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CÓD: SL-099FV-22

7908433217657

CASCAVEL
PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL
DO ESTADO DO PARANÁ

Agente Administrativo
EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 058/2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Fonologia: conceito, encontros vocálicos,dígrafos, ortoépia, divisão silábica, prosódia-acentuação e ortografia . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Morfologia: estrutura e formação das palavras, classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Sintaxe: termos da oração, período composto, conceito e classificação das orações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
7. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
8. Semântica: a significação das palavras no texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
9. Interpretação de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Matemática e Raciocínio Lógico


1. Princípio da regressão ou reversão. Lógica dedutiva, argumentativa e quantitativa. Lógica matemática qualitativa, sequências lógicas
envolvendo números, letras e figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Geometria básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3. Álgebra básica e sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4. Calendários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5. Numeração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
6. Razões especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7. Análise combinatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8. Probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
9. Progressões aritmética e geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
10. Conjuntos; as relações de pertinência, inclusão e igualdade; operações entre conjuntos, união, interseção e diferença . . . . . . . . . 56
11. Comparações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Conhecimentos Gerais
1. Ética: conceito, ética na sociedade, ética no trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Noções de Cidadania: conceito, direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro, direitos sociais e políticos (Constituição Fed-
eral); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Cidadania e meio ambiente; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. Código de Ética do Servidor Público (Decreto Federal nº 1.171/94); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Direitos, Deveres e Proibições dos Servidores Públicos Municipais de Cascavel (Lei Municipal nº 2.215/91); . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Conhecimentos básicos da política brasileira; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7. Cultura e sociedade brasileira; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
8. Aspectos históricos e políticos do Município de Cascavel-Pr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Direito Constitucional
1. Noções de direito constitucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e garantias fundamentais, direitos e deveres individuais e coletivos, direito social; da união, dos estados, dos municípios; da
administração pública, dos servidores públicos civis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Do poder executivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Princípios do estado de direito, da legalidade, da igualdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Da organização político administrativa. Da organização dos poderes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
ÍNDICE

Direito Administrativo
1. Noções de direito administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Administração pública direta e indireta: órgãos e entidades. Autarquias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Atos e fatos administrativos. Classificação dos atos administrativos. Elementos do ato administrativo. Validade e eficácia dos atos
administrativos. Atributos do ato administrativo. Formas de extinção dos atos administrativos. Atos administrativos inválidos. Conval-
idação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4. Contratos administrativos. Conceitos e caracteres jurídicos. As diferentes espécies de contratos administrativos. Os convênios admin-
istrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Licitação: conceito, princípios, fundamentos, modalidades e procedimentos. Execução dos contratos administrativos. Poderes admin-
istrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
6. Poder hierárquico, disciplinar e normativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. Do controle da administração pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Da improbidade administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Conhecimento de Informática
1. Sistema operacional microsoft windows 7/8/10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimento sobre o pacote microsoft office 2010 e 2013 (word, excel, outlook e powerpoint) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3. Navegadores de internet. Buscas e consultas online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4. Antivírus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5. Hardware - componentes de microcomputadores.Nomenclatura e função dos hardwares do computador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6. Acesso a redes de computadores e a internet. Operar sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
7. Equipamentos de impressão, cópia e digitalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
8. Assinaturas eletrônicas/ digitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

Conhecimentos Específicos
Agente Administrativo
1. Aspectos gerais da redação oficial; Redação oficial: características e tipos; Noções básicas de portaria, decreto, ofício, arquivo; . . . . 01
2. Gestão de qualidade: ferramentas e técnicas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. Administração e organização; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4. Apresentação pessoal; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5. Atos e contratos administrativos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
6. Serviços públicos: conceitos, elementos de definição, princípios, classificação; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7. Relações humanas e interpessoais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
8. Atendimento ao público e ao telefone; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
9. Assuntos relacionados à sua área de atuação e ética no trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
10. Organização do local de trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
11. Comportamento no local de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Fonologia: conceito, encontros vocálicos,dígrafos, ortoépia, divisão silábica, prosódia-acentuação e ortografia . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Morfologia: estrutura e formação das palavras, classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Sintaxe: termos da oração, período composto, conceito e classificação das orações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
7. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
8. Semântica: a significação das palavras no texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
9. Interpretação de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
LÍNGUA PORTUGUESA
– Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamen-
FONOLOGIA: CONCEITO, ENCONTROS VOCÁLICOS, to, jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípedo...)
DÍGRAFOS, ORTOÉPIA, DIVISÃO SILÁBICA, PROSÓDIA-
-ACENTUAÇÃO E ORTOGRAFIA Classificação quanto à tonicidade
As palavras podem ser:
Muitas pessoas acham que fonética e fonologia são sinôni- – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-
mos. Mas, embora as duas pertençam a uma mesma área de -cu-já, ra-paz, u-ru-bu...)
estudo, elas são diferentes. – Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
Fonética – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Segundo o dicionário Houaiss, fonética “é o estudo dos sons (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
da fala de uma língua”. O que isso significa? A fonética é um
ramo da Linguística que se dedica a analisar os sons de modo Lembre-se que:
físico-articulador. Ou seja, ela se preocupa com o movimento Tônica: a sílaba mais forte da palavra, que tem autonomia
dos lábios, a vibração das cordas vocais, a articulação e outros fonética.
movimentos físicos, mas não tem interesse em saber do conte- Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autono-
údo daquilo que é falado. A fonética utiliza o Alfabeto Fonético mia fonética.
Internacional para representar cada som. Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são
mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba tônica, já que é a pro-
Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca, nunciada com mais força.
lábios...) que cada som faz, desconsiderando o significado des-
ses sons. Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisa-
mos entender melhor como se dá a divisão silábica das palavras.
Fonologia
A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, Divisão silábica
mas ela se preocupa em analisar a organização e a classificação A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja,
dos sons, separando-os em unidades significativas. É responsa- pela pronúncia. Sempre que for escrever, use o hífen para se-
bilidade da fonologia, também, cuidar de aspectos relativos à parar uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas
divisão silábica, à acentuação de palavras, à ortografia e à pro- neste processo:
núncia. Não se separa:
• Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mes-
Sintetizando: a fonologia estuda os sons, preocupando-se ma sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...)
com o significado de cada um e não só com sua estrutura física. • Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma se-
mivogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-quer, a-ve-ri-guou...)
Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas • Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na pa-
diferentes, precisamos de entender o que é fonema e letra. lavra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu (fa-cha-da,
co-lhei-ta, fro-nha, pe-guei...)
Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da • Encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, psi-có-
fala. Atenção: estamos falando de menores unidades de som, -lo-go, pa-trão...)
não de sílabas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira
sílaba é pa-. Porém, o primeiro som é pê (P) e o segundo som é Deve-se separar:
a (A). • Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizi-
Letra: as letras são as menores unidades gráfica de uma nhas (sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...)
palavra. • Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-
-ce-ção...)
Sintetizando: na palavra pato, pa- é a primeira sílaba; pê é o • Encontros consonantais separáveis: in-fec-ção, mag-nó-
primeiro som; e P é a primeira letra. -lia, rit-mo...)
Agora que já sabemos todas essas diferenciações, vamos en-
tender melhor o que é e como se compõe uma sílaba. A cada um dos grupos pronunciados de uma determinada
palavra numa só emissão de voz, dá-se o nome de sílaba. Na
Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que Língua Portuguesa, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal, não
emitido em um só impulso de voz e que tem como base uma vogal. existe sílaba sem vogal e nunca mais que uma vogal em cada
A sílabas são classificadas de dois modos: sílaba.
Para sabermos o número de sílabas de uma palavra, deve-
Classificação quanto ao número de sílabas: mos perceber quantas vogais tem essa palavra. Mas preste aten-
As palavras podem ser: ção, pois as letras i e u (mais raramente com as letras e e o)
– Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi, podem representar semivogais.
luz, é...)
– Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí,
bota, água...)
– Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde,
circuito, boneca...)

1
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação por número de sílabas - Oxítonos: a sílaba tônica é a última. Exemplos: paletó, Pa-
raná, jacaré.
Monossílabas: palavras que possuem uma sílaba. - Paroxítonos: a sílaba tônica é a penúltima. Exemplos: fácil,
Exemplos: ré, pó, mês, faz banana, felizmente.
- Proparoxítonos: a sílaba tônica é a antepenúltima. Exem-
Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas. plos: mínimo, fábula, término.
Exemplos: ca/sa, la/ço.
ORTOGRAFIA OFICIAL
Trissílabas: palavras que possuem três sílabas. • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram
Exemplos: i/da/de, pa/le/ta. reintroduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N
Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais sílabas. OPQRSTUVWXYZ
Exemplos: mo/da/li/da/de, ad/mi/rá/vel. • Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre
Divisão Silábica a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos
gue, gui, que, qui.
- Letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs”, e
“xc” devem permanecer em sílabas diferentes. Exemplos: Regras de acentuação
des – cer – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
pás – sa – ro... palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúl-
tima sílaba)
- Dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu” pertencem a uma úni-
ca sílaba. Exemplos: Como era Como fica
chu – va
quei – jo alcatéia alcateia
apóia apoia
- Hiatos não devem permanecer na mesma sílaba. Exemplos:
apóio apoio
ca – de – a – do
ju – í – z
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
- Ditongos e tritongos devem pertencer a uma única sílaba.
Exemplos:
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e
en – xa – guei
no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
cai – xa

- Encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas Como era Como fica
não permanecem juntos, exceto aqueles em que a segunda con- baiúca baiuca
soante é “l” ou “r”. Exemplos:
ab – dô – men bocaiúva bocaiuva
flau – ta (permaneceram juntos, pois a segunda letra é re-
presentada pelo “l”) Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
pra – to (o mesmo ocorre com esse exemplo) posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
- Alguns grupos consonantais iniciam palavras, e não podem tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
ser separados. Exemplos:
peu – mo – ni – a – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
psi – có – lo – ga e ôo(s).

Acento Tônico Como era Como fica


Quando se pronuncia uma palavra de duas sílabas ou mais,
abençôo abençoo
há sempre uma sílaba com sonoridade mais forte que as demais.
valor - a sílaba lor é a mais forte. crêem creem
maleiro - a sílaba lei é a mais forte.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
Classificação por intensidade para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
-Tônica: sílaba com mais intensidade.
- Átona: sílaba com menos intensidade. Atenção:
- Subtônica: sílaba de intensidade intermediária. • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
Classificação das palavras pela posição da sílaba tônica • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do
As palavras com duas ou mais sílabas são classificadas de plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (man-
acordo com a posição da sílaba tônica. ter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar
as palavras forma/fôrma.

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Uso de hífen As palavras podem ser:
Regra básica: – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- -cu-já, ra-paz, u-ru-bu...)
mem. – Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
Outros casos – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
1. Prefixo terminado em vogal: (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaé-
reo. As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: antepro- • São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
jeto, semicírculo. íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirra- • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L,
cismo, antissocial, ultrassom. N, R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron,
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro- éter, fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
-ondas. • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô,
2. Prefixo terminado em consoante: céu, dói, coronéis...)
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vo-
sub-bibliotecário. gais (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal,
supersônico. Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressan- treinar e fixar as regras.
te.

Observações: MORFOLOGIA: ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALA-


• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de pa- VRAS, CLASSES DE PALAVRAS
lavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por
h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subuma-
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
nidade.
As palavras são formadas por estruturas menores, com signi-
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
ficados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem
palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-ame-
para a formação das palavras.
ricano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemen-
Estrutura das palavras
to, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar,
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante. As palavras podem ser subdivididas em estruturas significa-
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice- tivas menores - os morfemas, também chamados de elementos
-almirante. mórficos: 
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam – radical e raiz;
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachu- – vogal temática;
va, pontapé, paraquedas, paraquedista. – tema;
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, – desinências;
pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, – afixos;
aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró- – vogais e consoantes de ligação.
-europeu. Radical: Elemento que contém a base de significação do vo-
cábulo.
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está domi- Exemplos
nando muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Por isso vamos passar para mais um ponto importante.
Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábu-
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons los.
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das pala- Dividem-se em:
vras. Vejamos um por um:
Nominais
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
aberto. Exemplos
Já cursei a Faculdade de História. pequenO, pequenA, alunO, aluna.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o tim- pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
bre fechado.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. Verbais
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos ver-
este caso afundo mais à frente). bos
Sou leal à mulher da minha vida.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo) sufixo ao radical da primitiva.
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número) Exemplos
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE.
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Exemplos Parassíntese: Formação de palavra derivada com acrésci-
1ª conjugação: – A – cantAr mo de um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo
2ª conjugação: – E – fazEr tempo.
3ª conjugação: – I – sumIr Exemplos
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR.
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indi- Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra
ca oposição masculino/feminino. primitiva.
Exemplos Exemplo
livrO, dentE, paletó. Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com
valor de substantivo.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Exemplos Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura foné-
CANTAr, CORREr, CONSUMIr. tica de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada.
Em geral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se inter- Exemplos
põem aos vocábulos por necessidade de eufonia. combater – o combate
Exemplos chorar – o choro
chaLeira, cafeZal.
Prefixos
Afixos Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois em: vernáculos, latinos e gregos.
do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Di-
videm-se em: Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical. foram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, en-
Exemplos tre, mal, menos, sem, sob, sobre, soto.
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar. Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como:  abor-
dar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição,
Sufixo menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc.
Afixo que se coloca depois do radical.
Exemplos Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina
contentaMENTO, reallDADE, enaltECER. original:
Processos de formação das palavras a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar.
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da a, ad – aproximação, direção: amontoar.
junção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos: ambi – dualidade: ambidestro.
bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
na estrutura fonética das primitivas. circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstan-
Exemplos te.
passa + tempo = passatempo cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
gira + sol = girassol com, con, co – companhia, concomitância: combater, con-
temporâneo.
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração contra – oposição, posição inferior: contradizer.
da estrutura fonética das primitivas. de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento:
Exemplos decrescer, deportar.
em + boa + hora = embora des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar.
vossa + merce = você dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária: dis-
trair, dimanar.
Derivação: entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha,
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. entrevista.
Temos: ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, pri-
vação, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraor-
um prefixo ao radical da primitiva. dinário.
Exemplos im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
CONter, INapto, DESleal. ingrato.
inter – no meio de: intervocálico, intercalado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer. Nominais
justa – perto de: justapor. Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama.
multi – pluralidade: multiforme. Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço,
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo. -astro, -az.
pene – quase: penúltimo, península. Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista.
per – movimento através de, acabamento de ação; ideia pe- Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório.
jorativa: percorrer. Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato.
post, pos – posteridade: postergar, pospor. Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico.
pre – anterioridade: predizer, preclaro. Origem, procedência: -estre, -este, -esco.
preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosse- Verbais
guir, procurador, pronome. Comuns: -ar, -er, -ir.
re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repe- Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
tição: regressar, revirar. Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
retro – movimento para trás: retroceder. Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
satis – bastante: satisdar.
sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, Adverbial = há apenas um
sopé. MENTE: mecanicamente, felizmente etc.
subter – por baixo: subterfúgio.
super, supra – posição superior, excesso: super-homem, su- CLASSES DE PALAVRAS
perpovoado.
trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor. Substantivo
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro. São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima-
ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo. ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações
uni – um: unânime, unicelular. e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 

Grego: Os principais prefixos de origem grega são: Classificação dos substantivos


a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia. SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfitea- apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
tro. sua estrutura. macaco/João/sabão
anti – oposição: antipatia, antagonista.
apo – afastamento: apólogo, apogeu. SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo. são formados por mais de um porta-voz/
caco – mau: cacofonia. radical em sua estrutura. pé-de-moleque
cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia. SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
deca – dez: decâmetro. são os que dão origem a mundo/
dia – através de, divisão: diáfano, diálogo. outras palavras, ou seja, ela é população
dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia. a primeira. /formiga
en – sobre, dentro: encéfalo, energia. SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
endo – para dentro: endocarpo. são formados por outros populacional/formigueiro
epi – por cima: epiderme, epígrafe. radicais da língua.
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia.
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
hecto – cem: hectômetro.
designa determinado ser /Brasil
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole.
espécie. São sempre iniciados Liberdade
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia. por letra maiúscula.
homo – semelhança, identidade: homônimo.
meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase. SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
míria – dez mil: miriâmetro. referem-se qualquer ser de cachorro/prima
mono – um: monóculo, monoculista. uma mesma espécie.
neo – novo, moderno: neologismo, neolatino. SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo. nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
penta – cinco: pentágono. própria. Esses seres podem /lobisomem
peri – em volta de: perímetro. ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
poli – muitos: polígono, polimorfo. reais ou imaginários.
pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
Sufixos
Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ • Número:


nomeiam ações, estados, bondade/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão
qualidades e sentimentos que confiança/ de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ na-
não tem existência própria, ou lembrança/ moradores, japonês/ japoneses.
seja, só existem em função de amor/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
um ser. alegria branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ • Grau:
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vi-
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
torioso (do) que o seu.
mesmo quando empregado
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vi-
no singular e constituem um
substantivo comum. torioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS quanto o seu.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosís-
simo.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu- famoso.
lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
ou uniformes mais famoso de todos.
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre- menos famoso de todos.
sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma
única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi-
dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. Artigo
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari- É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal- substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
meira macho/palmeira fêmea. • Classificação e Flexão do Artigos
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con- – Artigos Definidos: o, a, os, as.
texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o O menino carregava o brinquedo em suas costas.
criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). As meninas brincavam com as bonecas.
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a Um menino carregava um brinquedo.
agente, o/a estudante, o/a colega. Umas meninas brincavam com umas bonecas.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais
de 1). Numeral
– Singular: anzol, tórax, próton, casa. É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas. ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau – Cardinais: indicam número ou quantidade:
diminutivo. Trezentos e vinte moradores.
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra. – Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme. Quinto ano. Primeiro lugar.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.  quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
Adjetivo – Fracionários: indicam a parte de um todo:
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substan- Dois terços dos alunos foram embora.
tivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expres-
são composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro subs- Pronome
tantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam,
que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da indicando a pessoa do discurso.
tarde (jornal vespertino). • Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas
em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.
Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femi-
nino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

6
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem
ser variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama-
ram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pou-
co, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que
ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um ele-
mento é determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e
a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

SINTAXE: TERMOS DA ORAÇÃO, PERÍODO COMPOSTO, CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar
algumas questões importantes:

• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da
preposição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
preposição. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensi-
fica um verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
de um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
nado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou
equivalentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza,
moleza. Vamos comigo!!!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra
para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para
construir sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam
da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que vere-
mos agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a refeição
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo no lugar.
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de quinta,


Explicam um termo dito anteriormente. SEMPRE serão terão aula de reforço.
Orações Subordinadas acompanhadas por vírgula.
Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo dito anteriormente. terão aula de reforço.
NUNCA serão acompanhadas por vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do
Assumem a função de advérbio de consequência dia.
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de condição reunião.
Orações Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Subordinadas Adverbiais Assumem a função de advérbio de conformidade previsto.
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de concessão tarde.
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de finalidade todos tenham acesso aos benefícios.
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem
Assumem a função de advérbio de tempo de suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassifi-
cações das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais
se referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis
quando advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enormes.

Concordância ideológica ou silepse


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gênero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
contexto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Proceder (realizar) a
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o Responder a
número gramatical (singular ou plural) que está subentendido Visar ( ter como objetivo a
no contexto. pretender)
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
aplausos.
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a
pessoa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos
políticos. CRASE

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
demonstrativo.
• Regência Nominal  a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs-
tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com- • Devemos usar crase:
pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu – Antes palavras femininas:
complemento é estabelecida por uma preposição. Iremos à festa amanhã
Mediante à situação.
• Regência Verbal O Governo visa à resolução do problema.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Isto pertence a todos. Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado
nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Regência de algumas palavras Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan-
Esta palavra combina com Esta preposição tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a
crase. Mas... há crase, sim!
Acessível a Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
Apto a, para -me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
Atencioso com, para com – Expressões fixas
Coerente com Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso
de crase:
Conforme a, com
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa,
Dúvida acerca de, de, em, sobre à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às
Empenho de, em, por vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à
esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à
Fácil a, de, para, mão, às escondidas, à medida que, à proporção que.
Junto a, de • NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos:
Pendente de Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé.
Preferível a
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
Próximo a, de
plural) usado em sentido generalizador:
Respeito a, com, de, para com, por Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Situado a, em, entre Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a
homem.
Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a – Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição – Antes de pronomes
Deparar (encontrar) com Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.

Implicar (consequência) Não usa preposição Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
Lembrar Não usa preposição A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de – Antes de verbos no infinitivo
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Travessão ( — )
PONTUAÇÃO Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e
com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-
Pontuação -lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex-
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor, na
a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e transcrição de um diálogo, com ou sem aspas.
das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
todas as funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semân-
ticas”. (BECHARA, 2009, p. 514) Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân-
a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por al- tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer
guns sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in-
, ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial.
! ], reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva,
pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão sim- os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os
ples [ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses, para introduzirem uma nova inserção.
parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo
governador)
Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior Aspas ( “ ” )
pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento-
e as reticências. ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto
Estaremos presentes na festa. ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É
utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ponto de interrogação ( ? ) Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação inter-
rogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada re- Vírgula
tórica. São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi-
Você vai à festa? denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação.
Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re-
Ponto de exclamação ( ! ) lação à vírgula:
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla- 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen-
mativa. timos” o momento certo de fazer uso dela.
Ex: Que bela festa! 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgu-
Reticências ( ... ) la, o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra.
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de
com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter- textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que
locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. ela é menos importante e que pode ser colocada depois.
Ex: Essa festa... não sei não, viu. Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma
ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver-
Dois-pontos ( : ) bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluí- Maria foi à padaria ontem.
da. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma Sujeito Verbo Objeto Adjunto
citação (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enu-
merativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso
apositiva. ocorre por alguns motivos:
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
Ponto e vírgula ( ; ) 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que verbo e o adjunto.
o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír-
gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
uma enumeração (frequente em leis), etc. comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi é necessária:
também uma linda decoração e bebidas caras. Ontem, Maria foi à padaria.
Maria, ontem, foi à padaria.
À padaria, Maria foi ontem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é necessário:
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumeração.
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a serem observadas na redação oficial.
• Separa aposto.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
• Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
• Separa termos repetidos.
Aquele aluno era esforçado, esforçado.

• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exemplificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com efeito, digo.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, ou seja, de fácil compreensão.

• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complementos).


O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particulares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)

• Separa orações coordenadas assindéticas.


Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as ideias na cabeça...

• Isola o nome do lugar nas datas.


Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.

• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expres-
sões conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas informações comprovam, etc.
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para amenizar o problema.

SEMÂNTICA: A SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS NO TEXTO

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem
cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos con-
teúdos que compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signifi-
cado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
to importante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperô-
nimo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E
animais domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperô-
nimo com substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo,
não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, diciona-
rizado.

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Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do
contexto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma
palavra, frase ou textos inteiros.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilida-
de é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela pode ser escrita ou oral.

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LÍNGUA PORTUGUESA
ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja
uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteú-
do lido, afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura ana-
lítica e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de no-
tícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações or-
tográficas, gramaticais e interpretativas;
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente ima- - Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
gens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. polêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é ten-
tar compreender o sentido global do texto e identificar o seu
objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
principal e das ideias secundárias do texto.
palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
– Separe fatos de opiniões.
verbal com a não-verbal.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objeti-
vo e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa
e mutável).
– Retorne ao texto sempre que necessário.
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção
os enunciados das questões.

– Reescreva o conteúdo lido.


Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos,
tópicos ou esquemas.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar


palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vo-
cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas
são uma distração, mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com-
preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula
Além de saber desses conceitos, é importante sabermos nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, me-
identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que lhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensan-
damos a este processo é intertextualidade. tes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
memória.
Interpretação de Texto Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se-
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu-
ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode são do texto.
deduzir de um texto. O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determi- ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou
nado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido es- explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresen-
tabeleça uma relação com a informação já possuída, o que leva tadas na prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um sig- Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
nificado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso deias-secundarias/
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao tex- IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
to, e nunca extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife- ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou
seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha
um todo significativo, que é o texto. um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler Exemplo:
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título.
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se
atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen-
tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre-
ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro,
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida-
dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra-
ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é
condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex-
to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram
aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo.
Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as
pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perce-
beram que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto
deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram
que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
colaborava com o outro e a parceria deu certo.
Ironia verbal
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente intenção são diferentes.
o que ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informa- Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
ções ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem
dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a dissemi- Ironia de situação
nação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja,
cães e homens. o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
As informações que se relacionam com o tema chamamos Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla-
de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte- neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado.
gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de
uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata- Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao
mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa- longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade
mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela- sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A
ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns! ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou
Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto! famoso após a morte.

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Ironia dramática (ou satírica) Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen-
textos literários quando o leitor, a audiência, tem mais informa- to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
ções do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e
sobre intenções de outros personagens. É um recurso usado para Busca de sentidos
aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações e que, Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
quando captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
ou mesmo comédia, visto que um personagem é posto em situ- apreensão do conteúdo exposto.
ações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem
não tem ciência do todo da narrativa. uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram expli-
aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por citadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conce-
exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da der espaço para divagações ou hipóteses, supostamente conti-
história irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens das nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não
agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus objeti- quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto,
vos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e
inespecíficas.
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que Importância da interpretação
pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para
humor. se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em conteúdos específicos, aprimora a escrita.
ocorrer algo fora do esperado numa situação. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes
as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se
cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre- faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre
quentemente acessadas como forma de gerar o riso. releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos surpreendentes que não foram observados previamente. Para
em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa-
Exemplo: mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se
de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é
porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hie-
rárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas
ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço
para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entre-
linhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer
que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
damental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas
e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve ser
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
leitores proficientes.

Diferença entre compreensão e interpretação


A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre-
GÊNERO EM QUE SE INSCREVE tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade.
Compreender um texto trata da análise e decodificação do O leitor tira conclusões subjetivas do texto.
que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes.
Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che- Gêneros Discursivos
gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
texto. totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo.
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia No romance nós temos uma história central e várias histórias
principal. Compreender relações semânticas é uma competência secundárias.
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmen- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
te imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja
personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças
única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ou diferenças sejam detectáveis.
ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
Exemplos de interpretação:
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e outro país.
tem a história principal, mas também tem várias histórias secun- A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e são do que com a filha.
local são definidos pelas histórias dos personagens. A história
(enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por Opinião
ter um texto mais curto. A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando
um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter-
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações pretação que fazemos do fato.
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a iro- Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe-
nia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter-
o tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe- pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato.
quenos intervalos como horas ou mesmo minutos. Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores
socioculturais.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da
linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta-
mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a ções anteriores:
criação de imagens. A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assun- são do que com a filha. Ela foi egoísta.
to que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é
convencer o leitor a concordar com ele. Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previ-
um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informa- sões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação,
ções. Tem como principal característica transmitir a opinião de já estamos expressando nosso julgamento.
pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan-
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia- do analisamos um texto dissertativo.
liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite
as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, aju- Exemplo:
dando os professores a identificar o nível de alfabetização delas. A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor-
tando com o sofrimento da filha.

Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje- ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
certa liberdade para quem recebe a informação. ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento
do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar
DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no
texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen-
Fato samento e o do leitor.
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis- Parágrafo
tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que
pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al- é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser
guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável.
registro. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar
Exemplo de fato: todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral-
A mãe foi viajar. mente apresentada na introdução.

Interpretação Embora existam diferentes formas de organização de pará-


É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu-
causas, previmos suas consequências. ra consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundá-
rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir-
ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já Linguagem popular e linguagem culta
traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lin-
você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está guagem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na
sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que
pela própria prova. ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Bra-
sileiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e romances em que o diálogo é usado para representar a língua
e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É falada.
possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatís-
ticos até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abor- quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de ví-
dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias cios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da lín-
senvolvimento. gua. A linguagem popular está presente nas conversas familiares
ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas
Outro aspecto que merece especial atenção são os conec- de TV e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais
tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura etc.
mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en-
tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior A Linguagem Culta ou Padrão
do período, e o tópico que o antecede. É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se
bém para a clareza do texto. pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad- na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural.
vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está
muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos,
obscuro, sem coerência. comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumen- etc.
tativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa Gíria
estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa- A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais
mento mais direto. como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru-
pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para
NÍVEIS DE LINGUAGEM que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
Definição de linguagem o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá- os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria
ficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo-
dependendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto, Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale-
determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão ra”, “mina”, “tipo assim”.
pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, Linguagem vulgar
com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
na língua e caem em desuso. comida”.
Língua escrita e língua falada
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua Linguagem regional
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran- Regionalismos são variações geográficas do uso da língua
de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona- padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer-
ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares
falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade
de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re- Tipos e genêros textuais
gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e
da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura,
estilística do falante. bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri-

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LÍNGUA PORTUGUESA
ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da Tipo textual expositivo
forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver ra-
tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, ciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de expo-
expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. sição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A
Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada dissertação pode ser expositiva ou argumentativa.
um deles. A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um
assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de
Tipo textual descritivo maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar de-
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo bate.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, Características principais:
um movimento etc. • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
Características principais: • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in-
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- formar.
jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre-
ção caracterizadora. sente.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
enumeração. de ponto de vista.
• A noção temporal é normalmente estática. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de-
finição. Exemplo:
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um
determinado tema.
Exemplo: Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser-
Era uma casa muito engraçada tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina-
Não tinha teto, não tinha nada tiva).
Ninguém podia entrar nela, não Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Porque na casa não tinha chão sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede Tipo textual dissertativo-argumentativo
Ninguém podia fazer pipi Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Porque penico não tinha ali sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Mas era feita com muito esmero apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetivida-
Na rua dos bobos, número zero de, clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência,
(Vinícius de Moraes) seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o in-
terlocutor (leitor ou ouvinte).
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, Características principais:
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen-
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es-
e comportamentos, nas leis jurídicas. tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes-
temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato,
Características principais: exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com pais com sugestão/solução).
verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen-
futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (nor-
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de malmente nas argumentações formais) para imprimir uma atem-
2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. poralidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas mo-
Exemplo: dalizações discursivas (indicando noções de possibilidade, cer-
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei- teza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos
toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri- exaltados.
mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o
ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá- desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios.
veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili- Exemplo:
tares de ensino superior para formação de oficiais. A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
administração política (tese), porque a força governamental cer-
tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli-

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LÍNGUA PORTUGUESA
gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes Expositivo Seminários
metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do Palestras
RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for Conferências
do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-es- Entrevistas
tar da população, isso é plenamente possível (estratégia argu- Trabalhos acadêmicos
mentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que Enciclopédia
não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do Verbetes de dicionários
governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre
Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão).
Carta de opinião
Resenha
Tipo textual narrativo
Artigo
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Ensaio
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo Monografia, dissertação de
e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um mestrado e tese de doutorado
enredo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narra-
tivo). Narrativo Romance
Novela
Características principais: Crônica
• O tempo verbal predominante é o passado. Contos de Fada
Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da
Lendas
história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história
– onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
prosa, não em verso. forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui-
dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
Exemplo:
Solidão INTERTEXTUALIDADE
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro.
só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro-
Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos
certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade. elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo,
Nelson S. Oliveira forma ou de ambos: forma e conteúdo.
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos,
reais/4835684 de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro-
duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual,
GÊNEROS TEXTUAIS auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferen- escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
tes de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.
de um texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do
seu produtor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e Tipos de Intertextualidade
exercem funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ade- • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral-
mais, são passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do
que preservando características preponderantes. Vejamos, ago- grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos
ra, uma tabela que apresenta alguns gêneros textuais classifica- “para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe-
dos com os tipos textuais que neles predominam. sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos
programas humorísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza-
Descritivo Diário ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para-
Relatos (viagens, históricos, etc.) phrasis), significa a “repetição de uma sentença”.
Biografia e autobiografia • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos
Notícia científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo
Currículo que tenha alguma relação com o que será discutido no texto.
Lista de compras Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi”
Cardápio (posição superior) e “graphé” (escrita).
Anúncios de classificados • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
Injuntivo Receita culinária dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
Bula de remédio expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de
Manual de instruções outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre-
Regulamento sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”.
Textos prescritivos Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Todo ruminante é um mamífero.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por A vaca é um ruminante.
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Logo, a vaca é um mamífero.
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
também será verdadeira.
ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem -se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz -se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o -nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
texto diz e faça o que ele propõe. e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um ban-
tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- co. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo
dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às te- Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
ses e aos pontos de vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar entender bem como eles funcionam.
a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o in- acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o au-
ditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fá-
terlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como ver-
cil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
dadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence
crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
uso de recursos de linguagem.
que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é
que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja
bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV
vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio-
a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis
nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria
quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”.
efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma
no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado
desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu- ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Tipos de Argumento
Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a
desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig- argumento. Exemplo:
nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para
fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro- Argumento de Autoridade
vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconheci-
a outra, é preferível à outra. das pelo auditório como autoridades em certo domínio do sa-
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de ber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo.
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimen-
enunciador está propondo. to do produtor do texto a respeito do assunto de que está tratan-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta- do; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto,
ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre- não fazer do texto um amontoado de citações. A citação precisa
tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co-
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamen- nhecimento. Nunca o inverso.
to: Alex José Periscinoto.
A é igual a B. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a C.
Então: C é igual a B. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im-
portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria- a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun-
mente, que C é igual a A. do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas
Outro exemplo: devem acreditar que é verdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de Quantidade Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o con-
maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun- sumidor tende a associar o produto anunciado com atributos da
damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi- celebridade.
cidade faz largo uso do argumento de quantidade. Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
competência linguística. A utilização da variante culta e formal
Argumento do Consenso da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir
-se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que
como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente
aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta
por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com-
protegido e de que as condições de vida são piores nos países petência do médico:
subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando
risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. houve por bem determinar o internamento do governador pelo
período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
Argumento de Existência - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que hospital por três dias.
é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular
enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
pássaro na mão do que dois voando”. tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen- ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica-
tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que A orientação argumentativa é uma certa direção que o falan-
o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia- te traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de
no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicu-
poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do- larizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
cumentada pela comparação do número de canhões, de carros O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade. dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi-
Argumento quase lógico sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como não outras, etc. Veja:
causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra- “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos trocavam abraços afetuosos.”
raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações ne-
cessárias entre os elementos, mas sim instituir relações prová- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no-
veis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi-
a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o
relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Ami- termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa
go de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade inesperada.
lógica, mas uma identidade provável. Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen- tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen-
que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir- te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex- podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
trair generalizações indevidas. ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação
do meio ambiente, injustiça, corrupção).
Argumento do Atributo - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas
É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí- por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos
picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para
o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é destruir o argumento.
melhor que o que é mais grosseiro, etc. - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-
-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o

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LÍNGUA PORTUGUESA
caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição to-
é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado talmente contrária;
visando a reduzir outros à sua dependência política e econômica”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si- sentaria contra a argumentação proposta;
tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a oposta.
comunicação, o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclu-
tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em sões válidas, como se procede no método dialético. O método
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de
óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao
verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. fenômeno em questão e da mudança dialética que ocorre na na-
Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- tureza e na sociedade.
tam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pare- método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par-
cer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que em partes, começando-se pelas proposições mais simples até
inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha
suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela- de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema,
ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu-
é um processo de convencimento, por meio da argumentação, merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um
no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar no conjunto da dedução.
seu pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs qua-
lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou tro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais,
proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra- uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em
ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida busca da verdade:
apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan- - evidência;
tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a in- - divisão ou análise;
flexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução;
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida- - enumeração.
des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra-
zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis-
tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode
a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro-
já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de cesso dedutivo.
vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de A forma de argumentação mais empregada na redação aca-
argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi- dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e
liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con- a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne- premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os alguns não caracteriza a universalidade.
porquês da defesa de um ponto de vista. Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si-
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude ar- logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que
gumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo vai do particular para o geral. A expressão formal do método de-
de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências,
evidencia. baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti-
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi- cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se
ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre-
vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, mui- visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso
tas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:
sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom
exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar con- Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
siste em desenvolver as seguintes habilidades: Fulano é homem (premissa menor = particular)
Logo, Fulano é mortal (conclusão)

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LÍNGUA PORTUGUESA
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, ba- Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga-
seiase em uma conexão ascendente, do particular para o geral. dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes
Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo,
seja, parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes,
desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes.
causa. Exemplo: Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das
O calor dilata o ferro (particular) partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não
O calor dilata o bronze (particular) significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amon-
O calor dilata o cobre (particular) toado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem
O ferro, o bronze, o cobre são metais organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem de
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria recons-
truído.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa- conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe podem ser assim relacionadas:
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha- Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-
-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da
- Lógico, concordo. criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? na escolha dos elementos que farão parte do texto.
- Claro que não! Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e ex-
Exemplos de sofismas: perimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em
“discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
Dedução constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto
Todo professor tem um diploma (geral, universal) ou fenômeno.
Fulano tem um diploma (particular) A análise decompõe o todo em partes, a classificação es-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia
entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a
Indução ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par- mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie-
ticular) rarquisação.
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe-
lar) nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge- cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e
ral – conclusão falsa) diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con-
vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi-
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Re- A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais
dentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou menos caótica é artificial.
ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou
análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subje- Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami-
tivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão. nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo,
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda- relógio, sabiá, torradeira.
mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A Os elementos desta lista foram classificados por ordem al-
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé- fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri-
todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de
ideias visam sistematizar a pesquisa. importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o

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LÍNGUA PORTUGUESA
desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja - deve ser breve (contida num só período). Quando a de-
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impac- de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também
to do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na definição expandida;d
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo)
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun-
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) tos (as diferenças).
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex- As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís-
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão entre a palavra e seus significados.
e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
também os pontos de vista sobre ele. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda-
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser de-
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de monstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico
uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento e racional do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica de uma fundamentação coerente e adequada.
que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações;
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de
ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três ele- é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem
mentos: um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
- o termo a ser definido; verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui-
- o gênero ou espécie; da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há
- a diferença específica. coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra-
dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por
O que distingue o termo definido de outros elementos da dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio-
mesma espécie. Exemplo: nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação
entre as premissas e a conclusão.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir-
mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por
meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões co-
Elemento especiediferença muns nesse tipo de procedimento: mais importante que, supe-
a ser definidoespecífica rior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados
estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os da-
É muito comum formular definições de maneira defeituo- dos; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação,
sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo ainda, pela apresentação de causas e consequências, usando-se
em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma
quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé- vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por
cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê- motivo de.
mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex-
recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se
definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen- alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela
tar os seguintes requisitos: interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex-
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramen- expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de,
ta ou instalação”; consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A ex-
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos plicitação se faz também pela interpretação, em que são comuns
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente res- as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de vista.
trito para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons- em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, por
titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente,
homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado,

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LÍNGUA PORTUGUESA
sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de fatos em Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expres- siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
sões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no sul, Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
no leste... desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se,
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon-
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de
que, menos que, melhor que, pior que. ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma relação
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen- inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autorida- para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta-
de reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e,
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado-
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações li- tados para a elaboração de um Plano de Redação.
terais no corpo de um texto constituem argumentos de autorida-
de. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
contidos na linha de raciocínio que ele considera mais adequada lução tecnológica
para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res-
argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório. ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam da resposta, justificar, criando um argumento básico;
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio- construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta-
cultural. Nesse caso, incluem-se ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o ho- lificá-la (rever tipos de argumentação);
mem, mortal, aspira à imortalidade); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos- ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as
tulados e axiomas); ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na- e consequência);
tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró- - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com
pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética o argumento básico;
(gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as
(creio, ainda que parece absurdo). que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor-
mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de ideia do argumento básico;
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
concretos, estatísticos ou documentais. sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: ou menos a seguinte:
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara- Introdução
ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam - função social da ciência e da tecnologia;
opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade com- - definições de ciência e tecnologia;
provada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se fun-
damentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de Desenvolvimento
provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contestada - apresentação de aspectos positivos e negativos do desen-
por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os volvimento tecnológico;
processos de contra-argumentação: - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons- as condições de vida no mundo atual;
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi-
traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países
cordeiro”; subdesenvolvidos;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
verdadeira; passado; apontar semelhanças e diferenças;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni- urbanos;
versalidade da afirmação; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma-
nizar mais a sociedade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Conclusão Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse- se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com-
quências maléficas; preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen- cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em
tos apresentados. conjunto dos elementos formativos de um texto.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respei-
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de to aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união
redação: é um dos possíveis. dos elementos textuais.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabele- A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa-
ce entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre
na criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertex- as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên-
tualidade como sendo a criação de um texto a partir de outro cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falan-
texto já existente. Dependendo da situação, a intertextualidade te reconhecer de imediato a coerência de um discurso.
tem funções diferentes que dependem muito dos textos/contex-
tos em que ela é inserida. A coerência:
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con-
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assu- ceitual;
me a função de não só persuadir o leitor como também de di- - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte com o aspecto global do texto;
(pintura, escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
entre dois textos caracterizada por um citar o outro.
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando Coesão
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma manei- É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex-
ra, se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
textos – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via
gênero ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
propósitos diferentes. Assim, como você constatou, uma história vocabulário, tem-se a coesão lexical.
em quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa-
como um poema pode valer-se de uma letra de música ou um lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele-
artigo de opinião pode mencionar um provérbio conhecido. mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade os componentes do texto.
com outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a le-
com outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá- xical, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos,
-lo, ao tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá- nomes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é conse-
-lo, ao ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. guida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjeti-
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre al- vo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções
gum grau de intertextualidade, pois quando falamos, escreve- e numerais.
mos, desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que A coesão:
nos expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequen-
mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos abso- cial;
lutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvi- componentes do texto;
do ou lido. - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das fra-
ses.
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração
de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as
ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan- Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabele-
çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor ce entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência
capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar na criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertex-
de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma tualidade como sendo a criação de um texto a partir de outro
correta e adequada. texto já existente. Dependendo da situação, a intertextualidade
tem funções diferentes que dependem muito dos textos/contex-
Coerência tos em que ela é inserida.
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assu-
(Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa me a função de não só persuadir o leitor como também de di-
bate com outra”). fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte
(pintura, escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação
entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

30
LÍNGUA PORTUGUESA
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma manei- produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente
ra, se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enuncia-
textos – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo ção de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que
gênero ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado
propósitos diferentes. Assim, como você constatou, uma história “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
em quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim
como um poema pode valer-se de uma letra de música ou um A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
artigo de opinião pode mencionar um provérbio conhecido. textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
com outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo
com outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá- Pastiche é uma recorrência a um gênero.
-lo, ao tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-
-lo, ao ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. A Tradução está no campo da intertextualidade porque im-
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre al- plica a recriação de um texto.
gum grau de intertextualidade, pois quando falamos, escreve-
mos, desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
nos expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou ao produtor e ao receptor de textos.
mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos abso- A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
lutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconheci-
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvi- mento de remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou me-
do ou lido. nos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de
interpretar a função daquela citação ou alusão em questão.
Tipos de Intertextualidade
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex- Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fon-
etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a inter- te, ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
textualidade.
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mun- A intertextualidade explícita:
do, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há – é facilmente identificada pelos leitores;
um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do – apenas apela à compreensão do conteúdos.
texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atuali-
zar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É A intertextualidade implícita:
dizer com outras palavras o que já foi dito. – não é facilmente identificada pelos leitores;
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto ori- parte dos leitores;
ginal é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios
uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anterior- para a compreensão do conteúdo.
mente, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas
estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através PONTO DE VISTA
do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso O modo como o autor narra suas histórias provoca diferen-
contínuo dessa arte, frequentemente os discursos de políticos tes sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
classe dominante. Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Ape-
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos sar de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais:
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha algu- O narrador-observador e o narrador-personagem.
ma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo so- Primeira pessoa
bre Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 Um personagem narra a história a partir de seu próprio pon-
a.C.-322 a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. to de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso,
lemos o livro com a sensação de termos a visão do personagem
podendo também saber quais são seus pensamentos, o que cau-

31
LÍNGUA PORTUGUESA
sa uma leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas discurso de políticas de averiguação de custos engessadas que
nossas vidas, existem algumas coisas das quais não temos co- pouco ou quase nada retratam as necessidades de populações
nhecimento e só descobrimos ao decorrer da história. distintas.”.
A oração grifada no trecho acima classifica-se como:
Segunda pessoa (A) subordinada substantiva predicativa;
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um (B) subordinada adjetiva restritiva;
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se (C) subordinada substantiva subjetiva;
sinta quase como outro personagem que participa da história. (D) subordinada substantiva objetiva direta;
(E) subordinada adjetiva explicativa.
Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas ob- 6. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
servasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na nar- des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa
rativa em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da
frases como alguém que estivesse apenas contando o que cada frase acima, na ordem dada, as expressões:
personagem disse. (A) a que – de que;
(B) de que – com que;
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será (C) a cujas – de cujos;
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história (D) à que – em que;
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de (E) em que – aos quais.
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem esti-
ver acompanhando a leitura não fique confuso. 7. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está
EXERCÍCIOS correta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Pau-
lo.
1. (NCE/UFRJ – TRE/RJ – Auxiliar Judiciário – 2001) O item (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
abaixo que apresenta erradamente uma separação de sílabas é: (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
(A) trans-o-ce-â-ni-co; 35% deles fosse despejado em aterros.
(B) cor-rup-te-la; (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(C) sub-li-nhar; (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(D) pneu-má-ti-co; de lixo.

2. (FGV – SPTRANS – Especialista em Transportes – 2001) 8. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE-
Assinale a alternativa em que o x representa fonema igual ao de RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado cor-
“exame”. retamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) exceto. (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(B) enxame. (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) óxido. (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) exequível. (D) Ele gosta de bife à cavalo.

3. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL 9. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
– 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de pa- ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
lavra formada por derivação: padrão na seguinte sentença:
(A) parassintética; (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(B) prefixal; (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(C) sufixal; (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(D) imprópria; (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(E) regressiva. (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.

4. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, 10. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS
na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de – 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or-
trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos dem, o seguinte par de palavras:
sublinhados classificam-se, respectivamente, em (A) estrondo – ruído;
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. (B) pescador – trabalhador;
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (C) pista – aeroporto;
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. (D) piloto – comissário;
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (E) aeronave – jatinho.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

5. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – AD-


MINISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou
de ser um processo de observação cristalina para assumir um

32
LÍNGUA PORTUGUESA
11. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualida- (A) Somente a I é correta.
de é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que (B) Somente a II é incorreta.
NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (C) Somente a III é correta
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor- (D) A III e IV são corretas.
rido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se 13. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
mete onde não é chamada.” ainda suja o Brasil”:
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem proble-
gente mesmo!” mas no desenvolvimento do assunto.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta
tudo bem.” problemas no uso de conjunções e preposições.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das clas-
ses de palavras e da ordem sintática.
Leia o texto abaixo para responder a questão. IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
A lama que ainda suja o Brasil temática e bom uso dos recursos coesivos.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou (B) Somente a II é incorreta.
um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica (C) Somente a III é correta.
brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos (D) Somente a IV é correta.
diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a
morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um Leia o texto abaixo para responder as questões.
plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de
intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela UM APÓLOGO
brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me- Machado de Assis.
dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sendo
que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito do Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enro-
córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas lada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana, — Deixe-me, senhora.
Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló- — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que
gio na região.” está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem que me der na cabeça.
riscos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual
menos 16 barragens de mineração em todo o País apresentam tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a
condições de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade dos outros.
de aparelhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na di- — Mas você é orgulhosa.
reção oposta — Decerto que sou.
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, — Mas por quê?
do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo ama, quem é que os cose, senão eu?
marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce- — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ig-
de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento nora que quem os cose sou eu, e muito eu?
dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio pedaço ao outro, dou feição aos babados…
Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir- — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
reversíveis podem ocorrer. puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA e mando…
MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL — Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
12. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo
fato. o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baro-
ao gênero textual editorial. nesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baro-
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi- nesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela.
vas, já que se trata de uma reportagem. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra
já se trata de um editorial. iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor
das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de
Analise as assertivas e responda: Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

33
LÍNGUA PORTUGUESA
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; co? Não repara que esta distinta costureira só se importa
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
abaixo e acima… eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixi-
sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha nha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para
vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi an- ninguém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
dando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia
mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, 15. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar ou-
a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou tros valores semânticos além da noção de dimensão, como afeti-
ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou vidade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afir-
esperando o baile.
mar que os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira,
“unidinha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho,
(A) dimensão e pejoratividade;
para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vesti-
(B) afetividade e intensidade;
do da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui
ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar (C) afetividade e dimensão;
da agulha, perguntou-lhe: (D) intensidade e dimensão;
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da (E) pejoratividade e afetividade.
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? GABARITO
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de
cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agu-
lha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para 1 A
ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha
de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. 2 D
Onde me espetam, fico. 3 D
Contei esta história a um professor de melancolia, que me
4 B
disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agu-
lha a muita linha ordinária! 5 A
6 A
14. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de
Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as 7 E
personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visu- 8 A
al, indique a opção em que a fala não é compatível com a asso-
ciação entre os elementos dos textos: 9 B
10 E
11 E
12 C
13 D
14 E
15 D

(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda
enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?”
(L.02)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
lha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?”
(L.06)
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao
que eu faço e mando...” (L.14-15)

34
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Princípio da regressão ou reversão. Lógica dedutiva, argumentativa e quantitativa. Lógica matemática qualitativa, sequências lógicas
envolvendo números, letras e figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Geometria básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3. Álgebra básica e sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4. Calendários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5. Numeração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
6. Razões especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7. Análise combinatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8. Probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
9. Progressões aritmética e geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
10. Conjuntos; as relações de pertinência, inclusão e igualdade; operações entre conjuntos, união, interseção e diferença . . . . . . . . . 56
11. Comparações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

PRINCÍPIO DA REGRESSÃO OU REVERSÃO. LÓGICA DEDUTIVA, ARGUMENTATIVA E QUANTITATIVA. LÓGICA MATE-


MÁTICA QUALITATIVA, SEQUÊNCIAS LÓGICAS ENVOLVENDO NÚMEROS, LETRAS E FIGURAS

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife-
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte
consiste nos seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO


Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL


O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
conhecimento por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ções, selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portan-
to, não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma.
As proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

1
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições Compostas – Conectivos
As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
podemos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

2
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F
correspondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

3
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa-
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUN-
CA existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portan-
to, não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma.
As proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicio-
nais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

4
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quanti-
dade certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

5
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradi-
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ção, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quais-
ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou quer que sejam as proposições P0, Q0, R0, ...
símbolos (da linguagem formal) utilizados para conectar propo-
sições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale • Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela ver-
a alternativa que apresenta exemplos de conjunção, negação e dade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma
implicação, respectivamente. proposição composta que não é tautologia e nem contradição.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q Exemplos:
(C) p -> q, p v q, ¬ p 4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com
(D) p v p, p -> q, ¬ q o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria le-
(E) p v q, ¬ q, p v q genda, na qual identificava, por letras, algumas afirmações re-
levantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de
Resolução: sentenças (proposições). No seu vocabulário particular constava,
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta por exemplo:
o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação P: Cometeu o crime A.
é representada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar Q: Cometeu o crime B.
uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão
implicação é uma proposição composta do tipo condicional (Se, no regime fechado.
então) é representada pelo símbolo (→). S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Resposta: B.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recor-
Tabela Verdade dar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Quando trabalhamos com as proposições compostas, de- Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
terminamos o seu valor lógico partindo das proposições simples item que se segue.
que a compõe. O valor lógico de qualquer proposição composta A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira,
depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições sim- independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras
ples componentes, ficando por eles UNIVOCAMENTE determi- ou falsas.
nados. ( ) Certo
( ) Errado
• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do
número de proposições simples que a integram, sendo dado Resolução:
pelo seguinte teorema: Considerando P e Q como V.
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* (V→V) ↔ ((F)→(F))
proposições simples componentes contém 2n linhas.” (V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
Exemplo: (F→F) ↔ ((V)→(V))
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições (V) ↔ (V) = V
simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
da proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a: Resposta: Certo.
(A) 2;
(B) 4; Equivalência
(C) 8; Duas ou mais proposições compostas são equivalentes,
(D) 16; quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apre-
(E) 32. sentam a mesma solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTO-
Resolução: LOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALEN-
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio aci- TES.
ma, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela ver-
dade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia,
então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que
sejam as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela


verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a nega-
ção da Tautologia e vice versa.

6
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conec-
tivo por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO transforma: CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “não” (~) Exemplos:
Chamamos de negação de uma proposição representada por R: Paulo é professor ou administrador
“não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsi- S: Maria é jovem ou idosa
dade (F) quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma
oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos: das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma
das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi-


vo”(considera apenas um dos casos)

Conectivo “e” (˄) Exemplo:


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será cha- R: Paulo é professor ou administrador
mada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabe- S: Maria é jovem ou idosa
la-verdade:
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma
das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma
das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se
fizer sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possui- 3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
rão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou 4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
argumentos lógicos, tiverem valores verdadeiros. 5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não
disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à
Conectivo “ou” (v) praia). Temos então sua tabela verdade:
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente.
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quan-


Conectivo “ou” (v) do a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for
Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. falsa.
(Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).
Conectivo “Se e somente se” (↔)
Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chama-
da bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como:
“p é condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é con-
dição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e so-
mente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua
• Mais sobre o Conectivo “ou” tabela verdade:
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver
qualquer questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica mate-
mática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo-
los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternati-
va que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é re-
presentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação
é uma proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: • Transitiva:
Montando a tabela teremos que: – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P ~p ~p ^p P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
V F F
V F F Regras de Inferência
F V F • Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógi-
cas de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras.
F V F Em outras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir
de proposições verdadeiras já existentes.
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos dian-
te de uma CONTRADIÇÃO. Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição


Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verda-
deira. Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbo-
licamente temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente dis-


tintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um • Silogismo Disjuntivo
conectivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação
lógica que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Tautologias e Implicação Lógica – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposi-
ção categórica em afirmativa ou negativa.
• Teorema – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,- uma proposição categórica em universal ou particular. A classifi-
q,r,...) cação dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualida-


de e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados
pelas letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Observe que: Teremos duas possibilidades.
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P
→ Q é tautológica.

Inferências

• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido


no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A”
é também elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é dife-
rente de “Todo B é A”.
Princípio da inconsistência
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
lógica p ^ ~p ⇒ q Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer pro- entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o
posição q. mesmo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a diagrama (A ∩ B = ø):
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam propo-
sições com quantificadores. Numa proposição categórica, é im-
portante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características des-


sas proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo


com o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios
fundamentais: qualidade e extensão ou quantidade.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B” Em síntese:
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta
proposição:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto afirmação anterior é:
“A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são
“B”. Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos pardos.
que nem todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
“Algum B é A”. (C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são par-
dos não miam alto.
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele
representações possíveis: é pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposi-
ção do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.

O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo


o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjun-
ção, em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”.
Descartamos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por:
Todo A é não B.
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
o conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence são pardos NÃO miam alto.
ao conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o Resposta: C
mesmo que Algum B não é A.
(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer
• Negação das Proposições Categóricas que a afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar ponto de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação
as seguintes convenções de equivalência: é verdadeira
– Ao negarmos uma proposição categórica universal gera- (A) Todos os não psicólogos são professores.
mos uma proposição categórica particular. (B) Nenhum professor é psicólogo.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma propo- (C) Nenhum psicólogo é professor.
sição categórica particular geramos uma proposição categórica (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
universal. (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, Resolução:
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sem- Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a ne-
pre, uma proposição de natureza afirmativa. gação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz
através de um quantificador existencial negativo. Logo teremos:
Pelo menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
• Equivalência entre as proposições ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas
na resolução de questões. lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.
Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a nega-
ção lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou
igual a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. NENHUM
E
(C) Todo número natural é diferente de cinco. AéB
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco. Existe pelo menos um elemento que
pertence a A, então não pertence a B, e
Resolução: vice-versa.
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pe-
de-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo
o esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um,
existe ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal
com Todos e Nenhum, que também são universais.

Existe pelo menos um elemento co-


mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
ALGUM tes formas:
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as al-
ternativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários
problemas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que
envolvam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste ar-
gumento podem ser formadas por proposições categóricas.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
- Existem teatros que não são cinemas

ALGUM
O
A NÃO é B
- Algum teatro é casa de cultura

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRA-
ÇÃO – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
casa de cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “al- Segundo as afirmativas temos:
gum teatro é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o úl-
(A) existem cinemas que não são teatros. timo diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que
(B) existe teatro que não é casa de cultura. existe pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo


mesmo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Erra-
do, a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
nos afirma isso

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justi-


ficativa é observada no diagrama da alternativa anterior.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-
Correta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é
que todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de válido, independentemente do conteúdo das premissas ou da
cultura também não é cinema. conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo vá-


lido?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizan-
do diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um
método muito útil e que será usado com frequência em questões
que pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos
como funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na
premissa P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos
representar essa frase da seguinte maneira:

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de pro-
posições iniciais redunda em outra proposição final, que será
consequência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que
associa um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas pre-
missas do argumento, a uma proposição Q, chamada de conclu-
são do argumento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior
(dos pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da
frase “Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o
círculo menor a representar o grupo de quem se segue à palavra
TODO.
Exemplo: Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a
P1: Todos os cientistas são loucos. palavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela expri-
P2: Martiniano é louco. me é de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumen-


to formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados
em verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a
entender o que significa um argumento válido e um argumento
inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou
bem construído), quando a sua conclusão é uma consequência
obrigatória do seu conjunto de premissas. Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto
Exemplo: em comum.
O silogismo... Tomemos agora as representações gráficas das duas premis-
P1: Todos os homens são pássaros. sas vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e
da conclusão sejam totalmente questionáveis.

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:


NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequên-
cia necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o
conjunto dos homens está totalmente separado (total dissocia-
ção!) do conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
válido! gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este
argumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse re-
Argumentos Inválidos sultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
Dizemos que um argumento é inválido – também denomi- - É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de
nado ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que
verdade das premissas não é suficiente para garantir a verdade não! Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora
da conclusão. do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro
do círculo)! Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não
Exemplo: garantiram a veracidade da conclusão!
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança. Métodos para validação de um argumento
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois 1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indica-
as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão. da quando nas premissas do argumento aparecem as palavras
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, TODO, ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe
pois a primeira premissa não afirmou que somente as crianças um etc.
gostam de chocolate. 2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo ar- ocorre quando nas premissas não aparecem as palavras todo,
tifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”.
primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”. Baseia-se na construção da tabela-verdade, destacando-se uma
coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este méto-
do tem a desvantagem de ser mais trabalhoso, principalmente
quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e con-
siderando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a va-
lidade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impos-
sibilidade do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades.
Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, desco-
briremos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar tam-
bém em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, con-


Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia siderando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação
acima (da primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor ló-
localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda gico da conclusão de maneira direta, mas somente por meio de
premissa. Vemos facilmente que a Patrícia só não poderá estar análises mais complicadas.
dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a se-
gunda premissa! Isto posto, concluímos que Patrícia poderá es-
tar em dois lugares distintos do diagrama:

16
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando falsa, utilizando isso temos:
uma conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fer-
ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os nando estava estudando. // B → ~E
valores lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se Iniciando temos:
mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos deter- 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A →
minar se o argumento é ou NÃO VÁLIDO. ~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando
chove tem que ser F.
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Te- (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que
remos: Maria vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é ver- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C →
dadeiro! ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando
Agora, passamos a testar as premissas, que são considera- Cláudio sai de casa tem que ser F.
das verdadeiras! Teremos: 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são (V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando
verdadeiros, então a primeira parte da condicional acima tam- pode ser V ou F.
bém é verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
falsa. Logo: r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois
temos dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no Resposta: Errado
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência
simultânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
que o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma
fada, então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então
Exemplos: Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tris-
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que teza é uma bruxa.
as seguintes proposições sejam verdadeiras. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centau-
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. ro.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Durante a noite, faz frio. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue
o item subsecutivo. Resolução:
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza
( ) Certo não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como
( ) Errado conclusão o valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo
Resolução: (F) → V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bru-
B = Maria vai ao cinema xa(F) → V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
D = Faz frio
E = Fernando está estudando Logo:
F = É noite Temos que:
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Esmeralda não é fada(V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será ver-
dadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a
única que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

18
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
mos o passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles
trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente
descobrir o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas
no enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que
ficam meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões
acerca dos grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a
nenhuma dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas de-
mais células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruza-
mento de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o
advogado (logo colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

19
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preen-
chemos sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas
conclusões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não
vamos fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples.
Vamos continuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como
Paulo é o advogado, podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e
Maria é casada com o médico (que é Luís).

20
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está − Luiz não viajou para Fortaleza.
resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luís Médico Maria Luiz N N N
Paulo Advogado Lúcia Arnaldo N N
Mariana N N S N
Exemplo: Paulo N N
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em ja- Agora, completando o restante:
neiro, todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiâ- Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou.
nia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles Então, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
viajaram, sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
− Paulo não viajou para Goiânia; Luiz N S N N
− Luiz não viajou para Fortaleza. Arnaldo S N N N
É correto concluir que, em janeiro, Mariana N N S N
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Paulo N N N S
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Resposta: B
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba. Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os
Resolução: quantificadores são utilizados para transformar uma sentença
Vamos preencher a tabela: aberta ou proposição aberta em uma proposição lógica.
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N Tipos de quantificadores
Arnaldo N • Quantificador universal (∀)
Mariana O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N Exemplo:
Arnaldo N N Todo homem é mortal.
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Mariana N N S N mortal.
Paulo N Na representação do diagrama lógico, seria:

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é
Paulo N N homem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclu-
sões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.

21
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B. Exemplos:
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão Todo cavalo é um animal. Logo,
(∀ (x) (A (x) → B). (A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
Observe que a palavra todo representa uma relação de in- (B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
clusão de conjuntos, por isso está associada ao operador da con- (C) Todo animal é cavalo.
dicional. (D) Nenhum animal é cavalo.
Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da Resolução:
forma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes con-
temos x + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será clusões:
verdadeira? – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantifica- – Se é cavalo, então é um animal.
dor, a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e pode- Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
mos julgar, logo, é uma proposição lógica. de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda
forma de conclusão).
• Quantificador existencial (∃) Resposta: B
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a propo-
sição (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números
reais (R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos
reais (R) tal que x + y = x.
Exemplo: – 1º passo: observar os quantificadores.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa fra- X está relacionado com o quantificador universal, logo, to-
se é: dos os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é
necessário pelo menos um valor de x para satisfazer a proprie-
dade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elemen-
tos x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
O quantificador existencial tem a função de elemento co- A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
mum. A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa ter- Existe sim! y = 0.
mos comuns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma X + 0 = X.
simbólica: (∃ (x)) (A (x) ∧ B). Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está
Aplicando temos: correto.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) Resposta: CERTO
∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N
tal que x + 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de
x, a sentença será verdadeira? GEOMETRIA BÁSICA
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos Ângulos
julgar, logo, é uma proposição lógica. Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas
semirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de
ATENÇÃO: lados do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A
é B” é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A
é B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).

22
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta


o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz


Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º. de um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do
lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a


um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a
esse lado.

Ângulo Reto: Na figura, é uma altura do .


- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares. Um triângulo tem três alturas.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a


Triângulo esse segmento pelo seu ponto médio.

Elementos Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga
um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

23
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo Quanto aos ângulos
que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do . Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos
Um triângulo tem três mediatrizes.

Classificação

Quanto aos lados


Triângulo retângulo: tem um ângulo reto
Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais. Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso

Triângulo equilátero: três lados iguais. Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor
que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao maior
ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes proprieda-
des:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

24
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
- é paralelo a Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremida-
- Losango: 4 lados congruentes des são vértices não-consecutivos desse polígono.
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendicula- Número de Diagonais
res entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos
internos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b


é a medida da base menor e h é medida da altura.

2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é


a medida da altura.

3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e Ângulos Internos


d é a medida da diagonal menor. A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono
convexo de n lados é (n-2).180
5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado. Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente
escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos
Polígono ângulos internos do polígono é igual à soma das medidas dos
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados ângulos internos dos n-2 triângulos.
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices
do polígono.

Ângulos Externos

A soma dos ângulos externos=360°

25
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então
a razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual
à razão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são
válidas as seguintes proporções:

Exemplo

3º Caso: LLL (lado - lado - lado)


Se dois triângulos têm os três lado correspondentes propor-
cionais, então esses dois triângulos são semelhantes.

Semelhança de Triângulos Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus
ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, Considerando o triângulo retângulo ABC.
e os lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes propor-
cionais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, en-
tão esses dois triângulos são semelhantes.

26
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Temos: Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-
gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Fórmulas Trigonométricas Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno 1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenu-
de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC. sa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa


pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²
4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados
dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo pla-
Como no. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também
não estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas
reversas.

27
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Retas Coplanares

a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

-Duas retas concorrentes podem ser:


Classificação
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto. Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando as ge-
2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares. ratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é equi-
látero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coin-


cidentes.

Área
Área da base: Sb=πr²

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α, um
ponto V que não pertence ao plano.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os seg-
mentos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra
Cilindros num ponto do círculo denomina-se cone circular.
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de centro
O contido num deles, e uma reta s concorrente com os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião de
todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no círculo
e no outro plano.

28
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Classificação Área e Volume
-Reto: eixo VO perpendicular à base;
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângulo em Área lateral: Sl = n. área de um triângulo
torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é também cha-
mado de cone de revolução. Onde n = quantidade de lados
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é deno-
minado cone equilátero. Stotal = Sb + Sl

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R conti-
do em α e uma reta r concorrente aos dois.

g2 = h2 + r2

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião de to-


dos os segmentos paralelos a r, com extremidades no polígono
R e no plano β.
Área

Volume

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao número Assim, um prisma é um poliedro com duas faces congruen-
de lados da base. tes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos obtidos li-
gando-se os vértices correspondentes das duas faces paralelas.

29
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Classificação Prisma Regular
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regulares, o
Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares às ba- prisma é dito regular.
ses As faces laterais são retângulos congruentes e as bases são
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base. congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...)

PRISMA RETO PRISMA OBLÍQUO Área


Área cubo: St = 6a2

Área paralelepípedo: St = 2(ab + ac + bc)

A área de um prisma: St = 2Sb + St

Onde: St = área total


Sb = área da base
Sl = área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.

Volume
Classificação pelo polígono da base Paralelepípedo: V = a . b . c
Cubo: V = a³
TRIANGULAR QUADRANGULAR
Demais: V = Sb . h

Estudo do Ponto

E assim por diante...

Paralelepípedos
Os prismas cujas bases são paralelogramos denominam-se
paralelepípedos.
Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um
sistema de eixos cartesianos.
PARALELEPÍPEDO RETO PARALELEPÍPEDO OBLÍQUO - A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces qua-


dradas.

Fonte: www.matematicadidatica.com.br

1º Quadrante: x>o e y>o


2º Quadrante: x<0 e y>0
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0

30
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Para representar o par ordenado P(x,y) Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem
Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o à mesma reta.
eixo y de ordenada.

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante?


x>0 e y<0 IV quadrante.

Distância entre Dois Pontos


Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles
é uma função das coordenadas de P e Q:

Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos


utilizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo
com suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar
o alinhamento dos pontos é através do cálculo do determinante
pela regra de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determi-
nar se estão alinhados.

Ponto Médio

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0

Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da


matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e
B(x2,y2), com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de
Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto medida a.
M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das
coordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

31
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
1º caso: 0° < a < 90° m = tan a

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos: O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

0 < a < 90° → m > 0

2º caso: 90° < a < 180°

a=0→m=0

Do triângulo retângulo ABC, vem:

a = 90° → m

Portanto, para os dois casos, temos:

Coeficiente angular

Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao


eixo é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa
reta. A equação fundamental de r é dada por:

32
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Equação Geral da Reta Retas paralelas
Ax + by + c = 0 As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

Equação Segmentária ar = as ↔ mr = ms

Assim, para r // s, temos:

Equação reduzida da reta


Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q)
e tem coeficiente angular m = tan a: Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes.
y - q = m(x - 0)
y - q = mx ar ≠ as ↔ mr ≠ ms
y = mx + q
Assim, para r e s concorrentes, temos:

Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação redu-


zida da reta, em que m é o coeficiente.

Posições relativas de duas retas


Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

Retas perpendiculares
Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e
Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes. somente se, os seus coeficientes angulares são tais que

De fato:

33
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Como:

Se uma das retas for vertical, teremos:

Então:

E, reciprocamente, se

Logo,

Circunferência: Equações da circunferência e Equação re-


Distância de ponto a reta duzida
Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distân- equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denomina-
cia entre P e r( dPr ) é dada por: do centro da circunferência:

Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer


da circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circun-
ferência. Então:

Ângulo entre duas retas


Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas,
r e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o
ângulo 0 agudo formado entre elas:

34
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
2º passo: determinamos os termos que completam os qua-
drados perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os mem-
bros as parcelas correspondentes

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circun-


ferência e permite determinar os elementos essenciais para a 3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos
construção da circunferência: as coordenadas do centro e o raio. ( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16
Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na
origem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2. 4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o cen-
tro e o raio
Equação Geral
Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação ge-
ral da circunferência:

ÁLGEBRA BÁSICA E SISTEMAS LINEARES

Como exemplo, vamos determinar a equação geral da cir- Matriz


cunferência de centro C(2, -3) e raio r = 4. Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segun-
do linhas horizontais e colunas verticais.
A equação reduzida da circunferência é: O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é
denominado matriz, e cada número pertencente a ela é chama-
( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16 do de elemento da matriz.

Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos: Tipo ou ordem de uma matriz


As matrizes são classificadas de acordo com o seu número
de linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é
denominada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por qua-
tro), pois tem três linhas e quatro colunas. Exemplo:

Determinação do centro e do raio da circunferência, dada


a equação geral
Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o
processo de fatoração de trinômio quadrado perfeito para trans-
formá-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro
e o raio da circunferência.
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1;
- Não deve existir o termo xy.

Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência


cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0. Representação genérica de uma matriz
Costumamos representar uma matriz por uma letra maiús-
Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con- cula (A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da
dições. letra. Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fa-
zemos uso de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Assim: Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e
1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e a coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no
isolamos o termo independente lado inferior direito do elemento. Exemplo: a11.
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6

35
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo
(PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz abaixo registra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante
uma semana.

Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o número de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
(A) 61
(B) 59
(C) 58
(D) 60
(E) 62

Resolução:
Turno i –linha da matriz
Turno j- coluna da matriz
2º turno do 2º dia – a22=18
3º turno do 6º dia-a36=25
1º turno do 7º dia-a17=19
Somando:18+25+19=62
Resposta: E.

Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

Operações com matrizes


Adição: somamos os elementos correspondentes das matrizes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

Exemplo
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

36
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D.

Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos
os elementos de A por k.

Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário,
antes de mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B,
determinando a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se
possível o produto, e a matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

De modo geral, temos:

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B
abaixo:

37
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:

Resposta: B.
Casos particulares
Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais
elementos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m
x n, obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta
At em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:

38
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E.

Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

Determinantes

Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma
matriz quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal
pelo produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2
Resposta: C.

Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como
aplicar a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando
os sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e
multiplicá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

39
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO)

Dada a matriz , onde , assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é


(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A.

Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo
teorema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou
de uma coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores.

Exemplo:
Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.

Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma
rede automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante asso-
ciado à matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores.
Dica: pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: Para o determinante é usado os números
que sobraram tirando a linha e a coluna.

A13=2.23=46

A43=1.2=2
D = 46 + 2 = 48

Resposta: D.

41
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Determinante de uma matriz de ordem n > 3
Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565
Propriedades dos determinantes
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são nulos, o determinante é nulo.

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais, então o determinante é nulo.

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um número k real, o determinante também fica multiplicado pelo
mesmo número k.

d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a seguinte propriedade:


det (A. B) = det A + det B.

42
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, Matriz Associada a um Sistema Linear
seu determinante for diferente de zero. Dado o seguinte sistema:

Sistema de equações lineares


Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m
equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

Matriz incompleta

Em que: Classificação

1. Sistema Possível e Determinado

O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois


Sistema Linear 2 x 2
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações
lineares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente


a1 x + b1 y = c1 as duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Pos-
 sível e Determinado), pois possui uma única solução.
a2 + b2 y = c2
2. Sistema Possível e Indeterminado
Sistema Linear 3x3

Esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de


x e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e
Sistemas Lineares equivalentes y podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.
Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solu-
ção são ditos equivalentes. Por exemplo: 3. Sistema Impossível

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as


São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solu- duas equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é im-
ção S={(1,2)} possível.
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or-
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas Sistema Escalonado
as equações do sistema. Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incóg-
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas nitas das equações lineares estão escritas em uma mesma or-
as sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as dem e o 1º coeficiente não-nulo de cada equação está à direita
equações do sistema. do 1º coeficiente não-nulo da equação anterior.

43
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo – Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
Sistema 2x2 escalonado. – Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impos-
sível.

Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado


ou impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equi-
valente pelo método de eliminação de Gauss.
Sistema 3x3
A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a se- Exemplos
gunda tem dois e a terceira, apenas um. - Discutir, em função de a, o sistema:

Sistema 2x3 Resolução

1 3
D= = a−6
2 a
Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento
Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6
equivalente pelas seguintes transformações elementares, reali-
zadas com suas equações: Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado.
– Trocas as posições de duas equações Para a ≠ 6, temos:
– Multiplicar uma das equações por um número real dife-
rente de 0.
– Multiplicar uma equação por um número real e adicionar x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ~
o resultado a outra equação.
 ← −2 0 x + 0 y = −9

Exemplo
Que é um sistema impossível.
Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)
Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é con-
veniente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação. Regra de Cramer

Consideramos os sistema .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incom-


pleta desse sistema é , cujo determinante é indicado
Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação por D = ad – bc.
Multiplicando a equação por -2:
Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y)
pela coluna dos coeficientes independentes, obteremos
,cujo determinante é indicado por Dy = af – ce.

Assim, .
Somando as duas equações:
Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e conside-
rando a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed
– bf, obtemos , D ≠ 0.

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In-


cógnitas
Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao
nº de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calcu-
lamos o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta),
e:

44
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

CALENDÁRIOS

Calendário é um sistema para contagem e agrupamento de dias que visa atender, principalmente, às necessidades civis e reli-
giosas de uma cultura. As unidades principais de agrupamento são o mês e o ano.

Divisão do Ano
– O ano padrão possui 365 dias, dividido em semanas de 7 dias.
Isto significa que um ano possui exatamente 52 semanas + 1 dia. Isto faz com que, se um determinado ano começa na segun-
da-feira, o ano seguinte inicia no dia da semana seguinte (terça-feira, neste caso), exceto para anos bissextos. Desta forma, se em
um ano uma data (p.ex. 05/Fevereiro) cai em um dia da semana específico (p.ex. na terça), no ano seguinte cairá no dia da semana
seguinte (na quarta, neste caso), exceto em anos bissextos.
– Uma semana inicia-se no Domingo (primeiro dia da semana) e encerra-se no Sábado (sétimo dia da semana). Desta forma, a
semana é constituída por Domingo, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta e Sábado.
O Ano é dividido em 12 meses com as seguintes quantidades de dias:

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
31 dias 28 dias 31 dias 30 dias 31 dias 30 dias 31 dias 31 dias 30 dias 31 dias 30 dias 31 dias

Ano bissexto
Chama-se de ano bissexto ao acréscimo de 1 dia ao ano, fazendo com que o ano possua 366 dias (52 semanas + 2 dias). O ano
bissexto é criado para ajustar nosso calendário ao ano natural. Como um ano não possui exatamente 365 dias, mas cerca de 365 dias
e 6 horas, a cada 4 anos as horas excedentes totalizam um dia completo. “Excluir” estas horas adicionais faria com que, ao longo dos
anos, as datas não caíssem nas mesmas épocas e estações naturais do ano. Se a cada ano perdêssemos 6 horas, em 720 anos dia
01/01 cairia não no verão (no hemisfério sul) mas no inverno, por exemplo.

As regras de criação do ano bissexto são:


- De 4 em 4 anos é ano bissexto.
- De 100 em 100 anos não é ano bissexto.
- De 400 em 400 anos é ano bissexto.
- Prevalecem as últimas regras sobre as primeiras.

Calculando um dia específico da semana

Exemplos:
Se considerarmos hoje como segunda-feira e contarmos 73 dias, qual dia da semana cairá?

Resolução:
– Em primeiro lugar, calcular as semanas completas entre a data inicial e a data final. Logicamente, calculando as semanas
completas iremos para o dia da semana mais próximo que é igual àquele do dia inicial que estamos calculando. Se dividirmos 73
por 7 dias por semana, temos 10,48 ou 10 semanas completas. Assim, a segunda-feira mais próxima da data que desejamos é igual
a 7×10= 70 dias.
– Na segunda etapa, subtraímos da quantidade de dias este valor e somamos ao dia da semana que alcançamos. Assim, 73 -70
= 3 dias. Então a partir da segunda-feira, somamos + 3 dias, o que equivale a quinta-feira, que é nosso resultado final.

(PC/PI - Escrivão de Polícia Civil - UESPI)


Se 01/01/2013 foi uma terça-feira, qual dia da semana foi 19/09/2013?
(A) Quarta-feira.
(B) Quinta-feira.
(C) Sexta-feira.
(D) Sábado.
(E) Domingo.

Resolução:
Se 01/01/2013 foi uma terça feira, podemos determinar o dia da semana em que cairá 19/09/2013.
Basta fazermos as seguintes operações:
– determinar o número de dias entre estas datas:
Janeiro faltam mais 30 dias para acabar o mês.
Fevereiro 28
Março: 31

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Abril 30 Exemplo 2
Maio 31 40 – 9 x 4 + 23
Junho 30 40 – 36 + 23
Julho 31 4 + 23
Agosto 31 27
Setembro 19
Logo, teremos um total de 261 dias. Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
– Dividiremos este número por 7 e veremos quantas sema- 25-20+20=25
nas inteiras teríamos neste intervalo de dias: 262/7 = 37 sema-
nas e 2 dias. Números Inteiros
Logo, 19/09/2013 cairá numa quinta-feira. Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
Resposta: B. naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:
NUMERAÇÃO

Números Naturais
Os números naturais são o modelo matemático necessário Subconjuntos do conjunto :
para efetuar uma contagem. 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade,
obtemos o conjunto infinito dos números naturais {...-2, -1, 1, 2, ...}

2) Conjuntos dos números inteiros não negativos

{0, 1, 2, ...}
- Todo número natural dado tem um sucessor
a) O sucessor de 0 é 1. 3) Conjunto dos números inteiros não positivos
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20. {...-3, -2, -1}

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. Números Racionais


Chama-se de número racional a todo número que pode ser
expresso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
{1,2,3,4,5,6... . } São exemplos de números racionais:

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um ante- -12/51


cessor (número que vem antes do número dado). -3
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de
zero. -(-3)
a) O antecessor do número m é m-1. -2,333...
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55. As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
d) O antecessor de 10 é 9. portanto são consideradas números racionais.
Como representar esses números?
Expressões Numéricas
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, Representação Decimal das Frações
multiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer Temos 2 possíveis casos para transformar frações em deci-
em uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas mais
utilizamos alguns procedimentos:
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro opera- decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
ções, devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeira-
mente, na ordem em que elas aparecerem e somente depois a
adição e a subtração, também na ordem em que aparecerem e
os parênteses são resolvidos primeiro.

Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, Subtraindo:
mas lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número 100x-x=112,1212...-1,1212...
racional 99x=111
OBS: período da dízima são os números que se repetem, se X=111/99
não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais,
que trataremos mais a frente. Números Irracionais
Identificação de números irracionais
– Todas as dízimas periódicas são números racionais.
– Todos os números inteiros são racionais.
– Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.
– A soma de um número racional com um número irracional
é sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um nú-
mero racional.
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma
Representação Fracionária dos Números Decimais , com a e b inteiros e b≠0.
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com
o denominador seguido de zeros. Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante. – O quociente de dois números irracionais, pode ser um nú-
mero racional.

Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

– O produto de dois números irracionais, pode ser um nú-


mero racional.

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número


natural, se não inteira, é irracional.

Números Reais
2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então
como podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima
dada de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos


por 10.
10x=3,333...

E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9 Fonte: www.estudokids.com.br
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de perí-


odo.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .

47
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Representação na reta Semirreta direita, fechada de origem a – números reais
maiores ou iguais a A.

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x ϵ R|x≥a}
Intervalos limitados
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maio-
iguais a e menores do que b ou iguais a b. res que a.

Intervalo:[a,b]
Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b} Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x ϵ R|x>a}
Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores
que b. Potenciação
Multiplicação de fatores iguais

2³=2.2.2=8
Intervalo:]a,b[
Conjunto:{xϵR|a<x<b} Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a
ou iguais a A e menores do que B.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.


Intervalo:{a,b[
Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}

Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e


menores ou iguais a b.
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta
em um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b}

Intervalos Ilimitados 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resul-


Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais ta em um número negativo.
menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b] 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o


Conjunto:{x ϵ R|x≤b} sinal para positivo e inverter o número que está na base.

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais


menores que b.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ϵ R|x<b}

48
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor Técnica de Cálculo
do expoente, o resultado será igual a zero. A determinação da raiz quadrada de um número torna-se
mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números
primos. Veja:

64 2

Propriedades 32 2
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mes- 16 2
ma base, repete-se a base e soma os expoentes. 8 2

Exemplos: 4 2
24 . 23 = 24+3= 27 2 2
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27 1

64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se”


um e multiplica.
2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma
base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94 Observe:

1 1 1
3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica- De modo geral, se


-se os expoentes.

Exemplos: a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
(52)3 = 52.3 = 56
Então:

n
a.b = n a .n b

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado
um expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. é igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do
(4.3)²=4².3² radicando.

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, pode- Raiz quadrada de frações ordinárias
mos elevar separados.
1 1
2 2 2 2 2
2
Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação a na
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n =
+
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indica-
do é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos
do radicando.

49
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Raiz quadrada números decimais 2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença


de quadrados no denominador:
Operações

RAZÕES ESPECIAIS

Operações Razão

Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com


Multiplicação b 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/
bou a : b.
Exemplo
Exemplo:
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de mo-
Divisão ças. (lembrando que razão é divisão)

Exemplo
Proporção

Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção en-


Adição e subtração tre A/B e C/D é a igualdade:

Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.

8 2 20 2 Propriedade fundamental das proporções


4 2 10 2 Numa proporção:

2 2 5 5
1 1

Os números A e D são denominados extremos enquanto os


números B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos
meios é igual ao produto dos extremos, isto é:
Caso tenha:
AxD=BxC
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
Racionalização de Denominadores
Normalmente não se apresentam números irracionais com
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
radicais do denominador chama-se racionalização do denomina-
dor. Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 este-
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela ja em proporção com 4/6.

Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:

50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Segunda propriedade das proporções Quanto mais.....mais....
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos
dois primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo Exemplo
termo, assim como a soma ou a diferença dos dois últimos ter- Distância percorrida e combustível gasto
mos está para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)
13 1
26 2
39 3
Ou
52 4

Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?


Diretamente proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível
Ou
Grandezas Inversamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente


proporcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é
igual ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Ou Quanto mais....menos...

Exemplo
Velocidade x Tempo a tabela abaixo:

VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)


Terceira propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos 5 200
antecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, 8 125
assim como cada antecedente está para o seu respectivo conse- 10 100
quente. Temos então:
16 62,5
20 50

Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo??


Inversamente proporcional
Ou Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade.

Diretamente Proporcionais
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn
diretamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar
um sistema com n equações e n incógnitas, sendo as somas
Ou X1+X2+...+Xn=M e p1+p2+...+pn=P.

Ou A solução segue das propriedades das proporções:

Grandezas Diretamente Proporcionais Exemplo


Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Car-
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente los entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o
proporcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é prêmio de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o
igual a razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma combinado entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma di-
maneira mais informal, se eu pergunto: retamente proporcional?

51
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Arranjo Simples
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p,
toda sequência de p elementos distintos de E.

Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
algarismos distintos podemos formar?

Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.

Inversamente Proporcionais
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn in-
versamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este
número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a
1/p1, 1/p2, ..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n
incógnitas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso

cuja solução segue das propriedades das proporções: Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo simples
dos 3 elementos tomados 2 a 2.

Indica-se A3,2
ANÁLISE COMBINATÓRIA

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata
dos problemas de contagem.
Permutação Simples
Princípio Fundamental da Contagem Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
um evento composto de duas ou mais etapas. O número de permutações simples de n elementos é indi-
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão cado por Pn.
E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras Pn = n!
de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
Exemplo
Exemplo Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças).


3(blusas)=6 maneiras

Fatorial Exemplo
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o pro- Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
duto de uma multiplicação cujos fatores são números naturais
consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial. Solução
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N) Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permuta-
ções. Como temos uma letra repetida, esse número será menor.

52
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E Triângulo de Pascal

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto
com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que
podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.

Solução LINHA 0 1
LINHA 1 1 1
LINHA 2 1 2 1
LINHA 3 1 3 3 1

Números Binomiais LINHA 4 1 4 6 4 1


O número de combinações de n elementos, tomados p a p, LINHA 5 1 5 10 10 5 1
também é representado pelo número binomial . LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a
+ b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios:
n = 0 → (a + b)0 = 1
Binomiais Complementares n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
denominadores é igual ao numerador são iguais: n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo


de Pascal.

Relação de Stifel

PROBABILIDADE

Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisí-
vel, por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lan-
çamento de um dado.

Espaço Amostral
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resulta-
dos possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}

53
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
No lançamento de uma moeda, observando a face voltada Solução
para cima:
E={Ca,Co}

Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral. São complementares.
No lançamento de um dado, vimos que
E={1,2,3,4,5,6}

Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer


um número par, tem-se {2,4,6}. Adição de probabilidades
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e
Exemplo não vazio. Tem-se:
Considere o seguinte experimento: registrar as faces volta-
das para cima em três lançamentos de uma moeda.

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se
Solução obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamen-
to, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8
Sejam os eventos
b) A={2,4,6} n(A)=3
E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- B={1,2,3,4} n(B)=4
C,R,R),(R,R,R)}

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E
com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A)
amostras.

Probabilidade Condicional
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
Eventos complementares evento B, definido por:
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um
evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por ,
o evento formado por todos os elementos de E que não perten-
cem a A.

E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

Note que

Eventos Simultâneos
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço
Exemplo amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:
Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas colori-
das. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola
vermelha é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma
bola que não seja vermelha.

54
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética
PROGRESSÕES ARITMÉTICA E GEOMÉTRICA Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34).
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40
Sequências
Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos
de um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado
a uma posição, temos uma sequência.
O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo
por a2, e o n-ésimo por an. Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos
extremos é igual à soma dos extremos.
Termo Geral de uma Sequência
Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei Soma dos Termos
de formação. Isso significa que podemos obter um termo qual- Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite
quer da sequência a partir de uma expressão, que relaciona o calcular a soma dos n primeiros termos de uma progressão arit-
valor do termo com sua posição. mética.
Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)

Progressão Aritmética
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma
constante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão Sn - Soma dos primeiros termos
da PA. a1 - primeiro termo
an = an-1 + r(n ≥ 2) an - enésimo termo
n - número de termos
Exemplo
A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5: Exemplo
a1 = 2 Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último
a2 = 2 + 5 = 7 é igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?
a3 = 7 + 5 = 12
Solução
Classificação Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo
As progressões aritméticas podem ser classificadas de acor- central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19
do com o valor da razão r. à sua direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a
r < 0, PA decrescente questão:
r > 0, PA crescente
r = 0, PA constante

Propriedades das Progressões Aritméticas


-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
aritmética entre o anterior e o posterior.
Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes
dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extre-
mos. Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o
termo central tem exatamente o valor de metade da soma dos
-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual extremos.
à soma dos extremos. Em notação matemática temos:
a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2

Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
seguinte forma:
a2 = a1 + r
a3 = a2 + r = a1 + 2r
a4 = a3 + r = a1 + 3r

Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao pri-


meiro número de razões r igual à posição do termo menos uma
unidade.
an = a1 + (n - 1)r Assim sendo:
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

55
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Progressão Geométrica Solução:
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em a1 = 1; q = 3; n = 6
que se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o
anterior por uma constante q, chamada razão da PG.

Exemplo
Dada a sequência: (4, 8, 16)
a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16

Classificação
As classificações geométricas são classificadas assim:
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior.
Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário
ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r =
0. A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita
quando a1 = 0 ou q = 0.
1º Caso:-1 < q < 1
Termo Geral da PG
Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
menos uma unidade.
Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série
a2 = a1 . q2-1 é convergente.
a3 = a1 . q3-1
2º Caso: |q| > 1
Portanto, o termo geral é: A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é
an = a1 . qn-1 divergente

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita 3º Caso: |q| = 1


Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos Também não possui soma finita, portanto divergente
termos Sn:
Produto dos termos de uma PG finita
1º Caso: q=1

Sn = n . a1

2º Caso: q≠1

CONJUNTOS; AS RELAÇÕES DE PERTINÊNCIA, INCLU-


SÃO E IGUALDADE; OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS,
UNIÃO, INTERSEÇÃO E DIFERENÇA

Exemplo Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam


Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular: eles cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos
a) A soma dos 6 primeiros termos conjuntos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja os dias da semana ou simplesmente fazer grupos.
29524 Os componentes de um conjunto são chamados de elemen-
tos.
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra
maiúscula.

56
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Representações Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
Pode ser definido por: mente os mesmos elementos. Em símbolo:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos
7, 9} saber apenas quais são os elementos.
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elemen- Não importa ordem:
tos temos: A={1,2,3} e B={2,1,3}
B={0,1,2,3,4,5,6,7}
Não importa se há repetição:
– Diagrama de Venn A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação
Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #,
ao número de elementos que ele possui.

Exemplo
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4.

Definições
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo car-
dinal.
Um conjunto diz-se
Há também um conjunto que não contém elemento e é re- a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus
presentado da seguinte forma: S = c ou S = { }. elementos
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem b) finito quando é possível enumerar todos os seus elemen-
também a outro conjunto B, dizemos que: tos
A é subconjunto de B c) singular quando é formado por um único elemento
Ou A é parte de B d) vazio quando não tem elementos
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B
Exemplos
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é
a B: A ⊄ B infinito (∞));
A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
Símbolos B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
∈: pertence { } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)
∉: não pertence
⊂: está contido Pertinência
⊄: não está contido O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de
⊃: contém pertinência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas
⊅: não contém designam os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os con-
/: tal que juntos. Assim, o conjunto das vogais (V) é:
⟹: implica que V={a,e,i,o,u}
⇔: se,e somente se A relação de pertinência é expressa por: a∈V
∃: existe A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
∄: não existe mento b não pertence ao conjunto V.
∀: para todo(ou qualquer que seja)
∅: conjunto vazio Inclusão
N: conjunto dos números naturais A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Z: conjunto dos números inteiros Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é
Q: conjunto dos números racionais subconjunto dele mesmo.
Q’=I: conjunto dos números irracionais Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
R: conjunto dos números reais Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.

Igualdade Operações
Propriedades básicas da igualdade União
Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro for-
U, temos que: mado pelos elementos que pertencem pelo menos um dos con-
(1) A = A. juntos a que chamamos conjunto união e representamos por:
(2) Se A = B, então B = A. A∪B.
(3) Se A = B e B = C, então A = C. Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B}
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B.
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C.

57
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Representação
A={1,2,3,4} e B={5,6} -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3,
A∪B={1,2,3,4,5,6} 4, 5}
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses ele-
Interseção mentos temos:
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos B={3,4,5,6,7}
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representa-
da por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B} - por meio de diagrama:

Exemplo:
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de
A∩B={d,e} conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Diferença Igualdade
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido mente os mesmos elementos. Em símbolo:
por:
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
mentar de B em relação a A.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não per-
tencem a B. Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos
A\B = {x : x∈A e x∉B}. saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}

Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A

Relações de Inclusão
Exemplo: Relacionam um conjunto com outro conjunto.
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(con-
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto tém), ⊅ (não contém)
A menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Exemplo:
Complementar {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple- {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjun-
to cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca
pertencem a A. aberta para o maior conjunto.
A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A
Subconjunto
Exemplo O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5} também elemento de B.
CBA={4,5} Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
Operações

58
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
União B-A = {x : x ∈B e x∉A}.
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro for-
mado pelos elementos que pertencem pelo menos um dos con-
juntos a que chamamos conjunto união e representamos por:
A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto
A menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado
pelos elementos do conjunto universo que não pertencem a A.
Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é represen-
tada por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
Exemplo: n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} C)
A∩B={d,e}
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de
Diferença fazer todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a é mais rápido, o que na prova de concurso é interessante devido
cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido ao tempo.
por: Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer
mentar de B em relação a A. de uma forma ou outra.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não per-
tencem a B. Exemplo
(MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em
A\B = {x : x ∈A e x∉B}. um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são
carecas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis.
Todos homens altos que são carecas, são também barbados. Sa-
be-se que existem 5 homens que são altos e não são barbados
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são barbados
e não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que
são carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos esses
homens, o número de barbados que não são altos, mas são ca-
recas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

59
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos Sabemos que 18 são altos
pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada
um

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7

Carecas são 16

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho-


mens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são Então o número de barbados que não são altos, mas são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são care- carecas são 4.
cas e não são altos e nem barbados Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo
diagrama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil.

Exemplo
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Supo-
nha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito
criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.


(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos
nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física e em Biologia.

60
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados, a probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e Quí-
mica, é inferior a 0,05.

Resolução
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88
Resposta: A.

COMPARAÇÕES

Do dicionário, comparação significa: ato ou efeito de comparar; cotejo, confronto. Matematicamente significa comparar duas
grandezas, objetos, grupos, etc. Para isso usamos os símbolos:

> (MAIOR QUE)


< (MENOR QUE)
= (IGUAL)
≠ (DIFERENTE)

Exemplo:
Compare os números utilizando se os símbolos >,< ou =:
a) 893____893
b) 515____ 400
c) 330 ____410
d) 1000 _____ 1000

Resolução:
a) =
b) >
c) <
d) =

Vejamos as imagens:

61
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) 1 m³ .
EXERCÍCIOS
(B) 3 m³ .
(C) 4 m³ .
1. (IPRESB/SP - ANALISTA DE PROCESSOS PREVIDENCIÁ- (D) 5 m³ .
RIOS- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD, com 40 m (E) 6 m³ .
de largura por 60 m de comprimento, foi dividido em três lotes,
conforme mostra a figura. 4. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO -VU-
NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos de mes-
mo volume, posicionados em uma caixa com a forma de parale-
lepípedo reto retângulo.

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é 864 m², Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volume
o perímetro do lote 2 é interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 100 m. (A) 3000.
(B) 108 m. (B) 4500.
(C) 112 m. (C) 6000.
(D) 116 m. (D) 7500.
(E) 120 m. (E) 9000.

2. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Consi- 5. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2017) As expressões
dere um triângulo retângulo de catetos medindo 3m e 5m. Um numéricas abaixo apresentam resultados que seguem um pa-
segundo triângulo retângulo, semelhante ao primeiro, cuja área drão específico:
é o dobro da área do primeiro, terá como medidas dos catetos,
em metros: 1ª expressão: 1 x 9 + 2
(A) 3 e 10. 2ª expressão: 12 x 9 + 3
(B) 3√2 e 5√2 . 3ª expressão: 123 x 9 + 4
(C) 3√2 e 10√2 . ...
(D)5 e 6. 7ª expressão: █ x 9 + ▲
(E) 6 e 10.
Seguindo esse padrão e colocando os números adequados
3. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO -VU- no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será
NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato de pa-
ralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas indicadas na (A) 1 111 111.
figura. (B) 11 111.
(C) 1 111.
(D) 111 111.
(E) 11 111 111.

6. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2017) Durante um


treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio co-
mercial informou que, nos cinquenta anos de existência do pré-
dio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas situações
de risco, felizmente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 des-
sas situações deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais
situações haviam sido geradas por diferentes tipos de displicên-
cia. Dentre as situações de risco geradas por displicência,
Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar em 1 m
a medida da largura, indicada por x na figura, mantendo-se inal- − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequa-
teradas as demais medidas. Desse modo, o volume inicialmente damente;
previsto para esse reservatório foi aumentado em: − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e;
− As demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.

62
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
De acordo com esses dados, ao longo da existência desse 11. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Em
prédio comercial, a fração do total de situações de risco de in- cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nume-
cêndio geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à radas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamente, cuja
(A) 3/20. ocorrência de cada face é igualmente provável, a probabilidade
(B) 1/4. de que o produto dos números obtidos seja um número ímpar
(C) 13/60. é de:
(D) 1/5. (A) 1/4.
(E) 1/60. (B) 1/3.
(C) 1/2.
7. (IPRESB/SP – AGENTE PREVIDENCIÁRIO – VU- (D) 2/3.
NESP/2017) A tabela, onde alguns valores estão substituídos por (E) 3/4.
letras, mostra os valores, em milhares de reais, que eram devidos
por uma empresa a cada um dos três fornecedores relacionados, 12. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA
e os respectivos valores que foram pagos a cada um deles. - MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pessoas, en-
tre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a probabilidade
FORNECEDOR A B C de se sortear um homem é de 5/12 . Quantas mulheres foram à
excursão?
VALOR PAGO 22,5 X 37,5 (A) 20
VALOR DEVIDO Y 40 z (B) 24
(C) 28
Sabe-se que os valores pagos foram diretamente proporcio- (D) 32
nais a cada valor devido, na razão de 3 para 4. Nessas condições,
é correto afirmar que o valor total devido a esses três fornecedo- 13. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVI-
res era, antes dos pagamentos efetuados, igual a SOR – FGV/2017) O valor da expressão
(A) R$ 90.000,00.
(B) R$ 96.500,00. 2(1 - 2 + 3 - 4 + 5 - 6 + 7- ... + 2015 - 2016 + 2017) é:
(C) R$ 108.000,00.
(D) R$ 112.500,00. (A)2014;
(E) R$ 120.000,00. (B) 2016;
(C) 2018;
8. (DPE/RS - ANALISTA - FCC/2017) A razão entre as alturas (D) 2020;
de dois irmãos era 3/4 e, nessa ocasião, a altura do irmão mais (E) 2022.
alto era 1,40 m. Hoje, esse irmão mais alto cresceu 10 cm. Para
que a razão entre a altura do irmão mais baixo e a altura do mais 14. (FCEP – TÉCNICO ARTÍSTICO – AMAUC/2017) Conside-
alto seja hoje, igual a 4/5 , é necessário que o irmão mais baixo re a equação do 1º grau: 2(x - 2) = 3(x/3 + 4) . A raiz da equação é
tenha crescido, nesse tempo, o equivalente a o segundo termo de uma Progressão Aritmética (P.A.). O primei-
(A) 13,5 cm.
ro termo da P.A. corresponde aos 3/4 da raiz da equação. O valor
(B) 10,0 cm.
do décimo termo da P.A. é:
(C) 12,5 cm.
(A) 48
(D) 14,8 cm.
(B)36
(E) 15,0 cm.
(C) 32
9. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um torneio (D) 28
de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada equipe jogará (E) 24
apenas uma vez com cada uma das outras. Esse torneio terá a
seguinte quantidade de jogos: 15. (SAP/SP – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA
(A) 320. – MSCONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita uma
(B) 460. votação para escolher a cor da camiseta de formatura. Dentre
(C) 620. eles, 30 votaram na cor preta, 21 votaram na cor cinza e 8 não
(D) 1.225. votaram em nenhuma delas, uma vez que não farão as camise-
(E) 2.450. tas. Quantos alunos votaram nas duas cores?
(A) 6
10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FUNI- (B) 10
VERSA/2016) Considerando-se que uma sala de aula tenha trinta (C) 14
alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que a comissão para or- (D) 18
ganizar a festa de formatura deva ser composta por cinco desses
alunos, incluindo Roberto e Tatiana, a quantidade de maneiras
distintas de se formar essa comissão será igual a:
(A) 3.272.
(B) 3.274.
(C) 3.276.
(D) 3.278.
(E) 3.280.

63
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
4. Resposta: E
GABARITO São 6 cubos no comprimento: 6.5=30
São 4 cubos na largura: 4.5=20
1. Resposta: D 3 cubos na altura: 3.5=15
V=30.20.15=9000

5. Resposta: E.
A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111

6. Resposta: D.

Gerado por descuidos ao cozinhar:

Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-1/13)

7. Resposta: E

96h=1728
H=18

Como I é um triângulo: Y=90/3=30


60-36=24
X²=24²+18²
X²=576+324
X²=900
X=30 X=120/4=30
Como h=18 e AD é 40, EG=22

Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116

2. Resposta: B Z=150/3=50
Portanto o total devido é de: 30+40+50=120000

8. Resposta: E

X=1,05

Se o irmão mais alto cresceu 10cm, está com 1,50

Lado=3√2 X=1,20
Outro lado =5√2 Ele cresceu: 1,20-1,05=0,15m=15cm

3. Resposta: E 9. Resposta: D.
V=2.3.x=6x
Aumentando 1 na largura
V=2.3.(x+1)=6x+6
Portanto, o volume aumentou em 6.

64
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
10. Resposta: D. 14. Resposta: A
Raiz da equação:
Roberto e Tatiana ________ 2x-4=x+12
São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que terão X=16 é 0 segundo termo da PA
que fazer parte da comissão.
30-2=28 Primeiro termo:

PA
11. Resposta: A. (12,16,...)
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que os R=16-12=4
dois dados tenham ímpar:
a10 = a1 + 9r
a10 = 12 + 36 = 48

15. Resposta: C
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
12. Resposta: C. N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de escolher 37=30+21- n(A∩B)
uma mulher é de 7/12 n(A∩B)=14

12x=336 ANOTAÇÕES
X=28

13. Resposta: C ______________________________________________________


Os termos ímpares formam uma PA de razão 2 e são os nú-
meros ímpares.
______________________________________________________
Os termos pares formam uma PA de razão -2
Vamos descobrir quantos termos há:
______________________________________________________
2017=1+(n-1).2
2017=1+2n-2 ______________________________________________________
2017=-1+2n
2n=2018 ______________________________________________________
n=1009
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
Para a sequência par:
-2016=-2+(n-1).(-2) ______________________________________________________
-2016=-2-2n+2
2n=2016
______________________________________________________
N=1008
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
1018081-1017072=1009
2.1009=2018 ______________________________________________________

65
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

_____________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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66
CONHECIMENTOS GERAIS
1. Ética: conceito, ética na sociedade, ética no trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Noções de Cidadania: conceito, direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro, direitos sociais e políticos (Constituição Fede-
ral); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Cidadania e meio ambiente; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. Código de Ética do Servidor Público (Decreto Federal nº 1.171/94); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Direitos, Deveres e Proibições dos Servidores Públicos Municipais de Cascavel (Lei Municipal nº 2.215/91); . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Conhecimentos básicos da política brasileira; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7. Cultura e sociedade brasileira; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
8. Aspectos históricos e políticos do Município de Cascavel-Pr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
CONHECIMENTOS GERAIS
Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convic-
ÉTICA: CONCEITO, ÉTICA NA SOCIEDADE, ÉTICA NO ções.
TRABALHO Princípios, Valores e Virtudes
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados uni-
versais que definem as regras pela qual uma sociedade civilizada
São duas ciências de conhecimento que se diferenciam, no en- deve se orientar.
tanto, tem muitas interligações entre elas. Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis,
A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previ- pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Enten-
são sobre os atos humanos. A moral estabelece regras que devem de-se que a adoção desses princípios está em consonância com o
ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da consti-
bem viver. A moral garante uma identidade entre pessoas que po- tuição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou
dem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de estatutos de condomínio.
Moral entre elas. O princípios se aplicam em todas as esferas, pessoa, profissio-
A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal. nal e social, eis alguns exemplos: amor, felicidade, liberdade, paz e
O objetivo da ética é buscar justificativas para o cumprimento das plenitude são exemplos de princípios considerados universais.
regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabe- Como cidadãos – pessoas e profissionais -, esses princípios fa-
lece regras. A reflexão sobre os atos humanos é que caracterizam o zem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutan-
ser humano ético. do para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo,
Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo. por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos
Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles
correto. se perdem no meio do caminho.
A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários princí- De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são
pios básicos e transversais que são: comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou
1. O da Integridade – Devemos agir com base em princípios e não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios uni-
valores e não em função do que é mais fácil ou do que nos trás mais versais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conse-
benefícios quências.
2. O da Confiança/Credibilidade – Devemos agir com coerência Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou
e consistência, quer na ação, quer na comunicação. mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portan-
3. O da Responsabilidade – Devemos assumir a responsabilida- to, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o
de pelos nossos atos, o que implica, cumprir com todos os nossos ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão
deveres profissionais. entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são
4. O de Justiça – As nossas decisões devem ser suportadas, diferentes.
transparentes e objetivas, tratando da mesma forma, aquilo que é Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e,
igual ou semelhante. acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale neces-
5. O da Lealdade – Devemos agir com o mesmo espírito de le- sariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode
aldade profissional e de transparência, que esperamos dos outros. ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade
6. O da Competência – Devemos apenas aceitar as funções da pessoa que os adota.
para as quais tenhamos os conhecimentos e a experiência que o Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que
exercício dessas funções requer. aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores com-
7. O da Independência – Devemos assegurar, no exercício de pletamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso,
funções de interesse público, que as nossas opiniões, não são in- luxo e riqueza – estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias
fluenciadas, por fatores alheios a esse interesse público. somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores
ditados pela sociedade.
Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos dia- Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do es-
riamente: pírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do
1. Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, exis- bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a inte-
tem escolhas, que embora, não estando especificamente referidas, lectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e
na lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas. crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao
2. Todos os outros fazem isso – Ao longo da história da humani- passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito.
dade, o homem esforçou-se sempre, para legitimar o seu compor- Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em
tamento, mesmo quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis. nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser
alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do
Nas organizações, é a ética no gerenciamento das informações que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio
que vem causando grandes preocupações, devido às consequências onde somos criados e condicionados através de exemplos e com-
que esse descuido pode gerar nas operações internas e externas. portamentos semelhantes.
Pelo Código de Ética do Administrador capítulo I, art. 1°, inc. II, um Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por
dos deveres é: “manter sigilo sobre tudo o que souber em função exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar
de sua atividade profissional”, ou seja, a manutenção em segredo valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposi-
de toda e qualquer informação que tenha valor para a organização ção e a dominação pela força.
é responsabilidade do profissional que teve acesso à essa informa-
ção, podendo esse profissional que ferir esse sigilo responder até
mesmo criminalmente.

1
CONHECIMENTOS GERAIS
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade
seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca
atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser
de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação
grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espí- para o bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste
rito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, res-
do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para peitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como to-
destituí-los do poder. das às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer
Valores e virtudes baseados em princípios universais são inego- obrigado, desculpe, por favor, e bom dia quando necessário... até
ciáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não tem. saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas,
Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza não o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que en-
podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recordações, frentamos em nosso mundo.
experiências, imagens internas e sentimentos que dão um sentido “A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre bus-
especial e particular a esses conceitos. car, para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais im-
O importante é que você não perca de vista esses conceitos perioso dos deveres impostos aos cidadãos.” (Juarez Távora - Militar
e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e e político brasileiro)
profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e
de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada, sociais estabelecidos na constituição. Os direitos e deveres de um
que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que ao cumprirmos
pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente. nossas obrigações permitimos que o outro exerça também seus
direitos. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos eo-
Ética e democracia: exercício da cidadania brigações e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais.
históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos
ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade da educação de um país.
e seus grupos. A Constituição da República Federativa do Brasil foi promul-
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos gada em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia Nacional Consti-
de ética. tuinte, composta por 559 congressistas (deputados e senadores).
Cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e A Constituição consolidou a democracia, após os anos da ditadura
deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. militar no Brasil.
É muito importante entender bem o que é cidadania. Trata-se A cidadania está relacionada com a participação social, porque
de uma palavra usada todos os dias, com vários sentidos. Mas hoje remete para o envolvimento em atividades em associações cultu-
significa, em essência, o direito de viver decentemente. rais (como escolas) e esportivas.
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. É
poder votar em quem quiser sem constrangimento. É poder pro- Deveres do cidadão
cessar um médico que age de negligencia. É devolver um produto - Votar para escolher os governantes;
estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro, - Cumprir as leis;
índio, homossexual, mulher sem ser descriminado. De praticar uma - Educar e proteger seus semelhantes;
religião sem se perseguido. - Proteger a natureza;
Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios - Proteger o patrimônio público e social do País.
de cidadania: respeitar o sinal vermelho no transito, não jogar papel
na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comporta- Direitos do cidadão
mento está o respeito ao outro. - Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência so-
No sentido etimológico da palavra, cidadão deriva da palavra cial, lazer, entre outros;
civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correlato grego - O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, mas pre-
na palavra politikos – aquele que habita na cidade. cisa assinar o que disse e escreveu;
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “ci- - Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua
dadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cida- ação na cidade;
dão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado, - O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou
ou no desempenho de seus deveres para com este”. profissão, mas a lei pode pedir estudo e diploma para isso;
Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um - Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e
estado - nação com certos direitos e obrigações universais em um tirar cópia, e esse direito passa para os seus herdeiros;
específico nível de igualdade (Janoski, 1998). No sentido atenien- - Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus
se do termo, cidadania é o direito da pessoa em participar das herdeiros;
decisões nos destinos da Cidade através da Ekklesia (reunião dos - Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade
chamados de dentro para fora) na Ágora (praça pública, onde se para outra, ficar ou sair do país, obedecendo à lei feita para isso.
agonizava para deliberar sobre decisões de comum acordo). Dentro
desta concepção surge a democracia grega, onde somente 10% da
população determinava os destinos de toda a Cidade (eram excluí-
dos os escravos, mulheres e artesãos).

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CONHECIMENTOS GERAIS
A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas - Publicidade - Publicidade é a divulgação oficial do ato para
que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta. Tradicio- conhecimento público e início de seus efeitos externos. (...) O prin-
nalmente ela é entendida como um estudo ou uma reflexão, cientí- cípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de
fica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento
ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através
própria vida, quando conforme aos costumes considerados corre- dos meios constitucionais (...)
tos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode - Eficiência – O princípio da eficiência exige que a atividade
ser a própria realização de um tipo de comportamento. administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimen-
Enquanto uma reflexão científica, que tipo de ciência seria a to funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa,
ética? Tratando de normas de comportamentos, deveria chamar-se que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legali-
uma ciência normativa. Tratando de costumes, pareceria uma ciên- dade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satis-
cia descritiva. Ou seria uma ciência de tipo mais especulativo, que fatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus
tratasse, por exemplo, da questão fundamental da liberdade? membros. (...).”
Que outra ciência estuda a liberdade humana, enquanto tal, e
em suas realizações práticas? Onde se situa o estudo que pergunta Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o
se existe a liberdade? E como ele deveria ser definida teoricamente, exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não
a como deveria ser vivida, praticamente? Ora, ligado ao problema é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse
da liberdade, aparece sempre o problema do bem e do mal, e o público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia
problema da consciência moral e da lei, e vários outros problemas Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres-
deste tipo. ponde um cargo ou emprego”.
E na Administração Pública, qual o papel da ética? No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores,
Uma vez que é através das atividades desenvolvidas pela Ad- além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas
ministração Pública que o Estado alcança seus fins, seus agentes que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú-
públicos são os responsáveis pelas decisões governamentais e pela blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade
execução dessas decisões. impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores
Para que tais atividades não desvirtuem as finalidades estatais acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi-
a Administração Pública se submete às normas constitucionais e às co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa
leis especiais. Todo esse aparato de normas objetiva a um compor- para uma imagem negativa do órgão e do serviço.
tamento ético e moral por parte de todos os agentes públicos que Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que
servem ao Estado. o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua
Princípios constitucionais que balizam a atividade administra- relação com o público.
tiva O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exer-
Devemos atentar para o fato de que a Administração deve pau- cício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua vida.
tar seus atos pelos princípios elencados na Constituição Federal, em O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida priva-
seu art. 37 que prevê: “A administração pública direta e indireta de da, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitu-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
cionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida equili-
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali-
brada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento com
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
os colegas e com os usuários do serviço.
Quanto aos citados princípios constitucionais, o entendimento
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po-
do doutrinador pátrio Hely Lopes Meirelles é o seguinte:
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que
“- Legalidade - A legalidade, como princípio da administração
vão muito além da legalidade.
(CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar,
sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade dis- legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
ciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (...) o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
- Impessoalidade – O princípio da impessoalidade, (...), nada o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°,
mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao admi- da Constituição Federal.
nistrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum-
legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou
ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade.
princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pes- Os princípios constitucionais devem ser observados para que
soal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses
administrativas (...) princípios são:
- Moralidade – A moralidade administrativa constitui, hoje em – Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente
dia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública os meandros da lei.
(...). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito – – Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda-
da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o
“o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da que a lei prevê.
Administração” (...) – Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome-
ter os bons costumes da sociedade.
– Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público,
salvo os casos previstos em lei.

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CONHECIMENTOS GERAIS
– Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos – A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual-
meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra- dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in-
balho. teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber
retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em
A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADE ADMINIS- que se trabalha;
TRATIVA ÉTICA – O funcionário deve atuar sempre como servidor público e
Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administra- não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun-
ção Pública em nosso país passou a buscar uma gestão mais eficaz e cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de
moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma ges- ofício;
tão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37 – O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito
da Carta Magna. existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor-
Para isso a Administração Pública vem implementando políti- ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer-
cas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, com revisão cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os
de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade. funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos
Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).”
com a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser-
viços eficientes que atendam ao interesse público, o que engloba Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis-
uma postura governamental com tomada de decisões políticas res- posição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma
ponsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de todo o fiscalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos
funcionalismo público. governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração
Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em ar-
Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas
tigo publicado pela URBE, descrevem os princípios da ética pública,
e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor-
que, conforme afirmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao
mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses
serviço público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão vol-
instrumentos fiscalizatórios.
tada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas
autoras:
– Os processos seletivos para o ingresso na função pública de- Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res-
vem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração
só o ingresso como carreira no âmbito da função pública; apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções,
– A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio- cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte
nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmi- dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle
tir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar- atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão
-se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado por parte de alguns agentes públicos ímprobos.
em benefícios de “outros”; Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne-
– A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad- cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada
ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito e pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia.
uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser Tal objetivo somente será possível através de uma profunda
positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidia- mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no-
no esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a própria ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância,
existência da Administração Pública; antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função
– A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos.
o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentali- Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper-
dade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente
sobre a ética pública e explicam por si mesmos, a importância do na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para
trabalho administrativo; que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes
– Constitui um importante valor deontológico potencializar o com o interesse social.
orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os fins Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú-
do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade ins- blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética
titucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de
central para uma gestão pública que aspira à manutenção de com-
um comportamento condizente com a moralidade administrativa é
portamentos éticos;
mais eficaz e facilitada.
– A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí-
Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa
vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais se
tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta
disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à 8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua 101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua
do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado respon-
os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam de pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma gestão
na práxis do servidor público; sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social.
– O comportamento ético deve levar o funcionário público à Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública
busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-
sua tarefa; tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio
de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú-
blica comprometida com a ética e a eficiência.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones realizar as seguintes tarefas, entre outras:
Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que - Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis- a legitimidade social;
trações. - Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
realizar as seguintes tarefas, entre outras: - Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
– Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
a legitimidade social; lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
– Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e damente em relação à meta eleita;
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; - Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
– Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu se está imerso;
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- - Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta- pessoas.”
damente em relação à meta eleita;
– Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor-
se está imerso; rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos
– Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na
pessoas.” vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou
Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não
Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos na basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão
Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990. seja ético, acima de tudo .
Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixamno paradig- O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões
ma do atendimentoe do relacionamento que tem como foco prin- éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou
cipal o usuário. seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da
São eles: ética pública está diretamente relacionada aos princípios funda-
- “atender com presteza ao público em geral, prestando as in- mentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de
formações requeridas” e “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas ide-
- “tratar com urbanidade as pessoas”. ológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado ao
comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, podemos
invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da
Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma
boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e es-
vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como
senciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembran-
demonstram as situações descritas a seguir.
do inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”.
• Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali-
não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público
prazo.
e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”,
• Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a
aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter- questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes,
pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e
do bom senso: expresso, “todos são iguais perante a lei”.
• Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en- E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção
trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do
externos pode ajudar a resolver algumas questões. interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in-
• Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar
tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer-
sobre a importância desse dever. cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar acima
de seus interesses.
Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de
intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin-
apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores
habilidades incluem: públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or-
- atualização constante; denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
- soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças; padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci-
- decisões criativas, diferenciadas e rápidas; dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
- flexibilidade para mudar hábitos de trabalho; costumes em uma sociedade.
- liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis- A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fértil
sionais; para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades públicas
- habilidade para lidar com os usuários internos e externos. está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido
a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e especial-
Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés mente, por falta de mecanismos de controle e responsabilização
Sanz Mulas: adequada dos atos antiéticos.

