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PC-RO
Agente e Escrivão
NV-007JL-22
Cód.: 7908428802684
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro, Monalisa Costa e Renato
Philippini
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO (ON-LINE) • Ana Philippini, Carolina Casella, Nágila Vilela e Ricardo Reis
NOÇÕES DE CONTABILIDADE (ON-LINE) • Danielle Guimarães, Elaine dos Anjos e Vinicius Nascimento
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante, Renato Philippini e Rodrigo
Gonçalves
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini, Camila Cury, Geovana Marques e Samara Kich
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • Edirlei Souza, Fernando Paternostro Zantedeschi e Samara Kich
ISBN: 978-85-93690-60-0
Edição: Julho/2022
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LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS................................ 13
RACIOCÍNIO LÓGICO.........................................................................................................85
ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO............................................................... 85
EQUIVALÊNCIAS................................................................................................................................................96
LEIS DE MORGAN............................................................................................................................................100
DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................................102
PROBABILIDADE...............................................................................................................................169
AXIOMAS..........................................................................................................................................................170
INDEPENDÊNCIA.............................................................................................................................................171
REDES DE COMPUTADORES............................................................................................................237
REDES SOCIAIS................................................................................................................................................260
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO......................................................................................................268
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA...............................................................................................................268
PROCEDIMENTOS DE BACKUP.......................................................................................................................280
ESPÉCIES.........................................................................................................................................................289
ELEMENTOS.....................................................................................................................................................290
IMPUTABILIDADE PENAL...............................................................................................................................295
CONCURSO DE PESSOAS.................................................................................................................296
HISTÓRICO.......................................................................................................................................................419
NATUREZA.......................................................................................................................................................419
CONCEITO........................................................................................................................................................419
FINALIDADE.....................................................................................................................................................420
CARACTERÍSTICAS.........................................................................................................................................420
FUNDAMENTO.................................................................................................................................................423
TITULARIDADE................................................................................................................................................423
GRAU DE COGNIÇÃO.......................................................................................................................................423
VALOR PROBATÓRIO.......................................................................................................................................424
FORMAS DE INSTAURAÇÃO...........................................................................................................................424
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS.............................................................................................................427
INDICIAMENTO................................................................................................................................................427
GARANTIAS DO INVESTIGADO......................................................................................................................428
CONCLUSÃO....................................................................................................................................................428
DA PROVA .........................................................................................................................................434
CONSIDERAÇÕES GERAIS..............................................................................................................................434
NULIDADE DA PROVA......................................................................................................................................436
DOCUMENTOS DE PROVA...............................................................................................................................437
ACAREAÇÃO....................................................................................................................................................437
INDÍCIOS...........................................................................................................................................................438
INTERROGATÓRIO E CONFISSÃO..................................................................................................................438
PERGUNTAS AO OFENDIDO............................................................................................................................438
TESTEMUNHAS...............................................................................................................................................438
BUSCA E APREENSÃO.....................................................................................................................................440
DA PRISÃO CAUTELAR.....................................................................................................................442
PRISÃO EM FLAGRANTE.................................................................................................................................442
PRISÃO PREVENTIVA......................................................................................................................................443
PRISÃO TEMPORÁRIA....................................................................................................................................444
DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................464
NACIONALIDADE.............................................................................................................................................470
PARTIDOS POLÍTICOS.....................................................................................................................................475
PODER EXECUTIVO...........................................................................................................................478
ORDEM SOCIAL.................................................................................................................................480
SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................................................480
MEIO AMBIENTE..............................................................................................................................................483
ÍNDIO................................................................................................................................................................484
PODERES..........................................................................................................................................................513
ATOS ADMINISTRATIVOS...............................................................................................................................518
DEVERES .........................................................................................................................................................531
DOCUMENTOS LEGAIS.....................................................................................................................585
CONTEÚDO E IMPORTÂNCIA..........................................................................................................................585
TRAUMATOLOGIA FORENSE...........................................................................................................589
TANATOLOGIA FORENSE.................................................................................................................597
SEXOLOGIA FORENSE......................................................................................................................599
IMPUTABILIDADE PENAL.................................................................................................................604
Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE texto nas linhas apresentadas.
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS
Apesar de, parecer algo subjetivo, existem “regras”
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO E SEMÂNTICA para se buscar essas pistas.
— INTRODUÇÃO A primeira e mais importante delas é identificar a
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
A interpretação e a compreensão textual são perceptível quando identificamos como o raciocínio
aspectos essenciais a serem dominados por aque- dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
les candidatos que buscam a aprovação em seleções da análise de dados, informações com fontes confiáveis
e concursos públicos. Trata-se de um assunto que ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
abrange questões específicas e de conteúdo geral nas das consequências, a fim de se identificar as causas.
provas; conhecer e dominar estratégias que facilitem Por isso, é preciso compreender como podemos
a apreensão desse assunto pode ser o grande diferen- interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
cial entre o quase e a aprovação. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
Além disso, seja a compreensão textual, seja a que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
interpretação textual, ambas guardam uma relação neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
de proximidade com um assunto pouco explorado zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
pelos cursos de português: a semântica, que incide ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
suas relações de estudo sobre as relações de sentido A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
que a forma linguística pode assumir. que focam nas formas de inferência sobre um texto.
Portanto, neste material você encontrará recursos Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
para solidificar seus conhecimentos em interpretação o processo de inferência, que se dá por dedução ou
e compreensão textual, associando a essas temáticas por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
as relações semânticas que permeiam o sentido de O marido da minha chefe parou de beber.
todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual- Observe que é possível inferir várias informa-
ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
quer aglomeração textual é, atualmente, considerada
enunciador é casada (informação comprovada pela
texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa
expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
ser reconhecido por quem o lê.
dor está trabalhando (informação comprovada pela
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma
expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
breve diferença entre os termos compreensão e
da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
interpretação textual.
pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
interpretar essas informações.
material, ainda que existam relações de sinonímia
Tratando-se de interpretação textual, os processos
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
interpretação realiza ligações com o texto a partir texto junto da articulação com as informações acessa-
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. das pelo leitor do texto.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou senta como ocorre a relação desses processos:
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
linguísticos essencialmente relacionados à significa-
ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação
LÍNGUA PORTUGUESA
INFERÊNCIA
com a semântica.
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
compreensivo. A partir desse esquema, conseguimos visualizar
Esses assuntos completam o estudo basilar de melhor como o processo de interpretação ocorre.
semântica com foco em provas e concursos, sempre Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você as estratégias que compõem cada maneira de inferir
a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de informações de um texto. Por isso, vamos apresentar
praticar seus conhecimentos realizando a seleção de nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho
exercícios finais, selecionados especialmente para dedutivo, indutivo e, ainda, como articular a isso o
que este material cumpra o propósito de alcançar sua nosso conhecimento de mundo na interpretação de
aprovação. textos. 13
A INDUÇÃO Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o tema;
As estratégias de interpretação que observam ele estará também postulando uma possível estru-
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto tura textual; na predição ele estará ativando seu
conhecimento prévio, e na testagem ele estará enri-
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
quecendo, refinando, checando esse conhecimento.
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no Fique atento a essa informação, pois é uma das
texto e que variam conforme o tipo textual. primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos pretação textual: formular hipóteses, a partir da
identificar uma organização cronológica e espacial no macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura inicial,
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- o texto pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação informações que podem vir como “acessórios” do texto
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado se seguir. Uma outra dica importante é ler as questões
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses
ideia/ponto de vista. já estarão agindo conforme um objetivo mais definido.
No processo interpretativo indutivo, as ideias são O processo de interpretação por estratégias de dedu-
organizadas a partir de uma especificação para uma ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
generalização. Vejamos um exemplo:
z Conhecimento Linguístico;
z Conhecimento Textual;
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
z Conhecimento de Mundo.
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
detalhados e impotentes para generalizar, curva-
dos aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, Conhecimento Linguístico
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo Esse é o conhecimento basilar para compreensão
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
O trecho em destaque na citação do escritor Lima uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías nhecimento das regras de uma língua.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento É importante salientar que as regras de reconhe-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de cimento sobre o funcionamento da língua não são,
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ção cronológica de um texto. que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
bo-objeto (SVO) etc.
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
A propriedade vocabular leva linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
o cérebro a aproximar as pa- sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
ciação com o tema do texto o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
Os conectivos (conjunções, Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
preposições, pronomes) são dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
ATENÇÃO AOS
marcadores claros de opi-
CONECTIVOS
niões, espaços físicos e lo-
calizadores textuais
A DEDUÇÃO
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- A partir dessa imagem, podemos identificar que a
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que orientação gramatical mantida pelas frases apresenta
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predo-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as minante que o texto deve manter, organizado pelas
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de marcas do gênero textual ao qual o texto pertence.
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e TIPO TEXTUAL
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre-
Agora tente responder as seguintes perguntas sentadas no texto. Também é chamado de sequência
sobre o texto: textual
Quem é o herói de que trata o texto? GÊNERO TEXTUAL
Quem são as três irmãs? Classifica-se conforme a função do texto, atribuída
Qual é o planeta inexplorado? socialmente
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-
dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre- Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
07/09/2020.
sença de verbos de estado;
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
No exemplo acima, podemos destacar a presença de
organizam a informação; verbos conjugados no modo imperativo, como: baixe,
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumera- toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como:
tivos; instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos
z Presença de figuras de linguagem como metáfora textos injuntivos é a enumeração de passos a serem
e comparação; cumpridos para a realização correta da tarefa ensina-
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
final do texto. É importante lembrar que a principal marca linguís-
tica dessa tipologia é a presença de verbos conjugados
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien- no modo imperativo e em sua forma infinitiva. Isso se
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- deve ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor
dade nos leitores, como o exemplo a seguir: e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
nar outros aspectos importantes na classificação des- rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais
ses elementos, justamente devido à dinâmica social gêneros se é exposto.
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de Portanto, a partir de todas essas informações sobre
alterações em sua estrutura.
os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo,
resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
tornando o gênero completamente modificado, como
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem- cas situadas socialmente que servem a propósitos
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam específicos e são reconhecidos pelos seus traços
a uma finalidade específica e momentânea, como em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da as características básicas para a correta identificação
loja “O Boticário”: dos gêneros textuais: 19
Essa configuração própria da notícia é reconheci-
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia.
z Ações sociais Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro-
z Ações com configuração prototípica totípico desse gênero:
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes Casal suspeito de assaltos é preso após
colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete
da polícia, em Fortaleza
Outra importante característica que devemos
reforçar é que os gêneros textuais não são quantifi- Foram apreendidos três aparelhos celu-
cáveis, existem inúmeros. Justamente pelo fato de lares roubados e uma arma de fogo com Lead
os gêneros sofrerem com as relações sociais, que são seis munições
instáveis, não há um número exato de gêneros tex- Um casal suspeito de realizar assaltos foi
tuais que possamos estudar, diferentemente dos tipos preso após capotar um carro ao dirigir na
textuais. contramão enquanto fugia da polícia na
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri-
que Jorge, em Fortaleza
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo
Relação com aspectos Associação a aspectos tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia
sociais linguísticos em alta velocidade pelas ruas após abor-
dar de forma fria os pertences. “A mulher
Não podem sofrer altera- estava conduzindo o carro e o comparsa
Podem ser alterados ção, sob pena de serem dela abordava as pessoas colocando a
reclassificados arma na cabeça”, afirmou
Estabelecem uma função Organizam os gêneros Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
social textuais
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja
seu propósito de informar, é fundamental que o autor
Apesar de não existir um número quantificável do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor-
de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos nar seu texto imparcial e objetivo:
gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
O quê?
fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
na resolução de questões que envolvam esse assun- Onde? MANCHETE
to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
gêneros textuais abordados em importantes bancas
Quando?
de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
tões de provas de concursos anteriores que irão nos CORPO DA Como?
auxiliar a praticar esse conteúdo. NOTÍCIA
Por quê?
NOTÍCIA
No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
EDITORIAL
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos atentar
aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por exemplo.
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão
O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.
A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
critério, o próximo gênero estudado é a crônica.
CRÔNICA
O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
22 pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.
Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?”, da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma informação relevante sobre
esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas
pelo discurso; por isso, em algumas metodologias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão
tratados como do discurso.
Dica
Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal; como todo discurso materializa-se por meio
de textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos.
Podemos distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estu-
LÍNGUA PORTUGUESA
do dos gêneros.
As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica da
grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é derivada de processos históricos de evolução da língua.
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno craque em ortografia: leia sempre! Somente a prática de leitura
irá lhe garantir segurança no processo de grafia das palavras. 23
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior Para compreender o processo de formação silábi-
parte das regras não são efêmeras, porém, são em ca e, consequentemente, reconhecer os números de
grande número. Neste material, iremos apresen- sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
tar uma forma condensada e prática de nunca mais dividir a palavra em sílabas.
esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala- Esse processo é chamado de divisão silábica e
vras são acentuadas. constitui a identificação e delimitação das sílabas de
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- cada palavra. As palavras classificam-se em monossí-
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla-
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto
bas (mais de uma sílaba).
à escrita correta. Veja:
Veja alguns exemplos:
Separam-se:
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos.
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.
z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o;
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons-
USAMOS X: USAMOS CH: -ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção;
z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de-
� Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em, se
-nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar;
a palavra não for deri- a palavra for derivada de
z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs,
vada de palavras inicia- palavras iniciadas por
tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol-
das por CH: enxerido, CH: encher, encharcar
enxada � Em palavras derivadas -ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são.
� Depois de ditongo: cai- de vocábulos que são
xa, faixa grafados com CH: re- Não se separam:
� Depois da sílaba inicial cauchutar, fechadura
me se a palavra não for z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai;
derivada de vocábulo z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;
iniciado por CH: mexer, ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo;
mexilhão z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có-
-lo-go; pneu.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020.
TONICIDADE SILÁBICA
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos
terminados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em
ferrugem; monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxíto-
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, nas e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio. tônica (forte) de uma palavra basta pronunciarmos o
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, vocábulo e notar qual sílaba é pronunciada com mais
fugir; força.
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
-jer. Ex.: viajar, lisonjear.
Monossílabas Átonas
Termos derivados do latim escritos com j;
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente,
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando Os monossílabos átonos são designados assim, pois
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa; não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto,
z É com S ou com Z? palavras que designam nacio- pronunciados de forma fraca em seus contextos de
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês uso.
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; Ex.: Essa chance nos foi dada.
inglês; marquesa; duquesa.
Palavras que designam qualidade, cuja termina- Monossílabas Tônicas
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
Embriaguez; lucidez; acidez. Os monossílabos tônicos apresentam autonomia
fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
Essas regras para correção ortográfica das palavras, contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
em geral, apresentam muitas exceções; por isso é impor- sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado,
tante ficar atento e manter uma rotina de leitura, pois Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.
esse aprendizado é consolidado com a prática. Sua capa-
cidade ortográfica ficará melhor a partir da leitura e da
Oxítonas
escrita de textos, por isso, recomendamos que se man-
tenha atualizado e leia fontes confiáveis de informação,
São chamadas assim as palavras que apresentam
pois além de contribuir para seu conhecimento geral, sua
habilidade em língua portuguesa também aumentará. tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
sílaba mais forte.
NÚMERO DE SÍLABAS Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê.
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães; O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
z Ancião: anciãos, anciões, anciães; para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
z Vilão: vilãos, vilões, vilães. inicial maiúscula.
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas inicias das palavras que designam:
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
órgãos; órfão / órfãos. z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais
ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela;
z Nomes de cidades, países, estados, continentes
Plural dos Substantivos Compostos
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
Ceará, Nárnia, Londres;
Os substantivos compostos são aqueles formados z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia
por justaposição. O plural dessas formas obedece às das Crianças;
seguintes regras: z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,
z Variam os dois elementos: Gabinete da Vice-presidência, Organização das
Nações Unidas;
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes- z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
tres -salas;
nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar- bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;
das -noturnos; z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei
Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas; de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
-feiras. Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial;
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
z Varia apenas um elemento: Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente,
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
fados com maiúsculas apenas quando utilizados
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer
canas-de-açúcar; o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican-
Substantivo + substantivo com função adjetiva. do uma direção, devem ser escritos com minúscu-
Ex.: navios-escola. las. Ex.: Correu a América de norte a sul;
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.: z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,
abaixo-assinados. Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres. Atente-se: Em palavras com hífen, pode-se optar
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
formados por aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
verbo + advérbio
forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
verbo + substantivo plural por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha. las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
A flexão de grau dos substantivos exprime a varia- Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
uma diminuição. podem indicar:
z Invariável:
Adjetivos Pátrios
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
z Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
em nosso país.
34
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Locuções adjetivas apresentam valor de posse
LÍNGUA PORTUGUESA
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova? 35
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
GRAU -
SUPERLATIVO Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
36 Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
Algumas Observações Interessantes Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não
podem ser regidos por preposição e que os pronomes
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado “ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblí-
após o verbo ou complemento verbal. Caso venha quos, dependendo da função que exercem.
deslocado, em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de
Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O preposição e costumam ter função de complemento:
pedido foi aprovado na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe (plural);
a terminação destacada. Ex.: A questão precisa ser z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
pensada política e socialmente. (plural);
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s),
PRONOMES ela(s).
Pronomes são palavras que representam ou acom- Não devemos usar pronomes do caso reto como
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”.
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é pos-
vra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefini- sível usar os pronomes do caso reto como comple-
mento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos
ção, quantidade, localização no tempo, no espaço e no
“todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
meio textual, entre outras funções.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei ape-
Os pronomes exercem papel importante na análi-
nas ela na festa.
se sintática e também na interpretação textual, pois
Após a preposição “entre”, em estrutura de recipro-
colaboram para a complementação de sentido de ter-
cidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
mos essenciais da oração, além de estruturar a orga-
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
nização textual, contribuindo para a coesão e também
para a coerência de um texto.
Pronomes de Tratamento
Pronomes Pessoais
Os pronomes de tratamento são formas que expres-
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- ticamente. As formas de pronomes de tratamento
curso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais infor- apresentam algumas peculiaridades importantes:
mações sobre eles:
z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à
PRONOMES DO PRONOMES DO 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a
PESSOAS
CASO RETO CASO OBLÍQUO esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
1º pessoa do do singular.
Eu Me, mim, comigo Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
singular
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à
2º pessoa do
Tu Te, ti, contigo 3ª pessoa).
singular
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tri-
3º pessoa do Se, si, consigo bunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Ele/Ela
singular o, a, lhe
1ª pessoa do Os pronomes de tratamento estabelecem uma hie-
Nós Nos, conosco rarquia social na linguagem, ou seja, a partir das for-
plural
mas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso
2º pessoa do e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Vós Vos, convosco
plural Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem
3º pessoa do Se, si, consigo ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
Eles/Elas
plural os, as, lhes reconhecidos socialmente por suas funções, como juí-
zes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de
Os pronomes pessoais do caso reto costumam tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
substituir o sujeito. sociais que designam:
Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam fun- z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
cionar como complemento verbal ou adjunto.
LÍNGUA PORTUGUESA
Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos Os verbos são classificados quanto a sua forma
(Subjuntivo) de conjugação e podem ser divididos em: regulares,
irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, prono-
� Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: minais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das
Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
particípio. des de cada um a seguir:
Ex.: (que eu) Tenha estudado;
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis
auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + de compreender, pois apresentam regularidade no
verbo principal no particípio. uso das desinências, ou seja, das terminações ver-
Ex.: (se eu) Tivesse estudado; bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro sim- têm o paradigma morfológico com o radical, que
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
— INDICATIVO — INDICATIVO
As formas nominais do verbo são as formas no Eu canto Cantei
infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em Tu cantas Cantaste
determinados contextos. São chamadas nominais pois
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu Vós cantais Cantastes
valor indica duração de uma ação e, por vezes,
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. Eles/ vocês cantam Cantaram
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
compadeceu; z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam
z Particípio: Marcado pelas terminações mais alteração no radical e nas desinências verbais.
comuns -ado, -ido, podendo terminar também em Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação
-do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente ocorre irregularmente, seguindo um paradigma
ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em
próprio para cada grupo verbal.
número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido. Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença
Ele tinha aberto a janela. na conjugação do verbo estar, que utilizamos como
Ela tinha pago a conta; exemplo. Isso é importante para não confundir os ver-
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação bos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig- estar:
nado. Pode ser pessoal ou impessoal:
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de con- — INDICATIVO — INDICATIVO
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso. Eu estou Estive
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem Tu estás Estiveste
que ele ensina; Ele/ você está Esteve
Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome
Nós estamos Estivemos
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª Vós estais Estivestes
LÍNGUA PORTUGUESA
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. Outros exemplos de locuções prepositivas:
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
“Por” de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a
z Modo ou conformidade: Vamos escolher por fim de; por meio de; em virtude de.
sorteio;
z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Conformidade: Copiar por original; Importante!
z Favor: Lutar por seus ideais;
Algumas locuções prepositivas apresentam
z Medida: Vendia banana por quilo;
z Meio: Ir por terra;
semelhanças morfológicas, mas significa-
z Modo: Saber por alto o que ocorreu; dos completamente diferentes. Observe estes
z Preço: Comprar um livro por vinte reais; exemplos7:
z Quantidade: Chocar por três vezes; A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
z Substituição: Comprar gato por lebre; nejamento inicial = Concordância.
z Tempo: Viver por muitos anos. As decisões do público foram de encontro à pro-
posta do programa = Discordância.
“Sem” Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
tas = Substituição.
z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
dinheiro. Oposição.
“Sob”
Combinações e Contrações
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
As preposições podem se ligar a outras palavras de
Pedro II; outras classes gramaticais por meio de dois processos:
z Lugar: Ficar sob o viaduto; combinação e contração.
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não
convincente. z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
ma redução.
“Sobre” a + o = ao
a + os = aos
z Assunto: Não gosto de falar sobre política; z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem
z Direção: Ir sobre o adversário; redução.
z Lugar: Cair sobre o inimigo.
Veja a lista a seguir8, que apresenta as preposições
Locuções Prepositivas que se contraem e suas devidas formas:
As conjunções coordenativas são aquelas que Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
da oração. As conjunções coordenadas podem ser: subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
para terem o sentido apreendido.
z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como,
� Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
não só, mas também, não apenas, como ainda,
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
senão (após não só).
uma vez que, como (equivale a porque) etc.
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. Ex.: Como não choveu, a represa secou;
O gato era o preferido, não só da filha, senão de � Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia
toda família; de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
z Adversativas: Colocam informações em oposição, modo que, de forma que, de sorte que etc.
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça;
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). � Comparativa: Iniciam orações comparando ações
Ex.: Não tenho um filho, mas dois. e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
A culpa não foi a população, senão dos vereadores nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
(equivale a “mas sim”). maior), tanto... quanto etc.
Ex.: Corria como um touro.
Importante: A conjunção “e” pode apresentar Ela dança tanto quanto Carlos;
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- � Conformativa: Expressam a conformidade de
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho uma ideia com a da oração principal. Conforme,
não deixava. como, segundo, de acordo com, consoante etc.
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do
z Alternativas: Ligam orações com ideias que não
tempo;
acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, � Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já. contrária à da oração principal. Embora, conquan-
Ex.: Estude ou vá para a festa. to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. etc.
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
Importante: A palavra “senão” pode funcionar tivesse gostado.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha- Trabalhava, por mais que a perna doesse;
marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”). � Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
z Explicativas: Ligam orações, de forma que em que, a menos que, somente se etc.
uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por- Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi-
que, pois, (se vier no início da oração), porquanto. do sua mensagem.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a Posso lhe ajudar, caso necessite;
� Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro-
enxada!
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
Viva bem, pois isso é o mais importante.
quanto menos...menos etc.
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Importante: “Pois” com sentido explicativo ini- ser aprovado.
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto Ia aprendendo, à medida que convivia com ela;
saudades. � Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado que, a fim de que etc.
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, Ex.: A professora dá exemplos para que você
pois, a subir. aprenda!
Comprou um computador a fim de que pudesse
z Conclusivas: Ligam duas ideias, de forma que a trabalhar tranquilamente;
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, � Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
destarte, pois (deslocado na frase). logo que, desde que etc.
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
aprovado. do Futuro.
Mal cheguei à cidade, fui assaltado.
Está na hora da decolagem; deve, então,
apressar-se.
Importante!
Dica
Os valores semânticos das conjunções não se
As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre- prendem às formas morfológicas desses ele-
gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que mentos. O valor das conjunções é construído
ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso contextualmente, por isso, é fundamental estar
48 concomitante acarreta em redundância. atento aos sentidos estabelecidos no texto.
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
a procura? (Se = causal = já que) papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
Por que ficar preso na cidade, quando existe que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
tanto ar puro no campo? (Quando = causal = já Ora bolas! Valha-me Deus!
que).
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO
É salutar lembrar que o sentido exato de cada tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- pronome.
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido Ex.: O povo pediu providências ao governador.
expresso no texto. Sujeito: O povo
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- Núcleo do sujeito: povo
va que expresse sentimento ou emoção pode funcio- z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, de dois ou mais termos.
por exemplo, que são interjeições por excelência, mas As luzes e as cores são bem visíveis.
que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido Sujeito: As luzes e as cores
alterado. Núcleo do sujeito: luzes/cores 49
Dica Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito
Para determinar o sujeito da oração, colocam- Esse tipo de situação ocorre quando uma oração
-se as expressões interrogativas quem? ou o não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
quê? antes do verbo. são impessoais e normalmente representam fenôme-
Ex.: A população pediu uma providência ao nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer
governador. ou haver no sentido de existir.
Quem pediu uma providência ao governador? Geia no Paraná.
Resposta: A população (sujeito). Fazia um mês que tinha sumido.
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o Basta de confusão.
outro. Há dois anos esse restaurante abriu.
O que iria de um lado para o outro?
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito). Classificação do Sujeito Quanto à Voz
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes
ficaram esquecidos no quarto. ou orações. O aposto tem como propósito explicar,
Iam cheios de si. identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
Estava conquistando o respeito dos seus. tar algo, alguém ou um fato.
O novo regulamento originou a revolta dos fun- Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
cionários. bicicleta.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. Aposto: filha de D. Raimunda
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto des obras.
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes Aposto: Machado de Assis.
exercem essa função sintática quando assumem Classifica-se nas seguintes categorias:
valor de pronomes possessivos
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo); z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com- Separa-se do substantivo a que se refere por uma
plemento nominal?
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
ou dois-pontos.
Quando o adjunto adnominal for representado
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
ontem, acabaram de voltar de férias.
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de
a dica:
todos;
LÍNGUA PORTUGUESA
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era � Orações subordinadas adverbiais coordenadas
falsa. entre si
Nosso planeta, ameaçado constantemente por Ex.: Não só quando estou presente, mas também
nós mesmos, ainda resiste; quando não estou, sou discriminado.
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- Oração subordinada adverbial 1: quando estou
ria problemas. (condicional) presente
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. Oração subordinada adverbial 2: quando não
(causal/temporal) estou;
Comprada a casa, a família se mudou logo. � Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
(temporal). mo período
LÍNGUA PORTUGUESA
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da e vírgula (;):
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando � Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
qualquer ambiguidade. Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
Quando se trata de separar termos de uma mesma ficou triste;
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
� Para separar os termos de mesma função to, exausto;
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta; � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
enumeração ouvinte.
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
arrastado pelo tsunami; sorvete;
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que � Em enumerações, portarias, sequências
já apareceu na frase) do verbo Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
o Procurador-Geral da República;
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
o Colégio de Procuradores da República;
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
filmes de terror;
� Para separar palavras ou locuções explicativas,
DOIS-PONTOS
retificativas
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
anos;
não foi concluída. Servem para:
� Para separar datas e nomes de lugar
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
� Introduzir uma citação (discurso direto)
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
e, nem, ou homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. respostas”;
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
A vírgula também é facultativa quando o termo distributivo ou uma oração subordinada substan-
que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for tiva apositiva
uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos: Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. sores, jornalistas, médicos;
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço � Introduzir uma explicação ou enumeração após
em casa. expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / saber, como
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências...;
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
(relação semântica de oposição, explicação/causa
ou consequência)
� Entre o sujeito e o verbo
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
homem culto.
ram a explicação. (errado)
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
cautela;
sertaram minha visão. (errado); � Marcar invocação em correspondências
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Ex.: Prezados senhores:
dicativo do sujeito Comunico, por meio deste, que...
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
ção. (errado) TRAVESSÃO
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. discurso de interlocutor: Ex.:
(errado); — Bom dia, Maria!
� Entre um substantivo e seu complemento nominal — Bom dia, Pedro!
ou adjunto adnominal � Serve também para colocar em relevo certas
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
pelos alunos. (errado); tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da colchetes:
passiva Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
professor para a feira. (errado); Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
� Entre o objeto e o predicativo do objeto vamos jantar. (oração intercalada)
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
58 Considero interessantes, as suas aulas. (errado). na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
PARÊNTESES Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...
Têm função semelhante à dos travessões e das � Indicar partes suprimidas de um texto:
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter- Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
mos, expressões ou orações. desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) depois desceu as escadas apressadamente.)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Para sugerir prolongamento da fala:
jantar. (oração intercalada) Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
PONTO-FINAL � Para indicar hesitação:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se: vergonha.
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de mente com outras intenções:
período. Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade; USO DAS ASPAS
� Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento. São usadas em citações ou em algum termo que
sec. = secretário. precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí-
a.C. = antes de Cristo. das por itálico ou negrito, que têm a mesma função
de destaque.
Dica Usam-se nos seguintes casos:
� É empregado para marcar o fim de uma frase com � Para incluir num texto uma observação de nature-
entonação exclamativa: za elucidativa:
Ex.: Que linda mulher! Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Coitada dessa criança! Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”;
� Aparece após uma interjeição: � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Ex.: Nossa! Isso é fantástico; a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
� Usado para substituir vírgulas em vocativos
LÍNGUA PORTUGUESA
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. com o núcleo único. Mas, se houver determinante
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
sujeito passa a ser composto.
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a combustíveis aumentaram.
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
chegou (Duas horas deram...). Concordância Verbal do Verbo Ser
Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez � Concorda com o sujeito
badaladas soaram). Ex.: Nós somos unha e carne; 61
� Concorda com o sujeito (pessoa) Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
Ex.: Os meninos foram ao supermercado; com valor genérico)
� Em predicados nominais, quando o sujeito for São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
representado por um dos pronomes tudo, nada, dido de preposição de ou para)
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- Soldados, recuar! (infinitivo com valor de
dará com o predicativo (preferencialmente) ou imperativo)
com o sujeito
Ex.: No início, tudo é/são flores; � Concordância do verbo parecer
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for Flexiona-se ou não o infinitivo.
que ou quem Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
Ex.: Quem foram os classificados? equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo de acordo com o sujeito, no plural)
Ex.: São nove horas. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
É frio aqui. logo o infinitivo será impessoal);
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Concordância dos verbos impessoais
� O verbo fica no singular quando precede termos
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
sempre na 3ª pessoa do singular.
menos etc. junto a especificações de preço, peso,
Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
quantidade, distância, e também quando seguido
Fazia quinze anos que ele havia se formado.
do pronome o
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
auxiliar fica no singular)
Divertimentos é o que não lhe falta.
Trata-se de problemas psicológicos.
Dez reais é nada diante do que foi gasto;
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- Geou muitas horas no sul;
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser � Concordância com sujeito oracional
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo concordará com o termo não preposiciona- verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
do entre eles. singular.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
São eles que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Ficou combinado que sairíamos à tarde.
trução adequada) Urge que você estude.
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. Era preciso encontrar a verdade
(construção inadequada)
Casos mais Frequentes em Provas
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
Concordância do Infinitivo em concursos:
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
tencer somente a este. ficar a sós;
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. � Quite / anexo / incluso
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Concordam com os elementos a que se referem.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- Ex.: Estamos quites com o banco.
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- Seguem anexas as certidões negativas.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Inclusos, enviamos os documentos solicitados;
Existem complicadas regras e conceitos. � Meio
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Quando significar “metade”: concordará com o
do por dois ou mais adjetivos pode-se: elemento referente.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Quando significar “um pouco”: será invariável.
francesa e alemã. Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora); 63
� Grama Adjetivos
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
do significar unidade de medida, é masculino. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. mo elemento concordará com o substantivo referente.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”; Os demais ficarão na forma masculina singular.
� É proibido entrada / É proibida a entrada Se um dos elementos for originalmente um subs-
Se o sujeito vier determinado, a concordância do tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
rão com o determinante. plural, pois ambos são adjetivos.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
nhada está boa. singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a Nesse caso, o termo composto não concorda com o
entrada de crianças. plural do substantivo referente, “folhas”.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?; Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
� Menos / pseudo O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
São invariáveis. bém pode ser um substantivo.
Ex.: Havia menos violência antigamente. O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- lógica de “musgo” do exemplo anterior.
to é pseudo-objetivo;
� Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
Dica
ele. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Quando modificam o verbo: invariáveis. quer adjetivo composto iniciado por “cor-de”
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito são sempre invariáveis.
irritados. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
elementos flexionados no plural (peles-verme-
tante irritados.
lhas).
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
Lista de Flexão dos Dois Elementos
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis;
� Tal qual
� Nos substantivos compostos formados por pala-
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
vras variáveis, especialmente substantivos e
com o substantivo posterior.
adjetivos:
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
segunda-feira – segundas-feiras;
pais.
matéria-prima – matérias-primas;
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
quais os pais. couve-flor – couves-flores;
z Silepse (também chamada concordância guarda-noturno – guardas-noturnos;
figurada) primeira-dama – primeiras-damas;
É a que se opera não com o termo expresso, mas o � Nos substantivos compostos formados por
que está subentendido. temas verbais repetidos:
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é corre-corre – corres-corres;
linda!) pisca-pisca – piscas-piscas;
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos pula-pula – pulas-pulas.
com o estabelecimento aberto no final de semana.) Nestes substantivos também é possível a flexão
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi- apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
leiros, estamos esperançosos.); -piscas, pula-pulas;
� Possível
Concordará com o artigo, em gênero e número, em Flexão Apenas do Primeiro Elemento
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / z Nos substantivos compostos formados por subs-
Conheci crianças as mais belas possíveis. tantivo + substantivo em que o segundo termo
limita o sentido do primeiro termo:
PLURAL DE COMPOSTOS decreto-lei – decretos-lei;
cidade-satélite – cidades-satélite;
Substantivos público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
O adjetivo concorda com o substantivo referen- Nestes substantivos também é possível a flexão
te em gênero e número. Se o termo que funciona dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
como adjetivo for originalmente um substantivo fica públicos-alvos, elementos-chaves;
invariável. z Nos substantivos compostos preposicionados:
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
também é um substantivo; mantém-se no singular) pôr do sol – pores do sol;
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é fim de semana – fins de semana;
64 um substantivo; mantém-se no singular) pé de moleque – pés de moleque.
Flexão Apenas do Segundo Elemento V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos.
� Nos substantivos compostos formados por tema No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que,
verbal ou palavra invariável + substantivo ou mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando
adjetivo: seu significado.
bate-papo – bate-papos; Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
quebra-cabeça – quebra-cabeças; (aspiramos = sorvemos)
arranha-céu – arranha-céus; V. T. D.: aspiramos
ex-namorado – ex-namorados; Objeto direto: ar poluídos.
vice-presidente – vice-presidentes; Os funcionários aspiram a um mês de férias.
� Nos substantivos compostos em que há repeti- (aspiram = almejam)
ção do primeiro elemento: V. T. I.: aspiram
zum-zum – zum-zuns; Objeto indireto: a um mês de férias
tico-tico – tico-ticos; A seguir, uma lista dos principais verbos que
lufa-lufa – lufa-lufas; geram dúvidas quanto à regência:
reco-reco – reco-recos;
� Nos substantivos compostos grafados ligada- � Abraçar: transitivo direto
mente, sem hífen: Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
girassol – girassóis; O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;
pontapé – pontapés; � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
mandachuva – mandachuvas; Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
fidalgo – fidalgos; to com sentido de “acariciar”)
� Nos substantivos compostos formados com A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
grão, grã e bel: no sentido de “ser agradável a”);
grão-duque – grão-duques; � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
grã-fino – grã-finos;
transitivo direto e indireto
bel-prazer – bel-prazeres.
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
Não flexão dos elementos;
personificado)
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
personificado)
re em frases substantivadas e em substantivos
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
compostos por um tema verbal e uma palavra
reto: refere-se a coisas e pessoas);
invariável ou outro tema verbal oposto:
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
o disse me disse – os disse me disse;
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
o leva e traz – os leva e traz;
preposição a, rege indiferentemente objeto direto
o cola-tudo – os cola-tudo.
e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
direto)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
indireto)
relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
advérbio) exige complemento preposicionado, esse rege apenas objeto direto:
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudaram o ladrão a fugir.
termo regido, pois há uma relação de dependência Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
entre o nome e seu complemento. direto:
O nome exige um complemento nominal sempre Ajudei-o muito à noite;
iniciado por preposição, exceto se o complemento � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
vier em forma de pronome oblíquo átono. Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe sitivo direto com sentido de “angustiar”)
foram leais. Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
do sujeito (desprovido de preposição) como complemento);
Pronome oblíquo átono: lhe � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
sujeito (desprovido de preposição). vo direto com sentido de “respirar”)
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: Por que não vai conosco? EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Não vai conosco por quê?
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é Uso da Crase
acentuado)
Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade; Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
� Preposição (a depender do contexto, pode ser subs- crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção
tituído por “de”) da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer- junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
tas coisas; le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
� Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao marcação (`) + (a) = (à).
adjetivo) Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Ex.: Que bela tarde! Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. 67
Regra geral: haverá crase sempre que o termo � Antes de forma verbal infinitiva
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Ex.: Os produtos começaram a chegar.
quente aceite o artigo a. “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) com franqueza, parecem dar a entender que o
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- fazem por exceção de regra.” (MM);
ge preposição). � Antes de expressão de tratamento
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
palavra que não aceita artigo). Excelência;
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação � No a (singular) antes de palavra no plural, quando
no uso da crase, mas existem especificidades que aju- a regência do verbo exigir preposição
dam no momento de identificação: Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Casos Convencionados Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
o pacote.
z Locuções adverbiais formadas por palavras Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;
femininas: � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
Espero vocês à noite na estação de metrô. contrato.
Estou à beira-mar desde cedo; Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
z Locuções prepositivas formadas por palavras suspeita de fraude.
femininas: Eles estavam conservando a certa altura.
Ex.: Ficaram à frente do projeto; Faremos a obra a qualquer custo.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras A campanha será disponibilizada a toda a
femininas: comunidade;
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão � Antes de demonstrativos
aumentando; Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;
� Quando indicar marcação de horário, no plural � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. personalidades históricas
Fique atento ao seguinte: entre números teremos Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;
que de = a / da = à, portanto: � Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase); O pacote foi entregue a ti ontem;
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou � Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
aquilo: lado)
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
àquele outono. de justiça;
Por favor, entregue as flores àquela moça que está � Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
sentada. sem determinante
Dedique-se àquilo que lhe faz bem; Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
Astronauta volta a Terra em dois meses.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou de: Os pesquisadores chegaram a terra depois da
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. expedição marinha.
Referimo-nos à de preto; Vocês o observaram a distância.
� Com o pronome relativo a qual, as quais:
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Crase Facultativa
de sair.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Nestes casos, podemos escrever as palavras das
férias. duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
Casos Proibitivos
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor se tem proximidade
orientação de quando não usar a crase. Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
� Antes de pronomes possessivos no singular
� Antes de nomes masculinos Ex.: Iremos a/à sua residência;
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- � Após preposição até, com ideia de limite
rial agrada a todos.” (MM) Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
O carro é movido a álcool. “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Venda a prazo; às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
� Antes de palavras femininas que não aceitam afeto.” (CBr. 1, 67)
artigos
Ex.: Iremos a Portugal. Casos Especiais
Quando escolhemos determinadas palavras ou Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
expressões dentro de um conjunto de possibilidades núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
de uso, estamos levando em conta o contexto que rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
influencia e permite o estabelecimento de diferentes seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
relações de sentido. Essas relações podem se dar por nimos importantes:
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
Importante! apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres- bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
sões de um idioma. bucho (estômago) buxo (arbusto)
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
que cada falante seleciona do léxico para se cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
comunicar. sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
Sinonímia
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
São palavras ou expressões que, empregadas em cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
um determinado contexto, têm significados seme- cerrar (fechar) serrar (cortar)
lhantes. É importante entender que a identidade dos cervo (veado) servo (criado)
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
o que pode não acontecer em outras situações. O pagamento) xadrez)
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por círio (vela) sírio (natural da Síria)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- cito (forma do verbo citar) sito (situado)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
de suas significações é diferente.
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
O emprego dos sinônimos é um importante recurso
para a coesão textual, uma vez que essa estratégia reve- coser (costurar) cozer (cozinhar)
la, além do domínio do vocabulário do falante, a capa- exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)
cidade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o público)
que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto. espectador (aquele que expectador (aquele que tem
assiste) esperança, que espera)
Antonímia esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
espiar (observar) expiar (pagar pena)
São palavras ou expressões que, empregadas em espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
um determinado contexto, têm significados opostos. estático (imóvel) extático (admirado)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em esterno (osso do peito) externo (exterior)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- extrato (o que se extrai de
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é estrato (camada)
algo)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
php. Acessado em: 17/10/2020.
Parônimos
A relação de sentido estabelecida na tirinha é Tentaremos absorver toda esta água com
construída a partir dos sentidos opostos das palavras esponjas (sorver).
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
70 se contexto. de seus pecados (inocentar).
z Aferir/auferir Hipônimo e Hiperônimo
Todos os cavaleiros que integravam a cavala- Há algumas maneiras de rescrever um texto. Des-
ria do rei participaram na batalha (homem que tacaremos aqui o deslocamento dos enunciados e a
anda de cavalo). substituição de palavras ou trechos.
Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre A substituição pode ser realizada por meio de
sempre as portas para eu passar (homem edu- recursos como sinônimos, antônimos, locução ver-
cado e cortês). bal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal,
conectivos, dentre outros.
z Cumprimento/comprimento
Sinônimos
O comprimento do tecido que eu comprei é de
Palavras ou expressões que possuem significados
3,50 metros (tamanho, grandeza).
iguais ou semelhantes.
Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).
Ex.:
Voz Verbal
Telefonemas
Conversas É observando esses elementos que o autor adequa:
Sinais de trânsito
Cores Discursos
Aulas z Os vocábulos;
Desenhos
Entrevistas etc z A pronúncia (no caso da fala);
Gestos
z A ortografia (no caso da escrita);
Postura
LINGUAGEM VERBAL - ESCRITA z A estruturação das sentenças.
Placas
Pinturas Livros
Bandeiras Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais
E-mails
Buzinas cuidado deve ser dedicado aos itens acima.
Jornais
Músicas etc Observe a tabela baixo, retirada do manual de Tex-
Cartas
tos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilustra os
Leis etc.
dois tipos de registro, o formal e o informal. 73
REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL
Jovem para o chefe: Jovem para a mãe:
Boa tarde, chefe. Infelizmente, acabei de sofrer um aciden- Que droga, mãe! Bateram no meu carro!
te de trânsito e devo me atrasar, pois estou aguardando a Tô bem, não se preocupe. Me mande o número da segura-
polícia, para os trâmites formais, e a seguradora, para o dora. Depois te ligo
recolhimento do veículo
Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito no caminho para o trabalho. No entanto, função das duas
diferentes situações (avisar duas pessoas com as quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro se faz
necessário em suas duas espécies: no registro formal e no registro informal.
Assim, ao elaborar o texto da redação oficial, deve-se atentar para o uso do registro formal, uma vez que
se espera o uso da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Resumindo, a diferença entre linguagem formal e linguagem informal está no contexto em que elas são uti-
lizadas e na escolha das palavras e expressões utilizadas para comunicar.
A tabela abaixo apresenta uma comparação entre as duas formas de linguagem.
Quando se fala em linguagem oficial é importante dar atenção aos vícios de linguagem, a fim de que sejam evi-
tados. Os vícios de linguagem são defeitos, erros cotidianos que cometemos no emprego da língua, normalmente
por falta de atenção e pouco conhecimento dos significados das palavras. Confira alguns vícios de linguagem (lem-
bre-se quando estudarmos a redação oficial que estes são defeitos que não podem constar nas comunicações
emitidas pelo poder público):
z Barbarismo: grafia ou pronúncia de uma palavra em desacordo com a norma culta (como por exemplo escre-
ver “previlégio” ao invés de “privilégio” ou pronunciar “RUbrica” quando o correto é “ruBRIca”); outra forma
de barbarismo é o estrangeirismo: vício que se caracteriza pelo uso indevido de expressões ou frases estran-
geiras em nossa língua, como o uso de “performance” ao invés de “desempenho, exibição”; ou “show”, no lugar
de “espetáculo”;
z Solecismo: desvio da norma em relação à sintaxe. Ex.: “Fazem dois anos que não nos vemos”, no lugar de “Faz
dois anos”; ou “Vamos no restaurante”, no lugar de “Vamos ao restaurante”;
z Cacofonia: mal uso de sons, causado pela junção de palavras, como em ela tinha muito dinheiro (parece o
som de: “é latinha”); beijou na boca dela (“cadela”);
z Neologismo: ocorrem quando da criação de uma palavra nova, ou ainda quando uma palavra existente assu-
me outro significado. Ex.: “deletar”, que surge principalmente por conta do contexto da informática; e
z Eco: repetição de um som numa sequência de palavras (como por exemplo, O acusado foi interrogado pelo
magistrado).
z O emprego de gírias ou expressões populares (isso não significa usar palavras difíceis e rebuscadas);
z O uso de jargões (terminologia técnica comum a uma atividade ou grupo específico, comumente usada em
grupos profissionais ou socioculturais, como por exemplo, “peticionar”, de uso comum pelos advogados). Mas
isso não quer dizer que não se pode utilizar uma terminologia específica quando necessário (somente se você
tiver certeza do que determinada palavra significa);
z As palavras reduzidas, como “tá” em lugar de “estar”, “cê” em vez de “você”, ou “pra” em vez de “para”;
74 z Os verbos de sentido muito geral, como “dar”, “ter”, “fazer”, “achar”, no lugar de verbos de sentido mais exato;
z As expressões típicas da oralidade, como “bem”, - A que distância da praia o senhor acha que
“veja bem”, “entendeu?”. a barquinha sofreu a lufada que levou nosso
companheiro?
Outro fenômeno linguístico que deve ser evitado - A quatrocentos metros, aproximadamente.
na comunicação formal é o uso de regionalismos. O - O que me espanta – continuou o repórter – é que,
admitindo a hipótese de ter nosso companheiro
regionalismo é o modo de falar particular de deter-
morrido, ainda não tenha sido lançado à praia o
minada região geográfica, como, por exemplo, a pala-
seu cadáver ou do seu cachorro.
vra “piá” (o regionalismo usado no sul do Brasil que se
refere a menino) e o termo “semáforo” pode ser desig-
Nesse trecho é possível observar alguns dos ele-
nado por “farol” em São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro”
mentos de uma narrativa: um narrador (no caso em
no Rio de Janeiro. terceira pessoa) apontando o local onde se passa ação
e introduzindo a fala dos personagens que realizam
TIPOS TEXTUAIS E GÊNEROS TEXTUAIS suas ações em um tempo (passado).
Quando se pensa em narração dentro de um con-
É preciso, antes, saber por meio de quais gêneros curso, o mais importante é conhecer os conceitos de
textuais essa comunicação se dá. Mas o que são gêne- discurso direito e discurso indireto.
ros textuais? Vamos relembrá-los aqui. O discurso direto é aquele em que o narrador,
Por ser comum a confusão entre gêneros textuais que pode ser onisciente (isto é, saber tudo sobre o
e tipos textuais, vamos primeiramente discorrer a enredo e os personagens, revelando os sentimentos e
respeito dos tipos textuais. pensamentos mais íntimos, de um modo que vai além
Tipo textual é a estrutura do texto, ou seja, é a da própria imaginação) ou personagem (aquele que
forma como o texto se apresenta. Existem diferentes conta e participa dos fatos ao mesmo tempo) repete
classificações de tipos textuais, algumas delas com até as falas de outro personagem, separando-as das
seis tipos diferentes (narrativo; descritivo; expositivo; suas. Para isso, o narrador usa marcas de pontua-
argumentativo; instrucional ou injuntivo; e dialogal). ção que ajudam a identificar quem está falando. Essas
Em concursos públicos, as tipologias (estruturas) marcas podem ser: dois pontos, aspas ou travessão de
mais comuns são: narração, descrição e dissertação diálogo. Veja, abaixo, um exemplo retirado do livro
(ou exposição). Robur, O Conquistador, de Júlio Verne:
Gedeon Spillet estava na praia, imóvel, com os bra- DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
ços cruzados, olhando para o mar. Eu não como carne Ele disse que não come carne
- Parece que teremos uma noite bastante má, senhor
Spillet – disse o marinheiro. Ele disse que iria ao restau-
Vou ao restaurante esta noite
rante naquela noite
O Jornalista voltou-se e perguntou: 75
As peças de Nelson Rodrigues tratam de denunciar
DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
toda a hipocrisia que paira sobre uma sociedade
Ele falou que havia perdido vítima da repressão sexual. É o seu teatro que abre
Eu perdi a hora
a hora as portas para a modernidade na dramaturgia
Ele mencionou que não con- brasileira.
Eu não conseguiria dormir
seguiria dormir
Note que no trecho acima, o autor apenas mos-
Descrição tra certas características da obra do escritor Nelson
Rodrigues. Não há, em nenhuma parte do texto, recur-
sos argumentativos que buscam convencer o leitor.
A descrição, ao contrário da narração, não admi-
te ação. Nesse tipo textual, é apresentada uma série
Dissertativo-Argumentativo
de características de determinado ser, objeto ou
espaço, de modo a compor na mente do leitor/ouvin-
te a imagem do que está sendo retratado. A descrição Neste tipo dissertativo, as ideias são organiza-
pode ser objetiva ou subjetiva. Na primeira, a coisa/ser/ das no sentido de convencer o leitor. Os argumentos
espaço descrito é mostrado de forma concreta, impar- (enunciados) atribuem ao objeto ou fenômeno de que
cial, sem expor as impressões do observado (o foco é se fala, qualidades, informações, depoimentos, cita-
dado nas características como forma, tamanho, volu- ções, fatos, evidências e dados estatístico, entre outros
me, coloração etc.). Já na descrição subjetiva, se valo- recursos, procurando defender o ponto de vista do
riza a percepção do observador em relação ao que é autor. Veja um exemplo de um trecho de texto disser-
descrito, deixando claras as emoções e impressões do tativo-argumentativo, retirado da obra Textos Disser-
autor sobre aquilo que ele descreve. Veja nos exemplos tativo-Argumentativos, do Inep:
as duas formas de se descrever o mesmo espaço:
Impossível desconhecer que Nelson Rodrigues é o
maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos.
DESCRIÇÃO OBJETIVA DESCRIÇÃO SUBJETIVA Foi revolucionário, renovador e ousado em rela-
Manhattan é o centro da A deslumbrante Nova Ior- ção ao teatro tradicional. Suas dezessete peças são
Região Metropolitana de que, com suas lindas lojas sucessivamente reeditadas. Sua obra é frequente-
Nova Iorque, uma das áreas e suntuosos prédios é, ver- mente encenada na atualidade. Seus textos são os
metropolitanas mais popu- dadeiramente, a capital do mais estudados nos cursos de Letras.
losas do mundo, sendo a mundo
grande cidade mais densa- Observe que agora, diferentemente do exemplo
mente povoada dos Esta- anterior, o autor busca formar a opinião do leitor,
dos Unidos buscando convencê-lo.
Rafael Muneratti. Justiça virtual e acesso à justiça. In: Revista da 7. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Aprimorar a saúde
Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, ano 12, v. 1, n.º mental e física, prevenir doenças, ajudar a suportar
28, 2021 (com adaptações). o estresse, lidar com sentimentos de impotência e
racionalizar fracassos de modo mais positivo e pro-
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do dutivo: são essas as promessas de um amplo leque
texto anterior, julgue o item a seguir. de técnicas que, baseadas na ciência, podem adequar-
-se a necessidades ou circunstâncias de qualquer um.
No texto, a preposição “para”, em suas três ocorrên- Algumas visam alterar estilos cognitivos e emocionais
cias, veicula uma ideia de finalidade. — ou seja, como racionalizar as causas de sucessos
e fracassos —, outras se concentram em repetir cha-
( ) CERTO ( ) ERRADO vões de autoafirmação. Há ainda técnicas voltadas
para treinar a esperança — pensamento orientado por
6. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Para falar de racismo, objetivos em que as pessoas percebem que podem
é preciso antes diferenciar o racismo de outras cate- produzir itinerários para metas desejadas e a motiva-
gorias que também aparecem associadas à ideia de ção necessária para segui-los —, praticar a gratidão e
raça: preconceito e discriminação. o perdão ou cultivar o otimismo — uma diferença indi-
Podemos dizer que o racismo é uma forma sistemáti- vidual variável que reflete em que medida as pessoas
LÍNGUA PORTUGUESA
ca de discriminação que tem a raça como fundamento mantêm expectativas favoráveis sobre o futuro. Em
e que se manifesta por meio de práticas conscientes síntese, todos esses métodos compartilham alguns
ou inconscientes que culminam em desvantagens ou atributos. De um lado, são feitos sob medida para um
privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial consumo rápido; de outro lado, dizem proporcionar
ao qual pertençam. retornos rápidos e mensuráveis em troca de pouco
Embora haja relação entre os conceitos, o racismo investimento e esforço.
difere do preconceito racial e da discriminação racial.
O preconceito racial é o juízo baseado em estereóti- Edgar Cabanas. Happycracia: fabricando cidadãos felizes.
pos acerca de indivíduos que pertençam a determi- Trad. Humberto do Amaral. São Paulo: Ubu Editora, 2022 (com
adaptações).
nado grupo racializado, o que pode ou não resultar
em práticas discriminatórias. Considerar negros vio-
lentos e inconfiáveis, judeus avarentos ou orientais
79
Considerando as ideias e as propriedades linguísticas 8. (CEBRASPE-CESPE — 2022) .Em relação a aspectos
do texto precedente, julgue o item que se segue. linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o seguinte item.
No segundo período do segundo parágrafo, a flexão
O texto é exclusivamente descritivo. das formas verbais “É” e “seja” na terceira pessoa do
singular justifica-se pela concordância com “toda a
( ) CERTO ( ) ERRADO comunicação da companhia com seus colaboradores”,
termo que funciona como sujeito de ambas as orações.
Leia o texto a seguir para responder às questões 8, 9
e 10: ( ) CERTO ( ) ERRADO
cute o processo pelo qual o ser humano pode passar A respeito das ideias, dos sentidos e aspectos linguís-
da visão habitual que tem das coisas, “a visão das ticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
sombras”, unidirecional, condicionada pelos hábitos e
preconceitos que adquire ao longo de sua vida, até a O uso do advérbio “Obviamente” (segundo parágrafo)
visão do Sol, que representa a possibilidade de alcan- desempenha importante papel na argumentação apre-
çar o conhecimento da realidade em seu sentido mais sentada no texto, realçando uma informação que já é
elevado e compreendê-la em sua totalidade. A visão tomada como conhecimento geral.
do Sol representa não só o alcance da Verdade e, por-
tanto, do conhecimento em sua acepção mais comple- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ta, já que o Sol é “a causa de tudo”, mas também, como
diz Sócrates na conclusão dessa passagem: “Nos últi-
mos limites do mundo inteligível, aparece-me a ideia 81
15. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Texto CG1A1-I de acordo com a Central Nacional de Denúncias de
Crimes Cibernéticos, uma parceria da ONG Safernet e
Em 721, um concílio romano presidido pelo papa Gre- com o Ministério Público Federal.
gório II proibiu o casamento com uma commater, isto Os crimes cibernéticos de natureza financeira — como
é, a madrinha de um filho, ou a mãe de um filho de invasão de computadores, roubo de senhas e dados
quem se fosse padrinho. Isso levou o papado a se ali- bancários, além de golpes gerais de extorsão — tam-
nhar com a legislação promulgada, algumas décadas bém aumentaram, e grande parte das ações tiram
antes, em Bizâncio. A adoção marcadamente rápida proveito da pandemia. Em 2020, houve registros do
desses princípios sugere que o clero franco já susten- aumento em 41.000% de sites com termos relaciona-
tava concepções similares. Isso é ilustrado por um dos a “coronavírus” e a “covid” em seu domínio.
caso curioso contado por um clérigo franco anônimo, Golpes recentes praticados no Brasil utilizam fundos
em 727. Ele censurava a maneira traiçoeira pela qual de garantia e informações sobre calendário de vacina-
a infame concubina Fredegunda havia conseguido se ção para chamar a atenção das vítimas: em junho de
tornar a esposa legal do rei Quilpérico. Durante uma 2021, criminosos usaram o FGTS para roubar dinheiro
longa ausência do rei, ela persuadira sua rival, a rainha pela Internet; em maio de 2021, hackers usaram a pro-
Audovera, a tornar-se madrinha da própria filha recém- cura pela vacina contra o coronavírus para interceptar
-nascida. Assim, a ingênua Audovera foi subitamente dados bancários.
transformada na commater de seu próprio marido, Crimes cibernéticos podem assumir várias formas,
impossibilitando qualquer relação conjugal posterior e mas há dois tipos mais praticados: crimes que visam
deixando o caminho livre para Fredegunda. o ataque a computadores — seja para obter dados,
Essa artimanha mostra que, poucos anos após o con- seja para extorquir as vítimas, seja para causar prejuí-
cílio romano de 721, o autor anônimo e seu público zos a terceiros — e crimes que usam computadores
estavam bem familiarizados com os impedimentos para realizar outras atividades ilegais — nesses casos,
derivados do parentesco espiritual. Não fosse o caso, dispositivos e redes servem como ferramentas para o
seria impossível acusar Fredegunda de seu ardiloso criminoso.
truque. As cartas do missionário Bonifácio conferem
testemunho adicional a esse fato. Em 735, ele per- Internet: <www.techtudo.com.br> (com adaptações).
guntou ao bispo escocês Pethlem se era permitido
que alguém se casasse com uma viúva que era mãe Acerca das estruturas linguísticas do texto CG2A1-I,
de seu afilhado. “Todos os padres da Gália e na terra julgue o item.
dos francos afirmavam que isso era um pecado gra- No segundo período do segundo parágrafo, o emprego
ve”, escreveu ele. Soava-lhe estranho, já que ele nunca do sinal indicativo de crase no “a” que antecede “racis-
ouvira falar nisso antes. A questão devia preocupá-lo mo” prejudicaria a correção do texto.
porque, no mesmo ano, escreveu a respeito para dois
outros clérigos anglo-saxões. Evidentemente, o mis- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sionário até então não estava familiarizado com esse
impedimento ao casamento, embora o clero continen- 17. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Texto CB1A2-I
tal, a quem ele se dirigia, considerasse a questão mui-
to grave. O uso da palavra está, necessariamente, ligado à
questão da eficácia. Visando a uma multidão indistin-
Mayke De Jong, Nos limites do parentesco: legislação anti-incesto ta, a um grupo definido ou a um auditório privilegia-
na Alta Idade Média ocidental (500-900). In: Jan Bremmer (Org.). De do, o discurso procura sempre produzir um impacto
Safo a Sade. Momentos na história da sexualidade.
ampinas: Papirus, 1995, p. 56-7 (com adaptações).
sobre seu público. Esforça-se, frequentemente, para
fazê-lo aderir a uma tese: ele tem, então, uma visada
Considerando os sentidos e as ideias do texto CG1A- argumentativa. Mas o discurso também pode, mais
1-I, julgue o item a seguir. modestamente, procurar modificar a orientação dos
modos de ver e de sentir: nesse caso, ele tem uma
dimensão argumentativa. Como o uso da palavra se
A autora propõe que a determinação do concílio em
dota do poder de influenciar seu auditório? Por quais
721 formaliza ideias já vigentes entre os membros do
meios verbais, por quais estratégias programadas ou
clero.
espontâneas ele assegura a sua força?
Essas questões, das quais se percebe facilmente a
( ) CERTO ( ) ERRADO
importância na prática social, estão no centro de uma
disciplina cujas raízes remontam à Antiguidade: a retó-
16. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Texto CG2A1-I
rica. Para os antigos, a retórica era uma teoria da fala
eficaz e também uma aprendizagem ao longo da qual
Apesar da existência de uma legislação própria para o os homens da cidade se iniciavam na arte de persua-
tema, o volume de crimes cibernéticos no Brasil vem dir. Com o passar do tempo, entretanto, ela tornou-se,
crescendo, sobretudo em tempos de pandemia, com progressivamente, uma arte do bem dizer, reduzindo-
o consequente desenvolvimento de uma maior depen- -se a um arsenal de figuras. Voltada para os ornamen-
dência dos sistemas conectados. Em 2020, foram tos do discurso, a retórica chegou a se esquecer de
registradas 156.692 denúncias, um número bastan- sua vocação primeira: imprimir ao verbo a capacidade
te superior ao apresentado no ano de 2019, quando de provocar a convicção. É a esse objetivo que retor-
75.428 casos foram contabilizados. nam, atualmente, as reflexões que se desenvolvem na
Delitos relacionados à pornografia infantil caracte- era da democracia e da comunicação.
rizam 98.244 denúncias, sendo este o crime mais
cometido. Infrações relacionadas a racismo e discrimi- Ruth Amosy. A argumentação no discurso. São Paulo: Editora
nação estão no segundo lugar dos casos registrados, Contexto, 2018, p. 7 (com adaptações).
82
Julgue o item subsequente, relativo aos aspectos lin- “Um... como é mesmo o nome?”
guísticos do texto CB1A2-I. “Sim?”
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A pala-
O emprego do presente do indicativo no primeiro pará- vra me escapou por completo. É uma coisa simples,
grafo tem a finalidade de aproximar o leitor do exato conhecidíssima.”
momento em que a autora escrevia o texto. “Sim, senhor.”
“O senhor vai dar risada quando souber.”
( ) CERTO ( ) ERRADO “Sim, senhor.”
“Olha, é pontuda, certo?”
18. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A atividade política, para “O quê, cavalheiro?”
os antigos, estava associada à prática das virtudes e “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?
à busca por uma ordem moral duradoura. A corrup- Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto
ção, por sua vez, era identificada com vícios como a de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encai-
ambição, a ganância pelo poder, a covardia etc., ou xe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é
seja, tudo aquilo que causa caos social, desordem e mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como
violência. é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra
Essa noção de corrupção associada ao desvirtuamen- ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, enten-
to e à falta de cuidado com o bem comum atravessaria de, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha.
a Idade Média e chegaria até o início da modernidade Entende?”
com os teóricos políticos do Renascimento. Contudo, “Infelizmente, cavalheiro...”
com a ampliação das relações comerciais decorren- “Ora, você sabe do que eu estou falando.”
tes das grandes navegações, o crescimento urbano, o “Estou me esforçando, mas...”
advento da indústria, a ascensão da burguesia como “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo
classe política — por meio de revoluções como a ingle- numa ponta, certo?”
sa (1640-1668) e a francesa (1789-1799) —, o sistema “Se o senhor diz, cavalheiro.”
político começou a ser pensado de forma diferente.
A concepção antiga das virtudes como guias da polí- Luís Fernando Veríssimo. Comunicação
tica não funcionava mais na modernidade. Era neces-
sária uma concepção de política que levasse em conta Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos lin-
os interesses individuais e as ambições, que faziam guísticos do texto precedente, julgue o item a seguir.
parte do mundo moderno. Mas como fazer isso sem
deixar que tais interesses e ambições degenerassem Em ‘A palavra me escapou por completo’ (sétimo pará-
o sistema político? Montesquieu foi quem ofereceu o grafo), o pronome ‘me’ exprime a reflexividade da ação
melhor modelo, que, em grande parte, ainda se faz pre- praticada pelo sujeito oracional sobre si mesmo.
sente até hoje nos regimes democráticos.
Segundo Montesquieu, para que os interesses pes- ( ) CERTO ( ) ERRADO
soais dos governantes não triunfassem sobre o bem
público e para que o corpo político não se corrom- 20. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A comunicação tem-se
pesse, seriam necessárias as leis positivas, isto é, um transformado em um setor estratégico da economia,
conjunto de medidas jurídicas que se ajustassem à da política e da cultura. Da guerra, ela sempre o foi. A
realidade dos interesses de determinada sociedade e inclusão da informação e da comunicação nas estra-
impusesse controle sobre ela, sendo capaz de inter- tégias bélicas tem aumentado no correr de milênios.
mediar os homens e suas necessidades. No século VII a.C., o chinês Sun Tzu, em A arte da
Esse modelo foi seguido pelas democracias liberais guerra, dizia que “toda guerra é embasada em dissi-
do século XIX. No entanto, desde a transição do sécu- mulação”, referindo-se à distribuição de informações
lo XIX para o século XXI, o mundo ficou cada vez mais falsas. Contudo, quem mais desenvolveu esse concei-
integrado, tanto econômica quanto politicamente, to foi o general prussiano Carl von Clausewitz, em seu
sobretudo após as guerras mundiais. Essa integração, amplo tratado Da guerra (Vom Kriege), publicado em
apesar de ter trazido inúmeros benefícios, também 1832. No capítulo VI, Clausewitz afirma: “Grande parte
trouxe grandes dificuldades. das notícias recebidas na guerra é contraditória, uma
parte ainda maior é falsa e a maior parte de todas é
Internet: <https://brasilescola.uol.com.br> (com adaptações). incerta. Em suma, a maioria das notícias é falsa, e o
medo do ser humano reforça a mentira e a inverda-
Julgue o item que se segue, relativo às ideias e a de. As pessoas conscientes que seguem as insinua-
aspectos linguísticos do texto anterior. ções alheias tendem a permanecer indecisas no lugar;
acreditam ter encontrado as circunstâncias distintas
LÍNGUA PORTUGUESA
Infere-se do texto que, na Antiguidade, a corrupção era do que imaginavam. Na guerra, tudo é incerto, e os
entendida como oposta à política. cálculos devem ser feitos com meras grandezas variá-
veis. Eles direcionam a observação apenas para mag-
( ) CERTO ( ) ERRADO nitudes materiais, enquanto todo o ato de guerra está
imbuído de forças e efeitos espirituais”.
19. (CEBRASPE-CESPE — 2022) É importante saber o Trata-se de desinformar, e não de informar. A desin-
nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar formação é a informação falsa, incompleta, deso-
o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para rientadora. É propagada para enganar um público
comprar um... um... como é mesmo o nome? determinado. Seu fim último é o isolamento do inimigo
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” em um conflito concreto, é o de mantê-lo em um cerco
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” informativo. Os nazistas levaram essa estratégia do
“Pois não?” engano quase à perfeição.
83
Atualmente, pratica-se tanto o cerco econômico, mili-
18 CERTO
tar e diplomático quanto o informativo. Já não se tra-
ta apenas de isolar o inimigo. As novas tecnologias 19 ERRADO
permitem aos militares intervir nos conflitos bélicos a
distância, direcionando até mesmo os foguetes com a 20 ERRADO
ajuda de GPS, a partir de um satélite. A telecomunica-
ção militar apoiada em satélites e a eletrônica deter-
minarão as guerras do futuro imediato. Fala-se já de
bombas eletrônicas (E) que podem paralisar estabe-
lecimentos neurais da sociedade moderna, como hos-
ANOTAÇÕES
pitais, centrais elétricas, oleodutos etc., destruindo os
seus circuitos eletrônicos. Parece que hoje já se pode
fazer a guerra sem bombas atômicas. As bombas E
do tipo FCG (flux compression generator — gerador de
compressão de fluxo), cujo emprego não está limitado
às grandes potências bélicas, têm o mesmo efeito e
fazem parte dos arsenais de alguns exércitos, e con-
sistem em comprimir, mediante uma explosão, um
campo eletromagnético, como um raio, sem os cus-
tos, os efeitos colaterais ou o enorme alcance de um
dispositivo de pulso eletromagnético nuclear.
9 GABARITO
1 ERRADO
2 ERRADO
3 ERRADO
4 ERRADO
5 CERTO
6 CERTO
7 ERRADO
8 ERRADO
9 ERRADO
10 CERTO
11 CERTO
12 CERTO
13 CERTO
14 CERTO
15 CERTO
16 CERTO
17 ERRADO
84
z Na linguagem simbólica:
p ⊻ q.
z Na linguagem natural:
ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE Se estudar, então vai passar.
ARGUMENTAÇÃO
z Na linguagem simbólica:
ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E
CONCLUSÕES p → q.
z Não é verdade que matemática é difícil; Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
z É falso que matemática é difícil.
Vamos lá!
Conjunção (Conectivo E)
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) As proposições P, Q e R a
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
Representação simbólica: ^
Carlos, Paulo e Maria:
Exemplos:
P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
z Na linguagem natural: Considerando que ~X representa a negação da propo-
sição X, julgue o item a seguir.
O macaco bebe leite e o gato come banana. A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
culpada.” pode ser representada simbolicamente por
z Na linguagem simbólica: (~Q)↔(~R).
Disjunção Inclusiva (Conectivo Ou) Veja que temos uma proposição condicional (se
então) e a representação simbólica apresentada é
Representação simbólica: v de uma bicondicional. Representação da condicio-
Exemplos: nal (). Resposta: Errado.
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
Gostam de chocolate O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)
Números de Linhas de Tabela Verdade Uma proposição, quando negada, recebe valores
lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
Neste momento, vamos aprender a construir tabe- que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
las verdade para proposições compostas.
P ~P
z 1º passo: contar a quantidade de proposições
V F
envolvidas no enunciado.
F V
Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
Dupla Negação ~(~P)
z 2º passo: calcular a quantidade de linhas da tabela
A dupla negação nada mais é do que a própria pro-
usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número
posição. Isto é, ~(~P) = P
de proposições).
P Q P^Q
z 3º passo: dispor os valores “V” e “F” na primeira V V V
coluna fazendo o agrupamento pela metade do
V F F
número de linhas da tabela.
F V F
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da F F F
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F).
Conectivo Disjunção “Ou” (v)
P Q PVQ
Teremos resposta verdadeira quando, pelo menos,
V um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro.
V
F P Q PVQ
F V V V
V F V
F V V
z 4º passo: preencher as demais colunas com agru-
F F F
pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela
metade do agrupamento anterior. Conectivo Disjunção Exclusiva “Ou... ou” (v)
P Q PVQ P Q PVQ
V V V V F
V F V F V
F V F V V
F F F F F
94
Conectivo Bicondicional “Se e Somente Se” () P ~P P ^ (~P)
CONTINGÊNCIA
P Q PQ
V V V Sempre que uma proposição composta recebe
V F F valores lógicos falsos e verdadeiros, independente-
F V F mente dos valores lógicos das proposições simples
componentes, dizemos que a proposição em questão é
F F V uma contingência. Ou seja, é quando a tabela verda-
de apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verda-
Conectivo Condicional “Se..., Então” (→) deiros e alguns falsos.
Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan- contingência, conforme a tabela verdade.
do teremos o resultado falso, pois o conectivo con-
dicional só tem uma possibilidade de tal ocorrência
P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q)
Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
do antecedente for verdadeiro e o consequente falso. V V F F F
V F V V V
P Q P→Q F V F V V
V V V F F F V V
V F F
z Tautologia: uma proposição que é sempre verdadeira;
F V V
z Contradição: uma proposição que é sempre falsa;
F F V z Contingência: uma proposição que pode assumir
valores lógicos V e F, conforme o caso.
Condicional falsa: Vai Ficar Falsa
A seguir, coloque seus conhecimentos em prática
VF=F realizando alguns exercícios de bancas variadas.
V F F F V
c) 8.
F V F F V
d) 16.
F F F V V e) 32.
F F V V V F V V V F V V V V V V
Implicação Material
z p ⇔ (p ∧ p)
Na lógica proposicional, temos uma regra de subs-
tituição que diz que é válido que uma sentença con-
dicional seja substituída por uma disjunção em que
P P P∧P o antecedente é negado e essa é a Implicação Mate-
V V V rial. A regra determina que P implica Q é logicamente
equivalente a não ~P ou Q e pode substituir o outro
F F F em provas lógicas: P → Q ⟺ ~P v Q.
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
substituído em uma prova com.”
z p ⇔ (p ∨ p) Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
substituída por «~P v Q”.
Exemplo:
P P P∨P Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
Assim, ele não é um tigre ~P ou ele pode correr Q.
V V V
Se for descoberto que o tigre não podia correr,
F F F escrito simbolicamente como P v ~Q, ambas as sen-
tenças são falsas, mas caso contrário, elas são ambas
verdadeiras.
Pela Exportação-Importação
Transposição
→R (Q → R)
V V V V V V V P→Q⟺~Q→~P
V V F V F F F
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
V F V F V V V substituído em uma prova com.”
V F F F V V V Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
F V V F V V V
substituída por ~ Q → ~ P “.
F V F F V F V Exemplo:
F F V F V V V Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
Assim, Se ele não pode correr ~Q, então ele não é
F F F F V V V um tigre ~P. 97
EQUIVALÊNCIA CONDICIONAL z Com o conectivo “e” e “se... então”
Agora vamos tratar duas equivalências impor- Para fazer essa equivalência vamos interpretar o
tantes desse conectivo que tem a maior incidência conectivo “se e somente se”. Na sua nomenclatura
nas provas de concursos. A primeira delas ensina temos uma bicondicional e o quê isso significa exa-
como transformar uma proposição composta pelo tamente? Significa que temos duas condicionais (se...
“se… então” em outra proposição composta pelo “se… então). E, pensando nisso, podemos dizer então que
então”. A outra ensina como transformar uma propo- temos uma condicional indo e uma condicional vol-
tando; repare que a simbologia (⟷) são duas setas.
sição composta pelo “se… então” em uma composta
Agora vamos traduzir isso tudo com um exemplo.
pelo conectivo “ou” (e vice-versa). Vamos lá! Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A → B) ^ (B → A)
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
Contrapositiva ⇔ Se o céu ficará azul, então hoje não vai chover e se
hoje não vai chover, então o céu ficará azul.
Para fazermos essa equivalência devemos inverter
as proposições e depois negar todas as proposições. z Com o conectivo “ou” e “tabela verdade”
Inverte e nega tudo mantendo o se então
Exemplo: A → B ⇔ ~B → ~A Já para entendermos essa equivalência, precisa-
Se Marcos estuda, então ele passa. ⇔ Se Marcos mos lembrar dos casos na tabela verdade do conetivo
não passa, então ele não estuda. “se e somente se” quando temos resultados verda-
deiros, ou seja, quando os valores lógicos são iguais.
Estas duas proposições são equivalentes. Percebeu
Sabendo disso, podemos dizer, então, que o conectivo
o processo de construção da segunda a partir da pri-
“se e somente se” terá resultado verdadeiro quan-
meira? Você deve inverter a ordem das proposições e do as proposições forem todas verdadeiras ou
negar ambas. quando forem todas falsas (vale lembrar que a nega-
ção de “V” será “F”). Logo, veja o exemplo de como
z “se... então” vira “ou” ficará essa equivalência:
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A ^ B) v (~A ^ ~B)
Essa equivalência é feita negando a primeira pro- O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
posição, trocando o conectivo “se... então” pelo conec- ⇔ O céu ficará azul e hoje não vai chover ou o céu não
tivo “ou”, repetindo a segunda proposição. ficará azul e hoje vai chover.
Nega ou Repete. Agora observe a tabela verdade envolvendo todas
as equivalências da Bicondicional:
Exemplo:
A → B ⇔ ~A v B. (A→B) (A ^ B)
A B ~A ~B A ⟷ B B⟷A ∧ V
(B→A) (~A ^ ~B)
Se o urso é ovíparo, então o macaco voa. ⇔ O urso
não é ovíparo ou o macaco voa. V V F F V V V V
Observe a tabela a seguir e veja que os resultados V F F V F F F F
são iguais, ou seja, equivalentes: F V V F F F F F
F F V V V V V V
A B ~A ~B A→B ~B → ~A ~A V B
V V F F V V V
COMUTAÇÃO
V F F V F F F
F V V F V V V Leis Comutativas
F F V V V V V
z Conjunção “e”:
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B ⟷ A Exemplo: A v B ⇔ B v A
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. João anda de barco ou Sabrina vai à praia. ⇔
98 ⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul. Sabrina vai à praia ou João anda de barco.
z Disjunção Exclusiva “ou... ou”: 2. (CEBRASPE-CESPE — 2020) No argumento seguinte,
as proposições P1, P2, P3 e P4 são as premissas, e C
Exemplo: A v B ⇔ B v A é a conclusão.
Ou Romeu compra uma moto ou ele vende o
P1: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor
carro. ⇔ Ou Romeu vende o carro ou ele com-
Alfa, então o trabalho dos servidores públicos que
pra uma moto.
atuam nesse setor pode ficar prejudicado.”.
P2: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor
A B A⊻B B⊻A Alfa, então os beneficiários dos serviços prestados
V V F F por esse setor podem ser mal atendidos.”.
P3: “Se o trabalho dos servidores públicos que atuam no
V F V V
setor Alfa fica prejudicado, então os servidores públi-
F V V V cos que atuam nesse setor padecem.”.
F F F F P4: “Se os beneficiários dos serviços prestados pelo setor
Alfa são mal atendidos, então os beneficiários dos ser-
viços prestados por esse setor padecem.”.
Bicondicional “se e somente se” C: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B A Alfa, então os servidores públicos que atuam nesse
O céu ficará azul se e somente se hoje não cho- setor padecem e os beneficiários dos serviços presta-
ver. ⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu dos por esse setor padecem.”.
ficar azul.
Considerando esse argumento, julgue o item seguinte.
A B A⟷B B⟷A A proposição P3 é equivalente à proposição “Se os
servidores públicos que atuam nesse setor não pade-
V V V V cem, então o trabalho dos servidores públicos que
V F F F atuam no setor Alfa não fica prejudicado.”.
F V F F
( ) CERTO ( ) ERRADO
F F V V
Proposição: P3: “Se o trabalho dos servidores
z Condicional “Se então”: é o único conectivo lógi- públicos que atuam no setor Alfa fica prejudicado,
co que não aceita a propriedade de comutação, então os servidores públicos que atuam nesse setor
pois o seu antecedente não pode ser o consequente padecem.”.
e vice-versa. Equivalência:
(Inverte e nega tudo mantendo “se então”)
“Se os servidores públicos que atuam nesse setor
A→B≠B→A
não padecem, então o trabalho dos servidores públi-
cos que atuam no setor Alfa não fica prejudicado.”
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
Resposta: Certo.
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Vamos lá! 3. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Considerando a proposi-
ção P: “Se o servidor gosta do que faz, então o cida-
1. (VUNESP — 2020) Considere a seguinte afirmação: Se dão-cliente fica satisfeito”, julgue o item a seguir.
Marcos está prestando esse concurso, então ele é for- A proposição P é logicamente equivalente à seguinte
mado no Curso de Serviço Social. proposição: “Se o cidadão-cliente não fica satisfeito,
Assinale a alternativa que contém uma afirmação então o servidor não gosta do que faz”.
equivalente para a afirmação apresentada.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Marcos está prestando esse concurso se, e somente
se, ele é formado no Curso de Serviço Social. Proposição: P Q
b) Se Marcos é formado no Curso de Serviço Social, Equivalência: ~Q ~P
então ele está prestando esse concurso. Logo, “Se o servidor gosta do que faz, então o cida-
c) Marcos está prestando esse concurso e ele é formado dão-cliente fica satisfeito”
no Curso de Serviço Social. “Se o cidadão-cliente não fica satisfeito, então o ser-
d) Se Marcos não é formado no Curso de Serviço Social, vidor não gosta do que faz”.
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: Certo.
então ele não está prestando esse concurso.
e) Marcos não é formado no Curso de Serviço Social e
4. (CEBRASPE-CESPE — 2019) Assinale a opção que
ele está prestando esse concurso.
apresenta a proposição lógica que é equivalente à
seguinte proposição:
Veja que não temos a presença do “OU” nas alter- “Se Carlos foi aprovado no concurso, então Carlos
nativas e isso facilita, pois usamos a ‘’contraposi- possui o ensino médio completo.”
tiva’’. Basta inverter e negar, mantendo o mesmo
conectivo: a) “Carlos não foi aprovado no concurso ou Carlos pos-
Se Marcos não é formado no Curso de Serviço sui o ensino médio completo.”
Social, então ele não está prestando esse concurso. b) “Se Carlos não foi aprovado no concurso, então Carlos
Resposta: Letra D. não possui o ensino médio completo.” 99
c) “Carlos possuir o ensino médio completo é condição A B ~A ~B A^B ~(A ^ B) ~A V ~B
suficiente para que ele seja aprovado no concurso”
V V F F V F F
d) “Carlos ser aprovado no concurso é condição neces-
sária para que ele tenha o ensino médio completo.” V F F V F V V
e) “Carlos possui o ensino médio completo e não foi F V V F F V V
aprovado no concurso.” F F V V F V V
A
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
A B
Exemplos: SILOGISMOS
Exemplo 2:
Veja que margaridas e Margaridas são termos equívocos. Não respeitamos esta regra, porque esse silogismo
tem 4 termos. O termo margaridas está empregado em 2 sentidos, valendo por 2 termos;
z 2ª Regra: se um termo está distribuído na conclusão, tem de estar distribuído nas premissas. Exemplos:
z 4ª Regra: o termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez. Exemplos:
Não se pode concluir se existe ou não alguma relação entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez que não
existe nenhuma relação entre estes e o termo médio (que é o único que nos permite relacioná-los);
z 6ª Regra: de duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:
z 7ª Regra: a conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:
Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando!
REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas negativas, nada se conclui
médio e menor
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu-
z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
são negativa
que os termos das premissas
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca
z O termo médio não pode entrar na conclusão
z De duas premissas particulares, nada se conclui
z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria com exercícios comentados de diversas bancas. Vamos lá!
1. (FGV — 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto concluir que:
Veja que a questão pede a negação do quantificador “nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos negar o
“nenhum” usando o quantificado “todo” e vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estrategicamente as alter-
nativas C, D e E. Como temos um quantificador universal negativo e sabemos que para negar precisamos de um
particular afirmativo, só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B não está de acordo com a regra. Você
também poderia usar o lembrete “nenhum nega com PEA”.
Resposta: Letra A.
2. (FUNDATEC — 2019) A negação da sentença “algum assistente social acompanhou o julgamento” está na alternativa:
RACIOCÍNIO LÓGICO
A questão pede a negação do “algum” – quantificador particular afirmativo. Já aprendemos que, para fazer essa
negação, usamos um quantificador universal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”, pois o mesmo é uni-
versal negativo. Assim, a nossa sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o julgamento”
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julgamento” Resposta: Letra D. 105
3. (FUNDATEC — 2019) Assinale a alternativa que corres- Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia apenas:
da informação são bons desenvolvedores”.
a) I e III.
a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação b) I e II.
não é bom desenvolvedor. c) III e IV.
b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom d) II e III.
desenvolvedor.
e) II e IV.
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não
são bons desenvolvedores.
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são Você precisa lembrar das equivalências para res-
bons desenvolvedores. ponder essa questão.
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno- � “Nenhum matemático é não dialético” equivale a
logia da informação. “Todo Matemático é Dialético”;
� “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é
A negação do “todo” pode ser feita usando o lem- matemático, então é Dialético”.
brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”, Agora, vamos analisar as afirmações feitas por Laura:
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” / reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”, II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor-
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo,
reta, pois há dialéticos que não são matemáticos).
p: “Todos os analistas de tecnologia da informação
são bons desenvolvedores” Dialético
~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec-
nologia da informação não é bom desenvolvedor.
Resposta: Letra A.
Mat.
4. (VUNESP — 2019) A alternativa que corresponde à
negação lógica da proposição composta: “todos os
cantores são músicos e existe advogado que é can-
tor”, é: III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que também que temos um dos casos de equivalência
seja cantor. lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva).
b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
advogado que seja cantor. co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático
c) Há cantores que são músicos e existe advogado que como vimos nos diagrama da alternativa II).
não é cantor. Resposta: Letra A.
d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que
seja cantor.
e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga-
do que é cantor. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM
Só podemos negar um Quantificador Universal Lógica de 1° ordem é igual a Quantificadores Lógi-
(“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen- cos, então, toda vez que você vir esse tema no edi-
cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim,
tal, terá que saber três coisas fundamentais sobre os
eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas
quantificadores:
as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor-
gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo.
z Negação;
Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q:
z Equivalência;
P: todos os cantores são músicose (^)
z Representação por diagramas.
Q: existe advogado que é cantor.
Negando:
~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos Quantificadores Lógicos ou Proposições Categó-
um não é = algum não é) ou (v) ricas são elementos que especificam a extensão da
~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe = validade de um predicado sobre um conjunto de cons-
nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou tantes individuais, ou seja, são palavras ou expressões
não existe advogado que seja cantor”. Resposta: que indicam que houve quantificação. São exemplos
Letra B. de quantificadores as expressões: “existe”, “algum”,
“todo”, “pelo menos um” e “nenhum”.
5. (VUNESP — 2019) Considere como verdadeira a pro-
posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
enuncia que tal proposição implica, necessariamente,
que: Estes quantificadores podem ser classificados em
dois tipos:
I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético.
II. Se Pedro é dialético, então é matemático. z Quantificador Universal: “todo” e “nenhum”;
III. Se Luiz não é dialético, então não é matemático. z Quantificador Existencial (particulares): “pelo
106 IV. Se Renato não é matemático, então não é dialético. menos um”, “existe um” e o “algum”.
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “TODO” (AFIRMATIVO) Vale lembrar que “Algum A é B” significa que o
conjunto A tem pelo menos um elemento em comum
Exemplos: com o conjunto B, ou seja, há intersecção entre os cír-
Todo A é B; culos A e B. Logo, podemos fazer representação com
Todo homem joga bola. diagrama:
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar A B
que “Todo A é B” significa que todo elemento de A
também é elemento de B. Logo, podemos representar
com o diagrama:
A
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
A B
Verbo Verbo
Negação Afirmativo
Negativo
Esquematizando tudo:
Olhando para as iniciais de cada quantificador lógico particular (Pelo menos / Existe / Algum), podemos escre-
ver o lembrete abaixo para negação:
z Todo
Vemos aqui que troca-se “todo” por “nenhum”, ou seja, a primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
108 Exemplo: “Todo gato pula alto” = “Nenhum gato não pula alto”.
“Todo A é B” equivale a “Se é A, então é B”. A questão pede a negação do “algum” – quantifica-
dor particular afirmativo. Já aprendemos que, para
Exemplo: “Todo pato é amarelo”. = “Se é pato, fazer essa negação, usamos um quantificador uni-
então é amarelo”. versal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”,
pois o mesmo é universal negativo. Assim, a nossa
z Nenhum sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o
“Nenhum A é B” é equivalente a dizer “Todo A julgamento”
não é B”. ~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga-
mento”. Resposta: Letra D.
Vemos aqui que troca-se “nenhum” por “todo”, a
primeira sentença é mantida e nega-se a segunda. 3. (FUNDATEC — 2019) Assinale a alternativa que corres-
Exemplo: “Nenhum macaco é branco” = “Todo ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia
macaco não é branco”. da informação são bons desenvolvedores”.
B A
Imagine que temos 5 livros diferentes para serem E D
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é MESA MESA
possível ordenar? Para questões envolvendo permu-
tação simples, devemos encarar de um modo geral
que temos n modos de escolhermos um objeto (livro) D C C B
que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher
um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro) Diante do conceito de permutação, essas duas
que ocupará o último lugar. Então, temos: disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua
Modos de ordenar: direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
n · (n-1) · ... 1 = n! Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar
à mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalen-
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120 tes. Isto porque não existe uma referência espacial
maneiras de ordenar os livros na estante. (ponto fixo determinado). Nestes casos, devemos uti-
Agora, observe um outro exemplo: lizar a fórmula da permutação circular de n pessoas,
Quantos são os anagramas da palavra CAJU? que é:
Resolução:
Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das Pc (n) = (n-1)!
letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U.
Em nosso exemplo, o número de possibilidades de
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será:
CAJU CUJA ACJU AUJC
Desta maneira, o número de anagramas é 4! = Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
4·3·2·1 = 24 anagramas. soas nas cadeiras de uma praça, mas tínhamos apenas
3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería-
Dica mos fazer isso?
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí-
Anagrama é a ordenação de maneira distinta das veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei-
RACIOCÍNIO LÓGICO
letras que compõem uma determinada palavra. ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
Permutação com Repetição cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas
restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de
problema é causado por conta da repetição de letras formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada
na palavra ARARA. pela multiplicação a seguir:
Veja que temos 3 letras A e 2 letras R. De maneira Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras =
tradicional, faríamos 5! (número de letras na palavra),
mas é preciso que descontemos as letras repetidas. 5 · 4 · 3 = 60
Assim, devemos dividir pelo número de letras fatorial,
ou seja, 3! e 2!. 111
O exemplo acima é um caso típico de arranjo sim- Dica
ples. Sua fórmula é dada a seguir:
No arranjo a ordem importa.
Na combinação a ordem não importa.
n!
A(n, p) =
(n - p) !
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria com
exercícios comentados de diversas bancas. Vamos lá!
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde 1. (VUNESP — 2016) Um Grupamento de Operações
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
da outra. investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
Observe a resolução do nosso exemplo usando a ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
fórmula: equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
tes de se fazer essa distribuição é:
5! 5!
A(5, 3) = = = 5·4·3·2·1 = 60
(5 - 3) ! 2! 2·1
a) 6.
b) 10.
Uma outra informação muito importante é que c) 12.
nos problemas envolvendo arranjo simples a ordem d) 18.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente e) 20.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme-
Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
pessoas na praça:
outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
CADEIRA 1ª 2ª 3ª escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
OCUPANTE Ana Bianca Clara não é relevante, então, vamos usar a combinação:
C(6, 3) = 6!
= 6 · 5 · 4 · 3! =
6·5·4
=
6·5·4
=
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé (6 - 3) !3! 3!3! 3! 3·2·1
nessa disposição.
5 · 4 = 20. Resposta: Letra E.
a) 90.
Dica
b) 33.
c) 45. Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
d) 14. des possíveis e o evento é um subconjunto do
espaço amostral.
Paulo tem disponível 14 filmes no total, 5 de terror, 6
de aventura e 3 de romance; e dentre esses 14 filmes PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
disponíveis tem que escolher um, portanto o total
de possibilidades será dado pela combinação de 14
n (evento)
elementos, tomados um a um. Probabilidade do Evento =
C(14,1) = 14 possibilidades. n (espaço amostral)
Resposta: Letra D.
P (A e B) = P(A) x P(B)
Usando a fórmula acima, temos:
Sendo mais formal, também é possível escrever 1
P(A ∩ B) = P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
entre os eventos A e B. P (A\B) = = ·
P (B) 1 3 1 3
2
PROBABILIDADE CONDICIONAL
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
recorrente em questões de concursos. Imagine que
Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even-
quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
tos distintos:
A – sair um resultado ímpar to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
B – sair um número inferior a 4
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- A fórmula pode ser traduzida como a probabilida-
damente a probabilidade de cada um desses eventos: de da união de dois eventos é igual a soma das pro-
babilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
3 1 subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
P(A) = = 0,5 = 50%
6 2 eventos simultaneamente.
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
3 1
P(B) = = 0,5 = 50% tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
6 2
(A) + P (B).
Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per- plo de 3 ou de 5?
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por- fórmula:
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas z P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por-
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor- Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
reu, é simplesmente:
6
P(A) =
2 20
P (A\B) = = 66,6%
3
z P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
Uma outra forma de calculá-la é por meio da
seguinte divisão: Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
P (A k B) 4
P (A\B) = P(B) =
P (B) 20
A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocorrer, z P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
114 dado que B ocorreu, é a divisão entre a probabilidade de 3 e 5
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
tempo. que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
obter os casos favoráveis.
1 Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6
P(A ∩ B) =
20 1 – 1/6 = 5/6. Resposta: Letra E.
|
um conjunto na “repre-
● Falamos que um elemento pertence ou não sentação em chaves”
pertence a um conjunto;
união de Lê-se como “X união Y”
● Falamos que um conjunto está contido ou não A ∪ B
conjuntos
está contido em outro conjunto.
interseção de Lê-se como “X intersec-
A ∩ B
conjuntos ção Y”
Representação de Conjunto Usando Chaves diferença de Lê-se como “diferença de
A-B
conjuntos A com B”
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre-
sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para repre- complementar Refere-se ao complemen-
XC
sentar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, d} to do conjunto X 117
Diagrama de VENN Total = X
20 gostam de Matemática;
Vamos entender como se resolve questões que 30 gostam de Português;
envolvem Operações com Conjuntos se relacionan- 10 gostam dos dois;
do. Acompanhe os exemplos a seguir e a maneira 10 gostam apenas de Matemática;
como desenvolvemos suas resoluções: 20 gostam apenas de Português;
5 não gostam de nenhuma.
z Em uma sala de aula, 20 alunos gostam de Mate-
mática, 30 gostam de Português, e 10 gostam das z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam tos envolvidos:
de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos
há nessa sala de aula? Matemática (20) Português (30)
z Identifique os conjuntos;
z Represente em forma de diagramas;
z Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações); 20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
z Preencha as demais informações no diagrama;
z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos.
5
Vamos à resolução:
10+10+20+5 = X
z Identifique os conjuntos; X = 45 alunos é o total dessa sala.
z Represente em forma de diagramas:
Matemática Português
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula:
z Identifique os conjuntos;
5
z Represente em forma de diagramas;
z Preencha as informações de dentro para fora (da
118 interseção para as demais informações);
z Preencha as demais informações no diagrama; z 12 músicas que somente André e Bernardo gosta-
z Some todas as regiões e iguale ao total de elemen- ram (na interseção entre os 2 apenas);
tos envolvidos. z 9 que somente André e Carol gostaram;
z 4 que somente Bernardo e Carol gostaram;
Vamos à resolução: z 6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três
conjuntos);
z Identifique os conjuntos; z Os “zeros” representam o fato de que não houve
z Represente em forma de diagramas: música que somente um deles tenha gostado.
Total = X
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas
Traduzindo a fórmula:
Total de elementos da união = soma dos conjuntos
z Preencha as informações de dentro para fora (da – interseções dois a dois + interseção dos três
interseção para as demais informações): Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o que
aprendemos, não é mesmo? Vamos praticar!
André Bernardo
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Determinado porto rece-
beu um grande carregamento de frango congelado,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
10 foram carregados com carne bovina; 450, com carne
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
Carol ne suína.
z Preencha as demais informações no diagrama: Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
diagramas:
André Bernardo 800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 produtos;
300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
0 12 0 100 contêineres com frango e carne suína.
Bovina Frango
RACIOCÍNIO LÓGICO
10
50 100 X
9 4
0 Carol
0
6
150 100
Bovina Frango
50 100 X X 6 25 – 6 – x =
19 – x
150 100
200 Suína
C 5
a c a+c
= =
b d b+d
RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
Vamos entender um pouco melhor resolvendo
PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
uma questão-exemplo:
GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
PROBLEMAS ARITMÉTICOS e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
Vamos relembrar alguns conceitos e fórmulas está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos. Quan-
sobre aritmética para que possamos resolvermos to cada um vai receber?
questões sobre esse tópico. Como o próprio nome já Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
diz “Problemas de Raciocínio Lógico envolvendo Arit- a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
mética”. Então, vamos fazer várias questões ao longo Diego vai receber, então temos:
da teoria para entender e praticar mais ainda sobre
esse assunto. C D
=
3 2
RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES
Utilizando a propriedade das somas externas:
A razão entre duas grandezas é igual a divisão
entre elas, veja: C+D
C D
= =
3 2 3+2
2
5
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
então podemos substituir na proporção:
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2 está
para 5”).
C D C+D
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja: = = = 10.000 = 2.000
3 2 3+2 5
2 4
= Aqui cabe uma observação importante: esse valor
3 6
2.000, que chamamos de “Constante de Proporcionali-
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 dade”, é que nos mostra o valor real das partes dentro
(Lê-se “2 está para 3 assim como 4 está para 6”). da proporção. Veja:
Os problemas mais comuns que envolvem razão
e proporção é quando se aplica uma “variável” qual- C
= 2.000
quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o 3
valor dela. Veja o exemplo: C = 2000 x 3
2 x ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
=
3 6 D
= 2.000
2
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor- D = 2.000 x 2
RACIOCÍNIO LÓGICO
ção: “produto dos meios pelos extremos”. D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6 Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
ber R$4.000;
numa igualdade. Observe:
z Somas Internas:
3·X=2·6
3X = 12 a
=
c
=
a+b
=
c+d
b d b d
X = 12/3
X=4 121
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno- Logo,
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da 2A
= 1.000
proporção. 4
a
=
c
=
a+b = c+d 2A = 4 x 1.000
b d a c
2A = 4.000
Vejamos um exemplo:
A = 2.000
x 2
=
-
14 x 5 Fazendo a mesma resolução em B:
3B
x + 14 - x 2+5 = 1.000
= 9
x 2
3B = 9 x 1.000
14 7
=
x 2 3B = 9.000
7 · x = 2 · 14 B = 3.000
14 · 2
x= =4 Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
7
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
Portanto, encontramos que x = 4. O total pago pela empresa será:
Observação: vale lembrar que essa propriedade Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
também serve para subtrações internas;
Agora vamos estudar um tipo de problema que
z Soma com Produto por Escalar: aparece frequentemente em provas de concursos
envolvendo razão e proporção.
a c a + 2b c + 2d
= = =
b d b d REGRA DA SOCIEDADE
2A 3B 2A + 3B 13.000 X = 60.000 x 4
= = = = 1.000
122 4 9 4+9 13 X = 240.000
Inversamente Proporcional A razão entre o número de mulheres e o número
total de alunos é de 5/8:
É um tipo de questão menos recorrente, mas, não M 5
menos importante. Consiste em distribuir uma quan- T
=
8
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
quinhão inversamente proporcional a três números. A turma tem 120 alunos, então: T = 120
Vejamos um exemplo: Fazendo os cálculos:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes M 5
=
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. T 8
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis- M 5
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- =
120 8
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
8 x M = 5 x 120
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
cálculo, veja: 8M = 600
600
X X X M=
+ + = 740.000 8
4 5 6
M = 75
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl- A quantidade de homens da sala:
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
mos a fração.
4–5–6|2 2. (VUNESP — 2020) Em um grupo com somente pessoas
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
2–5–3|2 de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
1–5–3|3 21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
1–5–1|5 pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é:
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
a) 30.
Assim, dividindo o M. M. C. Pelo denominador e
b) 29.
multiplicando o resultado pelo numerador temos:
c) 28.
d) 27.
15x 12x 10x
+ + = 740.000 e) 26.
60 60 60
37x A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
= 740.000
60 número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
X = 1.200.000 120 4x
=
121 5x Total de 9x
Agora basta substituir o valor de X nas razões para
achar cada parte da divisão inversa. No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
x 1.200.000 a razão em questão passará a ser de 5/8.
= = 300.000
4 4 120 4x - 2
= = 5
x 1.200.000 121 5x + 2 - 1 8
= = 240.000
5 5 4x - 2 5
=
x 1.200.000 5x + 1 8
= = 200.000
6 6
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
D + A + W = 721 Meninos = H
A = D + 36 Meninas = M
W = A - 44
Substituímos Arley em Wanderson: H 5x
Razão: +
W= A - 44 M 7x
W= 36+D-44 Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
W= D-8
Substituímos na fórmula principal: 12x é igual ao total que é 396
D + A + W = 721
12x = 396
D + 36 + D + D – 8 = 721
3D + 28 = 721 x = 33
3D = 721 - 28
D = 693/3 Portanto o número de meninos será:
D = 231 Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C.
Substituímos o valor de D nas outras:
A = D + 36 REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
A= 231+36= 267
W = A - 44 Regra de Três Simples
W= 267-44
W= 223
A Regra de Três Simples envolve apenas duas
Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
grandezas. São elas:
son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D.
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) A respeito de razões, pro- deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
porções e inequações, julgue o item seguinte. z Grandeza Explicativa ou Independente: é aque-
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam la utilizada para calcular a variação da grandeza
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, dependente.
para ser divido entre elas, de forma inversamente propor-
cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes- Existem dois tipos principais de proporcionalida-
sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500. des que aparecem frequentemente em provas de con-
cursos públicos. Veja a seguir:
( ) CERTO ( ) ERRADO
z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumen-
6x 9x 8x to de uma grandeza implica o aumento da outra;
+ + = 7.900
1 2 3 z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen-
to de uma grandeza implica a redução da outra.
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos:
36x 27x 16x Vamos esquematizar para sabermos quando será
+ + = 7.900
6 6 6 direta ou inversamente proporcionais:
79x
= 7.900 DIRETAMENTE
6 + / + OU - / -
PROPORCIONAL
x = 600
Sendo assim, Sandra está inversamente proporcio- Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas
nal a: (sinais iguais)
9x
2
PROPORCIONAL + / - OU - / +
Basta substituirmos o valor de X na proporção.
9x 9 x 600
= = 2.700 Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui
2 2
(sinais diferentes)
(Valor que Sandra irá receber é MAIOR que 2.500). Agora vamos esquematizar a maneira que iremos
resolver os diversos problemas:
Resposta: Errado.
X=2 a) 60.
b) 70.
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias c) 80.
para corrigir as provas. d) 90.
Para podermos praticar um pouco mais sobre esse e) 100.
assunto, analisaremos algumas questões comentadas
de concursos. x = dias
3 guardanapos por dia -------- x
1. (CEBRASPE-CESPE — 2019) No item seguinte apre- 2 guardanapos por dia -------- x+15
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- São valores inversamente proporcionais, quanto
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
porcentagens e descontos. Assim, multiplicamos na horizontal: 125
3x = 2 . (x+15) z As análises devem ser feitas individualmente. Ou
3x = 30+2x seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
3x-2x = 30 mantendo as demais constantes;
x = 30 z A variável dependente fica isolada em um dos
Podemos substituir em qualquer uma das duas lados da proporção.
situações:
3 guardanapos x 30 dias= 90 Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90. como isso tudo funciona.
Resposta: Letra D. Exemplo 1: Se 6 impressoras iguais produzem
1000 panfletos em 40 minutos, em quanto tempo 3 des-
4. (FUNDATEC — 2017) Cinco mecânicos levaram 27 sas impressoras produziriam 2000 desses panfletos?
minutos para consertar um caminhão. Supondo que Da mesma forma que na regra de três simples,
fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan- cada uma delas isoladamente duas a duas.
tos minutos levariam para concluir o conserto desse
mesmo caminhão? 6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
a) 20 minutos.
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
b) 35 minutos.
parte dependente de um lado e igualando às razões da
c) 45 minutos.
seguinte forma – se for direta vamos manter a razão,
d) 50 minutos.
agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe:
e) 55 minutos.
40 ? ?
Mecânicos ------ Minutos = #
X ? ?
5 ---------------- 27
3 ---------------- x Analisando isoladamente duas a duas:
Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas-
tarão para finalizar o trabalho, logo a grande- 6 (imp.) -------- 40 (min)
za é inversamente proporcional. Multiplica na 3 (imp.) ---- ---- X (min)
horizontal:
3x = 27.5 Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
3x = 135 o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
x = 135/3 pois agora teremos menos impressoras para realizar
x = 45 minutos. a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
Resposta: Letra C. inverter a razão.
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor 2. (VUNESP — 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas
diminui ( - ) e que o número de páginas irá aumentar operando com a mesma capacidade de produção,
( + ). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver- fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6
ter a razão. horas por dia. O número de dias necessários para que
6 30 ? 4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri-
= #
X 45 ? quem dois lotes dessas peças é:
1. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Determinado equipamen- Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
to é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, fun- com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
cionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa situação, clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
a quantidade de páginas que esse mesmo equipamen- xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
to é capaz de digitalizar em 3 dias, operando 4 horas e
30 minutos diários para esse fim, é igual a: ( ) CERTO ( ) ERRADO
taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
parcela. o percentual dos homens pelo total:
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. 55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan- 0,55 x 0,88 = 0,484.
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês. Transformando em porcentagem
0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. (FCC — 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista-
Valor da bicicleta =1720,00 dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí.
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores,
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 então, a porcentagem de entrevistados que não gos-
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) tam de nenhum dos dois é de: 129
a) 80%. Nos juros simples, a incidência recorre sempre
b) 61%. sobre o valor original. Veja um exemplo para melhor
c) 20%. entender.
d) 10%. Exemplo 1:
e) 5%. Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
regime de juros simples de 5% ao mês para um ami-
Vamos dispor as informações em forma de conjun- go,, o qual ficou de quitar o empréstimo após 5 meses.
tos para facilitar nossa resolução: Dessa forma, teremos o seguinte:
Graviola Açaí
CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
(1000,00)
60% - 15% = 15% 50% - 15% =
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
45% 35% 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
Nenhum = x 3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% 5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
95% + X = 100%
X = 5%. Resposta: Letra E. Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais
de juros.
5. (FUNCAB — 2015) Adriana e Leonardo investiram R$ Fórmulas utilizadas em juros simples:
20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
meses. O restante foi investido em uma aplicação, J=C·i·t
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas M=C+J
no sistema de juros simples.
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles M = C · (1 + i ·J)
tiveram: Onde,
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem- Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados:
plo. Veja:
log1,2 = log (1,01)t
M = 10000 x (1 + 10%)4 log1,2 = t · log 1,01
M = 10000 x (1 + 0,10) 4
log1, 1
t=
M = 10000 x (1,10) 4 log1, 01
M = 10000 x 1,4641
Logo, questão errada.
M = 14.641,00 reais Exercite seus conhecimentos realizando os seguin-
tes exercícios.
Podemos fazer a comparação entre juros simples e
compostos. Observe a tabela abaixo: 1. (FCC — 2017) A Cia. Escocesa, não tendo recursos
para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 na data
JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS do vencimento, fez um acordo com a instituição finan-
Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1 ceira credora para pagá-la 90 dias após a data do
vencimento. Sabendo que a taxa de juros compostos
Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1 cobrada pela instituição financeira foi 3% ao mês, o
Juros capitalizados no final Juros capitalizados periodi- valor pago pela empresa, desprezando-se os centa-
do prazo camente (“juros sobre juros”) vos, foi, em reais:
Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
a) 163.909,00.
Valores similares para pra- Valores similares para pra- b) 163.500,00.
zos e taxas curtos zos e taxas curtos c) 154.500,00.
d) 159.135,00.
Juros Compostos – Cálculo do Prazo e) 159.000,00.
Nas questões em que é preciso calcular o prazo, Temos uma dívida de C = 150.000 reais a ser paga após
você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t” t = 3 meses no regime de juros compostos, com a taxa
está no expoente da fórmula de juros compostos. A de j = 3% ao mês. O montante a ser pago é dado por:
propriedade mais importante a ser lembrada é que, M = C x (1+j)t
sendo dois números A e B, então:
M = 150.000 x (1+0,03)3
M = 150.000 x (1,03)3
log AB = B × log A
M = 150.000 x 1,092727
M = 15 x 10927,27
Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente
M = 163.909,05 reais
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A.
Resposta: Letra A.
Uma outra propriedade bastante útil dos logarit-
mos é a seguinte:
2. (FCC — 2017) O montante de um empréstimo de 4
anos da quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram
log bAl = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B juros compostos de 10% ao ano, será igual a:
B
Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é a) R$ 26.000,00.
igual à subtração dos logaritmos de cada número. b) R$ 28.645,00.
Também, é importante ter em mente que “logA” c) R$ 29.282,00.
significa “logaritmo do número A na base 10”. d) R$ 30.168,00.
132 e) R$ 28.086,00.
Temos um prazo de t = 4 anos, capital inicial C = Veja que a taxa de juros é mensal, e o prazo da apli-
20000 reais, juros compostos de j = 10% ao ano. O cação foi de t = 0,5 mês (quinze dias).
montante final é: Quando o prazo é fracionário (inferior a 1 unida-
M = C x (1+j)t de temporal), juros simples rendem MAIS que juros
M = 20000 x (1+0,10)4 compostos. Logo, o montante auferido com a capi-
M = 20000 x 1,14 talização no regime de juros compostos será INFE-
M = 20000 x 1,4641 RIOR ao montante auferido no regime simples.
M = 2 x 14641 Resposta: Errado.
M = 29282 reais
Resposta: Letra C. PROBLEMAS ARITMÉTICOS
3. (FGV — 2018) Certa empresa financeira do mundo Vimos no início dessa apostila toda a parte teóri-
real cobra juros compostos de 10% ao mês para os ca que nos dá suporte para que cheguemos até aqui
empréstimos pessoais. Gustavo obteve nessa empre- e consigamos resolver mais algumas questões sobre
sa um empréstimo de 6.000 reais para pagamento, esse tópico. Todavia antes disso, lembre-se que, geral-
incluindo os juros, três meses depois. mente, os tópicos como fração, razão e proporção e
O valor que Gustavo deverá pagar na data do venci- porcentagem são os mais cobrados e por isso este é o
mento é: nosso foco principal. Mãos à obra.
Temos a taxa de 40% a. a. com capitalização trimes- 2. (FCC — 2016) Em um curso de informática, 2/3 dos alu-
tral, o que resulta em uma taxa efetiva de 40%/4 = nos matriculados são mulheres. Em certo dia de aula,
10% ao trimestre. Em t = 6 meses, ou melhor, t = 2 2/5 das mulheres matriculadas no curso estavam pre-
trimestres, o montante será: sentes e todos os homens matriculados estavam pre-
M = C x (1+j)t sentes, o que totalizou 27 alunos (homens e mulheres)
M = 1.000 x (1+0,10)2 presentes na aula. Nas condições dadas, o total de alu-
M = 1.000 x 1,21 nos homens matriculados nesse curso é igual a:
M = 1.210 reais
Resposta: Letra B.
a) 18.
b) 10
RACIOCÍNIO LÓGICO
r
α
P
α
ponto S C
reta r A B
plano
C Reta s
B s
A B
A c Segmento de Reta AB
A B t
r
COLINEARES
r
Semirreta AB
NÃO COLINEARES
A B u
s t
B a
A
b
P α d
z Teorema de Tales:
r A B
Quando temos um feixe de retas paralelas sobre
duas transversais quaisquer, determinamos segmen-
tos proporcionais. Veja a figura a seguir para entender
um pouco mais:
135
s t
A D a
B E
b
90°
C F
c
Ângulo é a medida de uma abertura delimitada z Ângulos congruentes: são congruentes (iguais)
por duas semi-retas. Veja na figura a seguir o ângulo quando possuem a mesma medida;
A, que é a abertura delimitada pelas duas semi-retas z Ângulos complementares: são complementares
desenhadas: quando a soma entre os ângulos é 90o. Ex.: 60° +
30° = 90°. Os ângulos 30° e 60° são complementares
um do outro;
z Ângulos suplementares: são suplementares quando
a soma entre os ângulos é 180o. Ex.: 110° + 70° = 180°.
Os ângulos 70° e 110° são suplementares entre si.
A
A semi-reta que divide um ângulo em duas partes
iguais é denominada Bissetriz. Veja:
A
C
D
Como 360o representam uma volta completa, 180º
representam meia-volta, como você pode ver a seguir
Os ângulos formados pelo cruzamento das retas
180° são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
o mesmo valor, ou seja, A = C e B = D.
Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma
entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B
e C, C e D, e D e A.
Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma medida.
Por sua vez, 90o representa metade de meia-volta, Uma outra unidade de medida de ângulos é cha-
isto é, ¼ de volta. Esse ângulo é conhecido como ângu- mada de “radianos”. Dizemos que 180o correspondem
lo reto e tem uma representação bem característica: a π (“pi”) radianos. Vamos usar uma regra de três sim-
ples para convertermos qualquer ângulo em radia-
nos. Veja, vamos converter 60o para radianos:
C D
55° x
a
Para calcular o número de diagonais de um polí- D E
gono, vamos precisar levar em consideração os vér- 115°
tices (lados). Dessa forma, chegaremos na seguinte
fórmula:
n # (n - 3) a 55°
D=
2 K L
Veja que o pentágono (n = 5) possui 5 diagonais. Veja que podemos colocar o ângulo “a” como suple-
mentar de 115°, pois os segmentos KL e DE são
z A soma do ângulo interno e do ângulo externo de paralelos. Assim como o ângulo 55° é suplementar
um mesmo vértice é igual a 180º; do ângulo “x”. Assim,
z A soma dos ângulos internos de um polígono de n
a + 115 = 180
lados é:
a = 65º
S = (n – 2) × 180° ------------------
RACIOCÍNIO LÓGICO
x + 55 = 180
Dica x = 125º
Logo, x + a = 190º.
A soma dos ângulos internos de um triângulo (n = Resposta: Letra D.
3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados)
esta soma é 360º. 2. (CONSULPLAN — 2018) A soma dos ângulos internos
de um polígono regular que tem 20 diagonais é:
Os polígonos que possuem todos os lados iguais
e todos os ângulos internos iguais (congruentes) são a) 495.
chamados de polígonos regulares. Conheça algumas b) 720.
nomenclaturas dos principais polígonos regulares e c) 990.
os seus números de lados. d) 1080. 137
Vamos aplicar a fórmula das diagonais de um polí- β=α+θ
gono para descobrir o número de lados:
β = 44°30’ + 55°30’ = 99°60’ = 100°
n # (n - 3)
D= Resposta: Letra A.
2
2
n - 3n 4. (ESAF — 2003) Os ângulos de um triângulo encon-
20 = tram-se na razão 2 : 3 : 4. O ângulo maior do triângulo,
2
portanto, é igual a:
40 = n2 - 3n
n2 – 3n - 40 = 0 a) 40°.
b) 70°.
Vamos achar as raízes da equação do 2° grau: c) 75°.
d) 80°.
- (-3) ± √(-3)2 -4 · 1 · (- 40) e) 90°.
n=
2·1
Se os ângulos do triângulo se encontram na razão
2:3:4, podemos chamá-los de 2x, 3x e 4x e a soma
3 ± √9 + 160 dos ângulos de um triângulo qualquer é sempre
n=
180º.
2 Assim, 2x + 3x + 4x = 180°
9x = 180°
3 ± 13 x = 20°
n=
O maior ângulo é 4x = 4 ∙ 20° = 80°
2
Resposta: Letra D.
Como “n” é o número de diagonais, precisamos ape-
nas pegar o resultado positivo. Logo, MÉTRICA, ÁREAS E VOLUMES, ESTIMATIVAS,
APLICAÇÕES
3 + 13
n= = 8 lados
Sistema de Unidades de Medidas
2
Aplicando a fórmula da soma dos ângulos internos Quando estudamos o sistema de medidas nos
de um polígono, temos: atentamos ao fato de que ele serve para quantificar
dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
S = (n – 2) × 180° Todavia existem as conversões entre as unidades para
S = (8 – 2) × 180° uma melhor interpretação e leitura.
Km hm dam m dm cm MM
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (Milímetro)
β
θ ×10 ×10
s ×10 ×10 ×10 ×10
1 hora = 60 minutos
×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 h = 4 x 60 = 240 minutos
:100 :100 :100 :100 :100 :100 20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
GEOMETRIA PLANA
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 MM3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (Milímetro
Retângulo
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) Cúbico)
×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí-
gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os
ângulos internos iguais à 90°.
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 MM3
b
:1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000
D#d
A=
2
L L
Paralelogramo
A = L2
Trapézio b
Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles A área do paralelogramo também é dada pela mul-
paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e tiplicação da base pela altura:
base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que
é a distância entre a base menor e a base maior. Veja A=b×h
na figura a seguir
Triângulo
b
Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.
Veja-a a seguir:
a c
B
L L a c
h
L L
b
140
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é z Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.
chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
lo utilizando a seguinte fórmula:
B
b#h
A= c
2
a
n m
C H B
a B c a
h2 = m×n
z Triângulo equilátero: é o triângulo que tem todos
os lados iguais. Consequentemente, ele terá todos b2 = m×a
os ângulos internos iguais: c2 = n×a
b×c = a×h
a 3
h=
2
2
a 3
A=
4
141
A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π × E também sabemos a área desta volta completa,
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número que é a própria área do círculo ( π × r2). Vejamos como
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14. calcular a área do setor circular, em função do ângulo
Vejamos um exemplo para calcular a área de um central “α”:
círculo com 10 centímetros de raio:
360° ---------------------- π × r2
A = π × r2
α ------------------------- Área do setor circular
A = π × (10)2
Logo, área do setor circular =
A = π × 100
2
Substituindo π por 3,14, temos: a # rr
360c
A = 3,14×100 = 314cm2
Usando a mesma ideia, podemos calcular o com-
O perímetro de uma circunferência que é a mesma primento do segmento circular entre os pontos A e B,
coisa que o comprimento da circunferência é dado por: cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir-
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo:
C=2×π×r
360° --------------------- 2 πr
Para exemplificar, vamos calcular o perímetro α -------------------------- Comprimento do setor circular
daquela circunferência com 10cm de raio:
Logo, comprimento do setor circular =
C = 2 × 3,14 × 10
C = 6,28 × 10 = 62,8 cm a # 2rr
360c
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg-
mento de reta que liga um lado ao outro da circun- GEOMETRIA ESPACIAL
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
mede o dobro do raio, ou seja, 2r. Poliedros
c a
b
Repare na figura a seguir: a a
A
O cubo é um caso particular do paralelepípedo re-
to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores
α de a = b = c.
B Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
C
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
Veja:
V=a×b×c
Prismas
H H
Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
que têm as arestas laterais perpendiculares às bases.
Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com R C
os cilindros. O que os difere é que a base de um pris-
ma não é uma circunferência. R
O prisma será classificado de acordo com a sua
base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
ma será pentagonal. A área da superfície lateral do cilindro é igual a
2πℎ e o volume do cilindro é o produto da área da
base pela altura: V = πr2 × ℎ.
Esfera
V = Ab × h
AT = Al + 2Ab
O raio é simplesmente a distância do centro da es-
Cilindro fera até qualquer ponto da sua superfície.
O volume da esfera é calculado usando a seguinte
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são fórmula:
perpendiculares às bases. Observe a figura a seguir: 4 3
V = 3 # rr
A = 4 × πr2
Cone
base (círculo)
Observe a figura a seguir:
Geratriz
Altura
RACIOCÍNIO LÓGICO
Cilindro equilátero: ℎ = 2r
143
Vamos extrair algumas informações:
A base de um cone é um círculo, então a área da
base é πr2.
Quando “abrimos” um cone, temos seguinte figura:
m'
× + 20
Figura fora de escala
Pirâmide Pirâmide Pirâmide
Triangular Quadrangular Pentagonal Sabendo que 70% da área dessa praça estão recober-
tos de grama, então, a área não recoberta com grama
tem:
a) 450 m2.
b) 500 m2.
c) 400 m2.
d) 350 m2.
e) 550 m2.
2,5
; E
5 -3
C A=
1 7
A
a
a Veja que temos 2 linhas e 2 colunas, ou seja, Aij =
B A2x2.
145
O termo a12, por exemplo, é igual a -3. z Matriz de ordem 3
É importante saber que dizemos que a ordem des-
ta matriz é 2x2. A partir dela, podemos criar a matriz Em uma matriz quadrada de ordem 3, o determi-
transposta AT, que é construída trocando a linha de nante é calculado da seguinte forma:
cada termo pela sua coluna, e a coluna pela linha.
Repare que a ordem de AT é 2x2:
RS 1 1 2V
W
SS W
Se A = SS- 2 3 5W
W WW
< 3 7F
5 1 SS 0
AT = 7 - 1W
- T X
Então, veja o passo a passo como calcular o det(A).
Uma matriz é quadrada quando possui o mesmo
número de linhas e colunas. Foi o que aconteceu no Repetir as duas primeiras colunas:
nosso exemplo.
Uma matriz possui uma diagonal principal, que no 1 1 2 1 1
nosso exemplo da matriz A2x2 é formada pelos núme-
-2 3 5 -2 3
ros 5 e 7. A outra diagonal é dita secundária, formada
pelos números -3 e 1. 0 7 -1 0 7
; E e B = < 1 2F
c) 36 m² e 24 m. 3 -2 1 4
d) 32 m² e 24 m. A=
1 2 -
e) 36 m² e 26 m.
Então, o resultado da expressão:
Extraindo os dados temos B = 12 m, b = 6 m e H =
4m. Vamos chamar os lados não paralelos de “L”. detA
Veja como fica esse trapézio: detB
6m
É igual a:
L L
a) 4/3.
4m b) -2.
c) 3/4.
3m 3m
d) 2.
12 m
e) ½.
Para descobrir o valor de L, basta aplicar o Teore- Para encontra a resposta da questão, você precisa
ma de Pitágoras no triângulo formado pelo lado L achar o determinante de cada matriz. Sendo assim:
com a altura de 4m e o trecho de 3m. Veja:
3 2
L² = 4² + 3² det A = = 3 × 2 – (-2 × 1) = 6 + 2 = 8
1 2
L² = 16 + 9
1 4
L² = 25 det B = = 1 × 2 – 4 × (-1) = 6
1 2
L=5m
Logo,
O perímetro do trapézio é dado pela soma de seus
quatro lados. Logo:
detA 8 4
= =
L + L + 6 + 12 = 5 + 5 + 18 = 28 m detB 6 3
A área é dada por: Resposta: Letra A.
(B + b) # h
A= 5. (VUNESP — 2017) Uma peça de madeira tem o for-
2 mato de um prisma reto com 15 cm de altura e uma
(12 + 6) # 4 base retangular com 6 cm de comprimento, conforme
A=
2 mostra a figura.
18 # 4
A=
2
72
A= = 36m2
2 15 cm
Resposta: Letra A.
Devemos colocar todas as medidas na mesma uni- O volume é dado pela multiplicação das dimensões,
dade. Veja que: ou seja,
1,2 dam = 12m = 120dm = 1200 cm 720 = 15 . 6 . x
0,08hm = 0,8dam = 8m = 80dm = 800cm 120 = 15 . x
Assim, o volume total é de: 40 = 5 . x
V = 1200 x 125 x 800 8=x
V = 120.000.000 cm3 A área da base é:
V = 120.000 dm3 Área = 6.x = 6.8 = 48 cm2.
V = 120.000 litros Resposta: Letra B.
Se cada litro custa 0,32 reais, o preço total será de:
Preço = 0,32 x 120.000
148 Preço = 38.400 reais. Resposta: Letra E.
5. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Uma frase afirmativa que
HORA DE PRATICAR! possa ser classificada em verdadeira ou falsa é uma
proposição. Para formular composições de proposições
1. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A seguir, são apresen- simples, a lógica matemática fazuso de alguns conec-
tadas informações obtidas a partir de uma pesquisa tivos padronizados: a conjunção (e, indicada por ˄); a
realizada com 1.000 pessoas. disjunção (ou, indicada por ˅); a condicional (se… então,
indicada por →); e a bicondicional(se, e somente se, indi-
� 480 possuem plano de previdência privada; cada por ↔). Também tem-se a negação, indicada por
� 650 possuem aplicações em outros tipos de produtos ¬, que age sobre uma proposição sozinha, negando seu
financeiros; sentido. Algumas sentenças,denominadas sentenças
� 320 não possuem aplicação em nenhum produto abertas, não são consideradas proposições porque seu
financeiro. valor- verdade depende de uma ou mais variáveis; elas
podem ser transformadas emproposições pelo uso de
Com base nessa situação hipotética, julgue o item um quantificador universal (para qualquer x) ou de um
seguinte. quantificador existencial (existe x).
Há mais pessoas que não possuem aplicações em Considerando essas informações, e que Z represen-
nenhum produto financeiro que pessoas que possuem ta o conjunto dos números inteiros, julgue o item
simultaneamente plano de previdência privada e apli- seguinte.
cações em outros produtos financeiros.
A seguinte afirmação é uma proposição: A quantidade
( ) CERTO ( ) ERRADO de formigas no planeta Terra é maior que a quantidade
de grãos de areia.
2. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Ao procurar ativos para
realizar operações de day trade em uma lista de 260 ( ) CERTO ( ) ERRADO
ações negociadas em bolsa de valores, um investi-
dor classificou 120 ações como de boa liquidez (ele- 6. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Julgue o item seguinte,
vado volume de negócios realizados diariamente) e considerando a proposição P: “Como nossas reservas
130 ações como de bom nível de volatilidade (muitas de matéria prima se esgotaram e não encontramos
variações de preço para cima ou para baixo ao longo um novo nicho de mercado, entramos em falência”.
do dia); 45 ações ele não classificou em nenhuma des-
sas classes. Caso a afirmação tivesse sido dita antes dos aconte-
cimentos, a proposição P poderia, sem prejuízo à sua
Tendo em vista essa situação hipotética, julgue o item estrutura lógica, ser substituída por: “Se nossas reser-
seguinte. vas de matéria prima se esgotarem e não encontrar-
mos um novo nicho de mercado, então entraremos em
Há mais ações com ambas as características mencio- falência”.
nadas que ações com nenhuma dessas características.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Com relação a estruturas
3. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Ao procurar ativos para lógicas, julgue o item a seguir, nos quais são utilizados
realizar operações de day trade em uma lista de 260 os símbolos usuais dos conectivos lógicos e as letras
ações negociadas em bolsa de valores, um investi- P, Q, R e S representam proposições lógicas.
dor classificou 120 ações como de boa liquidez (ele-
vado volume de negócios realizados diariamente) e A frase “A capacidade hoteleira e o número de empre-
130 ações como de bom nível de volatilidade (muitas gos cresceram 10% no ano de 2003 no Nordeste bra-
variações de preço para cima ou para baixo ao longo sileiro, e isso foi consequência do total de 90 milhões
do dia); 45 ações ele não classificou em nenhuma des- de reais investidos na área de turismo pelo governo
sas classes. federal e pelos governos estaduais dessa região no
ano de 2002” pode ser expressa corretamente pela
Tendo em vista essa situação hipotética, julgue o item proposição lógica (P ∧ Q) ⇒ (R ∧ S).
seguinte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Há mais ações consideradas apenas como de boa
liquidez, mas não com bom nível de volatilidade, do 8. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Considere os conectivos
RACIOCÍNIO LÓGICO
que ações consideradas apenas como de bom nível de lógicos usuais e assuma que as letras maiúsculas
volatilidade, mas não com boa liquidez. representam proposições lógicas e que o símbolo ⁓
representa a negação. Considere também que as três
( ) CERTO ( ) ERRADO primeiras colunas de uma tabela-verdade que envolve
as proposições lógicas P, Q e R sejam as seguintes.
4. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Acerca de lógica mate-
mática, julgue o item a seguir.
P Q R
A frase “Saia daqui!” é uma proposição simples. V V V
P: “Se a vegetação está seca e sobre ela cai uma faís- Na busca por um sistema de diagnóstico que deter-
ca, ocorre um incêndio.” mine, por meio do menor número de observações
possível, o estado das cinco chaves, observou-se que,
Com relação à proposição apresentada, julgue o item atualmente,a chave E está fechada.
seguinte.
A proposição P é equivalente à proposição “A vegeta- Com referência à situação descrita, julgue o próximo
ção não está seca ou sobre ela não cai nenhuma faís- item.
ca, ou ocorre um incêndio.”.
A chave B está fechada, com certeza.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
11. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Considere as proposi-
ções lógicas P e Q, a seguir, a respeito de um condô- 14. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Considere verdadeiras as
mino chamado Marcos. seguintes informações a respeito dos funcionários de
uma empresa que possui vários postos de combustí-
� P: “Se Marcos figura no quadro de associados e está veis: “Todos os funcionários da empresa que trabalha-
com os pagamentos em dia, então ele tem direito a ram ou trabalham nos postos A ou B nasceram entre
receber os benefícios providos pela associação de 1970 e 1980”.
moradores de seu condomínio.”
� Q: “Marcos não figura no quadro de associados, mas Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
ele está com os pagamentos em dia.” Tendo como
referência essas proposições, julgue o item a seguir. Se um funcionário da empresa nasceu entre 1970 e
1980 então ele trabalhou no posto A ou no posto B.
Considerando-se verdadeira a proposição P, é correto
concluir que, se Marcos não tem direito a receber os ( ) CERTO ( ) ERRADO
benefícios providos pela associação de moradores de
seu condomínio, então, necessariamente, ele não figu- 15. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Com relação a estruturas
ra no quadro de associados nem está com os paga- lógicas, lógica de argumentação e lógica proposicio-
mentos em dia. nal, julgue o item subsequente.
S1: Todo bombeiro tem bom condicionamento físico. Partindo-se da origem do sistema de coordenadas,
S2: Toda pessoa que dorme bem tem bom condiciona- segue-se um padrão que se expande em quadrados
mento físico. concêntricos, provendo-se uma cobertura uniforme da
área de busca.
Sendo as sentenças S1 e S2 verdadeiras, então se
pode concluir que todo bombeiro dorme bem. Internet: <www.redebim.dphdm.mar. mil.br> (com adaptações).
Considerando essa situação hipotética, julgue o item Considerando as informações apresentadas, julgue o
seguinte. item subsequente, a partir dessa situação hipotética.
Após o início do treinamento, haverá um dia no qual a O referido barco fez sua segunda curva no ponto (1,
distância percorrida por Marcos será superior ao dobro −1).
daquela percorrida no dia imediatamente anterior.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
RACIOCÍNIO LÓGICO
9 GABARITO
19. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Com o objetivo de par-
ticipar de uma maratona de 42 km, Marcos montou o
seguinte programa de preparação física: nos dois pri- 1 ERRADO
meiros dias de treinamento, ele correrá uma mesma
distância e, em cada dia a partir de então, ele correrá 2 ERRADO
tantos quilômetros quanto terá corrido nos dois dias 3 ERRADO
imediatamente anteriores. Sabe-se que, pelo progra-
ma montado, Marcos deverá percorrer, no sétimo dia, 4 ERRADO
13 quilômetros.
5 CERTO
151
6 CERTO
7 ERRADO
8 ERRADO
9 CERTO
10 CERTO
11 ERRADO
12 ERRADO
13 CERTO
14 ERRADO
15 ERRADO
16 ERRADO
17 ERRADO
18 ERRADO
19 ERRADO
20 ERRADO
ANOTAÇÕES
152
que é um número, para separar a quantidade de mer-
cados, farmácias, postos de combustíveis etc.
Os dados qualitativos podem ser:
4. (IADES — 2014) Uma série temporal é qualquer con- 6. (CEBRASPE-CESPE — 2008) Uma agência de desen-
junto de observações ordenadas no tempo. Acerca volvimento urbano divulgou os dados apresentados
das séries temporais, assinale a alternativa correta. na tabela a seguir, acerca dos números de imóveis
ofertados (X) e vendidos (Y) em determinado municí-
a) As séries temporais não podem ser contínuas nem pio, nos anos de 2005 a 2007.
discretas.
b) Os modelos utilizados para descrever séries tempo-
rais não são controlados por fatores probabilísticos. NÚMERO DE IMÓVEIS
c) Os modelos utilizados para descrever séries tempo- ANO
OFERTADOS (X) VENDIDOS (Y)
rais são processos estocásticos, isto é, processos
controlados por leis probabilísticas. 2005 1.500 100
d) Um conjunto de observações ordenadas no tempo não
é uma série temporal. 2006 1.750 400
e) Um conjunto de índices diários da bolsa de valores
2007 2.000 700
não é um exemplo de série temporal.
0–2 5 Direito 55
2–4 7 Contabilidade 24
4–6 15 Estatística 35
6–8 10 Física ?
8 – 10 3
A média do número de alunos matriculados por
curso é 38,5. Nesse caso, qual a quantidade de alunos
Quando estamos tratando de média de dados de matriculados em Física?
uma população representamos pela letra grega μ A média de alunos matriculados por curso é dada
(mi), já quando estamos tratando de média de dados pela soma dos alunos de cada curso dividido pela
de uma amostra, representamos por x. quantidade de cursos, onde a média foi dada, e é 38,5,
e o total de cursos é 4.
Média Aritmética Simples Sabemos que a fórmula da média é:
μ= /
xi
para dados de uma população. 114 + X = 154
N
X = 154 – 114
Onde: Ʃxi é o somatório dos dados X1, X2, X3...XN, e N
é a quantidade de dados da amostra/população. Cada X = 40
dado é representado por Xi.
Vamos supor que, na faculdade, teremos 4 provas Portanto, são 40 alunos matriculados em Física.
da disciplina de Estatística. Para calcular a média final
basta somar as 4 notas e dividir por 4. Média Aritmética Ponderada
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0;
7,0; 5,0; 8,0. A média ponderada é muito parecida com a média
simples, mas nela são colocados pesos diferentes para
alguns dados. Essa média é muito utilizada em provas.
Soma
Vamos pensar no mesmo exemplo da média sim-
Média =
Quantidade ples. Supondo que, na faculdade, teremos 4 provas
de Estatística, mas a prova 3 tem peso 2 e a prova 4
tem peso 3. Para calcular a média ponderada temos
6+7+5+8 que somar todas as notas, mas, as notas que têm pesos
Média =
4 devem ser somadas conforme seu peso, ou seja, se
for peso 2 temos que multiplicar essa nota por 2, se
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
157
6 + 7+ 2 · 5 + 8 · 3 15 · X = 187 – 97
Média = 15 · X = 90
7 90
X=
6 + 7 + 10 + 24 15
Média = X=6
7
Logo o Preço Unitário da Marca C é R$ 6,00.
47
Média = Agora vamos ver um exemplo em que os dados
7
são dados em classes. Vamos pensar no exemplo que
Média = 6,71 demos lá em cima, das notas dos alunos, sendo que
5 pessoas tiraram de 0 a 2, outras 7 tiraram de 2 a 4,
mais 15 tiraram de 4 a 6, outras 10 de 6 a 8 e os 3 res-
Média Aritmética para Dados Agrupados
tantes tiraram de 8 a 10.
Podemos ter duas formas de apresentação de
dados, uma que nos traz o dado e a frequência que NOTA QUANTIDADE DE ALUNOS
esse dado ocorre, e outra que dá um intervalo (que 0 |– 2 5
chamamos de classe) e a frequência de dados dessa
classe, ambas apresentadas no formato de tabela. 2 |– 4 7
Vamos mostrar um exemplo para cada tipo de apre- 4 |– 6 15
sentação de dados:
6 |– 8 10
z Ex: Em um evento foram compradas 4 marcas dife- 8 |– 10 3
rentes de água, conforme a tabela.
A barra (|) normalmente mostra que o dado limite
entre as classes pertence àquela classe, ou seja, a nota
QUANTIDADE DE
TIPOS PREÇO UNITÁRIO 2, estaria no limite entre a 1ª e a 2ª classe, nesse caso
GARRAFAS
por conta da barra vamos considerar que a nota 2 per-
A 5 R$ 3,80 tencente à 2ª classe.
B 8 R$ 6,00 Para achar a média nesse caso vamos fazer pra-
ticamente a mesma coisa do exemplo acima, mas o
C 15 ?
valor da classe que iremos usar é o ponto médio de
D 6 R$ 5,00 cada classe, ou seja, basta fazer a média da classe.
Cada classe tem uma variação de 2 pontos, portan-
O preço médio do total de garrafas compradas foi to a média de cada classe será:
de R$ 5,50. Qual o valor unitário da garrafa da marca C?
Para achar a média, temos que somar o valor de 0+2
todas as garrafas, sendo que para cada marca foram z Classe 1: =1
compradas uma quantidade diferente de garrafas. 2
Para resolver esse tipo de questão vamos incluir mais
2+4
uma coluna na tabela, que é a multiplicação do valor z Classe 2: =3
unitário com a quantidade de garrafas. 2
4+6
QUANTIDADE PREÇO z Classe 3: =5
TIPOS QXP
DE GARRAFAS UNITÁRIO 2
A 5 R$ 3,80 5 · 3,8 = 19
6+8
B 8 R$ 6,00 8 · 6 = 48 z Classe 4: =7
2
C 15 ? 15 · X
D 6 R$ 5,00 6 . 5 = 30 8 + 10
z Classe 5: =9
2
19 + 48 + 15 · x + 30
Média =
5 + 8 + 15 + 6
QUANTIDADE DE PONTO MÉDIO
NOTA
ALUNOS DA CLASSE
Sabemos que a média dos valores foi R$ 5,50,
portanto: 0 |– 2 5 1
97 + 15 · x 2 |– 4 7 3
5,5 =
34 4 |– 6 15 5
6 |– 8 10 7
5,5 · 34 = 97 + 15 · X
8 |– 10 3 9
158 187 = 97 + 15 · X
Agora basta fazer a coluna da multiplicação da frequên- Média Harmônica
cia (quantidade de alunos) pelo ponto médio da classe.
A média harmônica, μH, é dada por:
PONTO QUANT. N
QUANTIDADE
NOTA MÉDIO DA X PONTO μH = / 1 , ou seja:
DE ALUNOS X1
CLASSE MÉDIO
N
μH =
0 |– 2 5 1 5x1=5
1 1 1 1
2 |– 4 7 3 7 x 3 = 21 + + + ....+
X1 X2 X3 XN
4 |– 6 15 5 15 x 5 = 75
IDADE NÚMERO DE
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
N 11 8 11x8=88
μG = √ X1 · X2 · X3 ..... XN
12 3 12x3=36
Fazendo um paralelo com a média aritmética, na
13 4 13x4=52
média geométrica ao invés de somarmos os dados,
vamos multiplicar, e ao invés de dividirmos pela 14 1 14x1=14
quantidade de dados observados (N) vamos fazer a
raiz enésima dessa quantidade. 140 + 88 + 36 + 52 + 14
Média =
14 + 8 + 3 + 4 + 1
159
( ) CERTO ( ) ERRADO
330
Média =
30 Como temos uma média ponderada, iremos colo-
car no denominador a soma dos pesos das provas,
Média = 11 anos ou seja, diferentemente da média aritmética, onde
Resposta: Certo. todas as provas possuem o mesmo peso.
Já no numerador, vamos colocar a nota de cada pro-
Texto para Questões 02 e 03 va multiplicada pelo seu peso, ou seja, peso 1 para a
prova A, e os pesos que iremos calcular nas provas
Tendo em vista que, diariamente, a Polícia Fede- B e C.
ral apreende uma quantidade X, em kg, de drogas em Prova B o peso é 10% maior que na prova A, ou seja,
determinado aeroporto do Brasil, e considerando os vamos multiplicar o peso da prova A por 1,10, que
dados hipotéticos da tabela a seguir, que apresenta seria o peso da prova A, mais 10% (0,1).
os valores observados da variável X em uma amostra Peso(PB) = 1 · 1,10 = 1,10
aleatória de 5 dias de apreensões no citado aeroporto, A prova C tem peso 20% maior que a prova B (que
julgue os itens 02 e 03. tem peso 1,1), portanto vamos multiplicar o peso da
prova B por 1,2, que é o peso da prova A, mais 20%
(0,2).
DIA
Peso (PC) = 1,1 . 1,2 = 1,32
X (QUANTIDADE 1 2 3 4 5
DIÁRIA DE DROGAS PA + 1,1PB + 1,32PC
APREENDIDAS, EM Média =
10 22 18 22 28 1 + 1,11 + 1,32
KG)
8 |- 10 3
QUANTIDADE DE
NOTA
ALUNOS
Para achar a moda vamos usar a Fórmula de Czu-
0 |– 2 5 ber. A classe modal é a classe com maior frequência,
portanto das notas entre 4 e 6, que tem 15 alunos.
2 |– 4 7
Portanto:
4 |– 6 15 L = 4 (limite inferior)
h = 2 (intervalo da classe: 6 – 4 = 2)
6 |– 8 10
d1 = 8 (diferença de frequência entre a classe
8 |- 10 3 modal e a classe anterior: 15-7 = 8)
d2 = 5 (diferença de frequência entre a classe
A classe modal é a que tem a maior frequência, ou modal e a classe posterior: 15-10 = 5)
seja, a que possui 15 alunos, que é a classe que vai de
4 a 6. Assim, pelo método da moda bruta, a moda será d1
a média da classe, ou seja, a média entre os limites da Mo = L + h ·
classe (4 e 6): d1 + d2
4+6 8
Mo = Mo = 4 + 2 ·
2 8+5
10 8
Mo = Mo = 4 + 2 ·
2 13
Mo = 5 16
Mo = 4 +
A moda de Pearson é dada pela fórmula: 13
Mo = 3 · Md – 2 · x Mo = 4 + 1,23
Mo = 5,23
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
8 X Q3 - Q1
DQ =
2
15 · X = 2 · 8
Intervalo Quartílico
15 · X = 16
162 X = 1,06 IQ = Q3 – Q1
Desvio Na variância teremos pela primeira vez uma dife-
rença na fórmula quando consideramos uma popu-
Desvio é a diferença entre um dado qualquer de lação e uma amostra. Até agora, as fórmulas eram
uma amostra/população (Xi) e a média desses dados sempre iguais, mudávamos apenas a representação
(μ/ x). da média (de μ para x ).
Em uma população a variância é representada por
D = Xi - x σ2 (sigma ao quadrado), já para uma amostra a variân-
cia é representada por S2.
O desvio em si não diz muita coisa e nunca é cobra- Para uma amostra:
do, mas é importante para entendermos o desvio
médio e o desvio padrão (esse sim muito cobrado).
/ ^Xi - X h2
S2 = n-1
Desvio Médio
Para uma população:
A soma de todos os desvios de uma amostra resulta
em 0, vejamos o exemplo a seguir, de uma amostra
com 4 dados: 4, 6, 8, 10 / _Xi - n i2
σ2 = n
σ2 = x2 – (x)2
8
DM =
4 Ou seja, basta elevar todos os dados ao quadrado
e calcular a média desses valores, e subtrair disso a
DM = 2 média dos dados ao quadrado.
Falamos que a média é o primeiro momento de O desvio padrão nos dá a noção de quão disper-
uma distribuição, já a variância é chamada do segun- sos são os dados da amostra, quanto menor o desvio
do momento de uma distribuição. padrão, mais concentrado em torno da média aritmé-
A variância é uma medida de dispersão que mostra o tica estão os dados, quanto maior o desvio padrão,
quão distante cada valor desse conjunto está da média. mais dispersos esses dados. 163
O desvio padrão é a raiz da variância, portanto a a moda e o desvio padrão. A única grandeza diferen-
fórmula e as considerações sobre população e amos- te é a variância, que será multiplicada pelo quadrado
tra são as mesmas, apenas vamos fazer a raiz do dessa constante, pois lembremos que ela é o quadrado
resultado. do desvio padrão.
Em resumo, ao multiplicar os dados por uma cons-
Desvio padrão = √Variância tante k, os dados estatísticos irão alterar da seguinte
maneira:
Em uma população, o desvio padrão é representa-
da por σ (sigma), já para uma amostra o desvio padrão
é representado por S. FORMA DE CHEGAR AO
DADO ESTATÍSTICO
Para uma amostra: NOVO VALOR
Moda (Mo) Mo . k
Para uma população:
Desvio padrão (σ) σ. k
/ _Xi - ni
2
Variância (σ2) σ2 . k2
σ= n
Quando somamos todos os salários por uma cons-
Quando tivermos dados agrupados, basta multipli- tante qualquer (100 por exemplo), a média será altera-
car cada parênteses pela frequência da classe. da na mesma ordem, ou seja, para achar a nova média
somaremos a média anterior pela mesma constante. A
/ f^Xi - X h2 mesma coisa ocorre para a mediana e a moda. Entre-
s= n -1 tanto as medidas de dispersão, desvio padrão e variân-
cia não serão alteradas pela soma de uma constante.
Assim o resumo dos valores, após a soma dos
Ou
dados pela constante k são:
σ= / faXi -n k2
n FORMA DE CHEGAR AO
DADO ESTATÍSTICO
NOVO VALOR
Coeficiente de Variação Média (µ) µ+k
GRÁFICOS E DIAGRAMAS
r
io rio ão
o éd e aç
Q3 – Q1 = 30 – 0 = 30 sin M Sup ad
u
En sin
o
in
o Gr
En s s
1,5 · 30 = 45 En Pó
165
Gráfico de Dispersão Histograma
Estudaremos melhor esse tipo de gráfico quando O histograma é um dos principais gráficos da esta-
falarmos de correlação, mas, irei apresentar como ele tística, ele é muito utilizado para demonstrar a distri-
é feito, e quando é usado. buição de frequência de dados quantitativos contínuos.
O gráfico de dispersão, ou diagrama de dispersão, é O histograma é formado por colunas ou barras
uma associação entre pares de dados quantitativos, nor- (retângulos) de um conjunto de dados e dividido em
malmente são usados para entender a correlação entre classes uniformes ou não uniformes. Sendo que a
duas variáveis. Nele, vamos verificar as duas variáveis base do retângulo representa uma classe e a altura do
e colocar esses pontos em um plano cartesiano. retângulo representa a quantidade ou a frequência
Vamos fazer um gráfico de dispersão com as variá- absoluta com que o valor da classe ocorre no conjunto
veis peso e altura de um grupo de 6 pessoas: de dados.
Frequência
100
90 15
80 10
70
5
60
50 0
40 10 20 30 40 50 60
1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
Peso, em Kg
Podemos ver que cada ponto representa o par
peso/altura de um indivíduo, mas discutiremos isso A tabela nos mostra que a maior parte das baga-
mais profundamente posteriormente. gens possui entre 30 e 35 kg, mas existem malas desde
0 a 60 kg.
Gráfico de Setores (pizza)
Gráfico Pictórico
O gráfico de setores normalmente é usado para apre-
sentar dados qualitativos como setores de um círculo O gráfico pictórico não é propriamente um tipo
(pedaços de uma pizza). Normalmente os dados são apre- específico de gráfico. Na verdade, o gráfico pictórico
sentados em percentuais, sendo que o total é 100% (360º). pode ser representado por um gráfico de barras, de
colunas, de linhas ente outros. A grande característica
desse gráfico é que, para chamar mais a atenção, são
Grau de Instrução
usadas figuras (imagens) na composição do gráfico.
Esse tipo de gráfico é muito usado em jornais e tele-
jornais, pois proporcionam uma comunicação mais
Pós Graduação rápida e com precisão de entendimento. Nesse tipo de
6% gráfico as figuras são, ao mesmo tempo, os dados esta-
tísticos e indicam a proporcionalidade desses dados.
Ensino
Ensino
Superior
Fundamental
25%
38%
Ensino
Médio
31%
Pós Graduação 6%
Podemos notar que esse gráfico nada mais é que
um gráfico de barras, mas, pelo fato de o gráfico mos-
Desse gráfico, podemos ver que, na pesquisa, o trar a quantidade de consumo anual de sorvete em
grau de instrução predominante é o Ensino Funda- diferentes países, ao invés de se colocar as barras,
mental, com 38%, e o mais raro é a Pós Graduação, foi colocada uma espátula de tomar sorvete, em um
com 6%. Também é um gráfico em que temos a moda tamanho proporcional ao da barra, e ao lado do gráfi-
166 como medida de tendência central. co foi colocada uma imagem de sorvetes.
MEDIDAS DE DISTRIBUIÇÃO Curtose
15
10
5
f
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Curva Assimétrica
Á Esquerda
X Md Mo Além desse coeficiente, temos também o coefi-
ciente de momento de curtose (CM), que é dado pelo
X < Md < Mo Dados quociente:
167
Onde: 3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Tendo em vista que, dia-
riamente, a Polícia Federal apreende uma quantidade
M4 = Quarto momento central (que é a curtose – X, em kg, de drogas em determinado aeroporto do Bra-
sil, e considerando os dados hipotéticos da tabela a
não precisamos saber calcular);
seguir, que apresenta os valores observados da variá-
s4 = Variância (s2) ao quadrado, ou seja, desvio
vel X em uma amostra aleatória de 5 dias de apreen-
padrão elevado a quatro.
sões no citado aeroporto, julgue o item a seguir.
O coeficiente de momento de curtose da curva de
Gauss é 3, portanto a classificação será em função do
3. Quanto maior o CM mais concentrada a curva. DIA
CM > 3 – Leptocúrtica (curva menos achatada e
X (QUANTIDADE 1 2 3 4 5
mais concentrada)
DIÁRIA DE
CM = 3 – Mesocúrtica (igual a Normal) DROGAS
CM < 3 – Platicúrtica (curva mais achatada e menos APREENDIDAS, 10 22 18 22 28
concentrada) EM KG)
70
Limite superior
PROBABILIDADE
40 3° Quartil
DEFINIÇÕES BÁSICAS
2° Quartil (Mediana)
outras faces, 2, 3, 4, 5 e 6;
Alternativa e) O primeiro quartil é exatamente
z Espaço amostral: é o conjunto de todos os resul-
10.Resposta: Letra E.
tados possíveis do experimento aleatório, é dado
pela letra S. Ex.: No lançamento do dado, o espaço
5. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Julgue o item subsequen- amostral é: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Nesse caso, dizemos
te, referente à análise exploratória de dados. que o número de elementos do espaço amostral é
O gráfico de barras é adequado para a análise de variá- dado por n(S), portanto, nesse exemplo n(S) = 6.
veis qualitativas ordinais ou quantitativas discretas, A definição do espaço amostral é um passo muito
pois permite investigar a presença de tendência nos importante na resolução dos exercícios de proba-
dados. bilidade. Em muitas questões, para definirmos o
espaço amostral será usada a análise combinatória;
( ) CERTO ( ) ERRADO z Evento: é um subconjunto do espaço amostral. O
evento será representado por uma letra maiúscula, A,
e o número de elementos do evento é dado por n(A). 169
Ex.: No lançamento do dado, se quisermos um A probabilidade é a divisão do número total de casos
resultado ímpar, temos 3 opções: 1, 3 e 5. Portanto, favoráveis pelo total de casos possíveis. Os casos
representamos isso da seguinte maneira: A = {1, 3, favoráveis são os moradores do Jardim Paulista
5} e n(A) = 3, pois o conjunto A possui 3 elementos. (89.000) e o total de casos possíveis é 290.000, ou
Quando temos um subconjunto vazio (), dizemos seja, o total de habitantes nessa população. Logo, a
que é um evento impossível, já que ele nunca probabilidade de selecionar um habitante do Jardim
poderá ocorrer. Já quando temos o subconjunto Paulista “P(JP)” é:
S, ele é igual ao espaço amostral e chamamos de
evento certo, pois ele, com certeza, irá ocorrer. 89.000
P(JP) =
290.000
Resumindo:
P(JP) = 0,3068 = 30,68%. Resposta: Certo.
z Experimento aleatório: lançamento do dado;
z Ponto amostral: a face que caiu virada pra cima;
AXIOMAS
z Espaço amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e n(S) = 6;
z Evento A: obter um resultado maior que 4: A = {5,
Axiomas são verdades inquestionáveis, ou seja,
6} e n(A) = 2;
conceitos fundamentais da probabilidade, também
z Evento impossível: obter o resultado 7. B = {} e
conhecido como axiomas de Kolmogorov.
n(B)=0;
Os axiomas da probabilidade são 3:
z Evento certo: obter resultado maior que 0 e menor
que 7; C = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e n(C)=6.
z A probabilidade de um evento acontecer está entre
1 (evento certo – 100%) e 0 (evento impossível –
A probabilidade de ocorrer o evento A, representa-
0%); ≤ P(A) ≤ 1;
da por P(A), em um experimento aleatório é a divisão
z A soma das probabilidades de todos os eventos do
entre número de elementos de A, n(A), pelo núme-
espaço amostral é igual a 1: P(S) = P(A) + P(B) + P(C)
ro de elementos do espaço amostral n(S). Em outras
= 1 para um espaço amostral onde os únicos even-
palavras, dizemos que é a divisão do número de casos
tos possíveis são A, B e C;
favoráveis, n(A), pelo número de casos possíveis, n(S). Ex.: No lançamento de uma moeda, são dois even-
tos possíveis, podendo sair cara ou sair coroa. A
n (A)
P(A) = probabilidade de cada um dos eventos é ½, portan-
n (S) to, a soma entre eles é ½ + ½ = 1;
z Se A e B forem eventos mutuamente excluden-
Onde: tes, ou seja, se um ocorre o outro não ocorre, não
P(A) é a probabilidade de acontecer o evento A; havendo intersecção entre eles, a soma das pro-
n(A): é o número de elementos favoráveis que babilidades de cada evento é a probabilidade da
fazem parte do evento A; união dos dois eventos, que será 1.
n(S): é o número de elementos do espaço amostral S.
Vamos exemplificar, com uma questão de concur- P(AB) = P(A) + P(B), quando AB é vazio (θ).
so do CESPE.
Ex.: Quando temos dois eventos complementares,
1. (CEBRASPE-CESPE — 2016) Considere a seguinte isso sempre acontece, pois a probabilidade de um
informação para responder à questão: a Prefeitura evento acontecer somado com a probabilidade des-
do Município de São Paulo (PMSP) é subdividida em se evento não acontecer será sempre 1. Você fez uma
32 subprefeituras e cada uma dessas subprefeituras aposta na vitória do seu time, temos apenas dois even-
administra vários distritos. tos possíveis, ou seu time ganha, ou seu time não ganha
A tabela a seguir, relativa ao ano de 2010, mostra as (perde ou empata), é impossível acontecer as duas coi-
populações dos quatro distritos que formam certa sas. Esses eventos, portanto, são complementares.
região administrativa do município de São Paulo.
Intersecção de Eventos (Regra do E)
Distrito População (em 2010)
Quando um exercício pede a probabilidade de
Alto de Pinheiros 43.000 acontecer um evento E um outro evento qualquer,
temos a probabilidade da intersecção de dois eventos
Itaim Bibi 92.500 P(A⋂B). A fórmula é dada por:
Jardim Paulista 89.000
P(A e B) = P(A) · P(B|A)
Pinheiros 65.500
Onde:
Total 290.000 P(B|A) significa a probabilidade de ocorrer B, sen-
do que A já ocorreu.
Considerando-se a tabela apresentada, é correto Ex.: Qual a probabilidade de retirar dois ases de um
afirmar que, se, em 2010, um habitante dessa região baralho de cartas, sem que haja reposição das cartas.
administrativa tivesse sido selecionado ao acaso, a Apesar de o exercício não colocar o “e”, temos uma
chance de esse habitante ser morador do distrito Jar- intersecção de eventos aí, já que queremos retirar
dim Paulista seria superior a 29% e inferior a 33%. uma ás (A1), E depois, mais um Ás (A2). O total de car-
tas do baralho é 52 e o total de ases é 4.
170 ( ) CERTO ( ) ERRADO A probabilidade de sair o primeiro ás é:
4 Na maioria dos casos conseguimos concluir se os
eventos são independentes ou dependentes, mas em
52 alguns casos, pelo relato, não é possível sabermos.
Nesse caso, sabemos que quando os eventos são inde-
Pois o total de eventos possíveis é 52, e o total de pendentes, a probabilidade de B ocorrer, sabendo que
eventos favoráveis é 4. A já ocorreu “P(B|A)”, é igual a probabilidade de B
A probabilidade de sair o segundo ás, dado que já ocorrer: “P(B)”.
saiu um ás, é:
3 P(B|A) = P(B).
51 Da mesma forma, P(A|B) = P(A).
Portanto, podemos dizer que os eventos A e B são
Pois agora temos apenas 3 ases e 51 cartas. independentes se, e somente se, ocorrer:
Portanto, a probabilidade de sortear dois ases é
P(A e B) = P(A) . P(B)
P(A1 e A2) = P(A1) · P(A2|A1)
Eventos Mutuamente Exclusivos
4 3
P(A1 e A2) = ·
52 51 Dizemos que dois eventos são mutuamente exclu-
sivos quando não podem ocorrer ao mesmo tempo, ou
seja, quando um ocorre, o outro não ocorre.
Simplificando o 4 com o 52, e o 3 com 51)
Portanto, quando dois eventos são mutuamente
exclusivos:
1 1
P(A1 e A2) = · z P(A|B) = 0; A probabilidade de “A” ocorrer, saben-
13 17
do que “B” já ocorreu, é zero;
1 z P(B|A) = 0; A probabilidade de “B” ocorrer, saben-
P(A1 e A2) = do que “A” já ocorreu, é zero;
221 z P(A e B) = 0; A probabilidade de A e B ocorrerem ao
mesmo tempo é zero.
Logo, a probabilidade de retirar dois ases é:
Os eventos complementares são sempre mutua-
mente exclusivos, mas os eventos mutuamente exclu-
1 sivos nem sempre são complementares, apesar de
ambos não acontecerem ao mesmo tempo. Para os
221
eventos serem mutuamente exclusivos, basta que
eles não possam ocorrer ao mesmo tempo. Para ser
INDEPENDÊNCIA complementar, quando um não ocorre, o outro obri-
gatoriamente tem que ocorrer. A probabilidade de
Eventos Independentes ocorrer o evento A é P(A), e seu complementar é não
A, representado por Ā, sendo que a probabilidade de
Dizemos que dois eventos são independentes acontecer Ā é P(Ā).
quando a ocorrência de um não interfere na probabi- Exemplo 1: No lançamento de um dado
lidade do outro. Evento A: sair um número par;
Um exemplo fácil de assimilar é no lançamento Evento B: sair um número ímpar.
sucessivo de um dado. Se no primeiro lançamento eu Esses dois eventos são mutuamente exclusivos e
tiro 3, quando vou lançar o segundo dado, a probabili- complementares, pois os dois não podem acontecer
dade de tirar qualquer coisa foi alterada? Não. A pro- ao mesmo tempo, e se o resultado não for ímpar, tem
babilidade de tirar qualquer número específico será que ser par.
sempre 1/6, logo, podemos dizer que esses eventos são Exemplo 2: Jogo do Palmeiras
independentes. Evento A: O Palmeiras ganhou o jogo;
Agora, vamos pensar no nosso exemplo do tópico Evento B: O Palmeiras perdeu o jogo.
anterior, retirando dois ases de um baralho. Esses dois eventos são mutuamente exclusivos,
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Para os eventos serem independentes: Indo mais além, a probabilidade de eu retirar uma
dama de copas, ou seja, retirar uma dama e que seja
P(A∪B) = P(A) + P(B) - P(A) · P(B) de copas, será 1/52, pois só temos uma dama de copas
no baralho.
P(A) = 0,3; P(B) = 0,6; P(A∪B) = 0,7
P(A∪B) = P(A) + P(B) - P(A) · P(B) P(Q♥) = 1/52 = 0,019 = 1,9%
0,7 = 0,3 + 0,6 - 0,3.0,6 Agora sim, vamos chegar à fórmula muito usada
da Probabilidade Condicional. Vamos supor que eu
0,7 = 0,9 – 0,18
queira saber a probabilidade de tirar uma dama, dado
172 0,7 = 0,72 (ERRADO) que a carta retirada é de copas. Ou seja, existe uma
condição, eu já sei que a carta é de copas, portanto, dessa situação, julgue o item a seguir. Considerando
meu espaço amostral, nesse caso, será apenas as cartas que a conclusão ao final do interrogatório tenha sido
de copas do baralho, ou seja, 13. Pensando diretamen- a de que apenas dois deles mentiram, mas que não
te, a probabilidade é 1/13 = 7,7%, mas muitas vezes fora possível identificá-los, escolhendo-se ao acaso
não é tão fácil de enxergar como nesse caso, portanto, dois entre os quatro para novos depoimentos, a proba-
existe uma fórmula para resolver essa questão. bilidade de apenas um deles ter mentido no primeiro
interrogatório é superior a 0,5.
P(A∩B)
( ) CERTO ( ) ERRADO
P(A|B) =
P(B)
Vamos ver duas formas de resolver esse tipo de
exercício.
Ou seja, a probabilidade de ocorrer A, uma vez que São 4 suspeitos, sendo que, 2 mentem e 2 não men-
B já ocorreu, é a probabilidade da intersecção entre A tem. Vamos escolher 2 ao acaso, e queremos a possi-
e B, dividido pela probabilidade de B. bilidade de escolher 1 que mente e 1 que não mente.
Nesse nosso caso, iríamos dividir a probabilidade Podemos escolher isso de duas formas: 1º mente (A)
de ocorrer uma dama de copas: P(Q♥) = 1,9%, pela pro- E 2º não mente (B) OU 1º não mente (B) E 2º mente
babilidade de sair uma carta de copas: P(♥) = 25%. (A). Resposta: Certo.
1º mente (A) E 2º não mente (B)
1,9
P(Q|♥) = = 7,6% A probabilidade de escolher um que mente, com os 4
25 à disposição, é: P(A) = 2/4.
Saindo um que mente, restam 3 à disposição, sendo
A seguir, coloque seus conhecimentos em prática que 2 falam a verdade, a probabilidade de escolher
realizando os exercícios de bancas variadas dispostos um que fala a verdade é: P(B|A) = 2/3.
abaixo. 1º mente (A) E 2º não mente (B):
P(A)
total de possibilidades é dado pela combinação de
4 pegando 2.
0,3 · 0,5
P(B|A) =
0,3 4!
C4,2 =
P(B|A) = 0,5. Resposta: Errado. 2! · 2!
dias úteis 22 18
P(Ā∪B) > P(Ā)
fim de semana e
28 12
( ) CERTO ( ) ERRADO feriados
Aqui não importa o que seja A ou B, vamos montar Com referência aos dados apresentados, julgue o item
uma tabelinha com as opções de intersecção entre que se segue.
A, Ā, B e B. Vamos lembrar que a probabilidade da Se as variáveis datam e tipo de sítio fossem totalmen-
soma de todos os eventos possíveis é sempre 1. te independentes, então a quantidade de fraudes que
ocorrem nos sítios de móveis e eletrodomésticos nos
B B TOTAL dias úteis deveria ser inferior a 14.
A
( ) CERTO ( ) ERRADO
Ā
Vamos completar essa tabela com todos os totais:
Total 1
DATA DE TOTAL
B B TOTAL DE MÓVEIS E
JOGOS
ELETRODOMÉSTICOS
ONLINE
A 0,05 0,15 0,2
Dias úteis 22 18 40
Ā 0,8
Fim de
Total 1,00 semana 28 12 40
e feriados
Os eventos Ā e B são mutuamente excludentes, ou
TOTAL 50 30 80
seja, eles não podem ocorrer juntos, portanto, a
intersecção entre eles é nula.
Queremos saber a probabilidade de ocorrerem frau-
B B TOTAL des em sítios de móveis e eletrodomésticos (evento
A) nos dias úteis (evento B), considerando que esses
A 0,05 0,15 0,2 eventos sejam independentes.
Total 0,85 0,15 1,00 O evento B é a fraude ocorrer em dias úteis, sendo
que o total de fraudes nesses dias é 40, de um total
174 de 80 fraudes.
40 A variável aleatória X pode assumir 3 valores, 0, 1
P(B) = ou 2, pois o espaço amostral das opções são: cara/cara
80 (X = 0 coroas), cara/coroa ou coroa/cara (X = 1 coroa),
e por último coroa/coroa (X = 2 coroas). Portanto, a
Portanto: probabilidade de sair uma coroa é:
30 40
P(A∩B) = · 40 40
80 80 =
80 80
30 1
P(A∩B) = ·
80 2 Pois são duas opções de sair apenas uma coroa:
coroa/cara e cara/coroa.
Assim, dizemos que a probabilidade de X = 1 é:
15 1
P(A∩B) = ·
80 1 1
P(X = 1) =
15 2
P(A∩B) =
80
Qual a probabilidade de X > 0? Para X ser maior
Portanto, para um total de 80 fraudes, 15 deveriam que 0, temos as opções X = 1 e X = 2. Das 4 opções de
ocorrer em dias úteis em sítios de móveis e eletrodo- resultado dos lançamentos, 3 situações satisfazem a
mésticos, caso esses eventos fossem independentes. condição da variável aleatória ser maior que 0.
Resposta: Errado.
3
5. (CEBRASPE-CESPE — 2019) Se Carlos estiver presente P(X > 0) =
na aula ministrada pela professora Paula, a probabili- 4
dade de ele aprender o conteúdo abordado é de 80%;
se ele estiver ausente, essa probabilidade cai para 0%.
As variáveis aleatórias podem ser discretas ou
Em 25% das aulas da professora Paula, Carlos está
contínuas, e são definidas pela sua função de pro-
ausente.
babilidade. Normalmente são definidas por P(x) ou
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item
seguinte. P(X=x).
A probabilidade de Carlos não aprender o conteúdo Cuidado, essa definição P(X=x) pode parecer estra-
ministrado pela professora Paula é inferior a 25%. nha, mas o X maiúsculo significa a variável aleatória
X, que pode ser qualquer variável que estamos que-
( ) CERTO ( ) ERRADO rendo estudar, como a quantidade de atendimentos
em um hospital ou a quantidade de caras em uma
Existem duas formas de Carlos não aprender: série de lançamentos da moeda. Já o x minúsculo é
1ª – Indo a aula: nesse caso, a probabilidade de o valor realmente assumido por essa variável, 1, 2,
ele não aprender é 20%, sendo que ele vai em 75% 3..., ou seja, se estamos falando da variável aleatória
das aulas. Portanto, a probabilidade de Paulo não quantidade de atendimentos em um dia em um hospi-
aprender indo a aula é: tal (X), essa quantidade pode ser 100, 50, 75 (x).
75% . 20% = 0,75 . 0,20 = 0,15 = 15% OU
2ª – Não indo a aula: nesse caso, a probabilidade de VARIÁVEIS ALEATÓRIAS DISCRETAS
ele não aprender é 100%, sendo que ele não vai em
25% das aulas, portanto, a probabilidade de Paulo A variável aleatória discreta é aquela que só pode
não aprender não indo a aula é: 100% . 25% = 1 . assumir valores discretos (contáveis) que normal-
0,25 = 25% mente são valores pertencentes aos conjuntos dos
Assim, para saber a probabilidade total de Carlos números naturais (N) ou inteiros (Z).
não aprender, acontecendo a 1ª forma OU a 2ª for- Ex.: Quantidade de resultado 3 em uma série de
ma, portanto, somamos as duas probabilidades:
sucessivos lançamentos de dados; número de vasos
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Importante! 4!
P(X = 1) = · 0,25 · 0,753
As questões normalmente pedem para calcular 1! · 3!
a probabilidade de ocorrer k sucessos em uma
sucessão de n tentativas. Ex.: Probabilidade de P(X = 1) = 4 · 0,25 · 0,753
tirar 3 vezes (k = 3) o número 5 no lançamento P(X = 1) = 1 · 0,753
de dados, após lançar esse dado por 10 vezes (n
= 10). Nesse caso, sabemos que a probabilidade P(X = 1) = 0,4218
de sucesso (tirar 5 no dado) é 1/6 (p = 1/6), logo Portanto, a probabilidade é superior a 0,4. Respos-
a probabilidade de fracasso é 5/6 (q = 5/6), pois ta: Certo.
temos 6 opções de resultado no dado.
Poisson
Para os valores da média e da variância da distri-
A distribuição de Poisson é uma aproximação da bino-
buição binomial basta multiplicar a Bernoulli por “n”.
mial para um número muito grande de eventos (n) e
A média na distribuição binomial é dada por: E(x) = n.p
A variância é dada por: Var(x) = n.p.q uma probabilidade pequena de sucesso (p). Uma dica
importante é que em provas, normalmente, quando se
Tabela da Distribuição Binomial trata de Poisson o exercício cita expressamente.
A fórmula da distribuição de Poisson é:
1 λx
MÉDIA P(X=x) =
FÓRMULA P(X=x) = e-λ· P(X=x) = p . qx-1
p Cn,x . px . qn-x
x!
MÉDIA np λ
q
VARIÂNCIA VARIÂNCIA npq λ
p2
DESVIO √q
PADRÃO √npq √λ
√q p
DESVIO-PADRÃO
p
DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE DE VARIÁVEIS
ALEATÓRIAS CONTÍNUAS
Tabela da Distribuição Geométrica
Nas distribuições de variáveis aleatórias contínuas
Após o estudo, exercite seus conhecimentos reali- não trabalhamos com valores específicos de X (como
zando o seguinte exercício. fazemos normalmente em variáveis discretas), mas
sim com intervalos, pois em variáveis aleatórias con-
1. (CEBRASPE-CESPE — 2019) É igual a 3/4 a probabili- tínuas a probabilidade de encontrar um valor espe-
dade de determinado advogado conseguir decisão cífico é sempre 0. Apesar de essa probabilidade não
favorável a si em cada petição protocolada por ele ser nula, consideramos essa probabilidade zero, pelo
na vara cível de certo tribunal. O plano desse advoga- fato de termos infinitos valores possíveis.
Portanto:
do é protocolar, sequencialmente, 12 petições nessa
vara cível durante o ano de 2020. Favoráveis ou não,
P(X=x) = 0
as decisões do tribunal para petições são emitidas na
mesma ordem cronológica em que são protocoladas Assim, podemos dizer que:
e são sempre independentes entre si.
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
A partir dessa situação hipotética, julgue o próximo P(a<X<b) = P(a≤X<b) = P(a<X≤b) = P(a≤X≤b).
item, considerando as variáveis aleatórias X e Y, em
que X = quantidade de decisões emitidas pelo tribu- Ex.: Vamos pensar na variável altura de uma pes-
nal até que ocorra a primeira decisão não favorável ao soa. Considerando a população mundial, qual a pro-
advogado, e Y = quantidade de decisões emitidas pelo babilidade de eu encontrar alguém que tenha 1,72 m?
Provavelmente, você vai me dizer que é super alta,
tribunal favoráveis ao advogado.
mas não, pois quando digo 1,72 estou considerando
Espera-se que a primeira decisão desfavorável ao
que a altura seja exatamente 1,7200... com infinitos
advogado ocorra somente depois de, pelo menos, qua- zeros. Com um instrumento mais preciso, podemos
tro decisões favoráveis a ele. ver que uma pessoa pode ter 1,7200001, isso já é dife-
rente de 1,72. Por isso, dizemos que a probabilidade
( ) CERTO ( ) ERRADO de encontrar um valor específico é zero.
179
Distribuição Uniforme Dica
A distribuição uniforme é aquela em que como o Essa é a principal distribuição e a que mais cai
nome diz é uniforme e sua função é dada por: em provas. Também é conhecida como Gaussia-
na (Curva de Gauss). Já a função é bem com-
plicada, mas a função pelo menos não cai em
1 provas:
F(x) = , a <x<b
b - a' 1 - (x - n)2
0, qualquer outro valor f(x) = · e 2v2
2r $ v
a b x
1
Vamos pensar na variável altura de uma determi-
FÓRMULA f(x) =
b-a nada população, que segue a distribuição normal e
tem média 172 cm e desvio-padrão 10 cm.
Portanto:
a+b
MÉDIA
2 μ – σ = 172 – 10 = 162
μ + σ = 172 + 10 = 182
(b - a)2
VARIÂNCIA
12 Os dois pontos estão equidistantes da média (10
unidades), portanto o percentual de observações à
esquerda de 162 será igual ao percentual de observa-
b-a
ções à direita de 182.
DESVIO-PADRÃO
√λ
Freq
172
Tabela da Distribuição Uniforme
162 182
Normal
-4σ +4σ
99.93%
-3σ +3σ
95.44%
-2σ +2σ
68.26%
-1σ +1σ
Para qualquer variável que tenha distribuição normal, sabendo a média e o desvio-padrão da variável, a pro-
babilidade de o valor estar entre μ -2σ e μ + 2σ é 95,44%, assim como os outros valores padronizados.
Portanto, as áreas delimitadas pelos desvios-padrão são definidas, mas para calcular qualquer outra área,
vamos usar a Distribuição Normal Padrão (Z ou Ф), que é uma curva normal especial, com média (μ) igual a 0
e desvio padrão (σ) igual a 1.
Para transformar uma distribuição normal qualquer em uma distribuição normal padrão, vamos usar a
seguinte fórmula (decore):
x-µ
Z=
σ
0 Z
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Z 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,0000 0,0040 0,0080 0,0120 0,0160 0,0199 0,0239 0,0279 0,0319 0,0359
0,1 0,0398 0,0438 0,0478 0,0517 0,0557 0,0596 0,0636 0,0675 0,0714 0,0753
0,2 0,0793 0,0832 0,0871 0,0910 0,0948 0,0987 0,1026 0,1064 0,1103 0,1141
0,3 0,1179 0,1217 0,1255 0,1293 0,1331 0,1368 0,1406 0,1443 0,1480 0,1517
0,4 0,1554 0,1591 0,1628 0,1664 0,1700 0,1736 0,1772 0,1808 0,1844 0,1879
0,5 0,1915 0,1950 0,1985 0,2019 0,2054 0,2088 0,2123 0,2157 0,2190 0,2224
181
Z 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,6 0,2257 0,2291 0,2324 0,2357 0,0239 0,2422 0,2454 0,2486 0,2517 0,2549
0,7 0,2580 0,2611 0,2642 0,2673 0,2703 0,2734 0,2764 0,2794 0,2823 0,2852
0,8 0,2881 0,2910 0,2939 0,2967 0,2995 0,3023 0,3051 0,3078 0,3106 0,3133
0,9 0,3159 0,3186 0,3212 0,3238 0,3264 0,3289 0,3315 0,3340 0,3365 0,3389
...
O valor informado na tabela se refere à parte da direita do gráfico (hachurada na figura), ou seja, a partir da
média (que na normal padrão é sempre 0). O valor informado vai de 0 a z. O valor máximo dessa tabela tende
a ser 0,5 (50%), pois a direita da média temos 50% de probabilidade. O lado esquerdo da curva normal padrão
(negativo) é dado por simetria.
Podemos ter tabelas que mostram a probabilidade total, desde -∞ até o z, nesse caso os valores da tabela
variam de 0 a 1 (100%).
Para olhar na tabela, vamos usar, por exemplo, Z = 0,98. Vamos pegar a linha do 0,9 e a coluna do 0,08. Portan-
to, a probabilidade de Z estar entre a média (0) e 0,98 é 0,3365 = 33,65%.
Z 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,0000 0,0040 0,0080 0,0120 0,0160 0,0199 0,0239 0,0279 0,0319 0,0359
0,1 0,0398 0,0438 0,0478 0,0517 0,0557 0,0596 0,0636 0,0675 0,0714 0,0753
0,2 0,0793 0,0832 0,0871 0,0910 0,0948 0,0987 0,1026 0,1064 0,1103 0,1141
0,3 0,1179 0,1217 0,1255 0,1293 0,1331 0,1368 0,1406 0,1443 0,1480 0,1517
0,4 0,1554 0,1591 0,1628 0,1664 0,1700 0,1736 0,1772 0,1808 0,1844 0,1879
0,5 0,1915 0,1950 0,1985 0,2019 0,2054 0,2088 0,2123 0,2157 0,2190 0,2224
0,6 0,2257 0,2291 0,2324 0,2357 0,0239 0,2422 0,2454 0,2486 0,2517 0,2549
0,7 0,2580 0,2611 0,2642 0,2673 0,2703 0,2734 0,2764 0,2794 0,2823 0,2852
0,8 0,2881 0,2910 0,2939 0,2967 0,2995 0,3023 0,3051 0,3078 0,3106 0,3133
0,9 0,3159 0,3186 0,3212 0,3238 0,3264 0,3289 0,3315 0,3340 0,3365 0,3389
...
Logo: P(0<Z<0,98) = 33,65%. Essa tabela possui mais infinitas linhas, sendo as próximas, 1,0, 1,1, 1,2, 1,3... Até
que a probabilidade alcance 0,50 ou 50%.
Para entender melhor, vamos ver uma questão.
1. (FGV — 2016) Sabe-se que as notas de uma prova têm distribuição Normal com média μ = 6,5 e variância σ2 = 4. Adi-
cionalmente, são conhecidos alguns valores tabulados da normal-padrão.
a) 9,10;
b) 9,30;
c) 9,50;
d) 9,70;
e) 9,80.
Queremos as 10% maiores notas, portanto, o que está para trás disso são 90% das notas. Logo, queremos o ponto
da curva normal padrão que limite 90% dos dados para sua esquerda, que como podemos ver nos dados infor-
mados é: Φ(1,3) ≅ 0,90, ou seja, 90% das observações estão antes de Z = 1,3, e o restante, 10%, está após Z = 1,3.
Sabendo disso, podemos fazer a transformação ao contrário, pois temos o valor da normal padrão e queremos
saber o valor da distribuição das notas, sendo a média igual a 6,5 e o desvio padrão igual à raiz da variância,
que é 4.
182
μ = 6,5 Já a variância também só pode ser definida quan-
σ = √4 = 2 do o número de graus de liberdade for maior que 1,
entretanto, quando gl estiver entre 1 e 2, inclusive, a
x -μ variância é ∞, e quando for maior que 2, a variância
Z=
é dada por:
σ
x - 6,5 gl
1,3 =
2
gl - 2
2,6 = X – 6,5
X = 9,1 z Média:
Em algumas questões pode ser dado o valor da
gl ≤ 1: E(x) = indefinido
variável aleatória (X) e o exercício fornece as proba-
bilidades da normal padrão, assim, temos que achar gl > 1: E(x) = 0
o valor padronizado da variável aleatória em ques-
tão (Z) e ver a probabilidade associada a esse score. z Variância:
Resposta: Letra A.
gl ≤ 1: Var(x) = indefinido
t de Student 1 < gl ≤ 2: Var(x) = ∞
Freq μ
p p
1–p 2
gl = 2 2
Normal
gl = 5 padrão
0 0 tc
-tc
Muitas vezes ouvimos falar que a distribuição t de O valor do “t” é dado pela tabela, na qual vamos
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Student só é usada para amostras de até 30 unidades, olhar dois parâmetros, o número de graus de liberda-
ou seja, n < 30, pois a curva gl = 30 já é muito pró- de e o valor de p, que é a soma das caudas da curva,
xima da curva normal, mas, isso não quer dizer que ou seja, os valores que estão além do tc. Por simetria,
não podemos aplicar a distribuição t para amostras o percentual presente em cada cauda é igual, por isso
maiores de 30. cada lado vale p/2.
Assim como todas as curvas de probabilidade, a Vamos supor que cada área branca nas caudas
vale 5%, nesse caso “p” valerá 5% + 5% = 10%, portan-
área sob a curva é igual a 1, ou seja, 100%.
to, a parte cinza vale 90%, ou seja, 90% dos dados de
Na distribuição t, a média, a moda e a mediana são
uma amostra/população estão nessa região. E vamos
iguais a zero quando o número de graus de liberdade considerar uma amostra de tamanho 25, portanto, 24
for maior que 1, caso contrário, a média não pode ser graus de liberdade.
definida.
183
Agora, basta olhar na tabela na linha de 24 graus de liberdade e p igual a 10%.
Freq μ
5% 95% 5%
-1,711 0 1,711
A última linha da tabela traz os dados de ∞ (infinitos) graus de liberdade. Se compararmos, vamos perceber
que são os mesmos valores da tabela da distribuição normal padrão.
Qui-quadrado
A distribuição qui-quadrado, representada por x2 (letra grega “qui” ao quadrado), que é um caso particular da
distribuição gamma, é a soma de distribuições normais padrões independentes ao quadrado:
r
∑ X2j = X2r
j=1
Vamos considerar “n” distribuições normais padrões independentes: Z1, Z2, ...Zn. Assim, a distribuição qui-qua-
drado terá “n” graus de liberdade e será a soma dos quadrados dessas distribuições normais.
Quando temos uma variável que é a soma de normais padrões, o número de graus de liberdade é a quanti-
dade de normais que estamos somando. Caso somemos duas variáveis diferentes, onde ambas sejam a soma de
normais padrões, com graus de liberdade m e n respectivamente, a nova variável, que também terá distribuição
qui-quadrado, terá m+n graus de liberdade.
Por outro lado, quando queremos saber se uma amostra de n elementos possui distribuição qui-quadrado,
vamos fazer os cálculos considerando o número de graus de liberdade com n-1, ou seja, uma unidade a menos que
a quantidade de elementos da amostra.
gl = n – 1
O gráfico da distribuição qui-quadrado é um pouco diferente da distribuição normal, pois ele tem uma assi-
metria positiva (à direita), essa assimetria é positiva pois essa distribuição é a soma das normais ao quadrado,
portanto os resultados são sempre positivos. Abaixo, vemos um exemplo de uma distribuição qui-quadrado com
184 2 graus de liberdade.
Vamos supor que a área branca seja de 95%, assim,
0,4 o valor de p é 5%, ou seja, 95% dos dados de uma
amostra/população estão na região branca e 5% estão
na região cinza. Vamos considerar uma amostra de
0,3 tamanho 25, portanto 24 graus de liberdade.
Sabendo os valores de gl e p, vamos olhar na tabe-
0,2 la na linha de 24 graus de liberdade, e p igual a 5%.
Quanto maior for o número de graus de liberdade, 99,5% 0,000 0,010 0,072 ... 7,434
mais simétrica será a curva, portanto podemos dizer que 99% 0,000 0,020 0,115 ... 8,260
as grandezas graus de liberdade e simetria são direta-
mente proporcionais, como vemos na imagem a seguir. 97,5% 0,001 0,051 0,216 ... 9,591
p
x2
36,415
185
Agora, vamos exercitar um pouco do conteúdo estudado.
1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Uma amostra aleatória simples Y1, Y2, ..., Y25 foi retirada de uma distribuição normal com
média nula e variância σ², desconhecida. Considerando que P( x2 < 13) = P( x2 > 41) = 0,025, em que x2 representa a
distribuição qui-quadrado com 25 graus de liberdade, e que:
25
S2 = ∑ X2i
t=1
Distribuição Exponencial
A distribuição exponencial é uma distribuição que começa com um valor alto e diminui, tendendo a zero,
portanto, é assimétrica à direita.
f (x)
0.1 x
0, se x < 0
F(x) =
λ· e-λx ., se x ≥ 0
Onde λ é o parâmetro da taxa de distribuição. O parâmetro λé maior que 0 e tem a mesma unidade de medida
de x (se x é dado em centímetros λ também será dado em centímetros).
Importante!
Outra função muito cobrada da distribuição exponencial é a função acumulada, ou seja, ela dá a probabilidade
de valores acumulados até o valor X. A função é dada por: F(X ≤ x) = 1 – e-λx
A média na distribuição exponencial é dada por:
1
E(x) =
λ
1
Var(X) =
λ2
T DE
UNIFORME NORMAL
STUDENT
p q
x -n
FÓRMULA x+n
f(x) = b1-a Z= v t= S Portanto, a probabilidade de casos emergentes é 0,1,
n
logo, a probabilidade de casos não emergentes é 0,9.
0, para Como na variável Y, o sucesso é representado pelos
MÉDIA a+b μ casos não emergentes, a probabilidade de sucesso é
2 gl > 1
0,9. Resposta: Certo.
gl
VARIÂNCIA (a - b)2 σ2 gl - 2 2. (CEBRASPE-CESPE — 2018) O total diário W de pacien-
12 para gl > 2 tes emergentes segue uma distribuição de Poisson
com média superior a 3.
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
DESVIO- gl
PADRÃO
a-b σ ( ) CERTO ( ) ERRADO
12 gl - 2
0,6
Z(3,6) =
0,3
Basta substituir os valores nas funções. Como a distribuição normal é simétrica em torno
Vamos fazer primeiro P(R ≤ 5) da média (que nesse vaso vale 50). Os pontos 40 e
A função de R é: 60 estão 10 unidades distantes da média, de forma
P(R ≤ r) = 1 – e-0,2r simétrica, portanto as probabilidades delimitadas
P(R ≤ 5) = 1 – e-0,2.5 por ambos os pontos são iguais. Resposta: Certo.
P(R ≤ 5) = 1 – e-1
Agora, vamos achar P(D ≤ 4). 10. (CEBRASPE-CESPE — 2018) O valor mais provável para
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Estratificada
12. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Se Y for uma variável alea-
tória contínua e simétrica em torno de zero, tal que
Consiste em dividir a população em grupos meno-
P(Y2<4)=0,4, então P(Y>2) será igual a:
res homogêneos, que chamamos de estratos, de forma
que os elementos de cada estrato sejam mais homo-
a) 0,2. gêneos (pouca variabilidade) e os estratos sejam mais
b) 0,3. heterogêneos (grande variabilidade). Os estratos
c) 0,4. devem ser mutuamente exclusivos, ou seja, cada indi-
d) 0,5. víduo deverá estar em apenas 1 estrato. Esses estratos
e) 0,6. podem ser divididos em idade, renda mensal, classe
social, sexo, entre outros.
Como a variável é simétrica em torno de zero, essa Dividida a população em estratos, são seleciona-
nomenclatura P(Y2<4) é a mesma coisa que dizer dos de forma aleatória simples parte dos elementos
P(-2<Y<2), pois (-2)2 = 4, assim como 22 = 4. de cada estrato.
Assim temos que, o percentual entre -2 e 2 é de 40%, Essa escolha dos elementos de cada estrato pode
ser feita de maneira:
pelo fato da distribuição ser simétrica em torno do
0, temos 20% de -2 a 0 e 20% de 0 a 2, portanto, a
z Uniforme: escolhendo, por exemplo, 10 pessoas
quantidade abaixo de -2 é 30% e a quantidade acima
de cada estrato;
de 2 também é 30% (0,3). z Proporcional: obedecendo a representatividade
de cada estrato na população, por exemplo, divi-
dindo os estratos entre homem e mulher, se 30%
da minha população é mulher e 70% de homens,
minha amostra será formada por 30% de mulheres
e 70% de homens.
30% 40% 30%
Conglomerado
HORA DE PRATICAR!
1. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Com respeito ao conjunto de dados {5a, 2a, 2a}, em que a representa uma constante não
nula, julgue o próximo item.
2. (CEBRASPE-CESPE — 2022) O item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada
a respeito de probabilidade e estatística.
Os preços de um determinado produto em 10 diferentes lojas são dados na tabela a seguir.
N.º DE LOJAS 2 3 1 2 2
3. (CEBRASPE-CESPE — 2022)
X FREQUÊNCIA RELATIVA
0 0,23
1 0,22
2 0,50
3 0,05
Considerando que a tabela acima mostra a distribuição de frequências de uma variável obtida com base em uma
amostra aleatória simples de tamanho igual a , julgue o item que se segue.
A média amostral da variável é inferior a 1,5.
4. (CEBRASPE-CESPE — 2022)
TABELA A
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
Classes Freq.
10-12 3
12-14 7
14-16 9
16-18 12
18-20 8
20-22 6
22-24 4
24-26 2
191
6. (CEBRASPE-CESPE — 2022)
TABELA B
2-4 1
350
4-6 4
300
6-8 5
250
8-10 7
frequência
200
10-12 10
12-14 13 150
14-16 17 100
16-18 21 50
18-20 18 0
20-22 15 0 5 10 15 20 25
22-24 11
Considerando que o histograma apresentado descre-
24-26 9 ve a distribuição de uma variável quantitativa X por
meio de frequências absolutas, julgue o item que se
26-28 6
segue.
28-30 3
O segundo decil da distribuição da variável X é igual a
30-32 2 20.
0 0,23
5. (CEBRASPE-CESPE — 2022)
1 0,22
400 2 0,50
350 3 0,05
A moda de é igual a 2.
150
Considerando que o histograma apresentado descre- 36; 64; 18; 40; 35; 30; 41; 32
ve a distribuição de uma variável quantitativa X por
meio de frequências absolutas, julgue o item que se ( ) CERTO ( ) ERRADO
segue.
A média amostral obtida com base nos pontos médios 9. (CEBRASPE-CESPE — 2022) No que diz respeito aos
dos intervalos de classe que constituem o histograma conceitos e cálculos utilizados em probabilidade e
é superior a 13. estatística, julgue o item a seguir.
4
n
Com base na medida K = 2 — 3 , em que μr deno-
( n 2)
200
ta o r-ésimo momento amostral centrado na média, é
correto afirmar que a forma do conjunto de dadosem
tela é considerada platicúrtica.
perda (kg)
150 ano
z 2020 ( ) CERTO ( ) ERRADO
z 2021
16. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A seguir, são apresen-
100
tadas informações obtidas a partir de uma pesquisa
realizada com 1.000 pessoas.
17 CERTO
Se os membros da equipe forem selecionados ao
acaso, a probabilidade de não haver prejuízos à pro- 18 CERTO
dutividade decorrentes dos aspectos mencionados é
inferior a 75%. 19 CERTO
20 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
ANOTAÇÕES
AMOSTRAGEM ALEATÓRIA TAMANHO DA
SIMPLES AMOSTRA (N)
I com reposição 6
II sem reposição 5
194
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis),
canetas e mesas digitalizadoras.
Atualmente o Windows é oferecido na versão 10,
que possui suporte para os dispositivos apontadores
NOÇÕES DE
tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para
acompanhar o movimento do usuário, como no siste-
ma Kinect do videogame Xbox).
INFORMÁTICA Em concursos públicos, as novas tecnologias e
suportes avançados são raramente questionados. As
questões aplicadas nas provas envolvem os concei-
tos básicos e o modo de operação do sistema opera-
cional em um dispositivo computacional padrão (ou
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL tradicional).
(WINDOWS 10 E AMBIENTES LINUX) O sistema operacional Windows é um software
proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) dispo-
O sistema operacional proporciona a base para nível e o usuário precisa adquirir uma licença de uso
execução de todos os demais softwares no computa- da Microsoft.
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para
comunicação com o hardware (através dos drivers).
Os computadores podem receber diferentes sistemas, Importante!
segundo a sua arquitetura de construção.
É possível termos dois ou mais sistemas operacio- A banca prioriza o conhecimento básico das
nais instalados em um dispositivo. No caso dos com- configurações do sistema operacional. O usuário
putadores, o usuário pode criar partições (divisões não encontrará muitas questões sobre a “parte
lógicas) no disco de armazenamento e instalar cada prática”, como ocorrem com outras organizado-
sistema (Windows e Linux) em uma delas. O usuário ras de concursos.
também poderá executar no formato de Máquina Vir-
tual (Virtual Machine), conforme detalhado no tópico
Virtualização. Funcionamento do Sistema Operacional
O que os sistemas operacionais têm em comum?
Do momento em que ligamos o computador até o
z Plataforma para execução de programas: eles momento em que a interface gráfica está completa-
oferecem recursos que são compartilhados pelos mente disponível para uso, uma série de ações e con-
programas executados, desenvolvidos para serem figurações são realizadas, tanto nos componentes de
compatíveis com o sistema operacional; hardware como nos aplicativos de software. Acompa-
z Núcleo monolítico: arquitetura monobloco, onde nhe a seguir estas etapas.
um único processo centraliza e executa as princi-
pais funções. No Windows, é o explorer.exe; HARDWARE SOFTWARE
z Interface gráfica: mesmo oferecendo uma inter-
face de linha de comandos, a interface gráfica é Energia elétrica - botão ON/
POST - Power On Self Test
OFF
a mais utilizada e questionada em provas, com
ícones que representam os itens existentes no Equipamento OK BIOS - Carregado para a
memória RAM
dispositivo;
z Multiusuário: os sistemas permitem que vários Disco de Inicialização Gerenciador de Boot
usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
respectiva conta e credenciais de acesso; Memória RAM Núcleo do Sistema
z Multiprocessamento: os sistemas possibilitam a Speracional
execução de vários processos simultaneamente, Periféricos de Entrada Drivers
gerenciando os recursos oferecidos pelo processador;
z Preemptivo: o sistema operacional poderá inter- Interface Gráfica
romper processos durante a sua execução;
z Multitarefas: os sistemas operacionais possibilitam Aplicativos
a execução de várias tarefas de forma simultânea
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
taurando e descartando as alterações posteriores. Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas
concursos..txt
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book
Kernel (núcleo)
Shell (interpretador)
Terminal
(linha de comandos)
Interface gráfica
Figura 1. Assim como no Windows, o Linux tem camadas que separam os recursos.
Distribuições Linux
Distribuição é um conjunto de personalizações que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas apresen-
tável de forma diferenciada.
Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat, SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são alguns
exemplos de distribuições.
Ubuntu é a distribuição mais cobrada em concursos públicos, baseada na distribuição Debian. O Ubuntu é uma
versátil distribuição Linux que pode ser instalada em várias construções computacionais, desde que adaptadas
(drivers).
Gnoppix Alemanha
Kurumim Brasil
Mint Irlanda
DeMuDi Europa
Finnix EUA
Insigne GNU Brasil
KeeP OS Brasil
Knoppix Alemanha
Linspire EUA
MeNTOPPIX Indonésia
MEPIS EUA
Rxart Argentina
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Satux Brasil
Symphony OS
Diretórios Linux
Os diretórios são pastas onde armazenamos e organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A represen-
tação dos diretórios segue o princípio lúdico de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree é a forma como
as pastas dos sistemas Linux estão organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar a organização do sistema,
seus arquivos, bibliotecas e inclusive para melhorar a segurança do sistema.
FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as dis-
tribuições Linux devem seguir para organizar os seus diretórios. 199
A escolha da árvore para representar a estrutura de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhança
entre seus componentes. Por exemplo, o diretório raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma árvore.
Encontramos diretórios principais, como /bin, /etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘caule’ da árvore
de diretórios. Nos diretórios é possível criar subdiretórios, o que representam os galhos de uma árvore. E dentro
dos diretórios, temos arquivos (documentos, comandos, temporários) igual à árvore, como flores, folhas e frutos.
Enquanto o Windows representa com barra invertida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’. Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux, proveniente
do ambiente MS-DOS (interface de caracteres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas é a estrutura de
organização criada no Windows Vista, que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organizar as informações
do usuário. Elas são usadas para organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), mantendo-os até o momento de
serem apagados.
Importante!
Diretórios e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente. Conceitos e caracte-
rísticas do sistema operacioal Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.
Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.
/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows
Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e comandos
são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.
Arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários
/boot
sistemas para indicar a inicialização
Sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O
/etc/fstab
sistema de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros
/etc/group Grupos
/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema
/home Pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows
Ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount,
/mnt
montagem
/proc Sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure
/sbin Arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns)
Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de sis-
/usr
temas UNIX
/usr/man Manuais
/usr/info Informações
/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis)
/var/lib Bibliotecas
Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios
/var/log
diversos, entre outros tipos de logs
Tabela – Diretórios Linux
Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.
Comandos Linux
Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela
a seguir:
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.
201
COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO
Copia o arquivo teste.txt para o diretório /
cp Copiar arquivos e diretórios cp teste.txt /home
home
Lê o conteúdo de um ou mais ar- O comando cut pode ser usado para mostrar
cut quivos e tem como saída uma co- cut arq1.txt apenas seções específicas de um arquivo de
luna vertical texto ou da saída de outros comandos
Comparar e mostrar as diferenças
diff diff arq1.txt arq2.txt Mostra a diferença entre os dois arquivos
entre arquivos e diretórios
init 0 Desligar
init Desligar ou reiniciar o computador
init 6 Reiniciar
202
Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto afirmar
que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.
A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows
e Linux existem diferenças, tanto operacionais como de comandos. Confira um comparativo de comandos entre
o Linux e o Windows.
LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Data e Hora date, cal ou hwclock date e time
Espaço em disco df dir
Processos em execução ps
Finalizar processo kill
Qual o diretório atual? pwd cd
Subir um nível cd .. cd..
Diretório raiz cd / cd \
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Copiar arquivos cp copy
Mover arquivos mv move
Renomear mv ren
Listar arquivos ls dir
Apagar arquivos rm del
Apagar diretórios rm deltree
Criar diretórios mkdir md
Alterar atributos attrib
Alterar permissões chmod
Alterar proprietário (dono) chown
Alterar grupo chgrp
Comparar arquivos e pastas diff comp
Empacotar arquivos tar
Compactar arquivos gzip compact
Alterar a senha passwd
Concatenar, juntar e mostrar cat
Mostrar, visualizar vi type
Pausa na exibição de páginas more ou less more
Interfaces de rede ifconfig ipconfig
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Concatenar comandos | |
Direcionar a entrada para um comando < <
Direcionar a saída de um comando > >
Localizar ocorrências dentro do arquivo grep
Exibir as últimas linhas do arquivo tail
Um pacote de aplicativos para escritório é, sem dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um computador pode
ter instalado. Independentemente do perfil de utilização do usuário, alguns dos aplicativos disponíveis em um
pacote como o Microsoft Office atendem a diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as mais complexas.
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de produtividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice.
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente está na
versão Office 365, que disponibiliza recursos via Internet (computação nas nuvens), com armazenamento de
arquivos no Microsoft OneDrive.
Serviços adicionais de comunicação, como o Microsoft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote Micro-
soft Office 365.
As extensões dos arquivos editáveis produzidos pelos pacotes de produtividade são apresentadas na tabela a seguir.
As extensões do Microsoft Office, para arquivos editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo forma-
tado com XML, que foi introduzido na versão 2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em referência ao
Open Document, do Open Office.
Microsoft Office
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo Microsoft Office eram identificados com extensões de 3 letras, como
DOC, XLS e PPT. Algumas questões de concursos ainda apresentam estas extensões nas alternativas das questões.
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup Language) foi implementado para oferecer portabilidade aos
documentos produzidos. As extensões dos arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras, como DOCX, XLSX e PPTX.
Com o avanço dos recursos de computação na nuvem, o Office foi disponibilizado na versão on-line, que posterior-
mente se chamou 365, e é a versão atual do pacote. Com um novo formato de licenciamento, com assinaturas mensais e
anuais, ao invés da venda de licenças de uso, a instalação do Office 365 no computador disponibiliza a última versão do
pacote para escritórios.
Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft Office usar ou estudar?
Você deve ter a última versão disponível. Elas questionam as novidades das últimas versões disponíveis. Já
outras bancas organizadoras, a versão é indiferente. O mais importante será o conceito envolvido e sua aplicação
na formatação de arquivos.
LibreOffice
documentos criados a partir dele. O modelo é usa- provas elaboradas pela banca organizadora CESPE/
do para a padronização de documentos; Cebraspe, as extensões de arquivos são amplamente
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM questionadas.
(Document Template Macros – modelo de docu- Ao iniciar a edição de um documento, o modo
mento com macros): as macros são códigos desen- de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de
volvidos em Visual Basic for Applications (VBA) Impressão”. O documento será mostrado na tela da
para a automatização de tarefas; mesma forma que será impresso no papel.
z Páginas: unidades de organização do texto, segun- O Modo de Leitura permite visualizar o documen-
do a orientação, o tamanho do papel e margens. As to sem outras distrações como a Faixa de Opções com
principais definições estão na guia Layout, mas tam- os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a
bém encontrará algumas definições na guia Design; barra de título continua sendo exibida.
z Seção: divisão de formatação do documento, O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre visualizar o documento como ele seria exibido se esti-
que forem usadas configurações diferentes, como vesse publicado na Internet como página web. 205
Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
de conteúdo.
O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem os elementos gráfi-
cos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
interface do Microsoft Office.
Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão 2007 ela era
fixa e não podia ser ocultada. Atualmente ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a preferência do usuário.
A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos.
Recortar
Copiar
Área de Transferência
Colar
Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte
Diminuir fonte
Folha de Rosto
Quebra de Página
Inserir
Tabelas Tabela
Imagem
Formas
206
Importante!
Muitas bancas de concursos públicos e não costuma utilizar imagens em suas provas. Ela prioriza o conheci-
mento do candidato acerca dos conceitos dos softwares. Outras bancas organizadoras, priorizam o conheci-
mento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de arquivos (parte prática dos programas).
As guias possuem uma organização lógica, sequencial, das tarefas que serão realizadas no documento, desde
o início até a visualização do resultado final.
BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual: salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar
Tarefas secundárias: adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustrações
Inserir
e instantâneos
Referências Índices e acessórios: notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.
Correção do documento: ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de
Revisão
alterações, comentários, comparar, proteger etc.
Exibir Visualização: podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados através das opções da guia Referências.
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Página Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no menu
Estilos.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de formatação
no texto’, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação.
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou
iniciar uma digitação.
Seleção
Através do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, parágrafos
e até o documento inteiro.
207
MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local
Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado
Botão principal
Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor
pressionado
Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto ‘aleatório’ com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I)
e sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais).
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independen-
te, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.
208
Recuo especial de primeira linha - apenas a primeira linha será
deslocada em relação à margem esquerda
Margem esquerda Margem direita
2 2 4 6 8 10 10 14 16
Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns exemplos:
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os caracte-
res não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo).
- - Âncoras de objetos
209
Tabelas
As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel.
Índices
Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.
Importante!
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
MICROSOFT EXCEL
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde a criação
de uma agenda de compromissos, passando pelo controle de ponto dos funcionários e folha de pagamento, ao controle
de estoque de produtos e base de clientes. Diversas funções internas oferecem os recursos necessários para a operação.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o Office 2007, e permanece até hoje.
As planilhas de cálculos não são banco de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em uma
planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do pacote Microsoft
Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas em registros, separados
em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.
Conceitos Básicos
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
Linha
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomeadas de A
até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será 211
criada. Se for um texto, é copiado. Mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante.
E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:
z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula.
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
Para a elaboração, poderemos:
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.
Geral
123 Sem formato especifico
Número
12 4,00
Moeda
R$4,00
Contábil
R$4,00
Data Abreviada
04/01/1900
Data Completa
quarta-feira, 4 de janeiro de 1900
Hora
00:00:00
Porcentagem
400,00%
212
1 Fração
2 4
2 Científico
10 4,00E+00
Texto
ab 4
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exemplo, na
verdade é um número formatado como data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.
Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00
Moeda CONTÁBIL
R$ 150,00 R$ 150,00
R$ 170,00 R$ 170,00
R$ 200,00 R$ 200,00
R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
R$ 10,54 R$ 10,54
O ícone % é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)
FORMATO
VALOR ß,0
PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
PORCENTAGEM %
1 100% 100,00%
2 200% 200,00%
0,004 0% 0,40%
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
1 R$1,00 1,00
,00
Os ícones ß,0,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas deci-
mais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para cima ou
para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED, para arredondar.
Simbologia Específica
Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação. 213
OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS
% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100
z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=
OPERADORES DE REFERÊNCIA
z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa (A1) em uma referência mista (A$1 ou $A1) ou em
referência absoluta ($A$1)
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2
O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:
a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
e) R$ 360,00
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará. Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1. E se temos dois símbolos de cifrão, temos
uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).
215
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2
Faz a soma de 15 e 3
= 15 + 3
Início de fórmula, função ou Compara o valor de A1 com 5, e caso
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
comparação seja verdadeiro, mostra 10, caso seja
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
falso, mostra 11
Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual.
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.
Erros
Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
Funções Básicas
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10.
z MÉDIA(valores): realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias não
entram no cálculo da média.
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados e o valor
no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se temos uma sequência de valores com quantidade par, a mediana será a média dos valores que estão no
meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A média de
4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, apenas um
será mostrado.
FUNÇÕES LÓGICAS
E Retorna VERDADEIRO se todos os seus
(Função E) argumentos forem VERDADEIROS
OU Retorna VERDADEIRO se um dos argu-
(Função OU) mentos for VERDADEIRO
NÃO z Os gráficos de Pizza representam valores propor-
Inverte o valor lógico do argumento cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
(Função NÃO)
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.
219
z Os gráficos de Barras representam dados de forma
semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas,
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas. de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Delineada, Contorno e Contorno Delineado.
220
z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em
ordem decrescente.
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
Classificar uma
Basta selecionar a coluna de-
coluna em um
sejada, e na janela de diálogo,
intervalo de
manter o item “Continuar com a
células sem
seleção atual”
afetar as demais
221
MICROSOFT POWERPOINT
As apresentações de slides criadas pelo Microsoft PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de extensão
.PPTX. Caso contenham macros (comandos para automatização de tarefas) será atribuída a extensão .PPTM. E
ainda podemos trabalhar com os modelos (extensão .POTX e POTM).
Apesar de ser um aplicativo com finalidade diferente do editor de textos, ele possui muitas semelhanças que
acabam ajudando quem está iniciando nele. Da mesma forma que o editor de textos, é possível trabalhar com
seções (divisões), é possível inserir números de slides, é possível comparar apresentações, etc.
Importante!
Apresentações de slides é um tópico pouco questionado em provas de concursos. Conhecendo os conceitos do
Microsoft PowerPoint, você poderá aproveitá-los quando estudar LibreOffice Impress.
As apresentações de slides podem ser gravadas em formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até trans-
formadas em vídeo (extensão MP4).
Os recursos do PowerPoint, como animações, transições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá ser
reproduzido em outros dispositivos, como Smart TV em totens de propagandas.
Figura 1. Para produzir um vídeo da apresentação, acessar o botão Arquivo, menu Exportar, item Criar Vídeo.
z Seção: divisão de formatação dentro da apresentação (usadas para Apresentações Personalizadas). Poderá ter
‘duas apresentações’ dentro de uma, e no início, escolher qual delas será exibida para o público;
z Transições: animação entre os slides. Ao selecionar algum efeito de animação entre os slides (guia Transições,
grupo Transição para este slide), será disponibilizada a opção para configuração do Intervalo;
z Animação: animação dentro do slide, em um objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas animações simul-
taneamente, enquanto a transição do slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saída ou Trajetórias de
Animação.
Conceito de Slides
Conforme observado no item anterior, os slides são as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as
páginas de um documento do Microsoft Word, os slides possuem configurações como margens, orientação, núme-
ros de páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés, etc.
O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais de slides:
z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: 223
z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas FORMATO VÍDEO HIPERLINKS
dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo,
o slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua PPTX X X
edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de PPSX X X
anotações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para PDF - X
editar e alternar entre slides no painel de estru-
MP4 X X
tura de tópicos. Útil para a criação de uma apre-
sentação a partir dos tópicos de um documento do JPG/PNG - -
Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classi-
Tabela. Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - )
ficação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas,
arrastando-as. As operações de slides estão disponí- O formato PDF é portável, e poderá ser usado em
veis, como Excluir slide, Ocultar slide, etc. Mas não é qualquer plataforma. Praticamente todos os programas
possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique disponíveis no mercado reconhecem o formato PDF.
será possível a edição do conteúdo; Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costu-
z Anotações: exibir a página de anotações para edi- mam ser questionados em provas.
tar as anotações do orador da forma como ficarão
quando forem impressas;
Para entrar em modo de apresentação de sli-
z Modo de Exibição de Leitura: exibir a apresenta-
des do começo, devemos pressionar F5
ção como uma apresentação de slides que cabe na
janela. A barra de título do PowerPoint continuará A outra forma de iniciar uma apresentação de
sendo exibida. slides é a partir do Slide Atual, pressionando
Shift+F5 ou clicando no ícone da guia Apre-
Noções de Edição e Formatação de Apresentações sentação de Slides
Apresentar on-line: Transmitir a apresentação
A preparação de uma apresentação de slides segue
de slides para visualizadores remotos que
uma série de recomendações, quanto a quantidade de
possam assisti-la em um navegador da Web
texto, quantidade de slides, tempo da apresentação, etc.
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. Apresentação de Slides Personalizada: criar
O questionamento é sobre como fazer, onde configu- ou executar uma apresentação de slides
rar, como apresentar, etc. personalizada. Uma apresentação de slides
Para entrar em modo de apresentação de slides do personalizada exibirá somente os slides se-
começo, devemos pressionar F5. Podemos escolher o íco- lecionados. Este recurso permite que você
ne ‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo tenha vários conjuntos de slides diferentes
Iniciar Apresentação de Slides. E ainda clicar no ícone (por exemplo, uma sucessão de slides de 30
correspondente na barra de status, ao lado do zoom. minutos e outra de 60 minutos) na mesma
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de apresentação
exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não Configurar Apresentação de Slides: configurar
será mostrada. A outra forma de iniciar uma apresenta- opções avançadas para a apresentação de
ção de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shif- slides, como o modo de quiosque (em que a
t+F5 ou clicando no ícone da guia Apresentação de Slides. apresentação reinicia após o último slide, e
Durante a apresentação de slides, as setas de direção continua em loop até pressionar ESC), apre-
permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para sentação sem narração, vários monitores,
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides. avançar slides, etc
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão princi-
pal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na Ocultar Slide: ocultar o slide atual da apresen-
apresentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará tação. Ele não será mostrado durante a apre-
a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, sentação de slides de tela inteira
deixa a tela preta (escura). Testar Intervalos: iniciar uma apresentação de
A edição dos elementos textuais e parágrafos slides em tela inteira na qual você possa tes-
seguem os princípios do editor de textos Word. E os tar sua apresentação. A quantidade de tempo
comandos também são os mesmos. Por exemplo, o utilizada em cada slide é registrada e você
Salvar como PDF. pode salvar esses intervalos para executar a
De acordo com o formato escolhido, alguns recur- apresentação automaticamente no futuro
sos poderão ser desabilitados.
Gravar Apresentação de Slides: gravar narra-
ções de áudio, gestos do apontador laser ou
FORMATO ANIMAÇÕES TRANSIÇÕES ÁUDIO intervalos de slide e animação para reprodu-
PPTX X X X ção durante a apresentação de slides
LIBREOFFICE WRITER
erros do documento segundo as configurações pré-de- contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou confi-
terminadas pelo editor de textos Writer. guração aplicada.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela
tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma Edição e Formatação de Fontes
palavra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho)
ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gra-
verde). Já a autocoreção é um recurso diferente, que vadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para
permite substituir erros comuns, como a ausência de todos os programas do computador.
maiúscula no início de uma frase, corrigir o uso aci- Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte
dental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier
maiúscula e minúscula), acentuação na palavra não New, Verdana, são os mais comuns.
(quando digitamos naõ), e principalmente a substitui- Ao lado do nome da fonte, um número indica o
ção de símbolos por palavras, definidos pelo usuário, tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessiva-
no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção. mente. Se quiser, digite o valor específico que deseja. 225
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.
Sombra - -
226
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO
Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).
Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.
Ctrl+D 1
Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -
Ctrl+J 3
Justificado Justificado Ctrl+Shift+J
Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador
Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)
1 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
2 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
3 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
4 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
6 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
7 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página. 227
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.
No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:
z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta.
A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:
Cabeçalhos
Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.
Inserir
MENU SIGNIFICADO
Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar, imprimir,
Arquivo
propriedades)
Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecionar) e área de
Editar
transferência do Windows/Linux,
Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização, interface do
Exibir
usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom
Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo atualmente
Inserir editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos gráficos, elementos vi-
suais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé
Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e numeração, tabu-
Formatar
lações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento
Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser organizadas
Estilos
em um índice
Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recurso. Ao incluir
Tabelas
uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida
Permite a edição e programação de formulários diretamente no documento aberto, para entrada de dados
Formulários
padronizados
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em todos os próximos arqui-
Ferramentas
vos editados pelo aplicativo
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos em edição
Impressão
Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
229
Havendo a possibilidade disponível na impressora, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso
automático, ou manual. Ao contrário do Word, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o Writer divide
em guias as opções da impressão.
LIBREOFFICE CALC
O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante ao
Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças (que já foram questionadas em concursos públicos).
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Google Plani-
lhas. O arquivo produzido em um aplicativo poderá ser editado por outro programa, pois são compatíveis entre si.
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir normalmente. O
LibreOffice Calc reconhece o formato XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de armazenamento não influencia
nos recursos disponíveis no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é um com-
ponente do ODF (Open Document Format). O arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABALHO, e poderá
ser gravado no formato do Microsoft Office, todas as versões.
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc inicia com 1 planilha (folha de dados), identificada por abas na
parte inferior da tela de visualização. Cada planilha é independente das demais, e usamos o sinal de ponto final para
referenciar dados em outras planilhas.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui 1024
colunas). As linhas são numeradas com números, de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Microsoft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor ou pior.
Cuidado com as comparações. Quando a banca sugere uma comparação, menosprezando um dos itens, geralmen-
te está errado.
Conceitos Básicos
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Writer representa com (ponto final);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de memória RAM
disponível, nomeadas como Planilha 1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS;
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. No Calc, 1 número cria uma sequência com incremento 1. Datas, dias da semana, nome dos meses, estas
opções criam listas pré-definidas;
z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a forma
como as células serão mescladas. Ao clicar no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálogo “Mesclar
células” será exibida.
A célula pode receber diferentes formatações, especialmente na exibição de valores numéricos. Para a exi-
bição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A formação de células, linhas e colunas possibilita definir bordas,
sombreamento, e padrões que serão aplicados a estas.
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande (muitas
células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e podemos marcar o intervalo (Definir) que será considerado na impressão.
A formatação Condicional permite exibir células de diferentes cores e padrões, segundo condições estipuladas.
Por exemplo, quando desejamos que os números negativos sejam vermelhos e os positivos em azul, é um caso.
230
Formatar
Condiconal
Geranciar...
A formatação condicional pode apresentar visualmente as diferenças existentes nos dados da planilha de cál-
culos. É um recurso útil e muito questionado em provas.
Simbologia Específica
z Coluna+Linha formato de referência de cada célula da planilha. Colunas com letras, linhas com números. O
formato de referência é idêntico no Excel e Calc.
Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1;
z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou faz uma comparação dentro de um teste.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1 com o valor em A2.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um teste e exibe uma mensagem;
z * (asterisco) multiplicação.
Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor em A1 pelo valor em A2;
z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o valor em formato de porcentagem. Não faz o cálculo. Para
fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o resultado (por cento, por 100);
z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne dois ou mais valores em uma única sequência.
231
Exemplo: Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
=”Fernando”&”Nishimura” iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas;
=15&30
Fernando Nishimura z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans-
1530; formando a referência relativa em referência mista
ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções,
z . (ponto final) Significa Planilha. quando ela mudar de célula, será alterada ou não.
Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B
a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
valor de A2 que está em Planilha2; =$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a
Planilha2;
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro * Multiplicação A próxima operação a ser executa-
caso seja falso; da, assim como a Divisão.
/ Divisão
z CONT.VALORES (células): esta função conta todas + Adição Após realizar exponenciação, multiplica-
as células em um intervalo, exceto as células vazias. ção e divisão, faça a adição/subtração.
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da - Subtração.
contagem, informando quantas células estão preen- - Inversão de sinal Depois que todo o cálculo for
chidas com valores, quaisquer valores; realizado, faça a inversão do sinal.
Obs.: o uso de parênteses altera a ordem dos opera-
z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um dores matemáticos.
intervalo, exceto células vazias e células com texto. P.E.M.D.A.S. = parênteses, exponenciação, multipli-
cação, divisão, adição e subtração.
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos; que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e 233
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Impress.
MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano
Exibir Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido
Adicionar qualquer objeto no arquivo atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um
Inserir
campo
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição
Dados Classificação, filtro, filtro avançado, e demais opções de organização dos dados
LIBREOFFICE IMPRESS
O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos que esta-
mos apresentando um PowerPoint, mesmo que o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress.
Os softwares de edição de slides (Microsoft PowerPoint, LibreOffice Impress, Google Apresentações) permitem
a criação de uma apresentação de slides para exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher um modelo de apresentação para criação de um novo arqui-
vo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e escolher um arquivo que está gravado em um local de armazenamen-
to permanente, para ser aberto e editado naquela sessão de trabalho.
234 Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffice Impress (antigo OpenOffice, BrOffice).
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress (formato ODP – Open Document Presentation) podem ser
abertos pelo Microsoft PowerPoint.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.
O LibreOffice Impress permite exportar uma apresentação ou desenho para diferentes formatos, incluindo os
citados no enunciado da questão.
Importante!
Extensões de arquivos estão entre os itens mais questionados em provas de concursos das bancas organizadoras
Os modos de exibição permitem alternar entre a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de Tópicos),
Notas (Anotações do apresentador) e Organizador de Slides (classificação de slides – miniaturas para organização).
z Leiaute: permite a escolha do tipo de conteúdo que será inserido no slide. Para não esquecer: é o esqueleto de
cada slide da apresentação. O layout do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição dos objetos dentro de
cada slide da apresentação;
z Modelos: permite a escolha do projeto visual que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a aparência da
apresentação;
z Transição: permite a escolha do efeito visual que será utilizado na passagem de um slide para outro slide. Para
não esquecer: é a animação entre os slides da apresentação;
z Mestre: permite a escolha da posição de todos os elementos dentro de uma apresentação, assim como confi-
gurações específicas. Podemos configurar os slides, folhetos e anotações. Para não esquecer: é o esqueleto de
toda a apresentação;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exibir
Slide mestre
235
Elementos do slide mestre...
Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:
Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.
Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.
Diferentemente da interface do Microsoft PowerPoint, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Calc.
MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição
Menu Slide
Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.
236
Slide
Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as opções e comandos para controle da apresentação. Foi man-
tido nas versões seguintes.
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresentação a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a partir do slide
atual. Esta é uma alteração importante, pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual, e agora é como no
PowerPoint, com dois atalhos de teclado diferentes.
REDES DE COMPUTADORES
INTRODUÇÃO A REDES (COMPUTAÇÃO/TELECOMUNICAÇÕES)
As redes de computadores surgiram nos ambientes militares, foram otimizadas nos ambientes governamen-
tais, exploradas comercialmente no ambiente empresarial e disponibilizadas para o público de diferentes formas.
Hoje, as redes de comunicação oferecem recursos para a troca de dados entre usuários, que podem ser pessoas
físicas, pessoas jurídicas, governos e até equipamentos autônomos (Internet das Coisas).
A Internet das Coisas (IoT) certamente aparecerá em provas de concursos, dada a sua presença no nosso dia-a-dia.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Desde os assistentes virtuais (Cortana e Siri), passando pela automação de residências (com ar condicionado conectado
no Wi-Fi, para ser ligado remotamente) chegando aos veículos com condução semiautônoma, que avisa o resgate em
caso de acidente.
As trocas de dados que inicialmente eram restritas aos envolvidos na comunicação, começaram a ser rea-
lizadas pelas redes de telecomunicações, com emprego da segurança da informação para proteção dos dados
trafegados.
Diversos protocolos foram desenvolvidos para cuidarem da transferência dos dados, da segurança da cone-
xão, do controle da qualidade dos dados recebidos, para autenticação dos usuários etc.
A rede de telefonia oferece conexão para aparelhos fixos e aparelhos móveis:
z Os aparelhos fixos, que no passado eram apenas os telefones analógicos para comunicação por voz, hoje
incluem Smart TVs e até geladeiras inteligentes;
z Os aparelhos móveis, que no passado eram apenas os celulares TDMA e CDMA de poucas operadoras, hoje
incluem veículos automotores e até sensores de radiofrequência.
237
É importante saber que redes de telefonia, em con- comercial e pública. A telefonia pública é caracteriza-
cursos públicos, são questionadas nas provas no for- da pelo TUP – Telefone de Uso Público, popularmen-
mato conceitual. As redes de comunicação aparecem te conhecido como “orelhão” em algumas regiões do
com questões que abordam o lado prático. país.
As redes de comunicações envolvem sistemas cons- Com a evolução da comunicação nas redes, atual-
truídos com fios de material condutor, cabos de condução mente ela é digital e inclui os aparelhos móveis de
de sinais luminosos (fibra óptica), antenas de rádio, ante- telefonia celular (3G, 4G, 5G) e aparelhos com cone-
nas de telefonia móvel, satélites e os próprios aparelhos. xões próprias (Internet das Coisas).
O conteúdo dos dados trafegados nas redes de comu- A comunicação de dados caracteriza-se pela troca
nicação não é importante. O que é importante é a cone- de informações entre os usuários e as operadoras, seg-
xão e a oferta de conectividade para os dispositivos. mentadas em aplicações e padrões, permitindo que
Inicialmente, as redes de telefonia eram analó- uma operadora ofereça por exemplo, navegação no
gicas e usadas para o tráfego de voz entre usuários, Facebook sem consumo do plano de dados.
mediante a centralização em centrais telefônicas. As conexões são realizadas por dois métodos dife-
Com o surgimento dos computadores e das redes rentes: comutação de circuitos ou comutação de pacotes
de computadores, as redes de telefonia passaram a
enviar e receber sinais de dados por meio de equipa- COMUTAÇÃO DE COMUTAÇÃO DE
mentos como modens e multiplexadores: CIRCUITOS PACOTES
z Os modens permitem a conexão de um aparelho Exige que o circuito seja Não exige configuração
digital na linha telefônica analógica. Ele modula e configurado antes de prévia, operando por
desmodula o sinal, enviando os dados digitais (bits) iniciar a comunicação rotas dinâmicas que
do computador para um canal analógico (que opera (ponta a ponta) mudam a cada conexão
com ondas);
Permite reserva de Não há reserva de largura
z Os multiplexadores foram usados no começo das
largura de banda de banda
redes para combinar vários modens em apenas
uma conexão, e continuam sendo empregados em Os pacotes podem
alguns dispositivos atualmente, como as antenas ser enviados por rotas
Os pacotes são enviados
de interconexão. diferentes e serão
sequencialmente
reagrupados quando
Alguns equipamentos de redes como os hubs e mul- chegaram ao destino
tiplexadores são considerados obsoletos no dia a dia
por suas limitações. Entretanto eles existem e ainda são Menos tolerante a falhas Mais tolerante a falhas
usados em aplicações específicas.
Nos anos 90, com a abertura da Internet para fins Comutação é a forma conectada para a realização
comerciais, as redes de telefonia se tornaram satura- da comunicação. O modelo de comutação por circui-
das, pelo tráfego de dados superior ao tráfego de voz. tos é a evolução das redes de telefonia e o modelo de
Estratégias como a conexão ADSL foram implemen- comutação por pacotes é utilizado nas redes de comu-
tadas para o máximo aproveitamento da estrutura nicação de dados.
existente, combinando o envio de dados e voz simul- Vamos conhecer alguns exemplos práticos, e
taneamente por um único canal. entender como a comutação de circuitos se diferencia
da comunicação de pacotes.
PSTN Quando realizamos uma ligação telefônica, esta-
Rede Pública de telefonia mos usando uma comutação de circuitos. Se houver
Comutada ou RPTC (do inglês um problema com a ligação, geralmente ela é finaliza-
Public switched telephone da, e precisaremos reiniciar o processo, para restabe-
network ou PSTN) lecer o circuito de comunicação.
Quando realizamos uma ligação telefônica via
WhatsApp, estamos usando uma comutação de paco-
PBX PABX tes. Se houver um problema com a ligação, geralmen-
te ela continuará, com cortes (pulando) nos pacotes
Aparelhos de que não foram transmitidos, sem necessidade de res-
Telefones Telex tabelecer a conexão.
Telefones Telefones Na telefonia VoIP (Voice Over Internet Protocol),
Aparelhos de Fax
observaremos estabilidade da conexão, porém com bai-
xa qualidade. Na telefonia convencional, observaremos
As redes públicas de telefonia comutada atendiam instabilidade da conexão, porém com boa qualidade.
diferentes tipos de conexões
Administradas pelas operadoras de telefonia, a rede Divisões do Sistema Telefônico
pública de telefonia comutada ou RPTC (do inglês Public
switched telephone network ou PSTN) é a rede telefôni- Os equipamentos existentes no sistema telefônico
ca mundial, comutada por circuitos, que foi inicialmen- podem ser classificados em categorias, de acordo com
te projetada para atender linhas fixas e analógicas. o tipo de operação que realizam.
Com a privatização dos serviços de telefonia no Equipamentos que são usados para a escolha do
Brasil, foi criado o Plano Geral da Universalização caminho, formam a rede de comutação. O supor-
dos Serviços de Telefonia, com a previsão de instala- te físico para a comunicação é a rede de acesso. O
238 ção e expansão da rede de telefonia fixa, doméstica, suporte físico ou lógico que permite a propagação da
informação, forma a rede de transmissão. E os siste- RJ45
mas secundários formam a infraestrutura do sistema. RJ45
Tipo de conector para GG45
8P8C
Cat6
z A rede de comutação opera a partir da escolha de
caminhos que serão usados para a comunicação. 100 250 600
Frequência
Quando estabelecida a conexão, ela será mantida e MHz MHz MHz
“isolada” das demais conexões, até que seja encerra-
350 500 750
da. A rede de comutação é limitada pela quantidade Frequência máxima
MHz MHz MHz
de conexões simultâneas que ela é capaz de realizar;
z A rede de acesso é formada pelos cabos telefôni-
cos, antenas de telefonia móvel, conexões de fibra Frequência: quanto maior, menor o alcance. Ao
óptica entre as centrais telefônicas, cidades, regiões, usar uma frequência maior, estamos usando mais
estados e países. Com a necessidade de maior velo- energia para transmitir com mais qualidade por um
cidade de acesso, ao mesmo tempo que aumentam espaço menor (como as rádios FM). Se usarmos uma
a quantidade de dispositivos conectados na Inter- frequência menor, enviaremos dados com menor con-
net, as empresas de telefonia precisam ampliar dia- sumo de energia, qualidade aceitável, para longas dis-
riamente a capacidade da rede de acesso; tâncias (como as rádios AM).
z A rede de transmissão é responsável pelo supor- As redes de telecomunicações estão sendo aperfei-
te físico ou lógico que permite a propagação da çoadas para suportar a transmissão de informações
informação por meio da rede de acesso. As redes com a introdução de novas tecnologias, tanto do lado
de transmissão envolvem os equipamentos e pro- dos equipamentos da rede (elementos de rede), quan-
cedimentos de autenticação e segurança, que pro- to dos meios de transmissão (redes de transporte) e
tegem o tráfego de dados de invasores ou espiões; dos sistemas de operação para gerenciamento (Gerên-
z A infraestrutura do sistema de telecomunica- cia de Redes de Telecomunicações).
ções são os sistemas secundários, como o forneci- Uma rede de telecomunicações pode ser composta
mento de energia elétrica para os equipamentos, de várias sub-redes, dependentes do tipo de serviço
as proteções contra eventos naturais que afetariam que é provido ao consumidor. Os serviços utilizados
um datacenter (inundação, incêndios, invasões pelos assinantes são dispostos em categorias.
físicas) e as proteções contra acessos indevidos As categorias mais comuns são: telefonia fixa, telefo-
(cabos blindados instalados dentro de tubulações nia celular, telefonia pública e comunicação de dados.
de aço, enterradas abaixo do nível das ruas).
Noções de Voz sobre IP (VOIP e Telefonia IP)
As redes de acesso não são construídas somente
com cabos telefônicos. São usadas diferentes tecnolo- VoIP é uma tecnologia que permite a transmissão de
gias para a transmissão dos dados por meio guiado. Os voz em tempo real por meio de protocolos de internet.
cabos coaxiais caíram em desuso pela baixa velocida- Para fazer isto, ela pega os sinais da voz, que são analó-
de. Os cabos de rede ainda são usados para diversas gicos, e os converte em sinais binários para que possam
operações domésticas e corporativas. As fibras ópti- ser transmitidos por meio da rede para outros disposi-
cas, que possuem velocidade superior, são usadas em tivos compatíveis. Talvez você até não saiba, mas apli-
empresas e entre conexões de longa distância. cativos do seu dia a dia como Skype, WhatsApp e outros
Os meios de transmissão guiados, como cabo utilizam a tecnologia VoIP de forma bastante acessível.
coaxial, cabo telefônico, cabo de rede e fibra ópti- Os telefones convencionais fazem a transmissão
ca estão sendo substituídos progressivamente pelos dos dados das chamadas sem converter as informa-
meios de transmissão não-guiados, como Wi-Fi e suas ções. Portanto, o mesmo impulso analógico gerado por
variantes de longo alcance. Assim como os hubs e um telefone em uma ponta é recebido pelo outro sem
multiplexadores, os meios guiados podem até sumir conversões. Como o VoIP utiliza servidores de inter-
do nosso campo de visão, mas continuarão sendo usa- net e até mesmo a nuvem, eles precisam converter a
dos nas conexões dentro das empresas de telefonia. voz em um formato digital binário para que possa ser
Confira algumas características dos cabos de rede recebida pelo outro dispositivo online, onde é feita a
Ethernet (CAT 5e, 6, 7). reconversão dos bits para vibrações sonoras.
Existem telefones especialmente designados para
serem utilizados via VoIP. Eles usam cabos RJ-45 ao
CARACTERÍSTICA CAT 5E CAT 6 CAT 7 invés de RJ-11, e podem receber chamadas de voz,
Linhas telefônicas Sim Sim Não fotos ou até vídeos. A tecnologia permite tanto uma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Custos de implantação
Pacotes Perdidos Pacotes Perdidos
Telefonia convencional
Para a transmissão dos dados, tanto o emissor
como o receptor precisarão de conexão de dados e
energia elétrica.
Ao contrário do sistema de telefonia analógica, que
utiliza os próprios sinais da ligação para alimentar o Telefonia VoIP
sistema, na telefonia digital será necessária uma fonte
de energia para operação do equipamento emissor e
do equipamento receptor. Custos de operação
Se o usuário utiliza um softphone (programa para
ligações, como o Microsoft Skype), ainda estará sujeito
à disponibilidade de energia elétrica e de recursos da O aproveitamento da rede de dados, existente em
rede para realização da conexão VoIP. praticamente todas as empresas atualmente, dissolve
A transmissão de dados por uma rede de compu- os custos de operação dentro da franquia de dados
tadores poderá ser pelo protocolo TCP ou pelo UDP. contratada com a operadora.
A telefonia VoIP usa o UDP. Por quê? Na transmissão A padronização dos cabeamentos de redes e tele-
TCP, existirá uma conexão estabelecida do início ao fones facilita a instalação e manutenção, reduzindo a
fim da transmissão. Entretanto, para voz, este tipo de quantidade de itens em estoque.
conexão orientada é “desastrosa”. Como as ligações VoIP trafegam pela rede de dados,
direcionar as chamadas de um aparelho instalado na
mesa do funcionário para o seu smartphone será uma
ação imediata. No aparelho portátil, um app (aplicati-
Emissor Destinatário vo) receberá as ligações, aumentando a conectividade
dos colaboradores com os clientes.
Internet
Quais as Desvantagens da Telefonia VoIP?
SIGLA WAN
Celular
Switch Modem Acesso
Servidor de Rede Internet
192.168.0.1
Roteador
PC Hub
Terminal Ponte
Servidor de Rede 192.168.0.2
Servidor de
Rede
Bridge (ponte). Servidores 192.168.0.1 e 192.168.0.2 são da mesma
Máquina rede, mas estão distantes. Uma ponte permite a conexão entre eles,
Multifuncional por serem da mesma rede.
Se algum usuário externo tentar identificar o As redes metropolitanas possuem alcance maior
endereço IP de uma informação proveniente
que uma pequena LAN. Geralmente abrangem uma
de uma conexão compartilhada com NAT, não
área de até 100 km, e é usada para soluções de mobi-
poderá ver o número do verdadeiro dispositivo,
e saberá apenas o número de IP da conexão que lidade. Os cartões de ônibus são um exemplo. Cada
foi ‘traduzida’ pelo NAT. ônibus da frota se comunica com a antena (central)
que troca dados para autorizar ou barrar o acesso dos
Os equipamentos usados nas redes locais (LAN) usuários ao sistema. Ao passar um cartão na catraca
também são usados em outras estruturas de redes eletrônica o ônibus entra em contato com a central
como MAN e WAN. ‘debitando’ o crédito do cartão do usuário.
A rede metropolitana poderá ser, por exemplo, de uma
z Hub (concentrador de conexões): divide uma universidade que possui diversos campus distribuídos na
conexão com vários dispositivos. Quando recebe cidade, possibilitando a comunicação entre todos eles.
um pacote, envia para todos os dispositivos, procu-
rando quem é o destinatário;
z Roteador (encontra a melhor rota): usado para
encaminhar os pacotes, identificando a melhor
rota a cada novo envio; Acesso Internet Acesso Internet
z Switch (selecionador de conexões): permite o Servidor de rede Torre de Rádio
Empresa
envio de pacotes diretamente para o destinatá-
rio. Poderá dividir a rede física em várias redes
virtuais (Virtual LAN), melhorando o controle de MAN – tecnologias de comunicação sem fio de longo alcance, como
acesso. Poderá associar portas com endereços MAC rádio e Wi-Max serão usadas para conexão entre os participantes da
dos dispositivos, evitando que equipamentos des- rede.
conhecidos acessem a rede de dados;
z Modem: modulador e demodulador de sinal para As redes de amplo ou longo alcance (WAN) são
conexão na linha telefônica e acesso à Internet; aquelas que integram várias regiões metropolitanas,
z Ponte (bridge): usada para conexões de redes dis- ou até países. Uma empresa que possui matriz em São
tantes, dentro do mesmo contexto; Paulo e filiais em Belo Horizonte e Curitiba, mantém
z Gateway (portão): usada para conexões de redes comunicação direta entre elas por meio de uma cone-
242 distantes, de contextos diferentes. xão classificada como WAN (Wide Area Network). A
tecnologia de conexão será viabilizada por uma Extra- DNS
net, que é a conexão segura entre ambientes seguros,
usando um ambiente inseguro. O DNS (Domain Name System - Sistema de Nomes de
Domínios) é um sistema de gerenciamento de nomes
NOÇÕES DE TERMINOLOGIA E APLICAÇÕES, hierárquico e distribuído operando segundo duas defi-
TOPOLOGIAS nições: examinar e atualizar seu banco de dados e resol-
ver nomes de domínios em endereços de rede (IPs).
As redes locais possuem servidores, estações, siste-
ma operacional de rede, dispositivos de rede e proto- Servidor
colos de comunicação. DNS
Os servidores são usados para prover serviços às
estações (clientes).
As estações acessam os servidores e seus recursos.
O servidor utiliza um sistema operacional de rede Servidor
para atender à todas as solicitações dos clientes. Cliente de Rede
A comunicação entre os clientes e servidores é rea- www.novaconcursos.com.br Tabelas
DNS
lizada por meio de equipamentos de rede. Estes são os dados disponíveis
Atente-se:
Paradigma cliente-servidor. Somos clientes que Aplicações
acessam recursos oferecidos por servidores.
