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RECEITA FEDERAL
DO BRASIL

Auditor Fiscal
Volume 1

EDITAL Nº 1 - RFB,
DE 2 DE DEZEMBRO DE 2022

CÓD: SL-045DZ-22
7908433230625
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo);
interpretação e organização interna............................................................................................................................................ 11
2. Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos........................................................................................... 24
3. emprego de tempos e modos dos verbos em português. Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes
gramaticais; processos de formação de palavras; mecanismos de flexão dos nomes e verbos.................................................. 25
4. Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração; processos de coordenação e subordinação.............................................. 30
5. concordância nominal e verbal.................................................................................................................................................... 33
6. transitividade e regência de nomes e verbos.............................................................................................................................. 33
7. padrões gerais de colocação pronominal no português.............................................................................................................. 34
8. mecanismos de coesão textual.................................................................................................................................................... 34
9. Ortografia.................................................................................................................................................................................... 35
10. Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 36
11. Emprego do sinal indicativo de crase............................................................................................................................................ 36
12. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 36
13. Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo..................................................................................................... 38
14. variação linguística....................................................................................................................................................................... 39
15. norma culta................................................................................................................................................................................. 40

Língua Inglesa
1. Conhecimento e uso das formas contemporâneas da linguagem inglesa. Compreensão e interpretação de textos variados:
domínio do vocabulário e da estrutura da língua, ideias principais e secundárias, explícitas e implícitas, relações intratextuais
e intertextuais.Itens gramaticais relevantes para a compreensão dos conteúdos semânticos. Palavras e expressões equiva-
lentes. Elementos de referência. ................................................................................................................................................ 47

Raciocínio Lógico-Matemático
1. Lógica: proposições, conectivos, equivalências lógicas, quantificadores e predicados. Estrutura lógica de relações arbitrárias
entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; dedução de novas informações das relações fornecidas e avaliação das
condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e análise da lógica de uma situação, utili-
zando as funções intelectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação espacial e tempo-
ral, formação de conceitos, discriminação de elementos. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos
e matriciais. Problemas de lógica e raciocínio............................................................................................................................ 75
2. Conjuntos e suas operações, diagramas..................................................................................................................................... 95
3. Números inteiros, racionais e reais e suas operações................................................................................................................ 99
4. porcentagem............................................................................................................................................................................... 102
5. juros............................................................................................................................................................................................ 103
6. Proporcionalidade direta e inversa............................................................................................................................................. 104
7. Medidas de comprimento, área, volume, massa e tempo......................................................................................................... 106
8. Compreensão de dados apresentados em gráficos e tabelas..................................................................................................... 111
9. Problemas de contagem............................................................................................................................................................. 113
10. noções de probabilidade............................................................................................................................................................ 117
11. Geometria básica: ângulos, triângulos, polígonos, distâncias, proporcionalidade, perímetro e área. Plano cartesiano: siste-
ma de coordenadas, distância.................................................................................................................................................... 118

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ÍNDICE

Estatística
1. Estatística descritiva..................................................................................................................................................................... 131
2. Média, moda, mediana e desvio padrão..................................................................................................................................... 139
3. Probabilidade e distribuições de probabilidade.......................................................................................................................... 141
4. Inferência: estimação pontual e intervalar e testes de hipóteses............................................................................................... 144
5. Predição: abordagens; séries temporais; regressão linear simples e múltipla............................................................................ 149
6. Regressão logística....................................................................................................................................................................... 155

Administração Geral
1. Teoria da administração e das organizações; Funções de administração: planejamento, organização, direção e
controle. Papéis e habilidades do administrador; Planejamento estratégico: conceitos, princípios, etapas, níveis,
métodos e ferramentas. Planejamento tático; Planejamento operacional. Balanced scorecard; Administração por
objetivos...................................................................................................................................................................................... 159
2. O processo administrativo.......................................................................................................................................................... 169
3. Organização: princípios de organização; estrutura organizacional; departamentalização; centralização e
descentralização.......................................................................................................................................................................... 169
4. Processo decisório: tipos de decisões; decisão racional; heurísticas; ferramentas de apoio à
decisão........................................................................................................................................................................................ 169
5. Comportamento organizacional: cultura organizacional; motivação; liderança; comunicação; equipes de
trabalho....................................................................................................................................................................................... 174
6. Controle: tipos de controle; sistemas de controle...................................................................................................................... 176
7. Gestão de pessoas: evolução; conceitos básicos; abordagem estratégica; indicadores de gestão de pessoas. Recrutamento e
seleção de pessoas: visão geral e conceitos básicos; relação com os demais processos de gestão de pessoas; recrutamento
interno e externo; técnicas de recrutamento e seleção. Análise e descrição de cargos. Treinamento e desenvolvimento: visão
geral e conceitos básicos; relação com os demais processos de gestão de pessoas; métodos; avaliação de programas de
treinamento e desenvolvimento. Gestão do desempenho: visão geral e conceitos básicos; relação com os demais processos
de gestão de pessoas; métodos. Gestão por competências. ...................................................................................................... 177
8. Gestão da qualidade e modelo de excelência gerencial: principais teóricos e suas contribuições para a gestão da qualidade;
ferramentas de gestão da qualidade. Gestão de projetos: modelos, etapas, elaboração, técnicas de análise e avaliação de
projetos....................................................................................................................................................................................... 198
9. Gestão de projetos: modelos, etapas, elaboração, técnicas de análise e avaliação de projetos................................................ 200
10. Administração Financeira. Indicadores de Desempenho. Tipo. Variáveis. Princípios gerais de alavancagem operacional e
financeira. Planejamento financeiro de curto e longo prazo. Conceitos básicos de análise de balanços e demonstrações
financeiras................................................................................................................................................................................... 203

Administração Pública
1. As reformas administrativas e a redefinição do papel do Estado; reforma do serviço civil (mérito, flexibilidade e
responsabilização) e reforma do aparelho do Estado. .............................................................................................................. 207
2. Administração Pública: do modelo racional-legal ao paradigma pós-burocrático; o Estado oligárquico e patrimonial, o
Estado autoritário e burocrático, o Estado do bem-estar, o Estado regulador. .......................................................................... 210
3. Processos participativos de gestão pública: conselhos de gestão, orçamento participativo, parceria entre governo e
sociedade. ................................................................................................................................................................................. 219
4. Governo eletrônico; transparência da administração pública; controle social e cidadania; accountability. ............................ 220
5. Gestão por resultados na produção de serviços públicos. ......................................................................................................... 228
6. Comunicação na gestão pública e gestão de redes organizacionais. ......................................................................................... 240
7. Administração de pessoal. ........................................................................................................................................................ 251

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ÍNDICE

8. Administração de compras e materiais: processos de compras governamentais e gerenciamento de materiais e


estoques. ................................................................................................................................................................................. 266
9. Sustentabilidade das contratações. .......................................................................................................................................... 285
10. Mudanças institucionais: conselhos, organizações sociais, organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP),
agência reguladora, agência executiva, consórcios públicos. .................................................................................................. 287
11. Conceitos básicos de planejamento. Aspectos administrativos, técnicos, econômicos e financeiros. Formulação de
programas e projetos. Avaliação de programas e projetos. Tipos de avaliação. Análise custo benefício e análise custo-
efetividade. Planejamento e avaliação nas políticas públicas................................................................................................... 294
12. Gestão De Projetos . Elaboração, Análise E Avaliação De Projetos........................................................................................... 302
13. Governança Pública.Conceitos fundamentais. Princípios, diretrizes e níveis de análise. Sistema de governança. Práticas de
governança................................................................................................................................................................................ 304
14. Gestão de Riscos: princípios, objetos, técnicas, modelos nacionais e internacionais, integração ao planejamento. Processo
de Gestão de Riscos: comunicação, consulta, contextualização, identificação, análise, tratamento, monitoramento e
retroalimentação. Boas práticas de gestão de Riscos. .............................................................................................................. 307
15. Processo de formulação e desenvolvimento de políticas: construção de agendas, formulação de políticas, implementação
de políticas, financiamento de políticas públicas, indicadores de desempenho de políticas públicas. ................................... 309
16. As políticas públicas no Estado brasileiro contemporâneo; descentralização e democracia; participação, atores sociais e
controle social; gestão local, cidadania e equidade social. ....................................................................................................... 310
17. Lei Federal nº 12.527/2011 e suas alterações (Lei de Acesso à Informação). ........................................................................... 314
18. Lei Complementar nº 131/2009 (Lei da Transparência)............................................................................................................ 321

Auditoria
1. Normas Brasileiras de Contabilidade de Auditoria - NBC TA e NBC PA....................................................................................... 325
2. Amostragem em Auditoria. NBC TA 530, aprovada pela Resolução CFC nº 1.222/2009............................................................ 327
3. Testes de observância................................................................................................................................................................. 330
4. Testes substantivos..................................................................................................................................................................... 330
5. Testes para subavaliação e testes para superavaliação............................................................................................................... 325
6. Evidências de auditoria............................................................................................................................................................... 331
7. Procedimentos de auditoria....................................................................................................................................................... 331
8. Identificação de fraudes na escrita contábil............................................................................................................................... 332
9. Demonstrações contábeis sujeitas a auditoria........................................................................................................................... 333
10. Auditoria no ativo circulante. Recomposição contábil do fluxo de caixa da empresa................................................................ 333
11. Identificação de saldo credor na conta caixa por falta de emissão de documentos fiscais........................................................ 335
12. Suprimento das disponibilidades sem que haja comprovação quanto à efetiva entrega dos recursos financeiros: aumento do
capital social, adiantamentos de clientes, empréstimos de sócios ou de terceiros, operações, prestações ou recebimentos
sem origem, alienação de investimentos e bens do ativo imobilizado....................................................................................... 335
13. Aquisições de mercadorias, bens, serviços e outros ativos não contabilizados e sem comprovação da origem do numerário. 336
14. Baixa fictícia de títulos não recebidos......................................................................................................................................... 337
15. Cotejamento de recebíveis com os registros contábeis de receitas........................................................................................... 338
16. Auditoria no ativo não circulante................................................................................................................................................ 338
17. Superavaliação na formação dos custos de estoque.................................................................................................................. 339
18. Auditoria no ativo realizável a longo prazo. Identificação de origens de recursos fictícias........................................................ 339
19. Auditoria em investimentos........................................................................................................................................................ 340
20. Auditoria no ativo imobilizado. Ativos ocultos............................................................................................................................ 340
21. Alienação fictícia de bens........................................................................................................................................................... 341
22. Auditoria no ativo intangível....................................................................................................................................................... 341

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ÍNDICE

23. Auditoria no passivo circulante................................................................................................................................................... 342


24. Falta de registro contábil dos passivos de curto prazo............................................................................................................... 342
25. Passivos fictícios.......................................................................................................................................................................... 343
26. Identificação de passivos já pagos e não baixados..................................................................................................................... 343
27. Auditoria no passivo não circulante............................................................................................................................................ 343
28. Auditoria no patrimônio líquido................................................................................................................................................. 344
29. Aumento do capital social sem comprovação quanto à efetiva entrega dos recursos financeiros............................................. 344
30. Contabilização de reservas......................................................................................................................................................... 345
31. Subvenções................................................................................................................................................................................. 346
32. Auditoria em contas de resultado............................................................................................................................................... 346
33. Registro de receitas e despesas.................................................................................................................................................. 346
34. Ocultação de receitas................................................................................................................................................................. 347
35. Superavaliação de custos e despesas......................................................................................................................................... 348
36. Identificação de fraudes e erros na escrita fiscal........................................................................................................................ 348
37. Auditoria em operações de importação..................................................................................................................................... 349
38. Lei Complementar nº 105/2001 (dispõe sobre sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências)...... 350

Contabilidade Geral
1. Contabilidade. Conceito, objeto, objetivos, campo de atuação e usuários da informação contábil. Princípios .................... 365
2. Normas Brasileiras de Contabilidade emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) ...................................... 367
3. Conceitos, forma de avaliação, evidenciação, natureza, espécie e estrutura .................................................................... 369
4. Atos e fatos administrativos .............................................................................................................................................. 370
5. Livros contábeis obrigatórios ............................................................................................................................................ 371
6. Documentação contábil .................................................................................................................................................... 372
7. Variação do patrimônio líquido. Receita, despesa, ganhos e perdas. Itens Patrimoniais. Conteúdo, conceitos, estrutura,
formas de avaliação e classificação dos itens patrimoniais do ativo, do passivo e do patrimônio líquido ............................ 372
8. Apuração dos resultados ................................................................................................................................................... 376
9. Regimes de apuração ........................................................................................................................................................ 379
10. Caixa ................................................................................................................................................................................. 379
11. competência ..................................................................................................................................................................... 379
12. Escrituração contábil ......................................................................................................................................................... 380
13. Lançamentos contábeis .................................................................................................................................................... 384
14. Contas patrimoniais, resultado ......................................................................................................................................... 387
15. Fatos contábeis. Permutativos, modificativos e mistos ..................................................................................................... 389
16. Demonstrações contábeis ................................................................................................................................................ 389
17. Balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, de-
monstração das mutações do patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa e demonstração do valor adicio-
nado .................................................................................................................................................................................. 400
18. Notas explicativas às demonstrações contábeis. Conteúdo, forma de apresentação e exigências legais de informações.. 404
19. Ajustes, classificações e avaliações dos itens patrimoniais exigidos pelas novas práticas contábeis adotadas no Brasil trazidas
pela Lei Federal nº 11.638/07 e suas alterações e Lei Federal nº 11.941/09 e suas alterações ................................................. 405
20. Estoques. Tipos de inventários, critérios e métodos de avaliação .......................................................................................... 406
21. Apuração do custo das mercadorias vendidas, tratamento contábil dos tributos incidentes em operações de compras e ven-
das .................................................................................................................................................................................... 415

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ÍNDICE

Contabilidade Aplicada ao Setor Público


1. NBC TSP Estrutura Conceitual - estrutura conceitual para elaboração e divulgação de informação contábil de propósito
geral pelas entidades do setor público. Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPG):
objetivos e usuários; prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão; a continuidade das
entidades do setor público; situação patrimonial, desempenho e fluxos de caixa; Regime de Competência e Regime de
Caixa. Características qualitativas da informação: características qualitativas fundamentais; características qualitativas de
melhoria. Características da entidade que reporta a informação contábil.................................................................................. 423
2. Elementos das Demonstrações Contábeis: propósito e definições de ativos e passivos, receitas e despesas; superávit ou
déficit do exercício. Reconhecimento e mensuração nas demonstrações contábeis: evidenciação, reconhecimento e
desreconhecimento; bases de mensuração para ativos e passivo............................................................................................... 451
3. Estrutura e apresentação das Demonstrações Contábeis do Setor Público. Definições, finalidade, componentes, estrutura e
conteúdo das demonstrações: de acordo com a Lei 4320/1964; de acordo com a NBC T SP 11; de acordo com o MCASP....... 451
4. Plano de Contas aplicado ao Setor Público. Conceito de contas patrimoniais e de resultado. Função e estrutura das contas.
CONCEITOS.................................................................................................................................................................................. 470
5. Escrituração: débito, crédito, saldo, sistema de partidas dobradas............................................................................................. 470
6. Tópicos selecionados da Lei Complementar nº 101/2000. Conceitos de dívida pública e restos a pagar, escrituração e
consolidação das contas. Relatório resumido da execução orçamentária: estrutura, composição.Relatório de gestão fiscal:
estrutura, composição................................................................................................................................................................. 472
7. Tópicos especiais da contabilidade aplicada ao setor público. Procedimentos Contábeis Orçamentários (Regime orçamentário
e Regime Contábil ou patrimonial (MCASP)................................................................................................................................ 486
8. Procedimentos Contábeis Patrimoniais conforme Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), 9ª edição.... 496
9. Restos a pagar, empenho, liquidação e pagamento (Lei nº 4.320/1964 e MCASP)..................................................................... 496
10. Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações Contábeis (NBC TSP 13)......................................................... 508
11. Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS)............................................................................. 513
12. Noções de Informações de Custos no Setor Público: NBC T 16.11 - Sistema de Informação de Custos do Setor Público........... 514
13. Manual de Informações de Custos do Governo Federal, aprovado pela Portaria STN nº 518/2018........................................... 517
14. Trabalho de asseguração (NBC TA Estrutura Conceitual - Estrutura Conceitual para Trabalhos de Asseguração)....................... 517

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO E SEU SENTI- fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
DO: GÊNERO DO TEXTO (LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO,
NARRATIVO, DESCRITIVO E ARGUMENTATIVO); INTER-
PRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA

Compreensão e interpretação de textos

Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o


seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto. • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. com a não-verbal.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem

Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que


facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
pode ser escrita ou oral. tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.
Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
É muito importante que você: tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta- você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
do, país e mundo; significativo, que é o texto.
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto- título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
gráficas, gramaticais e interpretativas; o assunto que será tratado no texto.
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po- Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
lêmicos; que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
Dicas para interpretar um texto: pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
– Leia lentamente o texto todo. pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa- finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
– Sublinhe as ideias mais importantes. estudos?
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
principal e das ideias secundárias do texto. bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
– Separe fatos de opiniões. reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo CACHORROS
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu- Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
tável). espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
– Retorne ao texto sempre que necessário. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
enunciados das questões. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
– Reescreva o conteúdo lido. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
picos ou esquemas. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
outro e a parceria deu certo.
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
distração, mas também um aprendizado. sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre-
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos-
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
As informações que se relacionam com o tema chamamos de
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se-
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
do texto.
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- capaz de identificar o tema do texto!
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
prova. Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi- deias-secundarias/
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca TEXTOS VARIADOS
extrapole a visão dele.
Ironia
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-

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A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
novo sentido, gerando um efeito de humor. recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
Exemplo: plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor

Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-


çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia de situação NERO EM QUE SE INSCREVE
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que principal. Compreender relações semânticas é uma competência
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
morte. Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
Ironia dramática (ou satírica) -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que Busca de sentidos
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten- Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado apreensão do conteúdo exposto.
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo citadas ou apresentando novos conceitos.
da narrativa.

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Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer imagens.
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
Importância da interpretação que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se vencer o leitor a concordar com ele.
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
específicos, aprimora a escrita. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- de destaque sobre algum assunto de interesse.
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen- berdade para quem recebe a informação.
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, Fato
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Exemplo de fato:
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que A mãe foi viajar.
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Interpretação
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
Diferença entre compreensão e interpretação sas, previmos suas consequências.
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
leitor tira conclusões subjetivas do texto. ças sejam detectáveis.
Exemplos de interpretação:
Gêneros Discursivos
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
tro país.
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No do que com a filha.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Opinião
dárias. A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- que fazemos do fato.
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
encaminham-se diretamente para um desfecho. do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O anteriores:
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
curto. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que do que com a filha. Ela foi egoísta.
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
como horas ou mesmo minutos.
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Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- mais direto.
mos expressando nosso julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, NÍVEIS DE LINGUAGEM
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando Definição de linguagem
analisamos um texto dissertativo.
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Exemplo: ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
com o sofrimento da filha. da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento e caem em desuso.
e o do leitor. Língua escrita e língua falada
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
Parágrafo falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma-
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
sentada na introdução.
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- Linguagem popular e linguagem culta
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você o diálogo é usado para representar a língua falada.
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo Linguagem Popular ou Coloquial
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
prova.
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
A Linguagem Culta ou Padrão
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto-
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí-
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
odo, e o tópico que o antecede.
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
para a clareza do texto.
Gíria
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
sem coerência. a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
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Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam (Vinícius de Moraes)
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
de pequenos grupos ou cair em desuso. tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, comportamentos, nas leis jurídicas.
“mina”, “tipo assim”. Características principais:
Linguagem vulgar • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
comida”. pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Linguagem regional Exemplo:
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
Tipos e genêros textuais
perior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
Tipo textual expositivo
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou pode ser expositiva ou argumentativa.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
exemplos e as principais características de cada um deles.
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
Tipo textual descritivo
Características principais:
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, mar.
um movimento etc. • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
Características principais: • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
• Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
Exemplo:
caracterizadora.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Exemplo:
Era uma casa muito engraçada Tipo textual dissertativo-argumentativo
Não tinha teto, não tinha nada
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Ninguém podia entrar nela, não
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Porque na casa não tinha chão apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Ninguém podia dormir na rede clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Porque na casa não tinha parede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
(leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Características principais:
Porque penico não tinha ali
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Mas era feita com muito esmero
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
Na rua dos bobos, número zero gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho

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de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
gestão/solução). ais que neles predominam.
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Descritivo Diário
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Relatos (viagens, históricos, etc.)
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Biografia e autobiografia
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Notícia
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Currículo
Exemplo: Lista de compras
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Cardápio
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Anúncios de classificados
administração política (tese), porque a força governamental certa-
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Injuntivo Receita culinária
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Bula de remédio
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Manual de instruções
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Regulamento
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Textos prescritivos
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Expositivo Seminários
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o
Palestras
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma
cobrança efetiva (conclusão). Conferências
Entrevistas
Tipo textual narrativo Trabalhos acadêmicos
Enciclopédia
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Verbetes de dicionários
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Carta de opinião
Características principais:
Resenha
• O tempo verbal predominante é o passado.
Artigo
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – Ensaio
onisciente). Monografia, dissertação de
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em mestrado e tese de doutorado
prosa, não em verso. Narrativo Romance
Exemplo:
Novela
Solidão
Crônica
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- Contos de Fada
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. Fábula
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- Lendas
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Nelson S. Oliveira Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre- nitos e mudam de acordo com a demanda social.
ais/4835684
INTERTEXTUALIDADE
GÊNEROS TEXTUAIS
A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro- de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas- ambos: forma e conteúdo.
síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan- Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-

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ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
provérbios, charges, dentre outros. uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
Tipos de Intertextualidade que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se-
enunciador está propondo.
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
ticos. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
significa a “repetição de uma sentença”. crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- mento de premissas e conclusões.
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- A é igual a B.
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
A é igual a C.
e “graphé” (escrita).
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a B.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. que C é igual a A.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- Outro exemplo:
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Todo ruminante é um mamífero.
“citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros A vaca é um ruminante.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Logo, a vaca é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são também será verdadeira.
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
outro fundado há dois ou três anos.
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
der bem como eles funcionam.
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
escolher entre duas ou mais coisas”.
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- zado numa dada cultura.
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-

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Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
mento. Exemplo: chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
Argumento de Autoridade cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
dadeira. Exemplo: correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe- indevidas.
cimento. Nunca o inverso. Argumento do Atributo
Alex José Periscinoto. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, que é mais grosseiro, etc.
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
acreditar que é verdade. alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
Argumento de Quantidade
de.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
largo uso do argumento de quantidade.
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
Argumento do Consenso dizer dá confiabilidade ao que se diz.
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao por bem determinar o internamento do governador pelo período
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
carentes de qualquer base científica. guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
tal por três dias.
Argumento de Existência
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão texto tem sempre uma orientação argumentativa.
do que dois voando”.
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci-
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
outras, etc. Veja:
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade. “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vam abraços afetuosos.”
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O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
injustiça, corrupção).
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ver as seguintes habilidades:
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento. - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e mente contrária;
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ria contra a argumentação proposta;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
outros à sua dependência política e econômica”. ta.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
o assunto, etc). não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
dades não se prometem, manifestam-se na ação. verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu da verdade:
comportamento.
- evidência;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
- divisão ou análise;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
- ordem ou dedução;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
- enumeração.
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
mica e até o choro. encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse caracteriza a universalidade.

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Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) pesquisa.
Fulano é homem (premissa menor = particular) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão)
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O calor dilata o ferro (particular) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o bronze (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular)
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- relacionadas:
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
sofisma no seguinte diálogo: lha dos elementos que farão parte do texto.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Exemplos de sofismas: A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Dedução partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Todo professor tem um diploma (geral, universal) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Fulano tem um diploma (particular) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Indução nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
cular) empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
– conclusão falsa) integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são profes- canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
sores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. sabiá, torradeira.
Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infun- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
dadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise su- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
perficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
dos nos sentimentos não ditados pela razão.
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
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Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
(Garcia, 1973, p. 302304.) vra e seus significados.
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mentação coerente e adequada.
de vista sobre ele.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- o termo a ser definido; cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
- o gênero ou espécie;
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
- a diferença específica.
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
ma espécie. Exemplo:
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
Elemento especiediferença nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
a ser definidoespecífica apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é virtude de, em vista de, por motivo de.
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
ou instalação”; assim, desse ponto de vista.
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);

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espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con-
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento
que, melhor que, pior que. é que gera o controle demográfico”.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
elaboração de um Plano de Redação.
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer tecnológica
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
ta, justificar, criando um argumento básico;
caráter confirmatório que comprobatório.
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse (rever tipos de argumentação);
caso, incluem-se - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse-
mortal, aspira à imortalidade);
quência);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
dos e axiomas);
argumento básico;
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
mento básico;
parece absurdo).
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
cretos, estatísticos ou documentais. menos a seguinte:
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
Introdução
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - função social da ciência e da tecnologia;
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - definições de ciência e tecnologia;
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova- Desenvolvimento
da, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade vimento tecnológico;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- condições de vida no mundo atual;
gumentação: - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
desenvolvidos;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses sado; apontar semelhanças e diferenças;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
dadeira; banos;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- mais a sociedade.
dade da afirmação;
Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
ridade que contrariam a afirmação apresentada; quências maléficas;

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- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos Segunda pessoa
apresentados.
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
ção: é um dos possíveis.
quase como outro personagem que participa da história.

Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece


Terceira pessoa
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
é inserida.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a leitura não fique confuso.
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
textos caracterizada por um citar o outro. SEMÂNTICA: SENTIDO E EMPREGO DOS VOCÁBULOS;
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um CAMPOS SEMÂNTICOS
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou Significação de palavras
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di-
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
mencionar um provérbio conhecido. significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
que compõem este estudo.
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- Antônimo e Sinônimo
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- Começaremos por esses dois, que já são famosos.
zá-lo ou ao compará-lo com outros.
O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- homem que é antônimo de mulher.
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi- que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm to importante para produções textuais, porque evita que você fi-
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido. que repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/conten-
PONTO DE VISTA tamento e homem é sinônimo de macho/varão.
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
Hipônimos e Hiperônimos
vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa
da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperôni-
diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con- mo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, ca-
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob- chorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais
servador e o narrador-personagem. domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido
mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com
Primeira pessoa substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das
palavras, beleza?!?!
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto Outros conceitos que agem diretamente no sentido das pala-
de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos vras são os seguintes:
o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas Conotação e Denotação
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
Observe as frases:
só descobrimos ao decorrer da história.
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.
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As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa – desinências;
palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, – afixos;
não! – vogais e consoantes de ligação.
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, Radical: Elemento que contém a base de significação do
a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionari- vocábulo.
zado. Exemplos
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo cono- VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
tativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
contexto para ser entendida.
Dividem-se em:
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e cono-
Nominais
tativo começa com C de contexto.
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propa-
gandas: Exemplos
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
Ambiguidade pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
Verbais
Observe a propaganda abaixo:
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica
https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambigui- oposição masculino/feminino.
dade-na-propaganda/ Exemplos
livrO, dentE, paletó.
Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja,
por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, Exemplos
não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta. CANTAr, CORREr, CONSUMIr.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se
justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
palavra, frase ou textos inteiros. Exemplos
chaLeira, cafeZal.
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS DOS VERBOS EM POR-
TUGUÊS. MORFOLOGIA: RECONHECIMENTO, EMPREGO Afixos
E SENTIDO DAS CLASSES GRAMATICAIS; PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE PALAVRAS; MECANISMOS DE FLEXÃO Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do
DOS NOMES E VERBOS radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem-
se em:
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Exemplos
As palavras são formadas por estruturas menores, com DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
significados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem Sufixo
para a formação das palavras. Afixo que se coloca depois do radical.
Exemplos
Estrutura das palavras contentaMENTO, reallDADE, enaltECER.
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórficos:  Processos de formação das palavras
– radical e raiz;
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da
– vogal temática;
junção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos:
– tema;
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Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na com, con, co – companhia, concomitância: combater,
estrutura fonética das primitivas. contemporâneo.
Exemplos contra – oposição, posição inferior: contradizer.
passa + tempo = passatempo de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento:
gira + sol = girassol decrescer, deportar.
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar.
estrutura fonética das primitivas. dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária:
Exemplos distrair, dimanar.
em + boa + hora = embora entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha,
entrevista.
vossa + merce = você
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade,
Derivação:
privação, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva.
extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordinário.
Temos:
im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de
ingrato.
um prefixo ao radical da primitiva.
inter – no meio de: intervocálico, intercalado.
Exemplos
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer.
CONter, INapto, DESleal.
justa – perto de: justapor.
Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um
sufixo ao radical da primitiva. multi – pluralidade: multiforme.
Exemplos ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE. pene – quase: penúltimo, península.
Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de per – movimento através de, acabamento de ação; ideia
um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo. pejorativa: percorrer.
Exemplos post, pos – posteridade: postergar, pospor.
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR. pre – anterioridade: predizer, preclaro.
Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
primitiva. pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
Exemplo procurador, pronome.
Todos ficaram encantados com seu  andar: verbo usado com re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repetição:
valor de substantivo. regressar, revirar.
Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética retro – movimento para trás: retroceder.
de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em satis – bastante: satisdar.
geral de um verbo para substantivo ou vice-versa. sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé.
Exemplos subter – por baixo: subterfúgio.
combater – o combate super, supra – posição superior, excesso: super-homem,
chorar – o choro superpovoado.
trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
Prefixos
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro.
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em: ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo.
vernáculos, latinos e gregos.
uni – um: unânime, unicelular.
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou
Grego: Os principais prefixos de origem grega são:
foram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre,
mal, menos, sem, sob, sobre, soto. a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia.
Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: 
abordar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição, anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc. anti – oposição: antipatia, antagonista.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina apo – afastamento: apólogo, apogeu.
original: arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar. caco – mau: cacofonia.
a, ad – aproximação, direção: amontoar.
cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
ambi – dualidade: ambidestro.
deca – dez: decâmetro.
bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia.
cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
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endo – para dentro: endocarpo. SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
epi – por cima: epiderme, epígrafe. são os que dão origem a mundo/
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia. outras palavras, ou seja, ela é
população
hecto – cem: hectômetro. a primeira.
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério. /formiga
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole. SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia. são formados por outros populacional/formigueiro
radicais da língua.
homo – semelhança, identidade: homônimo.
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase.
designa determinado ser
míria – dez mil: miriâmetro. entre outros da mesma /Brasil
mono – um: monóculo, monoculista. espécie. São sempre iniciados /Belo Horizonte/Estátua da
por letra maiúscula. Liberdade
neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo. SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
penta – cinco: pentágono. referem-se qualquer ser de cachorro/prima
uma mesma espécie.
peri – em volta de: perímetro.
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
poli – muitos: polígono, polimorfo.
nomeiam seres com existência
pro – antes de: prótese, prólogo, profeta. própria. Esses seres podem /estrelas/fadas
ser animadoso ou inanimados, /lobisomem
Sufixos reais ou imaginários. /saci-pererê

Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial. SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/


nomeiam ações, estados, bondade/
Nominais qualidades e sentimentos que
Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama. confiança/
não tem existência própria, ou
Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -astro, seja, só existem em função de lembrança/
-az. um ser. amor/
Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista. alegria
Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório. SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato. referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico.
mesmo quando empregado
Origem, procedência: -estre, -este, -esco. no singular e constituem um
Verbais substantivo comum.
Comuns: -ar, -er, -ir. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar. QUE NÃO ESTÃO AQUI!
Incoativos: -escer, -ejar, -itar. Flexão dos Substantivos
Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
Adverbial = há apenas um no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
MENTE: mecanicamente, felizmente etc. uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
CLASSES DE PALAVRAS uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
Substantivo – Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi- forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen- epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.  a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
macho/palmeira fêmea.
Classificação dos substantivos b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
sua estrutura. macaco/sabão para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
o/a estudante, o/a colega.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/ • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
são formados por mais de um porta-voz/ – Singular: anzol, tórax, próton, casa.
radical em sua estrutura. – Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
pé-de-moleque

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• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau Trezentos e vinte moradores.
diminutivo. – Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.  quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
Adjetivo
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo:
imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão com- Dois terços dos alunos foram embora.
posta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por
Pronome
preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo:
golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vesper- É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam,
tino). indicando a pessoa do discurso.
Flexão do Adjetivos
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em
• Gênero: uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
no: homem feliz, mulher feliz. Pronomes Oblí-
Pessoas do Dis- Pronomes Retos
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra quos
curso Função Subjetiva
para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria Função Objetiva
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.  1º pessoa do sin- Eu Me, mim, comigo
• Número: gular
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado- 2º pessoa do sin- Tu Te, ti, contigo
res, japonês/ japoneses. gular
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas 3º pessoa do sin- Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe,
branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo. gular o, a
• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito- 1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
rioso (do) que o seu. 2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes,
rioso (do) que o seu.
os, as
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
quanto o seu. • Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pesso-
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi- as, normalmente, em situações formais de comunicação.
mo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa- Pronomes de Tratamento Emprego
moso. Utilizado em situações infor-
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o Você
mais.
mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me- Tratamento para pessoas mais
Senhor (es) e Senhora (s)
nos famoso de todos. velhas.
Usados para pessoas com alta
Artigo Vossa Excelência
autoridade
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o Usados para os reitores das
substantivo, determinando de modo particular ou genérico. Vossa Magnificência
Universidades.
• Classificação e Flexão do Artigos Empregado nas correspondên-
Vossa Senhoria
– Artigos Definidos: o, a, os, as. cias e textos escritos.
O menino carregava o brinquedo em suas costas. Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
As meninas brincavam com as bonecas. Utilizado para príncipes, prin-
Vossa Alteza
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas. cesas, duques.
Um menino carregava um brinquedo. Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Umas meninas brincavam com umas bonecas. Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Numeral Utilizado para sacerdotes e
Vossa Reverendíssima
religiosos em geral.
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou
coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.

• Classificação dos Numerais


– Cardinais: indicam número ou quantidade:
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• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, • Flexão verbal
atribuindo-lhes a posse de alguma coisa. Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
Pessoa do Discurso Pronome Possessivo – Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na
1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza,
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas – Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato ex-
presso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito)
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: pre-
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas sente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posi- – Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º
ção de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama-
tempo ou no espaço. ram).
• Formas nominais do verbo
Pronomes Demonstrativos Singular Plural
Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exer-
esta, essa, estas, essas, cem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infi-
Feminino
aquela aquelas nitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particí-
este, esse, estes, esses, pio (terminado em –DA/DO).
Masculino
aquele aqueles
• Voz verbal
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação
designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono- com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e
invariáveis (não variam em gênero e número). – Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa
quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
Classificação Pronomes Indefinidos sujeito. Veja:
algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, João pulou da cama atrasado
nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, mui-
ta, muitos, muitas, pouco, pouca, poucos, – Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas
poucas, todo, toda, todos, todas, outro, recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
Variáveis outra, outros, outras, certo, certa, certos, passiva analítica é formada por:
certas, vário, vária, vários, várias, tanto, tan- Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros)
ta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, +  verbo principal da ação conjugado no particípio  + preposição
quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais, por/pelo/de + agente da passiva.
um, uma, uns, umas.
A casa foi aspirada pelos rapazes
quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva prono-
Invariáveis
algo, cada. minal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plu-
utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas. ral) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.
Classificação Pronomes Interrogativos
qual, quais, quanto, quantos, Advérbio
Variáveis
quanta, quantas.
Invariáveis quem, que. É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro ad-
vérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anterior- tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
mente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis. – Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, ama-
nhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
Classificação Pronomes Relativos brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-
o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, -dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
Variáveis cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quan- em quando, em nenhum momento, etc.
tos, quantas. – Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém,
perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
Invariáveis quem, que, onde.
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapi-
Verbos damente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos mete- ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
orológicos, sempre em relação ao um determinado tempo. – Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente,
efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
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– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo al- Que, do que (usado depois de mais, menos,
gum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc. Comparativas
maior, menor, melhor, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, as-
saz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo
Consecutivas
de todo, etc. que, De maneira que, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, por- Integrantes Que, se.
ventura, etc.
Preposição Interjeição

É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo com- É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções,
plete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes: apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.

• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas
é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para enten-
der o estudo da Sintaxe.

SINTAXE: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO; TERMOS DA


ORAÇÃO; PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDI-
NAÇÃO

Conjunção
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que li- coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al-
gam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é gumas questões importantes:
determinante e o outro é determinado).
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen-
• Conjunções Coordenativas tido completo. 
Os jornais publicaram a notícia.
Tipos Conjunções Coordenativas
Silêncio! 
Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma
A d ve rs at i - contudo, entretanto, mas, não obstante, no en-
locução verbal.
vas tanto, porém, todavia...
Este filme causou grande impacto entre o público.
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
A inflação deve continuar sob controle.
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por
Conclusivas
conseguinte, por isso, portanto... • Período Simples: formado por uma única oração.
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que... O clima se alterou muito nos últimos dias.
• Conjunções Subordinativas • Período Composto: formado por mais de uma oração.
Tipos Conjunções Subordinativas O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período.
Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
Embora, conquanto, ainda que, mesmo que,
Concessivas • Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
posto que, etc.
Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, O problema da violência preocupa os cidadãos.
Condicionais • Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
sem que, etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
Conformativas
segundo, consoante, etc. • Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo
Para que, a fim de que, porque (no sentido direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da pre-
Finais posição.
de que), que, etc.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
À medida que, ao passo que, à proporção
Proporcionais Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
que, etc.
Quando, antes que, depois que, até que, logo
Temporais
que, etc.
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• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.

• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.

• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.

• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.

• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.


A especulação imobiliária me parece um problema.

• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.

• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.

• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.


Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações

As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
no vestibular. lanchamos.
Alternativas Manuela  ora  quer comer hambúrguer,  ora quer Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
comer pizza. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.
Conclusivas Não gostamos do restaurante,  portanto  não
João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
iremos mais lá.
Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de
mau humor.

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Tipos de orações subordinadas

As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Orações Subordinadas
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito anteriormente. SEMPRE quinta, terão aula de reforço.
serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo dito terão aula de reforço.
anteriormente. NUNCA serão acompanhadas por
vírgula.

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de condição reunião.
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas Adverbiais
Assumem a função de advérbio de conformidade previsto.
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de concessão tarde.
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de finalidade tenham acesso aos benefícios.
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de tempo suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

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CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL TRANSITIVIDADE E REGÊNCIA DE NOMES E VERBOS

• Regência Nominal 
Concordância Nominal
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se -lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
referem. mento é estabelecida por uma preposição.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
• Regência Verbal
sa.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
Casos Especiais de Concordância Nominal
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Isto pertence a todos.
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam
alerta.
Regência de algumas palavras
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-
ção de palavras compostas: Esta palavra combina com Esta preposição
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso. Acessível a
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Apto a, para
acordo com o substantivo a que se referem:
Atencioso com, para com
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando Coerente com
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan- Conforme a, com
do advérbios:
Dúvida acerca de, de, em, sobre
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou
meia dúzia de ovos. Empenho de, em, por
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Fácil a, de, para,
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem. Junto a, de
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Pendente de
substantivo estiver determinado por artigo:
Preferível a
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Próximo a, de
Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: Respeito a, com, de, para com, por
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Situado a, em, entre
mes. Ajudar (a fazer algo) a
Concordância ideológica ou silepse Aludir (referir-se) a
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
Aspirar (desejar, pretender) a
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
contexto. Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Deparar (encontrar) com
Blumenau estava repleta de turistas.
Implicar (consequência) Não usa preposição
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con- Lembrar Não usa preposição
texto. Pagar (pagar a alguém) a
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
Precisar (necessitar) de
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes- Proceder (realizar) a
soa gramatical que está subentendida no contexto. Responder a
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
Visar ( ter como objetivo a
líticos.
pretender)
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
PADRÕES GERAIS DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL NO qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
PORTUGUÊS Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Colocação do pronome átono nas locuções verbais
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
após o verbo – ênclise. não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- Exemplos:
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Devo-lhe dizer a verdade.
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Devo dizer-lhe a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas do auxiliar ou depois do principal.
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
Exemplos:
dique a eufonia da frase.
Não lhe devo dizer a verdade.
Próclise Não devo dizer-lhe a verdade.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
cientemente. auxiliar.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. do infinitivo.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Exemplos:
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? Hei de dizer-lhe a verdade.
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Tenho de dizer-lhe a verdade.
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Observação
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
Devo-lhe dizer tudo.
jam reduzidas: Percebia que o observavam.
Estava-lhe dizendo tudo.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
tudo dá. Havia-lhe dito tudo.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem.
MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL
Ênclise

Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
indicativo: Trago-te flores. organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre-
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili-
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
posição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com Coerência
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
Apressei-me a convidá-los. É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
Mesóclise mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. outra”).
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?
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LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
Como era Como fica
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma alcatéia alcateia
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos apóia apoia
elementos formativos de um texto.
apóio apoio
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
elementos textuais.
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de Como era Como fica
imediato a coerência de um discurso.
baiúca baiuca
A coerência:
bocaiúva bocaiuva
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
tual; Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
o aspecto global do texto; tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
e ôo(s).
Coesão
Como era Como fica
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo abençôo abençoo
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, crêem creem
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
tem-se a coesão lexical. – Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
Atenção:
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo- • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
nentes do texto. • Permanece o acento diferencial em pôr/por.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
palavras forma/fôrma.
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
A coesão: Uso de hífen
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; Regra básica:
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
mem.
componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
ORTOGRAFIA – Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
semicírculo.
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
ORTOGRAFIA OFICIAL mo, antissocial, ultrassom.
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein- – Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
troduzidas as letras k, w e y. das.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O 2. Prefixo terminado em consoante:
PQRSTUVWXYZ – Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a -bibliotecário.
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
gui, que, qui. persônico.
Regras de acentuação – Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Observações:
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
sílaba) iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
mirante. é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam demonstrativo.
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
pontapé, paraquedas, paraquedista. • Devemos usar crase:
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, – Antes palavras femininas:
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, Iremos à festa amanhã
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. Mediante à situação.
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso O Governo visa à resolução do problema.
vamos passar para mais um ponto importante. – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
ACENTUAÇÃO GRÁFICA Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti-
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase.
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons Mas... há crase, sim!
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
Vejamos um por um:
– Expressões fixas
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de
aberto.
crase:
Já cursei a Faculdade de História.
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von-
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às
fechado. pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este didas, à medida que, à proporção que.
caso afundo mais à frente). • NUNCA devemos usar crase:
Sou leal à mulher da minha vida. – Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a
As palavras podem ser:
pé.
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
-já, ra-paz, u-ru-bu...)
plural) usado em sentido generalizador:
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...) Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho-
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) mem.
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: – Antes de artigo indefinido “uma”
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) – Antes de pronomes
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), A quem vocês se reportaram no Plenário?
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
dói, coronéis...) – Antes de verbos no infinitivo
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
nar e fixar as regras.
PONTUAÇÃO

Pontuação

Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema


de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das
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pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
CHARA, 2009, p. 514) um diálogo, com ou sem aspas.
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon- Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti-
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
Ponto ( . ) dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
rem uma nova inserção.
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau- Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo vernador)
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as
reticências.
Aspas ( “ ” )
Estaremos presentes na festa.
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
Ponto de interrogação ( ? ) particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Você vai à festa? Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.

Ponto de exclamação ( ! ) Vírgula

Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
tiva. ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
Ex: Que bela festa! disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
vírgula:
Reticências ( ... ) 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
mos” o momento certo de fazer uso dela.
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
Ex: Essa festa... não sei não, viu. 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
Dois-pontos ( : ) menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. Maria foi à padaria ontem.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. Sujeito Verbo Objeto Adjunto
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Ponto e vírgula ( ; ) re por alguns motivos:

Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
ração (frequente em leis), etc. verbo e o adjunto.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
bém uma linda decoração e bebidas caras. comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
é necessária:
Travessão ( — ) Ontem, Maria foi à padaria.
Maria, ontem, foi à padaria.
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com À padaria, Maria foi ontem.
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
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Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja
sário: um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- do processo de escrever do aluno.
ção.
Operações linguísticas de reescrita:
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
serem observadas na redação oficial.
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
• Separa aposto. trução do texto escrito.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. - Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
• Separa vocativo.
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
Brasileiros, é chegada a hora de votar. várias frases.
- Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
• Separa termos repetidos. do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
Aquele aluno era esforçado, esforçado. mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
- Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, ma, ou sobre conjuntos generalizados.
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com - Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
efeito, digo. dificar sua ordem no processo de encadeamento.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
ou seja, de fácil compreensão. Graus de Formalismo

• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
tos). como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
• Separa orações coordenadas assindéticas. de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
ideias na cabeça... As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
• Isola o nome do lugar nas datas. expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa cífico de algum campo científico, por exemplo).
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões Expressões que demandam atenção
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- – acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
mações comprovam, etc.
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame- aceito
nizar o problema. – acendido, aceso (formas similares) – idem
– à custa de – e não às custas de
– à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
REESCRITA DE FRASES: SUBSTITUIÇÃO, DESLOCAMEN- forme
TO, PARALELISMO – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
– a meu ver – e não ao meu ver
– a ponto de – e não ao ponto de
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi-
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos
– em termos de – modismo; evitar
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que
– enquanto que – o que é redundância
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá,
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório.
– implicar em – a regência é direta (sem em)
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois,
– ir de encontro a – chocar-se com
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não
– ir ao encontro de – concordar com
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto.
– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
Quando reescrevemos,  refazemos  nosso texto, é um proces- parado; quando não se pode, junto
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor – todo mundo – todos
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – todo o mundo – o mundo inteiro
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- for substantivo
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer – este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)

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– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre- gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). participamos.
Expressões não recomendadas
Variação social
– a partir de (a não ser com valor temporal).
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... A variação social está relacionada a fatores sociais como etnia,
sexo, faixa etária, grau de escolaridade e grupo profissional. Os vá-
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). rios estudos que enfocam este tipo de relação língua/fatores sociais
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se- têm privilegiado a variação morfossintática ou a morfo-fonológica.
gundo... Fica claro que a variação social não compromete a compreen-
são entre indivíduos, uma vez que alguns momentos de incoerência
– devido a. são sanados pelo contexto em que a fala se forma.
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. Não é difícil perceber que a norma culta – por diversas razões
de ordem política, econômica, social, cultural – é algo reservado
– dito.
a poucas pessoas no Brasil; talvez porque haja um distanciamento
Opção: citado, mencionado. entre as normatizações gramaticais e a obediência dos falantes em
seguir tais normas. Há uma indagação implícita neste fato: “ Existe
– enquanto. alguma disfunção, alguma impossibilidade de uso da gramática nor-
Opção: ao passo que. mativa pela grande maioria dos falantes? ” Ou “Estamos apenas a
observar a língua como um fator de identidade? ”
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
Sendo esse o caso, a língua como referencial humano traria
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. inúmeras variações, porque decididamente não somos todos iguais
– no sentido de, com vistas a. e devido ao meio espacial ou social em que estejamos haverá uma
tendência da língua em se caracterizar por esses agentes, sendo
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. assim, o indivíduo que protagoniza a fala poderá adequá-la a seu
– pois (no início da oração). perfil ou ao grupo a que pertence.
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. Comunidades diferentes vivenciam experiências diferentes e
isto se reflete nos respectivos sistemas linguísticos: léxico, morfo-
– principalmente. lógico e sintático. Um grupo acadêmico de uma universidade apre-
sentará uma variedade linguística bem diferente de um grupo de
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.
vendedores ambulantes do interior do Brasil. Cada qual usará o
recurso linguístico que lhe foi concebido em seu processo de apren-
dizagem para efetuar a comunicação.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Do exposto, concluímos que a língua signo/privilegiado de
identidade não é um instrumento neutro, um contingente meio de
comunicação entre os homens, mas principalmente a expressão de
Variedades Linguísticas sua diferença.

A língua escrita e falada apresenta uma série de variações e


Tipos de variação linguística
transformações ao passar do tempo. Tais variações decorrem das
diferenças entre as épocas, condições sociais, culturais e regionais As variações linguísticas ocorrem principalmente nos âmbitos
dos falantes. Tomemos como exemplo a transformação ortográfica geográficos, temporais e sociais.
do vocábulo “farmácia” que antes era grafado com “ph”, assim, a
palavra era escrita “pharmácia”.
Variações diatópicas
Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que
cumpram com eficiência o papel fundamental da língua, o de per- As variações diatópicas, também chamadas de variações regio-
mitir e estabelecer a comunicação entre as pessoas. Apesar disso, nais ou geográficas, são variações que ocorrem de acordo com o
há uma entre as variedades que tem maior prestígio social, a norma local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência. Este tipo de
culta ou norma padrão. variação ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas,
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, com diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo assim di-
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te- ferentes estruturas linguísticas.
levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: Exemplos de variações diatópicas
a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou Diferentes palavras para os mesmos conceitos:
profissões (policiais, jogadores de futebol, advogados, surfistas).
O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade de – aipim, mandioca, macaxeira;
condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em – abóbora, jerimum, moranga;
nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua culta, somado Diferentes sotaques, dialetos e falares:
ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais prepa-
rados para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, – dialeto caipira;
já que a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser – dialeto gaúcho;
a mesma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana. Reduções de palavras ou perdas de fonemas:
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– véio (velho);
– muié (mulher); NORMA CULTA
Variações diacrônicas

As variações diacrônicas, também chamadas de variações his-


A Linguagem Culta ou Padrão
tóricas, são variações que ocorrem de acordo com as diferentes
épocas vividas pelos falantes, sendo possível distinguir o português É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências
arcaico do português moderno, bem como diversas palavras que em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas
ficam em desuso. pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se
Exemplos de variações diacrônicas pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada
Palavras que caíram em desuso: na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É
mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente
– vossemecê; nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações
– botica; científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Grafias que caíram em desuso: Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem.
Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
– flôr; A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa-
– pharmácia; miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança
Vocabulário e expressões típicas de uma determinada faixa etá- imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis
ria: combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou-
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
– Ele é maior barbeiro. e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma.
– Vá catar coquinho. Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras
Variações diastráticas cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo
ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as
As variações diastráticas, também chamadas de variações so- variedades linguísticas.
ciais, são variações que ocorrem de acordo com os hábitos e cultura Certas palavras e construções que empregamos acabam de-
de diferentes grupos sociais. Este tipo de variação ocorre porque di- nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do
ferentes grupos sociais possuem diferentes conhecimentos, modos país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e,
de atuação e sistemas de comunicação. às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso
Exemplos de variações diastráticas da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa-
Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
skatistas: A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas,
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te-
– Prefiro freestyle. levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem:
– O gringo tem um carrinho irado. a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou
Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais e profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade
militares: de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do-
– Ele deu sopa na crista. mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados
– Vamos na rota dele. para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que
Variações diafásicas a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes-
ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
As variações diafásicas, também chamadas de variações situ- Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
acionais, são variações que ocorrem de acordo com o contexto ou gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
situação em que decorre o processo comunicativo. Há momentos participamos.
em que é utilizado um registro formal e outros em que é utilizado
A norma culta é responsável por representar as práticas lin-
um registro informal.
guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos
formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo
Variação linguística e preconceito linguístico nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati-
cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente
O preconceito linguístico surge porque nem todas as variações
é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
linguísticas usufruem do mesmo prestígio. Algumas são conside-
ção, maior a adequação com a língua padrão.
radas superiores, mais corretas e cultas e outras são consideradas
menos cultas ou mesmo incorretas. Exemplo:
Preconceito linguístico ocorre sempre que uma determinada Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja
variedade é referida com um tom pejorativo e depreciativo, estan- conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima
do associada a situações de deboche ou até de violência, o que con- da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
tribui para a exclusão social de diversos indivíduos e grupos. movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem

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se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte “Ao invés de” ou “em vez de”
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun- “Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. para expressar oposição.
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda.
A Linguagem Popular ou Coloquial Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado
principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-
pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco-
se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de
mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida.
vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici-
cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência cleta.
pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
“Para mim” ou “para eu”
A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase
auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc. com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para
Dúvidas mais comuns da norma culta eu curtir as fotos dele.

Perca ou perda “Tem” ou “têm”


Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo
que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra- “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo
ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo. no plural.
Embaixo ou em baixo Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de
mudança.
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu-
arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais “Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos
são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está atrás”
embaixo da cama
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que
Ver ou vir ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O
Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das romance começou muito tempo atrás.
frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás,
ficar de castigo!
de Raul Seixas, está incorreta.
Onde ou aonde
Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está?
Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi-
ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar QUESTÕES
Fica?
Como escrever o dinheiro por extenso?
Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al- 1.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100 CEITA FEDERAL - )
R$ 1400,00 ou R$ 1400. Assinale a opção incorreta a respeito do uso das estruturas lin-
Obrigado ou obrigada guísticas no texto.
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
obrigada.
Mal ou mau
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas
da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a
diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem.
Mau é o adjetivo contrário de bom.

“Vir”, “Ver” e “Vier”


A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é,
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”.
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver-
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”.
Alternativas
(A) O uso da preposição em “em que” (l. 5) torna-se desneces-
sário se, no lugar de que, o pronome utilizado for a qual.
(B) O uso do modo subjuntivo em “tenham” (l. 6) remete à pos-
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sibilidade de uma “República efetivamente democrática” (l. 5). 3.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
(C) O advérbio “assim” (l. 8) tem a função coesiva de resumir e CEITA FEDERAL - )
retomar as ideias do período sintático imediatamente anterior.
(D) O uso do gerúndio em “gravando” (l. 11) imprime à oração
uma ideia do modo de funcionamento do sistema tributário.
(E) A retirada dos sinais de parênteses não prejudica sintatica-
mente a oração, mas sua presença diminui a relevância da ideia
expressa por “proporcionalmente” (l. 12).
2.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL - )
Assinale a opção em que o fragmento adaptado do Correio
Braziliense, de 19 de março de 2014, foi transcrito com erros gra-
maticais.
Alternativas
(A) A alta inflação, a elevada carga tributária e o aumento do
endividamento das famílias têm tornado mais difícil o paga-
mento dos impostos nos últimos anos. A dívida ativa – cujo
principal componente são os tributos não pagos por pessoas
físicas e jurídicas – saltou 526,71% nas três esferas da união
(estados, municípios e governo federal) entre 2000 e 2012.
(B) O estoque acumulado da dívida ativa é praticamente equi-
valente ao que os três entes federais arrecadaram, juntos, em
2012: cerca de R$1,96 trilhão. Esse cenário cria uma situação
insustentável dentro das fazendas públicas. Para se ter uma
ideia, a expressão desses créditos financeiros seria suficiente
No desenvolvimento da argumentação do texto, o modo e tem-
para quitar a dívida pública líquida da União, dos estados e dos
po verbais são usados para indicar uma possibilidade, uma hipótese
municípios em 2012.
em
(C) O governo tem dificuldade para reaver esses créditos que
Alternativas
compõem a dívida ativa. Em 2012, apenas 5,38% da dívida ativa
(A) “ajudar a financiar” (l. 4 e 5).
foram recuperados pelas autoridades. Isso ocorre porque uma
(B) “queiram participar” (l. 8).
boa parte dessa dívida corresponde a processos que estão na
(C) “são abatidos” (l. 14).
justiça e aos chamados “créditos podres”.
(D) “deve procurar” (l. 19).
(D) No caso destes “créditos podres”, eles são um problema por
(E) “analisará e aprovará” (l. 26).
que criam um suposto crédito falso, é um valor que o Estado
não têm garantias de receber. Lembremos, ainda que a dívida 4.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
ativa em geral seja composta de casos perdidos porque muitas CEITA FEDERAL - )
empresas devedoras já fecharam as portas.
(E) Mas há também outros fatos que explicam esse aumento
da dívida, como as dificuldades enfrentadas por vários setores,
principalmente o da indústria, que ainda não se recuperou da
crise de 2009 e 2010. É importante, por isso, analisar caso a
caso, mas, de modo geral, o crescimento da carga tributária
também tem colaborado.

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Assinale a opção correta a respeito da justificativa para o uso 6.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
da preposição a nas relações de regência no texto. CEITA FEDERAL - )
Alternativas
(A) Em “ao Fundo Municipal...” (l. 9 a 11), é exigida pelo termo
“devido” (l. 9).
(B) Em “a quem” (l. 13) introduz um complemento do verbo
trazer.
(C) Em “ao Fundo Municipal...” (l. 15), é exigida pelo termo “va-
lor” (l. 15).
(D) Em “ao IR” (l.18), introduz um paralelo entre os comple-
mentos de “declaração anual” (l. 18).
(E)
Em “a um projeto” (l. 23), introduz um complemento para o
substantivo “doação” (l. 23).
5.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL)

No desenvolvimento da textualidade, ficam prejudicadas as re-


lações de coesão e a coerência argumentativa ao retirar do texto
Alternativas
(A) o artigo em “a paulatina” (l. 1).
(B) o artigo na contração em “Na administração” (l. 7), escre-
vendo apenas Em.
(C) o artigo em “o direito” (l. 7 e 8).
(D) o artigo em “as ouvidorias” (l. 10 e 11).
(E) o artigo na contração em “da população” (l. 16 e 17), escre-
vendo apenas de.
7.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL )
Assinale a opção em que a reescrita do trecho sublinhado pre-
serva a correção gramatical e respeita a coerência textual.
Independentemente de sua inserção na esfera pública ou pri-
vada, as ouvidorias são norteadas por princípios comuns, ainda não
Analise as seguintes afirmações em relação às ideias do texto. regulamentados, destacando-se a acessibilidade,a confidencialida-
I. Ouvidorias tornaram possível a inserção do princípio da digni- de,a independência e a transparência.Se efetivas, podem contribuir
dade da pessoa humana na Constituição de 1988. para a solução de alguns dos complexos problemas contemporâne-
II. A transparência de órgãos e entidades estatais é ampliada os, muitas vezes gerados pela redução dos espaços de diálogo.
com o direito à petição e com a aproximação entre o gestor e os (Adaptado de Paulo Otto von Sperling.Ouvidorias,eficiênciaee-
problemas da população. fetivação dedireitos.CorreioBraziliense,18mar.2014.)
III. A diminuição na judicialização de pleitos ordinários permite Alternativas
uma efetivação mais rápida dos direitos. (A) Quando efetivas, a solução de alguns problemas, complexos
Encontra(m) respaldo na argumentação do texto e contemporâneos pode ser contribuída, quando gerados, mui-
Alternativas tas vezes, pela diminuição dos espaços de diálogo.
(A) apenas I. (B) Efetivas, podem solucionar a contribuição de alguns dos
(B) apenas II. problemas, complexos e contemporâneos, muitas vezes gera-
(C) apenas III. dos no diálogo em reduzidos espaços.
(D) apenas I e III. (C) Sendo efetivas, podem contribuir para solucionar alguns
(E) apenas II e III. dos complexos problemas contemporâneos, gerados, muitas
vezes, pela diminuição do diálogo.
(D) Em sendo efetivas, alguns dos complexos problemas con-
temporâneos pode ter solução, muitas vezes gerados pelo re-
duzido espaço para diálogo
(E) Caso efetivas, a solução de alguns dos complexos problemas
contemporâneos pode ser sua contribuição, gerados pela redu-
ção, muitas vezes, dos espaços de diálogo.
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8.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- 10.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
CEITA FEDERAL) RECEITA FEDERAL)
Assinale a opção que constitui um período gramaticalmente Texto associado
correto e textualmente coerente para ser inserido na lacuna do
texto abaixo.
As leis de incentivo fiscal podem trazer bons resultados quando
utilizadas de forma estratégica. Do ponto de vista do investidor so-
cial, a principal vantagem é conhecer o destino preciso de sua ajuda
financeira. Temos em nossas práticas a preocupação necessária a
todo o desenvolvimento social, em especial, da criança e do adoles-
cente em situação de vulnerabilidade. _______________________
_______________________ _______________________________
_______________ _______________________________________
_______ Dessa forma, é importante que estes sejam destinados a
entidades idôneas e de responsabilidade social. Assinale a opção em que a substituição da forma verbal usada
Alternativas no texto provoca erro gramatical e/ou incoerência textual.
(A) Assim é que os investidores, tanto empresas como cidadãos Alternativas
comuns, também sejam responsáveis por atividades que visem (A) “aponta” (l. 3) > apontam
superar as situações de vulnerabilidade que criam. (B) “parece” (l. 3) > parecem
(B) Tais leis, quando seguidas e adequadamente fiscalizadas (C) “destinam” (l. 5) > destina
trazem além dessa também outras vantagens, como aquelas (D) “abrimos” (l. 4) > abrem
que o investidor se associa de forma estratégica. (E) “abater” (l. 8) > abaterem
(C) Mas não basta apenas destinar recursos: é de extrema im-
11.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
portância que as pessoas exerçam seu papel como cidadãs no
RECEITA FEDERAL)
acompanhamento da aplicação dos recursos e de seus resulta-
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de gra-
dos em suas comunidades.
fia de palavra inserido na transcrição do texto.
(D) Destarte, estratégias fiscais com objetivos claramente so-
No desenho constitucional, os tributos são fonte importantís-
ciais, concretizados em ajuda financeira, compõem o conjunto
sima dos recursos financeiros de cada ente político, recursos esses
de leis que de forma complementar combatem situações de
indispensáveis para que façam frente ao (1) seu dever social. Con-
vulnerabilidade.
sequentemente, o princípio federativo é indissociável das compe-
(E) No entanto, toda vulnerabilidade surge de desigualdades
tências tributárias constitucionalmente estabelecidas. Isso porque
sociais que compete tanto ao Estado quanto à sociedade civil
tal princípio prevê (2) a autonomia dos diversos entes integrantes
providenciar mecanismos de superação, sob pena de onerar
da federação (União, Estados, DF e Municípios). A exigência da au-
ainda mais as perspectivas de futuro.
tonomia econômico- financeira determina que seja outorgado(3)
9.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- a cada ente político vários tributos de sua específica competência,
CEITA FEDERAL) para, por si próprios, instituírem (4) o tributo e, assim, terem(5) sua
Texto associado própria receita
tributária.
Alternativas
(A) (1)
(B) (2)
(C) (3)
(D) (4)
(E) (5)
12.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
RECEITA FEDERAL)
Os trechos a seguir constituem um texto adaptado do jornal
Preserva-se a coerência textual e o respeito às regras de pon- Folha de S.Paulo, de 10/02/2014.
tuação ao Assinale a opção transcrita de forma gramaticalmente correta.
Alternativas Alternativas
(A) inserir uma vírgula depois de “recentemente” (l. 1). (A) Conforme se consolida a recuperação — ainda que lentas
(B) substituir o primeiro sinal de parênteses em “(ONGs)” (l. 6) — das economias desenvolvidas e fica mais próximo o momen-
por um travessão, e o segundo por uma vírgula. to dos juros mais altos nos países emergentes, os investidores
(C) inserir uma vírgula antes de “que” (l. 7). redirecionam o capital para ao centro.
(D) substituir o travessão antes de “embora” (l. 8) por uma vír- (B) Tende a haver saída em massa de divisas de países que há
gula. pouco eram a coqueluche. Os alvos são os que apresentam
(E) inserir uma vírgula depois de “também” (l. 9). maior déficit externo, fragilidades orçamentárias e baixo cresci-
mento. Nesse grupo estão Turquia e África do Sul, por exemplo.
(C) Nos últimos 20 anos, os emergentes viram dobrar sua par-
ticipação no PIB mundial. Conforme o progresso técnico se dis-
semina nesses países, surge uma nova classe média global - e
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não há nenhum sinal de cujo esse movimento se esgotará tão antes, a tributação era realizada de modo tirânico: o monarca,
logo. que reinvindicava a soberania para si, “criava” os tributos e os
(D) A prosperidade, é claro, não está garantida. A questão prin- súditos deviam suportá-los, sem qualquer garantia ou possibi-
cipal, no longo prazo, diz respeito mais as reformas internas lidade de resistência.
que precisam ser implementadas do que o jogo de compara- (C) O Estado é entidade soberana. No plano internacional re-
ções e modismos. presenta a nação em sua relação com as outras nações, e, no
(E) Serão vitoriosos os países que conseguirem não só integrar plano interno, têm o poder de governar todos os indivíduos que
melhor suas economias nas cadeias produtivas de alto valor se encontrem em seu território. Logo, a soberania é um poder
por escala mundial, como também modernizar suas institui- que não reconhece outro que lhe seja superior, e no exercício
ções e, especialmente, desenvolveram capital humano. dessa soberania, ele exige que os indivíduos lhe forneçam os
recursos de que necessita: institui tributos.
13.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
(D) Neste contexto, o constitucionalismo pode ser concebido
RECEITA FEDERAL)
como movimento ideológico e filosófico que pregam a limita-
Assinale a opção que preenche a lacuna do texto de forma a
ção do poder para a garantia de direitos, tendo reformulado, na
torná-lo gramaticalmente correto, coeso e coerente.
evolução histórica, a concepção de Direito e de Estado, o que
Normalmente o Estado de Direito é confundido com o Estado
haveria de repercutirem no poder de tributar.
Constitucional (Estado Democrático de Direito), entretanto, isto é
(E) Conforme foram sagrando-se vitoriosos, os movimentos
um equívoco. ___________________________________________
constitucionais, através do constitucionalismo clássico e da
_______________________________________ Com efeito, se é a
evolução do Estado, a tributação também se altera, a exemplo
legislação que serve de parâmetro para atuação estatal, então, esta
das contribuições, que são tributos que somente se justificam
mesma legislação,por conseguinte,é livre. Em tais Estados (Estado
na compreensão de um Estado Social intervencionista, em que
de Direito), o absolutismo do rei é substituído pelo absolutismo do
a uma consolidação da máquina pública para propiciar presta-
parlamento (supremacia do parlamento e não da constituição).
ções positivas aos cidadãos.
Alternativas
(A) Conquanto, no Estado Constitucional, a constituição fun- 15.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
ciona como fundamento de validade de toda ordem jurídica, RECEITA FEDERAL)
disciplinando não só a atuação do Executivo e Judiciário, como Os trechos a seguir compõem um texto adaptado do jornal Esta-
também do legislativo, vigendo, aí sim, a supremacia da cons- do de Minas ,de 18/02/2014, mas estão desordenados. Assinale nos
tituição. parênteses a ordem sequencial correta em que devem aparecer para
(B) Embora, no Estado Constitucional, o legislador encontra li- compor um texto coeso e coerente.Coloque 1 no trecho que deve
mites jurídicos nas normas constitucionais, as quais traçam o iniciar o texto e assim sucessivamente.Em seguida, assinale a opção
perfil de cada exação, de forma que a competência tributária é correspondente.
delimitada através da conjugação das normas que tratam espe- ( ) Esse poder Legislativo é o mais apto a ouvir e repercutir a voz
cificamente de cada tributo com os princípios constitucionais. das ruas, os desejos e as preocupações do povo. E a segurança
(C) Daí podermos concluir que, no Brasil, por força de uma séria pública tem se tornado a maior de todas as causas que afligem
de disposições constitucionais, não há falar em poder tributá- as pessoas, principalmente as que vivem em grandes cidades.
rio (incontrastável, absoluto), mas, tão somente, em compe- ( )Nos últimos anos, com o crescimento do crime praticado por-
tência tributária (regrada, disciplinada pelo Direito). menores, tem crescido o número dos que defendem a redução
(D) Isso porque no Estado de Direito os atos do Executivo e do da idade de responsabilidade penal para 16 anos.É igualmente
Judiciário estão submetidos ao princípio da legalidade; contu- veemente a defesa da manutenção da idade atual, 18 anos,o
do, o Legislativo é livre para atuar, já que esse princípio não que torna a matéria altamente polêmica.
pode ser aplicado, por imposição lógica, à legislação. ( )Ter a iniciativa de propor e votar leis é uma das funções que
(E) Portanto, poder tributário tinha a Assembléia Constituinte, a sociedade, por meio da Constituição, atribuiu ao Legislativo e
que era soberana. Ela realmente tinha um poder ilimitado, in- espera que esse poder, o mais aberto e democrático do regime
clusive em matéria tributária. Contudo, a partir do momento democrático, cumpra esse papel.
em que foi promulgada a Constituição, o Poder Tributário re- ( )Mas todo esse aparato da segurança acionado em defesa do
tornou ao povo, restando aos poderes constituídos as compe- cidadão corre o risco de produzir resultados inferiores ao deseja-
tências tributárias. do em função de falhas ou de falta de atualização da legislação.
( )Por isso mesmo são bem-vindas medidas como o reforço do
14.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
policiamento ostensivo e aumento da vigilância e da ação das
RECEITA FEDERAL)
autoridades para conter a criminalidade.
Os trechos abaixo constituem um texto adaptado de < http://
( )Um dos problemas mais complexos quanto a essa atualização
www.ambito-juridico.com.br/site/ >. Acesso em: 17mar.2014.)
legislativa no Brasil é o do menor infrator, que, na maioria das
Assinale a opção transcrita de forma gramaticalmente correta.
grandes cidades brasileiras, já foi promovido a menor criminoso.
Alternativas
Há sobre essa questão um grande debate na sociedade brasilei-
(A) No transcorrer da história, desde os escritos de Aristóteles,
ra.
passando por Políbio, depois Locke, Russeau e Montesquieu,
Alternativas
sempre houve a preocupação de limitação do poder para a
(A) 1, 3, 6, 2, 5, 4
construção de um governo moderado, em que há um contra-
(B) 2, 6, 1, 4, 3, 5
ponto dentro do próprio exercício da soberania, de modo a
(C) 4, 5, 2, 6, 1, 3
mantê-la dentro de algumas balizas.
(D) 3, 1, 4, 5, 6, 2
(B) Desta forma, o poder de tributar nada mais é que um aspec-
(E) 5, 2, 3, 1, 4, 6
to da soberania estatal, ou uma parcela desta. Neste contexto,
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GABARITO
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______________________________________________________
1 A
______________________________________________________
2 D
3 B ______________________________________________________
4 B ______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 E
7 C ______________________________________________________

8 C ______________________________________________________
9 D
______________________________________________________
10 A
______________________________________________________
11 C
12 B ______________________________________________________
13 D ______________________________________________________
14 A
______________________________________________________
15 B
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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CONHECIMENTO E USO DAS FORMAS CONTEMPORÂNEAS • Reconhecimento de gêneros textuais: são tipo de textos que
DA LINGUAGEM INGLESA. COMPREENSÃO E INTERPRE- se caracterizam por organização, estrutura gramatical, vocabulário
TAÇÃO DE TEXTOS VARIADOS: DOMÍNIO DO VOCABULÁ- específico e contexto social em que ocorrem. Dependendo das mar-
RIO E DA ESTRUTURA DA LÍNGUA, IDEIAS PRINCIPAIS E cas textuais, podemos distinguir uma poesia de uma receita culiná-
SECUNDÁRIAS, EXPLÍCITAS E IMPLÍCITAS, RELAÇÕES IN- ria, por exemplo.
TRATEXTUAIS E INTERTEXTUAIS.ITENS GRAMATICAIS RE- • Informação não-verbal: é toda informação dada através de
LEVANTES PARA A COMPREENSÃO DOS CONTEÚDOS SE- figuras, gráficos, tabelas, mapas, etc. A informação não-verbal deve
MÂNTICOS. PALAVRAS E EXPRESSÕES EQUIVALENTES. ser considerada como parte da informação ou ideia que o texto de-
ELEMENTOS DE REFERÊNCIA. seja transmitir.
• Palavras-chave: são fundamentais para a compreensão do
Interpretar textos pode ser algo trabalhoso, dependendo do texto, pois se trata de palavras relacionadas à área e ao assunto
assunto, ou da forma como é abordado. Tem as questões sobre o abordado pelo texto. São de fácil compreensão, pois, geralmente,
texto. Mas, quando o texto é em outra língua? Tudo pode ser mais aparecem repetidamente no texto e é possível obter sua ideia atra-
assustador. vés do contexto.
• Grupos nominais: formados por um núcleo (substantivo) e
Se o leitor manter a calma, e se embasar nas estratégias do um ou mais modificadores (adjetivos ou substantivos). Na língua
Inglês Instrumental e ter certeza que ninguém é cem por cento leigo inglesa o modificador aparece antes do núcleo, diferente da língua
em nada, tudo pode ficar mais claro. portuguesa.
Vejamos o que é e quais são suas estratégias de leitura: • Afixos: são prefixos e/ou sufixos adicionados a uma raiz, que
modifica o significado da palavra. Assim, conhecendo o significado
Inglês Instrumental de cada afixo pode-se compreender mais facilmente uma palavra
Também conhecido como Inglês para Fins Específicos - ESP, o composta por um prefixo ou sufixo.
Inglês Instrumental fundamenta-se no treinamento instrumental • Conhecimento prévio: para compreender um texto, o leitor
dessa língua. Tem como objetivo essencial proporcionar ao aluno, depende do conhecimento que ele já tem e está armazenado em
em curto prazo, a capacidade de ler e compreender aquilo que for sua memória. É a partir desse conhecimento que o leitor terá o
de extrema importância e fundamental para que este possa desem- entendimento do assunto tratado no texto e assimilará novas in-
penhar a atividade de leitura em uma área específica. formações. Trata-se de um recurso essencial para o leitor formular
hipóteses e inferências a respeito do significado do texto.
Estratégias de leitura O leitor tem, portanto, um papel ativo no processo de leitura
• Skimming: trata-se de uma estratégia onde o leitor vai buscar e compreensão de textos, pois é ele que estabelecerá as relações
a ideia geral do texto através de uma leitura rápida, sem apegar-se entre aquele conteúdo do texto e os conhecimentos de mundo que
a ideias mínimas ou específicas, para dizer sobre o que o texto trata. ele carrega consigo. Ou mesmo, será ele que poderá agregar mais
• Scanning: através do scanning, o leitor busca ideias especí- profundidade ao conteúdo do texto a partir de sua capacidade de
ficas no texto. Isso ocorre pela leitura do texto à procura de um buscar mais conhecimentos acerca dos assuntos que o texto traz e
detalhe específico. Praticamos o scanning diariamente para encon- sugere.
trarmos um número na lista telefônica, selecionar um e-mail para
ler, etc. Não se esqueça que saber interpretar textos em inglês é muito
importante para ter melhor acesso aos conteúdos escritos fora do
• Cognatos: são palavras idênticas ou parecidas entre duas país, ou para fazer provas de vestibular ou concursos.
línguas e que possuem o mesmo significado, como a palavra “ví-
rus” é escrita igualmente em português e inglês, a única diferença Regular and irregular plural of nouns: To form the plural of the
é que em português a palavra recebe acentuação. Porém, é preciso nouns is very easy, but you must practice and observe some rules.
atentar para os chamados falsos cognatos, ou seja, palavras que são Regular plural of nouns
escritas igual ou parecidas, mas com o significado diferente, como
“evaluation”, que pode ser confundida com “evolução” onde na ver- • Regra Geral: forma-se o plural dos substantivos geralmente
dade, significa “avaliação”. acrescentando-se “s” ao singular.
Ex.: Motherboard – motherboards
• Inferência contextual: o leitor lança mão da inferência, ou
seja, ele tenta adivinhar ou sugerir o assunto tratado pelo texto, e Printer – printers
durante a leitura ele pode confirmar ou descartar suas hipóteses.
Keyboard – keyboards

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• Os substantivos terminados em y precedido de vogal seguem a regra geral: acrescentam s ao singular.
Ex.: Boy – boys Toy – toys

Key – keys

• Substantivos terminados em s, x, z, o, ch e sh, acrescenta-se es.


Ex.: boss – bosses tax – taxes bush – bushes

• Substantivos terminados em y, precedidos de consoante, trocam o y pelo i e acrescenta-se es. Consoante + y = ies
Ex.: fly – flies try – tries curry – curries

Irregular plurals of nouns


There are many types of irregular plural, but these are the most common:

• Substantivos terminados em f e trocam o f pelo v e acrescenta-se es.


Ex.: knife – knives

life – lives

wife – wives

• Substantivos terminados em f trocam o f pelo v; então, acrescenta-se es.


Ex.: half – halves wolf – wolves loaf – loaves

• Substantivos terminados em o, acrescenta-se es.


Ex.: potato – potatoes tomato – tomatoes volcano – volcanoes

• Substantivos que mudam a vogal e a palavra.