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CONHECIMENTOS GERAIS
A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade Direito de resposta e indenização:
nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Pode Público.
Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de- Liberdade religiosa e de consciência:
vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma lei”, assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utilizada e ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evolução VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando passa religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um padrão de VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear os impulsos ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a cidadania eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa. Porém prestação alternativa, fixada em lei;
Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”? Pois para ele
desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao longo da Liberdade de expressão e proibição de censura:
vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo con- IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
testados posteriormente com a formação de ideias de cada um, po- fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
rém a maioria das pessoas não sabe se são ou não cidadãos.
A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci- Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
dadão consciente para a construção de um futuro melhor. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
sem princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e material ou moral decorrente de sua violação;
desmandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a
assimilar por este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio Proteção do domicílio do indivíduo:
próprio. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
NOÇÕES DE CIDADANIA: CONCEITO, DIREITOS E GA-
RANTIAS FUNDAMENTAIS DO CIDADÃO BRASILEIRO, Proteção do sigilo das comunicações:
DIREITOS SOCIAIS E POLÍTICOS XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL) telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
— Direitos e deveres individuais e coletivos tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal.
Liberdade de profissão:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Acesso à informação:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
Princípio da igualdade entre homens e mulheres: dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição; Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
Princípio da legalidade e liberdade de ação: podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma cer ou dele sair com seus bens;
coisa senão em virtude de lei;
Direito de reunião:
Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo-
sumano e degradante: cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
mano ou degradante; mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
petente;
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano-
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu- Liberdade de associação:
lação de ideias e práticas prejudiciais: XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- a de caráter paramilitar;
nimato; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;

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CONHECIMENTOS GERAIS
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga-
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- mento de taxas:
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
necer associado; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto- de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente; Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con-
trole jurisdicional:
Direito de propriedade e sua função social: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
XXII - é garantido o direito de propriedade; ou ameaça a direito;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Segurança jurídica:
Intervenção do Estado na propriedade: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação perfeito e a coisa julgada;
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico
previstos nesta Constituição; de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido.
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi-
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente.
prietário indenização ulterior, se houver dano; Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo,
Pequena propriedade rural: portanto, ser modificada.
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para Tribunal de exceção:
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva-
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde
Direitos autorais: os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências
pré-fixadas.
ros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Tribunal do Júri:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
que lhe der a lei, assegurados:
desportivas;
a) a plenitude de defesa;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
b) o sigilo das votações;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
c) a soberania dos veredictos;
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- a vida;
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o da lei penal:
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
Direito de herança: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será Princípio da não discriminação:
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal tos e liberdades fundamentais;
do “de cujus”;
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
Direito do consumidor: e anistia:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
sumidor; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
aos órgãos públicos: tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011). o Estado Democrático.

7
CONHECIMENTOS GERAIS
• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de Provas ilícitas:
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo- LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
crático; meios ilícitos;
• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá-
tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri- Presunção de inocência:
mes hediondos. LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
gado de sentença penal condenatória;
Princípio da intranscendência da pena:
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- Identificação criminal:
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi-
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Ação Privada Subsidiária da Pública:
Individualização da pena: LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre esta não for intentada no prazo legal;
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
b) perda de bens; LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processu-
c) multa; ais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos; Legalidade da prisão:
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
Proibição de penas: dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
XLVII – não haverá penas: salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do litar, definidos em lei;
art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo; Comunicabilidade da prisão:
c) de trabalhos forçados; LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
d) de banimento; serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
e) cruéis. do preso ou à pessoa por ele indicada;

Estabelecimentos para cumprimento de pena: Informação ao preso:


XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: lia e de advogado;
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física
e moral; Identificação dos responsáveis pela prisão:
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
Direito de permanência e amamentação dos filhos pela sua prisão ou por seu interrogatório policial;
presidiária mulher:
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- Relaxamento da prisão ilegal:
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
ção; dade judiciária;

Extradição: Garantia da liberdade provisória:


LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
gas afins, na forma da lei; Prisão civil:
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
político ou de opinião; sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;
Direito ao julgamento pela autoridade competente
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- Habeas corpus:
toridade competente; LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
Devido Processo Legal: de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal; Mandado de Segurança:
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
Contraditório e a ampla defesa: reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
com os meios e recursos a ela inerentes; buições do Poder Público;

8
CONHECIMENTOS GERAIS
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo,
por: mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não
a) partido político com representação no Congresso Nacional; excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal- constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio-
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em nais.
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos
Mandado de Injunção: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona- bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela
lidade, à soberania e à cidadania; Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma
deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261,
Habeas data: de 2015, DEC 9.522, de 2018).
LXXII – conceder-se-á habeas data: Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re-
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so-
de entidades governamentais ou de caráter público; mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo membros em dois turnos de votação.
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
Ação Popular: § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho
da sucumbência; de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a
esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
Assistência Judiciária: punir autores de crimes contra a humanidade.
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita — Direitos sociais
aos que comprovarem insuficiência de recursos; Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi-
Indenização por erro judiciário: mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as- lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
Gratuidade de serviços públicos: dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for- aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada
ma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito; Do direito ao trabalho
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or-
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidada- dens:
nia (Regulamento). - Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a
Princípio da Celeridade Processual: 11, CF.
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destina-
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional dos a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigual-
nº 45, de 2004). dade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e
o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação
Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen- trabalhista.
tais:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen- Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
tais têm aplicação imediata. outros que visem à melhoria de sua condição social:
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda-
mentais são autoaplicáveis. Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
Rol é exemplificativo: ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não indenização compensatória, dentre outros direitos;
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati-
va do Brasil seja parte.

9
CONHECIMENTOS GERAIS
Seguro-Desemprego: Férias remuneradas:
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal;
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
III – fundo de garantia do tempo de serviço; Licença à gestante:
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
Salário mínimo: rio, com a duração de cento e vinte dias;
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- Licença-paternidade:
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação Proteção da mulher no mercado de trabalho:
para qualquer fim; XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei;
Piso salarial:
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do Aviso Prévio:
trabalho; XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Irredutibilidadade do salário:
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção Redução dos riscos do trabalho:
ou acordo coletivo; XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança;
Proteção aos que percebem remuneração variável:
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas:
percebem remuneração variável; XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte- Aposentadoria:
gral ou no valor da aposentadoria; XXIV – aposentadoria;

Remuneração superior por trabalho noturno: Assistência aos filhos pequenos:


IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
Proteção do salário contra retenção dolosa: nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
retenção dolosa;
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra-
Participação nos lucros: balho:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- trabalho;
sa, conforme definido em lei;
Proteção em face da automação:
Salário-família: XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Seguro contra acidentes de trabalho:
Constitucional nº 20, de 1998). XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
Jornada de Trabalho: incorrer em dolo ou culpa;
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas di-
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento: contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos nº 28, de 2000).
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
Não discriminação:
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
mingos; estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
Pagamentos de horas extras: e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí-
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59
§ 1º).

10
CONHECIMENTOS GERAIS
Proibição de distinção do trabalho: Art. 12 São brasileiros:
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e I - natos:
intelectual ou entre os profissionais respectivos; a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
Trabalho do menor: b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis tiva do Brasil;
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
• De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz. petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
• De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno, optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
perigoso ou insalubre. nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
• A partir de 18 anos: Trabalho normal. nal nº 54, de 2007).
II - naturalizados:
Igualdade ao trabalhador avulso: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
empregatício permanente e o trabalhador avulso dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
Empregados domésticos: pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha- sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra-
dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII de 1994).
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Constitucional nº 72, de 2013). III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci- V - da carreira diplomática;
dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co- VI - de oficial das Forças Armadas.
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa Constitucional nº 23, de 1999).
dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e
Naturalização
econômicos.
A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea
da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos
que preencher determinados requisitos.
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to-
possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017)
mais de uma nacionalidade.
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu-
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese.
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu-
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de natos e naturalizados.
discussão. § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de Portugueses:
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. Aos portugueses com residência permanente no país serão
atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
— Direitos de nacionalidade ciprocidade.
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio- Art. 12
nalidade se dá por dois critérios: § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na- houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
cional; direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
nascido no exterior. 3, de 1994).
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri-
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os Perda da Nacionalidade:
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

11
CONHECIMENTOS GERAIS
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re-
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório
1994). para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para res de setenta anos.
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
foram convocados a prestar serviço militar.
Extradição, repatriação, deportação e expulsão
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu- Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser
giada em seu território a outro Estado estrangeiro. votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes- mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi-
soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que dos os devidos requisitos.
a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não
será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
opinião. I - a nacionalidade brasileira;
Repatriação é medida administrativa consistente no processo II - o pleno exercício dos direitos políticos;
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou III - o alistamento eleitoral;
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
sileiro após determinado período. V - a filiação partidária; Regulamento.
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- VI - a idade mínima de:
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território Senador;
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira.
b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com-
trito Federal;
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu-
tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
rado pela prática de crimes em território brasileiro.
d) 18 anos para Vereador.
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento
no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado
Inelegibilidades:
pela Constituição.
A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses
— Direitos políticos
de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci-
dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa-
forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre- rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de
sentantes junto aos poderes públicos. Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio- haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos-
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
do processo governamental, sobretudo pelo voto. por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po- ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen- titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
tos de participação semidireta pelo povo.
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti-
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con-
à elaboração da lei. trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re-
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou condução por um período somente, no Brasil, após o período de um
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje- mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.
to de lei já existente.
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
usar deste instrumento em nível estadual e municipal. período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 16, de 1997).

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CONHECIMENTOS GERAIS
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti-
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas
pleito. à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
a lei.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos: De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- permitidas.
dições: Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces-
da atividade; so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
CIDADANIA E MEIO AMBIENTE
O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania
fraude; deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de co-
municação para o bem estar e desenvolvimento da nação.
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua,
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais
manifesta má-fé. velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefo-
nes públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença “A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para
transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar dos deveres impostos aos cidadãos.” (Juarez Távora - Militar e polí-
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá tico brasileiro).
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re- Consciência ecológica é uma expressão, exaustivamente utiliza-
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- da na bibliografia especializada, de anos recentes, sem uma preo-
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. cupação da maioria dos autores de precisarem a que, exatamente,
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente estão se referindo. A noção focalizada se contextualiza, historica-
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- mente, no período pós Segunda Guerra Mundial, quando setores
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a da sociedade ocidental industrializada passam a expressar reação
suspensão será, da mesma forma, temporária. aos impactos destrutivos produzidos pelo desenvolvimento tecno-
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou científica e urbano industrial sobre o ambiente natural e constru-
suspensão só se dará nos casos de: ído. Representa o despertar de uma compreensão e sensibilidade
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em novas da degradação do meio ambiente e das consequências desse
julgado; processo para a qualidade da vida humana e para o futuro da es-
II - incapacidade civil absoluta; pécie como um todo. Expressa a compreensão de que a presente
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- crise ecológica articula fenômenos naturais e sociais e, mais que
rarem seus efeitos; isso, privilegia as razões político-sociais da crise relativamente aos
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação motivos biológicos e/ou técnicos. Isto porque entende que a degra-
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII dação ambiental é, na verdade, consequência de um modelo, de
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. organização político-social e de desenvolvimento econômico, que
estabelece prioridades e define o que a sociedade deve produzir,
— Partidos Políticos como deve produzir e como será distribuído o produto social. Isto
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in- implica no estabelecimento de um determinado padrão tecnológico
teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da e de uso dos recursos naturais, associados a uma forma específi-
vontade popular, determinando o governo e a orientação política ca de organização do trabalho e de apropriação das riquezas so-
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí- cialmente produzidas. Comporta, portanto, interesses divergentes
dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante entre os vários grupos sociais, dentre os quais aqueles em posição
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e hegemônica decidem os rumos sociais e os impõe ao restante da
autonomia para gerir sua organização interna. sociedade. Assim, os impactos ecológicos e os desequilíbrios sobre
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú- os ciclos biogeoquímicos são decorrentes de decisões políticas e
blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis- econômicas previamente tomadas. A solução para tais problemas,
mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos por conseguinte, exige mudanças nas estruturas de poder e de pro-
políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a dução e não medidas superficiais e paliativas sobre seus efeitos.
criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter Essa consciência ecológica, que se manifesta, principalmente, como

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CONHECIMENTOS GERAIS
compreensão intelectual de uma realidade, desencadeia e materia- DECRETA:
liza ações e sentimentos que atingem, em última instância, as rela-
ções sociais e as relações dos homens com a natureza abrangente. Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor
Isso quer dizer que a consciência ecológica não se esgota enquanto Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.
ideia ou teoria, dada sua capacidade de elaborar comportamentos Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
e inspirar valores e sentimentos relacionados com o tema. Significa, direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências
também, uma nova forma de ver e compreender as relações entre necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante
os homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibili- a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três
dade entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilida- servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
de desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um permanente.
novo relacionamento com os ecossistemas naturais que ultrapasse Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co-
a perspectiva individualista, antropocêntrica e utilitária que, histo- municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da
ricamente, tem caracterizado a cultura e civilização modernas oci- República, com a indicação dos respectivos membros titulares e su-
dentais.(Leis, 1992; Unger, 1992; Mansholt, 1973; plentes.
Boff, 1995; Morin, 1975). Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Para Morin, um dos autores que mais avança no esforço de de- Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106°
finir o fenômeno: da República.
“(...) a consciência ecológica é historicamente uma maneira ra-
dicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, no- ITAMAR FRANCO
cividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com relação Romildo Canhim
aos ‘verdadeiros’ temas políticos; esta tendência se torna um proje-
to político global , já que ela critica e rejeita, tanto os fundamentos Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.
do humanismo ocidental, quanto os princípios do crescimento e do
desenvolvimento que propulsam a civilização tecnocrática.” (Morin, ANEXO
1975)
Sinaliza-se, assim, algumas referências preliminares que indi- Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
cam o significado aqui atribuído à expressão consciência ecológica. Poder Executivo Federal
A participação e o exercício da cidadania, com empenho e
responsabilidade, são fundamentais na construção de uma nova CAPÍTULO I
sociedade, mais justa e em harmonia com o ambiente. Para isto, Seção I
é urgente descobrir novas formas de organizar as relações entre Das Regras Deontológicas
sociedade e natureza, e também um novo estilo de vida que res-
peite todas as criaturas que, segundo São Francisco de Assis, são I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
nossas irmãs. Queremos contribuir para melhorar a qualidade de princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-
vida através da construção de um ambiente saudável, que possa vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
ser desfrutado por nossa geração e também pelas futuras. Vivemos que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
hoje sob a hegemonia de um modelo de desenvolvimento baseado atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-
em relações econômicas que privilegiam o mercado, que usa a na- vação da honra e da tradição dos serviços públicos.
tureza e os seres humanos como recursos e fonte de renda. Contra II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
este modelo injusto e excludente afirmamos que todos os seres, ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
animados ou inanimados, possuem um valor existencial intrínseco legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
que transcende valores utilitários. o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
Por isso, a todos deve ser garantida a vida, a preservação e a o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°,
continuidade. O ser humano tem a missão de administrar respon- da Constituição Federal.
savelmente o ambiente natural, não dominá-lo e destruí-lo com sua III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
sede insaciável de possuir e de consumir. Apesar de o quadro ecoló- tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
gico ser extremamente inquietante, existem cada vez mais pessoas o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
e entidades que têm a consciência de que uma mudança é neces- finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
sária, e possível. a moralidade do ato administrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO (DECRETO por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
FEDERAL Nº 1.171/94) trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 fator de legalidade.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
do Poder Executivo Federal. bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional
confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
8.429, de 2 de junho de 1992, vida funcional.

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CONHECIMENTOS GERAIS
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli- f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-
a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, blicos;
nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu-
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
a negar. distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria dano moral;
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re-
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu-
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- ra em que se funda o Poder Estatal;
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica- contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-
dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva;
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas mente em todo o sistema;
esperanças e seus esforços para construí-los. m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- dências cabíveis;
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ção;
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
usuários dos serviços públicos. a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais zação do bem comum;
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso exercício da função;
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
pública. r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
sempre conduz à desordem nas relações humanas. boa ordem.
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora direito;
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
da Nação. aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
dicionados administrativos;
Seção II u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
Dos Principais Deveres do Servidor Público ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: quer violação expressa à lei;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
emprego público de que seja titular; bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- cumprimento.
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações Seção III
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- Das Vedações ao Servidor Público
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; XV - E vedado ao servidor público;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; para outrem;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu res ou de cidadãos que deles dependam;
cargo; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
do o processo de comunicação e contato com o público; de sua profissão;

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CONHECIMENTOS GERAIS
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, en-
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei,
ou material; contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al- permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição
cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór-
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie- economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse
rarquicamente superiores ou inferiores; do Estado.
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi- DIREITOS, DEVERES E PROIBIÇÕES DOS SERVIDORES
dor para o mesmo fim; PÚBLICOS MUNICIPAIS DE CASCAVEL (LEI MUNICIPAL
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami- Nº 2.215/91)
nhar para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten- LEI Nº 2215/1991.
dimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti- DISPÕE SOBRE O REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES
cular; PÚBLICOS MUNICIPAIS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA E
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza- CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAVEL.
do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
público; A Câmara Municipal de Cascavel, Estado do Paraná, aprovou e
eu, Prefeito Municipal sanciono a seguinte lei:
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in-
terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos TÍTULO I
ou de terceiros; CAPÍTULO ÚNICO
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
mente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico Único dos Servidores
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; Públicos do Município de Cascavel, Estado do Paraná, em cumpri-
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a mento ao disposto no Art. 39, da Constituição da República Federa-
empreendimentos de cunho duvidoso. tiva do Brasil e, disciplina sua vida funcional junto à administração.
Art. 2º É de natureza estatutária o Regime Jurídico dos Servi-
CAPÍTULO II dores Públicos Municipais, da administração direta e indireta, e, da
DAS COMISSÕES DE ÉTICA Câmara Municipal de Cascavel.
Art. 3º Os Servidores Públicos Municipais, da administração
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta, e, da Câmara Municipal de Cascavel, ficam vin-
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer culados e contribuirão para o Instituto Previdência dos Servidores
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder Públicos Municipais de Cascavel - I.P.M.C. - regido por estatuto pró-
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de prio, na forma prevista em Lei.
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra- Art. 4º Para efeitos deste Estatuto:
tamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- § 1º Servidor público municipal, é a Pessoa legalmente investi-
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento da em cargo público;
susceptível de censura. § 2º Cargo é um conjunto de deveres, atribuições e responsabi-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos lidades cometidas a uma pessoa;
encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os § 3º Quadro de pessoal, é o conjunto de cargos que integram a
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda- estrutura administrativa funcional da Prefeitura Municipal;
mentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios § 4º Classe, é o número indicativo da posição do cargo, na esca-
da carreira do servidor público. la básica do vencimento;
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) § 5º Nível, é a letra indicativa valor progressivo de cada classe;
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) § 6º Padrão, é o conjunto de classe e nível indicativo do venci-
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) mento do servidor.
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Art. 5º O cargo público, é criado por Lei, com denominação pró-
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo pria, número de vagas e vencimentos certos.
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do fal- Parágrafo Único. Os cargos de que trata a presente Lei, são pro-
toso. vidos em caráter efetivo, mediante concurso público municipal e/ou
XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) em comissão, de livre nomeação e exoneração do Senhor Prefeito
Municipal e, quando for o caso, do Presidente da Câmara Municipal
de Cascavel.
Art. 6º Somente os cargos de provimento efetivo poderão estar
dispostos em carreira, considerando se como isolados todos os car-
gos de provimento em comissão.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Parágrafo Único. A Lei poderá separar os cargos de provimento SEÇÃO I
efetivo em grupos ocupacionais diversos. DA NOMEAÇÃO
Art. 7º O quadro dos servidores públicos municipais, é formado
pelo conjunto dos que ocupam os cargos de provimento efetivo e Art. 15 A nomeação, far-se-á:
em comissão, bem como, os empregados estabilizados pela Conso- I - Em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de provimento
lidação das Leis do Trabalho - C.L.T. efetivo, ou,
Parágrafo Único. Os servidores públicos municipais, não con- II - Em comissão, quando se tratar de cargo isolado, que, em
cursados, contemplados com estabilidade constitucional (Artigo 19 virtude de Lei, assim deve ser provido.
e § 1º, ADCT), ficam em cargos em extinção. Parágrafo Único. NO impedimento temporário do ocupante de
Art. 8º Não haverá, entre os diferentes grupos ocupacionais, cargo efetivo, ou excepcionalmente, em comissão, será designado
identidade quanto às atribuições e responsabilidades funcionais. um substituto, mediante Portaria.
Art. 9º As disposições da presente Lei, aplicam-se aos servido- Art. 16 Não poderá ser nomeado para cargo público municipal,
res da Câmara Municipal, observadas as normas constitucionais. independentemente da aprovação em concurso público, aquele
§ 1º Todos os atos funcionais equivalentes àqueles de compe- que houver sido condenado por furto, roubo, abuso de confiança,
tência do Prefeito Municipal, serão Praticados privativamente, pelo falência fraudulenta, falsidade ideológica, ou crime cometido con-
Presidente da Câmara Municipal, ou pela Mesa, conforme dispuser tra a ecologia, contra administração pública ou a defesa nacional.
a Lei.
§ 2º Os vencimentos dos cargos da Câmara Municipal, não po- SEÇÃO II (REVOGADA PELA LEI Nº 3800/2004)
derão ser superiores aos pagos pelo Executivo Municipal, para car-
gos de atribuições iguais ou assemelhadas. Art. 17 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
§ 3º Respeitado o disposto neste artigo, é vedada a vinculação Art. 18 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
ou equiparação de qualquer natureza para efeito de remuneração Art. 19 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
dos servidores públicos municipais.
Art. 10 Os cargos públicos municipais, serão acessíveis a todos SEÇÃO III (REVOGADA PELA LEI Nº 3800/2004)
os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em Lei.
§ 1º a investidura em cargo público de provimento efetivo, de- Art. 20 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
pende de aprovação prévia em concurso Público de provas e títulos, Art. 21 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
ressalvadas as nomeações para cargos comissão, declarados em Lei, Art. 22 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
de livre nomeação e exoneração. Art. 23 (Revogado pela Lei nº 3800/2004)
§ 2º a não observância do parágrafo anterior implicará na nu-
lidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos SEÇÃO IV
da Lei. DA REINTEGRAÇÃO
Art. 11 A Câmara Municipal de Cascavel, poderá admitir servi-
dor, somente aprovado em concurso público de provas ou de provas Art. 24 A reintegração é o reingresso do funcionário ao serviço
e títulos, após a criação dos cargos respectivos, com denominação público municipal, com ressarcimento dos prejuízos decorrentes do
própria, número de vagas e vencimentos certos, por Lei aprovada afastamento.
pela maioria absoluta de seus membros, observado o Inciso II e Pa- § 1º A reintegração decorrerá sempre de decisão administrati-
rágrafo 2º, do Artigo 37, da Constituição da República Federativa va ou judiciária;
do Brasil. § 2º A decisão administrativa que determinar a reintegração do
funcionário, sempre será proferida em recurso voluntário do inte-
TÍTULO II ressado, no interposto de 90 (noventa) dias.
CAPÍTULO I Art. 25 A reintegração será feita no cargo anteriormente ocupa-
DO PROVIMENTO, POSSE, EXERCÍCIO E VACÂNCIA DOS CAR- do, se este houver sido transforma do no cargo resultante da trans-
GOS formação e, se extinto, em cargo de vencimento ou remuneração
equivalente, respeitada a habilitação profissional.
Art. 12 Compete ao Prefeito Municipal, prover os cargos pú- Art. 26 Quando se der a reintegração, quem houver ocupado o
blicos municipais, ressalvada a competência da Câmara Municipal, lugar do reintegrado, será transferido ao cargo que anteriormente
quanto aos cargos existentes em seu quadro. ocupava.
Art. 13 Os cargos públicos municipais, serão providos por: Art. 27 Transitada em julgado a sentença que determina a rein-
I - Nomeação; tegração, o órgão incumbido da defesa do Município, em juízo, re-
II - Promoção; presentará, imediatamente, ao Senhor Prefeito Municipal, a fim de
III - Reintegração; ser expedido o Decreto de reintegração.
IV - Reversão;
V - Aproveitamento. SEÇÃO V
Art. 14 O provimento dos cargos públicos, far-se-á mediante DA REVERSÃO
Portaria, que deverá conter as seguintes indicações:
I - O cargo vago, com todos os elementos de identificação; Art. 28 A reversão é o reingresso do aposentado no serviço pú-
II - O caráter da investidura; blico municipal, após verificação em processo, de que não subsis-
III - O fundamento legal, bem como, a indicação do valor do tem os motivos determinantes da aposentadoria.
vencimento do cargo, da função gratificada ou da comissão, quando Art. 29 A reversão, que dependerá sempre de exame médico a
existir; existência de cargo vago, far-se-á a pedido ou ex-officio.
IV - A indicação de que o exercício do cargo se fará cumulativa- Parágrafo Único. O aposentado não poderá reverter à ativida-
mente com outro cargo público, conforme previsto na Constituição de, se contar mais de 65 (sessenta e cinco) anos de idade.
da República Federativa do Brasil.

17
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 30 Respeitada a habilitação profissional, a reversão far-se-á I - De um para outro setor, departamento, assessoria ou qual-
no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em outro de atribui- quer outro órgão das diferentes secretarias, da Administração dire-
ções semelhantes. ta, Autarquias, Fundações e Institutos;
Art. 31 A reversão ex-officio nunca poderá ser feita para cargo II - De um para outro setor, departamento, assessoria ou qual-
de vencimento inferior ao provento do revertido. quer outro órgão da mesma secretaria, da Administração direta,
Art. 32 A reversão, a pedido, somente poderá ser feita no mes- Autarquias, Fundações e Institutos;
mo cargo, condicionada à existência de vaga. III - De um setor para outro, na Câmara Municipal de Cascavel.
Art. 33 Ao servidor revertido, Para aquisição do direito à pro- Art. 47 A remoção prevista no Item I, será feita por ato do se-
moção por tempo de serviço, não se considera o período em que nhor Prefeito Municipal, a prevista no Item II, por ato do Secretário
esteve aposentado, salvo se a aposentadoria tenha ocorrido por e/ou Diretor Presidente e a Prevista no Item III, por ato do Presiden-
erro da administração pública municipal. te da Câmara Municipal de Cascavel.
Art. 48 A remoção só pode ser feita, respeitada a lotação de
SEÇÃO VI cada órgão, setor, departamento, assessoria ou secretaria e o inte-
DO APROVEITAMENTO resse do serviço público municipal.
Art. 49 o servidor removido deverá assumir o exercício na re-
Art. 34 Aproveitamento é o retorno servidor em disponibilida- partição para a qual foi designado dentro do prazo de 03 (três) dias.
de ao exercício de cargo público. Art. 50 Relativamente ao servidor em férias ou de licença, o
Art. 35 Os funcionários em disponibilidade serão obrigatoria- prazo estabelecido neste Artigo começará a fluir da data em que se
mente aproveitados no preenchimento das vagas que se verifica- findarem as férias ou a licença.
rem no quadro dos servidores. Art. 51 A permuta será processada a requerimento de ambos
Art. 36 o aproveitamento dar-se-á em cargo equivalente, por os interessados, respeitados os requisitos da transferência.
sua natureza e vencimento, ao que o servidor ocupava quando pos-
to em disponibilidade. SEÇÃO III
Art. 37 o aproveitamento dependerá sempre da inspeção mé- DAS GRATIFICAÇÕES (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 6231/2013)
dica que prove a capacidade para o exercício do cargo.
Art. 38 Se dentro do prazo fixado, o servidor, devidamente no- Art. 52 Ficam instituídas as seguintes gratificações:
tificado por escrito, não tomar posse e não entrar no exercício do I - Gratificação de Função - GF - vantagem atribuída ao servi-
cargo em que houver sido aproveitado, será tornado sem efeito o dor efetivo pelo exercício das funções de confiança com atribuições
aproveitamento e cassada a disponibilidade, com a perda de todos correspondentes a encargos de chefia, coordenação e supervisão
os direitos de sua anterior situação. criadas por lei;
Art. 39 Havendo mais de um concorrente à mesma vaga, terá II - Gratificação por Dedicação Exclusiva - GDE - vantagem atri-
preferência o que contar com mais tempo de disponibilidade e, em buída ao servidor efetivo pelo exercício de função de confiança com
igualdade de condições o de maior tempo de serviço público no atribuições correspondentes a encargos de chefia, coordenação e
Município de Cascavel; persistindo a igualdade, o mais idoso. supervisão criada por lei, ficando o servidor disponível para atender
à convocação sempre que houver necessidade da Administração.
CAPÍTULO II (Redação dada pela Lei nº 6285/2013)
DAS MUTAÇÕES FUNCIONAIS Art. 53 Pelo exercício da Função Gratificada, conceder-se-á ao
SEÇÃO I servidor efetivo, Gratificação de Função e/ou Gratificação por De-
DA SUBSTITUIÇÃO dicação Exclusiva, na forma e percentuais definidos em lei, tendo
como base a essencialidade, complexidade e nível de responsabili-
Art. 40 Substituição é o ato emanado da autoridade competen- dades atribuído ao servidor, bem como, as condições e a natureza
te, atribuindo a servidor as atribuições de outro servidor, impedido do trabalho da unidade a qual foi designado.
temporariamente do exercício do cargo. § 1º O servidor designado para o exercício da função gratificada
Art. 41 É vedada a substituição por período superior a 180 (cen- não será remunerado com o pagamento de horas extraordinárias,
to e oitenta) dias e inferior a 30 (trinta) dias. sendo que as horas realizadas além da jornada mensal de traba-
Art. 42 No exercício das atribuições, quando em substituição, o lho, comprovadas por meio de registro eletrônico de ponto, serão
servidor perceberá o valor da diferença entre o vencimento de seu lançadas em banco de horas, sem acréscimos, as quais deverão ser
cargo e o do cargo a que as atribuições correspondem. compensadas em até noventa dias, contados do mês subsequente
Art. 43 Na hipótese do valor do Vencimento do cargo a que as à realização das horas.
atribuições correspondem ser inferior, não haverá redução de ven- § 2º A definição do período de compensação do banco de ho-
cimentos. ras deverá ser negociada com a chefia imediata, considerando-se o
Art. 44 A recusa do servidor em exercer as atribuições em ca- senso de oportunidade e organização do serviço sob a responsabili-
ráter de substituição, faculta instauração de sindicância, desde que dade do servidor. (Redação dada pela Lei nº 6285/2013)
isto não lhe cause prejuízo pecuniário ou de ordem pessoal.
Art. 45 O substituto exercerá as atribuições do cargo enquanto SEÇÃO IV
durar o impedimento do ocupante, respeitado o prazo do Artigo DA LOTAÇÃO E DA RELOTAÇÃO
41, sem que nenhum direito lhe caiba de ser nesse cargo provido
efetivamente. Art. 54 Entende-se por lotação o número de cargos existentes
em cada órgão, setor, departamento, assessoria ou secretaria.
SEÇÃO II Art. 55 Relotação é a transferência do cargo de uma repartição
DA TRANSFERÊNCIA E DA PERMUTA para outra.
Art. 56 A relotação não cria novos cargos nem acresce o núme-
Art. 46 A transferência, a pedido ou ex-officio, far-se-á: ro de vagas.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 57 A relotação será procedida por Decreto do Poder Execu- Art. 57-E Será mantida a carga horária do cargo de origem do
tivo ou Poder Legislativo Municipal. servidor readaptado, exceto quando a readaptação for efetivada
em atividades de cargo sujeito a jornada legalmente reduzida ou
SEÇÃO V quando a redução de jornada seja por indicação da equipe multi-
DA CEDÊNCIA (REDAÇÃO ACRESCIDA PELA LEI Nº 5829/2011) profissional. (Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)
Art. 57-F O servidor em processo de readaptação, nas con-
Art. 57-A O Município de Cascavel poderá ceder servidor para dições previstas no parágrafo 2º do art. 57-A, que não atender à
prestar serviços a outros órgãos ou entidades dos Poderes Públicos convocação da equipe multiprofissional, terá lançamento de faltas,
Municipal, Estadual, Federal e a entidades privadas sem fins lucrati- sendo contadas desde o dia agendado até o dia do efetivo compare-
vos, nas seguintes hipóteses: cimento, sem prejuízos das demais sanções disciplinares.
I - na forma de licença, para exercício de cargo em comissão ou § 1º A fim de evitar o comprometimento ou agravamento das
função de confiança nos termos da Lei Municipal nº 5.487/2010, de condições clínicas do servidor, este estará impedido de exercer ou-
03 de maio de 2010; tro cargo, emprego ou função considerado pela Equipe Multiprofis-
II - para atender a termos de convênio de cooperação mútua sional como sendo incompatível com seu estado clínico.
firmado com órgãos ou entidades dos Poderes Municipal, Estadual, § 2º O servidor em Processo de Readaptação Ocupacional que
Federal e com entidades privadas sem fins lucrativos; exercer, em outro cargo ou emprego, funções consideradas pela
II - em casos previstos em legislação específica. (Redação acres- Equipe Multiprofissional como incompatíveis com seu quadro clí-
cida pela Lei nº 5829/2011) nico, responderá a processo administrativo, ficando sujeito às san-
ções cabíveis. (Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)
SEÇÃO V Art. 57-G Para fins de continuidade do Processo de Avaliação
DA READAPTAÇÃO OCUPACIONAL (REDAÇÃO ACRESCIDA de Desempenho, o servidor com readaptação acentuada terá seu
PELA LEI Nº 5941/2011) desempenho avaliado nas atividades do cargo em que foi aprovei-
tado, levando-se em consideração as atribuições e competências
Art. 57-A Para efeito desta lei considera-se Readaptação Ocu- deste.
Parágrafo Único. As avaliações de desempenho dos servidores
pacional o conjunto de ações e medidas que visa o aproveitamen-
readaptados deverão ser realizadas com o acompanhamento de um
to compulsório do servidor estável, em exercício do cargo efetivo,
membro que compõe a Equipe Multiprofissional do Processo de Re-
portador de inaptidão e/ou restrições temporárias ou definitivas de
adaptação Ocupacional. (Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)
saúde, físicas e/ou mentais, em atividade compatível com sua con-
Art. 57-H O servidor considerado insuscetível de readaptação
dição laborativa. ocupacional será encaminhado para as providências necessárias
§ 1º A readaptação será efetivada em atividades de cargo de para avaliação quanto à deflagração de processo de aposentadoria
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que por invalidez. (Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)
tenha sofrido em sua capacidade física e/ou mental verificada em Art. 57-I O tempo que servidor permanecer em processo de re-
inspeção de equipe multiprofissional. adaptação ou readaptado será considerado como efetivo exercido
§ 2º O prazo para conclusão do processo de readaptação de para todos os fins. (Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)
cada servidor será de até 90 (noventa) dias, sendo que durante esse
período o servidor poderá ficar afastado de suas atividades laborati- TÍTULO III
vas, desde que devidamente recomendado pela equipe multiprofis- CAPÍTULO I
sional e homologado pela área de Saúde Ocupacional do Município. DA INVESTIDURA
(Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)
Art. 57-B O Processo de Readaptação Ocupacional seguirá a se- Art. 58 A investidura em cargo público dar-se-á pela aprovação
guinte classificação: prévia em concurso público municipal de provas ou de provas e tí-
I - Leve - readaptação de atividade no mesmo cargo e mesma tulos.
lotação do servidor; Art. 59 Prescindirá de concurso público, a investidura para car-
II - Moderada - readaptação de atividade no mesmo cargo com gos de confiança ou comissão, declarados de livre nomeação e exo-
mudança de lotação do servidor; neração.
III - Acentuada - readaptação para atividades de outro cargo Art. 60 Respeitar-se-á para a investidura a ordem de classifica-
que seja compatível com a condição laboral do servidor. (Redação ção dos aprovados nos concursos públicos municipais.
acrescida pela Lei nº 5941/2011) Art. 61 É vedada a investidura em mais de um cargo público
Art. 57-C Ficam definidos os seguintes critérios para fins de de- municipal para o mesmo servidor, salvo exceções constitucionais
terminação da remuneração do servidor em processo de readapta- (Artigo 37, Inciso XVI, da Constituição da República Federativa do
ção ou readaptado: Brasil).
a) Durante o período previsto no parágrafo 2º do art. 57-A, o Art. 62 Perderá todos os direitos relativos à nomeação para car-
go público, aquele candidato que em 15 (quinze) dias não atender à
servidor perceberá remuneração composta pelas verbas fixas do
convocação para posse, salvo por justo motivo.
mês e temporárias recebidas no mês que antecedeu o ingresso no
Art. 63 A contratação de servidor por tempo determinado, para
Processo de Readaptação Ocupacional;
os casos previstos em Lei, não tem caráter de investidura em cargo
b) Enquanto readaptado o servidor fará jus a remuneração
público municipal.
composta do vencimento do cargo efetivo, adicional por tempo de
serviço, adicional de desempenho e vantagens procedentes do local
de trabalho ou função exercida, quando for o caso;
c) Fica vedado a realização e pagamento de horas extraordiná-
rias ao servidor readaptado com redução de jornada de trabalho.
(Redação acrescida pela Lei nº 5941/2011)

19
CONHECIMENTOS GERAIS
CAPÍTULO II Art. 75 Nenhum servidor poderá ausentar-se do Município de
DA POSSE, DA FIANÇA, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA Cascavel, para estudo ou omissão de qualquer natureza, com ou
SEÇÃO I sem vencimentos, sem autorização ou designação do Prefeito Mu-
DA POSSE nicipal.
Art. 76 Exceto no caso de absoluta conveniência, a juízo do Se-
Art. 64 Posse é a investidura em cargo público municipal. nhor Prefeito Municipal, nenhum servidor poderá permanecer por
Art. 65 Não haverá posse nos casos de transferência temporá- mais de 02 (dois) anos consecutivos, em missão fora do Município
ria, de substituição e de reintegração. de Cascavel.
Art. 66 Do termo de posse, assinado pela autoridade compe- Art. 77 Será considerado afastado do exercício, até decisão fi-
tente e pelo servidor, constará o compromisso de fiel cumprimento nal, passada em julgado, o servidor:
dos deveres. I - Preso em flagrante ou preventivamente;
Art. 67 São competentes para dar posse: II - Pronunciado, ou condenado por crime inafiançável.
I - O Prefeito Municipal, aos Secretários Municipais e Assesso- § 1º Durante o afastamento, o servidor perderá um terço do
res e Diretores; vencimento, tendo direito à diferença se não for o condenado.
II - Os Secretários Municipais, aos Chefes de Departamentos, § 2º No caso de condenação e se esta não for de natureza que
aos Chefes de Setores e demais servidores a eles subordinados; determine a demissão do servidor, continuará ele afastado na for-
III - O Presidente da Câmara Municipal de Cascavel aos servido- ma deste artigo, até cumprimento total da pena, com direito a um
res do legislativo municipal. terço do vencimento.
Parágrafo Único. A autoridade que der posse deverá verificar, Art. 78 Salvo os casos previstos neste Estatuto, o servidor que
sob pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições le- interromper o exercício, por prazo superior a 30 (trinta) dias con-
gais para a investidura no cargo. secutivos, será demitido por abandono de cargo após processo ad-
Art. 68 A posse deverá ocorrer no Prazo de 15 (quinze) dias, ministrativo sumário, em que lhe fique assegurada ampla defesa.
contados da data da convocação do aprovado, sob pena de convo-
cação do subsequente na classificação. SEÇÃO IV
Parágrafo Único. Esse prazo poderá ser prorrogado por mais 15 DA VACÂNCIA
(quinze) dias, por solicitação escrita do interessado e mediante ato
fundamentado da autoridade competente para dar posse. Art. 79 A vacância de cargo decorrerá de:
I - Exoneração;
SEÇÃO II II - Demissão;
DA FIANÇA III - Promoção;
IV - Aposentadoria;
Art. 69 o servidor nomeado para cargo, cujo provimento de- V - Posse em outro cargo;
penda de fiança, não poderá entrar em exercício sem prévia satisfa- VI - Falecimento.
ção dessa exigência. Parágrafo Único. Dar-se-á a exoneração:
Art. 70 A fiança poderá ser prestada: I - A pedido do servidor;
I - Em dinheiro; II - De ex-officio:
II - Em títulos da dívida pública municipal; a) quando se tratar de cargo de confiança ou comissão;
III - Em apólice de seguro de fidelidade funcional, emitidas por b) quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
c) quando o servidor não entrar em exercício no prazo legal.
instituições oficiais ou empresas legalmente autorizadas;
Art. 80 A demissão será aplicada como penalidade e deverá ser
IV - Firmar termo de compromisso como depositário fiel, con-
precedida de processo disciplinar.
forme Artigo 1.481 do Código Civil.
§ 1º Estão sujeitos à fiança os servidores que, pela natureza dos
TÍTULO IV
cargos ocupados, são encarregados de pagamentos, arrecadação
DAS PRERROGATIVAS, DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS
ou guarda de dinheiro público ou depositário de quaisquer valores,
SEÇÃO I
documentos ou bens do Município de Cascavel.
DO TEMPO DE SERVIÇO
§ 2º Não se admitirá o levantamento da fiança antes de toma-
das as contas do servidor. Art. 81 A apuração do tempo de serviço será feita em dias, para
§ 3º O servidor responsável por alcance, desvio ou conivente, todos os efeitos legais, podendo ser convertido em anos mediante
não ficará isento de responsabilidade administrativa e criminal ca- o divisor de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias para cada ano.
bível, ainda que o valor da fiança supere os prejuízos verificados. (Redação dada pela Lei nº 5996/2012)
Art. 82 Serão considerados de efetivo exercício, para efeito de
SEÇÃO III apuração de tempo de serviço, observadas regras específicas desta
DO EXERCÍCIO lei, os dias em que o servidor estiver afastado em virtude de:
I - férias;
Art. 71 O exercício é a prática atos inerentes ao cargo, descritos II - casamento; (Vide regulamentação dada pelo Decreto nº
em regulamentos, tendo início na data da posse ou da reintegração. 13.098/2016)
Art. 72 Ao Chefe da repartição para onde for designado o servi- III - licença por falecimento de membro da família; (Vide regu-
dor, compete dar-lhe exercício. lamentação dada pelo Decreto nº 13.098/2016)
Art. 73 O servidor nomeado deverá ter exercício na repartição IV - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
em cuja lotação houver vaga. V - licença paternidade; (Vide regulamentação dada pelo De-
Art. 74 Antes da posse, o servidor apresentará ao Departamen- creto nº 13.098/2016)
to de Recursos Humanos os elementos necessários ao assentamen- VI - licença maternidade;
to individual. VII - licença à adotante;

20
CONHECIMENTOS GERAIS
VIII - licença para tratamento de saúde, inclusive a de curta du- SEÇÃO III
ração, amparada por atestado médico; DA DISPONIBILIDADE
IX - licença por acidente de trabalho ou doença ocupacional;
X - doação de sangue; Art. 89 Extinto o cargo ou declarado pelo Poder Executivo Mu-
XI - licença por doença em pessoa da família; nicipal ou Legislativo Municipal de Cascavel, a sua desnecessidade,
XII - licença para serviço militar; o servidor estável ficará em disponibilidade remunerada, com ven-
XIII - licença para desempenho de mandato sindical represen- cimentos proporcionais ao tempo de serviço.
tativo dos servidores; Parágrafo Único. A extinção do cargo far-se-á por Lei e a decla-
XIV - licença para desempenho de mandato em associação re- ração de sua desnecessidade far-se-á por Decreto do Prefeito Mu-
presentativo dos servidores; nicipal, quando pertencente ao Executivo Municipal e, por Decreto
XV - licença prêmio; Legislativo, quando integrante do quadro do Legislativo Municipal.
XVI - licença para capacitação e/ou participação em cursos de Art. 90 A extinção ou declaração de desnecessidade de cargo,
especialização; de que trata o artigo anterior, efetivar-se-á somente quando verifi-
XVII - suspensão preventiva; cada a impossibilidade de sua transformação.
XVIII - licença para concorrer a cargo eletivo municipal, estadu- Art. 91 Na contagem de tempo de serviço para fins de disponi-
al ou federal; bilidade, serão observados os preceitos aplicáveis à aposentadoria.
XIX - licença para desempenho da função pública de conselhei- Art. 92 O funcionário em disponibilidade deverá ser aposenta-
ro tutelar. (Redação dada pela Lei nº 5996/2012) do, desde que preencha os requisitos para a aposentadoria.
Art. 83 Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e dis- Art. 93 No caso dos servidores em relação aos quais é feita a
ponibilidade, desde que tenha havido contribuição previdenciária: contagem de tempo de serviço para a aposentadoria voluntária, o
I - o tempo de serviço público prestado a União, Estados, Distri- cálculo dos proventos far-se-á tomando por base a fração anual cor-
to Federal e a outros Municípios; respondente.
II - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eleti- Parágrafo Único. Em qualquer caso, o valor dos proventos será
vo federal, estadual, municipal ou distrital; acrescido do salário-família, bem como, do valor integral do adicio-
III - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre- nal por tempo de serviço e demais vantagens pessoais, na base a
vidência Social; que fizer jus na data da disponibilidade.
IV - Licença por motivo de cedência para desempenho de cargo Art. 94 Observar-se-á, no aproveitamento, a seguinte ordem de
em comissão; preferência entre os disponíveis que, de acordo com este artigo,
V - Licença para tratamento de saúde, acima de 24 meses. (Re- possam ocupar o cargo a ser provido:
dação dada pela Lei nº 5996/2012) a) O de mais tempo de serviço público;
Art. 84 É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço b) O mais idoso;
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de c) O de maior número de dependentes.
órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal § 1º O aproveitamento dependerá de prova de capacidade me-
e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia diante inspeção médica.
mista e empresa pública. (Redação dada pela Lei nº 5996/2012) § 2º Restabelecido o cargo de que era titular, ainda que mo-
Art. 85 Não será contado como efetivo exercício, para fins de es- dificada a sua denominação, será, obrigatoriamente, aproveitado
tágio probatório os afastamentos decorrentes das licenças previstas nele o servidor posto em disponibilidade quando de sua extinção
no art. 82 e 83, exceto férias. (Redação dada pela Lei nº 5996/2012) ou declaração de desnecessidade.

SEÇÃO II SEÇÃO IV (REVOGADA PELA LEI Nº 5780/2011)


DA ESTABILIDADE
Art. 95 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
Art. 86 O servidor adquirirá estabilidade depois de 02 (dois) Art. 96 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
anos de efetivo exercício, quando nomeado por concurso. Art. 97 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
§ 1º A estabilidade respeito ao serviço público e não ao cargo. Art. 98 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
Art. 87 Os servidores públicos Municipais da administração di- Art. 99 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
reta, autárquica e das fundações Públicas municipais, em exercício Art. 100 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
na data de 5 de outubro de 1988, a pelo menos cinco anos conti- Art. 101 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
nuados, não admitidos por concurso, são considerados estáveis no
serviço público. CAPÍTULO II
Art. 88 o servidor estável perderá o cargo: DOS DIREITOS E VANTAGENS DE ORDEM GERAL
I - Em virtude de sentença judicial passada em julgado; SEÇÃO I
II - Quando demitido do serviço público, mediante processo ad- DAS FÉRIAS
ministrativo em que lhe seja assegurada plena defesa;
III - Quando ocorrer a extinção de cargo ou declaração pelo Po- Art. 102 O servidor terá direito ao gozo de 30 (trinta) dias con-
der Executivo, de sua desnecessidade, ficando neste caso em dispo- secutivos de férias por ano, com a remuneração de 1/3 (um terço) a
nibilidade remunerada. mais que o vencimento normal e serão concedidas de acordo com a
escala organizada pela chefia da repartição ou serviço.
Art. 103 Somente depois de (doze) 12 meses de efetivo exercí-
cio, o servidor adquirirá direito a férias.
§ 1º As férias serão reduzidas a 20 (vinte) dias, quando o servi-
dor contar, no período aquisitivo, mais de 09 (nove) e menos de 15
(quinze) faltas não justificadas ao trabalho e, a 15 (quinze) dias se
tiver mais de 15 (quinze) faltas não justificadas.

21
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º Não terá direito a férias o servidor que, durante o período Art. 115 Decorrido o prazo estabelecido no artigo anterior, o
de aquisição, permanecer em gozo de licença para tratamento de servidor será submetido a exame e aposentado, se for considerado
interesse particular por mais de 06 (seis) meses. definitivamente inválido para os serviços públicos em geral.
§ 3º As férias serão gozadas pelo servidor público no prazo má- Art. 116 As licenças somente poderão ser concedidas por ato
ximo de 01 (um) ano após a aquisição. do Prefeito Municipal, ou do Presidente da Câmara Municipal de
§ 4º Uma vez não concedidas as férias no prazo previsto no § Cascavel ou de outra autoridade definida em regulamento ou no
3º, deste Artigo, o servidor terá direito a percebe-lá em dobro. regimento interno da Prefeitura de Cascavel.
Art. 104 Durante as férias o servidor terá direito a todas as van- Art. 117 O servidor em gozo de licença, comunicará ao chefe da
tagens, como se em pleno serviço estivesse. repartição o local onde poderá ser encontrado. Poderá ele gozar a
Parágrafo Único. O pagamento da remuneração das férias será licença onde lhe convier, salvo de terminação médica expressa em
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, ob- contrário.
servando-se o disposto no art. 102 desta Lei. (Redação acrescida Art. 118 Serão consideradas como faltas injustificadas os dias
pela Lei nº 4014/2005) que o servidor deixar de comparecer ao serviço, na hipótese de re-
Art. 105 Em casos excepcionais, a critério da Administração, cusar submeter-se à inspeção médica, sem prejuízo do disposto no
poderão as férias ser concedidas em dois períodos, nenhum dos Capítulo das Responsabilidades.
quais poderá ser inferior a 10 (dez) consecutivos.
Art. 106 Ê proibida a acumulação de férias, bem como a sua SUBSEÇÃO II
denegação, sob qualquer alegação, pela Administração. DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
Art. 107 Em caso de exoneração demissão ou aposentadoria do
servidor, ser-lhe-á paga a remuneração correspondente ao período Art. 119 A licença para tratamento de saúde será concedida a
de férias cujo direito tenha adquirido, inclusive proporcionais. pedido ou ex-officio.
Art. 108 Por motivo de promoção, transferência ou remoção, § 1º Em qualquer dos casos é indispensável a inspeção médica.
o servidor em gozo de férias não será obrigado a interrompê-las. § 2º Estando o servidor impossibilitado de locomover-se, a ins-
Parágrafo Único. Por absoluta necessidade de serviço, devida- peção será feita em sua residência.
mente demonstrada em processo, poderá a administração sustar o § 3º O servidor que se recusar a se submeter à inspeção mé-
gozo de férias do servidor, ficando o tempo restante para ser goza- dica, será punido com pena de suspensão, que cessará tão logo se
do oportunamente e, em dobro, caso acumule. verifique a inspeção.
Art. 109 No mês de dezembro de cada ano, o Chefe da reparti- § 4º Sempre que possível, o exame, para concessão de licença
ção ou do serviço, organizará a escala de férias para o ano seguinte, para tratamento de saúde, será feito por intermédio do quadro fun-
que poderá ser alterada de acordo com as conveniências do serviço,
cional do Município de Cascavel.
com notificação prévia ao servidor.
§ 5º O atestado ou laudo passado por médico ou junta médica,
só produzirá efeito depois de homologado pelo serviço de saúde do
SEÇÃO II
Município de Cascavel.
DAS LICENÇAS
§ 6º As licenças superiores a 60 (sessenta) dias dependerão de
SUBSEÇÃO I
exame do servidor por junta médica.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 120 Considerando apto em exame médico, o servidor re-
assumirá o exercício, sob pena de se apurarem com faltas os dias
Art. 110 Será concedida licença o servidor:
I - Para tratamento de saúde; de ausência.
II - Por motivo de doença em pessoa da família; Parágrafo Único. No curso da licença poderá o servidor reque-
III - Para repouso à gestante e por paternidade; rer o exame médico, caso se julgue em condições de reassumir o
IV - Para prestar serviço militar obrigatório; exercício.
V - Por motivo de afastamento do cônjuge; Art. 121 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
VI - Para tratar de interesse particular; Art. 122 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
VII - A título de prêmio; Art. 123 No curso da licença, o servidor abster-se-á de exercer
VIII - Para desempenho de mandato eletivo e sindical. qualquer atividade remunerada ou mesmo gratuita, quando esta
Parágrafo Único. Ao ocupante de cargo de provimento em co- seja em caráter contínuo, sob pena de cassação imediata da licen-
missão, não se concederá licença nos termos dos itens IV, V, VI, VII ça, com perda total da remuneração correspondente ao período já
e VIII, deste artigo. gozado e suspensão disciplinar, em ambos os casos.
Art. 111 Finda a licença, o servidor deverá assumir, imediata-
mente o exercício do cargo. SUBSEÇÃO II-A
Art. 112 A licença dependente do exame médico será concedi- DO AUXÍLIO-DOENÇA (REDAÇÃO ACRESCIDA PELA LEI Nº
da pelo prazo fixado no Laudo ou Atestado. 7137/2020)
Parágrafo Único. Findo o prazo, poderá haver novo exame e o
atestado médico concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação Art. 123-A O auxílio-doença será devido ao servidor que ficar
da licença ou pela aposentadoria, se for o caso. incapacitado para o trabalho por mais de quinze dias e consistirá
Art. 113 As licenças concedidas dentro de 60 (sessenta) dias, numa renda mensal correspondente à média das doze últimas re-
contados do término da anterior, são consideradas em prorrogação. munerações de contribuição do servidor, anteriores ao início do
Parágrafo Único. Para os efeitos deste Artigo, somente serão afastamento.
levadas em consideração as licenças da mesma espécie. § 1º Remuneração mensal de contribuição será constituída
Art. 114 O servidor não poderá Permanecer em licença por mo- pela soma do vencimento do cargo efetivo e demais verbas remu-
léstia, por prazo superior a 04 (quatro) anos. neratórias pagas em razão da atividade, do local de trabalho, do
Parágrafo Único. O disposto neste artigo não se aplica aos ser- mérito e de circunstâncias especiais previstas em lei, ao servidor
vidores ocupantes de cargos em comissão. sobre as quais tenha incidido a contribuição previdenciária.

22
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º Os primeiros quinze dias de afastamento serão calculados SUBSEÇÃO IV-A
tendo como base a remuneração do respectivo mês, como se em DO SALÁRIO-MATERNIDADE (REDAÇÃO ACRESCIDA PELA LEI
exercício estivesse. Nº 7137/2020)
§ 3º O auxílio-doença será concedido, a pedido ou de ofício,
com base em exame médico-pericial que definirá o prazo de afas- Art. 126-A Será devido salário-maternidade à servidora gestan-
tamento. te, por 180 (cento e oitenta) dias consecutivos, com início a partir
§ 4º Findo o prazo do benefício, o servidor será submetido a da 37ª (trigésima sétima) semana de gestação ou na data de nasci-
novo exame médico pericial, que concluirá pelo retorno ao traba- mento da criança.
lho, pela prorrogação do auxílio-doença, pela readaptação ou pela § 1º O salário-maternidade consistirá numa renda mensal igual
aposentadoria por incapacidade permanente. à última remuneração da servidora.
§ 5º A critério do Município o servidor poderá ser submetido a § 2º O salário-maternidade não poderá ser acumulado com be-
exames médicos periciais intermediários entre o início e o término nefício por incapacidade.
do período de gozo do benefício. § 3º O salário maternidade se extinguirá com o falecimento da
§ 6º Havendo a constatação de que, por atitude deliberada criança se isto ocorrer antes de findo o prazo previsto no caput des-
ou negligência, o servidor não está se submetendo aos exames e te artigo. (Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020)
tratamentos recomendados à sua situação clínica, a concessão do Art. 126-B À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial
benefício será suspensa, observado o disposto no art. 123 desta Lei. para fins de adoção de criança, é devido o salário-maternidade pe-
§ 7º O auxílio doença será concedido pelo período máximo de los seguintes períodos:
I - 180 (cento e oitenta) dias, se a criança tiver de zero a quatro
24 (vinte e quatro) meses consecutivos, excetuando-se aquele de-
anos completos de idade;
corrente de doença psiquiátrica ou quando junta médica do Muni-
II - 60 (sessenta) dias, se a criança tiver entre quatro e doze
cípio entender necessário a prorrogação por haver a possibilidade
anos de idade. (Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020)
de recuperação, limitada a 48 (quarenta e oito) meses consecutivos.
(Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020) SUBSEÇÃO V
Art. 123-B O servidor em gozo de auxílio-doença, insusceptível DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR
de readaptação para exercício do seu cargo ou em outro de atribui-
ções e atividades compatíveis com a limitação que tenha sofrido Art. 127 Ao servidor convocado para o serviço militar e outros
será aposentado por incapacidade permanente. encargos da segurança nacional, será concedida licença, sem ven-
Parágrafo único. Em caso de acumulação legal de cargos, o cimentos.
servidor será afastado em relação à atividade para a qual estiver § 1º A licença será concedida à vista do documento oficial, que
incapacitado, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas se comprove a incorporação.
as atividades e cargos que o servidor estiver exercendo. (Redação § 2º Ao servidor desincorporado, conceder-se-á prazo não ex-
acrescida pela Lei nº 7137/2020) cedente de 15 (quinze) dias para reassumir o exercício do cargo, sob
pena de demissão.
SUBSEÇÃO III Art. 128 Ao servidor, oficial da reserva, aplicam-se as disposi-
LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍLIA ções do Artigo anterior, durante os estágios previstos pelo regula-
mento militar.
Art. 124 O servidor poderá obter licença por motivo de doença
em pessoa do cônjuge, do qual não esteja separado, de ascenden- SUBSEÇÃO VI
tes e descendentes, desde que prove ser imprescindível a sua assis- DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES
tência pessoal e essa não possa ser prestada simultaneamente, com
o exercício do cargo. Art. 129 O servidor estável poderá obter licença sem vencimen-
§ 1º Provar-se-á a doença mediante inspeção médica, realizada tos, para tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo de 02
na forma prevista no Artigo 119, desta Lei. (dois) anos.
§ 2º A licença de que trata este artigo será concedida com re- § 1º O requerente aguardará, em exercício, a concessão da li-
muneração integral até (quinze) dias e 50% (cinquenta por cento) cença, sob pena de demissão por abandono ao cargo.
da remuneração, excedendo esse prazo e até, no máximo, 03 (três) § 2º Será negada a licença, num prazo máximo de 30 (trinta)
dias, quando for inconveniente aos interesses do serviço público
meses.
municipal.
Art. 130 A licença de que trata a subseção, não excederá de 02
SUBSEÇÃO IV
(dois) anos, e só poderá ser concedida uma única nova licença por
DA LICENÇA Ã GESTANTE
igual prazo, após decorridos (dois) anos, do término da anterior.
Art. 131 O servidor poderá, a qualquer tempo desistir da licen-
Art. 125 A servidora gestante será concedida 180 (cento e oi- ça.
tenta) dias consecutivos de licença maternidade, caso o ambiente Art. 132 Quando o interesse do serviço exigir, a licença poderá
em que trabalha, não disponibilize infra-estrutura adequada (ber- ser cassada, a juízo do Prefeito Municipal.
ço, fraldário e local para amamentação), para cuidados do lactente. Parágrafo Único. Cassada a licença, o servidor terá até 15 (quin-
(Redação dada pela Lei nº 4972/2008) ze) dias para reassumir o exercício, após a divulgação pública do
Parágrafo Único. A licença será concedida a partir do 8º (oitavo) ato.
mês de gestação, salvo prescrição médica contrária. Art. 133 A servidora ou servidor efetivo, cujo cônjuge for fun-
Art. 126 Se a criança nascer prematuramente, antes de con- cionário federal ou estadual e tiver sido mandado servir, ex-officio,
cedida a licença, o início desta se contará a partir do prazo da data em outro ponto do território nacional, ou no estrangeiro, terá direi-
do parto. to a licença sem vencimentos, pelos prazos e condições estipulados
nesta subseção.

23
CONHECIMENTOS GERAIS
Parágrafo Único. A licença será concedida mediante pedido, Parágrafo Único. O servidor em disponibilidade não terá direito
devidamente instruído. a licença-prêmio, nem o tempo em que permanecer em disponibili-
Art. 134 Ao servidor efetivo poderá ser concedido afastamen- dade será contado como período aquisitivo àquele direito.
to sem remuneração por motivo de cedência para desempenho de Art. 137 O servidor, decorrido o período da aquisição, pode-
cargo em comissão em órgãos ou entidades dos Poderes da União, rá requerer a licença-prêmio ou contagem em dobro para fins de
Estados e dos Municípios, mediante autorização expressa do Chefe aposentadoria e o deferimento far-se-á com estrita obediência ao
do Poder Executivo Municipal ou do Presidente do Poder Legislativo disposto nesta Subseção.
Municipal, quando for o caso. § 1º O Servidor, em concordância com a Administração Muni-
§ 1º O ente solicitante, que pretender a disposição de servidor cipal, terá a opção de parcelá-la, em dois ou três períodos, sendo
público municipal, deverá encaminhar ao Chefe do Poder Executivo que, nenhum desses períodos poderá ser inferior a 30 (trinta) dias
Municipal ou Presidente do Poder Legislativo Municipal, ofício fir- consecutivos. O Servidor tem a opção de acumular quantas licen-
mado por seu titular máximo ou autoridade formalmente delegada. ças quiser, nesse caso é também assegurado o direito de gozá-las
§ 2º O recolhimento previdenciário patronal, bem com o des- de forma consecutiva ou parcelada. (Redação acrescida pela Lei nº
conto e repasse da contribuição previdência do servidor cedido será 2477/1994)
de inteira responsabilidade do órgão cessionário. § 2º As licenças não gozadas pelo servidor que vier a falecer
§ 3º O período de afastamento correspondente a cessão será na ativa, serão convertidas em dinheiro ao beneficiário da pensão.
computado para fins de contagem de tempo para concessão de (Redação acrescida pela Lei nº 2477/1994)
aposentadoria, não sendo considerado como efetivo exercício para Art. 138 O servidor aguardará, em exercício, a concessão de
concessão de quaisquer outros benefícios ou para as progressões licença, cuja definição deverá ocorrer no prazo máximo de 30 (trin-
das carreiras horizontais e verticais. ta) dias.
§ 4º Fica terminantemente vedada a acumulação de remune- Parágrafo Único. Somente por imperiosa necessidade do ser-
ração do cargo efetivo com o de cargo em comissão, sendo que o viço e a critério da administração pública municipal, o servidor po-
servidor ficará na condição de licenciado a partir do dia em que derá, a requerimento seu, ser ressarcido em 50% (cinquenta por
tomar posse no cargo em comissão no órgão solicitante. cento) da licença-prêmio que tem direito, em dinheiro, gozando os
§ 5º O prazo de permanência do servidor à disposição na forma outros 50% (cinquenta por cento) da referida licença-prêmio.
do caput deste artigo terá como limite máximo o terceiro dia útil
após exoneração no cargo que motivou o afastamento, devendo o SUBSEÇÃO VII
servidor se apresentar no Departamento de Recursos Humanos do LICENÇA PARA DESEMPENHO DE MANDATO ELETIVO
órgão de origem, tendo em mãos ato informando seu retorno.
§ 6º O não comparecimento do servidor na forma estabelecida Art. 139 Ao servidor público municipal em exercício de manda-
no parágrafo anterior gerará anotação de faltas, podendo caracteri- to eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
zar abandono de cargo, de acordo com a legislação em vigor. (Reda- I - Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
ção dada pela Lei nº 5487/2010) ficará afastado do cargo, sem vencimentos;
II - Investido no mandato de Prefeito Municipal ou de Vereador,
SUBSEÇÃO VI será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remu-
DA LICENÇA-PRÊMIO neração;
III - Em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
Art. 135 O servidor que permanecer, exclusivamente no Mu- do mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
nicípio de Cascavel, em exercício durante 05 (cinco) anos ininter- os efeitos legais, exceto promoção e licença-prêmio;
ruptos, adquire direito à licença-prêmio de (noventa) dias de gozo. IV - Para efeito de benefício previdenciário no caso de afasta-
§ 1º Perderá o direito à licença-prêmio: mento, os valores serão determinados como se no exercício esti-
I - O servidor que durante cada período aquisitivo da licença- vesse.
-prêmio, faltar sucessiva ou alternadamente, 20 (vinte) dias ou mais Parágrafo Único. Quando o mandato for de Vice-Prefeito, so-
ao serviço; mente será obrigado afastar-se de seu cargo quando substituir o
II - O servidor que, durante cada período aquisitivo da licença- Prefeito Municipal, podendo optar pelos seus vencimentos ou pela
-prêmio, sofrer qualquer penalidade administrativa prevista nesta verba de representação.
Lei; Art. 140 O servidor público municipal, deverá afastar-se, no pe-
III - Gozado licença: ríodo de campanha eleitoral, no prazo e na forma em que a legisla-
a) Para tratamento de saúde, por prazo superior a 180 (cento e ção eleitoral o determinar.
oitenta) dias, consecutivos ou não;
b) Para tratar de interesses particulares, por prazo superior a SEÇÃO III
30 (trinta) dias; DO ACIDENTE DO TRABALHO
c) Por motivo de afastamento do cônjuge, quando funcionário
ou militar, por mais de 90 (noventa) dias, consecutivos ou não. Art. 141 O servidor que sofrer acidente no exercício de suas
§ 2º Para efeito deste Artigo, o período da aquisição contar-se- atribuições, ou que contrair doença profissional, terá direito à licen-
-á a partir do início do exercício. ça, com vencimentos integrais.
§ 3º Durante o período da licença- premio, o servidor percebe- § 1º Acidente é o evento danoso que tem, como causa ime-
rá o vencimento, adicional por tempo de serviços e salário-família diata, a incapacidade para o exercício das atribuições inerentes ao
a que tiver direito. cargo.
Art. 136 Para fins de aquisição do direito à licença-prêmio, não § 2º Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não provocada
se consideram faltas ou interrupção de exercício, os afastamentos pelo servidor, no exercício de suas atribuições.
previstos nos Incisos do Artigo desta Lei, excluído o Inciso VIII, fun- § 3º Entende-se por doença profissional a que resulta das con-
ção eletiva. dições inerentes ao serviço ou a fatos a ele atribuídos.

24
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 4º A comprovação do acidente, indispensável para a conces- § 3º Os pedidos de reconsideração e os recursos não têm efei-
são da licença, deverá ser feita em processo regular, no prazo de 08 to suspensivo; se providos darão lugar às retificações necessárias,
(oito) dias. retroagindo os seus efeitos à data do ato impugnado, desde que
§ 5º O tratamento do acidentado em serviço correrá por conta a autoridade não determine outra providência, quanto aos efeitos
dos cofres municipais ou instituições conveniadas com o Município relativos ao passado.
de Cascavel. Art. 146 O direito de pleitear, na esfera administrativa, pres-
§ 6º Resultando do evento incapacidade total e permanente, o creverá:
servidor será aposentado com vencimentos integrais. I - Em 05 (cinco) anos, quanto aos atos de que decorreram de-
§ 7º Entende-se por incapacidade parcial a redução, para toda missões, cassação de aposentadoria ou de disponibilidade;
a vida, da capacidade de trabalho, e por incapacidade total a invali- II - Em 90 (noventa) dias, nos demais casos.
dez irreversível para o trabalho. Parágrafo Único. O prazo de prescrição contar-se-á da data da
Art. 142 No caso de morte resultante de acidente do trabalho publicação oficial do ato impugnado, ou, quando este for de nature-
será devida a pensão aos beneficiários. za reservada, da data da ciência do interessado, a qual deve constar
do processo respectivo.
SEÇÃO IV Art. 147 O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí-
DA ASSISTÊNCIA AO SERVIDOR veis, interrompem a prescrição uma só vez, observada a legislação
federal sobre a prescrição quinquenal.
Art. 143 O Município de Cascavel promoverá o bem-estar e o Art. 148 É assegurado ao servidor o direito de vista em proces-
aperfeiçoamento físico, intelectual e moral dos servidores e de suas sos administrativos em que seja parte.
famílias, na forma que a Lei estabelecer. Art. 149 São improrrogáveis os prazos estabelecidos nesta Se-
Parágrafo Único. Com esse fim poderão ser organizados: ção.
(Revogado pela Lei nº 3351/2001)
II - Plano de previdência, seguro e assistência judiciária; CAPÍTULO III
III - Cursos de aperfeiçoamento e especialização profissional DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS DE ORDEM PECUNIÁRIA
em matéria de interesse público; SEÇÃO I
IV - Cursos de extensão, conferência, congressos, publicações e DISPOSIÇÕES GERAIS
trabalhos referentes ao serviço público;
V - Viagens de estudos e visitas a serviços de utilidade pública Art. 150 Além do vencimento e outras vantagens legalmente
para especialização e aperfeiçoamento; previstas, poderão ser deferidas ao servidor as seguintes:
VI - Centro de recreação, repouso e férias; I - Diárias;
VII - Creches. II - Auxílio para diferença de caixa;
Art. 144 A Lei fixará as condições de organização e assistência
III - Salário-família;
referidos no Artigo anterior.
IV - Auxílio-doença;
V - Auxílio-funerário;
SEÇÃO V
VI - Gratificação;
DO DIREITO E PETIÇÃO E RECURSOS
VII - Adicional por tempo de serviço;
VIII - Adicional de periculosidade ou insalubridade;
Art. 145 É assegurado ao servidor o direito de requerer ou re-
IX - 13º salário a ativos e inativos.
presentar, pedir reconsideração e recorrer, desde que o faça dentro
Art. 151 Só será admitida procuração para recebimento de
das normas de urbanidade, observadas as seguintes regras:
qualquer importância dos cofres municipais, decorrente do exercí-
I - Nenhuma solicitação, qualquer que seja a sua forma poderá
ser: cio do cargo ou função, quando outorgada por servidor comprova-
a) Dirigida à autoridade incompetente para decidi-la; damente ausente do Município de Cascavel, ou impossibilitado de
b) Encaminhada, sem conhecimento de autoridade a que o ser- se locomover.
vidor estiver direta e imediatamente subordinado; Art. 152 É proibido ceder ou gravar vencimentos ou vantagens
II - O pedido de reconsideração deverá ser dirigido à autoridade decorrentes do exercício do cargo ou função. Os descontos somen-
que houver expedido o ato ou proferido a decisão, e somente será te serão aqueles autorizados em Lei ou pelo próprio servidor.
cabível quando contiver novos argumentos;
III - Nenhum pedido de reconsideração poderá ser renovado; SEÇÃO II
IV - Somente caberá recurso quando houver pedido de reconsi- DO VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO
deração desatendido ou não decidido no prazo legal;
V - O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe- Art. 153 Vencimento é a retribuição paga ao servidor pelo efeti-
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão e, sucessiva- vo exercício do cargo, correspondente ao valor fixado em Lei.
mente, na escala ascendente, às demais autoridades; Parágrafo Único. É vedada a exigência de serviço gratuito.
VI - Nenhum recurso poderá ser encaminhado mais de uma vez Art. 154 Remuneração é a retribuição paga ao servidor pelo
à mesma autoridade. efetivo exercício do cargo, correspondente ao vencimento, acresci-
§ 1º O requerimento e o pedido de reconsideração, de que tra- do das vantagens pessoais de que seja titular.
ta este artigo, deverão ser decididos dentro de 30 (trinta) dias. Art. 155 O servidor que não estiver no exercício do cargo, so-
§ 2º A decisão final do recurso a que se refere este Artigo, deve- mente poderá perceber vencimento ou remuneração nos casos
rá ser dada dentro do prazo de 90 (noventa) dias, contados da data previstos em Lei.
de seu recebimento pelo protocolo da Prefeitura Municipal de Cas- Art. 156 O servidor perderá:
cavel e, uma vez proferida, será imediatamente publicada, sob pena I - Vencimento ou remuneração do dia, se não comparecer ao
de responsabilidade do servidor a quem incumbir a publicação. serviço, salvo os casos previstos nesta Lei;

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CONHECIMENTOS GERAIS
II - Um terço (1/3) da remuneração diária quando comparecer SEÇÃO IV
ao serviço, dentro da hora seguinte à marcada para o início do tra- DO AUXÍLIO PARA DIFERENÇA DE CAIXA
balho, ou quando se retirar até uma hora antes de findo o período
de trabalho; Art. 162 Ao servidor que, no desempenho de suas atribuições
III - Um terço (1/3) do vencimento durante o afastamento por normais, pagar ou receber em moeda corrente, será concedido
motivo de prisão em flagrante, preventiva, pronúncia ou denúncia, auxílio para diferença de caixa, de 30 % (trinta por cento) sobre o
desde seu recebimento, por crime funcional, com direito à diferen- vencimento.
ça se absolvido; Parágrafo Único. O auxílio de que trata este artigo, somente
IV - Dois terços (2/3) do vencimento durante o período de afas- será concedido enquanto durar o efetivo exercício do cargo, não se
tamento em virtude de condenação, por sentença definitiva desde incorporando ao vencimento em nenhuma hipótese.
que a pena não determine demissão;
V - O vencimento total, durante o afastamento por motivo de SEÇÃO V
suspensão preventiva ou prisão administrativa, decretadas em caso DO SALÁRIO-FAMÍLIA
de alcance ou malversação de dinheiro público.
Art. 157 O servidor não sofrerá qualquer desconto no venci- Art. 163 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
mento ou remuneração: Art. 164 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
I - Nos casos dos itens do Artigo 82, com exceção dos itens VI e Art. 165. Será devido o salário-família, em cotas mensais de R$
VIII, do referido artigo e item VI, do Artigo 110; 48,62 (quarenta e oito reais e sessenta e dois centavos), ao servidor
II - Quando licenciado para tratamento de saúde; que receba remuneração mensal igual ou inferior ao valor de R$
Art. 158 As importâncias devidas Pelos servidores à Fazenda 1.425,56 (mil quatrocentos e vinte e cinco reais e cinquenta e seis
Municipal, serão descontadas em parcelas mensais não excedentes centavos) na proporção do número de filhos e equiparados, de até
à quinta (5ª) parte da remuneração. quatorze anos incompletos ou com incapacidade total e permanen-
Parágrafo Único. Não caberá reposição parcelada, quando o te para o trabalho, a partir do mês em que for apresentada a certi-
servidor solicitar exoneração, for demitido ou abandonar o empre- dão de nascimento. (Redação dada pela Lei nº 7137/2020)
go. § 1º Equiparam-se aos filhos, nas condições do caput, mediante
declaração escrita do servidor e comprovada a dependência econô-
SUBSEÇÃO I mica, o enteado e o menor que, esteja sob sua tutela e desde que
DO REGISTRO DE FREQUÊNCIA não possua bens ou rendas suficientes para garantir o próprio sus-
tento e educação.(Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020)
Art. 159 O ponto é o registro que assinala o comparecimento § 2º As cotas de salário-família não serão incorporadas, para
do servidor ao serviço e pelo qual se verifica, diariamente, sua en- qualquer efeito, à remuneração ou a qualquer outro benefício.(Re-
trada e saída. dação acrescida pela Lei nº 7137/2020)
§ 1º Para efeito de pagamento apurar-se-á a frequência do se- § 3º A condição de incapacidade total e permanente para o tra-
guinte modo: balho do filho ou equiparado deve ter ocorrido antes de completar
I - Pelo ponto; quatorze anos de idade, devendo ser comprovada por laudo médi-
II - Pela forma determinada em regulamento, quando a servi- co, a ser apresentado anualmente, homologado por equipe multi-
dores não sujeitos ao ponto. disciplinar do município.(Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020)
§ 2º Salvo nos casos expressamente previstos em Lei, é veda- § 4º O servidor que possuir dois vínculos com o município terá
do dispensar o servidor do registro do ponto ou abonar faltas ao as remunerações de ambos somadas para aferição do limite men-
serviço. cionado no caput.(Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020)
§ 3º A infração ao disposto no Parágrafo anterior determinará § 5º Fica o servidor obrigado a comunicar ao Departamento
a responsabilidade da autoridade que tiver expedido a ordem, sem de Gestão de Pessoas, no prazo de quinze dias, qualquer alteração
prejuízo da ação disciplinar cabível. que se verifique na situação dos dependentes, da qual decorra su-
§ 4º Os servidores que registrarem frequência um do outro, pressão ou redução no salário-família.(Redação acrescida pela Lei
serão passivos à demissão, via inquérito administrativo. nº 7137/2020)
Art. 160 O Prefeito Municipal de terminará: § 6º A inobservância do disposto no parágrafo anterior deter-
I - Para cada repartição, o período de expediente; minará responsabilidade do servidor.(Redação acrescida pela Lei nº
II - Quais os servidores que, em virtude dos encargos externos, 7137/2020)
não estarão obrigados ao ponto. § 7º Nos meses de admissão e desligamento o valor da cota
será proporcional aos dias trabalhados.(Redação acrescida pela Lei
SEÇÃO III nº 7137/2020)
DAS DIÁRIAS § 8º O valor do benefício mensal previsto no caput deste artigo,
bem como das cotas do salário família serão corrigidos nas mesmas
Art. 161 Ao servidor, que por determinação da Administração datas e pelos mesmos índices aplicados para idênticos benefícios
Pública Municipal, deslocar-se temporariamente do Município de do Regime Geral da Previdência Social. (Redação acrescida pela Lei
Cascavel para outro local, no desempenho de suas atribuições, ou nº 7137/2020)
em missão ou estudo, desde que relacionadas com a função que Art. 165-A Quando pai e mãe forem servidores do Município,
exerce, será concedida, além do transporte, a diária, a título de in- ambos terão direito ao salário-família.(Redação acrescida pela Lei
denização das despesas de alimentação e pousada, nas bases fixa- nº 7137/2020)
das em regulamento. Parágrafo único. Em caso de divórcio, separação judicial ou de
Parágrafo Único. Não serão devidas as diárias quando, em con- fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente caracterizado
sequência do deslocamento, houver sido concedida gratificação ou, ou perda do poder familiar, o salário-família passará a ser pago di-
quando constituir exigência permanente do cargo. retamente ao servidor responsável pela guarda do menor. (Redação
acrescida pela Lei nº 7137/2020)

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CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 165-B O direito ao salário-família cessa:(Redação acrescida Art. 176 O adicional de insalubridade, quando devido ao servi-
pela Lei nº 7137/2020) dor público, será pago nos seguintes percentuais incidentes sobre
I - por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte o menor vencimento básico pago a servidor público do Município
ao do óbito;(Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020) de Cascavel:
II - quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de I - Grau máximo, 40% (quarenta por cento);
idade, salvo se já estiver incapaz total e permanentemente para o II - Grau médio, 30% (trinta por cento);
trabalho naquela data;(Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020) III - Grau mínimo, 20% (vinte por cento); (Redação dada pela
III - pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado in- Lei nº 3206/2001)
válido, a contar do mês seguinte ao da cessação da incapacidade; Parágrafo Único. A insalubridade, assim considerada, definida
ou (Redação acrescida pela Lei nº 7137/2020) em Lei Federal, será atestada por perícia e laudo técnico emitido
IV - pela exoneração, demissão ou falecimento do servidor.(Re- pelo Médico do Trabalho e Engenheiro do Trabalho. (Redação dada
dação acrescida pela Lei nº 7137/2020) pela Lei nº 5604/2010)
Art. 166 (Revogado pela Lei nº 5780/2011) Art. 177 O trabalho em condições de periculosidade, assegura
Art. 167 (Revogado pela Lei nº 5780/2011) ao servidor um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o venci-
Art. 168 (Revogado pela Lei nº 5780/2011) mento.
Parágrafo Único. Como perigosas, compreende-se as ativida-
SEÇÃO VI (REVOGADA PELA LEI Nº 5780/2011) des ou operações que, por sua natureza ou métodos de execução,
impliquem contato permanente com inflamáveis, explosivos, eletri-
Art. 169 (Revogado pela Lei nº 5780/2011) cidade ou em condições de risco acentuado, definidas pela Legisla-
Art. 170 (Revogado pela Lei nº 5780/2011) ção Federal.
Art. 171 (Revogado pela Lei nº 5780/2011)
SEÇÃO IX
SEÇÃO VII DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
Art. 172 Gratificação de função é a paga adicional ao servidor Art. 178 A cada 05 (cinco) anos exercício efetivo no serviço pú-
público municipal, devida, temporariamente, pelo efetivo exercício blico municipal, o servidor fará jus a um adicional por tempo de ser-
de uma determinada atividade, enquanto a mesma perdurar. viço, automaticamente incorporado ao vencimento, de 5% (cinco
por cento) sobre o vencimento, observado o disposto no Artigo 82,
SEÇÃO VIII
desta Lei, até o limite de 30% (trinta por cento).
DA JORNADA DE TRABALHO, DA INSALUBRIDADE E DA PERI-
Parágrafo Único. O Adicional por Tempo de Serviço - ATS será
CULOSIDADE
devido somente aos servidores do Poder Legislativo e aos servido-
res do Poder Executivo abrangidos pelo Plano de Cargos, Carreira e
Art. 173 A jornada de trabalho normal, terá a duração de 08
Valorização dos Professores da Rede Pública Municipal de Ensino,
(oito) horas diárias [40 (quarenta) horas semanais], sendo especifi-
sendo que para os demais servidores do Poder Executivo, o tempo
cada a carga horária semanal de cada cargo, nos quadros de pesso-
de serviço será reconhecido e remunerado por meio da Promoção
al, estabelecidos em Lei.
por Tempo de Serviço, conforme previsto em Lei específica. (Reda-
§ 1º Aos ocupantes de cargos do grupo do magistério, nas di-
ferentes categorias e suas respectivas classes, a carga horária será ção dada pela Lei nº 6285/2013)
de 20 (vinte) horas semanais, considerando-se um período e 40
(quarenta) horas semanais, considerando-se dois períodos, poden- SEÇÃO X
do eventualmente ser menor, sendo nesse caso proporcional à re- DO AUXÍLIO-RECLUSÃO (REDAÇÃO ACRESCIDA PELA LEI Nº
muneração. 7137/2020)
§ 2º Para efeito do § 1º, considera-se carga horária semanal, a
carga de horas-aula, horas permanência e horas atividades atribuí- Art. 178-A O auxílio-reclusão será concedido aos dependentes
das a cada regente de classe pelo período semanal. de baixa renda devidamente habilitados no IPMC, do servidor com
§ 3º O tempo de horas-atividade, é destinado ao integrante do remuneração bruta mensal de até R$ 1.425,56 (mil quatrocentos
magistério, com função de não regência e será de jornada conso- e vinte e cinco reais e cinquenta e seis centavos) e que tenha sido
nante, determinado no parágrafo primeiro deste Artigo. recolhido à prisão, enquanto permanecer nessa condição.
§ 4º O edital de chamamento para concurso público municipal § 1º Não será devido o auxílio reclusão nas seguintes condi-
indicará a carga horária da jornada de trabalho. ções:
Art. 174 O horário noturno é considerado aquele entre 22:00 I - se o dependente for servidor público municipal;
(vinte e duas) horas e 05:00 (cinco) horas da manhã. A partir das II - se o servidor preso estiver recebendo salário maternidade
22:00 (vinte e duas) horas até as 05:00 (cinco) horas da manhã, ou auxilio doença.
cada 52:30 (cinquenta e dois minutos e trinta segundos), serão re- § 2º O auxílio-reclusão consistirá numa importância mensal
munerados como uma hora. correspondente a um salário mínimo nacional.
Parágrafo Único. Ressalvados os casos de revezamento sema- § 3º O valor limite referido no “caput” será corrigido nas mes-
nal ou quinzenal, o trabalho terá remuneração com acréscimo de mas datas e pelos mesmos índices aplicados ao benefício do salário
20% (vinte por cento) sobre o valor das horas diurnas. família.
Art. 175 As horas extras, que não poderão exceder a 02 (duas) § 4º O auxílio-reclusão será rateado em cotas-partes iguais en-
horas diárias, serão remuneradas com acréscimo de 50% (cinquen- tre os dependentes do servidor.
ta por cento) sobre o valor das horas formais. § 5º Na hipótese de fuga do servidor, o benefício será suspen-
Parágrafo Único. As horas extras laboradas aos domingos e so e apenas restabelecido a partir da data da recaptura ou da re-
feriados serão remuneradas com adicional 100% (cem por cento) apresentação à prisão, nada sendo devido aos seus dependentes
sobre o valor das horas normais. enquanto estiver o segurado evadido e durante o período da fuga.

27
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 6º Para a instrução do processo de concessão deste benefício, SEÇÃO II (REVOGADA PELA LEI Nº 2804/1998)
além da documentação que comprovar a condição de dependentes,
será exigida certidão emitida pela autoridade competente sobre o Art. 183 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
efetivo recolhimento do servidor à prisão e o respectivo regime de Art. 184 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
cumprimento da pena, sendo tal documento renovado trimestral-
mente. CAPÍTULO II
§ 7º Se o servidor possuir dois vínculos com o Município, a con- SEÇÃO I
cessão do benefício será o valor da soma das respectivas remunera- DOS CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO
ções, respeitado o limite previsto no § 2º.
§ 8º O direito ao auxílio reclusão extinguir-se-á no dia imediato Art. 185 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que con- Art. 186 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
dicional. Art. 187 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
§ 9º A ocorrência de fatos que motivem a suspensão ou cessa- Art. 188 Os diretores das escolas municipais, a partir de 06
ção do pagamento do benefício deverá ser comunicada imediata- (seis) servidores serão eleitos em Assembleia específica, pelo voto
mente pelos dependentes ao Departamento de Gestão de Pessoas, direto, para um mandato de 02 (dois) anos, sendo permitida a sua
sob pena de serem obrigados a ressarcir os valores indevidamente reeleição. (Redação dada pela Lei nº 3121/2000)
recebidos, podendo o Município, de ofício, cancelar o pagamento Art. 189 Serão candidatos todos os professores com: habilita-
do benefício, independentemente da responsabilização nos termos ção mínima em magistério, estabilidade no serviço público munici-
da lei. pal, carga horária de 40 (quarenta) horas semanais e no mínimo 06
§ 10 Se o servidor preso vier a falecer na prisão, o benefício (seis) meses de exercício efetivo na unidade escolar na qual concor-
de auxílio-reclusão será extinto. (Redação acrescida pela Lei nº rerá à eleição.
7137/2020) b) (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
CAPÍTULO IV CAPÍTULO III
DO REGIME DE TEMPO INTEGRAL DAS PROMOÇÕES E DAS PERMUTAS
Art. 179 Considera-se regime de tempo integral, o exercício da Art. 191 O professor interessado em remover-se para outra es-
atividade funcional, nos termos a que alude o Art. 173, desta Lei. cola, poderá requerê-la ao Secretário Municipal de Educação.
Parágrafo Único. Não se compreendem na proibição do Artigo § 1º A remoção, quando concedida pela Secretaria Municipal
181 desta Lei:
de Educação, deverá ocorrer, preferencialmente, no período de fé-
I - O exercício em órgão de deliberação coletiva, desde que re-
rias escolares e, somente será deferida desde que:
lacionado com o cargo exercido em tempo integral;
I - Haja vaga;
II - As atividades que, sem caráter de emprego, se destinam
II - Não cause prejuízo aos alunos ou ao ensino;
à difusão e aplicação de ideias e conhecimentos, excluídas as que
III - A escola receptora não recuse o requerente.
impossibilitem ou prejudiquem a execução das tarefas inerentes ao
Art. 192 Existindo mais de um interessado à mesma vaga, a
regime de tempo integral;
prioridade para remoção obedecerá aos seguintes critérios:
III - Prestação de assistência não remunerada a outros serviços,
I - Registro do pedido de remoção com mais de 30 (trinta) dias;
visando a aplicação e conhecimentos técnicos ou científicos quando
solicitada através da repartição a que pertence o servidor. II - Tempo de serviço no magistério;
Art. 180 O Prefeito Municipal de Cascavel, por Decreto, fixará III - Maior nível de habilitação.
os cargos que ficam sujeitos ao regime de tempo integral. Art. 193 A permuta poderá ocorrer mediante pedido escrito de
Art. 181 O servidor que estiver sob regime de tempo integral, ambos os interessados, desde que não cause prejuízo aos alunos e
somente poderá exercer outra atividade remunerada, se esta não seja aceita pelas duas escolas envolvidas.
tiver coincidência de horário com sua jornada de trabalho. Art. 194 A Secretaria Municipal de Educação, poderá remover
professor, quando esta medida se fizer necessária ao interesse do
TÍTULO V ensino, unilateralmente.
DO MAGISTÉRIO MUNICIPAL
CAPÍTULO I CAPÍTULO IV (REVOGADO PELA LEI Nº 2804/1998)
SEÇÃO I
DO PESSOAL DO MAGISTÉRIO Art. 195 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
Art. 196 (Revogado pela Lei nº 2804/1998)
Art. 182 Para efeitos desta Lei, entende-se por pessoal do ma-
gistério, os professores, distribuídos em vários cargos segundo as TÍTULO VI
necessidades do ensino, na Secretaria Municipal de Educação e na DOS DEVERES E DAS PROIBIÇÕES
unidade escolar que planeja, programa, ministra, assessora, acom- CAPÍTULO I
panha, supervisiona, avalia, coordena, orienta e dirige o ensino na DOS DEVERES
rede municipal.
Parágrafo Único. Os cargos compreendidos neste artigo serão Art. 197 São deveres do servidor, além dos que lhe cabem em
ocupados por: virtude de seu cargo e dos que decorrer da sua condição de servidor
I - Diretor e Vice-Diretor; público:
II - Supervisor e auxiliar de supervisão; I - Comparecer à repartição nas horas de trabalho ordinário e
III - Orientador Educacional; nas de extraordinário, quando convocado;
IV - Regente de Classe. II - Executar os serviços que lhe competirem com zelo e pres-
teza;

28
CONHECIMENTOS GERAIS
III - Tratar com urbanidade os colegas e o público, atendendo I - Com a participação de gerência ou administração de empre-
este último, sem preferências pessoais; sa bancária, industrial e comercial, ou de prestação de serviços que
IV - Obedecer às ordens superiores, devendo representar ime- mantenha relações com o Município de Cascavel, sejam por este
diatamente, por escrito, contra as manifestamente ilegais; subvencionadas ou diretamente relacionadas com a finalidade da
V - Zelar pela economia e conservação do material que lhe for repartição ou serviço em que o servidor estiver lotado;
confiado; II - Com o exercício de representação de estado estrangeiro;
VI - Atender prontamente à expedição das certidões requeridas III - Com o exercício de mandato eletivo federal ou estadual.
para a defesa do direito e esclarecimento de situações;
VII - Atender, com preferência a qualquer outro serviço, às re- CAPÍTULO II
quisições de papéis, documentos, informações ou providências que DAS ACUMULAÇÕES
lhe forem feitas para defesa da fazenda municipal;
VIII - Apresentar-se ao serviço em boas condições de asseio e Art. 200 É vedado a acumulação de cargos e funções públicas,
convenientemente trajado, ou com uniforme que for determinado; exceto, quando houver compatibilidade de horários:
IX - Manter o espírito de cooperação e solidariedade com os I - A de dois cargos de professor;
companheiros de trabalho; II - A de um cargo de professor com outro;
X - Guardar sigilo sobre assuntos da Administração Pública Mu- III - A de dois cargos privativos de médico;
nicipal; IV - Extensivo aos profissionais de Saúde, conforme a Consti-
XI - Apresentar aos superiores as irregularidades de que tiver tuição Federal Art. 17, § 2º (Ato das Disposições Constitucionais
conhecimento; Transitórias).
XII - Apresentar relatórios ou resumos de suas atividades nas § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos e funções em
hipóteses e prazos previstos em Lei, regulamentos ou regimentos; autarquias, institutos, empresas públicas e fundações instituídas
XIII - Sugerir providências tendentes à melhoria e aperfeiçoa- pelo Município de Cascavel, na forma da Constituição.
mento do serviço. § 2º A proibição de acumular proventos não se aplica aos apo-
sentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, quanto a um
CAPÍTULO II cargo em comissão ou quanto a contrato de prestação de serviços
DAS PROIBIÇÕES técnicos ou especializados.
Art. 201 Verificada em processo administrativo a acumulação
Art. 198 Ao servidor é proibido: de cargos proibidos, o servidor optará por um dos cargos ou fun-
I - Referir-se publicamente, de modo depreciativo, a seus supe- ções, sob pena de processo administrativo.
riores hierárquicos, ou criticar, em informações, pareceres ou des- Art. 202 As autoridades e chefes e Serviços, que tiverem co-
pachos, as autoridades e atos da Administração Pública Municipal, nhecimento de que qualquer de seus subordinados acumula, inde-
podendo em trabalho assinado manifestar aos superiores, seu pen- vidamente cargos ou funções públicas, comunicarão o fato ao De-
samento sob ponto doutrinário ou de organização de serviço, com partamento de Recursos Humanos, para os fins indicados no Artigo
o fito de colaboração e cooperação; anterior, sob pena de responsabilidade.
II - Retirar, sem prévia autorização da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto da repartição; TÍTULO VIII
III - Atender reiteradamente a pessoas, na repartição ou qual- DA AÇÃO DISCIPLINAR
quer outro meio, para tratar de assuntos particulares; CAPÍTULO I
IV - Promover manifestação de apreço ou desapreço e fazer DA RESPONSABILIDADE
circular ou subscrever listas de donativos no recinto da repartição;
V - Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal; Art. 203 Pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor
VI - Coagir ou aliciar subordinados com objetivos de natureza responde civil, penal e administrativamente.
político-partidária; Art. 204 A responsabilidade civil decorre de procedimento do-
VII - Entreter-se, durante as horas de trabalho, em palestras, loso ou culposo, que importe prejuízo à fazenda pública municipal
leituras e atividades estranhas ao serviço; ou a terceiros. (Vide Decreto nº 14.133/2018)
VIII - Empregar material do serviço público em atividades par- § 1º O servidor será obrigado a repor, de uma só vez, a im-
ticulares; portância do prejuízo causado à fazenda municipal em virtude de
IX - Praticar atos de sabotagem contra o regime ou os serviços alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento
públicos; ou entradas nos prazos e ou pagamentos indevidos.
X - Receber propinas, comissões, presentes e vantagens de § 2º Nos demais casos, a indenização de prejuízos causados
qualquer espécie, em razão de suas funções; à fazenda municipal, poderá ser liquida mediante o desconto em
XI - Usar o telefone para tratar de assuntos particulares, salvo folha, nunca excedente à décima (10ª) parte da remuneração do
caso de extrema necessidade. servidor.
Art. 205 A responsabilidade penal será apurada nos termos da
TÍTULO VII legislação federal aplicável.
DAS INCOMPATIBILIDADES E DAS ACUMULAÇÕES Art. 206 A responsabilidade administrativa resultante de atos
CAPÍTULO I ou omissões praticadas no desempenho de cargos ou funções não
DAS INCOMPATIBILIDADES exime o servidor da responsabilidade ou penal, que couber, nem do
pagamento da indenização a que ficar obrigado.
Art. 199 É incompatível o exercício de cargo ou função pública
municipal:

29
CONHECIMENTOS GERAIS
CAPÍTULO II § 3º O ato de demissão mencionará sempre a causa da pena-
DAS PENALIDADES lidade e seu fundamento legal, atenta à gravidade da infração. A
demissão poderá, ainda, ser aplicada com a nota: “A BEM DO SER-
Art. 207 Considera-se infração o ato praticado pelo servidor VIÇO PÚBLICO”.
com violação dos deveres Proibições decorrentes da função que Art. 215 Será cassada a aposentadoria e a disponibilidade se
exerce. ficar provado que o inativo a obteve irregularmente.
Art. 208 São penas disciplinares, na ordem crescente de gravi- Parágrafo Único. Será igualmente cassada a disponibilidade do
dade: servidor que não assumir, no prazo legal, o exercício do cargo em
I - Advertência; que for aproveitado.
II - Repreensão; Art. 216 Para efeito de graduação das penas disciplinares, serão
III - Multa; sempre tomadas em conta todas as circunstâncias em que a infra-
IV - Suspensão disciplinar; ção tiver sido cometida e as responsabilidades do cargo ocupado
V - Destituição de cargo; pelo infrator.
VI - Demissão § 1º São circunstâncias atenuantes da infração disciplinar, em
VII - Cassação de aposentadoria e de disponibilidade. especial:
§ 1º As penas previstas nos itens II a VII, serão sempre registra- I - O bom desempenho anterior dos deveres profissionais;
das no prontuário individual do servidor. II - A confissão espontânea da infração;
§ 2º As anistias não implicam o cancelamento do registro de III - A prestação de serviços considerados relevantes por Lei;
qualquer penalidade, que servirá para apreciação da conduta do IV - a provocação injusta de superior hierárquico.
servidor, mas nele se averbará que, em virtude da anistia, a pena § 2º São circunstâncias agravantes da infração disciplinar:
deixou de produzir os efeitos legais. I - A combinação com outros servidores para a prática da falta;
Art. 209 Não se aplicará ao servidor, mais de uma pena discipli- II - O fato de ser cometida durante o cumprimento de pena
nar por infrações que sejam apreciadas num só processo, mas a au- disciplinar;
toridade competente poderá escolher entre as penas a que melhor III - A acumulação de infrações;
atenda aos interesses da disciplina e dos serviços. IV - a reincidência.
Art. 210 A pena de advertência, será aplicada por escrito em § 3º A acumulação dá-se quando duas ou mais infrações são
casos de natureza leve e sempre no intuito de aperfeiçoamento cometidas na mesma ocasião, quando uma é cometida antes de ter
profissional do servidor. sido punida a anterior.
Art. 211 A pena de repreensão se aplicada por escrito, nos se- § 4º A reincidência dá-se quando a infração é cometida antes
de passado um ano do dia em que tiver findado o cumprimento da
guintes casos:
pena imposta em consequência de infração anterior.
I - Reincidência das infrações sujeitas à pena de advertência;
Art. 217 . Prescreve na esfera administrativa:
II - Desobediência e falta de cumprimento dos deveres previs-
I - Em 2 (dois) anos, contados da data da infração, quando a
tos nos Incisos V, VI, VII, X, XI e XII, do Artigo 197, desta Lei.
falta estiver sujeita às penalidades de repreensão, multa ou suspen-
Art. 212 A pena de suspensão, que não excederá 60 (sessenta)
são disciplinar;
dias, será aplicada:
II - Em 4 (quatro) anos, contados da data da infração, quando a
I - Até 10 (dez) dias, ao servidor que, sem justa causa, deixar de
falta estiver sujeita à pena de demissão.
se submeter a exame médico, determinado por autoridade com-
Parágrafo único. Quando a falta estiver tipificada como crime
petente; na lei penal, prescreverá juntamente com o crime. (Redação dada
II - Nos casos de falta grave, ou reincidência de infração a que pela Lei nº 7009/2019)
foi aplicada a pena de repreensão. Art. 218 Para imposição de penas disciplinares, são competen-
Parágrafo Único. O servidor afastado do serviço, para cumprir tes:
pena de suspensão, perderá metade (50%) (cinquenta por cento) I - Prefeito Municipal ou o Presidente da Câmara Municipal de
do vencimento correspondente ao período de suspensão. Cascavel, nos casos de demissão, cassação de aposentadoria e de
Art. 213 A pena de destituição de cargo será aplicada pela au- disponibilidade e suspensão superior a 15 (quinze) dias;
toridade que houver feito a designação. II - O Secretário Municipal ou o Diretor-Presidente da Institui-
Art. 214 A pena de demissão será aplicada, após processo ad- ção, responsável pelo órgão em que tenha exercício o servidor falto-
ministrativo, nos casos de: so, nos casos de suspensão disciplinar até 15 (quinze) dias;
I - Crime contra a administração pública, nos termos da Lei Pe- III - O chefe imediato do servidor, nos cabos de advertência e
nal; repreensão.
II - Abandono de cargo ou falta de assiduidade; Art. 219 Cabe ao Prefeito Municipal, ordenar sindicância con-
III - Incontinência pública, conduta escandalosa e embriaguez tra qualquer responsável por dinheiros ou valores pertencentes à
habitual; Fazenda Pública Municipal, ou que se acharem sob a guarda deste,
IV - Insubordinação grave em serviço; nos casos de alcance, remissão ou omissão em efetuar as entradas
V - Ofensa física, em serviço, contra pessoa, salvo se em legíti- no devido prazo.
ma defesa; Parágrafo Único. O Prefeito Municipal comunicará o fato ime-
VI - Aplicação irregular de dinheiro público; diatamente à autoridade competente, para os devidos efeitos, con-
VII - Transgressão de qualquer dos itens dos Artigos 197 e 201, cluindo com urgência o processo de tomada de contas.
desta Lei. Art. 220 O prefeito Municipal, poderá suspender preventiva-
§ 1º Considera-se abandono do cargo, a ausência, sem justa mente o servidor, até 30 (trinta) dias, desde que se trate de irregu-
causa, por mais de 30 (trinta) dias consecutivos. laridade grave.
§ 2º Considera-se falta de assiduidade, para os fins de Artigo, a
falta ao serviço, por mais de 30 (trinta) dias, sem justa causa, duran-
te o período de 12 (doze) meses consecutivos.

30
CONHECIMENTOS GERAIS
Parágrafo Único. Instaurado o processo disciplinar, o servidor Art. 224 O processo de sindicância será sumário, feitas as dili-
que o presidir, poderá propor ao Prefeito Municipal que seja sus- gências necessárias à apuração das irregularidades e ouvido o sindi-
tada a suspensão preventiva ou prolongada em até mais 30 (trinta) cando e todas as pessoas envolvidas nos fatos, bem como, se neces-
dias. sário, peritos e técnicos necessários ao esclarecimento de questões
Art. 221 Durante o período de suspensão preventiva, o servidor especializadas.
perderá um terço (1/3) do vencimento. Parágrafo Único. Terminada a sindicância, a autoridade sindi-
Parágrafo Único. O servidor terá direito: cante apresentará relatório circunstanciado do que foi apurado, su-
I - À diferença do vencimento ou remuneração à contagem de gerindo o arquivamento da sindicância ou instauração de processo
tempo de serviço relativo ao período de suspensão, quando o pro- administrativo.
cesso não resultar em pena disciplinar, ou esta se limitar à repre-
ensão; CAPÍTULO II
II - À diferença de vencimento ou remuneração e à contagem DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
de tempo de serviço correspondente ao período de afastamento
excedente do prazo de suspensão efetivamente aplicada. Art. 225 A pena de demissão de servidor, de cassação de apo-
sentadoria ou de disponibilidade só poderá ser aplicada em proces-
TÍTULO IX so administrativo em que se assegura plena defesa ao indiciado.
DO PROCESSO DISCIPLINAR ADMINISTRATIVO E DA SUA RE- Art. 226 O processo administrativo será instaurado pelo Prefei-
VISÃO (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 5829/2011) to Municipal, mediante Portaria, em que se especifique o seu obje-
SEÇÃO I to e designem as autoridades processantes.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1º O processo administrativo será realizado por uma comis-
são composta de 03 (três) membros, servidores públicos munici-
Art. 221-A Os processos disciplinares administrativos são pro- pais, na forma do Artigo anterior, escolhidos, sempre que possível,
cedimentos utilizados para apurar eventuais transgressões discipli- dentro da categoria hierárquica igual ou superior ao indiciado. No
nares e irregularidades no serviço público, efetivados por meio de ato da designação, será indicado qual dos membros exercerá as fun-
sindicância, apuração sumária, processo administrativo disciplinar ções de Presidente.
e processo por baixo desempenho de servidor, bem como suas res- § 2º O presidente da Comissão, designará um servidor para se-
pectivas revisões. cretariá-la, que será um dos membros da comissão.
§ 1º Os processos disciplinares administrativos terão as audiên- Art. 227. O prazo para conclusão do processo administrativo
cias de oitiva de testemunha, depoimento pessoal e interrogatório, disciplinar é de até 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado por
registradas no processo por meio de gravação de som e imagem, igual período, com a autorização da autoridade que instaurou o
como método idôneo de meio probatório, conforme regulamento Processo. (Redação dada pela Lei nº 7009/2019)
específico expedido pelo Chefe do Poder Executivo do Município. § 1º A autoridade processante imediatamente após receber o
§ 2º Nos casos que restar frustrada a realização de audiência expediente de sua designação, dará início ao processo, determinan-
ou em qualquer outra hipótese em que a adoção do sistema de do a citação pessoal do indiciado, a fim de que possa acompanhar
gravação citada no parágrafo anterior não resultar em proveito da todas as fases do processo, marcando dia e hora para a tomada de
celeridade processual, a audiência será reduzida a termo. (Redação seu depoimento.
acrescida pela Lei nº 5829/2011) § 2º Achando-se o indiciado em lugar incerto, será citado por
Edital com prazo de 15 (quinze) dias.
CAPÍTULO I § 3º Se o fundamento do processo for abandono de cargo ou
DA SINDICÂNCIA função, a autoridade processante fará divulgar Edital de Chama-
mento pelo prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 222 A autoridade que tiver conhecimento de irregularida- § 4º a autoridade processante procederá a todas as diligências
des no serviço público municipal, é obrigada a tomar as providên- necessárias ao esclarecimento dos fatos, recorrendo, quando for
cias para promover a apuração por meio de sindicância administra- preciso, a técnicos e peritos.
tiva, salvo se pela gravidade dos fatos conhecidos, for aconselhável § 5º Os atos, diligências, depoimentos e as informações téc-
a instauração imediata de processo administrativo disciplinar. nicas ou perícias serão reduzidas a termos nos autos do processo.
Parágrafo Único. A autoridade que determinar a instauração de § 6º Dispensar-se-á o tempo, a que alude o Parágrafo anterior,
no caso de informações técnicas ou de perícia, se constar de laudo
sindicância fixará o prazo de 15 (quinze) dias para a sua conclusão,
junto aos autos.
prorrogável até o máximo de mais 15 (quinze) dias, à vista de repre-
§ 7º Quando a diligência requer sigilo em defesa do interesse
sentação do sindicante.
público, dela só se dará ciência ao indiciado, depois de realizada.
Art. 223 As sindicâncias serão abertas por Portaria, em que se
Art. 228 Se a irregularidade objeto do processo administrativo
indique seu objeto e um servidor ou uma comissão de 03 (três) ser-
constitui crime, a autoridade processante encaminhará cópia das
vidores para realizá-la.
peças necessárias ao órgão competente para a instauração de in-
§ 1º Quando a sindicância houver de se realizar por comissão,
quérito policial.
a Portaria do Secretário Municipal e/ou do Diretor-Presidente a que
o servidor estiver subordinado, designará seu Presidente e este, in-
SEÇÃO I
dicará um membro para secretariar os trabalhos. DA DEFESA DO INDICIADO
§ 2º Quando a sindicância houver de ser realizada apenas por
um sindicante, este designará outro servidor para secretariar os tra- Art. 229 A autoridade processante assegurará ao indiciado to-
balhos, mediante aprovação do superior hierárquico indicado. dos os meios indispensáveis à sua plena defesa.
§ 1º O indiciado poderá constituir Procurador para tratar de
sua defesa.

31
CONHECIMENTOS GERAIS
§ 2º No caso de revelia, a autoridade processante designará, de § 2º Tratando-se de servidor municipal falecido ou desapareci-
ex-officio, um servidor ou advogado que se incumba da defesa do do, a revisão poderá ser requerida por qualquer pessoa constante
indiciado revel. de seu assentamento funcional como dependente.
Art. 230 Tomado o depoimento do indiciado, nos termos do Pa- Art. 240 Correrá a revisão em apenso aos autos do processo
rágrafo primeiro do Artigo 229, terá ele vistas ao processo na repar- originário.
tição, pelo prazo de 05 (cinco) dias úteis, para preparar sua defesa Parágrafo Único. Não constitui fundamento para a revisão a
prévia e requerer as provas que deseja produzir. simples alegação de injustiça da penalidade.
Art. 231 Encerrada a instrução do processo, a autoridade pro- Art. 241 Na inicial, o requerente pedirá dia e hora para a inqui-
cessante abrirá vistas dos autos ao indiciado ou seu defensor para, rição de testemunhas arroladas.
no prazo de 05 (cinco) dias, apresentar suas razões de defesa final. Art. 242 Concluído o encargo da Comissão revisora, em prazo
Parágrafo Único. A vista dos autos será dada na repartição onde que não excederá de 30 (trinta) dias, será o processo, com o respec-
estiver funcionando a autoridade processante e sempre na presen- tivo relatório, encaminhado ao Prefeito Municipal, que o julgará no
ça de um servidor devidamente autorizado. prazo de 05 (cinco) dias.
Art. 243 Julgada procedente a revisão, tornar-se-á sem efeito
SEÇÃO III a penalidade imposta, restabelecendo-se todos os direitos por ela
DA DECISÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO atingidos.

Art. 232 Apresentada a defesa final do indiciado, a autoridade TÍTULO X


processante apreciará todos os elementos do processo, apresen- CAPÍTULO ÚNICO
tando seu relatório, no qual proporá, justificadamente, a absolvição DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
ou a punição do indiciado, indicando, nesta última hipótese, a pena
cabível e o seu fundamento legal. Art. 244 O servidor exonerado ou demitido será obrigado a de-
Parágrafo Único. O relatório e todos os elementos dos autos volver a carteira funcional e o inativo, a substituí-la por outra, em
serão remetidos à autoridade que determinou a abertura do pro- que se fará constar essa condição.
cesso, no prazo de 05 (cinco) dias, a contar da data da apresentação Art. 245 Salvo disposição expressa em contrário, os prazos pre-
da defesa final. vistos nesta Lei, serão contados em dias corridos.
Art. 233 As autoridades processantes ficarão à disposição da Parágrafo Único. Na contagem dos prazos excluir-se-á o dia
autoridade competente até a decisão final do processo, para pres- inicial. Se o último dia coincidir com sábado, domingo, feriado ou
tar qualquer esclarecimento julgado necessário. ponto facultativo, o vencimento ocorrerá no primeiro dia útil sub-
sequente.
Art. 234 Recebidos os elementos previstos no Artigo 232, a au-
Art. 246 Para os efeitos desta Lei, considerar-se-ão dependen-
toridade que determinou a abertura do processo apreciará as con-
tes do servidor público municipal, desde que vivam às suas expen-
clusões do relatório, tomando as seguintes providências no prazo
sas e constem do seu assentamento individual:
máximo de 03 (três) dias.
I - O cônjuge ou companheira;
I - Se discordar das conclusões do relatório, designará outra II - Os ascendentes e descendentes;
Comissão ou autoridade para reexaminar o processo e, no prazo III - As sobrinhas e irmãs, solteiras ou viúvas;
máximo de 07 (sete) dias, propor o que entender cabível; IV - Os sobrinhos e irmãos, menores ou incapazes.
II - Se acolher as conclusões do relatório, no prazo máximo de Parágrafo Único. O padrasto e a madrasta, bem como, o sogro e
02 (dois) dias, aplicará a pena proposta. a sogra, equivalem ao pai e a mãe e, os enteados, aos filhos.
§ 1º Se o processo não for decidido no prazo deste Artigo, o Art. 247 É assegurado aos servidores o direito de se agruparem
indiciado reassumirá automaticamente o exercício do cargo, aguar- em associação de classe e ou sindicato, constituídos na forma da
dando aí o julgamento. Lei.
§ 2º No caso de alcance ou malversação de dinheiro público, Parágrafo Único. Essas associações, de caráter civil, represen-
apurado nos autos, o afastamento se prolongará até decisão final tarão coletivamente, os seus associados, perante as autoridades
do processo administrativo. administrativas, em matéria de interesse da classe.
Art. 235 Da decisão final do processo, são admitidos os recur- Art. 248 o Regime Jurídico, estabelecido nesta Lei, não extingue
sos e pedido de reconsideração previstos nesta Lei. nem restringe direitos adquiridos ou vantagens já concedidas por
Art. 236 O servidor só poderá ser exonerado, a pedido, após a Lei, aos servidores públicos municipais, de qualquer regime jurídi-
conclusão definitiva do processo administrativo a que estiver res- co, observado o previsto no artigo 17, do Ato das Disposições Cons-
pondendo, desde que este não conclua pela sua demissão. titucionais Transitórias, da Constituição da República Federativa do
Art. 237 A decisão definitiva, em processo administrativo, só Brasil.
poderá ser alterada através de processo de revisão. Art. 249 O dia 28 de outubro, será consagrado ao Servidor Pú-
Art. 238 Aos casos omissos aplicam-se subsidiariamente as dis- blico Municipal, sendo Ponto Facultativo nas Repartições Públicas
posições concernentes aos funcionámos da União (Lei nº 1771/52). Municipais.
Art. 250 São isentos de qualquer tributo, emolumento, taxas,
CAPÍTULO III requerimentos, certidões e outros papéis que interessem a qual-
DA REVISÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO quer servidor público municipal, ativo ou inativo.
Art. 251 Por motivo de convicção filosófica, religiosa ou po-
lítica, nenhum servidor público municipal, poderá ser privado de
Art. 239 A qualquer tempo poderá ser requerido a pena disci-
qualquer de seus direitos, nem sofrer alteração em suas atividades
plinar, quando se aduzirem fatos ou circunstâncias suscetíveis de
funcionais.
justificar a inocência do requerente.
§ 1º A revisão só poderá ser regue rida pelo servidor municipal
punido, salvo o disposto no parágrafo seguinte.

