agora vamos conhecer o art. 127. Vejamos:

Proibições Sujeitas à Demissão que Art. 127 São penalidades disciplinares:


Incompatibilizam o Ex-Servidor Para Nova I - advertência;
Investidura em Cargo Público Federal Pelo Prazo de II - suspensão;
5 (cinco) Anos III - demissão;
LEGISLAÇÃO

IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;


z Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou V - destituição de cargo em comissão;
de outrem, em detrimento da dignidade da função VI - destituição de função comissionada.
pública;
z Atuar, como procurador ou intermediário, jun- Na aplicação das penalidades, serão consideradas
to a repartições públicas, salvo quando se tratar a natureza e a gravidade da infração cometida, os
de benefícios previdenciários ou assistenciais danos que dela provierem para o serviço público, as
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
companheiro. cedentes funcionais. 71
Anteriormente, vimos a correlação das proibições O dispositivo acima traz uma regra geral e a res-
com as respectivas penalidades. No entanto, ainda há pectiva abrangência. Chamo atenção para o parágrafo
algumas informações importantes sobre isso. terceiro, que se refere à vedação da cumulação tam-
O dispositivo referente à advertência traz-nos uma bém na inatividade. A regra é simples: se inacumulá-
possibilidade ampla de aplicação ao seu final. Por- vel em atividade, inacumulável na aposentadoria.
tanto, devemos ter em mente que, para a advertên- Em seguida, temos a vedação também para os car-
cia, podemos ter hipóteses que não constam da Lei nº gos em comissão, constante do art. 119. Vejamos sua
8.112, de 1990, que estudamos neste momento. literalidade:
Art. 129 A advertência será aplicada por escrito,
nos casos de violação de proibição constante do Art. 119 O servidor não poderá exercer mais de
art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância um cargo em comissão, exceto no caso previsto no
de dever funcional previsto em lei, regulamentação parágrafo único do art. 9º, nem ser remunerado
ou norma interna, que não justifique imposição de pela participação em órgão de deliberação coletiva.
penalidade mais grave. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
aplica à remuneração devida pela participação
Temos também a possibilidade de aplicação da em conselhos de administração e fiscal das empre-
suspensão em caso de reincidência em proibições sas públicas e sociedades de economia mista, suas
sujeitas à advertência. subsidiárias e controladas, bem como quaisquer
empresas ou entidades em que a União, direta ou
Art. 130 A suspensão será aplicada em caso de indiretamente, detenha participação no capital
reincidência das faltas punidas com advertência
social, observado o que, a respeito, dispuser legis-
e de violação das demais proibições que não tipi-
lação específica.
fiquem infração sujeita a penalidade de demissão,
não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
O art. 9º traz o exercício interino de outro cargo de
Temos outras hipóteses de demissão além daque- confiança, caso em que deverá ser feita a opção pela
las que conhecemos quando estudamos as proibições. remuneração de um dos cargos.
Elas constam do art. 132: Na sequência, o art. 120 traz a possibilidade de
cumulação de um cargo efetivo com um cargo em
Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
comissão, desde que haja compatibilidade de horários.
casos:
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo; Art. 120 O servidor vinculado ao regime desta
III - inassiduidade habitual; Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
IV - improbidade administrativa; vos, quando investido em cargo de provimento em
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na comissão, ficará afastado de ambos os cargos efeti-
repartição; vos, salvo na hipótese em que houver compatibili-
VI - insubordinação grave em serviço; dade de horário e local com o exercício de um deles,
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a par- declarada pelas autoridades máximas dos órgãos
ticular, salvo em legítima defesa própria ou de ou entidades envolvidos.
outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; O estatuto traz um procedimento sumário para o
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em caso de acumulação ilegal de cargos. Ele consta do art.
razão do cargo; 133 e é recorrente em provas. Vejamos a literalidade
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
do dispositivo, que é de fácil entendimento:
mônio nacional;
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- Art. 133 Detectada a qualquer tempo a acumula-
ções públicas; ção ilegal de cargos, empregos ou funções públicas,
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. a autoridade a que se refere o art. 143 notificará
o servidor, por intermédio de sua chefia imediata,
O estatuto traz, assim como a Constituição Federal, para apresentar opção no prazo improrrogável de
vedação a cumulação de cargos. Acompanhe o dispos- dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese
to no art. 118: de omissão, adotará procedimento sumário para a
sua apuração e regularização imediata, cujo pro-
Art. 118 Ressalvados os casos previstos na Cons- cesso administrativo disciplinar se desenvolverá
tituição, é vedada a acumulação remunerada de nas seguintes fases:
cargos públicos. I - instauração, com a publicação do ato que consti-
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos,
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores
empregos e funções em autarquias, fundações
estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a
públicas, empresas públicas, sociedades de
materialidade da transgressão objeto da apuração;
economia mista da União, do Distrito Federal, dos
II - instrução sumária, que compreende indiciação,
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica defesa e relatório;
condicionada à comprovação da compatibilidade III - julgamento.
de horários. § 7º O prazo para a conclusão do processo
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção administrativo disciplinar submetido ao rito
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo sumário não excederá trinta dias, contados da data
com proventos da inatividade, salvo quando os de publicação do ato que constituir a comissão,
cargos de que decorram essas remunerações forem admitida a sua prorrogação por até quinze dias,
72 acumuláveis na atividade. quando as circunstâncias o exigirem.
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade z Arquivamento do processo;
do inativo que houver praticado, na atividade, falta z Aplicação de penalidade de advertência ou sus-
punível com a demissão. pensão de até 30 dias;
Configura abandono de cargo a ausência inten- z Instauração de processo disciplinar.
cional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
consecutivos (art. 138). Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser- a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpola- dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou dispo-
damente, durante o período de doze meses (artigo 139). nibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
obrigatória a instauração de processo disciplinar.
O processo disciplinar é o instrumento destina-
Dica do a apurar responsabilidade de servidor por infra-
A inassiduidade não é contada dentro no ano ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que
civil, e sim em um período de 12 meses. tenha relação com as atribuições do cargo em que se
encontre investido e será conduzido por comissão
composta de três servidores estáveis designados pela
O art. 140 impõe o procedimento do artigo 133, vis-
autoridade competente.
to acima, aos casos de abandono de cargo ou inassi-
O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
duidade habitual:
fases:
Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou z Instauração, com a publicação do ato que consti-
inassiduidade habitual, também será adotado o tuir a comissão;
procedimento sumário a que se refere o art. 133, z Inquérito administrativo, que compreende ins-
observando-se especialmente que:
trução, defesa e relatório;
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
z Julgamento.
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica-
ção precisa do período de ausência intencional do O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
servidor ao serviço superior a trinta dias; excederá 60 dias, contados da data de publicação do ato
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada,
por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
por período igual ou superior a sessenta dias inter-
Feitas essas considerações gerais sobre o processo
poladamente, durante o período de doze meses;
administrativo disciplinar, vamos a algumas informa-
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
ções pormenorizadas.
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou
Sobre o inquérito, a lei impõe que obedecerá ao princí-
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
peças principais dos autos, indicará o respectivo pio do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa,
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono com a utilização dos meios e recursos admitidos em direi-
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao to. Frente ao texto acima, seguem as normas legais:
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo
Na fase do inquérito, a comissão promoverá a
à autoridade instauradora para julgamento.
tomada de depoimentos, acareações, investigações
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
As penalidades disciplinares serão aplicadas, con- recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos,
forme o art. 141: de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
z Pelo Presidente da República, Presidentes das minucioso, onde resumirá as peças principais dos
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Fede- autos e mencionará as provas em que se baseou
rais e Procurador-Geral da República, quando se para formar a sua convicção. O relatório será sem-
tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou pre conclusivo quanto à inocência ou à responsa-
disponibilidade de servidor vinculado ao respecti- bilidade do servidor.
O processo disciplinar, com o relatório da comis-
vo Poder, órgão, ou entidade;
são, será remetido à autoridade que determinou a
z Pelas autoridades administrativas de hierarquia
sua instauração, para julgamento.
imediatamente inferior àquelas mencionadas no Na fase do julgamento, no prazo de 20 dias, con-
inciso anterior, quando se tratar de suspensão tados do recebimento do processo, a autoridade jul-
superior a 30 dias; gadora proferirá a sua decisão. Se a penalidade a
z Pelo chefe da repartição e outras autoridades na for- ser aplicada exceder a alçada da autoridade instau-
ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos radora do processo, este será encaminhado à auto-
casos de advertência ou de suspensão de até 30 dias; ridade competente, que decidirá em igual prazo.
z Pela autoridade que houver feito a nomeação, quan- O julgamento fora do prazo legal não implica nuli-
do se tratar de destituição de cargo em comissão. dade do processo.
O processo disciplinar poderá ser revisto, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
LEGISLAÇÃO

Vejamos agora a sindicância e o processo admi-


aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis
nistrativo disciplinar. Ambos podem resultar em
de justificar a inocência do punido ou a inadequa-
aplicação de penalidades; no entanto, temos algumas
ção da penalidade aplicada.
diferenças importantes. A simples alegação de injustiça da penalidade não
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no constitui fundamento para a revisão, que requer
serviço público é obrigada a promover a sua apuração elementos novos, ainda não apreciados no proces-
imediata, mediante sindicância ou processo administra- so originário.
tivo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. A comissão revisora terá 60 dias para a conclusão
Da sindicância poderá resultar: dos trabalhos. 73
O servidor poderá ser responsabilizado em dife- Por fim, temos um dispositivo que traz proteção
rentes esferas de responsabilidade. A que vimos ao servidor que eventualmente queira dar ciência de
acima, com seus respectivos detalhes, é referente à práticas ilícitas à autoridade superior, ainda que o
reponsabilidade administrativa. No entanto, o servi- fato seja levado à autoridade diferente da que deveria
dor poderá ser responsabilizado nas esferas adminis- ser cientificada de acordo com a posição funcional no
trativa, penal e cível, de maneira independente. servidor:
Vejamos o comando do art. 121, que traz essas esfe-
ras de responsabilidade. Art. 126-A Nenhum servidor poderá ser responsa-
bilizado civil, penal ou administrativamente por
Art. 121 O servidor responde civil, penal e administra- dar ciência à autoridade superior ou, quando hou-
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. ver suspeita de envolvimento desta, a outra auto-
ridade competente para apuração de informação
A responsabilidade cível poderá decorrer de ação concernente à prática de crimes ou improbidade de
ou omissão e poderá ser apurada por dano causado à que tenha conhecimento, ainda que em decorrência
própria Administração Pública ou a terceiros, confor- do exercício de cargo, emprego ou função pública.
me comando do art. 122.
Finalmente, no tange ao direito de punir da Adminis-
Art. 122 A responsabilidade civil decorre de ato tração Pública, o art. 142 traz o prazo de prescrição para
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que a ação disciplinar, que é a perda do direito por parte do
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Estado de punir o servidor que cometeu a infração.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado
ao erário somente será liquidada na forma prevista Art. 142 A ação disciplinar prescreverá:
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
execução do débito pela via judicial. com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
responderá o servidor perante a Fazenda Pública, II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
em ação regressiva. III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos advertência.
sucessores e contra eles será executada, até o limite § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data
do valor da herança recebida. em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
O parágrafo segundo, acima, está em consonância aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
com o disposto no parágrafo sexto do art. 37 da Constitui- também como crime.
ção Federal, trazendo a possibilidade de ação regressiva. § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
Relembrando: caso alguém sofra um dano causado processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
por agente público, deverá acionar o Estado, que, se decisão final proferida por autoridade competente.
for o caso, acionará o servidor para arcar com os cus- § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
começará a correr a partir do dia em que cessar a
tos, por meio de ação regressiva.
interrupção.
A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade, Em relação ao parágrafo primeiro, acima, a ques-
conforme art. 123. Ou seja, a ação ou omissão deve- tão em prova poderá trocar os termos, colocando
rá ocorrer como servidor, não se confundindo com a como termo inicial o momento da ocorrência do fato.
vida particular do servidor, em regra. Portanto, atente-se a esse ponto.
No mesmo sentido vai a lei ao se referir à responsa- Em relação ao termo interrupção da prescrição
bilidade civil-administrativa, desta vez no seu artigo 124: acima, fica o alerta para os que estão acostumados ao
termo no estudo do Direito. Aqui, ele está com sentido
Art. 124 A responsabilidade civil-administrativa
diverso, não zerando o prazo em contagem mas, sim-
resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no
desempenho do cargo ou função. plesmente, parando sua contagem e retornando em
seguida, conforme parágrafos terceiro e quarto.
É importantíssimo ressaltar a independência entre
as esferas de responsabilidade e sua possibilidade de
cumulação, conforme constante do artigo 125:

Art. 125 As sanções civis, penais e administrativas


LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 2011
poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
Aqui, daremos início ao estudo da Lei nº 12.527, de
Há, no entanto, uma exceção de influência entre 2011 (Lei de Acesso à Informação) que regula o aces-
as formas de responsabilização e o caso da absolvição so às informações. O direito do acesso à informação
penal que negue o fato ou a autoria por parte do servi- possui guarida constitucional conforme estabelece
dor. Vejamos, primeiramente, o dispositivo: o inciso XXXIII do art. 5º, o inciso II do § 3º do art. 37 e
o § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Observe os
Art. 126 A responsabilidade administrativa do ser- dispositivos abaixo:
vidor será afastada no caso de absolvição criminal
que negue a existência do fato ou sua autoria. Art. 5º [...]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
Veja que o dispositivo é bastante lógico, pois, se a públicos informações de seu interesse particular,
Justiça Penal, que tem um rito bastante rigoroso, con- ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
cluir que o fato não existiu ou que outra pessoa foi a das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
responsável, como poderia o servidor ainda assim ser ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
74 responsabilizado? à segurança da sociedade e do Estado; 
Art. 37º [...] A publicidade a que estão submetidas as entidades
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do citadas refere-se à parcela dos recursos públicos
usuário na administração pública direta e indireta, recebidos e a sua destinação, sem prejuízo das pres-
regulando especialmente: (...) tações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
Inciso II. O acesso dos usuários a registros admi-
nistrativos e a informações sobre atos de governo, Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;    couber, às entidades privadas sem fins lucrativos
Art. 216 [...] que recebam, para realização de ações de interes-
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da se público, recursos públicos diretamente do orça-
lei, a gestão da documentação governamental e as mento ou mediante subvenções sociais, contrato de
providências para franquear sua consulta a quan- gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajus-
tos dela necessitem.  tes ou outros instrumentos congêneres.
Parágrafo único. A publicidade a que estão sub-
Com base, portanto, nas previsões constitucionais, metidas as entidades citadas no  caput  refere-se
foi necessária uma lei que regulamentasse o acesso à à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua
informação, protegendo os direitos fundamentais. destinação, sem prejuízo das prestações de contas
A Administração Pública Direta (União, Estados, a que estejam legalmente obrigadas.
Distrito Federal e Municípios) será responsável por
garantir o acesso à informação, estando, também, Portanto, a Lei abrangeu um rol bem extenso,
subordinada a essas regras. visando a garantia e a proteção ao acesso à informação.
A subordinação se dará aos Órgãos Públicos que inte- Como dito, o ponto basilar da Lei é a proteção dos
gram os três Poderes, quais sejam: Legislativo, Judiciário direitos fundamentais do acesso às informações,
e Executivo. Entretanto, não somente esses, estendendo- levando em consideração formas de execução em
-se o alcance à Corte de Contas e ao Ministério Público. conformidade com os princípios básicos da Adminis-
tração Pública, além de algumas diretrizes. A seguir,
em conformidade com o estabelecido no art. 3º, foram
Importante! listadas tais diretrizes:
Corte de Contas são os Tribunais de Contas bra-
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA LEI DE ACESSO À
sileiros, sendo órgãos independentes e técnicos
INFORMAÇÃO
que auxiliam o Poder Legislativo, possuindo,
como especialidade, a fiscalização, sob o aspec- Observância da publicidade como preceito geral e
I
to técnico, das contas públicas. do sigilo como exceção;

Divulgação de informações de interesse público,


II
Além da subordinação da Administração Pública independentemente de solicitações;
Direta, teremos a da Administração Pública Indireta,
Utilização de meios de comunicação, viabilizados
composta pelas Autarquias, Fundações Públicas, III
pela tecnologia da informação;
Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista,
abarcando, ainda, outras entidades controladas, Fomento ao desenvolvimento da cultura de
IV
direta ou indiretamente, pela União, Estados, Dis- transparência na Administração Pública;
trito Federal e Municípios.
Desenvolvimento do controle social da Administração
V
Pública.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a
serem observados pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, com o fim de garantir o aces- Para adentrarmos nas peculiaridades da Lei, será
so a informações previsto no inciso XXXIII do art. necessária a compreensão de alguns conceitos. Previs-
5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 tos no artigo 4º, tais conceitos são muito relevantes ao
da Constituição Federal.
nosso estudo. Vejamos:
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
Lei:
z Informação: Dados, processados ou não, que
I - os órgãos públicos integrantes da administração
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluin- podem ser utilizados para produção e transmis-
do as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
Público; suporte ou formato.
II - as autarquias, as fundações públicas, as empre- z Documento: Unidade de registro de informações,
sas públicas, as sociedades de economia mista e qualquer que seja o suporte ou formato.
demais entidades controladas direta ou indire- z Informação Sigilosa: Aquela submetida tempora-
tamente pela União, Estados, Distrito Federal e riamente à restrição de acesso público em razão
LEGISLAÇÃO

Municípios. de sua imprescindibilidade para a segurança da


sociedade e do Estado.
O art. 2º estabelece, ainda, a aplicação da Lei, no z Informação Pessoal: Aquela relacionada à pessoa
que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos natural identificada ou identificável.
que recebam, para realização de ações de interesse z Tratamento da Informação: Conjunto de ações refe-
público, recursos públicos diretamente do orçamen- rentes à produção, recepção, classificação, utilização,
to ou mediante subvenções sociais, contrato de ges- acesso, reprodução, transporte, transmissão, distri-
tão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou buição, arquivamento, armazenamento, eliminação,
outros instrumentos congêneres. avaliação, destinação ou controle da informação. 75
z Disponibilidade: Qualidade da informação que b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de
equipamentos ou sistemas autorizados. controle interno e externo, incluindo prestações de
z Autenticidade: Qualidade da informação que tenha contas relativas a exercícios anteriores.
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por § 1º O acesso à informação previsto no caput não
compreende as informações referentes a projetos
determinado indivíduo, equipamento ou sistema.
de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecno-
z Integridade: Qualidade da informação não modifi-
lógicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança
cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino. da sociedade e do Estado.
z Primariedade: Qualidade da informação coletada
na fonte, com o máximo de detalhamento possível, A despeito de um documento estar parcialmente em
sem modificações. sigilo, não é lícito proibir que a parte não tenha acesso
àquela parcela não protegida por sigilo. Vejamos:
O Estado tem o dever de garantir o acesso à infor-
mação por meio de procedimentos objetivos e ágeis, § 2º Quando não for autorizado acesso integral à infor-
de forma transparente, clara e em linguagem de mação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegura-
fácil compreensão. do o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão,
extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de aces- § 3º O direito de acesso aos documentos ou às
so à informação, que será franqueada, mediante informações neles contidas utilizados como
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transpa- fundamento da tomada de decisão e do ato
rente, clara e em linguagem de fácil compreensão. administrativo será assegurado com a edição do
ato decisório respectivo.
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA
DIVULGAÇÃO A negativa de acesso à informação de forma injus-
tificada sujeitará, o responsável, às medidas discipli-
No tocante ao acesso à informação e sua divulga- nares previstas no art. 32.
ção, os órgãos e entidades do Poder Público possuem Neste momento, podemos aproveitar para desta-
os seguintes deveres: gestão transparente da infor- car um assunto comumente cobrado em provas.
mação, proteção da informação e proteção da
informação sigilosa e pessoal.
Importante!
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder públi- A parte que buscar acesso a informações de
co, observadas as normas e procedimentos específi-
caráter coletivo poderá impetrar mandado de
cos aplicáveis, assegurar a:
I - gestão transparente da informação, propiciando
segurança contra a autoridade que lhe negar,
amplo acesso a ela e sua divulgação; injustificadamente, o acesso a informações quan-
II - proteção da informação, garantindo-se sua dis- do sejam essas de caráter público, geral e despro-
ponibilidade, autenticidade e integridade; e vidas de sigilo. Em contrapartida, quando lhe for
III - proteção da informação sigilosa e da infor- negado o acesso a informações de caráter pes-
mação pessoal, observada a sua disponibilidade, soal, a parte poderá impetrar habeas data.
autenticidade, integridade e eventual restrição de
acesso.
Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segu-
Além dos direitos já mencionados, o art. 7º da Lei rança para proteger direito líquido e certo, não
elenca um rol de direitos que devem ser observados, amparado por habeas corpus ou habeas data, quan-
conforme estabelece a Lei de Acesso à Informação: do o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
I - orientação sobre os procedimentos para a conse- no exercício de atribuições do Poder Público;
cução de acesso, bem como sobre o local onde poderá
ser encontrada ou obtida a informação almejada; LXXII - conceder-se-á habeas data:
II - informação contida em registros ou documen- a) para assegurar o conhecimento de informações
tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou relativas à pessoa do impetrante, constantes de
entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; registros ou bancos de dados de entidades governa-
III - informação produzida ou custodiada por pes- mentais ou de caráter público;
soa física ou entidade privada decorrente de qual- b) para a retificação de dados, quando não se
quer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
que esse vínculo já tenha cessado; administrativo;
IV - informação primária, íntegra, autêntica e § 4º A negativa de acesso às informações objeto de
atualizada; pedido formulado aos órgãos e entidades referidas
V - informação sobre atividades exercidas pelos no art. 1º, quando não fundamentada, sujeitará o
órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua polí- responsável a medidas disciplinares, nos termos do
tica, organização e serviços; art. 32 desta Lei.
VI - informação pertinente à administração do
patrimônio público, utilização de recursos públi- Dando prosseguimento ao estudo da Lei, o § 5º
cos, licitação, contratos administrativos; e determina o que deverá ser feito quando houver
VII - informação relativa: extravio de informação (documento). Neste caso, o
a) à implementação, acompanhamento e resultados interessado deverá requerer à autoridade competente
dos programas, projetos e ações dos órgãos e entida- a imediata abertura de sindicância para apuração do
76 des públicas, bem como metas e indicadores propostos; desaparecimento da documentação.
Feito isto, o responsável pela guarda da informa- IV - divulgar em detalhes os formatos utiliza-
ção extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, dos para estruturação da informação;
justificar o fato e indicar testemunhas que com- V - garantir a autenticidade e a integridade
provem sua alegação. das informações disponíveis para acesso;
VI - manter atualizadas as informações dispo-
§ 5º Informado do extravio da informação soli- níveis para acesso;
citada, poderá o interessado requerer à auto- VII - indicar local e instruções que permitam
ridade competente a imediata abertura de ao interessado comunicar-se, por via eletrôni-
sindicância para apurar o desaparecimento da res- ca ou telefônica, com o órgão ou entidade deten-
pectiva documentação. tora do sítio; e
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, VIII - adotar as medidas necessárias para garantir
o responsável pela guarda da informação extraviada a acessibilidade de conteúdo para pessoas com
deficiência, nos termos do art. 17 da Lei nº 10.098,
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e
de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da Conven-
indicar testemunhas que comprovem sua alegação.
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de
O art. 8º estabelece mais um dever dos órgãos e enti- julho de 2008.
dades, os quais estão obrigados a promoverem a divul-
gação em local de fácil acesso, no âmbito de suas O § 4º estabelece que municípios com população
competências, de informações de interesse coletivo de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensa-
ou geral por eles produzidas ou custodiadas. dos da divulgação obrigatória na internet, manti-
da a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real,
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas de informações relativas à execução orçamentária e
promover, independentemente de requerimentos, financeira, nos critérios e prazos previstos na Lei de
a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito Responsabilidade Fiscal.
de suas competências, de informações de interesse
coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. § 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere mil) habitantes ficam dispensados da divulgação
o caput, deverão constar, no mínimo: obrigatória na internet a que se refere o § 2º, manti-
I - registro das competências e estrutura organiza- da a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real,
cional, endereços e telefones das respectivas unida- de informações relativas à execução orçamentária
des e horários de atendimento ao público; e financeira, nos critérios e prazos previstos no art.
II - registros de quaisquer repasses ou transferên- 73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
cias de recursos financeiros; 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
III - registros das despesas;
IV - informações concernentes a procedimentos O acesso a informações públicas está disciplinado
licitatórios, inclusive os respectivos editais e resul- no art. 9º determinando que deverá ser assegurado
tados, bem como a todos os contratos celebrados; mediante criação de serviço de informações ao cida-
V - dados gerais para o acompanhamento de pro- dão e realização de audiências ou consultas públi-
gramas, ações, projetos e obras de órgãos e enti- cas, incentivo à participação popular, dentre outros.
dades; e
VI - respostas a perguntas mais frequentes da Art. 9º O acesso a informações públicas será asse-
sociedade. gurado mediante:
I  - criação de serviço de informações ao cidadão,
Os órgãos e entidades deverão utilizar todos os meios nos órgãos e entidades do poder público, em local
e instrumentos legítimos que dispuserem e, obrigatoria- com condições apropriadas para:
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
mente, devem promover a divulgação em sítios ofi-
informações;
ciais da rede mundial de computadores (internet). O §
b) informar sobre a tramitação de documentos nas
3º estabelece os requisitos para a divulgação. suas respectivas unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de
§ 2º Para cumprimento do disposto no  caput,  os acesso a informações
órgãos e entidades públicas deverão utilizar II - realização de audiências ou consultas públicas,
todos os meios e instrumentos legítimos de que incentivo à participação popular ou a outras for-
dispuserem, sendo obrigatória a divulgação mas de divulgação.
em sítios oficiais da rede mundial de computa-
dores (internet). DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma
de regulamento, atender, entre outros, aos seguin- A base do procedimento de acesso à informação
tes requisitos: consiste na garantia de qualquer interessado apresen-
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo tar pedido de acesso a informações aos órgãos e entida-
que permita o acesso à informação de forma obje- des referidos no art. 1º, por qualquer meio legítimo,
LEGISLAÇÃO

tiva, transparente, clara e em linguagem de fácil devendo o pedido conter a identificação do requeren-
compreensão; te e a especificação da informação requerida.
II - possibilitar a gravação de relatórios em
diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos Art. 10 Qualquer interessado poderá apresentar
e não proprietários, tais como planilhas e texto, de pedido de acesso a informações aos órgãos e enti-
modo a facilitar a análise das informações; dades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer
III - possibilitar o acesso automatizado por siste- meio legítimo, devendo o pedido conter a identifica-
mas externos em formatos abertos, estruturados e ção do requerente e a especificação da informação
legíveis por máquina; requerida. 77
A identificação do solicitante não poderá repri- Caso ocorra a manipulação de documento que pos-
mir as exigências que inviabilizem a solicitação sa prejudicar sua integridade, a informação contida
para o acesso a informações de interesse público (§ deverá ser oferecida à consulta de cópia, com certi-
1º). Assim sendo, os órgãos e entidades devem viabi- ficação de que esta confere com o original, conforme
lizar o encaminhamento de pedidos por meio de seus dispõe o art. 13.
sites oficiais na internet. Havendo, ainda, a impossibilidade de obtenção de
O § 3º, por fim, veda qualquer exigência quanto cópias, o interessado poderá solicitar que, as suas expen-
aos motivos determinantes da solicitação de infor- sas, sob supervisão de servidor público, e a reprodução
mações de interesse público. seja feita por outro meio que não ponha em risco a con-
O art. 11 impõe ao órgão ou entidade a obrigação servação do documento original (parágrafo único).
de autorizar ou conceder o acesso imediato à infor- E, finalmente, para fechar o tópico, o art. 14 estabelece
mação disponível. ser direito do requerente a obtenção de inteiro teor de
Não sendo possível conceder o acesso imediato, o decisão de negativa de acesso por certidão ou cópia.
órgão ou entidade que receber o pedido deverá em
RECURSOS
prazo não superior a 20 (vinte) dias. Vejamos o § 1º:

I - comunicar a data, local e modo para se realizar a


A partir do art. 15, a Lei trata dos recursos que
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; poderão ser interpostos em caso de recurso dos órgãos
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, ou entidades referidas no art. 1º.
total ou parcial, do acesso pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indi- Art. 15 No caso de indeferimento de acesso a infor-
car, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entida- mações ou às razões da negativa do acesso, poderá
o interessado interpor recurso contra a decisão no
de que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a
prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
esse órgão ou entidade, cientificando o interessado
Parágrafo único. O recurso será dirigido à auto-
da remessa de seu pedido de informação.
ridade hierarquicamente superior à que exarou a
decisão impugnada, que deverá se manifestar no
O prazo referido supracitado poderá ser prorro- prazo de 5 (cinco) dias.
gado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa
expressa, da qual será cientificado o requerente (§ 2º). Tendo em vista o disposto no artigo, a Lei estabe-
O órgão ou entidade poderá oferecer meios para lece, portanto, o prazo de 10 (dez) dias, contados da
que o próprio requerente possa pesquisar a informa- ciência, para a promoção da interposição de recurso
ção de que necessitar (§ 3º). contra o indeferimento de acesso a informações ou
às razões da negativa. O recurso deverá ser dirigido
Art. 11 [...] à autoridade hierarquicamente superior à que exa-
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tra- rou a decisão impugnada, que deverá se manifestar
tar de informação total ou parcialmente sigi- no prazo de 5 (cinco) dias.
losa, o requerente deverá ser informado sobre a Caso haja negativa de acesso à informação pelos
possibilidade de recurso, prazos e condições para órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o
sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da
autoridade competente para sua apreciação. União (CGU). Esta, por sua vez, deliberará no prazo
§ 5º A informação armazenada em formato digital de 5 (cinco) dias nos casos previstos nos incisos do
será fornecida nesse formato, caso haja anuência art. 16. Veja a tabela a seguir:
do requerente (§ 5º)
§ 6º caso a informação solicitada esteja disponí-
vel ao público em formato impresso, eletrônico DELIBERAÇÃO DA CGU (PRAZO: 5 DIAS)
ou em qualquer outro meio de acesso universal, Em caso de negativa de acesso à informação não
serão informados ao requerente, por escrito, I
classificada como sigilosa;
o lugar e a forma pela qual se poderá consul-
tar, obter ou reproduzir a referida informa- Quando a decisão de negativa de acesso à infor-
ção, procedimento esse que desonerará o órgão ou mação total ou parcialmente classificada como
entidade pública da obrigação de seu fornecimento II sigilosa não indicar a autoridade classificadora
direto, salvo se o requerente declarar não dis- ou a hierarquicamente superior a quem possa ser
por de meios para realizar por si mesmo tais dirigido pedido de acesso ou desclassificação;
procedimentos.
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de Quando não forem observados os procedimentos
informação é gratuito. III de classificação de informação sigilosa estabele-
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclu- cidos na Lei;
sivamente o valor necessário ao ressarcimento Quando estiverem sendo descumpridos prazos ou
dos custos dos serviços e dos materiais utilizados, IV
outros procedimentos previstos nesta Lei.
quando o serviço de busca e de fornecimento da
informação exigir reprodução de documentos pelo
órgão ou pela entidade pública consultada. O recurso será dirigido à Controladoria-Geral da
§ 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos União, desde que, previamente, seja submetido a exa-
no § 1º deste artigo aquele cuja situação econômi- me de admissibilidade por, pelo menos, uma autori-
ca não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento dade hierarquicamente superior àquela que exarou a
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 dias
78 nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. . de acordo com o § 1º do art. 16.
E, finalmente, uma vez negado o acesso à infor- Quando as informações ou documentos versarem
mação pela Controladoria-Geral da União, poderá ser sobre violação de direitos humanos praticadas por
interposto recurso à Comissão Mista de Reavaliação agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
de Informações (§ 2º). não poderão ser objeto de restrição de acesso.
No caso de indeferimento de pedido de desclas- Lembre-se: violação dos direitos humanos pratica-
sificação de informação, protocolado em órgão da da por agentes = não pode restringir o acesso.
Administração Pública Federal, poderá o requerente
recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo Classificação da Informação quanto ao Grau e
das competências da Comissão Mista de Reavaliação Prazos de Sigilo
de Informações conforme dispõe o art. 17.
Este recurso somente poderá ser dirigido às autori- O art. 23 prevê as hipóteses que são consideradas
dades mencionadas depois de submetido à apreciação imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Esta-
de, pelo menos, uma autoridade hierarquicamente do e, portanto, passíveis de classificação as informa-
superior à autoridade que exarou a decisão impug- ções cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
nada e, no caso das Forças Armadas, ao respectivo
Comando (§ 1º). I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais
Em caso de indeferimento, cabe recurso à Comis- ou a integridade do território nacional;
são Mista de Reavaliação de Informações (§ 2º). II - prejudicar ou pôr em risco a condução de
Seguindo, o teor do art. 18 dispõe sobre os procedi- negociações ou as relações internacionais do
mentos de revisão de decisões denegatórias. Vejamos: País, ou as que tenham sido fornecidas em cará-
ter sigiloso por outros Estados e organismos
Art. 18 Os procedimentos de revisão de decisões internacionais;
denegatórias proferidas no recurso previsto no III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde
art. 15 e de revisão de classificação de documentos da população;
sigilosos serão objeto de regulamentação pró- IV - oferecer elevado risco à estabilidade finan-
pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do ceira, econômica ou monetária do País;
Ministério Público, em seus respectivos âmbi- V - prejudicar ou causar risco a planos ou opera-
tos,  assegurado ao solicitante, em qualquer ções estratégicos das Forças Armadas;
caso, o direito de ser informado sobre o anda- VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pes-
mento de seu pedido. quisa e desenvolvimento científico ou tecnológico,
Art. 19 [...] assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério de interesse estratégico nacional;
Público informarão ao Conselho Nacional de Justiça VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
e ao Conselho Nacional do Ministério Público, res- altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
pectivamente, as decisões que, em grau de recurso, familiares; ou
negarem acesso a informações de interesse público. VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
como de investigação ou fiscalização em andamen-
to, relacionadas com a prevenção ou repressão de
Importante! infrações.
Será aplicado, subsidiariamente, no caso de não
De acordo com o art. 24, caput, a informação
existir previsão na Lei, o processo administrativo
observará o seu teor e em razão de sua imprescindibi-
no âmbito da Administração Pública Federal (Lei lidade à segurança da sociedade ou do Estado, tendo
nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999). como poder dos órgãos e entidades públicas, pode-
rá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou
reservada.
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
Art. 24 A informação em poder dos órgãos e enti-
A partir do art. 21 a Lei estabelece uma série as
dades públicas, observado o seu teor e em razão de
regras para a restrição do acesso à informação. sua imprescindibilidade à segurança da sociedade
ou do Estado, poderá ser classificada como ultras-
Art. 21 Não poderá ser negado acesso à informa- secreta, secreta ou reservada.
ção necessária à tutela judicial ou administrati- § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à
va de direitos fundamentais. informação, conforme a classificação prevista no
Parágrafo único. As informações ou documentos caput, vigoram a partir da data de sua produção e
que versem sobre condutas que impliquem viola- são os seguintes:
ção dos direitos humanos praticada por agentes I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
públicos ou a mando de autoridades públicas não II - secreta: 15 (quinze) anos; e
poderão ser objeto de restrição de acesso. III - reservada: 5 (cinco) anos.

O artigo supracitado veda expressamente a negati- É de suma importância que você tenha em mente
LEGISLAÇÃO

va de acesso a informações que inviabilizem a busca todos os prazos, pois as bancas adoram cobrar esse
pela satisfação de violação a direitos fundamentais e ponto:
a direitos humanos.
De acordo com o art. 22, a previsão prevista no arti- CATEGORIA PRAZO
go anterior não exclui as demais hipóteses legais de
sigilo e de segredo de justiça, nem as hipóteses de Ultrassecreta 25 anos
segredo industrial que decorrem da exploração dire- Secreta 15 anos
ta de atividade econômica pelo Estado ou por qual-
Reservada 05 anos
quer que tenha vínculo com o poder público. 79
Além disso, se for transcorrido o prazo de classifi- Com base no art. 26, as autoridades públicas deve-
cação ou consumado o evento que defina o seu termo rão adotar as providências necessárias para que
final, a informação tornar-se-á, automaticamente, de seus subordinados hierarquicamente conheçam
acesso público. as normas e observem as medidas e procedimen-
tos de segurança correspondentes às informações
Art. 24 [...] sigilosas.
§ 2º As informações que puderem colocar em
risco a segurança do Presidente e Vice-Presiden- Art. 26 As autoridades públicas adotarão as pro-
te da República e respectivos cônjuges e filhos(as) vidências necessárias para que o pessoal a elas
serão classificadas como reservadas e ficarão sob subordinado hierarquicamente conheça as normas
sigilo até o término do mandato em exercício ou do e observe as medidas e procedimentos de seguran-
último mandato, em caso de reeleição. ça para tratamento de informações sigilosas.
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no Parágrafo único. A pessoa física ou entidade pri-
§ 1º, poderá ser estabelecida como termo final de vada que, em razão de qualquer vínculo com o
restrição de acesso a ocorrência de determinado poder público, executar atividades de tratamento
evento, desde que este ocorra antes do transcurso de informações sigilosas adotará as providências
do prazo máximo de classificação. necessárias para que seus empregados, prepostos
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou representantes observem as medidas e procedi-
ou consumado o evento que defina o seu mentos de segurança das informações resultantes
termo final, a informação tornar-se-á, da aplicação desta Lei.
automaticamente, de acesso público.
§ 5º Para a classificação da informação em Procedimentos de Classificação, Reclassificação e
determinado grau de sigilo, deverá ser observado Desclassificação
o interesse público da informação e utilizado o
critério menos restritivo possível, considerados:
Para adentrarmos nesse assunto, torna-se necessá-
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da
sociedade e do Estado; e ria a apresentação do art. 27:
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o
evento que defina seu termo final. Art. 27 A classificação do sigilo de informações
no âmbito da administração pública federal é de
competência:
A fim de classificar o sigilo da informação, deverá
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes
ser observado o interesse público da informação e utili-
autoridades:
zado o critério menos restritivo possível, considerados a) Presidente da República;
a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade b) Vice-Presidente da República;
e do Estado (I) e o prazo máximo de restrição de acesso c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
ou o evento que defina seu termo final (II). mas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas náutica; e
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
A lei estabelece, ainda, algumas regras quanto à permanentes no exterior;
proteção e controle de informações sob sigilo. Neste II - no grau de secreto, das autoridades referidas no
sentido, o art. 25 impõe ao Estado o dever de contro- inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou
lar o acesso e a divulgação de informações sigilosas empresas públicas e sociedades de economia mista;
produzidas por seus órgãos e entidades, assegurando e
a sua proteção. III - no grau de reservado, das autoridades refe-
ridas nos incisos I e II e das que exerçam funções
de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5,
Art. 25 É dever do Estado controlar o acesso e a
ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
divulgação de informações sigilosas produzidas por Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo
seus órgãos e entidades, assegurando a sua proteção. com regulamentação específica de cada órgão ou
entidade, observado o disposto nesta Lei.
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de infor-
mação classificada como sigilosa ficarão restritos Com relação ao Grau ultrassecreto e secreto, pode-
a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la
rá ser delegada pela autoridade responsável para
e que sejam devidamente credenciadas na forma
um agente público, vedada a subdelegação. Ou seja,
do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos
agentes públicos autorizados por lei.
uma vez delegada a competência, não poderá ser dele-
§ 2º O acesso à informação classificada como sigi- gada novamente.
losa cria a obrigação para aquele que a obteve de Exemplo: O Presidente da República realiza a dele-
resguardar o sigilo. gação de seu poder para um agente público, tornando
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e esse agente público responsável, não podendo, por-
medidas a serem adotados para o tratamento de tanto, transferir tal poder para outro agente público,
informação sigilosa, de modo a protegê-la contra pois é vedada a subdelegação.
perda, alteração indevida, acesso, transmissão e Ademais, é importante que você saiba que, quan-
divulgação não autorizados. do se tratar de Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica e Chefes de Missões Diplomáticas
Observe que o § 1º reserva o acesso às informações e Consulares permanentes no exterior, responsáveis
sigilosas aqueles que necessitem do acesso a elas, pela classificação de informação no grau ultrasse-
bem como aos agentes públicos devidamente cre- creto, esta deverá ser ratificada pelos respectivos
denciados, devendo, essas pessoas, resguardar sigilo Ministros de Estado em prazo devidamente regula-
80 acerca dessas informações. mentado (§ 2º).
Art. 27 [...] [...]
§ 3°A autoridade ou outro agente público que clas- § 2° Os órgãos e entidades manterão extrato com a
sificar informação como ultrassecreta deverá enca- lista de informações classificadas, acompanhadas
minhar a decisão de que trata o art. 28 à Comissão da data, do grau de sigilo e dos fundamentos da
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refe- classificação.
re o art. 35, no prazo previsto em regulamento.
Das Informações Pessoais
Conforme dispõe o art. 28, para ocorrer a classifi-
De acordo com o art. 31, o tratamento das informa-
cação de informações, seja qual o for o grau de sigi-
ções pessoais deve ser feito de forma transparente e
lo, deverá ser formalizada em decisão, contendo os com respeito à intimidade, à vida privada, à honra
seguintes elementos: e à imagem das pessoas, bem como às liberdades e
garantias individuais, direitos estes resguardados pela
z Assunto sobre o qual versa a informação; Constituição Federal de 1988, conforme dispõe o art. 5°:
z Fundamento da Classificação;
z Indicação do prazo de sigilo, contado em anos, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
meses ou dias ou do evento que defina o seu termo de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
final; ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
z Identificação da autoridade que a classificou. bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
Dica X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
Vale ressaltar que a decisão será abarcada a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
pelo mesmo nível que a informação tiver sido
decorrente de sua violação;
entabulada. Exemplo: se a decisão considerou
a informação secreta, a decisão também será As informações pessoais relativas à intimidade,
secreta e não ultrassecreta. vida privada, honra e imagem observarão o seguinte:

Art. 29 A classificação das informações será rea- Art. 31 [...]


valiada pela autoridade classificadora ou por I - terão seu acesso restrito, independentemente
autoridade hierarquicamente superior, mediante de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
provocação ou de ofício, com vistas à sua desclassi- 100 (cem) anos a contar da sua data de produção,
ficação ou à redução do prazo de sigilo.  a agentes públicos legalmente autorizados e à pes-
§ 1º O regulamento a que se refere o  caput  deverá soa a que elas se referirem; e
considerar as peculiaridades das informações produ- II - poderão ter autorizada sua divulgação ou
zidas no exterior por autoridades ou agentes públicos. acesso por terceiros diante de previsão legal
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deve- ou consentimento expresso da pessoa a que elas
rão ser examinadas a permanência dos motivos se referirem.
do sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de
acesso ou da divulgação da informação. que trata este artigo será responsabilizado por seu
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da uso indevido.
informação, o novo prazo de restrição manterá
O consentimento para a autorização e divulgação
como termo inicial a data da sua produção.
de informações pessoais não será exigido quando as
informações forem necessárias para os casos previstos
A reavaliação, realizada pela autoridade classifi- nos incisos do § 3º. Vejamos quais são essas hipóteses:
cadora ou superior hierárquico, consiste no exame da
classificação das informações quanto à sua desclassifi- DISPENSA DE COSENTIMENTO PARA DIVULGAÇÃO
cação ou redução do prazo de sigilo estabelecido. Para DE INFORMAÇÕES PESSOAIS
que ocorra a reavaliação, é necessário o exame de duas
Prevenção e diagnóstico médico para quando a pessoa
peculiaridades: permanência dos motivos do sigilo (con-
I estiver, física ou legalmente, incapaz e para utilização,
tinuidade dos motivos e fatos que, inicialmente, levaram
única e exclusivamente, para o tratamento médico;
à classificação) e possibilidade de danos decorrentes do
acesso ou da divulgação da informação. Realização de estatísticas e pesquisas científicas
Todavia, caso se entender necessária a redução do de evidente interesse público ou geral, previstos
II
prazo de sigilo da informação, o novo prazo de restrição em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a
manterá, como termo inicial, a data da sua produção (§ 3º). que as informações se referirem;
III Cumprimento de ordem judicial;
Art. 30 A autoridade máxima de cada órgão ou
entidade publicará, anualmente, em sítio à disposi- IV Defesa de direitos humanos;
ção na internet e destinado à veiculação de dados
e informações administrativas, nos termos de V Proteção do interesse público e geral preponderante.
LEGISLAÇÃO

regulamento:
I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
cadas nos últimos 12 (doze) meses; Contudo, com base no § 4º, do art. 31, a restrição
II - rol de documentos classificados em cada grau de acesso à informação relativa à vida privada, honra
de sigilo, com identificação para referência futura; e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o
III - relatório estatístico contendo a quantidade de intuito de prejudicar processo de apuração de irre-
pedidos de informação recebidos, atendidos e inde- gularidades em que o titular das informações estiver
feridos, bem como informações genéricas sobre os envolvido, bem como em ações voltadas para a recu-
solicitantes. peração de fatos históricos de maior relevância. 81
RESPONSABILIDADES As sanções de advertência, rescisão do vínculo
com o poder público e a suspensão temporária de
As responsabilidades são um ponto importante da participar da licitação e impedimento de contratar
nossa matéria. A seguir, analisaremos quais condutas com a administração pública poderão ser cumuladas
são consideras ilícitas. com a imposição de multa (§ 1º).
O art. 32 estabelece, em seus incisos, as condutas ilí- Nos casos de cumulação das sanções descritas com
citas no âmbito da Lei de Acesso à Informação. Vejamos: a imposição de multa, será assegurado o direito de
defesa do interessado pelo prazo de 10 dias (§ 1º).
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos A  reabilitação será autorizada somente quando o
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti-
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo
forma incorreta, incompleta ou imprecisa; da sanção aplicada (2 anos) com base no inciso IV (§ 2º).
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des- A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total com a administração pública é de competência exclusi-
ou parcialmente, informação que se encontre sob va da autoridade máxima do órgão ou entidade pública,
sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimen- facultada a defesa do interessado, no respectivo processo,
to em razão do exercício das atribuições de cargo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista (§ 3º).
emprego ou função pública;
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita- Art. 33 [...]
ções de acesso à informação; § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso
II, assegurado o direito de defesa do interessado, no
ou permitir acesso indevido à informação sigilosa
respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
ou informação pessoal;
§ 2º A reabilitação referida no inciso V será
V - impor sigilo à informação para obter proveito
autorizada somente quando o interessado efetivar
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de
o ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos
ato ilegal cometido por si ou por outrem;
resultantes e após decorrido o prazo da sanção
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
aplicada com base no inciso IV.
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é
a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
de competência exclusiva da autoridade máxima
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do
mentos concernentes a possíveis violações de direi-
interessado, no respectivo processo, no prazo de 10
tos humanos por parte de agentes do Estado. (dez) dias da abertura de vista.

Pelas condutas descritas anteriormente,  poderá Por fim, estabelece o art. 34:
o militar ou agente público responder, também, por
improbidade administrativa, englobando apenas a Art. 34 Os órgãos e entidades públicas respondem
esfera administrativa (§ 2º). diretamente pelos danos causados em decorrên-
Ademais, é necessária a visualização do art. 32, cia da divulgação não autorizada ou utilização
parágrafo 1º: indevida de informações sigilosas ou informações
pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade
Art. 32 [...] funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla respectivo direito de regresso.
defesa e do devido processo legal, as condutas Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se
descritas no caput serão consideradas: à pessoa física ou entidade privada que, em virtu-
I - para fins dos regulamentos disciplinares das de de vínculo de qualquer natureza com órgãos ou
Forças Armadas, transgressões militares médias entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou
ou graves, segundo os critérios neles estabelecidos, pessoal e a submeta a tratamento indevido.
desde que não tipificadas em lei como crime ou con-
O artigo supramencionado impõe a responsabilida-
travenção penal; ou
de aos órgãos e entidades públicas (responsabilidade
II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de
objetiva) quando a divulgação de informações sigilosas,
dezembro de 1990,  e suas alterações, infrações
de forma indevida ou não autorizada, causa danos.
administrativas, que deverão ser apenadas, no
Nesse caso, por tratar-se de responsabilidade obje-
mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
tiva do Poder Público, esse responde diretamente
estabelecidos.
pelas ocorrências supracitadas, cabendo a apuração
de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou
Uma vez esclarecido o entendimento quanto às culpa, assegurando-lhe o direito de regresso.
condutas ilícitas, podemos avançar as sanções que a Tal previsão é estendida à pessoa física ou entida-
Lei 12.527, de 2011, estabelece no art. 33, são elas: de privada que, em virtude de vínculo com órgãos ou
entidades públicas, tenha acesso à informação sigi-
I - advertência; losa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o poder público; DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
IV - suspensão temporária de participar em licita-
ção e impedimento de contratar com a administra- Conforme o decorrer dos tópicos, vimos um pou-
ção pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; co sobre a Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
e mações. Vale destacar que ela foi instituída, visando
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con- decidir, no âmbito da Administração Pública Federal,
tratar com a administração pública, até que seja sobre o tratamento e a classificação de informações
promovida a reabilitação perante a própria autori- sigilosas, tendo, como competência e atribuição, as
82 dade que aplicou a penalidade. seguintes condutas, possuindo como base o art. 35:
z Requisitar da autoridade que classificar informa- E, por fim, temos os artigos 40 e 41, dispondo sobre:
ção como ultrassecreta e secreta esclarecimento
ou conteúdo parcial ou integral da informação; Art. 40 No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
z Rever a classificação de informações ultrassecre- vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão
tas ou secretas, de ofício ou mediante provocação ou entidade da administração pública federal direta
de pessoa interessada. Com isso, a revisão deverá e indireta designará autoridade que lhe seja direta-
ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a mente subordinada para, no âmbito do respectivo
reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de órgão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
documentos ultrassecretos ou secretos;
I - assegurar o cumprimento das normas relativas
Portanto, a não deliberação sobre a revisão pela ao acesso a informação, de forma eficiente e adequa-
Comissão Mista de Reavaliação de Informações, gera- da aos objetivos desta Lei;
rá a desclassificação automática das informações; II - monitorar a implementação do disposto nesta
Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
z Prorrogar o prazo de sigilo de informação clas- cumprimento;
sificada como ultrassecreta sempre por prazo III - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
determinado, enquanto o seu acesso ou divulga- mentação e ao aperfeiçoamento das normas e pro-
ção puder ocasionar ameaça externa à soberania cedimentos necessários ao correto cumprimento do
nacional ou à integridade do território nacional disposto nesta Lei; e
ou grave risco às relações internacionais do país, IV - orientar as respectivas unidades no que se refe-
sendo esse prazo limitado à uma única renovação. re ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus
regulamentos.
Art. 36 O tratamento de informação sigilosa resul-
tante de tratados, acordos ou atos internacionais Art. 41 O Poder Executivo Federal designará órgão
atenderá às normas e recomendações constantes da administração pública federal responsável:
desses instrumentos. I - pela promoção de campanha de abrangência
nacional de fomento à cultura da transparência na
Avançando no conteúdo, devemos analisar o dis- administração pública e conscientização do direito
posto no art. 37: fundamental de acesso à informação;
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se
Art. 37 É instituído, no âmbito do Gabinete de Segu-
refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas
rança Institucional da Presidência da República, o
à transparência na administração pública;
Núcleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbi-
tem por objetivos: 
I - promover e propor a regulamentação do cre- to da administração pública federal, concentrando e
denciamento de segurança de pessoas físicas, consolidando a publicação de informações estatísti-
empresas, órgãos e entidades para tratamento de cas relacionadas no art. 30;
informações sigilosas; e IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
II - garantir a segurança de informações sigilosas, relatório anual com informações atinentes à imple-
inclusive aquelas provenientes de países ou orga- mentação desta Lei.
nizações internacionais com os quais a República
Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo,
contrato ou qualquer outro ato internacional, sem
prejuízo das atribuições do Ministério das Relações
Exteriores e dos demais órgãos competentes. LEI FEDERAL Nº 13.709, DE 2018
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a
composição, organização e funcionamento do NSC. CAPÍTULO II — DO TRATAMENTO DE DADOS
PESSOAIS
Já com relação ao artigo 38, a informação de pes-
soa, física ou jurídica, constante de registro ou banco
Com a modernização e o fácil acesso às informa-
de dados de entidades governamentais ou de caráter
público, deverá ser analisada e aplicada a Lei que ções que a constante evolução do mundo vem trazen-
regula o direito de acesso a informações e disciplina do, as principais empresas do mundo têm nos dados
o rito processual do habeas data (Lei nº 9.507/1997). pessoais o seu principal negócio. Por isso, os dados
De acordo com a previsão do artigo 39, os órgãos pessoais são conhecidos como o “novo petróleo” dian-
e entidades públicas deverão proceder à reavaliação te de sua importância. Dessa forma, é necessário que
das informações classificadas como ultrassecretas e o tratamento de dados seja feito com as devidas regu-
secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado lamentações e proteção à privacidade.
do termo inicial de vigência desta Lei.

Art. 39 [...] Seção I — Dos Requisitos para o Tratamento de


§ 2º No âmbito da administração pública federal, a Dados Pessoais
reavaliação  poderá ser revista, a qualquer tempo,
LEGISLAÇÃO

pela Comissão Mista de Reavaliação de Informa- Os requisitos apresentados no art. 7º, da LGPD, são
ções, observados os termos desta Lei. indispensáveis para a compreensão a respeito do tra-
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavalia- tamento de dados pessoais.
ção previsto no caput, será mantida a classificação
Podemos observar as dez hipóteses, também
da informação nos termos da legislação precedente.
§ 4º As informações classificadas como secretas e conhecidas como bases legais, que legitimam o trata-
ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto mento dos dados pessoais. É importante ressaltar que
no caput serão consideradas, automaticamente, de se trata de um rol taxativo, não existindo nenhuma
acesso público. outra hipótese possível além das descritas no art. 7º. 83
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente VI - para o exercício regular de direitos em pro-
poderá ser realizado nas seguintes hipóteses: cesso judicial, administrativo ou arbitral, esse
I - mediante o fornecimento de consentimento último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setem-
pelo titular; bro de 1996 (Lei de Arbitragem);

A primeira e mais conhecida das hipóteses é o con- Na sexta base legal da LGPD, é apresentada a pos-
sentimento, que consiste na manifestação livre, infor-
sibilidade para o tratamento de dados pessoais em
mada e inequívoca do titular para que seja realizado
razão dos direitos exercidos em contratos ou proces-
o tratamento dos seus dados pessoais.
A hipótese de consentimento não é aplicável a sos, sejam eles judiciais, administrativos ou arbitrais.
todos os casos; as demais bases legais permitem o Deste modo, os dados pessoais poderão ser armaze-
tratamento de dados pessoais independentemente do nados, desde que para essa única e exclusiva finalida-
consentimento do titular. de, enquanto persistir a necessidade de discussão da
O consentimento não é obrigatório em todos os demanda.
casos: a LGPD busca um equilíbrio entre os interesses
do titular e as necessidades dos controladores ao exer- VII - para a proteção da vida ou da incolumida-
cerem suas atividades1. É importante ressaltar, ainda, de física do titular ou de terceiro;
que não há hierarquia entre tais bases legais.
Essa base legal visa à proteção da vida e da inte-
II - para o cumprimento de obrigação legal ou
gridade do titular de dados que possa estar exposto a
regulatória pelo controlador;
questões graves que coloquem em risco a sua vida. Por
A segunda base legal da LGPD encontra-se no cum- isso, trata-se de um critério restritivo utilizado quan-
primento de obrigação legal ou regulatória pelo con- do constatada a situação de fato, como, por exemplo,
trolador, que ocorre quando há determinação legal, no caso de usar os dados do celular de alguém que
disposta em lei federal, estadual ou municipal ou em tenha sido sequestrado a fim de localizar o titular e
demais normas, decretos, resoluções, regulamentan- salvar sua vida.
do que o controlador poderá realizar o tratamento de
dados pessoais com fundamento nessa base legal. VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente,
em procedimento realizado por profissionais
III - pela administração pública, para o trata- de saúde, serviços de saúde ou autoridade
mento e uso compartilhado de dados necessá- sanitária;
rios à execução de políticas públicas previstas
em leis e regulamentos ou respaldadas em contra-
Nessa base legal, fica determinado que profissio-
tos, convênios ou instrumentos congêneres, obser-
vadas as disposições do Capítulo IV desta Lei; nais da saúde, além de outras entidades e estabele-
cimentos, inclusive estaduais e municipais, poderão
Na terceira base legal da LGPD, a administração fazer uso da base legal para o tratamento de dados,
pública poderá fazer o uso compartilhado de dados, desde que com o objetivo específico de tutela da saú-
desde que isso ocorra com o objetivo de executar de, sendo vedado o desvio dessa finalidade.
políticas públicas, como exemplo, podemos citar os
programas Bolsa Família e Auxílio Emergencial, que IX - quando necessário para atender aos interes-
fizeram uso da presente base legal. ses legítimos do controlador ou de terceiro,
exceto no caso de prevalecerem direitos e liber-
IV - para a realização de estudos por órgão de dades fundamentais do titular que exijam a
pesquisa, garantida, sempre que possível, a
proteção dos dados pessoais; ou
anonimização dos dados pessoais;

O inciso IX dispõe que o tratamento de dados


Essa hipótese dispõe sobre o tratamento de dados
para estudos feitos por órgãos de pesquisa. Esses poderá ser realizado quando for preciso para atender
órgãos, sejam entidades públicas ou privadas, pode- a interesses legítimos do controlador ou de terceiros.
rão realizar, com o uso de dados pessoais, pesquisas O inciso ainda traz a exceção de que isso não poderá
de caráter histórico, tecnológico ou estatístico. ser feito quando prevalecerem direitos e liberdades
É importante ressaltar que, sempre que possível, fundamentais dos titulares que exijam a proteção dos
tais órgãos deverão priorizar a anonimização dos dados pessoais.
dados pessoais.
X - para a proteção do crédito, inclusive quanto
V - quando necessário para a execução de contra- ao disposto na legislação pertinente.
to ou de procedimentos preliminares relacio-
nados a contrato do qual seja parte o titular, a
Nesta hipótese, será possível verificar os dados
pedido do titular dos dados;
acerca da adimplência e inadimplência do titular para
A quinta base legal ocorrerá em casos nos quais os analisar uma possível concessão ou não de crédito.
dados pessoais precisem ser tratados para a execução Para uma melhor fixação do conteúdo, veja a
de obrigações contratualmente pactuadas, havendo seguir o fluxograma com as Bases Legais da Lei Geral
pedido do titular para que isso ocorra. de Proteção de Dados Pessoais (LGPD):
84 1 GONZÁLEZ, Mariana. LGPD Comentada. Guia LGPD. Disponível em: <https://guialgpd.com.br/lgpd-comentada/>. Acesso em: 3 jan. 2021.
Consentimento Cumprimento da obrigação legal

Estudo por órgãos de pesquisa Execução de políticas públicas

Execução de Contrato/Diligências
Proteção da vida Bases Legais da LGPD Pré-contratuais

Exercício regular de Direitos Proteção ao crédito

Interesses legítimos do
Tutela da saúde
controlador/terceiros

§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público deve considerar a finalidade, a boa-fé e o inte-
resse público que justificaram sua disponibilização

Mesmo que os dados se encontrem disponíveis de forma pública, eles somente poderão ser tratados se segui-
rem os princípios da finalidade, da boa-fé e do interesse público.
O princípio da finalidade afirma que deverá ser respeitada a finalidade pela qual os dados foram tornados
públicos, em eventual uso consecutivo por terceiros.
Já princípio da boa-fé afirma que não deverá haver utilização desvirtuando as legítimas expectativas dos seus
titulares dos dados.
O princípio do interesse público legitima que deverá ser identificado o interesse público que baseou disponi-
bilização dos dados. É evidente que o amplo acesso aos dados não retira a proteção que a eles deve ser concedida.

§ 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto no caput deste artigo para os dados tornados manifesta-
mente públicos pelo titular, resguardados os direitos do titular e os princípios previstos nesta Lei.

Quando o titular dos dados pessoais tornar públicos seus próprios dados, não será necessário obter o seu
consentimento para o tratamento de dados; porém, mesmo diante dessa situação, não será totalmente livre a sua
utilização, a qual somente poderá ocorrer desde que sejam resguardados os direitos do titular.

§ 5º O controlador que obteve o consentimento referido no inciso I do caput deste artigo que necessitar comu-
nicar ou compartilhar dados pessoais com outros controladores deverá obter consentimento específico
do titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses de dispensa do consentimento previstas nesta Lei.

Quando a base legal para tratamento dos dados pessoais for o consentimento e o controlador desejar comuni-
car ou compartilhar os dados com outro controlador, ele deverá ter o consentimento específico para isso. Deste
modo, caso o controlador queira utilizar os dados que já possui para tipo diverso de tratamento, é necessário
pedir o consentimento novamente.2

§ 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não desobriga os agentes de tratamento das demais obri-
gações previstas nesta Lei, especialmente da observância dos princípios gerais e da garantia dos direitos do titular.

Quando for realizado o tratamento dos dados pessoais, deverão ser respeitados os princípios e direitos dos
titulares dos dados, previstos na LGPD, independentemente da base legal que venha a ser escolhida para o trata-
mento dos dados.

§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se referem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para
novas finalidades, desde que observados os propósitos legítimos e específicos para o novo tratamento e a preserva-
ção dos direitos do titular, assim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei.

Para flexibilizar o uso de dados pessoais cujo acessos são públicos ou que foram tornados públicos pelo
titular, inclusive para novas finalidades, devem ser respeitadas os demais pontos relevantes da LGPD, incluindo
os fundamentos e os princípios.

Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei deverá ser fornecido por escrito ou por outro
LEGISLAÇÃO

meio que demonstre a manifestação de vontade do titular.

Esse artigo trata da forma com que o controlador deve solicitar o consentimento do titular. Esse consentimento
deve ser realizado por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular.
O fato consolidado que temos diante do consentimento é que ele jamais será considerado válido se for feito de
forma genérica, não atendendo à boa-fé e à transparência, podendo ser obtido por qualquer meio que evidencie
a manifestação do titular.
2 GONZÁLEZ, Mariana. LGPD Comentada. Guia LGPD. Disponível em: <https://guialgpd.com.br/lgpd-comentada/>. Acesso em: 3 jan. 2021. 85
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escri- Art. 9º O titular tem direito ao acesso facili-
to, esse deverá constar de cláusula destacada tado às informações sobre o tratamento de
das demais cláusulas contratuais. seus dados, que deverão ser disponibilizadas de
forma clara, adequada e ostensiva acerca de,
Quando o consentimento for obtido por escrito, a lei
entre outras características previstas em regula-
determina que a cláusula seja inserida de forma desta-
mentação para o atendimento do princípio do livre
cada, para que seja facilmente identificada pelo titular.
acesso:
Isso se dá pois usualmente o usuário não lê as cláusulas
I - finalidade específica do tratamento;
dos termos de uso; deste modo, é necessário que o titular
II - forma e duração do tratamento, observados os
tenha total clareza sobre o que está consentindo, devendo
segredos comercial e industrial;
a cláusula de consentimento ficar separada das demais.
III - identificação do controlador;
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de IV - informações de contato do controlador;
que o consentimento foi obtido em conformi- V - informações acerca do uso compartilhado de
dade com o disposto nesta Lei. dados pelo controlador e a finalidade;
VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o
Cabe ao controlador, utilizar os mecanismos devi- tratamento; e
dos para a coleta de consentimento que permitam a VII - direitos do titular, com menção explícita aos
geração de evidências acerca da sua obtenção, vez direitos contidos no art. 18 desta Lei.
que tais evidências devem ficar armazenadas durante § 1º Na hipótese em que o consentimento é requeri-
todo o período em que os dados estiverem armazena- do, esse será considerado nulo caso as informações
dos, independentemente da finalidade. fornecidas ao titular tenham conteúdo engano-
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais so ou abusivo ou não tenham sido apresentadas
mediante vício de consentimento. previamente com transparência, de forma clara e
inequívoca.
Caso não houver nenhuma outra base legal que § 2º Na hipótese em que o consentimento é reque-
legitime o tratamento dos dados pessoais e o consen- rido, se houver mudanças da finalidade para o tra-
timento tiver algum vício o tratamento dos dados não tamento de dados pessoais não compatíveis com
poderá prosseguir. o consentimento original, o controlador deverá
informar previamente o titular sobre as mudanças
§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades
de finalidade, podendo o titular revogar o consenti-
determinadas, e as autorizações genéricas para
mento, caso discorde das alterações.
o tratamento de dados pessoais serão nulas.
§ 3º Quando o tratamento de dados pessoais for
O consentimento somente será permitido conforme condição para o fornecimento de produto ou de
os propósitos legítimos, específicos, explícitos e informa- serviço ou para o exercício de direito, o titular será
dos ao titular, sendo vedadas autorizações universais informado com destaque sobre esse fato e sobre os
para o tratamento dos dados, bem como tratamento meios pelos quais poderá exercer os direitos do titu-
posterior que seja incompatível com essas finalidades. lar elencados no art. 18 desta Lei.

§ 5º O consentimento pode ser revogado a qual- O titular dos dados deve ter acesso às informações
quer momento mediante manifestação expressa
atualizadas, claras e adequadas sobre o tratamento
do titular, por procedimento gratuito e facilitado,
ratificados os tratamentos realizados sob amparo do dos seus dados pessoais, de modo a atender o princí-
consentimento anteriormente manifestado enquanto pio do livre acesso.
não houver requerimento de eliminação, nos termos A LGPD apresenta um rol exemplificativo das
do inciso VI do caput do art. 18 desta Lei. informações que devem ser prestadas pelos agentes
de tratamentos de dados aos titulares. Acompanhe o
O consentimento poderá ser revogado a qualquer
fluxograma a seguir:
momento e com muita facilidade, devendo ser gratui-
to e ser exercido a qualquer momento. Porém, a revo-
gação do consentimento não significará a automática Finalidade específica do tratamento
eliminação dos dados pessoais, pois a mesma somen-
te será feita, quando também for realizado pedido
Forma e duração do tratamento
expresso do titular.

§ 6º Em caso de alteração de informação referida Identificação do controlador


nos incisos I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o con-
trolador deverá informar ao titular, com destaque Informações que Devem
Informações acerca do
de forma específica do teor das alterações, podendo ser Prestadas Pelos
compartilhamento de dados pelo
o titular, nos casos em que o seu consentimento é Agentes de Tratamento
controlador e a finalidade
exigido, revogá-lo caso discorde da alteração. de Dados aos Titulares
Informações de contato do
Não será necessário obter novo consentimento do controlador
titular de dados, basta informá-lo das alterações realiza-
Responsabilidade dos agentes de
das, nas situações em que houver alguma modificação
tratamento
no que se trata da finalidade do tratamento dos dados,
da forma e duração do tratamento e da identificação Direitos do titular com menção
do controlador ou, ainda, sobre informações acerca do expressa aos dispostos no art. 18,
86 uso compartilhado de dados pelo controlador. da LGPD
Caso o consentimento tenha algum vício ou tenha § 2º O controlador deverá adotar medidas para
sido obtido sem que tenha havido prévia e extensa garantir a transparência do tratamento de
informação ao titular acerca dos propósitos da LGPD, dados baseado em seu legítimo interesse.
será considerado nulo.
Ademais, quando houver modificação da finalida- O tratamento de dados com base no legítimo inte-
de pela qual os dados foram obtidos que não seja com- resse deverá ser executado com transparência ante
patível com o consentimento já manifestado, o titular o titular, diante da confiança do titular de que seus
deve ser informado acerca disso, não sendo necessá- dados sejam tratados para a finalidade específica.
rio renovar o seu consentimento. É importante lem-
brar que o titular poderá revogar o consentimento nas § 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao con-
situações em que não concordar com a nova situação. trolador relatório de impacto à proteção de dados
pessoais, quando o tratamento tiver como funda-
Quando o tratamento de dados pessoais for condi-
mento seu interesse legítimo, observados os segre-
ção para o fornecimento de produto ou de serviço ou
dos comercial e industrial.
para o exercício de direito, o titular deve receber de
forma clara e destacada todas as informações para tal.
O referido documento trata-se dos processos de
tratamento de dados que podem gerar riscos aos titu-
Art. 10 O legítimo interesse do controlador somen-
lares, identificando o que pode ser feito para miti-
te poderá fundamentar tratamento de dados pes-
gação desses riscos, vez que a autoridade poderá
soais para finalidades legítimas, consideradas a
partir de situações concretas, que incluem, mas não
solicitar ao contador. A doutrina e a boa governança
se limitam a: em proteção de dados indicam que esse documento
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e deve sempre estar pronto, o que tornará o tratamento
II - proteção, em relação ao titular, do exercício de dados mais seguro.
regular de seus direitos ou prestação de serviços
que o beneficiem, respeitadas as legítimas expecta- Seção II — Do Tratamento de Dados Pessoais
tivas dele e os direitos e liberdades fundamentais, Sensíveis
nos termos desta Lei.
Dados pessoais sensíveis são aqueles que têm rela-
O legítimo interesse encontra limites que estão pre- ção com origem racial ou étnica, convicção religiosa,
vistos na própria LGPD, que determina que ela somente opinião política, filiação a sindicato ou a organizações
poderá servir de fundamento para o tratamento de dados religiosas, filosóficas ou políticas, relação com fatores
pessoais quando baseado em finalidades legítimas. referentes à saúde e vida sexual, dados genéticos ou,
As finalidades legítimas refletem que somente os ainda, dados biométricos. Essas características justifi-
propósitos legítimos e também específicos, explícitos cam a proteção extra que foi inserida pelo legislador,
e informados ao titular justificarão o fundamento do uma vez que o seu vazamento ou mau uso pode cau-
interesse legítimo. sar prejuízos irreparáveis ao titular dos dados.
Já na existência de situação concreta, o titular de O tratamento de dados pessoais sensíveis é mais
dados deverá ter a efetiva expectativa de que seus restritivo, possuindo menos bases legais.
dados serão tratados, em razão da existência de rela-
ção prévia entre ele e o controlador. Art. 11 O tratamento de dados pessoais sensíveis
A LGPD apresenta um rol exemplificativo de situa- somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
I - quando o titular ou seu responsável legal con-
ções que podem configurar o legítimo interesse do
sentir, de forma específica e destacada, para finali-
controlador no tratamento de dados:
dades específicas;
II - sem fornecimento de consentimento do titular,
Situações que Podem
nas hipóteses em que for indispensável para:
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória
Configurar o Legítimo
pelo controlador;
Interesse do Controlador de
b) tratamento compartilhado de dados necessários
Dados
à execução, pela administração pública, de políti-
cas públicas previstas em leis ou regulamentos;
c) realização de estudos por órgão de pesquisa,
garantida, sempre que possível, a anonimização
Apoio e promoção de Proteção em relação ao titular dos dados pessoais sensíveis;
atividades do controlador do exercício regular de seus d) exercício regular de direitos, inclusive em con-
direitos ou prestação de trato e em processo judicial, administrativo e arbi-
serviços que o beneficiem,
respeitadas as legítimas tral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de
expectativas deles e os direitos setembro de 1996 (Lei de Arbitragem);
e liberdades fundamentais e) proteção da vida ou da incolumidade física do
titular ou de terceiro;
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimen-
LEGISLAÇÃO

§ 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo


to realizado por profissionais de saúde, serviços de
interesse do controlador, somente os dados pes-
saúde ou autoridade sanitária; ou
soais estritamente necessários para a finalidade
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do
pretendida poderão ser tratados. titular, nos processos de identificação e autentica-
ção de cadastro em sistemas eletrônicos, resguar-
Conforme o legítimo interesse do controlador, somen- dados os direitos mencionados no art. 9º desta Lei
te os dados que forem compatíveis e estritamente neces- e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberda-
sários para o cumprimento das finalidades poderão ser des fundamentais do titular que exijam a proteção
objeto de tratamento. dos dados pessoais. 87
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer As operadoras de planos de saúde não poderão
tratamento de dados pessoais que revele dados pes- tratar dados para a prática de seleção de riscos na
soais sensíveis e que possa causar dano ao titular, contratação, assim como na contratação e exclusão de
ressalvado o disposto em legislação específica. beneficiários. Isso foi feito para evitar o cruzamento
de informações para práticas que possam ser enten-
As disposições desse artigo se aplicam amplamen- didas como injustas, algo que já é consolidado nesse
te, inclusive nas situações em que o tratamento de tipo de mercado.
dados pessoais puder revelar dados sensíveis, salvo se
houver disposição em contrário em lei específica. Art. 12 Os dados anonimizados não serão con-
siderados dados pessoais para os fins desta Lei,
§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas salvo quando o processo de anonimização ao qual
“a” e “b” do inciso II do caput deste artigo pelos foram submetidos for revertido, utilizando exclusi-
órgãos e pelas entidades públicas, será dada publi- vamente meios próprios, ou quando, com esforços
cidade à referida dispensa de consentimento, nos razoáveis, puder ser revertido.
termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei.
A anonimização dos dados pessoais é o proces-
so pelo qual se retira dos dados pessoais qualquer
As entidades públicas que realizarem o tratamen- elemento que possa conectá-lo ao seu titular. Assim
to de dados sensíveis para cumprimento de obrigação sendo, o dado anonimizado é aquele que não pode
legal ou regulatória, bem como para a execução de ser identificado, considerando a utilização de meios
política pública, deverão dar ampla publicidade à dis- técnicos razoáveis e disponíveis em seu tratamento.
pensa de consentimento. Portanto, quando estivermos diante de dados não
identificáveis de uma pessoa natural, eles não serão
§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de tidos como dados pessoais.
dados pessoais sensíveis entre controladores
com objetivo de obter vantagem econômica § 1º A determinação do que seja razoável deve levar
poderá ser objeto de vedação ou de regulamen- em consideração fatores objetivos, tais como cus-
tação por parte da autoridade nacional, ouvidos to e tempo necessários para reverter o processo de
os órgãos setoriais do Poder Público, no âmbito de anonimização, de acordo com as tecnologias dispo-
suas competências. níveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.

A comunicação ou o uso compartilhado de dados Para a determinação do esforço razoável, serão


pessoais sensíveis entre controladores com o objetivo levados em consideração o custo e o tempo neces-
de obter vantagem econômica poderá sofrer vedações. sários para reversão do processo, considerando a
tecnologia e o uso exclusivo de meios próprios para
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compar- reverter o processo de anonimização.
tilhado entre controladores de dados pessoais
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como
sensíveis referentes à saúde com objetivo de
dados pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utili-
obter vantagem econômica, exceto nas hipóte-
zados para formação do perfil comportamental de
ses relativas a prestação de serviços de saúde,
determinada pessoa natural, se identificada.
de assistência farmacêutica e de assistência
à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, Existe também a hipótese em que os dados colhi-
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e tera-
dos foram utilizados para a formação de um perfil
pia, em benefício dos interesses dos titulares de
comportamental de determinada pessoa; assim, caso
dados, e para permitir:
essa pessoa seja identificada, os dados poderão ser
I - a portabilidade de dados quando solicitada
pelo titular; ou
considerados como dados pessoais.
II - as transações financeiras e administrati- § 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre
vas resultantes do uso e da prestação dos serviços padrões e técnicas utilizados em processos de ano-
de que trata este parágrafo. nimização e realizar verificações acerca de sua
segurança, ouvido o Conselho Nacional de Prote-
Via de regra, os dados de saúde não poderão ser ção de Dados Pessoais.
compartilhados entre controladores em casos nos
quais o objetivo seja de vantagem econômica. Entre- A Autoridade Nacional de Proteção de Dados tam-
tanto, há algumas exceções que permitem o uso des- bém terá a função de dispor sobre padrões e técnicas
ses dados para fins econômicos, desde que isso ocorra acerca da anonimização, determinando o que deverá
com o objetivo de prestação de serviços de saúde, de ser entendido como esforço razoável.
assistência farmacêutica e de saúde e que isso se dê
Art. 13 Na realização de estudos em saúde públi-
em benefício dos titulares.
ca, os órgãos de pesquisa poderão ter acesso a
Também são trazidas outras duas situações em
bases de dados pessoais, que serão tratados
que os dados de saúde poderão ser comunicados ou exclusivamente dentro do órgão e estritamen-
compartilhados: casos de portabilidade de dados e em te para a finalidade de realização de estudos e
transações financeiras e administrativas resultantes pesquisas e mantidos em ambiente controlado
do uso e da prestação dos serviços. e seguro, conforme práticas de segurança previstas
em regulamento específico e que incluam, sempre
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de que possível, a anonimização ou pseudonimização
assistência à saúde o tratamento de dados de saúde dos dados, bem como considerem os devidos padrões
para a prática de seleção de riscos na contratação éticos relacionados a estudos e pesquisas.
de qualquer modalidade, assim como na contrata- § 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer
88 ção e exclusão de beneficiários. excerto do estudo ou da pesquisa de que trata o
caput deste artigo em nenhuma hipótese poderá maneira simples, clara e acessível, consideradas as
revelar dados pessoais. características físico-motoras, perceptivas, senso-
§ 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela riais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de
segurança da informação prevista no caput deste recursos audiovisuais quando adequado, de forma
artigo, não permitida, em circunstância alguma, a a proporcionar a informação necessária aos pais
transferência dos dados a terceiro. ou ao responsável legal e adequada ao entendimen-
§ 3º O acesso aos dados de que trata este artigo to da criança.
será objeto de regulamentação por parte da autori-
dade nacional e das autoridades da área de saúde e
A LGPD autoriza o tratamento de dados pessoais de
sanitárias, no âmbito de suas competências.
§ 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimiza- crianças e adolescentes desde que isso seja realizado
ção é o tratamento por meio do qual um dado em seu melhor interesse, sendo necessário o consen-
perde a possibilidade de associação, direta ou timento inequívoco de um dos pais ou responsáveis,
indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de infor- vez que a proteção integral é um dos fundamentos do
mação adicional mantida separadamente pelo con- Estatuto da Criança e do Adolescente.
trolador em ambiente controlado e seguro. Embora o consentimento seja regra, há duas exce-
ções, previstas no § 2º, do art. 14, em que o consenti-
O art. 13 dispõe sobre o tratamento de dados pes- mento não é exigido:
soais por órgãos de pesquisa no que tange a questões
de saúde pública. Nesses casos, os órgãos de pesquisa z Quando houver a necessidade de entrar em conta-
poderão ter acesso ao banco de dados pessoais, desde
to com os pais ou com o responsável pela criança
que a sua finalidade seja estudo e pesquisa. Os dados
ou adolescente;
serão tratados exclusivamente dentro do órgão e
z Quando os dados forem necessários para proteger
mantidos em ambiente controlado e seguro.
o titular menor de idade.
O artigo trata ainda da pseudominação de forma
expressa, recomendando o seu uso nos estudos em
saúde pública que tratam de dados sensíveis. Nesse Ademais, há um grande cuidado em garantir que
mesmo artigo, a lei conceitua que a pseudominação os dados pessoais de crianças e adolescentes não
é o meio pelo qual um dado perde a possibilidade de sejam coletados além do estritamente necessário. Nos
associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão dias atuais, é comum que aplicativos e jogos possuam
pelo uso de informação adicional mantida separa- “termos de uso” para que sejam utilizados. Nesse caso,
damente pelo controlador em ambiente controlado e o compartilhamento de dados não-essenciais não
seguro, sendo relevante a leitura dos parágrafos do pode ser requisito para que o titular possa utilizá-los.
referido artigo para melhor fixação dos seus estudos.
Seção IV — Do Término do Tratamento de Dados
Seção III — Do Tratamento de Dados Pessoais de
Crianças e de Adolescentes Art. 15 O término do tratamento de dados pes-
soais ocorrerá nas seguintes hipóteses:
Art. 14 O tratamento de dados pessoais de I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de
crianças e de adolescentes deverá ser realiza- que os dados deixaram de ser necessários ou perti-
do em seu melhor interesse, nos termos deste nentes ao alcance da finalidade específica almejada;
artigo e da legislação pertinente. II - fim do período de tratamento;
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças III - comunicação do titular, inclusive no exercício
deverá ser realizado com o consentimento espe- de seu direito de revogação do consentimento con-
cífico e em destaque dado por pelo menos um forme disposto no § 5º do art. 8º desta Lei, resguar-
dos pais ou pelo responsável legal. dado o interesse público; ou
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste IV - determinação da autoridade nacional, quando
artigo, os controladores deverão manter pública a houver violação ao disposto nesta Lei.
informação sobre os tipos de dados coletados, a for-
ma de sua utilização e os procedimentos para o exer- A LGPD elenca as hipóteses de término do trata-
cício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei. mento de dados pessoais. Para melhor fixação deste
§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de
conteúdo, observe o fluxograma a seguir:
crianças sem o consentimento a que se refere o
§ 1º deste artigo quando a coleta for necessária
A finalidade foi alcançada ou de
para contatar os pais ou o responsável legal,
que os dados deixaram de ser
utilizados uma única vez e sem armazenamen-
necessários ou pertinentes ao
to, ou para sua proteção, e em nenhum caso alcance da finalidade específica
poderão ser repassados a terceiro sem o con- almejada
sentimento de que trata o § 1º deste artigo.
§ 4º Os controladores não deverão condicionar a Com o fim do tratamento de dados
participação dos titulares de que trata o § 1º deste
LEGISLAÇÃO

artigo em jogos, aplicações de internet ou outras ati- Hipóteses do Término do O titular comunicou, exercendo
vidades ao fornecimento de informações pessoais Tratamento de Dados o seu direito de revogação do
além das estritamente necessárias à atividade. consentimento conforme disposto
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços no § 5º do art. 8º desta Lei,
razoáveis para verificar que o consentimento a que resguardado o interesse público
se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável
Por determinação da autoridade
pela criança, consideradas as tecnologias disponíveis.
nacional, quando houver violação
§ 6º As informações sobre o tratamento de dados
ao disposto na LGPD
referidas neste artigo deverão ser fornecidas de 89
Art. 16 Os dados pessoais serão eliminados após O referido dispositivo de lei não faz menção ao
o término de seu tratamento, no âmbito e nos limi- compartilhamento de dados, tampouco alude a dados
tes técnicos das atividades, autorizada a conserva- sensíveis (dados que informem raça, etnia, dados gené-
ção para as seguintes finalidades: ticos ou biométricos etc.). O art. 23, da LGPD, aborda o
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória tratamento dos dados pessoais dos cidadãos pelo Poder
pelo controlador; Público, considerando que isso pode ser realizado
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre quando existir finalidade de interesse público.
que possível, a anonimização dos dados pessoais;
Para a maior compreensão do artigo acima, acom-
III - transferência a terceiro, desde que respeitados os
panhe a seguir o mencionado parágrafo único, do art.
requisitos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou
1º, da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011:
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu aces-
so por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
Art. 1º (Lei nº 12.527/2011) [...]
O cuidado com a proteção dos dados pessoais deve Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
seguir desde a coleta até o seu encerramento, por isso, Lei:
a eliminação dos dados deve ser realizada com muita cau- I - os órgãos públicos integrantes da administração
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as
tela, tanto com dados físicos quanto com os digitais, sendo
Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
permitida a conservação nas hipóteses elencadas no flu-
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas
xograma a seguir, trazido para auxiliar nos seus estudos: públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela
Cumprimento de obrigação legal
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
ou regulatória pelo controlador

Estudo por órgão de pesquisa, Voltando ao estudo da LGPD:


garantida, sempre que possível, a
Hipóteses que anonimização dos dados pessoais § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as
são autorizadas a formas de publicidade das operações de tratamento.
Transferência a terceiro, desde § 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pes-
conservação dos dados
que respeitados os requisitos de soas jurídicas mencionadas no caput deste artigo
após o término do
tratamento de dados dispostos de instituir as autoridades de que trata a Lei nº
tratamento
na LGPD 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso
O uso exclusivo do controlador,
à Informação).
vedado seu acesso por terceiro,
§ 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos
e desde que anonimizados os
direitos do titular perante o Poder Público observa-
rão o disposto em legislação específica, em especial
dados
as disposições constantes da Lei nº 9.507, de 12 de
novembro de 1997 (Lei do Habeas Data), da Lei nº
CAPÍTULO IV — DO TRATAMENTO DE DADOS 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (Lei Geral do Pro-
PESSOAIS PELO PODER PÚBLICO cesso Administrativo), e da Lei nº 12.527, de 18 de
novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação).
A atividade administrativa realizada pelo Estado § 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em
está atrelada à gestão de uma série de dados sensí- caráter privado, por delegação do Poder Público,
veis. Desta forma, tanto a coleta e o tratamento de terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas
dados pessoais quanto a execução de políticas públi- jurídicas referidas no caput deste artigo, nos ter-
cas decorrentes das relações entre Estado e cidadãos mos desta Lei.
§ 5º Os órgãos notariais e de registro devem for-
foram temas abordados pela LGPD. Neste sentido, o
necer acesso aos dados por meio eletrônico para a
Capítulo IV regulamenta o tratamento de dados pes-
administração pública, tendo em vista as finalida-
soais pelo Poder Público, determinando as hipóteses des de que trata o caput deste artigo.
legais em que o Estado pode tratar dos dados pessoais.
Para proceder ao tratamento de dados, as pessoas
Seção I — Das Regras jurídicas de direito público devem, no exercício de
suas competências, informar de modo claro e atuali-
Art. 23 O tratamento de dados pessoais pelas
zado qual a base de dados que autoriza o tratamento,
pessoas jurídicas de direito público referidas no
bem como os procedimentos e as práticas utilizadas
parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18
para isso, vez que também a autoridade nacional
de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informa-
ção), deverá ser realizado para o atendimento de
(ANPD) poderá dispor sobre as formas de publicidade
sua finalidade pública, na persecução do interesse das operações de tratamento de dados.
público, com o objetivo de executar as competên- É importante ressaltar que as pessoas jurídicas
cias legais ou cumprir as atribuições legais do ser- de direito público deverão indicar um encarregado
viço público, desde que: quando realizarem o tratamento de dados, um DPO,
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exer- que fará a ponte com o controlador, os titulares de
cício de suas competências, realizam o tratamento dados e a ANPD, sendo fundamental a leitura do art.
de dados pessoais, fornecendo informações claras e 23 para compreensão desse conteúdo.
atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
procedimentos e as práticas utilizadas para a exe- Art. 24 As empresas públicas e as sociedades de
cução dessas atividades, em veículos de fácil aces- economia mista que atuam em regime de concor-
so, preferencialmente em seus sítios eletrônicos; rência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constitui-
III - seja indicado um encarregado quando realiza- ção Federal, terão o mesmo tratamento dispensado
rem operações de tratamento de dados pessoais, às pessoas jurídicas de direito privado particulares,
90 nos termos do art. 39 desta Lei; nos termos desta Lei.
Parágrafo único. As empresas públicas e as socie- Art. 26 O uso compartilhado de dados pessoais
dades de economia mista, quando estiverem ope- pelo Poder Público deve atender a finalidades espe-
racionalizando políticas públicas e no âmbito da cíficas de execução de políticas públicas e atribui-
execução delas, terão o mesmo tratamento dispen- ção legal pelos órgãos e pelas entidades públicas,
sado aos órgãos e às entidades do Poder Público, respeitados os princípios de proteção de dados pes-
nos termos deste Capítulo. soais elencados no art. 6º desta Lei.
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a entida-
Acompanhe a seguir o art. 173, da CF, de 1988, des privadas dados pessoais constantes de bases de
dados a que tenha acesso, exceto:
mencionado no art. 24, da LGPD:
I - em casos de execução descentralizada de ativida-
de pública que exija a transferência, exclusivamente
Art. 173 (CF/1988) Ressalvados os casos previs- para esse fim específico e determinado, observado
tos nesta Constituição, a exploração direta de ati- o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
vidade econômica pelo Estado só será permitida 2011 (Lei de Acesso à Informação);
quando necessária aos imperativos da segurança III - nos casos em que os dados forem acessíveis
nacional ou a relevante interesse coletivo, confor- publicamente, observadas as disposições desta Lei.
me definidos em lei. IV - quando houver previsão legal ou a transferên-
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empre- cia for respaldada em contratos, convênios ou ins-
sa pública, da sociedade de economia mista e de trumentos congêneres; ou
suas subsidiárias que explorem atividade econômi- V - na hipótese de a transferência dos dados obje-
ca de produção ou comercialização de bens ou de tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
prestação de serviços, dispondo sobre: irregularidades, ou proteger e resguardar a segu-
I - sua função social e formas de fiscalização pelo rança e a integridade do titular dos dados, desde
Estado e pela sociedade; que vedado o tratamento para outras finalidades.
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empre- § 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º deste
sas privadas, inclusive quanto aos direitos e obri- artigo deverão ser comunicados à autoridade nacional.
gações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, Diante da possibilidade de compartilhamento de
compras e alienações, observados os princípios da dados pessoais entre as bases de dados sob controle
administração pública; do Poder Público entre entes públicos, a LGPD afirma
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos que todas as operações devem seguir os principais
de administração e fiscal, com a participação de requisitos já estudados anteriormente, sendo eles:
acionistas minoritários; a existência de finalidade, a existência de base legal
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a para os entes envolvidos e a validação do comparti-
responsabilidade dos administradores. lhamento. Isso posto, é fundamental a leitura do art.
9§ 2º As empresas públicas e as sociedades de eco- 26 para a complementação dos seus estudos.
nomia mista não poderão gozar de privilégios fis-
cais não extensivos às do setor privado. Art. 27 A comunicação ou o uso compartilhado de
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa dados pessoais de pessoa jurídica de direito público
pública com o Estado e a sociedade. a pessoa de direito privado será informado à auto-
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que ridade nacional e dependerá de consentimento do
vise à dominação dos mercados, à eliminação da titular, exceto:
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. I - nas hipóteses de dispensa de consentimento pre-
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade indivi- vistas nesta Lei;
dual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá II - nos casos de uso compartilhado de dados, em
a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições que será dada publicidade nos termos do inciso I do
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados caput do art. 23 desta Lei; ou
contra a ordem econômica e financeira e contra a III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta
economia popular. Lei.
Parágrafo único. A informação à autoridade nacio-
Retomando o estudo dos artigos da LGPD, acompa- nal de que trata o caput deste artigo será objeto de
nhe o art. 25: regulamentação.
Art. 28 (Revogado)
Art. 29 A autoridade nacional poderá solicitar, a
Art. 25 Os dados deverão ser mantidos em formato
qualquer momento, aos órgãos e às entidades do
interoperável e estruturado para o uso comparti-
poder público a realização de operações de trata-
lhado, com vistas à execução de políticas públicas,
mento de dados pessoais, informações específicas
à prestação de serviços públicos, à descentraliza-
sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros
ção da atividade pública e à disseminação e ao
detalhes do tratamento realizado e poderá emi-
acesso das informações pelo público em geral. tir parecer técnico complementar para garantir o
cumprimento desta Lei.
Conforme a LGPD determina, os dados devem Art. 30 A autoridade nacional poderá estabelecer
LEGISLAÇÃO

ser armazenados de forma interoperável, ou seja, normas complementares para as atividades de comu-
em formato aberto, que permita o seu consumo por nicação e de uso compartilhado de dados pessoais.
outros órgãos ou entes públicos, inclusive mediante
a integração de sistemas, devendo ser observadas as Para ocorrer a transferência de dados de um ente
premissas técnicas viabilizando as finalidades especí- público para um particular, basta estabelecer que nas
ficas, previstas no rol taxativo: a execução de políticas hipóteses de uso compartilhado de dados entre o ente
públicas, a prestação de serviços públicos, a descen- público e o privado na transferência, a LGPD exige,
tralização da atividade pública, a disseminação e o como regra, a obtenção do consentimento do titular
acesso das informações pelo público em geral. dos dados pessoais. 91
O consentimento para compartilhamento de dados de forma transparente, clara e em linguagem de fácil
pessoais deve ser específico para essa finalidade, não compreensão, observados os princípios da adminis-
bastando ao controlador tê-lo colhido para outras tração pública e as diretrizes previstas na Lei nº
modalidades de tratamento. 12.527, de 2011.
A comunicação, ou o uso compartilhado de dados
pessoais de pessoa jurídica de direito público a pes- O acesso às informações é direito de pessoas natu-
soa de direito privado, será informada à autoridade rais e jurídicas!
nacional e dependerá de consentimento do titular. As
exceções estão previstas no art. 27, sendo também os Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
arts. 29 e 30 autoexplicativos acerca das atuações da I - informação - dados, processados ou não, que
ANPD nesses aspectos. podem ser utilizados para produção e transmis-
são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
suporte ou formato;
Seção II — Da Responsabilidade
II - dados processados - dados submetidos a qual-
quer operação ou tratamento por meio de proces-
Art. 31 Quando houver infração a esta Lei em samento eletrônico ou por meio automatizado com
decorrência do tratamento de dados pessoais por o emprego de tecnologia da informação;
órgãos públicos, a autoridade nacional poderá III - documento - unidade de registro de informa-
enviar informe com medidas cabíveis para fazer ções, qualquer que seja o suporte ou formato;
cessar a violação. IV - informação sigilosa - informação submetida
temporariamente à restrição de acesso público em
Destaca-se que a ANPD possui poder normativo, razão de sua imprescindibilidade para a seguran-
o que implica que o órgão pode emitir regulamentos ça da sociedade e do Estado, e aquelas abrangidas
complementares — informes, contendo as medidas pelas demais hipóteses legais de sigilo;
cabíveis, para fazer cessar a violação. V - informação pessoal - informação relacionada à
pessoa natural identificada ou identificável, relati-
Art. 32 A autoridade nacional poderá solicitar a va à intimidade, vida privada, honra e imagem;
agentes do Poder Público a publicação de relatórios VI - tratamento da informação - conjunto de ações
de impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a referentes à produção, recepção, classificação, uti-
adoção de padrões e de boas práticas para os trata- lização, acesso, reprodução, transporte, transmis-
mentos de dados pessoais pelo Poder Público. são, distribuição, arquivamento, armazenamento,
eliminação, avaliação, destinação ou controle da
Diante da constatação da ocorrência de infração informação;
VII - disponibilidade - qualidade da informação que
por órgão ou ente do Poder Público, a ANPD pode
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equi-
enviar um documento chamado relatório de impac-
pamentos ou sistemas autorizados;
to, com medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
VIII - autenticidade - qualidade da informação que
Porém, é importante destacar que não há previsão em tenha sido produzida, expedida, recebida ou modi-
qualquer dispositivo da LGPD sobre possibilidade de ficada por determinado indivíduo, equipamento ou
a ANPD enviar semelhante relatório para as pessoas sistema;
jurídicas de direito privado. IX - integridade - qualidade da informação não
modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e
destino;
X - primariedade - qualidade da informação coleta-
da na fonte, com o máximo de detalhamento possí-
DECRETO FEDERAL Nº 7.724, DE 2012 vel, sem modificações;
XI - informação atualizada - informação que reúne
Vamos ver as partes do Decreto nº 7.724/12 que os dados mais recentes sobre o tema, de acordo com
complementam as informações da Lei de Acesso à sua natureza, com os prazos previstos em normas
Informação (LAI)! específicas ou conforme a periodicidade estabeleci-
da nos sistemas informatizados que a organizam; e
CAPÍTULO I XII - documento preparatório - documento formal
Disposições Gerais utilizado como fundamento da tomada de decisão
ou de ato administrativo, a exemplo de pareceres e
Art. 1º Este Decreto regulamenta, no âmbito do notas técnicas.
Poder Executivo federal, os procedimentos para a
garantia do acesso à informação e para a classifica- Observe esses dois conceitos novos do Decreto em
ção de informações sob restrição de acesso, obser- relação à Lei de Acesso à Informação:
vados grau e prazo de sigilo, conforme o disposto
na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que Informação atualizada e Documento Preparatório.
dispõe sobre o acesso a informações previsto no
inciso XXXIII do caput do art. 5º, no inciso II do § Art. 4º A busca e o fornecimento da informação são
3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição. gratuitos, ressalvada a cobrança do valor referente
ao custo dos serviços e dos materiais utilizados, tais
O Decreto regulamenta SOMENTE no Executivo como reprodução de documentos, mídias digitais e
Federal! postagem.
Parágrafo único. Está isento de ressarcir os custos
Art. 2º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo dos serviços e dos materiais utilizados aquele cuja
federal assegurarão, às pessoas naturais e jurídicas, situação econômica não lhe permita fazê-lo sem pre-
o direito de acesso à informação, que será propor- juízo do sustento próprio ou da família, declarada
92 cionado mediante procedimentos objetivos e ágeis, nos termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.
Quem não tiver condições financeiras de pagar o Vamos relembrar os artigos 7 e 8 da LAI?
custo, não precisa!
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei
CAPÍTULO II compreende, entre outros, os direitos de obter:
Da Abrangência I - orientação sobre os procedimentos para a con-
secução de acesso, bem como sobre o local onde
Art. 5º Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os poderá ser encontrada ou obtida a informação
órgãos da administração direta, as autarquias, as almejada;
fundações públicas, as empresas públicas, as socie- II - informação contida em registros ou documen-
dades de economia mista e as demais entidades tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou
controladas direta ou indiretamente pela União. entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
III - informação produzida ou custodiada por pes-
O Decreto abrange: soa física ou entidade privada decorrente de qual-
quer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo
z Órgãos da administração direta (Ex.: Ministérios);
que esse vínculo já tenha cessado;
z Autarquias (Ex.: ANTAQ, ANCINE); IV - informação primária, íntegra, autêntica e
z Fundações públicas (Ex.: FUB); atualizada;
z Empresas Públicas (Ex.: Correios); V - informação sobre atividades exercidas pelos
z Sociedades de Economia Mista (Ex.: Banco do Bra- órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua polí-
sil, Petrobras); tica, organização e serviços;
z Entidades controladas direta ou indiretamente VI - informação pertinente à administração do
pela União. patrimônio público, utilização de recursos públi-
cos, licitação, contratos administrativos; e
§ 1º A divulgação de informações de empresas VII - informação relativa:
públicas, sociedade de economia mista e demais a) à implementação, acompanhamento e resulta-
entidades controladas pela União que atuem em dos dos programas, projetos e ações dos órgãos e
regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. entidades públicas, bem como metas e indicadores
173 da Constituição, estará submetida às normas propostos;
pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, a b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações
fim de assegurar sua competitividade, governança e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de
corporativa e, quando houver, os interesses de acio- controle interno e externo, incluindo prestações de
nistas minoritários. contas relativas a exercícios anteriores.
§ 2º Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas
informações relativas à atividade empresarial de promover, independentemente de requerimentos,
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado obti- a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito
das pelo Banco Central do Brasil, pelas agências de suas competências, de informações de inte-
reguladoras ou por outros órgãos ou entidades resse coletivo ou geral por eles produzidas ou
no exercício de atividade de controle, regulação e custodiadas.
supervisão da atividade econômica cuja divulgação § 1º Na divulgação das informações a que se refere
possa representar vantagem competitiva a outros o caput, deverão constar, no mínimo:
agentes econômicos. I - registro das competências e estrutura organiza-
cional, endereços e telefones das respectivas unida-
Isso significa que o Banco do Brasil não pode divul- des e horários de atendimento ao público;
gar as informações dos seus clientes, por exemplo. II - registros de quaisquer repasses ou transferên-
cias de recursos financeiros;
Art. 6º O acesso à informação disciplinado neste III - registros das despesas;
Decreto NÃO se aplica: IV - informações concernentes a procedimentos
I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, licitatórios, inclusive os respectivos editais e resul-
como fiscal, bancário, de operações e serviços no tados, bem como a todos os contratos celebrados;
mercado de capitais, comercial, profissional, indus- V - dados gerais para o acompanhamento de pro-
trial e segredo de justiça; e gramas, ações, projetos e obras de órgãos e enti-
II - às informações referentes a projetos de pesquisa dades; e
e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo VI - respostas a perguntas mais frequentes da
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade sociedade
e do Estado, na forma do § 1º do art. 7º da Lei nº § 1º Os órgãos e entidades deverão implementar em
12.527, de 2011. seus sítios na Internet seção específica para a divul-
gação das informações de que trata o caput.
Faz todo sentido, já pensou a Coca-Cola ter que § 2º Serão disponibilizados nos sítios na Internet
divulgar a sua fórmula por causa da Lei de Acesso à dos órgãos e entidades, conforme padrão estabele-
Informação? Ou todo mundo poder saber quanto você cido pela Secretaria de Comunicação Social da Pre-
tem no banco? sidência da República:
I - banner na página inicial, que dará acesso à seção
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO III específica de que trata o § 1º; e


Da Transparência Ativa II - barra de identidade do Governo federal, conten-
do ferramenta de redirecionamento de página para
Art. 7º É dever dos órgãos e entidades promover, o Portal Brasil e para o sítio principal sobre a Lei nº
independente de requerimento, a divulgação em 12.527, de 2011.
seus sítios na Internet de informações de interesse § 3º Deverão ser divulgadas, na seção específica de
coletivo ou geral por eles produzidas ou custodia- que trata o § 1º, informações sobre:
das, observado o disposto nos arts. 7º e 8º da Lei nº I - estrutura organizacional, competências, legisla-
12.527, de 2011. ção aplicável, principais cargos e seus ocupantes, 93
endereço e telefones das unidades, horários de II - programas, projetos, ações, obras e atividades,
atendimento ao público; com indicação da unidade responsável, principais
II - programas, projetos, ações, obras e atividades, metas e resultados e, quando existentes, indicadores
com indicação da unidade responsável, principais de resultado e impacto;
metas e resultados e, quando existentes, indicado- III - repasses ou transferências de recursos financeiros;
res de resultado e impacto; IV - execução orçamentária e financeira detalhada;
III - repasses ou transferências de recursos V - licitações realizadas e em andamento, com edi-
financeiros; tais, anexos e resultados, além dos contratos firma-
IV - execução orçamentária e financeira detalhada; dos e notas de empenho emitidas;
V - licitações realizadas e em andamento, com edi- VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupan-
tais, anexos e resultados, além dos contratos firma- te de cargo, posto, graduação, função e emprego
dos e notas de empenho emitidas; público, incluídos os auxílios, as ajudas de custo,
VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupan- os jetons e outras vantagens pecuniárias, além dos
te de cargo, posto, graduação, função e emprego proventos de aposentadoria e das pensões daqueles
público, incluídos os auxílios, as ajudas de custo, servidores e empregados públicos que estiverem na
os jetons e outras vantagens pecuniárias, além dos ativa, de maneira individualizada, conforme esta-
proventos de aposentadoria e das pensões daqueles belecido em ato do Ministro de Estado da Econo-
servidores e empregados públicos que estiverem na mia; (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019)
ativa, de maneira individualizada, conforme esta- VII - respostas a perguntas mais frequentes da socie-
belecido em ato do Ministro de Estado da Econo- dade; (Redação dada pelo Decreto nº 8.408, de 2015)
mia; (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019) VIII - contato da autoridade de monitoramento,
VII - respostas a perguntas mais frequentes da designada nos termos do art. 40 da Lei nº 12.527, de
sociedade; (Redação dada pelo Decreto nº 8.408, de 2011, e telefone e correio eletrônico do Serviço de
2015) Informações ao Cidadão - SIC; e (Redação dada pelo
VIII - contato da autoridade de monitoramento, Decreto nº 8.408, de 2015)
designada nos termos do art. 40 da Lei nº 12.527, IX - programas financiados pelo Fundo de Ampa-
de 2011, e telefone e correio eletrônico do Serviço ro ao Trabalhador – FAT. (Incluído pelo Decreto nº
de Informações ao Cidadão - SIC; e (Redação dada 8.408, de 2015)
pelo Decreto nº 8.408, de 2015) § 8º Ato conjunto dos Ministros de Estado da Con-
troladoria-Geral da União e da Economia disporá
Aqui se refere ao contato da autoridade máxima sobre a divulgação dos programas de que trata o
de um órgão ou entidade! inciso IX do § 3º, que será feita, observado o dispos-
to no Capítulo VII: (Redação dada pelo Decreto nº
IX - programas financiados pelo Fundo de Ampa- 9.690, de 2019)
ro ao Trabalhador – FAT. (Incluído pelo Decreto nº
8.408, de 2015) Os Ministros de Estado da CGU e da Economia esta-
§ 4º As informações poderão ser disponibilizadas belecerão como ocorrerá a divulgação de publicação
por meio de ferramenta de redirecionamento de de extrato da informação, com descrição resumida do
página na Internet, quando estiverem disponíveis assunto, origem e período do conjunto de documentos
em outros sítios governamentais. a serem considerados de acesso irrestrito, com ante-
§ 5º No caso das empresas públicas, sociedades de cedência de no mínimo trinta dias. Após a decisão de
economia mista e demais entidades controladas reconhecimento de divulgação, os documentos serão
pela União que atuem em regime de concorrência, considerados de acesso irrestrito ao público.
sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição,
aplica-se o disposto no § 1º do art. 5º. I - de maneira individualizada; (Incluído pelo Decre-
to nº 8.408, de 2015)
As empresas públicas, sociedades de economia II - por meio de informações consolidadas disponi-
mista e demais entidades controladas pela União que bilizadas no sítio eletrônico do Ministério da Econo-
atuem em regime de concorrência estarão submeti- mia; e (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019)
das às normas pertinentes da Comissão de Valores III - por meio de disponibilização de variáveis das
Mobiliários, a fim de assegurar sua competitividade, bases de dados para execução de cruzamentos, para
governança corporativa e, quando houver, os interes- fins de estudos e pesquisas, observado o disposto no
ses de acionistas minoritários. art. 13. (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de 2015)
Art. 8º Os sítios eletrônicos dos órgãos e das entida-
§ 6º O Banco Central do Brasil divulgará periodi- des, em cumprimento às normas estabelecidas pelo
camente informações relativas às operações de Ministério da Economia, atenderão aos seguintes
crédito praticadas pelas instituições financeiras, requisitos, entre outros. (Redação dada pelo Decre-
inclusive as taxas de juros mínima, máxima e to nº 9.690, de 2019)
I - conter formulário para pedido de acesso à
média e as respectivas tarifas bancárias.
informação;
§ 7º A divulgação das informações previstas no § 3º
II - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo
não exclui outras hipóteses de publicação e divul-
que permita o acesso à informação de forma obje-
gação de informações previstas na legislação.
tiva, transparente, clara e em linguagem de fácil
compreensão;
Isso significa que a divulgação dessas informações III - possibilitar gravação de relatórios em diversos
não é exaustiva, podem ser acrescidas outras: formatos eletrônicos, inclusive abertos e não pro-
prietários, tais como planilhas e texto, de modo a
I - estrutura organizacional, competências, legisla- facilitar a análise das informações;
ção aplicável, principais cargos e seus ocupantes, IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas
endereço e telefones das unidades, horários de aten- externos em formatos abertos, estruturados e legí-
94 dimento ao público; veis por máquina;
V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para correspondência eletrônica ou física, desde que aten-
estruturação da informação; didos os requisitos do art. 12.
VI - garantir autenticidade e integridade das infor- § 4º Na hipótese do § 3º, será enviada ao requerente
mações disponíveis para acesso; comunicação com o número de protocolo e a data
VII - indicar instruções que permitam ao requerente do recebimento do pedido pelo SIC, a partir da qual
comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com se inicia o prazo de resposta.
o órgão ou entidade; e
VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para O número do protocolo é importante para que a
pessoas com deficiência. pessoa possa acompanhar o andamento do seu pedido!