Ex.: foot – feet child – children person – people tooth – teeth mouse – mice

Countable and Uncountable nouns


• Contáveis são os substantivos que podemos enumerar e contar, ou seja, que podem possuir tanta forma singular quanto plural. Eles
são chamados de countable nouns em inglês.
Por exemplo, podemos contar orange. Podemos dizer one orange, two oranges, three oranges, etc.

• Incontáveis são os substantivos que não possuem forma no plural. Eles são chamados de uncountable nouns, de non-countable
nouns em inglês. Podem ser precedidos por alguma unidade de medida ou quantificador. Em geral, eles indicam substâncias, líquidos, pós,
conceitos, etc., que não podemos dividir em elementos separados. Por exemplo, não podemos contar “water”. Podemos contar “bottles
of water” ou “liters of water”, mas não podemos contar “water” em sua forma líquida.
Alguns exemplos de substantivos incontáveis são: music, art, love, happiness, advice, information, news, furniture, luggage, rice, sugar,
butter, water, milk, coffee, electricity, gas, power, money, etc.

Veja outros de countable e uncountable nouns:

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Definite Article She went to THE church. (talvez para falar com alguém)
THE = o, a, os, as
– Sempre se usa o artigo THE antes de office, cathedral, cine-
• Usos ma, movies e theater.
– Antes de substantivos tomados em sentido restrito. Let’s go to THE theater.
THE coffee produced in Brazil is of very high quality.
They went to THE movies last night.
I hate THE music they’re playing.
Indefinite Article
– Antes de nomes de países no plural ou que contenham as
palavras Kingdom, Republic, Union, Emirates. A / AN = um, uma
THE United States •A
THE Netherlands – Antes de palavras iniciadas por consoantes.
THE United Kingdom A boy, A girl, A woman
THE Dominican Republic – Antes de palavras iniciadas por vogais, com som consonantal.
A uniform, A university, A European
– Antes de adjetivos ou advérbios no grau superlativo.
John is THE tallest boy in the family. • AN
– Antes de palavras iniciadas por vogais.
– Antes de acidentes geográficos (rios, mares, oceanos, cadeias AN egg, AN orange, AN umbrella
de montanhas, desertos e ilhas no plural), mesmo que o elemento
– Antes de palavras iniciadas por H mudo (não pronunciado).
geográfico tenha sido omitido.
AN hour, AN honor, AN heir
THE Nile (River)
• Usos
THE Sahara (Desert)
– Para se dar ideia de representação de um grupo, antes de
– Antes de nomes de famílias no plural.
substantivos.
THE Smiths have just moved here.
A chicken lays eggs. (Todas as galinhas põem ovos.)
– Antes de adjetivos substantivados.
– Antes de nomes próprios no singular, significando “um tal de”.
You should respect THE old.
A Mr. Smith phoned yesterday.
– Antes de numerais ordinais. – No modelo:
He is THE eleventh on the list. WHAT + A / AN = adj. + subst.
What A nice woman!
– Antes de nomes de hotéis, restaurantes, teatros, cinemas,
museus. – Em algumas expressões de medida e frequência.
THE Hilton (Hotel) A dozen
– Antes de nacionalidades. A hundred
THE Dutch
Twice A year
– Antes de nomes de instrumentos musicais.
- Em certas expressões.
She plays THE piano very well.
It’s A pity, It’s A shame, It’s AN honor...
– Antes de substantivos seguidos de preposição.
– Antes de profissão ou atividades.
THE Battle of Trafalgar
James is A lawyer.
• Omissões
– Antes de substantivos tomados em sentido genérico. Her sister is A physician.
Roses are my favorite flowers.
• Omissão
–Antes de nomes próprios no singular. – Antes de substantivos contáveis no plural.
She lives in South America. Lions are wild animals.

–Antes de possessivos. – Antes de substantivos incontáveis.


My house is more comfortable than theirs. Water is good for our health.

– Antes de nomes de idiomas, não seguidos da palavra langua- * Em alguns casos, podemos usar SOME antes dos substanti-
ge. vos.
She speaks French and English. (Mas: She speaks THE French Em Inglês utilizamos adjetivos para comparar duas coisas ou
language.) mais. Eles podem ser classificados em dois graus: comparativo e
– Antes de nomes de estações do ano. superlativo.
Summer is hot, but winter is cold.
O grau comparativo é usado para comparar duas coisas. Já o
• Casos especiais superlativo, usamos para dizer que uma coisa se destaca num grupo
de três ou mais.
– Não se usa o artigo THE antes das palavras church, school,
prison, market, bed, hospital, home, university, college, market,
quando esses elementos forem usados para seu primeiro propósito.
She went to church. (para rezar)

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LÍNGUA INGLESA
3. Usamos os prefixos more e most com adjetivos de mais de
duas sílabas.
Exemplos:
More comfortable than = mais confortável que
More careful than = mais cuidadoso que
The most comfortable = o mais confortável
The most careful = o mais cuidadoso
4. Usamos os prefixos more e most com advérbios de duas sí-
labas.
Exemplos:
More afraid than = mais amedrontado que
More asleep than = mais adormecido que
The most afraid = o mais amedrontado
The most asleep = o mais adormecido
Exemplos: 5. Usamos os prefixos more e most com qualquer adjetivo ter-
As cold as = tão frio quanto minado em –ed, –ing, –ful, –re, –ous.
Not so (as) cold as = não tão frio quanto Exemplos:
Less cold than = menos frio que tired – more tired than – the most tired (cansado)
The least cold = o menos frio
charming – more charming than – the most charming (char-
As expensive as = tão caro quanto moso)
Not so (as) expensive as = não tão caro quanto
hopeful – more hopeful than – the most hopeful (esperançoso)
Less expensive than = menos caro que
The least expensive = o menos caro sincere – more sincere than – the most sincere (sincero)

famous – more famous than – the most famous (famoso)

Variações ortográficas
– Adjetivos monossilábicos terminados em uma só consoante,
precedida de uma só vogal dobram a consoante final antes de rece-
berem –er ou –est.
Exemplos:
fat – fatter than – the fattest (gordo)

thin – thinner than – the thinnest (magro)

– Adjetivos terminados em Y, precedido de vogal, trocam o Y


por I antes do acréscimo de –er ou –est:
Exemplos:
angry – angrier than – the angriest (zangado)

happy – happier than – the happiest (feliz)

Exceção
Observações:
shy - shyer than - the shyest (tímido)
1. Usamos os sufixos –er ou –est com adjetivos / advérbios de
uma só sílaba. – Adjetivos terminados em E recebem apenas –r ou –st.
Exemplos: Exemplos:
taller than = mais alto que / the tallest = o mais alto nice – nicer than – the nicest (bonito, simpático)

bigger than = maior que / the biggest = o maior brave – braver than – the bravest (corajoso)

2. Usamos os sufixos –er ou –est com adjetivos de duas sílabas. Formas irregulares
Exemplos: Alguns adjetivos e advérbios têm formas irregulares no compa-
happier than = mais feliz que rativo e superlativo de superioridade.

cleverer than = mais esperto que

the happiest = o mais feliz


the cleverest = o mais esperto

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LÍNGUA INGLESA
good (bom / boa) ME
better than - the best
well (bem) YOU
bad (ruim / mau)
- the worst HIM
badly (mal)
HER
little (pouco) less than - the least
IT
Alguns adjetivos e advérbios têm mais de uma forma no com-
parativo e superlativo de superioridade. US
YOU
far (longe)
THEM
farther than – the farthest (distância)
further (than) – the furthest (distância / adicional) Exemplos:
They told me the news.
old (velho)
older than – the oldest She loves him so much.
elder – the eldest (só para elementos da mesma família)
Demonstrative Pronouns
late (tarde)
Os pronomes demonstrativos são utilizados para demonstrar
the latest (o mais recente) alguém ou alguma coisa que está perto ou longe da pessoa que fala
the last (o último da série) ou de quem se fala, ou seja, indica posição em relação às pessoas
O estudo dos pronomes é algo simples e comum. Em inglês do discurso.
existe apenas uma especificidade, que pode causar um pouco de
Veja quais são em inglês:
estranheza, que é o pronome “it”, o qual não utilizamos na língua
portuguesa; mas, com a prática, você vai conseguir entender e
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
aprender bem rápido.
THIS THESE THAT THOSE
Subject Pronouns
Este/esta/isto Estes/estas Aquele/aque- Aqueles/
la/aquilo aquelas
I (eu) I am a singer.
Usa-se o demonstrativo THIS/THESE para indicar seres que es-
YOU (você, tu, vocês) You are a student. tão perto de quem fala. Observe o emprego dos pronomes demons-
HE (ele) He is a teacher. trativos nas frases abaixo:
SHE (ela) She is a nurse. This method will work.
IT (ele, ela) It is a dog/ It is a table.
These methods will work.
WE (nós) We are friends.
THEY (eles) They are good dancers. O pronome demonstrativo THAT/THOSE é usado para indicar
seres que estão distantes da pessoa que fala. Observe:
O pronome pessoal (subject pronoun) é usado apenas no lugar
do sujeito (subject), como mostra o exemplo abaixo: That computer technology is one of the most fundamental dis-
ciplines of engineering.
Mary is intelligent = She is intelligent.
Those computers technology are the most fundamental disci-
Uso do pronome “it” plines of engineering.
– To refer an object, thing, animal, natural phenomenon.
Example: The dress is ugly. It is ugly. Possessive Adjectives and Possessive Pronouns
Em inglês há, também, dois tipos de pronomes possessivos, os
The pen is red. It is red. Possessive Adjectives e os Possessive Pronouns.
The dog is strong. It is strong. POSSESSIVE ADJECTIVES POSSESSIVE PRONOUNS
– Attention My Mine
a) If you talk about a pet use HE or SHE Your Yours
Dick is the name of my little dog. He’s very intelligent!
His His
b) If you talk about a baby/children that you don’t know if is a Her Hers
girl or a boy.
Its Its
The baby is in tears. It is in tears. The child is happy. It is happy.
Our Ours
Object Pronous
Your Yours
São usados como objeto da frase. Aparecem sempre depois do
verbo. Their Theirs
• Possessive Adjectives são usados antes de substantivos, pre-
cedidos ou não de adjetivos.

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LÍNGUA INGLESA
Exemplos: Sit down! – Sente-se
Help me! – Me ajude!
Our house is close.
I want to know your name. Tell me what you want. – Me diga o que você quer.
Be careful! – Tome cuidado!
• Possessive Pronouns são usados para substituir a construção
possessive adjective + substantivo, evitando assim a repetição. Turn the TV down. – Desligue a televisão.
Complete all the sentences. – Complete todas as sentenças.
Exemplo:
Be quiet, please! – Fique quieto, por favor!
My house is yellow and hers is white.
Frases na forma negativa sempre acrescentamos o Don’t antes
Theirs is the most beautiful car in the town. do verbo.

Infinitive Exemplos:

Don’t be late! – Não se atrase!


A forma infinitiva do inglês é to + verbo
Usos: Don’t yell in the church! – Não grite na igreja!
Don’t be scared. – Não se assuste.
- após numerais ordinais
He was the first to answer the prohne. Don’t worry! – Não se preocupe!
Don’t drink and drive. – Não beba e dirija.
- com too e enough
This house is too expensive for me to buy. Simple Present
O Simple Present é a forma verbal simples do presente. O você
He had bought food enough to feed a city!
precisa fazer para usar o Simple Present é saber os verbos na sua
- após o verbo want forma mais simples. Por exemplo “to go” que significa ir, é usado em
“I go” para dizer eu corro.
I want you to translate the message.
Exemplos de Simple Present:
- após os verbos make, let e have (sem to)
This makes me feel happy. I run – Eu corro

Let me know if you need any information. You run – Você corre/Vocês correm
- após o verbo help (com ou sem to)
We run – Nós corremos
She helped him (to) choose a new car.
They run – Eles correm
Observações:
Certos verbos admitem o gerund ou infinitive sem alteração Regras do Simple Present
de sentido. As únicas alterações que acontecem nos verbos se limitam aos
pronomes he, she e it. De modo geral, quando vamos usar o Simple
It started raining. / It started to rain. Present para nos referirmos a ele, ela e indefinido, a maioria dos
verbos recebe um “s” no final:
He began to clean the house. / He began cleaning the house.
He runs – Ele corre
O verbo STOP admite tanto o gerund quanto o infinitive com
alteração de sentido. She runs – Ela corre
He stopped smoking. It runs – Ele/ela corre
(= Ele parou de fumar.) Para verbos que têm algumas terminações específicas com “o”,
He stopped to smoke. “s”, “ss”, “sh”, “ch” “x” ou “z”, deve-se acrescentar “es” no final:
(= Ele parou para fumar.) He goes – Ele vai
Imperative
She does – Ela faz
O imperativo, é usado para dar ordens, instruções, fazer pedi-
dos e até mesmo aconselhar alguém. É uma forma verbal utilizada It watches – Ele/ela assiste
diariamente e que muita gente acaba não conhecendo.
Quando o verbo termina com consoantes e “y” no final. Por
A forma afirmativa sempre inicia com o verbo. exemplo, os verbos study, try e cry e têm consoantes antes do “y”.
Nesses casos, você deve tirar o “y” e acrescentar “ies” no lugar. Veja
Exemplos: o exemplo:

Eat the salad. – Coma a salada. He studies – Ele estuda

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She tries – Ela tenta - Verbos dissilábicos terminados em uma só consoante, prece-
dida de uma só vogal, dobram a consoante final somente se o acen-
It cries – Ele/ela chora to tônico incidir na segunda sílaba.
Exemplos:
Com verbos que também terminam com “y” e têm uma vogal
antes, permanece a regra geral da maioria dos verbos: acrescentar prefer → preferring
apenas o “s” ao final da palavra.
admit → admitting
He enjoys – Ele gosta
listen → listening
She stays – Ela fica
enter → entering
It plays – Ele/ela brinca
- Verbos terminados em –e perdem o –e antes do acréscimo de
Formas afirmativa, negativa e interrogativa –ing, mas os terminados em –ee apenas acrescentam –ing.
Exemplos:

make → making

dance → dancing

agree → agreeing

flee → fleeing

- Verbos terminados em –y recebem –ing, sem perder o –y.


Exemplos:

study → studying

say → saying

- Verbos terminados em –ie, quando do acréscimo de –ing, per-


dem o –ie e recebem –ying.
Exemplos:
Present Continuous lie → lying
- Usamos o Present Continuous para ações ou acontecimentos
ocorrendo no momento da fala com as expressões now, at present, die → dying
at this moment, right now e outras. Porém, os terminados em –ye não sofrem alterações.
Exemplo:
dye → dyeing
She is running at the park now.

- Usamos também para ações temporárias.


Exemplos:

He is sleeping on a sofá these days because his bed is broken.

- Futuro próximo.
Exemplo:

The train leaves at 9 pm.

Observações:

- Alguns verbos não são normalmente usados nos tempos con-


tínuos. Devemos usá-los, preferencialmente, nas formas simples:
see, hear, smell, notice, realize, want, wish, recognize, refuse, un-
derstand, know, like, love, hate, forget, belong, seem, suppose,
appear, have (= ter, possuir), think (= acreditar).
- Verbos monossilábicos terminados em uma só consoante,
precedida de uma só vogal, dobram a consoante final antes do
acréscimo de –ing.
Exemplos:

Run → running

swim → swimming
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Formas afirmativa, negativa e interrogativa

Immediate Future
O simple future é um das formas usadas para expressar ações futuras. Em geral vem acompanhado de palavras que indicam futuro,
como: tomorrow, next. Geralmente, usamos a palavra “will”. Posteriormente, você verá que também podemos utilizar “be going to” para
formar o futuro e a diferença de utilização entre eles.

Example:

Affirmative: What will you study?

Negative: I will study English.

Interrogative: I won’t study English.

Note: we use the auxiliary verb WILL + verbs in infinitive (without “to” ).

Forma contraída
I will study - I’ll study

You will travel - You’ll travel

He will / She will eat - He’ll / She’ll eat

It will happen - It’ll happen

We will work - We’ll work

You will dance - You’ll dance

They will do - They’ll do

Simple Past
With most verbs, the simple past is created simply by adding “ED”. That form belongs for all to the people, not varying in the 3rd
person.
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Simple past is used to indicate an accomplished action and to- If only I knew the truth.
tally finished in the past, corresponding in Portuguese, the perfect
preterite as imperfect preterite. If only he understood me.

Ex.: Santos Dumont lived in France. He created the 14 Bis. OBSERVAÇÕES


1. As regras de “dobra” de consoantes existentes para o acrés-
Regra geral Acrescenta-se “ed” Play – played cimo de -ing aplicam-se quando acrescentarmos -ed.
Verbos terminados Acrescenta-se “d” Like – liked stop → stopped
em “e”
prefer → preferred
Verbos terminados Mudam o y para i e
em y precedido de acrescentam “ed” Study – studied 2. Verbos terminados em -y perdem o -y e recebem o acrés-
consoante cimo de -ed quando o -y aparecer depois de umaconsoante. Caso
contrário, o -y permanece.
Example: rely → relied
To work play → played
I worked

You worked

He worked

She worked

It worked

We worked

They worked

Simple past – negative and interrogative form


Usos:

– ações definidas no passa do com yesterday, ...ago, last night


Past Continuous
(week,month etc) e expressõesque indiquem ações completamente
terminadas no passado. Usos:
Exemplos:
– ação que estava ocorrendo no passado quando outra ação
Peter flew to London last night. passada começou.
Exemplos:
Cabral discovered Brazil in 1500.
They were having a bath when the phone rang.
– ações habituais no passado com as mesmas expressões e ad-
vérbios que indicam ações habituais no presente. She was watching TV when Stanley arrived.
Exemplos:
– ação ou acontecimento que continuou por algum tempo no
They visited rarely visited their grandparents. passado.
Exemplos:
She often got up at 6.
This time last year I was living in London.
– após as if e as though (= como se) e após o verbo wish.
Exemplos: I saw you last night. You were waiting for a bus.
She behaves as if she knew him.

I wish I had more time to study.

– No caso do verbo BE, todas as pessoas terão a mesma forma


(were).
Exemplos:

She acts as though she were a queen.

I wish I were younger.

– após if only (= se ao menos)


Exemplos:

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LÍNGUA INGLESA
Present Perfect O verbo can é sempre acompanhado do verbo principal no in-
finitivo sem o to. Ele pode ser usado para construir frases afirmati-
Usos:
vas, negativas e interrogativas.
– ação indefinida no passado, sem marca de tempo. Isso o dife-
rencia do Simple Past. AFFIRMATIVE NEGATIVE INTERROGATIVE
We have finished our homework. I can dance I can’t/cannot Can I dance?
dance
Jane has traveled to London.
You can dance You can’t/cannot Can you dance?
They have accepted the job offer. dance
He/she/it can He/she/it can’t/ Can he/she/it
– com os advérbios EVER, NEVER, ALREADY, YET, JUST, SO FAR,
dance cannot dance dance?
LATELY, RECENTLY e expressões como ONCE, TWICE, MANY TIMES,
FEW TIMES etc. We can dance We can’t/cannot Can we dance?
Have you EVER seen a camel? dance
You can dance You can’t/cannot Can you dance?
She has NEVER been to Greece. dance
The students have ALREADY written their compositions. They can dance They can’t/cannot Can they dance?
dance
The bell hasn’t rung YET.
Advérbios de frequência (OFTEN, GENERALLY, SOMETIMES, NE-
Our cousins have JUST arrived. VER, SELDOM, ALWAYS...) são colocados, de preferência, ANTES do
verbo principal ou APÓS o verbo auxiliar ou o verbo to be.
We have read five chapters SO FAR.
They USUALLY watch TV in the evenings.
She has traveled a lot LATELY.
She is ALWAYS late.
Have you seen any good films RECENTLY?
These curtains have NEVER been cleaned.
I have flown on an airplane MANY TIMES.

– com SINCE (= desde) e FOR (= há, faz) Expressões adverbiais de freqüência são colocadas no final ou
She has lived in New York SINCE 2013. no início de uma oração.
She has lived in New York FOR 7 years. They watch TV EVERY EVENING.

ONCE A WEEK they go swimming.


Advérbios de probabilidade (POSSIBLY, PROBABLY, CERTAIN-
LY...) são colocados antes do verbo principal mas após be ou um
verbo auxiliar.

He PROBABLY knows her phone number.

He is CERTAINLY at home now.

O verbo can geralmente significa poder e/ou conseguir e é usa- PERHAPS e MAYBE aparecem normalmente no começo de
do para indicar várias situações: uma oração.
– Possibilidade PERHAPS I’ll see her later.
– Capacidade/habilidade MAYBE you’re right.
– Permissão Advérbios de tempo (TODAY, TOMORROW, NOW, SOON, LA-
– Pedido TELY...) são colocados no final ou no início de uma oração.
Capacidade, habilidade
She can speak five languages. (present) He bought a new camera YESTERDAY.

She could play tennis when she was younger. (past) ON MONDAY I’m going to London.
Advérbios de modo (SLOWLY, QUICKLY, GENTLY, SOFTLY,
She will be able to translate the text. (future) WELL...) aparecem normalmente no final da oração. Alguns advér-
bios podem também aparecer no início de uma oração se quiser-
Permissão mos enfatizá-los.
You can use my car.
She entered the room SLOWLY.
She can sit anywhere.
SLOWLY she entered the room.

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Grande parte dos advérbios de modo é formada pelo acréscimo de LY ao adjetivo.

serious – seriousLY
careful – carefulLY
quiet – quietLY
heavy – heaviLY
bad – badLY
Porém, nem todas as palavras terminadas em LY são advérbios.

lonely = solitário (adjetivo)


lovely = encantador (adjetivo)
silly = tolo (adjetivo)
elderly = idoso (adjetivo)
Advérbios de lugar (HERE, THERE, EVERYWHERE...) são usados no início ou no final de orações.

You’ll find what you want HERE.

THERE comes the bus.


Modo, lugar, tempo
A posição normal dos advérbios em uma oração é:

He did his job CAREFULLY AT HOME YESTERDAY.

MODO LUGAR TEMPO


Lugar, modo, tempo

Com verbos de movimento, a posição normal é:

She traveled TO LONDON BY PLANE LAST WEEK.

LUGAR MODO TEMPO


As preposições são muito utilizadas na estrutura das frases. Em inglês não poderia ser diferente. As preposições expressam lugar ou
posição, direção, tempo, maneira (modo), e agente (ou instrumento).

The keyboard is on the desk - (lugar ou posição).

Raphael ran toward the hotel - (direção).

The plane arrived at eleven o’clock - (tempo).

David travels by train - (maneira ou modo).

The computer was broken by him - (agente).v


PREPOSIÇÕES
Horas The airplane will arrive at five o’clock.
Datas We have a big party at Christmas.
Lugares He is at the drugstore.
AT
Cidades pequenas She lives at Barcelos.
Períodos do dia She works at night.(noon, night, midnight, dawn)
Endereços completos Fabrizio lives at 107 Boulevard Street.
Períodos do dia Marcus works in the morning. (exceto noon, night, midnight e dawn)
Meses The case will arrive in March.
IN
Estações do ano It’s very hot in summer.
Anos David graduaded in 2008.

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LÍNGUA INGLESA

Séculos Manaus was created in 18th century.


Expressões do tempo The computer will be working in few days.
Expressões de lugar (dentro) The memory is in the CPU.
August lives in São Paulo.
Estados, Cidades grandes, Países, Continentes
There are many developed countries in Europe.
“sobre” Our bags are on the reception desk.
Dias da semana He has class on Friday.

Datas He has class on Friday.


ON
Transportes coletivos There are a lot of people on that plane.
Nomes de ruas ou avenidas The CETAM is on Djalma Street.
“floor” Gabriel lives on the 8th floor.

Prepositions of Place

Vestimentas

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Coin = moeda
Credit card = cartão de crédito
Materials
Acrylic = acrílico
Cotton = algodão
Denim = brim
Fleece/wool = lã
Gold = ouro
Leather = couro
Linen = linho
Plastic= plástico
Rubber = borracha
Silk = seda
Silver = prata
Educação
Nursery School = pré-escola
Elementary school ou Primary School = Ensino fundamental I
Secondary school = Ensino fundamental II
High school = Ensino médio
College/University = Faculdade/universidade
Subjects
Inglês: English
Matemática: Mathematics (Math)
História: History
Geografia: Geography
T-shirt = camiseta Química: Chemistry
Sweatshirt = Blusa de moletom Física: Physics
Shirt = camisa Ciência: Science
Suit = terno Biologia: Biology
Pants:calça Educação Física: Physical Education (P.E.)
Tie = gravata Artes: Arts
Wedding dress = vestido de noiva Música: Music
Jacket = jaqueta Literatura: Literature
Skirt = saia Redação: Writing
Coat = casaco Português: Portuguese
Shorts = Bermuda Espanhol: Spanish
Dress = vestido Diversão e mídia
Underpants = cueca Movies/cinema = cnema
Panties = calcinha Theater = teatro
Bra = sutiã Bar/Pub = bar
Nightgown = camisola Restaurant = restaurante
Pajamas = pijama Café = lanchonete
Robe = roupão Park = parque
Scarf = cachecol Concert = show
Uniform = uniforme Play = peça de teatro
Singlet = regata Tecnologia
Swimming Trunks = sunga Cellphone/mobile phone = celular
Swimsuit = maiô Laptop = notebook
Bikini = biquíni Personal computer(PC) = Computador
Printer = impressora
Cotidiano Keyboard = teclado
U.S. Money Mouse = mouse
US$ 1 Dollar = 100 cents Television = televisão
bills - $1, $5, $10, $20, $50, $100 Meio ambiente
Coins – 1c, 5c, 10c, 25c, $1 Environment = meio ambiente
Penny = 1 cent Ozone layer = camada de ozônio
Nickel = 5 cents Water = água
Dime = 10 cents Tree = árvore
Quarter = 25 cents Weather = clima
Ways to pay Animals = animais
Check = cheque Air = ar
Cash = em dinheiro Wind = vento
Note/bill = nota Rain = chuva
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Snow = neve Pork loin — Lombo de porco
Fog = neblina Rib cuts — Costela
Hurricane = furacão Roast chicken — Frango assado
Storm = tempestade Salami — Salame
Lightning = relâmpago Salmon — Salmão
Thunder = trovão Sausage — Linguiça
Comida e bebida Shrimp — Camarão
Bread — Pão Sirloin — Lombo
Butter — Manteiga Smoked sausage — salsicha defumada
Cake — Bolo Squid — Lula
Cheese — Queijo Steak — Bife
Chicken — Frango Stew meat — Guisado de carne
Chips — Salgadinhos T-bone steak — Bife t-bone
Chocolate — Chocolate Tenderloin — Filé mignon
Corn flakes — Cereal Tuna — Atum
Egg — Ovo Turkey — Peru
Fish — Peixe Veal — Vitela
French fries — Batata-frita Vegetables (vegetais)
Ham — Presunto Anise — Anis
Ice cream — Sorvete Asparagus — Espargos
Jam — Geleia Beans — Feijão
Jello — Gelatina Beet — Beterraba
Margarine — Margarina Broccoli — Brócolis
Mashed potatoes — Purê de batatas Cabbage — Repolho
Meat — Carne Carrot — Cenoura
Pancacke — Panqueca Cauliflower — Couve-flor
Pasta — Macarrão Celery — Aipo/Salsão
Peanut — Amendoim Corn — Milho
Peanut butter — pasta de amendoim Cucumbers — Pepinos
Pepper — Pimenta Eggplant — Berinjela
Pie — Torta Garlic — Alho
Pizza — Pizza Ginger — Gengibre
Popsicle — Picolé Green onion — Cebolinha verde
Potato chips — Batata-frita Heart of Palms — Palmito
Rice — Arroz Leeks — Alho-poró
Salt — Sal Lettuce — Alface
Sandwich — Sanduíche Manioc — Mandioca
Sliced bread — Pão fatiado Mushroom — Cogumelo
Soup — Sopa Okra — Quiabo
Sugar — Açúcar Olives — Azeitonas
Toast — Torrada Onion — Cebola
Water cracker — Bolacha de água e sal Pepper — Pimenta
Meat (carne) Pickles — Picles
Bacon — Bacon Potato — Batata
Barbecue — Churrasco Pumpkin — Abóbora
Beef — Carne de vaca Radish — Rabanete
Beef Jerky — Carne seca Rucola — Rúcula
Blood sausage —Chouriço Snow pea — Ervilha
Carp — Carpa Spinach — Espinafre
Chicken — Frango Sweet potato — Batata doce
Chicken legs — Pernas de Frango Tomato — Tomate
Chicken wings — Asas de Frango Turnip — Nabo
Cod — Bacalhau Watercress — Agrião
Crab — Caranguejo Yams — Inhame
Duck — Pato Fruits (frutas)
Fish — Peixe Apple — Maçã
Grilled fish — Peixe grelhado Apricots — Damascos
Ground beef — Carne moída Avocado — Abacate
Hamburger — Hambúrguer Banana — Banana
Lobster — Lagosta Blackberry — Amora
Meatball — Almôndega Blueberry — Mirtilo
Mortadella — Mortadela Cashew nut — Castanha de Cajú
Pork chops — Costeletas de porco Cherry — Cereja
Pork legs — Pernas de porco Coconut — Coco
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Figs — Figos Knitting = tricotar
Grapes — Uvas Mountaineering = escalar montanhas
Guava — Goiaba Painting = pintar
Honeydew melon — Melão Photography = fotografia
Jackfruit — Jaca Playing video games = jogar vídeo games
Kiwi — Kiwi Reading = leitura
Lemon — Limão Riding a bike = andar de bicicleta
Mango — Manga Sculpting = esculpir
Orange — Laranja Sewing = costurar
Papaya — Mamão Singing = cantar
Passion fruit — Maracujá Skating = andar de patins ou skate
Peach — Pêssego Skiing = esquiar
Pear — Pera Stamp collecting = colecionar selos
Pineapple — Abacaxi Surfing = surfar
Plum — Ameixa Working out = malhar
Prune — Ameixa-seca
Start fruit — Carambola Saúde e exercícios
Strawberry — Morango
Tamarind — Tamarindo
Tangerine — Tangerina
Watermelon — Melancia
Drinks (bebidas)
Beer — Cerveja
Brandy — Aguardente
Champagne — Champanhe
Chocolate — Chocolate
Cocktail — Coquetel
Coffee — Café
Coffee-and-milk — Café-com-leite
Draft beer — Chope
Gin — Gim
Hot chocolate — Chocolate quente
Juice — Suco
Lime juice — Limonada Health Problems and Diseases (problemas de saúde e doen-
Liqueur — Licor ças)
Milk — Leite Skin occurrences (Ocorrências na pele)
Mineral water — Água mineral Blemish – mancha
Red wine — Vinho tinto Bruise - contusão
Rum — Rum Dandruff - caspa
Soda — Refrigerante Freckle – sarda
Sparkling mineral water — Água mineral com gás Itching – coceira
Still mineral water — Água mineral sem gás Pimple – espinha
Tonic water — Água tônica Rasch – erupção da pele
Vodka — Vodca Scar - cicatriz
Water — Água Spot – sinal, marca
Whiskey —Uísque Wart – verruga
White wine —Vinho branco Wound - ferida
Yogurt — Iogurte Wrinkle – ruga
Tempo livre, “hobbies” e lazer Aches (Dores)
Bowling = boliche Backache – dor nas costas
Camping = acampar Earache – dor de ouvido
Canoeing = canoagem Headache – dor de cabeça
Card games = jogos de baralho Heartache – dor no peito
Chess = xadrez stomachache – dor de estômago
Cooking = cozinhar Toothache – dor de dente
Crossword puzzl = palavras cruzadas Cold and Flu (Resfriado e Gripe)
Dancing = dançar Cough – tosse
Drawing = desenhar Fever – febre
Embroidery = bordado Running nose – nariz entupido
Fishing = pesca Sneeze – espirro
Gardening = jardinagem Sore throat – garganta inflamada
Hiking = caminhar Tonsilitis – amigdalitis
Hunting = caçar Other Diseases (Outras doenças)
Jogging = corrida Aneurism - aneurisma
Editora
61
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Appendicitis - apendicite
Asthma – asma
Bronchitis – bronquite
Cancer – câncer
Cirrhosis - cirrose
Diabetes – diabetes
Hepatitis – hepatite
High Blood Pressure – hipertensão (pressão alta)
Pneumonia – pneumonia
Rheumatism – reumatismo
Tuberculosis – tuberculose
Moradia;
Povos e línguas

Sentimentos, opiniões e experiências


Happy = feliz
Afraid = com medo
Sad = triste
Hot = com calor
Amused = divertido
Bored = entediado
Anxious = ansioso
Confident = confiante
Cold = com frio
Suspicious = suspeito
Surprised = surpreso
Loving= amoroso
Curious = curioso
Envious = invejoso
Jealous = ciumento
Miserable = miserável
Confused = confuso
Stupid = burro
Angry = com raiva
Sick = enjoado/doente
Editora
62
62
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Ashamed = envergonhado Aquarium – Aquário
Indifferent = indiferente Art gallery – Galeria de arte
Determined = determinado ATM (Automatic Teller Machine) – Caixa eletrônico
Crazy = louco Auto repair shop ou Garage – Oficina mecânica
Depressed = depressivo Avenue – Avenida
Frightened = assustado Baby store – Loja infantil ou bebê
Interested = interessado Barber shop – Barbearia
Shy = tímido Bakery – Padaria
Hopeful = esperançoso Bank – Banco
Regretful = arrependido Beach – Praia
Scared = assustado Beauty salon/parlor/shop – Salão de beleza
Stubborn = teimoso Block – Quarteirão
Thirsty = com sede Bookstore ou Bookshop – Livraria
Guilty = culpado Bridge – Ponte
Nervous = nervoso Building – Edifício ou Prédio
Embarrassed = envergonhado Bus station – Rodoviária
Disgusted = enojado Bus stop – Ponto de ônibus
Proud = orgulhoso Butcher shop – Açougue
Lonely = solitário Cabstand ou Taxi stand – Ponto de taxi
Frustrated = frustrado Capital – Capital
Hurt= magoado Cathedral – Catedral
Hungry = com fome Cemetery – Cemitério
Tired= cansado Chapel – Capela
Thoughtful = pensativo Church – Igreja
Optimistic = otimista Circus – Circo
Relieved = aliviado City – Cidade
Shocked = chocado Clothing store – Loja de roupas
Sleepy = com sono Club – Clube
Excited = animado Coffee shop – Cafeteria
Bad = mal College – Faculdade
Worried = preocupado Computer store – Loja de informática
Identificação pessoal Concert hall – Casa de espetáculos ou Sala de concertos
First name = Primeiro nome Convenience store – Loja de conveniência
Middle name = Nome do meio Corner – Esquina
Last name = Último nome Costume store – Loja de Fantasia
Full name = Nome completo Court – Quadra de esportes ou pode ser Tribunal ou comumen-
Date of Birth = Data de nascimento te chamado de Fórum, depende do contexto.
Age = Idade Crosswalk/Pedestrian crossing/Zebra crossing – Faixa de pe-
destres
Sex = Sexo
Cul-de-sac ou Dead end street – Beco ou Rua sem saída
Place of Birth = Local de nascimento
City hall – Prefeitura
Nationality = Nacionalidade
Dental clinic – Clinica dentária ou Consultório Odontológico
Occupation = Ocupação/profissão
Downtown – Centro da cidade
Address = Endereço
Driving school – Auto escola
City = Cidade
Drugstore – Farmácia ou Drogaria
Country = País
Factory – Fábrica
Zip code/Post code = Código postal (CEP)
Field – Campo
Phone number = Número de telefone
Fire station – Posto ou Quartel de bombeiros
E-mail address = Endereço de e-mail
Fishmonger’s – Peixaria
Lugares e edificações
Flower show – Floricultura
Airport – Aeroporto
Food Truck – Food Truck ou Caminhão que vende comida
Amusement park – Parque de diversões
Editora
63
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Gas station – Posto de gasolina Sidewalk – Calçada
Glasses store ou Optical store – Loja de Ótica Snack bar – Lanchonete
Greengrocer – Quitanda Square – Praça
Grocery store – Mercearia Stadium – Estádio
Gym – Academia de ginástica Station – Estação
Hair salon – Cabeleireiro Stationery store – Papelaria
Hardware store – Loja de ferramentas Steak House – Churrascaria
Health Clinic/Center – Clinica ou Posto de saúde Store – Loja
Hospital – Hospital Street – Rua
Hotel – Hotel Subway station – Estação de metrô
House – Casa Supermarket – Supermercado
Ice Cream Shop/Parlor – Sorveteria Synagogue – Sinagoga
Intersection ou Crossroad – Cruzamento Temple – Templo
Jail ou Prison – Cadeia ou Prisão Town – Cidade pequena ou Município
Jewelry store – Joalheria Toy store ou Toy shop – Loja de brinquedos
Kiosk – Quiosque Train station – Estação de trem
Lake – Lago Travel agency – Agência de viagens
Laundromat ou Laundry – Lavanderia University – Universidade
Library – Biblioteca Zoo – Zoológico
Lottery retailer ou Lottery kiosk – Casa lotérica Relacionamento com outras pessoas
Mall – Shopping center Parents – pais
Metropolis – metrópole Father – pai
Monument – Monumento Mother – mãe
Mosque – Mesquita Son – filho
Movie theater – Cinema Daughter – filha
Museum – Museu Siblings – irmãos
Neighborhood – Bairro Brother – irmão
Newsstand – Banca de jornal Sister – irmã
Office – Escritório Halfbrother – meio-irmão
One-way street – Rua de mão única ou sentido único Halfsister – meia-irmã
Outskirts ou Suburb – Periferia ou Subúrbio Only child – filho único
Park – Parque Wife – esposa
Parking lot – Estacionamento Husband – esposo
Penitentiary – Presídio ou Penitenciária Fiancé – noivo
Perfume shop – Perfumaria Bride – noiva
Pet Shop – Pet Shop Uncle – tio
Pizzeria – Pizzaria Aunt – tia
Place – Lugar Cousin – primo e prima
Playground – Parque infantil Nephew – sobrinho
Police station – Delegacia de polícia Niece – sobrinha
Port – Porto Grandparents – avós
Post office – Agência de correios Grandfather – avô
Pub – Bar Grandmother – avó
Real estate agency – Imobiliária Grandson – neto
Reference point ou Landmark – Ponto de referência Granddaughter – neta
Restaurant – Restaurante Great grandfather – bisavô
River – Rio Great grandmother – bisavó
Road – Estrada Great grandson – bisneto
Rotary ou Roundabout – Rotatória Great granddaughter – bisneta
School – Escola Father-in-law – sogro
Shoe store – Sapataria Mother-in-law – sogra
Editora
64
64
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Brother-in-law – cunhado Conversando com atendentes
Sister-in-law – cunhada Excuse me, I’m looking for… – Licença, eu estou procurando
Stepfather – padrasto por…
Stepmother – madrasta I’m just looking/browsing, thanks. – Estou só olhando, obri-
gado(a).
Stepson – enteado
Do you have this in… – Você tem isso em…Complete com o que
Stepdaughter – enteada
você precisa que mude na peça: A bigger size (um tamanho maior)?
Foster parents – pais adotivos / Yellow (amarelo)? / Pink (rosa)?
Foster father – pai adotivo Could I return this? – Eu poderia devolver isso?
Foster mother – mãe adotiva Could I try this on? – Posso provar?
Transporte e serviços What are the store’s opening hours? – Qual o horário em que
Airliner: Avião comercial (Aviões maiores geralmente chama- a loja abre?
dos de boeing) Esporte
Airplane ou apenas plane: Avião
Bike: Bicicleta Individual Sports - Esportes Individuais
Boat: Barco ou bote Athletics - Atletismo
Bus: Ônibus Automobilism - Automobilismo
Canoe: Canoa Artistic Gymnastics - Ginástica Artística
Car: Carro Boxing - Boxe
Carriage: Carruagem Bowling - Boliche
Cruiser: Cruzeiro Canoeing - Canoagem
Ferry: Balsa Cycling - Ciclismo
Glider: Planador Equestrianism - Hipismo
Helicopter ou chopper (informal): Helicóptero Fencing - Esgrima
Jet: Jato ou como falamos às vezes, jatinho Golf - Golfe
Moped ou scooter: Motocicleta ou mobilete (Patinete também Jiujitsu - Jiu-Jítsu
pode ser chamado de scooter) Judo - Judô
Motorbike: Motocicleta ou simplesmente moto Karate - Caratê
Motorboat: Lancha Motorcycling - Motociclismo
Ocean liner: Transatlântico Mountaineering - Alpinismo
On foot: A pé Olympic Diving - Salto Ornamental
Pickup truck: Caminhonete Skiing - Esqui
Raft: Jangada Sumo - Sumô
Roller skates: Patins Surfing - Surfe
Sailboat: Veleiro ou barco à vela Swimming - Natação
School bus: Ônibus escolar Table tennis - Tênis de mesa/Pingue-pongue
Ship: Navio Taekwon-Do - Taekwon-Do
Skateboard: Skate Tennis - Tênis
Streetcar ou trolley: Bonde Triathlon - Triatlo
Subway ou metro (inglês americano) ou The underground ou Weightlifting - Halterofilismo
informalmente the tube (inglês britânico): Metrô
Team Sports - Esportes Coletivos
Taxi ou cab: Táxi
Train: Trem Badminton – Badminton
Truck: Caminhão Baseball - Beisebol
Van: Furgão ou van Basketball - Basquete
Compras Beach Soccer - Futebol de Areia
Algumas placas com informações importantes: Beach Volleyball - Vôlei de Praia
Out to lunch – Horário de almoço Football – Futebol Americano
Buy one get one free – Pague um, leve dois. Outras formas de Footvolley - Futevôlei
passar essa mesma ideia são: BOGOF (sigla para a mesma expres- Futsal - Futsal
são) e two for one (dois por um). Handball - Handebol
Clearance sale/Reduced to clear/Closing down sale – Liquida- Hockey - Hóquei
ção
Polo - Polo
Editora
65
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Rhythmic Gymnastics - Ginástica Rítmica Animais em inglês: principais insetos
Rugby - Rúgbi Ant: Formiga;
Soccer - Futebol
Mite: Ácaro;
Synchronized Swimming - Nado Sincronizado
Volleyball - Vôlei Bee: Abelha;
Water Polo - Polo Aquático Beetle: Besouro;
Mundo natural
Butterfly: Borboleta;
Animais em inglês: principais animais domésticos (pets)
Bird: Pássaro; Caterpillar: Lagarta;
Bunny: Coelhinho;
Cockroach: Barata;
Cat: Gato;
Dog: Cachorro; Cricket: Grilo;
GuineaPig: Porquinho da Índia; Fly: Mosca;
Mouse: Rato/Camundongo;
Parrot: Papagaio; Flea: Pulga;
Rabbit: Coelho; Firefly: Vagalume;
Turtle: Tartaruga.
Grasshoper: Grilo;

Animais em inglês: principais nomes de aves Ladybug: Joaninha;


Chicken: Galinha; Louseorlice: Piolho;
Rooster: Galo;
Pigeon: Pomba; Mosquito: Pernilongo/Mosquito;
Peacock: Pavão; Snail: Caracol;
Hawk: Falcão;
Spider: Aranha;
Swan: Cisne;
Sparrow: Pardal; Tick: Carrapato;
Duck: Pato.
Termite: Cupim.

Animais em inglês: principais animais selvagens


Alligator: Jacaré; Animais em inglês: principais animais marítimos
Bat: Morcego; Crab: Caranguejo;
Bear: Urso; Dolphin: Golfinho;
Crocodile: Crocodilo;
Fish: Peixe;
Deer: Viado;
Elephant: Elefante; Octopus: Polvo;
Eagle: Águia;
Penguin: Pinguim;
Giraffe: Girafa;
Hippo: Hipopótamo; Seal: Foca;
Kangaroo: Canguru; Shark: Tubarão;
Lion: Leão;
Whale: Baleia.
Monkey: Macaco;
Owl: curuja;
Pig: Porco; Animais em inglês: principais tipos de peixes
Snake: Cobra; Carp: Carpa;
Squirrel: Esquilo;
Dogfish: Cação;
Stag: Cervo;
Tiger: Tigre; Dried Salted Cod: Bacalhau;
Zebra: Zebra; Flounder: Linguado;
Wolf: Lobo.
Hake: Pescada;

Scabbardfish: PeixeEspada;
Editora
66
66
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Tuna: Atum; folha de louro bay leaves
Tilapia: Tilápia; gengibre ginger
Trout: Truta. girassol sunflower
grama grass
Animais brasileiros em inglês
lírio lily
Capivara: Capybara;
macieira apple tree
Boto Cor-de-rosa: Pink Dolphin;
manjericão basil
Lobo guará: Maned Wolf; margarida daisy
Mico Leão Dourado: Golden Lion Tamarin; melissa melissa
musgo moss
Onça Pintada: Jaguar;
noz moscada nutmeg
Tamanduá Bandira: Giantanteater;
oliveira olive tree
Tatu: Armadilo; orquídea orchid
Tucano: Toucan; orégano oregano
papoula poppy
Quati: Coati.
pereira pear tree
Plantas em inglês
pinheiro pine tree

PORTUGUÊS INGLÊS planta plant

árvore tree páprica paprika

alecrim rosemary rosa rose

ameixieira plum tree salgueiro willow

arbusto bush / shrub salsa parsley

azaleia azalea samambaia fern

azevinho holly tulipa tulip

açafrão turmeric violeta violet

bordo maple vitória-régia waterlily

bromélia bromeliads Viagens e férias


bétula birch Vocabulário
canela cinnamon Time off. — Tempo fora do trabalho.
Day off. — Dia de folga.
carvalho oak
Vacation. — Férias.
castanheiro horse chestnut tree Go away. — Ir viajar.
caule stem Travel. — Viajar.
Take a trip. — Fazer uma viagem.
cebola onion Take time off. — Tirar um tempo fora do trabalho.
cebolinha green onion Go to the beach. — Ir para a praia.
Go to the country. — Ir para o interior.
cedro cedar
cerejeira cherry tree Como foram suas férias
coentro cilantro
How was your vacation? — Como foram as suas férias?
colorau red spice mix It was good. — Foram boas.
cominho cumin It was amazing. — Foram demais.
It was very relaxing. — Foi muito relaxante.
coqueiro coconut tree
cravo clove Para onde você foi
erva herb Where did you go? — Onde você foi?
ervas finas fine herbs We went to the beach. — Nós fomos para a praia.
figueira fig tree

Editora
67
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
I went to the country with my family. — Eu fui para o interior Wore sunscreen. — Usou protetor solar.
com minha família. Use tanning lotion. — Usar bronzeador.
We took a trip to Hawaii. — Nós fizemos uma viagem para o Used tanning lotion. — Usou bronzeador.
Hawaii.
We went to visit our family in France. — Nós fomos visitar a
nossa família na França. Tempo
Who did you go with? — Com quem você foi? As horas em inglês podem vir acompanhadas de algumas ex-
I went with my sister and brother. — Eu fui com a minha irmã pressões de tempo como:
e meu irmão.
I went with my husband and kids. — Eu fui com meu marido, Day: dia
esposo e crianças. Today: hoje
I went with my wife and kids. — Eu fui com a minha esposa e Yesterday: ontem
crianças. The day before yesterday: anteontem
I went with my classmates. — Eu fui com os meus colegas de Tomorrow: amanhã
aula. The day after tomorrow: depois de amanhã
Morning: manhã
Afternoon: tarde
Como você viajou Evening: noite
How did you go? — Como que você foi? Night: noite
We went by plane. — Nós fomos de avião. Tonight: esta noite
We went by car. — Nós fomos de carro. Midday: meio-dia
At noon: ao meio-dia
Midnight: meia noite
Coisas para fazer nas férias At midnight: à meia-noite
Read. — Ler.
Read. — Leu. (Só muda a pronúncia)
Go swimming. — Ir nadar ou nadar.
Went swimming. — Fui ou foi nadar.
Play beach soccer. — Jogar futebol de areia ou de praia.
Played beach soccer. — Jogou futebol de areia.
Make a bonfire. — Fazer uma fogueira.
Made a bonfire. — Fez uma fogueira
Play the guitar. — Tocar violão.
Played the guitar. — Tocou violão.
Throw a bonfire party. — Dar uma festa com fogueira.
Threw a bonfire party. — Deu uma festa com fogueira.
Write messages in the sand. — Escrever mensagens na areia.
Wrote messages in the sand. — Escreveu mensagens na areia.
Walk on the boardwalk. — Caminhar no calçadão de madeira.
Walked on the boardwalk. — Caminhou no calçadão de ma-
deira.
atch free summer concerts. — Assistir shows de verão gratuito. Para informar as horas em inglês usa-se o “it is” ou “it’s” e os
Watched free summer concerts. — Assistiu shows de verão gra- números correspondentes (da hora e dos minutos):
tuito.
Exemplo: 4:35 – It is four thirty-five.
Have a picnic. — Ter um piquenique.
A expressão “o’clock” é utilizada para indicar as horas exatas:
Had a picnic. — Teve um piquenique.
Exemplo: 3:00 – It is three o’clock.
Play frisbee. — Jogar frisbee.
A expressão “past” é usada para indicar os minutos antes do
Played frisbee. — Jogou frisbee.
30:
Look for seashells. — Procurar por conchas do mar.
Exemplo: 6:20 – It is six twenty ou It is twenty past six.
Looked for seashells. — Procurou por conchas do mar.
A expressão “a quarter” é usada para indicar um quarto de
Watch the sunset. — Assistir o pôr-do-sol.
hora (15 minutos):
Watched the sunset. — Assistiu o pôr-do-sol.
Exemplo: 3:15 – It is three fifteen ou It is a quarter past three.
Search for historic sites. — Procurar por lugares históricos.
A expressão “half past” é usada para indicar meia hora (30 mi-
Searched for historic sites. — Procurou por lugares históricos.
nutos):
Get a tan. — Pegar um bronzeado.
Exemplo: 8:30 – It is eight thirty ou It is half past eight.
Got a tan. — Pegou um bronzeado.
Note que depois dos 30 minutos, em vez da expressão “past”,
Go sunbathing ou go tanning. — Ir tomar banho de sol, se bron-
utilizamos o “to”:
zear.
Exemplo: 8.45 – It is eight forty-five ou It is a quarter to nine.
Went sunbathing. — Foi se bronzear.
Utilizamos as expressões a.m. e p.m. para indicar quando o ho-
Get a sunburn. — Pegar uma queimadura do sol.
rário em inglês ocorre antes ou depois de meio-dia.
Got a sunburn. — Pegou uma queimadura do sol.
a.m. – antes do meio-dia
Get sunburn. — Se queimar, ser queimado pelo sol.
p.m. – depois do meio-dia
Got sunburn. — Se queimou do sol.
Wear sunscreen ou wear sunblock. — Usar protetor solar.
Editora
68
68
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Trabalho e empregos Farmer = fazendeiro; produtor rural; agricultor
Accountant = contador Filmmaker = cineasta, produtor de cinema, diretor de cinema
Firefighter, fireman = bombeiro
Actor = ator Fisherman = pescador
Actress = atriz Flight attendant = comissário de bordo
Administrator = administrador Foreman = capataz; encarregado
Agronomist = agrônomo Garbageman (ame); dustman (bre) = lixeiro
Anthropologist = antropólogo Gardener = jardineiro
Archaeologist / archeologist = arqueólogo Geographer = geógrafo
Architect = arquiteto Geologist = geólogo Geographer Geógrafo(a)
Astronaut = astronauta Glazer = vidraceiro
Astronomer = astrônomo Graphic designer = designer gráfico
Athlete = atleta Gravedigger = coveiro
Babysitter, baby-sitter, sitter, nanny (ame) = babá Guide = guia
Baker = padeiro Hairdresser, hairstylist = cabeleireiro
Bank clerk = bancário Headmaster, principal (ame) = diretor (de escola)
Banker = banqueiro; bancário Historian = historiador
Bank teller = caixa de banco Housewife = dona de casa
Barber = barbeiro Illustrator = ilustrador
Barista = barista (quem tira café em casas especializadas) Interior designer = designer de interiores, decorador
Bartender = barman Interpreter = intérprete
Bellhop, bellboy = mensageiro (em hotel) Jailer = carcereiro
Biologist = biólogo Janitor, superintendent, custodian = zelador
Biomedical scientist = biomédico Journalist = jornalista
Blacksmith = ferreiro Jeweller (bre), Jeweler (ame) = joalheiro
Bricklayer, mason = pedreiro Judge = juiz (de direito)
Broker = corretor (de seguros, de investimentos etc., menos de Lawyer = advogado
imóveis) Librarian = bibliotecário
Butcher = açougueiro Lifeguard = salva-vidas, guarda-vidas
Butler, major-domo = mordomo Locksmith = serralheiro; chaveiro
Buyer = comprador Maid = empregada doméstica
Cabdriver, cab driver, taxi driver, cabby, cabbie = taxista Male nurse = enfermeiro
Cabinet-maker = marceneiro Manager = gerente
Carpenter = carpinteiro Mathematician = matemático
Cartoonist = cartunista Mechanic = mecânico
Cattle breeder, cattle raiser, cattle farmer, cattle rancher = pe- Medic = militar do Serviço de Saúde; médico
cuarista Meteorologist = meteorologista
Cashier = caixa Midwife = parteira
Chef = chef Miner = mineiro
Chemist (bre) = farmacêutico Milkman = leiteiro
Chemist (ame) = químico model = modelo
Civil Servant = servidor público, funcionário público Musician = músico
Clerk = auxiliar de escritório Nanny (ame) = babá
Coach = treinador, técnico esportivo Nurse = enfermeiro, enfermeira
Cobbler = sapateiro Occupational therapist = terapeuta ocupacional
Comedian = comediante Optician, optometrist = oculista
Commentator = comentarista (rádio e TV) Painter = pintor
Composer = compositor Paleontologist = paleontólogo
Computer programmer = programador Paramedic = paramédico
Conference interpreter = intérprete de conferência Personal TRAINER = personal
Contractor = empreiteiro Pharmacist = farmacêutico (ame) Cf. CHEMIST
Consultant = consultor Philosopher = filósofo
Cook = cozinheiro Photographer = fotógrafo
Dancer = dançarino Physicist = físico
Dentist = dentista Physiotherapist = fisioterapeuta
Designer = designer, projetista, desenhista Pilot = piloto (menos de automóvel), prático
Diplomat = diplomata Playwright = dramaturgo
Doctor, medical doctor, physician = médico Plumber = encanador, bombeiro (RJ)
Doorman = porteiro Poet = poeta
Driver = motorista, piloto de automóvel Police officer, officer, constable = policial
Economist = economista Politician = político
Editor = editor; revisor Porter = porteiro
Electrician = eletricista Postman, mailman = carteiro
Engineer = engenheiro, maquinista Producer = produtor (em geral artístico)
Editora
69
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
Professor = professor (universitário) Casco = hull
Proofreader = revisor Borda livre = free board
Psychiatrist = psiquiatra Displacement = tonelagem
Psychologist = psicólogo Notice to marine = aviso aos navegantes
Publisher = editor List of Lights = lista de faróis
Real estate agent, realtor = corretor de imóveis Full Load = plena carga
Receptionist = recepcionista Fuel = combustível
Referee = árbitro, juiz (esportes), perito (responsável por análi- Cruising speed = velocidade de cruzeiro
se de artigos científicos) Draft = projeto
Reporter = repórter Length = comprimento
Researcher = pesquisador Inland Waters = águas interiores
Sailor, seaman = marinheiro Bússula = compass
Salesman* = vendedor Ship = navio
Sales representative, sales rep = vendedor Ocean liner = navio transatlântico
Saleswoman* = vendedora Tug = rebocador
Scientist = cientista Gross Tonnage = arqueação bruta
Screenwriter = roteirista Tanker Ship = Navio Petroleiro
Sculptor = escultor Plataform Ship = navio plataforma
Seamstress = costureira Vessel = navio embarcação
Secretary = secretária Broken = quebrado
Shopkeeper (ame), storekeeper (bre), shop owner, merchant = Rope = cabo
lojista, comerciante Boom = pau de carga
Singer, vocalist = cantor Starboard = boreste
Social worker = assistente social Port = bombordo
Speech therapist = fonoaudiólogo Speed = velocidade
Statistician = estatístico Ahead = a frente
Systems analyst = analista de sistemas Crew = tripulação
Tailor = alfaiate Stern = popa
Teacher = professor Fire = fogo
Operator = operador Fireman = bombeiro
Operator, telephone operator = telefonista Hose = mangueira
Teller = caixa (geralmente de banco) Fire Hose = mangueira de incêndio
Trader = trader, operador (em bolsa de valores) Tonnage Length = comprimento tonelagem
Translator = tradutor Scend = Caturro
Travel agent = agente de viagens Heel = adernar (mesmo que banda)
Treasurer = tesoureiro Bulkhead = Antepara
Valet = manobrista Flush Deck = convés corrido
Vet, veterinarian = veterinário Hold = porão
Waiter* = garçom Bollard = cabeço no cais
Waitress* = garçonete Bitt = cabeço no navio
Welder = soldador Profissões a bordo no navio
Writer = escritor Captain of Long Haul = capitão de longo curso
Zoologist = zoólogo Auxiliary Health = auxiliar de saúde
A Marinha Steward = taifeiro
Proa = Bow Cook = cozinheiro
Popa = Stern \ astern Pumpman = bombeiro (trabalha com bombas)
Bombordo = port Nurse = enfermeiro
Boreste = starboard Officer = oficial
Convés = deck Skipper = patrão
Linha d aqua = water line Helmsman = timoneiro
Castelo de Proa = forecastle Bo’sun = mestre ou contra mestre
Boca = beans Seaman = homem do mar
Comprimento (LOA) = length overall Sailor = marinheiro
Obras Vivas = botton Engineer = chefe de máquinas
Obras Mortas = topsides Mid Ship = meio navio
Pontal = depth Ship’s Articles = rol de equipagem
Calado de Vante = Draught forward Ship’s Log = diário de bordo
Tombadilho = Fanny Insurance Certificate = certificado de seguro
Calado a ré = draught forward Customs Clearance = aduaneiro
Costado = ribcage Charter Party = Fretamento
Plano diametral = diametral plane Bill of Health = certificado de saúde
Bochecha = tack Charts = cartas hidrográficas
Alheta = wing \ quarter International Convention for the Safety of Live at Sea = conven-
Passadisso = gangway \ bridge ção internacional de salvaguarda da vida humana no mar. (Solas)
Editora
70
70
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA
STCW = Standards of training certification and watchkeeping = WHAT = (o) que, qual
convenção internacional sobre normas de formação certificação e Funciona como sujeito ou objeto da oração.
service de quarto para marinheiro.
EPP = personal projective equipament = EPI equipamento de What makes you happy? (sujeito)
proteção individual.
verbo objeto
Fire Extinguisher = extintor de incêndio
Rudder = leme principal
Helm = timão
Bosun’s Locker = paiol do mestre What did you say? (objeto)
Oars = remos auxiliar sujeito verbo
Buoy = boia
Fire Alarm = alarme de incêndio principal
Rope Ladder = escada de quebra peito WHO = quem
Gangway = passadiço
Ports = portos Funciona como sujeito ou objeto da oração.
Port Captaincy = capitania dos portos
Yacht Harbours = docas de recreio Who arrived late yesterday? (sujeito)
Coast Guard = guarda costeira verbo principal
Watch Tower = posto de vigia
Life Boat Station = Estação de Salva Vidas Who does she love? (objeto)
Dependências a bordo
Galley = cozinha auxiliar sujeito verbo
Crew Mess = refeitório da tripulação principal
Stateroom = cabine de dormir
WHOM = quem
Amarração de cabos
Rope = cabo \ corda Funciona só como objeto de oração ou é usado após preposi-
Dock line = cabo de amarração ções.
Warp = lais de guia
Reef Knot = nó direito Whom did you talk to yesterday? (objeto)
Volta do Fiel = clove hitch
Fisherman’s Bend = volta do Anete verbo sujeito verbo
Kink = coca (nó na mangueira) auxiliar principal
Yarn = fibra To whom did you talk?
Order = ordem
Anchor = ancora WHICH = que, qual, quais - Indica escolha ou opção.
Estivagem de carga Which shirt do you prefer: the blue one or the red one?
Rope Sling = linga de cabo
Bags Balles = bolsas de fardos Which of those ladies is your mother?
Steel plates = chapas de aço WHERE = onde
Homem ao mar = man over board Where are you going tonight?
Merchant Ship = Navio mercante WHY = por que
Chamadas e comunicações
Não especificado = unspecified Why don’t you come to the movies with us?
Explosion = explosão WHEN = quando
Alagado = flooding “When were you born?” “In 1970.”
Collision = colisão HOW = como
Grounding = encalhando “How is his sister?” “Fine.”
Adernado = listing WHOSE = de quem
Capsizing = emborcando
Sin King = naufragando “Whose dictionary is this?” “John’s.”
Disabled = sem governo Formas compostas de WHAT e HOW
Adrift = a deriva - WHAT
Abandonar o navio = abandoning ship WHAT + to be + like? = como é...?
Piracy = pirataria
“What is your boyfriend like?”
Ataque armado = armed attack
“He’s tall and slim.”
Grande = big
WHAT about...? = Que tal, o que você acha de...?
Os Interrogativos (Question Words) são usados para se obter
informações específicas. As perguntas elaboradas com eles são What about having lunch now?
chamadas wh-questions, pois todos os interrogativos, com exceção WHAT do you call...? = como se chama...? qual é o nome...?
apenas de how (como), começam com as letras wh. What do you call this device?
Há perguntas em inglês iniciadas por pronomes interrogativos - WHAT ... FOR? = por que, para que?
para se obter informações do tipo: “quem, o que, como, quando, What are you doing this for?
onde”. - HOW
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HOW FAR = Qual é a distância? Complementos
HOW DEEP = Qual é a profundidade? Os complementos são palavras ou frases inteiras que detalham
HOW LONG = Qual é o comprimento? Quanto tempo? ou completam as informações estabelecidas pelo sujeito e o verbo,
que são os únicos termos essenciais da oração.
HOW WIDE = Qual é a largura?
HOW TALL = Qual é a altura? (pessoas) Analisemos estas frases: “A secretária chegou”, “O ônibus saiu”, “O
HOW HIGH = Qual é a altura? (coisas) avião caiu”. Sintaticamente, já temos os dois elementos indispensáveis:
O sujeito que determina quem está envolvido na execução de uma de-
HOW OLD = Qual é a idade?
terminada ação e o verbo que responde pelo ato executado
HOW MUCH = Quanto(a)?
HOW MANY = Quantos(as)?
HOW OFTEN = Com que frequência? QUESTÕES
HOW FAST = A que velocidade?
A estrutura básica das frases em inglês é semelhante à nossa,
no português. Ela segue um esquema que chamamos SVO, ou seja 1. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
Sujeito-Verbo-Objeto. O mesmo vale para frases negativas, em que RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
simplesmente se adiciona ao verbo auxiliar a forma negativa not a Questions 1 through 2 refer to the following text.
essa estrutura afirmativa. Do mesmo jeito que, no português, usa- Customs enforcement is concerned with the protection of so-
mos um advérbio de negação, como “não”. ciety and fghting trans-national organized crime based on the prin-
ciples of risk management. In discharging this mandate, Customs
Formar uma frase interrogativa em inglês também não é com-
compliance and enforcement services are involved in a wide range
plicado, embora os componentes da frase mudem um pouco de
posição em relação ao português. O mesmo vale para frases excla- of activities relating to information and intelligence exchange, com-
mativas. bating commercial fraud, counterfeiting, the smuggling of highly ta-
xed goods (especially cigarettes and alcohol), drug traffcking, stolen
Para formar frases afirmativas, o inglês usa o mesmo esquema motor vehicles, money laundering, electronic crime, smuggling of
Sujeito-Verbo-Objeto que usamos no português. Já para frases ne- arms, nuclear materials, toxic waste and weapons of mass destruc-
gativas devemos apenas adicionar o not a essa estrutura afirmati- tion. Enforcement activities also aim to protect intellectual and cul-
va — exatamente como fazemos em nosso idioma — mas também tural property and endangered plants and animal species.
inserir um verbo auxiliar em inglês. In order to assist its Members improve the effectiveness of
their enforcement efforts and achieve a balance between control
Já para interrogações e exclamações, os componentes das fra- and facilitation, the World Customs Organisation has developed
ses em inglês mudam um pouco, em relação aos do português. a comprehensive technical assistance and training programmes.
Tradução literal não tem como funcionar porque cada língua é In addition, it has established Regional Intelligence Liaison Offces
parte de uma cultura e as culturas são completamente diferentes. (RILOs) that are supported by a global database, the Customs En-
forcement Network (CEN), to facilitate the exchange and use of in-
Fica fácil não cometer mais este erro se você lembrar que as formation.
frases em Inglês sempre precisam ter um sujeito (considerando so- The WCO has also developed instruments for international co-
mente a frase central). As únicas que começam direto do verbo são -operation in the form of the revised Model Bilateral Agreement
as imperativas como tell me, stand up e ask her. (MBA); the Nairobi Convention, which provides for mutual admi-
nistrative assistance in the prevention, investigation and repression
Entender a estrutura de um idioma é muito mais importante do of Customs offences; and the Johannesburg Convention, which
que tentar traduzir tudo ao pé-da-letra.
provides for mutual administrative assistance in Customs matters.
Sujeito The WCO’s Customs Control and Enforcement programme therefo-
re aims to promote effective enforcement practices and encourage
O sujeito, que sempre ocupa a primeira posição na frase, con-
co-operation among its Members and with its various competent
trário ao que ocorre na língua portuguesa, nunca é omitido. O su-
partners and stakeholders.
jeito pode ser representado por um ou vários substantivos ou por
pronomes pessoais. (Source: http://www.wcoomd.org/en/topics/enforcement-an-
d-compliance/ overview.aspx, retrieved on 12 March 2014.)
Verbo The text explains that the mandate of the World Customs Orga-
Como se pode observar nos exemplos anteriores, o verbo ou a nisation comprises both
locução verbal (sublinhados) ocupa a segunda posição na estrutura Alternativas
frasal inglesa. (A) enforcement and repression activities.
(B) co-operation and training efforts.
Na poesia, na música ou no inglês falado coloquial, pode-se en- (C) crime investigation and prevention.
contrar exemplos em que esta regra não é observada. (D) direct control and facilitation initiatives.
(E) partners and stakeholders.
Entretanto, em linguagem técnico-científica, como no inglês
computacional, o formato S+V+C é usado rigorosamente.

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2. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA deductions are
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) Alternativas
In accordance with the passage, ‘customs enforcement’ can (A) family pets.
best be defined as the prevention of criminal activities (B) guide dogs.
Alternativas (C) Doberman dogs.
(A) requiring coordination between enforcement agencies of (D) horses in general.
neighboring countries. (E) house cats.
(B) of a strictly commercial nature, taking place on border are-
4. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
as.
RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
(C) restricted to trans-national intellectual and cultural proper-
The phrase “Guffaws all around” (paragraph1) shows that tho-
ty infringement .
se hearing the conversation
(D) that can pose fnancial or physical harm to societies and af-
Alternativas
fect at least two countries.
(A) believed tax deductions for expenses with pets do not really
(E) that can put societies and the environment at risk in the
apply.
broadest sense.
(B) resented not being able to consider their pets as depen-
3. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA dents.
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) (C) found the jokes about pets as dependents preposterous.
Questions 3 through 6 refer to the following text. (D) were unaware that vet bills could be knocked off their in-
We’ve been keeping our veterinarian in business lately. come tax.
First Sammy, our nine-year-old golden retriever, needed (E) bemoaned the unfair treatment given to pet owners by the
surgery. (She’s fine now.) Then Inky, our curious cat, IRS.
burned his paw. (He’ll be fine, too.) At our last visit, as we
5. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
were writing our fourth (or was it the fifth?) consecutive
RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
check to the veterinary hospital, there was much joking
The opening sentence of the text reveals that the author has
about how vet bills should be tax-deductible. After all, pets
been
are dependents, too, right? (Guffaws all around.)
Alternativas
Now, halfway through tax-filing season, comes news
(A) paying frequent visits to her vet’s pet.
that pets are high on the list of unusual deductions
(B) making loans to her pets’ veterinary doctor.
taxpayers try to claim. From routine pet expenses to the
(C) assisting her vet financially.
costs of adopting a pet to, yes, pets as “dependents,” tax
(D) delaying payments to her veterinarian.
accountants have heard it all this year, according to the
(E) using the services of a vet quite often.
Minnesota Society of Certified Public Accountants, which
surveys its members annually about the most outlandish 6. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
tax deductions proposed by clients. Most of these doggy RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
deductions don’t hunt, but, believe it or not, some do. Could The title that best conveys the main purpose of the article is:
there be a spot for Sammy and Inky on our 1040? Alternativas
Scott Kadrlik, a certified public accountant in Eden Prairie, (A) Sammy and Inky Run Up a Hospital Bill.
Minn., who moonlights as a stand-up comedian (really!), (B) Vet Bills Should Be Tax-Deductible.
gave me a dog’s-eye view of the tax code: “In most cases (C) Are Your Pets Tax Deductions?
our family pets are just family pets,” he says. They cannot (D) The Case for Pets as Dependents.
be claimed as dependents, and you cannot deduct the (E) How to Increase Your Tax Refund.
cost of their food, medical care or other expenses. One
7. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
exception is service dogs. If you require a Seeing Eye
RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
dog, for example, your canine’s costs are deductible as
Questions 7 through 9 refer to the following text.
a medical expense. Occasionally, man’s best friend also
The IRS Chief Counsel is appointed by the President of the United Sta-
is man’s best business deduction. The Doberman that
tes, with the advice and consent of the U.S. Senate, and serves as the chief
guards the junk yard can be deductible as a business
legal advisor to the IRS Commissioner on all matters pertaining to the inter-
expense of the junk-yard owner, says Mr. Kadrlik. Ditto the
pretation, administration, and enforcement of the Internal Revenue Code,
convenience-store cat that keeps the rats at bay.
as well as all other legal matters. Under the IRS Restructuring and Reform
For most of us, though, our pets are hobbies at most.
Act of 1998, the Chief Counsel reports to both the IRS Commissioner and
Something’s a hobby if, among other things, it hasn’t turned
the Treasury General Counsel.
a profit in at least three of the past five years (or two of the
Attorneys in the Chief Counsel’s Offce serve as lawyers for the IRS.
past seven years in the case of horse training, breeding
They provide the IRS and taxpayers with guidance on interpreting Federal
or racing). In that case, you can’t deduct losses—only
tax laws correctly, represent the IRS in litigation, and provide all other legal
expenses to the extent of income in the same year. So if
support required to carry out the IRS mission.
your beloved Bichon earns $100 for a modeling gig,
Chief Counsel received 95,929 cases and closed 94,323 cases during
you could deduct $100 worth of vet bills (or dog food or doggy
fscal year 2012. Of the new cases received, and cases closed, the majority
attire).
related to tax law enforcement and litigation, including Tax Court litiga-
(Source: Carolyn Geer, The Wall Street Journal, retrieved on 13
tion; collection, bankruptcy, and summons advice and litigation; Appellate
March 2014 - slightly adapted)
Court litigation; criminal tax; and enforcement advice and assistance.
Among the domesticated animals considered eligible for tax
In Fiscal Year 2012, Chief Counsel received 31,295 Tax Court
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cases involving taxpayers contesting an IRS determination that they
owed additional tax. The total amount of tax and penalty in dispute GABARITO
at the end of the fscal year was almost $6.6 billion.
(Source: Internal Revenue Service Data Book, 2012.)
During fiscal year 2012, the Chief Counsel’s office succeeded in 1 B
Alternativas
(A) turning down over 30,000 appeals by taxpayers. 2 D
(B) securing over $6 billion for the State. 3 B
(C) winning the majority of litigation cases.
4 A
(D) processing most of the cases it received.
(E) voiding 1,606 cases fled by taxpayers. 5 E
8. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA 6 C
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) 7 D
As described in the text, the mission of attorneys working in the
8 A
Chief Counsel’s Offce includes:
Alternativas 9 B
(A) advising ordinary citizens on their fscal responsibilities. 10 A
(B) litigating for taxpayers in the Tax Court.
(C) contesting IRS determinations.
(D) reporting directly to the IRS Commissioner.
(E) tracking down tax evaders. ANOTAÇÕES
9. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA ______________________________________________________
RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
According to the passage, the IRS’s chief legal advisor is ______________________________________________________
Alternativas
______________________________________________________
(A) nominated by the IRS Commissioner.
(B) subordinated to the Treasury General Counsel. ______________________________________________________
(C) elected by a collegiate.
(D) responsible for drafting the Internal Revenue Code. ______________________________________________________
(E) in charge of IRS reform.
______________________________________________________
10. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) ______________________________________________________
Text 1: Brazil’s exports
Trade barriers imposed by Argentina on imports in general ______________________________________________________
have resulted in a drop of 16% in Brazil’s exports to its
______________________________________________________
neighbor in the first half of this year. Between January and
June last year, Brazil sold goods worth USS$ 10.43 billion to ______________________________________________________
Argentina. This year, during the same period, the value of
goods sold to Argentina is USS$ 1.6 billion less. ______________________________________________________
In spite of the trade barriers, the executive secretary at
the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade, ______________________________________________________
Alessandro Teixeira, blames the international crisis for the
______________________________________________________
situation. “The cause of these problems is the international
crisis. |t affects Argentina and it affects us, too,” he ______________________________________________________
declared. Teixeira noted that negotiations have improved
the relationship with Argentina, that there has been a more ______________________________________________________
positive dialogue.
Brazil’s exports to Eastern Europe are down 38% and ______________________________________________________
down 8% to the European Union in the first half. On the
______________________________________________________
other hand, they have risen by over USS$ 2 billion to China
during the same period. ______________________________________________________
From: Brazzil Magazine July 2012 [adapted]
Argentina has _____________________________________________________
Alternativas
(A) placed restrictions on most imports. ______________________________________________________
(B) discriminated against Brazil more than others.
______________________________________________________
(C) encouraged the entry of goods from abroad.
(D) allowed Brazil to export more than last year. ______________________________________________________
(E) blamed the international crisis for it imports.
______________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO
MATEMÁTICO
RACIOCÍNIO VERBAL
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
LÓGICA: PROPOSIÇÕES, CONECTIVOS, EQUIVALÊNCIAS conclusões lógicas.
LÓGICAS, QUANTIFICADORES E PREDICADOS. ESTRUTU-
RA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-
LUGARES, OBJETOS OU EVENTOS FICTÍCIOS; DEDUÇÃO bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
DE NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES. COMPREENSÃO E conhecimento por meio da linguagem.
ANÁLISE DA LÓGICA DE UMA SITUAÇÃO, UTILIZANDO AS
FUNÇÕES INTELECTUAIS: RACIOCÍNIO VERBAL, RACIOCÍ- Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
NIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL, ORIENTA- trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL, FORMAÇÃO DE CONCEITOS, ções, selecionando uma das possíveis respostas:
DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS. RACIOCÍNIO LÓGICO
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉ-
formações ou opiniões contidas no trecho)
TRICOS E MATRICIAIS. PROBLEMAS DE LÓGICA E
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
RACIOCÍNIO
formações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO verdadeira ou falsa sem mais informações)
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- ESTRUTURAS LÓGICAS
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife-
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura
Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
consiste nos seguintes conteúdos:
Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
- Operação com conjuntos.
Elas podem ser:
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
tricos e matriciais. co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
- Geometria básica. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
- Calendários.
– Fez Sol ontem?
- Numeração.
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Razões Especiais.
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Análise Combinatória e Probabilidade.
televisão.
- Progressões Aritmética e Geométrica.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
Argumentação. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
Proposições simples e compostas
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo. • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol- proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
vam os conteúdos: p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
- Lógica sequencial cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
- Calendários simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

76
76
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensa-
mento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa-
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a
respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
Exemplo:
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a
E 16 – CESPE) proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos
os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.

Com isso temos alguns aximos da lógica:

– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não


pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é
verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores,


que são: V ou F.”
Classificação de uma proposição

Elas podem ser:


A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-ver-
dade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
correspondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
falso. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógi- – Fez Sol ontem?
cos usuais, julgue o item subsecutivo. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógi- televisão.
ca P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
( ) Certo valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
( ) Errado rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
Proposições simples e compostas
Resolução:
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos: nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
R Q P [P v (Q ↔ R) ] p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
V V V V V V V V Exemplos
V V F F V V V V r: Thiago é careca.
V F V V V F F V s: Pedro é professor.
• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
V F F F F F F V
cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
F V V V V V F F simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
F V F F F V F F nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
F F V V V F V F Exemplo
F F F F V F V F P: Thiago é careca e Pedro é professor.
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
Resposta: Certo por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?
Há exatamente:

(A) uma proposição;


(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.
Resolução:
Analisemos cada alternativa:

(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.
Conectivos (conectores lógicos)
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:

2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).