32
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 252 O servidor público municipal, no exercício de suas atri- É o Vice-Presidente da República que substitui o Presidente em
buições, não esta sujeito à ação penal por ofensas irrogadas em in- caso de impedimento ou caso o cargo se torne vago. O Vice-Presi-
formações, pareceres ou quaisquer outros documentos de natureza dente deve auxiliar o Presidente sempre que for convocado para
administrativa, para esse fim são equiparados às alegações produ- realizar missões especiais. Já os ministros auxiliam o Presidente na
zidas em juízo. direção superior da administração federal.
Art. 253 Nenhum servidor público municipal, poderá ser trans- No Executivo Estadual, o chefe supremo é o governador do
ferido durante o período eleitoral, nos prazos que forem estabeleci- estado. Ele tem sob seu comando secretários e auxiliares diretos.
dos pela legislação eleitoral. O governador representa sua Unidade Federativa junto ao Estado
Art. 254 Fica assegurada a data base da categoria dos servido- brasileiro e aos demais estados. Além disso, o governador coorde-
res públicos municipais e professores, dia 1º de maio. na as relações jurídicas, políticas e administrativas de seu estado e
Art. 255 A variação entre o menor e o maior vencimento do defende sua autonomia.
Município de Cascavel, sendo este último do senhor Prefeito Muni- O chefe do Poder Executivo Municipal é o prefeito. Ele precisa
cipal, fica estabelecido em 28 (vinte e oito) vezes. ter, no mínimo, 18 anos de idade e é eleito para exercer um manda-
Art. 256 O Executivo Municipal de Cascavel, entregará a com- to de quatro anos. O prefeito possui atribuições políticas e adminis-
petente Autorização de Movimentação de Conta Vinculada do Fun- trativas, que se expressam no planejamento de atividades, obras e
do de Garantia por Tempo de Serviço (AM-FGTS), cuja data será serviços municipais.
determinada em Lei. O prefeito pode apresentar, sancionar, promulgar e vetar pro-
Art. 257 Ficam revogadas as seguintes Leis e todas as disposi- posições e projetos de lei. Todo ano, o Executivo Municipal elabora
ções em contrário: a proposta orçamentária, que é submetida à Câmara dos Vereado-
Lei nº 952/71 de 25 de maio de 1972; res.
Lei nº 1.280/77 de 20 de abril de 1977; De acordo com a Constituição Federal e as constituições esta-
Lei nº 1.574/81 de 13 de outubro de 1981; duais, os municípios gozam de autonomia. Todo município é regido
Lei nº 1.611/82 de 29 de junho de 1982; por uma Lei Orgânica, aprovada por dois terços dos membros da
Lei nº 1.629/82 de 16 de setembro de 1982; Câmara Municipal.
Lei nº 1.741/84 de 27 de julho de 1984; O sistema brasileiro é multipartidário: permite a formação legal
Lei nº 1.840/85 de 13 de novembro de 1985; de vários partidos políticos.
Lei nº 1.911/86 de 15 de dezembro de 1986;
Lei nº 1.960/87 de 23 de dezembro de 1987;
Lei nº 1.987/88 de 21 de abril de 1988; CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA
Lei nº 1.989/88 de 21 de abril de 1988;
Lei nº 2.010/88 de 20 de outubro de 1988; A cultura é muito importante para a sociedade brasileira, desde
Lei nº 2.046/89 de 07 de junho de 1989. os primórdios até os dias de hoje. Cultura é o modo de agir, pensar,
falar, seus costumes, suas danças, seus hábitos, pratos típicos de
uma determinada região, tudo que nasce no meio do povo é cul-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DA POLÍTICA BRASILEIRA tura, ou seja, cultura é hábito de uma sociedade. Podemos definir
subcultura como conjunto de elementos culturais específicos de
Estrutura do governo brasileiro certo grupo social. Existem vários exemplos de subcultura no dia a
O Brasil é um República Federativa Presidencialista formada dia, como esportistas, vendedores, peões, entre outros.
pela União e por estados e municípios, nos quais o exercício do po- A educação é o desenvolvimento do aprendizado da cultura,
der se atribui a órgãos independentes. Esse sistema federal permite pois colocamos em prática tudo aquilo que aprendemos no nosso
que o governo central represente as várias entidades territoriais cotidiano, por isso, posso dizer que a cultura está ligada a educação
que possuem interesses em comum: relações exteriores, defesa, e a educação a cultura, também adquirida nas escolas através do
comunicações, etc. Ao mesmo tempo, permite que essas entidades ensino, das leituras, conversas entre alunos, ou melhor, a cultura
mantenham suas próprias identidades, leis e planos de ação. Os es- está entre nós e nós estamos entre os meios de cultura.
tados possuem autonomia política.
O chefe de Estado é eleito pela população, mantendo-se no po- Miscigenação
der por um período de quatro anos e tenho direito a se recandida- Não existe na atualidade nenhum grupo humano racialmente
tar uma vez. As funções tanto de chefe de Estado como de chefe de puro. As populações contemporâneas são o resultado de um pro-
Governo são exercidas pelo Presidente da República. longado processo de miscigenação, cuja intensidade variou ao lon-
O Presidente da República é também o chefe máximo do Poder go do tempo. Mestiço é o indivíduo nascido de pais de raças dife-
Executivo, já que o Brasil adota o regime presidencialista. O Presi- rentes, ou seja, apresentam constituições genéticas diferentes.
dente exerce o comando supremo das Forças Armadas do país e Popularmente, considera-se miscigenação a união entre bran-
tem o dever de sustentar a independência e a integridade do Brasil. cos e negros, brancos e amarelos, e entre amarelos e negros, ou
O Poder Executivo Federal é formado por órgãos de adminis- seja, os grandes grupos de cor em que se divide a espécie humana
tração direta – como os ministérios – e indireta, como empresas e que, na concepção popular, são tidos como “raças”. Brancos, ne-
públicas – coloca programas de governo em prática ou na prestação gros e amarelos, no entanto, não constituem raças no sentido bio-
de serviço público. lógico, mas grupos humanos de significado sociológico que o senso
O Executivo age junto ao Poder Legislativo ao participar da ela- comum identifica por um traço peculiar -- no caso, a cor da pele.
boração das leis e sancionando ou vetando projetos. Em situações Caboclo = branco + índio.
de urgência, o Executivo adota medidas provisórias e propõe emen- Mulato = negro + branco
das à Constituição, projetos de leis complementares e ordinárias e Cafuzo = índio + negro
leis delegadas.

33
CONHECIMENTOS GERAIS
O NOME
ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MUNICÍPIO O termo “cascavel” origina-se de uma variação do latim clássico
DE CASCAVEL-PR “caccabus”, cujo significado é “borbulhar d”água fervendo”. Segun-
do a lenda, o nome surgiu de um grupo de colonos que, pernoi-
HISTÓRIA tando nos arredores de um rio, descobriram um grande ninho de
Os índios caingangues habitavam esta região, que teve a ocu- cobras cascavéis, denominando então o local como “Cascavel”. A
pação iniciada pelos espanhóis em 1557, quando fundaram a Ciu- sonoridade do guizo originou o nome da serpente: do latim “tintin-
dad del Guairá, atual Guaíra. nabulum”, literalmente “o badalar do chocalho”. Símbolo de poder
Uma nova ocupação teve início a partir de 1730, com o tro- e sabedoria, a serpente era cultuada na antigüidade.
peirismo, mas o povoamento da área do atual município começou
efetivamente no final da década de 1910, por colonos caboclos e HINO DE CASCAVEL
descendentes de imigrantes eslavos, no auge do ciclo da erva-mate.
A vila começou a tomar formas em 28 de março de 1928, quan- Autor: Música e letra do Prof. Nelson Tramontini
do José Silvério de Oliveira, o Nhô Jeca, arrendou as terras do co- Arranjo Musical: Maestro Nedir Salomão
lono Antônio José Elias nas quais se encontrava a Encruzilhada dos
Gomes, localizada no entroncamento de várias trilhas abertas por Cascavel cidade hospitaleira
ervateiros, tropeiros e militares, onde montou seu armazém. Seu Tu és fonte rica de labor
espírito empreendedor foi fundamental para a chegada de novas Do quadrante oeste és a primeira
pessoas, que traziam idéias e investimentos. Te amamos com todo o fervor
Na década de 1930, com o ciclo da erva-mate já extinto, ini-
ciou-se o ciclo da madeira, que atraiu grande número de famílias de Tua história é bela e fascinante
Santa Catarina e Rio Grande do Sul e, em especial, colonos polone- Que o passado nos faz sempre reviver
ses, alemães e italianos, que juntos formaram a base populacional Feitos heroicos de um grande bandeirante
da cidade. Que criou-te e feliz te fez crescer
Em 1934, foi criado o distrito policial de Cascavel. Posterior-
mente, instalou-se o distrito judiciário e o distrito administrativo, Tua beleza imponente tem vida
todos integrantes do município de Foz do Iguaçu. És a sombra que acolhe o forasteiro
Na medida em que as áreas de mata nativa eram esgotadas, a Ganhas bênçãos pelas mãos da Aparecida
extração madeireira cedia lugar ao setor agropecuário, base econô- Portas abertas a todo brasileiro
mica do município até os dias atuais.
A vila foi oficializada pela prefeitura de Foz do Iguaçu em 1936, No horizonte d’oeste estrela fulgurante
já com a denominação de Cascavel. Entretanto, o prelado daquela Tua gente tão nobre de amor varonil
cidade, monsenhor Guilherme Maria Thiletzek, rebatizou-a como És crescente progresso a todo instante
Aparecida dos Portos, nome que não vingou entre a população. És o mais lindo pedacinho do Brasil.
Em 20 de outubro de 1938, já com a denominação definitiva Hino instituído pela Lei 1.472/79
de Cascavel, a localidade foi alçada à condição de sede de distrito
administrativo, nos termos da Lei n.° 7.573. BANDEIRA
A emancipação finalmente ocorreu em 14 de dezembro de
1952, juntamente com a cidade vizinha Toledo, mas por muito tem-
po a comemoração se deu no dia 14 de novembro de cada ano,
devido a uma confusão entre a proposta do governador do estado
da época, e a efetiva assinatura da lei.
Em 20 de dezembro de 2010 foi sancionada a Lei nº 5689/2010
que define a data de 14 de novembro de cada ano, como data oficial
do aniversário da Cidade de Cascavel, comemorando a data de sua
criação e não de sua emancipação.
Encerrado o ciclo da madeira, no final da década de 1970,
Cascavel iniciou a fase de industrialização da cidade, concomitan-
temente com o aumento da atividade agropecuária, notadamente
soja e milho.
Cascavel possui uma topografia privilegiada, fato que facilitou
seu desenvolvimento e permitiu a construção de ruas e avenidas
largas e bairros bem distribuídos.
Hoje, Cascavel é conhecida como a Capital do Oeste Paranaen-
se, por ser o pólo econômico da região e um dos maiores municí-
pios do Paraná.

34
CONHECIMENTOS GERAIS
Foi a partir dos movimentos estudantis que começou a sua mi-
litância política se tornando líder estudantil e a partir daí galgando
a liderança comunitária.
Em sua carreira política foi vereador, vice-prefeito, secretário
de Estado do IPEM e deputado estadual, por dois mandatos. Tomou
posse como prefeito de Cascavel em 2017 tendo sua vitória já no
primeiro turno com 51,17% dos votos. Nos últimos 4 anos fez uma
verdadeira transformação na maneira de fazer política em Cascavel
instituindo como base de seu governo a eficiência e a transparên-
cia, palavras que se tornaram slogam de sua administração.
Casado com Fabiola Paranhos, companheira de tantas lutas, é
pai de 3 filhos. Empresário do ramo da publicidade, administrador
de empresas e formado em Gestão Pública teve em sua adminis-
tração o reconhecimento de Cascavel como a 14ª melhor cidade
do Brasil.
A BANDEIRA DE CASCAVEL foi instituída pela Lei Municipal
5.225/2009, que tornou definitiva a bandeira provisória, usada des- Vice-prefeito
de 1963. Renato Silva
A bandeira deverá observar as dimensões da Bandeira Nacio- Renato Silva foi eleito como vice-prefeito para o mandato eleti-
nal e será na cor branca com Brasão do Município de Cascavel ao vo de 2021-2024 com 71,72% juntamente com o prefeito Leonaldo
centro. Paranhos
Nascido em Rio do Sul (SC) em 26 de fevereiro de 1951, Renato
Quanto ao ESCUDO, segue a descrição abaixo: começou a trabalhar cedo ajudando os pais na lavoura. Após mo-
ARMAS DE CASCAVEL, escudo moderno de bleu, encimado por rar em Tapejara, no Norte do Paraná, mudou-se para Cascavel em
coroa mural de quatro torres ameadas e sua porta cada uma, priva- 1975, onde trabalhou no Moinho Corbélia, hoje Moinho Badotti,
tiva das Municipalidades. No listél, fitão. vendendo farinha e arroz.
DESCRIÇÃO DO ESCUDO, em abismo, cascavel de ouro, encima- Em 1982 conquistou uma vaga na Câmara de Vereadores de
do por coroa também de ouro, acompanhados de duas estrelas em Cascavel eleito com 1.749 votos e exercendo o mandato de 1983 a
pala de cada lado. Bordadura de prata. 1988. Em 1987 assumiu a presidência da Câmara de Vereadores de
LITERATURA DE ESCUDO, o bleu fala da justiça e vigilância com Cascavel até 1988 vindo a assumir como prefeito interino durante
que os Poderes Constituídos de Cascavel olham por seus interesses 7 dias. Em sua vida pública também comandou as Secretarias de
de cidade que cresce pelo trabalho e nobreza de sua gente.O casca- Administração e de Industria e Comércio do Município.
vel se constitue na arma falante da cidade e Município e é de ouro, Sua carreira como empresário iniciou em 1985 quando abriu
porque suas características são as de uma cidade rica, generosa e sua primeira empresa, a CristalSilva, que comercializava açúcar. Em
de uma economia solida.A coroa de ouro lembra o orago da cidade, 1989 adquire a Rádio Colmeia, consolidando-a como uma das rá-
Nossa Senhora Aparecida, Santa que protege a religiosidade e pros- dios mais ouvidas na cidade e região tendo alguns locutores que
peridade da gente de Cascavel. fizeram parte da história da comunicação da cidade. Em 1997 inau-
As quatro estrelas de prata falam da paz, pureza, integridade e gura a Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel, hoje
brandura em que os Homens de Cascavel vão desenvolvendo suas Centro Universitário Univel, sagrando-se uma das mais tradicionais
atividades, sempre seguros e firmes nas possibilidades que a cidade instituições de Ensino da região.
lhes oferece. Em 1998 foi candidato a deputado federal sendo o 22º mais
A bordadura do escudo lembra os rios Piquiri e Iguaçu, cujas votado no estado com quase 45 mil votos, maior votação alcançada
águas fertilizam as terras do Município propiciando, férteis colhei- até então, por um candidato do Município de Cascavel a uma vaga
tas. na Câmara Federal.
O fitão de sínople fala que as terras de Cascavel possibilitando Casado com Ódina Coradini da Silva, pai de três filhos e avô de
várias espécies de semeaduras, proporcionam abundância de co- quatro netos recebeu, em 2016, o título de Cidadão Honorário de
lheitas. Cascavel pela Câmara de Vereadores, mesmo ano que a Univel re-
A palavra Cascavel que aparece com o dístico em seu fitão lem- cebeu o selo “OAB Recomenda” concedido somente aos melhores
bra que no Município, todos se unem em torno do bem estar co- cursos de direito do país.
mum que é o progresso da cidade.
(Texto extraído da Lei Municipal nº 243/1963 que estabeleceu ADMINISTRAÇÃO DIRETA
o brasão de armas do Município de Cascavel/PR) SEPLAG - Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão
Secretária: VANILSE DA SILVA POHL
Prefeito
Leonaldo Paranhos da Silva SEFIN - Secretaria Municipal de Finanças
Leonaldo Paranhos foi reeleito como prefeito para o mandato Secretário: EDSON ZOREK
eletivo de 2021-2024 com 71,72% do total dos votos válidos.
Paranaense, Paranhos, nasceu em Paraíso do Norte no dia 25 SECOM - Secretaria Municipal de Comunicação Social
de maio de 1966. De família humilde, foi criado junto aos 2 irmãos Secretário: JEFFERSON LOBO DA SILVA
pela sua mãe, Dona Preta. Trabalhando na agricultura, vislumbrou
um futuro melhor em Cascavel, mudando-se para a cidade em mar- CASA CIVIL - Secretaria Municipal da Casa Civil, da Transparên-
ço de 1982. cia, da Prevenção e do Combate à Corrupção.
Secretário: CLETÍRIO FERREIRA FEISTLER

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CONHECIMENTOS GERAIS
SEMED - Secretaria Municipal de Educação
Secretária: MÁRCIA APARECIDA BALDINI EXERCÍCIOS

SESAU - Secretaria Municipal de Saúde 1. (CESPE / CEBRASPE – 2021) A respeito dos direitos e deve-
Secretário: MIROSLAU BAILAK res individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988
(CF), julgue o item a seguir.
SEASO - Secretaria Municipal de Assistência Social São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terro-
Secretária: HUDSON MARCIO MORESCHI JUNIOR rismo, bem como a ação de grupos armados contra a ordem consti-
tucional e o Estado democrático.
SEMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente ( ) CERTO
Secretário: NEI HAMILTON HAVEROTH ( ) ERRADO

SEMDEC - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômi- 2. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Federal,
co todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
Secretária: HIVONETE SOLANO LIMA DE CARVALHO PICCOLI garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
SESOP - Secretaria Municipal de Serviços e Obras Públicas ça e à propriedade, nos seguintes termos, entre outros:
Secretário Interino: SANDRO CAMILO ROCHA RANCY I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
SEAGRI - Secretaria Municipal de Agricultura II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o
Secretário: RENATO CESAR SEGALLA sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da corres-
SESPPRO - Secretaria de Segurança Pública e Proteção à Comu- pondência e das comunicações telefônicas, uma vez que, poderá
nidade ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual
Secretário: ANTONIO VOLMEI DOS SANTOS penal e, nos casos de investigação criminal, por determinação do
delegado responsável pela investigação.
SECULT - Secretaria Municipal de Cultura Está(ão) CORRETO(S):
Secretário: LUIZ ERNESTO MEYER PEREIRA (A) Somente o item I.
(B) Somente o item II.
SMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (C) Somente os itens I e III.
Secretário Interino: CARLOS LUIZ DE OLIVEIRA (D) Somente os itens II e III.
(E) Todos os itens.
SESD - Secretaria Especial de Cidadania, da Proteção a Mulher
e Política sobre Drogas 3. (FUNDATEC – 2021) Conforme o Art. 5º da Constituição da
Secretário: República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa IN-
CORRETA.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (A) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
ACESC - Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de nimato.
Cascavel (B) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
Superintendente: JOSÉ ROBERTO GUILHERME além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
IPC - Instituto de Planejamento de Cascavel independentemente das qualificações profissionais que a lei
Presidente: TALES RIEDI GUILHERME estabelecer.
(D) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
IPMC - Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores Pú- religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
blicos Municipais de Cascavel. (E) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
Presidente: ALCINEU GRUBER de caráter paramilitar.

TRANSITAR - Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Ci- 4. (FGV – 2021) Conforme disposto na Constituição Federal é
dadania direito dos trabalhadores urbanos e rurais o décimo terceiro salário,
Presidente: SIMONI SOARES DA SILVA que será baseado:
(A) na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
COHAVEL - Companhia Municipal de Habitação de Cascavel (B) no valor suplementar do bônus de participação do lucro.
Presidente: VINICIUS DE LIMA BOZA (C) na alíquota de encargos previdenciários do período vigente.
(D) no maior salário mínimo do país ou conforme for estipulado
FUNDETEC - Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tec- no estatuto da empresa.
nológico (E) no salário completo ou no valor pago de imposto sobre a
Presidente: ALCIONE TADEU GOMES renda retido na fonte.

FMEC - Fundação de Esportes e Cultura do Município de Cas-


cavel
Presidente: EDSON QUEIROZ RODRIGUES

36
CONHECIMENTOS GERAIS
5. (VUNESP – 2021) É um dos direitos constitucionais dos traba- (C) I – desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
lhadores urbanos e rurais: ou emprego público de que seja titular;
(A) relação de emprego protegida contra despedida arbitrária II – exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi-
com ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que mento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
preverá indenização compensatória. situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou
(B) participação nos lucros, ou resultados, vinculada à última de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços
remuneração do trabalhador. pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar
(C) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas- dano moral ao usuário;
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas. III – ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
(D) jornada de oito horas para o trabalho realizado em turnos dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver dian-
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. te de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem
(E) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, comum;
com a duração de 180 (cento e oitenta) dias. IV – não necessariamente divulgar e informar a todos os inte-
grantes da sua classe sobre a exigência deste Código de Ética,
6. O Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, aprova o Código estimulando o seu integral cumprimento;
de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi- V – tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiço-
vo Federal. Dentre outras situações, são deveres fundamentais
ando o processo de comunicação e contato com o público; VI –
do Servidor Público
ter consciência de que seu trabalho não necessariamente seja
Alternativas
regido por princípios éticos que se materializam na adequada
(A) I – desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
prestação dos serviços públicos.
ou emprego público de que seja titular;
II – exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi- (D) I – desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
mento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver ou emprego público de que seja titular;
situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou II – exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi-
de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços mento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou
dano moral ao usuário; de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços
III – ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver dian- dano moral ao usuário;
te de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem III – ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
comum; dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver dian-
IV – jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- te de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade comum;
a seu cargo; IV – não necessariamente zelar, no exercício do direito de gre-
V – tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiço- ve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da seguran-
ando o processo de comunicação e contato com o público; VI ça coletiva;
– ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios V – tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiço-
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços ando o processo de comunicação e contato com o público; VI
públicos. – ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
(B) I – desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços
ou emprego público de que seja titular; públicos.
II – exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi- (E) I – desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
mento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver ou emprego público de que seja titular;
situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou II – exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi-
de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços mento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar
situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou
dano moral ao usuário;
de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços
III – ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver dian-
dano moral ao usuário;
te de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem
comum; III – ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
IV – jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver dian-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade te de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem
a seu cargo; comum;
V – tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiço- IV – sempre que possível poderá retardar qualquer prestação
ando o processo de comunicação e contato com o público; de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e
VI – de modo opcional, manter-se atualizado com as instru- serviços da coletividade a seu cargo;
ções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão V – não obrigatoriamente comunicar imediatamente a seus
onde exerce suas funções. superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
público;
VI – ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços
públicos.

37
CONHECIMENTOS GERAIS
7. De acordo com o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Conduta
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), são deve-
ANOTAÇÕES
res fundamentais do servidor público:
I. tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoan- ______________________________________________________
do o processo de comunicação e contato com o público.
II. omitir a verdade sobre fato que prejudique a Administração ______________________________________________________
e beneficie o cidadão.
III. ser assíduo e freqüente ao serviço. ______________________________________________________
IV. facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços por quem
de direito. ______________________________________________________
Estão corretos os itens: ______________________________________________________
(A) I, II e III
(B) II, III e IV ______________________________________________________
(C) I, III e IV
(D) I, II e IV ______________________________________________________
(E) I, II, III e IV
______________________________________________________
8. Não têm a obrigação de constituir as comissões de ética pre-
vistas no Decreto nº 1.171/1994 (Código de Conduta do Servi- ______________________________________________________
dor Público Civil do Poder Executivo Federal):
______________________________________________________
(A) as autarquias federais.
(B) as empresas públicas federais. ______________________________________________________
(C) as sociedades de economia mista.
(D) os órgãos do Poder Judiciário. ______________________________________________________
(E) os órgãos e entidades que exerçam atribuições delegadas
pelo poder público. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 ERRADO ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 A
5 C ______________________________________________________

6 A ______________________________________________________
7 C ______________________________________________________
8 D
______________________________________________________

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_____________________________________________________

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38
DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Noções de direito constitucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e garantias fundamentais, direitos e deveres individuais e coletivos, direito social; da união, dos estados, dos municípios; da
administração pública, dos servidores públicos civis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Do poder executivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Princípios do estado de direito, da legalidade, da igualdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Da organização político administrativa. Da organização dos poderes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição no sentido político
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição não
está na Constituição em si, mas nas decisões políticas tomadas
O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial ao ju- antes de sua elaboração. Sendo assim, o conceito de Constitui-
rista no exercício de suas funções, afinal, a partir dele que se ção será estruturado por fatores como o regime de governo e
delineia toda a estrutura do ordenamento jurídico nacional. a forma de Estado vigentes no momento de elaboração da lei
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Constitui- maior. A Constituição é o produto de uma decisão política e va-
ção Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do estudo do riará conforme o modelo político à época de sua elaboração.
Direito Constitucional, impossível compreendê-la sem antes si-
tuar a referida Carta Magna na teoria do constitucionalismo. Constituição no sentido material
A origem do direito constitucional está num movimento de- Pelo conceito material de Constituição, o que define se uma
nominado constitucionalismo. norma será ou não constitucional é o seu conteúdo e não a sua
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo qual mera presença no texto da Carta Magna. Em outras palavras,
se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser limitado, que determinadas normas, por sua natureza, possuem caráter cons-
evoluiu para um movimento jurídico defensor da imposição de titucional. Afinal, classicamente a Constituição serve para limi-
normas escritas de caráter hierárquico superior que deveriam tar e definir questões estruturais relativas ao Estado e aos seus
regular esta limitação de poder. governantes.
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbitrário Pelo conceito material de Constituição, não importa a ma-
fundamenta a noção de norma no ápice do ordenamento jurídi- neira como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas
co, regulamentando a atuação do Estado em todas suas esferas. sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Com-
Sendo assim, inaceitável a ideia de que um homem, o governan- plementar nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma
te, pode ser maior que o Estado. de lei complementar, não de emenda constitucional, mas tem
O objeto do direito constitucional é a Constituição, notada- por finalidade regular questões de inelegibilidade, decorrendo
mente, a estruturação do Estado, o estabelecimento dos limites do §9º do artigo 14 da Constituição Federal. A inelegibilidade
de sua atuação, como os direitos fundamentais, e a previsão de de uma pessoa influencia no fator sufrágio universal, que é um
normas relacionadas à ideologia da ordem econômica e social. direito político, logo, um direito fundamental. A Lei da Ficha
Este objeto se relaciona ao conceito material de Constituição. Limpa, embora prevista como lei complementar, na verdade re-
No entanto, há uma tendência pela ampliação do objeto de gula o que na Constituição seria chamado de elemento limitati-
estudo do Direito Constitucional, notadamente em países que vo. Para o conceito material de Constituição, trata-se de norma
adotam uma Constituição analítica como o Brasil. constitucional.
Pelo conceito material de Constituição, não importa a ma-
Conceito de Constituição neira como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas
É delicado definir o que é uma Constituição, pois de forma sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Com-
pacífica a doutrina compreende que este conceito pode ser vis- plementar nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma
to sob diversas perspectivas. Sendo assim, Constituição é muito de lei complementar, não de emenda constitucional, mas tem
mais do que um documento escrito que fica no ápice do orde- por finalidade regular questões de inelegibilidade, decorrendo
namento jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e do §9º do artigo 14 da Constituição Federal. A inelegibilidade
organização do Estado, mas tem um significado intrínseco socio- de uma pessoa influencia no fator sufrágio universal, que é um
lógico, político, cultural e econômico. direito político, logo, um direito fundamental. A Lei da Ficha
Limpa, embora prevista como lei complementar, na verdade re-
Constituição no sentido sociológico gula o que na Constituição seria chamado de elemento limitati-
O sentido sociológico de Constituição foi definido por Ferdi- vo. Para o conceito material de Constituição, trata-se de norma
nand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é elaborada constitucional.
tem como perspectiva os fatores reais de poder na sociedade.
Neste sentido, aponta Lassale1: “Colhem-se estes fatores reais
de poder, registram-se em uma folha de papel, [...] e, a partir Constituição no sentido formal
desse momento, incorporados a um papel, já não são simples Como visto, o conceito de Constituição material pode abran-
fatores reais do poder, mas que se erigiram em direito, em ins- ger normas que estejam fora do texto constitucional devido ao
tituições jurídicas, e quem atentar contra eles atentará contra conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no sentido formal é
a lei e será castigado”. Logo, a Constituição, antes de ser nor- definida exclusivamente pelo modo como a norma é inserida no
ma positivada, tem seu conteúdo delimitado por aqueles que ordenamento jurídico, isto é, tudo o que constar na Constituição
possuem uma parcela real de poder na sociedade. Claro que o Federal em sua redação originária ou for inserido posteriormen-
texto constitucional não explicitamente trará estes fatores reais te por emenda constitucional é norma constitucional, indepen-
de poder, mas eles podem ser depreendidos ao se observar fa- dentemente do conteúdo.
vorecimentos implícitos no texto constitucional. Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter ma-
terialmente constitucional, seja formalmente constitucional,
apenas por estar inserida no texto da Constituição Federal. Por
exemplo, o artigo 242, §2º da CF prevê que “o Colégio Pedro II,
localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita
federal”. Ora, evidente que uma norma que trata de um colégio
1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 6. ed. Rio de Janei- 2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de Francisco
ro: Lumen Juris, 2001. Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003.

1
DIREITO CONSTITUCIONAL
não se insere nem em elementos organizacionais, nem limitati- c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação entre
vos e nem socioideológicos. Trata-se de norma constitucional no Poder Executivo e Poder Legislativo no exercício das funções do
sentido formal, mas não no sentido material. Estado, como maior ou menor independência e colaboração en-
Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e do Co- tre eles. Pode ser Parlamentarismo ou Presidencialismo, sendo
légio Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição Federal de que o Brasil adota o Presidencialismo.
1988 e no sistema jurídico brasileiro como um todo não há per- d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de po-
feita correspondência entre regras materialmente constitucio- der, como o governante se ascende ao Poder. Se houver legiti-
nais e formalmente constitucionais. mação popular, há Democracia, se houver imposição em detri-
mento do povo, há Autocracia.
Constituição no sentido jurídico
Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de Elementos Limitativos
Constituição alocando-a no mundo do dever ser. A função primordial da Constituição não é apenas definir e
Ao tratar do dever ser, Kelsen3 argumentou que somente estruturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limi-
existe quando uma conduta é considerada objetivamente obri- tes à atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo o
gatória e, caso este agir do dever ser se torne subjetivamente que bem entender, se sujeitando a determinados limites.
obrigatório, surge o costume, que pode gerar a produção de As normas de direitos fundamentais – categoria que abran-
normas morais ou jurídicas; contudo, somente é possível impor ge direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais e direi-
objetivamente uma conduta por meio do Direito, isto é, a lei que tos coletivos – formam o principal fator limitador do Poder do
estabelece o dever ser. Estado, afinal, estabelecem até onde e em que medida o Estado
Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kelsen4 poderá interferir na vida do indivíduo.
entendeu que é preciso uma correspondência mínima entre a
conduta humana e a norma jurídica imposta, logo, para ser vigen- Elementos Socioideológicos
te é preciso ser eficaz numa certa medida, considerando eficaz a Os elementos socioideológicos de uma Constituição são
norma que é aceita pelos indivíduos de tal forma que seja pouco aqueles que trazem a principiologia da ordem econômica e so-
violada. Trata-se de noção relacionada à de norma fundamental
cial.
hipotética, presente no plano lógico-jurídico, fundamento lógico-
-transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva.
Ciclos constitucionais: o movimento do constitucionalismo
No entanto, o que realmente confere validade é o posicio-
namento desta norma de dever ser na ordem jurídica e a quali-
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo qual
dade desta de, por sua posição hierarquicamente superior, es-
se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser limitado, que
truturar todo o sistema jurídico, no qual não se aceitam lacunas.
evoluiu para um movimento jurídico defensor da imposição de
Kelsen5 definiu o Direito como ordem, ou seja, como um
normas escritas de caráter hierárquico superior que deveriam
sistema de normas com o mesmo fundamento de validade – a
regular esta limitação de poder.
existência de uma norma fundamental. Não importa qual seja
o conteúdo desta norma fundamental, ainda assim ela confe- A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbitrário
rirá validade à norma inferior com ela compatível.Esta norma fundamenta a noção de norma no ápice do ordenamento jurídi-
fundamental que confere fundamento de validade a uma ordem co, regulamentando a atuação do Estado em todas suas esferas.
jurídica é a Constituição. Sendo assim, inaceitável a ideia de que um homem, o governan-
Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a presença te, pode ser maior que o Estado.
de um escalonamento de normas no ordenamento jurídico, sen-
do que a Constituição fica no ápice desta pirâmide. Lei natural como primeiro limitador do arbítrio estatal

Elementos da Constituição A ideia de limitação do arbítrio estatal, em termos teóricos,


Outra noção relevante é a dos elementos da Constituição. começa a ser delineada muito antes do combate ao absolutis-
Basicamente, qualquer norma que se enquadre em um dos se- mo renascentista em si. Neste sentido, remonta-se à literatura
guintes elementos é constitucional: grega. Na obra do filósofo Sófocles intitulada Antígona, a perso-
nagem se vê em conflito entre seguir o que é justo pela lei dos
Elementos Orgânicos homens em detrimento do que é justo por natureza quando o
Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notadamen- rei Creonte impõe que o corpo de seu irmão não seja enterrado
te no que tange a: porque havia lutado contra o país. Neste sentido, a personagem
a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder entre Antígona defende, ao ser questionada sobre o descumprimento
governantes e governados. Se há eletividade e temporariedade da ordem do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus; e a Justiça,
de mandato, tem-se a forma da República, se há vitaliciedade e a deusa que habita com as divindades subterrâneas, jamais es-
hereditariedade, tem-se Monarquia. tabeleceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito que
b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido de tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mortal
forma centralizada numa unidade (União), o chamado Estado o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém irre-
Unitário, ou descentralizada entre demais entes federativos vogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eter-
(União e Estados, classicamente), no denominado Estado Fede- nas, sim! E ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos
ral. O Brasil adota a forma Federal de Estado. como o que proclamaste, eu, que não temo o poder de homem
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João Baptista
algum, posso violar sem merecer a punição dos deuses! [...]”.
Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 08-10. Em termos de discussão filosófica, muito se falou a respeito
4 Ibid., p. 12. do Direito Natural, limitador do arbítrio estatal, antes da ascen-
5 Ibid., p. 33. são do absolutismo. Desde a filosofia grega clássica, passando

2
DIREITO CONSTITUCIONAL
pela construção da civilização romana com o pensamento de Cí- Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma
cero, culminando no pensamento da Idade Média fundado no autocrática, baseados na teoria política desenvolvida até então
cristianismo, notadamente pelo pensamento de Santo Agosti- que negava a exigência do respeito ao Direito Natural no espaço
nho e Santo Tomás de Aquino. No geral, compreende-se a exis- público. Somente num momento histórico posterior se permitiu
tência de normas transcendentais que não precisam ser escritas algum resgate da aproximação entre a Moral e o Direito, qual
para que devam ser consideradas existentes e, mais do que isso, seja o da Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o
consolida-se a premissa de que norma escrita contrária à lei na- movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as Revolu-
tural não poderia ser norma válida. ções Francesa e Industrial – ainda assim a visão antropocentrista
“A estes princípios, que são dados e não postos por conven- permaneceu, mas começou a se consolidar a ideia de que não
ção, os homens têm acesso através da razão comum a todos, e era possível que o soberano impusesse tudo incondicionalmente
são estes princípios que permitem qualificar as condutas huma- aos seus súditos.
nas como boas ou más – uma qualificação que promove uma
contínua vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Di- Iluminismo e o pensamento contratualista
reito e Moral”. Sendo assim, pela concepção de Direito Natural
se funda o primeiro elemento axiológico do constitucionalismo, O Iluminismo lançou base para os principais eventos que
que é a limitação do arbítrio estatal. ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as
Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem
Ascensão do absolutismo nestes movimentos todos os principais fatos do século XIX e do
início do século XX, por exemplo, a disseminação do liberalismo
As origens históricas do constitucionalismo remetem-se à burguês, o declínio das aristocracias fundiárias e o desenvolvi-
negação do absolutismo, ao enfrentamento da ideia de que o mento da consciência de classe entre os trabalhadores[4].
rei, soberano, tudo poderia fazer quanto aos seus súditos. Jonh Locke (1632 D.C. - 1704 D.C.) foi um dos pensadores da
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a monar- época, transportando o racionalismo para a política, refutando
quia da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabelecer no o Estado Absolutista, idealizando o direito de rebelião da socie-
início do século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar da forma-
dade civil e afirmando que o contrato entre os homens não reti-
ção da monarquia inglesa, em 1215 os barões feudais ingleses,
raria o seu estado de liberdade. Ao lado dele, pode ser colocado
em uma reação às pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-
Montesquieu (1689 D.C. - 1755 D.C.), que avançou nos estudos
-Terra, impuseram-lhe a Magna Carta. Referido documento, em
de Locke e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo
sua abertura, expõe a noção de concessão do rei aos súditos,
a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
estabelece a existência de uma hierarquia social sem conceder
Por fim, merece menção o pensador Rousseau (1712 D.C. - 1778
poder absoluto ao soberano, prevê limites à imposição de tribu-
D.C.), defendendo que o homem é naturalmente bom e formu-
tos e ao confisco, constitui privilégios à burguesia e traz proce-
lando na obra O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita
dimentos de julgamento ao prever conceitos como o de devido
pela pequena burguesia e pelas camadas populares face ao seu
processo legal, habeas corpus e júri. A Magna Carta de 1215
instituiu ainda um Grande Conselho que foi o embrião para o caráter democrático. Enfim, estes três contratualistas trouxe-
Parlamento inglês, embora isto não signifique que o poder do ram em suas obras as ideias centrais das Revoluções Francesa
rei não tenha sido absoluto em certos momentos, como na di- e Americana. Em comum, defendiam que o Estado era um mal
nastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de Direito. necessário, mas que o soberano não possuía poder divino/ab-
Com efeito, em termos documentais, a Magna Carta de 1215 já soluto, sendo suas ações limitadas pelos direitos dos cidadãos
indicava uma ideia contemporânea de constitucionalismo que submetidos ao regime estatal. No entanto, Rousseau era o pen-
viria a surgir – a de norma escrita com fulcro de limitadora do sador que mais se diferenciava dos dois anteriores, que eram
Poder Estatal. mais individualistas e trouxeram os principais fundamentos do
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profunda- Estado Liberal, porque defendia a entrega do poder a quem re-
mente pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro almente estivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que
do universo, ocupando o espaço de Deus. Naturalmente, as pre- mais se aproxima da atual concepção de democracia.
missas da lei natural passaram a ser questionadas, já que geral- Com efeito, o texto constitucional tem a aptidão de exte-
mente se associavam à dimensão do divino. A negação plena da riorizar, dogmatizar, este contrato social celebrado entre a so-
existência de direitos inatos ao homem implicava em conferir ciedade e o Estado. Neste sentido, a Declaração Francesa dos
um poder irrestrito ao soberano, o que gerou consequências Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 foi o primeiro passo
que desagradavam a burguesia. Não obstante, falava-se em Di- escrito para o estabelecimento de uma Constituição Escrita na
reito Natural do soberano de fazer o que bem entendesse, por França, datada de 1791; ao passo que a Constituição dos Estados
sua herança divina do poder. Unidos da América foi estabelecida em 1787, estando até hoje
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 D.C. - 1527 D.C.) con- vigente com poucas emendas, notadamente por se tratar de tex-
siderada um marco para o pensamento absolutista, relata com to sintético com apenas 7 artigos.
precisão este contexto no qual o poder do soberano poderia se
sobrepor a qualquer direito alegadamente inato ao ser humano Rumos do constitucionalismo
desde que sua atitude garantisse a manutenção do poder. Ma-
quiavel[3] considera “na conduta dos homens, especialmente A partir dos mencionados eventos históricos, o constitucio-
dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os nalismo alçou novos rumos. Hoje, é visto não apenas como fator
meios. Portanto, se um príncipe pretende conquistar e manter de limitação do Poder Estatal, mas como verdadeiro vetor social
o poder, os meios que empregue serão sempre tidos como hon- que guia à efetivação de direitos e garantias fundamentais e que
rosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as busca a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
aparências e os resultados”.

3
DIREITO CONSTITUCIONAL
Histórico das Constituições Brasileiras Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 10 de novem-
bro de 1937
Constituição Política do Império do Brasil de 25 de março Sob o argumento de que um golpe comunista estaria se
de 1824 infiltrando no país (plano Cohen), Getúlio Vargas ab-rogou a
Trata-se do texto constitucional outorgado pelo imperador Constituição de 1934 e outorgou a Carta de 1937. Sendo assim,
Dom Pedro I após a independência brasileira em 07 de setembro trata-se de Constituição outorgada, fruto da concepção ideoló-
de 1822. Inicialmente, o imperador havia chamado os represen- gica totalitária do integralismo. Esta Constituição foi apelidada
tantes da província para discutirem o seu texto, mas dissolveu a de polaca, por ser influenciada pela Constituição totalitária da
Assembleia e nomeou pessoas que elaboraram a Carta que pos- Polônia e por sua origem espúria, não genuína.
teriormente ele outorgou. O federalismo foi mantido na teoria, mas na prática o que
Uma de suas principais características é a criação de um se percebia era a intervenção crescente da União nos Estados-
Poder Moderador, exercido pelo imperador, que controlava -membros pela nomeação dos interventores federais. Também
os demais poderes, conforme o artigo 98 da referida Carta: “O a separação dos poderes se torna uma falácia, mediante a trans-
Poder Moderador é a chave de toda a organização Política, e é ferência de ampla competência legislativa ao Presidente e a con-
delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo ferência de poder a este para dissolver a Câmara dos Deputados
da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessante- e colocar em recesso o Conselho Federal. Neste sentido, na vi-
mente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, gência desta Carta a atividade legislativa passou a se dar predo-
e harmonia dos mais Poderes Políticos”. Sendo assim, criava um minantemente pelos decretos-leis (ato legislativo do Presidente
Estado imperial, unitário (centralizado no imperador). com força de lei federal), restando em recesso o Congresso Na-
Foi a que por mais tempo vigorou no Brasil – 65 anos. Era cional.
semirrígida, criando procedimentos diversos de alteração das
normas constitucionais (única brasileira que teve esta caracte- Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 18 de setem-
rística). Estabelecia o catolicismo como religião oficial (Estado bro de 1946
confessional). Não permitia que todos votassem, mas apenas os Em 29 de outubro de 1945 um golpe militar derrubou a dita-
que demonstrassem certa renda (sufrágio censitário). dura de Vargas, depondo o então Presidente, que havia iniciado
tentativas de restabelecer a alternância de poder, como a auto-
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de rização de funcionamento dos partidos políticos, mas que após
24 de fevereiro de 1891 uma onda de manifestações para sua permanência parecia relu-
Foi promulgada por representantes reunidos em Congresso tante (queremismo). Ao final de 1945 foram realizadas eleições
Constituinte, presididos pelo primeiro presidente civil do Brasil diretas, que levaram ao poder o General Eurico Gaspar Dutra,
(Estado presidencialista), Prudente de Moraes, após a queda do candidato do Partido Social Democrático contra o candidato da
Império, diante da proclamação da República em 15 de novem- União Democrática Nacional, Brigadeiro Eduardo Gomes.
bro de 1889. Foi convocada Assembleia Nacional Constituinte que pro-
Em termos de modelo político, se inspirou no norte-ameri- mulgou a Constituição de 1946 e restabeleceu o Estado Demo-
cano, recentemente adotado após a independência das 13 colô- crático de Direito, devolvendo autonomia aos Estados-membros.
nias, denominado Estado federalista. Quanto ao modelo filosófi- Mantém o Estado presidencialista, republicano, federal e
co, seguiu o positivismo de Augusto Comte (do qual se extraiu o laico. Logo, o federalismo e a separação dos poderes deixam de
lema “Ordem e Progresso”. ser mera fachada.
O Estado deixa de ser confessional, não mais tendo a reli- Nos anos 50, realizam-se eleições livres e diretas que recon-
gião católica como oficial, se tornando um Estado laico. duzem Getúlio ao poder, mas agora ele assume num contexto
não ditatorial, com Poder Legislativo funcionando e Estados-
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de -membros independentes. Na tentativa de eliminar esta oposi-
16 de julho de 1934 ção, Getúlio organiza atentado contra seu líder, Carlos Lacerda,
Promulgada por uma Assembleia Nacional Constituinte que é frustrado. Após, em 1955, Getúlio se suicida no palácio
reunida no Rio de Janeiro, a qual elegeu indiretamente Getúlio do catete.
Vargas como Presidente da República. Decorreu de um delicado Então, é eleito Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que cum-
contexto histórico, após a quebra da Bolsa de Nova Iorque em pre com o propósito de transferir a capital do país ao planal-
1929, entrando em crise a política do café com leite segundo a to central (Brasília). Após seu mandato, é eleito Jânio da Silva
qual a indicação do Presidente deveria se revezar entre mineiros Quadros, que renuncia numa tentativa de obter mais poderes
e paulistas. O paulista Washington Luís, em vez de respeitar a porque imaginava que o Congresso se oporia à sua renúncia
ordem, indicou outro paulista, Júlio Prestes, levando os mineiros para evitar que João Goulart, seu vice, assumisse. Contudo, a
a lançarem candidato de oposição, Getúlio Vargas. Com a Revo- renúncia foi aceita, emendando-se a Constituição para colocar
lução de 1930, Washington Luís foi deposto e, após a derrota de João Goulart na posição de chefe de Estado e Tancredo Neves
São Paulo na Revolução Constitucionalista de 1932, entendeu-se na de chefe de governo, mudança que foi rejeitada em plebiscito
que seria necessário elaborar uma nova Constituição. posterior, passando João Goulart a concentrar as duas funções
Mantém o Estado presidencialista, republicano, federal e no cargo de Presidente da República.
laico. A alteração mais sensível quanto à Constituição anterior
consistiu na instauração do constitucionalismo social, garantin- Constituição da República Federativa do Brasil de 24 de ja-
do expressamente os direitos fundamentais de segunda dimen- neiro de 1967
são ao criar a Justiça do Trabalho, colacionar os direitos sociais e Diante de iniciativas de João Goulart contra os interesses
assegurar a educação fundamental gratuita, bem como estabe- militares, é dado golpe em 31 de março de 1964, a princípio
lecendo o direito de voto da mulher. apoiado pela população. Então, os militares outorgam ato ins-

4
DIREITO CONSTITUCIONAL
titucional pelo qual se revestem de poder normativo, passam a mais autoritário da história política do Brasil. Tomará, porém,
poder caçar parlamentares, suspender direitos políticos, restrin- as ruas, a partir da eleição de Governadores em 1982. Intensifi-
gir direitos e garantias e requerer nomeação de Presidente da car-se-á, quando, no início de 1984, as multidões acorreram en-
República ao Congresso Nacional, findando as eleições diretas e tusiásticas e ordeiras aos comícios em prol da eleição direta do
livres. O segundo ato institucional põe o Congresso em recesso Presidente da República, interpretando o sentimento da Nação,
e extingue partidos políticos. em busca do reequilíbrio da vida nacional, que só poderia con-
Este Congresso somente é ressuscitado para votar a Cons- substanciar-se numa nova ordem constitucional que refizesse o
tituição enviada pelo Presidente, homologando-a sem qualquer pacto político-social”7.
autonomia. A Constituição é, assim, promulgada, mas não de A atual Constituição institucionaliza a instauração de um re-
forma democrática. Logo, pode ser considerada imposta, outor- gime político democrático no Brasil, além de introduzir indiscu-
gada. tível avanço na consolidação legislativa dos direitos e garantias
Em termos meramente teóricos, a Constituição de 1967 fundamentais e na proteção dos grupos vulneráveis brasileiros.
mantinha o Estado presidencialista, republicano, federal e laico. Assim, a partir da Constituição de 1988 os direitos humanos ga-
Contudo, de forma inegável concentrava os poderes na União e nharam relevo extraordinário, sendo este documento o mais
no Poder Executivo. Em verdade, a Constituição permitia esta abrangente e pormenorizado de direitos fundamentais já ado-
concentração e intervenção, mas ela era regulamentada por ado no Brasil8.
meio dos atos institucionais, que reformavam a Constituição e Piovesan9 lembra que o texto de 1988 inova ao disciplinar
derrogavam seus dispositivos. primeiro os direitos e depois questões relativas ao Estado, dife-
Entre os atos institucionais, destaca-se o denominado ato rente das demais, o que demonstra a prioridade conferida a es-
institucional nº 5, pelo qual continuaria em vigor a Constituição tes direitos. Logo, na Constituição de 1988, o Estado não existe
no que não contrariasse este ato, sendo que ele estabelecia uma para o governo, mas sim para o povo.
restrição sem precedentes dos direitos individuais e políticos. O Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 foi promulga-
AI nº 5 foi uma resposta ao movimento de contestação ao siste- da, adotando um Estado presidencialista, republicano, federal e
ma político que se fortalecia. laico. Destaca-se que a escolha pela forma e pelo sistema de go-
Em 17 de outubro de 1969 sobrevém a Emenda Constitucio- verno foi feita pela participação direta do povo mediante plebis-
nal nº 1/69, que altera a Constituição de 1967 de forma subs- cito realizado em 21 de abril de 1963, concernente à aprovação
tancial, a ponto de ser considerada por parte da doutrina e pelo ou rejeição de Emenda Constitucional que adaptaria a Constitui-
próprio Supremo Tribunal Federal como Constituição autônoma. ção ao novo modelo. A maioria votou pelo sistema republicano
Entre outras disposições, legalizava a pena de morte, a pena de e pelo regime presidencialista, mantendo a estrutura da Consti-
banimento e validava os atos institucionais. Sendo assim, distan- tuição de 1988.
ciava ainda mais o país do modelo democrático.
A Constituição Federal de 1988 adota a seguinte estrutura:
Histórico e Estrutura da Constituição Federal de 1988
- PREÂMBULO, que tem a função introdutória ao texto cons-
O início da redemocratização do Brasil se deu no governo titucional, exteriorizando a ideologia majoritária da constituinte
Geisel, que assumiu a presidência em março de 1974 prome- e que, sem dúvidas, tem importância por ser um elemento de
tendo dar início a um processo de redemocratização gradual e interpretação. Há posição que afirme que o preâmbulo tem for-
seguro, denominado distensão. A verdade é que a força militar ça normativa, da mesma forma que existe posição em sentido
estava desgastada e nem ao menos era mais viável manter o contrário.
rigoroso controle exercido na ditadura. A era do chamado “mila- - DISPOSIÇÕES PERMANENTES, divididas em títulos:
gre econômico” chegava ao fim, desencadeando-se movimentos Título I – Dos princípios fundamentais;
de greve em todo país. Logo, não se tratou de ato nobre ou de Título II – Dos direitos e garantias fundamentais;
boa vontade de Geisel ou dos militares. Título III – Da organização do Estado;
No governo Geisel, é promulgada a Emenda Constitucional Título IV – Da organização dos Poderes;
nº 11 à Constituição de 1967, revogando os atos institucionais. Título V – Da defesa do Estado e das instituições democrá-
No início do governo seguinte, de Figueiredo, é promulgada a Lei ticas;
da Anistia, retornando os banidos ao Brasil. Título VI – Da tributação e do orçamento;
A primeira eleição neste contexto de redemocratização foi Título VII – Da ordem econômica e financeira;
indireta, vencida por Tancredo Neves, que adoeceu antes de as- Título VIII – Da ordem social;
sumir, passando a posição a José Sarney. No governo Sarney foi Título IX –Das disposições constitucionais gerais.
convocada a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constitui- - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS, que traz disposições de direi-
ção Federal de 1988. to intertemporal que têm por finalidade básica regulamentar a
Com efeito, após um longo período de 21 anos, o regime mi- transição de um sistema constitucional para outro.
litar ditatorial no Brasil caiu, deflagrando-se num processo de-
mocrático. As forças de oposição foram beneficiadas neste pro- Além disso, também compõem o bloco de constitucionali-
cesso de abertura, conseguindo relevantes conquistas sociais e dade em sentido estrito, isto é, são consideradas normas cons-
políticas, processo que culminou na Constituição de 19886. titucionais:
“A luta pela normalização democrática e pela conquista do
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25.
Estado de Direito Democrático começará assim que instalou o ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
golpe de 1964 e especialmente após o AI5, que foi o instrumento 8 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Inter-
6 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Inter- nacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 21-37.
nacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 21-37. 9 Ibid., p. 21-37.

5
DIREITO CONSTITUCIONAL
- EMENDAS CONSTITUCIONAIS, que decorrem do Poder Quanto à função
Constituinte derivado, reformando o texto constitucional. a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notadamen-
- TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVADOS NOS te para limitar o poder do Estado.
MOLDES DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004 (art. 5º, b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da limita-
§2º, CF), isto é, como se emenda constitucional fosse, em 2 tur- ção do poder do Estado, definindo um projeto de Estado a ser
nos no Congresso Nacional por 3/5 do total dos membros de alcançado. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente.
cada Casa.
Quanto à origem
Classificação das Constituições a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo agen-
Por fim, ressaltam-se as denominadas classificações das te revolucionário. A Constituição outorgada é denominada como
Constituições: Carta.
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo também co-
Quanto à forma nhecida como democrática ou popular. Decorre do trabalho de
a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo para em
escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta quali- nome dele atuar (legitimação popular). A Constituição promul-
dade. Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas, gada é denominada Constituição, enquadrando-se nesta catego-
a Constituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimi- ria a Constituição brasileira de 1988.
tando em detalhes questões que muitas vezes excedem mes- Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outorgada,
mo o conceito material de Constituição, a Constituição escrita é mas também não é promulgada. Se dá quando um projeto do
analítica. Firma-se a adoção de um sistema conhecido como Civil agente revolucionário é posto para votação do povo, que mera-
Law. O Brasil adota uma Constituição escrita analítica. mente ratifica a vontade do detentor do poder.
b) Não escrita – Não significa que não existam normas escri-
tas que regulem questões constitucionais, mas que estas normas Quanto à dogmática
não estão concentradas num único texto e que nem ao menos a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia.
dependem desta previsão expressa devido à possível origem em b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo ideo-
outros fatores sociais, como costumes. Por isso, a Constituição logias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclética.
não escrita é conhecida como costumeira. É adotada por países Classificação das Constituições
como Reino Unido, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Cons- Por fim, ressaltam-se as denominadas classificações das
tituição, o sistema jurídico se estruturará no chamado Common Constituições:
Law (Direito costumeiro), exteriorizado no Case Law (sistema de
precedentes). Quanto à forma
a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto
Quanto ao modo de elaboração escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta quali-
a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são ela- dade. Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas,
boradas num só ato a partir de concepções pré-estabelecidas a Constituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimi-
e ideologias já declaradas. A Constituição brasileira de 1988 é tando em detalhes questões que muitas vezes excedem mes-
dogmática. mo o conceito material de Constituição, a Constituição escrita é
b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, eis analítica. Firma-se a adoção de um sistema conhecido como Civil
que o seu processo de formação é lento e contínuo com o passar Law. O Brasil adota uma Constituição escrita analítica.
dos tempos. b) Não escrita – Não significa que não existam normas escri-
tas que regulem questões constitucionais, mas que estas normas
Quanto à estabilidade não estão concentradas num único texto e que nem ao menos
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo legislativo dependem desta previsão expressa devido à possível origem em
mais árduo. outros fatores sociais, como costumes. Por isso, a Constituição
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defendida não escrita é conhecida como costumeira. É adotada por países
por parte da doutrina, além de ter um processo legislativo dife- como Reino Unido, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Cons-
renciado para emendas constitucionais, tem certas normas que tituição, o sistema jurídico se estruturará no chamado Common
não podem nem ao menos ser alteradas – denominadas cláusula Law (Direito costumeiro), exteriorizado no Case Law (sistema de
pétreas. precedentes).
A Constituição brasileira de 1988 pode ser considerada rí-
gida. Pode ser também vista como super-rígida aos que defen- Quanto ao modo de elaboração
dem esta subclassificação. a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são ela-
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo mais boradas num só ato a partir de concepções pré-estabelecidas
árduo para a alteração das normas constitucionais, utilizando-se e ideologias já declaradas. A Constituição brasileira de 1988 é
o mesmo processo das normas infraconstitucionais. dogmática.
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quanto fle- b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, eis
xível, pois parte de suas normas precisam de processo legislativo que o seu processo de formação é lento e contínuo com o passar
especial para serem alteradas e outra parte segue o processo dos tempos.
legislativo comum.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Quanto à estabilidade Princípio da igualdade entre homens e mulheres:
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo legislativo I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
mais árduo. nos termos desta Constituição;
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defendida
por parte da doutrina, além de ter um processo legislativo dife- Princípio da legalidade e liberdade de ação:
renciado para emendas constitucionais, tem certas normas que II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
não podem nem ao menos ser alteradas – denominadas cláusula coisa senão em virtude de lei;
pétreas.
A Constituição brasileira de 1988 pode ser considerada rí- Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento
gida. Pode ser também vista como super-rígida aos que defen- desumano e degradante:
dem esta subclassificação. III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo mais desumano ou degradante;
árduo para a alteração das normas constitucionais, utilizando-se
o mesmo processo das normas infraconstitucionais. Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quanto fle- anonimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela
xível, pois parte de suas normas precisam de processo legislativo veiculação de ideias e práticas prejudiciais:
especial para serem alteradas e outra parte segue o processo IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
legislativo comum. anonimato;

Quanto à função Direito de resposta e indenização:


a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notadamen- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra-
te para limitar o poder do Estado. vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da limita-
ção do poder do Estado, definindo um projeto de Estado a ser Liberdade religiosa e de consciência:
alcançado. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
Quanto à origem do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo agen- na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
te revolucionário. A Constituição outorgada é denominada como VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis-
Carta. tência religiosa nas entidades civis e militares de internação co-
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo também co- letiva;
nhecida como democrática ou popular. Decorre do trabalho de VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo para em religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invo-
nome dele atuar (legitimação popular). A Constituição promul- car para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-
gada é denominada Constituição, enquadrando-se nesta catego- -se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
ria a Constituição brasileira de 1988.
Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outorgada, Liberdade de expressão e proibição de censura:
mas também não é promulgada. Se dá quando um projeto do IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
agente revolucionário é posto para votação do povo, que mera- científica e de comunicação, independentemente de censura ou
mente ratifica a vontade do detentor do poder. licença;

Quanto à dogmática Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:


a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo ideo- imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
logias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclética. dano material ou moral decorrente de sua violação;

Proteção do domicílio do indivíduo:


XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, DIREITOS E
DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITO SOCIAL; DA dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
UNIÃO, DOS ESTADOS, DOS MUNICÍPIOS; DA ADMINIS- de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, du-
TRAÇÃO PÚBLICA, DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. rante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de
2015) (Vigência).

— Direitos e deveres individuais e coletivos Proteção do sigilo das comunicações:


Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aque- XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-
les previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal. cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na for-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- ma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

7
DIREITO CONSTITUCIONAL
Liberdade de profissão: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro- e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas ativida-
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabe- des desportivas;
lecer; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
Acesso à informação: intérpretes e às respectivas representações sindicais e associa-
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- tivas;
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissio- XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
nal; privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir: empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interes-
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de se social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens; Direito de herança:
XXX - é garantido o direito de herança;
Direito de reunião: XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
locais abertos ao público, independentemente de autorização, filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada pessoal do “de cujus”;
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autori-
dade competente; Direito do consumidor:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
Liberdade de associação: consumidor;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ve-
dada a de caráter paramilitar; Direito de informação, petição e obtenção de certidão jun-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo- to aos órgãos públicos:
perativas independem de autorização, sendo vedada a interfe- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
rência estatal em seu funcionamento; formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis- ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de res-
solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindí-
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; vel à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per- Lei nº 12.527, de 2011).
manecer associado; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa-
XXI - as entidades associativas, quando expressamente au- gamento de taxas:
torizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judi- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
cial ou extrajudicialmente; direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de-
Direito de propriedade e sua função social: fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pes-
XXII - é garantido o direito de propriedade; soal;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do
Intervenção do Estado na propriedade: controle jurisdicional:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropria- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
ção por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, lesão ou ameaça a direito;
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição; Segurança jurídica:
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídi-
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao co perfeito e a coisa julgada;
proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurí-
Pequena propriedade rural: dico de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, ou tolhido.
desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produ- definitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente.
tiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvol- Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
vimento; tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não poden-
do, portanto, ser modificada.
Direitos autorais:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos her-
deiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Tribunal de exceção: Proibição de penas:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XLVII – não haverá penas:
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusi- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
vamente para o julgamento de um fato específico já acontecido, do art. 84, XIX;
onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constitui- b) de caráter perpétuo;
ção veda tal prática, pois todos os casos devem se submeter a c) de trabalhos forçados;
julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas d) de banimento;
competências pré-fixadas. e) cruéis.

Tribunal do Júri: Estabelecimentos para cumprimento de pena:


XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organiza- XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distin-
ção que lhe der a lei, assegurados: tos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
a) a plenitude de defesa; apenado;
b) o sigilo das votações; Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:
c) a soberania dos veredictos; XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade fí-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con- sica e moral;
tra a vida;
Direito de permanência e amamentação dos filhos
Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroativida- pela presidiária mulher:
de da lei penal: L – às presidiárias serão asseguradas condições para que
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena possam permanecer com seus filhos durante o período de ama-
sem prévia cominação legal; mentação;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Extradição:
Princípio da não discriminação: LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturaliza-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di- do, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização,
reitos e liberdades fundamentais; ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins, na forma da lei;
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de gra- LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime
ça e anistia: político ou de opinião;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; Direito ao julgamento pela autoridade competente
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela
de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entor- autoridade competente;
pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e Devido Processo Legal:
os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento). LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de sem o devido processo legal;
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucio-
nal e o Estado Democrático. Contraditório e a ampla defesa:
• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado De- aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
mocrático; defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia:
Prática de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terroris- Provas ilícitas:
mo e crimes hediondos. LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;
Princípio da intranscendência da pena:
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, po- Presunção de inocência:
dendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdi- LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em
mento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores julgado de sentença penal condenatória;
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido; Identificação criminal:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a iden-
Individualização da pena: tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regula-
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, mento).
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; Ação Privada Subsidiária da Pública:
b) perda de bens; LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
c) multa; se esta não for intentada no prazo legal;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

9
DIREITO CONSTITUCIONAL
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça: Mandado de Injunção:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a fal-
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o ta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di-
exigirem; reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Legalidade da prisão:
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por Habeas data:
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária compe- LXXII – conceder-se-á habeas data:
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria- a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
mente militar, definidos em lei; à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
Comunicabilidade da prisão: b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à famí-
lia do preso ou à pessoa por ele indicada; Ação Popular:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
Informação ao preso: ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da ônus da sucumbência;
família e de advogado;
Assistência Judiciária:
Identificação dos responsáveis pela prisão: LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gra-
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
Indenização por erro judiciário:
Relaxamento da prisão ilegal: LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela au- assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
toridade judiciária;
Gratuidade de serviços públicos:
Garantia da liberdade provisória: LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quan- forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
do a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
Prisão civil: LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon- data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cida-
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obriga- dania (Regulamento).
ção alimentícia e a do depositário infiel;
Princípio da Celeridade Processual:
Habeas corpus: LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém assegurados a razoável duração do processo e os meios que ga-
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em rantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Constitucional nº 45, de 2004).

Mandado de Segurança: Aplicabilidade das normas de direitos e garantias funda-


LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger mentais:
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou ha- § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
beas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de mentais têm aplicação imediata.
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias
exercício de atribuições do Poder Público; fundamentais são autoaplicáveis.
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por: Rol é exemplificativo:
a) partido político com representação no Congresso Nacio- § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
nal; excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
b) organização sindical, entidade de classe ou associação adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Fe-
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um derativa do Brasil seja parte.
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxati-
vo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos
não excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de
princípios constitucionais, do regime democrático, ou de trata-
dos internacionais.

10
DIREITO CONSTITUCIONAL
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Huma- Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
nos III – fundo de garantia do tempo de serviço;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na- Salário mínimo:
cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifica-
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (In- do, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprova- sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
dos na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018). periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de sua vinculação para qualquer fim;
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser
reconhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, Piso salarial:
somente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade
seus membros em dois turnos de votação. do trabalho;

Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacio- Irredutibilidadade do salário:


nal: VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em conven-
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- ção ou acordo coletivo;
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Proteção aos que percebem remuneração variável:
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribu- VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
nal Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribu- que percebem remuneração variável;
nal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em
20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
45/2004, deu a esta adesão força constitucional. O objetivo do VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte-
TPI é identificar e punir autores de crimes contra a humanidade. gral ou no valor da aposentadoria;
— Direitos sociais
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir Remuneração superior por trabalho noturno:
qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi- IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio Proteção do salário contra retenção dolosa:
basilar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF. X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta- sua retenção dolosa;
ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, Participação nos lucros:
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015). remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
empresa, conforme definido em lei;
Do direito ao trabalho
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas Salário-família:
ordens: XII – salário-família pago em razão do dependente do tra-
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; balhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
a 11, CF.
Jornada de Trabalho:
Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles des- XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas
tinados a proteger a relação de trabalho contra uma profunda diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
desigualdade, de modo a compatibilizar a função laboral com a de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou conven-
dignidade e o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossufi- ção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
ciente da relação trabalhista.
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamen-
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além to:
de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrá- Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR):
ria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que pre- XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
verá indenização compensatória, dentre outros direitos; domingos;

Seguro-Desemprego: Pagamentos de horas extras:


II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involun- XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no
tário; mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452,
art. 59 § 1º).

11
DIREITO CONSTITUCIONAL
Férias remuneradas: Proibição de distinção do trabalho:
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técni-
um terço a mais do que o salário normal; co e intelectual ou entre os profissionais respectivos;

Licença à gestante: Trabalho do menor:


XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do sa- XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalu-
lário, com a duração de cento e vinte dias; bre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de qua-
Licença-paternidade: torze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei; de 1998).
• De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de apren-
Proteção da mulher no mercado de trabalho: diz.
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante • De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
incentivos específicos, nos termos da lei; perigoso ou insalubre.
• A partir de 18 anos: Trabalho normal.
Aviso Prévio:
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo Igualdade ao trabalhador avulso:
no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com víncu-
lo empregatício permanente e o trabalhador avulso
Redução dos riscos do trabalho:
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de Empregados domésticos:
normas de saúde, higiene e segurança; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha-
dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII,
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
XXIII – adicional de remuneração para as atividades peno- XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observa-
sas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; da a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias,
principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e
Aposentadoria: suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e
XXIV – aposentadoria; XXVIII, bem como a sua integração à previdência social (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013).
Assistência aos filhos pequenos:
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exer-
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; cidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem:
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais
trabalho: e econômicos.
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea
de trabalho; do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considera-
Proteção em face da automação: dos essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisa-
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei; dos totalmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o
STF (2017) entende que servidores que atuam diretamente na
Seguro contra acidentes de trabalho: área de segurança pública não podem entrar em greve em ne-
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em- nhuma hipótese.
pregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos
quando incorrer em dolo ou culpa; trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públi-
cos em que interesses profissionais ou previdenciários sejam
Ação trabalhista nos prazos prescricionais: objeto de discussão.
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art.
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os tra- 11, CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é asse-
balhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a gurada a eleição de um representante destes com a finalidade
extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os em-
Constitucional nº 28, de 2000). pregadores.

Não discriminação: — Direitos de nacionalidade


XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun- A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado,
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou que pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição
estado civil; da nacionalidade se dá por dois critérios:
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de de- nacional;
ficiência;

12
DIREITO CONSTITUCIONAL
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo Art. 12
nascido no exterior. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elen- os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
ca os direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Re-
grandes grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. visão nº 3, de 1994).

Art. 12 São brasileiros: Perda da Nacionalidade:


I - natos: § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que que:
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
seu país; em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra- II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
Federativa do Brasil; a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei- 3, de 1994).
ra competente ou venham a residir na República Federativa do b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori- ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição
dade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda para permanência em seu território ou para o exercício de direi-
Constitucional nº 54, de 2007). tos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
II - naturalizados: de 1994).
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa Extradição, repatriação, deportação e expulsão
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medi-
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na das do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter- refugiada em seu território a outro Estado estrangeiro.
ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona- Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um
lidade brasileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de ato de cooperação internacional que consiste na entrega de uma
Revisão nº 3, de 1994). pessoa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país
que a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Tam-
Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF) bém não será concedida extradição de estrangeiro por crime
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: político ou de opinião.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; Repatriação é medida administrativa consistente no pro-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; cesso de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de
III - de Presidente do Senado Federal; origem ou de cidadania, por estar impedida de permanecer em
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; território brasileiro após determinado período.
V - da carreira diplomática; A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou es-
VI - de oficial das Forças Armadas. tada irregular de estrangeiros no território nacional e a repatria-
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda ção ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em
Constitucional nº 23, de 1999). território nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária
brasileira.
Naturalização A expulsão consiste em medida administrativa de retirada
A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundá- compulsória de migrante ou visitante do território nacional, con-
ria da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apá- jugada com o impedimento de reingresso por prazo determina-
trida que preencher determinados requisitos. do, configurado pela prática de crimes em território brasileiro.
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julga-
não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele mento no exterior, prática comum na época da ditadura militar,
que tem mais de uma nacionalidade. é vedado pela Constituição.
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de — Direitos políticos
diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de na- Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cida-
turalização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasi- dão na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe
leiros natos e naturalizados. o acesso à condução da coisa pública. Abrangem o poder que
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros qualquer cidadão tem na condução dos destinos de sua coletivi-
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constitui- dade, de uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou
ção. elegendo representantes junto aos poderes públicos.
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo na-
Portugueses: cional é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pres-
Aos portugueses com residência permanente no país serão suposto para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o
atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja status de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o po-
reciprocidade. der participar do processo governamental, sobretudo pelo voto.

13
DIREITO CONSTITUCIONAL
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
popular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secre- cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
to, com valor igual para todos. Ademais, estabelece também os grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governa-
instrumentos de participação semidireta pelo povo. dor de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práti- ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
cos, é feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma con- reeleição.
sulta prévia à elaboração da lei.
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Emenda
ou rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o
projeto de lei já existente. chefe dos Poderes Executivos federal, estadual, distrital e muni-
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população cipal. Ao contrário do sistema americano de reeleição, que per-
(1% do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto mite apenas a recondução por um período somente, no Brasil,
de lei que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também após o período de um mandato, o governante pode voltar a se
podem usar deste instrumento em nível estadual e municipal. candidatar para o posto.

Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos): § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado


Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
referendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para
propor ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, um único período subsequente. (Redação dada pela Emenda
obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo para Constitucional nº 16, de 1997).
os maiores de dezesseis e menores de dezoito, para os analfabe- § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Re-
tos e para os maiores de setenta anos. pública, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no meses antes do pleito.
exército e foram convocados a prestar serviço militar.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requi-
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos): sitos:
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral condições:
passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear deter- I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
minados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde da atividade;
que preenchidos os devidos requisitos. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: ato da diplomação, para a inatividade.
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
III - o alistamento eleitoral; § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Jus-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; tiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
V - a filiação partidária; Regulamento. instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, cor-
VI - a idade mínima de: rupção ou fraude;
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República
e Senador; § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segre-
b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do do de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária
Distrito Federal; ou de manifesta má-fé.
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
d) 18 anos para Vereador. A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar,
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorre-
Inelegibilidades: rá a perda quando houver cancelamento da naturalização por
A Constituição não menciona exaustivamente todas sentença transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir
hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em re- obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do
gra: serviço militar obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direi-
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. tos políticos se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou
seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo terá
Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a, alcançará, no-
parentesco com o Presidente da República, com os Governado- vamente o status de cidadão. Também são passíveis de suspen-
res de Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com são os condenados criminalmente (com sentença transitado em
quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao julgado). Cumprida a pena, readquirem os direitos políticos; no
pleito. caso de improbidade administrativa, a suspensão será, da mes-
ma forma, temporária.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda — Atribuições e responsabilidades do presidente da Repú-
ou suspensão só se dará nos casos de: blica
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada Como chefe de Governo e Estado, compete ao Presidente da
em julgado; República as atribuições e responsabilidades trazidas nos artigos
II - incapacidade civil absoluta; 84, CF.
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repúbli-
durarem seus efeitos; ca:
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre-
— Partidos Políticos vistos nesta Constituição;
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
interesses comuns, com a finalidade de exercer o poder a par- expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
tir da vontade popular, determinando o governo e a orientação V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
política nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela
pessoas jurídicas de direito privado, constituídas na forma da lei Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
civil, perante o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam a) organização e funcionamento da administração federal,
de imunidade e autonomia para gerir sua organização interna. quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extin-
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da ção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
República, e diferente de outras nações aqui não foi instituído 32, de 2001).
o dualismo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Os partidos políticos têm liberdade de organização partidária, (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
sendo livres a criação, fusão, incorporação e a sua extinção, VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
observados o caráter nacional, a proibição de subordinação e seus representantes diplomáticos;
recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
estrangeiros, a vedação da utilização de organização paramili- sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
tar, além do dever de prestar contas à Justiça Eleitoral e do fun- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
cionamento parlamentar de acordo com a lei. X - decretar e executar a intervenção federal;
De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
permitidas. Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expon-
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re- do a situação do País e solicitando as providências que julgar
gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces- necessárias;
so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei;
DO PODER EXECUTIVO. XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, no-
mear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função princi- lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitu-
pal é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de admi- cional nº 23, de 02/09/99)
nistração, mas de forma atípica, também legisla através da edição XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Mi-
de Medidas Provisórias e julga contenciosos administrativos. nistros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Re- os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da Repúbli-
pública, auxiliado pelos Ministros de Estado. ca, o presidente e os diretores do banco central e outros servido-
res, quando determinado em lei;
Chefe de Estado e Chefe de Governo XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros
O Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas na do Tribunal de Contas da União;
figura do Presidente da República as funções do Chefe de Estado XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
e Chefe de Governo. Portanto, o Poder Executivo brasileiro é Constituição, e o Advogado-Geral da União;
monocrático. Como chefe de Estado, o presidente representa o XVII - nomear membros do Conselho da República, nos ter-
país nas suas relações internacionais e como chefe de governo mos do art. 89, VII;
exerce a liderança nacional, gerindo o país política e administra- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Con-
tivamente. selho de Defesa Nacional;
O presidente será eleito por maioria absoluta de votos, não XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, au-
computados os em branco e os nulos. Entende-se por maioria torizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quan-
absoluta, mais que a metade, o número subsequente à metade, do ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
ou a metade +1 do número total de votantes. Quando o can- condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacio-
didato mais votado não alcança a maioria absoluta, realiza-se nal;
segundo turno entre os dois mais votados. A maioria absoluta XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con-
é diferente da maioria simples, que consiste no maior resultado gresso Nacional;
da votação, independentemente de exigência de quórum per- XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
centual relacionado à quantidade total de votantes

15
DIREITO CONSTITUCIONAL
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Esta-
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele do, dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente
permaneçam temporariamente; a todo jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssi-
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de or- mo inerente à própria condição humana. Fundamento consis-
çamento previstos nesta Constituição; tente no respeito pela vida e integridade do ser humano e na
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro garantia de condições mínimas de existência com liberdade, au-
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas tonomia e igualdade de direitos.
referentes ao exercício anterior; Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na for- através do trabalho que o homem garante sua subsistência e
ma da lei; contribui para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos ter- um princípio que defende a total liberdade para o exercício de
mos do art. 62; atividades econômicas, sem qualquer interferência do Estado.
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constitui- O pluralismo político que decorre do Estado democrático
ção. de Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas,
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar consubstanciadas na existência multipartidária e não apenas
as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira dualista. O Brasil é um país de política plural, multipartidária e
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repú- diversificada e não apenas pautada nos ideais dualistas de es-
blica ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites querda e direita ou democratas e republicanos.
traçados nas respectivas delegações. Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados,
Municípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossi-
Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice-Presiden- bilidade de secessão, característica essencial do Federalismo,
te decorrente da impossibilidade de separação de seus entes fede-
— Ser brasileiro nato; rativos, ou seja, o vínculo entre União, Estados, Distrito Federal
— Estar no gozo dos direitos políticos; e Municípios é indissolúvel e nenhum deles pode abandonar o
— Ter mais de trinta e cinco anos; restante para se transformar em um novo país.
— Não ser inelegível; Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os
— Possuir filiação partidária. governantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuí-
do pelo povo.
Ordem de sucessão presidencial no caso de impedimento Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e
ou vacância: Municípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes esta-
Em caso de impedimento ou vacância do cargo de Presiden- tais – Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma carac-
te, este será substituído pelo: Vice-presidente, Presidente da terística do Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de
Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presi- autonomia e independência no exercício de suas funções, para
dente do Supremo Tribunal Federal, nesta ordem. que possam atuar em harmonia. 
Fundamentos, também chamados de princípios fundamen-
tais (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da
PRINCÍPIOS DO ESTADO DE DIREITO, DA LEGALIDADE, DA República Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os
IGUALDADE. fundamentos ou princípios fundamentais representam a essên-
cia, causa primária do texto constitucional e a base primordial
de nossa República Federativa, os objetivos estão relacionados à
— Princípios fundamentais destinação, ao que se pretende, às finalidades e metas traçadas
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união no texto constitucional que a República Federativa do Estado
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- brasileiro anseia alcançar.
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como funda- O Estado brasileiro é democrático porque é regido por nor-
mentos: mas democráticas, pela soberania da vontade popular, com elei-
I - a soberania; ções livres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se
II - a cidadania pelo respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias
III - a dignidade da pessoa humana; fundamentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide sua vez, o Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo
Lei nº 13.874, de 2019). seu sistema de normas pautado na preservação da segurança
V - o pluralismo político. jurídica, pela separação dos poderes e pelo reconhecimento e
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce garantia dos direitos fundamentais, bem como pela necessidade
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos do Direito ser respeitoso com as liberdades individuais tuteladas
desta Constituição. pelo Poder Público.

Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988


estão previstos no art. 1º da Constituição e são:
A soberania, poder político supremo, independente inter-
nacionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna.
É o poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu
ordenamento jurídico.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA. VIII - os potenciais de energia hidráulica;
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueoló-
gicos e pré-históricos;
— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Fede- XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
ral, municípios e territórios Todo ente federativo possui suas competências. Competên-
cia é o poder legal de uma autoridade pública para a prática de
Estado Federal Brasileiro atos administrativos e tomada de decisões.
São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo Como ente federativo, a União possui competências admi-
e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, nistrativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências le-
p. 719) define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem gislativas privativas (art. 22, CF), competências administrativas
por fim o bem comum de um povo situado em determinado ter- comuns com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF)
ritório”. e competências legislativas concorrentes com Estados, Distrito
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de go- Federal e Municípios (art. 24, CF).
verno, o sistema presidencialista de governo e a forma federa-
tiva de Estado. Note tratar-se de três definições distintas. Estados
O Brasil é composto de estados federados que gozam de
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: uma autonomia, consubstancianda na capacidade de auto-or-
• Forma de Estado: Federação ganização, auto-legislação, auto-governo e autoadministração.
• Forma de Governo: República Os Estados podem se formar a partir de incorporação, sub-
• Regime de Governo: Democrático divisão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por
• Sistema de Governo: Presidencialismo anexação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de
dois ou mais Estados para formação de um único Estado novo. A
O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente cisão ou subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais
pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela im- Estados autônomos e independentes. E, o desmembramento
possibilidade de secessão, separação. São entes da federação consiste na separação de parte de um Estado para formação de
brasileira: a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os um novo Estado (formação) ou anexação a outro Estado já exis-
Municípios. Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é tente.
considerado laico, mantendo uma posição de neutralidade em As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e
matéria religiosa, admitindo o culto de todas as religiões, sem os bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
qualquer intervenção. Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Cons-
tituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
União Constituição.
A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter- § 1º São reservadas aos Estados as competências que não
namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com lhes sejam vedadas por esta Constituição.
autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
auto-organização, autogoverno, autolegislação e autoadminis- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
tração. Internacionalmente, a União é soberana e representa a vedada a edição de medida provisória para a sua regulamenta-
República Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerro- ção. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).
gativas da soberania do Estado brasileiro. Os bens da União são § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, insti-
todos aqueles elencados, no art. 20, CF. tuir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrre-
São bens da União os previstos no art. 20, CF: giões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes,
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a para integrar a organização, o planejamento e a execução de
ser atribuídos; funções públicas de interesse comum.
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das frontei- Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
ras, das fortificações e construções militares, das vias federais I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergen-
de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; tes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos decorrentes de obras da União;
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem
limites com outros países, ou se estendam a território estran- no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Muni-
geiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as cípios ou terceiros;
praias fluviais; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou- IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costei- União.
ras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; Redação dada Municípios
pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005). O Município, que também é um ente federado que possui
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona autonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-
econômica exclusiva; -organização, autogoverno e capacidade normativa própria). E,
VI - o mar territorial; vinculado ao Estado onde se localiza, depende na sua criação,

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DIREITO CONSTITUCIONAL
incorporação, fusão ou desmembramento, de lei estadual den- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-
tro do período determinado por lei complementar federal, além -se o disposto no art. 27.
da realização de plebiscito. § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibili- Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia mili-
dade da elaboração da lei orgânica própria. O município possui tar e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda
o Poder Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, Constitucional nº 104, de 2019).
exercido pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judi-
ciário na esfera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
do art. 29, CF. A Constituição prevê ainda a composição das Câ- CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados
maras Municipais e o subsídio dos vereadores, de acordo com a em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado
quantidade de habitantes do município. de Pernambuco.
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; EXERCÍCIOS
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
ber; 1. (ADVISE – 2021) Após a aula de Direito Constitucional,
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem Samira, estudante do 4º período do curso de direito da Universi-
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de dade Kappa Beta, estava em dúvida sobre a definição dos princí-
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; pios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988. A
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legisla- principal dúvida de Samira, dizia respeito à classificação consti-
ção estadual; tucional do que dispõe a Constituição ao prever a expressão “ga-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de con- rantir o desenvolvimento nacional”. Dessa forma, buscou auxílio
cessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, in- com a professora Roberta, que prontamente lhe explicou que a
cluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; garantia do desenvolvimento nacional, constitui:
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União (A) Um dos objetivos fundamentais da República Federativa
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fun- do Brasil.
damental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de (B) Um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
2006) (C) Um dos princípios que rege a República Federativa do
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União Brasil nas relações internacionais.
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; (D) Um dos princípios econômicos da Constituição.
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri- (E) Um dos preceitos tributários.
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
e da ocupação do solo urbano; 2. (AVANÇA SP – 2021) De acordo com o artigo 1° da Consti-
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, tuição Federal, são fundamentos da República, EXCETO:
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. (A) dignidade da pessoa jurídica.
(B) cidadania.
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se (C) pluralismo político.
dá sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câma- (D) soberania.
ra Municipal e o controle interno, exercido pelo próprio executi- (E) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
vo municipal, nos termos do art. 31, CF.
3. (ALTERNATIVE CONCURSOS – 2021) De acordo com a
Distrito Federal Constituição Federal de 1988, assinale a opção que contém a
O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da afirmação INCORRETA:
Federação e goza de autonomia política, embora não se enqua- (A) A República Federativa do Brasil, formada pela união in-
dre nem como estado-membro ou município. Sua principal fun- dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
ção é servir como sede do Governo Federal e não pode haver constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
divisões em municípios. O Distrito Federal não possui constitui- fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignida-
ção, mas lei orgânica própria, que define os princípios básicos de da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e
de sua organização, suas competências e a organização de seus da livre iniciativa; V - o pluralismo político.
poderes governamentais, nos termos do art. 32, CF. (B) São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
tre si, apenas o Executivo e o Judiciário.
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Muni- (C) Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
cípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com rativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erra-
Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios dicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualda-
estabelecidos nesta Constituição. des sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências le- preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
gislativas reservadas aos Estados e Municípios. outras formas de discriminação.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, obser- (D) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
de igual duração. assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
(E) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos ( ) Consagrou-se, ainda, o princípio do pluralismo político,
Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub- segundo o qual devem ser compatibilizadas as opiniões políticas
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter divergentes, para a melhor gestão do Estado Brasileiro, impedin-
com eles ou seus representantes relações de dependência do, entretanto, que o exercício do poder venha a ser exercido de
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de forma direta. A sequência está correta em:
interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. (A) V, V, F.
(B) V, F, V.
4. (CESPE / CEBRASPE – 2021) Julgue o item a seguir, a respeito (C) F, V, V.
das normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada. (D) V, V, V.
Em se tratando de normas constitucionais de eficácia limi-
tada, o legislador constituinte fixa rol restritivo para a atuação 8. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Ao tratar dos princípios funda-
discricionária do poder público; seus efeitos são diretos e ime- mentais, a CF estabelece, em seu art. 1.º,
diatos, como é o caso do habeas corpus e do habeas data. (A) a forma republicana de Estado, cláusula pétrea expressa,
( ) CERTO caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsa-
( ) ERRADO bilidade do governante.
(B) a forma republicana de governo, caracterizada pela eleti-
5. (NC-UFPR – 2021) Sobre a classificação das constituições vidade, temporariedade e responsabilidade do governante.
e das normas constitucionais, assinale a alternativa correta. (C) a forma federativa de Estado, cláusula pétrea implícita,
(A) A vedação à censura prévia para a liberdade de expressão caracterizada pela tripartição dos poderes da União.
confirma que as normas que expressam vedações e proibi- (D) a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista
ções podem ser consideradas normas de eficácia imediata. de governo.
(E) a forma republicana de governo e a forma federativa de
(B) São consideradas formalmente constitucionais as dis-
Estado, cláusulas pétreas expressas.
posições que regulam o exercício das funções políticas, a
estruturação do sistema de governo e da federação, e os
9. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa que apresenta um dos
direitos fundamentais.
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, se-
(C) As constituições dirigentes correspondem a um ideal de
gundo a Constituição Federal de 1988:
Constituição típico do constitucionalismo liberal que pres-
(A) Valorizar o trabalho e a livre iniciativa
creve um Estado mínimo.
(B) Defender o pluralismo político
(D) As constituições garantias são a expressão de um consti-
(C) Garantir o desenvolvimento nacional
tucionalismo social que defende a Constituição como forma (D) Permitir o exercício da cidadania
de garantia dos direitos sociais e de um Estado interventor.
(E) São consideradas normas materialmente constitucionais 10. (IESES – 2019) Marque a alternativa INCORRETA sobre os
as disposições que estão escritas na Constituição, não im- princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988:
portando o seu tema e sua relevância para a comunidade (A) Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
política. representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Cons-
tituição Federativa da República do Brasil de 1988.
6. (QUADRIX – 2021) Julgue o item no que diz respeito aos (B) A República Federativa do Brasil, formada pela união in-
princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988. dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
A partir de meados do século XX, um novo direito constitu- constitui-se em Estado democrático de direito.
cional passou a reconhecer a força normativa dos princípios, en- (C) São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
xergando‐os como as principais normas a veicular a supremacia tre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Ministério
axiológica da Constituição. Público.
( ) CERTO (D) A República Federativa do Brasil buscará a integração
( ) ERRADO econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-ame-
7. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2020) Considerando os princí- ricana de nações.
pios fundamentais do Estado Brasileiro, segundo a Constituição
da República Federativa do Brasil, marque V para as afirmativas 11. (CESPE / CEBRASPE – 2021) A respeito dos direitos e de-
verdadeiras e F para as falsas. veres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal
( ) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
é, em toda a história constitucional brasileira, a mais preocu- São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e
pada com a tutela dos direitos humanos, o que fica nítido pela terrorismo, bem como a ação de grupos armados contra a or-
escolha dos princípios fundamentais do Estado, quais sejam: a dem constitucional e o Estado democrático.
cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do ( ) CERTO
trabalho postos juntamente com a livre iniciativa. ( ) ERRADO
( ) Uma análise sistemática do texto constitucional faz ver
que um grande número de dispositivos constitucionais palmi- 12. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Fede-
lhou claramente o caminho do chamado estado do bem-estar ral, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
social, clarificando a intenção constitucional de evitar as desi- natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
gualdades sociais que poderiam advir da consagração apenas da dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
livre iniciativa como princípio fundamental, sem compatibilizá-la igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos,
com os valores sociais do trabalho. entre outros:

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DIREITO CONSTITUCIONAL
I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, 16. (FGV – 2021) Ingrid nasceu no território da Bélgica à épo-
científica e de comunicação, independentemente de censura ou ca em que seu pai, brasileiro, ali atuava em uma indústria priva-
licença. da de conectores eletrônicos. Sua mãe era belga. Considerando
II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguarda- que Ingrid foi registrada apenas perante o órgão competente
do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. belga, não perante uma repartição brasileira, ela é considerada:
III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da corres- (A) estrangeira, somente lhe restando a opção de se natura-
pondência e das comunicações telefônicas, uma vez que, poderá lizar brasileira, na forma da lei;
ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual (B) brasileira nata, já que seu pai era brasileiro e se encon-
penal e, nos casos de investigação criminal, por determinação trava em território belga a trabalho;
do delegado responsável pela investigação. (C) brasileira nata, pois a ordem constitucional brasileira
adota, em caráter conjunto, os modelos do jus soli e do jus
Está(ão) CORRETO(S): sanguinis;
(A) Somente o item I. (D) estrangeira, mas, caso venha a residir no território bra-
(B) Somente o item II. sileiro e opte, a qualquer tempo, após atingir a maioridade,
(C) Somente os itens I e III. pela nacionalidade brasileira, adquiri-la-á em caráter nato;
(D) Somente os itens II e III. (E) estrangeira, mas pode adquirir a nacionalidade brasilei-
(E) Todos os itens. ra, em caráter nato, caso o requeira, em território belga,
perante repartição consular brasileira, no ano seguinte à
13. (FUNDATEC – 2021) Conforme o Art. 5º da Constituição maioridade.
da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa
INCORRETA. 17. (VUNESP – 2021) É um cargo público privativo de brasi-
(A) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o leiro nato:
anonimato. (A) de Procurador Geral da República.
(B) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra- (B) de Ministro do Tribunal de Contas da União.
vo, além da indenização por dano material, moral ou à ima- (C) de Presidente da Câmara dos Deputados.
gem. (D) de Presidente do Superior Tribunal de Justiça.
(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis- (E) de Senador da República.
são, independentemente das qualificações profissionais que
a lei estabelecer. 18. (CESPE / CEBRASPE – 2021) Com base no disposto na
(D) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis- Constituição Federal, julgue os seguintes itens, relativos a direi-
tência religiosa nas entidades civis e militares de internação tos políticos e partidos políticos.
coletiva. I Direito político passivo corresponde ao direito do eleitor
(E) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, veda- de votar.
da a de caráter paramilitar. II O cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado implica perda dos direitos políticos.
14. (FGV – 2021) Conforme disposto na Constituição Federal III Em se tratando de eleições proporcionais, o mandato
é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o décimo terceiro pertence ao candidato eleito, e não ao partido político sob cuja
salário, que será baseado: legenda o candidato disputou o processo eleitoral.
(A) na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
(B) no valor suplementar do bônus de participação do lucro. Assinale a opção correta.
(C) na alíquota de encargos previdenciários do período vi- (A) Apenas o item I está certo.
gente. (B) Apenas o item II está certo.
(D) no maior salário mínimo do país ou conforme for estipu- (C) Apenas os itens I e III estão certos.
lado no estatuto da empresa. (D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) no salário completo ou no valor pago de imposto sobre a (E) Todos os itens estão certos.
renda retido na fonte.
19. (FUNDEP – 2021) De acordo com a Constituição da Re-
15. (VUNESP – 2021) É um dos direitos constitucionais dos pública Federativa do Brasil, encontra-se entre as condições de
trabalhadores urbanos e rurais: elegibilidade a idade mínima de
(A) relação de emprego protegida contra despedida arbitrá- (A) trinta anos para Presidente e Vice-Presidente da Repú-
ria com ou sem justa causa, nos termos de lei complemen- blica e Senador.
tar, que preverá indenização compensatória. (B) vinte e um anos para Governador e Vice-Governador de
(B) participação nos lucros, ou resultados, vinculada à últi- estado e do Distrito Federal.
ma remuneração do trabalhador. (C) dezoito anos para Deputado Federal e Deputado Esta-
(C) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o dual ou Distrital.
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré- (D) dezoito anos para Vereador.
-escolas.
(D) jornada de oito horas para o trabalho realizado em tur- 20. (IBGP – 2021) O voto é facultativo para brasileiros com:
nos ininterruptos de revezamento, salvo negociação cole- (A) 18 anos.
tiva. (B) 20 anos.
(E) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, (C) 16 anos.
com a duração de 180 (cento e oitenta) dias. (D) 19 anos.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
21. (FGV – 2021) Maria, Promotora de Justiça, que ingres- (C) por motivos de segurança, é expressamente vedado aos
sara na carreira do Ministério Público do Estado Alfa há cinco Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário divulgar ou pu-
anos, em razão de sua elevada expertise na área dos direitos blicar os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
humanos, foi convidada pelo Governador do Estado a ocupar o empregos públicos dos seus respectivos servidores.
cargo de Secretária Estadual de Direitos Humanos. (D) o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
À luz da sistemática constitucional, Maria: Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
(A) não pode exercer qualquer outra função pública, incluin- serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
do a de Secretária de Estado, salvo uma de magistério; parcela única, que poderá ser acrescido de gratificação, adi-
(B) pode ocupar o cargo de Secretária de Estado, desde que cional, abono, prêmio e verba de representação.
haja aquiescência expressa do Procurador-Geral de Justiça; (E) é vedada a incorporação de vantagens de caráter tem-
(C) pode ocupar o cargo de Secretária de Estado, indepen- porário ou vinculadas ao exercício de função de confiança
dentemente da aquiescência de qualquer órgão do Ministé- ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.
rio Público;
(D) não pode exercer outra função pública, incluindo a de 25. (VUNESP – 2021) Nos moldes da Constituição Federal, o
Secretária de Estado, salvo se for temporariamente afastada servidor público titular de cargo efetivo, que tenha sofrido limi-
do cargo de Promotora de Justiça; tação em sua capacidade física ou mental, poderá, atendidas as
(E) pode ocupar o cargo de Secretária de Estado, desde que demais exigências, ser readaptado,
haja compatibilidade de horários com o cargo de Promotora (A) para exercício de novo cargo compatível com a sua limi-
de Justiça e a soma das remunerações não ultrapasse o teto. tação, devendo receber pelo menos 70% (setenta por cento)
da remuneração do cargo de origem.
22. (QUADRIX – 2021) Relativamente às normas de conduta (B) para exercício do mesmo cargo, com os necessários ajus-
dos servidores públicos, julgue o item. tes à sua limitação, garantida a mesma remuneração do car-
Na hipótese de um agente público causar dano a qualquer go.
bem pertencente ao patrimônio público, por descuido ou má (C) para exercício de novo cargo compatível com a sua limi-
vontade, não constitui apenas uma ofensa à Administração Pú- tação, podendo o servidor optar entre a remuneração do
blica, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua cargo de origem e a do cargo de destino.
inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para (D) para exercício de novo cargo compatível com a sua limi-
construí-lo. tação, mantida a remuneração do cargo de origem.
( ) CERTO (E) para exercício de novo cargo compatível com a sua limi-
( ) ERRADO tação, devendo receber a remuneração do cargo de destino.

23. (FGV – 2021) A Constituição da República de 1988 26. (CEFET – 2021) Em relação aos princípios constitucionais
(CRFB/1988) é reconhecida pelo seu caráter democrático e pro- da Administração Pública, analise as afirmações abaixo:
tetivo, e promoveu ampliação no rol de direitos e garantias in- I. O agente público no exercício das atribuições do seu cargo
dividuais e sociais. Em termos de reforma administrativa, contu- pode adotar quaisquer atos que a lei não proíba, tendo em vista
do, a doutrina especializada aponta a ocorrência de retrocessos, que tudo que não é proibido é permitido, sendo este um postu-
tornando a administração pública mais burocrática. lado basilar do princípio da legalidade administrativa.
Nesse sentido, é exemplo de retrocesso trazido pela II. São princípios da Administração Pública expressos no
CRFB/1988: caput do art. 37 da Constituição Federal de 1988: publicidade,
(A) o incentivo à descentralização político-administrativa; eficiência, impessoalidade, legalidade e moralidade.
(B) o apoio ao clientelismo e ao fisiologismo como política III. Um prefeito autorizou contratação de empresa publici-
de Estado; tária para campanha de divulgação de notícia em diversos ou-
(C) a institucionalização de mecanismos de democracia dire- tdoors da cidade e no site oficial da Prefeitura, enumerando e
ta, favorecendo o controle social e a accountability; elogiando as obras realizadas durante seu mandato, além de
(D) a extensão às entidades da administração indireta de ressaltar a economia praticada no período, afirmando ser o pre-
procedimentos e mecanismos de controle aplicáveis à ad- feito perfeito para o município. Tal notícia não afronta princípios
ministração direta; da Administração Pública, denotando a aplicação dos princípios
(E) a criação do Departamento Administrativo do Serviço da publicidade e da eficiência, tendo em vista que o prefeito
Público (DASP), para comandar as reformas administrativas tornou públicos atos de gestão por ele praticados e comprovou
e implementar as políticas de governo. ser econômico.
IV. Os atos de improbidade administrativa denotam afronta
24. (VUNESP – 2021) No tocante às disposições constitu- ao princípio da eficiência. Conforme disposto no art. 37, §4º, da
cionais, que tratam do tema dos servidores públicos, é correto Constituição Federal de 1988, “os atos de improbidade adminis-
afirmar que trativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
(A) o tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
municipal e o tempo de serviço público correspondente se- ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
rão contados para fins de disponibilidade e aposentadoria ação penal cabível”.
do servidor. V. A exigência de concurso público para investidura em car-
(B) aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de go ou emprego público prevista no art. 37, inciso II, da Consti-
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exo- tuição Federal de 1988 é exemplo de aplicação do princípio da
neração, de outro cargo temporário, inclusive mandato ele- impessoalidade. Estão corretas apenas as afirmativas
tivo, o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores.

21
DIREITO CONSTITUCIONAL
(A) I, II. (A) condição para a aquisição da estabilidade a avaliação
(B) I, III. especial de desempenho por comissão instituída para essa
(C) II, V. finalidade.
(D) III, IV. (B) vedada a invalidação da demissão de servidor estável
(E) IV, V. por sentença judicial, pois não pode o Poder Judiciário in-
tervir em ato da administração pública.
27. (QUADRIX – 2021) Relativamente às normas de conduta (C) que em caso de extinção do cargo, o servidor estável
dos servidores públicos, julgue o item. será demitido.
O servidor público está sujeito a penalidades administrati- (D) inadmissível que o servidor conteste o resultado da ava-
vas em razão de condutas que venham a atentar contra a ética e liação periódica de desempenho.
a moralidade administrativa. (E) o processo administrativo meio inviável para proceder a
( ) CERTO demissão de servidor público estável.
( ) ERRADO

28. (UFPel-CES – 2021) Considerando as normas constitucio- GABARITO


nais sobre servidores públicos, é correto afirmar que
(A) o servidor vinculado a regime próprio de previdência
social será aposentado compulsoriamente, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 65 anos de 1 A
idade.
(B) em decorrência do direito a privacidade, é vedada a pu- 2 A
blicação dos valores da remuneração dos servidores públi- 3 B
cos.
4 ERRADO
(C) a remuneração dos servidores públicos organizados em
carreira será fixada, exclusivamente, por subsídio. 5 A
(D) lei complementar de competência exclusiva da União es- 6 CERTO
tabelecerá a relação entre a maior e a menor remuneração
dos servidores públicos de todos os entes federados. 7 A
(E) a fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- 8 B
ponentes do sistema remuneratório observará as peculiari- 9 C
dades do cargo.
10 C
29. (FUNDATEC – 2021) Em relação aos princípios constitu- 11 ERRADO
cionais que regem a administração pública(conforme artigo 37
12 B
da Constituição Federal vigente), analise as assertivas a seguir:
• O Princípio da __________ exige que a atividade adminis- 13 C
trativa seja desenvolvida de modo leal e que assegure a toda a 14 A
comunidade a obtenção de vantagens justas.
15 C
• As ações do administrador público são plenamente vincu-
ladas ao que estabelecem as normas vigentes, ou seja, ele so- 16 D
mente pode fazer o que a lei autoriza ou determina. Diferente 17 C
do gestor privado, que pode fazer tudo o que a lei não proíbe.
Esse é o Princípio da __________. 18 B
• O Princípio da __________ exige que os atos estatais se- 19 D
jam levados ao conhecimento de todos, ressalvadas hipóteses
20 C
em que se justificar o sigilo.
21 A
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva- 22 CERTO
mente, as lacunas dos trechos acima.
23 D
(A) Eficiência – Impessoalidade – Transparência
(B) Eficiência – Legalidade – Transparência 24 E
(C) Moralidade – Impessoalidade – Publicidade 25 D
(D) Moralidade – Impessoalidade – Transparência
(E) Moralidade – Legalidade – Publicidade 26 C
27 CERTO
30. (UFPel-CES – 2021) De acordo com o art. 41 da Consti- 28 E
tuição Federal, são estáveis após três anos de exercício, os ser-
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude 29 E
de concurso público, sendo 30 A

22
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Noções de direito administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Administração pública direta e indireta: órgãos e entidades. Autarquias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Atos e fatos administrativos. Classificação dos atos administrativos. Elementos do ato administrativo. Validade e eficácia dos atos
administrativos. Atributos do ato administrativo. Formas de extinção dos atos administrativos. Atos administrativos inválidos. Conva-
lidação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4. Contratos administrativos. Conceitos e caracteres jurídicos. As diferentes espécies de contratos administrativos. Os convênios admi-
nistrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Licitação: conceito, princípios, fundamentos, modalidades e procedimentos. Execução dos contratos administrativos. Poderes admi-
nistrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
6. Poder hierárquico, disciplinar e normativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. Do controle da administração pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Da improbidade administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
DIREITO ADMINISTRATIVO

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceito
De início, convém ressaltar que o estudo desse ramo do Direito, denota a distinção entre o Direito Administrativo, bem como
entre as normas e princípios que nele se inserem.
No entanto, o Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a surgir com a instituição do
Estado de Direito, no momento em que o Poder criador do direito passou também a respeitá-lo. Tal fenômeno teve sua origem com
os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu no final do século XVIII. Por meio do novo sistema, o Estado passou a ter órgãos
específicos para o exercício da Administração Pública e, por isso, foi necessário a desenvoltura do quadro normativo disciplinante
das relações internas da Administração, bem como das relações entre esta e os administrados. Assim sendo, pode considerar-se que
foi a partir do século XIX que o mundo jurídico abriu os olhos para a existência do Direito Administrativo.
Destaca-se ainda, que o Direito Administrativo foi formado a partir da teoria da separação dos poderes desenvolvida por Mon-
tesquieu, L’Espirit des Lois, 1748, e acolhida de forma universal pelos Estados de Direito. Até esse momento, o absolutismo reinante
e a junção de todos os poderes governamentais nas mãos do Soberano não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que
visassem a reconhecer direitos aos súditos, e que se opusessem às ordens do Príncipe. Prevalecia o domínio operante da vontade
onipotente do Monarca.
Conceituar com precisão o Direito Administrativo é tarefa difícil, uma vez que o mesmo é marcado por divergências doutri-
nárias, o que ocorre pelo fato de cada autor evidenciar os critérios que considera essenciais para a construção da definição mais
apropriada para o termo jurídico apropriado.
De antemão, ao entrar no fundamento de algumas definições do Direito Administrativo,
Considera-se importante denotar que o Estado desempenha três funções essenciais. São elas: Legislativa, Administrativa e Ju-
risdicional.
Pondera-se que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes, porém, em tese, harmônicos entre si. Os po-
deres foram criados para desempenhar as funções do Estado. Desta forma, verifica-se o seguinte:

Funções do Estado
> Legislativa
>> Administrativa
>>> Jurisdicional

Poderes criados para desenvolver as funções do estado


> Legislativo
>> Executivo
>>> Judiciário

Infere-se que cada poder exerce, de forma fundamental, uma das funções de Estado, é o que denominamos de FUNÇÃO TÍPICA.

PODER LEGISLATIVO PODER EXECUTIVO PODER JUDICIÁRIO


FUNÇÃO TÍPICA Legislar Administrativa Judiciária
Redigir e organizar o regramento Administração e gestão Julgar e solucionar conflitos por intermé-
ATRIBUIÇÃO
jurídico do Estado estatal dio da interpretação e aplicação das leis.

Além do exercício da função típica, cada poder pode ainda exercer as funções destinadas a outro poder, é o que denominamos
de exercício de FUNÇÃO ATÍPICA. Vejamos:

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO PODER JUDICIÁRIO


Tem-se por função atípica desse
Tem-se como função atípica desse Tem-se por função atípica desse
poder, por ser típica do Poder
poder, por ser típica do Poder poder, por ser típica do Poder
Executivo: Fazer licitação para
FUNÇÃO ATÍPICA Judiciário: O julgamento do Presi- Legislativo: A edição de Medida
realizar a aquisição de equipa-
dente da República por crime de Provisória pelo Chefe do Execu-
mentos utilizados em regime
responsabilidade. tivo.
interno.

Diante da difícil tarefa de conceituar o Direito Administrativo, uma vez que diversos são os conceitos utilizados pelos autores
modernos de Direito Administrativo, sendo que, alguns consideram apenas as atividades administrativas em si mesmas, ao passo
que outros, optam por dar ênfase aos fins desejados pelo Estado, abordaremos alguns dos principais posicionamentos de diferentes
e importantes autores.

1
DIREITO ADMINISTRATIVO
No entendimento de Carvalho Filho (2010), “o Direito Admi- quanto aos modos e aos meios da sua ação, quanto à forma da
nistrativo, com a evolução que o vem impulsionando contempo- sua própria ação, ou seja, legislativa e executiva, por intermédio
raneamente, há de focar-se em dois tipos fundamentais de rela- de atos jurídicos normativos ou concretos, na consecução do seu
ções jurídicas, sendo, uma, de caráter interno, que existe entre fim de criação de utilidade pública, na qual participa de forma
as pessoas administrativas e entre os órgãos que as compõem direta e imediata, e, ainda como das pessoas de direito que fa-
e, a outra, de caráter externo, que se forma entre o Estado e a çam as vezes do Estado.
coletividade em geral.” (2010, Carvalho Filho, p. 26).
Como regra geral, o Direito Administrativo é conceituado — Observação importante: Note que os conceitos classi-
como o ramo do direito público que cuida de princípios e regras ficam o Direito Administrativo como Ramo do Direito Público
que disciplinam a função administrativa abrangendo entes, ór- fazendo sempre referência ao interesse público, ao inverso do
gãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Direito Privado, que cuida do regulamento das relações jurídicas
Pública na consecução do interesse público. entre particulares, o Direito Público, tem por foco regular os in-
Vale lembrar que, como leciona DIEZ, o Direito Administrati- teresses da sociedade, trabalhando em prol do interesse público.
vo apresenta, ainda, três características principais:
Por fim, depreende-se que a busca por um conceito comple-
1 – constitui um direito novo, já que se trata de disciplina to de Direito Administrativo não é recente. Entretanto, a Admi-
recente com sistematização científica; nistração Pública deve buscar a satisfação do interesse público
2 – espelha um direito mutável, porque ainda se encontra como um todo, uma vez que a sua natureza resta amparada a
em contínua transformação; partir do momento que deixa de existir como fim em si mesmo,
3 – é um direito em formação, não se tendo, até o momento, passando a existir como instrumento de realização do bem co-
concluído todo o seu ciclo de abrangência. mum, visando o interesse público, independentemente do con-
ceito de Direito Administrativo escolhido.
Entretanto, o Direito Administrativo também pode ser con-
ceituado sob os aspectos de diferentes óticas, as quais, no des- Objeto
lindar desse estudo, iremos abordar as principais e mais impor- De acordo com a ilibada autora Maria Sylvia Zanella Di Pie-
tantes para estudo, conhecimento e aplicação. tro, a formação do Direito Administrativo como ramo autôno-
• Ótica Objetiva: Segundo os parâmetros da ótica objetiva,
mo, fadado de princípios e objeto próprios, teve início a partir
o Direito Administrativo é conceituado como o acoplado de nor-
do instante em que o conceito de Estado de Direito começou a
mas que regulamentam a atividade da Administração Pública de
ser desenvolvido, com ampla estrutura sobre o princípio da le-
atendimento ao interesse público.
galidade e sobre o princípio da separação de poderes. O Direito
• Ótica Subjetiva: Sob o ângulo da ótica subjetiva, o Direito
Administrativo Brasileiro não surgiu antes do Direito Romano, do
Administrativo é conceituado como um conjunto de normas que
Germânico, do Francês e do Italiano. Diversos direitos contribuí-
comandam as relações internas da Administração Pública e as
ram para a formação do Direito Brasileiro, tais como: o francês, o
relações externas que são encadeadas entre elas e os adminis-
inglês, o italiano, o alemão e outros. Isso, de certa forma, contri-
trados.
buiu para que o nosso Direito pudesse captar os traços positivos
Nos moldes do conceito objetivo, o Direito Administrativo é
tido como o objeto da relação jurídica travada, não levando em desses direitos e reproduzi-los de acordo com a nossa realidade
conta os autores da relação. histórica.
O conceito de Direito Administrativo surge também como Atualmente, predomina, na definição do objeto do Direito
elemento próprio em um regime jurídico diferenciado, isso ocor- Administrativo, o critério funcional, como sendo o ramo do di-
re por que em regra, as relações encadeadas pela Administração reito que estuda a disciplina normativa da função administrativa,
Pública ilustram evidente falta de equilíbrio entre as partes. independentemente de quem esteja encarregado de exercê-la:
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Executivo, Legislativo, Judiciário ou particulares mediante dele-
Coimbra, Fernando Correia, o Direito Administrativo é o sistema gação estatal”, (MAZZA, 2013, p. 33).
de normas jurídicas, diferenciadas das normas do direito priva- Sendo o Direito Administrativo um ramo do Direito Públi-
do, que regulam o funcionamento e a organização da Adminis- co, o entendimento que predomina no Brasil e na América Lati-
tração Pública, bem como a função ou atividade administrativa na, ainda que incompleto, é que o objeto de estudo do Direito
dos órgãos administrativos. Administrativo é a Administração Pública atuante como função
Correia, o intitula como um corpo de normas de Direito Pú- administrativa ou organização administrativa, pessoas jurídicas,
blico, no qual os princípios, conceitos e institutos distanciam-se ou, ainda, como órgãos públicos.
do Direito Privado, posto que, as peculiaridades das normas de De maneira geral, o Direito é um conjunto de normas, prin-
Direito Administrativo são manifestadas no reconhecimento à cípios e regras, compostas de coercibilidade disciplinantes da
Administração Pública de prerrogativas sem equivalente nas re- vida social como um todo. Enquanto ramo do Direito Público, o
lações jurídico-privadas e na imposição, em decorrência do prin- Direito Administrativo, nada mais é que, um conjunto de princí-
cípio da legalidade, de limitações de atuação mais exatas do que pios e regras que disciplina a função administrativa, as pessoas
as que auferem os negócios particulares. e os órgãos que a exercem. Desta forma, considera-se como seu
Entende o renomado professor, que apenas com o apareci- objeto, toda a estrutura administrativa, a qual deverá ser voltada
mento do Estado de Direito acoplado ao acolhimento do princí- para a satisfação dos interesses públicos.
pio da separação dos poderes, é que seria possível se falar em São leis específicas do Direito Administrativo a Lei n.
Direito Administrativo. 8.666/1993 que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constitui-
Oswaldo Aranha Bandeira de Mello  aduz, em seu conceito ção Federal, institui normas para licitações e contratos da Admi-
analítico, que o Direito Administrativo juridicamente falando, nistração Pública e dá outras providências; a Lei n. 8.112/1990,
ordena a atividade do Estado quanto à organização, bem como que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis

2
DIREITO ADMINISTRATIVO
da União, das autarquias e das fundações públicas federais; a — Lei em sentido amplo
Lei n. 8.409/1992 que estima a receita e fixa a despesa da União Refere-se a todas as fontes com conteúdo normativo, tais
para o exercício financeiro de 1992 e a Lei n. 9.784/1999 que como: a Constituição Federal, lei ordinária, lei complementar,
regula o processo administrativo no âmbito da Administração medida provisória, tratados internacionais, e atos administrati-
Pública Federal. vos normativos (decretos, resoluções, regimentos etc.).
O Direito Administrativo tem importante papel na identifi-
cação do seu objeto e o seu próprio conceito e significado foi de — Lei em sentido estrito
grande importância à época do entendimento do Estado francês Refere-se à Lei feita pelo Parlamento, pelo Poder Legislativo
em dividir as ações administrativas e as ações envolvendo o po- por meio de lei ordinária e lei complementar. Engloba também,
der judiciário. Destaca-se na França, o sistema do contencioso outras normas no mesmo nível como, por exemplo, a medida
administrativo com matéria de teor administrativo, sendo deci- provisória que possui o mesmo nível da lei ordinária. Pondera-se
dido no tribunal administrativo e transitando em julgado nesse que todos mencionados são reputados como fonte primária (a
mesmo tribunal. Definir o objeto do Direito Administrativo é im- lei) do Direito Administrativo.
portante no sentido de compreender quais matérias serão julga-
das pelo tribunal administrativo, e não pelo Tribunal de Justiça. B) Doutrina
Depreende-se que com o passar do tempo, o objeto de Tem alto poder de influência como teses doutrinadoras nas
estudo do Direito Administrativo sofreu significativa e grande decisões administrativas, como no próprio Direito Administrati-
evolução, desde o momento em que era visto como um sim- vo. A Doutrina visa indicar a melhor interpretação possível da
ples estudo das normas administrativas, passando pelo perío- norma administrativa, indicando ainda, as possíveis soluções
do do serviço público, da disciplina do bem público, até os dias para casos determinados e concretos. Auxilia muito o viver diá-
contemporâneos, quando se ocupa em estudar e gerenciar os rio da Administração Pública, posto que, muitas vezes é ela que
sujeitos e situações que exercem e sofrem com a atividade do conceitua, interpreta e explica os dispositivos da lei.
Estado, assim como das funções e atividades desempenhadas
pela Administração Pública, fato que leva a compreender que Exemplo:
o seu objeto de estudo é evolutivo e dinâmico acoplado com A Lei n. 9.784/1999, aduz que provas protelatórias podem
a atividade administrativa e o desenvolvimento do Estado. Des- ser recusadas no processo administrativo. Desta forma, a doutri-
tarte, em suma, seu objeto principal é o desempenho da função na explicará o que é prova protelatória, e a Administração Públi-
administrativa. ca poderá usar o conceito doutrinário para recusar uma prova no
processo administrativo.
Fontes
Fonte significa origem. Neste tópico, iremos estudar a ori- C) Jurisprudência
gem das regras que regem o Direito Administrativo. Trata-se de decisões de um tribunal que estão na mesma
Segundo Alexandre Sanches Cunha, “o termo fonte provém direção, além de ser a reiteração de julgamentos no mesmo sen-
do latim fons, fontis, que implica o conceito de nascente de tido.
água. Entende-se por fonte tudo o que dá origem, o início de
tudo. Fonte do Direito nada mais é do que a origem do Direito, Exemplo:
suas raízes históricas, de onde se cria (fonte material) e como O Superior Tribunal de Justiça (STJ), possui determinada ju-
se aplica (fonte formal), ou seja, o processo de produção das risprudência que afirma que candidato aprovado dentro do nú-
normas. São fontes do direito: as leis, costumes, jurisprudên- mero de vagas previsto no edital tem direito à nomeação, adu-
cia, doutrina, analogia, princípio geral do direito e equidade.” zindo que existem diversas decisões desse órgão ou tribunal com
(CUNHA, 2012, p. 43). o mesmo entendimento final.