CAPÍTULO IV Art. 12 O pedido de acesso à informação deverá


Da Transparência Passiva conter:
I - nome do requerente;
SEÇÃO I II - número de documento de identificação válido;
Do Serviço de Informação ao Cidadão III - especificação, de forma clara e precisa, da
informação requerida; e
Art. 9º Os órgãos e entidades deverão criar Serviço IV - endereço físico ou eletrônico do requerente,
de Informações ao Cidadão - SIC, com o objetivo de: para recebimento de comunicações ou da informa-
I - atender e orientar o público quanto ao acesso à ção requerida.
informação; Art. 13 NÃO serão atendidos pedidos de acesso à
II - informar sobre a tramitação de documentos nas informação:
unidades; e I - genéricos;
III - receber e registrar pedidos de acesso à II - desproporcionais ou desarrazoados; ou
informação. III - que exijam trabalhos adicionais de análise, inter-
pretação ou consolidação de dados e informações, ou
Observe a diferença: serviço de produção ou tratamento de dados que não
Transparência ativa: aquela divulgação de infor- seja de competência do órgão ou entidade.
mações que independe de solicitação.
Transparência passiva: aquela que depende de Os órgãos não devem atender pedidos que não
solicitação. especificam as informações desejadas (genéricos),
que não são proporcionais ou irracionais e que exijam
Parágrafo único. Compete ao SIC: um tratamento da informação que o órgão não faça.

I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput,
possível, o fornecimento imediato da informação; o órgão ou entidade deverá, caso tenha conheci-
II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrô- mento, indicar o local onde se encontram as infor-
nico específico e a entrega de número do protocolo, mações a partir das quais o requerente poderá
que conterá a data de apresentação do pedido; e realizar a interpretação, consolidação ou trata-
III - o encaminhamento do pedido recebido e regis- mento de dados.
trado à unidade responsável pelo fornecimento da Art. 14 São vedadas exigências relativas aos moti-
informação, quando couber. vos do pedido de acesso à informação.

O SIC recebe, registra e encaminha os pedidos de Seção III


Do Procedimento de Acesso à Informação
acesso a documentos!
Art. 15 Recebido o pedido e estando a informação
Art. 10 O SIC será instalado em unidade física iden-
disponível, o acesso será imediato.
tificada, de fácil acesso e aberta ao público.
§ 1º Caso não seja possível o acesso imediato, o
§ 1º Nas unidades descentralizadas em que não
órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias:
houver SIC será oferecido serviço de recebimento e
registro dos pedidos de acesso à informação.
Observe que já se falou duas vezes no decreto que
§ 2º Se a unidade descentralizada não detiver a
informação, o pedido será encaminhado ao SIC
se a informação estiver disponível, o acesso deve ser
do órgão ou entidade central, que comunicará ao imediato.
requerente o número do protocolo e a data de rece-
bimento do pedido, a partir da qual se inicia o pra- I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrô-
zo de resposta. nico informado;
II - comunicar data, local e modo para realizar con-
sulta à informação, efetuar reprodução ou obter
SEÇÃO II
certidão relativa à informação;
Do Pedido de Acesso à Informação
III - comunicar que não possui a informação ou que
não tem conhecimento de sua existência;
Art. 11 Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá
LEGISLAÇÃO

IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou


formular pedido de acesso à informação. entidade responsável pela informação ou que a
§ 1º O pedido será apresentado em formulário detenha; ou
padrão, disponibilizado em meio eletrônico e físico, V - indicar as razões da negativa, total ou parcial,
no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e entidades. do acesso.
§ 2º O prazo de resposta será contado a partir da § 2º Nas hipóteses em que o pedido de acesso
data de apresentação do pedido ao SIC. demandar manuseio de grande volume de docu-
§ 3º É facultado aos órgãos e entidades o recebi- mentos, ou a movimentação do documento puder
mento de pedidos de acesso à informação por qual- comprometer sua regular tramitação, será adotada
quer outro meio legítimo, como contato telefônico, a medida prevista no inciso II do § 1º. 95
Por exemplo, se o documento for o último em uma Se o órgão negar a informação, ele deve comunicar:
pilha de caixas, deverá ser informado comunicar
data, local e modo para realizar consulta à infor- z As razões da negativa (indicando o fundamento legal
mação, efetuar reprodução ou obter certidão rela- da classificação, a autoridade que a classificou e o
tiva à informação. código de indexação do documento classificado.);
z A possibilidade e o prazo de recurso 20 dias (pra-
§ 3º Quando a manipulação puder prejudicar a inte- zo) + 10 dias (prorrogação);
gridade da informação ou do documento, o órgão z A possibilidade de apresentação de pedido de des-
ou entidade deverá indicar data, local e modo para classificação da informação, quando for o caso,
consulta, ou disponibilizar cópia, com certificação
com indicação da autoridade classificadora que o
de que confere com o original.
apreciará.
§ 4º Na impossibilidade de obtenção de cópia de que
trata o § 3º, o requerente poderá solicitar que, às
suas expensas e sob supervisão de servidor públi- Art. 20 O acesso a documento preparatório ou infor-
co, a reprodução seja feita por outro meio que mação nele contida, utilizados como fundamento de
não ponha em risco a integridade do documento tomada de decisão ou de ato administrativo, será
original. assegurado a partir da edição do ato ou decisão.
Art. 16 O prazo para resposta do pedido poderá Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Ban-
ser prorrogado por dez dias, mediante justificativa co Central do Brasil classificarão os documentos
encaminhada ao requerente antes do término do que embasarem decisões de política econômica, tais
prazo inicial de vinte dias. como fiscal, tributária, monetária e regulatória.

Não se esqueça do prazo: SEÇÃO IV


Dos Recursos
30 dias= 20 dias (prazo) + 10 dias (prorrogação).
Art. 21 No caso de negativa de acesso à informa-
Art. 17 Caso a informação esteja disponível ao ção ou de não fornecimento das razões da negativa
público em formato impresso, eletrônico ou em do acesso, poderá o requerente apresentar recurso
outro meio de acesso universal, o órgão ou entidade no prazo de dez dias, contado da ciência da deci-
deverá orientar o requerente quanto ao local e modo são, à autoridade hierarquicamente superior à que
para consultar, obter ou reproduzir a informação. adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de
Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou enti- cinco dias, contado da sua apresentação.
dade desobriga-se do fornecimento direto da informa- Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata
ção, salvo se o requerente declarar não dispor de meios o caput, poderá o requerente apresentar recurso no
para consultar, obter ou reproduzir a informação. prazo de dez dias, contado da ciência da decisão,
Art. 18 Quando o fornecimento da informação impli- à autoridade máxima do órgão ou entidade, que
car reprodução de documentos, o órgão ou entidade, deverá se manifestar em cinco dias contados do
observado o prazo de resposta ao pedido, disponibi- recebimento do recurso.
lizará ao requerente Guia de Recolhimento da União Art. 22 No caso de omissão de resposta ao pedido
- GRU ou documento equivalente, para pagamento de acesso à informação, o requerente poderá apre-
dos custos dos serviços e dos materiais utilizados. sentar reclamação no prazo de dez dias à autori-
Parágrafo único. A reprodução de documentos ocor- dade de monitoramento de que trata o art. 40 da
rerá no prazo de dez dias, contado da comprova- Lei nº 12.527, de 2011, que deverá se manifestar
ção do pagamento pelo requerente ou da entrega de no prazo de cinco dias, contado do recebimento da
declaração de pobreza por ele firmada, nos termos reclamação.
da Lei nº 7.115, de 1983, ressalvadas hipóteses jus-
tificadas em que, devido ao volume ou ao estado dos A autoridade de monitoramento é o aquele que o
documentos, a reprodução demande prazo superior. dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
nistração pública federal direta e indireta designa que
Depois de pago o custo da reprodução ou após a lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do
declaração de pobreza, o órgão terá 10 DIAS para dis- respectivo órgão ou entidade:
ponibilizar a informação!
I - assegurar o cumprimento das normas relativas
Art. 19 Negado o pedido de acesso à informação, ao acesso à informação, de forma eficiente e ade-
será enviada ao requerente, no prazo de resposta, quada aos objetivos desta Lei;
comunicação com: II - monitorar a implementação do disposto nesta
I - razões da negativa de acesso e seu fundamento Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
legal; cumprimento;
II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação III - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
da autoridade que o apreciará; e mentação e ao aperfeiçoamento das normas e pro-
III - possibilidade de apresentação de pedido de cedimentos necessários ao correto cumprimento do
desclassificação da informação, quando for o caso, disposto nesta Lei; e
com indicação da autoridade classificadora que o IV - orientar as respectivas unidades no que se refe-
apreciará. re ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus
§1º As razões de negativa de acesso a informação regulamentos.
classificada indicarão o fundamento legal da classi- § 1º O prazo para apresentar reclamação começará
ficação, a autoridade que a classificou e o código de trinta dias após a apresentação do pedido.
indexação do documento classificado. § 2º A autoridade máxima do órgão ou entidade
§ 2º Os órgãos e entidades disponibilizarão formu- poderá designar outra autoridade que lhe seja dire-
lário padrão para apresentação de recurso e de tamente subordinada como responsável pelo rece-
96 pedido de desclassificação. bimento e apreciação da reclamação.
Art. 23 Desprovido o recurso de que trata o pará- Art. 27 Para a classificação da informação em grau
grafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de sigilo, deverá ser observado o interesse público
de que trata o art. 22, poderá o requerente apresen- da informação e utilizado o critério menos restriti-
tar recurso no prazo de dez dias, contado da ciên- vo possível, considerados:
cia da decisão, à Controladoria-Geral da União, que I - a gravidade do risco ou dano à segurança da
deverá se manifestar no prazo de cinco dias, conta- sociedade e do Estado; e
do do recebimento do recurso. II - o prazo máximo de classificação em grau de
§ 1º A Controladoria-Geral da União pode- sigilo ou o evento que defina seu termo final.
rá determinar que o órgão ou entidade preste Art. 28 Os prazos máximos de classificação são os
esclarecimentos. seguintes:
§ 2º Provido o recurso, a Controladoria-Geral da I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos;
União fixará prazo para o cumprimento da decisão II - grau secreto: quinze anos; e
pelo órgão ou entidade. III - grau reservado: cinco anos.
Art. 24 No caso de negativa de acesso à informação, Parágrafo único. Poderá ser estabelecida como
ou às razões da negativa do acesso de que trata o termo final de restrição de acesso a ocorrência de
caput do art. 21, desprovido o recurso pela Contro- determinado evento, observados os prazos máxi-
ladoria-Geral da União, o requerente poderá apre- mos de classificação.
sentar, no prazo de dez dias, contado da ciência da Art. 29 As informações que puderem colocar em
decisão, recurso à Comissão Mista de Reavaliação risco a segurança do Presidente da República, Vice-
de Informações, observados os procedimentos pre- -Presidente e seus cônjuges e filhos serão classifi-
vistos no Capítulo VI. cadas no grau reservado e ficarão sob sigilo até
o término do mandato em exercício ou do último
CAPÍTULO V mandato, em caso de reeleição.
Das Informações Classificadas em Grau de
Sigilo Serão classificados em reservados (5 anos) docu-
mentos que podem colocar em perigo a vida:
Seção I
Da Classificação de Informações quanto ao z Do Presidente da República, cônjuge e filhos (as);
Grau e Prazos de Sigilo
z Do Vice-Presidente da República, cônjuge e filhos(as).
Art. 25 São passíveis de classificação as informa-
Serão reservados até o fim do mandato!
ções consideradas imprescindíveis à segurança da
sociedade ou do Estado, cuja divulgação ou acesso
Art. 30 A classificação de informação é de
irrestrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou competência:
a integridade do território nacional; I - no grau ultrassecreto, das seguintes autoridades:
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego- a) Presidente da República;
ciações ou as relações internacionais do País. b) Vice-Presidente da República;
III - prejudicar ou pôr em risco informações forne- c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
cidas em caráter sigiloso por outros Estados e orga- mas prerrogativas;
nismos internacionais; d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aero-
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da náutica; e
população; e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
V - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, permanentes no exterior;
econômica ou monetária do País; II - no grau secreto, das autoridades referidas no
VI - prejudicar ou causar risco a planos ou opera- inciso I do caput, dos titulares de autarquias, fun-
ções estratégicos das Forças Armadas; dações, empresas públicas e sociedades de econo-
VII - prejudicar ou causar risco a projetos de pes- mia mista; e
quisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, III - no grau reservado, das autoridades referidas
assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas nos incisos I e II do caput e das que exerçam fun-
de interesse estratégico nacional, observado o dis- ções de direção, comando ou chefia do Grupo-Dire-
posto no inciso II do caput do art. 6º; ção e Assessoramento Superiores - DAS , nível DAS
101.5 ou superior, e seus equivalentes.
O art. 6°, inciso II, refere-se às informações refe-
rentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento A parte sobre delegação recebeu as seguintes
científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja impres- alterações:
cindível à segurança da sociedade e do Estado, na
forma do § 1º do art. 7º da Lei nº 12.527, de 2011.
z É possível delegar a competência para classifica-
ção no grau ultrassecreto para: ocupantes de car-
VIII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus gos em comissão do Grupo-DAS de nível 101.6 ou
superior, ou de hierarquia equivalente, e para os
LEGISLAÇÃO

familiares; ou
IX - comprometer atividades de inteligência, de dirigentes máximos de autarquias, de fundações,
investigação ou de fiscalização em andamen- de EPs e de SEMs (art. 30, § 1º);
to, relacionadas com prevenção ou repressão de z É possível delegar a competência para classifica-
infrações. ção no grau secreto para: ocupantes de cargos em
Art. 26 A informação em poder dos órgãos e enti-
dades, observado o seu teor e em razão de sua
comissão do Grupo-DAS de nível 101.5 ou superior,
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou ou de hierarquia equivalente (art. 30, § 2º);
do Estado, poderá ser classificada no grau ultrasse- z É possível delegar a classificação de informações
creto, secreto ou reservado. em grau reservado. 97
A autoridade que classificar informação em grau II - assessorar a autoridade classificadora ou a
reservado, mediante delegação, dará ciência do ato autoridade hierarquicamente superior quanto à
de classificação à autoridade delegante. desclassificação, reclassificação ou reavaliação de
Lembre-se que vai de 10 em 10 anos e todos termi- informação classificada em qualquer grau de sigilo;
nam com 5! III - propor o destino final das informações desclas-
sificadas, indicando os documentos para guarda
permanente, observado o disposto na Lei nº 8.159,
Reservada: 5 anos
de 8 de janeiro de 1991; e
Secreta: 15 anos (5 anos +10 anos)
IV - subsidiar a elaboração do rol anual de infor-
Ultrassecreta: 25 anos (15 anos + 10 anos) mações desclassificadas e documentos classifica-
dos em cada grau de sigilo, a ser disponibilizado
Seção II na Internet.
Dos Procedimentos para Classificação de
Informação Seção III
Da Desclassificação e Reavaliação da Informa-
Art. 31 A decisão que classificar a informação em ção Classificada em Grau de Sigilo
qualquer grau de sigilo deverá ser formalizada no
Termo de Classificação de Informação - TCI, confor- Art. 35 A classificação das informações será rea-
me modelo contido no Anexo, e conterá o seguinte: valiada pela autoridade classificadora ou por
I - código de indexação de documento; autoridade hierarquicamente superior, mediante
II - grau de sigilo; provocação ou de ofício, para desclassificação ou
III - categoria na qual se enquadra a informação; redução do prazo de sigilo.
IV - tipo de documento; Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto
V - data da produção do documento; no caput, além do disposto no art. 27, deverá ser
VI - indicação de dispositivo legal que fundamenta observado:
a classificação; I - o prazo máximo de restrição de acesso à infor-
VII - razões da classificação, observados os crité- mação, previsto no art. 28;
rios estabelecidos no art. 27;
VIII - indicação do prazo de sigilo, contado em anos,
O prazo máximo é de 25 anos (ultrassecreta)!
meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo
final, observados os limites previstos no art. 28;
II - o prazo máximo de quatro anos para revisão de
IX - data da classificação; e
ofício das informações classificadas no grau ultras-
X - identificação da autoridade que classificou a
secreto ou secreto, previsto no inciso I do caput do
informação.
art. 47;
§ 1º O TCI seguirá anexo à informação.
§ 2º As informações previstas no inciso VII do caput
deverão ser mantidas no mesmo grau de sigilo que Prazo máximo de reavaliação de documentos
a informação classificada. ultrassecretos e secretos pela Comissão Mista de
Art. 32. A autoridade ou outro agente público que Reavaliação de Informações.
classificar informação no grau ultrassecreto ou
secreto deverá encaminhar cópia do TCI à Comis- III - a permanência das razões da classificação;
são Mista de Reavaliação de Informações no prazo IV - a possibilidade de danos ou riscos decorrentes
de trinta dias, contado da decisão de classificação da divulgação ou acesso irrestrito da informação; e
ou de ratificação. V - a peculiaridade das informações produzidas no
exterior por autoridades ou agentes públicos.
Por exemplo, o (a) Presidente da República clas- Art. 36 O pedido de desclassificação ou de reava-
sificou um documento como ultrassecreto. No prazo liação da classificação poderá ser apresentado aos
órgãos e entidades independente de existir prévio
máximo de 30 dias, ele deve encaminhar uma cópia
pedido de acesso à informação.
do Termo de Classificação de Informação – TCI para
a Comissão Mista de Reavaliação de Informações.
Não é necessário ter solicitado o acesso ao documen-
to para pedir que seja reavaliado seu grau de sigilo!
Art. 33 Na hipótese de documento que contenha
informações classificadas em diferentes graus de
sigilo, será atribuído ao documento tratamento do Parágrafo único. O pedido de que trata o caput será
grau de sigilo mais elevado, ficando assegurado o endereçado à autoridade classificadora, que decidi-
acesso às partes não classificadas por meio de cer- rá no prazo de trinta dias.
tidão, extrato ou cópia, com ocultação da parte sob Art. 37 Negado o pedido de desclassificação ou
sigilo. de reavaliação pela autoridade classificadora, o
requerente poderá apresentar recurso no prazo de
dez dias, contado da ciência da negativa, ao Minis-
Por exemplo, um documento possui quatro pági- tro de Estado ou à autoridade com as mesmas prer-
nas, duas delas classificadas como secretas e duas rogativas, que decidirá no prazo de trinta dias.
delas classificadas como reservadas. Logo, será atri- § 1º Nos casos em que a autoridade classificadora
buído o grau de sigilo mais elevado, ou seja, o docu- esteja vinculada a autarquia, fundação, empresa
mento será classificado como ultrassecreto. pública ou sociedade de economia mista, o recurso
será apresentado ao dirigente máximo da entidade.
Art. 34 Os órgãos e entidades poderão constituir § 2º No caso das Forças Armadas, o recurso será
Comissão Permanente de Avaliação de Documentos apresentado primeiramente perante o respectivo
Sigilosos - CPADS, com as seguintes atribuições: Comandante, e, em caso de negativa, ao Ministro
I - opinar sobre a informação produzida no âmbito de Estado da Defesa.
de sua atuação para fins de classificação em qual- § 3º No caso de informações produzidas por
98 quer grau de sigilo; autoridades ou agentes públicos no exterior, o
requerimento de desclassificação e reavaliação as normas fixadas pelo Núcleo de Segurança e Cre-
será apreciado pela autoridade hierarquicamente denciamento, instituído no âmbito do Gabinete de
superior que estiver em território brasileiro. Segurança Institucional da Presidência da Repúbli-
§ 4º Desprovido o recurso de que tratam o caput e ca, sem prejuízo das atribuições de agentes públi-
os §§ 1º a 3º, poderá o requerente apresentar recur- cos autorizados por lei.
so à Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
ções, no prazo de dez dias, contado da ciência da Só poderá acessar, divulgar e tratar informação clas-
decisão.
sificada em qualquer grau de sigilo quem for creden-
ciado pelo Núcleo de Segurança e Credenciamento!
Se a autarquia, fundação, empresa pública, socie-
dade de economia mista ou as informações produzi-
Art. 44 As autoridades do Poder Executivo federal
das por autoridades ou agentes públicos no exterior adotarão as providências necessárias para que o
não se manifestarem sobre um recurso pedido, a pes- pessoal a elas subordinado conheça as normas e
soa poderá dirigi-lo à Comissão Mista de Reavaliação observe as medidas e procedimentos de segurança
de Informações, no prazo de 10 DIAS! para tratamento de informações classificadas em
qualquer grau de sigilo.
Art. 38 A decisão da desclassificação, reclassifica- Parágrafo único. A pessoa natural ou entidade
ção ou redução do prazo de sigilo de informações privada que, em razão de qualquer vínculo com o
classificadas deverá constar das capas dos proces- Poder Público, executar atividades de tratamento
sos, se houver, e de campo apropriado no TCI.
de informações classificadas, adotará as providên-
cias necessárias para que seus empregados, pre-
Seção IV postos ou representantes observem as medidas e
Disposições Gerais
procedimentos de segurança das informações.

Art. 39 As informações classificadas no grau


Cada entidade ou pessoa natural que tratam infor-
ultrassecreto ou secreto serão definitivamente
preservadas, nos termos da Lei nº 8.159, de 1991, mações classificadas necessitam ter um protocolo de
observados os procedimentos de restrição de aces- como tratar a informação sigilosa e como as pessoas
so enquanto vigorar o prazo da classificação. que a manusearem devem agir!

Ou seja, qualquer documento classificado como ultras- Art. 45 A autoridade máxima de cada órgão ou
secreto ou secreto será um documento PERMANENTE! entidade publicará anualmente, até o dia 1º de
junho, em sítio na Internet:
Art. 40 As informações classificadas como docu- I - rol das informações desclassificadas nos últimos
mentos de guarda permanente que forem objeto de doze meses;
desclassificação serão encaminhadas ao Arquivo II - rol das informações classificadas em cada grau
Nacional, ao arquivo permanente do órgão públi- de sigilo, que deverá conter:
co, da entidade pública ou da instituição de caráter a) código de indexação de documento;
público, para fins de organização, preservação e b) categoria na qual se enquadra a informação;
acesso. c) indicação de dispositivo legal que fundamenta a
classificação; e
Lembre-se que serão encaminhados para o Arqui- d) data da produção, data da classificação e prazo
vo Nacional os documentos desclassificados (perma- da classificação;
nentes) do Executivo Federal! III - relatório estatístico com a quantidade de pedi-
dos de acesso à informação recebidos, atendidos e
Art. 41 As informações sobre condutas que impli- indeferidos; e
quem violação dos direitos humanos praticada por IV - informações estatísticas agregadas dos requerentes.
agentes públicos ou a mando de autoridades públi-
cas NÃO poderão ser objeto de classificação em A veiculação desses dados deve ser feita anualmente!
qualquer grau de sigilo nem ter seu acesso negado.
Art. 42 Não poderá ser negado acesso às informa- Parágrafo único. Os órgãos e entidades deverão
ções necessárias à tutela judicial ou administrativa manter em meio físico as informações previstas no
de direitos fundamentais. caput, para consulta pública em suas sedes.
Parágrafo único. O requerente deverá apresentar
razões que demonstrem a existência de nexo entre CAPÍTULO VI
as informações requeridas e o direito que se preten- Da Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
de proteger. ções Classificadas

NÃO pode ser negado o acesso a documentos: Art. 46 A Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
mações, instituída nos termos do § 1º do art. 35 da
z Que impliquem violação dos direitos humanos Lei nº 12.527, de 2011, será integrada pelos titula-
LEGISLAÇÃO

praticada por agentes públicos ou a mando de res dos seguintes órgãos:


autoridades públicas. I - Casa Civil da Presidência da República, que a
z Necessários à tutela judicial ou administrativa de presidirá;
direitos fundamentais. II - Ministério da Justiça e Segurança Pública;
(Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019)
Art. 43 O acesso, a divulgação e o tratamento de III - Ministério das Relações Exteriores;
informação classificada em qualquer grau de sigilo IV - Ministério da Defesa;
ficarão restritos a pessoas que tenham necessida- V - Ministério da Economia; (Redação dada pelo
de de conhecê-la e que sejam credenciadas segundo Decreto nº 9.690, de 2019) 99
VI - Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Se for necessária a prorrogação de um documento
Humanos; (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, ultrassecreto (25 anos), o pedido deverá ser enviado
de 2019) em até um ano antes do vencimento da classificação.
VII - Gabinete de Segurança Institucional da Presi-
dência da República; (Redação dada pelo Decreto Parágrafo único. O requerimento de prorrogação
nº 9.690, de 2019) do prazo de sigilo de informação classificada no
VIII - Advocacia-Geral da União; e (Redação dada grau ultrassecreto deverá ser apreciado, impreteri-
pelo Decreto nº 9.690, de 2019) velmente, em até três sessões subsequentes à data
IX - Controladoria-Geral da União. (Redação dada de sua autuação, ficando sobrestadas, até que se
pelo Decreto nº 9.690, de 2019). ultime a votação, todas as demais deliberações da
Comissão.
O(a) ministro (a) da Casa Civil presidirá a Comis- Art. 50 A Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
são Mista de Reavaliação de Informações! mações deverá apreciar os recursos previstos no
inciso III do caput do art. 47, impreterivelmente,
Parágrafo único. Cada integrante indicará suplente até a terceira reunião ordinária subsequente à data
a ser designado por ato do Presidente da Comissão. de sua autuação.
Art. 47 Compete à Comissão Mista de Reavaliação
de Informações: A Comissão Mista de Reavaliação de Informações
I - rever, de ofício ou mediante provocação, a clas- deverá apreciar até a terceira reunião ordinária
sificação de informação no grau ultrassecreto ou subsequente à data de sua autuação.
secreto ou sua reavaliação, no máximo a cada qua-
tro anos; z Decidir recursos apresentados contra decisão
II - requisitar da autoridade que classificar informa- proferida:
ção no grau ultrassecreto ou secreto esclarecimen-
to ou conteúdo, parcial ou integral, da informação, „ Pela Controladoria-Geral da União, em grau
quando as informações constantes do TCI não recursal, a pedido de acesso à informação ou
forem suficientes para a revisão da classificação;
de abertura de base de dados, ou às razões da
III - decidir recursos apresentados contra decisão
negativa de acesso à informação ou de abertu-
proferida:
ra de base de dados; ou (Redação dada pelo
a) Pela Controladoria-Geral da União, em grau
recursal, a pedido de acesso à informação ou de
Decreto nº 9.690, de 2019);
abertura de base de dados, ou às razões da negati- „ Pelo Ministro de Estado ou autoridade com a
va de acesso à informação ou de abertura de base mesma prerrogativa, em grau recursal, a pedi-
de dados; ou (Redação dada pelo Decreto nº do de desclassificação ou reavaliação de infor-
9.690, de 2019) mação classificada.
b) Pelo Ministro de Estado ou autoridade com a
mesma prerrogativa, em grau recursal, a pedido z Requerimento de prorrogação do prazo de sigilo
de desclassificação ou reavaliação de informação de informação classificada no grau ultrassecreto.
classificada;
IV - prorrogar por uma única vez, e por período Art. 51 A revisão de ofício da informação classifica-
determinado não superior a vinte e cinco anos, o da no grau ultrassecreto ou secreto será apreciada
prazo de sigilo de informação classificada no grau em até três sessões anteriores à data de sua des-
ultrassecreto, enquanto seu acesso ou divulga- classificação automática.
ção puder ocasionar ameaça externa à soberania Art. 52 As deliberações da Comissão Mista de Rea-
nacional, à integridade do território nacional ou valiação de Informações serão tomadas:
grave risco às relações internacionais do País, limi- I - por maioria absoluta, quando envolverem as
tado ao máximo de cinquenta anos o prazo total da competências previstas nos incisos I e IV do caput
classificação; e do art.47; e
II - por maioria simples dos votos, nos demais casos.
Somente a informação classificada como ultrasse-
creta pode ser prorrogada por no máximo + 25 anos! Deverá ser deliberado por maioria absoluta:

I - rever, de ofício ou mediante provocação, a clas-


V - estabelecer orientações normativas de caráter
sificação de informação no grau ultrassecreto ou
geral a fim de suprir eventuais lacunas na aplicação
secreto ou sua reavaliação, no máximo a cada qua-
da Lei nº 12.527, de 2011.
tro anos;
Parágrafo único. A não deliberação sobre a revisão
II - requisitar da autoridade que classificar informa-
de ofício no prazo previsto no inciso I do caput impli- ção no grau ultrassecreto ou secreto esclarecimen-
cará a desclassificação automática das informações. to ou conteúdo, parcial ou integral, da informação,
Art. 48 A Comissão Mista de Reavaliação de Infor- quando as informações constantes do TCI não
mações se reunirá, ordinariamente, uma vez por forem suficientes para a revisão da classificação;
mês, e, extraordinariamente, sempre que convocada III - decidir recursos apresentados contra decisão
por seu Presidente. proferida:
Parágrafo único. As reuniões serão realizadas com a a) pela Controladoria-Geral da União, em grau
presença de no mínimo seis integrantes. recursal, a pedido de acesso à informação ou de
Art. 49 Os requerimentos de prorrogação do prazo abertura de base de dados, ou às razões da negati-
de classificação de informação no grau ultrasse- va de acesso à informação ou de abertura de base
creto, a que se refere o inciso IV do caput do art. de dados; ou (Redação dada pelo Decreto nº
47, deverão ser encaminhados à Comissão Mista de 9.690, de 2019)
Reavaliação de Informações em até um ano antes do b) pelo Ministro de Estado ou autoridade com a
100 vencimento do termo final de restrição de acesso. mesma prerrogativa, em grau recursal, a pedido
de desclassificação ou reavaliação de informação A divulgação de informações pessoais a pessoas
classificada; não autorizadas só poderá ser feita com o consenti-
IV - prorrogar por uma única vez, e por período deter- mento da pessoa ao qual o documento se refere, exce-
minado não superior a vinte e cinco anos, o prazo to nos casos em que essa informação será usada para:
de sigilo de informação classificada no grau ultras-
secreto, enquanto seu acesso ou divulgação puder I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pes-
ocasionar ameaça externa à soberania nacional, à soa estiver física ou legalmente incapaz, e para uti-
integridade do território nacional ou grave risco às lização única e exclusivamente para o tratamento
relações internacionais do País, limitado ao máximo médico;
de cinquenta anos o prazo total da classificação; e II - à realização de estatísticas e pesquisas científi-
V - regimento interno que disporá sobre sua organiza-
cas de evidente interesse público ou geral, previstos
ção e funcionamento.
em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a
Parágrafo único. A Casa Civil da Presidência da Repú-
que as informações se referirem;
blica poderá exercer, além do voto ordinário, o voto
III - ao cumprimento de ordem judicial;
de qualidade para desempate.
IV - à defesa de direitos humanos; ou
Art. 53 A Casa Civil da Presidência da República exer-
V - à proteção do interesse público e geral
cerá as funções de Secretaria-Executiva da Comissão
preponderante.
Mista de Reavaliação de Informações, cujas compe-
VI - com o intuito de prejudicar processo de apura-
tências serão definidas em regimento interno.
ção de irregularidades, conduzido pelo Poder Públi-
Art. 54 A Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
co, em que o titular das informações for parte ou
mações aprovará, por maioria absoluta, regimen-
interessado; ou
to interno que disporá sobre sua organização e
VII - quando as informações pessoais não classifica-
funcionamento.
das estiverem contidas em conjuntos de documen-
Parágrafo único. O regimento interno deverá ser
tos necessários à recuperação de fatos históricos de
publicado no Diário Oficial da União no prazo de
maior relevância.
noventa dias após a instalação da Comissão.

Art. 58 A restrição de acesso a informações pessoais


CAPÍTULO VII
de que trata o art. 55 NÃO poderá ser invocada:
Das Informações Pessoais
I - com o intuito de prejudicar processo de apuração
de irregularidades, conduzido pelo Poder Público,
Art. 55 As informações pessoais relativas à intimi-
em que o titular das informações for parte ou inte-
dade, vida privada, honra e imagem detidas pelos
ressado; ou
órgãos e entidades:
II - quando as informações pessoais não classifica-
I - terão acesso restrito a agentes públicos legalmen-
das estiverem contidas em conjuntos de documen-
te autorizados e a pessoa a que se referirem, inde-
tos necessários à recuperação de fatos históricos de
pendentemente de classificação de sigilo, pelo prazo
máximo de cem anos a contar da data de sua pro- maior relevância.
dução; e Art. 59 O dirigente máximo do órgão ou entidade
II - poderão ter sua divulgação ou acesso por tercei- poderá, de ofício ou mediante provocação, reconhe-
ros autorizados por previsão legal ou consentimen- cer a incidência da hipótese do inciso II do caput do
to expresso da pessoa a que se referirem. art. 58, de forma fundamentada, sobre documentos
Parágrafo único. Caso o titular das informações que tenha produzido ou acumulado, e que estejam
pessoais esteja morto ou ausente, os direitos de que sob sua guarda.
trata este artigo assistem ao cônjuge ou compa- § 1º Para subsidiar a decisão de reconhecimento de
nheiro, aos descendentes ou ascendentes, conforme que trata o caput, o órgão ou entidade poderá soli-
o disposto no parágrafo único do art. 20 da Lei nº citar a universidades, instituições de pesquisa ou
10.406, de 10 de janeiro de 2002, e na Lei nº 9.278, outras entidades com notória experiência em pes-
de 10 de maio de 1996. quisa historiográfica a emissão de parecer sobre a
questão.
O prazo máximo de sigilo de um documento pes- § 2º A decisão de reconhecimento de que trata o
caput será precedida de publicação de extrato da
soal é 100 anos, a partir da data da produção.
informação, com descrição resumida do assunto,
origem e período do conjunto de documentos a
Art. 56 O tratamento das informações pessoais
serem considerados de acesso irrestrito, com ante-
deve ser feito de forma transparente e com res-
cedência de no mínimo trinta dias.
peito à intimidade, vida privada, honra e imagem
§ 3º Após a decisão de reconhecimento de que trata
das pessoas, bem como às liberdades e garantias
o § 2º, os documentos serão considerados de acesso
individuais.
irrestrito ao público.
Art. 57 O consentimento referido no inciso II do
§ 4º Na hipótese de documentos de elevado valor
caput do art. 55 NÃO será exigido quando o acesso
histórico destinados à guarda permanente, cabe-
à informação pessoal for necessário:
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pes- rá ao dirigente máximo do Arquivo Nacional, ou à
LEGISLAÇÃO

soa estiver física ou legalmente incapaz, e para uti- autoridade responsável pelo arquivo do órgão ou
lização exclusivamente para o tratamento médico; entidade pública que os receber, decidir, após seu
II - à realização de estatísticas e pesquisas científi- recolhimento, sobre o reconhecimento, observado o
cas de evidente interesse público ou geral, previs- procedimento previsto neste artigo.
tos em lei, vedada a identificação da pessoa a que a
informação se referir; Quando um documento pessoal for considera-
III - ao cumprimento de decisão judicial; do necessário à recuperação de fatos históricos de
IV - à defesa de direitos humanos de terceiros; ou maior relevância, para ele se tornar ostensivo, deverá
V - à proteção do interesse público geral e preponderante. seguir o seguinte processo: 101
z Órgão ou entidade poderá solicitar a universida- IV - demonstração da necessidade do acesso à
des, instituições de pesquisa ou outras entidades informação requerida para a defesa dos direitos
com notória experiência em pesquisa historiográ- humanos ou para a proteção do interesse público e
fica a emissão de parecer sobre a questão; geral preponderante.
z Publicação de extrato da informação, com descrição Art. 61 O acesso à informação pessoal por tercei-
resumida do assunto, origem e período do conjunto ros será condicionado à assinatura de um termo de
de documentos a serem considerados de acesso irres- responsabilidade, que disporá sobre a finalidade e
trito, com antecedência de no mínimo trinta dias; a destinação que fundamentaram sua autorização,
z Na hipótese de documentos de elevado valor his- sobre as obrigações a que se submeterá o requerente.
tórico destinados à guarda permanente, caberá § 1º A utilização de informação pessoal por tercei-
ao dirigente máximo do Arquivo Nacional, ou à ros vincula-se à finalidade e à destinação que fun-
autoridade responsável pelo arquivo do órgão ou damentaram a autorização do acesso, vedada sua
utilização de maneira diversa.
entidade pública que os receber, decidir, após seu
recolhimento, sobre o reconhecimento, observado
o procedimento previsto neste artigo. Se um requerente solicitar uma informação pes-
soal dizendo que ele será usada para uma pesquisa,
Art. 60 O pedido de acesso a informações pessoais ele só deverá usá-la para isso, sendo proibida a utili-
observará os procedimentos previstos no Capítulo zação para fim diferente do afirmado.
IV e estará condicionado à comprovação da identi-
dade do requerente. § 2º Aquele que obtiver acesso às informações pes-
Parágrafo único. O pedido de acesso a informações soais de terceiros será responsabilizado por seu
pessoais por terceiros deverá ainda estar acompa- uso indevido, na forma da lei.
nhado de:
I - comprovação do consentimento expresso de que CAPÍTULO VIII
trata o inciso II do caput do art. 55, por meio de Das Entidades Privadas sem Fins Lucrativos
procuração;
II - comprovação das hipóteses previstas no art. 58;
Art. 63 As entidades privadas sem fins lucrativos
Para acessar informação pessoal, deverá ser com- que receberem recursos públicos para realização
provada que a informação: de ações de interesse público deverão dar publici-
dade às seguintes informações:
z Está sendo utilizada com o intuito de prejudicar I - cópia do estatuto social atualizado da entidade;
processo de apuração de irregularidades, conduzi- II - relação nominal atualizada dos dirigentes da
do pelo Poder Público, em que o titular das infor- entidade; e
mações for parte ou interessado; ou III - cópia integral dos convênios, contratos, termos
z Que as informações pessoais não classificadas de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos con-
estiverem contidas em conjuntos de documentos gêneres realizados com o Poder Executivo federal,
necessários à recuperação de fatos históricos de respectivos aditivos, e relatórios finais de prestação
maior relevância. de contas, na forma da legislação aplicável.
§ 1º As informações de que trata o caput serão
III - demonstração do interesse pela recuperação de divulgadas em sítio na Internet da entidade priva-
fatos históricos de maior relevância, observados os da e em quadro de avisos de amplo acesso público
procedimentos previstos no art. 59; ou em sua sede.
§ 2º A divulgação em sítio na Internet referida no
A demonstração de interesse é feita da forma que §1º poderá ser dispensada, por decisão do órgão ou
acabamos de ver: entidade pública, e mediante expressa justificação
da entidade, nos casos de entidades privadas sem
z Órgão ou entidade poderá solicitar a universida- fins lucrativos que não disponham de meios para
des, instituições de pesquisa ou outras entidades realizá-la.
com notória experiência em pesquisa historiográ- § 3º As informações de que trata o caput deverão
fica a emissão de parecer sobre a questão. ser publicadas a partir da celebração do convênio,
z Publicação de extrato da informação, com descrição contrato, termo de parceria, acordo, ajuste ou ins-
resumida do assunto, origem e período do conjunto trumento congênere, serão atualizadas periodica-
de documentos a serem considerados de acesso irres- mente e ficarão disponíveis até cento e oitenta dias
trito, com antecedência de no mínimo trinta dias. após a entrega da prestação de contas final.

Na hipótese de documentos de elevado valor As entidades privadas sem fins lucrativos deve-
histórico destinados à guarda permanente, caberá rão disponibilizar em sítio eletrônico:
ao dirigente máximo do Arquivo Nacional, ou à
autoridade responsável pelo arquivo do órgão ou I - cópia do estatuto social atualizado da entidade;
entidade pública que os receber, decidir, após seu II - relação nominal atualizada dos dirigentes da
recolhimento, sobre o reconhecimento, observado o entidade; e
procedimento previsto neste artigo. III - cópia integral dos convênios, contratos, termos
Na hipótese de documentos de elevado valor de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos con-
histórico destinados à guarda permanente, caberá gêneres realizados com o Poder Executivo federal,
ao dirigente máximo do Arquivo Nacional, ou à respectivos aditivos, e relatórios finais de prestação
autoridade responsável pelo arquivo do órgão ou de contas, na forma da legislação aplicável (serão
entidade pública que os receber, decidir, após seu atualizadas periodicamente e ficarão disponíveis
recolhimento, sobre o reconhecimento, observado o até cento e oitenta dias após a entrega da prestação
102 procedimento previsto neste artigo. de contas final.)
As entidades privadas sem fins lucrativos que não As entidades com personalidade jurídica de direi-
tiverem meios para disponibilizar essas informações, to privado constituídas sob a forma de serviço social
ficam dispensadas. autônomo PODERÃO SER PUNIDAS com:

Art. 64 Os pedidos de informação referentes aos I - advertência;


convênios, contratos, termos de parcerias, acordos, II - multa;
ajustes ou instrumentos congêneres previstos no art. III - rescisão do vínculo com o Poder Público;
63 deverão ser apresentados diretamente aos órgãos IV - suspensão temporária de participar em licita-
e entidades responsáveis pelo repasse de recursos. ção e impedimento de contratar com a administra-
Parágrafo único. As entidades com personalidade ção pública por prazo não superior a dois anos; e
jurídica de direito privado constituídas sob a forma V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
de serviço social autônomo, destinatárias de contri- tratar com a administração pública, até que seja
buições, são diretamente responsáveis por fornecer promovida a reabilitação perante a autoridade que
as informações referentes à parcela dos recursos aplicou a penalidade.
provenientes das contribuições e dos demais recur-
sos públicos recebidos. (Redação dada pelo Decreto CAPÍTULO IX
nº 9.781, de 2019) (Vigência) Das Responsabilidades
Art. 64-A As entidades com personalidade jurídi-
ca de direito privado constituídas sob a forma de Art. 65 Constituem condutas ilícitas que ensejam
serviço social autônomo, destinatárias de contri- responsabilidade do agente público ou militar:
buições, divulgarão, independentemente de reque- I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
rimento, as informações de interesse coletivo ou termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu
geral por elas produzidas ou custodiadas, inclusive fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de
aquelas a que se referem os incisos I ao VIII do § 3º forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
do art. 7º, em local de fácil visualização em sítios II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
oficiais na internet. (Incluído pelo Decreto nº 9.781, truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total
de 2019) (Vigência) ou parcialmente, informação que se encontre sob
sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimen-
As entidades com personalidade jurídica de direi- to em razão do exercício das atribuições de cargo,
to privado constituídas sob a forma de serviço social emprego ou função pública;
autônomo possuem transparência ativa (indepen- III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
dente de requerimento)! ções de acesso à informação;
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar
§ 1º A publicidade a que estão submetidas as entida- ou permitir acesso indevido à informação sigilosa
des citadas no caput refere-se à parcela dos recur- ou informação pessoal;
sos provenientes das contribuições e dos demais V - impor sigilo à informação para obter proveito
recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de
ato ilegal cometido por si ou por outrem;
prejuízo das prestações de contas a que estejam
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
legalmente obrigadas. (Incluído pelo Decreto nº
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou
9.781, de 2019) (Vigência)
a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
§ 2º A divulgação das informações previstas no caput
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
não exclui outras hipóteses de publicação e divulga-
mentos concernentes a possíveis violações de direi-
ção de informações previstas na legislação, inclusive
tos humanos por parte de agentes do Estado.
na Lei de Diretrizes Orçamentárias. (Incluído pelo
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da
Decreto nº 9.781, de 2019) (Vigência)
ampla defesa e do devido processo legal, as condu-
tas descritas no caput serão consideradas:
NÃO é exaustiva as hipóteses das informações que I - para fins dos regulamentos disciplinares das
devem ser divulgadas! Forças Armadas, transgressões militares médias
ou graves, segundo os critérios neles estabelecidos,
Art. 64-B As entidades com personalidade jurídica desde que não tipificadas em lei como crime ou con-
de direito privado constituídas sob a forma de servi- travenção penal; ou
ço social autônomo, destinatárias de contribuições, II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de
também deverão criar SIC, observado o disposto dezembro de 1990, infrações administrativas, que
nos arts. 9º ao art. 24. (Incluído pelo Decreto nº deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão,
9.781, de 2019) (Vigência) segundo os critérios estabelecidos na referida lei.

As entidades com personalidade jurídica de direi- O agente público ou militar que:


to privado constituídas sob a forma de serviço social
autônomo deverão ter SIC! I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu
Art. 64-C As entidades com personalidade jurídica fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de
LEGISLAÇÃO

de direito privado constituídas sob a forma de servi- forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
ço social autônomo, destinatárias de contribuições, II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
estarão sujeitas às sanções e aos procedimentos de truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total
que trata o art. 66, hipótese em que a aplicação da ou parcialmente, informação que se encontre sob
sanção de declaração de inidoneidade é de competên- sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimen-
cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou da to em razão do exercício das atribuições de cargo,
entidade da administração pública responsável por emprego ou função pública;
sua supervisão. (Incluído pelo Decreto nº 9.781, de III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
2019) (Vigência) ções de acesso à informação; 103
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar § 4º A aplicação da sanção prevista no inciso V do
ou permitir acesso indevido à informação sigilosa caput é de competência exclusiva da autoridade
ou informação pessoal; máxima do órgão ou entidade pública.
V - impor sigilo à informação para obter proveito § 5º O prazo para apresentação de defesa nas hipó-
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de teses previstas neste artigo é de dez dias, contado
ato ilegal cometido por si ou por outrem; da ciência do ato.
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou CAPÍTULO X
a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e Do Monitoramento da Aplicação da Lei
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
mentos concernentes a possíveis violações de direi- SEÇÃO I
tos humanos por parte de agentes do Estado. Da Autoridade de Monitoramento

Deverá ser punido como: Art. 67 O dirigente máximo de cada órgão ou enti-
dade designará autoridade que lhe seja diretamente
z Transgressões militares médias ou graves, se das subordinada para exercer as seguintes atribuições:
Forças Armadas; I - assegurar o cumprimento das normas relativas
z Com suspensão, no mínimo, pela infração admi- ao acesso à informação, de forma eficiente e adequa-
nistrativa, se agente público. da aos objetivos da Lei nº 12.527, de 2011;
II - avaliar e monitorar a implementação do dispos-
to neste Decreto e apresentar ao dirigente máximo
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o
de cada órgão ou entidade relatório anual sobre o
militar ou agente público responder, também, por
seu cumprimento, encaminhando-o à Controlado-
improbidade administrativa, conforme o disposto
ria-Geral da União;
nas Leis nº 1.079, de 10 de abril de 1950 , e nº
III - recomendar medidas para aperfeiçoar as nor-
8.429, de 2 de junho de 1992.
mas e procedimentos necessários à implementação
Art. 66. A pessoa natural ou entidade privada que
deste Decreto;
detiver informações em virtude de vínculo de qual-
IV - orientar as unidades no que se refere ao cumpri-
quer natureza com o Poder Público e praticar con-
mento deste Decreto; e
duta prevista no art. 65, estará sujeita às seguintes
V - manifestar-se sobre reclamação apresentada
sanções:
contra omissão de autoridade competente, observa-
I - advertência;
do o disposto no art. 22.
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o Poder Público;
IV - suspensão temporária de participar em licita- No caso de omissão de resposta ao pedido de aces-
ção e impedimento de contratar com a administra- so à informação, o requerente poderá apresentar
ção pública por prazo não superior a dois anos; e reclamação. No prazo de dez dias à autoridade de
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con- monitoramento deverá se manifestar no prazo de
tratar com a administração pública, até que seja cinco dias, contado do recebimento da reclamação.
promovida a reabilitação perante a autoridade que
aplicou a penalidade. Seção II
§ 1º A sanção de multa poderá ser aplicada junta- Das Competências Relativas ao
mente com as sanções previstas nos incisos I, III e Monitoramento
IV do caput.
Art. 68 Compete à Controladoria-Geral da União,
A advertência, rescisão do contrato com o poder observadas as competências dos demais órgãos e
público e suspensão temporária de participar em entidades e as previsões específicas neste Decreto:
licitação e impedimento de contratar com a adminis- I - definir o formulário padrão, disponibilizado em
tração pública por prazo não superior a 2 (dois) anos meio físico e eletrônico, que estará à disposição no
PODEM ser aplicadas junto com a multa. sítio na Internet e no SIC dos órgãos e entidades, de
acordo com o § 1º do art. 11;
II - promover campanha de abrangência nacional de
§ 2º A multa prevista no inciso II do caput será apli-
fomento à cultura da transparência na administra-
cada sem prejuízo da reparação pelos danos e não
ção pública e conscientização sobre o direito funda-
poderá ser:
mental de acesso à informação;
I - inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) nem superior a
III - promover o treinamento dos agentes públicos e,
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), no caso de pes-
no que couber, a capacitação das entidades privadas
soa natural; ou
sem fins lucrativos, no que se refere ao desenvolvi-
II - inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) nem supe-
mento de práticas relacionadas à transparência na
rior a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), no caso
administração pública;
de entidade privada. IV - monitorar a implementação da Lei nº 12.527,
§ 3º A reabilitação referida no inciso V do caput de 2011, concentrando e consolidando a publicação
será autorizada somente quando a pessoa natu- de informações estatísticas relacionadas no art. 45;
ral ou entidade privada efetivar o ressarcimento V - preparar relatório anual com informações refe-
ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e rentes à implementação da Lei nº 12.527, de 2011, a
depois de decorrido o prazo da sanção aplicada ser encaminhado ao Congresso Nacional;
com base no inciso IV do caput. VI - monitorar a aplicação deste Decreto, especial-
mente o cumprimento dos prazos e procedimentos; e
Só poderá se relacionar novamente com a admi- VII - definir, em conjunto com a Casa Civil da Pre-
nistração pública, a pessoa física ou entidade privada sidência da República, diretrizes e procedimentos
que ressarcir o poder público dos danos causados complementares necessários à implementação da
104 pela infração. Lei nº 12.527, de 2011.
Art. 69 Compete à Controladoria-Geral da União e ao
Ministério da Economia, observadas as competências DECRETO Nº 1.171, DE 1994
dos demais órgãos e entidades e as previsões específi-
cas deste Decreto, por meio de ato conjunto: (Redação Ética no Serviço Público é uma matéria que possui
dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019) duas partes, quais sejam: teoria e jurídica.
I - estabelecer procedimentos, regras e padrões de A parte teórica não será o enfoque de nossos estu-
divulgação de informações ao público, fixando pra- dos, pois ela não foi expressamente cobrada nos edi-
zo máximo para atualização; e tais do referido concurso. O estudo da origem da ética,
II - detalhar os procedimentos necessários à busca, da moral, seus aspectos filosóficos, esses pontos não
estruturação e prestação de informações no âmbito são importantes no presente momento.
do SIC. Vamos nos aprofundar mais na parte jurídica da
matéria. De início, cumpre apontar alguns pontos
A Controladoria-Geral da União e o Ministério da importantes do Código de Ética Profissional do Ser-
Economia são as entidades responsáveis pela fiscali- vidor Público Federal, disposto na parte anexa do
zação e implementação da LAI! Decreto nº 1.171, de 1994.

Art. 70 Compete ao Gabinete de Segurança Institu-


DECRETO Nº 1.171, DE 1994 — CÓDIGO DE ÉTICA
cional da Presidência da República, observadas as
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO
competências dos demais órgãos e entidades e as
PODER EXECUTIVO FEDERAL
previsões específicas neste Decreto:
I - estabelecer regras de indexação relacionadas à Noções Gerais
classificação de informação;
II - expedir atos complementares e estabelecer pro- Como já mencionamos, o Decreto nº 1.171, de 22 de
cedimentos relativos ao credenciamento de segu- junho de 1994, é o instrumento normativo que apro-
rança de pessoas, órgãos e entidades públicos ou va o Código de Ética Profissional do Servidor Público
privados, para o tratamento de informações clas- Civil do Poder Executivo Federal.
sificadas; e Preliminarmente, é importante destacar a quem se
III - promover, por meio do Núcleo de Credenciamen- aplica o referido Código de Ética. Nesse sentido, o art.
to de Segurança, o credenciamento de segurança de 2º disciplina que “Os órgãos e entidades da Adminis-
pessoas, órgãos e entidades públicos ou privados, tração Pública Federal direta e indireta implemen-
para o tratamento de informações classificadas. tarão, em sessenta dias, as providências necessárias à
plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante
CAPÍTULO XI
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, inte-
Disposições Transitórias e Finais
grada por três servidores ou empregados titulares de
cargo efetivo ou emprego permanente”.
Para relembrar: Administração Pública Direta é a
Art. 71 Os órgãos e entidades adequarão suas políti-
União, os Estados, Municípios, o Distrito Federal, e os
cas de gestão da informação, promovendo os ajustes
seus respectivos órgãos, secretarias, departamentos
necessários aos processos de registro, processamento,
e ministérios. Administração Pública Indireta são as
trâmite e arquivamento de documentos e informações.
pessoas jurídicas autônomas, que podem ser direito
Art. 72 Os órgãos e entidades deverão reavaliar as
público ou de direito privado. São, de modo geral, as
informações classificadas no grau ultrassecreto e
autarquias, as fundações, as empresas públicas e as
secreto no prazo máximo de dois anos, contado do
sociedades de economia mista.
termo inicial de vigência da Lei nº 12.527, de 2011.
Apesar de ser parte da legislação federal, o Código
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão
de Ética é cobrado em concursos públicos para cargos
da reavaliação prevista no caput, deverá observar
em órgãos estaduais e municipais, pois ele serve como
os prazos e condições previstos neste Decreto.
parâmetro para todos os servidores em geral.
§ 2º Enquanto não transcorrido o prazo de reavalia-
ção previsto no caput, será mantida a classificação
Das Regras Deontológicas
da informação, observados os prazos e disposições
da legislação precedente.
A sessão das regras deontológicas é a parte mais impor-
§ 3º As informações classificadas no grau ultrassecreto
tante do Código de Ética dos servidores públicos, pois é a
e secreto não reavaliadas no prazo previsto no caput
parte que mais costuma cair em questões de prova.
serão consideradas, automaticamente, desclassificadas.
Costuma-se definir deontologia como o conjunto
de princípios e regras de conduta ou deveres de uma
Se a Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
determinada profissão. Significa que cada profissio-
ções não rever a classificação, no máximo a cada 4 nal deve ter suas regras próprias para regular o exer-
anos, de informações ultrassecretas ou secretas, cício de sua profissão, de acordo com o código de ética
ela automaticamente se tornará ostensiva (sem de sua categoria. Assim, as regras deontológicas são as
LEGISLAÇÃO

restrição de acesso)! regras de conduta que todo servidor público deve ter,
no exercício de suas atribuições.
Art. 73 A publicação anual de que trata o art. 45 São ao todo treze regras deontológicas, e, por sua
terá início em junho de 2013. importância, é necessário vê-las e fazer alguns comen-
tários, uma a uma.
Art. 74 O tratamento de informação classificada
resultante de tratados, acordos ou atos internacio- I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
nais atenderá às normas e recomendações desses ciência dos princípios morais são primados maio-
instrumentos. res que devem nortear o servidor público, seja no 105
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que IV- A remuneração do servidor público é custeada
refletirá o exercício da vocação do próprio poder pelos tributos pagos direta ou indiretamente por
estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como
serão direcionados para a preservação da honra e contrapartida, que a moralidade administrativa se
da tradição dos serviços públicos. integre no Direito, como elemento indissociável de
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como
z Dignidade e decoro possuem definições muito consequência, em fator de legalidade.
similares. Significa agir com respeito às institui- A moralidade se integra com o Direito no sentido
ções. É se comportar de acordo com a função que o de que para que o ato seja considerado legítimo e cor-
profissional ocupa; reto, precisa obedecer ao princípio da moralidade.
z Zelo é a dedicação do servidor ao serviço; A moralidade é exigida justamente pelo fato de
z Eficácia é a capacidade que o servidor tem de que todos custeiam a remuneração do servidor públi-
resolver os problemas concernentes ao seu servi- co. Por isso, qualquer pessoa pode “cobrar” a morali-
ço, gerando resultados positivos; dade do servidor.
z Consciência dos princípios morais é ter conhecimen-
to da ordem moral, da ética, do respeito mútuo etc. V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público
perante a comunidade deve ser entendido como acrés-
cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
Ao dizer que a dignidade, decoro, zelo, eficácia e
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
consciência dos princípios morais são primados maio- ser considerado como seu maior patrimônio.
res, significa que tais características devem servir de
base para a atuação do servidor tanto no exercício do Assim, ao servidor público que trabalha com moral
serviço público quanto fora dele. Conforme aludido e dignidade também se destina as benesses resultan-
pelo inciso I, os atos, comportamentos e atitudes de tes do seu próprio trabalho, ou seja, do êxito dos atos
todos os servidores serão direcionados a fim de preser- públicos praticados, visto que ele também é cidadão
var a honra e a tradição dos serviços públicos, pois o dentro do Estado Democrático.
servidor representa o Estado perante toda a sociedade.
VI - A função pública deve ser tida como exercício
profissional e, portanto, se integra na vida particu-
II - O servidor público não poderá jamais desprezar
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
conceito na vida funcional.
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto
e o desonesto, consoante as regras contidas no art. Significa que o servidor público pode ter o seu
37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. conceito na vida funcional afetado pelo seu compor-
tamento na vida particular. O que ele faz na vida pri-
Um exemplo de hipótese em que o servidor des- vada é importante para a Administração Pública. Por
preza o elemento ético de sua conduta é aquela em isso, não pode o servidor, por exemplo, apresentar-se
que o ele age com base no pensamento “se a lei não embriagado para o trabalho, ainda que ele tenha inge-
me proíbe, então eu posso fazer isso”. O servidor rido bebida alcoólica fora do horário de serviço.
público precisa conhecer as necessidades do seu ser-
viço, sobretudo aquelas de natureza ética, ele não VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-
pode apenas se submeter à vontade da lei (se apegar tigações policiais ou interesse superior do Estado
e da Administração Pública, a serem preservados
demais ao princípio da legalidade). Deve decidir prin-
em processo previamente declarado sigiloso, nos
cipalmente entre o honesto e o desonesto.
termos da lei, a publicidade de qualquer ato admi-
nistrativo constitui requisito de eficácia e moralida-
III - A moralidade da Administração Pública não de, ensejando sua omissão comprometimento ético
se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo contra o bem comum, imputável a quem a negar.
ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida- A publicidade é um fator de legalidade. Para que o
de, na conduta do servidor público, é que poderá ato possa ser considerado eficaz, ele deve ser público,
consolidar a moralidade do ato administrativo. de conhecimento de todos. Além disso, ainda que tais
informações não tenham sido abertas para o público,
Ressalta-se que a moralidade está prevista no ela deve ser concedida para todos aqueles que a soli-
caput do art. 37 da CF, de 1988, como um princípio citarem. Esse é o mandamento geral da Lei de Acesso
norteador da Administração Pública. à Informação (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
Perceba que nem todo o ato que é legal é moral. 2011). A publicidade está intimamente ligada à noção
Por exemplo, quando um servidor é removido de sua de transparência, pois um ato público é muito mais
função pelo seu superior sob o fundamento de que a fácil de sofrer controle fiscalizatório por parte da
sua nova unidade de trabalho está com carência de população do que um ato sigiloso.
servidor. Contudo, a remoção ocorreu unicamente
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor
com a finalidade de punir o servidor.
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária
Ainda que exista o instituto da remoção do servi-
aos interesses da própria pessoa interessada ou
dor público, o motivo que a ensejou não é moral. Desta da Administração Pública. Nenhum Estado pode
maneira, o equilíbrio entre a legalidade e a moralida- crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo
de diz respeito ao fato de que o servidor público deve do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
primar pelo bem comum de todas as pessoas alcança- sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
106 das pelos seus atos administrativos executados. quanto mais a de uma Nação.
Essa regra dispõe sobre o dever do servidor público XIII - O servidor que trabalha em harmonia com
de falar a verdade, ele não pode dela se omitir, ou falsifi- a estrutura organizacional, respeitando seus cole-
ca-la, ainda que tal verdade seja contrária aos seus inte- gas e cada concidadão, colabora e de todos pode
resses, da Administração, ou até mesmo do interessado. receber colaboração, pois sua atividade pública
O erro e a mentira não podem ser considerados é a grande oportunidade para o crescimento e o
bases de uma Nação, tampouco da conduta do servi- engrandecimento da Nação.
dor público.
O referido inciso refere-se a postura que deve ser
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo adotada pelos servidores públicos no exercício de
dedicados ao serviço público caracterizam o esfor- suas funções para que seja mantido o bom funciona-
ço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga mento da administração pública.
seus tributos direta ou indiretamente significa cau-
sar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano Principais Deveres do Servidor Público
a qualquer bem pertencente ao patrimônio público,
deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não Os deveres e proibições presentes no Código de Éti-
constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às ca muito se assemelham com os deveres e proibições
instalações ou ao Estado, mas a todos os homens dispostos no seu Estatuto (Lei nº 8.112, de 1990). Toda-
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, via, ganham um contorno especial quando analisados
seu tempo, suas esperanças e seus esforços para sob o enfoque da ética no serviço público.
construí-los.
Vejamos, primeiro, os deveres fundamentais do
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à
servidor público, dispostos no inciso XIV:
espera de solução que compete ao setor em que
exerça suas funções, permitindo a formação de
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
prestação do serviço, não caracteriza apenas ati- a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas função ou emprego público de que seja titular;
principalmente grave dano moral aos usuários dos b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição
serviços públicos. e rendimento, pondo fim ou procurando priori-
tariamente resolver situações procrastinatórias,
principalmente diante de filas ou de qualquer outra
A noção de disciplina apresentada no inciso IX é inter-
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
pretada por meio dos parâmetros: cortesia, boa vontade,
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
cuidado e o tempo dedicados ao serviço público. evitar dano moral ao usuário;
A regra mencionada traz as noções de dano moral c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda
e dano material que podem ser causados pelo servi- a integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
dor. Quem trata mal particular que busca atendimen- quando estiver diante de duas opções, a melhor e a
to do servidor está lhe causando dano moral, e deverá mais vantajosa para o bem comum;
ressarcir o particular. Ao mesmo tempo, caracteriza
também como dano moral a espera demasiada em O bem comum aparece múltiplas vezes no Código
longas filas de atendimento. de Ética. Deve ser o objetivo principal, a finalidade
O dano material configura-se quando o servidor primordial do servidor.
causar dano a qualquer bem e/ou equipamento per-
tencente ao patrimônio público, seja por descuido ou d) jamais retardar qualquer prestação de contas,
de propósito (dolo e culpa). condição essencial da gestão dos bens, direitos e
serviços da coletividade a seu cargo;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
ordens legais de seus superiores, velando atenta- A prestação de contas das autoridades públicas é
mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a uma forma de oferecer maior transparência sobre os
conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e gastos anuais feitos pelos mesmos.
o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
no desempenho da função pública. aperfeiçoando o processo de comunicação e conta-
to com o público;
Aqui estabelece-se um dever de obediência às f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
ordens legais do superior do servidor público. Assim, princípios éticos que se materializam na adequada
toda ordem de seu superior que for considerada ile- prestação dos serviços públicos;
gal, ele tem o dever de, além de não obedecer, de g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
representar contra o referido ato. Os repetidos erros, ção, respeitando a capacidade e as limitações indi-
o descaso e o acúmulo de desvios, somados, resultam viduais de todos os usuários do serviço público, sem
na imprudência administrativa. qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça,
LEGISLAÇÃO

sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho políti-


XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu co e posição social, abstendo-se, dessa forma, de cau-
local de trabalho é fator de desmoralização do ser- sar-lhes dano moral;
viço público, o que quase sempre conduz à desor-
dem nas relações humanas. A primeira parte do dispositivo demonstra o que o
servidor deve fazer para evitar incorrer em conduta
É proibido ao servidor público se ausentar de seu que cause danos morais ao particular. O servidor deve
expediente sem autorização de seu superior, bem tratar com respeito todos, sem preconceito ou qual-
como é seu dever manter a assiduidade ao serviço. quer outra distinção. 107
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
temor de representar contra qualquer comprome- mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
timento indevido da estrutura em que se funda o onde exerce suas funções;
Poder Estatal; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou
quicos, de contratantes, interessados e outros que função, tanto quanto possível, com critério, seguran-
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta- ça e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.
gens indevidas em decorrência de ações imorais,
O servidor deve estar sempre atualizado em rela-
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
ção as normas concernentes ao seu serviço, afinal é
impossível que o servidor público tenha como parâ-
Retoma-se, aqui, a discussão sobre obediência e
metro para o desenvolvimento de suas atividades
a ordem manifestamente ilegal. O servidor não pode
uma Portaria ou Decreto já revogado.
cumprir ordens ilegais. Pelo contrário: deverá repre-
Deve, também, trabalhar com critério, segurança
sentar contra tal ato, ainda que emitido por seu supe- e rapidez, sempre mantendo tudo em ordem. É muito
rior hierárquico. comum que o servidor seja eventualmente substituído por
O servidor deve resistir às pressões que tenham a outro. Deixando tudo em ordem facilita essa transição.
finalidade de conseguir favores e vantagens indevidas.
Na prática, o Código não faz diferença entre repre- s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços
sentar e denunciar. São tratados como sinônimos, por quem de direito;
ainda que formalmente possuam características dis-
Essa fiscalização é promovida pelos próprios
tintas. O importante é que o Código não quer que o
órgãos administrativos (Tribunal de Contas, órgãos
servidor se mantenha calado.
de controle interno). O controle interno tem a mesma
importância que o controle externo, devendo o servi-
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi-
dor facilitar o exercício de ambos.
gências específicas da defesa da vida e da segurança
coletiva; t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de
O direito de greve dos servidores públicos é res- fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos
guardado pela Constituição Federal. Mas ele deve usuários do serviço público e dos jurisdicionados
tomar certos cuidados ao exercer esse direito. Há administrativos;
alguns agentes públicos, inclusive, que não podem u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
exercer direito de greve, como os militares. ção, poder ou autoridade com finalidade estranha
ao interesse público, mesmo que observando as for-
malidades legais e não cometendo qualquer viola-
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de
ção expressa à lei;
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde-
nado, refletindo negativamente em todo o sistema; Todo servidor tem algum tipo de prerrogativa
quando no exercício de suas funções. O dever aqui
Assiduidade é o comparecimento em serviço. Ser- impõe a utilização dessa prerrogativa com modera-
vidor assíduo é aquele que comparece ao serviço. Ser- ção. Lembre-se que o servidor não é o dono do inte-
vidor frequente é aquele que comparece sempre no resse público, não pode fazer tudo de acordo com sua
momento certo. A falta injustificada é fator de desmo- vontade para alcançar o bem comum.
ralização do serviço público.
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
m) comunicar imediatamente a seus superiores classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse mulando o seu integral cumprimento.
público, exigindo as providências cabíveis;
Aqui o Código impõe o dever de ser divulgado
pelos próprios servidores. Quando houver indícios
A expressão “qualquer ato ou fato” significa que
de violações desse Código, deve o servidor oferecer
o servidor tem o dever de comunicar sobre qualquer
denúncia à Comissão de Ética.
ilícito, sem distinções.
Das Vedações ao Servidor Público
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua Por outro lado, o Código de Ética também apresenta
organização e distribuição; um vasto rol de vedações, de condutas que o servidor
o) participar dos movimentos e estudos que se rela- está proibido de fazer. Vejamos as principais vedações:
cionem com a melhoria do exercício de suas fun-
ções, tendo por escopo a realização do bem comum; XV - E vedado ao servidor público;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
quadas ao exercício da função; tempo, posição e influências, para obter qualquer
favorecimento, para si ou para outrem;
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
As vestimentas adequadas ao exercício da função
servidores ou de cidadãos que deles dependam;
dependem da própria função que o servidor exerce.
Quem atua com o público deve se vestir de uma for- O servidor deve sempre buscar manter a boa repu-
ma. Quem apenas exerce funções de comunicação tação dele mesmo e de seus colegas. Não é moralmen-
entre as repartições, de caráter interno, tem outra for- te correto espalhar rumores e boatos sobre outras
108 ma de se vestir. pessoas, sendo colegas servidores ou terceiros.
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, o) dar o seu concurso a qualquer instituição que
conivente com erro ou infração a este Código de Éti- atente contra a moral, a honestidade ou a dignida-
ca ou ao Código de Ética de sua profissão; de da pessoa humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o
Ser conivente significa omitir-se do dever de seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
denunciar o erro ou infração. Existe também Código
de Ética específico para determinados cargos, como, Empreendimento de cunho duvidoso não pre-
por exemplo, Código de Ética de engenharia, Código cisa ser necessariamente ilícito. É o caso dos famo-
de Ética e Disciplina da OAB. sos “esquemas de pirâmide”, a natureza obscura do
negócio faz com que ela ganhe um conteúdo aético, e
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar promove uma imagem ruim do servidor que trabalha
o exercício regular de direito por qualquer pessoa, nesse tipo de esquema.
causando-lhe dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí- Das Comissões de Ética
ficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
atendimento do seu mister; A redação original do Código de Ética trazia diver-
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, sas disposições sobre as Comissões de Ética. Porém, a
caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal matéria foi bastante alterada, pois houve revogação
interfiram no trato com o público, com os jurisdi- de diversos dispositivos pelo Decreto nº 6.029, de 2007.
cionados administrativos ou com colegas hierar- Quais órgãos precisam ter uma Comissão de Ética?
quicamente superiores ou inferiores; O inciso XVI dispõe justamente sobre isso: na Admi-
nistração Direta, inclusive na Presidência, Vice-Pre-
O servidor tem que tomar cuidado para que as
sidência, Ministérios etc.; na Administração Indireta,
suas relações interpessoais, sejam positivas ou nega- somente em autarquias e fundações públicas.
tivas, não interfiram no serviço desempenhado. Não
pode, por exemplo, não exercer seu trabalho pelo fato XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
de que não recebeu promoção de seu superior. tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber exerça atribuições delegadas pelo poder público,
qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê- deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarre-
mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer gada de orientar e aconselhar sobre a ética profis-
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, sional do servidor, no tratamento com as pessoas e
para o cumprimento da sua missão ou para influen- com o patrimônio público, competindo-lhe conhe-
ciar outro servidor para o mesmo fim; cer concretamente de imputação ou de procedimen-
to susceptível de censura.
O servidor não pode exigir o famoso “dinheiro do
café” para poder fazer o seu trabalho. Os valores ofer- Não existe obrigatoriedade de criar essas Comis-
tados podem ser maiores, o que configura em verda- sões nas empresas públicas e sociedades de economia
deiras propinas. As vantagens podem ser de natureza mista. Mas os seus empregados devem obedecer às
não financeira também. normas previstas no Código de Ética.

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que As atribuições das Comissões de Ética são as seguintes:
deva encaminhar para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces- z Orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
site do atendimento em serviços públicos; servidor, do tratamento com as pessoas e com o
patrimônio público;
É a hipótese em que servidor mente para o parti- z Conhecer concretamente, de imputação ou de pro-
cular apenas porque não quer realizar o seu devido cedimento susceptível de censura (inciso XXII);
serviço com diligência e rapidez. z Fornecer aos órgãos de pessoal registros sobre a
conduta ética dos servidores (inciso XVIII).
j) desviar servidor público para atendimento a inte-
resse particular;
As demais regras a respeito da Comissão de Ética
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
Pública serão vistas em momento posterior. Seu Regi-
te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
mento Interno está disposto na Resolução nº 4, de
pertencente ao patrimônio público;
2001, da própria CEP.
Isso não significa que o servidor não pode retirar Por fim, o inciso XXIV dispõe sobre quais pessoas
documentos ou livros ou bens, nunca. Deve, entretan- podem ter o seu comprometimento ético apurado, isso
to, pedir autorização para fazê-lo. é, quem é considerado “servidor público”, aos olhos do
Código de Ética.
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas Para fins de apuração do comprometimento ético,
LEGISLAÇÃO

no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró- entende-se por servidor público todo aquele que,
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros; por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora preste serviços de natureza permanente, temporária
dele habitualmente; ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
Tal aspecto foi apresentado em uma regra deontoló- órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
gica. A vedação faz uma menção ao termo “habitualmen- ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
te”, o que significa que não pode o servidor apresentar-se públicas e as sociedades de economia mista, ou em
embriagado todos os dias, ou com muita frequência. qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. 109
Essa definição de servidor público não se encaixa Pronome de tratamento adequado
completamente com a definição utilizada em Direito
Art. 2º O único pronome de tratamento utiliza-
Administrativo, pois a sua finalidade é distinta: ser-
do na comunicação com agentes públicos federais é
ve para apurar o comprometimento ético do profis- “senhor”, independentemente do nível hierárquico,
sional. O elemento que mais chama atenção é que o da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
servidor público, nesse caso, é aquele que presta ser- Parágrafo único. O pronome de tratamento é fle-
viços de natureza permanente, temporária ou excep- xionado para o feminino e para o plural.
cional, ainda que sem retribuição financeira. Assim,
os empregados regidos pelo regime celetista, o ter- Formas de tratamento vedadas
ceirizado que presta apoio processual, o consultor, o
estagiário, os particulares que atuam em serviços de Art. 3º  É vedado na comunicação com agentes
públicos federais o uso das formas de tratamento,
notas e registros, todas essas pessoas podem não ser
ainda que abreviadas:
servidores públicos em sentido estrito, mas terão seu 1. Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
comprometimento ético apurado. 2. Vossa Senhoria;
3. Vossa Magnificência;
4. doutor;
5. ilustre ou ilustríssimo;
6. digno ou digníssimo; e
DECRETO Nº 9.758, DE 2019 7. respeitável.
§ 1º O agente público federal que exigir o uso dos
Dispõe sobre a forma de tratamento e de endere- pronomes de tratamento de que trata o  caput,
çamento nas comunicações com agentes públicos da mediante invocação de normas especiais referentes
administração pública federal. ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribui- do mesmo modo.
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo
ção que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente
“a”, da Constituição, DECRETA: caso haja erro na forma de tratamento empregada.
Objeto e âmbito de aplicação
Endereçamento de comunicações
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de trata-
mento empregada na comunicação, oral ou escri- Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigi-
ta, com agentes públicos da administração pública das a agentes públicos federais não conterá prono-
federal direta e indireta (nota: os agentes do Poder me de tratamento ou o nome do agente público.
Executivo Federal), e sobre a forma de endereça- Parágrafo único.  Poderão constar o pronome de
mento de comunicações escritas a eles dirigidas. tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do
§ 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimô- destinatário nas hipóteses de:
nias das quais o agente público federal participe. 1. a mera indicação do cargo ou da função e do
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto: setor da administração ser insuficiente para a iden-
tificação do destinatário; ou
1. aos servidores públicos ocupantes de cargo
2. a correspondência ser dirigida à pessoa de agente
efetivo;
público específico.
2. aos militares das Forças Armadas ou das forças
auxiliares;
Vigência
3. aos empregados públicos;
4. ao pessoal temporário; Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio
5. aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e de 2019.
aos presidentes de empresas públicas e sociedades Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independência
de economia mista; e 131º da República.
6. aos empregados terceirizados que exercem ativi- JAIR MESSIAS BOLSONARO
dades diretamente para os entes da administração
pública federal;
7. aos ocupantes de cargos em comissão e de fun-
ções de confiança; LEI FEDERAL Nº 8.666, DE 1993
8. às autoridades públicas de qualquer nível hierár-
quico, incluídos os Ministros de Estado; e NOÇÕES GERAIS DE LICITAÇÃO
9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.
§ 3º Este Decreto não se aplica: A Administração tem a faculdade de realizar con-
1. às comunicações entre agentes públicos federais tratos com particulares. Porém, ao contrário do que
e autoridades estrangeiras ou de organismos inter- ocorre na esfera privada, o Poder Público não pode
nacionais; e escolher livremente quem deve contratar, seja para a
2. às comunicações entre agentes públicos da admi- compra e fornecimento de materiais ou para a pres-
nistração pública federal e agentes públicos do tação de um serviço com relevante interesse públi-
Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal co. Por ser uma pessoa jurídica de direito público,
de Contas, da Defensoria Pública, do Ministério os imperativos da isonomia, da impessoalidade e
Público ou de outros entes federativos, na hipótese da indisponibilidade do interesse público obrigam
de exigência de tratamento especial pela outra par- a Administração à realização de um processo públi-
te, com base em norma aplicável ao órgão, à entida- co para a seleção mais imparcial possível da melhor
110 de ou aos ocupantes dos cargos. proposta, garantindo igualdade de condições a todos
que queiram concorrer para a eventual celebração do Por ser um tema bastante técnico e preciso, o
contrato. Esse é o processo denominado licitação, pre- conhecimento da lei seca é essencial para qualquer
visto no art. 37, XXI, da Constituição Federal. concursando. A matéria legislativa sobre o procedi-
Assim, podemos conceituar a licitação como o procedi- mento licitatório, na realidade, é bastante vasta. Pro-
mento administrativo em que ocorre a seleção da melhor curamos dar maior destaque à Lei n° 8.666, de 1993,
proposta, de modo imparcial a todos os interessados. que dispõe sobre as normas gerais de licitação, e à Lei
As finalidades das licitações são diversas, algumas n° 10.520, de 2002, que introduziu o pregão como uma
dispostas no art. 3° da Lei n° 8.666, de 1993. Segundo o nova modalidade de licitação a todos os entes federati-
referido dispositivo legal, a licitação tem por finalidade: vos. Todavia, também gostaríamos de destacar outros
instrumentos legais, como a Lei n° 8.883, de 1994, a Lei
z Buscar a melhor proposta, promovendo maior com- n° 11.079, de 2004, que institui as Parcerias Público-
petitividade entre os potenciais contratados, com a -Privadas ou PPPs, a Lei n° 9.472, de 1997 que institui
finalidade de almejar o negócio mais vantajoso; duas modalidades de licitação exclusivas da ANATEL, o
z Oferecer uma igualdade de condições aos interes- pregão e a consulta; e o Decreto n° 9.412, de 2018, que
sados em contratar com o Poder Público, em aten- atribui novos valores quanto ao preço de algumas for-
dimento à isonomia e à impessoalidade, desde que mas licitatórias.
atendam as condições previamente fixadas no ins-
trumento convocatório; e LEI GERAL DE LICITAÇÕES – LEI N° 8.666, DE 1993
z A promoção do desenvolvimento nacional sustentá-
vel, introduzido posteriormente pela Lei n° 12.349, Como forma de regulamentar o inciso XXI do art. 37
de 2010, envolvendo aspectos econômicos, sociais e da CF, de 1988, a Lei de Licitações (Lei n° 8.666, de 1993)
ambientais. Infere-se, com isso, que as licitações atual- é uma lei de âmbito nacional que institui normas gerais
mente podem apresentar outros objetivos, como o sobre licitações e contratações feitas pela Administração
cumprimento de uma função social, o impedimento Pública, sendo aplicável a todos os entes da Federação.
do desmatamento desnecessário, entre outros. Importante, por isso, conhecer os seus principais dispo-
sitivos, bastante exigidos em concursos públicos.
A finalidade do desenvolvimento nacional sus-
Pressupostos da Licitação
tentável foi primeiramente denotada pela doutrina,
porém, podemos perceber várias medidas novas na
Ressalvadas as hipóteses de contratação direta defini-
legislação adotadas no procedimento licitatório que
das na legislação, a celebração de contratos administrati-
evidenciam essa nova faceta do mesmo. Dentre essas
vos exige a prévia realização de procedimento licitatório.
medidas, destaca-se a referência para os produtos
Considerando ser uma disputa que visa a obtenção da
manufaturados, pela indústria nacional (art. 6°, XVII,
melhor proposta à luz do interesse público, a licitação só
Lei n° 8.666, de 1993) e a produção interna, bem como
pode ser instaurada mediante o preenchimento de certos
os produtos manufaturados e serviços nacionais (art.
pressupostos, que podem ser definidos como:
6°, XVIII, Lei n° 8.666, de 1993) resultantes de desen-
volvimento e realizações tecnológicas no País. Pode
z Pressuposto lógico: para ocorrer um procedimen-
haver, inclusive, uma equiparação entre os produtos
to licitatório, faz parte da sua lógica a existência
e serviços nacionais com aqueles prestados pelo Mer-
de pluralidade de objetos e de ofertantes, sem os
cado Comum do Sul (Mercosul).
quais torna inviável a competitividade inerente
Sobre a natureza jurídica, a doutrina classifica, da licitação. Ausente o pressuposto lógico, a licita-
de forma quase unânime, a licitação como um pro- ção torna-se inexigível. É o caso, por exemplo, da
cedimento administrativo. É um procedimento, uma compra de equipamentos fornecidos por produtor
vez que se manifesta por uma sequência ordenada de exclusivo (art. 25, I, Lei n° 8.666, de 1993);
atos. Não pode ser considerado um processo, pela ine- z Pressuposto Jurídico: caracteriza-se pela conve-
xistência de partes litigantes. A ênfase em dizer que niência e oportunidade do procedimento licitató-
a licitação é um procedimento administrativo advém rio. A licitação deve ser útil e trazer vantagem para
do fato de que, por muito tempo, houve quem susten- a Administração, bem como atender ao interesse
tasse ser a licitação um instituto de Direito Financei- público. Caso contrário, é preferível uma contra-
ro, e não de Direito Administrativo. Essa diferença no tação direta. A ausência desse pressuposto torna
enquadramento do instituto implicava em uma alte- a licitação inexigível ou dispensável. É o caso, por
ração dos princípios aplicáveis e a mudança da com- exemplo, da compra de bens de valor inferior a R$
petência para editar leis sobre a matéria. 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);
Sobre a competência legislativa do instituto, o z Pressuposto Fático: por razões óbvias, é também
art. 22, XXVII, da CF, de 1988 atribui como competên- imprescindível o comparecimento dos interessa-
cia privativa da União legislar sobre normas gerais dos em participar da licitação. Se ninguém com-
de licitação e contratações, em todas as modalidades, parecer, ou se ninguém apresenta uma proposta
para as administrações públicas diretas, indiretas, válida (que atenda aos requisitos exigidos no edi-
LEGISLAÇÃO

autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito tal), a licitação é considerada deserta ou fracassa-
Federal e Municípios. Todavia, a doutrina denota que, da, respectivamente. A ausência do pressuposto
em se tratando de competência da União para editar fático implica em dispensa da licitação, na forma
“normas gerais”, cabe aos Estados, aos Municípios e do art. 24, V, da Lei n° 8.666, de 1993;
ao Distrito Federal a edição de regras específicas para z Pressuposto Orçamentário: alguns autores tam-
suplementar essas normas gerais. Por isso, a doutrina bém elencam a obediência ao orçamento público
crê que a competência para legislar sobre licitações, como um pressuposto essencial do procedimento
na verdade, é concorrente, e o referido dispositivo licitatório. Nos termos do art. 7°, § 2°, III e IV, da
deveria estar expresso no art. 24 da CF, de 1988. Lei de Licitações, as obras e os serviços somente 111
poderão ser licitados quando houver previsão de
recursos orçamentários que assegurem o pagamen- Importante!
to das obrigações decorrentes de obras ou serviços a As autarquias profissionais possuem o dever de
serem executadas no exercício financeiro em curso, licitar. Contudo, isso não se aplica à OAB. O STF
de acordo com o respectivo cronograma; bem como pacificou entendimento de que a OAB não é uma
quando o produto dela esperado estiver contempla- autarquia, mas uma entidade sui generis. Por
do nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de isso a OAB não é obrigada a licitar.
que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando
for o caso. Vale destacar, também, o texto do art. 14
da mesma Lei, que dispõe que nenhuma compra Outro ponto que merece destaque é a questão
será feita sem a adequada caracterização de seu das empresas públicas e sociedades de economia
objeto e indicação dos recursos orçamentários para mista. Pelo texto constitucional (art. 173, § 1°, CF, de
seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e res- 1988), as empresas estatais possuem o dever de lici-
ponsabilidade de quem lhe tiver dado causa. tar. Porém, uma corrente na doutrina, defendida por
Celso Antônio Bandeira de Mello, surge com a ques-
O Dever de Licitar tão das empresas estatais que realizam uma atividade
econômica. A obrigatoriedade de licitar, nesses casos,
A quem incumbe a obrigatoriedade de licitar? Essa traria uma grande desvantagem dessas empresas
é uma questão que apresenta diversos desdobramen- estatais, comparado com as demais empresas priva-
das. Por isso, tal corrente defende que as empresas
tos na doutrina, e por isso, precisa ser melhor deta-
estatais que exercem atividade econômica não devem
lhada. Segundo o parágrafo único do art. 1° da Lei
licitar. O próprio art. 173, inclusive, faz menção ape-
n° 8.666, de 1993, que apresenta um rol muito mais
nas as empresas prestadoras de serviço público.
extenso do que o disposto no art. 37, XXI, da Consti- Para efeitos didáticos, as empresas estatais não
tuição Federal, subordinam-se ao regime desta Lei, precisam licitar durante o exercício de sua ativi-
além dos órgãos da Administração Direta, os fundos dade-fim, envolvendo a exploração de atividades
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as econômicas. Contudo, para as suas atividades-meio
empresas públicas, as sociedades de economia mista e (contratação de funcionários de limpeza, vigilância
demais entidades controladas direta ou indiretamen- etc.), é preciso licitar.
te pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Sobre o objeto da licitação, o art. 2° da Lei n° 8.666,
Assim, de modo geral, pode-se dizer que de 1993, determina que a licitação será utilizada para
todos os entes públicos tem um dever de licitar, a compra de bens móveis e imóveis; a contratação de
compreendendo: serviços, incluindo serviços de publicidade e seguro; a
realização de obras de engenharia; locação e alienação
z Os entes da Administração Pública Direta, União, de bens públicos; a outorga de concessão de serviços
Estados, Municípios, Distrito Federal; públicos; e a outorga de permissão de serviços públicos.
z As autarquias, fundações, e agências reguladoras,
enfim, as pessoas jurídicas de direito público da O art. 3°, por sua vez, dispõe sobre a finalidade da
Administração Indireta; licitação:
z As empresas públicas e as sociedades de economia
mista; Art. 3° A licitação destina-se a garantir a obser-
z O Poder Legislativo; vância do princípio constitucional da isonomia, a
z O Poder Judiciário; seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
tração e a promoção do desenvolvimento nacional
z O Ministério Público;
sustentável e será processada e julgada em estrita
z O Tribunal de Contas;
conformidade com os princípios básicos da legali-
z As fundações de apoio; dade, da impessoalidade, da moralidade, da igual-
z As organizações do sistema S etc. dade, da publicidade, da probidade administrativa,
da vinculação ao instrumento convocatório, do
Todos esses entes, de certa forma, fazem parte da julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos”.
Administração Pública, seja porque integram o seu
quadro de pessoas, seja porque prestam serviços de O o referido dispositivo faz uma menção dessa for-
relevante interesse público. ma à obediência de alguns princípios da licitação.
Todavia, alguns desses entes públicos apresentam Por ser a licitação um instituto de Direito Admi-
certas particularidades que os dispensam do dever de nistrativo, deve, obrigatoriamente, obedecer aos
licitar. No caso das Organizações Sociais (OS), o art. princípios inerentes daquele ramo de direito público,
24, XXIV da Lei n° 8.666, de 1993, prevê expressamente dispostos no caput do art. 37 da CF, de 1988. Contudo,
a dispensa de licitação para a celebração de contratos a licitação por si apresenta alguns princípios específi-
de gestão com as OS, pois, apesar de serem entidades cos, que fundamentam a sua forma de ser. Esses prin-
privadas, o tipo de atividade que exercem entende-se cípios são:
não ser exigível à licitação. No caso das Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), z Princípio da isonomia: é o princípio que defen-
apesar de não haver previsão expressa, por ser ins- de a igualdade entre todos os competidores, pois
tituto similar à OS, entende-se também que não há o se encontram na mesma situação. Em decorrência
dever de licitar, exceto para obras, compras, serviços disso, o art. 3°, § 1°, da Lei n° 8.666, de 1993 proí-
e alienações contratados por entidades com recursos be preferências ou distinções dos competidores em
ou bens repassados voluntariamente pela União (art. razão da naturalidade, domicílio ou qualquer outra
112 1°, Decreto n° 5.504, de 2006). circunstância irrelevante para o objeto do contrato;
z P
rincípio da competitividade: como a licitação d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para
serve para buscar a melhor proposta dentre várias pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem
apresentadas, a adoção de medidas que ferem com fornecimento de materiais;
o caráter competitivo do certame é vedada. Assim, e) empreitada integral - quando se contrata um
empreendimento em sua integralidade, compreen-
as exigências de qualificação técnica e econômica
dendo todas as etapas das obras, serviços e insta-
devem se restringir ao que for considerado indis-
lações necessárias, sob inteira responsabilidade
pensável para a garantia do cumprimento das da contratada até a sua entrega ao contratante em
obrigações advindas da licitação; condições de entrada em operação, atendidos os
z Princípio da vinculação ao instrumento convo- requisitos técnicos e legais para sua utilização em
catório: a Administração não pode descumprir as condições de segurança estrutural e operacional
normas e condições do edital, ao qual se acha estri- e com as características adequadas às finalidades
tamente vinculada. Edital mal elaborado causa para que foi contratada;
diversos problemas (art. 41, Lei n° 8.666, de 1993); IX - Projeto Básico - conjunto de elementos neces-
z Princípio do julgamento objetivo: deve-se evitar sários e suficientes, com nível de precisão adequado,
a subjetividade o máximo possível. Apesar de ine- para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo
de obras ou serviços objeto da licitação, elabora-
xistir a possibilidade de um julgamento totalmente
do com base nas indicações dos estudos técnicos
objetivo, os aspectos subjetivos e pessoais devem preliminares, que assegurem a viabilidade técnica
ser mínimos, a fim de pouco interferir no resulta- e o adequado tratamento do impacto ambiental
do do instrumento licitatório; do empreendimento, e que possibilite a avaliação
z Princípio da vedação de oferta de vantagens: é do custo da obra e a definição dos métodos e do
absolutamente vedado ao Estado fazer subsídios prazo de execução, devendo conter os seguintes
ou vantagens baseadas nas ofertas dos demais lici- elementos:
tantes (art. 44, § 2°, Lei n° 8.666, de 1993); a) desenvolvimento da solução escolhida de forma
z Princípio do sigilo das propostas: nos termos do a fornecer visão global da obra e identificar todos
art. 43, § 1°, da Lei n° 8.666, de 1993, os envelopes os seus elementos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficien-
contendo as propostas dos licitantes não podem
temente detalhadas, de forma a minimizar a neces-
ser abertos, e seu conteúdo não pode ser divulgado
sidade de reformulação ou de variantes durante as
antes do momento adequado. fases de elaboração do projeto executivo e de reali-
zação das obras e montagem;
O art. 6°, por sua vez, trata de algumas definições c) identificação dos tipos de serviços a executar e
iniciais que ajudam a ter uma melhor compreensão da de materiais e equipamentos a incorporar à obra,
matéria. Para todos os efeitos dessa Lei, considera-se: bem como suas especificações que assegurem os
melhores resultados para o empreendimento, sem
Art. 6° [...] frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, d) informações que possibilitem o estudo e a dedu-
recuperação ou ampliação, realizada por execução ção de métodos construtivos, instalações provisó-
direta ou indireta; rias e condições organizacionais para a obra, sem
II - Serviço - toda atividade destinada a obter frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
determinada utilidade de interesse para a Admi- e) subsídios para montagem do plano de licitação
nistração, tais como: demolição, conserto, ins- e gestão da obra, compreendendo a sua programa-
talação, montagem, operação, conservação, ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis-
calização e outros dados necessários em cada caso;
reparação, adaptação, manutenção, transporte,
f) orçamento detalhado do custo global da obra,
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos
fundamentado em quantitativos de serviços e for-
técnico-profissionais;
necimentos propriamente avaliados;
III - Compra - toda aquisição remunerada
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elemen-
de bens para fornecimento de uma só vez ou
tos necessários e suficientes à execução completa
parceladamente; da obra, de acordo com as normas pertinentes da
IV - Alienação - toda transferência de domínio de Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
bens a terceiros; XI - Administração Pública - a administração dire-
V - Obras, serviços e compras de grande vul- ta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
to - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 Federal e dos Municípios, abrangendo inclusive as
(vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea entidades com personalidade jurídica de direito pri-
«c» do inciso I do art. 23 desta Lei; vado sob controle do poder público e das fundações
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o por ele instituídas ou mantidas;
fiel cumprimento das obrigações assumidas por XII - Administração - órgão, entidade ou unidade
empresas em licitações e contratos; administrativa pela qual a Administração Pública
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e opera e atua concretamente;
entidades da Administração, pelos próprios meios; XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulga-
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade ção da Administração Pública, sendo para a União
LEGISLAÇÃO

contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes o Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Dis-
regimes: trito Federal e os Municípios, o que for definido nas
a) empreitada por preço global - quando se contra- respectivas leis;
ta a execução da obra ou do serviço por preço certo XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatá-
e total; ria do instrumento contratual;
b) empreitada por preço unitário - quando se con- XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica sig-
trata a execução da obra ou do serviço por preço natária de contrato com a Administração Pública;
certo de unidades determinadas; XVI - Comissão - comissão, permanente ou espe-
c) (VETADO); cial, criada pela Administração com a função de 113
receber, examinar e julgar todos os documentos e O interessante dessas formas de julgamento de
procedimentos relativos às licitações e ao cadastra- propostas é que elas podem ser combinadas umas com
mento de licitantes. as outras, para melhor atender a finalidades distintas.
XVII - produtos manufaturados nacionais - produ- O art. 15 da Lei n° 8.987, de 1995, que dispõe sobre
tos manufaturados, produzidos no território nacio- o regime de concessão e permissão de serviços públi-
nal de acordo com o processo produtivo básico ou cos, apresenta também como modalidades de julga-
com as regras de origem estabelecidas pelo Poder mento de propostas:
Executivo federal;
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no
Art. 15 [...]
País, nas condições estabelecidas pelo Poder Exe-
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
cutivo federal;
prestado;
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comu-
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao
nicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia
poder concedente pela outorga da concessão;
da informação e comunicação cuja descontinui-
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referi-
dade provoque dano significativo à administração
dos nos incisos I, II e VII;
pública e que envolvam pelo menos um dos seguin-
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no
tes requisitos relacionados às informações críti-
edital;
cas: disponibilidade, confiabilidade, segurança e
V - melhor proposta em razão da combinação dos
confidencialidade.
critérios de menor valor da tarifa do serviço
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento -
público a ser prestado com o de melhor técnica;
bens, insumos, serviços e obras necessários para
VI - melhor proposta em razão da combinação
atividade de pesquisa científica e tecnológica,
dos critérios de maior oferta pela outorga da
desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecno-
concessão com o de melhor técnica; ou
lógica, discriminados em projeto de pesquisa apro-
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
vado pela instituição contratante.
qualificação de propostas técnicas.

TIPOS E MODALIDADES DE LICITAÇÃO – ARTIGOS A ideia de utilizar uma combinação de julgamento


20 A 26 de propostas, assim, é utilizada com maior frequên-
cia nas concessões e permissões de serviços públicos,
Os tipos de licitação variam, de acordo com a for- para melhor facilitar a forma como o concessionário
ma do julgamento das propostas e os critérios diferen- ou permissionário deverá executar o referido servi-
tes adotados. Trata-se de um rol taxativo, previsto no ço público. É o concessionário/permissionário quem
art. 45, § 1°, da Lei n° 8.666, de 1993. Com isso, pode-se assume todos os riscos do serviço prestado e, por isso,
afirmar que são tipos de licitação: é importante que ele saiba, de antemão, sobre como o
procedimento licitatório será realizado para melhor
z Tipo menor preço: envolve o julgamento de valo- atender suas necessidades.
res econômicos de cada proposta. A proposta Atualmente, há sete modalidades de licitação no
vencedora deve ser aquela que apresentar preço ordenamento jurídico brasileiro. A Lei n° 8.666, de
menor; 1993, faz menção expressa de cinco em seu art. 22 e
z Tipo melhor técnica: geralmente utilizada para parágrafos. São eles:
as propostas envolvendo trabalhos intelectuais ou
artísticos, que requerem alta expertise; Art. 22 [...]
z Tipo técnica e preço: é apenas uma junção dos I - concorrência;
tipos de licitação anteriores. Aqui, há uma ponde- II - tomada de preços;
ração entre as propostas que apresentam maior III - convite;
qualidade técnico-profissional, com o seu valor IV - concurso;
econômico-financeiro; V - leilão.
z Tipo maior lance ou oferta: é utilizado nas licitações
na modalidade leilão de bens. O vencedor do certame Concorrência
será aquele que apresentar o maior lance. Há tam-
bém a licitação por tipo menor lance ou oferta, utiliza- A concorrência é a espécie de licitação em que qual-
do principalmente no pregão (Lei n° 10.520, de 2002). quer pessoa pode participar, desde que preencha os
requisitos básicos e mínimos exigidos no edital na espe-
O tema não se exaure apenas na Lei de Licitações. A Lei cificação do objeto licitatório. Tem o seu fundamento
n° 8.987, de 1995, que dispõe sobre as concessões e permis- no art. 22, § 1° da Lei n° 8.666, de 1993. É um procedi-
sões de serviço público, elenca outros tipos de licitação, isso mento que envolve uma grande quantidade de compe-
é, outros critérios de julgamento de propostas, como: tidores, em atendimento ao princípio da isonomia.
A concorrência, de modo geral, é utilizada para
z Menor preço, com julgamento apenas no quesito projetos de grande vulto, envolvendo grandes valo-
de valores econômicos; res econômicos. Podemos, inclusive, realizar uma dife-
z Melhor técnica, sendo muito utilizada em traba- renciação entre a concorrência, a tomada de preços e o
lhos intelectuais e artísticos; convite justamente pelos seus valores limites. O estudo
z Maior lance ou oferta, como o que ocorre nos lei- desses valores-limite merece maior destaque, conside-
lões; ou ainda; rando uma atualização recentemente da matéria. Em
z Menor lance ou oferta, que é utilizado nos pre- 2018, o então presidente Michel Temer editou o Decre-
gões, onde temos uma “licitação por menor preço to n° 9.412, de 2018, alterando os valores dispostos nos
114 com lances sucessivos” dos competidores. incisos I e II do art. 23 da Lei n° 8.666, de 1993.
Com isso, podemos afirmar que, a concorrência Convite
possui um valor piso, isso é, um valor mínimo que deve
constar nas propostas apresentadas. Esses limites são: O convite (art. 22, § 3°, Lei n° 8.666, de 1993) é a
modalidade de licitação entre os interessados que
z Para as obras e serviços de engenharia, acima de atuam no ramo do referido projeto. Como o próprio
nome aduz, a Administração convida, no mínimo, três
R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);
prestadores de serviços para participarem do proce-
z Para as compras e serviços não relacionados com a
dimento. Essa é a modalidade que possui os critérios
engenharia; o valor deve ser acima de R$ 1.430.000,00
mais variados para o chamamento, sendo muitas vezes
(um milhão, quatrocentos e trinta mil reais). utilizado a confiança do ente público em relação com
o interessado. O ente público deve, todavia, publicar o
O art. 15 da Lei n° 8.666, de 1993, dispões sobre as edital do convite, abrindo-o para os demais cadastra-
principais características referentes às compras dos, desde que façam requerimento em participar do
mediante licitação. Dentre elas, destaca-se: pleito em até 24 horas da publicação do edital.
Seu procedimento também é muito mais simples,
Art. 15 [...] justamente por ter poucos competidores. Não há aqui
I – atender ao princípio da padronização; um edital, mas uma carta-convite, que apresenta o pro-
II – processadas através de sistema de registro de jeto de modo mais simples e sem muitas especificações.
preços; O convite apresenta-se como o exato oposto da
III – submeter-se às condições de aquisição e paga- concorrência, sendo utilizado para projetos de peque-
mento semelhantes às do setor privado; no vulto. Assim, seus valores limites são:
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas
necessárias para aproveitar as peculiaridades do z Para obras e serviços de engenharia, até R$
mercado, visando economicidade; e 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais); e
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos z Para os demais serviços em geral; até R$ 176.000,00
órgãos e entidades da Administração Pública. (cento e setenta e seis mil reais).