Os equipamentos usam protocolos para viabilizar
As redes de computadores promovem o compar-
a comunicação entre os dispositivos.
tilhamento e otimização dos recursos. São inúmeras
Internet aplicações que podem ser usadas em uma estrutura
Rede Local Servidores
em rede, entre elas:
Clientes Dispositivos
Roteador
z Servidor de Arquivos: armazenamento e distribui-
Servidor ção de arquivos na rede. Os usuários não precisarão
DNS
Switch Servidor de
rede usar pendrives e HDs externos, porque os arquivos
Hub
Servidor DHCP
Servidor de
estarão armazenados em um servidor, com pastas
impressaõ compartilhadas. As pastas compartilhadas poderão
ter restrições de acesso associadas à conta de cada
Rede local com clientes, conectados por dispositivos, acessando
usuário da rede. Com os arquivos centralizados
serviços de um servidor que permite acesso à Internet.
em um servidor de arquivos, não existirão cópias
‘perdidas’ nos computadores e o compartilhamento
Cada cliente deverá possuir uma identificação úni-
ca, conhecida como número de IP. O servidor da rede colaborativo será possível para edição simultânea.
poderá ter um serviço DHCP para atribuir o número
de IP para cada dispositivo. No DAS (Direct Attached Storage) temos um equi-
Quando um dispositivo deseja acessar a rede mun- pamento de armazenamento ligado diretamente ao
dial de computadores, ele deverá ter um endereço IP. Nas servidor. Ex.: HD Externo na porta USB
redes (e nas residências, nos roteadores Wi-Fi), o servi- No NAS (Network Attached Storage) trata-se de um
dor DHCP atribuirá um número de IP para o dispositivo. servidor de arquivos, geralmente sem periféricos, que
Saiba que: roda um sistema operacional e serve a vários compu-
Alguns serviços são providos por protocolos, e tadores de rede, como se fosse uma impressora com-
alguns protocolos são identificados como serviços. A partilhada. Qualquer usuário com permissão de acesso
definição das siglas ajuda na identificação de “quem é pode utilizá-lo. Esse mapeamento será compartilhado.
quem” dentro das redes. No SAN (Storage Area Network) temos um equi-
pamento com muito espaço para armazenamento. A
DHCP
diferença para NAS é que, neste caso, ele consegue
O DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol gerenciar de forma mais granular a quantidade de
- Protocolo de configuração de host dinâmico), refe- área que será entregue a um solicitante. Esta área
re-se a um protocolo de serviço TCP/IP que oferece disponibilizada será usada apenas por um servidor,
configuração dinâmica de terminais, com concessão e ninguém mais irá mapeá-la. No servidor poderemos
de endereços IP de host e outros parâmetros de confi- montar essa área (disco de rede no Windows ou usan-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
guração para clientes de rede. do NFS em Unix). Geralmente são chamados de parti-
Protocolo UDP porta 67 – servidor ções montadas (ou remotas).
Protocolo UDP porta 68 - cliente
Servidor Cliente
Clientes DHCP Servidor de
Preciso de um IP para acessar a rede Arquivos
Servidor de
Skype
comunicação Importante!
Pequenas empresas que ainda utilizem o modelo
Telefone
VoIP de computação local, geralmente possuem um
servidor de rede que compartilha todos os outros
Microsoft serviços (impressão, proxy, DNS, gateway etc.).
Teams O modelo de computação local tem sido trocado
para o modelo de computação na nuvem.
z Servidor Gateway: operando como um roteador,
interliga diferentes redes. Permite que uma rede
interna compartilhe uma conexão de Internet, por- Topologias
que no Gateway, serviços como o RRAS (Remote and
Router Access Service – serviço de roteamento e aces- As topologias de rede podem ser lógicas ou físicas.
so remoto) recebem e distribuem o sinal para vários As topologias físicas tratam da forma como os disposi-
dispositivos. Devido à sua característica de conectar tivos em uma rede são conectados pelos meios físicos;
várias redes diferentes, ele pode ser isolado em uma a topologia lógica trata de como a informação é passa-
DMZ, aumentando a segurança do servidor interno, da de um dispositivo em uma rede para outro.
acerca dos ataques provenientes da Internet. A topologia física mostra a aparência, ou layout, da
rede (estrela, barramento, anel etc.).
Servidor WEB
HTTPS - response (resposta)
Usuário Modem
SMTP Internet
Provedor de Acesso
Protocolo de Transferência de Simples de Mensa- Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se
gens (Simple Mail Transfer Protocol Secure) é um pro- conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
tocolo para troca de mensagens de correio eletrônico
entre um Servidor de e-mails e um Cliente de e-mails. A navegação na Internet é possível através da com-
Além da transferência de mensagens entre servidor e binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
cliente, também realiza a transferência de mensagens do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
entre o servidor de e-mails do remetente e o servidor camadas ou 4 camadas).
de mensagens do destinatário. Utiliza a porta 25 e não A Internet conecta diversos países e grandes cen-
exige autenticação. Para troca de mensagens com auten- tros urbanos por meio de estruturas físicas chamadas
ticação, outras portas são usadas, como 587, 465 ou 2525. de backbones. São conexões de alta velocidade que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Alguns servidores recusam mensagens na porta 25 com permitem a troca de dados entre as redes conectadas.
o objetivo de reduzir o lixo eletrônico (spam) na Internet. O usuário não consegue se conectar diretamente no
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou
SMTP - Simple Mail Transfer Protocol - protocolo de transferência simples de e-mail uma operadora de telefonia através de um modem, e
Porta TCP 25, 587, 465 ou 2525
a empresa se conecta na “espinha dorsal”.
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve
SMTP enviar e-mail SMTP enviar e-mail utilizar programas específicos para realizar a navega-
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
Cliente E-mail
Servidor E-mail Servidor E-mail
Opera
Nos concursos públicos e no dia a dia, estes são os Navegador leve com
itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o con- proteções extras contra
Opera
rastreamento e minera-
teúdo disponível na Internet.
ção de moedas virtuais
As informações armazenadas em servidores,
sejam páginas web ou softwares como um serviço
(SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem),
são acessadas por programas instalados em nossos Microsoft Edge
dispositivos. São eles:
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão
z Navegadores de Internet ou browsers, para con- no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre
teúdo em servidores web; o kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma
z Softwares de correio eletrônico, para mensa- série de itens semelhantes ao Google Chrome.
gens em servidores de e-mail; Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS-
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados creen, permite o bloqueio de sites que contenham
por empresas e usuários; phishing (códigos maliciosos que procuram enganar o
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft usuário, como páginas que pedem login/senha do car-
248 Bing, para encontrar informações na rede mundial; tão de crédito).
Outro recurso de proteção é usado para combater Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles ofe-
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que recem pequenas dicas para que você possa aproveitar
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar- ao máximo o Firefox. Também pode aparecer novida-
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário. des sobre produtos Firefox, missão e ativismo da Mozil-
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o la, notícias sobre integridade da internet e muito mais.
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese- Google Chrome
nhar’ sobre o conteúdo do PDF.
Mantém as características dos outros navegado- O navegador mais utilizado pelos usuários da
res de Internet, como a possibilidade de instalação de Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
extensões ou complementos, também chamados de como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos muitos outros.
específicos para a navegação em determinados sites. Uma das pequenas diferenças do navegador em
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
como PDF no dispositivo do usuário. pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo você acessar pelo Google Chrome.
para permitir que a navegação inicie em um dispositi- Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
vo e continue em outro dispositivo logado na mesma Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
sugestões do Pinterest. poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
Outro recurso específico do navegador é a repro- Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site do site de buscas, como a tradução automática de
Microsoft Bing (buscador da Microsoft). páginas pelo Google Tradutor.
Internet Explorer É possível compartilhar o uso do navegador com
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que
Foi o navegador padrão dos sistemas Windows, cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade. usuário conecta ou não em sua conta Google.
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi-
mento de substitutos para os programas, que deter- z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
mina que a nova versão ou novo produto, terá os gle, o navegador armazena localmente as informa-
recursos e irá operar como as versões anteriores ou ções da navegação para o perfil atual do sistema
produtos de origem. operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de consultar as informações armazenadas;
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. z Modo Normal conectado na conta Google: o
As Opções de Internet, disponível no menu Fer- navegador armazena localmente as informações
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel da navegação e sincroniza com outros dispositivos
de Controle do Windows, devido à alta integração do conectados na mesma conta Google;
navegador com o sistema operacional. z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet, mas
não acessa as informações da conta Google registrada;
Mozilla Firefox z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces-
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con- janela é fechada.
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Internet como na Intranet.
É um navegador com código aberto, software livre, Importante!
que permite download para estudo e modificações. A navegação anônima é um recurso que muitos
Possui suporte ao uso de applets (complementos de
usuários utilizam para aumentar a sua privacida-
terceiros), que são instalados por outros programas
no computador do usuário, como o Java. de enquanto navega na Internet. Entretanto, ela
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização não te deixa anônimo. As informações acessa-
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con- das serão registradas em dispositivos na rede e
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan- pelos servidores que foram acessados.
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
dados não serão sincronizados.
Assim como nos outros navegadores, é possível O navegador Google Chrome, quando conectado
definir uma página inicial padrão, uma página inicial em uma conta Google, permite que a exclusão do his-
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar tórico de navegação seja realizada em todos os dis-
a navegação das guias abertas na última sessão. positivos conectados. Esta funcionalidade não estará
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela disponível, caso não esteja conectado na conta Google.
permite copiar para a Área de Transferência do com- Como já dito, um dos atalhos de teclado diferente
putador, parte da imagem da janela que está sendo no Google Chrome em comparação aos demais nave-
acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário gadores é F6. Para acessar a barra de endereços nos
poderá colar a imagem capturada ou salvar direta- outros navegadores, pressione F4. No Google Chrome
mente pelo navegador. o atalho de teclado é F6. 249
Para verificar a versão atualmente instalada do z Corretor ortográfico: permite a correção dos
Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois textos digitados em campos de formulários, a par-
“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen- tir de dicionários on-line disponibilizados pelos
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram desenvolvedores dos navegadores.
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos Atalhos de Teclado
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
com as mesmas credenciais de login. z Para acessar a barra de endereços do navegador,
O Google Chrome permite a personalização com pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6;
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina- z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N;
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. z Para abrir uma nova janela anônima no Microsoft
Edge ou Google Chrome, pressione Ctrl+Shift+N. No
Conceitos e Funções Válidas para Todos os Internet Explorer e Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P;
Navegadores z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4;
z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T;
z Modo normal de navegação: as informações z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W;
serão registradas e mantidas pelo navegador. His- z Para reabrir uma guia fechada, pressione Ctrl+
tórico de Navegação, Cookies, Arquivos Temporá- Shift+T;
rios, Formulários, Favoritos e Downloads; z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar
z Modo de navegação anônima: as informações Ctrl + = (igual);
de navegação serão apagadas quando a janela for z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar
fechada. Apenas os Favoritos e Downloads serão Ctrl + - (menos);
mantidos; z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero);
z Dados de formulários: informações preenchidas z Para acessar a página inicial do navegador – Alt+Home;
em campos de formulários nos sites de Internet; z Para visualizar os downloads em andamento ou
z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário concluídos – Ctrl+J;
para acesso posterior. Os sites preferidos do usuá- z Localizar um texto no conteúdo textual da página
rio poderão ser exportados do navegador atual e – Ctrl+F;
importados em outro navegador de Internet; z Atualizar a página – F5;
z Downloads: arquivos transferidos de um servidor z Recarregar a página – Ctrl+F5.
remoto para o computador local. Os gerenciadores
de downloads permitem pausar uma transferência Nos navegadores de Internet, os links poderão ser
ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja abertos de 4 formas diferentes.
mais disponível;
z Uploads: arquivos enviados do computador local z clique - abre o link na guia atual;
para um servidor remoto; z clique + CTRL - abre o link em uma nova guia;
z Histórico de navegação: são os endereços URL z clique + SHIFT - abre o link em uma nova janela;
acessados pelo navegador em modo normal de z clique + ALT - faz download do arquivo indicado
navegação; pelo link.
z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos
arquivos acessados durante a navegação; CONCEITOS DE URL
z Pop-up: janela exibida durante a navegação para
funcionalidades adicionais ou propaganda;
Na Internet, as informações (dados) são arma-
z Atualizar página: acessar as informações armaze-
zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
nadas na cópia local (cache);
servidores são computadores, que utilizam pastas ou
z Recarregar página: acessar novamente as infor-
diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao
mações no servidor, ignorando as informações
acessarmos uma informação na Internet, estamos
armazenadas nos arquivos temporários; acessando um arquivo. Mas como é a identificação
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet deste arquivo? Como acessamos estas informações?
no formato PDF podem ser visualizados direta- Por meio de um endereço URL.
mente no navegador de Internet, sem a necessida- O endereço URL (Uniform Resource Locator) que
de de programas adicionais. define o endereço de um recurso na rede. Na sua tra-
dução literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e
Recursos de Sites, Combinados com os Navegadores possui a seguinte sintaxe:
de Internet
protocolo://máquina/caminho/recurso
z Cookies: arquivos de texto transferidos do ser-
vidor para o navegador, com informações sobre z “protocolo” é a especificação do padrão de comu-
as preferências do usuário. Eles não são vírus de nicação que será usado na transferência de dados.
computador, pois códigos maliciosos não podem Poderá ser http (Hyper Text Transfer Protocol –
infectar arquivos de texto sem formatação; protocolo de transferência de hipertexto), ou https
z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS, (Hyper Text Transfer Protocol Secure – protocolo
o navegador receberá atualizações para a página seguro de transferência de hipertexto), ou ftp (File
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre Transfer Protocolo – protocolo de transferência de
sites para troca de conteúdo; arquivos), entre outros;
z Certificado digital: os navegadores podem utili- z “://” faz parte do endereço URL para identificar
zar chaves de criptografia com mais de 1024 bits, que é um endereço na rede e não um endereço
ou seja, aceitam certificados digitais para valida- local como “/” no Linux ou “:\” no Windows;
ção de conexões e transferências com criptografia z “máquina” é o nome do servidor que armazena a
250 e segurança; informação que desejamos acessar;
z “caminho” são as pastas e diretórios onde o arqui- porta: 5012
vo está armazenado; caminho: /owa/
z “recurso” é o nome do arquivo que desejamos
acessar. recurso: hotmail
querystring: path=/mail/inbox
Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas fragmento: open
características.
Dica
O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet O protocolo https é o mais questionado em pro-
e Intranet, como em Transferência de dados e vas de concursos públicos. Implementa seguran-
arquivos, como em Segurança da Informação. ça na conexão, possibilitando a troca de dados
segura entre o cliente e o servidor.
z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de trans-
ferência de arquivos: SITES
Opera com duas portas TCP, uma para dados Os sites, como observado, são localizações na rede.
(20) e outra para comandos (21); Um site pode armazenar um conjunto de domínios
ou pastas ou arquivos. A primeira página de um site é
Transfere qualquer tipo de informação;
o seu índice (index.html, index.php, home.asp etc) e a
Pode transferir em modo byte a byte (arquivos partir dela poderemos acessar as outras informações
de textos) ou bit a bit (arquivos executáveis); armazenadas.
Os navegadores de Internet possuem suporte É possível acessar diretamente uma informação,
252 para acesso aos servidores FTP; digitando o seu endereço na Barra de Endereços.
Os recursos de sites acessados pelo usuário serão não está disponível no site de origem (como vídeos,
armazenados em uma lista, no computador local, por exemplo).
chamada Histórico. Podemos excluir todo o histórico Os arquivos temporários aceitam o sinal de inter-
através das opções de Internet existentes no menu/ rogação no nome, porque na simbologia dos servi-
função Ferramentas dos navegadores, ou evitar o seu dores, o sinal de interrogação indica que é um item
registro, utilizando o modo anônimo de navegação temporário, que em breve será excluído.
(Navegação InPrivate).
Os nomes entre os navegadores mudam um pou- Favoritos
co, mas o princípio de funcionamento é semelhan-
te. Outra diferença é o atalho de teclado associado. São os links de páginas que o usuário adicionou
Confira: em seu bookmarks, dentro de seu navegador web. As
informações de favoritos produzem arquivos LNK
z Internet Explorer: Navegação InPrivate (Ctrl+Shift+P) (links, atalhos), armazenados na pasta Favoritos, do
computador local, do usuário.
Arquivo Editar Exibir FavoritosFerramentas Ajuda Os itens existentes em Favoritos não estão disponí-
Excluir Histórico de Navegação Ctrl+Shift+Del veis em modo off-line, somente quando conectados à
Navegação InPrivate Ctrl+Shift+P
Internet, sujeito à disponibilidade do recurso no servi-
dor. Páginas dinâmicas (como o Mural de Recados do
z Mozilla Firefox: Nova janela privativa (Ctrl+Shift+P) Facebook), não serão adicionadas corretamente aos
Favoritos, gerando erro no acesso.
No menu Ferramentas, Opções de Internet, guia
Geral, Excluir Histórico de Navegação, o navegador
sugere manter os dados relacionados aos sites Favori-
tos, como cookies e arquivos temporários da Internet
que estejam associados, agilizando a navegação do
usuário nos sites
Para adicionar a página atual, teclar CTRL+D. Para
verificar os itens existentes, teclar CTRL+B.
Histórico de Navegação
z Google Chrome: Nova janela anônima (Ctrl+Shift+N) Os recursos de sites acessados pelo usuário serão
armazenados em uma lista, no computador local,
chamada Histórico. Podemos excluir todo o histórico
através das opções de Internet existentes no menu/
Nova guia Ctrl+T
função Ferramentas dos navegadores, ou evitar o seu
Nova janela Ctrl+N registro, utilizando o modo anônimo de navegação
Nova janela anônima Ctrl+Shift+N (incógnito).
z Microsoft Edge: Nova janela InPrivate (Ctrl+Shift+N) z Internet Explorer: Navegação InPrivate
IMPRESSÃO DE PÁGINAS
Importante!
Entre os tópicos do edital, este é um dos recursos
menos questionados. De acordo com a impres-
sora que o usuário possui, alguns recursos adi-
cionais poderão aparecer na caixa de diálogo
Configurar Página, do Internet Explorer
de impressão, acionada pelo atalho de teclado
A configuração da página do Internet Explorer Ctrl+P.
para impressão está dividida nas configurações para
Opções do papel, Margens, Cabeçalhos e Rodapé. PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK
Possuem três partes (semelhante ao Microsoft Excel), EXPRESS E MOZILLA THUNDERBIRD)
sendo esquerda, centro e direita. Em cada local é pos-
sível incluir uma informação (e personalizar a fonte
O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma
utilizada).
forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
O Mozilla Firefox não possui uma tela própria para
que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
impressão, e utiliza a mesma janela do sistema opera-
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
cional instalado no computador.
disponível até ela ser acessada novamente.
O correio eletrônico (popularmente conhecido
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
e se mantém usual até os dias de hoje.
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
Formas de Acesso ao Correio Eletrônico Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP
Remetente Destinatário
Cliente
Webmail
FORMA DE
CARACTERÍSTICAS Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
ACESSO
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
Protocolo SMTP para enviar mensa- (Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail,
gens e POP3 para receber. As men- e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
os e-mails recebidos.
Cliente de E-mail sagens são transferidas do servidor
para o cliente e são apagadas da cai-
xa de mensagens remota USO DO CORREIO ELETRÔNICO
Protocolo IMAP4 para enviar e para Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o
receber mensagens. As mensagens usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço
Webmail são copiadas do servidor para a jane-
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial-
la do navegador e são mantidas na
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali-
caixa de mensagens remota
zada na RFC5322. 255
Dica O e-mail pode ser enviado para vários destinatários,
porém o remetente é somente um endereço, o endereço
RFC é Request for Comments, um documento
do usuário que envio a mensagem de correio eletrônico.
de texto colaborativo que descreve os padrões
Conheça estes elementos na criação de uma nova
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
mensagem de e-mail.
usado nas redes de computadores.
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico CAMPO CARACTERÍSTICAS
também possui o seu formato. Identifica o usuário que está enviando
Existem bancas organizadoras que consideram o a mensagem eletrônica, o remetente.
formato reduzido usuário@provedor no enunciado FROM (De)
É preenchido automaticamente pelo
das questões, ao invés do formato detalhado usuá- sistema
rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
Identifica o (primeiro) destinatário da
mensagem. Poderão ser especifica-
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – dos vários endereços de destinatários
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS nesse campo e serão separados por
TO (Para)
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS vírgula ou ponto e vírgula (segundo o
serviço). Todos que receberem a men-
Antes do símbolo de @, identifica um sagem conhecerão os outros destina-
Usuário
único usuário no serviço de e-mail tários informados nesse campo
Significa AT (lê-se “em” ou “no”) e é Identifica os destinatários da men-
usado para separar a parte esquerda, sagem que receberão uma cópia do
@ que identifica o usuário, da parte a CC e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
sua direita, que identifica o provedor (com cópia ou Copy (cópia carbono)
do serviço de mensagens eletrônicas cópia carbono) Todos que receberem a mensagem
conhecerão os outros destinatários
Imediatamente após o símbolo de @, informados nesse campo
identifica a empresa ou provedor que ar-
Nome do Identifica os destinatários da men-
mazena o serviço de e-mail (o servidor
domínio BCC sagem que receberão uma cópia do
de e-mail executa softwares como o Mi-
crosoft Exchange Server por exemplo) (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind
cópia oculta ou Carbon Copy (cópia carbono oculta).
Identifica o tipo de provedor, por cópia carbono Todos que receberem a mensagem
exemplo: COM (comercial), .EDU (edu- oculta) não conhecerão os destinatários in-
cacional), REC (entretenimento), GOV formados nesse campo
Categoria do
(governo), ORG (organização não go-
domínio SUBJECT Identifica o conteúdo ou título da
vernamental) etc., de acordo com as
definições de Domínios de Primeiro (assunto) mensagem. É um campo opcional
Nível (DPN) na Internet Anexar Arquivo: Identifica o(s) arqui-
vo(s) que está(ão) sendo enviado(s)
Informação que poderá ser omitida, ATTACH junto com a mensagem. Existem res-
quando o serviço está registrado nos (anexo) trições quanto ao tamanho do anexo e
Estados Unidos. O país é informado por
País tipo (executáveis são bloqueados pelos
duas letras, como: BR, Brasil; AR; Argen-
webmails). Não são enviadas pastas
tina; JP; Japão; CN; China; CO; Colômbia;
etc. O conteúdo da mensagem de e-mail
Mensagem poderá ter uma assinatura associada
inserida no final
Quando o símbolo @ é usado no início, antes do
nome do usuário, identifica uma conta em rede social.
Para o endereço URL do Instagram: https://www.ins- As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou
tagram.com/novaconcursos/, o nome do usuário é @ salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
novaconcursos. trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
Preparo e Envio de Mensagens recebidas, lidas e não lidas.
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen- tivamente enviadas.
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
da mensagem, entre outros. apagadas.
Para enviar a mensagem, é preciso que exista A pasta Rascunho contém as mensagens salvas e
um destinatário informado em um dos campos de não enviadas.
destinatários. A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
Se um destinatário informado não existir no servi- o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida. ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece- ocorre quando enviamos uma mensagem no app
ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet.
o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado, A mensagem permanece com um ícone de relógio,
256 a mensagem tentará ser entregue depois. enquanto não for enviada.
Dica mensagem que está como texto sem formatação, ape-
nas se anexar o arquivo da imagem no e-mail.
Quando estamos conectados em uma conexão
Quando o e-mail é enviado como texto formatado
de Internet do tipo banda larga, a velocidade de
(HTML), uma imagem poderá ser enviada como anexo
acesso é tão rápida que nem vemos a mensa-
ou inserida dentro do corpo do e-mail.
gem passar pela Caixa de Saída. Porém, ao clicar
em Enviar, a mensagem vai primeiro para a Caixa Outras Operações com o Correio Eletrônico
de Saída, e depois de enviada, é armazenada na
pasta de Itens Enviados. O usuário poderá sinalizar a mensagem, tanto as
mensagens recebidas como as mensagens enviadas.
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são Ele poderá solicitar confirmação de entrega e confir-
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo. mação de leitura. A mensagem recebida poderá ser
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails impressa, visualizar o código fonte ou ignorar mensa-
não solicitados, que geralmente são enviados para gens de um remetente.
um grande número de pessoas. Quando o conteúdo Confira a seguir as operações ‘extras’ para o uso do
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial lismo, facilitando a organização do usuário.
E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas mensa-
gens são marcadas pelo filtro AntiSpam, e procuram
Ação e Características
identificar mensagens enviadas para muitos destina-
tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para
z Marcar como não lida: uma mensagem lida
o usuário.
poderá ser marcada como mensagem não lida;
z Alta prioridade: quando marca a mensagem
Anexação de Arquivos
como Alta Prioridade, o destinatário verá um pon-
to de exclamação vermelho no destaque do título;
Os anexos são arquivos enviados com as mensa-
z Baixa prioridade: quando o remetente marca a
gens de correio eletrônico. Vale lembrar que não é
mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
possível enviar uma pasta de arquivos.
Cada serviço de e-mail possui um limite para o verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
tamanho máximo dos anexos. Quando o usuário pre- taque do título;
cisar transferir arquivos muito grandes, pode utili- z Imprimir mensagem: o programa de e-mail ou
zar algum serviço de armazenamento de dados na navegador de Internet prepara a mensagem para
nuvem, como o Google Drive, o Microsoft OneDrive, ou ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
o WeTransfer (site para envio de arquivos com tama- ção do e-mail;
nho de até 2 GB). z Ver código fonte da mensagem: as mensagens
Para enviar muitos arquivos como anexo, é possível possuem um cabeçalho com informações técnicas
compactar os arquivos em uma pasta compactada. A sobre o e-mail, e o usuário poderá visualizar elas;
pasta compactada é um recurso do sistema operacional z Ignorar: disponível no cliente de e-mail e em
Windows, para criação de um arquivo com extensão alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as
ZIP, que pode conter arquivos e pastas. Ao compactar próximas mensagens recebidas do mesmo reme-
arquivos, o tamanho de cada item costuma reduzir, e tente serão excluídas imediatamente ao serem
o arquivo ZIP, compatível com o sistema operacional armazenadas na Caixa de Entrada;
Windows, poderá ser anexado de uma vez, sem preci- z Lixo Eletrônico: sinalizador que move a mensa-
sar repetir o procedimento arquivo por arquivo. gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
Além da opção Anexar Arquivo, o cliente de e-mail eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
oferece o recurso Anexar Item. Com o Anexar Item, o mensagens recebidas daquele remetente;
usuário poderá adicionar outra mensagem de e-mail z Tentativa de Phishing: sinalizador que move a
que recebeu, cartões de visita, anexar contatos, com- mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
promissos do calendário de reuniões etc. serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
estar enviando links maliciosos que tentam captu-
rar dados dos usuários;
z Confirmação de Entrega: o servidor de e-mails do
Anexar Anexar Assinatura Atribuir
destinatário envia uma confirmação de entrega,
Arquivo Item ▾ Política informando que a mensagem foi entregue na Cai-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
COMPUTAÇÃO NAS
NUVENS Fornece Consome
Provedor Plataforma como um Serviço Desenvolvedor
Enviado para um serviço na PaaS
Entrada de Dados Fornece Suporta Consome
rede
Intranet
Intranet
Extranet
Conexão segura
Figura 4. A Extranet é uma conexão segura através de um ambiente inseguro (Internet) para redes internas protegidas (Intranet).
É importante destarcar que, toda Intranet é uma LAN, mas nem toda LAN é uma Intranet.
Por que usar uma VPN?
Porque é importante e necessário. A Internet é a rede mundial de computadores, que conecta diversos disposi-
tivos entre si, utilizando uma estrutura pública e insegura oferecida pelos governos e operadoras de telefonia. O
acesso à Internet é oferecido para todos e, por isso, usuários mal intencionados conseguem interceptar a comuni-
cação de outros usuários, monitorando o tráfego de dados e roubando informações.
Com uma VPN estabelecida entre os dispositivos, o risco na transmissão é muito pequeno. Lembrando que
nada é 100% seguro em Informática, independentemente da quantidade de sistemas e proteções implementadas.
Conexão
Usuário remoto insegura
Empresa
Internet
Figura 5. Usuários mal intencionados procuram “escutar” uma conexão insegura em busca de dados que possam comprometer a privacidade do
usuário ou empresa.
As empresas utilizam softwares de terceiros para estabelecer a conexão segura entre os dispositivos de seus colabo-
radores. Existem vários softwares que possibilitam a conexão segura, como a Área de Trabalho Remota (Windows) e
soluções de empresas de segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe, TeamViewer, LogMeIn etc).
Os protocolos são padrões de comunicação. Para estabelecer uma conexão segura, protocolos seguros serão usa-
dos, criando um túnel seguro entre o emissor e o receptor, por meio de um ambiente vulnerável. Eles procuram
encapsular os dados transmitidos, para que, em caso de monitoramento, a leitura do conteúdo torne-se impossível,
uma vez que os dados se tornam criptografados.
Conexão Conexão
segura segura
Usuário remoto Internet Empresa
Figura 6. Usuários mal-intencionados não conseguem monitorar o conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo seguro.
270
TIPO DE VPN CARACTERÍSTICA
� Dois roteadores estabelecem uma conexão segura para a troca de dados, sen-
do que um deles opera como cliente VPN e o outro, como servidor VPN
� É o modelo mais usado no âmbito empresarial, para conectar com segurança
VPN site a site a rede interna de uma filial com a rede interna de uma matriz
� Serão várias conexões (filial), acessando um servidor remoto que aceita várias
conexões (matriz)
� Também conhecida como VPN LAN to LAN
Protocolos
Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o
cliente de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o
cliente acessa as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados, utilizando-se de chaves e certificados digitais para a garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas:
Dica
Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.
Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital.
A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança, utilizando
protocolos seguros, para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão.
Programas
Após conhecer as definições de uma VPN e os protocolos que podem ser utilizados, é comum surgir uma dúvida:
quais são os programas que usamos para transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN? 271
A resposta é: depende. Cada dispositivo possui um sistema operacional e, de acordo com a origem (cliente) e o
destino (servidor), existem programas mais adequados para cada cenário.
A utilização de um software de VPN, a fim de acessar a rede interna de uma organização (no modelo VPN client
to site), implementa segurança aos dados trafegados na forma de criptografia, para garantir a autenticidade e a
integridade das conexões. No entanto, onde a VPN será “iniciada”?
Nas redes de computadores, o firewall é um item especialmente importante em relação à segurança da infor-
mação. Ele é um filtro de portas TCP, que permite ou bloqueia o tráfego de dados. Logo, se uma conexão deseja
enviar e receber dados, precisa ter a porta correspondente liberada, em ambos os lados, tanto no cliente como no
servidor.
Se existe um firewall na rede, a VPN poderá ser instalada (e configurada) no firewall (mais comum), em frente
ao firewall (para autenticar o que está chegando), atrás do firewall (para autenticar o que chegou), paralelamente
ao firewall (para acompanhar o envio e recebimento dos pacotes) ou na interface dedicada do firewall (na conexão
VPN site to site, para atender a vários dispositivos da rede).
No Windows 10, a definição da VPN poderá ser realizada por meio da Central de Ações (atalho de teclado
Windows + A) ou em Configurações, Rede e Internet, VPN. O acesso Home Office é um tipo de conexão externa que
deverá utilizar uma VPN, para proteger os dados trafegados com o uso de criptografia implementada por proto-
colos seguros.
Sabe-se que ameaças e riscos de segurança estão presentes no mundo virtual. Assim como existem pessoas
boas e más no mundo real, existem usuários com boas ou más intenções no mundo virtual.
Os criminosos virtuais são genericamente denominados como hackers, porém o termo mais adequado seria
cracker. Um hacker é um usuário que possui muitos conhecimentos sobre tecnologia, podendo ser nomeado como
White Hat – hacker ético que usa suas habilidades com propósitos éticos e legais –, Gray Hat – aquele que comete
crimes, mas sem ganho pessoal (geralmente, para exposição de falhas nos sistemas) – e Black Hat – aquele que
viola a segurança dos sistemas para obtenção de ganhos pessoais.
Amadores ou inexperientes, profissionais ou experientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes ao uso
dos recursos computacionais. São riscos de segurança digital:
Devido à crescente integração entre as redes de comunicação, conexão com novos e inusitados dispositivos
(IoT – Internet das Coisas) e criminosos com acesso de qualquer lugar do mundo, as redes de informações torna-
ram-se particularmente difíceis de se proteger. Profissionais altamente qualificados são formados e contratados
pelas empresas com a única função de proteger os sistemas informatizados.
Em concursos públicos, as ameaças e os ataques são os itens mais questionados.
Dica
Você conhece a Cartilha de Segurança CERT? Disponível gratuitamente na Internet, ela é a fonte oficial de
informações sobre ameaças, ataques, defesas e segurança digital. Ela pode ser acessada pelo link: <https://
cartilha.cert.br/>. (Acesso em: 13 nov. 2020).
Ameaças
As ameaças são identificadas como aquelas que possuem potencial para comprometer a oferta ou existência
dos ativos computacionais, tais como: informações, processos e sistemas. Um ransomware – software que seques-
tra dados, utilizando-se de criptografia e solicita o pagamento de resgate para a liberação das informações seques-
tradas – é um exemplo de ameaça.
É importante entender que, apesar de a ameaça existir, se não ocorrer uma ação deliberada para sua execução
ou se medidas de proteção forem implementadas, ela é eliminada e não se torna um ataque. As ameaças à segu-
rança da informação podem ser classificadas como:
� Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão ou tecnologia, sem a devida atualização ou upgrade;
z Humanas: intencionais ou acidentais, que exploram vulnerabilidades nos sistemas;
272 z Naturais: não intencionais, relacionadas ao ambiente, como as catástrofes naturais.
As empresas precisam fazer uma avaliação das existirem no organismo, menor será o seu desempe-
ameaças que possam causar danos ao ambiente com- nho, fazendo com que recursos vitais sejam consumi-
putacional dela mesma (Gerenciamento de Risco), dos, podendo levar o hospedeiro à morte.
implementar sistemas de autenticação (Controlar o O vírus de computador é um código malicioso que
Acesso), definir os requisitos de senha forte (Política de infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo
Segurança), manter um inventário e realizar o rastrea- é executado, o código do vírus é duplicado, propagan-
mento de todos os ativos (Gerenciamento de Recursos), do-se para outros arquivos do computador. Quanto
além de utilizar sistemas de backup e restauração de mais vírus existirem no dispositivo, menor será o seu
dados (Gerenciamento de Continuidade de Negócios). desempenho, fazendo com que recursos computacio-
nais sejam consumidos, podendo levar o hospedeiro a
Falhas uma falha catastrófica.
As falhas de segurança nos sistemas de informação 1. E-mail com vírus de computador é enviado para o usuário
poderão ser propositais ou involuntárias. Se o progra-
mador insere, no código do sistema, uma falha que
produza danos ou permita o acesso sem autentica-
ção, temos um exemplo de falha proposital. Já se uma
falha for descoberta após a implantação do sistema,
sem que tenha sido uma falha proposital, e tenha sido
explorada por invasores, temos um exemplo de falha E-mail com vírus Usuário Arquivo
involuntária, inerente ao sistema.
Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas
empresas que desenvolveram o sistema por meio da 2. E-mail é aberto e o arquivo anexo infectado é executado.
distribuição de notificações e correções de segurança.
O Windows Update, serviço da Microsoft para atuali-
zação do Windows, distribui, mensalmente, os patches
(pacotes) de correções de falhas de segurança.
Ataques
E-mail com vírus Usuário Arquivo
Sem dúvidas, o assunto de maior destaque, tanto
em concursos como no mundo real, são os ataques.
3. O código do vírus é copiado para arquivos do computador
Coordenados ou isolados, os ataques procuram rom-
per as barreiras de segurança definidas na Política de
Segurança, com o objetivo de anular o sistema ou cap-
turar dados.
Os ataques podem ser classificados como:
Ataques na rede que simulam tráfe- 2. O link direciona o usuário para um site falso
go acima do normal com pacotes de
Negação de dados formatados incorretamente,
Serviço fazendo o servidor remoto ocupar-
-se com os pedidos e erros, negando
acesso para outros usuários
Usuário
Antivírus
Usuário Arquivo
Usuário Arquivo
277
3. Ele compara o código com sua base de assinaturas 2. O arquivo será isolado e uma cópia enviada para
análise pelo fabricante do software antivírus
= Quarentena
Usuário Arquivo =
Usuário
4. Ele poderá eliminar o vírus, isolar ou excluir o arquivo
Fabricante
Arquivo Arquivo
= desinfectado excluído
Windows Defender
Usuário Quarentena
Em concursos públicos, as soluções de antivírus de
Quando o antivírus encontra um código malicioso terceiros, como Avast, AVG, Avira e Kaspersky rara-
em algum arquivo, que tenha correspondência com a mente são questionadas. Nós as usamos em nosso dia
base de assinaturas de vírus, ele poderá: a dia, mas, em provas de concursos, as bancas traba-
lham com as configurações padrões dos programas.
z Remover o vírus que infecta o arquivo;
O Windows 10 possui uma solução integrada de
z Criptografar o arquivo infectado e mantê-lo na
proteção, que é o Windows Defender. Na época do
pasta Quarentena, isolado;
Windows 7, a Microsoft adquiriu e disponibilizou o
z Excluir o arquivo infectado.
programa Microsoft Security Essentials como antiví-
Assim, o antivírus poderá proteger o dispositivo rus padrão do sistema operacional.
através de três métodos de detecção: assinatura dos A seguir, foi desenvolvida a solução Windows Defen-
vírus conhecidos, verificação heurística e comporta- der, para detecção e remoção de outros códigos mali-
mento do código malicioso quando é executado. ciosos, como os worms e Cavalos de Troia. Além disso, o
O que fazer quando o código malicioso do vírus Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de cone-
não está na base de assinaturas? xões para impedir ataques oriundos das redes conectadas.
A base de assinaturas é atualizada pelo fabricante No Windows 10, o Windows Defender faz a detec-
do antivírus, com as informações conhecidas dos vírus ção de vírus de computador, códigos maliciosos e
detectados. Entretanto, novos vírus são criados diaria- opera o firewall do sistema operacional, impedindo
mente. Para a detecção desses novos códigos malicio- ataques e invasões.
sos, os programas oferecem a Análise Heurística.
Firewall
z Análise Heurística
O firewall é um filtro de conexões que poderá ser
O software antivírus poderá analisar os arquivos do um software, instalado em cada dispositivo, ou um
dispositivo através de outros parâmetros, além da base hardware, instalado na conexão da rede, protegendo
de assinaturas de vírus conhecidos, para encontrar novos todos os dispositivos da rede interna. O sistema opera-
códigos maliciosos que ainda não foram identificados. cional disponibiliza um firewall pré-configurado com
Se o código enviado para análise for comprovada- regras úteis para a maioria dos usuários.
mente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na A maioria das portas comuns estão liberadas e a
base de vírus conhecidos. Assim, na próxima atualiza- maioria das portas específicas estão bloqueadas.
ção do antivírus, todos poderão reconhecer e remover
o novo código descoberto.
Usuário
= .
Figura 13. O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes
Usuário Arquivo
O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, por-
tanto ele permite que códigos maliciosos, como os
vírus de computadores, infectem o computador ao
chegarem como anexos de uma mensagem de e-mail.
O usuário deve executar um antivírus e antispyware
nos anexos antes de executá-los.
278
Worm Malware
E-mail com vírus E-mail com vírus
Propagação Malware
de worm
Firewall Antivírus Antispyware Atualizações Senha forte
Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede
os ataques provenientes da rede. Figura 17. Para proteção: firewall ativado, antivírus atualizado e
ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares
instaladas e uso de senha forte.
O firewall não é um antivírus e nem um antispy-
ware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas
portas TCP do dispositivo. Sendo assim, sua utilização UTM
não dispensa o uso de outras ferramentas de seguran-
ça, como o antivírus e o antispyware. Unified Threat Management (UTM), ou “Gerenciamen-
to Unificado de Ameaças”, são soluções abrangentes que
integram diferentes mecanismos de proteção em apenas
Importante! um programa. Elas realizam, em tempo real, a filtragem
de códigos acessados, otimizam o tráfego de dados nas
O firewall não é um antivírus, mas ele impede um conexões, controlam a execução das aplicações, protegem
ataque de vírus. Ele impedirá, por ser um ataque o dispositivo com um firewall, estabelecem uma conexão
e, não, por ser um vírus. VPN segura para navegação e entregam relatórios de fácil
compreensão para o usuário.
Da mesma forma que existe a solução antivírus Quando o ataque é direcionado ao e-mail e nave-
contra vírus de computadores, existe uma solução gador de Internet, os filtros antispam e filtros anti-
que procura detectar, impedir a propagação e remo- phishing atendem aos requisitos de proteção. Se o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ver os códigos maliciosos que não necessitam de um ataque chega disfarçado, medidas de prevenção
hospedeiro. devem ser adotadas, como:
Genericamente, malware é um software malicioso.
Genericamente, spyware é um software espião. Assim, z Nunca fornecer informações confidenciais ou
quando os softwares maliciosos ganharam destaque secretas por e-mail;
e relevância para os usuários dos sistemas operacio- z Resistir à tentação de cliques em links das
nais, os spywares ganharam destaque. Comercialmen- mensagens;
te, tornou-se interessante nomear a solução como z Observar os downloads automáticos ou não iniciados;
antispyware. z Dentro das políticas de segurança para os funcio-
Na prática, um antispyware, ou um antimalware, nários, destacar que não se deve submeter à pres-
detecta e remove vários tipos de pragas digitais. são de pessoas desconhecidas.
O Backup é a cópia de segurança dos dados do Atualmente, o usuário dispõe de recursos que rea-
usuário. lizam o backup na nuvem diretamente, sem sua inter-
Neste tópico estudaremos sobre as ferramentas do sis- ferência no dia a dia. No smartphone Android, com a
tema operacional para proteção dos dados, a fim de com- Conta Google, podemos autorizar a sincronização das
preender que cada uma possui um objetivo específico. imagens e vídeos da câmera diretamente no Google
As cópias de segurança ganharam destaque nos Fotos. No smartphone iOS, com a Conta iCloud, pode-
últimos anos, devido aos ataques de ransomware. mos autorizar a sincronização das imagens e vídeos
Como o código malicioso reage às tentativas de aces- da câmera diretamente no Apple iCloud. E outras solu-
sos aos arquivos criptografados, as cópias de seguran- ções, como o Google Drive, Microsoft OneDrive e Dro-
ça, ao serem restauradas, recuperam os arquivos sem pbox poderão fazer a cópia de segurança na nuvem dos
alertar o atacante, prejudicando ainda mais o que já arquivos gravados na respectiva pasta do dispositivo.
foi comprometido. Entretanto, esta modalidade de backup na nuvem
Ransomware é um ataque que criptografa os não é, exatamente, uma cópia de segurança, mas
arquivos e as unidades do dispositivo do usuário, soli- apenas uma replicação (duplicação) de dados. Se os
citando o pagamento de um resgate para a liberação dados forem corrompidos ou criptografados por um
da chave de descriptografia. O usuário pode receber ransomware, corre-se o risco de ter as cópias “limpas”
sobrepostas pelas cópias infectadas com o malware.
um arquivo com o código malicioso por meio do cor-
Os sistemas de sincronização de dados, como o Dro-
reio eletrônico ou redes sociais e, após a execução do
pbox, OneDrive e Drive permitem o gerenciamento do
arquivo, seus dados serão totalmente ou parcialmente
histórico de versões, possibilitando a recuperação de
criptografados. Alguns códigos ransomware criptogra-
arquivos anteriores à última atualização de sincronização.
fam apenas o início dos arquivos, tornando-os ina- Em concursos públicos, são questionados os tipos de
cessíveis. A técnica é usada para que o sequestro dos backup “clássicos”: completo, incremental e diferencial.
dados seja realizado de forma extremamente rápida, Cada um deles possui suas vantagens e desvanta-
evitando que alguma ação ou reação do usuário inter- gens, as quais veremos a seguir.
rompa o processo de criptografia em andamento. As empresas costumam operar diferentes tipos de
backup, de acordo com suas necessidades de aplica-
RECUPERAÇÃO USO ções, disponibilidade, segurança e velocidade de aces-
Criado como disco so às informações copiadas.
de inicialização, A manutenção de cópias de segurança redundan-
Arquivos da permite iniciar o tes de arquivos importantes é recomendável. Ou seja,
INICIALIZAÇÃO
inicialização do Windows quando os
DO SISTEMA para os arquivos mais importantes, ter duas ou mais
Windows arquivos essenciais
do boot forem
cópias do mesmo backup é uma atitude correta, crian-
danificados do redundâncias. Se uma das cópias falhar, ou for
Retorna o Windows
comprometida, a outra cópia redundante poderá ser
Recupera arquivos para suas usada para recuperação dos dados.
alterados, configurações
REPARAÇÃO
danificados ou originais, sem os Backup Completo (ou Full)
DO SISTEMA
excluídos do sistema programas que
operacional foram instalados O Backup Completo ou Full é aquele no qual
280 posteriormente todos os arquivos são copiados para outro local de
armazenamento. A vantagem desse tipo de backup é a reprodução fiel e completa de todas as informações do
ambiente, possibilitando a restauração dos dados de forma contínua e imediata.
Entretanto, sua desvantagem é a quantidade de espaço de armazenamento necessário para os dados, além do tem-
po para conclusão do procedimento de cópia. Em sistemas críticos, que operam com banco de dados e acesso 24 horas
(como uma loja virtual de marketplace, as lojas Americanas), o backup completo poderia copiar dados que estariam
desatualizados alguns minutos depois, por não poder paralisar o sistema para que a cópia de segurança seja realizada.
1 TB
Se acontecer um problema no sábado, por exemplo, bastaria pegar o backup completo da sexta-feira e pronto:
arquivos restaurados!
Se o backup completo for realizado em mídias “convencionais”, provavelmente, será necessário que o usuário
troque as mídias quando elas estiverem totalmente ocupadas. Já se o backup completo for realizado dentro da
rede de dados da empresa, o tempo ocupado na conexão poderá atrapalhar o uso de outros recursos pelos usuá-
rios. E se o backup completo for realizado na nuvem (Internet), o tempo de uso da conexão de Internet poderá
atrapalhar o acesso à rede mundial pelos usuários.
Portanto, o backup completo deve ser realizado em horários de menos utilização dos recursos da rede da
empresa, para otimizar sua operação e não atrapalhar os demais sistemas.
O tempo de vida do backup completo dependerá da Política de Segurança da Informação (PSI) definido pela empresa.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Backup Incremental
Como o backup completo, realizado todos os dias demanda uma grande quantidade de espaço para armazena-
mento ou conexão da rede/Internet, uma alternativa é o backup Incremental.
Neste tipo de backup, serão copiados os dados que foram alterados desde o último backup incremental. Como
a quantidade de dados alterados pode variar de um período para outro, a quantidade de espaço reservado para
as cópias de segurança do tipo incremental será menor, comparado ao backup completo.
Iniciando com um backup completo, as alterações que forem observadas nos dados, em comparação com a
cópia completa, serão adicionadas na cópia incremental.
1 TB
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Completo
VANTAGENS DESVANTAGENS
Backup Diferencial
1 TB
Completo
Se ocorrer um problema no sábado, por exemplo, basta usar o backup completo e o último backup diferencial
disponível. Entretanto, se o último backup diferencial disponível estiver com problemas nos dados da segunda-fei-
ra, basta resgatar em uma das outras cópias (terça, quarta ou quinta) a parte faltante.
VANTAGENS DESVANTAGENS
As questões de concursos costumam questionar o backup dentro de algumas diretrizes: tipos, vantagens, des-
vantagens, custo, desempenho e disponibilidade.
VANTAGENS DESVANTAGENS
� Reprodução fiel e completa
COMPLETO � Maior espaço de armazenamento
� Recuperação rápida em caso de desastres
� Maior tempo ocupado com backup
(restauração total)
A escolha pelo modelo de backup ideal costuma considerar o custo, o desempenho e a disponibilidade. Portan-
to, além dos modelos básicos que caem em todas as provas de concursos, outras soluções são desenvolvidas pelas
empresas de tecnologia.
Existem soluções, no mercado, que combinam os modelos de backup “básicos”, oferecendo produtos
personalizados.
z Backup incremental contínuo: combina a ideia de um backup completo com atualizações semelhantes ao
backup diferencial, permitindo a recuperação com a última cópia incremental contínua;
z Backup completo sintético: combina um backup completo com cópias incrementais subsequentes, focando
nas alterações para reduzir a carga de trabalho dos servidores e a ocupação da banda da conexão de rede;
z Backup de espelhamento (o modelo de cópia do Dropbox, Microsoft OneDrive, Google Drive e Apple
iCloud é assim): tudo o que for realizado no original (aparelho) será repetido na cópia na nuvem. Se uma foto
é apagada, ela poderá ser apagada da cópia na nuvem simultaneamente;
z Backup local: tanto o dispositivo com o original como o dispositivo com a cópia estão no mesmo local físico;
z Backup externo: comum em pequenas empresas, compreende a situação na qual a cópia dos dados armaze-
nada em um HD externo é levada para a casa do técnico por exemplo;
z Backup FTP: um servidor FTP armazena os arquivos enviados pelo cliente FTP instalado no servidor local.
Opera de forma semelhante a um backup na nuvem.
A cópia de segurança deve ser armazenada em uma mídia protegida contra alterações, preferencialmente, em
um local físico diferente de onde se encontram os arquivos originais.
O armazenamento de dados na nuvem é uma realidade e muitas empresas possuem todas as suas informa-
ções na nuvem ou estão migrando-as para a Internet. A alta disponibilidade e segurança dos serviços contratados
com as provedoras de nuvem torna o investimento mais interessante que a manutenção de sua estrutura local
dedicada.
O gerenciamento de mídias, como fitas, discos rígidos, discos flexíveis e discos ópticos exige um controle pre-
ciso sobre o que está armazenado em cada mídia. Esse controle poderá exigir funcionários e softwares especiali-
zados e, de acordo com o tamanho da empresa, podem aumentar os custos da área de TI de forma significativa.
Portanto, uma das soluções está relacionada com o local onde o armazenamento será realizado, transferindo
das mídias removíveis para computadores remotos e sistemas de armazenamento de dados dedicados. Confira
alguns exemplos figurativos:
z Originais armazenados no servidor A da matriz e backup no servidor B da filial, conectados pela rede interna
e separados fisicamente;
z Originais armazenados no servidor A da matriz e backup no sistema NAS (Network Area Storage) da empresa,
separados fisicamente;
z Originais armazenados no servidor A da matriz e backup na nuvem privada, instalada em uma infraestrutura
contratada como um serviço em algum lugar do mundo literalmente.
MÍDIAS DE BACKUP
Fita
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A fita de armazenamento de dados (ou, atualmente, Fita DAT – Digital Audio Tape) é uma forma de armazena-
mento magnético sequencial, que grava os dados em uma mídia inserida em um leitor/gravador.
Muito usada no passado, em servidores de dados, devido a sua alta capacidade de armazenamento de dados e
velocidade de leitura/gravação, atualmente está obsoleta. Os servidores com discos rígidos oferecem maior prote-
ção às mídias de armazenamento se comparados com as fitas magnéticas removíveis.
As fitas de armazenamento de dados, assim como as fitas cassetes de áudio, populares nos anos 70 e 80, deman-
dam manutenção constante das mídias e de seus leitores. Por serem cobertas por um composto magnético, as
cabeças de leitura e gravação tendem a “sujar” com resíduos deste composto, prejudicando as novas leituras/
gravações se os cabeçotes não forem regularmente limpos.
Devido às demandas de segurança e manutenção, elas começaram a desaparecer no início dos anos 2000.
Atualmente, algumas empresas ainda mantém fitas DAT, mas por outros motivos, especialmente, para a operação
de servidores legados (sistemas abandonados que não são mais atualizados e só oferecem o recurso de cópias de
segurança via fita DAT). 283
particionamento. A formatação consiste em definir o
sistema de arquivos, divisões e endereçamentos para
o armazenamento de dados. O particionamento con-
siste em dividir o disco em divisões lógicas distintas,
que possibilitam reduzir o espaço físico para endere-
çamento e redução do tempo de latência das cabeças
de leitura e gravação (tempo que o sistema permane-
ce parado).
A
C
Figura 4 – fita D2 e DAT comparadas a um smartphone.
B
Disco Rígido
Componente de armazenamento:
2. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Julgue o próximo item, Denomina-se cabo coaxial, em uma rede de comuni-
relativo ao sistema operacional Linux, a redes de com- cação, o tipo de mídia de comunicação que realiza a
putadores e ao programa de navegação Microsoft conexão entre pontos, é imune a ruídos elétricos e é
Edge. responsável pela transmissão de dados com capaci-
dade de largura de banda muito maior do que os pares
O Linux utiliza, em seu terminal, os prompts padroni- trançados.
zados # e $ para, respectivamente, o usuário root e
outros usuários. ( ) CERTO ( ) ERRADO
No Microsoft Word 365, a configuração que impede Em uma comunicação TCP/IP entre dois computa-
que a última linha de um parágrafo apareça na parte dores, não há controle de envio e recebimento de
inferior de uma página é conhecida como Estilo de pacotes, uma vez que esse modelo de transmissão é
parágrafo. considerado não orientado a conexão.
4. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Julgue o seguinte item, 10. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A respeito do navegador
relativos a tecnologias, ferramentas, aplicativos e pro- Firefox, julgue o item a seguir.
cedimentos associados à Internet e intranet.
Caso mais de uma aba esteja aberta no navegador
No Word do Office 365, o recurso controlar alterações é Firefox, é possível encerrar uma delas por meio de cli-
limitado à visualização das alterações realizadas, sem que do mouse ou por meio de atalho com o teclado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
20 CERTO
18. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Julgue o item seguinte, a
respeito de organização e de gerenciamento de arqui-
vos, pastas e programas, dos aplicativos para segu-
rança da informação e dos procedimentos de becape.
288
Conceito Analítico de Crime
z Culpabilidade: Juízo de reprobabilidade formado z Sujeito passivo formal, constante, geral ou gené-
pela: rico: é o Estado;
z Sujeito passivo material, eventual, particular ou
Imputabilidade; acidental: o titular do interesse protegido penal-
Exigibilidade de conduta diversa; mente (pode ser o ser humano, pessoa jurídica, a
Potencial consciência da ilicitude. coletividade ou o Estado).
Estudaremos agora os elementos do crime, de for- É importante salientar que pessoa incapaz pode
ma separada, assim como suas causas de exclusão. ser sujeito passivo do crime (recém-nascido, menor
em idade escolar, portador de deficiência mental etc.).
É possível ser sujeito passivo mesmo antes de nascer,
pois o feto tem direito à vida, bem jurídico protegido
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO pela punição do aborto (arts. 124, 125 e 126, CP). Pes-
soa morta e animais não podem ser sujeitos passivo,
DA INFRAÇÃO PENAL pois não são titulares de direitos (podem ser objetos
materiais; a titularidade é de outros: família, coletivi-
Sujeitos do Crime dade etc.). Aproveitando que mencionamos objeto do
crime, guarde:
Antes de analisarmos os elementos do crime, é
importante fixar alguns conceitos sobre os sujeitos do z Objeto jurídico consiste no bem ou interesse tute-
crime. lado pela norma penal (como vida, patrimônio,
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na nor- honra etc.);
ma penal incriminadora. O crime é uma ação huma- z Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual
na, sendo que apenas o ser humano pode delinquir. recai a conduta criminosa (por exemplo a coisa
Animais e entes inanimados não possuem capacidade móvel, no furto).
Dolo
No entanto, em alguns casos, vão bastar apenas a
conduta e a tipicidade. Isso ocorre nos crimes formais Podemos definir dolo como sendo a vontade de
(que dispensam a ocorrência do resultado, que é mero produzir o resultado típico.
exaurimento; ou ainda, nem o preveem, fazendo com No dolo direito (ou imediato ou determinado)
que seja desnecessário verificar o nexo causal), como existe a intenção do agente de ofender o bem jurídi-
no exemplo a seguir: co. Exemplo: querendo a morte da vítima, o atirador
desfere um tiro fatal.
Já no dolo indireto ou eventual, o sujeito assume
CONDUTA o risco de produzir o resultado.
Exigir que NEXO CAUSAL A diferença relevante está entre o dolo direito e o
se assine Não é RESULTADO eventual. Mas existem outras classificações de dolo,
um contrato necessário Não é
TIPICIDADE sem muita utilidade. Dentre essas, cabe mencionar o
favorável ao necessário Adequação dolo alternativo, que pode aparecer em algum enun-
autor, sob ciado de questão.
entre o fato
ameaça
praticado e a Dolo alternativo configura-se quando o agente
previsão legal: age com indiferença, buscando um resultado ou outro
Art. 158, CP
(não se trata de uma forma independente de dolo).
(Extorsão)
Exemplo de dolo alternativo é o do agente que encon-
tra uma carteira em um banco de praça e a leva para
Conduta casa, pouco se importando se alguém a esqueceu ali
ou é de alguém que se encontra brincado com o filho
A conduta é toda ação ou omissão humana, cons- no parque que fica dentro da praça. Neste caso, pode
ciente e voluntária, dirigida a determinada finalidade. ter praticado o crime de furto (art. 155, CP) ou de apro-
A conduta pode se realizar: priação de coisa achada (inciso II, art. 169, CP).
São elementos do dolo:
z Por uma ação (um fazer, um comportamento
positivo); z Consciência da conduta e do resultado;
z Por uma omissão (um não fazer, uma abstenção). z Consciência da relação causal objetiva entre a
conduta e o resultado;
Existem várias teorias que tratam da definição z Vontade de realizar a conduta e de produzir o
da conduta criminosa; é essencial conhecer a Teoria resultado.
Finalista da Conduta, elaborada por Hans Welzel e Culpa
sobre a qual já mencionamos. Para a teoria finalista,
adotada pelo CP, como vimos, a conduta precisa ser A culpa, por sua vez, não exige a intenção do agen-
ou dolosa ou culposa, ou seja, dolo e culpa, integram te de agredir a norma, mas ele acaba agindo de forma
o Fato Típico (estão dentro da conduta, que é um de descuidada para com o bem jurídico.
seus elementos). No crime culposo, o resultado ilícito não é deseja-
Mas o que são dolo e culpa? do, mas é previsível e poderia ter sido evitado. Deste
Ainda dentro do estudo da conduta, vamos estabe- modo, o agente não deseja o resultado, nem assume
lecer os conceitos de dolo e de culpa, essenciais para o risco de produzi-lo, mas não age com a responsabi-
o entendimento do próprio conceito de crime. Vamos, lidade necessária ao caso. Tal descuido se concretiza
em primeiro lugar, ao Código Penal verificar o que por meio da imprudência, negligência ou imperícia
está disposto sobre o dolo e a culpa. (espécies de culpa, conforme o inciso II, art. 18, CP):
293
Legítima Defesa z Após a reação justa (meio e moderação), por impre-
vidência ou conscientemente continua desneces-
Art. 25 Entende-se em legítima defesa quem, usan- sariamente na ação. Estará agindo com excesso o
do moderadamente dos meios necessários, agente que intensifica demasiada e desnecessaria-
repele injusta agressão, atual ou iminente, a mente a reação inicialmente justificada. O excesso
direito seu ou de outrem. poderá ser doloso ou culposo. O agente responderá
Parágrafo único. Observados os requisitos previs- pela conduta constitutiva do excesso.
tos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que
repele agressão ou risco de agressão a vítima man-
tida refém durante a prática de crimes.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE
Constitui outra causa excludente de ilicitude, des- CULPABILIDADE
ta vez prevista no art. 25, CP. Encontra-se em legítima
defesa aquele que, utilizando os meios necessários As excludentes de culpabilidade podem ser divi-
com moderação, repele injusta agressão, atual ou imi- didas, para fins de estudo, em dois grupos: as que se
nente, a direito seu ou de terceiros. relacionam com o agente e as que dizem respeito ao
Para que se configure, é necessário haver: fato:
Encontra-se na primeira parte, inciso III, art. 23, z Quanto ao fato (legais):
CP. Se o agente atua rigorosamente dentro do imposto
por norma legal, o comportamento não pode ser anti- Coação moral irresistível (art. 22, CP);
jurídico. É o caso do oficial de justiça que, cumprindo Obediência hierárquica (art. 22, CP);
determinação legal, realiza a apreensão de determi- Embriaguez decorrente de caso fortuito ou for-
nado bem de um cidadão. ça maior (§ 1º, art. 28, CP);
Erro de proibição escusável (art. 21, CP);
Exercício Regular de Direito Descriminantes putativas.
Está disposto na segunda parte, inciso III, art. 23,
z Quanto ao fato (supralegais):
CP. Da mesma forma que a anterior, não pode ser ilíci-
ta a conduta daquele que age estritamente exercendo
Inexigibilidade de conduta diversa;
direito seu.
Estado de necessidade exculpante;
Causas Supralegais de Exclusão da Antijuridicidade Excesso exculpante;
Excesso acidental.
Existem condutas consideradas justas pela cons-
ciência social que não se encontram previstas nas Doença Mental
causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
art. 23, CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que o con- Doença mental pode ser conceituada como o qua-
sentimento do ofendido (fora das hipóteses em que o dro de alterações e doenças psíquicas que retiram
dissenso da vítima constitui requisito da figura típi- do indivíduo a faculdade de controlar e comandar a
ca) pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado em própria vontade. Importante esclarecer que a depen-
situação justificante, como é o caso do indivíduo que dência patológica, como a dependência de drogas,
tatua o corpo de outras pessoas, praticando conduta configura doença mental quando retira a capacidade
típica de lesões corporais, que, no entanto, são lícitas de entender ou querer.
se presente o consentimento do ofendido.
Desenvolvimento Mental Incompleto
Excesso Punível
Por desenvolvimento mental incompleto se
Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou entende as limitações na capacidade de compreensão
que está em vias de sofrer, em relação ao meio usado o da ilicitude do fato ou a incapacidade de se autodeter-
agente pode encontrar-se em três situações diferentes: minar de acordo com o entendimento (precário) uma
vez que o sujeito ainda não atingiu maturidade (seja
z Usa-se de um meio moderado e dentro do neces- física ou mental). São causas:
sário para repelir à agressão. Haverá necessaria-
mente o reconhecimento da legítima defesa; z A menoridade: os menores de 18 anos, em razão de
z De maneira consciente, emprega um meio desne- não sofrerem sanção penal pela prática de ilícito
cessário ou usa imoderadamente o meio necessá- penal, em decorrência da ausência de culpabilida-
rio. A legítima defesa fica afastada se for excluído de, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio
294 um dos seus requisitos essenciais; educativos prevista no ECA;
z Características pessoais do agente, como a falta de z Consequencial: perda total da capacidade de
convivência social (surdo que ainda não aprendeu entender ou da capacidade de querer.
a se comunicar).
Dispõe o Código Penal:
Desenvolvimento Mental Retardado
Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença men-
Configura aqui o indivíduo que tem uma capacida- tal ou desenvolvimento mental incompleto ou retarda-
de que não corresponde às experiências para aquele do, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
momento de vida, o que significa que a plena poten- incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
cialidade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui determinar-se de acordo com esse entendimento.
tratados não possuem condições de entender o crime Redução de pena
que cometeram. Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um
Como acabamos de ver, ao menor de 18 anos se a dois terços, se o agente, em virtude de perturba-
aplicam regras próprias. Ao completar 18 anos, a lei ção de saúde mental ou por desenvolvimento men-
presume que todos os indivíduos são imputáveis. tal incompleto ou retardado não era inteiramente
Porém, tal presunção é relativa, ou seja, é passível de capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
aferição. Assim, existem três possíveis critérios para a determinar-se de acordo com esse entendimento.
verificação da inimputabilidade: Menores de dezoito anos
Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
z Sistema psicológico: o que interessa é somente o mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
momento da ação ou omissão delituosa, se ele tinha estabelecidas na legislação especial.
ou não condições de avaliar o caráter criminoso do Emoção e paixão
fato e de orientar-se de acordo com esse entendi-
mento, ou seja, o momento da prática do crime. A No caso de embriaguez acidental completa, temos:
emoção não exclui a imputabilidade. A pessoa que
comete crime com integral alternação de seu estado Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal:
físico-psíquico responde pelos seus atos; I - a emoção ou a paixão;
z Sistema biológico: interessa saber se o agente é Embriaguez
portador de alguma doença mental ou desenvolvi- II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
mento mental incompleto ou retardo, caso positi- ou substância de efeitos análogos.
§ 1º É isento de pena o agente que, por embria-
vo, é considerado inimputável;
guez completa, proveniente de caso fortuito ou
z Sistema biopsicológico: exige-se que a causa
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
geradora esteja prevista em lei e que, além disso,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilí-
atue efetivamente no momento da ação delituo-
cito do fato ou de determinar-se de acordo com
sa, retirando do agente a capacidade de entendi-
esse entendimento.
mento e vontade. Desta forma, será inimputável
§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
aquele que, em razão de uma causa prevista em lei
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
(doença mental, incompleto ou retardado), atue no
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo
momento da pratica da infração penal sem capaci- da ação ou da omissão, a plena capacidade de
dade de entender o caráter criminoso do fato. entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
minar-se de acordo com esse entendimento.
Somente há inimputabilidade se os três requisitos
estiverem presentes, sendo exceção aos menores de A embriaguez admite qualquer meio probatório. É
Há outros temas importantes que devemos z Multidão delinquente: o fato ocorre por influên-
conhecer sobre autoria e coautoria: cia de indivíduos reunidos, que, em clima de
tumultuo, ou manipulação, tornam-se desprovidos
z Executor de reserva: agente que acompanha, pre- de limites éticos e morais (Sanches Cunha, 2016);
sencialmente, a execução da conduta típica, fican- z Coautoria sucessiva: a regra é que todos os coau-
do à disposição, se necessário, para nela interferir. tores iniciem, juntos, a empreitada criminosa.
Rogério Greco (2015) adverte que pode acontecer
Ou seja: que alguém, ou mesmo o grupo, já tenha come-
çado a percorrer o iter criminis (fases do crime:
298 Se o agente interfere, será tratado como coautor; cogitação, atos preparatórios, atos de execução
e consumação), ingressando na fase dos atos de Participação
execução, quando outra pessoa adere à conduta
criminosa daquele, e agora, unidos pelo vínculo Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora
psicológico, passam, juntos, a praticar a infração ambos dentro da teoria objetiva, formal ou normati-
penal; va, vejamos:
z Coautoria em crimes omissivos: há corrente na
doutrina que não admite a coautoria em crimes z Teoria Formal: autor é o agente que pratica a
omissivos. Porém, vamos tratar aqui da corrente figura típica descrita no tipo penal, e partícipe é
que admite a coautoria em crimes omissivos (pró- aquele que comete ações não contidas no tipo, res-
pondendo apenas pelo auxílio que prestou (enten-
prios, ou puros; impróprios, espúrios ou comissivos
dimento majoritário). O agente que furta os bens
por omissão). Ocorre a coautoria quando dois ou
de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do
mais agentes, vinculados pela unidade de propó-
CP, enquanto aquele que o aguarda com o car-
sitos, prestam contribuições relevantes para a pro-
ro para ajudá-lo a fugir, responderá apenas pela
dução do resultado, realizando atos de execução
colaboração;
previstos na lei penal (Nucci, 2018). Por exemplo, z Teoria Normativa: autor é o agente que, além de
dois agentes podem, caminhando pela rua, depa- praticar a figura típica, comanda a ação dos demais
rar-se com outra, ferida, em busca de ajuda. Asso- (“autor executor” e “autor intelectual”).
ciadas, uma conhecendo a conduta da outra e até
havendo incentivo recíproco, resolvem ir embora, O partícipe é aquele que colabora para a prática
ou seja, os agentes são coautores do crime de omis- da conduta delitiva, mas sem realizar a figura típica
são de socorro definido no art. 135 do CP; descrita, e sem ter controle das ações dos demais.
z Autoria mediata: não está expresso no Código Aquele que planeja o delito e aquele que o executa
Penal, porém a doutrina trata do tema. De acordo são coautores.
com Guilherme Nucci (2018) “trata-se de espécie de Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária
autoria em que alguém, o “sujeito de trás” se utiliza, teoria formal, o executor de reserva é apenas partí-
para a execução da infração penal, de uma pessoa cipe, ou seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo
inculpável ou que atua sem dolo ou culpa.” após Mário também desfere tiros em Pedro, Mário
(executor de reserva) responderá apenas pela partici-
Há dois sujeitos nessa relação: pação, pois não praticou a conduta matar, já que ati-
rou em um cadáver.
Autor mediato: quem ordena a prática do O juiz poderá aplicar penas iguais para autor e
crime; partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este últi-
Autor imediato: aquele que executa a conduta mo, quando, por exemplo, for o mentor do crime.
criminosa. Sobre o assunto, ver o que preceitua o art. 29 do CP:
Guilherme Nucci exemplifica: “A”, desejando matar Art. 29 Quem, de qualquer modo, concorre para o
sua esposa, entrega uma arma de fogo municiada à “B”, crime incide nas penas a este cominadas, na medi-
criança de pouca idade, dizendo-lhe que, se apertar o da de sua culpabilidade.
gatilho na cabeça da mulher, essa lhe dará balas. Quan-
do se fala em pessoa sem culpabilidade, aí se insere Dessa forma deve-se analisar cada caso concreto
de modo a verificar a proporção da colaboração (Nuc-
qualquer um dos seus elementos: imputabilidade,
ci, 2018).
potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de
A participação é a modalidade de concurso de
conduta diversa. Ausente qualquer deles, faltará a
Emprestar o dinheiro para a compra de remé- O Código Penal, no art. 61, trata das circunstâncias
dio abortivo; agravantes gerais. Quanto as agravantes no caso de
Ensinar a fórmula do veneno que se irá minis- concurso de pessoas, essas estão dispostas no art. 62
trar à vítima; do CP, e será objeto de estudo neste momento:
Vigiar o local do crime para o agente executar
o roubo. Art. 62 A pena será ainda agravada em relação ao
agente que:
z Participação de menor importância: Participação I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou
de menor importância, ou mínima, é a de reduzida dirige a atividade dos demais agentes;
eficiência causal. Por quê? Porque contribui para a
produção do resultado, mas de forma menos decisi- Quem promove ou organiza a cooperação no cri-
va. Entendeu? Apenas participa. me, ou dirige a atividade dos demais agentes, são os
autores intelectuais. O agente é organizador do delito.
O melhor critério para constatar a participa-
ção de menor importância é o da equivalência dos Art. 62 [...]
antecedentes. II - coage ou induz outrem à execução material do
A participação de menor importância está prevista crime;
no art. 29, § 1º, do CP, com pena pode ser diminuída
de 1/6 a 1/3.
Quem coage outrem à execução material do crime.
Veja, a coação pode ser física ou moral, resistível ou
Art. 29 [...]
§ 1º Se a participação for de menor importância, a
irresistível. Se a coação for resistível, coator e coagido
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. respondem pelo delito. Se a coação for irresistível, só
o coator responde pelo crime, sem a aludida agravan-
Encontramos em algumas doutrinas que a redu- te. Nessa coação não há propriamente concurso de
ção é mera faculdade do juiz, mas oriento que outras pessoas, e, sim, autoria mediata.
doutrinas têm a tese de que quando a lei concede ao Coagir alguém a praticar crime configura delito de
agente a possibilidade de obter certos benefícios, tal tortura, pois o coator será responsabilizado pelo deli-
possibilidade ingressa nos chamados direitos públicos to praticado pelo coagido em concurso material com o
de liberdade do réu. crime de tortura da alínea b, do inciso I, do art. 1º, da
É necessário saber que a participação de menor Lei n° 9.455, de 1997.
importância somente se aplica à participação. A atua-
ção do coautor é sempre relevante. Art. 62 [...]
Além disso, a participação de menor importância III - instiga ou determina a cometer o crime alguém
descreve uma causa de diminuição da pena, aplicável sujeito à sua autoridade ou não punível em virtude
na terceira fase da fixação da pena. Trata-se de direito de condição ou qualidade pessoal;
subjetivo do réu.
Lembre-se de que a diminuição da pena se relacio- Quem instiga ou determina a cometer o crime
na à participação, ou seja, ao comportamento adotado alguém sujeito à sua autoridade ou não punível em
pelo sujeito, e não à sua pessoa. virtude de condição ou qualidade pessoal. Quem
A redução da pena não alcançará o coautor nem induz ou instiga a cometer crime pessoa não punível,
o partícipe intelectual, isto é, o que planejou o crime, como o doente mental.
porque em tal caso não se pode falar em participação
de somenos importância.
É relevante saber que a menor importância da Importante!
cooperação pode ocorrer na preparação ou execução
do crime, embora seja mais frequente durante os atos Aquele que induz menor de dezoito anos a pra-
preparatórios. ticar crime contra determinada vítima será par-
As condições pessoais, referentes ao autor ser pri- ticipe do delito e ainda responderá pelo crime de
mário ou reincidente, perigoso ou não, não impedem corrupção de menores previsto no art. 244-B do
a redução da pena, se tiver contribuído minimamente ECA.
para a produção do resultado.
Há de se falar ainda sobre o § 2º, do art. 29, que
diz respeito à possibilidade de ser aplicada a pena Art. 62 [...]
de crime menos grave quando um dos concorrentes IV - executa o crime, ou nele participa, mediante
300 quis participar deste, ou então aumentar a pena até paga ou promessa de recompensa.
Quem executa o crime, ou nele participa, mediante z Homicídio Simples
paga ou promessa de recompensa. Em paga, o recebi-
mento é prévio. Em promessa de recompensa, o rece- O homicídio simples está previsto no caput do art. 121:
bimento é posterior à prática do delito.
Art. 121 Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
HOMICÍDIO
A parturiente mata o filho sem estar influenciada pelo Homicídio, art. 121, do CP
estado puerperal
INFANTICÍDIO
Aborto
O crime de aborto, no Brasil, está no rol dos crimes contra a vida. É tutelado o nascituro desde a concepção.
O Código Penal não define o aborto. Cabe à jurisprudência e à doutrina defini-lo. De acordo com termos rela-
cionados à medicina, aborto é a expulsão do produto da concepção.
O aborto consiste na interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção. Dessa definição sobres-
saem os seguintes elementos necessários à constituição do delito:
z Processos químicos: introdução de certas substâncias químicas no organismo, como o fósforo, chumbo,
álcool, ácido etc.;
z Processos físico-mecânicos: curetagem, jogos esportivos, quedas voluntárias etc.;
z Processos físico-térmicos: bolsas de água quente e bolsas de gelo;
z Processos psíquicos: susto, sugestão, induzimento de terror etc.
O crime de aborto admite tentativa, na hipótese em que se emprega meios abortivos, mas não sobrevém a
morte do feto por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Vejamos as hipóteses de aborto:
z Autoaborto
Art. 124 Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
O autoaborto é o praticado pela própria gestante. Sujeito ativo do delito é a gestante. Ela executa diretamente
a conduta criminosa. Trata-se de crime de mão própria ou de atuação pessoal, pois só pode ser cometido pela
gestante em pessoa. O sujeito ativo é a própria gestante e a vítima é o feto.
Terceiros podem atuar como partícipes, mas não como coautores.
Neste caso temos um crime de mão própria, ou seja, somente pode ser praticado pela gestante, não admitindo
a coautoria, somente admite-se a participação. 307
Importante! Observe-se, porém, desde logo, que o aborto con-
sentido é crime bilateral, exigindo a presença de duas
O crime de aborto praticado por terceiro com
pessoas: a gestante e o terceiro executor.
o consentimento da gestante é uma exceção a O terceiro responde pelo art. 126, do CP (aborto
teoria monista adotada pelo Direito Penal. Tra- consensual), enquanto a gestante, pela 2ª parte, do art.
ta-se da adoção da Teoria Pluralista, em que a 124, do CP (aborto consentido).
cada agente será atribuído um tipo penal. O aborto consentido é crime de mão própria ou de
atuação pessoal, podendo ser cometido apenas pela
gestante. Mas, evidentemente, admite a presença do
z Aborto Praticado sem Consentimento da Ges- partícipe, consistente na conduta acessória do tercei-
tante ro que se limita a induzir, instigar ou auxiliar a ges-
tante a consentir na realização do aborto.
Art. 125 Provocar aborto, sem o consentimento
da gestante: z Aborto Qualificado
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 127 As penas cominadas nos dois artigos ante-
O art. 125, do CP, comina pena de reclusão de 3 riores são aumentadas de um terço, se, em con-
(três) a 10 (dez) anos ao aborto provocado sem o con- seqüência do aborto ou dos meios empregados para
sentimento da gestante. provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
O não consentimento da gestante é o elemento natureza grave; e são duplicadas, se, por qual-
essencial à configuração do delito e pode ser: quer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Expresso, também conhecido como real, ocorre Aborto qualificado pela morte = penas
quando a gestante se opõe ao aborto, mas é vencida duplicadas;
pela violência física, grave ameaça e fraude, ou seja, Aborto qualificado pela lesão corporal de natu-
como exemplos, temos, respectivamente: chute na reza grave = aumento de 1/3.
barriga, ameaça de matar a gestante se ela não abor-
tar e colocar substância abortiva na alimentação da As lesões graves são aquelas tipificadas nos § § 1º
gestante, sem consentimento da vítima, mãe. e 2º, art. 129, do CP.
Presumido é quando a gestante está incapaz de
consentir nas formas previstas no parágrafo único,
art. 126, do CP: Dica
Os dois resultados qualificativos do delito, isto é,
A gestante não é maior de catorze anos; a morte e a lesão grave, devem ser imputados ao
A gestante é alienada mental (doente men- agente a título de culpa. Estamos diante de hipó-
tal) ou débil mental (desenvolvimento mental tese de crime preterdoloso: o agente age com
retardado).
dolo em relação ao aborto e culpa em relação
ao resultado.
Observe que neste delito do art. 125 o sujeito ativo
é o terceiro, aquele que realiza o aborto. As vítimas,
Agora, se o agente atua com dolo em relação à
sujeitos passivos, são a gestante e o feto. morte ou lesão grave, responde por aborto em
concurso formal com o crime de homicídio ou
z Aborto Consentido e Aborto Consensual crime de lesão corporal.
Atente-se à seguinte tabela, elaborada para evitar confusões quanto às lesões grave e gravíssima:
Debilidade permanente de membro, sentido ou função Perda ou inutilização do membro sentido ou função
Incapacidade para ocupações habituais, mais de 30 dias Incapacidade permanente para o trabalho
Aceleração de parto
Aborto
Perigo de vida
O Código Penal não divide as lesões em graves ou gravíssimas. Para o Código Penal Brasileiro (CPB), todas elas
são graves. Esta divisão é uma construção doutrinária.
A lesão corporal seguida de morte dar-se-á quando ficar configurado que o agente não queria o resultado mor-
te (dolo direto no resultado morte) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual no resultado morte).
Se o agente quer matar, ele responderá pelo homicídio. Porém, caso o agente queira apenas causar lesões
corporais, mas, por algum motivo, acabe se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá responder por
lesão corporal seguida de morte, desde que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu o risco de produzir
o resultado morte.
O crime de lesão corporal seguida de morte é um crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado pelo
resultado, em que temos dolo na conduta inicial e culpa no resultado produzido.
A lesão corporal culposa é aquela em que o agente não quer causar lesão corporal na vítima, mas a produz por
ter sido imprudente, negligente ou imperito.
É importante compreender que não há gradações na lesão corporal culposa, ou seja, ela não se divide em leve,
grave ou gravíssima, mas tão somente será lesão corporal culposa.
No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o instituto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de aplicar a
pena se as consequências da infração penal atingirem o agente de forma que a aplicação de sanção penal torne-se
desnecessária.
Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão corporal culposa.
Os motivos que levam o agente a praticar a lesão corporal privilegiada são os mesmos do homicídio privilegiado.
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de vio-
lenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3
(um terço).
É aplicável o instituto da substituição de pena nos casos de lesão corporal.
Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão privilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pessoas lesio-
310 nam-se umas às outras), o juiz poderá ainda substituir a pena de detenção pela de multa.
Art. 129 [...] Ferroviária Federal, Policiais Civis, Polícias Milita-
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des- res ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com do sistema prisional (agentes penitenciários) e da
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, pre- Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
valecendo-se o agente das relações domésticas, de da função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge,
coabitação ou de hospitalidade:
companheiro ou parente consanguíneo até o ter-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
ceiro grau, em razão dessa condição.
O Código Penal traz disposições específicas para os
PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
casos de lesão corporal praticada no âmbito de violência
doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais grave,
estando ele submetido a auto de prisão em flagrante, e A periclitação da vida e da saúde é considerada
não somente a mero termo circunstanciado (salvo nos como crime de perigo, sendo criada, pelo autor do fato,
casos de lesão grave, gravíssima ou seguida de morte). uma situação de perigo, na qual a vítima é exposta.
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência Crimes de perigo são aqueles que não exigem a
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou efetiva ocorrência de dano, apesar de poder aconte-
nos seguintes casos: cer, para que se configurem.
Os crimes de perigo são divididos em:
z Ascendente;
z Descendente; z Crimes de perigo concreto: é exigida uma com-
z Cônjuge ou companheiro; provação de que realmente aconteceu um risco
z Quem conviva ou tenha convivido. de perigo ou lesão ao bem jurídico protegido pela
norma penal;
É importante mencionar que, caso a vítima seja z Crimes de perigo abstrato: Não se exige nenhu-
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha ma comprovação, já que o perigo é presumido. Ex.:
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação Um individuo dirigir após ter ingerido álcool.
penal será pública incondicionada.
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime Analisaremos os seguintes crimes: perigo de con-
de lesões corporais. Há diversas causas de aumento tágio venéreo; perigo de contágio de moléstia grave;
de pena para este crime, portanto, leia-as com bastan- abandono de incapaz; exposição ou abandono de
te atenção. recém-nascido e omissão de socorro.
Nos casos de lesão corporal culposa:
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: Perigo de Contágio Venéreo
z O crime resulta de inobservância de regra técnica Art. 130 Expor alguém, por meio de relações
de profissão, arte ou ofício; sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio
z O agente deixa de prestar imediato socorro à de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber
vítima; que está contaminado:
z O autor não procura diminuir as consequências do Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
seu ato; § 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
z O agente foge para evitar prisão em flagrante. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º Somente se procede mediante representação.
Nos casos de lesão corporal dolosa:
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: Este crime fica configurado quando o agente expõe
Como o fato se relaciona a uma ou mais pessoas determinadas, estamos diante de um delito de perigo indivi-
dual, o qual deve ser averiguado diante do caso concreto. Isso porque da simples relação sexual do agente com a
vítima não decorre presunção absoluta da existência desse perigo. A presunção é relativa, admitindo prova em
contrário, como no caso de a vítima já ser portadora de doença venérea.
Art. 131 Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de pro-
duzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Este crime se configura quando o agente praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de transmitir o contágio.
É necessário que o sujeito passivo, que pode ser qualquer pessoa, não seja contaminado pela moléstia grave
que o sujeito ativo pretende transmitir.
A moléstia grave, neste caso, não precisa, necessariamente, ser transmitida por meio de relação sexual, poden-
do ser transmitida por qualquer outro meio.
Temos como exemplo o agente que, de qualquer forma ou por qualquer meio, intencionalmente (exige-se o
dolo específico de transmitir a doença) transmite à vítima a tuberculose (moléstia grave).
Trata-se de norma penal em branco, complementada por meio dos atos praticados por órgãos administrativos
da área de saúde.
Mais uma vez, reiteramos: exige-se para a configuração deste tipo penal o dolo específico, que consiste na
intenção do agente de transmitir a moléstia grave.
A doutrina não admite, para este crime, o dolo eventual, quando o agente não quer diretamente transmitir a
doença, mas assume o risco de transmiti-la.
Trata-se de crime formal, que se consuma com a prática do ato destinado a transmitir a moléstia grave, não se
exigindo, para fins de consumação, a efetiva transmissão da moléstia.
Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo Venéreo, procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
Antes de passarmos para a análise de outros tipos penais, é importante que façamos uma distinção entre os
dois tipos penais que acabamos de ver:
A transmissão deve se dar por meio de relação sexual A transmissão dá-se por qualquer meio
O art. 132, do CP, trata do crime de perigo para a vida ou saúde de outrem:
A conduta nuclear é expor, ou seja, colocar em perigo a vida, a integridade física ou a saúde de alguém. O peri-
go é concreto, direto, iminente e anormal.
Perigo concreto diz que a mera prática do comportamento ilícito não é suficiente para a caracterização do cri-
me, sendo imprescindível que, em face da conduta do agente, a vítima tenha a sua vida, a sua integridade corporal
ou a sua saúde exposta a risco de lesão.
Perigo direto visa a pessoa ou pessoas determinadas.
Perigo iminente está prestes a ocorrer. Se a possibilidade de ocorrência do perigo é futura ou presumida, não
312 estará caracterizada a infração penal do art. 132, do CP.
Perigo anormal não decorre da atividade de pro- Exposição ou Abandono de Recém Nascido
fissionais que trabalham com o risco, como o policial e
o bombeiro. Portanto, se o patrão não toma providên- Art. 134 Expor ou abandonar recém-nascido, para
cias para a segurança e proteção dos operários que ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
trabalham na fábrica de explosivos, e dessa inação
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza
resulta uma situação concreta de perigo, estará confi-
grave:
gurado o crime do art. 132, do CP, na sua modalidade
Pena - detenção, de um a três anos.
omissiva. § 2º Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Abandono de Incapaz
O crime de exposição ou abandono de recém-nas-
Art. 133 Abandonar pessoa que está sob seu cui- cido configura-se quando o agente expõe ou abando-
dado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qual- na recém-nascido, para ocultar desonra própria.
quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
Este crime será praticado na modalidade qualifica-
resultantes do abandono:
da se do fato resultar:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º Se do abandono resulta lesão corporal de
natureza grave: z Lesão corporal de natureza grave;
Pena - reclusão, de um a cinco anos. z Morte.
§ 2º Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Este crime exige dolo específico, ou seja, um espe-
cial fim de agir, que consiste na prática da conduta
O crime de abandono de incapaz configura-se para ocultar desonra própria.
quando o agente abandona pessoa que está sob seu Segundo a doutrina majoritária, é exigido que o
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qual- recém-nascido fique exposto à situação concreta de
quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul- perigo para que o crime se consume.
tantes do abandono. Ainda, conforme doutrina majoritária, trata-se de
São formas qualificadas do crime de abandono de crime próprio, que somente poderá ser praticado pelo
incapaz: pai ou pela mãe que buscam ocultar desonra própria.
Ex.: Mãe que expõe ou abandona o filho recém-
z Se do abandono resulta lesão corporal de natureza -nascido em uma lata de lixo para ocultar uma deson-
grave; ra (sua infidelidade).
z Se do abandono resulta a morte. O crime será promovido mediante ação penal
pública incondicionada.
“Incapaz” refere-se a qualquer pessoa que não
tenha condições de se proteger sozinha, podendo ficar Omissão de Socorro
exposta, em razão do abandono, à situação de perigo.
Tenha como exemplo o pai que deixa o filho, de Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando
apenas dois anos de idade, sozinho em casa. Esta possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança aban-
criança não tem capacidade de se defender sozinha, donada ou extraviada, ou à pessoa inválida
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
configurando, assim, o tipo penal de abandono de
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
incapaz.
autoridade pública:
Para que o crime de abandono de incapaz seja Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
qualificado, é necessário que o resultado seja lesão Parágrafo único. A pena é aumentada de metade,
[...] A finalidade da criação do delito de rixa foi evitar a impunidade que reinaria em muitas situações, onde não se
pudesse apontar, com precisão, o autor inicial das agressões, bem como aqueles que agiram em legítima defesa. Por
isso, pune-se a simples participação na rixa, de modo que todos aqueles que dela tomaram parte serão responsabi-
lizados por esse delito.6
Aquele que participa da rixa apenas com a finalidade de separar os contendores não irá responder por este
tipo penal.
O crime de rixa não admite a forma culposa.
Sobre este crime, é importante ficar atento quanto aos posicionamentos da doutrina dominante:
A rixa será qualificada, de acordo com o parágrafo único, do art. 137, quando, devido à rixa, ocorrer lesão
corporal de natureza grave ou a morte.
Segundo a doutrina majoritária, salvo no caso de ser possível identificar corretamente o autor da lesão grave
ou da morte, todos os agentes que participaram da rixa responderão pela modalidade qualificada, exceto, tam-
bém, se tiverem ingressado na rixa após a ocorrência da lesão grave ou da morte.
Os crimes contra a honra estão entre aqueles que mais são cobrados em provas de concurso público, então
vamos aprendê-los passo a passo.
Eles estão previstos entre os arts. 138 e 145, do Código Penal, e dividem-se em 3 (três) crimes diferentes:
z Calúnia;
z Difamação;
z Injúria.
Antes de analisarmos cada um dos tipos penais, é importante compreender que se protege a honra da pessoa,
na sua modalidade objetiva e subjetiva.
A honra é classificada em:
Honra objetiva é aquilo que as pessoas (grupo social) pensam sobre o indivíduo.
Honra subjetiva é aquilo que o indivíduo pensa sobre si mesmo.
Calúnia
Art. 138 Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
A calúnia, que protege a honra objetiva, está prevista no art. 138, do Código Penal, e se configura quando o
agente caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
Exige-se que o fato imputado falsamente seja definido com um crime, não podendo ser uma mera contra-
venção penal. O crime pode ter acontecido ou não, para fins de consumação deste tipo penal.
Ex.: Joãozinho diz que Pedrinho praticou um roubo à padaria da esquina de onde moram, sabendo ser isso
falso. Pronto, Joãozinho praticou o crime de calúnia.
O crime de calúnia consuma-se quando o fato chega ao conhecimento de um terceiro, distinto do autor e da
vítima, já que o crime tutela a honra objetiva. Observe que o objeto jurídico protegido é a honra objetiva, que
consiste na reputação que a pessoa possui na sociedade.
6 GRECO, R. Curso de Direito Penal — Parte Especial V. II. Niterói: Editora Impetus, 2019, p. 392. 315
Tal crime não admite a modalidade culposa e, Nessas três hipóteses do § 3º, art. 138, do CP, ainda
segundo doutrina majoritária, pode ser praticado, que verdadeira a imputação, o crime de calúnia não
além do dolo direto, por dolo eventual. será excluído.
Não é exigido que o crime seja praticado na modali- Observa-se a possibilidade de a calúnia incidir
dade verbal, podendo ser praticado por outros meios, sobre o fato verdadeiro nessas três hipóteses em que
como, por exemplo, na modalidade escrita. a lei proíbe a exceção da verdade.
Em regra, a calúnia é crime unissubsistente, que A primeira ocorre quando o fato imputado cons-
se perfaz com a prática de um único ato, não sendo tituir delito de ação privada e o ofendido não houver
possível o fracionamento do seu iter criminis; entre- sido condenado por sentença transitada em julgado. A
tanto, caberá tentativa quando for possível promover vedação é justificada pelo princípio da disponibilida-
este fracionamento, a exemplo de calúnia praticada de da ação penal privada, que pode ou não ser ajuiza-
por meio de uma carta. da, consoante à exclusiva vontade do ofendido ou de
Em se tratando de intenção de brincar por parte do seu representante legal.
agente, não há que se falar no crime de calúnia, pois o A segunda hipótese, inciso II, do § 3º, do art. 138,
ato não tem o propósito de ofender, sendo assim, não
dita que não se admite a exceção da verdade quando a
incide no crime de calúnia – por falta de dolo – aquele
ofensa for irrogada contra o presidente da República
que age com intenção de brincar (animus jocandi).7
ou chefe de governo estrangeiro. Justifica-se a proibi-
ção pela alta relevância política desempenhada pelo
Art. 138 [...]
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a presidente da República, que não pode ficar à mercê
imputação, a propala ou divulga. de qualquer acusação. No tocante ao chefe de governo
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos. estrangeiro, expressão que abrange o primeiro-minis-
tro e o presidente, a proibição encontra suas raízes na
Pune-se a calúnia praticada contra os mortos (nes- política de diplomacia que deve reinar nas relações
te caso, o sujeito passivo será família do morto): internacionais.
A terceira hipótese, inciso III, § 2º, do art. 138, de
z Segundo parte da doutrina, é possível que a calúnia proibição da vedação, dá-se quando o ofendido tiver
seja praticada contra pessoa jurídica, se o fato falsa- sido absolvido por sentença transitada em julgado do
mente imputado for referente a crime ambiental; fato criminoso que lhe é imputado, respeitando a coi-
z Equipara-se à calúnia, incorrendo nas mesmas sa julgada.
penas, a conduta daquele que, sabendo falsa a impu-
tação, a propala (espalha) ou divulga. Difamação
A calúnia admite, como regra, a exceção da verda- Art. 139 Difamar alguém, imputando-lhe fato
de, que nada mais se trata de prova da verdade, que é a ofensivo à sua reputação:
possibilidade que tem o agente de demonstrar que o fato Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
que ele imputou realmente aconteceu. Porém, em algu-
mas hipóteses não será admitida a exceção da verdade. A difamação configura-se quando o agente difa-
mar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua repu-
Art. 138 [...] tação. O crime de difamação tutela a honra objetiva. O
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo: fato imputado pode ser falso ou verdadeiro, basta que
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação seja ofensivo.
privada, o ofendido não foi condenado por sentença Ex.: Suponha que Lili diga para um grupo de vizi-
irrecorrível;
nhos que Márcia, também vizinha, é garota de progra-
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
indicadas no nº I do art. 141; ma e atende aos clientes no período noturno em sua
III - se do crime imputado, embora de ação pública, residência. A conduta praticada por Lili configura o
o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. crime de difamação.
Observe que o fato imputado não constitui um cri-
Como regra, admite exceção da verdade, ou seja, me, podendo, inclusive, constituir uma contravenção
admite que o réu prove que a vítima realmente prati- penal. Entretanto, caso constitua crime, será calúnia.
cou o crime que lhe foi imputado. A difamação, assim como a calúnia, também se
No entanto, nos casos de crime imputado, embora consuma quando o fato chega ao conhecimento de um
de ação pública, em que o ofendido tenha sido absol- terceiro, distinto do autor e da vítima, já que também
vido por sentença irrecorrível, há uma presunção de protege a honra objetiva. Trata-se de crime formal e
que a imputação é falsa, respondendo o agente por ela. irá se configurar ainda que a conduta não desonre
Mas se o réu conseguir provar que o fato que impu- objetivamente a vítima.
tou à vítima é verdadeiro, ele será absolvido. Não há difamação praticada na modalidade cul-
Os crimes contra a honra dos Chefes dos Três Pode- posa. É possível a tentativa da difamação, quando for
res, com exceção da injúria (Presidente da República, possível fracionar o iter criminis, a exemplo da difa-
Presidente do Senado Federal, Presidente da Câma- mação cometida por meio de carta.
ra dos Deputados e Presidente do Supremo Tribunal A pessoa jurídica pode ser o sujeito passivo do cri-
Federal), em caso de motivação política, configurarão me de difamação.
delito contra a Segurança Nacional. Na difamação, a exceção da verdade não pode ser
Excepcionalmente, é proibida a prova da verdade, aplicada, salvo se o ofendido é funcionário público e a
em três hipóteses previstas no § 3º, art. 138. ofensa é relativa ao exercício da função.
Regra Exceções
Atenção ao que dispõe o inciso IV, art. 141, pois a
pena não irá aumentar de 1/3 no caso de injúria pra- Ação será privada, Ação será pública condicionada
ticada contra pessoa maior de 60 anos ou portadora p ro c e d e n d o - s e nos casos de:
de deficiência. mediante queixa � Injúria real
A pena será aplicada em dobro se o crime contra � Injúria racial
a honra for praticado mediante paga ou promessa de � Se os crimes contra a honra fo-
recompensa. ram praticados contra funcionário
Veja as hipóteses de exclusão dos crimes contra público, em razão de suas funções
a honra:
Súmula 714 (STF) É concorrente a legitimidade do
Art. 142 Não constituem injúria ou difamação ofendido, mediante queixa e do Ministério Público,
punível: condicionada à representação do ofendido, para a
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau- ação penal por crime contra a honra de servidor
sa, pela parte ou por seu procurador; público em razão do exercício de suas funções.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artís-
tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten- Logo, atente-se a esta informação: nos casos de cri-
ção de injuriar ou difamar; mes contra a honra de funcionário público em razão
III - o conceito desfavorável emitido por funcioná- de suas funções, a ação penal será privada ou con-
rio público, em apreciação ou informação que pres- dicionada à representação do ofendido. A doutrina
te no cumprimento de dever do ofício.
dominante também entende desta forma.
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela
A ação será pública condicionada à requisição do
injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Ministro da Justiça caso a conduta que configura cri-
me contra a honra seja praticada contra o Presidente
Para encerrarmos o assunto referente aos crimes
da República ou contra chefe de governo estrangeiro.
contra a honra, trataremos da retratação e da ação
penal. Segundo o Código Penal, a retratação, quando
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL E CRIMES
admitida, constitui excludente de punibilidade.
CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Art. 143 O querelado que, antes da sentença, se
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, O caput do art. 5º, da Constituição Federal, assegu-
fica isento de pena. ra a todos o direito à liberdade. A partir dessa afir-
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado mação, extrai-se que qualquer espécie de violação à
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizan- liberdade do ser humano reclama punição.
do-se de meios de comunicação, a retratação dar- O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para
-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos agir dentro dos limites legais.
meios em que se praticou a ofensa. Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a
conduta criminosa.
Retratação refere-se à possibilidade que tem o Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade
agente de retirar aquilo que disse, ou seja, de mani- individual.
festar que se equivocou em suas declarações, mani-
festando-se contrariamente ao que disse inicialmente. Constrangimento Ilegal
A injúria não admite retratação. O querelado que,
antes da sentença (segundo doutrina majoritária: sen- Art. 146 Constranger alguém, mediante violência
tença de 1º grau), retrata-se cabalmente da calúnia ou ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
da difamação, fica isento de pena. por qualquer outro meio, a capacidade de resistên-
Caso o querelado tenha praticado a calúnia ou cia, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
difamação fazendo uso de meios de comunicação, ela não manda:
a retratação ocorrerá, caso assim deseje o ofendido, Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Suponha que o agente tenha praticado o crime de Trata-se de crime comum que não admite a moda-
calúnia ou difamação pelo Facebook. Neste caso, a lidade culposa. É a imposição ilegal à vítima de um
retratação dar-se-á também pelo Facebook, se assim comportamento certo e determinado, comissivo ou
desejar a vítima. omissivo.
Caso alguém faça uso de referências, alusões ou Consuma-se o crime de constrangimento ilegal no
frases, sendo possível inferir calúnia, difamação ou instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo,
injúria, aquele que se julgar ofendido poderá pedir em decorrência da violência ou grave ameaça utiliza-
explicações em juízo. Caso seja recusado o pedido de da pelo agente. Admite tentativa.
explicações ou, a critério da autoridade judicial, não Ação penal: pública incondicionada.
tenha sido dado de maneira satisfatória, responderá O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra-
pela ofensa. ta-se de crime comum.
318
Se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato A pena será aplicada cumulativamente, nos termos
for cometido no exercício de suas funções, responderá do § 1º, art. 146, quando, para a execução do crime:
por abuso de autoridade, na forma na Lei 13.869, de
2019. z Reúnem-se mais de 3 (três pessoas) — deve
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde haver no mínimo 4 (quatro) pessoas;
que dotada de capacidade de autodeterminação. z Há emprego de arma — segundo a doutrina
A Lei nº 10.741, de 2003, Estatuto do Idoso, em seu dominante, pode ser qualquer arma e não neces-
art. 107, pune com reclusão, de 2 a 5 anos, aquele que sariamente arma de fogo.
coage, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar,
testar ou outorgar procuração. Não serão enquadrados como constrangimento ilegal:
A Lei nº 7.170, de 1983, Crimes contra a Segurança
Nacional, no art. 28, sujeita à pena de reclusão, de 4 a Art. 146 [...]
12 anos, a conduta de atentar contra a liberdade pes- § 3º Não se compreendem na disposição deste
soal do Presidente da República, do Senado Federal, artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal
timento do paciente ou de seu representante legal,
Federal.
se justificada por iminente perigo de vida;
A Lei nº 8.078, de 1990, Código de Defesa do Con- II - a coação exercida para impedir suicídio.
sumidor, no art. 71, prevê a pena de detenção, de 3
a 1 ano, e multa, para quem utilizar, na cobrança de Ameaça
dívidas, ameaça, coação, constrangimento físico ou
moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou Art. 147 Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
de qualquer outro procedimento que exponha o con- gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
sumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira -lhe mal injusto e grave:
com seu trabalho, descanso ou lazer. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Configurar-se-á como constrangimento ilegal Parágrafo único - Somente se procede mediante
quando o agente constranger alguém, mediante representação
violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de O crime de ameaça, previsto no art. 147, do Códi-
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer go Penal, configurar-se-á quando o agente ameaçar
o que ela não manda. alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
Exemplo: Jorge e Luís são vizinhos. Jorge é um outro meio simbólico, de lhe causar mal injusto e grave.
valentão que se sente dono do bairro. Certo dia, Luís O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberdade
passava pela rua, quando Jorge o aborda. Este, por- da pessoa humana, notadamente no tocante à paz de
tando uma arma de fogo, saca a arma e a aponta para espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimento de
Luís e diz que, sob pena de levar um tiro na cara, é segurança. É a pessoa contra a qual se dirige a ameaça.
para este dar meia volta e passar por outro lugar, Consuma-se quando a vítima toma conhecimento
já que não o quer mais passando por sua rua. Luís, do conteúdo da ameaça, pouco importando sua efe-
tiva intimidação e a real intenção do autor em fazer
temendo por sua vida, dá meia volta e retorna.
valer sua promessa.
A conduta de Jorge enquadra-se no constrangi-
O crime é formal, de consumação antecipada ou de
mento ilegal. Ele, fazendo uso de grave ameaça, cons-
resultado cortado. Basta o agente querer intimidar e a
trangeu Luís para que ele deixasse de fazer algo que a
sua ameaça ter capacidade para fazê-lo.
lei lhe permite (liberdade de locomoção).
A tentativa é admissível nas hipóteses de ameaça
A doutrina entende corretamente que o crime escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos
Art. 147-A [...] Nos termos do art. 147-B, o dano emocional pode
§ 3º Somente se procede mediante representação ser causado por vários meios:
Esse inciso foi acrescido pela Lei nº 11.106, de 2005, para suprir a lacuna surgida em razão da revogação do
crime de rapto, que cuidava somente da privação da liberdade de mulher honesta. Atualmente, a qualificadora
consiste na privação da liberdade de uma pessoa, homem ou mulher, com fins sexuais. Trata-se de crime formal,
de resultado cortado ou de consumação antecipada — consuma-se com a privação da liberdade, desde que o
sujeito deseje praticar atos libidinosos com a vítima, pouco importando se alcança ou não o fim almejado. Se se
envolver sexualmente com a vítima, responderá, em concurso material, pelo delito em apreço e pelo respectivo
crime contra a liberdade sexual, tal como o estupro.
O § 2º qualifica o crime se resultar à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave
sofrimento físico ou moral. Estamos diante de crime qualificado pelo resultado. Os maus-tratos consistem na
conduta agressiva do agente que ofende a moral, o corpo ou a saúde da vítima, sem produzir lesão corporal. Se
ocorrer lesão corporal ou morte, haverá concurso material entre o sequestro ou cárcere privado, na forma sim-
ples, e o crime de lesão corporal ou homicídio.
Por fim, saiba que este crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, e permanente (muito
importante que você fique atento à Súmula 711 do STF — A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
ao crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência).
Ex.: determinado agente pratica vários crimes em continuidade delitiva. Os primeiros atos são praticados sob
a égide de uma lei anterior menos grave. Os últimos atos são praticados sob a vigência de uma lei posterior mais
gravosa. Aplica-se ao crime continuado ou crime permanente sob cuja égide tenha cessado a continuidade, isto é,
a última lei, mesmo que seja mais grave.
Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua loco-
moção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Observe o exemplo: Silvio, fazendeiro conhecido no interior de Goiás, coloca como jornada de trabalho para os
funcionários de sua fazenda a carga horária de 15 (quinze) horas diárias, pagando a eles um valor muito pequeno
como contraprestação. Silvio recusa-se a fornecer transporte para os trabalhadores irem embora, já que, segundo
ele, eles o devem valores referentes à moradia fornecida pela fazenda, não dispondo eles de outra maneira de ir
para casa senão pelo transporte da fazenda. Silvio está cometendo o tipo penal que estamos estudando.
O crime de redução à condição análoga à de escravo não admite a modalidade culposa, podendo ser praticado
apenas dolosamente.
É também crime permanente, portanto, sua conduta se prolonga no tempo.
Vejamos as causas de aumento de pena:
Tráfico de Pessoas
Art. 149-A Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 323
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
O tipo penal de tráfico de pessoas é misto alternativo, podendo ser praticado mediante a execução de qualquer
um dos seus 8 (oito) verbos.
Importante levar em consideração que, para compreender este tipo penal, é importante conhecer os verbos, os
meios empregados para a prática do crime e as finalidades. Acompanhe a tabela a seguir:
Agenciar
Aliciar Remover órgãos, tecidos ou partes do corpo
Grave ameaça
Recrutar Submeter a trabalhos em condições análogas à de
Violência
Transportar escravo
Coação
Transferir Submeter a qualquer tipo de servidão
Fraude
Comprar Adotar ilegalmente
Abuso
Alojar Explorar sexualmente
Acolher
Vamos exemplificar:
O agente, aqui no Brasil, realiza recrutamento de mulheres; por meio de fraude, faz propaganda de que o obje-
tivo é selecionar modelos para uma determinada marca de produtos de beleza e que o trabalho será na Europa.
Porém, as vítimas recrutadas seguem para a Europa e são submetidas à exploração sexual.
Veja que esse crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige, também, nenhuma
condição especial do sujeito passivo do crime.
Quando há algumas circunstâncias específicas do agente ou da vítima e essas condições se encaixam nas
hipóteses da lei, a pena do crime de tráfico de pessoas será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade. Vejamos:
Para encerrarmos o estudo dos crimes contra a liberdade pessoal, é importante mencionar que o crime de
tráfico de pessoas apresenta causa de diminuição de pena, desde que o agente preencha os 2 (dois) requisitos, que
são cumulativos.
A pena é reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o agente:
z For primário;
z Não integrar organização criminosa.
Violação de Domicílio
Art. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de
direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por
duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
O agente que entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra vontade expressa ou tácita de
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências, irá cometer o crime de violação de domicílio.
O crime de violação de domicílio é crime de mera conduta, já que a lei descreve a conduta, mas não descreve
resultado naturalístico; é, também, crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Tutela-se, nesse crime, a tranquilidade doméstica, abrangente da intimidade, da segurança e da vida privada
proporcionadas pelo domicílio.
A incriminação da violação de domicílio não protege a posse ou a propriedade.
Não configura o delito em análise o ingresso em casa abandonada ou desabitada, podendo restar caracteriza-
do o crime de esbulho possessório, previsto no inciso II, § 1º, art. 161, do CP (crime contra o patrimônio).
324
Importante! É o “quem de direito”, o sujeito que tem o poder de
admitir ou excluir alguém da sua casa, pouco impor-
Casa desabitada não se confunde com casa na
tando quer seja ou não seu proprietário.
ausência de seus moradores, pois, nesse caso,
Pode ser:
é possível o crime de violação de domicílio, uma
vez que subsiste a proteção da tranquilidade z Uma pessoa a quem os demais habitantes da casa
doméstica. estão subordinados (regime de subordinação);
z Diversas pessoas, habitantes da mesma residência,
em relação isonômica (regime de igualdade).
Quanto ao objetivo material, é o domicílio invadi-
do, que suporta a entrada ou permanência de alguém,
O elemento subjetivo desse crime é o dolo, abran-
clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
gente do elemento normativo “contra a vontade ex-
expressa ou tácita de quem de direito.
pressa ou tácita de quem de direito”.
Verifica-se que é necessário que a conduta seja
O crime é incompatível com o dolo eventual.
praticada clandestina ou astuciosamente, ou contra
Há atipicidade, por ausência de dolo, nas condutas
a vontade expressa ou tácita de quem de direito. Se de entrar em casa alheia para esconder-se da polícia
presente o consentimento do morador, explícito ou ou quando o sujeito supõe ingressar em local diverso
implícito, o fato é atípico. do proibido (erro de tipo). Não se admite a modalida-
Entrar ou permanecer clandestinamente em casa de culposa.
alheia ou em suas dependências significa fazê-lo de Crime de mera conduta ou de simples atividade.
forma oculta, sem se deixar notar pela vítima. Por sua Consuma-se quando o sujeito ingressa completa-
vez, entrar ou permanecer astuciosamente consiste mente na casa da vítima, ou então quando, ciente de
em conduta fraudulenta, maliciosa. que deve sair do local, não o faz por tempo juridica-
Entrar ou permanecer em casa alheia ou em suas mente relevante. É imprescindível a entrada concreta
dependências contra a vontade expressa ou tácita de em casa alheia.
quem de direito enseja a entrada ou permanência Cabe tentativa? É possível na conduta “entrar”
francas. Nesses casos, o dissentimento de quem de (crime comissivo), e incabível no núcleo “permane-
direito pode ser expresso ou tácito. cer” (crime omissivo próprio ou puro).
Sobre o sujeito ativo, o crime é comum, poden- Este crime apresenta forma qualificada:
do ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo
proprietário do bem, quando entra ou permanece na z Durante a noite;
residência ocupada pelo inquilino contra sua vontade z Em lugar ermo;
expressa ou tácita. z Com o emprego de violência ou de arma;
Atenção: Se a violação de domicílio for praticada z Por 2 (duas) ou mais pessoas.
por agente público, resta configurado o crime da Lei
de Abuso de autoridade, Lei nº 13.869, de 2019, em seu Os patamares mínimo e máximo da pena do crime
art. 22. Veja em sua literalidade: serão alterados (de 1 a 3 meses para 6 meses a 2 anos)
se praticado em uma das hipóteses previstas.
Art. 22 Invadir ou adentrar, clandestina ou astu- Observe o que o Código Penal diz sobre a expres-
ciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, são “casa”:
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele per-
manecer nas mesmas condições, sem determinação Art. 150 [...]
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: § 4º A expressão “casa” compreende:
326
Sonegação ou Destruição de Correspondência Aplica-se o § 1º, art. 56, da Lei nº 4.117, de 1962 —
Código Brasileiro de Telecomunicações — nas hipóte-
Acompanhe: ses em que a violação é praticada por funcionário do
governo encarregado da transmissão da mensagem.
Art. 151 [...] A parte final, do inciso II, § 1º, art. 151, do CP, foi
§ 1º Na mesma pena incorre: derrogada pela Lei nº 9.296, de 1996, que regulamenta
I - quem se apossa indevidamente de correspondên-
a parte final do inciso XII, art. 5º, da CF, de 1988.
cia alheia, embora não fechada e, no todo ou em
A Lei nº 9.296, de 1996 — Interceptação Telefônica
parte, a sonega ou destrói;
— criou um tipo penal específico para a violação do
sigilo telefônico no art. 10, veja:
É necessário que a correspondência seja endereça-
da a destinatário específico. Art. 10 Constitui crime realizar interceptação de
O crime previsto no § 1º, art. 40, da Lei 6.538, de comunicações telefônicas, de informática ou tele-
1978, é crime autônomo em relação ao caput deste mática, promover escuta ambiental ou quebrar
artigo. As penas alternativas cominadas em abstrato segredo da Justiça, sem autorização judicial ou
são as mesmas do delito de violação de correspondên- com objetivos não autorizados em lei.
cia, mas o legislador utilizou outro núcleo e inseriu Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
novas elementares. multa.
O objeto jurídico é a inviolabilidade da correspon-
dência, no sentido de ser preservada pelo seu titular O dispositivo continua aplicável ao terceiro que
até quando reputar conveniente. não interveio na interceptação telefônica criminosa,
Tem como objetivo material a correspondência mas divulgou-a a outras pessoas.
alheia, mas agora retirada da esfera de disponibilida- Esse inciso II, § 1º, art. 151, do CP, tem como núcleo
de do seu titular. divulgar, transmitir e utilizar, tipo misto alternati-
Pode, no entanto, estar aberta ou fechada, uma vez vo. A prática de mais de uma conduta visando igual
que a conduta consiste em apossar-se da correspondên- objeto material caracteriza crime único.
cia para sonegá-la ou destruí-la, indevidamente, e não Divulgar é tornar algo público, dando conheci-
para tomar conhecimento ilegítimo do seu conteúdo. mento do seu conteúdo a outras pessoas.
A conduta consiste em apossar-se de correspon- Transmitir significa enviar de um local para outro.
dência alheia, ainda que aberta, para sonegá-la ou Utilizar é fazer uso de algo.
destruí-la, no todo ou em parte.
A modalidade desse crime é o dolo, abrangente da
ilegitimidade da conduta de apossar-se de correspon- Importante!
dência alheia, com a exigência da finalidade específi-
Na hipótese de um terceiro concorrer de qual-
ca de sonegá-la ou destruí-la.
quer modo para a interceptação telefônica ilegal,
É possível a tentativa.
será partícipe do crime definido pelo art. 10, da
Causa de aumento da pena:
Lei 9.296, de 1996. Se tiver ciência de uma gra-
Art. 151 [...] vação oriunda de violação telefônica indevida, e
§ 2º As penas aumentam-se de metade, se há dano divulgá-la, a ele será imputado o crime definido
para outrem. pelo inciso I, § 1º, art. 151, do CP.
O dano pode ser econômico ou moral, e o prejudi-
cado pode ser o remetente, o destinatário ou mesmo A modalidade do crime prevista no inciso III, § 3º,
Art. 154 Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de um conto a dez contos de réis.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade e da vida privada das pessoas, relativamente ao segredo profissio-
nal. O dever de guardá-lo, contudo, não é absoluto.
Já o objeto material é o assunto transmitido ao profissional em caráter sigiloso.
O núcleo do tipo é revelar, no sentido de delatar ou denunciar.
O crime é de forma livre, comportando qualquer meio de execução.
Por ser crime próprio, somente pode ser cometido por quem teve conhecimento do segredo em razão de sua
função, ministério, ofício ou profissão.
Qualquer pessoa está suscetível a ser sujeito passivo prejudicado pela revelação do segredo, seja seu titular ou
até mesmo um terceiro.
Esse crime é praticado na modalidade dolosa, abrangente da ciência da ilegitimidade da conduta e da possibili-
dade de causar dano a outrem. Não se admite a modalidade culposa, e não se exige nenhuma finalidade específica.
Consuma-se no instante em que o confidente necessário revela a terceira pessoa o segredo de que tem ciência
em razão de função, ministério, ofício ou profissão. Basta que seja contado o conteúdo do segredo a uma única
pessoa, desde que esta conduta possa causar dano a alguém, patrimonial ou moral. Prescinde-se da produção do
resultado naturalístico. O crime é formal, de resultado cortado ou de consumação antecipada.
É admissível a tentativa na revelação do segredo por escrito, tal como na carta que se extravia (delito
plurissubsistente).
É pública condicionada à representação, a teor do parágrafo único, art. 154, do CP.
Art. 154-A Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autori-
zação expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Em primeiro lugar, a Lei nº 14.155, de 2021, modificou o caput do art. 154-A, que dispõe sobre o crime de inva-
são (ou violação) de dispositivo informático.
Vale lembrar que o crime do art. 154-A foi inserido no Código Penal, em 2012, pela Lei nº 12.737, de 2012 (deno-
minada Lei Carolina Dieckmann em alusão ao caso de divulgação de imagens envolvendo a atriz).
Veja, no quadro a seguir, a comparação entre a redação original do caput do art. 154-A com a redação atual,
trazida pela Lei nº 14.155, de 2021:
Art. 154-A Invadir dispositivo informático alheio, conec- Art. 154-A Invadir dispositivo informático de uso alheio,
tado ou não à rede de computadores, mediante violação conectado ou não à rede de computadores, com o fim de
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de ob- obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
ter, adulterar ou destruir dados ou informações sem au- autorização expressa ou tácita do usuário do dispositi-
torização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou vo ou de instalar vulnerabilidades para obter vantagem
instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Tanto na redação original quanto na nova, o verbo-núcleo é invadir, que dá a ideia de ingressar, penetrar sem
autorização.
Observe que a primeira alteração que se nota é que, na redação original, a invasão deveria dar-se em dis-
positivo alheio; agora, basta que o dispositivo seja de uso alheio, isto é, configura também crime, por exemplo, o
fato de o proprietário de um computador invadir o dispositivo que está sendo usado por outra pessoa a quem ele
emprestou.