Fontes do Direito Administrativo: — Observação importante: Por tratar-se de uma orienta-


ção aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração
A) Lei Pública, a jurisprudência não é de seguimento obrigatório. En-
A lei se estende desde a constituição e é a fonte primária e tretanto, com as alterações promovidas desde a CFB/1988, esse
principal do Direito Administrativo e se estende desde a Cons- sistema orientador da jurisprudência tem deixado de ser a regra.
tituição Federal em seus artigos 37 a 41, alcançando os atos
administrativos normativos inferiores. Desta forma, a lei como Exemplo:
fonte do Direito Administrativo significa a lei em sentido amplo, Os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo
ou seja, a lei confeccionada pelo Parlamento, bem como os atos Tribunal Federal na ação direta de inconstitucionalidade (ADI),
normativos expedidos pela Administração, tais como: decretos, na ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na arguição de
resoluções, descumprimento de preceito fundamental, e, em especial, com
Incluindo tratados internacionais. as súmulas vinculantes, a partir da Emenda Constitucional nº.
Desta maneira, sendo a Lei a fonte primária, formal e pri- 45/2004. Nesses ocorridos, as decisões do STF acabaram por
mordial do Direito Administrativo, acaba por prevalecer sobre as vincular e obrigar a Administração Pública direta e indireta dos
demais fontes. E isso, prevalece como regra geral, posto que as Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
demais fontes que estudaremos a seguir, são consideradas fon- pios, nos termos dispostos no art. 103-A da CF/1988.
tes secundárias, acessórias ou informais.
A Lei pode ser subdividida da seguinte forma:

3
DIREITO ADMINISTRATIVO
D) Costumes do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário, que são os respon-
Costumes são condutas reiteradas. Assim sendo, cada país, sáveis por praticar a atividade administrativa de maneira cen-
Estado, cidade, povoado, comunidade, tribo ou população tem tralizada.
os seus costumes, que via de regra, são diferentes em diversos Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídi-
aspectos, porém, em se tratando do ordenamento jurídico, não cas criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as
poderão ultrapassar e ferir as leis soberanas da Carta Magna que Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função adminis-
regem o Estado como um todo. trativa de maneira descentralizada.
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser
Como fontes secundárias e atuantes no Direito Administra- exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com
tivo, os costumes administrativos são práticas reiteradas que personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribui-
devem ser observadas pelos agentes públicos diante de deter- ções a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas,
minadas situações. Os costumes podem exercer influência no de direito público ou de direito privado para esta finalidade. Op-
Direito Administrativo em decorrência da carência da legislação, tando pela segunda opção, as novas entidades passarão a com-
consumando o sistema normativo, costume praeter legem, ou por a Administração Indireta do ente que as criou e, por possuí-
nas situações em que seria impossível legislar sobre todas as si- rem como destino a execução especializado de certas atividades,
tuações. são consideradas como sendo manifestação da descentralização
Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois por serviço, funcional ou técnica, de modo geral.
ela é a fonte primordial do Direito Administrativo, devendo so-
mente auxiliar à exata compreensão e incidência do sistema nor- Desconcentração e Descentralização
mativo. Consiste a desconcentração administrativa na distribuição
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica.
Exemplo: Assim sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é
Ao determinar a CFB/1988 que um concurso terá validade distribuído entre os órgãos que integram a mesma instituição,
de até 2 anos, não pode um órgão, de forma alguma, atribuir por fato que ocorre de forma diferente na descentralização admi-
efeito de costume, prazo de até 10 anos, porque estaria contra- nistrativa, que impõe a distribuição de competência para outra
riando disposição expressa na Carta Magna, nossa Lei Maior e pessoa, física ou jurídica.
Soberana. Ocorre a desconcentração administrativa tanto na adminis-
Ressalta-se, com veemente importância, que os costumes tração direta como na administração indireta de todos os entes
podem gerar direitos para os administrados, em decorrência dos federativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de des-
princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, den- concentração administrativa no âmbito da Administração Direta
tre outros, uma vez que um certo comportamento repetitivo da da União, os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da
Administração Pública gera uma expectativa em sentido geral de República; em âmbito estadual, o Ministério Público e as secre-
que essa prática deverá ser seguida nas demais situações pare- tarias estaduais, dentre outros; no âmbito municipal, as secre-
cidas tarias municipais e as câmaras municipais; na administração
indireta federal, as várias agências do Banco do Brasil que são
— Observação importante: Existe divergência doutrinária sociedade de economia mista, ou do INSS com localização em
em relação à aceitação dos costumes como fonte do Direito Ad- todos os Estados da Federação.
ministrativo. No entanto, para concursos, e estudos correlatos, Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários
via de regra, deve ser compreendida como correta a tese no sen- órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pesso-
tido de que o costume é fonte secundária, acessória, indireta e as jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses
imediata do Direito Administrativo, tendo em vista que a fonte órgãos estarem dispostos de forma interna, segundo uma rela-
primária e mediata é a Lei. ção de subordinação de hierarquia, entende-se que a descon-
centração administrativa está diretamente relacionada ao prin-
Nota - Sobre Súmulas Vinculantes cípio da hierarquia.
Nos termos do art. 103 - A da Constituição Federal, ‘‘o Su- Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
premo Tribunal Federal poderá, de ofício ou mediante provoca- de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Es-
ção, por decisão de dois terços de seus membros, após decisões tado transfere a execução dessas atividades para particulares e,
reiteradas que versam sobre matéria constitucional, aprovar sú- ainda a outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
mulas que terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distri-
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta”. buindo suas atribuições e detenha controle sobre as atividades
ou serviços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a
pessoa que transfere e a que acolhe as atribuições.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA:
ÓRGÃOS E ENTIDADES. AUTARQUIAS Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos pú-
blicos
Administração direta e indireta Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a cria-
A princípio, infere-se que Administração Direta é corres- ção e a extinção de órgãos da administração pública dependem
pondente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas fe- de lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem com-
derativas que executam a atividade administrativa de maneira pete, de forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a
centralizada. O vocábulo “Administração Direta” possui sentido organização e funcionamento desses órgãos públicos, quando
abrangente vindo a compreender todos os órgãos e agentes dos não ensejar aumento de despesas nem criação ou extinção de
entes federados, tanto os que fazem parte do Poder Executivo, órgãos públicos (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que

4
DIREITO ADMINISTRATIVO
haja a criação e extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, contundente a sua finalidade, que é o bem comum da coletivi-
no entanto, para dispor sobre a organização e o funcionamento, dade como um todo. Por esse motivo, aduz-se que as autarquias
denota-se que poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, são um serviço público descentralizado. Assim, devido ao fato
que se trata do decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar de prestarem esse serviço público especializado, as autarquias
criar um Ministério a mais, o presidente da República deverá en- acabam por se assemelhar em tudo o que lhes é possível, ao
caminhar projeto de lei ao Congresso Nacional. Porém, caso esse entidade estatal a que estiverem servindo. Assim sendo, as au-
órgão seja criado, sua estruturação interna deverá ser feita por tarquias se encontram sujeitas ao mesmo regime jurídico que
decreto. Na realidade, todos os regimentos internos dos minis- o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, as autarquias
térios são realizados por intermédio de decreto, pelo fato de tal são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são executoras de
ato se tratar de organização interna do órgão. Vejamos: ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação a que
estão vinculadas.
ÓRGÃO — é criado por meio de lei. As autarquias são criadas por lei específica, que de forma
ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, obrigacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo
desde que não provoque aumento de despesas, bem como a do ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também
criação ou a extinção de outros órgãos. que a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida
ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar tipicamente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada,
e controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: em regime totalmente atípico pelos demais Poderes da Repúbli-
Tribunal de Contas da União. ca. Em tais situações, infere-se que é possível que sejam criadas
autarquias no âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário,
Pessoas administrativas oportunidade na qual a iniciativa para a lei destinada à sua cria-
Explicita-se que as entidades administrativas são a própria ção, deverá, obrigatoriamente, segundo os parâmetros legais,
Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas autar- ser feita pelo respectivo Poder.
quias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista. Empresas Públicas
De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao Sociedades de Economia Mista
são reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder São a parte da Administração Indireta mais voltada para o
político e encontram-se vinculadas à entidade política que as direito privado, sendo também chamadas pela maioria doutriná-
criou. Não existe hierarquia entre as entidades da Administra- ria de empresas estatais.
ção Pública indireta e os entes federativos que as criou. Ocorre, Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de econo-
nesse sentido, uma vinculação administrativa em tais situações, mia mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser
de maneira que os entes federativos somente conseguem man- divididas entre prestadoras diversas de serviço público e plena-
ter-se no controle se as entidades da Administração Indireta es- mente atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim
tiverem desempenhando as funções para as quais foram criadas sendo, obtemos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de
de forma correta. sociedades de economia mista.
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explora-
Pessoas políticas doras de atividade econômica estão sob a égide, no plano cons-
As pessoas políticas são os entes federativos previstos na titucional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra
Constituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Fe- regida pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas
deral e os Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são estatais prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mes-
regidos pelo Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela mo diploma legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é
do poder político. Por esse motivo, afirma-se que tais entes são regida de forma exclusiva e prioritária pelo direito público.
autônomos, vindo a se organizar de forma particular para alcan-
çar as finalidades avençadas na Constituição Federal. Observação importante: todas as empresas estatais, sejam
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade
pois, ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
cada um dos entes federativos organizar-se de forma interna,
elaborando suas leis e exercendo as competências que a eles são O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ati-
determinadas pela Constituição Federal, a soberania nada mais vidade econômica das empresas estatais prestadoras de serviço
é do que uma característica que se encontra presente somente público é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora
no âmbito da República Federativa do Brasil, que é formada pe- de serviço público, a atividade desempenhada é regida pelo di-
los referidos entes federativos. reito público, nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal
que determina que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
Autarquias diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público inter- através de licitação, a prestação de serviços públicos.” Já se for
no, criadas por lei específica para a execução de atividades es- exploradora de atividade econômica, como maneira de evitar
peciais e típicas da Administração Pública como um todo. Com que o princípio da livre concorrência reste-se prejudicado, as
as autarquias, a impressão que se tem, é a de que o Estado veio referidas atividades deverão ser reguladas pelo direito privado,
a descentralizar determinadas atividades para entidades eivadas nos ditames do artigo 173 da Constituição Federal, que assim
de maior especialização. determina:
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,
dando a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
de forma mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira permitida quando necessária aos imperativos da segurança na-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
cional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em distinção entre as Fundações de direito público ou de direito pri-
lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, vado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que ex- fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de
plorem atividade econômica de produção ou comercialização de ligação com a Administração Pública.
bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas,
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e como por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é des-
pela sociedade; tinada somente às entidades de direito público como um todo.
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva- Registra-se que o foro de ambas é na Justiça Federal.
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários; Delegação Social
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e Organizações sociais
alienações, observados os princípios da Administração Pública; As organizações sociais são entidades privadas que recebem
IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Ad- o atributo de Organização Social. Várias são as entidades cria-
ministração e fiscal, com a participação de acionistas minoritá- das por particulares sob a forma de associação ou fundação que
rios; desempenham atividades de interesse público sem fins lucrati-
V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsa- vos. Ao passo que algumas existem e conseguem se manter sem
bilidade dos administradores nenhuma ligação com o Estado, existem outras que buscam se
aproximar do Estado com o fito de receber verbas públicas ou
Vejamos em síntese, algumas características em comum das bens públicos com o objetivo de continuarem a desempenhar
empresas públicas e das sociedades de economia mista: sua atividade social. Nos parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder
• Devem realizar concurso público para admissão de seus Executivo Federal poderá constituir como Organizações Sociais
empregados; pessoas jurídicas de direito privado, que não sejam de fins lu-
• Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto crativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa
constitucional; científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preser-
• Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Con- vação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos os requi-
tas, bem como ao controle do Poder Legislativo; sitos da lei. Ressalte-se que as entidades privadas que vierem a
• Não estão sujeitas à falência; atuar nessas áreas poderão receber a qualificação de OSs.
• Devem obedecer às normas de licitação e contrato admi- Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro trans-
nistrativo no que se refere às suas atividades-meio; ferir os serviços que não são exclusivos do Estado para o setor
• Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos pre- privado, por intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a
vista constitucionalmente; substituí-los por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido
• Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder como publicização. Com a publicização, quando um órgão pú-
Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores. blico é extinto, logo, outra entidade de direito privado o substi-
tui no serviço anteriormente prestado. Denota-se que o vínculo
Fundações e outras entidades privadas delegatárias com o poder público para que seja feita a qualificação da entida-
Identifica-se no processo de criação das fundações privadas, de como organização social é estabelecido com a celebração de
duas características que se encontram presentes de forma con- contrato de gestão. Outrossim, as Organizações Sociais podem
tundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um ins- receber recursos orçamentários, utilização de bens públicos e
tituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa. servidores públicos.
O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de
1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de di- Organizações da sociedade civil de interesse público
reito predominantemente de direito privado, sendo que a Cons- São conceituadas como pessoas jurídicas de direito priva-
tituição Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido do, sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas
às Sociedades de Economia Mista e às Empresas Públicas, que estatutárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo
permite autorização da criação, por lei e não a criação direta por art. 3º da Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de
lei, como no caso das autarquias. competência do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a é parecido com o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos:
Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
de lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no
de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
Fundação Autárquica. conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucra-
tivos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguin-
Observação importante: a autarquia é definida como ser- tes finalidades:
viço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é I – promoção da assistência social;
conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimô-
destinado a uma finalidade específica de interesse social. nio histórico e artístico;
III – promoção gratuita da educação, observando-se a for-
Vejamos como o Código Civil determina: ma complementar de participação das organizações de que trata
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) esta Lei;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. complementar de participação das organizações de que trata
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz esta Lei;

6
DIREITO ADMINISTRATIVO
V – promoção da segurança alimentar e nutricional; Podemos incluir entre as entidades que compõem o Tercei-
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente ro Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade
e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do pública, os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI,
voluntariado; por exemplo, as organizações sociais (OS) e as organizações da
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e sociedade civil de interesse público (OSCIP).
combate à pobreza; É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos so- está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarie-
cioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, dade na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio
emprego e crédito; da subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às
X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos organizações civis o atendimento dos interesses individuais e co-
direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; letivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos nas demandas que, devido à sua própria natureza e complexida-
humanos, da democracia e de outros valores universais; de, não puderam ser atendidas de maneira primária pela socie-
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias dade. Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encontraria
alternativas, produção e divulgação de informações e conheci- na autossuficiência da sociedade.
mentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho
mencionadas neste artigo. do Estado previa de forma explícita a publicização de serviços
A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não po- públicos estatais que não são exclusivos. A expressão publiciza-
dem receber a qualificação. Vejamos: ção significa a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações seja um setor público não estatal, da execução de serviços que
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem não são exclusivos do Estado, vindo a estabelecer um sistema de
de qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei: parceria entre o Estado e a sociedade para o seu financiamento
I – as sociedades comerciais; e controle, como um todo. Tal parceria foi posteriormente mo-
II – os sindicatos, as associações de classe ou de representa- dernizada com as leis que instituíram as organizações sociais e as
ção de categoria profissional; organizações da sociedade civil de interesse público.
III – as instituições religiosas ou voltadas para a dissemina- O termo publicização também é atribuído a um segundo
ção de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessio- sentido adotado por algumas correntes doutrinárias, que cor-
nais; responde à transformação de entidades públicas em entidades
IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive privadas sem fins lucrativos.
suas fundações; No que condizente às características das entidades que com-
V – as entidades de benefício mútuo destinadas a propor- põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro
cionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles:
sócios;
VI – as entidades e empresas que comercializam planos de
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te-
saúde e assemelhados;
nham sido autorizadas por lei;
VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse
suas mantenedoras;
público (serviços sociais não exclusivos do Estado);
VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público;
gratuito e suas mantenedoras;
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e,
IX – as Organizações Sociais;
por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à
X – as cooperativas;
Administração
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entida- 5. Pública e ao Tribunal de Contas;
de e o Estado é denominado termo de parceria e que para a 6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derro-
qualificação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta gado parcialmente por normas direito público;
tenha sido constituída e se encontre em funcionamento regular Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato
há, pelo menos, três anos nos termos do art. 1º, com redação de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas
dada pela Lei n. 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União e também porque não integram a Administração Pública Direta
tem entendido que o vínculo firmado pelo termo de parceria por ou Indireta.
órgãos ou entidades da Administração Pública com Organizações Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Se-
da Sociedade Civil de Interesse Público não é demandante de tor são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito
processo de licitação. De acordo com o que preceitua o art. 23 privado, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de
do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a realização de concurso direito privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem nor-
de projetos pelo órgão estatal interessado em construir parceria malmente de algum incentivo do setor público, também podem
com Oscips para que venha a obter bens e serviços para a rea- lhes ser aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o
lização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica motivo pelo qual a conceituada professora afirma que o regime
e assessoria. jurídico aplicado às entidades que integram o Terceiro Setor é de
direito privado, podendo ser modificado de maneira parcial por
Entidades de utilidade pública normas de direito público.
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe
em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços
estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços
para o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode
ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS. CLASSIFICAÇÃO ser praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele
DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ELEMENTOS DO ATO que o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta,
ADMINISTRATIVO. VALIDADE E EFICÁCIA DOS ATOS bem como, os entes da Administração Indireta e particulares,
ADMINISTRATIVOS. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRA- como acontece com as permissionárias e com as concessionárias
TIVO. FORMAS DE EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRA- de serviços públicos.
TIVOS. ATOS ADMINISTRATIVOS INVÁLIDOS. CONVA- Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não
LIDAÇÃO apresentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por
órgão jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compre-
Conceito endemos que ato administrativo é a manifestação unilateral de
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como vontade proveniente de entidade arremetida em prerrogativas
sendo “toda manifestação unilateral de vontade da Administra- estatais amparadas pelos atributos provenientes do regime jurí-
ção Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato dico de direito público, destinadas à produção de efeitos jurídi-
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar di- cos e sujeitos a controle judicial específico.
reitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. Em suma, temos:
Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efei- ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de von-
tos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurí- tade proveniente de entidade arremetida em prerrogativas esta-
dico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”. tais amparadas pelos atributos provenientes do regime jurídico
O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, de direito público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e
explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São sujeitos a controle judicial específico.
elas:
A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO
de atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrati-
vos e os regulamentos. Atos de Direito Privado
No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato Atos materiais
administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo,
um concessionário de serviço público), no exercício de prerro- Atos políticos
gativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas Contratos
complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujei- Atos normativos
tas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.
B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à defi- Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos
nição anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção.
Desta forma, no entendimento estrito de ato administrativo por Requisitos
ele exposta, ficam excluídos os atos convencionais, como os con- A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência
tratos, por exemplo, bem como os atos abstratos. de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência,
Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que
da análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos a falta ou o defeito desses elementos pode resultar.
conceitos retro apresentados, é possível extrair alguns elemen- De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em
tos fundamentais para a definição dos conceitos do ato admi- simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invali-
nistrativo. dando o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
De antemão, é importante observar que, embora o exercício No condizente à competência, no sentido jurídico, esta pa-
da função administrativa consista na atividade típica do Poder lavra designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém
Executivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta fun- que está legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira,
ção de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administra- qualquer pessoa, ainda que possua capacidade e excelente ren-
tivos. Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes dimento para fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser
devem nomear os aprovados, promovendo licitações e forne- considerada incompetente em termos jurídicos para executar tal
cendo benefícios legais aos servidores, dentre outras atividades. tarefa.
Acontece que em todas essas atividades, a função administrativa Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú-
estará sendo exercida que, mesmo sendo função típica, mas, re- blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Avia-
cordemos, não é função exclusiva do Poder Executivo. ção Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passa-
Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercí- porte e liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em
cio da função administrativa é ato administrativo, isso por que vista que o controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva
em inúmeras situações, o Poder Público pratica atos de caráter e privativa da Polícia Federal.
privado, desvestindo-se das prerrogativas que conformam o re- Nesse sentido, podemos conceituar competência como sen-
gime jurídico de direito público e assemelhando-se aos particu- do o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento ju-
lares. Exemplo: a emissão de um cheque pelo Estado, uma vez rídico às pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito
que a referida providência deve ser disciplinada exclusivamente de facilitar o desempenho de suas atividades.
por normas de direito privado e não público. A competência possui como fundamento do seu instituto a
divisão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do
conjunto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a

8
DIREITO ADMINISTRATIVO
distribuição de competências possibilita a organização adminis- Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
trativa do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
cada pessoa política, órgão ou agente. a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
Relativo à competência com aplicação de multa por infração termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
à legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
a União é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a dele-
imposto e também para estabelecer as respectivas infrações e gação é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico
penalidades. Já em relação à instituição do tributo e cominação inferior. No entanto, a doutrina contemporânea considera, quan-
de penalidades, que é de competência do legislativo, dentre os do justificadamente necessário, a admissão da delegação fora da
Órgãos Constitucionais da União, o Órgão que possui tal compe- linha hierárquica.
tência, é o Congresso Nacional no que condizente à fiscalização Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a
e aplicação das respectivas penalidades. atribuição da autoridade delegante, que continua competente
para o exercício das funções cumulativamente com a autoridade
Em relação às fontes, temos as competências primária e secun- a que foi delegada a função. Entretanto, cada agente público, na
dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo: prática de atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos,
a) Competência primária: quando a competência é estabe- agirá sempre em nome próprio e, respectivamente irá responder
lecida pela lei ou pela Constituição Federal. por seus atos.
b) Competência Secundária: a competência vem expressa Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotan-
em normas de organização, editadas pelos órgãos de competên- do cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também
cia primária, uma vez que é produto de um ato derivado de um poderá revogar a qualquer tempo a delegação realizada ante-
órgão ou agente que possui competência primária. riormente. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de de-
legação de competências, só deixando esta de ser possível se
Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de houver quaisquer impedimentos legais vigentes.
forma aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico
informando a distribuição de competências, como a matéria, o É importante conhecer a respeito da delegação de compe-
território, a hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente tência o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administra-
ao critério da matéria, é a criação do Ministério da Saúde. tivo Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito
Em relação ao critério territorial, a criação de Superinten- federal, incorporou grande parte da orientação doutrinária exis-
dências Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da tente, dispondo em seus arts. 11 a 14:
hierarquia, a criação do Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (CARF), órgão julgador de recursos contra as decisões das
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos ór-
Delegacias da Receita Federal de Julgamento criação da Comis-
gãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
são Nacional da Verdade que trabalham na investigação de viola-
casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
ções graves de Direitos Humanos nos períodos entre 18.09.1946
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
e 05.10.1988, que resulta na combinação dos critérios da maté-
não houver impedimento legal, delegar parte da sua competên-
ria e do tempo.
cia a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
A competência possui como características:
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos,
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, ju-
uma vez que se trata de um poder-dever de ambos.
b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela von- rídica ou territorial.
tade da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se
uma vez que é estabelecida em decorrência do interesse públi- à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respec-
co. Exemplo: diante de um excessivo aumento da ocorrência de tivos presidentes.
crimes graves e da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
polícia não poderá jamais optar por não mais registrar boletins I - a edição de atos de caráter normativo;
de ocorrência relativos a crimes considerados menos graves. II - a decisão de recursos administrativos;
c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acor- III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou au-
do com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra toridade.
pessoa. Frise-se que a delegação de competência não provoca a Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser pu-
transferência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de blicados no meio oficial.
determinadas atribuições não exclusivas da autoridade delegan- § 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes
te, que poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os
revogar a delegação. objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter res-
d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agen- salva de exercício da atribuição delegada.
te, quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que so- § 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
mente estas normas poderão alterá-la. autoridade delegante.
e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo § 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar
que não tenha sido utilizada por muito tempo. explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa pre- delegado.
vista em lei, o agente incompetente não passa a ser competente Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que
pelo mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica,
primeiro a tomar conhecimento dos fatos que implicariam a mo- social, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revo-
tivação de sua prática. gável a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o

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DIREITO ADMINISTRATIVO
ato de delegação bem como a sua revogação deverão ser expres- a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica
samente publicados no meio oficial, especificando em seu ato o ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo
as matérias e poderes delegados, os parâmetros de limites da além das providências que poderia adotar no caso concreto, vin-
atuação do delegado, o recurso cabível, a duração e os objetivos do a praticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem
da delegação. sempre poderá resultar em anulação do ato administrativo, ten-
do em vista que em algumas situações será possível convalidar
Importante ressaltar: o ato defeituoso.
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exer- b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
cício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
segurança ou a medida judicial. atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra ca-
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julga- samentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
mento do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
não poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade dele- está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pú-
gada. Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade blica ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qual-
delegada, todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra quer tipo de impedimento jurídico para a prática do ato naquele
este ato deverão respeitar o respectivo foro da autoridade de- momento. Na função de fato, o agente pratica o ato num contex-
legada. to que tem toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em
decorrência da teoria da aparência, desde que haja boa-fé do
Seguindo temos: administrado, esta deve ser respeitada, devendo, por conseguin-
te, ser considerados válidos os atos, como se fossem praticados
a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da dele- pelo funcionário de fato.
gação e se resume na possibilidade de o superior hierárquico Em suma, temos:
trazer para si de forma temporária o devido exercício de compe-
tências legalmente estabelecidas para órgãos ou agentes hierar- VÍCIOS DE COMPETÊNCIA
quicamente inferiores. Diferentemente da delegação, não cabe
avocação fora da linha de hierarquia, posto que a utilização do Em determinadas situações é
EXCESSO DE PODER
instituto é dependente de poder de vigilância e controle nas re- possível a convalidação
lações hierarquizadas. USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente
Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de de- Ato válido, se houver boa-fé do
legação: FUNÇÃO DE FATO
administrado

• Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional ABUSO DE AUTORIDADE


e temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a com-
petência é de forma originária e advém do órgão ou agente su- EXCESSO DE PODER Vício de competência
bordinado, sendo que de forma temporária, passa a ser exercida DESVIO DE PODER Desvio de finalidade
pelo órgão ou autoridade avocante.
• Já na revogação de delegação, anteriormente, a compe- Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é
tência já era de forma original da autoridade ou órgão delegan- uma das características do princípio da impessoalidade. Nesse
te, que achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de diapasão, a Administração não pode atuar com o objetivo de
delegação, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições beneficiar ou prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista
legais por cunho de mão própria. que seu comportamento deverá sempre ser norteado pela busca
do interesse público. Além disso, existe determinada finalidade
Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser típica para cada tipo de ato administrativo.
exercido com autocontrole, o poder originário de avocar com- Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espé-
petência também se constitui em regra na Administração Públi- cies de finalidade pública. São elas:
ca, uma vez que é inerente à organização hierárquica como um a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse pú-
todo. Entretanto, conforme a doutrina de forma geral, o órgão blico considerado de forma geral.
superior não pode avocar a competência do órgão subordina- b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico
do em se tratando de competências exclusivas do órgão ou de previsto na lei, que deve ser alcançado com a prática de deter-
agentes inferiores atribuídas por lei. Exemplo: Secretário de Se- minado ato.
gurança Pública, mesmo estando alguns degraus hierárquicos Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual
acima de todos os Delegados da Polícia Civil, não poderá jamais a lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie
avocar para si a competência para presidir determinado inquéri- de ato.
to policial, tendo em vista que esta competência é exclusiva dos
titulares desses cargos. Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas fi-
Não convém encerrar esse tópico acerca da competência nalidades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado
sem mencionarmos a respeito dos vícios de competência que desvio de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é
é conceituado como o sofrimento de algum defeito em razão de vício que não pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser
problemas com a competência do agente que o pratica que se convalidado.
subdivide em: A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, pa-
rágrafo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade
se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso

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DIREITO ADMINISTRATIVO
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de com- Devemos explanar também que a motivação declarada e es-
petência”. Destaque-se que por via de regra legal atributiva de crita dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando
competência estatui de forma explícita ou implicitamente, os for de caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta
fins que devem ser seguidos e obedecidos pelo agente público. maneira, quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja
Caso o ato venha a ser praticado visando a fins diversos, verifi- vício de forma, mas não vício de motivo.
car-se-á a presença do vício de finalidade. Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se autoridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá
verifica em duas hipóteses. São elas: no elemento motivo.
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o obje- Motivo
tivo de punição. O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com que estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
a finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de Quando a autoridade administrativa não tem margem para
interesse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de decidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar
perseguir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando o ato administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condi-
interesse público. zente ao ato discricionário, como há espaço de decisão para a
autoridade administrativa, a presença do motivo simplesmente
Em resumo, temos: autoriza a prática do ato.

Específica ou Imediata e Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que


FINALIDADE PÚBLICA se trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao
Geral ou Mediata
ser verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a
Ato praticado com finalidade di- prática do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização
versa da prevista em Lei. no mundo empírico da situação prevista em lei.
e Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato ad-
DESVIO DE FINALIDADE
Ato praticado formalmente com
OU DESVIO DE PODER ministrativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e
finalidade prevista em Lei, porém,
de direito, posto que para isso, são imprescindíveis à existência
visando a atender a fins pessoais
abstrata de previsão normativa bem como a ocorrência, de fato
de autoridade.
concreto que se integre à tal previsão.
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de
Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis-
ocorrer nas seguintes situações:
tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
a) quando o motivo é inexistente.
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
b) quando o motivo é falso.
modo de exteriorização do ato administrativo.
c) quando o motivo é inadequado.
B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo
como todas as formalidades que devem ser destacadas e obser-
e motivação. Vejamos:
vadas no seu curso de formação.
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção
Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
do ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato ad-
simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sen-
ministrativo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de
do que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o as-
motivo legítimo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato ad-
pecto exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica
ministrativo.
da formação do ato administrativo.
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo,
sendo a declaração das razões que motivaram à edição do ato.
Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liber-
Já a motivação declarada e expressa dos motivos dos atos ad-
dade de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Públi-
ministrativos, via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for
co, a regra é o formalismo moderado. O ato administrativo não
obrigatória pela lei, sua ausência causará invalidade do ato ad-
precisa ser revestido de formas rígidas e solenes, mas é impres-
ministrativo por vício de forma, e não de motivo.
cindível que ele seja escrito. Ainda assim, tal exigência, não é
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o
absoluta, tendo em vista que em alguns casos, via de regra, o
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o
agente público tem a possibilidade de se manifestar de outra
seguinte:
forma, como acontece nas ordens verbais transmitidas de forma
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
emergencial aos subordinados, ou, ainda, por exemplo, quando
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
um agente de trânsito transmite orientações para os condutores
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
de veículos através de silvos e gestos.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado
III - decidam processos administrativos de concurso ou se-
vício de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à
leção pública;
forma e sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
de regra, considera-se plenamente possível a convalidação do
licitatório;
ato administrativo que contenha vício de forma. No entanto, tal
V - decidam recursos administrativos;
convalidação não será possível nos casos em que a lei estabele-
VI - decorram de reexame de ofício;
cer que a forma é requisito primordial à validade do ato.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a ques- Objeto
tão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
oficiais; sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convali- palavras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo
dação de ato administrativo. cuida-se da alteração da situação jurídica que o ato administrati-
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação vo se propõe a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa,
deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em de- por exemplo, o objeto é a punição do transgressor.
claração de concordância com fundamentos de anteriores pa- Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto
receres, informações, decisões ou propostas, que, nesse caso, deve ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade confor-
serão parte integrante do ato. Tal hipótese é denominada pela me os padrões aceitos como éticos e justos.
doutrina de “motivação aliunde” que significa motivação “em Havendo o descumprimento dessas exigências, podem in-
outro local”, mas que está sendo admitida no direito brasileiro. cidir os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos.
Nesse sentido, podemos afirmar que serão viciados os atos que
A motivação dos atos administrativos possuam os seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a
respeito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos a) Objeto lícito: punição de um servidor público com sus-
motivos determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a pensão por prazo superior ao máximo estabelecido por lei es-
lei não exigindo a motivação, se o ato administrativo for motiva- pecífica.
do, ele só terá validade se os motivos declarados forem verda- b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para
deiros. evitar o acontecimento de chuva durante algum evento espor-
tivo.
Exemplo c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito
A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de de dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcooliza-
servidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo das nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas
de ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade com- por autoridade pública ou flagradas no teste do bafômetro.
petente venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de
pontualidade habitual do comissionado, a validade do ato exo- pessoas específicas para a ocupação noturna de determinado
neratório virá a ficar na dependência da existência do motivo trecho de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exem-
declarado. Já se o interessado apresentar a folha de ponto com- plo, o objeto é tido como imoral.
provando sua pontualidade, a exoneração, seja por via adminis-
trativa ou judicial, deverá ser anulada. Atributos do Ato Administrativo
É importante registrar que a teoria dos motivos determinan- Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito
tes pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados público ou regime jurídico administrativo, os atos administrati-
quanto aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado. vos são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos
Em suma, temos: atos privados.
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizen-
• Motivo do ato administrativo te ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conheci-
— Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta mento, bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em
a edição do ato administrativo. concursos públicos, bem como em teses, abordaremos o concei-
— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma to utilizado pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
abstrata que autoriza ou determina a prática do ato administra- Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos
tivo. dos atos administrativos são:
— Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo
real que corresponde à descrição contida de forma abstrata na • Presunção de legitimidade
lei, caracterizando o motivo de direito. Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor
dos atos administrativos. É o único atributo presente em todos
VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO os atos administrativos. Pelo fato de a administração poder agir
somente quando autorizada por lei, presume-se, por conseguin-
Inexistente te que se a administração agiu e executou tal ato, observando os
Falso parâmetros legais. Desta forma, em decorrência da presunção
Inadequado de legitimidade, os atos administrativos presumem-se editados
em conformidade com a lei, até que se prove o contrário.
• Teoria dos motivos determinantes De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade
— O ato administrativo possui sua validade vinculada aos e da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se
motivos expostos mesmo que não seja exigida a motivação. que suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina concei-
— Só é aplicada apenas se o ato conter motivação. tua como presunção de veracidade dos atos administrativos que
— STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrati- se cuida da presunção de que o ato administrativo foi editado
vo quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, em conformidade com a lei, gerando a desconfiança de que as
não está adequado à realidade fática”. alegações produzidas pela administração são verdadeiras.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elemen-
tos e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos.
No entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, po-

12
DIREITO ADMINISTRATIVO
dendo ser afastadas em decorrência da apresentação de prova Tipicidade
em sentido contrário. Assim sendo, se o administrado se sen- De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não
tir prejudicado por algum ato que refutar ilegal ou fundado em cita a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocor-
mentiras, poderá submetê-lo ao controle pela própria adminis- re pelo fato de tal característica não estabelecer um privilégio
tração pública, bem como pelo Judiciário. Já se o órgão provoca- da administração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o en-
do alegar que a prática não está em conformidade com a lei ou é tendimento de que a título de “atributos” devemos estudar as
fundada em alegações falsas, poderá proclamará a nulidade do particularidades dos atos administrativos que os divergem dos
ato, desfazendo os seus efeitos. demais atos jurídicos, deveremos incluir a tipicidade na lista.
Denota-se que a principal consequência da presunção de Entretanto, se entendermos que apenas são considerados atri-
veracidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relem- butos as prerrogativas que acabam por verticularizar as relações
bremos que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever jurídicas nas quais a administração toma parte, a tipicidade não
de provar é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, poderia ser considerada.
se o particular “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria
em prejuízo do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está Sylvia Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o
alegando, de maneira que, em nada conseguir provar os fatos, ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previa-
“Y” não poderá ser punido. mente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.
Assim sendo, em consonância com esse atributo, para cada fina-
• Imperatividade lidade que a Administração Pública pretender alcançar, deverá
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos haver um ato previamente definido na lei.
são impostos pelo Poder Público a terceiros, independente- Denota-se que a tipicidade é uma consequência do prin-
mente da concordância destes. Infere-se que a imperatividade cípio da legalidade. Esse atributo não permite à Administração
é proveniente do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder praticar atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo
Público poderá editar atos, de modo unilateral e com isso, cons- pelo qual o atributo da tipicidade é considerado como uma ideia
tituir obrigações para terceiros. A imperatividade representa um contrária à da autonomia da vontade, por meio da qual o parti-
traço diferenciado em relação aos atos de direito privado, uma
cular tem liberdade para praticar atos desprovidos de disciplina
vez que estes somente possuem o condão de obrigar os terceiros
legal, inclusive atos inominados.
que manifestarem sua expressa concordância.
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida-
que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran-
de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem
do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qual-
obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o
quer impedimento de ordem jurídica para que a Administração
ato administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por
venha a firmar com o particular um contrato inominado despro-
exemplo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ain-
vido de regulamentação legal, desde que esta seja a melhor ma-
da, quando possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão,
neira de atender tanto ao interesse público como ao interesse
atestado ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
particular.
• Autoexecutoriedade
Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem Classificação dos Atos Administrativos
executados diretamente pela Administração Pública, por inter- A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada
médio de meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse
intervenção prévia do Poder Judiciário. motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifi-
Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do cações mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior uti-
interesse público, típico do regime de direito administrativo, fato lidade prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela conco-
que acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condi- mitante abordagem nas provas de concursos públicos.
zente à rapidez e eficiência.
No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexe- a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os
cutoriedade somente é possível quando estiver expressamente atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários de-
prevista em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que terminados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que
não sendo adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuí- de uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas
zo maior ao interesse público. que correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o
Regulamento do Imposto de Renda.
EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários
Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que
Demolição de edifício em situação de risco será singular quando alcançar um único sujeito determinado e
será plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujei-
Internação de pessoa com doença contagiosa
tos determinados em si.
Dissolução de reunião que ameace a segurança
Exemplo:
Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel.
prestação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular Por outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-
que considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, -se: o ato de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto
possa livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca aos destinatários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES
da defesa dos seus direitos. PLÚRIMOS

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DIREITO ADMINISTRATIVO
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos po- f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
dem ser atos vinculados e discricionários. este também decorre do resultado da manifestação de vontade
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administra- de dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é
ção Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que o fato de que, ao passo que no ato complexo as vontades dos
comprovados os requisitos legais, a edição do ato se torna obri- órgãos se unem para formar um só ato, no ato composto são
gatória, nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a praticados dois atos, um principal e outro acessório.
construção de imóvel.
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonân- Meirelles, para quem o ato administrativo composto “é o que
cia com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, resulta da vontade única de um órgão, mas depende da verifica-
tomar decisões quando e como o ato será praticado, com a defi- ção por parte de outro, para se tornar exequível”. A mencionada
nição de seu conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de definição, embora seja discutível, vem sendo muito utilizada pe-
sua prática. las bancas examinadoras na elaboração de questões de provas
de concurso público. Isso ocorreu na aplicação da prova para
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos ad-
Assistente Jurídico do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que
ministrativos podem ser atos de império, de gestão e de expe-
foi considerado correto o seguinte tópico: “Ao ato administrativo
diente.
cuja prática dependa de vontade única de um órgão da adminis-
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administra-
tração, mas cuja exequibilidade dependa da verificação de outro
ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais
usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e órgão, dá-se o nome de ato administrativo composto”.
coercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de esta-
belecimentos comerciais. Espécies
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
quais a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos
provenientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos e atos punitivos.
de administração dos bens e serviços públicos e dos atos nego-
ciais com os particulares. • Atos normativos
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, pas- Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é
sam a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. esmiuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel exe-
cução da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são
Exemplo: gerais, não possuem destinatários específicos e determinados,
Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de e abstratas, versando sobre hipóteses e nunca sobre casos con-
forma vinculante entre a administração e o locatário aos termos cretos.
do contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
• Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im- Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po-
pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante dem ser:
e sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos pro- a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa
cessos e papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos. dos chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situ-
ação geral ou individual prevista na legislação, englobando tam-
Exemplo: bém de forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é
Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as privativa das Casas Legislativas.
devidas análises”. O decreto é de suma importância no direito brasileiro, mo-
tivo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem
e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser
ser classificados em decreto geral e individual. Vejamos:
atos simples, complexos e compostos.
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando re-
• O ato simples decorre da declaração de vontade de ape-
gras gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a cor-
nas um órgão da administração pública, pouco importando se
esse órgão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação reta aplicação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regula-
de um servidor público pelo Prefeito de um Município, será con- mento do Imposto de Renda”.
siderada como ato simples singular, ao passo que a decisão de c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação es-
um processo administrativo por órgão colegiado será apenas ato pecífica de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua
simples colegiado. publicação produz de imediato, efeitos concretos.
• O ato complexo é constituído pela manifestação de dois
ou mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em Exemplo:
todos os sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto Decreto que declara a utilidade pública de determinado
assinado pelo Presidente da República e referendado pelo Mi- bem para fim de desapropriação.
nistro de Estado. Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto
É importante não confundir ato complexo com procedimen- regulamentar, também designado de decreto de execução. A
to administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato doutrina o conceitua como sendo aquele que introduz um re-
complexo integram-se as vontades de vários órgãos para a ob- gulamento, não permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance
tenção de um mesmo ato, ao passo que no procedimento admi- possam ir além daqueles do que é permitido por Lei.
nistrativo praticam-se diversos atos intermediários e autônomos
para a obtenção de um ato final e principal”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre a) Licença: possui algumas características. São elas:
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos
Pondera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto au- legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a
tônomo admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. licença;
84, VI, “a”, da Constituição Federal, incluída pela Emenda Cons- — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a
titucional 32/2001, que predispõe a competência privativa do Administração se torna conivente com o exercício da atividade
Presidente da República para dispor, mediante decreto, sobre a privada como um todo;
organização e funcionamento da administração federal, quando — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do
não incorrer em aumento de despesa nem criação ou extinção particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
de órgãos públicos.
b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário
• Atos ordinatórios dotado da permissão do exercício de atividades específicas rea-
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem lizadas pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determina-
ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de do bem público. Exemplo: a permissão para uso de bem público
disciplinar as relações internas da Administração Pública. Deta- específico.
lharemos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as ins- A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
truções, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens de servi- — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
ço, os ofícios e os despachos. ministração Pública concorda com o exercício da atividade pri-
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela vada, bem como da utilização de bem público por particulares;
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar — Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autorida-
a atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as de administrativa é dotada de liberdade de análise referente à
instruções que ordenam os atos que devem ser usados de forma conveniência e à oportunidade do ato administrativo;
interna na análise do pedido de utilização de bem público forma- — Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui
lizado unicamente por particular. somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entre- apenas de direito subjetivo ao ato.
tanto, de modo geral se encontram dotadas de menor abran-
gência. c) Autorização: é detentora de características iguais às da
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados permissão, vindo a constituir ato administrativo discricionário
por Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos permissionário do exercício de atividade específica pelo particu-
correlatos aos respectivos Ministérios. lar ou, ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma
Portarias: são atos administrativos respectivamente edita- que a permissão, a autorização possui como características: o
dos por autoridades administrativas, porém, diferentes das do ato de consentimento estatal, o ato discricionário e o ato cons-
chefe do Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de titutivo.
portaria determinando a instauração de processo disciplinar es-
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado porta-
pecífico.
dor do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço pú-
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos orde-
blico específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese
nadores da adoção de conduta específica em circunstâncias es-
na qual o particular preencha devidamente os requisitos legais
peciais. Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de
obra pública.
• Atos enunciativos
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se
São atos administrativos que expressam opiniões ou,
responsabilizam pela formalização da comunicação de forma es-
ainda, que certificam fatos no campo da Administração Pública.
crita e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem
A doutrina reconhece como espécies de atos enunciativos: os
como de entidades administrativas como um todo. Exemplo: re-
pareceres, as certidões, os atestados e o apostilamento. Veja-
quisição de informações necessárias para a defesa do Estado em mos:
juízo por meio de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expres-
Secretaria de Saúde. sar a opinião do agente público a respeito de determinada ques-
Despachos: são atos administrativos eivados de poder de- tão de ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de
cisório ou apenas de mero expediente praticados em processos processo de licenciamento ambiental é apresentado parecer
administrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo técnico.
disciplinar, é emitido despacho especifico determinando a oitiva De forma geral, a doutrina pondera a existência de três es-
de testemunhas. pécies de pareceres. São eles:
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legis-
• Atos negociais lação para formulação da decisão administrativa. Ao ser elabora-
Também chamados de atos receptícios, são atos administra- do, não vincula a autoridade competente;
tivos de caráter administrativo editados a pedido do particular, 2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria-
com o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas
bem como a utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade a opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autori-
da Administração Pública é pertinente com a pretensão do par- dade responsável pela decisão administrativa, que pode contra-
ticular. Fazem parte desta categoria, a licença, a permissão, a riar o parecer de forma motivada;
autorização e a admissão. Vejamos: 3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de
forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade admi-
nistrativa com o dever de acatá-lo.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que pos- situação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para
suem o condão de declarar a existência ou inexistência de atos momento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da
ou fatos administrativos. As certidões são atos que retratam a medida, denota-se que a sua aplicação dependerá da formaliza-
realidade, porém, não são capazes de criar ou extinguir relações ção feita de forma prévia no processo administrativo, situação
jurídicas. por intermédio da qual, a ampla defesa será postergada para
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Fe- momento ulterior.
deral consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fun- Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio-
damentais, no qual assegura a todo e qualquer cidadão interes- nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públi-
sado, independentemente do pagamento de taxas, “a obtenção cos e aos administrados possuidores de relação jurídica especial
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e com a Administração Pública, desde que tenha sido constatada
esclarecimento de situações de interesse pessoal”. a violação ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do
negócio jurídico. Um exemplo disso, é a demissão de servidor
c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às público que tenha cometido falta grave.
certidões, posto que também declaram a existência ou inexis- *Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas
tência de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com aos particulares, de modo geral, no exercício do poder de polí-
as certidões, uma vez que nas certidões, o agente público uti- cia, as sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações
liza-se do ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante de sujeição especial de administrados específicos do poder dis-
dos arquivos públicos, ao passo que os atestados se incumbem ciplinar da Administração Pública, como é o caso dos servidores
da tarefa de retratar fatos que não constam de forma antecipada e contratados. Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas
dos arquivos da Administração Pública. para o exterior da Administração - as chamadas sanções exter-
nas - as sanções disciplinares são aplicadas no interior da Admi-
d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que pos- nistração Pública, - as denominadas sanções internas.
suem o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos re-
conhecidos pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, Extinção do ato administrativo
podemos citar o apostilamento, via de regra, feito no verso da Diversas são as causas que causam e determinam a extinção
última página dos contratos administrativos, da variação do va- dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de
lor contratual advinda de reajuste previsto no contrato, nos pa- Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz po-
râmetros do art. 65, § 8.°, da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações. derá ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus
efeitos, vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do
• Atos punitivos sujeito, vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto,
Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos extinção objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela re-
são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de núncia do beneficiário.
interesses dos administrados que vierem a atuar em desalento
com a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações
qualquer forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contra- por meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus
ditório na edição de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, efeitos ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato
da Constituição Federal Brasileira, bem como que as sanções ad- que surtiu efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer
ministrativas tenham previsão legal expressa cumprindo os dita- nas seguintes situações:
mes do princípio da legalidade.
Podemos dividir as sanções em dois grupos: Cassação
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com su- É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descum-
pedâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos prido condições que deveriam permanecer atendidas com o fito
particulares em geral. Exemplo: multa de trânsito. de dar continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com extinção do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato
embasamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às que, mesmo sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-
demais pessoas que se encontram especialmente vinculadas à -se ilegal na sua execução. Exemplo: cassação de uma licença
Administração Pública. Exemplo: reprimenda imposta à deter- para funcionamento de hotel que passou a funcionar ilegalmen-
minada empresa contratada pela Administração. te como casa de prostituição.
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exem-
plos, as multas, as interdições de atividades, as apreensões ou Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação
destruições de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resu- de um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua
midamente cada espécie: vinculação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma
Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas similar. Desta forma, a Administração Pública não detém o po-
aos administrados. der de demonstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos
Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou sus- para justificar a cassação, estando, desta maneira, limitada ao
pensivos do exercício de atividades diversas. que houver sido fixado nas referidas leis ou normas similares.
Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções Esse entendimento, em geral, evita que os particulares sejam co-
aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colo- agidos a conviver com extravagante insegurança jurídica, posto
cam a população em risco. que, a qualquer momento a administração estaria apta a propor
Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a cassação do ato administrativo.
a autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas
à coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio,

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação conside- atribuída de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Mu-
rada como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só po- nicípios, cada uma dessas esferas tem a possibilidade de, obser-
deria ser proposta contra particulares que tenham sido flagrados vado o princípio da razoabilidade e mediante legislação própria,
pelos agentes de fiscalização em descumprimento às condições fixar os prazos para o exercício da autotutela.
de subsistência do ato, bem como por ato revisional que impli-
casse auditoria, acoplando até mesmo questões relativas à inter- Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no
cepção de bases de dados públicas. âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
parecidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação os destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco
advém do não cumprimento ou alteração dos requisitos neces- anos, contados da data em que foram praticados. Infere-se que
sários para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, como tal norma não possui caráter nacional, não há impedimen-
ao passo que a anulação tem parte quando é verificado que o tos para a estipulação de prazos diferentes em outras esferas.
defeito do ato ocorreu na formação do ato. Revogação
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela
Anulação própria Administração, por motivos de conveniência e oportuni-
É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo mo- dade, sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por mo-
tivo de ele ter sido produzido com ausência de conformidade tivações de conveniência e oportunidade, sempre relacionadas
com a lei e com o ordenamento jurídico. A anulação é resulta- ao atendimento do interesse público. Assim, se um ato admi-
do do controle de legalidade ou legitimidade do ato. O controle nistrativo legal e perfeito se torna inconveniente ao interesse
de legalidade ou legitimidade não permite que se aprofunde na público, a administração pública poderá suprimi-lo por meio da
análise do mérito do ato, posto que, se a Administração contiver revogação.
por objetivo retirar o ato por razões de conveniência e oportuni- A revogação resulta de um controle de conveniência e opor-
dade, deverá, por conseguinte, revogá-lo, e não o anular. tunidade do ato administrativo promovido pela própria Adminis-
Diferentemente da revogação, que mantém incidência so- tração que o editou.
mente sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto É fundamental compreender que a revogação somente pode
os atos discricionários quanto os vinculados. Isso que é expli- atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por
cado pelo fato de que ambos deterem a prerrogativa de conter que quando a administração está à frente do motivo que ordena
vícios de legalidade. a prática do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigató-
Em relação à competência, a anulação do ato administrativo ria, não lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo analisar a conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo.
Poder Judiciário. Desta maneira, não havendo possibilidade de análise de mérito
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. para a edição do ato, essa abertura passará a não existir para que
Quando isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu o ato seja desfeito pela revogação.
poder de autotutela, devidamente paramentado nas seguintes
Súmulas do STF: Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a
princípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a
PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA qualquer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de
certos limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia
A Administração Pública pode declarar Zanella Di Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos:
SÚMULA 346
a nulidade dos seus próprios atos. a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a
A Administração pode anular seus pró- análise de conveniência e oportunidade;
prios atos, quando eivados de vícios b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação
que os tornam ilegais, porque deles não retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe
não se originam direitos; ou revogá- seriam próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre
SÚMULA 473 -los, por motivo de conveniência ou quando transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor
oportunidade, respeitados os direitos público, após o gozo do direito, não há como revogar o ato;
adquiridos, e ressalvada, em todos os c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem
casos, a apreciação judicial. o praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de
autoridade superior, hipótese em que a autoridade inferior que
o praticou deixou de ser competente para revogá-lo;
Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atesta-
invocado para anular o ato administrativo por motivo de ilega-
dos, votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabeleci-
lidade, bem como para revogá-lo por razões de conveniência e
dos pela lei;
oportunidade.
e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou
novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
por provocação do interessado.
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado di-
Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no
reito adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.
exercício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o
ato administrativo havendo pedido do interessado.
Convalidação
Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela pró-
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastan-
pria Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo
do por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos,
legalmente estabelecido. À vista da autonomia administrativa
inclusive aqueles que foram gerados antes da providência sane-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
adora. Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento
uma vez que retroage à data da edição do ato original, manten- do Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendi-
do-lhe todos os efeitos. mento sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua esclareceu:
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei du-
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, rante dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. exatamente essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios administração tem cinco anos para concluir e anular o ato admi-
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos nistrativo, e não para iniciar o procedimento administrativo. Em
e anuláveis. cinco anos tem que estar anulado o ato administrativo, sob pena
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista de incorrer em decadência (grifo aditado). Eu registro também
foi incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapa- que é da doutrina do Supremo Tribunal Federal o postulado da
são, o art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública segurança jurídica e da proteção da confiança, que são expres-
a possibilidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sões do Estado Democrático de Direito, revelando-se impreg-
sanáveis, levando em conta que tal providência não acarrete le- nados de elevado conteúdo ético, social e jurídico, projetando
são ao interesse público nem prejuízo a terceiros. Embora tal sobre as relações jurídicas, inclusive, as de Direito Público. De
regra seja destinada à aplicação no âmbito da União, o mesmo sorte que é absolutamente insustentável o fato de que o Poder
entendimento tem sido aplicado em todas as esferas, tanto em Público não se submente também a essa consolidação das si-
decorrência da existência de dispositivo similar nas leis locais, tuações eventualmente antijurídicas pelo decurso do tempo.”
quanto mediante analogia com a esfera federal e também com Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dis-
fundamento na prevalência doutrinária vigente. põe de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru- Luiz Fux promoveu maior confiabilidade na relação entre o admi-
dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determi- nistrado e Administração Pública, suprimindo da administração
nadas lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrên- o poder de usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do
cia do princípio da segurança jurídica. ato administrativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as
partes interessadas.
Decadência Administrativa Em resumo, é de grande importância o posicionamento ado-
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um tado pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só
direito existente, pela falta de seu exercício, no período de tem- tempo, propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral
po determinado em lei e também pela vontade das próprias par- de contagem do prazo decadencial.
tes e, ainda no fim de um direito subjetivo em face da inércia
de seu titular, que não ajuizou uma ação constitutiva no prazo
estabelecido pela lei. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. CONCEITOS E CA-
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto RACTERES JURÍDICOS. AS DIFERENTES ESPÉCIES DE
como sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. OS CONVÊNIOS AD-
no prazo previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede MINISTRATIVOS
quando a única forma de expressão do direito coincide conatu-
ralmente com o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do No desempenho da função administrativa, o Poder Público
direito se confunde com o exercício da ação para manifestá-lo”. empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídi-
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o cas, públicas e privadas. A partir do momento em que tais rela-
disposto legal sobre a decadência do direito de a administração ções se constituem por intermédio da manifestação bilateral da
pública anular seus próprios atos, a partir do momento em que vontade das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato
esses vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Ve- da Administração.
jamos: Denota-se que os contratos da Administração podem ser nas
Artigo 54. O direito da administração de anular os atos ad- formas:
ministrativos de que decorram efeitos favoráveis para os desti- Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas
natários decai em cinco anos, contados da data em que foram normas de Direito Público.
praticados, salvo comprovada má-fé. Contratos de Direito Privado firmados pela Administração:
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de são aqueles comandados por normas de Direito Privado.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer Princípios
medida de autoridade administrativa que importe impugnação
à validade do ato.” Princípio da legalidade
O mencionado direito de anulação do ato administrativo Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como
decai no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato um produto do Liberalismo, que propagava evidente superiori-
foi praticado. Isso significa que durante esse decurso, o adminis- dade do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade
trado permanecerá submetido a revisões ou anulações do ato veio a ser bipartida em importantes desdobramentos:
administrativo que o beneficia. 1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o os atos da Administração;
administrado poderá ter suas relações com a administração con- 2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser
solidadas contando com a proteção da segurança jurídica. formalizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de
caráter normativo.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado Princípio da eficiência
como o principal conceito para a configuração do regime jurí- Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC
dico-administrativo, tendo em vista que segundo ele, a admi- 19/1998, com o fito de substituir a Administração Pública bu-
nistração pública só poderá ser desempenhada de forma eficaz rocrática pela Administração Pública gerencial. O intuito de efi-
em seus atos executivos, agindo conforme os parâmetros legais ciência está relacionado de forma íntima com a necessidade de
vigentes. De acordo com o princípio em análise, todo ato que célere efetivação das finalidades públicas dispostas no ordena-
não possuir base em fundamentos legais é ilícito. mento jurídico. Exemplo: duração razoável dos processos judicial
e administrativo, nos ditames do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988,
Princípio da impessoalidade inserido pela EC 45/2004), bem como o contrato de gestão no in-
Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, terior da Administração (art. 37 da CRFB) e com as Organizações
possui duas interpretações possíveis: Sociais (Lei 9.637/1998).
a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pú- Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios
blica deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonô- que garantem sua eficiência:
mico aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública, a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se
vedadas a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: torna eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa
art. 37, II, da CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com res- sem piorar a situação de outrem.
salvas ao tratamento que é diferenciado para pessoas que estão b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplica-
se encontram em posição fática de desigualdade, com o fulcro das de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior
de efetivar a igualdade material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB número de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os pre-
e art. 5.0, § 2. °, da Lei 8.112/1990: reserva de vagas em cargos e juízos de “Y”).
empregos públicos para portadores de deficiência. Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios menciona-
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações dos acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas o prisma econômico, tendo em vista que a Administração possui
como feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pe- a obrigação de considerar outros aspectos fundamentais, como
los quais toda a publicidade dos atos do Poder Público deve pos- a qualidade do serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade,
suir caráter educativo, informativo ou de orientação social, nos dentre outros aspectos.
termos do art. 37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pes- Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Mag-
soal de autoridades ou servidores públicos”. na Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu
no direito norte-americano por intermédio da evolução juris-
Princípio da moralidade prudencial da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a 5.’ e 14.’ da Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de
atuação administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. lado o seu caráter procedimental (procedural due process of law:
Nesse diapasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 direito ao contraditório, à ampla defesa, dentre outras garan-
ordena ao administrador nos processos administrativos, a autên- tias processuais) para, por sua vez, incluir a versão substantiva
tica “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e (substantive due process of law: proteção das liberdades e dos
boa-fé”. Exemplo: a vedação do ato de nepotismo inserido da direitos dos indivíduos contra abusos do Estado).
Súmula Vinculante 13 do STF. Entretanto, o STF tem afastado a Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem
aplicação da mencionada súmula para os cargos políticos, o que sendo aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem
para a doutrina em geral não parece apropriado, tendo em vista como da constitucionalidade das leis e dos atos administrativos,
que o princípio da moralidade é um princípio geral e aplicável demonstrando ser um dos mais importantes instrumentos de
a toda a Administração Pública, vindo a alcançar, inclusive, os defesa dos direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
cargos de natureza política. O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das
teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do mo-
Princípio da publicidade mento no qual foi reconhecida a existência de direitos perdurá-
Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos veis ao homem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramen-
do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do te no âmbito do Direito Administrativo, no “direito de polícia”,
art. 2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importân- vindo a receber, na Alemanha, dignidade constitucional, a partir
cia que a transparência dos atos administrativos guarda estreita do momento em que a doutrina e a jurisprudência passaram a
relação com o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da afirmar que a proporcionalidade seria um princípio implícito ad-
CRFB/1988), vindo a possibilitar o exercício do controle social vindo do próprio Estado de Direito.
sobre os atos públicos praticados pela Administração Pública em Embora haja polêmica em relação à existência ou não de
geral. Denota-se que a atuação administrativa obscura e sigilosa diferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da
é característica típica dos Estados autoritários. Como se sabe, proporcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da
no Estado Democrático de Direito, a regra determinada por lei, fungibilidade entre os mencionados princípios que se relacio-
é a publicidade dos atos estatais, com exceção dos casos de sigi- nam e forma paritária com os ideais igualdade, justiça material e
lo determinados e especificados por lei. Exemplo: a publicidade racionalidade, vindo a consubstanciar importantes instrumentos
é um requisito essencial para a produção dos efeitos dos atos de contenção dos excessos cometidos pelo Poder Público.
administrativos, é uma necessidade de motivação dos atos ad- O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
ministrativos. subprincípios:

19
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado Princípio da autotutela
será adequado quando vier a contribuir para a realização do re- Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de
sultado pretendido. rever os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício
b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibi- de legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conve-
ção do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para niência e de oportunidade, de acordo com a previsão contida
alcançar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Públi- nas Súmulas 346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei
co terá o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos 9.784/1999.
fundamentais. A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela
típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ile-
atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo gal e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
qual a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se
justificada, tendo em vista importância do princípio ou direito que esta possui limites importantes que, por sua vez, são im-
fundamental que será efetivado. postos ante à necessidade de respeito à segurança jurídica e à
boa-fé dos particulares de modo geral.
Princípio da supremacia do interesse público sobre o inte-
resse privado (princípio da finalidade pública) Princípios da consensualidade e da participação
É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicio- Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade
nal, tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em tornaram-se decisivas para as democracias contemporâneas,
duas categorias: pelo fato de contribuem no aprimoramento da governabilidade,
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com vindo a fazer a praticar a eficiência no serviço público, propi-
a necessidade de satisfação de necessidades coletivas promo- ciando mais freios contra o abuso, colocando em prática a le-
vendo justiça, segurança e bem-estar através do desempenho galidade, garantindo a atenção a todos os interesses de forma
de atividades administrativas que são prestadas à coletividade, justa, propiciando decisões mais sábias e prudentes usando da
como por exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o legitimidade, desenvolvendo a responsabilidade das pessoas por
fomento, dentre outros. meio do civismo e tornando os comandos estatais mais aceitá-
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do veis e mais fáceis de ser obedecidos.
próprio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encon- Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre
tra-se ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, o Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal,
implementado através de atividades administrativas instrumen- veio a assumir um importante papel no condizente ao processo
tais que são necessárias ao atendimento do interesse público de identificação de interesses públicos e privados que se encon-
primário. Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, tram sob a tutela da Administração Pública.
aos agentes público e ao patrimônio público. Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensu-
alidade e da participação, a administração termina por voltar-
Princípio da continuidade -se para a coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo e aspirações da sociedade, passando a ter a ter atividades de
que tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não mediação para resolver e compor conflitos de interesses entre
pode ser interrompida, levando em conta a necessidade perma- várias partes ou entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não
nente de satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela mais colocando o ato como instrumento exclusivo de definição
legislação. e atendimento do interesse público, mas sim em forma de ativi-
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço dade aberta para a colaboração dos indivíduos, passando a ter
público, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, pres- importância o momento do consenso e da participação.
tador do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na
prestar o serviço de forma adequada, em consonância com as tomada de decisões administrativas está refletido em alguns
normas vigentes e, em se tratando dos concessionários, deven- institutos jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de in-
do haver respeito às condições do contrato de concessão. Em formações, conselhos municipais, ombudsman, debate público,
resumo, a continuidade pressupõe a regularidade, isso por que assessoria externa ou pelo instituto da audiência pública. Salien-
seria inadequado exigir que o prestador continuasse a prestar ta-se: a decisão final é do Poder Público; entretanto, ele deverá
um serviço de forma irregular. orientar sua decisão o mais próximo possível em relação à sínte-
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não se extraída na audiência do interesse público. Nota-se que ocor-
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diaria- re a ampliação da participação dos interessados na decisão”, o
mente e em período integral. Na realidade, o serviço público que poderá gerar tanto uma “atuação coadjuvante” como uma
deverá ser prestado sempre na medida em que a necessidade “atuação determinante por parte de interessados regularmente
da população vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade habilitados à participação” (MOREIRA NETO, 2006, p. 337-338).
absoluta da necessidade relativa, onde na primeira, o serviço de- Desta forma, o princípio constitucional da participação é
verá ser prestado sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista o pioneiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas
que a população necessita de forma permanente da disponibi- jurídico-políticas, sendo também uma forma de controle social,
lidade do serviço. Exemplos: hospitais, distribuição de energia, devido aos seus institutos participativos e consensuais.
limpeza urbana, dentre outros.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da 1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas e
boa-fé determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabeleci-
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima das e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além de
e da boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham receberem da outra prestação proporcional à sua, podem apre-
entre si. ciar imediatamente, verificando previamente essa equivalência.
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois sen- Ressalta-se que o contrato comutativo se encontra em discor-
tidos: dância do contrato aleatório que é aquele contrato por meio do
a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando qual, as partes se arriscam a uma contraprestação que por ora
em conta a necessidade de que sejam respeitados o direito ad- se encontra desconhecida ou desproporcional, dizendo respeito
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, a fatos futuros. Exemplo: contrato de seguro, posto que uma das
da CRFB); partes não sabe se terá que cumprir alguma obrigação, e se tiver,
b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas re- nem sabe qual poderá ser.
lacionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais. Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do De-
creto-Lei n.7.568/2011:
Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções: Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse
a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos com entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de
particulares; chamamento público a ser realizado pelo órgão ou entidade con-
b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológi- cedente, visando à seleção de projetos ou entidades que tornem
co daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta ca- mais eficaz o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto n.
racterização da confiança legítima depende em grande parte da 7.568, de 2011)
boa-fé do particular, que veio a crer nas expectativas que foram 2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens
geradas pela atuação do Estado. para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um
Condizente à noção de proteção da confiança legítima, veri- sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Exis-
fica-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utili- te um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por
zação abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que meio do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre
terminam por surpreender os seus receptores. de forma contrária do contrato gratuito, como a doação, posto
Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança que neste, só uma das partes possui obrigação, que é entregar o
jurídica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, bem, já a outra, não tem.
com supedâneo em fundamento constitucional que se encontra 3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na
implícito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. legislação para que tenha validade. A formalização do contrato
1.° da CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurí- encontra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se,
dico perfeito e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, por oportuno, que o contrato administrativo é celebrado pela
da CRFB/1988. forma escrita, nos ditames art. 60, parágrafo único.
Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei Características
9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança le- A doutrina não é unânime quanto às características dos con-
gítima, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos: tratos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos
a) ato da Administração suficientemente conclusivo para ge- aduzir que são as seguintes:
rar no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi-
casos: confiança do afetado de que a Administração atuou corre- nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual
tamente; confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na na posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um
relação jurídica que mantém com a Administração; ou confiança rol de prerrogativas que acabam por a colocar em posição de
do afetado de que as suas expectativas são razoáveis; hierarquia diante do particular, sendo que tais prerrogativas se
b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade ad- materializam nas cláusulas exorbitantes;
ministrativa, que, independentemente do caráter vinculante, B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos
orientam o cidadão a adotar determinada conduta; de direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá
c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma si- estar presente a incessante busca da satisfação do interesse pú-
tuação jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao pa- blico, sob pena de incorrer em desvio de poder;
trimônio jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei
é confiável; procedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos
d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con- contratos administrativos, que contém, dentre outras medidas,
fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou autorização legislativa, justificativa de preço, motivação, autori-
tolerância da Administração); e zação pela autoridade competente, indicação de recursos orça-
e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obri- mentários e licitação;
gações no caso. D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito
privado ou de direito público, os contratos são formados a partir
Elementos de manifestações bilaterais de vontades da Administração con-
Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a res- tratante e do particular contratado;
peito, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de von-
alguns paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz tades plenas e livres, e não de ato impositivo;
do contrato administrativo. Desta forma, o contrato administra-
tivo é:

21
DIREITO ADMINISTRATIVO
F) Formalidade – não basta que haja a vontade das par- Prazo
tes para que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter
necessário o cumprimento de determinações previstas na Lei prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência dos
8.666/1993; respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em regra, os
H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico con- contratos terão duração de um ano, levando em conta que esse
vencionado; é o prazo de vigência dos créditos orçamentários que são passa-
I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das pres- dos aos órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei 4.320/1964, o
tações do contratante e do contratado, sendo que estas devem crédito orçamentário tem duração de um ano, vindo a coincidir
ser previamente definidas e conhecidas; com o ano civil.
J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações recípro- Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras si-
cas tanto para a Administração contratante como para o contra- tuações que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos:
tado; • Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas
K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contra- metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser
tos administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela prorrogados se houver interesse da Administração e desde que
Administração. isso tenha sido previsto no ato convocatório;
Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta • À prestação de serviços a serem executados de forma con-
do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao tínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condi-
estabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não es- ções mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta
teja precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a ad- meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998);
ministração quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato • Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas
de estar vinculada às normas e também ao princípio da indispo- de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de
nibilidade do interesse público; até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do con-
L) Caráter intuitu personae – por que os contratos adminis- trato.
trativos são firmados tomando em conta as características pes-
De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo
soais do contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida
prazo do Governo tem o dever de estar contida do plano plu-
a subcontratação total ou parcial do objeto contratado, a asso-
rianual. Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa
ciação do contratado com outrem, a cessão ou transferência,
programação a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida
total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, cuja
enquanto existir a previsão nessa lei específica.
desobediência é motivo para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei
Em relação aos serviços contínuos na Administração Pública,
8.666/1993). Entretanto, a regra anterior é amparada pelo art.
denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do ser-
72 da mesma lei, que determina a possibilidade de subcontra-
viço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente manter
tação de partes de obra, serviço ou fornecimento, até o limite
por um período maior ao invés de ficar renovando e trocando to-
admitido pela Administração. Aduz-se que a possibilidade de
subcontratação é abominada pela doutrina, tendo em vista vez dos os anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi acres-
que permite que uma empresa que não participou por meios centado mais um dispositivo que determina que o contrato pode
legais da licitação de forma indireta, acabe contratando com o ter duração superior a um ano, que é a regra geral
Poder Público, o que ofende o princípio da licitação previsto no
art. 37, XXI, da Constituição Federal. Alteração
Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Li-
Formalização citações, a Administração Pública possui o poder de fazer altera-
Em regra, os contratos administrativos são precedidos da ções durante a execução de seus contratos de maneira unilate-
realização de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das ral, independentemente da vontade do ente contratado.
quais a lei estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste procedi- Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o con-
mento. Além disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado pela dão de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo.
Administração com o licitante vencedor, constitui anexo do edital Além disso, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser
de licitação, dele sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III). de ordem qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo legal
Os contratos administrativos são em regra, formais e escritos. acerca do assunto:
Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços, dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade I - unilateralmente pela Administração:
de licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
nos limites daquelas duas modalidades licitatórias. ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será fa- b) quando necessária a modificação do valor contratual em
cultativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob-
contratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instru- jeto, nos limites permitidos por esta Lei;
mento hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir II - por acordo das partes:
(art. 62, § 2º): a) quando conveniente a substituição da garantia de execu-
Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de ção;
adesão, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Ad- b) quando necessária a modificação do regime de execução
ministração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláu- da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
sulas são fixadas por apenas uma das partes, no caso do contrato de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
administrativo, a Administração. originários;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
c) quando necessária a modificação da forma de pagamen- b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços
to, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua
valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à
com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspon- obtenção de preços e condições mais vantajosas para a adminis-
dente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de tração, limitada a 60 meses (art. 57, II);
obra ou serviço; c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram ini- programas de informática, podendo a duração estender-se pelo
cialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da prazo de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art.
administração para a justa remuneração da obra, serviço ou for- 57, IV);
necimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico- d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos
-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos seguintes motivos:
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculá- I) possibilidade de comprometimento da segurança nacio-
veis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, nal;
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, II) para as compras de material de uso das forças armadas,
configurando álea econômica extraordinária e extracontratual. exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura
Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo de apoio logístico naval, aéreo e terrestre;
permite de forma regulamentada, que haja alteração em suas III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
cláusulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta com-
um documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo plexidade tecnológica e defesa nacional;
pode sofrer alterações para que venha a se adequar às modifi- IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa
cações que forem preciso durante a execução contratual. Além e desenvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º,
disso, a lei fixa percentuais por meio dos quais a Administração 4º, 5º e 20 da Lei 10.973/2004.
pode promover alterações no objeto do contrato, restando o Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120
contratado obrigado a acatar as modificações realizadas, desde meses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo in-
que dentro dos percentuais fixados pela legislação. cluído pela Lei 12.349, de 2010).
É importante registrar que em se tratando de casos de con-
Revisão tratos celebrados com dispensa de licitação por motivos de
A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexe- emergência ou calamidade pública, a duração do contrato deve-
cução contratual possuem o condão de gerar apenas a interrup- rá se estender apenas pelo período necessário ao afastamento
ção momentânea da execução contratual, bem como a total im- da urgência, tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocor-
possibilidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em rência da emergência ou calamidade, vedada a sua prorrogação
tais situações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa do (art. 24, IV).
contratado, este poderá vir a paralisar a execução de forma que Embora a lei determine a proibição da prorrogação de con-
não seja considerado descumpridor. Assegurado pela CFB/1988, trato com fundamento na dispensa de licitação por emergência
em seu art. 37, XXI, o equilíbrio econômico-financeiro da relação ou calamidade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar
contratual consiste na manutenção das condições de pagamen- entendimento de que pode haver exceções a essa regra em algu-
to estabelecidas quando do início do contrato, de forma que a mas hipóteses restritas, advindas de fato superveniente, e tam-
relação se mantenha estável entre as obrigações do contratado bém, desde que a duração do contrato se estenda por período
e haja correta e justa retribuição da Administração pelo forneci- de tempo razoável e suficiente para enfrentar a situação emer-
mento do bem, execução de obra ou prestação de serviço. gencial (AC- 1941-39/07-P).
Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se
sem que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabe- que este proíbe a existência de contrato administrativo com pra-
lecida. Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional. zo de vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é apli-
Nesse sentido, caso o contrato seja atingido por acontecimen- cada ao contrato de concessão de direito real de uso de terrenos
tos posteriores à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o públicos para finalidades específicas de regularização fundiária
equilíbrio econômico-financeiro inicial deverá, nos termos legais de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cul-
que lhe assiste, ser restabelecido por intermédio da recomposi- tivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preserva-
ção contratual. Desta maneira, a inexecução sem culpa do con- ção das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência
tratado virá a acarretar a revisão contratual, caso tenha havido ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas, que
alteração do equilíbrio econômico-financeiro poderá ser firmado por tempo certo ou indeterminado (Decreto-
-lei 271/1967, art. 7º, com redação dada pela Lei 11.481/2007).
Prorrogação Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel
Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela Lei cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto,
8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vigên- existem situações nas quais não é possível o cumprimento da
cia dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há exce- avença no prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei
ções a essa regra nas seguintes situações: admite a prorrogação dos prazos contratuais, desde que tal fato
a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos seja justificado e autorizado de forma antecedente pela autori-
cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas dade competente para celebrar o contrato, o que é aceito pela
no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver norma nos casos em que houver (art. 57, § 1º):
interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto
no ato convocatório (art. 57, I);

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DIREITO ADMINISTRATIVO
A) alteração do projeto ou especificações, pela Administra- que ultrapassarem a competência do representante deverão ser
ção; requeridas a seus superiores em tempo suficiente para a adoção
B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, es- das medidas que se mostrarem pertinentes.
tranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admi-
condições de execução do contrato; tido pela Administração, no local da obra ou serviço, para re-
C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do presentá-lo na execução contratual. O contratado possui como
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; obrigação o dever de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou
aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, substituir, às suas custas, no total ou em parte, o objeto do con-
nos limites permitidos por essa Lei; trato no qual forem encontrados vícios, defeitos ou incorreções
D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato advindas da execução ou de materiais empregados.
de terceiro reconhecido pela Administração em documento con- Além do exposto a respeito do contratado, este também é
temporâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providên- responsável pelos danos causados diretamente à Administração
cias a cargo da Administração, inclusive quanto aos pagamentos ou a terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução con-
previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retarda- tratual, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fis-
mento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais calização ou o acompanhamento por meio do órgão interessado.
aplicáveis aos responsáveis. O contratado também se encontra responsável pelos encargos
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
Renovação execução do contrato.
Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou
em parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A fina- Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que
lidade da renovação contratual é a manutenção da continuidade a mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93.
do serviço público, tendo em vista a admissão da recontratação Vejamos:
direta do atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a
justifiquem e permitam seu enquadramento numa das hipóte- sua rescisão com as consequências contratuais e as previstas em
ses dispostas por lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação, lei ou regulamento.
como acontece por exemplo, quando o contrato original é extin-
to, vindo a faltar ínfima parte da obra, serviço ou fornecimento Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Adminis-
para concluída, ou quando durante a execução, surge a neces- tração Pública responde solidariamente com o contratado pelos
sidade de reparação ou ampliação não prevista, mas que pode encargos previdenciários resultantes da execução do contrato
ser feita pelo pessoal e equipamentos que já se encontram em
atividade. Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial
Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova ou total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das
licitação, com a devida observância de todas as formalidades le- partes, não é observado um prazo disposto em cláusula espe-
gais. Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento cífica em havendo a inexecução total, se o contratado não veio
no edital de cláusulas que venham a favorecer o atual contrata- a executar o objeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas
do em prejuízo dos demais concorrentes, com exceção das que situações são passíveis de propiciar responsabilidade para o
prevejam sua indenização por equipamentos ou benfeitorias que inadimplente, resultando em sanções contratuais e legais pro-
serão utilizados pelo futuro contratado. porcionais à falta cometida pela parte inadimplente, vindo tais
sanções a variar desde as multas, a revisão ou a rescisão do con-
trato.
Reajuste contratual Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resul-
Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio econô- tado de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte
mico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte de agido com negligência, imprudência e imperícia. Podem tam-
uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para proteger bém ter acontecido causas justificadoras por meio das quais o
os contratados dos efeitos inflacionários. contratante tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas
Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o rea- contratuais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de
juste como cláusula estritamente necessária em todo contrato a qualquer responsabilidade assumida, tendo em vista que o com-
que estabeleça o preço e as condições de pagamento, os crité- portamento ocorreu de forma alheia à vontade da parte.
rios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do con-
critérios de atualização monetária entre a data do adimplemen- trato enseja à Administração Pública o poder de aplicar as san-
to das obrigações e a do efetivo pagamento. ções de natureza administrativa dispostas no art. 87:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Admi-
Execução e inexecução nistração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contrata-
Por determinação legal a execução do contrato será acom- do as seguintes sanções:
panhada e também fiscalizada por um representante advindo I – advertência;
da Administração designado, sendo permitida a contratação de II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório
terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a ou no contrato;
essa atribuição. III – suspensão temporária de participação em licitação e
Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrên- impedimento de contratar com a Administração, por prazo não
cias pertinentes à execução do contrato, determinando o que for superior a 2 (dois) anos;
preciso à regularização das faltas bem como dos defeitos obser-
vados. Ressalta-se, que tanto as decisões como as providências

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DIREITO ADMINISTRATIVO
IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar tutela, que se trata do poder - dever da Administração Pública
com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos de revogar e anular seus próprios atos, desde que haja justifica-
determinantes da punição ou até que seja promovida a reabi- ção pertinente, com vistas a preservar o interesse público, bem
litação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, como sejam respeitados o devido processo legal e os direitos
que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Admi- e interesses legítimos dos destinatários, conforme determina a
nistração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da Súmula 473 do STF. Vejamos:
sanção aplicada com base no inciso anterior. Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus pró-
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, por-
Cláusulas exorbitantes que deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
De todas as características, essa é a mais importante. As conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri-
Cláusulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Administração em detrimento do contratado. Mesmo que de Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93,
forma implícita, se encontram presentes em todos os contratos assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitató-
administrativos. rios:
São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão
esses poderes para a Administração Pública, consideradas como Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do pro-
exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade, vin- cedimento somente poderá revogar a licitação por razões de in-
do a conferir poderes apenas a uma das partes. teresse público decorrente de fato superveniente devidamente
O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta,
ou leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ile- devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
galidade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos, terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamen-
além disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos e tado.
obrigações. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato pri- Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrati-
vado que atribua direito somente a uma das partes, esta cláusula vo, por motivos de interesse público, a discricionariedade admi-
será ilegal e leonina. nistrativa exige que a questão do interesse público deve ser jus-
São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de al- tificada em fatos de grande relevância, o que torna insuficiente
teração unilateral do contrato por intermédio da Administração, a simples alegação do interesse público, se restarem ausentes a
sua rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade comprovação das lesões advindas da manutenção do contrato e
de aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na das circunstâncias extraordinárias, bem como dos danos irrepa-
hipótese de rescisão contratual. ráveis ou de difícil reparação.

Anulação Extinção e Consequências


Apenas a Administração Pública detém o poder de executar A extinção do contrato administrativo diz respeito ao térmi-
a anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou ou- no da obrigação vinculada existente entre a Administração e o
tro interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que contratado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas:
recorrer às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anula- A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.:
ção do contrato é advinda de ilegalidade constatada na sua exe- na finalização da construção de instituição pública) ou pelo
cução ou, ainda, na fase de licitação, posto que os vícios gerados acontecimento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data
no procedimento licitatório causam a anulação do contrato. final de um contrato de fornecimento de forma contínua);
Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demons- B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão
trado que a nulidade não possui o condão de exonerar a Admi- contratual.
nistração do dever de indenização ao contratado pelo que este Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não
houver feito até a data em que ela for declarada e por outros comporta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao
prejuízos causados comprovados, desde que não lhe seja impu- cumprir suas obrigações, a consequência natural a ocorrer é a
tável, vindo a promover a responsabilização de quem deu moti- extinção do vínculo obrigacional, sem maiores necessidades de
vo ao ocorrido. Assim sendo, caso ocorra anulação, o contratado manifestação por via administrativa ou judicial.
deverá auferir ganhos pelo que já executou, pois, caso contrário, Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anula-
seria considerado enriquecimento ilícito da Administração Públi- ção, considera-se que a lei prevê consequências diferentes para
ca. Porém, caso seja o contratado que tenha dado causa à nuli- o caso de haver ou não haver culpa do contratado no fato que
dade, infere-se que este não terá esse mesmo direito. deu causa à rescisão contratual. Existindo culpa do contratado
pela rescisão do contrato, as consequências são as seguintes
Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc, (art. 80, I a IV):
ou seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a 1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e lo-
lei dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos cal em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
e impede que se produzam novos efeitos. 2) ocupação e utilização provisória do local, instalações,
equipamentos, material e pessoal empregados na execução do
Revogação contrato, necessários à sua continuidade, que deverá ser prece-
A questão da possibilidade de desfazimento do processo dida de autorização expressa do Ministro de Estado competente,
de licitação e do contrato administrativo por meio da própria ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art. 80,
Administração Pública é matéria que não engloba discussões § 3º);
doutrinárias e jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos
atos administrativos se encontra baseado no princípio da auto-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da I - alteração do projeto ou especificações, pela Administra-
Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela de- ção;
vidos; II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, es-
4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limi- tranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as
te dos prejuízos causados à Administração. condições de execução do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do
Em síntese, temos: ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no con-
EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO trato, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
I –Pelo cumprimento do objeto; porâneo à sua ocorrência;
I – Pela anulação;
II – Pelo advento do termo final do VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Adminis-
II – Pela rescisão.
contrato. tração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resul-
te, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do
Equilíbrio Econômico-financeiro contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos respon-
Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contra- sáveis.
tual, a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI Como se observa, existe previsão explicita na Lei no.
dispõe o seguinte: 8666/93, art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve
Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qual- ser equilibrado sempre que houver uma das condições dos in-
quer dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obede- cisos I a VI, de forma que o legislador previu quais as hipóteses
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, que se encaixam para o equilíbrio. Entretanto, não apresenta
publicidade e eficiência e também, ao seguinte: de forma clara, cabendo ao administrador agir com legalidade e
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as bom senso nos casos concretos específicos. No entanto, a aludi-
obras, serviços, compras e alienações serão contratados me- da previsão não se restringe somente ao art. 57, § 1º, incisos I,
diante processo de licitação pública que assegure igualdade de II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo previsão ainda no art.
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabe- 58 do mesmo diploma legal. Vejamos:
leçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efeti- Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
vas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles,
exigências de qualificação técnica e econômica, indispensáveis à a prerrogativa de:
garantia do cumprimento das obrigações. I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
Denota-se que os mencionados dispositivos determinam finalidades de interesse público, respeitados os direitos do con-
que as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não tratado;
tendo como argumentar de maneira contrária no que diz respei- II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no
to à legalidade da modificação do valor contratual original, com inciso I do art. 79 desta Lei;
o objetivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pac- III – fiscalizar-lhes a execução;
tuado no momento da assinatura, bem como ao que foi disposto IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou par-
a pagar a contratante ao contratado. cial do ajuste;
Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente
adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração ad-
adequadas que o valor do serviço ou produto contratado se en- ministrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na
contra acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por de- hipótese de rescisão do contrato Administrativo.
flação ou queda de valores nos insumos, produtos ou serviços, § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
ou até mesmo em decorrência de uma desvalorização cambial. contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia
Além disso, o Poder Público não tem a obrigação de pagar além concordância do contratado.
do que se propôs, nem valor menor ao acordado inicialmente, § 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas eco-
devendo sempre haver equilíbrio em relação aos pactos contra- nômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se
tuais. mantenha o equilíbrio contratual.
Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9 Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o di-
1e 10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se comple- reito ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação
tam em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da lega- em manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º
lidade, existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos prevê respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido
aos entes públicos. Vejamos: que a administração, desde que seja motivos de interesse públi-
Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará co se negue a equilibrar um contrato que esteja resultando em
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exce- prejuízos ao contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe
to quanto aos relativos: em uma das hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Pro-
§ 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de con- posta que não pode ser executada, não é passível de equilíbrio.
clusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 des-
cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilí- taca o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos:
brio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguin- Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
tes motivos, devidamente autuados em processo: dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

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DIREITO ADMINISTRATIVO
I - unilateralmente pela Administração: Convênios e terceirização
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais este-
b) quando necessária a modificação do valor contratual em jam estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob- de realização de objetivos de interesse comum.
jeto, nos limites permitidos por esta Lei; Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato
II - por acordo das partes: o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde.
a) quando conveniente a substituição da garantia de execu- Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são
ção; comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos
b) quando necessária a modificação do regime de execução e contraditórios.
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alu-
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais de que nos contratos existem partes e nos convênios existem
originários; partícipes.
c) quando necessária a modificação da forma de pagamen-
to, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração
valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, de convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades
com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspon- da Administração Pública depende de antecedente aprovação de
dente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de competente plano de trabalho a ser proposto pela organização
obra ou serviço; interessada, que deverá conter as seguintes informações:
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram ini- A) identificação do objeto a ser executado;
cialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da B) metas a serem atingidas;
Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou for- C) etapas ou fases de execução;
necimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico- D) plano de aplicação dos recursos financeiros;
-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos E) cronograma de desembolso;
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculá- F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem
veis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou assim, da conclusão das etapas ou fases programadas;
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe,
configurando álea econômica extraordinária e extracontratual. Em relação à terceirização na esfera da Administração Pú-
Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve ha- blica, depreende-se que é exigida do administrador muito cui-
ver o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avença- dado, posto que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei
do, devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a 8.666/93, a dívida trabalhista das empresas terceirizadas aca-
retribuição da administração para que haja justa remuneração, bam por recair sobre o órgão tomador dos serviços, que é o que
sendo mantidas as condições originais do termo contratual. Em chamamos de responsabilidade subsidiária. Assim sendo, o ad-
se tratando, especificamente da concessão de serviço público, ministrador público deverá exigir garantias, bem como passar a
a Lei 8.987/95 dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma acompanhar o cumprimento das obrigações trabalhistas advin-
forma de equilíbrio financeiro. Vejamos: dos da empresa prestadora de serviços, com fito especial quan-
Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo do do encerramento do contrato.
preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas re- Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomado-
gras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. § 2º. ra dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base
Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, no Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do
a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º. Res- Trabalho – TST, que aduz:
salvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou ex- “O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte
tinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresen- do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do toma-
tação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicara dor dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto
a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. aos órgãos da administração direta, das autarquias, das funda-
§ 4º. Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o ções públicas, das empresas públicas e das sociedades de eco-
seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder concedente nomia mista, desde que haja participado da relação processual e
deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração. constem também do título executivo judicial.”
Art. 10º. Sempre que forem atendidas as condições do con- Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incon-
trato, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro. táveis são as decisões condenatórias à Administração Pública,
Atentos às fundamentações legais, observamos que parte na em relação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem
inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administração de forma original à empresa prestadora de serviços, onerando o
Pública é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro, en- erário, vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é
tretanto, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajuste a redução de custos à Administração Pública.
contratual, principalmente pela ausência de conhecimento da
legislação, o que acaba por causar problemas de ordem econô-
mica, tanto em relação ao contratado quanto ao contratante.
Registre-se, por fim, que o pacto contratual deve ser mantido
durante o período completo de execução, e o equilíbrio financei-
ro acaba por se tornar a ferramenta mais adequada para propor-
cionar essa condição.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
tado na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, po-
LICITAÇÃO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS, dendo, caso venham a se sentir prejudicados pela ausência de
MODALIDADES E PROCEDIMENTOS. EXECUÇÃO DOS observância de alguma regra, impugnar a ação ou omissão na
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. PODERES ADMINIS- esfera administrativa ou judicial.
TRATIVOS Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas
qualquer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação
em decorrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a re-
Princípios presentar ao Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos
Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas órgãos de controle interno em face de irregularidades em licita-
mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase de ções públicas, nos termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros Lei 8666/1993.
anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na apli-
cação para processos que começaram na Lei anterior, deverão Princípio da impessoalidade
continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio
começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvi- da impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Admi-
dos com a aplicação da nova Lei. nistração deve adotar o mesmo tratamento a todos os admi-
Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº. nistrados que estejam em uma mesma situação jurídica, sem a
14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, prerrogativa de quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro
no que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da ângulo, ligado ao princípio do julgamento objetivo, registra-se
Lei nº. 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capí- que todas as decisões administrativas tomadas no contexto de
tulo II, art. 5º, da seguinte forma: uma licitação, deverão observar os critérios objetivos estabele-
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princí- cidos de forma prévia no edital do certame. Desta forma, ainda
pios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da pu- que determinado licitante venha a apresentar uma vantagem re-
blicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade ad- levante para a consecução do objeto do contrato, afirma-se que
ministrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, esta não poderá ser levada em consideração, caso não haja regra
da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vincu- editalícia ou legal que a preveja como passível de fazer interfe-
lação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, rências no julgamento das propostas.
da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da
celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional Princípios da moralidade e da probidade administrativa
sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os prin-
de 4 de setembro de 1.942, (Lei de Introdução às Normas do Di- cípios da moralidade e da probidade administrativa possuem
reito Brasileiro). realidades distintas. Na realidade, os dois princípios passam a
O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da pro- informação de que a licitação deve ser pautada pela honestida-
posta que for mais vantajosa para a Administração Pública. No de, boa-fé e ética, isso, tanto por parte da Administração como
condizente à promoção do desenvolvimento nacional sustentá- por parte dos entes licitantes. Sendo assim, para que um com-
vel, entende-se que este possui como foco, determinar que a portamento seja considerado válido, é imprescindível que, além
licitação seja destinada com o objetivo de garantir a observância de ser legalizado, esteja nos ditames da lei e de acordo com a
do princípio constitucional da isonomia. ética e os bons costumes. Existem desentendimentos doutriná-
Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei rios acerca da distinção entre esses dois princípios. Alguns au-
não é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação tores empregam as duas expressões com o mesmo significado,
de outros princípios que tenham relação com aqueles dispostos ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos. O que
de forma expressa no texto legal. perdura, é que, ao passo que a moralidade é constituída em um
Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput conceito vago e sem definição legal, a probidade administrativa,
do art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promo- ou melhor dizendo, a improbidade administrativa possui contor-
ção do desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção nos paramentados na Lei 8.429/1992.
expressa, apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010,
contexto no qual foi criada a “margem de preferência”, facilitan- Princípio da Publicidade
do a concessão de vantagens competitivas para empresas produ- Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos
toras de bens e serviços nacionais. publicamente de forma a garantir aos administrados o conheci-
mento do que os administradores estão realizando, e também de
Princípio da legalidade maneira a possibilitar o controle social da conduta administrativa.
A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também Em se tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, §
de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda ati- 3º, da Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo pú-
vidade de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento blicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo
licitatório. A lei serve para ser usada como limite de base à atua- quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”.
ção do gestor público, representando, desta forma, uma garantia Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direi-
aos administrados contra as condutas abusivas do Estado. to de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que
No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega- não interfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos
lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento trabalhos (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine).
licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera- A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a pu-
-se que todos os entes que participarem do certame, têm direito blicidade é tanto maior, quanto maior for a competição propi-
público subjetivo de fiel observância do procedimento paramen- ciada pela modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível

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DIREITO ADMINISTRATIVO
na concorrência, em que o interesse maior da Administração é Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância
o de atrair maior número de licitantes, e se reduz ao mínimo no restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente
convite, em que o valor do contrato dispensa maior divulgação. “ ou relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no
Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a instrumento de convocação do certame.
fornecer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as O princípio da isonomia não impõe somente tratamento
verbas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e tam- igualitário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos
bém por obediência ao princípio da publicidade. desiguais, na medida de suas desigualdades.

Princípio da eficiência do interesse público Princípio do Planejamento


Trata-se de um dos princípios norteadores da administração A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razo- contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar
abilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contra- o dever legal do planejamento como um todo.
ditório, da segurança jurídica e do interesse público. Registra-se que a partir deste princípio, é possível compre-
Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da ender que a Administração Pública tem o dever de planejar toda
legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essen- a licitação e também toda a contratação pública de forma ade-
cial que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como quada e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se
que haja melhor organização e estruturação advinda da adminis- mostre de forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a
tração pública. todos os outros princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição
Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar sub- pátria como um todo.
metido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justifi- Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla-
car a atuação administrativa agindo de forma contrária ao orde- nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que
namento jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos a ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a
os princípios devem atuar de forma acoplada e não sobreposta. responsabilidade do agente público.
Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais van-
tajosa, o administrador deverá se encontrar eivado de honesti- Princípio da transparência
dade ao cuidar da Administração Pública.
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicida-
Princípio da Probidade Administrativa
de, imparcialidade, eficiência, dentre outros.
A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência
probidade administrativa como formas distintas uma da outra.
não é um princípio independente, o incorporando ao princípio
Os dois princípios passam a noção de que a licitação deve ser
da publicidade, posto ser o seu entendimento que uma das inú-
configurada pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da
meras funções do princípio da publicidade é o dever de manter
Administração Pública, como por parte dos licitantes. Desta for-
intacta a transparência dos atos das entidades públicas. Entre-
ma, para que um comportamento tenha validade, é necessário
tanto, o princípio da transparência pode ser diferenciado do
que seja legal e esteja em conformidade com a ética e os bons
costumes. princípio da publicidade pelo fato de que por intermédio da pu-
Existe divergência quanto à distinção entre esses dois prin- blicidade, existe o dever das entidades públicas consistente na
cípios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o obrigação de divulgar os seus atos, uma vez que nem sempre a
mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar os divulgação de informações é feita de forma transparente.
conceitos. O correto é que, enquanto a moralidade se constitui O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à in-
num conceito vago, a probidade administrativa, ou melhor di- formação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Cons-
zendo, a improbidade administrativa se encontra eivada de con- tituição Federal, é uma das formas de expressão concreta do
tornos definidos na Lei 8.429/1992. Princípio da Transparência, sendo também corolário do Prin-
cípio da Boa-fé Objetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ.
Princípio da igualdade RESP 200301612085, Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE
Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de DATA:19/03/2009).
que a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os
licitantes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio Princípio da eficácia
da igualdade garante a oportunidade de participar do certame Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de
de licitação, todos os que tem condições de adimplir o futuro forma eficaz e organizada promovendo uma melhor estrutura-
contrato e proíbe, ainda a feitura de discriminações injustifica- ção por parte da Administração Pública, mantendo a atuação do
das no julgamento das propostas. Estado dentro da legalidade.
Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar subme-
8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos ad- tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
mitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio atuação administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por
de edital ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam mais eficiente que seja, na medida em que ambos os princípios
ou frustrem o seu caráter de competição, inclusive nos casos de devem atuar de maneira conjunta e não sobrepostas.
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou diferen-
ças em decorrência da naturalidade, da sede ou do domicílio dos Princípio da segregação de funções
licitantes ou de “qualquer outra circunstância impertinente ou Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de
irrelevante para o específico objeto do contrato”, com ressalva evitar falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descen-
ao disposto nos §§ 5º a 12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei tralizar o poder e criando independência para as funções de exe-
8.248, de 23.10.1991. cução operacional, custódia física, bem como de contabilização

29
DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determi- Princípio da razoabilidade
nada tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de Trata-se de um princípio de grande importância para o con-
funções, evitando que nenhum empregado ou seção administra- trole da atividade administrativa dentro do processo licitatório,
tiva venha a participar ou controlar todas as fases relativas à exe- posto que se incumbe de impor ao administrador, a atuação
cução e controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a dentro dos requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional,
realização de uma verificação cruzada. uma vez que ao trabalhar na interdição de decisões ou práticas
O princípio da segregação de funções, advém do Princípio discrepantes do mínimo plausível, prova mais uma vez ser um
da moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, veículo de suma importância do respeito à legalidade, na medida
caput, da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção em que é a lei que determina os parâmetros por intermédio dos
VIII, item 3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de quais é construída a razão administrativa como um todo.
Controle Interno do Ministério da Fazenda. Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra
acoplado ao princípio da proporcionalidade, além de manter re-
Princípio da motivação lação com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja
O princípio da motivação predispõe que a administração no atendida a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida.
processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vin-
do a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, Princípio da competitividade
com a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessá- O princípio da competição se encontra relacionado à com-
rio que haja motivo para que os atos administrativos licitatórios petitividade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a
tenham sido realizados, sempre levando em conta as razões de igualdade de condições para todos os concorrentes licitatórios.
direito que levaram o agente público a proceder daquele modo. Esse princípio se encontra ligado ao princípio da livre concorrên-
cia nos termos do inciso IV do art. 170 da Constituição Federal
Princípio da vinculação ao edital Brasileira. Desta maneira, devido ao fato da lei recalcar o abuso
Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objeti- do poder econômico que pretenda eliminar a concorrência, a lei
vidade das determinações de habilidades, que possui o condão e os demais atos normativos pertinentes não poderão agir com
de impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposi- o fulcro de limitar a competitividade na licitação.
ção de que este venha a cumprir as normas contidas no edital Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou
de maneira objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da infringir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se
competitividade. que esta poderá recair sobre a questão da restrição de competi-
Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório de- ção no processo licitatório.
vem estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não
em vista que se trata de ato concretizador e de hierarquia infe- é aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do
rior a essas entidades. contratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme
Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação des- para situações uniformes, uma vez que a licitação se encontra
tina-se a garantir a observância do princípio constitucional da destinada a garantir não apenas a seleção da proposta mais van-
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a adminis- tajosa para a Administração Pública, como também a observân-
tração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e cia do princípio constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007
será processada e julgada em estrita conformidade com os prin- Plenário (Sumário).
cípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da Princípio da proporcionalidade
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objeti- O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio
vo e dos que lhes são correlatos. da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiari-
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório prin- dades determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam
cípio se destaca por impor à Administração a não acatar qual- feridas ou suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judi-
quer proposta que não se encaixe nas exigências do ato convo- cial que possa exceder os limites por ela determinados e avance,
catório, sendo que tais exigências deverão possuir total relação sem permissão no âmbito dos direitos fundamentais.
com o objeto da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
Princípio da celeridade
Princípio do julgamento objetivo Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e consi-
O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. derado um dos direcionadores de licitações na modalidade pre-
De acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo gão, o princípio da celeridade trabalha na busca da simplifica-
licitatório deve observar critérios objetivos definidos no ato ção de procedimentos, formalidades desnecessárias, bem como
convocatório, para o julgamento das propostas apresentadas, de intransigências excessivas, tendo em vista que as decisões,
devendo seguir de forma fiel ao disposto no edital quando for sempre que for possível, deverão ser aplicadas no momento da
julgar as propostas. sessão.
Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer inter-
pretações subjetivas do edital que possam favorecer um concor- Princípio da economicidade
rente e, por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais
outros. vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é ne-
cessário que o administrador esteja dotado de honestidade ao
cuidar coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se
relacionado ao princípio da moralidade e da eficiência.

30
DIREITO ADMINISTRATIVO
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economici- Princípio do sigilo das propostas
dade, entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público
honestidade e boas intenções para validação de atos adminis- antecipadamente designado, o conteúdo das propostas apre-
trativos. A economicidade impõe adoção da solução mais con- sentadas pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos
veniente e eficiente sob o ponto de vista da gestão dos recursos do art. 43, § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar
públicos”. (Justen Filho, 1998, p.66). o sigilo de propostas apresentadas em procedimento licitatório,
ou oportunizar a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além
Princípio da licitação sustentável de prejudicar os demais licitantes, constitui crime tipificado no
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da sus- art. 94 do Estatuto das Licitações, vindo a sujeitar os infratores à
tentabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à pena de detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa;
ideia de que é possível, por meio do procedimento licitatório,
incentivar a preservação do meio ambiente”. Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor
Esse princípio passou a constar de maneira expressa do con- Significa que a Administração não pode, ao concluir o pro-
tido na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração cedimento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente
pela Lei 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação que não seja o vencedor. Esse princípio, também impede que
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. seja aberta nova licitação enquanto for válida a adjudicação an-
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime terior.
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvol- Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que
vimento nacional sustentável como forma de princípio a ser ob- garante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um
servado nas licitações e contratações regidas por seu diploma contrato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o
legal. Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações reali- objeto. Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido ad-
zadas com fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações judicado, é possível que não aconteça a celebração do contrato,
Públicas devem respeitar, em especial, as normas relativas ao posto que a licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por
art. 4º, § 1º: motivos de interesse público, ou anulada, caso seja constatada
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos alguma irregularidade Insanável.
sólidos gerados pelas obras contratadas;
B) mitigação por condicionantes e compensação ambien- Princípio da competitividade
tal, que serão definidas no procedimento de licenciamento am- É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha-
biental; c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi-
comprovadamente, reduzam o consumo de energia e recursos nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio
naturais; da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio
D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legis- da competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agen-
lação urbanística; tes públicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de con-
E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e vocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam
imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de so-
indireto causado pelas obras contratadas; ciedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções
F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes
com mobilidade reduzida. ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante
para o específico objeto do contrato”, com exceção do disposto
Princípios correlatos nos §§ 5º a 12 deste art. e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991”
Além dos princípios anteriores determinados pela Lei .
8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, en-
que também são atinentes aos procedimentos licitatórios, den- tende que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido
tre os quais se destacamos: como manifestação do princípio da indistinção.

Princípio da obrigatoriedade Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas


Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está dispos- É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No refe-
to no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é rente ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não
que as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permis- poderá, por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem
sões e locações da Administração Pública, quando forem contra- que não esteja prevista no edital ou no convite, inclusive finan-
tadas por terceiros, sejam precedidas da realização de certame ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vanta-
licitatório, com exceção somente dos casos previstos pela legis- gem baseada nas ofertas dos demais licitantes, nos ditames do
lação vigente. art. 44, parag. 2°da Lei 8.666/1993.

Princípio do formalismo Competência Legislativa


Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acor- A União é munida de competência privativa para legislar so-
do com o procedimento formal previsto na legislação. Assim bre normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para
sendo, o art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina a administração pública direta e indireta da União, dos Estados,
que “o procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato do Distrito Federal e dos Municípios, conforme determinação do
administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da art. 22, XXVII, da CFB/1988.
Administração Pública”.

31
DIREITO ADMINISTRATIVO
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edi- 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
tadas pela União são de observância obrigatória por todos os nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de
entes federados, competindo a estes, editar normas específicas desempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que
que são aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo se encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que
a complementar a disciplina prevista na norma geral sem con- por sua vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de
trariá-la. Licitações.
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades Dispensa e inexigibilidade
licitatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que hou-
estabelecimento de novos tipos de licitação (critérios de julga- ver inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da
mento das propostas); c) a redução dos prazos de publicidade Nova Lei de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e
ou de recursos. III, foi disposto as hipóteses por meio das quais a competição
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao é inviável e que, portanto, nesses casos, a licitação é inexigível.
art. 173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser Vejamos:
editada lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da em-
presa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsi- Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
diárias que explorem atividade econômica de produção ou co- em especial nos casos de:
mercialização de bens ou de prestação de serviços, sendo que I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros
esse estatuto deverá dispor a respeito de licitação e contratação ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos por pro-
de obras, serviços, compras e alienações, desde que observados dutor, empresa ou representante comercial exclusivos;
os princípios da administração pública. II - contratação de profissional do setor artístico, diretamen-
A mencionada modificação constitucional, teve como objeti- te ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado
vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação pela crítica especializada ou pela opinião pública;
e contratos e com maior adequação condizente à natureza jurí- III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializa-
dica das entidades exploradoras de atividades econômicas, que dos de natureza predominantemente intelectual com profissio-
trabalham sob sistema jurídico predominantemente de direito nais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibili-
privado. O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições dade para serviços de publicidade e divulgação:
na maioria das vezes entram em concorrência com a iniciativa a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou pro-
privada e precisam ter uma agilidade que pode, na maioria das jetos executivos;
situações, ser prejudicada pela necessidade de submissão aos b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
procedimentos burocráticos da administração direta, autárquica c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei-
e fundacional. ras ou tributárias;
Em observância e cumprimento à determinação da Cons- d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
tituição Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Es- serviços;
tatais, que criou regras e normas específicas paras as licitações e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati-
que são dirigidas por qualquer empresa pública e sociedade de vas;
economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
Municípios. Pondera-se que tais regras forma mantidas pela g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
nova Lei de Licitações, Lei nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, in- h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e
ciso I. ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitora-
De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais mento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente
empresas públicas e sociedades de economia mista não estão e demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto
dispensadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplin- neste inciso;
do tal obrigação com seguimento em procedimentos mais fle- IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio
xíveis e adequados a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei de credenciamento;
8.666/1993 acabou por não mais ser aplicada às estatais e às V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de
suas subsidiárias. instalações e de localização tornem necessária sua escolha.
Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor ex-
de nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, clusivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a
observa-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as exclusividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de re-
estatais naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 ex- gistro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a
pressa ao remeter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
10.520/02. Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes.
Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se
são pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licita- a dispensabilidade da exigência de licitação para a contratação
ções de nº. 14.133/2.021: de profissionais da seara artística de forma direta ou através de
1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regu- empresário, levando em conta que este deverá ser reconhecido
lada pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. publicamente.
32, IV, da Lei nº 13.303/16; Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços téc-
2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na nicos especializados, de natureza singular, com profissionais ou
seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
de ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e para serviços de publicidade e divulgação.

32
DIREITO ADMINISTRATIVO
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas Menor preço
de forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossí- Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que
vel a competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação é o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão
deverá ser adotado. básico e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, in-
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao clusive o pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico preço menor entre os participantes do certame, desde que a em-
especializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, presa licitante atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
fato que se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer
de natureza singular e o seu prestador for dotado de notória es- e comprovar maiores vantagens para a Administração Pública,
pecialização. O serviço de natureza singular é reconhecido pela apenas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, ter-
sua complexidade, relevância ou pelos interesses públicos que mina por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar
estiverem em jogo, vindo demandar a contratação de prestador apenas a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir
com a devida e notória especialização. contratar um trabalho de qualidade.
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito Maior desconto
no âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho fei- Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério
to anteriormente como estudos, experiências, publicações, or- de maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo
ganização, equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos aceitável, deverá constar expressamente do edital. Isso aconte-
pertinentes com suas atividades, que permitam demonstrar e ce, por que nessas situações específicas, a publicação do valor
comprovar que o seu trabalho é essencial e o mais adequado à de referência da Administração Pública é extremamente essen-
plena satisfação do objeto do contrato. cial para que os proponentes venham a oferecer seus descontos.
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de Denota-se que o texto de lei determina que a administração
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem cria- licitante forneça o orçamento original da contratação, mesmo
do várias controvérsias, principalmente quando se refere à con- que tal orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer ins-
tratação de serviços de advocacia e também de contabilidade. tante tanto para os órgãos de controle interno quanto externo.
Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada Esse fato é de grande importância para a administração Pública,
quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de tendo em vista que a depender do mercado, a divulgação do or-
ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza çamento original no instante de ocorrência da licitação acarre-
diferente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável tará o efeito âncora, fazendo com que os valores das propostas
sejam elevados ao patamar mais aproximado possível no que diz
porque nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar
respeito ao valor máximo que a Administração admite.
ou não o procedimento.
A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alie-
Melhor técnica ou conteúdo artístico
nação de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em
Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora
grande parte das vezes, quando, ao pretender a Administração
leva em consideração a proposta que oferecer mais vantagem
alienar bens de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis,
em questão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se
deverá proceder à realização de licitação. No entanto, em algu-
que esta espécie de licitação deve ser aplicada com exclusivi-
mas situações, em razão das peculiaridades do caso especifico,
dade para serviços de cunho intelectual, como ocorre na ela-
a lei acaba por dispensar o procedimento, o que é verificado,
boração de projetos, por exemplo incluindo-se nesse rol, tanto
por exemplo, na hipótese da doação de um bem para outro ór- os básicos como os executivos como: cálculos, gerenciamento,
gão ou entidade da Administração Pública de qualquer esfera de supervisão, fiscalização e outros pertinentes à matéria.
governo. Ocorre que nesse caso, a Administração já determinou
previamente para qual órgão ou entidade irá doar o bem. Assim Técnica e preço
sendo, não existe a necessidade de realização do certame licita- Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho
tório. obrigatório quando da contratação de bens e serviços na área
tecnológica como de informática e áreas afins, e também nas
Critérios de Julgamento modalidade de concorrência, segundo a nova lei de Licitações.
Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências Nesse caso específico, o licitante demonstra e apresenta a sua
que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. proposta e a documentação usando três envelopes distintos,
Registra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas sendo eles: o primeiro para a habilitação, o segundo para o des-
de características e exigências diversas, sendo que as espécies linde da proposta técnica e o terceiro, com o preço, que deverão
de licitação tendem sempre a variam de acordo com seus pra- ser avaliados nessa respectiva ordem.
zos e ritos específicos como um todo. Com a aprovação da Lei
14.133/2.021 em seu art. 33, foram criados novos tipos de lici- Maior lance (leilão)
tação designados para a compra de bens e serviços. Sendo eles: Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se en-
menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo ar- contra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudare-
tístico, técnica e preço, maior lance (leilão), maior retorno eco- mos nos próximos tópicos.
nômico.
Maior retorno econômico
Vejamos: Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novi-
dades advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requi-
sito ser um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e
fulcro sejam uma espécie de contrato de eficiência.

33
DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: Art. 30. O concurso observará as regras e condições previs-
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a presta- tas em edital, que indicará:
ção de serviços, que pode incluir a realização de obras e o for- I - a qualificação exigida dos participantes;
necimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, re- III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a
munerado o contratado com base em percentual da economia ser concedida ao vencedor.
gerada; Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administra- projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos
ção não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propria- termos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relati-
mente dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vos ao projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conve-
vantagens advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor niência e oportunidade das autoridades competentes.
proposta de ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno
econômico à maquina pública. Leilão
Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão pode-
Modalidades rá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela
autoridade competente da Administração, sendo que seu regu-
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de lamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
Licitações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma le- Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
gal da Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
tomada de preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta for- mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de
ma, de acordo com a Nova Lei de Licitações, são modalidades julgamento de maior desconto para as comissões a serem cobra-
de licitação: concorrência, concurso, leilão, pregão e diálogo das, utilizados como parâmetro máximo, os percentuais defini-
competitivo. dos na lei que regula a referida profissão e observados os valores
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, dos bens a serem leiloados
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase
de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei- de habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a
ros anos as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento
aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deve- pelo licitante vencedor, na forma definida no edital.
rão continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos
que começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resol- Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-
vidos com a aplicação da nova Lei. -se que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de
maior lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou supe-
Concorrência rior ao valor de avaliação do bem.
Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concor- A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro ofi-
rência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados cial ou por servidor indicado pela Administração, procedendo-se
que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem pos- conforme os ditames da legislação pertinente.
suir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para
execução de seu objeto. Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Ad-
Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalida- ministração indireta executam contratos de mútuo que são ga-
de licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. rantidos por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a
Isso ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma dívida não for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empe-
espécie de hierarquia quando a definição da modalidade de lici- nhado que deverá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações.
tação acontece em razão do valor do contrato. Ocorre que quan-
to maiores forem os valores envolvidos, mais altos e maiores se- Pregão
rão o nível de publicidade bem como os prazos estipulados para Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, tra-
a realização do procedimento. Em alguns casos, não obstante, é ta-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor
permitido uso da modalidade de maior publicidade no lugar das preço, designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços
de menor publicidade, jamais o contrário. comuns. Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sen-
Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da do estas nas formas eletrônica e presencial.
concorrência para valores elevados, vindo a permitir que seja re- Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei
alizada a tomada de preços ou concorrência para montantes de 10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial
cunho intermediário e convite (ou tomada de preços ou concor- é fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o
rência), para contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, pregão eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05.
na prática, geralmente optam por utilizar a modalidade licitatória Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de
que seja mais simplificada dentro do possível, de maneira a evitar processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de re-
a submissão a prazos mais extensos de publicidade do certame. gras diferentes que serão adotadas pelo Poder Público.
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para
Concurso contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modali- 5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, pre-
dade de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho ferencial.
técnico, científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei
de Licitações:

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
participar do pregão presencial, deverão comparecer em hora e tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
local nos quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase
o credenciamento, devendo ainda, apresentar os envelopes de de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital
proposta, bem como os documentos pertinentes. contendo a especificação da solução que atenda às suas neces-
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fa- sidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção
zer cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitan- da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (ses-
te, vindo, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. senta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados na
A classificação a respeito das formas de pregão está tam- forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas,
bém eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, que deverão conter os elementos necessários para a realização
o pregoeiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até do projeto.
10% acima da melhor proposta e as classificar para a fase de lan-
ces. Havendo ausência de propostas que venham a atingir esses
10%, restarão selecionadas, por conseguinte, as três melhores Habilitação, Julgamento e recursos
propostas. Habilitação
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de
em conta que todos os participantes são classificados e tem o di- Licitações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a
reito de participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do fase da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de infor-
sistema, dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado mações e documentos necessários e suficientes para demons-
no edital ou carta convite. trar a capacidade do licitante de realizar o objeto da licitação.
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos fo-
da licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por con- ram renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em
seguinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. lei de aceitação de balanço de abertura.
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances No que condiz à habilitação econômico-financeira, com su-
são lançados no sistema na medida em que os participantes vão pedâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui uti-
ofertando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance lidade para demonstrar que o licitante se encontra dotado de
que por este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registra- capacidade para sintetizar com suas possíveis obrigações futu-
dos no sistema, até que esta fase venha a se encerrar. ras, devendo a mesma ser comprovada de forma objetiva, por
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoei- intermédio de coeficientes e índices econômicos que deverão
ro deverá se informar de antemão, quem são os participantes,
estar previstos no edital e devidamente justificados no processo
tendo em vista que estes se identificam no momento do em que
de licitação.
fazem o credenciamento.
De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação,
habilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de fa-
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitan-
lência expedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por úl-
tes participantes, para evitar conluio.
timo, exige-se o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por pa-
sociais, salvo das empresas que foram constituídas no lapso de
râmetros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao
menos de dois anos.
final da Sessão.
Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita-
No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, de-
verá de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer
registrado no campo do sistema de compras pertinente, no qual direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresen-
deverá conter as exposições com a motivação da interposição. tada por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da
pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da ati-
Diálogo competitivo vidade a ser contratada.
Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, mo- Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documen-
dalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a tação exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-
Administração: -operacional. Vejamos:
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a con- Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-pro-
tratações em que a Administração: fissional e técnico-operacional será restrita a:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: I - apresentação de profissional, devidamente registrado no
a) inovação tecnológica ou técnica; conselho profissional competente, quando for o caso, detentor
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessi- de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou
dade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mer- serviço de características semelhantes, para fins de contratação;
cado; e II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo con-
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem defi- selho profissional competente, quando for o caso, que demons-
nidas com precisão suficiente pela Administração; trem capacidade operacional na execução de serviços similares
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou supe-
e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com rior, bem como documentos comprobatórios emitidos na forma
destaque para os seguintes aspectos: do § 3º do art. 88 desta Lei;
a) a solução técnica mais adequada; III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apa-
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já de- relhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto
finida; da licitação, bem como da qualificação de cada membro da equi-
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato. pe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei es- Considera-se que a homologação do processo de licitação
pecial, quando for o caso; representa a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodri-
V - registro ou inscrição na entidade profissional competen- gues (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade
te, quando for o caso; concordante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Ad-
todas as informações e das condições locais para o cumprimento ministração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do
das obrigações objeto da licitação. contrato.