Mas a concorrência também deve ser utilizada, O intervalo mínimo entre a expedição da carta-
obrigatoriamente, independentemente de valores -convite e a entrega dos envelopes é de 5 dias úteis.
econômicos, para a compra e venda de bens imóveis, Esquematicamente, temos:
para concessão de direito real de uso, para as licita-
ções feitas em âmbito internacional, nos contratos de VALORES
empreitada e para as concessões de serviços públicos. LIMITE Para obras e
Por envolver diversos objetos licitatórios, a con- (SEGUNDO serviços de Para os demais
corrência apresenta um prazo bem grande, entre a DECRETO engenharia serviços
publicação do edital e a entrega dos envelopes com N°9.412/2018)
as propostas, em comparação com as outras modali- Acima de
CONCORRÊNCIA Acima de
dades. Há um prazo mínimo de 45 dias para a maioria 3.300.000,00 1.430.000,00
das técnicas, sendo de 30 dias apenas para a técnica
de menor preço, pois entende-se que a proposta é TOMADA DE
Até 3.300.000,00 Até 1.430.000,00
PREÇOS
mais simples de se elaborar.
CONVITE Até 330.000,00 Até 176.000,00
Tomada de Preços
Concurso
Com fundamento no art. 22, § 2°, da Lei n° 8.666,
de 1993, a tomada de preços é a modalidade realiza-
Concurso é a modalidade de licitação realizada
da entre interessados já devidamente cadastrados,
entre quaisquer interessados para a escolha de tra-
ou que atendem as condições específicas do edital e balho técnico, científico ou artístico, mediante a ins-
requeiram seu cadastramento em até três dias úteis tituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
antes do recebimento das propostas. Percebe-se, com conforme os critérios dispostos no edital. Tem seu fun-
isso, que o número de competidores é menor, se com- damento disposto no art. 22, § 4°, da Lei de Licitações.
parado com o da concorrência.
A tomada de preços, geralmente, envolve projetos
de vulto médio. Os valores limites para a tomada de Importante!
preços são:
Não confundir com o concurso público, instru-
z Para obras e serviços de engenharia; os valores mento utilizado para o provimento de cargos
das propostas serão de até R$ 3.300.000,00 (três públicos na Administração.
LEGISLAÇÃO

milhões e trezentos mil reais); e


z Para os demais serviços em geral; até R$ 1.430.000,00 Importante destacar que não há a utilização de
(um milhão, quatrocentos e trinta mil reais). valores como critério de diferenciação, pois trata-se
de uma modalidade de licitação em que os valores
O prazo de intervalo mínimo entre a publicação do econômicos são irrelevantes ao objeto do mesmo.
edital e a entrega dos envelopes é de trinta dias corri- O prazo mínimo é um dos maiores das modali-
dos para a melhor técnica ou melhor técnica e preço, dades licitatórias: de 45 (quarenta e cinco) dias. Por
sendo de 15 dias corridos para a de menor preço. envolver um trabalho bastante técnico (confecção de 115
obra de arte, trabalhos de natureza científica), enten- z Compatibilidade com o Plano Plurianual (PPA);
de-se que os competidores devem ter um prazo maior z Criação da Comissão de Licitação; e
para elaborá-lo nos moldes do edital. z A publicação do instrumento convocatório.
A Comissão Julgadora das propostas pode ser
composta por pessoas que não possuem vínculo com A Comissão de Licitação será composta por 3 mem-
a Administração Pública. É o caso de uma comissão bros, sendo 2 deles obrigatoriamente servidores inte-
composta por professores ou cientistas, enfim, pes- grantes dos quadros da Administração Pública (art.
soas com um conhecimento técnico profissional alto e 51, Lei n° 8.666, de 1993).
relevante para o objeto do concurso. O edital é o instrumento utilizado para a convoca-
ção dos interessados no procedimento licitatório. Seu
Leilão conteúdo é pormenorizado, devendo constar detalhes
como o tipo de licitação, o nome da repartição inte-
O leilão é utilizado, de modo geral, entre quais- ressada na licitação, os critérios de julgamento, as
quer interessados, para a alienação de bens móveis condições de pagamento, entre outras disposições. O
inservíveis, bem como para os bens imóveis oriundos conteúdo do edital é previsto nos incisos do art. 40 da
de procedimento judicial ou dação, e para a alienação Lei n° 8.666, de 1993. É lícito à Administração introdu-
de produtos apreendidos. Seu fundamento jurídico zir alterações no Edital, devendo, em tal caso, renovar
encontra-se disposto no art. 22, § 5° da Lei n° 8.666, de a publicação do aviso por prazo igual ao original, sob
1993. O vencedor será escolhido quando o lance dado pena de frustrar a garantia da publicidade e o princí-
for igual ou superior ao da avaliação do referido bem. pio formal da vinculação ao procedimento.
Assim como no concurso, não há limitação de valo- A fase externa, por sua vez, tem o seu início com
res, pois o leilão é sempre analisado segundo o critério a publicação do edital. É possível impugnar o edital,
do maior lance ou oferta. O intervalo mínimo entre o no prazo de 5 dias úteis, devendo a Administração
instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é responder a impugnação em prazo não superior a 3
de 15 (quinze) dias. dias úteis (art. 41, § 1°, Lei n° 8.666, de 1993). Após
isso, temos a etapa da habilitação, com o recebimento
Consulta e abertura de envelopes. Os envelopes são recebidos
sigilosamente, em exceção ao princípio da publicida-
de disposto no caput do art. 37 da CF, de 1988.
A consulta é uma modalidade prevista exclusivamen-
A etapa da habilitação envolve quatro verifica-
te para a Agência Nacional de Telecomunicações (ANA-
ções de cada competidor:
TEL), sendo utilizada justamente para o fornecimento
de bens e serviços. Todavia, a consulta sofreu ampliação,
z A habilitação jurídica, envolvendo os documentos
podendo ser utilizada por todas as agências reguladores.
da pessoa física ou da pessoa jurídica;
Tem previsão na Lei n° 9.472, de 1997, sendo realizada
z A regularidade fiscal, isso é, a verificação do paga-
mediante procedimentos próprios e determinada por
mento devido e correto dos tributos do competidor;
atos normativos expedidos pela própria agência.
z A qualificação técnica (art. 30, Lei n° 8.666, de
1993), envolvendo a aptidão do competidor para
Registro de Preços: Decreto n° 7.892, de 1993
desempenho da atividade pertinente e compatível
com o disposto no edital; e
Previsto no art. 15 da Lei n° 8.666, de 1993, sendo z A qualificação econômico-financeira (art. 31, idem),
regulamentado pelo Decreto n° 7.892, de 1993, é uma envolvendo o balanço patrimonial e as demonstra-
espécie utilizada para compras, obras ou serviços que ções contábeis do último exercício social, por exemplo.
sejam frequentes. É o caso, por exemplo, da compra de
passagens aéreas para os membros do Executivo rea- Para preservar a competitividade, as exigências de
lizar as constantes viagens internacionais. Ao invés qualificação técnica e econômica devem ser compatí-
de várias licitações, é realizada uma concorrência e o veis e proporcionais ao objeto licitado, restringindo-se
posterior registro da proposta vencedora para ser uti- ao que for estritamente indispensável para garantir
lizada sempre que necessária para uma contratação. o cumprimento do futuro contrato. O não atendimen-
A contratação, por si, não é obrigatória, embora seja to às exigências da habilitação implica a exclusão da
necessário, sempre, fazer uma pesquisa de preços de empresa no certame.
mercado antes da contratação pelo registro de preços. A classificação é a etapa de análise e julgamento
das propostas apresentadas pelos concorrentes habili-
FASES DA LICITAÇÃO tados. Aqui, temos efetivamente a abertura dos enve-
lopes, cabendo à comissão a tarefa de analisar se cada
É certo que cada modalidade licitatória apresen- uma das propostas se adequa com os requisitos espe-
ta um procedimento próprio. Todavia, a sequência de cíficos do edital, bem como com os preços de mercado.
fases de cada licitação observa a mesma estrutura e A desclassificação das propostas pode se dar:
padrão da concorrência. As fases da concorrência, des-
se modo, são iguais para todas as outras modalidades. z Por inexequibilidade, quando os preços forem
A concorrência é dividida em duas grandes etapas: muito abaixo do preço de mercado;
fase interna e fase externa. A fase interna é aquela z Que contrariam cláusula do edital, como ocorre
em que temos todos os atos anteriores à publicação do quando há uma qualificação técnica que não tem
edital, envolvendo etapas como: relevância alguma para o objeto da licitação; ou
z Por condições relativas às propostas de outros lici-
z Elaboração de projeto básico para serviços de tantes, sendo absolutamente vedado elaborar uma
engenharia; proposta cujo preço, por exemplo, é “10% inferior
116 z Detalhamento do orçamento; ao preço do competidor X”.
Com a divulgação dos resultados, abre-se o prazo compras e serviços em geral do convite e para
para recurso de efeito suspensivo (em 5 dias). alienações, nos casos previstos nesta Lei, des-
Importante lembrar que alguns diplomas específi- de que não se refiram a parcelas de um mesmo
cos, como o de pregão e o da Lei n° 8.987, de 1995, tra- serviço, compra ou alienação de maior vulto
zem a inversão de fases de julgamento e habilitação. que possa ser realizada de uma só vez;
Primeiro se faz o julgamento das propostas e depois „ Nos casos de guerra ou grave perturbação da
abre-se o envelope da proposta já julgada. ordem;
A homologação é a etapa em que todos os autos „ Nos casos de emergência ou calamidade pública;
sobem para a autoridade superior, que procederá a „ Quando a União tiver que intervir no domínio
avaliação de todo o procedimento. Essa é uma hipó- econômico para regular preços ou normalizar
tese de controle interno da licitação, haja vista que é o abastecimento;
realizada por ente público dentro da própria Adminis- „ Celebração de contrato de gestão com entida-
tração. Essa forma de controle é possível, devido ao des do terceiro setor (OS e OSCIPs);
poder de autotutela que Administração Pública tem „ Contratação realizada por Instituição Científi-
para rever seus próprios atos. Assim, a licitação pode- ca e Tecnológica ou agência de fomento para a
rá ser anulada, havendo algum vício que torna algum transferência de tecnologia etc.
de seus atos defeituosos, ou revogada, por alguma
causa superveniente (mudanças no cenário econômi- z Inexigibilidade de licitação: no caso da inexigibili-
co) que não torna a licitação mais vantajosa. dade da licitação, o procedimento é absolutamente
Novamente, é importante frisar que não existe impossível de se realizar, em razão da inviabilidade
direito subjetivo à contratação, mas uma mera expec- da competição. Trata-se, por isso, de ato vinculado.
tativa de direito em realizar contrato com o Poder É o caso, por exemplo, da licitação cujo objeto seja
Público. Não há, nesse caso, uma responsabilidade produto ou serviço oferecido exclusivamente por
do Estado de indenizar o participante vencedor, não um único fornecedor. Envolve hipóteses em que
havendo a eventual contratação do mesmo. seria ilógico realizar uma licitação.
A última etapa da fase externa é a adjudicação.
Consiste na elaboração de ato administrativo decla- As hipóteses de inexigibilidade estão previstas nos
ratório e vinculado, de atribuição jurídica do objeto incisos do art. 25 da Lei n° 8.666, de 1993. São três:
da licitação ao vencedor do certame. Adjudicatário é o
vencedor do certame, e tal ato é apenas declaratório, Art. 25 [...]
pois não gera um direito de contratar com a Adminis- I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
tração. A adjudicação produz dois efeitos: gêneros que só possam ser fornecidos por produ-
tor, empresa ou representante comercial exclusivo,
z Garantir o direito de que o vencedor não tenha seu vedada a preferência de marca, devendo a compro-
direito preterido na elaboração do contrato; e vação de exclusividade ser feita através de atesta-
z A liberação jurídica dos demais competidores. do fornecido pelo órgão de registro do comércio do
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
DA CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPENSA E INEXIGIBI- serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
LIDADE DE LICITAÇÃO Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enu-
merados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
A regra geral é a obrigatoriedade da licitação para com profissionais ou empresas de notória especia-
as pessoas que integram a Administração, ou que lização, vedada a inexigibilidade para serviços de
mesmo não integrando, realizam a prestação de um publicidade e divulgação.
serviço de relevante interesse público. Ocorre que,
em alguns casos, a legislação autoriza o Poder Públi- A ideia desses incisos é a de que, por ser uma compra
co a realizar a contratação direta, sem a necessidade ou um serviço bastante específico, que provavelmente
do procedimento licitatório. O direito brasileiro prevê poucas pessoas ou talvez só uma pessoa (ou empresa)
quatro possibilidades de contratação direta: possam comprá-lo/realizá-lo. Assim, a competição no pro-
cedimento licitatório torna-se inviável nessas condições.
z Dispensa de licitação: a dispensa de licitação apre- O mencionado art. 13 apresenta o que é considera-
senta hipóteses em que o procedimento licitatório, do, para os efeitos da Lei n° 8.666, de 1993, um serviço
apesar de ser possível, não é viável, dada razões de técnico profissional especializado. Acredita-se ser um
conveniência e oportunidade (discricionariedade). rol taxativo, que não admite outras hipóteses a não ser
É o caso, por exemplo, de procedimento licitató- aquelas previstas nessa Lei. Assim, são inexigíveis de
rio cujo valor seja irrisório, cujo objeto seja bens licitação: os estudos técnicos, planejamentos e projetos
ou serviços de pequeno valor. O legislador, nessas básicos ou executivos; os pareceres, perícias e avalia-
hipóteses, atribui uma liberdade à Administração ções em geral; as assessorias ou consultorias técnicas
para escolher outra alternativa além da licitação. e auditorias financeiras ou tributárias; a fiscalização,
supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; o
LEGISLAÇÃO

As hipóteses de dispensa de licitação estão pre- patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administra-
vistas primordialmente no art. 24 da Lei n° 8.666, de tivas; o treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; e a
1998. Dos incisos, destaca-se: restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

„ Para obras e serviços de engenharia de valor Art. 25 [...]


até 10% (dez por cento) do limite previsto a lici- III - para contratação de profissional de qualquer
tação tipo convite setor artístico, diretamente ou através de empre-
„ Para outros serviços e compras de valor até sário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
10% (dez por cento) do limite previsto para especializada ou pela opinião pública. 117
z Vedação à licitação: não possui uma previsão Os crimes de licitação estão previstos na seção III,
legal propriamente dita. Trata-se de hipóteses de nos arts. 89 a 98 da Lei n° 8.666, de 1993 e o art. 99 que
extrema urgência, não previstas em lei, sendo a eles é correlato:
de forte discussão doutrinária. Seria o caso, por
exemplo, da realização de procedimento licitató- z Ilegalidade nas contratações dispensadas, dis-
rio para exploração de uma atividade econômica, pensáveis e nas inexigibilidades: Imagine que
sendo esta já uma atividade-fim de uma empresa temos um administrador que, como forma de evi-
estatal. A realização de licitação, nessas hipóte- tar todo o trabalho envolvido em um procedimento
ses, é vedada uma vez que ela carece de interesse licitatório, decide por declarar uma falsa hipótese
público, porque o objetivo final dessa licitação não de dispensa ou inexigibilidade de um procedimen-
é a prestação de um serviço público. Isso significa to licitatório para a construção de um edifício.
que há a ausência de um dos pressupostos essen- Relembrando que a exigência de licitação é uma
ciais à licitação. hipótese sempre prevista em lei, é ato vinculado,
e não seguir essa possibilidade resulta em um gra-
ve ilícito. Por outro lado, as hipóteses de dispensa
Parte da doutrina acredita que, na verdade, não
de licitação ficam mais a critério do administra-
seria uma hipótese nova de vedação, e sim um caso de
dor, por razões de conveniência e oportunidade
inexigibilidade de licitação.
(ato discricionário). Todavia, o ato de dispensar
Atualmente estamos vivendo em uma pandemia, o
licitação conveniente, ou torna-la inexigível fora
que pode ser considerada uma gravíssima calamidade das hipóteses legalmente previstas, é considerado
pública. Por causa disso, o Poder Legislativo vem ela- um crime contra o próprio instituto, cuja pena é
borando diversas normas especiais para vigorarem a detenção de 3 (três) a 5 (cinco) anos e multa, na
nesse estado anormal que o Brasil se encontra. Um forma do art. 89 da Lei n° 8.666, de 1993. No caso,
exemplo disso é a Emenda Constitucional n° 106, de temos como sujeitos ativos, quais sejam, o servidor
2020, que institui regime extraordinário fiscal, finan- público responsável pelo processo; e/ou o terceiro
ceiro e de contratações para vigorar nesse período. que tenha participado na prática da ilegalidade e
Caso haja alguma questão que procure relacionar se beneficiado com ela;
a vedação da licitação de caráter emergencial, consi- z Frustrar ou fraudar a competição: com previsão no
derando o atual cenário calamitoso do País, é impor- art. 90 da Lei n° 8.666, de 1993, este crime está dire-
tante que o candidato se lembre que as bancas de tamente ligado com a violação dos princípios da lici-
concurso público são bastante legalistas. Assim, por tação, isso é, igualdade, competitividade, julgamento
não ser uma hipótese legalmente prevista, ela per- objetivo, dentre outros. Suponhamos que um dos
manece vedada, até surgir algum outro instrumento membros da comissão que julga as propostas da lici-
normativo. tação seja um parente, amigo íntimo ou um inimigo
capital de um dos competidores. Assim, o membro
z Licitação dispensada: são hipóteses descritas no dessa comissão pode, de má-fé, não utilizar de crité-
art. 17 da Lei n° 8.666, de 1993. São os casos de rios objetivos para julgar a proposta de seu conhecido.
alienação de bens imóveis para programas habita-
cionais do governo e bens móveis para uma finali- O julgamento objetivo das propostas favorece o
dade pública específica. ambiente competitivo entre os licitantes, para que
eles possam celebrar contratos com a Administração
Apesar do nome parecido, não podemos confundir Pública, evitando apadrinhamentos, favoritismos
a licitação dispensada com a dispensa de licitação. Pri- e perseguições dos licitantes. Qualquer ato que pos-
meiramente, as hipóteses de licitação dispensada são sa prejudicar a competitividade dentro da licitação,
favorecendo um competidor, ou ainda um ato que
vinculadas, ao contrário da dispensa, em que a deci-
provoque a desistência de todos os outros licitantes, é
são para sua aplicação é sempre discricionária. Além
considerado crime, punível com pena de detenção, de
disso, suas hipóteses são taxativas, são apenas aquelas
2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
previstas no art. 17.
z Patrocínio direto ou indireto de interesse pri-
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS NAS LICITAÇÕES vado: este crime está disposto no art. 91 da Lei de
Licitações. Basicamente, não pode o particular se
Também denominadas como crimes contra licita- beneficiar do procedimento licitatório almejando
ção, são hipóteses em que tanto o particular como o interesse próprio, ou de terceiros. Não pode, por
próprio Poder Público podem praticar atos que ferem exemplo, o gestor público realizar uma licitação
e ofendem os princípios gerais da Administração em que todos os competidores são gerentes de
Pública e os princípios das licitações. empresas em que o gestor é um dos acionistas e,
É certo que o Código Penal regulamenta as condutas independente de quem for o vencedor, isso obvia-
praticadas pelos agentes públicos consideradas delituo- mente deve gerar ganho pessoal, independente ou
sas. Ocorre que, devido ao aumento do número de inte- não de aumento efetivo de seu patrimônio ou de
ressados em participar dos procedimentos licitatórios, terceiros. De modo geral, essa é a hipótese também
passou-se a exigir maior correção na condução desses do crime denominado de advocacia administrati-
processos de contratação. Na medida que o instituto va, prevista no art. 321 do Código Penal.
crescia, também aumentava a quantidade de fraudes e
falcatruas do procedimento licitatório. O Código Penal Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
já não mais conseguia tutelas, de modo satisfatório, vado perante a Administração, dando causa à instau-
os interesses que se almejava resguardar com a rea- ração de licitação ou à celebração de contrato, cuja
118 lização dos processos licitatórios. invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário,
é crime cuja pena será de detenção de 6 (seis) meses DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – ARTIGOS
a 2 (dois) anos e multa. Ocorre que, na prática, essa 54 A 80
é uma modalidade de crime que pouco se configura.
A matéria dos contratos administrativos é bem
É que, para que se configure o crime apresentado no
desenvolvida na doutrina e na legislação. É a Lei n°
dispositivo da Lei de Licitações, há necessidade da
8.666, de 1993, também, que trata dos contratos admi-
invalidação do procedimento licitatório ou do contra- nistrativos, junto com o processo de licitação. Sob o
to administrativo pelo Poder Judiciário. Significa, de enfoque das licitações, pode-se afirmar, inclusive, que
modo geral, que não basta apenas o dolo do agente a licitação é puramente um meio para que o particu-
público para configurar o crime, ele deve produzir um lar almeje um fim. E esse fim, esse objetivo maior, é
resultado específico, que é a invalidação da licitação justamente contratar com o Poder Público.
ou do contrato administrativo posterior. Por isso, sua A Administração, no exercício de suas funções, mui-
aplicabilidade é virtualmente impossível. tas vezes tende a estabelecer diversas relações jurídicas
com particulares, criando vínculos especiais de colabo-
z Devassar o sigilo das propostas apresentadas: ração com a esfera privada. Tais conexões podem ser
segundo o art. 84 da Lei n° 8.666, de 1993, devassar instrumentalizadas mediante um contrato. Se tal contra-
o sigilo de proposta apresentada em procedimento to estiver subordinado às regras de Direito Administrati-
licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de vo, então estamos diante de um contrato administrativo.
Contrato administrativo, assim, é um pacto bilate-
devassá-lo, é crime punível com pena de detenção,
ral estabelecido entre a Administração Pública, agindo
de 2 (dois) a 3 (três) anos e multa. O termo “devassar”
nessa qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas enti-
significa que o infrator deve agir positivamente para dades, submetido ao regime jurídico administrativo,
interferir com o sigilo das propostas, isso é, da sua cuja finalidade é a consecução de objetivos de interes-
conduta deve resultar em danificação dos envelopes se público. Deste conceito, podemos destacar alguns
onde estão contidas as propostas dos licitantes. aspectos específicos dos contratos administrativos.
Ao dizermos que contrato administrativo é o pac-
O sigilo das propostas é um princípio do procedi- to bilateral ajustado pela Administração Públi-
mento licitatório que busca promover maior competi- ca, agindo nessa qualidade, significa que, em pelo
tividade entre os particulares interessados. Não pode, menos um dos polos da relação jurídica deve haver
por exemplo, o administrador ter acesso ao envelope a figura do Estado (contratante), como pessoa jurídi-
de outro competidor, abri-lo e revelar o conteúdo de ca de Direito Público, que se apresenta em relação de
sua proposta, pois isso desvirtuaria a própria ideia superioridade em face dos particulares. Os terceiros,
dessa forma, são as pessoas físicas ou jurídicas (deno-
da licitação, que é promover uma competição justa e
minadas contratados) que não integram a Adminis-
imparcial. Há uma etapa própria para a abertura dos
tração Pública. Todavia, há alguns casos em que tal
envelopes dentro do ciclo da licitação, e a sua aber-
avença pode ser estabelecida com outras entidades
tura em momento anterior é inadmissível. O sigilo administrativas, visando a cooperação mútua e a per-
das propostas, assim, promove também o tratamento secução de objetivos comuns entre os órgãos e entida-
impessoal dos particulares, um dos princípios previs- des da Administração, como é o caso dos consórcios
tos no art. 37 da CF, de 1988. estabelecidos entre a União e um Estado, ou Municí-
pio, por exemplo.
z Fraudar a licitação: suas hipóteses estão contidas A submissão ao regime jurídico administrativo
nos incisos do art. 96 da Lei n° 8.666, de 1993. São significa dizer que, para os contratos administrativos
cinco formas de fraudar a licitação: vigoram os princípios e regras de Direito Administra-
tivo. Não basta apenas a Administração Pública estar
Art. 96 [...] em um dos polos contratuais, pois a mesma pode rea-
I - elevando arbitrariamente os preços; lizar ajustes de natureza não-administrativa, poden-
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, merca- do celebrar contrato de locação sobre determinado
doria falsificada ou deteriorada; imóvel, por exemplo. Tal hipótese é de contrato da
III - entregando uma mercadoria por outra; Administração, que não se confunde com o contrato
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade administrativo. Contratos da Administração é gênero,
da mercadoria fornecida; do qual o contrato administrativo é espécie.
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, Outra característica que o diferencia dos demais
mais onerosa a proposta ou a execução do contra- contratos de Direito Privado é a sua finalidade, que
to”. Como se depreende da leitura dos incisos do
é a consecução de objetivos de interesse público.
Os contratos da esfera privada, geralmente, tendem a
referido artigo, são atos que, mesmo que não ense-
apenas buscar os melhores resultados e trazer lucros
jam em violação de um princípio, ou que frustre a
para as partes. Essa finalidade econômica é incom-
competição, são atos que acabam fraudando a lici-
patível com os contratos administrativos, que se rege
tação. A pena por fraudar a licitação é de 3 (três) a
LEGISLAÇÃO

pelas normas de Direito Público, que apresenta como


5 (cinco) anos e multa.
um de seus princípios sistêmicos a primazia do inte-
resse público sobre o privado.
A pena de multa, presente em praticamente todos Importante salientar a exigência de prévia lici-
os crimes contra a licitação consiste no pagamento tação para a celebração do contrato administrativo.
de quantia fixada na sentença e calculada em índices Trata-se de um pressuposto que, estando ausente,
percentuais, cuja base deve corresponder ao valor pode macular a existência, validade e a eficácia do
da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente contrato. A exigência de prévia licitação é exigida
auferível pelo agente (art. 99, Lei n° 8.666, de 1993). somente para os contratos administrativos. 119
Indaga-se muito sobre a natureza dos contratos um ato anterior que o fundamente, como o caso da
administrativos. Isso porque há casos em que a Admi- prévia licitação, ou de uma autorização legislativa;
nistração elabora contratos, mas que são muito pare- z Natureza de contrato de adesão e personalíssi-
cidos com os contratos comuns de direito civil. É o mo: o contrato administrativo é apresentado pelo
caso, por exemplo, da locação de um bem imóvel a ser Estado já pronto e acabado, cumpre ao particular
utilizado por uma repartição pública: não há a neces- apenas aderir ou não. Além disso, por ser contra-
sidade de elaborar um contrato administrativo, pois to personalíssimo (intuitu personae), não pode ser
aqui o Poder Público é tratado igualmente, como se cedido para terceiros, pois a pessoa do contratado
fosse um particular. é uma parte essencial dessa relação travada entre
Temos, então, uma diferença importante: o Poder ele e o Poder Público. Não pode, por exemplo, o
Público pode elaborar contratos da Administração, e contratado transferir os direitos e encargos do con-
também pode elaborar contratos administrativos. A trato para seus herdeiros, ou transferir para um
diferença é que os contratos da Administração é gêne- “amigo”, pois o Poder Público somente tem inte-
ro, o qual os contratos administrativos são espécie, resse em formalizar o contrato com aquela pessoa;
isso é, estão inseridos dentro desse grupo maior. z Presença de cláusulas exorbitantes: é um dos
Essa distinção é importante para compreender pontos mais característicos do contrato adminis-
as características dos contratos administrativos. As trativo, pois são as cláusulas que colocam a Admi-
características podem se dividir em dois grupos. nistração Pública em uma situação de vantagem.
Veremos melhor sobre essas cláusulas em momen-
Das Caraterísticas Gerais to posterior.

As características gerais dos contratos adminis- FORMALIZAÇÃO E EXECUÇÃO DO CONTRATO


trativos são aquelas características que se encontram
em todas as espécies de contratos da Administração. Sobre a formalização dos contratos administrati-
Essas características são importantes, porque dão ao vos, o art. 60 da Lei n° 8.666 é bastante claro ao expor
contrato a sua razão de existir. Não se trata de aspec- que “Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
tos de legalidade/validade, e sim de existência. nas repartições interessadas, as quais manterão arqui-
Com isso, todos os contratos da Administração
vo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemá-
devem possuir:
tico do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais
sobre imóveis, que se formalizam por instrumento
z Acordo de vontades distintas: é um dos elemen-
lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se
tos mais característicos de todo e qualquer contrato.
cópia no processo que lhe deu origem”.
Para ter um acordo, é preciso que haja duas partes,
Todo contrato administrativo deve mencionar,
com interesses e finalidades contrapostas, mas que se
na forma do art. 61, os nomes das partes e os de seus
unem para alcançar um mesmo objetivo. Sem o acor-
representantes, a finalidade, o ato que autorizou a
do de vontades, temos apenas um ato administrativo;
sua lavratura, o número do processo da licitação, da
z Direitos e obrigações recíprocas: todo contrato
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contra-
da Administração é um contrato comutativo, o que
tantes às normas da própria Lei n° 8.666, de 1993, e às
significa que cada uma das partes se compromete
cláusulas contratuais.
a alguma forma de ônus para a devida execução
do instrumento contratual. Uma vez formalizado o contrato administrativo
já pronto (é um contrato de adesão), a Administração
Das Características Específicas convocará regularmente o interessado para assinar
o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento
É evidente que o contrato administrativo, por tudo equivalente, dentro do prazo e condições estabeleci-
que já foi mencionado, apresenta alguns aspectos e dos, sob pena de decair o direito à contratação (art.
características específicos. São eles: 61, Lei n° 8.666, de 1993). O particular interessado tem
prazo específico para assumir compromisso de execu-
z Presença da Administração Pública: é a figura do tar o contrato, embora tal prazo possa ser prorrogado
Estado, representada pelo Poder Executivo, com uma vez, por igual período, quando solicitado pela
todos os seus poderes e prerrogativas inerentes da parte durante o seu transcurso e desde que ocorra
sua natureza. Isso faz com que a relação contratual motivo justificado aceito pela Administração.
sempre seja desigual, pois a Administração possui
diversos poderes e diversas vantagens, como vere- DA ALTERAÇÃO DO CONTRATO
mos mais adiante. E do outro lado temos o parti-
cular interessado, em situação mais desfavorável; As cláusulas exorbitantes, por sua vez, são cláusu-
z Finalidade pública: a Administração Pública las especiais, que só existem nos contratos administrati-
não pode almejar o lucro, como ocorre nas rela- vos. Isso porque elas dão uma gama de vantagens para
ções jurídicas de direito privado. Assim, o objetivo a Administração Pública. Tais cláusulas estão previstas
maior do contrato administrativo é sempre o inte- no art. 58 da Lei n° 8.666, de 1993, veremos as principais.
resse público, que é inalienável e irrenunciável;
z Forma prescrita em lei: significa que os contratos Exigência de Garantia
administrativos são solenes, não podem ser for-
mulados verbalmente. Não podem ser formulados Quando uma parte deixa de cumprir com suas
sem os revestimentos legais; obrigações contratuais, a outra parte fica em prejuí-
z Procedimento legal: para que seja elaborado um zo. Ao menos, é isso o que ocorre na esfera privada.
120 contrato administrativo, é necessário a ocorrência de Mas a Administração Pública não pode se dar ao luxo
de sair no prejuízo. Por isso, o particular interesse já a pessoa particular pode suportar para continuar com
presta uma garantia antes do início dos trabalhos, na a execução do contrato, sem que ele fique no prejuízo.
possibilidade de haver um eventual inadimplemento. O conteúdo do § 1° do art. 65, assim, é importante
Sobre a forma de garantia aceita para os contratos porque ele apresenta não somente uma prerrogativa
administrativos, o § 1° do art. 56 apresenta três pos- da Administração Pública, de poder alterar o valor do
sibilidades, cabendo ao particular escolher a melhor contrato, e impor essas alterações unilateralmente.
para o seu caso. São elas: Mas esse artigo também estabelece um valor limite
para esses acréscimos e supressões: ele não está obri-
Art. 56 [...] gado a aceitar as alterações que sobressaltem a esses
a) caução (em dinheiro ou títulos da dívida pública); limites de 25%, para as obras, serviços ou compras; e
b) seguro-garantia; de 50% para reformas de edifícios ou de equipamentos.
c) fiança bancária. Por mais que seja essencial que a execução do contrato
não seja interrompida, o particular não pode ficar “pre-
Alteração Unilateral do Contrato so” a um contrato que só está lhe causando prejuízo,
isso seria muito injusto. Dessa forma, pode o particular
As alterações unilaterais são aquelas em que ape- interessar requerer a rescisão do contrato pela via judi-
nas uma parte mexe nos termos do contrato. Para os cial, se a Administração Pública for contra a rescisão.
contratos administrativos, somente a Administração
Pública pode alterar unilateralmente o instrumento Rescisão Unilateral
contratual, por razões óbvias (posição mais vantajosa
na relação). Rescisão é o ato que visa a extinção do contrato. De
O art. 65, inciso I, apresenta todas as possibilidades novo, somente a Administração Pública pode rescin-
de alteração unilateral do contrato. Todas essas hipó- dir unilateralmente o contrato administrativo, mesmo
teses, de modo geral, permitem que o contrato seja que o particular não concorde com o ato. A rescisão
unilateral pode ocorrer:
alterado, para melhor atender o interesse público.
Assim, a Administração pode alterar unilateralmente
z Inadimplemento culposo: é a hipótese em que
o contrato para:
particular comete um ato pela falta de cuidado,
isso é, ele age com culpa (não cumprimento ou
z Adequação técnica: é a modificação do projeto
cumprimento irregular, atraso na entrega do pro-
em si, ou de suas especificações;
jeto, paralisação, faltas reiteradas etc.);
z Alteração do valor por acréscimo ou diminuição z Inadimplemento involuntário: aqui não há a
quantitativa de seu objeto. presença da culpa, porque são questões alheias,
mas que ainda assim fazem com que o particular
É importante ressaltar o conteúdo do § 1° do art. fique impossibilitado de continuar com a execução
65, que diz respeito ao reajuste contratual: contratual. É o caso do desaparecimento do parti-
cular, ou de sua insolvência;
Art. 65 [...] z Razões de interesse público: pode ocorrer que
§ 1° O contratado fica obrigado a aceitar, nas a execução do contrato deixe de fornecer as van-
mesmas condições contratuais, os acréscimos ou tagens almejadas pela Administração. Assim, ela
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou pode rescindir o contrato simplesmente porque
compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do não deseja mais continuar com sua execução, por-
valor inicial atualizado do contrato, e, no caso que não é mais interesse público continuar com
particular de reforma de edifício ou de equipa-
ele. Essa é uma hipótese em que é cabível inde-
mento, até o limite de 50% (cinquenta por cen-
nização, na forma do art. 79, § 2°. Observe que a
to) para os seus acréscimos.
noção de “interesse público” é algo cambiante, que
varia muito para quem está no Poder;
O reajuste é um instrumento de alteração dos valo- z Caso fortuito ou força maior: são as hipóteses em
res econômicos, previstos tanto no edital da licitação que eventos alheios a ambas as partes impedem a
como no próprio instrumento contratual. A sua fina- execução do contrato. Aqui temos uma diferença: o
lidade é, simplesmente, estabelecer o equilíbrio eco- caso fortuito e/ou força maior, nos contratos admi-
nômico-financeiro existente na relação contratual. nistrativos, são passíveis de indenização, na forma
Os contratos possuem prazos muito longos, e do art. 79, § 2°. Isso não acontece na esfera privada.
podem ser prorrogados diversas vezes. Por isso, é bas-
tante comum que as condições estabelecidas durante Fiscalização
o início do contrato administrativo acabem se alteran-
do com o passar do tempo. Essa é a denominada Teo- De modo geral, é possível colocar um agente para
ria da Imprevisão, que vigora em muitos contratos, ficar de olho na execução do serviço avençado. Esse
e não apenas os contratos administrativos. A Teoria agente fiscalizador pode ser da Administração, ou
LEGISLAÇÃO

da Imprevisão serve para equilibrar outra máxima alguém contratado pelo próprio particular.
do Direito dos Contratos, que estabelece que todos os
contratos devem ser cumpridos não importa o que Aplicação de Sanções
aconteça (ou pacta sunt servanda).
A razão para estabelecer valores limites para os Em vez de rescindir o contrato de uma vez, pode
acréscimos e supressões que vierem a ocorrer com o a Administração impor sanções caso o particular não
contrato advém justamente do fato de que a situação cumpra com todos os termos avençados. Mas o parti-
dos negócios pode mudar (“rebus sic stantibus”). O cular pode sempre insurgir contra todas as penalida-
legislador entende que esses limites são o máximo que des, mediante recurso administrativo. 121
Sobre as sanções em espécie, são elas: cláusulas. Diz-se que os contratos que admitem revi-
são regem-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus
z Advertência: (“enquanto as coisas se mantiverem nesse estado”),
em oposição ao pacta sunt servanda (“os pactos devem
„ Multa, podendo ser cumulada com as demais; ser cumpridos”). Nos contratos administrativos apli-
„ Suspensão para nova licitação ou contrato por ca-se com maior frequência a rebus sic stantibus.
até dois anos; e Possui previsão constitucional (art. 37, XXI, da CF,
„ Declaração de inidoneidade para participar de
de 1988), que estabelece, no procedimento licitatório,
licitação ou contrato, enquanto perdurarem os
a manutenção das condições efetivas da proposta. O
motivos ou ocorra a reabilitação, após o mesmo
art. 65, II, d, da Lei n° 8.666, de 1993, seguindo essa
prazo da pena anterior.
linha de raciocínio, dispõe que:
A diferença da suspensão para a declaração de ido-
neidade é que, no primeiro caso, terminado o prazo Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão
da suspensão, o particular adquire capacitação para ser alterados, com as devidas justificativas, nos
contratar automaticamente. Mas no caso da declara- seguintes casos:
ção de idoneidade, o particular precisa de uma rea- II - por acordo das partes: [...]
bilitação para poder contratar com o Poder Público. d) para restabelecer a relação que as partes pac-
tuaram inicialmente entre os encargos do contra-
Retomada do Objeto tado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
Alguns serviços públicos não podem parar, dada a objetivando a manutenção do equilíbrio econô-
sua grande importância para a população. Mas o que mico-financeiro inicial do contrato, na hipótese
ocorre quando o particular não pode mais continuar de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis
com a execução do contrato? porém de consequências incalculáveis, retardado-
Para essas hipóteses, a Administração pode assumir res ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
a atividade, por conta própria, para que a população ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
não seja afetada. Para isso, a retomada do objeto exige do príncipe, configurando álea econômica extraor-
a assunção imediata do objeto do contrato; a ocupação dinária e extracontratual”.
das instalações e pessoal; a execução da garantia con-
tratual; bem como a retenção dos créditos contratuais A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
até o limite dos prejuízos causados. Aquilo que a Admi- poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Rea-
nistração deveria pagar mensalmente ao particular juste é a terminologia que designa a atualização dos
deixa de fazer até o limite dos prejuízos. valores remuneratórios ante as perdas econômicas ou
majoração de insumos. As regras de reajuste, como já
Restrições à Exceção do Contrato não Cumprido vimos, devem estar previstas no próprio instrumento
contratual.
A exceptio non adimpleti contractus é uma outra A revisão, por sua vez, corresponde às altera-
forma de corrigir o mesmo problema apresentado ções no valor efetivo da tarifa, geralmente sem pre-
anteriormente. Aqui, o contratado deve continuar
visão contratual, utilizado em circunstâncias em que
com a execução do pacto, não importa o que aconteça,
a recomposição por reajuste se torna impossível. Há,
cabendo apenas a suspensão da execução do contrato
se houver paralisação superior a 120 dias ou atraso nesse caso, um aumento real do valor pago ao contra-
nos pagamentos superior a 90 dias. tado, ao contrário do reajuste, que apenas atualiza o
aspecto pecuniário da remuneração.
Equilíbrio Econômico-Financeiro As hipóteses mais comuns para a autorização da
recomposição econômico-financeira do contrato são:
Um aspecto de natureza orçamentária e finan-
ceira muito importante dos contratos administrativos. Alteração Unilateral do Objeto
Também denominada equação econômico-financeira,
consiste em uma garantia estabelecida, no momen- Qualquer modificação, pela Administração Públi-
to da celebração do contrato, para a manutenção do ca, seja quantitativa ou qualitativa, do objeto princi-
equilíbrio dos encargos assumidos e da remuneração pal do contrato, enseja a recomposição do equilíbrio
percebida pelo particular, garantindo a este uma cer- econômico-financeiro. Trata-se de uma circunstância
ta margem de lucro pela execução do negócio. interna do contrato. Exemplo: aumento do número de
Para compreender a manutenção do equilíbrio estações de linha ferroviária a serem construídas.
econômico-financeiro nos contratos administrativos,
é importante salientar a Teoria da Imprevisão. Trata-
Fato do Príncipe
-se de uma corrente, com aplicação também nos ramos
de Direito Privado, que admite que as condições das
É evento externo ao contrato, de natureza geral,
partes podem sofrer alterações desde o início da sua
celebração. Pela ocorrência de algum evento impre- provocado pelo Poder Público. Ocorre quando o pró-
visto pelas partes, pode ocorrer um grande desequi- prio Estado, mediante ato legal, modifica as condições
líbrio na relação contratual, fazendo com que uma do contrato, provocando prejuízo ao contratado. Tal
das partes tenha lucros excessivos, e a outra se pre- interferência gera indenização para o particular pre-
judique ainda mais com a execução do contrato. Por judicado com a alteração unilateral do Estado. Exem-
122 isso, admite-se a possibilidade de revisão de algumas plo: aumento da carga tributária.
Fato da Administração O artigo prevê, também, quais são as causas que justi-
ficam a prorrogação do contrato administrativo. São elas:
Traduz-se em uma conduta irregular praticada
pelo Poder Público, que não necessariamente impede, z Alteração do projeto ou especificações pela
mas pode retardar a execução do contrato. Trata-se de Administração;
ato com caráter específico, relacionado com o próprio
contrato, o que distingue do fato do príncipe. Exem- A grande maioria dos motivos de prorrogação do
plo: a construção de estrada em local residencial em contrato consiste justamente na alteração de seu obje-
que a Administração não providencia mecanismos to. Pode ser que, no início, o particular foi contratado
essenciais à desapropriação daqueles imóveis. para realizar uma construção em uma praça pública,
mas que, eventualmente, a Administração tenha inte-
Álea Econômica Extraordinária resse em realizar uma outra construção, exatamente
igual, mas em outra área do Município.
É o evento externo ao contrato e estranho à vonta-
de das partes. O que difere a álea extraordinária para z Superveniência de fato excepcional ou imprevisí-
o fato do príncipe é que, no último, a alteração con- vel, estranho à vontade das partes, que altere funda-
tratual é gerada por um ato feito pelo próprio contra- mentalmente as condições de execução do contrato.
tante. Já na álea extraordinária, temos um fato gerado
por um membro do Estado que não é o contratante, É aqui que temos a ocorrência de Fato do Príncipe,
mas que mesmo assim acaba ensejando em uma alte- ou de Fato da Administração, ou ainda algum outro
ração contratual. Por ser fato imprevisível e inevitá- fato advindo de caso fortuito ou força maior.
vel capaz de causar desequilíbrio contratual, a álea
extraordinária enseja a revisão tarifária, desde que z Interrupção da execução do contrato ou diminui-
comprovada a imprevisibilidade e estranheza do fato, ção do ritmo de trabalho por ordem e no interesse
bem como o desequilíbrio anormal na equação econô- da Administração;
mico-financeira. Exemplo: em um contrato de trans- z Aumento das quantidades inicialmente previstas
porte de materiais de construção elaborado entre um no contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
Município e um particular, houve aumento da carga z Impedimento de execução do contrato por fato ou
tributária sobre o ICMS, um imposto de competência ato de terceiro reconhecido pela Administração
do Estado onde se situa o Município e o contratado. em documento contemporâneo a sua ocorrência.

Interferências Imprevistas Se, por exemplo, o particular foi contratado para


realizar uma obra em um terreno que, supostamen-
São eventos ocorridos durante a execução do contrato, te, era de propriedade da Administração Pública, mas
de ordem material, que causem dificuldades no cumpri- eventualmente surge um terceiro que comprove ser
mento das tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente o dono legítimo daquele terreno, então o contrato
onerosos para uma das partes. Exemplo: desabamento de não pode mais prosseguir no mesmo ritmo. Por isso é
terras em área destinada a construção de imóvel público, recomendada sua prorrogação.
devido a fortes chuvas.
z Omissão ou atraso de providências a cargo da
DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DO CONTRATO Administração, inclusive quanto aos pagamentos
previstos de que resulte, diretamente, impedimento
Se os contratos administrativos são celebrados por ou retardamento na execução do contrato, sem pre-
prazo determinado, isso significa que, eventualmente, juízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
eles devem deixar de vigorar, ou se extinguir. Assim, o
contrato administrativo admite as seguintes hipóteses Em qualquer uma dessas hipóteses, é importan-
de extinção: pela execução e conclusão do seu objeto, te frisar que a prorrogação deverá ser justificada por
pelo término de seu prazo, por anulação motivada por escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
defeito que o macule, ou ainda por rescisão. petente para celebrar o contrato (art. 56, § 2°).
A execução do objeto é a forma sobre a qual se pre- O conteúdo do § 3° desse mesmo dispositivo não é
tende que todos os contratos se encerrem. Uma vez nenhuma novidade: É vedado o contrato com prazo de
concluído o negócio, ambas as partes têm seus interes- vigência indeterminado. Essa é uma regra máxima válida
ses obtidos, e o assunto se encerra com um final positi- para todo e qualquer contrato: o fato dele ter um prazo
vo. Isso, contudo, não tem como acontecer no caso de para extinguir faz parte da própria natureza do contra-
to. Caso contrário, o contrato seria um ato precário, e a
contratos administrativos que preveem a prestação de
Administração poderia revoga-lo a qualquer tempo.
serviços públicos, pois pela sua grande importância,
Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei n° 8.666, de 1993
esses serviços não podem parar, podendo se estender
admite três tipos de rescisão contratual. Observe o
para além do período do ano financeiro. Nesses casos,
texto do dispositivo, in verbis:
LEGISLAÇÃO

o melhor caminho é a prorrogação do contrato, com


eventuais reajustes quando necessário.
Art. 79 A rescisão do contrato poderá ser:
A prorrogação do contrato é disciplinada pelo art.
I - determinada por ato unilateral e escrito da
57, § 1° da Lei n° 8.666, de 1993. Segundo o referido Administração, nos casos enumerados nos incisos
dispositivo, os prazos de início da execução, da con- I a XII e XVII do artigo anterior;
clusão, e da entrega do objeto podem ser prorroga- II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a
dos, mas essa prorrogação não pode atingir as demais termo no processo da licitação, desde que haja con-
cláusulas do contrato, sendo assegurada, também, a veniência para a Administração;
manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro. III - judicial, nos termos da legislação; 123
A rescisão unilateral, decretada pela Administra- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
ção Pública sem a necessidade de autorização judicial, sem o devido processo legal.
ensejando indenização do contratado, exceto se deu A obrigatoriedade do devido processo legal não se
causa à rescisão. Na ocorrência da rescisão unilateral, aplica somente à seara judicial, mas também vincula
ocorrerá as seguintes consequências, todas elas pre- a Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no
vistas nos incisos do art. 80: moderno Estado de Direito, a validade das decisões
praticadas por órgãos e agentes governamentais está
Art. 80 [...] condicionada ao cumprimento de um rito procedi-
I - assunção imediata do objeto do contrato, no mental previamente estabelecido. Por isso, é de gran-
estado e local em que se encontrar, por ato próprio de importância o estudo do processo administrativo,
da Administração; que visa dar maior transparência e garantia do exer-
II - ocupação e utilização do local, instalações, equi- cício de uma boa Administração para os particulares.
pamentos, material e pessoal empregados na exe-
cução do contrato, necessários à sua continuidade,
na forma do inciso V do art. 58 desta Lei; Importante!
III - execução da garantia contratual, para ressarci-
mento da Administração, e dos valores das multas Processo ou procedimento administrativo? Ape-
e indenizações a ela devidos; sar de não serem a mesma coisa, ambos pos-
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato suem uma forte relação intrínseca. “Processo” é
até o limite dos prejuízos causados à Administração. o termo utilizado para designar a relação jurídica
estabelecida entre as partes e, por isso, denomi-
Porém, temos também a rescisão amigável, feita na-se processo administrativo o vínculo estabe-
de comum acordo entre ambas as partes, geralmente lecido entre o Poder Público e o particular para
não enseja indenização. Os motivos da rescisão ami- a tomada de uma decisão. “Procedimento”, por
gável podem ser dos mais diversos. sua vez, refere-se a uma sequência ordenada de
Por fim, temos a rescisão judicial, promovida
atos que culminam na tomada da decisão. Pro-
pelo particular em hipótese que há a interferência
cedimento é o meio pelo qual se atende aos fins
do Poder Judiciário em razão do inadimplemento por
do processo.
parte do Poder Público.
Para que o contratado tenha o direito de ser inde-
nizado, provocado pela extinção do contrato admi- A LEI FEDERAL Nº 9.784, DE 1999
nistrativo, precisa preencher alguns requisitos.
Primeiramente, a extinção contratual deve ser anteci- Com o objetivo de regulamentar a disciplina cons-
pada, pois seria ilógico pedir reparação de danos em titucional do processo administrativo, a Lei nº 9.784,
hipóteses em que o contrato se extinguiu naturalmen- de 1999, denominada “Lei do Processo Administra-
te pelo regular adimplemento do negócio. Além disso, tivo”, dispõe sobre normas básicas sobre o referido
sua relação jurídica com o Poder Público não pode processo no âmbito da Administração Federal dire-
ser precária, pois atos precários são revogáveis pelo ta e indireta, visando a proteção dos direitos dos
Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o contrata- administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
do deve ter agido de boa-fé durante a execução con- Administração Pública. Trata-se de lei federal, aplicá-
tratual, pois se o particular tivesse agido com intenção vel somente no âmbito da União, com incidência no
de extinguir o negócio (agir de má-fé) não teria direito Poder Executivo, e também nos Poderes Legislativo
à indenização, haja vista que ninguém pode benefi- e Judiciário, no exercício de suas funções atípicas.
ciar-se da própria torpeza. Entretanto, o STJ pacificou entendimento de que a
Nos casos de anulação, o dever de indenizar per- referida Lei de Processo Administrativo pode ser apli-
siste ainda que o contrato apresente algum vício de cável, subsidiariamente, às demais entidades federais
ordem legal, devendo a Administração indenizar o que não possuam lei própria versando sobre o tema.
contratado pelo que este houver executado até a data Com base nessas considerações, passemos a des-
em que ela for declarada e por outros prejuízos regu- tacar alguns pontos importantes da referida legisla-
larmente comprovados, contanto que não lhe seja ção. De início, o § 2º, art. 1º, da Lei nº 9.784, de 1999,
imputável, promovendo-se a responsabilidade de procura delimitar três importantes conceitos. Órgão
quem lhe deu causa (art. 59, par. único, da Lei n° 8.666, é a unidade de atuação integrante da estrutura da
de 1993). A anulação do contrato enseja, também, na Administração direta e da estrutura da Administração
aplicação das penalidades dispostas no art. 87. indireta. Entidade é a unidade de atuação dotada de
personalidade jurídica. Temos também autoridade,
que é o servidor ou agente público dotado de poder
de decisão.
Preliminarmente, o art. 1º atribui a principal fina-
LEI FEDERAL Nº 9.784, DE 1999 lidade da referida Lei.
A necessidade de se instaurar um processo, isso é,
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o
uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, processo administrativo, seus atos e procedimen-
tem seu fundamento no princípio constitucional do tos, no âmbito da Administração Pública Direta e
devido processo legal. O devido processo legal pode Indireta da União, inclusive das pessoas jurídicas
ser compreendido como o “escudo da humanidade” controladas ou mantidas pelo Poder Executivo,
contra a prática de atos abusivos por parte do Esta- visando, em especial, à proteção dos direitos dos
do. Seu fundamento legal está previsto no inciso LIV, administrados, atendimento do interesse público
124 art. 5º, da Constituição Federal, o qual assegura que e melhor cumprimento dos fins da Administração.
Pela leitura do caput do art. 1º, percebe-se que Além da obediência desses princípios, o processo
a referida Lei Federal estabelece normas básicas administrativo também deve observar, alguns critérios
sobre o processo administrativo, com a finalidade previstos nos incisos do parágrafo único, do art. 2º:
de proteger os direitos dos administrados, promo-
ver melhor atendimento do interesse público, e o Art. 2º [...]
melhor cumprimento dos fins da Administração. Parágrafo único. [...]
I - atuação conforme a lei e o Direito;
Os preceitos desta Lei se aplicam também aos
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Públi-
renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
co, à Defensoria Pública, e ao Tribunal de Contas da cias, salvo autorização em lei;
União, quando no desempenho de função administra- III - objetividade no atendimento do interesse
tiva (§ 1º, art. 1º). público, vedada a promoção pessoal de agentes ou
autoridades;
Dos Princípios do Processo Administrativo e os Atos IV - atuação segundo padrões éticos de probidade,
do Processo Administrativo decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos,
O caput do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999, elenca ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
Constituição;
os princípios pelos quais a Administração Pública tem
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
o dever de obedecer e que regem o processo adminis-
ção de obrigações, restrições e sanções em medida
trativo. São eles: superior àquelas estritamente necessárias ao aten-
dimento do interesse público;
Art. 2º [...] VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
a) Legalidade: é o dever de atuação conforme a que determinarem a decisão;
lei e o direito positivado, fruto da própria noção de VIII – observância das formalidades essenciais à
Estado de Direito. garantia dos direitos dos administrados;
b) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a pro- IX - adoção de formas simples, suficientes para pro-
moção pessoal de agentes e autoridades piciar adequado grau de certeza, segurança e res-
c) Moralidade: a atuação dos agentes públicos peito aos direitos dos administrados;
deve seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé. X - garantia dos direitos à comunicação, à apresen-
d) Publicidade: é o dever de publicar os atos admi- tação de alegações finais, à produção de provas e
nistrativos de relevante interesse para a população, à interposição de recursos, nos processos de que
gerando maior transparência. possam resultar sanções e nas situações de litígio;
e) Eficiência: envolvem as ideias de profissiona- XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
lismo e boa gestão, gerando resultados positivos e ressalvadas as previstas em lei;
cortando ao máximo os custos, XII - impulsão, de ofício, do processo administrati-
f) Razoabilidade e proporcionalidade: exige vo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da
uma linha lógica e adequação entre o fim almejado
forma que melhor garanta o atendimento do fim
e o meio utilizado para tal fim, abstendo-se de pra-
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa
ticar exageros.
de nova interpretação.
g) Obrigatória motivação: as decisões tomadas
pelas autoridades devem conter pressupostos de
Dos Direitos e Deveres dos Administrados
fato e de direito que justifiquem as mesmas.
h) Duração razoável do processo: não signifi-
Apesar de não haver uma expressa menção, para
ca que o processo administrativo deva ser célere e
os efeitos da Lei, considera-se como “administrado”
rápido, mas ele também não pode ser demasiada-
todo aquele que não possui vínculo com a Administra-
mente longo. Existem processos na esfera judicial
que perduram por mais de cinco anos!
ção Pública, é o cidadão particular, sujeito de direitos
i) Segurança jurídica: exige que a interpretação
e deveres exercidos pela Administração.
das normas administrativas seja sempre a que Mesmo não estabelecendo uma definição de admi-
melhor atenda aos interesses dos administrados, nistrado, a Lei Federal busca proteger alguns direitos
sendo vedada sua aplicação retroativa, pois isso do administrado. Os seus direitos estão dispostos no
feriria o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e art. 3º, in verbis:
a coisa julgada.
j) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos
perante a Administração, sem prejuízo de outros
cada alegação feita no processo em questão, é asse-
que lhe sejam assegurados:
gurado o direito de manifestação da parte contrá-
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e ser-
ria, principalmente nos processos em que resultem
vidores, que deverão facilitar o exercício de seus
em sanções e nas situações de litígio.
direitos e o cumprimento de suas obrigações;
k) Supremacia e indisponibilidade do interes- II - ter ciência da tramitação dos processos admi-
LEGISLAÇÃO

se público: são os princípios únicos e basilares de nistrativos em que tenha a condição de interessa-
Direito Administrativo, que fundamentam o fato do, ter vista dos autos, obter cópias de documentos
desse ramo jurídico ser de Direito Público. O inte- neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
resse público deve, sempre, se sobrepor aos inte- III - formular alegações e apresentar documentos
resses particulares, o que garante à Administração antes da decisão, os quais serão objeto de conside-
Pública uma série de prerrogativas para perseguir ração pelo órgão competente;
esse fim. Por outro lado, o interesse público é indis- IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advoga-
ponível, não pode o agente público praticar atos do, salvo quando obrigatória a representação, por
com desvios de finalidade força de lei. 125
Como se depreende da leitura do dispositivo, esse Art. 18 É impedido de atuar em processo adminis-
não é um rol taxativo de direitos. A lei de processo trativo o servidor ou autoridade que:
administrativo não precisa prever todos os direitos do I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
administrado para garantir sua proteção. II - tenha participado ou venha a participar como
perito, testemunha ou representante, ou se tais
Por outro lado, o art. 4º aponta os deveres do
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companhei-
administrado perante o processo administrativo.
ro ou parente e afins até o terceiro grau;
Sem prejuízo de outros deveres previstos em ato nor- III - esteja litigando judicial ou administrativamente com
mativo, o artigo apresenta cinco deveres: o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 4º [...] A autoridade ou servidor que incorrer em impedi-


I - expor os fatos conforme a verdade; mento deve comunicar o fato à autoridade competen-
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; te, abstendo-se de atuar. A omissão em comunicar tal
III - não agir de modo temerário; IV - prestar as impedimento é considerada uma falta grave.
informações que lhe forem solicitadas e colaborar Mas a Lei do Processo Administrativo também pre-
para o esclarecimento dos fatos. vê algumas hipóteses de suspeição. São hipóteses em
que a pessoa não está obrigada, mas é recomendável
Do Início do Processo: Instauração, Legitimidade, que ela não participe do processo administrativo. As
Impedimento e Suspeição causas de suspeição estão previstas no art. 20, in verbis:

A Administração Pública apresenta uma dinamici- Art. 20 Pode ser arguida a suspeição de autoridade
ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade
dade muito maior do que o Judiciário, uma vez que
notória com algum dos interessados ou com os res-
pode agir de ofício, isso é, sem a provocação do inte-
pectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins
ressado (art. 5º). até o terceiro grau.
É possível, evidentemente, que o processo admi-
nistrativo possa ser instaurado a requerimento, hipó- Interessante observar que o próprio servidor ou
tese em que deve ser formulado por escrito e conter autoridade julgadora do processo pode se autodecla-
os seguintes dados: rar suspeita.

Art. 6º [...]
I - órgão ou autoridade administrativa a que se Importante!
dirige; Qual seria a diferença de julgamento de impe-
II - identificação do interessado ou de quem o
dimento e uma suspeição? A resposta é bem
represente;
simples: o impedimento são ordens legais, o que
III - domicílio do requerente ou local para recebi-
mento de comunicações;
significa que o seu julgamento está vinculado
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos à palavra da lei. Já o julgamento da suspeição,
e de seus fundamentos; como não há um mandamento para se declarar a
V - data e assinatura do requerente ou de seu suspeição (é recomendado que tais pessoas não
representante. participem do processo), há uma certa margem
de liberdade no julgamento da suspeição, o que
Quando os pedidos de uma pluralidade de inte- evidencia uma maior discricionariedade.
ressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
poderão ser formulados em um único requerimento
Da Competência, da Forma, do Tempo e do Lugar
ou reunidos por decisão motivada da autoridade com-
petente, salvo preceito legal em contrário (art. 8º).
Nos termos do art. 20, a competência é irrenun-
Quanto à legitimidade para a instauração do pro-
ciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que
cesso, o art. 9º elenca um rol taxativo de interessados:
foi atribuída como própria, salvo os casos de delega-
ção e avocação legalmente admitidos.
Art. 9º [...]
A delegação é o fenômeno pelo qual uma autori-
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
dade distribui suas competências para uma entidade
titulares de direitos ou interesses individuais ou no
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha
exercício do direito de representação;
hierárquica ou não. Salvo impedimento legal, a com-
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
direitos ou interesses que possam ser afetados pela
petência poderá ser parcialmente delegada a outros
decisão a ser adotada; órgãos ou titulares, mesmo sem subordinação hierár-
III - as organizações e associações representativas, quica, em razão de fatores técnicos, sociais, econômi-
no tocante a direitos e interesses coletivos; cos, jurídicos ou territoriais.
IV - as pessoas ou as associações legalmente consti- O art. 22 apresenta, contudo, algumas matérias que
tuídas quanto a direitos ou interesses difusos. não podem ser objeto de delegação, sendo indelegáveis:

Art. 22 [...]
Ainda sobre as pessoas dentro do processo admi-
I - a edição de atos de caráter normativo;
nistrativo, a referida Lei estabelece algumas hipóteses
II - a decisão de recursos administrativos;
de suspeição e de impedimento. III - as matérias de competência exclusiva do órgão,
Impedimento é uma qualidade que uma pessoa entidade ou autoridade;
tem que, como o próprio nome diz, impede essa pes- IV - as atribuições recebidas por delegação, sal-
soa de participar do processo administrativo. As cau- vo autorização expressa e na forma por ela
126 sas de impedimento estão dispostas no art. 18, in vebis: determinada.
A avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de Quando a matéria do processo envolver assunto de
competências, hipótese em que o órgão ou o titular interesse geral, o órgão competente poderá, mediante
chama para si atribuições de competência de órgão despacho motivado, abrir período de consulta pública
hierarquicamente inferior. É uma hipótese excepcio- para manifestação de terceiros, antes da decisão final,
nal e temporária no processo administrativo, confor- se não houver prejuízo para a parte interessada e ao
me dispõe o art. 24. eficaz andamento do processo (art. 31).
Em relação à forma, a lei citada não atribui A consulta pública é um instrumento de comu-
nenhum requisito solene para o processo adminis- nicação entre a administração e a sociedade, pois
trativo, apenas exige que os atos processuais deverão os cidadãos podem apresentar sugestões, críticas
ser produzidos por escrito, em vernáculo, com data e e comentários acerca do objeto do processo, ainda
local de sua realização e assinatura da autoridade res- que não sejam a parte diretamente interessada. Não
ponsável (§ 1º, art. 22). Os atos são realizados em dias é obrigatória (discricionariedade), ou seja, somen-
úteis, no horário de funcionamento da repartição na te será utilizada quando for conveniente e oportuno
qual tramita o processo. para a Administração e para o processo em questão.
Sobre o tempo, dispõe o art. 24 que, inexistindo Quando for necessária a prestação de informações
disposição legal específica, os atos do órgão ou auto- ou a apresentação de provas pelos interessados ou
ridade responsável pelo processo e dos administrados terceiros, serão expedidas intimações para esse fim,
que dele participem devem ser praticados no prazo de mencionando-se data, prazo, forma e condições de
cinco dias úteis, salvo motivo de força maior. atendimento (art. 39). Essas intimações são indispen-
Sobre o lugar, os atos do processo devem reali- sáveis para que os interessados e terceiros tenham
conhecimento do processo que está correndo.
zar-se por meio eletrônico ou físico, neste último caso
O art. 42 dispõe sobre os pareceres, que podem
preferencialmente na sede do órgão (art. 25). Os atos
ser obrigatórios ou facultativos, conforme sejam ou
praticados em processos eletrônicos não dispensam o
não exigidos por lei. Os pareceres obrigatórios são
comparecimento do interessado quando necessário,
vinculantes ou não vinculantes, quando suas conclu-
devendo observar as regras procedimentais do órgão
sões devam ou não ser necessariamente observadas
ou entidade aos quais se destina.
nas decisões proferidas por autoridade competente.
Sobre a comunicação dos atos, é importante des-
Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
tacar o conteúdo do art. 27, in verbis:
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máxi-
mo de quinze dias úteis, salvo norma especial ou com-
Art. 27 O desatendimento da intimação não impor-
provada necessidade de maior prazo. Se um parecer
ta o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a
obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo
renúncia a direito pelo administrado.
fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva
Parágrafo único. No prosseguimento do proces-
apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao
so, será garantido direito de ampla defesa ao
atraso. Se um parecer obrigatório e não vinculante dei-
interessado.
xar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá
ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa,
O parágrafo único desse dispositivo trata de um
sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
assunto bem simples: é assegurado no processo admi-
atendimento (§ § 1º e 2º, do art. 42).
nistrativo o contraditório e a ampla defesa, igual a o
Encerrada a instrução, o interessado terá o direito
que acontece no processo judicial.
de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo
Porém, o caput do referido artigo traz uma novi-
se outro prazo for legalmente fixado (art. 44).
dade: a falta de defesa técnica, pelo desatendimento
da intimação, não torna o réu revel. Isso porque a
Do Dever de Decidir: Motivação e Desistência
revelia não existe no processo administrativo. Os
efeitos da revelia (no processo judicial) importam no
Segundo o caput do art. 48, a Administração tem
reconhecimento da verdade de todos os fatos alegados o dever de expressamente se pronunciar e emitir
e que não foram contestados pela outra parte. decisão sobre todos os assuntos da sua competência
que lhes sejam apresentados, nos processos adminis-
Da Instrução: Produção de Provas, Testemunhas, trativos e sobre solicitações, petições, representações
Depoimento, Citação ou reclamações. Lembre-se que o dever de decidir
da Administração tem por fundamento justamente o
A fase de instrução é a etapa do processo admi- direito de petição do administrado.
nistrativo em que temos a produção de provas. As
atividades de instrução destinadas a averiguar e com- Da Decisão Coordenada
provar os dados necessários à tomada de decisão se
realizam de ofício, sem prejuízo do direito dos interes- A decisão coordenada, dentro do processo admi-
sados de propor atuações probatórias. A atuação do nistrativo, é uma novidade que foi introduzida recen-
interessado, quando exigida ou necessária na fase de temente pela Lei nº 14.210, de 30 de setembro de 2021.
LEGISLAÇÃO

instrução, deve ser realizada de modo menos oneroso Sendo assim, sugerimos que redobre sua atenção,
para ele (art. 29). uma vez que o assunto pode ser alvo de questiona-
Os atos de instrução podem ocorrer de forma física mento em prova.
ou por meio eletrônico. Nessa última hipótese, tais atos Antes de adentrar às especificidades do capítu-
serão documentados nos autos do respectivo processo. lo relativo à decisão coordenada, faz-se importante
É absolutamente vedada a obtenção de provas por esclarecer o que se entende por instância coordena-
meios ilícitos. Exemplo: a confissão de um servidor da. Conforme o § 1º, do art. 49-A, essa consiste em
policial sobre apuração de uma transgressão discipli- uma instância colegiada, ou seja, formada por mais
nar, mediante tortura. de um setor ou instituição, podendo ser utilizada com 127
a finalidade de conferir maior celeridade e simplificar Art. 49-A [...]
os processos administrativos por meio da reunião de § 4º A decisão coordenada não exclui a responsa-
todas as autoridades e agentes que possuem a atribui- bilidade originária de cada órgão ou autoridade
ção de instruir técnica e juridicamente o processo e, envolvida.
por fim, decidi-lo.
Além disso, a decisão coordenada ainda está vin-
Vejamos o que o aludido parágrafo dispõe:
culada aos princípios que regem o processo.
Art. 49-A [...]
Art. 49-A [...]
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão
§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios
coordenada a instância de natureza interinstitu-
da legalidade, da eficiência e da transparência, com
cional ou intersetorial que atua de forma compar- utilização, sempre que necessário, da simplificação
tilhada com a finalidade de simplificar o processo do procedimento e da concentração das instâncias
administrativo mediante participação concomitan- decisórias.
te de todas as autoridades e agentes decisórios e
dos responsáveis pela instrução técnico-jurídica, No procedimento de decisão coordenada, deverá
observada a natureza do objeto e a compatibilida- ocorrer a observância de alguns princípios administra-
de do procedimento e de sua formalização com a tivos. Ademais, a concentração das instâncias decisórias
legislação pertinente. no processo administrativo visa conferir racionalidade
e buscar o consenso na busca de soluções complexas.
Agora que já conhece o conceito de instância coor-
denada, faz-se possível avançar nos estudos, para Art. 49-B Poderão habilitar-se a participar da deci-
entender o porquê e os requisitos mínimos que possi- são coordenada, na qualidade de ouvintes, os inte-
bilitam o uso do presente instituto jurídico, que, con- ressados de que trata o art. 9º desta Lei.
forme se observa do art. 49-A e seus incisos, são: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
titulares de direitos ou interesses individuais ou no
z A decisão administrativa deve, obrigatoriamen- exercício do direito de representação;
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
te, exigir a participação de três ou mais setores,
direitos ou interesses que possam ser afetados pela
órgãos ou entidades; decisão a ser adotada;
z A matéria deve ser relevante — a discussão deve III - as organizações e associações representativas,
girar em torno de algum conteúdo muito impor- no tocante a direitos e interesses coletivos;
tante no âmbito da Administração Pública Federal; IV - as pessoas ou as associações legalmente consti-
z Deve haver discordância entre os atores do pro- tuídas quanto a direitos ou interesses difusos.
cesso, isto é, entre aqueles que devem participar Parágrafo único. A participação na reunião, que
do processo decisório. Tal impasse deve possuir o poderá incluir direito a voz, será deferida por deci-
condão de retardar ou prejudicar o andamento do são irrecorrível da autoridade responsável pela
convocação da decisão coordenada.
processo.
Art. 49-C (VETADO).
Art. 49-D Os participantes da decisão coordenada
Considerando que, muitas vezes, os concursos deverão ser intimados na forma do art. 26 desta Lei.
públicos optam por cobrar a literalidade da lei, veja- Art. 49-E Cada órgão ou entidade participante é
mos o que dispõem o caput e os incisos do art. 49-A: responsável pela elaboração de documento específi-
co sobre o tema atinente à respectiva competência,
Art. 49-A No âmbito da Administração Pública a fim de subsidiar os trabalhos e integrar o proces-
federal, as decisões administrativas que exi- so da decisão coordenada.
jam a participação de 3 (três) ou mais seto- Parágrafo único. O documento previsto no caput
res, órgãos ou entidades poderão ser tomadas deste artigo abordará a questão objeto da decisão
mediante decisão coordenada, sempre que: coordenada e eventuais precedentes.
I - for justificável pela relevância da matéria; e Art. 49-F Eventual dissenso na solução do objeto da
II - houver discordância que prejudique a cele- decisão coordenada deverá ser manifestado duran-
te as reuniões, de forma fundamentada, acompa-
ridade do processo administrativo decisório.
nhado das propostas de solução e de alteração
necessárias para a resolução da questão.
É preciso ter bastante cautela na leitura do enun-
ciado, sobretudo porque o § 6º estabelece algumas Caso ocorra falta de concordância sobre a solução
exceções. Vejamos: do problema que estiver sendo objeto de debate no
processo administrativo quanto à decisão coorde-
Art. 49-A [...] nada, deverão ser manifestados e fundamentados o
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos proces- motivo do dissenso e propostas alternativas para a
sos administrativos: solução do problema.
I - de licitação;
II - relacionados ao poder sancionador; ou Art. 49-F [...]
III - em que estejam envolvidas autoridades de Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria
Poderes distintos. estranha ao objeto da convocação.

É importante reforçar que a opção pela decisão Todas as conclusões dos trabalhos relativas às
coordenada não acarreta a exclusão da responsabili- decisões coordenadas deverão ser registradas em ata
dade oriunda do órgão ou da autoridade envolvida, com informações específicas, conforme se nota pela
128 conforme prevê o § 4º, do art. 49-A: leitura dos incisos do art. 49-G.
Art. 49-G A conclusão dos trabalhos da decisão O art. 52, por sua vez, dispõe sobre outra hipóte-
coordenada será consolidada em ata, que conterá se de extinção do processo administrativo: quando
as seguintes informações: exaurida a sua finalidade ou o objeto da decisão se
I - relato sobre os itens da pauta; tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
II - síntese dos fundamentos aduzidos;
superveniente.
III - síntese das teses pertinentes ao objeto da
convocação;
IV - registro das orientações, das diretrizes, das Da Anulação, Revogação e Convalidação
soluções ou das propostas de atos governamentais
relativos ao objeto da convocação; O art. 53 prevê o que a doutrina denomina de auto-
V - posicionamento dos participantes para subsi- tutela administrativa. A Administração deve anular
diar futura atuação governamental em matéria seus próprios atos, quando eivados de vício de legali-
idêntica ou similar; e dade, e pode revogá-los, por motivo de conveniência
VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à ou oportunidade, em qualquer caso respeitados os
matéria sujeita à sua competência. direitos adquiridos, sem precisar de auxílio ou inter-
§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complemen-
venção do processo judiciário.
tada a fundamentação da decisão da autoridade ou
do agente a respeito de matéria de competência do Quando um ato é considerado ilegal, significa que
órgão ou da entidade representada. houve um julgamento quanto à legalidade do ato. A
§ 2º (VETADO). palavra da lei é o que importa: se o ato foi praticado
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário fora dos limites legais, deve ser anulado. É esse o ins-
Oficial da União, do qual deverão constar, além do tituto da vinculação. Porém, quando um ato é consi-
registro referido no inciso IV do caput deste artigo, derado inconveniente e inoportuno (mas ainda assim
os dados identificadores da decisão coordenada e legal e legítimo), aqui o administrador tem a escolha de
o órgão e o local em que se encontra a ata em seu manter o ato, ou de extingui-lo mediante a revogação.
inteiro teor, para conhecimento dos interessados. Há um julgamento com base na discricionariedade.
Da Motivação O direito da Administração de anular os atos admi-
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
O art. 50, por sua vez, dispõe sobre a motivação destinatários decai em cinco anos, contados da data
das decisões do processo administrativo. Os atos em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
administrativos deverão ser motivados, com indica- No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
ção dos fatos, dos fundamentos jurídicos e atos proba- de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
tórios, especialmente quando: pagamento (§ 1º, do art. 54).
Em decisão na qual se evidencie não acarretarem
Art. 50 [...]
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
sanções; convalidados pela própria Administração (art. 56).
III - decidam processos administrativos de concur-
so ou seleção pública; Dica
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
processo licitatório; Para saber quais atos podem ser sanáveis, é
V - decidam recursos administrativos; importante relembrar quais são os elementos
VI - decorram de reexame de ofício; dos atos administrativos: competência, obje-
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada to, forma, motivo e finalidade. Os atos podem
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
ser convalidados, se o seu vício recair sobre a
propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou competência ou a forma do ato administrati-
convalidação de ato administrativo. vo. Contudo, se o vício recair no motivo, objeto
e a finalidade, por serem vícios insanáveis, não
A motivação deve ser explícita, clara e congruen- podem ser convalidados.
te, podendo consistir em declaração de concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informa- Dos Recursos Administrativos
ções, decisões ou propostas, que, neste caso, serão
parte integrante do ato. Na solução de vários assuntos
Todas as decisões adotadas em processo adminis-
da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecâni-
trativo são passíveis de recurso, caso em que haverá
co que reproduza os fundamentos das decisões, desde
um reexame quanto às questões de legalidade (vincu-
que não prejudique direito ou garantia dos interessa-
lação) e de mérito (discricionariedade) dos atos admi-
dos (§ § 1º e 2º, do art. 50).
nistrativos objeto do litígio.
O art. 51 apresenta a desistência, que é uma das
formas de extinção do processo administrativo. O O recurso será dirigido à autoridade superior por
intermédio da autoridade que proferiu o ato recorri-
LEGISLAÇÃO

interessado poderá, mediante manifestação escrita,


desistir total ou parcialmente do pedido formulado do, e esta poderá reconsiderar sua decisão no prazo de
ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. Quando cinco dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir,
múltiplos os interessados, a desistência de um não devidamente informados (§ 1º, art. 56). Salvo exigência
afeta o prosseguimento do processo para os demais (§ legal, a interposição de recurso independe de caução.
1º, do art. 51). A desistência ou renúncia do interessa- Existem três instâncias administrativas pelas quais
do, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento os recursos podem tramitar (art. 57).
do processo, se a Administração considerar que o inte- Os legitimados para interpor recurso estão previs-
resse público assim o exige. tos no art. 58. São eles: 129
Art. 58 [...] àquela que praticou o ato é uma de suas tarefas
I - os titulares de direitos e interesses que forem inerentes. Vale ressaltar que o recurso hierárquico
parte no processo; independe de caução ou qualquer tipo de garantia
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indire- em dinheiro, conforme dispõe a Súmula Vinculan-
tamente afetados pela decisão recorrida; te nº 21, do STF.
III - as organizações e associações representativas, z Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido
no tocante a direitos e interesses coletivos;
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, por
ou interesses difusos.
exemplo, de recurso interposto para o ente federati-
vo membro da Administração Direta, sobre alguma
O recurso é interposto por meio de requerimento
entidade da Administração Indireta. Esse tipo de
no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do
recurso deve possuir previsão legal, uma vez que os
pedido de reexame, podendo juntar os documentos
poderes inerentes à tutela não se presumem.
que julgar convenientes.
Em regra, o recurso não tem efeito suspensivo, sal-
vo havendo relevante fundamento e justo receio de Atenção para o conteúdo do art. 64:
prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da
Art. 64 O órgão competente para decidir o recur-
execução. Nesses casos, a autoridade recorrida pode-
so poderá confirmar, modificar, anular ou revogar,
rá decretar a suspensão do prazo recursal (parágrafo
total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a
único, do art. 61).
matéria for de sua competência.
Interposto o recurso, o órgão competente para dele Se da aplicação do disposto neste artigo puder
conhecer deverá intimar os demais interessados para decorrer gravame à situação do recorrente, este
que, no prazo de dez dias úteis, apresentem alegações. deverá ser cientificado para que, no prazo de dez
dias úteis, formule suas alegações antes da decisão.
Art. 63 O recurso não será conhecido quando
interposto: O referido dispositivo trata do que a doutrina deno-
I - fora do prazo;
mina da “proibição da reformatio in pejus”. De modo
II - perante órgão incompetente;
geral, a decisão proferida no recurso administrativo
III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa. não pode resultar em gravame, ou em prejuízo para o
administrado. Exemplo: se o servidor foi punido com
Os prazos contam-se em dias úteis e começam a cor- pena de suspensão por 10 dias e decide recorrer da
rer a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da decisão, a autoridade julgadora do recurso não pode
contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. simplesmente decidir que a pena foi muito branda, e
O órgão competente para decidir o recurso poderá aumenta-la para 20 dias. Caso essa possibilidade ocor-
confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou par- ra (o que não deveria), o recorrente precisa de um
cialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua prazo para fazer suas alegações e se defender dessa
competência. Se da aplicação do disposto neste arti- reforma prejudicial da decisão.
go puder decorrer gravame à situação do recorrente,
este deverá ser cientificado para que formule suas
alegações antes da decisão (parágrafo único, art. 64).
Uma vez vistos os aspectos gerais dos recursos HORA DE PRATICAR!
administrativos, é importante, também, conhecer
cada um deles em espécie: 1. (UFRJ — 2016) De acordo com José dos Santos Carva-
lho Filho, “a posse é ato da investidura pelo qual ficam
z Representação: é uma denúncia formal de irregu- atribuídos ao servidor as prerrogativas, os direitos e
laridade, feita por qualquer indivíduo, com previsão os deveres do cargo. É o ato de posse que completa
no inciso III, § 3º, art. 37, da CF, de 1988, e que gera à a investidura, espelhando uma verdadeira conditio iuris
Administração o dever-poder de apurar a irregulari- para o exercício da função pública. É o momento em
dade, se houver. Trata-se, por isso, de ato vinculado. que o servidor assume o compromisso do fiel cumpri-
z Reclamação administrativa: É o ato pelo qual mento dos deveres e atribuições. Com a posse, comple-
o administrado, particular ou servidor público, ta-se também a relação estatutária da qual fazem parte
deduz uma pretensão perante a administração o Estado, de um lado, e o servidor, de outro”. Carlos,
pública, visando obter o reconhecimento de um candidato ao concurso para o cargo de Assistente em
direito ou a correção de um ato que lhe cause ou Administração da UFRJ, foi aprovado em primeiro lugar
na iminência de causar lesão. A interposição da e convocado para tomar posse. Nos termos da Lei nº
reclamação não impede a apreciação do pleito 8112/90, é correto afirmar que a posse de Carlos:
pelo Judiciário, mas a reclamação interposta den-
tro do prazo de 1 ano, contado da ocorrência do a) dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual
ato, suspende a prescrição quinquenal deste. deverão constar as atribuições, os deveres, as respon-
z Pedido de reconsideração: é uma solicitação feita à sabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado,
autoridade que expediu o ato, para que o modifique que poderão ser alterados unilateralmente, por qual-
ou o invalide, nos moldes do requerente. A reconsi- quer das partes, em qualquer situação.
deração não suspende a prescrição do Judiciário. b) ocorrerá no prazo de quinze dias contados da publica-
z Recurso hierárquico próprio: é aquele endere- ção do ato de provimento.
çado a autoridade superior à que praticou o ato c) poderá dar-se mediante procuração específica.
recorrido. Pode ser interposto sem a necessida- d) não depende de prévia inspeção médica oficial.
de de previsão legal, uma vez que a revisão dos e) ocorrerá no prazo de cinco dias contados da publica-
130 atos pela autoridade hierarquicamente superior ção do ato de provimento.
2. (PR4 UFRJ — 2016) Segundo a Lei nº 8.112/90, licen- a) atender com presteza: ao público em geral; à expedi-
ças podem ser concedidas ao servidor público federal ção de certidões requeridas para defesa de direito ou
nos seguintes casos: esclarecimento de situações de interesse pessoal.
b) zelar pela economia do material e a conservação do
a) Motivo de doença em pessoa da família; afastamen- patrimônio público; ser assíduo e pontual ao serviço.
to do cônjuge ou companheiro; para o serviço militar; c) tratar com urbanidade as pessoas; manter conduta
para atividade política; para tratar de interesses parti- compatível com a moralidade administrativa.
culares; para capacitação; e como premiação por ele- d) ser leal às instituições a que servir; observar as nor-
vado desempenho. mas legais e regulamentares.
b) Motivo de doença em pessoa da família; afastamen- e) cumprir as ordens superiores, exceto quando manifes-
to do cônjuge ou companheiro; para o serviço militar; tamente ilegais; levar as irregularidades de que tiver
para atividade política; para servir a organismo inter- ciência em razão do cargo ao conhecimento da auto-
nacional; para capacitação; e como premiação por ele- ridade superior.
vado desempenho.
c) Motivo de doença em pessoa da família; afastamen- 5. (UFRJ—2015) Segundo o artigo 184 da Lei nº
to do cônjuge ou companheiro; para o serviço militar; 8.112/90, “o Plano de Seguridade Social visa a dar
para atividade política; para servir a organismo inter- cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e
nacional; para capacitação; e para desempenho de sua família”. São benefícios do Plano de Seguridade
mandato classista. Social do servidor, EXCETO:
d) Motivo de doença em pessoa da família; afastamen-
to do cônjuge ou companheiro; para o serviço militar; a) licença para tratamento de saúde.
para atividade política; para tratar de interesses par- b) licença para capacitação.
ticulares; para capacitação; e para participação em c) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade.
competição desportiva. d) licença por acidente em serviço.
e) Motivo de doença em pessoa da família; afastamen- e) auxílio-reclusão.
to do cônjuge ou companheiro; para o serviço militar;
para atividade política; para tratar de interesses par- 6. (UFRJ—2014) Dentre as alternativas a seguir, assina-
ticulares; para capacitação; e para desempenho de le aquela que apresenta corretamente dispositivo refe-
rente à seguridade social:
mandato classista.
a) Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor
3. (UFRJ — 2018) Nos termos da Lei nº 8.112/1990, são
compreendem, quanto ao servidor, a concessão da bol-
deveres do servidor público:
sa-família para os que têm filhos menores de 18 anos.
b) As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
a) cumprir as ordens superiores, ainda que manifesta-
exclusivamente pelos órgãos do Ministério da Previdência.
mente ilegais.
c) O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
b) recusar fé a documentos públicos.
riscos a que está sujeito o servidor em atividade con-
c) promover manifestação de apreço no recinto da repartição.
siderada perigosa ou insalubre.
d) representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. d) O servidor ocupante de cargo em comissão terá
e) aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a asso- direito a todos os benefícios do Plano de Seguridade
ciação profissional ou sindical. Social concedidos ao servidor ocupante de cargo ou
emprego efetivo.
4. (UFRJ—2014) Uma das expressões da desatualiza- e) A União manterá Plano de Seguridade Social para o
ção da Lei Federal n° 8.112, de 1990, já com 24 anos, servidor e sua família.
é a omissão de dispositivos claros a respeito de mani-
festações de assédio moral, absurdamente cada vez 7. (UFRJ—2014) Marque a alternativa que NÃO apresen-
mais comuns, sobretudo no nível das relações hie- ta princípios que devem ser obedecidos pela Adminis-
rárquicas. Além do dispositivo que proíbe o servidor tração Pública, nos termos da Lei Federal n° 9.784/99:
de promover manifestação de apreço ou desapreço
no recinto da repartição, no Regime Disciplinar dos a) legalidade, finalidade, motivação.
Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e b) pluripartidarismo, cooperação com a mídia, denunciação.
das Fundações Públicas Federais (Título IV da refe- c) razoabilidade, proporcionalidade, moralidade.
rida Lei) há deveres que, respeitados pela autoridade, d) ampla defesa, contraditório, segurança jurídica.
resguardam o servidor de variadas modalidades de e) interesse público, eficiência, ampla defesa.
assédio moral. Assinale, adiante, a alternativa em que
esses deveres são citados: 8. (UFRJ—2014) Marque a alternativa correta no que se
refere aos critérios que devem ser observados no
processo administrativo no âmbito da Administração
Pública Federal, regulado pela Lei Federal nº 9.784/99.
LEGISLAÇÃO

a) Indicação facultativa dos pressupostos de fato e de


direito que determinarem a decisão.
b) Objetividade no atendimento do interesse público, veda-
da a promoção pessoal de agentes ou autoridades.
c) Divulgação oficial dos atos administrativos, ressalva-
das as hipóteses de sigilo previstas na Constituição
ou requeridas por Ministros de Estado, Desembarga-
Fonte: cultura.culturamix.com dores ou dirigentes parlamentares. 131
d) Interpretação da norma administrativa da forma que a) Agir prudentemente na análise das solicitações de
melhor garanta o atendimento do fim público a que se diri- acesso à informação.
ge, permitida a aplicação retroativa de nova interpretação. b) Assegurar a gestão transparente da informação, propi-
e) Atendimento a fins de interesse geral, permitida a ciando amplo acesso a ela e sua divulgação.
renúncia total ou parcial de poderes ou competências, c) Recusar-se a fornecer informação requerida nos
nos termos da autorização em lei. termos da lei, retardar deliberadamente o seu forne-
cimento ou fornecê-la intencionalmente de forma
9. (UFRJ—2015) Acerca do processo administrativo, é incorreta, incompleta ou imprecisa.
correto afirmar que: d) Assegurar a proteção da informação, garantindo-se
sua disponibilidade, autenticidade e integridade.
a) o vício de competência do ato administrativo pode ser
e) Informar sobre a tramitação de documentos na sua
convalidado, apenas caso não haja lesão ao interesse
respectiva unidade.
público nem prejuízo a terceiros.
b) diversamente do processo judicial, em que vigora o
princípio da formalidade, no processo administrativo 13. (UFRJ—2016) “A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o
pode-se defender, em nome próprio, direito alheio. direito constitucional de acesso às informações públi-
c) para fins de legitimidade no processo administrativo, cas. Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de
são capazes os maiores de 16 anos, idade a partir da 2012 e criou mecanismos que possibilitam, a qual-
qual, na condição de aprendiz, a pessoa natural pode quer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de
exercer atividade pública da qual advenha pretensão apresentar motivo, o recebimento de informações
remuneratória em face da Administração. públicas dos órgãos ou entidades.”
d) em razão dos princípios da inafastabilidade da juris-
LAI: A Lei de Acesso à Informação. Governo Federal.
dição e da independência entre as esferas judicial e www.acessoainformacao.gov.br
administrativa, o ajuizamento, pelo interessado, de
demanda judicial referente ao mesmo objeto não pode
Acerca da Lei nº 12.527/2011, é correto afirmar que:
acarretar renúncia ao pleito administrativo.
e) em razão do princípio da informalidade, segundo o
a) subordinam-se ao regime desta Lei somente os órgãos
qual os atos do processo administrativo prescindem
públicos integrantes da Administração direta dos
de forma determinada, o requerimento inicial do inte-
poderes Legislativo e Judiciário. O Poder Executivo
ressado pode ser veiculado por solicitação oral inde-
não se subordina ao regime desta Lei.
pendentemente de previsão legal específica.
b) aplicam-se as disposições desta Lei às entidades priva-
10. (UFRJ—2014) Conforme estabelecido na Lei nº das com fins lucrativos, que recebam, inclusive, recur-
9.784/1999, o processo administrativo poderá iniciar-se: sos privados.
c) poderá ser negado acesso à informação necessá-
a) somente a pedido do interessado. ria à tutela judicial ou administrativa de direitos
b) somente de ofício. fundamentais.
c) via autolançamento. d) cabe aos órgãos e entidades do poder público, obser-
d) via autolançamento ou de ofício. vadas as normas e procedimentos específicos apli-
e) de ofício ou a pedido do interessado. cáveis, assegurar a proteção da informação sigilosa
e da informação pessoal, observada a sua disponibi-
11. (UFRJ—2018) De acordo com a Lei nº 12.527/2011, lidade, autenticidade, integridade e eventual restrição
que regula o acesso a informações previsto na Consti- de acesso.
tuição Federal de 1988, é correto afirmar que: e) não é direito do requerente obter o inteiro teor de deci-
são de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
a) não se subordinam ao regime dessa lei os órgãos
públicos integrantes da administração direta do Poder
14. (UFRJ—2016) Danilo, cidadão brasileiro, deseja obter
Executivo.
informações constantes de um processo de licitação
b) para o acesso a informações de interesse público, a
instaurado na UFRJ para contratar empresa respon-
identificação do requerente pode conter exigências
sável pela segurança na Universidade. Ao recorrer
que inviabilizem a solicitação.
c) o órgão ou entidade pública não é obrigado a autorizar à Administração, recebeu a informação de que não
o acesso imediato à informação disponível. poderia ter vista dos autos, pois todo o processo de
d) podem ser estabelecidas exigências relativas aos licitação é sigiloso e que a Universidade não se subor-
motivos determinantes da solicitação de informações dinava à Lei nº 12.527/11, que regula o acesso à infor-
de interesse público. mação. Em relação ao caso, é correto afirmar que a
e) subordinam-se ao regime dessa lei as autarquias, as UFRJ agiu:
fundações públicas, as empresas públicas, as socie-
dades de economia mista e demais entidades con- a) corretamente, pois não está subordinada à Lei de Aces-
troladas direta ou indiretamente pela União, Estados, so à Informação.
Distrito Federal e Municípios. b) corretamente, pois, sendo dotada de autonomia asse-
gurada pela Constituição Federal, pode decidir quais
12. (UFRJ—2018) A Lei nº 12.527/2011 regula o acesso à processos são sigilosos, sem considerar a legislação
informação na Administração Pública e dispõe sobre que trata especificamente do assunto.
os procedimentos a serem observados pela Adminis- c) corretamente, pois todos processos de licitação são
tração Pública direta e indireta. sigilosos.
Assinale a alternativa que contém, nos termos dessa d) corretamente, pois, por ser considerada uma empresa
lei, conduta(s) ilícita(s) que enseja(m) responsabilida- pública sem fins lucrativos, não se subordina a nenhu-
132 de do agente público. ma lei.
e) incorretamente, uma vez que, nos termos da Lei nº a) não compete à Comissão de Ética conhecer concreta-
12.527/11, deveria conceder a Danilo a vista do pro- mente de imputação ou de procedimento susceptível
cesso de licitação. de censura.
b) a pena aplicável ao servidor pela Comissão de Ética é
15. (UFRJ—2015) Para efeitos da Lei 12.527, de 18 de a de demissão e sua fundamentação constará do res-
novembro de 2011, define-se informação como: pectivo parecer, assinado por seus integrantes, com
ciência do faltoso.
a) “registro, independente da forma ou do suporte, pro- c) a pena aplicável ao servidor pela Comissão de Ética é,
duzida ou recebida no decorrer da atividade de uma
em todos os casos analisados, a de advertência e sua
instituição ou pessoa.”
fundamentação não constará do respectivo parecer.
b) “elemento referencial, noção, ideia ou mensagem con-
tidos num documento impresso, eletrônico ou híbrido.” d) à Comissão de Ética incube fornecer, aos organismos
c) “elemento que se traduz no ambiente no qual a ação encarregados da execução do quadro de carreiras dos
geradora do documento acontece e contém contexto servidores, os registros sobre a sua conduta ética,
jurídico e proveniência.” para o efeito de instruir e fundamentar promoções e
d) “um conjunto organizado de dados que constitui para todos os demais procedimentos próprios da car-
uma mensagem sobre um determinado fenômeno ou reira do servidor público.
evento.” e) não cabe à Comissão de Ética aplicar pena aos
e) “dados, processados ou não, que podem ser utilizados servidores.
para produção e transmissão de conhecimento, conti-
dos em qualquer meio, suporte ou formato.” 19. (UFRJ—2015) Nos termos do Decreto nº 1.171/1994,
que dispõe sobre o Código de Ética Profissional do
16.
(PR4 — 2018) De acordo com o Decreto nº servidor público Civil do Poder Executivo Federal, é
1.171/1994, são deveres fundamentais do servidor dever fundamental do servidor público:
público, EXCETO:
a) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a inte-
a) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
gridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
representar contra qualquer comprometimento indevi-
do de sua estrutura em que se funda o Poder Estatal. estiver diante de duas opções, a melhor e a mais van-
b) jamais retardar qualquer prestação de contas, condi- tajosa para o bem individual.
ção essencial da gestão de bens, direitos e serviços da b) ter respeito à hierarquia, porém com temor de repre-
coletividade a seu cargo. sentar contra qualquer comprometimento indevido da
c) manter-se atualizado com as instruções, as normas estrutura em que se funda o Poder Estatal.
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde c) comunicar posteriormente a seus superiores todo e
exerce suas funções. qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
d) facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços exigindo as providências cabíveis.
por quem é de direito. d) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun-
e) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coni- cionais que lhe sejam atribuídas, fazendo -o contra-
vente com erro ou infração ao Código de Ética de sua riamente aos legítimos interesses dos usuários do
profissão. serviço público e dos jurisdicionados administrativos.
e) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
17. (UFRJ—2018) Nos termos do Decreto nº 1.171/1994,
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha ao
são deveres do servidor público, EXCETO:
interesse público, mesmo que observando as forma-
lidades legais e não cometendo qualquer violação
a) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, expressa à lei.
refletindo negativamente em todo o sistema.
b) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aper- 20. (UFRJ—2015) Sobre o Decreto nº 1.171/1994, é
feiçoando o processo de comunicação e contato com VEDADO ao servidor público:
o público.
c) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu a) utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcan-
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. ce ou do seu conhecimento para atendimento do seu
d) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências mister.
específicas da defesa da vida e da segurança coletiva. b) não permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
e) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
seguindo os métodos mais adequados à sua organiza- interfiram no trato com o público, com os jurisdiciona-
ção e distribuição. dos administrativos ou com colegas hierarquicamente
superiores ou inferiores.
18. (UFRJ—2018) O Código de Ética do Servidor Público
c) retirar da repartição pública, estando legalmente auto-
LEGISLAÇÃO

Civil do Poder Executivo Federal determina que, em


rizado qualquer documento, livro ou bem pertencente
todos os órgãos e entidades da Administração Públi-
ao patrimônio público.
ca Federal direta, indireta, autárquica e fundacional, ou
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições d) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
delegadas pelo poder público, seja criada uma Comis- tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis-
são de Ética, encarregada de aconselhar sobre a éti- são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si,
ca profissional do servidor. Nos termos do Decreto nº familiares ou qualquer pessoa.
1.171/1994, que aprova o Código de Ética do Servidor e) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente a favor
Público, é correto afirmar que: da moral, honestidade ou dignidade da pessoa humana. 133
9 GABARITO

1 C

2 E

3 D

4 C

5 B

6 E

7 B

8 B

9 A

10 E

11 E

12 C

13 D

14 E

15 E

16 E

17 C

18 D

19 E

20 D

ANOTAÇÕES

134
Note que é nesses artigos que se proclama o regime
político democrático com fundamento na soberania
popular e garantia da separação de função entre os
governos. Bem como, também se determina os valores
CONSTITUIÇÃO FEDERAL e diretrizes para o ordenamento constitucional.

DE 1988 Fundamentos

Salienta-se, antes de adentrar especificamente


nos referidos artigos, que muitas questões de prova
cobram do examinando um conhecimento prévio
correlacionando a distinção do que são fundamentos
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (art. 1º), objetivos (art. 3º) e princípios (art. 4º).
Repare que no parágrafo anterior não foi exposto o
CONCEITO E NATUREZA art. 2º, mas isso se deu de forma proposital, tendo em vis-
ta que o examinador, muitas vezes, tenta confundir o can-
Antes de adentrarmos propriamente no tema, é didato com o rol dos artigos anteriormente mencionados.
importante esclarecer um ponto que já foi objeto de pro- Para tanto, utilizaremos alguns mnemônicos ao
va: princípios, regras e normas se distinguem. Tem-se o longo das explicações, começando logo pelo FOP
gênero normas, do qual decorre as espécies regras e prin- (fundamentos, objetivos, princípios). Observe que
cípios. As normas são amplas, abarcando assim a nature- este mnemônico obedece a ordem alfabética, estando
za abstrata dos princípios e a concretude das regras. também em conformidade com a ordem dos artigos
da constituição (F-1º; O-3º; P-4º).
Assim, quando a questão mencionar algo relacio-
Regras nado a fundamentos lembre-se que estará se referin-
do ao exposto no art. 1º; quando mencionar objetivos,
art. 3º; e, quando mencionar princípios, art. 4º. Não se
esqueça também que o art. 2º não entra como referên-
NORMAS cia nesse mnemônico!
Os fundamentos contidos no art. 1º da CF, de 1988,
servem como base para todo o ordenamento jurídico,
Princípios pois se referem aos valores de formação da República
Federativa do Brasil. Veja a importância do artigo, não
somente em relação à Constituição, mas como para
toda a ordem jurídica do Estado. Assim, vejamos o
Os princípios são um alicerce de um sistema, uma referido dispositivo:
estrutura básica do ordenamento jurídico, trazendo
também uma melhor orientação à interpretação de um Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
texto constitucional que não pode ser feita de forma iso- pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
lada, mas sim levando em consideração todo o contexto. do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
Os princípios constitucionais podem ser explíci- crático de Direito e tem como fundamentos:
tos ou implícitos. Os princípios explícitos são aqueles I - a soberania;
que estão de forma expressa no texto constitucional II - a cidadania;
(escritos), já os implícitos são obtidos por meio de uma III - a dignidade da pessoa humana;
construção lógica, ora, estão subentendidos no texto IV - os valores sociais do trabalho e da livre
mesmo não aparecendo expressamente. iniciativa;
Como exemplo de princípios explícitos, podemos V - o pluralismo político.
citar os princípios do art. 37 da CF, os quais dizem Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
respeito à Administração Pública. Já quanto aos prin- o exerce por meio de representantes eleitos ou dire-
cípios implícitos, podemos citar o princípio da supre- tamente, nos termos desta Constituição.
macia do interesse público, o qual, apesar de não
ser encontrado expressamente na CF, é estritamente Dica
observado pelo Poder Público.
Para auxiliá-lo na memorização dos mencio-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

EXPLÍCITOS nados fundamentos guarde o mnemônico


PRINCÍPIOS SO-CI-DI-VA-PLU
IMPLÍCITOS Soberania
Cidadania
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Dignidade
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Os princípios fundamentais são mandamentos que Pluralismo político
vão influenciar em toda ordem jurídica. Por exemplo,
é nesse momento que o texto constitucional formaliza A Soberania
a relação entre povo, governo e território, elemen-
tos estes que são requisitos para constituição de um Como preleciona José Afonso da Silva (2017), a sobe-
Estado. Além disso, servem como norte para outras rania é um poder supremo e independente, ainda, é
normas e estão localizados no título I da CF, de 1988, o fundamento do próprio conceito de Estado, diante disso,
qual é composto por quatro artigos. não precisaria ser mencionada no texto constitucional1.
1 SILVA, op. cit, p. 106 135
A demonstração do poder soberano pode ser vis- Os Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa 
ta de forma interna (poder do Estado, sendo, neste
caso, exteriorizada pela prevalência de suas normas Dispositivo que objetiva a proteção ao trabalho,
e decisões sobre todas as demais proferidas) ou exter- pois é por meio deste que o homem garante sua sub-
na (quando nos relacionamos com entidades inter- sistência e o crescimento do Brasil. Aqui não se faz
nacionais, sendo, neste caso, exteriorizado pela não menção somente ao “trabalhador CLT3”, mas tam-
subordinação a nenhum outro Estado, decidindo pela bém aos autônomos, empresários, empreendedores e
subordinação a determinada regra somente quando empregadores.
livremente manifestado).
O Pluralismo Político
A Cidadania
O legislador originário se preocupou em afirmar a
Podemos considerar cidadania como um objeto de ampla participação popular nos destinos políticos do
direito fundamental, pois é a participação do indiví- Brasil, com a inclusão da sociedade na participação dos
duo no Estado Democrático de Direito. No texto consti- processos de formação da vontade geral da nação, garan-
tucional, em sentido amplo, a existência da cidadania tindo a liberdade e a participação dos partidos políticos.
está atrelada à vivência social, na construção de rela- Ainda, podemos conceituar o pluralismo como a
ções, na mudança de mentalidade, na reivindicação garantia de que todo aquele que vive em sociedade terá
de direitos e no cumprimento de deveres. direito a sua própria convicção política e partidária.
Assim, podemos concluir que a cidadania pode
ser exercida não somente com o direito de voto, mas Separação dos Poderes
também com a participação do cidadão em conselhos
de temas importantes, como saúde, educação, compa- O art. 2º da Constituição, ao definir a independên-
recimento em audiências públicas e participação nas cia e a harmonia entre os poderes, consagra o chama-
reuniões referentes ao orçamento participativo. do princípio da separação dos poderes, ou princípio
Atenção, nem toda pessoa é considerada cidadã. da divisão funcional do poder do Estado.
Em provas de concurso é importante observar que
cidadão é todo ser humano que está em condição Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô-
de votar e ser votado. Assim, podemos concluir que nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
uma criança e os estrangeiros não naturalizados não
podem ser considerados cidadãos. Assim, cada poder tem suas funções e organização
definidas, vejamos:

Importante! z Poder executivo: exerce as funções de governo e


Cuidado para não confundir cidadania com administração. Como exemplo de administração,
podemos mencionar o inciso I, art. 84 da CF, que
nacionalidade:
define como competência do Presidente da Repú-
Nacionalidade é o vínculo jurídico político que
blica nomear e exonerar Ministros;
une uma pessoa a um Estado e a cidadania é
z Poder legislativo: é exercido pelo Congresso
a participação do indivíduo no Estado. Inclusive
Nacional. Tem a função de legislar (função pri-
a nacionalidade é requisito para ser cidadão, ou
mária) e fiscalizar (função secundária, entretanto,
seja, para ser cidadão o indivíduo deve ser bra- típica). Ao que diz respeito à principal função, tem
sileiro nato ou naturalizado. o condão de elaborar as normas jurídicas gerais e
abstratas. Por exemplo, é de competência do Con-
A Dignidade da Pessoa Humana gresso Nacional a votação para aprovação de lei
complementar (art. 69 da CF). Já como exemplo da
A dignidade da pessoa humana é um valor que função secundária (fiscalizar), podemos citar a de
influencia o conteúdo de todos os direitos fundamen- julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Presi-
tais do homem consagrados no texto constitucional, é dente da República;
uma proteção não somente do indivíduo em face do z Poder judiciário: cabe o exercício da jurisdição,
Estado, mas também perante a toda sociedade. Nesse por exemplo, a aplicação do Direito a um caso con-
sentido, considera Alexandre de Moraes (2011), a dig- creto através de um processo judicial.
nidade da pessoa humana é valor espiritual e moral,
que se manifesta na autodeterminação da própria A Teoria da tripartição de poderes foi idealizada
vida e traz consigo a busca pelo respeito por parte das por Montesquieu e determina a composição e divisão
demais pessoas2. do Estado, a teoria objetiva que cada poder deve ser
Note que, a dignidade da pessoa humana é o direi- independente e harmônico entre si, como forma de
to de titularidade universal, isto é, todos têm acesso dividir as funções do Estado, entre poder executivo,
a esse direito pelo simples fato de ser pessoa, assim, poder legislativo e poder judiciário, entendimento
a nacionalidade e/ou capacidade não são fatores que esse também chamado de teoria dos freios e contrape-
possibilitam maior proteção, mas sim o fato de ser sos (checks and balances), já que cada um dos poderes
cidadão, seja ele nacional ou estrangeiro. exerce as funções dos outros poderes de forma atípica.
2 MORAES, op. cit, p. 24.
136 3 Trabalhador CLT – Termo vulgar utilizado para definir trabalhador/funcionário regido pela CLT (carteira assinada).
Objetivos da República Federativa do Brasil

O art. 3° da Constituição Federal apresenta os objetivos fundamentais do Estado brasileiro, ou seja, dita os compro-
missos que o Estado tem em relação aos cidadãos, em especial na garantia plena de igualdade entre todos os brasileiros.
José Afonso da Silva observa que (2017), é a primeira vez que uma Constituição relaciona especificamente
os objetivos do Estado brasileiro, que valem como base para as prestações positivas que venham a concretizar a
democracia econômica, social e cultural4.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.

Dica
Para auxiliar na memorização disponibiliza-se a seguir duas dicas:
� Regra do verbo: observe que todas as primeiras palavras do rol são verbos no infinitivo.
� Mnemônico: CON-GA ER PRO

O rol dos objetivos fundamentais relacionados no art. 3º da CF é um rol meramente exemplificativo, pois se
refere a metas, ou seja, objetivos que o Estado busca alcançar.