A segunda alteração que se nota é que a redação original exigia que a invasão ocorresse mediante violação
indevida de mecanismo de segurança (quebrando uma senha, por exemplo); desse modo, se alguém tivesse
acesso aos dados constantes em um computador que foi esquecido ligado, não cometeria o delito do art. 154-A.
No entanto, tal expressão foi retirada e na redação atual, não se exige a violação de qualquer mecanismo de
segurança.
A terceira alteração diz respeito à finalidade específica (elemento subjetivo especial do tipo) da invasão; com
a modificação feita no art. 154-A, a invasão deve ocorrer com uma das seguintes finalidades:
z Obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo;
330 z Instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Importante!
Vale lembrar que o crime do art. 154-A é formal, ou seja, não é necessária, como resultado, a obtenção das
finalidades que constam no caput (obtenção, adulteração ou destruição de dados/informações; ou a obten-
ção de vantagem ilícita), consumando-se o delito, pois, com a invasão do dispositivo.
A quarta alteração deu-se em relação à pena da forma simples do crime, que passou de detenção, de 3 meses
a 1 ano, e multa, para reclusão de 1 a 4 anos, e multa.
z Forma Equiparada
O § 1º, do art. 154-A, apresenta uma forma equiparada ao caput (o agente responde pelas mesmas penas) com
a seguinte redação:
O § 1º, que pune o agente que comercializa hardware ou software que permita a prática do delito previsto no
caput, não sofreu modificação pela Lei nº 14.155, de 2021.
z Forma Majorada
As causas de aumento de pena previstas no § 2º, art. 154-A, também sofreram alteração pela Lei nº 14.155, de
2021. Confira, no quadro a seguir, as alterações feitas:
Com a modificação promovida pela Lei nº 14.155, de 2021, o aumento de pena que era de 1/6 a 1/3, passou a ser
de 1/3 a 2/3, nos casos em que a invasão resulta em prejuízo econômico.
Importante: A forma majorada prevista no § 2º é crime material, pois exige que se produza o resultado natu-
ralístico (ocorrência de prejuízo econômico) para que se consume.
z Forma Qualificada
A forma qualificada da invasão de dispositivo informático, prevista no § 3º, do art. 154-A, que se aplica no
caso de a invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou
industriais, informações sigilosas, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido, passou a ter pena
maior. Veja como era e como ficou o preceito secundário do dispositivo:
A pena passou a ser reclusão de 2 a 5 anos mais multa. Veja que, na redação antiga, o delito previsto no § 3º
consistia em crime subsidiário (note a expressão “se a conduta não constitui crime mais grave”); com o aumento
da pena, essa expressão desapareceu.
Os §§ 4º e 5º do art. 154-A não sofreram modificação por parte da Lei nº 14.155, de 2021, mantendo, portanto,
sua redação original:
z Ação Penal z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa (por exemplo: o agente subtrai um
Art. 154-B Nos crimes definidos no art. 154-A, aparelho celular);
somente se procede mediante representação, z Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, exceto o
salvo se o crime é cometido contra a adminis- próprio proprietário do bem;
tração pública direta ou indireta de qualquer z Sujeito passivo: qualquer pessoa (ex.: o proprie-
dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou tário, o possuidor ou detentor da coisa legítima).
Municípios ou contra empresas concessionárias Neste aspecto, a pessoa jurídica também pode ser
de serviços públicos. sujeito passivo do crime de furto;
z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
No crime de invasão de dispositivo informático, tado naturalístico para fins de consumação, ou
em regra, a ação é pública condicionada à represen- seja, o crime só ocorre quando o sujeito ativo sub-
tação do ofendido ou de quem tiver qualidade para trai a coisa móvel (por exemplo, quando o agente
representá-lo. subtrai a bicicleta);
Isso é justificado pela disponibilidade do interesse z O furto só se pratica dolosamente;
atacado pelo delito, vinculado precipuamente à esfera z Não admite a modalidade culposa;
de intimidade da vítima. z É crime plurissubsistente, ou seja, a conduta
Reserva-se ao ofendido ou ao seu representante do agente para praticar o furto é fracionada em
a oportunidade (ou conveniência) para autorizar ou diversos atos que, somados, consumam o delito.
não o início da persecução penal. Portanto, admite a tentativa quando o agente, por
Excepcionalmente, a ação penal será pública motivos alheios à sua vontade, pratica alguns atos
incondicionada, nas hipóteses em que o delito envol- e não ocorre a consumação do delito. Por exemplo,
ver a Administração Pública, pois nesses casos há o agente, com animus de furtar objetos eletrôni-
ofensa a valores de natureza indisponível. cos de uma casa, pula o muro para ingressar no
interior da residência, mas o proprietário da casa
acorda e acende a luz, momento em que o agente
deixa de praticar os demais atos;
z A coisa sem dono não é objeto de furto;
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO z Não configura o crime de furto (art. 155, do CP) a
subtração de coisa própria, mesmo que em poder
FURTO de terceiro, embora possa caracterizar o delito des-
crito no art. 346, do CP, ou o crime de furto de coisa
Furto Simples comum (art. 156, do CP);
z Não há furto de coisa abandonada, pois não inte-
Art. 155 Subtrair, para si ou para outrem, coisa gra o patrimônio de ninguém;
alheia móvel:
z Se houver o apoderamento de coisa perdida, pode
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
configurar o crime do inciso II, do parágrafo único,
do art. 169, do CP;
O primeiro crime contra o patrimônio é o furto
simples, disposto no caput do art. 155, do CP. z De acordo com a doutrina majoritária, os bens que
Em síntese, o crime de furto é definido por ser possuem o valor afetivo ou sentimental também
a subtração de coisa alheia móvel para si ou para pode ser objeto material de furto.
outrem.
Subtrair significa retirar a coisa da posse da vítima, A lei tutela a propriedade e a posse. A simples
passando-a ao poder do agente. Pode ocorrer por apo- detenção não configura o crime de furto.
deramento direto, quando o agente apreende a coisa Sobre a consumação deste crime, é importan-
manualmente, ou por apoderamento indireto, na hipó- te conhecer o posicionamento adotado pelas cortes
tese de o agente utilizar-se de terceiros ou de animal. superiores (STF e STJ).
332
Os tribunais superiores adotam a teoria da Vejamos os pontos mais questionados sobre o cri-
apprehensio, também chamada de amotio, que consi- me de furto:
dera consumado o crime de furto com a posse da res
furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e segui- z Furto de coisas ilícitas: Podem ser objeto de fur-
da de perseguição do agente, sendo prescindível (dis- to. Por exemplo, responde por furto quem subtrai
pensável) a posse mansa e pacífica ou desvigiada do mercadoria contrabandeada e, neste caso, a vítima
bem furtado.10 responderá pelo crime de contrabando. Por outro
Um questionamento oportuno é verificar se o bem lado, as coisas ilícitas não podem ser objeto de fur-
subtraído deve ter valor econômico, ou seja, se o obje- to se constituírem elemento de outro crime; por
to material pode ser negociável. exemplo, a subtração de droga é crime do art. 33,
Vejamos os bens que integram o patrimônio: da Lei nº 11.343, de 2006; a subtração de arma de
fogo é crime do art. 16, da Lei nº 10.826, de 2003;
z Bens corpóreos, com existência material (por z Algumas partes naturais do corpo humano:
exemplo, um veículo) e incorpóreos, com existên- Podem ser objeto de furto se passíveis de figura-
cia abstrata (por exemplo, um direito autoral, de rem em uma relação jurídica; por exemplo, subtra-
valor econômico); ção do cabelo com o fim de obter lucro. Portanto,
z Bens de valor afetivo ou sentimental (por exem- a subtração de um rim ou outro órgão vital não é
plo, cartas e fotografias); furto, e sim lesão corporal grave ou homicídio con-
z Bens úteis à pessoa, embora destituídos de valor sumado ou tentado;
econômico ou sentimental (por exemplo, folha de z Cadáver: Não pode ser objeto de furto, pois cons-
cheque em branco e cartão de crédito). titui delito do art. 211, do CP — destruição, subtra-
ção ou ocultação de cadáver. Porém, se o cadáver
Portanto, vimos que não se pode restringir o patri- tem valor econômico, por exemplo, sendo perten-
mônio às coisas de valor econômico. Além disso, o cente à Faculdade de Medicina, haverá furto. Se
sujeito ativo do crime de furto pode ser qualquer pes- houver o furto de algum objeto que foi sepultado
soa, pois trata-se de crime comum ou geral. junto ao cadáver (por exemplo, arcada dentária de
Entretanto, existem algumas exceções quando o ouro), o crime será furto e a vítima será o herdeiro
crime de furto é praticado por pessoas específicas ou do de cujus;
em determinadas situações. Vejamos: z Energia elétrica: Discutia se constituía ou não
coisa móvel. O legislador penal tipificou o fur-
z Furto qualificado pelo abuso de confiança, previsto to de energia elétrica no § 3º, do art. 155, do CP,
no inciso II, § 4º, do art. 155; por ser crime próprio, o equiparando-se a coisa móvel à energia elétrica
agente é aquela pessoa em que a vítima confia (por ou qualquer outra que tenha valor econômico,
exemplo: o furto praticado por um empregado); por exemplo, energia radioativa, energia cinéti-
z Quanto ao proprietário, caso subtraia a própria coi- ca, energia atômica, energia genética etc. Porém,
sa que se encontra em poder de terceiro, não res- a energia deve ser suscetível de apossamento, ou
ponderá por furto, mas sim pelo crime de exercício seja, deve poder ser separada da coisa que a pro-
arbitrário das próprias razões (arts. 345 ou 346, do duz. Assim, não caracteriza furto o apossamento
CP, conforme a pretensão seja legítima ou ilegítima); da energia física de animal;
z Quando a coisa pertencer a mais de uma pessoa, z Instalação clandestina de TV a cabo: Há duas
o condômino que a subtrair responderá pelo deli- correntes:
to de furto de coisa comum (art. 156, do CP). Por
exemplo, um dos condôminos furta cadeiras da Primeira: Trata-se de fato atípico, pois não há
área de uso comum do condomínio; propriamente a subtração de energia e, sim,
z Com Abuso de Confiança, ou Mediante Fraude, z Mediante Concurso de 2 (duas) ou mais Pessoas
Escalada ou Destreza
O reconhecimento da qualificadora depende de
No abuso de confiança, o agente se vale de uma pelo menos duas pessoas atuando. Dentre essas, com-
relação prévia de confiança entre ele e o dono, o que putam-se os inimputáveis (menores e doentes men-
faz com que este diminua a vigilância sobre a coisa. tais) e os desconhecidos.
O agente utiliza essa confiança para se apoderar da Detalhe: se o comparsa é menor de dezoito anos,
coisa. Podemos citar como exemplo o furto cometido o agente responderá por furto qualificado em con-
pela empregada doméstica que, por possuir confiança curso material com o delito de corrupção de meno-
do dono, detém cópias da chave da casa do patrão e res, previsto no art. 244-B, do Estatuto da Criança e
aproveita essa confiança para subtrai bens no interior do Adolescente (ECA), desde que haja prova da efetiva
da casa. corrupção do menor.
O uso de fraude fica configurado quando o agen- Sobre a presença no local do crime, basta a simples
te usa de artifício para enganar a vítima para sub- participação, independentemente da presença na fase
334 trair a coisa, a exemplo do agente que se passa por da execução.
A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua- explosão e de dano, pois já funcionam como causa de
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de aumento de pena, aplicando-se o princípio da subsi-
agentes, a qualificadora deve ser reconhecida. diariedade tácita.
No delito de roubo, o concurso de pessoas gera
aumento de pena de um terço até metade. No furto, z Furto Mediante Uso de Dispositivo Eletrônico
a pena dobra. ou Informático (ou Furto Cibernético)
Há doutrina que sustenta a violação do princípio
da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais Art. 155 [...]
grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso § 4º-B A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um anos, e multa, se o furto mediante fraude é come-
terço até metade. tido por meio de dispositivo eletrônico ou infor-
O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar mático, conectado ou não à rede de computadores,
no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo- com ou sem a violação de mecanismo de seguran-
rante do roubo”. ça ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo.
z Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo § 4º-C A pena prevista no § 4º-B deste artigo, consi-
derada a relevância do resultado gravoso:
O § 4º-A, do art. 155, do CP, foi introduzido por I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
meio da Lei nº 13.654, de 2018, e dispõe que: se o crime é praticado mediante a utilização de ser-
vidor mantido fora do território nacional;
II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o cri-
Art. 155 [...]
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) me é praticado contra idoso ou vulnerável.
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum. A Lei nº 14.155, de 2021, incluiu no art. 155, do CP,
o § 4º-B, que consiste em modalidade de furto quali-
É o único furto que é crime hediondo (inciso IX, do ficado (pena de reclusão de 4 a 8 anos, e multa) se o
art. 1º, da Lei 8072, de 1990, com redação dada pela furto é cometido mediante fraude eletrônica, isto é, se
Lei 13.964, de 2019). realizado:
O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo,
torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da z Por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
reprimenda penal, em razão da provocação de perigo conectado ou não à rede de computadores, com
coletivo. ou sem a violação de mecanismo de segurança ou
Meio explosivo é o que causa estrondo, como, por a utilização de programa malicioso;
exemplo, dinamite, pólvora. z Por qualquer meio fraudulento análogo.
Importante destacar que o tipo penal, ao contrário
do art. 251, do CP, não se refere à substância explosiva, Um típico exemplo de conduta que configura a for-
mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza- ma qualificada do § 4º-B é a realização de saques ou
do para explodir caixas eletrônicos de agências ban- transferências bancárias indevidas por meio de clo-
cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo nagem de cartão/senha ou por meio de furto de cartão
do § 4º-A, do art. 155, do CP. Já no crime do art. 251, do via internet.
CP, podemos trazer a hipótese de o agente que lança
um artefato explosivo em um ponto de ônibus e que
expõe as pessoas a risco. Importante!
O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua-
lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja Para que se configure a modalidade qualificada
Por semovente domesticável podemos entender O objeto material consiste em substâncias explosi-
os animais — como bovinos, suínos, equinos, capri- vas ou acessórios que possibilitem fabricação, monta-
nos, aves — criados com o fim de abate, explora- gem ou emprego de substância explosiva.
336 ção, procriação ou comercialização. Não se incluem
O que é substância explosiva? Substância explosi- As duas teorias são aceitas, mas devemos com-
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre- preender que incide o aumento de um terço não só
bentação, como, por exemplo, pólvora ou dinamite. em furtos de residência, mas também em bancos, joa-
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em lherias, casas comerciais, bem como de automóveis
conjunto ou isoladamente, são capazes de se trans- estacionados na rua, de gado (abigeato).
formar quimicamente em uma substância explosiva; Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o
aqui podemos exemplificar com o estopim, a espoleta local seja área comercial ou local desabitado.
e o cordel detonante. São esses acessórios que possibi-
litam a fabricação, montagem ou o emprego da subs- Furto Privilegiado
tância explosiva.
A fabricação é a produção ou confecção. Na verdade, trata-se de crime com diminuição de
pena, uma vez que diminui a pena em uma porcenta-
Montagem é a junção dos componentes.
gem ou aplica somente a pena de multa (para ser pri-
Emprego é a utilização.
vilegiado, o tipo deveria fixar novos valores mínimos
O tipo penal não se refere aos maquinários e
e máximos de pena).
outros objetos que também são utilizados para fabri-
car, montar ou utilizar os explosivos, mas tão somen- Art. 155 [...]
te aos acessórios que compõem a própria substância § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
explosiva. a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
É bom lembrar que configura crime, nos termos do reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
inciso III, § único, do art. 16, da Lei nº 10.846, de 2003, terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem Está previsto no § 2º, do art. 155, do CP. Ocorre, por
autorização ou em desacordo com determinação legal exemplo, no caso de agente, primário, que subtraiu
ou regulamentar. uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é
Esse delito será absorvido pelo crime do § 7º, do inferior ao salário mínimo.
art. 155, do CP, pois já funciona como qualificadora. São características do furto privilegiado:
A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou z Réu primário;
z Coisa furtada de pequeno valor (segundo a juris-
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
prudência, até 1 salário mínimo).
litem sua fabricação, montagem ou emprego.
No caso do furto privilegiado, o juiz poderá adotar
Furto Majorado
uma das seguintes medidas:
O furto será majorado quando a ele for aplicada
z Substituir a pena de reclusão pela de detenção;
a causa de aumento de pena prevista no § 1º, do art. z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
155, do CP. terços);
z Aplicar somente a pena de multa.
Art. 155 [...]
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilé-
praticado durante o repouso noturno gio para o furto simples ou para o furto qualificado;
entretanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser
Sobre o repouso noturno, considere que, segundo de natureza objetiva (emprego de chave falsa, por
337
Furto de Uso z Furto: Coisa alheia, crime comum e ação penal
incondicionada;
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar, z Furto de coisa comum: Coisa comum, crime pró-
para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel prio e ação penal condicionada.
que foi subtraída.
O furto de uso é fato atípico; tal instituto não se Outras Hipóteses
aplica ao crime de roubo.
Por exemplo, se o agente subtrai a coisa com a Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens
intenção de usar e devolver depois, não cometerá o do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri-
crime de furto. me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício
Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta, arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma
devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o
se configura crime de furto. valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la.
O reconhecimento do furto de uso necessita da O furto famélico é aquele em que o agente bus-
presença de dois requisitos: ca saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo
se a subtração for o único meio de se alimentar. Por
z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o exemplo, a mãe, diante da necessidade de alimentar o
uso duradouro constitui crime de furto. Tratando- filho, subtrai uma maçã de uma barraca de feira para
-se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso alimentá-lo.
momentâneo seguido da pronta restituição exclui O furto em estado de precisão, aquele em que o
o delito; agente está desempregado e subtrai alimentos, ele-
z Restituição imediata e integral da coisa. Nesta trodomésticos etc., constitui crime. Exemplo: o pai,
hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de estando desempregado e sem condições de manter o
uso, deve deixar a coisa no mesmo lugar de onde a sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
subtraiu ou nas proximidades. teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar.
Vamos estudar agora o roubo majorado pela des- Consumada Tentada Latrocínio
truição ou rompimento de obstáculo com emprego de Tentada Tentada tentado
explosivo. Consumada Consumada Latrocínio
Observa-se que a qualificadora do § 4-A, do crime
Tentada Consumada consumado
de furto, tem incidência ainda que não haja destruição
ou rompimento de obstáculo, bastando o emprego de
explosivo ou de artefato que cause perigo comum, ao 341
Importante! O núcleo do tipo é o verbo constranger, que signi-
Caso o agente mate o seu comparsa, após a fica coagir, forçar, obrigar alguém a fazer, deixar de
prática do roubo, para ficar com a vantagem do fazer ou tolerar que se faça alguma coisa que a lei não
crime somente para si, não há que se falar, neste lhe impõe.
caso, em crime de latrocínio. O delito é punido a título de dolo. O agente visa
conseguir da vítima uma ação ou omissão, com o fim
de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
A palavra “latrocínio” não se encontra no atual econômica.
Código Penal. Trata-se de uma expressão tradicional. A finalidade específica é a intenção de obter uma
O latrocínio pode ser próprio ou impróprio. vantagem indevida e econômica.
O latrocínio próprio ocorre quando a morte A vantagem econômica pode consistir em bem
acontece antes ou durante a subtração da coisa; por móvel ou imóvel, diferentemente do roubo, cuja van-
exemplo, o agente mata o empregado de um estabele- tagem se restringe ao bem móvel.
cimento comercial, subtraindo em seguida o dinheiro A vantagem, além de econômica, deve ainda ser
do caixa. indevida, contrária ao direito.
No latrocínio impróprio, o agente primeiro se
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
apodera da coisa, sem qualquer violência, matando
podendo ser praticado por qualquer pessoa. Obser-
a vítima logo em seguida com o intuito de assegurar
ve que o funcionário público também pode cometer
a subtração ou a impunidade. Por exemplo, o agen-
te, logo após subtrair um bem, mata o policial que o extorsão. A doutrina ilustra a hipótese de escrivão de
surpreende. polícia que exige dinheiro de uma pessoa para influen-
O sujeito passivo é tanto a pessoa que sofre a lesão ciar o delegado de polícia a realizar o indiciamento.
patrimonial quanto aquela que é morta, podendo esta Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física ou
última ser até mesmo um policial ou terceiro. jurídica, inclusive a que sofre constrangimento sem
Observe que estamos diante de crime pluriofensi- lesão patrimonial.
vo, que ofende mais de um bem jurídico, quais sejam: O crime de extorsão ocorre quando, por exemplo,
o patrimônio e a vida. o agente chantageia uma mulher e o marido, amea-
Não há necessidade de que morra a vítima do çando de morte o seu filho, objetivando a obtenção de
patrimônio, sendo suficiente, para a caracterização do vantagem econômica.
delito, a morte de qualquer outra pessoa. Neste crime, observe que não se fala em coisa
Na hipótese de pluralidade de sujeitos passivos móvel, mas sim em indevida vantagem econômica.
com unidade de subtração patrimonial, haverá um Logo, para a configuração da extorsão, é possível que
só delito de latrocínio. Exemplo: o agente mata três a vantagem econômica seja coisa imóvel.
empregados e em seguida subtrai bens do patrão. Características da extorsão:
O latrocínio é delito qualificado pelo resultado,
tendo em vista a duplicidade de eventos. A morte
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
pode ocorrer a título de dolo ou culpa. Somente na
quer pessoa;
hipótese de o latrocínio ser na modalidade culposa é
que o delito será preterdoloso. z É crime complexo, já que tutela tanto o patrimônio
A morte deve decorrer da violência física. Se decor- quanto a liberdade individual;
rer de grave ameaça ou violência imprópria, exclui-se z Não admite a modalidade culposa (só pode ser pra-
o delito de latrocínio, respondendo o agente por rou- ticado dolosamente);
bo em concurso com homicídio. z A consumação do crime dá-se quando a vítima,
Por fim, para encerrarmos o crime de roubo, sobre depois de sofrer a violência ou grave ameaça,
o latrocínio, fique atento ao seguinte: o latrocínio é o realiza o comportamento desejado pelo agente
roubo qualificado pelo resultado da violência empre- criminoso, ainda que este não venha a receber a
gada pelo agente, resultando-se uma morte. vantagem almejada. Trata-se de um crime formal,
Logo, se a morte resultar de outro elemento que sendo que o recebimento da vantagem indevida é
não seja a violência empregada, não há que se falar mero exaurimento para o crime.
em latrocínio.
O emprego de arma de brinquedo não caracteriza Súmula 96 (STJ) O crime de extorsão consuma-
a aplicação da causa de aumento de pena; entretanto, -se independentemente da obtenção da vantagem
pode contribuir para a configuração do crime de rou- indevida.
bo, já que pode caracterizar a grave ameaça.
É importante não confundir o crime de extorsão
Extorsão com o crime de roubo, que acabamos de estudar:
Art. 158 Constranger alguém, mediante violên-
ROUBO EXTORSÃO
cia ou grave ameaça, e com o intuito de obter
para si ou para outrem indevida vantagem eco- O agente emprega a violên-
nômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar cia ou grave ameaça para
de fazer alguma coisa: determinar um comporta-
O agente emprega a violên-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. mento da vítima e obter in-
cia ou grave ameaça, visando
devida vantagem econômica
à subtração. A participação
Tutela-se a propriedade, a posse, a integridade A participação da vítima é in-
da vítima é dispensável
física e fisiopsíquica, bem como a liberdade pessoal. dispensável; sem ela, o autor
Trata-se de delito pluriofensivo, porque ofende mais não consegue obter a indevi-
da vantagem econômica
342 de um bem jurídico.
No delito de extorsão, há a presença dos seguintes anos, além de multa. Se resultar lesão corporal grave
elementos: ou morte, aplicam-se as penas previstas nos § 2º e 3º,
do art. 159, respectivamente.
z Constrangimento para obter da vítima uma ação, Por exemplo, a vítima é conduzida, no seu próprio
omissão ou tolerância; veículo, sendo coagida a percorrer caixas eletrônicos
z Emprego de violência ou grave ameaça; para a retirada de dinheiro, revelando ao meliante o
z Finalidade de obter, para si ou para outrem, inde- código secreto de seu cartão bancário magnético.
vida vantagem econômica. O bem jurídico protegido é o patrimônio e a liber-
dade pessoal de movimento, isto é, o direito de ir, vir e
z Extorsão Qualificada ficar no local livremente escolhido, assemelhando-se,
destarte, à extorsão mediante sequestro.
Art. 158 [...] O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pes- de crime comum.
soas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena É ainda crime permanente, viabilizando-se,
de um terço até metade. enquanto não cessar o estado de permanência, a par-
ticipação, a legítima defesa e a prisão em flagrante.
Dispõe o § 1º, do art. 158, do CP, que, se o crime for O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física
cometido por duas ou mais pessoas, ou com o empre- ou jurídica.
go de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até a metade. Admite-se a presença de mais de um sujeito passi-
Por exemplo: dois agentes chantageiam uma vo. Por exemplo, o extorsionário realiza o sequestro
mulher, ameaçando de morte a sua mãe, objetivando relâmpago do dirigente de uma pessoa jurídica, obri-
a obtenção de vantagem econômica. gando-o a assinar cheques da empresa.
Trata-se de causa de aumento de pena em quan- Para sua tipificação, exige-se a presença dos ele-
tidade fixa, que, em face da posição topográfica, é mentos da extorsão fundamental: constrangimen-
inaplicável à extorsão do § 2º, do art. 158. to, por meio de violência ou grave ameaça, para se
São duas as majorantes da pena, vejamos: obter da vítima uma ação ou omissão, com o fim de
obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
Concurso de duas ou mais pessoas; econômica.
Emprego de arma. Observe que há emprego Observe que, se a vantagem for absolutamente
de qualquer arma, própria ou imprópria, não impossível de se obter, não há extorsão, respondendo
necessita ser arma de fogo. o agente apenas pelo delito de sequestro. Por exem-
plo, sequestro relâmpago para obrigar menor impú-
z Extorsão Qualificada pelo Resultado bere a assinar nota promissória.
Não se esqueça: além do constrangimento, por
Art. 158 [...] meio de violência ou grave ameaça, exige-se ainda a
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante vio- restrição da liberdade, isto é, um sequestro “relâmpa-
lência o disposto no § 3º do artigo anterior. go”, rápido.
Para que o sequestro relâmpago fique configura-
Veja que o § 2º, do art. 158, do CP, dispõe que será do, o Código Penal exige a restrição da liberdade da
aplicado à extorsão praticada mediante violência o vítima e que essa condição seja necessária para a
disposto no § 3º, do artigo anterior, ou seja, do crime obtenção da vantagem econômica.
de roubo. Ex.: “A”, criminoso conhecido na cidade, aborda
Assim, a extorsão qualificada pelo resultado ocor- “B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan-
re quando, em razão da violência, resulta a lesão cor- do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco-
Se o crime
é cometido
por bando ou Se do fato
Se o sequestro é
Se o sequestro quadrilha (agora resultar lesão
menor de 18 anos Se do fato resultar
durar mais de é associação corporal de
ou maior de 60 a morte
24 horas criminosa - natureza
anos
responde pelos 2 grave
crimes)
Extorsão Indireta
Art. 160 Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar
causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
A extorsão indireta constitui forma mais branda de extorsão, que se configurará quando o agente exigir ou
receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimen-
to criminal contra a vítima ou contra terceiro.
Como dito, é uma forma mais branda de extorsão, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
enquanto a extorsão, em sua modalidade simples, tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 (anos).
É um crime que exige dolo específico, já que o agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exigir ou rece-
ber) como garantia de dívida.
É necessário que o agente abuse da condição de alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, apro-
veitando-se da condição de desespero pela qual se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o filho deste
se encontra internado em estado grave e ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija documento que
possa dar causa a procedimento criminal — pronto, teremos configurada a extorsão indireta, já que o agiota abu-
sou da condição da vítima. 345
No verbo “exigir”, este crime é formal, consuman- Dica
do-se com a exigência do documento.
Não configura crime de usurpação de águas,
Já no verbo “receber”, é crime material, consu-
mando-se com o efetivo recebimento do documento.
mas crime de furto, quando se trata de água reti-
É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter cri- rada de água represada pelo dono para criação
minis fracionado. de peixes.
É crime comum, já que não se exige qualquer con-
dição especial do sujeito. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra-
ta-se de crime comum.
USURPAÇÃO O sujeito passivo, por sua vez, é a pessoa que
pode sofrer dano em decorrência do desvio ou
Alteração de Limites represamento.
Consuma-se o crime no instante em que o agente
Art. 161 Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou efetua o desvio ou represamento, ainda que não obte-
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, nha a vantagem em proveito próprio ou alheio a que o
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa texto legal se refere. A tentativa é possível.
imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Esbulho Possessório
Art. 167 Nos casos do art. 163, do inciso IV do Art. 168-A Deixar de repassar à previdência social
seu parágrafo e do art. 164, somente se procede as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
mediante queixa. prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
A ação penal é privada no dano simples (caput
do art.163, do CP) e no dano qualificado por motivo O crime de apropriação indébita previdenciária é
egoístico ou considerável prejuízo para a vítima (inci- um crime omissivo próprio, pois só pode ser praticado
so IV, § único, do art. 163, do CP). Nas demais formas pelo substituto tributário, que é a pessoa que recolhe
de dano qualificado, a ação é pública incondicionada. as contribuições sociais em nome do INSS para depois
as repassar.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA A consumação deste crime, por ser omissivo pró-
prio, ocorre com a mera omissão do recolhimento da
Art. 168 Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que contribuição previdenciária.
tem a posse ou a detenção: No caso do contribuinte individual, ele é o res-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ponsável por esse desconto das contribuições e pelo
repasse ao INSS, de modo que é ele que responderá
Para compreender a apropriação indébita, é neces- pelo crime.
sário saber que o agente já tem a posse ou a detenção No caso de sociedade, para fins penais, o sujeito
da coisa, passando, posteriormente, a agir como se ativo é a pessoa física que no âmbito da empresa tem
fosse dono da coisa. Neste crime, exige-se que a coisa o poder de fato para decidir se irá ou não sonegar a
alheia seja móvel. contribuição arrecadada.
Não se deve confundir a apropriação indébita com Tutela-se o patrimônio do INSS, que é uma autar-
o crime de estelionato. Veja a diferença: quia federal, de modo que a competência é da Justiça
Federal, conforme o inciso IV, do art. 109, da Constitui-
APROPRIAÇÃO ção Federal.
ESTELIONATO
INDÉBITA Logo, o sujeito passivo é o INSS.
O agente recebe a coisa de O agente já recebe a coisa
boa-fé, depois, muda seu de má-fé, com a intenção
ânimo e passa a agir como de ficar com ela desde o Importante!
se fosse dono da coisa início Consumação: Ficará configurada quando o agen-
(passa a ter má-fé) te deixar de repassar à previdência social as con-
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo
348 e forma legal ou convencional.
Observe que o tipo penal principal é praticado na Não se trata de aplicação do princípio da insigni-
modalidade omissiva, deixando o agente de praticar ficância, porque a dívida tem um valor significativo,
uma conduta que deveria (repassar à previdência as mas se o valor for irrisório, por exemplo, R$ 100, R$
contribuições recolhidas após reter os valores). 200 ou R$ 300, ele poderá ser absolvido pelo princípio
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do da insignificância.
crime principal o agente que deixar de: Quando o valor da dívida atinge uma cifra razoável
de até R$ 10 mil, mas o INSS diz que não é preciso mover
Art. 168-A [...] a execução fiscal, nesse caso o réu poderá receber o per-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: dão judicial ou então ser condenado apenas na pena de
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra multa, conforme o § 3º, do art. 168, do CP.
importância destinada à previdência social que
A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da
tenha sido descontada de pagamento efetuado a
punibilidade), caso o agente, espontaneamente, decla-
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II - recolher contribuições devidas à previdência re, confesse e efetue o pagamento das contribuições,
social que tenham integrado despesas contábeis ou importâncias ou valores e preste as informações devi-
custos relativos à venda de produtos ou à prestação das à previdência social, na forma definida em lei ou
de serviços; regulamento, antes do início da ação fiscal.
III - pagar benefício devido a segurado, quando as
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem- Art. 168-A [...]
bolsados à empresa pela previdência social. § 2º É extinta a punibilidade se o agente, esponta-
neamente, declara, confessa e efetua o pagamento
Trata-se de norma penal em branco, complemen- das contribuições, importâncias ou valores e presta
tada em diversos dispositivos pela lei previdenciária as informações devidas à previdência social, na for-
correspondente. ma definida em lei ou regulamento, antes do início
Veja as características do crime de apropriação da ação fiscal.
indébita previdenciária:
Apesar de o Código Penal estabelecer que a condu-
z É crime omissivo, como dito, já que o agente não ta do agente, para que sua punibilidade seja extinta,
pratica a conduta que se espera dele (repassar); seja praticada antes do início da ação fiscal, o STF e
z Não admite a modalidade culposa; o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da puni-
z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o bilidade com o pagamento efetuado a qualquer tem-
STF, não é necessário dolo específico (especial fim
po, desde que antes do trânsito em julgado (sentença
de agir);
definitiva).
z Não admite tentativa.
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita
previdenciária, vamos verificar uma hipótese de per-
O entendimento majoritário na doutrina é o de que
a apropriação indébita previdenciária é crime formal dão judicial e de crime privilegiado.
e, por isso, dispensa-se o enriquecimento indevido por A Lei nº 13.606, de 2018, lei bastante atual, diga-se
parte do agente ou o efetivo prejuízo ao erário. de passagem (importante atentar-se a isso), acrescen-
Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que tou dispositivo ao Código Penal que estabelece que a
o crime de apropriação indébita previdenciária é faculdade atribuída ao juiz de deixar de aplicar a pena
material, pois, quando o agente omitiu o repasse, con- ou de aplicar somente a pena de multa não se apli-
figurou-se o enriquecimento indevido e o consequen- ca aos casos de parcelamento de contribuições cujo
te prejuízo ao erário. valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele
Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que, A pena será aplicada em dobro:
se o agente pagar os valores referentes ao cheque emi-
tido sem fundos antes do recebimento da denúncia, Estelionato Contra Idoso
será impedido o início da ação penal.
Vejamos também a Súmula 17, do STJ: “Quando o
O estelionato contra o idoso sofreu recentes altera-
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
ções pela Lei nº 14.155, de 2021, e aumenta a pena do
lesiva, é por este absorvido”.
estelionato de 1/3 ao dobro, quando cometido contra
Entenda da seguinte forma: se o uso do documento
idoso ou vulnerável. Vejamos a redação atual:
falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato,
este crime absorverá aquele.
Art. 171 [...]
Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro,
crimes em concurso formal. se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
considerada a relevância do resultado gravoso.
Fraude Eletrônica
Em relação a este crime, havia previsão anterior
§ 2º-A A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) que foi substituída pela nova redação do § 4º, que aca-
anos, e multa, se a fraude é cometida com a utiliza- bou por permitir a aplicação de pena menor do que
ção de informações fornecidas pela vítima ou por era possível antes da mudança. Veja a comparação no
terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, quadro a seguir:
contatos telefônicos ou envio de correio eletrô-
nico fraudulento, ou por qualquer outro meio frau-
dulento análogo. REDAÇÃO ORIGINAL REDAÇÃO ATUAL
§ 2º-B A pena prevista no § 2º-A deste artigo, consi-
derada a relevância do resultado gravoso, aumen- Art. 171 [...] Art. 171 [...]
ta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime Estelionato contra idoso Estelionato contra idoso
é praticado mediante a utilização de servidor man- § 4º Aplica-se a pena em ou vulnerável
tido fora do território nacional. dobro se o crime for co- § 4º A pena aumenta-
metido contra idoso. -se de 1/3 (um terço) ao
A Lei nº 14.155, de 2021, promoveu, ainda, mudan- dobro, se o crime é co-
ças no crime de estelionato, com a inclusão de uma metido contra idoso ou
forma qualificada, no § 2º-A, e novas causas de vulnerável, considerada
aumento de pena, nos §§ 2º-B e 4º, todos do art. 171, a relevância do resultado
Imunidades nos Crimes Contra o Patrimônio Art. 182 Somente se procede mediante representa-
— Introdução ção, se o crime previsto neste título é cometido em
prejuízo:
As disposições gerais dos crimes contra o patrimô- I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
nio versam sobre as: II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
z Imunidades;
Nas imunidades penais relativas, previstas no art.
Imunidades absolutas; 182, do CP, o delito, de ação pública incondicionada,
Imunidades relativas ou processuais penais; transmuda-se para ação pública condicionada à repre-
sentação da vítima ou de seu representante legal.
z Exceções às imunidades. Tratando-se de crime de ação privada, não há que
se falar em imunidade processual, cuja finalidade é
Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer beneficiar, ao invés de prejudicar.
dos crimes previstos neste título, em prejuízo: A ação penal privada é mais vantajosa do que a
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; ação penal pública condicionada à representação.
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
A primeira causa de imunidade processual con-
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
siste no fato de o delito ser praticado em prejuízo de
cônjuge judicialmente separado. Vejamos: marido fur-
As imunidades absolutas isentam de pena quem
comete delito contra o patrimônio em prejuízo de ta esposa um tempo depois de o casamento ser dis-
ascendente, descendente ou cônjuge, na constância solvido; estão separados judicialmente. Neste caso, há
da sociedade conjugal. imunidade relativa.
São autênticas escusas absolutórias, vedando Tratando-se de cônjuges divorciados ao tempo do
inclusive a instauração do inquérito policial. crime, não há qualquer imunidade. Por exemplo, após
Trata-se de um perdão legal. separados judicialmente, ex-esposa furta ex-marido.
A segunda causa, delito praticado em prejuízo
Conquanto o fato seja típico, antijurídico e culpá-
de irmão, abrange os irmãos germanos ou bilaterais
vel, há um impedimento legal da punibilidade, que é
(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que
excluída antes mesmo da prática do delito, distinguin-
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou
Conjunção carnal
(espécie)
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018, o art. 215-A
A atual redação do art. 215, CP, deu-se com as revogou o art. 61, da Lei de Contravenções Penais (que
modificações da Lei nº 12.015, de 2009, da qual já fala- previa conduta semelhante), criando o tipo penal de
mos quando estudamos o estupro. Aqui houve nova importunação sexual:
continuidade típico-normativa: o tipo do art. 216 foi
revogado e a conduta, incluída no art. 215, CP. Art. 215-A Praticar contra alguém e sem a sua
anuência ato libidinoso com o objetivo de satis-
Art. 215 Ter conjunção carnal ou praticar fazer a própria lascívia ou a de terceiro:
outro ato libidinoso com alguém, mediante Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a não constitui crime mais grave.
livre manifestação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Exemplo de conduta tratada por este tipo penal
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim
de obter vantagem econômica, aplica-se também
foi objeto de destaque na mídia em tempos recentes,
multa. que se materializava quando o sujeito, dentro de um
transporte coletivo, ejaculava na vítima ou se esfre-
Consiste na prática de conjunção carnal ou outro gava nela.
ato libidinoso com alguém (homem ou mulher) com Os principais aspectos sobre esse crime são:
emprego de fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. z Não é hediondo;
Na violação sexual mediante fraude, não há o z É crime subsidiário (só será aplicado se não consti-
emprego de violência ou grave ameaça, o que difere tuir crime mais grave);
do estupro. Nesta situação, o ato é consentido (há a z É bicomum (homem e mulher podem ser sujeitos
manifestação de vontade da vítima), porém o agente ativos/passivos);
utiliza meios fraudulentos, enganando a vítima para z Se praticado contra menor de 14 anos, é afastado,
que esta conceda. incindo o tipo do art. 217-A (estupro de vulnerável);
O exemplo clássico (que já apareceu em mais de z Deve ser praticado contra vítima(s) determina(s);
uma prova) é o do médico que pede para que a pacien- se não é praticado contra pessoa específica, consti-
te tire toda a roupa, pois precisa examiná-la e, sem tui ato obsceno (art. 233, CP), como, por exemplo,
que seja necessário, toca as partes íntimas da vítima quando o agente se masturba no meio de um par-
(que foi enganada, pois pensou que os toques fossem que, sem se dirigir a ninguém de forma particular;
parte normal do exame; ou seja, houve engano sobre z É elementar do delito de importunação sexual que
a legitimidade do ato). Outro exemplo muito usado é o este seja realizado sem a anuência da vítima;
do irmão gêmeo que toma o lugar de seu irmão e pra- z Não há emprego de violência ou grave ameaça.
tica conjunção carnal com a namorada deste (engano
360 sobre a pessoa).
ASSÉDIO SEXUAL de pontos para ser aprovada em sua disciplina,
aproxima-se e toca sua barriga e seus seios? Nes-
O assédio sexual encontra-se previsto no art. 216-A: te caso, temos duas posições: a primeira corren-
te afirma que não, por não haver hierarquia ou
Art. 216-A Constranger alguém com o intuito de ascendência do docente em relação ao aluno (já
obter vantagem ou favorecimento sexual, pre-
foi o entendimento predominante e ainda pre-
valecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exer-
valece na doutrina); já pela segunda corrente,
cício de emprego, cargo ou função. adotada pelo STJ em 2019 (ao analisar exatamen-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos te um caso como o do exemplo), afirma que, ape-
Parágrafo único. (VETADO) sar de não haver relação de hierarquia, há um
§ 2º o A pena é aumentada em até um terço se a domínio do docente sobre o aluno, sendo apli-
vítima é menor de 18 (dezoito) anos. cável o tipo do assédio sexual. Essa discussão
se aplica na relação entre líderes religiosos, como
O parágrafo único foi vetado. Temos apenas o § 2º. pastores e padres, e seus fiéis; neste caso, aplica-se
A palavra constranger, no caso do art. 216-A, não a posição da doutrina que afirma não ser possível.
tem o mesmo sentido do que no estupro: o assédio
sexual tem a ideia de intimidar alguém a fazer Em relação à configuração de crime de assédio na
alguma coisa (atos sexuais, libidinosos) sem o uso relação entre professor e aluno:
de violência ou grave ameaça. O intuito do agente é
obter favorecimento sexual de qualquer forma (pode z Em uma prova objetiva, o mais indicado é seguir a
ser até um beijo), mediante uma ameaça (quer pode posição do STJ, no sentido de que é possível o assé-
ser explícita ou não) ou de uma promessa (de promo- dio sexual entre professores e alunos;
ção, por exemplo), que também pode ser explícita ou
implícita. REsp 1.759.135 […] a Sexta Turma entendeu, por
O sujeito ativo está em posição hierarquicamente maioria, que é possível a configuração do crime de
superior à vitima (tem maior autoridade na estrutu- assédio sexual na relação entre professor e aluno.
ra administrativa) ou tem ascendência inerente ao
emprego, cargo ou função que exerce (setor privado); z Em uma prova discursiva, explique os dois
por sua vez, o sujeito passivo é o subordinado (assédio
posicionamentos.
vertical). É o que se chama de crime bipróprio (exige
características especiais do sujeito ativo e do passivo).
Lembre-se: em relação à hipótese de assédio
Não há assédio sexual entre funcionários do mes-
sexual entre líderes religiosos, não cabe a configura-
mo nível (assédio horizontal). Também não se confi-
ção do crime de assédio sexual.
gura quando o subordinado assedia o superior.
São aspectos relevantes relativos ao tipo do art.
216-A: REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE
SEXUAL
z É crime bicomum;
z O flerte (paquera) ou o namoro não configuram a Incluído em dezembro de 2018, no CP, pela Lei nº
conduta descrita; 13.772, é o único crime que consta do Capítulo I-A, do
z Se a vítima é menor de 14 anos, configura o tipo Título VI:
do art. 217-A;
z É crime formal (de resultado cortado), ou seja, Art. 216-B Produzir, fotografar, filmar ou regis-
Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi- Conforme podemos notar do tipo do art. 217-A, não
tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou é necessário o constrangimento da vítima (mediante
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de violência ou grave ameaça): qualquer prática de con-
comunicação de massa ou sistema de informática
junção carnal ou outro ato libidinoso com pessoa
ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
menor de 14 anos configura estupro de vulnerável (o
tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou constrangimento é presumido: presunção absoluta).
induza a sua prática, ou, sem o consentimento da Importante: A súmula nº 593, do STJ, dispõe sobre
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: o crime de estupro quando praticado com menor de
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato 14 anos:
não constitui crime mais grave.
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois Súmula nº 593 (STJ) O crime de estupro de vulne-
terços) se o crime é praticado por agente que man- rável se configura com a conjunção carnal ou prá-
tém ou tenha mantido relação íntima de afeto com tica de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo
a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. irrelevante eventual consentimento da vítima para
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as con- a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou
362 dutas descritas no caput deste artigo em publicação existência de relacionamento amoroso com o agente.
É importante mencionarmos que a idade da vítima ato ou ainda que já tenha praticado relações sexuais
é elemento constitutivo do crime de estupro de vul- anteriores (ou seja, a virgindade é irrelevante).
nerável. Deste modo, é sabido que o erro sobre o ele-
mento constitutivo do crime exclui o dolo do agente, Art. 217-A [...]
nos termos do § 1º, art. 20, do Código Penal — erro de § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º
tipo — “É isento de pena quem, por erro plenamente deste artigo aplicam-se independentemente do con-
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato sentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
que, se existisse, tornaria a ação legítima.” relações sexuais anteriormente ao crime.
Posto isso, imaginemos a seguinte situação: Tício
conhece Maria pelas redes sociais. Maria afirma tanto Os parágrafos 3º e 4º apresentam formas qualifi-
em sua página do Facebook, quanto pessoalmente a cadas, pela ocorrência de lesão corporal grave ou de
Tício, possuir 15 anos de idade. Tício e Maria realizam morte:
conjunção carnal consentida. Em que pese Maria afir-
mar possuir 15 anos, na realidade esta possui 13 anos.
Art. 217-A [...]
Neste caso, Tício desconhecia o fato de estar se rela-
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natu-
cionando com menor de 14 anos, o que afasta o dolo
reza grave:
de sua conduta. Assim, não é reconhecido o crime do
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
art. 217-A. Já, nesta mesma situação, caso Tício, conhe-
§ 4º Se da conduta resulta morte:
cendo da condição de menor de 14 anos de Maria, a
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
procure novamente e venham a se relacionar sexual-
mente, este deverá ser condenado pelo crime do art.
217-A. Este é o entendimento o STJ, consoante HC Todas as hipóteses de estupro de vulnerável (§§
628.870/PR, Rel. Ministro Ribeiro Dantas.11 1º, 3º e 4º) são consideradas hediondas (conforme
prevê o inciso VII, art. 1º, da Lei nº 8.072, de 1990).
Forma Equiparada
z Hediondos:
O § 1º, do art. 217-A, apresenta a figura equiparada Art. 217-A, caput (estupro de vulnerável próprio);
do estupro de vulnerável: Art. 217-A, § 3º (qualificada pela lesão grave);
Art. 217-A, § 4º (qualificada pela morte).
Art. 217-A [...]
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações
O art. 217-A tem os seguintes aspectos:
descritas no caput com alguém que, por enfermi-
dade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qual- z É crime material, consumando-se com a prática da
quer outra causa, não pode oferecer resistência. conjunção carnal ou de outro ato libidinoso;
z É cabível a tentativa;
Assim, são considerados vulneráveis (sujeitos pas- z Trata-se de tipo misto alternativo (lembre-se dos
sivos) para os fins dos crimes sexuais: comentários já feitos em outros crimes contra a
dignidade sexual);
z Art. 217-A, caput: z Assim como comentamos no caso do estupro do
art. 213, não é necessário o contato físico entre o
Menores de 14 anos (o Professor Rogério San- autor e a vítima.
chez denomina esta vulnerabilidade absoluta).
Por fim, cabe mencionar um tema muito inte-
z Art. 217-A, primeira parte: ressante: trata-se da chamada Exceção de Romeu
Alguns autores entendem que quo nomen juris Art. 218-B Submeter, induzir ou atrair à prosti-
(nome do crime) foi revogado (a redação anterior fala- tuição ou outra forma de exploração sexual
va em “corromper”, que foi trocada por “induzir”), e alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que,
tratam este delito de “indução de vulnerável à lascí- por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
via”. No entanto, essa divergência não traz maiores necessário discernimento para a prática do ato,
implicações. facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Induzir, como você já sabe, é sugerir, dar a ideia Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
de algo a alguém. Nesta figura, o sujeito ativo é o
mediador (intermediário ou proxeneta) que induz a O art. 218-B visa punir o sujeito que insere (sub-
vítima menor de 14 anos a satisfazer a lascívia (dese- mete, induz ou atrai) o menor de 18 anos ou o vul-
jo sexual) de outrem (do beneficiário: o voyeur ou nerável (homem ou mulher) no âmbito da exploração
observador). sexual (prostituição e turismo sexual), tráfico para
É importante saber que para se configurar o tipo fins sexuais e pornografia) ou facilita sua permanên-
do art. 218, CP, o agente deve induzir a vítima (menor cia ou impede ou dificulta sua saída.
de 14) a praticar algum ato que tenha a finalidade de Em resumo, é trazer a vítima vulnerável para
satisfazer a lascívia de outra pessoa (o beneficiário). a prostituição (ou outra forma de exploração) ou
impedir que a vítima saia desse meio (neste último
Veja bem, o ato deve ser unicamente contemplativo
caso trata-se de crime permanente).
(como, por exemplo, fazer a vítima vestir uma fan-
tasia sensual ou se mostrar nua), ou seja, não ocorre
z Trata-se de um crime hediondo;
contato físico entre o beneficiado e a vítima.
z O sujeito passivo é pessoa menor de 18 anos. Se
Este terceiro também não pode vir a filmar, foto-
a pessoa for maior de 18 anos, poderá ser confi-
grafar ou, de qualquer meio, registrar a cena; caso
gurado o crime do art. 228, do CP. Se a pessoa for
isso ocorra, vai responder pelo previsto no art. 240, do
menor de 14 anos, o crime será o de estupro de
ECA (crime mais grave, com penas de reclusão entre 4
vulnerável;
e 8 anos, além de multa).
z Crime material, se consumando no momento em
Caso ocorra a prática de conjunção carnal ou outro que a vítima passa a realizar atos de prostituição
ato libidinoso envolvendo a vítima, aquele que indu- ou forma de exploração sexual.
ziu (caso tenha agido dolosamente) o beneficiado vai
responder pelo tipo do art. 217-A (estupro de vulne- Existem 4 formas de exploração sexual:
rável). Esta é a corrente majoritária, defendida por
Rogério Greco, Fernando Capez, Rogério Sanches, Cle- z Prostituição;
ber Masson, entre outros. z Turismo sexual;
z Tráfico para fins sexuais;
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA z Pornografia.
DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE
O art. 218-B só cuida da prostituição e do turismo
Art. 218-A Praticar, na presença de alguém sexual envolvendo vulnerável. O tráfico é tratado pelo
menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a pre- inciso V, art. 149-A, CP (tráfico de pessoas); a pornogra-
senciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, fia envolvendo vulnerável, pelos arts. 240, 241, 241-A
a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
e 241-E, do ECA.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Proxenetismo Mercenário
O tipo do art. 218-A pode ser divido em duas partes: Se houver a intenção do agente em obter lucro,
aplica-se também a pena de multa:
z Praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso
apto a satisfazer o prazer sexual, na frente de víti- Art. 218-B [...]
ma menor de 14 anos; § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter van-
z Induzir menor de 14 a presenciar tais atos. tagem econômica, aplica-se também multa.
z Art. 218-B, caput e §§: O Capítulo V apresenta 5 tipos penais (arts. 227,
228, 229, 230 e 232-A). Sobre esses tipos, não há diver-
Favorecimento da prostituição ou outra forma gências doutrinárias ou jurisprudenciais, valendo a
de exploração sexual de vulnerável. leitura da lei seca (note que o art. 232-A não tem nada
a ver com dignidade sexual, tratando de migração). Os
DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA arts. 231 e 231-A foram revogados, passando o tema a
DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO ser tratado pelo art. 149, CP.
OU DE PORNOGRAFIA O Capítulo VI traz dois tipos, o do art. 233 (ato
obsceno) e o do art. 234 (escrito ou objeto obsceno).
O tipo do art. 218-C é um crime subsidiário, que Sobre eles, além da leitura da lei, cabe mencionar que
possui seis núcleos (tipo misto alternativo): há discussão sobre a constitucionalidade de ambos,
em relação ao primeiro por violação ao princípio da
Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi- taxatividade (seria muito vago, subjetivo) e, quanto ao
tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou segundo, por ferir a liberdade de expressão.
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de Por fim, o Capítulo VII, nos arts. 234-A e 234-B,
comunicação de massa ou sistema de informática apresenta disposições que são aplicáveis a todo o
ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis- Título dos crimes contra a dignidade sexual, con-
tro audiovisual que contenha cena de estupro ou forme observado a seguir:
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
induza a sua prática, ou, sem o consentimento da z Disposições aplicáveis a todos os crimes contra a
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: dignidade sexual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
não constitui crime mais grave. Aumento de pena (234-A):
De acordo com o art. 237 do CP, o agente que tem Simulação de Autoridade para Celebração de
o conhecimento prévio da existência de impedimen- Casamento
to que lhe cause a nulidade absoluta e, mesmo assim,
contrai casamento, conhecendo esta circunstância, Pratica crime contra a família o agente que se atri-
praticará o crime de conhecimento prévio de impedi- buir falsamente autoridade para celebração de casa-
mento com pena prevista de detenção de três meses mento, conforme disposto no art. 238, do CP.
a um ano. Este crime diz respeito ao presidente da celebração.
Trata-se mais uma vez de lei penal em branco Por exemplo, Vitor e Andresa estão se casando.
homogênea, pois os impedimentos matrimoniais são Cumpriram todos os requisitos da legislação civil.
indicados pelo art. 1.521, do CC. Porém, o celebrante não pode comparecer e para não
deixarem de se casarem na data marcada, o irmão da
Art. 1.521 Não podem casar: noiva, que é escrivão no cartório, celebra o casamen-
I - os ascendentes com os descendentes, seja o to. A conduta criminosa de simulação de autoridade
parentesco natural ou civil; para celebração de casamento recai no irmão da noi-
II - os afins em linha reta; va. Vitor e Andresa não praticaram crime.
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e Temos, então:
o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais z O bem jurídico penalmente tutelado é a família e
colaterais, até o terceiro grau inclusive; a regularidade do exercício de função pública rele-
z O bem jurídico penalmente tutelado é a assistência z O objeto jurídico é a assistência familiar, relati-
familiar (alimentos, habitação, vestuários, remé- vamente aos cuidados a serem dispensados pelos
dios etc.); pais aos filhos menores;
z O objeto material é a renda, pensão ou outro z O objeto material é o filho menor de 18 (dezoito)
auxílio; anos de idade; 369
z O sujeito ativo somente pode ser cometido pelos z Resida ou trabalhe em casa de prostituição;
pais do menor de 18 (dezoito) anos de idade. Em z Mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comi-
face da vedação do emprego da analogia in malam seração pública.
partem no Direito Penal, os tutores ou guardiães
não podem figurar como sujeito ativo do delito em Assim, temos que:
análise;
z Sujeito passivo é o filho menor de 18 (dezoito) anos
z O objeto jurídico é a assistência familiar, no que
de idade, seja, criança ou adolescente.
diz respeito ao direito de acesso ao ensino obriga-
tório do filho em idade escolar;
Dica
z O objeto material do crime é a instrução primária
É indiferente a origem do filho, se o parentesco é do filho em idade escolar;
biológico ou adotivo. z O sujeito ativo, por ser o delito do art. 246, do CP,
crime próprio, somente pode ser cometido pelos
z O crime de entrega de filho menor a pessoa inidô- pais cujo filho esteja em idade escolar e carente de
nea é doloso; instrução primária.
z Não se admite a modalidade culposa;
z O crime se consuma com a efetiva entrega do filho Adverte Cleber Masson que o crime de abando
menor de 18 (dezoito) anos de idade a pessoa cuja
intelectual (art. 246, do CP) não se admite a analogia
companhia lhe acarrete perigo;
in malam partem no direito penal, os tutores ou qual-
z Admite-se a tentativa;
z Ação penal é pública incondicionada; quer outra espécie de responsável legal pela guarda
z A pena prevista é detenção, de 1 (um) a 2 (dois) da criança ou adolescente não podem figurar como
anos, mas poderá ser de 1 (um) a 4 (quatro) anos sujeito ativo do delito.
de reclusão, se o agente pratica delito para obter
lucro, ou se o menor é enviado para o exterior; z Sujeito passivo é o filho dependente de instrução
z Incorre, também, na pena de 1 (um) a 4 (quatro) primária e em idade escolar;
anos de reclusão quem, embora excluído o perigo z O crime é doloso;
moral ou material, auxilia a efetivação de ato des- z Não se admite a modalidade culposa, como na
tinado ao envio de menor para o exterior, com o hipótese dos pais que negligentemente se esque-
fito de obter lucro; cem de promover a matrícula do filho em idade
z Esta figura equiparada é crime comum e que pode escolar no estabelecimento de ensino;
ser praticado por qualquer pessoa.
z O crime se consuma quando os pais deixam de
efetuar a matrícula do filho em idade escolar em
Abandono Intelectual
estabelecimento de ensino após encerrado o prazo
para matrícula e os genitores permanecem inertes;
O Código Penal tipifica o delito de abandono inte-
lectual no art. 246, do CP. Neste delito o agente deixar, z Consuma-se também quando, por decisão dos pais,
sem justa causa, de prover a instrução primária de o filho em idade escolar definitivamente para de
filho em idade escolar. frequentar o estabelecimento de ensino;
O verbo “deixar” é utilizado na lei no sentido de z A consumação prescinde da comprovação de efeti-
não se levar a efeito, não atuar, no sentido de fazer vo prejuízo à criança ou adolescente;
com que se permita o acesso de filho ao estudo consi- z Não se admite tentativa;
derado fundamental. z Ação penal é pública incondicionada.
A justa causa é um elemento de natureza nor-
mativa, que dá ensejo a um juízo de valor que será CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA
realizado caso a caso. Por exemplo, os pais que, por CURATELA
se encontrarem em situação de absoluta pobreza
não tendo condições de levar seu filho à escola, que Induzimento à Fuga, Entrega Arbitrária ou Sonegação
se localiza muito distante de sua casa, ou ainda pelo de Incapazes
fato de não existir o próprio estabelecimento de ensi-
no são hipóteses que podem justificar a ausência de O crime de induzimento à fuga, entrega arbitrária
matrícula do filho que se encontra em idade escolar.
ou sonegação de incapazes, previsto no art. 248, do CP
Configura, portanto, crime a conduta dos pais que
é um crime com algumas condutas:
não matriculam o filho na escola por entenderem que
em casa a educação será melhor.
z Induzir menor de 18 (dezoito anos), ou interdito, a
É necessário esclarecer que a idade escolar dever
ser aquela apontada pelos arts. 4ºe 6º, da Lei nº 9394, fugir do lugar em que se acha por determinação de
de 1996, que estabelece 4 (quatro) anos o início da ida- quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de
de escolar. lei ou de ordem judicial;
Também é crime de abandono intelectual o ato de z Confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do
permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a curador algum menor de dezoito anos ou interdito;
seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: z Deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legi-
timamente o reclame.
z Frequente casa de jogo ou mal afamada, ou convi-
va com pessoa viciosa ou de má vida; Esse crime é de natureza mista alternativa e cumu-
z Frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de lativa. Guilherme Nucci ensina que dependendo da
lhe ofender o pudor, ou participe de representação hipótese concreta, o agente pode responder por um
370 de igual natureza; delito ou pela prática de dois crimes.
A primeira conduta (induzir menor ou interdito a Destaca-se os seguintes elementos que integram o
fugir) pode ser associada à segunda, que é alternativa crime:
(confiar a outrem ou deixar de entregá-lo).
z A conduta de subtrair menor de 18 (dezoito) anos
Dica ou interdito;
z Poder de quem o tem sob a sua guarda;
Adverte Rogério Grecco: z Em virtude de lei ou de ordem judicial.
A ordem do pai, do tutor ou do curador e a justa
causa são consideradas elementos normativos Veja que o menor de 18 (dezoito) anos ou interdito
do tipo, que, se presentes, farão com que o fato deverá estar sob o poder de quem detém a sua guar-
seja considerado atípico. da, sendo que esta poderá ser proveniente de lei, por
exemplo, os pais em relação aos filhos no exercício
O objeto material do crime é a pessoa menor de 18 do poder familiar, ou decorrente de decisão judicial,
como acontece nas hipóteses em que se é nomeado
(dezoito) anos de idade ou interditada judicialmente.
um curador ao interdito.
Temos aqui três núcleos dos tipos penais:
O § 1º, do art. 249, do CP, destaca que o fato de ser o
agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito
z Induzimento à fuga: fazer nascer na mente do não o exime de pena, se destituído ou temporariamen-
menor de 18 (dezoito) anos de idade ou interdito te privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
a vontade de fugir do lugar em que se acha por Há crime de subtração de incapaz a simples conduta
determinação de quem sobre ele exerce autorida- de retirada da vítima do local onde ela se encontra, da
de, em virtude de lei ou decisão judicial; guarda de seu responsável legal, sendo irrelevante que
z Entrega arbitrária: entregar a outrem, sem ordem o agente aja com a intenção de prejudicar o incapaz. Há
dos pais, do tutor ou do curador, a pessoa menor também o crime em estudo se o acusado se excedeu na
de 18 (dezoito) anos de idade ou interditada autorização que a representante legal do menor tinha
judicialmente; lhe dado, tirando o menos de sua convivência.
Por outro lado, não crime de subtração de incapaz
z Sonegação de incapazes: deixar, recusar-se a
se os menores que eram levados pelo agente para a
entregar o menor de 18 (dezoito) anos ou interdito sua casa eram abandonados e viviam nas ruas, em
a quem legitimamente o reclame, comportando-se situação de risco.
desta forma sem justa causa.
z O bem jurídico penalmente protegido é o poder
Temos então as seguintes características: familiar, a tutela ou curatela, como medidas ine-
rentes à instituição familiar;
z O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; z O objeto material é a pessoa menor de 18 (dezoito)
z Já o sujeito passivo, são, imediatamente os pais, anos de idade ou judicialmente interditada;
tutores ou curadores e, mediatamente, a pessoa z Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
menor de 18 (dezoito) anos de idade ou judicial- os pais, tutores ou curadores, se tiverem sido desti-
mente interditada; tuídos ou se encontrarem temporariamente priva-
dos do poder familiar, tutela, curatela ou guarda
z O crime é doloso;
(art. 249, § 1º, do CP);
z Não se admite a modalidade culposa;
z O sujeito passivo é, imediatamente, o detentor da
z Admite-se a tentativa no induzimento à fuga e na
guarda do menor de 18 (dezoito) anos de idade ou
entrega arbitrária;
interdito e, mediatamente, o próprio incapaz.
z Não se admite a tentativa na sonegação de
A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro.
O crime pode ser praticado das seguintes formas:
Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público
Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, as que estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP.
Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social rela-
cionar-se com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49, do Decreto-lei 5.452,
de 1943. Por seu turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado no
inciso II, § 3º, art. 297, do CP.
É de suma importância você saber que não se pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.
Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:
É muito importante que você saiba o que é documento público, para fins de configuração deste crime, já que
existe, também, o crime de falsificação de documento particular, já que eles são apenados de formas diferentes,
376 sendo aquele mais grave do que este.
Para fins de concurso público, pode-se conceituar A conduta é muito semelhante ao crime de falsifi-
documento público como aquele emitido por funcio- cação de documento público, sendo diferente no que
nário público, no exercício de suas funções, a serviço se refere ao objeto material do crime. Estes crimes
da União, estados-membros, Distrito Federal ou muni- também se diferenciam em relação à pena cominada.
cípios (emitido por órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros Falsificação de documento Falsificação de documento
documentos, embora emitidos por particulares, a público particular
documento público.
Objeto Material: documento Objeto material: documento
público particular
z Falsificação total: criação de todo o material
escrito que representa o documento; Pena: Reclusão, de dois a seis Pena: Reclusão, de um a cinco
z Falsificação parcial: há uma criação de uma par- anos, e multa anos, e multa
Súmula 17 (STJ) Quando o falso se exaure no este- Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a
lionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
documento particular o cartão de crédito ou de débito.
absorvido.
Falsificação de Cartão
Esta súmula se refere à aplicação do princípio da
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou
documento público quanto em documento particular, letra, você deve ficar atento ao seguinte:
tendo, como distinção, tão somente a pena, vejamos:
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo
z Documento público: reclusão, de um a cinco anos, funcionário público que possui como atribuição
e multa; reconhecer firma ou letra (ex.: tabeliães);
z Documento particular: reclusão, de um a três z Admite a participação de particular, desde que
anos, e multa. conheça a condição de funcionário público do
agente;
Em relação ao crime de falsidade ideológica, é z Só poderá ser praticado dolosamente;
importante que você leve em consideração as seguin- z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
tes informações: z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se
de crime plurissubsistente, que admite, portanto,
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser a tentativa;
praticado dolosamente; z A ação penal será pública incondicionada;
z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim z Para diferenciar o crime de falso conhecimento de
de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a firma ou letra, do crime de falsa perícia, devemos
verdade sobre fato juridicamente relevante; nos atentar ao contexto em que o agente está inse-
z É crime comum; rido. No primeiro crime, o agente possui atribui-
z Caso a conduta seja praticada sem uma das finali- ção para reconhecer firma ou letra, já no segundo,
dades específicas (dolo específico) vistas acima, o o agente é o perito que falseia a perícia e pode
crime não irá se configurar; envolver a análise de letra (exame grafotécnico).
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis-
sivas, mas não admite, segundo posicionamen- Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso
to doutrinário majoritário, na conduta omissiva
(omitir); Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão
de função pública, fato ou circunstância que habi-
z Neste crime, a forma do documento segue intacta;
lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
o que se falsifica é o conteúdo das informações con-
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
tidas no documento público ou particular (com a vantagem:
omissão de declaração ou com a declaração falsa). Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Causas de aumento de pena (aumento da sexta Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,
parte — 1/6): em razão de função pública, fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
z Se o agente é funcionário público, e comete o cri- ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
me prevalecendo-se do cargo. Não basta que seja vantagem.
praticado por funcionário público, para se aplicar Sobre este crime, é importante levar em conside-
a causa de aumento da pena, mas, também, que ele ração o seguinte:
se prevaleça do cargo para praticar o crime;
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
registro civil. cado por funcionário público, em razão da função
pública;
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra z Admite o concurso de pessoas com particulares,
desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exer- cionário público;
cício de função pública, firma ou letra que o não z Não admite a modalidade culposa;
seja: z Admite a forma tentada;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
documento é público; e de um a três anos, e multa, com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
se o documento é particular. tos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Para a configuração deste crime, exige-se que a
Este crime se configura com a prática da seguinte certificação ou o atestado se deem para as finali-
conduta típica: reconhecer, como verdadeira, no exer- dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
cício de função pública, firma ou letra que o não seja. obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
Entenda da seguinte forma: de caráter público, ou qualquer outra vantagem;
z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
z Firma: assinatura; lucro (finalidade específica), será aplicada, além
378 z Letra: manuscrito daquele que assina. da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
Falsidade Material de Atestado ou Certidão z Não admite a forma culposa — deve ser praticado
dolosamente;
Art. 301 [...] z Não exige fim especial de agir (dolo específico), sal-
§ 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou vo no caso de obtenção de lucro;
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta-
z Admite a tentativa;
do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância
z Caso o médico pratique a conduta com finalidade
que habilite alguém a obter cargo público, isenção
de obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele,
de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
quer outra vantagem: além da pena privativa de liberdade, a pena de
Pena - detenção, de três meses a dois anos. multa;
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli- z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de dê no exercício da função.
multa.
z Só pode ser praticado dolosamente — não admite É importante ressaltar também que, caso o falso
a forma culposa; atestado médico seja destinado à pratica de outro cri-
me, tendo o médico ciência desta circunstância, será
É crime não transeunte (deixa vestígios mate- este responsabilizado como partícipe pelo crime mais
riais), ou seja, é necessária a comprovação da grave (princípio da consunção), restando absorvido o
materialidade do delito por meio de perícia; crime do art. 302.
z Para caracterização deste crime, não basta o mero z Destruir, Suprimir e Ocultar: Documento públi-
porte do documento falso, exigindo-se que o agen- co ou particular verdadeiro, de que não podia dis-
te o use efetivamente, apresentando-o a alguém;
por, em benefício próprio ou de outrem, ou em
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
prejuízo alheio.
quer pessoa;
z É crime formal;
A pena do crime será diferente, a depender da
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
natureza do documento destruído, suprimido ou
praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico); ocultado.
z Caso o agente desconheça a falsidade do documen-
to e o utilize, não há que se falar na configuração z Documento público: Reclusão, de dois a seis
deste tipo penal, já que, como visto acima, o ele- anos, e multa;
mento subjetivo é somente o dolo; z Documento particular: Reclusão, de um a cinco
z Prevalece o entendimento de que não admite a anos, e multa.
modalidade tentada, já que se trata de crime unis-
subsistente, perfazendo-se mediante a execução Em relação aos tipos penais que apresentam penas
de um único ato (ou o agente usa o documento e como visto acima, você deve ter um cuidado redobra-
pratica o crime; ou o agente não usa o documento do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro-
e o fato será atípico); va sobre o tema.
z Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira- Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento às
mente falsificado, perceptível aos olhos do homem seguintes informações:
comum, não irá se configurar o crime de uso de
documento falso. z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer agente;
A Súmula 522, do STJ, diz respeito ao uso de docu- z Não admite a modalidade culposa;
mento falso e o instituto da autodefesa. Vejamos: z É necessário que o agente pratique as condutas des-
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio
Súmula 522 (STJ) A conduta de atribuir-se falsa
ou em prejuízo alheio (finalidade específica);
identidade perante autoridade policial é típica, ain-
da que em situação de alegada autodefesa.
z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o
agente não possa dispor do documento público ou
A respeito da competência para processar e julgar particular;
o crime de uso de documento falso, vejamos: z Admite a tentativa.
Assim, caso o agente utilize uma carteira de iden- Art. 306 Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
tidade falsa, não será relevante para fins de análise marca ou sinal empregado pelo poder público
de competência para processo e julgamento o órgão no contraste de metal precioso ou na fiscalização
380 14 (STF — AP 530 — Rel. Min. Rosa Weber — Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso — 1ª Turma — julgado em 9-9-2014).
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natu- preso e de que não se descubra a sua condição de pro-
reza, falsificado por outrem: curado, ao ser abordado por uma equipe policial, atri-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. bui a si próprio o nome de Mévio, contra quem não
Parágrafo único. Se a marca ou sinal falsificado é o existe nenhuma medida judicial.
que usa a autoridade pública para o fim de fiscali- Vejamos: no exemplo acima, configurou-se o crime
zação sanitária, ou para autenticar ou encerrar de falsa identidade, já que o agente, com a finalidade
determinados objetos, ou comprovar o cumprimen-
de obter proveito próprio, atribuiu a si mesmo falsa
to de formalidade legal:
identidade.
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e
Mas o fato de Tício se atribuir falsa identidade
multa.
para evitar prisão não está de acordo com o princípio
do Direito Processual Penal, que permite que o indi-
Trata-se de crime de ação múltipla, que pode ser
víduo não seja compelido a produzir provas contra
praticado mediante a execução dos verbos:
si mesmo, podendo, inclusive, mentir? Caso ele seja
responsabilizado penalmente, não haveria violação
z Falsificar;
ao princípio da não autoincriminação?
z Usar.
Por muito tempo, este assunto foi divergente.
O entendimento que predomina atualmente é o de
Responderá o agente com uma pena mais branda,
que a responsabilização penal por falsa identidade,
podendo ser reclusão ou detenção, de um a três anos,
ainda que diante de situação de alegada autodefesa,
e multa, se a marca ou sinal falsificado é o que usa a
não viola o princípio da não autoincriminação, sendo,
autoridade pública para o fim de:
portanto, fato típico.
Importante:
z Fiscalização sanitária;
z Autenticar ou encerrar determinados objetos;
Súmula 522 (STJ) A conduta de atribuir-se falsa
z Comprovar o cumprimento de formalidade legais. identidade perante autoridade policial é típica, ain-
da que em situação de alegada autodefesa.
Sobre este crime, é importante levar as seguintes
informações para a sua prova: Sobre o crime de falsa identidade, é importante
que você leve em consideração:
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa; z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser quer pessoa;
praticado dolosamente; z Não admite a modalidade culposa — o elemento
z Não exige dolo específico; subjetivo exigido é sempre o dolo;
z Admite a forma tentada, salvo quando executado z Exige dolo específico: o agente deve praticar a con-
por meio verbo usar. duta com o fim de obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem;
Dica z Não admite tentativa. Parte da doutrina admite-a,
ainda que de difícil configuração, caso o crime seja
Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, admite
praticado de forma escrita;
tentativa.
z É crime formal, que se consuma independente-
Usar não admite tentativa. mente de o agente conseguir obter a vantagem ou
efetivamente causar dano;
Falsa Identidade z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- Sobre este crime, é importante que você leve em
quer indivíduo; consideração as seguintes informações:
z Para que o delito se configure, basta que o agente
atue com dolo, sendo desnecessário o fim especial z É crime próprio;
de agir; z Não admite a modalidade culposa — só poderá ser
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser praticado dolosamente;
praticado dolosamente; z Exige finalidade especial de agir (dolo específico):
z Admite-se a modalidade tentada;
z É crime subsidiário, não respondendo o agente Forma simples: entrar ou permanecer no terri-
por ele se o fato constituir elemento de crime mais tório nacional;
grave. Forma qualificada: promover a entrada do
estrangeiro no território nacional.
Os crimes a seguir apresentam condutas bastante
parecidas. Cuidado para não as confundir: z Não admite a modalidade tentada;
z Caso o estrangeiro tente entrar ou permanecer no
território nacional utilizando-se de documento
FALSIFICAÇÃO
Conduta: falsificar, no todo ou em parte, docu- falso, irá responder pelo art. 304, do Código Penal
DE DOCUMENTO
mento público ou particular ou alterar documen-
PÚBLICO OU
to público ou particular verdadeiro
(uso de documento falso);
PARTICULAR z Caso pratique as duas condutas, irá responder
Conduta: fazer uso de qualquer dos papéis fal- pelos crimes em concurso.
USO DE DOCU- sificados ou alterados, a que se referem os arts.
MENTO FALSO 297 a 302 (incluindo documento público ou Falsidade em Prejuízo da Nacionalização da
particular)
Sociedade
Conduta: atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa
FALSA
identidade para obter vantagem, em proveito Art. 310 Prestar-se a figurar como proprietário ou
IDENTIDADE
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem
possuidor de ação, título ou valor pertencente a
Conduta: usar, como próprio, passaporte, título estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por
USO DE DOCU- de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer lei a propriedade ou a posse de tais bens:
MENTO DE IDEN- documento de identidade alheia ou ceder a ou- Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
TIDADE ALHEIO trem, para que dele se utilize, documento dessa
natureza, próprio ou de terceiro
Este crime tipifica a conduta daquele que figura
como “laranja” de estrangeiro, que age como proprie-
Fraude de Lei Sobre Estrangeiro tário ou possuidor de valores, ações ou títulos que,
na verdade, pertencem a um estrangeiro, já que a lei
Art. 309 Usar o estrangeiro, para entrar ou perma- proíbe a este a propriedade ou a posse.
necer no território nacional, nome que não é o seu: Por exemplo, a Constituição Federal estabelece
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. que a propriedade de empresa jornalística e de radio-
Parágrafo único. Atribuir a estrangeiro falsa qua- difusão sonora e de sons e imagens é privativa de bra-
lidade para promover-lhe a entrada em território sileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
nacional: não podendo o estrangeiro ser proprietário de uma
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. dessas empresas.
Suponha que Augusto, brasileiro nato, preste-se a
Trata-se de crime bastante parecido com o crime figurar como proprietário de empresa jornalística e
de falsa identidade, porém, com este não se confunde. de radiodifusão sonora e de sons e imagens, que, na
382 verdade, pertence a Alfred, estadunidense nato.
Vejamos, a conduta praticada por Augusto configu- DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
ra o tipo penal previsto no art. 310, do CP, podendo ele PÚBLICO
ser incurso nas penas de detenção, de seis meses a três
anos, e multa. Fraudes em Certames de Interesse Público
Sobre o crime previsto no art. 310, é importante
levar em consideração: Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente,
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de com-
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por prometer a credibilidade do certame, conteúdo sigi-
loso de:
brasileiro, seja nato ou naturalizado;
I - concurso público;
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
II - avaliação ou exame públicos;
praticado dolosamente;
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
rior; ou
z É necessário que o agente saiba que a propriedade IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
ou posse dos bens seja proibida por lei ao estran- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
geiro (lembre-se de que o crime não admite a for- § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou
ma culposa); facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
z Admite tentativa. autorizadas às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
Adulteração de Sinal Identificador de Veículo tração pública:
Automotor Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
Art. 311 Adulterar ou remarcar número de chassi cometido por funcionário público.
ou qualquer sinal identificador de veículo auto-
motor, de seu componente ou equipamento: Este tipo penal foi editado para proteger a lisura
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. dos certames de interesse público.
§ 1º Se o agente comete o crime no exercício da fun- Este crime tem como figura típica a prática da
ção pública ou em razão dela, a pena é aumenta- seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamen-
da de um terço.
te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
sigiloso de:
Importante!
Este crime apresenta uma causa de aumento de z Concurso público (segundo Sanches, instrumento
pena, ou seja, a pena será aumentada de um ter- de acesso a cargos e empregos públicos);
ço se o agente cometer o crime no exercício da z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches,
função pública ou em razão dela. abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos);
z Processo seletivo para ingresso no ensino superior
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras
Art. 311 [...] formas de avaliação para ingresso no ensino supe-
§ 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário rior, a exemplo do ENEM);
público que contribui para o licenciamento ou z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con-
registro do veículo remarcado ou adulterado, forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa-
fornecendo indevidamente material ou infor- me da OAB).
mação oficial.
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser Art. 327 Considera-se funcionário público, para os
praticado dolosamente; efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a ção pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce
credibilidade do certame;
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
e quem trabalha para empresa prestadora de ser-
mera divulgação ou utilização das informações
viço contratada ou conveniada para a execução de
sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi- atividade típica da Administração Pública.
ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer § 2º A pena será aumentada da terça parte quan-
a credibilidade do certame público; do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
z Admite a forma tentada; lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
z Caso o agente promova a utilização ou divulgação função de direção ou assessoramento de órgão da
das informações sigilosas devidamente (com justa administração direta, sociedade de economia mis-
causa), não há que se falar na prática deste crime. ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público.
REFERÊNCIAS
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO O art. 327, do CP, faz menção a cargo público,
PÚBLICA emprego público e função pública. Vamos distinguir:
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS z Cargo público é o criado por lei, com nomencla-
PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL tura e número certo, junto à administração direta;
z Emprego público, por sua vez, é a função pública
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem exercida em caráter temporário ou extraordinário
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou (por exemplo, diarista que presta serviço de faxi-
probidade administrativa. na em uma repartição pública). Assim, obtém-se
Tratam-se de crimes próprios, que exigem uma por exclusão o conceito de emprego público como
condição especial do sujeito ativo: ser funcionário sendo todo aquele que não se classifica como cargo
384 público. público;
z Função pública é toda e qualquer atividade que determinado, os agentes vão ao local e subtraem o
realiza os fins próprios do Estado (por exemplo, computador.
perito judicial, estagiário do Ministério Público ou No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
da Defensoria Pública ou de qualquer outro órgão responderão pelo crime de peculato (vamos estudar
público, juiz de direito, Presidente da Repúbli- suas características a seguir), já que praticaram a con-
ca, Governador de Estado, escreventes, Prefeitos, duta em concurso de pessoas e a condição de caráter
vereadores, faxineiros do fórum etc.). pessoal (ser funcionário público) comunica-se aos
demais agentes (é necessário que eles conheçam a
Além dos dispositivos legais, é importante termos condição).
ciência de alguns julgados que estabelecem que são Vejamos agora cada um dos crimes funcionais:
considerados funcionários públicos para fins penais:
Peculato
z Diretor de organização social;15
z Administrador de Loteria;16 Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
z Advogados dativos;17 dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
z Médico de hospital particular credenciado/conve- público ou particular, de que tem a posse em
niado ao SUS;18 razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito pró-
z Estagiário de órgão ou entidade públicos;19 prio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Nestes termos, não são considerados funcionários § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
públicos para fins penais os depositários judiciais.20 co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
No § 2º, do art. 327, o Código Penal apresenta uma ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-
praticados por funcionário público contra a adminis- do-se de facilidade que lhe proporciona a qua-
tração em geral. Observe: lidade de funcionário.
A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quan-
do os autores dos crimes praticados por funcionário O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
público contra a administração em geral forem ocu- dividido doutrinariamente da seguinte forma:
pantes de cargos em comissão ou de função de direção
ou assessoramento de órgão da administração direta, z Peculato próprio:
sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
dação instituída pelo poder público. Peculato-apropriação;
É importante saber que a pena não será aumen- Peculato-desvio.
tada caso o funcionário público ocupe cargo em
comissão ou função de direção ou assessoramento em z Peculato impróprio:
autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se de
que o nosso ordenamento jurídico não admite a ana- Peculato-furto.
logia para prejudicar o agente.
Não podemos deixar de tratar do concurso de pes- z Peculato culposo;
soas nos crimes funcionais. z Peculato mediante erro de outrem (peculato
Os crimes funcionais são crimes próprios, à medi-
estelionato).
da que o autor deve ser funcionário público e, em
regra, não podem serem praticados por qualquer pes-
O peculato-apropriação configurar-se-á quando
soa. Todavia, admitem a participação e a coautoria,
21 APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, por maioria, julgado em 06/11/2019,
386 DJe 04/02/2020.
Peculato Culposo O peculato mediante erro de outrem está previs-
to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio-
Art. 312 […] nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
para o crime de outrem: de outrem.
Pena - detenção, de três meses a um ano. Parte da doutrina chama esta modalidade de
peculato-estelionato.
O peculato culposo, previsto no § 2º, art. 312, con- Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro
figura-se quando o funcionário público concorre cul- de outrem, toma posse de um bem móvel, em razão
posamente para o crime de outrem. da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que
Dos crimes praticados por funcionário público induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece-
contra a administração em geral, o peculato é o úni- beu por erro será partícipe deste delito de peculato
co que prevê expressamente a possibilidade de ser mediante erro.
cometido na modalidade culposa. O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
isto é, posterior ao recebimento da coisa.
No peculato culposo, o funcionário público não
Em um primeiro momento, o funcionário público
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa,
toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
acaba concorrendo para a subtração da coisa. alheio, mas, posteriormente, após detectar o erro,
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato apropria-se da coisa.
culposo podem ocorrer as seguintes situações: É importante levar em consideração as seguintes
características do crime de peculato mediante erro de
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outrem:
outro funcionário cometa peculato (caput ou § 1º);
z Um funcionário, por culpa, concorre para que z É crime material, que se consuma quando o agen-
outro funcionário ou um particular cometam o te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
fato; lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
z Um funcionário, por culpa, concorre para que um por erro de outra pessoa, passando a agir como se
particular cometa o fato (furto etc.). dono fosse;
z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esque- dade tentada;
ce, por omissão, já que queria assistir a um jogo de z O funcionário público deve receber a coisa em
razão do cargo que exerce;
futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa
z O sujeito passivo é a Administração Pública. Caso
do Distrito Federal, ao qual somente ele tem acesso.
o bem seja particular, também será sujeito passivo
No ambiente em que a porta se encontra, há vários o dono do bem;
objetos de valor considerável para o Poder Legislativo z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
distrital. Simba, também policial legislativo, aprovei- induzida a erro, configurar-se-á o crime de estelio-
tando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa no nato, previsto no art. 171, do CP, sendo necessário,
local e subtrai uma câmera fotográfica. para caracterização do crime de peculato median-
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- te erro de outrem, que a vítima entregue a coisa
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já por erro próprio.
que concorreu culposamente para o crime de outrem
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao dei- Inserção de Dados Falsos em Sistemas de
xar de trancar a porta, fator que contribuiu para a Informação
Art. 313 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti- Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
de outrem: funcionários que não dispõem desta competência res-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. pondem pelo crime do art. 313-B, do CP. Trata-se de
crime próprio.
387
A fraude no sistema informatizado ou em bancos Trata-se de crime próprio, sendo praticado somen-
de dados pelo funcionário competente, para obter te por funcionário público, qualquer que seja a sua
vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito função, estando autorizado ou não a manipular sis-
em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime temas de informações ou programas de informática.
menos grave, é absorvido. A consumação deste crime se dá com a modifica-
Para que este crime se configure, é necessário que ção ou alteração não autorizada do sistema. Não é
as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas necessário um especial fim de agir.
por funcionário público autorizado a operar os siste- Caso o funcionário público seja autorizado ou pra-
mas informatizados ou bancos de dados da Adminis- tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
tração Pública. tente, o fato será atípico.
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
descreve vários verbos que podem ser praticados terço) até metade caso da modificação ou alteração
para a sua configuração. resulte dano para a Administração Pública ou para o
Condutas: administrado.
Fique atento às diferenças entre os tipos penais
z Inserir dados falsos; do crime de inserção de dados falsos em sistemas de
informação e do crime de modificação ou alteração
z Facilitar a inserção de dados falsos;
não autorizada de sistemas de informação:
z Alterar dados corretos;
z Excluir indevidamente dados corretos.
MODIFICAÇÃO OU AL-
INSERÇÃO DE DADOS
É necessário, para a tipificação do delito, que as TERAÇÃO NÃO AUTO-
FALSOS EM SISTEMAS
condutas acima sejam realizadas em sistema informa- RIZADA DE SISTEMAS
DE INFORMAÇÃO
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários, DE INFORMAÇÃO
livros ou outro meio físico) da Administração Pública. Verbos: Inserir, facilitar a Verbos: modificar ou alterar
Objeto material: inserção, alterar, excluir Se praticado por funcio-
indevidamente nário autorizado, será fato
z Sistemas informatizados ou bancos de dados da Deve ser praticado por atípico
Administração Pública funcionário autorizado Não exige dolo específico
Exige dolo específico de
Finalidade (dolo específico): obter vantagem indevida
ou de causar dano
z Obter vantagem indevida para si ou para outrem;
z Causar dano.
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou
Documento
O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico,
que consiste no fim de obter vantagem indevida para Está previsto no art. 314, do Código Penal.
si ou para outrem ou causar dano à Administração
Pública ou a uma terceira pessoa. Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
dano, haverá o crime do art. 313-B, do CP. sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
O crime consuma-se com a conduta, independen- Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
temente do resultado. Trata-se de crime formal, que constitui crime mais grave.
se caracteriza ainda que a vantagem ou o dano alme-
jado não se verifique. Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem- (tornar imprestável).
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos Sobre este crime, é importante que você saiba:
dados corretos.
z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
Modificação ou Alteração Não Autorizada de do quando o fato constitui crime mais grave), res-
Sistemas de Informação pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
não se configurar crime mais grave;
O crime de modificação ou alteração não autori- z Não admite a modalidade culposa;
zada de sistemas de informação está previsto no art. z Admite tentativa;
313-B, do Código Penal. z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
parciais ou totais.
Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário,
sistema de informações ou programa de infor- Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
mática sem autorização ou solicitação de autori- ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
dade competente: to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, público, o crime será o previsto no art. 337, do CP. Caso
e multa. seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
um terço até a metade se da modificação ou altera- mento será no art. 356, do CP.
ção resulta dano para a Administração Públi- O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
388 ca ou para o administrado. cado se não houver outro crime mais grave.
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro qualquer represália por parte do funcionário público,
para destruir livro ou documento responderá apenas pode ou não pagar a vantagem indevida.
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave. Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
Por fim, quando se tratar de livros ou documentos te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
relativos a tributos, o funcionário que tinha a guar- 2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
da e praticou uma das condutas acima responderá levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
pelo crime do inciso I, art. 3º, da Lei nº 8.137, de 1990, A vantagem indevida, segundo posicionamento
quando o fato acarretar pagamento indevido ou ine- majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
xato de tributo. ser qualquer outra vantagem.
É importante mencionar que a concussão ocorrerá
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas em razão da função do agente público, não se exigindo
que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica- atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
ção diversa da estabelecida em lei: cometido por funcionário público de férias e, segundo
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
(antes de assumir).
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res- A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o são elementos integrantes do crime de concussão.
Decreto nº 201, de 1967. Se o funcionário público exigir o pagamento de
Exige que o emprego irregular aconteça em bene- vantagem indevida, mediante violência ou grave
fício da própria Administração Pública, contrariando ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
a legislação, não podendo o agente desviar as verbas visto no art. 158, do Código Penal.
ou rendas em benefício próprio, sob pena de respon- Sobre a concussão, é importante que você conheça
der por outro crime. as seguintes informações, frequentemente cobradas
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do em prova:
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de
reais para construção de uma passarela. A autoridade z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
pública competente utiliza a verba mencionada para z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
a construção de uma escola. prática da exigência, sendo o recebimento da van-
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregu- tagem mero exaurimento do crime;
lar de verbas ou rendas públicas. O agente deu às ver- z O particular, de quem se exigiu a vantagem inde-
bas públicas destinação diversa daquela estabelecida vida, é sujeito passivo secundário deste crime. A
em lei. Administração Pública é o sujeito passivo primário;
Observe que a destinação da verba ocorreu no inte- z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
cio próprio, o agente responderá por outro crime. concussão praticada mediante carta endereçada à
É importante mencionar a aplicação da excludente vítima;
de ilicitude do estado de necessidade: caso o empre- z É possível praticar a concussão indiretamente,
go se dê devido a uma situação de perigo iminente quando, por exemplo, o funcionário público exi-
(utilizou-se verba pública destinada ao esporte para ge a vantagem indevida por intermédio de outra
se construir um abrigo durante perigo de chuvas que pessoa.
desabrigaram grande parte da população), o fato será
típico, mas não será antijurídico. É importante diferenciar concussão e corrupção
Prevaricação
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
A prevaricação própria configurar-se-á quando o funcionário público retardar ou deixar de praticar, inde-
vidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
O crime em estudo não se confunde com a corrupção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa de
agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
Na prevaricação não existe esse pedido ou influência. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para satis-
fazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregularidade e
deixa de autuá-lo em razão de insistentes pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, se o fiscal deixa de
autuar porque percebe que a pessoa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação.
A prevaricação poderá ser praticada de três formas diferentes:
O crime de prevaricação exige um fim específico de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Não con-
fundir com o crime de corrupção passiva privilegiada (estudado anteriormente). Vejamos a tabela a seguir para
facilitar seu entendimento:
Você pode entender interesse ou sentimento pessoal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, amizade,
preguiça, entre outros.
Dica
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
� Não admite a forma culposa;
� Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
� Admite tentativa apenas quando praticado de forma comissiva.
Tentativa na prevaricação:
� Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício: não admite tentativa;
� Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei: admite tentativa.
Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
A prevaricação imprópria configurar-se-á quando o diretor de penitenciária e/ou agente público deixar de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo.
Trata-se de crime próprio, só podendo ser praticado pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário público
que tem o dever funcional de impedir que o preso tenha acesso a aparelho de comunicação com outros presos ou
392 com o ambiente externo.
Sobre a prevaricação imprópria, é importante ressaltar:
Condescendência Criminosa
Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
z Quando o funcionário público, por indulgência, deixa de responsabilizar o subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo;
z Quando o funcionário público, que não é competente para responsabilizar aquele que cometeu infração no
exercício do cargo, por indulgência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
A doutrina majoritária entende que o crime de condescendência criminosa só pode ser praticado por superior
hierárquico, que dolosamente, se omite. O funcionário que foi beneficiado não responde pelo delito em tela.
Você pode entender indulgência como compaixão, pena, piedade, clemência.
Há um requisito que deve ser cumprido para a prática da condescendência criminosa: uma infração funcional
(que pode ser uma violação administrativa ou penal) praticada por subordinado no exercício das atribuições do
seu cargo.
A consumação dá-se quando o superior toma conhecimento da infração e não providencia imediatamente a
responsabilização do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento:
Como é possível observar, os crimes de corrupção passiva privilegiada, prevaricação e condescendência crimi-
nosa possuem características similares. Vejamos as diferenças:
CORRUPÇÃO PASSIVA
PREVARICAÇÃO CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
PRIVILEGIADA
O agente deixa de praticar ato de ofí- O agente deixa de praticar ato de O agente deixa de praticar ato de ofí-
cio cedendo a pedido ou influência ofício para satisfazer sentimento ou cio (responsabilizar o subalterno) por
de outrem interesse pessoal indulgência
Advocacia Administrativa
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Modalidade simples: configura-se quando o funcionário público patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
se privado perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
É necessário que a condição de funcionário público proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que patro-
cina interesse de terceiro, pessoa privada; caso não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo, o fato será
atípico.
O agente pode praticar este crime de diversas maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição, solicitando
um benefício.
Modalidade qualificada: o crime de advocacia administrativa será qualificado caso o interesse privado seja
ilegítimo.
393
Sobre a advocacia administrativa, fique atento em A conduta típica é: abandonar cargo público, fora
sua prova: dos casos permitidos em lei.
O nome do crime é abandono de função, porém,
z Não admite a modalidade culposa; o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
z É crime formal, que se consuma com a conduta, importante que você saiba que o conceito de função
não se exigindo que se atinja o interesse privado pública é mais amplo que o de cargo público (não há
pleiteado; cargo sem função, mas há função sem cargo).
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero
quando for possível se fracionar o iter criminis; abandono de função pública (apesar do nome) ou de
z É desnecessário que o fato ocorra na própria repar- emprego público, mas tão somente no caso de aban-
tição em que trabalha o agente. Este pode usar da dono de cargo público (não se admite a analogia in
sua qualidade de funcionário para pleitear favores malam partem).
em qualquer esfera da Administração. Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, só
pode ser praticado pelo funcionário público ocupante
Violência Arbitrária do cargo que foi abandonado. Este abandono deve ser
por tempo juridicamente relevante.
Art. 322 Praticar violência, no exercício de função De acordo com posicionamento doutrinário majo-
ou a pretexto de exercê-la. ritário, as hipóteses de greve não configuram este tipo
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da penal.
pena correspondente à violência. As hipóteses em que o agente abandona o cargo
público, admitidas em lei, não configuram o crime de
Este delito encontrava divergência quanto a sua abandono de função.
aplicação, tendo em vista as edições realizadas pela O crime de abandono de função tem circunstân-
Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869, de 2019). cias que o qualificam:
Esta discussão não mais possui fundamento, sendo
que esta lei não tipificou o crime de violência arbi- z Se o fato resulta prejuízo público;
trária. Sendo assim, o delito ainda esse encontra em z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
vigor. de fronteira.
A prática da violência deve dar-se em razão da
Cabe destacar qualificadora do § 2º no que diz res-
função pública, não havendo a exigência de que seja
peito à faixa de fronteira. Essa qualificadora é uma
praticado no efetivo desempenho das funções do car-
norma penal em branco, visto que a definição da fai-
go, podendo, portanto, ser praticada, por exemplo,
xa de fronteira é fornecida pela Lei nº 6.634, de 1979,
por um funcionário público que se encontre de folga.
compreendendo um raio de 150 (cento e cinquenta)
Sobre esse crime, leve em consideração os seguin-
quilômetros ao longo das fronteiras nacionais.
tes pontos:
O fundamento desta qualificadora é a proteção à
soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
z A violência arbitrária não admite a forma culposa,
vulnerável.
devendo ser praticada dolosamente; Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
z Admite tentativa; vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter-
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado
administrado contra o qual é praticada a violência pelo estatuto a que estiver submetido o funcionário
arbitrária; público.
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente, Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias — pra-
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses zo previsto na maioria dos estatutos de servidores
de uso necessário e progressivo da força, admiti- públicos.
das em lei;
z O crime aperfeiçoa-se ainda que as vítimas da
Dica
agressão não sofram lesões;
z Caso alguma das vítimas sofra lesão ou morra, o Sobre o crime de abandono de função, leve para
agente responderá por este crime e pelo crime cor- a sua prova:
respondente à violência praticada (lesões corpo- � É crime omissivo;
rais ou homicídio). � Não admite tentativa;
� Só pode ser praticado dolosamente — não
Abandono de Função admite a culpa.
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos Este crime está previsto no art. 324, do CP.
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 324 Entrar no exercício de função pública
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na fai- oficialmente que foi exonerado, removido, substi-
xa de fronteira: tuído ou suspenso:
394 Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao Este crime pode ser praticado de duas formas:
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de
função pública afeta a prestação de serviços públicos. z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
Conduta típica: entrar no exercício de função e que deva permanecer em segredo;
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso: É importante mencionar que o agente toma conhe-
Este crime pode ser praticado de duas formas: cimento do fato em relação ao qual deve permanecer
em segredo em razão do cargo que ocupa, não se exi-
z Entrar no exercício de função pública antes de gindo que tenha sido no efetivo desempenho das atri-
satisfeitas as exigências legais; buições do cargo.
z Continuar a exercer a função pública, sem autori- Logo, o crime pode ser praticado no caso de o
zação, depois de saber oficialmente que foi exone- agente tomar conhecimento do fato durante período
rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido de licença, mas em razão do cargo.
que o funcionário público tenha sido oficialmente O Código Penal apresenta duas formas equipara-
comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs- das do crime de violação de sigilo funcional. Observe:
tituição ou suspensão. Neste aspecto, ressalta-se Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
que o crime é instantâneo e prescinde de habitua- que:
lidade da conduta para sua consumação.
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
Observe que o exercício funcional ilegalmente mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
antecipado ou prolongado somente pode ser prati- forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
cado por funcionário público já nomeado, mas ainda mas de informações ou banco de dados da Admi-
sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte), nistração Pública;
ou então pelo indivíduo que era funcionário público, z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.
porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial-
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
(parte final). dano à Administração Pública ou a outrem.
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, Sobre este crime, fique atento:
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen- z Só será praticado dolosamente — não admite for-
te indicada no tipo penal. ma culposa;
Se um particular entrar no exercício da função z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- cionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita.
ção de função pública (art. 328 do CP).
Sobre o tipo penal em comento, é importante Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
saber:
Este tipo penal era previsto no art. 326, e foi revo-
z Não admite a forma culposa; gado pelo art. 337-J também do Código Penal.
z Admite tentativa.
Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-
Violação de Sigilo Funcional rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
Este delito irá se configurar quando o agente públi- Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
co revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a
revelação. Usurpar significa apoderar-se, tomar algo pela for-
ça ou sem direito. 395
Inicialmente, é importante que você não confunda Ocorre se, do fato, o agente auferir vantagem
o usurpador de função com o funcionário ou agente (qualquer tipo de vantagem e não necessariamente
público de fato (assunto bastante cobrado, tanto na financeira).
disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito Sobre o crime de usurpação de função pública, é
Administrativo): importante que você leve em consideração:
Há uma forma qualificada do crime de usurpação O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
de função pública: que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
Art. 328 [...] ser preso, deita-se no chão para impedir o ato.
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere A violência ou ameaça deve ser empregada contra
vantagem: pessoa, não constituindo o crime se empregada contra
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. coisa (posição dominante).
396 22 (TJSP — Rel. Onei Raphael — RT 577/342).
É crime formal, que se consuma com a prática da Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí-
violência ou ameaça. cio da função ou em razão dela:
Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
do iter criminis.
Desacatar = ofender, faltar com respeito.
z Resistência qualificada: se, em razão da resistên- Não se exige que o funcionário público esteja no
cia, o ato não se executa. efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a
Por fim, leve para a sua prova: o agente responde- ofensa se dê em razão da função pública.
rá pela resistência e pela violência empregada.
Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal z Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
praticado por funcionário competente, o particular que estava no exercício de sua função, de “poli-
usa de violência, causando lesão corporal de nature- cialzinho de merda”, quando este estava prestes a
za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e prender aquele;
lesão grave. z Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial
civil, em um restaurante em Porto Seguro, durante
Desobediência as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo
fato de Cássio tê-lo prendido no passado;
Este crime está previsto no art. 330, do Código z Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
Penal. Configurar-se-á quando o agente desobedecer de “babaca sem noção”, em uma partida de fute-
à ordem legal de funcionário público. bol, pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele.
Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa-
público: cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e razão da função exercida pelo funcionário público.
multa. No exemplo 3, não há que se falar em desacato.
Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa pro-
Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que: ferida pelo agente em nada tem a ver com a função
pública.
z Deve haver uma ordem: significa determinação, Sobre o desacato, é importante que você fique
mandamento. O não atendimento de mero pedido atento às seguintes considerações:
ou solicitação não caracteriza o crime;
z A ordem deve ser legal: material e formalmente. z O desacato pode dar-se por qualquer meio: insul-
Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal; tos, vias de fato, gestos, entre outros;
z Deve ser emanada de funcionário público com- z O desacato deve ser praticado contra funcionário
petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia público, não caracterizando este tipo penal a críti-
requisita informação bancária e o gerente do ban- ca ou ofensa à repartição pública;
co não atende. Não há crime, pois o gerente só está z É crime formal, que se consuma com a prática da
obrigado a fornecer a informação se houver deter- conduta descrita no tipo penal, independentemen-
minação judicial; te de o funcionário público se considerar ofendido
z É necessário que o destinatário tenha o dever jurí- ou não;
z Só pode ser praticado dolosamente;
dico de cumprir a ordem. Além disso, não haverá
z Deve ser praticado na presença do funcionário
crime se a recusa se der por motivo de força maior
Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto
de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada
ao funcionário.
Conduta típica: solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser praticado com o exercício de qualquer um dos verbos previstos
no tipo penal:
z Solicitar;
z Exigir;
z Cobrar;
z Obter.
O agente não tem influência sobre o funcionário público, mas passa a impressão de que a tem, com a finalida-
de de obter vantagem ou promessa de vantagem.
Caso o agente realmente tenha poder de influência sobre o funcionário público que praticará o ato, não há que
se falar em tráfico de influência, podendo, no entanto, configurar-se outro crime.
Sobre o tráfico de influência, é importante que você tome cuidado com as seguintes informações:
z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente penal, por falta de previsão legal desta conduta;
z Em regra, é crime formal, consumando-se com a solicitação, exigência ou cobrança;
z No caso do verbo obter, o crime é material;
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou promessa de vantagem para si ou para outrem.
A pena do crime de tráfico de influência será aumentada de metade se o agente alega ou insinua que a vanta-
gem é também destinada ao funcionário.
Corrupção Ativa
O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333, do Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em
relação aos crimes contra a administração pública.
Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício.
Solicitar
Oferecer
Receber
Aceitar Prometer
z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal prevê mais de um verbo para sua prática: oferecer e prome-
ter. Por exemplo, João oferece uma quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal para não ser multado
pela prática de infração de trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em dinheiro ao guarda municipal
quando retornar ao seu veículo que está estacionado em local proibido;
z É crime formal, que se consuma com a prática da conduta delituosa, não se exigindo que o funcionário público
aceite a vantagem ou promessa de vantagem;
z Não admite a forma culposa;
z Exige-se dolo específico: a intenção de determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retardar ato de
398 ofício;
z Caso o particular ceda à solicitação (corrupção passiva) ou à exigência (concussão), e entregue vantagem inde-
vida, seja em pagamento ou dando algo, a sua conduta será atípica, conforme posicionamento jurisprudencial
majoritário;
z A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3 (um terço) se em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
nário público retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional
Descaminho e Contrabando
Os crimes de descaminho e contrabando, previstos nos arts. 334 e 334-A, respectivamente, do Código Penal,
constituem práticas distintas, que devem ser observadas. Vamos simplificar estes crimes:
z Descaminho: consiste em não pagar direito ou imposto devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria;
z Contrabando: consiste na importação ou exportação de mercadoria proibida.
z Descaminho
Art. 334 Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
pelo consumo de mercadoria.
Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;
Trata-se de crime tributário formal, ou seja, não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito
tributário;
Admite a forma tentada, quando, no caso de exportação, o crime é tentado se a mercadoria não chega a
sair do país;
A fraude utilizada pelo agente para iludir o pagamento de imposto pode se dar tanto em relação à quanti-
dade quanto em relação à qualidade do produto; 399
Não admite a modalidade culposa; Súmula 151 (STJ) A competência para o processo
O crime consuma-se com a simples conduta de e julgamento por crime de contrabando ou desca-
iludir o Estado quanto ao pagamento dos tribu- minho define-se pela prevenção do Juízo Federal do
tos devidos; lugar da apreensão dos bens.
Admite a aplicação do princípio da insignifi-
cância, nos casos em que o valor seja inferior Impedimento, Perturbação ou Fraude de
àquele considerado irrelevante para fins de Concorrência
execução fiscal;
O crime previsto no art. 335 foi revogado pelos art.
337-I e 337-K, do Código Penal.
Importante!
Art. 335 Impedir, perturbar ou fraudar concorrên-
Tanto para o STF quanto para o STJ, atualmente, cia pública ou venda em hasta pública, promovida
poderá ser aplicado o princípio da insignificância pela administração federal, estadual ou municipal,
ao crime de descaminho que não exceda o valor ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). afastar concorrente ou licitante, por meio de vio-
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem:
O pagamento integral da dívida tributá- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
ria não extingue a punibilidade do crime de ta, além da pena correspondente à violência.
descaminho.23 Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vanta-
z Contrabando gem oferecida.
Art. 337-B Prometer, oferecer ou dar, direta ou Tráfico de Influência em Transação Comercial
indiretamente, vantagem indevida a funcioná- Internacional
rio público estrangeiro, ou a terceira pessoa,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar Art. 337-C Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
ato de ofício relacionado à transação comercial ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
402 internacional: ou promessa de vantagem a pretexto de influir em
ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial
internacional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada
a funcionário estrangeiro.
O crime de tráfico de influência em transação comercial internacional, previsto no art. 337-C, do Código Penal,
é muito parecido com o crime de tráfico de influência, crime praticado por particular contra a administração em
geral, previsto no art. 332, do Código Penal.
Vejamos a tabela comparativa:
O crime de tráfico de influência em transação comercial internacional terá sua pena aumentada da metade se
o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário público estrangeiro.
Em relação a este tipo penal, é importante ficar atento ao seguinte:
Em 1º de abril de 2021, foi publicada a Lei nº 14.133, de 2021, Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
Além de inovar na disposição sobre licitações e contratos, a nova lei trouxe algumas alterações legislativas em outros
diplomas, dentre os quais o Código Penal.
A grande novidade é que agora os crimes licitatórios estão dentro do Código Penal, inseridos dentro do
título “Dos Crimes Contra a Administração Pública” (arts. 337-E ao art. 337-P).
Com a entrada em vigência da Lei nº 14.133, de 2021, os crimes licitatórios passaram a ser crimes contra a
Administração Pública.
Vale destacar que não houve grande mudança em relação aos crimes que eram previstos na lei de licitações
anterior (Lei nº 8.666, de 1993), sendo as condutas praticamente as mesmas, com idêntica ou muito parecida
tipificação.
Resumidamente, foram as seguintes as alterações:
Veja, a seguir, de forma esquematizada, com ficaram os crimes licitatórios após a mudança e sua inclusão no
CP.
Art. 89 Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses Contratação direta ilegal
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades Art. 337-E Admitir, possibilitar ou dar causa à contrata-
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: ção direta fora das hipóteses previstas em lei:
Pena – detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, ten-
do comprovadamente concorrido para a consumação da
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade
ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
403
Veja que, apesar da redação diferente, o tipo é basicamente o mesmo, punindo a contratação direta ilegal. O
que houve foi o aumento substancial no tipo e na quantidade de pena. Trata-se de uma lex gravior, não retroativa.
A exclusão do parágrafo único, que dispunha sobre o beneficiário, não exclui a possibilidade de que ele seja
punido, uma vez que o crime se aplica a qualquer pessoa que incorra na conduta de admitir, possibilitar ou dar
causa à contratação direta fora das hipóteses previstas em lei (o que inclui o beneficiário).
Observe, também, que todos os crimes passaram a ter um nomen criminis (nome do crime).
Trata-se de crime formal, e se consuma com a mera dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses
legais. Para a prática deste crime, é necessária a comprovação do dolo específico do agente.
Art. 90 Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou Frustração do caráter competitivo de licitação
qualquer outro expediente, o caráter competitivo do proce- Art. 337-F Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para
dimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo
licitação: licitatório:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
404
Modificação ou Pagamento Irregular em Contrato Administrativo
A nova redação é idêntica à da lei anterior; houve apenas a inclusão do nome do crime e o aumento na quan-
tidade de pena (o legislador manteve o crime apenado com detenção).
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
A conduta do agente deve ser apta a lesionar o bem jurídico, quais sejam: os atos que compõem o processo
licitatório.
Este foi o único crime licitatório que não foi alterado, havendo apenas a inclusão do nomen criminis.
Afastamento de Licitante
No crime de fraude em licitação ou contrato, o destaque é para a inclusão do inciso I e a punição mais grave.
O crime consuma-se com a ocorrência do prejuízo à Administração Pública.
405
Contratação Inidônea
O novo tipo apresenta o mesmo teor do tipo revogado, apenas disposto de forma diferente e com pena maior.
Impedimento Indevido
Novamente, o novo tipo apresenta a mesma redação do tipo revogado, aumentando-se a pena.
Sem correspondente na Lei anterior Omissão grave de dado ou de informação por projetista
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração
Pública levantamento cadastral ou condição de contorno
em relevante dissonância com a realidade, em frustração
ao caráter competitivo da licitação ou em detrimento da
seleção da proposta mais vantajosa para a Administração
Pública, em contratação para a elaboração de projeto bá-
sico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo compe-
titivo ou em procedimento de manifestação de interesse:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informa-
ções e os levantamentos suficientes e necessários para a
definição da solução de projeto e dos respectivos preços
pelo licitante, incluídos sondagens, topografia, estudos
de demanda, condições ambientais e demais elementos
ambientais impactantes, considerados requisitos míni-
mos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a
elaboração de projetos.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício,
direto ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em do-
bro a pena prevista no caput deste artigo.
O art. 337-O, do CP, que dispõe sobre o crime de omissão grave de dado ou informação por projetista, é o único
que não encontra correspondente na Lei nº 8.666, de 1993.
O tipo pune com pena de reclusão 6 meses a 3 anos e multa o contratado pela Administração Pública com a
finalidade de elaborar anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo de obras e serviços de engenharia, que
omita, modifique ou entregue algum dado ou informação errado.
O dispositivo visa coibir que o contratado omita, modifique ou entregue informações relevantes para o pro-
cesso licitatório que não reflitam a realidade no que diz respeito ao levantamento cadastral ou à condição de
contorno.
Observe que a pena se aplica em dobro se o crime for praticado com o fim de obter benefício, direto ou indi-
406 reto, próprio ou de outrem.
Da Pena de Multa Cominada aos Crimes em Licitações e Contratos Administrativos
Art. 99 A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Art. 337-P A pena de multa cominada aos crimes pre-
Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença vistos neste Capítulo seguirá a metodologia de cálculo
e calculada em índices percentuais, cuja base correspon- prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois
derá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou poten- por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com
cialmente auferível pelo agente. contratação direta.
§ 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão
ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5%
(cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebra-
do com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, con-
forme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou
Municipal.
Outra modificação trazida foi a exclusão do teto previsto para a multa cominada aos crimes licitatórios, que
antes era limitada a 5% do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
Além disso, o art. 99, da Lei nº 8.666, de 1993, trazia forma especial de cálculo de multa, que era aplicada em
porcentagem sobre o valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente. Agora,
segue-se a regra geral do CP, com a estipulação de dias-multa.
O único ponto mantido de acordo com a Lei anterior foi que o valor da pena não pode ser inferior a 2% do
valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta.
Importante!
A forma do cálculo da pena de multa dos crimes licitatórios seguia forma especial na Lei nº 8.666, de 1993;
agora, o cálculo segue a sistemática prevista no CP .
Os crimes contra a administração da justiça têm como finalidade proteger uma regular fruição da atividade
judicial brasileira, incluindo atividades de natureza policial.
A atividade judicial é de fundamental importância para a sociedade, necessitando, assim, de proteção por
parte do Direito Penal.
Art. 338 Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
z É crime de mão própria, praticado pelo estrangeiro expulso, não podendo a figura típica ser praticada por
intermédio de terceira pessoa. O fato de o crime ser de mão própria não exclui a possibilidade de concurso de
pessoas na modalidade participação;
z É necessário, para configuração do crime, que o estrangeiro tenha ciência de que foi expulso do território bra-
sileiro (prévia e oficial expulsão do estrangeiro, por meio de decisão administrativa);
z Admite tentativa;
z É crime material, que se consuma com o devido reingresso ao território nacional, após ter deixado o país em
razão da expulsão. Não é necessário que o agente realize alguma conduta típica criminosa específica. Trata-se
de crime instantâneo;
z Trata-se de crime de competência da justiça federal;
z Não se tipifica o crime quanto o estrangeiro, após decretada sua expulsão, permanece indevidamente no país.
407
Denunciação Caluniosa No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a
pena será diminuída de metade, caso a imputação seja
A denunciação caluniosa está prevista no art. 339, de prática de contravenção penal.
do Código Penal: Observe as principais diferenças entre a denuncia-
ção caluniosa e o crime de calúnia:
Art. 339 Dar causa à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de inves-
DENUNCIAÇÃO
tigação administrativa, inquérito civil ou ação de CALÚNIA
CALUNIOSA
improbidade administrativa contra alguém, impu-
tando-lhe crime de que o sabe inocente: É crime contra a adminis- É crime contra a honra
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. tração da justiça A ação penal é privada
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente A ação penal é pública in- Punida pelo fato de o agen-
se serve de anonimato ou de nome suposto. condicionada; discute-se te ofender a honra objetiva
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação na doutrina e jurisprudên- da vítima
é de prática de contravenção. cia se o processo por de- É admitida a imputação
nunciação caluniosa pode falsa apenas de crime
Tem como figura típica a seguinte conduta: dar ser iniciado antes do des-
causa direta ou indireta à instauração de investigação fecho do procedimento ou
ação originários
policial, de processo judicial, instauração de investiga-
Punida pelo fato de o agen-
ção administrativa, inquérito civil ou ação de impro-
te movimentar falsamente
bidade administrativa contra alguém, imputando-lhe o aparato estatal, tentando
crime de que o sabe inocente. prejudicar a vítima perante
Como é possível se extrair pela leitura da figura o Estado
típica, o crime pode ser praticado mesmo que o agen- É admitida a imputação
te dê causa a outro procedimento, ainda que não seja falsa de crime ou contra-
processo judicial, a exemplo de investigação policial venção penal
ou administrativa. É importante compreender isso,
pois muitas questões abordam esta situação.
Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção
Sobre o crime de denunciação caluniosa, é impor-
tante ficar atento ao seguinte: Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-
z Só pode ser praticado dolosamente. Parte da dou- ção que sabe não se ter verificado:
trina não admite o dolo eventual neste crime, já Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
que o tipo penal exige que o agente saiba que o
fato é imputado contra pessoa inocente.
Importante!
A denunciação caluniosa poderá se configurar
quando o agente imputa crime que realmente acon- Ao contrário do que ocorre no crime de denun-
teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando ciação caluniosa, no crime de falsa comuni-
imputa a alguém a prática de crime que não existiu cação de crime ou contravenção o agente não
(neste caso, não há dúvidas sobre a inocência da pes- individualiza o autor do fato que não existiu, mas
soa, já que o fato sequer aconteceu); apenas comunica à autoridade crime ou contra-
venção penal que sabe não ter ocorrido.
z É necessário que o fato imputado seja crime ou
contravenção penal (no caso de contravenção
penal, a pena será reduzida de metade), não se Sobre este crime, é importante mencionar que:
configurando este tipo penal caso o agente impute
infração administrativa ou civil; z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente
z É crime comum; comunica à autoridade, sem intenção, crime ou
z Admite a forma tentada. Por exemplo, o agente contravenção penal, provocando a ação desta, este
narra ao delegado de polícia que o autor de deter- tipo penal não estará configurado;
minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não z É crime comum;
inicia qualquer investigação porque o verdadeiro z Admite tentativa;
autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter z Se o fato imputado for infração administrativa ou
cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter civil, não irá se configurar o crime;
iniciado qualquer investigação; z A maioria da doutrina, não se configura o crime
z A pessoa contra quem se imputa o crime deve ser quando o agente se limita a comunicar ilícito penal
determinada, sendo ela, assim como o Estado, o diverso do que realmente ocorreu, desde que o
sujeito passivo da prática delituosa; fato comunicado e o que realmente ocorreu sejam
z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri- crimes da mesma natureza;
me de calúnia. z Se o agente faz a comunicação falsa para tentar
ocultar outro crime por ele praticado, responde
A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso também pela comunicação falsa de crime.
o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
408
COMUNICAÇÃO Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou
DENUNCIAÇÃO calar a verdade como testemunha, perito, con-
FALSA DE CRIME OU
CALUNIOSA tador, tradutor ou intérprete em processo judi-
CONTRAVENÇÃO
cial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
O agente não aponta pes-
juízo arbitral:
soa certa e determinada O agente aponta pessoa
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
como autora da infração certa e determinada como
multa.
penal, mas apenas comu- autora da infração penal
nica fato inexistente
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
Instaura inquérito policial, praticado mediante a execução de quaisquer um dos
procedimento investiga-
verbos previstos no tipo penal.