Julgamento Registro de preços


Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações Registro de preços é a modalidade de licitação que se en-
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que contra apropriada para possibilitar diversas contratações que
de agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sejam concomitantes ou sucessivas, sem que haja a realização
sob os seguintes critérios: de procedimento de licitação de forma específica para cada uma
1. Menor preço; destas contratações.
2. Maior desconto; Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; a mais órgãos pertencentes à Administração.
4. Técnica e preço; De modo geral, o registro de preços é usado para compras
5. Maior lance, no caso de leilão; corriqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando da-
6. Maior retorno econômico. queles que não se sabe a quantidade que será preciso adqui-
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito rir, bem como quando tais compras estiverem sob a condição
do seu funcionamento, bem como já foram estudados anterior- de entregas parceladas. O objetivo destas ações é evitar que se
mente nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior formem estoques, uma vez que estes geram alto custo de ma-
novidade, trata-se do critério de maior retorno econômico, que nutenção, além do risco de tais bens vir a perecer ou deteriorar.
é uma espécie de licitação usada somente para certames cujo Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei
objeto seja contrato de eficiência de forma geral.
de Lictações que regem o sistema de registro de preços:
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico
Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observa-
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, ser-
rá as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
viço ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser
I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive
aquela que trouxer um maior retorno econômico.
a quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens
Recursos
ou, no caso de serviços, de unidades de medida;
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não
III - a possibilidade de prever preços diferentes:
ocorrendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os re-
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais di-
cursos em face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão
ser apresentados no término da fase de habilitação, tendo em ferentes;
vista que tal ato deverá acontecer em apenas uma etapa. b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho
julgamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão do lote;
se manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o d) por outros motivos justificados no processo;
término de cada sessão, sob pena de preclusão IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma em quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigan-
precedente à apresentação das propostas, bem como o julga- do-se nos limites dela;
mento, afirma-se que os recursos terão que ser apresentados V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
em dois intervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada
julgamento das propostas. no mercado;
VI - as condições para alteração de preços registrados;
Adjudicação e homologação VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de
O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sen- serviço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do
do o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a pro- licitante vencedor, assegurada a preferência de contratação de
priedade de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil acordo com a ordem de classificação;
a conceitua como uma forma de pagamento feito ao exequente VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em
ou a terceira pessoa, por meio da transferência dos bens sobre mais de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no
os quais incide a execução. prazo de validade daquela de que já tiver participado, salvo na
Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm ocorrência de ata que tenha registrado quantitativo inferior ao
início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson máximo previsto no edital;
Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de clas- IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de pre-
sificação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obriga- ços e suas consequências
tório, embora não seja livre. § 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de
Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a
o encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. inviabilidade de se promover a adjudicação por item e for evi-
Homologação é a aprovação determinada por autoridade judi- denciada a sua vantagem técnica e econômica, e o critério de
cial ou administrativa a determinados atos particulares com o aceitabilidade de preços unitários máximos deverá ser indicado
fulcro de produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes. no edital.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tra-
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta tou de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de
Lei, a contratação posterior de item específico constante de gru- desfazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contra-
po de itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração ditório e a ampla defesa.
de sua vantagem para o órgão ou entidade. Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a da aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, do direito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior
apenas nas seguintes situações: ao ato de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou tradicional diversos debates tanto na doutrina quanto na juris-
entidade não tiver registro de demandas anteriores; prudência nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se
II - no caso de alimento perecível; dos diversos julgados que ressalvam a aplicação contida no art.
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao forneci- 49, §3º da Lei 8.666/1.993 nas situações de revogação de lici-
mento de bens. tação antes de sua homologação. Pondera-se que esse enten-
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigató- dimento afirma que o contraditório e a ampla defesa apenas
ria a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a partici- seriam exigíveis quando o procedimento de licitação tiver sido
pação de outro órgão ou entidade na ata. concluído.
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para a Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das
contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de quais é considerado dispensável dar a oportunidade aos licitan-
engenharia, observadas as seguintes condições: tes do contraditório e a ampla defesa, a obrigação da adminis-
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; tração em motivar o ato revogatório não será afastada, uma vez
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em que devendo se ater aos princípios da transparência e da mo-
regulamento; tivação, o gestor por força de lei, deverá sempre evidenciar as
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; razões pelas quais foram fundamentadas a conclusão pela revo-
IV - atualização periódica dos preços registrados; gação do certame, bem como os motivos de não prosseguir com
V - definição do período de validade do registro de preços; o processo licitatório.
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que
aceitar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitan- Breves considerações adicionais acerca das mudanças no
te vencedor na sequência de classificação da licitação e inclusão processo de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
do licitante que mantiver sua proposta original. • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art.
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de 17, será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contra-
regulamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de tação para todos os procedimentos licitatórios.
dispensa de licitação para a aquisição de bens ou para a contra- • Como exceção, caso seja preciso que a forma de contrata-
tação de serviços por mais de um órgão ou entidade. ção seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos
Art. 83. A existência de preços registrados implicará com- de fato e de direito no processo administrativo, porém, ficará
promisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não incumbido da obrigação de gravar a sessão em áudio e também
obrigará a Administração a contratar, facultada a realização de em vídeo.
licitação específica para a aquisição pretendida, desde que devi- • O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do
damente motivada. sistema virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competi-
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será tividade, segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
de 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde • A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
que comprovado o preço vantajoso. Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigató-
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de rio.
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as • Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licita-
disposições nela contidas. ções, sejam eles federais, estaduais ou municipais.
• Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as
Revogação e anulação da licitação demandas das estruturas da Administração Pública deverão ser
De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce- de qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as
dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso finalidades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos
tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a de luxo.
possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que • Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato ver-
não se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anu- bal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de
lação se impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos
vício no certame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
considerada de interesse público, impõe-se a aplicação da revo- • São atos da Administração Pública antes de formalizar
gação. ou prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade
Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início fiscal do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas
da fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação idôneas e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP).
ou a anulação da licitação somente será efetivada depois de se • A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código
conceder aos licitantes que manifestem interesse em contestar o Penal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do
respectivo ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito Código Penal de 1.940:
ao contraditório e à ampla defesa”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- B) É impossível a delegação de atos de natureza política.
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em fa- Exemplos: o veto e a sanção de lei;
vor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determi-
com a Administração Pública sem autorização em lei, no edital nada autoridade, não podem ser delegadas;
da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ain- D) O subordinado não pode recusar a delegação;
da, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
exigibilidade: autorização do delegante.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da de-
legação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabe-
Perturbação de processo licitatório lece os ditames do processo administrativo federal, estabeleceu
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos as seguintes regras relacionadas a esse assunto:
pelo IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal • A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
atualizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Pre- delegada se não houver impedimento legal;
ços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que ve- • A delegação de competência é sempre exercida de forma
nha a substituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão parcial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu ti-
divulgados no PNCP. tular não detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamen-
PODER HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E NORMATIVO te, e, a nível de delegação horizontal, também pode ser feita
para órgãos e agentes não subordinados à hierarquia.
Poder Hierárquico Não podem ser objeto de delegação:
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autorida- • A edição de atos de caráter normativo;
de administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de • A decisão de recursos administrativos;
seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e • As matérias de competência exclusiva do órgão ou auto-
subordinação entre os servidores que estiverem sob a sua hie- ridade;
rarquia.
A estrutura de organização da Administração Pública é ba- Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua re-
seada em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição vogação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da
de competências e a hierarquia. lei. Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias
Em decorrência da amplitude das competências e das res- e os poderes transferidos, os limites da atuação do delegado,
ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a duração e os objetivos da delegação e também o recurso de-
a função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão vidamente cabível à matéria que poderá constar a ressalva de
ou agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distri- exercício da atribuição delegada.
buição dessas competências e atribuições entre os diversos ór- O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo
gãos e agentes integrantes da Administração Pública. pela autoridade delegante como forma de transferência não de-
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma- finitiva de atribuições, devendo as decisões adotadas por dele-
neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados gação, mencionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que considerada como editada pelo delegado.
se encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir No condizente à avocação, afirma-se que se trata de pro-
ordens e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa rela- cedimento contrário ao da delegação de competência, vindo a
ção de subordinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas ocorrer quando o superior assume ou passa a desenvolver as
sequelas, como o dever de obediência dos subordinados, a pos- funções que eram de seu subordinado. De acordo com a dou-
sibilidade de o imediato superior avocar atribuições, bem como trina, a norma geral, é a possibilidade de avocação pelo supe-
a atribuição de rever os atos dos agentes subordinados. rior hierárquico de qualquer competência do subordinado, res-
Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordi- saltando-se que nesses casos, a competência a ser avocada não
nado não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, poderá ser privativa do órgão subordinado.
advindas de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências
art. 116, XII, da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação do órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional
funcional de representar contra o seu superior caso este venha a e temporário com a prerrogativa de que existam motivos rele-
agir com ilegalidade, omissão ou abuso de poder. vantes e impreterivelmente justificados.
Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani- O superior também pode rever os atos dos seus subordi-
festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir nados, como consequência do poder hierárquico com o fito de
a outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte mantê-los, convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob
dos atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely provocação do interessado. Convalidar significa suprir o vício de
Lopes Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete um ato administrativo por intermédio de um segundo ato, tor-
a algumas regras, sendo elas: nando válido o ato viciado. No tocante ao desfazimento do ato
A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po- administrativo, infere-se que pode ocorrer de duas formas:
der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto a) Por revogação: no momento em que a manutenção do
da Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, ato válido se tornar inconveniente ou inoportuna;
que ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios.
a delegar ao Chefe do Executivo a edição de lei.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre Por revogação: quando a manutenção do
poderá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior ato válido se tornar inconveniente ou ino-
DESFAZIMENTO
dos atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutri- portuna
DO ATO
nários, a revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresentar
não tiver se tornado definitivo para a Administração Pública e,
ainda, se houver sido criado o direito subjetivo para o particular. vícios

Observação importante: “revisão” do ato administrativo Poder Disciplinar


não se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A re- O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder
visão de ato é condizente à avaliação por parte da autoridade de autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalida-
superior em relação à manutenção ou não de ato que foi prati- des aos servidores público, bem como às demais pessoas sujei-
cado por seu subordinado, no qual o fundamento é o exercício tas à disciplina administrativa em decorrência de determinado
do poder hierárquico. Já na reconsideração, a apreciação relati- vínculo específico. Assim, somente está sujeito ao poder disci-
va à manutenção do ato administrativo é realizada pela própria plinar o agente que possuir vínculo certo e preciso com a Ad-
autoridade que confeccionou o ato, não existindo, desta forma, ministração, não importando que esse vínculo seja de natureza
manifestação do poder hierárquico. funcional ou contratual.
Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar
Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente é decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de
à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do distribuição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a
Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas uma mesma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico
funções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Po- determinar o cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe
deres Judiciário e Legislativo também estão submetidos à rela- for subordinado, o cumprimento destas. Não atendendo o su-
ção de hierarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas bordinado às determinações do seu superior ou descumprindo o
ou administrativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não dever funcional, o seu chefe poderá e deverá aplicar as sanções
é legalmente obrigado a adotar o posicionamento do Presidente dispostas no estatuto funcional.
do Tribunal no julgamento de um processo de sua competência, Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder
porém, encontra-se obrigado, por ditames da lei a cumprir or- de alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com
dens daquela autoridade quando versarem a respeito do horário o Poder Público, a exemplo daqueles contratados para prestar
de funcionamento dos serviços administrativos da sua Vara. serviços à Administração Pública. Nesse sentido, como não exis-
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação te relação de hierarquia entre o particular e a Administração, o
não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subor- pressuposto para a aplicação de sanções de forma direta não é
dinação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito o poder hierárquico, mas sim o princípio da supremacia do inte-
da mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de resse público sobre o particular.
supervisão ou do poder de tutela que a Administração Direta Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar
detém sobre as entidades da Administração Indireta. e punir crimes e contravenções penais não se referem ao mes-
Esquematizando, temos: mo instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é
aplicado somente àqueles que possuem vínculo específico com
a Administração de forma funcional ou contratual, o segundo é
exercido somente sobre qualquer indivíduo que viole as leis pe-
nais vigentes.
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também
não se confunde com as penalidades decorrentes do poder disci-
plinar, que, embora ambos possuam natureza administrativa, es-
tas deverão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando
transtornos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de
polícia, denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e
o administrado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades
decorrentes do poder disciplinar, somente são atingidos os que
possuem relação funcional ou contratual com a Administração.
Em suma, temos:
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; ad-
Poder conferido à autoridade administra- vém do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que pos-
tiva para distribuir e dirimir funções em suem vínculo específico com a Administração Pública.
PODER escala de seus órgãos, que estabelece 2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; ad-
HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina- vém do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobe-
ção entre os servidores que estiverem sob
deçam às regulamentações de polícia administrativa.
a sua hierarquia.
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder
A edição de atos de caráter normativo geral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que come-
NÃO PODEM SER tem crimes ou contravenções penais.
A decisão de recursos administrativos Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o
OBJETO
DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva do poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirma-
órgão ou autoridade ção deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu al-

39
DIREITO ADMINISTRATIVO
cance como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina A) Regulamento executivo;
administrativa cometer infração, a única opção que restará ao B) Regulamento independente ou autônomo;
gestor será aplicar á situação a penalidade devidamente prevista c) Regulamento autorizado.
na lei, pois, a aplicação da pena é ato vinculado. Quando exis- Vejamos a composição de cada em deles:
tente, a discricionariedade refere-se ao grau da penalidade ou
à aplicação correta das sanções legalmente cabíveis, tendo em Regulamento Executivo
vista que no direito administrativo não é predominável o prin- Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
cípio da pena específica que se refere à necessidade de prévia suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um
definição em lei da infração funcional e da exata sanção cabível. regulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qual-
Em resumo, temos: quer lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem,
até mesmo aquelas cuja execução não dependa de regulamento.
Poder Disciplinar Para isso, suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda
• Apura infrações e aplica penalidades; conveniente detalhar a sua execução.
• Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata.
preciso que possua vínculo funcional com a administração; Sendo geral pelo fato de não possuir destinatários determinados
• A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada ou determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que este-
de processo administrativo no qual sejam assegurados o direi- jam nas situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre
to ao contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação hipóteses que, se e no momento em que forem verificadas no
para que seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; mundo concreto, passarão a gerar as consequências abstrata-
• Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre mente previstas. Desta forma, podemos afirmar que o regula-
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação. mento possui conteúdo material de lei, porém, com ela não se
confunde sob o aspecto formal.
Poder regulamentar O ato de regulamento executivo é constituído por importan-
Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, con- tes funções. São elas:
siste o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes
do Poder Executivo para que venham a editar normas gerais e 1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa
abstratas destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade
regulamento e eficaz execução. quando a lei confere ao agente público determinada quantidade
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão de liberdade para o exercício da função administrativa. Tal quan-
poder regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, as- tidade e margem de liberdade termina sendo reduzida quando
semelhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta da editação de um regulamento executivo que estipula regras de
expressão somente para se referirem à faculdade de editar re- observância obrigatória, vindo a determinar a maneira como os
gulamentos conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, agentes devem proceder no fiel cumprimento da lei.
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o
a usam com conceito mais amplo, acoplando também os atos
exercício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder
gerais e abstratos que são emitidos por outras autoridades, tais
Executivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a esta-
como: resoluções, portarias, regimentos, deliberações e instru-
belecer autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o
ções normativas. Há ainda uma corrente que entende essas pro-
espaço para a discussão de casos e fatos sem importância para a
vidências gerais e abstratas editadas sob os parâmetros e exigên-
administração pública.
cias da lei, com o fulcro de possibilitar-lhe o cumprimento em
forma de manifestações do poder normativo.
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei
No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, preva-
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regu-
lece como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássi-
lamento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente
ca, que utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir cumprida, estipula os critérios a serem adotados nessa ativida-
somente à competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo de, fato que impede variações significativas nos casos sujeitos
para editar regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão à lei aplicada. Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos
“poder normativo” para os demais atos normativos emitidos por servidores na carreira de Policial Rodoviário Federal.
outras espécies de autoridades da Administração Direta e Indi- Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei
reta, como por exemplo, de dirigentes de agências reguladoras 9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a inves-
e de Ministros. tidura no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar
Registra-se que os regulamentos são publicados através de no padrão único da classe de Agente, na qual o titular deverá
decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados permanecer por pelo menos três anos ou até obter o direito à
pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode promoção à classe subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º.
ser por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos
ainda, a pela adoção de providências distintas. A título de exem- para que os servidores públicos sejam promovidos. No entan-
plo desta última situação, pode-se citar um decreto que dá a to, o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato
designação de determinado nome a um prédio público. que abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promo-
Em razão de os regulamentos serem editados sob forma ção dos servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir
condizente de decreto, é comum serem chamados de decretos com base em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover
regulamentares, decretos de execução ou regulamentos de exe- perseguições e privilégios. E é por esse motivo que existe a ne-
cução. cessidade de regulamentação dos requisitos de promoção, como
Podemos classificar os regulamentos em três espécies dife- demonstra o próprio estatuto dos servidores públicos civis fede-
rentes: rais em seu art. 10, parágrafo único da Lei 8.112/1990.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decre- é considerado ato normativo primário porque retira sua força
to 8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos exclusivamente e diretamente da Constituição.
e estabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou
Rodoviários Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de a figura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto,
“resultado satisfatório na avaliação de desempenho no interstí- com a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi no-
cio considerado para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. vamente inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
Da mesma forma, a expressão “resultado satisfatório” também é Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na
eivada de subjetividade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dis- doutrina é no sentido de que a única hipótese de regulamento
positivo regulamentar designou que para o efeito de promoção, autônomo que o direito brasileiro permite é a contida no men-
seria considerado satisfatório o alcance de oitenta por cento das cionado dispositivo constitucional, que estabelece a competên-
metas estipuladas em ato do dirigente máximo do órgão. cia do Presidente da República para dispor, mediante decreto,
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do diri- sobre organização e funcionamento da administração federal,
gente máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o isso, quando não implicar em aumento de despesa nem mesmo
estabelecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no con- criação ou extinção de órgãos públicos.
dizente à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores Por oportuno, registarmos que a autorização que está pre-
para o efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, vista na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que
diante da regulamentação, erigiu a existência de vinculação da o Presidente da República, mediante decreto, possa extinguir
autoridade administrativa referente ao percentual considerado cargos públicos vagos, não se trata de caso de regulamento au-
satisfatório para o efeito de promoção dos servidores, critério tônomo. Cuida-se de uma xucra hipótese de abandono do prin-
que inclusive já foi uniformizado. cípio do paralelismo das formas. Isso por que em decorrência do
Embora exista uma enorme importância em termos de pra- princípio da hierarquia das normas, se um instituto jurídico for
ticidade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de criado por intermédio de determinada espécie normativa, sua
hierarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem extinção apenas poderá ser veiculada pelo mesmo tipo de ato,
jurídica, criando direitos ou obrigações, nem contrariando, am- ou, ainda, por um de superior hierarquia.
pliando ou restringindo as disposições da lei regulamentada. Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos
São, em resumo, atos normativos considerados secundários que parâmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia
são editados pelo Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar extingui-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretan-
a execução dos atos normativos primários elaborados pelas leis. to, deixando de lado essa premissa, o legislador constituinte de-
Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executi- rivado permitiu que, estando vago o cargo público, a extinção
vos à lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Con- aconteça por decreto. Poderíamos até dizer que foi autorizado
gresso Nacional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar um decreto autônomo, mas nunca um regulamento autônomo,
nos parâmetros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina isso posto pelo fato de tal decreto não gozar de generalidade e
chama de “veto legislativo”, dentro de uma analogia com o veto abstração, não regulamentando determinada matéria. Cuida-se,
que o Chefe do Executivo poderá apor aos projetos de lei apro- nesse sentido, de um ato de efeitos concretos, amplamente des-
vados pelo Parlamento. provido de natureza regulamentar.
Pondera-se que a aproximação terminológica possui limita- De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento
ções, uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei,
ocorrer em função de o Presidente da República entender que destaca-se que o decreto autônomo ou regulamento indepen-
o projeto de lei é incompatível com a Constituição Federal, que dente, encontra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O
configuraria o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse pú- que justifica a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito
blico, que seria o veto político. Por sua vez, o veto legislativo entre um decreto regulamentar e a lei que lhe atende de fun-
só pode ocorrer por exorbitância do poder regulamentar, sen- damento vir a configurar ilegalidade, não cabendo o argumento
do assim, sempre jurídico. Melhor dizendo, não há como imagi- de que o decreto é inconstitucional porque exorbitou do poder
nar que o Parlamento venha a sustar um decreto regulamentar regulamentar. Assim, havendo agressão direta à Constituição,
por entendê-lo contrário ao interesse público, uma vez que tal a lei, com certeza pode ser considerada inconstitucional, mas
norma somente deve detalhar como a lei ao ser elaborada pelo não o decreto que a regulamenta. Agora, em se tratando do de-
próprio Legislativo, será indubitavelmente cumprida. Destarte, creto autônomo, infere-se que este é norma primária, vindo a
se o Parlamento entende que o decreto editado dentro do poder fundamentar-se no próprio texto constitucional, de forma a ser
regulamentar é contrário ao interesse público, deverá, por sua possível uma agressão direta à Constituição Federal de 1988, le-
vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento. gitimando desta maneira, a instauração de processo de controle
Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição do
controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente Supremo Tribunal Federal:
da exorbitância do poder regulamentar também está passível de Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto
ser reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do do Chefe do Executivo advém de competência direta da Cons-
Poder Executivo no exercício da autotutela. tituição, ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa
sentido, caso o regulamento não se amolde ao figurino consti-
Regulamento independente ou autônomo tucional, caberá, por conseguinte, análise de constitucionalida-
Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam- de pelo Supremo tribunal Federal. Se assim não for, será apenas
bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento vício de inconstitucionalidade reflexa, afastando desta forma,
executivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, o controle concentrado em ADI porque, como adverte Carlos
detendo o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma manei- Velloso: “é uma questão de opção. Hans Kelsen, no debate com
ra que uma lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) Carl Schmitt, em 1929, deixou isso claro. E o Supremo Tribunal

41
DIREITO ADMINISTRATIVO
fez essa opção também no controle difuso, quando estabeleceu Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
que não se conhece de inconstitucionalidade indireta. Não há A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
falar-se em inconstitucionalidade indireta reflexa. É uma opção fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos
da Corte para que não se realize o velho adágio: ‘muita jurisdi- e os regulamentos administrativos ou de organização.
ção, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387-0/DF, Rel. Min. Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos,
Marco Aurélio). criam regras ou normas para o exterior da Administração Pú-
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar blica, que passam a vincular todos os cidadãos de forma geral,
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- como acontece com as normas inseridas no poder de polícia. No
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção condizente aos regulamentos administrativos ou de organização,
a essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acon- denota-se que estes estabelecem normas sobre a organização
tece com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a administrativa ou que se relacionam aos particulares que pos-
ser objeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador suem um vínculo específico com o Estado, como por exemplo, os
Geral da República e ao Advogado concessionários de serviços públicos ou que possuem um con-
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo úni- trato com a Administração.
co do art. 84 da Constituição Federal. De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
destaque em relação à distinção entre os mencionados institu-
Regulamento autorizado ou delegado tos, é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referi-
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamen- rem à liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação
to apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também específica com a Administração, são, por sua vez, elaborados
menciona a respeito da existência do regulamento autorizado com menor grau de discricionariedade em relação aos regula-
ou delegado. mentos administrativos.
De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário Esquematicamente, temos:
não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legisla- ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos
tivo, aos órgãos administrativos. REGULAMENTO
Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de orga-
técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja DESTINATÁRIOS nização
controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a
doutrina maior tem aceitado que as competências para regular Poder de Polícia
determinadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Esta-
legislador para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fe- do para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exer-
nômeno da deslegalização, por meio do qual a normatização sai cício de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista
da esfera da lei para a esfera do regulamento autorizado. o interesse público.
No entanto, o regulamento autorizado não se encontra li-
mitado somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na Limites
verdade, ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
normas técnicas não contidas na lei, ato que realiza em decor- como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está
rência de expressa determinação legal. eivado de limitações legais em relação à competência, à forma,
Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser aos fins, aos motivos ou ao objeto.
confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque, Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de
ao passo que este último retira sua força jurídica da Constitui- polícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de
ção, aquele é amplamente dependente de expressa autorização proporcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sen-
contida na lei. Além disso, também se diverge do decreto de exe- do, a medida de polícia não poderá ir além do necessário com
cução porque, embora seja um ato normativo secundário que o fito de atingir a finalidade pública a que se destina. Imagine-
retira sua força jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem mos por exemplo, a hipótese de um estabelecimento comercial
jurídica, ao contrário do que ocorre com este último no qual sua que somente possuía licença do poder público para atuar como
destinação é apenas a de detalhar a lei para que seja fielmente revenda de roupas, mas que, além dessa atividade, funcionava
executada. como atelier de costura. Caso os fiscais competentes, na cons-
Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de tatação do fato, viessem a interditar todo o estabelecimento,
regulamento autorizado para matéria reservada à lei, um exem- pondera-se que tal medida seria desproporcional, tendo em vis-
plo disso é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, ta que, para por fim à irregularidade, seria suficiente somente
tendo em vista que afrontaria o princípio da separação dos Po- interditar a parte da revenda de roupas.
deres, pelo fato de estar o Executivo substituindo a função do Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que es-
Poder Legislativo. tejam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem des-
Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa proporcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder
determinação constitucional estabelecendo reserva legal, tem Judiciário por meio do controle judicial, ou, pela própria admi-
sido admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde nistração no exercício da autotutela.
que a lei venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem
como os limites da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido
que eles têm sido adotados com frequência para a fixação de
normas técnicas, como por exemplo, daquelas condições deter-
minadas pelas agências reguladoras.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Prescrição Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
Federal, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença,
punitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de depreende-se que o ato é vinculado, significando que a licença
polícia, desde que contados da data da prática do ato ou, em se não poderá ser negada quando o requerente estiver preenchen-
tratando de infração de forma permanente ou continuada, do do os requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem,
dia em que tiver cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto que isso ocorre com a licença para dirigir, para construir bem
da ação punitiva da Administração também for considerado cri- como para exercer certas profissões, como a de enfermagem,
me, a prescrição deverá se reger pelo prazo previsto na lei penal por exemplo. Referente à hipótese de alvará de autorização,
em seu art. 1.º, § 2.º. mesmo o requerente atendendo aos requisitos da lei, a Adminis-
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a tração Pública poderá ou não conceder a autorização, posto que
ação de execução da administração pública federal relativa a cré- esse ato é de natureza discricionária e está sujeito ao juízo de
dito não tributário advindo da aplicação de multa por infração à conveniência e oportunidade da autoridade administrativa. É o
legislação em vigor, desde que devidamente contados da cons- que ocorre, por exemplo, coma autorização para porte de arma,
tituição definitiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. bem como para a produção de material bélico.
1.º-A, com sua redação incluída pela Lei 11.941/2009.
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possi- Autoexecutoriedade
bilidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da
no curso do processo, quando o procedimento administrativo vir autoexecutoriedade consiste na “faculdade de a Administração
a ficar paralisado por mais de três anos, desde que pendente decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios
de despacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão meios, sem intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabeleci-
arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte inte- mento comercial estiver comercializando bebidas deteriorados,
ressada, sem que haja prejuízo da apuração da responsabilidade o Poder Público poderá usar do seu poder para apreendê-los e
funcional decorrente da paralisação, se for o caso, nos parâme- incinerá-los, sendo desnecessário haver qualquer ordem judi-
tros do art. 1.º, § 1.º. cial. Ocorre, também, que tal fato não impede ao particular, que
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da se sentir prejudicado pelo excesso ou desvio de poder, de buscar
ação punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no o amparo do Poder Judiciário para fazer cessar o ato de polícia
decurso das seguintes hipóteses: abusivo.
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia
por meio de edital; são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afir-
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração ma que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações,
do fato; pela decisão condenatória recorrível; sendo elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou
C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifesta- mesmo não estando prevista expressamente em lei, se houver
ção expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito in- situação de urgência que demande a execução direta da medida.
terno da Administração Pública Federal. O que infere que, não sendo cumprido nenhum desses requisi-
Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de tos, o ato de polícia autoexecutado será considerado abusivo.
em determinadas situações específicas, quando o interessado Cite-se como exemplo, o de ato de polícia que não contém auto-
interromper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a sus- executoriedade, como o caso de uma autuação por desrespeito
pensão do prazo prescricional para aplicação das sanções de po- à normas sanitárias. Nesse caso específico, se o poder público
lícia, nos parâmetros do art. 3.º. tiver a pretensão de cobrar o mencionado valor, não poderá fa-
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei zê-lo de forma direta, sendo necessário que promova a execução
9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e judicial da dívida.
aos processos e procedimentos de natureza tributária, nos ter- A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afir-
mos do art. 5.º. ma que alguns autores dividem o atributo da autoexecutorieda-
de em dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable)
Atributos e a executoriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão,
Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder a exigibilidade ensejaria a possibilidade de a Administração to-
de polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coer- mar decisões executórias, impondo obrigações aos administra-
cibilidade. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas carac- dos mesmo sem a concordância destes, e a executoriedade, que
terísticas estão presentes de forma simultânea em todos os atos consiste na faculdade de se executar de forma direta todas essas
de polícia. decisões sem que haja a necessidade de intervenção do Poder
Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada Judiciário, usando-se, quando for preciso, do emprego direto da
atributo: força pública. Imaginemos como exemplo, um depósito antigo
de carros que esteja ameaçado de desabar. Nessa situação es-
Discricionariedade pecífica, a Administração pode ordenar que o proprietário pro-
Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em mova a sua demolição (exigibilidade). E não sendo a ordem cum-
relação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de prida, a própria Administração possui o poder de mandar seus
polícia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
polícia seja a regra, em determinadas situações o exercício do Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo
poder de polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de
que a autoridade responsável possa executar qualquer tipo de meios indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a im-
opção. possibilidade de licenciamento de veículo enquanto não forem

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DIREITO ADMINISTRATIVO
pagas as multas de trânsito, a executoriedade irá se consubstan- No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
ciar no uso de meios diretos de coação, como por exemplo dis- venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize
solução de reunião, da apreensão de mercadorias, da interdição para fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afir-
de estabelecimento e da demolição de prédio. ma-se que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presen- poder ocorre tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita
te em todas as medidas de polícia, ao contrário da executorieda- alguma coisa que não deveria ser feita, quanto por meio de um
de, que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de ato omissivo, por meio do qual se deixa de fazer algo que deveria
lei ou em situações de urgência. ser feito.
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são
Coercibilidade elas:
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato
seja imposto ao particular, concordando este, ou não. Em ou- • Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que
tras termos, o ato de polícia, como manifestação do ius imperi a autoridade atua extrapolando os limites da sua competência.
estatal, não está consignado à dependência da concordância do • Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando
particular para que tenha validade e seja eficaz. Além disso, a a autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência,
coercibilidade é indissociável da autoexecutoridade, e o ato de porém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou
polícia só poderá ser autoexecutável pelo fato de ser dotado de contrária ao interesse público como um todo.
força coercitiva. Convém mencionar que o ato praticado com abuso de po-
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida der pode ser devidamente invalidado pela própria Administra-
como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba ção por intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob
se confundindo com a definição dada de exigibilidade que resul- controle judicial.
ta do desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.

Poder de polícia originário e poder de polícia delegado


Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário DO CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
é aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos,
tendo como fundamento a própria repartição de competências
Controle exercido pela Administração Pública (controle in-
materiais e legislativas constante na Constituição Federal Brasi-
terno)
leira de 1988.
A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este
possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo
faz referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direi-
certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os
to público da Administração Indireta, posto que esta delegação
direitos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores
deve ser feita por intermédio de lei do ente federativo que pos-
do Poder tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso
sua o poder de polícia originário.
Como uma das mais claras manifestações do princípio se- não esteja sujeita a controle, culminará no abuso, ou até no ab-
gundo o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse priva- solutismo.
do, no exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particu- Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a te-
lares ações e omissões independentemente das suas vontades. oria dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes cons-
Tal possibilidade envolve exercício de atividade típica de Estado, tituídos possuem a incumbência de controlar, freando e contra-
com clara manifestação de potestade (poder de autoridade). As- balanceando as atuações dos demais poderes, de maneira que
sim, estão presentes características ínsitas ao regime jurídico de cada um deles tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma
direito público, o que tem levado o STF a genericamente negar liberdade sob vigilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita
a possibilidade de delegação do poder de polícia a pessoas jurí- leis que podem ser vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que
dicas de direito privado, ainda que integrantes da administração poderá ter seu veto derrubado ou freado pelo Poder Legislati-
indireta (ADI 1717/DF). vo. Ou seja, não concordando o Executivo com a derrubada de
Esquematizando, temos: um veto vindo a entender que a lei aprovada seja inconstitucio-
nal, deterá o poder de incumbir a matéria à análise do Poder
Judiciário que irá dirimir o conflito, como por exemplo, uma ADI
ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA
ajuizada pelo Presidente da República. O Judiciário contém os
DISCRICIONARIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE membros de sua cúpula (STF), que são indicados pelo chefe de
Liberdade de Faculdade de a outro Poder, no caso, o Presidente da República, sendo a indica-
escolha da autori- Administração deci- Faz com que ção restrita à aprovação de uma das Casas do Parlamento (Sena-
dade pública em dir e executar dire- o ato seja imposto do Federal), o que acaba por ser uma espécie de controle prévio.
relação à conveni- tamente sua decisão ao particular, con- Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de
ência e oportunida- por seus próprios cordando este, ou Direito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos
de do exercício do meios, sem interven- não. que possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais ins-
poder de polícia. ção do Judiciário. trumentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se man-
tenha sempre consolidada com o direito, visando ao interesse
Uso e abuso de poder público e mantendo o respeito aos direitos dos administrados.
De antemão, depreende-se que o exercício de poder acon- Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que
tece de forma legítima quando desempenhado pelo órgão com- pode ser interno ou externo. Vejamos:
petente, desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem
como em atendimento à consecução dos fins públicos.

44
DIREITO ADMINISTRATIVO
• Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder so- a Justiça Administrativa, está a Justiça Judiciária, composta por
brepondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo órgãos do Poder Judiciário, tendo competência para julgar com
Poder, ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Admi- definitividade conflitos que envolvam somente particulares.
nistração indireta sobre atos que foram praticados pela própria Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário,
pessoa jurídica da qual faz parte. No controle interno o órgão via de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimi-
controlador encontra-se inserido na estrutura administrativa dade do ato administrativo. No exercício da função jurisdicional,
que deve ser controlada. os Magistrados não apreciam o mérito do ato administrativo,
Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, não analisando a conveniência e a oportunidade da prática do
pois esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores ato.
controlar os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou
resumo, o controle interno que venha a depender da existência de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício,
de hierarquia entre controlador e controlado, é aquele exerci- a decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato
do pelas chefias sobre seus subordinados, sendo o tradicional administrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é
“sistema de controle interno” é organizado por lei incumbida de cabível no exercício da função jurisdicional a revogação do ato
lhe definir as atribuições, não dependendo de hierarquia para o administrativo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do
exercício de suas prerrogativas. mérito do ato.
• Controle externo: é realizado por órgão estranho à estru- É de suma importância destacar que o controle judicial pos-
tura do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práti- sui abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos
cos, quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa discricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos
a julgar as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário. de validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta
forma, é possível que tanto os atos administrativos vinculados
quanto os discricionários venham a apresentar vícios de legali-
Controle Judicial dade ou ilegitimidade, em decorrência dos quais poderão vir a
Registremos, a princípio, que o controle judicial da Adminis- ser anulados pelo Poder Judiciário quando estiver no exercício
tração Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário, do controle jurisdicional.
quando em exercício de função jurisdicional, sobre os atos admi- Explicita-se que o controle judicial da Administração, de
nistrativos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio modo geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da
Poder Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual, iniciativa de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica.
o Poder Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a Qualquer pessoa que tenha a pretensão de provocar o contro-
juridicidade que engloba a regularidade, a legalidade e a consti- le da administração pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão,
tucionalidade da conduta administrativa. propor judicialmente a ação cabível para o alcance desse obje-
Denota-se que o controle externo da Administração por tivo.
meio do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Cons- Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies
tituição Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de de ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou
controle, como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, ameaça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o
o mandado de injunção e o habeas data. habeas corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A
O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade relação das ações que dão possibilidade ao controle judicial da
de jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de Administração será sempre a título de exemplificação, tendo em
jurisdição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Ju- vista que o controle pode ser exercido, inclusive, por intermédio
diciário possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a de ação judicial ordinária sem denominação especial ou especí-
inferir que somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em fica.
sentido próprio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de
serem modificadas. Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di-
Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou
pela Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrati- um novo mecanismo de controle judicial da Administração Pú-
vo encontram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário. blica, ato por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de
É importante registrar que o fundamento da adoção do sis- reclamação ao STF contra ato administrativo que contrarie sú-
tema de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se en- mulas vinculantes editadas pela Corte Suprema.
contra inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual
ficou estabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Controle Legislativo
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla-
Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sis- tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como
tema de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso ad- ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades
ministrativo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a com o objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle
função jurisdicional é exercida por duas estruturas orgânicas que externo exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal
são regidas de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciá- de Contas.
ria e a Justiça Administrativa, posto que cada uma profere deci- O controle legislativo, também denominado de controle
são com força de coisa julgada no âmbito de suas competências. parlamentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce
Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no siste- poder sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder
ma de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tri- Judiciário, sendo este último somente no que condiz ao desem-
bunais administrativos cuja competência cuida-se em geral, de penho da função administrativa. Trata-se assim, o controle parla-
resolver litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando mentar de um controle externo sobre os demais Poderes.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira nistração indireta; apreciar os atos de concessão e renovação de
deve ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar iniciativas
federado, posto que não somente o princípio da simetria, como do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; autorizar,
também as regras específicas que a Constituição Federal predis- em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recur-
põe para os âmbitos federal, estadual, municipal e distrital. sos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar,
Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicame- previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com
ralismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto área superior a dois mil e quinhentos hectares.
por duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por
representantes do povo e o Senado Federal que é composto por 2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art.
representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. 52): processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
De acordo com o sistema constitucional, o controle parla- pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros
mentar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
b) pelas duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa ronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
diretora do Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comis- processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os
sões do Congresso Nacional ou de cada Casa. membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio-
Levando em conta o princípio da simetria de organização, nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o
as regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; au-
lhes couber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal torizar operações externas de natureza financeira, de interesse
e distrital, desde que realizadas as devidas adaptações, princi- da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
palmente aquelas que advém do fato de nos planos estadual, Municípios; fixar, por proposta do Presidente da República, li-
municipal e distrital a organização do Poder Legislativo serem do mites globais para o montante da dívida consolidada da União,
tipo unicameral. dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; dispor sobre
Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legis- limites globais e condições para as operações de crédito externo
lativo também possui o poder de exercer o controle interno so- e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
bre os seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder cípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo
Legislativo estará realizando um controle administrativo interno. Poder Público federal; dispor sobre limites e condições para a
Esse é o motivo pelo qual quando falamos no controle parla- concessão de garantia da União em operações de crédito exter-
mentar, estamos abordando somente o controle externo exerci- no e interno; estabelecer limites globais e condições para o mon-
do pelo Poder Legislativo. tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos
Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém so- Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
bre a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes
previstas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque do término de seu mandato; aprovar previamente, por voto se-
caso contrário, haveria inferiorização do princípio da separação creto, após arguição pública, a escolha de:
dos poderes. Acontece que em razão disso, não podem leis or- • Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
dinárias, complementares ou Constituições Estaduais predispor • Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
outras modalidades de controle diversas das que são previstas Presidente da República;
na Constituição Federal, sob risco de ferir o mesmo princípio. • Governador de Território;
De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle • Presidente e diretores do Banco Central;
legislativo: o político e o financeiro. • Procurador-Geral da República;
O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais • Titulares de outros cargos que a lei determinar.
de contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade • Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
e de mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
conforme o caso. caráter permanente;
3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados
Formas de controle político: (CF, art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a ins-
1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
art. 49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou da República e os Ministros de Estado; proceder à tomada de
atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao
gravosos ao patrimônio nacional; autorizar o Presidente da Re- Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
pública a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças sessão legislativa.
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
neçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar; autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da 4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos
República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões,
quinze dias; aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas órgãos diretamente subordinados à Presidência da República
medidas; sustar os atos normativos do Poder Executivo que exor- para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto pre-
bitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legis- viamente determinado, importando crime de responsabilidade
lativa; julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da a ausência sem justificação adequada; as Mesas da Câmara dos
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos
de governo; fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer escritos de informações a Ministros de Estado ou a quaisquer
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da admi- titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da

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DIREITO ADMINISTRATIVO
República, importando em crime de responsabilidade a recusa, maneira uniforme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter
ou o não atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a pres- criado até a CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função
tação de informações falsas. de prestar auxílio ao Poder Legislativo municipal no exercício do
Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe es- controle externo é normalmente repassada ao Tribunal de Con-
pecial destaque referente ao controle exercido pelas comissões tas do respectivo Estado que é dotado de atribuições de controle
parlamentares de inquérito (CPIs). ao das administrações estadual e municipal.
As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar Em relação à sua composição, verificamos com afinco que
fato certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das os Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de
funções típicas do Parlamento que é a função de fiscalização. pessoal próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos
De acordo com a Constituição Federal, as comissões parla- etc.), sendo o TCU composto por nove ministros, ao passo que
mentares de inquérito possuem poderes de investigação que são os demais Tribunais de contas são compostos, em regra, por sete
próprios das autoridades judiciais, além de outros poderes que conselheiros, número sempre observado nos Estados, com exce-
estão previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são ção do Tribunal de Contas do Município de São Paulo que conta
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja com apenas cinco conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei
em conjunto ou de forma separada mediante pugnação de um Orgânica daquele Município.
terço de seus membros, com o objetivo de apurar fato determi- Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais”
nado e por prazo certo, sendo que as suas conclusões, quando de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição
for preciso, serão encaminhadas ao Ministério Público, para que em sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o
este órgão promova a responsabilidade civil ou criminal dos in- caráter de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem
fratores, nos termos dispostos no art. 58, § 3º da CFB/1988. anuladas pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado
Em decorrência do exercício dos seus poderes de investiga- com o fito de anular a decisão da corte de contas é distinto do
ção, a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autori- processo de natureza administrativa em que foi proferida tal de-
zação judicial para: cisão. Desta forma, o interessado não poderá interpor um re-
• realizar as diligências que entender necessárias; curso para o Judiciário em desfavor da decisão final do Tribunal
• convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir de Contas com o fulcro de reformá-la, mas sim ajuizar processo
testemunhas sob compromisso e ouvir indiciados; autônomo perante o órgão jurisdicional competente com o obje-
• requisitar de órgãos públicos informações e documentos tivo de anular o mencionado julgado.
de qualquer natureza; Registra-se que em relação ao controle externo financeiro
• requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de e as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal
inspeções e auditorias que entender necessárias. criou um sistema harmonizado de controle, que prevê a existên-
Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, cia de um controle externo associada a um controle interno exe-
a CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, cutado por cada órgão sobre seus agentes e seus atos.
sempre por meio de decisão fundamentada e motivada, obser- O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de
vadas todas as formalidades da legislação, determinar a quebra controlar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Po-
de sigilo fiscal, bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/ deres e das entidades da administração indireta. Esse controle,
RJ). além de controlar a parte financeira dos outros órgãos, também
Em esquema básico, temos: abrange de forma ampla o controle contábil, financeiro, orça-
mentário, operacional e patrimonial, levando em conta os as-
Financeiro: é exercido com o auxílio dos tribu- pectos da legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
nais de contas. das subvenções e renúncia de receitas.
CONTROLE
No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos
LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade e de contábeis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito finan-
ESPÉCIES mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ceiro, é verificado o verdadeiro ingresso das receitas, através de
ou repressivo. comprovantes de depósito ou transferência de recursos, bem
como a realização de forma efetiva de despesas, vindo a compro-
Controle pelos Tribunais de Contas var os seus tradicionais estágios de licitação, empenho, liquida-
Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são ção e pagamento. Por sua vez, o controle orçamentário é aquele
órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execu- que acompanha a execução do orçamento, que é a legislação em
ção do exercício do controle externo da Administração Pública. que se encontram as receitas previstas e também as despesas fi-
São órgãos especializados e não integram a estrutura adminis- xadas. Em referência ao controle operacional, ressaltamos que o
trativa do Parlamento e também não mantém com ele mantém mesmo trata de diversos aspectos do desempenho da atividade
qualquer espécie de relação hierárquica. administrativa, como por exemplo, numa auditoria operacional,
Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura pode ser computado o tempo médio que o usuário usa esperan-
de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos en- do por atendimento médico em uma unidade do sistema público
tes da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos ter- de saúde. Finalmente, temos o controle patrimonial, que cuida
mos do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação da fiscalização do patrimônio público.
de novos tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais. Analisando a legalidade do controle externo, observamos
Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o que este investiga se a conduta administrativa está de acordo
TCU (Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribu- com as diversas normas jurídicas.
nais de Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal O controle de legitimidade atua complementando o con-
de Contas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal, trole de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos
percebe-se a organização dos tribunais de contas não ocorre de além da adequação formal da conduta à legislação pertinente.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Nesse diapasão, são passíveis de averiguação aspectos como a G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
finalidade do ato e a obediência aos princípios constitucionais pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
como a moralidade administrativa, por exemplo. que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional
Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à ao dano causado ao erário;
utilização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
pretende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspec- vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
tos da melhor relação custo-benefício. ilegalidade;
Destaca-se que o controle externo também investiga se hou- I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
de transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de Federal;
cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas. J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: sub- ou abusos apurados.
venções sociais e subvenções econômicas.
A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de institui- Observação: As normas retro mencionadas acima relativas
ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que ao Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à or-
não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964, ganização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos
art. 12, § 3º, I. Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Con-
B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de selhos de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, art.75 da CFB/1988.
agrícola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II.
Registra-se, que o controle externo também se incumbe de Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de
apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários me- Contas
canismos que tornam possível a renúncia de receita, como por Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas”
exemplo: a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da e “julgar contas”.
alíquota ou da base de cálculo de tributo que implique sua re- Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu-
dução. nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja
Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacio- a emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no
nal, o controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal prazo de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo
de Contas da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 que é competência do Poder
da CFB/1988: Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta
A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
maneira, as contas anuais do Presidente da República são julga-
da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
das pelo Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988;
em sessenta dias a contar de seu recebimento;
as dos Governadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo
B) Julgar as contas dos administradores e demais respon-
Estado; a do Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legis-
sáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
lativa do Distrito Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respec-
direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas
tivas câmaras municipais.
e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tri-
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
bunal de contas do Estado ou do município emite a respeito das
resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de regis-
contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos ter-
tro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações mos do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio,
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nome- emitido pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito
ações para cargo de provimento em comissão, bem como a das deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas de dois terços dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo,
as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do é por essa razão que grande parte da doutrina afirma que nessa
ato concessório; hipótese, o parecer prévio é relativamente vinculante, não sen-
C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do absolutamente vinculante pelo fato de poder ser superado,
do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspe- porém, como a superação depende de quórum qualificado, tem-
ções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, -se uma vinculação relativa.
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Po- Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão
deres Legislativo, Executivo e “só deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não
Judiciário, e demais entidades referidas na letra b; quer dizer que o parecer conclusivo do tribunal de contas pode-
D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacio- ria produzir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar perma-
nais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou nentes em caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema
indireta, nos termos do tratado constitutivo; Corte, o parecer do Tribunal de Contas que rejeita as contas do
E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados chefe do executivo possui natureza opinativa, só podendo produ-
pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru- zir o efeito de inelegibilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I,
mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; alínea “g”) após transcorrido o julgamento das contas pela res-
F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio- pectiva Câmara de Vereadores (RE 729.744/MG e RE 848.826/DF).
nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte
Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentá- de Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos
ria, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e Prefeitos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou in-
inspeções realizadas; constitucional dispositivo de constituição estadual que permitia

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DIREITO ADMINISTRATIVO
às Câmaras Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas Nesse diapasão, auferindo um pouco mais de segurança ao
pelos prefeitos, independentemente do parecer do Tribunal de respeito do subprincípio da probidade, a Carta Magna paramen-
Contas do Estado, quando este não fosse oferecido no prazo de tou, em seu artigo 37, § 4º, as consequência a seguir, elencadas,
180 dias. (ADI 3.077/SE). para configurar a prática dos atos de improbidade:
Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a
julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
verba pública, bens e valores públicos da administração direta e indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
indireta, inclusive das fundações e sociedades instituídas e man- e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
tidas pelo Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ense- Trata-se o referido artigo, de norma constitucional com efi-
jarem e derem causa à perda, extravio ou outra irregularidade cácia limitada, que requer regulamentação para que produza
de que resulte prejuízo ao erário público, nos termos do disposto efeitos jurídicos.
no art. 71, III da CFB/1988. Assim sendo, com a edição da Lei n. 8.429/1992, Lei da Im-
Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que probidade Administrativa de observância obrigatória por parte
ao julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que da administração direta e indireta de todos os entes federati-
causarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de vos, o legislador infraconstitucional veio a estabelecer as regras
contas imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou e procedimentos a serem observados quando ocorrer a prática
multa com caráter de punição. Denota-se que decisões das Cor- de atos de improbidade.
tes de Contas que imputam débito ou multa terão validade de
título executivo nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, Sujeitos da Ação de Improbidade – sujeitos ativos, sujeitos
caso a pessoa a quem foi imputada a multa ou o débito não vier passivos
a adimplir a referida importância dentro do prazo estipulado por Sujeitos ativos da ação de improbidade administrativa são
lei, poderá sofrer a cobrança judicial da importância diretamente aqueles que estão sujeitos ao cometimento dos atos de impro-
por intermédio de uma ação de execução, sendo desnecessário bidade administrativa, vindo a figurar no polo passivo da corres-
o ajuizamento de uma ação de conhecimento para rediscutir a pondente ação. Já os sujeitos passivos, são as pessoas jurídicas
matéria que já foi objeto de decisão da corte de contas. vítimas dos atos de improbidade vindo a figurar no polo ativo
Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas da ação.
que imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de
título executivo, sua execução independe da inscrição em dívida Assim, temos:
ativa. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscre-
ver todos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, SUJEITOS São os que cometem atos de improbidade admi-
o que ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a ins- ATIVOS nistrativa e figuram no polo passivo da ação.
crição dá possibilidade para que a execução siga o rito estabele-
cido na Lei 6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma São os que sofrem as consequências dos atos de
SUJEITOS
série de vantagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscri- improbidade administrativa e figuram no polo ati-
PASSIVOS
ção acaba por submeter o crédito a um controle mais amplo, na vo da ação.
medida em que ele fica registrado em sistemas informatizados
criados para a administração, controle de prazos e cobrança dos Sujeitos Ativos
valores inscritos. Nos trâmites do art. 2º da Lei n. 8.429/1992, encontramos a
relação de pessoas vinculadas ao Poder Público que são passíveis
se tornar sujeito passivo da ação de improbidade.
DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
Conceito muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
Para uma melhor compreensão acerca das disposições re- qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
lativas à lei da improbidade administrativa, adentraremos à ori- emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
gem da prática dos atos desses atos.
Fazendo-se menção ao princípio da moralidade, relembre- Cuida-se de um conceito amplo de agente público, de ma-
mo-nos que este comporta em seu bojo os subprincípios da neira que mesmo os que exerçam suas atribuições em caráter
boa-fé, probidade e decoro. Sendo a moralidade um princípio transitório ou mesmo sem remuneração, como os estagiários
estabelecido pela Constituição federal de 1.988, de forma a ser voluntários, pro exemplo, são considerados, para efeitos legais,
cumprido pelos órgãos e entidades de todos os entes federa- como possíveis sujeitos ativos.
tivos, o fato de inadimplir no respeito à moralidade ou seus Nesse diapasão, prevê o art., 3º da Lei n. 8.429/1992:
subprincípios, de consequência, virá a causar a anulação do ato Art. 3º - As disposições desta lei são aplicáveis, no que cou-
administrativo praticado. ber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se bene-
Assim, podemos conceituar a improbidade administrativa ficie sob qualquer forma direta ou indireta.
como um designativo técnico que aduz corrupção administrati- Ante o estudo do mencionado artigo, entende-se que duas
va, sendo contrário à boa-fé, à honestidade, à correção de atitu- são as classes de pessoas passíveis de figurar como sujeito ati-
de e, ainda, contra a honradez. Nem sempre o ato de improbida- vo dos atos de improbidade administrativa, sendo elas: as que
de será um ato administrativo, podendo ser configurado como mantenham algum vínculo com o Poder Público, mesmo que
quaisquer tipos de conduta comissiva ou omissiva praticadas no transitório ou sem remuneração, bem como os particulares que
exercício da função ou, ainda, fora dela. induzam ou concorram para a prática de improbidade

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Para que o agente público atue na condição de sujeito ativo, Prejuízo ao erário: um terceiro que não se trata do agente
deverá ter agido com dolo ou com culpa por negligência, impe- público, recebe a vantagem ou alguma norma prevista em lei ou
rícia ou imprudência. regulamento não observada.
No condizente ao particular que tenha induzido ou concor- Violação aos princípios: tais situações não criam e nem ge-
rido para a improbidade, figurar como sujeito ativo, é preciso de ram, por si só, vantagem indevida ao agente público ou a tercei-
forma obrigatória, que ele tenha agido com dolo. ros.
Ressalta-se que todos os agentes administrativos encon- Violação da legislação do ISS: trata-se de situações condi-
tram-se subordinados às disposições da Lei n. 8.429/1992 no zentes a benefícios financeiros e de tributos.
condizente aos atos de improbidade administrativa. Assim te-
mos: Atos que Importam Enriquecimento Ilícito
• Os agentes políticos, em consonância com recente enten- São atos resultantes da mais gravosa espécie de improbida-
dimento do STF, estão sujeitos a uma dupla responsabilização de administrativa, nos termos do art. 9º da Lei n. 8.429/1992:
no crime de responsabilidade e nos atos de improbidade admi- Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa impor-
nistrativa. tando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
• O Presidente da República, em exceção, não está sujeito à patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
dupla responsabilização, mas responde ao regulamento estabe- função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no
lecido na Constituição Federal de 1.988. art. 1º desta lei, e notadamente:
1– receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
• Sujeitos Passivos imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou in-
Os sujeitos passivos são as pessoas jurídicas lesadas pela direta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou pre-
prática de improbidade administrativa, vindo a figurar no polo sente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
ativo da lide. Nos termos do art. 1º da Lei n. 8.429/1992, podem atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atri-
figurar como sujeitos passivos nas ações de improbidade admi- buições do agente público;
nistrativa: 2 – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imó-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer vel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, art. 1º por preço superior ao valor de mercado;
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de em- facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
presa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com valor de mercado;
mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
serão punidos na forma desta lei. nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprie-
As mencionadas entidades, são as que podem vir a ser le- dade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
sadas com a prática de atos de improbidade administrativa, po- art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
dendo figurar no polo ativo da demanda de improbidade admi- empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
nistrativa. V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
Ressalte-se que o Ministério Público, mesmo não sendo uma reta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos
das entidades relacionadas pela Lei n. 8.429/1992, é passível de de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura
figurar como polo ativo da lide da mesma forma que as demais ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
pessoas jurídicas. Vejamos o fundamento legal, no art. 127 da vantagem;
Constituição Federal: VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, es- reta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a de- avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
fesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mer-
sociais e individuais indisponíveis. cadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades menciona-
Atos de Improbidade Administrativa das no art. 1º desta lei;
Nos ditames da Lei 8.429/1992, quatro são as espécies de VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de man-
atos de improbidade administrativa, sendo elas: dato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natu-
1) atos que importam em enriquecimento ilícito; reza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou
2) atos que causam prejuízo ao erário; à renda do agente público;
3) atos que atentam contra os princípios da administração VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
pública; e consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que
4) atos que violam a legislação do ISS no que se refere aos tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação
benefícios financeiros ou tributários. ou omissão decorrente das atribuições do agente público, duran-
A eventual necessidade de o candidato memorizar todas as te a atividade;
condutas previstas em lei. IX – perceber vantagem econômica para intermediar a libe-
ração ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
Vejamos algumas condutas que ensejam os atos de improbi- X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
dade administrativa: reta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou
Enriquecimento ilícito: aqui, o agente público recebe van- declaração a que esteja obrigado;
tagem indevida.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, des mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas
entidades mencionadas no art. 1º desta lei; entidades.
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo- XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
res integrantes do acervo patrimonial das entidades menciona- objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso-
das no art. 1º desta lei. ciada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
Atos de Prejuízo ao Erário suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
As condutas que causam prejuízo ao erário estão dispostas formalidades previstas na lei.
no artigo 10 da Lei n. 8.429/1992. XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in-
Esse tipo de ato poder resultar tanto de condutas omissivas corporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica,
quanto comissivas do agente público, podendo dar margem à de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela ad-
lesão ao erário de atos dolosos, ou culposos nos quais houve a ministração pública a entidades privadas mediante celebração
imperícia, a negligência ou a imprudência do agente do Estado. de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou re-
Vejamos: gulamentares aplicáveis à espécie;
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou cul- ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos trans-
posa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, mal- feridos pela administração pública a entidade privada mediante
baratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades celebração de parcerias, sem a observância das formalidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpo- XVIII – celebrar parcerias da administração pública com en-
ração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de tidades privadas sem a observância das formalidades legais ou
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimo- regulamentares aplicáveis à espécie;
nial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; XIX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi- análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela ad-
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do ministração pública com entidades privadas;
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta XX – liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamenta- ção pública com entidades privadas sem a estrita observância
res aplicáveis à espécie; das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- aplicação irregular.
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das ção pública com entidades privadas sem a estrita observância
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; aplicação irregular.
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referi- Atos Contra os Princípios da Administração Pública
das no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte Denota-se que mesmo que não tenha ocorrido a vantagem
delas, por preço inferior ao de mercado; do agente público ou de terceiros, determinados princípios ou
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de deveres do Poder Público deixaram de ser cumpridos ou obser-
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; vados pelo agente público.
VI – realizar operação financeira sem observância das nor- Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou atenta contra os princípios da administração pública qualquer
inidônea; ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, impar-
VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob- cialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento
à espécie; ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de proces- II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
so seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins ofício;
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em ra-
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não auto- zão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
rizadas em lei ou regulamento; IV – negar publicidade aos atos oficiais;
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou ren- V – frustrar a licitude de concurso público;
da, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fa-
público; zê-lo;
XI – liberar verba pública sem a estrita observância das nor- VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplica- terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
ção irregular; política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se en- bem ou serviço;
riqueça ilicitamente; VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscaliza-
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, ção e aprovação de contas de parcerias firmadas pela adminis-
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer na- tração pública com entidades privadas.
tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entida-

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DIREITO ADMINISTRATIVO
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibili- • Periculum in mora: é o perigo de dano iminente e irrepa-
dade previstos na legislação. rável. Consiste na possibilidade do indiciado dilapidar o seu pa-
X – transferir recurso a entidade privada, em razão da pres- trimônio, tornando impossível a devolução dos valores devidos
tação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de aos cofres públicos.
contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do pa- Estando presentes estas duas características, a autoridade
rágrafo único do art. 24 da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de administrativa representa ao Ministério Público que analisará os
1990. fatos, pugnando ao juiz responsável pela ação a decretação da
indisponibilidade dos bens.
Atos advindos de Concessão ou Aplicação Indevida de Be-
nefício Financeiro ou Tributário Das Penas passíveis de aplicação
São uma modalidade de atos de improbidade administrativa A Lei n. 8.429/1992 dita um rol de sanções de natureza ad-
advindos da Lei Complementar 157, de 2016. ministrativa, civil e política para cada uma das condutas que dão
Nos parâmetros da Lei 8.429/1992, encaixa-se nesta moda- ensejo às quatro diferentes espécies de improbidade administra-
lidade qualquer ação ou omissão destinada a conceder, aplicar tiva, sendo que estas sanções estão classificadas em consonân-
ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que cia com a gravidade da conduta, de maneira que as ações que
determina o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar n. dão causa ao enriquecimento ilícito, tem como consequência as
116, de 31 de julho de 2003. sanções mais graves, as que causam lesão ao patrimônio públi-
co possuem sanções intermediárias e as que atentam contra os
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de princípios da administração pública, encontram-se eivadas de as
Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). (Incluído pela Lei sanções de menor gravidade.
Complementar nº 157, de 2016) Ressalte-se que as sanções de natureza civil, implicam na
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, in- obrigação explícita de pagar ou devolver algo ao poder público.
centivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de re- Sendo elas de acordo com as normas da Lei n. 8.429/1992:
dução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, • ressarcimento ao Erário;
ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamen- • perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patri-
te, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da mônio;
alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços • multa.
a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a
esta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, Relativo às sanções de natureza política, afirma-se que as
de 2016) aplicam em restrições aos direitos políticos, sendo, nos termos
do dispositivo legal, apenas uma:
Da Indisponibilidade dos Bens • suspensão dos direitos políticos;
O artigo 37, § 4º, da Constituição Federal estabelece Um rol
de consequências para os atos de improbidade administrativa, Temos também as sanções administrativas que implicam na
dentre os quais, pode-se incluir a possibilidade da decretação da supressão da possibilidade de ser mantido vínculo com a admi-
indisponibilidade dos bens. nistração pública. Em suma, são:
Em apoio à disposição constitucional, a Lei n. 8.429/1992 • perda da função pública;
dispõe em seu artigo 7º, que a indisponibilidade dos bens será • proibição de contratar com o Poder Público;
declarada sempre que o ato de improbidade administrativa ficar • proibição de receber incentivos fiscais ou creditícios por
caracterizado como enriquecimento ilícito ou lesão ao patrimô- parte do Poder Público.
nio público. Confirmemos:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao pa- Esquematicamente, temos:
trimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a au-
toridade administrativa responsável pelo inquérito representar • Ressarcimento ao erário.
ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do in- SANÇÃO • Perda dos bens e valores acrescidos ilici-
diciado. CÍVEL tamente ao patrimônio.
• Multa.
A indisponibilidade a que aduz o caput do referido artigo
recairá sobre bens que possam assegurar o integral ressarcimen- • Perda da função pública.
• Proibição de contratar com o Poder Pú-
to do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial que resultou do SANÇÃO
blico.
enriquecimento ilícito. ADMINISTRATIVA
• Proibição de receber incentivos fiscais
Em consonância com boa parte da doutrina, dois são os
ou creditícios por parte do Poder Público.
requisitos que devem estar presentes para que ocorra a deter-
minação da indisponibilidade dos bens no decurso da ação de SANÇÃO
• Suspensão dos direitos políticos.
improbidade administrativa, sendo eles o fumus boni juris e o POLÍTICA
periculum in mora.
Assim, temos: Estas sanções, não importando a da natureza, seja adminis-
• Fumus boni juris: é a probabilidade de os fatos imputados trativa, civil ou política, são aplicadas de acordo com a gravidade
ao agente público serem verdadeiros, ou ao menos, haver uma da conduta praticada pelo agente público ou por terceiro, con-
grande possibilidade da ocorrência do ato de improbidade ad- forme menciona o artigo 12 da Lei 8.429/92:
ministrativa.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art.12 Independentemente das sanções penais, civis e ad- Competência
ministrativas previstas na legislação específica, está o respon- Esse tema não se encontra pacificado na doutrina. Isso ocor-
sável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, re pelo motivo da existência das inúmeras controvérsias dos tri-
que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo bunais superiores em relação à possibilidade ou não de aplica-
com a gravidade do fato. ção do foro por prerrogativa de função no âmbito das ações em
questão.
Da Declaração de Bens Sendo o foro por prerrogativa de função, ou foro privilegia-
Nos parâmetros legais, o agente público deverá declarar de do, uma prerrogativa concedida a autoridades detentoras de po-
bens na posse e no exercício da função pública. der, como os Magistrados, os Chefes do Poder Executivo, dentre
Desta forma, o tomar posse em cargo público, deverá o ser- outras, depreende-se que estas autoridades possuem a prerro-
vidor apresentar a declaração dos bens que constituem o seu gativa de serem processadas e julgadas no campo das ações de
patrimônio, medida esta que deverá ser feita anualmente, até natureza penal, por tribunais e juízes especializados, livrando-se
que ocorra a sua saída do respectivo cargo, mandato, emprego assim do julgamento realizado pela justiça comum.
ou função. Desde os primórdios, o entendimento do STF foi no sentido
O objetivo de tal medida é dar a oportunidade para que a de que o foro por prerrogativa de função referia-se à prerroga-
autoridade administrativa possa averiguar a evolução patrimo- tiva de que apenas poderia ser realizada no campo das ações
nial do agente público, posto que, quando incompatível com a penais, dentre as quais não é inclui a ação de improbidade admi-
soma das remunerações do servidor, constitui um dos principais nistrativa da área cível.
indícios de improbidade administrativa. A comprovação dos va- Da mesma maneira, o entendimento do tribunal menciona-
lores pode ser feita mediante cópia de sua declaração do Impos- do, era no sentido de que tal prerrogativa somente poderia ser
to de Renda à repartição pública. exercida durante o período em que o seu titular estivesse no
Não cumprindo o servidor a mencionada obrigação, ou, exercício no mandato, não se estendendo, após a quebra do vín-
caso apresente falsa declaração, restará ensejada, nos ditames culo com o Estado.
do § 3º do art. 13 da Lei n. 8.429/1992, a demissão a bem do Em consonância com os referidos entendimentos, e levan-
serviço público, sem sofrer prejuízo das demais sanções previs- do em conta que a ação de improbidade administrativa possui
tas pela legislação pertinente. natureza cível, a competência para processar e julgar sempre foi
§ 3º - Será punido com a pena de demissão, a bem do ser- designada à justiça comum ao juiz de primeiro grau.
viço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente Com a aprovação da Lei 10.628/2002, houve a alteração de
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do vários artigos do Código de Processo Penal, de maneira que pas-
prazo determinado, ou que a prestar falsa. sou a existir no ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade do
foro por prerrogativa de função ser estendido para as ações de
Procedimento: Administrativo e Judicial improbidade administrativa.
No âmbito do procedimento administrativo e judicial desti- Porém, o STF através da ADIN 2.797, manifestou seu parecer
nado a investigar a ocorrência de improbidade administrativa, de que era impossível ao legislador ordinário opor-se a um en-
infere-se que a Lei n. 8.429/1992 estabelece regras processuais tendimento diverso, ao até então definido pelo tribunal superior.
a serem cumpridas. Entretanto, surgiram controvérsias quando o STF decidiu, no
Denota-se que qualquer pessoa é parte devidamente com- julgamento da Questão de Ordem 3.211/DF, que caberia a ele
petente para representar à autoridade administrativa pugnando mesmo o julgamento das ações de improbidade administrativa
pela instauração das investigações para a apuração de ato de em face de seus próprios membros:
improbidade administrativa. 1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ação de im-
Registre-se que, via de regra, a representação deverá ser probidade contra seus membros.
feita por escrito ou reduzida a termo, eivada, ainda, com a qua- 2. Arquivamento da ação quanto ao Ministro da Suprema
lificação e demais dados do denunciante. Feito isso, com os Corte e remessa dos autos ao Juízo de 1º grau de jurisdição no
pressupostos legais, a autoridade competente instaurará o pro- tocante aos demais.
cedimento administrativo disciplinar e acordo com o estatuto de
cada categoria funcional. Prescrição
Da mesma maneira como acontece com as demais penali-
É importante ressaltar que mesmo que a autoridade admi- dades que são aplicadas no Direito Administrativo, as sanções
nistrativa seja competente para a apuração das eventuais faltas previstas pela prática de improbidade administrativa somente
funcionais arremetidas por servidores públicos, restando a con- podem ser propostas até certo período de tempo específico,
duta em questão caracterizada como improbidade, a autoridade sendo que pós esse decurso de tempo, ocorrerá a prescrição e o
administrativa não deterá o poder de aplicar a penalidade, de- fim da possibilidade da aplicação de pena ao agente público ou
vendo, desta forma, formular representação junto ao Ministério terceiro beneficiado.
Público, que representará ao Poder Judiciário para o ajuizamen- Nos ditames da Lei n. 8.429/1992, esse lapso temporal en-
to da lide, bem como da aplicação da penalidade cabível. contra-se previsto no artigo 23, que dispõe:
Destaque-se que em todas as ações destinadas ao apura- Art.23 As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre-
mento de improbidade administrativa, obrigatoriamente deverá vistas nesta lei podem ser propostas:
haver a participação do Ministério Público, conforme determina I – até cinco anos após o término do exercício de mandato,
o artigo 17, § 4º, da Lei n. 8.429/1992: de cargo em comissão ou de função de confiança;
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
nulidade. público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

53
DIREITO ADMINISTRATIVO
III – até cinco anos da data da apresentação à administração 3. Em âmbito tributarista, o Código Civil de 1916, em seu art.
pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no 15, dispôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmen-
parágrafo único do art. 1º desta Lei. te responsáveis por atos de seus representantes que nessa qua-
De acordo com o artigo 37, § 5º, da Constituição Federal lidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário
Brasileira, as ações de ressarcimento de prejuízos causados ao ao direito ou faltando a dever prescrito em lei, salvo o direito
erário, quando advindas de improbidade administrativa, são regressivo contra os causadores do dano”.
imprescritíveis e possuem a prerrogativa de serem propostas a ( ) CERTO
qualquer tempo. ( ) ERRADO
A legislação estabelecerá os prazos de prescrição para ilí-
citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que ve- 4. A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969,
nham a causar prejuízos ao erário, com exceção às respectivas foi audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fa-
ações de ressarcimento. zendo o acréscimo referente de que a ação regressiva contra o
O fundamento legal para esta possibilidade, é a indisponi- funcionário ocorreria também nos casos de dolo, e não somente
bilidade do interesse público que permeia toda a atividade do nos casos de culpa, como era disposto na Constituição de 1946.
Poder Público. ( ) CERTO
Assim sendo, pelo fato da administração somente gerar a ( ) ERRADO
coisa alheia pertencente ao povo, o que motiva as ações de res-
sarcimento de prejuízos causados aos cofres públicos, é o ressar- 5. O ato de delegação não poderá ser revogado a qualquer
cimento dos danos causados à própria coletividade. tempo pela autoridade delegante como forma de transferência
Contudo, a imprescritibilidade das ações de ressarcimentos não definitiva de atribuições, não podendo as decisões adotadas
advindas de ilícitos civis, sofreu alterações depois do julgamento por delegação, mencionar de forma clara esta qualidade, que de-
do Recurso Extraordinário 669069, realizado pelo STF no mês de verá ser considerada como editada pelo delegado.
fevereiro de 2016. ( ) CERTO
Infere-se que se até aquele instante, todas as ações de ( ) ERRADO
ressarcimento advindas de ilícitos cíveis, eram consideradas
imprescritíveis, a jurisprudência, mas depois do julgado em 6. A avocação é um procedimento contrário ao da delegação
questão, posiciona-se no sentido de admitir que as ações de res- de competência, vindo a ocorrer quando o superior assume ou
sarcimento, exceto as hipóteses expressamente ressalvadas, são passa a desenvolver as funções que eram de seu subordinado.
prescritíveis. De acordo com a doutrina, a norma geral, é a impossibilidade de
avocação pelo superior hierárquico de qualquer competência do
subordinado, ressaltando-se que nesses casos, a competência a
EXERCÍCIOS ser avocada poderá ser privativa do órgão subordinado.
( ) CERTO
1. (ESAF- 2012-CGU -ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE- ( ) ERRADO
PROVA 3 -ADMINISTRATIVA)
Quanto ao regime jurídico dos servidores públicos da União, 7. Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade
é correto afirmar que: ou de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum
(A) consumado o suporte fático previsto na lei e preenchidos vício, a decisão judicial será revertida no sentido de anulação do
os requisitos para o seu exercício, o servidor passa a ter di- ato administrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que é
reito adquirido ao benefício ou à vantagem que o favorece. cabível no exercício da função jurisdicional a revogação do ato
(B) além do estatuto legal específico, no tocante aos direitos administrativo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do
e deveres dos servidores, deve ser observado também o dis- mérito do ato.
posto na Consolidação das Leis do Trabalho CLT. ( ) CERTO
(C) os benefícios e as vantagens previstos na legislação no ( ) ERRADO
momento da posse do servidor público passam a ser direitos
adquiridos. 8. O controle judicial possui abrangência tanto em relação
(D) o cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi- aos atos vinculados quanto aos discricionários, posto que ambos
lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser não devem obedecer aos requisitos de validade como a compe-
acometidas a um servidor e podem ser criados por lei ou por tência, a forma e a finalidade.
decreto do Presidente da República. ( ) CERTO
(E) a investidura em cargo público pode ocorrer com a posse ( ) ERRADO
ou com a reintegração.
9. (FGV/TCE-BA/2013/AGENTE PÚBLICO) Dentre as medidas
2. (CESPE- 2012-TJ-RR- TÉCNICO JUDICIÁRIO) No que se re- a seguir, assinale aquela que pode ser imposta a quem pratica
fere à classificação e às espécies de agentes públicos, julgue os ato de improbidade administrativa.
itens seguintes. (A) Prisão ainda que o fato não seja tipificado como crime.
Os empregados públicos, embora sujeitos à legislação traba- (B) Perda dos direitos políticos.
lhista, submetem-se às normas constitucionais referentes a con- (C) Perda dos direitos civis.
curso público e à acumulação remunerada de cargos públicos. (D) Perda da nacionalidade brasileira.
( ) CERTO (E) Ressarcimento ao erário, ainda que as sanções estejam
( ) ERRADO prescritas.

54
DIREITO ADMINISTRATIVO
10. (FGV/CONDER/2013/ADVOGADO) No que concerne ao 15. O Tribunal de Contas da União tem entendido que o vín-
sujeito ativo do ato de improbidade administrativa, assinale a culo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades da
afirmativa correta. Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de
(A) Aquele que não é considerado agente público pela Lei Interesse Público não é demandante de processo de licitação.
n. 8.429/1992 poderá responder por improbidade adminis- ( ) CERTO
trativa. ( ) ERRADO
(B) A Lei de Improbidade aplica-se apenas a servidores pú-
blicos.
(C) A Lei de Improbidade aplica-se apenas contra agentes GABARITO
públicos que venham a lesar entidade na qual o poder pú-
blico contribua com mais de 50% para a criação ou custeio.
(D) A pessoa que é vinculada a entidade pública sem remu- 1 C
neração não pode ser considerada agente público para fins
de aplicação da Lei de Improbidade Administrativa. 2 C
(E) A pessoa que é vinculada a entidade pública de forma 3 ERRADO
transitória não pode ser considerada agente público para 4 CERTO
fins de aplicação da Lei de Improbidade Administrativa.
5 ERRADO
11. A legalidade, que na sua visão moderna é chamado tam- 6 ERRADO
bém de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda 7 ERRADO
atividade de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimen-
to licitatório. A lei serve para ser usada como limite de base à 8 ERRADO
atuação do gestor público, representando, desta forma, uma ga- 9 E
rantia aos administrados contra as condutas abusivas do Estado. 10 A
A assertiva se encontra:
( ) CERTO 11 CERTO
( ) ERRADO 12 CERTO
13 CERTO
12. O princípio da segregação de funções é uma norma de
controle interno com o fito de evitar falhas ou fraudes no pro- 14 CERTO
cesso de licitação, vindo a descentralizar o poder e criando in- 15 CERTO
dependência para as funções de execução operacional, custódia
física, bem como de contabilização. Assim sendo, cada setor ou
servidor incumbido de determinada tarefa, fará a sua parte no ANOTAÇÕES
condizente ao desempenho de funções, evitando que nenhum
empregado ou seção administrativa venha a participar ou con-
trolar todas as fases relativas à execução e controle da despesa
pública, vindo assim, a possibilitar a realização de uma verifica- ______________________________________________________
ção cruzada.
______________________________________________________
A assertiva se encontra:
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
13. As organizações da sociedade civil de interesse público,
são conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, sem ______________________________________________________
fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatutá-
rias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da ______________________________________________________
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competên-
cia do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido
______________________________________________________
com o da OS, entretanto, é mais amplo.
( ) CERTO
______________________________________________________
( ) ERRADO

14. O vínculo de união entre a entidade e o Estado é de- ______________________________________________________


nominado termo de parceria e que para a qualificação de uma
entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido constitu- ______________________________________________________
ída e se encontre em funcionamento regular há, pelo menos,
três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. ______________________________________________________
13.019/2014.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO

55
DIREITO ADMINISTRATIVO

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CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
1. Sistema operacional microsoft windows 7/8/10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimento sobre o pacote microsoft office 2010 e 2013 (word, excel, outlook e powerpoint) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3. Navegadores de internet. Buscas e consultas online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4. Antivírus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5. Hardware - componentes de microcomputadores.Nomenclatura e função dos hardwares do computador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6. Acesso a redes de computadores e a internet. Operar sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
7. Equipamentos de impressão, cópia e digitalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
8. Assinaturas eletrônicas/ digitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

SISTEMA OPERACIONAL MICROSOFT WINDOWS 7/8/10

O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares desenvolvido pela Microsoft 1.


Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva.
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos
do Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do computador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os elementos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
– Windows 7 Ultimate.

Área de Trabalho

Área de Trabalho do Windows 7.2

A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em que ficam dispostos alguns ícones. Uma das novidades do Win-
dows 7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta
uma área de trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior também sofreu mudanças significativas.

1 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/AulaDemo-4147.pdf
2 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.html

1
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Barra de tarefas
– Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão)
ativo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas
janelas ou entre programas.

Alternar entre janelas.3

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um único
botão.
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra
de tarefas.

Pré-visualização de janela.4

Botão Iniciar

Botão Iniciar5
3 Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d
4 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar-do-windows-7.
html
5 Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-windows-vista-acaba-em-11-de-abril

2
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros
menus que, por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias
opções.

Menu Iniciar.6

Desligando o computador
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador, Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar,
Suspender ou Hibernar.

Ícones
Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode
excluir. Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.

Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o
Windows e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows 7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão
organizada do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas, movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-los
e também renomeá-los. Em suma, é este o programa que disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus dados
gravados.

6 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml

3
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus ar-
quivos e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca
para que você organize da forma como desejar.

Bibliotecas no Windows 7.8

Aplicativos de Windows 7
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, fer-
ramentas para melhorar o desempenho do computador, calculadora e etc.
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas
e no submenu, que aparece, escolha Acessórios.

Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto.
Utilizado normalmente para editar arquivos que podem ser usados pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria ar-
quivos com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto somente no formato ASCII (somente texto).

7 Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-explorer-clover-2.html
8 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-windows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm

4
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Bloco de Notas.

WordPad
Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se com-
parado com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo
com a extensão DOC entre outras.

WordPad.9

9 Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-new-life

5
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Paint
Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões:
JPG ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

Paint.10

• Calculadora
Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, programador e estatística.

Painel de Controle
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas administrativas com finalidades especiais que podem ser usadas
para configurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O Painel de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para
tarefas comuns (por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Adicionar hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo
usuário também podem inserir ícones no Painel de controle.
10 Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsoft-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html

6
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Painel de Controle.11

Novidades do Windows 7

Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento rápido e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para as
bordas pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as jane-
las que ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do que está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item mi-
nimizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação
de ícones em determinado local, a reorganização de ícones para facilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria
barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o
usuário redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do
suporte a TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas
locais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração, o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite
a restauração de documentos e arquivos pessoais, não somente os programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do to-
que na tela, o que inclui o acesso a pastas, redimensionamento de janelas e a interação com aplicativos.
Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas virtuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo e
mais simples de ser configurado e usado.
Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com confi-
guração de perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes variados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões
residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele
ficou com realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento de screens atualizadas.

Novidades no Windows 8
Lançado em 2012, o Windows 8 passou por sua transformação mais radical. Ele trouxe uma interface totalmente nova, projetada
principalmente para uso em telas sensíveis ao toque.

11 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/06/como-mudar-o-idioma-do-windows-7.html

7
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
• Tela Inicial
A tela de início é uma das características mais marcantes do Windows 812. Trata-se de um espaço que reúne em um único lu-
gar blocos retangulares ou quadrados que dão acesso a aplicativos, à lista de contatos, a informações sobre o clima, aos próximos
compromissos da agenda, entre outros. Na prática, este é o recurso que substitui o tradicional menu Iniciar do Windows, que por
padrão não está disponível na versão 8. É por este motivo que é possível alternar entre a tela inicial e a área de trabalho (bastante
semelhante ao desktop do Windows 7, por sinal) utilizando os botões Windows do teclado.
Obs.: gerou uma certa insatisfação por parte dos usuários que sentiram falta do botão Iniciar, na versão. No Windows 8.1 e
Windows 10, o botão Iniciar volta.
Se o espaço na tela não for suficiente para exibir todos eles, ela pode ser rolada horizontalmente. A nova interface era inicial-
mente chamada de Metro, mas a Microsoft abandonou esse nome e, agora, se refere a ela como Modern (moderna).

Interface Metro do Windows 8.13

• Tempo de Inicialização
Uma das vantagens que mais marcou o Windows 8 foi o tempo de inicialização de apenas 18 segundos, mostrando uma boa
diferença se comparado com o Windows 7, que leva 10 segundos a mais para iniciar14.
O encerramento também ficou mais rápido, tudo isso por conta da otimização de recursos do sistema operacional e também do
baixo consumo que o Windows 8 utiliza do processador.

• Os botões de acesso da lateral direita (Charms Bar)


Outra característica marcante do Windows 8 é a barra com botões de acesso rápido que a Microsoft chamada de Charms Bar.
Eles ficam ocultos, na verdade, mas é possível visualizá-los facilmente. Se estiver usando um mouse, basta mover o cursor até o
canto direito superior ou inferior. Em um tablet ou outro dispositivo com tela sensível ao toque, basta mover o dedo à mesma região.
Com o teclado, pressione Windows + C simultaneamente.
Em todas as formas, você verá uma barra surgir à direita com cinco botões:
– Busca: nesta opção, você pode localizar facilmente aplicativos ou arquivos presentes em seu computador, assim como con-
teúdo armazenado nas nuvens, como fotos, notícias, etc. Para isso, basta escolher uma das opções mostradas abaixo do campo de
busca para filtrar a sua pesquisa;
– Compartilhar: neste botão, é possível compartilhar informações em redes sociais, transferir arquivos para outros computa-
dores, entre outros;
– Iniciar: outra forma de acessar a tela inicial. Pode parecer irrelevante se você estiver usando um teclado que tenha botões
Windows, mas em tablets é uma importante forma de acesso;
– Dispositivos: com este botão, você pode configurar ou ter acesso rápido aos dispositivos conectados, como HDs externos,
impressoras e outros;
– Configuração: é por aqui que você pode personalizar o sistema, gerenciar usuários, mudar a sua senha, verificar atualizações,
ajustar conexões Wi-Fi, entrar no Painel de Controle e até mesmo acessar opções de configuração de outros programas.

12 https://www.infowester.com/
13 https://www.tecwhite.net/2015/01/tutorial-visualizador-de-fotos-do.html
14 https://www.professordeodatoneto.com.br/

8
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

• Login com Microsoft Account


O Windows 8 é a versão da família Windows que mais se integra às nuvens, razão pela qual agora o usuário precisa informar sua
Microsoft Account (ou Windows Live ID) para se logar no sistema. Com isso, a pessoa conseguirá acessar facilmente seus arquivos no
SkyDrive e compartilhar dados com seus contatos, por exemplo. É claro que esta característica não é uma exigência: o usuário que
preferir poderá utilizar o esquema tradicional de login, onde seu nome e senha existem só no computador, não havendo integração
com as nuvens. Também é importante frisar que, quem preferir o login com Microsoft Account, poderá acessar o computador mes-
mo quando não houver acesso à internet.

• Senha com imagem


Outra novidade do Windows 8 em relação à autenticação de usuários é a funcionalidade de senha com imagem. A ideia é sim-
ples: em vez de digitar uma combinação de caracteres, o usuário deve escolher uma imagem – uma foto, por exemplo – e fazer um
desenho com três gestos em uma parte dela. A partir daí, toda vez que for necessário realizar login, a imagem em questão será
exibida e o usuário terá que repetir o movimento que criou.
É possível utilizar esta opção com mouse, mas ela é particularmente interessante para login rápido em tablets, por causa da
ausência de teclado para digitação de senha.

• Windows Store (Loja)


Seguindo o exemplo de plataformas como Android e iOS, o Windows 8 passou a contar com uma loja oficial de aplicativos. A
maioria dos programas existentes ali são gratuitos, mas o usuário também poderá adquirir softwares pagos também.

9
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
É válido destacar que o Windows 8 é compatível com programas feitos para os Windows XP, Vista e 7 – pelo menos a maioria
deles. Além disso, o usuário não é obrigado a utilizar a loja para obter softwares, já que o velho esquema de instalar programas
distribuídos diretamente pelo desenvolvedor ou por sites de download, por exemplo, continua valendo.

• Notificações
A Microsoft também deu especial atenção às notificações no Windows 8. E não só notificações do sistema, que avisam, por
exemplo, quando há atualizações disponíveis: também há notificações de aplicativos, de forma que você possa saber da chegada de
e-mails ou de um compromisso em sua agenda por meio de uma pequena nota que aparece mesmo quando outro programa estiver
ocupando toda a tela.

• Gestos e atalhos
Apesar de diferente, o Windows 8 não é um sistema operacional de difícil utilização. Você pode levar algum tempo para se
acostumar a ele, mas muito provavelmente chegará lá. Um jeito de acelerar este processo e ao mesmo tempo aproveitar melhor o
sistema é aprendendo a utilizar gestos (para telas sensíveis ao toque), movimentos para o mouse ou mesmo atalhos para teclado.
Eis alguns:
– Para voltar à janela anterior: leve o cursor do mouse até o canto superior esquerdo (bem no canto mesmo). Uma miniatura da
janela será exibida. Clique nela. No caso de toques, arraste o seu dedo do canto esquerdo superior até o centro da janela;
– Para fechar um aplicativo sem o botão de encerramento: com mouse ou com toque, clique na barra superior do programa e
a arraste até a parte inferior da tela;
– Para desinstalar um aplicativo: na tela inicial, clique com o botão direito do mouse no bloco de um aplicativo. Aparecerão ali
várias opções, sendo uma delas a que permite desinstalar o software. No caso de telas sensíveis ao toque, posicione o dedo bloco
e o mova para cima;
– Para alternar entre as janelas abertas usando teclado: a velha e boa combinação – pressione as teclas Alt e Tab ao mesmo
tempo;

– Para ativar a pesquisa automaticamente na tela inicial: se você estiver na tela inicial e quiser iniciar um aplicativo ou abrir
um arquivo, por exemplo, basta simplesmente começar a digitar o seu nome. Ao fazer isso, o sistema operacional automaticamente
iniciará a busca para localizá-lo.

Versões do Windows 8
– Windows RT: versão para dispositivos baseados na arquitetura ARM. Pode ocorrer incompatibilidade com determinados
aplicativos criados para a plataforma x86. Somente será possível encontrar esta versão de maneira pré-instalada em tablets e afins;
– Windows 8: trata-se da versão mais comum, direcionada aos usuários domésticos, a ambientes de escritório e assim por dian-
te. Pode ser encontrada tanto em 32-bit quanto em 64-bit;
– Windows 8 Pro: é a versão mais completa, consistindo, essencialmente, no Windows 8 acrescido de determinados recursos,
especialmente para o segmento corporativo, como virtualização e gerenciamento de domínios. Também permite a instalação gra-
tuita do Windows Media Center.

Área de Trabalho
A Microsoft optou por deixar a famosa área de trabalho no novo Windows, possuindo as mesmas funções das versões ante-
riores, mas com uma pequena diferença, o botão iniciar não existe mais, pois, como dito anteriormente, foi substituído pela nova
interface Metro.

10
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 8.15

Para acessar a área de trabalho no Windows 8, basta entrar na tela inicial e procurar pelo ícone correspondente.

Extrair arquivos mais rápidos


O Windows 8 possui uma vantagem significativa na compactação e extração de arquivos, assim como também na transferência
de dados e no tempo para abrir algum software.

Windows Store
Outra novidade do Windows 8, é a nova ferramenta de compras de aplicativos, chamada de Windows Store.
Podemos dizer de que se trata de uma loja virtual criada pela Microsoft em busca de aproximar o usuário de novas descobertas
de aplicativos criados exclusivamente para o sistema operacional.
A ferramenta pode ser acessada da mesma maneira que as outras. Ela é encontrada na tela inicial (Interface Metro) e basta dar
apenas um clique para abrir a página com os aplicativos em destaques.

Nuvem e vínculo fácil com as redes sociais


Mais uma novidade, entre diversas outras do novo sistema operacional da Microsoft, é o armazenamento na nuvem, ou seja, o
Windows 8 também utiliza computação em nuvem para guardar seus dados, podendo o usuário acessá-los em outros computadores.
As integrações sociais também foi outro diferencial. Todas as redes favoritas podem ser usadas, como Twitter, Facebook, Google
Plus, entre outras, sem precisar acessá-las, tudo é mostrado na tela inicial, na forma de notificações.

Tela Sensível – Touch


Por últimos, mas não menos importante, é a tecnologia touch que o Windows 8 suporta. Essa tecnologia faz com que o usuário
possa usar as ferramentas do sistema operacional apenas com as mãos, sem o uso de mouse.

Acessórios do Windows
O Windows traz consigo alguns acessórios (pequenos programas) muito úteis para executar algumas tarefas básicas do dia-a-
-dia, vejamos alguns desses acessórios:

Calculadora
A calculadora do Windows vem em dois formatos distintos (a Padrão e a Científica). Ela permite colar seus resultados em outros
programas ou copiar no seu visor (display) um número copiado de outro aplicativo.

15 https://www.crn.com.au/news/windows-8-show-us-your-real-face-289865

11
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Bloco de Notas
É um pequeno editor de textos que acompanha o Windows porque permite uma forma bem simples de edição. Os tipos de
formatação existentes no bloco de notas são: fontes, estilo e tamanho. É muito utilizado por programadores para criar programas
de computador.

12
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
WordPad
É como se fosse um Word reduzido. Pode ser classificado como um editor de textos, porque possui recursos de formatação.

Paint
Programa muito utilizado por iniciantes em informática. O Paint é um pequeno programa criado para desenhar e cria arquivos
no formato bitmap que são imagens formadas para pequenos pontos. Ele não trabalha com imagens vetoriais (desenhos feitos atra-
vés de cálculos matemáticos), ele apenas permite a pintura de pequenos pontos para formar a imagem que se quer. Seus arquivos
normalmente são salvos no formato BMP, mas o programa também permite salvar os desenhos com os formatos JPG e GIF.

13
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Lixeira
Lixeira na área de trabalho é um local de armazenamento temporário para arquivos excluídos. Quando você exclui um arquivo
ou pasta em seu computador (HD ou SSD), ele não é excluído imediatamente, mas vai para a Lixeira.

Cotas do Usuário
Recurso que foi herdado do Windows Vista é o gerenciamento de cotas de espaço em disco para usuários, algo muito interes-
sante em um PC usado por várias pessoas. Assim é possível delimitar quanto do disco rígido pode ser utilizado no máximo por cada
um que utiliza o computador.
Se você possui status de administrador do Windows pode realizar essa ação de modo rápido e simples seguindo as instruções.

Restauração do Sistema
É um recurso do Windows em que o computador literalmente volta para um estado (hora e data) no passado. É útil quando
programas que o usuário instalou comprometem o funcionamento do sistema e o usuário deseja que o computador volte para um
estado anterior à instalação do programa.

Windows Explorer
É o programa que acompanha o Windows e tem por função gerenciar os objetos gravados nas unidades de disco, ou seja, todo
e qualquer arquivo que esteja gravado em seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.,

14
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Painel de Controle

É o programa que acompanha o Windows e permite ajustar todas as configurações do sistema operacional, desde ajustar a hora
do computador, até coisas mais técnicas como ajustar o endereço virtual das interrupções utilizadas pela porta do mouse.
O painel de controle é, na verdade, uma janela que possui vários ícones, e cada um desses ícones é responsável por um ajuste
diferente no Windows.

Bitlocker
É um dos recursos Windows, aprimorado nas versões Ultimate e Enterprise do Windows 7, 8 e 10.
Este recurso tem como vocação a proteção de seus dados. Qualquer arquivo é protegido, salvo em uma unidade criptografada
pelo recurso. A operação se desenvolve automaticamente após a ativação.

Windows 10
Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma
única plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console
Xbox One e produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens 16.

Versões do Windows 10

– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e
notebook), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em peque-
nas empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo.
Os alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em
tecnologias desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessi-
dades do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscre-
en, como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem
como objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
16 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf

15
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso
profissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.17

Aero Glass (Efeito Vidro)


Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.18

17 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/
18 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

16
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Aero Flip (Alt+Tab)
Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

Aero Shake (Win+Home)


Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta
sacudir novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

17
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)
Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida
de modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)


O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil
quando você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue
ver o que precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de
trabalho (parte inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto trans-
parente. Ao clicar sobre ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

18
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na
direita, temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita
temos uma versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.19

Nova Central de Ações


A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões
anteriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.20

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas
antigas de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar
o programa mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

19 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
20 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

19
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o
caso do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades
nativas. O assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar
quando for solicitado, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar
o tema que deseja.

Cortana no Windows 10.21

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da
Microsoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de
suporte a tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de
armazenamento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da
Web. Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas
para visualizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
21 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

20
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais se-
gura do que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN,
bluetooth do celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure
por Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você
pode pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas,
unidades ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente
com Arquivos Offline).

21
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Tela Bibliotecas no Windows 10.22

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você
pode acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.23

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo
está disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela
extensão recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro
letras (DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais
comuns são arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas
(tabela.xlsx) e apresentações (monografia.pptx).
22 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas
23 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

22
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é
organizar tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos
de arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arqui-
vos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e
segurança > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

23
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Windows Defender.24

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho
do HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na área de trabalho do Windows 10.

Outros Acessórios do Windows 10

Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados, mas os relacionados a seguir são os mais populares:
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário.
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes físicos).
– Ferramenta de Captura.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer.
– Mapas.
– Mapa de Caracteres.
– Paint.
– Windows Explorer.
– WordPad.
– Xbox.

24 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de-
7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1

24
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Principais teclas de atalho


CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos.
WIN + H: compartilhar.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.

CONHECIMENTO SOBRE O PACOTE MICROSOFT OFFICE 2010 E 2013 (WORD, EXCEL, OUTLOOK E POWERPOINT)

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte que do-
mina o mercado de suítes de escritório.
Word é um processador de textos versátil com recursos avançados de editoração eletrônica capaz de criar textos, elementos
gráficos, cartas, relatórios, páginas da Internet e e-mail25.
A versão 2010 trouxe muitos novos recursos úteis para o programa, junto com alterações importantes na interface do usuário
que foi projetada para aprimorar o acesso a toda a ampla variedade de recursos do Word.
A interface do Word 2010 é bem diferente da versão 2003 e bem parecida com o Word 2007. Dentre as vantagens oferecidas
pelo aplicativo, podemos destacar: efeitos de formatação como preenchimentos de gradiente e reflexos, diretamente no texto do
documento, aplicar ao texto e às formas, muitos dos mesmos efeitos que talvez já use para imagens, gráficos e elementos gráficos
SmartArt, uso do Painel de Navegação que facilita a pesquisa e até a reorganização do conteúdo do documento em poucos cliques,
além de ferramentas para trabalhos em rede.

25 Monteiro, E. Microsoft Word 2007.

25
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Interface do Word 2010.

1. Barra de título: exibe o nome de arquivo do documento que está sendo editado e o nome do software que você está usando 26.
Ele também inclui a minimizar padrão, restauração, botões e fechar.
2. Ferramentas de acesso rápido: comandos que costumam ser usados, como Salvar, Desfazer, e Refazer estão localizados aqui.
No final da barra de ferramentas de acesso rápido é um menu suspenso onde você pode adicionar outros comumente usados ou
necessários comumente comandos.
3. Guia de arquivo: clique neste botão para localizar comandos que atuam no documento, em vez do conteúdo do documento,
como o Novo, Abrir, Salvar como, Imprimir e Fechar.
4. A faixa de opções: comandos necessários para o seu trabalho estão localizados aqui. A aparência da faixa de opções será
alterada dependendo do tamanho do seu monitor. O Word irá compactar a faixa de opções alterando a organização dos controles
para acomodar monitores menores.
5. Janela de editar: mostra o conteúdo do documento que você está editando.
6. Barra de rolagem: permite a você alterar a posição de exibição do documento que você está editando.
7. Barra de status: exibe informações sobre o documento que você está editando.
8. Botões de exibição: permite a você alterar o modo de exibição do documento que você está editando para atender às suas
necessidades.
9. Controle de slide de zoom: permite que você alterar as configurações de zoom do documento que você está editando.

Salvar a abrir um documento


No Word, você deve salvar seu documento para que você pode sair do programa sem perder seu trabalho. Quando você salva o
documento, ele é armazenado como um arquivo em seu computador. Posteriormente, você pode abrir o arquivo, alterá-lo e imprimi-lo.
Para salvar um documento, faça o seguinte:
1. Clique no botão Salvar na barra de ferramentas de acesso rápido.
2. Especifique o local onde deseja salvar o documento na caixa Salvar em. Na primeira vez em que você salvar o documento, a
primeira linha de texto no documento é previamente preenchida como nome do arquivo na caixa nome do arquivo. Para alterar o
nome do arquivo, digite um novo nome de arquivo.
3. Clique em Salvar.
4. O documento é salvo como um arquivo. O nome do arquivo na barra de título é alterado para refletir o nome de arquivo salvo.

É possível abrir um documento do Word para continuar seu trabalho. Para abrir um documento, faça o seguinte:
1. Clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em documentos.
2. Navegue até o local onde você armazenou o arquivo e clique duas vezes no arquivo. Aparece a tela de inicialização do Word
e, em seguida, o documento é exibido.
26 https://support.microsoft.com/pt-br/office/word-para-novos-usu%C3%A1rios-cace0fd8-eed9-4aa2-b3c6-07d39895886c#ID0EAABAAA=Offi-
ce_2010

26
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
É possível também abrir um documento a partir do Word clicando na guia arquivo e, em seguida, clicando em Abrir. Para abrir
um documento que salvo recentemente, clique em recentes.

Criando documentos no Word


O texto padrão criado no Word é chamado de documento, quando salvos no computador, este documento recebe o nome defi-
nido pelo usuário e a extensão .DOCX (ponto DOCX).
Ao salvar um documento do Word, você também poderá criar seus próprios modelos no Word. Bastando para isso informar que
o arquivo será salvo no formato Modelo de documento, na janela do comando Arquivo/Salvar como...
Neste caso, a extensão adotada pelo arquivo será .DOTX e serão gravados em uma pasta específica, ao invés da extensão para
documentos comuns .DOCX. Também é possível usar o comando Arquivo/Salvar como para salvar seu documento em diferentes
formatos como .HTM, .PDF, .ODT e .DOC utilizado pelas versões mais antigas do Word.

Editar e formatar texto


Antes de editar ou formatar texto, primeiro selecione o texto. Siga as etapas abaixo para selecionar o texto.
1. Coloque o cursor no início do texto que você gostaria de editar ou formatar e, em seguida, pressione o botão esquerdo do
mouse.
2. Ao manter pressionado o botão esquerdo do mouse, movê-la para a direita (chamada de “arrastar”) para selecionar o texto.
Uma cor de plano de fundo é adicionada no local do texto selecionado para indicar que o intervalo de seleção.
A maioria das ferramentas de formatação de texto são encontrados clicando na guia página inicial e, em seguida, escolhendo
no grupo fonte.

1. Esta é a guia página inicial.


2. Este é o grupo fonte na guia página inicial.
3. Este é o botão negrito. Consulte a tabela abaixo para os nomes e funções de todos os botões no grupo fonte.

Ícones e teclas de atalho

Novo (Ctrl + O): exibe um novo documen-


to em branco.

Ctrl + A (Abrir): abre documentos ante-


riormente salvos.

Ctrl + B (Salvar): grava o arquivo.

Ctrl + P (Imprimir): imprime o documento.

Visualizar a impressão.

Verificar Ortografia e Gramática F7

27
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Ctrl+U (Substituir): permite substituir um


Limpar Formatação.
texto no documento.
Ctrl + X (Copiar): copia dados para a Área
de Transferência sem deixar de exibir a Ctrl+N: negrito.
imagem na tela.
Ctrl + C (Copiar): copia dados para a Área Ctrl+I: itálico.
de Transferência sem deixar de exibir a
imagem na tela.
Ctrl+S: sublinhado.
Ctrl + V (Colar): recupera dados enviados
para a Área de Transferência.
Tachado.
Ctrl+Shift+C e Ctrl+Shift+V (Pincel): copia
e cola formatações de texto.
Texto Subscrito.
Ctrl + Z (Desfazer): desfazer a última ação.

Ctrl+Shift++: texto sobrescrito.


Ctrl + R (Refazer): retorno ao estado antes
de ter acionado o Desfazer.
Shift+F3: alternar entre maiúsculas e mi-
núsculas.
F4 (Repetir): repete a última ação.

Funciona como uma caneta marca-texto.


Ctrl + K (Inserir Hiperlink): insere links de
parágrafos, arquivos ou Web.
Cor-da-fonte.
Desenhar Tabela: permite ao usuário inse-
rir uma tabela, desenhando linhas.
Marcadores: aplica marcadores aos pará-
grafos selecionados.
Colunas: formata o texto em colunas.
Numeração: formata como lista numerada
Desenho: exibe ou oculta a Barra de Ferra- os parágrafos selecionados.
mentas Desenho.
Tab (para descer um nível) e Shift+Tab
Ctrl + *: exibe ou oculta caracteres não im- (para subir um nível): numeração de Vá-
primíveis. rios Níveis: formata os parágrafos com lista
numerada em vários níveis.
Efeito de Texto: atribui um efeito visual
(brilho, sombra ou reflexo) ao texto sele- Diminuir recuo: avança o texto em direção
cionado. à margem esquerda.

Shift + F3 (Maiúsculas e Minúsculas): al- Aumentar recuo: distancia o texto da mar-


terna a capitalização do texto. gem esquerda.

Classificar: coloca em ordem alfabética pa-


F1: Ajuda do Word rágrafos iniciados por textos ou números.

Alterar Estilos: exibe o painel de formata- Ctrl+Shift+* (Mostrar Tudo): exibe/Oculta


ção de estilo. caracteres não imprimíveis
Ctrl+Shift+F (Fonte): apresenta uma lista
de opções para modificar a tipografia da Ctrl+Q: alinhar à esquerda.
fonte (letra).
Ctrl+Shift+P (Tamanho da Fonte): apre- Ctrl+E: centralizar.
senta uma lista de opções para modificar
o tamanho da fonte.
Alinhar à Direita.
Ctrl+> ou Ctrl+]: aumentar fonte.
Ctrl+J: justificar
Ctrl+< ou Ctrl+[: diminuir fonte.

28
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Ctrl+1 (Espaçamento Simples), Ctrl+2 (Es-


paçamento Duplo) e Ctrl+5 (1,5 linhas):
espaçamento entrelinhas
Sombreamento: preenche com cor o pla-
no de fundo.

Bordas: opções de bordas para o texto se-


lecionado.

WORD 2013
Conhecido como o mais popular editor de textos do mercado, a versão 2013 do Microsoft Word traz tudo o que é necessário
para editar textos simples ou enriquecidos com imagens, links, gráficos e tabelas, entre outros elementos 27.
A compatibilidade entre todos os componentes da família Office 2013 é outro dos pontos fortes do Microsoft Word 2013. É pos-
sível exportar texto e importar outros elementos para o Excel, o PowerPoint ou qualquer outro dos programas incluídos no Office.
Outra das novidades do Microsoft Word 2013 é a possibilidade de guardar os documentos na nuvem usando o serviço SkyDrive.
Dessa forma, é possível acessar documentos do Office de qualquer computador e ainda compartilhá-los com outras pessoas.

28

Os menus e as barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções (Guias e Comandos) e pelo modo de exibição
Backstage (área de gerenciamento de arquivo)29.

27 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4685295/mod_resource/content/1/Apostila%20de%20Word.pdf
28 Fonte: http://www.etec.sp.gov.br/view/file/wv_file.aspx?id=84AFA42DFAD089D53534D753C0488CE2E8CCFF5EC8324596BE-
CE07A8164EDF12521C97DA04C93379CD1A503BE1561B8D7DFDD0202571B27264EF62AF01F952C6
29 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/20/word-2013-estrutura-basica-dos-documentos/

29
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido
Esta barra permite acesso rápido para alguns comandos que são executados com frequência: como iniciar um novo arquivo,
salvar um documento, desfazer e refazer uma ação, entre outros.

Na parte superior do Word 2013 você encontra uma faixa de opções, que também é organizada por guias. Cada guia tem várias
faixas de opções diferentes. Estas faixas de são formadas por grupos e estes grupos têm vários comandos. O comando é um botão,
uma caixa para inserir informações ou um menu.

Botão Arquivo
Ao clicar sobre ele será exibido opções como Informações, Novo, Abrir, Salvar, Salvar como, Imprimir, etc. Portanto, clique sobre
ele e visualize essas opções.

Página inicial
Área de transferência, Fonte, Parágrafo, Estilo e Edição.

30
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Inserir
Páginas, Tabelas, Ilustrações, Aplicativos, Links, comentários, Cabeçalho e Rodapé, Texto e Símbolos.

Design
Formatação do documento.

Layout da Página
Configurar Página, Parágrafo e Organizar.

Referências
Sumário, Notas de Rodapé, Citações e Bibliografia, Legendas e Índice.

Correspondências
Criar, Iniciar Mala Direta, Gravar e Inserir Campos, Visualizar Resultados e Concluir.

Exibição
Modo de Exibição, Mostrar, Zoom, Janela e Macros.

Formatos de arquivos Word 2013


Formatos de arquivo suportados e suas extensões30:
.doc: documento do Word 97-2003
.docm: documento para macro do Word. Baseado em XML par macro do Word 2019, 2016, 2013 2010 e 2007
.docx: padrão Word 2019, 2016, 2013, 2010 e 2007 e Documento Strict de Open XML
30 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/17/word-2013-formatos-de-arquivos/

31
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
.htm e .html: página da Web Página da Web, Filtrado
.mht e .mhtml: página da Web de Arquivo Único
.odt: texto do OpenDocument. Este é a extensão do LibreOffice, mas o Word dá suporte para que os arquivos salvos do Word
2019, 2016 e 2013 possam ser abertos no Writer do LibreOffice e arquivos do Writer possam ser abertos no Word 2019, 2016 e 2013,
mas atenção, a formatação do documento pode ser perdida.
.dot: modelo do Word 97-2003
.dotm: modelo habilitado para macro do Word
.dotx: modelo do Word
.pdf: arquivos que usam o formato de arquivo PDF podem ser visualizados, editados e salvos em .docx ou .pdf usando o Word
2019, o Word 2016 e o Word 2013. Atenção: Os arquivos PDF podem não ter uma correspondência perfeita de página para paginação
com o original.
.rtf: formato Rich Text . Formato para ser multiplataforma. Os documentos criados em diferentes sistemas operacionais e apli-
cativos de software podem ser utilizados entre eles.
.txt: texto simples. Quando o documento é salvo perde sua formatação. É o formato do bloco de notas e WordPad.
.xml: documento XML do Word 2003 e Word 2019, 2016, 2013 e 2007 (Open XML). É também chamado de MetaFile e arquivo
de MetaDados (arquivos com informações extras).
.xps: XML Paper Specification, um formato de arquivo que preserva a formatação do documento e habilita o compartilhamento
de arquivos.
.wps: documento Works 6-9. Este é o formato de arquivo padrão do Microsoft Works, versões 6.0 a 9.0.

Criando um documento
Ao criar um documento no Word 2013, é possível começar com um documento em branco ou deixar que um modelo faça a
maior parte do trabalho31.

Iniciando um documento
A maioria das pessoas costuma criar um documento a partir de uma página em branco, apesar de o Word ter vários modelos
com temas e estilos pré-definidos, assim só é preciso adicionar conteúdo.

Abrir um documento
Ao iniciar o Word, aparece uma galeria de modelo separado por categorias. É só clicar em uma delas e escolher um modelo que
atenda melhor seu objetivo.
Aparecerá do lado esquerdo (ver imagem anterior) uma lista com os documentos recentes que você usou.
É só clicar em uma delas e escolher um modelo que atenda melhor seu objetivo.
Caso queira outro documento que não está nesta lista você verá bem abaixo desta coluna a opção abrir outros documentos.

31 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/21/edicao-e-formatacao-de-textos-word-2013/

32
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Se já estiver trabalhando no Word e quiser abrir um arquivo é só ir na Barra de Opções e clicar em Arquivo > Abrir e navegar
até o local onde se encontra o arquivo.
Caso você esteja abrindo um documento criado em versões anteriores do Word, você verá Modo de Compatibilidade na barra
de título da janela do documento. Você pode trabalhar no modo de compatibilidade ou atualizar o documento e usar os recursos
do Word 2013.
Ctrl + O: atalho para abrir um documento novo documento.
Ctrl + A: atalho para abrir um documento já existente.

Salvando e Fechando o Arquivo


Para salvar um documento digitado, clique na guia Arquivo.

Em seguida, clique na opção Salvar como.

Após o clique, a caixa de diálogo Salvar como será aberta, onde devemos informar o nome do arquivo e o local onde será salvo.
É possível também salvar na nuvem (on-line) clicando em OneDrive e assim podendo compartilhar o arquivo em vários disposi-
tivos como no celular ou outros computadores.
O Word já salva automaticamente o arquivo no formato .docx mas caso queira salvar em outro formato, logo abaixo do nome
do arquivo tem uma lista de tipos de arquivos suportados pelo Word 2013.

No Word tem uma barra de acesso rápido no topo do editor na qual o documento pode ir sendo
salvo conforme se vai trabalhando nele.
Ctrl + B: atalho para salvar documento.

Funções básicas em um editor de texto


Ctrl + C (Copiar): é quando copiar um texto para repetir no mesmo texto ou colar em outro lugar. Selecione o texto e clique com
direito do mouse e clique em Copiar.
Ctrl + X (Recortar): recurso para tirar o texto selecionado e colar em outro lugar. Selecione o texto e clique com botão direito do
mouse e selecione Recortar. Este arquivo copiado ou recortado irá para a área de transferência.
Área de transferência: área separada do sistema operacional para guardar uma pequena quantidade de dados.

33
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Ctrl + V (Colar): recurso para colar o texto que foi copiado ou recortado. Selecione o local que quer colar e clique no botão di-
reito do mouse e selecione o tipo de colagem.

Cabeçalho e rodapé
Para colocar números das páginas, título ou data em todas as páginas de seu documento, você deve adicionar um cabeçalho ou
rodapé32.
Basta clicar na aba Inserir e em adicionar Cabeçalho ou rodapé.
Seleciona o formato clicando no modelo de seu interesse. Abrirá o cabeçalho para editar a parte interna dele.

Digite o Título e feche o cabeçalho.

Todas as páginas do documento terão o mesmo cabeçalho.

Parágrafos
No Word 2013 tem dois lugares em que encontramos funções para formatarmos parágrafos33.

Guia Página Inicial

32 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/28/cabecalho-e-rodape-word-2013/
33 https://centraldefavoritos.com.br/2019/10/28/paragrafos-word-2013/

34
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Guia Layout de Páginas

A formatação propriamente dita é feita na página inicial.

Alinhamento de parágrafos

Alinhar à esquerda (Ctrl+Q): alinha todo parágrafo na margem esquerda do documento.


Centralizar (Ctrl+E): centraliza o texto no centro da página, dando ao documento uma aparência mais formal
Alinhar à direita (Ctrl+G): alinha o conteúdo à margem direita do documento.
Justificar (Ctrl+J): distribui o texto uniformemente entre as margens

Espaçamento de linhas e parágrafos

Escolhe o espaçamento entre linha ou parágrafos.


Clicando na seta de opções tem os valores de espaçamento. Quanto maior o número maior o espaçamento.

35
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Sombreamento de parágrafo Classificar

Nesta opção, pode-se classificar itens selecionado em or-


dem alfabética ou numérica.
Ex.: Lista de animais
Vaca
Elefante
Porco
Girafa

Ao selecionar a lista e clica na opção ela fica em or-


dem alfabética; Na janela que abrir, pode-se colocar a lista em
Para realçar o texto, parágrafo ou célula de tabela selecio- ordem crescente ou decrescente.
nada.
Ele simplesmente muda a cor atrás dando maior destaque. Recuos

Bordas
Além do sombreamento, você pode dar um destaque a um
texto colocando uma borda. E clicando na seta você poderá alte-
rar o estilo da borda.

A primeira opção o parágrafo vai para mais perto da margem


(DIMINUIR RECUO)
A segunda opção o parágrafo vai para mais longe da margem
(AUMENTAR RECUO)
É só selecionar o parágrafo e clicar na opção. Cada clicada
ele salta 1,25 cm.

Mostrar tudo (Ctrl+*)

Mostra as marcas de parágrafo e outros símbolos de forma-


tação ocultos. É útil para formatação de layouts avançados.

Guia Inserir (Grupo Tabelas)

Tabela: permite inserir e trabalhar com tabelas no do-


cumento34. Ao clicar na setinha logo abaixo do botão
Tabela, abre-se um menu com opções.

Para colocar a borda basta selecionar o texto ou parágrafo e


clica na borda desejada. 34 https://bit.ly/2BH2KiN

36
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Selecionando-se uma sequência de quadradinhos, é possível inserir uma tabela automaticamente, após soltar o mouse.
Exemplo: Na figura abaixo, é possível notar a seleção de alguns quadradinhos e a indicação Tabela 3x2, o que significa que ao
soltar o botão do mouse, será inserida no documento uma tabela com 3 colunas e 2 linhas.

Inserir Tabela: permite inserir uma


tabela na posição do cursor. Note que
a opção tem reticências no final, o
que significa que será aberta uma ja-
nela de opções, para que sejam feitas
as configurações da tabela que será
inserida no documento.

37
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Neste quadro é possível configurar o número de colunas e o número de linhas da tabela, além de largura de coluna fixa, ajustada
automaticamente.

EXCEL 2010
O Microsoft Excel 2010 é um programa de planilha eletrônica de cálculos, em que as informações são digitadas em pequenos
quadrados chamadas de células.
É um programa voltado para construção de tabelas simples até as mais complexas. Ao abrir o aplicativo, o que se visualiza é uma
folha composta de colunas e linhas formando células.

Tela inicial do Excel 2010.

Nessa versão temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo especificamente, 1.048.576 linhas e 16.384 colunas.