Princípios das Relações Internacionais

O art. 4º da Constituição enumera os princípios fundamentais orientadores das relações internacionais; consa-
gra, ainda, a não subordinação no plano internacional e a igualdade estre os Estados. Vejamos:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Dica
É possível a elaboração de um mnemônico para o referido rol, contudo, nota-se que, por ser extenso o rol, o
mnemônico fica consequentemente também extenso. Assim, fica a seu critério adotar o que for passado
aqui.
Mnemônico: A-IN-Da NÃO COm-PRE-I RE-CO-S
A – autodeterminação dos povos
In – independência nacional
D – defesa da paz
Não – não intervenção
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Co – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade


Pre – prevalência dos direitos humanos
I – igualdade entre os Estados
Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo
Co – concessão de asilo político
S – solução pacífica dos conflitos

Os princípios enumerados no mencionado dispositivo reconhecem a soberania do Estado no plano internacio-


nal, ou seja, não deve haver subordinação entre os Estados. Sob esse mesmo entendimento temos o princípio da
não-intervenção e o princípio da autodeterminação dos povos, assegurando que internamente o Estado não deve
sofrer nenhum tipo de interferência sobre assuntos de interesse interno.
O repúdio ao terrorismo e a concessão de asilo político têm relação com o princípio da prevalência dos direi-
tos humanos relacionado no inciso II; este último deve ser rigorosamente respeitado. Nesse sentido, em caso de
extrema violação da prevalência dos direitos humanos, pode até levar a interferência de outros Estados naquele,
com o apoio do Brasil.
4 SILVA, op. cit, p. 107. 137
Ainda a Constituição determina que o Brasil buscará integração econômica, política, social e cultural dos povos
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Vejamos no infográfico um resumo do Título I da Constituição Federal:

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º Art. 2º Art. 3º Art. 4º

FUNDAMENTOS SEPARAÇÃO DOS OBJETIVOS PRINCÍPIOS DAS RE-


PODERES FUNDAMENTAIS LAÇÕES
INTERNACIONAIS

“SO.CI.DI.VA.PLU” JUDICIÁRIO: “CON.GA.ER.PRO” Independência


nacional;
Aplica as leis.
SOberania; CONstruir uma socie- Prevalência dos direitos
LEGISLATIVO: dade livre, justa e so- humanos;
CIdadania; Elabora as leis. lidária;
Autodeterminação dos
DIgnidade da pessoa GArantir o desenvolvi- povos;
humana; EXECUTIVO: mento nacional;
Não intervenção;
Administra o Estado. ERradicar a pobreza e
VAlores sociais do
a marginalização e re- Igualdade entre os
trabalho e da livre
duzir as desigualdades Estados;
iniciativa;
sociais e regionais; Defesa da paz;
PLUralismo Político.
PROmover o bem de to- Solução pacífica dos
dos, sem preconceitos conflitos;
de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer Repúdio ao terrorismo
outras formas de discri- e ao racismo;
minação. Cooperação entre os
povos para o progres-
so da humanidade;
X - concessão de asilo
político.

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


Antes de adentrarmos especificamente no tema, é válido fazermos uma breve introdução quanto às gerações
dos direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais são segregados em gerações devido ao fato de não terem surgido todos ao mesmo
tempo; portanto, são classificados conforme a doutrina majoritária em:

z Direitos de Primeira Geração: os quais se traduzem na liberdade quanto à atuação do Estado nas ações de
índivíduo. Aqui estão compreendidos os direitos civis e políticos;
z Direitos de Segunda Geração: aqui compreendidos os direitos decorrente das obrigações do Estado em prol
dos indivíduos (direito à saúde, educação e o direito ao trabalho), tendo como primazia o valor “igualdade”;
z Direitos de Terceira Geração: são os direitos relacionado ao valor “fraternidade”. São direitos que vão além
do indívidual; busca-se o bem coletivo (ex.: direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito
do consumidor e direito ao desenvolvimento).

Dica
Leve em conta os valores compreendidos em cada geração (lema da Revolução Francesa), pois isso também
já foi cobrado em muitas questões de prova.
� 1ª geração — liberdade
� 2ª geração — igualdade
� 3ª geração — fraternidade/solidariedade

Os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados no Título II, da CF, de 1988. Em síntese, a norma cons-
titucional divide tais elementos em cinco grupos, a saber:

z Direitos individuais e coletivos;


z Direitos sociais;
z Direitos de nacionalidade;
z Direitos políticos;
138 z Partidos políticos.
Neste sentido, conclui-se que os direitos fundamen- Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
tais constituem o gênero, do qual os direitos individuais,
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina-
coletivos, sociais, nacionais e políticos são espécies.
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas
Importante: Direitos e garantias não podem ser de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten-
confundidos. Direitos são bens e vantagens prescritos so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo),
na norma constitucional, como, por exemplo, o direito por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos.
de ir e vir (liberdade de locomoção). Garantias são os Vejamos cada uma de suas partes:
instrumentos através dos quais se assegura o exercí-
cio do referido direito, tanto preventivamente, como, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
por exemplo, o habeas corpus, quanto repressivamen- de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
te, quando, por exemplo, busca assegurar a sua repa- e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
ração no caso de violação.
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Antes de adentrar no estudo dos direitos e garan-
tias fundamentais propriamente ditos, é importante O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos
conhecermos suas características. A primeira delas é individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade,
a universalidade, ou seja, os direitos e garantias fun- igualdade, segurança e propriedade. Deles decor-
damentais aplicam-se a todos os indivíduos. rem todos os demais direitos estruturados nos seus
A historicidade é outra característica a ser men- incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor-
cionada, uma vez que os direitos e garantias são frutos rem o direito à integridade física e moral, a proibição
de um desenvolvimento histórico, ou seja, são traça- da pena de morte e a proibição de venda de órgãos.
dos e estruturados de acordo com o desenvolvimento Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
da própria sociedade. Considerar o contexto histórico ros residentes no país”, não significa que o estrangei-
é extremamente importante para se entender o por- ro não residente não possua direitos, pois os direitos
quê da proteção dada pelos direitos fundamentais. fundamentais são destinados a qualquer pessoa que
Como exemplo, pode-se citar as políticas afirmativas, se encontre em território nacional.
como a política de quotas em concursos públicos. A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para
Além dessas, os direitos e garantias fundamen- definir os titulares dos direitos fundamentais, ou seja,
a população brasileira — todos aqueles que residem
tais têm, como característica, a inalienabilidade. Por
em território brasileiro.
terem a liberdade, a justiça e a paz como fundamento,
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia
não podem ser transferidos ou negociados. Assim, são
ou da igualdade (“todos são iguais perante a lei, sem
conferidos a todos os indivíduos, que deles não podem distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem,
se desfazer, porque são indisponíveis, tendo em vista como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem
a proteção da pessoa humana. com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado
A imprescritibilidade também é uma de suas brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade
características, visto que não deixam de ser exigíveis tanto o legislador como os aplicadores da lei.
em razão da falta de uso, ou seja, não prescrevem. Por
exemplo, o fato de determinada pessoa passar grande z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de modo
parte de sua vida sem ter uma religião específica não a vedar a elaboração de dispositivos que estabele-
a impede de optar por uma ou outra ou, até mesmo, çam desigualdades ou privilégio entre as pessoas;
por nenhuma, pois seu direito à liberdade de crença z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica-
e exercício de culto não se perde em razão do tempo. dores da lei, uma vez que não é possível utilizar
Verifica-se, ainda, a irrenunciabilidade como uma critérios discriminatórios na aplicação da norma,
característica importante, na medida que nenhum ser salvo nos casos em que a própria norma consti-
tucional estabelece a aplicação desigual. Como
humano pode abrir mão de possuir direitos fundamen-
exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de
tais. O indivíduo pode não usufruir deles adequadamen-
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga-
te, mas não pode renunciar à possibilidade de exercê-los.
tório em tempo de paz, ou os casos de existência
Outra característica dos direitos fundamentais é
de um pressuposto lógico e racional que justifique
a indivisibilidade. Não existe hierarquia entre tais a desequiparação efetuada, como a existência de
direitos, pois todos possuem o mesmo valor. Conse- assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

quentemente, eles são indivisíveis na medida em que, soas com deficiência nos transportes coletivos.
para a garantia de um, pressupõe-se a observância
dos demais. Sendo assim, quando um deles é violado, Art. 5º [...]
os outros também o são. I - homens e mulheres são iguais em direitos e
Por fim, outra característica importante é a limi- obrigações, nos termos desta Constituição;
tabilidade, isto é, os direitos fundamentais não são
O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
absolutos, de modo que podem ser limitados sempre
da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
que houver uma hipótese de colisão de direitos fun- te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
damentais. É da limitabilidade que advém a regra de relativamente recentes, de modo que grande parte da
que nenhum direito é absoluto. Por exemplo, mes- legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações
mo possuindo o direito de locomoção, não é possível diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
ingressar em uma propriedade alheia fora das hipó- exemplo, a necessidade de autorização marital para
teses previstas na CF, de 1988 (quais sejam: convite, que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
desastre, flagrante delito, prestar socorro ou ordem profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
judicial durante o dia), podendo, inclusive, caracteri- o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
zar o crime de invasão de domicílio. outros deveres, a administração dos bens do casal. 139
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto Art. 5º [...]
ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
legais, como aos operadores do direito, para que não vedado o anonimato;
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Todas as pessoas possuem direito atinentes à liberda-
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
de de foro íntimo, ou seja, de ter convicções religiosas,
mal e a material. A igualdade formal consiste em tra- filosóficas, políticas, entre outras, possuindo, portanto, o
tar a todos de maneira igual, independentemente de direito de pensar. Além disso, possuem direito de expres-
qualquer condição. Já a igualdade material busca a sar livremente esses pensamentos. Assim, o direito à
igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos expressão do pensamento, que decorre do direito à liber-
direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade dade de expressão (sendo este fundamento do Estado
efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade Democrático de Direito), está disciplinado no inciso IV.
nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
desiguais, na medida de sua desigualdade. sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
Art. 5º [...] passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de Cumpre mencionar que é da liberdade de expres-
fazer alguma coisa senão em virtude de lei; são que decorrem a proibição de censura e a vedação
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem-
po que a Constituição assegura a liberdade de mani-
O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas
portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam.
da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada,
pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o
que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso
deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode não impede que o Estado apure de forma sumária a
limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou verossimilhança das alegações.
não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
de máscaras faciais de proteção. Art. 5º [...]
Ressalta-se que o princípio da legalidade possui V - é assegurado o direito de resposta, proporcio-
duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti- nal ao agravo, além da indenização por dano mate-
rial, moral ou à imagem;
culares e a outra destinada à Administração. A lega-
lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade A expressão do pensamento é livre, porém, não é
aplicada à Administração, tendo em vista que ao par- absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua opinião,
ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela- porém, atingindo-se a honra de alguém, por exemplo, ela
ção à Administração, seus atos são engessados, sendo poderá ser responsabilizada civil e penalmente. Além
assim, somente pode praticar atos dispostos em lei. disso, a CF, de 1988, estabelece o direito de resposta, ou
seja, o exercício do direito de defesa da pessoa que foi
Art. 5º [...] ofendida em razão da manifestação do pensamento de
III - ninguém será submetido a tortura nem a tra- outra, como, por exemplo, no caso de notícia inverídica
tamento desumano ou degradante; ou errônea. Salienta-se por fim que o direito de resposta
é aplicado tanto à pessoa física quanto à jurídica.
O inciso III decorre do direito à vida, por decor-
rer da violação à integridade humana, tanto física
como psicológica. Torturar5 é causar ao indivíduo Importante!
sofrimento físico ou mental como forma de intimida- O inciso V prevê a indenização por dano material,
ção ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como
moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº
forma de anular a personalidade ou diminuir a capa-
37, do Superior Tribunal de Justiça6, esses danos
cidade física ou metal, mesmo que sem dor. Assim, a
são acumuláveis.
CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo
de tratamento desumano ou degradante. Temos como
exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº Art. 5º [...]
11, a qual dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
forma arbitrária, pode acarretar em tratamento desu- crença, sendo assegurado o livre exercício dos
mano ou degradante. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge-
mas em casos de resistência e de fundado receio de A liberdade de consciência abrange a liberdade
fuga ou de perigo à integridade física própria ou de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi- dade de pensamento de foro íntimo em questões não
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
processual a que se refere, sem prejuízo da respon- questões de natureza religiosa. Com relação à religião,
sabilidade civil do Estado. o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro
5 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.
140 6 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade refere-se ao relacionamento de um indivíduo com
de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece seus familiares e amigos, quer em seu lar quer em
a liberdade religiosa, ou seja, de mudar de crença ou locais fechados; honra é o atributo pessoal que com-
religião e de manifestação. preende tanto a autoestima (honra subjetiva) quan-
to a reputação de que goza a pessoa no meio social
Art. 5º [...] (honra objetiva); imagem é a expressão exterior da
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação pessoa, ou seja, seus aspectos físicos (imagem-retrato),
de assistência religiosa nas entidades civis e bem como a exteriorização de sua personalidade no
militares de internação coletiva; meio social (imagem-atributo).

O inciso VII é decorrência do direito à liberdade de Art. 5º [...]


crença e culto, de modo a garantir aos internados em XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à assis- nela podendo penetrar sem consentimento do
tência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se de que morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
essa admissão não influi no fato de o Estado ser laico.
o dia, por determinação judicial;
Art. 5º [...] A inviolabilidade do domicílio está prevista no
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança.
vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável e
ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
o ingresso nela deve ser feito com o consentimento do
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao públi-
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
co, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata-se, por-
tanto, de um conceito amplo, o qual se refere ao lugar
O inciso VIII traz a chamada escusa de consciência
reservado à intimidade e à vida privada do indivíduo.
ou objeção de consciência. Trata-se do direito de não
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e
cumprir um serviço obrigatório por razões relaciona-
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos:
das a sua consciência ou crença, de modo a assegurar
que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou políticos Art. 150 (Código Penal) [...]
em decorrência de tal recusa. Por exemplo: a pessoa § 4º A expressão «casa» compreende:
que, por questão religiosa, seja contrária ao serviço I - qualquer compartimento habitado;
militar poderá alegar tal imperativo de consciência em II - aposento ocupado de habitação coletiva;
seu alistamento militar. No entanto, a CF, de 1988, esta- III - compartimento não aberto ao público, onde
belece que, mesmo que dispensada da prática dessa ati- alguém exerce profissão ou atividade.
vidade, ela terá que cumprir serviço alternativo. § 5º Não se compreendem na expressão «casa»:
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
Art. 5º [...] ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, n.º II do parágrafo anterior;
artística, científica e de comunicação, indepen- II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
dentemente de censura ou licença;
O dispositivo traz três exceções à regra. A primei-
ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-
O inciso IX trata da liberdade de expressão das
grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar
atividades intelectual, artística, científica e de comu-
no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca-
nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-
qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a
mite a entrada no local para prestar socorro, como,
proveniente de atuação jurisdicional.
por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e
ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-
Cumpre esclarecer os conceitos de censura e licença:
sar na casa mediante autorização judicial, como, por
exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial
z Censura é a verificação da compatibilidade ou não
para busca de algum(a) objeto/pessoa no local.
entre um pensamento que se pretende expressar
É importante consignar que, mesmo com autoriza-
com as normas legais vigentes;
ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

z Licença é a exigência de autorização para que o


o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
pensamento possa ser exteriorizado.
do consentimento do morador. Assim sendo, durante
o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode
Art. 5º [...]
ser realizada mesmo sem a concordância do morador,
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral houver necessidade.
decorrente de sua violação; Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
de 2019, estabelece como dia o período compreendido
O inciso X decorre do direito à vida e traz a proteção entre as 5h e 21h.
dos direitos de personalidade, ou seja, o direito à priva- Art. 5º [...]
cidade. Trata-se dos atributos morais que devem ser pre- XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
servados e respeitados por todos, uma vez que a vida não das comunicações telegráficas, de dados e das
deve ser protegida apenas em seus aspectos materiais. comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos: por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ser perturbado em sua vida particular; vida privada ou instrução processual penal; 141
A inviolabilidade das comunicações pessoais
está disciplinada no inciso XII e também decorre do Importante!
direito à segurança. O dispositivo considera comuni- A liberdade de informação jornalística está prevista
cações pessoais: no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é mais abran-
gente que a liberdade de imprensa, que assegura o
z As correspondências: comunicações recebidas
direito de veiculação de impressos sem qualquer
em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
tipo de restrição por parte do Estado.
os comunicados e avisos comerciais;
z A comunicação telegráfica: comunicados mais
rápidos, que podem ser enviados tanto na forma Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o
escrita como pela internet, tais como o telegrama; sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis-
z A comunicação de dados: comunicação feita por sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista
meio de rede de computadores, como, por exem- poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor-
plo, a compra de produtos online ou homebank; mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu
z As comunicações telefônicas: ligações feitas e silêncio não poderá sofrer qualquer sanção.
recebidas por meio de telefone fixo ou móvel. Art. 5º [...]
XV - é livre a locomoção no território nacional
Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendido em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296, de 1996. termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
Assim, estão protegidas as mensagens trocadas por meio com seus bens;
de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger, entre outros.
É importante mencionar que as violações de cor- A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no
respondência e de comunicação telegráfica são cri- inciso XV, do art. 5º, da CF, de 1988. Trata-se, portan-
to, do direito de locomoção, que é um dos desdobra-
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
mentos do direito à liberdade. Observa-se, no entanto,
6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais. que a liberdade de locomoção é restrita a tempo de
Cabe consignar, ainda, que a quebra das comuni- paz, ou seja, no caso de decretação de guerra, passa a
cações telefônicas é admitida mediante autorização viger a lei marcial, de modo que o ir e vir dos indiví-
judicial (“salvo no último caso”) para fins de investiga- duos pode sofrer limitações.
ção criminal ou instrução processual penal. Portanto, A garantia constitucional que objetiva assegurar o
somente para fins penais. direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra-
Atenção! Como não existe direito absoluto, é pos- tado adiante.
sível a quebra do sigilo das demais comunicações
Art. 5º [...]
mediante autorização judicial.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, indepen-
Art. 5º [...] dentemente de autorização, desde que não
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- frustrem outra reunião anteriormente convoca-
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
sionais que a lei estabelecer; vio aviso à autoridade competente;

O direito de exercício de qualquer atividade O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- ter transitório e voltado para determinada finalidade.
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem- Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito
sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
faculdade de Medicina em território nacional ou ter
petente e local aberto ao público.
sido aprovado em exame de revalidação no caso de O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
faculdade estrangeira. que a passeata é constitucional, assim, compatível
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. incitação ao uso de entorpecentes.
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo- no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
Advogados do Brasil. manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).

Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XVII - é plena a liberdade de associação para fins
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
rio ao exercício profissional; A liberdade de associação encontra-se disciplina-
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
O inciso XIV disciplina o direito de informação, que ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
é um dos desdobramentos do direito à liberdade. O direi- caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
to à informação possui tríplice alcance, por englobar o associação. É importante mencionar que tanto a reu-
142 direito de informar, de se informar e de ser informado. nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos, dos filiados, não bastando que exista autorização em
como, por exemplo, a associação para fins contrários estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida-
à lei penal. Também é vedada a associação de caráter mente autorizadas pelos associados.
paramilitar, ou seja, a associação civil e desvinculada Além disso, ao contrário da representação, a subs-
do Estado, que se encontra armada e com estrutura tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
similar às instituições militares, de modo a se utilizar pende de autorização, uma vez que, na substituição, a
de táticas e técnicas policiais ou militares para alcan- associação atua em nome próprio, defendendo direito
çar os seus objetivos. alheio (dos associados).

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, XXII - é garantido o direito de propriedade;
a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu O direito de propriedade encontra-se disciplina-
funcionamento;
do no inciso XXII, do art. 5º. Tratam-se dos direitos
O inciso XVIII disciplina o direito de associação. pessoais de natureza econômica.
Trata-se da possibilidade de criação de sindicatos sem De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direito
a interferência do Estado. de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar e dis-
por da coisa, assim como o direito de reavê-la do poder
Art. 5º [...] de quem quer que, injustamente, a possua ou a detenha.
XIX - as associações só poderão ser compulso- Observa-se, no entanto, que, em termos constitu-
riamente dissolvidas ou ter suas atividades cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no direito civil, por abranger qualquer direito de conteú-
primeiro caso, o trânsito em julgado; do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que
possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi-
O inciso XIX, que também disciplina o direito de tos e direitos pessoais.
associação, estabelece que as associações somente
poderão ter suas atividades suspensas ou encerra- Art. 5º [...]
das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder XXIII - a propriedade atenderá a sua função
Judiciário. Salienta-se, por necessário, que, no caso de social;
dissolução da associação, esta somente poderá ocor-
rer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não O inciso XXIII traz um limite ao direito de proprie-
couber mais recursos. dade. Assim, a utilização de um bem deve ser feita de
acordo com a conveniência social da utilização da coisa,
ou seja, atendendo a sua função social. Portanto, o direi-
Importante! to do dono deve ajustar-se aos interesses da sociedade.
� Dissolução das associações: decisão judicial
+ trânsito em julgado; Art. 5º [...]
� Suspensão das associações: decisão judicial. XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa
Art. 5º [...] e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se os casos previstos nesta Constituição;
ou a permanecer associado;
O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do
O inciso XX, que também disciplina o direito de poder de intervenção do Estado na economia: a desa-
associação, estabelece que não é possível obrigar propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o
qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa)
liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte do bens de particulares, por meio do pagamento de jus-
grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele será ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das
livre para decidir se permanece ou não associado. Por- hipóteses de aquisição originária da propriedade. É
tanto, compreende o direito de associar-se a outras pes- cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

soas para formação de uma entidade, como também de


deixar de participar quando for de seu interesse. z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem
a ser desapropriado é imprescindível para a reali-
Art. 5º [...] zação de uma atividade essencial do Estado;
XXI - as entidades associativas, quando expressa- z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
mente autorizadas, têm legitimidade para repre- é imprescindível, mas é conveniente para a reali-
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; zação de uma atividade estatal;
z Por interesse social: hipótese na qual a desapro-
O inciso XXI é o último dispositivo que trata do priação é conveniente para o desenvolvimento da
direito de associação. Ele se refere à representação do sociedade.
filiado pela associação, quer em âmbito judicial quer
em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à legitima- Atenção! Não confundir com desapropriação
ção da associação para atuar em nome dos associados. sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a
Cabe esclarecer que representante é aquele que função social da propriedade. Nela, a indenização não
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida
caso das associações, para que estas atuem na condi- Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
ção de representantes, é preciso autorização expressa (vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda 143
desapropriação com expropriação, que consiste na Cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege-
perda da propriedade no caso de cultivo de substân- tais) e conhecimentos tradicionais associados aos
cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não recursos genéticos.
há pagamento de indenização.
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o
Art. 5º [...] direito exclusivo de utilização, publicação ou repro-
XXV - no caso de iminente perigo público, a auto- dução de suas obras, sendo esse direito transmitido
ridade competente poderá usar de propriedade aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem-
particular, assegurada ao proprietário indeniza- po que a lei fixar.
ção ulterior, se houver dano;

A requisição temporária da propriedade está Art. 5º [...]


XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade
a) a proteção às participações individuais em
de o Poder Público, em momentos de calamidade (já
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
bem particular, para assegurar a preservação de direi-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
tos mais importantes que a propriedade, tais como a econômico das obras que criarem ou de que parti-
vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti-
de uma enchente em um determinado local, o Poder vas representações sindicais e associativas;
Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
um hospital de atendimento às vítimas. O inciso XXVIII também protege a propriedade
A requisição temporária é uma exceção ao princí- intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a
pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
proteção de tais direitos ao indivíduo que participou
está condicionado à existência de danos.
de obra coletiva, além de proteger a reprodução da
Art. 5º [...] imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi- fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas
nida em lei, desde que trabalhada pela família, obras individuais como nas coletivas.
não será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, Art. 5º [...]
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
desenvolvimento; industriais privilégio temporário para sua utili-
zação, bem como proteção às criações industriais,
O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade da à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
pequena propriedade rural, por ser esta considera- e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte-
da bem de família e, portanto, insuscetível de penho- resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco-
ra, de modo a ficar a salvo de execuções por dívidas nômico do País;
decorrentes da atividade produtiva. Além disso, a CF,
de 1988, estabelece que esta deverá receber os recursos O último dispositivo que trata da propriedade inte-
previstos em lei que financiem o seu desenvolvimento. lectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de inven-
Embora o dispositivo não conceitue pequena pro- tos industriais os privilégios para sua utilização, ainda
priedade rural, o entendimento mais amplo é de que que de forma temporária. Além disso, assegura a pro-
esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis- teção às criações industriais, à propriedade das marcas,
cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na aos nomes de empresas e a outros signos distintivos.
sua única fonte de sobrevivência.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...]
XXX - é garantido o direito de herança;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo O direito de herança, que decorre do direito à pro-
que a lei fixar; priedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-se da
modificação da titularidade do bem em decorrência do
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda- falecimento (sucessão hereditária). Assim, o patrimônio
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci- do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se
mento de autoria em produções. Existem três tipos de sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no
propriedade intelectual, quais sejam: ativo como no passivo, até os limites da herança.

z Propriedade industrial: criações que movimen-


tam o mercado e são empregadas para manter a
competitividade. Seu foco é voltado para a área Importante!
empresarial. São exemplos: as patentes, marcas, O direito de sucessão está regulado no Código
desenhos, indicações geográficas, entre outros;
Civil.
z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
científicas, como, por exemplo, as obras intelec-
tuais, literárias e artísticas; Art. 5º [...]
z Proteção sui generis: são as criações híbridas, XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa-
isto é, aquelas que se encontram em um estado dos no País será regulada pela lei brasileira em
intermediário entre a propriedade industrial e benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
144 circuitos integrados (mask works), a proteção de soal do de cujus;
Ainda com relação ao direito de herança, o inci- proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa, tarifa
so XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso ou preço público). A função da gratuidade é não obstar
a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no ou dificultar o exercício do direito, uma vez que pessoas
Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira sem recursos financeiros teriam dificuldades de exercer
sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei- seu direito se este fosse condicionado ao pagamento.
ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
será aplicada. Importante!
Art. 5º [...] Fique atento ao remédio constitucional aplicado
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a para sanar ilegalidade quanto ao direito de certidão
defesa do consumidor; — Mandado de Segurança —, pois as bancas cos-
tumam tentar confundir o candidato, dizendo que
O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
o remédio constitucional cabível é o habeas data.
como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é Art. 5º [...]
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
estabelece as regras de proteção ao consumidor.
O princípio da inafastabilidade de jurisdição
Art. 5º [...]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi- ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
cos informações de seu interesse particular, ou do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
de interesse coletivo ou geral, que serão presta- do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, princípio garante que todas as pessoas tenham acesso
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindí- ao Poder Judiciário.
vel à segurança da sociedade e do Estado;
Art. 5º [...]
O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
tantes de banco de dados de entidades governamen-
tais ou abertas ao público, bem como de informação O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio-
que não óbice à divulgação da remuneração de ser- nal de que as novas leis não retirem das pessoas os
vidor público. direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
modo que as situações disciplinadas por uma norma
Art. 5º [...] devem continuar protegidas por esta mesmo depois de
XXXIV - são a todos assegurados, independente- sua revogação ou substituição por outra em três casos7:
mente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder; quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua
b) a obtenção de certidões em repartições públi- concessão pela norma anterior antes de ocorrer a alte-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de ração legal. Exemplo: uma pessoa completou o tempo
situações de interesse pessoal; de contribuição previsto pela lei para aposentar, mas
optou por permanecer trabalhando. Se nova lei alterar
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o os requisitos para aposentadoria, de modo a aumentar
direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi- o tempo de contribuição, essa pessoa não será prejudi-
víduos o direito de formular pedidos para a Adminis- cada, pois adquiriu o direito pela lei anterior;
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-


Atenção! Direito adquirido não se confunde com
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
expectativa de direito. Se a pessoa não completou
agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de plei-
todos os requisitos para a concessão do direito, ela
tear, do Estado, documento expedido por este, que,
por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi-
existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi- to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que
víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos se complete o tempo de contribuição previsto pela lei
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal. para se aposentar. Antes de preencher tal requisito,
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, inde- a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não
pendem de qualquer pagamento. Importante men- poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa
cionar que, embora o dispositivo empregue o termo de direito, uma vez que todos os requisitos não foram
“taxas”, esta foi utilizada em sentido amplo, visto que preenchidos para a sua concessão;
7 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consuma-
do segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-
-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”. 145
z Ato jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado Os princípios da anterioridade e da reserva
validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege)
esta tenha sido posteriormente revogada ou modi- encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín-
ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem
de ter completado a idade núbil nas hipóteses per- lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já
mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o
válido mesmo após a alteração da lei civil, pela Lei crime e a pena deve ser anterior a sua prática.
nº 13.811, de 2019, que proibiu, expressamente, o
casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois Art. 5º [...]
seus efeitos são protegidos pela lei anterior; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene-
z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões ficiar o réu;
do Poder Judiciário quando destas não caiba mais
O princípio da irretroatividade da lei penal mais
recurso, de modo a impedir a modificação ou dis-
gravosa está disciplinado no inciso XL. Em termos de
cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de
direito penal, a regra é a lei do tempo do crime, ou seja,
paternidade foi julgada procedente após o supos- será aplicada a lei do tempo da ação ou omissão. É pos-
to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA. sível, no entanto, aplicar lei posterior caso esta seja
Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei deixa de consi-
pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni- derar o fato como crime ou diminui a sua pena.
dade, pois a decisão não pode ser mais modificada. A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso-
luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações
já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum-
Importante! pre pena por um crime que lei posterior deixou de
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate- considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio
rial — quando impede a discussão em qualquer criminis) será colocado em liberdade.
processo — e coisa julgada formal — quando Art. 5º [...]
impede a discussão no mesmo processo. XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta-
tória dos direitos e liberdades fundamentais;
Art. 5º [...] O inciso XLI decorre do direito à igualdade.
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os
indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas
A proibição dos tribunais de exceção, que decor- proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli-
re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci- cada de modo discriminatório, como também deverá
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos punir tais discriminações com base em qualquer con-
sejam criados especialmente para julgar determina- dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras.
dos crimes ou pessoas (nos casos concretos).
Atenção! Tribunal de exceção não se confunde Art. 5º [...]
com Justiças especializadas e foro privilegiado. XLII - a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
Art. 5º [...]
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora a
organização que lhe der a lei, assegurados: Constituição não tipifique o crime, ela manda criminalizar
a) a plenitude de defesa; a conduta de racismo. Além disso, estabelece a não conces-
b) o sigilo das votações; são de fiança ao racismo (inafiançável) e, ainda, que o ato
c) a soberania dos veredictos; pode ser julgado a qualquer tempo, independentemente
d) a competência para o julgamento dos crimes da data em que foi cometido, pois não se sujeita ao decurso
dolosos contra a vida; do tempo (imprescritível). Vale lembrar, aqui, que a Lei nº
7.716, de 1989, é a Lei do Racismo, e a Lei nº 12.288, de 2010,
Outro desdobramento do direito à segurança é a estabelece o Estatuto da Igualdade Racial.
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em
crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
121, CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
ou à automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123, tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
CP) e aborto (arts. 124 a 128, CP); contudo, salienta-se afins, o terrorismo e os definidos como crimes
que lei ordinária poderá ampliar a competência do hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
Tribunal do Júri, não havendo qualquer ofensa quan- executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
to ao disposto na CF.
O inciso XLIII estabelece os crimes em que não
Trata-se de direito do indivíduo de ser julgado por
cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e
seus pares e, não, por um juízo de critério eminente-
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
mente técnico.
ele também não é cabível nos crimes elencados.
Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-
Dica: Para lembrar dos crimes, memorize: T T T
tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
H ou 3TH:
por prerrogativa de função estabelecido exclusiva-
mente pela Constituição Estadual.
Tortura;
Art. 5º [...] Tráfico;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi- Terrorismo;
146 na, nem pena sem prévia cominação legal; Hediondos.
A graça e o indulto são modalidades de perdão O princípio da intranscendência ou personaliza-
concedidas pelo Presidente da República, de modo ção da pena está disciplinado no inciso XLV. Trata-se
a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na da impossibilidade da pena ser aplicada a outra pessoa
graça, o perdão é concedido de forma individual por que não o delinquente, uma vez que somente o autor
meio de decreto e mediante provocação do interes- da infração penal pode ser responsabilizado. Com a
sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por morte do condenado, declara-se extinta a punibilidade
decreto, o qual não possui destinatário certo e inde- do crime. Assim, a pena não poderá ser cumprida, por
pende de provocação. O indulto pode ser total ou par- exemplo, pelos familiares ou herdeiros do autor do cri-
cial (comutação). me se este houver falecido. No entanto, refere-se ape-
Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso nas à esfera penal, ou seja, a obrigação civil de reparar
os danos pode ser estendida aos seus sucessores até o
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
limite do valor do patrimônio transferido (herança).
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a
Atenção! Multa é uma espécie de pena (art. 32, CP)
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos Art. 5º [...]
administrativos, como, por exemplo, às transgres- XLVI - a lei regulará a individualização da pena
sões disciplinares de servidores estaduais. e adotará, entre outras, as seguintes:
É importante mencionar que esses crimes são a) privação ou restrição da liberdade;
prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi- b) perda de bens;
sória. Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes c) multa;
de tortura; a Lei nº 11.343, de 2006, dos crimes de dro- d) prestação social alternativa;
gas; a Lei nº 13.260, de 2016, do terrorismo; a Lei nº e) suspensão ou interdição de direitos;
8.072, de 1990, cuida dos crimes hediondos.
Dica: A fim de auxiliá-lo na memorização, guarde
Art. 5º [...] o mnemônico 3PMS (RI):
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri-
tível a ação de grupos armados, civis ou milita- 3P — Privação ou restrição da liberdade (não esque-
res, contra a ordem constitucional e o Estado ça que no primeiro “p” há, implícito, um “r” da
Democrático; pena de restrição); perda de bens; prestação social
alternativa;
O inciso XLIV também traz hipóteses de não con- M — Multa;
cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga- S — Suspensão ou interdição de direitos (lembre-se de
da a qualquer tempo, independentemente da data em que aqui também há, implícito, um “i” de interdição).
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos
pelas organizações criminosas contra a ordem consti- O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe lização da pena, uma vez que as penas devem ser
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850, de 2013, previstas, impostas e executadas, em conformidade
é que trata das organizações criminosas. com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
individualização deve operar-se em três fases distin-
Dica tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
Para auxiliá-lo na memorização do conteúdo va, na execução penal.
dos últimos 3 incisos, leve em consideração o
seguinte mnemônico: RAAÇÃO 3TH. Art. 5º [...]
RA — racismo XLVII - não haverá penas:
AÇÃO — ação de grupos armados a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
Esquematizando todo o conteúdo relacionado d) de banimento;
ao mnemônico, temos: e) cruéis;
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Inafiançáveis  RAAÇÃO 3TH


Imprescritíveis  RAAÇÃO O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
Insuscetíveis de graça ou anistia  3TH como do direito à segurança, estabelece a proibição
de determinadas penas. Assim, é vedada a pena de
Art. 5º [...] morte em tempos de paz. Isso porque, quando decla-
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do rada a guerra pelo Presidente da República após a
condenado, podendo a obrigação de reparar autorização do Congresso Nacional, vigora a parte ati-
o dano e a decretação do perdimento de bens nente aos tempos de guerra8 do Código Penal Militar
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores (CPM) e do Código de Processo Penal Militar (CPPM),
e contra eles executadas, até o limite do valor do que estabelece, em determinados casos, a pena de
patrimônio transferido; morte. Exemplo: traição (art. 355, CPM)9.
8 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
9 Art. 355 Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena
- morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. 147
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen- LII - não será concedida extradição de estrangei-
tos distintos, de acordo com a natureza do deli- ro por crime político ou de opinião;
to, a idade e o sexo do apenado;
No que se refere à extradição de estrangeiro, o
O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos inciso LII veda a entrega por crime político ou de
à execução da pena privativa de liberdade. Trata- opinião. Considera-se um crime como político se ele
-se da exigência de que o cumprimento da pena seja envolver ações ou omissões que prejudicam os inte-
resses do país, do governo ou do sistema político.
feito de acordo com a natureza do crime, a idade e
O crime político pode ser de dois tipos: próprio e
o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de
centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul-
ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
tos, assim como as mulheres permanecem em local
Já o crime político impróprio é aquele crime comum
diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do
quando conexo ao crime político, de modo a ter nature-
direito à segurança como do direito à vida.
za comum, mas conotação político-ideológica, como, por
Art. 5º [...] exemplo, a extorsão mediante sequestro para obter fun-
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte- dos para determinado grupo político. Ainda há o crime
gridade física e moral; de opinião, que é aquele que se configura com o abuso
da liberdade de expressão ou de pensamento, como, por
O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo à exemplo, nos casos dos crimes contra a honra.
execução da pena privativa de liberdade: a proteção Art. 5º [...]
à integridade física e moral do preso. Busca-se, portanto, LIII - ninguém será processado nem sentencia-
proteger os indivíduos da força do Estado. Trata-se, tam- do senão pela autoridade competente;
bém, de um dos desdobramentos do direito à segurança,
por envolver garantias processuais; e do direito à vida, O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
por envolver a integridade do indivíduo. te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
Art. 5º [...] julgada por uma autoridade especialmente designada
L - às presidiárias serão asseguradas condições para o caso. Deste modo, as regras de competência
para que possam permanecer com seus filhos devem estar reestabelecidas no ordenamento jurídi-
durante o período de amamentação; co, de forma a assegurar que o julgamento seja reali-
zado por um juiz independente e imparcial.
O inciso L traz um princípio relativo à execução
Art. 5º [...]
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem seus bens sem o devido processo legal;
amamentados por elas durante a execução da pena.
Vale destacar que o art. 89, da Lei nº 7.210, de 1984 O princípio do devido processo legal está disci-
(Lei de Execução Penal), estabelece que a penitenciá- plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
ria de mulheres terá uma seção para gestantes e par- direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
turientes e uma creche para abrigar crianças entre 6 víduos não sejam presos nem percam seus bens por
(seis) meses e 7 (sete) anos. atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
deverá existir um processo com todas as etapas pre-
Art. 5º [...] vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- Se tais regras não forem observadas, o processo é pas-
vo o naturalizado, em caso de crime comum, sível de nulidade.
praticado antes da naturalização, ou de com-
provado envolvimento em tráfico ilícito de Art. 5º [...]
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os
A proibição de extradição de brasileiro encon-
meios e recursos a ela inerentes;
tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma
medida de cooperação internacional em que um Esta-
O inciso LV traz o princípio do contraditório e da
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo
ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-
que deva responder a processo penal ou cumprir dade das partes de uma relação processual, bem como
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá-
não entrega brasileiro para responder processo penal ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois
ou cumprir pena em outro país. não podem ser atribuídas a uma parte vantagens de
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro natu- que a outra não disponha.
ralizado, ou seja, que tenha adquirido a nacionalida- Como consequência, as partes têm acesso a tudo
de brasileira por outro motivo que não vinculado ao que consta dos autos, como, por exemplo, todas as
nascimento (filiação ou local do nascimento), desde provas produzidas pela outra parte, podendo mani-
que seja por crime comum e que este tenha sido prati- festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci-
cado antes de sua naturalização e, portanto, quando o da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao
agente tinha outra nacionalidade. Também é possível a indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido)
extradição de brasileiro naturalizado por comprovado ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan-
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
148 gas afins, praticado antes ou depois da naturalização. quer impedimento aos seus direitos constitucionais.
Ademais, destaca-se o conteúdo da Súmula Vincu- Art. 5º [...]
lante nº 14, a qual dispõe sobre o acesso a procedi- LVIII - o civilmente identificado não será subme-
mento investigatório por defensor do investigado. tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;
Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor,
A proibição da identificação criminal da pes-
no interesse do representado, ter acesso amplo aos
soa já civilmente identificada encontra-se no inciso
elementos de prova que, já documentados em pro-
LVIII. Entende-se, por identificação, o processo utili-
cedimento investigatório realizado por órgão com
zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou
competência de polícia judiciária, digam respeito
coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento de
ao exercício do direito de defesa.
identidade civil válido e sem qualquer suspeita funda-
da de falsidade, ele não poderá ser identificado crimi-
Observe que os documentos referentes às diligên- nalmente, ou seja, por meio do processo datiloscópico.
cias em curso não são de apresentação obrigatória, O objetivo do dispositivo é evitar o constrangimento
tendo em vista a possibilidade de frustrá-las. pessoal de pessoas já identificadas civilmente.
Imagine, por exemplo, que em determinada inves- Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009, dis-
tigação tenha sido deferida, pelo Poder Judiciário, a ciplina o inciso e estabelece quais documentos servem
interceptação telefônica de determinado investigado. para a identificação civil. Ainda, a regra da não identi-
Ora, é óbvio que o acesso, pelo advogado do investi- ficação criminal não é absoluta e abarca exceções. No
gado, comprometeria a diligência, já que este poderia entanto, tais exceções devem estar disciplinadas em lei.10
avisar seu cliente da medida.
Art. 5º [...]
LIX - será admitida ação privada nos crimes de
Art. 5º [...]
ação pública, se esta não for intentada no prazo
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
legal;
obtidas por meios ilícitos;
O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal pri-
A proibição de prova ilícita encontra-se estabele- vada subsidiária à ação penal pública. Assim, nos
cida no inciso LVI. As provas obtidas de forma ilícita casos em que o representante do Ministério Público
são absolutamente nulas, não podendo gerar qual- não ofereceu a denúncia, não requereu diligências ou
quer efeito no convencimento do juiz. não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial, no
prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa crime.
z Prova ilícita é aquela que viola direito material. A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de restri-
Exemplos: confissão mediante tortura e intercep- ção quanto à aplicação da ação penal privada subsi-
tação telefônica sem autorização judicial; diária da pública nos processos relativos aos delitos
z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces- previstos na legislação especial, como, por exemplo,
nas ações em que se apuram crimes eleitorais.
sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem
a presença do advogado. Art. 5º [...]
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, atos processuais quando a defesa da intimida-
adotou, por maioria de votos, a denominada teoria de ou o interesse social o exigirem;
fruits of poisonous tree (frutos da árvore envenenada).
São nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita Como regra, todo processo é público, ou seja, é
como também as derivadas (surgidas em decorrência permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns
da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular. casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
outros, essa publicidade é restrita às partes e seus pro-
Há contaminação do vício original, com exclusão
curadores, com o objetivo de resguardar a intimidade
da prova ilícita, bem como de suas derivações.
dos envolvidos.
Também é possível restringir a publicidade quan-
Art. 5º [...]
do o interesse da sociedade exigir, como, por exemplo,
LVII - ninguém será considerado culpado até o trân-
em determinados crimes ou atos, envolvendo crianças
sito em julgado de sentença penal condenatória;
e adolescentes. É importante mencionar, no entanto,
que a restrição da publicidade dos atos processuais não
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

poderá prejudicar o interesse público à informação.


cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes
da condenação definitiva em um processo criminal,
as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso
ocorre porque quem possui o ônus de provar a culpa é Importante!
o Ministério Público, como órgão titular da ação penal A restrição da publicidade é popularmente
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des- conhecida como segredo de Justiça.
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência,
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res-
ponsabilidade do réu até a última instância.
10 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o documento
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III - o indicia-
do portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às investigações poli-
ciais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério
Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o estado de conservação ou a distân-
cia temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. Parágrafo
único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que considera-
das insuficientes para identificar o indiciado. 149
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
LXI - ninguém será preso senão em flagrante LXIII - o preso será informado de seus direitos,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de entre os quais o de permanecer calado, sendo-
autoridade judiciária competente, salvo nos casos -lhe assegurada a assistência da família e de
de transgressão militar ou crime propriamen- advogado;
te militar, definidos em lei;
Considerando que a liberdade é a regra e a sua
Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a restrição só é legítima quando efetuada nos estritos
regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo- limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso. em flagrante deve ser comunicado dos seus direitos.
Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em
Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu- silêncio.
siva e estabelece que a restrição da liberdade só será O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá
legítima quando respeitados os parâmetros legais. ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri-
Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu- gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar,
rança, por envolver garantias processuais. esse silêncio não pode ser considerado como prova.
Em termos de processo penal, existem dois tipos Além disso, o dispositivo também estabelece a assis-
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de tência da família e do advogado, garantindo tanto o apoio
sentença penal condenatória transitada em julgado, pessoal como a assistência técnica que lhe é devida.
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena-
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de Art. 5º [...]
execução penal. Além disso, há a prisão processual, LXIV - o preso tem direito à identificação dos
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
durante a fase de investigação, instrução e antes do gatório policial;
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a
prisão temporária e a prisão preventiva. O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
Portanto, durante o curso do processo, o indiví- rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
duo somente será preso se estiver em flagrante delito Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos
(estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma
perseguido logo após ou foi encontrado logo depois, vez que lhe é garantido questionar a competência ou
com algo que faça presumir ser o autor da infração)11 atribuição dessas autoridades em conformidade com
ou se for determinado pelo juiz nos demais casos das a norma vigente e os princípios constitucionais e de
prisões acautelatórias. direitos humanos.
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais
sejam: transgressão militar ou crime propriamen- Art. 5º [...]
te militar, definido em lei. Quanto às transgressões, LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares, da pela autoridade judiciária;
tanto das Forças Armadas como das Forças Auxiliares.
A elas é aplicado procedimento de apuração especí- O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
fico, também garantindo o contraditório e a ampla do direito à segurança ao prever o relaxamento da
defesa. Já os crimes militares encontram-se previstos prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
no Código Penal Militar, porém esse diploma não defi- prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
ne quais são os crimes propriamente militares. dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
Art. 5º [...] drava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
encontre serão comunicados imediatamente ao sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
juiz competente e à família do preso ou à pessoa requisitos para serem decretadas e não estão estes
por ele indicada; presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
substituí-la por medidas cautelares diversas.
Como a prisão em flagrante é a única modalida-
de de prisão acautelatória que não conta com ordem Art. 5º [...]
judicial prévia, visto que é imposta no momento em LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
que a infração penal é praticada ou em momentos mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao sória, com ou sem fiança;
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali-
dade da prisão. O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação, sua supressão é apenas medida excepcional e somente
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe- deve ser decretada nos casos em que a norma autorizar.
lece que a comunicação será imediata e os autos reme-
tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão. Art. 5º [...]
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi- a do responsável pelo inadimplemento voluntário
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para- e inescusável de obrigação alimentícia e a do
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida. depositário infiel;

11 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com ins-
150 trumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
dade que não possui caráter de pena e que tem como tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri- além dos limites fixados em lei.
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo Art. 5º [...]
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- proteger direito líquido e certo, não amparado
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci-
autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
ta em razão das seguintes Súmulas:
ca no exercício de atribuições do Poder Público;
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão
O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda-
mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liberdade
lidade do depósito.
de locomoção e o habeas data, o acesso e a retificação de
dados, o MS é cabível para os demais direitos, sendo que
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo-
seu objetivo e alcance é feito por exclusão. Cabe destacar
sitário judicial infiel.
que a lei que disciplina o MS é a Lei nº 12.016, de 2009.
O MS é cabível quando houver direito líquido e
Art. 5º [...] certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer que os documentos comprobatórios do direito devem
violência ou coação em sua liberdade de loco- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; estiverem em repartição ou em poder de autoridade
que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- temente, no MS, não há fase instrutória
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- O MS pode ser de duas espécies:
nais são as ações constitucionais previstas na própria
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
cimento de direitos fundamentais violados. de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo gal já existente;
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
de sofrer constrangimento ilegal do seu direito de ir trangimento ilegal a direito líquido e certo.
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões
penais como em questões civis, desde que haja cons- Não cabe MS contra:
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
Existem três modalidades de HC, quais sejam: independentemente de caução;
z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em que suspensivo;
a ordem é concedida para fazer cessar o constrangi- z Decisão judicial transitada em julgado.
mento à liberdade de locomoção quando já existente;
z Habeas Corpus preventivo, em que a ordem é Por fim, seu prazo (decadencial) de impetração
concedida quando houver ameaça ao direito de ir é de 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência do
e vir, de modo a impedir que uma pessoa venha a interessado do ato impugnado.
ter restringido seu direito;
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é con- Art. 5º [...]
cedida pela autoridade judicial sem pedido, quando LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
esta verificar, no curso de um processo, que alguém impetrado por:
está sofrendo ou na iminência de sofrer constrangi- a) partido político com representação no Con-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

mento ilegal em sua liberdade de locomoção. gresso Nacional;


b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funciona-
Não cabe HC nos seguintes casos:
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
resses de seus membros ou associados;
z Perda de patente;
z Perda de cargo; Do mesmo modo que o MS individual, é possível
z Pena de multa; ingressar com mandado de segurança coletivo nos
z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o casos de direitos coletivos, assim entendidos como
STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe); os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou
z Pena extinta. seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas uma relação jurídica básica, e direitos individuais
corpus em relação a punições disciplinares militares. homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
Além dos militares das Forças Armadas, essa disposi- rentes de origem comum e de atividade ou situação
ção é estendida aos membros das Polícias Militares e específica da totalidade ou de parte dos associados ou
dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de 1988). membros do impetrante. 151
Trata-se de inovação da CF, de 1988, para a tutela de Ademais, a informação, a retificação ou a anotação
direitos coletivos líquidos e certos, também não ampara- foram negadas pela Administração Pública (entidades
dos por HC ou habeas data, quando o responsável pela governamentais da Administração direta ou indireta)
ilegalidade for autoridade pública ou agente de pessoa ou particular (pessoas jurídicas de direito privado)
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. que mantenham banco de dados aberto ao público.
O MS coletivo segue as mesmas regras do individual. O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa,
Para partidos políticos, exige-se representação no física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que
Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou as informações solicitadas digam respeito ao próprio
senador do partido). Para associação, exige-se que ela indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi-
tenha sido constituída há, pelo menos, um ano.
co adequado para se ter acesso aos autos do processo
Art. 5º [...] administrativo disciplinar (PAD).
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem-
pre que a falta de norma regulamentadora tor- Art. 5º [...]
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
constitucionais e das prerrogativas inerentes à propor ação popular que vise a anular ato lesi-
nacionalidade, à soberania e à cidadania; vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa,
O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI), ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
ação constitucional para a tutela dos direitos previs- e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
tos na CF, de 1988, inerentes à nacionalidade, à sobe- má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos sucumbência;
em razão da falta de norma regulamentadora. Portan-
to, são pressupostos para o MI: O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
z Existência de um direito constitucionalmente pre-
visto com relação à nacionalidade, soberania e cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar
cidadania; o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
z A não autoaplicabilidade desse direito; le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
z Falta de norma infraconstitucional regulamenta- pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
dora que inviabilize o exercício do direito previsto maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores.
na CF, de 1988. Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
(dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um
Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é
nº 13.300, de 2016. possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
A omissão normativa decorrente da não elabora- guês em situação de equiparação com brasileiro.
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi- gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
ca ingressarem com o MI. todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou
Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabelece
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença
uma exceção: haverá custas e sucumbência caso o autor
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo
ingresse com a ação com má-fé e esta seja comprovada.
para suprir a omissão.

Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
a) para assegurar o conhecimento de informa-
Importante!
ções relativas à pessoa do impetrante, constan- A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a
tes de registros ou bancos de dados de entidades
boa-fé é sempre presumida.
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou Art. 5º [...]
administrativo;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
O habeas data (HD) é o remédio constitucional ciência de recursos;
para a tutela do direito de informação e de intimida-
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante
O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas
o conhecimento de informações pessoais constantes
as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
de banco de dados de entidades governamentais ou
rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
abertas ao público, bem como o direito de retificação
gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
dessas informações quando errôneas.
Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD também é por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
cabível no que há registrado no inciso III, art. 7º. Veja: nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
Art. 7° (Lei nº 9.507, de 1997) [...]
III - para a anotação nos assentamentos do interes- Art. 5º [...]
sado, de contestação ou explicação sobre dado ver- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
dadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judiciário, assim como o que ficar preso além do
152 judicial ou amigável. tempo fixado na sentença;
O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do Art. 5º [...]
Poder Público ao prever a responsabilidade civil do § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti-
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão tuição não excluem outros decorrentes do regime
por tempo além do fixado em sentença. e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do
A responsabilidade civil do Estado será estudada
Brasil seja parte.
posteriormente.
O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
Art. 5º [...] disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente Portanto, podem existir outros direitos em outros dis-
pobres, na forma da lei: positivos da CF, de 1988, em outros diplomas legais,
a) o registro civil de nascimento; em tratados internacionais, entre outros.
b) a certidão de óbito;
Art. 5º [...]
Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci- § 3º Os tratados e convenções internacionais
mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que as pessoas sobre direitos humanos que forem aprovados,
possam ser registradas e possam usufruir dos direitos em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os turnos, por três quintos dos votos dos respec-
direitos de possuir um nome, de poder ser matricula- tivos membros, serão equivalentes às emendas
do em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988, constitucionais.
garante que a falta de recursos financeiros não seja
O § 3º estabelece as regras para a incorporação
considerada um obstáculo para o exercício de tais
do tratado internacional que verse sobre direitos
direitos.
humanos. Via de regra, o tratado internacional, após
a sua celebração e assinatura pelo Presidente da Repú-
Art. 5º [...] blica, passa por referendo parlamentar para sua incor-
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor- poração. Assim, o Poder Legislativo o aprova, por meio
pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos de um Decreto Legislativo, e o remete ao Presidente da
necessários ao exercício da cidadania. República para sua ratificação, por meio de Decreto. O
Decreto do Executivo é, por sua vez, promulgado e publi-
O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios cado em Diário Oficial da União e passa a ter força de lei.
constitucionais de habeas corpus e habeas data. A No caso de tratado sobre direitos humanos, a CF, de
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas 1988, disciplinou a possibilidade de sua incorporação,
as pessoas a esses remédios constitucionais. seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para as
Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos em cada
Art. 5º [...] Casa do Congresso Nacional e aprovação por 3/5 dos votos.
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- Deste modo, o tratado passa a ser incorporado, no orde-
vo, são assegurados a razoável duração do pro- namento jurídico, com força de norma constitucional.
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído pela
tramitação. Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Portanto, apenas
os tratados incorporados após essa Emenda e seguindo
os parâmetros do dispositivo possuem força de norma
Este inciso trata o princípio da celeridade pro-
constitucional. Para os incorporados anteriormente,
cessual. Desta forma, a CF, de 1988, assegura a todos, caso se refiram aos direitos humanos, são considerados
quer no âmbito judicial, quer no âmbito administra- supralegais. Para todos os demais tratados, força legal.
tivo, a duração razoável do processo, bem como dos
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Art. 5º [...]
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Art. 5º [...] Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias festado adesão.
fundamentais têm aplicação imediata.
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à pro- Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda
teção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais. Constitucional nº 45, de 2004. O Tribunal Penal Inter-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

nacional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto


Por fim, em recentíssima alteração constitucional, de Roma e tem como finalidade julgar os crimes de
a Emenda Constitucional nº 115, de 10 de Fevereiro de genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humani-
2022, adicionou o inciso LXXIX ao art. 5º da CF, o qual dade e crimes de agressão.
busca incluir a proteção de dados pessoais entre os Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
direitos e garantias fundamentais. Ademais, embora nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
não seja objeto de estudo deste tópico, cabe ressaltar nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
que a competência para legislar sobre a proteção e Nações Unidas.
tratamento de dados pessoais é de privativa da União.
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias individuais DOS DIREITOS SOCIAIS
e coletivos previstos no art. 5º estão prontos para serem
aplicados e exigidos, uma vez que não dependem da exis- Os direitos sociais estão disciplinados nos art. 6º a
tência de qualquer outra norma para produzir efeitos. 11, da CF, de 1988. Esses direitos se dividem em direi-
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a tos sociais propriamente ditos (art. 6º), direitos tra-
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons- balhistas (art. 7º) e direitos sindicais (arts. 8º a 11).
titucional de eficácia plena, contida e limitada). Vejamos cada um deles: 153
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a A CF, de 1988, do mesmo modo que estipula as
alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor- condições necessárias para a realização do trabalho,
te, o lazer, a segurança, a previdência social, a adota medidas de proteção ao trabalhador contra a
proteção à maternidade e à infância, a assistência despedida arbitrária ou sem justa causa, com o obje-
aos desamparados, na forma desta Constituição. tivo de resguardar o trabalhador contra as incerte-
zas do mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê
Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no que uma lei complementar estabelecerá indenização
art. 6º, da CF, de 1988. Trata-se dos direitos ligados à compensatória, dentre outros direitos.
concepção de que é dever do Estado garantir igualdade
de oportunidades a todos através de políticas públicas.
O dispositivo assegura alguns dos direitos denomina- Importante!
dos de segunda geração/dimensão, tais como o direito à
educação, trazendo a ideia de que a instrução é o meio Ainda não foi elaborada lei complementar dis-
adequado para que o indivíduo possa exercer outros ciplinando o assunto. Por essa razão, aplica-se
direitos, tais como a liberdade de expressão, a liberdade o disposto no art. 10, do Ato das Disposições
de associação, os direitos políticos, entre outros. Constitucionais Transitórias, que fixa como
Garante, também, o acesso dos indivíduos a um indenização o valor de 40% do depositado no
sistema de saúde, além da assistência e proteção eco- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
nômica em determinados momentos, tais como incapa- como a quantia devida a título de indenização
cidade temporária ou definitiva, velhice, entre outros. compensatória.
Trata-se, pois, de um programa de proteção social para
amparar as pessoas em determinados eventos, assim,
classifica-se tal norma como de eficácia limitada, mais Art. 7º [...]
especificamente de princípio programático. II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do possível, involuntário;
pois o Estado deve garantir os direitos em conformidade
com seus recursos. Esse dispositivo traz a ideia de míni- O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem
mo existencial, ou seja, de um padrão mínimo de condi- como finalidade assegurar assistência financeira, de
ções materiais aceitáveis para uma vida com dignidade, modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado
consoante se depreende do parágrafo único. involuntariamente, ou seja, sem justa causa.

Art. 6º [...] Art. 7º [...]


Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de III - fundo de garantia do tempo de serviço;
vulnerabilidade social terá direito a uma renda
básica familiar, garantida pelo poder público em pro- O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III. Seu obje-
grama permanente de transferência de renda, cujas tivo é resguardar o trabalhador nos casos de desemprego
normas e requisitos de acesso serão determinados involuntário, aposentadoria, entre outras situações, de
em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária modo que o trabalhador possa sacar esses valores.
De acordo com a atual orientação do STF, o prazo
Neste sentido, o Estado deve assegurar que a quan- prescricional para o trabalhador reclamar valores do
tidade de alimento seja suficiente para o indivíduo e FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo,
sua família, que ele possa se vestir, ter moradia, acesso como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº
aos serviços médicos e sociais e segurança em casos de 709.212, STF).
imprevistos, tais como desemprego, incapacidade, velhi-
ce, entre outros. Além disso, devem-se assegurar os cui- Art. 7º [...]
dados e assistência devidos à maternidade e à infância. IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen-
O referido artigo assegura, ainda, o direito ao tra- te unificado, capaz de atender a suas necessidades
balho. Para tanto, o art. 7º estipula as condições neces- vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
sárias para a realização do trabalho e adota medidas mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
de proteção ao trabalhador nos seguintes termos: ne, transporte e previdência social, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social O inciso IV estabelece a existência de uma remu-
neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao
Observa-se que esse dispositivo trata tanto dos trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o
trabalhadores urbanos como dos rurais e funda-se no salário mínimo deve ter a capacidade de atender às
princípio da igualdade. Por essa razão, a CF, de 1988 necessidades tanto do trabalhador como de sua famí-
veda, por exemplo, a diferenciação de salários, o exer- lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado
cício de funções e critério de admissão que tenham em lei, ou seja, faz-se necessária a edição de lei para a
como base a idade, o sexo ou o estado civil, entre fixação do valor do salário mínimo.
outros. Vejamos as proteções trazidas nele:
Vale destacar que o STF entende não ser necessá-
Art. 7º [...] rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em
I - relação de emprego protegida contra despedida sentido estrito), podendo a definição de tais valores
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o
complementar, que preverá indenização compen- tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan-
154 satória, dentre outros direitos; tes, as quais é relevante conhecer:
Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs- Art. 7º [...]
tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser VIII - décimo terceiro salário com base na remu-
usado como indexador de base de cálculo de vanta- neração integral ou no valor da aposentadoria;
gem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial. O inciso VIII estabelece o décimo terceiro salá-
rio ou gratificação de Natal aos trabalhadores. Para
Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no
os servidores públicos, a gratificação recebe o nome
estabelecimento de remuneração inferior ao míni-
mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores de adicional natalino. Tal gratificação foi introduzida
do serviço militar inicial. pela Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao trabalhador
formal e com carteira assinada o correspondente a
Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratificações e 1/12 de sua remuneração ou aposentadoria.
outras vantagens do servidor público não incide sobre
o abono utilizado para se atingir o salário mínimo. Art. 7º [...]
IX - remuneração do trabalho noturno superior
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39, à do diurno;
§ 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
referem-se ao total da remuneração percebida pelo
O inciso IX trata do trabalho noturno. De acordo
servidor público.
com o dispositivo, a remuneração deve ser superior
Prosseguindo nossa análise dos incisos do art. 7º, ao trabalho no período diurno.
da CF, temos: A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao
regular a matéria, estabelece, no art. 73, como período
Art. 7º [...] noturno, o trabalho desenvolvido entre as 22h de um
V - piso salarial proporcional à extensão e à com- dia e as 5h do dia seguinte. Assim, durante esse perío-
plexidade do trabalho; do, o adicional é de, pelo menos, 20% sobre a hora diur-
na. Além disso, o cômputo da hora também é realizado
O inciso V assegura contraprestação mínima aos
de forma diferente, uma vez que cada hora noturna
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro-
possui cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi-
Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi-
cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em
dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de
consideração a extensão e a complexidade do trabalho
um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se
e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo.
às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior.
Diferentemente do salário mínimo, que é nacional-
Acresce que o adicional é de 25% e que não há previ-
mente unificado, é possível que os Estados e o Distrito
são de cômputo diferenciado para a hora noturna.
Federal instituam piso salarial estadual diferente do nacio-
nal, em conformidade com o parágrafo único, do art. 22, da
Art. 7º [...]
CF, de 1988, e Lei Complementar nº 103, de 2000.
X - proteção do salário na forma da lei, consti-
Art. 7º [...] tuindo crime sua retenção dolosa;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
convenção ou acordo coletivo; O inciso X estabelece a criminalização da conduta
de retenção do salário como uma das formas de pro-
O inciso VI traz a regra de que o salário do traba- teção ao trabalhador. Salienta-se que a conduta somen-
lhador não pode ser reduzido. A redução somente é te será considerada como crime se houver dolo, ou
admitida por meio de negociação coletiva com a par- seja, quando o empregador não paga porque não quer.
ticipação obrigatória do sindicato. Cumpre esclarecer que esse inciso possui eficácia cons-
A Medida Provisória (MP) nº 936, de 2020, que foi titucional limitada e carece de lei regulamentadora.
editada em razão da pandemia da COVID-19, passou a
permitir a redução salarial por meio de acordo indivi- Art. 7º [...]
dual firmado entre o empregador e o empregado, ou XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
seja, sem a participação do sindicato. culada da remuneração, e, excepcionalmente,
Considerando que o texto constitucional estabelece participação na gestão da empresa, conforme defi-
que o acordo seja coletivo, a MP foi submetida ao STF, nido em lei;
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

que manteve a eficácia da regra (acordo individual)


de redução temporária do salário por, no máximo, 90 A participação nos lucros ou resultados, em
(noventa) dias, sob o fundamento de que se trata de caráter excepcional, na gestão da empresa encon-
momento excepcional e que o acordo individual seria tra-se prevista no inciso XI. Trata-se de um valor des-
razoável por preservar o vínculo de emprego duran- vinculado da remuneração e definido em lei. Esse
te o período, bem como que a atuação do sindicato inciso também possui eficácia limitada, porém é regu-
demandaria demora, gerando insegurança jurídica e lamentado pela Lei nº 10.101, de 2000.
aumentando o risco de desemprego.
Art. 7º [...]
Art. 7º [...] XII - salário-família pago em razão do depen-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, dente do trabalhador de baixa renda nos termos
para os que percebem remuneração variável; da lei;

O inciso VII é um desdobramento do inciso IV ao O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-se


estabelecer que todo trabalhador tem o direito a rece- de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a 70, da
ber uma remuneração justa e satisfatória que lhe asse- Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos trabalhadores que
gure existência compatível com a dignidade humana. possuem filhos ou equiparados de até 14 anos, ou com 155
algum tipo de deficiência. Para ter direito ao valor, o abusos por parte do empregador, garante ao trabalha-
trabalhador deve enquadrar-se no limite máximo de dor que os serviços prestados que excedam a jornada
renda estipulado pela Administração Pública. normal de trabalho sejam considerados extraordiná-
Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o bene- rios e pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais
fício era pago a todos os trabalhadores. Após sua edição, que o valor normal.
o salário-família ficou restrito ao trabalhador de baixa
renda. Para o ano de 2021, a tabela do Governo Federal Art. 7º [...]
fixou o valor do salário-família em R$ 51,27 e limitou o XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
benefício aos trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25. pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

Art. 7º [...] O inciso XVII estabelece o direito às férias. Tra-


XIII - duração do trabalho normal não superior ta-se do descanso anual do trabalhador, que deve ser
a oito horas diárias e quarenta e quatro sema- remunerado e acrescido de, pelo menos, 1/3 a mais do
nais, facultada a compensação de horários e a que o salário normal.
redução da jornada, mediante acordo ou conven-
ção coletiva de trabalho; Art. 7º [...]
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego
O inciso XIII fixa a jornada de trabalho diária e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
em até 8 horas e a semanal em 44 horas, permitida,
porém, a compensação de horários e a redução da jor- A licença à gestante encontra-se prevista no inci-
nada, por meio de acordos ou convenção coletiva de so XVIII. Trata-se do direito dos filhos recém-nascidos
trabalho. Trata-se dos denominados bancos de horas ou adotados de permanecerem com suas genitoras no
e as escalas de revezamento. momento inicial de sua vida ou na casa da adotante,
No Brasil, são admitidas as jornadas inglesa e espa- da nova vida, com o objetivo de desenvolver víncu-
nhola. Na jornada inglesa, existe uma diluição de 4 los de afeto e cuidados necessários para o desenvolvi-
horas no intervalo entre segunda e sexta-feira, de mento saudável da criança.
modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jornada Constitucionalmente, o prazo de duração é de 120
de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a totalizar dias, porém a Lei nº 11.770, de 2008 estendeu, para deter-
44 horas. Na jornada espanhola, há uma alternância na minados casos, esse período de licença para 180 dias.
prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em A Lei nº 12.010, de 2009 (Lei da Adoção), estendeu
outra, como, por exemplo, trabalhando sábados alter- às adotantes o mesmo prazo de licença das gestantes,
nados. Assim, haveria uma média de 44 horas sema- passando a ser de, no mínimo, 120 dias. Antes, a dura-
nais, o que evitaria o pagamento de hora extra. ção da licença variava conforme a idade do filho.

Art. 7º [...] Art. 7º [...]


XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em
zado em turnos ininterruptos de revezamento, lei;
salvo negociação coletiva;
O inciso XIX trata da licença-paternidade, que, ao
Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam- contrário do que ocorre com a licença à gestante, não
bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse possui prazo fixado pela CF, de 1988. Refere-se, tam-
dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no
com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja, momento inicial de sua vida.
aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses
casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6 Art. 7º [...]
horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de nego- XX - proteção do mercado de trabalho da
ciação coletiva para aumentar a jornada. mulher, mediante incentivos específicos, nos ter-
mos da lei;
Art. 7º [...]
XV - repouso semanal remunerado, preferencial- O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei,
mente aos domingos; de normas de proteção do mercado de trabalho da
mulher. O dispositivo tem por objetivo proporcionar a
O inciso XV garante o descanso do trabalhador. efetiva igualdade entre homens e mulheres. Tais regras
Trata-se do repouso semanal remunerado, também foram introduzidas pela CLT e tratam de temas como a
denominado descanso semanal remunerado (DSR), duração e condições de trabalho, a discriminação, o tra-
que é a possibilidade de o trabalhor ausentar-se de balho noturno, a proteção à maternidade, entre outros.
seu trabalho por 24 (vinte e quatro) horas, manten-
do-se a remuneração respectiva. Para o descanso e Art. 7º [...]
recomposição do empregado, a CF, de 1988 estabelece, XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
como preferência, os domingos. serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter-
mos da lei;
Art. 7º [...]
XVI - remuneração do serviço extraordinário supe- O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
rior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser
surpreendido com o seu desligamento e poder pro-
O pagamento de horas extras encontra-se previs- gramar-se para voltar a enfrentar a concorrência do
to no inciso XVI. A CF, de 1988, além de fixar a dura- mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso pré-
156 ção da jornada de trabalho, com o objetivo de evitar vio é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de
serviço prestado à empresa, maior a sua permanência O inciso XXV trata da assistência em creche e pré-
antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na -escola devida aos filhos e dependentes dos trabalha-
CF, de 1988, é de 30 (trinta) dias. dores desde o nascimento até os 5 anos.
De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri-
constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte meiro ano do ensino fundamental passou a ser cursa-
de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limita- do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que
da (nos termos da lei). Segundo os termos da Lei nº o auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os
12.506, de 2011, a esses 30 dias serão acrescidos três 5 anos (cessa ao completar 6 anos quando pode fre-
dias por ano de serviço prestado na mesma empresa quentar a escola).
até o total de 60 dias. Portanto, a duração máxima do
aviso prévio é de 90 dias (30 dias assegurados pela CF, Art. 7º [...]
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
de 1988 e outros 60 previstos na lei).
coletivos de trabalho;
Art. 7º [...]
O inciso XXVI ressalta a importância das entidades sin-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho,
dicais nas negociações coletivas, de modo a permitir que
por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
se incrementem as condições sociais dos trabalhadores.
O inciso XXII traz a obrigação do empregador de pre-
Art. 7º [...]
servar a saúde do trabalhador por meio da adoção de XXVII - proteção em face da automação, na forma
medidas, quer individuais quer coletivas, que o previ- da lei;
nam e o protejam dos riscos ambientais do trabalho.
A proteção em face da automação é assegurada
Art. 7º [...] no inciso XXVII. Trata-se de um mecanismo de proteção
XXIII - adicional de remuneração para as ativida- do trabalhador que perdeu seu posto de trabalho para
des penosas, insalubres ou perigosas, na forma a automação, ou seja, pela máquina, de modo que a lei
da lei; possa criar meios, tais como cursos e treinamentos, que
possibilitem sua recolocação no mercado de trabalho.
O inciso XXIII estabelece os adicionais de ativida-
des penosas, insalubres e perigosas. Atividade peno- Art. 7º [...]
sa é aquela exercida em zonas de fronteira ou aquela XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
que exige, para a sua realização, esforços físicos repe- cargo do empregador, sem excluir a indenização
titivos e intensos, de modo a causar esgotamento ou a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
desgaste excessivo. Nessa atividade, não há um dano ou culpa;
efetivo à saúde do trabalhador, mas exige um maior
grau de atenção ou sacrifício físico ou mental, como, O seguro contra acidentes de trabalho encontra-
por exemplo, serviços industriais em que o trabalha- -se previsto no inciso XXVIII. O seguro é de competência
dor é submetido a uma altura superior a três metros. do empregador e não exclui a indenização a que este
Por outro lado, na atividade insalubre, há um com- está obrigado no caso de incorrer em dolo ou culpa.
prometimento à saúde do trabalhador devido a seu
Súmula Vinculante nº 22 A Justiça do Trabalho
ambiente de trabalho, como, por exemplo, o traba-
é competente para processar e julgar as ações
lhador que é submetido a calor ou a frio intenso ou
de indenização por danos morais e patrimoniais
a ruído contínuo e intermitente. Por fim, atividade decorrentes de acidente de trabalho propostas por
perigosa é aquela que pode ameaçar a vida do traba- empregado contra empregador, inclusive aquelas
lhador, como, por exemplo, a exercida em instalações que ainda não possuíam sentença de mérito em
elétricas de grandes voltagens. primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional 45/2004.

Importante! Prosseguimos com o inciso XXIX, do art. 7º, da CF:


De acordo com o TST, não é possível a percep- Art. 7º [...]
ção cumulativa dos adicionais de insalubridade
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das


e periculosidade. relações de trabalho, com prazo prescricional
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção
Art. 7º [...] do contrato de trabalho;
XXIV - aposentadoria;
O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra-
A aposentadoria está estabelecida no inciso XXIV, balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse
de modo a assegurar ao trabalhador o afastamento de com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da
suas atividades após o cumprimento dos requisitos extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos
previstos em lei, tais como idade e tempo de contri- créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo:
buição, bem como por motivo de incapacidade. trabalhador que exerceu atividade na empresa entre
os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos
Art. 7º [...] da extinção do contrato de trabalho) para promover a
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependen- ação e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos,
tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré-
de em creches e pré-escolas; ditos de 2015 em diante. 157
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e Art. 7º [...]
“prescrição total”, é importante distinguir que pres- XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha-
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocorre dor com vínculo empregatício permanente e o
dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5 trabalhador avulso
anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o
fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos. O inciso XXXIV também decorre do princípio da
igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direitos
Art. 7º [...] entre os trabalhadores com vínculo empregatício e os
XXX - proibição de diferença de salários, de trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalhador avul-
exercício de funções e de critério de admissão por so aquele que, de forma sindicalizada ou não, presta
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; serviços tanto de natureza urbana como rural, sem pos-
suir vínculo empregatício, e a diversas empresas, com
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e
intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou,
foi tratado anteriormente quando explanado acerca
quando se tratar de atividade portuária, com interme-
do salário.
diação do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO).
Art. 7º [...]
XXXI - proibição de qualquer discriminação no Art. 7º [...]
tocante a salário e critérios de admissão do traba- Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
lhador portador de deficiência; trabalhadores domésticos os direitos previstos
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
Também decorrente do princípio da igualdade, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
a CF, de 1988, veda qualquer tipo de discriminação e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obri-
do trabalhador com deficiência. A proibição de dis-
gações tributárias, principais e acessórias, decor-
criminação estende-se desde a sua admissão. Assim
rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades,
sendo, o fato de o trabalhador possuir uma limitação, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
quer física, psíquica ou intelectual, não tem o condão bem como a sua integração à previdência social.
de permitir que o empregador pague uma contrapres-
tação diversa dos demais funcionários por exemplo. Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico
Art. 7º [...]
o trabalhador que presta serviços de natureza contí-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí-
manual, técnico e intelectual ou entre os profis-
sionais respectivos;
lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros.
O dispositivo remete a determinados incisos, ressal-
Mais um dispositivo que decorre do princípio
tando que parte desse direito depende de regulamen-
da igualdade e veda a distinção entre as atividades
tação legal, como no caso do FGTS.
desempenhadas, ou seja, a atividade manual não
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados
poderá ser tida como mais ou menos importante que
nos arts. 8º a 11. Vejamos cada um deles:
a intelectual por exemplo.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-
Art. 7º [...]
dical, observado o seguinte:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso
I - a lei não poderá exigir autorização do Esta-
ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
do para a fundação de sindicato, ressalvado o
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
registro no órgão competente, vedadas ao Poder
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
Público a interferência e a intervenção na organi-
zação sindical;
O inciso XXXIII estabelece os limites etários para
o desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos O inciso I, do art. 8º, traz o princípio da liberda-
não é possível o desempenho da atividade laboral, de sindical. Pelo dispositivo, é possível observar duas
exceto no caso de aprendiz, que poderá desenvolver situações distintas. A primeira refere-se à relação
a atividade entre 14 e 24 anos. entre o Estado e o sindicato. Já a segunda, entre o sin-
Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá- dicato e o sindicalizado. Portanto, essa liberdade de
rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo- associação sindical possui dupla dimensão, de modo
peração governamental, como, por exemplo, o SENAC a assegurar o direito dos trabalhadores em geral de
e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a criarem entidades sindicais, como também a liberda-
formação profissional é desenvolvida no ofício. Por de de aderirem ou não ao sindicato, assim como se
outro lado, estagiário é o estudante que complemen- desfiliarem conforme sua vontade.
ta, por meio do trabalho, o ensino do curso que está De acordo com o STF, para que um sindicato possa
desenvolvendo. Estagiário não é empregado nem está defender a categoria, não é preciso estar registrado no
submetido a limite de idade. órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o
Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno, registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas.
perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores
de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação. Art. 8º [...]
II - é vedada a criação de mais de uma organi-
zação sindical, em qualquer grau, representativa
Importante! de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalha-
Não há previsão expressa do trabalho penoso dores ou empregadores interessados, não podendo
158 aos menores de 18 anos. ser inferior à área de um Município;
O inciso II traz o princípio da unicidade sindical, O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais do aposentado filiado à entidade sindical.
de uma organização sindical na mesma base territo-
rial. Por essa razão, a CF, de 1988, definiu a base ter- Art. 8º [...]
ritorial mínima, ou seja, o Município. No entanto, não VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
especificou a base máxima, de modo que pode haver dicalizado a partir do registro da candidatura
um sindicato para a defesa da categoria no âmbito a cargo de direção ou representação sindical
estadual ou nacional. e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave
Art. 8º [...] nos termos da lei.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
resses coletivos ou individuais da categoria, A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
inclusive em questões judiciais ou administrativas; prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que
seus dirigentes atuem sem medo de represálias, ou
A representação e substituição do sindicato na seja, de serem desligados do emprego devido à atua-
defesa dos direitos e interesses de seus membros está ção. Trata-se, portanto, da regra que proíbe a dispen-
disciplinada no inciso III. Atente-se ao fato de o sindi- sa do empregado sindicalizado a partir do registro da
cato poder atuar não somente em questões judiciais, candidatura a cargo de direção ou representação sin-
mas também em questões administrativas. dical. No caso dos eleitos, mesmo que na condição de
suplentes, a estabilidade perdura até um ano após o
Art. 8º [...] final do mandato.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é
em se tratando de categoria profissional, será des- absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
contada em folha, para custeio do sistema con- de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar
federativo da representação sindical respectiva, que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art.
independentemente da contribuição prevista em lei; 10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para
Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha-
O inciso IV trata da contribuição confederativa dores também possuem estabilidade; já os indicados
sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu- pelo empregador não a possuem.
ma das contribuições relativas à atividade sindical A estabilidade conferida pelo inciso VIII já foi obje-
é obrigatória, de modo a depender de autorização to de prova no que tange a sua destinação. Cumpre
expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente ressaltar que esse benefício não é destinado à pessoa
quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a do empregado (intuitu personae), mas sim à represen-
contribuição confederativa prevista nesse dispositivo. tação sindicial.

Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical Art. 8º [...]


está condicionado à autorização prévia e expressa Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
dos que participem de uma determinada categoria cam-se à organização de sindicatos rurais e de
econômica ou profissional, ou de uma profissão colônias de pescadores, atendidas as condições
liberal, em favor do sindicato representativo da que a lei estabelecer.
mesma categoria.
Por fim, o parágrafo único estabelece que essas
Súmula Vinculante nº 40 A contribuição confede- regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e
rativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Fede- de pescadores.
ral, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin-
Continuamos com o inciso V, do art. 8º, da CF: do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
Art. 8º [...] meio dele defender.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
ter-se filiado a sindicato; O direito de greve dos trabalhadores encontra-se
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

assegurado no art. 9º, da CF, de 1988. Inicialmente, há


O inciso V é um desdobramento do direito à liber- de se esclarecer que a expressão “trabalhadores” se
dade de associação prevista no art. 5º, da CF, de 1988. refere aos empregados da iniciativa privada, geral-
mente regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspen-
Art. 8º [...] são temporária das atividades laborais desenvolvidas
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos e tem como causa o interesse dos trabalhadores.
nas negociações coletivas de trabalho; Ademais, salienta-se, conforme já cobrado em
prova, que a greve, apesar de ser um direito social
As entidades sindicais possuem a denominada conferido ao trabalhador, não depende de específica
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar prestação estatal para que seja exercida.
melhores condições e direitos aos trabalhadores, o
inciso IV estabelece como obrigatória a participação Art. 9º [...]
dos sindicatos nas negociações coletivas. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
Art. 8º [...] des inadiáveis da comunidade.
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
ser votado nas organizações sindicais; às penas da lei. 159
No que se refere aos serviços essenciais, tais como Os direitos de nacionalidade estão disciplinados nos
transporte público, serviços de fornecimento de luz, arts. 12 e 13, da CF, de 1988. Vejamos cada um deles:
água, entre outros, o direito de greve é assegurado, mas
sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos traba- Art. 12 São brasileiros:
I - natos:
lhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783, de 1989.
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
Art. 10 É assegurada a participação dos traba- não estejam a serviço de seu país;
lhadores e empregadores nos colegiados dos b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro
órgãos públicos em que seus interesses profissio- ou mãe brasileira, desde que qualquer deles este-
nais ou previdenciários sejam objeto de discussão ja a serviço da República Federativa do Brasil;
e deliberação. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasilei-
ro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis-
O art. 10 decorre do direito a uma gestão trados em repartição brasileira competente
democrática, ou seja, de participação junto aos ou venham a residir na República Federativa do
colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte- Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atin-
resses profissionais ou os valores aplicados nos fun- gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
dos previdenciários.
No que se refere à nacionalidade originária, a CF, de
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos 1988, adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto de defi-
empregados, é assegurada a eleição de um nição da nacionalidade, uma vez que os dois critérios estão
representante destes com a finalidade exclusiva inseridos em seu dispositivo para definir brasileiro nato.
de promover-lhes o entendimento direto com os A alínea “a” adota o critério territorial ao considerar
empregadores. brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto de pais bra-
sileiros como estrangeiros, desde que estes não estejam a
Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de serviço de seus países.
promover o entendimento e facilitar o diálogo entre Atente-se ao fato de para que a criança não seja consi-
derada brasileira, algum dos pais estrangeiros deve estar a
empregados e empregador em empresas maiores
serviço de seu país de origem; ressalta-se este ponto pois
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma
os examinadores implementaram as cobranças acerca
comissão de representação. dessa temática.
Atenção! Os representantes não se confundem Por exemplo, o casal Bob e Mary é residente da
com os dirigentes sindicais. cidade de Bruxelas, na Bélgica. Bob é natural da Bél-
gica, já Mary possui nacionalidade alemã. Mary, após
DA NACIONALIDADE alguns anos morando na Bélgica, conquista um cargo
público neste país. Em razão do cargo que ocupa, Mary
O direito à nacionalidade é a garantia de ter um foi convocada para tratar de assuntos internacionais
vínculo político-jurídico com um país, uma vez que no Brasil, a serviço da Bélgica e, durante a sua estadia
todas as pessoas têm direito de se vincular a um Esta- no Brasil, entrou em trabalho de parto, dando à luz a
do soberano para que este possa assegurar a proteção Peter, fruto do seu relacionamento com Bob. No caso
dos seus direitos fundamentais. em tela, Peter terá nacionalidade brasileira nata, tendo
A ausência de vínculo enseja a condição de apátri- em vista que sua mãe, embora a serviço da Bélgica, não
da e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica estava à serviço do seu país de origem (Alemanha).
Outro exemplo que pode ser cobrança de alguma
básica por não estar vinculado a nenhum Estado. Des-
questão mais elaborada é o caso de criança nascida em
te modo, ter uma nacionalidade significa ter direito à
território nacional, sendo que um dos pais é estran-
proteção jurídica e política por parte de um Estado.
geiro a serviço de seu país e o outro é brasileiro; neste
A nacionalidade pode ser originária ou derivada. caso, devido ao fato de ser filho de brasileiro, será, a
Vejamos: criança, considerada brasileira nata.
Já a alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado ao
z Nacionalidade originária é aquela que decor- trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nasceu fora
re do nascimento e, a depender do Estado, pode do solo brasileiro, porém possuindo pai ou mãe brasileiros
seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui- e um destes esteja a serviço do Brasil, como, por exemplo,
nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis), filho de diplomata brasileiro a serviço no Japão.
ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguíneo alia-
a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.: do à opção ou registro do nascimento em repartição
filho de italiano nascido no Brasil é italiano por competente, considerando como brasileiro aquele que
sangue e brasileiro por solo); nasceu fora do território brasileiro, sendo filho de pai ou
z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de mãe brasileiros sem que qualquer um deles estivesse a
qualquer outro fator que não seja o nascimento, serviço do Brasil, e foi registrado na repartição brasilei-
ra competente no exterior (Consulado).
como, por exemplo, passar a residir em um país
Também é considerado brasileiro nato por essa
ou casar-se com um estrangeiro e adquirir a nacio-
alínea aquele que nasceu fora do território brasileiro,
nalidade deste (essa hipótese não existe no direito sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer
brasileiro, pois o casamento com brasileiro, por um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio a residir no
si só, não dá o direito à nacionalidade brasileira). Brasil, tendo optado pela nacionalidade brasileira após
Para adquirir a nacionalidade derivada, é necessá- atingida a maioridade. Exemplo: filha de alemã com bra-
rio um procedimento chamado de naturalização e, sileiro nascida na Alemanha, mas que se mudou para o
em regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade, Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) anos, tenha opta-
por ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade do pela nacionalidade brasileira; a esta última forma se
160 anterior (direito de opção). dá o nome de nacionalidade potestativa.
Art. 12 [...] Como nenhum direito é absoluto, a CF, de 1988,
II - naturalizados: pode estabelecer tratamento diferente aos natos e
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali- naturalizados, mas tão somente a CF. Como exemplo
dade brasileira, exigidas aos originários de países tem-se o parágrafo a seguir:
de língua portuguesa apenas residência por um
ano ininterrupto e idoneidade moral; Art. 12 [...]
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
residentes na República Federativa do Brasil há I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
mais de quinze anos ininterruptos e sem con- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
denação penal, desde que requeiram a nacionali- III - de Presidente do Senado Federal;
dade brasileira. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo qual VI - de oficial das Forças Armadas.
se adquire a nacionalidade por outro motivo que não o VII - de Ministro de Estado da Defesa.
nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país concede
a um estrangeiro a qualidade de nacional desse Estado. Os cargos elencados no § 3º não podem ser preenchi-
A naturalização pressupõe pedido da parte interessada. dos por brasileiros naturalizados, nem por estrangeiros.
O inciso II estabelece, como critério para que se Observa-se que os quatro primeiros incisos se referem
adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso dos ao Chefe de Estado e àqueles que estão em sua ordem
estrangeiros originários de países de língua portugue- sucessória. O inciso V refere-se àqueles que irão repre-
sa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique, entre sentar o Estado brasileiro no exterior, enquanto os inci-
outros, a Norma Constitucional prevê residência de ape- sos VI e VII têm relação com a segurança nacional.
nas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já para os Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá
demais estrangeiros, faz-se necessário residir por mais ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden-
de 15 (quinze) anos e não possuir condenação penal. te das casas.
Note que, além do prazo de residência, enquan-
to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não Dica
deve existir condenação penal. Para memorizar o rol elencado no § 3º, utiliza-se
o mnemônico MP3.COM
REQUISITOS M — Ministro do STF
Nacionalidade P — Presidente e Vice
Nacionalidade Ordinária
Extraordinária P — Presidente da Câmara
� Ser estrangeiro origi- P — Presidente do Senado
� Ser estrangeiro de qual-
nário de país de língua quer nacionalidade C — Carreira diplomática
portuguesa � Residência, ininterrupta, O — Oficial das Forças Armadas
� Residência no Brasil por no Brasil por mais de 15 M — Ministro da Defesa
1 ano ininterrupto anos
� Idoneidade moral � Ausência de condena- Art. 12 [...]
ção penal § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
Obs.: Aqui a nacionalidade brasileiro que:
se dará por ato discricio- � Requerimento
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-
nário do Presidente por parte do interessado
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
Art. 12 [...] II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
§ 1º Aos portugueses com residência permanente a) de reconhecimento de nacionalidade originária
no País, se houver reciprocidade em favor de brasi- pela lei estrangeira;
leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- b) de imposição de naturalização, pela norma
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em
O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocidade seu território ou para o exercício de direitos civis;
para os portugueses residentes de forma permanente
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da nacio-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

no Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do Esta-


tuto da Igualdade no que se refere aos direitos e obri- nalidade. A primeira possibilidade é a perda da nacio-
gações civis e políticos sem a perda da nacionalidade nalidade derivada, ou seja, aquela adquirida pela
originária. Esse Estatuto encontra respaldo no Decreto naturalização quando houver sentença judicial deter-
nº 3.927, de 2001, que promulgou o Tratado de Amiza- minando seu cancelamento, em decorrência de ativi-
de, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal. dade nociva praticada pelo naturalizado. A segunda
possibilidade decorre do denominado princípio da
Art. 12 [...] vassalagem, isto é, a aquisição de nacionalidade deri-
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre vada implica a perda da nacionalidade de origem.
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos A perda da nacionalidade comporta duas exceções
casos previstos nesta Constituição. que não decorrem da vontade do indivíduo, são elas:

De acordo com o § 2º, independentemente de a z Reconhecimento da nacionalidade por lei


nacionalidade ter sido adquirida de modo originário estrangeira. É o caso, por exemplo, de uma crian-
ou derivado, todos os brasileiros são iguais em direi- ça que nasceu no Brasil e possui pais italianos.
tos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobra- Nessa situação, o indivíduo terá dupla naciona-
mento do direito à igualdade. lidade, tendo em vista ter nascido no Brasil (país 161
que adota, nesse caso, o critério territorial) e ser De acordo com o art. 14 da CF, a soberania popular
filho de pais italianos (país este que adota o crité- será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto dire-
rio sanguíneo). Desta forma, será atribuída dupla to e secreto, mediante:
nacionalidade à criança;
z Imposição de nacionalidade como condição z Plebiscito;
para permanência em território estrangeiro z Referendo;
ou para exercício de direitos civis. É o caso, por z Iniciativa popular.
exemplo, de jogador de futebol brasileiro que é
contratado por determinado clube de país estran- Antes de prosseguir no estudo dos direitos políticos,
geiro, onde é obrigatório a aquisição da nacionali- faz-se importante conceituar e diferenciar os meca-
dade para permanecer em seu território. nismos de democracia direta elencados acima, quais
sejam: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter Tanto o plebiscito quanto o referendo são instru-
se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade mentos que se destinam à consulta popular sobre
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua determinado assunto (ato administrativo ou lei).
perda, retornando à condição de brasileiro nato por A principal diferença entre eles está atrelada ao
expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de momento da consulta.
Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale- No plebiscito, a consulta é prévia, ou seja, antes da
mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu criação do ato administrativo ou da lei, convocam-se
marido e volta ao Brasil. os cidadãos para responderem à consulta. Ao passo
que, no referendo, primeiro cria-se o ato administra-
Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial tivo ou a lei, e depois se autoriza a consulta ao povo.
da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Dica
Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo Para ajudar na memorização da diferença entre
nacionais.
o plebiscito e o referendo, associe:
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão ter símbolos próprios.
Plebiscito com PREbiscito: o termo pre remete
para algo que ocorre previamente/antes/ante-
O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas rior, tal como o plebiscito que a consulta popular
estabelece regras com relação ao Estado brasileiro. é prévia.
A primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que Referendo com REFERIR: o termo referir remete
é a língua portuguesa. Trata-se, portanto, da língua para algo que “diz respeito” ou “que tem relação”,
que toda a população brasileira deve utilizar em suas ou seja, que já aconteceu/falou/fez/existe, tal
ações oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti- como no referendo que a consulta é posterior à
tuições do Estado. A outra regra diz respeito aos sím- criação do ato administrativo ou da lei.
bolos do Brasil.
A Iniciativa Popular é um instrumento de demo-
cracia direta que permite aos cidadãos a apresentação
Dica
de proposta de lei, desde que preenchidos os seguintes
Para memorizar os símbolos, utilize o mnemôni- requisitos previstos no § 2º, do art. 61, da CF:
co BAHIAS:
Bandeira Art. 61 [...]
Hino § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto
Armas
de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
Selo nacional eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
cinco Estados, com não menos de três décimos por
A última regra diz respeito ao fato de os Estados cento dos eleitores de cada um deles.
membros, Distrito Federal e Municípios possuírem
símbolos próprios. Alguns Estados membros possuem Da leitura do dispositivo acima, extrai-se os seguin-
símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de tes pontos:
São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Consti-
tuição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o bra- z Deve ser proposto na Câmara de Deputados;
são de armas e o hino. Não constam o selo e as armas, z É necessário a assinatura de, no mínimo, 1% (um
estando, portanto, de forma diversa da CF, de 1988. por cento) do eleitores brasileiros;
Os direitos políticos encontram-se disciplinados z Este 1% (um por cento) deve ser composto de elei-
nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal. São direi- tores de, pelos menos, 05 (cinco) Estados-membros.
tos relacionados com a participação popular, funda- z Cada um dos Estados-membros referidos acima
dos na ideia de que os cidadãos possuem o direito de deve possuir no mínimo 0,3% (três décimos) do seu
influenciar as decisões do Estado, bem como de influir próprio eleitorado estadual.
na formação da vontade deste.
Os direitos políticos conferidos à população brasi- Direitos Políticos Ativos
leira são exercidos através do sufrágio universal, que
é compreendido pela: É o que confere ao cidadão a capacidade de votar,
participar de plebiscitos ou referendos, subscrever
z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar; projeto de iniciativa popular, bem como de propor
162 z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser votado. ação popular para anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe ou, Inelegibilidades
ainda, acautelar a moralidade administrativa, o meio A Constituição não menciona exaustivamente
ambiente e patrimônio histórico e cultural brasileiro. todas as hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa
Essa capacidade é conferida ao cidadão por meio algumas, deixando reservado que lei complementar
do alistamento eleitoral. São inalistáveis os estran- poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade.
geiros e os conscritos (durante serviço militar obriga-
Art. 14 [...]
tório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
foram convocados a prestar serviço militar). inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade
Alistamento Eleitoral e o Voto para exercício de mandato considerada vida pregres-
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
Nos termos do § 1º, do art. 14, da Constituição eleições contra a influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
Federal, o alistamento eleitoral e do voto são:
administração direta ou indireta.

z obrigatórios Em regra:

„ para os maiores de dezoito anos; Art. 14 [...]


§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
z facultativos Há também a inelegibilidade derivada do casa-
mento ou do parentesco com o Presidente da Repú-
„ os analfabetos; blica, com os Governadores de Estado e do Distrito
„ os maiores de setenta anos; Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja subs-
„ os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.

Art. 14 [...]
Condições de Elegibilidade § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
Conforme § 3°, do art. 14, da CF, são condições de afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
elegibilidade, isto é, condições para se eleger a deter- sidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
minado cargo político:
quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
z Nacionalidade brasileira; eletivo e candidato à reeleição.
z O pleno exercício de direitos
políticos; Acerca do assunto, importante trazer à baila a Súmu-
Elegibilidade z Alistamento eleitoral; la nº 6 do TSE
z Domicilio eleitoral na circuns-
Súmula 6, TSE: São inelegíveis para o cargo de
crição correspondente;
chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indica-
z Filiação partidária.
dos no § 7º do art. 14 da Constituição Federal, do
titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha
A constituição também define a idade mínima que falecido, renunciado ou se afastado definitivamente
cada candidato deve ter, a depender do cargo que do cargo até seis meses antes do pleito.:
deseja se eleger: Na mesma temática, veja a redação da Súmula Vin-
culante nº 18 do STF (de observância obrigatória):
z Presidente e Vice-Presidente da República e Sena-
dor: 35 anos; Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da socie-
dade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato,
z Governador e Vice-Governador dos Estados-mem-
não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do arti-
bros e do Distrito Federal : 30 anos; go 14 da ConstituiçãoFederal
z Deputado Federal, Deputador Estadual ou Distri-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

tal, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz: 21 anos; Todo inalistável é inelegível, mas nem todo inelegível
z Vereador: 18 anos. é inalistável. Assim, quem não pode votar, como os estran-
geiros e os conscritos durante serviço militar obrigatório,
não pode ser votado, assim como os analfabetos. No entan-
A condição de nacional é um pressuposto para a to, isso não significa que os que não podem ser votados,
de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status necessariamente, não possam votar. Ex.: o analfabeto é
de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o inelegível, mas não é inalistável, logo, pode votar, embora
poder participar do processo governamental, sobre- seu voto não seja obrigatório, mas não pode ser votado.
tudo pelo voto. Assim, a nacionalidade é condição
Quanto à reeleição e desincompatibilização, a
necessária, mas não suficiente para o exercício da Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade
cidadania. de reeleição para o chefe dos Poderes Executivos fede-
ral, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sis-
Dica tema americano de reeleição, que permite apenas a
recondução por um período somente, no Brasil, após
Nacional é diferente de cidadão, logo cidadania é o período de um mandato, o governante pode voltar a
diferente de nacionalidade! se candidatar para o posto. 163
Art. 14 [...] Ainda, acerca da suspensão de direitos políticos, o
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Esta- Supremo Tribunal Federal manifesta:
do e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos pode- A suspensão de direitos políticos prevista no art.
rão ser reeleitos para um único período subsequente. 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
de substituição da pena privativa de liberdade pela
da República, os Governadores de Estado e do Distri-
restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG,
to Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respec-
Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexan-
tivos mandatos até seis meses antes do pleito.
dre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns geral) (Info 939).
requisitos:
Por fim, concluindo o assunto de direitos políticos,
Art. 14 [...] veja o que dispõe o art. 16, da CF:
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições: Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá rá em vigor na data de sua publicação, não se apli-
afastar-se da atividade; cando à eleição que ocorra até um ano da data de
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
sua vigência.
pela autoridade superior e, se eleito, passará automa-
ticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
PARTIDOS POLÍTICOS
O Mandato eletivo pode ser impugnado:
Os partidos políticos encontram-se disciplinados
Art. 14 [...] no Título II da Constituição Federal, de 1988, que trata
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante sobre os direitos e garantias fundamentais.
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias conta- Depreende-se por partidos políticos a pessoa jurí-
dos da diplomação, instruída a ação com provas de dica de direito privado que tem por objetivo assegurar
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude; e defender os direitos de uma determinada parcela da
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará população. Em síntese, partido político é aquele for-
em segredo de justiça, respondendo o autor, na for-
mado por diversas pessoas unidas em prol de ideali-
ma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
zações políticas e sociais comuns.
Vejamos o que estabelece a CF, de 1988:
Perda e Suspensão dos Direitos Políticos
Art. 17 É livre a criação, fusão, incorporação
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem se
dar, respectivamente, de forma definitiva ou temporária. e extinção de partidos políticos, resguardados a
Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento da soberania nacional, o regime democrático, o
naturalização por sentença transitada em julgado e no caso pluripartidarismo, os direitos fundamentais
de recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta- da pessoa humana e observados os seguintes
ção alternativa (é o caso do serviço militar obrigatório). preceitos:
Já a suspensão ocorre enquanto persistirem os I - caráter nacional;
motivos desta, ou seja, enquanto o indivíduo não o II - proibição de recebimento de recursos finan-
retomar a capacidade civil ele terá seus direitos políti- ceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
cos suspensos. Readquirindo-a, alcançará, novamente subordinação a estes;
o status de cidadão. Também são passíveis de suspen- III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
são os condenados criminalmente (com sentença tran- IV - funcionamento parlamentar de acordo com
sitado em julgado). Cumprida a pena, readquirem os a lei.
direitos políticos; no caso de improbidade administra-
tiva, a suspensão será, da mesma forma, temporária. O art. 17 correlaciona a importância dos partidos
políticos à soberania nacional, ou seja, ao poder do
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos, Estado de, como uma unidade de decisão em um terri-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: tório, estabelecer o que é de sua competência e o que
I - cancelamento da naturalização por sentença
não lhe cabe decidir.
transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, Dica
enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta A soberania pode ser concebida sob duas óti-
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; cas: a soberania interna representa o poder do
V - improbidade administrativa, nos termos do art. Estado em relação às pessoas e coisas em seu
37, § 4º. interior (pode-se dizer o direito de impor suas
regras dentro do seu território). Já a soberania
Acerca da suspensão de direitos políticos importa externa representa a igualdade jurídica conferida
destacar o seguinte:
aos Estados (todos os países são juridicamente
Súmula 9, do TSE: A suspensão de direitos políti-
iguais e possuem direitos e obrigações).
cos decorrente de condenação criminal transitada
em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção O art. 17 também diz respeito ao regime democrá-
da pena, independendo de reabilitação ou de prova tico, que tem como o povo a única fonte de legitimi-
164 de reparação dos danos. dade do poder, ou seja, de onde emana todo poder.
O regime democrático pode ser exercido de três Art. 17 [...]
formas: § 1º É assegurada aos partidos políticos auto-
nomia para definir sua estrutura interna e
z De forma direta – pelo próprio povo; estabelecer regras sobre escolha, formação
z De forma indireta – pelos representantes do povo; e duração de seus órgãos permanentes e pro-
visórios e sobre sua organização e funciona-
z De forma semidireta ou participativa – pela combi-
mento e para adotar os critérios de escolha e o
nação os dois critérios.
regime de suas coligações nas eleições majori-
tárias, vedada a sua celebração nas eleições
O regime democrático brasileiro possui caracte- proporcionais, sem obrigatoriedade de vincu-
rísticas da forma indireta e da forma direta. A demo- lação entre as candidaturas em âmbito nacio-
cracia indireta é exercida pelo voto, haja vista que o nal, estadual, distrital ou municipal, devendo
povo é o titular do poder de sufrágio. O voto possui seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
caráter universal, ou seja, todos podem votar, além fidelidade partidária.
de ser direto e secreto, com igual valor, na localida-
de do domicílio eleitoral. O povo participa da esco- Se o caput do art. 17 assegura a liberdade para
lha dos representantes políticos federais, estaduais e criação dos partidos políticos, o parágrafo 1° traz a
municipais (Poder Executivo e Legislativo). cláusula de barreira, também chamada de cláusu-
A democracia direta é exercida por plebiscito, la de desempenho, que se refere à necessidade de
referendo e iniciativa popular (art. 14, I, II e III da desempenho mínimo do partido para que ele conti-
CF, de 1988), bem como por iniciativa compartilhada nue existindo.
(arts. 5º, XXXVIII e LXXIII; 29, XII e XIII; 37, § 3º; 74, § Neste ponto, faz-se necessário algumas observa-
2º; 187; 194, parágrafo único, VII; 204, II; 206, VI e 224 ções. A princípio, o art. 13 da Lei n° 9.096, de 1995, dis-
da CF, de 1988). ciplinava a cláusula de barreira nos seguintes termos:
A diferença entre o plebiscito e o referendo é que
Lei nº 9.096, de 1995
no plebiscito a população é chamada para se mani-
Art. 13 Tem direito a funcionamento parlamentar,
festar antes de o Estado elaborar a lei. Exemplo: o em todas as Casas Legislativas para as quais tenha
plebiscito de 1993 em que a população escolheu entre elegido representante, o partido que, em cada elei-
monarquia e república e entre parlamentarismo e ção para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio
presidencialismo. Por outro lado, no referendo o de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados,
Estado faz a legislação e depois a submete à popula- não computados os brancos e os nulos, distribuí-
ção. Exemplo: Estatuto do Desarmamento. dos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um
Outro ponto importante refere-se ao pluriparti- mínimo de dois por cento do total de cada um deles.
darismo, que é um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil (art. 1°, V, CF, de 1988). Assim, No entanto, em dezembro de 2006, o Supremo Tri-
para assegurar o regime democrático e a representa- bunal Federal (STF), na Ação Direta de Inconstitucio-
tividade na defesa dos direitos fundamentais, devem nalidade (ADI) n° 1.351, considerou que o art. 13 da
Lei n° 9.096, de 1995, era inconstitucional por violar
coexistir diversas entidades formadas pela livre asso-
o fundamento do pluralismo político, uma vez que
ciação de pessoas e com ideologias comuns.
o artigo 17 assegurava a liberdade para criação dos
Como consequência, a defesa dos direitos fun-
partidos políticos de forma igualitária, ou seja, todos
damentais pode ser efetivada por poderem coexistir
os partidos eram iguais, independentemente do tama-
diversos pensamentos e posicionamentos.
nho e ideologia, de modo a não existir partidos de 1ª
Importante mencionar que o caput do art. 17 trata
e 2ª categoria.
da liberdade na criação, fusão, incorporação e extin-
Ainda no ano de 2006, foi acrescentado pela EC n°
ção, ou seja, o partido é livre para definir sua criação,
52, de 2006, o parágrafo 1° ao art. 17, trazendo o fim
fusão, incorporação e extinção. No entanto, existem
da verticalização, ou seja, de que nas candidaturas
preceitos a serem observados como o caráter nacional federais, estaduais e municipais, os partidos sejam
do partido político (não é possível a existências de par- obrigados a se unirem ou se enfrentarem. Portanto, se
tidos regionais ou locais), a proibição de recebimento dois partidos decidiram se enfrentar no plano federal,
de recursos financeiros de entidade ou governo estran- nada impede que no âmbito estadual, eles possam se
geiros ou de subordinação a estes (o partido político unir. Trata-se da necessidade de maior liberdade das
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

trata de interesse nacional, de modo que não pode pos- agremiações políticas.
suir qualquer vínculo com outro Estado), prestação de Pouco mais de dez anos após a inclusão do pará-
contas à Justiça Eleitoral (que traça suas regras) e fun- grafo 1°, a Emenda Constitucional (EC) n° 97, de 2017,
cionamento parlamentar de acordo com a lei. alterou o dispositivo e acrescentou a ele a cláusula de
Lembre-se: a Lei que disciplina os Partidos Políti- barreira, que era apenas uma previsão legal (decla-
cos é a Lei nº 9.096, de 1995. rada como inconstitucional), para a Constituição
Observa-se, entretanto, que embora a CF, de 1988 Federal, trazendo, assim, a possibilidade de sua imple-
tenha assegurado a livre criação, fusão e incorpora- mentação. Trata-se do denominado ativismo congres-
ção de partidos políticos, esta não é absoluta, visto que sual ou efeito backlash.
se encontra condicionada aos princípios do sistema A cláusula de barreira estabeleceu, por exemplo,
democrático-representativo e do pluripartidarismo. novas normas de acesso dos partidos políticos aos
Como consequência são consideradas constitucionais recursos do Fundo Partidário, bem como ao tempo de
as normas que fortalecem o controle quantitativo propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão. Tal
e qualitativo dos partidos, se não houver afronta ao desempenho eleitoral exigido às legendas partidárias,
princípio da igualdade ou cause qualquer ingerência será aplicado de forma gradual até ser concretizado
em seu funcionamento interno. nas eleições de 2030, nos termos da EC nº 97, de 2017. 165
Há de se mencionar, ainda, a vedação à celebração de O parágrafo 3° do art. 17 disciplina a forma de dis-
coligações nas eleições proporcionais prevista no pará- tribuição dos recursos do fundo partidário e direito
grafo 1° ao art. 17 e que esta, nos termos da EC n° 97, de de antena. De acordo com o dispositivo, a distribui-
2017, começou a ser aplicada a partir das eleições de 2020. ção do dinheiro proveniente do fundo partidário e a
A EC nº 97, de 2017 gerou, ainda, o fim das coliga- divisão de tempo de rádio e TV leva em consideração
ções nas eleições proporcionais a partir das eleições a representação do partido na Câmara dos Deputados.
de 2020. Consequentemente, somente é possível haver O Fundo Partidário é um Fundo Especial de Assis-
coligações nas eleições majoritárias, ou seja, para os tência Financeira aos Partidos Políticos que tenham
cargos de Presidente, Governador, Prefeito e Senador. seu estatuto registrado no TSE, bem como a prestação
Art. 17 [...]
de contas regular perante a Justiça Eleitoral. Ele, que é
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem persona- a principal fonte de verbas dos partidos, é constituído
lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão por dotações orçamentárias da União, multas, penali-
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. dades, doações e outros recursos financeiros estabele-
cidos no art. 38 da Lei n° 9.096, de 1995. Estes valores
Por ser uma pessoa jurídica de direito privado, os são repassados aos partidos políticos por meio do art.
partidos políticos adquirem sua personalidade jurí- 41-A da Lei n° 9.096, de 1995, que assim estabelece:
dica com seu registro em cartório de registros civis,
nos termos do parágrafo 2° do art. 17. Lei nº 9.096, de 1995
A natureza de pessoa jurídica de direito privado Art. 41-A Do total do Fundo Partidário:
também consta do art. 1° da Lei n° 9.096, de 1995. I - 5% (cinco por cento) serão destacados para
Assim, o partido político será criado de acordo com entrega, em partes iguais, a todos os partidos que
a lei civil, ou seja, Código Civil e Lei n° 6.015, de 1973 atendam aos requisitos constitucionais de acesso
(Lei de Registros Públicos) aos recursos do Fundo Partidário; e
Verifica-se, ainda, a necessidade de registro do II - 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuí-
estatuto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas dos aos partidos na proporção dos votos obtidos na
atenção: o registro no TSE não constitui o partido, última eleição geral para a Câmara dos Deputados.
pois sua natureza é apenas administrativa. Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso
Os requisitos para fundação de partidos políticos II, serão desconsideradas as mudanças de filiação
encontram-se disciplinados na Lei nº 9.096, de 1995 e partidária em quaisquer hipóteses.
na Resolução do TSE nº 23.465, de 2015.
Outro ponto importante é a vedação de doação a
campanhas por pessoas jurídicas. Assim, passou a
Importante! ser proibida que empresas doassem quantidades de
dinheiro ou bens para patrocinar a campanha política
O art. 7°da Lei n° 9.096, de 1995 repetiu o pará- dos pretensos candidatos.
grafo 2° no que se refere à aquisição da perso- Se a doação de pessoas jurídicas a campanha é
nalidade jurídica. No entanto, o parágrafo 1° do proibida, o STF entendeu que esta vedação não se
artigo 7° foi alterado pela Lei n° 13.107, de 2015, estende as pessoas físicas, desde que identificadas.
de modo a trazer regra de limitações quanto às Ressalta-se, todavia, que o Congresso Nacional criou,
assinaturas e tempo mínimo para fusão partidá- então, a figura do doador oculto, que, por sua vez,
ria. Como consequência, foi ajuizada no STF a também foi proibida pelo STF.
ADI n° 5311. O STF considerou que a norma era Importante mencionar, ainda, as regras nos deba-
constitucional e que fortalecia o controle quanti- tes eleitorais e a possibilidade de convite por emis-
tativo e qualitativo dos partidos. Posteriormen- soras. Antes, prevalecia a regra de que os partidos
te a Lei n° 13.165, de 2015, alterou o parágrafo, que não possuíam o número mínimo de representan-
de modo a incluir a necessidade para a criação tes na Câmara dos Deputados, mas possuíam um can-
didato forte e que estivesse bem colocado na disputa
de partidos políticos de assinaturas diferentes,
eleitoral, este somente poderia participar dos debates
como mecanismo de evitar que se conseguis-
se todos os outros candidatos concordassem. Ocorre,
se a quantidade necessária para criação de um
porém, que o STF relativizou a regra e permitiu que o
partido político e, posteriormente, as mesmas convite de participação nos debates poderia partir das
pessoas criassem outros partidos decorrentes próprias emissoras.
deste primeiro. No que se refere à representação, o STF entende
que o tempo a ser considerado é o da representação
do partido na Câmara dos Deputados as vésperas da
Art. 17 [...]
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo eleição e não o resultado da última eleição. Exemplo: o
partidário e acesso gratuito ao rádio e à tele- DEM elegeu muitos deputados federais em 2014, mas
visão, na forma da lei, os partidos políticos que muitos deles migraram para o PSD, que não existia
alternativamente: nesta eleição. Assim, se prevalecesse a tese da eleição
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos anterior, o DEM teria muito tempo de rádio, enquanto
Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos o PSD não teria nenhum.
votos válidos, distribuídos em pelo menos um É importante lembrar que as sátiras e crônicas
terço das unidades da Federação, com um míni- envolvendo os políticos, de acordo com o STF, são pos-
mo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em síveis por decorrer do direito à liberdade de expressão.
cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputa- Art. 17 [...]
dos Federais distribuídos em pelo menos um ter- § 4º É vedada a utilização pelos partidos políti-
166 ço das unidades da Federação. cos de organização paramilitar.
O parágrafo 4° do art. 17, veda a utilização pelos senador), uma vez que os eleitores votam no político
partidos políticos de organização paramilitar. O e não no partido. Como consequência, a fidelidade
objetivo do dispositivo é impedir que o poder políti- partidária passou a ser aplicada somente nas eleições
co seja adquirido pela força e não pelas ideologias e proporcionais (deputados federais, estaduais, distri-
posicionamentos, de modo a garantir que as regras
tais e vereadores).
democráticas sejam respeitadas.
Complementando o dispositivo, o art. 26 da Lei n°
Complementando este parágrafo, o art. 6° da Lei n°
9.096, de 1995 assim estabelece: 9.096, de 1995 estabelece:

Art. 6º É vedado ao partido político ministrar ins- Art. 26 Perde automaticamente a função ou cargo
trução militar ou paramilitar, utilizar-se de organi- que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude
zação da mesma natureza e adotar uniforme para da proporção partidária, o parlamentar que deixar o
seus membros. partido sob cuja legenda tenha sido eleito.