Resposta: B.
Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”
Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.
Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:

Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.

Resposta D.
Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência
• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.
Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.

Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.

( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Considerando P e Q como V.

(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F

(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.

Resposta: Certo.
Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.

Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.

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(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo por
“e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.
Leis de Morgan
Com elas:

– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.
ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO
CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.
OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS
Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.
Conectivo “ou” (v)

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente.
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando


a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.
Conectivo “ou” (v) Conectivo “Se e somente se” (↔)
Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa). bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.

Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-


te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:

1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)


2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
verdade:
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)
Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das
proposições é verdadeira, podendo ser ambas.

No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-
proposições poderá ser verdadeira posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi- ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a
vo”(considera apenas um dos casos) tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qual-
quer questão referente ao assunto.
Exemplo: Ordem de precedência dos conectivos:
R: Paulo é professor ou administrador O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos
S: Maria é jovem ou idosa ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica mate-
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das mática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:
proposições é verdadeira, podendo ser ambas.

No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das Em resumo:


proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer
sol, então irei à praia”.

1. Podem ocorrer as situações:


2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti) Exemplo:
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis- (PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou
se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia). operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo-
Temos então sua tabela verdade: los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa Exemplo:
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, res-
pectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução: Observe:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o - Toda proposição implica uma Tautologia:
conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposi-
ção simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representa-
da pelo símbolo (→).
Resposta: B
CONTRADIÇÕES - Somente uma contradição implica uma contradição:
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo-
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:

A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua


tabela-verdade:

Propriedades
• Reflexiva:
Exemplo: – P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo- • Transitiva:
sição ~P ∧ P é:
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
(A) uma tautologia.
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
(C) uma contradição.
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
(D) uma contingência.
Regras de Inferência
(E) uma disjunção.
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
Resolução: de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
Montando a tabela teremos que: tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.
P ~p ~p ^p Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
V F F
V F F
F V F
F V F
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante
de uma CONTRADIÇÃO. • Silogismo Disjuntivo
Resposta: C
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).
ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-
tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que
pode ou não existir entre duas proposições.

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
• Modus Ponens A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


• Modus Tollens
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.
• Classificação de uma proposição categórica de acordo com
o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
Tautologias e Implicação Lógica ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

• Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.
• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”
Teremos duas possibilidades.

Observe que:

→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das


proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q
é tautológica.
Inferências Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
• Regra do Silogismo Hipotético bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.
• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
Princípio da inconsistência mo que dizer “nenhum B é A”.
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
p ^ ~p ⇒ q grama (A ∩ B = ø):
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
sição q.

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• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:

(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não


são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:

(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” não miam alto.
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. pardo.
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Resolução:
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
representações possíveis: do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.

O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo


o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).

Logo, podemos descartar as alternativas A e E.

A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,


em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.

Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de


que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao são pardos NÃO miam alto.
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo
que Algum B não é A. Resposta: C

• Negação das Proposições Categóricas (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
seguintes convenções de equivalência: vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos (B) Nenhum professor é psicólogo.
uma proposição categórica particular. (C) Nenhum psicólogo é professor.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
uma proposição de natureza afirmativa.
Em síntese:

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Resolução: Diagramas lógicos
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega- Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra- mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
menos um professor não é psicólogo. dem ser formadas por proposições categóricas.

Resposta: E ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.
• Equivalência entre as proposições
Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões. TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

Exemplo:

(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação


lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual NENHUM
a cinco”? E
AéB
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. Existe pelo menos um elemento que
(C) Todo número natural é diferente de cinco. pertence a A, então não pertence a B, e
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco. vice-versa.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.

O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o


esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais. Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.

Podemos ainda representar das seguin-


ALGUM tes formas:
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.

Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a


cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.

Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser


negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

- Algum teatro é casa de cultura


ALGUM
O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).

Temos também no segundo caso, a dife-


rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC

Exemplo: Segundo as afirmativas temos:

(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último


(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de menos um dos cinemas é considerado teatro.
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.
Resolução:
Vamos chamar de:

Cinema = C
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
Casa de Cultura = CC mo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
Teatro = T a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
afirma isso
Analisando as proposições temos:

- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
- Existem teatros que não são cinemas (E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-
do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar
essa frase da seguinte maneira:

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.

Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-


lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.

P2: Martiniano é louco.

Q: Martiniano é um cientista.
O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento
formado por duas premissas e a conclusão).

A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em


verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido. Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
Argumentos Válidos comum.
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
ria do seu conjunto de premissas.
Exemplo:
O silogismo...

P1: Todos os homens são pássaros.

P2: Nenhum pássaro é animal.

Q: Portanto, nenhum homem é animal.


... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um
argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.
Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-
TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este ar-
necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con- gumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado
junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de cho-
Argumentos Inválidos colate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não!
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círcu-
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade lo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)!
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu- Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a
são. veracidade da conclusão!
Métodos para validação de um argumento
Exemplo:
Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
P1: Todas as crianças gostam de chocolate. possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!

P2: Patrícia não é criança. 1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada
quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocor-
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
re quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se
de chocolate.
na construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a des-
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti- vantagem de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri- várias proposições simples.
meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”. 3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e consi-
derando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a vali-
dade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibi-
lidade do primeiro método.

Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades.


Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobri-
remos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em
verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, conside-


rando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do
criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa- conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos mais complicadas.
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
diagrama:

1º) Fora do conjunto maior;

2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______

~p ∨ ~q
Resolução:

-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?


A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.

- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:

- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:

- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!


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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, con- A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
cluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma con- utilizando isso temos:
junção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas
forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, estava estudando. // B → ~E
por meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é
Iniciando temos:
ou NÃO VÁLIDO.
Resolução pelo 4º Método 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
mos: tem que ser F.

- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
deiro! // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas vai ao cinema tem que ser V.
verdadeiras! Teremos:
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver- = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é sai de casa tem que ser F.
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro. 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! ser V ou F.
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
Exemplos: dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).

(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as Resposta: Errado


seguintes proposições sejam verdadeiras. (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
• Quando Fernando está estudando, não chove. bruxa.
• Durante a noite, faz frio. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o
item subsecutivo. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
( ) Certo (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
( ) Errado Resolução:
Resolução: Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- o valor lógico (V), então:
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
A = Chove →V
B = Maria vai ao cinema (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
C = Cláudio fica em casa (F) → V
D = Faz frio (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
E = Fernando está estudando →V
F = É noite (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Logo:
Lembramos a tabela verdade da condicional: Temos que:

Esmeralda não é fada(V)

Bongrado não é elfo (V)

Monarca não é um centauro (V)

91
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:

Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.

Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.
Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.

1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria
Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo
3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N
ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).

92
92
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N
Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado
4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.

Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N
Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

93
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é − Luiz não viajou para Fortaleza.
Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís). Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N N N
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está
resolvido: Arnaldo N N
Mariana N N S N
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS
Paulo N N
Carlos Engenheiro Patrícia
Agora, completando o restante:
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro,
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi- Luiz N S N N
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, Arnaldo S N N N
sabe-se que:
Mariana N N S N
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Paulo N N N S
− Paulo não viajou para Goiânia; Resposta: B
− Luiz não viajou para Fortaleza.
É correto concluir que, em janeiro, Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(A) Paulo viajou para Fortaleza. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
(B) Luiz viajou para Goiânia. proposição aberta em uma proposição lógica.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador. QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA
(E) Luiz viajou para Curitiba.
Resolução: Tipos de quantificadores

Vamos preencher a tabela: • Quantificador universal (∀)


− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N
Arnaldo N
Mariana Exemplo:
Paulo Todo homem é mortal.
− Mariana viajou para Curitiba; A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N N Na representação do diagrama lógico, seria:

Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N
− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
mem.
Arnaldo N N
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Mariana N N S N
Paulo N N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.

2ª) Se José é homem, então José é mortal.

A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.

94
94
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀ (B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(x) (A (x) → B). (C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional. Resolução:

Aplicando temos: A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-


sões:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? – Se é cavalo, então é um animal.
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
gar, logo, é uma proposição lógica. de conclusão).
• Quantificador existencial (∃) Resposta: B
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
Exemplo: tal que x + y = x.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase – 1º passo: observar os quantificadores.
é: X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.

Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-


cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.

– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos


x e y.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co-
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
(x)) (A (x) ∧ B).
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
Aplicando temos: A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?

x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ N Existe sim! y = 0.


/ x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x +
2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença X + 0 = X.
será verdadeira? Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos reto.
julgar, logo, é uma proposição lógica. Resposta: CERTO
ATENÇÃO:
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B” CONJUNTOS E SUAS OPERAÇÕES, DIAGRAMAS
é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles
Forma simbólica dos quantificadores cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun-
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da
semana ou simplesmente fazer grupos.
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). maiúscula.
Exemplos: Representações
Todo cavalo é um animal. Logo, Pode ser definido por:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9}
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.

95
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
temos: apenas quais são os elementos.
B={0,1,2,3,4,5,6,7}
– Diagrama de Venn Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}
Classificação

Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
número de elementos que ele possui.

Exemplo
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4.

Há também um conjunto que não contém elemento e é repre-


Definições
sentado da seguinte forma: S = c ou S = { }.
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi-
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem tam- nal.
bém a outro conjunto B, dizemos que:
Um conjunto diz-se
A é subconjunto de B a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele-
mentos
Ou A é parte de B
b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B c) singular quando é formado por um único elemento
d) vazio quando não tem elementos
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a
Exemplos
B: A ⊄ B
N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
Símbolos nito (∞));
∈: pertence A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
∉: não pertence B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
⊂: está contido { } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)
⊄: não está contido Pertinência
⊃: contém
O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de perti-
⊅: não contém
nência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas designam
/: tal que
os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos. Assim,
⟹: implica que
o conjunto das vogais (V) é:
⇔: se,e somente se
V={a,e,i,o,u}
∃: existe
A relação de pertinência é expressa por: a∈V
∄: não existe
∀: para todo(ou qualquer que seja) A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
∅: conjunto vazio mento b não pertence ao conjunto V.
N: conjunto dos números naturais
Z: conjunto dos números inteiros Inclusão
Q: conjunto dos números racionais A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Q’=I: conjunto dos números irracionais
R: conjunto dos números reais Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub-
conjunto dele mesmo.
Igualdade
Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
Propriedades básicas da igualdade
Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.
Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U,
temos que: Operações
(1) A = A.
(2) Se A = B, então B = A. União
(3) Se A = B e B = C, então A = C.
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B. Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C. pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
mente os mesmos elementos. Em símbolo: Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B}

96
96
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplo: -Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses elemen-
tos temos:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
B={3,4,5,6,7}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
- por meio de diagrama:
Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con-


junto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Exemplo: Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
mente os mesmos elementos. Em símbolo:
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Diferença Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada apenas quais são os elementos.
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
Não importa ordem:
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
A={1,2,3} e B={2,1,3}
mentar de B em relação a A.
Não importa se há repetição:
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}
cem a B.
A\B = {x : x∈A e x∉B}. Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)

Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}


0∈A
2∉A
Relações de Inclusão
Relacionam um conjunto com outro conjunto.

Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém),


⊅ (não contém)

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


Exemplo:
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B. {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. ta para o maior conjunto.
Complementar
Subconjunto
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple- O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto bém elemento de B.
cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per-
tencem a A. Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A
Operações
Exemplo
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5} União
CBA={4,5} Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
Representação
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}

97
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B} O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
Exemplo: elementos do conjunto universo que não pertencem a A.

A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos Fórmulas da união
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
por : A∩B. n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B C)
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}
todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.

Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender


melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
uma forma ou outra.
Exemplo

Exemplo: (MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um


grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
A∩B={d,e} homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
Diferença existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por: são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
mentar de B em relação a A.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- (A) 4.
cem a B. (B) 7.
A\B = {x : x ∈A e x∉B}. (C) 13.
(D) 5.
(E) 8.
Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela
interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um

B-A = {x : x ∈B e x∉A}.

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho-
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A mens carecas e altos.
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B. Homens altos e barbados são 6
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.
Complementar

98
98
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplo

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha


que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal:
1) 80 sejam formados em Física;
2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas (A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos
e não são altos e nem barbados nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos seleciona-
dos, a probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Físi-
ca e Química, é inferior a 0,05.
Resolução
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos
Sabemos que 18 são altos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos

250-162=88
Resposta: A.

NÚMEROS INTEIROS, RACIONAIS E REAIS E SUAS OPERA-


ÇÕES
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7
Carecas são 16 — Conjuntos Numéricos
O grupo de termos ou elementos que possuem características
parecidas, que são similares em sua natureza, são chamados de
conjuntos. Quando estudamos matemática, se os elementos pare-
cidos ou com as mesmas características são números, então dize-
mos que esses grupos são conjuntos numéricos1.

Em geral, os conjuntos numéricos são representados grafica-


mente ou por extenso – forma mais comum em se tratando de ope-
rações matemáticas. Quando os representamos por extenso, escre-
vemos os números entre chaves {}. Caso o conjunto seja infinito, ou
seja, tenha incontáveis números, os representamos com reticências
depois de colocar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}.
7+y+5=16
Y=16-12 Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois eles são
Y=4 os mais usados em problemas e questões no estudo da Matemáti-
Então o número de barbados que não são altos, mas são care- ca. São eles: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais.
cas são 4.
Conjunto dos Números Naturais (N)
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou O conjunto dos números naturais é representado pela letra N.
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia- Ele reúne os números que usamos para contar (incluindo o zero) e
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil. é infinito. Exemplo:

1 https://matematicario.com.br/

99
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
N = {0, 1, 2, 3, 4…} Em outras palavras, ou um número é racional ou é irracional.
Além disso, o conjunto dos números naturais pode ser dividido Não há possibilidade de pertencer aos dois conjuntos ao mesmo
em subconjuntos: tempo. Por isso, o conjunto dos números irracionais é complemen-
tar ao conjunto dos números racionais dentro do universo dos nú-
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números natu- meros reais.
rais não nulos, ou sem o zero.
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números natu- Outra forma de saber quais números formam o conjunto dos
rais pares. números irreais é saber que os números irracionais não podem ser
escritos em forma de fração. Isso acontece, por exemplo, com deci-
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais mais infinitos e raízes não exatas.
ímpares.
Os decimais infinitos são números que têm infinitas casas de-
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos. cimais e que não são dízimas periódicas. Como exemplo, temos
Conjunto dos Números Inteiros (Z) 0,12345678910111213, π, √3 etc.
O conjunto dos números inteiros é representado pela maiús-
cula Z, e é formado pelos números inteiros negativos, positivos e o Conjunto dos Números Reais (R)
zero. Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…} O conjunto dos números reais é representado pelo R e é forma-
do pela junção do conjunto dos números racionais com o conjunto
O conjunto dos números inteiros também possui alguns sub- dos números irracionais. Não esqueça que o conjunto dos racionais
conjuntos: é a união dos conjuntos naturais e inteiros. Podemos dizer que en-
tre dois números reais existem infinitos números.
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não nega-
tivos. Entre os conjuntos números reais, temos:
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não po-
sitivos. R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negati- R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos.
vos e não nulos, ou seja, sem o zero. R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não posi- R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos.
tivos e não nulos. R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.
Conjunto dos Números Racionais (Q) — Múltiplos e Divisores
Números racionais são aqueles que podem ser representados Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural
em forma de fração. O numerador e o denominador da fração preci- estendem-se para o conjunto dos números inteiros2. Quando tra-
sam pertencer ao conjunto dos números inteiros e, é claro, o deno- tamos do assunto múltiplos e divisores, referimo-nos a conjuntos
minador não pode ser zero, pois não existe divisão por zero. numéricos que satisfazem algumas condições. Os múltiplos são en-
contrados após a multiplicação por números inteiros, e os divisores
O conjunto dos números racionais é representado pelo Q. Os são números divisíveis por um certo número.
números naturais e inteiros são subconjuntos dos números racio-
nais, pois todos os números naturais e inteiros também podem ser Devido a isso, encontraremos subconjuntos dos números in-
representados por uma fração. Além destes, números decimais e teiros, pois os elementos dos conjuntos dos múltiplos e divisores
dízimas periódicas também estão no conjunto de números racio- são elementos do conjunto dos números inteiros. Para entender o
nais. que são números primos, é necessário compreender o conceito de
divisores.
Vejamos um exemplo de um conjunto de números racionais
com 4 elementos: Múltiplos de um Número
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a é
Qx = {-4, 1/8, 2, 10/4}
múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal que
Também temos subconjuntos dos números racionais: a = b · k. Desse modo, o conjunto dos múltiplos de a é obtido multi-
plicando a por todos os números inteiros, os resultados dessas mul-
Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado tiplicações são os múltiplos de a.
pelos números racionais sem o zero.
Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos, forma- Por exemplo, listemos os 12 primeiros múltiplos de 2. Para isso
do pelos números racionais positivos. temos que multiplicar o número 2 pelos 12 primeiros números in-
Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado teiros, assim:
pelos números racionais positivos e não nulos.
2·1=2
Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, forma-
2·2=4
do pelos números racionais negativos e o zero.
2·3=6
Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
2·4=8
pelos números racionais negativos e não nulos.
2 · 5 = 10
Conjunto dos Números Irracionais (I)
2 · 6 = 12
O conceito de números irracionais é dependente da definição 2 · 7 = 14
de números racionais. Assim, pertencem ao conjunto dos números 2 · 8 = 16
irracionais os números que não pertencem ao conjunto dos racio- 2 · 9 = 18
nais. 2 · 10 = 20

2 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
100
100
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
2 · 11 = 22 Observe que os números da lista dos divisores sempre são di-
2 · 12 = 24 visíveis pelo número em questão e que o maior valor que aparece
Portanto, os múltiplos de 2 são: nessa lista é o próprio número, pois nenhum número maior que ele
será divisível por ele.
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24}
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas Por exemplo, nos divisores de 30, o maior valor dessa lista é o
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista de próprio 30, pois nenhum número maior que 30 será divisível por
múltiplos é dada pela multiplicação de um número por todos os ele. Assim:
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito.
D(30) = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}.
Para verificar se um número é ou não múltiplo de outro, de- Propriedade dos Múltiplos e Divisores
vemos encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação Essas propriedades estão relacionadas à divisão entre dois in-
entre eles resulte no primeiro número. Veja os exemplos: teiros. Observe que quando um inteiro é múltiplo de outro, é tam-
bém divisível por esse outro número.
– O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que,
multiplicado por 7, resulta em 49. Considere o algoritmo da divisão para que possamos melhor
49 = 7 · 7 compreender as propriedades.
– O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro N = d · q + r, em que q e r são números inteiros.
que, multiplicado por 3, resulta em 324. Lembre-se de que:
324 = 3 · 108
N: dividendo;
– O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número d, divisor;
inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523. q: quociente;
523 = 2 · ?” r: resto.
• Múltiplos de 4 – Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N – r)
é múltipla do divisor, ou o número d é divisor de (N – r).
Como vimos, para determinar os múltiplos do número 4, deve- – Propriedade 2: (N – r + d) é um múltiplo de d, ou seja, o nú-
mos multiplicar o número 4 por números inteiros. Assim: mero d é um divisor de (N – r + d).
Veja o exemplo:
4·1=4
4·2=8 Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e
4 · 3 = 12 resto r = 5.
4 · 4 = 16
4 · 5 = 20 Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que
4 · 6 = 24 as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
4 · 7 = 28 por 8 e:
4 · 8 = 32
4 · 9 = 36 528 = 8 · 66
4 · 10 = 40
— Números Primos
4 · 11 = 44
4 · 12 = 48 Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
... divisores: um e o próprio número3. Eles fazem parte do conjunto
Portanto, os múltiplos de 4 são: dos números naturais.

M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … } Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um
Divisores de um Número e ele mesmo.
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são
b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão chamados de números compostos e podem ser escritos como um
entre b e a é exata (deve deixar resto 0). produto de números primos.
Veja alguns exemplos: Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
– 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
– 63 é múltiplo de 3, logo, 3 é divisor de 63.
– 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121. Algumas considerações sobre os números primos:
Para listar os divisores de um número, devemos buscar os nú-
meros que o dividem. Veja: – O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo;
– Liste os divisores de 2, 3 e 20. – O número 2 é o menor número primo e, também, o único
D(2) = {1, 2} que é par;
D(3) = {1, 3} – O número 5 é o único número primo terminado em 5;
D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20} – Os demais números primos são ímpares e terminam com os
algarismos 1, 3, 7 e 9.

3 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/
101
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando Saber calcular porcentagem é importante para resolver
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja problemas matemáticos, principalmente na matemática financeira
alguns critérios de divisibilidade: para calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante.

– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade — Calculando Porcentagem de um Valor
é par é divisível por 2; Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
dos seus algarismos é um número divisível por 3;
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. seguinte operação:
Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi-
sões com os próximos números primos menores que o número até
que:

– Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número


não é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
ciente for menor que o divisor, então o número é primo. Generalizando, podemos criar uma fórmula para conta de
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o porcentagem:
quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
Exemplo: verificar se o número 113 é primo.

Sobre o número 113, temos:


Se preferir, você pode fazer o cálculo de porcentagem da
– Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é seguinte forma:
divisível por 2;
– A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número 1º passo: multiplicar o percentual pelo valor.
divisível por 3;
20 x 200 = 4.000
– Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.
Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber 2º passo: dividir o resultado anterior por 100.
se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
operação de divisão.

Divisão pelo número primo 7:


Calculando Porcentagem de Forma Rápida
Alguns cálculos podem levar muito tempo na hora de fazer uma
prova. Pensando nisso, trouxemos dois métodos que te ajudarão a
fazer porcentagem de maneira mais rápida.

Método 1: Calcular porcentagem utilizando o 1%


Você também tem como calcular porcentagem rapidamente
utilizando o correspondente a 1% do valor.
Divisão pelo número primo 11: Vamos continuar usando o exemplo do 20% de 200 para
aprender essa técnica.

1º passo: dividir o valor por 100 e encontrar o resultado que


representa 1%.

Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente


é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela
PORCENTAGEM porcentagem que se quer descobrir.

2 x 20 = 40
A porcentagem representa uma razão cujo denominador é 100,
Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40.
ou seja, .
O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações
significa dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada equivalentes
de razão centesimal ou percentual4. As frações equivalentes representam a mesma porção do todo
e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
da fração pelo mesmo número natural.

4 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.

Veja como encontrar a fração equivalente de . Fator de multiplicação = 1 - 0,25.

Fator de multiplicação = 0,75.

3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.

Se a fração equivalente de é , então para calcular 100 x 0,75 = 75 reais.


20% de um valor basta dividi-lo por 5. Veja como fazer:
JUROS

Os juros simples e compostos são cálculos efetuados com


o objetivo de corrigir os valores envolvidos nas transações
— Calcular porcentagem de aumentos e descontos financeiras, isto é, a correção que se faz ao emprestar ou aplicar
Aumentos e descontos percentuais podem ser calculados uma determinada quantia durante um período de tempo5.
utilizando o fator de multiplicação ou fator multiplicativo.
O valor pago ou resgatado dependerá da taxa cobrada pela
Fator espaço de espaço multiplicação espaço igual a espaço operação e do período que o dinheiro ficará emprestado ou
1 espaço mais ou menos espaço ⅈ, onde i corresponde à taxa de aplicado. Quanto maior a taxa e o tempo, maior será este valor.
variação.
— Diferença entre Juros Simples e Compostos
Essa fórmula é diferente para acréscimo e decréscimo no preço Nos juros simples a correção é aplicada a cada período e
de um produto, ou seja, o resultado será fatores diferentes. considera apenas o valor inicial. Nos juros compostos a correção é
feita em cima de valores já corrigidos.
Fator multiplicativo para aumento em um valor
Quando um produto recebe um aumento, o fator de Por isso, os juros compostos também são chamados de juros
multiplicação é dado por uma soma. sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre um valor que já foi
corrigido.
Fator de multiplicação = 1 + i.
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou
Exemplo: Foi feito um aumento de 25% em uma mercadoria empréstimo a correção por juros compostos fará com que o valor
que custava R$ 100. O valor final da mercadoria pode ser calculado final a ser recebido ou pago seja maior que o valor obtido com juros
da seguinte forma: simples.

1º passo: encontrar a taxa de variação.

2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.

Fator de multiplicação = 1 + 0,25.

Fator de multiplicação = 1,25.

3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.

100 x 1,25 = 125 reais.

Um acréscimo de 25% fará com que o valor final da mercadoria


seja R$ 125. A maioria das operações financeiras utiliza a correção pelo
Fator multiplicativo para desconto em um valor sistema de juros compostos. Os juros simples se restringem as
operações de curto período.
Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator
multiplicativo envolve uma subtração. — Fórmula de Juros Simples
Fator de multiplicação = 1 - 0,25. Os juros simples são calculados aplicando a seguinte fórmula:

Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria


que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria? Sendo:

1º passo: encontrar a taxa de variação. J: juros.


C: valor inicial da transação, chamado em matemática
financeira de capital.
i: taxa de juros (valor normalmente expresso em porcentagem).
5 https://www.todamateria.com.br/juros-simples-e-compostos/

103
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
t: período da transação. C = 2 000
Podemos ainda calcular o valor total que será resgatado (no i = 4% ou 0,04 ao trimestre
caso de uma aplicação) ou o valor a ser quitado (no caso de um t = 1 ano = 4 trimestres
empréstimo) ao final de um período predeterminado. M=?
Substituindo esses valores na fórmula de juros compostos,
Esse valor, chamado de montante, é igual a soma do capital temos:
com os juros, ou seja:

Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e encontrar


a seguinte expressão para o montante:
Observação: o resultado será tão melhor aproximado quanto o
número de casas decimais utilizadas na potência.

Portanto, ao final de um ano o montante será igual a


A fórmula que encontramos é uma função afim, desta forma, o
R$ 2 339,71.
valor do montante cresce linearmente em função do tempo.

Exemplo: Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$ PROPORCIONALIDADE DIRETA E INVERSA


25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros simples?

Solução: Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada no A razão estabelece uma comparação entre duas grandezas,
problema. sendo o coeficiente entre dois números6.
C = R$ 1 000,00
J = R$ 25,00 Já a proporção é determinada pela igualdade entre duas razões,
t = 1 mês ou ainda, quando duas razões possuem o mesmo resultado.
i=?
Agora que fizemos a identificação de todas as grandezas, Note que a razão está relacionada com a operação da divisão.
podemos substituir na fórmula dos juros: Vale lembrar que duas grandezas são proporcionais quando formam
uma proporção.

Ainda que não tenhamos consciência disso, utilizamos


cotidianamente os conceitos de razão e proporção. Para preparar
uma receita, por exemplo, utilizamos certas medidas proporcionais
entre os ingredientes.

Para encontrar a razão entre duas grandezas, as unidades de


medida terão de ser as mesmas.
Entretanto, observe que essa taxa é mensal, pois usamos A partir das grandezas A e B temos:
o período de 1 mês. Para encontrar a taxa anual precisamos
multiplicar esse valor por 12, assim temos: Razão
i = 2,5.12= 30% ao ano
— Fórmula de Juros Compostos
O montante capitalizado a juros compostos é encontrado
aplicando a seguinte fórmula: ou A : B, onde b ≠ 0.

Proporção
Sendo:

M: montante.
C: capital. onde todos os coeficientes são ≠ 0.
i: taxa de juros.
Exemplo: Qual a razão entre 40 e 20?
t: período de tempo.
Diferente dos juros simples, neste tipo de capitalização, a fórmula
para o cálculo do montante envolve uma variação exponencial.
Daí se explica que o valor final aumente consideravelmente para
Lembre-se que numa fração, o numerador é o número acima e
períodos maiores.
o denominador, o de baixo.
Exemplo: Calcule o montante produzido por R$ 2 000,00
aplicado à taxa de 4% ao trimestre, após um ano, no sistema de
juros compostos.

Solução: Identificando as informações dadas, temos:


6 https://www.todamateria.com.br/razao-e-proporcao/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Se o denominador for igual a 100, temos uma razão do tipo As Grandezas
porcentagem, também chamada de razão centesimal. Dentro da regra de três simples e composta existem grandezas
diretamente e inversamente proporcionais.

Caracteriza-se por grandezas diretas aquelas em que o


acréscimo ou decréscimo de uma equivale ao mesmo processo na
outra. Por exemplo, ao triplicarmos uma razão, a outra também
Além disso, nas razões, o coeficiente que está localizado acima será triplicada, e assim sucessivamente.
é chamado de antecedente (A), enquanto o de baixo é chamado de
consequente (B). Exemplo: Supondo que cada funcionário de uma microempresa
com 35 integrantes gasta 10 folhas de papel diariamente. Quantas
folhas serão gastas nessa mesma empresa quando o quadro de
colaboradores aumentar para 50?

Qual o valor de x na proporção abaixo?

x = 12 . 3
x = 36 Ao analisarmos o caso percebemos que o aumento de
Assim, quando temos três valores conhecidos, podemos colaboradores provocará também um aumento no gasto de papel.
descobrir o quarto, também chamado de “quarta proporcional”. Logo, essa é uma razão do tipo direta, que deve ser resolvida através
da multiplicação cruzada:
Na proporção, os elementos são denominados de termos. A
primeira fração é formada pelos primeiros termos (A/B), enquanto 35x = 50 . 10
a segunda são os segundos termos (C/D).
35x = 500
Nos problemas onde a resolução é feita através da regra de três,
utilizamos o cálculo da proporção para encontrar o valor procurado. x = 500/35
x = 14,3
— Propriedades da Proporção Portanto, serão necessários 14,3 papéis para suprir as
1. O produto dos meios é igual ao produto dos extremos, por demandas da microempresa com 50 funcionários.
exemplo:
Por outro lado, as grandezas inversas ocorrem quando o
aumento ou diminuição de uma resultam em grandezas opostas.
Ou seja, se uma é quadruplicada, a outra é reduzida pela metade,
e assim por diante.
Logo: A · D = B · C.
Exemplo: Se 7 pedreiros constroem uma casa grande em 80
Essa propriedade é denominada de multiplicação cruzada. dias, apenas 5 deles construirão a mesma casa em quanto tempo?

2. É possível trocar os extremos e os meios de lugar, por


exemplo:

Nesta situação, é preciso inverter uma das grandezas, pois


é equivalente a relação é inversamente proporcional. Isso acontece porque
a diminuição de pedreiros provoca o aumento no tempo de
construção.

Logo, D. A = C . B.

— Regra de três simples e composta


A regra de três é a proporção entre duas ou mais grandezas, que
podem ser velocidades, tempos, áreas, distâncias, cumprimentos, 5x = 80 . 7
entre outros7.
5x = 560
É o método para determinar o valor de uma incógnita quando
são apresentados duas ou mais razões, sejam elas diretamente ou x = 560/5
inversamente proporcionais. x = 112
7 https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/matematica/regra-de-tres- Sendo assim, serão 112 dias para a construção da casa com 5
simples-e-composta pedreiros.
105
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Regra de Três Simples - Relacionando os dias de produção com a quantidade de peças,
A regra de três simples funciona na relação de apenas percebe-se que essas grandezas são diretamente proporcionais,
duas grandezas, que podem ser diretamente ou inversamente pois aumentando o número de peças cresce a necessidade de mais
proporcionais. dias de trabalho.
- Relacionando a demanda de costureiras com os dias de
Exemplo 1: Para fazer um bolo de limão utiliza-se 250 ml do produção, observa-se que aumentando a quantidade de peças
suco da fruta. Porém, foi feito uma encomenda de 6 bolos. Quantos o quadro de funcionárias também deveria aumentar. Ou seja, as
limões serão necessários? grandezas são inversamente proporcionais.
Após análises, organiza-se as informações em novas colunas:

Reparem que as grandezas são diretamente proporcionais, já


que o aumento no pedido de bolos pede uma maior quantidade 4/x = 160/300 . 6/8
de limões. Logo, o valor desconhecido é determinado pela 4/x = 960/2400
multiplicação cruzada: 960x = 2400 . 4

x = 250 . 6 960x = 9600


x = 1500 ml de suco
Exemplo 2: Um carro com velocidade de 120 km/h percorre um x = 9600/960
trajeto em 1 hora. Se a velocidade for reduzida para 70 km/h, em x = 10 dias
quanto tempo o veículo fará o mesmo percurso?
MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, MASSA E
TEMPO

As unidades de medida são modelos estabelecidos para medir


diferentes grandezas, tais como comprimento, capacidade, massa,
tempo e volume8.
Observa-se que neste exemplo teremos uma regra de três
simples inversa, uma vez que ao diminuirmos a velocidade do O Sistema Internacional de Unidades (SI) define a unidade
ônibus, o tempo de deslocamento irá aumentar. Então, pela regra, padrão de cada grandeza. Baseado no sistema métrico decimal, o SI
uma das razões deverá ser invertida e transformada em direta. surgiu da necessidade de uniformizar as unidades que são utilizadas
na maior parte dos países.

— Medidas de Comprimento
Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a
jarda, a polegada e o pé.

70x = 120 . 2 No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m).


Atualmente ele é definido como o comprimento da distância
70x = 240 percorrida pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de
1/299.792.458 de um segundo.
x = 240/70
x = 3,4 h Assim, são múltiplos do metro: quilômetro (km), hectômetro
Regra de Três Composta (hm) e decâmetro (dam)9.
A regra de três composta é a razão e proporção entre três ou Enquanto são submúltiplos do metro: decímetro (dm),
mais grandezas diretamente ou inversamente proporcionais, ou centímetro (cm) e milímetro (mm).
seja, as relações que aparecem em mais de duas colunas.
Os múltiplos do metro são as grandes distâncias. Eles são
Exemplo: Uma loja demora 4 dias para produzir 160 peças chamados de múltiplos porque resultam de uma multiplicação que
de roupas com 8 costureiras. Caso 6 funcionárias estiverem tem como referência o metro.
trabalhando, quantos dias levará para a produção de 300 peças?
Os submúltiplos, ao contrário, como pequenas distâncias,
resultam de uma divisão que tem igualmente como referência o
metro. Eles aparecem do lado direito na tabela acima, cujo centro é
a nossa medida base - o metro.

Inicialmente, deve-se analisar cada grandeza em relação ao


valor desconhecido, isto é:
8 https://www.todamateria.com.br/unidades-de-medida/
9 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-comprimento/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

— Medidas de Capacidade
As medidas de capacidade representam as unidades usadas para definir o volume no interior de um recipiente10. A principal unidade
de medida da capacidade é o litro (L).

O litro representa a capacidade de um cubo de aresta igual a 1 dm. Como o volume de um cubo é igual a medida da aresta elevada ao
cubo, temos então a seguinte relação:

1 L = 1 dm³

Mudança de Unidades
O litro é a unidade fundamental de capacidade. Entretanto, também é usado o quilolitro(kL), hectolitro(hL) e decalitro que são seus
múltiplos e o decilitro, centilitro e o mililitro que são os submúltiplos.

Como o sistema padrão de capacidade é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-se ou
dividindo-se por 10.

Para transformar de uma unidade de capacidade para outra, podemos utilizar a tabela abaixo:

Exemplo: fazendo as seguintes transformações:

a) 30 mL em L
Observando a tabela acima, identificamos que para transformar de ml para L devemos dividir o número três vezes por 10, que é o
mesmo que dividir por 1000. Assim, temos:

30 : 1000 = 0,03 L

Note que dividir por 1000 é o mesmo que “andar” com a vírgula três casa diminuindo o número.

b) 5 daL em dL
Seguindo o mesmo raciocínio anterior, identificamos que para converter de decalitro para decilitro devemos multiplicar duas vezes
por 10, ou seja, multiplicar por 100.

5 . 100 = 500 dL
c) 400 cL em L
Para passar de centilitro para litro, vamos dividir o número duas vezes por 10, isto é, dividir por 100:

400 : 100 = 4 L

Medida de Volume
As medidas de volume representam o espaço ocupado por um corpo. Desta forma, podemos muitas vezes conhecer a capacidade de
um determinado corpo conhecendo seu volume.

A unidade de medida padrão de volume é o metro cúbico (m³), sendo ainda utilizados seus múltiplos (km³, hm³ e dam³) e submúltiplos
(dm³, cm³ e mm³).

Em algumas situações é necessário transformar a unidade de medida de volume para uma unidade de medida de capacidade ou vice-
versa. Nestes casos, podemos utilizar as seguintes relações:

1 m³ = 1 000 L
10 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-capacidade/

107
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
1 dm³ = 1 L
1 cm³ = 1 mL
Exemplo: Um tanque tem a forma de um paralelepípedo retângulo com as seguintes dimensões: 1,80 m de comprimento, 0,90 m de
largura e 0,50 m de altura. A capacidade desse tanque, em litros, é:
A) 0,81
B) 810
C) 3,2
D) 3200
Para começar, vamos calcular o volume do tanque, e para isso, devemos multiplicar suas dimensões:

V = 1,80 . 0,90 . 0,50 = 0,81 m³


Para transformar o valor encontrado em litros, podemos fazer a seguinte regra de três:

Assim, x = 0,81 . 1000 = 810 L.


Portanto, a resposta correta é a alternativa b.
Medidas de Massa
No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o quilograma (kg)11. Um cilindro de platina e irídio é usado como o padrão
universal do quilograma.
As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg), centigrama (cg) e miligrama
(mg).
São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada equivalente a 1000 kg.
• Unidades de medida de massa
As unidades do sistema métrico decimal de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg),
centigrama (cg), miligrama (mg).

Utilizando o grama como base, os múltiplos e submúltiplos das unidades de massa estão na tabela a seguir.

Além das unidades apresentadas existem outras como a tonelada, que é um múltiplo do grama, sendo que 1 tonelada equivale a 1
000 000 g ou 1 000 kg. Essa unidade é muito usada para indicar grandes massas.
A arroba é uma unidade de medida usada no Brasil, para determinar a massa dos rebanhos bovinos, suínos e de outros produtos. Uma
arroba equivale a 15 kg.
O quilate é uma unidade de massa, quando se refere a pedras preciosas. Neste caso 1 quilate vale 0,2 g.

— Conversão de unidades
Como o sistema padrão de medida de massa é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-
se ou dividindo-se por 1012.
Para transformar as unidades de massa, podemos utilizar a tabela abaixo:

11 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
12 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplos: Instrumentos de Medidas
Para medir o tempo utilizamos relógios que são dispositivos
a) Quantas gramas tem 1 kg?
que medem eventos que acontecem em intervalos regulares.
Para converter quilograma em grama basta consultar o quadro
acima. Observe que é necessário multiplicar por 10 três vezes. Os primeiros instrumentos usados para a medida do tempo
foram os relógios de Sol, que utilizavam a sombra projetada de um
1 kg → g
objeto para indicar as horas.
1 kg x 10 x 10 x 10 = 1 x 1000 = 1.000 g
Foram ainda utilizados relógios que empregavam escoamento
b) Quantos quilogramas tem em 3.000 g? de líquidos, areia, queima de fluidos e dispositivos mecânicos como
Para transformar grama em quilograma, vemos na tabela que os pêndulos para indicar intervalos de tempo.
devemos dividir o valor dado por 1.000. Isto é o mesmo que dividir
Outras Unidades de Medidas de Tempo
por 10, depois novamente por 10 e mais uma vez por 10.
O intervalo de tempo de uma rotação completa da terra
3.000 g → kg equivale a 24h, que representa 1 dia.
3.000 g : 10 : 10 : 10 = 3.000 : 1.000 = 3 kg
c) Transformando 350 g em mg. O mês é o intervalo de tempo correspondente a determinado
Para transformar de grama para miligrama devemos multiplicar número de dias. Os meses de abril, junho, setembro, novembro têm
o valor dado por 1.000 (10 x 10 x 10). 30 dias.

350 g → mg Já os meses de janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e


dezembro possuem 31 dias. O mês de fevereiro normalmente têm
350 x 10 x 10 x 10 = 350 x 1000 = 350.000 mg 28 dias. Contudo, de 4 em 4 anos ele têm 29 dias.

— Medidas de Tempo O ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa
Existem diversas unidades de medida de tempo, por exemplo ao redor do Sol. Normalmente, 1 ano corresponde a 365 dias, no
a hora, o dia, o mês, o ano, o século. No sistema internacional de entanto, de 4 em 4 anos o ano têm 366 dias (ano bissexto).
medidas a unidades de tempo é o segundo (s)13.
Na tabela abaixo relacionamos algumas dessas unidades:
Horas, Minutos e Segundos
Muitas vezes necessitamos transformar uma informação que
está, por exemplo, em minuto para segundos, ou em segundos para
hora.

Para tal, devemos sempre lembrar que 1 hora tem 60 minutos


e que 1 minuto equivale a 60 segundos. Desta forma, 1 hora
corresponde a 3.600 segundos.

Assim, para mudar de hora para minuto devemos multiplicar


por 60. Por exemplo, 3 horas equivalem a 180 minutos (3 . 60 =
180).

O diagrama abaixo apresenta a operação que devemos fazer


para passar de uma unidade para outra.

Tabela de Conversão de Medidas


O mesmo método pode ser utilizado para calcular várias
grandezas.

Primeiro, vamos desenhar uma tabela e colocar no seu centro


as unidades de medidas bases das grandezas que queremos
converter, por exemplo:
Em algumas áreas é necessário usar medidas com precisão Capacidade: litro (l)
maior que o segundo. Neste caso, usamos seus submúltiplos.
Comprimento: metro (m)
Assim, podemos indicar o tempo decorrido de um evento em
décimos, centésimos ou milésimos de segundos. Massa: grama (g)
Por exemplo, nas competições de natação o tempo de um Volume: metro cúbico (m3)
atleta é medido com precisão de centésimos de segundo.

13 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-tempo/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi e mili correspondem
respectivamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.

Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente a dez, cem e mil vezes a unidade
fundamental.

Exemplos:

a) Quantos mililitros correspondem 35 litros?


Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade. Lembrando que a medida pode
ser escrita como 35,0 litros. A virgula e o algarismo que está antes dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso
é o litro.

Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará sempre atrás dos algarismos que
estiver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.

Assim 35 litros correspondem a 35000 ml.

b) Transformando 700 gramas em quilogramas.


Lembrando que podemos escrever 700,0 g. Colocamos a vírgula e o 0 antes dela na unidade dada, neste caso g e os demais algarismos
nas casas anteriores.

Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilograma. A vírgula passa então para atrás
do algarismo que está na casa do quilograma.

Então 700 g corresponde a 0,7 kg.

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
• Gráfico de linha
COMPREENSÃO DE DADOS APRESENTADOS EM GRÁFICOS
E TABELAS É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados
ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que
— Gráficos pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo
Os gráficos são representações que facilitam a análise de das ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
dados, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se
realiza pesquisas estatísticas14. Eles trazem muito mais praticidade, Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de
principalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.
são números consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos
também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em
temporal. determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.

Elementos do Gráfico
Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em
consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade
de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja,
em um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações,
devemos colocar nele somente o necessário.

As informações em um gráfico devem estar dispostas de


maneira clara e verídica para que os resultados sejam dados de
modo coeso com a finalidade da pesquisa.”

Tipos de Gráficos
Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para
representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas
dimensões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-
los. A seguir, listamos alguns.
• Gráfico de Pontos
Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando
possuímos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela
absoluta ou relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar
os dados das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção
das distribuições desses dados. a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos
da empresa.
Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de
educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças. • Gráfico de Barras
Nessa coleta foi organizado o seguinte rol: Tem como objetivo comparar os dados de determinada
amostra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura
Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6} essa que deve ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto
Podemos organizar esses dados utilizando um Dotplot. maior a frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo.
Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objetivo
analisar o percentual de determinada população que acesse ou
tenha: internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou
tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um
gráfico como este:

Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência


de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a
quantidade total de dados coletados.

14 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
• Gráfico de Colunas
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quando
as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em branco no gráfico de barra.
Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.

• Gráfico de Setor
É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às
frequências dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a área do setor circular.
Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentando diferentes variáveis com frequências diversas para determinada
grandeza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação em candidatos em uma eleição.

• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que apresenta diversos retângulos justapostos (barras verticais)15.
Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas, entretanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.

15 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de gráficos.

— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.

Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informações em diversas áreas do conhecimento. Também são muito frequentes
em concursos e vestibulares.

PROBLEMAS DE CONTAGEM

A análise combinatória ou combinatória é a parte da Matemática que estuda métodos e técnicas que permitem resolver problemas
relacionados com contagem16.

Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise das possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto de
elementos.

— Princípio Fundamental da Contagem


O princípio fundamental da contagem, também chamado de princípio multiplicativo, postula que:

“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e independentes, de tal modo que as possibilidades da primeira etapa é x e as
possibilidades da segunda etapa é y, resulta no número total de possibilidades de o evento ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.
16 https://www.todamateria.com.br/analise-combinatoria/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica- 3! = 3.2.1 = 6.
se o número de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas. 7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5.040.
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3.628.800.
Exemplo: Uma lanchonete vende uma promoção de lanche
a um preço único. No lanche, estão incluídos um sanduíche, uma Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme
bebida e uma sobremesa. São oferecidas três opções de sanduíches: cresce o número. Então, frequentemente usamos simplificações
hambúrguer especial, sanduíche vegetariano e cachorro-quente para efetuar os cálculos de análise combinatória.
completo. Como opção de bebida pode-se escolher 2 tipos: suco
de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem quatro opções: — Arranjos
cupcake de cereja, cupcake de chocolate, cupcake de morango e Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da
cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de ordem e da natureza dos mesmos.
quantas maneiras um cliente pode escolher o seu lanche?
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p
Solução: Podemos começar a resolução do problema ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:
apresentado, construindo uma árvore de possibilidades, conforme
ilustrado abaixo:

Exemplo: Como exemplo de arranjo, podemos pensar na


votação para escolher um representante e um vice-representante
de uma turma, com 20 alunos. Sendo que o mais votado será o
representante e o segundo mais votado o vice-representante.

Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá


ser feita? Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que
altera o resultado.

Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar


quantos tipos diferentes de lanches podemos escolher. Assim, Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes.
identificamos que existem 24 combinações possíveis.
— Permutações
Podemos ainda resolver o problema usando o princípio
multiplicativo. Para saber quais as diferentes possibilidades de As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número
lanches, basta multiplicar o número de opções de sanduíches, de elementos (n) do agrupamento é igual ao número de elementos
bebidas e sobremesa. disponíveis.

Total de possibilidades: 3.2.4 = 24. Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando
o número de elementos é igual ao número de agrupamentos.
Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher Desta maneira, o denominador na fórmula do arranjo é igual a 1
na promoção. na permutação.

— Tipos de Combinatória Assim a permutação é expressa pela fórmula:


O princípio fundamental da contagem pode ser usado
em grande parte dos problemas relacionados com contagem.
Entretanto, em algumas situações seu uso torna a resolução muito Exemplo: Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras
trabalhosa. diferentes 6 pessoas podem se sentar em um banco com 6 lugares.

Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número
problemas com determinadas características. Basicamente há três de lugares é igual ao número de pessoas, iremos usar a permutação:
tipos de agrupamentos: arranjos, combinações e permutações.

Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálculo,


precisamos definir uma ferramenta muito utilizada em problemas Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas se
de contagem, que é o fatorial. sentarem neste banco.

O fatorial de um número natural é definido como o produto — Combinações


deste número por todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo As combinações são subconjuntos em que a ordem dos
! para indicar o fatorial de um número. elementos não é importante, entretanto, são caracterizadas pela
natureza dos mesmos.
Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.
Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos
Exemplo: tomados p a p (p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:
0! = 1.
1! = 1.

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114
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Assim, existem 50 063 860 modos distintos de sair o resultado.
A probabilidade de acertarmos então será calculada como:

Exemplo: A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de


3 membros para formar uma comissão organizadora de um evento,
dentre as 10 pessoas que se candidataram. — Probabilidade
De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estuda
formada? experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível
analisar as chances de um determinado evento ocorrer17.
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem
dos elementos não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria, Quando calculamos a probabilidade, estamos associando
João e José é equivalente a escolher João, José e Maria. um grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de
experimentos, cujos resultados não podem ser determinados
antecipadamente. Probabilidade é a medida da chance de algo
acontecer.

Observe que para simplificar os cálculos, transformamos Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de
o fatorial de 10 em produto, mas conservamos o fatorial de 7, um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo
pois, desta forma, foi possível simplificar com o fatorial de 7 do de 1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência.
denominador.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão. comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos.
— Probabilidade e Análise Combinatória
— Experimento Aleatório
A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de
obter determinado resultado diante de um experimento aleatório. Um experimento aleatório é aquele que não é possível
São exemplos as chances de um número sair em um lançamento de conhecer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo.
dados ou a possibilidade de ganhar na loteria.
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas
A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão entre condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é
o número de eventos possíveis e número de eventos favoráveis, atribuída ao acaso.
sendo apresentada pela seguinte expressão:
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não
viciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de
massa) para o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza
qual das 6 faces estará voltada para cima.
Sendo: — Fórmula da Probabilidade
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A. Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de
n (A): número de resultados favoráveis. um evento são igualmente prováveis.
n (Ω): número total de resultados possíveis. Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer
Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, um determinado resultado através da divisão entre o número de
muitas vezes necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em eventos favoráveis e o número total de resultados possíveis:
análise combinatória.

Exemplo: Qual a probabilidade de um apostador ganhar o


prêmio máximo da Mega-Sena, fazendo uma aposta mínima, ou
seja, apostar exatamente nos seis números sorteados? Sendo:

Solução: Como vimos, a probabilidade é calculada pela razão P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A.
entre os casos favoráveis e os casos possíveis. Nesta situação, temos n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam
apenas um caso favorável, ou seja, apostar exatamente nos seis (evento A).
números sorteados. n(Ω): número total de casos possíveis.
Já o número de casos possíveis é calculado levando em O resultado calculado também é conhecido como probabilidade
consideração que serão sorteados, ao acaso, 6 números, não teórica.
importando a ordem, de um total de 60 números.
Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem,
Para fazer esse cálculo, usaremos a fórmula de combinação, basta multiplicar o resultado por 100.
conforme indicado abaixo:
Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade
de sair um número menor que 3?

17 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma Evento certo
chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a O conjunto do evento é igual ao espaço amostral.
fórmula da probabilidade.
Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser
Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1, sorteada ao acaso e ser mulher.
2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos: Evento Impossível
O conjunto do evento é vazio.

Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas


de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas.

O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois


todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número
maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é
20.
Para responder na forma de uma porcentagem, basta
multiplicar por 100. Evento Complementar
Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral,
sendo um evento complementar ao outro.
Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é
Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço
de 33%.
amostral é Ω = {cara, coroa}.
— Ponto Amostral
Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é
Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o
experimento aleatório. próprio espaço amostral.
Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e Evento Mutuamente Exclusivo
verificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e
Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum.
coroa. Cada resultado é um ponto amostral.
A intersecção entre os dois conjuntos é vazia.
— Espaço Amostral
Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes
Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral eventos são mutuamente exclusivos
corresponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou,
resultados possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório. A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}.
B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}.
Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho, — Probabilidade Condicional
o espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este
A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre
baralho.
eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstâncias,
Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a
dado, são as seis faces que o compõem: ocorrência do evento B.

Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por:


A quantidade de elementos em um conjunto chama-se
cardinalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto
entre parênteses.

Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento Onde o evento B não pode ser vazio.
lançar um dado é n(Ω) = 6.
Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encontro
— Espaço Amostral Equiprovável de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Brasil,
um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um
Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens
amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma
e mulheres.
probabilidade de ocorrência.
Como evento de probabilidade condicional, podemos associar
Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,
a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja
preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de
francesa (evento B).
ocorrência de cada uma ser sorteada?
Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser
Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma
mulher), apenas se for francesa (evento B).
chance de serem sorteadas.

— Tipos de Eventos
Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um
experimento aleatório.
116
116
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplo
NOÇÕES DE PROBABILIDADE Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
Experimento Aleatório seja vermelha.
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível, Solução
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento
de um dado.

Espaço Amostral São complementares.


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E.

No lançamento de um dado, observando a face voltada para


cima, tem-se: Adição de probabilidades
E={1,2,3,4,5,6} Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para vazio. Tem-se:
cima:
E={Ca,Co}
Evento
Exemplo
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
No lançamento de um dado, vimos que um número par ou menor que 5, na face superior?
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer Solução
um número par, tem-se {2,4,6}.
Exemplo E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
Sejam os eventos
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas A={2,4,6} n(A)=3
para cima em três lançamentos de uma moeda. B={1,2,3,4} n(B)=4
a) Quantos elementos tem o espaço amostral?
b) Descreva o espaço amostral.
Solução
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
há duas possibilidades.
2x2x2=8
b) Probabilidade Condicional
E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(C,R,R),(R,R,R)} É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
Probabilidade evento B, definido por:
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.

E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}
Eventos complementares
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.

Eventos Simultâneos
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos-
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:

Note que

117
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

GEOMETRIA BÁSICA: ÂNGULOS, TRIÂNGULOS, POLÍGO-


NOS, DISTÂNCIAS, PROPORCIONALIDADE, PERÍMETRO E
ÁREA. PLANO CARTESIANO: SISTEMA DE COORDENADAS,
DISTÂNCIA

A geometria é uma área da matemática que estuda as formas


geométricas desde comprimento, área e volume18. O vocábulo ge-
ometria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron”
(medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:

- Geometria Analítica;
- Geometria Plana;
- Geometria Espacial;
Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria
cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos
sistemas de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto
e a reta.

Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos


sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume,
a geometria espacial estuda as figuras geométricas que possuem
volume e mais de uma dimensão. — Lei dos Cossenos
A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de
— Geometria Plana triângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem conhecer o cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados
volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são (arestas) do triângulo.
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)19.
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o
perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os Para qualquer triângulo ABC, temos que:
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.

Algumas fórmulas de geometria plana:

— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente
matemática é o Teorema de Pitágoras.

Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma


dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é
igual ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).

Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²

— Lei dos Senos


Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para
triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para
facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos. — Relações Métricas do Triângulo Retângulo
As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmulas
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo. simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em que
o Teorema de Pitágoras é aplicável.
Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de
centro O e raio R, temos que: Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e
as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:

- Onde a é hipotenusa;
- b e c são catetos;
- m e n são projeções ortogonais;
- h é altura.

18 https://www.todamateria.com.br/matematica/geometria/#:~:text=A%20
geometria%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea,Geometria%20
Anal%C3%ADtica
19 https://bityli.com/BMvcWO

118
118
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Fórmulas Básicas de Geometria Plana


Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.

Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

119
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Fórmulas da Circunferência

Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:

Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.


Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²
— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.

120
120
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.

Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler

Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura espacial, utilize a Relação de Euler:

Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2
Fórmulas da Esfera

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.

Área lateral do cone: Š = π · R . g


Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

121
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Fórmulas do cilindro Para uma pirâmide regular reta, temos:

Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a


pirâmide.
Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas
triangulares.
Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL.

Volume (V): V = . AB . h.
E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da
pirâmide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral),
temos pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos.

Área da base de um cilindro: Ab = π · r². h² + r² = t²


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h. h² + a² = g²
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte
será 2r · h.
Fórmulas do Tetraedro Regular
Fórmulas do Prisma
Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas
bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma.

Diagonal de um paralelepípedo: . Altura da face =


Área total de um paralelepípedo:
. Altura do tetraedro =
Volume de um paralelepípedo: .
Área da face: AF =
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por
retângulos. Área total: AT =
Volume de um prisma:
Volume do tetraedro:
— Geometria Analítica
Fórmulas da Pirâmide Regular
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da
matemática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra
utiliza variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas
matemáticas.

Conhecer essa frente da matemática também é importante


para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em
um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x
e o eixo y informarem a velocidade e o tempo.

O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o


conceito de ponto e reta.

- Um ponto determina uma posição no espaço.


- Uma reta é um conjunto de pontos.

122
122
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
- Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões.
Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante para resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas também
para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta e plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.

Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano cartesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal) e
depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem o modelo A (xa,ya).

— Equação Fundamental da Reta


A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) e tem coeficiente angular m é:

y – y0 = m . (x – x0)
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
• Equação geral: ax + by + c = 0.

— Distância entre Dois Pontos


O ponto médio M do segmento de extremos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dado por:

A distância d entre os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dada por:

TRIGONOMETRIA
A trigonometria é a parte da matemática que estuda as relações existentes entre os lados e os ângulos dos triângulos20.

Ela é utilizada também em outras áreas de estudo como física, química, biologia, geografia, astronomia, medicina, engenharia etc.

— Funções Trigonométricas
As funções trigonométricas são as funções relacionadas aos triângulos retângulos, que possuem um ângulo de 90°. São elas: seno,
cosseno e tangente.

As funções trigonométricas estão baseadas nas razões existentes entre dois lados do triângulo em função de um ângulo.

Elas são formadas por dois catetos (oposto e adjacente) e a hipotenusa:

20 https://www.todamateria.com.br/trigonometria/

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Lê-se cateto oposto sobre a hipotenusa.

Lê-se cateto adjacente sobre a hipotenusa.

Lê-se cateto oposto sobre cateto adjacente.

Ângulos Notáveis
Os chamados ângulos notáveis são os que surgem com maior frequência nos estudos de razões trigonométricas21.

Veja a tabela abaixo com o valor dos ângulos de 30°; 45° e 60°:

— Círculo Trigonométrico
O círculo trigonométrico ou círculo unitário é usado no estudo das funções trigonométricas: seno, cosseno e tangente.

— Teoria Euclidiana
Alguns conceitos importantes da geometria euclidiana nos estudos da trigonometria são:

Lei dos Senos


A Lei dos Senos estabelece que num determinado triângulo, a razão entre o valor de um lado e o seno de seu ângulo oposto, será
sempre constante.

Dessa forma, para um triângulo ABC de lados a, b, c, a Lei dos Senos é representada pela seguinte fórmula:

21 https://www.todamateria.com.br/razoes-trigonometricas/

124
124
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Ele prova que no triângulo retângulo, composto por um ângulo
interno de 90° (ângulo reto), a soma dos quadrados de seus catetos
corresponde ao quadrado de sua hipotenusa:

Lei dos Cossenos


A Lei dos Cossenos estabelece que em qualquer triângulo, o
quadrado de um dos lados, corresponde à soma dos quadrados dos a² = b² + c²
outros dois lados, menos o dobro do produto desses dois lados pelo Sendo:
cosseno do ângulo entre eles.
a: hipotenusa;
Dessa maneira, sua fórmula é representada da seguinte b e c: catetos.
maneira:
Relações Fundamentais
A trigonometria ao longo dos anos foi se tornando mais
abrangente, não se restringindo apenas aos estudos dos triângulos22.

Dentro deste novo contexto, define-se o círculo unitário,


também chamado de circunferência trigonométrica. Ele é utilizado
para estudar as funções trigonométricas.

Circunferência Trigonométrica
A circunferência trigonométrica é uma circunferência orientada
de raio igual a 1 unidade de comprimento. Associamos a ela um
sistema de coordenadas cartesianas.
Lei das Tangentes
A Lei das Tangentes estabelece a relação entre as tangentes Os eixos cartesianos dividem a circunferência em 4 partes,
de dois ângulos de um triângulo e os comprimentos de seus lados chamadas de quadrantes. O sentido positivo é anti-horário,
opostos. conforme figura abaixo:
Dessa forma, para um triângulo ABC, de lados a, b, c, e ângulos
α, β e γ, opostos a estes três lados, têm-se a expressão:

Usando a circunferência trigonométrica, as razões que a


princípio foram definidas para ângulos agudos (menores que 90º),
passam a ser definidas para arcos maiores de 90º.
Teorema de Pitágoras
O Teorema de Pitágoras, criado pelo filósofo e matemático Para isso, associamos um ponto P, cuja abscissa é o cosseno de
grego, Pitágoras de Samos, (570 a.C. - 495 a.C.), é muito utilizado θ e cuja ordenada é o seno de θ.
nos estudos trigonométricos.

22 https://www.todamateria.com.br/relacoes-trigonometricas/

125
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Como todos os pontos da circunferência trigonométrica estão


a uma distância de 1 unidade da origem, podemos usar o teorema
de Pitágoras. O que resulta na seguinte relação trigonométrica
fundamental:

Podemos definir ainda a tg x, de um arco de medida x, no


círculo trigonométrico como sendo:
Figura do Círculo Trigonométrico dos ângulos expressos em
graus e radianos.
— Outras Relações Fundamentais Funções Periódicas
Cotangente do Arco de Medida x As funções periódicas são funções que possuem um
comportamento periódico. Ou seja, que ocorrem em determinados
intervalos de tempo.

Secante do Arco de Medida x O período corresponde ao menor intervalo de tempo em que


acontece a repetição de determinado fenômeno.

Uma função f: A → B é periódica se existir um número real


positivo p tal que
Cossecante do Arco de Medida x
f(x) = f (x+p), ∀ x ∈ A
O menor valor positivo de p é chamado de período de f.

— Funções Trigonométricas Note que as funções trigonométricas são exemplos de funções


periódicas visto que apresentam certos fenômenos periódicos.
As funções trigonométricas, também chamadas de funções
circulares, estão relacionadas com as demais voltas no ciclo Função Seno
trigonométrico23.
A função seno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela
As principais funções trigonométricas são: é expressa por:

- Função Seno; f(x) = sen x


- Função Cosseno; No círculo trigonométrico, o sinal da função seno é positivo
- Função Tangente. quando x pertence ao primeiro e segundo quadrantes. Já no terceiro
No círculo trigonométrico temos que cada número real está e quarto quadrantes, o sinal é negativo.
associado a um ponto da circunferência.

23 https://www.todamateria.com.br/funcoes-trigonometricas/

126
126
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
O domínio e o contradomínio da função cosseno são iguais a R.
Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(cos)=R.

Já o conjunto da imagem da função cosseno corresponde ao


intervalo real [-1, 1]: -1 < cos x < 1.

Em relação à simetria, a função cosseno é uma função par:


cos(-x) = cos(x).

O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva chamada


de cossenoide:

Além disso, no primeiro e quarto quadrantes a função f


é crescente. Já no segundo e terceiro quadrantes a função f é Função Tangente
decrescente. A função tangente é uma função periódica e seu período é π.
Ela é expressa por:
O domínio e o contradomínio da função seno são iguais a R.
Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(sen)=R. f(x) = tg x
No círculo trigonométrico, o sinal da função tangente é positiva
Já o conjunto da imagem da função seno corresponde ao
quando x pertence ao primeiro e terceiro quadrantes. Já no segundo
intervalo real [-1, 1]: -1 < sen x < 1.
e quarto quadrantes, o sinal é negativo.
Em relação à simetria, a função seno é uma função ímpar:
sen(-x) = -sen(x).

O gráfico da função seno f(x) = sen x é uma curva chamada de


senoide:

Função Cosseno
A função cosseno é uma função periódica e seu período é 2π.
Ela é expressa por:
Além disso, a função f definida por f(x) = tg x é sempre crescente
f(x) = cos x
em todos os quadrantes do círculo trigonométrico.
No círculo trigonométrico, o sinal da função cosseno é positivo
quando x pertence ao primeiro e quarto quadrantes. Já no segundo O domínio da função tangente é: Dom(tan)={x ∈ R│x ≠ de π/2 +
e terceiro quadrantes, o sinal é negativo. kπ; K ∈ Z}. Assim, não definimos tg x, se x = π/2 + kπ.

Já o conjunto da imagem da função tangente corresponde a R,


ou seja, o conjunto dos números reais.

Em relação à simetria, a função tangente é uma função ímpar:


tg(-x) = -tg(x).

O gráfico da função tangente f(x) = tg x é uma curva chamada


de tangentoide:

Além disso, no primeiro e segundo quadrantes a função


f é decrescente. Já no terceiro e quarto quadrantes a função f é
crescente.

127
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
(E) 6.
4.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO
ADMINISTRATIVO)
Em 18 horas, 2 servidores analisam 15 processos. Trabalhando
no mesmo ritmo, o número de servidores necessários para analisar
10 processos em 6 horas é igual a
Alternativas
(A) 4.
(B) 6.
(C) 5.
(D) 3.
(E) 7.
5.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO
ADMINISTRATIVO)
Considere que há três formas de Ana ir para o trabalho: de car-
ro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das vezes ela vai de carro, em
30% das vezes de ônibus e em 50% das vezes de bicicleta. Do total
das idas de carro, Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de
ônibus, chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicleta,
chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um determinado dia
Ana chegou atrasada ao trabalho, a probabilidade de ter ido de car-
ro é igual a
Alternativas
(A) 20%.
QUESTÕES (B) 40%.
(C) 60%.
(D) 50%.
1.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO (E) 30%.
ADMINISTRATIVO) 6.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO
O capital de R$ 10.000,00 foi aplicado por 6 meses, à taxa de ju- ADMINISTRATIVO)
ros compostos de 6% ao semestre, com juros capitalizados trimes- Em um argumento, as seguintes premissas são verdadeiras:
tralmente. Calcule o montante dessa aplicação. - Se o Brasil vencer o jogo, então a França não se classifica.
Alternativas - Se a França não se classificar, então a Itália se classifica.
(A) R$ 10.600,00 - Se a Itália se classificar, então a Polônia não se classifica.
(B) R$ 10.615,00 - A Polônia se classificou.
(C) R$ 10.620,00 Logo, pode-se afirmar corretamente que:
(D) R$ 10.612,00 Alternativas
(E) R$ 10.609,00 (A) a Itália e a França se classificaram.
2.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO (B) a Itália se classificou e o Brasil não venceu o jogo.
ADMINISTRATIVO) (C) a França se classificou ou o Brasil venceu o jogo.
Sejam ƒ( x ) = mx + 4 e g( x ) = 2x + 3n funções do primeiro grau. (D) a França se classificou e o Brasil venceu o jogo.
Calcule m + n, de modo que ƒ( 3) + g(3) = 22 . (E) a França se classificou se, e somente se, o Brasil venceu o
Alternativas jogo.
(A) 3 7.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO
(B) 5 ADMINISTRATIVO)
(C) 4 O lucro da empresa de Ana, Beto e Carina é dividido em partes
(D) 2 diretamente proporcionais aos capitais que eles empregaram. Sa-
(E) 6 bendo-se que o lucro de um determinado mês foi de 60 mil reais e
3.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO que os capitais empregados por Ana, Beto e Carina foram, respecti-
ADMINISTRATIVO) vamente, 40 mil reais, 50 mil reais e 30 mil reais, calcule a parte do
O desvio-padrão da amostra lucro que coube a Beto.
Alternativas
(A) 20 mil reais
(B) 15 mil reais
igual a (C) 23 mil reais
Alternativas (D) 25 mil reais
(A) 5. (E) 18 mil reais
(B) 3.
(C) 4.
(D) 2.

128
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
8.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO 13.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
ADMINISTRATIVO) RECEITA FEDERAL - )
Em uma progressão aritmética, tem-se a3 + a6 = 29 e a2 + a5 Considere a função bijetora f,deimagem-041.jpgem ima-
= 23. Calcule a soma dos 200 primeiros termos dessa progressão gem-042.jpg definida por f (x) = ( x2 - 1), se x ≥ 0 e f (x)= (x - 1), se
aritmética. x< 0, em queimagem-044.jpg é o conjunto de números reais. Então
Alternativas os valores da função inversa de f, quando x= -8 e x=8 são,respecti-
(A) 60.500 vamente, iguais a:
(B) 60.700 Alternativas
(C) 60.600 (A) -7 ; 3
(D) 60.400 (B) -7 ; -3
(E) 60.800 (C) 1/9 ; 1/63
(D) -1/9 ; -1/63
9.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO
(E) -63 ; 9
ADMINISTRATIVO)
Sabendo-se que log x representa o logaritmo de x na base 10, 14.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
calcule o valor da expressão log 20 + log 5. RECEITA FEDERAL - )
Alternativas Ana está realizando um teste e precisa resolver uma questão de
(A) 5 raciocínio lógico. No enunciado da questão, é afirmado que: “todo
(B) 4 X1 é Y. Todo X2, se não for X3, ou é X1 ou é X4. Após, sem sucesso,
(C) 1 tentar encontrar a alternativa correta, ela escuta alguém, acertada-
(D) 2 mente, afirmar que: não há X3 e não há X4 que não seja Y. Apartir
(E) 3 disso, Ana conclui,c orretamente, que
Alternativas
10.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - ASSISTENTE TÉCNICO
(A) todo Y é X2.
ADMINISTRATIVO)
(B) todo Y é X3 ou X4.
A negação da proposição “se Paulo trabalha oito horas por dia,
(C) algum X3 é X4.
então ele é servidor público” é logicamente equivalente à proposi-
(D) algum X1 é X3.
ção:
(E) todo X2 é Y.
Alternativas
(A) Paulo trabalha oito horas por dia ou é servidor público. 15.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
(B) Paulo trabalha oito horas por dia e não é servidor público. RECEITA FEDERAL - )
(C) Paulo trabalha oito horas por dia e é servidor público. Um polígono regular possui 48 diagonais que não passam pelo
(D) Se Paulo não trabalha oito horas por dia, então não é ser- seu centro. A partir desta informação, pode- se concluir que o nú-
vidor público. mero de lados desse polígono é igual a:
(E) Se Paulo é servidor público, então ele não trabalha oito ho- Alternativas
ras por dia. (A) 12
(B) 36
11.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
(C) 24
RECEITA FEDERAL - )
(D) 48
(E) 22
16.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
RECEITA FEDERAL - )
Se é verdade que alguns adultos são felizes e que nenhum alu-
no de matemática é feliz, então é necessariamente verdade que:
Alternativas
(A) algum adulto é aluno de matemática.
Alternativas
(B) nenhum adulto é aluno de matemática.
(A) 4; -2; -2; -2.
(C) algum adulto não é aluno de matemática.
(B) 4; -2; 2; -2.
(D) algum aluno de matemática é adulto.
(C) 4; 2; -2; -2.
(E) nenhum aluno de matemática é adulto.
(D) -4; -2; 2; -2.
(E) -4; -2; -2; -2. 17.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
RECEITA FEDERAL - )
12.(ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
Em um teste de hipóteses bilateral, com nível de significância
RECEITA FEDERAL - )
α, cujas estatísticas de teste calculadas e tabeladas são designadas
O cosseno de um ângulo x,com Π/ 2<x<Π, é igual a - 7 /25 .
por Tc e imagem-037.jpg ,respectivamente, pode-se afirmar que:
Desse mo do, a tangente de x /2 é igual a:
Alternativas
Alternativas
(A) -4/3 (A)
(B) 4/3
(C) -3/2 (B)
(D) 3/23 (C) a probabilidade de se rejeitar H0, sendo H0 verdadeira, é
(E) 1 igual α / 2.

129
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
(D) ocorre erro tipo I quando se aceita H0 e H0 é falsa.
14 E
(E) se α for igual a 5%, então a probabilidade de ocorrer erro
tipo II é 95% 15 A

18.(ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - ANALISTA TRIBUTÁRIO 16 C


DA RECEITA FEDERAL - ) 17 B
Em um tanque há 3 torneiras. A primeira enche o tanque em 18 B
5 horas, a segunda, em 8 horas, já a terceira o esvazia em 4 horas.
Abrindo-se as 3 torneiras ao mesmo tempo e estando o tanque va- 19 E
zio, em quanto tempo o tanque ficará cheio? 20 E
Alternativas
(A) 10 horas e 40 minutos
(B) 13 horas e 20 minutos
(C) 14 horas e 30 minutos
ANOTAÇÕES
(D) 11 horas e 50 minutos ______________________________________________________
(E) 12 horas e 10 minutos
______________________________________________________
19.(ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - ANALISTA TRIBUTÁRIO
DA RECEITA FEDERAL - ) ______________________________________________________
Para construir 120 m2 de um muro em 2 dias, são necessários
6 pedreiros. Trabalhando no mesmo ritmo, o número de pedreiros ______________________________________________________
necessários para construir 210 m2 desse mesmo muro em 3 dias é
igual a ______________________________________________________
Alternativas ______________________________________________________
(A) 2.
(B) 4. ______________________________________________________
(C) 3.
(D) 5. ______________________________________________________
(E) 7.
______________________________________________________
20.(ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - ANALISTA TRIBUTÁRIO
DA RECEITA FEDERAL - ) ______________________________________________________
Um título de R$ 20.000,00 foi descontado 4 meses antes do seu
vencimento, a uma taxa de desconto comercial simples de 5% ao ______________________________________________________
mês. A taxa efetiva mensal de juros simples dessa operação é igual a
______________________________________________________
Alternativas
(A) 6,50%. _____________________________________________________
(B) 5,50%.
(C) 5,25%. _____________________________________________________
(D) 6,00%.
(E) 6,25%. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 E
2 C ______________________________________________________
3 B ______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 E
6 C ______________________________________________________

7 D ______________________________________________________
8 A ______________________________________________________
9 D
______________________________________________________
10 B
11 C ______________________________________________________
12 B ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________

130
130
ESTATÍSTICA

População e amostra
ESTATÍSTICA DESCRITIVA

ESTATÍSTICA DESCRITIVA

O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-


racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
e resumos numéricos.

A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de


apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas
População: é o conjunto de todas as unidades sobre as quais
que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza.
há o interesse de investigar uma ou mais características.
Estatística descritiva (Dedutiva)
Variáveis e suas classificações
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize-
e resumos numéricos. Fazemos uso de:
mos que estamos qualificando.
Tabelas de frequência - Ao dispor de uma lista volumosa de
Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme-
dados, as tabelas de frequência servem para agrupar informações
ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
de modo que estas possam ser analisadas. As tabelas podem ser de
quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites
frequência simples ou de frequência em faixa de valores.
recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode
assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
Gráficos - O objetivo da representação gráfica é dirigir a aten-
nome de variável discreta.
ção do analista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Al-
guns exemplos de gráficos são: diagrama de barras, diagrama em
Fases do método estatístico
setores, histograma, boxplot, ramo-e-folhas, diagrama de disper-
são, gráfico sequencial. - Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida
determinação das características mensuráveis do fenômeno que se
Resumos numéricos - Por meio de medidas ou resumos numé-
quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá-
ricos podemos levantar importantes informações sobre o conjunto
rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta.
de dados tais como: a tendência central, variabilidade, simetria, va-
lores extremos, valores discrepantes, etc. - Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos
devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas
Estatística inferencial (Indutiva)
e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou
de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A
Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar
crítica pode ser externa e interna.
conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe-
rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de:
- Apuração dos dados: soma e processamento dos dados obti-
dos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode ser
Estimação - A técnica de estimação consiste em utilizar um
manual, eletromecânica ou eletrônica.
conjunto de dados incompletos, ao qual iremos chamar de amos-
tra, e nele calcular estimativas de quantidades de interesse. Estas
- Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser
estimativas podem ser pontuais (representadas por um único valor)
apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando
ou intervalares.
mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento
estatístico.
Teste de Hipóteses - O fundamento do teste estatístico de hi-
póteses é levantar suposições acerca de uma quantidade não co-
nhecida e utilizar, também, dados incompletos para criar uma regra
de escolha.

Editora
131
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
- Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística Des- Utilizando este procedimento, devemos tomar cuidado pois ao
critiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através dos contrário da tabela de frequência simples, não é mais possível re-
métodos da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por base produzir a lista de dados a partir da organização tabular. Em outras
a indução ou inferência, e tiramos desses resultados conclusões e palavras, estamos perdendo informação ao condensá-las.
previsões.
Exemplo: A tabela traz dados sobre as horas semanais de ativi-
Censo dades físicas dos 50 estudantes que participaram do levantamento
sobre hábitos de lazer.
É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos
os componentes da população.
Principais propriedades:
- Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade;
- É caro;
- É lento;
- É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em pe-
ríodos de anos 10 em 10 anos);
- Nem sempre é viável.
Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não or-
ganizados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno
coletivo.
O resumo da tabela é feito mediante a construção de 6 inter-
Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos. valos de comprimento igual a 2 horas e posteriormente a contagem
de indivíduos com valores identificados ao intervalo. Um indivíduo
Tabelas de frequência que gastou 6 horas semanais de exercício será contado no quarto
intervalo (6|–8) que inclui o valor 6 e exclui o valor 8.
A partir dos dados brutos, podemos agrupar os valores de uma
variável quantitativa ou qualitativa e construir a chamada tabela de Para acharmos esses valores vamos fazer uso das seguintes in-
frequências. As tabelas de frequências podem ser simples ou por formações:
faixas de valores, dependendo da classificação da variável.
- Determinar a quantidade de classes(k)
Tabela de frequência simples

São adequadas para resumir observações de uma variável qua-


litativa ou quantitativa discreta, desde que esta apresente um con-
junto pequeno de diferentes valores. Exemplo:

- Calcular a amplitude das classes(h):

**Calcule a amplitude do conjunto de dados: L = xmáx–xmín

**Calcule a amplitude (largura) da classe: h = L / k

Arredonde convenientemente
A variável estado civil é qualitativa nominal e no levantamen-
to feito nos 385 indivíduos apareceram respostas que foram agru-
- Calcular os Limites das Classes
padas em 5 níveis (categorias) para esta variável: Solteiro, Casado,
Divorciado, Viúvo e Outro. A construção da tabela de frequência
simples, neste caso, resume os dados brutos pela contagem de ve-
zes (frequência absoluta) que uma determinada categoria foi ob-
servada.