38
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
As cinco principais funções do Excel são35:
– Planilhas: você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar
gráfico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar
formatos pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando
operações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos,
você pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar
apresentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas pró-
prias macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários
tipos de cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos,
imprimir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode
ser personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos,
tabelas dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical.


– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal.
– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um
endereço que é o resultado do cruzamento da linha 2 e a coluna B, então a célula será chamada B2, como mostra na caixa de nome
logo acima da planilha.

35 http://www.prolinfo.com.br

39
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


A “faixa de opções introduzida pela primeira vez no Excel 2007, foi aprimorada na versão 2010 e possui algumas diferenças que
estão listadas:

A volta do “Arquivo”: o botão “Arquivo”, que ficou amplamente divulgado nas versões anteriores à versão 2007 retorna na ver-
são 2010. Na versão 2007 este botão havia sido substituído pelo “Botão do Office”, mas na versão 2010, ele voltou a ser chamado
de “Arquivo”, que ao receber o clique, ingressará no “modo de exibição do Microsoft Office Backstage”.
A faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao MS Excel 2007 a faixa de opções era
conhecida como menu.
1. Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
2. Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
3. Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm,
xltx ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel
onde procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem opera-
dores matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

40
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma
fórmula, ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados
parênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha,
digite o seguinte:

Copiar Fórmula para células adjacentes


Copiar uma fórmula para células vizinhas representa ganho de tempo ao trabalhar com planilhas.
Para isso, podemos usar a alça de preenchimento. Sua manipulação permite copiar rapidamente conteúdo de uma célula para
outra, inclusive fórmulas.

Alça de Preenchimento.

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma deter-
minada ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.

41
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de
erro como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os
argumentos também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma refe-
rência de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos
os números contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo so-
mando os conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

42
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Função MÁXIMO e MÍNIMO
Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE
verifica uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.
Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde
que atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter
texto neste intervalo.

43
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado
e o critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

Excel 2013
É o principal software de planilhas eletrônicas entre as empresas quando se trata de operações financeiras e contabilísticas 36.
O Microsoft Excel 2013 tem um aspeto diferente das versões anteriores.

Tela inicial do Excel 2013.

As cinco principais funções do Excel são:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar
gráfico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar
formatos pré-definidos em tabelas.
36 http://www.prolinfo.com.br

44
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e admi- Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por
nistrar facilmente uma grande quantidade de informações utili- padrão encontramos apenas uma planilha.
zando operações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma vi-
sual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráfi-
cos, você pode personalizar qualquer gráfico da maneira dese-
jada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferra-
mentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela
para criar apresentações de alta qualidade. Guia de Planilhas.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas po-
dem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas – Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As
próprias macros. colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a
ordem alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até
Planilha Eletrônica “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em for- – Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As
ma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários linhas de uma planilha são representadas em números, formam
tipos de cálculos matemáticos, simples ou complexos. um total de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que esquerda da planilha.
calculam automaticamente os totais de valores numéricos inse-
ridos, imprimir tabelas em layouts organizados e criar gráficos
simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a
deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela
pode ser personalizada. Um bom exemplo é o comando de visua-
lização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso
rápido.
Linhas e colunas.

– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figu-


ra abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um en-
dereço que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B,
então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome
logo acima da planilha.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula po-
dendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostra-
remos melhor a sua utilidade.
Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções
está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões ante-
riores ao MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como
Barra de Fórmulas. menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma repre-
Guia de Planilhas senta tarefas principais executadas no Excel.
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relaciona-
abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, grá- dos reunidos.
ficos, tabelas dinâmicas, então essas abas são identificadoras de Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir
cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de informações ou um menu.
cada um.

45
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm,
xltx ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel
onde procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem opera-
dores matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de prioridade de cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma
fórmula, ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados
parênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha,
digite o seguinte:

46
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma deter-
minada ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de
erro como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os
argumentos também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma refe-
rência de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos
os números contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo so-
mando os conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

47
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

• Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

• Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE
verifica uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde
que atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter
texto neste intervalo.

48
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado
e o critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

PowerPoint 2010
O PowerPoint 2010 é um aplicativo visual e gráfico, integrante do pacote Office, usado principalmente para criar apresentações.
Com ele, você pode criar visualizar e mostrar apresentações de slides que combinam texto, formas, imagens, gráficos, animações,
tabelas, vídeos e muito mais.
Programa utilizado para criação e apresentações de Slides. Ele permite um acesso prático, fácil e criativo para todas as necessi-
dades de apresentações, além de dispor de diversos recursos novos e aprimorados que as tornarão dinâmicas e atraentes, como as
novas capacidades para os gráficos, temas do PowerPoint e ferramentas de formatação aprimoradas para tipografia37.
É importante ressaltar que a página do Office 2010 não é muito diferente do PowerPoint 2007. O que muda na verdade são
algumas teclas de comando e a distribuição dos recursos.

37 https://www2.unifap.br/unifapdigital/files/2017/01/M%C3%B3dulo-5.pdf

49
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Tela inicial do PowerPoint 2010.

1. Guia Arquivo: ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Prepa-
rar, Enviar, Publicar e Fechar.

2. Barra de Ferramentas de Acesso Rápido : localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do
Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no momento.
É possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra de um dos dois locais possíveis.
3. Barra de Título: exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.
4. Botões de Comando da Janela: acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa
PowerPoint.

5. Faixa de Opções: a Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os
comandos são organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação
ou disposição de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo,
a guia Ferramentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a
produtividade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos 38.

38 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

50
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

6. Painel de Anotações: nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.
7. Barra de Status: exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

8. Nível de Zoom: clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O Power-
Point 2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2010 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conte-
údo; escolher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de
estrutura e criar efeitos, como transições de slides animados.
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo.
Então escolher um modelo para a apresentação (Em Branco, Modelos Instalados, Meus modelos, Novo com base em documento
existente ou Modelos do Microsoft Office On-line).
Depois de escolhido o modelo clicar em Criar.

51
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

Tema
No PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspondências de
cores, fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
1. Clique na guia Design.

2. Clique no tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.


3. Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado
clicando sobre ele.

Então basta começar a digitar.

52
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquer-
do sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar
o botão esquerdo.

Fonte: altera o tipo de fonte.


Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúscu-
las/minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário,
promovendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Para excluir um slide basta selecioná-lo e depois clicar no botão , localizado na guia Início.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

53
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam
desde listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher
a transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do
slide atual.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações
como plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por
exemplo, na imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides
que é a numeração da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada
layout de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm
o mesmo tema (esquema de cor, fontes e efeitos).

54
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

PowerPoint 2013
O PowerPoint 2013 é um do programa para produção de apresentações incluído no conjunto de programas do Microsoft Office
201339. Munido de um vasto conjunto de ferramentas, o PowerPoint permite ao utilizador produzir apresentações dinâmicas e pro-
fissionais.

Tela inicial do PowerPoint 2013.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor,
tipos de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a
apresentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esque-
mas personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar infor-
mações entre si através do documento, através de comentários.

1. Guia Arquivo: ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Prepa-
rar, Enviar, Publicar e Fechar.

39 https://carlosdiniz.pt/manuais/Manual_PowerPoint2013.pdf

55
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

2. Barra de Ferramentas de Acesso Rápido40 : localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do


Botão do Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no
momento. É possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra de um dos dois locais possíveis.
3. Barra de Título: exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.

4. Botões de Comando da Janela: acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa
PowerPoint.

5. Faixa de Opções: a Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os
comandos são organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação
ou disposição de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo,
a guia Ferramentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a
produtividade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos 41.

6. Painel de Anotações: nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.
7. Barra de Status: exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

8. Nível de Zoom: clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O Power-
Point 2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.
40 http://www.professorcarlosmuniz.com.br
41 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

56
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 engloba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conte-
údo; escolher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de
estrutura e criar efeitos, como transições de slides animados.
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo.
Então escolher um modelo para a apresentação (Em Branco, Modelos Instalados, Meus modelos, Novo com base em documento
existente ou Modelos do Microsoft Office On-line).
Depois de escolhido o modelo clicar em Criar.

Tema
No PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspondências de
cores, fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
1. Clique na guia Design.

2. Clique no tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.

57
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
3. Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado
clicando sobre ele.

Então basta começar a digitar.

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquer-
do sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar
o botão esquerdo.

Fonte: altera o tipo de fonte.


Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúscu-
las/minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através do comando Ctrl+G.
Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando espaço extra entre as palavras conforme o necessário,
promovendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

Excluir slide
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.

58
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam
desde listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2013 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher
a transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do
slide atual.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações
como plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por
exemplo, na imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que
é a numeração da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada
layout de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm
o mesmo tema (esquema de cor, fontes e efeitos).

59
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

E-mail
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem mensagem atualmente42. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha e-mail, não importando a distância ou a localização.
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estrutura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso. O resultado é algo como:

maria@apostilassolucao.com.br

Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um con-
junto de regras para o uso desses serviços.

Correio Eletrônico
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de correio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e
um protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio e recebimento de mensagens43. Estas mensagens são armaze-
nadas no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar,
arquivos e extração de cópias das mensagens.

Funcionamento básico de correio eletrônico


Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois programas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de transferência de correio simples, responsável pelo envio de
mensagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso
de correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, co-
municando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do
destinatário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o
domínio, o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o pro-
grama SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é
entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
mensagens definitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por
engano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails
existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
42 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E7ado.pdf
43 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-e-mozilla-thunderbird/

60
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os
e-mails de destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários princi-
pais da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os desti-
natários principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio
ao usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoria-
mente ele será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes
confiáveis e, em geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação
de vírus e pragas. Alguns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail,
como por exemplo, o Gmail, permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permi-
tem que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações
simples e padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um
e-mail de “joao@blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que
toda vez que um e-mail com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

44

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de
um servidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes
de e-mails no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplifi-
cada e que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no
pacote Microsoft Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma cria-
dora do Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona
como uma página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o
usuário ganha mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail.
A desvantagem da utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet
para leitura dos e-mails, enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura
pode ser realizada desconectada da Internet.
44 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

61
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a
Microsoft integrou suas diversas tecnologias.

45

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na in-
ternet. Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas
depois pode ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

NAVEGADORES DE INTERNET. BUSCAS E CONSULTAS ONLINE

Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas,
cabos submarinos, canais de satélite, etc46. Ela nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de
pesquisa e se chamava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede
foi tendo, o número de adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época, o computador era extremamente difícil de lidar,
somente algumas instituições possuíam internet.
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a
participar da rede. O grande atrativo da internet era a possibilidade de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com
outras pessoas que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.

Conectando-se à Internet
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de
acesso à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computador à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio
de um conjunto como modem, roteadores e redes de acesso (linha telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).

World Wide Web


A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lingua-
gem que serviria para interligar computadores do laboratório e outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de
forma simples e fácil de acessar.
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interligados
por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples e agradável.
45 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email
46 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E7ado.pdf

62
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Protocolo de comunicação Hipertexto
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de pro- São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
tocolos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
uma rede possam trocar informações entre si é necessário que
todos os computadores adotem as mesmas regras para o envio Navegadores
e o recebimento de informações. Este conjunto de regras é co- Um navegador de internet é um programa que mostra infor-
nhecido como Protocolo de Comunicação. No protocolo de co- mações da internet na tela do computador do usuário.
municação estão definidas todas as regras necessárias para que Além de também serem conhecidos como browser ou web
o computador de destino, “entenda” as informações no formato browser, eles funcionam em computadores, notebooks, disposi-
que foram enviadas pelo computador de origem. tivos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores co-
Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria nectados à internet.
das redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado tam- Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site
bém na Internet. e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada
O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive pelo internauta.
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo,
tem acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também um jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo ser-
o acesso externo. vidor. Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a
qualquer página ou site na rede.
TCP / IP Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
(Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet). tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP,
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece que transfere dados binários na comunicação entre a máquina,
nas literaturas como sendo: o navegador e os servidores.
- O protocolo principal da Internet;
- O protocolo padrão da Internet; Funcionalidades de um Navegador de Internet
- O protocolo principal da família de protocolos que dá su- A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para
porte ao funcionamento da Internet e seus serviços. o usuário uma tela de exibição através de uma janela do nave-
gador.
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que: Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é res- de códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo inter-
ponsável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o nauta.
transporte dos pacotes). Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solici-
tada através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação
Domínio na tela do computador. É assim que o usuário consegue acessar
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos aces- qualquer site na internet.
sar um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML,
endereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés uma linguagem de marcação para criar páginas na web e para
de você digitar www.google.com você teria que digitar um nú- ser interpretado pelos navegadores.
mero IP – 74.125.234.180. Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é imagens e outros tipos de dados.
possível associar um endereço de um site a um número IP na Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
rede. O formato mais comum de um endereço na Internet é algo meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos
como http://www.empresa.com.br, em que: na parte superior dos navegadores para entrarmos numa deter-
www: (World Wide Web): convenção que indica que o en- minada página.
dereço pertence à web. Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o – Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica loca-
serviço. lizado no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve
com: indica que é comercial. digitar a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar
br: indica que o endereço é no Brasil. qualquer página na web.
– Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis bási-
URL cos que levam o usuário, respectivamente, ao começo de aber-
Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Lo- tura do navegador, à página visitada antes ou à página visitada
calizador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um seguinte.
arquivo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a – Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência
Internet, ou uma rede corporativa, uma intranet. do usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses
Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ endereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade
caminho/recurso. limite de links. É muito útil para quando você quer acessar as
páginas mais recorrentes da sua rotina diária de tarefas.
HTTP – Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta na-
É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res- quele momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve
postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os ende- para mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de
reços web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext estrutura no visual de um site. Em alguns casos, é necessário
Transfer Protocol, Protocolo de transferência hipertexto). limpar o cache para mostrar as atualizações.

63
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do Microsoft Edge
usuário usando determinado navegador. É muito útil para recu- Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explo-
perar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode rer47. O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode
ser apagado, caso o usuário queira. receber aprimoramentos com novos recursos na própria loja do
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os down- aplicativo.
loads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário
pausar por tempo indeterminado. É um maior controle na usabi- convertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para
lidade do navegador de internet. leitura.
– Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins
com novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, íco-
nes, entre outros.
– Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada
do navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também
existam em português) de como realizar tarefas ou ações espe-
cíficas no navegador.
Outras características do Edge são:
Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera – Experiência de navegação com alto desempenho.
são alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Tam- – Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de
bém conhecidos como web browsers ou, simplesmente, brow- qualquer lugar conectado à internet.
sers, os navegadores são uma espécie de ponte entre o usuário – Funciona com a assistente de navegação Cortana.
e o conteúdo virtual da Internet. – Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
– Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
Internet Explorer
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo Firefox
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
de algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não fo- Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratui-
ram atualizadas no Edge. tamente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou
Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje seja, mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sis-
perdeu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox. tema instalado no PC, ele poderá ser instalado.

Principais recursos do Internet Explorer:


– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho, Algumas características de destaque do Firefox são:
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicati- – Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
vos instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de – Não exige um hardware poderoso para rodar.
apenas manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais – Grande quantidade de extensões para adicionar novos re-
facilmente através de ícones. cursos.
– Gerenciador de downloads integrado. – Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
– Mais estabilidade e segurança. – Atualizações frequentes para melhorias de segurança e
– Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite privacidade.
uma navegação plena para que o internauta possa usufruir dos – Disponível em desktop e mobile.
recursos implementados nos sites mais modernos.
– Com a possibilidade de adicionar complementos, o nave- Google Chorme
gador já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa É possível instalar o Google Chrome nas principais versões
forma, é possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a do sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
navegação e oferecem funcionalidades adicionais. O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
– One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer. compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bas-
Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pa- tante convidativo à navegação simplificada.
lavra-chave digitando-a na barra de endereços.

47 https://bit.ly/2WITu4N

64
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
O Safari também se destaca em:
– Sincronização de dados e informações em qualquer dispo-
sitivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o dire-
cionamento de anúncios com base no comportamento do usu-
ário.
– Modo de navegação privada não guarda os dados das pá-
ginas visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático
Principais recursos do Google Chrome: de campos de informação.
– Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha re- – Compatível também com sistemas operacionais que não
cursos RAM suficientes. seja da Apple (Windows e Linux).
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas – Disponível em desktops e mobile.
funcionalidades.
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar con- Intranet
teúdos otimizados. A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo
(HTTPS). de um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma
– Disponível em desktop e mobile. empresa, que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou
colaboradores internos48.
Opera Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue à intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor.
evoluindo como um dos melhores navegadores de internet. Para tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de aplicação situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
usar. Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a
qualidade da experiência do usuário. Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com
as demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local
Area Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em
corporações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de docu-
mentos, formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pre-
tendendo reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e
distribuição de informações.
Outros pontos de destaques do Opera são: Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corpora-
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de tivos, a intranet permite que computadores localizados numa
energia. filial, se conectados à internet com uma senha, acessem conteú-
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentan- dos que estejam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação
do a velocidade de conexões de baixo desempenho. direto entre a empresa e os seus funcionários/colaboradores,
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis tendo um ganho significativo em termos de segurança.
(3G ou 4G).
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em
páginas bancárias e de vendas on-line. ANTIVÍRUS
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar no-
vas funções, além de um bloqueador de publicidade integrado. Segurança da informação é o conjunto de ações para prote-
– Disponível em desktop e mobile. ção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui,
seja para um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para
Safari uma organização49.
O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma
sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, corporação, sendo também fundamentais para as atividades do
ele é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, segu- negócio.
ros e confiáveis para usar. Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata-
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém,
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para
problemas.

48 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-fer-
ramentas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/
49 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/

65
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares50: • Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar dis- nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo,
ponível somente a pessoas autorizadas. regra de formação e periodicidade de troca.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam • Política de backup: define as regras sobre a realização de
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de
seja, de modo permanente a elas. retenção e frequência de execução.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou • Política de privacidade: define como são tratadas as in-
seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por formações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcio-
quem e nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. nários.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e • Política de confidencialidade: define como são tratadas as
autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada. informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassa-
das a terceiros.
Existem outros termos importantes com os quais um profis-
sional da área trabalha no dia a dia. Mecanismos de segurança
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação Um mecanismo de segurança da informação é uma ação,
do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de
se refere ao controle sobre quem acessa as informações; e a preservar o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de Ele pode ser aplicado de duas formas:
segurança da informação, rastreando as suas etapas e os respon- – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
sáveis por cada uma delas. qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à
informação ou infraestrutura que dá suporte a ela
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um
protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de se- antivírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia
gurança da informação, ainda que sem intenção para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da por métodos de encriptação, que transformam as informações
vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao em códigos que terceiros sem autorização não conseguem deci-
negócio. frar e, há ainda, a certificação e assinatura digital, sobre as quais
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão
ser explorada por uma ameaça. da nota fiscal eletrônica.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o
conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada. Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, por profissional habilitado conforme o plano de segurança da
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segu- informação da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo
rança da informação. sigiloso.

Tipos de ataques Criptografia


Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são É uma maneira de codificar uma informação para que so-
eles51: mente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la atra-
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gra- vés de uma chave que é usada tanto para criptografar e descrip-
var de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o tografar a informação52.
ataque passivo não é prejudicial, mas a informação coletada du- Tem duas maneiras de criptografar informações:
rante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utili- • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma cha-
zada (adulteração, fraude, reprodução, bloqueio). ve secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados co- uma sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma
letados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sis- mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada manei-
tema, infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques ra. Tanto o emissor quanto o receptor da mensagem devem sa-
a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento ber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
(Ex.: interceptação, monitoramento, análise de pacotes). • Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves
Política de Segurança da Informação relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança pessoa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave
da organização através de regras de alto nível que representam privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
os princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível ser descriptografada pela chave privada.
tático) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
nelas serão para informar sobre o que pode e o que é proibido, A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento
incluindo: para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digi-
50 https://bit.ly/2E5beRr tal.
51 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de- 52 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-
-seguranca-da-informacao/ -protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

66
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou
a ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um
conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados
podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basi-
camente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.53

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que
está acessando o sistema é quem ela diz ser54.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica
como os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema
operacional. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Códigos maliciosos (Malware)


Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades malicio-
sas em um computador55. Algumas das diversas formas como os códigos maliciosos podem infectar ou comprometer um computa-
dor são:
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas instalados;
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como pen-drives;
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em
páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do compartilhamento de recursos).

53 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%-
C3%A7%C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
54 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/
55 https://cartilha.cert.br/malware/

67
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos
acesso aos dados armazenados no computador e podem execu- recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que
tar ações em nome dos usuários, de acordo com as permissões costumam propagar e, como consequência, podem afetar o de-
de cada usuário. sempenho de redes e a utilização de computadores.
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens Bot e botnet
financeiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comuni-
autopromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos cação com o invasor que permitem que ele seja controlado re-
são muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a motamente. Possui processo de infecção e propagação similar
prática de golpes, a realização de ataques e a disseminação de ao do worm, ou seja, é capaz de se propagar automaticamente,
spam (mais detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques explorando vulnerabilidades existentes em programas instalados
na Internet e Spam, respectivamente). em computadores.
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos A comunicação entre o invasor e o computador infectado
maliciosos existentes. pelo bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes
do tipo P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode
Vírus enviar instruções para que ações maliciosas sejam executadas,
Vírus é um programa ou parte de um programa de computa- como desferir ataques, furtar dados do computador infectado e
dor, normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de enviar spam.
si mesmo e se tornando parte de outros programas e arquivos. Um computador infectado por um bot costuma ser chamado
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao pro- de zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remo-
cesso de infecção, o vírus depende da execução do programa ou tamente, sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser
arquivo hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja in- chamado de spam zombie quando o bot instalado o transforma
fectado é preciso que um programa já infectado seja executado. em um servidor de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso computadores zumbis e que permite potencializar as ações da-
e começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. nosas executadas pelos bots.
Atualmente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente
principal meio de propagação, não mais por disquetes, mas, ela será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus
principalmente, pelo uso de pen-drives. próprios ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer grupos que desejem que uma ação maliciosa específica seja exe-
ocultos, infectando arquivos do disco e executando uma série cutada.
de atividades sem o conhecimento do usuário. Há outros que Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
permanecem inativos durante certos períodos, entrando em ati- por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
vidade apenas em datas específicas. Alguns dos tipos de vírus propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), co-
mais comuns são: leta de informações de um grande número de computadores,
– Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo envio de spam e camuflagem da identidade do atacante (com o
anexo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar uso de proxies instalados nos zumbis).
sobre este arquivo, fazendo com que seja executado.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS- Spyware
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por Spyware é um programa projetado para monitorar as ati-
e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail vidades de um sistema e enviar as informações coletadas para
escrito em formato HTML. terceiros.
– Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa,
em linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipula- dependendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo
dos por aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exem- de informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe
plo, os que compõe o Microsoft Office (Excel, Word e Power- as informações coletadas. Pode ser considerado de uso:
Point, entre outros). – Legítimo: quando instalado em um computador pessoal,
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular pelo próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo
para celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens de verificar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusi-
MMS (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando vo ou não autorizado.
um usuário permite o recebimento de um arquivo infectado e o – Malicioso: quando executa ações que podem comprome-
executa. ter a privacidade do usuário e a segurança do computador, como
monitorar e capturar informações referentes à navegação do
Worm usuário ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta
Worm é um programa capaz de se propagar automatica- de usuário e senha).
mente pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador Alguns tipos específicos de programas spyware são:
para computador. – Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digita-
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da in- das pelo usuário no teclado do computador.
clusão de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, – Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a
mas sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração posição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momen-
automática de vulnerabilidades existentes em programas insta- tos em que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição
lados em computadores. onde o mouse é clicado.

68
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Adware: projetado especificamente para apresentar pro- Antivírus
pagandas. O antivírus é um software de proteção do computador que
elimina programas maliciosos que foram desenvolvidos para
Backdoor prejudicar o computador.
Backdoor é um programa que permite o retorno de um in- O vírus infecta o computador através da multiplicação dele
vasor a um computador comprometido, por meio da inclusão de (cópias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar
serviços criados ou modificados para este fim. dados.
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa-
que tenham previamente infectado o computador, ou por ata- drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em
cantes, que exploram vulnerabilidades existentes nos programas algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com
instalados no computador para invadi-lo. isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso providência.
futuro ao computador comprometido, permitindo que ele seja O banco de dados do antivírus é muito importante neste
acessado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer processo, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois
novamente aos métodos utilizados na realização da invasão ou todos os dias são criados vírus novos.
infecção e, na maioria dos casos, sem que seja notado. Uma grande parte das infecções de vírus tem participação
do usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por
Cavalo de troia (Trojan) e-mail ou download de arquivos na internet de sites desconheci-
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, dos ou mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acon-
além de executar as funções para as quais foi aparentemente tecer uma contaminação.
projetado, também executa outras funções, normalmente mali- Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de arma-
ciosas, e sem o conhecimento do usuário. zenamentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou ob- devem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
tém de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtu- Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto
ais animados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre pagas. Entre as principais estão:
outros. Estes programas, geralmente, consistem de um único – Avast;
arquivo e necessitam ser explicitamente executados para que – AVG;
sejam instalados no computador. – Norton;
Trojans também podem ser instalados por atacantes que, – Avira;
após invadirem um computador, alteram programas já existen- – Kaspersky;
tes para que, além de continuarem a desempenhar as funções – McAffe.
originais, também executem ações maliciosas.
Filtro anti-spam
Rootkit Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não soli-
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite citados, que geralmente são enviados para um grande número
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro có- de pessoas.
digo malicioso em um computador comprometido. Spam zombies são computadores de usuários finais que fo-
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após ram comprometidos por códigos maliciosos em geral, como wor-
invadirem um computador, os instalavam para manter o acesso ms, bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma
privilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos uti- vez instalados, permitem que spammers utilizem a máquina para
lizados na invasão, e para esconder suas atividades do respon- o envio de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto uti-
sável e/ou dos usuários do computador. Apesar de ainda serem lizam máquinas comprometidas para executar suas atividades,
bastante usados por atacantes, os rootkits atualmente têm sido dificultam a identificação da origem do spam e dos autores tam-
também utilizados e incorporados por outros códigos maliciosos bém. Os spam zombies são muito explorados pelos spammers,
para ficarem ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por proporcionar o anonimato que tanto os protege.
por mecanismos de proteção. Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens in-
desejadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail.
Ransomware
Ransomware é um tipo de código malicioso que torna ina- Anti-malwares
cessíveis os dados armazenados em um equipamento, geralmen- Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram de-
te usando criptografia, e que exige pagamento de resgate (ran- tectar e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um
som) para restabelecer o acesso ao usuário56. computador. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan
são exemplos de ferramentas deste tipo.
O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.
Pode se propagar de diversas formas, embora as mais co-
muns sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo
ou que induzam o usuário a seguir um link e explorando vul-
nerabilidades em sistemas que não tenham recebido as devidas
atualizações de segurança.

56 https://cartilha.cert.br/ransomware/

69
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
tras aparecerem no monitor do PC, etc. A velocidade de um pro-
HARDWARE - COMPONENTES DE MICROCOMPUTADO- cessador está relacionada à velocidade com que a CPU é capaz
RES. NOMENCLATURA E FUNÇÃO DOS HARDWARES de fazer os cálculos.
DO COMPUTADOR

Hardware
O hardware são as partes físicas de um computador. Isso
inclui a Unidade Central de Processamento (CPU), unidades de
armazenamento, placas mãe, placas de vídeo, memória, etc.57.
Outras partes extras chamados componentes ou dispositivos
periféricos incluem o mouse, impressoras, modems, scanners,
câmeras, etc.
Para que todos esses componentes sejam usados apropria-
damente dentro de um computador, é necessário que a funcio-
nalidade de cada um dos componentes seja traduzida para algo
prático. Surge então a função do sistema operacional, que faz
o intermédio desses componentes até sua função final, como,
por exemplo, processar os cálculos na CPU que resultam em CPU.59
uma imagem no monitor, processar os sons de um arquivo MP3
e mandar para a placa de som do seu computador, etc. Dentro Coolers
do sistema operacional você ainda terá os programas, que dão Quando cada parte de um computador realiza uma tarefa,
funcionalidades diferentes ao computador. elas usam eletricidade. Essa eletricidade usada tem como uma
consequência a geração de calor, que deve ser dissipado para
Gabinete que o computador continue funcionando sem problemas e sem
O gabinete abriga os componentes internos de um computa- engasgos no desempenho. Os coolers e ventoinhas são respon-
dor, incluindo a placa mãe, processador, fonte, discos de armaze- sáveis por promover uma circulação de ar dentro da case do
namento, leitores de discos, etc. Um gabinete pode ter diversos CPU. Essa circulação de ar provoca uma troca de temperatura
tamanhos e designs. entre o processador e o ar que ali está passando. Essa troca de
temperatura provoca o resfriamento dos componentes do com-
putador, mantendo seu funcionamento intacto e prolongando a
vida útil das peças.

Gabinete.58

Processador ou CPU (Unidade de Processamento Central)


É o cérebro de um computador. É a base sobre a qual é cons-
truída a estrutura de um computador. Uma CPU funciona, basi- Cooler.60
camente, como uma calculadora. Os programas enviam cálculos
para o CPU, que tem um sistema próprio de “fila” para fazer os Placa-mãe
cálculos mais importantes primeiro, e separar também os cál- Se o CPU é o cérebro de um computador, a placa-mãe é o es-
culos entre os núcleos de um computador. O resultado desses queleto. A placa mãe é responsável por organizar a distribuição
cálculos é traduzido em uma ação concreta, como por exemplo, dos cálculos para o CPU, conectando todos os outros compo-
aplicar uma edição em uma imagem, escrever um texto e as le- nentes externos e internos ao processador. Ela também é res-
ponsável por enviar os resultados dos cálculos para seus devidos
57 https://www.palpitedigital.com/principais-componentes-inter-
destinos. Uma placa mãe pode ser on-board, ou seja, com com-
nos-pc-perifericos-hardware-software/#:~:text=O%20hardware%20
s%C3%A3o%20as%20partes,%2C%20scanners%2C%20c%C3%A2me- 59 https://www.showmetech.com.br/porque-o-processador-e-uma-pe-
ras%2C%20etc. ca-importante
58 https://www.chipart.com.br/gabinete/gabinete-gamer-gamemax- 60 https://www.terabyteshop.com.br/produto/10546/cooler-deep-
-shine-g517-mid-tower-com-1-fan-vidro-temperado-preto/2546 cool-gammaxx-c40-dp-mch4-gmx-c40p-intelam4-ryzen

70
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
ponentes como placas de som e placas de vídeo fazendo parte Placas de vídeo
da própria placa mãe, ou off-board, com todos os componentes Permitem que os resultados numéricos dos cálculos de um
sendo conectados a ela. processador sejam traduzidos em imagens e gráficos para apare-
cer em um monitor.

Placa de vídeo 63

Periféricos de entrada, saída e armazenamento


São placas ou aparelhos que recebem ou enviam informa-
ções para o computador. São classificados em:
– Periféricos de entrada: são aqueles que enviam informa-
ções para o computador. Ex.: teclado, mouse, scanner, microfo-
Placa-mãe.61 ne, etc.

Fonte
É responsável por fornecer energia às partes que compõe
um computador, de forma eficiente e protegendo as peças de
surtos de energia.

Periféricos de entrada.64
Fonte 62

61 https://www.terabyteshop.com.br/produto/9640/placa-mae-bios- 63https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/12/conheca-
tar-b360mhd-pro-ddr4-lga-1151 -melhores-placas-de-video-lancadas-em-2012.html
62 https://www.magazineluiza.com.br/fonte-atx-alimentacao-pc- 64https://mind42.com/public/970058ba-a8f4-451b-b121-3ba-
-230w-01001-xway/p/dh97g572hc/in/ftpc 35c51e1e7

71
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
– Periféricos de saída: São aqueles que recebem informa- Software
ções do computador. Ex.: monitor, impressora, caixas de som. Software é um agrupamento de comandos escritos em uma
linguagem de programação68. Estes comandos, ou instruções,
criam as ações dentro do programa, e permitem seu funciona-
mento.
Um software, ou programa, consiste em informações que
podem ser lidas pelo computador, assim como seu conteúdo au-
diovisual, dados e componentes em geral. Para proteger os di-
reitos do criador do programa, foi criada a licença de uso. Todos
estes componentes do programa fazem parte da licença.
A licença é o que garante o direito autoral do criador ou dis-
tribuidor do programa. A licença é um grupo de regras estipula-
das pelo criador/distribuidor do programa, definindo tudo que é
ou não é permitido no uso do software em questão.
Os softwares podem ser classificados em:
– Software de Sistema: o software de sistema é constituído
Periféricos de saída.65 pelos sistemas operacionais (S.O). Estes S.O que auxiliam o usu-
ário, para passar os comandos para o computador. Ele interpreta
– Periféricos de entrada e saída: são aqueles que enviam nossas ações e transforma os dados em códigos binários, que
e recebem informações para/do computador. Ex.: monitor tou- podem ser processados
chscreen, drive de CD – DVD, HD externo, pen drive, impressora – Software Aplicativo: este tipo de software é, basicamen-
multifuncional, etc. te, os programas utilizados para aplicações dentro do S.O., que
não estejam ligados com o funcionamento do mesmo. Exemplos:
Word, Excel, Paint, Bloco de notas, Calculadora.
– Software de Programação: são softwares usados para
criar outros programas, a parir de uma linguagem de programa-
ção, como Java, PHP, Pascal, C+, C++, entre outras.
– Software de Tutorial: são programas que auxiliam o usuá-
rio de outro programa, ou ensine a fazer algo sobre determinado
assunto.
– Software de Jogos: são softwares usados para o lazer, com
vários tipos de recursos.
– Software Aberto: é qualquer dos softwares acima, que te-
nha o código fonte disponível para qualquer pessoa.

Periféricos de entrada e saída.66 Todos estes tipos de software evoluem muito todos os dias.
Sempre estão sendo lançados novos sistemas operacionais, no-
– Periféricos de armazenamento: são aqueles que armaze- vos games, e novos aplicativos para facilitar ou entreter a vida
nam informações. Ex.: pen drive, cartão de memória, HD exter- das pessoas que utilizam o computador.
no, etc.

Periféricos de armazenamento.67
65 https://aprendafazer.net/o-que-sao-os-perifericos-de-saida-para-
-que-servem-e-que-tipos-existem
66 https://almeida3.webnode.pt/trabalhos-de-tic/dispositivos-de-en-
trada-e-saida
67 https://www.slideshare.net/contatoharpa/perifricos-4041411 68 http://www.itvale.com.br

72
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

ACESSO A REDES DE COMPUTADORES E A INTERNET.


OPERAR SISTEMAS ONLINE

Uma rede de computadores é formada por um conjunto de


módulos processadores capazes de trocar informações e com-
partilhar recursos, interligados por um sistema de comunicação
(meios de transmissão e protocolos)69.

No modelo cliente-servidor, um processo cliente em uma


máquina se comunica com um processo servidor na outra má-
quina.
O termo processo se refere a um programa em execução.
Uma máquina pode rodar vários processos clientes e servi-
dores simultaneamente.

Equipamentos de redes
Existem diversos equipamentos que podem ser utilizados
nas redes de computadores70. Alguns são:
As redes de computadores possuem diversas aplicações co- – Modem (Modulador/Demodulador): é um dispositivo de
merciais e domésticas. hardware físico que funciona para receber dados de um pro-
vedor de serviços de internet através de um meio de conexão
As aplicações comerciais proporcionam: como cabos, fios ou fibra óptica. .Cconverte/modula o sinal digi-
– Compartilhamento de recursos: impressoras, licenças de tal em sinal analógico e transmite por fios, do outro lado, deve
software, etc. ter outro modem para receber o sinal analógico e demodular,
– Maior confiabilidade por meio de replicação de fontes de ou seja, converter em sinal digital, para que o computador pos-
dados sa trabalhar com os dados. Em alguns tipos, a transmissão já é
– Economia de dinheiro: telefonia IP (VoIP), vídeo conferên- feita enviando os próprios sinais digitais, não precisando usar
cia, etc. os modens, porém, quando se transmite sinais através da linha
– Meio de comunicação eficiente entre os empregados da telefônica é necessário o uso dos modems.
empresa: e-mail, redes sociais, etc. – Placa de rede: possui a mesma tarefa dos modens, porém,
– Comércio eletrônico. somente com sinais digitais, ou seja, é o hardware que permite
os computadores se comunicarem através da rede. A função da
As aplicações domésticas proporcionam: placa é controlar todo o recebimento e envio dos dados através
– Acesso a informações remotas: jornais, bibliotecas digi- da rede.
tais, etc. – Hub: atuam como concentradores de sinais, retransmitin-
– Comunicação entre as pessoas: Twitter, Facebook, Insta- do os dados enviados às máquinas ligadas a ele, ou seja, o hub
gram, etc. tem a função de interligar os computadores de uma rede local,
– Entretenimento interativo: distribuição de músicas, filmes, recebendo dados de um computador e transmitindo à todos os
etc. computadores da rede local.
– Comércio eletrônico. – Switch: semelhante ao hub – também chamado de hub in-
– Jogos. teligente - verifica os cabeçalhos das mensagens e a retransmite
somente para a máquina correspondente, criando um canal de
Modelo Cliente-Servidor comunicação exclusiva entre origem e destino.
Uma configuração muito comum em redes de computadores – Roteador: ao invés de ser conectado às máquinas, está co-
emprega o modelo cliente-servidor O cliente solicita o recurso nectado às redes. Além de possuir as mesmas funções do switch,
ao servidor: possui a capacidade de escolher a melhor rota que um determi-
nado pacote de dados deve seguir para chegar a seu destino.
Podemos citar como exemplo uma cidade grande e o roteador
escolhe o caminho mais curto e menos congestionado.
– Access Point (Ponto de acesso – AP): similar ao hub, ofere-
ce sinais de rede em formas de rádio, ou seja, o AP é conectado
a uma rede cabeada e serve de ponto de acesso a rede sem fio.

69 NASCIMENTO, E. J. Rede de Computadores. Universidade Federal do


Vale do São Francisco. 70 http://www.inf.ufpr.br/albini/apostila/Apostila_Redes1_Beta.pdf

73
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Meios de transmissão e com mais estações. Assim, o cabo coaxial oferece mais capa-
Existem várias formas de transmitir bits de uma máquina cidade, porém, é mais caro do que o cabo de par trançado blin-
para outra através de meios de transmissão, com diferenças em dado.
termos de largura de banda, atraso, custo e facilidade de instala- Os cabos coaxiais eram usados no sistema telefônico para
ção e manutenção. Existem dois tipos de meios de transmissão: longas distância, porém, foram substituídos por fibras óticas. Es-
guiados e não guiados: tes cabos estão sendo usados pelas redes de televisão a cabo e
– Meios de transmissão guiados: os cabos de par trançado, em redes metropolitanas.
cabo coaxial e fibra ótica;
– Meios de transmissão não guiados: as redes terrestres Fibras óticas
sem fios, satélites e raios laser transmitidos pelo ar. A fibra ótica é formada pelo núcleo, vestimenta e jaqueta, o
centro é chamado de núcleo e a próxima camada é a vestimen-
ta, tanto o núcleo quanto a vestimenta consistem em fibras de
vidro com diferentes índices de refração cobertas por uma ja-
queta protetora que absorve a luz. A fibra de vidro possui forma
cilíndrica, flexível e capaz de conduzir um raio ótico. Estas fibras
óticas são agrupadas em um cabo ótico, e podem ser colocadas
várias fibras no mesmo cabo.
Nas fibras óticas, um pulso de luz indica um bit e a ausên-
cia de luz indica zero bit. Para conseguir transmitir informações
através da fibra ótica, é necessário conectar uma fonte de luz em
uma ponta da fibra ótica e um detector na outra ponta, assim, a
ponta que vai transmitir converte o sinal elétrico e o transmite
por pulsos de luz, a ponta que vai receber deve converter a saída
para um sinal elétrico.
As fibras óticas possuem quatro características que a dife-
71
rem dos cabos de par traçado e coaxial, que são:
– Maior capacidade: possui largura de banda imensa com
Cabos de pares trançado velocidade de dados de centenas de Gbps por distâncias de de-
Os pares trançados são o meio de transmissão mais antigo zenas de quilômetros;
e ainda mais comum em virtude do custo e desempenho obtido. – Menor tamanho e menor peso: são muito finas e por isso,
Consiste em dois fios de cobre encapados e entrelaçados. Este pesam pouco, desta forma, reduz os requisitos de suporte es-
entrelaçado cancela as ondas de diferentes partes dos fios dimi- trutural;
nuindo a interferência. Os pares trançados são comuns em sis- – Menor atenuação: possui menor atenuação comparando
temas telefônicos, que é usado tanto para chamadas telefônicas com os cabos de par trançado e coaxial, por isso, é constante em
quanto para o acesso à internet por ADSL, estes pares podem se um intervalo de frequência maior;
estender por diversos quilômetros, porém, quando a distância – Isolamento eletromagnético: as fibras óticas não sofrem
for muito longa, existe a necessidade de repetidores. E quando interferências externas, à ruído de impulso ou à linha cruzada, e
há muitos pares trançados em paralelo percorrendo uma distân- estas fibras também não irradiam energia.
cia grande, são envoltos por uma capa protetora. Existem dois Esse sistema das fibras óticas funciona somente por um
tipos básico deste cabo, que são: princípio da física: quando um raio de luz passa de um meio para
– UTP (Unshielded Twisted Pair – Par trançado sem blinda- outro, o raio é refratado no limite sílica/ar. A quantidade de re-
gem): utilizado em redes de baixo custo, possui fácil manuseio e fração depende das propriedades das duas mídias (índices de
instalação e podem atingir até 100 Mbps na taxa de transmissão refração). Para ângulos de incidência acima de um certo valor
(utilizando as especificações 5 e 5e). crítico ou acima é interceptado dentro da fibra e pode se propa-
– STP (Shielded Twisted Pair – Par trançado com blinda- gar por muitos quilômetros praticamente sem perdas. Podemos
gem): possui uma utilização restrita devido ao seu custo alto, classificar as fibras óticas em:
por isso, é utilizado somente em ambientes com alto nível de – Monomodo: se o diâmetro da fibra for reduzido a alguns
interferência eletromagnética. Existem dois tipos de STP: comprimentos de onda, a luz só poderá se propagar em linha
1- Blindagem simples: todos os pares são protegidos por reta, sem ricochetear, produzindo assim, uma fibra de modo úni-
uma camada de blindagem. co (fibra monomodo). Estas fibras são mais caras, porém ampla-
2- Blindagem par a par: cada par de fios é protegido por uma mente utilizadas em distâncias mais longas podendo transmitir
camada de blindagem. dados a 100 Gbps por 100 quilômetros sem amplificação.
– Multimodo: se o raio de luz incidente na fronteira acima
do ângulo critico for refletido internamente, muitos raios distin-
Cabo coaxial tos estarão ricocheteando em diferentes ângulos. Dizemos que
O cabo coaxial consiste em um fio condutor interno envolto cada raio tem um modo específico, desta forma, na fibra multi-
por anéis isolantes regularmente espaçados e cercado por um modo, os raios são ricocheteados em diferentes ângulos
condutor cilíndrico coberto por uma malha. O cabo coaxial é
mais resistente à interferência e linha cruzada do que os cabos
de par trançado, além de poder ser usado em distâncias maiores
71 Fonte: http://eletronicaapolo.com.br/novidades/o-que-e-o-ca-
bo-de-rede-par-trancado

74
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Tipos de Redes

Redes Locais
As redes locais (LAN - Local Area Networks) são normalmen-
te redes privativas que permitem a interconexão de equipamen-
tos presentes em uma pequena região (um prédio ou uma uni-
versidade ou que tenha poucos quilômetros de extensão).
As LANs podem ser cabeadas, sem fio ou mistas.
Atualmente as LANs cabeadas mais usadas usam o padrão
IEEE 802.3
Para melhorar a eficiência, cada computador é ligado por
um cabo a uma porta de um comutador (switch).

Exemplo de rede WAN.73

• Redes a Longas Distâncias


Uma rede a longas distâncias (WAN - Wide Area Network)
é uma rede que cobre uma área geográfica grande, usualmente
um país ou continente. Os hospedeiros da rede são conectados
por uma sub-rede de comunicação. A sub-rede é composta de
dois elementos: linhas de transmissão e elementos de comuta-
ção (roteadores).

Exemplo de rede LAN.72

Dependendo do cabeamento e tecnologia usados, essas re-


des atingem velocidades de 100Mbps, 1Gbps ou até 10Gbps.
Com a preferência do consumidor por notebooks, as LANs
sem fio ficaram bastante populares. O padrão mais utilizado é
o IEEE 802.11 conhecido como Wi-Fi. A versão mais recente, o
802.11n, permite alcançar velocidades da ordem de 300Mbps.
LANs sem fio são geralmente interligadas à rede cabeada
através de um ponto de acesso.

• Redes Metropolitanas Exemplo de rede WAN.74


Uma rede metropolitana (MAN - Metropolitan Area Ne-
twork) é basicamente uma grande versão de uma LAN onde a Nos enlaces de longa distância em redes WAN são usadas
distância entre os equipamentos ligados à rede começa a atingir tecnologias que permitem o tráfego de grandes volumes de da-
distâncias metropolitanas (uma cidade). dos: SONET, SDH, etc.
Exemplos de MANs são as redes de TV a cabo e as redes IEEE Quando não há cabos, satélites podem ser utilizados em
802.16 (WiMAX). parte dos enlaces.
A sub-rede é em geral operada por uma grande empresa de
telecomunicações conhecida como provedor de serviço de Inter-
net (ISP - Internet Service Provider).

Topologia de redes
A topologia de rede é o padrão no qual o meio de rede está
conectado aos computadores e outros componentes de rede75.
Essencialmente, é a estrutura topológica da rede, e pode ser
descrito fisicamente ou logicamente.
73 Fonte: https://informaticaeadministracao.wordpress.
com/2014/04/22/lan-man-e-wan
74 Fonte: https://10infrcpaulo.wordpress.com/2012/12/11/wan
72 Fonte: http://www.bosontreinamentos.com.br/redes-computado- 75 https://www.oficinadanet.com.br/artigo/2254/topologia_de_re-
res/qual-a-diferenca-entre-lan-man-e-wan-em-redes-de-dados des_vantagens_e_desvantagens

75
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Há várias formas nas quais se pode organizar a interligação
entre cada um dos nós (computadores) da rede. A topologia fí-
sica é a verdadeira aparência ou layout da rede, enquanto que a
lógica descreve o fluxo dos dados através da rede.
Existem duas categorias básicas de topologias de rede:
– Topologia física: representa como as redes estão conecta-
das (layout físico) e o meio de conexão dos dispositivos de redes
(nós ou nodos). A forma com que os cabos são conectados, e que
genericamente chamamos de topologia da rede (física), influen-
cia em diversos pontos considerados críticos, como a flexibilida-
de, velocidade e segurança. Vantagens:
– Topologia lógica: refere-se à maneira como os sinais agem – A codificação e adição de novos computadores é simples;
sobre os meios de rede, ou a maneira como os dados são trans- – Gerenciamento centralizado;
mitidos através da rede a partir de um dispositivo para o outro – Falha de um computador não afeta o restante da rede.
sem ter em conta a interligação física dos dispositivos. Topologias
lógicas são capazes de serem reconfiguradas dinamicamente por Desvantagem:
tipos especiais de equipamentos como roteadores e switches. – Uma falha no dispositivo central paralisa a rede inteira.

Topologia Barramento Topologia Anel


Todos os computadores são ligados em um mesmo barra- Na topologia em anel os dispositivos são conectados em sé-
mento físico de dados. Apesar de os dados não passarem por rie, formando um circuito fechado (anel). Os dados são transmi-
dentro de cada um dos nós, apenas uma máquina pode “escre- tidos unidirecionalmente de nó em nó até atingir o seu destino.
ver” no barramento num dado momento. Todas as outras “escu- Uma mensagem enviada por uma estação passa por outras es-
tam” e recolhem para si os dados destinados a elas. Quando um tações, através das retransmissões, até ser retirada pela estação
computador estiver a transmitir um sinal, toda a rede fica ocu- destino ou pela estação fonte.
pada e se outro computador tentar enviar outro sinal ao mesmo
tempo, ocorre uma colisão e é preciso reiniciar a transmissão.

Vantagens:
Vantagens: – Todos os computadores acessam a rede igualmente;
– Uso de cabo é econômico; – Performance não é impactada com o aumento de usuários.
– Mídia é barata, fácil de trabalhar e instalar;
– Simples e relativamente confiável; Desvantagens:
– Fácil expansão. – Falha de um computador pode afetar o restante da rede;
– Problemas são difíceis de isolar.
Desvantagens:
– Rede pode ficar extremamente lenta em situações de trá- Topologia Malha
fego pesado; Esta topologia é muito utilizada em várias configurações,
– Problemas são difíceis de isolar; pois facilita a instalação e configuração de dispositivos em redes
– Falha no cabo paralisa a rede inteira. mais simples. Todos os nós estão atados a todos os outros nós,
como se estivessem entrelaçados. Já que são vários os caminhos
Topologia Estrela possíveis por onde a informação pode fluir da origem até o des-
A mais comum atualmente, a topologia em estrela utiliza ca- tino.
bos de par trançado e um concentrador como ponto central da
rede. O concentrador se encarrega de retransmitir todos os da-
dos para todas as estações, mas com a vantagem de tornar mais
fácil a localização dos problemas, já que se um dos cabos, uma
das portas do concentrador ou uma das placas de rede estiver
com problemas, apenas o nó ligado ao componente defeituoso
ficará fora da rede.

76
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Vantagens: 3. Camada de rede
– Maior redundância e confiabilidade; A sua função é encaminhar pacotes entre a máquina de ori-
– Facilidade de diagnóstico. gem e a máquina de destino.
- O roteamento pode ser estático ou dinâmico.
Desvantagem: - Realiza o controle de congestionamento.
– Instalação dispendiosa. - Responsável pela qualidade de serviço.
- Tem que permitir que redes heterogêneas se comuniquem,
Modelos de Referência sendo assim, deve lidar com questões como endereçamento, ta-
Dois modelos de referência para arquiteturas de redes me- manho dos pacotes e protocolos heterogêneos.
recem destaque: OSI e TCP/IP.
4. Camada de transporte
Modelo de referência ISO OSI (Open Systems Interconnec- A sua função básica é efetuar a comunicação fim-a-fim entre
tion) processos, normalmente adicionando novas funcionalidades ao
Modelo destinado à interconexão de sistemas abertos. Pos- serviço já oferecido pela camada de rede. Pode oferecer um ca-
sui 7 camadas: física, enlace de dados, rede, transporte, sessão, nal ponto a ponto livre de erros com entrega de mensagens na
apresentação e aplicação. ordem correta.

5. Camada de sessão
A sua função é controlar quem fala e quando, entre a ori-
gem e o destino (analogia com operações críticas em bancos de
dados).

6. Camada de apresentação
A sua função básica é transformar a sintaxe dos dados (for-
ma de representação) sem afetar a semântica. Gerencia estrutu-
ras de dados abstratas.

7. Camada de aplicação
Contém uma série de protocolos necessários para os usuá-
rios. É nessa camada que o usuário interage.

Modelo TCP/IP
Arquitetura voltada para a interconexão de redes heterogê-
neas (ARPANET)
Modelo OSI. Posteriormente, essa arquitetura ficou conhecida como mo-
delo TCP/IP graças aos seus principais protocolos.
O modelo OSI não é uma arquitetura de rede, pois não es- O modelo TCP/IP é composto por quatro camadas: enlace,
pecifica os serviços e protocolos que devem ser usados em cada internet, transporte e aplicação.
camada.
O modelo OSI informa apenas o que cada camada deve fa-
zer:

1. Camada física
A sua função é assegurar o transporte de bits através de um
meio de transmissão. Dessa forma, as questões de projeto dessa
camada estão ligadas a níveis de tensão, tempo de bit, interfaces
elétricas e mecânicas, quantidade de pinos, sentidos da comuni-
cação, etc.

2. Camada de enlace de dados


A sua principal função é transmitir quadros entre duas má-
quinas ligadas diretamente, transformando o canal em um enla-
ce de dados confiável.
- Divide os dados em quadros e os envia sequencialmente. Modelo TCP/IP.
- Regula o tráfego
- Detecta a ocorrência de erros ocorridos na camada física 1. Camada de enlace
- Em redes de difusão, uma subcamada de controle de aces- Não é uma camada propriamente dita, mas uma interface
so ao meio é inserida para controlar o acesso ao canal compar- entre os hospedeiros e os enlaces de transmissão
tilhado
2. Camada internet (camada de rede)
Integra toda a arquitetura, mantendo-a unida. Faz a interli-
gação de redes não orientadas a conexão.

77
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Tem o objetivo de rotear as mensagens entre hospedeiros, ocultando os problemas inerentes aos protocolos utilizados e aos
tamanhos dos pacotes. Tem a mesma função da camada de rede do modelo OSI.
O protocolo principal dessa camada é o IP.

3. Camada de transporte
Permite que entidades pares (processos) mantenham uma comunicação.
Foram definidos dois protocolos para essa camada: TCP (Transmission Control Protocol) e UDP (User Datagram Protocol).
O TCP é um protocolo orientado a conexões confiável que permite a entrega sem erros de um fluxo de bytes.
O UDP é um protocolo não orientado a conexões, não confiável e bem mais simples que o TCP.

4. Camada de aplicação
Contém todos os protocolos de nível mais alto.

Modelo TCP/IP e seus protocolos.

Modelo OSI versus TCP/IP.

EQUIPAMENTOS DE IMPRESSÃO, CÓPIA E DIGITALIZAÇÃO

A digitalização de documentos é a conversão de um suporte físico de dados (papel, microfilme, etc.), para um suporte em
formato digital, visando dinamizar o acesso e a disseminação das informações, mediante a visualização instantânea das imagens a
multiusuários76.
Simplificando, a digitalização é um processo de conversão dos documentos físicos para o formato digital 77. Ela se dá por meio de
um equipamento (escâner) e um software digitalizador de imagens.
Visa facilitar a busca, o armazenamento e dar celeridade no andamento da documentação. No entanto, o produto dessa conver-
são não substitui o original, que deve ser preservado.
76 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae
77 http://defensoria.rr.def.br/phocadownload/documentos_sei/manual_digitalizacao_sei.pdf

78
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
A digitalização dinamiza o acesso e a disseminação das infor- – Espécie documental: configuração que assume um docu-
mações entre os funcionários e colaboradores, mediante a visu- mento de acordo com a disposição (forma de registro) e natu-
alização instantânea das imagens de documentos em qualquer reza dos atos que lhe deram origem. Exemplos: decreto, resolu-
computador conectado a uma rede ou à internet. Ela permite a ção, portaria, acórdão, parecer, relatório, ata, certidão, atestado,
substituição dos documentos em papel, com o intuito de facilitar contrato, convênio, ofício, memorando, edital, alvará, etc.
o acesso e a busca de informações. – Formato: configuração física de um suporte conforme a
A digitalização permite a substituição dos documentos em sua natureza e o modo como foi confeccionado. Exemplos: for-
papel com o intuito de: mulários, ficha, livro, caderno, planta, etc.
– Diminuição de espaço físico para armazenamento de do- – Integridade: estado dos documentos que se encontram
cumentos; completos e não sofreram nenhum tipo de corrupção ou altera-
– Facilidade de acesso: possibilidade de acesso remoto e uti- ção não autorizada nem documentada.
lização simultânea; – Metadados: dados que descrevem e permitem encontrar,
– Busca a informação (sistema de indexação); gerenciar, compreender e/ou preservar documentos ao longo do
– Segurança, inviolabilidade dos dados; tempo.
– Preservação e durabilidade do acervo; – Número Único de Protocolo (NUP): código numérico para
– Transparência das informações. cadastro de documentos ou processos. É o padrão oficial de nu-
meração utilizada para controle dos documentos, avulsos ou
Dentre os benefícios da digitalização, podemos destacar: processos, produzidos ou recebidos pelos órgãos e entidades da
– Melhorar o acesso à informação; Administração Pública Federal.
– Permitir o intercâmbio de acervos documentais e de seus – Optical Character Recognition (OCR): tecnologia para re-
instrumentos de pesquisa por meio de redes informatizadas; conhecer caracteres a partir de um arquivo de imagem ou mapa
– Promover a difusão e a reprodução dos acervos arquivísti- de bits. Através do OCR é possível digitalizar uma folha de texto
cos não digitais, em formatos e apresentações diferenciados do impresso e obter um arquivo de texto pesquisável.
original; – Portable Document Format (PDF): formato de arquivo di-
– Auxiliar na preservação e na segurança dos documentos gital para representar documentos de maneira independente do
originais que estão em suportes não digitais, por reduzir seu ma- aplicativo, do hardware e do sistema operacional usados para
nuseio. criá-los.
– PDF/A: extensão derivada do PDF, com restrições e adi-
Com o objetivo de entender melhor os procedimentos de di- ções que tornam o arquivo confiável e adequado para armazena-
gitalização de documentos e processos, algumas definições são mento e acesso a longo prazo. PDF/Archive – padrão ISO 19005-
importantes: 1:2005.
– Autenticidade: credibilidade de um documento enquanto – Portable Network Graphics (PNG): formato de arquivo di-
documento, isto é, a qualidade de um documento ser o que diz gital livre que apresenta elevada definição de cores e excelente
ser e de que está livre de adulteração ou qualquer outro tipo de qualidade de imagem.
corrupção. – Preservação digital: conjunto de ações exigidas para su-
– Captura digital: conversão de um documento originalmen- perar as mudanças tecnológicas e a fragilidade dos suportes,
te físico para imagem em formato digital, por meio de equipa- garantindo acesso e interpretação dos documentos digitais pelo
mento eletrônico (escâner). Ver digitalização e documento di- tempo que for necessário.
gitalizado. – Processo (documento): conjunto de documentos oficial-
– Ciclo vital dos documentos: sucessivas fases por que pas- mente reunidos no decurso de uma ação administrativa ou judi-
sam os documentos arquivísticos, desde sua produção até a cial, que constitui uma unidade.
guarda permanente ou eliminação. – Processo (negócio): “organização lógica de pessoas, ener-
– Confiabilidade: credibilidade de um documento arquivísti- gia, equipamento e procedimentos em atividades de trabalho
co enquanto afirmação de um fato. Existe quando um documen- projetadas para produzir um resultado final” (PALL, 1987 apud
to arquivístico pode sustentar o fato ao qual se refere. FURLAN, 2011, p. 17).
– Confidencialidade: propriedade de certos dados ou infor- – Processo administrativo eletrônico: aquele em que os
mações que não podem ser disponibilizadas ou divulgadas sem atos processuais são registrados e disponibilizados em meio ele-
autorização para pessoas, entidades ou processos. trônico.
– Digitalização: processo de conversão de um documento – Suporte: material no qual são registradas as informações.
para o formato digital, por meio de dispositivo apropriado. Ver Exemplos: papel, disco magnético etc.
captura digital.
– Disponibilidade: propriedade de estar acessível e utilizá- Cuidados a serem tomados
vel sob demanda por uma entidade autorizada. Cabe ressaltar que alguns tipos de documentos podem não
– Documento: toda informação registrada que seja produ- ser reconhecidos corretamente no processo de digitalização, de-
zida ou recebida no decurso das atividades meio e fim de uma vido ao fato de possuírem características específicas, tais como:
instituição, qualquer que seja o suporte. – Caracteres manuscritos;
– Documento digitalizado: documento obtido a partir da – Caracteres pequenos;
conversão de um documento originalmente físico, gerando uma – Documentos em idiomas diferentes do especificado;
fiel representação em código digital. – Caracteres em fundo colorido, sombreado ou sobre ilus-
– Documento nato-digital: documento criado originaria- trações e gráficos;
mente em meio eletrônico. – Caracteres decorados;
– Impressão em papel reciclado, entre outros.

79
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Com os ajustes corretos, o arquivo digitalizado terá o menor tamanho possível e com a melhor qualidade de imagem e de pro-
cessamento, o que facilitará a pesquisa de texto no documento e o seu armazenamento em meio eletrônico.

Tipos de equipamentos para captura digital de imagem


Atualmente existem disponíveis no mercado diversos tipos de equipamentos de captura digital para imagens, que se aplicam
aos diversos tipos de documentos arquivísticos78.
A definição do equipamento de captura digital a ser utilizado só poderá ser realizada após o minucioso exame do suporte ori-
ginal, considerando suas características físicas e estado de conservação, de forma a garantir aos representantes digitais a melhor
fidelidade visual em relação aos documentos originais, e sem comprometer seu estado de conservação.

Digitalizadores de mesa
Considerando a dimensão do item documental que não poderá exceder a área de escaneamento, são indicados para os docu-
mentos planos em folha simples e ampliações fotográficas contemporâneas. Este tipo de equipamento não se aplica a documentos
encadernados. Há modelos de mesa de reprodução disponíveis que possuem um sistema de sucção que permite a reprodução de
documentos de grandes formatos sem a formação de dobras e mossas na superfície do documento.

79

Digitalizadores planetários
Este tipo de equipamento utiliza uma unidade de captura semelhante a uma câmera fotográfica, uma mesa de reprodução
que define a área de escaneamento e uma fonte de luz. São usados para a digitalização de documentos planos em folha simples,
de documentos encadernados que necessitem de compensação de lombada, de forma a garantir a integridade física dos mesmos,
bem como para os documentos fisicamente frágeis, já que não ocorre nenhuma forma de tração ou pressão mecânica sobre estes.

80

Digitalizadores de produção e alimentação automática


O incremento das redes de dados (internet), permitindo ampla disponibilização dos documentos em formato digital, tem levado
a sociedade em geral a demandar que as organizações arquivísticas invistam em projetos de digitalização de massa (grande volume
de itens) de seus acervos documentais, e nesse sentido, tem sido avaliada e testada a utilização de equipamento de captura digital
com mecanismos de alimentação automática e maior velocidade de operação, embora algumas organizações arquivísticas ainda não
aceitem a livre utilização desses equipamentos em documentos permanentes.
Portanto, todos os documentos a serem digitalizados neste tipo de equipamento deverão obrigatoriamente passar por um pro-
cesso de análise rigorosa de sua estrutura física, seu estado de conservação, bem como a retirada de sujidades e objetos como clips,
grampos, fitas adesivas e assemelhados.

78 https://ifc.edu.br/wp-content/uploads/2014/05/Manual-Digitaliza%c3%a7%c3%a3o-2%c2%aa-EDI%c3%87%c3%83O.pdf
79 https://www.informaticashop.com.br/scanner-de-mesa.html
80 https://www.pluscan.com.br/scanner-planetario-portatil-a3-fujistu-sv600

80
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

81

O processo de digitalização
O processo de digitalização é composto de cinco fases: preparação, captura das imagens, conferência, indexação e finalização,
de acordo com o diagrama a seguir.

81 https://www.macrosolution.com.br/scanner-avision-ad8120

81
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
Essa tecnologia é composta por um conjunto de informações
ASSINATURAS ELETRÔNICAS/ DIGITAIS referentes à entidade para a qual o certificado foi emitido, ba-
seando-se na criptografia de chave pública, garantindo assim ou-
Assinatura digital tros aspectos da segurança da informação como: autenticação e
o não repúdio. Algumas informações são introduzidas no Certi-
Assinar documentos é algo muito natural para as pessoas, ficado Digital para que seja feita a autenticação do remetente,
mesmo aquelas analfabetas, para estes casos, basta a impres- tais como:
são digital de um de seus dedos e pronto, o documento já está 1-Nome, End. e Empresa do solicitante;
assinado. Agora, já pensou se você tiver que enviar algum docu- 2-Chave pública do solicitante;
mento para um lugar distante, um relatório, por exemplo? Há um 3-Validade do certificado;
tempo fazíamos uso dos correios, o Sedex era uma boa alterna- 4-Nome e End. da Autoridade Certificadora (CA);
tiva, só que nesse mundo em que vivemos tudo ocorre de forma 5-Política de utilização (limites de transação, etc.).
muito rápida e aí é que entram as tecnologias e, nesse caso, a
assinatura digital. Pois certamente você terá que assinar o re- Funcionamento do certificado digital
latório para comprovar sua autenticidade. E como é feita essa Na identificação digital, é utilizada a técnica de criptografia
assinatura digitalmente? Você já parou para pensar nisso? 82 assimétrica que dispõe de duas chaves relacionadas, uma chave
Para assinar digitalmente um documento, é necessário que o pública e outra privada. Tanto um nome de usuário como outras
documento primeiramente esteja já digitalizado e esteja de pos- informações que identificam o usuário são vinculadas a um par
se da chave pública de quem vai receber o documento, podendo de chaves, e isso funciona como um credenciamento eletrônico
ser pessoa física ou jurídica. Em seguida, a partir de um progra- que, quando instalado em um navegador da Web, permitem a
ma específico, o documento será criptografado de acordo com autenticação.
a chave pública que você tem para poder enviar o documento, Em uma única mensagem, podemos anexar várias identifi-
gerando um resumo do mesmo tamanho que será criptografado, cações digitais, formando uma cadeia de certificados digitais
denominado hash, garantindo autenticidade e o não repúdio. em que cada identificação digital confirma a autenticidade da
Quando a mensagem chegar ao destinatário, o receptor de- anterior e essa identificação digital é assinada pela Autoridade
verá utilizar sua chave privada para decodificar/decriptografar o Certificadora que a emitiu.
documento, gerando um novo resumo a partir da mensagem que
está armazenada, para em seguida, comparar com a assinatura Modelos de certificado digital
digital. Caso o documento tenha sido alterado, a chave privada Há necessidade de uma infraestrutura para validar o certifi-
não vai conseguir decodificar o arquivo, pois consequentemente cado para as demais entidades. Apresentamos a seguir três mo-
a assinatura é corrompida, não reconhecendo o documento. Ou delos:
seja, se o hash original for igual ao hash gerado na recepção do
documento, a mensagem está íntegra. Modelo Web Oftrust (malha de confiança)
A função hashing avalia completamente o documento basea- Nesse modelo, seu funcionamento baseia-se na confiança,
do num algoritmo matemático que calcula um valor, tendo como que é controlada pelos usuários, ou seja, quando um usuário ob-
parâmetro os caracteres do documento, obtendo um valor de tém a chave pública de outro usuário poderá verificar a autenti-
tamanho fixo para o arquivo, conhecido como valor hash. cidade da chave recebida por intermédio das outras entidades,
Com uso complexo de um algoritmo matemático, é muito di- sendo então implantada uma rede em que as entidades perten-
fícil desvendar a chave privada através da chave pública, garan- centes confiem umas nas outras.
tindo a segurança e a credibilidade desse processo. Uma das vantagens nesse modelo é que, caso ocorra o com-
prometimento da chave de uma entidade que autentica o certifi-
Certificado digital cado, ela simplesmente será excluída dessa rede, não interferin-
do nas demais chaves. E uma desvantagem é que é um modelo
Para obtenção de uma assinatura digital, é necessária uma menos seguro, porque uma pessoa pode perfeitamente tirar
Autoridade Certificadora (AC) que faça esse serviço, tendo como proveito da confiança dos outros usuários.
função averiguar a identidade de um usuário e agregar a ele uma
chave. Esse conjunto de informações é introduzido em um do-
cumento denominado certificado digital. É importante citar que
o certificado digital funciona independentemente da assinatura Modelo Hierárquico
digital. É definido dessa forma por tratar de uma hierarquia de
O certificado digital tem por função atestar a integridade dos autoridades certificadoras, em que as AC´s certificam os usuários
negócios, garantindo a legitimidade da operação realizada na In- e a autoridade certificadora raiz AC-R faz a certificação de todas
ternet, funciona como se fosse um documento usado na Internet as AC´s de sua competência. Nesse modelo, para ser validado
para assegurar sua identidade. Esse certificado é definido como um certificado digital, é necessária a assinatura digital de uma
documento eletrônico que garante proteção às transações on- AC. Caso haja dúvidas da sua validade, é necessário consultar
line e a troca virtual de documentos, mensagens e dados, com na AC se não foi eliminado o certificado usado para a criação de
validade jurídica. infraestrutura de chaves públicas.
A AC-R, por ser mantida por uma entidade governamental,
mostra-se mais segura, possibilitando que a assinatura digital
seja juridicamente válida, desde que garantida toda segurança
82 http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/1538/15.6_versao_Fi- das AC´s e da infraestrutura da AC-R. Apresenta-se como des-
nalizada_com_Logo_IFRO-Seguranca_Informacao_04_04_14.pdf?sequence=1&i-
sAllowed=y vantagem desse modelo o custo de montagem da infraestrutura

82
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
que é bem superior, em virtude dos procedimentos de seguran- 3. (GHC/RS - CONTADOR -: MS CONCURSOS/2018) O Excel
ça aplicado, por exemplo, instalação de sala-cofre; outro fator possui a utilização de macros. Dentre as alternativas, assinale a
que é considerado desvantajoso é que, se a chave de uma AC que corretamente explica o que vem a ser “macro”.
for corrompida, compromete a validade de todos os certificados (A) Uma sequência de comandos utilizados em linguagem de
emitidos por ela. máquina que corrigem as células.
(B) Uma programação cuja função é gerenciar os recursos
Modelo de Autoridade Central do sistema Excel, fornecendo uma interface entre o compu-
Em relação aos dois modelos anteriormente citados, este é tador e o usuário.
o padrão mais usual para certificado digital, quando envolve in- (C) Um programa do Excel que tem por objetivo ajudar o
fraestrutura de chave pública, definido como ITU-T X.509 que seu usuário a desempenhar uma tarefa específica, em geral
sofreu mudanças para ser utilizado na Internet, passando a ser ligada à editoração dos dados.
conhecido como PKIX. É absoluta sua autoridade certificadora, (D) Um programa que executa o cruzamento de uma linha
e é assim definido por ser organizado em uma estrutura de com uma coluna e nela são inseridas as informações neces-
diretórios em árvore, cujo certificado digital não pode conter a sárias do seu documento.
chave privada do usuário, a mesma é armazenada em tokens ou (E) Uma sequência de comandos, que podem ser cliques, to-
smart cards. ques no teclado ou até mesmo pequenas linhas de códigos
O padrão X.509, encontra-se na versão 3, padronizando os com funções mais avançadas. Essas sequências são gravadas
modelos de chaves públicas e atributos para os certificados, al- em um módulo VBA e são executadas sempre que forem ne-
goritmos para procura do caminho de validação e listas de can- cessárias.
celamento de certificados.
4. (CIS - AMOSC/SC - AUXILIAR ADMINISTRATIVO - FEPE-
SE/2018) Alguns projetores são considerados wide-screen, ou
formato 16:9.
EXERCÍCIOS Assinale a alternativa que permite ao usuário alterar o tama-
nho do slide para widescreen utilizando o MS PowerPoint para
1. (IDAF/AC - ENGENHEIRO AGRÔNOMO - IBADE/2020) No Office 365 em português.
Windows 8, além das diversas funções e recursos existentes para (A) Através da guia Design, selecionar o Tamanho do Slide, e
facilitar o seu dia a dia, é possível utilizar teclas de atalhos no clicar em Widescreen (16:9).
teclado para ajudar você a fazer o que quiser mais rápido. Qual a (B) Através da guia Inserir, selecionar a opção Inserir Slide
combinação de teclas de atalho para minimizar todas as janelas Widescreen (16:9).
abertas e ir direto para sua área de trabalho? (C) Através da guia Transições, selecionar a opção de alterar
(A) Tecla do logotipo do Windows + L o formato do slide para Widescreen (16:9).
(B) Tecla do logotipo do Windows + F (D) Através da guia Apresentação de Slides, selecionar a op-
(C) Tecla do logotipo do Windows + M ção Apresentar em Formato Widescreen (16:9).
(D) Tecla do logotipo do Windows + E (E) Através da guia Exibir, selecionar o tamanho do slide e
(E) Tecla do logotipo do Windows + F1 clicar em Exibir no formato Widescreen (16:9).

2. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SO- 5. (PREFEITURA DE AVELINÓPOLIS/GO - TÉCNICO EM EN-


CIAL - COTEC/2020) Um usuário de computador realiza comu- FERMAGEM - ITAME/2019) No Microsoft Word 2010 ao selecio-
mente um conjunto de atividades como copiar, recortar e colar nar um texto e pressionar CTRL + G o que ocorre:
arquivos utilizando o Windows Explorer. Dessa forma, existe um (A) O texto é alinhado à direita.
conjunto de ações de usuários, como realizar cliques com o mou- (B) O texto é copiado para área de transferência
se e utilizar-se de atalhos de teclado, que deve ser seguido com o (C) O texto recebe o comando go-back.
fim de realizar o trabalho desejado. Assim, para mover um arqui- (D) O texto fica com a fonte grande.
vo entre partições diferentes do sistema operacional Windows
10, é possível adotar o seguinte conjunto de ações: 6. (PREFEITURA DE SOBRAL/CE - ANALISTA DE INFRAESTRU-
(A) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, TURA - UECE-CEV/2018) Angélica enviou um e-mail para três co-
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição laboradoras, Luíza, Rafaela e Tatiana, tendo preenchido os cam-
de destino e escolher a ação de colar. pos do destinatário da seguinte forma:
(B) Clicar sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse, Para: luiza@email.com.br
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição Cc: rafaela@email.com.br
de destino. Por fim soltar o botão do mouse. Cco: tatiana@email.com.br
(C) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, Assunto: reunião importante
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição
de destino. Por fim soltar o botão do mouse. Todas as três colaboradoras receberam o e-mail de Angélica
(D) Clicar uma vez sobre o arquivo com o botão direito do e o responderam através do comando “Responder a todos”. Con-
mouse e mover o arquivo para a partição de destino. siderando a situação ilustrada, é correto afirmar que:
(E) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, (A) somente Angélica recebeu todas as respostas.
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição (B) Tatiana não recebeu nenhuma das respostas.
de destino e escolher a ação de mover. (C) somente Luíza e Rafaela receberam todas as respostas.
(D) todas receberam as respostas umas das outras.

83
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA
7. (PREFEITURA DE VIDEIRA/SC PSICOPEDAGOGO - SC TREI- 11. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETI-
NAMENTOS/2018) Que tipos de arquivos podem ser abertos VA/2019) São exemplos de dois softwares e um hardware, res-
normalmente com o bloco de notas do Windows 7? pectivamente:
1. Arquivos TXT (A) Placa de vídeo, teclado e mouse.
2. Arquivos DOCX (B) Microsoft Excel, Mozilla Firefox e CPU.
3. Arquivos EXE (C) Internet Explorer, placa-mãe e gravador de DVD.
(D) Webcam, editor de imagem e disco rígido.
Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos.
(A) É correto apenas o item 1. 12. (PREFEITURA DE ÁGUIA BRANCA/ES - TÉCNICO EM INFOR-
(B) São corretos apenas os itens 1 e 2. MÁTICA - IDCAP/2018) Analise o trecho e assinale a alternativa que
(C) São corretos apenas os itens 1 e 3. completa corretamente a lacuna:
(D) São corretos apenas os itens 2 e 3. O _________ é um protocolo da camada de Transporte, não
(E) São corretos os itens 1, 2 e 3. orientado a conexões, não confiável e bem mais simples que o TCP.
(A) SSH.
8. (PREFEITURA DE PINTO BANDEIRA/RS - AUXILIAR DE (B) UDP.
SERVIÇOS GERAIS - OBJETIVA/2019) Sobre a navegação na inter- (C) IP.
net, analisar a sentença abaixo: (D) ISP.
Os acessos a sites de pesquisa e de notícias são geralmente (E) HTTP.
realizados pelo protocolo HTTP, onde as informações trafegam
com o uso de criptografia (1ª parte). O protocolo HTTP não ga- 13. (GHC/RS - PSICÓLOGO - MS CONCURSOS/2018) Dentre
rante que os dados não possam ser interceptados (2ª parte). A os conceitos básicos de rede e internet, analise os itens seguin-
sentença está: tes e assinale a alternativa correta:
(A) Totalmente correta. I- Rede é quando se tem 02 ou mais computadores interliga-
(B) Correta somente em sua 1ª parte. dos com a finalidade de compartilhar informações.
(C) Correta somente em sua 2ª parte. II- Internet é chamada de Rede mundial porque as diversas
(D) Totalmente incorreta. redes interconectadas de computadores estão “espalhadas”
pelo mundo todo.
9. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - TÉCNICO EM IN- III- Os requisitos básicos para se acessar a rede mundial são
FORMÁTICA - COTEC/2020) Os softwares antivírus são comu-
utilizar o TCP/IP e ter um endereço IP válido.
mente utilizados para proteger os sistemas de ameaças e poten-
IV- No protocolo de comunicação, estão definidas todas as
ciais softwares malintencionados (conhecidos por malwares).
regras necessárias para que o computador de destino “entenda”
Alguns usuários de computadores chegam a instalar mais de um
as informações no formato que foram enviadas pelo computador
antivírus na mesma máquina para sua proteção. Verifique o que
de origem.
pode ocorrer no caso da instalação de mais de um antivírus:
I - Um antivírus pode identificar o outro antivírus como sen-
(A) Somente os itens III e IV estão corretos.
do uma possível ameaça.
(B) Somente o item III está correto.
II - Vai ocasionar um uso excessivo de processamento na
(C) Somente o item II está correto.
CPU do computador.
III - Apesar de alguns inconvenientes, há um acréscimo do (D) Todos os itens estão corretos.
nível de segurança. (E) Somente os itens I, II e IV estão corretos.
IV - Instabilidades e incompatibilidades podem fazer com
que vulnerabilidades se apresentem. 14. (CÂMARA DE QUITANDINHA/PR - AUXILIAR ADMINIS-
TRATIVO - NC-UFPR/2018) É um periférico de entrada respon-
Estão CORRETAS as afirmativas: sável por digitalizar imagens, fotos e textos impressos para o
(A) I, II e IV, apenas. computador:
(B) I, III e IV, apenas. (A) CD-ROM.
(C) II e III, apenas. (B) Escaner.
(D) II e IV, apenas. (C) Fax.
(E) II, III e IV, apenas. (D) Modem.
(E) Ploter.
10. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETI-
VA/2019) Para que a segurança da informação seja efetiva, é 15. (SUAPE - ADVOGADO - UPENET/IAUPE) O gerente de
necessário que os serviços disponibilizados e as comunicações uma equipe encarrega um funcionário de digitalizar uma série
realizadas garantam alguns requisitos básicos de segurança. So- de documentos, contendo cada um somente textos digitados em
bre esses requisitos, assinalar a alternativa CORRETA: antigas máquinas de escrever. O tipo de equipamento e classe de
(A) Repúdio de ações realizadas, integridade, monitoramen- software que permitem proceder esta digitalização de tal forma
to e irretratabilidade. que o documento digitalizado possa ser editado, por exemplo,
(B) Protocolos abertos, publicidade de informação, inciden- no Microsoft Word, são respectivamente:
tes e segurança física. (A) Scanner e ADR (“Automatic Document Reader”)
(C) Confidencialidade, integridade, disponibilidade e auten- (B) Scanner e OCR (“Optical Character Recognition”)
ticação. (C) Scanner e FTC (“File to Text Conversor”)
(D) Indisponibilidade, acessibilidade, repúdio de ações reali- (D) Printer e ADR (“Automatic Document Reader”)
zadas e planejamento. (E) Printer e OCR (“Optical Character Recognition”)

84
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 E
3 E ______________________________________________________
4 A
5 A ______________________________________________________
6 B
______________________________________________________
7 A
8 C ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 C
11 B ______________________________________________________
12 B
13 D ______________________________________________________
14 E
______________________________________________________
15 B
______________________________________________________

______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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85
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

1. Aspectos gerais da redação oficial; Redação oficial: características e tipos; Noções básicas de portaria, decreto, ofício, arquivo; . . . . 01
2. Gestão de qualidade: ferramentas e técnicas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. Administração e organização; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4. Apresentação pessoal; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5. Atos e contratos administrativos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
6. Serviços públicos: conceitos, elementos de definição, princípios, classificação; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7. Relações humanas e interpessoais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
8. Atendimento ao público e ao telefone; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
9. Assuntos relacionados à sua área de atuação e ética no trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
10. Organização do local de trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
11. Comportamento no local de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL. REDAÇÃO s. Substantivo


OFICIAL: CARACTERÍSTICAS E TIPOS. NOÇÕES BÁSICAS s.f. Substantivo feminino
DE PORTARIA, DECRETO, OFÍCIO, ARQUIVO s.m. Substantivo masculino
SEI! Sistema Eletrônico de Informações
A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da Re-
pública foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas mudanças sing. Singular
quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o manual foi criado tb. Também
em 1991 e surgiu de uma necessidade de padronizar os protocolos
v. Ver ou verbo
à moderna administração pública. Assim, ele é referência quando
se trata de Redação Oficial em todas as esferas administrativas. v.g. verbi gratia
O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar re- var. pop. Variante popular
gras importantes, quanto aos substantivos de tratamento. Expres-
sões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentíssimo, Vossa A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou ilustríssimo, digno escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
ou digníssimo e respeitável) foram retiradas e substituídas apenas a) alguém que comunique: o serviço público.
por: Senhor (a). Excepciona a nova regra quando o agente público b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do
entender que não foi atendido pelo decreto e exigir o tratamento órgão que comunica.
diferenciado. c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma insti-
tuição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Execu-
A redação oficial é tivo ou dos outros Poderes.
A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações ofi-
ciais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e pre- Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a fina-
cisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade, lidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação
formalidade e padronização e uso da norma padrão da língua por- comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabele-
tuguesa. cem regras para a conduta dos cidadãos, regulam o funcionamento
dos órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em
SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O
mesmo ocorre com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
• Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou
é a de informar com clareza e objetividade.
agramatical
§ Parágrafo Atributos da redação oficial:
adj. adv. Adjunto adverbial • clareza e precisão;
• objetividade;
arc. Arcaico
• concisão;
art.; arts. Artigo; artigos • coesão e coerência;
cf. Confronte • impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
CN Congresso Nacional • uso da norma padrão da língua portuguesa.
Cp. Compare
EM Exposição de Motivos
f.v. Forma verbal
fem. Feminino
ind. Indicativo
ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
masc. Masculino
obj. dir. Objeto direto
obj. ind. Objeto indireto
p. Página
p. us. Pouco usado
pess. Pessoa
pl. Plural
pref. Prefixo
pres. Presente
Res. Resolução do Congresso Nacional
RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
RISF Regimento Interno do Senado Federal

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de


CLAREZA PRECISÃO
modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo
Para a obtenção de clareza, sugere-se: O atributo da precisão literário;
a) utilizar palavras e expressões simples, complementa a clareza • A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na reda-
em seu sentido comum, salvo quando o e caracteriza-se por: ção de um bom texto.
texto versar sobre assunto técnico, hipóte- a) articulação da lin-
se em que se utilizará nomenclatura pró- guagem comum ou O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com
pria da área; técnica para a perfeita agentes públicos federais é “senhor”, independentemente do nível
b) usar frases curtas, bem estruturadas; compreensão da ideia hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
apresentar as orações na ordem direta e veiculada no texto;
evitar intercalações excessivas. Em certas b) manifestação do Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino
ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere- pensamento ou da e para o plural.
-se a adoção da ordem inversa da oração; ideia com as mesmas
c) buscar a uniformidade do tempo ver- palavras, evitando o São formas de tratamento vedadas:
bal em todo o texto; emprego de sinonímia I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
d) não utilizar regionalismos e neologismos; com propósito mera- II - Vossa Senhoria;
e) pontuar adequadamente o texto; mente estilístico; e III - Vossa Magnificência;
f) explicitar o significado da sigla na pri- c) escolha de expres- IV - doutor;
meira referência a ela; e são ou palavra que não V - ilustre ou ilustríssimo;
g) utilizar palavras e expressões em outro confira duplo sentido VI - digno ou digníssimo; e
idioma apenas quando indispensáveis, em ao texto. VII - respeitável.
razão de serem designações ou expressões
de uso já consagrado ou de não terem exata Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos prono-
tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico. mes de tratamento, mediante invocação de normas especiais refe-
rentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato administrativo
deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja erro
é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia prin- na forma de tratamento empregada.
cipal e quais são as secundárias. A objetividade conduz o leitor ao O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú-
contato mais direto com o assunto e com as informações, sem sub- blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome
terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e o
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto nome do destinatário nas hipóteses de:
rude e grosseiro. I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da ad-
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de infor- ministração ser insuficiente para a identificação do destinatário; ou
mações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente público
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve específico.
eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de
reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expe-
inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já dientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela for-
foi dito. ma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atri- -los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam
butos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elemen- o que chamamos de padrão ofício.
tos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência Consistem em partes do documento no padrão ofício:
quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. • Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um do documento, centralizado na área determinada pela formatação.
texto são: No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da República no topo
• Referência (termos que se relacionam a outros necessários à da página; nome do órgão principal; nomes dos órgãos secundá-
sua interpretação); rios, quando necessários, da maior para a menor hierarquia; espa-
• Substituição (colocação de um item lexical no lugar de outro çamento entrelinhas simples (1,0). Os dados do órgão, tais como
ou no lugar de uma oração); endereço, telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto); eletrônico oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
• Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, perío- do documento, centralizados.
dos ou parágrafos).
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço pú- • Identificação do expediente:
blico e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com
Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não de- todas as letras maiúsculas;
vem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal. b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”,
As comunicações administrativas devem ser sempre formais, padronizada como Nº;
isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido tanto para as c) informações do documento: número, ano (com quatro dí-
comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais gitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da menor
documentos impressos. Recomendações: para a maior hierarquia, separados por barra (/);
• A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra d) alinhamento: à margem esquerda da página.
a sua simplicidade;

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

• Local e data: • Texto:


a) composição: local e data do documento;
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o NOS CASOS EM QUE QUANDO FOREM USADOS
documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da uni- NÃO SEJA USADO PARA PARA ENCAMINHAMENTO
dade da federação depois do nome da cidade; ENCAMINHAMENTO DE DOCUMENTOS, A
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do DE DOCUMENTOS, O ESTRUTURA É MODIFICADA:
mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se EXPEDIENTE DEVE CONTER
deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês; A SEGUINTE ESTRUTURA:
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; a) introdução: em que é a) introdução: deve iniciar com
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem apresentado o objetivo da referência ao expediente que
direita da página. comunicação. Evite o uso das solicitou o encaminhamento.
formas: Tenho a honra de, Se a remessa do documento
• Endereçamento: O endereçamento é a parte do documento Tenho o prazer de, Cumpre-me não tiver sido solicitada, deve
que informa quem receberá o expediente. Nele deverão constar : informar que. Prefira empregar iniciar com a informação do
a) vocativo; a forma direta: Informo, motivo da comunicação, que
b) nome: nome do destinatário do expediente; Solicito, Comunico; é encaminhar, indicando a
c) cargo: cargo do destinatário do expediente; b) desenvolvimento: em que o seguir os dados completos
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, assunto é detalhado; se o texto do documento encaminhado
dividido em duas linhas: primeira linha: informação de localidade/ contiver mais de uma ideia (tipo, data, origem ou
logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, sobre o assunto, elas devem signatário e assunto de que se
informação do setor; segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede- ser tratadas em parágrafos trata) e a razão pela qual está
ração, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e distintos, o que confere maior sendo encaminhado;
unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou clareza à exposição; e b) desenvolvimento: se o autor
pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obriga- c) conclusão: em que é da comunicação desejar fazer
tória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da afirmada a posição sobre o algum comentário a respeito
cidade/unidade da federação; assunto. do documento que encaminha,
e) alinhamento: à margem esquerda da página. poderá acrescentar parágrafos
de desenvolvimento. Caso
• Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata contrário, não há parágrafos
o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguinte de desenvolvimento em
maneira: expediente usado para
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o encaminhamento de
conteúdo do documento, seguida de dois-pontos; documentos.
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do
documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve utili- Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento
zar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras; deve ser formatado da seguinte maneira:
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o títu- a) alinhamento: justificado;
lo, deve ser destacado em negrito; b) espaçamento entre linhas: simples;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
e) alinhamento: à margem esquerda da página. cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento
tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se
numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos;
citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: tamanho
10 pontos.
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas,
pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.

• Fechos para comunicações: O fecho das comunicações ofi-


ciais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar
o destinatário.
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, in-
clusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia infe-
rior ou demais casos: Atenciosamente,

• Identificação do signatário: Excluídas as comunicações assi-


nadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações
oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em le-
tras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome do
signatário;

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigi-


do apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centra-
lizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar
a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigató-


ria apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser
centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm
da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Quanto a formatação e apresentação, os documentos do pa-


drão ofício devem obedecer à seguinte forma:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da mar-
gem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode
ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens es-
querda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares
(margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em pa-
pel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para
gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o
negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinhado,
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
outra forma de formatação que afete a sobriedade e a padroniza-
ção do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafa-
das em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos
elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve
ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa ser
lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no servi-
ço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos
arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do docu-
mento + número do documento + ano do documento (com 4 dígi-
tos) + palavras-chaves do conteúdo.

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com


algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão en-
via o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A sigla na
epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um
órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um único
órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epí-
grafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para
mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes cons-
tarão na epígrafe.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o
órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes dos pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de
órgãos que receberão o expediente. parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
Exposição de motivos (EM) e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinha-
É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice- dos à margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados
Presidente para: pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signa-
a) propor alguma medida; tário.
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informa-lo de determinado assunto. A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática
comum, não só em âmbito privado, mas também na administra-
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos.
por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado en- Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endere-
volva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada ço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documen-
de interministerial. Independentemente de ser uma EM com ape- to oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de
nas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como en-
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve
dentro de um mesmo ano civil. ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunica- sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo
ção dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além disso, custo e celeridade, transformou-se na principal forma de envio e
pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacio- recebimento de documentos na administração pública.
nal ou ao Poder Judiciário. Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para
(Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a re- que possa ser aceito como documento original, é necessário existir
dação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a ge- certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo
rência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatá-
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
rio são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome
certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; con-
do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurí-
tudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do
dico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os ato por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico re-
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas conhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda
sobre fato da administração pública; para expor o plano de gover- os parâmetros da ICP-Brasil.
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensa-
suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que gem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico pos-
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação. sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata;
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi- quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na cai-
nal. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso xa do correio eletrônico.
Nacional têm as seguintes finalidades: O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma sau-
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, dação. Quando endereçado para outras instituições, para recepto-
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os res desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo
que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, or- conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Se-
çamentos anuais e créditos adicionais. nhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada
b) Encaminhamento de medida provisória. Senhora”.
c) Indicação de autoridades.
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais.
te da República se ausentarem do país por mais de 15 dias. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, ape-
concessão de emissoras de rádio e TV. sar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. devem ser utilizados em e-mails profissionais.
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa. Sugere-se que todas as instituições da administração pública
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
i) Comunicação de veto.
deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o tele-
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Apreciação
fone do remetente.
de intervenção federal.
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de
As mensagens contêm:
a) brasão: timbre em relevo branco; diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o
margem esquerda, no início do texto; conteúdo do anexo.

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de documento
ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em formato que possa ser editado.
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Muitas
vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência particular
seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial ou de um ato
normativo. Assim, toda revisão que se faça em determinado documento ou expediente deve sempre levar em conta também a correção
ortográfica.

HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


Emprega-se itálico em:
a) títulos de publicações
O hífen é um sinal usado para:
As aspas têm os seguintes (livros, revistas, jornais,
a) ligar os elementos de
empregos: periódicos etc.) ou títulos de
palavras compostas: vice-
a) antes e depois de uma congressos, conferências,
ministro;
citação textual direta, quando slogans, lemas sem o uso de Usa-se o negrito para realce
b) para unir pronomes átonos
esta tem até três linhas, sem aspas (com inicial maiúscula de palavras e trechos. Deve-se
a verbos: agradeceu-lhe; e
utilizar itálico; em todas as palavras, exceto evitar o uso de sublinhado para
c) para, no final de uma
b) quando necessário, para nas de ligação); realçar palavras e trechos em
linha, indicar a separação
diferenciar títulos, termos b) palavras e as expressões comunicações oficiais.
das sílabas de uma palavra
técnicos, expressões fixas, em latim ou em outras
em duas partes (a chamada
definições, exemplificações e línguas estrangeiras não
translineação): com-/parar,
assemelhados. incorporadas ao uso comum
gover-/no.
na língua portuguesa ou não
aportuguesadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Os parênteses são empregados para intercalar, em um texto, Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos,
explicações, indicações, comentários, observações, como por serão adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Elaboração
exemplo, indicar uma data, uma referência bibliográfica, uma de Textos da Consultoria Legislativa do Senado Federal (1999), em
sigla. que:
O travessão, que é representado graficamente por um hífen a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um
prolongado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos. título; e
b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sílabas
ou partes dos vocábulos de um título.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o
pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito da
oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas
vezes dificulta a compreensão.
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que dependem.
Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos
verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e concordância verbal.

CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA NOMINAL


O verbo concorda com seu Adjetivos (nomes ou
sujeito em pessoa e número. pronomes), artigos e numerais
concordam em gênero e
número com os substantivos
de que dependem.

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordi- Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo
nação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de depen- utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias
dência que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para
rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o
ou subordinantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite
regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que em deixar o texto como está.
lhes completam o sentido. É importante lembrar que o idioma está em constante muta-
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as se- ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da
guintes finalidades: política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na lei- palavras e de formas de dizer.
tura; A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações,
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o au- nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula-
tor, devem merecer destaque; e res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi-
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades. tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de
uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar.
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto pu-
entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na ora- rismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às cria-
ção, quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa es- ções vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez
truturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É também do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a criação de
usado em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer. inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a ve-
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, locidade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar
marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um re- o estrangeirismo de forma consciente, buscar o equivalente portu-
sumo ou uma consequência do que se afirmou. guês quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, da Língua Portuguesa.
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega-
O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo
admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geralmente desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in-
restrito aos discursos e às peças de retórica. corporação acrítica do estrangeirismo.
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- • A homonímia é a designação geral para os casos em que pa-
cunstâncias: lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta)
próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se re- e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo
dige. (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente es- verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess. Do
tiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem. sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente.
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; em que são empregados.
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passa- • Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com
do mais longínquo, ou histórico. palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro-
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de
ainda será mencionado; descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri-
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto; gir) e ratificar (confirmar).
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencio-
nada no texto. No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa
de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de
A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social
e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses complexos
são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada pa- objetivos da norma jurídica são expressos nas funções:
lavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefi- I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com-
xos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da
que se apresenta. vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais);
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização,
oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determina- de definição e de distribuição de competências;
da expressão com determinado sentido. O emprego de expressões III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí-
ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao trio ao vincular os próprios órgãos do Estado;
sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais de- IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar
vam limitar-se à repetição de chavões e de clichês. condutas por meio de modelos;
V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem ju-
rídica e no plano social.
Requisitos da elaboração normativa:
• Clareza e determinação da norma;
• Princípio da reserva legal;

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

• Reserva legal qualificada (algumas providências sejam prece- O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en-
didas de específica autorização legislativa, vinculada à determinada tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor-
situação ou destinada a atingir determinado objetivo); mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração
• Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e admi- normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências
nistrativo; produzidas pelo novo ato normativo.
• Princípio da proporcionalidade; É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um
• Densidade da norma (a previsão legal contenha uma discipli- espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia
na suficientemente concreta); interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção
• Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coi- no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização expressa
sa julgada; uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às
• Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, se- exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem
jam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete apre- uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na aplicação do
ender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido). Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática
interna (compatibilidade teleológica e ausência de contradição ló-
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro- gica) e sistemática externa (estrutura da lei).
cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo Regras básicas a serem observadas para a sistematização do
legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estruturação:
tomada da decisão legislativa. a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es- em um mesmo contexto ou agrupamento;
sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden- b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem
tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma- cronológica, se possível;
nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir
especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa. d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
A análise da situação questionada deve contemplar as causas
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou
• O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa
contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter
ao ato normativo que está sendo alterado.
influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen-
• Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que
tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha ponti-
leis antigas, mudanças de concepção etc. lhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve- alteração do trecho do artigo.
-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro-
vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hi-
fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte- pótese de o texto publicado não corresponder ao original assina-
riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que do pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo
efetivamente pretende. de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou,
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade.
e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de re-
escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem publicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos
contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado
as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá
vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e ser considerado inválido com efeitos retroativos.
simplesmente, a preservação do status quo. Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha
imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati- lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autori-
va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas dades envolvidas e, em muitos casos, é menos conveniente do que
existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas a mera alteração da norma.
para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador, A correção de erro material que não afete a substância do ato
como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis- singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de-
lativa. nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno-
Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem- minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve-
-se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos de
niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas
vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná-
por meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor
lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; b)
de recurso humanos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa
De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de critérios
nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário.
de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados
mostram-se adequados a produzir as consequências desejadas. De- Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apos-
vem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais tilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimento de-
efeitos colaterais negativos. corrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou funda-
ção pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos quais a
essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham
sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárqui-

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

co, transformação de atribuição de assessoramento em atribuição A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é
de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legislati-
com outras competências. Também deve-se alertar para o fato que vas.
a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra
alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda.
entrada em vigor de seu decreto. Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for
A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen- de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular
tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis- também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por
lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto; meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos
a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato. Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo. A apresen-
A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra, tação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa re-
normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normal- servada é autorizada, desde que não implique aumento de despesa
mente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas con- e que tenha estrita pertinência temática.
têm, não raramente, normas singulares (lei formal ou ato normati- A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro-
vo de efeitos concretos). jeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatíveis com
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a ri-
o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem
gidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a re-
indicar os recursos necessários, sendo admitidos apenas aqueles
vogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a
provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a propo-
instituição de lei complementar, o constituinte buscou resguardar
situra de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que
determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas,
sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modifi- não guardem compatibilidade com o plano plurianual.
cação. A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas
de cada uma das Casas do Congresso Nacional. do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje-
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre- to nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo
sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le- qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de
gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão da von-
dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é ato normativo tade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a
com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República formação da lei.
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san-
de competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a pro- ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei.
ver as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de Dois são os fundamentos para a recusa de sanção:
modo expresso ou implícito, na lei. a) inconstitucionalidade; ou
• Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos po- b) contrariedade ao interesse público.
dem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, decretos
referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desa- O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15
propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de perda de dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica-
nacionalidade, etc.). do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi-
• Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares são ção. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser
atos normativos subordinados ou secundários. superado por deliberação do Congresso Nacional.
• Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organização A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da
e funcionamento da administração pública federal, quando não im- eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente da
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos pú- República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decor-
blicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. rido da sanção ou da superação do veto. Nesse último caso, se o
Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Pre-
Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autori-
sidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas
dades expedem instruções sobre a organização e o funcionamento
para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do
de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua compe-
Senado Federal, em prazo idêntico.
tência.
O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis-
propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de- posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um
legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais, lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obri-
das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções. gatoriedade (45 dias).
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati- Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e comple-
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons- mentares.
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias, b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento
privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a deli-
reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu- beração terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comissões
lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o Permanentes.
Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio- c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas
nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual, regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de conferir
lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual). urgência a certas proposições.

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Ca- Aquela ideia de uma carga de subjetividade que toca no reco-
sas do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação nhecimento, valorização e integração do indivíduo pela organiza-
instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação. ção, sendo ela a responsável e detentora das condições de modifi-
e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento le- car, influenciar e aprimorar as coisas, as relações e os processos de
gislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresentação trabalho permite uma abordagem epistemológica desse modelo de
das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senadores. Ex. gestão da qualidade considerando suas relações com o indivíduo
para leis financeiras e delegadas. que participa, fazendo uma reflexão dos pensamentos de Drucker
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, (da escola neoclássica da administração) e de Edgar Schein (da psi-
englobam-se dois ritos distintos com características próprias, um cologia organizacional).
destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de có-
digos. As organizações e o indivíduo participante
Se as organizações aplicam mudanças nos tipos de gestão, na
atitude administrativa e na compreensão de um novo perfil de indi-
víduo trabalhador amplamente manifestadas pelo neoclassicismo
GESTÃO DE QUALIDADE: FERRAMENTAS E TÉCNICAS da escola científica da administração é porque o indivíduo continua
sendo uma base fundamental para o desenvolvimento das organi-
Gestão da qualidade zações.
A gestão da qualidade nas organizações como um processo Para Peter Drucker a história do êxito das organizações é a his-
participativo entre dirigentes das organizações e trabalhadores tória do êxito da gerência. Os novos pressupostos gerenciais esta-
tem relação com alguns acontecimentos posteriores à 2a Guerra, belecem: um novo perfil de trabalhador nas organizações, colocan-
no Japão. A reconstrução do Japão pelos aliados pavimentou as do em aplicação o que aprende durante uma educação sistemática
condições para o desenvolvimento de uma nova atitude adminis- e não apenas a sua habilidade manual ou seus músculos; um admi-
nistrador com a função de tornar produtivos os recursos humanos,
trativa flexível à maior participação dos indivíduos que trabalham
fazendo com que as pessoas trabalhem em conjunto, unindo as ha-
nas organizações.
bilidades e conhecimentos de cada indivíduo para um fim comum;
Tornava-se necessário um novo projeto que assegurasse a re-
uma atitude administrativa constante e crescente de utilização das
construção do país. A reorganização social do mundo do trabalho
aptidões de todos os empregados (DRUCKER, 1971, 1970, 1964).
foi o caminho escolhido para atender às exigências da sociedade
A junção desse novo perfil de trabalhador, de administrador e
japonesa. Os grandes especialistas americanos de qualidade contri-
dessa atitude administrativa vai estabelecendo uma nova relação
buíram como consultores para o aperfeiçoamento da qualidade na
do indivíduo com a organização que trabalha. A organização espera
produção industrial japonesa. A partir de William Edwards Deming,
mais do trabalhador: suas aptidões, habilidades e sua subjetividade
a qualidade se alastra no mundo, abrindo espaço para abordagens – a realização de suas aspirações e reconhecimento pelo trabalho.
de planejamento, da produção com erro-zero e do controle da qua- A oportunidade de participar mais, de trazer com isso uma
lidade. Taichiro Ohno, engenheiro-chefe da Toyota, empreendeu mudança positiva para a organização, de obter reconhecimento e
esse novo modo de produção aproveitando o máximo da capaci- realização é de alguém que deseja e necessita pertencer e estar
dade produtiva do indivíduo e introduzindo outras formas de apro- integrado, que sente a possibilidade de realizar-se e de sentir-se
priação do indivíduo pela produção capitalista. Surge o toyotismo: valorizado e amado: um indivíduo. Todavia, é preciso compreender
[…] Seu primeiro passo foi agrupar os trabalhadores em equi- que esse desejo de participar, essa necessidade de pertencer apon-
pes, com um líder de equipe no lugar do supervisor. Cada equipe ta para uma individualidade que não é parte da organização, não
era responsável por um conjunto de etapas de montagem e uma pertence a ela. Há um universo de compreensões, sentimentos e
parte da linha, e se pedia que trabalhassem em grupo, executando expectativas do indivíduo distintos dos da organização.
o melhor possível as operações necessárias. O líder da equipe, além É um movimento de necessidades e desejos do indivíduo e as
de coordená-la, realizava tarefas de montagem; particularmente, necessidades e desejos da organização. A perspectiva da organiza-
substituía trabalhadores eventualmente faltantes – conceitos esses ção e de seus dirigentes e a dos indivíduos que nela trabalham.
inéditos nas fábricas de produção em massa. (WOMACK, 1992, p. O conceito de contrato psicológico apresentado por Edgar
47). Shein (1982, p. 18) estabelece quais as relações que permeiam esse
A atitude administrativa de maior utilização possível das ap- movimento: “A idéia de um contrato psicológico denota que há um
tidões de todos os empregados fez Ohno atribuir aos indivíduos conjunto não explícito de expectativas atuando em todos os mo-
novas funções relacionadas com o controle de qualidade. Era reser- mentos entre todos os membros de uma organização e os diversos
vado um horário em que, regularmente, a equipe sugeria aos admi- dirigentes e outras pessoas dessa organização.” A organização e
nistradores um conjunto de medidas para melhorar os processos seus dirigentes cuidam dos interesses institucionais, estabelecendo
de trabalho, surgindo, assim, o Círculo de Controle da Qualidade objetivos, diretrizes e tomando decisões que afetam os indivíduos
(CCQ). que ali trabalham. As expectativas do indivíduo têm relação com as-
O estabelecimento desse círculo envolvia estudos e aprimo- pectos objetivos, como salários ou vencimentos, horas de trabalho,
ramento do conhecimento dos trabalhadores na solução de pro- benefícios, etc. e aspectos subjetivos, ligados ao íntimo do indiví-
blemas a serem enfrentados nos processos de trabalho e também duo que envolvem o senso de dignidade e valor da pessoa.
os problemas enfrentados pela própria empresa, inflacionando o Nas expectativas da organização o comprometimento do indi-
acúmulo de responsabilidades do trabalhador e criando uma via víduo deve ser primeiramente com a organização em detrimento
de apropriação de aptidões e capacidades antes não exploradas de sua individualidade.
pela empresa. A participação nesses círculos servia como critério A organização também tem certas expectativas implícitas mais
de promoção e seleção dos trabalhadores para possíveis cargos na sutis, por exemplo, de que o empregado melhorará a imagem da
gerência. A adesão não era voluntária pelos indivíduos no CCQ e, organização, será leal, manterá os segredos da organização e tudo
também, não era voluntária a decisão pelas equipes de utilizar essa fará em prol dela [isto é, sempre terá elevado nível de motivação e
técnica gerencial no enfrentamento dos problemas. disposição de se sacrificar pela organização]. (SCHEIN, 1982, p. 19).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Na disposição do indivíduo participante, o modelo de gestão da destinado a institucionalizar a relação de submissão.” A organiza-
qualidade elogia essa atitude que interessa à produtividade e lucro ção ganha uma identidade e proclama aos indivíduos, por intermé-
das organizações capitalistas e subverte as diferentes expectativas dio da gestão da qualidade, um autoconceito de missão (razão de
do contrato psicológico, apresentando as expectativas do indivíduo sua existência, o seu fim último, o seu papel na sociedade – quem
como sendo as suas expectativas em relação ao indivíduo. Entre- é a organização), visão de futuro (o que a organização quer ser
tanto, os conceitos amplamente estimulados e valorizados da exce- quando crescer – quem será a organização) e valores (os princípios
lência, do “fazer certo o que é certo desde a primeira vez”, o “erro e normas da organização). Não significam apenas conceitos sobre
zero” ou “zero-defeito”, a obrigação de ser forte, a certeza do êxito a organização, mas um autoconceito da organização pela organi-
sempre, o adaptar-se sempre, a necessidade de um desafio como zação. A gestão da qualidade declara o alinhamento da missão de
estímulo e motivo sempre, a constância de propósitos, a internali- vida do indivíduo com a missão da organização, um sobrepor da vi-
zação da cultura organizacional são valores do modelo de gestão são individual de tempo e futuro com a visão de tempo e futuro da
da qualidade total que estabelecem um controle social, um insti- organização e a aceitação dos valores da organização como sendo
tuto que assegura a harmonia entre as expectativas do indivíduo e seus valores individuais.
aquelas da organização. A discordância do indivíduo nesse processo é estranhada pela
O indivíduo participante digere esses ideais, ajusta-se a essa organização; compreende uma atitude inadequada que poderá
lógica, sujeita-se a padrões de comportamento que o levam a re- desfigurar a imagem que a organização tem do indivíduo, porque
nunciar sua autonomia. É a desconstrução de sua individualidade. este “eu” tem uma identidade própria estranha a uma cultura onde
os papéis estão definidos. Não há espaço para o “eu próprio”, mas
apenas para o “eu adaptável” à organização. Para evitar conflitos,
Gestão da qualidade nas organizações e a desconstrução da
o indivíduo submete-se a compreensões “prontas” da realidade e
individualidade
passa a estabelecer padrões de conduta que aliviem as tensões de
Os modos de gestão das organizações capitalistas têm como
uma contradição entre o “eu próprio” e o “autoconceito” da orga-
característica e fundamento uma abordagem funcionalista. Os mo- nização.
delos de Taylor, Ford, Fayol, Deming, Ohno sempre primaram pelas
operações – a tarefa é o movimento do indivíduo e nela se concen- O discurso da qualidade como prática organizacional
tra seu comportamento. No decorrer do século XX, a progressiva atenção dedicada à
A história das organizações tem ideais de um novo indivíduo, linguagem nas ciências humanas e sociais favoreceu uma nova con-
de um administrador com a função de unir, dispor, estimular, indu- cepção de realidade, da natureza do conhecimento e da concepção
zir, propor, maximizar as capacidades humanas e de uma atitude de linguagem. A linguagem passa a ser instrumento para criar acon-
administrativa de uso dessas capacidades para os interesses da or- tecimentos. É centrada nas relações do cotidiano. É uma forma de
ganização. Serão abordados três aspectos da gestão da qualidade ação no mundo. É uma prática discursiva.
como afirmação de um contrato psicológico com o indivíduo-tra- A linguagem é possibilidade de configurar a realidade na me-
balhador que subvertem sua individualidade com aquela ideia de dida em que é uma prática que provoca efeitos. Tem como função
harmonia ou de igualdades de expectativas entre organização/indi- empreender e executar ações e não somente descrever o mun-
víduo: a cultura da qualidade e os vínculos que se estabelecem en- do. Assim, a linguagem é compreendida como ação (MELLO et al.,
tre indivíduo e organização; o discurso da qualidade como prática 2007, p. 26-32).
organizacional; autorrealização do indivíduo, trabalho e o modelo A gestão da qualidade utiliza o discurso nas organizações como
da qualidade. prática de construção do novo. Esse discurso é encontrado na for-
ma escrita (manuais da qualidade, a difusão da missão, visão e valo-
A CULTURA DA QUALIDADE E OS VÍNCULOS QUE SE ESTABE- res da organização em documentos oficiais, expositores e locais de
LECEM ENTRE INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO convivência), falada (oficinas, encontros, seminários e reuniões) e
Uma leitura da psicologia das organizações acerca da cultura nas imagens veiculadas internamente na organização (símbolos da
da qualidade aponta para uma crítica à institucionalização da ação qualidade, fotos de personalidades ilustres apresentadas na orga-
do indivíduo, visando garantir aquela harmonia organização/indi- nização como apoiadores da qualidade, etc.).
víduo. A socialização é vista como uma aprendizagem de papéis a É um discurso que flui como convocação ao indivíduo, sendo a
serem desempenhados no sistema em vigor. gestão da qualidade o meio de produção e reprodução da prática
discursiva. É, portanto, um discurso ideológico da organização que
Deming (1990, p. 263) destaca que o desenvolvimento das pes-
conclama os indivíduos a construírem uma realidade essencializan-
soas numa cultura de qualidade é responsabilidade privativa da or-
te do perfeito, da qualidade total, da única e verdadeira gestão.
ganização : “[…] o recrutamento, o treinamento, a chefia e o apoio
Contudo, o discurso da qualidade total esconde sua forma de um
aos operários da produção do sistema de produção. Quem poderia
sistema de produção que se apropria do indivíduo com a roupagem
ser responsável por essas atividades se não a administração de pro- de participativo e descentralizado.
dução?” Cada indivíduo deve saber o que se espera dele no desem- O oxigênio que se respira no discurso da qualidade é o da or-
penho de um papel e também o que ele pode e deve esperar dos ganização perfeita a priori. Os objetivos de aplicação do modelo
outros indivíduos. Quanto mais o indivíduo se adapta ao sistema (BRASIL, 2008/2009) estão expostos nos seus manuais: avaliar a
tanto mais melhora seu desempenho, adquirindo, assim, uma iden- qualidade do sistema de gestão da organização e promover o aper-
tidade nessa organização. feiçoamento e o aprendizado contínuo a partir das práticas de ges-
É um projeto de controle e previsão do comportamento huma- tão.
no com propósitos de adaptá-lo ao meio, àquilo que está fora dele, Esse avaliar é a avaliação da aplicação do método, do modelo.
além dele (FIGUEIREDO, 1989, p. 100-103). Fora dele e além dele é Mas de forma alguma será a avaliação crítica do método, do mode-
a organização. Faria e Oliveira (2007, p. 199) destacam que “[...] as lo. Os critérios de avaliação estão previamente definidos: liderança;
novas tecnologias industriais revelaram-se ambiciosas estratégias planejamento ou estratégias e planos; foco no cliente ou cidadãos;
de dominação da alma humana e a organização foi reduzida a um sociedade; informação e conhecimento; pessoas; processos e re-
sistema politico-econômico, sociocultural e simbólico-imaginário sultados institucionais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

O Modelo de Gestão da qualidade traz a “explicação ideal” do que significa Gestão Excelente. É a construção de uma versão de de-
terminada realidade. A concepção da linguagem como “amo do sujeito” tem força maior em um projeto assim. As pessoas e seus grupos
recebem o modelo de gestão como algo universalmente testado e aprovado, como uma realidade ideal que existia em outro lugar e não se
sabia disso, como algo que a partir dali vai ressignificar todas as coisas e como se o passado vivido da organização tivesse sido uma grande
alucinação. Esse discurso é uma prática que transforma o autoconceito. Uma realidade ideal conquistada coletivamente e importante
para todos é uma versão negociada e construída da organização e tem efeitos no indivíduo.

Se a questão da prática discursiva da gestão da qualidade não revela “a sua outra face”, há no discurso outra intenção. Há um jogo
em curso. Foucault (2007, p. 20) analisa assim a situação: “[…] se o discurso verdadeiro não é mais, com efeito, desde os gregos, aquele
que responde ao desejo ou aquele que exerce o poder, na vontade de verdade, na vontade de dizer esse discurso verdadeiro, o que está
em jogo, senão o desejo e o poder?” A prática discursiva da gestão da qualidade serve aos interesses de um poder constituído, de um que
domina sobre os demais na organização e que tem o desejo de que os indivíduos apoiem seus objetivos na e pela organização. O discurso
da qualidade reúne alguns instrumentos de controle da organização sobre o indivíduo, desconstruindo sua individualidade.