Portanto, ao regulamentar esse dispositivo consti- Importante é trazer alguns exemplos de exceções
tucional, Lei n° 9.096, de 1995, também proibiu que à perda do mandato. O ex-Deputado Clodovil Her-
partido político ministrasse instrução militar ou para- nandes foi eleito por um partido. No entanto, durante
militar, bem como utilizasse de organização da mesma seu mandato, sofreu situação de grave perseguição
natureza ou adotasse uniforme para seus membros. pessoal devido à sua orientação sexual. Por esta razão,
Art. 17 [...] Clodovil migrou de partido. Analisando o caso, o STF
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os entendeu que, quando Clodovil trocou de partido, ele
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegura- não perdeu o mandato, uma vez que foi reconhecida a
do o mandato e facultada a filiação, sem perda grave perseguição. No entanto, após o seu falecimen-
do mandato, a outro partido que os tenha atin- to, o STF fixou o posicionamento de que a vaga não
gido, não sendo essa filiação considerada para fins seria do partido que o recebeu, mas sim, do partido
de distribuição dos recursos do fundo partidário e
que o elegeu. Já o deputado Alexandre Frota foi expul-
de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
so do partido pelo qual foi eleito, porém a expulsão
não acarretou a perda do mandato e o deputado man-
Neste ponto, importante tratar da fidelidade par-
tidária. A parte final do § 1°, art. 17, da CF, de 1988 dá teve-se no cargo em outro partido.
autonomia aos partidos políticos para estabelecerem
normas a respeito da fidelidade e disciplina partidá-
rias. Em síntese, considera-se infidelidade partidária
quando alguém muda de partido sem motivo justifica- DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
do. Tal transferência de legenda pode ou não ensejar
na perda o cargo eletivo. DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

A origem de um Estado pode se dar de forma


Dica
natural, religiosa (Estado criado por Deus), pela for-
Puxados de votos ça e domínio dos mais fortes sobre os mais fracos,
O STF posiciona-se no sentido de que é possí- pelo agrupamento de famílias, de forma contratual,
vel existir o fenômeno dos “puxadores de votos” de forma derivada: por união, quando dois estados
(candidato que, em razão do quociente eleitoral soberanos se unem formando um só novo estado ou
para as eleições proporcionais, recebe número fracionamento, quando um estado se divide em dois
de votos suficiente para eleger outros candida- novos estados independentes, ou de forma atípica, a
tos), porém os candidatos a serem “puxados” exemplo do Vaticano e de Israel.
devem demonstrar um mínimo de desempenho, São elementos constitutivos do Estado: a soberania, a
ou seja, devem demonstrar o mínimo de 1/10 do finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu
quociente eleitoral. Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a
ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum
Art. 17 [...] de um povo situado em determinado território”.
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Soberania é o poder político supremo e indepen-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Estaduais, os Deputados Distritais e os Verea- dente que o Estado detém consistente na capacidade
dores que se desligarem do partido pelo qual para editar e reger suas próprias normas e seu orde-
tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo namento jurídico.
nos casos de anuência do partido ou de outras A finalidade consiste no objetivo maior do Estado
hipóteses de justa causa estabelecidas em lei,
que é o bem comum, conjunto de condições para o
não computada, em qualquer caso, a migração de
partido para fins de distribuição de recursos do desenvolvimento integral da pessoa humana.
fundo partidário ou de outros fundos públicos e de Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um
acesso gratuito ao rádio e à televisão. objetivo comum, ligados a um determinado território
pelo vínculo da nacionalidade.
Por fim, o parágrafo 6° trata das hipóteses de perda Território é o espaço físico dentro do qual o Esta-
de mandato. A princípio, o STF adotava o posiciona- do exerce seu poder e sua soberania. Onde o povo se
mento de que o mandato pertencia ao partido políti- estabelece e se organiza com ânimo de permanência.
co, ou seja, se o político saísse do partido pelo qual foi A Constituição de 1988 adotou a forma republica-
eleito, o seu mandato seria perdido. Posteriormente, o na de governo, o sistema presidencialista de gover-
STF mudou de entendimento no que se refere às elei- no e a forma federativa de Estado. Note tratar-se de
ções majoritárias (presidente, governador, prefeito e três definições distintas. 167
FEDERAÇÃO Art. 37 A administração pública direta e indi-
reta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
O federalismo é a forma de Estado marcado essen- dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
cialmente pela união indissolúvel dos entes federativos, aos princípios de legalidade, impessoalidade,
ou seja, pela impossibilidade de secessão, separação. moralidade, publicidade e eficiência e, também,
São entes da federação brasileira: a União; os Estados- ao seguinte:
-Membros; o Distrito Federal e os Municípios.
Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é Conforme se observa do caput, do art. 37, a Admi-
considerado laico, mantendo uma posição de neutrali- nistração Pública divide-se em Administração
dade em matéria religiosa, admitindo o culto de todas Pública Direta, que é composta pelos quatro entes
as religiões, sem qualquer intervenção. federativos (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal), e Administração Pública Indireta, compos-
FORMA DE ESTADO Federação ta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de
economia mista e empresas públicas.
FORMA DE GOVERNO República
Via de regra, a Administração Pública submete-se
REGIME DE GOVERNO Democrático a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua
SISTEMA DE GOVERNO Presidencialismo atuação independe da concordância dos administra-
dos, pois se funda na própria soberania estatal.
O regime jurídico de direito público faz com que a
A forma de Estado compreende a organização dos Administração se sujeite a limites, que, por vezes, são
ordenamentos estatais. Exemplos: unitária, federa- mais estritos do que aqueles a que estão submetidos
ção e confederação. Por sua vez, a forma de governo os particulares. Como exemplo, pode-se citar o dever
compreende o conjunto de instituições políticas para de observância da finalidade pública.
a organização e o funcionamento do poder estatal.
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a
Exemplos: República e Monarquia.
Administração Pública encontra-se expresso em for-
O regime de governo estabelece as formas de exer-
ma de princípios. De acordo com o dispositivo, são
cício do poder. Exemplo: Democracia e autocracia. E,
princípios que regem a Administração Pública direta
o sistema de governo consiste no modo pelo qual os
e indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade,
poderes se relacionam entre si dentro de um Estado.
publicidade e eficiência.
Exemplos: presidencialismo e parlamentarismo.
O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição
Art. 18. A organização político-administrativa da da Administração Pública aos mandamentos da lei.
República Federativa do Brasil compreende a União, A legalidade traduz o sentido de que a Administra-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos ção Pública somente pode fazer o que a lei manda ou
autônomos, nos termos desta Constituição. permite, bem como somente pode proibir o que a lei
§ 1º Brasília é a Capital Federal. expressamente proíbe.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali-
criação, transformação em Estado ou reintegração ao dade necessária para o exercício da atividade admi-
Estado de origem serão reguladas em lei complementar. nistrativa. Destinado tanto ao administrador como ao
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, sub- administrado, esse princípio impõe a objetividade e a
dividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a isonomia da conduta administrativa.
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios O Princípio da Moralidade diz respeito à moral
Federais, mediante aprovação da população direta- administrativa. Segundo ele, os atos da administra-
mente interessada, através de plebiscito, e do Con- ção pública devem ser balizados nas matrizes éticas
gresso Nacional, por lei complementar.
dominantes. A finalidade do princípio é fixar limites
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmem-
à atuação da Administração, evitando, por exemplo, o
bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
excesso de poder ou desvio de finalidade.
dentro do período determinado por Lei Comple-
O Princípio da Publicidade exige a divulgação
mentar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios dos atos da Administração Pública com o objetivo
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Via- de permitir o conhecimento e o controle por toda a
bilidade Municipal, apresentados e publicados na sociedade, pois ao administrador compete agir com
forma da lei. Redação dada pela Emenda Constitu- transparência.
cional nº 15, de 1996) Vide art. 96 - ADCT Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Admi-
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito nistração a obrigação de realizar suas atribuições com
Federal e aos Municípios: rapidez, perfeição e rendimento, pois quem adminis-
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub- tra gere algo que pertence à sociedade. Assim, cabe
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou ao administrador zelar pelos interesses públicos com
manter com eles ou seus representantes relações de plena satisfação do administrado e com o menor custo
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da para a sociedade.
lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
Dica
III - criar distinções entre brasileiros ou preferên-
cias entre si. Para memorizar os princípios, utilize o mnemô-
nico LIMPE:
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Legalidade
Disposições Gerais Impessoalidade
Moralidade
A Administração Pública tem suas regras discipli- Publicidade
168 nadas nos arts. 37 a 41, da CF, de 1988. Eficiência
Art. 37 [...] Art. 37 [...]
I - os cargos, empregos e funções públicas são III - o prazo de validade do concurso público será
acessíveis aos brasileiros que preencham os de até dois anos, prorrogável uma vez, por
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos igual período;
estrangeiros, na forma da lei;
O inciso III traz o prazo de validade do concurso
No que se refere à forma de acesso por brasileiro natura- público, que é de até 2 (dois) anos. Assim sendo, cabe
lizado, há de se esclarecer, inicialmente, que se trata dos car- ao edital definir qual o prazo do concurso, não poden-
gos não privativos de brasileiros natos, uma vez que os do, no entanto, ser superior a 2 (dois) anos.
cargos privativos de brasileiro nato constam expressamente Além disso, é possível a prorrogação do prazo de vali-
no § 3º, art. 12, da CF, de 1988. dade por uma única vez e por igual período, ou seja, se o
Observa-se que os cargos não privativos de brasileiros prazo de validade do edital é de 1 (um) ano, ele somente
natos podem ser preenchidos por brasileiros (natos ou natu- poderá ser prorrogado por 1 (um) ano. Aqui, cabe uma
ralizados) de forma ampla. Vale frisar que pode a lei esta- observação importante: a prorrogação só é possível ser
belecer requisitos limitadores, tais como formação escolar, feita enquanto não expirado o prazo inicial.
idade, entre outros. Em contrapartida, para que o estran- O candidato que for aprovado em concurso público
geiro possa ter acesso a tais cargos, a lei deve especificar as dentro do número de vagas previstas no edital, estando
hipóteses de admissibilidade. tal concurso dentro do prazo de validade, possui o direi-
Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à apli- to subjetivo de ser nomeado, assim como a prioridade
cabilidade da norma. Com relação aos brasileiros, a norma na nomeação. Em contrapartida, o candidato aprovado
constitucional é de eficácia contida, ou seja, todos os brasi- fora do número de vagas possui mera expectativa de
leiros têm acesso aos cargos, empregos e funções públicas. A direito à nomeação, devendo submeter-se ao juízo de
norma infraconstitucional pode conter tais efeitos, estabele- conveniência e oportunidade da Administração.
cendo critérios diferenciados. Portanto, todos os brasileiros
têm acesso a todos os cargos, empregos e funções desde que Art. 37 [...]
a norma não restrinja. IV - durante o prazo improrrogável previsto no edi-
Já para os estrangeiros, a norma constitucional é de efi- tal de convocação, aquele aprovado em concurso
cácia limitada, ou seja, para que o estrangeiro tenha acesso, público de provas ou de provas e títulos será con-
faz-se necessária norma infraconstitucional regulando a vocado com prioridade sobre novos concursa-
hipótese. Deste modo, os estrangeiros têm acesso somente dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
aos cargos, empregos e funções públicos que a lei autorizar.
O inciso IV regula a hipótese de novo concurso
Art. 37 [...] para o mesmo cargo enquanto os candidatos aprova-
II - a investidura em cargo ou emprego públi-
dos em certame anterior e com prazo de validade não
co depende de aprovação prévia em concurso
expirado ainda não foram convocados. Assim, estabe-
público de provas ou de provas e títulos, de
lece a prioridade de convocação destes em face dos
acordo com a natureza e a complexidade do cargo
novos aprovados.
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração;
Importante!
O inciso II estabelece a necessidade de procedi- Segundo entendimento do STF, para gozar da prio-
mento administrativo destinado à seleção das pessoas ridade na nomeação, não basta ao candidato a
que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos
mera aprovação, sendo necessário que ele tenha
de provimento efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto,
sido classificado dentro do número de vagas dis-
de uma forma de escolha para atender aos princípios
ponibilizadas no concurso, ou seja, se o edital pre-
da igualdade e da moralidade administrativa, evitan-
viu uma vaga e foram aprovados dois candidatos,
do-se, com isso, que o ingresso no serviço público se dê
somente o primeiro tem prioridade de nomeação.
por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
Os concursos públicos devem ser abertos a todos
os interessados. Portanto, não se admite que a seleção Art. 37 [...]
ocorra de forma interna (concursos internos). V - as funções de confiança, exercidas exclusivamen-
Cabe consignar que os concursos públicos podem te por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

ser de provas ou de provas e títulos. Deste modo, cargos em comissão, a serem preenchidos por servi-
não se admite concurso apenas de títulos nem admis- dores de carreira nos casos, condições e percentuais
são sem concurso público. Observa-se, no entanto, mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri-
que existem exceções à regra relativa aos concur- buições de direção, chefia e assessoramento;
sos públicos para os seguintes casos:
O inciso V trata de duas situações distintas: a fun-
z Cargos de mandato eletivo; ção de confiança e o cargo de confiança (em comissão).
z Cargo comissionado; Cargo público é a unidade estrutural e funcional em
z Contratação temporária por excepcional interesse que o servidor exerce suas atribuições e responsabili-
público; dades, ou seja, é o local dentro da estrutura organiza-
z Ex-combatente que tenha efetivamente participa- cional que deve ser atribuído a um servidor. Já função
do de operações bélicas durante a Segunda Guerra pública é a própria atribuição e responsabilidade.
Mundial (inciso I, art. 53, ADCT); Em regra, os cargos públicos somente podem ser
z Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos criados, transformados ou extintos por lei. Assim,
Tribunais de Contas; Ministros do STF, do STJ, TSE, cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do
TST e STM; integrantes do quinto Constitucional Poder Executivo, dispor sobre a criação, transforma-
dos Tribunais Judiciários. ção e extinção de cargos, empregos e funções públicas. 169
A iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma função gratificada na administração pública dire-
cargos, varia conforme o caso. Por exemplo, no caso ta e indireta, em qualquer dos Poderes da União,
dos cargos do Poder Judiciário, dos Tribunais de Con- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
tas e do Ministério Público, a lei será de iniciativa dos compreendido o ajuste mediante designações recí-
respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais. procas, viola a CF.
Excepciona a regra quando os cargos ou funções
se encontrarem vagos, uma vez que a Emenda Cons- A Súmula Vinculante nº 13 aplica-se apenas aos
titucional nº 32, de 2001, possibilitou a extinção por cargos de natureza administrativa, estando de fora do
meio de decreto do Presidente da República. Com rela- seu âmbito as nomeações para cargos políticos. Exem-
ção aos Governadores e Prefeitos, a extinção do cargo plo: o STF considerou válida a nomeação para o cargo de
vago é possível se houver semelhante previsão nas Secretário Estadual de Transportes de irmão de Gover-
respectivas Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas nador de Estado sob a alegação de que o cargo em ques-
(princípio da simetria). tão possuía natureza política (Rcl 6.650-MC-AgR).
No que se refere às garantias e características Por fim, para o exercício da função de confiança,
especiais, os cargos podem ser classificados em vitalí- o pressuposto é que o nomeado já exerça cargo na
cios, efetivos e comissionados:
Administração. Exemplo: um escrevente técnico é
nomeado para a função de assessor do juiz.
z Cargo vitalício é aquele com a maior garantia em
relação à permanência. Trata-se daquele destina-
do a receber o ocupante em caráter permanente,
Importante!
como no caso dos magistrados (inciso I, art. 95, CF,
de 1988), os de membros do Ministério Público (alí- � Função de confiança: deve ser agente público;
nea “a”, inciso I, § 5º, art. 128, da CF, de 1988) e os � Cargo em confiança: pode ou não ser agente
de ministros do Tribunal de Contas (§ 3º, art. 73, CF, público.
de 1988). A vitaliciedade é adquirida após 2 (dois)
anos de efetivo exercício no cargo e tais servido-
res só poderão ser demitidos por sentença judicial Art. 37 [...]
transitada em julgado; VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
z Cargo efetivo é aquele provido por concurso públi- livre associação sindical;
co, cujos integrantes possuem a estabilidade, ou
seja, após 3 (três) anos de efetivo exercício, só pode- O inciso VI decorre do direito à liberdade do art. 5º,
rão ser demitidos por decisão judicial transitada em da CF, de 1988. Lembrem-se: ninguém é obrigado a se
julgado, processo administrativo disciplinar ou pro- associar ou a se manter associado.
cesso de avaliação periódica de desempenho;
z Cargo em comissão é aquele preenchido de acordo Art. 37 [...]
com a confiança. Como regra, ele deve ser preenchi- VII - o direito de greve será exercido nos termos e
do preferencialmente por servidores de carreira. nos limites definidos em lei específica;
Portanto, para os demais casos (pessoal de fora da
Administração), a nomeação deve ser exceção. O direito de greve dos servidores públicos é dife-
rente do direito dos demais trabalhadores da inicia-
Além disso, é importante frisar que a nomeação aos tiva privada. Enquanto estes podem interromper
cargos em comissão somente é possível para os cargos completamente suas atividades, o servidor público
de chefia, direção ou assessoramento. Portanto, para precisa garantir que os serviços sejam mantidos e em
as atribuições de execução e, não, para as atribuições percentual que possa atender à população. Trata-se
da aplicação do princípio da continuidade, uma vez
técnicas e operacionais. Exemplo: cabe a nomeação
que não é possível a interrupção total das atividades
para cargo em comissão de Secretário de Transportes,
prestadas pela Administração à população por serem
por demandar conhecimento específico e confiança.
estas essenciais e necessárias à coletividade. Para tan-
Já para o motorista, isso não é cabível, pois, diferente-
to, a Norma Constitucional prevê que os termos e limi-
mente do Secretário, sua atribuição é meramente ope-
tes devem ser estabelecidos em lei.
racional e não demanda a relação de confiança. Ainda não foi elaborada lei para dar aplicabilidade
Como regra, os cargos em comissão são de livre ao inciso VII. Por essa razão, o STF proferiu a seguinte
nomeação e exoneração (ad nutum). A exceção a essa decisão nos autos do Mandado de Injunção 670-ES:
regra é o que se intitula nepotismo (favorecimento
de parentes em detrimento de pessoas mais qualifi- STF, MI 670-ES: Mandado de injunção. Garantia
cadas). Importante salientar que essa prática também fundamental (CF, Art. 5º, inciso LXXI). Direito de
pode ocorrer de forma cruzada. Por exemplo: quando greve dos servidores públicos civis (CF, Art. 37,
autoridades, a fim de omitir o nepotismo, nomeiam inciso VII). Evolução do tema na jurisprudência
para determinado cargo parentes um do outro de do Supremo Tribunal Federal (STF). Definição dos
maneira recíproca. parâmetros de competência constitucional para
Vejamos, a seguir, o texto da Súmula Vinculante nº apreciação no âmbito da justiça federal e da jus-
13, do STF, relativa ao tema: tiça estadual até a edição da legislação específica
pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. Em
Súmula Vinculante nº 13 A nomeação de cônju- observância aos ditames da segurança jurídica e à
ge, companheiro, ou parente, em linha reta, cola- evolução jurisprudencial na interpretação da omis-
teral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da são legislativa sobre o direito de greve dos servido-
autoridade nomeante ou de servidor da mesma res públicos civis, fixação do prazo de 60 (sessenta)
pessoa jurídica, investido em cargo de direção, dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a
chefia ou assessoramento, para o exercício de matéria. Mandado de injunção deferido para deter-
170 cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de minar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989.
Seguimos com os incisos do art. 37, da CF, de 1988: z Integrantes das carreiras pertencentes à Advocacia
Geral da União, à Procuradoria-Geral da Fazenda
Art. 37 [...] Nacional, às Procuradorias dos Estados e do Dis-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empre- trito Federal e às Defensorias Públicas da União,
gos públicos para as pessoas portadoras de defi- DF e Territórios e Defensorias Públicas Estaduais
ciência e definirá os critérios de sua admissão; (art. 135, CF);
z Servidores policiais integrantes da Polícia Fede-
O inciso VIII estabelece a reserva de vagas para ral, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária
pessoas com deficiência. Trata-se de uma norma Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos
constitucional de eficácia limitada, ou seja, que depen- de Bombeiros Militares.
de da edição de lei infraconstitucional para poder
gerar os efeitos. Vejamos, a seguir, o texto da Súmula nº 679, do STF:
Com relação à reserva, cumpre salientar que as
atribuições do cargo devem ser compatíveis com a Súmula 679 (STF) A fixação de vencimentos dos
deficiência. Ainda, a reserva é de até 20% (vinte por servidores públicos não pode ser objeto de conven-
cento) das vagas oferecidas no concurso, isto é, a CF, ção coletiva.
de 1988, fixou apenas o limite máximo (teto) do núme-
ro a ser reservado. No que se refere à revisão, o dispositivo trata apenas
O § 1º, art. 37, do Decreto nº 3.298, de 1999, esta- da revisão geral, ou seja, do reajuste anual genérico, que
belece o percentual mínimo de 5% das vagas e, no tem por objetivo repor as perdas inflacionárias do perío-
caso de o número obtido ser fracionado, o número de do, sendo aplicável a todos os servidores. Portanto, não a
vagas será elevado até o primeiro número inteiro sub- confunda com reajuste específico, que é aquele aplicado
sequente, ou seja, arredondado para cima. apenas a alguns cargos ou carreiras funcionais, com a
finalidade de evitar a defasagem remuneratória.
Art. 37 [...]
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por Art. 37 [...]
tempo determinado para atender a necessidade XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
temporária de excepcional interesse público; cargos, funções e empregos públicos da administra-
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
O servidor temporário encontra-se disciplinado de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
no inciso IX. Trata-se de uma categoria à parte, uma Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
vez que não titulariza cargo público nem possui de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, sendo e os proventos, pensões ou outra espécie remu-
regida por regime especial veiculado por meio de lei neratória, percebidos cumulativamente ou não,
específica de cada ente da federação. incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
outra natureza, não poderão exceder o subsídio
O servidor público exerce funções públicas sem
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
ocupar cargos ou empregos públicos e sua contra-
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
tação é por tempo determinado e para atender Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
necessidade temporária de excepcional interesse dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
público. Por exemplo: agente sanitário em caso de Governador no âmbito do Poder Executivo, o
surto de dengue. subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
Art. 37 [...] dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
X - a remuneração dos servidores públicos e limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési-
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
poderão ser fixados ou alterados por lei especí- Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
fica, observada a iniciativa privativa em cada caso, do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem-
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
data e sem distinção de índices; Defensores Públicos;

O inciso X trata da remuneração dos servidores Com relação ao teto do funcionalismo público, a
públicos. Cumpre esclarecer, no entanto, que remu- CF, de 1988, estabeleceu duas regras. A primeira é a
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

neração é o gênero, do qual salário, vencimentos e do teto geral, ou seja, o limite máximo de remune-
subsídios são espécies. Salário é a contraprestação ração, que é o valor dos subsídios dos Ministros do
pecuniária paga aos empregados públicos, regidos Supremo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata
pela CLT. Vencimento é a modalidade remunerató- do denominado subteto, ou seja, o teto para os Esta-
ria da maioria dos servidores submetidos a regime dos, Municípios e Distrito Federal.
jurídico estatutário, englobando o vencimento-base e Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte-
as vantagens pecuniárias. Já subsídio é uma parcela ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O teto
única, sem qualquer acréscimo, obrigatória para as único tem, como base, a fixação de um valor máximo
seguintes categorias: estabelecido para fins remuneratórios. Já o teto por
Poderes faz com que cada ente político adote um sub-
z Membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos, teto próprio para a fixação dos subsídios.
senadores, deputados, vereadores, magistrados), O Executivo tem, como subteto, os subsídios do
detentores de mandato eletivo, Ministros de Esta- Governador. O Legislativo tem, como subteto, os sub-
do e Secretários Estaduais e Municipais; sídios dos deputados estaduais, que, por sua vez, não
z Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas; poderão exceder 75% dos subsídios dos deputados
z Membros do Ministério Público; federais. Por fim, o Judiciário adota, como subteto, o 171
valor de 90,25% dos subsídios do Supremo Tribunal A irredutibilidade dos subsídios e dos venci-
Federal, ressaltando que esse subteto se aplica tão mentos dos ocupantes de cargos, funções e empregos
somente aos seus servidores e, não, aos membros da públicos encontra-se estabelecida no inciso XV. Trata-
Magistratura, pois a estes é aplicado o teto do Supre- -se da impossibilidade de redução do valor nominal,
mo Tribunal Federal. ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000,00, não pode-
rá reduzi-lo para valor inferior. No entanto, é possível
Art. 37 [...] que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisi-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis- tivo desse valor seja atingido pela inflação.
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo; Art. 37 [...]
XVI - é vedada a acumulação remunerada de
A isonomia dos vencimentos dos servidores dos cargos públicos, exceto, quando houver compa-
três Poderes está disciplinada no inciso XII. Sua finali- tibilidade de horários, observado em qualquer
dade é manter a paridade. caso o disposto no inciso XI:
É importante o texto da Súmula Vinculante nº 37, a) a de dois cargos de professor;
do STF: b) a de um cargo de professor com outro técni-
co ou científico;
Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi- c) a de dois cargos ou empregos privativos
ciário, que não tem função legislativa, aumentar de profissionais de saúde, com profissões
vencimentos de servidores públicos sob fundamen- regulamentadas;
to de isonomia.
O inciso XVI trata da vedação de acumulação de
Art. 37 [...] cargos. Como regra, é vedada a acumulação remu-
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de nerada de cargos públicos. No entanto, é possível a
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito acumulação se houver compatibilidade de horários
de remuneração de pessoal do serviço público; entre os cargos e somente em três hipóteses.
A primeira refere-se ao magistério e traz a pos-
A vedação à vinculação e à equiparação de sibilidade de acumular dois cargos de professor
remunerações encontra-se prevista no inciso XIII. (ex.: cargo de professor da rede municipal no perío-
Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681: do matutino e cargo de professor da rede estadual no
período noturno).
Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula- A segunda hipótese é a acumulação de um cargo
ção do reajuste de vencimentos de servidores esta- de professor com outro técnico ou científico (ex.:
duais ou municipais a índices federais de correção cargo técnico em enfermagem em hospital estadual
monetária. com carga horária compatível com cargo de professor
de ensino médio estadual).
Atenção! Há duas exceções à regra de não vincu- Por fim, é possível a acumulação de dois cargos
lação, quais sejam: privativos de profissionais da saúde, com profissões
regulamentadas (ex.: cargo de dentista, em um muni-
z A equiparação de vencimentos e vantagens entre cípio, durante o período matutino, com outro cargo de
os Ministros do TCU e do STJ (§ 3º, art. 73, CF, de dentista, em outro município, no período vespertino).
1988);
z A vinculação entre o subsídio dos Ministros dos
Tribunais Superiores e o subsídio mensal fixado Importante!
para os Ministros do STF (inciso V, art. 93, da CF).
Cargos burocráticos não são considerados como
técnicos. Para ser enquadrado como cargo téc-
Art. 37 [...]
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por nico passível de acumulação, é necessária for-
servidor público não serão computados nem mação específica na área de atuação. Portanto,
acumulados para fins de concessão de acréscimos cargo técnico é aquele que requer conhecimento
ulteriores; específico na área de atuação do profissional,
com habilitação específica de grau universitário
O inciso XIV trata da vedação ao efeito repicão ou ou profissionalizante (ensino médio).
efeito cascata, ou seja, veda-se que a mesma vanta-
gem seja repetidamente computada para o cálculo das
demais vantagens. A finalidade do dispositivo é evitar Em síntese:
que, na base de cálculo de uma vantagem remunera-
tória, seja acrescida outra vantagem. Por exemplo: se z Regra: Não acumulação de cargos públicos
o servidor faz jus e recebe um adicional por tempo remunerados;
de serviço, não é possível inseri-lo na base de cálcu- z Exceção: Acumulação de cargos públicos remune-
lo para a concessão de outra gratificação, como, por rados, quando há compatibilidade de horários e
exemplo, uma gratificação de produtividade. nas seguintes hipóteses:

Art. 37 [...] „ Dois cargos de professor;


XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de „ Um cargo de professor com outro técnico ou
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressal- científico;
vado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos „ Dois cargos privativos de profissionais de saú-
172 arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; de, com profissões regulamentadas.
Art. 37 [...] Art. 37 [...]
XVII - a proibição de acumular estende-se a empre- XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
gos e funções e abrange autarquias, fundações, ção, as obras, serviços, compras e alienações
empresas públicas, sociedades de economia mis- serão contratados mediante processo de licitação
ta, suas subsidiárias, e sociedades controladas, pública que assegure igualdade de condições a
direta ou indiretamente, pelo poder público; todos os concorrentes, com cláusulas que esta-
beleçam obrigações de pagamento, mantidas as
O inciso XVII estende a regra da não acumulação condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
para a Administração Indireta. Portanto, a proibição qual somente permitirá as exigências de qualifica-
aplica-se às autarquias, fundações e empresas públi- ção técnica e econômica indispensáveis à garantia
cas, sociedades de economia mista, bem como às suas do cumprimento das obrigações.
subsidiárias, além das sociedades controladas direta
ou indiretamente pelo poder público. Outra regra contida na Constituição é a exigência
de licitação pública para contratação de obras, ser-
Art. 37 [...] viços, compras e alienações, ressalvados os casos
XVIII - a administração fazendária e seus servi- de dispensa e inexigibilidade previstos em lei.
dores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- Vale frisar, aqui, que é assegurada a todos a igual-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais dade de condições, com cláusulas que estabeleçam
setores administrativos, na forma da lei;
obrigações de pagamento, mantidas as condições efe-
O inciso XVIII trata da precedência da Administra- tivas da proposta, nos termos da lei, a qual somente
ção Fazendária e seus servidores fiscais aos demais permitirá as exigências de qualificação técnica e eco-
setores administrativos. Isso significa dizer que, den- nômica indispensáveis à garantia do cumprimento
tro da estrutura da Administração Pública, esta deverá das obrigações.
dar prioridade para os serviços atinentes à arrecada-
Art. 37 [...]
ção dos tributos, por se tratar dos recursos essenciais
XXII - as administrações tributárias da União,
ao seu funcionamento.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Art. 37 [...] atividades essenciais ao funcionamento do Estado,
XIX - somente por lei específica poderá ser criada exercidas por servidores de carreiras específicas,
autarquia e autorizada a instituição de empre- terão recursos prioritários para a realização
sa pública, de sociedade de economia mista e de suas atividades e atuarão de forma integrada,
de fundação, cabendo à lei complementar, neste inclusive com o compartilhamento de cadastros e
último caso, definir as áreas de sua atuação; de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.

Para que uma autarquia seja criada, faz-se neces- O inciso XXII traz mais uma regra de prioridade da
sária a autorização legislativa (lei específica), de modo parte fiscal e de arrecadação. Assim, a Administração
a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei. tributária de qualquer dos entes da federação possui
Em contrapartida, é preciso lei que autorize a criação recurso prioritário para a realização de suas atividades.
das empresas públicas, sociedades de economia mista
e fundações, devendo, posteriormente, ser registra- Art. 37 [...]
das, a fim de adquirirem a personalidade jurídica. § 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
Ressalta-se, por fim, que, para as fundações, uma lei serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
complementar deve definir as áreas de sua atuação. ter caráter educativo, informativo ou de orien-
tação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção
LEI ESPECÍFICA LEI COMPLEMENTAR
pessoal de autoridades ou servidores públicos.
� Cria as autarquias e as � Especifica a área de atua-
fundações públicas de di- ção das fundações O § 1º trata das regras de publicidade dos atos,
reito público (já que estas
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
últimas são equiparadas a
autarquias) públicos. Esse dispositivo é consequência direta do
� Autoriza a criação das de- princípio da impessoalidade, pois tal publicidade deve
mais entidades (empresa ser de caráter informativo, educativo ou de orienta-
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

pública, sociedade de eco- ção social, ou seja, a propaganda pública não pode ser
nomia mista e fundações um meio para promoção pessoal.
públicas de direito privado) É por esse motivo que não é permitido ao Governa-
dor ou ao Prefeito, por exemplo, continuar a utilizar
Art. 37 [...] o slogan de campanha após ser eleito, uma vez que
XX - depende de autorização legislativa, em cada vincularia aquela atividade pública a sua pessoa.
caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a Art. 37 [...]
participação de qualquer delas em empresa privada; § 2º A não observância do disposto nos incisos II
e III implicará a nulidade do ato e a punição da
Veja que em relação às subsidiárias e à participa- autoridade responsável, nos termos da lei.
ção em empresa privada há a necessidade de autori-
zação legislativa, independente da vinculação, ou seja, O § 2º traz a responsabilidade do agente público
não importa se é vinculada à entidade que é criada pela não observância da regra de que, para contratação
por lei. Para exemplificar, imaginemos uma subsidiá- de pessoal, o concurso público é indispensável. Conse-
ria XY da autarquia X. A autarquia foi criada por lei, e quentemente, se houver ingresso de pessoal sem o devi-
sua subsidiária foi criada por autorização legislativa. do processo de seleção, haverá nulidade da nomeação, 173
devendo a autoridade sofrer as punições em conformi- Art. 37 [...]
dade com a norma infraconstitucional. Além disso, o § 6º As pessoas jurídicas de direito público e
prazo de validade do concurso também implica em nuli- as de direito privado prestadoras de serviços
dade da nomeação e responsabilidade do agente. públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
Art. 37 [...] assegurado o direito de regresso contra o respon-
sável nos casos de dolo ou culpa.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação
do usuário na administração pública direta e
indireta, regulando especialmente: O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços do Estado, o que significa que o Estado é responsável
públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser- civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou
viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió- pelos prestadores de serviço público de forma obje-
dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; tiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da
II - o acesso dos usuários a registros administrati- chamada Teoria do Risco Administrativo.
vos e a informações sobre atos de governo, obser- Portanto, o Estado é responsável quando um de seus
vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; agentes, no desempenho da função, gera dano a um ter-
III - a disciplina da representação contra o exercí- ceiro, independentemente da comprovação de dolo
cio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- ou culpa, sendo necessário, apenas, demonstrar o nexo
ção na administração pública. causal da atividade do agente e o dano de terceiro.
Cumpre mencionar, por necessário, que é pos-
O § 3º remete à preocupação do legislador para que sível ao Estado ingressar com ação regressiva para
haja um controle social, de modo a estabelecer meios cobrar do agente o valor que pagou a esse terceiro.
para que qualquer pessoa comunique as irregularida- No entanto, ao contrário do que ocorre com o Esta-
des ou ilegalidades praticadas pelos agentes públicos. do, a responsabilidade do agente é subjetiva, ou seja,
Trata-se, portanto, da possibilidade de controle para para que ele seja responsabilizado civilmente, é pre-
evitar os atos de improbidade administrativa, ou seja, ciso demonstrar que houve dolo ou culpa. Em relação
de condutas ilegais, desonestas, abusivas e incorretas. a isso, vejamos, de forma simples o exposto no fluxo-
grama a seguir:
Art. 37 [...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, Agente causa dano a
a perda da função pública, a indisponibilidade um terceiro por dolo ou
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma culpa
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.
Estado pleiteia o
De acordo com o § 4º, as penalidades para os atos ressarcimento em Terceiro entra com ação
de improbidade são as seguintes: suspensão dos decorrência do fato contra o Estado
direitos políticos; perda de função pública; indispo- praticado pelo terceiro
nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem
prejuízo da ação penal cabível, ou seja, aplica-se a
penalidade administrativa cumulativamente com a Estado indeniza o
sanção penal (se o fato constituir crime). terceiro lesado

Dica
Para decorar os atos de improbidade administra- Entende-se por pessoa jurídica de direito privado
tiva, memorize o mnemônico PARIS: prestadora de serviços públicos as empresas públicas,
sociedades de economia mista e as concessionárias e
Perda de função pública
permissionárias, isto é, aquelas empresas seleciona-
Ação penal cabível (se for o caso)
das por procedimento licitatório para desempenhar
Ressarcimento ao erário serviço público. Por exemplo: serviço de transporte
Indisponibilidade de bens público urbano.
Suspensão dos direitos políticos
Art. 37 [...]
Art. 37 [...] § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
para ilícitos praticados por qualquer agente, tração direta e indireta que possibilite o acesso a
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, informações privilegiadas.
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de
Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as conduta das autoridades da Administração Pública,
ações de ressarcimento serão disciplinadas em lei. de modo a tentar minimizar a possibilidade de con-
Vale lembrar que a lei que disciplina as regras apli- flito entre o interesse privado e o dever funcional.
cáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade Ainda, objetiva-se a criação de mecanismos, a fim de
174 administrativa é a Lei nº 8.429, de 1992. regulamentar o acesso às informações.
Art. 37 [...]
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e Importante!
financeira dos órgãos e entidades da admi- A proibição aplica-se aos servidores públicos
nistração direta e indireta poderá ser amplia- efetivos e aos militares, tanto das Forças Arma-
da mediante contrato, a ser firmado entre seus
das como das Polícias Militares e Corpos de
administradores e o poder público, que tenha por
Bombeiros Militares.
objeto a fixação de metas de desempenho para o
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato; Vejamos a repercussão geral reconhecida com
II - os controles e critérios de avaliação de desem- mérito julgado pelo STF:
penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes; Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse
III - a remuneração do pessoal. sentido, afirmando a impossibilidade da acumula-
ção tríplice de cargos públicos, ainda que os provi-
O § 8º busca alcançar melhores resultados na mentos nestes tenham ocorrido antes da vigência
Administração Pública por meio da criação de novos da EC 20/1998. [...] o art. 11 da EC 20/1998 possi-
instrumentos no âmbito do Direito Público, de modo bilita a acumulação, apenas, de um provento de
aposentadoria com a remuneração de um cargo
a conferir maior autonomia ou estabelecer parcerias
na ativa, no qual se tenha ingressado por concurso
com entidades privadas sem fins lucrativos. Dessas público antes da edição da referida emenda, ainda
medidas, atente-se para o contrato de gestão. que inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipóte-
Entende-se por contrato de gestão o contrato admi- se, é vedada a acumulação tríplice de remunera-
nistrativo firmado pelo Poder Público na condição de ções, sejam proventos, sejam vencimentos. (ARE
contratante e entidade privada ou da Administração 848.993 RG)
Indireta, no qual é instrumentalizada parceria.
Art. 37 [...]
Art. 37 [...] § 11 Não serão computadas, para efeito dos limi-
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre- tes remuneratórios de que trata o inciso XI do
sas públicas e às sociedades de economia mis- caput deste artigo, as parcelas de caráter inde-
nizatório previstas em lei.
ta, e suas subsidiárias, que receberem recursos
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios para pagamento de despesas de pes- O § 11 traz uma regra com relação ao teto e subte-
soal ou de custeio em geral. to do funcionalismo público. Trata-se do não cômputo
das verbas indenizatórias, tais como diárias, ajuda de
custo, entre outras, no limite remuneratório.
As regras com relação ao teto e subteto da remu-
neração são estendidas aos empregados das empresas
Art. 37 [...]
públicas e sociedades de economia mista, bem como § 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput
às suas subsidiárias. No entanto, conforme o dispos- deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distri-
to no § 9º, incidirá sobre as remunerações de direto- to Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda
res de empresas estatais que receberem recursos dos às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
entes da federação para pagamento de despesas de limite único, o subsídio mensal dos Desembarga-
pessoal ou de custeio em geral, como, por exemplo, dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado
nos casos da EMBRAPA e da Radiobras. a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supre-
O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101, de
mo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto
2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) denomina as neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
empresas públicas e sociedades de economia mis- Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
ta encaixa-se como “empresa estatal dependente”,
expressão disposta no § 9º. O dispositivo regulamenta a possibilidade de fixa-
ção do subteto de forma única. Nesse caso, o valor
Art. 37 [...] máximo da remuneração para todo e qualquer servi-
§ 10 É vedada a percepção simultânea de pro- dor corresponderá ao subsídio dos desembargadores
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 do Tribunal de Justiça, ficando de fora desse subteto
ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de car- apenas o subsídio dos deputados e dos vereadores.
go, emprego ou função pública, ressalvados os Vejamos a decisão do STF no julgamento da ADI
cargos acumuláveis na forma desta Constitui- 6.221 MC:
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. A faculdade conferida aos Estados para a regulação
do teto aplicável a seus servidores (art. 37, § 12, da
O § 10 veda a percepção simultânea de proventos CF) não permite que a regulamentação editada com
de aposentadoria com remuneração de cargo, empre- fundamento nesse permissivo inove no tratamento
go ou função pública, ressalvada a hipótese de cargos do teto dos servidores municipais, para quem o art.
37, XI, da CF, já estabelece um teto único.
acumuláveis, na forma da Constituição, cargos eleti-
vos e cargos em comissão. Esse dispositivo foi acres-
Art. 37 [...]
centado pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998, § 13 O servidor público titular de cargo efetivo
que também resguardou o direito daqueles servidores poderá ser readaptado para exercício de cargo
aposentados que, até a data da promulgação da Emen- cujas atribuições e responsabilidades sejam com-
da, retornaram à atividade antes da proibição. patíveis com a limitação que tenha sofrido em sua 175
capacidade física ou mental, enquanto permanecer II - investido no mandato de Prefeito, será afastado
nesta condição, desde que possua a habilitação e do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
o nível de escolaridade exigidos para o cargo de optar pela sua remuneração;
destino, mantida a remuneração do cargo de origem. III - investido no mandato de Vereador, havendo
compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
O § 13 trata da possibilidade de readaptação do gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo
servidor público. A readaptação é o provimento deri- da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
vado que consiste na investidura do servidor em cargo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
de atribuições e responsabilidades compatíveis com
anterior;
a limitação que tenha sofrido em sua capacida-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
de física ou mental verificada em inspeção médica.
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de servi-
Deste modo, o servidor será efetivado em cargo com
ço será contado para todos os efeitos legais, exceto
atribuições semelhantes, respeitando-se a habilitação
exigida, assim como o nível de escolaridade e a equi- para promoção por merecimento;
valência de vencimentos. V - na hipótese de ser segurado de regime próprio
No caso de inexistir cargo vago, o servidor exercerá de previdência social, permanecerá filiado a esse
suas atribuições como excedente, permanecendo nessa regime, no ente federativo de origem.
situação até a ocorrência de vaga no cargo compatível.
O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor
Art. 37 [...] público da Administração direta, autárquica e funda-
§ 14 A aposentadoria concedida com a utiliza- cional que passar a desempenhar cargo eletivo, ou
ção de tempo de contribuição decorrente de seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.
cargo, emprego ou função pública, inclusive do
Ao servidor público estadual, quando eleito para
Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
rompimento do vínculo que gerou o referido cargo eletivo federal, estadual e distrital, aplica-se
tempo de contribuição. a seguinte regra: afastamento do cargo público esta-
dual para se dedicar exclusivamente ao mandato,
O § 14 disciplina o rompimento do vínculo quan- recebendo obrigatoriamente a remuneração do
do o agente público solicita aposentadoria e utiliza-se cargo para o qual foi eleito. Em contrapartida, quan-
do tempo de contribuição decorrente daquele cargo, do o servidor público estadual é eleito para cargo eleti-
emprego ou função pública. Assim, o servidor será vo municipal, podem ocorrer duas situações distintas.
desligado da Administração Pública. Se o cargo é de prefeito, ele será afastado para dedi-
Neste sentido, o agente público que pretende se apo-
cação exclusiva do cargo e pode escolher entre a
sentar não poderá mais continuar a trabalhar no local em
remuneração do cargo público ou do cargo eletivo.
que utilizou o tempo para comprovação de contribuição.
Já se o cargo é de vereador, é necessário saber
Art. 37 [...] se há ou não compatibilidade de horário. Se houver
§ 15 É vedada a complementação de aposenta- compatibilidade de horários, ele não precisa se
dorias de servidores públicos e de pensões por afastar, podendo exercer as duas atividades ao mes-
morte a seus dependentes que não seja decorrente mo tempo, recebendo pelos dois. Se não houver com-
do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não
patibilidade, aplica-se a mesma regra do prefeito,
seja prevista em lei que extinga regime próprio de
previdência social.
ou seja, será afastado para dedicação exclusiva do
cargo, podendo escolher entre a remuneração do
O § 15 proíbe toda espécie de complementação que cargo público ou do cargo eletivo.
não seja aquela decorrente de Regime de Previdência
Complementar, como, por exemplo, as complementa- SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
ções com base na Lei Estadual (São Paulo) nº 200, de
Eleito para cargo federal,
1974, pagas a ex-empregados e a seus dependentes da Eleito para cargo municipal
estadual ou distrital
Nossa Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA.
Prefeito Vereador

Art. 37 [...] � Com compatibilidade


§ 16 Os órgãos e entidades da administração públi- Afastamento
Afastamento do cargo de horário: não se
do cargo e
ca, individual ou conjuntamente, devem realizar público e remuneração do
opção entre a
afasta do cargo
avaliação das políticas públicas, inclusive com cargo eletivo � Sem compatibilidade
remuneração
divulgação do objeto a ser avaliado e dos resulta- eletiva ou do de horário: aplica-se
cargo a mesma regra do
dos alcançados, na forma da lei. prefeito

O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 109,


de 2021, e tem como objetivo aprimorar o mecanismo de Para que a Administração Pública possa desem-
participação da sociedade na Administração Pública. penhar suas atividades, ela necessita de pessoas que
exerçam as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de
Art. 38 Ao servidor público da administração dire- agentes públicos. A expressão agente público é utiliza-
ta, autárquica e fundacional, no exercício de manda-
da como gênero, designando toda e qualquer pessoa que
to eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual exerça uma função pública, quer de forma remunerada
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa,
176 ou função; quer com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes públicos dividem-se em quatro catego- administração e remuneração de pessoal, integrado
rias, quais sejam: por servidores designados pelos respectivos Poderes.
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
demais componentes do sistema remuneratório
Agentes políticos observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a com-
plexidade dos cargos componentes de cada carreira;
Servidores públicos II - os requisitos para a investidura;
AGENTES III - as peculiaridades dos cargos.
PÚBLICOS § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man-
Particulares em
terão escolas de governo para a formação e o
público
aperfeiçoamento dos servidores públicos, cons-
tituindo-se a participação nos cursos um dos
Militares requisitos para a promoção na carreira, facul-
tada, para isso, a celebração de convênios ou contra-
tos entre os entes federados.
Os agentes políticos são aqueles que exercem as § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
típicas atividades de governo, ou seja, são responsá- público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
veis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a
tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente, lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.
Governador e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares
§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda-
diretos (Ministros e Secretários) e os membros do
to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Poder Legislativo (Senadores, Deputados federais, Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
Deputados estaduais e Vereadores). sivamente por subsídio fixado em parcela única,
Os particulares em colaboração com o Poder vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicio-
Público são aqueles que prestam serviços ao Estado, nal, abono, prêmio, verba de representação ou outra
porém sem vínculo estatutário ou celetista de trabalho, espécie remuneratória, obedecido, em qualquer
podendo ou não ter remuneração. Exemplo: jurados, caso, o disposto no art. 37, X e XI.
mesários, notários e registradores (serviços notariais). § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Os servidores públicos civis dividem-se em: dos Municípios poderá estabelecer a relação entre
a maior e a menor remuneração dos servidores
z Servidores públicos estatutários: exercem cargo públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão art. 37, XI.
vinculados a um estatuto; § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
publicarão anualmente os valores do subsídio
z Empregados públicos: possuem emprego público
e da remuneração dos cargos e empregos públicos.
e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
do Trabalho (CLT); dos Municípios disciplinará a aplicação de recur-
z Servidores temporários: categoria à parte, por- sos orçamentários provenientes da economia com
que não titularizam cargo público nem possuem despesas correntes em cada órgão, autarquia e fun-
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como dação, para aplicação no desenvolvimento de pro-
os empregados públicos. São contratados por tem- gramas de qualidade e produtividade, treinamento
po determinado para atender à necessidade tem- e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento
porária de excepcional interesse público por meio e racionalização do serviço público, inclusive sob a
de um processo de seleção simplificado. Exercem forma de adicional ou prêmio de produtividade.
funções públicas sem ocupar cargos ou empregos § 8º A remuneração dos servidores públicos organi-
públicos e são regidos por regime especial, veicu- zados em carreira poderá ser fixada nos termos do
lado por meio de lei específica. § 4º.
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de
caráter temporário ou vinculadas ao exercício
Os servidores da Administração Pública direta,
de função de confiança ou de cargo em comis-
das autarquias e das fundações públicas estão sujei-
são à remuneração do cargo efetivo.
tos ao regime jurídico de direito público adminis-
trativo, instituído em lei, a qual também instituirá
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

No que tange ao art. 39, a primeira observação a


planos de carreira. O regime adotado é o estatutário.
ser feita é que o caput foi alterado pela Emenda Cons-
Não obstante, lei assegurará aos servidores isonomia
titucional nº 19, de 1998. No entanto, como sua eficá-
de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
cia se encontra suspensa devido à decisão do STF na
assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores
ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, exce-
em vigor. Vejamos:
tuadas as vantagens de caráter individual e as relati-
vas à natureza ou ao local de trabalho. Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
Dos Servidores Públicos cia, regime jurídico único e planos de carreira para
os servidores da administração pública direta, das
A partir do art. 39, da CF, de 1988, inicia-se o tema autarquias e das fundações públicas.
quanto às regras aplicadas aos servidores públicos.
Vejamos o que dispõem esses artigos: A CF, de 1988, estabelece regras para a fixação
dos padrões de vencimento e dos demais compo-
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e nentes do sistema remuneratório, que deverá obser-
os Municípios instituirão conselho de política de var: a natureza, o grau de responsabilidade e a 177
complexidade dos cargos que compõem cada car- requisitos estabelecidos em lei complementar do
reira; os requisitos para a investidura nos cargos respectivo ente federativo.
e as demais peculiaridades dos cargos. Tais requisi- § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão
tos poderão influenciar na fixação dos vencimentos e ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §
dependem de aprovação de lei específica, assim como 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo esta-
para o seu aumento, alteração ou criação de nova van- belecido para o Regime Geral de Previdência Social,
tagem pecuniária. observado o disposto nos §§ 14 a 16.
§ 3º As regras para cálculo de proventos de
Por lei, também serão estabelecidos os reajustes
aposentadoria serão disciplinadas em lei do res-
diferenciados para corrigir equívocos, como no caso
pectivo ente federativo.
de servidores que desempenham atividades seme- § 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité-
lhantes, mas percebem valores muito diferentes. rios diferenciados para concessão de benefícios
Salienta-se que a revisão geral da remuneração dos em regime próprio de previdência social, ressalva-
servidores públicos, sem distinção de índices entre do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
civis e militares, será feita. § 4º-A Poderão ser estabelecidos por lei comple-
Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
profissional, o dispositivo estabelece a realização de de contribuição diferenciados para aposentadoria
cursos oficiais como requisito obrigatório para promo- de servidores com deficiência, previamente sub-
ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra- metidos a avaliação biopsicossocial realizada por
ção de convênios com os demais entes da federação. equipe multiprofissional e interdisciplinar.
Outra regra de extrema importância é a que assegu- § 4º-B Poderão ser estabelecidos por lei comple-
ra ao servidor público civil da Administração Pública mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
direta, autárquica e fundacional os direitos previstos de contribuição diferenciados para aposentadoria
nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de
XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º, da CF, de 1988, e agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso
aos direitos que, nos termos da lei, visem à melhoria
XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput
de sua condição social e da produtividade e da efi-
do art. 144.
ciência no serviço público, em especial o prêmio por § 4º-C Poderão ser estabelecidos por lei comple-
produtividade e o adicional de desempenho. mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
de contribuição diferenciados para aposentadoria
Atente-se aos limites de remuneração de servidores: de servidores cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
z Mínimo: salário mínimo; lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
z Máximo: vide inciso XI, art. 37, da CF (EC 41, de agentes, vedada a caracterização por categoria
2003). profissional ou ocupação.
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
É importante conhecer o texto da Súmula Vincu- mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às
lante nº 6 do STF: idades decorrentes da aplicação do disposto no inci-
so III do § 1º, desde que comprovem tempo de efeti-
Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição vo exercício das funções de magistério na educação
o estabelecimento de remuneração inferior ao salá- infantil e no ensino fundamental e médio fixado em
rio mínimo para as praças prestadoras de serviço lei complementar do respectivo ente federativo.
militar inicial. § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria
Art. 40 O regime próprio de previdência social
à conta de regime próprio de previdência social, apli-
dos servidores titulares de cargos efetivos terá cará-
cando-se outras vedações, regras e condições para a
ter contributivo e solidário, mediante contribuição
acumulação de benefícios previdenciários estabele-
do respectivo ente federativo, de servidores ativos,
cidas no Regime Geral de Previdência Social.
de aposentados e de pensionistas, observados crité-
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan-
rios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
do se tratar da única fonte de renda formal auferida
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de
pelo dependente, o benefício de pensão por morte
previdência social será aposentado:
será concedido nos termos de lei do respectivo ente
I - por incapacidade permanente para o tra-
federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
balho, no cargo em que estiver investido, quando
hipótese de morte dos servidores de que trata o §
insuscetível de readaptação, hipótese em que será
4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou
obrigatória a realização de avaliações periódicas
em razão da função.
para verificação da continuidade das condições que
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefí-
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma
cios para preservar-lhes, em caráter permanente, o
de lei do respectivo ente federativo;
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
II - compulsoriamente, com proventos propor- § 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) distrital ou municipal será contado para fins
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º
idade, na forma de lei complementar; e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspon-
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) dente será contado para fins de disponibilidade.
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e § 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito de contagem de tempo de contribuição fictício.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, § 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
na idade mínima estabelecida mediante emenda às total dos proventos de inatividade, inclusive quando
respectivas Constituições e Leis Orgânicas, obser- decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
178 vados o tempo de contribuição e os demais públicos, bem como de outras atividades sujeitas
a contribuição para o regime geral de previdência V - condições para instituição do fundo com finali-
social, e ao montante resultante da adição de pro- dade previdenciária de que trata o art. 249 e para
ventos de inatividade com remuneração de cargo vinculação a ele dos recursos provenientes de con-
acumulável na forma desta Constituição, cargo em tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
comissão declarado em lei de livre nomeação e exo- natureza;
neração, e de cargo eletivo. VI - mecanismos de equacionamento do deficit
§ 12 Além do disposto neste artigo, serão observa- atuarial;
dos, em regime próprio de previdência social, no VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime, observados os princípios relacionados com
Regime Geral de Previdência Social. governança, controle interno e transparência;
§ 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi-
VIII - condições e hipóteses para responsabilização
vamente, de cargo em comissão declarado em lei de
daqueles que desempenhem atribuições relacionadas,
livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem-
direta ou indiretamente, com a gestão do regime;
porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
IX - condições para adesão a consórcio público;
público, o Regime Geral de Previdência Social.
§ 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
cípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo definição de alíquota de contribuições ordinárias e
Poder Executivo, regime de previdência complemen- extraordinárias.
tar para servidores públicos ocupantes de cargo efe-
tivo, observado o limite máximo dos benefícios do O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime
Regime Geral de Previdência Social para o valor das Previdenciário Próprio de Previdência Social. Em
aposentadorias e das pensões em regime próprio de síntese, o sistema previdenciário do servidor públi-
previdência social, ressalvado o disposto no § 16. co foi alterado com a EC nº 103, de 2019, da seguinte
§ 15 O regime de previdência complementar de que forma:
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
na modalidade contribuição definida, observará o
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio
z Desconstitucionalização das regras de previdência,
de entidade fechada de previdência complementar de modo que vários regramentos sobre aposenta-
ou de entidade aberta de previdência complementar. doria e pensão passaram a ser de competência de
§ 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção, lei infraconstitucional;
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao z Nova mudança no cálculo da pensão;
servidor que tiver ingressado no serviço público até z Maior aproximação do RGPS e RPPS;
a data da publicação do ato de instituição do cor- z Modificações no abono de permanência;
respondente regime de previdência complementar. z Previsão de readaptação antes de aposentadoria
§ 17 Todos os valores de remuneração considera- por incapacidade permanente;
dos para o cálculo do benefício previsto no § 3º
z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man-
serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de dato eletivo nas regras do RGPS;
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de
de que trata este artigo que superem o limite máxi- contribuição;
mo estabelecido para os benefícios do regime geral z Regras especiais para carreiras policiais previstas
de previdência social de que trata o art. 201, com na CF.
percentual igual ao estabelecido para os servidores
titulares de cargos efetivos. No que tange à aposentadoria, suas modalidades são:
§ 19 Observados critérios a serem estabelecidos em
lei do respectivo ente federativo, o servidor titular
z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea
de cargo efetivo que tenha completado as exigên-
cias para a aposentadoria voluntária e que opte vontade, desde que cumpridos os requisitos dis-
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um postos a seguir:
abono de permanência equivalente, no máximo, ao
valor da sua contribuição previdenciária, até com- HOMEM MULHER
pletar a idade para aposentadoria compulsória.
§ 20 É vedada a existência de mais de um regime IDADE 65 anos 62 anos
próprio de previdência social e de mais de um órgão
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos
ou entidade gestora desse regime em cada ente
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988
federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e TEMPO NO SERVIÇO PÚBLICO 10 anos 10 anos
entidades autárquicas e fundacionais, que serão
responsáveis pelo seu financiamento, observados TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos
os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica
definidos na lei complementar de que trata o § 22.
§ 21 (Revogado). No caso dos professores dos ensinos infantil, fun-
§ 22 Vedada a instituição de novos regimes pró- damental e médio, conta-se com a redução de 5 anos
prios de previdência social, lei complementar do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e
federal estabelecerá, para os que já existam, nor- 57 anos para as mulheres. Atenção! Essa regra não se
mas gerais de organização, de funcionamento e de aplica aos professores do ensino superior.
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF:
outros aspectos, sobre:
I - requisitos para sua extinção e consequente migra- Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria espe-
ção para o Regime Geral de Previdência Social; cial de professores, não se computa o tempo de ser-
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili- viço prestado fora da sala de aula.
zação dos recursos;
III - fiscalização pela União e controle externo e social; z Involuntária: quando se dá independentemente
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; da vontade do servidor, em virtude de: 179
„ Incapacidade permanente, sendo necessário Explicando melhor, para a contratação de pessoal
que se proceda à readaptação do servidor antes na Administração Pública, é realizado concurso públi-
do procedimento para a aposentadoria; co para preenchimento de cargos públicos. Com isso,
„ Adimplemento de idade limite (aposentadoria a pessoa que foi aprovada dentro do número de vagas
compulsória aos 70 ou aos 75 anos de idade, na previstas no certame tem o direito de ser nomeada
forma da Lei Complementar nº 152, de 2015). para o cargo público. Com a nomeação, essa pessoa
assina o termo de posse e pode, a partir de então, exer-
A CF, de 1988, estabelece, ainda, o direito de uti- cer efetivamente o cargo público.
lizar, para fins de aposentadoria, o tempo de servi- Nos primeiros três anos de exercício, esse servidor
ço desempenhado em outro ente da Federação ou passa por um período de avaliação. Trata-se do estágio
na iniciativa privada. Por exemplo: uma pessoa que probatório, ou seja, um período durante o qual será ana-
trabalhou 8 (oito) anos em uma empresa antes de ser lisado seu desempenho funcional. Completados três anos
aprovada em concurso público estadual pode consi- de serviço público e tendo sido aprovado no estágio pro-
derar esse tempo no cálculo final do tempo de serviço. batório, o servidor adquire a denominada estabilidade.
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de
z Regra: Veda-se a aposentadoria especial;
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão
z Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40. Em
judicial, do servidor público ilegalmente desligado
síntese:
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua
transformação. Salienta-se que ele fará jus ao rece-
„ Servidores com deficiência; bimento de todas as vantagens que teria auferido no
„ Agente penitenciário; período em que ficou desligado, inclusive das promo-
„ Agente socioeducativo; ções por antiguidade que teria conquistado.
„ Policial das carreiras do art. 144 (Segurança Públi-
ca) e policiais da Câmara e do Senado Federal;
„ Atividades que prejudiquem à saúde (aquelas Importante!
exercidas com efetiva exposição a agentes quí-
micos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, É possível, também, que decisão administrativa
ou associação desses agentes). invalide a demissão.

Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo


exercício os servidores nomeados para cargo de No caso de o cargo anteriormente ocupado pelo ser-
provimento efetivo em virtude de concurso público. vidor ter sido extinto, ele será reintegrado ao serviço
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: público, porém ficará em disponibilidade remunerada
I - em virtude de sentença judicial transitada até seu adequado aproveitamento em outro cargo. Já no
em julgado; caso de o cargo provido ter sido ocupado por outro ser-
II - mediante processo administrativo em que lhe vidor, o ocupante será reconduzido ao cargo de origem,
seja assegurada ampla defesa; sem direito à indenização, ou aproveitado em outro car-
III - mediante procedimento de avaliação perió- go, ou, ainda, posto em disponibilidade enquanto o ser-
dica de desempenho, na forma de lei complemen- vidor reintegrado voltará a exercer o seu cargo.
tar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi-
do ao cargo de origem, sem direito a indenização, DA ORDEM SOCIAL
aproveitado em outro cargo ou posto em disponi-
bilidade com remuneração proporcional ao tempo DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne- Da Educação
cessidade, o servidor estável ficará em disponi-
bilidade, com remuneração proporcional ao Consagrada no art. 205 da Constituição, a educação
tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
é direito de todos e dever do Estado, promovida com
mento em outro cargo.
colaboração da sociedade, com o objetivo de preparar
§ 4º Como condição para a aquisição da esta-
bilidade, é obrigatória a avaliação especial de
o indivíduo para o exercício da cidadania e sua quali-
desempenho por comissão instituída para essa ficação para o trabalho.
finalidade. Os princípios do ensino estão consagrados no texto
constitucional no art. 206, os seguintes:
Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da estabi-
lidade, que prevê a regra de que a estabilidade é Art. 206 [...]
I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
adquirida após três anos de efetivo exercício. Tra-
cia na escola;
ta-se de uma garantia constitucional de permanência
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
no serviço público outorgada ao servidor aprovado gar o pensamento, a arte e o saber;
em concurso público e nomeado a cargo de provimen- III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógi-
to efetivo que tenha transposto o período de estágio cas, e coexistência de instituições públicas e priva-
probatório e sido aprovado na avaliação especial de das de ensino;
desempenho. Uma vez efetivo, o servidor só perderá IV - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
o cargo em três hipóteses: sentença judicial transi- tos oficiais;
tada em julgado; processo administrativo e procedi- V - valorização dos profissionais da educação esco-
180 mento de avaliação periódica de desempenho. lar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira,
com ingresso exclusivamente por concurso público
de provas e títulos, aos das redes públicas; PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
VI - gestão democrática do ensino público, na forma EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS
da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
CONCEITO
VIII - piso salarial profissional nacional para os pro-
fissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal. Hoje conheceremos o regime jurídico-adminis-
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem trativo aplicável à Administração Pública, sendo, no
ao longo da vida. entanto, necessário termos uma breve noção da dife-
rença entre princípios e regras.
Dica
Princípios x Regras
Conforme Súmula Vinculante nº 12, a cobrança
de taxa de matrícula nas universidades públicas Os princípios são a base de um ordenamento jurí-
viola o art. 206, IV, da Constituição Federal. dico, anteriores até mesmo à existência das normas,
pois influenciam no próprio processo legislativo.
Conforme art. 208 da CF, o dever do Estado com a Podem constar expressamente ou não, tendo como
educação será efetivado mediante garantia de: característica terem enunciados genéricos, para apli-
cação num máximo possível de situações.
Art. 208 [...] Os princípios possuem alto nível de abstração,
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 outra característica que irá permitir a sua aplicabili-
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegu- dade a um grande número de situações.
rada inclusive sua oferta gratuita para todos os que Também poderão ser utilizados para análise da
a ela não tiveram acesso na idade própria; validade de normas constantes do ordenamento jurí-
II - progressiva universalização do ensino médio dico, assim como a sua correta interpretação.
gratuito;
Não há hierarquia na aplicação dos princípios.
III - atendimento educacional especializado aos
Eles devem ser interpretados de forma harmônica. No
portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
entanto, isso não impede que um ou outro esteja mais
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às presente quando da análise de uma situação concre-
crianças até 5 (cinco) anos de idade; ta. Nesse ponto, não falaremos de hierarquia, mas da
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da mera aplicabilidade do princípio à situação concreta
pesquisa e da criação artística, segundo a capaci- trazida à análise.
dade de cada um; Vamos enumerar as características dos princípios
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às colocadas até então:
condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas z Generalidade;
da educação básica, por meio de programas suple- z Abstração;
mentares de material didático escolar, transporte,
z Ausência de hierarquia entre si;
alimentação e assistência à saúde.
z Interpretação e validação de regras.
Assim sendo, o acesso ao ensino obrigatório e
gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não Vejamos agora sobre as regras. Elas serão menos
oferecimento ou sua oferta irregular importa respon- genéricas e abstratas. Ainda que aplicáveis eventual-
sabilidade da autoridade competente. mente a várias situações correlatas, elas já procuram
Antes da Emenda Constitucional nº 59, de 2009, se aproximar da realidade dos fatos, apresentando
a gratuidade do ensino apenas se aplicava ao ensino comandos mais claros e concretos.
fundamental. A EC 59, de 2009 inovou ao estender a No Brasil temos alguns critérios que podem ser uti-
obrigatoriedade do ensino gratuito a toda à educação lizados para a solução do conflito entre regras:
básica (infantil, fundamental e médio).
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as z Hierárquico: prevalece a de maior hierarquia. Ex.:
condições de cumprimento das normas gerais da edu- CF, de 1988 sobre qualquer norma interna;
cação e autorização de qualidade pelo Poder Público. z Cronológico: prevalecerá a lei mais nova sobre o tema;
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Conforme art. 34, VII, e da CF, constitui princípio z Especialidade: prevalecerá a lei mais específica
sensível à aplicação do mínimo exigido da receita sobre o tema.
resultante de impostos estaduais, compreendida a pro-
veniente de transferências, na manutenção e desenvol- REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
vimento do ensino e nas ações e serviços públicos de
saúde. Nesse sentido, determina o art. 212 da CF que a
O regime jurídico pode ser definido como conjunto
União anualmente deve aplicar, não menos de dezoito,
e os Estados, o DF e os Municípios no mínimo vinte e de normas que irá orientar uma determinada relação
cinco por cento, da receita resultante de impostos, com- jurídica. Vejamos dois exemplos para, desde já, seja
preendida a proveniente de transferências, na manu- possível ter em mente que esse conjunto de normas
tenção e desenvolvimento do ensino. poderá variar de acordo com a situação.
Determina o texto constitucional que a lei estabe- O primeiro deles seria um desentendimento seu com
lecerá o plano nacional de educação com o objetivo de seu vizinho em uma eventual construção irregular, que
articular o sistema nacional de educação em regime extrapola o direito de um e invade o direito do outro.
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e Num segundo momento, imagine que você foi fla-
estratégias para assegurar a manutenção e o desen- grado por uma viatura policial ao avançar um sinal
volvimento do ensino. vermelho em alta velocidade. 181
Veja que, em que pese caber discussões de defesa Em um Estado de Direito, a vida das pessoas, assim
de direitos em ambos os exemplos, as normas apli- como também do Estado, será pautada no que cons-
cáveis aos casos não são as mesmas. No primeiro tar da lei. No entanto, a interpretação do princípio da
exemplo há uma clara igualdade, o que não ocorre no legalidade terá abordagens diferentes quando olhar-
segundo momento. mos para o particular ou para o agente público.
Para começar a entender o regime jurídico-admi- Vejamos a legalidade aplicável ao particular, cons-
nistrativo, ou seja, o regime jurídico ao qual se submete tante do art. 5º da Carta Magna.
a Administração Pública quando da sua atuação, deve-
remos entender dois princípios, chamados pela doutri- Art. 5º [...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
na em Direito Administrativo de supra princípios:
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
z Supremacia do interesse público;
Veja que o mandamento para o particular é permis-
z Indisponibilidade do interesse público.
sivo. Ele poderá fazer tudo que não estiver proibido em
lei. Será obrigado a algo apenas quando da lei constar.
Com base na supremacia do interesse público serão Essa não é a interpretação do princípio da legalidade
criadas prerrogativas para proteger o interesse públi- para o agente público. Aqui já cabe falar em legalidade
co diante do interesse particular. Exemplo: presunção administrativa. Ao agente público será permitido tudo
de veracidade e legitimidade dos atos administrativos. que a lei autorizar ou mandar. Ou seja, a relação é opos-
Já a indisponibilidade do interesse público irá im- ta. Não é um mandamento permissivo, mas restritivo.
por restrições ao uso da coisa pública, também com in-
tuito de proteção: inalienabilidade condicionada dos Impessoalidade
bens públicos.
Importante ressaltar que a Administração Pública O princípio da impessoalidade, também conhecido
nem sempre estará atuando sob este regime jurídi- como princípio da finalidade, tem como objetivo maxi-
co-administrativo, apesar de esta ser a regra. Have- mizar os resultados da Administração Pública para a
rá situações em que a Administração Pública estará sociedade como um todo. Ele irá impedir, por meio de
atuando de igual para igual com o particular, sujeita cada uma de suas facetas, o direcionamento da atuação
a um regime de direito privado. Portanto, dito isso, do Estado tanto para o interesse de um particular ou
vamos organizar essa parte do raciocínio. um grupo específico de particulares, como para o pró-
prio interesse do agente público tomador de decisão.
z Regime jurídico de direito público: conceito restri- A partir disso temos algumas leituras possíveis
to (regime jurídico-administrativo); para o princípio. Uma delas é a aplicação do princípio
z Regime jurídico de direito privado. da impessoalidade por meio da ausência de qualquer
tipo de promoção pessoal do agente público cometen-
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS te, buscando apenas o interesse público.
Outra leitura possível passará pelo tratamento iso-
Vamos, agora, desenvolver de maneira mais aprofun- nômico dos administrados. A isonomia permite o tra-
tamento diferenciado de acordo com diferenças entre
dada os princípios que já trabalhamos quando do estu-
os administrados. É o que você na reserva de vagas
do do art. 37 da CF. É importante que você saiba que há
para idosos, por exemplo.
princípios expressos em várias outras normas que não
Portanto, temos dois tipos de isonomia, a saber:
são a CF, de 1988. Conheceremos aqui apenas os cons-
tantes do caput do art. 37. Vejamos a sua literalidade.
z Isonomia horizontal: pessoas em situações seme-
lhantes devem ser tratadas da mesma forma;
Art. 37 A administração pública direta e indireta
z Isonomia vertical: pessoas em situações diferentes
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
podem ter tratamentos distintos.
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade,
Moralidade
moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
A moralidade administrativa estará intimamente
ligada ao conceito de certo e errado, honesto e deso-
Veja que a aplicabilidade do caput é bastante am-
nesto, extrapolando a letra fria da lei. No entanto, não
pla: todos os poderes, todas as esferas, administração
para desobedecê-la, mas para complementar com um
direta e indireta.
conteúdo moral que muitas vezes não consta expres-
Você deve decorar esses princípios, fazendo uso do
sa e claramente do texto legal, mas deve ser aplicado
famoso LIMPE, que traz a inicial de cada um dos prin- pelo agente público quando da sua atuação.
cípios constantes do caput. Importante citar que a moralidade se aplica tanto
ao agente público, quanto ao particular que defende
Legalidade seu interesse diante da Administração Pública.
Há na Constituição outro mandamento que expõe
O princípio da legalidade tem sua origem no pró- a importância do princípio da moralidade, constante
prio estado de Direito. Vejamos o art. 1º da Constituição. do art. 5º. Vejamos.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
182 crático de Direito e tem como fundamentos: bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS
[...]
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para O princípio implícito ao ordenamento jurídico é
propor ação popular que vise a anular ato lesi- aquele que não está escrito em norma alguma, mas
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o se pode depreender do conjunto das normas deste
Estado participe, à moralidade administrativa, ao ordenamento. Em Direito Administrativo, a doutrina
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, nos trará inúmeros princípios. Uns são, naturalmente,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de mais citados e importantes. Nos ateremos a eles.
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Princípio da Autotutela
Publicidade
Segundo o princípio da autotutela, a Administra-
A importância do princípio da publicidade está na ção Pública poderá rever seus atos, podendo revogá-
própria existência e exercício da democracia. Como -los ou anulá-los conforme o caso.
poderiam os cidadãos fiscalizar a atuação do Estado e Esse direito não é irrestrito, encontrando limite no art.
seus governantes sem saber o que está acontecendo? 54 da Lei nº 9.784, de 1999, Processo Administrativo Federal.
A publicidade trará a transparência necessária para
que os administrados possam exercer a democracia. Art. 54 O direito da Administração de anular os
No entanto, devemos saber que tal princípio não atos administrativos de que decorram efeitos favo-
tem aplicação absoluta. Há situações em que o sigilo, ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
a título de exceção, deverá prevalecer.
comprovada má-fé.
É o caso, por exemplo, de operações sigilosas de inves-
tigações de ilícitos ou mesmo inquéritos cuja publicidade
Os efeitos causados por essa revisão podem variar.
possa ofender a privacidade de uma eventual vítima.
Caso seja uma anulação, pois era viciado o ato admi-
Há, por outro lado, atos que devem ser publicados
nistrativo, os efeitos serão, em regra, retroativos.
para que gerem efeitos, pois como poderiam ser os
No caso de se tratar de revogação, que é quando
particulares cobrados a respeito de determinado ato o ato não é viciado, mas se tornou inconveniente, os
ou norma do qual não tiveram a devida ciência? efeitos não serão retroativos.
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos conforme Por fim, a revisão pode resultar em manutenção
a necessidade ou não da sua publicidade. do ato anteriormente praticado, sendo mero exercício
da autotutela e poder hierárquico da estrutura admi-
z Atos sigilosos: não podem ser publicados; nistrativa em questão.
z Atos internos: não precisam ser publicados, pois
não causam impacto nos administrados; Princípio da Veracidade e da Legitimidade
z Atos externos: precisam ser publicados para ciên-
cia dos interessados. Visto também em atos administrativos, o princípio
da veracidade e da legitimidade informam que a atua-
Há ainda a possibilidade de obtenção de informa- ção da Administração Pública estará conforme a lei e
ções por parte dos administrados, trazida no art. 5º da conforme a verdade dos fatos.
CF, de 1988. Trata-se de presunções relativas, ou seja, o par-
ticular que se julgar prejudicado poderá se insurgir
Art. 5º [...]
contra os atos da Administração Pública. No entanto,
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos tais presunções têm como consequência a inversão
públicos informações de seu interesse particular, do ônus da prova, devendo o particular provar que a
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta- Administração Pública está errada, seja em processo
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, administrativo ou judicial.
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade
à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independente- Não há unanimidade na doutrina na forma como
mente do pagamento de taxas: se correlacionam esses dois princípios. No entanto,
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, passaremos aqui a leitura que nos parece mais fre-
para defesa de direitos e esclarecimento de situa- quente em provas.
ções de interesse pessoal; Entenderemos a proporcionalidade como um sub-
princípio da razoabilidade. A proporcionalidade é
Eficiência fácil de ser entendida quando falamos da duração de
um processo judicial ou administrativo. Aliás, direito
O princípio da eficiência foi introduzido no caput constante do art. 5º da CF, de 1988.
do art. 37 da CF, de 1988, por meio da Emenda Cons-
titucional de 1998, tendo como objetivo, juntamente Art. 5º [...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
com a mudança de outros dispositivos, aumentar a
são assegurados a razoável duração do processo e os
eficiência do Estado brasileiro.
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
A atuação da Administração Pública dentro desse
contexto, tentando se aproximar do conceito de admi- Já para entender a proporcionalidade eu vou pedir
nistração gerencial, deverá buscar a maximização das que você imagine um outro cenário. Imagine uma mul-
receitas do Estado, economicidade do gasto público, tidão de manifestantes que possuem alguns objetos
corte de gastos desnecessários etc. que podem causar danos ou ferimentos, mas sabe-se 183
que não possuem arma de fogo. Caso haja necessidade
de conter os manifestantes, seria razoável por parte do ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E
policiamento o uso de armamentos não letais. INDIRETA
No entanto, dentro dessa escolha correta o agente
Para atingir seus objetivos, a Administração Públi-
público deverá medir o correto uso desse meio. Não
ca atuará, em termos simples, por meio de seus agen-
poderá usar indiscriminadamente o material, uma
tes públicos e de sua estrutura. No presente tópico nós
vez que ele é adequado. O uso desproporcional de entenderemos uma divisão bastante básica da estru-
um material adequado àquela situação poderá trazer tura administrativa. Vejamos os conceitos básicos
problemas aos administrados. para administração direta e administração indireta.

Princípio da Continuidade do Serviço Público z Administração direta é composta pela estrutura


administrativa dos entes federados (União, Esta-
Os serviços públicos garantem serviços essenciais dos, Distrito Federal e Municípios);
z Administração indireta é composta por entida-
à população, por isso não podem, como regra, serem
des personalizadas apartadas da estrutura admi-
interrompidos, mas fornecidos permanentemente. nistrativa dos entes federados.
Tal importância traz impacto inclusive no direito
de greve de servidores públicos. Em complemento, é importante sabermos o con-
ceito de órgão, que são centros de competência des-
personalizados. A partir disso, podemos compreender
Art. 37 [...]
melhor uma das principais diferenças entre a admi-
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nistração direta e indireta. Enquanto aquela é com-
nos limites definidos em lei específica; posta por uma estrutura hierarquizada que poderá se
subdividir em órgãos, esta é uma entidade com perso-
A Lei nº 8.987, de 1995, que trata de concessão nalidade própria, com autonomia para atuar.
de serviços públicos, traz a mitigação da exceção do Importante termos contato com o art. 4º do Decre-
to-Lei nº 200, de 1967, que definiu a administração
contrato não cumprido (exceptio non adimpleti con-
direta e indireta em âmbito federal, sendo bastante
tractus). Um concessionário que tenha perante si uma importante para o estudo do assunto ainda hoje, por
Administração Pública inadimplente, só poderá rom- refletir o que ocorre também na estrutura administra-
per o contrato depois da apreciação da Justiça, dife- tiva dos outros entes federados.
rentemente do que permite a lei entre particulares.
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos
Dica serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
Exceptio non adimpleti contractus: princípio
II - A Administração Indireta, que compreende
decorrente do estudo de contratos em Direito as seguintes categorias de entidades, dotadas de
Civil que permite a uma parte contratante não personalidade jurídica própria:
cumprir seu contrato diante da inadimplência do a) Autarquias;
outro contratante. b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.
Segundo o mesmo diploma normativo, teremos Parágrafo único - As entidades compreendidas na
duas situações em que não restará caracterizada a Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
descontinuidade dos serviços: em cuja área de competência estiver enquadrada
sua principal atividade.
z Interrupções ocasionadas por situações de emergência;
Por fim, é importante ressaltarmos uma pequena
z Interrupções após aviso prévio por razões técnicas desatualização do dispositivo acima, que não traz o
ou segurança das instalações; consórcio público de direito público (também conhe-
z Interrupção após aviso prévio por inadimplemen- cidas por associações públicas), também entidade
to do usuário. integrante da administração indireta, conforme cons-
ta no Código Civil.
Princípio da Segurança Jurídica Art. 41 São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
O princípio da segurança jurídica tem como obje- II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
tivo conferir estabilidade às relações jurídicas. Por III - os Municípios;
meio dele busca-se proteger: IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas
z Direito adquirido; por lei.
z Coisa julgada;
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO,
z Ato jurídico perfeito.
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
Tal princípio do Processo Administrativo Federal, em Para entendermos os conceitos constantes do pre-
que há vedação expressa à aplicação retroativa de nova sente tópico, temos que ter em mente de forma bastante
interpretação de norma, privilegia a estabilidade das clara os conceitos do título anterior. Por isso, caso surja
184 relações e situações jurídicas previamente estabelecidas. alguma dúvida, faça a revisão para sanar a dúvida.
Concentração e Desconcentração personalidade própria? O termo quer nos informar
justamente que quando elas são criadas teremos uma
A concentração e a desconcentração estão ligadas
entidade que atuará de forma “separada” da estrutura
ao surgimento ou extinção de órgãos. Lembremos,
administrativa “central” do ente federado em questão.
então, o conceito de órgão.
Ou seja, teremos uma entidade que atuará de forma
z Órgão: são centros de competência despersonalizados. “descentralizada”.
No sentido oposto, caso tenhamos a extinção de
Por meio da criação e extinção de órgãos à Adminis- uma dessas entidades, as suas funções, a princípio,
tração Pública se organiza da melhor maneira segundo recairão sobre a estrutura administrativa centraliza-
a decisão de seus agentes públicos. Vamos a um exem- da pré-existente. Ou seja, a atividade passará a ser
plo para ajudar no entendimento. Veja, no caso da exercida de maneira centralizada.
estrutura federal, que abaixo da Presidência da Repú- Lembre-se que esse conceito doutrinário se aplica
blica temos vários Ministérios. Você deve se recordar à Administração Pública de qualquer dos entes fede-
que os Ministérios variam em número de governo para
rados, como vimos anteriormente.
governo, ou até mesmo dentro de um mesmo mandato.
Finalizando esse entendimento trago um exem-
Isso ocorre para uma melhor organização dos serviços
públicos ligados a cada um desses órgãos. plo para você. O Ministério da Educação faz parte da
Ainda, tendo em mente o conceito de órgão colocado estrutura centralizada do governo. Já uma universida-
acima, cada um deles tem suas competências definidas de federal a ele vinculada será uma autarquia (entida-
(Ministério da Educação, Ministério da Saúde, etc). E de da administração indireta).
dentro dessas áreas, atuam em nome da União, pois são
centros de competência despersonalizados. Em outros
termos, as consequências de sua atuação serão imputa- Importante!
das à União e a ela devem obediência hierárquica. Não há relação de hierarquia entre as entidades
De forma similar ocorrerá em Estados e Municípios
da administração indireta e a estrutura adminis-
em relação às suas Secretárias e Governo/Prefeitura.
Importante destacar que a criação de órgãos tem o tração central. Há apenas vinculação para fins de
objetivo de dividir as tarefas e aumentar a eficiência controle finalístico. Em outros termos, a entida-
do serviço público. de da administração indireta estará ligada a um
Diante disso, temos os seguintes conceitos. órgão da administração direta que verificará se
os objetivos para os quais a entidade fora criada
z Concentração: extinção de órgãos (ou sua não criação); estão sendo cumpridos.
z Desconcentração: criação de órgãos dentro de
uma mesma pessoa jurídica.
Para que não façamos confusão do assunto do pre-
Finalizando o tema, trago dois importantes dispo- sente tópico com o anterior, cabe uma comparação.
sitivos constitucionais sobre a criação ou extinção de Vejamos:
órgãos públicos.
CF, de 1988.
ESTRUTURA
ADMINISTRATIVA CENTRAL
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente
da República:
VI – dispor, mediante decreto, sobre: Descentralização: criação de
a) organização e funcionamento da administração Criação de órgão - centro de
entidades nova / personalidade
competência despersonalizado
federal, quando não implicar aumento de despesa jurídica
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a san-
Formas de Descentralização
ção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor
A descentralização poderá ocorrer por meio de
sobre todas as matérias de competência da União,
três formas diferentes. Vejamos quais são:
especialmente sobre:
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos
z Outorga: criação de entidade da administração
da administração pública;
indireta para exercício de determinada atividade.
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Faz-se necessária a edição de lei;


Centralização e Descentralização
z Delegação (ou colaboração): realizada por meio de
Os institutos da centralização e descentralização contrato ou ato unilateral, ocorrendo a transferên-
estão ligados à atribuição de competências a entida- cia de determinadas atribuições para o setor priva-
des fora da estrutura administrativa central, que pos- do. Aqui ocorre a transferência apenas da execução,
suem personalidade jurídica própria. permanecendo a competência com o ente público
De forma direta, temos aqui os seguintes conceitos: devido à imposição do texto constitucional;
z Geográfica: criação de território federal.
z Centralização: exercício das atividades por meio
da estrutura administrativa direta e seus órgãos; Portanto, de forma esquemática temos o seguinte:
z Descentralização: atribuição de atividades a enti-
dades com personalidade jurídica própria. DESCENTRALIZAÇÃO
ADMINISTRATIVA
Chamo sua atenção para a própria semântica
(significado) das palavras que trazem nossos con-
Por delegação
ceitos (centralização x descentralização). Lembra Por outorga Geográfica
(colaboração)
que as entidades da administração indireta têm 185
AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS Pagamento por Meio de Precatórios
E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
A Constituição Federal impõe modalidade especí-
Depois de estudarmos o surgimento das entidades fica de pagamento no caso de sentenças judiciais. O
intuito é a proteção do patrimônio público. Vejamos
da administração indireta, conheceremos as espécies
o dispositivo.
que compõem o gênero, que são as seguintes:
Art. 100 Os pagamentos devidos pelas Fazendas
Autarquias Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Munici-
pais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apre-
Fundações Públicas sentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
ADM. PÚB. INDIRETA Empresas Públicas adicionais abertos para este fim.

Sociedade de Economia Autonomia Administrativa × Autonomia Política


Mista
Uma característica marcante das entidades da
administração indireta é a autonomia. Como vimos
Associações Públicas
anteriormente, elas possuem personalidade jurídica,
sendo sujeitas de direito e obrigações.
No entanto, inicialmente conheceremos algumas No entanto, não podemos confundir autonomia
informações que se aplicam a todas elas para, em segui- administrativa com autonomia política. A autonomia
da, adentrarmos aos detalhes atinentes a cada uma. política é natural aos entes federados (União, Estado,
Distrito Federal e Municípios). Já a autonomia admi-
Responsabilidade Civil Objetiva nistrativa se refere à capacidade de atuar conforme
seus objetivos, sem subordinação hierárquica em
A regra geral para a responsabilidade para os entes relação ao órgão ao qual estão vinculadas.
públicos é a responsabilidade civil objetiva, constan- A autonomia administrativa encontra respaldo no
te do art. 37, parágrafo sexto, da Constituição Federal. princípio da vinculação, que informa a inexistência de
Isso inclui as entidades da administração indireta, subordinação, mas a vinculação para fins de controle
inclusive as de personalidade privadas que prestarem finalístico (controle da finalidade da entidade).
serviço público. Vejamos a literalidade do dispositivo.
Autarquias
Art. 37 [...]
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de As autarquias são pessoas jurídicas de direito
direito privado prestadoras de serviços públicos respon- público. Suas finalidades estão ligadas a atividades
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, típicas de Estado, como fiscalização. O Decreto-Lei nº
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso 200, de 1967 traz a sua definição.
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
Em termos simples, sempre que as entidades que I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
se enquadrem no conceito acima causarem dano personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
deverão repará-lo. No entanto, como trazido no final para executar atividades típicas da Administração
do dispositivo, poderão apurar a responsabilidade de Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamen-
to, gestão administrativa e financeira descentralizada.
seus agentes (analisando a culpa ou dolo na conduta)
os obrigando a ressarcir os prejuízos tidos pela pessoa
Aqui temos um pequeno detalhe que muitas vezes
jurídica em nome da qual atuam.
é cobrado em prova. Enquanto as demais entidades
As exceções a essa regra serão oportunamente estudadas hoje têm a criação autorizada por lei, a
abordadas em outro ponto no material. autarquia é criada pela própria lei. Veja o dispositi-
A responsabilidade civil objetiva é aquela em que vo correlato abaixo, que já traz as duas informações.
não se analisa a culpa ou dolo da conduta, sendo a
reparação devida desde a constatação do dano. Art. 37 [...]
XIX – somente por lei específica poderá ser criada
Imunidade Tributária Recíproca autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fun-
Há uma importante vedação na Constituição Fede- dação, cabendo à lei complementar, neste último
ral ao poder de tributar. O objetivo é a manutenção caso, definir as áreas de sua atuação;
e estabilidade do pacto federativo, impedindo que os
entes federados prejudiquem uns aos outros por meio Com base no princípio da simetria das formas, a sua
da tributação. Vejamos a literalidade do dispositivo. extinção também deverá ocorrer por meio de lei específi-
ca, em que pese a inexistência expressa desde comando.
Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias assegu- Dentre as características das autarquias, devemos
radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Esta- destacar as seguintes:
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre: z Atuam sob regime de direito público – sua atua-
186 a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; ção prevalecerá sobre o particular;
z Presença do poder de império como regra em z Seus bens são privados (não possuem as prerroga-
seus atos; tivas naturais aos bens públicos).
z Seus bens são públicos, possuindo suas prerroga-
tivas específicas: inalienabilidade, impenhorabili- Empresas Públicas
dade e imprescritibilidade (não podem ser adqui-
ridos por meio da usucapião); As empresas públicas podem atuar tanto na explo-
z Prerrogativas típicas de Estado de maneira geral.
ração de atividades econômicas quanto na presta-
ção de serviços públicos. Muito importante que você
Fundações Públicas
saiba que seu capital será formado 100 % por capital
As fundações públicas são patrimônios personali- público, no próximo tópico você entenderá o motivo.
zados com a finalidade de exercer atividades de inte- É pessoa jurídica de direito privado, ou seja, em
resse social, não tendo fins lucrativos. regra atuará em igualdade com o particular (diferente-
O significado do termo patrimônio personalizado mente das autarquias e fundações autárquicas, lembra?).
entenderemos pela sua própria origem: a doação de A Constituição Federal traz as hipóteses em que
um patrimônio por parte do instituidor. Tal definição poderão atuar as empresas públicas no caso de explo-
consta do nosso Código Civil. ração de atividade econômica.
CC, de 2002.
Art. 173 Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
Art. 62 Para criar uma fundação, o seu instituidor tituição, a exploração direta de atividade econômi-
fará, por escritura pública ou testamento, dotação ca pelo Estado só será permitida quando necessária
especial de bens livres, especificando o fim a que
aos imperativos da segurança nacional ou a rele-
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la. vante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Também conforme o Código Civil, o Ministério É importante saber que as empresas públicas e
Público terá a função de fiscalizar seu funcionamento. sociedades de economia mista não poderão gozar de
CC, 2002. privilégios não extensivos ao setor privado (CF, de
1988, 173, § 2º).
Art. 66 Velará pelas fundações o Ministério Público Vejamos a definição de empresa pública constante
do Estado onde situadas. do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
Decreto-Lei nº 200.
A fundação pública poderá ser de direito privado ou
de direito público, conforme a forma pela qual for criada. Art. 5º [...]
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
z Fundação pública de direito público: por lei dade jurídica de direito privado, com patrimônio pró-
específica – conhecidas também por fundações prio e capital exclusivo da União, criado por lei para
autárquicas, terão, além da atividade voltada a
a exploração de atividade econômica que o Governo
interesse social, as características associadas no
seja levado a exercer por força de contingência ou de
tópico anterior às autarquias;
conveniência administrativa, podendo revestir-se de
z Fundação pública de direito privado: autorizada
qualquer das formas admitidas em direito.
por lei e criada pelo registro dos atos constitutivos no
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Nesse
caso, sua personalidade será de direito privado. Como dito anteriormente, cabe aqui também a inter-
pretação do conceito para os demais entes federados,
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200, de 1967. em que pese a citação do dispositivo apenas da União.
Você perceberá que ela se limita à hipótese da perso- Dentre as características das empresas públicas,
nalidade jurídica de direito privado. ressaltamos aqui as seguintes:

Art. 5º [...] z Personalidade de direito privado – sem prerroga-


IV - Fundação Pública - a entidade dotada de tivas perante o particular;
personalidade jurídica de direito privado, sem
z Capital 100 % público – ainda que de mais de um
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

fins lucrativos, criada em virtude de autorização


legislativa, para o desenvolvimento de atividades ente federado;
que não exijam execução por órgãos ou entidades z Podem adotar qualquer tipo societário;
de direito público, com autonomia administrativa, z Devem observar a Lei das Estatais;
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos z Seus bens são privados.
de direção, e funcionamento custeado por recursos
da União e de outras fontes. Sociedades de Economia Mista

A possibilidade da personalidade jurídica de direi-


Entidade bastante parecida com as empresas pú-
to público para as fundações encontra respaldo na
blicas. A principal diferença é a composição do capital
jurisprudência nacional.
Dentre as características das fundações públicas social e a imposição de forma societária.
de direito privado, destacamos as seguintes. Enquanto na empresa pública o capital social era
100 % público, aqui a maior parte do capital votante
z Atos com base no direito privado como regra; deverá ser público, podendo o restante ser privado.
z Submetidas à Lei de Licitações – Lei nº 8.666, de A forma societária será obrigatoriamente socieda-
1990; de anônima. 187
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200, de 1967. entanto, nem sempre todos os conteúdos demandam
Decreto-Lei nº 200. forte interpretação, por serem autoexplicativos.
Nesses casos, recomenda-se uma boa leitura, pois
Art. 5º [...] ela será a sua melhor amiga na almejada aprovação.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade do- Considerando a extensão e, também, que o Plano de
tada de personalidade jurídica de direito privado, Desenvolvimento Institucional da UFRJ (PDI 2020-
criada por lei para a exploração de atividade eco- 2024) relaciona-se mais às atividades internas do seu
nômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas próximo ofício, é essencial a sua leitura detalhada na
ações com direito a voto pertençam em sua maioria íntegra. Acesse o conteúdo clicando aqui ou através da
à União ou a entidade da Administração Indireta. nossa plataforma do aluno.

Dentre as características das sociedades de econo-


mia mista, ressaltamos aqui as seguintes.
HORA DE PRATICAR!
z Personalidade de direito privado – sem prerroga-
tivas perante o particular; 1. (UFRJ—2018) “O título I da Constituição brasileira de
z Maioria do capital votante público. 1988, composto por quatro artigos, é dedicado aos
z Devem adotar o tipo sociedade anônima; princípios fundamentais do Estado brasileiro. O nos-
z Devem observar a Lei das Estatais; so constituinte utilizou essa expressão genérica para
z Seus bens são privados. traduzir a ideia de que nesses primeiros quatro arti-
gos já se estabelecem a forma do nosso Estado e de
seu governo, proclama-se o regime político democrá-
Importante! tico fundado na soberania popular e institui a garantia
da separação de funções entre os poderes. Também
Enquanto na empresa pública o capital é 100% neles encontram-se os valores e os fins mais gerais
público, na sociedade de economia mista impõe- orientadores de nosso ordenamento constitucional,
-se que a maioria do capital votante seja público. funcionando como diretrizes para todos os órgãos
Não confunda essas informações! mediante os quais atuam os poderes constituídos.”

(Paulo e Alexandrino, 2008, p. 83).