Tabelas de frequências em faixas de valores


- Limite das classes
Para agrupar dados de uma variável quantitativa contínua ou
até mesmo uma variável quantitativa discreta com muitos valores Utilize a notação: [x,y) –intervalo de entre x (fechado) até y
diferentes, a tabela de frequências simples não é mais um méto- (aberto)
do de resumo, pois corremos o risco de praticamente reproduzir os
dados brutos. Frequentemente temos que “arredondar “a amplitude das
classes e, consequentemente, arredondar também os limites das
classes. Como sugestão, podemos tentar, se possível, um ajuste si-
métrico nos limites das classes das pontas nas quais, usualmente, a
quantidade de dados é menor.
Editora
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a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
- Ponto médio das classes

xk= (Lsuperior–Linferior) / 2

DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

Frequência absoluta e Histograma1

Quando trabalhamos com um grande quantitativo de dados,


passamos a trabalhar com os dados agrupados. Então fazemos uso
das tabelas de distribuição de frequência, entre outros recursos que
facilitarão a compreensão dos dados.
Quando os dados numéricos são organizados, eles geralmen-
Na distribuição de frequência listamos todos os valores coleta-
te são ordenados do menor para o maior, divididos em grupos de
dos, um em cada linha, marcam‐se as vezes em que eles aparecem,
tamanho razoável e, depois, são colocados em gráficos para que
incluindo as repetições, e conta‐se a quantidade de ocorrências de
se examine sua forma, ou distribuição. Este gráfico é chamado de
cada valor. Por este motivo, tabelas que apresentam valores e suas
Histograma. Um histograma é um gráfico de colunas juntas. Em um
ocorrências denominam‐se distribuição de frequências.
histograma não existem espaços entre as colunas adjacentes, como
O termo “frequência” indica o número de vezes que um dado ocorre em um gráfico de colunas. No exemplo, a escala horizontal
aparece numa observação estatística. Exemplo: (→) representa as notas e a escala vertical (↑) as frequências. Os
gráficos são a melhor forma de apresentação dos dados.
Um professor organizou os resultados obtidos em uma prova
com 25 alunos da seguinte forma: Em Estatística não trabalhamos somente com frequência ab-
soluta (f), mas também com outros tipos de frequências, que são:
frequência relativa (fr), frequência absoluta acumulada (Fa) e fre-
quência relativa cumulada (FRa).

Frequência Relativa fr (%)

Representado por fr(%), significa a relação existente entre a


frequência absoluta f e a soma das frequências ∑f. É a porcentagem
(%) do número de vezes que cada dado aparece em relação ao total.
Vamos organizá‐los de modo que a consulta a eles seja simplifi-
cada. Então, faremos a distribuição de frequência destas notas, por
meio da contagem de dados, que podemos chamar de frequência
de dados absolutos.

Frequência Absoluta Acumulada Fa

Representado por Fa, significa a soma das frequências absolu-


Esta forma de organizar dados é conhecida como distribuição tas até o elemento analisado.
de frequência, e o número de vezes que um dado aparece é chama-
do de frequência absoluta. O somatório SEMPRE é a quantidade de
dados apresentados, que neste é 25.

1 Associação Educacional Dom Bosco - Estatística e probabilidade -


Uanderson Rebula de Oliveira Frequência Relativa Acumulada FRa (%)
Editora
133
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Representado por FRa (%), significa a soma das frequências re- Montando a tabela de distribuição de frequência temos:
lativas fr(%) até o elemento analisado.

Observe que os valores ao lado, deverão coincidir.

Agrupamento em Classes

Em uma distribuição de frequência, ao se trabalhar com gran-


des conjuntos de dados e com valores dispersos, podemos agrupá-
-los em classes. Isso torna muito fácil a compreensão dos dados e
uma melhor visualização dos mesmos.

Se um conjunto de dados for muito disperso, uma representa-


ção melhor seria através do agrupamento dos dados com a cons-
trução de classes de frequência. Caso isso não ocorresse, a tabela
ficaria muito extensa.

Exemplo: Um radar instalado em uma rodovia registrou a velo-


cidade (em Km/h) de 40 veículos.

É fácil ver que a distribuição de frequências diretamente obtida


a partir desses dados é dada uma tabela razoavelmente extensa.

A distribuição em” classes” é como se fosse uma compressão


dos dados. Imagine se fizéssemos uma distribuição de frequência
de todas velocidades (de 70 a 128). A tabela ficaria imensa! Por este
motivo existe a distribuição de frequência com classes.

Como criar uma Distribuição de Frequência com classes

Partindo dos dados anteriores teremos:

- Calcule a quantidade de classes (i), pela raiz da quantidade de


dados. São 40 veículos. Então:

√40 = 6,3 ≈ i = 6 classes.

- Calcule a amplitude de classe (h) que é o tamanho da classe,


sendo:

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a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
O maior valor (128) e o Menor valor (70) são obtidos da lista dos registros das velocidades dos 40 veículos.

- Montar as classes a partir do Menor valor (70), somando com a amplitude de classe (10) até que se chegue na 6ª classe, assim:

Com isso termos os dados distribuídos da seguinte forma:

Tipos de intervalos de classe

No Brasil usa‐se o intervalo ├ (Resolução 866/66 do IBGE). Já na literatura estrangeira utiliza‐se comumente com intervalo fechado.

Conceitos importantes

Limites de classe ‐ São os valores extremos de cada classe. No exemplo 70 ├ 80, temos que o limite inferior é 70 e o limite superior 80.

Amplitude total da distribuição (AT) – É a diferença entre o limite superior da última classe e o limite inferior da primeira classe, no
exemplo 130 – 70 = 60.

Amplitude amostral (AA) – É a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo da amostra, no exemplo 128 – 70 = 58.

A seguir estão as distribuições de frequências absoluta f, relativa fr(%), absoluta acumulada Fa e relativa acumulada FRa(%), bem como
o Histograma desta distribuição.

Podemos representar os dados através de outras formas gráficas, vejamos:

Polígono de frequência – É um gráfico em linha que representa os pontos centrais dos intervalos de classe. Para construir este gráfi-
co, você deve calcular o ponto central de classe (xi), que é o ponto que divide o intervalo de classe em duas partes iguais. Por exemplo, a
velocidade dos veículos da 1ª classe pode ser representada por 70 + 80/2 = 75Km/h.

Editora
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a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
A construção de um polígono de frequências é muito simples. Primeiro, construímos um histograma; depois marcamos no “telhado”
de cada coluna o ponto central e unimos sequencialmente esses pontos.

Ogiva – Conhecida também por polígono de frequência acumulada. É um gráfico em linha que representa as frequências acumuladas
(Fa), levantada nos pontos correspondentes aos limites superiores dos intervalos de classe. Para construí‐la, você deve elaborar o histogra-
ma de frequência f em uma escala menor, considerando o último valor a frequência acumulada da última classe, no caso, 40.

Gráficos

O objetivo da representação gráfica é dirigir a atenção do analista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Alguns exemplos de
gráficos são: diagrama de barras, diagrama em setores, histograma, entre outros.

- Gráfico de Barras: Para construir um gráfico de barras, representamos os valores da variável no eixo das abscissas e suas as frequên-
cias ou porcentagens no eixo das ordenadas. Para cada valor da variável desenhamos uma barra com altura correspondendo à sua fre-
quência ou porcentagem. Este tipo de gráfico é interessante para as variáveis qualitativas ordinais ou quantitativas discretas, pois permite
investigar a presença de tendência nos dados. Exemplo:

- Diagrama Circular ou setores: Para construir um diagrama circular ou gráfico de pizza, repartimos um disco em setores circulares
correspondentes às porcentagens de cada valor (calculadas multiplicando-se a frequência relativa por 100). Este tipo de gráfico adapta-se
muito bem para as variáveis qualitativas nominais. Exemplo:

- Histograma: O histograma consiste em retângulos contíguos com base nas faixas de valores da variável e com área igual à frequência
relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada retângulo é denominada densidade de frequência ou simplesmente densidade
definida pelo quociente da área pela amplitude da faixa. Alguns autores utilizam a frequência absoluta ou a porcentagem na construção
do histograma, o que pode ocasionar distorções (e, consequentemente, más interpretações) quando amplitudes diferentes são utilizadas
nas faixas. Exemplo:

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a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Gráfico de Linha ou Sequência: Adequados para apresentar
observações medidas ao longo do tempo, enfatizando sua tendên-
cia ou periodicidade. Exemplo:

Polígono de Frequência: semelhante ao histograma, mas cons-


truído a partir dos pontos médios das classes. Exemplo:

Resumos numéricos
Gráfico de Ogiva: apresenta uma distribuição de frequências Por meio de medidas ou resumos numéricos podemos levantar
acumuladas, utiliza uma poligonal ascendente utilizando os pontos importantes informações sobre o conjunto de dados tais como: a
extremos. tendência central, variabilidade, simetria, valores extremos, valores
discrepantes, etc. Aqui serão apresentadas 3 classes de medidas:

• Tendência Central

• Dispersão (Variabilidade)

• Separatrizes

Tendência central

As medidas de tendência central indicam, em geral, um valor


central em torno do qual os dados estão distribuídos. Vejamos:

Média Aritmética

Ela se divide em:


- Pictogramas - Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo
número de elementos n.
Desenhos ilustrativos
Para o cálculo: Se x for a média aritmética dos elementos do
conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição:

- Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-


plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos. Para
o cálculo
- Cartograma: é uma representação sobre uma carta geográ-
fica. Este gráfico é empregado quando o objetivo é de figurar os
dados estatísticos diretamente relacionados com áreas geográficas
ou políticas.

Editora
137
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Vantagens: Moda

- No cálculo da média participam todos os valores observados. A moda, é o valor que aparece com maior frequência, ou seja,
- É uma medida de fácil interpretação e presta-se muito bem a podemos dizer que é o termo que está na “moda”.
tratamentos estatísticos adicionais.
- É uma medida que sempre existe e é rígida e unicamente de- Vantagens:
terminada.
- É um valor típico de um conjunto de dados, podendo substi- - É uma medida que têm existência real dentro do conjunto de
tuir todos os valores de um conjunto sem alterar o total. dados e em grande número de vezes.
- É o ponto de equilíbrio de uma distribuição, sendo tão mais - Não exige cálculo, apenas uma contagem.
eficiente quanto mais simétrica for a distribuição dos valores ao seu - Pode ser determinada também para variáveis qualitativas no-
redor. minais.
Desvantagem: Desvantagens:

- É uma medida altamente influenciada por valores discrepan- - É uma medida que não se presta a cálculos matemáticos.
tes (não resistente). - Deixa sem representação todos os valores do conjunto de da-
dos que não forem iguais a ela.
Mediana
Medidas de variação ou dispersão
A mediana observada mdobs é o valor central em um conjunto
de dados ordenados. Pela mediana o conjunto de dados é dividido As medidas de variação ou dispersão complementam as medi-
em duas partes iguais sendo metade dos valores abaixo da mediana das de localização ou tendência central, indicando quanto as obser-
e, a outra metade, acima. vações diferem entre si ou o grau de afastamento das observações
Vamos denominar mdobs o valor da mediana observado em um em relação à média.
conjunto de dados. Repare que para encontrar um número que divi-
da os n dados ordenados em duas partes iguais devem ser adotados As medidas de variação mais utilizadas são: a amplitude total, a
dois procedimentos: variância, o desvio padrão e o coeficiente de variação.

Amplitude total

A amplitude total, denotada por at, fornece uma ideia de varia-


ção e consiste na diferença entre o maior valor e o menor valor de
um conjunto de dados. Assim, temos:

at = ES - EI

1) Para um conjunto com um número n (ímpar) de observa- onde:


ções, a mediana é o valor na posição n+1/2.
ES: extremo superior do conjunto de dados ordenado;
2) Para um conjunto com um número n (par) de observações
a mediana é a media aritmética dos valores nas posições n/2 e n/2 EI: extremo inferior do conjunto de dados ordenado.
+ 1.
A amplitude total é uma medida pouco precisa, uma vez que
Vantagens: utiliza apenas os dois valores mais extremos de um conjunto de da-
dos. Também por esta razão é extremamente influenciada por valo-
- Define exatamente o centro de uma distribuição, mesmo res discrepantes. É utilizada quando apenas uma ideia rudimentar
quando os valores se distribuem assimetricamente em torno da da variabilidade dos dados é suficiente.
média.
- Pode ser determinada mesmo quando não se conhece todos Variância
os valores do conjunto de dados.
- É uma medida que sempre existe e é única. A variância, denotada por s² , é a medida de dispersão mais
- Esta medida pode ser utilizada para definir o meio de um nú- utilizada, seja pela sua facilidade de compreensão e cálculo, seja
mero de objetos, propriedades ou qualidades que possam de algu- pela possibilidade de emprego na inferência estatística. A variância
ma forma ser ordenados. é definida como sendo a média dos quadrados dos desvios em rela-
- É uma medida resistente, ou seja, não sofre influência de va- ção à média aritmética. Assim, temos:
lores discrepantes.

Desvantagem:

- É uma medida que não se presta a cálculos matemáticos.


onde:

n −1: é o número de graus de liberdade ou desvios indepen-


dentes.

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138
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
A utilização do denominador n −1, em vez de n, tem duas ra- Separatrizes
zões fundamentais:
As medidas separatrizes delimitam proporções de observações
de uma variável ordinal. Elas estabelecem limites para uma deter-
minada proporção 0≤p≤1 de observações. São medidas intuitivas,
de fácil compreensão e frequentemente resistentes.
Propriedades matemáticas da variância Como a mediana divide o conjunto em duas metades, é razoá-
vel pensar numa medida separatriz que efetue uma divisão adicio-
1ª propriedade: A variância de um conjunto de dados que não
nal: dividir cada metade em duas metades. Essas medidas separa-
varia, ou seja, cujos valores são uma constante, é zero.
trizes são denominadas quartis.

Quartis

Os quartis, representados por Qi, onde i = 1, 2 e 3, são três


medidas que dividem um conjunto de dados ordenado em quatro
2ª propriedade: Se somarmos uma constante c a todos os va- partes iguais. São elas:
lores de um conjunto de dados, a variância destes dados não se − Primeiro quartil (Q1): 25% dos valores ficam abaixo e 75%
altera. ficam acima desta medida.
− Segundo quartil (Q2): 50% dos valores ficam abaixo e 50%
ficam acima desta medida. O segundo quartil de um conjunto de
dados corresponde à mediana (Q2 = Md).
− Terceiro quartil (Q3): 75% dos valores ficam abaixo e 25% fi-
cam acima desta medida.
3ª propriedade: Se multiplicarmos todos os valores de um con-
junto de dados por uma constante c, a variância destes dados fica Observa-se facilmente que o primeiro quartil é o percentil 0,25,
multiplicada pelo quadrado desta constante. a mediana é o percentil 0,5 e o terceiro quartil é o percentil 0,75.
O processo para obtenção dos quartis, da mesma forma que o da
mediana, consiste em, primeiramente, ordenar os dados e, em se-
guida, determinar a posição (p) do quartil no conjunto de dados
ordenado.
Desvantagens da variância:

− Como a variância é calculada a partir da média, é uma medida


pouco resistente, ou seja, muito influenciada por valores discrepan- MÉDIA, MODA, MEDIANA E DESVIO PADRÃO
tes.
Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se
− Como a unidade de medida fica elevada ao quadrado, a inter-
obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos
pretação da variância se torna mais difícil.
do conjunto.
Desvio Padrão Representemos a média aritmética por .
A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na
O desvio padrão, denotado por s, surge para solucionar o pro- pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritméti-
blema de interpretação da variância e é definido como a raiz qua- ca para variáveis quantitativas.
drada positiva da variância. Assim, temos: Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferen-
tes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil estabe-
lecer uma comparação entre esses grupos e perceber tendências.
Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos
jogadores é:
1,85 + 1,85 + 1,95 + 1,98 + 1,98 + 1,98 + 2,01 + 2,01+2,07+2,07
Coeficiente de Variação +2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0
O coeficiente de variação, denotado por CV, é a medida mais Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte-
utilizada quando existe interesse em comparar variabilidades de di- remos a média aritmética das alturas:
ferentes conjuntos de dados. Embora esta comparação possa ser
feita através de outras medidas de variação, nas situações em que
as médias dos conjuntos comparados são muito desiguais ou as uni-
dades de medida são diferentes, devemos utilizar o CV. A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.
O coeficiente de variação é definido como a proporção da mé- Média Ponderada
dia representada pelo desvio padrão e dado por: A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi-
ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama-
da média aritmética ponderada.

Editora
139
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Mediana (Md)
Sejam os valores escritos em rol: x1 , x2 , x3 , ... xn
Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo xi tal que o núme-
ro de termos da sequência que precedem xi é igual ao número de Exemplo 1:
termos que o sucedem, isto é, xi é termo médio da sequência (xn) Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o se-
em rol. guinte desempenho, descrito na tabela abaixo:

Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit- JOGO NÚMERO DE PONTOS
mética entre os termos xj e xj +1, tais que o número de termos que 1 22
precedem xj é igual ao número de termos que sucedem xj +1, isto é, a
2 18
mediana é a média aritmética entre os termos centrais da sequên-
cia (xn) em rol. 3 13
Exemplo 1: 4 24
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23} 5 26
Solução: 6 20
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10,
12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12 7 19
Resposta: Md=12. 8 18
Exemplo 2:
Determinar a mediana do conjunto de dados: a) Qual a média de pontos por jogo?
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}. b) Qual a variância do conjunto de pontos?
Solução: Solução:
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se: a) A média de pontos por jogo é:
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética
entre os dois termos centrais do rol.
Logo:

Resposta: Md=15 b) A variância é:


Moda (Mo)
Num conjunto de números: x1 , x2 , x3 , ... xn, chama-se moda
aquele valor que ocorre com maior frequência.
Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.
Exemplo 1:
O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8, Desvio médio
isto é, Mo=8. Definição
Exemplo 2:
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma se-
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.
quência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada
Medidas de dispersão
elemento da amostra e seu valor médio.
Duas distribuições de frequência com medidas de tendência
central semelhantes podem apresentar características diversas.
Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o
grau de dispersão ou variação dos dados em torno da média ou de
qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados Desvio padrão
medidas de dispersão. Definição
Variância Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua mé-
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um dia aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indica-se
conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é por , o número:
chamado de variância. Esse índice é assim definido:
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua
média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se
por , o número:
Isto é:

Isto é:

Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são:
E para amostra 2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
a) A estatura média desses jogadores.
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas.

Editora
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a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Solução: Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, to-
Sendo a estatura média, temos: dos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

Atenção!!!

As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou re-


presentadas em porcentagem.
Sendo o desvio padrão, tem-se:
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:

p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%

p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo: (Pref. Niterói – Agente Fazendário – FGV) O quadro


PROBABILIDADE E DISTRIBUIÇÕES DE PROBABILIDADE a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa
repartição pública:

A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de Faixa de idades (anos) Número de funcionários
ocorrência de um número em um experimento aleatório.
20 ou menos 2
Elementos da teoria das probabilidades
De 21 a 30 8
- Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resul-
tados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições se- De 31 a 40 12
jam semelhantes.
De 41 a 50 14
- Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados pos-
síveis de um experimento aleatório. Mais de 50 4

- Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade
seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amos- de que ele tenha mais de 40 anos é:
tral.
(A) 30%;

(B) 35%;

(C) 40%;

(D) 45%;

(E) 55%.

Resolução:
Experimento composto O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simulta-
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 =
neamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o
18
número de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos
Logo a probabilidade é:
números de elementos dos espaços amostrais de cada experimen-
Resposta: D.
to.
Probabilidade da união de eventos
n(U) = n(U1).n(U2)
Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos
Probabilidade de um evento
a seguinte expressão:
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos
que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento
E, com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o
evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,

n(E) = número de elementos do evento E. Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B
= Ø, utilizamos a seguinte equação:
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.
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141
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre-
rem três faces 6?
Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6
Probabilidade de um evento complementar
Axiomas
É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e
Na matemática, um axioma é uma hipótese inicial de qual
de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.
outros enunciados são logicamente derivados. Pode ser uma sen-
tença, uma proposição, um enunciado ou uma regra que permite
a construção de um sistema formal. Diferentemente de teoremas,
axiomas não podem ser derivados por princípios de dedução e nem
são demonstráveis por derivações formais, simplesmente porque
Probabilidade condicional eles são hipóteses iniciais. Isto é, não há mais nada a partir do que
eles seguem logicamente (em caso contrário eles seriam chamados
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, teoremas). Em muitos contextos, “axioma”, “postulado” e “hipóte-
dizemos que se trata de uma probabilidade condicional. se” são usados como sinônimos. Como foi visto na definição, um
axioma não é necessariamente uma verdade auto evidente, mas
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ apenas uma expressão lógica formal usada em uma dedução, vi-
0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade sando obter resultados mais facilmente. Axiomatizar um sistema é
de ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai mostrar que suas inferências podem ser derivadas a partir de um
ocorrer o evento B, ou seja: pequeno e bem-definido conjunto de sentenças. Isto não signifi-
ca que elas possam ser conhecidas independentemente, e tipica-
Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” mente existem múltiplos meios para axiomatizar um dado sistema
ou “sabendo que” a probabilidade de B. (como a aritmética). A matemática distingue dois tipos de axiomas:
axiomas lógicos e axiomas não-lógicos.
- Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para
se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou Distribuições
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade
de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, A distribuição da probabilidade é uma função que determina
sabendo que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo: probabilidades para eventos ou proposições. Para qualquer conjun-
to de eventos ou proposições existem muitas maneiras de determi-
- Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de nar probabilidades, de forma que a escolha de uma ou outra distri-
um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou buição é equivalente a criar diferentes hipóteses sobre os eventos
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos: ou proposições em questão. Há várias formas equivalentes de se
especificar uma distribuição de probabilidade. Talvez a mais comum
P (A ∩ B) = P(A). P(B)
é especificar uma função densidade da probabilidade. Daí, a proba-
bilidade de um evento ou proposição é obtida pela integração da
Lei Binomial de probabilidade
função densidade.
A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:
A função distribuição pode ser também especificada direta-
mente. Em uma dimensão, a função distribuição é chamada de
função distribuição cumulativa. As distribuições de probabilidade
também podem ser especificadas via momentos ou por funções ca-
racterísticas, ou por outras formas. Uma distribuição é chamada de
distribuição discreta se for definida em um conjunto contável e dis-
Sendo: creto, tal como o subconjunto dos números inteiros; ou é chamada
n: número de tentativas independentes; de distribuição contínua se tiver uma função distribuição contínua,
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento tal como uma função polinomial ou exponencial. A maior parte das
(sucesso); distribuições de importância prática são ou discretas ou contínuas,
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p porém há exemplos de distribuições que não são de nenhum desses
k: número de sucessos. tipos.
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
- O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as Dentre as distribuições discretas importantes, pode-se citar a
n vezes. distribuição uniforme discreta, a distribuição de Poisson, a distri-
- Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e . buição binomial, a distribuição binomial negativa e a distribuição
- A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes. de Maxwell-Boltzmann. Dentre as distribuições contínuas, a distri-
- Cada experimento é independente dos demais. buição normal, a distribuição gama, a distribuição t de Student e a
distribuição exponencial.
Exemplo:

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142
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Distribuição Binomial

Em teoria das probabilidades e estatística, a distribuição bino-


mial é a distribuição de probabilidade discreta do número de suces-
sos numa sequência de n tentativas tais que as tentativas são inde- Assim, a resposta é:
pendentes; cada tentativa resulta apenas em duas possibilidades,
sucesso ou fracasso (a que se chama de tentativa de Bernoulli); a
probabilidade de cada tentativa, p, permanece constante.

Função de probabilidade: Se a variável aleatória X que contém


Valor esperado e variância: Se a X ~ B(n, p) (isto é, X é uma
o número de tentativas que resultam em sucesso tem uma distri-
variável aleatória binomialmente distribuida), então o valor espe-
buição binomial com parâmetros n e p escrevemos X ~ B(n, p). A
rado de X é
probabilidade de ter exatamente k sucessos é dado pela função de
probabilidade:

e a variância é

para e onde é uma combinação. Exemplo: Seja X uma variável aleatória que contém o número
Através do desenvolvimento do binômio e algumas operações de caras saídas em 12 lançamentos de uma moeda honesta. A pro-
com expoentes e fatoriais, é possível demonstrar que: babilidade de sair 5 caras em 12 lançamentos, P(X=5), é dada por:

Exemplo: Três dados comuns e honestos serão lançados. A pro-


babilidade de que o número 6 seja obtido mais de uma vez é: A
probabilidade de que seja obtido 2 vezes mais a probabilidade de Distribuição Normal
que seja obtido 3 vezes. Usando a distribuição binomial de proba-
bilidade: A distribuição normal é uma das mais importantes distribui-
ções da estatística, conhecida também como Distribuição de Gauss
Acha-se a probabilidade de que seja obtido 2 vezes: ou Gaussiana. Foi primeiramente introduzida pelo matemático
Abraham de Moivre. Além de descrever uma série de fenômenos
físicos e financeiros, possui grande uso na estatística inferencial. É
inteiramente descrita por seus parâmetros de média e desvio pa-
drão, ou seja, conhecendo-se estes consegue-se determinar qual-
quer probabilidade em uma distribuição Normal.

Um interessante uso da Distribuição Normal é que ela serve


de aproximação para o cálculo de outras distribuições quando o
número de observações fica grande. Essa importante proprieda-
de provém do Teorema do Limite Central que diz que “toda soma
de variáveis aleatórias independentes de média finita e variância
limitada é aproximadamente Normal, desde que o número de ter-
mos da soma seja suficientemente grande” (ver o teorema para um
enunciado mais preciso).

Agora a probabilidade de que seja obtido 3 vezes: A distribuição normal foi introduzida pela primeira vez por
Abraham de Moivre em um artigo no ano 1733, que foi reprodu-
zido na segunda edição de seu The Doctrine of Chances (1738) no
contexto da aproximação de distribuições binomiais para grandes
valores de n. Seu resultado foi estendido por Laplace, em seu livro
Analytical Theory of Probabilities (1812), e agora é chamado o teo-
rema de Moivre-Laplace.

Laplace usou a distribuição normal na análise de erros de ex-


perimentos. O importante método dos mínimos quadrados foi in-
troduzido por Legendre, em 1805. Gauss, que alegou ter usado o
método desde 1794, justifica-o rigorosamente em 1809 assumindo
uma distribuição normal para os erros. O fato de muitas vezes esta
distribuição ser chamado de distribuição gaussiana pode ser um
exemplo de Stigler’s Law.
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143
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
O nome “curva em forma de sino” ou “curva de sino” remonta a
Esprit Jouffret que primeiro utilizou o termo “superfície de sino” em INFERÊNCIA: ESTIMAÇÃO PONTUAL E INTERVALAR E TES-
1872 para um normal bivariada com componentes independentes TES DE HIPÓTESES
(atentar que nem toda curva de sino é uma gaussiana). O nome
“distribuição normal”, foi inventado independentemente por Char- ESTIMAÇÃO PONTUAL
les S. Peirce, Francis Galton e Wilhelm Lexis, por volta de 1875.
Estimador pontual Θ^ : Função dos valores x1, x2, … , xn da
Função de densidade de probabilidade: A função densidade de amostra multidimensional X1,X2, … ,Xn que, se tiver um dado con-
probabilidade da distribuição normal com média e variância junto de propriedades, dá um valor aproximado Θ^ para um parâ-
(de forma equivalente, desvio padrão ) é assim definida, metro Θ da distribuição da população. Exemplos:

- A média amostral é um estimador da média populacional

- A variância amostral é um estimador da variância da popula-


Se a variável aleatória segue esta distribuição escreve-se: ção
~ . Se e , a distribuição é cha-
mada de distribuição normal padrão e a função de densidade de Parte superior do formulário
probabilidade reduz-se a,
Parte inferior do formulário

Propriedades Desejáveis dos Estimadores Pontuais

Estimador Não-enviesado (centrado/sem distorção): Enviesa-


Propriedades: Sejam a e b constantes conhecidas. mento do estimador Θ^ = E(Θ^) - Θ Quando o Enviesamento = 0 , o
estimador diz-se não-enviesado.
- Se X segue uma distribuição normal, ~ , en- - Média Amostral: E(X~) = E(X) = μX
tão ~ .
-
A média amostral é um estimador sempre não-enviesado do
- Se X e Y são variáveis aleatórias independentes que seguem valor esperado, qualquer que seja a distribuição populacional.
distribuição normal, então a soma U = X + Y, a diferença V = X - Y - Desvio Quadrático Médio Amostral (DQM) = (N-1)/M . σX2 ≠ σX2
ou qualquer combinação linear W = a X + b Y também são variáveis - O DQM é um estimador sempre enviesado, de enviesamento
aleatórias com distribuição normal. = - σ X2 / N
- Variância Amostral: S2 = 1/(N-1) . ∑ n=1 → N (Xn - X~)2 = N/(N-1) .
- É fácil construir exemplos de distribuições normais X e Y de- DQM = σX2
pendentes (mesmo com correlação zero) cuja soma X + Y não é - A variância amostral é um estimador sempre não-enviesado
normal. Por exemplo, seja X uma distribuição normal padrão (mé- da variância populacional, qualquer que seja a distribuição popu-
dia 0 e variância 1), então fixando-se um número real positivo a, lacional.
seja Ya definida como X sempre que |X| < a e -X sempre que |X| Estimador Eficiente
≥ a. Obviamente, Ya também é uma normal e X + Ya é uma variável
aleatória que nunca pode assumir valores de módulo acima de 2 - Um estimador é tanto “melhor” quanto menor for a sua va-
a (ou seja, não é normal). Quando a é muito pequeno, X e Y são riância.
praticamente opostas, e sua correlação é próxima de -1. Quando a - O estimador Θ^1 é melhor do que o estimador Θ^2
é muito grande, X e Y são praticamente idênticas, e sua correlação Exemplo:
é próxima de 1. Como a correlação entre X e Ya varia continuamente - Variância da média amostral = σX2
com a, existe um valor de a para o qual a correlação é zero.
-
Variância da mediana amostral = σX2 * π/2
A média amostral é um melhor estimador, pois tem a menor
- A soma de uma grande quantidade de variáveis aleatórias variância (é mais eficiente)
(com algumas restrições) tende a uma distribuição normal - o signi- - Eficiencia = E [ (Θ^ - Θ)2 ] = σΘ^2 + (EnviesamentoΘ^)2
ficado mais preciso disto é o Teorema do Limite Central.
Estimador Consistente
- A distribuição normal é infinitamente divisível, no seguinte
sentido: se X é uma variável aleatória que segue uma distribuição Um estimador diz-se consistente quando, para qualquer δ > 0
normal e n é um número natural, então existem n variáveis aletó- , limn→oo P[|Θ^ - Θ| < δ] = 1 ;isto é, quando a dimensão da amostra
tende para o infinito, o estimador consistente concentra se sobre o
rias , independentes e identicamente distri- seu alvo tomando o valor do parâmetro estimado.
buídas, tal que
Por outro lado, se uma das duas seguintes condições(condições
suficientes) se verificar, o estimador é consistente:

- limn→oo (μΘ^ - Θ) = 0 e limn→oo σΘ^2 = 0

- limn→oo E[(Θ^ - Θ)2] = 0

Existem dois tipos de estimativas que podemos obter a partir


de uma amostra aleatória:
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144
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Estimativa pontual: Fornecem como estimativa um único valor
numérico para o parâmetro de interesse
Para interpretar o intervalo de confiança da média, assumi-
Estimativa intervalar: Fornece um intervalo de valores “plausí- mos que os valores foram amostrados de forma  independente  e
veis” para o parâmetro de interesse. aleatória de um população com  distribuição normal  com  média 
 e variância  . Dado que estas suposições são válidas, temos 95%
Por serem variáveis aleatórias, os estimadores pontuais pos- de “chance” do intervalo conter o verdadeiro valor da média po-
suem uma distribuição de probabilidade (distribuições amostrais). pulacional. Em outras palavras, se produzirmos diversos intervalos
Com isso, podemos apresentar uma estimativa mais informativa de confiança provenientes de diferentes amostras independentes
para o parâmetro de interesse, que inclua uma medida de precisão de mesmo tamanho, podemos esperar que aproximadamente 95%
do valor obtido → estimativa intervalar ou intervalo de confiança. destes intervalos devem conter o verdadeiro valor da média popu-
lacional.
Os intervalos de confiança são obtidos a partir da distribuição
amostral de seus estimadores.

INTERVALO DE CONFIANÇA

Um intervalo de confiança (IC) é um intervalo estimado de um


parâmetro de interesse de uma população. Em vez de estimar o
parâmetro por um único valor, é dado um intervalo de estimativas
prováveis. O quanto estas estimativas são prováveis será determi-
nado pelo coeficiente de confiança  , para  .
Intervalos de confiança são usados para indicar a confiabili-
dade de uma estimativa. Por exemplo, um IC pode ser usado para
descrever o quanto os resultados de uma pesquisa são confiáveis. TESTES DE HIPÓTESES
Sendo todas as estimativas iguais, uma pesquisa que resulte num
IC pequeno é mais confiável do que uma que resulte num IC maior. As hipóteses a serem testadas, retirar as amostras das popu-
lações a serem estudadas, calcular as estatísticas delas e, por fim,
Se   e    são estatísticas (isto é, funções da amostra)
determinar o grau de aceitação de hipóteses baseadas na teoria
cuja distribuição de probabilidade dependa do parâmetro  , e 
de decisão, ou seja, se uma determinada hipótese será validada ou
não.
então o intervalo aleatório    é um intervalo de confiança Para decidir se uma hipótese é verdadeira ou falsa, ou seja, se
com nível    para  . Portanto, podemos interpretar ela deve ser aceita ou rejeitada, considerando uma determinada
o intervalo de confiança como um intervalo que contém os valores amostra, precisamos seguir uma série de passos:
“plausíveis” que o parâmetro   pode assumir. Assim, a amplitude
do intervalo está associada a incerteza que temos a respeito do 1) Definir a hipótese de igualdade (H0) e a hipótese alternativa
parâmetro. (H1) para tentar rejeitar H0 (possíveis erros associados à tomada
Considere    uma amostra aleatória retirada de decisão).
de uma população com distribuição   que depende do parâmetro 
2) Definir o nível de significância (α).
. Por exemplo, tomamos    uma amostra
aleatória com  distribuição normal  com  média    desconhecida e 3) Definir a distribuição amostral a ser utilizada.
desvio padrão conhecido  . Para propormos um intervalo de
confiança para o parâmetro  , vamos introduzir o conceito de quan- 4) Definir os limites da região de rejeição e aceitação.
tidade pivotal. Uma função    da amostra   e
do parâmetro   cuja distribuição de probabilidade não depende do 5) Calcular a estatística da distribuição escolhida a partir dos
parâmetro   é denominada quantidade pivotal. Desta forma, dado valores amostrais obtidos e tomar a decisão.
o nível de confiança  , tomamos 
1) Formular as hipóteses (Ho e H1).

Se a quantidade pivotal   for inversível, podemos resolver a Primeiramente, vamos estabelecer as hipóteses nula e alterna-
inequação acima em relação a   e obter um intervalo de confiança. tiva. Para exemplificar, você deve considerar um teste de hipótese
Motivação para uma média. Então, a hipótese de igualdade é chamada de hi-
pótese de nulidade ou Ho. Suponha que você queira testar a hipóte-
Suponha que queiramos estimar a média   de uma população se de que o tempo médio de ligações é igual a 50 segundos. Então,
com distribuição normal com variância   conhecida. O estimador esta hipótese será simbolizada da maneira apresentada a seguir:
de máxima verossimilhança  para a média populacional   é dado
pela média amostral   de uma amostra de tamanho  . Assim, te- Ho: μ = 50 (hipótese de nulidade)
mos a seguinte quantidade pivotal 
Esta hipótese, na maioria dos casos, será de igualdade. Se você

rejeitar esta hipótese, vai aceitar, neste caso, outra hipótese, que
chamamos de hipótese alternativa. Este tipo de hipótese é simbo-
lizado por H1 ou Ha.

Editora
145
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
2) Definir o nível de significância. Se o valor da estatística estiver na região crítica (de rejeição),
rejeitar Ho; caso contrário, aceitar H0. O esquema a seguir mostra
O nível de significância de um teste é dado pela probabilidade bem a situação de decisão.
de se cometer erro do tipo I (ocorre quando você rejeita a hipótese
Ho e esta hipótese é verdadeira). Com o valor desta probabilidade
fixada, você pode determinar o chamado valor crítico, que separa a
chamada região de rejeição da hipótese Ho da região de aceitação
da hipótese Ho.

3) Definir a distribuição amostral a ser utilizada.

A estatística a ser utilizada no teste, você definira em função


da distribuição amostral a qual os dados seguem. Se você fizer um
teste de hipótese para uma média ou diferença entre médias, utilize
a distribuição de Z ou t de Student. Outro exemplo é se você quiser Teste de hipótese para média populacional
comparar a variância de duas populações, então deverá trabalhar
com a distribuição F, ou seja, da razão de duas variâncias. Quando você retira uma amostra de uma população e calcu-
la a média desta amostra, é possível verificar se a afirmação sobre
4) Definir os limites da região de rejeição. a média populacional é verdadeira. Para tanto, basta verificar se a
estatística do teste estará na região de aceitação ou de rejeição da
Os limites entre as regiões de rejeição e aceitação da hipótese hipótese Ho. Aqui você tem três situações distintas:
Ho, você definirá em função do tipo de hipótese H1, do valor de
(nível de significância) e da distribuição amostral utilizada. Conside- 1ª) se o desvio-padrão da população é conhecido ou a amostra
rando um teste bilateral, você terá a região de aceitação (não-rejei- é considerada grande (n >30), a distribuição amostral a ser utilizada
ção) com uma probabilidade de 1- α e uma região de rejeição com será da Normal ou Z e a estatística-teste que você utilizará será:
probabilidade α (α/2 + α/2).

Onde x: média amostral; μ: média populacional; σ: desvio pa-


drão populacional e n: tamanho da amostra.

2ª) agora, se você não conhecer o desvio-padrão populacional


e a amostra for pequena, então, a distribuição amostral a ser utili-
zada será a t de Student, e a estatística teste será:

Através da amostra obtida, você deve calcular a estimativa que


servirá para aceitar ou rejeitar a hipótese nula.

5) Tomar a decisão. Onde x: média amostral; μ: média populacional; s: desvio-pa-


drão amostral e n: tamanho da amostra.
Para tomar a decisão, você deve calcular a estimativa do teste
estatístico que será utilizado para rejeitar ou não a hipótese Ho. A 1. Estabelecer as hipóteses:
estrutura deste cálculo para a média de forma generalista é dada
por: Fixamos H0: μ = μ0. Dependendo da informação que fornece o
problema que estivermos estudando, a hipótese alternativa pode
ter uma das três formas abaixo:

• H1: μ ≠ μ0 (teste bilateral);


Podemos exemplificar pela distribuição de Z, que será: • H1: μ > μ0 (teste unilateral à direita);

• H1: μ < μ0 (teste unilateral à esquerda).

2. Fixar o nível de significância α.

3. Determinar a região crítica.

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146
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
• Se o teste é bilateral, determina- 4. Calcular, sob a hipótese nula, o valor:
mos os pontos críticos e tais que
a partir da
distribuição t de Student com n-1 graus de liberdade.

Onde:

• : valor da média amostral.


• μ0: valor da média populacional sob a hipótese
nula.

• s: valor do desvio padrão amostral.

• n: tamanho da amostra.

5. Critério: 

• Teste bilateral: se ou se
, rejeitamos H0. Caso contrário, acei-
tamos H0.
• Teste unilateral à direita: se , rejeita-
• Se o teste é unilateral, determinamos o ponto mos H0. Caso contrário, aceitamos H0.
crítico tal que .
• Teste unilateral à esquerda: se ,
rejeitamos H0. Caso contrário, aceitamos H0.
6. O p-valor no teste bilateral é dado por 

Se o teste é unilateral à direita, o p-valor é dado por 

e, se o teste é unilateral à esquerda, o p-valor é dado por

7. O intervalo de confiança é dado por

• Se o teste é unilateral à esquerda, determinamos


o ponto tal que . 

se o teste é bilateral. Se o teste é unilateral à direita, então o


intervalo de confiança para o parâmetro μ é dado por

e, se o teste é unilateral à esquerda, então o intervalo de con-


fiança para o parâmetro μ é dado por

Teste de hipóteses. Formalmente, o valor-p é definido como a


probabilidade de se obter uma estatística de teste igual ou mais
extrema quanto àquela observada em uma amostra, assumindo
verdadeira a hipótese nula.

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147
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Teste de hipótese para a razão de duas variâncias. Não pode haver frequências inferiores a 1;

Este teste de hipótese é utilizado para saber se duas variâncias Nos dois últimos casos, se houver incidências desta ordem,
populacionais são estatisticamente iguais ou se uma é maior do que aconselha-se agrupar os dados segundo um critério em específico.
a outra. Então, utilizando a distribuição F, poderemos formular o
teste de hipótese da razão entre duas variâncias e chegar à conclu- Procedimento para a execução do teste
são baseados apenas nas estimativas calculadas a partir das amos-
tras. As hipóteses Ho e H1 serão: 1. Determinar H0.  Será a negativa da existência de diferenças
entre a distribuição de frequência observada e a esperada;

2. Estabelecer o nível de significância (µ );

3. Determinar a região de rejeição de H0.  Determinar o valor


dos graus de liberdade (φ), sendo K – 1 (K = número de categorias).
A maior variância amostral encontrada será chamada de S12
Encontrar, portanto, o valor do Qui-quadrado tabelado;
(proveniente de uma amostra de tamanho n1), e a menor variân-
cia amostral será chamada S22 (proveniente de amostra de tamanho 4. Calcular o Qui Quadrado, através da fórmula:
n2).

Teste de Student

É um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para


rejeitar ou não uma hipótese nula quando a estatística de teste (t)
segue uma distribuição t de Student. Sendo o Qui Quadrado calculado, maior do que o tabelado, re-
jeita-se H0 em prol de H1.
Teste t pode ser conduzido para:
Exemplo: Um vendedor trabalhou comercializando um produ-
- Comparar uma amostra com uma população to em sete bairros residenciais de uma mesma cidade em um mes-
mo período do ano.
- Comparar duas amostras pareadas
Seu gerente decidiu verificar se o desempenho do vendedor
- Comparar duas amostras independentes oscilava em virtude do bairro trabalhado, ou seja, se as diferenças
eram significativas nos bairros trabalhados.
Se a variável de interesse segue uma distribuição próxima de
uma curva normal em ambas populações: A partir deste estudo o gerente poderia então elaborar uma
estratégia comercial para cada bairro ou manter uma para todos.

uma distribuição t Student com n1+ n2-2 graus de liberdade.

Teste do qui quadrado2

Este teste objetiva verificar se a frequência absoluta observa-


da de uma variável é significativamente diferente da distribuição de H0: não há diferenças significativas entre os bairros
frequência absoluta esperada.
H1: as diferenças observadas para os bairros 3 e 4 são signifi-
Teste do qui quadrado para uma amostra cativamente diferentes para melhor em relação aos demais bairros.
Aplica-se quando se quer estudar a dependência entre duas µ = 0,05
variáveis, através de uma tabela de dupla entrada ou também co-
nhecida como tabela de contingência. g.l = 5 – 1 = 4, onde Qui quadrado tabelado é igual a 9,49.
Condições para a execução do teste Χ2 = (9-16)2 + (11 – 16) 2 + (25-16) 2 + (20 – 16) 2 + (15 – 16)
2/16
Exclusivamente para variáveis nominais e ordinais;
Χ2 = 72 + 52 +92 + 42 + 12= 172/16 = 10,75
Observações independentes;
Conclui-se que o Qui quadrado calculado (10,75) é maior do
Não se aplica se 20% das observações forem inferiores a 5 que o tabelado (9,49), rejeita-se H0 em prol de H1.
2 “Teste do qui quadrado” em Só Matemática. Virtuous
Tecnologia da Informação, 1998-2020. Consultado em 16/04/2020.
Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br
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148
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Portanto há diferença significativa, ao nível de 0,05, para os
bairros 3 e 4. Face ao cálculo o gerente deve elaborar uma estraté-
gia comercial para cada bairro.

PREDIÇÃO: ABORDAGENS; SÉRIES TEMPORAIS; REGRES-


SÃO LINEAR SIMPLES E MÚLTIPLA

CORRELAÇÃO (R)

Para FARBER (2009) correlação é uma medida da força e dire-


ção de uma relação entre duas variáveis.
Assim, uma correlação é:
- A amplitude do coeficiente de correlação é -1 para 1.

- Mais próximo de zero não há correlação linear.

Coeficiente de determinação

O coeficiente de r2 é a relação da variação explicada com varia-


ção total é dado por:

- Variação explicada é a soma dos quadrados das diferenças en-


tre cada valor de y previsto e a

média de y.

- Variação total é a soma dos quadrados das diferenças entre


cada valor de y e a média de y.

Em síntese temos: Correlação linear simples é uma técnica


usada para analisar a relação entre duas variáveis.

Os pontos grafados, que são vistos em conjunto, formam uma Coeficiente de correlação ou coeficiente de Pearson é uma
elipse (trajetória, distribuição dos pontos) em diagonal. Podemos medida do grau de relação entre duas variáveis.
imaginar que, quanto mais fina for a elipse, mais ela se aproximará
de uma reta.

Dizemos então, que a correlação de forma elíptica tem como


“imagem” uma reta, sendo, por isso, denominada correlação linear.
Podemos vê isso no exemplo a seguir.

Onde:

r = coeficiente de correlação e

n = tamanho da amostra.

Exemplo: Uma amostra formada por 8 alunos de uma classe,


pelo número de horas de estudo (x) e as notas obtidas (y), calcule o
coeficiente de correlação r:

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149
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Que padrões não aleatórios podemos identificar na figura 1?

- observe que há uma tendência crescente no número de pas-


sageiros transportados (ou pelo menos havia antes de 11 de setem-
bro de 2001...).

- há uma sucessão regular de “picos e vales” no número de


passageiros transportados, isso deve ser causado pelas oscilações
devido a feriados, períodos de férias escolares, etc., que estão ge-
ralmente relacionados às estações do ano, e que se repetem todo
O coeficiente de correlação r = 0,975 indica que o grau de rela- ano (com maior ou menor intensidade).
ção entre as duas variáveis é “Muito forte”, além de ser “Positiva”
(pois x aumenta, y também aumenta). Em outras palavras, identificamos dois padrões que podem
tornar a ocorrer no futuro: crescimento no número de passageiros
O grau de relação r pode variar de -1 até +1: transportados, flutuações sazonais. Tais padrões poderiam ser in-
corporados a um modelo estatístico, possibilitando fazer previsões
que auxiliarão na tomada de decisões.

Modelo de séries temporais


O fato de duas variáveis serem fortemente correlacionadas não Segundo o modelo clássico todas as séries temporais são com-
implica uma relação de causa e efeito entre elas. postas de quatro padrões:
SÉRIE TEMPORAL - tendência (T), que é o comportamento de longo prazo da sé-
rie, que pode ser causada pelo crescimento demográfico, ou mu-
É um conjunto de observações sobre uma variável, ordenado dança gradual de hábitos de consumo, ou qualquer outro aspecto
no tempo”, e registrado em períodos regulares. Podemos enumerar que afete a variável de interesse no longo prazo;
os seguintes exemplos de séries temporais: temperaturas máximas
e mínimas diárias em uma cidade, vendas mensais de uma - variações cíclicas ou ciclos (C), flutuações nos valores da va-
empresa, valores mensais do IPC-A, valores de fechamento diários riável com duração superior a um ano, e que se repetem com certa
do IBOVESPA, resultado de um eletroencefalograma, gráfico de periodicidade2, que podem ser resultado de variações da economia
controle de um processo produtivo. como períodos de crescimento ou recessão, ou fenômenos climá-
ticos como o El Niño (que se repete com periodicidade superior a
A suposição básica que norteia a análise de séries temporais é um ano);
que há um sistema causal mais ou menos constante, relacionado
com o tempo, que exerceu influência sobre os dados no passado - variações sazonais ou sazonalidade (S), flutuações nos valo-
e pode continuar a fazê-lo no futuro. Este sistema causal costuma res da variável com duração inferior a um ano, e que se repetem
atuar criando padrões não aleatórios que podem ser detectados em todos os anos, geralmente em função das estações do ano (ou em
um gráfico da série temporal, ou mediante algum outro processo função de feriados ou festas populares, ou por exigências legais,
estatístico. como o período para entrega da declaração de Imposto de Renda);
se os dados forem registrados anualmente NÃO haverá influência
O objetivo da análise de séries temporais é identificar padrões da sazonalidade na série3;
não aleatórios na série temporal de uma variável de interesse, e a
observação deste comportamento passado pode permitir fazer pre- - variações irregulares (I), que são as flutuações inexplicáveis,
visões sobre o futuro, orientando a tomada de decisões. resultado de fatos fortuitos e inesperados como catástrofes natu-
rais, atentados terroristas como o de 11 de setembro de 2001, deci-
Vamos ver o gráfico (passageiros transportados) de uma série sões intempestivas de governos, etc.
temporal.
Exemplo:

Tendência: É a reta que parte de um valor inicial até o valor


final.

Variação Cíclica: É a curva que oscila de período a período em


torno da tendência.

Variação Sazonal: É a oscilação que ocorre em torno da cíclica,


ao qual pode ser ou não de forma periódica.

Editora
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150
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
G r á fic o 1 – C a p . 1 1 I. Método dos Mínimos Quadrados

Este Método consiste em ajustar uma curva aos dados originais


conforme os modelos matemáticos referente a Regressão e Corre-
lação.

O cuidado é o de atribui um valor para indicar o início da


contagem do tempo.

Modelo aditivo: um modelo aditivo se no decorrer do tempo, As curvas mais usuais são:
a Variação Cíclica não se altera em torno da tendência, ou seja per-
manece constante, tal qual a figura ilustrativa. 01. A Reta;

02. A Logarítmica;

03. A Exponencial.

Para o caso linear, a reta de tendência será: T = a + b x t

Onde:

Se traçasse as retas pelos valores máximos e pelos valores mí- T é o valor da tendência,
nimos estas seriam paralelas entre sí e com a reta de tendência.
t é o valor do tempo,
O Seu modelo Matemático é: Y = T + S + C + I.
b é o coeficiente angular da reta (se positivo indica tendência
Modelo Multiplicativo: diz se ter um modelo multiplicativo se crescente, se negativo a tendência é decrescente) e
no decorrer do tempo, a Variação Cíclica se altera em torno da ten-
dência, tal qual a figura: a é o coeficiente linear da reta.

As equações dos coeficientes estão expressas a seguir.

No caso Multiplicativo, as retas pelos valores máximos e pelos Onde


valores mínimos são inclinadas com relação à reta de tendência.
yi é um valor qualquer da variável registrada na série temporal,
Seu Modelo Matemático é: Y = T x S x C x I.
ti é o período associado a yi, e n é o número de períodos da
Obtenção da Tendência série.

A tendência descreve o comportamento da variável retratada Para encontrar os coeficientes basta calcular os somatórios (tal
na série temporal no longo prazo. Há três objetivos básicos na sua como em análise de regressão linear simples).
identificação: avaliar o seu comportamento para utilizá-lo em pre-
Exemplo:
visões, removê-la da série para facilitar a visualização das outras
componentes, ou ainda identificar o nível da série (o valor ou faixa Os dados a seguir apresentam o patrimônio líquido (em mi-
típica de valores que a variável pode assumir, se não for observado lhões de reais) de um banco de 1985 a 1995. Supondo que o mo-
comportamento crescente ou decrescente no longo prazo). A ob- delo linear seja apropriado para descrever a tendência da série,
tenção da tendência pode ser feita de três formas: através de um encontre os coeficientes da reta de mínimos quadrados. Faça a pre-
modelo de regressão (como o modelo linear - reta), através de mé- visão de tendência para os anos de 1996 e 1997.
dias móveis, ou através de ajuste exponencial (que não deixa de ser
uma média móvel).
Ano Patrimônio (R$ 1.000.000)
Obtenção da tendência linear
1985 30
Para encontrar a função que fornece o valor da tendência em 1986 32
cada tempo, usa um dos modelos:
1987 32
I. Método dos Mínimos Quadrados
1988 35
II . Método das médias móveis; 1989 37
Editora
151
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA

1990 38
1991 42
1992 41
1993 44
1994 46
1995 47
A variável dependente é o saldo de vendas: será o Y. Há 11 períodos: n = 11. O próximo passo é encontrar os somatórios necessários
para obter os coeficientes. Mas ao invés de usarmos os anos, o que poderia complicar nossos cálculos, vamos trabalhar com períodos,
sendo 1985 o período 1, 1986 o 2 e assim por diante. A tabela ficaria então (já incluindo as colunas t x y e t2):

Substituindo os valores nas equações:

Então a equação de tendência é: T = 27,96 + 1,76 x t

O ano de 1996 corresponderá ao período 12, e 1997 ao período 13 da série temporal. Substituindo estes valores na equação acima:

T1996 = 27,96 + (1,76 x 12) = 49,08

T1997 = 27,96 + (1,76 x 13) = 50,84

Podemos então apresentar um gráfico (feito no Microsoft Excel) da série original, a reta de tendência e a projeção para os anos de
1996 e 1997.

II. Método das médias móveis.

Este método consiste em:


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ESTATÍSTICA
01. Definir o número de agrupamentos, digamos k, de valores E o quadro completo de médias móveis é:
sequenciais que comporão cada média;
Dia 3 4 5 6 7 8 9
02. Calcular médias dos k valores a partir do: 10 valor; depois
Ocupação 46 48 53 55 41 26 20
a partir do 2o, do 3o, etc.
Média Móvel - - - 41,29 40,14 40,57 40,00
Atribuição: Existem 2 situações possíveis sobre o valor de k,
PAR ou IMPAR, com isto considera a primeira média móvel acordo Dia • • • 54 55 56 57 58
com a posição: Ocupação • • • 46 44 26 18 16
Média Móvel • • • 33,71 33,00 - - -
a
Posição do Elemento Que Será Atribuído à 1 Média
Valor de K Par Impar Por este exemplo percebe-se que:
k k +1
Posição 2 a) A primeira média móvel refere-se ao dia 6 de julho (x = 6)
2

b) A segunda média móvel refere-se ao dia 7 de julho (x = 7)


Exemplo:
c) A última média móvel refere-se ao dia 24 de agosto (x = 55)
Encontre as médias móveis dos dados da Tabela 1, tomando k
= 7. Ajuste Exponencial
Considere as Variáveis: O ajuste exponencial é uma outra forma de obter a tendência
de uma série temporal.
x: “Época, tendo dia 30 de junho como origem”
Apresenta algumas vantagens em relação às médias móveis:
y: “Número de Unidades Ocupadas”
- permite realizar previsões de curto prazo (para o período se-
Dados originais são: guinte da série), o que não é possível por médias móveis.
Dia da Semana
Período
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Dom. - leva em conta todos os valores previamente observados ao
03 a 09* 46 48 53 55 41 26 20 período sob análise, e não somente os
10 a 16* 38 51 49 40 34 29 18
17 a 23* 39 51 51 48 33 23 19 “mais próximos” dele, como ocorre nas médias móveis.
24 a 30* 38 49 48 40 34 28 16
31 a 06** 36 42 26 45 41 22 20
07 a 13** 42 45 45 51 33 19 19
Na realidade o ajuste exponencial fornece uma média móvel
14 a 20** 35 50 47 59 47 21 21 exponencialmente ponderada ao longo da série temporal: ou seja,
21 a 27** 37 44 46 44 26 18 16 cada previsão ou valor ajustado depende de todos os valores pré-
vios. Os pesos designados para os valores observados decrescem
ao longo do tempo, ou seja, o valor observado mais recentemente
Médias Móveis com 7 períodos sequenciais:
recebe o maior peso, o valor anterior o segundo maior e o valor
observado inicialmente recebe o menor peso: isso é bom senso,
Dados originais são:
imagina-se que os dados mais recentes devam ter mais influência
Dia da Semana nas previsões do que os mais antigos. O ajuste exponencial é uma
Período
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Dom. das ferramentas disponíveis no suplemento Análise de Dados do
03 a 09* 46 48 53 55 41 26 20 Microsoft Excel.
10 a 16* 38 51 49 40 34 29 18
17 a 23* 39 51 51 48 33 23 19
Para realizar o ajuste exponencial basta aplicar a seguinte fór-
24 a 30* 38 49 48 40 34 28 16
31 a 06** 36 42 26 45 41 22 20
mula para um período de tempo i qualquer:
07 a 13** 42 45 45 51 33 19 19
14 a 20** 35 50 47 59 47 21 21
21 a 27** 37 44 46 44 26 18 16

Médias Móveis: Onde:

i - um período de tempo qualquer;


Primeira Média
46 + 48 + 53 + 55 + 41 + 26 + 20
Móvel y1 = = 41,29 Yi - valor da série original no período i;
7

Segunda Média
Ei - valor da série exponencialmente ajustada no período i;
Móvel 48 + 53 + 55 + 41 + 26 + 20 + 38
y2 = = 40,14
7
Ei-1 - valor da série exponencialmente ajustada no período i - 1
Terceira Média
(período anterior);
Móvel 53 + 55 + 41 + 26 + 20 + 38 + 51
y3 = = 40,57
7
W - constante de regularização ou coeficiente de ajuste (0 < W
Etc. • • • < 1);
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153
a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
Considera-se que o primeiro valor da série original será igual ao primeiro valor ajustado, isto significa que o ajuste realmente começa
a partir do segundo período da série. Como cada valor ajustado leva em conta o valor ajustado imediatamente anterior (multiplicado pela
constante de regularização) teoricamente todos os valores prévios da série contribuem para o valor ajustado.

A escolha da constante de regularização W é crucial para o ajuste exponencial, mas é um processo subjetivo. Não obstante, é possível
estabelecer uma regra de escolha:

- se o interesse é simplesmente obter a tendência, eliminando o efeito das outras componentes, o valor de W deverá ser próximo de
zero;

- se houver interesse, porém, em realizar previsão com a série é recomendável que o valor de W seja mais próximo de 1, de maneira
a refletir melhor o comportamento da série no curto prazo.

Exemplo:

Faça o ajuste exponencial da série de vendas do Exemplo 4.2 (usando W = 0,25; W = 0,5; W = 0,75 e W = 0,10). Construa um gráfico
conjunto da série original com os quatro ajustes.

Vamos demonstrar os cálculos para W = 0,25.

Vamos considerar que o primeiro valor da série, Y1970, será igual ao primeiro valor ajustado, E1970.

Podemos então realizar o ajuste para o ano de 1971:

Para o ano de 1972:

O processo segue até o final da série. De maneira análoga podemos obter o ajuste para W = 0,5 e

W = 0,75.

O gráfico é mostrado abaixo:

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ESTATÍSTICA
Quanto menor o valor de W mais “alisada” é a série, com as Até a receita federal americana utiliza a análise discriminante para
variações de curto prazo sendo amortizadas, possibilitando visua- comparar o pagamento de impostos de renda de locais seleciona-
lizar o comportamento de longo prazo da série, seja ele crescente/ dos com um contribuinte hipotético e para identificar os retornos
decrescente ou estacionário: para W = 0,1 é fácil perceber uma ten- mais promissores e as áreas de auditoria.
dência crescente nas vendas, mas que parece estar se estabilizan-
do. À medida que o valor de W aproxima-se de 1 o ajuste exponen- Análise de variância multivariada
cial torna-se mais próximo da série original, o que pode ser útil na
previsão para o ano de 1993. Análise de variância multivariada ou MANOVA (Multivariate
Analysis of Variance) é uma técnica estatística que pode ser utili-
Regressão Múltipla zada para explorar simultaneamente o relacionamento entre várias
variáveis categóricas independentes (normalmente referenciadas
A regressão múltipla é o método de análise apropriado quando como tratamentos) e duas ou mais variáveis dependentes métri-
o problema envolve uma única variável (métrica) dependente que cas. Como tal ela representa uma extensão da análise de variância
se presume estar relacionada com uma ou mais (também métricas) univariada ou ANOVA (Analysis of Variance). A análise multivariada
variáveis independentes. O objetivo da análise de regressão é pre- de covariância ou MANCOVA (Multivariate Analysis of Covariance)
ver as mudanças na variável dependente em resposta às mudanças também pode ser usada em conjunto com a MANOVA para remo-
que ocorrem nas várias variáveis independentes. Este objetivo é ver, após o experimento, o efeito de qualquer variável independen-
quase sempre alcançado através do método dos mínimos quadra- te não controlável sobre as variáveis dependentes. O procedimento
dos. é semelhante ao usado na avaliação do coeficiente de correlação
parcial bivariado. A MANOVA é útil quando o pesquisador projeta
uma situação experimental (manipulação de várias variáveis não-
Y1 = X 1 + X 2 + X 3 + ... + X n
-métricas ou tratamentos) para testar hipóteses com respeito a
(métrico) (métrica, não métrica ) variância em grupos de resposta em duas ou mais variáveis depen-
dentes métricas.
Abordagem: método que relaciona uma única VD métrica
a duas ou mais VI´s métricas ou não métricas adequadamente
transformadas em métricas.
REGRESSÃO LOGÍSTICA
Objetivo: examinar a relação entre uma VD e duas ou mais VI´s.

Passos: REGRESSÃO LOGÍSTICA3

- definir se o objetivo é de previsão ou de explicação Conhecida como Logit, é uma técnica de modelagem utilizada
para lidar com variáveis binárias (0 ou 1). Para responder a questões
- selecionar VD e VI´s como “qual o salário de um indivíduo, dado seus anos de estudos”,
“qual o valor de uma casa, dadas suas características”, a regressão
- obter um tamanho de amostra adequado linear é suficiente. Entretanto, se quisermos responder a questões
como “o indivíduo vai pagar uma dívida?”, “o consumidor vai com-
- Verificar normalidade, linearidade, homoscedasticidade e in- prar determinado produto?”, i.e., perguntas de sim (=1) ou não (=0),
dependência dos termos de erro aí faz sentido usar outro modelo, dentre as diversas possibilidades
temos a regressão logística.
- estimação do modelo de regressão
Regressão Logística, também chamada de Logit, é uma técni-
- avaliação do ajuste do modelo ca de modelagem utilizada para lidar com variáveis binárias (0 ou
1). Para responder a questões como “qual o salário de um indiví-
- interpretação e validação dos resultados. duo, dado seus anos de estudos”, “qual o valor de uma casa, dadas
suas características”, a regressão linear é suficiente. Entretanto, se
Análise Discriminante quisermos responder a questões como “o indivíduo vai pagar uma
dívida?”, “o consumidor vai comprar determinado produto?”, i.e.,
Se a única variável dependente for dicotômica (por exemplo: perguntas de sim (=1) ou não (=0), aí faz sentido usar outro modelo,
homem-mulher) ou categórica (por exemplo: alto, médio, baixo) e dentre as diversas possibilidades temos a regressão logística.
desta forma qualitativa, a técnica multivariada apropriada é a aná-
lise discriminante. Assim como na regressão múltipla as variáveis Por que não usar a regressão linear com variáveis binárias? Esta
independentes são por hipótese quantitativas. A análise discrimi- pergunta é comum e temos como principal resposta está nas pre-
nante é útil em situações onde a amostra total pode ser dividida missas assumidas:
em grupos baseados na variável dependente caracterizando várias
classes conhecidas. O principal objetivo da análise discriminante é - Primeiro, veja que a premissa da regressão linear é que exista
entender diferenças entre grupos e prever a probabilidade de que uma relação linear entre a variável resposta e as variáveis explicati-
uma entidade (indivíduo ou objeto) pertença a uma classe em par- vas. Para o caso de variáveis binárias, principalmente quando temos
ticular ou grupo baseado nas várias variáveis independentes. Por uma variável explicativa contínua, essa premissa será violada;
exemplo, a análise discriminante pode ser usada para diferenciar
inovadores de não-inovadores de acordo com seus perfis demográ- - Os valores projetados por um modelo de regressão linear po-
ficos e psicográficos. Uma outra aplicação inclui distinguir grande dem ser superiores a 1 ou inferiores a 0;
consumidores de pequenos consumidores de um determinado pro-
duto, homens de mulheres e créditos bons de créditos ruins, etc. 3 Disponível em https://estatsite.com.br/2018/08/29/regres-
sao-logistica-conceitos-e-formula/ Acesso em 07.12.2022
Editora
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a solução para o seu concurso!
ESTATÍSTICA
- A premissa de variância constante dos resíduos é violada. tradução será facilmente feita pelos softwares que você vai utili-
zar, onde já serão separados no resultado final os “bons” (=1) dos
Regressão logística é um algoritmo de classificação. Um exem- “ruins” (=0).
plo clássico é o modelo para inadimplência, que deve prever se um
indivíduo vai pagar ou não a sua dívida. Outro exemplo, bastante ODD RATIO (RAZÃO DE CHANCE)
utilizado nos cursos em que se utiliza o R para explicar modelagem,
é a identificação de um e-mail como sendo spam ou não. Uma observação importante deve ser feita sobre a tal probabi-
lidade p dividida por 1-p. Esta razão é conhecida como odds ratio,
Ao utilizarmos este modelo, estamos interessados na proba- ou, traduzindo de forma direta, razão da chance. O que ela apresen-
bilidade como saída. No nosso caso de inadimplência, estaríamos ta é a chance de sucesso em relação a chance de fracasso. Ou seja,
interessados em obter a probabilidade de um indivíduo para sua se uma pessoa tem 75% de probabilidade de pagar, ela tem 25% de
dívida. Ou seja, queremos o modelo p(X) = P(Y=1|X). Para evitar os chance de não pagar. Logo, a chance dela pagar é 3x maior que a
problemas já mencionados, utilizamos a função logística, que resul- chance de não pagar.
ta numa curva num formato de um S:
Referências Bibliográficas:
Disponível em https://operdata.com.br/blog/como-interpretar-analise-
-de-variancia-anova/ Acesso em 23.08.2020
http://criticanarede.com
Série Estatística Multivariada – Introdução.
Disponível https://www.somatematica.com.br/estat/ap35.php Acesso
em 23/08/2020.
CRESPO, Antônio Arnot – Estatística fácil – 18ª edição – São Paulo -
Editora Saraiva: 2002
Analise de séries temporais – Cap 4 – UFSC

QUESTÕES

1. (SEFAZ-AL - Auditor Fiscal de Finanças e Controle de Arreca-


A equação da regressão logística a variável resposta é escrita
dação da Fazenda Estadual - CESPE / CEBRASPE – 2021) Acerca de
na forma de:
regressão linear e regressão logística, julgue o item seguinte.
A regressão logística é um modelo de regressão no qual a re-
lação entre as variáveis independentes e a variável dependente é
representada por uma função degrau, a qual, por sua vez, pode ser
representada por uma spline.
( ) Certo
( ) Errado
2. (FUNSAÚDE - CE - Analista de Pesquisa e Informações – Esta-
tística - FGV – 2021) Numa regressão linear, as afirmativas a seguir,
Vale destacar que o resultado da equação não é direto. Para acerca do coeficiente de determinação, estão corretas, exceto uma.
quem for escrever a equação na mão, multiplicando os coeficien- Assinale-a.
tes pelos respectivos x, precisará fazer uma pequena transformação (A) Mede a porcentagem da variação total da variável resposta
para obter a probabilidade. O gráfico, retirado do Analytics Vidhya, que é explicada pela regressão.
traduz a equação da regressão logística das duas formas possíveis: (B) É o quadrado do coeficiente de correlação estimado.
(C) É um número entre 0 e 1.
(D) Determina se as estimativas e predições dos coeficientes
são tendenciosas.
(E) Em geral, mas nem sempre, quanto maior seu valor, melhor
o modelo se ajusta aos dados.
3. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil - INSTITUTO AOCP – 2021)
Em estatística, um outlier, valor aberrante ou valor atípico, é uma
observação que apresenta um grande afastamento dos demais
membros da série de valores. Isso demonstra uma inconsistência
com os demais valores. A detecção dessa anomalia (outlier) pode
ser utilizada em diversos campos, tais como: movimentação finan-
ceira fraudulenta em cartões de crédito ou outra atividade financei-
Fonte da Imagem: https://www.analyticsvidhya.com/blog/2015/10/
ra; erros de medida (registro errado ou equipamento desregulado
basics-logistic-regression/
etc.); processos distintos daqueles que geram as demais observa-
Ou seja, após aplicar os coeficientes na equação, você utilizará
ções. Então, um método para se identificar um outlier é usar o grá-
o resultado no expoente do número ‘e’ (número de Euler). Aí sim,
fico
você vai obter a probabilidade desejada. Note também que essa
(A) denominado histograma.
(B) denominado Diagrama de Dispersão.

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ESTATÍSTICA
(C) denominado Caixa e Bigodes (Box-andWhisker Plot).
(D) em Colunas.
(E) em Setores Circulares.
4. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil - INSTITUTO AOCP – 2021) O
coeficiente de variação é uma medida relativa de dispersão usada
para comparar a variabilidade de amostras de dados que têm
(A) variâncias amostrais diferentes.
(B) médias amostrais diferentes.
(C) quartis amostrais iguais.
(D) percentis amostrais iguais.
(E) modas amostrais diferentes. Não existem observações coincidentes com os extremos das
classes.
5. (Prefeitura de Porto Alegre - RS – Estatístico - FUNDATEC – É sabido que, quanto maior a classe de produtividade, maior é
2021) Qual método de previsão de Séries Temporais deve ser utili- a produtividade do magistrado.
zado quando temos tendência e sazonalidade presentes nos dados? Um estatístico precisa estimar a produtividade a partir da qual
(A) Decomposição. se encontram os 10% mais eficientes, isto é, o 9º decil dessa distri-
(B) Média Móvel. buição.
(C) Alisamento exponencial simples. A melhor estimativa é, aproximadamente:
(D) Alisamento exponencial duplo. (A) 6,5;
(E) Análise de tendência com regressão linear. (B) 7;
6. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Apoio – (C) 7,5;
Estatística - FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, utilize (D) 8;
a tabela abaixo correspondente à curva normal padrão (Z) tal que a (E) 8,5.
probabilidade P(Z ≤ z) = α 9. (TCE-TO - Analista Técnico - FGV – 2022) Dois eventos A e B
têm probabilidades iguais a 0,5 e 0,6, respectivamente. A proba-
bilidade condicional de A ocorrer dado que B ocorre é igual a 0,8.
Assim, a probabilidade de B ocorrer dado que A ocorre é igual a:
O intervalo de confiança de 96% igual a [47, 53] para a média (A) 0,96;
μ de uma população normalmente distribuída com 325 elementos (B) 0,82;
foi obtido por meio de uma amostra aleatória de 100 elementos, (C) 0,54;
sem reposição, extraída da população. Na obtenção do intervalo, (D) 0,36;
foi utilizada a variância populacional. Caso a opção fosse por extrair (E) 0,24.
da população com 325 elementos uma amostra aleatória indepen- 10. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Apoio –
dente da primeira de tamanho 36, sem reposição, com um nível de Estatística - FCC – 2022) Uma pessoa vai diariamente ao trabalho de
confiança de 86%, a amplitude do novo intervalo seria, então, de ônibus ou de carro. Quando vai de ônibus em certo dia, há probabi-
(A) 9,00 lidade de 80% de que no próximo dia de trabalho vá novamente de
(B) 4,92 ônibus. Entretanto, se em determinado dia vai de carro, a probabi-
(C) 8,50 lidade de que no dia seguinte de trabalho vá novamente de carro é
(D) 7,20 de 50%. Dessa forma, o número esperado de dias de trabalho indo
(E) 7,38 de ônibus até o dia de ir de carro é:
7. (TCE-TO - Analista Técnico - GV – 2022) A seguinte amostra (A) 3
de número de anos de estudo de adultos foi observada: (B) 4
10, 18, 11, 15, 20, 21, 16, 10, 8, 20, 16. (C) 5
Nesse caso, é correto afirmar, a respeito das principais medidas (D) 6
de tendência central desse conjunto, que: (E) 2
(A) o valor da média é igual ao da mediana;
(B) a mediana é igual a 15;
(C) o valor da mediana é uma unidade maior do que o da mé-
dia;
(D) o valor da média é maior do que o da mediana;
(E) se uma nova medida, igual a 22, for incorporada à amostra,
os valores da média e da mediana permanecerão iguais.
8. (TJ-DFT - Analista Judiciário – Estatística - FGV – 2022) O re-
sultado de uma pesquisa sobre a produtividade dos magistrados
em uma determinada região foi publicado em uma revista científica
e está sintetizado na tabela a seguir.

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ESTATÍSTICA
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 ERRADO
______________________________________________________
2 D
3 C ______________________________________________________

4 B ______________________________________________________
5 A
______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 C
8 B ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 C
______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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ADMINISTRAÇÃO GERAL

3. Abordagem Neoclássica: que se desdobra na Teoria Neoclás-


TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO E DAS ORGANIZAÇÕES; FUN- sica da Administração, dos conceitos iniciais, processos administra-
ÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAMENTO, ORGANIZA- tivos, como os tipos de organização, departamentalização e admi-
ÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE. PAPÉIS E HABILIDADES DO nistração por objetivos (APO).
ADMINISTRADOR; PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: CON- 4. Abordagem Estruturalista: que se desdobra em Teoria Buro-
CEITOS, PRINCÍPIOS, ETAPAS, NÍVEIS, MÉTODOS E FERRA- crática e Teoria Estruturalista da Administração.
MENTAS. PLANEJAMENTO TÁTICO; PLANEJAMENTO OPE-
5. Abordagem Comportamental: que é subdividida na Teoria
RACIONAL. BALANCED SCORECARD; ADMINISTRAÇÃO
Comportamental e Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO).
POR OBJETIVOS
6. Abordagem Sistêmica: centrada no conceito cibernético para
a Administração, Teoria Matemática e a Teria de Sistemas da Admi-
ADMINISTRAÇÃO GERAL nistração.
7. Abordagem Contingencial: que se desdobra na Teoria da
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de Contingência da Administração.
administração, podemos destacar que:
“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utiliza-
ção eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou
mais objetivos ou metas organizacionais.”
Ou seja, a Administração vai muito além de apenar “cuidar de
uma empresa”, como muitos imaginam, mas compreende a capa-
cidade de conseguir utilizar os recursos existentes (sejam eles: re-
cursos humanos, materiais, financeiros,…) para atingir os objetivos
da empresa.

O conceito de administração representa uma governabilidade,


gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades Origem da Abordagem Clássica
sejam administradas com planejamento, organização, direção, e 1 — O crescimento acelerado e desorganizado das empresas:
controle.
• Ciência que substituísse o empirismo;
O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou-
tras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem • Planejamento de produção e redução do improviso.
como de seus membros. 2 — Necessidade de aumento da eficiência e a competência
Montana e Charnov das organizações:
Principais abordagens da administração (clássica até contin- • Obtendo melhor rendimento em face da concorrência;
gencial) • Evitando o desperdício de mão de obra.
É importante perceber que ao longo da história a Administra- Abordagem Científica – ORT (Organização Racional do Traba-
ção teve abordagens e ênfases distintas. Apesar de existir há pouco lho)
mais de 100 (cem) anos, como todas as ciências, a Administração • Estudo dos tempos e movimentos;
evoluiu seus conceitos com o passar dos anos. • Estudo da fadiga humana;
De acordo com o Professor Idalberto Chiavenato (escritor, pro- • Divisão do trabalho e especialização;
fessor e consultor administrativo), a Administração possui 7 (sete)
abordagens, onde cada uma terá seu aspecto principal e agrupa- • Desenho de cargo e tarefas;
mento de autores, com seu enfoque específico. Uma abordagem, • Incentivos salariais e premiação de produção;
poderá conter 2 (duas) ou mais teorias distintas. São elas: • Homo Economicus;
1. Abordagem Clássica: que se desdobra em Administração • Condições ambientais de trabalho;
científica e Teoria Clássica da Administração.
• Padronização;
2. Abordagem Humanística: que se desdobra principalmente
• Supervisão funcional.
na Teoria das Relações Humanas.