Autorrealização do indivíduo, trabalho e o modelo da qualidade


A teoria liberal destaca uma sociedade com oportunidades iguais de ascensão, felicidade e prosperidade parecendo estar presente
uma autonomia do indivíduo como construtor de seu futuro. Essa conduta liberal da sociedade capitalista lançou a base para uma autor-
realização do indivíduo. O interesse individual é apresentado como a mola propulsora dos sistemas baseados na livre iniciativa. Defende
que os indivíduos, por procurarem seus próprios interesses, agem por fim em benefício da própria sociedade. Assim, as condições políticas
de legitimação da acumulação pela via do individualismo e da livre iniciativa são consumadas. A individualidade foi reduzida a um mero
instrumento produtivo.
Se os vínculos que se estabelecem entre indivíduo e a organização na cultura da qualidade e suas práticas discursivas subvertem a
individualidade, uma posição passiva do indivíduo diante das formas de dominação sociais pode indicar o triunfo de uma revolução contra
si mesmo. Essa subversão apresenta-se de forma sutil, mas sempre de forma intencional pela organização e, geralmente, não percebida
pelo indivíduo.
O mais importante é a atitude do indivíduo consigo. O reducionismo de que todas as necessidades pessoais serão satisfeitas a partir
e somente pelo trabalho podem abrir um caminho de aceitação de modelos de gestão das organizações sem a necessária crítica e auto-
nomia frente a eles.
As ideias de Maslow sobre as necessidades humanas (fisiológicas, segurança, sociais, de estima e autorrealização) e as de Drucker
sobre a organização como viabilizadora das condições ideais para a satisfação dessas necessidades pode tornar mais severo o controle do
comportamento do indivíduo pela organização:
O administrador precisa, de fato, supor com a Teoria Y (Maslow), que existe no mínimo um número considerável de pessoas na força
de trabalho que busca realização. [...] O administrador precisa ainda aceitar como sua tarefa tornar o trabalhador e suas atividades plenas
de realização. (DRUCKER, 1981, p. 321).
O humanismo na gestão das organizações apontou para várias frentes de mudança nas condições de trabalho. A escola comporta-
mental da administração e a humanista da psicologia receberam valiosas contribuições dos estudos de Maslow. Entretanto, as implicações
de uma gestão com foco na autorrealização dos indivíduos que trabalham em uma organização têm outras variáveis:
Na teoria da auto-realização, o contrato envolve a troca de oportunidade de obter recompensas intrínsecas (satisfação pela realização
e uso das capacidades próprias) pelo desempenho de alta qualidade e pela criatividade. Isso, por definição, cria um envolvimento moral,
e não um envolvimento calculista, e, dessa maneira, libera um maior potencial de dedicação aos objetivos da organização e um maior
esforço criador desses objetivos [...] de modo dependente e submisso. (SCHEIN, 1982, p. 55, grifo nosso).
A base da gestão pela qualidade é ser uma gestão participativa que convida o indivíduo a usar de suas habilidades, seu pensamento
planejador e de sua subjetividade por outro caminho: o da cooperação “voluntária”. As concepções mais aceitas e investigadas sobre o
comprometimento dos indivíduos na organização tem sido consideradas (afetiva, calculativa e normativa) em outros estudos (GOMIDE
JÚNIOR; SIQUEIRA, 2004). Esse comprometimento reúne atitudes individuais com base afetiva (sentimentos e afetos) e base cognitiva
(crenças sobre o papel social dos envolvidos em uma relação de troca econômica e social). A organização espera que o indivíduo tenha o
desejo de participar e compreenda a importância de sua participação.
Entretanto, as pesquisas sobre comprometimento organizacional descrevem as bases psicológicas que sustentam o comprometi-
mento dos indivíduos relacionando-o com estados psicológicos de desejo, obrigação ou necessidade de permanecer, de participar, de
pertencer à organização, conforme o Quadro 1 (FEITOSA, 2008; DEMO, 2003; REGO, 2003).1

Participa na implementação
Categorias Caracterização Estado psicológico
porque
Grau em que o indivíduo se sente
Afetiva emocionalmente ligado à organização e ... sente que quer participar Desejo
identificado e envolvido com ela.
Grau em que o indivíduo possui um sentido ... sente que tem o dever de
Normativa Obrigação
de obrigação (ou dever moral) de participar. participar

1Fonte: www.repositorio.ufc.br - Por Gustavo Pucci Schaumann/Antônio Caubi Ribeiro Tupinambá

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Grau em que o indivíduo participa devido ao


reconhecimento dos custos associados com
... sente que tem necessidade de
Calculativa sua não participação. Esse reconhecimento Necessidade
participar
pode advir do sentimento de perda de
recompensas econômicas ou sociais.

Benefícios da gestão da qualidade às empresas


Gerir a qualidade é administrar os processos organizacionais a partir de padrões pré-estabelecidos, corrigindo e implementando
melhorias continuamente.

A atual conjuntura dos mercados, de distintos segmentos, impõe às empresas um padrão de qualidade e capacidade de prover resul-
tados para se destacar em meio a alta competitividade existente, e ser bem sucedida.
A preocupação com a gestão da qualidade é algo que vem evoluindo junto às histórias das organizações, estando mais direcionada
aos produtos e processos inicialmente, e depois voltando sua atenção também aos desejos dos consumidores e às questões internas da
empresa. Dado os diversos aspectos a serem observados para o controle da gestão, foi criado o conceito de um sistema de gestão da
qualidade, ou SGQ, que abrange todas essas questões, planifica e executa as ações necessárias à consecução dos padrões de qualidade.

Sistema de gestão da qualidade


Este instrumento de gestão visa propiciar à organização o controle de todos os seus processos, de forma que um padrão de exce-
lência seja concebido e que as ações dos colaboradores no desempenho de suas atividades não saiam do pré-estabelecido, evitando a
queda da qualidade dos produtos ou serviços, possibilitando uma melhoria contínua e um subsídio de informações à tomada de decisão.
Uma ótima referência de padrões de excelências de qualidade que as empresas buscam alcançar é a NBR ISO 9001. Tal normativa
orienta as empresas a estabelecer seus processos de forma bem definida, podendo acompanhá-los de perto e aprimorá-los constante-
mente. Através dos indicadores de cada processo, e também dos objetivos, informações preciosas à tomada de decisões são geradas e
vão auxiliar os gestores nas ações corretivas, preventivas e de melhorias.
A definição das responsabilidades nos processos, dos indicadores e sua forma de acompanhamento permite à empresa um salto na
sua produtividade: produtos concebidos com o menor custo e no menor tempo possível, evitando-se o retrabalho e alcançando algo de
qualidade que promova a satisfação do cliente.
O sistema de gestão da qualidade aliado à gestão de pessoas vai garantir que a implementação da norma abranja todos os níveis
hierárquicos da empresa, de forma que todos adiram ao novo padrão de qualidade e se comprometam com a melhoria contínua no de-
sempenho. É essencial, também, que a alta administração e os líderes desempenhem o papel de difundir os valores, estimular a mudança
e assegurar o cumprimento dos novos padrões de forma satisfatória e permanente na empresa.

Benefícios de um sistema de gestão da qualidade às empresas


– Maior rentabilidade;
– Maior satisfação dos clientes;
– Maior competitividade da organização;
– Diminuição do retrabalho – menos custos e mais celeridade;
– Maior auto estima e motivação da equipe.
– Incrementos no desenvolvimento de competências e compartilhamento de conhecimentos inerentes às atividades da organiza-
ção, visto que são implementadas as melhores práticas de gestão.2

Qualidade de vida no trabalho - QVT


Quando falamos em organizações, estamos falando em um conjunto composto por indivíduos que buscam desempenhar suas fun-
ções e ter em contrapartida, atendidas suas necessidades, expectativas e desejos.
Na sociedade atual em que vivemos, uma dessas necessidades mais discutidas no momento é o nível de qualidade de vida no âmbito
profissional, ou seja, não é apenas o retorno financeiro que busca o profissional atual. Ele busca um ambiente saudável, que lhe propor-
cione um bem estar no aspecto físico, intelectual, emocional, espiritual e social.
Sim, esse contexto todo atendido proporciona uma qualidade de vida e saúde aos profissionais que traz retorno não somente a eles,
mas principalmente às organizações, isso porque, quando esse conceito é levando em consideração, problemas como falta de autoestima,
baixa motivação, queda de produtividade, ausências, alta rotatividade, e tantas outras posturas que geram um quadro de negatividade
podem ser melhor administrados gerando retornos diretos e indiretos.
Em razão disso, as organizações estão investindo em práticas de boa conduta, de saúde física, mental e emocional, em prevenção, em
campanhas de consciência individual e coletiva, ou seja, estimulando hábitos e estilos de vida que proporcionem maior bem estar entre
todos, aumentando assim a qualidade e a produtividade oferecida pelo profissional, mas também gerando mais satisfação percebida por
esse.
Abaixo relacionamos alguns benefícios percebidos rapidamente quando o conceito de qualidade de vida no ambiente profissional
recebe maior atenção das organizações:
- Aumento de produtividade.
- Profissionais mais presentes, atentos e motivados.
- Melhora nas relações interpessoais
- Diminuição em ocorrências de enfermidades
- Baixa na rotatividade de profissionais
2Fonte: www.ibccoaching.com.br – Por José Roberto Marques

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

- Aumento na disposição Assim, a organização que enfatiza a motivação de seus colabo-


- Melhora no clima organizacional radores apresenta, por conseguinte, maior produtividade e, além
- Aumento no nível de satisfação disso, propicia também ambientes de trabalho mais agradáveis e
- Diminuição no nível de stress melhor qualidade de vida para seus funcionários (ANDRADE, 2012).
- Baixa no nível de acidentes de trabalho Pelo que foi mencionado anteriormente, o presente estudo
- Melhora na imagem da organização tem por objetivo buscar e identificar na literatura científica, artigos
- Aumento na capacidade de desempenho relacionados à qualidade de vida nas organizações e à motivação
dos colaboradores, visando discorrer sobre os fatores que intera-
O aumento da competitividade entre as empresas, ocasionado gem na motivação dos mesmos e sua associação com a qualidade
por inúmeros fatos ocorridos nos últimos anos no cenário mundial, de vida dos funcionários.
dentre eles a própria globalização, tem obrigado as empresas a bus-
car formas para se tornarem mais competitivas. Portanto os inves- Qualidade de Vida nas Organizações
timentos em tecnologia, marketing e qualificação profissional são O principal objetivo da implementação de programas que vi-
cada vez mais importantes, sendo que as máquinas, equipamentos sam oferecer maior qualidade de vida é a reestruturação do setor
e tecnologia têm grande importância no sucesso das empresas. Por produtivo, que possa estabelecer estratégias a fim de atender as
outro lado, as pessoas que trabalham nas organizações são respon- necessidades humanas básicas dos trabalhadores e também, maio-
sáveis por conduzir e produzir estes resultados. Com base nisso, as res eficácia e produtividade.
empresas começam a perceber as pessoas como seu recurso mais Verifica-se que ainda não há uma definição precisa e consen-
valioso, é o que alguns autores denominam de capital humano ou sual, na literatura científica sobre a qualidade de vida no trabalho
intelectual (ODEBRECH e PEDROSO, 2010). (QVT), uma vez que a implementação desse tema em nosso país e
Dentro das organizações, as pessoas são consideradas recur- em nossas instituições ainda é principiante.
sos, isto é, como portadores de habilidades e conhecimentos, que Muitos pesquisadores defendem que a qualidade de vida no
auxiliam no processo produtivo e crescimento empresarial, porém, trabalho pode ser entendida com uma estratégia, cuja “meta prin-
é de extrema importância não esquecer de que essas pessoas são cipal de tal abordagem volta-se para a conciliação dos interesses
humanas, formadas de personalidade, expectativas, objetivos pes- dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em
soais, e possuem necessidades (ANDRADE, 2012). que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade
Para um melhor desenvolvimento das organizações, é preciso da empresa” (FERNANDES, 1996).
que os gestores preocupem-se com as condições de trabalho que De acordo com Werther e Davis (1983), para que uma institui-
oferecem aos seus funcionários, visando proporcionar fatores que ção melhore a qualidade de vida no trabalho de seus colaboradores,
contribuam positivamente nas condições e qualidade de vida dos é necessário reunir esforços para tentar estabelecer cargos mais
trabalhadores (BORTOLOZO e SANTANA, 2011). satisfatórios e produtivos. Para tanto, precisa-se da implementação
Para garantir a qualidade de vida no trabalho, a organização de diferentes técnicas que visem à reformulação dos cargos e fun-
precisa preocupar-se não apenas com o ambiente físico da organi- ções de uma organização, contado também com participação dos
zação, mas também com os aspectos psicológicos e físicos de seus trabalhadores envolvidos nesse processo.
funcionários. Conforme salienta Vieira e Hanashiro (1990), a qualidade de
Alcançar a qualidade de vida é a verdadeira vontade do ser hu- vida no trabalho tem por objetivo melhorar as condições de tra-
mano, que busca tudo que possa proporcionar maior bem estar e o balho e também todas as demais funções, em qualquer que seja a
equilíbrio físico, psíquico e social, ou uma regra para se obter uma natureza ou mesmo, nível hierárquico.
vida mais satisfatória (SUMARIVA e OURIQUES, 2010). Além disso, a QVT atua também nas variáveis ambientais, com-
De acordo com Chiavenato (1999), a qualidade de vida tem se portamentais e organizacionais a fim de possibilitar humanização
tornado um fator de grande importância nas organizações e está do setor produtivo e, logicamente, obter resultados mais satisfató-
diretamente relacionada à maximização do potencial humano, e rios, seja para o colaborador, seja para a instituição empregadora.
isto depende de tão bem as pessoas se sentem trabalhando na or- Assim, espera-se também da QVT, a diminuição do conflito entre o
ganização. Nesse sentido, uma organização que se preocupa e tem trabalhador e o capitalismo (organização).
ações voltadas à qualidade de vida de seus funcionários passará A literatura cientifica traz alguns modelos estruturais referen-
confiança aos mesmos, pois são organizações que se preocupam tes à abordagem da qualidade de vida no trabalho. Tais modelos
com o bem estar, satisfação, segurança, saúde e a motivação de atuam como indicadores da satisfação dos colaboradores com a
seus funcionários (BORTOLOZO e SANTANA, 2011). situação de trabalho bem como abordam também a satisfação dos
Verifica-se também que no atual cenário empresarial e indus- mesmos com suas atividades laborais.
trial, a motivação exerce papel fundamental e primordial para a re- Dentre os vários modelos difundidos na literatura, o mais con-
alização das atividades laborais dentro das organizações, uma vez tundente e abrangente é o que foi proposto por Watson (1973).
que afeta diretamente a qualidade de vida e o comportamento do Para este autor, uma organização é humanizada quando ela atribui
colaborador. Colaborando com essa afirmação, Chiavenato (1999) responsabilidades e autonomia aos seus colaboradores, cujo nível
afirma que o funcionário, quando motivado, tem maior disposição varia de acordo com o cargo, bem como tem enfoque no desen-
e capacidade para desempenhar suas atividades laborais. Assim, volvimento pessoal do indivíduo, proporcionando, assim, melhor
as organizações, para obterem de seus colaboradores uma melhor desempenho dentro da instituição.
produtividade e execução de suas funções, precisam investir em Na prática, os critérios do modelo de Walton podem ser defini-
seus funcionários, proporcionando aos mesmos, maior satisfação dos da seguinte forma (CHIAVENATO, 1999):
e motivação para a realização de suas atividades de trabalho (AN- 1 - Compensação justa e adequada: mensura a adequação en-
DRADE, 2012). tre a remuneração do colaborador com suas atividades laborais;
Diante do exposto, observa-se que a motivação é fator essen- avalia e compara, também, a remuneração entre os vários cargos e
cial para que o colaborador tenha melhor desempenho e compro- funções dentro da empresa; compara a remuneração do funcioná-
metimento com suas atividades laborais. rio com outros profissionais no mercado de trabalho.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

2 - Condições de trabalho: avalia a jornada laboral e o ambien- Conforme explica Maximiano (2000), o termo motivação pode
te de trabalho, com vista a determinar que não sejam perigosos ou ser interpretado como “processo pelo qual um conjunto de razões
que tragam malefícios à saúde do colaborador. ou motivos explica, induz, incentiva, estimula ou provoca algum
3 - Uso e desenvolvimento de capacidades: refere-se à possi- tipo de ação ou comportamento humano”. Nesse sentido, a moti-
bilidade do funcionário fazer uso, na prática, de todo seu conheci- vação pode ser entendida como uma razão que leva as pessoas à
mento e destreza. uma determinada ação ou comportamento.
4 - Oportunidade de crescimento e segurança: verifica se a or- Nesse contexto, para que os colaboradores possam realizar
ganização oferece oportunidade e possibilidade para crescimento e suas atividades, de modo a obter satisfação e motivação, é ne-
desenvolvimento pessoal e profissional. cessário que as organizações ofereçam um ambiente de trabalho
5 - Integração social na organização: refere-se à presença de confortável e seguro. Além destes fatores, evidencia-se também a
respeito, ambiente harmônico, apoio mútuo e ausência de precon- importância de que sejam realizadas, no ambiente de trabalho, ati-
ceitos e diferenças hierárquicas na instituição. vidades de socialização e interação, uma vez que estes elementos
6 - Constitucionalismo: verifica se a instituição possui normas e mostram-se de fundamental importância para a satisfação dos co-
regras e se a mesma segue a legislação trabalhista. laboradores com a organização e, consequentemente, maior pro-
7 - O trabalho e espaço total de vida: verifica se há equilíbrio dutividade (BORTOLOZO, 2011).
entre a vida laboral e a vida pessoal. De acordo com Miranda (2009), sobre a motivação nas organi-
8 - Relevância social da vida no trabalho: objetiva verificar o zações, atuam alguns sistemas motivacionais. Tais sistemas podem
desempenho da empresa na sociedade e responsabilidade social. ser entendidos como todos e quaisquer incentivos ou recompensas
que o colaborador recebe para conseguir atingir um determinado
Qualidade de Vida e Motivação no Trabalho objetivo laboral. Podem ser citados, para exemplificar esses incen-
É sabido que a maior parte da vida das pessoas se passa dentro tivos, programas de estímulo, remuneração de acordo com os re-
das instituições de trabalho. Desse modo, é notória e inegável a sultados, autogestão nos grupos de trabalho, enriquecimento do
importância que o trabalho exerce sobre a vida das pessoas. Há, trabalho, dentre outros.
contudo, uma nítida contradição em relação à atividade laboral: Ressalta-se também que é através da motivação, associada à
muitas pessoas o têm como um fardo, como algo difícil, que só é educação formal e à capacitação, que o profissional pode utilizar
realizado por uma necessidade financeira. Para outros, o trabalho todo seu potencial, realizar todos seus objetivos e ideais, além de
é interpretado com meio para crescimento pessoal, como sentido tornar-se evidência e um profissional de sucesso.
para a vida, definidor de responsabilidade e identidade pessoal.
Para muitos, a própria rotina e alienação que o trabalho pro- Fatores Motivacionais
move, acabam por caracterizá-lo como um simples meio de sobre- A literatura científica evidencia que alguns fatores podem in-
vivência. terferir diretamente na motivação dos colaboradores de uma orga-
Nessa interpretação sobre o trabalho, é desprezado e descon- nização, seja de maneira positiva ou negativamente. Dentre entre
siderado as expectativas, os sentimentos, a motivação e a qualida- diversos fatores, pode-se elencar a remuneração e os benefícios
de de vida dos colaboradores nas organizações, o que acaba refle- sociais, as condições físicas e psicológicas do trabalho e a questão
tindo negativamente em sua autoestima e no seu desempenho na da segurança no ambiente de trabalho.
instituição empregadora (MIRANDA, 2009).
Desse modo, ressalta-se a importância de se abordar a quali- Remuneração e Benefícios Sociais
dade de vida nas organizações, cujo propósito principal consiste na A remuneração e os benefícios sociais despontam como sendo
satisfação pessoal do indivíduo na execução de suas tarefas dentro uma das principais funções da organização. Conforme salienta Mar-
das organizações (MAXIMIANO, 2000). ras (2002), estes itens sempre mereceram uma atenção especial
Verifica-se nos dias atuais, uma grande diferença, nas institui- dos gestores da empresa que, com o passar dos tempos, ganhou
ções e organizações, entre o avanço e o progresso técnico-científico ainda mais relevância, exigindo ainda mais da administração.
e as questões sociais e aquelas relacionadas à qualidade de vida. A É importante ressaltar ainda que salário e remuneração são
qualidade de vida nas organizações, bem como a motivação e satis- coisas distintas. De acordo com Gonçalves (2008) apud Andrade
fação do colaborador com sua atividade laboral são estratégias que (2012), a remuneração refere-se ao quantitativo referente à soma
devem ser utilizadas pelas organizações a fim de se obter maiores do salário devido pelo empregador aos valores que o empregado
níveis de produtividade, levando-se sempre em consideração que o recebe de terceiros, em detrimento do contrato de trabalho. Como
fator mais importante empregado no setor produtivo é o humano exemplo desse valor que o colaborador recebe de terceiros, pode-
(MARRAS, 2002). -se citar a gorjeta.
Com base na afirmação anterior e de acordo com o que é des- Desse modo, salário é o valor fixo, pré determinado, recebido
crito na literatura científica, a motivação é algo que necessita estar pelo serviço prestado, e a remuneração constitui-se do salário e dos
continuamente sendo estimulada numa organização, de modo que demais benefícios e incentivos recebidos, seja por parte da empre-
o colaborador possa aplicar e desenvolver todo seu potencial. Para sa, ou por parte dos clientes (ANDRADE, 2012).
tanto, é necessário que a organização propicie meios adequados É importante salientar ainda que, a fim de atender esta ne-
para que o seu colaborar sinta e esteja sempre motivado, a fim de cessidade de complementar o salário, existem os benefícios, con-
se obter um ambiente de trabalho saudável, humano, produtivo e ceituado por Marras (2005) apud Andrade (2012) como planos ou
eficaz (MIRANDA, 2009). programas que a organização oferece aos seus colaboradores a fim
de complementar sua renda fixa, ou seja, seu salário.
Motivação dos Colaboradores nas Organizações Como já salientado anteriormente, estes itens atuam como es-
A motivação humana tem sido apontada como um dos maio- tímulos para que o colaborador se sinta satisfeito e motivado com
res desafios e preocupações das organizações modernas. Este tema suas atividades profissionais, ao passo que, quanto mais satisfeito,
tem, inclusive, despertado o interesse depesquisadores, os quais desempenhará com mais afinco e eficácia suas atividades dentro
tentam explicar e entender o sentido dessa força que faz com que da organização.
as pessoas agem e atinjam seus objetivos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Condições físicas e psicológicas do trabalho Com base em tudo que foi levantado e elucidado neste traba-
É sabido que, numa organização, os funcionários estão expos- lho, torna-se evidente a importância e relevância da qualidade de
tos a uma série de fatores e condições de riscos ou insalubridades. vida no trabalho, seja para a melhoria da qualidade de vida pessoal,
Dentre esses fatores, pode-se citar a própria questão estrutural, o seja melhoria do convício social, seja maior satisfação e motivação
manuseio e operação dos recursos mecânicos e também os fatores do trabalhador com a instituição e, consequentemente, melhora na
psicológicos que podem interferir diretamente na saúde e na fun- produtividade das empresas.
cionalidade dos colaboradores. Dessa forma, para que o colabora- Pode-se constatar também que a motivação do colaborador
dor consiga uma maior produtividade, é necessário que a empresa com sua instituição empregadora estão diretamente atreladas a
ofereça condições ambientais mínimas para que os funcionários se fatores como salário, benefícios e remuneração; condições físicas e
sintam capazes. Assim, a organização precisa estar atenta a tais fa- psicológicas do trabalho e também, a um ambiente de trabalho se-
tores, os quais podem interferir e refletir diretamente no bem estar guro. Ressalta-se ainda que a motivação dos colaboradores esteja
dos funcionários, na sua satisfação e na produtividade da organiza- associada à qualidade de vida nas organizações.
ção (FERNADES, 1996 apud ANDRADE, 2012). Dessa forma, abordar qualidade de vida nas empresas, hoje
Neste contexto, fala-se muito em humanização do ambiente em dia, é mais que um benefício para o trabalhador/colaborador, é
de trabalho, o qual precisa ser bom, alegre, descontraído e desafia- uma necessidade de vital importância para que o maior patrimônio
dor, a fim de se ofertar um mínimo de qualidade de vida. da instituição, o trabalhador, tenha condições para desempenhar
No que se refere às questões físicopsicológicas do trabalho, com eficácia, suas tarifas, de modo que todos saiam ganhando, em-
ressalta-se as condições reais oferecidas ao colaborador para o pregador e colaborador.3
desempenho de suas funções, no tocante à jornada de trabalho e
ambiente saudável (ANDRADE, 2012). Quando surgiu o selo?
Contudo, é sabido que, muito mais que motivacional, a abor- Para entender o surgimento do selo, precisa-se primeiro com-
dagem dessa questão juntos às organizações é de fundamental preender a origem da ISO 9001. O selo de qualidade é resultado
importância para a manutenção e preservação de uma boa saúde da certificação na ISO 9001. A norma de qualidade foi criada pela
aos funcionários, a fim de assegurar uma prática profissional livre Organização ISO, cuja sigla significa International Organization for
Standardization, traduzida para o português como Organização In-
de malefícios e que traga benefícios para sua sobrevivência e bem
ternacional de Normalização.
estar.
Sediada em Genebra, Suíça, a ISO foi fundada há aproxima-
damente 70 anos. A ISO foi projetada na intenção de se criar nor-
Segurança no trabalho
mas que fossem padrões para organizações de todos os países. Ou
Muito se discute hoje em dia acerca da questão da segurança seja, que elas pudessem ser utilizadas e reconhecidas em qualquer
do trabalhador e de seu ambiente laboral. Assim, ressalta-se que língua ou nação. Atualmente a Organização possui membros em
uma organização ideal para se trabalhar é aquela que busca aplicar, aproximadamente 170 países. No Brasil, a ISO é representada pela
captar e manter na organização, todos os recursos humanos corre- Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
tamente. Para que esse objetivo seja atingido, ou seja, para que a Com o surgimento da Organização, desenvolveu-se em 1987 a
empresa consiga manter o recurso humano, é necessário abordar ISO 9001, consequentemente criando-se também o selo de quali-
diversas questões e fatores, como a saúde, a higiene e a segurança dade que é o símbolo da certificação da norma. A ISO 9001 é base-
no trabalho (ANDRADE, 2012). ada na norma britânica BS5750. Embora fosse considerada relevan-
A segurança no trabalho refere-se à área responsável pela te, a BS5750 apresentava algumas ineficiências como a questão da
segurança industrial, higiene e medicina do trabalho, frente aos gestão dos processos e satisfação do cliente.
funcionários da organização, atuando profilaticamente, vidando a A ISO 9001 foi pensada para se tornar padrão internacional
prevenção de acidentes e agravos à saúde, e atuando também na para garantir a qualidade de produtos e serviços. Como também,
correção de acidentes de trabalho. facilitar a questão das exportações e reduzir os custos de fabrica-
Desse modo, é necessário que as organizações possuam políti- ção.
cas de prevenção a acidentes de trabalho, estimulem e orientem a
utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva, além A norma mais utilizada no mundo
de contar também com serviços de segurança no trabalho, visando A ISO apresenta uma série de normas para diferentes áreas
à melhoria para as causas de higiene e segurança no trabalho (RI- do mercado; como a ISO 14001 voltada para o sistema de gestão
BEIRO, 2005). Além disso, é fundamental que a organização possi- ambiental. Ela aborda os principais requisitos para as empresas
bilite condições mínimas de trabalho, proteção e higiene, de modo identificarem, controlarem e monitorarem o impacto sobre o meio
a garantir e assegurar os mesmos contra qualquer incidente e even- ambiente. Existe a ISO 22000 voltada para a segurança dos alimen-
tualidade, de modo que eles possam executar suas atividades com tos, a OHSAS 18001 focada na gestão de segurança e saúde ocupa-
confiança e evitar problemas futuros. cional, entre outras.
De acordo com Marras (2004) apud Andrade (2012), a preven- Dentre as normas da ISO, a mais utilizada pelas empresas é a
ISO 9001 tanto por sua relevância, quanto pela abrangência. Ela é
ção de acidentes de trabalho tem por objetivo conscientizar o cola-
a responsável pelo sistema de gestão de qualidade. É a partir dela
borador e oferecer proteção à sua vida e de seus companheiros de
que as empresas se fundamentam para otimizar os processos de
trabalho, através de estratégias e ações seguras, bem como refle-
funcionamento.
xões das condições insalubres que, eventualmente, possam provo-
car acidentes e agravos à saúde.Nota-se então o quão importante
é proporcionar a segurança no trabalho, tendo em vista que os co-
laboradores, estando seguros que a empresa está se preocupando
com sua saúde e com sua vida, irão sentir-se mais valorizados e
motivados para trabalharem e produzirem.
3Fonte: www.unifia.edu.br – Texto adaptado de Jéssica Faria de Carvalho/ Érica
Preto Tamaio Martins/ Laureny Lúcio/ Pedro José Papandréa

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Funcionalidades da ISO 9001 uma série de consequências negativas como a irregularidade na


A ISO 9001 foi criada com a perspectiva que as empresas certi- qualidade dos produtos. Quando um dos funcionários responsáveis
ficadas atinjam metas e possam garantir a capacidade de eficiência pela massa se ausenta, o critério para a produção se perde. A nor-
tanto na produção quanto na entrega dos produtos/serviços. ma de qualidade resolve exatamente problemas como esses. Ela
Neste sentido, uma das soluções básicas da ISO 9001 é, portan- cria padrões que possibilitam que a empresa mantenha a qualidade
to, alcançar um consenso sobre soluções que possam atender às independentemente da presença ou ausência de um ou mais fun-
demandas da empresa, da sociedade e do comércio, ou seja todas cionários. Ou seja, a norma ajuda a manter a qualidade dos bolos.
as partes interessadas. Embora a norma não atue diretamente nos serviços e produ-
tos, sua aplicação resulta na melhoria destes.Sendo assim, os re-
Para que serve o selo? sultados da adequação aos requisitos é a melhoria dos produtos/
Uma das preocupações dos empresários é o que o selo de qua- serviços.
lidade não seja mais que um quadro pendurado no escritório ou
um símbolo adquirido pela empresa. Para esclarecer esse tipo de Satisfação do consumidor
dúvida e mostrar os benefícios reais que a certificação na ISO 9001 Ter o selo 9001 é sinônimo de preocupação com as expecta-
proporciona a um empreendimento, citaremos abaixo algumas tivas e interesses dos clientes. Haja vista que a norma foi criada
vantagens da norma. Confira! com o foco voltado para o cliente. Pesquisas e entrevistas com o
consumidor fazem parte das estratégias da norma para adaptação
Confiabilidade aos interesses do público.
Os clientes desejam mais que um produto ou serviço com bom Toda empresa que conta com clientes satisfeitos, tem mais
preço, esperam também por qualidade naquilo que estão pagando. probabilidade de crescimento no faturamento e consequentemen-
Não é difícil encontrar casos de consumidores contestando a con- te na lucratividade. Outro benefício de ser bem quisto é a melhora
fiabilidade de determinada marca. Serviços e produtos que apre- da imagem externa que configura como uma das funcionalidades
sentam incertezas em sua origem ou qualidade são vistos de forma da gestão de qualidade.
negativa pelo mercado e possuem a imagem danificada.
A ISO 9001 propõe requisitos que aperfeiçoam o sistema de Investimentos mais assertivos
gestão de qualidade aprimorando os processos de forma geral da Empresários com o sistema de gestão de qualidade alinhado
com a ISO 9001 poderão realizar investimentos mais seguros. Uma
organização. Portanto, ela incentiva a melhora crescente das em-
vez que os processos são mais organizados e apresentam menos
presas.
erros nos sistemas, contribuindo para o funcionamento como um
A norma é respeitada e conhecida por todos os países. Agregar
todo da empresa. Nesse sentido, o empreendimento se torna mais
o selo a sua marca significa que a empresa cumpre cada um dos re-
sólido, permitindo investimentos mais seguros e com a qualidade
quisitos estipulados pela ISO 9001. Ou seja, o selo de qualidade traz
ISO.
segurança e confiança para as empresas que a utilizam.
Melhora a imagem da empresa
Reconhecimento internacional
Associar sua marca com o selo de qualidade é mostrar ao mer-
Cerca de 170 países utilizam a normas da Organização ISO e
cado o empenho com o aperfeiçoamento contínuo da sua empresa.
mais de um milhão de empresas espalhadas pelo mundo já foram Tendo em vista, que uma de suas premissas refere-se ao aprimora-
certificadas na ISO 9001. Apenas na América do Sul são aproxima- mento contínuo dos processos. Outro benefício se deve ao fato que
damente 50 mil empresas certificadas. A ISO 9001 possui validação a ISO 9001 é vista positivamente pelo público externo, portanto
e reconhecimento internacional. O selo na norma abre portas para estar ligado a norma é compartilhar dos mesmos atributos e qua-
negociação com qualquer tipo de empresa dentro e fora do país. lidades dela.
É importante destacar que a cada nação a norma recebe sua
própria versão baseada e adaptada na legislação interna. No Brasil, Todas as empresas precisam ter o selo?
a norma é conhecida como NBR ISO 9001, que é reconhecida para No Brasil não há nenhuma cobrança na legislação que obrigue
relações comerciais com qualquer outro país. Portanto, se você de- uma empresa a ser certificada, exceto para algumas modalidades
seja ampliar as fronteiras do seu negócio, um dos esforços da sua específicas de negócios (confira no tópico “Quais requisitos são ne-
empresa deve consistir em adquirir o selo de qualidade. cessários para iniciar o processo de implementação da ISO 9001?”
e veja quais organizações são obrigadas a possuir a certificação).
Melhoria do desempenho do produto/serviço Todavia, existe uma obrigatoriedade velada no mercado que
Informamos com certa frequência nos artigos do blog da Con- para determinadas relações comerciais exige-se o selo de qualida-
sultoria Online que a ISO 9001 não beneficia diretamente a qua- de. Um dos exemplos é a exportação. Muitos países não aceitam
lidade dos produtos e serviços.Isso porque o selo de qualidade é realizar trocas comerciais com empresas que não possuam o siste-
focado na qualidade dos processos de uma organização. ma de gestão de qualidade atrelado aos requisitos da ISO.
Caso sua dúvida esteja relacionada a qualidade dos produtos, Não apenas no mercado externo, como também entre empre-
mais precisamente nos alimentos, entenda que a norma responsá- sas brasileiras exige-se a certificação em muitas situações. As or-
vel pela segurança em alimentos é a ISO 22000. ganizações exigem o selo como uma maneira de atestarem que a
Retomando o assunto da ISO 9001, para tornar ainda mais cla- empresa com a qual farão negócios possui certa comprovação de
ro sua funcionalidade no que se refere a qualidade dos produtos e qualidade e profissionalismo em sua gestão.
serviços, daremos um breve exemplo: Esse é inclusive um dos motivos pelos quais as empresas pro-
Em uma determinada empresa de produção de bolos conta curam às pressas empresas de consultoria à procura da implemen-
coma equipe de três funcionários. Essa organização não utiliza o tação da norma. Alertamos para os tipos de problemas que podem
sistema de gestão de qualidade baseado na ISO 9001, portanto não ser gerados devido a certificação realizada de última hora e apenas
há controle nos processos de produção. Por esse motivo, ocorrem por pressões comerciais:

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Gastos elevados com a certificação; Ocupacional). Porém no caso dos dois, há uma certa confusão, pois
Uma vez que a implementação da norma será realizada em eles são obrigatórios para todas as empresas que possuem funcio-
pouco tempo devido a necessidade de estar com o selo antes que a nários contratados no âmbito da CLT e não apenas às empresas que
outra empresa desista de fechar o contrato, os gastos com consul- estão procurando se certificar na ISO 9001. O fato de eles serem
tores serão redobrados. Já que eles terão que cumprir as ações com bastante citados se dá em função de existir uma auditoria rigoro-
menos tempo de intervalo. sa nestes itens, pois são de grande importância para a garantia da
A organização também terá que arcar com custos de contra- qualidade.
tação de outros colaboradores para auxiliar no processo de ade-
quação aos requisitos da ISO 9001. Soma-se ainda a falta de tempo O que uma empresa precisa para obter o selo?
para pesquisas de consultorias e certificadoras com valores mais A norma ISO 9001 foi criada para todas as áreas do mercado,
em conta. ou seja para a indústria, comércio e prestação de serviços. Como
também para todos os portes de empreendimento, tanto para
Adequação aos processos feitos de forma irregular; grandes corporações quanto para microempresas.
A norma é funcional e de fato propicia a empresa mudanças Portanto, se você almeja aprimorar o sistema de gestão de
positivas em seu sistema como um todo (como foi dito nos tópicos qualidade do seu negócio e ampliar as relações comerciais, basta:
anteriores). Implementá-la às pressas pode não ser tão construtivo - Ter um CNPJ regular
para os colaboradores, haja vista que algumas etapas de implemen- - Estar instalada em um imóvel regular
tação exigem mais tempo por sua complexidade e abrangência de - Disponibilidade de equipe para acompanhar a consultoria no
atuação. processo de implementação*
- Contratar um órgão certificador
Desgaste da equipe encarregada do processo; *Em algumas microempresas, o próprio proprietário junto a
Pela pressão gerada do prazo reduzido, muitos colaboradores um consultor promove o processo de implementação da norma de
são exigidos além do habitual e por isso sofrem desgaste e estresse qualidade.
profissional. Consequências como essas também podem reduzir o
sucesso do projeto de certificação. É essencial que a equipe encar- Como obter o selo ISO 9001?
regada esteja apta e com tempo hábil para promover de maneira Uma empresa que possua um sistema de gestão da qualidade
satisfatória cada uma das exigências da norma de qualidade. compatível com a norma ISO 9001 pode solicitar o selo de qualida-
de a partir de um órgão certificador autorizado pelo Instituto Nacio-
Pouco aproveitamento dos requisitos da ISO 9001 que contri- nal de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
buem positivamente para a empresa. Mas como saber se o meu sistema está de acordo com o pa-
A ISO 9001 gera uma série de resultados positivos, por isso em- drão ISO? A norma de qualidade possui uma série de requisitos que
bora ela não seja obrigatória é utilizada por milhares de empresas. precisam ser interpretados para adequação. Para verificar cada um
A implantação feita com urgência pode impedir que a organização dos itens está sendo cumprido, é aconselhável que se tenha um co-
usufrua de todos os benefícios presentes na norma. nhecimento prévio sobre o assunto.Por isso, recomenda-se auxílio
Portanto, para não enfrentar nenhuma das dificuldades apon- de um profissional da área.
tadas acima, aconselhamos que você inicie o quanto antes as fases Para isso, existem empresas de consultoria com especialistas
de adequação do sistema de gestão de qualidade ao da ISO 9001. em cada uma das normas que poderão tornar o processo rápido e
Mas o que eu preciso fazer para ser certificado? Para orientá- o menos burocrático possível.
-lo de modo prático informaremos algumas dicas que podem ser A consultoria Online Verde Ghaia possui experiência de 18
seguidas por qualquer empreendimento, independentemente do anos no seguimento, auxiliando mais de duas mil organizações es-
tamanho e tipo de organização. palhadas pelo Brasil e por outros países. Ela fornece um software
online que pode reduzir em até 60% os gastos, comparado a uma
Quais requisitos são necessários para iniciar o processo de consultoria convencional.
implementação da ISO 9001? Com a ferramenta, é possível iniciar o processo a qualquer
Do ponto de vista legal, os únicos requisitos obrigatórios para hora e lugar. O software facilita a flexibilidade da equipe envolvida
uma empresa que está procurando se certificar na ISO 9001, são e proporciona meios como material online que pode ser consultado
as regulamentações do seu setor específico de operação. Ou seja, no momento mais oportuno à organização
uma construtora deve seguir normas legais aplicáveis à sua ativida-
de, assim como um escritório de contabilidade, etc. Em suma, não Qual é o processo de implementação da ISO 9001?
há leis específicas a serem seguidas em detrimento da norma, cada
empresa precisa apenas estar regular com suas obrigações legais 1º passo: Pesquise
particulares. Informar sobre a norma é uma das melhores formas de se pre-
Algumas empresas específicas precisam ter o certificado da ISO parar para o processo de implementação e antever as necessidades
9001 por força legal, como é o caso das vistorias veiculares no esta- de ajustes que serão necessários. Entenda como ela funciona, seus
do de São Paulo, ou das empresas pertencentes ao polo industrial reais benefícios e a aplicação dela para sua empresa. Se você che-
de Manaus, Amazonas. Para tais empresas, a regra de manter-se gou até aqui então essa parte já foi bastante explorada.
regular às leis inerentes à sua atividade continua válida, acrescida
agora da necessidade de ser certificada na ISO 9001 por determi- 2ª passo: Estipule uma equipe
nação legal. A organização é uma das chaves para o sucesso da adequação
Alguns dos requisitos muito citados por quem está implemen- aos requisitos. Portanto, estipule colaboradores que estarão empe-
tando a ISO 9001 são o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos nhados em otimizar e promover adequadamente os itens presen-
Ambientais) e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde tes na ISO 9001.

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

3º passo: treinamento • Localizar e conhecer os concorrentes ou organizações líderes


Essa é a fase de interpretação da ISO 9001. A consultoria Online do mercado, para poder definir as habilidades, conhecendo seus
Verde Ghaia traz os cursos a partir de uma plataforma online. O ma- pontos fortes e fracos e compará-los com seus próprios pontos for-
terial é disponibilizado através de vídeos, ilustrações e textos para tes e fracos.
facilitar a compreensão dos consultores internos, colaboradores da • Incorporar o melhor do melhor adotando os pontos fortes
empresa que serão responsáveis pela implementação do projeto. dos concorrentes e, se possível, excedendo-os e ultrapassando-os.
A principal barreira à adoção dessa ferramenta é convencer os ad-
4º passo: diagnóstico ministradores de que seus desempenhos podem ser melhorados.
Nesta etapa a empresa deverá junto a consultoria avaliar como Isso requer uma paciente abordagem e apresentação de evidências
está o sistema de gestão atual da empresa. É o momento de anali- de melhores métodos utilizados por outras organizações.
sar quais requisitos são cumpridos e quais não foram atendidos. É BRAINSTORMING
um processo minucioso que exige atenção e tempo suficiente para O brainstorming, desenvolvido em 1930 por Alex F. Osborn,
que nenhum requisito passe despercebido. busca, a partir da criatividade de um grupo, a geração de ideias
para um determinado fim.
5º passo: Adequação aos requisitos A técnica propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez
A alta direção deve estar aberta as mudanças que serão pro- pessoas) se reúna e se utilize das diferenças em seus pensamentos
movidas para adequar corretamente os itens exigidos pela ISO e ideias para que possa chegar a um denominador comum eficaz e
9001. O consultor fará esse processo alinhado a liderança, para não com qualidade.
ocorrer qualquer tipo de transtorno ou desvio inapropriado do fun- É preferível que as pessoas que se envolvam nesse método se-
cionamento normal da operação. jam de setores e competências diferentes e nenhuma ideia é des-
cartada ou julgada como errada ou absurda. O ambiente deve ser
6º passo: Auditoria interna
encorajador e sem críticas para os participantes ficarem a vonta-
A auditoria interna funciona como um teste para a empresa.
de e deve ser incentivado o trabalho em grupo. Pegar carona nas
Essa etapa é semelhante a simulação da auditoria externa que será
ideias dos outros deve ser incentivado.
realizada por uma certificadora.É neste momento que são observa-
dos se as exigências estão sendo cumpridas corretamente. A Con-
sultoria Online Verde Ghaia oferece 100% de garantia na certifica- As quatro principais regras do brainstorming são:
ção de forma contratual. • Críticas são rejeitadas, pois a crítica pode inibir a participação
Depois de submetida a implementação, a empresa deve con- das pessoas;
tatar um órgão auditor, ou seja, uma empresa certificadora. Após • Criatividade é bem-vinda. Vale qualquer ideia que lhe venha
passar pelo crivo de auditoria externa e for aprovada, a organiza- a mente, sem preconceitos e sem medo que isso irá prejudicar.
ção avaliada será certificada com o selo ISO 9001. A certificação é Uma ideia esdrúxula pode desencadear ideias inovadoras;
portanto a comprovação de que a empresa anda de acordo com a • Quantidade é necessária. Quanto mais ideias forem geradas,
norma. maior é a chance de se encontrar uma boa ideia;
Muitas empresas, independentemente do seu processo produ- • Combinação e aperfeiçoamento são necessários.
tivo, fazem uso do selo junto a marca para divulgarem que têm a
ISO 9001. O selo e o certificado trazem o mesmo significado: con- O brainstorming pode ser feito de duas formas: estruturado ou
firmação de que a organização atua de acordo com o sistema de não estruturado.
gestão de qualidade reconhecido no mundo inteiro. • No brainstorming ESTRUTURADO - os participantes lançam
ideias seguindo uma sequência inicialmente estabelecida. Quando
FERRAMENTAS de Gestão da qualidade chega a sua vez, você lança a sua ideia. A vantagem desta forma é
que propicia oportunidades iguais a todos os participantes, geran-
BENCHMARKING do maior envolvimento.
O benchmarking, introduzido em 1970 na empresa Xerox, é ca- • No brainstorming NÃO ESTRUTURADO - as ideias são lança-
racterizado como um processo contínuo e sistemático de pesquisa das aleatoriamente, sem uma sequencia inicialmente definida. Isso
para avaliar produtos, serviços, processos de trabalho de ouras em- cria um ambiente mais informal, porém com risco dos mais falantes
presas, a fim de identificar quais são as melhores práticas adotadas dominarem a cena.
por elas. A partir dessa análise, a instituição verifica seus próprios
processos e realiza o aprimoramento organizacional, desenvolven- BRAINWRITING
do a habilidade dos administradores de visualizar no mercado as É uma variação do brainstorming, em que as ideias são escri-
melhores práticas administrativas das empresas consideradas ex-
tas, trazendo ordem e calma ao processo. Evita efeitos negativos de
celentes (benchmarks) em certos aspectos.
reuniões, como a influência da opinião de coordenadores e chefes,
A meta é definir objetivos de gestão e legitimá-los por meio
ou a dificuldade em verbalizar rapidamente as ideias.
de comparações externas. A comparação costuma ser um saudá-
vel método didático, pois desperta para as ações que as empresas
excelentes estão desenvolvendo e que servem de lição. A base do MATRIZ GUT
benchmarking é não fechar-se em si mesma, no caso da empresa, A Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) é uma forma
mas sim observar e avaliar constantemente o mundo exterior. de priorização baseado em medidas ou observações subjetivas. As
Segundo Chiavenato, o benchmarking exige três objetivos que letras têm o seguinte significado:
a organização precisa definir: • G (gravidade) – impacto do problema sobre os processos,
• Conhecer suas operações e avaliar seus pontos fortes e fra- pessoas, resultados. Refere-se ao custo por deixar de tomar uma
cos. Deve documentar os passos e práticas de processos de traba- ação que poderia solucionar o problema;
lho, definir medidas de desempenho e diagnosticar suas fragilida- • U (urgência) - relaciona-se com o tempo disponível ou o ne-
des. cessário para resolver o problema;

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

• T (tendência) – refere-se ao rumo ou propensão que o pro- - POR QUÊ será feito (why)
blema assumirá se nada for feito para eliminar o problema. - COMO será feito (how)
A filosofia do GUT é atribuir notas de 1 a 5 para cada uma das - QUANTO custará (how much)
variáveis G, U e T dos problemas listados e tomar o produto como o
peso relativo do problema. PROGRAMA 5S
O método deve ser desenvolvido em grupo, sendo as notas O Programa 5S, originário no Japão, é considerado um pré-re-
atribuídas por consenso. Consenso é a concordância obtida pela quisito para qualquer programa de Gestão da Qualidade Total. O
argumentação lógica. Uma vez obtidas as notas, os problemas são 5S foca o ambiente de trabalho da organização a fim de simplificar
organizados em ordem decrescente. o ambiente de trabalho e reduzir o desperdício. Como resultado,
ocorre melhoria no aspecto de qualidade e segurança. O ambiente
PRINCÍPIO DE PARETO se torna limpo, organizado, evitando a perda de tempo e o desper-
O diagrama de Pareto é uma técnica de priorização das in- dício de material.
formações, dando uma ordem hierárquica de importância. Esta Assim, o resultado da implantação dessa ferramenta será o
técnica permite estabelecer dois grupos de causas para a maioria menor desperdício, melhor qualidade e ganhos expressivos na ad-
dos processos. Uma grande quantidade de causas (ordem de 80%) ministração do tempo.
contribui muito pouco (ordem de 20%) para os efeitos observados. A sigla 5S refere-se na realidade a 5 letras iniciais de palavras
Uma pequena quantidade de causas (ordem de 20%) contribui de japonesas:
forma preponderante (ordem de 80%) para os efeitos observados. • Seiri - Descartar
O primeiro grupo é denominado “maiorias triviais” e o segundo • Seiton - Organizar
grupo de “minorias essenciais”. • Seiso - Limpar
Esta técnica utiliza uma abordagem de classificação para enu- • Seiketsu - Saudável e seguro
merar as causas de acordo com suas contribuições para atingir um • Shitsuke – Autodisciplina
dado efeito. A causa mais recorrente é vista do lado esquerdo do
diagrama e as causas menos recorrentes são mostradas em ordem REENGENHARIA
decrescente do lado direito. Em geral, a melhoria inicia-se a partir A reengenharia pode ser considerada uma reação às mudanças
da causa mais recorrente, indo para as outras em ordem decrescen- ambientais velozes e intensas e à total inabilidade das organizações
te e assim por diante. em ajustar-se a essas mudanças. Significa fazer uma nova engenha-
DIAGRAMA DE ISHIKAWA ria da estrutura organizacional.
Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica utilizada pela Representa uma reconstrução e não simplesmente uma refor-
administração para o gerenciamento e o controle da qualidade em ma parcial da empresa. Não se trata de fazer reparos rápidos ou
diversos processos, e também é conhecido como Diagrama de Cau- mudanças cosméticas na engenharia atual, mas de fazer um dese-
sa e Efeito ou Diagrama Espinha de peixe. nho organizacional totalmente novo e diferente.
Na sua estrutura, os problemas são classificados em seis tipos A reengenharia se baseia nos processos empresariais e consi-
diferentes: dera que eles devem fundamentar o formato organizacional. Não
• Método, se pretende melhorar os processos já existentes, mas a sua total
• Matéria prima, substituição por processos inteiramente novos. Nem se pretende
• Mão de obra, automatizar os processos já existentes. Não se confunde com a me-
• Máquinas, lhoria contínua, pois a reengenharia pretende criar um processo
• Medição inteiramente novo e baseado na tecnologia da informação e não o
• Meio ambiente. aperfeiçoamento gradativo e lento do processo atual.
Segundo Chiavenato, a reengenharia se fundamenta em qua-
Esse sistema permite estruturar hierarquicamente as causas tro palavras chave:
potenciais de um determinado problema ou também uma oportu- • Fundamental – busca reduzir a organização ao essencial e
nidade de melhoria, assim como seus efeitos sobre a qualidade dos fundamental.
produtos. • Radical – impõe uma renovação radical, desconsiderando as
O Diagrama de Ishikawa é uma das ferramentas mais eficazes estruturas e os procedimentos atuais para inventar novas maneiras
e mais utilizadas nas ações de melhoria e controle de qualidade nas de fazer o trabalho.
organizações, permitindo agrupar e visualizar as várias causas que • Drástica – destrói o antigo e busca sua substituição por algo
estão na origem qualquer problema ou de um resultado que se pre- inteiramente novo.
tende melhorar. • Processos – orienta o foco para os processos e não mais para
as tarefas ou serviços, nem para pessoas ou para a estrutura orga-
5W2H nizacional.
A ferramenta 5W2H é uma forma rápida de verificação de
execução de tarefas a serem distribuídas aos colaboradores da em-
presa. Funciona como um mapeamento das atividades e pode ser
usada de várias formas: para organizar tarefas, escrever um texto,
enviar um email ou escrever um. A grande vantagem é criar um
mecanismo de comunicação eficaz uma vez que, se preenchidas as
questões, teremos tudo o que é preciso para em termos de dados.
A sigla 5W2H representa:
- O QUÊ será feito (what)
- QUANDO será feito (when)
- QUEM fará (who)
- ONDE será feito (where)

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

CLICLO PDCA
ADMINISTRAÇÃO E ORGANIZAÇÃO

NOÇÕES GERAIS
Para que a Administração Pública possa executar suas ativida-
des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender
os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas
organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi-
rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição
de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor
atender os assuntos relativos ao interesse público.
Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito
Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de
Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as-
sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de
sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual,
de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são
afetos...”

A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra-


tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem,
além da estrutura interna da Administração Pública.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n.
O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é um ciclo 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública
de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua. Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
O PDCA foi idealizado por Shewhart e divulgado por Deming, O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
quem efetivamente o aplicou. Inicialmente deu-se o uso para esta- do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete
tística e métodos de amostragem. O ciclo de Deming tem por princí- por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros
pio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução sujeitos.
da gestão, como por exemplo na gestão da qualidade, dividindo-a A Organização Administrativa estabelece as normas justamen-
em quatro principais passos. te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado
bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de
O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um sis- técnicas administrativas previstas em lei.
tema de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma
a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área de ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
atuação da empresa. Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad-
O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou con- ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi-
junto de ações planejadas são executadas, checa-se se o que foi nistração Indireta.
feito estava de acordo com o planejado, constantemente e repe-
tidamente (ciclicamente), e toma-se uma ação para eliminar ou ao Administração Direta
menos mitigar defeitos no produto ou na execução. A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi-
Os passos são os seguintes: cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que
• Plan (planejamento): estabelecer uma meta ou identifi- a integram.
car o problema (um problema tem o sentido daquilo que impede DECRETO-LEI 200/67
o alcance dos resultados esperados, ou seja, o alcance da meta);
analisar o fenômeno (analisar os dados relacionados ao problema); Art. 4° A Administração Federal compreende:
analisar o processo (descobrir as causas fundamentais dos proble- I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra-
mas) e elaborar um plano de ação. dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos
• Do (execução): realizar, executar as atividades conforme Ministérios.
o plano de ação.
• Check (verificação): monitorar e avaliar periodicamente Por característica não possuem personalidade jurídica própria,
os resultados, avaliar processos e resultados, confrontando-os com patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali-
o planejado, objetivos, especificações e estado desejado, consoli- zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera.
dando as informações, eventualmente confeccionando relatórios.
Atualizar ou implantar a gestão à vista. Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa-
• Act (ação): Agir de acordo com o avaliado e de acordo dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que
com os relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos estão integrados na sua estrutura.
planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficá- Outra característica marcante da Administração Direta é que
cia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais falhas. não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi-
tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios).

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que
seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual. não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter-
Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são
que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al- sujeitos de direito distinto e autônomo).
guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin-
da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí- culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser
tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo-
para compor a demanda judicial. mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da
Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
Administração Indireta permissionários ou autorizados.
São integrantes da Administração indireta as fundações, as au- Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades
tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia.
Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por
DECRETO-LEI 200/67 meio de sujeitos distintos da figura estatal
Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado
Art. 4° A Administração Federal compreende: utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de
[...] sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca- lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes-
tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: ses coletivos.
a) Autarquias; Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa
b) Empresas Públicas; política ou uma entidade da administração indireta distribui com-
c) Sociedades de Economia Mista. petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais
d) fundações públicas. ágil e eficiente a prestação dos serviços.
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra-
jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa.
ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos
estiver enquadrada sua principal atividade.
dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos
controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando,
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas
fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência,
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para
delegação e avocação.
a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade
Diferença entre Descentralização e Desconcentração
e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de
As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta-
autonomia na parte administrativa e financeira do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con-
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu- ceitos completamente distintos.
lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173: A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole- de pessoas jurídicas diversas sendo:
tivo; a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional. a execução de certa atividade, e;
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando foi atribuído o desempenho da atividade em questão.
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade
econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não
com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen-
inclusive quanto à livre concorrência. tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas.
DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni-
pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es- ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen-
trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então te, mantendo a particularidade da hierarquia.
transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en-
tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada. CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR-
Assim, como técnica administrativa de organização da execu- GÃOS PÚBLICOS
ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público
poderá ser por: Conceito
Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis-
feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que
conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade. sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.”
(ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.). Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta-
Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres- de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de
tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe- mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni-
cução da atividade. dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram
com o objetivo de expressar a vontade do Estado.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente
ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su- público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme
jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci-
para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos. plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi-
ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura
Criação e extinção da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica
lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84, própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con-
VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6 trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de
Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso
públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações,
Constituição Federal. empresas públicas e sociedades de economia mista).
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos:
“Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe “nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi-
a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re- estatal e expressados através dos agentes neles providos”.
pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju-
previstos nesta Constituição. risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados ór-
gãos públicos, para defesa de suas prerrogativas.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza-
leis que: dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros,
[...] das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma
legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade
II - disponham sobre: jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que,
[...] quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo
por mandado de segurança”.
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem-
pública, observado o disposto no art. 84, VI; brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacida-
de processual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia,
Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para
pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre, certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de man-
por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II, dado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional,
c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º), quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de
cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições. outro órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como par-
Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de te processual.
organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos
e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas). possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer
Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga- que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade
nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria,
pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo. Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando
De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro-
instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti- cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias
tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida
52, XIII, da Constituição Federal. apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe- em nome da pessoa jurídica em que se integram.
tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi- PESSOAS ADMINISTRATIVAS
ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
de competência, que decorre de um processo de desconcentração Pessoas Políticas
dentro da Administração Pública.
Autarquias
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas
Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida- por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida-
de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi-
integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. vamente público.
Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica, O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias:
embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo. I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso-
nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati-
vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen-
tralizada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

As autarquias são regidas integralmente por regras de direito Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de
público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios
contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: IN- comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as-
CRA, INSS, DNER, Banco Central etc.). sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na
Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar
Características: Temos como principais características das au- mandados de segurança contra agentes autárquicos.
tarquias: Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na
016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX, Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições
da Constituição; da lei estadual de divisão e organização judiciárias.
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri- Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po-
gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins- derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será
tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi- de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa-
co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer
sujeições; de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re-
próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou
respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela municipal.
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes-
próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra- soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus
ção não existiria. agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da
próprios. responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in-
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre vestigação sobre a culpa na conduta do agente.
as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun-
cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para prerrogativas de direito público, sendo elas:
as quais foram instituídas; e - Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au- a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços
tarquia não se desvie de seus fins institucionais. das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
- Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade
(surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça- para as autarquias tem natureza condicionada.
mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade - Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode
para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do
dentro dos limites da lei que as criou. credor.
- Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para - Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como
desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através
(comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei de usucapião.
que as criou. - Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros
contra autarquias prescrevem em 5 anos.
Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos, - Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são
conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac- inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es-
terísticas: pecial das execuções fiscais.
a) São alienáveis
b) impenhoráveis; Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de
c) imprescritíveis caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que
d) não oneráveis. garantem à administração prerrogativas que o contratado comum
Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39 não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de
da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei
(União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti- 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici-
tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos tatória do pregão para os entes públicos.
os servidores da administração direta, das autarquias e das funda- Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas
ções públicas. jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se
com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona- prerrogativas estatais.
lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati-
vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último, Empresas Públicas
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e
processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica- tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer
dos por particulares. que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis-
lativa.
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo
[...] Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido o acor-
dado.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí-
dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo Sociedades de Economia Mista
da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta, sua
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços pú-
formas admitidas em direito. blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com
capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de
As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital S/A (Sociedade Anônima).
é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis- O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi- Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém, [...]
a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados,
Municípios ou do Distrito Federal. III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso-
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração
Foro Competente de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a
a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e entidade da Administração Indireta.
municipais.
As sociedades de economia mista são:
Objetivo - Pessoas jurídicas de Direito Privado.
É a exploração de atividade econômica de produção ou comer- - Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser-
cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida- viços públicos.
de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou - Empresas de capital misto.
preste serviço público. - Constituídas sob forma empresarial de S/A.

Regime Jurídico Veja alguns exemplos de sociedade mista:


Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre- b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô,
sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida entre outras
a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada.
As empresas públicas, independentemente da personalidade Características
jurídica, têm as seguintes características: As sociedades de economia mista têm as seguintes caracterís-
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são ticas:
contempladas com verbas orçamentárias; - Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de- - Liberdade administrativa;
mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar, - Dirigentes próprios;
deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti- - Patrimônio próprio.
vação.
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú- economia mista e a Administração Direta, independentemente da
blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun- função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le-
ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que
vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade as autorizou.
finalístico. As sociedades de economia mista integram a Administração
Como já estudado, a empresa pública será prestadora de ser- Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para au-
viços públicos ou exploradora de atividade econômica. A CF/88 torizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do
somente admite a empresa pública para exploração de atividade registro de seus estatutos.
econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional; A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so-
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo: ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati-
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das
A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem sociedades de economia mista.
econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o A Sociedade de economia mista, quando explora atividade eco-
Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de nômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas pri-
uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens vadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora
e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade
concorrência). de economia mista prestadora de serviço público não se submete
ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre con-
corrência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias. DELEGAÇÃO SOCIAL


Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio
personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina- Organizações sociais
lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica-
quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia-
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de
sua atuação. vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos
Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas. orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo
temporário de servidores governamentais.
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes-
[... quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva-
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju- ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto,
rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifi-
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur- cação constitui decisão discricionária, pois, além da entidade pre-
sos da União e de outras fontes. encher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido disposi-
tivo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização
dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad- social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da
ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro
a algumas fundações. de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim,
As fundações que integram a Administração indireta, quando as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim-
forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas adquirido.
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di- Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi-
reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que
coletivo. igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso-
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis- nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. n. 9.637/98.
Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Ge- Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie
ográfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU- de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen-
NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras. do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas
por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi-
Características: leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu
- Liberdade financeira;
realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa
- Liberdade administrativa;
privada.
- Dirigentes próprios;
O instrumento de formalização da parceria entre a Administra-
- Patrimônio próprio:
ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação
deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su-
As fundações governamentais, sejam de personalidade de di-
pervisora da área de atuação da entidade.
reito público, sejam de direito privado, integram a Administração
O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi-
Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor-
lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de-
dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é
um controle de legalidade, um controle finalístico. vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos:
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi- I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi-
nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec-
art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro). tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median-
terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi- te indicadores de qualidade e produtividade;
diário, independente de sua personalidade. II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re-
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex- muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas
tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo- pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí-
-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par- cio de suas funções;
ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área
à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con-
fiscalizadas pelo Ministério Público. tratos de gestão de que sejam signatários.

A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou


entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida-
de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término
de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no
contrato de gestão.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o I - as sociedades comerciais;


Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação
como organização social, desde que precedida de processo admi- de categoria profissional;
nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa. III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n. de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais, fundações;
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti- VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na de e assemelhados;
ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a mantenedoras;
ser aplicável. VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
tuito e suas mantenedoras;
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público IX - as organizações sociais;
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu- X - as cooperativas;
larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce-
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
(federal, estadual e municipal).
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art.
OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um
192 da Constituição Federal.
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum-
primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em
normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili- da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
dade e razoabilidade em prestar contas. objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente I - promoção da assistência social;
é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil. histórico e artístico;
A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma
possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio- complementar de participação das organizações de que trata esta
nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo Lei;
Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par- plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
atendam os requisitos da lei. VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro-
Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o moção do desenvolvimento sustentável;
estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa- VII - promoção do voluntariado;
do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos bate à pobreza;
nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos: IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-
-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em-
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade prego e crédito;
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos di-
reitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
manos, da democracia e de outros valores universais;
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos re-
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
quisitos instituídos por esta Lei.
ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus neste artigo.
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa- XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi-
dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi- lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de
dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, pessoas, por qualquer meio de transporte.
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati-
integralmente na consecução do respectivo objeto social. vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta de
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu- projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doa-
lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei. ção de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela presta-
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações ção de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qua- Entidades de utilidade pública
lificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú- Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública:
blico, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por esta-
tutos cujas normas expressamente disponham sobre: Serviços sociais autônomos
I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé-
moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência; dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de
II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri-
e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de mônio próprios.
benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema
no respectivo processo decisório; “S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es-
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota- trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S”
do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho – SERVIÇO.
financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade; e SEBRAE.
IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu-
respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi- mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos.
ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri-
mesmo objeto social da extinta; buições parafiscais.
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte-
qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao
disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida-
que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa des e serviços que lhes são repassados.
jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te-
nha o mesmo objeto social; Entidades de Apoio
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri- As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes-
gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos
e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos-
em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta.
correspondente a sua área de atuação; Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim-
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de
entidade, que determinarão, no mínimo: equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer-
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade sitários.
e das Normas Brasileiras de Contabilidade; O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra- na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados
mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons- com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas celebração de um contrato
de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
exame de qualquer cidadão; Associações Públicas
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por
independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos meio da celebração de um consórcio público com entidades fede-
objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; rativas.
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem Quando as entidades federativas fazem um consórcio público,
pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes- elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de
se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi-
70 da Constituição Federal. co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú- privado, não se tem um nome específico.
blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades
Sociedade Civil de Interesse Público. de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo
uma meta a ser atingida.
Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le- Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede-
gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es- rativas consorciadas.
pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência
administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional, Conselhos Profissionais
não uma obrigação. Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali-
Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma
relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie- grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica.
dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em O STF considera que como se trata de função típica do Estado,
parcerias. o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não
A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que, poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso,
em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi- chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos-
cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis- suem natureza autárquica.
trativo e de prestação de contas. Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim
de pessoas jurídicas de direito público.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de servi-
que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri- ços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tratados
vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os os aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, como:
conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de o ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, portan-
descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de- to, depende mais diretamente da empresa e está mais relacionado
legada a associações profissionais de caráter privado. com as condições sistêmicas.

Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dispensa-


do às pessoas, está mais relacionado com o funcionário em si, com
APRESENTAÇÃO PESSOAL as suas atitudes e o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está
ligado às condições individuais.
POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cordia- É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políticas
lidade) das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de aten-
dimento e de um perfil básico para o profissional de atendimento,
A FUGA DOS CLIENTES como forma de avançar no próprio negócio. Dessa maneira, estes
As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas fo- dois itens se tornam complementares e inter-relacionados, com de-
gem delas por problemas relacionados à postura de atendimento. pendência recíproca para terem peso.
Numa escala decrescente de importância, podemos observar Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se
os seguintes percentuais: necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento.
 68% dos clientes fogem das empresas por problemas de
postura no atendimento; Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento:
 14% fogem por não terem suas reclamações atendidas; 01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de compre-
 9% fogem pelo preço; ender e atender as necessidades dos clientes, fazer com que ele
 9% fogem por competição, mudança de endereço, morte. seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e proporcioná-lo
um ambiente agradável. Este profissional é voltado completamente
para a interação com o cliente, estando sempre com as suas ante-
A origem dos problemas está nos sistemas implantados nas
nas ligadas neste, para perceber constantemente as suas necessida-
organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não definem
des. Para este profissional, não basta apenas conhecer o produto ou
uma política clara de serviços, não definem o que é o próprio ser-
serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em relação
viço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita dificuldade em
às necessidades dos clientes e atendê-las.
satisfazer plenamente o cliente.
02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não contra-
dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
tam profissionais com características básicas para atender o públi-
entender o lado humano, é necessário que este profissional tenha
co, não treinam estes profissionais na postura adequada, não criam
uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com gente.
um padrão de atendimento e este passa a ser realizado de acordo
Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois para este
com as características individuais e o bom senso de cada um. profissional, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo instante
A falta de noção clara da causa primária da perda de clientes em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para buscar a
faz com que as empresas demitam os funcionários “porque eles não felicidade do outro.
sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendimento é a 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍRITO
tarefa mais simples da empresa e que menos merece preocupação. POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positivos, para
Ao contrário, é a mais complexa e recheada de nuances que perpas- ter atitudes adequadas no momento do atendimento. Ele sabe que
sam pela condição individual e por condições sistêmicas. é fundamental separar os problemas particulares do dia a dia do
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada
1. Falta de uma política clara de serviços; do cliente. O primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com a
2. Indefinição do conceito de serviços; consciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de atendi- a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar serviços
mento; para o cliente.
4. Falta de um padrão de atendimento;
5. Inexistência do follow up; Os requisitos para contratação deste profissional
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisitos
são essenciais ao atendente. São eles:
Nas condições individuais, podemos encontrar a contratação  Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
de pessoas com características opostas ao necessário para atender  Gostar de lidar com gente.
ao público, como: timidez, avareza, rebeldia...  Ser extrovertido.
 Ter humildade.
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO  Cultivar um estado de espírito positivo.
Observando estas duas condições principais que causam a vin-  Satisfazer as necessidades do cliente.
culação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos separar  Cuidar da aparência.
a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens: os serviços e
a postura de atendimento. Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações e, A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os as-
como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio. pectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua totali-
dade e nossa condição emocional.

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de  Não tem expressão.


POSTURA. São eles: O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O olhar
01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por um nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com o olhar.
posicionamento de humildade, mostrando-se sempre disponível A aproximação - raio de ação.
para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta POSTURA A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de
DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimentos positivos RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, independente
nos clientes, como por exemplo: deste ser cliente ou não.
a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o peito Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 metros
aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade e acolhi- de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, pronta-
mento; mente.
b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclinado Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcioná-
transmite ao cliente a humildade do atendente; rio estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para a
c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem respeito interação, a tornam mais eficaz.
e segurança; Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento ver-
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetividade bal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um aceno
e calorosidade. de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se acolhido e
certo de estar recebendo toda a atenção necessária para satisfazer
02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que se os seus anseios.
caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dizemos e o
que expressamos no nosso corpo. Alguns exemplos são:
Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e confor- 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho de
táveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos senti- limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamente olha
mentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”.
livres do stress, das doenças, dos medos. 2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no momento
do pagamento;
03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois as- 3. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o
pectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas tradu- carro entrando no posto e faz uma sudação...
zem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua função
social que diz em que condições ocorreu a expressão, seus efeitos A INVASÃO
sobre o observador e quem a expressa. Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com INVA-
Podemos concluir, entendendo que, qualquer comportamento SÃO DE TERRITÓRIO.
inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa entre o or- Vamos entender melhor isso.
ganismo e o seu meio ambiente. Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este território
O olhar não se configura apenas em um espaço físico demarcado, mas prin-
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do cipalmente num espaço pessoal e social, o que podemos traduzir
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos mais como a necessidade de privacidade, de respeito, de manter uma
profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. distância ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so- Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na
mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos o privacidade, o que normalmente traz consequências negativas.
real sentido dos olhos. Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações corri-
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de acolhi- queiras: uma piada muito picante contada na presença de pessoas
mento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de von- estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do outro, quase se
tade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fraqueza e encostando nele; dar um tapinha nas costas...
desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto e dissabor Nas situações de atendimento, são bastante comuns as inva-
pelo atendimento. sões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria, causam
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este brilho mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como atitudes
nos nossos olhos ? A resposta é simples: grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos destas atitu-
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar des e situações mais comuns:
de ajudar o próximo.  Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto, bem;
pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para  Seguir o cliente por toda a loja;
o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender  O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente
as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito. passageiro;
 O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode transmitir: sem ser solicitado;
01. Interesse quando:  O funcionário que cumprimenta o cliente com dois beiji-
 Brilha; nhos e tapinhas nas costas;
 Tem atenção;  O funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone
 Vem acompanhado de aceno de cabeça. sem avisar.

02. Desinteresse quando: Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profissio-
 É apático; nal do atendimento.
 É imóvel, rígido;

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

O sorriso O atendente está na linha de frente e é responsável pelo conta-


O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni- to, além de representar a empresa neste momento. Para transmitir
versal. confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se faz necessá-
Imagine que você tem um exame de saúde muito importante rio, também, ter uma boa apresentação pessoal.
para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega à clí- Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais com-
nica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um sorriso pleto. São eles:
caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais confiante, 01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da função
diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi in- higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça;
terpretado como um ato de apaziguamento. 02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, cabelos
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito das cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável, axilas as-
pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes são ava- seadas, barba feita;
liadas mais favoravelmente do que as não sorridentes. 03. Roupas limpas e conservadas;
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de comu- 04. Sapatos limpos;
nicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geralmente 05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo
informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa forma, cliente.
podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar as mais di-
versas emoções no outro. Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente se
questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua aparência
pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom serviço ? “
Ir ao encontro do cliente
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto importante
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromisso no
para criar uma relação de proximidade e confiança entre o cliente
atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a importân-
e o atendente.
cia dada ao cliente no momento de atendimento, na qual o aten-
dente faz tudo o que é possível para atender as suas necessidades, Cumprimento caloroso
pois ele compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao en- O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir-
contro do cliente, o atendente demonstra o seu interesse para com meza ?
ele. Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece al-
guém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto de
A primeira impressão mão.
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRIMEI- O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade, baixa
RA IMPRESSÃO É A QUE FICA. energia, desinteresse, pouca interação, falta de compromisso com
Você concorda com ela? o contato.
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a empre- Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que machuca
sa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão inicial, a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa um mal
se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão e desres-
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o clien- peito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda toda a mão,
te perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os seus mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demons-
desejos satisfeitos. tra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, atividade e
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normalmen- compromisso com o contato.
te os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos que as É importante lembrar que o cumprimento deve estar associado
empresas adotam são os contatos via telemarketing, mala-direta, ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito abertos,
visitas, mas nem sempre são eficazes. totalizando uma sintonia entre fala e expressão corporal.
A maioria das empresas não têm noção da quantidade de clien- Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de cum-
tes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam meca- primentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
nismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações destes
clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam para re- Tom de voz
A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda de
forçar os seus processos internos e o seu sistema de trabalho.
intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos as pala-
Quando as organizações atentam para essa importância, elas
vras, são mais importantes do que as próprias palavras.
passam a aplicar instrumentos de medição.
Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje do
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a realida-
conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na próxi-
de, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou pedem ma semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de acordo
a opinião aberta sobre o assunto. com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações diferentes
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher as do cliente.
informações reais. Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpando
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e da- pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando com
dos, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o produto calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a reação
adquiridos da empresa. do cliente será de compreensão.
Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica,
Apresentação pessoal estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos ter
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando o um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gritando...
atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as roupas As palavras são símbolos com significados próprios. A forma
mal cuidadas... ? como elas são utilizadas também traz o seu significado e com isso,
cada palavra tem a sua vibração especial.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Saber escutar O EFEITO BUMERANGUE é bastante comum em situações de


Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou não, do clien-
você respondeu que não, você errou. te em relação ao atendente. Com este efeito, as atitudes batem e
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadeiro voltam, ou seja, se você atende bem, o cliente se sente bem e trata
sentido, compreendendo e interpretando a essência, o conteúdo da o atendente com respeito. Se este atende mal, o cliente reage de
comunicação. forma negativa e hostil. O cliente não está na esteira da linha de
O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nossa produção, merecendo ser tratado com diferenciação e apreço.
capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o outro, o Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, que
cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar das bar- façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida, que é
reiras que atrapalham e empobrecem o processo de comunicação. SERVIR AO PRÓXIMO.
São elas: Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, re-
* os nossos PRECONCEITOS; tratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes, o
* as DISTRAÇÕES; atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste, vá
* os JULGAMENTOS PRÉVIOS; embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo. Assim,
* as ANTIPATIAS. o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer o cliente
FELIZ.
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisamos
compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do outro, As gafes no atendimento
fazendo uma leitura completa da situação. Depois de conhecermos a postura correta de atendimento,
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de recepti- também é importante sabermos quais são as formas erradas, para
vidade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma boca, o que jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um verdadei-
nos sugere que é preciso escutar mais do que falar. ro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em duas partes,
Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, fa- que são:
lando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações - tira-
mos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros anseios Postura inadequada
e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura física
conseguir atende-las. ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na presença do
A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos cliente.
conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os sen- Em relação à postura física, podemos destacar como inadequa-
timentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é preciso do, o atendente:
que o atendente esteja sintonizado emocionalmente com o cliente. * se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu
Esta sintonia se dá através do despojamento das barreiras que já birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele inte-
falamos antes. raja no raio de ação);
* mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
Agilidade * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a quali- devem ser feitas no banheiro);
dade do serviço prestado. * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofere-
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de res- cem lanches ou têm cantina);
peito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do cliente * gritar para pedir alguma coisa;
em relação à utilização adequada do seu tempo. * se coçar na frente do cliente;
Quando há agilidade, podemos destacar: * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
 o atendimento personalizado;
 a atenção ao assunto; Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
 o saber escutar o cliente; * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
 cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante exemplo;
todo o seu percurso na empresa. * receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
* fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços
O calor no atendimento na frente do cliente;
O atendimento caloroso evita dissabores e situações constran- * desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende, o
gedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estudados parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
sobre postura. * falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do clien-
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para te;
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir impor- * usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
tante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente busca ser * reclamar na frente do cliente;
reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitudes, o atendente * lamentar;
satisfaz as necessidades do cliente de estima e consideração. * colocar problemas salariais;
Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a * “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.
sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar ao
atendente como um bumerangue.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E B ) a hora


NÃO SE SERVIR DOS OUTROS. A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente,
pois somente nele podemos atuar.
Usar chavões O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o fu-
O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de turo não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente como
fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Citamos fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora
aqui, os mais comuns: são os únicos momentos nos quais podemos interagir e precisamos
fazer isto da melhor forma.
PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A ESTE
ATENDENTE? C ) a tarefa
* o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER... Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante
* o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ PELO diante desta pessoa mais importante para nós, na hora mais impor-
SENHOR... tante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FELIZ, atendendo
* o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS... as suas necessidades.
* AÍ VEM ELE DE NOVO... Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da Ver-
dade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os funcioná-
Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libera- rios de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham
ção do lado bom da pessoa que atende o cliente. poder de decisão. É necessário que os chefes concedam autonomia
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos
vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os chavões da Verdade.
(pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação de atendi- Teleimagem
mento ), o cliente se aborrece e descarrega no atendente, ou sim- Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM da
plesmente não volta mais. empresa e dele mesmo.
Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radical TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na sua
no pensamento e postura do atendente. mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e , con-
sequentemente, sobre a empresa ( que é representada por este
Impressões finais do cliente atendente).
Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente enca-
cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, consequente- minhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a empresa é
mente, sobre a empresa. comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é negativa,
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do clien- vemos normalmente o cliente fugindo da empresa. Como no aten-
te: dimento telefônico, o único meio de interação com o cliente, é atra-
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pesso- vés da palavra e sendo a palavra o instrumento, faz-se necessário
al) e/ou telefônico com o atendente; usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do cliente.
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos conhe- Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as
cê-las com mais detalhes.
atitudes, como fundamentais na formação da TELEIMAGEM.
Momentos da verdade
Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer epi-
São eles:
sódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da
01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse e
organização e obtem uma impressão da qualidade do seu serviço.
atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passamos
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do
ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este é
Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidida e
o momento que separa o grande profissional dos demais.
atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente de sentir-
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a satis- -se assistido, valorizado, respeitado, importante.
fação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO ATEN-
DIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é composto de 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o atenden-
elementos básicos do processo de interação, que são: te passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressamente
PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho, chuchu,
A ) a pessoa mulherzinha, queridinha, colega...
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. En-
tão, podemos entender que a pessoa mais importante é o cliente 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão de
que está na frente e precisa de atenção. educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transferir a li-
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamen- gação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar a ligação
te com o cliente, tentando atender a todas as suas necessidades. para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso que não ouviu
Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou saudação; dividir a
portanto, a pessoa fundamental neste momento é o cliente. atenção com outras conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes
sem atender; dar risadas no telefone.

Aspectos psicológicos do atendente


Nós falamos sobre a importância da postura de atendimento.
Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendimento.
Vamos a eles.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Empatia uma loja de carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos,


O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que sig- usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada na
nifica entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capacidade de cintura por um barbante. Ele entrou na sala do gerente, que imedia-
nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre entender tamente se levantou pedindo para ele se retirar, pois não era permi-
as suas necessidades, os seus anseios, os seus sentimentos. Dessa tido “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de
forma, é uma aptidão pessoal fundamental na relação atendente - um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: “eu
cliente. Para conseguirmos ser empáticos, precisamos nos despojar quero comprar aquele carro ali”.
dos nossos preconceitos e preferências, evitando julgar o outro a Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramente o
partir de nossas referências e valores. que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as situações.
A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa estar- Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é muito
mos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto mais mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não é harmôni-
isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos sentimentos dos co e com ele percebemos a essência dos fatos e situações.
outros. Quando não temos certeza dos nossos próprios sentimen- Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com a
tos, dificilmente conseguimos ver os dos outros. PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na qual
E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está na vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos interessa. Esta
capacidade de interpretar os canais não verbais de comunicação seleção age como um filtro, que deixa passar apenas o que convém.
do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões faciais... Esta filtragem está diretamente relacionada com a nossa condição
Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ao física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos entender:
envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer uma a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a
atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela é impos- sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso
sível ser empático. percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar;
Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um cheiro
deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do egoís- agradável de comida;
mo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino mundo. c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte mais
O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a humanida- amena da repreensão e reprimir a mais severa.
de, impedindo-a de ser feliz.
Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian- Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo
do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós de defesa.
achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar
O ESTADO INTERIOR
para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em que
O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a condi-
podemos ajudar.
ção interna, o estado de espírito diante das situações.
Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimentos
A atitude de quem atende o público está diretamente relacio-
e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos vaidosos
nada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém um
e passamos a ver os outros de acordo com o que estes óculos regis-
equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas, as suas
tram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos sentimentos...
atitudes serão mais positivas frente ao cliente.
Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabemos
Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos e
repartir, não sabemos doar.
sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte as ati-
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só tudes frente ao cliente.
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos ne-
nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem har- gativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitudes
monização com o outro e passam por cima de tudo. advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão:
OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR COM * Atitudes preconceituosas;
O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLOCAR NO * Atitudes de exclusão e repulsa;
LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS E NECES- * Atitudes de fechamento;
SIDADES. * Atitudes de rejeição.

Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, podemos para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com os
lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “Só clientes e as situações.
se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos“. Isto é
empatia. O ENVOLVIMENTO
A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente e
PERCEPÇÃO voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho para o
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e cap- verdadeiro sentido de atender.
tar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no processo Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado,
de atendimento ao público. Para percebermos melhor, precisamos que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um ser-
passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, ficando assim, mais viço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depende de
próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso fatores relacionados com a interação com o outro. Quando o aten-
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nossas an- dente tem um envolvimento baixo com o cliente, este percebe com
tipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar clareza a sua falta de compromisso. As preocupações excessivas, o
as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o que o trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a falta deliderança, o
cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: certa vez, em nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma intera-

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

ção fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimento não permite Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, desbu-
captar a essência dos desejos do cliente, o que se traduz em insatis- rocratização, respeito, compromisso, organização.
fação. Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por parte Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro , não
do atendente. Quando este divide a atenção no atendimento entre precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes: “Esse as-
o cliente e os colegas ou outras situações, o cliente sente-se desres- sunto eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro setor...”
peitado, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que a
é de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre. empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o sistema
Esta ação traz consequências negativas como: impossibilidade funciona para atendê-lo integralmente, e essa postura é vital, visto
de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o seu tem- que a imagem transmitida pelo atendente é a imagem que será ge-
po, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendimento. rada no cliente em relação à organização, dessa forma, ao atender,
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade- o atendente precisa se lembrar que naquele cargo, ele representa
quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a di- uma marca, uma instituição, um nome, e que todas as suas atitudes
vidir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, quando devem estar em conformidade com a proposta de visão que essa
normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. Neste caso, o organização possui, focando sempre em um atendimento efetiva-
ideal seria separar os dois tipos de atendimento, evitando proble- mente eficaz e de qualidade.
mas desta espécie.
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
* atender pessoalmente e interromper com o telefone
ATOS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
* atender o telefone e interromper com o contato direto
* sair para tomar café ou lanchar CONCEITO
* conversar com o colega do lado sobre o final de semana, fé- Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação lícita
rias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao cliente. e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça às
vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um exibi- transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações.
cionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O cliente Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
deve ser poupado dele. vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te-
nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex-
Os desafios do profissional de atendimento tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas si- ou a si própria”.
tuações exigem um alto grau de maturidade do atendente e é nes- Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
tes momentos que este profissional tem a grande oportunidade de claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas situações. jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
Encantando o cliente Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas
Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo o administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde
seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessidades do serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do
interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade
cliente, mas talvez não ultrapasse o normal.
do interesse público.
Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a
Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti-
grande diferença no atendimento.
culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
referidos atos.
Atuação extra
Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo
A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que se
Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con-
caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabelecidas
cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição
nos procedimentos de trabalho. É produzir um serviço acima da ex-
da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
pectativa do cliente.
REQUISITOS
Autonomia São as condições necessárias para a existência válida do ato.
Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamento Os requisitos dos atos administrativos são cinco:
do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa. Mas, - Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra-
nem sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o consumi- ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido
dor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja, um balco- deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
nista que pode resolver as suas queixas sem se dirigir ao gerente. O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado
A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo de todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual-
tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o funcionário quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter-
precise decidir, deve haver autonomia. minado ou vínculo de natureza permanente.
No atendimento ao público, é fundamental haver autonomia Além da competência para a prática do ato, se faz necessário
do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas para o que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi-
sucesso deste tipo de trabalho. dade. 
Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de po- Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não
der para atuar de acordo com a situação e esse poder deve ser con- sendo possível um agente que contenha competência ilimitada,
quistado. O poder aos funcionários serve para agilizar o negócio. tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios
Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca liderança do de legitimação para a prática de atos.
chefe.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

- Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi- b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos
nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados,
pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis-
de poder. tração possui para impor determinado comportamento a terceiros.
Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina- c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos-
lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum-
demandas da sociedade. primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade,
em regra, nascem no mesmo momento. 
- Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exte- Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati-
riorização e demais procedimentos prévios que forem exigidos com vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali-
a expedição do ato administrativo. zando, de modo indireto o ato desrespeitado.
Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma-
neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate-
não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são rialmente pela própria administração, independentemente de re-
os casos dos semáforos, por exemplo. curso ao Poder Judiciário.
A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins- A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati-
trumento necessário para que a conduta administrativa atinja seus vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando
objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente porque a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista
se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro- em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência
cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
atos concatenados, com um propósito certo.
CLASSIFICAÇÃO
- Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati- ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men-
cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre
conduta estatal. os doutrinadores administrativos.
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das
razões que levaram à prática do ato. Quanto à composição da vontade produtora do ato:
Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão,
- Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece-
mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan-
ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por
to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida
objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi-
através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um
cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da
agente em órgãos singulares.
Administração Pública.
Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa- Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de
do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois
do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de- ou mais órgãos para formar um único ato.
cidido pela prática do ato. Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
ATRIBUTOS posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú-
Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato
que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
fins almejados pelo Estado.
Existem por conta dos interesses que a Administração repre- Quanto a formação do ato:
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis- Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre- partes. Exemplo: licença
macia do interesse público sobre o privado. Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
São atributos dos atos administrativos: Exemplo: contrato administrativo;
a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até Exemplo: convênios.
que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação
dos serviços públicos. Quanto aos destinatários do ato:
A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e
atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados, determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse
no entanto, o ônus da prova é de quem alega. momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é
O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele- geral restringindo seu âmbito de atuação. 
ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato, Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego-
estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá- ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade
lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa
de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que
ou judicial.
abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange
todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-
-se de imposição geral e abstrata para determinada relação.

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Quanto à posição jurídica da Administração:  Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito
Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe- que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos,
praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa,
de estabelecimento comercial. seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex
Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os
as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal), direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato
sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com nulo. 
o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri- Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser
vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o
tenham relação com a supremacia do interesse público. ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido.
Exemplo:  a alienação de um imóvel público inservível ou alu- Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal. expressamente previstos em lei.
Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi-
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria:  nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra- Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente
çam regras gerais (regulamentos). público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito sível. 
determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi-
duais. Quanto à exequibilidade: 
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi- Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
ção se cumpra. estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
do ato: às etapas de sua formação.
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados
Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan-
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad-
to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a
ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad-
homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen-
Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou
tos expressos em lei para a prática do ato.
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo- termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor- aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie- de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode cífica.
avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato. mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
concessão de licença para doar sangue.
Quanto aos efeitos: 
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. ESPÉCIES
Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso de a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge-
bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um perío- ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre-
do de suspensão. sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue (decreto de nomeação de um servidor).
a situação existente, apenas a reconhece. Os atos normativos se subdividem em:
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin- - Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos,
ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato. damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão -executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
do servidor público. 1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu-
ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o
Quanto à situação de terceiros:  ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno
legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple-
da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula-
mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica,
res e pareceres.
com a criação de direitos e obrigações. 
Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por-
2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi-
tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada-
mente seus efeitos.  sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem
Quanto à validade do ato: ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa-
Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên- cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar
cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto qualquer previsão anterior.
para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não - Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum-
de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do primento de certa obrigação até então conferida por lei.
princípio da legalidade. - Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin-
- Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons- gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva-
tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.
privativos dos Ministros de Estado.
- Regimentos – São atos administrativos internos que emanam d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra-
do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga- ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião
nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma- sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e
neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu. arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
- Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen- motivo e ao conteúdo.
tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo. - Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com-
- Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema- prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por
nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula- meio dos órgãos competentes;
mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos - Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica-
para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad- das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos
ministração. que estejam na repartição pública;
- Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio- assuntos submetidos à sua consideração.
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes.
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção impos-
chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos ta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações
particulares. administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti-
São eles: culares perante a Administração.
- Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár- Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dis-
quico em desempenhar determinada função; posições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou servi-
- Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi- ços.
nados funcionários ou agentes; Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação
- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi- externa e interna. Quando for interna, compete à Administração
nistério; punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos,
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais fazendo com que se respeite as normas administrativas. 
ou gerais;
- Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res- EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
ponsáveis por obras ou serviços públicos; Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina-
- Provimentos – atos administrativos intermos, com determina- lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual
ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
para regularização ou uniformização dos serviços; Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente
- Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis- no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei-
tração a terceiros; tos, causando sua extinção.
- Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto-
Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção
ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da
dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos:
função administrativa) em requerimentos e processos administrati-
vos sujeitos à sua administração.
Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o
administrado deixa de preencher condição necessária para perma-
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara-
nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição
ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado
indispensável para manutenção do ato administrativo. 
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con-
dições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
- Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfa-
Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de- zimento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou
terminada atividade.  seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração
- Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis- ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc. 
tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi-
atividade.  nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju-
- Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra- diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando
ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida- a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
de nas situações determinadas por ela; utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração
- Aprovação - análise pela própria administração de atividades tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou
prestadas por seus órgãos; inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa,
- Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra- pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros.
ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade; De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri-
- Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro
praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia; de boa-fé.

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF: O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu-
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida- rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem
de dos seus próprios atos. pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca-
- SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon-
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, dentro de determinado tempo.
em todos os casos, a apreciação judicial. Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se
como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis-
da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu-
públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis- Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o
trativa. administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad-
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta
o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou
tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis- outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos
trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de denominando-os de prescricionais. 
forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso
mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc). do prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administra-
Não há limite temporal para a revogação de atos administrati- ção. 
vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo
em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado
No desempenho da função administrativa, o Poder Público
a qualquer tempo.
empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídicas,
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por
públicas e privadas. A partir do momento em que tais relações se
razões de conveniência e oportunidade. 
constituem por intermédio da manifestação bilateral da vontade
Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná- das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato da Adminis-
-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que tração.
sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde Denota-se que os contratos da Administração podem ser nas
o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à formas:
convalidação, utilizam a expressão sanatória.  Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori- normas de Direito Público.
tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc. Contratos de Direito Privado firmados pela Administração:
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, são aqueles comandados por normas de Direito Privado.
sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu-
los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos Princípios
anuláveis. Princípio da legalidade
Existem três formas de convalidação: Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade um produto do Liberalismo, que propagava evidente superioridade
que praticou o ato; do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade veio a ser
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior bipartida em importantes desdobramentos:
àquela que praticou o ato; 1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre os
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou atos da Administração;
seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade 2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser for-
superior. malizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de caráter
normativo.
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o
será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis-
ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos,
convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa-
agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o
nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto,
princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen-
que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra
tos legais é ilícito.
alternativa senão anular o ato.

DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA Princípio da impessoalidade


A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui
potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas duas interpretações possíveis:
pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situ- a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Públi-
ações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou ca deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico
seja, quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para se- aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas
rem exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito ma- a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da
terial. CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata-

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do
posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as-
material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei pectos.
8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para
portadores de deficiência. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di-
feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial
toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da
educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art. Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará-
37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar nomes, símbolos ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra-
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para,
ou servidores públicos”. por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of
law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra
Princípio da moralidade abusos do Estado).
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua- Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo
ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia- aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da
pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons-
administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos
segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo: direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13 O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das te-
do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada orias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento
súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho-
parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito
um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber,
a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política. na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em
que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor-
Princípio da publicidade cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado
Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos de Direito.
do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art. Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di-
2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro-
transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi-
o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin- lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma
do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade,
praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos
atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos excessos cometidos pelo Poder Público.
Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di- O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais, subprincípios:
com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será
lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ- adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado
ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo- pretendido.
tivação dos atos administrativos. b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição
do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan-
Princípio da eficiência çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998, o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda-
com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela mentais.
Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio- c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma
nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo: atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual
duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita- a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica-
mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art. que será efetivado.
37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
garantem sua eficiência: se privado (princípio da finalidade pública)
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio- tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
rar a situação de outrem. categorias:
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a
de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo
de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”). justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi-
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por
acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre
econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação outros.

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró- Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida-
prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se de e da participação, a administração termina por voltar-se para a
ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple- coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações
mentado através de atividades administrativas instrumentais que da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para
são necessárias ao atendimento do interesse público primário. resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou
Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o
público e ao patrimônio público. ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in-
teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola-
Princípio da continuidade boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que consenso e da participação.
tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma-
ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos
satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação. jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con-
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú- selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa
blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final
do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o
serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen- mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do
tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação
às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atu-
pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que ação coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de
o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular. interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não NETO, 2006, p. 337-338).
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico-
prestado sempre na medida em que a necessidade da população -políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos
vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne- seus institutos participativos e consensuais.
cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado
sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne- Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem- boa-fé
plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou- Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
tros. boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si.
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-
Princípio da autotutela dos:
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re- a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em
ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido,
legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB);
e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas rela-
346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999. cionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos
e revogação de ato inconveniente ou inoportuno. particulares;
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológico
esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteri-
à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti- zação da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do
culares de modo geral. particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela
atuação do Estado.
Princípios da consensualidade e da participação Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi-
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor- ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização
naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi-
de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer nam por surpreender os seus receptores.
a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí-
contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com
atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí-
mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei-
comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos. to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988.
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
assumir um importante papel no condizente ao processo de iden- 9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti-
tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
tutela da Administração Pública.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar prerrogativas que acabam por a colocar em posição de hierarquia
no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos: diante do particular, sendo que tais prerrogativas se materializam
confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente; nas cláusulas exorbitantes;
confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi- B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos de
ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá estar
que as suas expectativas são razoáveis; presente a incessante busca da satisfação do interesse público, sob
b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi- pena de incorrer em desvio de poder;
nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien- C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei pro-
tam o cidadão a adotar determinada conduta; cedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos contratos
c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa- administrativos, que contém, dentre outras medidas, autorização
ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio legislativa, justificativa de preço, motivação, autorização pela auto-
jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável; ridade competente, indicação de recursos orçamentários e licita-
ção;
d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito
fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to-
privado ou de direito público, os contratos são formados a partir de
lerância da Administração); e
manifestações bilaterais de vontades da Administração contratante
e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga-
e do particular contratado;
ções no caso.
E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de vonta-
des plenas e livres, e não de ato impositivo;
Elementos
F) Formalidade – não basta que haja a vontade das partes para
Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a respei-
que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo necessário o
to, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer alguns
cumprimento de determinações previstas na Lei 8.666/1993;
paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz do contrato H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico conven-
administrativo. Desta forma, o contrato administrativo é: cionado;
1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas e I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das presta-
determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabelecidas ções do contratante e do contratado, sendo que estas devem ser
e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além de rece- previamente definidas e conhecidas;
berem da outra prestação proporcional à sua, podem apreciar ime- J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações recíprocas
diatamente, verificando previamente essa equivalência. Ressalta-se tanto para a Administração contratante como para o contratado;
que o contrato comutativo se encontra em discordância do contrato K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contratos
aleatório que é aquele contrato por meio do qual, as partes se ar- administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela Admi-
riscam a uma contraprestação que por ora se encontra desconheci- nistração.
da ou desproporcional, dizendo respeito a fatos futuros. Exemplo: Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta
contrato de seguro, posto que uma das partes não sabe se terá que do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao
cumprir alguma obrigação, e se tiver, nem sabe qual poderá ser. fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais es-
Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do Decre- tabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não esteja
to-Lei n.7.568/2011: precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a adminis-
Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse com tração quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato de estar
entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de chama- vinculada às normas e também ao princípio da indisponibilidade do
mento público a ser realizado pelo órgão ou entidade concedente, interesse público;
visando à seleção de projetos ou entidades que tornem mais eficaz L) Caráter intuitu personae – por que os contratos administrati-
o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto n. 7.568, de 2011) vos são firmados tomando em conta as características pessoais do
2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida a subcontra-
para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um tação total ou parcial do objeto contratado, a associação do contra-
sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Existe tado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem
um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por meio como a fusão, cisão ou incorporação, cuja desobediência é motivo
do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre de forma para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei 8.666/1993). Entretanto, a
contrária do contrato gratuito, como a doação, posto que neste, só regra anterior é amparada pelo art. 72 da mesma lei, que determina
uma das partes possui obrigação, que é entregar o bem, já a outra, a possibilidade de subcontratação de partes de obra, serviço ou for-
não tem. necimento, até o limite admitido pela Administração. Aduz-se que a
3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na legis- possibilidade de subcontratação é abominada pela doutrina, tendo
lação para que tenha validade. A formalização do contrato encon- em vista vez que permite que uma empresa que não participou por
tra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se, por opor- meios legais da licitação de forma indireta, acabe contratando com
tuno, que o contrato administrativo é celebrado pela forma escrita, o Poder Público, o que ofende o princípio da licitação previsto no
nos ditames art. 60, parágrafo único. art. 37, XXI, da Constituição Federal.

Características Formalização
A doutrina não é unânime quanto às características dos contra- Em regra, os contratos administrativos são precedidos da reali-
tos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos aduzir zação de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das quais a lei
que são as seguintes: estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste procedimento. Além
A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi- disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado pela Administração
nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual na com o licitante vencedor, constitui anexo do edital de licitação, dele
posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um rol de sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Os contratos administrativos são em regra, formais e escritos. Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços, I - unilateralmente pela Administração:
bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade de a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados nos ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
limites daquelas duas modalidades licitatórias. b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será facul- corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
tativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento con- nos limites permitidos por esta Lei;
tratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instrumento II - por acordo das partes:
hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir (art. 62, § a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
2º): b) quando necessária a modificação do regime de execução da
Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de ade- obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de
são, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Adminis- verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori-
tração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas são ginários;
fixadas por apenas uma das partes, no caso do contrato administra- c) quando necessária a modificação da forma de pagamento,
tivo, a Administração. por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela-
Prazo ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra-
Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência dos d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em regra, os con- mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis-
tratos terão duração de um ano, levando em conta que esse é o tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
prazo de vigência dos créditos orçamentários que são passados aos objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei 4.320/1964, o crédito cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
orçamentário tem duração de um ano, vindo a coincidir com o ano previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
civil. impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras situa- maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
ções que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos: mica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº
• Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me- 8.883, de 1994)
Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo per-
tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro-
mite de forma regulamentada, que haja alteração em suas cláu-
gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha
sulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é um
sido previsto no ato convocatório;
documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo pode
• À prestação de serviços a serem executados de forma contí-
sofrer alterações para que venha a se adequar às modificações que
nua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e suces-
forem preciso durante a execução contratual. Além disso, a lei fixa
sivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais
percentuais por meio dos quais a Administração pode promover al-
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Reda-
terações no objeto do contrato, restando o contratado obrigado a
ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998);
acatar as modificações realizadas, desde que dentro dos percentu-
• Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de ais fixados pela legislação.
informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48
(quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. Revisão
De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo pra- A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexecu-
zo do Governo tem o dever de estar contida do plano plurianual. ção contratual possuem o condão de gerar apenas a interrupção
Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa programa- momentânea da execução contratual, bem como a total impos-
ção a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida enquanto sibilidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em tais
existir a previsão nessa lei específica. situações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa do con-
Em relação aos serviços contínuos na Administração Pública, tratado, este poderá vir a paralisar a execução de forma que não
denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do servi- seja considerado descumpridor. Assegurado pela CFB/1988, em seu
ço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente manter por art. 37, XXI, o equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual
um período maior ao invés de ficar renovando e trocando todos os consiste na manutenção das condições de pagamento estabeleci-
anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi acrescentado das quando do início do contrato, de forma que a relação se mante-
mais um dispositivo que determina que o contrato pode ter dura- nha estável entre as obrigações do contratado e haja correta e justa
ção superior a um ano, que é a regra geral retribuição da Administração pelo fornecimento do bem, execução
de obra ou prestação de serviço.
Alteração Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato sem
Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Lici- que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabelecida.
tações, a Administração Pública possui o poder de fazer alterações Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional. Nesse sen-
durante a execução de seus contratos de maneira unilateral, inde- tido, caso o contrato seja atingido por acontecimentos posteriores
pendentemente da vontade do ente contratado. à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o equilíbrio econô-
Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o condão mico-financeiro inicial deverá, nos termos legais que lhe assiste, ser
de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo. Além dis- restabelecido por intermédio da recomposição contratual. Desta
so, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser de ordem maneira, a inexecução sem culpa do contratado virá a acarretar a
qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo legal acerca do revisão contratual, caso tenha havido alteração do equilíbrio eco-
assunto: nômico-financeiro

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Prorrogação gação dos prazos contratuais, desde que tal fato seja justificado e
Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela Lei autorizado de forma antecedente pela autoridade competente para
8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vigência celebrar o contrato, o que é aceito pela norma nos casos em que
dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há exceções a houver (art. 57, § 1º):
essa regra nas seguintes situações: A) alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos cujos B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse ções de execução do contrato;
da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato con- C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
vocatório (art. 57, I); de trabalho por ordem e no interesse da Administração; aumento
b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços a se- das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites per-
rem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração mitidos por essa Lei;
prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à obtenção de D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
a 60 meses (art. 57, II); porâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providências a car-
c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de pro- go da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na exe-
de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art. 57, IV); cução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos
d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos responsáveis.
seguintes motivos:
I) possibilidade de comprometimento da segurança nacional; Renovação
II) para as compras de material de uso das forças armadas, Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou em
exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A finalidade
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de da renovação contratual é a manutenção da continuidade do servi-
apoio logístico naval, aéreo e terrestre; ço público, tendo em vista a admissão da recontratação direta do
III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou pres- atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a justifiquem e
tados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade permitam seu enquadramento numa das hipóteses dispostas por
tecnológica e defesa nacional; lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação, como acontece por
IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa e de- exemplo, quando o contrato original é extinto, vindo a faltar ínfima
senvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º, 4º, 5º e parte da obra, serviço ou fornecimento para concluída, ou quando
20 da Lei 10.973/2004. durante a execução, surge a necessidade de reparação ou amplia-
Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120 me- ção não prevista, mas que pode ser feita pelo pessoal e equipamen-
ses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo incluído tos que já se encontram em atividade.
pela Lei 12.349, de 2010). Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova lici-
É importante registrar que em se tratando de casos de contra- tação, com a devida observância de todas as formalidades legais.
tos celebrados com dispensa de licitação por motivos de emergên- Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento no edital
cia ou calamidade pública, a duração do contrato deverá se esten- de cláusulas que venham a favorecer o atual contratado em preju-
der apenas pelo período necessário ao afastamento da urgência, ízo dos demais concorrentes, com exceção das que prevejam sua
tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocorrência da emer- indenização por equipamentos ou benfeitorias que serão utilizados
gência ou calamidade, vedada a sua prorrogação (art. 24, IV). pelo futuro contratado.
Embora a lei determine a proibição da prorrogação de contrato
com fundamento na dispensa de licitação por emergência ou cala- Reajuste contratual
midade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar entendi- Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio econô-
mento de que pode haver exceções a essa regra em algumas hipó- mico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte de
teses restritas, advindas de fato superveniente, e também, desde uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para proteger os
que a duração do contrato se estenda por período de tempo razo- contratados dos efeitos inflacionários.
ável e suficiente para enfrentar a situação emergencial (AC- 1941- Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o reajus-
39/07-P). te como cláusula estritamente necessária em todo contrato a que
Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se que estabeleça o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-
este proíbe a existência de contrato administrativo com prazo de -base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de
vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é aplicada ao atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga-
contrato de concessão de direito real de uso de terrenos públicos ções e a do efetivo pagamento.
para finalidades específicas de regularização fundiária de interes-
se social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, Execução e inexecução
aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comuni- Por determinação legal a execução do contrato será acompa-
dades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modali- nhada e também fiscalizada por um representante advindo da Ad-
dades de interesse social em áreas urbanas, que poderá ser firmado ministração designado, sendo permitida a contratação de terceiros
por tempo certo ou indeterminado (Decreto-lei 271/1967, art. 7º, para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a essa atribui-
com redação dada pela Lei 11.481/2007). ção.
Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrências
cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto, exis- pertinentes à execução do contrato, determinando o que for pre-
tem situações nas quais não é possível o cumprimento da avença no ciso à regularização das faltas bem como dos defeitos observados.
prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei admite a prorro- Ressalta-se, que tanto as decisões como as providências que ultra-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

passarem a competência do representante deverão ser requeridas sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
a seus superiores em tempo suficiente para a adoção das medidas resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base
que se mostrarem pertinentes. no inciso anterior.
Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admitido
pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo Cláusulas exorbitantes
na execução contratual. O contratado possui como obrigação o de- De todas as características, essa é a mais importante. As Cláu-
ver de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas sulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a Adminis-
custas, no total ou em parte, o objeto do contrato no qual forem tração em detrimento do contratado. Mesmo que de forma implíci-
encontrados vícios, defeitos ou incorreções advindas da execução ta, se encontram presentes em todos os contratos administrativos.
ou de materiais empregados. São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão
Além do exposto a respeito do contratado, este também é res- esses poderes para a Administração Pública, consideradas como
ponsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade, vindo
terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução contratual, a conferir poderes apenas a uma das partes.
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes ou
o acompanhamento por meio do órgão interessado. O contratado leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ilegali-
também se encontra responsável pelos encargos trabalhistas, previ- dade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos, além
denciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos e obriga-
ções. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato privado que
Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que a atribua direito somente a uma das partes, esta cláusula será ilegal
mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93. Veja- e leonina.
mos: São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de alte-
Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua ração unilateral do contrato por intermédio da Administração, sua
rescisão com as consequências contratuais e as previstas em lei ou rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade de
regulamento. aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na hipótese
de rescisão contratual.
Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Administra-
ção Pública responde solidariamente com o contratado pelos encar- Anulação
gos previdenciários resultantes da execução do contrato Apenas a Administração Pública detém o poder de executar a
anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou outro
Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial ou interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que recorrer
total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das partes, às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anulação do contra-
não é observado um prazo disposto em cláusula específica em ha- to é advinda de ilegalidade constatada na sua execução ou, ainda,
vendo a inexecução total, se o contratado não veio a executar o ob- na fase de licitação, posto que os vícios gerados no procedimento
jeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas situações são passí- licitatório causam a anulação do contrato.
veis de propiciar responsabilidade para o inadimplente, resultando Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demonstrado
em sanções contratuais e legais proporcionais à falta cometida pela que a nulidade não possui o condão de exonerar a Administração
parte inadimplente, vindo tais sanções a variar desde as multas, a do dever de indenização ao contratado pelo que este houver feito
revisão ou a rescisão do contrato. até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos causados
Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resulta- comprovados, desde que não lhe seja imputável, vindo a promover
do de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte agi- a responsabilização de quem deu motivo ao ocorrido. Assim sendo,
do com negligência, imprudência e imperícia. Podem também ter caso ocorra anulação, o contratado deverá auferir ganhos pelo que
acontecido causas justificadoras por meio das quais o contratan- já executou, pois, caso contrário, seria considerado enriquecimen-
te tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas contratu- to ilícito da Administração Pública. Porém, caso seja o contratado
ais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de qualquer que tenha dado causa à nulidade, infere-se que este não terá esse
responsabilidade assumida, tendo em vista que o comportamento mesmo direito.
ocorreu de forma alheia à vontade da parte.
Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do contra- Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc, ou
to enseja à Administração Pública o poder de aplicar as sanções de seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a lei
natureza administrativa dispostas no art. 87: dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos e im-
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Adminis- pede que se produzam novos efeitos.
tração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as
seguintes sanções: Revogação
I – advertência; A questão da possibilidade de desfazimento do processo de
II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou licitação e do contrato administrativo por meio da própria Adminis-
no contrato; tração Pública é matéria que não engloba discussões doutrinárias e
III – suspensão temporária de participação em licitação e impe- jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos atos administra-
dimento de contratar com a Administração, por prazo não superior tivos se encontra baseado no princípio da autotutela, que se trata
a 2 (dois) anos; do poder - dever da Administração Pública de revogar e anular seus
IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com próprios atos, desde que haja justificação pertinente, com vistas a
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi- preservar o interesse público, bem como sejam respeitados o devi-
nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante do processo legal e os direitos e interesses legítimos dos destinatá-
a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida rios, conforme determina a Súmula 473 do STF. Vejamos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus próprios Equilíbrio Econômico-financeiro
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contratual,
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI dispõe o
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, seguinte:
em todos os casos, a apreciação judicial. Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qualquer
Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93, dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obedecerá aos
assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitatórios: princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e também, ao seguinte:
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedi- XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
mento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces-
público decorrente de fato superveniente devidamente compro- so de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos
vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa-
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, gamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação téc-
Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrativo, nica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das
por motivos de interesse público, a discricionariedade administra- obrigações.
tiva exige que a questão do interesse público deve ser justificada Denota-se que os mencionados dispositivos determinam que
em fatos de grande relevância, o que torna insuficiente a simples as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não tendo
alegação do interesse público, se restarem ausentes a comprovação como argumentar de maneira contrária no que diz respeito à le-
das lesões advindas da manutenção do contrato e das circunstân- galidade da modificação do valor contratual original, com o obje-
cias extraordinárias, bem como dos danos irreparáveis ou de difícil tivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pactuado no
reparação. momento da assinatura, bem como ao que foi disposto a pagar a
contratante ao contratado.
Extinção e Consequências Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para
A extinção do contrato administrativo diz respeito ao término adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também
da obrigação vinculada existente entre a Administração e o contra- pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias ade-
tado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas: quadas que o valor do serviço ou produto contratado se encontra
A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.: na acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por deflação ou
finalização da construção de instituição pública) ou pelo aconteci- queda de valores nos insumos, produtos ou serviços, ou até mesmo
mento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data final de um em decorrência de uma desvalorização cambial. Além disso, o Po-
contrato de fornecimento de forma contínua); der Público não tem a obrigação de pagar além do que se propôs,
B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão nem valor menor ao acordado inicialmente, devendo sempre haver
contratual. equilíbrio em relação aos pactos contratuais.
Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não com- Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9 1e
porta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao cumprir suas 10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se completam
obrigações, a consequência natural a ocorrer é a extinção do víncu- em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da legalidade,
lo obrigacional, sem maiores necessidades de manifestação por via existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos aos entes
administrativa ou judicial. públicos. Vejamos:
Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anulação, Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
considera-se que a lei prevê consequências diferentes para o caso adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
de haver ou não haver culpa do contratado no fato que deu causa à quanto aos relativos:
rescisão contratual. Existindo culpa do contratado pela rescisão do § 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e
contrato, as consequências são as seguintes (art. 80, I a IV): de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do
1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
em que se encontrar, por ato próprio da Administração; -financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devida-
2) ocupação e utilização provisória do local, instalações, equi- mente autuados em processo:
pamentos, material e pessoal empregados na execução do contra- I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
to, necessários à sua continuidade, que deverá ser precedida de II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho
autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secre- à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições
tário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art. 80, § 3º); de execução do contrato;
3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da Ad- III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do rit-
ministração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos; mo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra-
dos prejuízos causados à Administração. to, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
Em síntese, temos: terceiro reconhecido pela Administração em documento contempo-
râneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra-
EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, dire-
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA tamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato,
I –Pelo cumprimento do objeto; sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
I – Pela anulação;
II – Pelo advento do termo final do
II – Pela rescisão.
contrato.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Como se observa, existe previsão explicita na Lei no. 8666/93, d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve ser equilibrado mente entre os encargos do contratado e a retribuição da Adminis-
sempre que houver uma das condições dos incisos I a VI, de forma tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
que o legislador previu quais as hipóteses que se encaixam para o objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
equilíbrio. Entretanto, não apresenta de forma clara, cabendo ao cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
administrador agir com legalidade e bom senso nos casos concretos previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
específicos. No entanto, a aludida previsão não se restringe somen- impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força
te ao art. 57, § 1º, incisos I, II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
previsão ainda no art. 58 do mesmo diploma legal. Vejamos: mica extraordinária e extracontratual.
Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins- Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve haver
tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avençado,
prerrogativa de: devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a retri-
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às buição da administração para que haja justa remuneração, sendo
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra- mantidas as condições originais do termo contratual. Em se tratan-
tado; do, especificamente da concessão de serviço público, a Lei 8.987/95
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no in- dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma forma de equilíbrio
ciso I do art. 79 desta Lei; financeiro. Vejamos:
III – fiscalizar-lhes a execução; Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas re-
do ajuste; gras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. § 2º.
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a
fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º. Ressal-
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
vados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção
contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi-
de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da
nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó-
proposta, quando comprovado seu impacto, implicara a revisão da
tese de rescisão do contrato Administrativo.
tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 4º. Em haven-
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos con- do alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio
tratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia con- econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo,
cordância do contratado. concomitantemente à alteração.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômi- Art. 10º. Sempre que forem atendidas as condições do contra-
co-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante- to, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro.
nha o equilíbrio contratual. Atentos às fundamentações legais, observamos que parte na
Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o direi- inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administração Pú-
to ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação em blica é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro, entretan-
manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º prevê to, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajuste contratual,
respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido que a principalmente pela ausência de conhecimento da legislação, o que
administração, desde que seja motivos de interesse público se ne- acaba por causar problemas de ordem econômica, tanto em relação
gue a equilibrar um contrato que esteja resultando em prejuízos ao ao contratado quanto ao contratante. Registre-se, por fim, que o
contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe em uma das pacto contratual deve ser mantido durante o período completo de
hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Proposta que não execução, e o equilíbrio financeiro acaba por se tornar a ferramenta
pode ser executada, não é passível de equilíbrio. mais adequada para proporcionar essa condição.
Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 destaca
o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos: Convênios e terceirização
Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o
com as devidas justificativas, nos seguintes casos: Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais estejam
I - unilateralmente pela Administração: estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito de reali-
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- zação de objetivos de interesse comum.
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde.
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são
comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos e
nos limites permitidos por esta Lei;
contraditórios.
II - por acordo das partes:
Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alude
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
que nos contratos existem partes e nos convênios existem partíci-
b) quando necessária a modificação do regime de execução da
pes.
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori- De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração de
ginários; convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades da
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, Administração Pública depende de antecedente aprovação de com-
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor petente plano de trabalho a ser proposto pela organização interes-
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- sada, que deverá conter as seguintes informações:
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- A) identificação do objeto a ser executado;
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; B) metas a serem atingidas;
C) etapas ou fases de execução;

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

D) plano de aplicação dos recursos financeiros; Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é
E) cronograma de desembolso; a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado;
F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem assim, já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra-
da conclusão das etapas ou fases programadas; ção pública.