Consórcio Público de Direito Público
Nos termos da Constituição Federal de 1988, sobre os
O aprofundamento nessa espécie foge aos nossos ob- princípios fundamentais, é correto afirmar que:
jetivos. No entanto, devemos entendê-la conceitualmente.
Trazida pela Lei nº 11.107, de 2005, trata-se de pes- a) são poderes da União, dependentes e harmônicos
soa jurídica criada por entes federados para consecu- entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
ção de objetivos comuns. b) a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
Também poderá ser citado como associação públi- internacionais pelo princípio da proibição de asilo político.
ca, autarquia interfederativa ou multifederada. c) a República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais pelo princípio da intervenção.
d) a República Federativa do Brasil tem como fundamen-
to o pluralismo político.
e) constitui objetivo fundamental da República Federati-
PLANO DE DESENVOLVIMENTO va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalidade e
INSTITUCIONAL DA UFRJ (PDI reduzir somente as desigualdades regionais.
2020-2024)
2. (PR4—2016) Para José Afonso da Silva, “a configu-
ração do Estado Democrático de Direito não signifi-
Se você chegou até aqui, é porque está buscan-
ca apenas unir formalmente os conceitos de Estado
do se preparar com qualidade para o seu certame.
democrático e Estado de Direito. Consiste, na verdade,
Como visto, o edital de Assistente em Administração
na criação de um conceito novo, que leve em conta
da Universidade Federal do Rio de Janeiro é bastante
os conceitos dos elementos componentes, mas os
abrangente. Partindo de assuntos mais básicos até dis-
supere na medida em que incorpora um componente
ciplinas mais avançadas, como, por exemplo, as diver-
revolucionário de transformação do status quo. E aí se
sas legislações aplicáveis em âmbito federal.
entremostra a extrema importância do art. 1º da Cons-
Em paralelo com editais de mesma hierarquia,
tituição de 1988, quando afirma que a República Fede-
nota-se que as legislações coadunam perfeitamente
rativa do Brasil se constitui em Estado Democrático
com os anseios de uma autarquia federal, especial- de Direito, não como mera promessa de organizar tal
mente no tocante à ética e moralidade. Disso tudo, Estado, pois a Constituição aí já o está proclamando e
extrai-se que a Universidade Federal do Rio de Janeiro fundando”. O art. 1º, da Constituição Federal de 1988,
está cada vez mais comprometida com os anseios de afirma que a República Federativa do Brasil, formada
o Estado Democrático de Direito, bem como objetiva pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
que o seu quadro pessoal se comporte em conformi- do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democráti-
dade com ele. co de Direito e tem como fundamentos a soberania, a
No decorrer do conteúdo, nossa equipe de pro- cidadania e a:
fessores preocupou-se em trazer todas as legislações
que demandavam muita interpretação, de manei- a) dignidade da pessoa humana.
ra clara, precisa e dinâmica. Assim, todas as legisla- b) autodeterminação dos povos.
188 ções e decretos foram paulatinamente explicados, no c) igualdade entre os Estados.
d) solução pacífica dos conflitos. b) No caso de eminente perigo público, a autoridade
e) concessão de asilo político. competente poderá usar de propriedade particular,
assegurado ao proprietário indenização ulterior, mes-
3. (UFRJ—2014) O texto adiante é um trecho da entre- mo se não houver dano.
vista de Fernando Siqueira, Presidente da Associação c) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro-
dos Engenheiros da Petrobras, publicada em 9 de maio
fissão, mesmo se não atendidas as qualificações pro-
de 2014 no blog Outras Palavras. Leia-o, atentamente,
e responda à questão proposta. fissionais que a lei estabelecer.
“São dois interesses em jogo, o primeiro é o da oposição d) A criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
que quer sangrar o governo e também atacar a Petrobras perativas dependem de autorização, e não é vedada a
que é uma forma de aparecer. O outro interesse, ainda interferência estatal em seu funcionamento.
maior, é o do cartel internacional, que quer também e) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém poden-
enfraquecer a Petrobras, porque eles querem o pré-sal. do penetrar sem consentimento do morador, salvo em
Esse cartel que já teve 90% do controle das reservas caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
mundiais agora tem menos de 5%, portanto, está na imi- socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
nência de desaparecer. E são as maiores empresas do
mundo. Então, o cartel quer realmente tirar a Petrobras
6. (UFRJ—2015) No que tange à disciplina constitucio-
do caminho para poder ficar com o pré-sal. (...)”
O artigo 1° da Constituição Federal estabelece os nal das penas, assinale a resposta correta.
cinco fundamentos da República Federativa do Brasil
como Estado Democrático de Direito. Dentre as alter- a) O princípio do devido legal substantivo impede que o
nativas a seguir, marque aquela que apresenta dois direito brasileiro admita as penas de perdimento de bens.
desses fundamentos que têm, respectivamente, rela- b) Quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
ção direta com os dois interesses mencionados por sem fiança, caberá ao juiz competente relaxar a prisão
Fernando Siqueira no trecho citado: decretada.
c) O direito brasileiro não está autorizado a prever hipó-
a) a cidadania; os valores sociais do trabalho e da livre teses em que o civilmente identificado seja constran-
iniciativa.
gido ao processo datiloscópico.
b) a dignidade da pessoa humana; a cidadania.
d) Consoante jurisprudência do STF, haverá prisão civil
c) a soberania; os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa. por dívida exclusivamente no caso do devedor volun-
d) o pluralismo político; a soberania. tário e inescusável de alimentos.
e) a dignidade da pessoa humana; o pluralismo político. e) A possibilidade de extensão e execução da obrigação
civil ex-delicto aos sucessores constitui uma exceção
4. (UFRJ—2018) Sobre os direitos e garantias funda- ao princípio da pessoalidade das penas.
mentais, consagrados na Constituição Federal de
1988, é correto afirmar que: 7. (UFRJ—2014) Há cerca de 46 anos, em 13 de dezem-
bro de 1968, a ditadura militar impôs o Ato Institucional
a) conceder-se-á mandado de injunção para assegurar n° 5 (AI-5), que radicalizou a repressão e o autoritarismo
o conhecimento de informações relativas à pessoa
instalados com o golpe civil-militar de 1964, conforme
do impetrante, constantes de registros ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter ilustra seu Art 4º, adiante reproduzido. Leia-o atenta-
público. mente e responda à questão proposta a seguir:
b) todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- “Art 4º - No interesse de preservar a Revolução, o
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos Presidente da República, ouvido o Conselho de Segu-
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do rança Nacional, e sem as limitações previstas na
direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. Constituição, poderá suspender os direitos políticos
c) é assegurado, mediante pagamento de taxas, o direito de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.”
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.
A Constituição Federal promulgada em 1988 restabe-
d) nenhuma pena passará da pessoa do condenado e a
lece, juridicamente, o Estado Democrático de Direito
obrigação de reparar o dano não pode ser estendida
CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

aos sucessores, tampouco contra eles executada. em nosso país. Marque a alternativa com a garantia
e) a lei não poderá restringir a publicidade dos atos pro- fundamental que expressa uma ruptura com as restri-
cessuais, ainda que a defesa da intimidade ou o inte- ções do citado Art. 4º do AI-5.
resse social o exijam.
a) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
5. (UFRJ—2016) Mário, estudante de Direito, dedica-se imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
à realização de vários concursos públicos, pois seu pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
objetivo é tornar-se servidor público federal. Um dos b) É livre a locomoção no território nacional em tempo de
itens que constam no conteúdo programático dos edi- paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
tais dos concursos a que Mário concorre como candi-
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
dato é relativo aos direitos e garantias fundamentais
consagrados na Constituição Federal de 1988. Acerca c) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença
desse assunto, assinale a alternativa correta. religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
a) É livre a manifestação do pensamento, e permitido o imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
anonimato, em qualquer caso. fixada em lei. 189
d) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, d) a alimentação.
em locais abertos ao público, independentemente de e) a proteção ao idoso.
autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 11. (UFRJ—2014) O texto a seguir é um fragmento do arti-
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. go Está esquisito, do professor e cientista político Luiz
e) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, Werneck Vianna, publicado em abril de 2014. Leia-o,
científica e de comunicação, independentemente de atentamente, e responda à questão proposta:
censura ou licença. “Está esquisito: a que se devem essa difusa sensação
de mal-estar e esses pequenos abalos que vêm sur-
8. (UFRJ—2018) “Os direitos sociais encontram-se cata- preendendo a rotina do cotidiano não só nos grandes
logados nos arts. 6º a 11º da Constituição Federal e centros metropolitanos? Por que uma parte da juven-
estão disciplinados ao longo do texto constitucional. tude escolarizada se empenha, nos espaços da inter-
Tais direitos constituem as liberdades positivas, de net, na procura por um herói sem rosto e anônimo - a
observância obrigatória em um Estado Social de Direi- multidão, construção cerebrina da fabulação de pro-
to, tendo por objetivo a melhoria das condições de fissionais de utopias, de quem se espera a recriação
vida dos hipossuficientes, visando à concretização da do nosso mundo?
igualdade social.” Também está esquisita essa descrença generalizada
nas pessoas e nas instituições diante da Constituição
(Paulo e Alexandrino, 2008, p. 215) mais democrática da nossa história republicana e das
políticas bem-sucedidas de inclusão social levadas
Assinale a alternativa em que constam, nos termos da a efeito nos últimos governos. Esquisitice que beira
Constituição Federal de 1988, direitos sociais dos tra- a ironia quando se constata que as Forças Armadas,
balhadores urbanos e rurais. em meio a um processo de revisão da Lei da Anistia
que as contraria, são mobilizadas para tudo, até para
a) Repouso semanal não remunerado, preferencialmente intervenção direta na questão social, como na chama-
aos domingos. da pacificação das favelas cariocas. E, como se sabe,
b) Distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual não haverá Copa do Mundo sem elas. (...)”
ou entre os profissionais respectivos. A inquietação do pesquisador está na esfera dos fun-
c) Remuneração do serviço extraordinário superior, no damentos do Estado Democrático de Direito instituído
mínimo, em 10 (dez) por cento à do normal. pela Constituição da República Federativa do Brasil.
d) Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno. Neste caso, ele se refere:
e) Diferença de salários por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil. a) à soberania.
b) à dignidade da pessoa humana.
9. (UFRJ—2016) “Ao batizar a Constituição cidadã a c) aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
carta promulgada em 5 de outubro de 1988, o presi- d) ao pluralismo político.
dente da Assembleia Nacional Constituinte, deputado e) à cidadania.
Ulysses Guimarães, resumiu o espírito do texto cons-
titucional: assegurar aos brasileiros direitos sociais 12. (UFRJ—2016) Lúcio, servidor público federal da UFRJ,
essenciais ao exercício da cidadania e estabelecer praticou ato de improbidade administrativa. Nos ter-
mecanismos para garantir o cumprimento de tais mos da Constituição Federal de 1988, os atos de
direitos. Anos depois, são diversos os reflexos desse improbidade administrativa importarão:
esforço dos constituintes na sociedade brasileira, em
especial no mundo do trabalho, que passou a contar a) a perda dos direitos políticos, a perda da função pública e
com direitos trabalhistas essenciais inéditos no texto o ressarcimento ao erário, apenas, na forma e gradação
constitucional e hoje incorporados ao cotidiano das previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
relações formais de trabalho”. Assinale a alternativa b) a perda dos direitos civis, a perda da função pública, a
correta quanto aos direitos dos trabalhadores urbanos indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erá-
e rurais, de acordo com o art. 7º da Constituição Fede- rio, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
ral de 1988. da ação penal cabível.
c) a perda dos direitos políticos, a suspensão da função
a) A garantia de salário, que pode ser inferior ao mínimo, pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimen-
para os que percebem remuneração variável. to ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
b) O décimo terceiro salário com base em um terço da prejuízo da ação penal cabível.
remuneração integral. d) a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
c) O seguro-desemprego, em caso de desemprego pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimen-
voluntário. to ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
d) A remuneração do serviço extraordinário superior, no prejuízo da ação penal cabível.
mínimo, em trinta por cento à do normal. e) a perda dos direitos políticos e a perda da função
e) O gozo de férias anuais remuneradas com, pelo pública, apenas, sem prejuízo da ação penal cabível.
menos, um terço a mais do que o salário normal.
13. (UFRJ—2015) Quanto ao regime constitucional da
10. (UFRJ—2015) Não consiste em direito social previsto remuneração dos servidores públicos, selecione a
no Art. 6º, caput da Constituição da República: alternativa correta.

a) o lazer. a) O regime de remuneração exclusiva por subsídio, em


b) a moradia. parcela única, aplicável ao membro de Poder, ao deten-
190 c) a segurança. tor de mandato eletivo, aos Ministros de Estado e aos
Secretários Estaduais e Municipais implica vedação 15. (UFRJ—2014) Os municípios, os Estados e a União
ao acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abo- possuem a responsabilidade de empregar obrigato-
no, prêmio, verba de representação ou outra espécie riamente um percentual mínimo de sua arrecadação
remuneratória ou indenizatória. em Educação. Considerando os municípios, os Esta-
b) A proibição à acumulação remunerada de cargos públi- dos e a União, respectivamente, esses valores são:
cos civis é estendida unicamente aos proventos de
aposentadoria decorrentes do regime próprio de previ- a) 25%, 25%, 18%
dência com a remuneração de cargo, emprego ou função b) 20%, 20%, 20%
c) 20%, 20%, 18%
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma da
d) 18%, 25%, 25%
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comis-
e) 18%, 20%, 20%
são declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
c) A vedação à acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto quando houver compatibilidade de 9 GABARITO
horários, estende-se a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, socieda- 1 D
des de economia mista, suas subsidiárias, socieda-
des controladas, direta ou indiretamente, pelo poder 2 A
público, e a entidades privadas sem fins lucrativos 3 D
que recebam recursos públicos.
d) A remuneração dos servidores públicos e o subsídio, 4 B
em parcela única, aplicável ao membro de Poder, ao
5 E
detentor de mandato eletivo, aos Ministros de Estado
e aos Secretários Estaduais e Municipais, somente 6 D
poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- 7 C
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data, 8 D
sendo facultada a distinção de índices.
e) A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, 9 E
funções e empregos públicos da administração dire-
10 E
ta, autárquica e fundacional, dos membros de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 11 E
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato
12 D
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória, percebi- 13 B
dos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão, 14 E
para todos os poderes, exceder o subsídio mensal, 15 A
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Fede-
ral, no âmbito federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no
Distrito Federal, o subsídio mensal dos Desembarga-
dores do Tribunal de Justiça.
ANOTAÇÕES
14. (PR4 (UFRJ) — 2018) “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incenti-
vada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercí-
cio da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” CONSTUIÇÃO FEDERAL DE 1988

(Art. 205, Caput, da Constituição Federal de 1988).

Nos termos da Constituição Federal, é correto afirmar


que:

a) o não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder


Público não importará responsabilidade da autoridade
competente.
b) as universidades não gozam de autonomia adminis-
trativa, tampouco de gestão financeira e patrimonial.
c) não é facultado às universidades admitir professores,
técnicos e cientistas estrangeiros.
d) o acesso ao ensino obrigatório e gratuito não é direito
público subjetivo.
e) as universidades obedecerão ao princípio de indisso-
ciabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 191
ANOTAÇÕES

192
Condicional (Conectivo Se e então)

Representação simbólica: →
Exemplo:

RACIOCÍNIO LÓGICO z Na linguagem natural:


„ Se estudar, então vai passar.

z Na linguagem simbólica:
„ p → q.
ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE
ARGUMENTAÇÃO Bicondicional (Conectivo “Se e somente se”)

ESTRUTURA LÓGICA Representação simbólica:


Exemplo:
A negação Com o Conectivo “não”
z Na linguagem natural:
Representação simbólica: (~p) ou (¬p). „ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos, dinheiro.
isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa,
z Na linguagem simbólica:
e vice-versa. Exemplo:
„ p ⟷ q.
p: Matemática é difícil.
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil. Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Outras maneiras que podemos usar para negar Vamos lá!
uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro-
vas de concursos são: 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As proposições P, Q e R a
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
z Não é verdade que matemática é difícil; Carlos, Paulo e Maria:
z É falso que matemática é difícil. P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
Conjunção (Conectivo E) Considerando que ~X representa a negação da propo-
sição X, julgue o item a seguir.
Representação simbólica: ^ A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
Exemplos: culpada.” pode ser representada simbolicamente por
(~Q)↔(~R).
z Na linguagem natural:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
„ O macaco bebe leite e o gato come banana.
Veja que temos uma proposição condicional (se então)
z Na linguagem simbólica: e a representação simbólica apresentada é de uma
„ p ^ q. bicondicional. Representação da condicional (). Res-
posta: Errado.
Disjunção Inclusiva (Conectivo ou)
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte
Representação simbólica: v item, relativo à lógica proposicional e à lógica de
Exemplos: argumentação.
A proposição “A construção de portos deveria ser
z Na linguagem natural: uma prioridade de governo, dado que o transporte
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
z Na linguagem simbólica: representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
„ p v q. são proposições simples adequadamente escolhidas.
RACIOCÍNIO LÓGICO

( ) CERTO  ( ) ERRADO


Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou)
A representação simbólica apresentada para julgar-
Representação simbólica: ⊻
mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
Exemplos: tada uma proposição composta pela condicional na
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
z Na linguagem natural: e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considere as seguintes
z Na linguagem simbólica: proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
„ p ⊻ q. receberá medicação; R: O paciente receberá visitas. 193
Tendo como referência essas proposições, julgue o validade de um predicado sobre um conjunto de cons-
item a seguir, considerando que a notação ~S significa tantes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
a negação da proposição S. que indicam que houve quantificação. São exemplos
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
o paciente receber alta, então ele não receberá medi- pelo menos um, nenhum.
cação ou não receberá visitas.
Esses quantificadores podem ser classificados em
dois tipos:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Quantificador Universal;
P: O paciente receberá alta;
z Quantificador Existencial (particulares).
~P: O paciente não receberá alta;
Q: O paciente receberá medicação;
R: O paciente receberá visitas. Nos quantificadores universais temos todo e
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: nenhum, já nos particulares temos pelo menos um,
Se o paciente não receber alta, então ele receberá existe um e o algum.
medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado. Agora, vamos estudar a representação de cada um
dos quantificadores por meio dos diagramas lógicos.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item a seguir, a
respeito de lógica proposicional. Quantificador Universal “Todo” (afirmativo)
A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo
Estado é consequência da radicalização da socieda- Exemplos:
de civil em suas posições políticas.” pode ser corre-
tamente representada pela expressão lógica P→Q, z Todo A é B;
em que P e Q são proposições simples escolhidas z Todo homem joga bola.
adequadamente.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
( ) CERTO  ( ) ERRADO exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que Todo A é B significa que todo elemento de A tam-
A vigilância dos cidadãos exercida pelo Estado é bém é elemento de B. Logo, podemos representar com
(verbo de ligação) consequência da radicalização o diagrama:
da sociedade civil em suas posições políticas. Temos
apenas um verbo e por esse motivo é uma proposi- B
ção simples.
Cuidado com o uso da palavra consequência em A
proposições como esta. Em determinadas situações,
de fato, teremos uma proposição condicional, senão
vejamos:
Passar (verbo no infinitivo) é consequência de estu-
dar (verbo no infinitivo) O conjunto A dentro do conjunto B
Nesse caso, temos uma proposição composta pela
condicional. Resposta: Errado.
Quando Todo A é B é verdadeira, os valores lógi-
cos das outras proposições categóricas, interpretando
5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Considerando os símbo-
os diagramas, serão os seguintes:
los normalmente usados para representar os conecti-
vos lógicos, julgue o item seguinte, relativos a lógica
proposicional e à lógica de argumentação. Nesse sen- z Nenhum A é B : É falsa;
tido, considere, ainda, que as proposições lógicas sim- z Algum A é B : É verdadeira;
ples sejam representadas por letras maiúsculas. z Algum A não é B : é falsa.
A sentença A fiscalização federal é imprescindível
para manter a qualidade tanto dos alimentos quanto Quantificador Universal “Nenhum” (negativo)
dos medicamentos que a população consome pode
ser representada simbolicamente por P∧Q. Exemplos:

( ) CERTO  ( ) ERRADO z Nenhum A é B;


z Nenhum homem joga bola.
Para ser proposição composta, haveria mais de um
verbo na frase, por isso, a frase em questão é con- Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
siderada uma proposição simples. Procure o verbo exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
na oração. que Nenhum A é B significa que A e B não tem ele-
A fiscalização federal é imprescindível para manter mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
a qualidade tanto dos alimentos quanto dos medica- tação com diagrama:
mentos que a população consome. Resposta: Certo.

DIAGRAMAS LÓGICOS A B

Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos


Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas,
194 que são elementos que especificam a extensão da Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Quando Nenhum A é B é verdadeira, os valores Veja que em todas as representações o conjunto
lógicos das outras proposições categóricas, interpre- A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
tando o diagrama, serão os seguintes: conjunto B. Então, quando Algum A não é B é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
z Todo A é B – É falsa; góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
z Algum A é B – É falsa;
z Algum A não é B – é verdadeira. z Todo A é B : É falsa;
z Nenhum A é B : É indeterminada;
Quantificador Particular (Afirmativo): Algum / Pelo z Algum A não é B : É indeterminado.
Menos um / Existe
SILOGISMOS
Exemplos:
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro
z Algum A é B. do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
z Algum homem joga bola. três proposições, em que de duas delas, que funcio-
nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no proposição que é a sua conclusão ou consequente.
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
que Algum A é B significa que o conjunto A tem pelo argumento.
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode- Estrutura do Silogismo Categórico
mos fazer quatro representações com diagramas:
z Premissa maior: Geralmente é a primeira Con-
têm o termo maior (T), que é sempre o predicado
A B
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da
qual faz parte;
z Premissa menor: Geralmente é a segunda Con-
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
médio (M);
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
Veja que em todas as representações de A e B
sas, mas nunca aparece na conclusão.
possuem intersecção. Então, quando Algum A é B é
verdadeira, os valores lógicos das outras proposi-
Veja os exemplos a seguir:
ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
Exemplo 1:
seguintes:
z Todos os mamíferos são animais;
z Todo A é B : É indeterminado; z Os cães são mamíferos;
z Nenhum A é B : É falsa; z Logo, os cães são animais.
z Algum A não é B : É indeterminado.
„ Termo maior: animais;
Quantificador Particular (negativo): Algum / Pelo „ Termo menor: cães;
Menos um / Existe + a partícula Não „ Termo médio: mamíferos.

Exemplos: Exemplo 2:

z Algum A não é B; z Todos os homens são mortais;


z Algum homem não joga bola. z Sócrates é homem;
z Logo, Sócrates é mortal.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar „ Termo maior: mortais;
que Algum A não é B significa que o conjunto A tem „ Termo menor: Sócrates;
RACIOCÍNIO LÓGICO

pelo menos um elemento que não pertence ao con- „ Termo médio: homem.
junto B. Logo, podemos fazer três representações com
diagramas: REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO

Regras Relativas aos Termos

z 1ª Regra: O silogismo tem três termos: o maior, o


menor e o médio. Exemplos:

„ As margaridas são flores;


Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há „ Algumas mulheres são Margaridas;
contato de alguns elementos de A com B „ Logo, algumas mulheres são flores. 195
Veja que margaridas e Margaridas são termos equívocos. Não respeitamos esta regra, porque esse silogismo
tem 4 termos. O termo margaridas está empregado em 2 sentidos, valendo por 2 termos;

z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na conclusão, tem de estar distribuído nas premissas.Exemplos:

„ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não distribuído);


„ Os portugueses não são espanhóis;
„ Logo, os portugueses não são inteligentes.

Menor extensão na conclusão do que nas premissas;

z 3ª Regra : O termo médio nunca pode estar na conclusão. Exemplos:

„ Toda planta é ser vivo;


„ Todo animal é ser vivo;
„ Todo ser vivo é animal ou planta.

z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez. Exemplos:

„ Alguns (não distribuído) homens são ricos;


„ Alguns (não distribuído) homens são artistas;
„ Alguns artistas são ricos.

Regras Relativas às Proposições:

z 5ª Regra: De duas premissas negativas nada se pode concluir. Exemplos:

„ Nenhum palhaço é chinês;


„ Nenhum chinês é holandês;
„ Logo, (não se pode concluir).

Não se pode concluir se existe ou não alguma relação entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez que não
existe nenhuma relação entre estes e o termo médio (que é o único que nos permite relacioná-los);

z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:

„ Todos os mortais são desconfiados;


„ Alguns seres são mortais;
„ Alguns seres não são desconfiados;

z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:

„ Todos os homens são felizes;


„ Alguns homens são espertos;
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca pode ser geral;

z 8ª Regra: De duas premissas particulares, nada se pode concluir. Exemplos:

„ Alguns italianos não são vencedores;


„ Alguns italianos são pobres;
„ Logo, (nada se pode concluir).

Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando!

REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z De duas premissas negativas, nada se conclui z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu- médio e menor
são negativa z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca que os termos das premissas
z De duas premissas particulares, nada se conclui z O termo médio não pode entrar na conclusão
196 z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- 4. (VUNESP – 2019) A alternativa que corresponde à nega-
ria com exercícios comentados de diversas bancas. ção lógica da proposição composta: “todos os cantores
Vamos lá! são músicos e existe advogado que é cantor”, é:

1. (FGV – 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que
pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto con- seja cantor.
cluir que b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe
advogado que seja cantor.
a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”. c) Há cantores que são músicos e existe advogado que
b) “Quem não é pescador não sabe nadar”
não é cantor.
c) “Todos os pescadores sabem nadar”.
d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que
d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”.
e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”. seja cantor.
e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga-
Veja que a questão pede a negação do quantificador do que é cantor.
“nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos
negar o “nenhum” usando o quantificado “todo” e Só podemos negar um Quantificador Universal
vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estra- (“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen-
tegicamente as alternativas C, D e E. Como temos cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim,
um quantificador universal negativo e sabemos que eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas
para negar precisamos de um particular afirmativo, as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor-
só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo.
não está de acordo com a regra. Você também pode- Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q:
ria usar o lembrete “nenhum nega com PEA”. P: todos os cantores são músicose (^)
Resposta: Letra A. Q: existe advogado que é cantor.
2. (FUNDATEC – 2019) A negação da sentença “algum Negando:
assistente social acompanhou o julgamento” está na ~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos
alternativa: um não é = algum não é) ou (v)
~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe =
a) Algum assistente social não acompanhou o julgamento. nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou não
b) Todos os assistentes sociais acompanharam o julgamento. existe advogado que seja cantor”. Resposta: Letra B.
c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o
julgamento. 5. (VUNESP – 2019) Considere como verdadeira a pro-
d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento. posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o enuncia que tal proposição implica, necessariamente,
julgamento. que
A questão pede a negação do “algum” – quantificador
particular afirmativo. Já aprendemos que, para fazer I. se Carlos é matemático, então ele é dialético.
essa negação, usamos um quantificador universal. Qual, II. se Pedro é dialético, então é matemático.
professor? O quantificador “nenhum”, pois o mesmo é III. se Luiz não é dialético, então não é matemático.
universal negativo. Assim, a nossa sentença ficará: IV. se Renato não é matemático, então não é dialético.
p: “Algum assistente social acompanhou o julgamento”
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga- Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas
mento” Resposta: Letra D. apenas:
3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres- a) I e III.
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia
b) I e II.
da informação são bons desenvolvedores”.
c) III e IV.
a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação d) II e III.
não é bom desenvolvedor. e) II e IV.
b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom
desenvolvedor. Você precisa lembrar das equivalências para res-
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não ponder essa questão.
são bons desenvolvedores. � “Nenhum matemático é não dialético” equivale a
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são “Todo Matemático é Dialético”;
bons desenvolvedores. � “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno- matemático, então é Dialético”.
logia da informação.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora, vamos analisar as afirmações feitas por Laura:


I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
A negação do “todo” pode ser feita usando o lem-
reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”,
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor-
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” / reta, pois há dialéticos que não são matemáticos).
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”,
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo, Dialético
p: “Todos os analistas de tecnologia da informação
são bons desenvolvedores”
~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec-
Mat.
nologia da informação não é bom desenvolvedor.
Resposta: Letra A. 197
III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti- 2. (IF-PA – 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são
co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja quatro amigas com diferentes idades. Quando se per-
também que temos um dos casos de equivalência guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as
lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva). seguintes respostas:
IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático z Ângela: Eu sou a mais velha;
como vimos nos diagrama da alternativa II). z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem;
Resposta: Letra A. z Carol: Eu não sou a mais jovem;
� Denise: Eu sou a mais jovem.
VERDADES E MENTIRAS
Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a
Estamos diante de um assunto bem interessante,
verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen-
pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a
te, são:
um caso onde várias pessoas afirmam certas situações
e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas
também há aquela que só mente. Então, o seu dever a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha.
é entender o que o enunciado está querendo e achar b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha.
quem são os mentirosos e verdadeiros. c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha.
Em algumas questões, você terá que fazer um teste d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha.
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis- e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha.
posta no enunciado. Caso não aconteça divergência
entre as informações, sua suposição estará correta e Vamos analisar:
você conseguirá achar quem está falando a verdade � Ângela: Eu sou a mais velha;
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá � Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem jovem;
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio � Carol: Eu não sou a mais jovem;
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse � Denise: Eu sou a mais jovem.
tipo de questão praticando bastante. Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois
1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três irmãos se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem
gêmeos, estavam brincando na casa de seu tio quando e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
um deles quebrou seu vaso de estimação. Ao saber do bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
ocorrido, o tio perguntou a cada um deles quem havia jovem, teremos um cenário em que todas as meni-
quebrado o vaso. Leia as respostas de cada um. nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” ser a mais jovem.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” Como o enunciado diz que apenas uma delas está
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse
mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao
Sabendo que somente um dos três falou a verdade,
mesmo tempo, o que é logicamente impossível em
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que
um grupo de 4 meninas.
disse a verdade são, respectivamente,
Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a
a) Huguinho e Luizinho. Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais
b) Huguinho e Zezinho. jovem.
c) Zezinho e Huguinho. Resposta: Letra D.
d) Luizinho e Zezinho.
e) Luizinho e Huguinho. 3. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e
Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- uma pessoa. Na delegacia:
mações contraditórias, pois numa contradição
haverá uma “verdade e mentira”. z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- z Rogério disse que tinha sido Paulo;
mações contraditórias: z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor;
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
contradizem.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi
Não podemos afirmar quem disse a verdade ou
quem mentiu ainda, mas já sabemos que quem que-
a) Lucas.
brou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas mentira
para quem não está na contradição). b) Sandro.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – mentiu, logo c) Rogério.
ele quebrou o vaso. d) Vitor.
Eliminamos as letras C, D e E. e) Paulo.
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Luizinho falando a verdade. Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
198 Resposta: Letra A. Se um estiver falando a verdade, outro está mentindo.
Como, ao todo, temos apenas uma mentira, então as Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó-
demais frases são verdadeiras. Assim, analisando as rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA.
afirmações, percebemos que a frase de Rogério (que Cássio: Jair é o culpado do crime.
é 100% verdade) deixa claro que o culpado foi Paulo. Jair: Eu não cometi o crime.
Resposta: Letra E. Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul-
pado e disse a verdade como o enunciado afirmou.
4. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão Mas, note que não podemos ter duas verdades como
cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio a situação apresentada nos mostrou, pois é uma
e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi- contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e
di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen-
quota. O garçom confere o valor entregue por eles e te e falou a verdade.
nota que um deles não entregou sua parte, consegue Resposta: Letra E.
detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
do as seguintes alegações:

I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo; PROBABILIDADE


II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar; PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino. Para estudarmos probabilidade é necessário uma
boa base em noções básicas de contagem, ou seja, você
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men- precisa saber muito bem o Princípio Fundamental da
tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi? Contagem e é isso que vamos estudar agora.
Primeiro, vamos aprender uma ferramenta impor-
a) Arnaldo. tante para o nosso estudo: Fatorial.
b) Belarmino.
c) Cleocimar. Fatorial de um Número Natural
d) Dionésio.
e) Ercílio. Serve para facilitar e acelerar resolução de ques-
tões. Veja sua representação simbólica:
São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami- Fatorial de N = n!
gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
o que diz Dionésio e Ercílio: Sendo “n” um número natural, observe como
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio; desenvolver o fatorial de n:
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 2 · 1, para n ≥ 2
a verdade: 1! = 1
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo; 0! = 1
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino. Exemplos:
Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
a verdade e disse que foi o Ercílio. 3! = 3 · 2 · 1= 6
Resposta: Letra E. 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120
5. (FCC – 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair
são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas Agora, veja esse outro exemplo:
um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus-
peitos deram as seguintes declarações: 6!
Calcular 4!
Cássio: Jair é o culpado do crime.
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime. Resolução:
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime. 6! 6·5·4·3·2·1 = 6 · 5 = 30
=
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime. 4! 4·3·2·1
Jair: Eu não cometi o crime.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Poderíamos, também, resolver abrindo o 6! até 4! e


Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na depois simplificar. Veja:
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos,
6! 6·5·4! = 6 · 5 = 30
exatamente três mentiram na declaração. Sendo 4!
=
4!
assim, o único inocente que declarou a verdade foi
Princípio Fundamental da Contagem
a) Cássio.
b) Ernesto. Podemos, também, encontrar como princípio mul-
c) Geraldo. tiplicativo. Vamos esquematizar uma maneira que vai
d) Álvaro. ser bem simples para resolvermos problemas sobre o
e) Jair. tema, observe o lembrete: 199
1. Identificar as etapas do enunciado; Desta maneira, o número de anagramas é 4! =
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; 4·3·2·1 = 24 anagramas.
3. Multiplicar.
Dica
Exemplo: Para fazer uma viagem São Paulo-For-
taleza-São Paulo, você pode escolher como meio de Anagrama é a ordenação de maneira distinta das
transporte ônibus, carro, moto ou avião. De quantas letras que compõem uma determinada palavra.
maneiras posso escolher os transportes?
Resolução: Usando o lembrete acima: Permutação com Repetição

Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O


1. Identificar as etapas do enunciado;
problema é causado por conta da repetição de letras
Escolher o meio de transporte para ida e para a na palavra ARARA.
volta; Veja que temos 3 letras A e 2 letras R. De maneira tra-
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; dicional, faríamos 5! (número de letras na palavra), mas é
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ôni- preciso que descontemos as letras repetidas. Assim, deve-
bus, carro, moto ou avião) e para a volta temos 4 mos dividir pelo número de letras fatorial, ou seja, 3! e 2!.
possibilidades de escolha (ônibus, carro, moto ou
5! 5·4·3! 5·4
avião); 3!·2·1 = 2
= = 10
3!·2!
3. Multiplicar:
4 · 4 = 16 maneiras. Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA.

E se o problema dissesse que você não pode voltar


no mesmo transporte que viajou na ida. Qual seria a
Dica
resolução? O desenvolvimento é o mesmo, apenas vai Na permutação com repetição devemos descon-
mudar na quantidade de possibilidades de escolhas tar os anagramas iguais, por isso dividimos pelo
para voltar. Veja: fatorial do número de letras repetidas.
Resolução: Usando o lembrete:
Permutação com Repetição
1. Identificar as etapas do enunciado;
Escolher o meio de transporte para ida e para a Vamos imaginar que temos uma mesa circular com
volta; 5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; distintas. Observe as duas disposições das pessoas A,
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ônibus, B, C, D, e E ao redor da mesa:
carro, moto ou avião) e para a volta temos 3 possi-
bilidades de escolha (não posso voltar no mesmo
A E
meio de transporte);
3. Multiplicar:
4 · 3 = 12 maneiras. B D
A
E
MESA MESA
Permutação Simples

Imagine que temos 5 livros diferentes para serem C C B


D
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é
possível ordenar? Para questões envolvendo permu-
tação simples, devemos encarar de um modo geral Diante do conceito de permutação, essas duas
que temos n modos de escolhermos um objeto (livro) disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua
que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro) Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar à
que ocupará o último lugar. Então, temos: mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalentes.
Modos de ordenar: Isto porque não existe uma referência espacial (ponto
fixo determinado). Nestes casos, devemos utilizar a fór-
n · (n-1) · ... 1 = n! mula da permutação circular de n pessoas, que é:
Pc (n) = (n-1)!
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
maneiras de ordenar os livros na estante. Em nosso exemplo, o número de possibilidades de
Agora, observe um outro exemplo: posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será:
Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
Resolução: Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U. Arranjo Simples

CAJU CUJA ACJU AUJC Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
CAUJ CJUA ACUJ ... soas nas cadeiras de uma praça, mas tinhamos apenas
3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería-
CUAJ CJAU AUCJ ...
200 mos fazer isso?
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí- C(n, p) = n!
veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei- (n - p) !p!
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira temos:
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas 4!
restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas C(4, 3) =
(4 - 3) !3!
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de
4·3·2·1
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada C(4, 3) =
pela multiplicação a seguir: 1·3·2·1
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = C(4, 3) = 4

5 · 4 · 3 = 60
Dica
O exemplo acima é um caso típico de arranjo sim- No arranjo a ordem importa.
ples. Sua fórmula é dada a seguir: Na combinação a ordem não importa.
n!
A(n, p) =
(n - p) ! Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele- Vamos lá!
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade 1. (VUNESP – 2016) Um Grupamento de Operações
da outra. Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
Observe a resolução do nosso exemplo usando a investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
fórmula: ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
A(5, 3) =
5!
=
5!
= 5·4·3·2·1 = 60 tes de se fazer essa distribuição é
(5 - 3) ! 2! 2·1
Uma outra informação muito importante é que a) 6.
nos problemas envolvendo arranjo simples a ordem b) 10.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente c) 12.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as d) 18.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme- e) 20.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pessoas na praça: Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
CADEIRA 1ª 2ª 3ª
pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
OCUPANTE Ana Bianca Clara escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
não é relevante, então, vamos usar a combinação:
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé
nessa disposição. C(6, 3) = 6!
= 6 · 5 · 4 · 3! 6·5·4 6·5·4
(6 - 3) !3! 3!3!
= 3!
= 3·2·1
=5
· 4 = 20.
CADEIRA 1ª 2ª 3ª
OCUPANTE Clara Bianca Ana Resposta: Letra E.

A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a 2. (IDECAN – 2016) Felipe é uma criança muito bagun-
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa.
foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode
simples mudança na posição da ordem gera uma nova levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho,
possibilidade de posicionamento. 1 boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carri-
nhos, 5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes
Combinação Felipe pode visitar a sua avó sem levar o mesmo con-
junto de brinquedos já levados antes?
Para entendermos esse tema, vamos imaginar
RACIOCÍNIO LÓGICO

que queremos fazer uma salada de frutas e precisa- a) 100 vezes.


mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã, b) 115 vezes.
banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã, c) 130 vezes.
banana e morango e depois colocando em um prato. d) 140 vezes.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã
para colocar em um outro prato. Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1,
Você percebeu que a ordem aqui não importou? 5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher
É exatamente isso, a ordem não importa e estamos 1, queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo
diante de um problema de Combinação. Será preciso um de cada tipo. O total de possibilidades será dado
calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos- por: 7 x 5 x 4 = 140 possibilidades (conjuntos de
sível formar. brinquedos diferentes).
Para resolvermos é necessário usar a fórmula: Resposta: Letra D. 201
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um aeroporto, 30 PROBABILIDADE
passageiros que desembarcaram de determinado
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais Conceito
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
para ser examinados. Constatou-se que exatamente A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti-
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou ca que cria modelos que são utilizados para estudar
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6 experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ-
desses 25 passageiros estiveram em A e em B. são do resultado de determinado experimento.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
item que segue. Espaço Amostral e Evento
A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
menos um deles tenha estado em C é superior a 100. os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
( ) CERTO  ( ) ERRADO
uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para conjunto dos resultados possíveis de um determinado
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de experimento aleatório (não se pode prever o resul-
modo que pelo menos um seja de C, teremos: tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei- algum padrão).
ros que seria: Agora, pense que você só tem interesse nos núme-
C30,2 = 30.29/2 = 15.29 = 435 ros impares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C, ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
que seria:
cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
C25,2 = 25.24/2 = 25.12 = 300
la para calcular a probabilidade de um evento de um
Então, pelo menos um deles é de C, teremos:
determinado experimento aleatório, é o que podemos
435 - 300 = 135.
chamar de probabilidade de um evento qualquer.
Resposta: Certo.

4. (IBFC – 2015) Paulo quer assistir um filme e tem dis- Dica


ponível 5 filmes de terror, 6 filmes de aventura e 3 fil-
Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
mes de romance. O total de possibilidades de Paulo
des possíveis e o evento é um subconjunto do
assistir a um desses filmes é de:
espaço amostral.
a) 90.
b) 33. PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
c) 45.
d) 14. n (evento)
Probabilidade do Evento =
Paulo tem disponível 14 filmes no total, 5 de terror, 6 n (espaço amostral)
de aventura e 3 de romance; e dentre esses 14 filmes
disponíveis tem que escolher um, portanto o total Na fórmula acima, n(Evento) é o número de elemen-
de possibilidades será dado pela combinação de 14 tos do subconjunto Evento, isto é, o número de resulta-
elementos, tomados um a um. dos favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o número total
C(14,1) = 14 possibilidades. de resultados possíveis no experimento aleatório.
Resposta: Letra D. Por isso, costumamos dizer também que:

5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um processo de coleta número de resultados favoráveis


Probabilidade do Evento =
de fragmentos papilares para posterior identificação de números total de resultados
criminosos, uma equipe de 15 papiloscopistas deverá
se revezar nos horários de 8 h às 9 h e de 9 h às 10 h.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme-
a seguir. ros impares que nos interessam, temos:
Se dois papiloscopistas forem escolhidos, um para
atender no primeiro horário e outro no segundo horá- z n(Evento) = 3 possibilidades;
rio, então a quantidade, distinta, de duplas que podem z n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades.
ser formadas para fazer esses atendimentos é supe-
rior a 300. Logo,
Probabilidade do Evento = 3 = 1 = 0,50 = 50%
( ) CERTO  ( ) ERRADO 6 2
Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
Quantos servidores há para escolher que ficará no Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤ 100%.
1° horário? 15.
Agora, já para escolher o que ficará no 2° horário, Eventos Independentes
temos apenas 14, pois um já foi escolhido para ficar
no 1° horário. Multiplicando as possibilidades = Qual seria a probabilidade de, em dois lança-
15x14 = 210. mentos consecutivos do dado, obtermos um resul-
202 Resposta: Errado. tado ímpar em cada um deles? Veja que temos dois
experimentos independentes ocorrendo: o primeiro A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
lançamento e o segundo lançamento do dado. O resul- rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba-
tado do primeiro lançamento em nada influencia o bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a
resultado do segundo. probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
Quando temos experimentos independentes, a simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4),
probabilidade de ter um resultado favorável em um e temos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3.
um resultado favorável no outro é feito pela multipli- Isto é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende. Logo, P
cação das probabilidades de cada experimento: (A∩B) =
2
=
1
6 3 .
P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2) Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
3 1
que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
Em nosso exemplo, teríamos: 6 2
Usando a fórmula acima, temos:
P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
1
P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares P (A\B) = = ·
P (B) 1 3 1 3
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%.
2
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles: PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS

P (A e B) = P(A) x P(B) Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B


quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
Sendo mais formal, também é possível escrever to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção
entre os eventos A e B. P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)

PROBABILIDADE CONDICIONAL A fórmula pode ser traduzida como a probabilida-


de da união de dois eventos é igual a soma das pro-
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem recor- babilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
rente em questões de concursos. Imagine que vamos lan- subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
çar um dado, e estamos analisando 2 eventos distintos: eventos simultaneamente.
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
A – sair um resultado ímpar tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
B – sair um número inferior a 4 (A) + P (B).
Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- plo de 3 ou de 5?
damente a probabilidade de cada um desses eventos: Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e isso
nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sendo assim,
3 1 podemos extrair os dados para aplicar na fórmula:
P(A) = = 0,5 = 50%
6 2
z P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
3 1
P(B) = = 0,5 = 50%
6 2
Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade P(A) =
6
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um 20
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per- z P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre-
Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”.
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por- 4
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3 P(B) = 20
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas
RACIOCÍNIO LÓGICO

dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por- z P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor- de 3 e 5
reu, é simplesmente:
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
P (A\B) =
2
= 66,6% tempo.
3
Uma outra forma de calculá-la é por meio da 1
P(A ∩ B) =
seguinte divisão: 20
Aplicando na fórmula, temos:
P (A k B)
P (A\B) =
P (B) P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B) 203
6 4 - 1 6+4-1 9 essa informação, o oficial no comando afirmou que as
P (A ∪ B) = + = =
probabilidades de que a operação seja realizada nesse
20 20 20 20 20
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de
EVENTOS que a operação ocorra no dia programado é de

Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A a) 59%.


probabilidade de A ∩ B é dada por: b) 46%.
c) 41%.
P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B) d) 34%.
e) 28%.
Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de
ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A Se a probabilidade de chover é de 60%, então, a
(probabilidade condicional). probabilidade de não chover é de 40%. Para que a
Se a ocorrência do evento A não interferir na pro- operação ocorra no dia programado, temos duas
babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde- situações:
pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade chove (60%) e ocorre a operação (20%) = 60% x 20%
da intersecção será dada por: = 12%
não chove (40%) e ocorre a operação (85%) = 40%
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) x 85% = 34%
Somando as probabilidades desses dois cenários,
Imagine que você vai lançar dois dados sucessi- temos: 12% + 34% = 46%.
vamente. Qual a probabilidade de sair um número Resposta: Letra B.
ímpar e o número 5?
O “e” que aparece na pergunta é que determina a 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A sorte de ganhar ou per-
utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a
der, num jogo de azar, não depende da habilidade do
probabilidade de sair um número ímpar e o número
jogador, mas exclusivamente das probabilidades dos
5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não
resultados. Um dos jogos mais populares no Brasil é
interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois
a Mega Sena, que funciona da seguinte forma: de 60
eventos independentes.
bolas, numeradas de 1 a 60, dentro de um globo, são
Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5};
sorteadas seis bolas. À medida que uma bola é retira-
Evento B: sair o número 5 = {5};
da, ela não volta para dentro do globo. O jogador pode
Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
apostar de 6 a 15 números distintos por volante e rece-
Logo,
berá o prêmio se acertar os seis números sorteados.
Também são premiados os acertadores de 5 números
P(A) = 3 = 1 ou de 4 números.
6 2
A partir dessas informações, julgue o item que se segue.
1 A probabilidade de a primeira bola sorteada ser um
P(B) =
6 número múltiplo de 8 é de 10%.
1 1 1
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · =
2 6 12
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas. Múltiplos de 8: {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 72...}
Vamos lá! Números da Mega Sena: 1 a 60.
Os múltiplos de 8 na Mega Sena são: 8, 16, 24, 32, 40,
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um grupo de 10 48, 56, ou seja, 7 números.
pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele- Logo 7/60 = 11%.
cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a Resposta: Errado.
probabilidade de que no máximo duas dessas pes-
soas sejam crianças é igual a 4. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em um jogo de azar, dois
jogadores lançam uma moeda honesta, alternada-
a) 1/6. mente, até que um deles obtenha o resultado cara. O
b) 2/6. jogador que detiver esse resultado será o vencedor.
c) 3/6. A probabilidade de o segundo jogador vencer o jogo
d) 4/6. logo em seu primeiro arremesso é igual a
e) 5/6.
a) 2/3.
Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o b) 1/2.
que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para c) 1/4.
obter os casos favoráveis. d) 1/8.
Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6 e) 3/4.
1 – 1/6 = 5/6.
Resposta: Letra E. Precisamos calcular a probabilidade do primeiro joga-
dor tirar coroa e o segundo jogador obter cara. Pro-
2. (VUNESP – 2017) Um centro de meteorologia infor- babilidade de o primeiro tirar coroa: 1/2 e o segundo
mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva tirar cara: 1/2. Logo, 1/2 · 1/2 = 1/4.
204 no dia programado para ocorrer a operação. Mediante Resposta: Letra C.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Cinco mulheres e quatro Interpretando Regiões e Conhecendo a Interseção e
homens trabalham em um escritório. De forma aleató- União de Conjuntos
ria, uma dessas pessoas será escolhida para trabalhar
no plantão de atendimento ao público no sábado. Em Uma outra situação é quando temos dois conjuntos (X
seguida, outra pessoa será escolhida, também aleato- e Y), podemos representar da seguinte forma, no geral:
riamente, para o plantão no domingo.
Considerando que as duas pessoas para os plantões X Y
serão selecionadas sucessivamente, de forma aleató-
ria e sem reposição, julgue o próximo item.
A probabilidade de os dois plantonistas serem homens
é igual ou superior a 4/9.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Sábado: Há 4 homens possíveis, em 9 pessoas no a b c


total = 4/9
Domingo: Há 3 homens possíveis, de 8 pessoas no
total (uma já foi escolhida no sábado) = 3/8 d
Como queremos que seja escolhido um homem no
sábado e um homem no domingo, multiplicamos as Interpretando os conjuntos anterior temos:
probabilidades: 4/9 x 3/8 = 12/72 = 4/24.
A questão é errada, pois 4/24 não é igual ou maior z O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X, pois ele
que 4/9. está numa região que não tem contato com o conjunto Y;
Resposta: Errado. z O elemento “c” faz parte somente ao conjunto Y;
z O elemento “b” pertence aos dois conjuntos, ou seja,
faz parte da interseção entre os conjuntos X e Y.
A representação simbólica é feita por X ∩ Y. Como o
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS elemento “b” faz parte dessa região, temos:
z b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
INTRODUÇÃO À TEORIA DE CONJUNTOS dos conjuntos X e Y;
z O elemento “d” não faz parte de nenhum dos dois
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não perten-
que possuem a mesma característica, por exemplo, ce à União entre os conjuntos X e Y. A união é a jun-
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só ção das regiões dos dois conjuntos e é representada
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam simbolicamente por X ∪ Y. Assim, d ∉ (X ∪ Y) – o
de músicas eletrônicas. elemento “d” não pertence à união entre os conjun-
Representamos um conjunto da seguinte forma: tos X e Y.

Conjunto X Vamos analisar uma outra situação:

y X Y

X–Y X∩Y Y–X


Podemos afirmar que no interior do círculo há todos os
elementos que pertencem (compõem) ao conjunto X, já na
parte externa do círculo estão todos os elementos que não
fazem parte de X, ou seja, “y” não pertence ao conjunto X.
No gráfico acima podemos dizer que o elemento “x” Nesta representação, podemos interpretar a região
pertence ao conjunto X e o elemento “y” não pertence. X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a região
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi- formada pelos elementos de X que não fazem parte do
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- conjunto Y. Veja o exemplo:
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos
o símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Matematicamente: Y = {5, 6, 7, 9, 10}
RACIOCÍNIO LÓGICO

y ∉ X. X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele


e também em Y, ou seja, X – Y = {2, 3, 4, 8}
Complemento de um Conjunto
Já no caso da região Y – X, temos:
O complemento de X é o conjunto formado por
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão Y = {5, 6, 7, 9, 10}
presentes em X. Representamos o complemento ou Y – X = {9, 10}
complementar pelo símbolo XC. Podemos afirmar que
“y” não pertence à X, mas pertence ao conjunto com- Podemos falar, também, da região de interseção
plementar de X: matematicamente: y Є XC. dos conjuntos X ∩ Y. 205
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto
Y = {5, 6, 7, 9, 10} B existe x pertencente ao conjunto dos números intei-
X ∩ Y = {5, 6, 7} ros, tal que x é maior do que 5.
Agora vamos esquematizar todas as simbologias
E por fim, vamos identificar a união entre os para que você possa gravar mais facilmente e aplicar
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os na hora de resolver as questões. Observe a tabela a
elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele- seguir:
mentos presentes na interseção. Veja:

X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO


Y = {5, 6, 7, 9, 10} chaves Ex: X = {a,b,c} representa o con-
X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10} {,} junto X composto por a, b e c

Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está conjunto Significa que o conjunto não


Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos { } ou  ∅ vazio tem elementos, é um conjunto
vazio
Em algumas situações, a intersecção entre os con- para todo Significa “Para todo” ou “Para
juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo. ∀
qualquer que seja”
Isso acontece quando todos os elementos de B são
também elementos de A. Veja isso no gráfico a seguir: pertence Indica relação de pertinência
Є
de elementos

X não Indica relação de não pertinên-



pertence cia de elementos
∃ existe Indica relação de existência.
não existe Indica que não há relação de

Y existência
está Indica que um conjunto está

contido contido em outro conjunto
não está Indica que um conjunto
⊄ contido não está contido em outro
Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos a conjunto
situação acima, podemos dizer que o conjunto Y está con-
contém Indica que determinado con-
tido no conjunto X, representado matematicamente por ⊃
junto contém outro conjunto
Y ⊂ X. Ou podemos dizer, ainda, que o conjunto X contém
o conjunto Y, representado matematicamente por X ⊃ Y. não Indica que determinado
⊅ contém conjunto não contém outro
conjunto
tal que Serve para fazer a ligação en-
Importante! tre a composição de um con-
|
Entenda a diferença: junto na “representação em
chaves”
● Falamos que um elemento pertence ou não
pertence a um conjunto; união de Lê-se como “X união Y”.
A ∪ B
conjuntos
● Falamos que um conjunto está contido ou não
interse- Lê-se como “X intersecção Y”
está contido em outro conjunto.
A ∩ B ção de
conjuntos
Representação de Conjunto usando Chaves diferen- Lê-se como “diferença de A
A-B ça de com B”
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- conjuntos
sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para comple- Refere-se ao complemento do
representar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, XC
mentar conjunto X
c, d} etc. Ainda podemos utilizar notações matemáti-
cas para representar os conjuntos. Veja o exemplo a Diagrama de VENN
seguir:
Vamos entender como se resolve questões que
A = {∀ x Є Z | x ≥ 0} envolvem Operações com Conjuntos se relacionan-
do. Acompanhe os exemplos a seguir e a maneira
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto como desenvolvemos suas resoluções:
anterior da seguinte maneira: o conjunto A é compos-
to por todo x pertencente ao conjunto dos números z Em uma sala de aula, 20 alunos gostam de Mate-
inteiros, tal que x é maior ou igual a zero. mática, 30 gostam de Português, e 10 gostam das
Agora, veja um outro exemplo: duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam
de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos
206 B = {∃ x Є Z | x > 5} há nessa sala de aula?
Siga os passos abaixo: Matemática (20) Português (30)

1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama; 20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos.

Vamos à resolução: 5

1. Identifique os conjuntos; 10+10+20+5 = X


2. Represente em forma de diagramas; X = 45 alunos é o total dessa sala.

Matemática Português Também seria possível resolver esse tipo de ques-


tão usando a seguinte fórmula:

n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
Matemática (M)
interseção para as demais informações); Português (p)

Matemática Português n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)


n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10
n(M ∪ P) = 40

Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou


Português (aqui já está incluso quem gostam das duas
10 matérias). Para finalizar a resolução, devemos apenas
somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.
Assim como nos problemas com 2 conjuntos, quan-
4. Preencha as demais informações no diagrama; do nós tivermos 3 conjuntos será possível resolver
o problema por meio de Diagramas de Venn ou por
Matemática (20) Português (30) meio de fórmula. Acompanhe a resolução do exemplo:
André, Bernardo e Carol ouviram certa quantidade
de músicas. Nenhum deles gostaram de seis músicas
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
música alguma que somente um deles tenha gostado.
O número de músicas que eles ouviram foi?
Siga os passos a seguir:
5
1. Identifique os conjuntos;
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. Represente em forma de diagramas;


Total = X
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
20 gostam de Matemática;
interseção para as demais informações);
30 gostam de Português; 4. Preencha as demais informações no diagrama;
10 gostam dos dois; 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
10 gostam apenas de Matemática; tos envolvidos.
20 gostam apenas de Português;
5 não gostam de nenhuma. Vamos à resolução:

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen- 1. Identifique os conjuntos;


tos envolvidos; 2. Represente em forma de diagramas; 207
André Bernardo Questões com três conjuntos podem ser resolvidos
usando a seguinte fórmula:

n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X


∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z)

Traduzindo a fórmula:
Total de elementos da união = soma dos conjuntos
– interseções dois a dois + interseção dos três
Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o que
aprendemos, não é mesmo? Vamos praticar!

Carol 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-


beu um grande carregamento de frango congelado,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
3. Preencha as informações de dentro para fora (da exportação. Esses produtos foram distribuídos em
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
interseção para as demais informações);
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
André Bernardo suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
ne suína.
10 ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Vamos extrair as informações e colocar dentro dos


diagramas:
Carol 800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 produtos;
300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína;
4. Preencha as demais informações no diagrama; 100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
André Bernardo 100 contêineres com frango e carne suína.

Bovina Frango

0 12 0 50 100 X

10
0
9 4
150 100
0 Carol
200 Suína
6
Veja que apenas 200 contêineres foram carregados
Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe- somente com carne suína. Resposta: Errado.
mos que os três gostaram de dez músicas, depois
preenchemos com as demais informações: 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-
beu um grande carregamento de frango congelado,
z 12 músicas que somente André e Bernardo gosta- carne suína congelada e carne bovina congelada, para
ram (na interseção entre os 2 apenas); exportação. Esses produtos foram distribuídos em
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
z 9 que somente André e Carol gostaram;
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
z 4 que somente Bernardo e Carol gostaram; foram carregados com carne bovina; 450, com carne
z 6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
conjuntos). suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
z Os “zeros” representam o fato de que não houve Nessa situação hipotética,
música que somente um deles tenha gostado. 50 contêineres foram carregados somente com carne
bovina.
Logo, vem a última etapa:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos; Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
diagramas:
Total = X 800 contêineres distribuição;
6+0+12+10+9+0+4+0=X 0 contêineres com os 3 produtos;
208 X = 41 músicas 300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína; A B
100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
100 contêineres com frango e carne suína.
X 6 25 – 6 – x =
Bovina Frango
19 – x
50 100 X

150 100
C 5
200 Suína

Veja que exatamente 50 contêineres foram carrega-


dos somente com carne bovina. Resposta: Certo.
Sabemos que o número de pessoas que estiveram em
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece- B é dado pela soma 6 + (19 – X). Ou seja,
beu um grande carregamento de frango congelado, 11 = 6 + (19 – X)
carne suína congelada e carne bovina congelada, para 11 = 25 – X
exportação. Esses produtos foram distribuídos em X = 25 – 11
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner X = 14
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres Logo, as pessoas que estiveram em A são X + 6 = 14
foram carregados com carne bovina; 450, com carne + 6 = 20. Resposta: Certo.
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Situação hipotética: A
Nessa situação hipotética, ANVISA realizará inspeções em estabelecimentos
400 contêineres continham frango congelado. comerciais que são classificados como Bar ou Res-
taurante e naqueles que são considerados ao mesmo
( ) CERTO  ( ) ERRADO tempo Bar e Restaurante. Sabe-se que, ao todo, são 96
estabelecimentos a serem visitados, dos quais 49 são
Com as informações colocadas nos diagramas na classificados como Bar e 60 são classificados como
questão anterior, podemos somar todas as informa- Restaurante. Assertiva: Nessa situação, há mais de 15
ções que não possuem contato com o conjunto de estabelecimentos que são classificados como Bar e
frango e subtrair do total. Veja: como Restaurante ao mesmo tempo.
50 (só bovinos);
150 (bovinos e suínos); ( ) CERTO  ( ) ERRADO
200 (só suínos).
Somando tudo isso, teremos 400 contêineres com Extraindo os dados:
outras carnes, o que sobrou do total será a resposta total: 96;
para a questão. bar: 49;
800-400= 400 contêineres contêm franco. (Lembre-se, a restaurante: 60.
banca não perguntou somente frango). Logo, 400 con- Somando tudo, temos 49 + 60 = 109. Passou o total de
têineres continham frango congelado. Resposta: Certo. 96, porque estamos contando 2x vezes os estabeleci-
mentos que estão na interseção. Logo, descontamos
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um aeroporto, 30 o que passou do total. 109 - 96 = 13 estabelecimentos
passageiros que desembarcaram de determinado que são classificados como Bar e como Restaurante
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais ao mesmo tempo. Resposta: Errado.
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
para ser examinados. Constatou-se que exatamente
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
desses 25 passageiros estiveram em A e em B. RAZÃO E PROPORÇÃO
RACIOCÍNIO LÓGICO

Com referência a essa situação hipotética, julgue os


itens que se seguem A razão entre duas grandezas é igual a divisão
Se 11 passageiros estiveram em B, então mais de 15 entre elas, veja:
estiveram em A.
2
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2
( ) CERTO  ( ) ERRADO 5
está para 5”).

Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram apenas Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti-
veram apenas em C. Veja ainda que 6 passageiros 2 4
estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram 3
=
6
somente em um desses dois países. Logo, 209
ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se “2 C
= 2.000
está para 3 assim como 4 está para 6”). 3
C = 2000 x 3
Os problemas mais comuns que envolvem razão C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
e proporção é quando se aplica uma “variável” qual- D
quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o = 2.000
2
valor dela. Veja o exemplo: D = 2.000 x 2
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6 Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Para resolvermos esse tipo de problema devemos ber R$4.000;
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
ção: “produto dos meios pelos extremos”. z Somas Internas:
Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6 a c a+b c+d
= = =
b d b d
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe: É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
3·X=2.6 o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
3X = 12 proporção.
X = 12/3
X=4 a c a+b c+d
= = =
b d a c
Lembre-se de que a maioria dos problemas en-
Vejamos um exemplo:
volvendo esse tema são resolvidos utilizando essa
propriedade fundamental. Porém, algumas questões x 2
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser =
14 - x 5
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. Va-
mos a elas. x + 14 - x 2+5
=
x 2
Propriedade das Proporções 14 7
=
x 2
� Somas Externas:
7 . x = 2 · 14
a c a+c
= = 14 · 2
b d b+d x= =4
7
Vamos entender um pouco melhor resolvendo
uma questão-exemplo: Portanto, encontramos que x = 4.
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos Observação: vale lembrar que essa propriedade
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro- também serve para subtrações internas;
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos. Quan- z Soma com Produto por Escalar:
to cada um vai receber?
a c a + 2b c + 2d
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C = = =
b d b d
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, então temos: Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
C
=
D proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
3 2 São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
Utilizando a propriedade das somas externas:
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
C D C+D o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
= = temos:
3 2 3+2 A B
=
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), 2 3
então podemos substituir na proporção:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
funcionários na categoria B, podemos escrever que a
C D C+D 10.000
= = = =2.000 soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
3 2 3+2 5
Aqui cabe uma observação importante: esse valor 2A + 3B = 13.000
2.000, que chamamos de “Constante de Proporcionali-
dade”, é que nos mostra o valor real das partes dentro Agora, multiplicando em cima e embaixo de um
210 da proporção. Veja: lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
2A
=
3B A menor dessas partes é aquela que é proporcional
4 9 a 4, logo:
Aplicando a propriedade das somas externas,
X
podemos escrever o seguinte: = 60.000
4
X = 60.000 x 4
2A 3B 2A + 3B X = 240.000
= =
4 9 4+9
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- Inversamente Proporcional
porção, temos:
É um tipo de questão menos recorrente, mas, não
2A 3B 2A + 3B 13.000 menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
= = = =1.000 tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
4 9 4+9 13
quinhão inversamente proporcional a três números.
Logo, Vejamos um exemplo:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
2A inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
= 1.000
4 Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
2A = 4 x 1.000 tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
2A = 4.000 pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
A = 2.000 total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
cálculo, veja:
Fazendo a mesma resolução em B:
3B X X X
= 1.000 + + = 740.000
9 4 5 6
3B = 9 x 1.000
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
3B = 9.000
tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
B = 3.000
mos a fração.
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 4–5–6|2
anos de casa receberão R$3.000 de bônus. 2–5–3|2
O total pago pela empresa será: 1–5–3|3
1–5–1|5
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
Assim, dividindo o M. M. C. Pelo denominador e
Agora vamos estudar um tipo de problema que multiplicando o resultado pelo numerador temos:
aparece frequentemente em provas de concursos
envolvendo razão e proporção. 15x 12x 10x
+ + = 740.000
60 60 60
REGRA DA SOCIEDADE
37x
= 740.000
Diretamente Proporcional 60
X = 1.200.000
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro- Agora basta substituir o valor de X nas razões para
va é dividir uma determinada quantia em partes achar cada parte da divisão inversa.
proporcionais a determinados números. Vejamos um
exemplo para entendermos melhor como esse assun- x 1.200.000
to é cobrado. = = 300.000
4 4
Exemplo:
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em x 1.200.000
= =240.000
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor 5 5
dessas partes corresponde a: x 1.200.000
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- = = 200.000
6 6
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor- Logo, as partes dividas inversamente proporcio-
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
RACIOCÍNIO LÓGICO

cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de


razão. Veja: 240K e 200K.
Hora de praticar o assunto estudado com a resolução
X Y Z de exercícios comentados de bancas diversas. Vamos lá!
= = = constante de proporcionalidade.
4 5 6
1. (FAEPESUL – 2016) Em uma turma de graduação em
Usando uma das propriedades da proporção, Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos que
somas externas, temos: a razão entre o número de mulheres e o número total
de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de homens
X+Y+Z 900.000 desta sala, sabendo que esta turma tem 120 alunos.
= 60.000
4+5+6 15

211
a) 43 homens. 3. (IBADE – 2018) Três agentes penitenciários de um
b) 45 homens. país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
c) 44 homens. juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
d) 46 homens. que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
e) 47 homens. o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
de cada um, em ordem crescente de valores.
A razão entre o número de mulheres e o número
total de alunos é de 5/8: a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
M 5 c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.
=
T 8 d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00.
A turma tem 120 alunos, então: T = 120 e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
Fazendo os cálculos:
M 5 D + A + W = 721
= A = D + 36
T 8
W = A - 44
M 5 Substituímos Arley em Wanderson:
=
120 8 W= A - 44
8 x M = 5 x 120 W= 36+D-44
W= D-8
8M = 600 Substituímos na fórmula principal:
600 D + A + W = 721
M= D + 36 + D + D – 8 = 721
8
3D + 28 = 721
M = 75 3D = 721 - 28
D = 693/3
A quantidade de homens da sala:
D = 231
120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
Substituímos o valor de D nas outras:
A = D + 36
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
A= 231+36= 267
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
W = A - 44
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
W= 267-44
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes- W= 223
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D.

a) 30. 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito de razões, pro-


b) 29. porções e inequações, julgue o item seguinte.
c) 28. Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam
d) 27. R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham,
e) 26. para ser divido entre elas, de forma inversamente propor-
cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes-
A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500.
número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
120 4x ( ) CERTO  ( ) ERRADO
= Total de 9x
121 5x
6x 9x 8x
+ + = 7.900
No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão 1 2 3
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos:
a razão em questão passará a ser de 5/8.
4x - 2 36x 27x 16x
120
121
= =
5
6
+
6
+ 6
= 7.900
5x + 2 - 1 8
4x - 2 5 79x
= = 7.900
5x + 1 8 6
x = 600
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
Sendo assim, Sandra está inversamente propor-
32x – 16 = 25x + 5
9x
cional a . Basta substituirmos o valor de X na
7x = 21 2
proporção.
x=3
9x 9 x 600
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o = = 2.700
2 2
valor de X na primeira equação:
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse (Valor que Sandra irá receber é MAIOR que 2.500).
212 grupo. Resposta: Letra D. Resposta: Errado.
5. (IESES – 2019) Uma escola possui 396 alunos matri-
DIRETAMENTE
culados. Se a razão entre meninos e meninas foi de PROPORCIONAL
Multiplica cruzado
5/7, determine o número de meninos matriculados.
INVERSAMENTE
PROPORCIONAL
Multiplica na horizontal
a) 183
b) 225
c) 165 Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
d) 154 mais como isso tudo funciona.
Exemplo 1: Um muro de 12 metros foi construído uti-
Total de alunos = 396 lizando 2 160 tijolos. Caso queira construir um muro de
Meninos = H 30 metros nas mesmas condições do anterior, quantos
Meninas = M tijolos serão necessários?
H 5x
Razão: + Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
M 7x
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
proporcional.
12x é igual ao total que é 396
12x = 396
12 m -------- 2 160 (tijolos)
x = 33
30 m -------- X (tijolos)
Portanto o número de meninos será:
Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C.
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumen-
to (+) e que para fazermos um muro maior vamos
precisar de mais tijolos, ou seja, também deverá ser
aumentado (+). Logo, as grandezas são diretamente
REGRA DE TRÊS SIMPLES E proporcionais e vamos resolver multiplicando cruza-
COMPOSTA do. Observe:

Regra de Três Simples 12 m -------- 2 160 (tijolos)

A Regra de Três Simples envolve apenas duas gran- 30 m -------- X (tijolos)


dezas. São elas: 12 · X = 30 . 2160
12X = 64800
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se X = 5400 tijolos
deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
z Grandeza Explicativa ou Independente: é aque- Assim, comprovamos que realmente são necessá-
la utilizada para calcular a variação da grandeza rios mais tijolos.
dependente. Exemplo 2: Uma equipe de 5 professores gastou 12
dias para corrigir as provas de um vestibular. Consi-
Existem dois tipos principais de proporcionalida- derando a mesma proporção, quantos dias levarão 30
des que aparecem frequentemente em provas de con- professores para corrigir as provas?
cursos públicos. Veja a seguir: Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
montar a relação e analisar:
z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumen-
to de uma grandeza implica o aumento da outra; 5 (prof.) --------- 12 (dias)
z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen- 30 (prof.) -------- X (dias)
to de uma grandeza implica a redução da outra.
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um
Vamos esquematizar para sabermos quando será aumento (+), mas como agora estamos com uma equi-
direta ou inversamente proporcionais: pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Dessa
forma, as grandezas são inversamente proporcionais e
DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / - vamos resolver multiplicando na horizontal. Observe:
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 (prof.) 12 (dias)
Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas 30 (prof.) X (dias)
(sinais iguais)
30 . X = 5 . 12
30X = 60
PROPORCIONAL + / - OU - / + X=2

A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias


Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui para corrigir as provas.
(sinais diferentes) Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
Agora vamos esquematizar a maneira que iremos ria com exercícios comentados de bancas variadas.
resolver os diversos problemas: Vamos lá! 213
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No item seguinte apre- x = dias
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- 3 guardanapos por dia -------- x
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, 2 guardanapos por dia -------- x+15
porcentagens e descontos. São valores inversamente proporcionais, quanto
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
prou alimentos em quantidades suficientes para que Assim, multiplicamos na horizontal:
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30 3x = 2 . (x+15)
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos 3x = 30+2x
chegou de surpresa para passar o restante do mês 3x-2x = 30
com a família. Nessa situação, se cada uma dessas x = 30
seis pessoas consumir diariamente a mesma quan- Podemos substituir em qualquer uma das duas situações:
tidade de alimentos, os alimentos comprados pelo 3 guardanapos x 30 dias= 90
casal acabarão antes do dia 20 do mesmo mês. 2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90.
Resposta: Letra D.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
4. (FUNDATEC – 2017) Cinco mecânicos levaram 27
4 Pessoas ------- 24 Dias minutos para consertar um caminhão. Supondo que
6 Pessoas ------- x Dias fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan-
Temos grandezas inversas, então é só multiplicar
tos minutos levariam para concluir o conserto desse
na horizontal:
mesmo caminhão?
6x = 4 . 24
6x = 96
a) 20 minutos.
x = 96/6
b) 35 minutos.
x = 16
c) 45 minutos.
Como já haviam comido por 6 dias é só somar: d) 50 minutos.
6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por e) 55 minutos.
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
Resposta: Errado. Mecânicos ------ Minutos
5 ---------------- 27
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O motorista de uma 3 ---------------- x
empresa transportadora de produtos hospitalares Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas-
deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega tarão para finalizar o trabalho, logo a grande-
de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima- za é inversamente proporcional. Multiplica na
damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des- horizontal:
pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu 3x = 27.5
veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, conside- 3x = 135
rou que esse consumo é constante. x = 135/3
Considerando essas informações, julgue o item que x = 45 minutos.
segue. Resposta: Letra C.
Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
gasolina. 5. (IESES – 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumenta-
( ) CERTO  ( ) ERRADO do para sete, em quantos dias essa mesma casa fica-
ria pronta?
Com 1 litro ele faz 10 km.
Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos a) 18 dias.
dizer que com 1dm³ ele faz 10km b) 16 dias.
c) 20 dias.
Portanto,
d) 22 dias.
10 km -------- 1dc³
1.100 km --------- x
5 (pedreiros) ---------- 28 (dias)
10x = 1.000
7 (pedreiros) ------------- X (dias)
x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
Resposta: Errado. cionais, então basta multiplicar na horizontal.
5 . 28=7 . X
3. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada 7X = 140
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2 X = 140/7
guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar X = 20 dias.
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guarda- Resposta: Letra C.
napos por dia. O número de guardanapos comprados foi
Regra de Três Composta
a) 60.
b) 70. A Regra de Três Composta envolve mais de duas
c) 80. variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta-
d) 90. mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
214 e) 100. cautelosamente, levando em conta alguns princípios:
z As análises devem sempre partir da variável Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o
dependente em relação às outras variáveis; número de linhas por página e para 40 o número de
z As análises devem ser feitas individualmente. Ou letras (ou espaços) por linha. Considerando as novas
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas, condições, determine o número de páginas ocupadas.
mantendo as demais constantes; Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
z A variável dependente fica isolada em um dos rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
lados da proporção.
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
como isso tudo funciona. 6 ? ?
= #
X ? ?
Exemplo 1: Se 6 impressoras iguais produzem
1000 panfletos em 40 minutos, em quanto tempo 3 des- Analisando isoladamente duas a duas:
sas impressoras produziriam 2000 desses panfletos?
Da mesma forma que na regra de três simples, 6 (pág.) -------- 45 (linhas)
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar X (pág.) -- ----- 30 (linhas)
cada uma delas isoladamente duas a duas.
6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min) Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor diminui
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min) ( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, as
grandezas são inversas e devemos inverter a razão.
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
6 30 ?
parte dependente de um lado e igualando às razões da = #
seguinte forma – se for direta vamos manter a razão, X 45 ?
agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe: Analisando isoladamente duas a duas:

40 ? ? 6 (pág.) -------- 80 (letras)


= #
X ? ? X (pág.) ------- 40 (letras)
Analisando isoladamente duas a duas:
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui
6 (imp.) -------- 40 (min) ( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo,
3 (imp.) ---- ---- X (min) as grandezas são inversas e devemos inverter a razão.
Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras 6 30 40
= #
o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ), X 45 80
pois agora teremos menos impressoras para realizar
6 2 1
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos = #
X 3 2
inverter a razão.
6 2
=
40 3 ? X 6
= #
X 6 ? 2X = 36
Analisando isoladamente duas a duas: X = 18
1000 (panf.) -------- 40 (min) O número de páginas a serem ocupadas pelo texto
2000 (panf.) ------ -- X (min) respeitando as novas condições é igual a 18.
Hora de treinar o que aprendemos na teoria com
Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle-
tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá exercícios comentados de diversas bancas.
aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
mos manter a razão. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Determinado equipa-
mento é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias,
40
=
3
#
1000 funcionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa
X 6 2000 situação, a quantidade de páginas que esse mesmo
Agora basta resolver a proporção para acharmos equipamento é capaz de digitalizar em 3 dias, operan-
o valor de X. do 4 horas e 30 minutos diários para esse fim, é igual a

40 3000 a) 2.666.
X
= 12000 b) 2.160.
RACIOCÍNIO LÓGICO

3X = 40 x 12 c) 1.215.
3X = 480 d) 1.500.
e) 1.161.
X = 160
Primeiro vamos passar para minutos:
As três impressoras produziriam 2000 panfletos
5h = 300min.
em 160 minutos, que correspondem há 2 horas e 40
4h30min= 270min.
minutos.
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
min.-----Dias-----Pag.
vamos analisar mais um exemplo.
300 -------4-------1800
Exemplo 2: Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas 270 -------3-------X
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha. Resolvendo temos: 215
a) 5 horas e 54 minutos.
300 (Simplifica por 30)
1800 4 b) 6 horas e 06 minutos.
X
=
3
# 270 (Simplifica por 30) c) 6 horas e 20 minutos.
1800 4 10 d) 6 horas e 40 minutos.
= #
X 3 9 e) 7 horas e 06 minutos.
4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9
X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
capaz de digitalizar. 360 min ------ 5 maquinas ----- 600 unidades (corta os zeros iguais)
Resposta: Letra C. x ------------- 3 maquinas ---- 400 unidades (corta os zeros iguais)
360 3 6
2. (VUNESP – 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas = #
X 5 4
operando com a mesma capacidade de produção,
fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6 x·3·6 = 360·5·4
horas por dia. O número de dias necessários para que x·18 = 7.200
4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri- x = 7200/18
quem dois lotes dessas peças é x = 400
Logo, transformando minutos para horas novamen-
a) 11. te temos:
b) 12. X = 400min
c) 13. X = 6h40min
d) 14. Resposta: Letra D.
e) 15.

5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas 5. (VUNESP – 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima,
Quanto mais dias para entrega do lote, menos ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de
horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui- refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas
nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen-
serem entregues (direta). to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado
Resolvendo: para a realização desse trabalho será de
8/x = 1/2 * 8/6 * 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
8/x = 1/2 * 4/3 * 4/5 a) 6 horas e 40 minutos.
8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2) b) 6 horas e 58 minutos.
8/x = 8/15 c) 7 horas e 12 minutos.
8x = 120 d) 7 horas e 20 minutos.
x = 120/8
e) 7 horas e 35 minutos.
x = 15 dias.
Resposta: Letra E.
3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir é apre- 2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x
sentada uma situação hipotética, seguida de uma Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer
assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida- que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e
de, divisão proporcional, média e porcentagem. se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são
Todos os caixas de uma agência bancária trabalham menos máquinas trabalhando (inversa).
com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12 4
=
5000
#
2
clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai- X 6000 3
xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos. 2·X·5 = 4·6·3
10X = 72
( ) CERTO  ( ) ERRADO x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 ×
60 min = 7 horas e 12 minutos)
3 caixas - 12 clientes - 10 minutos Obs: Para transformar horas em minutos, basta mul-
5 caixas - 20 clientes - x minutos tiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas =
10 5 12 0,2 x 60 = 120/10 = 12 min.
= #
X 3 20 Resposta: Letra C.
5 · 12 · X = 10 · 3 · 20

60x = 600
X = 10. CÁLCULOS COM PORCENTAGEM
Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
Não em menos de 10 como a questão afirma. A porcentagem é uma medida de razão com base
Resposta: Errado. 100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
4. (VUNESP – 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho como podemos representar um número porcentual.
ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan-
do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida-
des de determinado produto. Para a fabricação de 400 30% = 30 (forma de fração)
100
unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas,
trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima- 30
30% = = 0,3 (forma decimal)
216 do para a realização do serviço é de 100
30 3 Dica
30% = = (forma de fração simplificada)
100 10 A avaliação do crescimento ou da redução per-
centual deve ser feita sempre em relação ao
valor inicial da grandeza.
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de -
várias maneiras: Variação percentual = Final Inicial
Inicial
30 3
30% = = 0,3 = Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
100 10
Exemplo 2: Juliano percebeu que ainda não assis-
Também é possível fazer a conversão inversa, isto tiu a 200 aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o
é, transformar um número qualquer em porcentual. número de aulas não assistidas a 180. É correto afir-
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: mar que, se Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o
número terá caído 20%?
25 x 100 = 2500% A variação percentual de uma grandeza corres-
0,35 x 100 = 35% ponde ao índice:
0,586 x 100 = 58,6%
Variação percentual =
Número Relativo Final - Inicial 180 - 200 20
= =– = - 0,10
Inicial 200 200
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres- Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
que estamos especificando. Para descobrir a quanto ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000. errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.

10% de 1000 =
10
x 1000 = 100 Agora, vamos praticar o que aprendemos na teoria
100 com exercícios comentados de diversas bancas.
Dessa maneira, 1000 é o todo, enquanto 100 é a
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja,
parte que corresponde a 10% de 1000.
uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em
Quando o todo varia, a porcentagem também
duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par-
varia, veja um exemplo:
cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte.
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Caso queira antecipar o crédito correspondente ao valor
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
da parcela, a lojista paga para a financeira uma taxa de
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas antecipação correspondente a 5% do valor da parcela.
por Roberto? Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.
2 1 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
=
8 4
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja, Valor da bicicleta =1720,00
vamos multiplicar a fração por 100: Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela)
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00
1 (entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
x 100 = 25% No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
4
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
Soma e Subtração de Porcentagem (juros) e dividir por 800,00 resultado:
120,00/800,00 = 0,15% ao mês.
As operações de soma e subtração de porcentagem A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
são as mais comuns. É o que acontece quando se diz está errada.
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe- Resposta: Errado.
rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Na assembleia legislati-
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli- va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
RACIOCÍNIO LÓGICO

car pelo valor da grandeza. entre homens e mulheres. Em determinada sessão


Exemplo 1: Paulinho comprou um curso de 200 plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
horas-aula. Porém, com a publicação do edital, a esco- das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
la precisou aumentar a carga horária em 15%. Qual o parlamentares presentes à sessão.
total de horas-aula do curso ao final? Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total bleia legislativa, havia
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% a) 10 deputadas.
+ 15% das aulas inicialmente previstas, portanto,, o b) 14 deputadas.
total de horas-aula do curso será: c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas.
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula. e) 25 deputadas. 217
50 parlamentares 5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$
Deputadas = X 20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
Deputados = 50-X que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7 meses. O restante foi investido em uma aplicação,
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
valor de X. no sistema de juros simples.
20% x + 10% (50-x) = 7 Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7 tiveram:
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC) a) prejuízo de R$2.800,00.
2x + 50 - x = 70 b) lucro de R$3.200,00.
2x - x = 70 - 50 c) lucro de R$2.800,00.
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legislativa. d) prejuízo de R$6.000,00.
Resposta: Letra D. e) lucro de R$5.000,00.

3. (VUNESP – 2016) Um concurso recebeu 1500 ins- 3/5 de 20.000,00 = 12.000,00


crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da 12.000,00 · 4% = 480,00
prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram 480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli-
número de homens que fizeram a prova corresponde a cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
uma porcentagem de mês, durante 10 meses:
8.000,00 · 5% = 400,00
a) 45,2%. 400 · 10 meses= 4.000
b) 46,5%. Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
c) 47,8%. 4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
d) 48,4%. Resposta: Letra C.
e) 49,3%.

Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a prova.


Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar JUROS SIMPLES E COMPOSTOS
o percentual dos homens pelo total:
55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou Juros Simples
0,55 x 0,88 = 0,484.
Transformando em porcentagem A premissa, base da matemática financeira é a
0,484 x 100 = 48,4%. seguinte: as pessoas e as instituições do mercado prefe-
Resposta: Letra D. rem adiantar os seus recebimentos e retardar os seus
pagamentos. Do ponto de vista estritamente racional, é
4. (FCC – 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista- melhor pagar o mais tarde possível caso não haja inci-
dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. dência de juros (ou caso esses juros sejam inferiores ao
Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores, que você pode ganhar aplicando o dinheiro).
então, a porcentagem de entrevistados que não gos- “Juros” é o termo utilizado para designar o “preço
tam de nenhum dos dois é de do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan-
tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
a) 80%. remuneração em cima do valor que ele te emprestou,
b) 61%. pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
c) 20%. ro por um certo tempo. Essa remuneração é expressa
d) 10%. pela taxa de juros.
e) 5%. Nos juros simples, a incidência recorre sempre sobre
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender.
Vamos dispor as informações em forma de conjun- Exemplo 1:
tos para facilitar nossa resolução: Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
Graviola Açaí regime de juros simples de 5% ao mês para um ami-
go,, o qual ficou de quitar o empréstimo após 5 meses.
Dessa forma, teremos o seguinte:

60% - 15% = 15% 50% - 15% =


CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
45% 35%
(1000,00)
Nenhum = x 1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00

Vamos somar todos os valores e igualar ao total que 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% 3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
95% + X = 100% 4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
X = 5%.
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
218 Resposta: Letra E.
Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais a) Menor que 2%.
de juros. b) Maior que 2% e menor que 2,5%.
Fórmulas utilizadas em juros simples: c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%.
d) Maior que 2,75% e menor que 3%.
e) Maior que 3%.
J=C·i·t
1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
M=C+J J=C·I·t
498 = 1410 · 12 · i / 100
49800 = 16920i
M = C · (1 + i ·J)
i = 49800/16920
Onde, i = 2,94%. Resposta: Letra D.
z J = juros;
2. (CESPE – 2018) Uma pessoa atrasou em 15 dias o
z C = capital;
pagamento de uma dívida de R$ 20.000, cuja taxa de
z i = taxa em percentual (%);
juros de mora é de 21% ao mês no regime de juros
z t = tempo;
simples.
z M = montante.
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o
mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente.
Taxas Proporcionais e Equivalentes
No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im- equivalente à taxa de 252% ao ano.
portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas ( ) CERTO  ( ) ERRADO
que a taxa de juros é de “5%”, é preciso saber se essa
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas No regime simples, sabemos que taxas propor-
taxas de juros são proporcionais quando guardam a cionais são também equivalentes. Como temos 12
mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo, meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am
12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam- é, simplesmente:
bém é proporcional a 1% ao mês. 21% x 12 = 252% ao ano
Basta efetuar uma regra de três simples. Para Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também é
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que equivalente a 21% ao mês. Portanto, o item está certo.
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
Resposta: Certo.
12% ao ano ----------------------- 1 ano
3. (FUNDATEC – 2020) Qual foi a taxa mensal de uma
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
aplicação, sob regime de juros simples, de um capital
de R$ 3.000,00, durante 4 bimestres, para gerar juros
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
de R$ 240,00?
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
temporal, temos:
a) 8%.
12% ao ano ---------------------- 12 meses b) 5%.
Taxa bimestral ------------------ 2 meses c) 3%.
d) 2%.
Efetuando a multiplicação cruzada, temos: e) 1%.
12% x 2 = Taxa bimestral x 12
J = 240
Taxa bimestral = 2% ao bimestre.
C = 3.000
i=?
Duas taxas de juros são equivalentes quando são
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan- t = 4 bimestres, ou seja, 4 · 2 = 8 meses.
te final M após o mesmo intervalo de tempo. Substituindo:
Uma outra informação importante e que você deve J=C·i·t
memorizar é que o cálculo de taxas equivalentes 240 = 3000 · i · 8
quando estamos no regime de juros simples pode ser 240 = 24000 · i
entendido assim: 1% ao mês equivale a 6% ao semestre i = 240 / 24000
ou 12% ao ano e levarão o mesmo capital inicial C ao i = 0,01 ou 1%
Resposta: Letra E.
RACIOCÍNIO LÓGICO

mesmo montante M após o mesmo período de tempo.


É relevante também você saber que no regime de
juros simples, taxas de juros proporcionais são, tam- 4. (VUNESP – 2020) Um capital de R$ 1.200,00, aplicado
bém, taxas de juros equivalentes. no regime de juros simples, rendeu R$ 65,00 de juros.
A seguir, pratique com exercícios comentados de Sabendo-se que a taxa de juros contratada foi de 2,5% ao
diversas bancas, o que aprendemos na teoria. ano, é correto afirmar que o período da aplicação foi de

1. (FEPESE – 2018) Uma TV é anunciada pelo preço a) 20 meses.


de R$ 1.908,00 para pagamento em 12 parcelas de b) 22 meses.
159,00. A mesma TV custa R$ 1.410,00 para paga- c) 24 meses.
mento à vista. Portanto o juro simples mensal incluído d) 26 meses.
na opção parcelada é: e) 30 meses. 219
J = c. i. t/100 Podemos fazer a comparação entre juros simples e
65 = 1.200 x 2,5 x t/100 compostos. Observe a tabela abaixo:
65 = 30t
t = 65/30 x 12 JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
t = 26 meses
Resposta: Letra D. Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
5. (IBADE – 2019) Juliana investiu R$ 5.000,00, a juros sim- Juros capitalizados no final Juros capitalizados periodi-
ples, em uma aplicação que rende 3% ao mês, durante 8 do prazo camente (“juros sobre juros”)
meses. Passados 8 meses, Juliana retirou todo o dinheiro e
investiu somente metade em uma outra aplicação, a juros Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
simples, a uma taxa de 5% ao mês por mais 4 meses. O Valores similares para pra- Valores similares para pra-
total de juros arrecadado por Juliana após os 12 meses foi: zos e taxas curtos zos e taxas curtos

a) R$ 1.200,00.
Juros Compostos – Cálculo do Prazo
b) R$ 1440,00.
c) R$ 620,00.
Nas questões em que é preciso calcular o prazo,
d) R$ 1820,00.
e) R$ 240,00. você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t”
está no expoente da fórmula de juros compostos. A
J=C·i·t propriedade mais importante a ser lembrada é que,
J= 5000 · 0,03 · 8 sendo dois números A e B, então:
J= 150 · 8
J = 1200 de lucro log AB = B × log A
Montante do aplicado com lucro M= C + J
M=5000 + 1200
Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente
M = 6200 montante inicial e lucro
Nova aplicação de metade que lucrou 6200 / 2 =3100 B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A.
J=C·i·t Uma outra propriedade bastante útil dos logarit-
J = 3100 · 0,05 · 4 mos é a seguinte:
J = 155 · 4
bAl
J = 620 lucro da nova aplicação
Somatório dos lucros: log = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B
B
M = 1200 + 620 = 1820 dos lucros
Resposta: Letra D. Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é
igual à subtração dos logaritmos de cada número.
Juros Compostos Também, é importante ter em mente que “logA”
Imagine que você pegou um empréstimo de significa “logaritmo do número A na base 10”.
R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea- Observe um exemplo:
lizado após 4 meses, à taxa de juros de 10% ao mês. No regime de juros compostos com capitalização
Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e meses que o capital de R$100.000 deverá ficar investi-
não somente sobre o valor inicialmente emprestado. do para produzir o montante de R$120.000 é expressa
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com- por:
postos. Podemos montar a seguinte tabela:
log2, 1
MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00 log1, 01 .
1º MÊS 11.000,00
2º MÊS 12.100,00 Temos a taxa j=1%am, capital C=100.000 e montan-
3º MÊS 13.310,00 te M=120.000. Na fórmula de juros compostos:

4º MÊS 14.641,00 M = C x (1+j)t

Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver 120000 = 100000 x (1+1%)t


ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial
12 = 10 x (1,01)t
(R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00.
Fórmula utilizada em juros compostos: 1,2 = (1,01)t

M = C · (1 + i)t Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados:


log1,2 = log (1,01)t
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem- log1,2 = t · log 1,01
plo. Veja:
log1, 1
M = 10000 x (1 + 10%)4 t=
log1, 01
M = 10000 x (1 + 0,10)4
M = 10000 x (1,10)4 Logo, questão errada.
M = 10000 x 1,4641 Agora, com a teoria compreendida, pratique com
220 M = 14.641,00 reais exercícios comentados de diversas bancas.
1. (FCC – 2017) A Cia. Escocesa, não tendo recursos 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um indivíduo investiu a
para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 na data quantia de R$ 1.000 em determinada aplicação, com
do vencimento, fez um acordo com a instituição finan- taxa nominal anual de juros de 40%, pelo período de 6
ceira credora para pagá-la 90 dias após a data do meses, com capitalização trimestral. Nesse caso, ao
vencimento. Sabendo que a taxa de juros compostos final do período de capitalização, o montante será de
cobrada pela instituição financeira foi 3% ao mês, o
valor pago pela empresa, desprezando-se os centa- a) R$ 1.200.
vos, foi, em reais, b) R$ 1.210.
c) R$ 1.331.
a) 163.909,00. d) R$ 1.400.
b) 163.500,00. e) R$ 1.100.
c) 154.500,00.
d) 159.135,00. Temos a taxa de 40% a. a. com capitalização trimes-
e) 159.000,00. tral, o que resulta em uma taxa efetiva de 40%/4 =
10% ao trimestre. Em t = 6 meses, ou melhor, t = 2
Temos uma dívida de C = 150.000 reais a ser paga após trimestres, o montante será:
t = 3 meses no regime de juros compostos, com a taxa M = C x (1+j)t
de j = 3% ao mês. O montante a ser pago é dado por: M = 1.000 x (1+0,10)2
M = C x (1+j)t M = 1.000 x 1,21
M = 150.000 x (1+0,03)3 M = 1.210 reais
M = 150.000 x (1,03)3 Resposta: Letra B.
M = 150.000 x 1,092727
M = 15 x 10927,27 5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item seguinte,
M = 163.909,05 reais relativo à matemática financeira.
Resposta: Letra A. Considere que dois capitais, cada um de R$ 10.000,
tenham sido aplicados, à taxa de juros de 44% ao
2. (FCC – 2017) O montante de um empréstimo de 4 mês — 30 dias —, por um período de 15 dias, sendo
anos da quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram um a juros simples e outro a juros compostos. Nes-
juros compostos de 10% ao ano, será igual a sa situação, o montante auferido com a capitalização
no regime de juros compostos será superior ao mon-
a) R$ 26.000,00. tante auferido com a capitalização no regime de juros
b) R$ 28.645,00. simples.
c) R$ 29.282,00.
d) R$ 30.168,00. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
e) R$ 28.086,00.
Veja que a taxa de juros é mensal, e o prazo da apli-
Temos um prazo de t = 4 anos, capital inicial C = cação foi de t = 0,5 mês (quinze dias).
20000 reais, juros compostos de j = 10% ao ano. O Quando o prazo é fracionário (inferior a 1 unida-
montante final é: de temporal), juros simples rendem MAIS que juros
M = C x (1+j)t compostos. Logo, o montante auferido com a capi-
M = 20000 x (1+0,10)4 talização no regime de juros compostos será INFE-
M = 20000 x 1,14 RIOR ao montante auferido no regime simples.
M = 20000 x 1,4641 Resposta: Errado.
M = 2 x 14641
M = 29282 reais
Resposta: Letra C.
HORA DE PRATICAR!
3. (FGV – 2018) Certa empresa financeira do mundo
real cobra juros compostos de 10% ao mês para os 1. ( UFRJ—2018) Se escolhermos ao acaso um número
empréstimos pessoais. Gustavo obteve nessa empre- do conjunto {1, 2, 3,..., 300}, a probabilidade de sair um
sa um empréstimo de 6.000 reais para pagamento, número que NÃO seja múltiplo de 4 é de:
incluindo os juros, três meses depois.
O valor que Gustavo deverá pagar na data do venci- a) 1/4
mento é: b) 4/5
c) 3/4
a) 6.600 reais. d) 2/15
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) 7.200 reais. e) 3/5


c) 7.800 reais.
d) 7.986 reais. 2. (UFRJ—2018) Leia atentamente o enunciado a seguir,
e) 8.016 reais. e responda a questão.
Certo instituto de pesquisa realizou um levantamen-
Aqui foram dados C = 6000 reais, i = 10% a m e t = 3 to sobre a preferência de consumidores entre três
meses. Aplicando a fórmula, temos: marcas de detergente: A, B e C. Esse trabalho foi
M = C x (1 + j)t desenvolvido durante a manhã de um dia, em um
M = 6000 x (1,1)³ supermercado onde normalmente registra-se grande
M = 6000 x 1,331 movimentação. Como forma de estimular a partici-
M = 7986 reais pação, anunciou-se que cada entrevistado receberia
Resposta: Letra D. 1 único cupom para participar de um sorteio, às 13h, 221
de um vale compras. Cada cupom entregue contém a identificação da(s) marca(s) de detergente indicada(s) pelo
entrevistado e um campo para que escreva seu nome e CPF. Após o preenchimento, o cupom deveria ser depositado
em uma urna.
Às 12h, encerrou-se o levantamento, e os dados coletados foram organizados na tabela a seguir:

MARCA A B C AeB BeC CeA A, B e C Nenhuma das três

NÚMERO DE CONSUMIDORES 105 198 153 23 44 31 7 55


Com base nos resultados apresentados, é correto afirmar que:

a) 326 consumidores utilizam apenas as marcas A e B.


b) 616 consumidores participaram da referida pesquisa.
c) 77 consumidores utilizam ao menos duas marcas.
d) 193 consumidores não utilizam as marcas A ou C.
e) 153 consumidores utilizam somente a marca C.

3. (UFRJ—2015) Em uma empresa há 200 funcionários. Sabe -se que dos funcionários dessa empresa 120 são
homens e 150 têm menos de 45 anos. Com base nessas informações, o menor número possível de funcionários
homens com menos de 45 anos nessa empresa é:

a) 30
b) 50
c) 70
d) 80
e) 120

4. (UFRJ—2016) Deve-se adquirir, para um dado prédio, três Sistemas Split: A, B e C. O sistema A custa R$1.500,00, o
sistema B custa o triplo do sistema A e o sistema C custa a metade do sistema B. Assinale a alternativa que apresenta
o custo total dos três sistemas.

a) R$ 8.250,00
b) R$ 7.500,00
c) R$ 6.750,00
d) R$ 6.000,00
e) R$ 4.500,00

5. (UFRJ—2014) Um exame será aplicado a 1520 alunos. O exame de cada aluno contém 6 folhas impressas. Saben-
do que numa resma de papel há 500 folhas, o número mínimo de resmas necessárias para a impressão deste exame
é:

a) 20
b) 19
c) 21
d) 22
e) 18

6. (UFRJ—2016) Deseja-se unir três trechos de tubulação de ar. O comprimento do primeiro trecho mede 1/3 m, do
segundo mede 5/6 m e do terceiro mede 3/8 m. O tubo resultante da união desses três trechos, desprezando-se as
juntas, tem o comprimento de:

a) 19/12 m
b) 7/16 m
c) 9/17 m
d) 37/24 m
e) 5/48 m

7. (UFRJ—2015) Uma barra de chocolate de 500g da marca Saborosa é vendida por R$ 5,20 nos mercados. A mesma
marca também está disponível no peso de 250g, porém o preço por grama neste caso é 1,5 vezes mais caro que o
preço por grama na barra de 500g.
O valor da barra de 250g é, em reais (R$):

a) 2,60
b) 2,90
c) 3,70
d) 3,90
222 e) 4,10
8. (UFRJ—2014) Um estacionamento de um centro
comercial cobra R$1,20 pela primeira meia hora e
mais R$0,70 por cada meia hora adicional. Assim,
quem parar até meia hora paga R$1,20, quem parar
entre meia hora e uma hora paga R$1,90. Sabendo-se
que um cliente pagou R$7,50 pode-se concluir que ele
ficou estacionado entre:

a) 4h e 4h30min
b) 5h e 5h30min
c) 5h30min e 6h
Fonte: ABIC: Associação Brasileira da Indústria de Café.
d) 4h30min e 5h
e) 6h e 6h30min Analisando o gráfico, conclui-se que o maior aumento
percentual no consumo interno de café em sacas per-
9. ( UFRJ—2018) Numa prova final composta por 10 -capita foi de:
questões, o aluno deve escolher apenas 7 para resol-
ver. O número de maneiras diferentes que ele poderá a) 2007 para 2008.
escolher as 7 questões é: b) 2008 para 2009.
c) 2009 para 2010.
d) 2010 para 2011.
a) 120
e) 2011 para 2012.
b) 210
c) 70 14. (UFRJ—2018) A administradora, após realizar uma
d) 360 vistoria, verificou que uma divisória de 59 metros qua-
e) 720 drados estava comprometida. Para garantir a seguran-
ça dos usuários, foi providenciada a troca da divisória
10. (UFRJ—2018) O número de anagramas da palavra por uma nova em gesso acartonado ou drywall. Para
SILEPSE é: realizar a pintura da divisória com três demãos de tinta
acrílica, a administradora verificou, no site do fabrican-
te, que um galão de 3,6 litros de tinta apresenta um
a) 5.040
rendimento de 66 metros quadrados por demão.
b) 120 Neste caso, a quantidade de galões de 3,6 litros neces-
c) 2.520 sários para realizar a pintura será de:
d) 3.780
e) 1.260 a) 4 galões.
b) 2 galões.
11. (UFRJ — 2015) O preço de um medicamento na far- c) 1 galão.
mácia SAÚDE é de R$ 160,00. Entretanto, se o com- d) 5 galões.
e) 3 galões.
prador possuir o cartão do fabricante, recebe um
desconto de 35%. Com o desconto, o preço deste 15. ( UFRJ—2018) Pesquisa revela que o Rio de Janeiro é a
medicamento na farmácia SAÚDE será de: capital com a maior prevalência de diagnóstico médi-
co de hipertensão arterial, com 31,7 casos para cada
a) R$ 104,00 100 mil habitantes. Em seguida estão Recife (28,4),
b) R$ 56,00 Porto Alegre (28,2), Belo Horizonte (27,8), Salvador
c) R$ 159,65 (27,4) e Natal (26,9). Já Palmas é a capital brasileira
d) R$ 125,00 com a menor prevalência de diagnósticos da doença,
com 16,9 casos para cada 100 mil habitantes
e) R$ 95,00
(Disponível em: <http://noticias.r7.com/cidades/folha-vitoria/
12. (UFRJ — 2014) A instrução para o preparo de uma pesquisa-revela-que-diabetes-no- brasil-cresceu-618-em-dez-
vitamina de laranja determina que sejam adicionadas anos-17042017?PageSpeed=noscript>. Acesso em: 17 ago. 2017.
Adaptado).
7 partes de suco de laranja para cada 2 partes de lei-
te. Caso sejam seguidas as instruções, o percentual Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
RACIOCÍNIO LÓGICO

aproximado de leite em cada copo da vitamina é de: Estatística (IBGE), a população estimada, em 2016,
das capitais dos Estados do Rio de Janeiro e do
a) 22% Tocantins é de 6.498.837 e 279.856, respectivamen-
b) 28% te. Assim, o número de casos de hipertensão arterial
c) 24% registrados nas duas cidades, nessa ordem, foi de
aproximadamente:
d) 26%
e) 20%
a) 1.949,7 e 47,3
b) 1.980,9 e 47,1
13. (UFRJ—2014) O gráfico a seguir mostra o consumo c) 2.060,1 e 47,3
interno de café em milhões de sacas de 60kg per-capi- d) 2.060,1 e 47,2
ta a cada ano no Brasil. e) 1.949,7 e 47,1 223
16. (UFRJ—2018) Em certa fábrica trabalham 24 ope- a) Toda mulher sabe lavar roupa.
rários por 8 horas de serviço diário, produzindo 320 b) Algum atleta sabe lavar roupa.
peças. Com a alta demanda, decidiu-se pelo redimen- c) Nenhum atleta sabe lavar roupa.
sionamento da produção e da carga horária, estabele- d) Todo homem é atleta.
cendo-se como meta a produção de 700 peças com e) Algum atleta é mulher.
10 horas de trabalho diário. Assim, a quantidade
de operários, de mesma capacidade, necessária para
contemplar a meta, deve ser de:
9 GABARITO

a) 65 1 C
b) 56
c) 38 2 D
d) 48 3 C
e) 42
4 A
17. ( UFRJ — 2018) Um veículo de transporte de carga, tra-
5 B
fegando a 75 km/h, roda 8 horas por dia e leva 10 dias
para chegar ao destino final. Se o motorista aumen- 6 D
tasse a velocidade para 100 km/h e se trafegasse 12
horas por dia, ele faria o mesmo percurso em: 7 D

8 D
a) 6 dias.
b) 5 dias. 9 A
c) 8 dias.
d) 4 dias. 10 E
e) 12 dias. 11 A

18. (UFRJ—2018) Considere verdadeiras as quatro afir- 12 A


mações a seguir:
13 B
I. Ou Nicole é professora, ou Rodolfo não é atuário.
II. Se Miguel é musicista, então Camila não é museóloga. 14 E
III. Se Nicole é professora, então Camila é museóloga.
IV. Rodolfo é atuário. 15 C
Assim, pode-se concluir corretamente que: 16 E

a) se Rodolfo é atuário, então Camila não é museóloga. 17 B


b) Nicole não é professora ou Miguel é musicista.
18 D
c) Rodolfo é atuário e Camila não é museóloga.
d) se Camila não é museóloga, então Nicole não é 19 D
professora.
e) Camila não é museóloga e Miguel não é musicista. 20 C

19. ( UFRJ—2018) Se é verdade que alguns assistentes


em administração sabem atender ao público, que
todo assistente em administração sabe informática e ANOTAÇÕES
que outros assistentes em administração têm dificul-
dade de atender ao público, então é necessariamente
verdade que:

a) os assistentes em administração que sabem informá-


tica não sabem atender ao público.
b) todo assistente em administração que sabe informáti-
ca também sabe atender ao público.
c) todos os que sabem informática são assistentes em
administração.
d) os assistentes em administração que não sabem
atender ao público sabem informática.
e) os assistentes em administração que sabem atender
ao público não sabem informática.