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Aspectos da conclusão da Abordagem Científica: A percepção A Abordagem Clássica, junto da Burocrática, dentre todas as
de que os coordenadores, gerentes e dirigentes deveriam se preo- abordagens, chega a ser uma das mais importantes.
cupar com o desenho da divisão das tarefas, e aos operários cabia Abordagem Neoclássica
única e exclusivamente a execução do trabalho, sem questionamen-
tos, apenas execução da mão de obra. No início de 1950 nasce a Teoria Neoclássica, teoria mais con-
— Comando e Controle: o gerente pensa e manda e os traba- temporânea, remodelando a Teoria Clássica, colocando novo figu-
lhadores obedecem de acordo com o plano. rino dentro das novas concepções trazidas pelas mudanças e pelas
— Uma única maneira correta (the best way). teorias anteriores. Funções essencialmente humanas começam a
ser inseridas, como: Motivação, Liderança e Comunicação. Preocu-
— Mão de obra e não recursos humanos.
pação com as pessoas passa a fazer parte da Administração.
— Segurança, não insegurança. As organizações davam a sen-
sação de estabilidade dominando o mercado.
Teoria Clássica
• Aumento da eficiência melhorando a disposição dos órgãos
componentes da empresa (departamentos);
• Ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamen-
to); • Fundamentos da Abordagem Neoclássica
• Abordagem do topo para a base (nível estratégico tático); — A Administração é um processo operacional composto por
• Do todo para as partes. funções, como: planejamento, organização, direção e controle.
— Deverá se apoiar em princípios basilares, já que envolve di-
versas situações.
— Princípios universais.
— O universo físico e a cultura interferem no meio ambiente e
afetam a Administração.
— Visão mais flexível, de ajustamento, de continuidade e inte-
ratividade com o meio.
— Ênfase nos princípios e nas práticas gerais da Administração.
— Reafirmando os postulados clássicos.
— Ênfase nos objetivos e resultados.
Diferente do processo neoclássico, na Teoria Clássica temos 5 — Ecletismo (influência de teorias diversas) nos conceitos.
(cinco) funções – POC3: Teoria Burocrática
— Previsão ao invés de planejamento: Visualização do futuro e Tem como pai Max Weber, por esse motivo é muitas vezes cha-
traçar programa de ação. mada de Teoria Weberiana. Para a burocracia a organização alcan-
— Organização: Constituir a empresa dos recursos materiais e çaria a eficiência quando explicasse, em detalhes, como as coisas
social. deveriam ser feitas.
— Comando: Dirigir e orientar pessoas. Burocracia não é algo negativo, o excesso de funções sim. A
— Coordenação: Ligação, união, harmonizar todos os esforços Burocracia é a organização eficiente por excelência. O excesso da
coletivamente. Burocracia é que transforma ela em algo negativo, o que chamamos
de disfunções.
Controle: Se certificar de que tudo está ocorrendo de acordo
com as regras estabelecidas e as ordens dadas. • Características
— Caráter formal das normas e regulamentos.
• Princípios da Teoria Clássica:
— Dividir o trabalho; — Caráter formal das comunicações.
— Autoridade e responsabilidade; — Caráter racional e divisão do trabalho.
— Disciplina; — Impessoalidade nas relações.
— Unidade de comando; — Hierarquia de autoridade.
— Unidade de direção; — Rotinas e procedimentos padronizados.
— Subordinação dos interesses individuais aos gerais; — Competência técnica e meritocracia.
— Remuneração do pessoal; — Especialização da administração.
— Centralização; — Profissionalização dos participantes.
— Cadeia escalar; — Completa previsibilidade de comportamento.
• Disfunções
— Ordem;
— Internalização das regras e apego aos procedimentos.
— Equidade;
— Excesso de formalismo e de papelório.
— Estabilidade do pessoal;
— Resistência às mudanças.
— Iniciativa;
— Despersonalização do relacionamento.
— Espírito de equipe.
— Categorização como base do processo decisório.
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ADMINISTRAÇÃO GERAL
— “Superconformidade” às rotinas e aos procedimentos. — Tanto recompensas salariais e materiais, quanto sociais e
— Exibição de sinais de autoridade. simbólicas geram mudanças de comportamento;
— Dificuldade no atendimento. — Todos os diferentes níveis hierárquicos são importantes em
uma organização;
Abordagem Estruturalista
— Todas as diferentes organizações têm seu papel na socieda-
A partir da década de 40, tínhamos:
de;
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização.
— As análises intra organizacional e Inter organizacional são
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pes- fundamentais.
soas. • Teoria Estruturalista – Conclusão:
As duas correntes sofreram críticas que revelaram a falta de — Tentativa de conciliação dos conceitos clássicos e humanís-
uma teoria sólida e abrangente, que servisse de orientação para o ticos;
administrador. — Visão crítica ao modelo burocrático;
A Abordagem Estruturalista é composta pela Teoria Burocrática — Ampliação das abordagens de organização;
e a Teoria Estruturalista. Além da ênfase na estrutura, ela também
— Relações Inter organizacionais;
se preocupa com pessoas e ambiente, se aproxima muito da Teoria
de Relações Humanas. — Todas as heranças representam um avanço rumo à Aborda-
gem Sistêmica e uma evolução no entendimento para a Teoria da
No início da Teoria Estruturalista, vive-se a mesma gênese da
Administração.
Teoria da Burocracia, esse movimento onde só se encontram críti-
cas da Teoria das Relações Humanas às outras Teorias e não se tem
uma preposição de um novo método.
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização.
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pes-
soas.
A Teoria Estruturalista é um desdobramento da Burocracia e
uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Ainda que Abordagem Humanística
a Teoria das Relações Humanas tenha avançado, ela critica as ante-
É um desdobramento da Teoria das Relações Humanas. A Abor-
riores e não proporciona bases adequadas para uma nova teoria. Já
dagem Humanística nasce no período de entendimento de que a
na Teoria Estruturalista da Organização percebemos que o TODO é
produtividade era o elemento principal, e seu modelo era “homem-
maior que a soma das partes. Significa que ao se colocar todos os
-máquina”, em que o trabalhador era visto basicamente como ope-
indivíduos dentro de um mesmo grupo, essa sinergia e cooperação
rador de máquinas, não havia a percepção com outro elemento que
dos indivíduos gerará um valor a mais que a simples soma das indi-
não fosse a produtividade.
vidualidades. É a ideia de equipe.
• Suas preocupações:
— Nas tarefas (abordagem científica) e nas estruturas (teoria
clássica) dão lugar para ênfase nas pessoas;
— Nasce com a Teoria das Relações Humanas (1930) e no de-
senvolvimento da Psicologia do Trabalho:
* Análise do trabalho e adaptação do trabalhador ao trabalho.
* Adaptação do trabalho ao trabalhador.
— A necessidade de humanizar e democratizar a Administra-
ção libertando dos regimes rígidos e mecanicistas;
— Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a
psicologia, e sua influência no campo industrial;
• Teoria Estruturalista - Sociedade de Organizações — Trazendo ideias de John Dewey e Kurt Lewin para o humanis-
— Sociedade = Conjunto de Organizações (escola, igreja, em- mo na Administração e as conclusões da experiência em si.
presa, família). • Principais aspectos:
— Organizações = Conjunto de Membros (papéis) – (aluno, pro- — Psicologia do trabalho, que hoje chamamos de Comporta-
fessor, diretor, pai). mento Organizacional, demonstrando uma percepção diferenciada
do trabalhador, com viés de um homem mais social, com mais ex-
O mesmo indivíduo faz parte de diferentes organizações e tem pectativas e desejos. Percebe-se então que o comportamento e a
diferentes papéis. preocupação com o ambiente de trabalho do indivíduo tornam-se
• Teoria Estruturalista – O Homem Organizacional: parte responsável pela produtividade. Agregando a visão antagôni-
— Homem social que participa simultaneamente de várias or- ca desse homem econômico, trazendo o conceito de homem social.
ganizações. — Experiência de Hawthorn desenvolvida por Elton Mayo, na
— Características: Flexibilidade; Tolerância às frustrações; Ca- qual a alteração de iluminação traz um resultado importante:
pacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho, Essa experiência foi realizada no ano de 1927, pelo Conselho
em detrimento das suas preferências; Permanente desejo de reali- Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos, em uma fábrica da Wes-
zação. tern Eletric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorn.
• Teoria Estruturalista – Abordagem múltipla: Lá dois grupos foram selecionados e em um deles foi alterada a
— Tanto a organização formal, quanto a informal importam; iluminação no local de trabalho, observando assim, uma alteração
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
no desempenho do comportamento e na produtividade do grupo em relação ao outro. Não necessariamente ligada a alteração de ilumi-
nação, mas com a percepção dos indivíduos de estarem sendo vistos, começando então a melhorarem seus padrões de trabalho. Sendo
assim, chegou-se à conclusão de que:
1. A capacidade social do trabalhador determina principalmente a sua capacidade de executar movimentos, ou seja, é ela que de-
termina seu nível de competência. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência e não sua
capacidade de executar movimentos eficientes dentro de um tempo estabelecido.
2. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos, equipe de trabalho.
3. As pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento.
4. Grupos informais: alicerçada no conceito de homem social, ou seja, o trabalhador é um indivíduo dotado de vontade e desejos
de estruturas sociais mais complexas, e que esse indivíduo reconhece em outros indivíduos elementos afins aos seus e esses elementos
passam a influenciar na produtividade do indivíduo. Os níveis de produtividade são controlados pelas normas informais do grupo e não
pela organização formal.
5. A Organização Informal:
• Relação de coesão e antagonismo. Simpatia e antipatia;
• Status ou posição social;
• Colaboração espontânea;
• Possibilidade de oposição à organização formal;
• Padrões de relações e atitudes;
• Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais;
• A organização informal transcende a organização formal;
• Padrões de desempenho nos grupos informais.

Abordagem Comportamental
A partir do ano de 1950 a Abordagem Comportamental (behavorista) marca a influência das ciências do comportamento. Tem como
participantes: Kurt Lewin, Barnard, Homans e o livro de Herbert Simon que podem ser entendidos como desdobramento da Teoria das
Relações Humanas. Seus aspectos são:
— Homem é um animal social, dotado de necessidades;
— Homem pode aprender;
— Homem pode cooperar e/ou competir;
— Homem é dotado de sistema psíquico;
Tendo a Teoria das Relações Humanas uma visão ingênua do indivíduo, em que se pensava que a Organização é que fazia do homem
um indivíduo ruim, na Teoria Comportamental a visão é diferente, pois observa-se que o indivíduo voluntariamente é que escolhe partici-
par ou não das decisões e/ou ações da organização. Aparecendo o processo de empatia e simpatia, em que o indivíduo abre mão, ou não
da participação, podendo ser ou não protagonista.
— Abandono das posições afirmativas e prescritivas (como deve ser) para uma lógica mais explicativa e descritiva;
— Mantem-se a ênfase nas pessoas, mas dentro de uma posição organizacional mais ampla
— Estudo sobre: Estilo de Administração – Processo decisório – Motivação – Liderança – Negociação
• Evolução do entendimento do indivíduo

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL

Teoria dos Sistemas

• Sistema Aberto
— Está constantemente e de forma dual (entrega e recebimento) interagindo com o ambiente;
— É capacitado para o crescimento, mudanças, adaptações ao ambiente, podendo também ser autor reprodutor sob certas condições;
— É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas.
Abordagem Contingencial
A Abordagem Contingencial traz para nós a ideia de que não se alcança eficácia organizacional seguindo um modelo exclusivo, ou seja,
não há uma fórmula única e exclusiva ou melhor de se alcançar os objetivos organizacionais. Ela abraça todas as Teorias e dá razão para
cada uma delas.
• Características
— Não há regra absoluta;
— Tudo é relativo;
— Tudo dependerá (de Ambiente, Mapeamento ambiental, Seleção ambiental, Percepção ambiental, Consonância e Dissonância,
Desdobramentos do ambiente, Tecnologia);
• Abordagem Contingencial – Conclusão
— A variável tecnologia passa a assumir um importante papel na sociedade e nas organizações;
— O foco em novos modelos organizacionais mais flexíveis, ajustáveis e orgânicos como: estrutura matricial, em redes e equipes;
— O modelo de homem complexo= social + econômico + organizacional.
Teoria Geral da Administração
TEORIAS ÊNFASE ENFOQUES PRINCIPAIS
Administração Científica Nas tarefas Racionalizar o trabalho no nível operacional
- ORT
Taylor (1856-1915) - Gantt (1861-1919)
Padronização
Gilbreth (1868-1924) - Ford (1863-1947)
Clássica e Neoclássica Na estrutura Organização formal

Fayol (1841-1925) – Mooney (1884-1957) Princípios Gerais da Administração

Urwick (1891-1979) – Gulik (1892-1993) Funções de Administrador


e outros
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL

Burocrática e Organização Formal Burocrática

Max Weber (1864-1920) Racionalidade organizacional

Chamada Teoria Weberiana. Abordagem múltipla:

Estruturalista Organização Formal e Informal

Análise Intra e Inter organizacional


Relações Humanas - Humanística Nas pessoas Organização Informal

Experiência de Hawthorn (1927) Motivação, Liderança, Comunicação e Dinâ-


mica em grupo
Desenvolvida por Elton Mayo

John Dewey e Kurt Lewin


Comportamento Organizacional Estilos de Administração

Abordagem Comportamental Teoria das decisões

Kurt Lewin, Barnard, Homans e Herbert Integração dos objetivos organizacionais e


Simon individuais

A partir de 1950 Mudança organizacional planejada

Desenvolvimento Organizacional Abordagem de sistema aberto

Sistêmica No ambiente Análise ambiental

Ludwig Von Bertalanffy, biólogo alemão Abordagem de sistema


(1950)
Contingência No ambiente Administração da tecnologia
(tecnologia) (Imperativo tecnológico)

Funções de administração
• Planejamento, organização, direção e controle
• PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

— Planejamento
Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada. A organização estabelece num primeiro momento, através de
um processo de definição de situação atual, de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de planeja-
mento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um processo, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano.
• Ele é o passo inicial;
• É uma maneira de ampliar as chances de sucesso;
• Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
• Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o futuro;

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
• Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como Baixa complexidade, uma vez que falamos de somente uma
as ações presentes podem desenhar o futuro; única tarefa, focado no curto ou curtíssimo prazo. Planejamento
• Organização ser PROATIVA e não REATIVA; mais diário, tarefa a tarefa de cada dia para o alcance dos objetivos.
Desdobramento minucioso do Planejamento Estratégico.
• Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas compe-
tências; — Observa o Planejamento Estratégico e Tático;
• O processo de Planejamento é muito mais importante do que — Determina ações específicas necessárias para cada atividade
seu produto final (assertiva); ou tarefa importante;
Idalberto Chiavenato diz: “Planejamento é um processo de es- — Seus objetivos são bem detalhados e específicos.
tabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”. Com a ação de planejar, busca-se:
• Processo: Sequência de etapas que levam a um determinado • Eficiência: medida do rendimento individual dos componen-
fim. O resultado final do processo de planejamento é o PLANO; tes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refere-se à
• Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim; otimização dos recursos utilizados para a obtenção dos resultados.
• Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar. • Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer
• Passos do Planejamento o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados
obtidos para alcance dos objetivos globais da empresa.
— Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
• Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcança-
— Determinar a situação atual: Situar a Organização.
dos e os objetivos propostos ao longo do tempo.
— Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar even-
No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetivi-
tos.
dade são assim resumidos por Oliveira (1999):
— Analisar e escolher entre as alternativas.
— Implementar o plano e avaliar o resultado. Eficiência
• Vantagens do Planejamento - fazer as coisas de maneira adequada;
— Dar um “norte” – direcionamento; - resolver problemas;
— Ajudar a focar esforços; - salvaguardar os recursos aplicados;
— Definir parâmetro de controle; - cumprir o seu dever; e
— Ajuda na motivação; - reduzir os custos.
— Auxilia no autoconhecimento da organização.
Eficácia
— Processo de planejamento
- fazer as coisas certas;
• Planejamento estratégico ou institucional
- produzir alternativas criativas;
Estratégia é o caminho escolhido para que a organização possa
- maximizar a utilização de recursos;
chegar no destino desejado pela visão estratégica. É o nível mais
amplo de planejamento, focado a longo prazo. É desdobrado no - obter resultados; e
Planejamento Tático, e o Planejamento Tático é desdobrado no Pla- - aumentar o lucro.
nejamento Operacional.
Efetividade
— Global — Objetivos gerais e genéricos — Diretrizes estratégi-
cas — Longo prazo — Visão forte do ambiente externo. - manter-se no ambiente; e
- apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo
Fases do Planejamento Estratégico:
(permanentemente)
— Definição do negócio, missão, visão e valores organizacio- Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na
nais; execução de um procedimento ou na prestação de um serviço.
— Diagnóstico estratégico (análise interna e externa); Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados
— Formulação da estratégia; institucionais da organização.
— Implantação; Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o problema
— Controle. que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão.
• Planejamento tático ou intermediário
Complexidade menor que o nível estratégico e maior que o
operacional, de média complexidade e compõe uma abrangência
departamental, focada em médio prazo.
— Observa as diretrizes do Planejamento Estratégico;
— Determina objetivos específicos de cada unidade ou depar-
tamento;
— Médio prazo.
• Planejamento operacional ou chão de fábrica

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL

• Negócio, Missão, Visão e Valores


Negócio, Visão, Missão e Valores fazem parte do Referencial estratégico: A definição da identidade a organização.
— Negócio = O que é a organização e qual o seu campo de atuação. Atividade efetiva. Aspecto mais objetivo.
— Missão = Razão de ser da organização. Função maior. A Missão contempla o Negócio, é através do Negócio que a organização alcan-
ça a sua Missão. Aspecto mais subjetivo. Missão é a função do presente.
— Visão = Qual objetivo e a visão de futuro. Define o “grande plano”, onde a organização quer chegar e como se vê no futuro, no
destino desejado. Direção mais geral. Visão é a função do futuro.
— Valores = Crenças, Princípios da organização. Atitudes básicas que sem elas, não há negócio, não há convivência. Tutoriza a escolha
das estratégias da organização.
• Análise SWOT
Strenghs – Weaknesses – Opportunities – Threats.
Ou FFOA
Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças.

É a principal ferramenta para perceber qual estratégia a organização deve ter.


É a análise que prescreve um comportamento a partir do cruzamento de 4 variáveis, sendo 2 do ambiente interno e 2 do ambiente
externo. Tem por intenção perceber a posição da organização em relação às suas ameaças e oportunidades, perceber quais são as forças
e as fraquezas organizacionais, para que a partir disso, a organização possa estabelecer posicionamento no mercado, sendo elas: Posição
de Sobrevivência, de Manutenção, de Crescimento ou Desenvolvimento. Em que para cada uma das posições a organização terá uma
estratégia definida.
Ambiente Interno: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela tem o poder de controle. Pontos Fortes: Elementos que
influenciam positivamente. Pontos Fracos: Elementos que influenciam negativamente.
Ambiente Externo: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela NÃO tem o poder de controle. Oportunidades: Elementos
que influenciam positivamente. Ameaças: Elementos que influenciam negativamente.
• Matriz GUT
Gravidade + Urgência + Tendência

Gravidade: Pode afetar os resultados da Organização.


Urgência: Quando ocorrerá o problema.
Tendência: Irá se agravar com o passar do tempo.
Determinar essas 3 métricas plicando uma nota de 1-5, sendo 5 mais crítico, impactante e 1 menos crítico e com menos impacto.
Somando essas notas. Levando em consideração o problema que obtiver maior total.
PROBLEMA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA TOTAL

X 1 3 3 7
Y 3 2 1 6

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
• Ferramenta 5W2H
Ferramenta que ajuda o gestor a construir um Plano de Ação. Facilitando a definição das tarefas e dos responsáveis por cada uma
delas. Funciona para todos os tipos de negócio, visando atingir objetivos e metas.
5W: What? – O que será feito? - Why? Porque será feito? - Where? Onde será feito? - When? Quando será feito? – Who? Quem fará?
2H: How? Como será feito? – How much? Quanto irá custar para fazer?
Não é uma ferramenta para buscar causa de problemas, mas sim elaborar o Plano de Ação.
WHAT WHY WHERE WHEN WHO HOW HOW MUCH
Padronização de Otimizar Coordenação Agosto 2021 João Silva Contratação de 2.500,00
Rotinas tempo Assessoria externa

Sistema de Impedir Setor Compras 20/08/21 Paulo Santos Compra de 4.000,00


Segurança entrada de equipamentos e
Portaria pessoas não instalação
autorizadas
Central
• Análise competitiva e estratégias genéricas
Gestão Estratégica: “É um processo que consiste no conjunto de decisões e ações que visam proporcionar uma adequação competiti-
vamente superior entre a organização e seu ambiente, de forma a permitir que a organização alcance seus objetivos”.
Michael Porter, Economista e professor norte-americano, nascido em 1947, propõe o segundo grande essencial conceito para a com-
preensão da vantagem competitiva, o conceito das “estratégias competitivas genéricas”.
Porter apresenta a estratégia competitiva como sendo sinônimo de decisões, onde devem acontecer ações ofensivas ou defensivas
com finalidade de criar uma posição que possibilite se defender no mercado, para conseguir lidar com as cinco forças competitivas e com
isso conseguir e expandir o retorno sobre o investimento.
Observa ainda, que há distintas maneiras de posicionar-se estrategicamente, diversificando de acordo com o setor de atuação, capa-
cidade e características da Organização. No entanto, Porter desenha que há três grandes pilares estratégicos que atuarão diretamente no
âmbito da criação da vantagem competitiva.
As 3 Estratégias genéricas de Porter são:
1. Estratégia de Diferenciação: Aumentar o valor – valor é a percepção que você tem em relação a determinado produto. Exemplo:
Existem determinadas marcas que se posicionam no mercado com este alto valor agregado.
2. Estratégia de Liderança em custos: Baixar o preço – preço é quanto custo, ser o produto mais barato no mercado. Quanto vai custar
na etiqueta.
3. Estratégia de Foco ou Enfoque: Significa perceber todo o mercado e selecionar uma fatia dele para atuar especificamente.
• As 5 forças Estratégicas
Chamada de as 5 Forças de Porter (Michael Porter) – é uma análise em relação a determinado mercado, levando em consideração 5
elementos, que vão descrever como aquele mercado funciona.
1. Grau de Rivalidade entre os concorrentes: com que intensidade eles competem pelos clientes e consumidores. Essa força tenciona
as demais forças.
2. Ameaça de Produtos substitutos: ameaça de que novas tecnologias venham a substituir o produto ou serviço que o mercado ofe-
rece.
3. Ameaça de novos entrantes: ameaças de que novas organizações, ou pessoas façam aquilo que já está sendo feito.
4. Poder de Barganha dos Fornecedores: Capacidade negocial das empresas que oferecem matéria-prima à organização, poder de
negociar preços e condições.
5. Poder de Barganha dos Clientes: Capacidade negocial dos clientes, poder de negociar preços e condições.
• Redes e alianças
Formações que as demais organizações fazem para que tenham uma espécie de fortalecimento estratégico em conjunto. A formação
de redes e alianças estratégicas de modo a poder compartilhar recursos e competências, além de reduzir seus custos.
Redes possibilitam um fortalecimento estratégico da organização diante de seus concorrentes, sem aumento significativo de custos.
Permite que a organização dê saltos maiores do que seriam capazes sozinhas, ou que demorariam mais tempo para alcançar individual-
mente.
Tipos: Joint ventures – Contratos de fornecimento de longo prazo – Investimentos acionários minoritário – Contratos de fornecimento
de insumos/ serviços – Pesquisas e desenvolvimento em conjunto – Funções e aquisições.
Vantagens: Ganho na posição de barganha (negociação) com seus fornecedores e Aumento do custo de entrada dos potenciais con-
correntes em um mercado = barreira de entrada.

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
• Administração por objetivos Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos
A Administração por objetivos (APO) foi criada por Peter Du- de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis
cker que se trata do esforço administrativo que vem de baixo para de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de-
cima, para fazer com que as organizações possam ser geridas atra- partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem
vés dos objetivos. relação com a divisão e variedade de tarefas.
Trata-se do envolvimento de todos os membros organizacio- • Departamentalização funcional ou por funções: É a forma
nais no processo de definição dos objetivos. Parte da premissa de mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan-
que se os colaboradores absorverem a ideia e negociarem os obje- do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções
tivos, estarão mais dispostos e comprometidos com o atingimento e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru-
dos mesmos. pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como
financeira, marketing, pessoal, dentre outras.
Fases: Especificação dos objetivos – Desenvolvimento de pla-
nos de ação – Monitoramento do processo – Avaliação dos resul- Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a
tados. cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi-
cada para ambientes estáveis.
• Balanced scorecard
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa-
Percepção de Kaplan e Norton de que existem bens que são
mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um
intangíveis e que também precisam ser medidos. É necessário apre-
todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró-
sentar mais do que dados financeiros, porém, o financeiro ainda faz
prios objetivos e problemas.
parte do Balanced scorecard.
• Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização
Ativos tangíveis são importantes, porém ativos intangíveis me-
ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organização
recem atenção e podem ser ponto de diferenciação de uma organi-
possui. Justificando-se assim, quando há necessidades heterogêne-
zação para a outra.
as entre os diversos públicos da organização. Por exemplo (loja de
Por fim, é a criação de um modelo que complementa os dados roupas): departamento masculino, departamento feminino, depar-
financeiros do passado com indicadores que buscam medir os fato- tamento infantil.
res que levarão a organização a ter sucesso no futuro.
Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às deman-
• Processo decisório das específicas de cada nicho de clientes.
É o processo de escolha do caminho mais adequado à organiza- Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos
ção em determinada circunstância. globais da organização e multiplicação de funções semelhantes
Uma organização precisa estar capacitada a otimizar recursos e nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além de
atividades, assim como criar um modelo competitivo que a possibi- poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departamento
lite superar os rivais. Julgando que o mercado é dinâmico e vive em diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao seu tipo de
constante mudança, onde as ideias emergem devido às pressões. cliente.
Para que um negócio ganhe a vantagem competitiva é neces- • Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga-
sário que ele alcance um desempenho superior. Para tanto, a or- nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo
ganização deve estabelecer uma estratégia adequada, tomando as assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ-
decisões certas. tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga-
— Organização nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
• Estrutura organizacional Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um
A estrutura organizacional na administração é classificada
melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan-
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilidades,
do a eficiência e ganhos em produtividade.
sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões de uma
organização ou empresa. • Departamentalização por produtos: A organização se estru-
tura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou serviços.
É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol-
Justificando-se quando a organização possui uma gama muito va-
vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
riada de produtos que utilizem tecnologias bem diversas entre si,
alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura
ou mesmo que tenham especificidades na forma de escoamento da
pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
produção ou na prestação de cada serviço.
qualquer transformação.
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos en-
Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal
volvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, possibi-
e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a
litando maior inovação na produção.
controle, porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a
controle. Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da or-
ganização, dificultando a coordenação entre eles.
• Tipos de departamentalização
• Departamentalização geográfica: Ou departamentalização
É  uma forma de sistematização  da  estrutura organizacional,
territorial, trata-se de critério de departamentalização em que a
visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação
empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do mun-
com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa.
do, alocando recursos, esforços e produtos conforme a demanda
Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te-
da região.
nham esse ponto em comum.
Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obviamen-
te, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justificarão que
cada filial tenha suas especificidades, exatamente para atender a
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada filial nacional, — Organização de Gerenciamento de Projetos
poderão existir subdivisões, para atender às diferentes regiões de — Organização Matricial
cada país, com seus costumes e desejos. Como cada filial estará
Organização informal refere-se a uma estrutura social interliga-
estabelecida em uma determinada região geográfica e as filiais es-
da que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É pos-
tarão focadas em atender ao público dessa região. Logo, provavel-
sível formar organizações informais dentro das organizações. Além
mente haverá dificuldade em conciliar os interesses de cada filial
disso, esta organização consiste em compreensão mútua, ajuda e
geográfica com os objetivos gerais da empresa.
amizade entre os membros devido ao relacionamento interpessoal
• Departamentalização por projetos: Os departamentos são que constroem entre si. Normas sociais, conexões e interações go-
criados e os recursos alocados em cada projeto da organização. vernam o relacionamento entre os membros, ao contrário da orga-
Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno das nização formal.
construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter grande
Embora os membros de uma organização informal tenham res-
autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos objetivos de
ponsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacionem com
cada projeto.
seus próprios valores e interesses pessoais sem discriminação.
Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do projeto e
A estrutura de uma organização informal é plana. Além disso,
proporciona melhores resultados.
as decisões são tomadas por todos os membros de forma coleti-
Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como va. A unidade é a melhor característica de uma organização infor-
um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estruturas mal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem
(sugando mais recursos), e insegurança nos empregados sobre sua regras e regulamentos rígidos dentro das organizações informais;
continuidade ou não na empresa quando o projeto no qual estão regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis ​​às mudanças.
alocados se findar.
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados.
• Departamentalização matricial Existem muitas organizações informais dentro de organizações for-
mais, portanto, eles são mutuamente exclusivos.
Também é chamada de organização em grade, e é uma mistu-
ra da departamentalização funcional (mais verticalizada), com uma
O PROCESSO ADMINISTRATIVO
outra mais horizontalizada, que geralmente é a por projetos.
Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por res-
ponder ao comando da linha funcional e ao gerente da horizontal.
O processo administrativo diz respeito às atividades da Admi-
Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou balanceada:
nistração Pública que tem o propósito de atingir objetivos especí-
• Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autoridade; ficos previstos por lei. Isso ocorre para que ações do Estado sejam
• Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade; regulares, uniformes e fundamentadas em princípios legais. O pro-
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre os cesso administrativo age, então como um incentivador do Estado
gerentes de projeto e funcional. para que ele aplique a e aja guiado por ela.
Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização Regulado pela Lei nº 9.784/99, chamada de Lei de Processo Ad-
matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo ministrativo (LPA), o processo administrativo é a maneira pela qual
de estrutura organizacional. o Poder Público administra e decide em questões pública a fim de
permanecer existindo. O processo administrativo organiza as ações
Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autono-
do Estado de modo que suas decisões sejam coerentes e padroni-
mia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administra-
zadas.
tivo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os
empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões O objetivo do processo administrativo é a tomada de decisões
e dificuldade de coordenação. administrativas do Poder Público. Sem este recurso, as ações de ór-
gãos, instituições, entidades e autoridades do Estado correm o risco
• Organização formal e informal
de não serem arbitrárias sequer organizadas, pois não há a valida-
Organização formal trata-se de uma organização onde duas ou ção da lei. Esta específica lei delimita o funcionamento dos proce-
mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com um dimentos administrativos do Estado, especificando cada função e
relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela alta ad- cada órgão para cada finalidade, a fim de garantir o bem da nação.
ministração e tem um conjunto de regras e regulamentos a seguir.
O principal objetivo da organização é atingir as metas estabeleci-
das. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada indivíduo com ORGANIZAÇÃO: PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO; ESTRU-
base em suas capacidades. Em outras palavras, existe uma cadeia TURA ORGANIZACIONAL; DEPARTAMENTALIZAÇÃO; CEN-
de comando com uma hierarquia organizacional e as autoridades TRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
são delegadas para fazer o trabalho.
Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
em tópicos anteriores.
do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os dois
membros é apenas por meio de canais planejados.
PROCESSO DECISÓRIO: TIPOS DE DECISÕES; DECISÃO RA-
Tipos de estruturas de organização formal: CIONAL; HEURÍSTICAS; FERRAMENTAS DE APOIO À DECI-
— Organização de Linha SÃO
— Organização de linha e equipe
— Organização funcional
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acir- lar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou
rada entre as organizações, a todo momento necessitamos tomar seja, deve ser dominada por todas as partes envolvidas dentro de
decisões sempre que estamos diante de um problema que apresen- uma organização.
ta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando possuímos Esse método apresenta duas grandes vantagens:
uma única opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de
• permite a solução de problemas de modo eficaz;
adotar ou não essa opção.
• permite que os indivíduos de uma organização se capacitem
O processo de escolher o caminho mais adequado para a em-
de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsa-
presa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada
bilidade.
de decisão.
Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e
de decisão: subpassos pré-definidos para a escolha de um problema, análise
de suas causas, determinação e planejamento de um conjunto de
• minimizar perdas;
ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solu-
• maximizar ganhos; e ção e realimentação do processo para a melhoria do aprendizado e
• alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor da própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a Partindo também do pressuposto de que em toda solução há
organização e o estado em que irá se encontrar depois de imple- um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aque-
mentada a decisão. la que maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos.
Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode obter
de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar to- o maior benefício para o menor esforço, o que pode ser definido
das as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visan- como decisão ótima (BAZERMAN).
do escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se A construção do MASP como método destinado a solucionar
decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse problemas dentro das organizações passou pela idealização de um
contexto de competitividade tão agressiva. conceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias in-
O que significa decidir ter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação
• “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenôme-
conjunto de alternativas.”(Caravantes) nos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não
uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz,
resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral). ele procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com
menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como ca-
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto
racterística a racionalidade utilizando lógica e dados.
é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o esta-
do desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação al-
ternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema O MASP é formado por oito etapas:
e sobre a necessidade de uma decisão depende da percepção da
pessoa.” (Robbins).
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva
a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões se-
jam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégi-
cas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas
pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões
gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões
que permite à organização resolver problemas, aproveitar oportu-
nidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)
Administrar é, em última análise, tomar decisões.
Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e
eficaz, é preciso fazer escolhas.
Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utiliza-
da? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos fi-
nanceiros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada?
Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas duran-
te a gestão de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer
escolhas, é preciso decidir!
1. Identificação do problema
Técnicas de análise e solução de problemas A identificação do problema é a primeira etapa do processo de
melhoria em que o MASP é empregado. Se feita de forma clara e
O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um criteriosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o
método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou tempo necessário à obtenção do resultado.
melhoria de padrões. É uma metodologia para se manter e contro-

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: parecem ao local do crime e investigam cuidadosamente o local
(a) selecionar um tópico dentre uma série de possibilidades, con- procurando evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou
centrando o esforço para a obtenção do maior resultado possível; equipe que buscam a solução para um problema.
e (b) aplicar critérios para que a escolha recaia sobre um problema 1. Análise
que mereça ser resolvido.
A etapa de análise é aquela em que serão determinadas as
O que é um problema? principais causas do problema. Se não identificamos claramente as
Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, causas provavelmente serão perdidos tempo e dinheiro em várias
de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos pro- tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa mais impor-
pomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, tante do processo de solução de problemas. Para Kume a análise se
necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo. compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e
Exemplo: o teste dessas hipóteses para confirmação das causas. A identifica-
ção das causas deve ser feita de maneira “científica” o que consiste
– Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objeti-
da utilização de ferramentas da qualidade, informações, fatos e da-
vos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los.
dos que deem ao processo um caráter objetivo.
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes
Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que estão
componentes:
ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em questão,
• um objetivo a ser alcançado; assim como os potenciais ganhos que o MASP pode trazer. O item
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e “quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente. Falconi afirma
• a situação inicial do problema. que nesta fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o
que se está perdendo e o que é possível ganhar.
Outro exemplo:
Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natureza
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal
qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo para a
a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Ad-
organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja impossível.
mite-se a ocorrência de um problema apenas quando for consta-
tado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10 Quais podem ser os custos do aumento do número de ocorrên-
parafusos defeituosos por milhão produzido. cias de reclamações dos clientes? Quais serão os custos para a ima-
gem da organização, provocados pela perda de credibilidade em de-
Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indese-
corrência de algum defeito existente em um determinado produto?
jável (Falconi), mas geralmente a solução implica o retorno a um
desempenho anterior aceitável. Passos da Etapa 3 –
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma si- Análise
tuação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um - Levantamento das variáveis que influenciam no problema
conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher
- Escolha das causas mais prováveis (hipóteses)
uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser
caracterizados por: - Coleta de dados nos processos
(a) diferença entre situação real e ideal; - Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipóteses
(b) situação adversa; - Teste de consistência da causa fundamental
(c) missões e objetivos; - Foi descoberta a causa fundamental?
(d) situação que oferece escolhas; 2. Plano de Ação
(e) obstáculos ao tentar atingir metas; e Uma vez que as verdadeiras causas do problema foram iden-
(f) desvios do comportamento esperado. tificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre várias, as
formas de eliminá-las devem então ser encontradas Para Hosotani
Passos da Etapa 1 –
esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar as verda-
Identificação do problema deiras causas do problema identificadas pela análise e então trans-
- Identificação dos problemas mais comuns formar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do
processo em que o problema se apresenta, é possível que possa
- Levantamento do histórico dos problemas
existir um conjunto de possíveis soluções. As ações que eliminam as
- Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis causas devem, portanto, ser priorizadas, pois somente elas podem
- Escolha do problema evitar que o problema se repita novamente.
- Formar a equipe e definir responsabilidades Passos da Etapa 4:
- Definir o problema e a meta Plano de ação
2. Observação
- Definir estratégia de ação.
A observação do problema é a segunda etapa do MASP e con-
- Elaborar plano de ação.
siste averiguar as condições em que o problema ocorre e suas ca-
racterísticas específicas do problema sob uma ampla gama de pon- Essa fase consiste no estabelecimento de metas a atingir, isto
tos de vista. é, elas devem ser alcançadas com o método MASP. Na maioria dos
O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar in- MASPs de manutenção, o objetivo é, de maneira geral, o retorno às
formações que podem ser úteis para direcionar um processo de condições ideais anteriores à ocorrência do problema.
análise que será feito na etapa posterior. Kume compara esta etapa
com uma investigação criminal observando que “os detetives com-

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
3.Ação - Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedi-
Na sequência da elaboração do plano de ação, está o desen- mento Padrão Operacional — PPO.
volvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta etapa - Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua execução, - Treinar pessoal (no PPO revisado).
iniciando-se por meio da comunicação do plano com as pessoas en-
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
volvidas, passando pela execução propriamente dita, e terminando
com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu- - Auditar cumprimento do padrão
ção foi feita de forma correta e conforme planejado. 6. Conclusão
Passos da Etapa 5 – A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de
Ação problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo
- Divulgação e alinhamento o processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros.
- Execução das ações Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendi-
zado, aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de me-
- Acompanhamento das ações
lhoria.
4. Verificação
Passos da Etapa 8 –
Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo PDCA Conclusão
e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final
(problema) e outros aspectos para analisar as variações positivas e - Identificação dos problemas remanescentes
negativas possibilitando concluir pela efetividade ou não das ações - Planejamento das ações antirreincidência
de melhoria (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as - Balanço do aprendizado
expectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da autoesti-
- Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.
ma, crescimento pessoal e a descoberta do prazer e excitação que
a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI). O MASP é um método que permanece atual e em prática con-
Parker observa que “nenhum problema pode ser considerado tínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da
resolvido até que as ações estejam completamente implantadas, Qualidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamen-
ela esteja sob controle e apresente uma melhoria em performan- te por organizações de todos os portes e ramos.
ce”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade da solução
implantada são essenciais por um período de tempo para que haja FATORES QUE AFETAM A DECISÃO
confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este pon-
to ao afirmar que os resultados devem ser medidos em termos nu-
méricos, comparados com os valores definidos e analisados usando
ferramentas da qualidade para ver se as melhorias prescritas foram
ou não atingidas.
Passos da Etapa 6 –
Verificação
- Comparar resultados obtidos com os previstos.
- Listar efeitos colaterais não previstos.
- Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do pla-
no de ação)
5. Padronização
Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham
sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos objetivos ela po-
dem ser instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo
com Kume existem dois objetivos para a padronização. Primeiro,
afirma o autor, sem padrões o problema irá gradativamente retor-
nar à condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o
problema provavelmente acontecerá novamente quando novas
pessoas (empregados, transferidos ou temporários) se envolverem
com o trabalho. A preocupação neste momento é, portanto, a rein- São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos
cidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assu-
ação humana. A padronização não se faz apenas por meio de docu- midos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações
mentos. Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilida-
dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME), o que inclui de do tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc.
a educação e o treinamento. Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode
Passos da Etapa 7 – ser tomada:
Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de criação
de alternativas de solução e escolha da mais adequada. Basta seguir
as ações que já foram exercidas com sucesso nas ocasiões anterio-
res. Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
da pirâmide hierárquica.
Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio, onde
já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe qual ca-
minho os ocupantes de cada andar do prédio devem seguir, pois
todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com antecedência.
Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fato-
Esses são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas
res que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os riscos e
e rotineiras.
probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre
custos, sabemos quais são os fatores potencializadores e restrito- Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
res, temos estudos de viabilidade das alternativas etc. da pirâmide hierárquica.
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocor- As decisões não programadas ou não estruturadas são neces-
rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de sárias em situações em que as decisões programadas não conse-
acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. guem resolver.
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca Quando nos referimos a decisões não programadas nos referi-
ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência mos àquelas que resultam de problemas que não são bem compre-
de cada evento futuro. endidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser singulares e
não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros.
Tipos de decisões São situações inesperadas, que a organização está enfrentando
pela primeira vez e que admitem diferentes formas de resolução,
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alter- cada uma com suas vantagens e desvantagens.
nativas ou possibilidades. Estas situações exigem uma análise mais profunda, um diag-
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de pro- nóstico para o perfeito entendimento do problema até a tomada
blemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas relativas a de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais comuns
aspectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou no nível institucional ou estratégico da organização, no topo da pi-
estratégicos, como entrar ou não no mercado internacional. râmide hierárquica.
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solucio-
nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo influencia- nados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões, já
restratégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determi- que não existem soluções rotineiras.
nada parcela da sociedade onde elas estejam inseridas. Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmente
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se apoian- nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes necessitam
do em diversos fatores para que a tomada de decisão seja o mais tomar decisões não programadas durante o curso de definição de
assertiva possível e o tomador de decisão possa estar mais seguro metas e estratégias de uma empresa e em suas atividades diárias.
diante de possíveis e prováveis problemas que possam surgir. Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no momen- desse tipo de problema, procurando princípios e soluções que pos-
to da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois tipos de sam ser aplicados à situação, mas sempre levando em consideração
situação que, de acordo com sua natureza, terão e abordagem dife- que as metodologias de solução de problemas passados podem não
rente para se alcançar as soluções adequadas. ser aplicáveis no caso em questão.
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se com- Pelo fato de as decisões não programadas serem tão importan-
põe de uma sequência de etapas, que vão da identificação da ques- tes para as empresas e tão comuns para a gerência, a eficiência de
tão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa de solução é um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a qualidade de
colocada em prática. sua tomada de decisão.
As decisões nas organizações se dividem em duas categorias Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em
principais: as programadas e as não programadas. que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aquelas mais
amplas, referentes à organização como um todo e sua relação com
Podemos considerar decisões programadas aquelas que toma- o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e pos-
mos quando percebemos os problemas como bem compreendidos, suem consequências de longo prazo.
altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para cuja solução
podemos utilizar procedimentos e regras sistemáticos. Essas deci- As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos níveis
sões são sempre semelhantes. das unidades organizacionais ou departamentos.
As decisões programadas ou estruturadas compõem o acervo, Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no
o estoque de soluções armazenadas pela organização, com base dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realida-
nas experiências anteriores por que passou. de organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a definição de
tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra tipologia,
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já foram referente a quem é o tomador de decisões:
enfrentados antes e que possuem um comportamento semelhante.
Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discussões,
acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
rápida de tomada de decisão e não deve ser questionada. Muitas
vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: CULTURA ORGA-
marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso. NIZACIONAL; MOTIVAÇÃO; LIDERANÇA; COMUNICAÇÃO;
Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consul- EQUIPES DE TRABALHO
ta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa que TEORIA COMPORTAMENTAL – DESDOBRAMENTOS
recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser
aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu- • É possível a integração das necessidades individuais de auto
me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor- expressão com os requisitos de uma organização;
mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para • As organizações que apresentam alto grau de integração en-
decidir da melhor maneira possível”. tre objetivos individuais e organizacionais são mais produtivas;
Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da de- • Ao invés de reprimir o desenvolvimento e o potencial do indi-
cisão o item de: víduo, as organizações podem contribuir para sua melhor aplicação.
• Comportamento Organizacional
Certeza, risco e incerteza É a área que estuda a previsão, explicação, modificação e en-
tendimento do comportamento humano e os processos mentais
Podemos chamar de incerteza aquela situação que, muitas ve- dos indivíduos em relação ao seu trabalho dentro da organização.
zes, se configura por existirem informações insuficientes e dúbias Tem grande relação com a Psicologia Organizacional e do trabalho,
para os tomadores de decisão. Isso certamente inviabiliza a clareza se tornando uma fonte importante para a Administração e para a
das alternativas e traz consigo riscos inerentes, fazendo com que a Gestão de Pessoas, pois passa-se a compreender melhor a relação
decisão tomada se torne mais difícil de ser operacionalizada. entre o indivíduo, o trabalho e as entidades organizacionais.
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser neces- Baseia-se nas relações internas e externas, e que as forças psi-
sário identificar claramente qual é o problema e de se ter em mão- cológicas que atuam sobre o indivíduo nesse contexto, estão ligadas
sinformações de qualidade, o gestor precisa possuir também um também aos grupos e a própria organização.
conhecimento aprofundado do mercado em que atua, conhecendo
seus concorrentes e a capacidade organizacional deles. É assim que • Objetos de estudo:
são geridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse gru- 1. Impacto do emprego na vida humana (o quanto que esse
po é composto especialmente pelas organizações de grande porte. elemento interfere na sua satisfação, felicidade, convivência com
É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza a família);
a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégica 2. Relação entre as pessoas e grupos dentro de um contexto
possíveis ações futuras que poderão dar à sua empresa vantagem de trabalho (contexto diferente da vida particular de casa, família,
competitiva em relação às concorrentes. escola);
• decisão em condições de certeza – ocorre quando há total co- 3. Percepções, crenças e atitudes do indivíduo com relação ao
nhecimento de todos os estados da natureza do processo decisório. trabalho (como as pessoas enxergam a organização, o seu papel
Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está dentro das relações que ela desenvolve e quanto essas questões se
ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão. tornam significativas para vida do indivíduo);
• decisão em condições de risco – ocorre quando não são co- 4. Desempenho e produtividade (que fatores levam ao maior
nhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados da produtividade e desempenho, como pode-se influenciar nisso);
natureza do processo decisório. 5. Saúde no trabalho (como as organizações afetam a saúde do
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão em indivíduo e como pode-se minimizar o impacto das suas atividades
condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob con- nessa questão);
dições de risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua intuição 6. Ética nas relações de trabalho (o quanto as relações inter-
ou informações secundárias para mensurar as chances de acerto de nas, de poder e de subordinação levam em consideração questões
alternativas ou resultados. morais);
• decisão em condições de incerteza ou em condições de igno- 7. Diversidade da força de trabalho (questões de gênero, raça
rância – ocorre quando não se obtiveram informações e dados so- e credo);
bre as circunstâncias do processo decisório ou em relação à parcela 8. Ações ou comportamentos do indivíduo dentro desse con-
dessa situação. Para decidir numa situação dessas deve-se recorrer texto (aprendizagem, cultura organizacional, poder, grupos e equi-
à intuição e à criatividade. pes, liderança, motivação, comprometimento, bem como as causas
• decisão em condições de competição ou em condições de e consequências dessas ações).
conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do processo O comportamento organizacional é fundamental para os ges-
de tomada de decisão são determinadas pela ação de competido- tores e para a Gestão de Pessoas, propiciando todo o conjunto de
res. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma decisão, prever ferramentas para facilitar as decisões relacionadas a Gestão de Pes-
que não haverá nenhum resultado não previsto, classificamos essa soas e Administração, bem como a vida diária dos gestores.
decisão como uma decisão programada.1 Abordagem Sistêmica
A partir do ano de 1950, muitas das teorias começaram a apare-
cer paralelamente, entre elas nasce a abordagem sistêmica. Ludwig
Von Bertalanffy, biólogo alemão, coordenava um estudo interdisci-
plinar a fim de transcender problemas existentes em cada ciência e
proporcionar princípios gerais. Princípios esses que darão a visão de
1Por Aberlardo Neves / Fonte: www.sandrow.ecn.br
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
uma organização como organismo, ensinando quatro princípios im-
portantes que devem ser pensados dentro das organizações. Nasce
a Teoria Geral dos Sistemas
— Visão Totalizante;
— Visão Expansionista;
— Visão Sistêmica;
— Visão Integrada;
• Características da abordagem sistêmica
— Expansionismo: Tem a ideia totalmente contrária ao Redu-
cionismo, significa dizer que o desempenho de um sistema menor,
depende de como ele interage com o todo maior que o envolve e
do qual faz parte.
— Pensamento Sintético: É o fenômeno visto como parte de
um sistema maior e é explicado em termos do papel que desem-
penha nesse sistema maior. Juntando as coisas e não as separando.
Há uma coordenação com as demais variáveis, em que as trocas das
partes de um todo estão completamente ajustadas. Verificando-se
assim, o comportamento de cada parte no todo.
— Teleologia: A lógica sistêmica procura entender a inter-rela-
ção entre as diversas variáveis de um campo de forças que atuam
entre si. O todo é diferente de cada uma das suas partes.
Exemplo: o indivíduo é o que é pelo meio onde nasceu, pela
educação que recebeu, pela forma de relacionamentos e cultura Liderança
que conviveu. Existe grandes diferenças entre os indivíduos devido Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto
às influências que sofreram ao longo da vida e é isso que a Teoria ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança
Geral de Sistemas vai procurar explicar, o indivíduo é produto do – influência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não
meio em que vive, não está sozinho e isolado, tudo está fortemente fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder para
conectado. influenciar o comportamento de outras pessoas, ocorrendo em
• Os sistemas existem dentro de sistemas (uma pequena parte, uma dada situação.
faz parte de um todo maior); — Liderança precisa de pessoas.
• Os sistemas são abertos (intercambio com o todo); — Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude
• As funções de um sistema dependem de sua estrutura (pes- de comportamento.
soas, recursos, do meio onde está). — Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via
informal.
• CULTURA ORGANIZACIONAL
— Situação: em determinadas situações a liderança pode apa-
A  cultura organizacional  é responsável por reunir os hábitos, recer.
comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas in- Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por
ternas e externas da organização. algum aspecto) – Liderança – Poder.
— Direção A influência acontece e gera a liderança, o poder é por onde
Direção essencialmente como uma função humana, apêndice essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal.
de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços para que Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém
os indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela or- fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que
ganização. este ofereça resistência. ” – Exemplo: votação, alistamento militar
Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacida- para homens.
de de sobrevivência (gatilhos da motivação) — Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao car-
• Motivação go e ficam no cargo independente de quem o ocupe. Já poderes
informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do
“Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e mo- cargo que o indivíduo ocupe.
tivos que são responsáveis pela direção, intensidade e persistência
do comportamento humano em busca de resultados. ” É o que des- — Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém
perta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos. Algo tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de con-
acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível duzir ações.
parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa. — Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações
A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes for-
próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio. mais. E o líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue
liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente
Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sem- do cargo que ocupe.
pre uma resposta interna aos estímulos.
Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança é o que
consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os poderes for-
mais e informais.

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• Tipos de Liderança: • Objetivo:
— Identificar os problemas, falhas, erros e desvios.
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incenti-
vos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e — Fazer com que os resultados obtidos estejam próximos dos
liderados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si. resultados esperados.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Ins- — Fazer com que a organização trabalhe de forma mais ade-
pira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima quada.
da transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de — Proporcionar informações gerenciais periódicas.
agentes de mudança e inovação. — Redefinir e retroalimentar os objetivos (feedback).
• Comunicação • Características
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é ne- - Monitorar e avaliar ações.
cessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo - Verificar desvios (positivos e negativos)
dentro da organização. A organização que possui uma boa comuni- - Promover mudanças (correção e aprimoramento)
cação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente • Tipos, vantagens e desvantagens.
gera melhores resultados. — Preventivo (ex-ante): Controle proativo. Objetiva prevenir,
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o evitar e identificar possíveis problemas, antes que eles aconteçam.
êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarreta- — Simultâneo: Controle reativo. Acontece durante a execução
rá um grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificul- das tarefas. Controle estatístico da produção, verificar as margens
tando a organização de atingir seus objetivos. de erro de produção. Avaliação, monitoramento.
Através da comunicação a organização, bem como sua lideran- — Posterior (ex-post): Controle reativo. Inspeção no final do
ça, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma mais processo produtivo se avalia o resultado dado. Acontece após.
efetiva.
• Sistema de medição de desempenho organizacional
A comunicação interna tem como objetivo manter os indiví-
Faz parte das etapas do Processo de Controle os sistemas de
duos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e
medição de desempenho, onde pode-se:
resultados obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a
organização competitiva no mercado. — Estabelecer padrões: definição de objetivos, metas e desem-
penho esperado.
• Descentralização e delegação
— Monitorar desempenho: acompanhar, coletar informação,
Centralização ocorre quando uma organização decide que a
andar simultaneamente ao processo. Determinar o que medir,
maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos car-
como medir e quando medir.
gos no topo somente. Descentralização ocorre quando o contrário
acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está — Comparação com o padrão: análise dos resultados reais em
dispersa pela empresa, na base, através dos diversos setores. comparação com o objetivo previamente estabelecido.
Delegação é o processo usado para transferir autoridade e res- — Medidas Corretivas: tomar as decisões que levem a orga-
ponsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierár- nização a atingir os resultados desejados. Caminhos: Não mudar
quicos inferiores. nada. Corrigir desempenho. Alterar padrões.
Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de tra-
balho nas organizações do mundo contemporâneo. As evidências
CONTROLE: TIPOS DE CONTROLE; SISTEMAS DE CONTROLE sugerem que as equipes são capazes de melhorar o desempenho
dos indivíduos quando a tarefa requer múltiplas habilidades, julga-
mentos e experiências. Quando as organizações se reestruturaram
— Controle
para competir de modo mais eficiente e eficaz, escolheram as equi-
Segundo Djalma de Oliveira: pes como forma de utilizar melhor os talentos dos seus funcioná-
“Controle é uma função do processo administrativo que, me- rios. As empresas descobriram que as equipes são mais flexíveis e
diante a comparação com padrões previamente estabelecidos, pro- reagem melhor às mudanças do que os departamentos tradicionais
cura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a ou outras formas de agrupamentos permanentes. As equipes têm
finalidade de realimentar os tomadores de decisões, de forma que capacidade para se estruturar, iniciar seu trabalho, redefinir seu
possam corrigir ou reforçar esse desempenho ou interferir em fun- foco e se dissolver rapidamente. Outras características importantes
ções do processo administrativo, para assegurar que os resultados é que as equipes são uma forma eficaz de facilitar a participação
satisfaçam aos desafios e aos objetivos estabelecidos. ” dos trabalhadores nos processos decisórios aumentar a motivação
Segundo Robbins e Coulter: dos funcionários.
“O processo de monitorar as atividades de forma a assegurar
que elas estejam sendo realizadas conforme o planejado e corrigir
quaisquer desvios significativos. ”
Segundo Maximiano:
“Consiste em fazer comparação e tomar a decisão de confirmar
ou modificar os objetivos e os recursos empregados em sua reali-
zação. ”
No processo administrativo o controle aparece como a etapa
final, porém, o controle acontece durante todas as fases do proces-
so, é contínua.

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
- Administração de cargos e salários.
GESTÃO DE PESSOAS: EVOLUÇÃO; CONCEITOS BÁSICOS; - Incentivos salariais e benefícios sociais.
ABORDAGEM ESTRATÉGICA; INDICADORES DE GESTÃO DE
- Avaliação do desempenho dos funcionários.
PESSOAS. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS: VISÃO
GERAL E CONCEITOS BÁSICOS; RELAÇÃO COM OS DEMAIS - Comunicação aos funcionários.
PROCESSOS DE GESTÃO DE PESSOAS; RECRUTAMENTO IN- - Treinamento e desenvolvimento de pessoal.
TERNO E EXTERNO; TÉCNICAS DE RECRUTAMENTO E SELE- - Desenvolvimento organizacional.
ÇÃO. ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS. TREINAMENTO
- Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho.
E DESENVOLVIMENTO: VISÃO GERAL E CONCEITOS BÁSI-
COS; RELAÇÃO COM OS DEMAIS PROCESSOS DE GESTÃO - Relações com empregados e relações sindicais.
DE PESSOAS; MÉTODOS; AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS A importância das pessoas nas Organizações:
DE TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO. GESTÃO DO
DESEMPENHO: VISÃO GERAL E CONCEITOS BÁSICOS; Qual a importância das organizações em ter lideres, preparados
RELAÇÃO COM OS DEMAIS PROCESSOS DE GESTÃO para liderar pessoas. Liderança é uma das maiores competência nos
DE PESSOAS; MÉTODOS. GESTÃO POR COMPETÊN- dias de hoje, pessoas com visão, habilidades de relacionamento,
CIAS. boa comunicação, com a capacidade de desenvolver lideres de in-
fluenciar e motivar pessoas é o maior patrimônio das organizações.
Gestão de pessoas: Conceito, importância, relação com os ou- As instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem
tros sistemas de organização parte do plano de carreira não tem vida própria. Equipes, empresas,
Conceito de Gestão de Pessoas corporações ou governos é resultado do trabalho de um grupo de
pessoas. Empresas não têm sucesso, pessoas sim. Pessoas são im-
A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade portantes nas corporações, nas empresas no governo ou em qual-
que predomina nas organizações.Ela é contingencial e situacional, quer outra instituição, Robert W. Woodruff, ex-diretor executivo da
pois depende de vários aspectos coma a cultura que existe em cada Coca-Cola diz, “são as pessoas e suas reações que fazem as empre-
organização, a estrutura organizacional adotada, as características sas serem bem-sucedidas ou quebrar”.
do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia uti- No mundo globalizado muito se fala em diferencial competiti-
lizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis vo, neste processo existe vários fatores que influenciam a tecnolo-
importantes. gia, os orçamentos milionários as metodologias de desenvolvimen-
to de novos projetos, novos métodos de gerenciamento tudo isto
Conceitos de RH ou de Gestão de Pessoas são alguns dos fatores essenciais para o diferencial competitivo e o
crescimento de qualquer organização, mas só farão diferença aque-
Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de les que investirem no desenvolvimento de pessoas, com equipes
políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posi- de alto desempenho, formando lideres capazes de criar ambientes
ção gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, ideais que façam com que as pessoas dêem o melhor de si e ex-
incluindo recrutamento, seleção, treinamento, re­compensas e ava- pressam o que há de melhor como potencial. Quando uma organi-
liação de desempenho. zação passa por dificuldade não se troca o nome da empresa ou as
suas instalações, trocam as pessoas, procuram um novo gerente um
ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treina-
novo CEO, ou seja, uma nova liderança. Quando a seleção brasileira
mento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os geren-
de futebol não corresponde às expectativas a CBF procura um novo
tes são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos
técnico de futebol, ai se percebe a importância das pessoas dentro
estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas,
das organizações. Quando as pessoas são motivadas a usar o que
seleção e treinamento.
têm de melhor de si as qualidades individuais aparecem.
ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de
O papel do líder dentro das organizações é extremamente im-
emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organi-
portante, líder com uma liderança afirmadora, que sejam os melho-
zações.
res “animadores de torcida” das pessoas, seus melhores incentiva-
ARH é a função na organização que está relacionada com provi- dores! Devem ser capazes de dizer-lhes: “Vocês podem voar! Eu as
são, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos ajudo” e não ficar esperando que cometam um erro para repreen-
empregados. dê-las.
No mundo globalizado a diferença será feita pelas pessoas
O que é a Gestão de Pessoas?
que compõem o organismo das organizações, indivíduos com ca-
pacidade de comunicação, espírito de equipe, liderança, percepção
Em seu trabalho, cada administrador — seja ele, um diretor,
da relação custo-benefício e foco em resultados. Gente que tenha
gerente, chefe ou supervisor — desempenha as quatro funções ad-
iniciativa, vontade de assumir riscos e agilidade na adaptação a no-
ministrativas que constituem o processo administrativo: planejar,
vas situações, através do comprometimento, motivação, disciplina
organizar, dirigir e controlar. A ARH está relacionada a todas essas
a busca constante de conhecimento e da habilidade no relaciona-
funções do administrador. A ARH refere-se às políticas e práticas
mento pessoal. E quanto mais às pessoas assumirem esses papéis
necessárias para se administrar o trabalho das pessoas, a saber:
mais fortes se tornará as organizações.
- Análise e descrição de cargos.
- Desenho de cargos.
- Recrutamento e seleção de pessoal.
- Admissão de candidatos selecionados.
- Orientação e integração de novos funcionários.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Relação com os outros sistemas de organização Administração de recursos humanos
Finalidades da gestão de pessoas
Confesso que pesquisei muito este último item e não achei
nada que fosse mais especifico, então pelo que entendi a matéria Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos
abaixo pode servir. Você que está estudando e talvez tenha alguma (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir
apostila sobre este tema especifico, me ajuda aí fazendo um co- os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou
mentário de onde eu poderia encontrar ou digite o que leu na sua recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento,
apostila, sua informação terá enorme valor, obrigado recompensa e avaliação de desempenho. É o conjunto de decisões
A sociedade busca uma Justiça mais célere, capaz de resolver integradas sobre as relações de emprego que influencia a eficácia
questões cada vez mais complexas. Neste sentido, espera-se das dos funcionários e das organizações (CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus
instituições, o desenvolvimento e utilização de instrumentos de objetivos são:
gestão que garantam uma resposta eficaz. Esse cenário impõe a ne- • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
cessidade de contar com profissionais altamente capacitados, ap- missão;
tos a fazer frente às ameaças e oportunidades, propondo mudanças
• Proporcionar competitividade à organização;
que possam atender as demandas do cidadão.
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
A partir desse raciocínio é possível visualizar a gestão de pesso-
bem motivados;
as por competências.
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
A gestão de pessoas por competências consiste em planejar,
no trabalho;
captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização
(individual, grupal e organizacional), as competências necessárias à • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
consecução dos objetivos institucionais. • Administrar a mudança;
Para a Justiça Federal foi adotado o conceito de competência • Manter políticas éticas e comportamento socialmente res-
como a combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e ati- ponsável.
tudes, expressas pelo desempenho profissional, que agreguem va- Durante muito tempo as organizações consideraram o capital
lor à pessoa e à organização. financeiro como a principal fonte de desenvolvimento. Todavia atu-
O modelo de gestão de pessoas por competências tem como almente percebe-se que a força para o desenvolvimento das orga-
diretriz a busca pelo autodesenvolvimento e possibilita um diagnós- nizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu desenvolvimento
tico capaz de investigar as reais necessidades apresentadas no con- comprometido pela inabilidade na seleção de pessoas; por falta de
texto de trabalho, bem como aquelas necessárias ao atingimento boas ideias; por falta de potencial criativo; falta de entusiasmo e
dos desafios estratégicos da organização. motivação da equipe; falta de conhecimentos e competências e
As competências classificam-se em: não pela falta de recursos financeiros (Chiavenato, 2005).
a) humanas (ou individuais), quando constituírem atributos de No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estratégia
indivíduos; e e o planejamento de RH têm mudado e crescido significativamente
nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), fato revelado
b) organizacionais (ou institucionais), quando representarem
pelas mudanças da área de RH no período. Viu-se uma evolução
propriedades da organização como um todo ou de suas unidades
desde o pensamento pouco estratégico (anterior aos anos da dé-
produtivas.
cada de 1980 e que resumia a área de RH ao DP – Departamento
As competências humanas ou individuais serão classificadas Pessoal), o aparecimento de estratégias funcionais (década de 80),
como: a proposta de desenvolvimento de capacidades estratégicas (nos
a) fundamentais, aquelas que descrevem comportamentos de- anos iniciais da década de 90) até a visão atual, de busca de ali-
sejados de todos os servidores; nhamento da área aos resultados estratégicos. Essas mudanças na
b) gerenciais, que descrevem comportamentos desejados de área de RH espelharam-se nas mudanças do mercado de trabalho e
todos os servidores que exercem funções gerenciais; e das rupturas verificadas no pensamento relacionado às estratégias
de negócios, notadamente na discussão que se fez relacionada à
c) específicas, aquelas que descrevem comportamentos espe-
competitividade e ao desenvolvimento de competências essenciais
rados apenas de grupos específicos de servidores, em razão da área
para o negócio
ou unidade em que eles atuam.
A adoção do método de diagnóstico com base no modelo de ANTES AGORA
gestão de pessoas por competências requer, em primeiro lugar, a • operacional • estratégica
definição do dicionário de competências que será utilizado como • foco no curto prazo • foco no longo prazo
referência do processo – o dicionário de competências fundamen- • papel administrativo • papel consultivo
tais, válidas para todos os servidores da Justiça Federal, e geren- • ênfase na função • ênfase no “negócio”
ciais, que são específicas daqueles que ocupam função de gestão. • foco no público interno • foco públicos interno e •
Há um terceiro grupo, as competências específicas, referentes • reativa/solucionadora de externo
aos diversos sistemas técnicos, tais como gestão de pessoas, de ma- problemas • proativa e preventiva
terial, informática, assuntos judiciários, entre outros. Estas compe- • foco no processo e ativi- • foco nos resultados
tências, ao contrário das outras duas, variam de um sistema para dades
o outro e precisam de uma aproximação maior dos processos de
trabalho para serem mapeadas. Figura – Síntese das mudanças na função de RH

Fonte: Helena Tonet

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções mente. Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm contri-
clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma demanda, buído para a emergência de mercados e competidores, crescentes
as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da cultura, pressões de acionistas e desafios crescentes em relação a custos,
das competências e do desenvolvimento do comprometimento dos tempo de desenvolvimento de produtos e serviços, e qualidade. As
empregados para que a empresa alcançasse seus objetivos. organizações precisam que as funções de RH estejam alinhadas ao
A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atração, propósito da organização, de modo que as mesmas dêem suporte à
provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, mensuração estratégia do negócio (ASHTON et al., 2004).
e remuneração alinhada à performance da empresa e dos empre- A questão é ser estratégico quando se tem tempo e recursos
gados; do controle de investimento em pessoas, de acordo com as apenas para o operacional, desafiando a área de RH a estruturar-se
demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro desta nova visão, para criar maior valor às organizações. David Ulrich (1988) sugere
estratégica, o foco da área de RH é móvel, conforme as mudanças cinco ações para que RH crie valor para a organização:
no cenário no qual a organização está imersa, mudanças estas que I. Entender o mundo externo;
podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da em-
II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes,
presa. Assim, dá-se importância a ações diferentes dentro da área,
investidores e gerentes de linha);
dependendo das exigências da organização para um determinado
momento.2 III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performance,
informação e trabalho);
Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três capa-
cidades-chave que devem atuar de maneira simultânea para ajudar IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de
as empresas a serem competitivas: em primeiro lugar, distribuir os recursos humanos;
serviços relacionados a processos de RH, de modo que todos os V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por
empregados possam ter acesso aos canais internos ou externos a meio de suas atuações e competências.
eles relacionados. Estas ações nada mais são do que parte das competências
Em segundo lugar, estabelecer serviços de consultoria de de qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling
gestão de RH que funcionem como parceiros para executivos, uni- (2008) defende que a área de RH deve olhar o negócio com lente
dades de negócio e gestores de linha; esse tipo de consultoria deve estratégica e realizar mudanças profundas e significativas no modo
estar ligado às necessidades específicas de cada área, oferecendo de operar, alinhando seu novo papel junto aos clientes internos;
serviços ligados às competências essenciais da área e aos aspectos definir, remanejar e treinar suas competências, e adequar os sis-
de diferenciação que sejam chave para o negócio. Em terceiro temas de RH com foco nos resultados, uma vez que a Gestão de
lugar, a área deve oferecer mais apoio e serviços estratégicos para Pessoas contribui com o dinamismo, a agilidade e a competitivida-
a direção da organização. Esta terceira opção é vista pelos autores de próprias das organizações de sucesso.
como o futuro da área e envolve significativas mudanças, que A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da
devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas condições de empresa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro do
custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ashton et al. (2004) ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir as
propõem seis características para que a área de RH seja estratégica: pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento dos
I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão do elementos constituintes da cultura que é possível compreender
negócio em si; os mecanismos de interação entre os colaboradores e as tarefas
II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam alinhadas que executam, sendo possível destacar ainda os seguintes fatores
aos objetivos do negócio; críticos de sucesso:
III – alta competência na análise de causa e efeito, priorização I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as expec-
e execução de programas da área, o que envolve habilidades ana- tativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as condições
líticas; de reciprocidade essenciais para atingir um desempenho que aten-
da às pressões internas e externas da organização. As lideranças
IV – excelência em serviços de relacionamento e competências
devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado quanto
para desenvolver o nível de tecnologia da informação;
pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos
V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvimento entre estes dois polos, buscando atuar de maneira conciliatória na
de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que exigem alto resolução dos conflitos surgidos.
desempenho;
II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a equilibrar atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade de
oferta, demanda e expectativas de clientes internos, escolhendo adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colaborado-
prioridades e alterando alvos, sempre que necessário. Em outras res e empresa.
palavras, é preciso que gestores da área de RH pensem como ges-
III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do
tores do negócio o que, segundo os autores, tradicionalmente não
grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente nas
ocorre, vez que gestores de RH não adotam as crenças dos outros
tarefas executadas.
altos gestores e não atuam como tal.
IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo que os
Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar
colaboradores incorporem novos conhecimentos que permitam
de um modelo mais transacional para atuarem como parceiros
analisar criticamente o seu trabalho e seu ambiente, permitindo
estratégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Recursos
que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
Humanos é essencial para que uma empresa se expanda global-
V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas
2. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; auto-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes.
Mauro Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o pa- Desta forma, as equipes possuem a capacitação necessária para
pel da área de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUISA – gerir seus próprios recursos de forma otimizada.
v.9 – n.2 – 2006.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada
pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua
responsabilidade. A área de recursos humanos atua então como
órgão consultivo, constantemente sintonizado com as tendências
do mercado e introduzindo novas ideias à estrutura vigente. Assim,
os profissionais de Recursos Humanos devem evitar os vícios inter-
nos, buscando sempre novos patamares de desempenho através
da aplicação de “benchmarkings” (SOLEDADE, 2007).
A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005),
baseia-se em três aspectos:
I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem
conhecimentos, competências, com uma história pessoal que os
torna únicos, diferentes entre si e não como recursos necessitando
que alguém as administre pois são sujeitos passivos das ações das
organizações;
II – tratar como talentos que impulsionam a organização,
dotando-a de dinamismo, de conhecimento para continuar com- Figura – Gestão Integrada de RH
petitiva;
III – tratar as pessoas como parceiros que investem na orga- Fonte: Tania Del Tedesco- 2007
nização através de seus esforços, dedicação, comprometimento,
responsabilidade tendo como expectativa o retorno deste investi- Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se:
mento traduzidos em autonomia, desenvolvimento, remuneração, • Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierárqui-
reconhecimento, dentre outros. cos, estruturas em rede;
Os programas de RH devem ser desenhados de modo a ofe- • Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o
recer benefícios e oportunidades de crescimento profissional aos compromisso de agregar valor;
empregados. A função de administrar Recursos Humanos é das • Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das
lideranças (supervisores/gerentes) das organizações. A função pessoas e orientando resultados;
dos profissionais de Recursos Humanos é de buscar ferramentas e
• Necessidade da organização aprender continuamente (lear-
práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar, dar suporte
ning organization).
e apoiar as lideranças na fixação das estratégias, na implementação
dos processos de mudança organizacional, e nos processos de As tendências relacionadas à estrutura de RH são:
aprendizagem e desenvolvimento das pessoas; estimular o autode- • formações diversas – predomínio administração e psicologia
senvolvimento das pessoas; manter os referenciais da organização – também pedagogia e engenharias consoantes com o negócio.
transparente. • ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da empresa
As organizações necessitam de profissionais de RH que tenham – maior exigência de competências conceituais e interpessoais
perfil generalista e não mais de especialistas, dando maior abran- • por projetos – redução de funções
gência às atividades e responsabilidades, devendo possuir maior
• com poucas pessoas
qualificação e capacitação profissional (Resende e Takeshima,
2000). Deve-se atentar para: • atuação em comissões internas
a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os objetivos • comitês suprassistema
maiores da organização e como suporte mais efetivo às áreas pro- Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão de
dutivas e de negócios, favorecendo o cumprimento de suas metas pessoas identifica:
(Resende e Takeshima, 2000) • foco nas lideranças
b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os pro- • ênfase no trabalho em equipe
jetos, planos e sistemas para garantir que a missão e objetivo da
área sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções principais de • exigência de multiqualificação
recursos humano(Resende e Takeshima, 2000). • rodízio na execução de tarefas
• interesse relaçãopessoal/profissional
• ênfase em pesquisa
• aprendizagem de ferramentas
• treinamento à distância
• formação in company
• gestão do conhecimento
• compartilhamento de conhecimento
• T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia de
negócio
• aprendizado × performance: maior foco no aumento de
performance
• e-learning × presencial: o crescimento dos programas blen-
ded
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
• liderança e coaching: transformação dos modelos de lideran- Diferenças de Administração de Recursos Humanos
ça
• diversidade: inserção e valorização das diferenças Estilo Tradicional Estilo Flexível
• saberes mais demandados: • Paradigma burocrático-me- • Preocupação desloca-se da
• técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, nor- canicista – ênfase nas tarefas estrutura organizacional para
mas, tecnologia, know-how e na estrutura e visão da os processos e a dinâmica
organização percebida como organizacional.
• conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabelecer
“máquina”. • Estilo aberto, flexível e partic-
relações, know-why
• Estilo de administração rígido ipativo, que dá oportunidades
• interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabelecer e autocrático, baseado em de crescimento individual.
relacionamentos convergentes, estimular motivações, decodificar padrões inflexíveis. • Descentralização e partici-
emoções, perceber perfis • As pessoas são preguiço- pação nas decisões e delegação
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante demandas sas por natureza e só são de responsabilidades
organizacionais – competências distintivas, essenciais, básicas motivadas por recompensas
Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4 materiais.
objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos • Paradigma burocrático-me- • Enriquecimento do cargo,
capazes de atender aos desejos e expectativas da empresa; b) ma- canicista - ênfase nas tarefas substituindo a especialização
nutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimento das e na estrutura e visão da estrita pela ampliação de tare-
pessoas; d) folha de pagamento, admissão, demissão.3 organização percebida como fas e responsabilidades.
Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mudança “máquina”. • O ser humano não tem de-
neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não mais por uma • Estilo de administração rígido sprazer inerente em trabalhar,
área específica, por haver se tornado um atributo de qualquer líder e autocrático, baseado em nem uma natureza intrínseca
de equipe. Esta mudança de perspectiva levou à descentralização padrões inflexíveis. de passividade e resistência.
dos objetivos acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas • As pessoas são preguiço- • As pessoas têm motivação,
diversas áreas da empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a sas por natureza e só são potencial de desenvolvimento
gestão dos colaboradores sob a sua responsabilidade. Cabe então motivadas por recompensas e capacidade de assumir re-
à nova área de RH, atuar como um agente facilitador do processo materiais. sponsabilidades.
de gestão de pessoas, propiciando as áreas da empresa os recursos • As pessoas não querem
Falta de ambição, fuga à re-
e instrumentos necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007). responsabilidades e preferem
sponsabilidade e preocupação
Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingencial ser dirigidas e dependentes.
excessiva com segurança são,
e situacional por ser dependente da cultura da organização, da • Por sua natureza intrínseca,
muitas vezes, conseqüências
estrutura organizacional adotada, das características do contexto o ser humano é resistente à
de experiências negativas.
ambiental, do negócio da organização, da tecnologia adotada, mudança.
entre outros fatores. Seus objetivos são: • Para que as potencialidades
As atividades devem ser pa-
intelectuais não fiquem subuti-
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua dronizadas e as pessoas devem
lizadas, deve ser estimulada a
missão; ser persuadidas, controladas,
criatividade para a solução de
• Proporcionar competitividade à organização; recompensadas e coagidas
problemas organizacionais.
para cumprir seu papel.
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados e • As pessoas podem atingir
bem motivados; • A remuneração é vista como objetivos pessoais ao mesmo
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados meio de recompensa, uma vez tempo que perseguem os
no trabalho; que o homem é motivado por objetivos organizacionais.
incentivos econômicos
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• Administrar a mudança;
•Manter políticas éticas e comportamento socialmente res-
ponsável.
As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público
começam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do
Estado e surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou
Gerencialismo. A reforma é gerencial porque busca inspiração
na administração de empresas privadas, e porque visa dar ao
administrador público profissional condições efetivas de gerenciar
(BRESSER-PEREIRA, 1998). As mudanças na Administração pública
se refletem na Administração de Recursos Humanos (ARH), espe-
cialmente no estilo de lidar com as pessoas.

3. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Recursos


Humanos (2007). Obtido em http://www.ogerente.com.br/
novo/artigos_sug_ler.php?canal=16&canallocal=48&canal-
sub2=154&id=453
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Tratar pessoas Tratar pessoas • Banco de dados e Sistema de Informações Gerenciais (SIG):
ausência de bases de dados e falta de compreensão da importância
como recursos como parceiros de informações que subsidiem o planejamento e a tomada de
decisão.
GESTÃO DE DESEMPENHO
– As pessoas são fornecedoras
de conhecimentos, competên- A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos
cias, habilidades e inteligência. resultados apresentados por seus colaboradores é acompanhando
Constituem o capital intelectu- de perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz
al da organização. de demonstrar esse acompanhamento é por meio da Avaliação de
– Nesta concepção, as pes- Desempenho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma
soas são vistas como seres ferramenta da gestão de pessoas que visa a analisar o desempenho
– As pessoas são vistas como
humanos, dotadas de person- individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada
recursos de produção, ao lado
alidade, possuem uma história empresa. É um processo de identificação, diagnóstico e análise do
dos recursos financeiros e
de vida particular, são difer- comportamento de um colaborador durante um intervalo de tem-
materiais.
entes e singulares e possuem po, analisando sua postura profissional, seu conhecimento técnico,
– Como recursos, elas pre-
necessidades que motivam seu sua relação com os parceiros de trabalho etc.
cisam ser administradas, o
comportamento. Esse método tem por objetivo analisar as melhores práticas dos
que envolve planejamento,
– São elementos impulsion- funcionários, proporcionando um crescimento profissional e pesso-
organização, direção e con-
adores e dinamizadores da al, visando a um melhor desempenho de suas funções no ambiente
trole de suas atividades, já que
organização e capazes de de trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio
são sujeitos passivos da ação
dotá-la de inteligência, talento à administração de recursos humanos da empresa, alimentando-a
organizacional.
e aprendizados indispensáveis com informações que auxiliam a tomada de decisão sobre práticas
à sua constante renovação e de bonificação, aumento de salários, demissões, necessidades de
adequação a um mundo em treinamento etc.
mudanças.
Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação de desem-
– Deve haver reciprocidade
penho de um colaborador inclui, dentre outras, as expectativas
entre expectativas pessoais e
desejadas e os resultados reais, sendo dividida em algumas etapas:
organizacionais
• Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento
Assim sendo, o órgão de gestão de pessoas deve apresentar 3 permanente de feedback instantâneo;
momentos de atuação: • Identificação e equacionamento imediato dos problemas
1º Momento: departamentos de pessoal, destinados a fazer emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão
cumprir as exigências legais com relação ao emprego – admissão, de motivação e de obtenção de resultados;
anotações cadastrais, controle de frequência, aplicação de penali- • Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho,
dades, férias etc. em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no pe-
2º Momento: departamento de recursos humanos, responsá- ríodo considerado e redefinem novas orientações, compromissos
vel pelas funções clássicas de RH. recíprocos e ações corretivas, se for o caso.
3º Momento: gestão de pessoas, responsável por um conjunto Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limita-
mais complexo de funções, assumindo papel estratégico. ções dos funcionários, buscando identificar pontos de melhoria,
Segundo Brito (2008), há uma tendência para entender que a necessidade de treinamento, ou até mesmo remanejamento do
gestão de pessoas deve ser compartilhada com os gerentes que li- indivíduo para outras funções em que poderia render melhor.
dam cotidianamente com os próprios subordinados. Neste sentido, Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é identi-
o RH passa a funcionar como prestador de serviços especializados ficar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de desempenho
de gestão de pessoas, no âmbito interno, fornecendo assessoria e entre os muitos funcionários da organização. Tendo sempre como
consultoria às demais áreas: base a interação constante entre avaliador e avaliado.
• Recrutamento e seleção: previsão constitucional para, de 1. Formas de avaliação de desempenho
um lado, concurso público e, de outro, livre nomeação para cargos
comissionados. Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de avaliação:
• Desenho de cargos e avaliação de desempenho: algumas • Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado
vezes a criação de cargos não atende a critérios técnicos. Dificul- nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores
dade de implementar programa de avaliação e mensuração de definidos, graduados através da descrição de desempenho numa
desempenho. variação de ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver
exemplos de comportamentos esperados para facilitar a obser-
• Remuneração e benefícios: dificuldade de recompensar os vação da existência ou não do indicador. Permite a elaboração
bons funcionários. de gráficos que facilitarão a avaliação e o acompanhamento do
• Treinamento e desenvolvimento de carreiras: ausência de desempenho histórico do avaliado.
planejamento, principalmente de médio e longo prazos, e descon- • Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos
tinuidade administrativa prejudicam desenvolvimento consistente indivíduos através de frases descritivas de determinado tipo de
e contínuo das pessoas, com foco em competências. desempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
as quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para • Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado recebe fee-
descrever os comportamentos do avaliado. Este método busca mi- dbacks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação,
nimizar a subjetividade do processo de avaliação de desempenho. também chamados de stakeholders, como pares, superior imedia-
• Pesquisa de campo: tem base na realização de reuniões to, subordinados, clientes, entre outros.
entre um especialista em avaliação de desempenho da área de • Avaliação de competências: trata-se da identificação de
Recursos Humanos e cada líder, para avaliação do desempenho competências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habili-
de cada um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal dades) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado
desempenho por meio de análise de fatos e situações. Este método desempenho seja obtido.
permite um diagnóstico padronizado do desempenho, minimizan- • Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das
do a subjetividade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da
conjuntamente com o líder, do desenvolvimento profissional de existência ou não das competências necessárias de acordo com o
cada um. desempenho apresentado.
• Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam • Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro,
desempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvol-
realçados e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que vimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita
devem ser corrigidos através de orientação constante. O método a identificação de talentos que estejam trabalhando aquém de suas
não se preocupa em avaliar as situações normais. No entanto, para capacidades, fornecendo base para a recolocação dessas pessoas.
haver sucesso na utilização desse método, é necessário o registro
• Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S.
constante dos fatos para que estes não passem despercebidos.
Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho
• Comparação de pares: também conhecida como compa- sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos
ração binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois internos e do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos
colaboradores ou entre o desempenho de um colaborador e sua estratégicos para cada uma das perspectivas e tarefas para o aten-
equipe, podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo dimento da meta em cada objetivo estratégico.
muito simples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de 2. Vantagens da Avaliação de desempenho
ser realizado quanto maior for o número de pessoas avaliadas.
Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar
• Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com
novos talentos dentro da própria organização, mediante análise
relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado
do comportamento e das qualidades de cada indivíduo, gerando,
conjuntamente a outros sistemas para minimizar o forte viés e a
assim, novas possibilidades para remanejamento interno de cola-
falta de sinceridade que podem ocorrer.
boradores. Além disso, pode oferecer bonificações e premiações
• Relatório de performance: também chamada de avaliação aos funcionários que mais se destacarem na avaliação.
por escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais
mais livre acerca das características do avaliado, seus pontos
fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que tem
fortes, fracos, potencialidades e dimensões de comportamento,
como resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se
um resultado eficiente. Esse feedback faz com que os avaliados
combinar ou comparar as classificações atribuídas e por isso exige
queiram investir ainda mais em seu desenvolvimento, melhorando
a suplementação de um outro método, mais formal.
seu desempenho e trazendo vantagens para a empresa.
• Avaliação por resultados: é um método de avaliação baseado
Este método é importante, também, para eliminar “achismos”
na comparação entre os resultados previstos e realizados. É um
e palpites quanto à avaliação de um funcionário. É um meio de
método prático, mas que depende somente do ponto de vista do
obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma
supervisor a respeito do desempenho avaliado.
possível mudança na gestão de recursos humanos da empresa.
• Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcan-
Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer muitos
ce de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos
benefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma
organizacionais e negociados previamente entre cada colaborador
organização, seja qual for o seu tamanho. Com ela, o gestor pode
e seu superior. É importante ressaltar que, durante a avaliação,
avaliar melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho,
não devem ser levados em consideração aspectos que não esta-
investir no treinamento de seus pares, melhorar a produtividade,
vam previstos nos objetivos, ou não tinham sido comunicados ao
desenvolver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de
colaborador. E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua autoava-
forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe é
liação para discussão com seu gestor.
avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
• Padrões de desempenho: também chamado de padrões
de trabalho, é quando há estabelecimento de metas somente por 3. Aplicações
parte da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de dife-
que serão avaliadas. rentes funções administrativas, motivacionais e de comunicação,
• Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de com- como citadas a seguir:
portamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-se • Identificação de pontos fortes e fracos dos colaboradores e,
“sim” quando o comportamento do colaborador corresponde ao consequentemente, da organização;
comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É
• Identificação de diferenças individuais;
diferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido
da não obrigatoriedade na escolha das frases. • Estímulo à comunicação interpessoal;
• Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, formada por
chefe e subordinado;

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• Informação ao colaborador de como o seu desempenho é O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é que os
percebido; indicadores de desempenho podem fornecer uma boa visão acerca
• Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do do resultado que se deseja medir, mas são apenas aproximações
avaliado; do que realmente está ocorrendo, necessitando, sempre, de inter-
pretação no contexto em que estão inseridos.
• Indicações de promoções e de aumentos salariais por mérito;
• Indicações de necessidade de treinamento; 6. Natureza comparativa dos indicadores de desempenho
• Gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais Informações sobre desempenho são essencialmente compara-
(sistemas técnicos e sociais); tivas. Um conjunto de dados isolado mostrando os resultados atin-
• Auxílio na verificação de aprendizagens; gidos por uma instituição não diz nada a respeito do desempenho
da mesma, a menos que seja confrontado com metas ou padrões
• Identificação de problemas de trabalho em geral, no relacio-
preestabelecidos, ou realizada uma comparação com os resultados
namento individual, intraequipe ou interequipes;
atingidos em períodos anteriores, obtendo-se assim uma série
• Registro histórico suplementar para ações administrativas histórica para análise.
de gestão;
7. Variáveis empregadas na construção de indicadores
• Apoio às pesquisas de clima organizacional.
4. Indicadores de Desempenho Os indicadores quase sempre são compostos por variáveis pro-
venientes de um dos seguintes grupos: custo, tempo, quantidade
O que não é medido não é gerenciado....
e qualidade.
Robert Kaplan 8. Principais usos de indicadores de desempenho
A utilização de indicadores de desempenho pela instituição:
Se você não mede algo, você não pode entender o processo.
• Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa do desempe-
Se você não entende o processo, você não consegue aperfei-
nho global da instituição, por meio da avaliação de seus principais
çoá-lo.
programas e/ou departamentos;
Peter Druker • Permite o acompanhamento e a avaliação do desempenho
ao longo do tempo e ainda a comparação entre:
A utilização de indicadores de desempenho para aferir os • Desempenho anterior x desempenho corrente;
resultados alcançados pelos administradores é uma metodologia • Desempenho corrente x padrão de comparação;
que está relacionada ao conceito de gerenciamento voltado para • Desempenho planejado x desempenho real;
resultados (result oriented management – ROM). Esse conceito
tem sido adotado nas administrações públicas de diversos países, • Possibilita enfocar as áreas relevantes do desempenho e
especialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália, Reino expressá-las de forma clara, induzindo um processo de transforma-
Unido). ções estruturais e funcionais que permite eliminar inconsistências
entre a missão da instituição, sua estrutura e seus objetivos prio-
Para alguns estudiosos/autores da literatura especializada, ritários;
o conceito de indicador de desempenho pode ser definido como
um instrumento de mensuração quantitativa ou qualitativa de • Ajuda o processo de desenvolvimento organizacional e de
aspectos do desempenho. Neste material, vamos adotar a seguinte formulação de políticas a médio e longo prazos;
definição: • Melhora o processo de coordenação organizacional, a partir
Um indicador de desempenho é um número, percentagem ou da discussão fundamentada dos resultados e o estabelecimento de
razão que mede um aspecto do desempenho, com o objetivo de compromissos entre os diversos setores da instituição;
comparar esta medida com metas pré-estabelecidas. • Possibilita a incorporação de sistemas de reconhecimento
pelo bom desempenho, tanto institucionais quanto individuais.
5. Medição de desempenho e indicador de desempenho 9. Qualidades desejáveis em um indicador de desempenho
A expressão indicador de desempenho é também normalmen- Tanto na análise de indicadores de desempenho já existentes,
te utilizada no sentido de medição de desempenho. Entretanto, é quanto na elaboração de novos, deve-se verificar as seguintes
possível estabelecer-se uma distinção entre ambas. Medições de características:
desempenho são efetuadas quando os aspectos do desempenho
podem ser mensurados diretamente e quantificados com facilida- I. Representatividade: o indicador deve ser a expressão dos
de. Exemplos: quilometragem de estradas conservadas; número de produtos essenciais de uma atividade ou função; o enfoque deve
alunos matriculados no 1º grau. ser no produto: medir aquilo que é produzido, identificando pro-
dutos intermediários e finais, além dos impactos desses produtos
Indicadores de desempenho são utilizados quando não é pos- (outcomes). Este atributo merece certa atenção, pois indicadores
sível efetuar tais mensurações de forma direta. Atuam como uma muito representativos tendem a ser mais difíceis de ser obtidos.
alternativa para a medição do desempenho, embora não forneçam
uma mensuração direta dos resultados. Exemplo: a utilização do II. Homogeneidade: na construção de indicadores devem
índice de repetência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores a ser consideradas apenas variáveis homogêneas. Por exemplo,
serem considerados na formação de um indicador de desempenho ao estabelecer o custo médio por auditoria, devem-se identificar
para medir a efetividade do ensino de 1º grau. os diversos tipos de auditoria, já que para cada tipo tem-se uma
composição de custo diversa.

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões gerenciais. Para tanto,
deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado.
V. Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser evitados indicadores
que possam ser influenciados por fatores externos.
VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma que diferentes avaliadores
possam chegar aos mesmos resultados.
VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais do que se quer
monitorar.
VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do fenômeno moni-
torado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um custo razoável, em
outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção para o cálculo dos
indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabilidade dos procedi-
mentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar o desempenho ao longo do tempo.

10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores

O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de análise: economici-
dade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais indicadores.

11. Tipos de indicadores

12. Requisitos dos indicadores


• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;
• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.

13. Exemplo de Indicadores de Desempenho


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PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e fornecedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários
▪ Produtos e índices de qualidade de processos
▪ Investimento na formação de equipes
Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio
Criar e executar estratégias ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela empresa
adequadas para o negócio
Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do cliente de encomen-
das personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura externa ▪ Quantidade de produtos terceirizados
ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implementar ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
sistemas apropriados ao ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à atividade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas pessoalmente
ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega
Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente
▪ Número de clientes atendidos pela concorrência
▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, armazenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida
Aquisição de novos clientes ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL

Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente


cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
▪ Média dos preços pagos pelos consumidores
▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa a ▪ Preço do estoque
longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfeiçoamento sempre
será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entidades de classe, enti-
dades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no desempenho do serviço da entidade
pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo
possível do desejado e necessário.

Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-funciona/>. Acesso em: 14 jul.


2018.

Capacitação de Pessoas

Levantamento de necessidades, programação, execução e avaliação.

As organizações organizam as ações de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E) em um ciclo composto de quatro etapas.
A primeira etapa é o levantamento de necessidades de treinamento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças) entre as competências
atualmente existentes e as competências necessárias, obtíveis por treinamento. O gap ou diferença seriam justamente as necessidades.
A segunda etapa, denominada programação, consiste na elaboração do planejamento instrucional. O planejamento instrucional é a
etapa na qual as ações educacionais são formatadas. Inclui a definição dos objetivos instrucionais, estratégias de ensino, estratégias de
avaliação, planejamento e produção de materiais didáticos etc.
Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quando a ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a aprendizagem ocorra, a
execução requer uma série de atividades pedagógicas e logísticas.
Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do ciclo. Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela ação educacional.
A avaliação se dá em diversos níveis:
- Avaliação de reação: nível mais imediato que busca avaliar as opiniões e satisfações dos participantes acerca do treinamento;

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
- Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos repertó- uma instituição, começa pelo treinamento e desenvolvimento das
rios, conhecimentos e capacidades dos participantes antes e depois pessoas. Tende-se a investir pesadamente em treinamentos para
dos treinamentos; obter um retomo garantido.
- Avaliação de transferência ou impacto: realizada alguns Assim, acredita-se que através de um treinamento visando o
meses após o final do treinamento, verifica se houve mudança de desenvolvimento das pessoas nas organizações os resultados serão
comportamento dos indivíduos após o treinamento. satisfatórios tanto para os indivíduos como para as organizações.
- Mudança organizacional: verifica se houve alterações em
processos de trabalho, indicadores duros, estrutura organizacional Avaliação de T&D
ou outras mudanças na organização, decorrentes do treinamento.
Na tentativa de se estabelecer um modo de mensurar os
- Valor final: Último nível da avaliação e verifica a contribuição
efeitos decorrentes dos programas de treinamento utilizados nas
do treinamento para os objetivos mais importantes da organização
organizações, Donald Kirkpatrick (KIRKPATRICK, 1998, p. ix), sugere
Este ciclo é preconizado, por exemplo, pela norma ISO 10.015. a adoção de um método de avaliação dos programas de treina-
A figura abaixo ilustra estas etapas. mento que leva o seu nome. Tal método distingue quatro níveis de
avaliação dos programas de treinamento:
- Reação: medida de como os participantes se sentem sobre os
vários aspectos do programa de treinamento. É basicamente uma
medida de “satisfação do consumidor”;
- Aprendizado: medida do conhecimento adquirido, habilida-
des melhoradas e atitudes mudadas devido ao treinamento;
- Comportamento: medida da extensão da mudança de com-
portamento no trabalho dos participantes devido ao treinamento;
- Resultados: medida dos resultados que ocorreram devido ao
treinamento, incluindo aumento de vendas, produtividade, redu-
ção de custos etc. (KIRKPATRICK, 1998, p. 4-5)
Avaliar os resultados obtidos com treinamento, considerando-
-se esses quatro níveis, implica planejar e integrar todo processo
de avaliação para que se tenha clareza da informação (o que?) que
se pretende levantar, em qual fonte (onde?), por meio de qual
Com base no contexto atual das empresas e nos desafios que método (como?) e em que momento (quando?).
as pessoas enfrentam no desempenho de suas funções, decidiu-se
pesquisar as competências requeridas aos funcionários para atu- O autor justifica o uso do método de avaliação, na medida
arem nos setores da organização, para a partir daí propor treina- em que ele permitiria verificar: a necessidade de manutenção
mentos nas áreas adequadas. do programa de treinamento; aperfeiçoamentos para programas
futuros; e a validação da função dos responsáveis pelos programas
Nos últimos anos as organizações, cada vez mais conscientes de treinamento (KIRKPATRICK, 1998, p. 5).
de que seu sucesso será determinado pela qualificação de seus em-
pregados passaram a atribuir maior relevância à gestão estratégica Recrutamento e Seleção
de pessoas principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
de competências humanas ou profissionais. O fator humano dentro das organizações é, ainda hoje, um
O conceito de treinamento não é algo consensual, tendo assim tema frequentemente estudado por pesquisadores das áreas de
autores apresentando definições diferentes para esse conceito. psicologia e sociologia, os quais analisam o comportamento e as
Chiavenato é o que apresenta a definição que melhor repre- relações no ambiente corporativo. Contribuindo para o bom funcio-
senta esse conceito e mais usualmente é adotada: namento das empresas, as políticas de RH são regras estabelecidas
“Treinamento é o processo pelo qual a pessoa é preparada para administrar funções e fazer os colaboradores de uma organiza-
para desempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do ção desempenharem seu papel de forma eficiente, de acordo com
cargo que deve ocupar.” os objetivos estipulados pela empresa.

Modernamente, o treinamento é considerado um meio de de- As políticas de Recursos Humanos são guias para ação. Servem
senvolver competências nas pessoas para que elas se tornem mais para promover a resolução dos problemas que acabam ocorrendo
produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para com frequência no mundo organizacional. Para evitar conflitos den-
os objetivos organizacionais. tro deste ambiente, é preciso estabelecer práticas com objetivo de
administrar os comportamentos internos e potencializar o capital
Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo educa- humano, tendo como finalidade selecionar, gerir e nortear os cola-
cional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, boradores na direção das metas da organização.
através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e No entanto, as polícias de Recursos Humanos de uma empresa
habilidades em função de objetivos definidos”. podem variar de acordo com a sua cultura organizacional. Para que
Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de o objetivo da empresa tenha possibilidade de ser atingido de forma
pessoas. Embora os seus métodos sejam similares para afetar a eficiente, é preciso estabelecer uma competente e eficaz política de
aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. RH. Isso requer investimentos e recomposição integral de conheci-
Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), constituem mento organizacional tanto operacional quanto gerencial.
processos de aprendizagem por isso que Chiavenato afirma que
segundo a base primordial para o atingimento dos objetivos de Veja algumas políticas de RH que as empresas adotam:
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ADMINISTRAÇÃO GERAL
- Valorização do potencial humano para gerar ambiência or- serviço denominada como requisição de pessoal. Quando o órgão
ganizacional favorável à motivação das pessoas, levando-as a con- de recrutamento a recebe, verifica se existe algum candidato ade-
tribuir e se comprometer com a excelência do desempenho e dos quado disponível nos seus arquivos; caso contrário, deve recrutá-lo
resultados organizacionais. através das técnicas de recrutamento.
- Salário condizente com o que o mercado oferece.
Chiavenato nos diz que “lidar com as pessoas deixou de ser um
- Bonificação por performance.
desafio e passou a ser vantagem competitiva para as organizações
- Progressão na carreira. bem-sucedidas”. Hoje os talentos são vistos como um dos mais va-
- Remuneração nos padrões do mercado. liosos recursos que as empresas possuem. Para garantir seu suces-
- Benefícios educacionais. so, as companhias dependem de pessoas qualificadas, por isso um
bom processo de seleção faz toda a diferença. Mas você sabe quais
- Assistência médica.
são as etapas de um processo seletivo bem estruturado?
- Treinamentos de capacitação.
O setor de RH é o responsável por contratar os melhores pro-
- Promoção de cargos. fissionais, atrair pessoas que possam ocupar os cargos oferecidos e
- Dar feedbacks com frequência. selecionar os candidatos mais capacitados. Um processo de seleção
- Promoção de desafios.4 estruturado e bem planejado pode garantir uma boa contratação e
minimizar os custos de turnover.
O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos
que visam atrair candidatos potencialmente qualificados, capazes Neste post vamos falar sobre as etapas de um processo seletivo
de assumirem cargos dentro da organização. É como um sistema e as suas características. Continue a leitura e confira!
de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao
mercado de recursos humanos as oportunidades de emprego que A etapa de planejamento
pretende preencher. O recrutamento é uma atividade que tem por
objetivo imediato atrair candidatos que, na fase de seleção serão O planejamento é a base para um processo seletivo de sucesso.
apontados como adequados ou não para a vaga disponível, o que Aqui você deverá definir desde como será a vaga que está sendo
leva a afirmação de que o recrutamento é uma atividade de comu- aberta, quais meios de atração serão utilizados, até como será feita
nicação com o ambiente externo. a seleção.
Fontes de recrutamento Antes de tudo, é necessário identificar e avaliar a necessidade
da vaga. De onde surgiu essa demanda? É possível preencher essa
As fontes de recrutamento representam os alvos específicos
vaga promovendo ou transferindo outro colaborador da organiza-
sobre os quais irão incidir as técnicas de recrutamento. Para melhor
ção? Algumas vezes um processo seletivo externo não se mostra
identificar as fontes de recrutamento (dentro dos requisitos que a
necessário, podendo haver o preenchimento das vagas com os re-
organização irá exigir aos candidatos), são possíveis dois tipos de
cursos da própria companhia.
pesquisa: a pesquisa externa e a pesquisa interna.
Em seguida, é importante fazer o levantamento do perfil da
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a oferecer,
vaga: definir e descrever o cargo, as atividades, as responsabilida-
onde está o candidato ideal para suprir essa deficiência na organi-
des, a remuneração e as expectativas, além dos conhecimentos,
zação. Relaciona-se com a elaboração de uma pesquisa do mercado
experiência e habilidades necessárias. Assim ficará mais fácil o pro-
de recursos humanos, de modo a poder segmentá-lo, para facilitar
cesso de escolha tanto para a empresa quanto para o candidato.
a sua análise.
A partir desse levantamento é possível descrever as competên-
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, ou seja:
cias técnicas e comportamentais requeridas e desejadas. A diferen-
- Descrição – o que o funcionário vai fazer ça entre elas é que enquanto as técnicas são imprescindíveis para a
- Análise – o que ele tem que ter realização das funções, as comportamentais são um complemento
ideal, mas cabível de desenvolvimento após a contratação. Toda a
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades da organi- etapa de seleção deverá ser pensada para avaliar essas competên-
zação em relação aos recursos humanos e quais as políticas que a cias.
organização pretende adaptar em relação ao seu pessoal. Esta pes-
Durante o planejamento a participação do gestor da área con-
quisa, geralmente, envolve a:
tribui para o alinhamento das expectativas. Isso garantirá que o
1. Elaboração das políticas de recrutamento; processo seja moldado a partir do nivelamento entre o que o líder
2. Organização do recrutamento, delegação de autoridade e espera e o que é bom para a empresa.
responsabilidade apropriadas a essa função; Além disso, é fundamental estudar as características da cultura
3. Listagem dos requisitos necessários à força de trabalho; organizacional. Aspectos como missão, visão, valores e rituais da
4. Utilização de meios e técnicas para atrair; organização devem ser compreendidos a fim de subsidiar a escolha
de candidatos compatíveis com tais aspectos.
5. Avaliação do programa de recrutamento, em função dos ob-
jetivos e dos resultados alcançados. Com todas essas informações em mãos é possível estruturar
o processo seletivo em fases bem definidas. Para isso estabeleça
Processo de recrutamento e etapas do processo seletivo quais critérios serão eliminatórios e quais serão classificatórios.
Cada fase deve conter ao menos um critério eliminatório que de-
O recrutamento envolve um processo que varia conforme a terminará quais são os candidatos que continuarão no processo.
organização. O órgão de recrutamento não tem autoridade para O mais aconselhável é que esses critérios sejam objetivos e
efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada que haja uma forma de pontuação. Desse modo, a classificação dos
de decisão por parte do órgão que possui a vaga a ser preenchida. candidatos será facilitada e a decisão pautada em maiores emba-
O recrutamento de pessoal é oficializado através de uma ordem de samentos.
4 Fonte: www.sbcoaching.com.br
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ADMINISTRAÇÃO GERAL
Após planejar como será feita a atração e estruturar os méto- Existem vários métodos de dinâmicas, testes e entrevistas para
dos de seleção que serão utilizados também é interessante fazer afunilar a escolha, portanto, escolha os mais adequados para você
um levantamento do tempo médio de duração do processo para e prepare um roteiro. Utilize perguntas estratégicas nas entrevistas
deixar as expectativas dos candidatos alinhadas. e avalie as competências, habilidades e comportamentos.
As metodologias escolhidas devem ser capazes de avaliar a
A fase de atração compatibilidade dos candidatos tanto com a vaga quanto com a or-
ganização. Para isso é aconselhável que tudo seja estruturado com
Depois do planejamento, o próximo passo é atrair bons can- antecedência, principalmente as entrevistas, pois consistem no
didatos. A fim de atingir profissionais competentes e atualizados principal método avaliativo.
quanto as mudanças tecnologias da geração é imprescindível que a
Toda a seleção deve ser padronizada, ou seja, os candidatos
oportunidade seja atraente.
devem passar pelas mesmas etapas e processos. Assim, há a ga-
Prepare cuidadosamente o anúncio da vaga, pois ele deve ser rantia de imparcialidade, otimização do tempo e justiça entre os
eficiente, conciso e conter todas as informações necessárias, como concorrentes.
os pré-requisitos, atividades exercidas, horário de trabalho, remu-
Depois de todo o material obtido e todas etapas realizadas, é
neração, dentre outros.
hora de tomar a decisão e realizar a contratação, considerando o
Escolha em quais canais a vaga será anunciada, lembrando que conjunto de resultados e escolhendo os mais adequados ao perfil.
cada meio de divulgação tem suas características de custo, tempo
de resposta, perfil e quantidade de participantes. A gestão das vagas de diferentes departamentos
Tenha em mente o perfil de sua vaga e qual público de candida-
tos está buscando para que seu recrutamento seja mais eficiente. Agora imagine que existam muitas posições em aberto, para
Alguns dos meios mais utilizados são: vários setores diferentes, com vários concorrentes para cada uma
delas. Como não se confundir?
- Sessão “Trabalhe Conosco” no próprio site da empresa;
O processo se torna mais simples quando você realiza a gestão
- Redes sociais;
por meio de um software. Você pode registrar todos os pareceres,
- Sites voltados para vagas e captação de candidatos; resultados de testes, histórico dos avaliados, além da possibilidade
- Feiras de recrutamento; de enviar mensagens diretas a todos. Assim, fica mais prático orga-
- Consultorias de RH. nizar os processos e gerir todas as fases e a evolução de cada pes-
soa, ganhando tempo, eliminando papéis e tornando seu processo
Quanto melhor a etapa de divulgação e atração, maior será o muito mais efetivo.
número de candidatos competentes. Essa diversidade aumenta as
Outro aspecto importante sobre gestão é a organização de cur-
possibilidades de a empresa encontrar o profissional que mais se
rículos em um banco de dados e o direcionamento de talentos para
encaixa em suas necessidades.
outras oportunidades que venham a surgir.
O processo de seleção Muitas vezes durante o processo seletivo identificamos profis-
sionais compatíveis com a empresa e muito competentes, mas nem
Agora é a hora de selecionar os profissionais em meio a todas sempre são os mais indicados para o cargo em questão ou não são
as candidaturas recebidas. O primeiro passo é realizar uma triagem, os primeiros colocados após as avaliações. Nesses casos é recomen-
levando em consideração os pré-requisitos do cargo, e separar as dado que se retome o contato com o candidato com o surgimento
aplicações mais relevantes. da vaga ideal.
Dependendo da vaga e do porte da corporação, a empresa As etapas de um processo seletivo sempre devem ser bem pla-
receberá centenas de currículos e analisar um a um requer mui- nejadas e estruturadas, por isso a escolha das ferramentas certas
to tempo e é pouco eficaz. Para melhorar esses processos, existem para auxiliar esse processo são primordiais para garantir a contrata-
softwares que otimizam essa seleção, realizando a triagem de for- ção dos melhores profissionais para a empresa.5
ma prática e centralizada.
Meios de recrutamento
Todas as informações e testes dos candidatos são compilados
e os melhores aparecem em um sistema de ranking. Assim o pro-
Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas do mer-
fissional de RH pode se focar nos perfis mais compatíveis com a
cado de recursos humanos exploradas pelos mecanismos de recru-
organização.
tamento. O mercado de recursos humanos apresenta fontes diver-
Separados os candidatos, é hora de seguir com a seleção. É im- sificadas que devem ser diagnosticadas e localizadas pela empresa.
portante que ela contenha etapas de avaliação técnica e de avalia- Deste modo, ela passa a influencia-las através de uma multiplici-
ção psicológica. Dessa forma o processo será completo e terá maior dade de técnicas de recrutamento, visando atrair candidatos para
probabilidade de resultar na contratação do melhor candidato para atender às suas necessidades. Verificamos também que o mercado
a vaga. de recursos humanos é constituído por um conjunto de candidatos
A participação do líder direto na avaliação dos requisitos técni- que podem ser empregados (a exercer atividades noutra empresa)
cos é imprescindível, pois o domínio das funções executadas torna ou disponíveis (desempregados). Os candidatos empregados ou dis-
sua opinião muito relevante. Além disso, o envolvimento do gestor poníveis podem ser reais (que estão à procura ou querem mudar de
nas etapas de um processo seletivo faz com que ele se sinta respon- emprego) ou potenciais (que não estão interessados em procurar
sabilizado pela contratação e invista no desenvolvimento do futuro emprego). Daí existirem dois meios de recrutamento: o interno e
contratado. o externo.

5 Fonte: www.gupy.io
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Recrutamento interno 4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes, normal-
mente em cargos de chefia, um sentimento de insegurança que po-
Diz-se que o recrutamento é interno quando uma determinada derá fazer com que estes sufoquem o desempenho e aspirações dos
empresa, para preencher uma vaga, aproveita o potencial huma- subordinados, a fim de evitarem futura concorrência;
no existente na própria organização. A razão deste aproveitamento 5. Quando administrado incorretamente, pode levar à situação
prende-se, muitas vezes, com promoções, programas de desenvol- denominada de Principio de Peter, segundo o qual as empresas, ao
vimento pessoal, planos de carreira e transferências. Para isso, algu- promoverem incessantemente os seus colaboradores, elevam-nos
mas questões devem ser levadas em consideração: sempre à posição onde demonstram o máximo da sua incompetên-
1. Resultados das avaliações de desempenho do candidato in- cia; ou seja, à medida que um colaborador demonstra competên-
terno; cia num determinado cargo, a organização, a fim de premiar o seu
2. Análise e descrição do cargo atual do candidato interno e desempenho, promove-o sucessivamente até ao cargo em que o
comparação com a análise e descrição do cargo que se está a pen- colaborador por se mostrar incompetente, estagnará, uma vez que
sar ocupar; o sistema jurídico-laboral não permite que o colaborador retome à
sua posição anterior;
3. Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a trajetó-
ria mais adequada para o ocupante do cargo em questão; 6. Não pode ser feito em termos globais dentro da organiza-
ção: uma vez que o recrutamento interno só pode ser efetuado à
4. Condições de promoção do candidato interno, para saber se
medida que o candidato interno tenha, a curto prazo, condições de
este tem um substituto preparado para o seu lugar;
igualar a performance do antigo ocupante.
5. Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de se-
leção no momento da sua entrada na organização; Recrutamento externo
6. Resultados dos programas de formação, caso tenha feito, do
O recrutamento é externo quando, havendo uma determinada
candidato interno.
vaga, a organização tenta atrair os talentos disponíveis no mercado
Vantagens do recrutamento interno através de técnicas de recrutamento. As técnicas de recrutamento
são os métodos através dos quais a organização divulga a existência
O recrutamento interno constitui uma transferência de recur- de uma oportunidade de trabalho junto às fontes de recursos hu-
sos humanos dentro da própria organização. As principais vanta- manos mais adequadas. O que vai definir as técnicas são as fontes
gens deste tipo de recrutamento são: de recrutamento e as qualificações. O recrutamento externo incide
1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no recrutamento sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou em situação de
externo, como por exemplo, a colocação de anúncios, a espera de emprego e pode envolver uma ou mais técnicas de recrutamento.
respostas e ainda a demora natural do próprio processo de admis- As principais técnicas de recrutamento externo são:
são; 1. Consulta de bases de dados: os candidatos que tenham
2. Mais econômico para a empresa: evita os custos inerentes enviado o seu currículo para uma organização e não tenham sido
ao processo do recrutamento externo, custos de admissão do novo considerados em recrutamentos anteriores, têm a sua candidatu-
candidato e os custos relacionados com a integração do novo cola- ra devidamente arquivada no órgão de recrutamento e podem ser
borador; chamados a qualquer momento para um processo de seleção. A
organização deve estimular a vinda de candidaturas espontâneas,
3. Aproveita os investimentos da empresa em formação do para garantir um stock de candidatos para qualquer eventualidade.
pessoal: o que, por vezes, só tem retorno quando o colaborador Considera-se esta técnica a que acarreta menores custos para a or-
passa a ocupar cargos mais complexos; ganização, uma vez que elimina a necessidade de colocar anúncios,
4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é conhe- tornando-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas;
cido, a empresa tem a sua avaliação de desempenho, dispensa-se 2. Boca a boca: apresentação do candidato a partir de um cola-
a integração na organização e, por vezes, não necessita de período borador. Desta forma, a organização faz com que o colaborador se
experimental; sinta prestigiado pelo fato da organização considerar as suas reco-
5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: porque mendações, ao apresentar um amigo ou conhecido e, dependen-
possibilita o crescimento dentro da organização. Quando uma em- do da forma como o processo é conduzido, o colaborador torna-se
presa desenvolve uma política consistente de recrutamento interno co-responsável junto à empresa pela sua admissão. É também uma
estimula os seus colaboradores a um constante autoaperfeiçoa- técnica de baixo custo, alto rendimento e baixa morosidade;
mento, no sentido de estes depois estarem aptos a ocupar cargos 3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma técnica
mais elevados e complexos; de baixo custo, mas cuja eficácia nos resultados depende de uma
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma vez que série de fatores, como a localização da empresa, a proximidade das
as oportunidades serão oferecidas aqueles que realmente as me- fontes de recrutamento, a proximidade de movimento de pessoas,
recerem. facilidade de acesso. É uma técnica que espera que o candidato vá
Desvantagens do recrutamento interno até ela. Normalmente, é utilizada para funções de baixo nível;
1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade e ino- 4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma das téc-
vação; nicas de recrutamento que atrai mais candidatos à organização. Po-
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de cresci- rém, é mais quantitativa, uma vez que se dirige ao público em geral
mento no momento certo, corre-se o risco de defraudar as expec- e a sua discriminação depende da objetividade do anúncio;
tativas dos colaboradores e, consequentemente, podem-se criar 5. Contatos com sindicatos e associações de classe: tem a van-
estados de desinteresse, apatia e até levar à demissão; tagem de envolver outras organizações no processo de recrutamen-
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que estão to sem que isso traga à organização qualquer tipo de encargos;
em pé de igualdade para ocupar o mesmo cargo; 6. Contatos com centros de emprego;

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
7. Contatos com universidades, associações de estudantes, es- 5. É menos seguro do que o recrutamento interno: dado que
colas e centros de formação profissional, no sentido de divulgar as os candidatos são desconhecidos: apesar das técnicas de seleção,
oportunidades oferecidas pela empresa; muitas vezes a empresa não tem condições de confirmar as qualifi-
8. Conferências em universidades e escolas: no sentido de pro- cações do candidato; daí submeter o candidato a um período expe-
mover a empresa: para tal, há uma apresentação da organização, rimental, precisamente pela insegurança da empresa relativamente
em que esta fala dos seus objetivos, da sua estrutura e das políticas ao processo de recrutamento e seleção.
de emprego; Independente da estratégia ou tipo de recrutamento e seleção
9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quando o utilizados é necessário estar atento aos erros de avaliação que fre-
mercado de recursos humanos local está bastante explorado, a em- quentemente são observados, tais como:
presa pode recorrer ao recrutamento em outras cidades ou outras - Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou do candi-
localidades. Neste caso o técnico de recrutamento dirige-se ao local dato)
em questão e anuncia através da rádio e imprensa local;
- Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não gostou dele)
10. Contatos com outras empresas que atuam no mesmo mer-
- Recenticidade - O que importa são os últimos fatos
cado, em termos de cooperação mútua: estes contatos interempre-
sas chegam a formar cooperativas de recrutamento; - Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que fica
11. Agências de recrutamento: estas agências estão a proliferar, - Tendencia Central - Intermediário, todos são bons.
no sentido de prestar serviços de recrutamento e seleção a peque- - Identificação - Espelho, o candidato é parecido comigo.
nas, médias e grandes empresas. Estão aptas a recrutar e selecionar
Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, inicial, de
candidatos independentemente das suas qualificações. Ou seja, ao
agregar pessoas à organização. É uma comunicação, emitida pela
contrário de outras técnicas, esta permite recrutar candidatos não
organização, para as pessoas, a respeito das vagas em aberto na
só de baixo nível, mas também altamente qualificados. Torna-se,
organização. Seleção, por sua vez, é uma etapa posterior. A seleção
então uma das técnicas mais caras, embora seja compensada pelos
é uma espécie de filtro: é a etapa em que a organização utiliza ins-
fatores tempo e rendimento. Na maior parte das vezes, as técnicas
trumentos concretos para avaliar e classificar os candidatos.
de recrutamento são utilizadas conjuntamente, pois o processo de
recrutamento tem que ter em conta a relação custo/rapidez. Assim, Os processos de recrutamento e seleção podem ser internos,
o custo de recrutamento aumenta à medida que se exige maior ra- quando são voltados para as pessoas que já trabalham para a or-
pidez no recrutamento e seleção dos candidatos. ganização; ou externos, quando buscam atrair para a organização
pessoas que ainda não são colaboradoras dela.
Vantagens do recrutamento externo
O processo decisório, na contratação de pessoas, não é feito
1. Traz sangue novo e experiências novas à organização: a en-
apenas pela área de gestão de pessoas. O processo é conduzido em
trada de recursos novos na organização impulsiona novas ideias,
parceria, tanto pela área que quer preencher a vaga quanto pela
novas estratégias, diferentes abordagens dos problemas internos
unidade de gestão de pessoas. A decisão final a respeito da contra-
da organização;
tação cabe à área que quer preencher a vaga.
2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com forma-
Existem diversas técnicas de seleção, tais como entrevistas,
ção no exterior: isto não significa que, a partir da admissão, não
provas de conhecimento, testes psicológicos, técnicas vivenciais e
tenha que investir em formação com esse candidato, mas o que é
análise de currículo. No caso de concursos públicos, a divulgação do
certo é que vai usufruir de imediato do retorno dos investimentos
edital corresponde ao recrutamento, enquanto as provas de conhe-
efetuados pelos outros;
cimento e de títulos correspondem à seleção.
3. Renova e enriquece os recursos humanos da organização;
4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da mesma or- Avaliação Convencional e Diferenciada de Desempenho
ganização: no caso de, por exemplo, duas pessoas estarem aptas a
ocupar o mesmo cargo e a organização escolher uma delas, pode As organizações necessitam de sistemáticas de avaliação capa-
desencadear na rejeitada um sentimento de injustiça e provocar zes de acompanhar o crescimento das pessoas que nela exercem
um conflito grave. suas atribuições;
Desvantagens do recrutamento externo A questão é de que formaque é possível obter um acompanha-
1. É um processo mais demorado do que o recrutamento inter- mento eficiente ao mesmo tempo integrado com os propósitos da
no: porque temos de considerar o tempo despendido com a escolha organização como um todo.
das técnicas mais adequadas, com as fontes de recrutamento, com O essencial é a maneira com que as pessoas dão andamento
a atração dos candidatos, com a seleção, os exames médicos, com as suas atribuiçõese o desempenho será mensurado a partir dessas
possíveis compromissos do candidato a outra organização e com o exigências.
processo de admissão.
2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organização: os fun- Definições e conceitos
cionários podem, em determinados casos, ver o recrutamento ex-
terno como uma política de deslealdade para com eles; Desempenho: “conjunto de entregas e resultados de determi-
3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem de novo, nada pessoa para a empresa ou negócio” (DUTRA, 2002);
normalmente vem ganhar mais do que aquele que já está há mais Avaliação de desempenho: implica na “identificação, mensu-
tempo na organização e a desempenhar a mesma função, o que ração e administração do desempenho humano nas organizações”
pode levar ao aumento dos salários em geral, para evitar grandes (GÓMEZ-MEJÍA, BALKIN e CARDY, 1995).
disparidades; - Identificação: ao notar as consequências das atividades, a em-
4. É mais caro: exige despesas imediatas com anúncios, jornais, presa estará apta a remanejar pessoas de acordo com a definição
agências de recrutamento; de desempenho exigida para satisfazer as suas necessidades;

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
- Mensuração: elemento central, tem por objetivo principal a - Situa as pessoas na estrutura organizacional:a AD subsidia
busca pela determinação de como o desempenho pode ser relacio- as demais atividades desencadeando ações que culminem com al-
nado a certas formas de medições. terações significativas na estrutura da organização; e
- Administração: dirigida para o futuro. Busca o desenvolvimen- - Incentiva a utilização do coaching: a AD “ajuda ou estimula
to e fornece subsídios que geram a possibilidade de alcance de todo os supervisores a observarem seus subordinados mais de perto e
o potencial das pessoas, gerando resultados positivos. a desempenhar melhor a função de treinadores” (OBERG, 1997).
A AD engloba todo o processo desde a identificação do desem-
Limitações da utilização
penho, passando pela mensuração, ou seja, medindo tal desem-
penho, até alcançar projeções para o médio e curto prazo, onde o - Serve de justificativa para discussões salariais: ao situar as
potencial de cada estará a serviço da organização”. pessoas na estrutura organizacional, pode gerar argumentações di-
recionadas a salários e vantagens face à uma possível nova posição
Alguns dos motivos queque leva à utilização da AD:
funcional numa outra unidade;
- Alicerçar a ação do gestor: a empresa se torna mais transpa- - Trata-se de um processo vulnerável: “as avaliações forne-
rente, pois as ações de seus gestores estão alicerçadas em elemen- cem informações inadequadas sob as sutilezas do desempenho, os
tos palpáveis (avaliação realizada com rigor técnico). gerentes freqüentemente fazem julgamentos arbitrários” (LEVIN-
- Nortear e mensurar o processo de treinamento e desenvolvi- SON, 1997);
mento (T&D): ponderação do nível de CHA (conhecimentos, habili- - Há uma tendência à exclusão dos não envolvidos direta-
dades e atitudes), determinando a direção que o processo de T&D mente: com o processo. A não influência direta nos resultados da
deve tomar e a sua medida em cada caso; organização, dificulta o questionamento à avaliação feita desmo-
- Facilitar o feedback das pessoas: na medida em que mensura tivação e desinteresse;
os desempenhos das pessoas em avaliação e informa de modo a - Dificuldade de manter as avaliações periódicas: a elaboração
sugerir mudanças, quando necessário; e e aplicação do processo de AD depende do feedback oferecido às
- Facilitar o progresso das organizações: feedback organizacio- pessoas pelos avaliadores;
nal, acompanhamento do desempenho identificando pontos críti- - Inibe o desenvolvimento criativo do potencial humano:
cos, negativos e positivos dando caráter facilitador à elaboração de manter avaliações constantes, dependendo da maneira como é
estratégias para manutenção e crescimento. realizada, pode representar um controle na visão das pessoas em
Finalidades: processo de avaliação; e
- Identificar o valor das pessoas para a organização: men- - Dificulta a avaliação do grupo: este tipo de procedimento
surar qualitativamente o impacto de cada pessoa nos resultados sempre tende a recair numa avaliação individualizada.6
organizacionais;
MOTIVAÇÃO
- Desenvolver talentos: detectados os pontos fortes e fra-
cos das pessoas, via avaliação de desempenho, as necessidades de
Afinal o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com
desenvolvimento tornam-se transparentes;
outros olhos? É conquistar resultados, é superar obstáculos, é ser
- Fornecer informações essenciais: que auxiliem o desen- persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o que?
volvimento das demais atividades referentes à gestão de pessoas;
- Tornar transparente a relação entre avaliadores e avalia-
dos: ao se recolher informações essenciais sobre o quadro funcio-
nal, identificar talentos potenciais e o que as pessoas agregam para
a organização; e
- Abastecer a organização com avaliações periódicas: as
organizações necessitam estar permanentemente empenhadas na
atualização da AD.
Vantagens da utilização
- Possibilita a descoberta de talentos: por meio da identifi-
cação dos atributos de cada pessoa;

- Facilita o feedback às pessoas da organização: desfrutar


do que foi coletado, analisado e concluído pelos avaliadores, po-
dendo a partir daí encontrar caminhos para auto-desenvolvimento;
- Auxilia o direcionamento dos esforços da organização: o
fato de se ter informações proporciona a organização a possibilida-
de de “identificar aquelas pessoas que necessitam de aperfeiçoa-
mento” (MARRAS, 2000);
- Auxilia o aprimoramento da qualidade de vida: “constitui
um poderoso meio de resolver problemas de desempenho e me- Motivação segundo o dicionário é o ato de motivar; exposição
lhorar a qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das de motivos ou causas ; conjunto de fatores psicológicos, conscien-
organizações” (CHIAVENATO, 1999); tes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que deter-

6Fonte: gestaopublica.org
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minam um certo tipo de conduta em alguém. Sendo assim Motiva- Ainda sobre motivação, precisamos entender o processo que
ção está intimamente ligado aos Motivos que segundo o dicionário leva o indivíduo a tomar uma ação em busca de um objetivo, con-
é fato que leva uma pessoa a algum estado ou atividade. forme mostra o Ciclo Motivacional.
Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao
que você quer da vida , e seus motivos são pessoais , intransferíveis O Ciclo Motivacional
e estão dentro da sua cabeça (e do coração também) , logo seus
motivos são abstratos e só têm significado pra você , por isso moti-
vação é algo tão pessoal , porque vêm de dentro.

A motivação é uma força interior que se modifica a cada mo-


mento durante toda a vida, onde direciona e intensifica os objetivos
de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação
é algo interior, ou seja, que está dentro de cada pessoa de forma
particular erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmoti-
va, pois ninguém é capaz de fazê-lo. Existem pessoas que pregam a
automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que
a motivação é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego
desse prefixo deve ser descartado.
Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas
necessidades são todas supridas de forma hierárquica. Maslow or-
ganiza tais necessidades da seguinte forma:
- Autorrealização
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: uma neces-
- Autoestima sidade rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um
- Sociais estado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse
- Segurança estado de tensão leva o indivíduo a um comportamento ou ação,
- Fisiológicas capaz de descarregar a tensão ou livrá-lo do desconforto e do dese-
quilíbrio. Se o comportamento ‘for eficaz o indivíduo encontrará a
Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no alicer- satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provo-
ce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades fisiológicas cada por ela’. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado
são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indivíduo de equilíbrio anterior e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
pode sentir necessidades acima das que está executando ou abaixo,
o que quer dizer que o processo não é engessado, e sim flexível. As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo contrario,
são forças dinâmicas e persistentes que provocam comportamen-
Teoria dos Dois Fatores - Para Frederick Herzberg, a motivação tos. Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), os com-
é alcançada através de dois fatores: Fatores higiênicos que são estí- portamentos tornam-se gradativamente mais eficazes na satisfa-
mulos externos que melhoram o desempenho e a ação de indivídu- ção, de certas necessidades. E quando uma necessidade é satisfeita
os, mas que não consegue motivá-los. ela não é mais motivadora de comportamento já que não causa
Fatores motivacionais que são internos, ou seja, são sentimen- tensão ou desconforto.
tos gerados dentro de cada indivíduo a partir do reconhecimento e O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de resolução
da autorrealização gerada através de seus atos. da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando
Já David McClelland identificou três necessidades que seriam a satisfação é impedida ou bloqueada) ou compensada (a satisfação
pontos-chave para a motivação: poder, afiliação e realização. é transferida para objeto). Muitas vezes a tensão provocada pelo
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são ad- surgimento da necessidade encontra uma barreira ou obstáculo
quiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio, status e outras para a sua liberação.
sensações que o ser humano gosta de sentir. Não encontrando a saída normal, a tensão represada no orga-
Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas, nismo procura um meio indireto de saída, seja por via psicológica
que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de Processo, (agressividade, descontentamento, tensão emocional, apatia, indi-
onde, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes. ferença etc.) seja por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, reper-
cussões cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade
não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou compensada.
Isto se dá quando a satisfação de outra necessidade reduz ou aplaca
a intensidade de uma necessidade que não pode ser satisfeita.
A satisfação de alguma necessidade é temporal e passageira,
ou seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes
necessidades. O comportamento é quase um processo de resolução
de problemas, de satisfação de necessidade, à medida que elas vão
surgindo.
O conceito de motivação – ao nível individual – conduz ao de
clima organizacional – ao nível da organização. Os seres humanos
estão continuamente engajados no ajustamento a uma variedade
de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades e manter
um equilíbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado

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ADMINISTRAÇÃO GERAL
de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à satisfa- como um número na multidão, mas entendidas por suas necessi-
ção das necessidades de pertencer a um grupo social de estima e dades específicas”. As empresas que satisfazem essas necessidades
de autorrealização. É a frustração dessas necessidades que causa conseguem reter seus talentos, são realizadoras de sonhos; as que
muitos dos problemas de ajustamento. Como a satisfação dessas não perceberam isso, ainda, somente os detêm, e correm o risco
necessidades superiores depende muito de outras pessoas, particu- de perdê-los.
larmente daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se A relação dos profissionais com as empresas mudou drastica-
importante para a administração compreender a natureza do ajus- mente nos últimos anos, principalmente com a revolução do conhe-
tamento e do desajustamento das pessoas. cimento. Antes as pessoas “vestiam a camiseta”, seduzidas por es-
O ajustamento – assim como a inteligência ou as aptidões – va- tabilidade, salários e assistência médica, hoje isso já não basta. Elas
ria de uma pessoa para outra e dentro do mesmo indivíduo de um almejam organizações alinhadas com seus valores em um processo
momento para outro. Varia dentro de um continuum e pode ser de- que precisa ser alimentado e renovado todos os dias, assim como
finido em vários graus, mas do que em tipos. Um bom ajustamento num casamento. Os funcionários precisam ser vistos como pessoas
denota “saúde mental”. Uma das maneiras de se definir saúde men- por inteiro, não mais apenas como “mão de obra”.
tal é descrever as características de pessoas mentalmente sadias. As A ideia de que o profissional é quem deve se adaptar ao perfil
características básicas de saúde mental são: da companhia está acabando. “Hoje, é ele quem deve se informar
- As pessoas sentem-se bem consigo mesmas; sobre a organização na qual gostaria de trabalhar e compreender
sua cultura”, diz Alexandre Gracioso (2002). Assim, o alinhamento
- As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
de interesses torna-se fundamental para que a pessoa desenvolva
- As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da todo o seu potencial e se realize, conduzido pela motivação a pro-
vida. duzir mais e melhor.
Abaixo uma tabela que demonstra os sete níveis de motivação Dinheiro, é claro, ainda é prioridade para muita gente. É o que
onde, em cada um desses níveis, identificamos a necessidade a ser move boa parte das pessoas a sair de casa para trabalhar, porque
suprida, com suas respectivas características de ação. elas necessitam pagar suas contas e manter-se financeiramente.
“Um contracheque gordo pode não segurar um talento, mas a falta
dele o leva rapidinho para a concorrência”, diz Jorge Alberto Viani,
da William Mercer Consultoria (FONTANA, 2001). Mas essa ser a
primeira escolha torna-se arriscado, pois, em um mercado cada vez
mais agressivo e competitivo, é difícil manter-se por muito tempo
em uma empresa só por dinheiro, por maior que seja o contrache-
que.
Não há dinheiro que pague a realização pessoal. A realização
no trabalho inclui mais que salário, compreende a chance de cres-
cer e ter novos desafios. É a possibilidade de as pessoas darem sig-
nificado ao que fazem. É fato que salário ruim desmotiva o profis-
sional, mas recebê-lo acima da média de mercado não é suficiente
para que a pessoa se sinta estimulada para o trabalho, ou seja, não
garante a satisfação do funcionário em relação à empresa.
A motivação dos funcionários é tarefa cada vez mais importan-
te para o sucesso empresarial, pois envolve sentimento de realiza-
ção, de reconhecimento e de crescimento profissional. Conforme
Remunerar as pessoas é um dos fatores mais importantes na
Chiavenato (2006), o colaborador sente-se mais motivado quando
gestão de pessoas. Quando uma pessoa ingressa em uma determi-
lhes são atribuídas tarefas significativas e desafiadoras. Assim, mo-
nada organização, ela cria uma série de expectativas quanto aos re-
tivar as pessoas é fazer com que sintam orgulho de trabalhar na em-
tornos pretendidos pelo trabalho que irá executar. Para remunerar
presa, é despertar o sentimento de afiliação, permitindo-lhes trazer
bem os funcionários a organização deve ter uma boa administração
seus valores para o ambiente de trabalho.
para trabalhar com essas variáveis de modo que a equipe perceba
que esta sendo recompensada na mesma medida que a sua contri- Comprometimento gera comprometimento, e isso sim, com
buição para organização, e que se sintam satisfeitos com o retorno certeza, irá potencializar os efeitos das estratégias de negócio, au-
do investimento em recompensa. mentando os lucros. A pergunta é: existe uma forma correta para
motivar as pessoas? Segundo especialistas, as duas principais são
Há pessoas que preferem trabalhar em uma empresa receben-
o bolso e a preocupação com o ser humano. Mas, qual desses dois
do pouco pelo simples fato de serem reconhecidas ebem tratadas.
modos de motivação é o melhor? Se levarmos em conta o desem-
A palavra remunerar não significa apenas dinheiro, mas receber
penho financeiro, os dois lados são igualmente eficazes. O que
algo mais do que isso, receber o que o dinheiro não pode comprar!
muda é o tipo de profissional que a empresa irá atrair, ou seja, o
O ambiente de trabalho perfeito é aquele que preenche nossas tipo de incentivo a ser oferecido deve estar alinhado ao perfil dos
necessidades. Há quem busque salário, mas há quem aceite ganhar profissionais que a organização gostaria de ter. Segundo o pesqui-
menos em troca de reconhecimento, satisfação pessoal, qualidade sador Leon Martel (CUNHA, 2002), isso seria a transição dos valores
de vida, desafios, carreira ou visibilidade na sua área. materialistas, do apego à riqueza, para os pós-materialistas, aque-
Profissionais motivados para o trabalho e que amam o que les que buscam o bem-estar.
fazem é o que toda empresa busca. O desafio é atender aos an- Assim, o que importa é a criatividade e a capacidade das em-
seios das pessoas, tratando-as de forma individualizada e da ma- presas de focar as necessidades específicas de seu pessoal, uma vez
neira como elas desejam. Segundo Shoshana Zuboff, professora de que sem os investimentos financeiros é o que vai fazer diferença
Harvard (JACOMINO, 2004), “as pessoas não querem ser tratadas para os funcionários. O fato é que não existe uma fórmula, existe

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sim, uma mudança no mercado de trabalho, que sinaliza para a ne- - Habilidade de interpretar objetivos e missões;
cessidade da valorização do maior bem da empresa: o seu capital - Habilidade de estabelecer prioridades;
intelectual.
- Habilidade de planejar e programar atividades da equipe;
LIDERANÇA - Facilidade em solucionar problemas e conflitos;
- Facilidade em supervisionar e orientar pessoas;
Uma característica essencial das organizações é que elas são - Habilidade de delegar responsabilidades para os outros.
sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra o conceito de
As críticas à teoria de traços de personalidade residem em dois
Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo geral de como
aspectos principais. O primeiro é que as características de persona-
as organizações se relacionam com as pessoas.
lidade são geralmente medidas de maneira pouco precisa. O segun-
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na do é que essa teoria não considera a situação dentro da qual atua a
organização também o subsistema técnico. A interação da gestão liderança, ou seja, os elementos do ambiente que são importantes
de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, en- para determinar quem será um líder eficaz. Alguns traços de perso-
volve alinhar objetivos organizacionais e individuais. nalidade são importantes em certas situações, mas não em outras.
A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mu- Um líder de empresa pode ser o último a falar em casa. Muitas ve-
danças e transformações nos últimos anos. zes é a situação que define um líder. Quando a situação se modifica,
Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influência a liderança passa para outras mãos.
sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas organizações. É
uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das relações en- Teoria Sobre Estilos de Liderança
tre os indivíduos. Por isso, é muito importante essa atenção dada
aos fundamentos da psicologia. Um dos mais populares expoentes da teoria comportamental,
Douglas McGregor, publicou um livro clássico, em que procura mos-
A liderança não deve ser confundida com direção nem com ge-
trar com simplicidade que cada administrador possui uma concep-
rência. Um bom administrador deve ser necessariamente um bom
ção própria a respeito da natureza das pessoas que tende a moldar
líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um administrador. Na
o seu comportamento em relação aos subordinados. Ele chegou à
verdade, os líderes devem estar presentes no nível institucional, in-
conclusão de que há duas maneiras diferentes e antagônicas de en-
termediário e operacional das organizações. Todas as organizações
carar a natureza humana. Uma delas é antiga e negativa, baseada
precisam de líderes em todos os seus níveis e em todas as suas áre-
na desconfiança nas pessoas. A outra é moderna e positiva, basea-
as de atuação.
da na confiança nas pessoas. McGregor denominou-as, respectiva-
A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre ex- mente, Teoria X e Teoria Y.
clusivamente em grupos sociais e nas organizações. Podemos defi-
nir liderança como uma influência interpessoal exercida numa dada Teoria X
situação e dirigida através do processo de comunicação humana
para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elemen- O administrador que pensa e age de acordo com a Teoria X ten-
tos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: a influência, de a dirigir e controlar os subordinados de maneira rígida e inten-
a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar. siva, fiscalizando seu trabalho, pois considera que as pessoas são
A liderança envolve o uso da influência e todas as relações passivas, indolentes, relutantes e sem qualquer iniciativa pessoal.
interpessoais podem envolver liderança. Todas as relações dentro Nesse estilo de liderança, o administrador pensa que não se deve
de uma organização envolvem líderes e liderados: as comissões, os confiar nas pessoas, porque elas não têm ambição e evitam a res-
grupos de trabalho, as relações entre linha e assessoria, superviso- ponsabilidade. Ele não lhes delega responsabilidades porque acre-
res e subordinados etc. Outro elemento importante no conceito de dita que elas são dependentes e preferem ser dirigidas. Com todas
liderança é a comunicação. A clareza e a exatidão da comunicação essas restrições, o administrador cria um ambiente autocrático de
afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificul- trabalho, uma atitude de desconfiança, vigilância e controle coerci-
dade de comunicar é uma deficiência que prejudica a liderança. O tivo que não estimula ninguém a trabalhar. Pessoas tratadas dessa
terceiro elemento é a consecução de metas. O líder eficaz terá de maneira tendem naturalmente a responder com falta de interesse
lidar com indivíduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmen- e de estímulo, alienação, desencorajamento, pouco esforço pessoal
te considerada em termos de grau de realização de uma meta ou e baixa produtividade, situação que vai reforçar o ponto de vista
combinação de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem do administrador, fazendo-o aumentar ainda mais a pressão, a vi-
considerar o líder como eficaz ou ineficaz, em termos de satisfação gilância e a fiscalização. A ação constrangedora do administrador
decorrente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação provoca reação acomodada das pessoas. Quanto mais ele obriga,
das diretrizes e comandos de um líder apoia-se muito nas expectati- tanto mais elas tendem a se alienar em relação ao trabalho.
vas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a bons
resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um instrumen- Teoria Y
to para ajudar a alcançar objetivos.
Já o administrador que pensa e age de acordo com a teoria Y,
Teorias sobre Liderança tende a dirigir as pessoas com maior participação, liberdade e res-
Teorias de Traços de Personalidade ponsabilidade no trabalho, pois considera que elas são aplicadas,
gostam de trabalhar e têm iniciativa própria. Ele tende a delegar
As mais antigas teorias sobre liderança se preocupavam em e a ouvir opiniões, pois acredita que as pessoas sejam criativas e
identificar os traços de personalidade capazes de caracterizar os habilidosas. Compartilha com elas os desafios do trabalho, porque
líderes. O pressuposto era que se poderia encontrar um número pensa que elas são capazes de assumir responsabilidades, com au-
finito de características pessoais, intelectuais, emocionais e físicas tocontrole e autodireção no seu comportamento. Esse estilo de
que identificassem os líderes de sucesso, como: administrar tende a criar um ambiente democrático de trabalho e

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oportunidades para que as pessoas possam satisfazer suas neces- agem de forma a dominarem e serem superiores às pessoas. Para
sidades pessoais mais elevadas através do alcance dos objetivos conseguirem que um trabalho seja feito, eles submetem o seu
organizacionais. Pessoas que trabalham com respeito, confiança e pessoal a personalidades tais como perda do emprego, reprimen-
participação tendem a responder com iniciativa, prazer em traba- das frente a outros e descontos de dias trabalhados. Exibem sua
lhar, dedicação, envolvimento pessoal, entusiasmo e elevada pro- autoridade a partir da falsa crença que podem amedrontar todos
dutividade em seu trabalho. A situação impulsionadora do adminis- para que atinjam a produtividade. Eles são mais chefes do que líde-
trador provoca uma reação empreendedora das pessoas. Quanto res. Existe um contínuo de estilo de liderança que classifica desde
mais ele impulsiona, tanto mais elas tendem a tomar iniciativa e o fortemente positivo até o fortemente negativo. Quase todos os
responsabilidade no trabalho. gerentes usam ambos os estilos indicados em algum lugar do con-
Onde se situar? Qual o estilo de liderança a adotar? Essa ques- tínuo todos os dias, mas o estilo dominante deve afirmar-se com o
tão é simples. Em um modelo burocrático, provavelmente a teoria X grupo. O estilo está relacionado com o modelo de comportamento
seria a mais indicada como estilo de liderança para submeter rigida- organizacional da pessoa. O modelo autocrático tende a produzir o
mente todas as pessoas às regras e regulamentos vigentes. Porém, estilo chamado de negativo, o modelo protetor é de alguma forma
na medida em que se adota um modelo adaptativo, a teoria Y tor- positivo; e os modelos de apoio ou corporativo são claramente po-
na-se imprescindível para o sucesso organizacional. Contudo, inde- sitivos. A liderança positiva geralmente atinge níveis mais altos de
pendentemente do modelo organizacional, o mundo moderno está satisfação no trabalho e desempenho.
abandonando a teoria X e trocando-a definitivamente pela teoria Y.
Líderes autocráticos
Comportamentos de Liderança
O líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. Os
A abordagem comportamental tenta identificar o que fazem os subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. O líder au-
líderes. Os líderes devem concentrar-se em fazer com que as tarefas tocrático é dominador, emite ordens e espera obediência plena e
sejam cumpridas ou em manter seus seguidores felizes? Na aborda- cega dos subordinados. Os grupos submetidos à liderança auto-
gem comportamental, as características pessoais são consideradas crática apresentaram o maior volume de trabalho produzido, com
menos importantes que o real comportamento exibido pelos líde- evidentes sinais de tensão, frustração e agressividade. O líder é
res. temido pelo grupo, que só trabalha quando ele está presente. A
liderança autocrática enfatiza somente o líder. O líder autocrático
Três categorias gerais do comportamento de liderança recebe-
é tipicamente negativo, baseia suas ações em ameaças e punições:
ram atenção particular: comportamentos relacionados ao desem-
mas também podem ser positivos, como foi demonstrado no caso
penho de tarefas, à manutenção do grupo e à participação do em-
de um autocrata benevolente que faz escolhas para dar algumas
pregado nas tomadas de decisão.
recompensas a seus subordinados.
Desempenho de Tarefas Algumas vantagens do estilo de liderança autocrática é que ele
geralmente satisfaz como líder, favorece decisões rápidas, utiliza
A liderança exige fazer com que as tarefas sejam desempenha- favoravelmente os subordinados menos competentes, oferecendo
das. Os comportamentos de desempenho de tarefas são os esforços segurança e base estruturais para os empregados. A maior desvan-
do líder para garantir que a unidade de trabalho ou a organização tagem é que a maioria dos subordinados não gosta desse estilo,
atinjam suas metas. Essa dimensão é às vezes mencionada como especialmente se for usado de maneira extrema a ponto de criar
preocupação com produção, liderança diretiva, estrutura iniciadora medo e frustração. Na liderança autocrática, o líder centraliza o po-
ou proximidade de supervisão. Inclui o enfoque na velocidade, qua- der e mantém o controle de tudo e de todos em suas mãos.
lidade e precisão do trabalho, quantidade de produção e na obedi- Grupos com líder autoritário. Tendia a ser mais agressivo e bri-
ência às regras. guento. Quando se exprimia a agressão, esta tendia a ser dirigida
aos outros membros do grupo e não ao líder. Alguns indivíduos
Manutenção do Grupo passaram a depender completamente do líder e só trabalhavam
quando ele estava presente. Quando o líder se afastava do grupo, o
Ao exibir o comportamento de manutenção do grupo, os líde- trabalho não progredia com a mesma intensidade. Nas frustrações,
res agem para garantir a satisfação dos membros do grupo, para esses grupos tendem a se dissolver, através de recriminações e acu-
desenvolver e manter relações harmoniosas de trabalho e preser- sações pessoais.
var a estabilidade social do grupo. Essa dimensão é algumas vezes
chamada de preocupação com as pessoas, liderança de apoio ou Líderes democráticos
consideração. Inclui enfoque nos sentimentos e no bem-estar das
pessoas, apreciação por elas e redução do estresse. Os líderes participativos ou democráticos descentralizam a au-
toridade. As decisões participativas não são unilaterais, como no
Líderes positivos e negativos caso do estilo autocrata, pois elas saem da consulta aos subordi-
nados, bem como de sua participação. O líder e seus subordinados
Existem diferenças entre maneiras pelas quais os líderes foca- atuam como uma unidade social. Os empregados são informados
lizam a motivação das pessoas. Se o enfoque enfatiza recompensas sobre as condições que afetam seu trabalho e encorajados a ex-
– econômicas ou outras – o líder usa a liderança positiva. Quanto pressar suas ideias, bem como a fazer sugestões. A tendência geral
melhor for a educação do empregado, maior é a sua solicitação de é no sentido de ampliar o uso das práticas participativas, pois elas
independência, e outros fatores trabalham a favor da motivação, são consistentes com os modelos de apoio colegiado do comporta-
mais dependente da liderança positiva. Se a ênfase é colocada em mento organizacional.
penalidades, o líder está se utilizando da liderança negativa. Este O líder é extremamente comunicativo, encoraja a participa-
enfoque pode conseguir um desempenho aceitável em suas situ- ção das pessoas e se preocupa igualmente com o trabalho e com
ações, mas tem custos humanos altos. Líderes de estilo negativo o grupo. O líder atua como um facilitador para orientar o grupo,
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
ajudando-o na definição dos problemas e nas soluções, coordenan- As pesquisas sobre liderança levaram os psicólogos a observar
do atividades e sugerindo ideias. Os grupos submetidos à liderança duas estruturas gerais de comportamento do líder. Vejamos:
democrática apresentaram boa quantidade de trabalho e qualidade - Líder orientado para a tarefa (OT). Dentro dessa estrutura
surpreendentemente melhor, acompanhadas de um clima de satis- de comportamento, o líder (gerente) dirige os seus esforços e o de
fação, integração grupal, responsabilidade e comprometimento das seus subordinados para a tarefa, visando iniciar, organizar e dirigir
pessoas. um trabalho.
Na liderança democrática ou participativa, o líder trabalha e - Líder orientado para as relações interpessoais (OR). O gerente
toma decisões em conjunto com os subordinados, ouvindo, orien- (líder) voltado para essa orientação tem relações pessoais mais am-
tando e impulsionando os membros. plas no trabalho, caracterizado por ouvir, confiar e encorajar.
Grupos com líder democrático. Os indivíduos convivem ami- Baseado nessa orientação, Reddin propôs quatro combinações
gavelmente. Há mais atitudes amistosas e ligadas às tarefas. As de estilos de liderança.
relações com o chefe são mais espontâneas e livres. O trabalho
- Líder separado: Esse estilo de liderança dá ao gerente baixa
progredia de maneira suave e espontânea, mesmo quando o chefe
orientação para o trabalho e pouca orientação para as relações hu-
está ausente. Sob frustrações, originadas na situação de trabalho,
manas.
responde o grupo através de ataques organizados às dificuldades.
- Líder relacionado: Tem apenas alta orientação para as rela-
Líderes liberais ções humanas.
- Líder integrado: Possui uma elevada orientação para o traba-
Os líderes liberais ou rédeas soltas evitam o poder e a respon- lho e também interesses altos; é voltado para as relações humanas.
sabilidade. Eles dependem muito do grupo, quanto ao estabeleci- - Líder dedicado: Tem apenas alta orientação para o trabalho.
mento dos seus próprios objetivos e resolução dos seus próprios
problemas. São os membros do grupo que treinam a si mesmos e
GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO DE EXCELÊNCIA GE-
promovem suas próprias motivações. O líder tem apenas um pa-
RENCIAL: PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES
pel secundário. Na liderança do tipo rédeas soltas a contribuição
PARA A GESTÃO DA QUALIDADE; FERRAMENTAS DE GES-
do líder é ignorada aproximadamente da mesma forma que na li-
TÃO DA QUALIDADE.
derança do tipo autocrática o líder ignora o grupo. Essa forma de
liderança tende a permitir que diferentes unidades da organização
elaborem objetivos cruzados, e que pode degenerar num caos. Por
essa razão normalmente não é usada como um estilo dominante, — Principais teóricos e suas contribuições para a gestão da
mas mostra-se útil naquelas situações nas quais o líder pode deixar qualidade
as escolhas inteiramente por conta do grupo. Gestão da Qualidade: “Capacidade de satisfazer desejos” – Wil-
O líder permite total liberdade para a tomada de decisões in- liam Edward Deming.
dividuais ou grupais, participando delas apenas quando solicitado “Grau em que um produto está de acordo com as especifica-
pelo grupo. O comportamento do líder é evasivo e sem firmeza. ções” – Gilmore
Os grupos submetidos à liderança liberal não se saíram bem, nem Qualidade é uma relação entre a expectativa em relação a algo
quanto à quantidade nem quanto à qualidade do trabalho, com for- e a realidade daquele algo.
tes sinais de individualismo, desagregação do grupo, insatisfação,
agressividade e pouco respeito ao líder. O líder é ignorado pelo gru-
po. A liderança liberal enfatiza somente o grupo.
Na liderança liberal, o líder omite-se e deixa a situação fluir à
vontade, sem intervir ou mudar o rumo dos acontecimentos.
Grupos com líder permissivo. O trabalho progredia desorde-
nadamente e pouco. Embora houvesse considerável atividade, a
maior parte dela era improdutiva. Perdeu-se um tempo considerá-
vel em discussões e conversas sobre assuntos meramente pessoais
entre os componentes do grupo.
Um líder usa todos três tipos de estilos durante um período
de tempo, mas um deles tende a ser dominante. Os pesquisadores Quando a expectativa é suprida efetivamente, aparece em
notaram diferença na atmosfera de trabalho, no comportamento cena a Qualidade, que é a relação entre Expectativa e Realidade.
dos elementos do grupo e nas realizações no desempenho dos três
grupos. Essa relação pode-se dar de 3 maneiras:
1. A Expectativa ser igual a Realidade = Qualidade. Quando as
Como um Líder Deve Agir especificações do produto ou serviço se adequam à Expectativa (sa-
tisfazem as necessidades intrínsecas) do cliente.
A gestão situacional é a habilidade de mudar a situação, quan- 2. A Expectativa ser menor que a Realidade = Excelência. Quan-
do for necessário. E para realizar essa mudança, deve o líder ter do as especificações do produto ou serviço surpreendem positiva-
uma variedade de comportamentos para adaptar-se à situação. mente, satisfazendo ou superando as Expectativas do cliente. Exce-
Esse fato chama-se residência de estilo, que é a capacidade de man- lência é Qualidade (superando-a, acima da Qualidade)
ter um estilo adequado a cada situação. 3. A Expectativa ser maior que a Realidade = Frustração. Quan-
Já o repertório de estilos consiste na habilidade do gerente (ou do as especificações do produto ou serviço não atendem ou satisfa-
líder) em variar seu próprio estilo básico de comportamento. zem as Expectativas do cliente.