Adota alguma ação com tório criminal, processo
Sua consumação ocorre com o encerramento do
finalidade de apurar os judicial, processo adminis-
fatos trativo disciplinar, inquérito depoimento.
civil ou ação de improbida- Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia,
de administrativa é importante levar para a sua prova:
Não responderá pelo crime de falso testemu- Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça,
nho a pessoa que praticar as condutas descritas no com o fim de favorecer interesse próprio ou
tipo penal incriminador com a finalidade de não se alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer
autoincriminar. outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir
Lembre-se de que ninguém será prejudicado por em processo judicial, policial ou administrativo, ou
em juízo arbitral:
não produzir provas contra si mesmo.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
Quando a testemunha mente por estar sendo
da pena correspondente à violência.
ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
responde pelo crime de falso testemunho. O crime de coação no curso do processo é aquele
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito emprega violência ou grave ameaça contra pessoas
que participam do processo ou juízo arbitral.
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou Observe as duas hipóteses:
qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
z Suponha que André tenha praticado um crime de
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
roubo a um supermercado, estando ele sendo pro-
perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
cessado por isso. Thais, funcionária do supermer-
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
cado, é testemunha, tendo sido marcado um dia
para que ela comparecesse em juízo para dar seu
O art. 343, do Código Penal, apresenta um outro
depoimento. André, com a finalidade de favorecer
tipo penal, chamado por parte da doutrina de corrup- seus próprios interesses, vai à casa de Thais e, uti-
ção ativa de testemunha contador, perito, intérprete lizando-se de uma arma de fogo para ameaçá-la,
ou tradutor. exige que ela diga que não foi ele quem praticou o
fato, mas outra pessoa. André praticou o crime de
z Verbos: dar, oferecer ou prometer; coação no curso do processo, já que empregou gra-
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra- ve ameaça contra pessoa chamada a intervir em
dutor ou intérprete; processo judicial;
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam z Aproveitando a mesma hipótese anterior, porém,
afirmação falsa, neguem ou calem a verdade agora André, sabendo sobre o que Thais disse na
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou inquirição, vai à casa dela e, utilizando-se de uma
interpretação. arma de fogo para ameaçá-la, diz que irá matá-la
por não dizer que foi outra pessoa que praticou o
Art. 342 [...] crime, por tê-lo incriminado. André, nesta hipó-
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- tese, praticou o crime de ameaça, uma vez que
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de empregou grave ameaça contra a pessoa após o
obter prova destinada a produzir efeito em proces- depoimento, exaurindo-se a participação daquela
so penal ou em processo civil em que for parte enti- na ação.
dade da administração pública direta ou indireta.
Caso o agente se utilize de violência para praticar o
As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a crime de coação no curso do processo, responderá por
um terço), se o crime é: este, além da pena correspondente à violência.
Sobre a coação no curso do processo, fique atento
z Cometido com o fim de obter prova destinada a às seguintes informações:
produzir efeito em processo penal;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a z Pode ser praticado contra as autoridades respon-
produzir efeito em processo civil em que for par- sáveis pela condução do processo, como juízes,
te entidade da Administração Pública direta ou promotores, delegados de polícia, entre outros;
410 indireta. z Só pode ser praticado dolosamente;
z Exige-se o dolo específico por parte do agente de z Trata-se de crime próprio. Exige-se que a coisa seja
favorecer interesse próprio ou alheio; própria do agente que praticou a conduta delituosa.
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio- Pode haver coautoria ou participação de terceiros;
lência ou grave ameaça, independentemente de o z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter-
coagido ceder; minação judicial ou convenção. Se for por outro
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser motivo, não se configurará este crime;
praticado por escrito e haver extravio. z Admite tentativa.
Exercício Arbitrário das Próprias Razões Para consumação deste crime, existem duas correntes:
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para z O crime é formal e consuma-se quando o agente
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan- emprega o meio executório;
do a lei o permite: z O crime é material e só se consuma com a satisfa-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, ção da pretensão visada.
além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, Fraude Processual
somente se procede mediante queixa.
Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
Observe a parte final da figura típica: salvo quan- processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
do a lei o permite. de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
Pode-se concluir que, quando houver permissão juiz ou o perito:
legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso Parágrafo único. Se a inovação se destina a produ-
o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
responsabilizado criminalmente. do, as penas aplicam-se em dobro.
Observe o exemplo a seguir: Tício é proprietário
de uma casa que se encontra alugada para Mévio. O Com previsão legal no art. 347, do Código Penal, o
inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Tício, crime de fraude processual configurar-se-á quando o
indignado com a situação, vai até o local, troca todas as agente inovar artificiosamente, na pendência de proces-
fechaduras e coloca os objetos pessoais de Mévio do lado so civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou
de fora. Neste caso, Tício praticou o crime de exercício de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
arbitrário das próprias razões, já que fez justiça com as Aplica-se a pena em dobro se a inovação se destina
próprias mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele a produzir efeito em processo penal, ainda que não
tinha o direito de receber os valores correspondentes ao indiciado o agente.
aluguel de seu imóvel). A pretensão do agente deveria Exemplo: Carlos praticou o crime de homicídio, ao
ter sido solucionada pelos meios legais pertinentes. matar Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinhei-
Sobre o exercício arbitrário das próprias razões, ro. Com a finalidade de simular uma hipótese de legíti-
deve-se ficar atento ao seguinte: ma defesa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca,
fraudulentamente, nas mãos da vítima, uma arma de
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- fogo, modificando o estado de pessoa.
quer pessoa; Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
z Só poderá ser praticado dolosamente; pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
z É crime formal, consumando-se com o emprego ou vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
uso do meio arbitrário, independentemente de o Sobre o crime de fraude processual, fique atento
z Com a promoção da fuga; z Trata-se de crime próprio, que só poderá ser prati-
z Com a facilitação da fuga. cado por pessoa presa ou submetida a medida de
segurança detentiva;
z Forma qualificada: z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de atentado ou de empreendimento, pois
Art. 351 [...] prevê expressamente em sua descrição típica a
§ 1º Se o crime é praticado a mão armada, ou por conduta de tentar o resultado, por isso, não admi-
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a te a tentativa;
pena é de reclusão, de dois a seis anos. z Exige-se o emprego de violência contra pessoa.
Está previsto no art. 357, do CP: z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer z Não admite a forma culpada;
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jura- z Admite tentativa quando o agente não consegue,
do, órgão do Ministério Público, funcionário de jus- por circunstâncias alheias a sua vontade, impedir,
tiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: perturbar ou fraudar a arrematação judicial;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. z No caso de emprego de violência, responderá o
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um agente, também, por ela.
Não se deve confundir este tipo penal com o cri- Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori-
me de tráfico de influência, previsto no art. 332, do CP. dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
decisão judicial:
Vejamos a diferença na tabela a seguir:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
multa.
EXPLORAÇÃO DE TRÁFICO DE
PRESTÍGIO (ART. 357) INFLUÊNCIA (ART. 332) Este crime está previsto no art. 359, do CP, e confi-
Crime contra a administra- Crime contra a administra- gurar-se-á quando o agente exercer função, atividade,
ção da justiça ção em geral direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou
Solicitar ou receber dinhei- Solicitar, exigir, cobrar privado por decisão judicial.
ro ou qualquer outra utilida- ou obter, para si ou para O crime de desobediência a decisão judicial sobre
de, a pretexto de influir em outrem, vantagem ou pro- perda ou suspensão de direito, inserido no Código
messa de vantagem, a pre- Penal entre os crimes contra a administração da justi-
texto de influir em ça, representa uma modalidade especial do delito de
desobediência, capitulado no art. 329, do CP, entre os
juiz, jurado, órgão do Mi- em ato praticado por fun- crimes praticados por particular contra a administra-
nistério Público, funcio- cionário público no exercí- ção em geral.
nário de justiça, perito, cio da função Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
tradutor, intérprete ou legal emanada de funcionário público. No entanto, o
testemunha crime definido no art. 359, do CP, possui elementos 415
especializantes, pois o agente não desobedece a uma II - quando o montante da dívida consolidada ultra-
simples ordem legal emitida por qualquer funcioná- passa o limite máximo autorizado por lei.
rio público.
Neste crime, o agente vai além, exercendo função, Conduta típica: ordenar, autorizar ou realizar ope-
atividade, direito, autoridade ou múnus de que estava ração de crédito, interno ou externo, sem prévia auto-
suspenso ou privado por decisão judicial. rização legislativa.
Tutela-se a administração da justiça. Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata praticado mediante a execução de qualquer um dos
de crime próprio ou especial, pois somente pode ser verbos previstos no tipo penal. Responde por este cri-
praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi me aquele que praticar a conduta típica.
suspensa ou privada relativamente ao exercício de Há formas equiparadas do crime de contratação
determinada função, atividade, direito, autoridade ou de operação de crédito, incorrendo nas mesmas penas
múnus. aquele que ordena, autoriza ou realiza, operação de
O sujeito passivo é o Estado. crédito, interno ou externo:
Consuma-se com o simples exercício da função,
atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o z Com inobservância de limite, condição ou montan-
agente foi suspenso ou privado por decisão judicial, te estabelecido em lei ou em resolução do Senado
ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
Federal;
resultado naturalístico.
z Quando o montante da dívida consolidada ultra-
Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
passa o limite máximo autorizado por lei.
determinação emanada do Poder Judiciário.
Sobre este crime, é importante que você leve em
Sobre este crime, é importante levar em conside-
consideração as seguintes informações:
ração que:
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z Admite a modalidade tentada; z Não admite a modalidade culposa;
z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por z Caso o agente pratique as condutas com autoriza-
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis- ção legislativa prévia, o fato será atípico, mas, se
trativa, não se configurará este tipo penal. ultrapassar os limites da lei, o fato será típico;
z Nos verbos ordenar e autorizar, o crime é formal;
CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS z No verbo realizar, o crime é material.
Os crimes contra as finanças públicas foram acres- Inscrição de Despesas Não Empenhadas em Restos
cidos ao Código Penal, em capítulo próprio dos crimes a Pagar
contra a Administração Pública, no ano 2000.
Estão previstos do art. 359-A ao art. 359-H. Este crime está previsto no art. 359-B, do CP.
Este crime se encontra previsto no art. 359-A, do Faz-se necessário compreender o que significa
CP: empenho, liquidação e ordem de pagamento:
Art. 359-A Ordenar, autorizar ou realizar operação z Empenho: ato emanado de autoridade competen-
de crédito, interno ou externo, sem prévia autoriza- te que cria para o Estado obrigação de pagamento
ção legislativa:
pendente ou não de implemento de condição;
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
z Liquidação: consiste na verificação do direito
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem orde-
na, autoriza ou realiza operação de crédito, interno adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e
ou externo: documentos comprobatórios do respectivo crédito;
I - com inobservância de limite, condição ou mon- z Ordem de pagamento: despacho exarado por
tante estabelecido em lei ou em resolução do Sena- autoridade competente, determinando que a des-
416 do Federal; pesa seja paga.
Sobre os restos a pagar, trata-se das despesas O sujeito passivo é a União, os estados, os municí-
empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezem- pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
bro. Dessa forma, o tipo penal pune o administrador tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
que: a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo
nas finanças públicas.
z Inscreve em restos a pagar despesas que não foram Consuma-se quando o sujeito ativo ordena ou auto-
previamente empenhadas; riza a assunção de obrigação, nos últimos oito meses
z Inscreve em restos a pagar despesas previamente do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
empenhadas, mas com excesso aos limites legais. ser paga naquele exercício financeiro ou reste parte
a ser paga no exercício seguinte, sem contrapartida
Quanto ao sujeito ativo, somente pode ser pra- suficiente para tanto, independentemente da compro-
ticado pelo agente público dotado da atribuição de vação de prejuízo aos cofres públicos.
ordenar ou autorizar a inscrição da despesa. Se o fun- Sobre este crime, é importante ficar atento às
cionário público praticar o ato sem atribuição legal seguintes disposições:
para tanto, este será passível de anulação pelo próprio z Só pode ser praticado dolosamente;
Poder Público, tornando atípica a conduta. z Este crime só se configura se as condutas típicas
O sujeito passivo é a União, os estados, os municí- forem praticadas nos dois últimos quadrimestres
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- (oito meses anteriores ao término do mandato) do
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, último ano do mandato ou legislatura;
a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo z É crime de ação múltipla;
nas finanças públicas. z Admite a modalidade tentada, apesar de ser de difí-
Consuma-se no momento da prática da conduta cil comprovação, segundo posicionamento doutri-
legalmente descrita (ordenar ou autorizar a inscrição nário majoritário.
em restos a pagar), independentemente da lesão ao
Ordenação de Despesa não Autorizada
erário.
Sobre este crime, é importante levar em
O crime de ordenação de despesa não autorizada
consideração:
está previsto no art. 359-D, do CP:
z Não admite a modalidade culposa; Art. 359-D Ordenar despesa não autorizada por lei:
z Trata-se de crime de ação múltipla. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Assunção de Obrigação no Último Ano do Mandato Ordenar tem o sentido de mandar, determinar que
ou Legislatura se realize a despesa pública, a qual compreende os
desembolsos efetuados pelo Estado para fazer frente
Art. 359-C Ordenar ou autorizar a assunção de às suas diversas responsabilidades junto à sociedade.
obrigação, nos dois últimos quadrimestres do últi- Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime próprio ou
mo ano do mandato ou legislatura, cuja despesa especial, pois somente pode ser cometido pelo funcio-
não possa ser paga no mesmo exercício financei- nário público com atribuição para ordenar despesas,
ro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício conhecido como “ordenador de despesas”.
seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de O tipo penal não alcança o “realizador de despesas”,
disponibilidade de caixa:
compreendido como a pessoa que se limita a cumprir
ou executar a ordem expedida pelo ordenador.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
O sujeito passivo é a União, os estados, os muni-
cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente
O objeto material do crime é a obrigação assumi-
CONCEITO
NOTITIA CRIMINIS E O INQUÉRITO
POLICIAL De acordo com o autor Renato Brasileiro de Lima,
o Inquérito Policial é um procedimento administrativo
HISTÓRICO inquisitório e preparatório, presidido pelo Delegado de
Polícia, com vistas à identificação de provas e a colheita
Em Roma surgiram as primeiras investigações de elementos de informação quanto à autoria e mate-
exercidas pelo Estado e, nesta época, o poder era ili- rialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o
mitado e arbitrário. O nome dado a tal fase persecu- titular da ação penal possa ingressar em juízo.
tória, de caráter investigativo, era “inquisitio”, e, após Para que se possa dar início a um processo crimi-
o esclarecimento baseando-se em critérios da época, nal contra alguém, faz-se necessária a presença de um
passava-se de imediato ao processo cognitio, sem que lastro probatório mínimo, apontando no sentido da 419
prática de uma infração penal e da probabilidade de o Existe uma pequena parcela da doutrina que
acusado ser o seu autor. Daí a finalidade do inquérito defende ser o inquérito policial indispensável; no
policial, instrumento usado pelo Estado para a colhei- entanto, para fins de prova, adote a posição da
ta desses elementos de informação, viabilizando o dispensabilidade.
oferecimento da peça acusatória quando houver justa
causa para o processo. Discricionário
Utilize o mnemônico É ID²OSO para se lembrar Assim que a notitia criminis chegar ao conheci-
das características do inquérito policial: mento da autoridade policial, o delegado deve obser-
Escrito var o que determinam os arts. 6º e 7º, do CPP. A seguir,
Inquisitorial (inquisitivo) analisaremos esses dispositivos.
Indisponível
Dispensável Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da
infração penal, a autoridade policial deverá:
Discricionário
I - dirigir-se ao local, providenciando para que
Oficioso não se alterem o estado e conservação das coisas,
Sigiloso até a chegada dos peritos criminais;
Oficial
O inciso I, art. 6º, cuida da preservação do local
POLÍCIA JUDICIÁRIA E TITULARIDADE DO de crime, que visa impedir que se altere o local dos
INQUÉRITO POLICIAL fatos que possam prejudicar a realização da perícia.
O IP é um procedimento formal, que exige peças Do art. 4º, do CPP, é possível identificar a caracte-
escritas e datilografadas, rubricadas pelo delegado rística do inquérito de ser oficial (oficialidade), uma
de polícia. O art. 9º expressa a característica de ser o vez que se encontra sob o encargo de autoridades
inquérito escrito.
públicas (delegado de polícia).
O cargo de delegado (Civil ou Federal) é de carreira
FUNDAMENTO (concursado) e é auxiliado em suas funções por inves-
tigadores de polícia, escrivães e agentes policiais,
O fundamento legal do Inquérito Policial encontra- entre outros.
VALOR PROBATÓRIO
Dica
Ante a criação do juiz das garantias, o ideal é concluir que a investigação preliminar não mais poderá integrar
os autos do processo judicial, salvo no tocante às provas irrepetíveis, antecipadas e meios de obtenção de
prova.
De acordo com o art. 3-B, verifica-se o baixo valor probatório das investigações para a conclusão do processo:
Apesar do enfraquecimento da investigação para a decisão final, não há dúvidas sobre a importância do pro-
cedimento investigatório para o nascimento do processo, pois essa apuração preliminar evita que inocentes sejam
processados sem justa causa, o que sem dúvidas macula a imagem do indivíduo inocente e o seu próprio senso
de (in)justiça.
FORMAS DE INSTAURAÇÃO
As formas de instauração (início) do inquérito policial dependem da natureza da ação penal correspondente
ao crime que se apura.
Vale lembrar que, de acordo com o art. 100, do Código Penal, ação pública é aquela cuja iniciativa cabe ao MP.
A ação pública subdivide-se em incondicionada (que não exige manifestação da vítima solicitando, de forma
expressa, a atuação do Estado) e condicionada (que exige a manifestação do ofendido no sentido de querer ver o
fato apurado). Como regra, quando a lei nada fala em contrário, a ação é pública.
Como visto, o art. 5º, do CPP, estabelece cinco formas pelas quais pode se instaurar um IP. O fluxograma a
seguir sistematiza as informações trazidas pelo artigo:
Ofício
Autoridade
judiciária
Requisição
INSTAURAÇÃO Ministério
DO INQUÉRITO Público
POLICIAL
Ministério
Requerimento
Público
APF — Auto
de Prisão em
Flagrante
Instauração de Ofício
A instauração de ofício (I, art. 5º, do CPP) ocorre por ato voluntário da autoridade policial, sem que alguém
tenha feito um pedido expresso. Sempre que a autoridade policial tomar conhecimento da ocorrência de um cri-
me de ação pública, dentro de sua área de atuação, deve obrigatoriamente instaurar inquérito policial, mediante
a produção de um documento denominado portaria (é usual que se utilize a expressão “baixar portaria”).
A informação (chamada de notitia criminis) pode chegar ao conhecimento do delegado de polícia, por exem-
plo, mediante a lavratura de um boletim de ocorrência na delegacia, por uma matéria publicada na imprensa ou,
ainda, por meio de fatos trazidos por outros policiais ou pessoas do povo. Veja que, conforme dispõe o § 3º, art. 5º,
do CPP, qualquer pessoa — não necessariamente a vítima — pode levar ao conhecimento do delegado a ocorrên-
cia de um fato que consiste em infração penal (é o que se chama de delatio criminis).
Notitia criminis é o nome que se dá ao conhecimento pela autoridade policial de um fato criminoso. A notitia
crimininis de cognição imediata, direta ou espontânea é aquela em que a autoridade toma conhecimento do fato
por meio de suas atividades rotineiras (como, por exemplo, por informações trazidas por outros policiais ou pela
imprensa). Já a notitia criminis de cognição mediata, indireta ou provocada é que se dá de forma indireta (como
quando há requerimento do ofendido). Por sua vez, a notitia criminis de cognição obrigatória ou compulsória
ocorre quando o delegado toma conhecimento sobre o crime no caso da prisão em flagrante delito. Por fim, a
delatio criminis é uma espécie de notitia criminis que ocorre quando a comunicação do crime se dá por terceiro
(e não pela vítima). A denúncia anônima, que pode dar origem às investigações, mas que não autoriza por si só a
instauração do IP, é chamada de notitia criminis inqualificável ou apócrifa.
Para facilitar a compreensão das espécies de notitia criminis, veja o esquema a seguir:
É provocada
NOTITIA Mediata ou Autoridade toma
CRIMINIS indireta conhecimento de forma
indireta (requerimento)
Vale mencionar que o STF, ao analisar o Inquérito 1.957/PR, decidiu que a autoridade policial não pode ins-
taurar um IP de imediato quando a notícia da prática de um crime vier de fonte anônima e desacompanhada
de qualquer elemento de prova. Nessa hipótese, a autoridade policial deve determinar a realização de diligên-
cias preliminares e, somente caso se confirme a possibilidade da ocorrência do delito, é que pode dar início ao
inquérito.
425
Espécie de Notitia
Criminis
Simples: comunicação
por qualquer do povo
DELATIO
CRIMINIS Postulatória:
comunicação feita pelo
ofendido
Requisição do Juiz ou do Ministério Público (1ª Parte, Inciso II, Art. 5º, do CPP)
A requisição, tanto do juiz quanto do MP, é sinônimo de ordem. Ou seja, a autoridade policial está obrigada a
dar início ao IP, baixando portaria, quando recebe requisição de um juiz ou promotor de justiça.
Nem o juiz nem o representante do Ministério Público são superiores hierárquicos do delegado; por tal motivo,
não podem dar ordens à autoridade policial. Nesse sentido, ao requisitar a instauração do IP, o MP ou o juiz estão
apenas fazendo com que o delegado cumpra a lei.
Requerimento do Ofendido (2ª Parte, Inciso II, Art. 5º, do CPP)
Muito embora, como prevê o § 3º, art. 5º, qualquer pessoa possa levar ao conhecimento do delegado a ocor-
rência de um crime (normalmente por meio da lavratura de um boletim de ocorrência), o legislador optou por
possibilitar que a vítima possa solicitar formalmente à autoridade policial o início do inquérito.
De acordo com o § 1º, art. 5º, do CPP, o requerimento do ofendido deve conter a indicação detalhada da ocor-
rência e do objeto da investigação (não cabe uma petição genérica, simplesmente requerendo a instauração de
inquérito). Muito embora o § 1º faça referência somente ao requerimento do ofendido, que não pode ser genérico,
o entendimento é que se aplica tal regra também à requisição feita pelo juiz ou promotor.
A autoridade policial pode indeferir o requerimento, conforme determina o § 3º, art. 5º, do CPP. Neste caso,
o ofendido pode recorrer ao chefe de polícia (parte da doutrina entende ser o Delegado-Geral; outro entendem
ser o Secretário de Segurança Pública). Caso o recurso seja deferido, o IP é instaurado sem a necessidade de a
autoridade baixar portaria.
O requerimento para instauração de IP pode ser feito tanto em crimes de ação pública quando em crimes de
ação privada (§ 5º, art. 5º, do CP).
Ofício
Requisição do
Crimes de ação Ministério Público
penal pública
incondicionada Requerimento da
vítima
FORMAS DE APF
INSTAURAÇÃO
DO INQUÉRITO
POLICIAL
Necessário o
Crimes de ação
requerimento da
privada
vítima
426
NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS z Colher informações sobre a existência de filhos, res-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e
Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou o nome e o contato de eventual responsável pelos
provocado, por parte da autoridade policial, acerca de cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
um fato delituoso. Subdivide-se em:
Notitia criminis de cognição imediata (ou O Código de Processo Penal traz opções de diligên-
espontânea): ocorre quando a autoridade policial cias investigatórias que poderão ser adotadas pela
toma conhecimento do fato delituoso por meio de autoridade policial ao tomar conhecimento de um fato
suas atividades rotineiras.
delituoso. Algumas são de caráter obrigatório, como,
Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre
por exemplo, a realização de exame pericial quando
quando a autoridade policial toma conhecimento do
a infração deixar vestígios; outras, no entanto, têm
fato delituoso através da apresentação do indivíduo
sua realização condicionada à discricionariedade da
preso em flagrante.
autoridade policial, que deve determinar sua realiza-
Já a delatio criminis é uma espécie de notitia crimi-
ção de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
nis, consubstanciada na comunicação de uma infração
penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade Concluída a investigação policial, os autos do
policial. A depender do caso concreto, pode funcio- inquérito policial devem ser encaminhados primeira-
nar como uma notitia criminis de cognição imediata, mente ao Poder Judiciário, e somente depois ao Minis-
quando a comunicação à autoridade policial é feita tério Público.
durante suas atividades rotineiras, ou como notitia Em se tratando de crime de ação penal de inicia-
criminis de cognição mediata, na hipótese em que a tiva privada, deve o juiz determinar a permanência
comunicação à autoridade policial feita por terceiro dos autos em cartório, aguardando-se a iniciativa do
se dá através de expediente escrito. ofendido ou de seu representante legal.
Cuidando-se de crime de ação penal pública, os
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS autos do inquérito policial são remetidos ao Ministério
Público, que poderá: formalizar acordo de não perse-
O procedimento investigativo inerente ao Inqué- cução penal; oferecer denúncia; entender pelo arqui-
rito Policial não é exclusivo da autoridade policial. vamento; requisitar diligências; declinar competência.
O Ministério Público pode fazer investigações, mes- De acordo com o novo regramento constante do
mo porque a ele quem mais interessa a investigação, art. 28 do CPP, deixará de haver qualquer controle
visto que a finalidade desta é o acolhimento de lastro judicial sobre a promoção de arquivamento apre-
probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal. sentada pelo órgão ministerial. O controle sobre tal
Ademais, a CPI também é uma forma de colher infor- decisão ficará restrito ao Ministério Público. Todavia,
mações para futura responsabilização pessoal. a eficácia desse dispositivo foi suspensa em virtude
de medida cautelar concedida pelo Min. Luiz Fux nos
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto- autos da ADI nº 6.305 (j. 22/01/2020).
ridades policiais no território de suas respectivas
circunscrições e terá por fim a apuração das infra- INDICIAMENTO
ções penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste arti- Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal
go não excluirá a de autoridades administrativas, a a uma pessoa. É apontar uma pessoa como prová-
quem por lei seja cometida a mesma função. vel autora ou partícipe de um delito. Possui caráter
ambíguo, constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de
O CPP esclarece que logo que tiver conhecimen- direitos, prerrogativas e garantias processuais, e fon-
to da prática da infração penal, a autoridade policial te de ônus e deveres que representam alguma forma
26 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Controle da atividade policial. Disponível em: https://www.mpmg.mp.br/areas-de-atua-
432 cao/defesa-do-cidadao/controle-externo-da-atividade-policial/apresentacao/. Acesso em: 13 out. 2021.
VII - expedir notificações e intimações necessárias art. 400, § 1º), sem que tanto configure cerceamen-
aos procedimentos e inquéritos que instaurar; to de defesa.
VIII - ter acesso incondicional a qualquer banco de 4. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a
dados de caráter público ou relativo a serviço de mera impressão do juiz sobre a possibilidade de
relevância pública; o paciente interferir na instrução criminal, bem
IX - requisitar o auxílio de força policial. como sua situação econômica, sem a indicação de
elementos concretos demonstradores do risco de
Diante do exposto, nota-se que, além de requisi- fuga, não constituem fundamentos idôneos para
tar uma investigação policial, ficou entendido que o o decreto de prisão preventiva. Os autos revelam,
Ministério Público pode promover, por autoridade ainda, situação configuradora de excesso de prazo
própria, investigações de natureza penal. da prisão cautelar.
5. Habeas corpus denegado. Ordem concedida de
ofício para revogar a prisão cautelar.
FUNDAMENTOS
z Em nenhuma lei, atribuem-se, exclusivamente, à (HC 85011, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
autoridade policial atividades investigativas (ex.: TEORI ZAVASCKI, Primeira Turma, julgado em 26/05/2015, DJe-119
CPI, sindicância etc) DIVULG 19-06-2015 PUBLIC 22-06-2015 EMENT VOL-02772-01 PP-
00001)
z O rol constitucional de atribuições definidas para o
Ministério Público é exemplificativo Uma vez estabelecido que o MP pode realizar
z De acordo com a teoria dos poderes implícitos, para investigações, é necessário que alguns parâmetros
atingir o fim (propor a ação penal), é lógico que o sejam respeitados durante a investigação ministerial.
MP pode valer-se dos meios para chegar a isso São eles:
(investigar)
z Respeito aos direitos e garantias fundamentais dos
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PRO- investigados;
CESSUAL PENAL. PODER DE INVESTIGAÇÃO z Os atos investigatórios necessitam ser documenta-
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. dos e praticados por membros do MP;
IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO DE MEMBRO DO z Respeito à reserva constitucional de jurisdição (ex.:
ÓRGÃO MINISTERIAL QUE PARTICIPOU DA FASE interceptação telefônica e quebra de sigilo bancá-
INVESTIGATÓRIA. INOCORRÊNCIA. COMPETÊN- rio — ambas necessitam de autorização judicial);
CIA PARA JULGAR ARGUIÇÃO DE IMPEDIMEN- z Devem ser respeitadas as prerrogativas profissio-
TO OU SUSPEIÇÃO DE PROMOTOR DE JUSTIÇA. nais asseguradas por lei aos advogados;
MAGISTRADO DE PRIMEIRO GRAU. ART. 104 DO z Obediência à Súmula Vinculante nº 14, do STF:
CPP. PRISÃO CAUTELAR. FUNDAMENTAÇÃO INI-
DÔNEA. EXCESSO DE PRAZO CONFIGURADO. Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor,
1. Ao concluir o julgamento do RE 593.727/MG, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
com repercussão geral reconhecida, o Plenário des- elementos de prova que, já documentados em pro-
ta Corte assentou a seguinte tese: “o Ministério cedimento investigatório realizado por órgão com
Público dispõe de competência para promover, competência de polícia judiciária, digam respeito
por autoridade própria, e por prazo razoá- ao exercício do direito de defesa);
vel, investigações de natureza penal, desde
que respeitados os direitos e garantias que
z A investigação deve ser realizada em prazo
assistem a qualquer indiciado ou a qualquer
razoável;
pessoa sob investigação do Estado, observa-
das, sempre, por seus agentes, as hipóteses de
z Permanente controle do Poder Judiciário.
z Perfeitos. Ex.: sentença que reúna todos os requisitos; Art. 226 Quando houver necessidade de fazer-se
z Meramente irregulares. Ex.: uma palavra errada. o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela
z Nulos. Ex.: falta de defesa técnica; seguinte forma:
z Inexistentes. Ex.: falta de sentença. I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento
será convidada a descrever a pessoa que deva ser
No campo das provas, a lei estabelece a obriga- reconhecida;
toriedade da realização do exame de corpo de delito Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
quando a infração penal deixar vestígios: colocada, se possível, ao lado de outras que com ela
tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem
Art.158 Quando a infração deixar vestígios, será tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou III - se houver razão para recear que a pessoa cha-
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. mada para o reconhecimento, por efeito de intimi-
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização dação ou outra influência, não diga a verdade em
do exame de corpo de delito quando se tratar de face da pessoa que deve ser reconhecida, a autori-
crime que envolva: dade providenciará para que esta não veja aquela;
I - violência doméstica e familiar contra mulher; IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto por-
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou menorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa
pessoa com deficiência. chamada para proceder ao reconhecimento e por
duas testemunhas presenciais.
Se era possível a realização do exame direto, ou, Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não
ainda, se a ausência do exame direto não foi supri- terá aplicação na fase da instrução criminal ou em
plenário de julgamento.
da pelo exame de corpo de delito indireto, deverá o
Art. 227 No reconhecimento de objeto, proceder-se-
DA CONFISSÃO
Pessoas do art. 206
A confissão já foi vista no passado como a rainha
das provas, todavia, muitas pessoas já assumiram
uma culpa que não é delas, assim o ato de confessar o
438 crime passou a exigir a verificação de outras provas.
Outra ressalva é estabelecida no art. 208, que dis- § 2º Não será computada como testemunha a pes-
põe que o compromisso não se aplicará aos doentes, soa que nada souber que interesse à decisão da
deficientes mentais, menores de 14 anos e às pessoas causa.
do art. 206. Art. 210 As testemunhas serão inquiridas cada
uma de per si, de modo que umas não saibam
Art. 208 Não se deferirá o compromisso a que nem ouçam os depoimentos das outras, deven-
alude o art. 203 aos doentes e deficientes men- do o juiz adverti-las das penas cominadas ao
tais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem falso testemunho.
às pessoas a que se refere o art. 206. Parágrafo único. Antes do início da audiência e
durante a sua realização, serão reservados espa-
O art. 204 dispõe sobre a forma que é realizado o ços separados para a garantia da incomunicabili-
depoimento. Veja: dade das testemunhas.
Art. 211 Se o juiz, ao pronunciar sentença final,
Art. 204 O depoimento será prestado oralmen- reconhecer que alguma testemunha fez afirma-
te, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por ção falsa, calou ou negou a verdade, remeterá
escrito. cópia do depoimento à autoridade policial
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, para a instauração de inquérito.
entretanto, breve consulta a apontamentos. Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado
em plenário de julgamento, o juiz, no caso de profe-
O depoimento é prestado oralmente, no entanto, a rir decisão na audiência (art. 538, § 2°), o tribunal
testemunha pode consultar apontamentos. (art. 561), ou o conselho de sentença, após a vota-
ção dos quesitos, poderão fazer apresentar imedia-
Art. 205 Se ocorrer dúvida sobre a identidade tamente a testemunha à autoridade policial.
da testemunha, o juiz procederá à verificação Art. 212 As perguntas serão formuladas pelas
pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, partes diretamente à testemunha, não admitin-
tomar-lhe o depoimento desde logo. do o juiz aquelas que puderem induzir a resposta,
não tiverem relação com a causa ou importarem na
A dúvida sobre a identidade da testemunha não repetição de outra já respondida.
impede que o depoimento seja prestado, ficando a Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos,
verificação para um momento posterior caso não pos- o juiz poderá complementar a inquirição.
sa ser feita no momento. Art. 213 O juiz não permitirá que a testemunha
manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
Art. 206 A testemunha não poderá eximir-se da inseparáveis da narrativa do fato.
obrigação de depor. Poderão, entretanto, recu- Art. 214 Antes de iniciado o depoimento, as partes
sar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o poderão contraditar a testemunha ou arguir cir-
afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desqui- cunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de
tado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consig-
do acusado, salvo quando não for possível, por nar a contradita ou arguição e a resposta da tes-
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato temunha, mas só excluirá a testemunha ou não lhe
e de suas circunstâncias.
deferirá compromisso nos casos previstos nos arts.
207 e 208.
Testemunhar é uma obrigação; a recusa pode con- Art. 215 Na redação do depoimento, o juiz deverá
figurar crime de desobediência. As pessoas elencadas cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usa-
no art. 206 não são obrigadas a prestá-lo. No entan- das pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as
to, caso deponham, não prestam compromisso. suas frases.
Art. 310 Após receber o auto de prisão em flagran- z Garantia da ordem pública;
te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas z Garantia da ordem econômica;
após a realização da prisão, o juiz deverá promover z Por conveniência da instrução criminal;
audiência de custódia com a presença do acusado, z Assegurar a aplicação da lei penal (risco de fuga).
seu advogado constituído ou membro da Defensoria
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa Todavia, a prisão preventiva só pode ser decretada
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
desde que haja prova da existência do crime e indício
I - relaxar a prisão ilegal; ou
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado
II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
quando presentes os requisitos constantes do art.
de liberdade do imputado (ex. risco de fuga). A deci-
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou são precisa ser motivada e fundamentada mostrando
insuficientes as medidas cautelares diversas da pri- receio de perigo e existência concreta de fatos novos
são; ou ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da
III - conceder liberdade provisória, com ou sem medida adotada.
fiança. Vale lembrar que as prisões cautelares não devem
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em fla- ser confundidas com a prisão-pena, pois as primeiras
grante, que o agente praticou o fato em qualquer buscam assegurar a boa aplicação do Direito Penal
das condições constantes dos incisos I, II ou III do em casos que exigem tal medida de urgência, já a
caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de segunda advém do trânsito em julgado da condena-
dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fun- ção criminal.
damentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento Antes do Pacote Anticrime
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
z Homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º); ( ) CERTO ( ) ERRADO
z Sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e
seus §§ 1º e 2º); 3. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Com relação à ilicitude
z Roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); e às suas causas de justificação, julgue o item que se
z Extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º); segue.
z Extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e A legítima defesa é admitida contra quem pratica a
seus §§ 1º, 2º e 3º); agressão, física ou moral, mesmo que o agressor esteja
z Estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o acobertado por uma causa de exclusão da culpabilidade.
art. 223, caput, e parágrafo único);
z Atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua ( ) CERTO ( ) ERRADO
combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único); 4. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Mário, após ingerir
z Rapto violento (art. 219, e sua combinação com o bebida alcoólica em uma festa, agrediu um casal de
art. 223 caput, e parágrafo único); namorados, o que resultou na morte do rapaz, devido
z Epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1º); à gravidade das lesões. A moça sofreu lesões leves.
z Envenenamento de água potável ou substância ali-
mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
270, caput, combinado com art. 285);
z Quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Porque estava embriagado, Mário deve ser considera-
Penal; do inimputável.
z Genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º
de outubro de 1956), em qualquer de suas formas ( ) CERTO ( ) ERRADO
típicas;
z Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368, de 21 de 5. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Com relação à teoria
outubro de 1976); geral do direito penal, julgue o item seguinte.
z Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492, Conforme a autoria de escritório, tanto o agente que
de 16 de junho de 1986). dá a ordem como o que cumpre respondem pelo tipo
z Crimes previstos na Lei de Terrorismo (Lei nº penal.
13.260, de 16 de março de 2016).
( ) CERTO ( ) ERRADO
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
face da representação da autoridade policial ou de 6. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Em janeiro de 2021,
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de Lucas, com 20 anos de idade e nítida vontade de
5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso matar Rafael, adquiriu uma arma de fogo e começou
de extrema e comprovada necessidade. a procurá-lo pela cidade. Na semana anterior ao ani-
Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, versário de 14 anos de Rafael, Lucas encontrou Rafael
a autoridade responsável pela custódia deverá, inde- enquanto este conversava com uma pessoa e, então,
pendentemente de nova ordem da autoridade judi- disparou cinco tiros contra a vítima, que veio a óbito
cial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo trinta dias depois. Posteriormente, em seu interroga-
se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão tório, Lucas afirmou que havia matado Rafael por este
12. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Considerando a legisla- A fundada suspeita, prevista no Código de Processo
ção penal, julgue o item a seguir. Penal, historicamente demonstra a existência do perfi-
A conduta do comerciante de dolosamente alterar lamento racial nas abordagens policiais.
parte das informações dos livros mercantis da sua
empresa configura o crime de falsificação de docu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mento particular.
18. (CEBRASPE-CESPE — 2021) o item seguinte apresen-
( ) CERTO ( ) ERRADO ta uma situação hipotética seguida de uma assertiva
a ser julgada, acerca de direito processual penal.
13. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Com relação ao direito Por ocasião da realização da audiência de custódia
penal, julgue o item a seguir. relativa a determinada prisão em flagrante, o juiz veri-
Suponha que, em determinado estabelecimento pri- ficou a legalidade da prisão e procedeu ao interrogató-
sional, um visitante de preso estivesse sob suspeita rio do preso. Nessa situação, o juiz agiu corretamente,
de estar cometendo um crime e, ao ter sido abordado, pois a audiência de custódia é o momento processual
tenha atribuído a si falsa identidade perante a auto- adequado para a realização do interrogatório do preso,
ridade policial. Nessa situação, se a falsa atribuição visto que ela é realizada em data próxima à da ocor-
tiver ocorrido como autodefesa, a conduta será atípica rência dos fatos.
penalmente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
446
19. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Com relação ao proces-
so penal, julgue o item a seguir.
O juiz poderá decretar, de ofício, a prisão preventiva
em qualquer fase do processo, sendo-lhe vedado
decretá-la na fase da investigação policial.
9 GABARITO
1 ERRADO
2 CERTO
3 CERTO
4 ERRADO
5 CERTO
6 ERRADO
7 CERTO
8 ERRADO
9 ERRADO
10 CERTO
11 CERTO
12 ERRADO
13 ERRADO
14 ERRADO
15 CERTO
16 CERTO
18 ERRADO
19 ERRADO
20 CERTO
ANOTAÇÕES
447
ANOTAÇÕES
448
salvo nos casos em que a própria norma consti-
tucional estabelece a aplicação desigual. Como
exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga-
NOÇÕES DE DIREITO
tório em tempo de paz, ou os casos de existência
de um pressuposto lógico e racional que justifique
a desequiparação efetuada, como a existência de
CONSTITUCIONAL assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
soas com deficiência nos transportes coletivos.
Art. 5º [...]
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
DIREITOS E GARANTIAS obrigações, nos termos desta Constituição;
FUNDAMENTAIS
O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
Direito à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança relativamente recentes, de modo que grande parte da
e à Propriedade, Garantias Constitucionais legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações
Individuais, Garantias dos Direitos Coletivos, Sociais diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
e Políticos exemplo, a necessidade de autorização marital para
que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten- outros deveres, a administração dos bens do casal.
so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos. ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
Vejamos cada uma de suas partes: legais, como aos operadores do direito, para que não
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin- Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra- mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País tar a todos de maneira igual, independentemente de
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, qualquer condição. Já a igualdade material busca a
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
termos seguintes:
direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos
nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade,
mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor-
desiguais, na medida de sua desigualdade.
rem todos os demais direitos estruturados nos seus
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor-
Art. 5º [...]
rem o direito à integridade física e moral, a proibição II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos. fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
ros residentes no país”, não significa que o estrangei- O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
ro não residente não possua direitos, pois os direitos
portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
fundamentais são destinados a qualquer pessoa que
da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as
se encontre em território nacional.
pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para
que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou
definir os titulares dos direitos fundamentais, ou seja,
deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode
a população brasileira — todos aqueles que residem
limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
em território brasileiro.
não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia
de máscaras faciais de proteção.
ou da igualdade (“todos são iguais perante a lei, sem
Ressalta-se que o princípio da legalidade possui
distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem,
duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti-
como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem
culares e a outra destinada à Administração. A lega-
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado
lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade
aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
tanto o legislador como os aplicadores da lei.
ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
ção à Administração, seus atos são engessados, sendo
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de
assim, somente pode praticar atos dispostos em lei.
modo a vedar a elaboração de dispositivos que
estabeleçam desigualdades ou privilégio entre as
Art. 5º [...]
pessoas;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica-
tamento desumano ou degradante;
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar
critérios discriminatórios na aplicação da norma,
449
O inciso III decorre do direito à vida, por decor- do pensamento de outra, como, por exemplo, no caso
rer da violação à integridade humana, tanto física de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se por fim
como psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo que o direito de resposta é aplicado tanto à pessoa físi-
sofrimento físico ou mental como forma de intimida- ca quanto à jurídica.
ção ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como
forma de anular a personalidade ou diminuir a capa-
cidade física ou metal, mesmo que sem dor. Assim, a Importante!
CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo
de tratamento desumano ou degradante. Temos como O inciso V prevê a indenização por dano material,
exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº
11, a qual dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de 37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos
forma arbitrária, pode acarretar em tratamento desu- são acumuláveis.
mano ou degradante.
Art. 5º [...]
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
mas em casos de resistência e de fundado receio de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos
fuga ou de perigo à integridade física própria ou
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi-
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato A liberdade de consciência abrange a liberdade
processual a que se refere, sem prejuízo da respon- de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
sabilidade civil do Estado. dade de pensamento de foro íntimo em questões não
religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
Art. 5º [...] ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
vedado o anonimato; questões de natureza religiosa. Com relação à religião,
o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro
Todas as pessoas possuem direito atinentes à íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- a liberdade religiosa, ou seja, de mudar de crença ou
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem religião e de manifestação.
direito de expressar livremente esses pensamentos.
Assim, o direito à expressão do pensamento, que Art. 5º [...]
decorre do direito à liberdade de expressão (sendo VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
este fundamento do Estado Democrático de Direito), de assistência religiosa nas entidades civis e
está disciplinado no inciso IV. militares de internação coletiva;
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen- O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir. de crença e culto, de modo a garantir aos internados
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado, em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado. assistência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- de que essa admissão não influi no fato de o Estado
são que decorrem a proibição de censura e a vedação ser laico.
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem-
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- Art. 5º [...]
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam. vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada, ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
não impede que o Estado apure de forma sumária a
verossimilhança das alegações. O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
cia ou objeção de consciência. Trata-se do direito de
Art. 5º [...] não cumprir um serviço obrigatório por razões rela-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- cionadas a sua consciência ou crença, de modo a asse-
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- gurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou
rial, moral ou à imagem; políticos em decorrência de tal recusa. Por exemplo:
a pessoa que, por questão religiosa, seja contrária ao
A expressão do pensamento é livre, porém, não é serviço militar poderá alegar tal imperativo de cons-
absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua opi- ciência em seu alistamento militar. No entanto, a CF,
nião, porém, atingindo-se a honra de alguém, por de 1988, estabelece que, mesmo que dispensada da
exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e penal- prática dessa atividade, ela terá que cumprir serviço
mente. Além disso, a CF, de 1988, estabelece o direito alternativo.
de resposta, ou seja, o exercício do direito de defesa
da pessoa que foi ofendida em razão da manifestação
1 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.
450 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Art. 5º [...] § 5º Não se compreendem na expressão «casa»:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
artística, científica e de comunicação, indepen- ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
dentemente de censura ou licença; n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
O inciso IX trata da liberdade de expressão das
atividades intelectual, artística, científica e de comu- O dispositivo traz três exceções à regra. A primei-
nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente, ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-
qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar
proveniente de atuação jurisdicional. no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca-
Cumpre esclarecer os conceitos de censura e bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-
licença: mite a entrada no local para prestar socorro, como,
por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e
z Censura: é a verificação da compatibilidade ou ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-
não entre um pensamento que se pretende expres- sar na casa mediante autorização judicial, como, por
sar com as normas legais vigentes; exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial
z Licença é a exigência de autorização para que o para busca de algum(a) objeto/pessoa no local.
pensamento possa ser exteriorizado. É importante consignar que, mesmo com autoriza-
ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante
Art. 5º [...] o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, do consentimento do morador. Assim sendo, durante
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode
direito a indenização pelo dano material ou moral ser realizada mesmo sem a concordância do morador,
decorrente de sua violação; sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se
houver necessidade.
O inciso X decorre do direito à vida e traz a pro- Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
teção dos direitos de personalidade, ou seja, o direi- de 2019, estabelece como dia o período compreendido
to à privacidade. Trata-se dos atributos morais que entre as 5h e 21h.
devem ser preservados e respeitados por todos, uma
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus Art. 5º [...]
aspectos materiais. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos: das comunicações telegráficas, de dados e das
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
perturbado em sua vida particular; vida privada refe- por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus a lei estabelecer para fins de investigação criminal
familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais ou instrução processual penal;
fechados; honra é o atributo pessoal que compreende
tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa- A inviolabilidade das comunicações pessoais
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti- está disciplinada no inciso XII e também decorre do
va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja, direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a cações pessoais:
exteriorização de sua personalidade no meio social
(imagem-atributo). z As correspondências: comunicações recebidas
em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
Art. 5º [...] os comunicados e avisos comerciais;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém z A comunicação telegráfica: comunicados mais
nela podendo penetrar sem consentimento do rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
morador, salvo em caso de flagrante delito ou
escrita como pela internet, tais como o telegrama;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
z A comunicação de dados: comunicação feita por
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
o dia, por determinação judicial;
meio de rede de computadores, como, por exem-
plo, a compra de produtos online ou homebank;
A inviolabilidade do domicílio está prevista no
z As comunicações telefônicas: ligações feitas e
inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança.
recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento
do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendi-
público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata- do aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296,
-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere de 1996. Assim, estão protegidas as mensagens troca-
ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
indivíduo. entre outros.
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e É importante mencionar que as violações de cor-
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos: respondência e de comunicação telegráfica são cri-
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
Art. 150 (Código Penal) [...] 6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais.
§ 4º A expressão «casa» compreende: Cabe consignar, ainda, que a quebra das comuni-
I - qualquer compartimento habitado; cações telefônicas é admitida mediante autorização
II - aposento ocupado de habitação coletiva; judicial (“salvo no último caso”) para fins de investiga-
III - compartimento não aberto ao público, onde ção criminal ou instrução processual penal. Portanto,
alguém exerce profissão ou atividade. somente para fins penais. 451
Atenção! Como não existe direito absoluto, é pos- viger a lei marcial, de modo que o ir e vir dos indiví-
sível a quebra do sigilo das demais comunicações duos pode sofrer limitações.
mediante autorização judicial. A garantia constitucional que objetiva assegurar o
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra-
Art. 5º [...] tado adiante.
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí-
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- Art. 5º [...]
sionais que a lei estabelecer; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, indepen-
O direito de exercício de qualquer atividade dentemente de autorização, desde que não
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se frustrem outra reunião anteriormente convoca-
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- vio aviso à autoridade competente;
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
faculdade de Medicina em território nacional ou ter à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
sido aprovado em exame de revalidação no caso de de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
faculdade estrangeira. ter transitório e voltado para determinada finalidade.
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar petente e local aberto ao público.
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo- que a passeata é constitucional, assim, compatível
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
Advogados do Brasil. incitação ao uso de entorpecentes.
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
Art. 5º [...] rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
rio ao exercício profissional;
de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).
O inciso XIV disciplina o direito de informação,
que é um dos desdobramentos do direito à liberdade.
Art. 5º [...]
O direito à informação possui tríplice alcance, por
XVII - é plena a liberdade de associação para fins
englobar o direito de informar, de se informar e de lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
ser informado.
A liberdade de associação encontra-se disciplina-
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
Importante! ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
A liberdade de informação jornalística está pre- caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
vista no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é associação. É importante mencionar que tanto a reu-
mais abrangente que a liberdade de imprensa, nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
que assegura o direito de veiculação de impres- No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
sos sem qualquer tipo de restrição por parte do como, por exemplo, a associação para fins contrários
Estado. à lei penal. Também é vedada a associação de caráter
paramilitar, ou seja, a associação civil e desvinculada
do Estado, que se encontra armada e com estrutura
Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o similar às instituições militares, de modo a se utilizar
sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis- de táticas e técnicas policiais ou militares para alcan-
sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista çar os seus objetivos.
poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor-
mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu Art. 5º [...]
silêncio não poderá sofrer qualquer sanção. XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
a de cooperativas independem de autorização,
Art. 5º [...] sendo vedada a interferência estatal em seu
XV - é livre a locomoção no território nacional funcionamento;
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair O inciso XVIII disciplina o direito de associação.
com seus bens; Trata-se da possibilidade de criação de sindicatos sem
a interferência do Estado.
A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no
inciso XV, do art. 5º, da CF, de 1988. Trata-se, portan- Art. 5º [...]
to, do direito de locomoção, que é um dos desdobra- XIX - as associações só poderão ser compulso-
mentos do direito à liberdade. Observa-se, no entanto, riamente dissolvidas ou ter suas atividades
que a liberdade de locomoção é restrita a tempo de suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
452 paz, ou seja, no caso de decretação de guerra, passa a primeiro caso, o trânsito em julgado;
O inciso XIX, que também disciplina o direito de Observa-se, no entanto, que, em termos constitu-
associação, estabelece que as associações somente cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no
poderão ter suas atividades suspensas ou encerra- direito civil, por abranger qualquer direito de conteú-
das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que
Judiciário. Salienta-se, por necessário, que, no caso de possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi-
dissolução da associação, esta somente poderá ocor- tos e direitos pessoais.
rer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não
couber mais recursos. Art. 5º [...]
XXIII - a propriedade atenderá a sua função
social;
Importante!
O inciso XXIII traz um limite ao direito de pro-
� Dissolução das associações: decisão judicial priedade. Assim, a utilização de um bem deve ser fei-
+ trânsito em julgado; ta de acordo com a conveniência social da utilização
� Suspensão das associações: decisão judicial. da coisa, ou seja, atendendo a sua função social. Por-
tanto, o direito do dono deve ajustar-se aos interesses
da sociedade.
Art. 5º [...]
XX - ninguém poderá ser compelido a associar- Art. 5º [...]
-se ou a permanecer associado; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade
O inciso XX, que também disciplina o direito de pública, ou por interesse social, mediante justa
associação, estabelece que não é possível obrigar e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem os casos previstos nesta Constituição;
liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte
do grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do
será livre para decidir se permanece ou não associa- poder de intervenção do Estado na economia: a desa-
do. Portanto, compreende o direito de associar-se a propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o
outras pessoas para formação de uma entidade, como Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa)
também de deixar de participar quando for de seu bens de particulares, por meio do pagamento de jus-
interesse. ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das
hipóteses de aquisição originária da propriedade. É
Art. 5º [...] cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:
XXI - as entidades associativas, quando expressa-
mente autorizadas, têm legitimidade para repre- z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; a ser desapropriado é imprescindível para a reali-
zação de uma atividade essencial do Estado;
O inciso XXI é o último dispositivo que trata do z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
direito de associação. Ele se refere à representação é imprescindível, mas é conveniente para a reali-
do filiado pela associação, quer em âmbito judicial zação de uma atividade estatal;
quer em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à z Por interesse social: hipótese na qual a desapro-
legitimação da associação para atuar em nome dos priação é conveniente para o desenvolvimento da
associados. sociedade.
Cabe esclarecer que representante é aquele que
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No Atenção! Não confundir com desapropriação
caso das associações, para que estas atuem na condi- sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a
ção de representantes, é preciso autorização expressa função social da propriedade. Nela, a indenização não
dos filiados, não bastando que exista autorização em é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida
Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda
mente autorizadas pelos associados.
desapropriação com expropriação, que consiste na
Além disso, ao contrário da representação, a subs-
perda da propriedade no caso de cultivo de substân-
tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não
pende de autorização, uma vez que, na substituição, a
há pagamento de indenização.
associação atua em nome próprio, defendendo direito
alheio (dos associados).
Art. 5º [...]
XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
Art. 5º [...] ridade competente poderá usar de propriedade
XXII - é garantido o direito de propriedade; particular, assegurada ao proprietário indeniza-
ção ulterior, se houver dano;
O direito de propriedade encontra-se disciplina-
do no inciso XXII, do art. 5º. Tratam-se dos direitos A requisição temporária da propriedade está
pessoais de natureza econômica. disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direi- de o Poder Público, em momentos de calamidade (já
to de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de
e dispor da coisa, assim como o direito de reavê-la do bem particular, para assegurar a preservação de direi-
poder de quem quer que, injustamente, a possua ou a tos mais importantes que a propriedade, tais como a
detenha. vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
de uma enchente em um determinado local, o Poder 453
Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local, participarem aos criadores, aos intérpretes e às
um hospital de atendimento às vítimas. respectivas representações sindicais e associativas;
A requisição temporária é uma exceção ao princí-
pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento O inciso XXVIII também protege a propriedade
está condicionado à existência de danos. intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a
proteção de tais direitos ao indivíduo que participou
Art. 5º [...] de obra coletiva, além de proteger a reprodução da
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi- imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de
nida em lei, desde que trabalhada pela família, fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas
não será objeto de penhora para pagamento de obras individuais como nas coletivas.
débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
Art. 5º [...]
desenvolvimento;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
industriais privilégio temporário para sua utili-
O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade zação, bem como proteção às criações industriais,
da pequena propriedade rural, por ser esta consi- à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
derada bem de família e, portanto, insuscetível de e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte-
penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco-
dívidas decorrentes da atividade produtiva. Além nômico do País;
disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá rece-
ber os recursos previstos em lei que financiem o seu O último dispositivo que trata da propriedade
desenvolvimento.
intelectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de
Embora o dispositivo não conceitue pequena pro-
inventos industriais os privilégios para sua utilização,
priedade rural, o entendimento mais amplo é de que
ainda que de forma temporária. Além disso, assegu-
esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis-
ra a proteção às criações industriais, à propriedade
cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
sua única fonte de sobrevivência.
distintivos.
Art. 5º [...]
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo Art. 5º [...]
de utilização, publicação ou reprodução de suas XXX - é garantido o direito de herança;
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
que a lei fixar; O direito de herança, que decorre do direito à
propriedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda- -se da modificação da titularidade do bem em decor-
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci- rência do falecimento (sucessão hereditária). Assim, o
mento de autoria em produções. Existem três tipos de patrimônio do de cujus transmite-se aos seus herdei-
propriedade intelectual, quais sejam: ros, os quais se sub-rogam nas relações jurídicas do
falecido, tanto no ativo como no passivo, até os limites
z Propriedade industrial: criações que movimen- da herança.
tam o mercado e são empregadas para manter a
competitividade. Seu foco é voltado para a área
empresarial. São exemplos: as patentes, marcas, Importante!
desenhos, indicações geográficas, entre outros;
z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e O direito de sucessão está regulado no Código
científicas, como, por exemplo, as obras intelec- Civil.
tuais, literárias e artísticas;
z Proteção sui generis: são as criações híbridas,
Art. 5º [...]
isto é, aquelas que se encontram em um estado
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa-
intermediário entre a propriedade industrial e
dos no País será regulada pela lei brasileira em
os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
circuitos integrados (mask works), a proteção de pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
Cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege- soal do de cujus;
tais) e conhecimentos tradicionais associados aos
recursos genéticos.
Ainda com relação ao direito de herança, o inci-
so XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o
a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
direito exclusivo de utilização, publicação ou repro-
Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
dução de suas obras, sendo esse direito transmitido
sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem-
ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
po que a lei fixar.
de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
Art. 5º [...] será aplicada.
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em Art. 5º [...]
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
humanas, inclusive nas atividades desportivas; defesa do consumidor;
b) o direito de fiscalização do aproveitamen-
454 to econômico das obras que criarem ou de que
O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor Importante!
como um dos direitos e deveres individuais e coleti- Fique atento ao remédio constitucional aplicado
vos. Como consequência, a defesa do consumidor será para sanar ilegalidade quanto ao direito de certidão
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é — Mandado de Segurança —, pois as bancas cos-
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci- tumam tentar confundir o candidato, dizendo que
da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que o remédio constitucional cabível é o habeas data.
estabelece as regras de proteção ao consumidor.
Art. 5º [...] De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo corpus em relação a punições disciplinares militares.
a do responsável pelo inadimplemento voluntário Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do sição é estendida aos membros das Polícias Militares
depositário infiel; e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de
1988).
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
dade que não possui caráter de pena e que tem como tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri- além dos limites fixados em lei.
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo Art. 5º [...]
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- proteger direito líquido e certo, não amparado
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci- responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
ta em razão das seguintes Súmulas: autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
ca no exercício de atribuições do Poder Público;
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
lidade do depósito. mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber-
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo- dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-
sitário judicial infiel. cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos,
sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão.
Art. 5º [...] Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que 12.016, de 2009.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer O MS é cabível quando houver direito líquido e
violência ou coação em sua liberdade de loco- certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- que os documentos comprobatórios do direito devem
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
nais são as ações constitucionais previstas na própria estiverem em repartição ou em poder de autoridade
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
cimento de direitos fundamentais violados. temente, no MS, não há fase instrutória
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo O MS pode ser de duas espécies:
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
de sofrer constrangimento ilegal do seu direito de ir de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões gal já existente;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
penais como em questões civis, desde que haja cons- z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. trangimento ilegal a direito líquido e certo.
Existem três modalidades de HC, quais sejam:
Não cabe MS contra:
z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em
que a ordem é concedida para fazer cessar o cons- z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
trangimento à liberdade de locomoção quando já independentemente de caução;
existente; z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
z Habeas Corpus preventivo, em que a ordem é suspensivo;
concedida quando houver ameaça ao direito de ir z Decisão judicial transitada em julgado.
e vir, de modo a impedir que uma pessoa venha a
ter restringido seu direito; Por fim, seu prazo (decadencial) de impetração
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é é de 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência do
concedida pela autoridade judicial sem pedido, interessado do ato impugnado.
quando esta verificar, no curso de um proces-
so, que alguém está sofrendo ou na iminência de Art. 5º [...]
sofrer constrangimento ilegal em sua liberdade de LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
locomoção. impetrado por: 461
a) partido político com representação no Con- b) para a retificação de dados, quando não se
gresso Nacional; prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
b) organização sindical, entidade de classe ou administrativo;
associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- O habeas data (HD) é o remédio constitucional
resses de seus membros ou associados; para a tutela do direito de informação e de intimida-
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante
Do mesmo modo que o MS individual, é possível o conhecimento de informações pessoais constantes
ingressar com mandado de segurança coletivo nos de banco de dados de entidades governamentais ou
casos de direitos coletivos, assim entendidos como abertas ao público, bem como o direito de retificação
os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou dessas informações quando errôneas.
seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD também é
uma relação jurídica básica, e direitos individuais
cabível no que há registrado no inciso III, art. 7º. Veja:
homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
rentes de origem comum e de atividade ou situação
Art. 7° (Lei nº 9.507, de 1997) [...]
específica da totalidade ou de parte dos associados ou
III - para a anotação nos assentamentos do interes-
membros do impetrante. sado, de contestação ou explicação sobre dado ver-
Trata-se de inovação da CF, de 1988, para a tute- dadeiro mas justificável e que esteja sob pendência
la de direitos coletivos líquidos e certos, também não judicial ou amigável.
amparados por HC ou habeas data, quando o respon-
sável pela ilegalidade for autoridade pública ou agen- Ademais, a informação, a retificação ou a anotação
te de pessoa jurídica no exercício de atribuições do foram negadas pela Administração Pública (entidades
Poder Público.
governamentais da Administração direta ou indireta)
O MS coletivo segue as mesmas regras do individual.
ou particular (pessoas jurídicas de direito privado)
Para partidos políticos, exige-se representação no
que mantenham banco de dados aberto ao público.
Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou
O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa,
senador do partido). Para associação, exige-se que ela
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que
tenha sido constituída há, pelo menos, um ano.
as informações solicitadas digam respeito ao próprio
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi-
Art. 5º [...]
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- co adequado para se ter acesso aos autos do processo
pre que a falta de norma regulamentadora tor- administrativo disciplinar (PAD).
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à Art. 5º [...]
nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesi-
O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI), vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
ação constitucional para a tutela dos direitos previs- Estado participe, à moralidade administrativa,
tos na CF, de 1988, inerentes à nacionalidade, à sobe- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
em razão da falta de norma regulamentadora. Portan- má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;
to, são pressupostos para o MI:
z Existência de um direito constitucionalmente pre- O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
visto com relação à nacionalidade, soberania e a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
cidadania; cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar
z A não autoaplicabilidade desse direito; o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
z Falta de norma infraconstitucional regulamenta- le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
dora que inviabilize o exercício do direito previsto pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
na CF, de 1988. maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei (dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um
nº 13.300, de 2016. direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é
A omissão normativa decorrente da não elabora- possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao guês em situação de equiparação com brasileiro.
indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi- Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
ca ingressarem com o MI. gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabele-
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo ce uma exceção: haverá custas e sucumbência caso
para suprir a omissão. o autor ingresse com a ação com má-fé e esta seja
comprovada.
Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
a) para assegurar o conhecimento de informa- Importante!
ções relativas à pessoa do impetrante, constan-
tes de registros ou bancos de dados de entidades A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a
462 governamentais ou de caráter público; boa-fé é sempre presumida.
Art. 5º [...] Por fim, em recentíssima alteração constitucional,
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica a Emenda Constitucional nº 115, de 10 de Fevereiro de
integral e gratuita aos que comprovarem insufi- 2022, adicionou o inciso LXXIX ao art. 5º da CF, o qual
ciência de recursos; busca incluir a proteção de dados pessoais entre os
direitos e garantias fundamentais. Ademais, embora
O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas não seja objeto de estudo deste tópico, cabe ressaltar
as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve- que a competência para legislar sobre a proteção e
rá prestar a assistência jurídica de forma integral e tratamento de dados pessoais é de privativa da União.
gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi-
recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos
por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê- para serem aplicados e exigidos, uma vez que não
nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
dependem da existência de qualquer outra norma
do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
para produzir efeitos.
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a
Art. 5º [...]
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
judiciário, assim como o que ficar preso além do titucional de eficácia plena, contida e limitada).
tempo fixado na sentença;
Art. 5º [...]
O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti-
Poder Público ao prever a responsabilidade civil do tuição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
internacionais em que a República Federativa do
por tempo além do fixado em sentença.
Brasil seja parte.
A responsabilidade civil do Estado será estudada
posteriormente.
O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
Art. 5º [...] disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente Portanto, podem existir outros direitos em outros dis-
pobres, na forma da lei: positivos da CF, de 1988, em outros diplomas legais,
a) o registro civil de nascimento; em tratados internacionais, entre outros.
b) a certidão de óbito;
Art. 5º [...]
Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci- § 3º Os tratados e convenções internacionais
mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que as pessoas sobre direitos humanos que forem aprovados,
possam ser registradas e possam usufruir dos direitos em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os turnos, por três quintos dos votos dos respec-
direitos de possuir um nome, de poder ser matriculado tivos membros, serão equivalentes às emendas
em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988, garan- constitucionais.
te que a falta de recursos financeiros não seja considera-
da um obstáculo para o exercício de tais direitos. O § 3º estabelece as regras para a incorporação
do tratado internacional que verse sobre direi-
Art. 5º [...] tos humanos. Via de regra, o tratado internacional,
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor- após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da
pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos República, passa por referendo parlamentar para sua
necessários ao exercício da cidadania. incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova,
por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre-
O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios sidente da República para sua ratificação, por meio de
constitucionais de habeas corpus e habeas data. A Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro-
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas-
Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no A CF, de 1988, do mesmo modo que estipula as
art. 6º, da CF, de 1988. Trata-se dos direitos ligados à condições necessárias para a realização do trabalho,
concepção de que é dever do Estado garantir igual- adota medidas de proteção ao trabalhador contra a
despedida arbitrária ou sem justa causa, com o obje-
dade de oportunidades a todos através de políticas
tivo de resguardar o trabalhador contra as incerte-
públicas. O dispositivo assegura alguns dos direitos
zas do mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê
denominados de segunda geração/dimensão, tais
que uma lei complementar estabelecerá indenização
como o direito à educação, trazendo a ideia de que
compensatória, dentre outros direitos.
a instrução é o meio adequado para que o indivíduo
possa exercer outros direitos, tais como a liberdade de
expressão, a liberdade de associação, os direitos polí-
Importante!
ticos, entre outros.
Garante, também, o acesso dos indivíduos a um Ainda não foi elaborada lei complementar dis-
sistema de saúde, além da assistência e proteção ciplinando o assunto. Por essa razão, aplica-se
econômica em determinados momentos, tais como o disposto no art. 10, do Ato das Disposições
incapacidade temporária ou definitiva, velhice, entre Constitucionais Transitórias, que fixa como
outros. Trata-se, pois, de um programa de proteção indenização o valor de 40% do depositado no
social para amparar as pessoas em determinados Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
eventos, assim, classifica-se tal norma como de efi- como a quantia devida a título de indenização
cácia limitada, mais especificamente de princípio compensatória.
programático.
Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do pos-
sível, pois o Estado deve garantir os direitos em con- Art. 7º [...]
formidade com seus recursos. Esse dispositivo traz a II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
ideia de mínimo existencial, ou seja, de um padrão involuntário;
mínimo de condições materiais aceitáveis para uma
vida com dignidade, consoante se depreende do pará- O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem
grafo único. como finalidade assegurar assistência financeira, de
modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado
Art. 6º [...] involuntariamente, ou seja, sem justa causa.
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de
vulnerabilidade social terá direito a uma renda Art. 7º [...]
básica familiar, garantida pelo poder público em III - fundo de garantia do tempo de serviço;
programa permanente de transferência de renda,
cujas normas e requisitos de acesso serão deter- O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III.
minados em lei, observada a legislação fiscal e Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos
464 orçamentária de desemprego involuntário, aposentadoria, entre
outras situações, de modo que o trabalhador possa Diferentemente do salário mínimo, que é nacio-
sacar esses valores. nalmente unificado, é possível que os Estados e o Dis-
De acordo com a atual orientação do STF, o prazo trito Federal instituam piso salarial estadual diferente
prescricional para o trabalhador reclamar valores do do nacional, em conformidade com o parágrafo único,
FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo, do art. 22, da CF, de 1988, e Lei Complementar nº 103,
como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº de 2000.
709.212, STF).
Art. 7º [...]
Art. 7º [...] VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen- convenção ou acordo coletivo;
te unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- O inciso VI traz a regra de que o salário do traba-
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie- lhador não pode ser reduzido. A redução somente é
ne, transporte e previdência social, com reajustes admitida por meio de negociação coletiva com a par-
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, ticipação obrigatória do sindicato.
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; A Medida Provisória (MP) nº 936, de 2020, que foi
editada em razão da pandemia da COVID-19, passou a
O inciso IV estabelece a existência de uma remu- permitir a redução salarial por meio de acordo indivi-
neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao dual firmado entre o empregador e o empregado, ou
trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o seja, sem a participação do sindicato.
salário mínimo deve ter a capacidade de atender às Considerando que o texto constitucional estabelece
necessidades tanto do trabalhador como de sua famí- que o acordo seja coletivo, a MP foi submetida ao STF,
lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado que manteve a eficácia da regra (acordo individual)
em lei, ou seja, faz-se necessária a edição de lei para a de redução temporária do salário por, no máximo, 90
(noventa) dias, sob o fundamento de que se trata de
fixação do valor do salário mínimo.
momento excepcional e que o acordo individual seria
Vale destacar que o STF entende não ser necessá-
razoável por preservar o vínculo de emprego duran-
rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em
te o período, bem como que a atuação do sindicato
sentido estrito), podendo a definição de tais valores
demandaria demora, gerando insegurança jurídica e
ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o
aumentando o risco de desemprego.
tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan-
tes, as quais é relevante conhecer: Art. 7º [...]
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs- para os que percebem remuneração variável;
tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vanta- O inciso VII é um desdobramento do inciso IV ao
gem de servidor público ou de empregado, nem ser estabelecer que todo trabalhador tem o direito a rece-
substituído por decisão judicial. ber uma remuneração justa e satisfatória que lhe asse-
gure existência compatível com a dignidade humana.
Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no
estabelecimento de remuneração inferior ao míni- Art. 7º [...]
mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores VIII - décimo terceiro salário com base na remu-
do serviço militar inicial. neração integral ou no valor da aposentadoria;
Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica- O inciso VIII estabelece o décimo terceiro salá-
ções e outras vantagens do servidor público não rio ou gratificação de Natal aos trabalhadores. Para
incide sobre o abono utilizado para se atingir o os servidores públicos, a gratificação recebe o nome
salário mínimo. de adicional natalino. Tal gratificação foi introduzida
pela Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao trabalhador
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39, formal e com carteira assinada o correspondente a
§ 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição 1/12 de sua remuneração ou aposentadoria.
referem-se ao total da remuneração percebida pelo
servidor público.
Art. 7º [...]
IX - remuneração do trabalho noturno superior
Prosseguindo nossa análise dos incisos do art. 7º, à do diurno;
da CF, temos:
O inciso IX trata do trabalho noturno. De acordo
Art. 7º [...] com o dispositivo, a remuneração deve ser superior
V - piso salarial proporcional à extensão e à com- ao trabalho no período diurno.
plexidade do trabalho; A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao
regular a matéria, estabelece, no art. 73, como perío-
O inciso V assegura contraprestação mínima aos do noturno, o trabalho desenvolvido entre as 22h de
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro- um dia e as 5h do dia seguinte. Assim, durante esse
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi- período, o adicional é de, pelo menos, 20% sobre a
cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em hora diurna. Além disso, o cômputo da hora também
consideração a extensão e a complexidade do trabalho é realizado de forma diferente, uma vez que cada
e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo. hora noturna possui cinquenta e dois minutos e trinta
segundos. 465
Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi- modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jornada
dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a totalizar
um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se 44 horas. Na jornada espanhola, há uma alternância na
às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior. prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em
Acresce que o adicional é de 25% e que não há previ- outra, como, por exemplo, trabalhando sábados alter-
são de cômputo diferenciado para a hora noturna. nados. Assim, haveria uma média de 44 horas sema-
nais, o que evitaria o pagamento de hora extra.
Art. 7º [...]
X - proteção do salário na forma da lei, consti- Art. 7º [...]
tuindo crime sua retenção dolosa; XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali-
zado em turnos ininterruptos de revezamento,
O inciso X estabelece a criminalização da con- salvo negociação coletiva;
duta de retenção do salário como uma das formas
de proteção ao trabalhador. Salienta-se que a con- Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam-
duta somente será considerada como crime se hou- bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse
ver dolo, ou seja, quando o empregador não paga dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho
porque não quer. Cumpre esclarecer que esse inciso com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja,
possui eficácia constitucional limitada e carece de lei aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses
regulamentadora. casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6
horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de nego-
Art. 7º [...] ciação coletiva para aumentar a jornada.
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
culada da remuneração, e, excepcionalmente, Art. 7º [...]
participação na gestão da empresa, conforme defi- XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
nido em lei; mente aos domingos;
Prosseguimos com o inciso XXIX, do art. 7º, da CF: O inciso XXXIII estabelece os limites etários para
o desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos
Art. 7º [...] não é possível o desempenho da atividade laboral,
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das exceto no caso de aprendiz, que poderá desenvolver
relações de trabalho, com prazo prescricional
a atividade entre 14 e 24 anos.
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá-
rurais, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato de trabalho;
rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo-
peração governamental, como, por exemplo, o SENAC
e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a
O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra-
formação profissional é desenvolvida no ofício. Por
balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse
com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da outro lado, estagiário é o estudante que complemen-
extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos ta, por meio do trabalho, o ensino do curso que está
créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo: desenvolvendo. Estagiário não é empregado nem está
trabalhador que exerceu atividade na empresa entre submetido a limite de idade.
os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno,
da extinção do contrato de trabalho) para promover a perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores
ação e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos, de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação.
ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré-
ditos de 2015 em diante.
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e Importante!
“prescrição total”, é importante distinguir que pres- Não há previsão expressa do trabalho penoso
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocorre aos menores de 18 anos.
dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5
anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o
fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos. Art. 7º [...]
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha-
Art. 7º [...] dor com vínculo empregatício permanente e o
XXX - proibição de diferença de salários, de trabalhador avulso
exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; O inciso XXXIV também decorre do princípio da
igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direi-
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e
tos entre os trabalhadores com vínculo empregatício
foi tratado anteriormente quando explanado acerca
e os trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalha-
do salário.
dor avulso aquele que, de forma sindicalizada ou não,
Art. 7º [...] presta serviços tanto de natureza urbana como rural,
XXXI - proibição de qualquer discriminação no sem possuir vínculo empregatício, e a diversas empre-
tocante a salário e critérios de admissão do traba- sas, com intermediação obrigatória do sindicato da
lhador portador de deficiência; categoria ou, quando se tratar de atividade portuária,
com intermediação do Órgão Gestor de Mão de Obra
468 (OGMO).
Art. 7º [...] A representação e substituição do sindicato na
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos defesa dos direitos e interesses de seus membros está
trabalhadores domésticos os direitos previstos disciplinada no inciso III. Atente-se ao fato de o sindi-
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, cato poder atuar não somente em questões judiciais,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e mas também em questões administrativas.
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
lei e observada a simplificação do cumprimento Art. 8º [...]
das obrigações tributárias, principais e acessórias, IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari- em se tratando de categoria profissional, será des-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV contada em folha, para custeio do sistema con-
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência federativo da representação sindical respectiva,
social. independentemente da contribuição prevista em lei;
Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos O inciso IV trata da contribuição confederativa
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu-
o trabalhador que presta serviços de natureza contí- ma das contribuições relativas à atividade sindical
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí- é obrigatória, de modo a depender de autorização
lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo, expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente
cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros. quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a
O dispositivo remete a determinados incisos, ressal- contribuição confederativa prevista nesse dispositivo.
tando que parte desse direito depende de regulamen-
tação legal, como no caso do FGTS. Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados está condicionado à autorização prévia e expressa
nos arts. 8º a 11. Vejamos cada um deles: dos que participem de uma determinada categoria
econômica ou profissional, ou de uma profissão
Art. 8º É livre a associação profissional ou sin- liberal, em favor do sindicato representativo da
dical, observado o seguinte: mesma categoria.
I - a lei não poderá exigir autorização do Esta-
do para a fundação de sindicato, ressalvado o Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con-
registro no órgão competente, vedadas ao Poder federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui-
Público a interferência e a intervenção na organi- ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato
zação sindical; respectivo.
O inciso I, do art. 8º, traz o princípio da liberda- Continuamos com o inciso V, do art. 8º, da CF:
de sindical. Pelo dispositivo, é possível observar duas
situações distintas. A primeira refere-se à relação Art. 8º [...]
entre o Estado e o sindicato. Já a segunda, entre o sin- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
dicato e o sindicalizado. Portanto, essa liberdade de ter-se filiado a sindicato;
associação sindical possui dupla dimensão, de modo
a assegurar o direito dos trabalhadores em geral de O inciso V é um desdobramento do direito à liber-
criarem entidades sindicais, como também a liberda- dade de associação prevista no art. 5º, da CF, de 1988.
de de aderirem ou não ao sindicato, assim como se
desfiliarem conforme sua vontade. Art. 8º [...]
De acordo com o STF, para que um sindicato possa VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
defender a categoria, não é preciso estar registrado no nas negociações coletivas de trabalho;
órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o
registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. As entidades sindicais possuem a denominada
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar
Art. 8º [...]
melhores condições e direitos aos trabalhadores, o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - é vedada a criação de mais de uma organi-
zação sindical, em qualquer grau, representativa
inciso IV estabelece como obrigatória a participação
de categoria profissional ou econômica, na mesma dos sindicatos nas negociações coletivas.
base territorial, que será definida pelos trabalha-
dores ou empregadores interessados, não podendo Art. 8º [...]
ser inferior à área de um Município; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
ser votado nas organizações sindicais;
O inciso II traz o princípio da unicidade sindical,
ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
de uma organização sindical na mesma base territo- do aposentado filiado à entidade sindical.
rial. Por essa razão, a CF, de 1988, definiu a base ter-
ritorial mínima, ou seja, o Município. No entanto, não Art. 8º [...]
especificou a base máxima, de modo que pode haver VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
um sindicato para a defesa da categoria no âmbito dicalizado a partir do registro da candidatura
estadual ou nacional. a cargo de direção ou representação sindical
e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
Art. 8º [...] final do mandato, salvo se cometer falta grave
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte- nos termos da lei.
resses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas; 469
A estabilidade do dirigente sindical encontra-se O art. 10 decorre do direito a uma gestão
prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que democrática, ou seja, de participação junto aos
seus dirigentes atuem sem medo de represálias, ou colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte-
seja, de serem desligados do emprego devido à atua- resses profissionais ou os valores aplicados nos fun-
ção. Trata-se, portanto, da regra que proíbe a dispen- dos previdenciários.
sa do empregado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação sin- Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos
dical. No caso dos eleitos, mesmo que na condição de empregados, é assegurada a eleição de um
suplentes, a estabilidade perdura até um ano após o representante destes com a finalidade exclusiva
final do mandato. de promover-lhes o entendimento direto com os
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é empregadores.
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de
que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art. promover o entendimento e facilitar o diálogo entre
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para empregados e empregador em empresas maiores
Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha- (com mais de 200 funcionários), a formação de uma
dores também possuem estabilidade; já os indicados comissão de representação.
pelo empregador não a possuem. Atenção! Os representantes não se confundem
A estabilidade conferida pelo inciso VIII já foi obje- com os dirigentes sindicais.
to de prova no que tange a sua destinação. Cumpre
ressaltar que esse benefício não é destinado à pessoa NACIONALIDADE
do empregado (intuitu personae), mas sim à represen-
tação sindical. O direito à nacionalidade é a garantia de ter um
vínculo político-jurídico com um país, uma vez que
Art. 8º [...]
todas as pessoas têm direito de se vincular a um Esta-
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
cam-se à organização de sindicatos rurais e de
do soberano para que este possa assegurar a proteção
colônias de pescadores, atendidas as condições dos seus direitos fundamentais.
que a lei estabelecer. A ausência de vínculo enseja a condição de apátri-
da e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica
Por fim, o parágrafo único estabelece que essas básica por não estar vinculado a nenhum Estado. Des-
regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e te modo, ter uma nacionalidade significa ter direito à
de pescadores. proteção jurídica e política por parte de um Estado.
A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin- Vejamos:
do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por z Nacionalidade originária é aquela que decor-
meio dele defender. re do nascimento e, a depender do Estado, pode
seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
O direito de greve dos trabalhadores encontra-se nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis),
assegurado no art. 9º, da CF, de 1988. Inicialmente, há ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível
de se esclarecer que a expressão “trabalhadores” se a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:
refere aos empregados da iniciativa privada, geral- filho de italiano nascido no Brasil é italiano por
mente regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspen- sangue e brasileiro por solo);
são temporária das atividades laborais desenvolvidas z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de
e tem como causa o interesse dos trabalhadores. qualquer outro fator que não seja o nascimento,
Ademais, salienta-se, conforme já cobrado em como, por exemplo, passar a residir em um país
prova, que a greve, apesar de ser um direito social ou casar-se com um estrangeiro e adquirir a nacio-
conferido ao trabalhador, não depende de específica
nalidade deste (essa hipótese não existe no direito
prestação estatal para que seja exercida.
brasileiro, pois o casamento com brasileiro, por
si só, não dá o direito à nacionalidade brasileira).
Art. 9º [...]
Para adquirir a nacionalidade derivada, é necessá-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida- rio um procedimento chamado de naturalização e,
des inadiáveis da comunidade. em regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade,
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis por ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade
às penas da lei. anterior (direito de opção).
No que se refere aos serviços essenciais, tais como Os direitos de nacionalidade estão disciplinados nos
transporte público, serviços de fornecimento de luz, arts. 12 e 13, da CF, de 1988. Vejamos cada um deles:
água, entre outros, o direito de greve é assegurado, mas
sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos traba- Art. 12 São brasileiros:
lhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783, de 1989. I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
Art. 10 É assegurada a participação dos traba- ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
lhadores e empregadores nos colegiados dos não estejam a serviço de seu país;
órgãos públicos em que seus interesses profissio- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro
nais ou previdenciários sejam objeto de discussão ou mãe brasileira, desde que qualquer deles este-
470 e deliberação. ja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasilei- de língua portuguesa apenas residência por um
ro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis- ano ininterrupto e idoneidade moral;
trados em repartição brasileira competente b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
ou venham a residir na República Federativa do residentes na República Federativa do Brasil há
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atin- mais de quinze anos ininterruptos e sem con-
gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; denação penal, desde que requeiram a nacionali-
dade brasileira.
No que se refere à nacionalidade originária, a CF,
de 1988 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo
de definição da nacionalidade, uma vez que os dois qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que
critérios estão inseridos em seu dispositivo para defi- não o nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país
nir brasileiro nato. concede a um estrangeiro a qualidade de nacional
A alínea “a” adota o critério territorial ao con- desse Estado. A naturalização pressupõe pedido da
siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto parte interessada.
de pais brasileiros como estrangeiros, desde que estes O inciso II estabelece, como critério para que se
não estejam a serviço de seus países. adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso
Atente-se ao fato de para que a criança não seja dos estrangeiros originários de países de língua portu-
considerada brasileira, algum dos pais estrangeiros guesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique,
deve estar a serviço de seu país de origem; ressalta- entre outros, a Norma Constitucional prevê residência
-se este ponto pois os examinadores implementaram de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já
as cobranças acerca dessa temática. para os demais estrangeiros, faz-se necessário residir
Por exemplo, o casal Bob e Mary é residente da por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condena-
cidade de Bruxelas, na Bélgica. Bob é natural da Bél- ção penal.
gica, já Mary possui nacionalidade alemã. Mary, após Note que, além do prazo de residência, enquan-
alguns anos morando na Bélgica, conquista um cargo to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não
público neste país. Em razão do cargo que ocupa, Mary deve existir condenação penal.
foi convocada para tratar de assuntos internacionais
no Brasil, a serviço da Bélgica e, durante a sua estadia REQUISITOS
no Brasil, entrou em trabalho de parto, dando à luz a Nacionalidade
Peter, fruto do seu relacionamento com Bob. No caso Nacionalidade Ordinária
Extraordinária
em tela, Peter terá nacionalidade brasileira nata, tendo
� Ser estrangeiro origi- � Ser estrangeiro de qual-
em vista que sua mãe, embora a serviço da Bélgica, não
nário de país de língua quer nacionalidade
estava à serviço do seu país de origem (Alemanha).
portuguesa � Residência, ininterrupta,
Outro exemplo que pode ser cobrança de alguma
� Residência no Brasil por no Brasil por mais de 15
questão mais elaborada é o caso de criança nasci-
1 ano ininterrupto anos
da em território nacional, sendo que um dos pais é
� Idoneidade moral � Ausência de condena-
estrangeiro a serviço de seu país e o outro é brasileiro;
neste caso, devido ao fato de ser filho de brasileiro, Obs.: Aqui a nacionalidade ção penal
será, a criança, considerada brasileira nata. se dará por ato discricio- � Requerimento por parte
Já a alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado nário do Presidente do interessado
ao trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nas-
ceu fora do solo brasileiro, porém possuindo pai ou Art. 12 [...]
mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Bra- § 1º Aos portugueses com residência permanente
sil, como, por exemplo, filho de diplomata brasileiro a no País, se houver reciprocidade em favor de brasi-
serviço no Japão. leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguíneo sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
aliado à opção ou registro do nascimento em repar-
tição competente, considerando como brasileiro aque- O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocida-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
le que nasceu fora do território brasileiro, sendo filho de para os portugueses residentes de forma perma-
de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer um deles nente no Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do
estivesse a serviço do Brasil, e foi registrado na reparti- Estatuto da Igualdade no que se refere aos direitos e
ção brasileira competente no exterior (Consulado). obrigações civis e políticos sem a perda da naciona-
Também é considerado brasileiro nato por essa lidade originária. Esse Estatuto encontra respaldo no
alínea aquele que nasceu fora do território brasileiro, Decreto nº 3.927, de 2001, que promulgou o Tratado
sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e
um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio a residir no Portugal.
Brasil, tendo optado pela nacionalidade brasileira após
atingida a maioridade. Exemplo: filha de alemã com Art. 12 [...]
brasileiro nascida na Alemanha, mas que se mudou § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) anos, brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
tenha optado pela nacionalidade brasileira; a esta últi- casos previstos nesta Constituição.
ma forma se dá o nome de nacionalidade potestativa.
De acordo com o § 2º, independentemente de a
Art. 12 [...] nacionalidade ter sido adquirida de modo originário
II - naturalizados: ou derivado, todos os brasileiros são iguais em direi-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali- tos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobra-
dade brasileira, exigidas aos originários de países mento do direito à igualdade. 471
Como nenhum direito é absoluto, a CF, de 1988, Nessa situação, o indivíduo terá dupla naciona-
pode estabelecer tratamento diferente aos natos e lidade, tendo em vista ter nascido no Brasil (país
naturalizados, mas tão somente a CF. Como exemplo que adota, nesse caso, o critério territorial) e ser
tem-se o parágrafo a seguir: filho de pais italianos (país este que adota o crité-
rio sanguíneo). Desta forma, será atribuída dupla
Art. 12 [...] nacionalidade à criança;
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: z Imposição de nacionalidade como condição
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; para permanência em território estrangeiro
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; ou para exercício de direitos civis. É o caso, por
III - de Presidente do Senado Federal;
exemplo, de jogador de futebol brasileiro que é
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
contratado por determinado clube de país estran-
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas. geiro, onde é obrigatório a aquisição da nacionali-
VII - de Ministro de Estado da Defesa. dade para permanecer em seu território.
Os cargos elencados no § 3º não podem ser preen- O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter
chidos por brasileiros naturalizados, nem por estran- se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade
geiros. Observa-se que os quatro primeiros incisos se brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua
referem ao Chefe de Estado e àqueles que estão em perda, retornando à condição de brasileiro nato por
sua ordem sucessória. O inciso V refere-se àqueles expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de
que irão representar o Estado brasileiro no exterior, Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale-
enquanto os incisos VI e VII têm relação com a segu- mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu
rança nacional. marido e volta ao Brasil.
Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá
ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden- Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial
te das casas. da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do
Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
Dica nacionais.
Para memorizar o rol elencado no § 3º, utiliza-se § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
o mnemônico MP3.COM poderão ter símbolos próprios.
M — Ministro do STF
P — Presidente e Vice O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas
P — Presidente da Câmara estabelece regras com relação ao Estado brasileiro.
P — Presidente do Senado A primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que
C — Carreira diplomática é a língua portuguesa. Trata-se, portanto, da língua
O — Oficial das Forças Armadas que toda a população brasileira deve utilizar em suas
M — Ministro da Defesa ações oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti-
tuições do Estado. A outra regra diz respeito aos sím-
Art. 12 [...] bolos do Brasil.
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do Para memorizar os símbolos, utilize o mnemônico
brasileiro que: BAHIAS:
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao Bandeira
interesse nacional; Hino
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos Armas
casos: Selo nacional
a) de reconhecimento de nacionalidade originária
pela lei estrangeira;
A última regra diz respeito ao fato de os Estados
b) de imposição de naturalização, pela norma
membros, Distrito Federal e Municípios possuírem
estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em símbolos próprios. Alguns Estados membros possuem
seu território ou para o exercício de direitos civis; símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de
São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Consti-
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da nacio- tuição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o bra-
nalidade. A primeira possibilidade é a perda da nacio- são de armas e o hino. Não constam o selo e as armas,
nalidade derivada, ou seja, aquela adquirida pela estando, portanto, de forma diversa da CF, de 1988.
naturalização quando houver sentença judicial deter-
minando seu cancelamento, em decorrência de ativi- CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS
dade nociva praticada pelo naturalizado. A segunda
possibilidade decorre do denominado princípio da Os direitos políticos encontram-se disciplinados
vassalagem, isto é, a aquisição de nacionalidade deri- nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal. São direi-
vada implica a perda da nacionalidade de origem. tos relacionados com a participação popular, funda-
A perda da nacionalidade comporta duas exceções dos na ideia de que os cidadãos possuem o direito de
que não decorrem da vontade do indivíduo, são elas: influenciar as decisões do Estado, bem como de influir
na formação da vontade deste.
z Reconhecimento da nacionalidade por lei Os direitos políticos conferidos à população brasi-
estrangeira. É o caso, por exemplo, de uma crian- leira são exercidos através do sufrágio universal, que
472 ça que nasceu no Brasil e possui pais italianos. é compreendido pela:
z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar; ainda, acautelar a moralidade administrativa, o meio
z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser ambiente e patrimônio histórico e cultural brasileiro.
votado. Essa capacidade é conferida ao cidadão por meio
do alistamento eleitoral. São inalistáveis os estran-
De acordo com o art. 14 da CF, a soberania popular geiros e os conscritos (durante serviço militar obriga-
será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto dire- tório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
to e secreto, mediante: foram convocados a prestar serviço militar).
z Plebiscito;
Alistamento Eleitoral e o Voto
z Referendo;
z Iniciativa popular.
Nos termos do § 1º, do art. 14, da Constituição
Antes de prosseguir no estudo dos direitos políticos, Federal, o alistamento eleitoral e do voto são:
faz-se importante conceituar e diferenciar os meca-
nismos de democracia direta elencados acima, quais z Obrigatórios
sejam: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
Tanto o plebiscito quanto o referendo são instru- Para os maiores de dezoito anos;
mentos que se destinam à consulta popular sobre
determinado assunto (ato administrativo ou lei). z Facultativos
A principal diferença entre eles está atrelada ao
momento da consulta. Os analfabetos;
No plebiscito, a consulta é prévia, ou seja, antes da Os maiores de setenta anos;
criação do ato administrativo ou da lei, convocam-se Os maiores de dezesseis e menores de dezoito
os cidadãos para responderem à consulta. Ao passo anos.
que, no referendo, primeiro cria-se o ato administra-
tivo ou a lei, e depois se autoriza a consulta ao povo. Condições de Elegibilidade
Para ajudar na memorização da diferença entre o
plebiscito e o referendo, associe:
Conforme § 3°, do art. 14, da CF, são condições de
Plebiscito com PREbiscito: o termo pre remete
para algo que ocorre previamente/antes/anterior, tal elegibilidade, isto é, condições para se eleger a deter-
como o plebiscito que a consulta popular é prévia. minado cargo político:
Referendo com REFERIR: o termo referir reme-
te para algo que “diz respeito” ou “que tem relação”, z Nacionalidade brasileira
ou seja, que já aconteceu/falou/fez/existe, tal como no z O pleno exercício de direitos
referendo que a consulta é posterior à criação do ato políticos
administrativo ou da lei. Elegibilidade z Alistamento eleitoral
A Iniciativa Popular é um instrumento de demo- z Domicilio eleitoral na circuns-
cracia direta que permite aos cidadãos a apresentação crição correspondente
de proposta de lei, desde que preenchidos os seguintes z Filiação partidária
requisitos previstos no § 2º, do art. 61, da CF:
A constituição também define a idade mínima que
Art. 61 [...]
cada candidato deve ter, a depender do cargo que
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto deseja se eleger:
de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por z Presidente e Vice-Presidente da República e Sena-
cinco Estados, com não menos de três décimos por dor: 35 anos;
cento dos eleitores de cada um deles. z Governador e Vice-Governador dos Estados-mem-
bros e do Distrito Federal : 30 anos;
Da leitura do dispositivo acima, extrai-se os seguin- z Deputado Federal, Deputador Estadual ou Distri- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tes pontos: tal, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz: 21 anos;
z Vereador: 18 anos.
z Deve ser proposto na Câmara de Deputados;
z É necessário a assinatura de, no mínimo, 1% (um
A condição de nacional é um pressuposto para a
por cento) do eleitores brasileiros;
de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status
z Este 1% (um por cento) deve ser composto de elei-
tores de, pelos menos, 05 (cinco) Estados-membros. de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o
z Cada um dos Estados-membros referidos acima poder participar do processo governamental, sobre-
deve possuir no mínimo 0,3% (três décimos) do seu tudo pelo voto. Assim, a nacionalidade é condição
próprio eleitorado estadual. necessária, mas não suficiente para o exercício da
cidadania.
Direitos Políticos Ativos
Dica
É o que confere ao cidadão a capacidade de votar,
participar de plebiscitos ou referendos, subscrever Nacional é diferente de cidadão, logo cidadania é
projeto de iniciativa popular, bem como de propor diferente de nacionalidade!
ação popular para anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe ou, 473
Inelegibilidades recondução por um período somente, no Brasil, após
o período de um mandato, o governante pode voltar a
A Constituição não menciona exaustivamente se candidatar para o posto.
todas as hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa
algumas, deixando reservado que lei complementar Art. 14 [...]
poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade. § 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
Art. 14 [...] houver sucedido, ou substituído no curso dos man-
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de datos poderão ser reeleitos para um único período
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim subsequente.
de proteger a probidade administrativa, a morali- § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
dade para exercício de mandato considerada vida da República, os Governadores de Estado e do Distri-
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimi- to Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respec-
dade das eleições contra a influência do poder eco- tivos mandatos até seis meses antes do pleito.
nômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos
alguns requisitos:
Em regra:
Art. 14 [...]
Art. 14 [...] § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
Há também a inelegibilidade derivada do casa- afastar-se da atividade;
mento ou do parentesco com o Presidente da Repú- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
blica, com os Governadores de Estado e do Distrito gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja subs- automaticamente, no ato da diplomação, para a
tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito. inatividade.
Súmula 6, TSE: São inelegíveis para o cargo de A perda e a suspensão dos direitos políticos
chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indica- podem se dar, respectivamente, de forma definitiva
dos no § 7º do art. 14 da Constituição Federal, do
ou temporária.
titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha
Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento
falecido, renunciado ou se afastado definitivamente
do cargo até seis meses antes do pleito.:
da naturalização por sentença transitada em julga-
do e no caso de recusa de cumprir obrigação a todos
imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço
Na mesma temática, veja a redação da Súmula Vin-
militar obrigatório).
culante nº 18 do STF (de observância obrigatória):
Já a suspensão ocorre enquanto persistirem os
Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da socie-
motivos desta, ou seja, enquanto o indivíduo não o
dade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, retomar a capacidade civil ele terá seus direitos políti-
não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do arti- cos suspensos. Readquirindo-a, alcançará, novamente
go 14 da Constituição Federal o status de cidadão. Também são passíveis de suspen-
são os condenados criminalmente (com sentença tran-
Todo inalistável é inelegível, mas nem todo inele- sitado em julgado). Cumprida a pena, readquirem os
gível é inalistável. Assim, quem não pode votar, como direitos políticos; no caso de improbidade administra-
os estrangeiros e os conscritos durante serviço mili- tiva, a suspensão será, da mesma forma, temporária.
tar obrigatório, não pode ser votado, assim como os
analfabetos. No entanto, isso não significa que os que Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos,
não podem ser votados, necessariamente, não possam cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
votar. Ex.: o analfabeto é inelegível, mas não é inalistá- I - cancelamento da naturalização por sentença
vel, logo, pode votar, embora seu voto não seja obriga- transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
tório, mas não pode ser votado.
III - condenação criminal transitada em julgado,
Quanto à reeleição e desincompatibilização, a enquanto durarem seus efeitos;
Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
de reeleição para o chefe dos Poderes Executivos fede- ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
ral, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sis- V - improbidade administrativa, nos termos do art.
474 tema americano de reeleição, que permite apenas a 37, § 4º.
Acerca da suspensão de direitos políticos importa O art. 17 também diz respeito ao regime democrá-
destacar o seguinte: tico, que tem no povo a única fonte de legitimidade
do poder, ou seja, a fonte da qual emana todo poder.
Súmula 9, do TSE: A suspensão de direitos políti- O regime democrático pode ser exercido de três
cos decorrente de condenação criminal transitada formas:
em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção
da pena, independendo de reabilitação ou de prova
z De forma direta: pelo próprio povo;
de reparação dos danos.
z De forma indireta: pelos representantes do povo;
Ainda, acerca da suspensão de direitos políticos, o z De forma semidireta ou participativa: pela combi-
Supremo Tribunal Federal manifesta: nação dos dois critérios.
A suspensão de direitos políticos prevista no art. O regime democrático brasileiro possui caracte-
15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso rísticas da forma indireta e da forma direta. A demo-
de substituição da pena privativa de liberdade pela cracia indireta é exercida pelo voto, haja vista que o
restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG, povo é o titular do poder de sufrágio. O voto possui
Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexan- caráter universal, ou seja, todos podem votar, além
dre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão de ser direto e secreto, com igual valor, na localida-
geral) (Info 939). de do domicílio eleitoral. O povo participa da esco-
lha dos representantes políticos federais, estaduais e
Por fim, concluindo o assunto de direitos políticos,
municipais (Poder Executivo e Legislativo).
veja o que dispõe o art. 16 da CF:
A democracia direta é exercida por plebiscito,
referendo e iniciativa popular (incisos I, II e III, art.
Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-
rá em vigor na data de sua publicação, não se apli- 14, da CF, de 1988), bem como por iniciativa compar-
cando à eleição que ocorra até um ano da data tilhada (incisos XXXVIII e LXXIII, art. 5º; XII e XIII, art.
de sua vigência. 29; § 3º, art. 37; § 2º, art. 74; art. 187; VII, § único, art.
194; II, art. 204; VI, art. 206, e art. 224, da CF, de 1988).
PARTIDOS POLÍTICOS A diferença entre o plebiscito e o referendo é que,
no plebiscito, a população é chamada para se mani-
Os partidos políticos encontram-se disciplinados festar antes de o Estado elaborar a lei. Exemplo: o ple-
no Título II, da Constituição Federal, de 1988, que trata biscito de 1993, em que a população escolheu entre
sobre os direitos e garantias fundamentais. monarquia e república e entre parlamentarismo e
Depreende-se por partidos políticos a pessoa jurí- presidencialismo. Por outro lado, no referendo o
dica de direito privado que tem por objetivo assegurar Estado faz a legislação e depois a submete à popula-
e defender os direitos de uma determinada parcela da ção. Exemplo: Estatuto do Desarmamento.
população. Em síntese, partido político é aquele for- Outro ponto importante refere-se ao pluriparti-
mado por diversas pessoas unidas em prol de ideali- darismo, que é um dos fundamentos da República
zações políticas e sociais comuns. Federativa do Brasil (V, art. 1º, CF, de 1988). Assim,
Vejamos o que estabelece a CF, de 1988: para assegurar o regime democrático e a representa-
tividade na defesa dos direitos fundamentais, devem
Art. 17 É livre a criação, fusão, incorporação coexistir diversas entidades formadas pela livre asso-
e extinção de partidos políticos, resguardados a ciação de pessoas e com ideologias comuns.
soberania nacional, o regime democrático, o Como consequência, a defesa dos direitos fun-
pluripartidarismo, os direitos fundamentais damentais pode ser efetivada por poderem coexistir
da pessoa humana e observados os seguintes diversos pensamentos e posicionamentos.
preceitos: Importante mencionar que o caput do art. 17 tra-
I - caráter nacional;
ta da liberdade na criação, fusão, incorporação e
II - proibição de recebimento de recursos finan-
O parágrafo 3°, do art. 17, disciplina a forma de dis- O parágrafo 4°, do art. 17, veda a utilização pelos
tribuição dos recursos do fundo partidário e direito partidos políticos de organização paramilitar. O
de antena. De acordo com o dispositivo, a distribui- objetivo do dispositivo é impedir que o poder polí-
ção do dinheiro proveniente do fundo partidário e a tico seja adquirido pela força e não pelas ideologias
divisão de tempo de rádio e TV leva em consideração e pelos posicionamentos, de modo a garantir que as
a representação do partido na Câmara dos Deputados. regras democráticas sejam respeitadas.
O Fundo Partidário é um Fundo Especial de Assis- Complementando esse parágrafo, o art. 6º, da Lei
tência Financeira aos Partidos Políticos que tenham nº 9.096, de 1995, assim estabelece:
seu estatuto registrado no TSE, bem como a prestação
Art. 6º É vedado ao partido político ministrar ins-
de contas regular perante a Justiça Eleitoral. Ele, que é
trução militar ou paramilitar, utilizar-se de organi-
a principal fonte de verbas dos partidos, é constituído
zação da mesma natureza e adotar uniforme para
por dotações orçamentárias da União, multas, penali- seus membros.
dades, doações e outros recursos financeiros estabele-
cidos no art. 38 da Lei n° 9.096, de 1995. Estes valores Portanto, ao regulamentar esse dispositivo cons-
são repassados aos partidos políticos por meio do art. titucional, a Lei nº 9.096, de 1995, também proibiu
41-A da Lei n° 9.096, de 1995, que assim estabelece: que partido político ministrasse instrução militar
ou paramilitar, bem como utilizasse de organização
Lei nº 9.096, de 1995 da mesma natureza ou adotasse uniforme para seus
Art. 41-A Do total do Fundo Partidário: membros.
I - 5% (cinco por cento) serão destacados para
entrega, em partes iguais, a todos os partidos que Art. 17 [...]
atendam aos requisitos constitucionais de acesso § 5º Ao eleito por partido que não preencher
aos recursos do Fundo Partidário; e os requisitos previstos no § 3º deste artigo é asse-
II - 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuí- gurado o mandato e facultada a filiação, sem
dos aos partidos na proporção dos votos obtidos na perda do mandato, a outro partido que os
última eleição geral para a Câmara dos Deputados. tenha atingido, não sendo essa filiação considera-
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso da para fins de distribuição dos recursos do fundo
II, serão desconsideradas as mudanças de filiação partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e
partidária em quaisquer hipóteses. de televisão.
Outro ponto importante é a vedação de doação a
campanhas por pessoas jurídicas. Assim, passou a Neste ponto, é importante tratar da fidelidade par-
ser proibido que empresas doassem quantidades de tidária. A parte final do § 1º, art. 17, da CF, de 1988, dá
dinheiro ou bens para patrocinar a campanha política autonomia aos partidos políticos para estabelecerem
dos pretensos candidatos. normas a respeito da fidelidade e disciplina partidá-
479
Ou seja, deve-se atingir maior número possível de
ORDEM SOCIAL pessoas necessitadas de acordo com a possibilidade
econômica do sistema da seguridade social.
BASE E OBJETIVOS DA ORDEM SOCIAL
Art. 194 [...]
A ordem social está consagrada no Título VIII da IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
Constituição, e tem como base o princípio do trabalho Todos os benefícios decorrentes da seguridade
e como objetivo o bem estar e a justiça sociais, é uma social devem ser irredutíveis.
extensão dos direitos fundamentais previstos no Títu-
Art. 194 [...]
lo II da Constituição.
V - equidade na forma de participação no custeio;
A ideia é valorizar o trabalho humano e preservar
a livre iniciativa, buscando um equilíbrio para as rela- Em suma, é a participação que cada contribuin-
ções sociais, garantindo a todos uma existência digna. te deve fazer com a seguridade social conforme sua
O conteúdo da ordem social foi relacionado em capacidade contributiva.
oito Capítulos na Constituição, são temas que abor- Art. 194 [...]
dam diversos outros ramos do direito. Nesse sentido, VI - diversidade da base de financiamento, identi-
o professor José Afonso da Silva preleciona: ficando-se, em rubricas contábeis específicas para
cada área, as receitas e as despesas vinculadas a
A Constituição deu bastante realce à ordem social. ações de saúde, previdência e assistência social,
Forma ela com o título dos direitos fundamentais o preservado o caráter contributivo da previdência
núcleo substancial do regimento democrático instituí- social;
do. Mas é preciso convir que o título da ordem social
misturou assuntos que não se afinam com essa natu- A seguridade será financiada por toda a sociedade,
reza. Jogaram-se aqui algumas matérias que não tem sendo que não terá apenas uma fonte de renda.
um conteúdo típico de ordem social. (Curso de Direito
Art. 194 [...]
Constitucional Positivo, 2017, p. 844)
VII - caráter democrático e descentralizado da
administração, mediante gestão quadripartite,
Os assuntos abordados no Título VIII são: segurida- com participação dos trabalhadores, dos empre-
de social (art. 194 a 204); educação, cultura e deporto gadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
(art. 205 a 217); ciência e tecnologia (art. 218 e 219); colegiados;
comunicação social (art. 220 a 224); meio ambiente
(art. 225); família, criança, adolescente, jovem e idoso Desta maneira, a seguridade terá a participação
(art. 226 a 230) e dos índios (art. 231 a 232). Passaremos democrática e uma gestão descentralizada.
à análise desses assuntos ao decorrer deste capítulo. Conforme dispõe o art. 195, a seguridade social
será financiada por toda a sociedade, nos termos da
SEGURIDADE SOCIAL lei, sendo direta (mediante o pagamento das contri-
buições sociais) ou indireta (previsão na lei orçamen-
A seguridade social assegura os direitos relativos à tária anual) e mediante recursos provenientes da
saúde, à previdência e à assistência social, é um con- União, estados, DF e municípios e das contribuições
junto de ações dos poderes públicos e da sociedade, sociais:
consagrada nos arts. 194 a 204 da CF.
Art. 195 [...]
I - do empregador, da empresa e da entidade
SEGURIDADE SOCIAL
a ela equiparada na forma da lei, incidentes
Saúde Previdência Social Assistência Social sobre:
Art. 196 a 200 Art. 201 a 202 Art. 203 a 204 a) a folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
Os objetivos da seguridade social são de observân- pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vín-
cia obrigatória e estão enumerados nos incisos do art. culo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
194 da CF. A seguir segue os dispositivos mencionados
c) o lucro;
seguido de breve explicação. II - do trabalhador e dos demais segurados da
Art. 194 [...] previdência social, podendo ser adotadas alíquo-
I - universalidade da cobertura e do atendimento; tas progressivas de acordo com o valor do salário
de contribuição, não incidindo contribuição sobre
Deste modo, todas as pessoas devem ter acesso à aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
saúde, previdência e assistência social. Geral de Previdência Social;
Art. 194 [...] III - sobre a receita de concursos de
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e prognósticos.
serviços às populações urbanas e rurais; IV - do importador de bens ou serviços do exte-
rior, ou de quem a lei a ele equiparar. (grifos
Em resumo, não é possível discriminar ou retirar nossos)
direitos sociais do indivíduo.
FINANCIAMENTO - DA SEGURIDADE SOCIAL
Art. 194 [...]
III - seletividade e distributividade na prestação dos DIRETA INDIRETA
benefícios e serviços; Contribuições Sociais Recursos Orçamentários
480
NOS TERMOS DA LEI z Considerações do STF sobre o Coronavírus: ADI
Recursos provenientes dos Contribuições sociais 926 e ADPF 672
orçamentos Art. 195, I e II, III e IV da CF
� Empregador, da empresa
e da entidade a ela equi-
parada na forma da lei
z Trabalhador e dos demais
� União
segurados da previdência
� Estados
social
� Distrito Federal Sobre o tema, vamos relembrar conforme estuda-
z Sobre a receita de concur-
� Municípios
sos de prognósticos mos no decorrer deste material sobre a ADI 926, de
z Importador de bens ou 2020 e ADPF 672, ações que deram origem as conside-
serviços do exterior, ou de
rações do STF sobre a repartição das competências em
quem a lei a ele equiparar
face da pandemia do covid-19.
Os legitimados da ADI 926, de 2020, sustentaram
Saúde
que a redistribuição de poderes de polícia sanitária
A Saúde é direito de todos e dever do Estado, regu- introduzida pela MP na Lei Federal 13.979, de 2020,
lamentada no art. 196 da CF e pela Lei nº 8.080, de interferiu no regime de cooperação entre os entes
1990, dispositivos que visam garantir mediante políti- federativos. Ainda, alegaram que essa centraliza-
cas sociais e econômicas conjunto de ações do Estado ção de competência esvazia a responsabilidade
destinados à redução de riscos relativos de doenças e constitucional de estados e municípios para cuidar
suas consequências. A saúde não tem natureza contri- da saúde, dirigir o Sistema Único de Saúde e execu-
butiva, ou seja, deverá ser prestada a quem precisar e tar ações de vigilância sanitária e epidemiológica.
independe de pagamento, desse modo ficam sujeitos Assim, ao apreciar o caso em tela, o Ministro Marco
ao controle, fiscalização e regulamentação do poder Aurélio, em decisão monocrática, considerou que a
público, ou seja, são de relevância pública. redistribuição de atribuições pela MP 926, de 2020
O poder público cumpre seu dever na relação não afasta a competência concorrente dos entes
jurídica da saúde através do sistema único de saúde, federativos, ou seja, entendeu que a distribuição de
sendo um conjunto de ações e serviços organizado de atribuições prevista na Medida Provisória não contra-
acordo com a descentralização, atendimento integral
ria a Constituição Federal, pois as providências não
e com a participação da comunidade.
afastaram atos a serem praticados pelos demais entes
Ainda, conforme art. 200 da CF, compete ao siste-
ma único de saúde o controle de substancias de inte- federativos no âmbito da competência comum para
resse para a saúde e outras destinadas à prestação legislar sobre saúde pública (art. 23, II da CF) (ADI
sanitária, em sua área da atuação, a Emenda Consti- 6341, rel. Min. Marco Aurélio, decisão em 24.03.2020,
tucional 85, de 2015, passou a incluir também como DJe em 26.03.2020).
competência, o desenvolvimento científico e tecnoló- Bem como, na ADPF 672 proposta pelo Conselho
gico e a inovação. Federal da OAB em face dos atos omissivos e comissi-
Conforme o § 1º, art. 198, da CF, o sistema único de vos praticados pelo Poder Executivo federal decorrente
saúde será financiado com orçamentos da seguridade da pandemia, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes
social dos entes da Federação, além de outras fontes. em decisão monocrática considerou que no caso de cri-
Nesse sentido, o STF considerou que a responsabilida- se, como a que vivenciamos pela pandemia da covid-19
de dos entes da Federação deve ser solidária, vejamos. a cooperação entre os entes federativos são de suma
importância para a defesa do interesse público. Assim,
EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMI- reconheceu e assegurou que os Estados e Municípios
NISTRATIVO DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO
tem competência para manutenção das medidas res-
MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS
ENTES FEDERADOS. CONSONÂNCIA DA DECI- tritivas durante a pandemia, como por exemplo, a
suspensão das atividades de ensino e as restrições às
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
SÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRIS-
TALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. atividades do comércio. (ADPF 672, rel. Min. Alexandre
RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERE- de Moraes, decisão em 08.04.2020, Dje em 15.04.2020)
CE TRÂNSITO. REELABORAÇÃO DA MOLDURA O texto constitucional autoriza gestores locais admitir
FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂN- agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
CIA EXTRAORDINÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO epidemias através de processo seletivo público, de acor-
PUBLICADO EM 11/07/2014.
do com os requisitos específicos para sua atuação. Desse
1. O entendimento adotado pela Corte de origem,
nos moldes do assinalado na decisão agravada, modo, o regime jurídico, piso salarial e as diretrizes para
não diverge da jurisprudência firmada no âmbito o plano de carreira serão dispostos em lei federal.
deste Supremo Tribunal Federal. Entender de modo O servidor que exerça funções equivalentes aos
diverso demandaria a reelaboração da moldura agentes comunitários de saúde e agentes de combate
fática delineada no acórdão de origem, o que tor- às epidemias poderá perder o cargo em caso de des-
na oblíqua e reflexa eventual ofensa, insuscetível, cumprimento de requisitos específicos (art. 198 § 6º).
como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso Como forma de complementar o sistema único de
extraordinário.
saúde, é livre a iniciativa privada a assistência à saúde
2. As razões do agravo regimental não se mostram
aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a mediante contrato de direito público ou convênio, ten-
decisão agravada. 3. Agravo regimental conhecido do preferência às entidades filantrópicas e as sem fins
e não provido. (RE 855.178-RG, rel. min. Luiz Fux, j. lucrativos.
5-3-2015, P, DJE de 16-3-2015, Tema 793). 481
O § 2º, art. 199, veda a destinação de recursos públi- Homem - 60 (sessenta) anos
cos para auxílios ou subvenções às instituições priva- de idade
Mulher - 55 anos de idade.
das com fins lucrativos. Bem como, conforme § 3º, é Também se aplica para os
TRABALHADORES Art. 201,
vedada também a participação direta ou indireta de RURAIS § 7º, II da CF
que exerçam suas ativida-
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saú- des em regime de economia
familiar, nestes incluídos o
de no País, com exceção dos casos previstos em lei. produtor rural, o garimpeiro e
o pescador artesanal
Previdência Social
Referente ao tempo de serviço militar exercido
A emenda constitucional nº 103, de 2019, também pelos membros das polícias militares, corpo de bom-
chamada como reforma da previdência, trouxe diver- beiro militar, da marinha, exército, aeronáutica e ao
sas modificações ao texto constitucional, alterou o serviço militar obrigatório, terão contagem recíproca
sistema de previdência social e estabeleceu regras de para fins de inativação militar ou aposentadoria, e a
transição e disposição transitórias. compensação financeira será devida entre as receitas
Conforme o art. 201 das CF, a previdência social de contribuição referentes aos militares e as receitas
de contribuição aos demais regimes, conforme deter-
será organizada sob forma de regime geral, de filiação
mina o § 9º-A, art. 201, da CF.
obrigatória. Ainda, a previdência social tem nature-
za contributiva, ou seja, destinada apenas para quem Para os trabalhadores de baixa renda o texto
contribui, devendo ser observado os critérios que pre- constitucional também prevê a inclusão de alíquotas
servem o equilíbrio financeiro e atuarial. diferenciadas, bem como aos que se encontram em
A previdência social é uma espécie de seguro, situação de informalidade e ao trabalho doméstico no
que protege seus segurados de eventos como morte, âmbito de sua residência, estes serão concedidas apo-
invalidez, reclusão ou desemprego, ou seja, dos riscos sentadorias no valor de um salário-mínimo.
sociais, são prestações pecuniárias aos segurados e às Serão aposentados compulsoriamente os empre-
pessoas que contribuam para previdência. gados dos consórcios públicos, das empresas públicas,
das sociedades de economia mista e das suas subsidiá-
rias, desde que observado o cumprimento do tem-
PREVIDÊNCIA SOCIAL
po mínimo de contribuição ao atingir 70 anos de
Benefícios Serviços idade, ou aos 75 anos de idade, os servidores titu-
lares de cargos efetivos da União, dos Estados, do
É por meio do Instituto Nacional do Seguro Social Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
– INSS que o segurado pode receber os benefícios pre- autarquias e fundações, os membros do Poder
videnciários relacionados nos incisos do art. 201 da Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias
CF, são os seguintes: Públicas e dos Tribunais e dos Conselhos de Con-
tas, na forma da lei complementar nº 152 de 2015.