20. (UFRJ—2018) Considere verdadeiras as proposições


a seguir:
I. Todo atleta é homem.
II. Nenhum homem sabe lavar roupa.
Assinale a alternativa que apresenta uma conclusão
224 correta.
Atualmente o Windows é oferecido na versão 10,
que possui suporte para os dispositivos apontadores
tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para
acompanhar o movimento do usuário, como no siste-

CONHECIMENTOS DE
ma Kinect do videogame xBox).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e supor-
tes avançados são raramente questionados. As questões
INFORMÁTICA aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o
modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O sistema operacional Windows é um software pro-
prietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
CONCEITOS E PRINCIPAIS usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
COMANDOS E FUNÇÕES DE SISTEMAS
OPERACIONAIS (WINDOWS E LINUX) Importante!
O sistema operacional proporciona a base para
Algumas bancas priorizam o conhecimento bási-
execução de todos os demais softwares no computa- co das configurações do sistema operacional.
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para Em provas desse tipo de banca o usuário não
comunicação com o hardware (através dos drivers). encontrará muitas questões sobre a “parte prá-
Os computadores podem receber diferentes sistemas, tica”, como ocorrem com outras organizadoras
segundo a sua arquitetura de construção. de concursos. Em outras palavras, as primeiras
É possível termos dois ou mais sistemas operacionais páginas do material sobre Windows são as mais
instalados em um dispositivo. No caso dos computado- importantes para certas provas.
res, o usuário pode criar partições (divisões lógicas) no
disco de armazenamento e instalar cada sistema (Win-
dows e Linux) em uma delas. O usuário também poderá Funcionamento do Sistema Operacional
executar no formato de Máquina Virtual (Virtual Machi- Do momento em que ligamos o computador até o
ne), conforme detalhado no tópico Virtualização. momento em que a interface gráfica está completa-
O que os sistemas operacionais têm em comum? mente disponível para uso, uma série de ações e con-
figurações são realizadas, tanto nos componentes de
z Plataforma para execução de programas: eles hardware como nos aplicativos de software. Acompa-
oferecem recursos que são compartilhados pelos nhe a seguir estas etapas.
programas executados, desenvolvidos para serem
compatíveis com o sistema operacional; HARDWARE SOFTWARE
z Núcleo monolítico: arquitetura monobloco, onde
um único processo centraliza e executa as princi- Energia elétrica - botão ON/OFF POST - Power On Self Test
pais funções. No Windows, é o explorer.exe;
z Interface gráfica: mesmo oferecendo uma inter- Equipamento OK BIOS - Carregado para a
memória RAM
face de linha de comandos, a interface gráfica é a
mais utilizada e questionada em provas, com ícones Disco de Inicialização Gerenciador de Boot
que representam os itens existentes no dispositivo;
z Multiusuário: os sistemas permitem que vários Memória RAM Núcleo do Sistema Speracional
usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
respectiva conta e credenciais de acesso; Periféricos de Entrada Drivers
z Multiprocessamento: os sistemas possibilitam a
execução de vários processos simultaneamente,
Interface Gráfica
gerenciando os recursos oferecidos pelo processador;
z Preemptivo: o sistema operacional poderá inter-
Aplicativos CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
romper processos durante a sua execução;
z Multitarefas: os sistemas operacionais possibilitam
a execução de várias tarefas de forma simultânea Todo dispositivo possui um sistema de inicialização.
e concorrentes entre si, através do gerenciamento Quando colocamos a chave no contato do carro e damos
profundo da memória do dispositivo; a primeira mexida, todas as luzes do painel se acendem
e somente aquelas que estiverem ativadas permane-
z Interface com o hardware: o sistema operacional
cem. Quando ligamos o micro-ondas, ele acende todo o
contém arquivos que atuam como tradutores, possi-
painel e faz um beep. Quando ligamos o nosso smartpho-
bilitando a comunicação do software com o hardware.
ne, ele acende a tela e faz um toque. Estes procedimentos
são úteis para identificar que os recursos do dispositivo
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: estão disponíveis corretamente para utilização.
WINDOWS 10
z POST – Power On Self Teste: autoteste da inicia-
O sistema operacional Windows foi desenvolvido lização. Instruções definidas pelo fabricante para
pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em verificação dos componentes conectados;
meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi- z BIOS – Basic Input Output System: sistema básico
ca baseada em janelas, com suporte para apontadores de entrada e saída. Informações gravadas em um
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis), chip CMOS (Complementary Metal Oxidy Semicon-
canetas e mesas digitalizadoras. ductor) que podem ser configuradas pelo usuário 225
usando o programa SETUP (executado quando z Convidado ou Visitante: poderá acessar apenas os
pressionamos DEL ou outra tecla específica no itens liberados previamente pelo administrador. Esta
momento que ligamos o computador, na primeira conta geralmente permanece desativada nas confi-
tela do autoteste – POST Power On Self Test); gurações do Windows, por questões de segurança.
z KERNEL – Núcleo do sistema operacional: O Windo-
ws tem o núcleo fechado e inacessível para o usuário. No Windows, as permissões NTFS podem ser atri-
O Linux tem núcleo aberto e código fonte disponível buídas em Propriedades, guia Segurança. Através de
para ser utilizado, copiado, estudado, modificado e permissões como Controle Total, Modificar, Gravar,
redistribuído sem restrição. O kernel do Linux está entre outras, o usuário poderá definir o que será aces-
em constante desenvolvimento por uma comunidade sado e executado por outros usuários do sistema. As
de programadores, e para garantir sua integridade e permissões do sistema de arquivos NTFS não são compatí-
qualidade, as sugestões de melhorias são analisadas e veis diretamente com o sistema operacional Linux, e caso
aprovadas (ou não) antes de serem disponibilizadas tenhamos dois sistemas operacionais ou dois dispositivos
para download por todos; na rede com sistemas diferentes, um servidor Samba será
z Gerenciador de BOOT : O Linux tem diferentes necessário, para realizar a ‘tradução’ das configurações.
gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são
O Windows oferece a interface gráfica (a mais usa-
o LILO e o Grub;
da e questionada) e pode oferecer uma interface de
z GUI - Graphics User Interface: Interface gráfica,
linha de comandos para digitação. O Prompt de Coman-
porque o sistema operacional oferece também a
dos é a representação do sistema operacional MS-DOS
interface de comandos (Prompt de Comandos ou
(Microsoft Disk Operation System), que era a opção
Linha de Comandos).
padrão de interface para o usuário antes do Windows.
O Windows 10 oferece o Prompt de Comandos ‘bási-
Quando o sistema Windows não consegue ini-
co’ e tradicional, acionado pela digitação de CMD segui-
ciar de forma correta, é possível recuperar o acesso
através de ferramentas de inicialização. Para acesso do de Enter, na caixa de diálogo Executar (aberta pelo
a estes recursos, pode ser necessária uma conta com atalho de teclado Windows+R = Run). Além dele, existe
credenciais de administrador. o Windows Power Shell, que é a interface de comandos
programável, acessível pelo menu do botão Iniciar.
z Restauração do Sistema: a cada vez que o Win- Para conhecer as configurações do dispositivo, o
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res- usuário pode acessar as Propriedades do computa-
tauração foi criado. A cada instalação de software dor no Explorador de Arquivos, ou o item Sistema em
ou alterações significativas das configurações, um Configurações (atalho de teclado Windows+I), ou pela
ponto de restauração é criado. Em caso de insta- Central de Ações (atalho de teclado Windows+A), ou
bilidade, o usuário pode retornar o Windows para acionar o atalho de teclado Windows+Pause.
um ponto de restauração previamente criado. A interface gráfica do Windows é caracterizada
z Reparação do Sistema: se arquivos do sistema foram pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do
seriamente modificados ou se tornaram inacessíveis, Windows exibe ícones de pastas, arquivos, programas,
o Windows não iniciará e não conseguirá recuperar atalhos, Barra de Tarefas (com programas que podem
para um ponto de restauração. O Windows permite a ser executados e programas que estão sendo executa-
criação de um disco de recuperação do sistema, que dos) e outros componentes do Windows.
restaura o Windows para as configurações originais.
z Histórico de Arquivos: a cada alteração, o Windo-
ws armazena cópias dos arquivos originais e grava
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o Lixeira
Edge Chrome Thunderbird secure Co
usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e
retornar para uma cópia anterior do mesmo item.
z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra): alte-
W X

Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas


rações de conteúdos de pastas são monitorados Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
pelo Windows. O usuário poderá acessar no menu
de contexto, item Propriedades, guia Versões ante- Digite Aqui Para Pesquisar
riores, as cópias anteriores da mesma pasta, res-
taurando e descartando as alterações posteriores. Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.

O Windows possui 3 níveis de acesso, que são as Navegador padrão Windows 10 Atalhos
credenciais. Itens Excluídos

z Administrador: usuário que poderá instalar pro-


gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
Lixeira
configurações. Os programas podem ser desinsta- Edge Chrome Thunderbird secure Co
Pasta de Arquivos
lados ou reparados pelo administrador; Arquivos
W X

„ Administrador local: configurado para o Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
dispositivo;
Barra de Tarefas
„ Administrador domínio: quando o dispositivo
está conectado em uma rede (domínio), o admi- Digite Aqui Para Pesquisar
nistrador de redes também poderá acessar o
Cortana
dispositivo com credenciais globais; Área de Notificação
Botão Iniciar Visão de tarefas
Central de Ações
z Usuário: poderá executar os programas que foram Barra de acesso rápido
instalados pelo administrador, mas não poderá
226 desinstalar ou alterar as configurações; Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.
A Área de Trabalho, caracterizada pela imagem do z Bloquear o computador: com o atalho de teclado
papel de parede personalizada pelo usuário, poderá Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com-
ter uma proteção de tela ativada. Após algum tempo putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de
sem utilização dos periféricos de entrada (mouse e sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del;
teclado), uma imagem ou tela será exibida no lugar da z Gerenciador de Tarefas: para controlar os aplica-
imagem padrão. tivos, processos e serviços em execução. Atalho de
Na área de trabalho do Windows, o usuário pode- teclado: Ctrl+Shift+Esc;
rá armazenar arquivos e pastas, além de criar atalhos z Minimizar todas as janelas: com o atalho de tecla-
para itens no dispositivo, na rede ou na Internet. do Windows+M (Minimize), o usuário pode minimi-
A tela da área de trabalho poderá ser estendida ou zar todas as janelas abertas, visualizando a área de
duplicada, com os recursos de projeção. Ao acionar o ata- trabalho;
lho de teclado Windows+P (Projector), o usuário poderá: z Criptografia com BitLocker: o Windows oferece o
sistema de proteção BitLocker, que criptografa os
z Tela atual: exibir somente na tela atual. dados de uma unidade de disco, protegendo contra
z Estender: ampliar a área de trabalho, usando dois acessos indevidos. Para uso no computador, uma
ou mais monitores, iniciando em uma tela e ‘conti- chave será gravada em um pendrive, e para aces-
nuando’ na outra tela. sar o Windows, ele deverá estar conectado;
z Duplicar: exibir a mesma imagem nas duas telas. z Windows Hello: sistema de reconhecimento facial
z Somente projetor: desativar a tela atual (no note- ou biometria, para acesso ao computador sem a
book, por exemplo) e exibir somente no projetor necessidade de uso de senha;
ou Datashow. z Windows Defender: aplicação que integra recur-
sos de segurança digital, como o firewall, antivírus
O Windows 10 apresenta algumas novidades em e antispyware.
relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega-
dor de Internet, locais que centralizam informações etc.
Atente-se: A banca prioriza o conhecimento de novos
recursos dos softwares constantes do edital publicado.
z Botão Iniciar: permite acesso aos aplicativos instala-
No Windows, algumas definições sobre o que está sen-
dos no computador, com os itens recentes no início da
do executado podem variar, segundo o tipo de execução.
lista e os demais itens classificados em ordem alfabé-
Confira:
tica. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Win-
dows 8 com a lista de programas do Windows 7;
z Aplicativos: são os programas de primeiro plano,
z Pesquisar: com novo atalho de teclado, permite
que o usuário executou.
localizar a partir da digitação de termos, itens no
z Processos: são os programas de segundo plano,
dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
carregados na inicialização do sistema operacional,
teclado: Windows+S (Search);
componentes de programas instalados pelo usuário.
z Cortana: assistente virtual. Auxilia em pesquisas de
z Serviços : são componentes do sistema operacio-
informações no dispositivo, na rede local e na Internet.
nal carregados durante a inicialização para auxi-
z Visão de Tarefas: permite alternar entre os pro-
gramas em execução e abre novas áreas de traba- liar na execução de vários programas e processos.
lho. Atalho de teclado: Windows+TAB;
z Microsoft Edge: navegador de Internet padrão do Os aplicativos em execução no Windows poderão
Windows 10. Ele está configurado com o buscador ser acessados de várias formas, alternando a exibição
padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado; de janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:
z Microsoft Loja: loja de app’s para o usuário bai-
xar novos aplicativos para Windows; z Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em execução,
z Windows Mail: aplicativo para correio eletrônico, que exibindo uma lista de miniaturas deles para o usuá-
carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se tor- rio escolher. A cada toque em Alt+Tab, a seleção
nar um hub de e-mails com adição de outras contas; passa para o próximo item, retornando ao começo
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
z Barra de Acesso Rápido: ícones fixados de pro- quando passar por todos;
gramas para acessar rapidamente; z Alt + Esc: alterna diretamente para o próximo
z Fixar itens: em cada ícone, ao clicar com o botão aplicativo em execução, sem exibir nenhuma jane-
direito (secundário) do mouse, será mostrado o la de seleção;
menu rápido, que permite fixar arquivos abertos z Ctrl + Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em
recentemente e fixar o ícone do programa na barra execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece em
de acesso rápido; exibição, podendo usar as setas de movimentação
z Central de Ações: centraliza as mensagens de segu- para escolha do programa;
rança e manutenção do Windows, como as atuali- z Windows + Tab: mostra a Visão de Tarefas, para
zações do sistema operacional. Atalho de teclado: escolher programas em execução ou outras áreas
Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa de trabalho abertas.
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automa-
ticamente quando o Windows é inicializado; Vários recursos presentes no sistema operacional
z Mostrar área de trabalho: visualizar rapidamen- Windows podem auxiliar nas tarefas do dia a dia. Pro-
te a área de trabalho, ocultando as janelas que cure praticar as combinações de atalhos de teclado, por
estejam em primeiro plano. Atalho de teclado: dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e
Windows+D (Desktop); elas caem em provas de concursos. 227
4 - Maximizar Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 5 Fechar
1 - Barra de Menus
TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO

Unidade de disco de armazenamento


Disco de permanente, que possui um siste-
armazenamento ma de arquivos e mantém os dados
gravados.

Área de trabalho
Estruturas lógicas que endereçam as par-
Sistema de tes físicas do disco de armazenamento.
Arquivos NTFS, FAT32, FAT são alguns exemplos
de sistemas de arquivos do Windows.

Circunferência do disco físico (como


Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10.
Trilhas um hard disk HD ou unidades removí-
veis ópticas).

1 . Barra de menus: são apresentados os menus com Setores


São ‘fatias’ do disco, que dividem as
os respectivos serviços que podem ser executados trilhas.
no aplicativo. Unidades de armazenamento no dis-
2 . Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui- Clusters co, identificado pela trilha e setor onde
vo e o nome do aplicativo que está sendo execu- se encontra.
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos Estrutura lógica do sistema de arqui-
mover a janela quando a mesma não está maximi- Pastas ou diretórios vos para organização dos dados na
zada. Para isso, clique na barra de título, mante- unidade de disco.
nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você Arquivos Dados. Podem ter extensões.
estará movendo a janela para a posição desejada.
Pode identificar o tipo de arquivo, asso-
Depois é só soltar o clique.
ciando com um software que permita
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento Extensão visualização e/ou edição. As pastas
ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela podem ter extensões como parte do
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste nome.
botão ou clique duas vezes na barra de títulos. Arquivos especiais, que apontam para
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de docu- outros itens computacionais, como
mento ou aplicativo para preencher a tela. Para unidades, pastas, arquivos, disposi-
Atalhos
tivos, sites na Internet, locais na rede
restaurar a janela para seu tamanho e posição
etc. Os ícones possuem uma seta,
anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes para diferenciar dos itens originais.
na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento.
O disco de armazenamento de dados tem o seu
Solicita que você salve quaisquer alterações não
tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e
salvas antes de fechar. Alguns aplicativos, como
até trilhões de bytes de capacidade. Os nomes usados
os navegadores de Internet, trabalham com guias
são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão
ou abas, que possui o seu próprio controle para
listados na escala a seguir.
fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do
Exabyte
lado direito (e inferior de uma janela de documento). Petabyte (EB)
Para deslocar-se para outra parte do documento, arras- Terabyte (PB)
te a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem. Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
Conceito de Pastas, Diretórios, Arquivos e Atalhos (KB) mil milhão
Byte
(B)
No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas.
E algumas pastas são especiais, coleções de arquivos, Ainda não temos discos com capacidade na ordem
chamadas de Bibliotecas. São quatro Bibliotecas: Docu- de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos
mentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O usuário poderá comercialmente, mas quem sabe um dia? Hoje estas
criar Bibliotecas, para sua organização pessoal. Elas oti- medidas muito altas são usadas para identificar gran-
mizam a organização dos arquivos e pastas, inserindo des volumes de dados na nuvem, em servidores de
apenas ligações para os itens em seus locais originais. redes, em empresas de dados etc.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File 1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbo-
System) armazena os dados dos arquivos em localiza- lo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que
ções dos discos de armazenamento. Os arquivos pos- vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam
suem nome, e podem ter extensões. o sistema binário para representação de informações.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de A palavra “Nova”, quando armazenada no disposi-
armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes) tivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação grava-
228 O FAT32 suporta unidades de até 2 TB. da na memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um pacote
de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua residência está
operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arquivo com 75 MB de tama-
nho, levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.
Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.

Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos

Pastas e Subpastas Tronco e Galhos

Diretório Raiz Raiz

Figura 4. Árvore de diretórios

No Windows 10, a organização segue a seguinte definição:

Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users),


Estruturas do sistema operacional Windows. A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da ár-
vore de diretórios), representada pela barra invertida.

Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Ví-


Estruturas do Usuário
PASTAS deos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músicas) – BIBLIOTECAS

Desktop, que permite acesso a Lixeira, Barra de Tarefas, pas-


Área de Trabalho
tas, arquivos, programas e atalhos.

Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos,


Lixeira do Windows
permitindo a recuperação dos dados.

Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT


ATALHOS Arquivos que indicam outro local
ou CTRL+SHIFT pressionado.

Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software


DRIVERS Arquivos de configuração
com o hardware

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (formatar
discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos. CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador
de Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.

Extensões de Arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows. 229
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de do-
PDF cumento portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias
plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser edi-
tados pelo LibreOffice Writer.
DOCX

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas
pelo LibreOffice calc.
XLSX

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOf-
PPTX fice Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser
aberto por vários programas do computador.
TXT

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este docu-
mento de texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.
RTF

Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a


miniatura do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos
MP4, AVI, MPG de vídeo.

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player
e o Groove Music, podem reproduzir o som.
MP3

Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone


BMP, GIF, JPG, a miniatura da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arqui-
PCX, PNG, TIF vos de imagens.

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de pro-
gramas adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.
ZIP

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que


podem ser usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.
DLL

Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem


executados.
EXE, COM, BAT

Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão. Alteran-
do esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajustes do
Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
230 além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar),
acessado pela opção Configurações, localizada na lista estamos copiando o item para a memória RAM, para
exibida a partir do botão Iniciar, é possível configu- ser inserido em outro local, mantendo o original e
rar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ criando uma cópia.
Modo avião/ Status da rede/ Ethernet/ Conexão disca- Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta-
da/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy. mos copiando uma ‘foto da tela inteira’ para a Área de
Transferência, para ser inserida em outro local, como
Modo Avião é uma configuração comum em smar-
em um documento do Microsoft Word ou edição pelo
tphones e tablets que permite desativar, de manei-
acessório Microsoft Paint.
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio. Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos. mentos da tela do Windows.
Como resolver? Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
O Explorador de Arquivos possui diferentes modos conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
de exibição. Poderá ser em Lista, ou Detalhes, ou Con- rência será inserido no local atual.
teúdo, entre outras. O usuário poderá ativar ou desati- As ações realizadas no Windows, em sua quase
var a exibição das extensões dos arquivos, facilitando totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
a manipulação dos itens. teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres-
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z
(Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
informações, como, por exemplo, a data de modifica-
sidade de acessar a Lixeira do Windows.
ção e o tamanho de cada arquivo.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Modos de Exibição do Windows 10 Para obter uma imagem de alguma janela em
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade, é usar a
Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível
no Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem cap-
turada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na
pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.

Ícones Extra Grandes Ícones Extra Grandes com nome (e extensão)


importante!
Ícones Grandes com nome (e extensão)
Ícones Grandes
A área de transferência é um dos principais
Ícones Médios
Ícones médios com nome (e extensão) recursos do Windows, que permite o uso de
organizados da esquerda para a direita
comandos, realização de ações e controle das
Ícones pequenos com nome (e extensão)
Ícones Pequenos
organizados da esquerda para a direita
ações que serão desfeitas.
Ícones pequenos com nome (e extensão)
Lista
organizados de cima para baixo
Operações de Manipulação de Arquivos e Pastas
Ícones pequenos com nome, data de
Detalhes
modificaçã, tipo e tamanho.
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-
Ícones médios com nome, tipo e tamanho,
Lado a Lado
organizado da esquerda para a direita. cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
zada com sucesso.
Conteúdo
Ícones médios com nome, autores, data de CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
modificação, marcas e tamanho.
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
Área de Transferência
Um arquivo chamado documento.docx será consi-
derado igual ao nome Documento.DOCX;
Um dos itens mais importantes do Windows não é z O Windows não permite que dois itens tenham o
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans- mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena rem armazenados no mesmo local;
uma informação de cada vez. A informação armaze- z O Windows não aceita determinados caracteres
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
trabalhando em praticamente todas as operações de para outras operações, que são proibidos na hora
manipulação de pastas e arquivos. de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), vos e pastas podem ser compostos por qualquer
estamos movendo o item selecionado para a memória caractere disponível no teclado, exceto os carac-
RAM, para a Área de Transferência. teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado opção), | (barra vertical, significa concatenador de
Windows+V (View). comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), 231
“ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcio-
nador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcionador de saída);
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).

As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas, pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. A
banca organizadora CESPE/Cebraspe não costuma questionar ações práticas nas provas, e raramente utiliza ima-
gens nas questões.

OPERAÇÕES COM TECLADO

Atalhos de Teclado Resultado da Operação

Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem
Ctrl+X e Ctrl+V na mesma pasta
de erro.

Ctrl+X e Ctrl+V em locais diferentes Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido

Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia) para
Ctrl+C e Ctrl+V na mesma pasta
diferenciar do original.

Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o
Ctrl+C e Ctrl+V em locais diferentes
nome e extensão.

Tecla Delete em um item do disco Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se
rígido o item estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.

Tecla Delete em um item do disco Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de
removível unidades removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.

Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído


Shift+Delete
definitivamente

Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com


o mesmo nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para
F2
diferenciar os itens. Não é permitido renomear um item que esteja aberto na
memória do computador.

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla DELETE (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção ‘Restaurar’, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens excluí-
dos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira, não poderão ser recuperados. É possível recuperar com progra-
mas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente, e configurar Lixeiras
232 individuais para cada disco conectado.
OPERAÇÕES COM MOUSE

Ação do usuário Resultado da operação

Clique simples no botão principal. Selecionar o item.

Clique simples no botão secundário. Exibir o menu de contexto do item.

Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for edi-


tável, com o programa padrão que está associado. Nos
Duplo clique.
programas do computador, poderá abrir um item através
da opção correspondente.

Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será


Duplo clique pausado.
sugerido numerar o item renomeado com um sufixo.

Arrastar com botão principal pressionado, e soltar na


O item será movido.
mesma unidade de disco.

Arrastar com botão principal pressionado, e soltar em ou-


O item será copiado.
tra unidade de disco.

Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar na mesma unidade. onde soltar).

Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar em outra unidade de disco. onde soltar) ou “Mover aqui”.

Ação do usuário Resultado da operação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, in-
a tecla CTRL pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, in-
a tecla SHIFT pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT). gem ou do destino da ação.

Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém


Seleção individual de itens.
a tecla CTRL pressionada.

Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o iní-


Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém
cio, e o último item será o final, de uma região contínua
a tecla SHIFT pressionada.
de seleção.

As ações envolvendo tela touchscreen foram questionadas quando o Windows 8 estava disponível. No Windo-
ws 10, apesar de ter suporte para telas sensíveis ao toque, não temos questões sobre as ações no sistema opera-
cional com esta interface.

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL GNU LINUX – CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA OPERACIONAL GNU


LINUX

O sistema operacional Linux é uma opção ao sistema operacional Windows, com outras características próprias.
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
O sistema operacional Linux é mais utilizado em sistemas de baixo custo, e possui diferentes distribuições para
diferentes modelos de computadores. Por ser um sistema de código aberto, deu origem a outros sistemas como o
iOs (Apple) e o Android (Google).
Por ser um sistema operacional livre e licenciável, possui a licença GNU GPL para distribuição. O projeto GNU
foi lançado no começo dos anos 80 e atualmente é patrocinado pela FSF (Free Software Foundation). Muitos usuá-
rios descobrem que no contexto de softwares livres, ser livre não significa ser gratuito. Ao contrário do termo
freeware, que identifica uma categoria de softwares gratuitos para utilização, o termo free no Linux está relacio-
nada às liberdades de uso.
A GPL (GNU Public Licence) baseia-se em 4 liberdades ‘essenciais’:

z A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0);


z A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades (liberdade nº 1). O acesso
ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
z A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2);
z A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade
beneficie deles (liberdade nº 3). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Disponível em < https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html >. Acesso em: 27 nov. 2020. 233


Características Básicas do Sistema Linux Ubuntu é uma versátil distribuição Linux que pode
ser instalada em várias construções computacionais,
O Linux tem as seguintes características básicas: desde que adaptadas (drivers).
z Possui um kernel (núcleo) comum em todas as
Big Linux Brasil
distribuições;
z FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Gnoppix Alemanha
Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas ImpiLinux África do Sul
as distribuições Linux devem seguir para organi-
Kurumim Brasil
zar os seus diretórios;
z O código fonte está disponível para ser baixado, Mint Irlanda
estudado, modificado e distribuído gratuitamente; DeMuDi Europa
z As distribuições oferecem recursos específicos
Finnix EUA
para cada proposta, mantendo o núcleo comum do
sistema; Insigne GNU Brasil
z Cada distribuição poderá ter uma ou mais interfa- KeeP OS Brasil
ces de usuário, e elas podem ser usadas em outras Alemanha
Knoppix
distribuições;
z Possui modo gráfico e terminal de comandos; Linspire EUA
z Existem distribuições gratuitas e pagas; MeNTOPPIX Indonésia
z As modificações realizadas pelos usuários serão MEPIS EUA
submetidas para avaliação da comunidade de
Rxart Argentina
desenvolvedores, que determinarão a importância
e relevância delas, antes de tornar as modificações Satux Brasil
oficiais para todo o mundo; Symphony OS
z Como todo sistema operacional, possui suporte
para protocolos TCP, permitindo o acesso às redes
Figura 2. Distribuição Ubuntu, derivada do Debian, é a mais
de computadores com browsers ou navegadores; questionada.
z Geralmente instalado em dispositivos com Windo-
ws, o Linux oferece gerenciador de boot (bootloa-
Diretórios Linux
der) para gerenciar a inicialização, exibindo um
menu para o usuário escolher qual sistema opera-
cional será usado na sessão atual; Os diretórios são pastas onde armazenamos e
z LILO e GRUB são os gerenciadores de boot mais organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A
comuns nas distribuições Linux; representação dos diretórios segue o princípio lúdico
z O Linux é um sistema operacional do tipo case de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree
sensitive, ou seja, diferencia letras maiúsculas de é a forma como as pastas dos sistemas Linux estão
letras minúsculas nos nomes de arquivos, diretó- organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar
rios e comandos. a organização do sistema, seus arquivos, bibliotecas e
inclusive para melhorar a segurança do sistema.
Kernel (núcleo)
FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de
Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as
Shell (interpretador) distribuições Linux devem seguir para organizar os
seus diretórios.
Terminal A escolha da árvore para representar a estrutura
(linha de comandos)
de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhan-
ça entre seus componentes. Por exemplo, o diretório
Interface gráfica raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma
árvore. Encontramos diretórios principais, como /bin,
/etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘cau-
le’ da árvore de diretórios. Nos diretórios é possível
criar subdiretórios, o que representam os galhos de
uma árvore. E dentro dos diretórios, temos arquivos
(documentos, comandos, temporários) igual a árvore,
Figura 1. Assim como no Windows, o Linux tem camadas que como flores, folhas e frutos.
separam os recursos.
Enquanto o Windows representa com barra inver-
tida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Distribuições Linux
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’.
Distribuição é um conjunto de personalizações Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux,
que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas proveniente do ambiente MS-DOS (interface de carac-
apresentável de forma diferenciada. teres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas
Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat, é a estrutura de organização criada no Windows Vista,
SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organi-
alguns exemplos de distribuições. zar as informações do usuário. Elas são usadas para
Ubuntu é a distribuição mais cobrada em con- organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), man-
234 cursos públicos, baseada na distribuição Debian. O tendo-os até o momento de serem apagados.
Importante!
Diretórios e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente. Conceitos e caracte-
rísticas do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.

Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.

NOME DESCRIÇÃO CONTEÚDO

/bin binary – binário = executável Contém os comandos (arquivos binários executáveis).

Contém os drivers dos dispositivos de hardware, para comunicação do


/dev device – dispositivo = hardware
sistema operacional com o equipamento.

/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.

Contém as bibliotecas do sistema Linux, compartilhadas por vários


/lib library – biblioteca
programas.

/usr user – usuário Contém as configurações dos usuários.

Tabela – Diretórios Linux, exemplos básicos

Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e comandos
são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.

DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS


/ raiz do sistema, o diretório que ‘’guarda’’ todos os outros diretórios.
arquivos/comandos utilizados durante a inicialização do sistema e por usuários (após a inicializa-
/bin
ção). O termo BIN é referência ao tipo de informação, binário.
arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários sis-
/boot
temas para indicar a inicialização.
/dev drivers de controle de dispositivos. DEV vem de device, dispositivo.
/etc arquivos de configurações do computador.
/etc/sysconfig arquivos de configuração do sistema para os dispositivos.
/etc/passwd dados dos usuários, senhas criptografadas... PASSWORD = senha.
sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O
/etc/fstab
sistema de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.
/etc/group Grupos.
/etc/include header para programação em C, através do comando include.
/etc/inittab Arquivo (tabela) de configuração do init.
/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.
/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows. CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
/lib bibliotecas compartilhadas. LIB vem de library, biblioteca.
/lib/modules módulos externos do kernel usados para inicializar o sistema...
/misc arquivos variados (misc de miscelânea).
ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount,
/mnt
montagem.
/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.
/root diretório pessoal do root. Equivalente a pasta raiz da unidade de inicialização C:
/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).
/tmp arquivos temporários.
Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de siste-
/usr
mas UNIX.
/usr/bin executáveis para todos os usuários.
/usr/sbin executáveis de administração do sistema.
235
DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS
/usr/lib bibliotecas dos executáveis encontrados no /usr/bin.
/usr/local arquivos de programas instalados localmente.
/usr/man manuais.
/usr/info informações.
/usr/X11R6 Arquivos do X Window System e seus aplicativos.
/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).
/var/lib Bibliotecas.
Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios
/var/log
diversos, entre outros tipos de logs.
Tabela – Diretórios Linux

Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.

Comandos Linux

Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela
a seguir:

NOME DESCRIÇÃO AÇÃO

cp copy – copiar Copiam os arquivos listados.

ls list – listar Lista os arquivos e diretório do local atual.

mv move – mover Pode mover ou renomear um arquivo ou diretório.

rm remove – remover Apagar arquivos.

vi view – visualizar Permite visualizar e editar um arquivo.


Tabela – comandos Linux, exemplos básicos

A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.

COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

cat arq1.txt >> arq2.txt O arq1.txt será concatenado com arq2.txt


Concatenar, juntar ou mostrar.
Os arq1.txt e arq2.txt serão unidos em
cat Exibir o conteúdo de arquivos ou cat arq1.txt arq2.txt >> arq3.txt
arq3.txt
direcioná-lo para outro.
cat arq1.txt Exibirá arq1.txt

cd Mudar diretório. cd /home Muda para o diretório /home.

Copia o arquivo teste.txt para o diretório


cp Copiar arquivos e diretórios. cp teste.txt /home
/home.

O comando cut pode ser usado para


Lê o conteúdo de um ou mais
mostrar apenas seções específicas de
cut arquivos e tem como saída uma cut arq1.txt
um arquivo de texto ou da saída de ou-
coluna vertical.
tros comandos.

Comparar e mostrar as diferen- Mostra a diferença entre os dois


diff diff arq1.txt arq2.txt
ças entre arquivos e diretórios. arquivos.

exit Sair do usuário atual. exit Sair do usuário atual.

Exibe o arq1.txt (comando cat no modo


Seleciona uma linha de texto que
grep cat arq1.txt | grep Nishimura type), com destaque para as linhas que
contenha o texto pesquisado.
contenham Nishimura.

id Informa o usuário atual. id Informa o usuário atual.

Permite listar e configurar as in-


Listar todas as interfaces (all)
ifconfig terfaces de rede (placas de rede) ifconfig -a
No Windows, o comando é ipconfig.
conectadas no computador.
236
COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

init 0 Desligar
init Desligar ou reiniciar o computador.
init 6 Reiniciar

ln Criar links de arquivos. ln texto.txt Cria um atalho para o arquivo texto.txt.

Lista os arquivos e diretórios existentes


ls Listar arquivos e diretórios. ls
no diretório atual.

kill Eliminar um processo em execução. kill 998 Eliminar o processo 998.

Cria o diretório novo, dentro do diretório


mkdir Criar diretório. mkdir /home/novo
/home.

Move o arquivo texto.txt para o diretório


mv texto.txt /home
Mover e renomear arquivos e /home.
mv
diretórios. Renomeia o arquivo texto.txt para novo.
mv texto.txt novo.txt
txt.

passwd Mudar a senha do usuário. passwd Mudar a senha.

Listam os processos em exe-


ps cução, e com o número poderá ps Listar os processos em execução.
eliminar ele com o comando kill.

pwd Exibe o diretório atual. pwd Mostra onde estou.

rm Deletar arquivos. rm teste.txt Apaga o arquivo teste.txt

Remove o diretório novo que está no


rmdir Remover diretórios. rmdir novo
local atual.

sort Ordena o conteúdo de um arquivo. sort arq1.txt Ordena o conteúdo do arquivo arq1.txt

Executar comandos como supe- Executa o comando ps como


sudo sudo ps
rusuário. Válido por 10 min. superusuário

shutdown -r +10 Reinicia em 10 minutos


shutdown Desligar ou reiniciar o computador.
shutdown -h +5 Desliga em 5 minutos

Exibir as últimas linhas de um


tail tail arq1.txt Exibe as 10 últimas linhas de arq1.txt
arquivo.

Cria um arquivo que contém os outros,


tar Empacotar arquivos. tar teste1.txt
sem compactar.

Criar e modificar data do arqui-


Criar o arquivo vazio teste.txt com a data
touch vo. Se o arquivo não existe, ele touch teste.txt
atual.
é criado vazio, com a data atual.

Cria um novo usuário ou atualiza


Criar o usuário fernando, com os arqui-
useradd as informações padrão de um useradd fernando
vos definidos em /etc/skel
usuário no sistema Linux.

Entra em modo de visualização e edição CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA


vi Visualizar um arquivo no editor vi teste.txt
do arquivo teste.txt

Tabela – comandos Linux

Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto afirmar
que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.

237
Prompt de Comandos (Windows) e Console de Comandos (Linux)

A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows e Linux exis-
tem diferenças, tanto operacionais como de comandos. Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.

LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Data e Hora date, cal ou hwclock date e time
Espaço em disco df dir
Processos em execução ps
Finalizar processo kill
Qual o diretório atual? pwd cd
Subir um nível cd .. cd..
Diretório raiz cd / cd \
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Copiar arquivos cp copy
Mover arquivos mv move
Renomear mv ren
Listar arquivos ls dir
Apagar arquivos rm del
Apagar diretórios rm deltree
Criar diretórios mkdir md
Alterar atributos attrib
Alterar permissões chmod
Alterar proprietário (dono) chown
Alterar grupo chgrp
Comparar arquivos e pastas diff comp
Empacotar arquivos tar
Compactar arquivos gzip compact
Alterar a senha passwd
Concatenar, juntar e mostrar cat
Mostrar, visualizar vi type
Pausa na exibição de páginas more ou less more
Interfaces de rede ifconfig ipconfig
Caminho dos pacotes tracert route
Listar todas as conexões netstat arp -a
Apagar a tela clear Cls

Concatenar comandos | |
Direcionar a entrada para um comando < <
Direcionar a saída de um comando > >
Localizar ocorrências dentro do arquivo grep
Exibir as últimas linhas do arquivo tail

Diretório raiz / (barra normal) \ (barra invertida)

Opção de um comando - (sinal de menos) / (barra normal)

Tabela – comparação de comandos Linux com comandos Windows

238
Durante a edição de um documento, o Microsoft Word:
NOÇÕES DE APLICATIVOS DE EDIÇÃO
DE TEXTOS E PLANILHAS (MICROSOFT z Faz a gravação automática dos dados editados
enquanto o arquivo não tem um nome ou local de
OFFICE E LIBREOFFICE) armazenamento definidos. Depois, se necessário, o
usuário poderá “Recuperar documentos não salvos”;
MICROSOFT WORD
z Faz a gravação automática de auto recuperação
dos arquivos em edição que tenham nome e local
Estrutura Básica dos Documentos
definidos, permitindo recuperar as alterações que
Os documentos produzidos com o editor de textos não tenham sido salvas;
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica: z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal-
vamento automático”, associado à conta Microsoft,
z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Microsoft para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri-
Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
editáveis pelo usuário, que podem ser compartilha- vamento será realizado.
dos com outros usuários para edição colaborativa;
O formato de documento RTF (Rich Text Format) é
z Os Modelos (Template): com extensão DOTX, con-
padrão do acessório do Windows chamado WordPad, e
tém formatações que serão aplicadas aos novos
por ser portável, também poderá ser editado pelo Micro-
documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
soft Word.
do para a padronização de documentos;
Em questões sobre pacotes de aplicativos em provas
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
elaboradas por algumas bancas organizadoras, as exten-
(Document Template Macros – modelo de docu-
sões de arquivos são amplamente questionadas.
mento com macros): As macros são códigos desen-
Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exi-
volvidos em Visual Basic for Applications (VBA)
bição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
para a automatização de tarefas; O documento será mostrado na tela da mesma forma que
z Páginas: unidades de organização do texto, segun- será impresso no papel.
do a orientação, o tamanho do papel e margens. As O Modo de Leitura permite visualizar o documento
principais definições estão na guia Layout, mas tam- sem outras distrações como a Faixa de Opções com os
bém encontrará algumas definições na guia Design; ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de
z Seção: divisão de formatação do documento, título continua sendo exibida.
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
que forem usadas configurações diferentes, como visualizar o documento como ele seria exibido se estives-
margens, colunas, tamanho da página, orientação, se publicado na Internet como página web.
cabeçalhos, numeração de páginas, entre outras, as Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos
seções serão usadas; serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de de conteúdo.
formatação. Finalizado com Enter, contém forma- O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”,
tação independente do parágrafo anterior e do exibe o conteúdo de texto do documento sem os elemen-
parágrafo seguinte; tos gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
finalizado com Quebra de Linha, a configuração interface do Microsoft Office.
atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, Acesso Rápido

caracteres de formatação etc. Guia Atual Guias ou Abas Item com Listagem

Os arquivos produzidos nas versões anteriores do CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA


Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
vos de formato DOC são abertos em Modo de Compa-
tibilidade, com alguns recursos suspensos. Para usar
todos os recursos da versão atual, deverá “Salvar
como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão Ícone com Opções
Caixa de Diálogo do Grupo Grupo
ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
instale um pacote de compatibilidade, disponível para
download no site da Microsoft. Figura 1. Faixa de opções do Microsoft Word
Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o ata-
Word, desde a versão 2013, possui o recurso “Refuse lho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão
PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fos- 2007 ela era fixa e não podia ser ocultada. Atualmen-
se um documento do Word. te ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a
O Microsoft Word pode gravar o documento no for- preferência do usuário.
mato ODT, do LibreOffice, assim como é capaz de editar A Faixa de Opções contém guias, que organizam os
documentos produzidos no outro pacote de aplicativos. ícones em grupos. 239
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Página Inicial Pincel de Formatação

Nome da fonte Calibri (Corp

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte

Diminuir fonte

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir
Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

Importante!
Atenção ao perfil das bancas organizadoras. A banca organizadora de concursos CESPE/Cebraspe, por exemplo, não
costuma utilizar imagens em suas provas; ela prioriza o conhecimento do candidato acerca dos conceitos de softwa-
res. Outras bancas organizadoras, por outro lado, como Fundação VUNESP e Fundação Getúlio Vargas, priorizam o
conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de arquivos (parte prática dos programas).

As guias possuem uma organização lógica, sequencial, das tarefas que serão realizadas no documento, desde
o início até a visualização do resultado final.

BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual. Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar.
Tarefas iniciais. O início do documento, acesso à Área de Transferência, formatação de fontes,
Página Inicial
parágrafos. Formatação do conteúdo da página.
Tarefas secundárias. Adicionar um objeto que ainda não existe no documento. Tabela, Ilustrações,
Inserir
Instantâneos.
Layout da Página Configuração da página. Formatação global do documento, formatação da página.
Design Reúne formatação da página e plano de fundo.
Referências Índices e acessórios. Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários, etc.
Correspondências Mala direta. Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos.
240
BOTÃO/GUIA DICA
Correção do documento. Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de alte-
Revisão
rações, comentários, comparar, proteger, etc.
Exibir Visualização. Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

Edição e Formatação de Textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados através das opções da guia Referências.
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Página Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no menu
Estilos.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de formatação
no texto’, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação.
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou
iniciar uma digitação.

Seleção

Através do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, parágrafos
e até o documento inteiro.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha

Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo

Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento

- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha

- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha

- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento

- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento

Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra


CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local

Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado

Botão principal
Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor
pressionado

Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto ‘aleatório’ com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.

Edição e Formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F. 241
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
subscrito
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independente,
que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Edição e formatação de parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter.


Um parágrafo poderá ter diferentes formatações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números, ou algarismos romanos, ou letras, no início dos parágrafos.
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem.
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem.
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado.
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo.
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior.
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte.
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo.
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Figura 2. Recuos de parágrafos (nos símbolos da régua)

Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem.


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras.
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos.
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa.
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais.
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem.
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas.
242 z Sumário: índice principal do documento.
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os caracte-
res não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD

Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode


Enter -
mudar a formatação.

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a for-


Shift+Enter -
matação atual.

Quebra de página: muda de página, no local atual


do cursor. Disponível na guia Inserir, grupo Pá-
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return Quebra de página
ginas, ícone Quebra de Página, e na guia Layout,
grupo Configurar Página, ícone Quebras.

Quebra de coluna: indica que o texto continua na


Ctrl+Shift+ Enter próxima coluna. Disponível na guia Layout, grupo Quebra de coluna
Configurar Página, ícone Quebras.

Separador de Estilo: usado para modificar o estilo


Ctrl+Alt+ Enter -
no documento.

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se esti-


TAB
ver no início de um texto, aumenta o recuo.

- - Fim de célula, linha ou tabela

ESPAÇO Espaço em branco

Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D) abc


- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

Tabelas

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos. 243
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel.

WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos. Somente o conteúdo da primeira célula será mantido.
Em inglês, com referências direcio- Em português, com referências posicionais
Tabela, Fórmulas
nais =SUM(ABOVE). =SOMA(A1:A5).
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente. Recalcula automaticamente e manualmente (F9).
Tachado Texto Não tem atalho de teclado. Atalho: Ctrl+5.
Quebra de linha manual Shift+Enter. Alt+Enter.
Copia apenas a primeira formatação
Pincel de Formatação Copia várias formatações diferentes.
da origem.
Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte. Duplica a informação da célula acima.
Ctrl+E Centralizar. Preenchimento Relâmpago.
Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo). Ir para...
Ctrl+R Repetir o último comando. Duplica a informação da célula à esquerda.
Atualizar os campos de uma mala
F9 Atualizar o resultado das fórmulas.
direta.
F11 - Inserir gráfico.
Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na
Ctrl+Enter Quebra de página manual.
célula atual.
Alt+Enter Repetir digitação. Quebra de linha manual.
Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na
Shift+Enter Quebra de linha manual.
célula acima da atual, se houver.

Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas. Inserir função.

Índices

Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referências
Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Importante!
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
244
MICROSOFT EXCEL Mesclar e Centralizar

Mesclar e Centralizar
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas
Mesclar através
nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde
Mesclar Células
a criação de uma agenda de compromissos, passan- G H
do pelo controle de ponto dos funcionários e folha de Desfazer Mesclagem de Células

pagamento, ao controle de estoque de produtos e base


de clientes. Diversas funções internas oferecem os E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje,
recursos necessários para a operação. poderá juntar as informações das células.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar,
ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os disponível na guia Página Inicial:
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para
XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A z Mesclar e Centralizar: Une as células seleciona-
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o das a uma célula maior e centraliza o conteúdo da
Office 2007, e permanece até hoje. nova célula. Este recurso é usado para criar rótu-
As planilhas de cálculos não são banco de dados. los (títulos) que ocupam várias colunas;
Muitos usuários armazenam informações (dados) em z Mesclar através: Mesclar cada linha das células
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de selecionadas em uma célula maior;
dados, porém o Microsoft Access é o software do paco- z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecio-
te Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um nadas em uma única célula, sem centralizar;
banco de dados tem informações armazenadas em z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o proce-
registros, separados em tabelas, conectados por rela- dimento realizado para a união de células.
cionamentos, para a realização de consultas.
Elaboração de tabelas e gráficos
Conceitos básicos
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon- de dados, é o conjunto de valores armazenados nas
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi- células. Estes dados poderão ser organizados (classi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com ficação), separados (filtro), manipulados (fórmulas
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional); e funções), além de apresentar em forma de gráfico
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea- (uma imagem que representa os valores informados).
das com uma letra; Para a elaboração, poderemos:
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
radas com números. z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar
a digitação, e o que for digitado é inserido na célula.
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponí-
vel na área superior do aplicativo, a linha de fór-
mulas é o conteúdo da célula. Se a célula possui um
valor constante, além de mostrar na célula, este
aparecerá na barra de fórmulas. Se a célula possui
um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mos-
trada na barra de fórmulas.
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado
através da Alça de Preenchimento ou pelas opções
automáticas do Excel.
z Os dados inseridos nas células poderão ser forma-
tados, ou seja, continuam com o valor original (na
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma linha de fórmulas) mas são apresentados com uma
folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas formatação específica. CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
(nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas); z Todas as formatações estão disponíveis no atalho
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão de teclado Ctrl+1 (Formatar Células).
XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acor- z Também na caixa de diálogo Formatar Células,
do com quantidade de memória RAM disponível, encontraremos o item Personalizado, para criação
nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3); de máscaras de entrada de valores na célula.
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
da célula, permite que um valor seja copiado na Formatos de Números, Disponível na Guia Página
direção em que for arrastado. No Excel, se hou- Inicial
ver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 núme-
ros, uma sequência será criada. Se for um texto, é
copiado. Mas texto com números é incrementado. GERAL: SEM FORMATO ESPECÍFICO
123
Dias da semana, nome de mês e datas são sempre
criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Haven-
12 NÚMERO: EX.: 4,00

do diversos valores para serem mesclados, o Excel


manterá somente o primeiro destes valores, e cen- MOEDA: EX.: R$4,00
tralizará horizontalmente na célula resultante. 245
CONTÁBIL: E.: R$4,00

DATA ABREVIADA: EX.: 04/01/1900

DATA COMPLETA: EX.: QUARTA-FEIRA, 4 DE


JANEIRO DE 1900

HORA: EX.: 00:00:00

PORCENTAGEM: EX.: 400,00 %

1 FRAÇÃO: EX.: 4
2
102 CIENTIFICO. EX.: 4,00E + 00

ab TEXTO: EX.: 4

As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exemplo,
na verdade é um número formatado como data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00

O ícone % é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)

VALOR FORMATO PORCENTAGEM % ß,0


PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
1 100% 100,00%
0,5 50% 50,00%
2 200% 200,00%
100 10000% 10000,00%
0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.

VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000


1500 R$1.500,00 1.500,00
16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00
1 R$1,00 1,00
400 R$400,00 400,00

27568 R$27.568,00 27.568,00


246
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas deci-
mais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.

Simbologia Específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

Multiplica 5 (multiplicando) por 4


* (asterisco) Multiplicação =5*4
(multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por


% (percentual) Percentual = 20%
100

Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) Exponenciação Cálculo de raízes =3^2=8^(1/3) Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica
de 8

Ordem das Operações Matemáticas

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.

Como resolver as questões de planilhas de cálculos?


1. Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos)
2. Identificar a simbologia básica do Excel (informática)
3. Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática)
4. Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico)

OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários


CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre
> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
15, senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mos-


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
tre 20, senão mostre 40.

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


>= (maior ou igual) Maior ou igual a = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 ) mostre 5, senão
mostre 1.

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


<= (menor ou igual) Menor ou igual a = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 ) mostre 11, senão
mostre 23.

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mos-


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
tre 100, senão mostre 8.

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50.
247
Princípios dos Operadores Relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=

O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2.

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor.

Informa o caminho de outro arquivo do


=’C:\FernandoNishimura\
‘ (apóstrofe) Caminho Excel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor.

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25.

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4.

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos.

Princípios dos operadores de referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2

O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:

a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
248 e) R$ 360,00
A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará. Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1. E se temos dois símbolos de cifrão, temos
uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).

Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de 15 e 3.
= 15 + 3
Início de fórmula, função ou Compara o valor de A1 com 5, e caso seja
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
comparação. verdadeiro, mostra 10, caso seja falso,
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
mostra 11.

= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador.


Identifica uma função ou os valo-
( )parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1.
res de uma operação prioritária.
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2.

A função SE tem 3 partes, e estas estão


; (ponto e vírgula) Separador de argumentos. =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
separadas por ponto e vírgula.

Executa uma operação sobre as células


Espaço Intersecção. =SOMA(F4:H8 H6:K10)
em comum nos intervalos.

Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual. CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Fernando.


“ (aspas duplas) Texto exato = “Fernando”
Se usado em testes, é “igual a”.

Exibe os zeros não significativos,


‘(apóstrofe) Número como texto. ‘0001
0001 como texto (ex.: placa de carro).

Exibe “Fernando Nishimura” (sem as


& (“E” comercial) Concatenar. = “Fernando ”&” Nishimura” aspas), o resultado da junção dos
textos individuais.

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &. 249
CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7).

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3).

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3).

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4).

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a =CONCATENAR(A1;A2;A3).

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144).

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! – indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? – indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! – a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! – a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! – indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe;
z #VALOR! – indica que a fórmula possui um tipo errado de argumento;
z ##### – indica que o tamanho da coluna não é suficiente para exibir seu valor;

Funções Básicas

z SOMA(valores) : realiza a operação de soma nas células selecionadas.

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.

z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja somado)

=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10.

z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.

=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias não
entram no cálculo da média.

z MED(valores) : informa a mediana de uma série de valores.

Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados e o valor
no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5.
Se temos uma sequência de valores com quantidade par, a mediana será a média dos valores que estão no
meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A média de
250 4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células As funções CONT são usadas para informar a
selecionadas. quantidade de células, que atendem às condições
especificadas.
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape- - CONT.NÚM - para contar quantas células possuem
nas um será mostrado. números.
- CONT.VALORES - quantidade de células que estão
z MAIOR(valores;posição) : exibe o maior valor de
preenchidas.
uma série, segundo o argumento apresentado.
- CONTAR.VAZIO - quantidade de células que não
estão preenchidas.
Valores iguais ocupam posições diferentes.
- CONT.SE - quantidade de células que atendem a
uma condição específica.
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
- CONT.SES - quantidade de células que atendem a
las A1 até D6.
várias condições simultaneamente.
z MÍNIMO(valores) : exibe o menor valor das célu-
z CONT.VALORES(células): esta função conta todas as
las selecionadas.
células em um intervalo, exceto as células vazias.
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
área de A1 até D6. = CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
contagem, informando quantas células estão preen-
z MENOR(valores;posição) : exibe o menor valor de chidas com valores, quaisquer valores.
uma série, segundo o argumento apresentado.
z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um
Valores iguais ocupam posições diferentes. intervalo, exceto células vazias e células com texto.

=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu- =CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
las A1 até D6. intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.

z SE(teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor- z CONT.SE(células;condição): Esta função conta quan-


na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro tas vezes aparece um determinado valor (número ou
caso seja falso. texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
indicar qual é o critério a ser contado)
Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na =CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi- do o valor 5.
ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais
serão realizadas as duas operações, somente uma z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi-
delas, segundo o resultado do teste. ção2): Esta função conta quantas vezes aparece
A função SE usa operadores relacionais (maior, um determinado valor (número ou texto) em um
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen- intervalo de células (o usuário tem que indicar
te) para construção do teste. As aspas são usadas para qual é o critério a ser contado), atendendo a todas
textos literais. as condições especificadas.

=SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da =CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”)


célula A1 não é 10”) Efetua a contagem de quantas células existem no
=SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O intervalo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes-
valor não é negativo”)
mo tempo, quantas células existem no intervalo de B1
=SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
até B10 contendo o valor 7.
não é positivo”)
z CONTAR.VAZIO (células) : conta as células vazias
É possível encadear funções, ampliando as áreas
de um intervalo.
de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células
=SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é vazias existem no intervalo A1 até A8.
negativo”;”Valor é positivo”))
z SOMASE(células para testar;teste;células para
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste), somar): Efetua um teste nas células especificadas,
exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for e soma as correspondentes nas células para somar.
igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos.
teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não =SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
é menor que zero, só poderia ser maior do que zero, de A1 até A10 que sejam maiores que 6.
e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada. =SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem
usado somente no início da digitação da célula. menores que 3. 251
z SOMASES(células para somar; células1; teste1; z DIAS(data1;data2): Informa a diferença em dias
células2; teste2): Verifica as células que atendem entre duas datas.
aos testes e soma as células correspondentes. z DIAS360(data1;data2): Informa a diferença em
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos. dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias)
z MÉDIASE(células para testar;teste;células para z POTÊNCIA(base;expoente): Eleva um número
calcular a média): Efetua um teste nas células especi- (base) ao expoente informado.
ficadas, e calcula a média das células correspondentes. =POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16
Os intervalos de teste e de média podem ser os mesmos.
z MULT(número;número;número; ... ) : Multiplica
z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_ os números informados nos argumentos.
índice_coluna; [intervalo_pesquisa]): A função
PROCV é utilizada para localizar o valor_procurado FUNÇÕES LÓGICAS
dentro da matriz_tabela, e quando encontrar, retor-
nar à enésima coluna informada em núm_índice_ Retorna VERDADEIRO se todos
coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou E (Função E) os seus argumentos forem
VERDADEIROS
FALSO, é usada para identificar se precisa ser o valor
exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
Por exemplo: Retorna VERDADEIRO se um dos
OU (Função OU)
argumentos for VERDADEIRO
=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO) Inverte o valor lógico do
NÃO (Função NÃO)
argumento

A função PROCV é um membro das funções de pes- FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO
quisa e Referência, que incluem a função PROCH. VERDADEIRO (Função Retorna o valor lógico
Use a função tirar ou a função arrumar para VERDADEIRO) VERDADEIRO
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
Retornará um valor que você
especifica se uma fórmula for
z ESQUERDA(texto;quantidade): Extrai de uma SEERRO (Função SEERRO) avaliada para um erro; do con-
sequência de texto, uma quantidade de caracteres trário, retornará o resultado da
especificados, a partir do início (esquerda). fórmula

=ESQUERDA(“Fernando Nishimura”;8) exibe “Fern


ando”
Importante!
z DIREITA(texto;quantidade): Extrai de uma sequên- Foram apresentadas muitas funções neste mate-
cia de texto, uma quantidade de caracteres especifi- rial, não é verdade? Existem milhares de funções
cados, a partir do final. no Microsoft Excel e LibreOffice Calc. Em concur-
=DIREITA(“Polícia Federal”;7) exibe “Federal”. sos públicos, estas são as mais questionadas.

z CONCATENAR(texto1;texto2; ... ): Junta os textos


Além da produção de planilhas de cálculos, o
especificados em uma nova sequência.
Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos
=CONCATENAR(“Escrevente “;”Técnico “;”Judiciá- com os dados existentes nas células.
rio”) – exibe “Escrevente Técnico Judiciário”. Gráficos são a representação visual de dados numé-
ricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
z INT(valor): Extrai a parte inteira de um número. ‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâ-
=INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor micas, são construídos com dados existentes em uma
3,14159 exibe 3. ou várias pastas de trabalho, associando e agrupando
informações para a produção de relatórios completos.
z TRUNCAR(valor;casas decimais): Exibe um
número com a quantidade de casas decimais, sem z Os gráficos de Colunas representam valores em
arredondar. colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas:
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agru-
decimais – valor 3,14159 exibe 3,141. pada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.

z ARRED(valor;casas decimais): Exibe um número


com a quantidade de casas decimais, arredondan-
do para cima ou para baixo.
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas
decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.

z HOJE(): Exibe a data atual do computador.


z AGORA(): Exibe a data e hora atuais do computador.
z DIA(data): Extrai o número do dia de uma data. z Os gráficos de Linhas representam valores com
z MÊS(data): Extrai o número do mês de uma data. linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de
252 z ANO(data): Extrai o número do ano de uma data. Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilhada,
com Marcadores, Empilhada com Marcadores, z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-
100% Empilhada com Marcadores, e 3D. jam organizados em preço na alta, preço na baixa
e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Barras representam dados de forma


semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D
São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas. Delineada, Contorno e Contorno Delineado.

z Os gráficos de Área representam dados de forma seme- z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-
lhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.

z Os gráficos de Dispersão representam duas séries


de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

z Os gráficos do tipo Histograma são usados para


z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de séries de valores com evolução, como idades da
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
grama: Histograma e Pareto.
Coroplético.

253
z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para projeção de valores.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em ordem decrescente.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados. São
exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no Eixo Secun-
dário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação Personalizada.

Classificação de Dados

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores para os
menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou mais colunas.
Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por formato,
incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones.
A maioria das operações de classificação é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

254
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá ser ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas.

Classificar números Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’ ou
‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais


Classificar datas ou horas nova’ ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo,
cronologicamente.

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por
de fonte ou ícones essas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones cria-
dos ao aplicar uma formatação condicional.

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa.

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK.

Classificar por mais de uma colu-


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação.
na ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Conti-
intervalo de células sem afetar as
nuar com a seleção atual”.
demais

CONCEITOS DE INTERNET, INTRANET E EXTRANET


A Internet é a rede mundial de computadores que surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, para
proteger os sistemas de comunicação em caso de ataque nuclear durante a Guerra Fria.
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Estados Unidos e União Soviética lançavam projetos que procura-
vam proteger as informações secretas de ambos os países e seus blocos de influência.
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced Research Projects Agency, era um modelo de troca e com- CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
partilhamento de informações que permitia a descentralização das mesmas, sem um “nó central”, garantindo a
continuidade da rede mesmo que um nó fosse desligado.
A troca de mensagens começou antes da própria Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio a Inter-
net como a conhecemos e a usamos.
Ela passou a ser usada também pelo meio educacional (universidades) para fomentar a pesquisa acadêmica.
No início dos anos 90, ela se tornou aberta e comercial, permitindo o acesso de todos.

Usuário Modem
Internet
Provedor de Acesso

Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica

A navegação na Internet é possível através da combinação de protocolos, linguagens e serviços, operando nas
camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5 camadas ou 4 camadas). 255
A Internet conecta diversos países e grandes centros urbanos através de estruturas físicas chamadas de
backbones. São conexões de alta velocidade que permitem a troca de dados entre as redes conectadas. O usuário
não consegue se conectar diretamente no backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou uma operadora
de telefonia através de um modem e a empresa se conecta na “espinha dorsal”.
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve utilizar programas específicos para realizar a navegação e o
acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.

CONCEITO USO COMENTÁRIOS

Conexão entre Conhecido como nuvem e também como World Wide Web, ou WWW, a Internet é um ambiente inseguro,
Internet
computadores que utiliza o protocolo TCP para conexão em conjunto a outros para aplicações específicas.

Conexão com Ambiente seguro que exige identificação, podendo estar restrito a um local, que poderá acessar a Inter-
Intranet
autenticação net ou não. A Intranet utiliza o mesmo protocolo da Internet, o TCP, podendo usar o UDP também.

Conexão entre
Conexão remota segura, protegida com criptografia, entre dois dispositivos, ou duas redes. O acesso
Extranet dispositivos
remoto é geralmente suportado por uma VPN.
ou redes

Os editais costumam explicitar Internet e Intranet, mas também questionam Extranet. A conexão remota segu-
ra que conecta Intranet’s através de um ambiente inseguro que é a Internet é naturalmente um resultado das
redes de computadores.

Internet, Intranet e Extranet


Redes de
computadores

Internet Intranet Extranet

Rede mundial de Rede local de Acesso remoto


computadores acesso restrito seguro

Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
Padrão de Criptografia em
Família TCP/IP
comunicação VPN

A Internet é transparente para o usuário. Qualquer usuário poderá acessá-la sem ter conhecimento técnico dos
equipamentos que existem para possibilitar a conexão.

NOÇÕES BÁSICAS DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS À


INTERNET E INTRANET

Nos concursos públicos e no dia a dia, estes são os itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o conteúdo
disponível na Internet.
As informações armazenadas em servidores, sejam páginas web ou softwares como um serviço (SaaS – camada
mais alta da Computação na Nuvem), são acessadas por programas instalados em nossos dispositivos. São eles:

z Navegadores de Internet ou browsers, para conteúdo em servidores web;


z Softwares de correio eletrônico, para mensagens em servidores de e-mail;
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados por empresas e usuários;
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft Bing, para encontrar informações na rede mundial;
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de WhatsApp e Telegram, como no formato clássico do Facebook e
Yahoo Grupos.

Este tópico é muito prático. Nos concursos públicos, são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como “Histórico”, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.

Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Esses são os itens questionados em concursos públicos.

256
Ferramentas e Aplicativos Comerciais de Navegação

As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos) identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira, a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.

NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS


Edge

Microsoft Navegador padrão do Windows 10, que substituiu o Microsoft Internet Explorer

Internet
Explorer
Navegador padrão do Windows 7, um dos mais questionados em concursos públi-
Microsoft
cos, por ser integrante do sistema operacional

Firefox

Mozilla Software livre e multiplataforma que é leve, intuitivo e altamente expansível

Chrome
Um dos mais populares navegadores do mercado, multiplataforma e de fácil
Google
utilização

Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da Apple, atualmente está disponível
Apple
para outros sistemas operacionais

Opera
Navegador leve com proteções extras contra rastreamento e mineração de moe-
Opera
das virtuais

Na Internet, as informações (dados) são armazenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os servidores
são computadores, que utilizam pastas ou diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao acessarmos uma
informação na Internet, estamos acessando um arquivo. Aqui, cabe-nos alguns questionamentos: como é a identi-
ficação desse arquivo? Como acessamos essas informações? Isso ocorre através de um endereço URL. O endereço
URL (Uniform Resource Locator) que define o endereço de um recurso na rede. Na sua tradução literal, é Localiza-
dor Uniforme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe:
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
protocolo://máquina/caminho/recurso

“Protocolo” é a especificação do padrão de comunicação que será usado na transferência de dados. Poderá
ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text Transfer
Protocol Secure – protocolo seguro de transferência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – protocolo de
transferência de arquivos), entre outros.
“://” faz parte do endereço URL, para identificar que é um endereço na rede, e não um endereço local como “/”
no Linux ou ‘:\’ no Windows.
“Máquina” é o nome do servidor que armazena a informação que desejamos acessar.
“Caminho” são as pastas e diretórios onde o arquivo está armazenado.
“Recurso” é o nome do arquivo que desejamos acessar.

257
Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas características.

ENDEREÇO URL FICTÍCIO CARACTERÍSTICAS


Usando o protocolo http, acessaremos o servidor abc, que é comercial (.com), no Brasil
(.br). Acessaremos a divisão multimídia (www) com arquivos textuais, vídeos, áudios e
http://www.abc.com.br/
imagens. O recurso acessado é o index.html, entendido automaticamente pelo navegador,
por não ter nenhuma especificação de recurso no fim.
Usando o protocolo https, acessaremos o servidor abc, que é comercial (.com) e pode
https://mail.abc.com/caixa
estar registrado nos Estados Unidos. Acessaremos o diretório caixas, subdiretório inbox.
s/inbox/
Acessaremos o serviço mail no servidor.
Usando o protocolo de transferência de arquivos ftp, acessaremos o servidor ftp da ins-
ftp://ftp.abc.g ov.br/edital.
tituição governamental (gov) brasileira (br) chamada abc, que disponibiliza o recurso
pdf
edital.pdf.

Outra forma de analisar um endereço URL é na sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites na Inter-
net, nos deparamos com aquelas combinações de símbolos que não parecem legíveis. No entanto, como tudo na
Internet está padronizado, vamos ver as partes de um endereço URL “completão”.
Confira:

esquema://domínio:porta/caminho/recurso? querystring#fragmento

Onde “esquema” é o protocolo que será usado na transferência.


“Domínio” é o nome da máquina, o nome do site.
“:” e “porta”, indica qual, entre as 65536 portas TCP será usada na transferência.
“Caminho” indica as pastas no servidor, que é um computador com muitos arquivos em pastas.
“Recurso” é o nome do arquivo que está sendo acessado.
“?” é para transferir um parâmetro de pesquisa, usado especialmente em sites seguros.
“#” é para especificar qual é a localização da informação dentro do recurso acessado (marcas)
Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm ail?path=/mail/inbox#open
esquema: https://
domínio: outlook.live.com
porta: 5012
caminho: /owa/
recurso: hotmail
querystring: path=/mail/inbox
fragmento: open

Quando o usuário digita um endereço URL no seu navegador, um servidor DNS (Domain Name Server – servi-
dor de nomes de domínios) será contactado para traduzir o endereço URL em número de IP. A informação será
localizada e transferida para o navegador que solicitou o recurso.

Servidor DNS

Internet
Endereço URL
Usuário

Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados são armazenados em servidores web com números de IP. O
servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na Internet.

Conceitos e Funções Válidas para Todos os Navegadores

z Modo normal de navegação: as informações serão registradas e mantidas pelo navegador. Histórico de Nave-
gação, Cookies, Arquivos Temporários, Formulários, Favoritos e Downloads;

258
z Modo de navegação anônima: as informações de z Para fechar uma janela: Alt+F4.
navegação serão apagadas quando a janela for z Para abrir uma nova guia: Ctrl+T.
fechada. Apenas os Favoritos e Downloads serão z Para fechar uma guia: Ctrl+F4 ou Ctrl+W.
mantidos; z Para reabrir uma guia fechada: Ctrl+ Shift+T.
z Para aumentar o zoom: Ctrl + = (igual)
z Para reduzir o zoom: Ctrl + - (menos)
z Definir zoom em 100%: Ctrl+0 (zero)
z Para acessar a página inicial do navegador: Alt+ Home
z Para visualizar os downloads em andamento ou
concluídos: Ctrl+J.
z Localizar um texto no conteúdo textual da página:
z Dados de formulários: informações preenchidas Ctrl+F.
em campos de formulários nos sites de Internet; z Atualizar a página: F5
z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário z Recarregar a página: Ctrl+F5
para acesso posterior. Os sites preferidos do usuá-
rio poderão ser exportados do navegador atual e Nos navegadores de Internet, os links poderão ser
importados em outro navegador de Internet; abertos de 4 (quatro) formas diferentes.
z Downloads: arquivos transferidos de um servidor
remoto para o computador local. Os gerenciadores z Clique: abre o link na guia atual
de downloads permitem pausar uma transferência z Clique + CTRL: abre o link em uma nova guia
ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja z Clique + SHIFT: abre o link em uma nova janela
mais disponível; z Clique + ALT: faz download do arquivo indicado pelo
z Uploads: arquivos enviados do computador local link.
para um servidor remoto;
z Histórico de navegação: são os endereços URL
acessados pelo navegador em modo normal de
navegação; NOÇÕES DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO
z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos
arquivos acessados durante a navegação;
O que é Segurança da Informação?
z Pop-up: janela exibida durante a navegação para
Essa é uma pergunta curta, que exige conhecimentos
funcionalidades adicionais ou propaganda;
diversos, para que possa ser respondida. Neste tópico,
z Atualizar página – acessar as informações armaze-
nadas na cópia local (cache); você encontrará as informações necessárias para isso.
z Recarregar página: acessar novamente as infor- As redes de computadores tornaram-se cada vez
mações no servidor, ignorando as informações mais interligadas e complexas. Elas integram, atualmen-
armazenadas nos arquivos temporários; te, muitos dispositivos, que, talvez, você não conheça,
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet mas que estão ali, promovendo a troca de dados entre
no formato PDF podem ser visualizados direta- o seu equipamento e o servidor remoto o qual está aces-
mente no navegador de Internet, sem a necessida- sando. No entanto, é sabido que os criminosos virtuais
de de programas adicionais; podem acessar redes de qualquer lugar do mundo.
Neste sentido, os profissionais de Segurança da
Recursos de Sites, Combinados com os Navegadores
Informação procuram proteger os dados armaze-
de Internet
nados e trafegados entre os dispositivos por meio
z Cookies: arquivos de texto transferidos do servidor de equipamentos, programas e técnicas direciona-
para o navegador com informações sobre as prefe- das. Para isso, o treinamento dos usuários também é
rências do usuário. Eles não são vírus de compu- importante, considerando que eles compreendem o
tador, pois códigos maliciosos não podem infectar elo mais fraco e vulnerável no que se refere à Segu-
arquivos de texto sem formatação; rança da Informação.
z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS, o
navegador receberá atualizações para a página CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre
sites para troca de conteúdo;
z Certificado digital: os navegadores podem utilizar
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja,
aceitam certificados digitais para validação de cone-
xões e transferências com criptografia e segurança;
z Corretor ortográfico: permite a correção dos tex-
tos digitados em campos de formulários a partir de
dicionários on-line disponibilizados pelos desen-
volvedores dos navegadores. Figura 1. A conexão entre o usuário cliente e o servidor é realizada
por diferentes equipamentos, que são transparentes para o usuário
final.
Atalhos de Teclado
Entre o servidor remoto e o usuário final, as infor-
z Para acessar a barra de endereços do navegador:
F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome: é F6. mações solicitadas passarão por vários dispositivos de
z Para abrir uma nova janela: Ctrl+N. conexão (roteadores, repetidores de sinal, switches,
z Para abrir uma nova janela anônima: Ctrl+Shift+N. bridges, gateways) antes de serem apresentadas no
No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P. dispositivo do usuário. 259
Dica
Paradigma cliente-servidor: Nós somos clientes e acessamos informações em servidores remotos. As redes
de computadores, em concursos públicos, são abordadas, seguindo esse paradigma. Usamos cliente web
(browser ou navegador) para acessar um servidor web. Usamos cliente de e-mail para acessar um servidor de
e-mail. Usamos um cliente FTP para acessar um servidor FTP.

Figura 2. O tráfego de dados, em uma conexão, é um ativo interessante para invasores, vírus de computadores e softwares maliciosos.

Invasores tentarão acessar a conexão e capturar os dados trafegados. Os vírus de computador procuram infectar os
arquivos e causar danos aos sistemas. Esses softwares maliciosos podem infectar dispositivos e sequestrar arquivos.

Figura 3. Um protocolo seguro protege o tráfego de dados em uma conexão insegura, criptografando as informações que são enviadas e
recebidas.

O usuário deverá utilizar um protocolo seguro para acessar os dados, manter o seu dispositivo atualizado
e protegido, utilizar uma senha forte de acordo com as políticas de segurança e práticas recomendadas, entre
outras ações. Além disso, deverá utilizar conexões seguras, como as VPN’s – Virtual Private Network –, para acesso
aos serviços remotos (Computação na Nuvem); proteger-se das ameaças e ataques à Segurança da Informação,
utilizando medidas de proteção em seu dispositivo, como antivírus, firewall e anti-spyware).
Iniciaremos nossos estudos sobre Segurança da Informação com o tópico VPN. Elas são muito importantes para a
comunicação segura e tornaram-se destaque nos últimos anos, por causa do trabalho remoto (home office). Empresas
e usuários que não utilizavam uma conexão remota segura precisaram adaptar-se aos novos tempos. Em concursos, a
tendência é que aumente a frequência de questões sobre esse tema, pois se tornou popular devido à pandemia.
A seguir, conheceremos como é a Computação na Nuvem, suas características, os tipos de nuvem, os serviços
oferecidos e as vantagens e desvantagens. Vale ressaltar que esse tópico já foi bastante abordado em alguns con-
cursos, em provas de diversos cargos.
Vírus de computador e softwares maliciosos: quem nunca foi vítima, não é mesmo? Esse será o terceiro
tópico sobre Segurança da Informação, no qual abordaremos os ataques e ameaças, com destaque para os prin-
cipais e mais comuns em provas de concursos. Assim como Computação na Nuvem, o tópico “Noções de Vírus,
Worms e Pragas Virtuais” também é muito questionado em concursos públicos.
Finalizando o conteúdo de Segurança da Informação, estudaremos os mecanismos de proteção e defesa contra
os ataques e ameaças. Existem equipamentos de proteção, no entanto, em concursos públicos, geralmente, são
questionados os aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spyware etc).
Apesar de existirem soluções integradas e avançadas para os problemas de Segurança da Informação, que até
usamos em nossos dispositivos, nos concursos públicos, são questionadas as definições oficiais e as configurações
padrão dos programas.

NOÇÕES DE REDES PRIVADAS VIRTUAIS (VPN)

As redes privadas virtuais, popularmente identificadas pela sigla VPN (do inglês Virtual Private Network), são
criadas pelas empresas e usuários, para estabelecer uma conexão segura entre dois pontos.
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre elas, vamos conhecer alguns dos conceitos básicos das redes de com-
putadores, de acordo com as suas características de uso e nível de segurança.

REDE CARACTERÍSTICAS BÁSICAS


Local Area Network é uma denominação relacionada ao alcance de uma rede, restrita a um prédio ou
LAN
pequena região
É uma rede local (pelo seu alcance, é uma LAN), interna de uma organização, segura, com acesso
Intranet
restrito aos usuários cadastrados no servidor da rede
Extranet É o acesso remoto seguro, de um ambiente inseguro, à intranet da organização
Rede mundial de computadores de acesso público e considerada insegura. A Internet é comumente
Internet
260 representada por uma nuvem
Figura 4. A Extranet é uma conexão segura através de um ambiente inseguro (Internet) para redes internas protegidas (Intranet).

Importante!
Toda Intranet é uma LAN, mas nem toda LAN é uma Intranet.

Por que usar uma VPN?


Porque é importante e necessário. A Internet é a rede mundial de computadores, que conecta diversos disposi-
tivos entre si, utilizando uma estrutura pública e insegura oferecida pelos governos e operadoras de telefonia. O
acesso à Internet é oferecido para todos e, por isso, usuários mal intencionados conseguem interceptar a comuni-
cação de outros usuários, monitorando o tráfego de dados e roubando informações.
Com uma VPN estabelecida entre os dispositivos, o risco na transmissão é muito pequeno. Lembrando que
nada é 100% seguro em Informática, independentemente da quantidade de sistemas e proteções implementadas.

Figura 5. Usuários mal intencionados procuram “escutar” uma conexão insegura em busca de dados que possam comprometer a privacidade do
usuário ou empresa.

As empresas utilizam softwares de terceiros para estabelecer a conexão segura entre os dispositivos de seus
colaboradores. Existem vários softwares que possibilitam a conexão segura, como a Área de Trabalho Remota (Win-
dows) e soluções de empresas de segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe, TeamViewer, LogMeIn etc).
Os protocolos são padrões de comunicação. Para estabelecer uma conexão segura, protocolos seguros serão
usados, criando um túnel seguro entre o emissor e o receptor, por meio de um ambiente vulnerável. Eles pro-
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
curam encapsular os dados transmitidos, para que, em caso de monitoramento, a leitura do conteúdo torne-se
impossível, uma vez que os dados se tornam criptografados.

Figura 6. Usuários mal-intencionados não conseguem monitorar o conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo seguro. 261
TIPO DE VPN CARACTERÍSTICA
� Um usuário pode conectar-se a uma rede, para acessar seus serviços e recursos
VPN de acesso remoto remotamente
(VPN client to site) � A conexão é segura e ocorrerá por meio de uma rede pública, como a Internet
� Será uma conexão (cliente) para um servidor remoto que aceita várias conexões
� Dois roteadores estabelecem uma conexão segura para a troca de dados, sendo que
um deles opera como cliente VPN e o outro, como servidor VPN
� É o modelo mais usado no âmbito empresarial, para conectar com segurança a rede
VPN site a site interna de uma filial com a rede interna de uma matriz
� Serão várias conexões (filial), acessando um servidor remoto que aceita várias cone-
xões (matriz)
� Também conhecida como VPN LAN to LAN

Protocolos

Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o
cliente de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o
cliente acessa as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados, utilizando-se de chaves e certificados digitais para a garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas:

PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?


GRE Generic Routing Encapsulation Desenvolvido pela CISCO, prioriza a velocidade Não
SSL Secure Sockets Layer Camada adicional de segurança para a conexão Sim
TLS Transport Layer Security Camada de transporte seguro para a conexão Sim
Orientar o servidor para criação de uma conexão se-
SSH Secure Shell Sim
gura com o cliente
Extensão do protocolo IP para suprir a falta de seguran-
IPsec IP Security Protocol Sim
ça de informações que trafegam em uma rede pública
Protocolo para facilitar a comunicação bidirecional,
Telnet baseada em texto interativo (comandos), usando uma Não
conexão de terminal virtual
Atualização dos protocolos L2F (Protocolo de Enca-
L2TP Layer 2 Tunnelling Protocol minhamento da Camada 2) e PPTP (Protocolo de Tu- Não
nelamento Ponto-a-Ponto)
O PPTP adiciona um canal seguro ao TCP e utiliza um
PPTP Point-to-Point Tunneling Protocol túnel GRE Sim
� Algumas questões o apresentam com a sigla PPP
Criar conexões ponto a ponto (point to point) e site a
OpenVPN VPN de Código aberto site (site to site), usando um protocolo personalizado Sim
baseado no TLS e SSL

Dica
Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.

Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital.

Figura 7. A criptografia é usada para garantir a autenticidade e a integridade das conexões.

A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança, utilizando
262 protocolos seguros, para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão.
Programas

Após conhecer as definições de uma VPN e os pro-


tocolos que podem ser utilizados, é comum surgir uma
dúvida: quais são os programas que usamos para
transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN?
A resposta é: depende. Cada dispositivo possui um
sistema operacional e, de acordo com a origem (clien-
te) e o destino (servidor), existem programas mais
adequados para cada cenário.

ORIGEM DESTINO EXEMPLO DE


(CLIENTE) (SERVIDOR) PROGRAMA PARA VPN
Windows Windows Área de Trabalho Remota
Windows Linux PuTTy
Linux Windows OpenVPN Figura 8. Os diferentes dispositivos acessarão os recursos
disponibilizados na nuvem (Internet)
Linux Linux Network-Manager.
A Computação na Nuvem pode ser vista como uma
A utilização de um software de VPN, a fim de aces- evolução e, também, uma convergência das tecno-
sar a rede interna de uma organização (no modelo logias de virtualização e das arquiteturas (como os
VPN client to site), implementa segurança aos dados clusters computacionais) orientadas a serviços. Atual-
trafegados na forma de criptografia, para garantir a mente, a Computação nas Nuvens é o ponto de partida
autenticidade e a integridade das conexões. No entan- para o desenvolvimento de soluções computacionais
to, onde a VPN será “iniciada”?
que necessitem de rapidez, flexibilidade e acesso faci-
Nas redes de computadores, o firewall é um item
litado, oferecendo, instantaneamente, a nível global,
especialmente importante em relação à segurança da
uma solução para problemas do dia a dia.
informação. Ele é um filtro de portas TCP, que permite
ou bloqueia o tráfego de dados. Logo, se uma cone- Quem nunca pediu uma refeição ou solicitou um
xão deseja enviar e receber dados, precisa ter a porta meio de transporte através de um aplicativo? O sis-
correspondente liberada, em ambos os lados, tanto no tema de processamento dos pedidos, distribuição das
cliente como no servidor. demandas, localização dos prestadores de serviços e
Se existe um firewall na rede, a VPN poderá ser ins- controle fiscal das vendas é realizado na nuvem, em
talada (e configurada) no firewall (mais comum), em servidores que estão distribuídos ao redor do mundo,
frente ao firewall (para autenticar o que está chegan- conectados em tempo real para o atendimento das
do), atrás do firewall (para autenticar o que chegou), demandas.
paralelamente ao firewall (para acompanhar o envio A computação na nuvem oferece tudo como um
e recebimento dos pacotes) ou na interface dedicada serviço: armazenamento de dados, plataforma para
do firewall (na conexão VPN site to site, para atender a execução de aplicações, infraestrutura para o desen-
vários dispositivos da rede). volvimento de sistemas, espaço para testes de aplicati-
No Windows 10, a definição da VPN poderá ser vos etc. “Webware” ou “software” baseado na Internet
realizada por meio da Central de Ações (atalho de é a denominação para esses programas que operam
teclado Windows + A) ou em Configurações, Rede e como serviços na rede.
Internet, VPN. O acesso Home Office é um tipo de cone-
xão externa que deverá utilizar uma VPN, para pro-
teger os dados trafegados com o uso de criptografia Importante!
implementada por protocolos seguros.
Tudo que é oferecido pela nuvem é um serviço
NOÇÕES DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM escalável e personalizável.
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Computação em nuvem (em inglês, cloud compu-
ting) refere-se ao processamento de dados remotos. O Armazenamento em nuvem é uma opção de arma-
usuário envia informações inseridas em seu dispositi- zenamento remoto que usa o espaço em um provedor
vo local e os programas, na nuvem, executam as opera- de data center e é acessível de qualquer computador
ções solicitadas, devolvendo para o periférico de saída com acesso à Internet. Google Drive, Microsoft One-
do dispositivo local do usuário os resultados obtidos. Drive, Apple iCloud e Dropbox são exemplos de servi-
A expressão “nuvem” é usada para designar a ços de armazenamento em nuvem.
Internet, porém, na prática, pode, também, referen-
ciar um processamento remoto dentro da rede inter- Tecnologias de Serviços na Nuvem
na da empresa. Vale ressaltar que existem nuvens
privadas, públicas, híbridas e comunitárias. Existem várias opções que poderão ser contrata-
A Computação em Nuvem é a evolução do prin- das como serviços, sendo as principais em concursos
cípio da Computação em Grade. Na Computação em públicos: IaaS, PaaS e SaaS. Vejamos cada uma delas:
Grade, uma grande quantidade de clusters computa-
cionais (servidores conectados entre si dentro de uma z Infrastructure as a Service (IaaS): fornece
infraestrutura compartilhada) aliada à disseminação recursos de computação virtualizados pela Inter-
da conexão de banda larga facilitaram a adoção da net. O provedor hospeda o hardware, o software, os
Computação nas Nuvens por diferentes empresas. servidores e os componentes de armazenamento; 263
z Platform as a Service (PaaS): proporciona acesso às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento usados
para entregar os aplicativos;
z Software as a Service (SaaS): permite aos usuários o acesso aos bancos de dados e software de aplicativo. Os
provedores de nuvem gerenciam a infraestrutura. Os usuários armazenam dados nos servidores do provedor
de nuvem.

Obs.: Novas definições são criadas por empresas com propósitos de marketing. Em concursos públicos, as defi-
nições mais questionadas são SaaS, PaaS e IaaS.
Um sistema de computação legado, ou dedicado, é aquele em que a empresa é responsável por todos os itens
do projeto, desde o fornecimento de energia para a operação dos servidores adquiridos por ela, até a disponibili-
zação de aplicações que foram compradas, por meio de Licenças, para sua utilização.
Na computação em nuvem, é possível contratar de uma operadora de nuvem, data centers, rede de dados,
armazenamento, servidores e sistemas de virtualização. Essa é uma Infraestrutura como um Serviço (IaaS).
Desenvolvedores podem contratar de uma operadora de nuvem, data centers, rede de dados, armazenamento,
servidores, sistemas de virtualização, sistema operacional, banco de dados e segurança digital. Essa é uma Plata-
forma como um Serviço (PaaS).
Usuários podem contratar de uma operadora de nuvem tudo, desde os data centers até as aplicações. Esse é um
Software como um Serviço (SaaS).

Figura 9. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido pelo usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas de um
acesso à rede.

Como é possível observar, a Computação nas Nuvens é uma forma de disponibilização de recursos equiva-
lente à Computação Local, mas remotamente. Na tabela a seguir, vamos comparar esses dois formatos e suas
responsabilidades.

COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NAS NUVENS


Teclado, mouse, scanner, monitor touch
Entrada de Dados Enviado para um serviço na rede
screen

Computadores remotos, distribuídos na


Processamento de Dados Processador do computador
rede

Monitor, impressora, placa de modem, placa Disponibilizado um link para download,


Saída de Dados
de rede, USB, HD etc. visualização ou compartilhamento

Programas (softwares) Instalados no computador Disponíveis na Internet

Serviços (backup) Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Responsabilidade do sistema operacional


Serviços (desfragmentador) Responsabilidade da empresa
local

Antivírus Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Firewall Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Oferecido pela empresa, definido pelo


Permissões de acesso Responsabilidade do usuário
usuário

Gerenciamento da estrutura Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa


264
Benefícios dos Serviços na Nuvem

Ao contratar Infraestrutura como um Serviço (IaaS), o usuário obtém economia de custo (pois não há neces-
sidade de comprar e manter hardwares), tempo de colocação no mercado (pois poderá iniciar suas operações
imediatamente, sem esperar pela instalação de um data center na empresa), disponibilidade em tempo integral
e escalabilidade sob demanda (pela expansão ou contração da empresa de acordo com o dia a dia da operação).
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o usuário uma economia de gastos (novamente, relacionada ao
hardware que não precisa ser adquirido), desenvolvimento simplificado de aplicativos (por conta dos ambientes
de desenvolvimento para diferentes plataformas), colaboração (pela comunicação on-line com outros desenvolve-
dores) e ambiente integrado (para teste, implementação e gerenciamento).
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá economia de gastos (menor custo das licenças de softwares), com-
partilhamento de arquivos (de forma fácil e rápida), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais, o acesso ao
serviço não será impactado com novas instalações e configurações) e independência do sistema operacional (a
troca de dados será realizada pelo protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas operacionais).

Figura 10. Os provedores, desenvolvedores e usuários finais, fornecem, suportam ou consomem recursos da nuvem.

Os softwares são desenvolvidos na Plataforma (PaaS), utilizando os recursos da estrutura na Infraestrutura


(IaaS), para serem utilizados pelos usuários finais como um serviço (SaaS). Na tabela a seguir, vamos associar os
itens da computação local com os itens da computação na nuvem, a fim de mostrar que, na Nuvem, ocorre uma
adaptação do nosso computador de casa.

COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NA NUVEM


Software Microsoft Office (instalado) Microsoft Office (on-line)
Plataforma Microsoft Windows 10 Microsoft Windows Azure
Infraestrutura Hardware e energia elétrica do usuário Hardware e energia elétrica da empresa provedora

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Vantagens da Computação em Nuvem

O usuário não precisará se preocupar com atualizações de softwares e hardwares, pois serão realizadas pela
empresa contratada. Elas serão automáticas e disponibilizadas em tempo real para todos.
O compartilhamento de informações será facilitado, bastando que outros usuários tenham acesso à Internet,
para que possam acessar os dados compartilhados. Os serviços serão disponibilizados durante 24 horas por dia,
pelos sete dias da semana, com sistemas de redundância e recuperação de falhas sob responsabilidade da empre-
sa contratada.
Assim, a necessidade de manutenção da infraestrutura física da rede local diminui, bastando para o usuário o
fornecimento de energia elétrica e conexão de rede para acesso aos serviços remotos. Além disso, por ter menos
equipamentos na infraestrutura local, o consumo de energia elétrica, refrigeração e espaço físico serão reduzidos,
o que, indiretamente, contribui para a preservação e uso racional dos recursos naturais.
Ainda, a Computação em Nuvem traz flexibilidade para o uso e contratação de serviços. O usuário pode con-
tratar um pacote básico de serviços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar parâmetros do contrato,
alterando, de forma dinâmica, os limites de utilização.
Por fim, é preciso citar, como uma vantagem, a elasticidade rápida. Os recursos são provisionados dinamica-
mente, atendendo às necessidades pontuais da operação do cliente (uma loja virtual pode aumentar a quantidade
de acessos simultâneos ao site apenas na Black Friday por exemplo). Essa é a sua característica mais marcante. 265
Desvantagens da Computação em Nuvem

Quanto mais aplicações forem acessadas na nuvem, mais velocidade de transferência de dados será necessá-
ria. Portanto, a principal desvantagem da Nuvem é inerente ao propósito dela mesma.
O tempo de inatividade é outra desvantagem. Quando todos os sistemas estão em uma plataforma, se ela ficar
indisponível, a empresa e os usuários não terão acesso a nada. Felizmente, isso tem mudado e, hoje, as empresas
fornecedoras de serviços na nuvem conseguem oferecer up-time (tempo de uso disponível) acima de 99,9999%.
A dificuldade de migração é, sem dúvidas, a principal desvantagem. Quanto mais utilizamos uma determinada
empresa fornecedora, mais nos tornamos dependente dela. Caso exista a necessidade de migração dos dados, ela
poderá ser dificultada ou até impossibilitada.
Para minimizar essa desvantagem, a replicação de servidores é uma alternativa quando os dados são replica-
dos entre um servidor local e um servidor na nuvem.

1. Tudo está na nuvem

3. A interface é na nuvem, os dados estão


2. Tudo está duplicado armazenados localmente

Figura 11. Diferentes apresentações para a nuvem

Principais Características da Computação em Nuvem

On Demand Self Service, ou Auto Atendimento sob Demanda, significa que o usuário pode usar os serviços,
aumentar ou diminuir as capacidades computacionais alocadas, como o tempo de servidor e armazenamento de
rede, sem a intervenção humana com o provedor de serviços. O limite de crédito do seu cartão de crédito virtual
é um exemplo dessa característica.
Ubiquitous Network Access, ou Amplo Acesso à Rede, significa que os serviços são acessíveis a partir de qual-
quer plataforma. O usuário pode acessar um sistema desenvolvido para Windows, armazenado em um servidor
Linux, a partir de seu smartphone Apple. Quase todos os serviços disponíveis na nuvem são assim.
Resource Pooling, ou Pool de Recursos, significa que os serviços são armazenados em servidores distribuídos
globalmente e seus recursos virtuais são dinamicamente atribuídos ou retribuídos pelo cliente, conforme a sua
demanda. É o modelo multi-inquilino (multi-tenancy), que possibilita a adesão de novos clientes, em detrimento
da oferta, pelos clientes atuais. Um usuário em São Paulo pode contratar e acessar um serviço ofertado por uma
empresa em Belo Horizonte, que mantém os servidores em uma cidade na Índia.
Rapid Elasticy, ou Elasticidade Rápida, significa que a alocação de mais ou menos recursos da nuvem ocorrerá
com agilidade, provisionando e liberando, elasticamente, as demandas solicitadas pelo usuário. Ao contratar um
armazenamento de dados na nuvem, o espaço disponível para uso será imediatamente ajustado após a confirma-
ção do pagamento.
Measured Service, ou Serviços Mensuráveis, significa que todos os serviços são controlados e monitorados
automaticamente pela nuvem, de maneira transparente para o usuário, sem a necessidade de conhecimento téc-
nico sobre a sua operação. É transparente para o usuário, pois ele não precisa conhecer onde estão alocados os
266 recursos computacionais contratados, acessando apenas a interface para acesso.
Tipos de Nuvem

Conforme mencionado anteriormente, podemos classificar as nuvens, de acordo com a infraestrutura ou seus
usuários, em: privada, pública, híbrida ou comunidade (comunitária).
No modelo de Nuvem Privada, a infraestrutura é proprietária ou alugada por uma única organização, para
ser operada exclusivamente por ela mesma, podendo ser local ou remota. A empresa aplica políticas de acesso aos
serviços para os usuários cadastrados e autorizados.
A definição de Nuvem Pública indica que a infraestrutura pertence a uma organização que vende serviços
para o público em geral, podendo ser acessada por qualquer usuário que conheça a localização do serviço, não
sendo admitidas técnicas de restrição de acesso ou autenticação.
No formato de Nuvem Híbrida, a infraestrutura é composta por, pelo menos, duas nuvens que preservam as
características originais do seu modelo, as quais estão interligadas por uma tecnologia que possibilita a portabili-
dade de informações e de aplicações. Esse é o tipo mais comum encontrado no mercado.
Na Nuvem Comunidade (Comunitária), a infraestrutura é compartilhada por diversas organizações que,
normalmente, possuem interesses comuns, como requisitos de segurança, políticas, aspectos de flexibilidade e/
ou compatibilidade.

Organização X Organização Z
Organização Y

Figura 12. De acordo com a natureza do acesso e dos interesses envolvidos, uma nuvem poderá ser do tipo Pública, Privada, Híbrida ou
Comunitária.

NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS

Sabe-se que ameaças e riscos de segurança estão presentes no mundo virtual. Assim como existem pessoas
boas e más no mundo real, existem usuários com boas ou más intenções no mundo virtual.
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Os criminosos virtuais são genericamente denominados como hackers, porém o termo mais adequado seria
cracker. Um hacker é um usuário que possui muitos conhecimentos sobre tecnologia, podendo ser nomeado como
White Hat – hacker ético que usa suas habilidades com propósitos éticos e legais –, Gray Hat – aquele que comete
crimes, mas sem ganho pessoal (geralmente, para exposição de falhas nos sistemas) – e Black Hat – aquele que
viola a segurança dos sistemas para obtenção de ganhos pessoais.
Amadores ou inexperientes, profissionais ou experientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes ao uso
dos recursos computacionais. São riscos de segurança digital:

z Ameaças: vulnerabilidades que existem e podem ser exploradas por usuários;


z Falhas: vulnerabilidades existentes nos sistemas, sejam elas propositais ou acidentais;
z Ataques: ação que procura denegrir ou suspender a operação de sistemas.

Devido à crescente integração entre as redes de comunicação, conexão com novos e inusitados dispositivos
(IoT – Internet das Coisas) e criminosos com acesso de qualquer lugar do mundo, as redes de informações torna-
ram-se particularmente difíceis de se proteger. Profissionais altamente qualificados são formados e contratados
pelas empresas com a única função de proteger os sistemas informatizados.
Em concursos públicos, as ameaças e os ataques são os itens mais questionados. 267
Dica
Você conhece a Cartilha de Segurança CERT? Disponível gratuitamente na Internet, ela é a fonte oficial de
informações sobre ameaças, ataques, defesas e segurança digital. Ela pode ser acessada pelo link: <https://
cartilha.cert.br/>. (Acesso em: 13 nov. 2020).

Ameaças

As ameaças são identificadas como aquelas que possuem potencial para comprometer a oferta ou existência
dos ativos computacionais, tais como: informações, processos e sistemas. Um ransomware – software que seques-
tra dados, utilizando-se de criptografia e solicita o pagamento de resgate para a liberação das informações seques-
tradas – é um exemplo de ameaça.
É importante entender que, apesar de a ameaça existir, se não ocorrer uma ação deliberada para sua execução
ou se medidas de proteção forem implementadas, ela é eliminada e não se torna um ataque. As ameaças à segu-
rança da informação podem ser classificadas como:

� Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão ou tecnologia, sem a devida atualização ou upgrade;
z Humanas: intencionais ou acidentais, que exploram vulnerabilidades nos sistemas;
z Naturais: não intencionais, relacionadas ao ambiente, como as catástrofes naturais.

As empresas precisam fazer uma avaliação das ameaças que possam causar danos ao ambiente computacio-
nal dela mesma (Gerenciamento de Risco), implementar sistemas de autenticação (Controlar o Acesso), definir
os requisitos de senha forte (Política de Segurança), manter um inventário e realizar o rastreamento de todos os
ativos (Gerenciamento de Recursos), além de utilizar sistemas de backup e restauração de dados (Gerenciamento
de Continuidade de Negócios).

Falhas

As falhas de segurança nos sistemas de informação poderão ser propositais ou involuntárias. Se o programa-
dor insere, no código do sistema, uma falha que produza danos ou permita o acesso sem autenticação, temos um
exemplo de falha proposital. Já se uma falha for descoberta após a implantação do sistema, sem que tenha sido
uma falha proposital, e tenha sido explorada por invasores, temos um exemplo de falha involuntária, inerente
ao sistema.
Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas empresas que desenvolveram o sistema por meio da dis-
tribuição de notificações e correções de segurança. O Windows Update, serviço da Microsoft para atualização do
Windows, distribui, mensalmente, os patches (pacotes) de correções de falhas de segurança.

Ataques

Sem dúvidas, o assunto de maior destaque, tanto em concursos como no mundo real, são os ataques. Coor-
denados ou isolados, os ataques procuram romper as barreiras de segurança definidas na Política de Segurança,
com o objetivo de anular o sistema ou capturar dados.
Os ataques podem ser classificados como:

z Baixa complexidade: exploram falhas de segurança de forma isolada e são facilmente identificados e anulados;
z Média complexidade: combinam duas ou mais ferramentas e técnicas, para obter acesso aos dados, sendo de
média complexidade para a solução, gerando impactos na operação dos sistemas, como a indisponibilidade;
z Alta complexidade: refinados e avançados, os ataques combinam o acesso às falhas do sistema, novos códi-
gos maliciosos desconhecidos e a distribuição do ataque com redes zumbis, tornando difícil a resolução do
problema.

Dica
� Ameaças existem e podem afetar ou não os sistemas computacionais;
� Falhas existem e podem ser exploradas ou não pelos invasores;
� Ataques são realizados todo o tempo contra todos os tipos de sistemas.

Vírus de Computador

O vírus de computador é a ameaça digital mais popular. Tem esse nome por se assemelhar a um vírus orgâ-
nico ou biológico. O vírus biológico é um organismo que possui um código viral que infecta uma célula de outro
organismo. Quando a célula infectada é acionada, o código viral é duplicado e se propaga para outras células
saudáveis do corpo. Quanto mais vírus existirem no organismo, menor será o seu desempenho, fazendo com que
recursos vitais sejam consumidos, podendo levar o hospedeiro à morte.
O vírus de computador é um código malicioso que infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo é
executado, o código do vírus é duplicado, propagando-se para outros arquivos do computador. Quanto mais vírus
existirem no dispositivo, menor será o seu desempenho, fazendo com que recursos computacionais sejam consu-
268 midos, podendo levar o hospedeiro a uma falha catastrófica.
1. E-mail com vírus de computador é enviado para o usuário

E-mail com vírus Usuário Arquivo

2. E-mail é aberto e o arquivo anexo infectado é executado.

E-mail com vírus Usuário Arquivo

3. O código do vírus é copiado para arquivos do computador

E-mail com vírus Usuário Arquivo

4. Ao executar o arquivo infectado, novos arquivos serão infectados

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

E-mail com vírus Usuário Arquivo Arquivo

O vírus de computador poderá entrar no dispositivo do usuário por meio de um arquivo anexado em uma
mensagem de e-mail, ou por cópia de arquivos existentes em uma mídia removível, como o pen drive, recebidos
por alguma rede social, baixados de sites na Internet, entre outras formas de contaminação.

269
VÍRUS DE COMPUTADOR CARACTERÍSTICAS
� Infectam o setor de boot do disco de inicialização
Vírus de boot
� Cada vez que o sistema é iniciado, o vírus é executado
Armazenados em sites na Internet, são carregados e executados quando o usuário
Vírus de script
acessa a página, usando um navegador de Internet
� As macros são desenvolvidas em linguagem Visual Basic for Applications (VBA) nos
Vírus de macro arquivos do Office, para a automatização de tarefas
� Quando desenvolvido com propósitos maliciosos, é um vírus de macro
O vírus “mutante” ou “polimórfico”, a cada nova multiplicação, o novo vírus mantém
Vírus do tipo mutante
traços do original, mas é diferente dele
São programados para agir em uma determinada data, causando algum tipo de dano no
Vírus time bomb
dia previamente agendado
� Um vírus stealth é um código malicioso muito complexo, que se esconde depois de
infectar um computador
Vírus stealth � Ele mantém cópias dos arquivos que foram infectados para si e, quando um software
antivírus realiza a detecção, apresenta o arquivo original, enganando o mecanismo de
proteção
� O vírus Nimda explora as falhas de segurança do sistema operacional
Vírus Nimda � Ele se propaga pelo correio eletrônico e, também, pela web, em diretórios comparti-
lhados, pelas falhas de servidor Microsoft IIS e nas trocas de arquivos

Todos os sistemas operacionais são vulneráveis aos vírus de computador. Quando um vírus de computador
é desenvolvido por um hacker, este procura elaborá-lo para um software que tenha uma grande quantidade de
usuários iniciantes, o que aumenta as suas chances de sucesso.
O Windows, por exemplo, possui muitos usuários e a maioria deles não tem preocupações com segurança. Por
isso, grande parte dos vírus de computadores são desenvolvidos para atacarem sistemas Windows.
O Linux, por sua vez, tem poucos usuários, se comparado ao Windows, e a maioria deles possui muito conhe-
cimento sobre Informática, tornando a ação de vírus nesse sistema uma ocorrência rara.
Já o Android, software operacional dos smartphones populares, é uma variação do sistema Linux original.
Apesar de possuir essa origem nobre, é alvo de milhares de vírus, por causa dos seus usuários, que, na maioria
das vezes, não têm rotinas de proteção e segurança de seus aparelhos.
Um vírus de computador poderá ser recebido por e-mail, transferido de sites na Internet, compartilhado em
arquivos, através do uso de mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens instantâneas. Vale
lembrar, no entanto, que um vírus necessita ser executado para que entre em ação, pois ele tem um hospedeiro
definido e um alvo estabelecido. Ele se propaga, inserindo cópias de si em outros arquivos, alterando ou removen-
do arquivos do dispositivo para propagação e autoproteção, a fim de não ser detectado pelo antivírus.

Worms

O worm é um verme que explora de forma independente as vulnerabilidades nas redes de dispositivos. Geralmente,
eles deixam a comunicação na rede lenta, por ocuparem a conexão de dados ao enviarem cópias de seu código malicioso.
Um verme biológico parasita um organismo, consumindo seus recursos e deixando o corpo debilitado. Um
verme tecnológico parasita um dispositivo, consumindo seus recursos de memória e conexão de rede, deixando o
aparelho e a rede de dados lentos.
Os worms não precisam ser executados pelo usuário como os vírus de computador e a sua propagação será
rápida caso não existam barreiras de proteção que os impeçam.

1. Dispositivo infectado se conecta na rede do usuário

Smartphone com worm Roteador do Usuário Impressora

270
2. Roteador infectado envia o worm para a impressora

Smartphone com worm Roteador do Usuário Impressora

3. Impressora infectada demora muito para imprimir

Smartphone com worm Roteador do Usuário Impressora

4. Um novo dispositivo se conecta e é infectado

Roteador do Usuário Impressora


Smartphone com worm
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

Smartphone

Dica

Os worms infectam dispositivos e propagam-se para outros dispositivos de forma autônoma, sem interferên-
cia do usuário. 271
Os worms podem ser recebidos automaticamente pela rede, inseridos por um invasor ou por ação de outro
código malicioso. Assim como os vírus, ele poderá ser recebido por e-mail, transferido de sites na Internet, com-
partilhado em arquivos, por meio do uso de mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens
instantâneas.
Com o objetivo de explorar as vulnerabilidades dos dispositivos, os worms enviam cópias de si mesmos para
outros dispositivos e usuários conectados. Por serem autoexecutáveis, costumam consumir grande quantidade de
recursos computacionais, promovendo a instalação de outros códigos maliciosos e iniciando ataques na Internet
em busca de outras redes remotas.

Pragas Virtuais

As diversas pragas virtuais são, genericamente, chamadas de malwares (softwares maliciosos), por apresen-
tarem características semelhantes: oferecem alguma vantagem para o usuário, mas realizam ações danosas que
acabarão prejudicando-o.

� Cavalo de Troia ou Trojan

É um código malicioso que realiza operações mal-intencionadas enquanto realiza uma operação desejada pelo
usuário, como um jogo on-line ou reprodução de um vídeo. Ele é enviado com o conteúdo desejado e, ao ser exe-
cutado, desativa as proteções do dispositivo, para que o invasor tenha acesso aos arquivos e dados.
Esse nome está, justamente, relacionado com a história do presente dado pelos gregos aos troianos, consis-
tindo em um cavalo de madeira, com soldados em seu interior. Após entrar nas fortificações de Troia, os gregos
desativaram as defesas e permitiram o acesso do seu exército.

Importante!
O Trojan ou Cavalo de Troia é apresentado, no enunciado de algumas questões de concursos, como um tipo
de vírus de computador.

1. E-mail com Cavalo de Troia é enviado para o usuário

E-mail com vírus Usuário

2. E-mail é aberto e o link do jogo on-line é acessado

E-mail com vírus Usuário Jogo on-line

272
3. Enquanto o usuário joga, o trojan desativado as proteções

E-mail com vírus Usuário Jogo on-line

4. Enquanto o usuário joga, o invasor consegue acesso

Usuário Jogo on-line

z Spyware CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

É um programa malicioso que procura monitorar as atividades do sistema e enviar os dados capturados
durante a espionagem para terceiros. Existem softwares espiões considerados legítimos (instalados com o consen-
timento do usuário) e maliciosos (que executam ações prejudiciais à privacidade do usuário).
Os softwares espiões podem ser especializados na captura de teclas digitadas (keylogger), nas telas e cliques efe-
tuados (screenlogger) ou para apresentação de propagandas alinhadas com os hábitos do usuário (adware). Eles,
geralmente, são instalados por outros programas maliciosos, para aumentar a quantidade de dados capturados.

z Bot

É um programa malicioso que mantém contato com o invasor, permitindo que comandos sejam executados remo-
tamente. O dispositivo controlado por um bot poderá integrar uma rede de dispositivos zumbis, a chamada botnet.
Quando o invasor deseja atacar sites para provocar Negação de Serviço, ele aciona os bots que estão distri-
buídos nos dispositivos do usuário, para que façam a ação danosa. Além de esconder os rastros da identidade do
verdadeiro atacante, os bots poderão continuar sua propagação através do envio de cópias para outros contatos
do usuário afetado. 273
z Backdoor

É um código malicioso semelhante ao bot, mas que, além de executar comandos recebidos do invasor, realiza
ações para desativação de proteções e aberturas de portas de conexão. O invasor, ciente das portas TCP que estão
disponíveis, consegue acesso ao dispositivo para a instalação de outros códigos maliciosos e roubo de informações.
Assim como os spywares, existem backdoors legítimos (adicionados pelo desenvolvedor do software para fun-
cionalidades administrativas) e ilegítimos (para operarem independente do consentimento do usuário).

z Rootkit

É um código malicioso especializado em esconder e assegurar a presença de outros códigos maliciosos para o
invasor acessar o sistema. Essas pragas virtuais podem ser incorporadas em outras pragas, para que o código que
camufla a presença seja executado, escondendo os rastros do software malicioso.
Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado não se recupera dos dados apagados, sendo necessária uma
cópia segura (backup) para restauração dos arquivos.