Comportamento do líder
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198
a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
A Qualidade é dinâmica, sofre mudanças, depende do momen- Para Deming o cliente é o foco da Qualidade, que muda assim
to e dos indivíduos. Nas primeiras eras a relação de Qualidade es- como os desejos do cliente.
tava muito mais ligada a Gilmore, em que a Qualidade do produto Traz 14 princípios da Qualidade:
estava muito mais ligado à capacidade de repetir as especificações
dele. Relação mais Industrial de Qualidade. 1. Aperfeiçoamento constante do produto ou serviço.
A organização ou prestador de serviços pode atuar tanto no 2. Estabelecer Nova Filosofia da Qualidade.
Realidade, quanto na Expectativa para obter essa relação (Quali- 3. Acabar com a dependência da inspeção – fazer certo desde
dade). o início.
— Eras da Qualidade 4. Acabar com o lucro na base do preço – aumentar a margem
Era da Inspeção de lucro, baixando o custo de produção.
A Qualidade era analisar o produto posterior à sua produção. 5. Aperfeiçoamento constante do processo – diminuindo os
Era a relação do produto com o padrão estabelecido. desperdícios.
Desvantagem: Quando a preocupação da Qualidade é somen- 6. Treinamento on the job (no trabalho) – capacitação dos indi-
te na produção final dos produtos, tem-se um desperdício grande. víduos dentro das atividades em si.
Não havia durante esse processo a retroalimentação, não há análise 7. Estabelecer a Liderança – é necessário direcionamento e mo-
anterior das fases de produção. nitoramento do controle.
Era do Controle Estatístico 8. Eliminar o medo de inovar.
A Qualidade era analisar o produto posterior à sua produção. 9. Quebrar as barreiras entre os departamentos – trabalharem
Era a relação do produto com o padrão estabelecido, porém, a ava- juntos.
liação ocorria entre as fases de produção, para que havendo des- 10. Eliminar slogam sobre Qualidade – Qualidade não é meta,
perdício, se encontre em que momento aconteceu a falha, para não é princípio, é valor.
se repetir. Gerando agora padrões estatísticos para que não ocorra
11. Eliminar padrões artificiais – colocar a base da Qualidade
novamente, minimizando então o desperdício. Retroalimentação.
no propósito e não na meta em si.
Era da Garantia da Qualidade – William Edward Deming:
12. Permita que as pessoas tenham orgulho de trabalhar na
O Planejamento como método de prevenção a priori. Pro-ativi- organização.
dade na produção.
13. Programa de educação contínua.
Treinamento dos indivíduos, análise gerando melhoramento e
14. Qualidade objetivo de todos – todos devem estar envolvi-
eficiência nos processos, principalmente antes da produção, mini-
dos.
mizando erros e desperdícios.
Philip Crosby
Era da Gestão da Qualidade Total
Principal ponto deste autor é a intolerância com margem de
Opera além das Eras anteriores, o conceito agora é a Qualidade
erro.
passando a ser um Diferencial Competitivo. Pesquisa de mercado,
Avaliação de Experiência do Produto ou Serviço, fazem parte do — Conceito “Defeito Zero” ;
processo. — Fazer certo desde a primeira vez;
Preocupação não somente durante o processo, mas também — Intolerância;
com o que os clientes, fornecedores e colaboradores pensam. Pas- — Quem comanda a perspectiva de Qualidade é o cliente e é
sa-se a ver a Qualidade não só durante o processo, ou somente den- mutável.
tro da Organização, a Qualidade acontece antes da produção com
Joseph Juran
os fornecedores, durante a produção dentro da organização com os
colaboradores e fora dela, com seus clientes. — Conceito da Trilogia da Qualidade: Planejamento + Controle
+ Aperfeiçoamento = PCAQ.
— Planejamento: Identificar as necessidades do cliente e com
— Principais autores
base nisso, desenhar e projetar serviços e produtos.
Walter Shewart — Controle de Qualidade: Avaliar desempenho > Comparar o
que almejava com o que foi alcançado > Propor melhorias.
Pai do Controle Estatístico: começa-se a utilizar modelos ma- — Aperfeiçoamento: Melhora contínua, Treinamento, Motiva-
temáticos para aceitar limites de erros. A margem de erros começa ção e Apoio das Equipes.
a ser inserida nos processos, classificando como erros aceitáveis e Armand Feigenbaum
não aceitáveis.
Conceito de que a Qualidade é um Esforço Sistêmico. A Quali-
— Gráfico de Controle. dade deve ser disseminada da diretoria da organização para os de-
— Inicia-se a amostragem, não mais a necessidade de avaliação mais colaboradores, não só uma parte, mas do todo.
individual, um a um e sim amostras, acelerando o processo. — Trabalha custo relacionados a garantia da Qualidade e rela-
— Buscar evitar as causas do erro e não o erro em si. cionados à falta de Qualidade.
— Criou o ciclo PDCA (chamado ciclo de Deming), porém o cria- — Garantia: Focado na Prevenção e Avaliação – Existe um custo
dor desse ciclo foi Walter Shewart. nesses processos e são avaliados;
— Inspirou os 2 grandes nomes da Qualidade: William Edward — Falta de Qualidade: Focado nas Falhas Internas: perdas de
Deming e Joseph Juran. processos produtivos e Falhas Externas: perdas ligadas a imagem da
organização e de competitividade em relação ao mercado.
William Edward Deming
Kauru Ishikawa
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ADMINISTRAÇÃO GERAL
Um dos principais tradutores dos conceitos americanos para a • Listas de controle
realidade japonesa. Responsável pela disseminação dos CCQs - Cír-
culos de Controle de Qualidade: pequenos grupos de 6,12 ou mais Ou folhas de verificação são planilhas ou tabelas utilizadas para
pessoas que são responsáveis por repensar a Qualidade dentro da facilitação da coleta e análise de dados. O uso de folhas de verifica-
organização. ção visa economizar tempo, eliminando o trabalho de se desenhar
— Filosofia da melhoria continua. figuras ou escrever números repetitivos. Além disso elas evitam
comprometer a análise dos dados.
— Diagrama Causa ou Efeito ou Espinha de Peixe: Encontrar o
Efeito – Listar as Possíveis Causas e Sub-causas que vão responder
• Fluxogramas
ao Efeito.
Principal herança do diagrama Causa e Efeito é que a organiza- Tipo de  diagrama que pode ser entendido como uma repre-
ção consiga entender o problema como um efeito e consiga erradi- sentação esquemática de um  processo ou algoritmo, comumente
car a causa para que não se repita. expresso por gráficos que ilustram de forma descomplicada a tran-
sição de informações entre os elementos que o compõem, ou seja,
é a sequência operacional do desenvolvimento de um processo, o
qual caracteriza: o trabalho que está sendo realizado, o tempo ne-
cessário para sua realização, a distância percorrida pelos processos,
quem está realizando o trabalho e como ele flui entre os participan-
tes deste processo.

GESTÃO DE PROJETOS: MODELOS, ETAPAS, ELABORAÇÃO,


TÉCNICAS DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS
— Ferramentas de gestão da qualidade (ou de processos)
• Análise (gráfico) de Pareto — Elaboração, análise e avaliação de projetos
Conceito: uma pequena parcela das soluções, resolvem gran- Na abordagem tradicional, diferem-se 5 grupos de processos
des parcelas de problemas, assim uma pequena parcela de soluções no desenvolvimento de projetos:
porem resolver, por exemplo 80% dos problemas. Assim, 20% das • Iniciação;
causas são responsáveis por 80% dos problemas. Curva ABC. • Planejamento;
• Execução;
• Diagrama de causa-efeito – Ishikawa
• Monitoramento e controle;
A organização consegue entender o problema como um efeito • Encerramento.
e levanta as causas para erradicar e não se repetir. Espinha de peixe. Alguns projetos vão seguir todos estes estágios, já outros po-
dem ser encerrados antes do inicialmente esperado. Outros proje-
• Histograma tos passarão pelos estágios 2, 3 e 4 múltiplas vezes. O projeto visa a
satisfação de uma necessidade ou oportunidade, definida no texto
Gráfico em barras junto com o histograma representam uma acima como fase inicial na qual existem muitas áreas e/ou pessoas
ferramenta que analisa frequência dos fatos. Quantas vezes eles envolvidas.
acontecem. Sempre existirá em geral, mais que uma solução ou alternati-
vas para atender às mesmas necessidades. A técnica utilizada para
• Carta de controle ou gráfico de controle remoto da quali- definir a solução final passa pelo desenvolvimento de alternativas
dade extremas. A primeira, de baixo custo, atendendo as necessidades
mínimas para ser funcional. A segunda atendendo a maior parte
Tipo de gráfico utilizado para o acompanhamento durante um das exigências das diversas áreas envolvidas no escopo, que resulta
processo, determina uma faixa chamada de limites de controle pela num projeto com custo muito maior e pouco competitivo. A partir
linha superior (limite superior de controlo) e uma linha inferior (li- das alternativas é desenvolvida uma solução intermediária entre
mite inferior de controlo) e uma linha média do processo (limite as mesmas, que atenda a boa parte das exigências com um custo
central), estatisticamente determinadas. Objetiva verificar se o pro- competitivo.
cesso está sob controle.
— Principais características dos modelos de gestão de proje-
tos
Tipos de Gráficos de Controle: Controle por variáveis e Con-
trole por atributos. Pode ser aplicado como disciplina a fim de manter os riscos de
fracasso em um nível mais baixo quanto possível durante o ciclo do
• Diagramas de dispersão
projeto, potencializando, ao mesmo tempo, as  oportunidades de
ocorrência de eventos favoráveis ao projeto. O risco de fracasso,
Representações de dados de duas ou mais  variáveis  que são
consequente da ocorrência de ameaças, aumenta de acordo com
organizadas por um gráfico. O gráfico de dispersão usa coordena-
a presença de incerteza do evento, e da sua probabilidade de ocor-
das cartesianas para mostrar valores de um conjunto de dados. Os
rência, durante todos os estágios do projeto.
dados são exibidos por pontuação, cada um com valor de uma va-
riável, determinando assim, a posição no eixo horizontal e o valor A Gestão de Projetos é a disciplina de determinar e atingir obje-
da outra variável determinando a posição no eixo vertical (em caso tivos ao mesmo tempo que se otimiza o uso de recursos (tempo, di-
de duas variáveis). nheiro, pessoas, espaço, entre outros).

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
A Gestão de projetos tem como responsável um indivíduo in- — Administrar os processos com o objetivo de alcançar resulta-
titulado gerente de projeto. De maneira ideal, o gestor raramente dos perceptíveis (e não tarefas específicas);
participa diretamente nas atividades que produzem o resultado fi- — Ampliar e detectar melhorias contínuas na comunicação e
nal. Ainda assim, o gerente de projeto visa manter o  progresso e relação entre participantes e áreas da organização;
a interação mútua progressiva dos diversos participantes do  em-
— Facilitar o planejamento, padronizando-o com acompanhan-
preendimento, reduzindo assim o risco de fracasso do projeto, po-
do de perto o que acontece no ambiente;
dendo arcar com qualquer ônus.
— Perceber oportunidades de otimização de processos através
— Projetos e suas etapas
de gargalos encontrados;
O gestor de projetos utiliza várias técnicas, para manter o con-
— Ao invés de criar novos modelos; concentrar-se na melhoria
trole sobre o projeto do início ao fim, dentre as quais destacam-se:
de processos que já existem.
• Planejamento de projeto;
— Efetuar toda e qualquer correção que possam surgir nos
• Análise de valor agregado; processos antes de automatizá-los, para não acelerar o que está
• Gerenciamento de riscos de projeto; desorganizado.
• Cronograma; Análise de Processos
• Melhoria de processo. Geralmente é nessa etapa que a empresa é mapeada. É preci-
so analisar com exatidão como acontece cada processo no negócio
GESTÃO DE PROCESSOS. CONCEITOS DA ABORDAGEM POR atualmente. Assim, os processos são listados e descritos pelo con-
PROCESSOS. TÉCNICAS DE MAPEAMENTO, ANÁLISE E ME- junto de atividades que os compõem.
LHORIA DE PROCESSOS. NOÇÕES DE ESTATÍSTICA APLICA- É preciso conhecer realmente como funciona a empresa, para
DA AO CONTROLE E À MELHORIA DE PROCESSOS; BPM realizar esse mapeamento. Somente sim o gestor terá conheci-
mento dos pontos de melhoria na operação com clareza.
Nessa etapa verifica-se:
Um processo é uma sequência de atividades rotineiras que, em — A compreensão do negócio com os processos principais que
conjunto com outros processos, compõe a forma pela qual a orga- o compõem;
nização funcionará. É a abordagem pela qual esses processos serão — Plano estratégico com metas e indicadores;
desenhados, descritos, medidos, supervisionados e controlados.
— Senso comum dos processos;
Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ, esse tipo
de gestão necessita de visão sistêmica, pois sem ela é impossível — Entradas e saídas, incluindo clientes e fornecedores;
perceber como o todo significa muito mais, do que a uma simples — Responsabilidades de diferentes áreas e equipes;
soma das partes. A abordagem sistêmica dentro de uma organiza- — Avaliação dos recursos disponíveis.
ção faz com que o foco de sua gestão esteja voltado não só para o — Noções de estatística aplicada ao controle e à melhoria de
seu ambiente interno, mas para o externo também, ou seja, que processos
haja uma sinergia entre as partes para que os objetivos planejados
sejam alcançados. • Execução
A gestão de processos realiza diversos papéis dentro da organi- É importante estudar os recursos necessários, antes de insti-
zação. Sendo o primeiro passo para organizar e entender como as tucionalizar as mudanças, como: remanejar equipe, ferramentas,
áreas, bem como seus processos funcionam internamente. É por mudanças no layout da organização, aquisição de programas (soft-
meio dela que os responsáveis compreenderão como melhorar o wares), entre outras.
aproveitamento dos recursos disponíveis e quais ações necessitam Existem duas vertentes para a implantação das novas estraté-
ser tomadas para aperfeiçoar o fluxo de trabalho e otimizando e gias:
adequando a organização para o mercado vigente. — Implantação sistêmica, quando são utilizados softwares
Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o en- para isso
tendimento de como funciona a organização. A série de atividades — Implantação não sistêmica, que não necessitam de ferra-
estruturadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente mentas desse tipo.
à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com A visão dessa execução deve ser positiva, pois irá auxiliar orga-
base na departamentalização, onde os procedimentos existentes nização a estruturar melhor seus processos, não sendo que atrapa-
dentro de cada setor da organização eram separados por depar- lhará o ciclo de trabalho.
tamentos e cada área pensava separadamente, sem sinergia umas
com as outras. Focada em cilos verticais separados. • Monitoramento
Através dos indicadores de desempenho pré-definidos, os no-
vos processos devem ser constantemente acompanhados. Geral-
mente, algumas das métricas a constar em cada processo são: o
tempo de duração, o custo, a capacidade (quanto cada processo
realmente produz) e a qualidade (medida com indicadores próprios
que variam de processo a processo).
• Melhoria de Processos
Nessa etapa, observa-se os indicadores previamente levanta-
Objetivos da Gestão de Processos dos, onde se torna possível identificar quais são os principais garga-
los em todo processo e se os objetivos estão sendo conquistados.
— Gerir sistemas de rotinas que envolve o cotidiano da organi-
zação e delegar responsabilidades;
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
As melhorias podem ser concernentes a inclusão ou exclusão de A utilização do BPM, ao longo dos últimos anos, vem crescendo
atividades, realocação de responsabilidades, documentação, novas de forma bastante significativa, dada a sua utilidade e rapidez com
ferramentas de apoio e sequências diferentes, por exemplo. que melhora os processos nas empresas onde já foi implementado.
Melhorar o desempenho para reduzir custos, aumentar a efi- A sua perspectiva de crescimento é muito grande.
ciência, aprimorar a qualidade do produto/serviço e melhorar o re- O termo ‘processos operacionais’ se refere aos processos de
lacionamento com o cliente, devem ser o objetivo. rotina (repetitivos) desempenhados pelas organizações no seu dia a
O processo todo em si é cíclico: finalizando essa fase, volta-se a dia, ao contrário de ‘processos de decisão estratégica’, os quais são
analisar a situação no negócio, investigam se os processos estão si- desempenhados pela alta direção. O BPM difere da remodelagem
nérgicos ao objetivo da empresa, mapeia-se novas situações diante de processos de negócio, uma abordagem sobre gestão bem popu-
das melhorias apontadas. Executa-se as mudanças, monitorando-as lar na década de 90, cujo enfoque não eram as alterações revolu-
e otimizando-as! cionárias nos processos de negócio, mas a sua melhoria contínua.
• Técnicas de Mapeamento Adicionalmente, as ferramentas denominadas sistemas de ges-
• Modelo AS-IS / tão de processos do negócio (sistemas BPM) monitoram o anda-
mento dos processos de uma forma rápida e barata. Dessa forma,
Levantar e documentar a atual situação dos processos, geral- os gestores podem analisar e alterar processos baseados em dados
mente realizado pelos usuários diretamente envolvidos nos proces- reais e não apenas por intuição.
sos-chaves.
A alta direção da empresa pode enxergar, por exemplo, onde
O levantamento das principais oportunidades de melhorias é estão os gargalos, quem está atrasando (e o quanto está atrasando)
realizado com as equipes através de entrevistas feitas com essas determinada tarefa, com que frequência isso ocorre, o percentual
pessoas, que relatarão como são realizadas as atividades. de processos concluídos e em andamento, entre outros. Como con-
sequência, fatores cruciais para o bom desempenho da organização
• TO-BE podem ser analisados com extrema facilidade e rapidez o que geral-
mente não ocorre com outras ferramentas que não o BPM.
Após, é realizado o mapeamento “To-Be”, que define a meta a
ser alcançada e as mudanças que será necessário implementar para
isso. Nesse processo é importante documentar pontos de melho- ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. INDICADORES DE DESEM-
rias e acréscimos esperados quantitativamente, realizar a definição PENHO. TIPO. VARIÁVEIS. PRINCÍPIOS GERAIS DE ALAVAN-
dos recursos, ferramentas e responsabilidades de cada atividade. CAGEM OPERACIONAL E FINANCEIRA. PLANEJAMENTO
• Tipos de Mapeamento FINANCEIRO DE CURTO E LONGO PRAZO. CONCEITOS BÁ-
SICOS DE ANÁLISE DE BALANÇOS E DEMONSTRAÇÕES
Fluxograma de processos: Desenho simplificado de um proces-
FINANCEIRAS
so usando símbolos padronizados. Forma simples de representar
visualmente a teia de atividades envolvidas na operação.
Fluxograma horizontal: Visando uma melhor representação — Indicadores de desempenho, Tipo e Variáveis
dos processos, o fluxograma horizontal foi criado, possibilitando as- A administração financeira pode ser dividida em áreas de atua-
sim mais alternativas ao gestor. ção, que podem ser entendidas como tipos de meios de transações
Em uma matriz o fluxo de tarefas é detalhado, cujo o eixo hori- ou negócios financeiros:
zontal indica quais processos estão em andamento e o eixo vertical Finanças Corporativas
mostra as etapas de produção ou os responsáveis por cada proces- Abrangem na maioria, relações com cooperações (sociedades
so. Possibilitando assim, uma visão mais clara em relação ao fluxo- anônimas). As finanças corporativas abrangem todas as decisões da
grama de processos. empresa que tenham implicações financeiras, não importando que
Mapofluxograma: Principal mapeamento utilizado para linhas área funcional reivindique responsabilidade sobre ela.
de produção, por exemplo. Investimentos
É a união de um fluxograma dentro de um layout industrial. São recursos depositados de forma temporária ou permanente
Aqui, o fluxograma é representado sobre o desenho da planta. em certo negócio ou atividade da empresa, em que se deve levar
Isso facilita a visão e compreensão da movimentação de materiais em conta os riscos e retornos potenciais ligados ao investimento
e pessoas. em um ativo financeiro, o que leva a formar, determinar ou definir o
BPMN: Tipo de modelagem de processos mais utilizado, aten- preço ou valor agregado de um ativo financeiro, tal como a melhor
dendo inclusive às normas especiais. composição para os tipos de ativos financeiros.
Os símbolos são padronizados com formas e cores previamente Os ativos financeiros são classificados no  Balanço Patrimo-
definidas, facilita muito mais a compreensão e representação de nial em investimentos temporários e em ativo permanente (ou imo-
um processo complexo. Como é de uma “linguagem universal”, se bilizado), este último, deve ser investido com sabedoria e estratégia
torna também possível apresentar o fluxo para clientes, possibilita haja vista que o que traz mais resultados é se trabalhar com recur-
que novos integrantes façam alterações agregando valor aos pro- sos circulantes por causa do alto índice de liquidez apresentado.
cessos. Instituições financeiras
— BPM São empresas intimamente ligadas às finanças, onde analisam
Gestão de Processos de Negócio (Business Process Manage- os diversos negócios disponíveis no mercado de capitais — poden-
ment ou BPM) é um conceito que une  gestão  de negócios e  tec- do ser aplicações, investimentos ou empréstimos, entre outros —
nologia da informação com foco na otimização dos resultados das determinando qual apresentará uma posição financeira suficiente à
organizações por meio da melhoria dos processos de negócio. atingir determinados objetivos financeiros, analisados por meio da
avaliação dos riscos e benefícios do empreendimento, certificando-
-se sua viabilidade.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Finanças Internacionais emergência é necessária uma análise e estudo profundo e minu-
Como o próprio nome supõe, são transações diversas podendo cioso dos prós e contras, a fim de se ter segurança e respaldo para
envolver cooperativas, investimentos ou instituições, mas que se- decisões como estas.
rão feitas no exterior, sendo preciso um analista financeiro interna- — Planejamento financeiro de curto e longo prazo
cional que conheça e compreenda este ramo de mercado. A administração financeira de uma empresa pode ser realiza-
— Princípios gerais de alavancagem operacional e financeira da por pessoas ou grupos de pessoas que podem ser denominadas
Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, por- como: vice-presidente de finanças (conhecido como Chief Financial
tanto, devem ser conduzidas para a obtenção de lucro. As ativida- Officer – CFO), controller e gerente financeiro, sendo também de-
des do porte financeiro têm como base de estudo e análise dados nominado simplesmente como administrador financeiro.
retirados do Balanço Patrimonial, mas principalmente do fluxo de Sendo que, independentemente da classificação, tem-se os
caixa  da empresa já que daí, é que se percebe a quantia real de mesmos objetivos e características, obedecendo aos níveis hierár-
seu disponível circulante para financiamentos e novas atividades. quicos, coordenando o diretor financeiro e este coordena a contabi-
As funções típicas do administrador financeiro são: lidade, a tesouraria com relação ao diretor financeiro encontram-se
a níveis hierárquicos iguais, onde existem distinções entre as fun-
• Análise, planejamento e controle financeiro
ções definidas pelo organograma da empresa.
Baseia-se em coordenar as atividades e avaliar a condição fi- Contudo, é necessário deixar bem claro que, cada empresa
nanceira da empresa, por meio de relatórios financeiros elaborados possui e apresenta um especifico organograma e divisões deste se-
a partir dos dados contábeis de resultado, analisar a capacidade de tor, dependendo bastante de seu tamanho. Em empresas peque-
produção, tomar decisões estratégicas com relação ao rumo total nas, o funcionamento, controle e análise das finanças, são feitas
da empresa, buscar sempre alavancar suas operações, verificar não somente no departamento contábil — até mesmo, por questão de
somente as contas de resultado por competência, mas a situação encurtar custos e evitar exageros de departamentos, pelo fato de
do  fluxo de caixa  desenvolver e implementar medidas e projetos seu pequeno porte, não existindo necessidade de se dividir um se-
com vistas ao crescimento e fluxos de caixa adequados para se ob- tor que está inter-relacionado e, que dependendo da capacitação
ter retorno financeiro tal como oportunidade de aumento dos in- do responsável desse setor, poderá muito bem arcar com as duas
vestimentos para o alcance das metas da empresa. funções: de tesouraria e controladoria. Porém, à medida que a em-
presa cresce, o funcionamento e gerenciamento das finanças evo-
• Tomada de decisões de investimento luem e se desenvolvem para um departamento separado, conec-
tado diretamente ao diretor-financeiro, associado à parte contábil
Consiste na decisão da aplicação dos recursos financeiros em da empresa, já que esta possibilita as informações para a análise e
ativos correntes (circulantes) e não correntes (ativo realizável a lon- tomada de decisão.
go prazo e permanente), o administrador financeiro estuda a situa- No caso de uma empresa de grande porte, é imprescindível
ção na busca de níveis desejáveis de ativos circulantes , também é esta divisão, para não ocorrer confusão e sobrecarga. Deste modo,
ele quem determina quais ativos permanentes devem ser adqui- a tesouraria (ou gerência financeira) cuida da parte específica das
ridos e quando os mesmos devem ser substituídos ou liquidados, finanças em espécie, da administração do caixa, do planejamento
busca sempre o equilíbrio e níveis otimizados entre os ativos cor- financeiro, da captação de recursos, da tomada de decisão de de-
rentes e não-correntes, observa e decide quando investir, como e o sembolso e despesas de capital, assim como o gerenciamento de
custo, se valerá a pena adquirir um bem ou direito, e sempre evita crédito e fundo de pensão. Já a controladoria (ou contabilidade) é
desperdícios e gastos desnecessários ou de riscos irremediável, e responsável com a contabilidade de finanças e custos, assim como,
até mesmo a imobilização dos recursos correntes, com altíssimos do gerenciamento de impostos — ou seja, cuida do controle contá-
gastos com imóveis e bens que trarão pouco retorno positivo e mui- bil do patrimônio total da empresa.
ta depreciação no seu valor, que impossibilitam o funcionamento
do fenômeno imprescindível para a empresa, o ‘capital de giro’. — Conceitos básicos de análise de balanços e demonstrações
financeiras
Como critérios de decisão de investimentos entre projetos mu-
tuamente exclusivos, pode haver conflito entre o VAL (Valor Atual Todo administrador da área de finanças deve levar em conta, os
Líquido) e a TIR (Taxa Interna de Rendibilidade). Estes conflitos de- objetivos dos acionistas e donos da empresa, para daí sim, alcançar
vem ser resolvidos usando o critério do VAL. seus próprios objetivos. Pois conduzindo bem o negócio — cuidan-
do eficazmente da parte financeira — consequentemente ocasiona-
• Tomada de decisões de financiamentos rá o desenvolvimento e prosperidade da empresa, de seus proprie-
Diz respeito à captação de recursos diversos para o financia- tários, sócios, colaboradores internos e externos — stakeholders
mento dos ativos correntes e não correntes, no que tange a todas (grupos de pessoas participantes internas ou externas do negócio
as atividades e operações da empresa; operações estas que neces- da empresa, direta ou indiretamente) — e, logicamente, de si pró-
sitam de capital ou de qualquer outro tipo de recurso necessário prio (no que tange ao retorno financeiro, mas principalmente a sua
para a execução de metas ou planos da empresa. Leva-se sempre realização como profissional e pessoal).
em conta a combinação dos financiamentos a curto e longo prazo Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a se-
com a estrutura de capital, ou seja, não se tomará emprestado mais rem alcançadas nesta área, dependendo da situação e necessidade,
do que a empresa é capaz de pagar e de se responsabilizar, seja a e de que ponto de vista e posição serão escolhidos estes objetivos.
curto ou a longo prazo. O administrador financeiro pesquisa fontes Mas, no geral, a administração financeira serve para manusear da
de financiamento confiáveis e viáveis, com ênfase no equilíbrio en- melhor forma possível os recursos financeiros e tem como objetivo
tre juros, benefícios e formas de pagamento. É bem verdade que otimizar o máximo que se puder o valor agregado dos produtos e
muitas dessas decisões são feitas ante a necessidade (e até ao certo serviços da empresa, a fim de se ter uma posição competitiva dian-
ponto, ante ao desespero), mas independentemente da situação de te de um mercado repleto de concorrência, proporcionando, deste
modo, o retorno positivo a tudo o que foi investido para a realização
das atividades da mesma, estabelecendo crescimento financeiro e
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ADMINISTRAÇÃO GERAL
satisfação aos investidores. Existem muitas empresas que, mesmo II. Um processo é um conjunto de atividades encadeadas, que
fora do contexto operacional, alocam as suas poupanças em inves- devem ser realizadas por pessoas e não por máquinas.
timentos financeiros, com o objetivo de maximizarem os lucros das III. Os recursos aplicados por unidade de saída e o tempo de
mesmas. processamento por unidade produzida são medidas de eficiência.
Subdivisões da administração financeira: Alternativas
• Valor e orçamento de capital;
(A) Somente II e III estão corretas.
• Análise de retorno e risco financeiro;
(B) Somente I e II estão corretas.
• Análise da estrutura de capital financeira;
(C) Somente I e III estão corretas.
• Análise de financiamentos de longo prazo ou curto prazo;
(D) Nenhuma das afirmativas está correta.
• Administração de caixa ou caixa financeira.
(E) Todas as afirmativas estão corretas.
QUESTÕES 4. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) - Analise os itens a seguir e assinale
a opção correta.
1. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA I. O controle,assim como o planejamento,existe nos três níveis
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) - Analise os itens a seguir e assinale organizacionais: o estratégico,o intermediário e o operacional.
a opção correta. II. A avaliação do desempenho do pessoal é um tipo de controle
I. A tomada de decisão pode ser descrita como o ato de iden- organizacional e pode incluir informações sobre índices como pro-
tificar e selecionar um curso de ação para lidar com um problema dução por empregado.
específico. III. Entre as melhores práticas de governança corporativa reco-
II. As decisões são normalmente classificadas como programa- mendadas pelo Instituto Nacional de Governança Corporativa para
das e não programadas.Porém, há aquelas que não se enquadram a área de gestão estão a transparência, a clareza e a objetividade na
em nenhuma das duas definições e são chamadas de decisões im- prestação de contas.
previsíveis ou baseada em incerteza. Alternativas
III. O planejamento consiste na tomada antecipada de decisões (A) Somente I e II estão corretas.
sobre o que fazer antes que a ação seja necessária. (B) Somente II e III estão corretas.
Alternativas (C) Somente I e III estão corretas.
(A) Somente I e II estão corretas. (D) Nenhuma das afirmativas está correta.
(B) Somente II e III estão corretas. (E) Todas as afirmativas estão corretas.
(C) Somente I e III estão corretas. 5. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
(D) Nenhuma das afirmativas está correta. RECEITA FEDERAL - PROVA 01) -Analise os itens a seguir e assinale
(E) Todas as afirmativas estão corretas. a opção correta.
2. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA I. A liderança, a direção e a gerência são um mesmo papel que
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) -Analise os itens a seguir e assinale necessariamente deve ser desempenhado pelo administrador.
a opção correta. II. Uma das características da liderança autocrática é o compor-
I. O planejamento estratégico é elaborado no nível institucio- tamento do líder que assume o papel de membro do grupo e atua
nal, tem conteúdo detalhado e analítico abordando cada unidade somente quando é solicitado.
organizacional em separado. III. A motivação está relacionada a três aspectos diretamente
II. O planejamento impõe racionalidade e proporciona rumo às vinculados ao comportamento: a liderança,os objetivos organiza-
ações da organização. cionais e a tomada de decisão.
III. O planejamento estratégico é definido na área de intersec- Alternativas
ção dos conjuntos definidos pelos parâmetros viabilidade externa, (A) Somente I e II estão corretas.
capacidade interna e visão compartilhada. (B) Somente II e III estão corretas.
Alternativas (C) Somente I e III estão corretas.
(A) Somente I e II estão corretas. (D) Nenhuma das afirmativas está correta.
(B) Somente II e III estão corretas. (E) Todas as afirmativas estão corretas.
(C) Somente I e III estão corretas. 6. (ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
(D) Nenhuma das afirmativas está correta. RECEITA FEDERAL - PROVA 01)
(E) Todas as afirmativas estão corretas. “Só se gerencia aquilo que se mede.” Tomando-se a afirmativa
3. (ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA como verdadeira, é correto afirmar que:
RECEITA FEDERAL - PROVA 01) -Analise os itens a seguir e assinale Alternativas
a opção correta. (A) indicadores são valores, não devendo ser interpretados
I. Na criação do conhecimento, o conhecimento tácito é pes- como regras que associam práticas sociotécnicas a escalas.
soal, difícil de formalizar e comunicar. Já o conhecimento explícito (B) indicadores somente são aplicáveis a medições de objetivos
refere-se ao que pode ser transmitido na linguagem formal. vinculados ao planejamento estratégico.
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ADMINISTRAÇÃO GERAL
(C) se for possível de medir, deve-se construir indicadores in- ______________________________________________________
dependentemente do que vai ser medido ou da complexidade
da medição. ______________________________________________________
(D) indicador é um dado que juntamente com outros pode au- ______________________________________________________
xiliar o administrador na tomada de decisão.
(E) os indicadores somente podem ser quantitativos, pois valo- ______________________________________________________
res qualitativos são impossíveis de medir.
______________________________________________________
7. (ESAF - 2012 - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Fe-
deral - Prova 01) - Entre as afirmativas sobre o processo decisório, ______________________________________________________
assinale a opção correta.
______________________________________________________
Alternativas
(A) Em um sistema autoritário benevolente, o processo de de- ______________________________________________________
cisão é altamente descentralizado, com delegação ampla de
autoridade. ______________________________________________________
(B) Em qualquer sistema de gestão, o processo decisório é con- ______________________________________________________
trolado por políticas e diretrizes e pela delegação de autorida-
de. ______________________________________________________
(C) Em um sistema participativo, o processo de decisão envolve
______________________________________________________
decisões tomadas sempre no nível operacional.
(D) Em um sistema consultivo, o processo de decisão é partici- ______________________________________________________
pativo-consultivo e a decisão final acontece em qualquer nível
hierárquico. ______________________________________________________
(E) Em um sistema autoritário coercitivo, o processo de decisão ______________________________________________________
é altamente centralizado, sobrecarregando o nível institucio-
nal. ______________________________________________________
8. (ESAF - 2012 - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Fe-
deral - Prova 01) - Entre as opções abaixo selecione a mais correta. ______________________________________________________
Alternativas ______________________________________________________
(A) No nível institucional o planejamento envolve a determina-
ção de objetivos departamentais e operacionais. ______________________________________________________
(B) No nível intermediário o planejamento é tático e trata da ______________________________________________________
alocação de recursos.
(C) No nível intermediário o planejamento desdobra estraté- ______________________________________________________
gias em planos operacionais. ______________________________________________________
(D) No nível operacional o planejamento desdobra planos ope-
racionais em planos estratégicos. ______________________________________________________
(E) No nível operacional o planejamento desdobra planos es- _____________________________________________________
tratégicos em operacionais.
_____________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
2 B ______________________________________________________
3 C ______________________________________________________
4 E
______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 D
7 E ______________________________________________________
8 B ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O modelo econômico do Brasil mudou radicalmente. Na nova


AS REFORMAS ADMINISTRATIVAS E A REDEFINIÇÃO DO economia, os investidores têm a liberdade de fazer suas próprias
PAPEL DO ESTADO; REFORMA DO SERVIÇO CIVIL (MÉRITO, escolhas de investimento, baseados nas mudanças de mercado.
FLEXIBILIDADE E RESPONSABILIZAÇÃO) E REFORMA DO Através do Plano Real, o país conseguiu derrubar a inflação,
APARELHO DO ESTADO reduziu dramaticamente o papel do Estado na economia, e vem en-
corajando maiores investimentos do setor privado para garantir um
crescimento sustentável a longo prazo. Desde julho de 1994, com
Reforma do Estado a introdução da nova moeda, a inflação despencou de uma taxa
A reforma do Estado, iniciada em 1995, com o início do Go- mensal de 50% ao mês na primeira metade deste mesmo ano para
verno Fernando Henrique Cardoso, estabelece mudanças na ordem apenas 6,2% no ano de 2000.
econômica, nos direitos sociais, nos sistemas político, judiciário e A estabilização econômica, a longo prazo, com maior cres-
tributário, produzindo efeitos imediatos sobre a vida dos cidadãos, cimento, depende da contínua privatização do setor público e do
servidores ou agentes públicos. sucesso do Programa de Ajuste Fiscal introduzido em outubro de
Esta reforma, baseada no estabelecido pelo Plano Diretor da 1998, em resposta à crise financeira mundial.
Reforma do Aparelho do Estado, aprovado em novembro de 1995 O país obteve progressos em suas reformas apesar da crise asi-
pela Câmara da Reforma do Estado do Conselho de Governo que ática, no fim de 1997, da Rússia, durante o ano de 1998, passou por
apresenta um verdadeiro diagnóstico da “crise” por que passa o uma turbulência que o levou à liberação do câmbio e, em 2001,
Estado Brasileiro e a Administração Pública, define objetivos e es- enfrenta com pulso firme a crise na Argentina, dando sinais de que
tabelece diretrizes para que o Governo Fernando Henrique Cardoso está conseguindo segurar os possíveis abalos externos que vez ou
possa intervir com o objetivo de efetuar uma reforma da adminis- outra insistem em sacolejar nossa ainda “pré-adolescente” econo-
tração pública. mia.
Este documento cria condições para uma verdadeira recons- O Brasil tem uma responsabilidade particular para administrar
trução da administração pública em bases modernas e racionais, sua economia de modo consistente com o bem-estar econômico e
preparando a administração pública brasileira para o cenário globa- social de seu povo. Por isso, o orçamento federal é uma ferramenta
lizado que ora se apresenta a nível mundial e seus desafios. importantíssima para a implementação de políticas federais e prio-
A “Reforma do Aparelho do Estado”, que ora testemunhamos, ridades da sociedade, devendo permitir gastos adequados para a
trará profundas mudanças a médio e, principalmente, longo prazo satisfação das necessidades atuais da nação.
sobre as formas de organização adotadas pelo Estado para atender Isto inclui o papel do Governo Federal auxiliando, por meio de
aos seus fins. investimentos, os indivíduos, comunidades e Estados, não deven-
A reforma visa atingir os objetivos do neoliberalismo, que é o do desperdiçar recursos em atividades esbanjadoras e destrutivas,
estabelecimento do “Estado Mínimo”, reduzido, em oposição ao Es- como gastos militares, por exemplo.
tado “inchado” e paternalista que dominou a Administração Pública A fim de alcançar um ambiente econômico justo e estável e
do Brasil no último século. encorajar o desenvolvimento humano e dos recursos materiais, o
Realmente, desde o período do pós-guerra, o Brasil nunca este- Brasil deve se engajar numa forma de implementar um sistema de
ve tão descentralizado (igualando-se a indicadores das federações impostos mais progressivo e global, sanando as atuais falhas que
de países desenvolvidos), e tampouco teve um plano de estabiliza- permitem a concentração de riqueza. Também deve adotar políti-
ção tão profícuo, onde a ideia central é a de que os dois processos cas monetárias e fiscais que promovam a produção sustentável com
podem ser compatíveis e consistentes. preços estáveis e aumento das oportunidades de emprego.
Poderes muito concentrados, exagerada burocratização, nepo- Evidentemente que não existem milagres, pois investimento
tismo, empreguismo, excesso de cargos de confiança e desmedido também requer produção.
controle político fizeram parte do Estado Burocrático que hoje a re- Por outro lado, diante das mudanças que vêm acontecendo, a
forma se dispõe a sepultar. sociedade civil e o setor privado surgem como novos aliados do Es-
Durante os anos 90, o Brasil atravessou os primeiros estágios tado antes chamado “paternalista”. Este último ainda é o principal
rumo a uma moderna reorganização capitalista, baseada neste agente em todo o processo de desenvolvimento de uma nação, mas
novo caráter do Estado. Sua transição econômica tem sido gradual, já não mais adota soluções dentro de um “vácuo” onde agia como
mas o país tem tentado se precaver contra possíveis retrocessos. ator principal e exclusivo.
Para muitos o Brasil parece, finalmente, ter encontrado uma A participação da sociedade civil e do setor privado, neste sen-
direção e estar saindo do caminho legado por duas décadas frus- tido, constrói uma “confiança social” que, em contrapartida, deter-
trantes e perdidas de estagnação econômica e perturbação política. minam uma estabilidade e transparência necessários para superar
Apesar de nem todos concordarem que as mudanças são mais posi- as dificuldades a serem vencidas através da ação em conjunto.
tivas do que negativas, é possível admitir que mudanças profundas
vêm acontecendo, em vista do período que o país simplesmente
deixou de crescer.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O “novo” Estado ambicionado pela sociedade brasileira pres- Para isso, entretanto, há que se ter, especialmente, abertura
supõe um modelo capaz de assumir um projeto nacional de desen- de espírito e consciência para com as necessidades primazes da so-
volvimento e, por isso mesmo, de um Estado que seja democrático ciedade, ou como bem demonstra Paulo Modesto em seu trabalho
e socialmente controlado. “Reforma Administrativa e Marco Legal das Organizações Sociais no
A reforma de um Estado que introduz um novo modelo de ges- Brasil - As Dúvidas dos Juristas sobre o Modelo das Organizações
tão cria condições para a implementação de um novo tipo de de- Sociais” :
senvolvimento econômico-social, fundado nos valores da democra- “Com efeito, parece possível interpretar e refletir sobre o que
cia. Assim, a democratização do Estado é uma consequência natural representa o programa das organizações sociais para a redefinição
da reforma do Estado, e evidentemente, a salvaguarda do exercício do modo de intervenção do Estado no âmbito social apenas se ado-
da cidadania. tarmos uma atitude de abertura, de ânimo desarmado, negação da
mentalidade burocrática antes referida, que desconfia do novo e
Reforma Administrativa o renega de plano, adulterando o seu sentido próprio a partir de
Como visto, o Governo Federal lançou, em 1995, o Plano Dire- antigos esquemas conceituais”.
tor da Reforma do Aparelho do Estado, o qual definiu os objetivos e As modificações que advirão com uma ampla Reforma Admi-
diretrizes para a reforma da administração pública brasileira. nistrativa deixarão marcas profundas nas relações da sociedade
A importância da Reforma Administrativa reside nas implica- com o governo, ampliando o princípio da cidadania e alterando as
ções desta reestruturação para a nação, como a redução da inter- relações de poder no Estado.
ferência do Estado na economia, a redução do déficit público e a
melhoria na qualidade e eficiência dos serviços públicos e prováveis Constituição Federal e reforma
alterações nos mecanismos de controle dos recursos públicos. A Assembleia Nacional Constituinte produziu, em outubro de
A reforma administrativa do Estado exige, basicamente, mu- 1988, uma Carta Magna analítica, extensiva, que incorporou diver-
dança no ordenamento jurídico, nos regulamentos e nas técnicas sos princípios, direitos e garantias nunca antes vistos nas constitui-
e formas de trabalho da administração pública, com o objetivo pri- ções anteriores.
mordial de melhorar a qualidade e a eficiência dos serviços presta- Nascida após duas décadas de ditadura, a Constituição Federal
dos à sociedade. O fim é o cidadão. de 1988 veio responder aos anseios da sociedade que exigia um
Para isso, são necessários vários projetos envolvendo tanto o conjunto de normas capaz de assegurar direitos e garantias do ci-
Estado quanto a sociedade, e seu sucesso está intimamente ligado a dadão frente a um Estado e uma ordem econômica sustentados
uma reforma também da visão dos agentes públicos e sua forma de por um inócuo autoritarismo. Era urgente e necessária uma Carta
administrar, deixando de lado a tradicional burocracia do passado Magna que configurasse um novo cenário de desenvolvimento das
que permeia a Administração Pública brasileira há décadas e que se relações políticas e sociais.
caracteriza mais como um atraso do que um progresso na arte de A chamada “Constituição Cidadã”, que instaurou o Estado De-
bem administrar. mocrático de Direito no Brasil, presenteou a sociedade brasileira
Estas reformas devem envolver, basicamente, a descentraliza- com um precioso instrumento para a proteção dos direitos e garan-
ção do Estado, estímulo à privatização de atividades econômicas tias individuais, bem como do patrimônio público.
competitivas sustentáveis em regime de mercado, transferência de Dedicou, ainda, particular atenção à Administração Pública.
funções do poder central para entes intermediários e locais, efici- Os contínuos, constantes e corriqueiros danos praticados, durante
ência nas atividades administrativas, incentivo à gestão direta pela décadas, contra o patrimônio público levou o constituinte a erigir
comunidade de serviços sociais e assistenciais, o chamado Terceiro um conjunto de princípios e de regras capazes não só de dificultar
Setor, sem a dependência direta do Estado, mas com seu apoio e os ataques ao erário público, mas em dotar a sociedade de instru-
sua assistência (organizações não governamentais, associações de mentos para, em ocorrendo aqueles, reparar e coibi-los, punindo o
utilidade pública, escolas comunitárias), investimento na capacita- agente infrator.
ção profissional de agentes e servidores administrativos, criação de Entretanto, ela também trouxe problemas. O Congresso Consti-
carreiras específicas para altos gestores, simplificação dos procedi- tuinte, ao mesmo tempo em que criava um importante instrumento
mentos e tramitação de processos administrativos (desburocratiza- para a consagração da cidadania, promoveu, nas palavras de Fer-
ção), uma reeducação para os princípios públicos administrativos nando Henrique Cardoso, “um surpreendente engessamento do
(ética administrativa), ampliação dos mecanismos de participação aparelho estatal, ao estender para os serviços do Estado e para as
popular na atividade administrativa e de controle social da adminis- próprias empresas estatais praticamente as mesmas regras buro-
tração pública, dentre outros. cráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado.”
Estas mudanças, por consequência, trarão os benefícios alme- Sem dúvida, a nova Constituição retirou do Poder Executivo o
jados em prol do objetivo maior do Estado: sua função social. poder e a autonomia para tratar da estruturação dos órgãos pú-
Economicamente, a reforma trará a diminuição do “déficit” blicos, instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os
público, ampliará a poupança pública e a capacidade financeira do servidores civis da União, dos Estados-membros e dos Municípios,
Estado para concentrar recursos em áreas onde deve intervir dire- e retirou da administração indireta a sua flexibilidade operacional,
tamente. ao atribuir às fundações e autarquias públicas normas de funciona-
Na esfera social, aumentará a eficiência dos serviços da Admi- mento idênticas às que regem a administração direta.
nistração junto à sociedade ou financiados pelo Estado, proporcio- Felizmente, em 1998, a Constituição Federal de 1988 ganhou
nando melhora no atendimento ao cidadão e atingindo as comuni- a Emenda Constitucional nº 19/98, a qual trouxe uma profunda re-
dades de baixa renda. forma na Carta Magna, pois abrangeu um grande número de dispo-
Politicamente, a reforma do Estado ampliará a participação do sitivos constitucionais.
cidadão na gestão dos bens públicos e estimulará programas de Além disso, alterou profundamente as bases da Administração
ação social comunitária. Para a própria máquina administrativa, tra- Pública brasileira, desviando-se do modelo social criado pelos cons-
rá eficácia para as ações do Estado, que gerencia a vida da nação, tituintes de 1988 para um modelo mais liberal, inspirado em esbo-
trabalhando diretamente sobre o controle dos resultados. ços da administração privada.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Evidentemente, tal reforma dá margem à grande polêmica, já Fernando Henrique justifica, ainda, que a reforma é uma ne-
que seus objetivos tendem a se chocar com antigas ideologias – ul- cessidade universal no momento histórico que vivemos, e que no
trapassadas, diriam alguns – sem falar na questão econômica, que Brasil, a presença do Estado na economia nacional tornou a má-
mexe com todos os alicerces da máquina estatal. É também este o quina administrativa lenta e pesada, não conseguindo atender com
pensamento de Augusto de Franco, que vê na Reforma do Estado eficiência a sobrecarga de demandas a ele dirigidas, principalmente
uma verdadeira reformulação das instituições nacionais e da rela- na área social.
ção destas com a sociedade:
“A reforma do Estado é a grande reforma que temos pela fren- Emenda Constitucional 19/98
te. Ela deverá ser iniciada, mas jamais poderá ser concluída no curto Dentre todas as alterações constitucionais sofridas pela atual
prazo. No médio prazo, ela pressupõe quase que uma refundação Carta Magna, Emenda Constitucional nº 19/98 foi a mais profun-
da res publica, a mudança das relações do Estado com a Socieda- da, pois abrangeu um vasto número de dispositivos constitucionais,
de e a gestação de um novo modelo de Estado. No longo prazo, as além de alterar o âmago da Administração Pública brasileira, fugin-
exigências da radicalização da democracia tendem a transformar a do do padrão originariamente concebido pelo constituinte originá-
reforma política e a reforma do Estado numa verdadeira reforma rio e partindo para a adoção de um modelo de administração mais
da política, com a instalação de um regime de minorias, a combina- moderno, liberal, com visíveis características do padrão que rege a
ção do sistema representativo com o participativo e a introdução do iniciativa privada.
chamado co-governo - o que exigirá a completa reformulação dos Um ponto que vale destacar com relação à Emenda está na
partidos e dos processos eleitorais e a criação de novas instituições abertura para a elaboração de uma futura lei que venha a discipli-
políticas.” nar as formas de participação do cidadão na administração pública
A Emenda 19/98 foi um passo importantíssimo para a transfor- direta e indireta, como regulamenta o § 3° do artigo 37 :
mação e reforma do modelo de desenvolvimento seguido por ges- § 3º - A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
tões federais do passado, onde o Estado afastou-se de suas funções administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
básicas com o intuito de investir, principalmente, no setor produti- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
vo, trazendo uma lenta queda na qualidade dos serviços públicos, em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
déficit público e inflação. Transformou-se num Estado Paternalista, ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
um Estado “empresário”. dos serviços;
Este “paternalismo” vivido durante grande parte do século XX II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
teve seus efeitos negativos mais salientes durante a crise econô- mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
mica da década de 80, iniciada nos anos 70, e que se transformou e XXXIII;
numa somatória da excessiva intervenção do Estado na economia III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
e da má aplicação dos recursos públicos. O resultado foi uma grave ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
crise fiscal oriunda do alto déficit público, endividamento externo,
poupança pública negativa e, consequentemente, um colapso nos Este dispositivo prestigia o princípio da moralidade administra-
investimentos internos. Nos anos 80, chamada economicamente de tiva atribuindo-lhe foros jurídicos e, por via de consequência, deter-
“década perdida”, o crescimento econômico simplesmente estag- minando sua imprescindível observância na prática de qualquer ato
nou: “a taxa média de crescimento durante a década de 70 foi de pela Administração Pública e criando um instrumento de defesa do
8,64 % ao ano, caindo para 2,76 % na década de 80.” cidadão nos mesmos moldes do Código de Defesa do Consumidor,
A partir deste passado vicioso e sem perspectiva de mudanças, ou algo como uma Lei de Defesa do Usuário dos Serviços Públicos.
o atual Governo viu na reforma do Estado um valioso e necessário Isso viria uma vez mais em benefício do exercício da cidadania,
instrumento para assegurar a estabilização econômica e o cresci- pois oferece ao usuário a possibilidade de reclamar em juízo contra
mento da nação, e, consequentemente, a solução dos problemas o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função de
que mais afligem o país, no caso, as desigualdades sociais e regio- agente ou servidor administrativo da esfera pública.
nais. Isto somente se dá com a criação de condições para a recons- Outro detalhe importante da Emenda Constitucional é a rígi-
trução da administração pública em bases modernas e racionais. da observação do controle da despesa pública com pessoal ativo
e inativo da União, dos Estados e dos Municípios, que não poderá
Fernando Henrique Cardoso, em seu Plano Diretor da Reforma
ser superior a limites fixados em lei complementar. Estes limites
do Aparelho do Estado justifica a necessidade urgente desta refor-
foram fixados, posteriormente, pela Lei Complementar n° 101, de
ma:
04/05/2000.
“No Brasil, o tema adquire relevância particular, tendo em vista
A Emenda também incluiu um novo artigo na Constituição Fe-
que o Estado, em razão do modelo de desenvolvimento adotado,
deral, sob n° 247:
desviou-se de suas funções precípuas para atuar com grande ên-
“Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no
fase na esfera produtiva. Essa maciça interferência do Estado no
§ 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a
mercado acarretou distorções crescentes neste último, que passou
perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência
a conviver com artificialismos que se tornaram insustentáveis na
das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusi-
década de 90. Sem dúvida, num sistema capitalista, Estado e mer- vas de Estado”.
cado, direta ou indiretamente, são as duas instituições centrais que O artigo estabelece que as leis previstas nos dispositivos men-
operam na coordenação dos sistemas econômicos. Dessa forma, se cionados, no que se refere à demissão de servidores estáveis, fixa-
uma delas apresenta funcionamento irregular é inevitável que nos rão critérios e garantias especiais para estabelecer a perda do cargo
depararemos com uma crise. Foi assim nos anos 20 e 30, em que do cargo pelo servidor público que esteja atuando exclusivamente
claramente foi o mau funcionamento do mercado que trouxe em junto ao Estado.
seu bojo uma crise econômica de grandes proporções. Já nos anos A Emenda trouxe, ainda, novidades no que diz respeito à remu-
80 é a crise do Estado que põe em xeque o modelo econômico em neração de alguns servidores específicos, visando se evitar a ultra-
vigência.” [8] passagem de teto dos salários :
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
“art. 37, XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de Novo papel do Estado
cargos, funções e empregos públicos da administração direta, au- Somente a partir de reformas profundas em sua máquina ad-
tárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da ministrativa poderá o Brasil garantir maior controle e justiça social.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos de- O Estado deve abandonar o papel de executor ou prestador direto
tentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os de serviços, para se colocar, entretanto, como agente regulador e
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos provedor ou promotor destes, em cuja função o Estado continua-
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de rá a subsidiá-los, facilitando o oferecimento, ao mesmo tempo, do
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, controle social direto e a participação ativa da sociedade.
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;”
Já no artigo 39, § 4° da Emenda, abriu-se o precedente para
uma forma de remuneração denominada subsídio para os mem-
bros de poder, que será uma única parcela, estando proibido qual- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DO MODELO RACIONAL-LE-
quer adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra es- GAL AO PARADIGMA PÓS-BUROCRÁTICO; O ESTADO OLI-
pécie de remuneração, sempre obedecendo ao disposto no artigo GÁRQUICO E PATRIMONIAL, O ESTADO AUTORITÁRIO E
37, incisos X e XI, sobre a fixação de teto: BUROCRÁTICO, O ESTADO DO BEM-ESTAR, O ESTADO RE-
“§4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os GULADOR
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, Vamos a partir de agora tratar da Administração Pública no Bra-
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, sil, considerando a evolução histórica do modo pelo qual a gestão
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI”. das organizações governamentais vem sendo praticada em nosso
Este dispositivo oferece transparência na forma de remunera- país. A importância do tema reside no fato de que a Administra-
ção dos membros de Poder e detentores de mandato eletivo. ção Pública em todo o mundo vem experimentando um processo
A Emenda também incluiu um dispositivo na Carta Magna que de profundas transformações, que se iniciou na década de 70, for-
obriga os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário a publicar, anu- mado por um conjunto amplo de correntes de pensamento, que
almente, os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e em- formam a chamada “Nova Gestão Pública” (do original em inglês
pregos públicos. NPM – “New Public Management”). Esse processo também ocorre
Assim, a sociedade tomará conhecimento dos valores percebi- no Brasil. Para entender o que é a gestão pública hoje, precisamos
dos pelos detentores do Poder e seus servidores públicos. retroceder no tempo e analisar sua evolução ao longo das décadas.
Existem outros postos que merecem ser ressaltados nas inova- Nos últimos anos assistimos em todo o mundo a um debate
ções trazidas pela Emenda n° 19/98, como as profundas alterações acalorado – ainda longe de concluído – sobre o papel que o Estado
no chamado “terceiro setor” da Administração Pública, criando fi- deve desempenhar na vida contemporânea e o grau de intervenção
guras como as “organizações sociais”, mas por ora deixaremos este que deve ter na economia.Nos anos 50, o economista Richard Mus-
registro a título de destaque. grave enunciou as três funções clássicas do Estado:
Entretanto, não se pode deixar de mencionar a nova redação • Função alocativa: prover os bens e serviços não adequada-
do caput do art. 37 da Constituição Federal, o qual resume, de certa mente fornecidos pelo mercado
forma, o espírito da Reforma Administrativa : • Função distributiva: promover ajustamentos na distribuição
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer da renda;
dos Poderes da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Mu- • Função estabilizadora: evitar grandes flutuações nos níveis de
nicípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, inflação e desemprego.
moralidade, publicidade e eficiência (...)» (grifo nosso) De fato, entre o período que vai de 1945 (final da segunda
O princípio da eficiência, grafado no texto constitucional, de- guerra mundial) e 1973(ano do choque do petróleo), a economia
nota o desejo do Governo e do legislador em garantir a batalha que mundial experimentou uma grande expansão econômica, levando
se deve travar contra a corrupção, o nepotismo, a baixa qualidade este período a ser denominado de “era dourada”.
dos serviços públicos etc., numa forma de responder aos anseios Desenvolveu-se a figura do Estado-Provedor de bens e servi-
da população cansada de injustiça social, falta de respeito no trato ços, também chamado de Estado de Bem-Estar Social (Welfare Sta-
com a coisa pública e negligência na prestação dos serviços públicos te). Houve uma grande expansão do Estado (e, consequentemente,
oferecidos. da Administração Pública), logicamente com um crescimento im-
O princípio da eficiência agora expresso na Constituição Fede- portante dos custos de funcionamento da máquina pública.A partir
ral constitui norma plenamente exigível e concretizável, criando um dos anos 70, o ritmo de expansão da economia mundial diminui, e
vínculo imediato entre o agente público e o cidadão, cansado pela o Estado começa a ter problemas no desempenho de suas funções,
má qualidade dos serviços que lhes são prestados pelo Estado. Qua- perdendo gradativamente a capacidade de atender às crescentes
lidade esta denegrida ao longo de décadas por culpa de um Estado demandas sociais. Esta situação, aliada a um processo de crescente
burocrático, pesado e lento. endividamento público, acarretaria mais tarde, principalmente nos
Agora, juridicamente reconhecido dentro da Carta Magna, o anos 80, a chamada crise fiscal do Estado: a perda de sua capacida-
princípio da eficiência amplia os horizontes para o estudo das ques- de de realizar os investimentos públicos necessários a um novo ciclo
tões relacionadas com a ação administrativa. Eis o primeiro passo de expansão econômica.Da crise fiscal passamos à crise de gestão
tomado para outros que virão na Reforma Administrativa do Estado do Estado, uma vez que a percepção dos cidadãos sobre a disponi-
Brasileiro. bilidade de serviços públicos se deteriora gradativamente, à medida
que o Estado perde a capacidade de realizar suas funções básicas,
e não consegue acompanhar as pressões crescentes por mais saú-
de,educação, segurança pública, saneamento, etc…

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Essa crise de gestão implica na tentativa de superar as limita- Nessa nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das funções
ções do modelo de gestão vigente até então, conhecido como “mo- de regulação e de coordenação do Estado, particularmente no nível
delo burocrático”, transformando-o em algo novo, mais parecido federal, e a progressiva descentralização vertical, para os níveis es-
como o modo de gestão do setor privado, conhecido na área públi- tadual e municipal, das funções executivas no campo da prestação
ca como “modelo gerencial”. de serviços sociais e de infraestrutura.
Assim, a redefinição do próprio papel do Estado é um tema de Considerando essa tendência, pretende-se reforçar a gover-
alcance universal nos anos 90. No Brasil, essa questão adquiriu im- nança – a capacidade de governo do Estado – através da transição
portância decisiva, tendo em vista o peso da presença do Estado programada de um tipo de administração pública burocrática, rígida
na economia nacional: tornou-se um tema constante a questão da e ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para
reforma do Estado, uma vez que o mesmo não conseguia mais aten- uma administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada
der com eficiência a sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobre- para o atendimento do cidadão, melhorando a capacidade do Esta-
tudo na área social.Em resumo, a Crise do Estado define-se como: do de implementar as políticas públicas, sem os limites, a rigidez e
1. Uma crise fiscal, caracterizada pela deterioração crescente a ineficiência da sua máquina administrativa.
das finanças públicas, sendo o déficit público um fator de redução
de investimentos na área privada; As três formas de Administração Pública
2. Uma crise do modo de intervenção do Estado na economia, No plano administrativo, a administração pública burocrática
com o esgotamento da estratégia estatizante; as empresas públicas surgiu no século passado conjuntamente com o Estado liberal, exa-
não mais teriam condições de alavancar o crescimento econômico tamente como uma forma de defender a coisa pública contra o pa-
dos países; o paradigma do Estado interventor, nos moldes da eco- trimonialismo. Na medida, porém, que o Estado assumia a respon-
nomia Keynesiana estava cada vez mais ultrapassado; sabilidade pela defesa dos direitos sociais e crescia em dimensão,
3. Uma crise da forma de administrar o Estado, isto é, a supe- os custos dessa defesa passaram a ser mais altos que os benefícios
ração da administração pública burocrática, rumo à administração do controle. Por isso, neste século as práticas burocráticas vêm ce-
pública gerencial. dendo lugar a um novo tipo de administração: a administração ge-
No Brasil, a principal repercussão destes fatos foi a Reforma do rencial.
Estado nos anos 90,cujos principais pontos eram: Assim, partindo-se de uma perspectiva histórica, verifica-se que
a administração pública evoluiu através de três modelos básicos: a
1. O ajuste fiscal duradouro, com a busca do equilíbrio das con-
administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial.
tas públicas;
Essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no entanto, qual-
2. A realização de reformas econômicas orientadas para o mer-
quer uma delas seja inteiramente abandonada.
cado, que, acompanhadas de uma política industrial e tecnológica,
garantissem a concorrência interna e criassem as condições para o Administração Pública Patrimonialista
enfrentamento da competição internacional; Nas sociedades anteriores ao advento do Capitalismo e da De-
3. A reforma da previdência social, procurando-se dar sustenta- mocracia, o Estado aparecia como um ente “privatizado”, no senti-
bilidade à mesma, equilibrando-se os montantes de contribuições do de que não havia uma distinção clara, por parte dos governan-
e benefícios; tes, entre o patrimônio público e o seu próprio patrimônio privado.
4. A inovação dos instrumentos de política social, proporcio- O Rei ou Monarca estabelecia seu domínio sobre o país de for-
nando maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os ma absoluta, não aceitando limites entre a “res publica” e a “res
serviços sociais; principis”. Ou seja, a “coisa pública” se confundia com o patrimô-
5. A reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua nio particular dos governantes, pois não havia uma fronteira muito
“governança”, ou seja, sua capacidade de implementar de forma bem definida entre ambas.
eficiente as políticas públicas. Nessas condições, o aparelho do Estado funcionava como uma
A reforma do Estado envolve múltiplos aspectos. O ajuste fiscal extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores,
devolveria ao Estado a capacidade de definir e implementar políti- possuíam status de nobreza real. Os cargos eram considerados pre-
cas públicas. Através da liberalização comercial, o Estado abandona- bendas, ou seja, títulos passíveis de negociação,sujeitos à discricio-
ria a estratégia protecionista da substituição de importações. Nesse nariedade do governante.
contexto, o programa de privatizações levado a cabo nos anos 90 A corrupção e o nepotismo eram inerentes a esse tipo de ad-
foi uma das formas de se perseguir tais objetivos. Por esse progra- ministração. O foco não se encontrava no atendimento das neces-
ma, transferiu se para o setor privado a tarefa da produção, dado sidades coletivas mas, sobretudo, nos interesses particulares do
o pressuposto de que este, a princípio, realizaria tal atividade de soberano e de seus auxiliares.
forma mais eficiente. Este cenário muda no final do século XIX, no momento em que
Finalmente, por meio de um programa de publicização, preten- o capitalismo e a democracia se tornam dominantes. Mercado e
dia-se transferir para o setor público não-estatal a produção dos Sociedade Civil passam a se distinguir do Estado. Neste novo mo-
serviços competitivos ou não-exclusivos de Estado, estabelecendo- mento histórico, a administração patrimonialista torna-se inaceitá-
-se um sistema de parceria entre Estado e sociedade para seu finan- vel, pois não mais cabia um modelo de administração pública que
privilegiava uns poucos em detrimento de muitos.
ciamento e controle.
As novas exigências de um mundo em transformação, com o
Portanto, segundo a ideia da reforma, o Estado reduziria seu
desenvolvimento econômico que se seguia, trouxeram a necessida-
papel de executor ou provedor direto de serviços, mantendo-se,
de de reformulação do modo de gestão do Estado.
entretanto, no papel de regulador e provedor indireto ou promotor
destes, principalmente dos serviços sociais como educação e saúde,
etc. Como promotor desses serviços, o Estado continuará a subsi-
diá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a
participação da sociedade.