Art. 201 [...] Ainda, conforme consagra o art. 202 da CF o regi-
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária
me de previdência privada é facultativo e de caráter
ou permanente para o trabalho e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à complementar, deve ser organizado de forma autôno-
gestante; ma e será regulamentado por lei complementar.
III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
prego involuntário; Assistência Social
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
dependentes dos segurados de baixa renda; Assistência social se refere às políticas sociais vol-
V - pensão por morte do segurado, homem ou tadas a prover as necessidades básicas do cidadão que
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, dela necessitar. Consagrada na Constituição Federal
observado o disposto no § 2º.
no art. 203 e 204 e regulamentada pela Lei 8.742, de
2013, tem os seguintes objetivos:
O § 2º, mencionado no inciso V, determina que
benefícios que substituem o salário de contribuição
Art. 203 A assistência social será prestada a quem
ou o rendimento do trabalho do segurado não podem
dela necessitar, independentemente de contribui-
ter valor mensal inferior ao salário mínimo.
ção à seguridade social, e tem por objetivos:
A emenda constitucional nº 103 de 2019, dentre
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
outras modificações, alterou os requisitos necessários
adolescência e à velhice;
para requerimento de aposentadoria presentes no art.
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
201, § 7º da Constituição. Vejamos no quadro explica-
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
tivo os requisitos necessários para requerimento de IV - a habilitação e reabilitação das pessoas porta-
aposentadoria após a reforma da previdência. doras de deficiência e a promoção de sua integra-
ção à vida comunitária;
Homem - 65 anos de idade; V - a garantia de um salário mínimo de benefício
Mulher - 62 anos de idade; mensal à pessoa portadora de deficiência e ao ido-
Observado tempo mínimo de
so que comprovem não possuir meios de prover à
contribuição
Exceção: Professor que própria manutenção ou de tê-la provida por sua
TRABALHADORES Art. 201, comprove tempo de efetivo família, conforme dispuser a lei.
URBANOS § 7º, I da CF exercício das funções de ma-
gistério na educação infantil
e no ensino fundamental e Como visto, a Constituição Federal prevê a possi-
médio fixado em lei comple- bilidade de um pagamento assistencial ao deficiente
mentar: será reduzido em 5 físico ou idoso que não possa prover suas próprias
anos o requisito de idade
482 necessidades ou pelos seus familiares.
É financiada com recursos do orçamento da segu- desportivas de manifestação cultural, mas para tanto
ridade social e tem natureza não contributiva, ou seja, exige a regulamentação por lei específica que assegu-
não é um seguro social, pois não depende de contri- re o bem-estar dos animais envolvidos.
buição do beneficiário.
Art. 225 [...]
MEIO AMBIENTE § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso
VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis
O meio ambiente tem previsão no texto constitu- as práticas desportivas que utilizem animais, des-
cional no art. 225, que define o meio ambiente ecolo- de que sejam manifestações culturais, conforme o §
gicamente equilibrado como bem de uso comum do 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registra-
povo, sendo dever do Poder Público e da coletivida- das como bem de natureza imaterial integrante do
de defender e preservar para as presentes e futuras patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regula-
gerações. mentadas por lei específica que assegure o bem-es-
O § 1º, art. 225, prevê as medidas para assegurar a tar dos animais envolvidos.
efetividade deste direito, vejamos:
Ainda, além do meio de atuação relacionado nos
Art. 225 [...]
I - preservar e restaurar os processos ecológicos
incisos do art. 225, a Constituição também prevê con-
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies dutas a serem observadas, por exemplo, aquele que
e ecossistemas; explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar
II - preservar a diversidade e a integridade do patri- o meio ambiente degradado (art. 225, § 2º da CF).
mônio genético do País e fiscalizar as entidades O texto constitucional também se preocupou em
dedicadas à pesquisa e manipulação de material declarar como patrimônio nacional a Floresta Ama-
genético;
zônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
III - definir, em todas as unidades da Federação,
espaços territoriais e seus componentes a serem Mato-Grossense e a Zona Costeira, sua utilização será
especialmente protegidos, sendo a alteração e a na forma da lei.
supressão permitidas somente através de lei, veda- Ainda, conforme art. 225, § 5º, são indisponíveis
da qualquer utilização que comprometa a integri- as terras devolutas (terras que pertencem ao poder
dade dos atributos que justifiquem sua proteção; público sem destinação pública) ou arrecadadas pelos
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
ou atividade potencialmente causadora de signifi-
proteção dos ecossistemas naturais.
cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida O termo “família” ao longo dos anos foi se transmu-
e o meio ambiente; dando. Trata-se, por sinal, de um tema que vem sen-
VI - promover a educação ambiental em todos os do discutido constantemente. A mais revolucionária
níveis de ensino e a conscientização pública para a mudança veio com a promulgação da Constituição Fede-
preservação do meio ambiente; ral de 1988, que ampliou o conceito de família e passou
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
a proteger todos os seus membros de forma igualitária.
da lei, as práticas que coloquem em risco sua fun-
É inegável a transformação da estrutura familiar,
ção ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade. (grifo nosso) identificada na Carta Republicana, que se ergue como
a nova tábua valorativa das relações familiares.
O STF considerou que a prática de exercício cul- Até o advento da constituição de 1988, o reconheci-
tural que submeta aos animais à crueldade viola o mento da família estava intimamente ligado ao casa-
inciso VII do art. 225 é inconstitucional, por exemplo, mento. Segundo a maioria dos estudiosos, a família
foi declarada inconstitucional a Lei nº 15.299, de 2013 era conceituada como o conjunto de pessoas que se
do estado do Ceará que regulamentava a vaquejada, achavam vinculadas entre si pelo matrimônio, pela
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
vejamos: filiação e pela adoção.
A partir da constituição de 1988, passou-se a reco-
VAQUEJADA – MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANI- nhecer outras formas de constituição de família, que
MAIS – CRUELDADE MANIFESTA – PRESERVAÇÃO não exclusivamente pelo casamento, ampliando o
DA FAUNA E DA FLORA – INCONSTITUCIONALI- rol de entidades familiares, considerando também a
DADE. A obrigação de o Estado garantir a todos o união estável e a família monoparental, ainda, o tex-
pleno exercício de direitos culturais, incentivando to constitucional consagra a família como a base da
a valorização e a difusão das manifestações, não
sociedade, com especial proteção do Estado.
prescinde da observância do disposto no inciso VII
A família monoparental, por exemplo, é a família for-
do artigo 225 da Carta Federal, o qual veda práti-
ca que acabe por submeter os animais à crueldade. mada só pela mãe ou só pelo pai e seus respectivos filhos,
Discrepa da norma constitucional a denominada conforme o § 4º, art. 226, da CF.
vaquejada. (ADI 4.983, rel. min. Marco Aurélio, j. Conforme o § 4º, art. 226, da CF, que reconhece a
6-10-2016, P, DJE de 27-4-2017) família monoparental. Pedro Lenza (2020) preleciona
que, sendo assim, o Estado também deverá assegurar
Posteriormente, a Emenda Constitucional n. 96, de proteção especial às famílias instituídas por insemi-
2017 inovou ao acrescentar o § 7º ao art. 225, não con- nação artificial, produção independente e etc8.
siderando cruel a utilização de animais em práticas
8 LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 1512. 483
Destarte, o Supremo Tribunal Federal, em 2011, no Mais adiante, o texto constitucional também ampa-
julgamento da ADPF n° 132/RJ e ADI n° 4.277/DF, reco- ra as pessoas idosas:
nheceu a união homoafetiva como família sob análi-
se do art. 1.723 do código civil em consonância com Art. 230 A família, a sociedade e o Estado têm o dever
a Constituição Federal, ou seja, reconheceu a união de amparar as pessoas idosas, assegurando sua par-
homoafetiva como constitucional, vejamos a ementa ticipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
do julgamento (Considerações do STF do julgamento bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
mencionado já foi objeto de pergunta da banca Cespe). § 1º Os programas de amparo aos idosos serão exe-
cutados preferencialmente em seus lares.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garanti-
EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDE- da a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
RAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”).
RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA Idoso é considerado pessoa com idade igual ou
COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a superior a 60 anos, conforme Lei nº 8.842, de 1994
possibilidade de interpretação em sentido preconcei- (Política Nacional do Idoso) e a Lei nº 10.741, de 2003
tuoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, (Estatuto do idoso). Por conseguinte, a Lei nº 13.466, de
não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a
2017 determina a prioridade especial ao idoso maior
utilização da técnica de “interpretação conforme à
de 80 anos, devendo este ter prioridade e atendimento
Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em
preferencial, por exemplo, nos casos de atendimento
causa qualquer significado que impeça o reconheci-
mento da união contínua, pública e duradoura entre à saúde.
pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimen-
to que é de ser feito segundo as mesmas regras e com ÍNDIO
as mesmas consequências da união estável heteroafe-
tiva. (ADI 4277 / DF, rel. Min. Ayres Brito, data do jul- Ordenamento jurídico brasileiro valoriza as dife-
gamento 05.05.2011, DJe 14.10.2011) renças culturais, garantindo e respeitando o modo de
vida das comunidades indígenas. O texto constitucional
O casamento civil é de celebração gratuita, sendo foi um grande avanço referente os direitos indígenas,
que, o religioso terá efeito civil, nos termos da lei. No garantindo a eles a preservação da sua organização
que tange à dissolução do casamento civil, o texto cons- social, costumes, crenças, língua e tradições.
titucional foi modificado pela Emenda Constitucional A Constituição também garantiu o direito originário
n° 66, de 2010, que então permitiu a dissolução do casa- sobre as terras que os índios tradicionalmente ocupa-
mento civil pelo divórcio, que antes só se dava após o vam, cabendo à União demarcá-las e garantir que seus
cumprimento de alguns requisitos, agora é imediato. bens sejam respeitados, sendo inalienáveis e indisponí-
É dever do Estado, da família e da sociedade asse- veis, bem como, os direitos sobre elas, imprescritíveis.
gurar com prioridade os direitos fundamentais da Determina o § 6º, art. 231, da CF, que são nulos e extin-
criança, do adolescente, do jovem, com prioridade na tos os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio
vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissiona- e a posse das terras indígenas, ou a exploração das rique-
lização, cultura, dignidade, ao respeito, à liberdade e zas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
à convivência familiar e comunitária (art. 227 da CF). com exceção ao relevante interesse público da União.
A Constituição também determina a promoção
de programas de assistência à criança, adolescente e
jovem, vejamos. Importante!
Art. 227 [...] É de competência exclusiva do Congresso Nacio-
§ 1º O Estado promoverá programas de assistên- nal autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
cia integral à saúde da criança, do adolescente e do aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa
jovem, admitida a participação de entidades não e lavra de riquezas minerais (art. 49, XVI da CF).
governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos O art. 232 da CF, autoriza a participação dos índios
destinados à saúde na assistência materno-infantil; e as suas comunidades e organizações como partes
II - criação de programas de prevenção e atendi- legítimas para ingressar em juízo para defender seus
mento especializado para as pessoas portadoras de
interesses, com a participação do Ministério Público
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
integração social do adolescente e do jovem portador em todos os atos do processo.
de deficiência, mediante o treinamento para o traba-
lho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
DIREITOS HUMANOS NA
Ainda, consagra a igualdade de direitos e qualifi- CONSTITUIÇÃO FEDERAL
cação aos filhos havidos ou não do casamento ou por
adoção (art. 227, § 6º da CF). A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS TRATADOS
O art. 228 da CF, determina que os menores de INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
dezoito anos são penalmente inimputáveis, ou seja,
não podem responder criminalmente, sendo que, Com a promulgação da Constituição Federal de
após verificada prática de ato infracional, estarão 1988, o Brasil foi definido como um Estado Democráti-
484 sujeitos às medidas previstas em legislação especial. co de Direito. Em razão disso, é certo que a Constituição
trouxe importantes direitos e garantias. No artigo 5º, os direitos fundamentais; nos artigos 6º ao 11, os direitos
sociais e, nos artigos 14 e 15, os direitos políticos.
A inserção desses direitos em nosso ordenamento jurídico decorre de o Brasil ter aderido a tratados e convenções inter-
nacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto de Direitos Civil e Políticos da ONU e o Pacto dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
O direito à vida e a preservação à integridade física e moral, bem como à liberdade e à igualdade, à propriedade e à
segurança constituem os direitos e garantias fundamentais que estão previstos no artigo 5º, caput da Constituição Federal.
Esses direitos e garantias constitucionais correspondem aos direitos humanos previstos em pactos dos quais
o Brasil tornou-se signatário. Diante disso, tornou-se necessária a inclusão desses direitos em nosso ordenamento
jurídico, o que ocorreu pela Constituição Federal de 1988.
É importante dizer que, assim como os direitos humanos, os direitos fundamentais mencionados possuem
algumas características:
São direitos garantidos a todos que estejam sob a égide, ou seja, vivendo no território
UNIVERSALIDADE
brasileiro e, portanto, sob a vigência da Constituição Federal
O titular dos direitos e garantias fundamentais não pode deles renunciar. Poderá, contudo,
IRRENUNCIÁVEL
não exercer o direito, mas jamais dele abrir mão
Esses direitos são imprescritíveis. Diante disso, a qualquer tempo, aquele que sofrer lesão a
um de seus direitos ou garantias fundamentais, poderá buscar a reparação diante do Poder
IMPRESCRITIBILIDADE
Judiciário. Assim, o lapso temporal não terá o condão de impedir que a pessoa lesada bus-
que exigir a proteção de seu direito
Diante da grandiosidade e importância dos tratados que versam sobre direitos humanos, uma importante
inovação foi trazida em 2004, com a Emenda Constitucional 45 inserida na Constituição Federal Brasileira. Este é
um assunto muito importante, por isso, atente-se à informação a seguir:
Foi acrescentado ao artigo 5º da Constituição Federal o § 3º, que passou a prever que os tratados e convenções
internacionais que versem sobre direitos humanos e fossem votados pelo Congresso Nacional – em cada uma das
Casas, em dois turnos e que obtivessem três quintos dos votos dos seus membros – serão aprovados e terão equiva-
lência a uma emenda constitucional.
Lembre-se: 2; 2; 3/5: ou seja, duas casas, sendo necessária a votação em dois turnos com a necessidade de três
quintos de votos (3/5) para sua aprovação.
Daí, vê-se a importância que se atribuiu aos direitos humanos, pois, tendo havido a adesão pelo Brasil a qual-
quer convenção ou tratado que trate de uma matéria relativa aos direitos humanos, essa regra passa a valer com
força de emenda constitucional.
Está claro que, com isso, os tratados e convenções de direitos humanos, quando ratificados pelo Brasil, ganham a mesma
relevância das normas previstas na Constituição Federal, razão pela qual devem ser cumpridos e observados por todos.
Dica
Tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil terão valor de norma constitucional, quando obedecido
o critério previsto no § 3º do artigo 5ºda Constituição Federal. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS
Até então, o que vigorava em relação aos tratados era o § 2º do artigo 5º da Constituição Federal, que determina
o seguinte:
Art. 5º [...]
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ele adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Não restam dúvidas que a partir desse dispositivo já estava expresso na Constituição que os tratados vigoram
sem qualquer problema no ordenamento jurídico. Mas havia certa discussão se teriam ou não status de uma nor-
ma constitucional ou infraconstitucional, ou seja, que não está prevista no texto constitucional. Entretanto, após
a emenda acima mencionada, a questão está pacificada.
Os tratados que tratem de matérias relacionadas aos Direitos Humanos, quando aprovados nos mesmos trâmites
das emendas constitucionais, gozam desse status. 485
Nesse sentido, é importante mencionar a conclu- O exercício da cidadania, portanto, é a vivência
são de Ricardo Castilho: experimentada por todos nós, cumprindo deveres de
respeito às leis e ao próximo, bem como a exigência
Em síntese, os tratados internacionais de direitos de ver nossos direitos efetivados e de participar dos
humanos, por força do art. 5º, § 2º, possuirão sempre rumos do país por meio de seus direitos políticos.
status jurídico de norma constitucional. São mate- No Brasil, a cidadania apareceu de forma muito
rialmente constitucionais, não importando se foram
tímida ao prever o direito de voto universal na Consti-
tuição de 1891 – embora com exceções àqueles que de
ratificados antes ou depois da Emenda Constitucional
fato podiam votar – e na de 1934, que trouxe o direito
n. 45. A inovação trazida pelo § 3º do dispositivo men-
de voto à mulher.
cionado diz respeito apenas à possibilidade de atri-
Porém, é de fato pela Constituição Federal (CF) de
buição de um status formalmente constitucional aos 1988 que a cidadania passou a ser efetivamente um
tratados, visto que equiparados em sua formação às valor prezado pelo ordenamento jurídico. Ela defi-
emendas constitucionais (Direitos Humanos. Sinop- ne que o Brasil constitui um Estado Democrático de
ses Jurídicas – 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2015). Direito. Em razão disso, o parágrafo único do artigo 1º
da CF define o seguinte:
Há ainda que se mencionar que o Supremo Tribu-
nal Federal firmou jurisprudência no sentido de que os Art. 1º [...]
tratados que versem sobre direitos humanos que foram Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro antes exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente, nos termos desta Constituição.
da Emenda Constitucional n.º 45, de 2004 (ou seja, sem
observar o disposto no § 3º do artigo 5ºda Constituição
Portanto, se o poder emana do povo, resta claro
Federal) terão status supralegal ou infraconstitucional.
que, por ser detentor desse poder, cabe a cada um dos
Importa dizer que a doutrina divergiu sobre o brasileiros o exercício da cidadania. Ou seja, deverá
assunto. Uma primeira corrente defendeu o que foi fazer valer seus direitos, bem como deve agir diaria-
mencionado acima, ou seja, que embora esses tratados mente de forma comprometida com sua nação.
tenham sido ratificados antes da Emenda Constitucio- É possível dizer, então, que a relação entre direitos
nal n.º 45, de 2004, deveriam ser recepcionados como humanos e cidadania ocorre quando a pessoa age em
normas equivalentes às emendas constitucionais. observância às leis do país em que vive e também bus-
Por sua vez, uma segunda corrente doutrinária ado- ca que seus direitos sejam cumpridos.
tou posicionamento pelo qual não poderia um tratado O cidadão é assim definido como aquele que pro-
de direitos humanos aprovado por quórum de lei ordi- tege o meio ambiente em que vive e também exige de
nária, ser incorporado como emenda constitucional. seus governantes a efetivação de políticas públicas
Finalmente, uma última corrente entendeu que por meio de medidas práticas que protejam reservas
ambientais, promovam a limpeza de rios, proteção da
seria possível a transformação dessa lei ordinária em
fauna e da flora, por exemplo.
norma de status constitucional, podendo ser reapre-
A cidadania também é exercida quando a popula-
ciado em consonância com o parágrafo 3º do artigo 5º. ção exerce seu direito ao voto para a escolha dos seus
Atualmente, no Brasil, os tratados de direitos humanos governantes, e também quando sai às ruas em mani-
que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacio- festações pacíficas contra corrupção.
nal, em dois turnos, por três quintos dos votos de seus Percebe-se, portanto, que o exercício da cidada-
membros, terão equivalência a emenda constitucional. nia está intimamente ligado aos direitos humanos. É
o meio pelo qual a pessoa dispõe para fazer com que
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA seus direitos fundamentais sejam observados. O cida-
dão, portanto, é o sujeito que goza de direitos políticos
Mostra-se necessário verificar a relação entre os no Estado em que vive.
direitos humanos e a cidadania, sendo que ambos Como visto, a cidadania é um dos fundamentos da
devem caminhar de forma harmônica e conjunta. A República. Dessa forma, todo aquele que vive em territó-
cidadania é um dos fundamentos da República Fede- rio brasileiro tem assegurada sua cidadania. Já vimos a
rativa do Brasil, assim como a dignidade da pessoa origem dela e também como pode ser, de fato, exercida.
humana. Está assim prevista no inciso II do artigo 1º Quando falamos em direitos da cidadania, podemos
falar nos direitos fundamentais previstos na Constitui-
da Constituição Federal.
ção Federal e já mencionados, como o direito à igual-
Mas, afinal, o que é cidadania? Sua origem históri-
dade, à manifestação do pensamento, à liberdade de
ca remonta à Grécia Antiga. Tratava-se do reconheci-
consciência e de crença e à inviolabilidade do domicí-
mento atribuído àqueles detentores de direitos e que
lio. Lembre-se que o rol de direitos é muito mais exten-
participavam das decisões políticas da polis (palavra
so e está previsto no artigo 5º da Constituição Federal.
de origem grega que se refere a um modelo de cida- Também de grande importância para a cidada-
de antiga) em que habitavam. Porém, tratava-se de um nia são os direitos políticos. É por meio deles que o
atributo apenas daqueles que possuíam propriedades cidadão tem em suas mãos o poder para a escolha de
e, portanto, detinham poder para participação política. seus governantes, bem como o de se manifestar sobre
O conceito de cidadania e sua concretização tam- questões relevantes para a nação.
bém é atribuído à Revoluções Inglesas, no século XVII, e Quanto aos deveres do cidadão, incluem-se aí o res-
à Revolução Francesa, no ano de 1789. Trata-se do reco- peito às leis e também ao próximo. Isso porque, para que
nhecimento do indivíduo como membro integrante de uma pessoa faça parte de uma nação como um cidadão,
uma nação, detentor de direitos e deveres para a vida deverá também respeitar os demais, não agindo de forma
em sociedade. É aquele que goza de direitos políticos. que sua liberdade possa tolher a dos outros. A cidadania é
486 um fundamento da República Federativa do Brasil.
Aos poucos, esse direito natural e universal adqui-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS riu contornos dentro do ordenamento jurídico de cada
DIREITOS HUMANOS Estado, passando a ser positivado, ou seja, virando
norma interna, elaborada segundo as peculiaridades e
Direitos Humanos são os direitos inerentes aos seres interesses de cada país. Foi assim na Revolução Inglesa,
humanos como um todo, independentemente de qual- com a Declaração Inglesa de Direitos, de 1689, a qual
quer condição, tais como sexo, idade, nacionalidade, consagrou a supremacia do parlamento e o império da
religião, entre outros. No entanto, tais direitos são cons- lei; na Revolução Americana, com a independência das
tantemente relativizados, por ser objeto de interpreta- colônias britânicas na América do Norte e a elaboração
ções equivocadas, normalmente ligados à proteção de da Constituição estadunidense, de 1787; e, por fim, na
grupos específicos, como, por exemplo, a proteção de Revolução Francesa, com a Declaração Francesa dos
criminosos. Todavia, não é possível reduzi-lo dessa for- Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, um marco
ma, uma vez que sua proteção é bastante abrangente. para a proteção de direitos humanos no plano nacional.
Entender que absolutamente todas as pessoas pos- No entanto, para sua plena efetivação, fazia-se
suem direitos é o primeiro passo para compreender o necessário um processo de internacionalização desses
que são os direitos humanos. Portanto, eu, você, seu direitos, o que significa dizer que era preciso que esses
vizinho, seu amigo, seu inimigo, aquele vendedor da direitos fossem normatizados pelos Estados de forma
esquina, aquela senhora que frequenta a igreja, o pas- conjunta, de modo a formar um conjunto de direitos
tor, a moça da lanchonete, o rapaz da academia e, até positivos universais. Observa-se, entretanto, que os
mesmo, os desconhecidos: todos nós somos titulares países da Europa não estavam muito interessados em
dos direitos humanos. garantir a todos, que não os europeus, a consecução
O segundo passo para entender os direitos huma- desses direitos. Se todos tivessem os mesmos direitos,
nos é abandonar os preconceitos, isto é, os conceitos como seria justificado a violência e o desrespeito no
preconcebidos, ou melhor, os conceitos invisíveis que processo de colonização? Como se justificaria o proces-
carregamos sem perceber, assim como os esterióti- so de escravidão dos povos nativos? Consequentemen-
pos, como, por exemplo, rotulações relativas ao sexo, te, até a primeira metade do século XX, todos os acordos
envolvendo generalizações sobre as capacidades físi- estavam voltados para a Europa e seus interesses.
cas, emocionais e intelectuais de mulheres e homens, Com a Segunda Guerra Mundial, muita coisa mudou.
tais como “homens são naturalmente provedores”, Primeiro, a participação importante de países de
“feministas odeiam os homens”, “filhos de pais sepa- outros continentes fizeram com que o foco deixasse de
rados são desajustados”, entre outras. recair somente na Europa. Além disso, os atos cometi-
Assim sendo, os direitos humanos não estão liga- dos durante a guerra deram ensejo a um movimento
dos a nenhum grupo, então generalizar e estereotipar de reconstrução dos direitos. Esse movimento nasceu
os direitos e as pessoas somente ajuda a perpetuar o consubstanciado na concepção de que todos os Estados
desrespeito e a impedir a igualdade, além de contri- têm a obrigação de respeitar os direitos humanos e que
buir para a propagação do desconhecimento, pois, compete à comunidade internacional a responsabilida-
quando se relativiza os direitos humanos, aqueles que de de exigir o cumprimento dessa obrigação.
deveriam lutar por seus direitos não sabem que os Surgiu, assim, o Sistema de Proteção dos Direitos
têm, muito menos sabem como se proteger. Humanos, que teve, como marco, a Declaração Uni-
Observa-se que, embora os direitos humanos sejam versal dos Direitos Humanos (DUDH), de 1948.
inerentes à própria humanidade, o Sistema de Prote- Antes de iniciar o estudo da DUDH, é preciso ter em
ção dos Direitos Humanos, que visa a assegurar a tute- mente que, para melhor compreendê-la, é primordial
la de tais direitos, é um fenômeno recente na história. entender a estrutura e identificar as ideias mais impor-
Nos primórdios, os direitos estavam atrelados ao uso tantes da Declaração. Por essa razão, é extremamente
da força, de modo que, para saber se a pessoa estava importante ler os artigos e tentar compreender os pon-
segura ou não, dependia do seu grupo estar na posi- tos mais importantes, sem precisar, contudo, decorá-los.
ção de vencedor ou vencido. Populações derrotadas Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
eram escravizadas e perdiam seus direitos, tanto que
o primeiro esboço de declaração de direitos huma- ESTRUTURA DA DUDH
nos foi quando o rei persa, Ciro II, após conquistar a NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Babilônia, em 539 a.C., permitiu que os povos exilados A Declaração Universal dos Direitos Humanos
regressassem as suas terras de origem. (DUDH) foi adotada e proclamada em 10 de dezem-
É possível visualizar, também, alguns esboços bro de 1948, por meio da Resolução nº 217 A III, da
de direitos humanos na Grécia e Roma Antiga, onde Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
se consolidou a ideia de lei do mais forte, ou seja, lei (ONU). Ela não é, tecnicamente, um tratado interna-
natural, com direitos pertencentes ao ser humano por cional, sendo, apenas, uma declaração política e, não,
sua própria natureza. jurídica, que apenas delineia os direitos humanos.
Com o passar dos tempos, esse conceito de lei natu- Isso significa dizer que ela não é obrigatória? Bem,
ral foi adquirindo contornos de um direito universal, temos, aqui, dois posicionamentos doutrinários dife-
estabelecido pela própria natureza, ou seja, de um rentes. Para parte da doutrina, por não ser a DUDH
direito natural. Em princípio, estabeleceu-se no Esta- um tratado propriamente dito, ela não possui obri-
do Moderno, com a Magna Carta Inglesa (conhecida gatoriedade legal e, consequentemente, funcionaria
como Carta de João Sem Terra), de 1215, primeiro como uma espécie de recomendações aos Estados.
documento que reconheceu que ninguém pode anular É por essa razão que quem defende esse caráter
os direitos do povo, nem mesmo o rei. Posteriormente, de soft law (quase direito ou direito flexível) da DUDH
com a Petição de Direitos, de 1628, uma declaração de afirma que os direitos humanos previstos na Decla-
liberdade civis inglesa, que reafirmou alguns direitos ração somente se tornaram obrigatórios com a trans-
mínimos e limitou, também, o poder dos soberanos. formação dela em dois pactos, o Pacto Internacional 487
dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional através de políticas públicas, sendo os denominados
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de direitos econômicos, sociais e culturais.
1966, pois apenas quando os Estados firmam o tratado Neste primeiro momento, basta entender que a
é que eles assumem os compromissos nele contidos. DUDH é uma junção de dois tipos de direitos. Quando
Em contrapartida, para outra parte da doutrina, a nosso estudo adentrar nos artigos propriamente ditos,
DUDH é uma norma jus cogens9, ou seja, uma norma as diferenças ficarão mais visíveis e será mais fácil com-
de direito internacional tida como aceita e reconheci- preender a proteção e o papel dos Estados. Então, guarde
da por todos os Estados independentemente de estar essa informação, para que ela possa ser bem compreen-
positivada ou não em tratado, sendo, por essa razão, dida quando os artigos começarem a ser analisados:
imperativa e vinculante. Deste modo, mesmo sendo
uma declaração política e não ter sido firmada pelos
Estados, os direitos contidos nela independem da
7 (sete) Considerandos
aquiescência dos Estados, por serem inderrogáveis. (Considerações)
Por exemplo, nos dias de hoje, tanto a tortura como
a escravidão são tidas como condutas inaceitáveis, de
forma que não haveria a necessidade de ser feito um
tratado pelos Estados para transformar tais condutas
em proibidas. Preâmbulo Direitos Civis e Políticos
Artigo 1° Artigos 21 e 22
Dica
Natureza jurídica da DUDH – Duas posições
doutrinárias: Direitos Econômicos,
� Recomendação (não é um tratado); Sociais e Culturais
� Norma imperativa (norma jus cogens).
Artigos 28, 29 e 30
A DUDH é composta por um preâmbulo e trinta
artigos O preâmbulo, que é a parte que precede o tex-
PREÂMBULO
to articulado da Declaração, é composto por sete Con-
siderandos (considerações).
A DUDH inovou na concepção dos direitos huma-
Diferentemente do que ocorre com o preâmbulo
nos ao introduzir algumas das características ineren-
da Constituição, sobre o qual o interesse das bancas
tes aos direitos humanos em seus Considerandos. Na
examinadoras é muito pequeno, por ter a função de
realidade, ela reafirmou os conceitos e fundamentos
servir de interpretação e integração da própria norma
que baseiam toda a sua formulação. Vejamos cada
constitucional ao reafirmar as intenções do Estado-
uma das considerações, com as características e fun-
-membro com a elaboração da Constituição, o preâm-
damentos trazidos.
bulo da DUDH traz considerações importantes, como,
por exemplo, a característica da indivisibilidade dos
Considerando que o reconhecimento da dignidade
direitos humanos e, por essa razão, é necessário ser inerente a todos os membros da família humana
estudado da mesma forma que seus artigos e de seus direitos iguais e inalienáveis é o funda-
Com relação aos artigos, os trinta, contidos na mento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, [...].
DUDH, podem ser divididos em dois grandes grupos:
A primeira consideração traz as características
z Liberdades Civis e Direitos Políticos: arts. 1º ao da universalidade e a inalienabilidade dos direitos
21; humanos. Universal no sentido de que se aplica a todos
z Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: arts. 22 os seres humanos e inalienável na medida em que, por
ao 28. terem como fundamento a liberdade, justiça e paz no
mundo, não podem ser transferidos ou negociados.
Os arts. 29 e 30 não se enquadram nem em um gru- Os direitos são conferidos a todos os seres humanos,
po nem no outro. Eles tratam de deveres e regras de os quais deles não podem se desfazer, porque são indis-
interpretação, fazendo o fechamento da declaração. poníveis, tendo em vista a proteção da pessoa humana.
Deste modo, há uma combinação de discurso libe- Do seu caráter universal decorre a garantia da dig-
ral com o discurso social da cidadania, ou seja, o valor nidade da pessoa humana, uma vez que o direito de
da liberdade com o valor da igualdade. possuir condições mínimas para ter uma vida plena
Explicando melhor: a Declaração combina os e digna é inerente a todos os indivíduos. Observa-se,
direitos ligados às prerrogativas inerentes ao indiví- ainda, que o reconhecimento da dignidade traz con-
duo, como a vida, a liberdade, a propriedade, denomi- sigo o fundamento da igualdade, por não comportar
nados de direitos civis ou individuais e os direitos de distinções relacionadas à raça, sexo, língua, religião,
cidadania, que envolve o direito de votar e ser votado, origem social ou nacional, entre outros.
de ocupar cargos ou funções políticas e de permane-
cer nesses cargos, os denominados direitos políticos, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos
com os direitos ligados à concepção de que é dever do direitos humanos resultaram em atos bárbaros
Estado garantir igualdade de oportunidades a todos que ultrajaram a consciência da humanidade e que
9 A noção de jus cogens foi elaborada, expressamente, pela primeira vez, no artigo 53 da Convenção de Viena, sobre direito dos tratados de 1969,
que assim estabeleceu “É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral.
Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior
488 de Direito Internacional geral da mesma natureza”.
o advento de um mundo em que mulheres e homens somente a mencionar a expressão em seus dispositi-
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liber- vos, sem dar sentido ou definição a ela.
dade de viverem a salvo do temor e da necessidade Por conseguinte, para dar interpretação à expres-
foi proclamado como a mais alta aspiração do ser são direitos humanos contida na Carta, foi elaborada
humano comum, [...]. a Resolução nº 217 A III, da Assembleia Geral, a qual
proclamou a DUDH.
A segunda consideração traz a historicidade
como uma das características, visto que os direitos Considerando que os Países-Membros se com-
humanos são frutos de um desenvolvimento histó- prometeram a promover, em cooperação com
rico marcado por lutas, barbáries e desrespeitos. Os as Nações Unidas, o respeito universal aos direi-
direitos humanos não surgiram em 1948 com a DUDH. tos e liberdades fundamentais do ser humano e a
Eles nasceram aos poucos, quer na Babilônia, quer na observância desses direitos e liberdades, [...].
Inglaterra, quer nos Estados Unidos, quer na França,
entre outros países. Foi por meio destes esboços que os A essencialidade e a inviolabilidade dos direitos
direitos humanos puderam se desenvolver até, final- humanos são as características trazidas no sexto Con-
mente, se firmarem na ordem jurídica internacional. siderando. Os direitos humanos, por serem essenciais,
Entender o contexto histórico é extremamente devem gozar de status diferenciado perante o ordena-
importante para compreender o porquê da proteção mento jurídico dos Estados. Da essencialidade decorre a
dada pelos direitos humanos em cada momento da inviolabilidade, destacando que é dever tanto dos Esta-
história mundial. dos como dos indivíduos respeitar os direitos humanos.
Por conseguinte, os Estados-membros da ONU compro-
Considerando ser essencial que os direitos humanos metem-se a não violar os direitos humanos.
sejam protegidos pelo império da lei, para que o
ser humano não seja compelido, como último recur- Considerando que uma compreensão comum des-
so, à rebelião contra a tirania e a opressão, [...]. ses direitos e liberdades é da mais alta importância
para o pleno cumprimento desse compromisso, [...].
A característica da efetividade dos direitos huma-
nos é encontrada na terceira consideração, uma vez que Por fim, a sétima consideração traz a característica
é dever do Estado a sua tutela. Os direitos humanos da indivisibilidade desses direitos. Não existe hierar-
devem ser protegidos pelo “império da lei”, ou seja, por quia entre os direitos humanos, pois todos possuem
normas gerais e abstratas aplicáveis a todos. No entan- o mesmo valor como direito. Consequentemente, eles
to, de nada adianta a mera previsão abstrata do direito são indivisíveis na medida em que a garantia dos
se o Estado não agir para a sua concretização, pois é direitos civis e políticos é condição para a observância
seu dever agir de maneira eficaz, de modo a permitir o dos direitos econômicos, sociais e culturais. Portanto,
pleno desenvolvimento e efetividade dos direitos. quando um deles é violado, os outros também o são.
Agora, portanto, a Assembleia Geral proclama a pre-
Considerando ser essencial promover o desen- sente Declaração Universal dos Direitos Humanos
volvimento de relações amistosas entre as como o ideal comum a ser atingido por todos os povos
nações, [...]. e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo
e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
A quarta consideração não traz uma característica em Declaração, esforcem-se, por meio do ensino e da educa-
si, mas uma regra no que tange à resolução dos conflitos ção, em promover o respeito a esses direitos e liberda-
internacionais. Observa-se que os Estados são diferentes des e pela adoção de medidas progressivas de caráter
uns dos outros, seja em termos culturais, históricos, geo- nacional e internacional, por assegurar o seu reconhe-
gráficos, políticos, entre outros. Entretanto, por mais que cimento e a sua observância universais e efetivos, tan-
os países sejam diferentes, deve-se primar pela resolução to entre os povos dos próprios Países-Membros quanto
pacífica das controvérsias, ou seja, para que os proble- entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
mas sejam solucionados pela paz. Para tanto, faz-se neces- Assim sendo, após essas sete considerações, foi pro-
sário que as relações amistosas sejam desenvolvidas. clamada a DUDH.
A proclamação da DUDH contém uma das caracte- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Considerando que os povos das Nações Unidas rísticas dos direitos humanos: a vedação ao retroces-
reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos fun- so. Os direitos humanos jamais podem regredir, ou
damentais do ser humano, na dignidade e no seja, ser diminuídos ou reduzidos no seu aspecto de
valor da pessoa humana e na igualdade de direitos proteção. Eles devem ser progressivos, o que significa
do homem e da mulher e que decidiram promover dizer que os Estados não podem proteger menos do
o progresso social e melhores condições de vida em
que já protegem.
uma liberdade mais ampla, [...].
Passaremos, agora, à análise de seus artigos
A quinta consideração remete a um dos propósitos
da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU). DUDH
Com o final da Segunda Guerra Mundial e criação da
ONU, uma organização internacional, com o objetivo de A estrutura bipartite da DUDH decorre da ideia de
manter a paz e a segurança internacional, foi observado progressividade dos direitos humanos, contida, inclu-
pelos Estados-membros que não existia, no âmbito inter- sive, em sua proclamação.
nacional, um documento que pudesse tutelar os direitos É importante lembrar de que os direitos não sur-
inerentes a todos os seres humanos. Assim, a Carta da giram de uma vez só. Eles são frutos de um desen-
ONU deu respaldo à proteção dos direitos humanos. volvimento histórico. Se, no início, os seres humanos
A Carta da ONU trouxe, pela primeira vez, a expres- não tinham direitos, com o decorrer dos tempos, eles
são direitos humanos. No entanto, a Carta prestou-se começaram a ser firmados. 489
Os primeiros direitos reconhecidos foram aque- Assim sendo, a DUDH inicia seus dispositivos com os
les ligados ao próprio indivíduo, como, por exemplo, direitos de primeira geração/dimensão, ou seja, os direi-
o direito de viver, de possuir bens, de se locomover. É tos civis e políticos, que exigem uma postura negativa do
como se fosse um primeiro olhar do Estado para o indi- Estado (uma não interferência). Depois, passa a discipli-
víduo. Um olhar que reconheceu que os seres humanos nar os direitos de segunda geração/dimensão, isto é, os
possuem direitos mínimos e que o poder do Estado não direitos econômicos, sociais e culturais, que demandam
é ilimitado. Tratou-se, portanto, da defesa do indivíduo uma postura positiva do Estado (uma prestação).
diante do abuso do poder do Estado. Neste primeiro
momento, foram reconhecidas as liberdades dos indiví-
duos, ou seja, seus direitos civis e individuais, que abran- Importante!
gem todas as pessoas, sem qualquer distinção. Também A DUDH não traz os direitos de terceira geração/
foram reconhecidos os direitos de participação popular dimensão.
na administração do Estado, isto é, os direitos políticos.
No entanto, esses direitos de cidadania eram bem limita-
dos, pois estavam restritos a quem detinha a qualidade Vamos, então, estudar cada um desses direitos.
de cidadão e, por isso, atingiam somente os eleitores. As
mulheres, por exemplo, não eram consideradas cidadãs, Direitos Civis e Políticos
assim como os estrangeiros e, consequentemente, não
possuíam os direitos políticos, embora fossem titulares Englobam os artigos 1º ao 21 da DUDH. Vejamos
dos direitos civis mínimos garantidos pelo Estado. cada um deles:
A esses direitos dá-se o nome de direitos de primei-
ra geração/dimensão, por serem os primeiros direitos Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotadas de razão
tutelados pelo Estado.
e consciência e devem agir em relação umas às
Usa-se tanto a expressão geração como dimensão. outras com espírito de fraternidade.
Trata-se de uma classificação elaborada por Karel Vasak
para classificar os direitos em categorias, conforme o Pela leitura desse artigo, depreende-se que os indiví-
contexto histórico do qual surgiram. Didaticamente, duos nascem com direitos iguais e com todas as liberda-
o jurista atrelou as três categorias dos direitos huma- des inerentes aos seres humanos. Nascer livre significa
nos aos princípios da Revolução Francesa: liberdade, nascer com a possibilidade de fazer escolhas, de dar
igualdade e fraternidade. Assim, os direitos de primei- rumo à própria vida de acordo com a própria inteligên-
ra geração/dimensão são os direitos de liberdade; os de cia e consciência e, não, por estipulações alheias.
segunda, igualdade e, os de terceira, fraternidade. É saber que, por mais que o meio social possa
Os segundos direitos reconhecidos foram aqueles influenciar nas escolhas, a pessoa é livre para mudar
voltados a estabelecer a igualdade entre os indivíduos. o rumo dado a ela por aquela sociedade. Só que de
Depois do olhar inicial para o indivíduo, reconhecendo nada adiantaria nascer com liberdade se os direitos
suas liberdades, o Estado passou a visualizá-lo como fossem diferentes. Portanto, nascer igual significa
membro da sociedade. Assim, foi possível reconhecer poder gozar de todos os direitos, independente de ser
as diferenças entre as pessoas. Como consequência, homem ou mulher, rico ou pobre, religioso ou não, da
passou-se a exigir um papel mais ativo do Estado para cor da pele, da nacionalidade, entre outros fatores.
garantir direitos de oportunidade iguais aos indiví-
duos, por meio de políticas públicas, como, por exem- Dica
plo, o acesso à educação e à saúde, o voto feminino, a
regulamentação das regras trabalhistas e previdenciá- A menção “espírito de fraternidade” não guarda
rias, entre outros. Por conseguinte, passa-se a exigir relação com os direitos de terceira dimensão/
uma ação e, não mais, uma omissão do Estado10. geração. A expressão é no sentido de evitar con-
A esses direitos dá-se o nome de direitos de segun- dutas individualistas.
da geração/dimensão, estando ligados ao poder de
exigir do Estado a consecução dos direitos econô- Artigo 2º 1. Todo ser humano tem capacidade para
micos, sociais e culturais. gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Por fim, os terceiros direitos reconhecidos encon- Declaração, sem distinção de qualquer espécie,
seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião polí-
tram-se atrelados ao ideal de fraternidade, por dizerem
tica ou de outra natureza, origem nacional ou social,
respeito à coletividade. O olhar é mais amplo, visuali-
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
zando direitos que transcendem os indivíduos, ou seja, 2. Não será também feita nenhuma distinção fun-
direitos transindividuais. Esses direitos são constituídos dada na condição política, jurídica ou inter-
por interesses indivisíveis, que podem abranger um nacional do país ou território a que pertença
número indeterminado de pessoas, sujeitos indeter- uma pessoa, quer se trate de um território inde-
minados e indetermináveis, denominados de direitos pendente, sob tutela, sem governo próprio, quer
difusos, como, por exemplo, o direito ao meio ambiente sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
ecologicamente equilibrado, o direito à autodetermina-
ção dos povos, o direito à comunicação, entre outros. Esse artigo é composto de dois itens. O primeiro
Podem, também, abranger um grupo ou categoria item estabelece que os direitos e liberdades contidos
determinada de pessoas determináveis unidas pelo na DUDH podem ser invocados por todos os indi-
mesmo interesse jurídico, denominados de direito cole- víduos independentemente de qualquer condição
tivo, como, por exemplo, a proteção de determinados pessoal, tais como sexo, raça, nacionalidade, condi-
grupos sociais, tidos como vulneráveis. ção social, entre outros. Trata-se, portanto, da não
490 10 São chamados de liberdades positiva ou prestacional.
distinção fundada em atributo pessoal. Em contrapar- Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
tida, o segundo item amplia a abrangência do disposi- da pena correspondente à violência.
tivo, para vedar as distinções fundadas em condições § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
política, jurídica ou internacional do país ou território I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
a que pertença o indivíduo. Deste modo, os posicio- parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
namentos políticos e jurídicos adotados pelo Estado, de trabalho;
interna ou externamente, não podem servir de moti- II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
vo para tratamentos diferenciados entre as pessoas.
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
Entenda a diferença:
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é
Item 1 – tratamento distinto por ser brasileiro
cometido:
(condição pessoal);
I – contra criança ou adolescente;
Item 2 – tratamento distinto ao brasileiro, devido a II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
uma determinada postura adotada pelo Brasil (condi- religião ou origem.
ção política e jurídica do Estado). Artigo 149-A Agenciar, aliciar, recrutar, transpor-
tar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
Artigo 3º Todo ser humano tem direito à vida, à mediante grave ameaça, violência, coação, fraude
liberdade e à segurança pessoal. ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
O Artigo 3º traz três direitos distintos: vida, liberdade II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
e segurança. O direito à vida engloba não só a garantia de escravo;
do indivíduo de não ter interrompido o seu processo III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
vital, salvo pela morte espontânea e inevitável, como IV - adoção ilegal; ou
também o direito de não ter violada a sua integridade V - exploração sexual.
física e moral, o direito de ter uma vida digna, justa, Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
entre outros. O direito à liberdade é a faculdade de fazer § 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se:
ou não algo, ou seja, de efetuar escolhas, mesmo que I - o crime for cometido por funcionário públi-
estas não sejam exteriorizadas. É ter a liberdade tanto co no exercício de suas funções ou a pretexto de
para pensar como para exteriorizar esse pensamento. exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescen-
Por fim, o direito à segurança refere-se à possibili-
te ou pessoa idosa ou com deficiência;
dade de exercer com tranquilidade os direitos huma-
III - o agente se prevalecer de relações de paren-
nos. Segurança abrange não só os direitos relativos
tesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade,
à segurança do indivíduo, como também os direito à de dependência econômica, de autoridade ou de
segurança das relações jurídicas. superioridade hierárquica inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função; ou
Artigo 4 º Ninguém será mantido em escravidão ou IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão território nacional.
proibidos em todas as suas formas. § 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
for primário e não integrar organização criminosa
O artigo 4º veda a escravatura e o comércio de escra- Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, nem
vos. O conceito de escravidão, no direito internacional, a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
comporta dois elementos fundamentais11. O primeiro degradante.
é o estado ou condição do indivíduo, ou seja, basta a
restrição ou controle sistemático da autonomia indivi- O artigo 5º trata da tortura, que é um dos desdo-
dual e liberdade de movimento independentemente da bramentos do direito à vida, por decorrer da violação
condição jurídica. Isso significa dizer que, mesmo que a à integridade humana, tanto física como psicológica.
norma do Estado não permita a escravidão ou que não Torturar12 é causar, ao indivíduo, sofrimento físico
exista um documento formal, se a pessoa tiver sua liber- ou mental como forma de intimidação ou castigo. É,
dade individual controlada ou restrita de forma ilícita também, utilizar-se de métodos como forma de anu-
11 Conforme artigo 6º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).
12 Conforme art. 2º da Convenção Interamericana, para prevenir e punir a tortura. 491
O artigo 6º trata do reconhecimento da personali- o artigo 9º protege os indivíduos da força do Estado,
dade humana, ou seja, da qualidade de pessoa, inde- uma vez que veda a prisão arbitrária ou abusiva e
pendente da análise de condutas praticadas. Significa estabelece que a restrição da liberdade só será legí-
que lei deve reconhecer todos os seres humanos como tima quando respeitados os parâmetros da lei. Trata-
detentores de direitos e deveres sem valorações, pois -se, também, de um dos desdobramentos do direito à
todos são merecedores de proteção. Consequente- segurança, por envolver garantias processuais.
mente, não é possível efetuar gradações da dignida- No Brasil, as garantias processuais relacionadas
de humana, uma vez que a dignidade da pessoa não à prisão estão previstas no artigo 5º da Constituição
pode ser retirada ou desprezada pela prática de con- Federal, de 1988. Abaixo, estão dispostas duas dessas
dutas tidas como reprováveis pela sociedade. Por essa garantias:
razão, até mesmo os criminosos devem ser considera-
dos sujeitos de direito. LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
Em termos simples, ser reconhecido como pessoa bens sem o devido processo legal;
é pressuposto para ter direito a possuir direitos, inde- LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito
pendentemente de qualquer análise de suas condutas. ou por ordem escrita e fundamentada de autorida-
de judiciária competente, salvo nos casos de trans-
Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e têm gressão militar ou crime propriamente militar,
direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da definidos em lei;
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qual- Artigo 10 Todo ser humano tem direito, em plena
quer discriminação que viole a presente Declaração igualdade, a uma justa e pública audiência por
e contra qualquer incitamento a tal discriminação. parte de um tribunal independente e imparcial,
para decidir seus direitos e deveres ou fundamento
O artigo 7º traz o direito à igualdade. Trata-se de qualquer acusação criminal contra ele.
da necessidade da lei reconhecer que todos os seres
humanos possuem os mesmos direitos e as mesmas O artigo 10 também estabelece uma garantia pro-
proteções. Além disso, a lei não pode ser aplicada de cessual, ou seja, o direito que todas as pessoas têm
modo discriminatório, de modo a negar direitos bási- de serem julgadas por um tribunal independente e
cos aos indivíduos em razão de qualquer condição imparcial. Trata-se, portanto, do desdobramento do
pessoal, como sexo, cor, origem, entre outros. direito à segurança (jurídica) somado ao direito à
igualdade. Isso significa dizer que a prestação jurisdi-
cional não deve estar atrelada a outros interesses que
Importante! não os amparados e tutelados pela lei. E mais além,
que ela seja prestada igualmente a todas as pessoas,
A ideia de igualdade possui duas acepções: de forma independente e imparcial.
Igualdade formal: todos são iguais perante a lei. Por mais que a interpretação do artigo conduza à
Tratar a todos de forma igual; esfera penal, sua abrangência não pode estar limitada
Igualdade material: igualdade, de fato, perante a a essa área do direito. Isso porque a prestação jurisdi-
lei (tratar igualmente os iguais e, desigualmente, cional igualitária não se restringe a questões penais.
os desiguais. Ela pode envolver outros âmbitos do direito, como,
por exemplo, a garantia de acesso de todos os indiví-
duos à Justiça, independentemente de sua condição
Artigo 8º Todo ser humano tem direito a receber econômica. Assim, a possibilidade de pessoas sem
dos tribunais nacionais competentes remédio condições econômicas pleitearem a tutela do Estado
efetivo para os atos que violem os direitos funda- por intermédio da Defensoria Pública (Estado pres-
mentais que lhe sejam reconhecidos pela constitui-
tando assistência jurídica) é um exemplo de prestação
ção ou pela lei.
igualitária
O artigo 8º estabelece que a prestação jurisdicional
Artigo 11
dada pelo Estado aos indivíduos deve ser efetiva. Tra- 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso
ta-se de um dos desdobramentos do direito à seguran- tem o direito de ser presumido inocente até que a
ça, por trazer a ideia de segurança jurídica. Envolve as sua culpabilidade tenha sido provada de acordo
garantias processuais, tais como os princípios da dura- com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham
ção razoável do processo, do devido processo legal, do sido asseguradas todas as garantias necessárias à
contraditório e da ampla defesa, entre outros, além de sua defesa.
seu reconhecimento pelas constituições ou pelas leis. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação
A expressão “remédio efetivo” não tem relação ou omissão que, no momento, não constituíam
direta com os remédios constitucionais previsto na delito perante o direito nacional ou interna-
Constituição Federal, de 1988 (habeas corpos, habeas cional. Também não será imposta pena mais forte
data, mandado de segurança, mandado de injunção, de que aquela que, no momento da prática, era apli-
e ação popular). O sentido dado pelo artigo diz res- cável ao ato delituoso.
peito à efetividade da tutela jurisdicional, para evitar,
por exemplo, a justiça tardia ou a não apreciação da O artigo 11 é composto de dois itens. O primeiro
demanda por parte do Estado. item traz o princípio da presunção de que todos os
seres humanos acusados de práticas delituosas são
Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, inocentes até que a culpabilidade tenha sido prova-
detido ou exilado. da. Isso significa dizer que não é o acusado que tem
que provar que é inocente, mas o Estado que tem a
A liberdade é a regra e a sua restrição só é legíti- responsabilidade de demonstrar a responsabilidade
492 ma quando efetuada nos estritos limites legais. Assim, criminal deste.
Portanto, por essa garantia processual, decorrente Como é possível que seja cobrado a literalidade
do direito à segurança, compete ao Estado o ônus de do artigo, é importante perceber a diferença entre os
provar a culpa do indivíduo. dispositivos:
z Presunção de inocência = ônus da prova do Estado Artigo 5º, XV, CF/88: é livre a locomoção no terri-
tório nacional em tempo de paz, podendo qualquer
A inocência é presumida, porque quem deve pro- pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer
var a culpa do indivíduo é o Estado. ou dele sair com seus bens;
O segundo item do artigo 11 estabelece uma
regra de aplicação da norma penal, trazendo a ideia Se o primeiro item estabelece a liberdade de loco-
de anterioridade da lei penal. Trata-se de mais uma moção interna, o segundo item trata da liberdade de
garantia processual decorrente do direito à seguran- locomoção externa e, portanto, do direito de locomo-
ça, no sentido de que é necessário que exista de uma ção entre os Estados, ou seja, o direito de entrar, per-
norma penal anterior estabelecendo tanto a conduta manecer ou sair de um país.
(primeira parte do item) como a sanção (segunda par- Assim como qualquer um dos direitos humanos, a
te do item), para que os indivíduos possam ser con- liberdade de locomoção, tanto interna como externa,
denados pela sua prática. Veda-se, portanto, o direito não é ilimitada. Exemplo: mesmo possuindo o direito
penal retroativo. de locomoção, não é possível ingressar em uma pro-
Neste sentido, a conduta tem que ser considera- priedade alheia fora das hipóteses previstas na CF, de
da crime antes da sua prática (anterioridade da lei 1988 (convite, desastre, flagrante delito, prestar socor-
penal). A pena imposta deve ser aquela prevista pela ro ou ordem judicial durante o dia), podendo, inclusi-
lei no momento de sua prática, mesmo que a lei a ve, caracterizar o crime de invasão de domicílio. Do
modifique posteriormente (irretroatividade da lei mesmo modo, a Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de Migra-
penal mais grave). ção) estabelece as hipóteses de ingresso e permanên-
cia do estrangeiro no Brasil.
Artigo 12 Ninguém será sujeito à interferência na
sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na Artigo 14
sua correspondência, nem a ataque à sua honra e
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem
reputação. Todo ser humano tem direito à proteção
o direito de procurar e de gozar asilo em outros
da lei contra tais interferências ou ataques.
países.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de
O artigo 12 disciplina um dos diretos decorrentes perseguição legitimamente motivada por cri-
do direito à vida, ou seja, o direito à vida privada. Tra- mes de direito comum ou por atos contrários aos
ta-se da proteção da intimidade como essencial aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
seres humanos, o que significa dizer que as pessoas
têm o poder de decidir quais informações, condutas, O artigo 14 disciplina o instituto de proteção inter-
escolhas, preferências, entre outros, quer levar ao nacional denominado de asilo. Asilo é o acolhimento,
conhecimento público e quais quer manter exclusi- pelo Estado, do indivíduo que está sendo perseguido
vamente em sigilo. Para tanto, cabe à lei garantir a injustamente. Essa proteção pode ser tanto no próprio
privacidade.
território do Estado (asilo territorial) como em órgão
São exemplos de proteção à esfera privada, trazi-
de representação em Estado estrangeiro, como embai-
das pela Constituição Federal, de 1988, a inviolabili-
xada ou consulado (asilo diplomático). Assim, o pri-
dade do domicílio (Artigo 5º, XI) e a inviolabilidade do
meiro item estabelece o direito à proteção territorial
sigilo da correspondência e das comunicações telegrá-
ou diplomática, enquanto o segundo item disciplina o
ficas, de dados e das comunicações telefônicas (Artigo
caso de não aplicação do instituto, ou seja, no caso de
5º, XII), além do direito de indenização por dano mate-
a perseguição ser legitimamente motivada por crime
rial ou moral no caso de violação da intimidade, vida
privada, honra e imagem (Artigo 5º, X). comum ou por ato contrário aos propósitos ou princí-
pios das Nações Unidas. Assim, se uma determinada
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 13 pessoa comete um crime, tal perseguição não pode ser
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de loco- considerada como injusta.
moção e residência dentro das fronteiras de cada É importante ressaltar que, quando a pessoa come-
Estado. te um crime em um Estado e vai para outro, para evi-
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qual- tar a punição, o direito internacional estabelece o
quer país, inclusive o próprio e a esse regressar. instituto da extradição como forma de os países cola-
borarem uns com os outros. Assim, é possível que um
O artigo 13, que decorre do direito à liberdade, é Estado entregue uma pessoa para à Justiça de outro
dividido em dois itens. O primeiro item estabelece o Estado. Aqui, a perseguição (para processar e punir)
direito que todas as pessoas têm de se locomoverem é legítima, diferentemente do asilo, em que a perse-
em decorrência da própria vontade, ou seja, o direito guição é ilegítima, como nos casos de crimes políticos
de acesso, de ingresso ou de trânsito dentro dos limi- e de opinião.
tes territoriais do seu País. Ressalta-se que o item tam-
bém disciplina a liberdade de residência. Artigo 15
Embora a Constituição Federal de 1988 possua um 1. Todo ser humano tem direito a uma
dispositivo semelhante, a liberdade de locomoção da nacionalidade.
Constituição Federal, de 1988 é limitada ao tempo de 2. Ninguém será arbitrariamente privado de
paz, diferentemente da DUDH, que não estabelece res- sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
trição temporal. nacionalidade. 493
O artigo 15 estabelece o direito à nacionalidade, ou ou seja, da igualdade entre homens e mulheres nas
seja, ter um vínculo político-jurídico com um país, pois relações conjugais.
todos os seres humanos têm direito de se vincularem A idade núbil, no Brasil, é 16 (dezesseis) anos e a
a um Estado soberano para que este possa lhe assegu- igualdade entre homem e mulher nas relações conju-
rar proteção aos seus direitos fundamentais. A ausên- gais passou a ser protegida com a Constituição Federal,
cia de vínculo enseja a condição de apátrida e impede de 1988. Como exemplo, pode-se citar a transformação
que o indivíduo pleiteie proteção jurídica básica por do pátrio poder em poder familiar, em que a vontade
não estar vinculado a nenhum estatuto pessoal. Deste do cônjuge varão deixou de ser preponderante.
modo, o primeiro item estabelece o direito à proteção O segundo item do artigo 16 refere-se ao consen-
jurídica e política por parte de um Estado, ou seja, o timento do nubente, que deve ser livre e pleno. O
direito de ter uma nacionalidade. casamento é uma escolha e, por essa razão, não pode
A nacionalidade pode ser originária ou derivada. ser imposto. Busca-se, portanto, evitar casamentos
Nacionalidade originária é aquela que decorre do arranjados ou forçados. Por fim, o terceiro item trata
nascimento e, a depender do Estado, pode seguir o cri- da proteção que deve ser concedida à família, tanto
tério de vínculo biológico (jus sanguinis) ou o critério pela sociedade como pelo Estado, pois é da família que
do local do nascimento (jus solis), ou os dois, como no advêm os indivíduos, ou seja, é o núcleo natural e fun-
caso do Brasil. damental de onde emana a sociedade.
Nesse tipo de nacionalidade (originária), é possível
a coexistência de mais de uma nacionalidade. Exem- Artigo 17
plo: filho de italiano nascido no Brasil é italiano por 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só
sangue e brasileiro por solo. ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de
Nacionalidade derivada é aquela que decorre de
sua propriedade.
qualquer outro fator que não o nascimento, como,
por exemplo, passar a residir em um país ou casar-se
O artigo 17 trata do direito à propriedade. Trata-se
com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade deste
do direito que todos os seres humanos têm de usar,
(essa hipótese não existe no direito brasileiro, pois o
gozar e dispor da coisa, assim como retomá-la de
casamento com brasileiro, por si só, não dá o direito
quem, injustamente, a detenha. O primeiro item esta-
à nacionalidade brasileira). Para adquirir a naciona-
belece que a propriedade pode ser individual ou em
lidade derivada é necessário um procedimento cha-
conjunto. Já o segundo item veda a perda arbitrária
mado de naturalização. Em regra, ao se adquirir uma
da propriedade. Deste modo, para que a pessoa seja
nova nacionalidade, por ser esta voluntária, perde-se
privada de sua propriedade, deve a lei estabelecer os
a nacionalidade anterior (direito de opção).
critérios e as hipóteses. Por exemplo, o direito brasi-
O segundo item, por sua vez, estabelece que o
leiro autoriza a expropriação de propriedade em que
direito à nacionalidade não pode ser retirado arbi- for encontrado trabalho escravo.
trariamente, assim como não pode ser imposto. Nes- A CF, de 1988, garante o direito à propriedade e
te sentido, o brasileiro continuará a ser brasileiro, que esta deve atender a sua função social (Artigo 5º,
independente de qualquer conduta praticada, porém, XXII e XXIII).
se quiser adquirir outra nacionalidade, como, por
exemplo, passar a residir em outro país e tornar-se Artigo 18 Todo ser humano tem direito à liber-
nacional deste, não será compelido a continuar como dade de pensamento, consciência e religião; esse
brasileiro. Essa hipótese é muito comum entre atletas, direito inclui a liberdade de mudar de religião ou
que optam por outra nacionalidade, para poderem crença e a liberdade de manifestar essa religião
competir por estes países em uma Copa do Mundo ou ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em
Olimpíada. público ou em particular.
Artigo 161 Os homens e mulheres de maior ida- O direito à liberdade está disciplinado no artigo 18
de, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade da DUDH. De acordo com o dispositivo, os seres huma-
ou religião, têm o direito de contrair matrimônio nos têm direito de liberdade de foro íntimo, ou seja,
e fundar uma família. Gozam de iguais direi- de ter convicções religiosas, filosóficas, políticas, entre
tos em relação ao casamento, sua duração e sua outros. Portanto, têm direito de pensar e de expres-
dissolução. sar livremente esses pensamentos. Com relação à
2. O casamento não será válido senão com o livre e religião, assegura tanto a liberdade de crença (foro
pleno consentimento dos nubentes. íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade
3. A família é o núcleo natural e fundamental de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece a
da sociedade e tem direito à proteção da sociedade
liberdade religiosa, de mudar de crença ou religião e
e do Estado.
de manifestação desta.
O pensamento, em si, é absolutamente livre, por
O artigo 16 estabelece o direito de contrair matri- ser uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode
mônio, ou seja, de se casar. Ele é dividido em três itens. pensar em que quiser sem que o Estado possa interfe-
O primeiro item traz duas importantes proteções. A rir. No entanto, quando esse pensamento é exteriori-
primeira refere-se à idade núbil, ou seja, que o casa- zado, passa a ser possível a tutela e proteção do Estado
mento seja possível somente a partir de uma deter-
minada idade. Observa-se, no entanto, que o item Artigo 19 Todo ser humano tem direito à liber-
não estabelece nenhuma idade, mencionando apenas dade de opinião e expressão; esse direito inclui
“maior idade”. Por conseguinte, a idade núbil pode a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e
ser fixada a critério da legislação de cada país, não se de procurar, receber e transmitir informações e
podendo admitir casamento de crianças. A outra pro- ideias por quaisquer meios e independentemente de
494 teção importante decorre do princípio da igualdade, fronteiras.
Complementando o artigo 18, o artigo 19 trata do universal e periódico (são cláusulas pétreas). A obri-
direito à liberdade de opinião e expressão, ou seja, de gatoriedade do voto, por sua vez, pode ser alterada
expressar livremente os pensamentos em qualquer (tornar-se facultativo).
evento ou área do conhecimento. Cumpre mencio-
nar que é da liberdade de expressão que decorrem a Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
proibição de censura e a vedação do anonimato por
exemplo. Conforme visto, esta segunda parte engloba os
A expressão do pensamento é livre, porém não direitos de segunda geração/dimensão, ou seja, aque-
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua les que demandam a atuação e proteção do Estado
opinião, mas se esta atingir a honra de alguém, por para assegurar a todas as pessoas a igualdade. Eles
exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e estão previstos nos artigos 22 ao 28 da DUDH. Vejamos
penalmente. cada um deles:
Artigo 1º
1. Manter a paz e a segurança internacionais e,
para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efe- CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
tivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos
de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e
DIREITOS HUMANOS
chegar, por meios pacíficos e de conformidade com
os princípios da justiça e do direito internacional, CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
a um ajuste ou solução das controvérsias ou situa- (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)
ções que possam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, basea- A Convenção Americana de Direitos Humanos,
das no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de conhecida também como Pacto de São José da Costa
autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas Rica, é o tratado de maior relevância para o Sistema
apropriadas ao fortalecimento da paz universal; Interamericano de proteção aos direitos humanos.
3. Conseguir uma cooperação internacional para
Foi assinado em 22 de novembro de 1969 na cidade
resolver os problemas internacionais de caráter
econômico, social, cultural ou humanitário, e para de San José na Costa Rica, razão pela qual recebeu o
promover e estimular o respeito aos direitos huma- nome acima mencionado. Além disso, é importante
nos e às liberdades fundamentais para todos, sem lembrar que ela foi o marco inicial do Sistema Intera-
distinção de raça, sexo, língua ou religião; e mericano de Proteção aos direitos Humanos.
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das O Brasil tornou-se signatário do Pacto, ou seja,
nações para a consecução desses objetivos comuns. assinou o tratado, em 25 de setembro de 1992, e este
Artigo 2º passou a vigorar em nosso ordenamento jurídico a
1. A Organização é baseada no princípio da igual- partir do Decreto nº 678 de 06 de novembro de 1992.
9 GABARITO
1 ERRADO
2 ERRADO
3 ERRADO
4 CERTO
5 ERRADO
6 ERRADO
7 CERTO
8 ERRADO
9 ERRADO
10 CERTO
11 ERRADO
12 CERTO
13 CERTO
14 ERRADO
15 ERRADO
16 ERRADO
18 ERRADO
19 ERRADO
20 CERTO
ANOTAÇÕES
501
ANOTAÇÕES
502
São pessoas jurídicas de direito privado: empre-
sas públicas, sociedades de economia mista, funda-
ções governamentais com estrutura de pessoa jurídica
de direito privado, subsidiárias e consórcios públicos
de direito privado.
NOÇÕES DE DIREITO Autarquias
ADMINISTRATIVO As autarquias são pessoas jurídicas de direito
público interno, criadas por legislação própria, que
têm por escopo exercer as funções típicas da Adminis-
tração Pública. Trata-se da prestação descentralizada
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E de serviços públicos.
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA As autarquias possuem um conceito definido
em lei, mais especificamente no inciso I, art. 5º, do
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA Decreto-Lei nº 200, de 1967: para os fins desta lei,
considera-se:
Administração Direta, ou Centralizada, é a
parte da Administração Pública que compreende: as Art. 5° [...]
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por
pessoas jurídicas de direito público interno (União,
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
Estados, Municípios e Distrito Federal), somados a
receita próprios, para executar atividades típicas
todos os seus ministérios, ouvidorias, secretarias e da Administração Pública, que requeiram, para seu
outros tantos órgãos despersonalizados. melhor funcionamento, gestão administrativa e
Já a Administração Indireta ou Descentraliza- financeira descentralizada.
da é a expressão utilizada para designar o conjunto
de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo próprio Podemos fazer alguns comentários sobre o concei-
Estado para atingir determinada finalidade pública. to apresentado. Ao dizer que as autarquias são cria-
Se as entidades são dotadas de personalidade jurídi- das “para executar atividades típicas da Administração
ca própria, elas têm patrimônio próprio, que não se Pública”, o texto legal faz referência àquelas ativida-
confunde com o patrimônio pessoal de seus agentes, des características do Poder Público e que só podem
e também têm responsabilidade pelos danos e prejuí- ser executadas pelo mesmo, em regra. São atividades
zos causados por seus agentes públicos, podendo res- em que deve haver a prevalência do interesse público
ponder judicialmente pela prática desses atos. sobre o privado; por isso mesmo, as autarquias gozam
de diversas prerrogativas para executar tais tarefas. É
Dica por isso que as autarquias são pessoas jurídicas de
direito público. Com isso, tais entidades são proibi-
Estudaremos a fundo os conceitos aqui expos- das de exercer qualquer atividade econômica, o que
tos, mas, de antemão, lembre-se do mnemônico lhes proporciona uma grande vantagem: não pode ser
“FASE” para memorizar as espécies de entidades decretada a falência delas e também gozam de imuni-
descentralizadas: Fundação Pública, Autarquia, dade tributária.
Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública. A sua criação depende de lei específica. Isso signi-
fica que a sua existência é condicionada apenas pelo
Autarquias, Fundações, Empresas Públicas, trabalho realizado pelo legislador; não há outros atos
Sociedades de Economia Mista, Órgãos e Agentes subsequentes que condicionam sua existência, como
acontece com as pessoas jurídicas de direito privado.
Públicos
De mesmo modo, a extinção de autarquias somente
pode se dar por lei específica.
As entidades da Administração Indireta podem ter
z Administrativas: São as autarquias comuns, apre- Instituída pelo Poder Público com o patrimônio,
sentam regime jurídico ordinário. Exemplo: Insti- total ou parcialmente público, dotado de perso-
tuto Nacional de Seguridade Social (INSS); nalidade jurídica, de direito público ou privado, e
z Especiais: Possuem maior autonomia em relação destinado, por lei, ao desempenho de atividades do
às autarquias administrativas devido à presença Estado na ordem social, com capacidade de autoad-
de certas características, como a presença de diri- ministração e mediante controle da Administração
gentes com mandato fixo. Podem subdividir-se em: Pública, nos limites da lei.1
504 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 31. ed. São Paulo: Ed. GenMétodo, 2018.
A Funai, Funasa e o IBGE são alguns exemplos de
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS
fundações públicas. DE DIREITO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se
que o referido Decreto-Lei dispõe serem as funda- Lei específica autoriza a Lei específica autoriza a
ções entidades com personalidade jurídica de direito sua criação sua criação
privado. Tal conceituação não foi recepcionada pela Necessário obter registro Necessário obter registro
Constituição de 1988 que, no inciso XIX, do art. 37, dos atos constitutivos dos atos constitutivos
decidiu não fazer tal distinção: Pessoal regido pelo regi-
Pessoal regido pela CLT
me estatutário
Art. 37 (CF, de 1988) [...]
Competência para julgar: Competência para julgar:
XIX - somente por lei específica poderá ser criada
Justiça Federal Justiça Estadual (comum)
autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fun- Responsabilidade civil Responsabilidade civil
dação, cabendo à lei complementar, neste último objetiva objetiva
caso, definir as áreas de sua atuação; Bens públicos Bens privados
Agências com referência constitucional (a Anatel tem previsão no inciso XI, art. 21, da CF, de 1988);
Agências sem referência constitucional — são a grande maioria.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios são os entes responsáveis pela regulamentação dos con-
sórcios públicos e dos convênios de cooperação, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferi-
dos (art. 241, da CF, de 1988).
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos entes federados, e que têm por objeto medidas de mútua
cooperação, denominam-se consórcio públicos. Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei nº 11.107, de
2005. Uma das características mais distintas dos consórcios é a possibilidade de eles possuírem natureza de Direi-
to Público ou de Direito Privado.
Consórcios de Direito Privado obedecem às normas da legislação civil, e possuem regime celetista, embora
não possam ter fins lucrativos. Por isso, não integram a Administração Pública. Já os consórcios de direito público
são as associações públicas propriamente ditas, podendo ser inclusive transfederativas se integrarem todas as
esferas das pessoas consorciadas (federal, estadual, municipal).
Passemos a analisar o grupo de pessoas jurídicas denominado Empresas do Estado (ou empresas estatais).
São as pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração Indireta e comportam duas espécies: as
empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Muitas das características apresentadas pelas fundações privadas aplicam-se às empresas estatais, isto é, sua
criação depende de autorização legislativa além do registro em cartório; seu patrimônio se constitui de bens
privados; sua atividade principal consiste em exercer uma atividade econômica; e a aptidão para celebrar con-
tratos privados.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista apresentam características em comum:
As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus atos constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capital
público e regime organizacional livre (II, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967), podendo ser organizadas como
sociedade anônima, sociedade de responsabilidade limitada ou, ainda, sociedade por comandita de ações. São
empresas públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Fede-
ral (CEF) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
As sociedades de economia mista têm seu conceito legal previsto no III, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
São pessoas jurídicas de direito privado cuja criação também depende de autorização legal e de registro em cartó-
rio. Possuem a maioria de seu capital público e devem ser obrigatoriamente organizadas como sociedades
anônimas. São sociedades de economia mista: Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras.
506
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira
diz respeito ao capital constitutivo: enquanto, nas empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o
Decreto-Lei nº 200, de 1967, dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas se admite também o
capital de origem estadual e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de
origem privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado.
Além disso, outra diferença relevante é em relação à forma de sua organização: as sociedades de economia
mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anônima; trata-se de disposição legal do próprio
Decreto-Lei nº 200, de 1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa imposição, podendo adotar a
estrutura que desejarem.
Capital social integralmente público (todo o seu capital Capital Social majoritariamente público (50% + 1). Ações
deve ser público) com direito a voto pertencem na maioria ao Estado
Outro ponto importante a ser levantado diz respeito às empresas subsidiárias de Empresa Pública (EP) e Socie-
dade de Economia Mista (SEM). Isso corre quando as EP ou SEM, visando melhorar a organização das suas opera-
ções, criam outras empresas, conhecidas como subsidiárias.
As empresas subsidiárias integram a Administração Indireta e possuem personalidade jurídica própria. De acor-
do com o Decreto 8.945, de 2016, as subsidiárias possuem a maioria das ações com direito a voto pertencente direta
ou indiretamente à EP ou SEM.
Cabe destacar também a diferença entre as empresas subsidiárias e as sociedades empresárias que possuem
participação do Estado. A primeira diferença está no fato de que as empresas subsidiárias de EP e SEM integram a
Administração Indireta, diferentemente das sociedades por participação. Outro ponto importante é que o Estado
não possui controle da entidade que possui participação.
Por fim, lembre-se: é possível a participação estatal em sociedades privadas, com o capital minoritário e sob o
regime de direito privado.
Quanto ao regime jurídico aplicável às EP e SEM, é necessário ter uma atenção especial. Em regra, o regime
aplicável é o de direito privado, porém, esse regime mudará a depender da atividade a ser desenvolvida.
Refere-se às EP e SEM exercer atividade econômica em sentido estrito, estará sujeita a normas do direito pri-
vado. Já se prestarem serviços públicos, aplicarão o regime jurídico de direito público. Para facilitar seu estudo,
veja o esquema a seguir:
EMPRESA PÚBLICA OU
SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA
Quanto à imunidade tributária, cabe ressaltar que quando a EP ou a SEM explorar atividade econômica em
sentido estrito, não fará jus à imunidade tributária recíproca ou a privilégios fiscais. Por outro lado, caso preste
serviços públicos, sem cunho econômico, fará jus às imunidades e aos privilégios mencionados.
Outro ponto importantíssimo diz respeito à responsabilidade civil por danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros. A responsabilidade será objetiva quando a EM ou a SEM for prestadora de serviços
públicos. Já caso a estatal seja exploradora de atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva, ou seja, ela
só será obrigada a indenizar os danos causados por culpa ou dolo.
O juízo competente será a Justiça Estadual quando se tratar de EP ou SEM de nível estadual ou municipal. Em
contrapartida, quando se tratar de estatais da esfera federal, devemos separá-las: EP federais serão julgadas pela
justiça federal; SEM federais serão julgadas pela Justiça Estadual.
São muitos detalhes nos que concerne às EP e SEM. Para sistematizar as informações vistas, acompanhe os
esquemas a seguir:
507
Pode adotar qualquer
forma admitida
Capital Social
integralmente público Objetiva, quando
prestadora de serviço
público
Responsabilidade civil
Subjetiva, quando
explorar atividade
EMPRESA PÚBLICA econômica
EP Federal: Justiça
Federal
Juízo competente
EP Estadual ou
Municipal: Justiça
Estadual
Juízo competente
SEM Estadual ou
Municipal: Justiça
Estadual
DAS ENTIDADES DE COLABORAÇÃO E SEU REGIME JURÍDICO
Por fim, convém explanar sobre algumas pessoas jurídicas às quais, apesar de não integrarem a Adminis-
tração Pública, seja Direta ou Indireta, são aplicáveis as normas gerais de Direito Administrativo. Essas são as
entidades paraestatais.
As entidades paraestatais são entidades privadas que realizam atividades de interesse coletivo, sem fins
lucrativos, que recebem incentivos de entidades públicas. Tais empresas privadas, cujo objetivo é a execução de
serviços de relevante interesse público, são denominadas entidades do Terceiro Setor. Tradicionalmente, conside-
ra-se “entidade paraestatal” sinônimo de entidades da Administração Indireta.
As entidades paraestatais, por serem regidas pelo direito privado, não têm os privilégios concedidos constitu-
cionalmente às entidades de direito público. Essas entidades paraestatais podem se apresentar sob as seguintes
formas:
Organização Social
A organização social (OS) não é uma pessoa jurídica especial, mas uma qualificação especial outorgada pelo
governo federal a entidades da iniciativa privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de van-
tagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos, bem
508 como empréstimo temporário de servidores governamentais.
A Lei nº 9.637, de 1998, é a lei que regulamenta essa qualificação das OS, e seu art. 1º é bastante claro ao delimi-
tar a área de atuação de tais entidades privadas: de modo geral, a OS será concedida a empresas cujas principais
atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Desempenham, portanto, atividades de interesse público,
mas que não se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar que as
organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
O art. 2º, da referida Lei, dispõe sobre os requisitos para a outorga da qualificação como OS. São requisitos
específicos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização
social:
z Comprovar o registro de seu ato constitutivo, incluindo a natureza social de seus objetivos, suas finalidades não
lucrativas, a composição dos membros de sua diretoria etc. (inciso I, art. 2º);
z Haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização social, do Minis-
tro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto social e do
Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado (inciso II, art. 2º). Importante ressaltar que a
concessão de tal qualificação é ato discricionário, ficando a cargo do agente responsável (Ministro de Estado)
— considerando critérios de conveniência e oportunidade — conceder ou não tal qualificação.
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) são também pessoas jurídicas de direito pri-
vado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa dos particulares e qualificadas pelo Estado, para desempenhar
serviços não exclusivos do Estado, com fiscalização pelo Poder Público, formalizando a parceria com a Adminis-
tração Pública por meio de termo de parceria.
A lei que disciplina as OSCIPs é a Lei nº 9.790, de 1999, regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 1999. O art. 3º,
da Lei, dá uma noção mais ampla e geral sobre as entidades que podem ser qualificadas como OSCIPs, in verbis:
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos ser-
viços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que
trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que
trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
Como já mencionamos, o instrumento que regula essa relação do Poder Público com a OSCIP é o termo de
parceria, que discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias (art. 10), prevendo espe-
cialmente metas a serem alcançadas, prazo de duração, direitos e obrigações das partes e formas de fiscalização.
Além disso, outra diferença marcante entre a OSCIP da OS é que sua concessão é ato vinculado (§ 2º, art. 1º, Lei nº
9.790, de 1999), podendo-se falar em um “direito adquirido” da empresa privada em obter a qualificação de OSCIP.
O requerimento deve ser encaminhado ao Ministro da Justiça, na forma do art. 5º da referida Lei.
509
Esquematicamente, podemos estabelecer as principais diferenças entre a OS e a OSCIP da seguinte forma:
Segundo José Afonso da Silva (2017), administração pública é o conjunto de meios institucionais, financeiros e
humanos destinados à execução das decisões políticas2.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras gerais e preceitos específicos no Capítulo VII do Título III. São
normas que tratam da organização, diretrizes, remuneração e atuação dos servidores, acesso aos cargos públicos etc.
Assim, a seguir passaremos a estudar as regras e preceitos específicos da Administração Pública.
O Título III, da Constituição Federal refere-se às normas das orientações de atuação dos agentes administrativos,
empregos públicos, responsabilidade civil etc., ou seja, trata-se da administração de bens e interesse público, assim,
conclui-se que a administração pública tem natureza de “múnus público”. Por exemplo, os agentes públicos são obri-
gados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato
dos assuntos que lhe são afetos, caso contrário o agente estará cometendo ato de improbidade administrativa sujeito
as sanções e penalidades previstas na Lei nº 8429, de 1992.
Dica
A palavra múnus tem origem no latim e significa dever, obrigação etc. O múnus público é uma obrigação
imposta por lei, em atendimento ao poder público, que beneficia a coletividade e não pode ser recusado,
exceto nos casos previstos em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como testemunha, atuar como mesário
eleitoral, serviço militar, entre outros3.
Toda vez que a administração pública pratica uma ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato admi-
nistrativo que produz efeitos que podem criar, modificar ou extinguir direitos.
Os elementos dos atos administrativos são competência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda vez que
um ato é praticado deve se observar qual é a competência da pessoa que o praticou, ou seja, a competência é a
função atribuída a cada órgão ou autoridade por lei, tem como característica ser irrenunciável, imprescritível,
inderrogável e improrrogável.
O art. 12 da Lei nº 9.784, de 1999 (Lei que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública),
permite a delegação de competência, vejamos:
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua com-
petência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
respectivos presidentes.
O resultado do ato administrativo é o objeto, ou seja, é aquilo que o ato decide, por exemplo, a punição decor-
rente de uma multa de trânsito. O elemento motivo são as razões de fato e de direito que levaram a Administração
Pública a praticar determinado ato, por exemplo, é a infração de trânsito que deu origem a multa. A finalidade
deve objetivar alcançar sempre o interesse público (definido em lei), é o resultado que a Administração Pública
2 SILVA, op. cit, p. 665.
3 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
510 em: 12 out 2020.
pretende alcançar com determinado ato, por exem- O princípio da supremacia do interesse públi-
plo, a desapropriação por utilidade pública. Por fim, co é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à
a forma é manifestação do ato, por exemplo, publicar Administração Pública. A supremacia do interesse
no Diário Oficial da União a nomeação do Servidor público sobre o privado é um aspecto fundamental
Público. para o exercício da função administrativa. Podemos
citar como exemplo a desapropriação de um imóvel
pertencente a um particular: o particular pode ter
COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato interesse em não ter seu bem desapropriado, ou achar
OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide o valor da indenização injusto, mas ele não pode ter
interesse em extinguir o instituto da expropriação
MOTIVO Razões fáticas e jurídicas administrativa. Trata-se de um instituto que deve
existir, independentemente da sua vontade.
Resultado que o ato deseja (interesse Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
FINALIDADE
público) certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
FORMA Manifestação do ato que ao Estado também lhe incumbe uma série de deve-
res, fundadas pelo princípio da indisponibilidade
do interesse público. Tal princípio pressupõe que o
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por
Noção Geral de Princípio
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio públi-
co, contratar quem ele quiser, realizar gastos sem pres-
Por motivos didáticos, costuma-se dividir as nor- tar contas a seu superior, etc. Tais atos configuram em
mas cogentes em regras e princípios. Regras são nor- desvio de finalidade, uma vez que o objetivo principal
mas cogentes que traduzem um comando direto, são deles não é de interesse público, mas apenas do pró-
criadas pelo legislador (portanto, são positivadas), prio agente, ou de algum terceiro beneficiário.
e são utilizadas para a solução de casos concretos e
específicos. Os princípios, por sua vez, delimitam os Princípios Constitucionais da Administração Pública
valores fundamentais de um ramo do direito, pos-
suem conteúdo muito mais abrangente. São conside-
São os princípios expressos, previstos no Texto
rados mais importantes, dado o seu caráter geral e
Constitucional, mais especificamente no caput do art.
abstrato. Os princípios são descobertos pela doutrina,
37. Segundo o referido dispositivo:
através da análise das regras, retirando os aspectos
concretos desta. O legislador, dessa forma, tem um
Art. 37 A administração pública direta e indireta
papel indireto na criação dos princípios. de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
que os princípios e as regras são normas que apresen- princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
tam força cogente máxima. Porém, como os princípios de, publicidade e eficiência.
possuem valores fundamentais de um ramo jurídico,
são considerados hierarquicamente superiores. Vio- Assim, esquematicamente, temos os princípios
lar uma regra é um erro grave, mas violar um prin- constitucionais da:
cípio é erro gravíssimo: é cometer ofensa a todo um
ordenamento de comandos. z Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
Direito, as atividades do gestor público estão sub-
DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO missas a forma da lei. A legalidade promove maior
segurança jurídica para os administrados, na
Os princípios de Direito Administrativo são, medida em que proíbe que a Administração Públi-
assim, os princípios que atuam como diretrizes sistê- ca pratique atos abusivos. Ao contrário dos parti-
micas do próprio regime jurídico-administrativo. Os culares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
princípios que regem a atividade da Administração proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor- é expressamente autorizado por lei;
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém deno- z Impessoalidade: a atividade da Administração
tados segundo a interpretação das normas jurídicas. Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
Temos, assim: princípios gerais de Direito Adminis- haver qualquer forma de tratamento diferenciado
trativo, os princípios constitucionais, e os princípios entre os administrados. Esse princípio apresenta
infraconstitucionais. algumas vertentes que são importantes conhecer.
A primeira diz respeito à finalidade: há uma for-
Princípios Gerais de Direito Administrativo te relação entre a impessoalidade e a finalidade
pública, pois quem age por interesse próprio não
Os princípios gerais de Direito Administrativo, condiz com a finalidade do interesse público. A
são os princípios basilares desse ramo jurídico, sen- outra vertente diz respeito a pessoa do adminis-
do aplicáveis ante ao fato de a Administração Públi- trador, pois a atividade administrativa é conside-
ca ser considerada pessoa jurídica de direito público. rada de seus órgãos e pessoas jurídicas, e nunca de
São princípios implícitos, uma vez que eles não preci- seus agentes; pessoas físicas. Esse é o fundamento
sam estar expressos na legislação para que a doutri- da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso, é
na aceite sua existência, afinal, sem esses princípios vedada a possibilidade do agente público de utili-
a Administração não poderia funcionar direito. São zar os recursos da Administração Pública para fins
dois: o princípio da supremacia do interesse público, e de promoção pessoal, conforme aponta o § 1º do
o princípio da indisponibilidade do interesse público. art. 37 da CF, de 1988; 511
z Moralidade: a Administração impõe a seus agen- necessária a intervenção judicial para que a própria
tes o dever de zelar por uma “boa-administra- Administração anule ou revogue esses atos.
ção”, buscando atuar com base nos valores da Não havendo necessidade de recorrer ao Poder
moral comum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e Judiciário, quis o legislador que a Administração
lealdade. A moralidade não é somente um prin- possa, dessa forma, promover maior celeridade na
cípio, mas também requisito de validade dos atos recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilí-
administrativos; cito, e garantir maior proteção ao interesse público
z Publicidade: a publicação dos atos da Administra- contra os atos inconvenientes.
ção promove maior transparência e garante eficá- Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784, de
cia erga omnes. Além disso, também diz respeito 1999:
ao direito fundamental que toda pessoa tem de
obter acesso a informações de seu interesse pelos Art. 53 A Administração deve anular seus próprios
órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
direito ponha em risco a vida dos particulares ou revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni-
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a dade, respeitados os direitos adquiridos.
vida íntima dos envolvidos;
z Eficiência: implementado pela reforma adminis- A distinção feita pelo legislador é bastante opor-
trativa promovida pela Emenda Constitucional tuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anu-
nº 19 de 1998, a eficiência se traduz na tarefa da latório, e a discricionariedade do ato revogatório. A
Administração de alcançar os seus resultados de Administração pode revogar os atos inconvenientes,
uma forma célere, promovendo melhor produti- mas tem o dever de anular os atos ilegais.
vidade e rendimento, evitando gastos desneces- A autotutela também tem previsão em duas súmu-
las do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346:
sários no exercício de suas funções. A eficiência
fez com que a Administração brasileira adquiris-
Súmula nº 346 A Administração Pública pode
se caráter gerencial, tendo maior preocupação na
declarar a nulidade de seus próprios atos.
execução de serviços com perfeição ao invés de se
preocupar com procedimentos e outras burocra-
E a Súmula nº 473:
cias. A adoção da eficiência, todavia, não permite à
Administração agir fora da lei, não se sobrepõe ao
Súmula nº 346 A administração pode anular seus
princípio da legalidade. próprios atos, quando eivados de vícios que os tor-
nam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou opor-
Importante! tunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Um método que facilita a memorização desses
princípios é a palavra “limpe”, pois temos os prin-
Princípio da Motivação
cípios da:
Legalidade Um princípio implícito, também pode constar em
Impessoalidade algumas questões como “princípio da obrigatória
Moralidade motivação”. Trata-se de uma técnica de controle dos
Publicidade atos administrativos, o qual impõe à Administração o
Eficiência dever de indicar os pressupostos de fato e de direito
que justificam a prática daquele ato. A fundamenta-
ção da prática dos atos administrativos será sempre
Princípios Reconhecidos em Legislação por escrito. Possui previsão no art. 50 da Lei nº 9.784,
Infraconstitucional de 1999:
Os princípios administrativos não se esgotam no Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
previsão não está disposta na Carta Magna, e sim na jurídicos, quando (...)”;
legislação infraconstitucional, sendo reconhecidos tan-
to pela doutrina como pela jurisprudência. É o caso E também no art. 2º, par. único, VII, da mesma Lei:
do disposto no caput do art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999:
Art. 2° [...]
Art. 2° A Administração Pública obedecerá, den- Parágrafo único - Nos processos administrativos
tre outros, aos princípios da legalidade, finalida- serão observados, entre outros, os critérios de: [...]
de, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran- que determinarem a decisão.
ça jurídica, interesse público e eficiência.
A motivação é uma decorrência natural do princí-
Princípio da Autotutela pio da legalidade, pois a prática de um ato administra-
tivo fundamentado, mas que não esteja previsto em
A autotutela é um princípio que diz respeito ao lei, seria algo ilógico.
controle interno que a Administração Pública exer- Convém estabelecer a diferença entre motivo e
ce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da
havendo algum ato administrativo ilícito ou que seja medida administrativa, portanto, antecede o ato
512 inconveniente e contrário ao interesse público, não é administrativo.
A motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, Princípio da Proporcionalidade
de fato ou de direito, que justifica a prática da referida
medida. Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma O princípio da proporcionalidade tem similitudes
multa por ultrapassar limite de velocidade, a infração com o princípio da razoabilidade, sendo implícito
é o motivo (ultrapassagem do limite máximo de velo- também. Há muitos autores, inclusive, que preferem
cidade); já o documento de notificação da multa é a unir os dois princípios em uma nomenclatura só. De
fato, a Administração Pública deve atentar-se a exage-
motivação. A multa seria, então, o ato administrativo
ros no exercício de suas funções. A proporcionalidade
em questão.
é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a
Quanto ao momento correto para sua apresenta-
justa medida na prática de atos administrativos. Bus-
ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul-
ca evitar extremos, exageros, pois podem ferir o inte-
taneamente, ou em um instante posterior a prática do resse público.
ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva- Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784, de
ção intempestiva, isso é, aquela dada em um momen- 1999, deve o Administrador agir com:
to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
ato administrativo. Art. 2° [...]
Parágrafo único [...]
Princípio da Finalidade IV - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
ção de obrigações, restrições e sanções em medida
Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, superior àquelas estritamente necessárias ao aten-
da Lei nº 9.784, de 1999. dimento do interesse público.
z Regulamentos administrativos ou de organiza- Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar
ção: são aqueles que disciplinam questões internas “poder de polícia” como a atividade da Administra-
de estruturação e funcionamento da Administra- ção Pública, com fundamento na lei e na supremacia
ção Pública, bem como as relações jurídicas de geral, que consiste na imposição de limites à liberdade
sujeição especial do Poder Público perante par- e à propriedade dos particulares, regulando a prática
ticulares. Exemplo: regulamento que disciplina desses atos, ou a abstenção dos mesmos, manifestan-
organização e funcionamento da administração do-se por meio de atos normativos ou concretos, tudo
federal (art. 84, VI, a, da CF, de 1988); isso em benefício do interesse público.
z Regulamentos habilitados ou delegados: em Ao dizer que se trata de atividade da Administra-
alguns países, há a possibilidade de o Poder Legis- ção Pública, procuramos enfatizar a concepção stric-
lativo delegar ao Executivo a disciplina de maté- to sensu do poder de polícia, que não se confunde com
rias reservadas privativamente à lei, havendo as limitações à liberdade e ao direito de propriedade
uma transferência de competência legislativa. impostas pelo legislador. Por ser atividade da Admi-
Tais regulamentos não são admitidos no direito nistração, deve ser exercido respeitando-se os princí-
administrativo brasileiro; pios da razoabilidade e proporcionalidade.
z Regulamentos executivos: são os regulamentos A fundamentação legal é outro aspecto importan-
comuns, expedidos sobre matéria disciplinada pela te do poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o
legislação, permitindo a fiel execução da norma exercício de determinadas atividades à obtenção de
legal. É a hipótese do art. 84, IV, da CF, de 1988; licenças ou concessões pelo Poder Público. O legisla-
z Regulamentos autônomos: são os que dispõem dor deve, então, elaborar os requisitos necessários
sobre tema não disciplinado pela legislação. Há um para o exercício do poder de polícia pelo Estado.
conjunto de temas que a norma constitucional reti- O poder de polícia tem por objeto a imposição de
rou da competência do Poder Legislativo e atribuiu limitações à liberdade e propriedade dos particu-
sua disciplina ao Poder Executivo. A EC n° 32, de lares, instituindo condições capazes de compatibili-
2001 elenca dois temas que só podem ser disciplina- zar seu exercício às necessidades de interesse público.
dos por decreto expedido pelo Presidente da Repú- Tais imposições também podem ser aplicadas ao Esta-
blica: a organização da administração federal; e a do. Isso significa que até mesmo o Poder Público pode
extinção de funções e cargos vagos e não ocupados. ter suas liberdades e propriedades sofrendo limita-
ções em face das necessidades do interesse público.
Poder de Polícia Para o seu exercício, a Administração Pública deve
regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos.
Devemos nos aprofundar mais no Poder de Polícia, Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obriga-
uma vez que é a espécie de poder da Administração que ções negativas, ou de não fazer, impostas aos particu-
tem mais chances de cair em uma questão de prova. lares, limitando a esfera de atuação dos seus direitos.
516 Excepcionalmente, pode também manifestar-se
mediante obrigações positivas ou de fazer, como é o pública em duas categorias de “polícias” distintas: a
caso da imposição da função social da propriedade polícia administrativa e a polícia judicial.
ao dono do imóvel, disposta no art. 5°, XXII, da CF, de A polícia administrativa tem um caráter pre-
1988. ventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer
O poder de polícia se manifesta pela expedição de antes da prática do delito, tendo por finalidade evitar a
atos normativos, como é o caso das regras sobre o direi- sua ocorrência. Submete-se às regras de Direito Admi-
to de construir, ou por meio de atos concretos, como a nistrativo. No Brasil, a polícia administrativa é exer-
obtenção de licença para a reforma de um imóvel, cujo cida por diversos órgãos de fiscalização de diversas
interesse é exclusivo do particular (proprietário do áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e
imóvel, no caso). Ele se difere do Poder Disciplinar assistência social. A polícia administrativa protege os
quanto ao destinatário da sanção: o Poder de Polícia interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
somente atinge os particulares, isso é, aquelas pes- portamentos individuais que possam causar prejuízos
soas da esfera privada que não integram a Adminis- maiores à coletividade.
tração Pública. O Poder Disciplinar, por sua vez, é um A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará-
poder interno que não atinge particulares, e sim os pró- ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constatação
prios agentes públicos dentro da Administração. de um crime. Após sua ocorrência, deve a polícia judi-
Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de ciária abrir um processo de investigação em busca
polícia: agir em prol do interesse público. Por isso, da autoria e da materialidade do crime. Sua razão de
o Estado deve conciliar os direitos individuais, com ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras de
o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica da Direito Processual Penal. Ela incide sobre pessoas, ao
Administração Pública, pois tem como fundamento o contrário da polícia administrativa, que age sobre a
princípio sistêmico da primazia do interesse público atividade das pessoas. A função de polícia judiciária é
sobre o privado. exercida pelas corporações especializadas, denomina-
das Polícia Civil e Polícia Federal.
Natureza Jurídica do Poder de Polícia
Uso e Abuso de Poder
Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento
majoritário que o poder de polícia é discricionário. Quando o agente público exerce adequadamente
Na doutrina, muitos autores costumam definir poder suas competências, atuando em conformidade com a
de polícia utilizando-se da expressão “faculdade que legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
o Estado possui de impor limites”. Isso quer dizer que uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses
não apresenta características de obrigação legal, mas de exercício de competências fora dos limites legais,
de uma permissão. A escolha sobre qual método utili- visando apenas interesses alheios, trata-se de clara
zar para o exercício do referido poder, e quando, com- hipótese de uso irregular do poder, também denomi-
pete somente à própria Administração Pública. nado abuso de poder.
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de O abuso de poder, além de causar a invalidade do
licença. A licença é ato administrativo relacionado ao ato, constitui em ilícito ensejador de responsabilidade
poder de polícia, que apresenta previsão legal para a pela autoridade competente que causou danos com
sua obtenção, tratando-se, por isso, de ato vinculado. seu uso irregular.
Com isso, podemos afirmar que a manifestação do Abuso de poder pode se manifestar no exercício
poder de polícia pode ocorrer mediante a expedição das funções administrativas sob duas formas: pelo
de atos no exercício da competência discricionária da excesso de poder e pelo desvio de finalidade.
Administração, ou por meio de atos vinculados, com a Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos
devida previsão legal. poderes administrativos pelo qual a autoridade prati-
O poder de polícia também é em regra indelegá- ca algum ato desrespeitando os limites impostos, exor-
vel, uma vez que pressupõe a posição de superiori- bitando o uso de suas faculdades administrativas. Ao
dade de quem o exerce, não podendo ser transferido exceder sua competência legal, o agente responsável age
a particulares (art. 4°, III, da Lei n° 11.079, de 2004). com exageros e desproporcionalidade, o que torna o ato
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Obviamente, o poder de império é único e exclusivo praticado por ele absolutamente inválido. Mas o excesso
do Estado, se ele pudesse ser transferido a particula- de poder admite convalidação, ou seja, há hipóteses em
res, tal medida seria um atentado contra a paz social. que se pode corrigir vício cometido no ato preservando
Todavia, isso não impede que o Poder Público pos- sua eficácia, dependendo do caso concreto.
sa delegar as atividades consideradas preparatórias Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato
ou sucessivas do poder de polícia. Essa delegação é administrativo, praticado sempre por autoridade com-
possível, desde que esses entes que recebem essa dele- petente, que tem por fim diverso daquele previsto,
gação (entes da administração indireta, pessoas jurí- explícita ou implicitamente, nas regras de competên-
dicas de direito privado, particulares etc.) tenham um cia da legislação (art. 2°, par. único, e, da Lei n° 4.717,
vínculo com a própria Administração. de 1965). A finalidade diversa não macula os requisi-
tos essenciais dos atos administrativos (competência,
Polícia Administrativa e Polícia Judiciária objeto, forma, motivo), mas tende a macular o ato, tor-
nando-o nulo. O único caminho possível para esse ato
A concepção do poder de polícia abrange muito é a anulação, ou seja, não há possibilidade de convali-
mais do que a simples promoção de segurança públi- dação. O desvio de finalidade pode ocorrer tanto nas
ca. Todavia, é imprescindível destacar as atividades condutas comissivas, em seu campo de atuação, quanto
estatais de prevenção e repressão da criminalidade nas condutas omissivas, isso é, quando o agente públi-
sob a ótica do poder de polícia. Assim, costuma-se divi- co se abstém de realizar tarefa legalmente imposta.
dir a atuação do Estado para promoção da segurança 517
Exemplos de desvio de finalidade são bastan- Competência
te comuns na Administração Pública brasileira: a
construção de estrada cujo trajeto foi elaborado com Competência diz respeito à capacidade do agente
objetivo de valorizar a propriedade rural de um público para o exercício dos atos administrativos. É
governador, a nomeação de réu em ação penal a cargo requisito de validade, haja vista que, no Direito Admi-
público para obter foro privilegiado e transferir seu nistrativo, a lei é quem estabelece as competências
processo para o STF etc. Percebe-se que, em todos os atribuídas a seus agentes para o desempenho de suas
casos, há a sobreposição de um interesse particular funções. Quando o agente atua fora dos limites da lei,
sobre o interesse da coletividade: os agentes estatais, diz-se que cometeu ato nulo por excesso de poder. É,
dessa forma, praticam atos visando obter alguma van- por isso, sempre um ato vinculado.
tagem pessoal, para eles mesmos ou para outrem, con- A competência possui certas características próprias,
cretizando, assim, o desvio de finalidade. a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável,
imodificável, imprescritível e improrrogável. Vere-
ATOS ADMINISTRATIVOS mos de modo mais específico cada uma delas a seguir:
518
Forma Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada
em concursos públicos, observaremos apenas os pon-
A forma é o modo por meio do qual se exterioriza tos essenciais e didáticos da referida classificação.
o ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito Para essa concepção moderna, são requisitos dos
à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de atos administrativos:
ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário
quando a sua escolha couber ao próprio agente público. a) sujeito;
Em regra, os atos administrativos são sempre exte- b) motivo;
riorizados por escrito, mas podem também ser orais, c) requisitos procedimentais;
gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O d) finalidade;
art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina que: e) causa e
f) formalização.
Art. 22 Os atos do processo administrativo não
dependem de forma determinada senão quando a Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os
lei expressamente a exigir. requisitos vinculados, enquanto o motivo, a finalida-
de e a formalização são requisitos discricion.
Motivo
Atributos
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
Atributos são as características dos atos adminis-
determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situa-
trativos, que os distinguem dos demais atos jurídicos,
ção fática que justifica a realização do ato. Situação
pois estão submetidos ao regime jurídico administrativo.
de fato é o conjunto de circunstâncias que motivam
Essas características traduzem em prerrogativas concedi-
a realização do ato; questões de direito é a previsão
das à Administração Pública para que ela possa atender
legal que leva à realização do ato.
de maneira adequada as necessidades da população.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como A doutrina mais moderna4 faz referência a cinco
discricionário, dependendo do comando legal impos- atributos distintos:
to aos agentes. Assim, o motivo será vinculado quando
a lei expressamente obrigar o agente a agir de um cer- a) presunção de legitimidade e veracidade;
to modo, como na hipótese de lançamento tributário b) imperatividade;
(o fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve c) exigibilidade;
ou não fazer o lançamento). d) auto executoriedade;
Situação diversa é a do pedido de demissão de ser- e) tipicidade.
vidor público no caso de incontinência pública (art.
132, V, da Lei nº 8.112, de 1990), hipótese em que a Veremos cada um desses atributos de modo mais
autoridade competente tem maior liberdade para específico a seguir:
avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou Presunção de legitimidade e veracidade.
não, dependendo do caso concreto. Também pode ser denominado presunção de
Não se confunde motivo com motivação, essa é a legalidade. Significa que todo ato administrativo
justificativa para a realização de determinado ato. O é considerado válido no âmbito jurídico até surgir
motivo ocorre em momento anterior à prática do ato, prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade,
enquanto a motivação, por ser uma série de explica- ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite,
ções que justificam a expedição do ato, ocorre sem- então, presume-se que o fez respeitando a lei.
Nosso Direito admite duas formas de presunção:
pre em momento posterior. Assim, todo o ato tem seu
motivo (Teoria dos Motivos Determinantes), mas nem
z Presunção juris et de jure que significa “de direito e
sempre é expedido adjunto com a motivação, que
por direito”, é presunção absoluta, que não admite
nada mais é do que a exteriorização dos motivos.
prova em contrário;
z Presunção juris tantum, resultante do próprio
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Finalidade
direito e, embora por ele estabelecida como verda-
deira, admite prova em contrário.
Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o obje- A presunção dos atos administrativos é juris tan-
tivo almejado é a proteção do interesse público. Sem- tum. Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao
pre que o ato for praticado, tendo em vista o interesse particular que alegou a ilegalidade do ato administra-
alheio, será nulo por desvio de finalidade. tivo provar a carência de legitimidade do mesmo.
Por exemplo: o trancamento de um estabelecimen- A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
to, após constatação de falta de cuidados higiênicos praticados pela Administração com base no direito priva-
com os alimentos, visa a proteção da vida e da saúde do. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administra-
dos cidadãos que frequentam aquele local. Pode-se ção Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro.
afirmar, de modo geral, que a finalidade de um ato
administrativo sempre será a proteção dos direitos e Imperatividade
garantias fundamentais da pessoa humana.
Além dessa concepção clássica, há também uma Compreendida também como coercibilidade, os
classificação mais moderna dos requisitos dos atos atos administrativos se impõem aos destinatários, inde-
administrativos, elaborada por autores como Celso pendentemente de sua concordância, outorgando-lhes
4 MAZZA, A. Manual de direito administrativo. 8ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2018. 519
deveres e obrigações. A imperatividade garante ao uso de atos inominados, sem tipificação, que impõe
Poder Público a capacidade de produzir atos que geram obrigações cuja previsão legal não existe. É um atri-
consequências perante terceiros. O Estado somente con- buto que deriva do próprio princípio da legalidade.
segue alcançar seus objetivos de forma eficiente se ele
se encontrar em posição superior aos seus governados. Dica
A justificativa da criação unilateral, ainda que contra
a vontade dos administrados, dos atos administrativos A tipicidade é uma característica marcante da
é o Poder coercitivo do Estado, também denominado expropriação de bens particulares pelo Poder
Poder Extroverso ou Poder de Império. Esse não é um Público. É o caso de desapropriação adminis-
atributo comum a todos os atos, mas tão somente aos trativa, hipótese em que o Poder Público tem a
que impõem obrigações aos administrados. Assim, não prerrogativa de tirar da esfera de alguma pessoa
têm essa característica os atos que outorgam direitos física a titularidade sobre bem imóvel, trans-
(autorização, permissão, licença), bem como aqueles formando-o em bem público. Para tanto, deve
meramente administrativos (certidão, parecer). realizar um procedimento envolvendo aspectos
mais complexos, como a declaração de utili-
Exigibilidade dade ou necessidade pública (art. 5º, XXIV, da
CF, de 1998), bem como a necessidade de pré-
Consiste no atributo que permite à Administração via indenização ao particular que teve seu bem
Pública aplicar sanções aos particulares por violação expropriado, em pecúnia (art. 182, § 3º, da CF,
da ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao
de 1988).
processo judicial, que é demasiado longo e repleto
de solenidades. A exigibilidade permite ao Adminis-
Classificação
trador aplicar as sanções administrativas, como mul-
tas, advertências e interdição de estabelecimentos
Atos administrativos existem dos mais variados tipos.
comerciais.
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los,
formando-se uma verdadeira classificação desses atos.
Autoexecutoriedade
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de
atos administrativos, observando os seguintes critérios:
A autoexecutoriedade permite que a Administra-
ção Pública possa realizar a execução material de
Quanto ao Grau de Liberdade
seus atos. A expressão “auto” advém do fato de que
o Poder Público não necessita de autorização judicial
z Atos vinculados: são aqueles praticados pela
para desconstituir a situação irregular e violadora da
Administração Pública sem nenhuma liberdade
ordem jurídica, o que a difere da exigibilidade, que
de atuação. A lei define todas as margens de sua
não tem o condão de, por si só, desconstituir a irre-
conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se
gularidade do ato, apenas pune o infrator. Para tanto, pleitear a sua anulação, pois trata-se de vício de
necessita da presença de dois requisitos: a previsão legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de
legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter aposentadoria para o contribuinte beneficiário;
de urgência, a fim de preservar o interesse coletivo. z Atos discricionários: a lei também estabelece
Assim, não há necessidade de intervenção judicial uma série de regras para a prática de um ato, mas
nas hipóteses de: apreensão de mercadorias contra- deixa certo grau de liberdade ao agente público,
bandeadas, na demolição de construção irregular, que poderá optar por um entre vários caminhos
na interdição de estabelecimento comercial irregu- igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva
lar, entre outros. Todavia, afirmar que a execução prévia à edição do ato. É o caso das permissões
independe de manifestação do Judiciário não signifi- para o uso de bem público. No caso de o ato dis-
ca dizer que escapa do controle judicial. Poderá ser cricionário não ser mais conveniente e oportuno
levado ao crivo, mas somente a posteriori, depois para a Administração Pública, a solução mais cor-
de seu cumprimento, se houver provocação da par- reta para sua extinção é a revogação.
te interessada. As medidas judiciais mais adequadas
para contestar a força coercitiva administrativa são o Quanto à Formação de Vontade
mandado de segurança e o habeas data (art. 5º, LXIX e
LXVIII, da CF, de 1988). z Atos simples: são aqueles que nascem da manifes-
Importante ressaltar ainda que os princípios da tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni-
razoabilidade e proporcionalidade impõem limites pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado
na atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoe- (composto por várias pessoas). O ato que altera
xecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve ser o horário de atendimento da repartição pública,
utilizada com bom senso e moderação. emitido por uma única pessoa, bem como a deci-
são administrativa do Conselho de Contribuintes
Tipicidade do Ministério da Fazenda, que expressa vontade
única apesar de ser órgão colegiado, são exemplos
A tipicidade diz respeito à necessidade de respei- de atos simples;
tar as finalidades específicas delimitadas pela lei, para z Atos complexos: são aqueles que se formam pela
cada espécie de ato administrativo. Dependendo da união de várias vontades, isso é, que necessitam da
finalidade que o Poder Público almeja, existe um ato manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
definido em lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos diferentes para a sua formação. Enquanto todos os
de atos e suas consequências, promovendo ao particu- órgãos competentes não se manifestarem da for-
520 lar a garantia de que a Administração Pública não fará ma devida, o ato não estará perfeito;
z Atos compostos: é aquele que advém de mani- z Atos de expediente: são atos internos, elaborados
festação de apenas um órgão. Porém, para que por autoridade subalterna, que não tem capacida-
produza efeitos, depende da aprovação, visto, de decisória. Exemplo: numeração dos autos no
ou anuência de outro ato, que o homologa, como processo judicial.
condição para a executoriedade daquele ato. Cos-
tuma-se afirmar que o ato posterior é acessório Quanto à Exequibilidade
do anterior, pois a manifestação do segundo ato
não possui a mesma matéria do primeiro: ele ape- z Atos perfeitos ou imperfeitos: a perfeição diz
nas complementa a aplicação deste. Exemplo: a respeito aos atos que completaram seu processo de
nomeação de servidor público, que deve sempre formação, isso é, que já apresentam todos os cinco
anteceder a sua aprovação em concurso público. elementos do ato administrativo (agente, forma,
finalidade, objeto e motivo). Por outro lado, atos
Quanto aos Destinatários imperfeitos são os que ainda não completaram seu
processo de formação, seja porque carecem de um
z Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter dos cinco elementos, seja porque recai uma condição
abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui- suspensiva que impede que o ato se torne perfeito;
tos, mas unidos por características em comum, que z Atos válidos ou inválidos: a validade não é sinô-
os faz destinatários do mesmo ato. Para produzi- nimo de perfeição, uma vez que possui relação
rem seus efeitos, já que externos, devem ser publi- com o ordenamento jurídico, e não com os elemen-
cados na imprensa oficial. Exemplos: os editais de tos constitutivos. Todo ato administrativo válido
concurso público, as instruções normativas; deve ter uma norma jurídica como fundamento,
z Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo caso contrário, é considerado um ato ilícito (inváli-
definido de destinatários. É o caso, por exemplo, do), podendo ser anulado;
de alteração de horário de funcionamento de uma z Atos eficazes ou ineficazes: o critério analisado
repartição pública. Tal ato, evidentemente, somen- aqui é a eficácia dos atos administrativos. Ato efi-
te é do interesse daqueles funcionários. A publici- caz é aquele que já está produzindo efeitos concre-
dade é atendida apenas com a comunicação dos tos. São considerados eficazes porque sobre eles
interessados, visto que é um ato interno da Admi- não recai nenhum prazo ou condição suspensiva.
nistração Pública; Já os atos ineficazes são aqueles que não podem
z Atos individuais: são aqueles destinados a ape- produzir seus efeitos, seja por motivos de perfeição,
nas um único destinatário. Exemplo: a promoção seja pela ausência de um outro ato administrativo
que o homologue. É o caso, por exemplo, da investi-
de um determinado servidor público. A exigência
dura de candidato em um cargo público. Tal ato por
da publicidade depende somente da comunicação
si só é ineficaz, se o candidato não tiver, além de ser
do interessado, não há necessidade de publicação
aprovado em concurso público, realizado outro ato
pelo Diário Oficial.
que é a assinatura do termo de posse.
Quanto aos Efeitos
Alguns autores como, Celso Antônio Bandeira de
Mello salientam que há uma mescla dessa última
z Atos constitutivos: são aqueles que geram uma
classificação, o que significa que o ato administrativo
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser
pode se encontrar de diversas formas, tais como:
pela outorga de um novo direito, como permissão de
uso de bem público, ou a imposição de uma obriga- a) perfeito, válido e eficaz;
ção, como estabelecer um período de suspensão; b) perfeito, válido e ineficaz;
z Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma c) perfeito, inválido e ineficaz; ou ainda
situação já existente, seja de fato ou de direito. Não d) imperfeito, inválido e ineficaz.
cria, transfere ou extingue situação jurídica, ape-
nas a reconhece. É o caso da expedição de uma cer- Os critérios apresentados não são exaustivos: há
tidão de tempo de serviço; outras formas de classificação dos atos administrati-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
z Atos modificativos: são os que tem capacidade de vos adotadas por diversos autores. Escolhemos apre-
alterar a situação já existente, sem que seja extin- sentar aqueles que têm mais chances de aparecer em
ta. Todavia, não tem o condão de criar direitos e uma questão de prova.
obrigações. Exemplo: a alteração do horário de
atendimento da repartição; Espécies
z Atos extintivos: também denominados atos des-
constitutivos, são aqueles que põem termo a um Os atos administrativos tipificados pela legislação
direito ou dever preexistentes. Exemplo: a demis- brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado,
são de servidor público. para fins didáticos, uma sistematização dos atos admi-
nistrativos. A doutrina divide os atos administrativos
Quanto ao Objeto previstos da legislação em cinco espécies distintas:
z Atos de império: são aqueles praticados pela z Atos normativos: são aqueles que apresentam
Administração em posição de superioridade comandos gerais e abstratos para o cumprimento
perante os particulares, como na imposição de da lei. Alguns autores, inclusive, chegam a consi-
multa por infração administrativa; derar tais atos “leis em sentido material”. São atos
z Atos de gestão: são expedidos pela Administração, normativos: os decretos e regulamentos; as instru-
em posição de igualdade em relação aos administra- ções normativas; os regimentos; as resoluções; e as
dos. É o caso da alienação de bem público; deliberações; 521
z Atos ordinatórios: correspondem a manifesta- z Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da
ções internas da Administração Pública decorren- pessoa ou objeto: os atos administrativos podem
tes do poder hierárquico, estabelecendo regras de tratar das pessoas ou coisas. Desaparecendo um
funcionamento de seus órgãos internos e regras desses elementos, o ato extingue-se automatica-
de conduta de seus agentes. Tais atos não podem mente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
disciplinar as condutas dos particulares. São atos “desaparecem” com seu falecimento, como a mor-
ordinatórios: as instruções; as circulares; os avi- te de servidor público que receberia promoção; e
sos; as portarias; os ofícios; as ordens de serviço; as coisas com a sua ruína ou destruição, como o
os despachos; entre outros; desabamento de prédio que recebeu licença para
z Atos negociais: são aqueles que manifestam a a sua reforma.
vontade da Administração em consonância com z Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio
o interesse dos particulares. Exemplos: a licença, beneficiário abre mão da situação proporcionada
a autorização, a permissão, a concessão, a apro- pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de
vação, a homologação, a renúncia, etc. Os atos cargo público a pedido do seu ocupante;
negociais podem ser vinculados (licença) ou discri- z Retirada do ato: é a forma mais importante de
cionários (autorização), definitivos ou precários, extinção dos atos administrativos, para os concursos
sendo passíveis de revogação pelo Poder Público públicos. É a extinção que se dá pela expedição de um
segundo ato, elaborado para extinguir ato adminis-
a qualquer tempo. A característica especial desses
trativo anterior a ele. Comporta cinco modalidades,
atos é que eles não disciplinam direitos, e sim inte-
que serão vistas com maiores detalhes: revogação,
resses dos particulares;
anulação, cassação, caducidade e contraposição.
z Atos enunciativos: também denominados “atos
de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou ates-
Revogação
tam a existência de uma situação jurídica peculiar.