Dica
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Rootkit são as pragas digitais mais questionadas em concursos
públicos.

Confira, na tabela a seguir, outras pragas digitais que ameaçam a Segurança da Informação e a privacidade
dos usuários de sistemas computacionais.

CÓDIGO MALICIOSO CARACTERÍSTICAS


Gatilho para a execução de outros códigos maliciosos que permanece inativa até que um
Bomba lógica
evento acionador seja executado
Sequestrador de dados que criptografa pastas, arquivos e discos inteiros, solicitando o
Ransomware
pagamento de resgate para liberação
� Simulam janelas do sistema operacional, induzindo o usuário a acionar um comando,
Scareware fazendo a operação continuar normalmente
� O comando iniciará a instalação de códigos maliciosos
Fraude que engana o usuário, induzindo-o a informar seus dados pessoais em páginas de
Phishing
captura de dados falsas
Ataque aos servidores de DNS para alteração das tabelas de sites, direcionando a navega-
Pharming
ção para sites falsos
Ataques na rede que simulam tráfego acima do normal com pacotes de dados formatados
Negação de Serviço incorretamente, fazendo o servidor remoto ocupar-se com os pedidos e erros, negando
acesso para outros usuários
� Código que analisa ou modifica o tráfego de dados na rede, em busca de informações
Sniffing relevantes como login e senha
� Enquanto o spyware não modifica o conteúdo, o sniffing pode alterar
Falsifica dados de identificação, seja do remetente de um e-mail (e-mail Spoofing), do ende-
Spoofing
reço IP, dos serviços ARP e DNS, escondendo a real identidade do atacante
Man-In-The-Midle Intercepta as comunicações da rede para roubar os dados que trafegam na conexão.
Intercepta as comunicações do aparelho móvel, para roubar os dados que trafegam na
Man-In-The-Mobile
conexão do aparelho smartphone
Enquanto uma falha não é corrigida pelo desenvolvedor do software, invasores podem ex-
Ataque de dia zero
plorar a vulnerabilidade identificada antes da implantação da proteção
Modificam páginas na Internet, alterando a sua apresentação (face) para os usuários
Defacement
visitantes
Sequestrador de navegador que pode desde alterar a página inicial do browser, até realizar
HiJacker
mudanças do mecanismo de pesquisas e direcionamento para servidores DNS falsos

Uma das ações mais comuns que procuram comprometer a segurança da informação é o ataque Phishing. O
usuário recebe uma mensagem (por e-mail, rede social ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em um link mali-
cioso. O link acessa uma página que pode ser semelhante ao site original, induzindo o usuário a fornecer dados
pessoais, como login e senha. Em ataques mais elaborados, as páginas capturam dados bancários e de cartões de
274 crédito. O objetivo é simples: roubar dinheiro das contas do usuário.
1. O usuário recebe um e-mail do “banco”, mas é falso

Usuário

2. O link direciona o usuário para um site falso

Usuário

3. Ele informa os seus dados pessoais

Usuário

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

4. Seus dados são enviados para o invasor, que rouba $$$ das contas bancárias ou faz compras
no seu cartão de crédito

Usuário

275
Outra ação mais elaborada tecnicamente é o Pharming. O invasor ataca um servidor DNS, modificando as
tabelas que direcionam o tráfego de dados e o usuário acessa uma página falsa. Da mesma forma que o Phishing,
esse ataque procura capturar dados bancários do usuário e roubar o seu dinheiro.

1. O atacante modifica a tabela de um servidor DNS

Usuário

2. O link alterado direciona o usuário para um site falso

Usuário

3. Ele informa os seus dados pessoais

Usuário

4. Seus dados são enviados para o invasor, que rouba $$$ das contas bancárias ou faz compras
no seu cartão de crédito

Usuário

276
APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.)

Nos itens anteriores, conhecemos as diferentes ameaças e ataques que podem comprometer a segurança da
informação, expondo a privacidade do usuário. Para todas elas, existem mecanismos de proteção – softwares ou
hardwares que detectam e removem os códigos maliciosos ou impedem a sua propagação.
Independentemente da quantidade de sistemas de proteção, o comportamento do usuário poderá levar a
uma infecção por códigos maliciosos, pois a maioria desses códigos necessita de acesso ao dispositivo do usuário
mediante autorização dada pelo próprio usuário. A autorização de acesso poderá estar camuflada em um arquivo
válido, como o Cavalo de Troia, ou em mensagens falsas apresentadas em sites, como o ataque de Phishing. Por-
tanto, a navegação segura começa com a atitude do usuário na rede.

Antivírus

Os vírus de computadores, como conhecemos no tópico anterior, infecta um arquivo e propaga-se para outros
arquivos quando o hospedeiro é executado. O código que infecta o arquivo é chamado de assinatura do vírus.
Os programas antivírus são desenvolvidos para detectarem a assinatura do vírus existente nos arquivos do
computador. O antivírus precisa estar atualizado, com as últimas definições da base de assinaturas de vírus, para
que seja eficiente na remoção dos códigos maliciosos.

1. O usuário tem um vírus de computador instalado

2. Um software antivírus é acionado para detecção

Usuário Arquivo
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

3. Ele compara o código com sua base de assinaturas

Usuário Arquivo
277
4. Ele poderá eliminar o vírus, isolar ou excluir o arquivo

Arquivo Arquivo
desinfectado excluído
Usuário

Quarentena

Quando o antivírus encontra um código malicioso em algum arquivo, que tenha correspondência com a base
de assinaturas de vírus, ele poderá:

z Remover o vírus que infecta o arquivo;


z Criptografar o arquivo infectado e mantê-lo na pasta Quarentena, isolado;
z Excluir o arquivo infectado.

Assim, o antivírus poderá proteger o dispositivo através de três métodos de detecção: assinatura dos vírus
conhecidos, verificação heurística e comportamento do código malicioso quando é executado.
O que fazer quando o código malicioso do vírus não está na base de assinaturas?
A base de assinaturas é atualizada pelo fabricante do antivírus, com as informações conhecidas dos vírus
detectados. Entretanto, novos vírus são criados diariamente. Para a detecção desses novos códigos maliciosos, os
programas oferecem a Análise Heurística.

z Análise Heurística

O software antivírus poderá analisar os arquivos do dispositivo através de outros parâmetros, além da base
de assinaturas de vírus conhecidos, para encontrar novos códigos maliciosos que ainda não foram identificados.
Se o código enviado para análise for comprovadamente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na base de vírus
conhecidos. Assim, na próxima atualização do antivírus, todos poderão reconhecer e remover o novo código descoberto.

1. Ele compara o código com sua base de assinaturas, mas não encontra correspondência com vírus conhecidos

Usuário Arquivo

278
2. O arquivo será isolado e uma cópia enviada para análise pelo fabricante do software antivírus

Quarentena

Usuário

Fabricante

Windows Defender

Em concursos públicos, as soluções de antivírus de terceiros, como Avast, AVG, Avira e Kaspersky raramente
são questionadas. Nós as usamos em nosso dia a dia, mas, em provas de concursos, as bancas trabalham com as
configurações padrões dos programas.
O Windows 10 possui uma solução integrada de proteção, que é o Windows Defender. Na época do Windows 7,
a Microsoft adquiriu e disponibilizou o programa Microsoft Security Essentials como antivírus padrão do sistema
operacional.
A seguir, foi desenvolvida a solução Windows Defender, para detecção e remoção de outros códigos malicio-
sos, como os worms e Cavalos de Troia. Além disso, o Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de conexões
para impedir ataques oriundos das redes conectadas.
No Windows 10, o Windows Defender faz a detecção de vírus de computador, códigos maliciosos e opera o
firewall do sistema operacional, impedindo ataques e invasões.

Firewall

O firewall é um filtro de conexões que poderá ser um software, instalado em cada dispositivo, ou um hardware,
instalado na conexão da rede, protegendo todos os dispositivos da rede interna. O sistema operacional disponibi-
liza um firewall pré-configurado com regras úteis para a maioria dos usuários.
A maioria das portas comuns estão liberadas e a maioria das portas específicas estão bloqueadas.
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

Usuário

Figura 13. O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes .

O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, portanto ele permite que códigos maliciosos, como os vírus de
computadores, infectem o computador ao chegarem como anexos de uma mensagem de e-mail. O usuário deve
executar um antivírus e antispyware nos anexos antes de executá-los. 279
E-mail com vírus E-mail com vírus

Firewall Usuário

E-mail com trojan E-mail com trojan

Figura 14. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, então mensagens com anexos maliciosos passarão pela barreira e chegarão até o
usuário.

O firewall impede um ataque, seja de um hacker, de um vírus, de um worm, ou de qualquer outra praga digital
que procure acessar a rede ou o computador por meio de suas portas de conexão. Apenas o conteúdo liberado,
como e-mails e páginas web, não serão bloqueados pelo firewall.

E-mail Página web

Invasor Ataque de vírus Firewall Usuário

Propagação de worm Malware

Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede os ataques provenientes da rede.

O firewall não é um antivírus e nem um antispyware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas portas
TCP do dispositivo. Sendo assim, sua utilização não dispensa o uso de outras ferramentas de segurança, como o
antivírus e o antispyware.

Importante!
O firewall não é um antivírus, mas ele impede um ataque de vírus. Ele impedirá, por ser um ataque e, não, por
ser um vírus.

Antispyware

Da mesma forma que existe a solução antivírus contra vírus de computadores, existe uma solução que procura
detectar, impedir a propagação e remover os códigos maliciosos que não necessitam de um hospedeiro.
Genericamente, malware é um software malicioso. Genericamente, spyware é um software espião. Assim,
quando os softwares maliciosos ganharam destaque e relevância para os usuários dos sistemas operacionais, os
spywares ganharam destaque. Comercialmente, tornou-se interessante nomear a solução como antispyware.
280 Na prática, um antispyware, ou um antimalware, detecta e remove vários tipos de pragas digitais.
Worm Malware

Usuário Antispyware

Trojan Spyware

Figura 16. O antispyware é usado para evitar pragas digitais no dispositivo do usuário.

Para proteção, o usuário deverá:

z Manter o firewall ativado;


z Manter o antivírus atualizado e ativado;
z Manter o antispyware atualizado e ativado;
z Manter os programas atualizados com as correções de segurança;
z Usar uma senha forte para acesso aos sistemas e optar pela autenticação em dois fatores quando disponível.

Usuário

Firewall Antivírus Antispyware Atualizações Senha forte

Figura 17. Para proteção: firewall ativado, antivírus atualizado e ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares instaladas e
uso de senha forte.

UTM
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Unified Threat Management (UTM), ou “Gerenciamento Unificado de Ameaças”, são soluções abrangentes que
integram diferentes mecanismos de proteção em apenas um programa. Elas realizam, em tempo real, a filtragem
de códigos acessados, otimizam o tráfego de dados nas conexões, controlam a execução das aplicações, protegem
o dispositivo com um firewall, estabelecem uma conexão VPN segura para navegação e entregam relatórios de
fácil compreensão para o usuário.

Defesa Contra Ataques

Quando o ataque é direcionado ao e-mail e navegador de Internet, os filtros antispam e filtros antiphishing
atendem aos requisitos de proteção. Se o ataque chega disfarçado, medidas de prevenção devem ser adotadas,
como:

z Nunca fornecer informações confidenciais ou secretas por e-mail;


z Resistir à tentação de cliques em links das mensagens;
z Observar os downloads automáticos ou não iniciados;
z Dentro das políticas de segurança para os funcionários, destacar que não se deve submeter à pressão de pes-
soas desconhecidas. 281
Quando os ataques procuram atingir um servidor LINHAS DE AÇÃO
da empresa, como ataques DoS (negação de serviço),
Segundo Lenk & Traunmüllerv (2001), são 4 (qua-
DDos (ataque distribuído de negação de serviços) ou
tro) as linhas de atuação do Governo Eletrônico1:
spoofing (fraude de identidade), uma das formas de
proteção é o bloqueio de pacotes externos não con- z Voltadas ao cidadão: oferecem informações e
vencionais. Se o usuário está utilizando um disposi- serviços aos cidadãos em geral, com qualidade e
tivo móvel e sofre um ataque, ele deve aumentar o agilidade. Propiciam, também, um canal para a
nível de proteção do aparelho e as senhas precisam participação dos cidadãos nas decisões públicas;
ser redefinidas o mais breve possível. z Voltadas à eficiência interna: relativas ao fun-
Por fim, os ataques contra aplicativos poderão ser cionamento interno dos órgãos de governo, com
minimizados ou anulados se o usuário mantiver os pro- destaque para sua utilização nos processos de lici-
gramas atualizados em seu dispositivo, aplicando as cor- tações e contratações em geral;
z Voltadas à cooperação: tem finalidade de inte-
reções de segurança tão logo elas sejam disponibilizadas.
grar os diversos órgãos governamentais, assim
como promover a integração com outras organiza-
ções públicas, púbicas não estatais e privadas;
Importante! z Voltadas à gestão do conhecimento: visam
Quando o usuário é envolvido na perpetração de gerar e manter um banco de dados atualizado dos
conhecimentos do Governo, para servir como fon-
ataques digitais, ele é considerado o elo mais fra-
te de informação e inovação a gerar melhorias nos
co da corrente de segurança da informação, por processos em geral;
estar sujeito a enganos e trapaças dos atacan-
tes. A Engenharia Social consiste no conjunto de DIRETRIZES DO GOVERNO ELETRÔNICO
técnicas e atividades que procuram estabelecer
confiança mediante dados falsos, ameaças ou No Brasil, o Comitê Executivo do Governo Eletrônico
dissimulação. instituiu diretrizes gerais para alinhar o Comitê Executi-
vo do Governo Eletrônico, com as seguintes orientações,
que estão publicadas no portal do Governo Digital:

z A prioridade do governo eletrônico é a promo-


ção da cidadania: a nova diretriz reformula a
GOVERNO ELETRÔNICO (E-GOV) visão que vinha sendo adotada e que apresenta-
va o cidadão usuário como “cliente” dos serviços
CONCEITOS, OBJETIVOS E SERVIÇOS públicos para incorporar a promoção da participa-
ção e do controle social, além da indissociabilida-
Governo eletrônico relaciona-se ao uso das Tecnolo- de entre a prestação de serviços e sua afirmação
gias da Informação e Comunicação (TICs) na adminis- como direito dos indivíduos e da sociedade;
tração pública, somado com alterações organizacionais z A inclusão digital é indissociável do governo
e práticas inovadoras, a fim de melhorar os serviços eletrônico: a inclusão digital deve ser tratada
públicos, os processos democráticos e fortalecer o como um elemento constituinte da política de
governo eletrônico para que esta possa configurar-
suporte às políticas públicas. Envolve, também, a for-
-se como uma política universal. Nesse contexto, a
ma como o Estado se utiliza do uso da internet para dar
inclusão digital é entendida como direito de cida-
publicidade e transparência de sua atividade. dania e, portanto, objeto de políticas públicas para
O uso das TICs garante agilidade na troca de infor- a sua promoção;2O software livre é um recurso
mações entre bases eletrônicas e na busca de acesso estratégico para a implementação do governo
pelo cidadão às informações de seu interesse, amplian- eletrônico: devem-se priorizar soluções, progra-
do a possibilidade de participação popular (cidadania). mas e serviços baseados em software livre que
promovam a otimização de recursos e investimen-
A doutrina apresenta 2 dimensões do governo tos em tecnologia da informação, além de garantir
eletrônico: ao cidadão o direito de acesso aos serviços público
sem obrigá-lo ao uso de plataformas específicas3;
z A gestão do conhecimento é um instrumento
z Dimensão interna: os TICs modernizam a admi-
estratégico de articulação e gestão das políticas
nistração pública e melhoram a eficiência da
públicas do governo eletrônico: conjunto de pro-
administração pública; cessos sistematizados, articulados e intencionais,
z Dimensão externa: serviços públicos prestados e capazes de assegurar a habilidade de criar, coletar,
ofertados pela internet. Logo, a internet vem a ser organizar, transferir e compartilhar conhecimen-
um dos instrumentos para essa modernização. tos estratégicos que podem servir para a tomada
1 LENK, K.; TRAUNMULLER, R. “Broadening the Concept of Electronic Government”, In: PRINS, J. E. J. (Ed.). Designing E-Government.
[S. l.]: Kluwer Law International, 2001, p. 63-74.
2 LOPES, Francisco Cristiano. Princípios e diretrizes gerais de implantação e operabilidade do governo eletrônico no Brasil. Dispo-
nível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-87/principios-e-diretrizes-gerais-de-implantacao-e-operabilidade-do-governo-
-eletronico-no-brasil/.> Acesso em: 16 mar. 2022.
3 LOPES, Francisco Cristiano. Princípios e diretrizes gerais de implantação e operabilidade do governo eletrônico no Brasil. Dispo-
nível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-87/principios-e-diretrizes-gerais-de-implantacao-e-operabilidade-do-governo-
282 -eletronico-no-brasil/>. Acesso em: 16 mar. 2022.
de decisões, para a gestão de políticas públicas e A Lei de Governo Digital, entrou em vigor em agos-
para inclusão do cidadão como produtor de conhe- to de 2021, entre seus princípios e diretrizes podemos
cimento coletivo;4O governo eletrônico deve destacar:
racionalizar o uso de recursos: a implementação
das políticas de promoção do governo eletrônico � a desburocratização, a modernização, o forta-
não deve significar aumento dos dispêndios do lecimento e a simplificação da relação do poder
Governo Federal na prestação de serviços e em público com a sociedade, mediante serviços digi-
tais, acessíveis;
tecnologia da informação;
� a disponibilização em plataforma única do
z O governo eletrônico deve contar com um arca-
acesso às informações e aos serviços públicos;
bouço integrado de políticas, sistemas, padrões
� a interoperabilidade de sistemas e a promoção
e normas: o sucesso da política de governo eletrô- de dados abertos;
nico depende da definição e publicação de políti- � o incentivo à participação social no controle
cas, padrões, normas e métodos para sustentar as da administração;
ações de implantação e operação do governo ele- � a eliminação de exigências e formalidades;
trônico que contemplem uma série de fatores críti- � o apoio técnico aos entes federados para
cos para o sucesso das ações; implantação e adoção de estratégias que visem à
z Integração das ações de governo eletrônico com transformação digital da administração pública.
outros níveis de governo e outros poderes: a (BRASIL, 2021).Esta lei define, também, os direi-
implantação do governo eletrônico não pode ser tos dos usuários da prestação digital de serviços
vista como um conjunto de ações de diferentes públicos e cita os instrumentos necessários para as
atores governamentais que podem manter-se iso- plataformas de governo digital de uso de cada ente
federativo. (BRASIL, 2021).
ladas entre si. Por sua própria natureza, o governo
eletrônico não pode prescindir da integração de
A Lei de Governo Digital determina que,
ações e de informações.
[...] a administração pública participará, de manei-
GOVERNANÇA ELETRÔNICA (E-GOVERNANCE) ra integrada e cooperativa, da consolidação da
Estratégia Nacional de Governo Digital, editada
A Organização das Nações Unidas para a Educa- pelo Poder Executivo federal, que observará os
ção, a Ciência e a Cultura (UNESCO) defendem que: princípios e as diretrizes desta Lei. (BRASIL, 2021).

[...] a governança eletrônica pode ser entendida Importante destacar que até o fim de 2022, o Bra-
como o desempenho dessa governança por meio sil pretende oferecer digitalmente 100% dos mais de
eletrônico, a fim de facilitar um processo eficiente, 3 mil serviços da União, todos disponíveis no portal
rápido e transparente de disseminar informações gov.br. Com isso, o Brasil estará entre os 15 países
ao público e a outras agências e para executar ati- mais desenvolvidos do mundo em serviços públicos
vidades de administração governamental. (UNES- digitais, o que é medido a cada dois anos pela ONU
CO, 2011) como parte do Índice de Desenvolvimento de Governo
Eletrônico.
A governança eletrônica, então, é um conceito
mais amplo que o governo eletrônico, pois provoca MAPEAMENTO DA ONU — GOVERNO ELETRÔNICO
uma mudança no relacionamento do cidadão com
A Organização das Nações Unidas possui uma pla-
os governos e entre si. A governança eletrônica pode
taforma para aferir o processo de modernização dos
transformar os conceitos de cidadania. Seu objetivo é
países. Veja o que consta em sua literalidade:
envolver, capacitar e emponderar o cidadão.
Portanto, Governança Eletrônica é um elemento- O Banco de Dados foi criado pela Divisão de Institui-
-chave para a existência de um governo eletrônico, ções Públicas e Governo Digital (DPIDG) do Departa- CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
pois, sem aquela, o que existe é apenas a informatiza- mento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações
ção de alguns serviços públicos (o que poderia ser con- Unidas (UNDESA) para fornecer aos governos e a
siderado uma “versão restrita” de Governo Eletrônico). todos os membros da sociedade civil acesso fácil a
essas informações valiosas para pesquisa, educação
LEI DO GOVERNO DIGITAL e planejamento propósitos. [...] A Pesquisa de Gover-
no Eletrônico das Nações Unidas apresenta uma
avaliação sistemática do uso e do potencial das tec-
Está disposta na Lei Federal n° 14.129, de 29 de
nologias de informação e comunicação para trans-
março de 2021. Esta lei dispõe acerca dos princípios, formar o setor público, aumentando a eficiência,
regras e instrumentos para o Governo Digital e para o eficácia, transparência, prestação de contas, acesso
aumento da eficiência pública (BRASIL, 2021). a serviços públicos e participação cidadã nos 193
Estados Membros da Nações Unidas e em todos os
Dica níveis de desenvolvimento. (UN, 2022).

Trata-se de uma Lei consideravelmente nova, Em 2020, última data de publicação, o Brasil figu-
por isso, atente-se a ela. rou na 54ª colocação.
4 Ibid. 283
REFERÊNCIAS
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS

BRASIL. Do eletrônico ao digital. 2021. Disponí- O Microsoft Outlook, integrante do pacote


vel em: <https://www.gov.br/governodigital/pt-br/ Microsoft Office, é um cliente de e-mail que
permite a integração de várias contas em
estrategia-de-governanca-digital/do-eletronico-ao-
uma caixa de entrada combinada
-digital.>. Acesso em: 14 mar. 2022.
BRASIL. Lei do Governo Digital. 2021. Disponí- O Microsoft Outlook Express foi o cliente de
vel em: <https://www.gov.br/governodigital/pt-br/ e-mail padrão das antigas versões do Win-
legislacao/lei-do-governo-digital>. Acesso em: 14 dows. Ainda aparece listado nos editais de
concursos, porém não pode ser utilizado
mar. 2022.
nas versões atuais do sistema operacional
BRASIL. Lei federal n° 14.129, de 29 de março
de 2021. Disponível em: <http://www.planalto.gov. Webmail. Quando o usuário utiliza um na-
br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14129.htm>. vegador de Internet qualquer para acessar
Acesso em: 15 mar. 2022. sua caixa de mensagens no servidor de
DINIZ, E. H; et al. O governo eletrônico no Bra- e-mails, ele está acessando pela modalida-
de webmai
sil: perspectiva histórica a partir de um modelo
estruturado de análise. Revista de Administração
Pública. Rio de Janeiro: 43(1):23-48, Jan./Fev. 2009.
LENK, K.; TRAUNMULLER, R. “Broadening the Con- O Microsoft Outlook possui recursos que permitem o
cept of Electronic Government”, In: PRINS, J. E. J. acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização das men-
(Ed.). Designing E-Government. [S. l.]: Kluwer sagens em pastas, sinalizadores, acompanhamento e tam-
Law International, 2001, p. 63-74. bém recursos relacionados a reuniões e compromissos.
PALUDO, Augustinho Vicente. Administração
Os eventos adicionados ao calendário poderão ser envia-
Pública, 8ª edição. Rio de Janeiro, Editora Método:
2019. p. 219. dos na forma de notificação por e-mail para os participantes.
UN. UN e-government knowledgebase. Disponí- O Outlook possui o programa para instalação no
vel em: <https://publicadministration.un.org/ego- computador do usuário e a versão on-line. A versão
vkb/en-us/>. 2022. Acesso em: 14 mar. 2022.
on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
UNESCO. E-Governance. 2011. Disponível em:
<http://portal.unesco.org/ci/en/ev.php-URL_ mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, inte-
ID=3038&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201. grante do Microsoft Office 365).
html>. Acesso em: 14 mar. 2022.

Usuário
CONCEITOS BÁSICOS E UTILIZAÇÃO
DE FERRAMENTAS E APLICATIVOS DE
@
NAVEGAÇÃO, CORREIO ELETRÔNICO
E DE GESTÃO DE PROCESSOS E Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor
DOCUMENTOS ELETRÔNICOS de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador
de Internet
FERRAMENTAS E APLICATIVOS DE CORREIO
ELETRÔNICO Formas de Acesso ao Correio Eletrônico

O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma Podemos usar um programa instalado em nosso
forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
disponível até ela ser acessada novamente. das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
O correio eletrônico (popularmente conhecido da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
suas características e protocolos. Confira:
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
mantendo-se usual até os dias de hoje.
FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
Protocolo SMTP para enviar mensagens
e POP3 para receber. As mensagens são
O Mozilla Thunderbird é um cliente de e-mail
Cliente de E-mail transferidas do servidor para o cliente e
gratuito com código aberto que poderá ser
são apagadas da caixa de mensagens
usado em diferentes plataformas
remota
Protocolo IMAP4 para enviar e para re-
O eM Client é um cliente de e-mail gratuito ceber mensagens. As mensagens são
para uso pessoal no ambiente Windows e Webmail copiadas do servidor para a janela do
Mac. Facilmente configurável. Tem a versão navegador e são mantidas na caixa de
Pro, para clientes corporativos mensagens remota
284
Dica
RFC é Request for Comments, um documento
Servidor de e-mails de texto colaborativo que descreve os padrões
Servidor de e-mails
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
usado nas redes de computadores.

Receber – POP3 Receber IMAP4


De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
Usuário Usuário
formato reduzido usuário@provedor, no enunciado
das questões, em vez do formato detalhado usuário@
provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
Cliente de e-mail Navegador de Internet

CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@


Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
Internet e mantida no servidor de e-mails.
Antes do símbolo de @, identifica um
Usuário
único usuário no serviço de e-mail
Os protocolos de e-mails são usados para a troca
de mensagens entre os envolvidos na comunicação. Significa AT (lê-se “em” ou “no”) e é usa-
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas, do para separar a parte esquerda, que
em concursos públicos, o que vale é a configuração @ identifica o usuário, da parte a sua direi-
ta, que identifica o provedor do serviço
padrão, a qual foi apresentada neste material.
de mensagens eletrônicas
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
lo para Transferência Simples de E-mails usado pelo Imediatamente após o símbolo de @,
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men- identifica a empresa ou provedor que ar-
Nome do domínio mazena o serviço de e-mail (o servidor de
sagens e entre os servidores de mensagens do reme-
e-mail executa softwares como o Micro-
tente e do destinatário. soft Exchange Server por exemplo)
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Protocolo de Correio Eletrônico usado pelo cliente de Identifica o tipo de provedor, por exem-
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto, plo: COM (comercial), .EDU (educa-
cional), REC (entretenimento), GOV
removendo-as da caixa de entrada remota. Categoria do
(governo), ORG (organização não gover-
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol) domínio
namental) etc., de acordo com as defi-
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet, nições de Domínios de Primeiro Nível
o qual é usado pelo navegador de Internet (sobre os (DPN) na Internet
protocolos HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso
Informação que poderá ser omitida, quan-
webmail, para transferir cópias das mensagens para a do o serviço está registrado nos Estados
janela do navegador, mantendo as originais na caixa País Unidos. O país é informado por duas letras,
de mensagens do servidor remoto. como: BR, Brasil; AR; Argentina; JP; Japão;
CN; China; CO; Colômbia; etc.

Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail


Dica
SMTP
Quando o símbolo @ é usado no início, antes
Enviar – SMTP
do nome do usuário, identifica uma conta em
Receber – POP3
Enviar e Receber
rede social. Para o endereço URL do Instagram CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
IMAP4
https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
nome do usuário é @novaconcursos.
Remetente Destinatário
Cliente
Webmail
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen-
Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook cher os campos disponíveis para destinatário(s), título
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo da mensagem, entre outros. Para enviar a mensagem,
(Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
é preciso que exista um destinatário informado em
os e-mails recebidos. um dos campos de destinatários.
Se um destinatário informado não existir no servi-
Uso do Correio Eletrônico dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial- a mensagem tentará ser entregue depois.
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali- Conheça os elementos e seu papel na criação de
zada na RFC5322. uma nova mensagem de e-mail: 285
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL OUTRAS OPERAÇÕES COM O CORREIO
ELETRÔNICO
CAMPO CARACTERÍSTICAS
Identifica o usuário que está enviando O usuário poderá sinalizar as mensagens, tanto as
a mensagem eletrônica, o remetente. recebidas como as enviadas. Ele poderá solicitar confir-
FROM (De) mação de entrega e confirmação de leitura. Vale dizer
É preenchido automaticamente pelo
sistema que as mensagens recebidas podem ser impressas, igno-
Identifica o (primeiro) destinatário da radas ou, ainda, podem ter seu código-fonte exibido.
mensagem. Poderão ser especificados Confira, a seguir, operações extras para o uso do
vários endereços de destinatários nes- correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
se campo e serão separados por vírgula lismo, facilitando a organização do usuário.
TO (Para)
ou ponto e vírgula (segundo o serviço).
Todos que receberem a mensagem co-
Ação e Características
nhecerão os outros destinatários infor- z Alta prioridade: Quando marca a mensagem como
mados nesse campo Alta Prioridade, o destinatário verá um ponto de
Identifica os destinatários da men- exclamação vermelho no destaque do título;
sagem que receberão uma cópia do z Baixa prioridade: Quando o remetente marca a men-
CC (com cópia ou
e-mail. CC é o acrônimo de Carbon sagem como Baixa Prioridade, o destinatário verá uma
Copy (cópia carbono) seta azul apontando para Baixo no destaque do título;
cópia carbono)
Todos que receberem a mensagem z Imprimir mensagem: O programa de e-mail ou
conhecerão os outros destinatários navegador de Internet prepara a mensagem para
informados nesse campo
ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
Identifica os destinatários da men- ção do e-mail;
sagem que receberão uma cópia do z Ver código fonte da mensagem: As mensagens pos-
BCC (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind suem um cabeçalho com informações técnicas sobre
cópia oculta ou cópia Carbon Copy (cópia carbono oculta). o e-mail as quais podem ser visualizadas pelo usuário;
carbono oculta) Todos que receberem a mensagem z Ignorar: Disponível no cliente de e-mail e em alguns
não conhecerão os destinatários in-
webmails, ao ignorar uma mensagem, as próximas
formados nesse campo
mensagens recebidas do mesmo remetente serão
Identifica o conteúdo ou título da excluídas imediatamente ao serem armazenadas
SUBJECT (assunto)
mensagem. É um campo opcional na Caixa de Entrada;
Anexar Arquivo: Identifica o(s) arqui- z Lixo Eletrônico: Sinalizador que move a mensa-
vo(s) que está(ão) sendo enviado(s) gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
ATTACH (anexo)
junto com a mensagem. Existem res- eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
trições quanto ao tamanho do anexo e mensagens recebidas daquele remetente;
tipo (executáveis são bloqueados pelos z Tentativa de Phishing: Sinalizador que move a
webmails). Não são enviadas pastas mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
O conteúdo da mensagem de e-mail serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
Mensagem poderá ter uma assinatura associada estar enviando links maliciosos que tentam captu-
inserida no final rar dados dos usuários;
z Confirmação de Entrega: O servidor de e-mails do
destinatário envia uma confirmação de entrega,
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou sal-
informando que a mensagem foi entregue na Cai-
vas estarão em pastas do servidor de correio eletrôni-
xa de Entrada dele com sucesso;
co, nominadas como “caixas de mensagens”.
z Confirmação de Leitura: O destinatário pode
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
confirmar ou não a leitura da mensagem que foi
recebidas, lidas e não lidas.
enviada para ele.
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efeti-
vamente enviadas. A confirmação de entrega é independente da con-
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens firmação de leitura. Quando o remetente está elabo-
apagadas. rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar
A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e as duas opções simultaneamente. Se as duas opções
não enviadas. forem marcadas, o remetente poderá receber duas
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que o confirmações para a mensagem que enviou, sendo
usuário enviou, mas que ainda não foram transferidas uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do
para o servidor de e-mails. Semelhante ao que ocorre próprio destinatário.
quando enviamos uma mensagem no app WhatsApp,
mas estamos sem conexão com a Internet. A mensagem
permanece com um ícone de relógio enquanto não for
enviada. Servidor Exchange Servidor Gmail
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são Enviar e-mail
O servidor confirma a
com confirmação
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo. de entrega entrega do e-mail na caixa
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não de entreda do destinatário

solicitados, que geralmente são enviados para um gran- Recebendo a


confirmação de entrega
de número de pessoas. Quando o conteúdo é exclusiva-
mente comercial, esse tipo de mensagem é chamado de
Destinatário
UCE (do inglês Unsolicited Commercial E-mail – e-mail Webmail
Remetente
comercial não solicitado). Essas mensagens são marca- Cliente
das pelo filtro AntiSpam e procuram identificar men- Figura 6. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
sagens enviadas para muitos destinatários ou com Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails do
conteúdo publicitário irrelevante para o usuário. destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na Caixa
286 de Entrada do e-mail do destinatário.
Enviar e-mail
Como funcionam os grupos de discussão?

Servidor Exchange Servidor Gmail


O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
Enviar e-mail nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
com confirmação O destinatário incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
de leitura confirma a leitura
da mensagem o link recebido em um convite por e-mail.
Recebendo a
confirmação de leitura Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu
e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem.
Remetente
Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo
Destinatário
Cliente
Webmail
semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem-
brando que, nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama-
Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário.
Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do
O envio para um endereço único permite a distribui-
conteúdo do e-mail.
ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia
da mensagem e anexos, se houverem, será disponibiliza-
Grupos de Discussão
da no mural da página do grupo, para consultas futuras.
Existem serviços na Internet que possibilitam a Mensagem
enviada para
troca de mensagens entre os assinantes de uma lista todos os
Grupos de
de discussão. O Grupos do Google é o último serviço discussão participantes
inscritos no
em atividade, segundo o formato original. Mensagem enviada grupo
Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro para o endereço de de discussão
e-mail do grupo
de 2019 e seus membros não poderão mais enviar ou
Usuários da Internet
receber e-mails.
Quem não é inscrito
Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou no grupo, não recebe a
Usuário participante
Fórum de Discussão são denominações equivalentes mensagem

para um serviço que centraliza as mensagens recebi- Figura 8. Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam
das que foram enviadas pelos membros redistribuin- mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os
do-as para os demais participantes. demais participantes.
Os grupos de discussão do Facebook surgiram den-
tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente A qualquer momento o usuário poderá desistir e
pela facilidade de acesso, associação e participação. sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
ço de e-mail próprio (unsubscribe).
ITEM CARACTERÍSTICAS A principal diferença entre um grupo de discussão
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
Privacidade O grupo poderá ser público e visível, ou com a exibição do endereço dos participantes. Em um
restrito e visível (qualquer um pode pe- grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
dir para participar), ou secreto e invisível endereço que enviará cópia para todos os participan-
(somente convidados podem ingressar) tes do grupo. Nas mensagens respondidas, aparece o
Proprietário Criador do grupo endereço original do remetente.
Apesar do tópico aparecer em diversos editais
Gerentes ou Participantes convidados pelo proprie-
de concursos, faz vários anos que não são aplicadas
Moderadores tário para auxiliar na moderação das
questões sobre o tema, em todos os concursos, inde-
mensagens e gerenciamento do grupo pendente da banca organizadora.
Administrador Em grupos no Facebook, pode ser o
criador ou gerente/moderador convi- Dica
dado pelo dono do grupo
Os Grupos de Discussão (com as características
Assinatura Como receberá as mensagens. Pode-
e funcionalidades originais) desapareceram ao
rá ser uma por uma, ou resumo das
longo do tempo, sendo substituídos pelos gru-
mensagens por e-mail, ou e-mail de re-
sumos (com os tópicos recebidos no pos nas redes sociais (com novos recursos e
grupo), ou nenhum e-mail (para leitura integração com os perfis delas). Esse é um tópi- CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
na página do grupo) co que deverá ser questionado cada vez menos,
assim como Redes Sociais.

Quais são as vantagens de um grupo? Sites de Busca e Pesquisa

z Os participantes podem enviar uma mensagem, Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm,
que será enviada para todos os participantes; como finalidade, apresentar os resultados de endere-
z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses; ços URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
z Organizar reuniões, eventos e conferências; Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft
z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
possibilidade de acesso aos conteúdos que foram quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê,
enviados antes do seu ingresso no grupo. Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
acessibilidade das informações existentes na Internet,
Os antigos grupos de discussão constituíram o mode- indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
lo a ser seguido para o desenvolvimento dos grupos do Os sites de pesquisas foram incorporados aos
Facebook, WhatsApp e Telegram. Nesses grupos, o par- navegadores de Internet e, na configuração dos bro-
ticipante envia um post, ou anúncio, ou arquivo e todos wsers, temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que
podem consultar na página o que foi compartilhado. permite a busca dos termos digitados diretamente na 287
barra de endereços do cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox
(caixa de pesquisa inteligente), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de
termos para completar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até no
seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resultados obtidos.

SÍMBOLO USO EXEMPLO


Pesquisa exata, na mesma ordem que forem digitados os
Aspas duplas “Nova Concursos”
termos
Menos ou traço Excluir termo da pesquisa concursos –militares
Til (acento) Pesquisar sinônimos concursos ~públicos
Substituir termos na pesquisa, para pesquisar “inscrições en-
Asterisco inscrições *
cerradas”, e “inscrições abertas”, e “inscrições suspensas” etc
Cifrão Pesquisar por preço celulares $1000
Dois pontos Intervalo de datas ou preço campeão 1980..1990
Arroba Pesquisar em redes sociais @Instagram novaconcursos
Hashtags Pesquisar nas marcações de postagens #informática

COMANDO USO EXEMPLO


site: Resultados de apenas um site livro site:www.uol.com.br
filetype: Somente um tipo de arquivo apostila filetype:pdf
define: Definição de um termo define:smtp
intitle: No título da página intitle:concursos
inurl: No endereço URL da página inurl:nova
time: Pesquisa o horário em determinado local time:japan
related: Sites relacionados related:uol.com.br
cache: Versão anterior do site cache:uol.com.br
link: Páginas que contenham link para outras link: novaconcursos
location: Informações de um determinado local location:méxico terremoto

Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

PEDIDO USO EXEMPLO


traduzir ... para ... Google Tradutor traduzir maçã para japonês
lista telefônica:número Páginas com o telefone Lista telefônica:99999-9999
código da ação Cotação da bolsa de valores GOOG
clima localidade Previsão do tempo clima são paulo
código do voo Status de um voo (viagens) ba247

Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior
288 direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.
Importante!
As bancas costumam questionar funcionalidades do Microsoft Bing que são idênticas às funcionalidades do
Google Buscas, com o intuito de confundir os candidatos acerca do recurso questionado.

Redes Sociais

As redes sociais se tornaram populares entre os usuários ao oferecerem os pilares dos relacionamentos em for-
mato digital: curtir, comentar e compartilhar.
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. Na
prática, esses conceitos acabam sendo sobrepostos nas novas redes.
O modelo pode ser centralizado, descentralizado ou distribuído. No modelo centralizado, as informações são exi-
bidas para os usuários a partir de servidores de uma empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuário. Locali-
zação, idade, sexo, preferências políticas e todas as demais informações dadas pelos usuários no perfil da rede social
serão usadas para a apresentação dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um exemplo centralizado, com
distribuição de conteúdo semelhante à topologia Estrela, das redes de computadores, com um nó centralizador.
As redes sociais ou mídias descentralizadas são aquelas que, apesar de existirem nós maiores e principais, os
usuários acessam apenas parte das informações disponíveis. Critérios informados nos perfis dos usuários, posta-
gens que ele curtiu, postagens que ele ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos dentro das redes sociais
etc. O Facebook é um exemplo de rede descentralizada, na qual as conexões pessoais são expandidas para o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que dependem das conexões de um usuário para terem acesso a outras
conexões. O LinkedIn, por exemplo, prioriza as conexões conhecidas e as conexões relacionadas, independente dos
grupos dos quais o usuário está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de dados de usuários pode comprometer a segurança da informa-
ção. Técnicas de Engenharia Social podem ser usadas para vasculhar as informações publicadas pelos usuários à
procura de conexões, relacionamentos, senhas, dados de documentos e outras informações que poderão ser usadas
contra o usuário.

REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

O Facebook é a maior rede social da atualidade Todos os usuários de Internet e empresas

O Twitter é uma rede social para publicações curtas e


Ativistas, artistas, empresas e políticos
rápidas

O LinkedIn é uma rede social para conexões entre empre-


Empresas, empregados, empregadores e candidatos
sas e empregados

Facebook Workplace, usado por empresas para conectar


Empresas que contratem o serviço e seus colaboradores
seus colaboradores

O Instagram é uma rede social para compartilhamento de


Todos os usuários de Internet e empresas
fotos, vídeos e venda de produtos

O Tumblr é uma rede social para compartilhamento de con-


teúdo, como blogs (textos, imagens, vídeos, links, etc.)
Todos os usuários de Internet e empresas CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA

MÍDIAS
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

Wordpress é um portal de blogs que permite o armaze-


Usuários de Internet com foco em produção de conteúdo
namento de website

O Youtube é um portal de vídeos com recursos de redes


Produtores de conteúdo multimídia e consumidores
sociais

O Wikipedia é um site para publicação de conhecimento Usuários colaboradores e voluntários que contribuem
no formato colaborativo com novos conteúdos e revisões

289
Saiba: Alguns dos principais protocolos de transferência
Redes sociais é um tópico pouco questionado em de arquivos são:
concursos públicos, devido às atualizações que elas
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol: protocolo de
oferecem quase diariamente em seus recursos e ope-
transferência de hipertextos;
ração de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure: pro-
com as regras e recursos do Facebook do ano passado, tocolo seguro de transferência de hipertextos;
verá que muitas funcionalidades foram alteradas. z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de transfe-
rência de arquivos;
ACESSO A DISTÂNCIA A COMPUTADORES, z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol: protocolo
TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS, simples de transferência de e-mail.
APLICATIVOS DE ÁUDIO, VÍDEO E MULTIMÍDIA
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter-
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que
Nas redes de computadores, os dados são arquivos
envolvem as redes de computadores. Mensagens de
disponibilizados pelos servidores. Poderão ser servi- erros, problemas de conexão, instabilidades e proble-
dores web, com páginas web para serem acessadas por mas de segurança da informação tornam-se mais claros
um navegador (browser) web; ou, ainda, servidores de para quem conhece os protocolos e seu funcionamento.
arquivos FTP, para serem acessados por um cliente FTP.
O acesso a distância a computadores será realiza- z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de
do, por meio do paradigma cliente servidor, onde um transferência de hipertextos:
será o servidor, que fornecerá o acesso ou arquivos, e o
„ Opera pela porta TCP 80;
outro dispositivo será o cliente que estiver acessando. „ Transfere arquivos HTML (Hyper Text Mar-
kup Language – linguagem de marcação de
Protocolo seguro
hipertextos);
„ Protocolo mais utilizado para navegação, tanto
na Internet como na Intranet;
„ As tags (comandos) HTML são interpreta-
Usuário final Servidor remoto das pelo navegador de Internet, que exibe o
conteúdo;
Tal acesso deverá ser realizado de forma segura, „ Arquivos HTML podem ser produzidos em edito-
res de textos sem formatação (como o Bloco de
com uso de VPN (Virtual Private Network), que imple-
Notas) ou em editores de textos completos (como
menta protocolos seguros na conexão, evitando moni- o Microsoft Word).
toramento dos dados por terceiros.
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Intranet Porta TCP 80
Protocolo seguro Extranet Intranet
Conexão
segura HTTP – request (requisição)

Conexão
segura Cliente HTTP – response (resposta)
Internet Servidor
Matriz Filial Web Web

Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro-
que definem a Extranet. Extranet é uma conexão segu- tocolo seguro de transferência de hipertextos:
ra entre ambientes seguros, usando uma infraestrutu-
ra pública e insegura. A troca de dados entre o cliente „ Opera pela porta TCP 443;
„ Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML,
e o servidor será realizada por protocolos de transfe-
etc.
rência. Todas as redes utilizam os mesmos protocolos,
„ Protocolo mais utilizado para navegação segu-
linguagens e serviços. ra, tanto na Internet como na Intranet;
„ As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
Transferência de Informação e Arquivos suem comandos adicionais (scripts) que com-
plementam a exibição de conteúdo específico;
Cada sistema operacional tem o seu sistema de „ Utiliza criptografia, acionando camadas adicio-
arquivos para endereçamento das informações arma- nais como SSL e TLS na conexão.
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente, HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro
não é possível a comunicação ou leitura desses dados. de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443

A família de protocolos TCP/IP procura normatizar


o envio e recebimento das informações entre disposi- HTTPS – request (requisição)
Cliente
tivos conectados em rede, através dos protocolos de Web
HTTPS – certificado digital
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni-
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos Identidade confirmada
envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe- Servidor
290 rência de dados. HTTPS – response (resposta) Web
O protocolo HTTPS é o mais questionado em provas de concursos, tanto em Conceitos de Internet e Intranet,
como em Transferência de dados e arquivos, como em Segurança da Informação.

z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transferência de arquivos:

„ Opera com duas portas TCP, uma para dados (20) e outra para comandos (21);
„ Transfere qualquer tipo de informação;
„ Pode transferir em modo byte a byte (arquivos de textos) ou bit a bit (arquivos executáveis);
„ Os navegadores de Internet possuem suporte para acesso aos servidores FTP;
„ O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma mais
rápida que nos navegadores de Internet;
„ Pode utilizar criptografia;
„ O modo anônimo caiu em desuso e poucos servidores FTP ainda aceitam conexão anônima.
FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)

FTP – Comando OPEN (iniciar


transferência)

FTP – Comando PUT (para upload,


adicionar arquivos)

FTP – Comando GET (para download,


baixar arquivos)

Servidor
Cliente FTP – dados transferidos para a
solicitação GET Web
Web

FTP – comando CLOSE


(finalizar transferência)

z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo simples de transferência de e-mail:

„ Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou 2525;


„ A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é bloqueada pela maioria dos servidores, para evitar spam;
„ A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS (camada adicional de segurança);
„ A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP sobre SSL), mas foi reatribuída e depreciada;
„ A porta 2525 não é uma porta oficial, mas muito usada por provedores para substituir a porta 587, quando
ela estiver bloqueada;
„ Transfere a mensagem de e-mail do cliente para o servidor e de um servidor para outro servidor.
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de E-mail –
Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525

SMTP – enviar SMTP – enviar


e-mail e-mail

Cliente
E-mail Servidor Servidor
E-mail E-mail

Aplicativos de Áudio, Vídeo e Multimídia.


CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Os softwares instalados no computador, podem ser classificados de formas diferentes, de acordo com o ponto
de vista e sua utilização.
Vamos conhecer algumas delas.

CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO


Sistemas Operacionais que oferecem uma plataforma para exe-
Básico Windows e Linux
cução de outros softwares
Programas que permitem ao usuário criar e manipular seus Microsoft Office e LibreOffice, reprodutores de
Aplicativo
arquivos mídias
Compactador de arquivos, Desfragmentador de
Utilitários Softwares que realizam uma tarefa para a qual fora projetado
Discos, Gerenciadores de Arquivos
Software malicioso, que realiza ações que comprometem a segu- Vírus de computador, worms, cavalo de Troia,
Malware
rança da informação spywares, phishing, pharming, ransomware etc.

Os softwares que reproduzem conteúdo multimídia, como o Windows Media Player e o Groove Music (além
de opções de terceiros, como o VNC Player), reconhecem o arquivo como tendo conteúdo multimídia a partir da
extensão dele. 291
EXTENSÃO COMENTÁRIOS
.avi Audio Video Interleave. Formato de vídeo padrão do Windows
.3gp Formato de vídeo popular entre aparelhos smartphones
.flv Formato de vídeo da Macromedia, usado pelo Adobe Flash, de baixa qualidade
Neste formato, as trilhas de áudio, vídeo e legendas são encapsuladas em um único contêiner, suportando diversos
.mkv
formatos
.mov QuickTime File Format é um formato de arquivo de computador usado nativamente pela estrutura do QuickTime
Arquivo áudio MP3 (MPEG-1 Layer 3). Formato de áudio que aceita compressão em vários níveis. Pode utilizar o Win-
.mp3
dows Media Player ou Groove Music para reprodução
Moving Picture Experts Group. Arquivo de vídeo comprimido, visível em quase qualquer reprodutor, como por exemplo,
.mpg
o Real One ou o Windows Media Player. É o formato para gravar filmes em formato VCD
.rmvb Real Media Variable Bitrate. Formato de vídeo com taxa variável de qualidade desenvolvido pela Real Networks
.wav Formato de áudio Wave, sem compactação com baixa amostragem
.wma Windows Media Audio, formato de áudio padrão do Windows
.wmv Windows Media Video, formato de vídeo padrão do Windows

As aplicações multimídia utilizam o fluxo de dados com áudio, vídeo e metadados. Os metadados são usados
para diferentes funções, como identificação da fonte, dados sobre duração da transmissão, verificação da quali-
dade etc.
Quando usados separadamente, o usuário pode baixar apenas o áudio de um vídeo, ou modificar os metada-
dos do MP3 para exibir as informações editadas sobre autor, disco, nome da música etc. Os fluxos de dados devem
ser analisados na forma de contêiner (pacote encapsulado), a fim de mensurar a qualidade e quantidade de dados
trafegados.
Stream é um fluxo de dados com pacotes de vídeo e áudio transferidos de um servidor remoto para o disposi-
tivo local. Popularizado pelo serviço Netflix de filmes e séries, o formato stream fragmenta o conteúdo em pacotes
de dados para serem enviados pelo canal com protocolos TCP. Esses pacotes de dados são os contêineres.

Internet

A transferência de arquivos poderá ser realizada de três formas:

z Fluxo contínuo;
z Modo blocado;
z Modo comprimido.

Na transferência por fluxo contínuo, os dados são transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres.

Internet

Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres

No modo blocado, o arquivo é transferido como uma série de blocos precedidos por um cabeçalho especial.
Esse cabeçalho é constituído por um contador (2 bytes) e um descritor (1 byte).

Internet

00 A 01 C 02 B
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
292
No modo comprimido, a técnica de compressão Os navegadores de Internet possuem mecanis-
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência mos internos que procuram proteger a navegação do
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os usuário por sites, alertando sobre sites que tenham
dados comprimidos e as informações de controle são conteúdo malicioso, download automático de códigos,
os parâmetros dessa transferência. arquivos que são potencialmente perigosos se executa-
dos, entre outras medidas.

Importante!
Internet Os navegadores possuem mais recursos em
Cliente comum do que diferenças. As bancas costumam
perguntar os itens que são diferentes ou exclusivos.
Dados únicos

Dados repetidos
Microsoft Edge
Informações de
controle
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o
kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma série
de itens semelhantes ao Google Chrome. Integrado com
A transferência de dados e arquivos pelas redes de
o filtro Microsoft Defender SmartScreen, permite o blo-
computadores compreende um dos temas que, comu-
queio de sites que contenham phishing (códigos mali-
mente, são abordados em provas de concursos. ciosos que procuram enganar o usuário, como páginas
que pedem login/senha do cartão de crédito).
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
Outro recurso de proteção é usado para combater
EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que
GOOGLE CHROME)
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar-
Os navegadores de Internet reconhecem os protoco- tilhar dados entre sites sem permissão do usuário. Ele
los da família TCP/IP, os quais permitem a comunicação substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o visualiza-
dor padrão de arquivos PDFs no Windows 10. Foram
entre os dispositivos nas redes de computadores. São
adicionados recursos que permitem “Desenhar” sobre
exemplos de protocolos de transferência de dados: HTTP
o conteúdo do PDF.
(hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma segura), FTP
Além disso, mantém as características dos outros
(arquivos), SMTP (mensagens de correio eletrônico),
navegadores de Internet, como a possibilidade de insta-
NNTP (grupos de discussão e notícias), entre outros. lação de extensões ou complementos, também chamados
Ao navegar na Internet com um navegador ou bro- de plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos
wser, o usuário está em uma sessão de navegação. A específicos para a navegação em determinados sites.
sessão de navegação poderá ser em janelas ou em guias As páginas acessadas poderão ser salvas para aces-
dentro das janelas. sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos,
As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli- consultadas no Histórico de Navegação ou salvas
que em links das páginas visitadas, ou clique no link como PDF no dispositivo do usuário.
enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou atalho Coleções, no Microsoft Edge, é um recurso exclusi-
de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou clique vo que permite que a navegação inicie em um disposi-
no link com o botão direito do mouse para acessar o tivo e continue em outro dispositivo logado na mesma
menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas
nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas com o nomeado como Coleções, no Edge, permite adicionar
atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4. sugestões do Pinterest.
A janela de navegação “normal” é aberta com o Outro recurso específico do navegador é a repro-
atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
mantém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link Microsoft Bing (buscador da Microsoft). CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
com o botão direito do mouse para acessar o menu de
contexto e escolher a opção “Abrir link em nova jane- Internet Explorer
la”. A janela poderá ser fechada com o atalho de teclado
Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela, com o Foi o navegador padrão dos sistemas Windows
e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o
atalho de teclado Alt+F4 todas serão fechadas.
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada,
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade.
pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T.
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi-
Os navegadores de Internet permitem a continua- mento de substitutos para os programas, que deter-
ção da navegação nas guias que estavam abertas na mina que a nova versão ou novo produto terá os
última sessão. Alterando as configurações do navega- recursos e irá operar como as versões anteriores ou
dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as produtos de origem.
últimas guias que foram acessadas na última sessão. O atalho de teclado para abrir uma nova janela de
Os navegadores de Internet não permitem a edição navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P.
de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF é o As Opções de Internet, disponível no menu Ferra-
mais popular para distribuição de conteúdo na Internet mentas, podem ser acessadas pelo Painel de Controle
e pode ser editado por aplicativos específicos, como o do Windows, devido à alta integração do navegador
Microsoft Word. com o sistema operacional. 293
Mozilla Firefox O navegador Google Chrome, quando conectado em
uma conta Google, permite que a exclusão do histórico
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, como de navegação seja realizada em todos os dispositivos
os demais browsers, possibilita o acesso ao conteúdo conectados. Essa funcionalidade não estará disponível
armazenado em servidores remotos, tanto na Internet caso não esteja conectado na conta Google.
como na Intranet. É um navegador com código aberto, Um dos atalhos de teclado diferente no Google
software livre, que permite download para estudo e modi- Chrome, em comparação aos demais navegadores,
ficações. Possui suporte ao uso de applets (complementos é F6. Para acessar a barra de endereços nos outros
de terceiros), que são instalados por outros programas no navegadores, pressione F4. No Google Chrome, o ata-
computador do usuário, como o Java.
lho de teclado é F6.
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização
Para verificar a versão atualmente instalada do
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con-
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan- Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e, depois,
to, caso utilize o modo de navegação privativa, esses “Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
dados não serão sincronizados. dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
Assim como nos outros navegadores, é possível instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
definir uma página inicial padrão, uma página inicial Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
a navegação das guias abertas na última sessão. com as mesmas credenciais de login.
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela per- O Google Chrome permite a personalização com
mite copiar, para a Área de Transferência do computador, temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
parte da imagem da janela que está sendo acessada. A das para alterar a visualização da janela do aplicativo.
seguir, em outro aplicativo o usuário poderá colar a ima-
gem capturada ou salvar diretamente pelo navegador.
GESTÃO DE PROCESSOS
Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles ofe-
recem pequenas dicas para que você possa aproveitar
ao máximo o Firefox. Também pode aparecer novida- Conceitos Iniciais
des sobre produtos Firefox, missão e ativismo da Mozil-
la, notícias sobre integridade da internet e muito mais. Para quem não é da área de Administração ou ini-
ciou os estudos há pouco tempo, ao se deparar com
Google Chrome o tópico de gestão de processos, logo vem à cabeça a
gestão de processos judiciais. Vamos desmitificar essa
O navegador mais utilizado pelos usuários da primeira impressão e demonstrar que a gestão de pro-
Internet é oferecido pela Google, que mantém servi- cessos nada se assemelha com os processos judiciais.
ços, como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), Atualmente, todas as organizações, privadas ou
entre muitos outros. Uma das pequenas diferenças públicas, podem ser vistas como um conjunto de pro-
desse navegador em relação aos outros navegadores cessos. A gestão de processos tornou-se uma filoso-
é a tecla de atalho para acesso à Barra de Endereços, fia de gestão organizacional neste novo século. Esse
que, nos demais, é F4 e, nele, é F6. Outra diferença é o
modelo de gestão tem como objetivo descobrir o que é
acesso ao site de pesquisas Google, que oferece a pes-
feito pela organização, de modo a desenvolver formas
quisa por voz se você acessar pelo Google Chrome.
Outro recurso especialmente útil do Chrome é o de otimização das atividades. Os modelos de gestão
Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla- são aplicados diretamente na operação.
do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador A fim de compreender melhor o que é gestão de proces-
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas sos, primeiramente, vamos entender o que é um processo.
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa. De acordo com Hammer e Champy (1993), “proces-
Alguns recursos do navegador são “emprestados” so é um grupo de atividades realizadas numa sequência
do site de buscas, como a tradução automática de lógica com o objetivo de produzir um bem ou um servi-
páginas pelo Google Tradutor. ço que tem valor para um grupo específico de clientes”.
É possível compartilhar o uso do navegador com Nesse sentido, para os mesmos autores, os clientes não
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que estão preocupados e/ou interessados em saber como a
cada uma tenha as próprias configurações e arquivos. organização está estruturada, mas sim nos resultados
O navegador Google Chrome possui níveis diferentes
dos produtos ou serviços oriundos dos processos.
de acessos, que podem ser definidos quando o usuário
conecta ou não em sua conta Google. Na figura abaixo, temos os elementos dos proces-
sos organizacionais e sua sequência:
z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
Processamento
gle, o navegador armazena localmente as informa- (Throughput)
ções da navegação para o perfil atual do sistema
operacional. Todos os usuários do perfil, poderão Atividades e tarefas
consultar as informações armazenadas;
z Modo Normal conectado na conta Google: o nave-
gador armazena localmente as informações da Entrada Saída
navegação e sincroniza com outros dispositivos (Input) (Output)
conectados na mesma conta Google;
✓ Insumos Transformação
z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet, mas Produtos
✓ Informação Agregação de Serviços
não acessa as informações da conta Google registrada; valor
z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces- ✓ Energia
sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
294 janela é fechada. Retroação (Feedback)
Entrada Diante do exposto, podemos afirmar que toda vez
que tivermos um conjunto de atividades sendo execu-
É todo e qualquer recurso que alimenta o sistema tadas de forma integrada e organizada com o objetivo
e que provém do meio ambiente. São basicamente os de fornecer um serviço e/ou produto que satisfaça as
insumos que o sistema obtém do meio ambiente para necessidades do cliente, teremos um PROCESSO.
poder funcionar. Para internalizar o conhecimento, vamos para
Ex.: matérias-primas, informação e energia. mais um exemplo prático! Dessa vez, analisaremos o
processo simplificado de produção de vinho:
Processador
Processamento Produto final Satisfação
Insumo
É o próprio funcionamento interno do sistema. No cliente
processamento é onde ocorre a transformação sobre
as entradas para proporcionar as saídas. É no proces-
sador que encontramos os diversos subsistemas tra-
balhando com relações de interdependência. Uva Vinho
Ex.: recursos tecnológicos, equipamentos, métodos Meios de Resultado
de gestão e organização do trabalho. produção pretendido

Saídas
Na figura acima, inicia-se com a entrada (uva -
insumo), perpassa pela transformação (agrega valor),
Representa os produtos e/ou serviços que saem do
saída (vinho – produto final) e alcança o objetivo prin-
sistema para o ambiente, ou seja, tudo que é produzido
cipal (satisfação do cliente).
pela organização como resultado de seu processamento.
Assim, podemos sintetizar o conceito de gestão de
Ex.: produto acabado, serviço prestado, lucro das
processos como sendo a metodologia na qual possibilita
operações, tributos pagos ao governo.
a estruturação da sequência de trabalhos com o intuito
de simplificar as atividades, facilitar a análise e sobre-
Retroação
tudo melhorar os processos, como forma de promover
a permanente busca da melhoria de desempenho.
Também chamado de realimentação, é um meca-
nismo de equilíbrio do sistema, com o objetivo de
TIPOS DE PROCESSOS
regular e ajustar o bom funcionamento. Na prática,
é o pós-venda do produto e/ou serviço, captando as
As empresas, com intuito de refinar sua gestão, clas-
informações (positivas e/ou negativas) e realimentan-
sificam os processos de acordo com seu resultado. Dessa
do as entradas do sistema para correição.
maneira, é possível alocar os recursos necessários e prio-
Dessa maneira as organizações funcionam como
rizar os processos que agregam valor ao produto final.
sistemas abertos, recebendo do ambiente os recursos
Portanto, em termos de capacidade de geração de
necessários, processando-os em seus subsistemas e
valor, os processos podem ser assim classificados:
devolvendo-os ao ambiente em forma de produtos e
serviços para o consumidor final.
Processos Primários

São aqueles que entregam algum bem ou serviço ao


Importante! cliente final, representam as atividades essenciais que
As atividades e tarefas estão concentradas no a organização executa no cumprimento de sua missão.
“Processamento” (Throughput). Normalmente, são processos interfuncionais ou
interorganizacionais, fornecendo uma visão completa
de ponta a ponta e que no final transformam os recur-
Traduzindo o conceito para o nosso cotidiano: é sos em serviços ou produtos para o consumidor final.
quando você resolve fazer um almoço de domingo Nesse aspecto, seu modelo de serviço é orientado ao
para a sua família! As entradas são os insumos (maté- cliente com uma visão outside in (necessidades do
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
ria-prima) do seu prato, nesse exemplo: o macarrão, o cliente para organização, ou seja, de fora para dentro).
molho de tomate, a carne moída, queijo ralado. Com Como exemplo, podemos citar a entrega de um veícu-
os ingredientes em mãos, é hora da transformação lo (produto final) da montadora para o consumidor final.
(agregar valor): é a preparação, conforme a receita da Para fixar lembre-se que os processos primários
“Nona”: cozinhar o macarrão, ralar o queijo, refogar também são chamados de processos finalísticos, ou
a cebola, temperar, etc. Como resultado (saída do pro- ainda, processos chaves, processos essenciais, pro-
cesso), temos uma bela macarronada para servir!!! cessos principais e processos básicos.
Mas não para por aí! Após todos se deliciarem com a
macarronada, chegou a hora da verdade: o momento Processos de Suporte
de receber as críticas e elogios (feedback)! No próxi-
mo domingo, com essas informações, será possível São os processos internos indispensáveis para
melhorar seu banquete! que os processos primários possam ser executados,
Percebemos que todas essas atividades (de prepa- ou seja, auxiliam à execução dos processos primários
ro) não significam nada para quem vai se deliciar com contribuindo para o sucesso da organização.
a macarronada. O que os seus familiares realmente Em regra, não geram valor direto para os clientes,
querem é a macarronada saborosa, quentinha e na e sim entregam valor para outros processos. Normal-
hora certa! Ou seja, o foco é nos desejos e necessida- mente, são associados às áreas funcionais da organi-
des dos clientes (nesse caso, sua família). zação, fornecendo e gerenciando recursos. 295
Como exemplo, podemos citar os processos de recur- z Macroprocesso: normalmente, abrange mais de
sos humanos em uma montadora. uma área da organização e compreende a visão
Os processos de suporte também são conhecidos geral dos processos. Em regra, é composto por
por processos secundários, ou ainda, processos meios, diversos processos principais e de suporte;
z Processo: tem seu foco no atendimento das neces-
processos auxiliares e processos de apoio.
sidades do cliente final (interno e externo), é o con-
junto de atividade relacionadas e sequenciais em
Processos Gerenciais que recebem entradas (insumos), agregam valor e
transformam em produtos e/ou serviços finais;
São aqueles responsáveis por medir, monitorar e z Subprocesso: refere-se a uma parte específica de
controlar as atividades. São ligados às estratégias e um processo, auxiliando o alcance do objeto do
utilizados na tomada de decisão, seu papel principal é processo maior. Pode ser considerado um processo
o de coordenar as atividades de apoio e as finalísticas. dentro de outro processo maior;
Normalmente, são executados pela alta administra- z Atividade: é o conjunto de tarefas que descreve o
ção da organização. passo a passo para a execução. A cada atividade
executada, o processo deve agregar valor. A res-
Como exemplo, podemos citar o planejamento
ponsabilidade de execução da atividade pode ser
estratégico de uma montadora de veículos. atribuída a uma pessoa ou departamento;
Vale ressaltar que os processos gerenciais são z Tarefa: é a menor divisão de trabalho no processo.
responsáveis pelas decisões no presente e elas irão Pode ser uma parte específica da atividade ou uma
impactar o futuro da organização. subdivisão de algum trabalho.
A seguir, sintetizamos os principais pontos dos
tipos de processos: Dica
A tarefa é sempre atribuída e executada por uma
� Primários: Atividades agregam valor para cliente.
pessoa.
Ex.: Produção de bens e serviços.
� De suporte: Fornecem condições necessárias aos pro- Para facilitar o entendimento desta classificação,
cessos primários. vamos ver como funciona na prática:
Ex.: Gestão de pessoas, compras. Na figura abaixo, escalonamos o macroprocesso
� Gerenciais: Ligados às diretrizes estratégicas. de Recursos Humanos e qualidade de vida no traba-
Ex.: Planejamento estratégico, Gestão da informação. lho em processos menores para facilitar e refinar a
Os processos acima mencionados também podem gestão, e ainda analisar possíveis gargalos.
ser analisados conforme os seus níveis de detalha-
mento, em forma de hierarquias. ✓ Política geral de Recursos Humanos e Qualidade de
Macroprocesso vida no trabalho

NÍVEIS DE DETALHAMENTO DOS PROCESSOS


✓ Recrutamento e Seleção de novos
Processo colaboradores.
O nível de detalhamento de um processo é ineren-
te a análise de complexidade do processo. ✓ Divulgação das vagas
Subprocesso
Nesse sentido, quanto maior a complexidade de para o mercado.
um processo, maior será a necessidade de dividi-los
✓ Análise dos candidatos a
em partes menores (subprocessos, atividades, tarefas) Atividade seleção.
e, consequentemente, facilitar a gestão.
Normalmente, nas organizações baseadas em pro- ✓ Entrar em con-
Tarefa tato para marcar a
cessos, vão existir todos os tipos de processos: do mais entrevista.
complexo até o mais simples. Dessa maneira, essa
classificação abaixo, em forma de hierarquia, é dema-
Analisando a figura acima, percebemos que ao “des-
siadamente útil no tratamento das prioridades.
cer” a escada da classificação dos processos, encontra-
A divisão dos processos segue a seguinte lógica:
mos processos mais claros e com melhor definição.
Assim, no topo da escada encontra-se o macroprocesso
✓ Gera um Impacto considerável na organização (mais genérico) e no último degrau encontra-se a tarefa
Macroprocesso e normalmente envolve + de uma área.
(mais específica, realizada por uma pessoa).
Como já estudamos, o objetivo principal de um
Processo
✓ Atividades relacionadas e sequenciais: processo é agregar valor ao cliente final. Com isso,
entradas + transformação + saída.
torna-se importante conhecer como podemos analisar
e melhorar cada processo, e essa análise é realizada
✓ Processo inserido em um pelo estudo da cadeia de valor.
Subprocesso processo maior.

CADEIA DE VALOR
✓ Trabalhos executados nos
Atividade processos.
Desenvolvido por Michael Porter, a cadeia de valor
✓ Menor elemento de um é o conjunto de atividades primárias e secundárias
Tarefa processo: Subdivisão de uma
atividade.
que uma organização utiliza para entregar produtos
296 e serviços para seu consumidor final.
A cadeia de valor permite identificar os principais Esse é o trabalho do mapeamento dos processos,
fluxos de processos, sendo possível um exame das ati- outra coisa não é, do que visualizar e entender os cami-
vidades executadas e de como ocorrem a interação nhos do processo de trabalho e seus pontos críticos.
entre elas. Assim, o mapeamento é responsável pela descri-
De acordo com Porter (1990): ção bem detalhada das atividades e tarefas, contendo
seus inter-relacionamentos de forma a retratar todo o
A cadeia de valores desagrega uma empresa nas ambiente organizacional.
suas atividades de relevância estratégica para que O mapeamento de processo é uma representação
se possa compreender o comportamento dos custos gráfica que provê uma perspectiva ponta a ponta dos
e as fontes existentes e potenciais de diferenciação. processos finalísticos, de suporte ou de gerenciamento.
Uma empresa ganha vantagem competitiva, execu- Para realizar o trabalho de mapeamento do pro-
tando estas atividades estrategicamente importan- cesso, normalmente, é utilizado a ferramenta chama-
te de uma forma mais barata ou melhor do que a da de fluxograma (desenho gráfico do processo que
concorrência. demonstra o fluxo das atividades e tarefas).
Para a compreensão do processo como um todo
Nesse sentido, a atuação na maximização da e a elaboração do fluxograma, o gestor pode utilizar
cadeia de valores é essencial na diferenciação entre diversas técnicas, tais como:
as organizações e seus processos, estabelecendo assim
a tão aguardada vantagem competitiva. z Entrevistas e reuniões;
Desse modo, cada uma dessas atividades deve, ao z Observação das atividades in loco;
final, entregar (agregar) valor aos processos da orga- z Análise da documentação;
nização. Quanto maior o valor agregado entregue, z Coleta de dados e evidências.
maior será a competitividade da empresa.
Na figura abaixo, adaptado de Porter, percebemos O mapeamento por meio do fluxograma deve con-
a interdependência entre as atividades de apoio com ter a essência do processo, demonstrando como os
as atividades primárias, tendo como resultado “as elementos se relacionam, as entradas e saídas, quem
margens” (valor agregado ofertado ao cliente, ou seja, executa as atividades, os pontos de decisão e os atores
o lucro esperado). envolvidos (fornecedores, clientes).
Com o mapeamento em mãos, o próximo passo é
análise do processo!
Atividades de Apoio

Infraestrutura
A análise do processo visa entender o estado atual do
processo e suas atividades (análise AS-IS, ou em portu-
Gestão de Recursos Humanos
guês, “como está”) e mensurar quais pontos estão benefi-
Desenvolvimento Tecnológico
Margens

ciando e/ou atrasando o alcance dos objetivos do negócio.


Essa análise do processo atual permite iniciar a
Aquisição e Compras definição do desenho do novo processo, adotando o
que está funcionando e eliminando as rupturas que
Logística Operações
Marketing e
Serviços
interferem no desempenho do processo.
vendas De acordo com o BPM CBOK V3.0 – Business Pro-
cess Management / Common Body of Knowledge Ver-
Atividades Primárias são 3.0, ou em português, Guia para Gerenciamento
de Processos de Negócio (considerado a “bíblia” para
a gestão de processos), a informação gerada a partir
A utilização da metodologia da cadeia de valor da análise de processos inclui:
possibilita à organização a melhora da análise sobre
seus processos, alcançando as seguintes vantagens: z Uma compreensão da estratégia, metas e objetivos
da organização;
z Possibilidade de verificar os valores agregados em z O ambiente de negócio e o contexto do processo
cada um dos seus processos; (porque o processo existe);
z A importância das atividades de apoio na execu- z Uma visão do processo na perspectiva interfuncional;
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
ção das atividades primárias; z As entradas e saídas do processo, incluindo forne-
z A integração dos objetivos da estratégia organiza- cedores e clientes;
cional nos processos de execução operacional. z Os papéis e handoffs de cada área funcional no
processo;
Chegou o momento de entender o passo a passo de z Uma avaliação da escalabilidade, utilização e qua-
como colocar em prática a gestão de processos! lificação de recursos;
z Uma compreensão das regras de negócio que con-
MAPEAMENTO, ANÁLISE E MELHORIA DE trolam o processo;
PROCESSOS z Métricas de desempenho que podem ser usadas
para monitorar o processo;
Adentramos agora no trabalho propriamente dito: z Resumo das oportunidades identificadas para
implantar uma gestão de processos na organização. aumentar a eficiência e a eficácia.
Para que seja possível a melhoria do processo, o
primeiro passo é conhecê-lo! Tenha atenção ao conteúdo que se segue. Um con-
Dessa maneira, precisamos entender como é o fluxo ceito crucial na análise do processo, e também bas-
de trabalho de cada processo e sua interrelação entre os tante explorado pelos examinadores, é o do Handoff.
setores e pessoas envolvidas, para que possamos decidir O Handfoff é qualquer ponto em um processo em que
em que pontos e quais decisões necessitam ser tomadas. o trabalho ou informação passa de uma função para 297
outra. Essa transferência pode resultar em descone- AS - IS TO - BE

xões, atrasos, gargalos, ineficiência, rupturas e, em


razão disso, devem ser analisadas com cuidado.
Em regra, quanto menor for o número de Hand-
soff, menor será a vulnerabilidade do processo.
melhorias "Como vai ser"
Simplificando o conceito: handoff pode ser enten- "Como está"

dido como a passagem de uma atividade para a próxi-


ma atividade, nesse ponto, é onde ocorrem os atrasos Para facilitar o entendimento, na figura abaixo, sin-
tetizamos o caminho a ser percorrido para a implan-
e as desconexões, devido à falta de comunicação entre
tação da melhoria dos processos de uma organização:
as equipes envolvidas.
Na figura a seguir, temos uma representação grá-
fica do handoff: Mapeamento Análise Desenho

Evento de
iniciação

Atividade Detalhar
1 Identificar os Propor
atividades e
Ponto de pontos críticos melhorias
handoff tarefas atuais
passagem entre
as atividades
Atividade
GESTÃO DE PROCESSOS E OS CUSTOS
2
handoff A importância do custo como fator de competitivi-
dade coloca a gestão de processos na lista das priori-
Atividade 3 dades da administração da organização.
Essa competitividade, utilizando a gestão de proces-
Saída do sos, pode ser obtida com a eliminação de desperdícios,
processo racionalização do trabalho e reengenharia de processos.

Com os processos mapeados (detalhados) e anali-


sados (estudados), é o momento de desenhar o novo
processo, propondo melhorias na sua execução. ✓ Eliminação de desperdícios
Gestão de
É importante lembrar que a análise de processos é ✓ Racionalização do trabalho
Processos
a base para o desenho de processos.
✓ Reengenharia de processos
O intuito do desenho de processos é a transforma-
ção da situação atual em um novo processo contendo
todos os pontos que podem ser melhorados, eliminan-
do as atividades e tarefas que não agregam valor. Eliminação de Desperdícios
Nesse sentido, é o redesenho do processo original
com as possíveis melhorias propostas a partir da aná- Eliminar desperdícios significa otimizar os proces-
lise do processo. sos, com isso, reduzindo ao mínimo a atividade que
Para o sucesso no desenho do novo processo, é fun- não agrega valor ao produto ou serviço. Nesse sentido,
damental por parte do gestor a atenção nas seguintes a agregação de valor é a contrapartida da eliminação
de desperdícios.
atividades:
Agregação de Valor Desperdício
z Desenhar o novo processo nos diversos níveis de
detalhe; Atividade que
transforma recursos Atividade que consome
z Identificar o fluxo de trabalho futuro com as defi-
para atender a recursos, mas não
nições das novas atividades; agrega valor ao produto
necessidade de
z Minimizar os efeitos do handoff;
clientes
z Definir indicadores e métricas;
z Realizar simulações e testes;
z Elaborar um plano de implementação. O desperdício ocorre quando são utilizados mais
recursos do que os necessários para realizar um objetivo,
Esse novo processo a ser implementado é chamado consumem-se recursos em atividades que não agregam
de TO-BE, ou seja, a visão do processo futuro. É nesse valor e quando objetivos desnecessários são realizados.
Com a eliminação total dos desperdícios, o que res-
momento que o estado desejado é desenvolvido, seja
ta são as atividades que agregam valor ao produto ou
para um redesenho de processo ou para o desenvolvi-
serviço, consequentemente diminuindo os custos de
mento de um novo processo. produção, sem que a qualidade seja comprometida.
Portanto, a análise AS-IS é a visão do processo no Como resultado, a eliminação de desperdícios
momento atual. Já a análise TO-BE, é a visão do proces- diminui os custos de produção, sem que o valor do
298 so futuro com as melhorias a serem implementadas. produto para o cliente fique comprometido.
Racionalização do Trabalho
Mudanças Melhorias
A racionalização do trabalho é uma técnica essen- Radicais Drásticas
cial na busca da melhoria contínua dos processos,
consiste na maximização da eficiência por meio da
simplificação dos movimentos e minimização do tem-
po necessário para realizar a tarefa.
Reengenharia
As atividades de racionalização do trabalho são rea-
lizadas por meio de um procedimento com 3 passos:

z Uma tarefa é observada e estudada crítica e sis- Fazer MAIS Começar do ZERO
tematicamente, para permitir a identificação de com menos (Folha em branco)
aprimoramentos necessários;
z Com base na análise crítica, entendimento de sua
lógica e eventual comparação com outras formas
mais eficientes de fazê-la, desenvolve-se uma A reengenharia é uma forma de intervenção estra-
alternativa mais racional e eficiente; tégica para adaptar as organizações às mudanças no
z A alternativa mais eficiente é implantada, por meio ambiente em que atuam, provocando fortes altera-
da alteração dos movimentos e eventualmente da ções na sua estrutura.
substituição de máquinas e equipamentos.
SISTEMAS DE GESTÃO
Reengenharia de Processos
O principal modelo para implantar uma gestão de
Enquanto a racionalização do trabalho e a elimi- processos em uma organização é a filosofia BPM (Busi-
nação de desperdícios procuram melhorar continua- ness Process Management).
mente um processo existente, a fim de aumentar sua O BPM (em português: gestão de processos de
eficiência, a reengenharia de processos procura criar negócio) é considerado a maior inovação gerencial
um processo totalmente novo e mais eficiente, com o deste século, possibilitando otimizar a tecnologia em
uso inteligente da tecnologia da informação. benefício de um modelo gerencial amplo e apto para
A ideia é a reinvenção da empresa. preparar as organizações no enfrentamento das inú-
meras mudanças no ambiente atual, de forma inteli-
REENGENHARIA gente e eficaz.
De acordo com Tadeu Cruz (2008), o BPM “é o con-
A reengenharia de processos é um redesenho radi- junto formado por metodologias e tecnologias cujo obje-
cal com o intuito de implantar mudanças drásticas no tivo é possibilitar que processos de negócios integrem.
modo de se fazerem as coisas dentro dos processos Lógica e cronologicamente, clientes, fornecedores, par-
organizacionais. ceiros, influenciadores, funcionários e todo e qualquer
Essa visão de reestruturação radical dos proces- elemento com que possam, queiram ou tenham que
sos foi proposta pelos autores Hammer e Champy na interagir, dando à organização visão completa e essen-
década de 1990, como uma forma de responder às cialmente integrada do ambiente interno e externo das
intensas mudanças ocorridas nos cenários econômi- suas operações e das atuações de cada participante em
cos, tecnológicos e culturais. todos os processos de negócios”.
Partindo do pressuposto de que a maioria das Sintetizando o conceito, de uma maneira mais
organizações criaram seus processos em décadas pas- simples e direta: O BPM é capaz de interligar todos
sadas, e assim seus fluxos de trabalho e normas foram os processos principais e secundários, com todos
baseados em demandas e desafios que já não existem. os participantes da cadeia, em prol dos objetivos
Dessa maneira, a melhor ação para a busca da melho- organizacionais.
ria dos processos é “começar do zero”, ou melhor, não Para a sua prova de concurso, é essencial (e sufi-
aproveitar nada do que está sendo feito, e sim dese- ciente) conhecer as principais aplicações e facilidades
nhar a partir do zero. que o BPM oferece na melhoria da gestão de proces-
sos, são elas: CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Segundo os autores Hammer & Champy (1993), a
reengenharia é “o repensar fundamental e a reestru-
turação radical dos processos empresariais que visam z Possibilidade de representar graficamente todos
alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos os tipos de processos, fluxos e desvios;
e contemporâneos de desempenho, tais como, custos z Facilidade na gestão de pessoas: definição clara
qualidade, atendimento e velocidade”. dos responsáveis de cada atividade e tarefa;
z Maximiza a eficiência e produtividade com a
Dica padronização dos processos;
z Integração entre a tecnologia da informação e
A reengenharia é inerente ao princípio da folha pessoas;
em branco, ou seja, inicia-se do zero como se z Filosofia de gestão horizontal e flexível;
fosse a primeira escrita! z Possibilita alcançar os objetivos organizacionais
estratégicos com maior transparência.
O ponto crucial não é a busca de melhorar o que já
existe, e sim em indagar o que é feito, por que é feito, Então, O BPM é um sistema de tecnologia da infor-
se é necessário, por quem é feito, para quem é feito. mação (software)? A resposta é um sonoro não!
Nesse sentido, a reengenharia não busca consertar O BPM é uma filosofia de gestão de processos com
nada! Busca melhorias radicais nos processos! foco no negócio da empresa! 299
Para auxiliar a implantação dessa filosofia, surgi- CONCEITO PALAVRA(S)-CHAVE
ram os BPMS (Business Process Management Systems)!
O BPMS é o sistema informatizado que dá suporte Análise TO-BE “como vai ser” – momento futuro
para o gerenciamento de processos na organização.
Esse software dá suporte às atividades como mapea- Mudança radical – folha em
Reegenharia
mento, modelagem, análise e aprimoramento dos branco
processos, integrando a gestão de informação aos pro-
cessos de negócios. NOÇÕES DE ESTATÍSTICA APLICADA AO
CONTROLE E À MELHORIA DE PROCESSOS

BPM Cada vez mais, a utilização das técnicas estatísticas,


✓ Filosofia de Gestão
destinadas à análise de situações complexas ou não, tem
(Business Process ✓ Foco nos negócios aumentado e fazem parte do cotidiano do administrador.
Management)
Neste sentido, a estatística é ferramenta essencial
na análise e na melhoria dos processos organizacio-
nais, permitindo ao administrador obter informações
BPM
✓ Software por meio de uma análise baseada em dados e indica-
(Business Process ✓ Foco em Tecnologia da dores de desempenho.
Management Informação (T.I) Segundo os autores Magalhães e Lima, podemos con-
Systems) ceituar estatística como: “um conjunto de técnicas que
permite, de forma sistemática, organizar, descrever, ana-
lisar e interpretar dados oriundos de estudos ou experi-
Na disciplina de gestão de processos, é possível mentos, realizados em qualquer área do conhecimento”.
acertar um grande número de questões, especialmen-
Assim, a palavra-chave da conceituação acima é
te na banca CESPE, conhecendo as palavras-chave
associada a cada conceito/definição. Eu chamo essa “de forma sistemática”, ou seja, faz com que o admi-
técnica de “palavras-chave associada”. nistrador consiga tomar a melhor decisão baseado em
A seguir, como essa técnica deve ser utilizada! fatos estudados, afastando assim o famoso “achôme-
Para facilitar sua memorização, na 1º coluna inserimos tro” e opiniões subjetivas.
“o conceito”, seguido da “palavra (s)-chave” na 2º coluna: Estudaremos, então, diversos conceitos de ferra-
mentas estatística que podem auxiliar o administra-
CONCEITO PALAVRA(S)-CHAVE dor a tomar a melhor decisão cotidianamente.
Para possibilitar uma melhor análise dos proces-
Gestão de Grupos de atividades/
sos, é importante conhecermos os seguintes conceitos
Processos sequência lógica
de estatística:
Elementos de
Entradas/Processamento/Saída/
Gestão População e Amostra
feedback
de processos

Processos População É o conjunto de todos os elementos


Entregam valor ao cliente que possuem determinada característica. Por sua vez,
Primários
amostra é qualquer subconjunto não vazio da popu-
Processos de lação (parte não nula da população).
Internos/auxiliam/áreas funcionais
suporte
Vejamos como esse assunto é utilizado na prática!
Processos Em uma pesquisa de satisfação de um produto, o
Estratégia Organizacional
Gerenciais ideal seria que todos os compradores e usuários des-
te produto fossem consultados, mas isso é impossível,
Visão geral
Macroprocesso seja por não conhecer todos os usuários, seja pelo
(visto como um todo)
tempo que seria necessário para isso.
Processo Atendem os desejos do cliente Diante disto, as pesquisam baseiam-se em amos-
Subprocesso Processo dentro de um processo tras, ou seja, uma parcela que seria representativa da
população total.
Atividade Execução

Tarefa Parte específica da atividade


População
Mapeamento Detalhar as atividades

Análise Identificar os pontos críticos

Desenho Propor melhorias


Amostra
Ponto de passagem entre
Handoff
as atividades

Análise AS-IS “como está” – momento atual


300
Neste exemplo, a população seria composta por Medidas Estatísticas na Análise de Processos
todos os usuários, enquanto que a amostra seriam os
indivíduos entrevistados pela pesquisa quanto à sua Para uma melhor análise com o intuito de aperfei-
çoar os processos, o administrador utiliza-se de 2 tipos
satisfação do produto.
de medidas estatísticas que são essenciais: Medidas de
tendência e medidas de Variabilidade. Vamos enten-
Organização de Dados
der a sua aplicação!
Na organização de dados temos:
z Medidas de Tendência Central
z F
requência e Representação Gráfica: Para auxi-
„ Média: A média aritmética dos dados é a soma
liar na análise de um processo organizacional, uma
dos valores observados, dividida pelo total de
informação bastante útil é o de quantas vezes uma observações. Essa medida é a mais comum e
variável aparece. Esse é o conceito de frequência, também uma das mais utilizadas na análise de
ou seja, é o número de vezes em que uma variável processos.
assume um determinado valor. Exemplo: Qual é a média de salários dos direto-
res da empresa X, de acordo com o rol a seguir?
Para facilitar o entendimento, vamos analisar um
exemplo hipotético de uma pesquisa sobre o número
DIRETORES DA
de defeitos na produção de um automóvel: SALÁRIOS
EMPRESA X

Recursos Humanos R$ 30.000,00


FREQUÊNCIA
DEFEITOS
(N° DE DEFEITOS) Financeiros R$ 20.000,00
Defeitos nas Rodas 50 Produção R$ 40.000,00
Defeitos no Estofado 30 = Soma dos salários/n° de
Média Aritmética diretores
Defeitos no Chassi 20 90.000,00 ÷ 3= 30.000,00
Total 100
„ M
oda: A moda é o termo que mais se repete em
A tabela apresentada é uma forma de representação uma sequência de dados.
dos dados chamada de agrupamento simples, e está mos-
trando quantas vezes a variável “defeito” assume deter-
minados valores, ou melhor, a frequência absoluta de Importante!
cada um dos “defeitos” na montagem do automóvel;
Lembre-se do uso comum da palavra: o que está
z Frequência Absoluta X Frequência Relativa: na moda, é o que se usa mais entre as pessoas.
A frequência absoluta, como vimos, apresenta a Simplificando: é o resultado mais frequente, o
quantidade que uma variável aparece em um pro- que mais aparece.
cesso. Já a frequência relativa (ou proporção) leva
em conta o quanto cada valor assumido pelas
Vamos a um exemplo prático: Imagine que estamos
variáveis representa do total.
analisando o tempo de produção, em horas, de um auto-
móvel. Os resultados percebidos são: 3, 4, 4, 4, 5, 5, 6, 8
FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA Observe que o resultado que apareceu com maior
DEFEITOS
(N° DE DEFEITOS) RELATIVA frequência é o de 4 horas, assim, essa seria a moda
desse rol de dados;
Defeitos CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
50 50/100= 50%
nas Rodas
„ Mediana: A mediana é uma medida de posição,
Defeitos no na qual divide a sequência em 2 partes com a
30 30/100= 30%
Estofado mesma quantidade de dados. Assim, simplifi-
cando, é o termo do meio de uma sequência
Defeitos no
20 20/100= 20% de dados.
Chassi

Total 100 100/100= 100% Dessa maneira, se o rol analisado apontar 9 dados,
a mediana é o quinto elemento (posição central).
Dessa maneira, a frequência relativa permite reali- Exemplo: em uma grande empresa, com 9 filiais,
zar comparações entre tabelas com diferentes quanti- temos respectivamente no rol a seguir a representa-
dades de dados analisados para uma mesma variável. ção dos números de funcionários: (40, 45, 50, 55, 70,
A comparação das frequências absolutas entre 80, 80, 90, 110). Portanto, a mediana que representa o
duas tabelas não faz sentido, pois estaríamos compa- rol acima é de 70 funcionários.
rando 2 números absolutos sem conhecer o quanti- Caso ocorra de o número de variáveis de um rol ser
tativo total. Por outro lado, na frequência relativa, par (não tem um termo que seja do meio), tomemos os
estaríamos comparando 2 percentuais. 2 termos centrais (meio) e fazemos a média entre eles. 301
Medidas de Variabilidade
HORA DE PRATICAR!
As medidas de variabilidade são utilizadas para
apontar quanto que os dados estão dispersos em rela- 1. (UFRJ — 2018) Para se realizar a instalação de uma
ção à média. Neste sentido, quanto mais espalhados, impressora em um computador que utiliza o sistema
maior será a sua variabilidade. operacional Windows 10, o administrador conectou
Essas medidas visam tornar a avaliação do conjunto corretamente o cabo USB da impressora no compu-
tador e, em seguida, conectou o cabo de força e ligou
de dados mais próximas da realidade, facilitando assim
a impressora. Uma vez que o sistema operacional
a observação e entendimento na tomada de decisão.
não reconheceu a impressora, o administrador reali-
As medidas de variabilidade mais utilizadas na
zou uma sequência de ações para instalá-la. Assinale
análise de processos são: a amplitude, variância e o a opção que apresenta a sequência correta efetuada
desvio padrão. por ele:

Melhoria dos Processos Utilizando a Estatística a) Acessou Iniciar > Configurações > Sistema > Impres-
soras e Scanners e clicou em Adicionar uma impresso-
O administrador, utilizando as ferramentas da ra ou scanner, escolheu o modelo correto e em seguida
estatística, tem como objetivo melhorar a média, clicou em Adicionar dispositivo.
aumentar ou diminuir de acordo com o caso concreto b) Acessou Iniciar > Configurações > Personalização >
e sempre reduzir sua variabilidade. Impressoras e Scanners e clicou em Adicionar uma
Vamos entender melhor como essas medidas esta- impressora ou scanner, escolheu o modelo correto e
tísticas podem auxiliar na melhoria de processos ana- em seguida clicou em Adicionar dispositivo.
lisando um caso prático: c) Acessou Iniciar > Configurações > Facilidade de aces-
Ao analisar um processo de fabricação de um auto- so > Impressoras e Scanners e clicou em Adicionar
móvel, o administrador coletou os seguintes dados, em uma impressora ou scanner, escolheu o modelo corre-
horas, para o término da produção: 4 + 3 + 10 + 8 + 6 + 8. to e em seguida clicou em Adicionar dispositivo.
Calculando o tempo médio, temos: d) Acessou Iniciar > Configurações > Dispositivos >
Impressoras e Scanners, clicou em Adicionar uma
impressora ou scanner, escolheu o modelo correto e
39 Total em seguida clicou em Adicionar dispositivo.
Média:
6 N° de Variáveis e) Acessou Iniciar > Configurações > Contas > Impresso-
ras e Scanners e clicou em Adicionar uma impressora
ou scanner, escolheu o modelo correto e em seguida
Média: 6,5 clicou em Adicionar dispositivo.

Assim, é função do administrador adotar medidas 2. (UFRJ — 2018) Em seu computador de mesa local,
para que o valor da média diminua e, consequente- depois de trabalhar em um ofício destinado a outro
mente, o tempo médio de fabricação seja reduzido, órgão federal, Gustavo salvou esse ofício com o nome
maximizando a eficiência. “of24.odt” em um subdiretório chamado “Oficios
Um exemplo prático para alcançar esse resultado é con- 2017”, que está contido no diretório “Documentos”.
tratar mais trabalhadores para a execução dos processos. Este, por sua vez, está acessível por uma unidade
Outro fator a ser analisado é a redução da varia- mapeada ao local do servidor de arquivos gerenciado
pela equipe de dados corporativos da instituição.
bilidade, pois não adianta ter uma boa média se os
Assinale a alternativa que indica o caminho correto do
resultados variam à cada unidade. Neste sentido, a
arquivo salvo.
variabilidade do tempo de produção proporcionará
uma maior previsibilidade, auxiliando assim, no pro-
a) Z:\Documentos\Oficios 2017\of24.ods
cesso de planejamento. b) T:\Documentos\Oficios 2017\of24.odt
Percebemos que a gestão de processos funciona c) C:\\Documentos\Oficios 2017\of24.odt
como uma cadeia, com a melhora de um elemento, os d) C:\Documentos\Oficios 2017\of24.doc
seguintes vão se beneficiando e no final ocorre uma e) E:\\Documentos\Oficios 2017\of24.odt
melhoria geral e contínua.
Sintetizando o exemplo: 3. (UFRJ—2015) O Linux foi baseado em um sistema
operacional desenvolvido por Andrew S. Tanenbaum e
Albert S. Woodhull. Assinale a alternativa que corres-
ponde ao nome desse sistema operacional:
Produção
Melhoria no � Aumenta a qualidade
� Média a) Unix.
planejamento � Diminui o tempo
� Variabilidade de entrega para o b) MS-DOS.
consumidor c) Xinu.
Maior previsibilidade
d) XP.
e) Minix.
Diante do exposto, inferimos que a moderna gestão
de processos tem como foco a busca pela qualidade e 4. (UFRJ — 2015) Assinale a alternativa que correspon-
satisfação do cliente, tendo a aplicação dos ensinamen- de à licença sob a qual o código fonte do núcleo do
302 tos da estatística como parte essencial nesta busca. Linux está disponível.
a) DML
b) GPL
c) GLP
d) Copyright
e) Minix

5. (UFRJ — 2014) No tocante à utilização de comandos


para organização e manipulação de arquivos e diretó-
rios no sistema operacional Linux, o comando respon-
sável pela atribuição de permissões de arquivos é o:

a) chmod
b) tail
c) vi
d) nmap
e) top

6. (UFRJ — 2015) Usando LibreOffice Writer 4.2, um


tabela 2
usuário clicou no botão . Esse botão é usado para:
a) Inserir > Tabela Dinâmica; DISCIPLINA e, ALUNO e
a) criar um hiperlink. NOTA GERAL.
b) inserir uma referência. b) Inserir > Objeto > Tabela Dinâmica; DISCIPLINA e, ALU-
c) acessar a galeria de imagens. NO e NOTA GERAL.
d) exportar o documento como PDF. c) Inserir > Planilha Dinâmica; DISCIPLINA e, Cont.Num –
ALUNO e Média - NOTA GERAL.
e) exportar o documento como HTML.
d) Inserir > Tabela > Tabela Dinâmica; DISCIPLINA e,
Cont.Num – ALUNO e Média - NOTA GERAL.
7. (UFRJ — 2015) A imagem a seguir contém objetos e) Inserir > Tabela > Tabela Dinâmica; DISCIPLINA e, ALU-
exibidos na barra de ferramenta de formatação do NO e NOTA GERAL.
LibreOffice Writer 4.2. O objeto identificado pelo núme-
ro “1” é usado para: 9. (UFRJ — 2015) Usando o LibreOffice Calc 4.2, um
servidor da UFRJ pretende aplicar uma formatação de
uma única vez nas células C4, F8, G3. Para aplicar a
formatação desejada, esse servidor precisa selecionar
as referidas células que não estão dispostas de for-
a) aplicar um estilo no texto selecionado. ma contínua. Indique a alternativa que contém a tecla
b) alterar somente a fonte do texto selecionado. que ele deverá manter pressionada, e em seguida cli-
c) alterar somente o alinhamento do texto selecionado. car com o botão esquerdo do mouse para selecionar
essas células.
d) alterar somente o tamanho da fonte do texto
selecionado.
a) TAB
e) alterar somente o espaçamento entre linhas do texto
b) ALT
selecionado. c) SHIFT
d) CTRL
8. (UFRJ — 2018) Um departamento de estudos está e) ENTER
precisando de um relatório quantitativo acerca de
duas disciplinas específicas: Matemática e Português. 10. (UFRJ — 2018) Com relação às tecnologias, às ferra-
Foi solicitado ao servidor Jonas, que acabara de che- mentas, aos aplicativos e aos procedimentos associa- CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
gar ao setor, que ele resolvesse essa questão. Utilizan- dos à Internet, assinale a alternativa correta.
do a funcionalidade de tabela dinâmica de um editor
de planilhas de Licença Livre, ele conseguiu entregar o a) É possível a manipulação (alteração de conteúdo) de
relatório demandado. arquivos html de qualquer sítio eletrônico da internet
apenas utilizando-se um navegador como, por exem-
Assinale a alternativa que descreve corretamente o
plo, o Mozilla Firefox.
caminho utilizado por Jonas, dentro do editor de pla-
b) Para que se possa acessar a internet é necessária a
nilha, para gerar a tabela dinâmica e quais campos de conexão, por exemplo, por meio de um provedor de inter-
linha e de dados, respectivamente, foram seleciona- net e esse é obrigado a cobrar pelo serviço prestado.
dos, dentro da tabela dinâmica, para geração do resul- c) Toda a internet é controlada e centralizada em um
tado final, conforme demostrado na “Tabela 2”. único gestor corporativo comercial que fica localizado
nos Estados Unidos da América.
d) A forma mais comum de conexão à internet em
ambiente residencial particular é utilizando-se um
equipamento denominado “modem”.
e) O navegador conhecido como Microsoft Edge possui
um antivírus embutido para proteger os e-mails de
tabela 1 usuários durante a navegação na internet. 303
11.
(UFRJ — 2018) A Coordenação de Comunicação Pode-se afirmar que:
(CoordCom) de uma Instituição Federal de Ensino
ficou responsável pela divulgação – através de um a) apenas II e III estão corretas.
sítio eletrônico – de procedimentos, eventos e demais b) apenas II está correta.
informações internas de caráter administrativo, com c) apenas I está correta.
acesso exclusivo ao corpo discente. A solução reco- d) apenas I e III estão corretas.
mendada para a CoordCom deve ser adotar a: e) I, II e III estão corretas.

16. (UFRJ — 2018) E-mail é uma forma de troca de mensa-


a) rede Corporativa. gens digitais que utiliza sistemas de correio eletrônico.
b) rede Interna. Assinale a opção correta, quanto a essa tecnologia.
c) intranet.
d) extranet. a) O tráfego dos dados de correspondências eletrônicas
e) internet. é realizado pela menção de um remetente de e-mail
diretamente ao destinatário.
12. (UFRJ — 2015) Marque a alternativa correta quan- b) Webmail é uma interface de cliente de e-mail, instala-
to aos tipos de redes de computadores – intranet e da em um navegador de internet, que tem a finalidade
extranet. de enviar e receber e-mails.
c) É possível a criptografia de mensagens de e-mails,
a) São constituídas apenas por máquinas de usuários. usando-se uma assinatura digital, para garantir que
b) São formadas pela união das redes das empresas/ seu conteúdo não foi alterado após o seu envio. Para
organizações parceiras. tal, o remetente precisa ter uma chave pública a fim de
c) São tipos de internet de alguns países estrangeiros. descriptografar a mensagem.
d) São acessadas apenas por funcionários com cargo de d) Não é possível inserir imagens embutidas em mensa-
gerência. gens codificadas em html.
e) São construídas sobre o modelo da internet. e) Um e-mail é estruturado em cabeçalho e corpo. O primeiro
contém o remetente, o destinatário e outras informações
sobre a mensagem; o segundo, o texto da mensagem.
13. (UFRJ — 2014) A Intranet cria um canal de comuni-
cação direto entre a empresa e seus colaboradores. 17. (UFRJ—2014) Uma organização deve prezar pela
Sobre a Intranet, é correto afirmar que: segurança de suas informações. Uma política organi-
zacional de segurança de informações deve abordar
a) utiliza recursos de processos completamente diferen- as seguintes dimensões:
tes da Internet.
b) o acesso ao seu conteúdo geralmente é restrito, sendo a) Segurança física e emocional.
possível acessá-lo por esquemas especiais de segurança. b) Segurança lógica; física e ambiental; emocional.
c) é constituída por conexões nas quais os computado- c) Segurança física e ambiental; lógica; ocupacional.
res não podem estar conectados à Internet. d) Segurança ocupacional; experiencial; gerencial.
d) permite compartilhamento de dados, mas não de e) Segurança gerencial; operacional.
impressoras.
18. (UFRJ — 2018) Lis trabalha no setor de protocolo do
e) não permite compartilhamento de dados nem de
Hospital Universitário de uma Instituição Federal de
impressoras.
Ensino Superior e costuma acessar alguns web sítios
de interesse pessoal. Embora se preocupe com a
14. (UFRJ — 2015) Assinale a alternativa que se refere ao segurança de quais páginas acessar, Lis teve um pro-
recurso de navegação privada no Internet Explorer 8. blema com os dados de usuário e senha de seu e-mail
pessoal, pois houve um acesso sem que ela sou-
a) Evita somente que as senhas sejam memorizadas. besse. Possivelmente ela sofreu algum ataque de um
b) Habilita o bloqueador de popups. programa que registrou os seus dados para uso crimi-
c) Permite somente acesso a páginas protegidas. noso. Este ataque foi efetivado pelo programa malicio-
d) Não armazena os dados de navegação do usuário. so ou “Malware”:
e) Habilita recursos anti-spam do browser.
a) Cavalo de Troia ou “Trojan Horse”.
15. (UFRJ — 2015) Considere as afirmativas a seguir b) Sequestro de Browser ou “Browser Hijacking”.
acerca de funcionalidades e configuração do navega- c) “Spyware”.
dor Microsoft Internet Explorer: d) Verme ou “Worm”.
I. Uma versão recente deste navegador, o Internet Explo- e) Registrador de teclado ou “Keylogger”.
rer 11, permite que seja estabelecido o uso de um ser-
19. (UFRJ — 2015) Worms são classificados como um
vidor proxy, mas esta não é uma funcionalidade nova,
tipo de vírus. Assinale a alternativa que se refere a
uma vez que desde as primeiras versões do Internet
suas características.
Explorer já era possível usar este recurso.
II. No Internet Explorer 11 é possível bloquear completa- a) Roubam dados bancários, de sites de compras, redes
mente todos os cookies oriundos de todos os sites, sociais e servidores de e-mail.
tornando o computador imune a vírus, mas, dessa b) Podem se autorreplicar sem a necessidade de infectar arqui-
forma, apenas os sites web da rede local podem ser vos legítimos, criando cópias funcionais de si mesmos.
abertos pelo navegador. c) Atuam em páginas web, blogs, perfis de redes sociais.
III. Ao excluir seu histórico de navegação no Internet d) São um malware programado para ser executado em
Explorer 11, pode-se optar por apagar também os coo- um determinado momento no sistema operacional,
304 kies já gravados em seu computador. como uma “bomba relógio”.
e) Utilizam métodos avançados de programação e são
instalados em camadas profundas ou ainda não
ANOTAÇÕES
documentadas do sistema operacional.

20. (UFRJ — 2015) A respeito da definição de vírus é cor-


reto afirmar que:

a) não precisam se anexar a outros arquivos para con-


seguir infectar uma máquina e podem se mover entre
hospedeiros por conta própria e se autorreplicarem.
b) são programas específicos de espionagem instalados
no sistema do usuário, mas não possuem a capacida-
de de se anexarem a outros arquivos e também de se
autorreplicarem.
c) são programas específicos de espionagem que,
uma vez instalados no sistema do usuário, realizam
o monitoramento de suas atividades e enviam as
informações coletadas para terceiros, por meio da
internet.
d) não são considerados um tipo de malware, mas pos-
suem a capacidade de se esconder dos mecanismos
de segurança do sistema do usuário através de um
conjunto de programas que mantém os privilégios de
uma conta de administrador.
e) são considerados um tipo de malware e são progra-
mas que se espalham por meio de auto replicação
em outros softwares e arquivos. É comum que sejam
propagados por meio de arquivos executáveis, porém
só conseguem infectar outras aplicações do sistema,
quando executados.

9 GABARITO

1 D

2 B

3 E

4 B

5 A

6 A

7 A

8 A

9 D
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
10 D

11 C

12 E

13 B

14 D

15 D

16 E

17 C

18 E

19 B

20 E
305
ANOTAÇÕES

306

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