Em relação à terceirização na esfera da Administração Pública, ELEMENTOS CONSTITUTIVOS


depreende-se que é exigida do administrador muito cuidado, posto Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos fun-
que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei 8.666/93, a dívi- damentais que configuram seus elementos constitutivos, quais se-
da trabalhista das empresas terceirizadas acabam por recair sobre jam:
o órgão tomador dos serviços, que é o que chamamos de respon- - Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos, ou
sabilidade subsidiária. Assim sendo, o administrador público deverá seja à coletividade.
exigir garantias, bem como passar a acompanhar o cumprimento - Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do serviço
das obrigações trabalhistas advindos da empresa prestadora de ser- público, assim todos eles devem ser tratados uniformemente.
viços, com fito especial quando do encerramento do contrato. - Continuidade: não se pode suspender ou interromper a pres-
Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomadora tação do serviço público.
dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base no - Regularidade: todos os serviços devem obedecer às normas
Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do Traba- técnicas.
lho – TST, que aduz: - Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais ba-
“O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do rata possível, de acordo com a tarifa mínima. Deve-se considerar a
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos capacidade econômica do usuário com as exigências do mercado,
serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da evitando que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos de ausência
administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das de condições financeiras.
empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que - Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de maneira
haja participado da relação processual e constem também do título eficiente é necessário que o Poder Público atualize-se com novos
executivo judicial.” processos tecnológicos, devendo a execução ser mais proveitosa
Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incon- com o menos dispêndio.
táveis são as decisões condenatórias à Administração Pública, em
relação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem de for- Em caso de descumprimento de um dos elementos supra men-
ma original à empresa prestadora de serviços, onerando o erário, cionado, o usuário do serviço tem o direito de recorrer ao Judiciário
vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é a redução e exigir a correta prestação.
de custos à Administração Pública.
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE

A regulação de serviços públicos


SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITOS, ELEMENTOS DE Pode ser definida como sendo a atividade administrativa de-
DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS, CLASSIFICAÇÃO sempenhada por pessoa jurídica de direito público que consiste no
disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no controle
CONCEITO do serviço prestado por outro ente da Administração Pública ou
Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Adminis- por concessionário ou permissionário do serviço público, à luz de
tração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras previamente poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos para a busca da
estipuladas por ela para a preservação do interesse público. adequação daquele serviço, do respeito às regras fixadoras da po-
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será lítica tarifária, da harmonização, do equilíbrio e da composição dos
da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um interesses de todos os envolvidos na prestação deste serviço, assim
particular a prestação do serviço público. As regras serão sempre como da aplicação de penalidades pela inobservância das regras
fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente condutoras da sua execução.
de quem esteja executando o serviço público. Qualquer contrato A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços
administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão. executados de forma direta, outorgados a entes da administração
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se indireta ou para serviços objeto de delegação por concessão, per-
utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal. missão ou autorização. Em qualquer um desses casos, a atividade
Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se ob- regulatória é diversa e independente da prestação dos serviços.
servar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o Desta forma é necessário que o órgão executor do serviço seja di-
regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo regras de di- verso do órgão regulador, do contrário, haverá uma tendência na-
reito público, será serviço público; sendo regras de direito privado, tural a que a atividade de regulação seja deixada de lado, em detri-
será serviço privado. mento da execução, ou que aquela seja executada sem a isenção,
O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não signifi- indispensável a sua adequada realização.
ca que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto poderá
prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a prestação, Regulamentação e controle
conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho administrativo, A regulamentação e o controle competem ao serviço público,
titulação para que os prestem, segundo os termos e condições fixa- independente da forma de prestação de serviço público ao usuário.
das, e, ainda, enquanto o interesse público aconselhar tal solução. Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta, o
Dessa forma, esses serviços podem ser delegados a outras entida- Poder Público poderá intervir e retirar a prestação do terceiro que
des públicas ou privadas, na forma de concessão, permissão ou au- se responsabilizou pelo serviço. Deverá ainda exigir eficiência para
torização. o cumprimento do contrato.

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Como a Administração goza de poder discricionário, poderão Por outro lado, o serviço público também pode ser executado
ter as cláusulas contratuais modificadas ou a delegação do serviço por particulares, por meio de concessão, permissão, autorização.
público revogada, atendendo ao interesse público.
O caráter do serviço público não é a produção de lucros, mas Competência
sim servir ao público donde nasce o direito indeclinável da Adminis- São de competência exclusiva do Estado, não podendo delegar
tração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não estiver realizando a prestação à iniciativa privada: os serviços postais e correio aéreo
a sua obrigação. nacional.

Características jurídicas: Art. 21, CF Compete à União:


As características do serviço público envolvem alguns elemen- ()
tos, tais quais: elemento subjetivo, elemento formal e elemento X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional
material.
- Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Estado Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mesmo
que poderá delegar determinados serviços públicos, através de lei artigo constitucional:
e regime de concessão ou permissão por meio de licitação. O Es- Art. 21, CF Compete à União:
tado é responsável pela escolha dos serviços que em determinada ()
ocasião serão conhecidos como serviços públicos. Exemplo: energia XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
elétrica; navegação aérea e infraestrutura portuária; transporte fer- ou permissão:
roviário e marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re-
transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
portos fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
e geologia mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
- Elemento Material – o serviço público deve corresponder a dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
uma atividade de interesse público. c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
- Elemento Formal – a partir do momento em que os particula- tuária;
res prestam serviço com o Poder Público, estamos diante do regime d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
Privado, dependendo do que dispuser a lei. Para ambos os casos, a de Estado ou Território;
responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
serão indenizados pelo Estado) cional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO
Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem
Titularidade prestar, independentemente de concessão, são os serviços sociais.
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será Ex: serviços de saúde, educação, assistência social.
da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
particular a execução do serviço público.
De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao Dis-
As regras serão sempre fixadas de forma unilateral pela Admi-
trito Federal:
nistração, independentemente de quem esteja executando o servi-
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
ço público.
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
ção.
utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes
Quando não houver definição constitucional a respeito, de-
sejam vedadas por esta Constituição.
ve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo re-
gras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
privado, será serviço privado. a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de ser- § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
viços públicos, como concessão e permissão, transferem apenas a regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a titularidade constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
do serviço público. grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é cas de interesse comum.
a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado;
já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra- Ao Distrito Federal:
ção pública. Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
pela administração direta, indireta ou por particulares. Oportuno mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
lembrar que a administração direta é composta por órgãos, que não tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
têm personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em ju- Constituição.
ízo para propor ou sofrer medidas judiciais. § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
A administração indireta é composta por pessoas, surgindo lativas reservadas aos Estados e Municípios.
como exemplos: autarquias, fundações, empresas públicas, socie- [...]
dades de economia mista.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de compe- DELEGAÇÃO


tência dos municípios, destacando-se o disposto no inciso V As formas de delegação por concessões de serviços públicos e
de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão
Art. 30. Compete aos Municípios: pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95,
I - legislar sobre assuntos de interesse local; pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensá-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; veis contratos.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição Fede-
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- ral:
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamen-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação te ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
estadual; licitação, a prestação de serviços públicos.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- Parágrafo único. A lei disporá sobre:
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua pror-
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e rogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e res-
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- cisão da concessão ou permissão;
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) II - os direitos dos usuários;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e III - política tarifária;
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; IV - a obrigação de manter serviço adequado.
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de
da ocupação do solo urbano; serviço público, talvez porque os chamados serviços públicos auto-
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, rizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particu-
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. lares beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos,
porque atribuídos à titularidade exclusiva do Estado, que pode, dis-
Formas de prestação do serviço público cricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira
a). Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Administra- prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas próprias ne-
ção Pública Direta, que pode se realizar de duas maneiras: cessidades.
- pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos
públicos da administração direta. Concessão de serviço público
- com auxílio de particulares: quando for realizada licitação, É a delegação da prestação do serviço público feita pelo poder
celebrando contrato de prestação de serviços. Apesar de feita por concedente, mediante licitação na modalidade concorrência, à pes-
particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo qual a soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade
reparação de eventual dano é de responsabilidade do Estado. de desempenho por sua conta e risco, com prazo determinado.
Essa capacidade de desempenho é averiguada na fase de habi-
b) Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de litação da licitação. Qualquer prejuízo causado a terceiros, no caso
serviços públicos pode ser realizada por pessoa jurídica especializa- de concessão, será de responsabilidade do concessionário – que
da criada pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de presta- responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da Constituição Federal)
ção é feita pela Administração Pública Indireta, ou seja, pelas autar- tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, respondendo a Ad-
quias, fundações públicas, associações públicas, empresas públicas ministração Direta subsidiariamente.
e sociedades de economia mista. A responsabilidade pela reparação É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato
de danos decorrentes da prestação de serviços, neste caso, é objeti- de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder
va e do próprio prestador do serviço, mas o Estado (Administração concedente. A subconcessão corresponde à transferência de par-
Direta) tem responsabilidade subsidiária, caso a Administração In- cela do serviço público concedido a outra empresa ou consórcio
direta não consiga suprir a reparação do dano. A remuneração paga de empresas. É o contrato firmado por interesse da concessionária
pelo usuário tem natureza de taxa. para a execução parcial do objeto do serviço concedido.

c) Prestação Indireta por delegação: é realizada por conces- Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens
sionários e permissionários, após regular licitação. Se a delegação São formas de extinção do contrato de concessão:
tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão de servi- - Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95).
ço público e se depender de autorização legislativa, é chamada de - Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95).
permissão de serviço público. - Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95).
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos cha- - Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95).
mados serviços públicos uti singuli e a responsabilidade por danos - Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95).
causados é objetiva e direta das concessionárias e permissionárias, - Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento
podendo o Estado responder apenas subsidiariamente. A natureza ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual (art. 35,
da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou preço público. VI da Lei 8987/95).
Importante lembrar, que o poder de fiscalização da prestação
de serviços públicos é sempre do Poder Concedente. Assunção (reassunção): é a retomada do serviço público pelo
poder concedente assim que extinta a concessão.
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §2º da Lei 8.987/75:
“Art. 35, § 2º - Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamen-
tos, avaliações e liquidações necessários).

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Reversão: é o retorno de bens reversíveis (previstos no edital e § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser pre-
no contrato) usados durante a concessão. cedida da verificação da inadimplência da concessionária em pro-
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §1º da Lei 8.987/75: cesso administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.
“Art. 35, § 1º - Extinta a concessão, retornam ao poder conce- § 3o Não será instaurado processo administrativo de inadim-
dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos plência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente,
ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo,
contrato”. dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões aponta-
das e para o enquadramento, nos termos contratuais.
a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção dos § 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a ina-
contratos de concessão por força do término do prazo inicial previs- dimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder con-
to. Esta é a única forma de extinção natural. cedente, independentemente de indenização prévia, calculada no
decurso do processo.
b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de con- § 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devi-
cessão, mediante autorização de lei específica, durante sua vigên- da na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor
cia, por razões de interesse público. Tem fundamento na suprema- das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária.
cia do interesse público sobre o particular. § 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder con-
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o cedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos en-
fará de forma unilateral, pois um dos atributos do ato administra- cargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
tivo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito à inde- empregados da concessionária.
nização.
Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Lei 8.987/75: d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de conces-
“Art. 37 - Considera-se encampação a retomada do serviço pelo são, durante sua vigência, por descumprimento de obrigações pelo
poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de in- poder concedente.
teresse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas pre-
pagamento da indenização na forma do artigo anterior” cisa ir ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, os serviços prestados
pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados
c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de con- até decisão judicial transitada em julgado
cessão durante sua vigência, por descumprimento de obrigações Nos termos do que estabelece o artigo 39 da Lei 8.987/75:
contratuais pelo concessionário.
“Art. 39 - O contrato de concessão poderá ser rescindido por
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o
iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das nor-
fará de forma unilateral, sem a necessidade de ir ao Poder Judici-
mas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial es-
ário.
pecialmente intentada para esse fim”
O concessionário não terá direito a indenização, pois cometeu
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os
uma irregularidade, mas tem direito a um procedimento adminis-
serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrom-
trativo no qual será garantido contraditório e ampla defesa.
pidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.
Nos termos do que estabelece o artigo 38 da Lei 8.987/75:
O artigo 78 da Lei 8.666/93 traz motivos que levam à rescisão
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, do contrato, tais como:
a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da con- XV- Atraso superior a 90 dias do pagamento devido pela Admi-
cessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as dis- nistração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parce-
posições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre las destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
as partes. pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo po- ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de
der concedente quando: suas obrigações até que seja normalizada a situação;
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou XIV- Suspensão da execução do serviço público pela Administra-
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ- ção Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância do
metros definidores da qualidade do serviço; concessionário, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur-
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- bação da ordem interna ou guerra.
sições legais ou regulamentares concernentes à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan- O artigo 79 da Lei 8.666/93 prevê três formas de rescisão dos
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força contratos administrativo, sendo elas:
maior; 1. Rescisão por ato unilateral da Administração;
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas 2. Rescisão amigável,
ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con- 3. Rescisão judicial.
cedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por Entretanto, na lei de concessão é diferente, existindo apenas
infrações, nos devidos prazos; uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promovida pelo
VI - a concessionária não atender a intimação do poder conce- concessionário no caso de descumprimento das obrigações pelo
dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e poder concedente.
VII - a concessionária não atender a intimação do poder conce- e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de conces-
dente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documenta- são, durante sua vigência, por razões de ilegalidade.
ção relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma
do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta c) seu objeto é a execução d e serviço público, continuando a
espécie de extinção da concessão, diferenciando-se apenas quanto titularidade do serviço com o Poder Público;
à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode fazê-lo unilate-
ralmente e o particular tem que buscar o poder Judiciário. d) o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua
conta e risco;
A administração pode anular seus próprios atos, quando eiva- e) o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela
dos de vícios que os tornem ilegais, porque deles não originam di- Administração e a sua fiscalização;
reitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, f) como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer
respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, momento pela Administração, por motivo de interesse público;
a apreciação judicial, é o que dispõe a Súmula do STF nº 473. g) não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem
a doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hipótese
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimen- em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permis-
to ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual: sionário direito à indenização.
- Falência: É uma forma de extinção dos contratos de conces-
são, durante sua vigência, por falta de condições financeiras do CLASSIFICAÇÃO
concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular podem A doutrina administrativa assim classifica os Serviços Públicos:
promover esta espécie de extinção da concessão.
- Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É uma a) Serviços delegáveis e indelegáveis:
forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigên- Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou pelo
cia, por falta de condições financeiras ou jurídicas por parte do con- fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser execu-
cessionário. tados pelo estado ou por particulares colaboradores. Ex: serviço de
abastecimento de água e energia elétrica
Permissão de Serviço Público Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser prestados
É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo po- pelo Estado diretamente, por seus órgãos ou agentes. Ex: serviço de
der concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem capaci- segurança nacional.
dade de desempenho por sua conta e risco.
A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natureza b) Serviços administrativos e de utilidade pública:
jurídica da permissão, pois muito embora afirma que seja “precá- O chamado serviço de utilidade pública é o elenco de serviços
ria”, mas exige que seja precedida de “licitação”, o que pressupõe prestados à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e
um contrato e um contrato de natureza não precária. seus agentes, basicamente de infraestrutura e de uso geral, como
Em razão disso, diverge a doutrina administrativa majoritária correios e telecomunicações, fornecimento de energia, dentre ou-
entende que concessão é uma espécie de contrato administrativo tros.
destinado a transferir a execução de um serviço público para tercei- Ex: imprensa oficial
ros enquanto permissão é ato administrativo unilateral e precário.
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos c) Serviços coletivos e singulares:
quando a eles se refere - Coletivo (uti universi): São serviços gerais, prestados pela Ad-
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con- ministração à sociedade como um todo, sem destinatário determi-
cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so- nado e são mantidos pelo pagamento de impostos.
nora e de sons e imagens, observado o princípio da complementari- - Serviços singulares (uti singuli): são os individuais onde os
dade dos sistemas privado, público e estatal. usuários são determinados e são remunerados pelo pagamento de
[...] taxa ou tarifa.
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven- Ex: serviço de telefonia domiciliar
cido o prazo, depende de decisão judicial.
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para d) Serviços sociais e econômicos:
as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. - Serviços sociais: são os que o Estado executa para atender aos
reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade propicia-
Autorização dora de comodidade relevante; ou serviços assistenciais e proteti-
É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário, vos. Ex: serviços de educação e saúde.
pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução de - Serviços econômicos: são aqueles que, por sua possibilidade
um serviço público para terceiros. O ato é precário porque não tem de lucro, representam atividades de caráter industrial ou comercial.
prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfazimento a Ex: serviço de fornecimento de gás canalizado.
qualquer momento.
O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é o e). Serviços próprios
grau de precariedade. A autorização de serviço público tem preca- Compreendem os que se relacionam intimamente com as atri-
riedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É apli- buições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
cada para execução de serviço público emergencial ou transitório públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre os administra-
Relativamente à permissão de serviço público, as suas caracte- dos para a execução da Administração Pública. Em razão disso não
rísticas assim se resumem: podem ser delegados a particulares. Devido a sua essência, são na
a) é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração.
pelo poder concedente, embora tradicionalmente seja tratada pela
doutrina como ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou
oneroso, intuitu personae.
b) depende sempre de licitação, conforme artigo 175 da Cons-
tituição;

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

f). Serviços impróprios As relações humanas no trabalho são essenciais para o esta-
Por não afetarem substancialmente as necessidades da socie- belecimento de um clima organizacional produtivo e harmonioso.
dade, apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo ser Mas que isso não seja o único motivo para a promoção e a con-
remunerado pelos seus órgãos ou entidades administrativas, como tínua manutenção das boas relações humanas no trabalho: afinal, o
é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou ainda seu desequilíbrio pode gerar uma série de problemas.
por delegação. Entre os principais podemos citar a desmotivação, o estresse e
o acúmulo de conflitos internos — sintomas característicos de uma
PRINCÍPIOS empresa desagregadora e com baixo índice de desenvolvimento.
Vamos conferir os princípios fundamentais que ditam as dire- Como andam as relações humanas no trabalho em sua empre-
trizes do serviço público: sa? Que tal conferir, conosco, o impacto positivo em trabalhá-la e
a) Princípio da continuidade da prestação do serviço público: promover um clima verdadeiramente produtivo? É só seguir com
Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante é o esta leitura, então!
da continuidade de sua prestação.
Na vigência de contrato administrativo, quando o particular O que são as relações humanas no trabalho?
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Adminis- Basicamente, uma relação humana é aquela em que ocorre a
tração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular interação entre duas ou mais pessoas. Quando eficiente, essa habi-
não pode rescindir o contrato, tendo em vista o princípio da conti- lidade é trabalhada de maneira ininterrupta. Ocorre, por exemplo,
nuidade da prestação. quando:
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Admi- - um líder delega atividades para a sua equipe;
nistração Pública uma prerrogativa que não existe para o particular, - uma reunião é convocada;
colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia do - um feedback é fornecido;
interesse público. - ideias são sugeridas;
- divergência estabelecem a riqueza de um debate.
b) Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execução
do serviço público pode ser alterada, desde que para atender o in- Ou seja: a todo momento as relações humanas no trabalho in-
teresse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de ser- terpelam o caminho dos colaboradores.
viços públicos, nem os contratados pela administração pública, têm
direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico. Qual é a importância das relações humanas no trabalho?
c) Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula Anteriormente, destacamos que a falta de sintonia no convívio
que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em con- entre os colaboradores pode, lenta e gradualmente, evoluir para
tratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas um estado crônico de estresse, desmotivação, desagregação e im-
possuírem condições legais de contratação, não poderão ser dife- produtividade.
renciadas.
d) Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta claro Por sua vez, exemplos de boas relações humanas no trabalho
são, de fato, soluções para minimizar as situações acima. Veja só
que o serviço adequado é aquele que preenche as condições de re-
alguns deles que contribuem para um bom clima organizacional:
gularidade, continuidade, eficiência, segurança, entre outros. Dessa
- respeito aos colegas e superiores;
forma, se nota que à Administração Pública e aos seus delegados é
- fofocas são erradicadas do dia a dia;
necessário que se respeite o que a legislação exige.
- paciência para saber ouvir;
e) Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculdade
- colaboração com os colegas;
discricionária em prestar o serviço público, ele é obrigado a fazer,
- ideias e sugestões sem atacar os companheiros de trabalho;
sendo, dessa maneira, um dever jurídico.
- respeito e acolhimento de uma cultura de respeito às dife-
f) Princípio da modicidade das tarifas: significa que o valor exi-
renças.
gido do usuário a título de remuneração pelo uso do serviço deve
ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para Isso significa que a importância das relações humanas no tra-
remunerar o prestador com acréscimo de pequena margem de lu- balho está intimamente associada à construção de um ambiente
cro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módico”, isto é, algo positivo, de condições favoráveis para o exercício da profissão.
barato, acessível. E não pense que o conceito é recente: em 1930, um estudo foi
Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço conduzido na fábrica de Hawthorne Works (Illinois, EUA) e apontou
remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denominá-lo que pequenas mudanças, na rotina, já afetam a produtividade das
princípio da modicidade da remuneração. equipes.
Além disso, descobriu-se que as relações humanas têm elevado
g) Princípio da transparência: o usuário tem direito de receber impacto nessa oscilação de produção. Não à toa, essa é toda a base
do poder concedente e da concessionária informações para defesa estrutural da Gestão de Recursos Humanos.
de interesses individuais ou coletivos.
Quais riscos impedem o desenvolvimento das relações huma-
nas?
RELAÇÕES HUMANAS E INTERPESSOAIS
As consequências das más relações humanas no trabalho já fo-
ram identificadas, até aqui. O que muitos profissionais de RH devem
As relações humanas no trabalho ocorrem de maneira ininter- estar pensando, então, é: “e o que motiva esse tipo de problema na
rupta, a partir da interação entre duas ou mais pessoas. Essa habi- empresa?”
lidade é essencial para obter um clima organizacional produtivo e
harmonioso porque gera empatia, colaboração e o alinhamento de Abaixo, algumas das questões associadas a esse problema se-
objetivos. rão observadas, como:

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Falta de empatia Convém adiantar: todas essas ações devem ser planejadas e
Muitos confundem lógica e razão com a ausência de empatia executadas pelo setor de RH — sempre em conjunto com as lide-
— um engano tremendo! ranças da empresa.
Afinal de contas, é por meio da empatia que as pessoas criam Pois, assim, há como realizar um monitoramento próximo e efe-
elos, afinidade e a compreensão que facilite as relações humanas tivo a respeito dos resultados de cada ação promovida. Com base
no trabalho. em métricas previamente estipuladas, os profissionais conseguem
Por exemplo: funcionários empáticos avaliam todo o proces- avaliar o efeito que cada campanha surtiu, podendo intensificar ou
so de trabalho e entendem como a sua etapa do fluxo impacta os diversificar as ações seguintes.
profissionais responsáveis pela sequência do processo. Eles não se No fim das contas, promover as relações humanas no trabalho
limitam, exclusivamente, ao que gira em torno de suas rotinas. é uma necessidade. Suas ações e consequências contribuem direta-
Ao contrário de um profissional que, para ascender na carreira, mente com o desenvolvimento de uma empresa.
focam só no seu sucesso e permanece indiferente às consequências Na mesma proporção que a falta de um cuidado, nesse sen-
que suas ações causam aos outros. tido, estabelece um clima desagregador à rotina, com resultados
bastante problemáticos. (https://www.xerpa.com.br/blog/relaco-
Desrespeito es-humanas-no-trabalho/)
Outro aspecto que influencia negativamente nas relações hu-
manas no trabalho, o desrespeito impede que exista harmonia en- O Relacionamento interpessoal é um conceito da área da so-
tre as equipes. ciologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais
Perceba, inclusive, que isso pode acontecer em qualquer cargo pessoas. Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto
hierárquico e a qualquer momento. Daí a importância em construir onde ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar,
um local de trabalho cuja qualidade de vida e o bem-estar coletivo de trabalho ou de comunidade.
sejam enaltecidos. O relacionamento interpessoal é fundamental em qualquer or-
ganização, pois são as pessoas que movem os negócios, estão por
Arbitrariedade trás dos números, lucros e todo bom resultado, daí a importância
Pessoas que se abstêm da imparcialidade geram transtornos de se investir nas relações humanas. No contexto das organizações,
diversos, no ambiente corporativo. Por exemplo: gestores que auxi- o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um rela-
liam aqueles com quem eles têm afinidade. cionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente
Como consequência disso, o resto da equipe se sente despro- dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da pro-
tegida e desvalorizada, iniciando um processo de desmotivação e dutividade.
uma falta de compromisso coletiva e crônica. Em uma empresa é muito importante desenvolver cursos e ati-
vidades que estimulem as relações interpessoais a fim de melho-
Muita competitividade rar a produtividade através da eficácia. Pessoas focadas produzem
Até como um complemento ao tópico da empatia, podemos
mais, se cansam menos e causam menos acidentes. Por isso, o con-
apontar a competitividade como um elemento debilitante das boas
ceito de relacionamento interpessoal vem sendo aplicado em di-
relações humanas no trabalho.
nâmicas de grupo para auxiliar a integração entre os participantes,
Afinal, em nome de um reconhecimento maior, muitos podem
para resolver conflitos e proporcionar o autoconhecimento.
optar por abandonar a gentileza, o respeito e a generosidade no
Estimulando as Relações Interpessoais todos saem ganhando, a
dia a dia.
empresa em forma de produtividade e os colaboradores em forma
E, aí, os problemas podem se acumular, com o aumento de
de autoconhecimento, o que agrega valores em sua carreira e em
conflitos internos, estresse em níveis desproporcionais e uma in-
sua relação com a família e a sociedade.
satisfação que pode levar ao aumento do índice de rotatividade na
empresa. Trabalhar as relações interpessoais dentro das empresas é tão
importante quanto à qualificação e capacitação individual, pois
Como promover as relações humanas no trabalho? quanto melhores forem as relações, maiores serão a colaboração, a
A seguir, nós vamos destacar alguns pontos-chave que o setor produtividade e a qualidade.
de RH pode se inspirar para valorizar — continuamente — as rela-
ções humanas no trabalho. São eles: Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho
- monte um plano de carreira que envolva a todos os profis- são diferenciados por dois motivos: um é que não escolhemos no-
sionais; vos colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro é que, indepen-
- consolide um sistema de avaliação com o feedback 360°, per- dentemente do grau de afinidade que temos com as pessoas no
mitindo a transparência e a autonomia para que todos tenham voz ambiente corporativo, precisamos relacionar bem com elas para re-
ativa na empresa; alizar algo junto. A cordialidade desinteressada que oferecemos por
- treine e capacite as equipes a desenvolverem a inteligência iniciativa própria, sem esperar nada em troca, é um facilitador do
emocional — individual e coletivamente; bom relacionamento no ambiente de trabalho. Afinal, os relaciona-
- monte uma comunicação eficaz na empresa; mentos são a melhor escola para o nosso desenvolvimento pessoal.
- coíba ações que possam ferir o orgulho dos colaboradores; Chiavenato (2002), nos leva a compreender que a qualidade
- promova campanhas de conscientização e respeito à diversi- de vida das pessoas pode aumentar através de sua constante ca-
dade no ambiente de trabalho; pacitação e de seu crescente desenvolvimento profissional, pois
- estabeleça eventos internos que facilitem e fortaleçam a inte- pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e
ração e integração das equipes. Isso fomenta, qualitativamente, as confiabilidade, prazer e felicidade, além de melhorar na qualidade
relações humanas no trabalho; e produtividade dentro das organizações também deve haver re-
- oriente a liderança a estimular a competitividade, para gerar lacionamentos interpessoais, pois o homem é um ser de relações,
engajamento, mas sempre sob a sua supervisão para evitar os ex- ninguém consegue ser autossuficiente e saber se relacionar tam-
cessos. bém é um aprendizado.

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

As convivências ajudam na reflexão e interiorização das pes- Diante do exposto vê-se que o mundo gira em torno da comu-
soas, e também apresentam uma rejeição à sociedade egoísta em nicação e da informação e para que uma organização tenha sucesso
que vivemos. é necessário que a comunicação seja clara, direta e transparente
De qualquer forma, não podemos deixar de entender que uma assim como as relações interpessoais.
organização sem pessoas não teria sentido. Uma fábrica sem pes- Conforme diz Chiavenato (1989, p.3):
soas pára; um computador sem uma pessoa é inútil. “Em sua es- As organizações são unidades sociais (e, portanto, constituídas
sência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o trabalho é de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar deter-
processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-se às minados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transações
pessoas (LUCENA, 1990, p.52)”. comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, a caridade, o
Nesse sentido, Chiavenato (1989) fala que a integração entre lazer, etc. Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações,
indivíduos na organização é importante porque se torna viável um porque tudo o que fazemos é feito dentro das organizações.
clima de cooperação, fazendo com que atinjam determinados ob- Os ambientes de trabalho são, pois, organizações, e nelas so-
jetivos juntos. bressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação
Para Chiavenato (2000, p.47), antigamente, a área de recursos
humana.
humanos se caracterizava por definir políticas para tratar as pes-
Romão (2002) registra:
soas de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos
Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde
Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e
a empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário
idênticas.
Hoje, há diferenças individuais e também, há diversidade nas como funcionário profissional, e antes de qualquer coisa que é um
organizações. A razão é simples: quanto maior a diferença das pes- ser humano com capacidades que reunem à produção da empresa,
soas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. formarão uma equipe e harmoniosa em que o maior beneficiado
A diversidade está em alta. As pessoas estão deixando de se- será ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacio-
rem meros recursos produtivos para ser o capital humano da orga- namentos com os outros e, principalmente, o cliente que sentirá
nização. O trabalho está deixando de ser individualizado, solitário isso quando adquirir o produto ou serviço da empresa gerando a
e isolado para se transformar em uma atividade grupal, solidária e fidelização que tanto se busca.
conjunta. O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente,
Hoje, em vez de dividir, separar e isolar tornou-se importante e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal
juntar e integrar para obter efeito de melhor e maior resultado e também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de
multiplicador. As pessoas trabalham melhor e mais satisfeitas quan- resultados.
do o fazem juntas. Equipes, trabalho em conjunto, compartilhamen- Percebe-se que a parte humana da empresa precisa estar sem-
to, participação, solidariedade, consenso, decisão em equipes:essas pre em processo de educação, não a educação escolar, mas uma
estão sendo as palavras de ordem nas organizações ( CHIAVENATO, educação que tenha como objetivo melhorias no comportamento
2002, p.71-72 ). das pessoas, nas relações do dia a dia, pois somos seres de rala-
Como se viu até então, as pessoas são produtos do meio em ções, não nos bastamos, precisamos sempre um do outro. Preci-
que vivem, têm emoções, sentimentos e agem de acordo com o samos nos relacionar e se comunicar, somos seres inacabados em
conjunto que as cercam seja no espaço físico ou social. processo de educação constante, estamos em busca contínua de
mudar nossa realidade.
As Relações Humanas nas Organizações Algumas dicas que podem ajudar a manter boas relações inter-
Os indivíduos dentro da organização participam de grupos so- pessoais no ambiente organizacional:
ciais e mantêm-se em uma constante interação social. Para explicar Procure investir em sua equipe e na manutenção de relaciona-
o comportamento humano nas organizações, a Teoria das Relações mentos saudáveis.
Humanas passou a estudar essa interação social. As relações huma- Evite gerar competição uns com os outros e estimule a colabo-
nas são as ações e atitudes desenvolvidas e através dos contatos
ração entre colegas e equipes.
entre pessoas e grupos.
Investir no desenvolvimento de habilidades e aprimoramento
Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferencia-
de competências da equipe.
da que influi no comportamento e atitudes das outras com quem
Quando surgirem os conflitos e as diferenças, aja com cautela e
mantém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas
outras. Cada pessoa procura ajustar-se às demais pessoas e grupos, não tome partido de ninguém.
pretendendo ser compreendida, aceita e participa, com o objetivo Promova a conversa e evite brigas e discussões.
de entender os seus interesses e aspirações. Algumas Normas de Convivência:
A compreensão da natureza dessas relações humanas permite Fale com as pessoas, seja comunicativo, não há nada melhor
melhores resultados dos subordinados e uma atmosfera onde cada que chegar para uma pessoa e conversar alegremente, discutir
pessoa é encorajada a expressar-se livre e de maneira sadia. ideias e falar sobre várias coisas.
Sorria para as pessoas, é sempre bom encontrar uma pessoa
Com o avanço da tecnologia, o trabalho também passa a ser alegre, sorridente, ela te deixa mais à vontade.
mais individual, cada funcionário em seu setor, isso faz com que Chame as pessoas pelo nome, nunca coloque apelido de mau
as pessoas fiquem distantes uma das outras, aumentando o nível gosto nas pessoas, afinal você não gostaria que fizessem o mesmo
de stress, pois não conseguem mais se relacionarem, não há mais com você.
tempo para o diálogo. Seja amigo e prestativo, pois ninguém quer um amigo impres-
A comunicação hoje é tudo, saber se comunicar é fundamental tável perto de si, e para que você tenha amigos e pessoas prestati-
e para o sucesso de uma organização isso é essencial. Chiavenato vas, cultive isso também, seja amigo e prestativo.
(2010, p.47) diz: “A informação não é tocada, palpável nem medi- Seja cordial, faça as coisas com boa vontade, ninguém gosta de
da, mas é um produto valioso no mundo atual porque proporciona pessoas que tudo que faz, é com raiva.
poder”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Tenha mais interesse com o que as pessoas falam com você, exige um investimento muito mais longo em termos de capacitação
seja sincero e franco, mas é claro, com toda educação sem deixar as quanto a habilidades e conhecimentos e, sobretudo, em termos de
outras pessoas desajeitadas e desconfortáveis ao seu lado. confiança e comprometimento pessoal.
A dificuldade de relacionamento entre as pessoas é um dos Os sujeitos e os diferentes cenários são universos vivos ou siste-
principais problemas vivenciados no mundo moderno, quer seja en- mas inacabados em permanente interação e transformação e que,
tre amigos, entre pessoas da família ou entre colegas de trabalho. para compreendê-la, não se pode desprezar essa complexidade.
De modo geral essas desavenças surgem na interação diária entre Entende-se que, no âmbito dos conhecimentos que envolvem
duas ou mais pessoas, ocasionadas por divergências de ideias, por os seres humanos e suas relações com os outros e com o mundo
diferenças de personalidade, objetivos ou metas ou por variedade (âmbito das Ciências Humanas e Sociais), torna-se necessário con-
de percepções e modos de analisar uma mesma informação ou fato. siderar motivações, desejos, crenças, ideias, ideologias, intenções.
Em razão disso, compreende-se que a realidade é uma construção
Atualmente, muito tem se falado da importância das relações social e que os sujeitos também não estão prontos e acabados, mas
interpessoais dentro das organizações, de se humanizar o ambiente se transformam. Também se compreende a realidade como sendo
de trabalho, mas afinal o que é essa tal humanização? dinâmica e em constante transformação. Nesse processo de trans-
Humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa, formação da realidade, observam-se posições opostas, interesses
enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade contrários e a instalação de soluções provisórias, porém marcadas
que lhe é interna. A prática da humanização deve ser observada por contradições que, sendo evidenciadas, produzem a necessida-
continuamente. de de novas transformações.
O comportamento ético deve ser o princípio da vida da orga- É preciso haver abertura para o conhecimento, pensar o novo,
nização, uma vez que se é ético é preocupar-se com a felicidade reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais
pessoal e coletiva. do que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros, de-
Numa sociedade em que os valores morais estão deixando de senvolver a percepção de depender reciprocamente, administrar
existir por ações que destroem a ética e a moralidade, existe uma conflitos, a participação de projetos comuns, a ter prazer no espaço
necessidade oculta de se buscar humanizar as pessoas e conse- comum (CESAR; BIACHINI; PIASSA, 2008).
quentemente as organizações. Trabalhar as relações humanas em grupo envolve as diferen-
Diante disso, com o aumento da necessidade das empresas de ças, opiniões, conceitos, atitudes, crenças, valores, preconceitos,
gerarem resultados positivos, tem se enfatizado a importância das diante de sua profissão, enfocando aspectos de Motivação, Autoes-
tima, Percepção, Comunicação, Colaboração, Feedback, Liderança
relações interpessoais com vistas a melhorar o desempenho funcio-
e Grupos, para um melhor conhecimento de si próprio e melhorar
nal e consequentemente contribuir para a realização dos objetivos
relações com o outro.
organizacionais.
Muitas pessoas já perderam a noção do que é um convívio sau-
O relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às ve-
dável e simplesmente se concentram em chegar à frente a qualquer
zes não encontra proteção no ambiente organizacional, gerando os
custo. Como consequências naturais surgem diversos conflitos que
mais diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organiza-
podem comprometer o bom relacionamento dentro das institui-
ções.
ções.
Quando realmente queremos, as coisas acontecem. O primei-
Entendendo o Relacionamento Interpessoal: Relações Huma-
ro passo para a mudança é a aceitação das nossas deficiências, da
nas aceitação de nós mesmos. Para isso, temos que mudar nossa atitu-
Relacionamento interpessoal é atualmente o grande diferen- de! Pergunte-se: Eu preciso mudar essa relação? Eu quero mudar
cial competitivo das mais variadas organizações, ele por sua vez, essa relação? Eu posso fazer algo para transformar essa situação?
está intimamente ligado à necessidade de se ter recursos humanos, Eu vou fazer isso? Se a resposta for positiva para as quatro pergun-
mais importantes inclusive que os financeiros e tecnológicos, ou tas, estamos preparados para mudar e reverter o quadro. Sem a
seja, tem a ver com trabalho em equipe, confiança, amizade, coo- nossa mudança de atitude, não há mudança nos relacionamentos.
peração, capacidade de julgamento e sabedoria das pessoas. É muito fácil querermos mudar o outro, quando na verdade, temos
Chiavenato nos diz que antigamente, a área de recursos huma- que começar por nós mesmos.
nos se caracterizava por definir políticas para tratar as pessoas de Enfim, a forma como lidamos com o conflito é o que faz toda a
maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos Humanos diferença. Todo conflito apresenta uma oportunidade de enxergar-
tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e idênticas. mos o ponto de vista do outro e percebermos se faríamos o mes-
Hoje, as diferenças individuais estão em alta: A área de Recursos mo, caso estivéssemos no lugar dele. Se agirmos assim, os conflitos
Humanos está enfatizando as diferenças individuais e a diversidade começam a ter um lado extremamente positivo, pois podem ser
nas organizações. A razão é simples: quanto maior a diferença das ótimas oportunidades para mudança de percepção, inovação na
pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. empresa, cooperação entre as pessoas e, principalmente, estímulo
As mais recentes abordagens administrativas enfatizam que para que aconteça maior sinceridade nas relações interpessoais.
são as pessoas que fazem a diferença nas organizações. Em outras Cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira de pensar
palavras, em um mundo onde a informação é rapidamente dispo- a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há
nibilizada e compartilhada pelas organizações, sobressaem aquelas pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que
que são capazes de transformá-la rapidamente em oportunidades, se interessam em aprender constantemente, outras não, enfim as
em termos de novos produtos e serviços, antes que outras o façam. pessoas têm objetivos diferenciados e nesta situação muitas vezes
E isto pode ser conseguido não com a tecnologia simplesmente, priorizam o que melhor lhes convém e às vezes em conflito com a
mas com as pessoas que sabem utilizá-la adequadamente. São as própria empresa. Portanto:
pessoas (e não apenas a tecnologia) que fazem a diferença. A tec- O autoconhecimento e o conhecimento do outro são compo-
nologia pode ser adquirida por qualquer organização com facilida- nentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no traba-
de, nas repartições, setores e estabelecimentos. Bons funcionários lho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

mais observadas, destacam-se: falta de objetivos pessoais, difi- Para evoluirmos, é importante entender definitivamente a im-
culdade em priorizar, dificuldade em ouvir (BOM SUCESSO, 1997, portância de estabelecer um bom relacionamento interpessoal. De
p.38). que forma? Em primeiro lugar, “respeito ao ser humano é funda-
Sem respeito pelo nosso semelhante, um bom relacionamento mental”. Além disso, dedicarmos um bom tempo à leitura, aos estu-
interpessoal não será possível. Por sermos seres humanos diferen- dos sobre o ser humano e a conhecer pessoas. Estas ações irão nos
tes uns dos outros, costumamos ver as pessoas e as situações que ajudar a desenvolver a cada dia a habilidade de saber se relacionar
vivemos de forma como fazem sentido para nós, de acordo com bem. É fato que, sabendo viver, comunicando-se e relacionando-
nossos vícios e o hábito que temos de ver as pessoas e o mundo, -se bem, será possível conseguir obter resultados com e através de
e não somente e necessariamente da forma como a realidade se pessoas. Atitude positiva e maturidade caminham sempre juntas.
apresenta. É importante lembrar que: os profissionais desvalorizados ten-
Alguém poderá explicar seu próprio comportamento ou de ou- dem a perder o foco, se desmotivam facilmente, diminui sua produ-
tra pessoa sem os conceitos de amor e de ódio? Geralmente de- tividade, o que acaba prejudicando e muito o bom andamento da
senvolvemos nossa própria série de conceitos para interpretar o empresa. Cada pessoa é única, com suas características e persona-
comportamento dos outros. Precisamos saber que uma pessoa só lidades próprias. Por isso, devemos conhecer nossos funcionários e
muda quando ela mesma consegue perceber ou for convencida de saber qual é o perfil comportamental de cada um, assim será mais
que a forma como faz ou atua, de fato, não é a mais adequada. Ou fácil identificar a melhor maneira de lidar individualmente ou em
seja, a própria pessoa precisa reconhecer a necessidade de mudar. grupo com cada um.
Em primeiro lugar, além do respeito, é necessário ter no míni- Outra dica importante para manter relacionamentos interpes-
mo um conhecimento razoável sobre pessoas, e conseguir adquirir soais de forma positiva para organização é investir no desenvolvi-
experiências que nos façam entender que as relações interpesso- mento de habilidades e aprimoramento de competências da equi-
ais devem ser boas pelo menos para que possamos nos comunicar pe.
bem e fazer as coisas acontecer. Os conflitos podem acontecer em qualquer circunstância, prin-
A chave estrutural para que isso ocorra é oferecer o respeito cipalmente no ambiente profissional, por isso, é importante que
que todo o ser humano merece reunir uma boa dose de paciência e chefes e gestores fiquem sempre atentos aos comportamentos do
principalmente gostar de pessoas e de gente. time.
Portanto, precisamos entender que relacionamento interpes- Quando surgirem conflitos e as diferenças, devemos agir com
soal é um dos quesitos de êxito e sucesso em nossas vidas. E que cautela e não tomar partido de ninguém. E devemos lembrar que
este relacionamento deve ser o melhor possível. todos são peças chave no sucesso do negócio. Sendo assim, promo-
Outro aspecto importante para um bom relacionamento inter- veremos a conversa e evitamos brigas e discussões. Enfim, pode-
pessoal depende de uma boa comunicação entre emissores e re- mos perceber, por meio desses argumentos, que o relacionamento
interpessoal é de fundamental importância e ainda contribui signi-
ceptores. Qualquer informação que se pretenda transmitir de uma
ficativamente para o sucesso de qualquer empresa.
pessoa para outra, de uma pessoa para um grupo, de um professor
para alunos, de um palestrante para ouvintes deve ser bem comu-
A Importância na Qualidade do Ambiente de Trabalho
nicada e bem compreendida. Quem dá informação é o principal res-
Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que
ponsável por uma boa comunicação.
em nosso lar, e ainda assim não nos damos conta de como é impor-
Saber entender e conduzir de forma amigável nossas diferen-
tante estar em um ambiente saudável, e o quanto isto depende de
ças é uma habilidade essencial na forma de nos comunicar. Isto é
cada um. Devemos refletir sobre qual o nosso papel e a importância
o que as pessoas fazem naturalmente quando compartilham uma
na qualidade do ambiente em que trabalhamos.
visão comum, desejam aprofundar suas amizades ou estabelecer Além de constituir responsabilidade da empresa, qualidade de
um bom relacionamento. vida é uma conquista pessoal. O autoconhecimento e a descober-
Provavelmente ficaríamos positivamente surpresos se efetiva- ta do papel de cada um nas organizações, da postura facilitadora,
mente soubéssemos conviver com as diferenças e como é possível empreendedora, passiva ou ativa, transformadora ou conformista é
conseguir resultados gratificantes procurando entender melhor a responsabilidade de todos (BOM SUCESSO, 1997, p.47).
nós mesmos e os outros. É importante que a comunicação seja clara, e é necessário que
Enfim, podemos buscar similaridades e minimizar nossas dife- se tenham boas relações. É fundamental ter um bom relaciona-
renças como seres humanos de várias maneiras. É natural que pro- mento entre as pessoas, pois isso contribui não somente para uma
curemos amenizar nossas diferenças com as pessoas de que gos- boa convivência no dia a dia, mas também para um bom clima, e
tamos com aquelas que simpatizamos à primeira vista, ou mesmo influencia diretamente de forma positiva no resultado da organi-
compartilhamos nossos objetivos de vida. zação.
Da mesma forma, também é natural que criemos barreiras com As organizações são compostas por pessoas, devemos conside-
pessoas que consideramos difíceis ou até mesmo, de forma inexpli- rar que, para um bom andamento do trabalho e uma boa produção,
cável, não simpatizemos. No entanto, quando não conseguimos mi- é necessário que as pessoas estejam bem colocadas na organização,
nimizar nossas diferenças com essas pessoas, está formada a base com oportunidades de crescimento e, principalmente, com felici-
para o conflito. dade.
Fatores ambientais colaboram para a qualidade de trabalho,
Relações Humanas da Teoria à Prática pois quanto maior for à preocupação com o fator humano nas or-
Não é possível generalizar pessoas. Somos todos diferentes em ganizações, mais elevado será o resultado. Enfim, se houver investi-
cada uma de nossas relações. Porém, o mais importante é aceitar- mento no desenvolvimento humano de todas as pessoas da empre-
mo-nos do jeito que somos tratando de destacar as qualidades que sa, as relações interpessoais saudáveis resultarão em um ambiente
temos e modificar o que deve ser mudado. E isso se refere tanto ao favorável onde todos possam deixar fluir suas potencialidades. Os
aspecto físico quanto ao aspecto psicológico. Não se pode nunca valores, aos poucos, mudam, e o empregado está sentindo o gosto
esquecer, que o ser humano é que faz as coisas acontecerem. Por de participar, de arriscar, de ganhar mais e de sobreviver a tantas
que não tentar conhecê-lo melhor a cada dia? mudanças.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

De acordo com Bom Sucesso (1997), “No cenário idealizado de A reestruturação das organizações gerou um público interno
pleno emprego, mesmo de ótimas condições financeiras, conforto de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes,
e segurança, alguns trabalhadores ainda estarão dominados pelo responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em to-
sofrimento emocional. Outros necessitados, conseguindo o alimen- dos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é que se
to diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes, propõe como atribuição do profissional de Relações Públicas ser o
esperançosos.” intermediador, o administrador dos relacionamentos institucionais
No mercado de trabalho hoje em dia, se não tivermos um bom e de negócios da empresa com os seus públicos. Sendo assim, fica
relacionamento com as pessoas, acabamos ficando sem emprego, claro que esse profissional tem seu campo de ação na política de
pois hoje em dia, precisamos nos comunicar, ter contato com as relacionamento da organização.
pessoas. Mas muitos seres humanos são prejudicados por si mes- A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como
mo, por falta de compreensão ao outro, falta de paciência, e o prin- um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa signi-
cipal, que é não saber lidar com as diferenças. ficativamente maior que um simples programa de comunicação
No nosso dia a dia, convivemos e falamos com várias pessoas impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as empre-
de todo lugar, outra classe social ou raça diferente da nossa, enfim, sas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmicos, abertos,
vemos e convivemos com pessoas de todos os tipos, mas não é só treinados, com visões integradas e em permanente estado de alerta
porque ela é diferente, que não podemos ter um bom relaciona- para as ameaças e oportunidades ditadas pelo meio ambiente.
mento, ainda mais, se esta pessoa está todos os dias do nosso lado Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela-
no trabalho. ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica,
Quando estamos reunidos em um ambiente onde há pessoas social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir os
diferentes é normal que encontremos hábitos diferentes do nosso, objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacio-
sendo assim, temos que aprender a lidar e ceder aos hábitos dos namento.
outros e demonstrar o nosso também. Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Públi-
O problema se instala quando essas situações não são resolvi- cas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de comu-
das ou não são percebidas pelos envolvidos, ficando “mascarados”, nicação total da empresa, tanto no nível do entendimento, como no
invisíveis e internalizados nos colaboradores que acabam demons- nível de persuasão nos negócios.
trando suas emoções somente quando se sentem ameaçados, in-
justiçados ou até mesmo temerosos de perder posições ou funções Pronúncia correta das palavras
que ocupam. Proferir as palavras corretamente. Isso envolve:
Tanto as pessoas quanto as empresas sofrem as consequências - Usar os sons corretos para vocalizar as palavras;
das relações interpessoais negativas que geram desmotivação da - Enfatizar a sílaba certa;
- Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
equipe, queda do rendimento e da produtividade.
As trocas constantes de informações e o diálogo são essenciais
Por que é importante?
quando se busca a preservação dos relacionamentos e o trabalho
A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que prega-
em equipe, o que acaba sendo essencial e indispensável para o bom
mos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da mensagem
andamento das atividades organizacionais. Nesse sentido, o rela-
sem ser distraídos por erros de pronúncia.
cionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, abrir-se para o novo,
buscar ser aceito e ser entendido e entender o outro.
Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de pronún-
No ambiente de trabalho, onde passamos cerca de um terço
cia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas utilizam um
de nossa vida é fundamental que saibamos viver e conviver com alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os alfabetos árabe,
as pessoas e respeitá-las em suas individualidades, caso contrário, cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a escrita não é feita por
somente o fato de pensar em ir para o trabalho passa a ser insupor- meio de um alfabeto, mas por meio de caracteres que podem ser
tável esta ideia. compostos de vários elementos.
Para que o clima organizacional seja harmonioso e as pesso- Esses caracteres geralmente representam uma palavra ou par-
as tenham um bom relacionamento interpessoal, é necessário que te de uma palavra. Embora os idiomas japonês e coreano usem ca-
cada um deixe de agir de forma individualizada e egoísta, promo- racteres chineses, estes podem ser pronunciados de maneiras bem
vendo relações amigáveis, construtivas e duradouras. (https://psi- diferentes e nem sempre ter o mesmo significado.
cologado.com.br/atuacao/psicologia-organizacional/a-importan- Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que se
cia-da-relacao-interpessoal-no-ambiente-de-trabalho) use o som correto para cada letra ou combinação de letras. Quando
o idioma segue regras coerentes, como é o caso do espanhol, do
grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as palavras es-
trangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm uma pronúncia
ATENDIMENTO AO PÚBLICO E AO TELEFONE
parecida à original. Assim, determinadas letras, ou combinações de
letras, podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes,
Quando se fala em comunicação interna organizacional, auto- simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise memorizar
maticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas, pois as exceções e então usá-las regularmente ao conversar. Em chinês,
ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com os seus a pronúncia correta exige a memorização de milhares de caracteres.
diversos públicos (internos, externos e misto). Em alguns idiomas, o significado de uma palavra muda de acordo
As organizações têm passado por diversas mudanças buscan- com a entonação. Se a pessoa não der a devida atenção a esse as-
do a modernização e a sobrevivência no mundo dos negócios. Os pecto do idioma, poderá transmitir ideias erradas.
maiores objetivos dessas transformações são: tornar a empresa
competitiva, flexível, capaz de responder as exigências do mercado,
reduzindo custos operacionais e apresentando produtos competiti-
vos e de qualidade.

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é im- 021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – três, três –
portante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam esse quatro, três
tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição da sí- 031.386.1198 – zero, três, um – três, oito, meia – onze – nove,
laba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fogem a oito
essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o que torna
relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se Exceções
houver muitas exceções às regras, o problema fica mais complica- 110 -cento e dez
do. Nesse caso, exige bastante memorização para se pronunciar 111 – cento e onze
corretamente as palavras. 211 – duzentos e onze
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção 118 – cento e dezoito
aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determina- 511 – quinhentos e onze
das letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç. 0001 – mil ao contrario
Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas armadilhas.
A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação e até de Atendimento telefônico
esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em desuso. Tais Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor
coisas apenas chamam atenção para o orador. Por outro lado, é se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utili-
bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso da linguagem zação de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto,
quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas questões já fo- que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível
ram discutidas no estudo “Articulação clara”. para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se-
Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um
jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos-
país para outro — até mesmo de uma região para outra no mesmo
sam receber bom atendimento ao telefone.
país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. Os di-
Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para
cionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para determi-
o atendimento telefônico:
nada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito acesso à
instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, ela se bene- • não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo.
ficiará muito por ouvir com atenção os que falam bem o idioma lo- É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a
cal e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová queremos ligação em seguida;
falar de uma maneira que dignifique a mensagem que pregamos e • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de
que seja prontamente entendida pelas pessoas da localidade. se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está bem • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o
familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui problema atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas;
numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se deparar com • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou “bo-
palavras que não usa no cotidiano. a-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são ati-
tudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome do
Maneiras de aprimorar cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im-
Muitas pessoas que têm problemas de pronúncia não se dão portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também
conta disso. esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, con- ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
sulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não tiver prá- mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.
tica em usar o dicionário, procure em suas páginas iniciais, ou finais,
a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os símbolos fonéticos No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal
usados ou, se necessário, peça que alguém o ajude a entendê-los. para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que
Em alguns casos, uma palavra pode ter pronúncias diferentes, de- o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas demandas
pendendo do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da língua
letras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes de portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores importan-
fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz alta. tes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fundamental
Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para al- que o atendente transmita a seu interlocutor segurança, compro-
guém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija seus misso e credibilidade.
erros.
Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar atenção
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, pro-
aos bons oradores.
cedimentos para a excelência no atendimento telefônico:
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gosta
Pronúncia de números telefônicos
O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por al- de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atendente
garismo. da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone. Por
Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo. outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a tratar
Lê-se em caso de uma sequencia de números de três em três o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o interlo-
algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro números jun- cutor se sinta importante;
tos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos. • assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que aten-
O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o número de ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, com-
“11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como “onze”. prometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta rápida.
Veja abaixo os exemplos Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imediatamente
011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero – saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possível”.Se não
zero, três for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o atendente de-

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

verá apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer o • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele-
número do telefone direto de alguém capaz de resolver o problema cidos previamente;
rapidamente, indicar o e-mail ou numero da pessoa responsável • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de que alguém • segurança – sigilo das informações pessoais;
confirmará a recepção do pedido ou chamada; • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de
• Não negar informações: nenhuma informação deve ser nega- contato;
da, mas há que se identificar o interlocutor antes de a fornecer, para • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser-
confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é adequada a viços.
seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois entraremos em
contato com o senhor Fatores críticos de sucesso ao telefone:
• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tempo,  A voz / respiração / ritmo do discurso
ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar  A escolha das palavras
que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando fee-  A educação
dback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor;
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra que o Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro lado
atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada; da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos, mas você
• Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catastrófi- transmite através da voz o sentimento que está alimentando ao
ca: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as boas; conversar com ela. As emoções positivas ou negativas, podem ser
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de comuni- reveladas, tais como:
cação, não se estabele o contato visual, é necessário que o aten- • Interesse ou desinteresse,
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante • Confiança ou desconfiança,
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois, • Alerta ou cansaço,
peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou- • Calma ou agressividade,
cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do • Alegria ou tristeza,
outro lado da linha; • Descontração ou embaraço,
• Ter as informações à mão: um atendente deve conservar a • Entusiasmo ou desânimo.
informação importante perto de si e ter sempre à mão as informa-
ções mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapi- O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por
dez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente; minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minuto
• Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: aproximadamente, tornando o discurso mais claro.
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem e
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a julgar
vai retornar a chamada. que não existe entusiasmo da sua parte.

Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao
atendimento telefônico: cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa-
• Receptividade - demonstrar paciência e disposição para ser- tia. Está relacionada a:
vir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos usu- • Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando
ários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da mes- prontamente a solicitação do usuário;
ma forma é necessário evitar que interlocutor espere por respostas; • Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cordia-
• Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, dizer lidade;
palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, anotar a • Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre-
mensagem do interlocutor); vistas.
• Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro-
nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vista,
como “meu bem”, “meu querido, entre outras); que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la com-
• Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evitar preender a essência da mesma é uma tarefa que envolve inúmeras
distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desviando-se variáveis que transformam a comunicação humana em um desafio
do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber enquanto constante para todos nós.
se fala); E essa complexidade aumenta quando não há uma comunica-
• Comportamento ético na conversação – o que envolve tam- ção visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é o único
bém evitar promessas que não poderão ser cumpridas. instrumento capaz de transmitir a mensagem de um emissor para
um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas cometem erros pri-
Atendimento e tratamento mários no atendimento telefônico, por se tratar de algo de difícil
O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de consecução.
uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo
com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma, Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, de
uma relação entre o atendente, a organização e o cliente. modo a atingirmos a excelência, confira:
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem for-
A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada mal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e se-
por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a: riedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim fa-
• competência – recursos humanos capacitados e recursos tec- zendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo por
nológicos adequados; conta do profissionalismo demonstrado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atentamente,
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo que sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positivamente para
atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de aparelhos a identificação dos problemas existentes e consequentemente para
eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário manter a linha as possíveis soluções que os mesmos exigem.
“limpa” para que a comunicação seja eficiente, evitando desvios. 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar para
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que seja alguma empresa e teve que esperar um longo período de tempo
minimamente compreensível, evitando desconforto para o cliente para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo extremamente
que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o atendente inconveniente e constrangedor. Por esse motivo, busque não delon-
fale mais alto. gar as conversas e evite conversas pessoais, objetivando manter, na
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não co- medida do possível, sua linha sempre disponível para que o cliente
meta o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure encontrar não tenha que esperar muito tempo para ser atendido.
o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o cliente
entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser transmitida com Buscar a excelência constantemente na comunicação huma-
clareza e objetividade. na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que estamos
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coesão nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infelizmente
para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis erros algumas pessoas não levam esse importante ato a sério, compro-
de interpretação por parte do cliente. metendo assim, a capacidade humana de transmitir uma simples
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente sem mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos
educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o aten- para não repetirmos esses erros e consequentemente aumentar-
tamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá-lo, pois mos nossa capacidade de comunicação com nosso semelhante.
assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja vista, que
esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, eles se matam
Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto ao
sozinhos.
atendimento de ligações ou transferências
7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente para
O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. Por
que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um clima
isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes do seu
confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações com criati-
vidade, de modo a transmitir emoções inteligentes e contagiantes. trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter contato
8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o cliente com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para
para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade, pois, o a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não esqueça: a pri-
cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o telefone. meira impressão é a que fica.
9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é atender Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina do
o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato que de- seu trabalho:
monstra afabilidade e empenho em tentar entregar para o cliente - Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possí-
a máxima eficiência. vel. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo.
10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o nome - Calma: Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante
da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda, das tra- que você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta cha-
dicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além disso, quando mando merece ser atendida com toda a delicadeza. Não deve ser
for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso, agradecendo e apressada ou interrompida. Mesmo que ela seja um pouco grossei-
reafirmando o que foi acordado. ra, você não deve responder no mesmo tom. Pelo contrário, procu-
11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que não re acalmá-la.
está presente na sua empresa no momento da ligação, jamais peça - Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece atenção
a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do atendente, especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser sempre simpá-
ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa estiver de volta tica e demonstrar interesse em ajudar.
à organização. - Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de detalhes
12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização é um importantes sobre o assunto que será tratado. Esses detalhes são
dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja vista, que confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Você
é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos principais que deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra de sigilo nas
foram abordados. ligações telefônicas é considerada uma falta grave, sujeita às pena-
13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não tem lidades legais.
responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado demonstra
desleixo e incompetência, comprometendo assim, a imagem da
O que dizer e como dizer
empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado, ou, retornar
Aqui seguem algumas sugestões de como atender as chama-
uma ligação lembre-se de sua responsabilidade, evitando esqueci-
das externas:
mentos.
- Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome da
14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o te-
lefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de quem sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite.
realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com os proble- - Essa chamada externa vai solicitar um ramal ou pessoa. Você
mas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de voz desinteres- deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que enten-
sado, melancólico e enfadado contribuem para a desmotivação do deu corretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por favor,” e
cliente, sendo assim, é necessário demonstrar interesse e iniciativa transfira a ligação.
para que a outra parte se sinta acolhida.
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já possui;
faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o necessário
e evite assuntos pessoais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao seu * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o auxi-
interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a ligação, man- lio da telefonista para ligar para fora.
tenha-o ciente dos passos desse atendimento. * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar dela. -Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central Tele-
Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à disposi- fônica Pública.
ção dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o para quem - Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
realmente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. Transferir o mente as linhas que estão em busca automática, devendo ser o úni-
cliente de um setor para outro, quando essa ligação já tiver sido co número divulgado ao público.
transferida várias vezes não favorece a imagem da empresa. Nesse - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligações entre ramais e
caso, anote a situação e diga que irá retornar com as informações linhas-tronco.
solicitadas. - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a realiza-
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferência, ção de ligações interurbanas.
diga à pessoa que chamou: “O ramal está ocupado. Posso anotar - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
o recado e retornar a ligação.” É importante que você não deixe queado, cuja cobrança das ligações é feita no telefone chamado.
uma linha ocupada com uma pessoa que está apenas esperando a - DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas vão
liberação de um ramal. Isso pode congestionar as linhas do equipa- direto para o ramal desejado, sem passar pela telefonista . Isto só é
mento, gerando perda de ligações. Mas caso essa pessoa insista em possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
falar com o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligação e - Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, dis-
dizer: “Desculpe-me interromper sua ligação, mas há uma chamada tância e horário.
urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. O (a) senhor (a) pode - Consultores: empregados da Telems que dão orientação às
atender?” Se a pessoa puder atender , complete a ligação, se não, empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de tele-
diga que a outra ligação ainda está em andamento e reafirme sua comunicações.
possibilidade em auxiliar. - Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e dar
assistência às CPCTs.
Lembre-se: - Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos horá-
Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas for- rios fora do expediente para determinados ramais. Só é possível em
malidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” , “Queira CPCTs do tipo PBX e PABX.
desculpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comunicação e induz
a outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de tratamento. Em casos onde você se depara com uma situação que repre-
A conversa: existem expressões que nunca devem ser usadas, sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à
tais como gírias, meias palavras, e palavras com conotação de inti- cada circunstância. Abaixo alguns exemplos.
midade. A conversa deve ser sempre mantida em nível profissional.
1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer?
Equipamento básico  Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva.
Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegurar  Acima de tudo, mantenha-se calmo.
o bom andamento do seu trabalho:  Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um
- Listas telefônicas atualizadas. estado de nervosismo.
- Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem al-  Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito
nervoso (a), tente acalmar-se”.
fabética).
 Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam
- Relação dos números de telefones mais chamados.
acalmar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo
- Tabela de tarifas telefônicas.
- Lápis e caneta
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer?
- Bloco para anotações
 O tratamento deverá ser sempre positivo, independente-
- Livro de registro de defeitos.
mente das circunstâncias.
 Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a enten-
O que você precisa saber:
der que você não é o alvo.
O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu mate-  Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para
rial de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso você deve não parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positiva-
saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipamento que você mente, coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele re-
usa é chamado de CPCT - Central Privada de Comunicação Telefôni- aja de modo positivo.
ca, que permite você fazer ligações internas (de ramal para ramal) e
externas. Atualmente existem dois tipos: PABX e KS. 3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa
- PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,  ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível.
todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da em-  Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao
presa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações que en- seu alcance para que o problema seja resolvido.
tram, passam pela telefonista.  CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai cor-
- KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada, de rigir.
saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista  Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.
Informações básicas adicionais  EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar.
- Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações  Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, mas
telefônicas. Eles se dividem em: com muita prudência. O Cliente não se interessa por “justificativas”.
* Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fazer Este é um problema da empresa.
ligações para fora sem passar pela telefonista

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer?


 Concentre-se para entender o que realmente o Cliente ASSUNTOS RELACIONADOS À SUA ÁREA DE ATUAÇÃO
quer ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o porquê. E ÉTICA NO TRABALHO
 Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até
que o Cliente entenda. A ética tem sido um dos temas mais trabalhados nos últimos
 Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente, tempos, pois a corrupção, o descaso social e os constantes escânda-
o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o los políticos e sociais expostos na mídia diariamente suscitam que a
Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução. sociedade exija o resgate de valores morais em todas as suas instân-
cias, sejam elas políticas, científicas ou econômicas. Desse conflito
5ª – Discussão com o Cliente de interesses pelo bem comum ergue-se a ética, tão discutida pelos
Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você sem- filósofos de toda a história mundial.
pre perde! Ética é uma palavra com duas origens possíveis. A primeira ad-
Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou “dis- vém do grego éthos, literalmente “com e curto”, que pode ser tra-
cutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -, de forma duzida por “costume”; a segunda também se escreve éthos, porém
que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emocional do Clien- se traduz por “com e longo”, que significa “propriedade do caráter”.
te, quando esta for negativa. Exemplos: Conceitua-se Ética como sendo o estudo dos juízos de apre-
ciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e
do mal. É um conjunto de normas e princípios que norteiam a boa
O Cliente está... Reaja de forma oposta
conduta do ser humano.
A Ética é a parte da filosofia que aborda o comportamento hu-
Falando alto, gritando. Fale baixo, pausadamente. mano, seus anseios, desejos e vontades. É a ciência da conduta hu-
mana perante o ser e seus semelhantes e de uma forma específica
Irritado Mantenha a calma. de comportamento humano, envolvendo estudos de aprovação ou
desaprovação da ação dos homens. É a consideração de valor como
Desafiando Não aceite. Ignore o desafio. equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo
das ações virtuosas. Ela ilumina a consciência humana, sustenta e
dirige as ações do homem, norteando a conduta individual e social.
Diga-lhe que é possível resolver o Como um produto histórico-cultural, define em cada cultura
Ameaçando problema sem a necessidade de uma e sociedade o que é virtude, o que é bom ou mal, certo ou erra-
ação extrema. do, permitido ou proibido. Segundo Reale (1999, p. 29), “ética é a
ciência normativa dos comportamentos humanos”. Já Maximiano
Diga-lhe que o compreende, que (1974, p. 28) a define como “a disciplina ou campo do conhecimen-
Ofendendo gostaria que ele lhe desse uma opor- to que trata da definição e avaliação de pessoas e organizações, é a
tunidade para ajudá-lo. disciplina que dispõe sobre o comportamento adequado e os meios
de implementá-lo, levando-se em consideração os entendimentos
presentes na sociedade ou em agrupamentos sociais particulares”.
6ª – Equilíbrio Emocional - Com base nas definições acima, vamos pensar: A tão famosa
Em uma época em que manter um excelente relacionamento mentirinha, por exemplo, pode ser considerada falta de ética?
com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto coeficien- - Quando um político, em seu discurso, faz promessas à socie-
te de IE (Inteligência Emocional) é muito importante para todos os dade e não as cumpre, está agindo contra a ética?
profissionais, particularmente os que trabalham diretamente no A primeira serviu de base para a tradução latina Moral, en-
atendimento a Clientes. quanto que a segunda é a que, de alguma forma, orienta a utili-
zação atual que damos à palavra Ética. O vocábulo foi assimilado à
Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que: língua portuguesa por intermédio do latim. O primeiro registro de
 For paciente e compreensivo com o Cliente. seu uso é do século XV.
 Tiver uma crescente capacidade de separar as questões Agora, você estudará o conceito de cidadania e suas implica-
pessoais dos problemas da empresa. ções. A origem da palavra cidadania vem do latim civitas, que quer
 Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas, dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para in-
sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “para- dicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa
-raios”. tinha ou podia exercer. Segundo Dalmo Dallari (2008), “a cidadania
 Não fizer pré julgamentos dos clientes. expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade
 Entender que cada cliente é diferente do outro. de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem
 Entender que para você o problema apresentado pelo não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e
cliente é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o proble- da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade den-
ma é único, é o problema dele. tro do grupo social”. Segundo o dicionário Aurélio, cidadão é aquele
 Entender que seu trabalho é este: atender o melhor pos- indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no
sível. desempenho de seus deveres para com este, ou habitante da cida-
 Entender que você e a empresa dependem do cliente, não de, indivíduo, homem, sujeito.
ele de vocês.
 Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender o
futuro da relação do cliente com a empresa.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

A cidadania se refere às relações entre os cidadãos, aqueles Sabe-se que não é fácil alcançar o equilíbrio entre esses dois
que pertencem a uma cidade, por meio dos procedimentos e leis tipos de competência. É comum se encontrar pessoas capacitadas
acordados entre eles. Da nossa herança grega e latina, traz o sen- realizando diferentes atividades com maestria, porém, com dificul-
tido de pertencimento a uma comunidade organizada igualitaria- dade em manterem relacionamentos interpessoais de qualidade.
mente, regida pelo direito, baseada na liberdade, participação e Tratam de forma grosseira tanto os usuários internos como os ex-
valorização individual de cada um em uma esfera pública (não pri- ternos. Lutam para que suas ideias sempre prevaleçam. Não con-
vada, como a família), mas este é um sentido que sofreu mutações versam, gritam. Falam alto ao telefone. Fingem que não veem as
históricas. A cidadania esteve e está em permanente construção; é pessoas.
um referencial de conquista da humanidade através daqueles que As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais ter em
sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garan- seus quadros servidores com sólida formação técnica que, capazes
tias individuais e coletivas, e não se conformam frente às domina- de cultivar valores éticos, como justiça, respeito, tolerância e soli-
ções arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou dariedade, demonstrem atitudes positivas e adequadas ao atendi-
pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças mento de qualidade. Para compor esse perfil, o profissional neces-
contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, sita saber ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões,
exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tratar bem os
ainda que tardia, não deverá será obstada. usuários internos e externos.
Um dos sentidos atuais da cidadania de massa, em Estados que As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais ter em
congregam muita diversidade cultural, é o esforço para participar e seus quadros servidores com sólida formação técnica que, capazes
usufruir dos direitos pensados pelos representantes de um Estado de cultivar valores éticos, como justiça, respeito, tolerância e soli-
para seus virtuais cidadãos; é vir a ser, de fato, e não apenas de di- dariedade, demonstrem atitudes positivas e adequadas ao atendi-
reito, um cidadão. Os valores da cidadania são políticos: igualdade, mento de qualidade. Para compor esse perfil, o profissional neces-
equidade, justiça, bem comum. sita saber ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões,
vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tratar bem os
Etica e cidadania usuários internos e externos.
As instituições sociais e políticas têm uma história. É impossível
não reconhecer o seu desenvolvimento e o seu progresso em mui- Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos
tos aspectos, pelo menos do ponto de vista formal. A escravidão era Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos na
legal no Brasil até 120 anos atrás. As mulheres brasileiras conquis- Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Entre os deveres (art. 116),
taram o direito de votar apenas há 60 anos e os analfabetos apenas há dois que se encaixam no paradigma do atendimento que tem
há alguns anos. Chamamos isso de ampliação da cidadania. Existem como foco principal o usuário. São eles: (1) “atender com presteza
direitos formais (civis, políticos e sociais) que nem sempre se reali- ao público em geral, prestando as informações requeridas” e (2)
zam como direitos reais. A cidadania nem sempre é uma realidade “tratar com urbanidade as pessoas”.
efetiva enem sempre é para todos. A efetivação da cidadania e a Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma
consciência coletiva dessa condição são indicadores do desenvolvi- vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como
mento moral e ético de uma sociedade.
demonstram as situações descritas a seguir.
Para a ética, não basta que exista um elenco de princípios fun-
• Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
damentais e direitos definidos nas Constituições. O desafio ético
não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
para uma nação é o de universalizar os direitos reais, permitido a
prazo.
todos cidadania plena, cotidiana e ativa. É preciso fundar a respon-
• Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
sabilidade individual numa ética construída e instituída tendo em
aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter-
mira o bem comum, visando à formação do sujeito ético. Desse
pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização
modo, será possível a síntese entre ética e cidadania, na qual possa
do bom senso:
prevalecer muito mais uma ética de princípios do que uma ética do
dever. A responsabilidade individual deverá ser portadora de princí- • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en-
pios e não de interesses particulares. trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os
externos pode ajudar a resolver algumas questões.
Ética do exercício no trabalho • Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua
tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores
Atitudes comportamentais em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
O sucesso profissional e pessoal pode fazer grande diferença sobre a importância desse dever.
quando se une competência técnica e competência comportamen-
tal. De acordo com especialistas no assunto, se essas competências Uma parcela expressiva da humanidade tem demonstrado que
forem desenvolvidas, a organização ganha em qualidade e rapidez, não é mais aceitável tolerar condutas inadequadas na prestação de
e o servidor conquista o respeito dos usuários internos e externos. serviços e acredita que o século XXI exigirá mudanças de postura do
A competência técnica tem como base o conhecimento adqui- ser humano. Aos poucos, nasce a consciência de que precisamos
rido na formação profissional. É própria daqueles cuja formação abandonar velhas crenças, como “errar é humano”, “santo de casa
profissional é adequada à função que exercem. De modo geral, são não faz milagres”, “em time que está ganhando não se mexe”, “gos-
profissionais que revelam a preocupação em se manterem atuali- to não se discute”, entre outras, substituindo-as por:
zados. a) “acertar é humano” – o ser humano tem demonstrado ca-
A competência comportamental é adquirida na experiência. pacidade de eliminar desperdícios, erros, falhas, quando é cobrado
Faz parte das habilidades sociais que exigem atitudes adequadas por suas ações;
das pessoas para lidar com situações do dia-a-dia. De modo geral, b) “santo de casa faz milagres” – organizações e pessoas, quan-
o desenvolvimento dessa competência é estimulado pela curiosida- do valorizadas, têm apresentado soluções criativas na identificação
de, paixão, intuição, razão, cautela, audácia, ousadia. e resolução de problemas;

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

c) “em time que está ganhando se mexe sim” – em todas as 2. O da Confiança/Credibilidade – Devemos agir com coerência
atividades da vida profissional ou pessoal, o sucesso pode ser con- e consistência, quer na ação, quer na comunicação.
seguido por meio da melhoria contínua dos processos, das atitudes, 3. O da Responsabilidade – Devemos assumir a responsabilida-
do comportamento; a avaliação daqueles que lidam diretamente de pelos nossos atos, o que implica, cumprir com todos os nossos
com o usuário pode apontar os que têm perfil adequado para o deveres profissionais.
desempenho de atividades de atendimento ao público; 4. O de Justiça– As nossas decisões devem ser suportadas,
d) “gosto se discute” – profissões antes não aceitas ou pensa- transparentes e objetivas, tratando da mesma forma, aquilo que é
das, além de aquecerem o mercado de trabalho, contribuem para igual ou semelhante.
que os processos de determinada atividade ou serviço sejam refor- 5. O da Lealdade – Devemos agir com o mesmo espírito de le-
mulados em busca da qualidade total. aldade profissional e de transparência, que esperamos dos outros.
Além dessas mudanças, há necessidade da adoção de outros 6. O da Competência– Devemos apenas aceitar as funções para
paradigmas em consonância com as transformações que a globali- as quais tenhamos os conhecimentos e a experiência que o exercí-
zação e as novas tecnologias vêm trazendo para a humanidade. O cio dessas funções requer.
desenvolvimento pessoal é um deles e está entre os temas debati- 7. O da Independência– Devemos assegurar, no exercício de
dos na atualidade, por se tratar de um valor indispensável à cida- funções de interesse público, que as nossas opiniões, não são in-
dania. fluenciadas, por fatores alheios a esse interesse público.
Autores de diversas áreas do conhecimento defendem que a
humanidade deve conscientizar-se de que cada indivíduo é respon- Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos dia-
sável pelo seu próprio desenvolvimento e que, para isso, cada ci- riamente:
dadão necessita planejar e cuidar do seu destino, contribuindo, de - Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, existem
forma responsável, para o progresso da comunidade onde vive. O escolhas, que embora, não estando especificamente referidas, na
novo século exige a harmonia e a solidariedade como valores per- lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas.
manentes, em resposta aos desafios impostos pela velocidade das - Todos os outros fazem isso – Ao longo da história da humani-
transformações da atualidade. dade, o homem esforçou-se sempre, para legitimar o seu compor-
tamento, mesmo quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis.
Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades
intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de
apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas
habilidades incluem: ORGANIZAÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO
- atualização constante;
- soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças; O que é higiene ambiental?
- decisões criativas, diferenciadas e rápidas; Higiene ambiental é um conjunto de técnicas relativas à pre-
- flexibilidade para mudar hábitos de trabalho; servação, cuidados e limpeza das condições sanitárias de um deter-
- liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis- minado ambiente, com o objetivo de evitar possíveis danos à saúde
sionais; humana e também aos bens materiais.
- habilidade para lidar com os usuários internos e externos. Com ela, se previne fatores que podem causar impactos à saú-
de, como os agentes físicos, químicos e biológicos. O objetivo é
Ética do Exercício Profissional evitar doenças e promover a organização pela constituição de am-
bientes salubres.
DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL A empresa pode utilizar técnicas de desinfecção, limpeza e or-
É de extrema importancia saber diferenciar a Ética da Moral. ganização que promovem um ambiente saudável, contribui para o
São duas ciências de conhecimento se diferenciam, no entanto, tem equilíbrio físico e emocional dos envolvidos, zelando pela saúde das
muitas interligações entre elas. atuais e futuras gerações.
A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previ- É um conceito compreensível de fácil acesso e de suma impor-
são sobre os atos humanos. A moral estabelece regras que devem tância para a humanidade devido ao grande risco à saúde, que mui-
ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu tas vezes são invisíveis aos olhos e causam danos e infecções graves
bem viver. A moral garante uma identidade entre pessoas que po- e até irreversíveis.
dem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de
Moral entre elas. Por que cuidar da higiene ambiental?
A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal. Na maioria das situações, a higiene ambiental não é a primeira
O objetivo da ética é buscar justificativas para o cumprimento das tarefa que um empresário se preocupa. Contudo, no contexto geral
regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabe- ela tem grande influência nos resultados, na saúde dos funcionários
lece regras. A reflexão sobre os atos humanos é que caracterizam o e na aparência da empresa aos clientes.
ser humano ético. Falar sobre higiene ambiental geralmente leva ao pensamento
de varrição, tirar a poeira e aos processos superficiais que são ado-
Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo. tados nas residências. Embora tais ações também contribuam, são
Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como necessárias mais técnicas e procedimentos para eliminar de fato os
correto. riscos à saúde no meio empresarial.
Vários micro-organismos ocupam os ambientes em que traba-
A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários princí- lhamos e podem ser perigosos à saúde. Por isso, investir em higiene
pios básicos e transversais que são: ambiental é essencial para eliminar esses riscos e garantir mais con-
1. O da Integridade– Devemos agir com base em princípios e forto, desempenho e redução no nível de afastamento dos funcio-
valores e não em função do que é mais fácil ou do que nos trás mais nários por motivo de doenças e infecções causadas por ambientes
benefícios infectados.

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Qualquer ambiente sujo tende a desenvolver foco de doenças 5. AUMENTO DE AFASTAMENTOS


respiratórias e alérgicas que afetam a saúde do colaborador, cau- Um indicador que afeta tanto os custos quanto os objetivos
sam desmotivação e recorrentes afastamentos — cuidar da higiene das empresas são os afastamentos e ausências do profissional por
ambiental evita uma série de transtornos e perda de produtividade. motivo de doenças. Os transtornos com consultas e medicações
Quando aplicados, os conceitos da higiene ambiental propor- comprometem os objetivos profissionais e pessoais.
cionam ambientes favoráveis ao bem-estar, conforto e saúde, além Um ambiente que não conta com uma higiene ambiental
de deixar a aparência da empresa muito agradável. Isso é funda- adequada tem grandes chances de abrigar micro-organismos que
mental para agradar todos — um diferencial competitivo bastante transmitem doenças graves às pessoas, que muitas vezes podem
contundente no mercado. ser permanentes. Doenças alérgicas também são motivo de ausên-
cia, com transmissão e agravamento mais facilmente por ambien-
5 problemas causados pela falta de higiene nas empresas tes descuidados.
A falta da higiene ambiental pode causar diversos problemas Essas doenças causam queda de rendimento profissional e
aos colaboradores e à empresa, comprometendo o desempenho compromete o bem-estar. Quem sofre com alergias e doenças res-
da equipe profissional e o alcance das metas da empresa. Confira 5 piratórias sempre tem tendência a se afastar do trabalho para se
graves problemas causados pela falta de higiene na empresa. cuidar.

1. PROLIFERAÇÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS 5 benefícios da higiene ambiental para as empresas


Considerado um dos principais problemas na falta de higiene Os benefícios da higiene ambiental para empresas vão além da
ambiental, a proliferação de doenças infecciosas e degenerativas é aparência e favorecem a própria organização aumentando a qua-
um risco grave e iminente que pode trazer graves problemas. lidade de vida dos profissionais que passam a maior parte do dia
desempenhando suas funções.
Muitas doenças são transmitidas pela falta de cuidados e higie-
ne no ambiente, como doenças alérgicas – bronquite, rinite e asma A limpeza e a organização demonstram cuidado e atenção.
– e doenças transmitidas por água contaminada e pisos sujos como Estes são um cartão de visita para trabalhadores e clientes. Com
a gastroenterite e verminoses. certeza administrar um negócio de sucesso perpassa a higiene am-
Febre, espirros, coceiras, coriza e, até mesmo, dores são males biental.
causados também por ambientes sujos, com grande quantidade de Garantir que os escritórios e áreas produtivas estejam limpas
poeira e fluxo de pessoas, situações muito familiares em ambientes traz benefícios importantíssimos para a saúde de todos e para o
empresariais. Muitos especialistas afirmam que os cuidados com sucesso da empresa. Pensando nisso, listamos 5 benefícios cruciais
a higiene ambiental nos locais de trabalho são fundamentais para oferecidos pela higiene ambiental nos ambientes empresariais.
evitar doenças infecciosas, que causam tantos contratempos para
os colaboradores e para o empreendimento. 1. REDUÇÃO DE PERDAS
Reduzir perdas é uma ação muito apreciada por empresários,
2. MINIMIZAÇÃO DA PRODUTIVIDADE mesmo aqueles que têm hábitos de atentar mais aos lucros. Tratar
A higiene ambiental é um dos motivos da desmotivação dos detalhes que podem gerar grandes perdas é importante e deve ser
uma prioridade estratégica.
funcionários. É muito desagradável trabalhar em um ambiente sujo
É importante que o gestor tenha em mente que as perdas po-
e propício ao contágio de alergias e doenças. O desempenho dos
dem acontecer em qualquer empreendimento e segmento, inde-
colaboradores cai consideravelmente quando atuam em um am-
pendentemente do tamanho do negócio e podem causar gastos
biente mal cuidado e sujo, pois isso demonstra um baixo nível de
desnecessários que comprometem os lucros.
preocupação da empresa com o seu bem-estar.
A higiene ambiental é um fator que pode reduzir consideravel-
Os funcionários são os principais bens de uma empresa e o su-
mente as perdas de uma empresa, ou seja, um investimento que
cesso de qualquer empreendimento passa pela motivação de um
tem retorno certo. O ambiente limpo e saudável reduz perdas com
funcionário. O ambiente sujo causa desmotivação e certamente os
danificação de equipamentos, afastamento, desmotivação e baixo
resultados do profissional não serão satisfatórios. rendimento profissional.
3. DETERIORAÇÃO DE EQUIPAMENTOS 2. CONSERVAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
O acúmulo de sujeiras no ambiente profissional danifica equi- A higiene ambiental é essencial para a conservação de equi-
pamentos e causa perdas nos processos produtivos de qualquer ati- pamentos. Ela promove a limpeza frequente do ambiente e equi-
vidade. Até mesmo a limpeza superficial e sem acompanhamento pamentos, ideal para prevenir danos e riscos aos bens da empresa.
profissional não garante a qualidade do serviço e com o tempo vai A vantagem da higiene ambiental é que a empresa terá sempre
deteriorando os equipamentos. os equipamentos limpos, em bom estado e organizados. Assim, evi-
Alguns equipamentos usados nas atividades empresariais são ta-se custos com reparos e manutenções corretivas causadas por
sensíveis a sujeiras. Por isso, o ambiente malcuidado é um grande sujeiras, problemas que afetam a produtividade.
contribuinte para a danificação do patrimônio da empresa.
3. AUMENTO DE QUALIDADE DE VIDA
4. DESMOTIVAÇÃO DOS PROFISSIONAIS Ambientes limpos, organizados e sem risco à saúde são mais
Profissionais desmotivados são um grande problema para em- agradáveis e proporcionam mais qualidade de vida e bem-estar fí-
presas de qualquer segmento. O trabalho é onde as pessoas pas- sico e mental. Ajuda o funcionário a relaxar e se motivar a fazer sua
sam grande parte do dia. Assim, o contato diário com ambientes função com mais dedicação.
sujos causa desmotivação nos funcionários que consequentemente
terão o desempenho comprometido. Esse problema, assim, retarda
o crescimento da empresa.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Os funcionários são um símbolo da empresa e representam A ORGANIZAÇÃO É CRUCIAL


muito sobre seus ideais e objetivos. Além disso, são multiplicado- Ao falar da organização, em qualquer ambiente de trabalho
res e até mesmo podem ser considerados meios de marketing por é muito importante definir um local adequado para documentos,
sempre conversarem com amigos e familiares sobre o trabalho e a equipamentos, móveis e materiais — assim será mais fácil manter
empresa que atuam. o local limpo.
Por isso, a higiene ambiental contribui muito para a qualidade Entretanto, cabe ressaltar que a definição de locais adequados
de vida dos funcionários, tornando-os mais felizes e satisfeitos com para cada tipo de item depende da periodicidade em que ele é uti-
o trabalho. Qualidade de vida é primordial para a realização do ser lizado. Se um documento, equipamento ou material é usado com
humano, além de ser um diferencial estratégico no meio empre- frequência ele deve ficar próximo ao profissional que o utiliza, para
sarial. facilitar o fluxo de trabalho e a produtividade.
A forma mais sensata de organizar um determinado setor é
4. PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO identificar tudo de forma ampla e visível. Assim, todo funcionário
A higiene ambiental auxilia na prevenção de acidentes e pro- que precise procurar algo não perde muito tempo.
moção da saúde em um ambiente de trabalho. Evita possíveis do- A organização facilita o fluxo de trabalho, mantém todos infor-
enças ocupacionais causadas por ambientes sujos e desorganizados mados, facilita a limpeza, proporciona maior produtividade e reduz
e são condições inseguras que podem causar graves acidentes na custos com quebras e perdas. Mesmo um novo colaborador que
jornada de trabalho. ainda está se adaptando à rotina de trabalho, quando tudo está
A higienização elimina riscos ambientais existentes no local de organizado e identificado esse processo é mais fácil.
trabalho que oferecem riscos aos trabalhadores e previne aciden-
tes de trabalho que ocasionam afastamentos, o que são um enor- MANTENHA BANHEIROS LIMPOS E HIGIENIZADOS
me transtorno para a pessoa e empresa. Os banheiros e vestiários são alguns dos ambientes mais propí-
cios ao acúmulo de micro-organismos e impurezas. Isso é devido a
5. CONSCIENTIZAÇÃO E DISCIPLINA algumas características próprias desses ambientes como alta umi-
Para manter um ambiente saudável, limpo e organizado é ne- dade e grande fluxo de efluentes.
cessária a participação de todos e isso requer conscientização e dis- Por isso, os banheiros e vestiários devem ser foco da atenção,
ciplina. Quando um empreendimento mantém a higiene ambiental, criando hábitos periódicos de limpeza para evitar doenças e man-
os funcionários são engajados, têm consciência e disciplina, o que ter a higiene ambiental. É fundamental conservar esses ambientes
limpos e desinfetados.
é um bem para todos.
Como manter a empresa limpa?
Para manter os banheiros sempre limpos são necessários al-
Conservar o ambiente de trabalho limpo e organizado é mais
guns cuidados, como instalar dispensers de sabonete — o indicado
que uma questão de higiene — tem relação direta com a saúde
é utilizar sempre sabonete líquido, pois os demais não possuem de-
e produtividade dos colaboradores —e também diz muito sobre a sinfetantes e bactericidas.
empresa, pois as primeiras impressões contam muito. Colocar cestos de lixo adequados e com tampa acionada por
Manter a empresa limpa é um diferencial muito importante e pedal evita que o funcionário utilize as mãos para abrir a lixeira en-
pode ser usado nos planos de estratégia para crescimento e suces- trando em contato direto com a superfície que pode estar contami-
so, devido a um ambiente limpo e arrumado ser mais atraente e nada por bactérias.
acolhedor aos clientes. Algumas técnicas e procedimentos são es- A forma mais eficiente de secar as mãos são os papéis des-
senciais para manter a empresa limpa e com a devida participação cartáveis. Por ser uma prática não sustentável é importante usar a
dos funcionários, o resultado é muito satisfatório. Confira dicas va- educação ambiental e colocar informativos de que apenas 2 folhas
liosas para manter sua empresa sempre limpa! são suficientes para secar as mãos.
Por influência da umidade, é recomendado não utilizar tapetes
MANTENHA LIXEIRAS À VISTA que possam acumular água. Contudo, como em algumas situações
Algumas pessoas descartam resíduos em qualquer lugar por o piso é muito escorregadio é necessária a utilização por questões
não haver lixeiras ou simplesmente por estarem longe. Para evitar de segurança. Assim, dê preferência por tapetes impermeáveis e de
esse tipo de comportamento o ideal é dispor uma lixeira em cada fácil higienização.
mesa ou local de trabalho, sempre à vista e com fácil acesso.
Uma prática interessante é promover treinamentos sobre edu- LIVRE-SE DA POEIRA
cação ambiental e aplicar a coleta seletiva, que visa à separação dos A poeira é o agente causador de diversos problemas de saúde e
resíduos na fonte de geração para otimizar a reciclagem e evitar alergias e ela pode ser gerada em grandes quantidades provenien-
que sejam descartados de forma irregular. tes da poluição do ar, de gases e vapores que invadem o ambiente
A coleta seletiva é um diferencial muito interessante, envol- de trabalho. Isso requer uma atenção e cuidados constantes.
ve um trabalho de educação ambiental e pode dar retorno para a O resultado dessa invasão de partículas são doenças respirató-
empresa com a venda de resíduos recicláveis. As lixeiras utilizadas rias, alergias, além da insatisfação dos funcionários e clientes. Al-
na coleta seletiva são diferenciadas por cores, de acordo com cada gumas consequências graves do convívio em ambientes com muita
tipo de resíduo, são chamativas e transmitem um aspecto de orga- poeira é a tosse seca, dificuldade para respirar e crises alérgicas. A
poeira pode se acumular nas mucosas e chegar aos pulmões po-
nização.
dendo provocar problemas mais sérios como asma, bronquite e
Um ponto importante de se definir locais adequados para cada
rinite alérgica.
tipo de resíduo é que os orgânicos podem provocar odores indese-
Todos esses problemas que afetam a saúde do colaborador
jados e proporcionar a proliferação de pragas e acúmulo de inse-
são mais que suficientes para eliminar a poeira dos ambientes da
tos. Por isso, é importante definir uma lixeira somente para esses empresa e manter a higiene ambiental. Algumas pessoas são mais
resíduos. sensíveis à poeira e precisam que o ambiente esteja seguro para
desenvolver suas tarefas diárias.

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Mantenha sempre as mesas e equipamentos limpos. Isso por- Como você pode perceber, a higiene ambiental é um fator
que a poeira ocupa espaços mínimos como teclados de computa- substancial para o sucesso da empresa, com todos os benefícios
dores e partes pequenas de máquinas, assim é necessário uma hi- que são grandes diferenciais para a motivação dos funcionários e
gienização frequente. satisfação dos clientes. Toda empresa que mantém a higiene am-
Nunca utilize espanador, pois ele não retira a poeira do am- biental demonstra para todos que tem zelo pela qualidade de vida
biente e somente a dispersa. É indicado o uso de flanelas e panos e bem-estar dos seus funcionários — um diferencial relevante para
úmidos que garantem maior eficiência na higienização. se destacar em um mercado tão competitivo.
Abra sempre as janelas para a melhor circulação do ar e faça É indispensável contar com apoio de uma empresa especializa-
a limpeza constante do filtro do aparelho de ar condicionado. Faz da para realizar a higienização e garantir maior segurança, confia-
toda a diferença adotar essas práticas para manter o ambiente livre bilidade, reduzir os custos e atestar que os processos tragam os re-
de partículas de poeira. sultados esperados. Garantindo uma higiene ambiental adequada
Lembre-se que um ambiente completamente fechado é propí- para seus colaboradores, clientes e fornecedores.
cio à proliferação de ácaros e fungos. Mesmo em salas climatizadas
é importante abrir as janelas por um momento do dia. Organização
A organização no trabalho atua precisamente para conseguir
MANTENHA LIMPO PISO E MÓVEIS um objetivo que se define como qualidade.
A limpeza Industrial de pisos é aplicada em empresas de qual- Organização no trabalho é tarefa para técnicos preparados
quer segmento. É importante manter o piso sempre limpo, com boa e que tem como função determinar um nível qualificativo para
aparência, pois é um dos primeiros itens reparados por clientes. qualquer tipo de tarefa.
O serviço de higienização de pisos requer apoio profissional Na realidade o verdadeiro motivo da organização do trabalho é
por questões de segurança e para ter qualidade no resultado. Uti- para que tudo funcione como um relógio de precisão.
lizar os produtos corretos com os devidos equipamentos de prote- Se prestarmos atenção no funcionamento de um relógio, todas
ção individual, os métodos e técnicas apropriadas são fatores que as peças unidas dão uma informação preciosa que resulta naquilo
requerem certa experiência. que precisamos para guiar-nos no tempo. Por isso, a organização
De fato a higienização de pisos em empresas não é uma tarefa no trabalho é essencial.
simples, devido ao grande fluxo de pessoas, produtos e matérias. Cada peça tem sua função a desenvolver-se. E depois de tudo
Por isso, é tão importante realizar uma higienização mais abrangen- o que realmente nos dá a indicação final são peças que estão em
te que elimine todos os possíveis riscos à saúde dos colaboradores perfeito funcionamento interligadas entre si: os ponteiros.
e à imagem da empresa. Porém, a organização do trabalho depende da união de todas
Cada tipo de piso requer um procedimento de limpeza diferen- as peças. Os ponteiros não podem funcionar sem uma máquina
te e equipamentos específicos, por isso é bom atentar na escolha precisa e esta, por sua vez, não se move sem uma fonte de energia.
dos produtos e modos de limpeza para não danificar o piso. Evite Por isso, a organização no trabalho é essencial.
o acúmulo de sujeira e consequentemente um investimento maior
na limpeza — programe limpezas periódicas para manter sempre Isso se chama organização do trabalho; cada peça funcionando
limpo.
em conformidade com as demais, formando um grupo organizado
Os móveis também são grandes acumuladores de sujeiras e
e conseguindo o objetivo ao qual nos referimos: organização no
devem ter toda atenção. Geralmente é muito comum pessoas lim-
trabalho.
parem somente nas partes visíveis deixando para trás as partes que
Se um trabalho é organizado, possivelmente todos os objetivos
retém mais sujeiras.
propostos obterão aquilo o que se propuseram o objetivo final que
A limpeza superficial dos móveis dá uma falsa impressão de
é nada mais nada menos que cumprir todas as metas propostas por
limpeza, mas para a higienização ambiental correta é preciso movê-
uma empresa, associação, organização, etc.
-los e limpar as partes que não estão à vista em uma periodicidade
regular.
A importância da organização no trabalho
INVISTA NA EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO Manter a organização no ambiente de trabalho é muito impor-
Para manter a higiene ambiental e garantir que não seja um tante para qualquer profissional que queira ter mais produtividade
procedimento passageiro, caindo no esquecimento dos funcioná- e qualidade, pois garante às pessoas melhores condições de vida e
rios, invista sempre na conscientização e educação. Por meio de facilidade no dia-a-dia, além do conforto e limpeza.
treinamentos periódicos e diálogos semanais sempre aborde a im- A desordem pode causar muitos atrasos e até situações des-
portância da higiene pessoal e que isso é uma tarefa que reivindica confortáveis, como a perda de tempo, por exemplo, quando é pre-
a participação de todos para um resultado que seja excelente para ciso encontrar algo como um documento, um número de telefone
toda a equipe. anotado ou até mesmo um simples lápis.
É fundamental colocar informativos educativos nos ambientes Essa desorganização implica no rendimento do profissional e
da empresa, que podem ser personalizados e sempre chamam a acaba afetando o seu humor e a sua saúde, além da possibilidade
atenção dos funcionários. Esses informativos são importantes, pois de desentendimento ou desgaste com outras pessoas.
não permite que os procedimentos caiam no “esquecimento”. A Para garantir que o ambiente de trabalho esteja adequado é
educação é a base da sociedade e se uma empresa investe em trei- necessário fazer uma avaliação de tudo que existe lá. Precisa-se
namentos para conscientizar sua equipe, com certeza o resultado entender que muitas coisas não estão sendo utilizadas e podem ser
será evidente e a pessoa se torna um multiplicador das boas ações. descartadas ou, até repassadas para profissionais de outros setores
da empresa.
A partir dessa “limpeza” faz-se uma organização de tudo que
é realmente necessário e usado constantemente. Todos os objetos
devem ter o seu devido lugar e sempre que forem utilizados devem
voltar para o local original.

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

Num tempo onde a tecnologia prevalece e muitos documentos Em conclusão, a organização do trabalho é uma necessidade
e arquivos são digitais, não se pode deixar de lado a ordem também essencial para a empresa, que procura sempre ajustar a solução
das ferramentas que utilizamos, como, por exemplo, os e-mails, ótima ao sistema homem-máquina – material, de tal forma que se
arquivos, pastas e agendas. tenha uma melhor produtividade, objeto primordial da organização
Essa prática garante praticidade e segurança de ter todos os do trabalho.
dados importantes no momento em que for preciso encontrá-los. A empresa necessita estar bem organizada para enfrentar o
Além de tudo que já foi citado, é preciso lembrar também da sistema. competitivo do mercado, ou seja, necessita reduzir racio-
organização pessoal, em ações simples como ter aagenda em dia, nalmente o custo do seu produto.
não se atrasar para compromissos, reuniões e tarefas.
De nada adianta ter um ambiente limpo, espaçoso e bem A metodologia 5S
organizado, se o clima organizacional for péssimo. Por isso, a orga- Tem sido desenvolvida de forma eficaz e participativa nas
nização no trabalho é essencial. empresas através de fundamentos de fácil compreensão e capaci-
O bom clima organizacional impacta na fluidez nos processos dade de apresentar resultados expressivos.Isso responde a questão
corporativos, ajuda na tomada de decisões, contribui no aumento daqueles que se perguntam: “por que cada vez mais empresas
da produtividade, otimiza a convivência entre os profissionais, pro- investem na aplicação dos 5S?” A resposta é simples: porque é uma
move a sinergia e eleva a motivação dos colaboradores, tornando ferramenta baseada em idéias simples e que podem trazer grandes
o dia a dia muito melhor na organização. Por isso, a organização no benefícios para as empresas.
trabalho é essencial.
Quando você era criança e tinha preguiça de arrumar a sua Princípios do 5S
cama, provavelmente escutou da sua mãe ou avó a frase: “Quem O conceito de 5S possui como base as cinco palavras japonesas
não arruma a cama, não arruma a vida”. cujas iniciais formam o nome do programa. As palavras são Seiri,
E essa máxima se aplica a vida profissional, se você não conse- Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, que migradas para o Português
gue organizar o seu ambiente de trabalho, dificilmente conseguirá foram traduzidas como “sensos”, visando não descaracterizar a
organizar o seu trabalho e fazê-lo render. nomenclatura do programa. São eles: senso de utilização, senso de
Além de ser um dever de cada colaborador, manter um organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodis-
ambiente de trabalho limpo, bem organizado e com iluminação ciplina. Vejamos separadamente os conceitos de cada um dos 5S:
adequada é algo assegurado pela legislação trabalhista, embora 1) SEIRI – Senso de Utilização
nem todas as empresas atendam a esses requisitos. Significa utilizar materiais, ferramentas, equipamentos, dados,
E além dos aspectos físicos e perceptíveis do ambiente de etc. com equilíbrio e bom senso. Onde é realizado o descarte ou
trabalho, existem outros que contribuem diretamente para os realocação de tudo aquilo considerado dispensável para realização
resultados da empresa: aqueles que incluem os relacionamentos e das atividades. Os resultados da aplicação do Senso de Utilização
a convivência. Por isso, a organização no trabalho é essencial. são imediatamente evidenciados.
O planejamento visa a organização do trabalho, assim, procu- • Ganho de espaço
ra-se sempre a utilização racional da melhor técnica, qualidade e • Facilidade de limpeza e manutenção
econômica, associada a aplicação de mão-de-obra, equipamentos • Melhor controle dos estoques
e materiais de construção, para assegurar um melhor desempenho • Redução de custos
da empresa. • Preparação do ambiente para aplicação dos demais conceitos
Pode ser alcançado através de: de 5S
• definição precisa dos métodos de execução e dos modos
operacionais, permitindo colocar em prática técnicas modernas de 2) SEITON – Senso de Organização
construção e equipamentos de alto rendimento; O senso de organização pode ser interpretado como a impor-
• escolha em quantidade é qualidade do pessoal para a exe- tância de se ter todas as coisas disponíveis de maneira que possam
cução dos serviços, de tal forma que se tenha à racionalização do ser acessadas e utilizadas imediatamente. Para isto devem-se fixar
ciclo de trabalho; padrões e utilizar algumas ferramentas bem simples como painéis,
• formação adequada das equipes de trabalho, coordenando etiquetas, estantes, etc. Tudo deve estar bem próximo do local de
e distribuindo de forma equilibrada a concentração de pessoal uso e cada objeto deve ter seu local específico. Podemos identificar
especializado; como resultados do senso de organização:
• continuidade na execução dos serviços, procurando-se evitar • Economia de tempo;
picos desnecessários de trabalho; • Facilidade na localização das ferramentas;
• coordenação de atividades para se obter eficaz e economica- • Redução de pontos inseguros.
mente a execução de um serviço, ou seja, pesquisa de uma maior
eficiência na ordenação do trabalho; 3) SEISO – Senso de Limpeza
• acompanhamento da evolução das técnicas construtivas, que A tradução para a palavra Seiketsu é limpeza. Este senso define
obriga a rever periodicamente certos conceitos adquiridos; a importância de eliminar a sujeira, resíduos ou mesmo objetos
• atualmente, as obras de construção exigem por parte dos estranhos ou desnecessários ao ambiente. Trata-se de manter o
contratados espaços de mobilização e construção no menor tempo asseio do piso, armários, gavetas, estantes, etc. O senso de limpeza
possível, assegurando-se o máximo de qualidade independen- pode ir além do aspecto físico, abrangendo também o relaciona-
temente de localização geográfica e, como decorrência, maior mento pessoal onde se preserva um ambiente de trabalho onde
racionalização na aplicação de materiais. impere a transparência, honestidade, franqueza e o respeito. A
aplicação do senso de limpeza traz como resultado:
Com o decorrer do tempo as empresas de construção passaram • Ambiente saudável e agradável;
a ter maiores despesas indiretas e, devido às dificuldades de mão- • Redução da possibilidade de acidentes;
-de-obra, procuram minimizar as despesas diretas, harmonizando o • Melhor conservação de ferramentas e equipamentos;
sistema homem-máquina – material. • Melhoria no relacionamento interpessoal.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

4) SEIKETSU – Senso de Padronização e Saúde


O senso de padronização é traduzido na fixação de padrões de EXERCÍCIOS
cores, formas, iluminação, localização, placas, etc. Como abrange
também o conceito de saúde, é importante que sejam verificados 1. A motivação no ambiente corporativo vem sendo estudada
o estado dos banheiros, refeitórios, salas de trabalho, etc. afim sob dois diferentes aspectos, redundando nas teorias de conteúdo,
de que sejam identificados problemas que afetam a saúde dos que buscam identificar quais fatores geram motivação, e nas teo-
colaboradores como os problemas ergonômicos, de iluminação, rias de processo, que objetivam explicar como a motivação ocorre.
ventilação, etc. Este senso tem como principal finalidade manter Exemplo clássico da primeira vertente é a Teoria Bifatorial, desen-
os 3 primeiros S’ (seleção, ordenação e limpeza) de forma que eles volvida por Herzberg, que predica a existência de fatores
não se percam. Podem-se evidenciar como principais resultados da (A) tangíveis, como recompensas e punições, que podem ser
aplicação deste conceito: facilmente manejados para gerar motivação; e intangíveis, que,
Facilidade de localização e identificação dos objetos e ferra- embora relevantes para a motivação, não são gerenciáveis.
mentas; (B) exclusivamente financeiros, que geram a motivação inicial;
• Equilíbrio físico e mental; e fatores existenciais, que são os necessários para a manuten-
• Melhoria de áreas comuns (banheiros, refeitórios, etc); ção da motivação.
•Melhoria nas condições de segurança. (C) individuais, próprios da personalidade de cada um, de abor-
5) SHITSUKE – Senso de Disciplina ou Autodisciplina dagem mais complexa na organização; e fatores coletivos, pas-
A última etapa do programa 5S é definida pelo cumprimento síveis de serem induzidos para motivação do grupo.
e comprometimento pessoal para com as etapas anteriores. Este (D) que previnem a insatisfação, denominados fatores de higie-
senso é composto pelos padrões éticos e morais de cada indivíduo. ne, como salário; e fatores motivacionais propriamente ditos,
Esta etapa estará sendo de fato executada quando os indivíduos como autonomia e reconhecimento.
passam a fazer o que precisa ser feito mesmo quando não há a (E) primários, ligados a aspectos inconscientes do indivíduo,
vigilância geralmente feita pela chefia ou quando estendem estes como desejo de pertencimento; e fatores secundários, como
conceitos para a vida pessoal demonstrando seu total envolvimen- responsabilidade corporativa, que afloram a partir da aplicação
to. Diante de um ambiente autodisciplinado acerca dos princípios de dinâmicas motivacionais.
5S é possível que se tenha:
Melhor qualidade, produtividade e segurança no trabalho; 2. De acordo com a Teoria Bifatorial, desenvolvida por Herzberg
• Trabalho diário agradável; para buscar explicar os elementos que envolvem a satisfação no tra-
• Melhoria nas relações humanas; balho, os denominados fatores higiênicos
• Valorização do ser humano; (A) estão relacionados à insatisfação no trabalho, sendo admi-
• Cumprimento dos procedimentos operacionais e administra- nistrados pela empresa e extrínsecos à motivação do funcio-
tivos; nário.
(B) são intrínsecos à satisfação dos indivíduos em geral, indu-
A convivência com os cinco sensos apresentados leva os zindo o processo de motivação no trabalho.
indivíduos a compreenderem melhor o seu papel dentro de uma (C)não repercutem na satisfação ou insatisfação do indivíduo,
organização e os torna parte da pirâmide dos resultados alcança- sendo neutros do ponto de vista da motivação.
dos, fazendo nascer a consciência de que é preciso ser disciplinado (D) são fatores indutores do processo motivacional, correspon-
mesmo quando não há cobranças. dendo às recompensas diretas por comportamentos ou ações
Por isso, os Programas de Qualidade têm auxiliado as empre- desejadas.
sas no processo de melhoria contínua dos produtos ou serviços, (E) representam forças antagônicas à motivação, devendo ser
principalmente através da mudança cultural, a fim de se obter a neutralizados pelo reforço positivo e evitados mediante puni-
vantagem competitiva necessária que será colhida a curto, médio ção.
e longo prazo.
3. Assinale a alternativa que apresenta os elementos do pro-
cesso administrativo e sua definição conceitual.
COMPORTAMENTO NO LOCAL DE TRABALHO (A) Planejamento, organização, direção e controle, quando vi-
sualizados separadamente, formam o processo administrativo.
Os elementos do processo agem uns sobre os outros individu-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado almente e podem afetar todos os demais.
em tópicos anteriores (B) Planejamento, organização, direção e controle, quando vi-
sualizados em conjunto, formam o processo administrativo. Os
elementos do processo agem uns sobre os outros e cada um
pode afetar todos os demais.
(C) Organização, direção e controle são os únicos elementos do
processo administrativo. Os elementos do processo agem uns
sobre os outros e cada um pode afetar todos os demais.
(D) Planejamento, organização, direção e controle, quando vi-
sualizados separadamente, formam o processo administrativo.
As funções são separadas e não interferem nos demais elemen-
tos do processo.
(E)Planejamento, direção e controle, quando visualizados no
conjunto, formam o processo administrativo. Os elementos do
processo agem uns sobre os outros na função organização e,
individualmente, pode afetar todos os demais.

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

4.(FGV/2018 - CÂMARA DE SALVADOR/BA) Um sistema de 8. (FCC – AL/SP) Um dos fatores de qualidade no atendimento
classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas: ao público é a empatia. Empatia é
(A) identificação – simplificação – codificação – normalização – (A) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e con-
padronização – catalogação; fiança ao público.
(B) catalogação – simplificação – especificação – normatização (B) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o que
– aglutinação – codificação; foi prometido ao público
(C)catalogação – complementação – identificação – normatiza- (C)o grau de cuidado e atenção individual que o atendente de-
ção – padronização – codificação; monstra para com o público, colocando-se em seu lugar para
(D) sintetização – simplificação – normatização – padronização um melhor entendimento do problema.
– codificação – identificação; (D) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pronta-
(E) catalogação – simplificação – flexibilização – normalização – mente o cidadão
padronização – codificação. (E) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo
atendimento
5. Analise os itens a seguir e assinale a opção correta.
I. O controle, assim como o planejamento, existe nos três níveis 9. Assinale a opção que apresenta uma prática da função da
organizacionais: o estratégico, o intermediário e o operacional. administração conhecida por direção.
II. A avaliação do desempenho do pessoal é um tipo de controle (A) Comparação entre padrões visados e realizados pela orga-
organizacional e pode incluir informações sobre índices como pro- nização.
dução por empregado. (B) Monitoramento e avaliação do desempenho organizacional.
III. Entre as melhores práticas de governança corporativa reco- (C)Distribuição de recursos, tarefas e autoridades no contexto
mendadas pelo Instituto Nacional de Governança Corporativa para organizacional.
a área de gestão estão a transparência, a clareza e a objetividade na (D) Especificação de objetivos orientadores das atividades or-
prestação de contas. ganizacionais.
(A) Somente I e II estão corretas. (E) Condução da ação dos colaboradores para o alcance dos
(B) Somente II e III estão corretas. objetivos organizacionais.
(C)Somente I e III estão corretas.
(D) Nenhuma das afirmativas está correta. 10. (PRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE - 2013) A respeito
(E)Todas as afirmativas estão corretas. da ética no serviço público, julgue os itens subsequentes.
O elemento ético deve estar presente na conduta de todo ser-
6. (AOCP/BRDE) A comunicação e relação interpessoal são vidor público, que deve ser capaz de discernir o que é honesto e
apresentadas como habilidade interpessoal e comunicação, tam- desonesto no exercício de sua função.
bém chamadas de habilidades humanas e são consideradas extre- ( ) CERTO
mamente necessárias na vida de um administrador, em função de ( ) ERRADO
proporcionar
(A)trabalho com eficácia e esforços cooperativos na direção 11. (IADES - 2014 - UFBA - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)
dos objetivos estabelecidos. Considerando a gestão da qualidade, assinale a alternativa que
(B) visão sistêmica da organização com envolvimento das pes- apresenta uma vantagem que pode decorrer da implementação do
soas. gerenciamento da qualidade nas organizações.
(C)trabalho com eficácia, empregabilidade e polivalência. (A) Os produtos da organização tornam-se menos vendáveis.
(D) visão sistêmica da organização e facilidade no uso de técni- (B) O aumento da insatisfação dos clientes.
cas específicas. (C)A redução da competitividade empresarial.
(E) trabalho com eficácia e esforços individualizados na direção (D) Os resultados operacionais ficam abaixo das expectativas.
dos objetivos estabelecidos. (E) A eliminação de defeitos e desperdícios.

7. (CESPE/2018 – EBSERH – Psicólogo Organizacional) Em rela- 12. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário - Conhecimentos
ção à satisfação, à motivação e ao envolvimento no trabalho, julgue Básicos) No que concerne aos princípios da administração pública,
o seguinte item. assinale a opção correta.
O gestor que pretenda usar a teoria da hierarquia das neces- (A) Em razão do princípio da continuidade, os serviços públicos
sidades de Maslow para diagnosticar o nível atual de necessidades não podem ser interrompidos, visto que se destinam a atender
dos seus empregados a fim de determinar iniciativas com vistas a os interesses da coletividade. Por isso, é vedado àquele que
satisfazê-las deve ter cautela, pois não há respaldo científico para contrata com a administração pública valer-se da exceção de
as cinco categorias da teoria, tampouco para a ideia de preponde- contrato não cumprido quando a administração, sem ter cum-
rância. prido sua obrigação, exige a satisfação de obrigação de quem
( ) CERTO com ela contratou.
( ) ERRADO (B) A administração pública está obrigada a controlar os atos
administrativos em relação ao mérito e à legalidade. Nesse
sentido, os atos inconvenientes ou inoportunos devem ser re-
tirados do ordenamento jurídico por meio da anulação, e os
ilegítimos, por meio da revogação.

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGENTE ADMINISTRATIVO

(C)Dado o principio da publicidade, é imprescindível a divulga-


ção dos atos, contratos e outros instrumentos celebrados pela GABARITO
administração pública, de modo que os órgãos e as entidades
públicas são obrigados a divulgar informações relativas à exe-
cução orçamentária e financeira, mas não as referentes a des- 1 D
pesas e receita.
(D) O princípio da moralidade apenas adquiriu conotação e 2 A
significação jurídica para a administração pública a partir da 3 B
edição da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe sobre
as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enri- 4 A
quecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou 5 E
função na administração pública.
6 A
(E) A administração pública direta, as autarquias e as fundações
de direito público submetem-se aos princípios administrativos 7 CERTO
constantes do texto constitucional; já as empresas públicas e 8 C
as sociedades de economia mista, por exercerem atividades de
natureza econômica, não se sujeitam a tais princípios, mas ao 9 E
sistema normativo aplicável às empresas privadas. 10 CERTO

13. (AFPR/COPS-UEL) - Sobre sistemas de arquivos e protoco- 11 E


los, considere as afirmativas a seguir. 12 A
I. O método de arquivamento por assunto ou específico recu-
13 B
pera arquivos através de seu conteúdo.
II. Os documentos públicos são identificados como ofício, re- 14 CERTO
correntes e fixos. 15 C
III. Os documentos de valor corrente são inalienáveis e impres-
critíveis.
IV. Arquivos Públicos são arquivos de instituições governamen-
tais de âmbito federal ou estadual ou municipal.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I e II são corretas
ANOTAÇÕES
(B) Somente as afirmativas I e IV são corretas
(C)Somente as afirmativas III e IV são corretas ______________________________________________________
(D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
(E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas ______________________________________________________

14. (CESPE/ANTAQ) Julgue o item que se segue, a respeito de ______________________________________________________


arquivologia.
Ainda que tenham surgido novos suportes documentais, princi- ______________________________________________________
palmente os documentos natodigitais, o conceito de arquivo man-
______________________________________________________
tém-se inalterado.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
15. (CONSULPLAN/TSE) Em relação à comunicação nas organi-
zações, analise. ______________________________________________________
I. Uma comunicação eficaz é um processo horizontal, em que
todos os envolvidos mantêm uma ética relacional. ______________________________________________________
II. É possível melhorar a comunicação por meio de treinamento
______________________________________________________
e desenvolvimento de pessoal.
III. A comunicação é elemento acessório no processo de busca ______________________________________________________
de qualidade nas organizações.
Assinale ______________________________________________________
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
(B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. ______________________________________________________
(C)se apenas a afirmativa II estiver correta.
(D) se apenas a afirmativa III estiver correta. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

72

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