Tais atos possuem caráter predominantemente
Revogação é a extinção de ato administrativo que
declaratório. São atos enunciativos: as certidões;
se encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos,
os atestados; os pareceres etc.;
praticado pela própria Administração Pública. Essa
z Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
remoção é fundada em razões de conveniência e opor-
os atos que aplicam sanções aos particulares, ou tunidade, sempre almejando a proteção do interesse
aos servidores que pratiquem condutas irregula- público. Nessa hipótese, ocorre uma causa superve-
res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul- niente, que altera o juízo de conveniência e oportu-
tas, as interdições; e a destruição de coisas. nidade sobre a permanência de ato discricionário,
obrigando a Administração a expedir um segundo ato
Extinção e Invalidação do Ato Administrativo capaz de revogar esse ato anterior.
e Controle do Ato Administrativo: Anulação e O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
Revogação Lei nº 9.784, de 1999:
Os atos administrativos possuem um ciclo de Art. 53 A Administração deve anular seus próprios
vida. Eles são criados, começam a produzir efeitos e, atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
depois de um tempo, desaparecem. Vamos analisar revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni-
com mais detalhes justamente o desaparecimento dade, respeitados os direitos adquiridos.
dos atos administrativos, embora seja preferível uti-
lizar o termo “extinção” (ou “invalidação”) dos atos Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF:
administrativos.
Para melhor compreensão do tema, a doutrina Súmula nº 473 A administração pode anular seus
utiliza-se de uma sistematização das formas de extin- próprios atos, quando eivados de vícios que os tor-
ção dos atos administrativos. A principal divisão que nam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou opor-
deve ser feita é em relação à produção de efeitos: exis-
tunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
tem atos administrativos eficazes e atos ineficazes.
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada,
ou pela sua recusa pelo beneficiário. Tratando-se de
Por tratar-se de questão de mérito, a revogação
atos eficazes, há quatro formas de extinção dos atos somente pode ser decretada pela própria Administra-
administrativos: ção Pública. É, também, decorrência do princípio da
autotutela: a Administração Pública tem competência
z Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efei- para anular e revogar seus atos, sendo descabida a
tos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento manifestação do Poder Judiciário nos atos adminis-
integral dos efeitos do ato administrativo. É a trativos discricionários. A revogação é elaborada pela
extinção natural esperada por todo ato adminis- mesma autoridade que praticou o ato principal.
trativo. Pode ocorrer mediante: O ato revocatório é sempre secundário, consti-
tutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato
Esgotamento do conteúdo, como a vacina- administrativo ou a relação jurídica anterior perfei-
ção de enfermos após expedição de ordem de ta e eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação
entrega das vacinas; atinge somente os atos discricionários: para os atos
Execução da ordem, como o guinchamento de vinculados, a medida cabível é a anulação.
veículo; Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
Implemento de condição resolutiva ou termo pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso
522 final, como o prazo final para renovação da CNH; significa que a revogação produz efeitos futuros, não
retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particu- eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o
lar, que se sentiu prejudicado com a referida medida, condão de extinguir a relação destes com o Estado
ingressar em juízo com pedido de indenização contra de modo automático pelo simples decurso do tempo.
a Administração. Percebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o
Estado não é profissional, mas estatutária ou institu-
Anulação cional. São agentes políticos os parlamentares, o Pre-
sidente da República, os prefeitos, os governadores,
É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois bem como seus respectivos vices, ministros de Estado
carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi- e secretários.
nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. A
anulação deriva do próprio princípio da legalidade e auto- Agentes Militares
tutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº
9.784, de 1999, bem como na Súmula nº 473, do STF. Os agentes militares constituem uma categoria à
A anulação realizada pela própria Administração parte dos demais agentes políticos, uma vez que as
ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas instituições militares possuem fortes bases funda-
características principais são: é ato secundário, cons- mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de
titutivo e vinculado. Tanto a Administração como o também apresentarem vinculação estatutária, seu
Poder Judiciário podem decretar a anulação de ato regime jurídico é disciplinado por legislação especial,
administrativo. Outra característica importante é o e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen-
prazo definido pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784, tes militares os membros das Polícias Militares e dos
de 1999: Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito
Federal e Territórios, bem como os demais militares
Art. 54 O direito da Administração de anular os ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas
atos administrativos de que decorram efeitos favo- características que merecem destaque são: a proibi-
ráveis para os destinatários decai em cinco anos, ção de sindicalização dos militares, a proibição do
contados da data em que foram praticados, salvo direito de greve e a proibição à filiação partidária.
comprovada má-fé.
Servidores Públicos
O prazo decadencial de cinco anos é atributo exclu-
sivo da anulação. De modo geral, podemos dizer que a Constituição
Por fim, em relação a seus efeitos, é importante fri- Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para
sar que o ato nulo (aquele que carece de legalidade) os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos
tem o seu defeito constatado desde a sua concepção. públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos.
Por isso, a anulação deve desconstituir os efeitos des- Os servidores públicos são contratados pelo regi-
de a data da prática daquele ato. Podemos afirmar, me estatutário, enquanto os empregados públicos são
então, que a anulação possui efeito retroativo, ou ex contratados pelo regime celetista, que muito se asse-
tunc. Em regra, não gera ao particular direito à inde- melha às regras contidas na CLT.
nização pela anulação de ato ilegal, salvo se compro- Atente-se a este conceito: servidor público é o
var ter sofrido dano anormal para ocorrência, do qual agente contratado pela Administração Pública, direta
não tenha participado. ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
nado mediante concurso público, para ocupar cargos
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
reza estatutária e não-contratual.
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela
SERVIDORES PÚBLICOS Lei Federal nº 8.112, de 1990, também conhecida como
Estatuto do Servidor Público.
ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO E NORMAS Frente a isso, um ponto relevante a ser ressalta-
CONSTITUCIONAIS PERTINENTES do desse regime é o alcance da estabilidade mediante
o fim do período de estágio probatório. Tal alcance
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, permite que o servidor não seja desligado de suas
são agentes públicos as pessoas que exercem uma funções, salvo pelas hipóteses previstas em lei, como
função pública, ainda que em caráter temporário ou a sentença judicial transitada em julgado, processo
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla administrativo disciplinar, ou a não aprovação em
e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que, avaliação periódica de desempenho (§ 1º, art. 41, da
dentro da organização da Administração Pública, CF, de 1988).
exercem determinada função pública. Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
o qual comporta diversas espécies, como os agentes tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
políticos, os agentes militares, os servidores públi- tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car-
cos estatutários, os empregados públicos, os agentes gos não-vitalícios), bem como possui a característica
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar de o desligamento ocorrer apenas mediante sentença
cada um deles com maiores detalhes. condenatória transitada em julgado. São vitalícios os
cargos de: Magistratura, do Tribunal de Contas, e os
Agentes Políticos cargos dos membros do Ministério Público.
Além da estabilidade, são também assegurados aos
Os agentes políticos possuem como característica servidores estatutários alguns direitos trabalhistas.
principal o fato de exercerem uma função pública de Vejamos aqui os mais importantes, de acordo com o §
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante 3º, art. 39, da CF, de 1988: 523
z Salário mínimo; públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados
z Remuneração de trabalho noturno superior ao por lei, com denominação própria e vencimento pago
diurno; pelos cofres públicos, para provimento em caráter
z Repouso semanal remunerado; efetivo ou em comissão.
z Férias trabalhadas; A criação, transformação e extinção de cargos,
z Licença à gestante. empregos ou funções públicas depende sempre de uma
lei instituidora (inciso X, art. 48, CF, de 1988). Porém,
Empregado Público havendo um cargo ou função vago, a sua extinção
pode se dar mediante expedição de decreto pelo Poder
De modo diferente da contratação dos servidores, Executivo.
os empregados públicos são contratados mediante
regime celetista, isto é, com aplicação das regras pre- z Investidura na Função
vistas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Trata-se de uma vinculação contratual. A contratação Para ocupar um cargo público, é necessário haver
de empregados públicos dá-se, em regra, pelas pes- o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato
soas jurídicas de direito privado integrantes da Admi- administrativo constitutivo e hábil para a investidu-
nistração Indireta (empresas públicas, sociedades de ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos
economia mista, consórcios etc.). Além disso, o ingres- requisitos para a investidura em cargo público, dis-
so de tais pessoas também depende da sua aprovação põe o art. 5º, da Lei n° 8.112, de 1990:
em concurso público.
O regime dos empregados públicos é menos prote- Art. 5º São requisitos básicos para investidura em
tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de cargo público:
que os empregados públicos não gozam da estabilida- I - a nacionalidade brasileira;
de que os servidores possuem. Ao serem empossados, II - o gozo dos direitos políticos;
os empregados passam por um período de experiên- III - a quitação com as obrigações militares e
cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício
empregados públicos podem ser dispensados.
do cargo;
A diferença dos empregados públicos para com os
V - a idade mínima de dezoito anos;
demais consiste no fato de que a sua demissão será VI - aptidão física e mental.
sempre motivada, após regular processo administra-
tivo, mediante contraditório e ampla defesa. Impor-
O rol apresentado no art. 5° é meramente exem-
tante lembrar que, para a Administração Pública,
plificativo, pois a depender das atribuições do cargo
a motivação de seus atos, bem como o tratamento
almejado, podem existir outros requisitos exigidos
impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
para ocupação e posse. Observe, ainda, que tais requi-
teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
sitos que forem exigidos devem ser comprovados
um empregado público seria absolutamente inadmis-
somente no momento da posse.
sível nessas condições. Conforme aludido no art. 7º, da Lei n° 8.112, de
1990, a investidura em cargo público ocorrerá com a
REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A posse.
LEI N° 8.112, DE 1990
z Provimento
O regime dos servidores públicos possui ampla
previsão normativa. Além do renomado art. 37, da Há diversas formas de provimento dos cargos
Constituição Federal, no âmbito infraconstitucional públicos, podendo ser classificado em dois grupos:
temos a Lei nº 8.112, de 1990 (Estatuto dos Servido-
res Públicos Federais), isto é, a legislação que institui Quanto à durabilidade: o provimento pode ser de
o regime jurídico dos servidores públicos da União, caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e
autarquias, fundações, agências reguladoras e asso- até mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em
ciações, todas em âmbito federal. Bastante exigida em comissão, quando o referido cargo não goza de
concursos públicos, convém salientar as principais estabilidade, podendo o servidor ser destituído ad
características a respeito do regime dos servidores nutum, isto é, de forma unilateral, sem a anuência
públicos: do servidor;
Quanto à preexistência de vínculo: temos o pro-
Dos Cargos Públicos: Conceito, Investidura na vimento originário, que não depende de vincu-
Função Pública, Provimento, Vacância lação jurídica anterior com o Estado (nomeação);
ou derivado, se o referido servidor já possuía
z Conceito algum vínculo com o Estado (promoção, remoção,
readaptação).
Para todos os efeitos legais, o servidor público está
intrinsecamente ligado à noção de cargo público. Con- O art. 8º, da Lei n° 8.112, de 1990, dispõe sobre as
forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo formas de provimento em cargos públicos:
público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
previstas na estrutura organizacional que devem ser Nomeação: trata-se da única forma de provi-
cometidas a um servidor. A expressão “cometida” no mento originário, uma vez que não exige uma
contexto do artigo de lei refere-se às atribuições e res- relação jurídica prévia do servidor para com
ponsabilidades que são atribuídas ao servidor público o Estado. A nomeação depende sempre de pré-
524 em decorrência do cargo público ocupado. Os cargos via habilitação em concurso público de provas,
ou de provas e títulos. Além disso, a nomeação Suponha que, em uma situação anterior, o servidor
poderá ser promovida não somente em caráter Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse motivo
efetivo, como também para os cargos de con- injusto pode advir de qualquer evento, como ter sido
fiança ou em comissão (incisos I e II, dos arts. erroneamente acusado de ter praticado uma transgres-
9º e 10, da Lei nº 8.112, de 1990); são (falaremos das transgressões em momento poste-
Promoção: é uma forma de provimento deri- rior). Carlos, então, resolveu ingressar com ação em
vado, haja vista que ela beneficia somente os juízo e por meio de decisão judicial (ou administrativa)
servidores que já ingressaram em cargos públi- conseguiu comprovar que a sua demissão foi injusta,
cos em caráter efetivo. Os demais requisitos ficando determinada a sua invalidação. Com isso, ele
para o ingresso e o desenvolvimento do servidor pode ser reintegrado ao seu cargo a fim de voltar a
na carreira, mediante promoção, serão estabele- desempenhar suas funções na repartição pública.
cidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema É proibida a criação de cargos excessivos pela
de carreira na Administração Pública Federal e Administração Pública, tendo em vista que em toda
seus regulamentos (parágrafo único, art. 10, da repartição existe um número exato de cargos a serem
Lei nº 8.112, de 1990); ocupados pelos servidores.
Readaptação: é, também, uma forma de pro- Logo, no exemplo apresentado, o cargo perten-
vimento derivado, pois trata-se de hipótese ce originalmente a Carlos. Assim, o servidor Márcio,
de atribuição ao servidor para um cargo com que estava ocupando o lugar de Carlos durante sua
funções e responsabilidades distintas e com- ausência, deverá ser reconduzido para o seu cargo de
patíveis com a limitação que tenha sofrido em origem ou, não sendo possível, devido à extinção do
sua capacidade física ou mental, verificada cargo nesse período, poderá ser aproveitado em outro
em inspeção médica. Assim, por exemplo, um cargo similar.
motorista de ônibus que sofre acidente e acaba Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos-
perdendo algum membro essencial para diri- to em disponibilidade.
gir poderá ser readaptado para executar uma Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
função similar, mas não idêntica à anterior. Na pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
hipótese do servidor readaptando se mostrar à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
completamente inválido para exercer qualquer da, posto em disponibilidade (§ 2º, art. 28, idem).
cargo, ele será compulsoriamente aposentado; A disponibilidade é uma garantia de caráter pro-
Reversão: outra forma de provimento deriva- tecionista atribuída pela Constituição Federal ao ser-
do, em que temos o retorno à atividade de um vidor público estável, cuja finalidade é resguardar o
servidor aposentado por invalidez, ou por puro vínculo do servidor com a Administração Pública, de
e simples interesse da Administração, desde que maneira a não ser excluído dos quadros de pessoal
(art. 25, do Estatuto dos Servidores Públicos): quando seu cargo for declarado desnecessário ou
extinto. Durante o período em que o servidor perma-
Art. 25 [...]
necer disponível, sua remuneração é mantida.
II - [...]
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; Recondução: por fim, a recondução é a forma
c) estável quando na atividade; de provimento derivado consistente no retorno
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos do servidor público estável ao cargo anterior-
anteriores à solicitação; mente ocupado, e decorrerá de inabilitação em
e) haja cargo vago estágio probatório relativo a outro cargo, ou ain-
da pela reintegração do anterior ocupante (I e II,
A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o art. 29, da Lei nº 8.112, de 1990). Uma situação
cargo resultante de sua transformação. Em termos de excepcional é a da extinção do cargo durante o
remuneração, o servidor que retornar à atividade por período de estágio probatório. Nessas condições,
interesse da Administração perceberá a remuneração segundo a Súmula n° 22, do STF, inexiste direito
do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo- à recondução, e o servidor será exonerado.
sentadoria que recebia (§ 4º, art. 25, idem);
É o caso do servidor Márcio, já mencionado duran- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Aproveitamento: mais uma forma de pro- te a reintegração do servidor Carlos. A recondução
vimento derivado, consistente no retorno de tem prioridade em relação a pôr o servidor em dis-
servidor em disponibilidade, sendo seu regresso ponibilidade. Colocar o servidor em disponibilidade
obrigatório para cargo de atribuições e venci- é considerada uma última medida, pois o correto é a
mentos compatíveis com os do anteriormente Administração fazer com que todos os servidores que
ocupados (art. 30, da Lei nº 8.112, de 1990). Será contratou estejam efetivamente no exercício de suas
tornado sem efeito o aproveitamento e cassa- atividades, de modo a evitar a oneração dos cofres
da a disponibilidade se o servidor não entrar públicos com servidores inativos que continuam a
em exercício no prazo legal, salvo comprovada receber remuneração e outros benefícios.
doença por junta médica oficial (art. 32, idem);
Reintegração: é a forma de provimento deri- z Vacância
vado que ocorre pela reinvestidura do servidor
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no A Lei nº 8.112, de 1990, também faz menção das
cargo resultante de sua transformação, na hipó- hipóteses de vacância, isto é, são hipóteses em que o
tese de sua demissão ser invalidada por decisão servidor deixa o cargo ocupado anteriormente. Essas
judicial ou administrativa, tendo direito também situações podem ser de caráter definitivo, como, por
ao ressarcimento de todas as vantagens (caput, exemplo, a extinção do cargo público, ou quando
art. 28, Lei nº 8.112, de 1990). ocorre a troca do cargo ocupado pelo servidor. 525
Art. 33 São formas de vacância dos cargos públicos: IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
I - exoneração; complexidade das atividades;
II - demissão; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
III - promoção; habilitação profissional;
IV (REVOGADO); VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
V (REVOGADO); as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
VI - readaptação;
VII - aposentadoria; A substituição encontra-se disposta no art. 38, do
VIII - posse em outro cargo inacumulável; Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os servi-
IX - falecimento. dores investidos em cargo ou função de direção ou che-
fia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
Observe que algumas das hipóteses de vacância são substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre de omissão, previamente designados pelo dirigente
porque, como mencionamos, o provimento derivado máximo do órgão ou entidade.
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica A substituição é uma troca de um servidor por
anterior entre o servidor e a Administração Pública. outro, aplicável somente para os cargos de comis-
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder são ou função de direção e chefia, bem como cargos
Público necessita extinguir um cargo público (uma de Natureza Especial. O servidor substituto indica-
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. do assume, automaticamente, o exercício do cargo,
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci- nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
mentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a exo- regulamentares do titular, bem como na hipótese de
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, vacância do cargo.
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- Um direito muito importante do servidor substitu-
lizada quando não satisfeitas as condições do estágio to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. pela remuneração mais vantajosa (§ 2º, art. 38). Seria
A remoção é elencada no art. 36, da Lei nº 8.112, de injusto o substituto ganhar menos do que recebia
1990. Pelo disposto no caput do referido artigo, remo- antes da substituição.
ção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício,
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de DIREITOS DOS SERVIDORES
sede. A remoção não é uma forma de provimento em
cargo público. A prerrogativa é qualquer situação de vantagem
O artigo ainda apresenta algumas modalidades de obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
remoção, que podem ser: No caso dos agentes públicos, existem algumas prer-
rogativas que são comuns para todo e qualquer car-
Art. 36 [...] go público, e existem algumas prerrogativas que são
Parágrafo único. [...] mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos.
I - de ofício, no interesse da Administração; Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são
II - a pedido, a critério da Administração; aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de
III - a pedido, para outra localidade, independente- natureza política.
mente do interesse da Administração: No momento, é importante focar nas prerrogativas
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, tam- que se aplicam para todos os servidores públicos, que
bém servidor público civil ou militar, de qualquer ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
prerrogativa diz respeito à estabilidade.
Federal e dos Municípios, que foi deslocado no inte-
A estabilidade é a condição que o servidor público
resse da Administração;
atinge após completar alguns requisitos. O seu princi-
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com-
pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor
panheiro ou dependente que viva às suas expensas
e conste do seu assentamento funcional, condicio- público não pode ser demitido por razões de conve-
nada à comprovação por junta médica oficial; niência ou oportunidade pela Administração. Ela não
c) em virtude de processo seletivo promovido, na pode demitir o servidor estável “porque não quer
hipótese em que o número de interessados for supe- mais” trabalhar com ele.
rior ao número de vagas, de acordo com normas Segundo o art. 21, do Estatuto dos Servidores
preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que Públicos Civis da União, uma vez que o servidor seja
aqueles estejam lotados. habilitado em concurso público e empossado em cargo
de provimento efetivo adquirirá estabilidade no ser-
A redistribuição é o deslocamento de cargo para viço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do exercício.
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entida- Interessante observar que a Constituição Federal
de do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida-
central do SIPEC, segundo o que dispõe o art. 37, do de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos:
referido Estatuto, desde que sejam observados os para o Texto Constitucional, o servidor público só
seguintes preceitos: adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de
efetivo exercício.
Art. 37 [...] Isso não significa que, uma vez o servidor estando
I - interesse da administração; estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não
II - equivalência de vencimentos; sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá
III - manutenção da essência das atribuições do “carta branca” para agir como bem entender. Por isso,
526 cargo; o conteúdo do art. 22, da Lei nº 8.112, de 1990:
Art. 22 O servidor estável só perderá o cargo em z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
virtude de sentença judicial transitada em julgado assim como o salário está para o empregado. Con-
ou de processo administrativo disciplinar no qual siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
lhe seja assegurada ampla defesa. cargo público, cujo valor é previamente fixado
em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre- regra, irredutíveis;
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi- z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
dor estável. São elas: to do cargo, somado a todas as outras vantagens
pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
z Por sentença judicial transitada em julgado: é pago ao servidor público, independentemente de
a forma mais demorada para se demitir um servi- sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis- te (§ 3º, art. 39, da CF, de 1988).
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da
sentença somente ocorre quando esgotados todos
os recursos cabíveis; Importante!
z Mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes O art. 39, da Constituição Federal, apresenta
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) algumas regras gerais sobre o regime dos servi-
serão vistas mais adiante; dores públicos. Dentre as regras constitucionais,
z Mediante procedimento de avaliação periódica o § 1º do referido dispositivo prevê que a fixação
de desempenho, na forma de lei complementar, dos padrões de vencimento e dos demais com-
assegurada ampla defesa: quem não for aprova- ponentes do sistema remuneratório observará
do na avaliação periódica de desempenho pode três aspectos: a natureza, o grau de responsabili-
ser exonerado de seu cargo público, independen- dade e a complexidade dos cargos componentes
temente de ter completado o período de efetivo de cada carreira; os requisitos para a investidura;
exercício; e também as peculiaridades dos cargos.
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses 1
a 3 estão previstas nos incisos do art. 41. Todavia,
essa última hipótese encontra-se disposta no inciso z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
II, § 3º, art. 169, da CF, de 1988. Sob o aspecto orça- cial de remuneração, feita em uma única parcela.
mentário e financeiro, não pode a Administração O regime de subsídios, previsto no § 4º, art. 39, da
Pública realizar gastos superiores àqueles previs- CF, de 1988, foi introduzido com a finalidade de
tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a coibir os “supersalários” comumente existentes no
necessidade, é possível, sim, que um servidor está- regime de servidores públicos brasileiros. Impor-
vel seja exonerado de seu cargo apenas por moti- tante ressaltar que recebem por subsídios somen-
vos de “balancear” as contas públicas. te os Chefes do Poder Executivo, parlamentares,
magistrados, ministros de Estado, secretários esta-
Outra prerrogativa que merece maior destaque é duais, membros do Ministério Público e da Advo-
a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com cacia Pública, entre outros.
a estabilidade, mas não pode ser confundido com a
mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer Das Vantagens
servidor: ela é somente concedida para alguns cargos
públicos especiais. À luz do disposto no art. 49, do Estatuto, além dos
São considerados cargos vitalícios, segundo a pró- vencimentos, aos funcionários públicos serão pagas
pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura as seguintes vantagens: as indenizações, as gratifica-
(inciso I, art. 95), os membros do Ministério Público ções e os adicionais.
(“a”, § 5º, art. 128) e os cargos ocupados pelos membros
do Tribunal de Contas da União ou TCU (§ 3º, art. 73). z Das Indenizações
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do
que a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um Indenizações são valores pagos aos servidores, NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
desses cargos vitalícios, ela somente pode ser exone- mas que não integram seus vencimentos. O Esta-
rada mediante sentença judicial transitada em julga- tuto prevê algumas hipóteses de recebimento de
do. Essa é a única hipótese de exoneração, motivo pelo indenizações:
qual ela garante uma prerrogativa maior do que ape-
nas a estabilidade. Ajuda de custo por mudança (art. 53): devida
Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um como forma de compensar as despesas de ins-
aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também talação de servidor que tiver exercício em nova
considerada como uma forma de exoneração a apo- sede, ocorrendo mudança de seu domicílio;
sentadoria compulsória, isto é, a concessão do referido Ajuda de custo por falecimento (§ 2º, art. 53):
benefício previdenciário quando o servidor estável ou devido à família do servidor que vier a falecer
vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade. na nova sede, sendo devido para custear o
A diferença é que, no caso da aposentadoria compul- transporte para a localidade de origem;
sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece- Diárias por deslocamento (art. 58): devida ao
bendo uma “remuneração”, chamada de provento. servidor que se afastar, por motivos de serviço,
A Lei nº 8.112, de 1990, em seus arts. 40 e 41, elen- da sede em caráter transitório, para outro local
ca diversos direitos e gratificações aos servidores dentro ou fora do país, receberá tal indenização
públicos, os quais são de grande importância conhe- como forma de ajuda no custeio de passagens
cer. Vejamos os principais direitos: e diárias destinadas a indenizar as parcelas 527
de despesas extraordinárias com pousada, ali- de 1990). Poderão ser parceladas em até três períodos,
mentação e locomoção urbana. O § 3º, do art. desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
59, prevê que o servidor que receber diárias e resse da administração pública, na forma do § 3º, do
não se afastar da sede, por qualquer motivo, mesmo dispositivo legal.
fica obrigado a restituí-las integralmente, no
prazo de 5 (cinco) dias; Das Licenças
Transporte (art. 60): será concedida inde-
nização ao funcionário público que realizar As licenças são uma espécie de afastamento com
despesas com a utilização de meio próprio de algumas características próprias. Ou seja, os casos de
locomoção para a execução de serviços exter- licença ocorrem, via de regra, por interesse e a pedido
nos, por força das atribuições próprias do car- do particular. Estão dispostas nos arts. 81 e seguintes,
go, conforme disposto em regulamento; da Lei dos Servidores Públicos Federais. De acordo
Auxílio-moradia (art. 60-A): trata-se de res- com o art. 81, conceder-se-á licença ao servidor:
sarcimento das despesas comprovadamente
realizadas pelo servidor com aluguel de mora- Art. 81 [...]
dia ou com hospedagem realizado por algum I - por motivo de doença em pessoa da família;
hotel, dependendo do preenchimento de alguns
requisitos, como não ter um imóvel funcional Essa licença somente poderá ser concedida se for
disponível para uso, seu cônjuge não ser ocu- indispensável assistência direta do servidor, de forma
pante de imóvel funcional, ou que nenhuma que não possa ser prestada simultaneamente com o
outra pessoa que resida com o servidor receba exercício das funções públicas, pelo que dispõe o § 1º,
a mesma indenização etc. do art. 83, da Lei nº 8.112, de 1990.
Atribuir serviço à pessoa de repartição, diversa Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
responsabilidade fora de sua competência de atuação. públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
Art. 117 [...] gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de inclusive, para as entidades da Administração Indire-
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou ta. O caput do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, dispõe
a partido político; no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
A liberdade de associação sindical é um direito cargos públicos. Apesar de o referido texto legal dispor
532 fundamental previsto pela Constituição Federal. sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
que também possa ser aplicado aos agentes públicos A responsabilidade penal é, definitivamente, a
dos Estados, Municípios e Distrito Federal. mais grave e perigosa, uma vez que ela pode repercu-
A proibição de acumular cargos estende-se tam- tir nas demais esferas, tanto pela condenação do ser-
bém a empregos e funções em autarquias, fundações vidor condenado, quanto pela sua absolvição devido à
públicas, empresas públicas, sociedades de economia falta de provas materiais ou pela negação de sua auto-
mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos ria, sendo essas últimas hipóteses apenas exceções,
Territórios e dos Município (§ 1º, art. 118). segundo aludido pelo art. 123.
Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a pró- A responsabilidade administrativa resulta de
pria Constituição Federal dispõe de um rol de casos ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor
excepcionais em que é permitida a acumulação des- no desempenho de cargo ou função, à luz do art. 124.
sas funções. Há entendimento praticamente unânime Consiste na instauração de processo disciplinar,
de que se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas motivo pelo qual haverá a verificação da conduta deli-
apenas aquelas hipóteses de acumulação de cargos. tuosa do agente, bem como a aplicação da pena mais
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
adequada. Imprescindível reforçar que a aplicação de
titucionalmente autorizadas são:
qualquer pena ao servidor público pressupõe um pro-
cesso administrativo, sendo assegurado ao acusado
z Dois cargos de professor (“a”, XVI, art. 37);
direito ao contraditório e à ampla defesa, sendo obri-
z Um cargo de professor com outro técnico ou cientí-
gatória, inclusive, a presença do advogado em todas
fico (“b”, XVI, art. 37);
as fases do referido processo (Súmula nº 343, do STJ).
z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
nais na área da saúde (“c”, XVI, art. 37); Todavia, tal entendimento vem sofrendo alterações,
z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego pois o STF já reconheceu na Súmula Vinculante nº 5
ou função pública (III, art. 38); que a falta de defesa técnica no processo administrati-
z Um cargo de magistrado e outro de magistério (I, vo disciplinar não é inconstitucional.
parágrafo único, art. 95); Em relação às penalidades administrativas apli-
z Um cargo de membro do Ministério Público e outro cáveis aos servidores públicos, a Lei nº 8.112, de 1990,
de magistério (“d”, II, § 5º, art. 128). (art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções:
Segundo o § 2º, do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável
a acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio- por escrito para o servidor que cometer atos como:
nada à comprovação da compatibilidade de horários. ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar
Considera-se também como acumulação proibida a fé a documento público; retirar qualquer docu-
percepção de vencimento de cargo ou emprego públi- mento da repartição sem a devida autorização;
co efetivo com proventos da inatividade, salvo quando manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou
os cargos de que decorram essas remunerações forem parente até o segundo grau; entre outros;
acumuláveis na atividade (§ 3º, do art. 118). z Suspensão: aplicável somente quando o servidor
Cargos em comissão são os cargos ocupados de é reincidente nas faltas puníveis por advertên-
forma transitória por servidores públicos nomeados cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a
por autoridade competente. Nos termos do art. 119, demissão do cargo. A suspensão não poderá ser
ao servidor também não será permitida a ocupação aplicada por prazo maior a noventa dias;
de mais de um cargo comissionado. z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri-
O servidor vinculado ao regime desta Lei que acu- buída ao servidor público, uma vez que tem o con-
mular licitamente dois cargos efetivos, quando inves- dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será
tido em cargo de provimento em comissão, ficará aplicada nos seguintes casos:
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
se em que houver compatibilidade de horário e local Art. 132 [...]
com o exercício de um deles, declarada pelas autori- I - crime contra a administração pública;
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos II - abandono de cargo;
(art. 120).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição;
Por fim, em relação à responsabilidade dos ser- VI - insubordinação grave em serviço;
vidores públicos, o art. 121, da Lei nº 8.112, de 1990, VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
é bastante claro ao dispor que “O servidor responde cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
civil, penal e administrativamente pelo exercício irregu- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
lar de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
conduta praticada pelo referido servidor pode ensejar razão do cargo;
em responsabilização em três esferas distintas. X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
A responsabilidade civil do servidor público decor- mônio nacional;
re da prática de atos comissivos ou omissivos, dolosos XI - corrupção;
ou culposos, que sejam capazes de causar danos mate- XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
riais ao erário (patrimônio público), ou a terceiros, pelo ções públicas;
que dispõe o art. 122, da Lei nº 8.112, de 1990. XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
A responsabilidade penal do servidor tem seu
fundamento na apuração de uma conduta criminal, Muitas dessas hipóteses impedem que o infrator
isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra- retorne ao serviço público federal, por isso trata-se de
ticar um ilícito penal, ou crime. uma das penalidades mais gravosas; 533
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- Os responsáveis pela aplicação das penalidades
lidade: o servidor inativo que houver praticado disciplinares serão (art. 141):
falta punível com a demissão terá a sua aposenta-
doria, ou sua disponibilidade cassada; Art. 141 [...]
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
Comissionada: caso o servidor ocupante de car- das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da Federais e pelo Procurador-Geral da República,
pena de suspensão e demissão, poderá perder o quando se tratar de demissão e cassação de apo-
seu cargo de confiança ou função comissionada. sentadoria ou disponibilidade de servidor vincula-
do ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierar-
Segundo o art. 136, a demissão ou a destituição de
quia imediatamente inferior àquelas mencionadas
cargo em comissão em decorrência da prática de atos
no inciso anterior quando se tratar de suspensão
contra o erário público, nos casos dos incisos IV, VIII, X
superior a 30 (trinta) dias;
e XI, do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades
(bens adquiridos pelo servidor em decorrência de
na forma dos respectivos regimentos ou regula-
atos cometidos contra os cofres públicos utilizando-se
mentos, nos casos de advertência ou de suspensão
da condição de servidor) e o ressarcimento ao erário, de até 30 (trinta) dias;
sem prejuízo da ação penal cabível. IV - pela autoridade que houver feito a nomea-
A demissão ou a destituição de cargo em comis- ção, quando se tratar de destituição de cargo em
são, por infringência dos incisos IX e XI, do art. 117, comissão.
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Mesmo que a administração pública tenha o dever
Ou seja, dentro desse prazo estabelecido, ainda que
de responsabilizar os seus servidores públicos pelas
o ex-servidor público demitido ou destituído preste
infrações praticadas de que tiver conhecimento, é
novo concurso e se classifique, não poderá ser investi-
do e tomar posse de novo cargo. importante observar que essas penalidades devem
Não poderá retornar ao serviço público federal o ser aplicadas a contar da data em que o fato se tornou
servidor que for demitido ou destituído do cargo em conhecido. A prescrição da ação disciplinar é regula-
comissão por infringência dos incisos I, IV, VIII, X e XI, mentada pelo art. 142.
art. 132, (parágrafo único, do art. 137).
Configura abandono de cargo a ausência inten- Art. 142 A ação disciplinar prescreverá:
cional do servidor ao serviço por mais de trinta dias I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
consecutivos (art. 138). Nesse caso, o servidor deixa com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
de comparecer ao serviço por mera liberalidade por ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
mais de trinta dias seguidos. II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpola- § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data
damente, durante o período de doze meses (art. 139). em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou
também como crime.
inassiduidade habitual, também será adotado o
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
procedimento sumário a que se refere o art. 133 [...].
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
decisão final proferida por autoridade competente.
O procedimento administrativo sumário é aplicável § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
somente em situações de verificação de acúmulo ilegal começará a correr a partir do dia em que cessar a
de cargos, inassiduidade habitual e abandono de cargo e interrupção.
em todos esses casos é cabível e penalidade de demissão.
E ainda para que se aplique o procedimento sumá- Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito,
rio é importante que se siga os requisitos apresenta- Princípios, Fases e Modalidades
dos a seguir, indicando a materialidade da infração
administrativa, ou seja, apresentando provas de que o
O processo administrativo é o instrumento desti-
fato ocorreu e deve ser julgado.
nado a apurar as responsabilidades do servidor por
infração praticada no exercício de suas atribuições ou
Art. 140 [...]
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica- rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
ção precisa do período de ausência intencional do A sindicância é definida como uma averiguação
servidor ao serviço superior a trinta dias; sumária promovida no intuito de obter informações
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação ou esclarecimentos necessários à determinação do
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
por período igual ou superior a sessenta dias inter- rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
poladamente, durante o período de doze meses; sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
II - após a apresentação da defesa a comissão ela- o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
peças principais dos autos, indicará o respectivo Segundo o art. 145, da sindicância poderá resultar:
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao I - arquivamento do processo;
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo II - aplicação de penalidade de advertência ou sus-
534 à autoridade instauradora para julgamento. pensão de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar. Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que:
Como forma de impedir que o servidor venha Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de
interferir de forma negativa durante a investigação acompanhar o processo pessoalmente ou por inter-
da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu-
afastamento preventivo do mesmo: Como medida nhas, produzir provas e contraprovas e formular
cautelar e a fim de que o servidor público não venha quesitos, quando se tratar de prova pericial.
a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
O art. 156 trata de um conteúdo muito importante,
atribuída, a autoridade instauradora do processo
ou seja, cuida do direito de defesa do servidor público.
administrativo-disciplinar, verificando a existência de
Não é porque não estamos em um processo judicial
veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
(com a figura de um membro do Poder Judiciário) que
nar o seu afastamento do exercício do cargo.
não devem ser aplicados os princípios mais básicos e
fundamentais do mesmo.
z Do Processo Disciplinar
É cabível no processo administrativo a aplicação
dos princípios do contraditório e ampla defesa, a dis-
Uma vez encerrada a sindicância e, constatado
paridade de armas, o direito de ter ciência e conheci-
uma conduta irregular, temos o início do processo
administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun- mento do processo, o direito de ser representado por
do o art. 148, o processo administrativo ordinário é autoridade competente etc.
o instrumento destinado a apurar responsabilidade do A seguir temos alguns meios de prova que são
servidor público pela infração praticada no exercício de admitidos no processo administrativo, sendo, pratica-
suas atribuições ou que tenha relação com as atribui- mente os mesmos meios de prova admitidos em pro-
ções do cargo em que se encontre investido. cesso judicial.
Segundo o art. 149, o processo será conduzido por As testemunhas estão dispostas no art. 157, e serão
Comissão composta de três servidores estáveis desig- intimadas a depor mediante mandado expedido pelo
nados pela autoridade competente, observado o dis- presidente da comissão, devendo a segunda via, com
posto no § 3º, do art. 143, que indicará, dentre eles, o ciente do interessado, ser anexado aos autos. Quem
o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo convoca as testemunhas para colher seus respectivos
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos os
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. meios de prova, é a Comissão e não a autoridade jul-
Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces- gadora que, por sua vez, somente vai atuar no PAD
so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”. quando todo o trabalho da Comissão tiver encerrado.
A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela Se a testemunha for servidor público, a expedição
fica encarregada de realizar um relatório contendo do mandado tem que ser imediatamente comunicada
todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do
investigados. dia e hora marcados para inquirição. (parágrafo único,
Ao todo, são três as fases do processo adminis- art. 157). O servidor não pode se ausentar de seu servi-
trativo disciplinar (art. 151): ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto.
Concluída a inquirição das testemunhas, a comis-
Art. 151 [...] são promoverá o interrogatório do acusado, observa-
I - instauração, com a publicação do ato que cons- dos os procedimentos previstos nos arts. 158 e 159.
tituir a comissão; No caso de mais de um acusado, cada um deles será
II - inquérito administrativo, que compreende ins-
ouvido separadamente e, sempre que divergirem em
trução, defesa e relatório;
suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será
III - julgamento.
promovida a acareação entre eles.
Art. 152 O prazo para a conclusão do proces-
so disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, A citação do indiciado está disposta no art. 161.
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
contados da data de publicação do ato que consti-
tuir a comissão, admitida a sua prorrogação por indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a
igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. ele imputados e das respectivas provas.
O indiciado será citado por mandado expedido
z Do Inquérito Administrativo pelo presidente da comissão para apresentar defesa
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, sendo assegurado
O inquérito administrativo é a fase em que temos dar vista do processo na repartição, isso é, olhar pági-
a apuração da responsabilidade disciplinar do servi- na por página, parágrafo por parágrafo, tudo o que já
dor público. Ela compreende a fase instrutória (colhei- foi produzido no PAD (§ 1º, do art. 161).
ta de provas), a citação e apresentação da defesa do Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
servidor que está sendo acusado, além da produção mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
de um documento chamado relatório. A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
cesso e devolverá o prazo para a defesa (caput e § 1º,
Art. 155 Na fase do inquérito, a comissão promoverá
do art. 164).
a tomada de depoimentos, acareações, investigações
Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela-
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, borará um relatório de tudo que foi constado no pro-
de modo a permitir a completa elucidação dos fatos. cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será
encaminhado para a autoridade julgadora.
535
z Do Julgamento Art. 144 [...]
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
A fase do julgamento tem início com o recebimen- polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
to do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20 tência da União, as funções de polícia judiciária e a
dias para decidir se acata o relatório ou não (art. 167). apuração de infrações penais, exceto as militares.
O caput e parágrafo único, art. 168, dispõe, de modo
geral, que a autoridade julgadora não está subordina- A Polícia Civil do Estado de Rondônia (PC-RO) é órgão
da ao que foi dito no relatório da Comissão. O julga- vinculado e subordinado à Secretaria de Estado de Segu-
mento acatará o relatório da comissão, salvo quando rança Pública, Defesa e Cidadania (SESDEC), Órgão Cen-
contrário às provas dos autos. Quando o relatório da tral do Sistema Operacional de Defesa e Segurança do
comissão contrariar as provas dos autos, a autorida- Estado de Rondônia, tendo sua competência geral descri-
ta no art. 136 da Lei Complementar Estatual nº 965, de
de julgadora poderá, motivadamente, agravar a pena-
2017, que dispõe sobre a organização e estrutura do Poder
lidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
Executivo do Estado de Rondônia, nos seguintes termos:
responsabilidade.
À luz do disposto no art. 172, o servidor que res-
Art. 136 À Polícia Civil - PC, vinculada e subordi-
ponder a processo disciplinar só poderá ser exone-
nada à Secretaria de Estado da Segurança, Defe-
rado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após sa e Cidadania - SESDEC, compete o exercício das
a conclusão do processo e o cumprimento da penali- funções de Polícia Judiciária e de apuração das
dade, acaso aplicada. Ocorrida a exoneração de que infrações penais, bem como a realização das perí-
trata o inciso I, parágrafo único, do art. 34, o ato será cias médico-legais e criminalísticas e execução
convertido em demissão, se for o caso. de serviços de identificação, recrutamento,
seleção, formação e aperfeiçoamento profissio-
z Da Revisão do Processo Administrativo Disciplinar nal de servidores policiais civis do Estado.
A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão Os servidores públicos civis do Estado de Rondô-
do procedimento administrativo, a pedido ou de ofí- nia são regidos pela Lei Complementar Estadual nº
cio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstân- 68, de 1992 (LC-RO nº 68, de 1992), que dispõe sobre o
cias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Esta-
a inadequação da penalidade aplicada (art. 174). do de Rondônia, das Autarquias e das Fundações Públi-
A revisão é uma forma de defesa utilizada pelo cas Estaduais, aqui também incluídos os servidores do
acusado ou seu representante, para que a autoridade Grupo Ocupacional Atividades de Polícia.
possa realizar um novo julgamento do PAD, porque Já a Lei Complementar Estadual nº 76, de 1993
apareceu um fato ou circunstância nova que compro- (LC-RO nº 76, de 1993) dispõe sobre o Estatuto da Polí-
vem a inocência do requerente. cia Civil do Estado de Rondônia. A referida norma trata
A revisão de que trata este artigo poderá ser requeri- das peculiaridades do regime jurídico do Servidor
da em caso de falecimento, ausência ou desaparecimen- Policial Civil do Estado de Rondônia, complementan-
to do servidor público, por qualquer pessoa da família, do as regras gerais aplicáveis a todo servidor públi-
ou ainda em caso de incapacidade mental do servidor co civil expressas na LC-RO nº 68, de 1992, por forma
público, pelo respectivo curador (§ § 1º e 2º, art. 174). do art. 94 da LC nº 76, de 1993, que assim preceitua:
No processo revisional, o ônus da prova recai sem- aplicam-se aos integrantes do grupo atividades da Polí-
pre ao requerente, correndo em apenso ao processo cia Civil, todas as disposições do Estatuto dos Servi-
original (arts. 175 e 178). dores Públicos Civis do Estado de Rondônia.
A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a Nesse contexto, verifica-se que ambas as normas
conclusão dos trabalhos de revisão (art. 179). O prazo (LC nº 68, de 1992 e LC nº 76, de 1993) complementam-se.
para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do É possível encontrar alguns dispositivos da LC nº
76, de 1993 em conflito com a LC nº 68, de 1992. Neste
recebimento do processo, no curso do qual a autorida-
caso, você deve estar atento ao enunciado da questão,
de julgadora poderá determinar diligências (parágra-
isto é, ver como o examinador pede, se com base na lei
fo único, do art. 181).
específica do servidor policial civil (LC nº 76, de 1993)
Lembrando que, se da revisão do processo resultar a
ou na lei geral aplicável a todos os servidores públicos
inocência do servidor, ele tem direito de ser reintegrado
civis do Estado de Rondônia (LC nº 68, de 1992). Fique
ao cargo que antigamente ocupava, exceto em relação ao
tranquilo, pois a questão deve trazer isso de forma
cargo em comissão, que será convertido em exoneração.
expressa.
A revisão do processo não admite a reformatio in pejus,
Para facilitar o estudo da LC nº 76, de 1993, iremos
o que significa que não poderá resultar agravamento da
agrupar os dispositivos legais correlatos ao mesmo
penalidade já aplicada (parágrafo único, do art. 182). assunto, pois em alguns casos um tema é tratado em
mais de um título ou capítulo da norma. Vamos ao
estudo detalhado da LC nº 76, de 1993?
LEI COMPLEMENTAR Nº 76, DE 1993
(ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO Polícia Civil: Estrutura e Funcionamento
De acordo com o art. 97 do Estatuto, as diretorias, departamentos e unidades policiais civis, centralizadas ou
não, bem assim o arts. 110-A 110-B, terão o seguinte comando:
Atenção para o disposto no art. 110, que está em conflito com o inciso I do art. 97. Na prática, atualmente o car-
go de Diretor-Geral da PC-RO é privativo de Delegado de Polícia de carreira de Classe Especial (última classe)
e não de qualquer classe, como consta no art. 110 (O Diretor Geral de Polícia Civil será escolhido pelo Governador
do Estado dentre os Delegados de Polícia de carreira, pertencentes ao quadro da Polícia Civil do Estado de Rondônia.)
No mesmo sentido é a redação atual do art. 146 da Constituição do Estado de Rondônia (CE-RO):
Art. 146 A Polícia Judiciária Civil, instituição permanente, dotada de autonomia administrativa e financeira,
instrumento a propositura de ações penais, incumbida de exercer as funções de polícia judiciária, a formação de
procedimentos criminais e a apuração de infrações penais comuns, exceto as militares e ressalvada a competência
da União, é dirigida por Delegado de Polícia de última classe na carreira, nomeado pelo Governador do Esta-
do, nos termos desta Constituição.
De acordo com o § 1º do art. 97, todos demais cargos gerenciais citados (itens VI a XXII), com exceção da Dire-
ção Geral, Executiva, Academia, Corregedoria e Presidência de Comissões (itens I a V citados no quadro), poderão
der ocupados por delegado de classe inferior à exigida, desde que o Conselho Superior de Polícia (CONSUPOL)
convide os delegados de classe mais elevada e não haja interesse.
Dica
O Grupo Ocupacional Polícia Civil está estruturado em classes na seguinte ordem crescente: 1ª Classe, 2ª
Classe, 3ª Classe e Especial, conforme Lei Estadual nº 1.044, de 2002.
� Princípios Institucionais
A instituição Polícia Civil de Rondônia possui elementos basilares que norteiam as ações do servidor policial
civil na execução de suas atividades, conforme reza o art. 6º:
Unidade
Indivisibilidade
Unidade de doutrina
e procedimento
Hierarquia
Disciplina
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
539
z Símbolos VIII - adotar providências preventivas com o obje-
tivo de evitar lesões às pessoas e danos a bens
Os símbolos de uma instituição representam a públicos e particulares;
sua identidade visual, o seu patrimônio. É por meio IX - promover o recrutamento, seleção, forma-
ção, aperfeiçoamento e desenvolvimento profis-
deles que é possível verificar a existência institucio-
sional e cultural do policial civil;
nal, diante da distinção característica que se destaca
X - propiciar segurança e tranquilidade, bem
no meio social. como garantir o livre exercício dos direitos da
De acordo com o art. 7º do Estatuto, são símbolos cidadania;
da PC-RO: XI - colaborar com a justiça criminal, providen-
ciando o cumprimento dos mandados de pri-
SÍMBOLOS são expedidos pelas autoridades judiciárias,
fornecendo as informações necessárias à instru-
Outro que
ção e julgamento dos processos, e realizando as
Hino Bandeira Brasão Distintivo
identifique diligências fundamentadamente requisitadas pelo
a instituição Juiz de Direito e membros do Ministério Público
(instituído pelo
Chefe do Poder nos autos do inquérito policial;
Executivo) XII - organizar e manter o cadastramento de
armas, munições, explosivos e demais produtos
Atenção: não confundir com os símbolos da Repú- controlados, bem como expedir licença para as res-
pectivas aquisições e portes;
blica Federativa do Brasil: bandeira, hino, armas e
XIII - manter o serviço de estatística policial em
selo nacionais (§ 1º do art. 13 da CF, 1988), nem com
adequação com os institutos oficiais de estatís-
os símbolos do Estado de Rondônia: bandeira, hino, tica e pesquisa de maneira a fornecer informações
brasão e outro instituído por lei (art. 2º da CE-RO). precisas e atualizadas sobre índice de criminalida-
de, de violência e de infrações de trânsito;
z Funções Institucionais XIV - exercer a supervisão dos serviços de segu-
rança privada;
Já mencionamos anteriormente que a função pre- XV - exercer a fiscalização de jogos e diversões
cípua da polícia civil nos Estados é a de polícia judi- públicas expedindo o competente alvará.
ciária e a apuração de infrações penais, exceto as de
competência da União e as militares. Para melhor memorização, destacamos as pala-
O art. 8º do Estatuto transcreve as várias outras vras-chaves de cada uma dessas funções. Atente-se ao
funções derivadas das principais (de polícia judiciá- fato de que a relação das funções não é taxativa, pois
ria, investigatória policial, preventiva da ordem social podem ser estabelecidas outras mediante lei, nos ter-
e dos direitos, ao combate eficaz da criminalidade e da mos do § 1º do art. 8º, que assim prescreve:
violência) executadas pela PC-RO, a saber:
Art. 8º [...]
§ 1º A competência conferida à Polícia Civil por
Art. 7° [...]
esta Lei Complementar, não exclui a possibilida-
I - cumprir e fazer cumprir, no âmbito das suas
de de exercer atribuições conferidas em outras
funções, os direitos e garantias constitucionais
leis.
fundamentais, buscando o respeito à dignidade
da pessoa humana e sua convivência harmônica na
Entre os assuntos mais cobrados em prova sobre
comunidade;
a função da polícia civil, estão os relacionados ao
II - praticar, com exclusividade, todos os atos neces-
Inquérito Policial:
sários à apuração das infrações penais e a ela-
boração do inquérito policial;
z Se verificada a configuração de infração penal
III - adotar as providências cautelares destinadas a
militar, os autos serão remetidos à autoridade
preservar os vestígios e as provas das infrações
penais;
competente, pois a PC-RO é responsável somente
IV - guardar, nos autos investigatórios, o sigilo pela infração penal civil (§ 2º do art. 8º);
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo z Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
interesse da sociedade; policial por falta de base para a denúncia, poderá a
V - exercer o policiamento repressivo e de vigi- autoridade policial proceder novas investigações,
lância das infrações penais, mantendo para se de outras provas tiver notícia (§ 3º do art. 8º).
isso, equipes de operações especiais compostas de
policiais treinados, uniformizados ou não, Do Provimento de Cargo Efetivo
armamento e meios de transportes adequados para
realizar o rastreamento investigatório aéreo, z Concurso Público
em águas territoriais e terrestres;
VI - manter estreito e constante intercâmbio de A ocupação de cargos efetivos do Grupo Ocupacional
caráter investigatório e judicial entre as repar- Polícia Civil ocorre mediante aprovação em concurso
tições e organizações congêneres; público, que será planejado pelo CONSUPOL, executado
VII - atuar na defesa do consumidor, da criança pela Academia de Polícia Civil (ACADEPOL) (art. 14) e
e do adolescente, da fauna e da flora, promoven- realizado em fases eliminatórias (art. 9º), a saber:
do o inquérito civil ou criminal, conforme o caso o
exigir; z Provas (escritas e de capacidade física) e títulos,
540 devendo o candidato ter formação superior;
z Prova oral (conteúdo exigido nas provas objetivas), exclusivamente para os cargos de Delegado de Polícia,
Perito Criminal e Médico Legista;
z Frequência e aprovação no curso de formação da Academia de Polícia;
z Outras etapas a serem estabelecidas no edital, que se concretizará através de resolução do CONSUPOL.
O edital do concurso fixará regras com instruções especiais com base nas peculiaridades de cada cargo efetivo
em disputa, a saber:
Art. 10 Os concursos públicos reger-se-ão por instruções especiais que estabelecerão em função da natureza
do cargo:
I - tipo e conteúdo das provas e as categorias dos títulos;
II - a forma de julgamento e a valorização das provas e dos títulos;
III - cursos de formação a que ficam sujeitos os candidatos classificados;
IV - os critérios de habilitação e classificação final para fins de nomeação; e
V - as condições para provimento de cargo, referente a:
a) capacidade física e mental;
b) conduta na vida pública e privada e a forma de sua apuração; e
c) escolaridade.
Importante!
Serão matriculados no curso de formação, mediante admissão do Diretor-Geral da Polícia Civil, somente o
número equivalente ao de cargos efetivos disponibilizados no edital do concurso (arts. 11 e 12).
Art. 12 Os candidatos a que se refere o artigo anterior serão admitidos pelo Diretor-Geral da Polícia Civil, em
caráter experimental e transitório, para a formação técnico-profissional.
§ 1º A admissão de que trata este artigo far-se-á com retribuição correspondente a 80% (oitenta por cento)
do vencimento e demais vantagens do cargo vago a que se candidatar o concursado, a título de bolsa especial.
E se o candidato já for servidor público ocupante de cargo efetivo no Estado de Rondônia? Neste caso, o ser-
vidor ficará afastado do seu cargo até o término do concurso junto à Academia de Polícia Civil, sem prejuízo de
sua remuneração, computando o tempo de serviço para todos os efeitos legais (§ 2º do art. 12), bem como tem a
faculdade de escolher a bolsa especial ou a remuneração do seu cargo efetivo (§ 3º do art. 12).
Veja a literariedade dos §§ 2º e 3º do art. 12:
Art. 12 [...]
§ 2º Sendo servidor público estadual o candidato matriculado ficará afastado do seu cargo até o término do
concurso junto à Academia de Polícia Civil, sem prejuízo de sua remuneração, computando o tempo de serviço
para todos os efeitos legais.
§ 3º É facultado ao servidor, afastado nos termos do parágrafo anterior, optar pela retribuição prevista no § 1º.
O candidato terá sua matrícula cancelada e será dispensado do curso de formação quando deixar de atender
Art. 13 [...]
I - não atinja o mínimo de frequência estabelecida para o curso; e,
II - não tenha conduta irrepreensível na vida pública ou privada.
Parágrafo único. Os critérios para a apuração das condições constantes dos Incisos I e II serão fixados em
regulamento.
Por fim, caso haja aprovação no curso de formação, o candidato será nomeado, obedecida a ordem de classi-
ficação, nos termos do art. 15:
Sabemos que há vários detalhes sobre o tema concurso público. Mas fique tranquilo, pois iremos facilitar a
compreensão através de um resumo esquemático:
541
Tipo, conteúdo e forma de
julgamento das provas e
categorias dos títulos
Condições de provimento:
CONSUPOL escolaridade, capacidade física e
Planejamento
(Edital – Resolução) mental e conduta na vida pública
e privada
Critérios de habilitação e
Execução ACADEPOL
classificação final
Fases
(eliminatórias)
Curso de formação Bolsa especial (80% da
(técnico-professional) remuneração do cargo)
z Posse
É considerado o momento solene de estabelecimento de vínculo do nomeado com cargo público. Na prática,
é como se fosse o ato de “celebração de contrato” entre o nomeado com a Administração Pública. É nessa oportu-
nidade que o empossando assume os deveres e responsabilidades adstritos ao cargo que passará a ocupar, bem
como o poder público obriga-se a conceder direitos e vantagens vinculados ao aludido cargo.
O arts. 16 e 17 determinam quem é competente para dar posse, a saber:
Art. 16 O Governador do Estado é a autoridade competente para dar posse ao Diretor-Geral da Polícia Civil.
Art. 17 O Diretor-Geral de Polícia Civil é a autoridade competente para dar posse aos demais servidores da
Polícia Civil do Estado de Rondônia.
Art. 17 [...]
§ 1º [...] “Prometo observar e fazer rigorosa obediência à Constituição, às leis e regulamentos do País, desempenhar
minhas funções com lealdade e exação, com desprendimento e correção, com dignidade e honestidade e considerar
como inerente à minha pessoa, a reputação e a honrabilidade do organismo policial que passo agora a servir.”
Dica
A nomeação e posse podem ser tanto para o cargo efetivo como em comissão. Logo, muito cuidado para
a questão da prova, que pode restringir a nomeação e posse somente ao cargo efetivo (que exige concurso
público).
Por fim, após o servidor ser aprovado em concurso público, nomeado e empossado, somente poderá solicitar
aposentadoria voluntária após cumprir o mínimo de 5 anos no cargo policial civil, nos termos do § 2º do art. 17:
Art. 17 [...]
§ 2º Nomeado e empossado o servidor policial civil obriga-se ao exercício do cargo pelo prazo mínimo de 5
(cinco) anos, para efeito de aposentadoria voluntária.
542
z Estágio Probatório e Estabilidade Para efeito de sede, o entendimento sedimentado
é de que está circunscrito ao âmbito do município.
O estágio probatório é exclusivo para ocupante de Essa mudança de unidade policial pode ocorrer nas
cargo efetivo e tem início com o efetivo exercício do seguintes hipóteses:
servidor no cargo do qual tomou posse. Objetiva avaliar
as aptidões do servidor para o cargo, ou seja, verificar Art. 20 [...]:
se ele, de fato, está em plena condição para ocupar e I - pedido do servidor policial civil observado o seu
desempenhar a contento as atribuições e assumir as res- interesse;
ponsabilidades vinculadas ao cargo e ao serviço público. II - “ex-offício”, no interesse da administração; e
Com efeito, durante o estágio probatório são ava- III - compulsoriamente, a bem da disciplina,
liados os requisitos específicos do art. 18, para o mediante prévio Processo Administrativo Disciplinar.
servidor ocupante de cargo efetivo do Grupo Ocupa-
cional Polícia Civil: Nos termos do § 2º do art. 20, a relotação depende
da existência de vaga na unidade de destino, exce-
Art. 18 Além dos requisitos previstos no Regime to quando for “a pedido” mediante permuta (pedidos
Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado simultâneos de servidores ocupantes da mesma cate-
de Rondônia, deverão constar na apuração do
goria funcional – § 3º do art. 20), pois neste caso os
estágio probatório do grupo policial os seguintes
servidores irão apenas “trocar” de local de trabalho,
requisitos:
I - idoneidade; não havendo que falar no que comumente se chama
II - dedicação às atividades policiais; de preenchimento de “claro de lotação”.
III - lealdade; e, Preceituam os §§ 2º e 3º do art. 20:
IV - respeito à hierarquia.
Art. 20 [...]
Conforme destaca o caput do art. 18, além dos § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, qualquer
requisitos expressos no Estatuto da PC-RO, serão obje- que seja o motivo, dependerá sempre da exis-
to de avaliação os requisitos constantes no § 1º do art. tência de vaga na unidade para onde deva ser
relotado o servidor policial civil na categoria fun-
28 da LC-RO nº 68, de 1992, exigidos para todos os ser-
cional a que pertença.
vidores públicos civis do Estado de Rondônia, a saber:
§ 3º A relotação por permuta exige pedidos
assiduidade, pontualidade, disciplina, capacidade de
escritos simultâneos de ambos os servidores
iniciativa, produtividade e responsabilidade. policiais civis interessados, pertencentes à mes-
A avaliação do servidor ocorrerá da seguinte forma: ma categoria funcional.
Comissão Especial Se o servidor for Art. 22 O servidor policial civil relotado deverá
(3 servidores estável no serviço
estáveis, presidida público (outro entrar em exercício do cargo ou função nos seguin-
por Delegado de cargo), para este tes prazos:
Polícia será reconduzido
I - oito (08) dias, se for para outro município; e,
II - três (03) dias, no mesmo município.
Atenção para a LC-RO nº 76, de 1993, que não traz NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de forma expressa o período do estágio probatório. O parágrafo único do dispositivo supra admite que
A previsão do período do estágio probatório está os prazos poderão ser prorrogados por igual perío-
expressa no caput do art. 28 da LC-RO nº 68, de 1992, do, a critério do Diretor-Geral da Polícia Civil.
que estabelece ser de 2 anos. Contudo, esse prazo confli- Por fim, o art. 23 determina:
ta com o que consta do art. 41 da CF-88, que estabelece
ser de 3 anos o período de provas do servidor, a fim de Art. 23 O ato de relotação e transferência do ser-
garantir a estabilidade. Em suma, o candidato deve estar vidor policial civil é da competência privada do
atento ao enunciado da questão, para saber qual a base Diretor-Geral da Polícia Civil.
legal de referência que o examinador quer considerar.
z Elogio
z Relotação
O art. 24 traz o conceito de elogio da seguinte
Dispõe o art. 19 que: forma:
Art. 25 [...]:
I - ato que caracterize dedicação excepcional no cumprimento do dever, transcendendo ao que é normalmen-
te exigível do servidor policial civil por disposição legal ou regulamentar, e que importe ou passa importar risco
da própria segurança pessoal; e,
II - cumprimento do dever de que resulte sua morte, invalidez ou lesão corporal de natureza grave.
Para facilitar o processamento do elogio, elaboramos o quadro esquemático a seguir, nos termos do art. 26 do
Estatuto:
ELOGIO
Quem pede? Quem aprova? Tem formalidade?
Anotação ficha funcional
+
Autoridades e cidadãos CONSUPOL
Publicação no Diário Oficial do Estado
de Rondônia
Governador
Anotação ficha funcional
Secretário de Estado da Segurança
Não existe +
Pública
Divulgação sem formalidade
Diretor-Geral da Polícia Civil
z Vencimento e Remuneração
Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício do cargo público, com valor fixado em lei.
Remuneração é o vencimento do cargo acrescido das vantagens permanentes ou temporárias estabelecidas
em lei.
A LC-RO nº 76, de 1993 apenas registra que no art. 28 que:
Art. 28 Além do vencimento e demais vantagens concedidas através do Regime Jurídico dos Servidores Públi-
cos Civis do Estado de Rondônia, o servidor policial civil tem sua estrutura remuneratória definida na Lei Com-
plementar n.º 58 de 077 de julho de 1992.
A LC-RO nº 76, de 1993 afirma que o servidor policial fará jus às vantagens existentes no Regime Jurídico dos
Servidores Públicos Civis do Estado de Rondônia (LC-RO nº 68, de 1992) com a estrutura remuneratória fixada na
revogada Lei Complementar nº 58, de 1992, que atualmente é representada pela Lei Estadual nº 1.041, de 2002.
z Prerrogativas e Direitos
Prerrogativas são privilégios que o policial civil possui em razão do exercício do cargo. Já os direitos decor-
rem de vantagens expressas em norma legal. A bem da verdade, prerrogativas são direitos especiais assegurados
a uma determinada categoria de pessoas.
Art. 29 [...] se no curso de investigação houver indícios de prática penal atribuída ao servidor policial civil, a
autoridade policial remeterá, imediatamente, cópia do procedimento ao Diretor Geral da Polícia Civil.
Art. 30 [...] a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a
existência do delito, ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de quaisquer dessas
provas.
O servidor policial civil acusado será notificado para responder, por escrito, dentro do prazo de 15 (quinze)
dias. É que chamamos de direito à defesa prévia (§ 1º do art. 30).
Além das prerrogativas constantes da LC-RO nº 68, de 1992, o servidor policial civil terá as seguintes prerroga-
tivas nos termos do art. 31 do Estatuto:
Art. 31 [...]:
I - promoção por “ato de bravura” ou mesmo “post mortem” independente de vaga;
II - Ter ingresso e trânsito livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou privado, respeitada a
garantia constitucional de inviolabilidade do domicílio;
544
III - Medalha de “Mérito Policial” conforme dis- Autonomia e independência:
puser a lei; e,
IV - O Policial Civil, em atividade ou aposentado, Art. 35 Os Delegados de Polícia gozam de autono-
tem direito à identidade funcional equivalente mia e independência no exercício das funções de
à identidade civil e porte livre de arma em todo seu cargo.
o território nacional.
Foro privilegiado:
Prisão Especial: Consiste no cerceamento da liber-
dade do servidor em espaço físico diverso de onde Art. 36 Os Delegados de Polícia serão processados
ficam os presos comuns. Na prática, o recolhimento e julgados originariamente pelo Tribunal de
ocorre em espaço reservado dentro das corporações Justiça nos crimes comuns e nos de responsabili-
policiais e não nos presídios. dade, salvo exceção de ordem constitucional.
De acordo com o caput do art. 83, o servidor policial
civil terá direito à prisão especial desde a prisão pre-
ventiva, em flagrante delito ou decorrente de pro-
Importante!
núncia até que a o trânsito em julgado da sentença.
Durante esse período, o servidor fica proibido de Apesar de haver discussão acerca da constitu-
exercer qualquer atividade funcional ou sair da unida- cionalidade desse foro privilegiado, não há qual-
de, sem expressa autorização do Juiz de Direito a cuja quer revogação formal do texto da LC-RO nº 76,
disposição se encontre (§ 1º do art. 83). de 1993. Logo, se houver em sua prova alternati-
Após o trânsito em julgado da condenação, o ser-
va dizendo que existe tal privilégio, pode marcar
vidor policial será encaminhado ao estabelecimento
como correta.
prisional onde cumprirá a pena em dependência iso-
lada dos demais presos, chamada de sala especial,
não abrangidos por esse regime, mas sujeitos a um Tratamento protocolar:
sistema disciplinar próprio (§ 3º do art. 83).
Caso o servidor esteja preso e ainda está pendente Art. 36 [...]
o trânsito em julgado da sentença, mas ocorre a publi- § 1º Os Delegados de Polícia gozam do mesmo
cação do ato de demissão no Diário Oficial, o ex-ser- tratamento distinguidos às demais carreiras
vidor policial civil será encaminhado, desde logo, ao jurídicas.
estabelecimento penal que for determinado, onde
permanecerá em sala especial (§ 2º do art. 83).
Sobre o tratamento conferido ao Delegado de Polícia,
A razão da prisão em local diferente dos demais
a CE-RO no § 3º do art. 146, garante o mesmo tratamento
presos decorre da situação funcional do servidor que
protocolar que recebem os magistrados, os membros da
exercia uma atividade que, por sua natureza, é de
Defensoria Pública e do Ministério Público.
combate ao crime envolvendo pessoas recolhidas nos
presídios. Logo, caso fosse colocado no mesmo espa- Prisão: Acerca das hipóteses de prisão do Delega-
ço físico dos demais presos, estar-se-ia colocando em do de Polícia, vejamos:
risco a incolumidade física do servidor policial civil.
Art. 36 [...]
Privilégios exclusivos de Delegado de Polícia § 2º Os Delegados de Polícia somente poderão ser
presos em caso de flagrante ou delito de crime
inafiançável ou por ordem escrita e fundamen-
Promoção: Em regra, o Delegado de Polícia inicia
tada do Tribunal competente, caso em que, a
sua carreira na 1ª Classe, coincidindo com lotação em
autoridade fará imediata comunicação e apresen-
unidade policial de primeira entrância.
tação do preso ao Diretor Geral de Polícia Civil.
E, à medida que vai surgindo vaga nas entrâncias
superiores (segunda e terceira entrância), ocorre a
promoção com mudança de classe, conforme defi- Sigilo:
nição da classificação das unidades policias e vagas,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 36 [...]
definas em lei própria (art. 34).
§ 3º Os procedimentos administrativos disci-
A promoção pessoal do Delegado de Polícia pode
plinares e as punições de Delegados de Polícia,
se dar por dois critérios: antiguidade e merecimento.
terão caráter sigiloso.
Na hipótese de promoção por merecimento, o Dele-
gado de Polícia receberá, previamente, a relação dos
Intimação pessoal e escolha para ser ouvido:
órgãos de categoria correspondente à futura promoção
que se encontram vagas, conforme reza o art. 33:
Art. 37 O Delegado de Polícia receberá intimação
pessoal em qualquer processo e grau de juris-
Art. 33 O Delegado de Polícia que fizer jus à pro-
dição, e será ouvido, como testemunha, em dia,
moção por merecimento receberá, previamente,
a relação dos órgãos de categoria correspondente à hora e local previamente ajustados com a auto-
futura promoção que se encontram vagas. ridade competente.
Art. 32 O Delegado de Polícia poderá recusar-se a Os deveres do servidor policial civil integram uma
integrar lista de promoção sempre que não lhe relação não taxativa, pois, além dos que estão expres-
convier a relotação para área de atribuição de sos no estatuto policial, também se aplicam os da
categoria correspondente à nova entrância. LC-RO nº 68, de 1992. 545
Vejamos a seguir os deveres constantes no art. 38 Na prática, por uma mesma conduta pode o ser-
da LC-RO nº 76, de 1993, com o destaque para as pala- vidor responder administrativa, cível e penalmente.
vras-chaves a serem memorizadas:
z Responsabilidade administrativa
Art. 38 [...]
I - desempenhar com zelo e presteza, as tarefas e Resulta de ação ou omissão no desempenho do
missões que lhe forem cometidas;
cargo ou função (art. 45), configurando uma
II - informar, incontinenti, à autoridade a que esti-
das transgressões descritas no Estatuto.
ver diretamente subordinado, toda e qualquer alte-
ração de endereço da residência, bem como o
número de telefone; z Responsabilidade civil
III - prestar informações corretas ao solicitante
ou encaminhá-lo a quem possa prestá-las; Resulta dano à Administração ou a terceiro.
IV - comunicar, ao superior hierárquico, o endere-
ço onde possa ser encontrado, quando dos afas- z Responsabilidade penal
tamentos regulares;
V - conduzir-se, na vida pública, como na particu- Abrange as infrações ao servidor policial civil
lar, de modo a dignificar a função policial;
nessa qualidade.
VI - residir na localidade onde exerça seu cargo
ou função;
VII - frequentar, com assiduidade, cursos instituí- A responsabilidade civil passível de reparação
dos pela Academia de Polícia Civil, em que seja perante à Administração caracteriza-se, especialmen-
matriculado, para fins de aperfeiçoamento e atuali- te nas hipóteses do art. 41, in verbis:
zação dos seus conhecimentos profissionais;
VIII - portar, sempre, a carteira de identificação Art. 41 Caracteriza-se especialmente a responsabilidade:
policial; I - pela sonegação de valores e objetos confia-
IX - ser leal para com os companheiros de tra- dos à sua guarda ou responsabilidade, por não
balho, com eles cooperar e manter espírito de prestar contas, ou por não as tomar, na forma e no
solidariedade; prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, instru-
X - participar das comemorações cívicas do Esta- ções e ordens de serviço;
do e da Nação; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
XI - manter-se informado e atualizado das nor-
prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob
mas policiais;
sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
XII - divulgar, para conhecimento dos subordina-
III - pela falta ou inexatidão das necessárias
dos, as normas policiais; e,
averbações nas notas de despacho, guias e outros
XIII - manter discrição sobre os assuntos da
documentos da receita ou que tenham relação; e,
repartição e, especialmente, quanto a despachos,
decisões e providências. IV - por qualquer erro de cálculo ou redução con-
tra a fazenda Estadual.
O cumprimento desses deveres é necessário para
garantir a funcionalidade efetiva da instituição, bem A responsabilidade será apurada através de pro-
como boa imagem institucional. cessos administrativos (caput do art. 42) e a reposição
Os deveres do art. 38 aplicam-se a todos os ser- ao erário ocorrerá da seguinte forma:
vidores policiais civis, inclusive aos ocupantes de
cargos em comissão e servidores à disposição da z Servidor agiu com má-fé: repor de uma única vez
Polícia Civil. a importância aos cofres públicos, não obstante
Isso pode ser objeto de questão na prova, pois outras penalidades cabíveis (§ 1º do art. 42);
estão sujeitos aos deveres todos aqueles que integram z Servidor agiu de boa-fé: indenização poderá ser
a força de trabalho da instituição Polícia Civil do Esta- descontada do vencimento ou remuneração, não
do de Rondônia, seja servidor ocupante de cargo do excedendo o desconto à décima parte do valor
Grupo Atividade de Polícia Civil ou ocupante de qual- deste, ficando sujeito à penalidade de repreensão, se
quer outro cargo público. primário; suspensão, se reincidente (§ 2º do art. 42).
z Por 2/3 de seus membros: determinar o afastamento temporário ou não do exercício do cargo ou das fun-
ções, com supressão das vantagens;
z Por maioria simples de seus membros: aprovar ou não a ascensão funcional do servidor policial civil.
Art. 44 [...]
§ 1º. O Conselho Superior de Polícia Civil, por dois terços (2/3) de seus membros, poderá decidir pelo afasta-
mento temporário ou não do exercício do cargo ou das funções, com supressão das vantagens previstas nesta Lei
Complementar e por maioria simples, sobre a ascensão funcional ou não do servidor policial civil, processado
criminalmente.
Art. 106 Os servidores estranhos ao Grupo de Pessoal da Polícia Civil, à disposição de unidades policiais,
serão obrigatoriamente recolhidos à repartição de origem, se sofrerem punição apuradas em procedimentos
administrativos, disciplinares ou criminais.
Visando facilitar o estudo, faremos quadro esquemático que resume a transgressão e a penalidade aplicável
em cada caso:
Repreensão Aplicada por escrito
DISPOSIÇÕES GERAIS DAS TRANSGRESSÕES E PENALIDADES
Reincidência de repreensão
+ hipóteses legais
Possível converte em
multa de 50% por dia de
Contumácia em transgressão
Demissão + suspensão mais de 3x
durante 2 anos + hipóteses
legais
Cassação de aposentadoria
Hipóteses de demissão
e disponibilidade
Falta de cumprimento do
Destituição de função dever + inconveniência de
permanecer em serviço
Falta de cumprimento do
Relotação compulsória dever + inconveniência de
permanecer em serviço
547
z Repreensão Nesse contexto, por exclusão, seguem as transgres-
sões disciplinares do art. 39 que ensejam a suspensão:
Veja a seguir as hipóteses legais passíveis de puni-
ção com repreensão: Art. 39 É considerado transgressão disciplinar:
[...]
XI - atuar, como procurador ou intermediário,
Art. 39 É considerado transgressão disciplinar:
junto a repartições públicas, salvo quando se tratar
I - ausentar-se do serviço durante o expediente,
de beneficiários;
sem prévia autorização do chefe imediato;
[...]
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
tente, qualquer documento ou objeto da repartição;
[...]
III - recusar fé a documentos públicos;
XVII - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
IV - opor resistência injustificada ao andamento
tição em serviços ou atividades particulares;
de documentos, processo ou execução de serviço;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
V - promover manifestação de apreço ou desapre-
incompatíveis com o exercício do cargo ou fun-
ço no recinto da repartição;
ção e com o horário de trabalho;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição,
[...]
fora dos casos previstos em lei, o desempenho de
XX - deixar de cumprir ordem superior, salvo
atribuição que seja de sua responsabilidade
quando manifestamente ilegal, representando nes-
ou de seu subordinado;
te caso;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido
XXI - interceder maliciosamente em favor ou
de filiarem-se a associação profissional ou sindi-
contra parte;
cal, ou partido político;
[...]
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo XXVII - faltar, salvo por motivo relevante a ser
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou comunicado por escrito no primeiro dia em que
parente até o segundo grau civil; deva comparecer à sua sede de exercício, para o
[...] ato processual, judiciário ou administrativo,
XIX - negligenciar no cumprimento do dever; do qual tenha sido previamente cientificado;
XXII - manter relações de amizade ou exibir-se em [...]
público com pessoas de notório e desabonadores XXXII - divulgar ou propiciar a divulgação,
antecedentes criminais, salvo por motivo de serviço; através da imprensa falada, escrita ou televisada,
XXIII - faltar, chegar atrasado ou abandonar sem autorização da autoridade competente, de
escala de serviço ou plantão, ou deixar de comu- notícias ou fato de caráter policial;
nicar com antecedência, à autoridade a que estiver XXXIII - referir-se de modo depreciativo às auto-
subordinado, salvo por motivo de força maior; ridades e a atos da administração pública,
XXIV - permutar horário de serviço ou execu- qualquer que seja o meio empregado para esse fim;
ção de tarefa sem expressa permissão de superior XXXIV - tecer comentários que possam gerar des-
hierárquico; crédito da instituição policial;
XXV - descuidar de sua aparência física ou do XXXV - deixar de reassumir exercício, sem justo
asseio; motivo, ao final dos afastamentos regulamentares,
[...] ou, ainda, quando convocado por ordem superior;
XXVIII - interferir em assunto de natureza poli- [...]
cial que não seja de sua competência; XXXVII - fazer uso indevido de documento fun-
XXIX - exibir, desnecessariamente, arma, distin- cional, arma, algema ou bens da repartição ou
tivo ou algema; cedê-los a terceiros;
XXX - deixar de ostentar distintivo, quando exi- XXXVIII - maltratar ou permitir maltrato físico
gido para o serviço; ou moral a preso sob sua guarda;
XXXI - deixar de identificar-se, quando solicitado XXXIX - desrespeitar, procrastinar ou concorrer
ou quando as circunstâncias o exigirem; para a procrastinação do cumprimento de
[...] decisão ou ordem superior ou judicial;
XXXVI - atribuir-se qualidade funcional diversa XL - tratar o superior hierárquico, subordinado ou
do cargo ou função que exerça; colega sem o devido respeito ou deferência;
[...] [...]
XLI - deixar de concluir nos prazos legais, sem XLII - dirigir viatura policial com imprudên-
motivo justo, procedimentos de polícia judiciária, cia, imperícia, negligência ou sem documento de
administrativos ou disciplinares; habilitação;
[...] [...]
XLIV - criar animosidade, velada ou ostensiva, XLV - atribuir ou permitir que se atribua a pes-
entre subalternos, superiores ou colegas, ou indis- soa estranha à repartição, fora dos casos previs-
pô-los de qualquer forma; tos em lei, o desempenho de encargos policiais;
z Diretor-Geral da PC:
z Destituição de Cargo em Comissão
Art. 69 Promoverá processo disciplinar uma comissão designada pela autoridade que o houver determinado e com-
posta de três (03) servidores, indicado, entre seus membros, o respectivo presidente.
§ 1º O presidente da comissão designará um de seus membros para secretariar os trabalhos.
§ 2º Sem prejuízo do disposto neste artigo, o Secretário de Estado da Segurança Pública poderá instituir comissões
permanentes de processo disciplinar junto à Corregedoria Geral da Polícia Civil e Delegacias Regionais de Polícia.
Art. 70 Sempre que necessário, a comissão dedicará todo o seu tipo de trabalho ao processo disciplinar,
ficando seus membros, em tal caso, dispensados do serviço normal da repartição durante o curso da diligência e
elaboração dos relatórios.
Art. 71 O processo disciplinar será iniciado dentro de quarenta e oito (48) horas, contadas a partir da data do
conhecimento do ato designatório por parte da comissão, e relato no prazo de sessenta (60) dias, prorrogável,
ocorrendo força maior, por igual prazo, por ato da autoridade que houver determinado a sua instauração.
Art. 72 A comissão procederá todas as diligências necessárias, recorrendo, sempre que a natureza do fato o
exigir, a peritos ou técnicos especializados, e requisitando ao Secretário de Estado da Segurança Pública ou ao
Diretor Geral da Polícia Civil o pessoal, material e documentos necessários ao seu funcionamento.
Art. 73 Ultimada a fase de apuração e sindicância, a comissão fará citar o sindicado para, no prazo de dez (10)
dias, apresentar defesa, sendo-lhe facultada vista do processo.
§ 1º Achando-se o sindicado em lugar incerto ou verificado que se oculta para dificultar a citação, será esta rea-
lizada por edital, publicado em caráter preferencial sobre outras matérias, no órgão oficial, por três (3) vezes conse-
cutivas e com o prazo de quinze (15) dias para a defesa, contando-se este do dia imediato ao da última publicação.
§ 2º Havendo mais de um sindicado, o prazo será de vinte (20) dias, comum a todos.
Art. 74 Nas primeiras quarenta e oito (48) horas do prazo destinado à defesa, poderá o sindicado requerer a rea-
lização de quaisquer diligências, que serão deferidas se não tiverem finalidade meramente protelatória.
Parágrafo único. Neste caso, o prazo de defesa será de oito (8) dias, se apenas um sindicado, e de dezoito (18) dias, se
mais de um, e começará a correr da data da conclusão das diligências, intimidados os sindicados.
Art. 75 Não apresentando o indiciado defesa no prazo legal, será considerado revel, caso em que a comissão
nomeará um defensor para defendê-lo.
§ 1º O defensor nomeado terá o prazo de três (3) dias contados a partir da ciência de sua nomeação, para ofe-
recer a defesa.
§ 2º Será permitida a presença de defensor constituído pelo indiciado no curso da instauração do processo,
assegurado ao mesmo o direito de formular perguntas a testemunhas através do presidente da Comissão.
§ 3º São irrecorríveis as decisões adotadas, no curso da instauração pela Comissão de Processo Disciplinar.
Art. 76 Recebida a defesa, será a mesma anexada aos autos mediante termo, após o que a comissão elabo-
rará relatório com o histórico dos trabalhos realizados e apreciará, isoladamente, em relação a cada indiciado
a irregularidade de que foi acusado e as provas recolhidas no processo, propondo, então justificadamente, a isenção
de responsabilidade ou punição do indiciado, neste último caso, a penalidade que couber ou as medidas que entender
adequadas.
§ 1º Deverá ainda a comissão, em seu relatório, sugerir quaisquer outras providências que lhe pareçam
de interesse do serviço público, inclusive a apuração da responsabilidade criminal do indiciado quando for o
caso.
§ 2º Sempre que no curso do processo disciplinar for constatada a participação de outros servidores, será
apurada a responsabilidade disciplinar destes, independente de nova intervenção da autoridade que o mandou
instaurar.
551
Para consolidar a compreensão das etapas de processamento do PAD, segue o mapa mental a seguir:
Citação do sindicado
Abertura do PAD: Formação da Comissão
Lugar incerto/não
autoridade competente apuradora: 3 servidores Diligências necessárias
sabido: edital (3x
para aplicar penalidade (1 é o presidente)
consecutivas)
Defesa:
10 dias (citação
Nomeação de defensor
Defesa de defensor pessoal)
Relatório da comissão (não apresentação de
nomeado (3 dias) 15 dias (citação edital)
defesa no prazo legal)
20 dias (mais de 1
sindicado)
Julgamento pela
autoridade que Publicação da decisão
instaurou o processo (10 dias)
(30 dias)
Importante!
Sempre que houver risco de o servidor interferir na apuração da irregularidade durante o PAD, a autoridade
que instaurou o procedimento poderá determinar o afastamento do servidor da atividade do cargo, pelo prazo
de até 60 dias + prorrogação por igual prazo. Durante esse período, o servidor não terá prejuízo na sua remu-
neração (art. 63).
Do Recurso Administrativo
Art. 84 caberá recurso, em petição fundamentada, no prazo de cinco (5) dias, contados da data da publicação da
deliberação punitiva ou de proposta de aplicação de pena, ao Conselho Superior de Polícia Civil.
As hipóteses de cabimento de recurso são taxativas e estão descritas no art. 87, in verbis:
Art. 87 [...]:
I - erro de forma;
II - erro de individualização; e
III - omissão ou equívoco do dispositivo de lei
Por sua vez, o Presidente do CONSUPOL poderá, ao receber o recurso, dar-lhe efeito suspensivo, que consiste
na suspensão do cumprimento da sanção disciplinar (art. 85).
No âmbito do CONSUPOL, cabe à 3ª Turma sortear entre seus integrantes o Relator, não podendo dela partici-
par o Conselheiro relator dos autos que ensejou a punição ou proposta de aplicação da pena (art. 86).
O art. 88 traz a previsão de revisão do PAD, hipótese de indeferimento de plano, bem assim quem tem legiti-
midade para apresentá-lo. Vejamos:
Art. 88 A qualquer tempo, pode ser requerida a revisão de processo disciplinar de que haja resultado pena
disciplinar, quando forem aduzidas circunstâncias suscetíveis de modificar o julgamento.
§ 1º Não constitui fundamento para revisão a simples alegação de injustiça da penalidade.
§ 2º Será inferido “in limine” o pedido, se não for devidamente fundamentado.
§ 3º A revisão poderá ser requerida pelo cônjuge, descendente ou ascendente do servidor policial civil, se este
houver falecido ou tiver sido declarado ausente ou incapaz.
A simples alegação de injustiça da penalidade não é fundamento suficiente para revisar o processo. Caso o
pedido esteja sem a devida fundamentação, será indeferido de pronto (“in limite”). O pedido poderá ser subscrito
pelo servidor que foi penalizado ou cônjuge, descendente ou ascendente de servidor policial, se este houver fale-
cido ou tiver sido declarado ausente ou incapaz. O pedido será dirigido ao Presidente do CONSUPOL que, por sua
vez, designará comissão para proceder a revisão pleiteada
552
Sobre a quem deve ser direcionado o pedido, assim O início da contagem do prazo da prescrição ocor-
prescreve o art. 89: rerá da seguinte forma, nos termos do art. 93:
Art. 89 O pedido será dirigido ao Presidente do z Transgressão com dia certo de consumação: Do
Conselho Superior da Polícia Civil, que, se o dia da consumação;
deferir designará comissão para proceder a revi- z Transgressão permanente ou continuada: do dia
são pleiteada, observando o disposto nesta Lei que cessou a permanência ou continuação;
Complementar.
z Transgressão sem o imediato conhecimento de
sua existência: do dia que a autoridade tomou
Sobreleva ressaltar que não poderá ser membro
conhecimento.
da comissão revisora, quem tiver participado da
comissão disciplinar vinculada ao procedimento
Atente-se ao fato de que a prescrição é interrompi-
administrativo em revisão (parágrafo único do art. 89).
da com a citação do sindicado (§ 4º do art. 92).
Por fim, apresentado o pedido de revisão, o pro-
cessamento ocorrerá na forma descrita nos dispositi-
Considerações Finais
vos legais seguintes:
Art. 99 Toda a atividade vinculada à função Art.108 É vedado ao servidor policial civil, traba-
policial ou dela decorrente, inclusive os cursos lhar sob as ordens do cônjuge ou parente até o
ministrados pela Escola de Polícia Civil, serão ava- segundo grau, salvo quando não houver na locali-
liados pelo Conselho Superior da Polícia Civil. dade outra unidade policial.
§ 1º Os cursos de formação e aperfeiçoamen-
to ministrados pela Academia de Polícia Civil, são
de caráter obrigatório e complementar ao
exercício.
LEI COMPLEMENTAR Nº 68, DE 1992
Uma vez notificado do curso na ACADEPOL, o (REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES
servidor deve comparecer para a atividade, ficando PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE
vedada a concessão de férias ou licença, a não ser por
motivo de saúde no período respectivo (art. 100).
RONDÔNIA)
A fim de que você compreenda melhor o regime
Art. 99 [...]
jurídico dos funcionários do Tribunal de Justiça do
§ 2º A autoridade policial ou chefe de unidade, que
omitir dados relativos à conduta do aluno Estado de Rondônia, é importante estabelecermos
estagiário, ou declará-los falsamente, será res- alguns conceitos iniciais. Desse modo, não o confundi-
ponsabilizada funcionalmente, sem prejuízo rá com outros institutos.
de medidas penais. Esses funcionários estão inseridos em um grupo
muito grande de pessoas que atuam dentro do Estado
Visando facilitar a frequência nos cursos, o art. 101 (qualquer que seja o Estado), denominados agentes
do estatuto estabelece que: públicos. É o que conhecemos, popularmente, como
“funcionários públicos”.
Art. 101 Durante os cursos, os servidores policiais A legislação costuma atribuir alguns conceitos
civis neles matriculados poderão ser designados próprios, mas, no momento, é imprescindível que
para unidades policiais que tornem possível a você conheça o conceito de agente público definido
sua presença às aulas, exceto nos casos de matrí- pela doutrina. Nas lições de Celso Antônio Bandeira
cula em curso intensivo, quando o servidor policial de Mello, jurista, advogado e professor universitário,
permanecerá à disposição da Academia de Polícia agentes públicos são as pessoas que exercem uma
Civil. função pública, ainda que em caráter temporário ou
sem remuneração.
z Almanaque Policial Civil: compêndio de infor- Pelo conceito do renomado jurista, podemos con-
mações contendo o tempo de serviço, elogios e cluir que o termo “agente público” compreende uma
punições de cada integrante do efetivo policial civil. expressão ampla e genérica, que serve para englobar
Será publicado pelo CONSUPOL no mês de janeiro todos aqueles que, dentro da organização da Adminis-
de cada ano (art. 103); tração Pública, exercem determinada função pública.
z Fé pública Assim, podemos dizer que agente público é um
gênero, o qual comporta diversas espécies, como os
Art. 104 Os termos e demais atos firmados agentes militares, os agentes políticos, os servidores
pelos Delegados de Polícia, Peritos Oficiais e públicos estatutários, os empregados públicos, os
Escrivães de Polícia, em razão do cargo, tem fé agentes honoríficos e temporários, entre outros.
pública; Os agentes militares constituem uma categoria
a parte dos demais agentes políticos, uma vez que
z Residência no local de lotação: Prescreve o art. as instituições militares possuem fortes bases funda-
105 que é dever das autoridades policiais, seus mentadas na hierarquia e na disciplina. São regula-
agentes e auxiliares fixarem residência no muni- mentados por legislação especial, que não é a mesma
cípio ou sede da unidade policial em que prestam dos servidores públicos civis. São agentes militares
serviço ou onde lhes tenha sido permitido, não os membros das Polícias Militares e dos Corpos de
podendo afastar-se sem prévia autorização supe- Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e
rior, salvo para atos e diligências de seus encargos. Territórios, bem como os demais militares ligados ao
Exército, Marinha e Aeronáutica. A Polícia Civil não
Dica entra nesse grupo.
Os agentes políticos são aqueles que exercem uma
Sobre o tema de residência no local onde traba- função pública de alta direção do Estado. Seu ingres-
lha, vale registrar que há decisão judicial aduzin- so é feito mediante eleições, atuando em mandatos
do ser norma inconstitucional. Todavia, para fins fixos, os quais têm o condão de extinguir a relação
de prova, como não houve revogação específica destes com o Estado de modo automático pelo simples
do dispositivo, deve ser considerada válida essa decurso do tempo. O que difere um agente político dos
regra de residência na sede da unidade policial demais servidores é a sua vinculação com o Estado,
de lotação do servidor policial civil do Estado de que não é profissional, mas institucional. São agentes
Rondônia. políticos os parlamentares, o Presidente da República,
os prefeitos, os governadores, bem como seus respec-
554 tivos vices, ministros de Estado e secretários.
O grupo de agentes públicos mais importante para tratamento impessoal, são princípios norteadores de
os seus estudos é definitivamente os servidores públi- sua atuação. Uma demissão imotivada de um empre-
cos civis. De modo geral, podemos dizer que a Consti- gado público seria, absolutamente, inadmissível nes-
tuição Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes sas condições.
para os agentes estatais: o regime estatutário ou de Por fim, temos os denominados trabalhadores
cargos públicos e o regime celetista ou de empregos temporários. Estão previstos no inciso IX, do art. 37
públicos. Os servidores públicos são contratados pelo da Constituição Federal. Pela nomenclatura, pode-se
regime estatutário, enquanto os empregados públicos já concluir que eles são uma forma de empregados
são contratados pelo regime celetista, que muito se e, não, servidores. Porém, apresentam um aspecto
assemelha com as regras contidas na CLT. especial: o seu vínculo é contratual, no entanto, tem-
Por isso, é importante você guardar esse conceito. porário, o que significa que essas pessoas somente são
Servidor público é o agente contratado pela Admi- contratadas para satisfazer uma necessidade momen-
nistração Pública, direta ou indireta, sob o regime tânea do Estado. Uma vez satisfeita essa necessidade,
estatutário, sendo selecionado mediante concurso o seu vínculo é desfeito automaticamente.
público para ocupar cargos públicos, possuindo vin- Por causa dessa necessidade temporária, os traba-
culação com o Estado de natureza estatutária e não lhadores temporários são os únicos agentes públicos que
contratual. A ideia do servidor público é que ele é o são contratados sem a necessidade de prévia aprovação
“profissional da Administração Pública”, sendo assim, em concurso público. Essa é a única exceção. A regra
ele deve exercer suas funções com proeza e eficiência, geral é de que os agentes públicos, para ingressarem em
evitando favorecimentos e a prática de atos com fina- cargo ou emprego de provimento efetivo, precisam ser,
lidades pessoais – dele próprio ou de terceiros. antes, aprovados em concurso público.
Talvez você já saiba essa informação, pois deve ser Os funcionários que trabalham para o TJ-RO
um dos principais motivos pelo qual está estudando são servidores públicos. O seu regime jurídico é esta-
para a aprovação. De qualquer modo, é importante tutário, não contratual e tais funcionários têm direito
frisar sobre o alcance da estabilidade. A estabilidade à estabilidade, observados alguns requisitos, os quais
é uma das principais prerrogativas dos servidores veremos adiante.
públicos e seu alcance permite que eles não sejam
desligados de suas funções, salvo pelas hipóteses pre- LEI COMPLEMENTAR Nº 68, DE 1992 – REGIME
vistas em lei, quais sejam: mediante sentença judicial JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
transitada em julgado, processo administrativo disci- ESTADO DE RONDÔNIA
plinar ou a não aprovação em avaliação periódica de
desempenho (Art. 41, § 1º, da CF, de 1988). Agora que você já tem um panorama geral sobre as
Além da estabilidade, é, também, assegurado aos principais características dos diversos agentes públi-
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas, cos e o que os distingue uns dos outros, daremos pros-
como se depreende da leitura do § 3º do art. 39 da seguimento ao nosso estudo, abordando a legislação
CF, de 1988. Como exemplos, temos: salário mínimo; que trata do regime jurídico dos servidores públicos
remuneração de trabalho noturno superior ao diurno; do Estado de Rondônia. A Lei Complementar nº 68, de
repouso semanal remunerado, férias remuneradas, 9 de dezembro de 1992, conhecida como o Estatuto
licença à gestante etc. Veremos sobre esses direitos, dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Rondô-
vantagens e prerrogativas em momento posterior. nia está presente no edital e há grandes chances de ser
Diferentemente do que ocorre na contratação dos cobrada em prova.
servidores, os empregados públicos são contratados
mediante regime celetista, isso é, com aplicação das Art. 1º Esta Lei Complementar institui o Regime
regras previstas na Consolidação das Leis do Traba- Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado de
lho (CLT). Trata-se de uma vinculação contratual e Rondônia, das Autarquias e das Fundações Públi-
não estatutária. A contratação desse grupo de fun- cas Estaduais.
cionários se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Indireta Os dispositivos desse Estatuto, trazidos neste mate-
(empresas públicas, sociedades de economia mista, rial, dizem respeito aos seguintes assuntos: os cargos
consórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pes- públicos e as respectivas formas de provimento e NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
soas também depende da sua aprovação em concurso vacância; os direitos e garantias gerais; o regime dis-
público. ciplinar, envolvendo uma enorme gama de deveres,
O regime dos empregados públicos é menos prote- vedações, a tríplice responsabilidade e o direito de
tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato petição, a ser exercido mediante processo adminis-
de que os empregados públicos não gozam da estabi- trativo disciplinar, conferido a todos os servidores
lidade que os servidores possuem. Ao serem empossa- estaduais.
dos, os empregados apenas passam por um período de Essas matérias se encontram em várias legislações
experiência de 90 dias, mas não têm direito à estabi- distintas em diferentes âmbitos da Federação. Por
lidade e, mesmo após esse período de experiência, os isso, faremos menção tanto à Constituição Federal, de
empregados públicos podem ser dispensados. 1988, como à Lei Federal nº 8.112, de 1990 (Regime dos
A diferença dos empregados públicos para com Servidores Públicos Civis da União) quando for abso-
os demais empregados da esfera privada, além da lutamente necessário.
presença do exame de concurso público, consiste no Dada a multiplicidade de leis, em âmbitos diferen-
fato de que a sua demissão nunca será feita da noi- tes da Federação, é comum que o candidato questione
te pro dia. A demissão será sempre motivada, após qual lei ele deve utilizar para responder às questões de
regular processo administrativo, respeitado o direito provas. Primeiramente, é importante ressaltar que lei
ao contraditório e à ampla defesa. Para a Administra- federal não se sobrepõe à lei estadual e vice-versa. O
ção Pública, a motivação de seus atos, bem como o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de 555
Rondônia é aplicável, sim, ao regime jurídico dos poli- Neste sentido, a fim de ocupar um cargo público,
ciais civis do mesmo Estado, desde que não apresente não é necessário que o candidato resida ou tenha
conteúdo incompatível com o seu regime jurídico. nascido no determinado Estado para qual a vaga foi
disponibilizada.
A noção de servidor público, como podemos ver, Art. 8º São requisitos básicos para investidura em
está intrinsecamente ligada à noção de cargo público. cargo público:
I – a nacionalidade brasileira;
De início, é importante saber que os cargos públicos
II – o gozo dos direitos políticos;
do Estado de Rondônia são acessíveis a todos os bra- III – a quitação com as obrigações militares e
sileiros, observadas as condições prescritas em lei e eleitorais;
regulamento, sendo criados por lei, com denominação IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício
própria e vencimento pago pelos cofres públicos (Art. do cargo;
556 5º). V – a idade mínima de dezoito anos;
VI – aptidão física e mental, comprovada em inspe- I – inexistência de concurso público válido com can-
ção médica; didatos aprovados para os cargos em que se preten-
VII – habilitação em concurso público, salvo quando se de aproveitar;
tratar de cargos para os quais a lei assim não o exija. II – igual denominação, descrição, atribuições,
§ 1º Para o provimento de cargo de natureza técni- competências, direitos e deveres do cargo;
ca exigir-se-á a respectiva habilitação profissional. III – iguais requisitos de habilitação acadêmica e
§ 2º As pessoas portadoras de deficiência física é profissional;
assegurado o direito de se inscrever em concurso IV – lotação na mesma localidade de opção do
público para provimento de cargos, cujas atribuições edital;
sejam compatíveis com sua deficiência e o disposto
V – observância à ordem de classificação;
no Art. 7º, inciso XXXI, da Constituição Federal.
VI – situação excepcional do órgão requisitante;
VII – autorização do órgão que elaborou o concurso;
Um requisito que costuma ser exigido, embora não
VIII – remuneração e estrutura de carreiras análo-
esteja previsto nesse rol do art. 8º, diz respeito à decla-
gas; e
ração dos bens e valores que constituem o seu patri- IX – opção expressa do candidato
mônio, nos termos da regulamentação própria. Essa § 4º Realizado o aproveitamento do candidato na
declaração de patrimônio do candidato é importante, condição do § 3º, não poderá ocorrer o retorno ou
caso haja uma eventual condenação do mesmo por ingresso no cargo ao qual concorreu no concurso
ato de improbidade administrativa que possa causar público
enriquecimento ilícito, ou que cause danos ao erário.
O concurso público, segundo o art. 13, será de
O concurso público terá validade de 2 (dois) anos,
provas ou de provas e títulos, podendo ser realizado
sendo prorrogável, uma única vez, por mais dois
em duas etapas. Esse processo tem, por escopo, justa-
anos. O fato de o concurso público possuir um prazo
mente, classificar os candidatos de modo que a Admi-
nistração possa escolher, dentre um grande número de validade é muito importante, principalmente para
de interessados, aqueles que estão mais aptos a ocu- os candidatos que foram aprovados, mas que ainda
par o referido cargo público. não foram nomeados. É uma situação bastante desa-
gradável, pois, mesmo concluindo todas as etapas, o
Art. 13 O concurso será de provas ou de provas e candidato deve permanecer na espera de que o Poder
títulos, podendo ser realizado em duas etapas con- Público venha, eventualmente, nomeá-lo para o tão
forme dispuseram a lei e o regulamento do respecti- sonhado cargo público.
vo Plano de Carreira. Como forma de evitar essas situações, o texto
Art. 13-A Os exames médicos ou laboratoriais exi- do § 2º do art. 14 destaca que: Não pode ser aberto
gidos em concurso públicos deverão ser prestados novo concurso enquanto houver candidato aprova-
pela rede de serviço público de saúde. (Incluído pela do em concurso anterior com prazo de validade não
LC nº 518, de 23.7.2009)
expirado.
Parágrafo único. Os exames de que trata o caput do
A jurisprudência vem tratando com bastante fre-
presente artigo, deverão ser entregues ao interessa-
do em tempo hábil para a investidura ou posse nos
quência sobre essa matéria. Em 2011, o STF, durante o
termos do edital do respectivo concurso público. julgamento do recurso extraordinário RE nº 598.099,
(Incluído pela LC nº 518, de 23.7.2009) que teve, como vencedor, o voto do relator, o Minis-
tro Gilmar Mendes, decidiu que “a aprovação em con-
A Administração trabalha com a noção de excelên- curso público dentro do número de vagas previstas no
cia na prestação de serviços públicos, portanto não é edital gera direito público subjetivo à nomeação”.
qualquer pessoa que serve para trabalhar para ela, Na prática, isso significa que, se você prestou um
sendo necessário escolher o “melhor dos melhores” concurso público com um número de 100 vagas dis-
candidatos. Por isso, o concurso público possui etapas poníveis e foi aprovado na classificação geral em 100º
eliminatórias (que retiram os candidatos que não pas- lugar, você tem direito a ser nomeado para essa vaga.
sam em um exame) e etapas classificatórias (que sepa- A Administração pode até demorar certo período para
Art. 69 Além do vencimento, poderão ser pagas ao A ajuda de custo corresponde às despesas de insta-
servidor as seguintes vantagens: lação do servidor que, no interesse do serviço, passa
I – indenizações; a ter exercício em nova sede, com mudança de domi-
II – auxílios; cílio em caráter permanente (Art. 73). A ajuda de cus-
III – adicionais; to destina-se a compensar o servidor pelas despesas
IV – gratificações. realizadas com seu transporte e de sua família, com-
§ 1º As indenizações não se incorporam ao venci- preendendo passagem, bagagem e bens pessoais.
mento ou provento para qualquer efeito.
§ 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se Art. 74 Não será concedida ajuda de custo ao ser-
ao vencimento ou provento, nos casos e condições vidor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em
previstos em lei. virtude de mandato eletivo.
Art. 75 Será concedida ajuda de custo àquele que,
Os §§ 1º e 2º tratam das vantagens pecuniárias que não sendo servidor do Estado, for nomeado para
se incorporam aos vencimentos do servidor público.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Cargo em Comissão, com mudança de domicílio.
Isso é importante, pois muitos benefícios previden- Art. 76 O servidor restituirá a ajuda de custo
ciários têm, como base de cálculo, os vencimentos dos quando:
servidores públicos. I – não se transportar para nova sede nos prazos
determinados;
Art. 70 As vantagens pecuniárias percebidas pelo II – antes de terminar a missão, regressar volunta-
servidor público não são computadas nem acumu- riamente, pedir exoneração ou abandonar o serviço.
ladas para fins de concessão de acréscimos ulterio- Art. 77 Não há obrigação de restituir a ajuda de
res, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. custo quando o regresso do servidor obedecer a
determinação superior ou por motivo de sua pró-
As indenizações são três, segundo o art. 71, quais pria saúde ou, ainda, por exoneração a pedido,
sejam: ajuda de custo; diárias; transporte. após trezentos e sessenta e cinco dias de exercício
na nova sede.
Art. 71 Constituem indenizações ao servidor:
I - ajuda de custo; O art. 78 dispõe sobre as diárias. Vejamos:
II - diárias;
III - transporte. Art. 78 O servidor que a serviço se afastar da sede
Art. 72 Os valores das indenizações, bem como as em caráter eventual ou transitório fará jus a passa-
condições para concessão, serão estabelecidos em gem e diárias, para cobrir as despesas de pousada,
regulamento. alimentação e locomoção urbana. 565
Parágrafo único - A diária será concedida por dia Dos Adicionais
de afastamento, sendo devida pela metade, quando
o afastamento não exigir pernoite fora da sede. Os adicionais devidos aos servidores estaduais
são bem parecidos com os adicionais devidos aos
O art. 80 trata da hipótese em que o servidor é empregados, na legislação trabalhista. O Estatuto pre-
obrigado a restituir o que recebeu a título de diárias. via, ao todo, cinco, no entanto, dois deles foram revo-
O servidor que receber diárias e não se afastar da gados pela Lei nº 1.068, de 2002. Agora, o art. 86 prevê
sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-la, apenas três: os adicionais pela prestação de serviços
integralmente, no prazo de 05 (cinco) dias, sujeito à extraordinários; os adicionais noturnos; o adicional de
punição disciplinar se recebida de má fé. férias.
A respeito do adicional pela prestação de servições
Art. 80 O servidor que receber diárias e não se afas- extraordinários, a lei prevê em seu art. 92 a 95:
tar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a
restituí-la integralmente, no prazo de 05 (cinco) dias, Art. 92 O serviço extraordinário será remunerado
sujeito a punição disciplinar se recebida de má fé. com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em
Parágrafo único. Na hipótese do servidor retornar relação a hora normal de trabalho.
à sede em prazo menor do que o previsto para seu Art. 93 O serviço extraordinário tem caráter even-
afastamento, restituirá as diárias recebidas em
tual e só será admitido em situações excepcionais
excesso, no prazo previsto no “caput” deste artigo.
e temporárias, respeitando o limite máximo de 02
(duas) horas diárias.
A indenização de transporte, segundo o art. 82, será Art. 94 É vedado conceder gratificação por servi-
concedida a servidor que realize despesas com a utiliza- ço extraordinário, com o objetivo de remunerar
ção do próprio veículo para a execução de serviços exter- outros serviços e encargos.
nos, por força das atribuições próprias do cargo. Observe § 1º - O servidor que receber a importância relati-
o texto do art. 82 apenas para fins de comparação: va a serviço extraordinário que não prestou, será
obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando ainda
Art. 82 Conceder-se-á indenização de transporte a sujeito à punição disciplinar.
servidor que realize despesas com a utilização de § 2º - Será responsabilizada a autoridade que infrin-
meio próprio de locomoção para execução de servi- gir o disposto no “caput” deste artigo.
ços externos, por força das atribuições próprias do Art. 95 Será punido com pena de suspensão e, na
cargo, conforme dispuser o regulamento. reincidência, com a demissão, o servidor que:
I - atestar falsamente com prestação de serviço
Os Auxílios são bem parecidos com as indeniza- extraordinário.
ções, mas, ao contrário delas, existem apenas dois II - se recusar, sem justo motivo, à prestação de ser-
tipos de auxílios: auxílio vale-transporte e a diferença viço extraordinário
de caixa, os quais estão previstos nos arts. 84 e 85:
Pela leitura dos dispositivos, vemos que o valor do
Art. 84 O auxílio transporte é devido a servidor nos adicional sobre serviço extraordinário é de 50% sobre
deslocamentos de ida e volta, no trajeto entre sua os seus vencimentos, a título de adicional. O art. 93
residência e o local de trabalho, na forma estabele-
trata sobre o limite máximo de 2 horas diárias o servi-
cida em regulamento.
ço extraordinário de caráter eventual, sendo admitido
§ 1º O auxílio transporte é concedido mensalmente
e por antecipação, com a utilização de sistema de somente em situações excepcionais e temporárias.
transporte coletivo, sendo vedado o uso de trans- Embora o inciso IV do art. 86 desta Lei ainda pre-
portes especiais. veja a hipótese de adicionais noturnos, os artigos 96 e
§ 2º Ficam desobrigados da concessão por auxílio, 97, que tratavam a respeito desse tema, foram revoga-
os órgãos ou entidades que 19 transportem seus dos pela LO nº 1.068, de 10.04.2002.
servidores por meios próprios ou contratados.
Do Adicional de Férias
O auxílio-transporte, que não deve ser confundido
com a indenização de transporte, é devido ao servi- Art. 98 Independentemente de solicitação será
dor, para cobrir gastos com os deslocamentos de ida pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicio-
e volta, no trajeto entre sua residência e o local de nal correspondente a 1/3 (um terço) da remunera-
trabalho, na forma estabelecida em regulamento (Art. ção do período das férias.
84). É concedido mensalmente e por antecipação, com § 1º No caso de o servidor exercer função de direção
a utilização de sistema de transporte coletivo, sendo ou chefia ou assessoramento ou ocupar cargo em
vedado o uso de transportes especiais. comissão, a respectiva vantagem será considerada
no cálculo do adicional de que trata este artigo.
Art. 85 Ao servidor que, no desempenho de suas atri- § 2º O servidor em regime de acumulação legal,
buições, pagar ou receber em moeda corrente, será receberá o adicional de férias 22 calculado sobre a
concedido auxílio de 20% (vinte por cento) do valor do remuneração dos dois cargos.
respectivo vencimento básico, para compensar even-
tuais diferenças de caixa, conforme regulamento. Trataremos do instituto das férias mais adiante.
Por ora, é importante você saber que, independente-
Já o auxílio de diferença de caixa é concedido ao mente de solicitação, será pago ao servidor, por oca-
servidor que, no desempenho de suas atribuições, sião das férias, um adicional correspondente a 1/3
pagar ou receber em moeda corrente. O valor do auxí- (um terço) da remuneração do período das férias.
lio será de 20% do valor do respectivo vencimento
566 básico.
Gratificações
Art. 103 A gratificação natalina corresponde 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no
mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano, extensiva aos inativos.
A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral. Suponha, por exemplo, que
um servidor tenha trabalhado do dia 1º de janeiro até o dia 14 de abril, quando foi exonerado de seu cargo. Nesse
caso, ele só tem direito a receber gratificação natalina até o mês de março, pois não trabalhou 15 dias no mês de
abril.
Art. 104 A gratificação será paga até o dia 20 do mês de dezembro de cada ano.
Art. 105 O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, cal-
culada sobre a remuneração do mês de exoneração.
Art. 106 Quando o servidor perceber além do vencimento ou remuneração fixa, parte variável, a bonificação natali-
na corresponderá à soma da parte fixa mais a média aritmética da parte variável até o mês de novembro.
§ 1º No caso de acumulação constitucional, será devida a gratificação natalina em ambos os cargos ou funções.
Sobre a gratificação por execução de trabalhos técnicos ou científicos, vejamos o que dispõe o art. 107:
Art. 107 A gratificação pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou científico será concedida quando se
tratar:
I – de trabalho que venha a resultar benefício para a humanidade;
II – de trabalho que venha a resultar melhoria nas condições econômicas na Nação ou do Estado, ou do em estar da
coletividade;
III – de trabalho que venha resultar melhoria sensível para a Administração Pública, ou em benefício do público, ou
de seus próprios serviços;
IV – de trabalho elaborado por determinação ou solicitação do Governador ou Secretário de Estado, cumulativa-
mente com as funções do cargo, e que venha a se constituir em Projeto de Lei ou Decreto de real importância, apro-
vado pelo Chefe do Poder Executivo.
Para fins de memorização, segue fluxograma indicando a estrutura da remuneração dos servidores do estado
de Rondônia:
REMUNERAÇÃO
DOS SERVIDORES
PÚBLICOS ESTADUAIS
DE RONDÔNIA
Outras vantagens
Indenizações e
Vale-transporte e
Natalina
diferença de caixa
Trabalho técnico ou
cientifico
567
Das Vantagens Não Pecuniárias O art. 116, por sua vez, trata das licenças. Dos
direitos, vantagens e outros benefícios, as licenças
Conforme vimos anteriormente, além das van- compreendem um assunto que aparece com mais
tagens pecuniárias, existem, ainda, as vantagens de frequência em questões de prova. Então, saber dife-
natureza não pecuniária. A estabilidade, já estudada, renciar todas as licenças é essencial para a aprovação.
é uma delas. Além das prerrogativas, são, também, É importante frisar, também, que algumas bancas de
vantagens dessa mesma natureza as férias, as licen- concurso têm exigido do candidato saber diferenciar
ças, os afastamentos e o direito de petição. as licenças dos afastamentos. Essa é uma distinção
As férias estão previstas no art. 110, sendo impor- que não aparece muito em legislação e, por isso, não
tante conhecer o seu conteúdo na íntegra. Vejamos: há um critério que seja absolutamente infalível.
Podemos afirmar que, de modo geral, as licenças
Art. 110 O servidor fará jus a 30 (trinta) dias conse- são concedidas a interesse exclusivo do próprio ser-
cutivos de férias, de acordo com escala organizada. vidor, ao contrário dos afastamentos, que são conce-
§ 1º A escala de férias deverá ser elaborada no mês
didos em interesse comum tanto do servidor como da
de novembro do ano em curso, objetivando sua
própria Administração Pública. Além disso, os prazos
aplicação no ano seguinte, podendo ser alterada de
acordo com a premente necessidade de serviço.
das licenças são, geralmente, mais curtos (dias, sema-
§ 2º É vedado levar à conta das férias qualquer falta nas ou meses). Já as autorizações costumam ter pra-
ao trabalho. zos mais longos (anos).
§ 3º Somente depois do primeiro ano de exercício, Para compreender melhor a diferença entre licen-
adquirirá o servidor o direito a férias. ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa.
§ 4º É proibida a acumulação de férias, salvo por
absoluta necessidade de serviço devidamente justi- LICENÇA AFASTAMENTO
ficada e pelo máximo de 02 (dois) períodos. Finalidade: é de interesse do
§ 5º Os professores, desde que em regência de clas- Finalidade: é de interesse
agente e da Administração
se, gozarão férias fora do período letivo. exclusivo do agente público
Pública
Ex.: Doença do cônjuge/mem- Ex.: Realização de especiali-
Todo servidor público civil tem direito a um período bro da família; exercer ativida- zação; realização de missão
de férias na proporção de trinta dias consecutivos ao de política; tratar de interesses no exterior; servir a outro
ano, de acordo com a escala organizada pelo dirigen- particulares órgão/entidade
te da Unidade Administrativa. No geral, o instituto das Possui prazos mais curtos Possui prazos mais longos
férias é praticamente o mesmo dos empregados celetis- (dias, semanas) (meses, anos)
tas. Para cada 12 (doze) meses trabalhados, o servidor
tem direito a um período de descanso correspondente
a trinta dias. O funcionário não poderá gozar, por ano, O art. 116 apresenta o rol das licenças em seus inci-
de mais de dois períodos de férias, salvo por absoluta sos. Vejamos:
necessidade de serviço devidamente justificada (Art.
110, § 4º). Não pode, por exemplo, o servidor pular um Art. 116 Conceder-se-á ao servidor Licença:
período de descanso para, depois, gozar de 60 dias de I – por motivo de doença em pessoa da família;
II – por motivo de afastamento do cônjuge ou
férias no ano subsequente. No entanto, como vimos,
companheiro;
essa é uma regra que admite exceção.
III – para o serviço militar;
Vejamos as outras disposições no que se refere às
IV – para atividade política;
férias: V – prêmio por assiduidade;
VI – para tratar de interesse particular;
Art. 111 Durante as férias, o servidor terá direito VII – para desempenho de mandato classista;
às vantagens como se estivesse em exercício. VIII – para participar de cursos de especialização
Art. 112 É vedada a concessão de férias superiores ou aperfeiçoamento;
a 30 (trinta) dias, consecutivos ou não, por ano, a IX – VETADO.
qualquer servidor público estadual, com exceção § 1º A licença prevista no inciso I será precedida de
dos casos previstos em lei específica. exame por médico ou junta médica oficial.
Art. 113 É facultado ao servidor converter 1/3 das § 2º O servidor não poderá permanecer em licen-
férias em abono pecuniário, desde que requeira ça da mesma espécie por um período superior a 24
com pelo menos 60 (sessenta) dias de antecedência. (vinte e quatro) meses, salvo nos casos dos incisos
Parágrafo único - No cálculo do abono pecuniário II, III, IV, VII, VIII e IX.
será considerado o valor adicional de férias. § 3º É vedado o exercício da atividade remunera-
Art. 114 O servidor que opera direta e permanente- da durante o período da licença prevista no inciso
mente com Raio X ou substância radioativas, goza- I deste artigo.
rá obrigatoriamente, 20 (vinte) dias consecutivos
de férias, por semestre de atividade profissional,
proibida, em qualquer hipótese, a acumulação.
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
Parágrafo único Para cada período de gozo de Família
férias, será antecipado ao servidor(a) o valor cor-
respondente a 1/3(um terço) da sua remuneração, O art. 119 prevê a licença por motivo de doença em
não fazendo jus a concessão de abono pecuniário pessoa da família. O dispositivo elenca quais entes são
de que trata o artigo 113. considerados “pessoa da família. Vejamos:
Art. 115 As férias somente poderão ser interrom-
pidas por motivo de calamidade pública, como- Art. 119 Poderá ser concedida licença ao servidor
ção interna, convocação para júri, serviço militar por motivo de doença do cônjuge ou companheiro,
ou eleitoral ou por motivo de superior interesse padrasto ou madrasta, ascendente, descendente,
568 público. enteado e colateral consanguíneo ou afim até o
segundo grau civil, mediante comprovação por Jun- Da Licença para Exercício de Mandato Eletivo/
ta Médica Oficial. Mandato Classista
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência
direta do servidor for indispensável e não puder ser Art. 122 O servidor terá direito a licença, sem
prestada simultaneamente com o exercício do cargo. remuneração, durante o período que mediar entre
§ 2º A licença será concedida sem prejuízo de remu- a sua escolha em convenção partidária como can-
neração do cargo efetivo, até 90 (noventa) dias, didato a cargo eletivo, e a véspera do registro de
podendo ser prorrogada por até 90 (noventa) dias, sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
mediante parecer da Junta Médica e, excedendo § 1º - O servidor candidato a cargo eletivo na loca-
estes prazos, sem remuneração. lidade onde desempenha suas funções e que exerça
§ 3º Sendo os membros da família servidores públi-
cargo de direção, chefia, assessoramento, arreca-
cos regidos por este Estatuto, a licença será conce-
dação ou fiscalização, dele será afastado, a partir
dida, no mesmo período, a apenas um deles.
do dia imediato ao do registro de sua candidatura
§ 4º A licença pode ser concedida para parte da jor-
perante a Justiça Eleitoral, até o 15º (décimo quin-
nada normal de trabalho, a pedido do servidor ou a
critério da Junta Médica Oficial. to) dia seguinte ao do pleito.
§ 5º A licença fica automaticamente cancelada com § 2º - A partir do registro da candidatura e até o 15º
a cassação do fato originador, levando-se à conta (décimo quinto) dia seguinte ao da eleição, o servi-
de falta as ausências desde 08 (oito) dias após a ces- dor fará jus à licença como se em efetivo exercício
sação de sua causa até o dia útil anterior à apresen- estivesse, com a remuneração de que trata o art. 65.
tação do servidor ao serviço.
O art. 134, por sua vez, trata da licença para exer-
Para a concessão da licença, deve ser apresentada cer mandato eletivo, que terá a mesma duração desse
comprovação pela Junta Médica Oficial. Além disso, mandato.
é concedida sem prejuízo dos vencimentos do servi-
dor, o que significa que ele deixa de trabalhar, mas Art. 134 Ao servidor em exercício de mandato eleti-
continua ganhando a sua remuneração. Vale destacar vo aplicar-se-ão as seguintes disposições:
que somente será deferida se a assistência direta do I - em qualquer caso em que se exija o afastamento
servidor for indispensável e não puder ser prestada, para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
simultaneamente, com o exercício do cargo. serviço será contado para todos os efeitos legais;
II - investido no mandato de Prefeito, será afas-
Da Licença para Acompanhar Cônjuge ou tado do cargo efetivo, facultada a opção pela sua
Companheiro remuneração;
III - investido em mandato de Vereador, havendo
O servidor terá direito à licença para acompanhar compatibilidade de horário, perceberá as vantagens
o cônjuge ou companheiro(a) que tiver sido desloca- do seu cargo efetivo, sem prejuízo na remuneração
do para outro Estado da Federação, para o exterior ou do cargo eletivo, e não havendo compatibilidade,
para o exercício eletivo (Art. 120). Essa licença será será aplicada a norma do inciso anterior.
concedida mediante pedido e poderá ser renovada de Parágrafo único - Para efeito de benefício previden-
dois em dois anos, sem que o servidor tenha direito a ciário, no caso de afastamento, os valores serão
perceber vencimentos. determinados como se no exercício estivesse.
Art. 120 O servidor terá direito à licença para Uma questão que costuma cair com bastante fre-
acompanhar o cônjuge ou companheiro que for quência nas provas de concurso público é sobre a
deslocado para outro Estado da Federação, para o remuneração de servidor afastado para exercício de
exterior ou para o exercício eletivo. mandato eletivo (Art. 94, Lei nº 8.112, de 1990 e inci-
§ 1º A licença será sem remuneração, salvo se exis-
sos do Art. 134, Lei Complementar nº 68, de 1992). A
tir no novo local da residência, unidade pública
regra geral é que, para exercer um mandato eletivo, o
estadual onde possa o servidor exercer as ativida-
des do cargo em que estiver enquadrado. servidor deve se afastar do cargo e, portanto, deixar
de receber a remuneração do mesmo. Porém, tratan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º A licença será concedida mediante pedido e
poderá ser renovada de 02 (dois) em 02 (dois) anos. do-se de exercício de mandato de Prefeito, o servidor
afastado poderá optar, dentre as duas remunera-
Da Licença para Convocação ao Serviço Militar ções, por aquela que lhe for mais vantajosa (valo-
Obrigatório res maiores, mais benefícios etc.).
No caso de exercício de mandato de Vereador,
Ao servidor convocado para o serviço militar será o servidor poderá exercer os dois cargos e perceber
concedida licença, na forma e condições previstas ambas as remunerações, desde que comprovada a
em legislação específica. O único requerimento dessa compatibilidade de horários (atuando como Vereador
licença, previsto no § 1º do art. 121, é a apresentação de dia e como agente público de noite, ou vice-versa).
de documento oficial que comprove a incorporação. Sendo incompatíveis os horários dos dois cargos, o
Vereador pode optar pela remuneração mais vanta-
Art. 121 Ao servidor convocado para o serviço mili- josa, igual ao Prefeito. Isso é assim, porque, muitas
tar será concedida licença, na forma e condições
vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereadores de
previstas na legislação específica.
§ 1º A licença será concedida mediante apresentação
pequenos Municípios costuma ser menor que a remu-
do documento oficial que comprove a incorporação. neração do cargo público anterior e ele pode, facil-
§ 2º Concluído o serviço militar, o servidor terá 30 mente, se locomover de um ambiente de trabalho
(trinta) dias sem remuneração para reassumir o para outro.
exercício do cargo. 569
Dica
� Mandato de Prefeito: servidor afastado poderá optar pela remuneração mais vantajosa;
� Mandato de Vereador: servidor exerce os dois cargos e recebe as duas remunerações se existir a compati-
bilidade de horários. Caso os horários sejam incompatíveis, o Vereador poderá optar pela remuneração mais
vantajosa.
A licença para desempenho de mandato classista é bem parecida com a licença para exercício de mandato
eletivo e, inclusive, possui duração igual, podendo ser renovada em caso de reeleição (Art. 131, § 2º).
Da Licença Prêmio
Art. 123 Após cada quinquênio ininterrupto de efetivo serviço prestado ao Estado de Rondônia, o servidor fará jus
a 3 (três) meses de licença, a título de prêmio por assiduidade com remuneração integral do cargo e função que
exercia.
É uma licença diferenciada, pois o seu requisito não consiste na apresentação de um documento ou de inspe-
ção médica, exigindo apenas que o servidor tenha exercido suas atribuições por cinco anos ininterruptos.
Art. 128 O servidor pode obter licença sem vencimento para tratar de interesse.
§ 1º A licença de que trata o “caput” deste artigo terá duração de três anos consecutivos, prorrogável por igual
período, vedada a sua interrupção, respeitado o interesse da administração.
§ 2º - O servidor que requerer a licença sem remuneração deverá permanecer em exercício até a data da publicação
do ato.
§ 3º - O disposto nesta seção não se aplica ao servidor em estágio probatório.
§ 4º - O servidor licenciado para tratar de interesse particular não poderá, no âmbito da
Administração Pública Direta, Autarquia e Fundacional dos Poderes Estaduais e Municipais, ser contratado tempo-
rariamente, a qualquer título
§ 5º O servidor não poderá ser demitido, no período de 1 (um) ano, após o cumprimento da Licença sem remuneração.
§ 6º Quando estiver em gozo de Licença Extraordinária Incentivada o servidor não será demitido
A licença para tratar de interesses particulares, segundo o art. 128, é concedida sem vencimentos. A referida
licença terá duração de três anos consecutivos, prorrogável por mais três anos, sendo vedada a sua interrupção,
exceto no caso de interesse da Administração (Art. 128, § 1º).
O que há de especial nessa licença é o fato dela não poder ser concedida para o servidor que ainda esteja
em período de estágio probatório, o qual deve ser estável para requerer a licença.
Art. 132 O servidor estável poderá afastar-se do órgão ou entidade em que tenha exercício ou ausentar-se do Estado,
para estudo ou missão oficial, mediante autorização do Chefe de cada Poder.
§ 1º - V E T A D O.
§ 2º - Ao servidor autorizado a frequentar curso de graduação, aperfeiçoamento ou especialização, com ônus, é asse-
gurada a remuneração integral do cargo efetivo, ficando obrigado a remeter mensalmente ao seu órgão de lotação
o comprovante de frequência do referido curso.
§ 3º - A falta de frequência implicará a suspensão automática da licença e da remuneração do servidor, devendo
retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias.
§ 4º - A licença para frequentar curso de aperfeiçoamento ou especialização somente será concedida se este for com-
patível com a formação e as funções exercidas pelo servidor e do interesse do Governo do Estado.
§ 5º - A licença para frequentar cursos de graduação será restrita àqueles não oferecidos pelas Instituições de Ensino
Superior existentes no Estado.
§ 6º - Findo o estudo, somente, decorrido igual período, será permitido novo afastamento.
Art. 133 Concluindo a licença de que trata o artigo anterior, ao servidor beneficiado não será concedida a exonera-
ção ou licença para interesse particular, antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese
do ressarcimento da despesa havida com seu afastamento, ao Tesouro Estadual.
Parágrafo único - Não cumprida a obrigação prevista neste artigo, o servidor ressarcirá ao Estado as despesas
570 havidas com seu afastamento.
Mesmo que o estudo/missão não seja de presença obrigatória, a falta de frequência implicará na suspensão
automática da licença e da remuneração do servidor, o qual deverá retornar ao serviço no prazo de 30 dias (Art.
132, § 3º).
Como forma de facilitar os seus estudos, trouxemos uma tabela que apresenta as licenças mais importantes e
destaca as principais diferenças entre elas, de acordo com as seguintes características dispostas:
z O nome da licença;
z Os requisitos que o servidor deve possuir para requerer a licença;
z Os documentos necessários que devem acompanhar o requerimento;
z O prazo (quando mencionado) e se deve ou não perceber o vencimento/remuneração enquanto licenciado.
Outra vantagem não pecuniária está prevista no art. 141, que trata do direito de petição, assegurando ao
servidor estadual o direito de requerer, pedir reconsideração e recorrer de decisões.
O servidor público, bem como qualquer cidadão brasileiro, tem direito de pleitear contra o Estado, exigindo
do mesmo uma resposta diante do seu requerimento, valendo ressaltar que esse direito não admite pagamento
de custas. É uma garantia prevista constitucionalmente, dada a sua grande importância.
O direito de petição é fruto da própria noção de Estado de Direito, abrangendo três peças a serem utilizadas
pelo servidor em processo administrativo: o requerimento, o pedido de reconsideração e o recurso hierárquico.
Art. 142 O requerimento é dirigido à autoridade competente para decidí-lo e encaminhado por intermédio daquele
a quem o requerente esteja imediatamente subordinado.
Art. 143 Cabe pedido de reconsideração, que não pode ser renovado, à autoridade que tenha expedido o ato ou pro-
ferido a primeira decisão. Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração devem ser decididos dentro
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de trinta dias, prorrogáveis por igual período, em caso de diligência.
Art. 144 Sob pena de responsabilidade, será assegurado ao servidor:
I – o rápido andamento dos processos de seu interesse nas repartições públicas;
II – a ciência das informações, pareceres e despachos dados em processos que a ele se refiram;
III – a obtenção de certidões requeridas para defesa de seus direitos e esclarecimentos de situações, salvo se o inte-
resse público impuser sigilo.
O pedido de reconsideração é cabível à autoridade que tenha expedido o ato ou proferido a primeira decisão.
O requerimento e o pedido de reconsideração devem ser decididos dentro de trinta dias, prorrogáveis por igual
período, em caso de diligência.
O recurso hierárquico é tratado pelo art. 146. Vejamos:
O recurso hierárquico é aquele dirigido não à auto- Art. 155 Ao servidor é proibido:
ridade que proferiu a decisão, mas àquela hierarqui- I – ausentar-se do serviço durante o expediente,
camente superior. sem prévia autorização do chefe 37 imediato;
Quanto ao efeito suspensivo, o § 4º do art. 146 dis- II – retirar, sem prévia anuência da autoridade
põe que os pedidos de reconsideração e os recursos competente, qualquer documento ou objeto da
não têm efeito suspensivo. Na prática, isso não é total- repartição;
III – recusar fé a documentos públicos;
mente verdadeiro, pois pode o recorrente, desde que
IV – opor resistência injustificada ao andamento de
esteja expresso e o recurso seja interposto dentro do
documento e processo ou execução de serviços;
prazo correto (tempestivo), requerer a suspensão da V – promover manifestações de apreço ou desapre-
decisão que corre contra ele. No entanto, se houver ço no recinto da repartição;
alguma questão de prova abordando sobre o tema, é VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora
melhor se ater à letra da Lei. dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
Nossa interpretação é a de que o texto do dispo- buição que seja de sua responsabilidade ou de seu
sitivo diz que os recursos não têm efeito suspensivo, subordinado;
pelo menos, de ofício. O efeito suspensivo deve ser VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de
concedido toda vez que houver justo receio de prejuí- filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
zo, de reparação difícil ou incerta. Apenas o pedido de a partido político;
reconsideração é que não pode, em hipótese nenhu- VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo
ma, suspender a decisão. ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até segundo grau civil;
IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
Art. 148 [...]
ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
I – em cinco anos, quanto aos atos de demissão, cas-
ção pública;
sação de aposentadoria e de disponibilidade ou que
X – participar de gerência ou administração de
afetem interesse patrimonial e créditos resultantes
empresa privada, de sociedade civil, ou exercer o
da relação de trabalho; comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista
II – em 180 (cento e oitenta) dias, nos demais casos. ou comanditário;
XI – atuar, como procurador ou intermediário,
As regras específicas sobre o processo administra- junto as repartições públicas, salvo quando se tra-
tivo disciplinar serão vistas mais adiante. tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
de perante até o segundo grau e de cônjuge ou
DO REGIME DISCIPLINAR companheiro;
XII – receber propina, comissão, presente ou van-
Dos Deveres e das Vedações Impostas aos tagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
Servidores Públicos
XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de
Estado estrangeiro;
Os servidores públicos, dada a sua grande impor- XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;
tância para as funções estatais, possuem uma gama de XV – proceder de forma desidiosa;
deveres e de vedações, isto é, de condutas que ele deve XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais de
seguir e de condutas que ele é proibido de praticar. repartição em serviço ou atividades particulares;
Os deveres imputados a todo servidor estadual XVII – cometer a outro servidor atribuições estra-
estão previstos no art. 154. É um grande rol e a sua nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
memorização tende a ser mais eficiente por meio da
XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam
leitura da lei seca. Vejamos: incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
com o horário de trabalho;
Art. 154 São deveres do servidor: XIX – deixar de pagar dívidas ou pensões a que este-
I – assiduidade e pontualidade; ja obrigado em virtude de decisão judicial.
II – urbanidade;
III – lealdade às instituições a que servir; Algo importante sobre essas vedações é que, a
IV – observância das normas legais e depender da natureza e da sua gravidade, pode ense-
regulamentares; jar a aplicação de uma sanção disciplinar mais branda
V – obediência às ordens superiores, exceto quando ou mais severa. Veremos a respeito desse tema mais
manifestamente ilegais; adiante.
VI – atender prontamente às requisições para defe- Outra vedação, que não aparece nesse rol do art.
sa da Fazenda Pública e à expedição de certidões; 155, diz respeito à acumulação de cargos públicos.
VII – zelar pela economia do material e conserva- O art. 156 diz que, em regra, a acumulação de cargos
ção do patrimônio público; públicos é vedada, salvo as hipóteses previstas na
VIII – representar contra a ilegalidade ou abuso de Constituição.
poder, por via hierárquica;
IX – levar ao conhecimento da autoridade as irre- Art. 156 É vedada a acumulação remunerada de
gularidades de que tiver ciência; cargos públicos ressalvados os casos previstos na
X – manter conduta compatível com a moralidade Constituição Federal.
572 administrativa.
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas
públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, Estado e dos Municípios.
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, é condicionada à comprovação de compatibilidade de horários.
O Estatuto apresenta, em seu art. 160, o que a doutrina gosta de denominar de tríplice responsabilidade dos
servidores públicos. Ela é tríplice, porque o servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício
irregular de suas atribuições.
Art. 160 O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
A responsabilidade civil decorre de conduta funcional, comissiva ou omissiva, dolosa ou culposa, que acarrete
prejuízo para o patrimônio do Estado, de suas entidades ou de terceiros.
Art. 161 A responsabilidade civil decorre de procedimento doloso ou culposo que importe em prejuízo do patri-
mônio do Estado ou terceiros.
§ 1º A indenização pelos prejuízos causados à Fazenda Pública pode ser liquidada através de desconto em folha, em
parcelas mensais inferiores à décima parte da remuneração ou provento.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, o servidor responde perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
Art. 162 A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados ao servidor, nessa qualidade.
Art. 163 A responsabilidade administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho de cargo
ou função.
A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados, por lei, ao funcionário nesta quali-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
dade. A responsabilidade administrativa, por outro lado, consiste na instauração de processo disciplinar, a fim de
analisar a conduta delituosa do agente e decidir pela aplicação da pena mais adequada.
É imprescindível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao servidor público pressupõe um processo admi-
nistrativo, sendo assegurado ao acusado o direito ao contraditório e à ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive,
a presença do advogado em todas as fases do referido processo (Súmula nº 343, do STJ). Todavia, tal entendimento
vem sofrendo alteração, pois o STF já reconheceu, na Súmula Vinculante nº 5, o entendimento de que a falta de
defesa técnica no processo administrativo disciplinar não é inconstitucional.
Art. 164 A responsabilidade administrativa não exime a responsabilidade civil ou criminal, nem o pagamento da
indenização elide a pena disciplinar.
Art. 165 A responsabilidade civil ou administrativa do servidor é afastada em caso de absolvição criminal que negue
a existência do fato ou sua autoria.
A regra geral é que as esferas de responsabilidade são independentes e não se comunicam entre si. Isso sig-
nifica que, uma absolvição na esfera administrativa não seja, automaticamente, em absolvição na esfera penal.
Contudo, essa regra apresenta uma importante exceção: a responsabilidade patrimonial e administrativa do
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que dê como provada a inexistência do fato ou de
sua autoria.
573
Esquematicamente, podemos dividir as três esferas de responsabilidade, destacando-se a sua natureza, os
tipos de sanções impostas e da possibilidade delas se comunicarem entre si. Vejamos:
RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
CRIMINAL
Natureza indenizatória (reparação de Natureza disciplinar (apurar transgressões Natureza penal (apurar crimes
danos) disciplinares) e contravenções)
Sanção: advertência, repreensão, suspen- Sanção: decretação de prisão
Sanção: restituição de valores ao erário
são, demissão, cassação de aposentadoria e restrição de direitos
Não cumprindo um dos deveres ou na ocorrência de uma das proibições previstas em Lei, ao servidor será
aplicada as seguintes sanções (ou penas) disciplinares, na forma do art. 166:
Os arts. 167 e seguintes apresentam quais infrações são passíveis de aplicar a correspondente sanção.
Art. 167 São infrações disciplinares puníveis com pena de repreensão, inserta nos assentamentos funcionais:
I – inobservar o dever funcional previsto em lei ou regulamento;
II – deixar de atender convocação para júri ou serviço eleitoral;
III – desrespeitar, verbalmente ou por atos, pessoas de seu relacionamento profissional ou público;
IV – deixar de pagar dívidas ou pensões a que esteja obrigado em virtude de decisão judicial;
V – deixar de atender, nos prazos legais, sem justo motivo, sindicância ou processo disciplinar.
Art. 168 São infrações disciplinares puníveis com suspensão de até 10 (dez) dias:
I – a reincidência de qualquer um dos itens do artigo 167;
III – faltar à verdade, com má fé, no exercício das funções;
IV – deixar, por condescendência, de punir subordinado que tenha cometido infração disciplinar;
X – retirar, sem autorização escrita do superior, qualquer documentos ou objeto da repartição.
Art. 169 São infrações disciplinares puníveis com suspensão de até 30 (trinta) dias:
I – a reincidência de qualquer um dos itens do artigo 168;
II – ofensa física, em serviço, contra qualquer pessoa, salvo em legítima defesa;
VI – aceitar representação ou vantagens financeiras de Estado estrangeiro;
Art. 170 São infrações disciplinares puníveis com demissão:
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo ou emprego; (Redação dada pela LC nº 164, de 27.12.1996)
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
VI – insubordinação grave em serviço;
VIII – aplicação irregular de dinheiro público;
X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio público;
XI – corrupção em quaisquer modalidades;
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII – a transgressão dos incisos IX a XVII do artigo 155;
O Estatuto não prevê hipóteses de aplicação da cassação de aposentadoria ou disponibilidade, apenas afirma
em seu art. 171 os casos em que ela será aplicada. Vejamos:
É impossível demitir o servidor que já está aposentado, uma vez que ele não trabalha mais. Por isso, o servidor
aposentado não é exonerado, mas pode ter a sua aposentadoria cassada.
Pela leitura dos dispositivos, vemos que o PAD Uma vez citado, o indiciado poderá requerer suas
ordinário é coordenado por uma Comissão, que fica provas no prazo de 5 (cinco) dias, podendo renovar
encarregada de fazer toda a fase instrutória do pro- o pedido, no curso do inquérito, se necessário, para
cesso, envolvendo a apresentação de documentos, demonstração de fatos novos. Essa pode ser considera-
depoimentos de testemunhas e outros meios de prova da a fase instrutória do PAD, uma vez que é justamen-
admitidos. Ao final, a Comissão deve emitir um rela- te nessa fase que ocorrem a tomada de depoimento,
tório de tudo o que ocorreu, dando um voto final pela as acareações, as investigações e diligências cabíveis,
condenação ou inocência do servidor autuado. objetivando a coleta de provas.
Uma vez instaurado o processo, mediante a publi- A fase de julgamento começa quando são finaliza-
cação da Portaria, e uma vez recebida pelo mesmo, dos todos os trabalhos de coleta de provas pela Comis-
deverá ser promovida a citação do acusado. Vejamos: são. Essa etapa é melhor tratada no art. 202:
Art. 196 Instaurado o Processo Administrativo Dis- Art. 202 Recebida a defesa será anexada aos autos,
ciplinar com o extrato da portaria de instauração, mediante termo, após o que a comissão elaborará
que conterá a acusação imputada ao servidor com relatório em que fará histórico dos trabalhos reali-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
todas as suas características, o presidente determi- zados e apreciará, isoladamente, em relação a cada
nará a citação do acusado para interrogatório acusado, as irregularidades imputadas e as provas
no prazo mínimo de 24 (vinte e quatro) horas. colhidas no processo, propondo então, justificada-
Art. 197 Em caso de recusa do acusado, em apor o mente, a isenção de responsabilidade ou a punição,
e indicando, neste último caso, a penalidade que
ciente na cópia da citação, o prazo para defesa pas-
couber ou as medidas que considerar adequadas.
sa a contar da data declarada em termo próprio,
§ 1º Deverá, ainda, a Comissão em seu relatório
pelo membro da comissão que fez a citação, do dia
sugerir quaisquer providências que lhe pareça de
em que esta se deu. interesse do serviço público.
Art. 198 O acusado que mudar de residência fica § 2º Na conclusão do relatório a comissão disci-
obrigado a comunicar à comissão, o lugar onde plinar reconhece a inocência ou a culpabilidade
poderá ser encontrado. do acusado, indicando no segundo caso, as dispo-
Art. 199 Superado o interrogatório, a citação será sições legais transgredidas e as comunicações a
para proporcionar o prazo de 5 (cinco) dias para serem impostas.
apresentação de defesa prévia, na qual o acusa- § 3º O Processo Administrativo Disciplinar e seu
do deverá requerer as provas a serem produzidas, relatório serão remetidos à autoridade que deter-
apresentando o rol de testemunhas até o máxi- minou sua instauração para aprovação ou justifi-
mo de 3 (três), as quais serão notificadas, se forem cativas, e posterior encaminhamento ao Secretário
diversas daquelas inquiridas na sindicância. de Estado da Administração para julgamento.
577
O relatório não é a sentença definitiva. Não é Apesar do Estatuto não dispor de forma clara, uma
a Comissão que julga o servidor indiciado, devendo vez que o PAD é considerado, na sua essência, um ato
constar, no relatório, que todas as etapas do proces- administrativo (ou uma sequência desses atos), ele é
so, até o momento, foram devidamente cumpridas, passível de recurso. Como vimos, o servidor inconfor-
podendo até concluir sobre a inocência ou culpabili- mado com a decisão poderá interpor requerimento,
dade do referido servidor (Art. 202, § 1º). pedido de reconsideração ou recurso hierárquico.
Esse relatório será anexado aos autos e, finalmen-
te, será remetido à autoridade que instaurou o PAD, Da Revisão do Processo Disciplinar
para aprovação ou apresentar justificativas, quando
constar algum erro e, posteriormente, será encami- A qualquer tempo, poderá ser requerida a revisão
nhado ao Secretário de Estado da Administração para do procedimento administrativo, na forma do art. 217,
julgamento. a pedido do próprio servidor, quando se aduzirem
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar
Art. 203 Recebido o processo, o Secretário de Esta- a inocência do punido ou a inadequação da penalida-
do de Administração, julgar-lo-á no prazo de 5 (cin- de aplicada.
co) dias a contar de seu recebimento.
§ 1º A autoridade de que trata este artigo poderá Art. 217 O Processo Administrativo Disciplinar
solicitar parecer de qualquer órgão ou servidores pode ser revisto no prazo prescricional, a pedido,
sobre o processo, desde que o julgamento seja pro- quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias
ferido no prazo legal. suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
§ 2º O julgamento deverá ser fundamentado, pro- inadequação da penalidade aplicada
movendo, ainda, a autoridade a expedição dos atos
decorrentes e as providências necessárias à sua
A revisão se distingue dos recursos justamente no
execução, inclusive, a aplicação da penalidade.
que tange a sua fundamentação: deve surgir algum
fato novo que possa alterar a condenação (ou ino-
O Secretário de Estado possui prazo de 5 dias para
cência) do servidor acusado. Outro ponto caracterís-
julgar o processo, contados da data do recebimento
tico da revisão é que ela não precisa ser arguida pelo
dos autos, junto com o relatório. O § 2º do art. 203
próprio servidor. Porém, o art. 218 e 219 apresentam
determina que o julgamento deverá ser fundamenta-
exceções quanto a necessidade da revisão ser arguida
do, promovendo, ainda, a autoridade a expedição dos
pelo próprio servidor, são elas: em caso de falecimen-
atos decorrentes e as providências necessárias à sua
to, ausência ou desaparecimento do servidor punido
execução, inclusive, a aplicação da penalidade.
e quando o servidor se tornar incapaz. Nestes casos,
É importante o texto do art. 210 e 211. Vejamos:
para saber quem deve requerer a revisão, devemos
observar a literalidade dos artigos:
Art. 210 No prazo de 10 (dez) dias, contados do
recebimento do processo, a autoridade julgadora
Art. 218 Em caso de falecimento, ausência ou desa-
proferirá a sua decisão.
parecimento do servidor punido, qualquer pessoa
§ 1º Havendo mais de um acusado e diversidade de
pode requerer a revisão do processo.
sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
Art. 219 No caso de incapacidade mental do ser-
tente para a imposição da pena mais grave.
vidor, a revisão será requerida pelo respectivo
§ 2º Se a penalidade prevista for a demissão ou a
curador.
casacão de aposentadoria ou disponibilidade, o jul-
gamento caberá à autoridade de que trata o inciso
I do artigo 178. Vejamos agora outros pontos importantes no que
Art. 211 O julgamento acatará o relatório da comis- tange à revisão do processo disciplinar:
são, salvo quando este seja em contrário à prova dos
autos. Art. 220 Na petição revisional, o requerente pedi-
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão rá dia e hora para a produção de provas e inquiri-
contrariar as provas dos autos, a autoridade julga- ção das testemunhas que arrolar. Parágrafo único.
dora poderá, motivadamente, agravar a penalida- No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
de de proposta abrandá-la ou isentar o servidor de requerente.
responsabilidade. Art. 221 A simples alegação de injustiça da penali-
dade não constitui fundamento para a revisão, que
O relatório da Comissão não vincula a autoridade requer elementos ainda não apreciados no proces-
julgadora. Significa, de modo geral, que a autoridade jul- so originário. [...]
Art. 227 Julgada procedente a revisão, a penali-
gadora não é obrigada a decidir da mesma forma que
dade aplicada poderá ser atenuada, ou declarada
consta no relatório, podendo proferir decisão diversa,
sem efeito, restabelecendo-se todos os direitos do
quando o relatório contrariar as provas produzidas nos
servidor, exceto em relação à destituição de cargo
autos. Quando a infração estiver capitulada como cri- em comissão, hipótese em que essa penalidade será
me, uma cópia do Processo Administrativo Disciplinar convertida em exoneração.
será remetida ao Ministério Público para a instalação da
ação penal, de acordo com o que dispõe o art. 214. DA APOSENTADORIA DO SERVIDOR PÚBLICO
Art. 214 Quando a infração estiver capitulada
O texto referente à seguridade social, presente no
como crime, cópia do Processo Administrativo Dis-
Estatuto, foi todo revogado pela LC nº 228, de 10 de
ciplinar será remetida ao Ministério Público para a
instalação da ação penal, certificando-se no autos
janeiro de 2000 e, por isso, acreditamos que a matéria
a iniciativa, comunicando-o da eventual remessa tem poucas chances de ser abordada em sua prova.
da sindicância à autoridade policial, nos termos do
578 parágrafo único do artigo 190.
Todavia, é preciso mencionar alguns aspectos so- Aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em fun-
bre a aposentadoria, uma vez que ela é considerada ções de magistério, se professor e 25 (vinte e
uma forma de vacância de cargos públicos e, como cinco), se professora, com proventos integrais;
mencionado, houve alterações muito recentes na le- Aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem e, aos
gislação sobre esse benefício previdenciário. 25 (vinte e cinco), se mulher, com proventos
A aposentadoria possui previsão tanto na Cons- proporcionais a esse tempo;
tituição Federal quanto na Lei Federal nº 8.112, de Aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
1990. O Regime Próprio de Previdência dos Servidores homem e, aos 60 (sessenta), se mulher, com
(RPPS) também sofreu alterações na chamada “refor- proventos proporcionais ao tempo de serviço.
ma da previdência”, promulgada pela Emenda Cons-
titucional nº 103, de 2019. Com isso, temos dois textos
normativos que, até o presente momento, dispõem Importante!
sobre a aposentadoria.
À luz da Constituição Federal (Art. 40), o servidor Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
será aposentado: nal nº 103, de 2019, as regras para a aposenta-
doria voluntária dos agentes públicos sofreram
z Por incapacidade permanente para o trabalho, algumas alterações. As chances de uma ques-
no cargo em que estiver investido, quando insus- tão sobre essas novas regras caírem em sua
cetível de readaptação; prova são pequenas, mas é importante se preve-
nir. Existem, também, regras de transição, mais
O Texto Constitucional explicita que será obrigató- específicas, as quais é importante o candidato
ria a realização de avaliações periódicas para verifi- conhecer ao menos um pouco. Por isso, uma lei-
cação da continuidade das condições que ensejaram tura da emenda constitucional 103, de 2019, na
a concessão da aposentadoria, na forma de lei do res- sua íntegra, é altamente recomendada.
pectivo ente federativo.
Tendo como referência essa situação hipotética, jul- ( ) CERTO ( ) ERRADO
gue o próximo item.
A abertura de processo por determinação legal con- 12. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A respeito dos atos admi-
figura atuação administrativa oriunda do poder admi- nistrativos, da servidão, da requisição, de licitação e
nistrativo vinculado. contratos e dos poderes da administração pública, jul-
gue o item subsequente.
( ) CERTO ( ) ERRADO Embora não decorra de lei específica, o poder de polí-
cia é direito precípuo da administração pública, em
8. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Considerados os pode- razão do interesse público.
res da administração pública, julgue o item a seguir, de
acordo com a doutrina e a jurisprudência do Supremo ( ) CERTO ( ) ERRADO
Tribunal Federal (STF).
Constitui exemplo do exercício do poder regulamentar 13. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Considerados os pode-
da administração pública a edição, pelo presidente da res da administração pública, julgue o item a seguir, de
República, de decretos de estado de defesa e de sítio. acordo com a doutrina e a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal (STF).
( ) CERTO ( ) ERRADO Considere-se que um agente público, ocupante de
cargo de chefia no âmbito da administração pública,
9. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Em decorrência de denún- determine, por meio de ato administrativo, em decor-
cia anônima encaminhada à administração pública e rência de desavenças pessoais, a remoção de servidor
ao Ministério Público, o gestor público adotou provi- público subordinado para outra localidade do território
dências preliminares e verificou a verossimilhança dos nacional. Nessa situação, fica caracterizado o abuso
fatos narrados. Em razão disso, foi instaurado proces- de poder na modalidade excesso de poder.
so administrativo disciplinar (PAD).
A comissão processante apurou a ocorrência de ( ) CERTO ( ) ERRADO
alguns fatos ilícitos, entre os quais atos de improbi-
dade administrativa e prejuízo ao erário. Assim, a 14. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A respeito de Estado,
comissão sugeriu aplicação da pena de demissão a governo e administração pública, da organização
determinado servidor público. Após a oitiva da Pro- administrativa do Estado e dos agentes públicos, jul-
curadoria do Estado, a autoridade competente tomou gue o item subsequente.
decisão. É dado ao Estado o poder de criar entidade sem definir
Paralelamente, o Ministério Público também realizou o objeto de sua atuação de forma precisa, desde que a
investigação preliminar e, depois, propôs ação de indicação genérica seja suficiente à compreensão do
improbidade administrativa pelos mesmos fatos, ain- serviço público a ser prestado.
da em curso.
( ) CERTO ( ) ERRADO
580
15. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A respeito das parcerias 9 GABARITO
formais estabelecidas entre o Poder Público e as pes-
soas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos,
inclusive para atuação na área da saúde pública, jul- 1 CERTO
gue o item que se seguem.
2 ERRADO
Conforme a Lei n.º 9.637/1998, as organizações
sociais, por integrarem o terceiro setor, não fazem 3 ERRADO
parte do conceito constitucional de administração
pública e estão legitimamente autorizadas a estabe- 4 ERRADO
lecer vínculos formais com o poder público a partir da
5 ERRADO
assinatura de termos de parceria e ampla submissão
aos princípios constitucionais relacionados ao escopo 6 ERRADO
de sua atuação.
7 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
8 ERRADO
16. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Com base na Lei n.º 9 ERRADO
13.303/2016 e no Regulamento de Licitações e Con-
tratos da TELEBRAS (RELIC), julgue o item a seguir. 10 ERRADO
Nem sempre a celebração do contrato é necessária,
11 CERTO
podendo este ser substituído por autorização de com-
pra, ordem de compra e serviço ou carta contrato. 12 ERRADO
14 ERRADO
17. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Acerca da responsabili-
dade civil do Estado, dos serviços públicos e da orga- 15 ERRADO
nização administrativa, julgue o seguinte item.
A responsabilização civil do Estado pressupõe, con- 16 CERTO
junta e necessariamente, as implicações penais e
17 ERRADO
administrativas decorrentes do dano.
18 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
19 CERTO
18. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Acerca da responsabili- 20 CERTO
dade civil do Estado, dos serviços públicos e da orga-
nização administrativa, julgue o seguinte item.
Os serviços públicos possuem finalidade precípua
de atendimento aos interesses da coletividade, razão
pela qual se verifica a incidência do regime de direi- ANOTAÇÕES
to público, ainda que em graus variados, conforme a
natureza do serviço prestado.
581
ANOTAÇÕES
582
gravidez, raça, parto, sexo, puerpério, altura; conjun-
ção carnal, sociopatias, doença e retardamento mental,
dentre várias outras. Nos cadáveres, além de identifi-
car o morto, a finalidade é determinar a causa jurídica
NOÇÕES DE MEDICINA
da morte e o respectivo tempo; discriminar as lesões
in vitam e post mortem; dentre outros. As perícias em
animais são raras, mas podem ser realizadas por terem
LEGAL sido alvos de disparos (recuperação de projétil).
Vamos destacar a perícia em dois momentos dis-
tintos, levando em consideração o modo de avalição,
podendo ser diretamente sobre fato a analisar (peri-
tia percipiendi) sob uma óptica quantitativa e quali-
PERÍCIA MÉDICO-LEGAL tativa ou sobre uma perícia já realizada (pericia
deducendi), sendo o documento mais comum desta
PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS, PERÍCIA, PERITOS perícia o parecer técnico.
Podemos dizer então que a pericia percipiendi é
Perícia é o conjunto de procedimentos técnicos com realizada sobre fatos concretos em que a avaliação é
base científica realizada por meio de exame sobre ele- feita considerando as diversas energias causadoras do
mentos materiais (vestígios). Consequentemente, a pes- dano. Em outras palavras, podemos dizer que a peri-
soa qualificada para tal avaliação é chamada de perito. cia percipiendi ocorre com levantamentos técnicos e
científicos sobre um fato. Já na pericia deducendi, a
CONCEITOS avaliação consagrada sobre fatos passados buscando
dirimir eventuais dúvidas, ou avaliando caso possam
Veremos a seguir algumas definições acerca do existir contestação ou discordância do trabalho reali-
tema por diversos autores. zado. Nesse caso, o perito é requisitado para analisar
De acordo com Genival Veloso: e emitir um parecer sobre uma perícia já realizada.
Define-se perícia médico-legal como um conjunto z Primeira perícia sobre o fato = perícia Percipiendi;
de procedimentos médicos e técnicos que tem como z Depois da perícia já realizada = perícia Duducendi.
finalidade o esclarecimento de um fato de interesse
da Justiça. Ou como um ato pelo qual a autoridade
Conforme o art. 159 do Código de Processo Penal,
procura conhecer, por meios técnicos e científicos,
o exame de corpo de delito e outras perícias poderão
a existência ou não de certos acontecimentos, capa-
zes de interferir na decisão de uma questão judiciá-
ser realizados por perito oficial, portador de diploma
ria ligada à vida ou à saúde do homem ou que com de curso superior, e na sua falta pode-se contar com
ele tenha relação duas pessoas idôneas, “portadoras de diploma de
curso superior preferencialmente na área específica,
Ambroise Paré, em 1575, já definia Medicina Legal dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada
como a “arte de fazer relatórios na Justiça”. com a natureza do exame”.
Nério Rojas define como “a aplicação dos conheci- Importante reforçar que a prova testemunhal
mentos médicos aos problemas judiciais”. somente será admitida quando não puder ser realiza-
Para Flamínio Fávero, o conceito que mais se da avaliação direta sobre os vestígios que apresentam
enquadra é “A aplicação dos conhecimentos médi- relação com fato delituoso. Ainda assim, o exame de
co-biológicos na elaboração e execução das leis que corpo de delito indireto também requer lavratura de
deles carecem”. auto.
Por fim, não podemos esquecer do conceituado A indicação de assistente técnico e formulação de
Deltan Croce, que usa o seguinte conceito: quesitos (questionamentos a serem esclarecidos) pode
ser feita pelo acusado, Ministério Público, assistente
Medicina Legal é ciência e arte extrajurídica auxi- de acusação, querelante ou pelo ofendido.
liar alicerçada em um conjunto de conhecimentos Somente após a conclusão dos exames e elabora-
médicos, paramédicos e biológicos destinados a ção do laudo técnico é que se admite a indicação de
defender os direitos e os interesses dos homens e assistente técnico. A admissão pelo juiz ocorrerá pos-
da sociedade. teriormente à conclusão dos exames. O prazo para a
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
z Morte natural: não é necessário o exame de z Auto: se esse relato for ditado a um escrivão, peran-
necropsia no IML, assim, o médico que tenha te testemunhas;
acompanhado o paciente pode emitir o certificado z Laudo: se firmado posteriormente às diligências
de óbito; necessárias e redigido pelo Perito. 587
O relatório médico-legal possui sete partes: preâm- É preciso afirmar justificando, mencionar inter-
bulo, quesitos, comemorativo ou histórico, descri- pretando, descrever valorizando e relatar esmiuçan-
ção, discussão, conclusões e respostas aos quesitos. do. Não se usa “é porque deve ser”, nem tampouco
Veremos a seguir cada uma delas: se pode permitir que alguém venha se esconder por
trás de uma autoridade que pode lhe dar condições de
z Preâmbulo: parte em que os peritos expõem suas se fazer sempre acreditar. Dessa forma, a descrição
identificações, títulos e residências, qualificam deve ser completa, minuciosa, metódica e objetiva,
a autoridade que requereu e a autoridade que não estando no terreno de hipóteses.
determinou a perícia, e o examinando; o local, Então, em um caso de morte por projétil de arma
hora e data em que a perícia é realizada e a sua de fogo transfixante do tórax, por exemplo, a simples
alegação de que a entrada foi pela frente e a saída pelo
finalidade;
dorso não é suficiente. Se, posteriormente, for levan-
z Quesitos: nas ações penais já se encontram formu-
tada a hipótese de erro diagnóstico, o perito não terá
lados os chamados quesitos oficiais. Ainda assim,
elementos para firmar a sua conclusão anterior.
podem, se for da vontade da autoridade competen-
O laudo médico-legal objetiva entregar à autorida-
te, existir quesitos acessórios; de competente os elementos de convicção. Desse modo,
z Histórico: é o histórico que reúne todas as infor- para que um ferimento tenha força elucidativa, é pre-
mações coletadas do interessado ou de terceiros, ciso que todos os seus elementos de convicção estejam
relacionados ao caso, e sob responsabilidade dos bem definidos em forma, direção, número, idade, situa-
declarantes, a respeito de detalhes e circunstân- ção, extensão, largura, disposição e profundidade.
cias aptas a esclarecer a perícia. Essa parte deve A descrição não deve ficar restrita somente à lesão.
ser creditada ao periciado, não devendo impor É importante que se registre também com precisão a
ao perito nenhuma responsabilidade sobre seu distância entre ela e os pontos anatômicos mais pró-
conteúdo. ximos, e, se possível, se anexem esquemas ou foto-
grafias das ofensas físicas, pois só assim dúvidas ou
O histórico tem-se revelado, na experiência peri- interpretações de má-fé poderão ser evitadas.
cial, por vezes, como uma fase imprescindível, ainda
que não seja o momento de maior expressividade do z Discussão: fase em que serão colocadas em discus-
documento médico-legal. são as várias hipóteses, afastando-se o máximo das
E mesmo que a prática médico-legal não tenha conjecturas pessoais, podendo-se até citar autori-
caráter de ato investigativo ou de instrutivo, mas de dades recomendadas sobre o assunto. É a discus-
prova, o histórico inclui-se, atualmente, na moderna são que assegura o correto deduzir das conclusões;
concepção pericial, como um instante primordial. z Conclusão: nesta parte consta a síntese diagnósti-
Para atingir seu verdadeiro sentido, o de apre- ca redigida objetivamente, disposta ordenadamen-
sentar uma imagem bem viva, pelo menos a mais te, deduzida pela descrição e pela discussão. É a
aproximada possível da dinâmica do evento, do qual análise sumária do que os peritos puderam con-
a agressão foi a consequência, o laudo deve apontar cluir após o exame minucioso. O que for concluído
uma ideia real não só da lesão, mas, da maneira pela será resumido em poucas palavras, de modo a tor-
qual ela foi produzida. nar a informação concisa e clara para a autorida-
Impedir um indivíduo principalmente se este é de que pediu a perícia. Não há mais espaço para
vítima de relatar o acontecido ao perito no momen- dúvidas, para avaliações e comparações, que já
to do exame, não só prejudica os seus direitos, mas foram feitas na discussão. Até mesmo impossibi-
atenta contra as conquistas fundamentais da pessoa lidade de concluir é uma conclusão. É o que acon-
humana, asseguradas na Declaração Universal dos tece, por exemplo, nos casos em que um hímen é
Direitos do Cidadão e do Homem, e na Constituição complacente e não se rompe com a cópula vaginal.
Federal, que preserva a livre prerrogativa de prestar O perito dirá que não há elementos para afirmar
informações, ou até mesmo, aos detentos presidiários, ou negar ter havido conjunção carnal;
a obrigação de dispensar toda autoridade a sua inte- z Respostas aos quesitos: ao finalizar o relatório,
gridade física e moral. os peritos respondem de forma sintética e convin-
Sendo assim, os peritos devem continuar adicio- cente, afirmando ou negando, sem deixar escapar
nando o histórico em seus laudos, principalmente o nenhum quesito sem resposta. É certo que, na
que acharem importante, sempre de forma singela e Medicina Legal, a certeza é às vezes relativa, ou
objetiva, de modo que tragam subsídios à perícia, sem seja, nem sempre podem os peritos concluir afir-
a preocupação de agradar ou desagradar quem quer mativa ou negativamente. Não há nenhum demé-
que seja, autoridade ou não. rito se, em certas ocasiões, eles responderem “sem
elementos de convicção”, se, por motivo justo, não
z Descrição: é a parte mais importante do relatório puderem ser categóricos.
médico-legal. Por isso, é preciso que se exponha
todas as particularidades da lesão, não devendo Pareceres
ser citada apenas de forma nominal, como, por
exemplo, ferida contusa, ferida de corte, queimadu- Quando uma consulta médico-legal envolve diver-
ra, marca elétrica, entre outras. A última parte do gências importantes no que diz respeito à inter-
documento deve ser: respostas aos quesitos, a refe- pretação dos achados de uma perícia, de maneira
rência ao meio ou o tipo de ação que levou à ofensa. a impossibilitar uma orientação correta dos julgado-
res, estes, ou qualquer parte interessada no processo,
Expor nominalmente uma lesão é o mesmo que podem solicitar esclarecimentos mais profundos a
diagnosticá-la. Omitir suas características é uma for- uma instituição cujo corpo técnico tem competência
ma de desapropriar uma ideia pessoal de quem vai inquestionável, ou a um perito ou professor de reco-
analisar o laudo e suprir-lhe a oportunidade de se nhecida autoridade no assunto. Este documento rece-
588 convencer do real aspecto e da natureza da lesão. be o nome de parecer.
Quando há dúvidas em um processo, ou quando as Os peritos trabalham em regime especial de traba-
partes se contradizem e se radicalizam nas suas posi- lho, podendo ser acionados de dia, de noite, de madru-
ções mais obstinadas, é o momento de ouvir uma voz gada, em qualquer momento, inclusive realizando suas
mais experiente, a autoridade mais respeitada, apta a funções além do horário de término da escala, em vir-
iluminar o julgador. tude da natureza do exame realizado. É necessária for-
Isto posto, o juiz, para se dotar dos subsídios de mação superior específica para exercer o cargo.
convicção, necessita de informações específicas e não São peritos de natureza criminal: Peritos Crimi-
somente de meros exames clínicos, técnicos, frios, nais, Peritos Médico-legistas e Peritos Odonto-legistas.
simples, pois, da realidade que se quer configurar. Vejamos na íntegra a referida legislação abaixo:
No cadáver esses ferimentos não tomam tais dire- z Rubefação ou Eritema Traumático: famosa “ver-
ções, em virtude da ausência de elasticidade e da melhidão” decorrente de um tapa ou outra agres-
retratilidade dos tecidos. são, aparece de forma repentina e momentânea,
Feridas em acordeão ocorrem quando a profun- no entanto, desaparece em alguns minutos (é a
didade de penetração pode ser maior que o próprio mais transitória lesão contusa), podendo não ter
comprimento do objeto (região onde existe depressi- valor médico-legal ao desaparecer. Ex.: Vermelhi-
bilidade dos tecidos superficiais). dão decorrente de um tapa com impressão dos
dedos e mão do agressor;
LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CORTANTE z Escoriação: desprendimento da epiderme e o des-
nudamento da derme sem deixar cicatrizes, de
Ocorre por deslizamento de objeto afiado com um onde fluem serosidade e sangue. Quando apenas
gume ou mais, como navalha e bisturi, sobre os teci- a derme é atingida, denomina-se escoriação típica,
dos e, quase sempre, em sentido linear. se a derme foi danificada, denomina-se ferida. A
É comum encontrar “cauda de escoriação” indi- regeneração da região lesada é por reepitelização.
cando o sentido da lesão (lado onde terminou a ação
do instrumento), pois o início da lesão é mais profun- No estado post mortem não há formação de cros-
do e brusco. Vejamos as seguintes características: ta nas escoriações e a derme apresenta coloração
branca.
z Forma linear e regular das bordas;
z Ausência de vestígios traumáticos nas extremida- z Equimose: é prova indiscutível de reação no vivo.
des da ferida; Tem como principais características a infiltração
z Hemorragia quase sempre abundante; hemorrágica nas malhas dos tecidos e a ruptura
z Predominância do comprimento sobre a profundi- capilar. Ocorre quando há um plano mais resisten-
dade (ação deslizante); te sob a região traumatizada. Algumas formas de
z Afastamento das bordas da ferida; equimose são:
z Vertentes cortadas obliquamente;
z Centro da ferida mais profundo que as extremidades.
Sugilação: forma de pequenos grãos;
Víbice: forma de estrias. Pode apresentar a for-
Quase sempre a hemorragia é abundante, devido
ma do objeto usado na agressão. Ex.: cassetete;
ao fácil rompimento dos vasos.
Petéquias: pequenas equimoses pontilhadas e
A extensão da ferida é geralmente menor do que a
agrupadas.
que ferida real produzida, devido à elasticidade e da
retratilidade dos tecidos (somente nos vivos).
Se as feridas cortantes apresentam aspecto de V, A mudança de tonalidade da equimose foi avalia-
devido à separação das bordas e ângulo agudo em seu da por Legrand du Saulle, veja a seguir:
término, têm forma de bisel. Para que isso aconteça, o
objeto cortante deve atuar obliquamente. 1º dia Vermelho
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Dentro do conjunto das lesões produzidas por ação 11º ao 14º dia Amarelada
cortante, vamos apresentar a seguir:
15º ao 20º dia Desaparecendo
z Esquartejamento: ato de dividir o corpo em par-
tes (quartos), por amputação ou desarticulação; Mas cuidado, o valor cronológico é relativo, pois
z Castração - Lesão: geralmente causadas por vingança. pode variar em função da quantidade e profundidade
z Decapitação: separação da cabeça do corpo; do sangue extravasado e elasticidade do tecido.
z Esgorjamento: longa ferida transversal do pes- A exceção a esta regra ocorre na conjuntiva ocular,
coço, de significativa profundidade, na região devido à porosidade e oxigenação elevada na região,
anterior, lateral, anterolateral ou laterolateral do mantendo sua cor vermelha até sua total reabsorção.
pescoço; 591
Nos idosos a absorção da equimose é mais lenta z Fraturas: ocorrem por compressão, flexão ou tor-
que nas crianças. No cadáver, a equimose some ape- ção e caracterizam-se pela solução de continuida-
nas quando surgirem os fenômenos transformativos de dos ossos.
putrefativos que lhe alteram as características.
Os pigmentos absorvidos por atividade fagocitá- É comum nas crianças ocorrer a deformação do
ria podem ser vistos, mesmo após o desaparecimento osso sem apresentar qualquer fratura, pois o esquele-
da equimose, podendo ser usado para comprovar a to tem maiores índices de cartilagem, conhecido tam-
região lesionada (sinal de Kunckel). bém como fratura em galho verde.
Quanto ao diâmetro dessas lesões, pelo efeito lace- Orifício de entrada; A – orla de contusão; B – orla de
rante é comum que seja maior que o próprio diâmetro enxugo; C - Zona de tatuagem; D – Zona de esfumaçamento.
do projétil. As bordas geralmente são evertidas.
(Fonte: CROCE, D. Manual de Medicina Legal. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012).
Ferimentos de Entrada nos Tiros a Curta Distância
Tiro à Queima-roupa
Estes ferimentos podem mostrar zonas primárias
e secundárias: O tiro à queima-roupa ou curta distância é dispa-
rado a menos de 40 ou de 50 centímetros da vítima,
z Zonas primárias: forma arredondada ou elípti- mas não está o cano da arma encostado na pessoa.
ca, orla de escoriação, bordas invertidas, halo de fonte:unoeste.br
enxugo, aréola equimótica;
z Zonas secundárias: halo ou zona de tatuagem, Algumas características são crestação de pelos e
orla ou zona de esfumaçamento, zona de queima- cabelos, presença de sinais de queimadura sobre a
dura, e zona de compressão de gases. pele e zona de compressão de gases (no vivo). 593
Não há um valor absoluto para determinar a distância z O fenômeno da cavitação: ocorre formação de
de um disparo à curta distância, mas com a realização de cavidades temporárias e permanentes em virtude
testes práticos com a mesma arma de fogo, mesmas con- da aceleração brusca dos tecidos.
dições e cartucho, os efeitos secundários podem ser usa-
dos para determinar a distância que o tiro foi efetuado. Na cavidade temporária ocorre diversas expan-
sões e, no final do processo, é registrada a cavidade
Ferimentos de Entrada nos Tiros a Distância permanente, que costuma apresentar dimensões
equivalentes à do projétil.
Nessas lesões, o diâmetro da ferida é menor que
o do projétil devido à elasticidade e retratibilidade LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO
da pele. Segue uma forma arredondada ou elíptica CORTO-CONTUNDENTE
(dependendo do ângulo de entrada), orla de contusão,
halo de enxugo (limpeza das impurezas), aréola equi- Muito importa o peso do objeto e a força usada
mótica e bordas reviradas para dentro. Tiro a distân- nele por quem o está utilizando. Sua ação mista se
cia não apresentam os efeitos secundários do tiro. dá pelo deslizamento e pela percussão, mas também
Não se deve indicar o calibre da arma pelo diâme- como pela pressão. São exemplos: a foice, o facão, o
tro das lesões. machado e as mordidas (destaque por já ter sido
questão de prova). Muito comum ser encontrada no
z Sinal de funil de Bonnet ou do cone truncado de espostejamento.
Pousold: sinal usado para mostrar o ferimento de Não estão presentes: cauda de escoriação e pontes
entrada (arredondado) e saída no plano ósseo. A de tecidos íntegros entre as vertentes da ferida.
região de saída forma um tronco de cone com a Podem-se dividir essas lesões em quatro graus:
base voltada para fora;
z Buraco de fechadura: ferimento de entrada com z 1° grau: equimoses e escoriações, é possível nas
incidência tangencial, no entanto, penetra na cavi- mordeduras chegar até o autor por comparação;
dade craniana. z 2° grau: equimoses e escoriações mais intensas;
z 3° grau: compromete a pele até à musculatura,
Ferimentos de Saída porém sem arrancamento de tecidos;
z 4° grau: lesões com desprendimento de tecidos e
Veremos as características: possíveis modificações estéticas.
Um dos principais aspectos que devem ser levan- Primoriência é o instituto que determina quem
morreu primeiro em um mesmo fato ocorrido. É
tados pela Tanatologia Forense é o diagnóstico da
importante determinar o tempo de sobrevivência na
causa jurídica da morte e o mecanismo usado. Em
área cível, principalmente por questões de herança.
outras palavras, corresponde ao homicídio, suicídio
ou acidente. Lesões In Vitam e Post Mortem
Morte Súbita, Agônica e Sobrevivência A cronologia dos ferimentos segue as etapas seguintes:
Antes de tudo, é necessário distinguir morte natu- z Lesões produzidas bem antes da morte;
ral, morte violenta e morte de causa suspeita. z Lesões produzidas imediatamente antes da morte;
z Lesões produzidas logo após a morte;
z Morte natural: ocorre em decorrência de anteceden- z Lesões produzidas certo tempo depois da morte.
tes patológicos; é justificada por um estado mórbido
adquirido ou até mesmo perturbação congênita; 597
Meios Tradicionais (Macroscópicos) A morte por inibição ocorre mesmo que a vítima não
apresente qualquer antecedente ou alteração patológicos.
As lesões que se verificam após a morte não apre-
sentam reações vitais, como: DIAGNÓSTICO DE REALIDADE DA MORTE
z Infiltração hemorrágica, quanto maior é a sobrevi- Tanatologia médico-legal é a parte da Medicina Legal
vência, maior essa infiltração; que estuda a morte e o morto, e as suas repercussões
z Coagulação do sangue; na esfera jurídico-social (FRANÇA, 2017). Os pontos mais
z Retratibilidade dos tecidos; relevantes que iremos estudar nesse tópico são:
z Presença e tonalidade das equimoses;
z Aspecto das escoriações; z Definição de morte;
z Reações inflamatórias, embolias, evolução dos z Causas jurídicas da morte (homicídio, suicídio ou
calos de fratura, entre outras. acidente);
z Diagnóstico da realidade de morte pelos sinais
Outros meios de lesões:
tradicionais;
z Estimativa do tempo de morte (cronotanatognose);
z Lesões brancas: são sinal de lesão provocada após
z A morte súbita, agônica e sobrevivência;
a morte;
z Distinção entre morte natural, morte violenta e
z Hemorragia: é a lesão produzida em vida;
morte de causa suspeita e em quais situações os
z Incoagulação do sangue: sinal de morte (sinal de
corpos serão atestados pelo IML, SVO ou pelo pró-
Donné);
prio médico particular da família.
z Formação de crosta: sinal claro de reação vital.
Critérios para Diagnóstico da Morte
As escoriações produzidas in vitam apresentam
desprendimento da epiderme, desnudamento de der-
Nos dias atuais, surge um novo conceito de diag-
me, coagulação da linfa e formação da crosta.
nóstico de morte: a morte encefálica. A constatação
O eritema e as flictenas com conteúdo, principal-
da morte encefálica é a condição necessária para a
mente compostos por leucócitos, cloreto de sódio e
captação de múltiplos órgãos para transplante. Em
albuminas (sinal de Chambert), e o retículo vasculo-
um caso dessa natureza, a data e a hora do óbito
cutâneo, afirmam queimaduras intra vitam.
deverão ser as mesmas em que for declarada a morte
O cogumelo de espuma para os afogados é sinal de
encefálica.
reação vital, desde retirados do meio líquido em curto
espaço de tempo.
Modalidades da Morte
Meios Subsidiários
Delton Croce e Genival Veloso França definem as
Os métodos mais usados para determinar ocorrên- modalidades da morte com conceitos diferenciados
cia de lesões in vitam e post mortem são a prova de como veremos abaixo:
Verderau, a prova histológica, a microscopia eletrôni- De acordo com Delton Croce, as modalidades de
ca, a histoquímica e os métodos bioquímicos. morte são:
z Prova de Verderau: relação entre as hemácias e leu- z Anatômica: cessamento total e permanente de
cócitos da lesão, comparando com elementos figura- todas as grandes funções do organismo entre si e
dos do sangue de outra região qualquer do corpo; com o meio ambiente, como, por exemplo, a respi-
z Prova histológica: nas lesões em vida, observa-se ração e a circulação;
congestão vascular, elementos histiocitários da z Histológica: tecidos, células dos órgãos e sistemas
reação, dentre outros; morrem em um período mais prolongado;
z Uso da microscopia eletrônica: determina feridas z Aparente: o indivíduo aparenta estar morto, mas
vitais e as produzidas depois da morte, principal- ainda apresenta reações vitais por persistência
mente através da hemóstase e dos seus componen- da circulação. Se o socorro for rápido, é possível
tes celulares e plasmáticos; a recuperação do indivíduo em estado de morte
z Prova histoquímica: baseada em técnicas enzi- aparente. É caracterizada pela tríada de Thoinot:
mo-histoquímicas percebidas nos tecidos cutâneos imobilidade, ausência aparente da respiração e da
da periferia das lesões em vida. circulação;
� Relativa: o indivíduo jaz como morto vitimado
Morte por Inibição/Reflexa por parada cardíaca diagnosticada pela ausência
de pulso em artéria calibrosa. Se for feita uma rea-
Suspensão súbita e inesperada das funções vitais. nimação a tempo, o quadro pode ser reversível;
Morte de difícil diagnóstico antes ou depois de tal fato. z Morte intermédia: aceita por alguns autores e
Segundo Genival Veloso França, é a morte rápida e contestada por outros. Essa morte antecede a abso-
brusca de um indivíduo aparentemente sadio, vitima- luta e sucede a relativa e pode ser considerada o
do por pequeno traumatismo ou simples manipulação início da morte definitiva;
de certos órgãos ou regiões do corpo, tão insignifican- z Morte real: acaba a conexão orgânica, por inibi-
tes que deixam mínimos vestígios ou nenhum, ou não ção da força de coesão intermolecular, dando iní-
deixam qualquer lesão capaz de explicar tal resultado. cio aos fenômenos transformativos até à completa
598 esqueletização.
Para Genival Veloso França, a morte pode ser clas- Puerpério
sificada de quatro formas:
O puerpério é o “espaço de tempo que vai da expul-
z Morte aparente: apresenta-se pela suspensão são da placenta até a involução total das alterações
aparente de algumas funções vitais; da gravidez pela volta do organismo materno às suas
z Morte relativa: caracterizada pela cessão efetiva condições pré-gravídicas. Seu tempo varia, segundo
e duradoura de algumas funções vitais, sendo pos- estudiosos, de 8 dias a 8 semanas”.
sível a recuperação de algumas delas;
z Morte intermediária: similar à anterior, no entan- REPRODUÇÃO ASSISTIDA
to, não havendo possibilidade de recuperação;
z Morte absoluta: suspensão total e permanente de A reprodução assistida engloba procedimentos
qualquer atividade vital. realizados que auxiliarão na resolução de conflitos da
infertilidade humana, permitindo o processo de pro-
Formas de morte aparente: criação. Segundo Genival Veloso França, a reprodução
assistida, tecnicamente, pode ser realizada por:
z Sincopal: (a mais comum): por perturbações car-
diovasculares centrais e/ou periféricas e encefáli- z Métodos de fecundação interna;
cas e/ou metabólicas; z Por transferência transabdominal, intrauterina e
z Histérica: (letárgica e catalepsia): a segunda causa intra-abdominal de gametos;
mais frequente, ausente de respostas de movimentos, z Fecundação in vitro com transferência uterina de
sensibilidade e consciência por longo período; ovo fecundado, com doação de óvulo, com doação
z Asfíxica: mecânica (com obstrução ou não das vias de embrião e transferência de embriões congela-
respiratórias) e não mecânica, asfixia de absorção ou dos, podendo essas técnicas serem efetivadas de
histotóxica (respiração de gás carbônico e cianuretos); forma homóloga (material do marido ou compa-
z Tóxica: compreende a anestesia e a utilização alca- nheiro) ou heteróloga (material de doador).
loides em doses inadequadas, causando danos ao
indivíduo; São métodos de reprodução assistida:
z Apopléctica: presente em pessoas hipertensas pela
congestão e hemorragia de uma artéria cerebral. z A inseminação:
vários embriões.
GRAVIDEZ, PARTO E PUERPÉRIO
z Fertilização in vitro:
Gravidez
Gravidez é o estágio fisiológico da mulher devido A união dos gametas ocorre espontaneamente em
ambiente que reproduz o das trompas, mas fora do orga-
a um produto da concepção. Ocorrendo a morte fetal
nismo da mulher. Quando se dispõe de poucos esperma-
após o 5º mês, a retenção provoca o fenômeno da
tozoides, insuficientes para uma fecundação espontânea,
maceração de forma progressiva.
estes são injetados diretamente dentro dos óvulos, com
Parto utilização de técnicas de engenharia genética (ICSI).
Os embriões resultantes que apresentam melhor
Parto é a expulsão do feto viável e anexos. O par- aspecto morfológico são transferidos para o útero da
to empelicado ocorre quando não há rompimento da mulher, em número de quatro, no máximo, e os que
bolsa ou saco amniótico, entretanto, não ocorre risco conseguirem nidar dão origem à gestação, única ou
de vida, pois o recém-nascido continua recebendo oxi- múltipla. Os que não foram transferidos, chamados
gênio por meio do cordão umbilical. embriões excedentes, são congelados, desde que viáveis. 599
Óvulos e espermatozoides criopreservados são z As técnicas de RA não devem ser aplicadas com a
apenas células germinativas, podendo ser descarta- intenção de selecionar o sexo ou qualquer outra
dos conforme vontade do doador. característica biológica do futuro filho, exceto
Nas diferentes técnicas de RA, além da dispensa quando se trate de evitar doenças ligadas ao sexo
do ato sexual e participação do médico na procriação, do filho que venha a nascer;
na fertilização in vitro pode haver um hiato de tempo z É proibido a fecundação de oócitos humanos, com
variável entre a fecundação e a nidação. qualquer outra finalidade que não seja a procria-
Havendo união dos gametas, houve concepção. A ção humana;
nidação no útero, condição indispensável à evolução do z O número ideal de oócitos e pré-embriões a serem
embrião, marca apenas o início da gestação. Dessa for- transferidos para a receptora não deve ser supe-
ma, o novo ser, mesmo que criopreservado, é concebido. rior a quatro, com o intuito de não aumentar os
A fertilização in vitro é homóloga se os gametas uti- riscos já existentes de multiparidade;
lizados forem do casal, e heteróloga se um ou ambos z Em caso de gravidez múltipla, decorrente do uso
os gametas forem de doadores, desde que a gestação de técnicas de RA, é proibida a utilização de proce-
se desenvolva no útero da esposa ou companheira. dimentos que visem a redução embrionária.
A mulher pode realmente não ter condições de
gerar, por exemplo, quando os ovários não produ- TRANSTORNOS DA SEXUALIDADE E DA
zem óvulos, mas pode ter útero normal para gestar o IDENTIDADE SEXUAL
embrião resultante da fecundação de óvulo doado por
espermatozoide do marido ou de doador. Genival Veloso França define como “distúrbios
As técnicas de reprodução assistida não devem qualitativos ou quantitativos do instinto sexual, fan-
ser aplicadas com a intenção de sexagem ou qualquer tasias ou comportamento recorrente e intenso que
outra característica biológica do futuro filho, exceto ocorrem de forma inabitual”. Vamos estudar algumas
quando se trate de evitar doenças ligadas ao sexo do parafilias:
filho que venha a nascer.
z Anafrodisia: diminuição do desejo sexual no
homem;
Importante! z Frigidez: diminuição do desejo sexual na mulher;
z Anorgasmia: Homem não consegue alcançar o
A reprodução assistida resolve o efeito da este- orgasmo;
rilidade propiciando a gestação, sem corrigir as z Erotismo ou afrodisia: aumento do apetite sexual;
causas do distúrbio. z Satiríase: ereção quase contínua, com ejaculações
repetidas;
z Priapismo: ereção sem desejo;
Conforme as normas éticas de reprodução huma- z Erotomania: desejo exaltado sem ereção, com
na, o consentimento informado será obrigatório ideia fixa de sexo;
para todos os pacientes submetidos às técnicas de z Ninfomania ou uteromania: desejo exaltado na
reprodução assistida (RA). Não constitui ilícito ético mulher (furor uterino);
a reprodução assistida post mortem, desde que haja z Autoerotismo: erotismo sem parceiro;
autorização prévia específica do falecido para o uso z Exibicionismo: prazer em exibir os órgãos sexuais
do material biológico criopreservado, de acordo com em público;
a legislação vigente. z Swapping: troca de casais de forma consentida
Conforme resolução CFM 1358, de 1992, os princí- (heterossexual);
pios gerais são: z Narcisismo: admiração pelo próprio corpo, sendo
indiferente ao sexo oposto;
z As técnicas de Reprodução Assistida (RA) têm o z Fetichismo: desejo ou satisfação sexual desperta-
papel de auxiliar na resolução dos problemas de do por objeto (calcinha, meia) ou parte da pessoa
infertilidade humana, facilitando o processo de (pés, nuca), que absorve todo o desejo sexual;
procriação quando outras terapêuticas tenham z Lubricidade senil: atração de velhos, muitas vezes
sido ineficazes ou ineficientes para a solução da impotentes, por pessoas muito mais jovens, princi-
situação atual de infertilidade; palmente crianças, levando-os a atos libidinosos;
z As técnicas de RA podem ser utilizadas, desde que z Mixoscopia: prazer sexual em assistir à relação
exista probabilidade efetiva de sucesso e não se sexual dos outros;
incorra em risco grave de saúde para a paciente ou z Cronoinversão: amor pelo sexo oposto com gran-
o possível descendente; de diferença de idade;
z O consentimento informado será obrigatório e z Cromoinversão: propensão erótica de certos indi-
extensivo aos pacientes inférteis e doadores. Os víduos por outros de cor diferentes;
aspectos médicos envolvendo todas as circunstân- z Gerontofilia: atração sexual de jovens por pessoas
cias da aplicação de uma técnica de RA serão deta- idosas;
lhadamente expostos, assim como os resultados z Pigmalionismo, iconolagnia ou iconomania: o
já obtidos naquela unidade de tratamento com a indivíduo se enamora pela sua criação (desenhos,
técnica proposta. As informações devem também estátuas). Também chamados de estupradores de
atingir dados de caráter biológico, jurídico, ético e estátuas, pois elas os excitam a ponto de induzi-los
econômico. O documento de consentimento infor- à masturbação;
mado será em formulário especial, e estará com- z Voyeurismo: excitação sexual ao observar os
pleto com a concordância, por escrito, da paciente outros em cenas íntimas (tomando banho, trocan-
600 ou do casal infértil; do de roupa);
z Coprofilia: perversão em que o ato sexual se prende Quesitação
ao ato da defecação ou contato das próprias fezes;
z Dolismo: atração que o indivíduo tem por bonecas Alguns conceitos, como o de estupro, foram altera-
e manequins, mirando-as ou exibindo-as, ou até dos pela Lei n° 12.015, de 2009. Por isso, os modelos
mesmo chegando à relação sexual com elas; de laudos referentes aos crimes sexuais tiveram de
z Coprolalia: necessidade em proferir ou ouvir ser alterados, passando a ser mais simples e objetivos.
palavras obscenas a fim de excitar; Nota-se que a lei considera o ato como gênero, do qual
z Edipismo: atração sexual específica do filho pela a conjunção carnal faz parte, seguindo:
mãe;
z Eletrismo: atração sexual específica da filha pelo z Se há vestígios de ato libidinoso (em caso positivo,
pai; especificar);
z Erotofobia: temor mórbido em realizar o ato z Se há vestígios de violência e, no caso afirmativo,
sexual; qual o meio empregado;
z Frotteurismo: consiste em esfregar os órgãos z Se da violência resultou para a vítima incapaci-
sexuais em outra pessoa, sem o consentimento dela; dade para as ocupações habituais por mais de 30
z Pedofilia: atividade sexual com criança pré-púbe- (trinta) dias, perigo de vida, debilidade permanen-
re (menor de 13 anos). Para sua caracterização, o te de membro, sentido ou função, aceleração de
indivíduo deve ter mais de 16 anos e, no mínimo, parto, incapacidade permanente para o trabalho,
cinco anos a mais do que a vítima; enfermidade incurável, perda ou inutilização de
z Sadismo: excitação e satisfação sexual ao causar membro, sentido ou função, deformidade perma-
maus-tratos e humilhação; nente e/ou aborto (em caso positivo, especificar);
z Masoquismo: satisfação sexual ao sofrer dor e z Se a vítima é alienada ou possui transtornos mentais;
humilhação (contrário do sadismo); z Se houve outro meio que tenha impedido ou difi-
z Necrofilia: relação sexual com cadáveres; cultado a livre manifestação de vontade da vítima
z Bestialismo ou zoofilia: satisfação sexual com (em caso positivo, especificar).
animais;
z Triolismo: excitação na presença de terceira pes- Tendo como exemplo as sugestões do Grupo de
soa ou de um grupo (swing); Trabalho “Tortura e Perícia Forense”, criado pela
z Riparofilia: atração por mulheres grávidas, mens- Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
truadas ou desasseadas. dência da República, podemos concordar com a inclu-
são dos seus quesitos nos exames de casos em que há
Na maior parte dos casos, os transtornos decor- suspeitas de ato libidinoso:
rem de tendência inata, de causa desconhecida, mas z Há achados médico-legais que caracterizem a prá-
podem ser uma prática escolhida por fatores culturais tica de ato libidinoso?
e econômicos. z Há evidências médico-legais que sejam indicadoras
A homossexualidade não é mais considerada doen- ou sugestivas de ocorrência de ato libidinoso contra
ça ou desvio de conduta. o examinado que, no entanto, poderiam excepcio-
nalmente ser produzidas por outra causa?”
Identidade de Gênero
Estupro
z Transexualidade: quando a identidade de gênero
é diferente da que foi nomeada no nascimento; As alterações da Lei nº 12.015, de 7 de agosto de
z Travestismo: interesse em exibir-se com roupas 2009, ampliaram a definição de estupro no seu art.
do sexo oposto; 213, que passou a apresentar a seguinte redação:
z Intersexualismo: transtorno de desenvolvimento “Constranger alguém, mediante violência ou grave
sexual em que existem elementos dos dois sexos, ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou per-
sendo assumido um deles na vida social. mitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.” A
pena se manteve de 6 a 10 anos de reclusão.
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL E PROVAS Também passou por mudança o nome do Título
PERICIAIS VI do Código Penal de “Crimes contra a dignidade
sexual”, que antes era “Crimes contra os costumes”.
A perícia que envolve a Sexologia Criminal tem um A denominação Crime Contra os Costumes passou por
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
significado muito particular e grave pelos fatos e cir- diversas críticas por parte dos estudiosos da matéria,
cunstâncias que ela engloba, seja pela complexidade já que o que se quer defender não é necessariamente
das estruturas estudadas, seja em face da fragilidade os costumes, as preferências aceitas ou não pela socie-
do momento. Sendo assim, é necessária muita cautela dade, mas sim a dignidade da pessoa humana, sem-
nos procedimentos periciais, assim como para afirmar pre amparada pela norma constitucional. Além disso,
ou negar se houve práticas contra a liberdade sexual. para compor um único conceito legal do crime de
Ademais, o laudo deve ser escrito em uma lin- estupro, foi englobado o conceito de atentado violento
guagem clara, objetiva, compreensível e simplista, ao pudor, que era anteriormente elencado no art. 214
sem supor ou sugerir tipificações penais, mas que dê e agora está revogado, sendo agregado ao texto do art.
condições para um fácil atendimento do fato aque- 213, caput e dos dois parágrafos do Código Penal.
les que vão analisá-lo. Assim, o laudo deverá descre- Sendo assim, agora, tanto o homem como a mulher
ver minuciosamente as lesões e as particularidades poderão ser sujeitos ativos ou passivos do crime de
encontradas, possibilitando a compreensão do que de estupro, já que se defende que qualquer ato libidino-
profundo e misterioso há nelas, tanto no que diz res- so cometido de forma violenta ou de grave ameaça a
peito à quantidade e à qualidade do dano, mas tam- alguém é dado como o delito em estudo. Agora vere-
bém no modo ou a ação pelo qual foram produzidos. mos algumas extensões do Estupro: 601
z Ato libidinoso é toda e qualquer prática com o Exame Objetivo Genérico
fim de satisfazer completa ou incompletamente
Diz respeito ao aspecto geral da vítima como peso,
o apetite sexual, o qual pode traduzir-se, algumas
estatura, estado geral, lesões e mudanças corporais
vezes, em transtorno da preferência sexual. O ato
que indiquem violência física. É importante também
libidinoso, além da conjunção carnal, manifesta-se pesquisar traços de presunção e de possibilidade de
nas mais variadas situações: no coito ectópico, na gravidez na esfera genital e extragenital da vítima em
masturbação, nos toques e apalpadelas de mamas, casos sugestivos.
coxas e vagina, na palpação de nádegas, na con- Também deve-se buscar por provas de violência
templação lasciva e nos contatos voluptuosos de ou de luta em diversas áreas do corpo da vítima, como
forma constrangedora (FRANÇA, 2017); equimoses e escoriações, principalmente nas faces
z A conjunção carnal é caracterizada pela introdu- externas das coxas, nos antebraços, na face, em vol-
ção completa ou incompleta do pênis na cavidade ta do nariz e da boca (como tentativa de calar os gri-
vaginal, ocorrendo ou não ejaculação, não se ten- tos da vítima) e, ainda, escoriações na face anterior
do como tal a cópula vestibular ou vulvar nem o do pescoço, quando há a tentativa de esganadura ou
coito oral ou anal (FRANÇA, 2017). como meio de atemorizá-la.
Limites e Modificadores
Alterações comportamentais:
Estado deficitário da atividade psíquica
total: incapazes e inimputáveis; Retraimento social;
Deficientes mentais: relativamente capazes e Crise de choro;
semi-imputáveis. Retardo psicomotor.
z Menoridade: O cérebro não está totalmente As energias de ordem químicas podem agir exter-
desenvolvido e, consequentemente, o psiquismo na (cáusticos) ou internamente (venenos).
também não está. Guido Palomba defende uma
graduação na atribuição da imputabilidade que Cáusticos
respeite os momentos biopsicológicos:
Os cáusticos podem resultar em efeitos coagulan-
Nascimento até 12 anos: Período de aquisi- tes (desidratam os tecidos, criando escaras endureci-
ções mentais que corresponde à menoridade e das e coloração) ou liquefacientes (escaras úmidas e
à inimputabilidade; moles) que podem ir além de lesões cutâneas.
Treze aos 18 anos: É o período em que o São exemplos de reagentes coagulantes o nitrato
cérebro já apresenta condições para que, no de prata e o cloridrato de zinco. Podemos citar como
meio social, a pessoa forme seus valores éti- exemplos de liquefaciente a soda e a amônia.
cos, morais, e tenha seus próprios interesses Os ácidos produzem escaras secas e de cor variável:
(semi-imputabilidade);
A partir dos 18 anos. Já existe desenvolvimen- z As do ácido sulfúrico são esbranquiçadas;
to biológico e mental suficientes, com aptidão z As do ácido nítrico: amareladas;
para a vida, sendo a imputabilidade plena. z As do ácido clorídrico, cinza-escuras;
z As do ácido fênico, esbranquiçadas.
z Surdo-mudo: A ausência de sensações auditivas
afeta o contato com o meio exterior e a aquisição As escaras resultantes da ação dos álcalis são úmi-
de noções que dependem de linguagem falada, das, moles e untosas. As escaras produzidas pelos sais
mesmo com educação especializada, comprome- geralmente são brancas e secas.
tendo o discernimento, principalmente quando a Um termo muito cobrado em prova é a lesão deno-
deficiência for de nascença; minada vitriolagem, que é causada pelo uso crimi-
z Silvícola não aculturado: Conceito originário da noso dos reagentes supracitados para causar lesões
criminologia, como sendo uma pessoa com concei- propositais, muitas vezes por vingança. A origem do
tos próprios de comunidade que, por não estarem termo vem porque, antigamente, se usou criminosa-
inseridos em nosso meio social, segundo essa ciên- mente o óleo de vitríolo (ácido sulfúrico).
cia, podem apresentar certa apatia, insensibilida-
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
de e frieza; Venenos
z Apedeutismo: A criminologia conceitua como
apedeuta aqueles que não têm conhecimentos de Os venenos se classificam de acordo com:
leitura e escritura, sendo as vezes comparados ao
conceito anterior. z O estado físico: líquidos, sólidos e gasosos;
z A origem: animal, vegetal, mineral e sintético;
Simulação, Metassimulação, Dissimulação e z As funções químicas: óxidos, ácidos, bases e sais
Supersimulação (funções inorgânicas): hidrocarbonetos, alcoóis,
acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres, ami-
É natural que algumas pessoas queiram exagerar nas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides (fun-
seus padecimentos e outros procurem minorá-los de ções orgânicas);
modo a voltarem mais rapidamente ao exercício pro- z O uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal,
fissional. Os peritos têm que estar atentos para ambas cosmético e venenos propriamente ditos.
atitudes, que geram simulações e dissimulações, res-
pectivamente. Vamos às definições: 609
O percurso do veneno dentro do organismo tem as seguintes fases: penetração (via oral, retal etc.), absorção
(quando chega nos tecidos), distribuição (na circulação e espalha para os tecidos), fixação (por afinidade, fixa em
certos órgãos), transformação (defesa da ação tóxica buscando sua eliminação) e eliminação (expelido por vias
naturais).
Há algumas situações ou fenômenos que podem ocorrer após a penetração do veneno, tais como: mitridatiza-
ção, toxicidade, intolerância, sinergismo e equivalente tóxico. Vejamos:
z Mitridatização: o fenômeno caracterizado pela elevada resistência orgânica aos efeitos tóxicos dos venenos,
conseguida por meio da ingestão repetida e progressiva de substâncias de alto teor venenoso, até alcançar um
estágio de resistência não encontrado nas outras pessoas;
z Toxicidade: refere-se ao dano interno causado por uma substância devido à sensibilidade causada por peque-
nas doses de veneno;
z Sinergismo: é o aumento da potência tóxica quando da ingestão de mais de uma substância comparada à
soma do efeito tóxico de cada substância;
z Equivalente tóxico: a quantidade mínima de veneno capaz de, por via intravenosa, matar o equivalente a 1
kg do animal.
TOXICOMANIA
Existem diferentes formas de se fazer menção ao consumo abusivo de substâncias psicoativas: toxicomania,
dependência química, farmacodependência e drogadição.
O termo toxicomania, de forma simples, relaciona-se ao estado de intoxicação crônica ou periódica, nociva ao
indivíduo e prejudicial à sociedade, gerada pelo consumo repetido de uma droga sintética ou natural.
O conceito de droga, por sua vez, para fins penais, é encontrado no parágrafo único, do art. 1º, da Lei nº 11.343,
de 2006 (Lei de Drogas), e se relaciona às substâncias ou produtos capazes de causar dependência, desde que este-
jam especificados em lei ou elencados em listas emitidas pelo Poder Executivo da União.
É interessante saber que: no Brasil, as substâncias ou produtos sujeitos a controle especial estão elencadas na
Portaria SVS/MS 344, 1998, do Ministério da Saúde. O anexo da Portaria, no qual constam as substâncias controla-
das, é atualizado, periodicamente, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No entanto, nem todas as drogas psicotrópicas constam na Portaria nº 344, de 1998: algumas são lícitas, como
o álcool, e outras, ilícitas (o consumo, produção, distribuição e comercialização são proibidos) como a maconha e
a cocaína; e outras, ainda, são prescritas (a compra e o uso se dá mediante receita médica), tais como os remédios
de tarja preta.
Drogas psicotrópicas, pois, são aquelas que agem sobre o cérebro e alteram o psiquismo de diferentes formas.
As drogas psicotrópicas, ou psicoativas, podem ser classificadas de diversas maneiras, de acordo com diferen-
tes critérios:
z Quanto ao tipo de alteração que geram no sistema nervoso central (SNC) e no comportamento do usuário;
z Quanto a origem, se naturais ou sintéticas;
z Quanto ao estatuto jurídico, se lícitas ou ilícitas.
A classificação conforme os efeitos farmacológicos, isto é, dependendo da forma como essas drogas agem
610 no sistema nervoso central, se dá em três grupos:
DEPRESSORAS DO SNC OU
Barbitúricos, opiáceos, álcool, soníferos, solventes ou inalantes
PSICOLÉPTICAS
PERTURBADORAS DO SNC OU Maconha, LSD, MDMA (Ecstasy), mescalina, ayahuasca (chá do Santo
PSICODISLÉPTICAS Daime)
Por sua vez, a classificação das substâncias, conforme a origem, é feita da seguinte forma:
Por fim, as substâncias também podem ser classificadas de acordo com o tratamento dispensado pela legislação:
Para os fins do nosso estudo em medicina legal, será dado destaque aos os efeitos farmacológicos das drogas.
As drogas psicolépticas diminuem a atividade do sistema nervoso central, deprimindo ou inibindo sua ati-
vidade. São drogas que produzem relaxamento, lentidão, causam sonolência, diminuem a atividade intelectual,
reduzem a ansiedade etc.
Importante!
As principais drogas psicolépticas são dividas em 4 grupos, que podem ser recordados pelo mnemônico
“BOBA” — barbitúricos, opiáceos, benzodiazepínicos e álcool.
Os barbitúricos, tais como o fenobarbital (gardenal), barbital e pentobarbital, são, normalmente, utilizados
como sedativos e antiepiléticos. A principal ação do barbitúrico sobre o SNC é causar depressão. Ademais, esse
tipo de substâncias pode causar, também, desde um efeito sedativo, anestésico cirúrgico, até o coma ou a morte.
Seu uso pode ser oral, intramuscular, endovenoso ou retal. Dependendo do tipo, os efeitos do barbitúrico apare-
cem entre 30 segundos e 15 minutos.
Os opiáceos, por sua vez, têm origem na resina que é extraída do fruto da papoula. Por isso, eles têm como
característica um forte poder analgésico, que deprime o sistema nervoso central e o respiratório. Num primeiro
momento, produzem breve e intensa hiperatividade (denominada rush) que é seguida por um estado de tranqui-
lidade e posterior sonolência. Pertencem, ao grupo dos opiáceos, o ópio (pouco comum no Brasil), a morfina (de
grande potência e ação sonífera) e a heroína (produzida a partir da morfina, mas muito mais potente e viciante,
sendo de uso, normalmente, intravenoso).
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Já os benzodiazepínicos constroem um grupo de psicotrópicos bem conhecido por seu uso, na prática clínica,
como ansiolíticos, hipnóticos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares. São exemplos: o bromazepam (Lexo-
tan), diazepam (Valium), alprazolam (Frontal), clonazepam (Rivotril), entre outros. O uso abusivo dessas substân-
cias leva à dependência (rápida) e as intoxicações podem levar à perda de consciência, depressão respiratória
leve e hipotensão arterial.
Os inalantes constituem algumas das drogas mais utilizadas no Brasil, principalmente por jovens margina-
lizados social e economicamente. Tratam-se, em sua maioria, de derivados de petróleo, como gasolina, cola de
sapateiro, benzeno, fluidos de isqueiro e aerossóis. O uso de tais substâncias causa dependência e tolerância, o
que aumenta o uso com o tempo. Dentre as alterações que causam, encontram-se a tontura, a falta de coordenação
motora, a letargia, tremores e visão dupla, podendo levar o usuário ao coma.
O álcool é um depressor do sistema nervoso central, apesar de parecer, na primeira fase da embriaguez, ser
uma droga estimulante.
Por fim, vale mencionar o GHB (Gama-hidroxibutirato), conhecido por nomes como ecstasy líquido, “droga do
estupro” e “boa noite Cinderela”, um potente anestésico e sedativo, que começa a atuar em cerca de 10 minutos e
cujos efeitos podem se estender por até 1 dia. É facilmente misturado em bebidas, por ser um líquido sem cheiro,
sem cor e bastante salgado. Além disso, causa amnésia e perda de consciência. 611
Drogas Estimulantes/Excitantes do SNC ou O LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico), também
Psicoanalépticas conhecido como “doce” ou “ácido”, é uma droga pro-
duzida em laboratório, resultante de reações meta-
As drogas psicoanalépticas caracterizam-se por bólicas obtidas com o fungo Claviceps Purpurea. É
aumentar a atividade do SNC (ou seja, modificam, considerado o mais potente alucinógeno que existe,
quantitativamente, a atividade cerebral). Ademais, pois poucos microgramas são capazes de gerar efeitos
elas afastam a sensação de fome e de cansaço, aumen- significativos, como alucinações, alterações na per-
tam a energia e a disposição. cepção da realidade, alterações no humor e sinestesia
As anfetaminas (“bolinhas”, “rebites”, “moderado- (condição neurológica em que os sentidos se mistu-
res de apetite”) são exemplos de drogas psicoanalép- ram ou se confundem como, por exemplo, ver sons ou
ticas. Inicialmente utilizadas como medicamentos, sentir cheiro pelo tato), entre outros. Os efeitos apa-
certas substâncias constam na Portaria nº 344, de recem entre 30 e 90 minutos e perduram por até 12
1998, como proibidas, tendo em vista gerarem efeitos horas.
colaterais como arritmias, crises hipertensivas, sudo- Seu uso regular cria tolerância à droga, fazendo
reses, dilatação das pupilas e hipertermia. É proibi- com que os usuários recorram, cada vez mais, a doses
do, por exemplo, a metilenodioxianfetamina (MDA). maiores ou a outros tipos de drogas. O consumo exa-
Essas substâncias, em caso de superdosagem, podem gerado faz com que a pessoa tenha comportamentos
levar à insuficiência renal, hepatite tóxica grave e até violentos ou imagine ter habilidades sobrenaturais,
à morte por arritmia cardíaca. tais como voar ou caminhar sobre a água.
A cocaína é um alcaloide presente nas folhas de Atenção: tolerância a uma substância consiste na
coca. Consumido em pó, ou na forma de seus subpro- capacidade de metabolizá-la com maior rapidez, ou
dutos (crack, merla ou óxi), causa euforia, hiperativi- seja, os efeitos da intoxicação demoram mais para
dade, sensação de bem-estar, aumento da autoestima aparecer, o que faz com que a pessoa aumente, grada-
e onipotência (poder). Seu uso pode gerar hemorra- tivamente, a quantidade ingerida.
gia cerebral, infarto do miocárdio, crise hipertensiva Ainda em relação ao LSD, vale mencionar o que
fatal e parada cardíaca por arritmia. A cocaína pode se denomina, comumente, como flashback, que é um
ser cheirada (forma mais usual), injetada ou fumada efeito capaz de fazer com que o usuário reviva algu-
(quando em pasta base, crack ou merla, de efeitos mas das experiências da droga alguns dias, semanas
muito mais rápidos — até 10 segundos). ou até meses após o último uso.
A mescalina, no que lhe concerne, é uma dro-
Dica ga extraída do Cacto Peiote (Lophophora williamsii),
natural do México, e tem como princípio ativo a tri-
Apesar de desaparecer do sangue em cerca de metoxifeniletilamina. Os botões do cacto são masca-
45 a 90 minutos, a cocaína deixa vestígios, por dos, fazendo com que o usuário experimente intensa
até 3 dias na urina e por 2 a 3 meses no cabelo. excitação cerebral ou mesmo um estado de transe,
marcado por alucinações em forma de caleidoscópio.
Drogas Perturbadoras/Psicodislépticas Já a ayahuasca, conhecida popularmente como
chá do Santo Daime, é uma bebida produzida com
São drogas que agem modificando, qualitativa- Cipó Mariri e folhas de Chacrona, de potencial aluci-
mente, o sistema nervoso central, e causam altera- nógeno, que gera alterações no sistema nervoso cen-
ções da percepção (percepções irreais), tais como: tral por até 10 horas.
Por fim, o MDMA (Ecstasy) é uma substância alu-
z Confusão mental (alucinações, delírios); cinógena muito próxima da mescalina, que combina
z Despersonalização; efeitos euforizantes e alucinógenos. O MDMA é admi-
z Distorção do tempo e do espaço. nistrado, normalmente, por via oral, mais frequen-
temente em cápsulas, de diversos tamanhos e cores
São exemplos de drogas psicodislépticas a maco- (uma dose efetiva varia entre 75 a 150 miligramas,
nha, o LSD, a mescalina e a ayahuasca. sendo que os sintomas aparecem entre 30 e 60 minu-
A maconha é uma erva cujo nome científico é tos após a ingestão). O Ecstasy, tendo em vista a gran-
Cannabis Sativa L. Além disso, essa planta tem como de variedade de componentes vendidos sob tal nome,
princípio ativo o delta-9-tatrahidrocanabinol (THC). possui diferentes efeitos, podendo incluir tanto a
Trata-se de uma droga que, ao mesmo tempo que traz sensação de intimidade e aumento da capacidade de
sensação de bem-estar, de relaxamento e vontade de comunicação com outras pessoas, euforia, diminuição
rir, pode causar angústia. Com o uso, os olhos ficam da agressividade, aumento da resistência física (todos
avermelhados, a boca seca e o coração disparado. São estes chamados de efeitos “esperados” pelo usuário)
seus efeitos, também, a perda de noção de tempo e quanto efeitos denominados “tóxicos”, como a eleva-
espaço. Além disso, o uso demasiado dessa substância ção da temperatura corpórea acima de 42ºC e dificul-
pode trazer prejuízos para a memória e atenção, cau- dade de eliminação de líquidos.
sar bronquite e infertilidade em homens.
A maconha é normalmente fumada em forma de EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA
cigarro (pode ser também consumida em cachimbos,
vaporizadores etc) e seus rastros podem ser encontra- Conforme dito anteriormente, o álcool age como
dos na urina, de 2 a 6 dias após o uso eventual, ou de um potente depressor do sistema nervoso central.
20 a 50 dias, no caso de usuários crônicos. Uma vez ingerido, o álcool afeta praticamente
São subprodutos da maconha o skunk (ou skank), todos os órgãos do corpo, tendo em vista que, ao ser
que é uma variação produzida em estufas e com alta absorvido pelo estômago e intestinos, penetra na cir-
concentração de THC, e o haxixe, que é resina extraí- culação sanguínea e atinge todas as células (sendo
612 da das flores e das inflorescências da Cannabis. as mais afetadas as que se encontram no fígado, no
pâncreas, nas glândulas em geral, no coração, no tubo caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
digestivo e nos vasos sanguíneos). tempo da ação ou da omissão, a plena capacida-
No cérebro, ao contrário de outras substâncias de de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
psicoativas que atingem determinados receptores, o minar-se de acordo com esse entendimento.
álcool interfere em todas as interações químicas dos
neurônios, afetando, significativamente, as capaci- Conforme consta no art. 28, do CP, a embriaguez
dades cognitivas e as ordens que o cérebro envia aos alcoólica, voluntária ou culposa, não exclui a respon-
músculos. sabilidade penal do agente. Pode, no entanto, resultar
Embriaguez é o conjunto de manifestações resul- na exclusão da culpabilidade, caso seja embriaguez
tantes de intoxicação etílica aguda (passageira e completa e proveniente de caso fortuito ou força
episódica). maior, de forma que o agente, ao tempo da conduta,
Importante: é possível a embriaguez por outras seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilíci-
substâncias que alterem a capacidade motora e sen- to do fato, ou de se determinar de acordo com esse
sorial da pessoa. entendimento.
A primeira fase da embriaguez é chamada de Já a embriaguez preordenada, ou seja, aquela
excitação/subaguda/fase do macaco, e se caracteri- em que a pessoa consome álcool com a finalidade de
za pela excitação, desinibição e extroversão. “tomar coragem” para o cometimento do crime, con-
A segunda fase, denominada de fase de confusão/ siste em circunstância agravante, nos termos da alí-
leão/período médico-legal/aguda, é aquela em que nea “l”, inciso II, art. 61, do CP:
não há embriaguez completa e em que, normalmente,
ocorrem os crimes violentos, tendo em vista o com- Art. 61 São circunstâncias que sempre agravam a
prometimento do autocontrole e a redução das capa- pena, quando não constituem ou qualificam o crime
[...]
cidades mentais.
II - ter o agente cometido o crime:
Por fim, a terceira fase é chamada de comatosa/
[...]
porco/superaguda/sono e se caracteriza pela ausên-
l) em estado de embriaguez preordenada.
cia de reflexos, pressão baixa, falta de tônus muscu-
lar, vômitos e até mesmo parada respiratória. Para
O alcoolismo crônico (toxicomania), por sua vez,
fins médico-legais, é nesta fase em que ocorrem cri-
pode ser considerado doença mental e, portanto, leva
mes omissivos.
à inimputabilidade do agente, nos termos do art. 26,
Clinicamente, a embriaguez se manifesta sob três
do CP, ou na diminuição de pena, nos termos do pará-
aspectos:
grafo único, art. 26.
z Físicos/somáticos: deve haver a conjunção dos
seguintes indícios — respiração acelerada (taquip-
neia), taquicardia, hálito alcoólico-acético e con-
gestão das conjuntivas; ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DOS
z Psíquicos: alteração do humor e atenção (sinais CRIMES CONTRA A LIBERDADE
progressivos);
z Neurológicos: com destaque, o sinal de Romberg
SEXUAL
(dificuldade de, em pé, fazer o número 4 com as
A Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009, alterou pro-
pernas).
fundamente a redação do título VI, da Parte Especial do
Código Penal, que trata dos tipos penais que, até então,
Os meios de constatação da embriaguez são, basi-
eram chamados de “Crimes contra os costumes”.
camente, três:
A partir da mudança promovida pela Lei nº 12.015,
de 2009, o título VI, do CP, passou a ser denominado
z Exame clínico (é o melhor critério);
“Dos crimes contra a dignidade sexual”.
z Alcoolemia, isto é, a taxa de álcool na circulação
sanguínea (0,6g/l ou 6dg/L); A mudança não é somente de nomenclatura, mas de
z Etilômetro (bafômetro) — 0,3 mg/L de ar alveolar ( bem jurídico protegido. Tutelar a dignidade sexual é garan-
por resultar em falsos positivos). tir a liberdade da pessoa de decidir sobre sua sexualidade:
como, quando ou com quem ela mantém relações sexuais.
A embriaguez tem necessária relevância para os
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
z O estupro (art. 213, do CP) só poderia ter a mulher como Na figura a seguir, é possível identificar os seguin-
vítima e o homem como sujeito ativo, uma vez que o tes tipos de hímen:
crime se consumava pela conjunção carnal (ou seja,
exclusivamente, pela introdução do pênis na vagina); 1. Hímen semilunar;
z Todos os demais atos libidinosos (sexo oral, sexo 2. Hímen fimbriatus;
anal, toques íntimos ou sobre a roupa, masturba- 3. Hímen bilabiado;
ção, beijo lascivo etc.) eram tratados pelo art. 214 4. Hímen circular;
como atentado violento ao pudor, que podia ter 5. Hímen ovalado;
como sujeitos ativo e passivo tanto o homem quanto 6. Hímen tetralabiado;
a mulher (note que a lei mencionava “alguém”, ou 7. Hímen complacente;
seja, ser humano, independentemente de seu sexo). 8. Hímen cordiforme;
9. Hímen septado longitudinal.
614 10. Hímen septado transverso;
11. Hímen cribriforme;
12. Hímen roto.
Fonte: CROCE, D. Manual de Medicina Legal. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1248.
Desses, merece especial atenção o chamado hímen complacente, que ocorre quando o óstio é amplo (conse-
quentemente a membrana é pequena) ou se é muito elástica, de forma que é possível a penetração sem que ocorra
o rompimento do hímen. Quando o hímen é complacente, o perito não é capaz de afirmar que a presença de
uma membrana íntegra descarta a ocorrência de conjunção carnal.
O laudo de exame pericial na ofendida (vítima) é obrigatório para a comprovação da conjunção carnal.
No caso de mulher virgem, a perícia da conjunção carnal deve focar na integridade do hímen. Conforme exposto ante-
riormente, exceto no caso de hímen complacente, a constatação pelo perito de que houve o rompimento da membrana
garante que ocorreu conjunção carnal.
Na figura2 a seguir, é possível observar diferentes aspectos do hímen: mulher virgem (A); mulher que já teve rela-
ções sexuais (B) e mulher multípara (C). Mulher multípara é a que já teve parto de bebê com mais de 500g ou parto com
mais de 22 de semanas de gestação.
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
616 3 CROCE, D. Manual de Medicina Legal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1257.
que consiste em um exame microscópico que empre-
ga reagentes com a finalidade de encontrar esperma- ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DO
tozoides. O exame positivo à Reação de Corin-Stocls ABORTO, INFANTICÍDIO E ABANDONO
consiste em um sinal de certeza (o perito deve aten-
tar-se, no entanto, ao fato de um homem poder ejacu-
DE RECÉM-NASCIDO
lar sem espermatozoides, como, por exemplo, no caso
do sujeito que se submeteu a uma vasectomia). ABORTO
Importante! ABORTO
Eugênico Necessário ou
Perícia do Ato Libidinoso. terapêutico
Social
Vale ressaltar que os atos libidinosos, tendo em
vista suas variadas formas de prática, nem sempre Sentimental
Motivo de honra
deixam vestígios. humanitário ou
moral
Em relação às perícias no caso de atos libidinoso, desta- Estético
cam-se a perícia no sexo oral e no coito anal (ou sexo anal).
O sexo oral consiste na prática sexual que utiliza
boca, lábios e língua para entrar em contato com os O aborto realizado pelo médico para salvar a vida
órgãos sexuais de outra pessoa. Tendo em vista que, da gestante é resguardado pelo estado de necessidade,
normalmente, a prática de sexo oral não causa lesões, já que, para salvar a vida da mãe, cujo valor é mais
é importante que o perito realize a busca por material relevante, é necessário o procedimento. Dessa forma,
biológico, tal como esperma, PSA ou a glicoproteína P30. busca-se proteger um bem maior, convalidado pela
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Por sua vez, o coito anal configura-se com a intro- fundamental importância sobre outras vidas e consta-
dução, total ou parcial, do pênis no ânus. Nos casos tada no direito como o sacrifício do bem menor.
de coito anal violento, é possível encontrar: equimose O estado de necessidade de terceiro, outorgado
e escoriação no entorno do ânus; dilatação e rágades pelo médico para praticar o aborto terapêutico, deve
(fissuras anais). ser mencionado quando:
Em casos em que houve maior emprego de violên-
cia, pode haver, ainda, laceração (rasgo) da muscula- z A mãe apresenta perigo vital;
tura esfincteriana ou rotura completa do reto (com z Esse perigo esteja sob a dependência direta da
hemorragia séria). O perito deve atentar-se, também, gravidez;
para o fato de que as lesões decorrentes de coito anal z A interrupção da gravidez faça cessar esse perigo
recente se apresentam de forma radiada (as mais para a vida da mãe;
antigas apresentam forma triangular). Outro sinal z Esse procedimento seja o único meio capaz de sal-
que pode ser encontrado pelo perito é a presença de var a vida da gestante. Sempre que possível, deve
fístula retovaginal, que é o rompimento dos tecidos da ser feito com a confirmação ou concordância de
região entre o reto e a vagina. outros dois colegas. 617
O médico poderá realizar o aborto terapêutico, Seria uma demonstração de insensibilidade e de
em determinadas condições, independentemente do não valorização da vida, admitindo que problemas
consentimento da gestante ou de terceiros, pois essas como esses não podem ser resolvidos com medidas de
condições podem ser de tal gravidade que já tem o ordem social que assegurem à mulher condições de
amparo da lei no parágrafo 3º do art. 146: criar seus filhos.
e de seus anexos até os primeiros cuidados ao infante caracterizado pelos vestígios comprobatórios da
nascido. Por exemplo, se uma mãe tem o bebê, ves- vida intrauterina. Tem o recém-nascido um estágio
te-lhe uma roupa, alimenta-o e depois o mata. Esse que vai desde os primeiros cuidados após o parto
intervalo lúcido descaracterizaria o infanticídio e con- até aproximadamente o 7o dia de nascimento.
figuraria o homicídio. Mas, se a mulher, logo após o
parto, perde os sentidos e os recobra depois, e ao ver o Embora atenuadas, pode o recém-nascido apre-
filho, mata-o, não há como deixar de considerar como sentar as características do infante nascido, menos o
infanticídio. Assim, pode-se dizer que o “logo após” é estado sanguinolento e o não tratamento do cordão
um estado e não um período definido. umbilical.
A determinação do infanticídio é um grande desa- A vida extrauterina pode ser caracterizada, essen-
fio para a medicina legal, por ser um tanto quanto cialmente, pela respiração autônoma do bebê nascido
complexo e por suas dificuldades em tipificá-lo. Por ou recém-nascido, apresentando mudanças capazes 619
de proporcionar ao perito condições para um diagnós- Dica
tico de vida independente. A prova só constitui valor até 24 horas após a
O diagnóstico é comprovado por meio da respira- morte do infante, pois, após esse tempo, come-
ção pelas docimasias e pelas provas ocasionais. As çam a aparecer gases oriundos do fenômeno
docimasias (do grego dokimos, “eu provo”) são provas transformativo da putrefação, oferecendo um
baseadas na possível respiração ou nos seus efeitos, e resultado falso-positivo.
podem ser classificadas em docimasias pulmonares e
extrapulmonares. Docimasia diafragmática de Ploquet: Diz
que, se houve respiração, ao abrir a cavidade
z Docimasias Pulmonares toracoabdominal do examinado, se notará uma
horizontalidade diafragmática e uma conve-
Docimasia hidrostática pulmonar de Gale- xidade exagerada das hemicúpulas do diafrag-
no: É a mais utilizada na perícia médico-legal, ma quando a respiração autônoma nunca
além de ser a mais prática, mais simples e mais existiu. Isso é explicado pela pressão provoca-
antiga. É também uma das mais seguras, con- da pelas vísceras abdominais;
siderando os devidos cuidados e seus limites. Docimasia óptica ou visual de Bouchut: É o
simples exame do pulmão. O que respirou apre-
Baseia-se na densidade do pulmão que respi-
sentará, como característica, o desenho de mosai-
rou e do que não respirou.
co alveolar, e o que não respirou terá aspecto
O pulmão que não respirou não flutuará, já compacto, liso e uniforme;
que é mais pesado que a água, cuja densidade Docimasia tátil de Nerio Rojas: Salienta que
é em torno de 1,0, diferentemente daquele que é possível sentir, pela palpação, no pulmão que
respirou, pois este sobrenadará. Essa prova, de respirou, um crepitar característico e a sensa-
acordo com França, compõe-se de quatro fases ção esponjosa, além de uma consistência car-
distintas, assim distribuídas: nosa no que não respirou.
Docimasia óptica de Icard: Opera por meio
1ª fase: põe-se no líquido o bloco constituído de pequenos cortes de fragmento de pulmão,
de todo o sistema respiratório (pulmões, tra- de dimensão reduzida, esmagados entre duas
queia e laringe) e mais língua, timo e coração. lâminas para transformá-los em esfregaço.
Se esses órgãos flutuam por inteiro ou à meia-á- Aparecerão, nos casos em que houve respira-
ção, inúmeras bolhas de ar no esfregaço. Não
gua, diz-se que a fase é positiva, dispensando as
tem valor em pulmões putrefeitos, já que os
demais. Caso contrário, ela é negativa, impon-
gases da putrefação dariam um resultado fal-
do-se a fase seguinte. samente positivo;
2ª fase: mantendo-se o bloco no fundo do vaso, Docimasia histológica de Balthazard: Por
separam-se os pulmões pelo hilo das demais poder ser usada mesmo nos pulmões putre-
vísceras. Se estas permanecem no fundo e os feitos, é considerada a prova mais perfeita.
pulmões flutuarem por inteiro ou à meia-água, “Consiste no estudo microscópico do tecido pul-
diz-se que a segunda fase é positiva, não sendo monar por meio da técnica histológica comum.
necessário ir adiante. Se os pulmões permane- Denominada por alguns de docimasia histoló-
cem no fundo, essa fase é negativa e procede-se gica de Bouchut-Tamassia. O pulmão que res-
à fase seguinte. pirou apresenta-se estruturalmente igual ao
3ª fase: com os pulmões no fundo do reserva- pulmão do adulto, com a dilatação uniforme
dos alvéolos, achatamento das células epiteliais,
tório, corta-se, no interior do líquido, vários
desdobramento das ramificações brônquicas e
fragmentos de pulmão e observa-se seus com-
aumento do volume dos capilares pelo afluxo
portamentos. Se todos esses fragmentos per- sanguíneo. O pulmão que não respirou tem
manecem no fundo, a terceira fase é negativa, as cavidades alveolares colabadas. E, quando
impondo-se a fase seguinte. Se alguns fragmen- putrefeito, o tecido pulmonar apresenta bolhas
tos flutuam, a fase é considerada positiva. gasosas irregulares no tecido intersticial e cavi-
4ª fase: tomam-se alguns desses fragmentos que dades alveolares fechadas” (FRANÇA, 2017).
permaneceram no fundo do recipiente, compri-
mindo-os entre os dedos e de encontro à parede z Docimasias Extrapulmonares
do vaso. Se há desprendimento de finas bolhas
gasosas misturadas com sangue, essa fase é con- Docimasia gastrintestinal de Breslau: Consiste
siderada positiva. Caso contrário, ela é negativa. em retirar o aparelho gastrintestinal, desde o esô-
fago abdominal até o reto, com duplas ligaduras
Então, se houver flutuação na primeira fase, pre- prévias ao nível dessas extremidades na porção
terminal do delgado e do piloro, uma vez que o
sume-se que o infante respirou bastante. Se a segunda
ar penetra no tubo digestivo com as primeiras
e a terceira fases são positivas, conclui-se que houve
incursões respiratórias. Em seguida, colocam-se
uma respiração precária. Se somente a quarta fase é essas vísceras em um recipiente com água, obser-
positiva, a prova é duvidosa ou presume-se que hou- vando se elas sobrenadam ou afundam. Logo
veram raras incursões respiratórias. Por fim, se as após, cortam-se entre as duplas ligaduras, segui-
quatro fases são negativas, presume-se a inexistência damente, as várias porções do tubo digestivo. Se
de vida autônoma, isso é, não houve respiração. esses segmentos flutuam, significa que a prova é
620 positiva. Mas, esse resultado deve ser visto com
cautela, e a prova só deve ser feita quando se con- álveo materno, do qual se encontra completamente
segue apenas o abdome do infante; separado, não sendo imprescindível a secção do cor-
Docimasia auricular de Vreden, Wendt e dão umbilical, para que não se transforme um ato
Gelé: Só é recomendada quando chega à perí- fisiológico — a parturição — em um ato mecânico.
cia apenas a cabeça fetal. Com a respiração e Em relação às lesões corporais, no caso específico
os primeiros movimentos de deglutição, o ar do abandono de recém-nascido, cabe ao perito avaliar
penetra na cavidade timpânica (ouvido médio) se está presente algum dos elementos que tornam a
por meio da tuba auditiva; lesão grave (ou gravíssima) e que constam nos §§1º e
Docimasia siálica de Souza-Dinitz: Constitui- 2º, do art. 129, do CP, tal como a debilidade permanen-
-se na comprovação de saliva no estômago por te de membro, sentido ou função. Em caso de consta-
meio da reação de sulfocianetos e demais téc- tação de lesão grave, o agente passa a responder pela
nicas equivalentes. A presença de saliva pela forma qualificada do abandono de recém-nascido,
deglutição fala em favor da respiração; tipificada no § 1º, do art. 134, do CP.
Docimasia hematopneumo-hepática de Seve-
ri: Baseia-se na determinação das taxas de oxi-
-hemoglobina do sangue do pulmão e do sangue
do fígado. Se as taxas forem iguais, significa que HORA DE PRATICAR!
não houve hematose, isto é, não houve respira-
ção. Se a taxa de oxihemoglobina é mais alta no 1. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Maria, de vinte e seis
sangue do pulmão, conclui-se pela respiração anos de idade, saiu da faculdade onde estudava por
independente. volta das 23 h e, sozinha, dirigiu-se a pé rumo a sua
residência. No trajeto, foi abordada por trás, tomou
Idade Fetal um golpe “mata leão” de seu algoz, que exalava for-
te hálito etílico, e, em seguida, foi arrastada para um
Quando o corpo do feto está parcialmente carbo- matagal ermo. A vítima tentou se libertar, arranhando
nizado, a idade fetal pode ser dada pela estatura do os braços do autor. Ao chegar ao matagal, ainda se
cadáver quase inteiro, pelos núcleos de ossificação, mantendo por trás da vítima, o autor mandou que ela
pelo comprimento e pela relação dos ossos do crânio cobrisse o rosto com o próprio vestido. Ele abaixou
com a mandíbula. a calcinha dela e manteve, com violência, coito anal
Basta dividir esse resultado por cinco para deter- e vaginal, até ejacular. Após a violência, o criminoso
minar sua idade aproximada. Por exemplo, se o feto determinou que a vítima se mantivesse deitada, com
mede 30 cm, sua idade é de 6 meses lunares. o rosto voltado para o chão, e que contasse até cem,
Quanto aos pontos radiológicos de ossificação, os quando, então, poderia sair correndo. A vítima cumpriu
mais importantes são: a ordem e, após a contagem, levantou-se. Verificou a
presença de uma garrafa de cachaça quase vazia no
z Clavícula: meados do 2o mês; local e percebeu que sangrava e que sua região geni-
z Rádio: começo do 2o mês; tal, coxas e calcinha estavam molhadas de esperma.
z Ulna: começo do 2o mês; Ela avistou de longe uma casa e correu até lá, pedindo
z Úmero: final do 2o mês; ajuda. Na residência, a moradora prestou-lhe socorro,
z Fêmur: meados do 2o mês; permitindo que Maria tomasse banho, e lhe emprestou
z Falanges das mãos: final do 3o mês; roupas limpas para vestir. Em seguida, Maria dirigiu-se
z Temporal: meados do 4o mês; à delegacia de polícia, levando consigo, em um saco
z Púbis: começo do 5o mês; plástico, a garrafa de cachaça encontrada no local e
z Calcâneo: começo do 6o mês; as suas vestes sujas.
z Tálus: meados do 7o mês;
z Cuboide: feto a termo; A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
z Epífise distal do fêmur (ponto de Béclard): feto
a termo. Como a vítima tomou banho, a autoridade policial
deverá encaminhá-la apenas para exame de corpo de
ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DO ABANDONO DE delito — lesões corporais.
RECÉM-NASCIDO
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item ( ) CERTO ( ) ERRADO
a seguir.
17. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Julgue o item que se
Caso fosse feito um segundo teste do bafômetro em segue, relativo a fenômenos cadavéricos.
Pedro, cinco minutos após a realização do primeiro A circulação póstuma de Brouardel aparece, em geral,
teste, o resultado seria necessariamente inferior a oito horas após o óbito.
0,68 miligramas de álcool por litro de ar expelido, des-
de que ele não tivesse ingerido bebida alcoólica duran- ( ) CERTO ( ) ERRADO
te o intervalo entre os testes.
18. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Uma mulher foi encon-
( ) CERTO ( ) ERRADO trada morta com indícios de ter sido estuprada antes
da morte: suas vestes estavam rasgadas, as mamas
11. (CEBRASPE-CESPE — 2018) A respeito de identifica- apresentavam marcas de mordida e havia substância
ção médico-legal, de aspectos médico-legais das toxi- similar a sêmen na região genital.
comanias e lesões por ação elétrica, de modificadores Considerando a situação hipotética apresentada, jul-
da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o gue o item que se segue.
item que se segue. Amostras para exame genético colhidas nas vestes
O ácido lisérgico pode causar no usuário distúrbios de da vítima que serão armazenadas sem refrigeração
percepção e aguçamento dos sentidos: seus efeitos devem ser acondicionadas secas.
atingem o pico no prazo de duas a quatro horas do uso
e podem durar até doze horas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
13. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Acerca de medicina legal, 20. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Uma mulher de vinte
julgue o item a seguir. e oito anos de idade foi presa acusada do crime de
A presença de sulco cervical confirma a ocorrência de infanticídio, após ter jogado em uma centrífuga o bebê
enforcamento. que ela havia dado à luz. Segundo a ocorrência poli-
cial, um familiar da suspeita disse que ela havia escon-
( ) CERTO ( ) ERRADO dido a gravidez e que negava que houvesse praticado
aborto.
14. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Acerca de medicina legal,
julgue o item a seguir. A partir dessa situação hipotética, julgue o item a
A presença de cogumelo de espuma saindo dos orifícios seguir.
respiratórios sugere que tenha ocorrido afogamento.
Caso, em exame no IML após a prisão, seja encontra-
( ) CERTO ( ) ERRADO do tablete de misoprostol na cavidade vaginal da sus-
peita, o perito deverá responder “sim” ao quesito “há
15. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Um homem de cinquenta vestígios de provocação de aborto?”.
NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
6 CERTO
623
7 CERTO
8 ERRADO
9 ERRADO
10 ERRADO
11 CERTO
12 CERTO
13 ERRADO
14 CERTO
15 ERRADO
16 CERTO
17 ERRADO
18 CERTO
19 ERRADO
20 CERTO
ANOTAÇÕES
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