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração Pública Burocrática • Dominação de caráter tradicional
Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado Deriva da crença quotidiana na santidade das tradições que vi-
liberal, como forma de combater a corrupção e o nepotismo patri- goram desde tempos distantes e na legitimidade daqueles que são
monialista. Constituem princípios orientadores do seu desenvolvi- indicados por essa tradição para exercer a autoridade.
mento a profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcio- A obediência é devida à pessoa do “senhor”, indicado pela tra-
nal, a impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional dição. A obediência dentro da família, dos feudos e das tribos é do
legal. tipo tradicional. Nos sistemas em que vigora a dominação tradicio-
Os controles administrativos implantados visam evitar a cor- nal, as pessoas têm autoridade não por causa de suas qualidades
rupção e o nepotismo. Aforma de controle é sempre a priori, ou intrínsecas, como acontece no caso carismático, mas por causa das
seja, controle dos procedimentos, das rotinas que devem nortear a instituições tradicionais que representam. É o caso dos sacerdotes
realização das tarefas. e das lideranças, no âmbito das instituições, como os partidos polí-
Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores pú- ticos e as corporações militares.
blicos e nos cidadãos que a eles dirigem suas diversas demandas
sociais. Por isso, são empregados controles rígidos dos processos • Dominação de caráter racional
como, por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no Decorre da legalidade de normas instituídas racionalmente e
atendimento aos cidadãos. dos direitos de mando das pessoas a quem essas normas respon-
Uma consequência disto é que os próprios controles se tornam sabilizam pelo exercício da autoridade. A autoridade, portanto, é a
o objetivo principal do funcionário. Dessa forma, o Estado volta-se contrapartida da responsabilidade.
para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir No caso da autoridade legal, a obediência é devida às normas
à sociedade. impessoais e objetivas, legalmente instituídas, e às pessoas por elas
A principal qualidade da administração pública burocrática é designadas, que agem dentro de uma jurisdição. A autoridade ra-
o controle dos abusos contra o patrimônio público; o principal de- cional fundamenta-se em leis que estabelecem direitos e deveres
feito, a ineficiência, a incapacidade de voltar-se para o serviço aos para os integrantes de uma sociedade ou organização. Por isso, a
cidadãos vistos como “clientes”. autoridade que Weber chamou de racional é sinônimo de autori-
Esse defeito, entretanto, não se revelou determinante na épo- dade formal.
ca do surgimento da administração pública burocrática porque os
serviços do Estado eram muito reduzidos. O Estado limitava-se a Uma sociedade, organização ou grupo que depende de leis ra-
manter a ordem e administrar a justiça, a garantir os contratos e a cionais tem estrutura do tipo legal-racional ou burocrática. É uma
propriedade. O problema começou a se tornar mais evidente a par- burocracia.
tir da ampliação da participação do Estado na vida dos indivíduos. A autoridade legal-racional ou autoridade burocrática substi-
Valem aqui alguns comentários adicionais sobre o termo “Bu- tuiu as fórmulas tradicionais e carismáticas nas quais se baseavam
rocracia”. as antigas sociedades. A administração burocrática é a forma mais
Max Weber, importante cientista social, ocupou-se de inúme- racional de exercer a dominação. A burocracia, ou organização bu-
ros aspectos das sociedades humanas. Na década de 20, publicou rocrática, possibilita o exercício da autoridade e a obtenção da obe-
estudos sobre o que ele chamou o tipo ideal de burocracia, ou seja, diência com precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiança.
um esquema que procura sintetizar os pontos comuns à maioria Portanto, todas as organizações formais são burocracias. A
das organizações formais modernas, que ele contrastou com as so- palavra burocracia identifica precisamente as organizações que se
baseiam em regulamentos. A sociedade organizacional é, também,
ciedades primitivas e feudais. As organizações burocráticas seriam
uma sociedade burocratizada. A burocracia é um estágio na evolu-
máquinas totalmente impessoais, que funcionam de acordo com
ção das organizações.
regras que ele chamou de racionais – regras que dependem de lógi-
De acordo com Weber, as organizações formais modernas ba-
ca e não de interesses pessoais.
seiam-se em leis, que as pessoas aceitam por acreditarem que são
Weber estudou e procurou descrever o alicerce formal-legal
racionais, isto é, definidas em função do interesse das próprias pes-
em que as organizações reais se assentam. Sua atenção estava di-
soas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de um dirigente.
rigida para o processo de autoridade obediência(ou processo de
O tipo ideal de burocracia, formulado por Weber, apresenta
dominação) que, no caso das organizações modernas, depende de
três características principais que diferenciam estas organizações
leis. No modelo de Weber, as expressões “organização formal” e
formais dos demais grupos sociais:
“organização burocrática” são sinônimas. • Formalidade: significa que as organizações são constituídas
“Dominação” ou autoridade, segundo Weber, é a probabilida- com base em normas e regulamentos explícitos, chamadas leis, que
de de haver obediência dentro de um grupo determinado. Há três estipulam os direitos e deveres dos participantes.
tipos puros de autoridade ou dominação legítima (aquela que conta • Impessoalidade: as relações entre as pessoas que integram
com o acordo dos dominados): as organizações burocráticas são governadas pelos cargos que elas
ocupam e pelos direitos e deveres investidos nesses cargos. Assim,
Dominação de caráter carismático o que conta é o cargo e não pessoa. A formalidade e a impessoali-
Repousa na crença da santidade ou heroísmo de uma pessoa. dade, combinadas, fazem a burocracia permanecer, a despeito das
A obediência é devida ao líder pela confiança pessoal em sua re- pessoas.
velação, heroísmo ou exemplaridade, dentro do círculo em que se • Profissionalismo: os cargos de uma burocracia oferecem a
acredita em seu carisma. seus ocupantes uma carreira profissional e meios de vida. A partici-
A atitude dos seguidores em relação ao dominador carismático pação nas burocracias tem caráter ocupacional.
é marcada pela devoção. Exemplos são líderes religiosos, sociais ou
políticos, condutores de multidões de adeptos. O carisma está asso- Apesar das vantagens inerentes nessa forma de organização, as
ciado a um tipo de influência que depende de qualidades pessoais. burocracias podem muitas vezes apresentar também uma série de
disfunções, conforme a seguir:
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Particularismo – Defender dentro da organização interesses Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no in-
de grupos internos, por motivos de convicção, amizade ou interesse terior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer
material. concorrência entre unidades internas.
• Satisfação de Interesses Pessoais – Defender interesses pes- No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a
soais dentro da organização. redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma,
• Excesso de Regras – Multiplicidade de regras e exigências afirma-se que a administração pública deve ser permeável à maior
para a obtenção de determinado serviço. participação dos agentes privados e/ou das organizações da socie-
• Hierarquia e individualismo – A hierarquia divide responsa- dade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os
bilidades e atravanca o processo decisório. Realça vaidades e esti- resultados(fins).
mula disputas pelo poder. A administração pública gerencial inspira-se na administra-
• Mecanicismo – Burocracias são sistemas de cargos limitados, ção de empresas, mas não pode ser confundida com esta última.
que colocam pessoas em situações alienantes. Enquanto a administração de empresas está voltada para o lucro
privado, para a maximização dos interesses dos acionistas, esperan-
Portanto, as burocracias apresentam dois grandes “problemas” do-se que, através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a
ou dificuldades: em primeiro lugar, certas disfunções, que as des- administração pública gerencial está explícita e diretamente volta-
caracterizam e as desviam de seus objetivos; em segundo lugar, da para o interesse público.
ainda que as burocracias não apresentassem distorções, sua estru- Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo,
tura rígida é adequada a certo tipo de ambiente externo, no qual impessoalidade), a administração pública gerencial não se diferen-
não há grandes mudanças. A estrutura burocrática é, por natureza, cia da administração pública burocrática. Na burocracia pública
conservadora, avessa a inovações; o principal é a estabilidade da clássica existe uma noção muito clara e forte do interesse público. A
organização. diferença, porém, está no entendimento do significado do interesse
Mas, como vimos, as mudanças no ambiente externo determi- público, que não pode ser confundido com o interesse do próprio
nam a necessidade de mudanças internas, e nesse ponto o paradig- Estado. Para a administração pública burocrática, o interesse pú-
ma burocrático torna-se superado. blico é frequentemente identificado com a afirmação do poder do
Estado.
Administração Pública Gerencial A administração pública gerencial vê o cidadão como contri-
Surge na segunda metade do século XX, como resposta à ex- buinte de impostos e como uma espécie de “cliente” dos seus ser-
pansão das funções econômicas e sociais do Estado e ao desenvol- viços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não
vimento tecnológico e à globalização da economia mundial, uma porque os processos administrativos estão sob controle e são segu-
vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à ado- ros, como quer a administração pública burocrática, mas porque as
ção do modelo anterior. necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
Torna-se essencial a necessidade de reduzir custos e aumentar O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos
a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário, resul- princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige
tando numa maior eficiência da administração pública. A reforma formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descen-
do aparelho do Estado passa a ser orientada predominantemente tralização de funções, incentivos à criatividade. Contrapõe-se à
pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços pú- ideologia do formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicio-
blicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas orga- nal. À avaliação sistemática, à recompensa pelo desempenho, e à
nizações. capacitação permanente, que já eram características da boa admi-
A administração pública gerencial constitui um avanço, e até nistração burocrática, acrescentam-se os princípios da orientação
certo ponto um rompimento com a administração pública burocrá- para o cidadão-cliente, do controle por resultados, e da competição
tica. Isso não significa, entretanto, que negue todos os seus princí- administrada.
pios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada
na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos Fonte: https://centraldefavoritos.com.br/2017/03/15/admi-
seus princípios fundamentais, como: nistracao-publica-do-modelo-racional-legal-ao-paradigma-pos-bu-
• A admissão segundo rígidos critérios de mérito (concurso pú- rocratico/
blico);
• A existência de um sistema estruturado e universal de remu- O Estado oligárquico e patrimonial, o Estado autoritário e buro-
neração (planos de carreira); crático, o Estado do bem-estar, o Estado regulador
• A avaliação constante de desempenho (dos funcionários e de
suas equipes de trabalho); República Oligárquica
• O treinamento e a capacitação contínua do corpo funcional. Com a proclamação da República, em 1889, inaugurou-se um
novo período na história política do Brasil: o poder político passou
A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa a ser controlado pelas oligarquias rurais, principalmente as oligar-
de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados. A ri- quias cafeeiras. Entretanto, o controle político exercido pelas oligar-
gorosa profissionalização da administração pública continua sendo quias não aconteceu logo em seguida à proclamação da República
um princípio fundamental. – os dois primeiros governos (1889-1894) corresponderam à cha-
Na administração pública gerencial a estratégia volta-se para: mada República da Espada, ou seja, o Brasil esteve sob o comando
1. A definição precisa dos objetivos que o administrador públi- do exército. Marechal Deodoro da Fonseca liderou o país durante o
co deverá atingirem sua unidade; Governo Provisório (1889-1891). Após a saída de Deodoro, o Mare-
2. A garantia de autonomia do administrador na gestão dos re- chal Floriano Peixoto esteve à frente do governo brasileiro até 1894.
cursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à
disposição para que possa atingir os objetivos contratados;
3. O controle ou cobrança a posteriori dos resultados.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principalmente a oli- que mais se ateve às definições sociológicas de Weber e que pro-
garquia cafeeira paulista, estavam articulando para assumir o po- curou aplicá-las à realidade histórica brasileira foi Raymundo Faoro,
der e controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano Peixoto. cuja obra “Os Donos do Poder – Formação do patronato político
Dessa aliança surgiu o candidato eleito nas eleições de março de brasileiro” é um clássico. No geral, Faoro e esses outros autores pro-
1894, Prudente de Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista curam explicar as raízes históricas, sobretudo herdadas de Portugal,
(PRP). A partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito do patrimonialismo no Brasil.
às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930, período Desde a formação dos primeiros clãs rurais de colonos no sé-
conhecido como República Oligárquica. Assim, o domínio político culo XVI, em terras brasileiras, os domínios privados (latifúndios,
presidencial durante esse intervalo de tempo prevaleceu entre São sobretudo) formavam também um núcleo de ação política. Grande
Paulo e Minas Gerais, efetivando a política do café-com-leite. parte da autoridade local nas vastas províncias do território brasi-
Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-1902), a leiro era administrada e até policiada por milícias vinculadas aos se-
República Oligárquica efetivou o que marcou fundamentalmente a nhores das terras (de forma semelhante ao que ocorria no sistema
Primeira República: a chamada política dos governadores, que se feudal). O poder local e personalista teve grande influência na for-
baseava nos acordos e alianças entre o presidente da República e mação do Brasil e resistiu por muito tempo (e ainda hoje resiste) à
os governadores de estado, que foram denominados Presidentes centralização política do Estado e à impessoalidade que este exige.
de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao governo Um dos fenômenos mais explicitamente patrimonialistas da
federal; em troca, o governo federal nunca interferiria nas eleições história política brasileira foi o do coronelismo durante a República
Velha. O “coronel” era o típico líder paternalista que, ocupando o
locais (estaduais).
cargo de governador ou de prefeito, transformava o seu domínio de
Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos à pre-
atuação política em uma extensão de sua casa ou de sua fazenda.
sidência da República do governo federal pelos governadores dos
estados? Esse apoio ficou conhecido como coronelismo: o título
Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/politica/patrimonialis-
de coronel surgiu no período imperial, mas com a proclamação da mo.htm
República os coronéis continuaram com o prestígio social, político
e econômico que exerciam nas vizinhanças das localidades de suas Burocracia
propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos locais e exerciam Burocracia é uma estrutura organizativa composta por regras e
o mandonismo sobre a população. procedimentos determinados.
Os coronéis sempre exerceram a política de troca de favores, O termo Burocracia é originário da fusão do termo latino bur-
mantinham sob sua proteção uma enorme quantidade de afilhados rus com o termo francês bure. A união dessas duas partículas criou
políticos, em troca de obediência rígida. Geralmente, sob a tutela a palavra bureau, usada inicialmente para definir um tipo de tecido
dos coronéis, os afilhados eram as principais articulações políticas. escuro que era utilizado para cobrir as escrivaninhas de repartições
Nas áreas próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava públicas. Mais tarde, o termo bureau passou a ser utilizado para de-
todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram conheci- signar o escritório como um todo. O uso preciso da palavra Burocra-
dos como “currais eleitorais”). cia foi utilizado pela primeira vez por um ministro francês do século
Nos momentos de eleições, todos os afilhados (dependentes) XVIII chamado Jean-Claude Marie Vincent, que fez o uso do termo
dos coronéis votavam no candidato que o seu padrinho (coronel) em francês bureaucratie de maneira crítica e debochada para se
apoiava. Esse controle dos votos políticos ficou conhecido como referir às repartições públicas. Jean-Claude criou um neologismo
voto de cabresto, presente durante toda a Primeira República, e foi recuperando a partícula latina burrus e acrescentando a partícula
o que manteve as oligarquias rurais no poder. grega krátos para formar o novo termo significando o exercício do
Durante a Primeira República, o mercado tinha o caráter agro- poder por funcionários de escritórios.
exportador e o principal produto da economia brasileira era o café. Desde então, o termo Burocracia é muito utilizado na sociolo-
No ano de 1929, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, a gia das organizações para abordar estruturas de organização com-
economia cafeeira brasileira enfrentou uma enorme crise, pois as postas por regras, procedimentos, divisão de responsabilidades,
grandes estocagens de café fizeram com que o preço do produto especialização do trabalho, hierarquia e relações impessoais. Sua
sofresse uma redução acentuada, o que ocasionou a maior crise própria definição do modelo de aplicação é motivo para as críticas
financeira brasileira durante a Primeira República. populares, que condenam o excesso de regras, divisões e as práticas
que são redundantes e apenas atrasam o funcionamento de todo o
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder após
sistema.
um golpe político que liderou juntamente com os militares brasilei-
Por definição, uma organização que é burocrática é guiada por
ros. Os motivos do golpe foram as eleições manipuladas para pre-
princípios que conduzem o negócio com base no conhecimento em-
sidência da República, as quais o candidato paulista Júlio Prestes
pírico, atentando para o dever, a autoridade e os meios de coerção
havia ganhado, de forma obscura, em relação ao outro candidato, o de cada funcionário. Entretanto cada funcionário está inserido em
gaúcho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta, efeti- uma posição da escala hierárquica que deve ser respeitada. Só que
vou o golpe político, acabando de vez com a República Oligárquica e ao mesmo tempo em que esses funcionários não são detentores
com a supremacia política da oligarquia paulista e mineira. dos recursos, eles também não são responsáveis pelo uso dos mes-
mos. O escritório não pode ser apropriado pelo encarregado e a
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-oli- renda é separada dos negócios privados. Por isso, todo o processo é
garquica.htm conduzido por documentos escritos. Cabe ao funcionário, após ser
nomeado para o cargo, apenas exercer a função delegada de acor-
O patrimonialismo no Brasil do com suas qualidades técnicas. O que é recompensado por um
No caso do Brasil, o patrimonialismo foi estudado por vários salário regular dotado de um plano de carreira para toda a vida. O
pensadores importantes, como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de funcionário deve abrir mão de seu julgamento quando estiver cum-
Holanda, Raymundo Faoro, Florestan Fernandes, Victor Nunes Leal, prindo com seus deveres oficiais e determinações de autoridades
José Oswaldo de Meira Penna e Paulo Mercadante. Destes, aquele da escala hierárquica.
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Fonte: https://www.infoescola.com/administracao_/burocra- Além disso, foi criada a Lei de Imprensa que proibia expressa-
cia/ mente a publicação de qualquer conteúdo que incitasse a desor-
Estado Autoritário dem social ou criticasse as autoridades instituídas. Sob o aspecto
Após a deposição do presidente João Goulart, ficou claro que eleitoral, reafirmando as deliberações do AI-2, a nova constituição
os militares tinham pretensões de controlar a vida política da nação oficializou o uso de eleições indiretas na escolha do mandato pre-
de forma direta. Diferentemente dos golpes de 1930 e 1945, as For- sidencial.
ças Armadas se infiltraram no poder e criaram ações que perpetu-
ariam sua presença nas duas décadas seguintes da história política Foi a partir de então que a ditadura se consolidou como novo
nacional. Em abril de 1964, o general Castelo Branco foi empossado meio de organização da vida política nacional e garantiu a presença
presidente pelo Congresso, com um mandato que duraria somente das autoridades militares no poder.
dois anos.
Fonte:https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobra-
Essa ação visava colocar os militares no poder até que fossem sil/as-bases-estado-autoritario.htm
organizadas novas eleições pelo voto direto. No entanto, alguns
militares participantes do golpe, popularmente conhecidos como Estado de Bem-Estar Social
integrantes da “linha dura”, acreditavam que a desmobilização dos
O Estado de Bem-Estar Social é um modo de organização no
movimentos de esquerda demandava um processo de ampliação
qual o Estado se encarrega da promoção social e da economia.
no tempo de permanência e dos poderes atribuídos ao militares.
Ao longo dos séculos, as escolas de pensamento econômico
Foi a partir de então que observamos o enrijecimento desse novo
retiraram a participação do Estado da organização da economia,
regime.
concedendo grande espaço e influência ao que se designou como
A perseguição política foi instaurada inicialmente com a cria- Liberalismo. Este tipo de orientação ideológica que prevê maior li-
ção dos Inquéritos Policial-Militares, que seriam responsáveis por berdade para o mercado, sem a regulamentação do Estado, vigorou
controlar todas as pessoas consideradas ameaçadoras à ordem. no século XIX, mas entrou em profunda crise no início do século
Diversos políticos tiveram seus mandatos anulados e uma leva de XX. A Primeira Guerra Mundial, entre outras coisas, foi resultado da
funcionários públicos foi exonerada ou compulsoriamente aposen- intensa de disputa por mercados trava pelos países europeus. En-
tada. Ao mesmo tempo, o Serviço Nacional de Informação (SNI) foi cerrando um período de grande desenvolvimento. Pior ainda para a
um novo órgão criado com o objetivo de informar o Executivo sobre economia seria a Crise de 1929, decorrente da superprodução que
as personalidades políticas da época. o mercado foi incapaz de absorver. Até então, estava em pauta a
retirada do Estado da regulamentação econômica, mas a solução
Paralelamente, o uso (e abuso) dos Atos Institucionais (AI’s) foi da crise foi justamente a retomada do Estado. Defensores do Libe-
outro importante elemento utilizado para que os militares tomas- ralismo acreditavam que a intervenção do Estado na economia e o
sem decisões sem antes consultar o Congresso Nacional. Em 1965, investimento em políticas sociais eram, na verdade, gastos maléfi-
depois de os candidatos governistas não alcançarem o êxito espera- cos para a economia. No entanto, essas duas medidas reativaram a
do, o governo militar deu fim a todos os partidos políticos existen- economia.
tes e liberou a cassação deliberada de qualquer mandato político A partir da década de 1930, então, expandiu-se o modelo cha-
com a criação do AI-2. Além disso, esse mesmo decreto prolongou mado de Estado de Bem-Estar Social, no qual o Estado é organi-
o mandato de Castelo Branco. zador da política e da economia, encarregando-se da promoção e
defesa social. O Estado atua ao lado de sindicatos e empresas pri-
No ano seguinte, o AI-3 modificou o sistema eleitoral para o vadas, atendendo às características de cada país, com o intuito de
modelo indireto nas eleições para governador e deu a estes o po- garantir serviços públicos e proteção à população. Os países euro-
der de indicar o prefeito das capitais e dos maiores centros urbanos peus foram os primeiros e principais incorporadores do modelo que
do país. Nesse momento, alguns civis que tinham apoiado o golpe agradou os defensores da social-democracia. A principal referência
começaram a notar a proposta continuísta do regime militar e, com no continente veio da região escandinava. Até hoje, Noruega, Su-
isso, passar a se opor a presença dos militares. Foi então que surgiu
écia, Finlândia e Dinamarca são destaques na aplicação do Estado
a Frente Ampla, movimento que buscava convergir todos os oposi-
de Bem-Estar Social e são países que estão no topo do ranking de
tores da ditadura.
melhor Índice de Desenvolvimento Humano.
O próximo mandato presidencial, ao contrário do que fora ini-
O Estado de Bem-Estar Social ganhou ainda mais terreno com
cialmente acordado, foi fruto de uma indicação política feita pelos
militares da “linha dura”. Dessa forma, Costa e Silva fora eleito pre- a inclusão do conceito de cidadania, propagado após a queda dos
sidente através de uma confirmação formal do Congresso utilizada regimes totalitários na Europa. Associou-se a ideia de que os indiví-
somente para acobertar o tom antidemocrático do novo regime. duos são dotados de direitos sociais. O modelo de organização es-
Antes de Costa e Silva assumir o cargo, o AI-4 realizou uma con- tatal concede aos indivíduos bens e serviços públicos durante toda
vocação extraordinária do Congresso para a criação de uma nova a vida. Os direitos sociais conferem serviços de educação, saúde,
Constituição. seguridade e lazer.
O Estado de Bem-Estar Social é também chamado de Estado
A nova carta garantiu a presença dos militares com o fortale- Providência e Estado Social. Foi o modelo predominante nos países
cimento do Poder Executivo. De acordo com a nova constituição, ocidentais na segunda metade do século XX defendendo o desen-
o presidente teria poder de deliberar livremente sobre as finanças volvimento do mercado, porém acompanhado de políticas públicas
públicas e as questões de segurança nacional. Nesse último aspec- e da interferência do Estado na economia para corrigir os erros e
to, o documento dizia que os delitos contra a ordem sócio-política proteger a população. Atualmente, diz-se que o modelo está em
e o controle da vida cultural do país estavam intimamente ligados crise. O primeiro país a abandonar o modelo foi a Inglaterra, no
a essa questão. governo de Margareth Thatcher. Ela alegou que o Estado não dispu-
nha mais de recursos para sustentar o Estado de Bem-Estar Social e
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retirou os direitos que os cidadãos haviam conquistado no decorrer Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do tra-
das décadas. Nasceria, então, o Estado Neoliberal. A consequên- balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
cia seria o embate entre os dois modelos. Mas o Estado Neoliberal existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
também já se mostra em crise e políticos e ideólogos de direita e os seguintes princípios:
de esquerda debatem qual modelo seria mais viável. O fato é que a
maior parte dos países que investiram quantidades significativas do Desta maneira, fica fácil entender o objetivo do legislador, a re-
Produto Interno Bruto em políticas sociais possui elevado Índice de gra aqui é a de que resguardados os casos previstos da Constituição
Desenvolvimento Humano. No entanto, a relação não é direta, pois Federal, o Estado não explora atividade econômica, esta é a função
não se trata apenas de investir, mas da maneira como é investido. da iniciativa privada.
Outra evidência que está associada ao investimento em políticas O Estado somente executará tal atividade em casos imperativos
sociais é a redução da pobreza. de segurança nacionale naqueles casos em que houver relevante
No Brasil, houve um esboço de implantação do Estado de Bem- interesse social e casos que a Constituição Federal preveja expres-
-Estar Social nas décadas de 1970 e 1980. Todavia, o modelo não samente.
seria aplicado como investimento produtivo para sociedade, mas
de forma assistencialista. Logo, o que se verificou foi a manutenção Intervenção Indireta do Estado
da acentuada desigualdade social, os elevados índices de pobreza e Uma outra forma de intervenção é a indireta. O Estado, nesta
o insucesso no Índice de Desenvolvimento Humano. O governo do modalidade, limita-se a condicionar a atividade econômica a um di-
presidente Fernando Henrique Cardoso, 1994-2002, assumiu o mo- recionamento, criando infraestruturas, regras e fomento.
delo Neoliberal como direcionador do Estado, fazendo a contraposi- A fiscalização se dá através do poder de policia e da atuação do
ção. Seu sucessor, Luís Inácio “Lula” da Silva, recuperou as ideias do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), e também
Estado Providência, investindo em políticas sociais que resultaram com a criação de agencias reguladoras que tem a função de policiar
na diminuição dos índices de pobreza. No entanto, os investimen- a prestação de serviços concedidos ao setor privado.
tos em políticas sociais ainda são pequenos e mal administrados Por planejamento, entende-se que é a previsão governamental
no Brasil. da aplicao dos recursos públicos ao destino da economia, o que sig-
nifica planificar os cursos dos mercados.
Fonte: https://www.infoescola.com/sociedade/estado-de- O fomento resta-se a incentivar a indústria e o comércio, seja
-bem-estar-social/ através de legislação favorável à exploração da atividade ou, inclusi-
ve, por incentivos tributários, por exemplo.
Estado Regulador
A intervenção do Estado no domínio econômico é uma respos- LIMITES DA INTERVENÇÃO REGULATÓRIA ESTATAL
ta àquele Estado liberal da Revolução Francesa que estabelecia uma Uma vez já delineado o surgimento e a necessidade da existên-
economia autossuficiente que encontraria equilíbrio na sua própria cia de um Estado, cabe salientar que a atuação estatal ocorre em
atuação. Para os liberalistas, os mercados se contrapunham para caráter excepcional. Cabe aqui, mais uma vez, analisar o artigo 173
que juntos saciassem as lacunas que o mercantilismo gerava. da Constituição Federal, o qual estabelece importantes limites para
Obviamente, ao Estado liberal faltou cumprir o que os filósofos a intervenção estatal na economia. Primeiramente, será o Estado
dessa vertente vislumbravam. A concorrência era por si só regulada,
submetido às mesmas regras de direito privado e o outro limite tra-
e por isso era cruel e desigual. Os agentes econômicos eram desi-
ta das situações excepcionais em que se dará a intervenção, quais
guais - o que resultou em monopólios, carteis, etc. -, ou seja, faltava
sejam imperativo de segurança nacional ou relevante interesse pú-
um balanço que de maneira “natural” não viria.
blico.
Com o passar dos anos e a remodelagem da economia, surgiu a
Os limites acima expostos têm sua essência justificada pelo fato
figura da “globalização”. Essa figura pedia interações cada vez mais
de que a própria Constituição Federal estabeleceu o princípio da
profundas das economias, o que o mercado predador da época im-
liberdade de iniciativa como princípio fundamental e, dessa forma,
possibilitava. A resposta a este mercado danoso e uma economia
a própria ausência de limites à intervenção estatal acabaria por su-
completamente desigual que impedia novos mercados de interatu-
primir tal princípio. Compete ainda frisar que a intervenção estatal
arem foi a intervenção estatal.
aqui tratada sofre limites tanto no ambiente federativo, quanto no
Intervenção Direta do Estado ambiente econômico.
O constituinte tomou bastante cuidado com este aspecto, já No que tange as atividade econômicas, o legislador limitou ao
que exageros nesta matéria poderiam ser catastróficos, já que a serviço público aquelas que, em razão do interesse público, têm o
economia é uma esfera da iniciativa privada. regime excepcional justificado. Ou seja, a intervenção regulatória
A intervenção resta-se atuante como objetivo estrito de impe- do Estado deve-se embasar em razões substancialmente relevantes
dir que práticas abusivas incidam no domínio econômico, basica- que autorizem a restrição da liberdade econômica.
mente visa coibir quaisquer atividades que tenham por objetivo a Outro ponto a ser analisado é o limite imposto pelos próprios
dominação de mercados, a concentração, o monopólio, etc. princípios da Administração Pública. Juristas como José Joaquim
Indispensável é observar o que a Constituição Federal traz so- Gomes Canotilho destacam os princípios da subsidiariedade, que
bre o tema, no caput no artigo 173: limitaria a abrangência da intervenção estatal, e o princípio da pro-
Art. 173 Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a porcionalidade, que por sua vez limitaria a sua intensidade.
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per- De acordo com o princípio da subsidiariedade caberia ao Esta-
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional do atuar nos conflitos sociais apenas de forma residual, quando não
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. houvesse outro meio de fazê-lo. Trazendo tal conceito para o domí-
Faz-se notar que a intervenção do estado de maneira direta da nio econômico, é possível afirmar que a ação estatal só é justificada
economia tem restrições e interpretado em conjunto com o caput quando o mercado, por si só, não for capaz de atingir o interesse
do artigo 170 também, conforme o texto de lei sugere: público.
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Já o princípio da proporcionalidade limita a intervenção do No entanto, entre os anos de 1966-1985, viu-se o sistema re-
Estado ao mínimo necessário para satisfazer sua finalidade justifi- gulatório americano capturado pelo poder econômico dos agentes
cadora, visando assim impedir quaisquer excessos. Sendo assim, é privados e, desde então, o modelo começou a se redefinir para que
tal princípio um verdadeiro limitador do poder de polícia. Ou seja, haja a consolidação de um modelo regulatório independente, to-
inclusive nos direitos dos particulares existe uma limitação do Es- davia com os devidos controles externos, adequados para garantir
tado na intervenção que lhe é permitida, sendo ela pautada pelo mencionada independência (vide Reforma do Estado e Agências
equilíbrio entre as restrições do particular e os benefícios acarreta- Reguladoras: estabelecendo os parâmetros de discussão. In: SUN-
dos à coletividade. DFELD, Carlos Ari (Coord.).. Direito Administrativo Econômico. 15.
AGÊNCIAS REGULADORAS Ed. P. 402.).
Agência reguladora é pessoa jurídica de direito público inter-
no, geralmente constituída sob a forma de autarquia especial ou Modelo brasileiro:
outro ente da administração indireta, cuja finalidade é regular e/ No Brasil, a ideia de regulação data de uma série de entidades
ou fiscalizar (com exceção notável da ANCINE) a atividade de deter- e órgãos reguladores, que exerciam função similar: Comissariado
minado setor da economia de um país, a exemplo dos setores de de Alimentação Pública (1918), Instituto de Defesa Permanente do
telecomunicações, de energia elétrica, produção e comercialização Café (1923), Instituto do Álcool e Açúcar (1933), o Instituto Nacional
de petróleo etc. Sua função é essencialmente técnica e sua estru- do Mate (1938) etc.
tura é constituída de tal forma a se evitar e/ou minorar ingerências No entanto, é a partir da metade da década de 90 que são cria-
políticas na sua direção. das as agências setoriais de regulação, dotadas de especialização
Suas atribuições principais são: levantamento de dados, aná- (técnica) e autonomia, com a natureza jurídica de autarquias em
lise e realização de estudos sobre o mercado objeto da regulação, regime especial, visando impedir influências políticas sobre a regu-
elaboração de normas disciplinadoras do setor regulado e execução lação de determinado setor e disciplinando certas atividades admi-
da política setorial determinada pelo Poder Executivo, de acordo nistrativas.
com os condicionamentos legislativos, defesa dos direitos do con- Revela-se que, por serem autarquias, subordinam-se às nor-
sumidor (art. 170, inc. V da C. F.), incentivo à concorrência, minimi- mas constitucionais impostas pelo art. 37 e demais da Carta Maior.
zando os efeitos dos monopólios naturais (art. 170, inc. IV da C. F.), Quanto à sua autonomia político-administrativa das agências regu-
objetivando à eliminação de barreiras de entrada e o desenvolvi- ladoras, cada qual conta com um conjunto de procedimentos, ga-
mento de mecanismos de suporte à concorrência, fiscalização do rantias e cautelas nesse sentido, constante em sua respectiva legis-
cumprimento, pelos agentes do mercado, das normas reguladoras, lação instituidora.
a arbitragem entre os agentes do mercado, sempre que prevista na As agências são regidas em regime de colegiado, seja por Dire-
lei de instituição etc. toria ou Conselho Diretor, nos termos do art. 4º da Lei n. 9.986 de
Ainda a respeito: 2.000 e, ainda, um dos membros do órgão colegiado será escolhido
“Possuindo poder normativo, então, consideraremos o ente para presidi-lo (art. 5º do mesmo diploma).
uma agência reguladora. Esta será, portanto, não o ente que, sim- Art. 4º As Agências serão dirigidas em regime de colegiado, por
plesmente exerça regulação em qualquer das formas, mas, acima um Conselho Diretor ou Diretoria composta por Conselheiros ou Di-
de tudo, o que possua competência para produzir normas gerais e retores, sendo um deles o seu Presidente ou o Diretor-Geral ou o
abstratas que interferem diretamente na esfera de direito dos parti- Diretor-Presidente.
culares.” (MENDES, Conrado Hubner, Reforma do Estado e Agências A independência das agências reguladoras se baseia na auto-
Reguladoras: Estabelecendo os Parâmetros de Discussão. In: SUND- nomia decisória, em relação a outros entes e órgãos da Adminis-
FELD, Carlos Ari (org.). Direito Administrativo Econômico, São Paulo: tração Pública (direta ou indireta). O poder executivo não possui
Malheiros Editores, 2000, p. 129). possibilidade de alterar as decisões concretas, nem normas edita-
das pelas agências. Seus atos não podem ser revistos e/ou alterados
Origem: pelo Poder Executivo, salvo se houver expressa previsão legal de
Tal modelo de regulação surgiu em 1887, quando houve a ne- admissão de recurso hierárquico impróprio.
cessidade de se conferir uma resposta reguladora às disputas que Contam, ainda, com dotações orçamentária gerais, existência
estavam ocorrendo entre as empresas de transporte ferroviário e de receitas próprias, arrecadadas diretamente em seu favor, a tí-
fazendeiros do Oeste norte-americano (primeira fase). tulo de taxas de regulação e de regulação (como a condecine), ou
Nesse ano, criou-se então o ICC – Interstate Commerce Comis- pela participação em contratos, convênios e outros acordos, como
sion e, posteriormente, a FTC – Federal Trade Comission, ambas ocorre, por exemplo no setor de energia elétrica (inc. IV, art. 11 da
destinadas a controlar as condutas anticompetitivas de empresas e Lei nº 9.427/96).
corporações monopolistas. Consigna-se, por fim, que a C. F. De 1988 já determinava ex-
A segunda fase (1930-1945) surge ainda no contexto norte-a- pressamente a obrigatoriedade de criação de órgãos reguladores
mericano que, abalado por uma forte crise econômica, surgiram para o Petróleo em seu art. 177, § 2º, III e as telecomunicações em
diversas agências administrativas, que atuavam como parte da polí- seu art. 21, XI, que assim dispõem:
tica do New Deal, intervindo fortemente na economia, suprimindo “Art. 21. Compete à União: XI - explorar, diretamente ou me-
os princípios ora em voga do Liberalismo e conferindo ampla auto- diante autorização, concessão ou permissão, os serviços de tele-
nomia às referidas agências, motivo inclusive de um forte debate comunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização
constitucional-jurisprudencial na época. dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos
Entre 1945-1966, houve a edição da lei geral de procedimento institucionais;
administrativo (APA – Administrative Procedural Act), que trouxe Art. 177. Constituem monopólio da União: § 2º A lei a que se
uniformidade no processo de tomada das decisões pelas agências, refere o § 1º disporá sobre: III - a estrutura e atribuições do órgão
conferindo-lhes maior legitimidade. regulador do monopólio da União.”

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De tal modo, as 2 (duas) únicas agências reguladoras que pos- Agência Nacional de Petróleo (Lei nº 9.478)
suem previsão constitucional expressa são, pois, a ANP (Instituída A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
pela Lei nº 9.478/97) e a ANATEL (instituída pela Lei nº 9.472/1997). é vinculada ao Ministério de Minas e Energia estabelecendo regras,
contrata profissionais e fiscaliza as atividades das indústrias do se-
Breve listagem das Agências reguladoras no país: tor.

Agência Nacional de Energia Elétrica (Lei nº 9.427) Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Lei nº 10.233)
A Agência Nacional de Energia Elétrica regula e fiscaliza a ge- É vinculada ao Ministério dos Transportes, e implementa, em
ração, a distribuição, a transmissão e a comercialização da energia sua área de atuação, as políticas formuladas pelo ministério e pelo
elétrica. Vinculada ao Ministério de Minas e Energia, também aten- Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit).
de a reclamações de agentes e consumidores e media os conflitos Além disso, regula, supervisiona e fiscaliza os serviços prestados no
de interesses entre os agentes do setor elétrico e os consumidores. segmento de transportes aquaviários e a exploração da infraestru-
tura portuária e aquaviária exercida pelos agentes econômicos.
Agência Nacional de Saúde Suplementar (Lei nº 9.961)
A Agência Nacional de Saúde Suplementar promove a defesa Agência Nacional dos Transportes Terrestres (idem)
do interesse público na assistência suplementar à saúde, regula as A Agência Nacional dos Transportes Terrestres é vinculada ao
operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com presta- Ministério dos Transportes e é responsável pela concessão de rodo-
dores e consumidores, e, ainda, contribui para o desenvolvimento vias, ferrovias e transporte ferroviário, em sede de infraestrutura e,
das ações de saúde no país. É vinculada ao Ministério da Saúde. ainda, pela permissão de transporte coletivo regular de passageiros
pelos sistemas rodoviário e ferroviário. Além disso, a ANTT é o ór-
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Lei nº 9.872) gão que autoriza o transporte de passageiros realizado por empre-
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária é vinculada ao Mi- sas de turismo sob o regime de fretamento, o transporte internacio-
nistério da Saúde e tem como finalidade a de proteger a saúde da nal de cargas, a exploração de terminais e o transporte multimodal
população, realizando o controle sanitário da produção e da comer- (transporte integrado que usa diversos meios).
cialização de produtos e serviços que devem passar por vigilância
sanitária, fiscalizando os ambientes, os processos, os insumos e as Agencia Nacional de Aviacao Civil (Lei nº 11.182)
tecnologias relacionados a esses produtos e serviços. A Anvisa tam- Criada em 2005 para substituir o Departamento Nacional de
bém exerce controle sobre aeroportos, portos marítimos e frontei- Aviação Civil, a Agencia Nacional de Aviacao Civil (Anac) tem a fun-
ras, em sede de vigilância sanitária. ção de regular e fiscalizar as atividades do setor. É responsabilidade
da autarquia, vinculada à Secretaria de Aviação Civil da Presidência
Agência Nacional de Águas (Lei nº 9.984) da República, garantir segurança no transporte aéreo, a qualidade
A Agência Nacional de Águas implementa e coordena a gestão dos serviços e respeito aos direitos do consumidor.
dos recursos hídricos no país e regula o acesso à água, sendo res-
ponsável por promover o uso sustentável desse recurso natural. É Conclusão
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente Após tudo quanto fora exposto, restou claro que os fatores ide-
ológicos e sociológicos geram uma série de convicções que tendem
Agência Nacional do Cinema (MP nº 2.228-1) centralizar o poder e, ao mesmo tempo, coexistir com os setores de
A Agência Nacional do Cinema é uma autarquia especial e, por iniciativa privada.
isso, tem independência administrativa e financeira. Vinculada ao É inegável que tal fato traz à tona um dilema nos grupos sociais,
Ministério da Cultura (MinC), a agência tem como objetivo principal questionando a eficácia do Estado Máximo e do Estado Mínimo,
o fomento à produção, à distribuição e à exibição de obras cinema- contrabalanceados por seus prós e contras, nos incentivando nos
tográficas e videofonográficas. Além disso, a Ancine regula e fiscali- tempos contemporâneos a buscar um Estado Médio que supra a
za as indústrias que atuam nessas áreas. vontade de todas as classes econômicas.
Definida como “órgão de fomento, regulação e fiscalização da Portanto, embora o Direito Administrativo da Economia Bra-
indústria cinematográfica e videofonográfica”, que busca “aumen- sileira tenha sofrido sérias alterações, não podemos considerá-las
tar a competitividade da indústria por meio do fomento à produção, como mudanças definitivas, tendo em vista a extrema necessidade
distribuição e exibição da produção nacional nos diversos segmen- de uma hermenêutica aplicada aos tempos modernos e adaptada
tos de mercado”, referida definição da Ancinesofre algumas críti- às novas realidades normativas e econômicas.
cas, a exemplo de que, entre suas competências, há atribuições que Ademais, viu-se que, também em função complexidade do sis-
parecem caracterizar a atividade de fomento, mais do que regula- tema econômico nacional, torna-se imprescindível o controle do
ção, não se justificando, portanto, o formato adotado de agência exercício da atividade regulatória estatal.
reguladora.
Fonte: https://lutimilaalves.jusbrasil.com.br/arti-
Agência Nacional de Telecomunicações (Lei nº 9.472) gos/152001215/estado-regulador
A Agência Nacional de Telecomunicações promove o desenvol-
vimento das telecomunicações no país. A agência tem independên-
cia administrativa e financeira e não está subordinada a nenhum
órgão de governo. A Anatel tem poderes de outorga, regulamenta-
ção e fiscalização e deve adotar medidas necessárias para atender
ao interesse público.

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Portanto, a modernização do setor público deve caminhar lado
PROCESSOS PARTICIPATIVOS DE GESTÃO PÚBLICA: CONSE- a lado com o aumento da accountability.
LHOS DE GESTÃO, ORÇAMENTO PARTICIPATIVO, PARCERIA
ENTRE GOVERNO E SOCIEDADE Mas a reinvenção do governo deve ser realizada ainda ga-
rantindo o princípio da eqüidade. Desta maneira, a introdução de
mecanismos gerenciais, tais como são propostos no livro, não é in-
A obra de David Osborne e Ted Gaebler, “Reinventando o go- compatível com a busca de justiça redistributiva, um conceito que
verno” (1994), é um dos marcos na literatura internacional sobre por muito tempo foi abandonado no debate sobre reforma admi-
a nova administração pública, notadamente com relação aos seus nistrativa. Osborne e Gaebler propõem dez princípios básicos para
reflexos na administração pública norte-americana. reinventar o governo, listados a seguir:
1. Competição entre os prestadores de serviço;
Os autores propõem um modelo que incorpora conceitos que 2. Poder aos cidadãos, transferindo o controle das atividades à
estiveram separados no desenvolvimento do modelo gerencial in- comunidade;
glês, tais como a implantação de uma administração por objetivos 3. Medir a atuação das agências governamentais através dos
— ou por missões —, a mensuração do desempenho das agências resultados;
através dos resultados, a busca da qualidade total como método 4. Orientar-se por objetivos, e não por regras e regulamentos;
administrativo, a ênfase no cliente, a transferência do poder aos 5. Redefinir os usuários como clientes;
cidadãos, e tentar garantir a eqüidade. 6. Atuar na prevenção dos problemas mais do que no trata-
mento;
Osborne e Gaebler propõem uma redefinição da atividade go- 7. Priorizar o investimento na produção de recursos, e não em
vernamental. “Nosso problema fundamental é o fato de termos o seu gasto;
tipo inadequado de governo. Não necessitamos de mais ou menos 8. Descentralização da autoridade;
governo: precisamos de melhor governo. Para sermos mais preci- 9. Preferir os mecanismos de mercado às soluções burocráticas
sos, precisamos de uma melhor atividade governamental”. A ativi- 10. Catalisar a ação dos setores público, privado e voluntário.
dade governamental é entendida como algo com uma natureza es-
pecífica, que não pode ser reduzida ao padrão de atuação do setor Não se trata aqui de comentar ponto por ponto a lista exposta
privado. acima, mas de discutir, rapidamente, algumas das idéias do “Rein-
ventando o governo”. A primeira refere-se ao conceito de governo
Entre as grandes diferenças, a motivação principal dos coman- catalisador, que “navega em vez de remar”. O intuito desse con-
dantes do setor público é a reeleição, enquanto os empresários têm ceito não é tornar o Estado mínimo, mas redirecionar a atividade
como fim último a busca do lucro; os recursos do governo provêm governamental. Inclusive, os autores renegam o conceitual privatis-
do contribuinte — que exigem a realização de determinados gastos ta, típico do neoliberalismo. “A privatização é uma resposta, não a
—, e na iniciativa privada os recursos são originados das compras resposta”, afirmam Osborne e Gaebler.
efetuadas pelos clientes; as decisões governamentais são tomadas
democraticamente e o empresário decide sozinho ou no máximo O sentido do governo catalisador é reformular as relações
com os acionistas da empresa — a portas fechadas; por fim, o obje- Estado/mercado e governo/sociedade. Neste sentido, o governo
tivo de ambos é diverso, isto é, o governo procura fazer “o bem” e a empreendedor, catalisador, se aproxima das idéias de Pollitt, que
empresa “fazer dinheiro”. conceitualiza a relação pública entre cidadãos e governo como uma
parceria e não como uma dependência.
Estas diferenças implicam, necessariamente, em procurar no-
vos caminhos para o setor público, tornando-o sim mais empreen- Indo para outra discussão do Reinventando o governo, encon-
dedor, mas não transformando-o em uma empresa. tramos um referencia linterligado ao anterior, qual seja, o tratamen-
to da população como cliente e como cidadão. Cliente dos serviços
Ao contrário também da epidemia generalizada contra a buro- públicos, que deseja a melhor qualidade possível dos equipamentos
cracia que vigorou nos EUA no começo da década de 80 o “Reinven- sociais. E cidadão que quer e tem como dever participar das deci-
tando o governo” não coloca a culpa dos problemas governamen- sões da comunidade, e por isso a descentralização da autoridade é
tais em seus funcionários; o problema não está nas pessoas,mas no um objetivo fundamental para alcançar esse grau de accountability.
sistema. É a reforma das instituições e dos incentivos que tornará a
burocracia apta a responder novas demandas. No que tange à gestão da burocracia, propõe-se a orientação
administrativa por missões. A partir dela, o governo pode ser mais
A reforma do sistema significa, ao mesmo tempo, a introdução flexível, como também torna-se mais fácil a avaliação de cada agên-
de métodos voltados para a produção qualitativa de serviços públi- cia, comparando-se o objetivo inicialmente formulado com o resul-
cos com a prioridade dada aos clientes e cidadãos como razões úl- tado efetivamente alcançado.
timas do setor público, o que quer dizer não só que eles devem ser
bem atendidos, mas que devem ser também chamados a participar A orientação por missões, portanto, é um mecanismo que con-
do governo, definindo os destinos de suas comunidades. grega os ideais do Consumerism (flexibilidade) com os da corrente
gerencial mais preocupada com a avaliação de resultados.
A maioria dos exemplos do livro de Osborne e Gaebler mos-
tra que a melhor resposta para tornar melhor um serviço público é Entretanto, a discussão em torno da avaliação de resultados na
chamar a comunidade a participar de sua gestão, seja fiscalizando, obra de Osborne e Gaebler toma um rumo diferenciado daquele
seja trabalhando voluntariamente na prestação de serviços— cons- proposto pelo gerencialismo puro. Para os dois autores, a avaliação
tituindo-se numa resposta adequada tanto para a questão da efici- da eficiência não pode ser dissociada da avaliação da efetividade.
ência como para o problema da transparência.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pois, se a eficiência mede o custo do que foi produzido, a efe- A governança no contexto da administração pública é um refle-
tividade mede a qualidade dos resultados. Desta maneira, “quando xo da governança corporativa da administração privada.
medimos a eficiência, podemos saber quanto nos custa alcançar
uma produção determinada; ao medir a efetividade,sabemos se As boas práticas de governança corporativa surgiram como
nosso investimento valeu a pena. Nada mais tolo do que fazer com uma busca para solucionar conflitos entre acionistas e gestores a
eficiência o que não deveria continuar a ser feito”. Osborne e Gae- respeito do desempenho do patrimônio, da sustentabilidade finan-
bler tentam definir a relação entre eficiência e efetividade a partir ceira e da transparência na gestão. A governança é também reflexo
dos objetivos do governo. E concluem: “Não há dúvida de que o das relações da organização com seus stakeholders (partes interes-
público quer um governo mais eficiente, mas ele deseja ainda mais sadas).
um governo efetivo”. De acordo com Paludo (2013), a governança é instrumental,
pois é o braço da governabilidade. Além disso, relaciona-se com
competência técnica, abrangendo as capacidades gerencial, finan-
GOVERNO ELETRÔNICO; TRANSPARÊNCIA DA ADMINIS- ceira e técnica propriamente dita.
TRAÇÃO PÚBLICA; CONTROLE SOCIAL E CIDADANIA; AC-
A fonte de origem da governança é, em sentido lato, os agentes
COUNTABILITY
públicos, e em sentido estrito os servidores públicos.

Accountability
Com o passar dos anos, a administração pública tem incorpo-
Por sua vez, a accountability trata da prestação de contas, mas
rado - e aplicado - alguns conceitos oriundos da administração pri-
não apenas isso. A accountability possui três planos:
vada, como:
Prestação de contas: irá refletir na transparência do governo
governabilidade, a qual diz respeito a uma capacidade política
do Estado; com a população. Exemplo: o Relatório de Gestão Fiscal, instituído
governança, que refere-se à capacidade da administração de pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF);
executar as políticas públicas; e Responsabilização dos agentes: os agentes devem respon-
accountability, que corresponde principalmente à prestação sabilizar-se pela correta utilização dos recursos. Exemplo: a Lei de
de contas da administração para a sociedade, mas não fica limitada Improbidade Administrativa (LIA), que instituiu mecanismos para
a isto. punir maus gestores;
Responsividade dos agentes: diz respeito à capacidade de res-
Governabilidade posta do poder público às demandas sociais. Um governo respon-
A governabilidade da administração pública tem forte relação sivo buscará satisfazer as necessidades da população e colocar em
com a afinidade de legitimidade do gestor público em relação à so- prática as políticas escolhidas pelos cidadãos.
ciedade. Sem legitimidade não há como se falar em governabilida- Podemos ainda classificar a accountability em dois tipos:
de. Diz respeito a uma capacidade política do Estado, refletindo na 1. Horizontal: não há hierarquia, pois corresponde a uma mú-
credibilidade e imagem pública da burocracia. tua fiscalização e controle existente entre os poderes. Exemplos:
Conforme Paludo (2013, p. 128), governabilidade significa tam- prefeitura recebe recursos do governo e a CGU faz uma auditoria;
bém que “o governo deve tomar decisões amparadas num processo atuação dos Tribunais de Contas, do Ministério Público;
que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos 2. Vertical: trata do controle da população sobre o governo. É
poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e segmen- uma relação entre desiguais, pois o povo pode fiscalizar e punir as
tos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas efe- más gestões, principalmente através do voto em eleições livres e
tivamente atendam aos anseios da sociedade, e contem com seu justas. “É algo que depende de mecanismos institucionais, sobretu-
apoio na implementação dos programas/projetos e na fiscalização do da existência de eleições competitivas periódicas, e que é exer-
dos serviços públicos”. cido pelo povo” (Miguel, 2005).
A fonte ou origem da governabilidade é representada pelos Conclusões
cidadãos e pela cidadania organizada, os partidos políticos, as as- A governabilidade, a governança e a accountability constituem
sociações e demais agrupamentos representativos da sociedade
diferentes conceitos, mas que trabalhados conjuntamente corres-
(PALUDO, 2013).
pondem a fatores essenciais para a boa gestão de um Estado.
Sendo assim, o desafio maior da governabilidade está em con-
Para finalizar, cabe ressaltar que a governabilidade está forte-
ciliar as divergências constantes nos interesses dos diversos atores
da sociedade, e uní-las em um ou vários objetivos comuns. Por- mente relacionada com a legitimidade; a governança é mais ampla
tanto, a viabilização dos objetivos políticos do Estado está muito que a governabilidade, e está relacionada com a capacidade de exe-
relacionada com a capacidade de articulação em alianças políticas cução e com competência técnica; já a accountability está relacio-
e pactos sociais. nada com o uso do poder e dos recursos públicos, em que o titular
da coisa pública é o cidadão e não os políticos eleitos.
Governança
A governança possui um caráter mais amplo que a governabi- Sendo assim:
lidade e refere-se a uma capacidade administrativa de executar as Podemos dizer que a governança mostra a direção que uma
políticas públicas. empresa deve seguir para alcançar os resultados esperados.
A governança corporativa tem suas bases fundamentadas na
Pereira (1997) explica que um governo pode ter governabilida- Teoria da Agência, que trata das questões associadas à relação en-
de, na medida em que seus dirigentes contem com os necessários tre principais e agentes.
apoios políticos para governar, e no entanto pode governar mal por
lhe faltar a capacidade da governança.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Você deve estar se perguntando: “Tá, mas quem são essas pessoas?”
Atribui-se a posição de principais aos donos da empresa. Já os agentes são as pessoas contratadas pelos donos para administrar o
negócio e representar seus interesses. Contudo, nem sempre é isso o que acontece.
Os administradores também possuem suas próprias demandas e podem acabar cometendo deslizes, por diversos motivos. Mas, você
sabia que dá para evitar e contornar esses deslizes?

Para que serve a governança corporativa?


A governança corporativa assegura que os interesses dos administradores estejam alinhados aos interesses dos donos do negócio. Ela
garante que os processos e as estratégias estão sendo corretamente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de contas na
empresa.
Afinal de contas, como as empresas dependem das pessoas para conduzir seus processos, é importante que haja um monitoramento
para minimizar impactos em caso de deslizes. A regulação da relação entre administradores e donos é feita de três formas: através de
regras, auditorias e restrições de autonomia.

1. Regras
Estabelecer regras significa estipular normas para estruturar a organização e limitar o comportamento indesejável dos administrado-
res, conduzindo as suas decisões.

2. Auditorias
Fazer auditorias é fundamental para checar se as regras estabelecidas previamente estão sendo cumpridas ou não, além de monitorar
as ações dos administradores.

3. Restrições de autonomia
Impor restrições de autonomia se trata de limitar a atuação dos administradores e determinar ações que eles estão autorizados a
fazer.

Vale lembrar que, dependendo da intensidade de como esse controle é feito, pode-se obter diferentes efeitos, como veremos no
próximo tópico.

Impactos da governança corporativa nas empresas


Você já parou para pensar o que acontece quando os donos do negócio impõem muitas regras e restrições? Ou pior, quando não
estabelecem regras e restrições suficientes?
Em uma governança muito forte, o administrador não consegue fazer seu trabalho, pois não possui autonomia para isso. Ele está
sempre “amarrado” à decisão de outras pessoas. Podemos observar esse tipo de governança na área pública e em grandes empresas.
Já em uma governança muito fraca, as chances do administrador usar de má-fé para buscar apenas seus próprios interesses aumen-
tam significativamente. Ou, pode ser que ele não atue com a competência necessária. Esse tipo de governança pode ser observado em
startups e em pequenas empresas.
Encontrar um ponto de equilíbrio é o grande dilema da governança corporativa ideal! Por isso, é preciso cuidar para que os instrumen-
tos de controle não sejam mais caros que eventuais prejuízos dos administradores.
O conceito de governança também pode ser aplicado em outros campos de negócio, para além da esfera organizacional.

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NOVA GESTÃO PÚBLICA

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GERENCIALISMO PURO

CONSUMERISMO

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CRÍTICAS AO MODELO DE CONSUMIDOR

SERVIÇO ORIENTADO AO CIDADÃO

NOVA GESTÃO PÚBLICA: OBJETIVOS

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GOVERNANÇA

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NOVA GESTÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS

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GESTÃO BUROCRÁTICA x GERENCIAL

GESTÃO POR RESULTADOS NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Gestão Pública
É a gestão dos bens e interesses qualificados da comunidade, agindo in concreto, segundo os preceitos da lei e da moral, visando o
bem comum, porém delimitado no tempo e no espaço.

É um modelo de gestão em que o setor público passa a atuar para alcançar resultados, adotando postura empreendedora, voltada
para atender as necessidades da população.

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No setor privado é voltado para atender o cliente.
A atuação governamental é caracterizada pela busca de padrões de eficiência, eficácia, efetividade e sustentabilidade, buscando re-
duzir custos para a sociedade e comprometendo o Estado com os cidadãos.

O que o Gestor Público Visa?

EFICIÊNCIA
Capacidade de produção da entidade, com o uso mais racional possível, de um conjunto de insumos necessários a essa produção.

EFICÁCIA
É o grau em que as metas de uma organização, para um dado período, foram efetivamente atingidas.

EFETIVIDADE
É o grau de satisfação das necessidades e dos desejos da sociedade pelos serviços prestados pela instituição.

Sustentabilidade - É uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes sem comprometer a satisfação das neces-
sidades das gerações futuras.

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ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA GESTÃO PARA RESULTADOS

Implementação – Fatores críticos


- Compromisso e administração das mudanças: revisão do modelo de gestão, adaptação a nova cultura, descentralização, integração
vertical e horizontal;
- Apoio e comprometimento dos dirigentes: formulação de objetivos viáveis e operáveis (mapas estratégicos);
- Iniciativa e compromisso gerencial: compromisso com a ferramenta de gestão e sinergia de ações;
- Gestão do tempo: maximização da produtividade e melhoria contínua;
- Adaptação ao contexto: conflitos de poder, oportunidades, habilidades e capacidades, resistências, equilíbrio e sustentabilidade;
- Análise e uso da Informação: confiabilidade, consistência, resolutividade e aplicação na tomada de decisão;
- Aprendizado Organizacional e individual: transformação de padrões de conduta; aprendizagem como fator de desenvolvimento
pessoal e institucional;
- Plano de trabalho para resultados: instituição de um plano de aplicação e “praticar o que se prega”.

Avaliação de Políticas, Programas e Projetos: Notas Introdutórias


A avaliação de políticas públicas, programas e projetos governamentais tem finalidades bastante precisas:
(1) accountability, significando estabelecer elementos para julgar e aprovar decisões, ações e seus resultados.
(2) desenvolver e melhorar estratégias de intervenção na realidade, ou seja, a avaliação tem que ser capaz de propor algo a respeito
da política que está sendo avaliada.
(3) empoderamento, promoção social e desenvolvimento institucional, significando que a avaliação deve ser capaz de abrir espaço
para a democratização da atividade pública, para a incorporação de grupos sociais excluídos e para o aprendizado institucional e fortale-
cimento das instituições envolvidas.

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Toda avaliação tem que enfrentar uma série de desafios. Pri- Entendendo o que significa “avaliação”
meiro, deve lidar com as limitações resultantes do fato de que uma O termo “avaliação” é amplamente usado em muitos e diversos
das suas principais fontes de informações são registros administra- contextos, sempre referindo-se a julgamentos. Por exemplo, se va-
tivos. Ora, como a avaliação nem sempre é concebida ex-ante, os mos ao cinema ou ao teatro formamos uma opinião pessoal sobre
registros administrativos não são elaborados com a perspectiva de o que vimos, considerando satisfatório ou não. Se assistimos a um
prover os dados necessários à avaliação. Com isso, o avaliador sem- jogo de futebol, formamos opinião sobre as habilidades dos joga-
pre tem que lidar com lacunas nesses dados e tentar ir além delas. dores. E assim por diante. Estes são julgamentos informais que efe-
Segundo, uma outra fonte de informações são os beneficiários, tuamos cotidianamente sobre todos os aspectos das nossas vidas.
dos quais se obtém dados diretos. Isso coloca a necessidade de Porém, há avaliações muito mais rigorosas e formais, envol-
construir instrumentos fidedignos de coleta, bases de dados preci- vendo julgamentos detalhados e criteriosos, sobre a consecução de
sas e confiáveis o suficiente para sustentar as apreciações a serem metas, por exemplo, em programas de redução da exclusão social,
feitas. Assim, quanto mais sólido o treinamento metodológico do melhoria da saúde dos idosos, prevenção da delinquência juvenil
avaliador, melhor, embora a avaliação não se resuma à aplicação de ou diminuição de infecções hospitalares. Para isso adota-se a ava-
técnicas metodológicas. liação formal, que é o exame sistemático de certos objetos, basea-
Terceiro, é fundamental que sejam avaliados os contextos. Há do em procedimentos científicos de coleta e análise de informação
uma importante pergunta neste sentido: porque é que em contex- sobre o conteúdo, estrutura, processo, resultados e/ou impactos de
tos diferentes as mesmas ações apresentam resultados diferentes? políticas, programas, projetos ou quaisquer intervenções planeja-
Esta indagação dá a medida da relevância do contexto e indica a das na realidade.
necessidade de métodos próprios para o seu estudo. Muitos dos princípios da avaliação formal foram desenvolvidos
Quarto, ao mesmo tempo que a avaliação implica associar nos EUA no final dos anos 1960 e início da década de 1970, espe-
meios e fins, é preciso abrir a possibilidade de exame de resultados cialmente a partir do desenvolvimento das avaliações de impacto
não antecipados. Isto tem sido feito com métodos de “avaliação li- ambiental (AIA). Em 1969 observou-se que, embora fosse possível
vre dos resultados” ou “avaliação independente dos objetivos”, que prever as mudanças físicas no meio ambiente, resultantes da cons-
permite questionar se há outros processos que podem produzir tais trução de um oleoduto no Alaska, não foram previstas as mudanças
resultados, independentemente dos objetivos e atos dos gestores. sociais trazidas por tais mudanças físicas e nem o modo como as
Quinto, é preciso que a avaliação seja capaz de captar mudan- mudanças sociais provocariam novas mudanças físicas. A constru-
ças através do tempo, retroalimentando as políticas, programas e ção do oleoduto não somente provocou mudanças que afetaram
projetos. os animais da região e portanto afetou a atividade de caça dos na-
Isto requer que, ao invés de representar uma iniciativa pontual, tivos, alterando seus modos de vida e sua cultura. As construtoras
a avaliação seja concebida como um processo contínuo. do oleoduto levaram seus trabalhadores para realizar as obras, e
Sexto, é preciso abrir a possibilidade da avaliação orientada estes tinham cultura, língua e modos de vida diferentes. Além dis-
para a inovação. Trata-se da avaliação que começa com início do so, muitos nativos acabaram precisando trabalhar na construção do
ciclo de uma política, quando há pouco conhecimento sobre a mes- oleoduto para sobreviver, já que a caça tinha se tornado escassa.
ma. Este tipo de avaliação implica uma concepção ex-ante, ou seja, Tudo isso gerou novas mudanças ambientais e sociais. Em 1973,
a avaliação que é construída anteriormente à própria formulação, a pela primeira vez, foi usado o termo “impacto social” para relatar as
partir da qual se realizam simulações com a finalidade de identificar mudanças na cultura indígena nativa do Alaska devido ao oleoduto.
estratégias e propor cursos de ação . Isso, evidentemente, vai re- Em 1981 foi criada a Associação Internacional de Avaliação de
querer o estabelecimento de uma base de informação (baseline) e a Impacto, reunindo os interessados em avaliar impactos ambientais,
coleta e análise de evidências capazes de sustentar políticas novas. sociais, tecnológicos, bem como outros tipos de avaliação. O desen-
Um aspecto que deve ser considerado tem a ver com os avalia- volvimento da avaliação formal, inclusive da avaliação de impacto,
dores, suas habilidades e competências (além das habilidades analí- mudou a maneira pela qual os governantes e a sociedade encara-
ticas que são tomadas como dadas). É fundamental que os avaliado- vam o planejamento e o desenvolvimento em geral, introduzindo a
res tenham capacidade de trabalhar com policy-makers no sentido idéia-chave de que, em grande parte as mudanças podem ser ante-
de estabelecer com eles parcerias estratégicas visando o melhor vistas, acompanhadas e conduzidas.
resultado das políticas públicas; isso significa superar a postura
de que avaliadores e gestores se situam em campos opostos, sem A avaliação como instrumento de gestão
perder a características da independência da avaliação. Também é Entre as inúmeras definições existentes pode-se sustentar que
essencial que o avaliadores sejam capazes de atuar junto aos stake- avaliação formal é
holders, estabelecendo diálogos, ajudando a construir consensos e (1) um julgamento (porque envolve valores)
a gerenciar mudanças. É igualmente necessário que o avaliador seja (2) sistemático (porque baseia-se em critérios e procedimentos
capaz de analisar a coerência da política e interpretar resultados previamente reconhecidos)
com o distanciamento necessário. Finalmente, é indispensável que (3) dos processos ou dos produtos de
a avaliação tenha consequências. E isso significa elaborar planos (4) uma política, programa ou projeto, tendo como referência
de ação, formular recomendações visando o aperfeiçoamento das (5) critérios explícitos, a fim de contribuir para
políticas, programas e projetos. Essas habilidades são a base para (6) o seu aperfeiçoamento, a melhoria do processo decisório, o
a formação e consolidação de uma cultura de avaliação, capaz de aprendizado institucional e/ou o aumento da accountability.
encarar as falhas como oportunidades de aprendizado para fazer
mais e melhor em termos de políticas públicas.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Assim sendo, é possível reconhecer que a avaliação contém Além disso passou-se a distinguir os diversos tipos de avalia-
duas dimensões. A primeira é técnica, e caracteriza-se por produ- ção que se pode efetuar. Hoje é possível discriminar as avaliações
zir ou coletar, segundo procedimentos reconhecidos, informações segundo o foco ou objeto, a lógica que orienta sua concepção, a
que poderão ser utilizadas nas decisões relativas a qualquer polí- ênfase metodológica, etc. A fim de ordenar um pouco a discussão
tica, programa ou projeto. A segunda é valorativa, consistindo na são apresentadas a seguir algumas das possibilidades da avaliação
ponderação das informações obtidas com a finalidade de extrair formal.
conclusões acerca do valor da política, programa ou projeto. Ainda Segundo o foco ou objeto, as avaliações podem ser:
assim, a finalidade da avaliação não é necessariamente distinguir 1 - Avaliação Jurídica ou Avaliação de Conformidade – corres-
as intervenções de qualquer natureza segundo sejam “boas” ou ponde ao exame da conformidade dos atos do gestor em relação à
“más”, “exitosas” ou “fracassadas”. Muito mais importante e pro- lei, na condução da política pública, programa ou projeto.
veitoso é apropriar-se da avaliação como um processo de apoio 2 - Avaliação de Desempenho - refere-se ao que se faz com re-
a um aprendizado contínuo, de busca de melhores decisões e de lação a uma política, programa ou projeto. Compreende dois sub-
amadurecimento da gestão. tipos:
A avaliação formal permite julgar processos e produtos de vá- 2.1 - Desempenho institucional - tem como finalidade apreciar
rios modos. Primeiro, levantando questões básicas tais como os em que medida uma instituição realiza a missão que lhe foi atribuí-
motivos de certos fenômenos (por exemplo: o que causa os ele- da, mediante a consecução dos seus objetivos e o cumprimento de
vados índices de morte violenta entre os jovens brasileiros?). Este suas metas.
tipo de avaliação pode focalizar relações de causa e efeito com a 2.2 - Desempenho pessoal1 - destina-se a averiguar em que
finalidade de recomendar medidas para lidar com o problema. medida cada indivíduo em uma instituição cumpre suas atribuições
Em segundo lugar, a avaliação formal pode ser usada como ins- e contribui para o alcance dos objetivos e metas da instituição. Tam-
trumento de acompanhamento de políticas ou programas de longo bém focaliza a produtividade do desempenho pessoal e a qualidade
prazo. Nesses casos são realizadas várias avaliações em estágios- dos serviços prestados.
-chave da política ou programa, a fim de prover dados confiáveis 3 - Avaliação de Processo – significa o conjunto de ações desti-
sobre os seus impactos e sobre como podem ser estes mitigados nadas a produzir um bem ou serviço ou a desencadear alguma mu-
ou melhorados. dança numa dada realidade. Este tipo de avaliação se subdivide em:
Em terceiro, ao final de um programa ou projeto a avaliação 3.1 – Monitoramento ou avaliação em processo – trata-se
pode indicar o seu sucesso na consecução dos seus objetivos e per- da utilização de um conjunto de estratégias destinadas a realizar
mitir avaliar a sua sustentabilidade, ou seja, a possibilidade da sua o “acompanhamento” de uma política, programa ou projeto, de
continuidade através do tempo. modo a identificar de maneira oportuna e tempestivamente as
A avaliação formal pode contribuir para aperfeiçoar a formu- vantagens e pontos frágeis na sua execução, a fim de efetuar os
lação de políticas e projetos especialmente tornando mais respon- ajustes e correções necessários à maximização dos seus resultados
sável a formulação de metas, e apontar em que medida os gover- e impactos.
nos se mostram responsivos frente às necessidades dos cidadãos. O monitoramento tem por base o plano de trabalho de uma
Pode mostrar se as políticas e programas estão sendo concebidos política, programa ou projeto e representa uma ferramenta de uso
de modo coordenado ou articulado; e em que medida estão sendo cotidiano na gestão destes. Orienta-se para a busca de respostas
adotadas abordagens inovadoras na resolução de problemas que às seguintes indagações: Em que medida são cumpridas as ativi-
antes pareciam intratáveis. dades especificadas na programação? Em que medida estão pre-
Pode indicar como vão sendo construídas as parcerias entre sentes os recursos necessários? Com que grau de tempestividade?
governo central e local, entre os setores público, privado e terceiro Em que medida está sendo observada a sequência das ações? Qual
setor, identificar as condições de sucesso ou fracasso dessas parce- o grau de proximidade observado entre a quantidade e qualidade
rias e apontar como podem ser aperfeiçoadas a fim de ganharem das ações, serviços ou produtos planejados e os que estão sendo
abrangência e se tornarem estratégias nacionais das políticas de executados? Em que medida a intervenção vem atingindo a popu-
desenvolvimento. lação-alvo? Que manifestações de queixa ou satisfação ocorrem
Os modelos contemporâneos de formulação de políticas enfati- entre os diversos atores envolvidos na execução da política, pro-
zam a importância dos objetivos compartilhados em lugar das estru- grama? Onde podem ser identificados pontos de estrangulamento
turas organizacionais ou das funções existentes. Mas a articulação na produção de bens ou serviços? Que recursos vem se mostrando
de políticas/programas não se resume a abordagens compartilha- sub-utilizados? Que oportunidades existem para otimizar a explora-
das de questões comuns. A articulação horizontal entre agências ou ção do recurso X?
organizações requer melhor coordenação entre os gestores e me- 3.2 – Avaliação de processo ou “a posteriori’ - trata-se do exame
lhor articulação vertical entre os que tomam as decisões e os que das estratégias, procedimentos e arranjos (inclusive institucionais)
os implementam. Isto não é um fim em si mesmo, mas deve estar adotados na implementação de uma política, programa ou projeto,
presente onde agrega valor, e é especialmente importante quando com a finalidade de identificar os pontos onde podem ser obtidos
as políticas ou programas se dirigem às questões socialmente per- ganhos de eficiência e eficácia. Tem por hipótese central a idéia de
versas. Nesses casos, a avaliação formal permite aprender e incor- que os meios adotados afetam os resultados. Portanto, o seu objeto
porar lições à implementação de novas políticas/programas. de análise é o “como” uma ação foi executada, ou seja, a cadeia de
passos adotados desde a formulação da política ou programa até a
Tipologia da Avaliação obtenção do seu produto final.
Desde a década de 1980 foram feitos significativos avanços na 4 - Avaliação de Produto – é toda avaliação cujo foco recai so-
área de avaliação, tornando-se os conceitos mais precisos, as es- bre os produtos de uma política, programa ou projeto, em suas vá-
tratégias e as técnicas mais adequadas e os instrumentos de coleta rias dimensões, as quais dão origem a diferentes modalidades:
mais acurados. 4.1 – Avaliação de Resultados: Tem por objeto os resultados,
também chamados de “outputs”, significando bens ou serviços de
um programa ou projeto que são necessários para que seus objeti-
vos finais sejam alcançados. Por exemplo, os serviços de extensão
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agrícola proporcionados aos agricultores para que produzam uma As avaliações também podem se distinguir segundo suas fina-
cultura “x” ou para que aumentem a sua produtividade. Mas tam- lidades e, portanto as questões que colocam. Nesta perspectiva há
bém pode focalizar os resultados obtidos com uma política, pro- dois tipos:
grama ou projeto, indicados como seus objetivos de curto prazo
ou intermediários, chamados de “outcomes”. Ex.: aumento da área Avaliação de matriz, de estrutura, ou de modelo
cultivada com a cultura “x” ou aumento da produção por hectare ou Destina-se a identificar os pontos fortes e as fraquezas de uma
aumento da venda dos agricultores. intervenção. A informação coletada refere-se ao desenho e imple-
4.2 – Avaliação de Impactos: trata-se de avaliação de um ou mentação da política/programa ou projeto, de modo a julgar a sua
mais resultados de médio ou longo prazo, definidos como “impac- eficácia. O objetivo é verificar se alguma mudança é necessária a
tos”, ou seja, consequências dos resultados imediatos. Ex.: elevação fim de aperfeiçoar a política/programa/projeto. Pode ser realizada
da qualidade de vida no meio rural, melhoria do abastecimento dos como monitoramento ou a posteriori, periodicamente
centros urbanos, aumento da poupança devido à redução das im- As questões típicas deste tipo de avaliação são:
portações, etc.. Adiante, neste texto, serão apresentados detalhes (a) Os objetivos da política/programa estão claramente formu-
das avaliações de impactos. lados em termos de resultados a serem obtidos?
4.3- Avaliação de Qualidade: o produto pode ser avaliado, tam- (b)Existe uma compreensão compartilhada dos significados
bém, quanto à sua qualidade. Ou seja, a capacidade de um bem dos objetivos e um compromisso dos envolvidos para com a imple-
ou serviço atender às expectativas do seu público-alvo. Nesta di- mentação dos objetivos?
mensão se incluem, por exemplo, as avaliações de satisfação dos (c) A política/programa foi implementada conforme o preten-
usuários de um serviço, tão em voga nos anos recentes. dido?
A avaliação pode variar, também, conforme a lógica que orien- (d) Há alguma evidência de desempenho subótimo requerendo
ta sua concepção. Nesse caso, pode-se falar de avaliação ex-ante e redesenho da implementação ou ações de correção?
de avaliação ex-post. (e) Se o desempenho é sub-ótimo, quais as suas causas e como
Numa acepção mais generalizada, a avaliação ex-ante expres- podem ser tratados?
sa uma concepção holística, interativa e iterativa, segundo a qual a (f) A população alvo, os beneficiários ou as pessoas mais afeta-
avaliação se inicia desde o momento em que se define o problema das pela política/programa estão satisfeitas com o serviço ou bens
ou necessidade que justifica a política, programa ou projeto, integra que estão recebendo?
as discussões em torno da formulação das alternativas, envolve a (g) A política ou programa está sendo implementada de modo
tomada de decisão, e acompanha o processo de gestão, informan- articulado com outras ações, de forma a contribuir para os objeti-
do-o sobre os seus avanços, riscos e limitações, desvios a corrigir, vos governamentais mais amplos?
vantagens a maximizar, etc.
Numa outra acepção, mais restrita, a avaliação ex-ante consiste Avaliação de substância ou de conteúdo
na análise de eficiência e na análise de impacto. A primeira cor- Destina-se a informar os gestores para que decidam se uma
responde, especificamente, ao cálculo de custos de cada alterna- política ou programa deve continuar, ser interrompida ou mudada.
tiva. Além das categorias básicas, os projetos sociais podem envol- O foco recai sobre os resultados (eficácia) e impactos (efetividade).
As questões típicas desse tipo de avaliação são:
ver ainda custos adicionais do usuário e custos de oportunidade3.
(a) A política ou programa tem produzido os outputs, resulta-
Essa modalidade de avaliação ex-ante envolve a construção de uma
dos e impactos pretendidos?
matriz de custos, que contém todos os custos que se espera que
uma intervenção requeira em cada período de execução, divididos
Em que medida?
entre as diversas categorias acima mencionadas. A análise ex-ante
(b) Esses resultados mostram-se sustentáveis pelo período pre-
de impacto consiste na estimação do impacto de cada alternativa,
tendido?
derivado dos objetivos propostos. Essa estimação pode basear-se
(c) Os pretendidos beneficiários estão de fato se beneficiando?
no Método Delphi4 ou pode envolver o cálculo do “custo por unida-
Há algum grau de exclusão social ou geográfica não pretendida? (
de de impacto”, que corresponde ao custo de realização de 1% do (d) Há algum efeito negativo para o qual os resultados tenham
impacto para um determinado objetivo, usando uma determinada contribuído? Ou que deveria ter sido evitado? Ou para o qual será
alternativa, em um período de um ano (por exemplo, a redução do necessária alguma ação de mitigação?
índice de mortalidade infantil). Em ambos os casos, a matriz de cus- (e) A política ou programa é condição para ou é complementar
tos é usada para a tomada de decisão, monitoramento e avaliação. a políticas mais amplas?
Uma outra lógica de concepção é usada na avaliação ex-post. (f) Que lições podem ser extraídas, que possam contribuir para
Em se tratando da perspectiva generalizada, refere-se à avaliação aperfeiçoar a busca de resultados em programas futuros?
que é concebida sem relação com planejamento e nem mesmo com
o processo de implementação, sendo desenhada quando a política, Várias outras dimensões e aspectos podem ser usados para
programa ou projeto já se encontra consolidado ou em fase final. mapear os tipos e as possibilidades de avaliação, mas estas são as
Na acepção restrita, a avaliação ex-post não diz respeito ao mo- principais. A seguir serão apresentados os conceitos e descritas as
mento em que se pensa ou se planeja a avaliação. O foco, nesse estratégias e técnicas adotadas na sua realização.
caso recai sobre o que é calculado: o custo efetivo de cada alternati-
va, pelo mesmo processo de análise de custos da avaliação ex-ante, Conceitos Básicos na Avaliação
porém tendo como referência os valores efetivamente dispendidos. I) Causa e efeito – as avaliações geralmente buscam relações de
Embora usando os mesmos procedimentos de cálculo, os impactos causa e efeito entre a política/programa e a mudança social, econô-
são mensurados por meio da comparação entre a situação inicial da mica, cultural, tecnológica, etc.
população-alvo (baseline) e a sua situação ao final de um certo pe-
ríodo de tempo. É possível comparar os impactos observados tam-
bém com os impactos estimados na avaliação ex-ante, para verificar
se a seleção de alternativas de intervenção foi ótima.
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Como regra, nessas hipóteses, a política/programa avaliado é a (a) estão todos disponíveis;
variável independente e a mudança planejada é a variável depen- (b) estão adequadamente garantidos para assegurar que a polí-
dente. Não se trata de relações causais segundo o máximo rigor tica/programa provavelmente terá continuidade e não será apenas
da metodologia científica. Na verdade, os avaliadores estão procu- um evento isolado. Os fatores essenciais podem ser infraestrutura,
rando regularidades ou padrões em séries de eventos. Em geral, treinamento, incentivos, mudanças de comportamento, recursos
quando se atribui um valor numérico às variáveis torna-se possível organizacionais, etc.
usar técnicas estatísticas como análise bivariada e multivariada. A
análise se torna mais difícil quando não é possível quantificar. Por O Processo de Avaliação
exemplo, diferentes padrões de comportamento social podem ser o A definição, desenho e manejo da avaliação requerem o conhe-
principal fator que afeta as reações das pessoas numa campanha de cimento de três elementos:
educação sanitária, mas é difícil colocar isto em termos numéricos. 1 – O marco conceitual que define o que a política/programa
Nestas situações é útil distinguir os fatores que podem ser clara- ou projeto deve realizar. Ou seja: os objetivos máximos, as metas, as
mente atribuídos a um resultado e aqueles que apenas contribuem estratégias ou atividades (ações) selecionadas para atingir objetivos
para o mesmo. Em qualquer caso é essencial ter uma clara compre- e metas e as relações supostamente existentes entre os objetivos
ensão dos outputs e outcomes. estabelecidos e as ações propostas.
II) Efeito atribuído e contribuição – acima foi feita uma distin- 2 – Os stakeholders, ou seja todos os atores que tenham al-
ção entre o que pode ser atribuído a um resultado e o que contribui gum tipo de interesse na política/programa/projeto: os gestores, as
para o mesmo. Como diferenciar estes dois status? Os fatores atri- populaçõesalvo, os fornecedores de insumos, os financiadores (in-
buídos a um resultado podem ser identificados indagando-se: “se o clusive os contribuintes), os excluídos e os diferentes segmentos da
fator “X” não existisse ou se não fosse assegurado, o resultado “Y” sociedade civil envolvidos direta ou indiretamente. Especialmente
aconteceria?” Se a resposta for Não o fator em tela provavelmente útil, neste ponto, é a matriz de análise de stakeholders, em anexo.
é atribuído. 3 – Os critérios que serão usados para avaliar a política/pro-
Por outro lado, se outros fatores podem afetar o resultado, mas grama/projeto. Esses critérios estabelecem quais as características
a sua força é menor, eles terão contribuído para aquele resultado. esperadas dos processos (ações) e/ou dos resultados (outputs/ou-
Por exemplo, na hipótese de que “na falta de emprego entre ex- tcomes/impactos). Usualmente são cinco os critérios adotados nas
-presidiários resulta na reincidência no crime”. O fator que pode ser avaliações de política/programas/projetos:
atribuído à reincidência é a falta de emprego. Mas há fatores que • Eficácia – a capacidade de produzir os resultadosesperados/
contribuem para a reincidência, como a falta de apoio social para a desejados.
adaptação à vida livre, etc. Podem ocorrer casos onde não há um • Eficiência – a capacidade de produzir os resultadosdesejados
fator especificamente atribuído, mas vários fatores que contribuem com o menor dispêndio de recursos (humanos, materiais e finan-
para um resultado, todos eles merecedores de ações intecionais de ceiros).
mudança. • Efetividade –a capacidade de produzir resultadospermanen-
III) Paradigmas diferentes – um paradigma é um modelo ou um tes, diretos e indiretos, usualmente definidos como impactos, ou
conjunto de postulados que expressam uma forma de conceituar seja, as conseqüências maiores de um resultado; e de produzir o
e interpretar certas situações. Isto significa que o paradigma do número possível de efeitos colaterais ou externalidades negativas.
avaliador provavelmente influenciará os métodos de análise que • Equidade – a capacidade de contribuir para a redução das
ele escolhe, mas também que a própria política ou programa é in- desigualdades e da exclusão social.
fluenciada pelo paradigma do seu planejador/gestor. Portanto é útil • Sustentabilidade –a capacidade de desencadear mudanças
sociais permanentes, que alteram o perfil da própria demanda por
identificar o paradigma subjacente a uma política/programa, pois
políticas/programas sociais e que retroalimentam o sistema de po-
facilita entender o seu contexto.
líticas sociais.
IV) Aspectos comportamentais e efetividade organizacional –
os comportamentos dos indivíduos e a cultura organizacional afe-
A tarefa de avaliação de políticas/programas/projetos pode ser
tam os outputs e outcomes de uma política/programa. Estes aspec-
facilitada quando são observados alguns passos essenciais:
tos costumam ser difíceis de avaliar e geralmente são considerados
1 – Identificação e caracterização dos stakeholders, ou seja os
evidências “ fracas”. Porém, a adaptabilidade é a base da sustenta-
atores individuais e/ou coletivos e as agências governamentais e or-
bilidade e pode ser útil avaliar a capacidade das organizações para
ganizações privadas que têm seus interesses afetados pela política/
mudar e responder à inovação5. programa ou projeto em avaliação.
V) Análise Longitudinal – trata-se da análise diacrônica, que 2 – Identificação dos usuários do processo de avaliação e de-
pode ser realizada durante vários anos. Permite acompanhar resul- mais interessados no mesmo e sua incorporação ao desenho e ma-
tados e impactos ao longo do tempo. Permite reduzir o risco de nejo do processo.
bias. Pode-se valer de registros administrativos e dados secundá- 3 – Identificação do marco conceitual da política/programa/
rios. projeto, com a definição dos objetivos, recursos necessários, ações
VI) Abordagem experimental – é a mais adequada ao exame de ou estratégias e seus responsáveis ou encarregados e dos resulta-
relações de causa e efeito. Requer a criação/definição de grupo ex- dos esperados.
perimental e grupo de controle (que não foi exposto à intervenção).
Usualmente, procura-se manter constantes as características de 4 – Definição das questões de avaliação: perguntas que os in-
ambos os grupos e efetuar seleção aleatória dos seus componen- teressados pretendem responder mediante o processo avaliativo e
tes. Há situações em que não é possível formar grupos de controle, dos critérios a serem usados na avaliação.
então usa-se a chamada “abordagem quasi-experimental”, exami- 5 – Identificação das informações necessárias e das fontes de
nando o momento anterior e o momento posterior a uma política informação. Seleção dos indicadores.
ou programa. 6 – Seleção, elaboração e teste das estratégias, técnicas e ins-
VII) Sustentabilidade – trata-se de identificar fatores essenciais trumentos de coleta de dados.
à produção de certos outputs, outcomes e impactos e averiguar se 7 – Definição dos métodos de análise dos dados obtidos.
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8 – Coleta e sistematização dos dados.
9 – Análise dos dados e elaboração de conclusões.
10 – Estratégias para disseminação dos resultados da avaliação e para aperfeiçoamento do processo avaliativo.

Estratégias de Avaliação
Uma política, programa ou projeto pode ser tratada de diversas formas, abordando diferentes dimensões, segundo sua especificidade
e segundo os aspectos considerados mais prioritários para a avaliação.
Dependendo das características da intervenção e dos interesses quanto ao foco da avaliação, pode-se adotar uma ou outra das se-
guintes estratégias de avaliação:
1) Avaliação Participativa – trata-se de um conjunto de procedimentos desenvolvidos com a finalidade de incorporar tanto os usuários
como as equipes de gestores ao processo de monitoramento e avaliação. A seguir são descritas algumas das modalidades de Avaliação
Participativa
Participatory Impact Monitoring (PIM) – não focaliza planos ou sistemas de objetivos formalizados, mas as percepções individuais dos
beneficiários e outros afetados pelas políticas, programas ou projetos, com a finalidade de tornar rotineira e amadurecida a prática de
refletir e analisar as atividades e mudanças introduzidas por uma intervenção em suas vidas e na sua comunidade. Consiste nos seguintes
passos:
I – promoção de um debate entre os beneficiários/afetados sobre as suas principais expectativas e receios para o futuro próximo,
envolvendo a política, programa ou projeto em tela.
II – a partir dos elementos levantados neste debate, a equipe externa, facilitadora deste processo, constrói alguns indicadores, usando
o detalhamento, pelos participantes, de exemplos concretos daquilo a que se referem. Esses exemplos são generalizados e tomados como
indicadores a partir daí.
III – escolha de uma comissão de observadores que fica encarregado de acompanhar as atividades e mudanças priorizadas no debate
inicial. A cada reunião (realizada em intervalos regulares) esta comissão abre o debate falando sobre as mudanças constatadas desde a
ultima reunião.

Esta descrição serve de insumo para o debate do grupo, que procede a uma avaliação conjunta da situação e decide sobre possíveis
medidas corretivas, novas atividades e sugere novos indicadores.
Avaliação Independente de Objetivos – não se inicia pelos objetivos da política ou programa, mas com a população-alvo mais afeta-
da pelo mesmo. A finalidade é apurar os resultados e impactos da política ou programa, examinando como e quanto a população-alvo é
afetada e comparando esses dados com o que a política/programa especificamente indica como objetivos. Dessa forma procura-se evitar
o bias trazido pelo prévio conhecimento dos objetivos: o avaliador conhece a clientela e o programa, mas não seus objetivos precisos.
Avaliação de Quarta Geração – focaliza as queixas, interesses e reinvidicações dos stakeholders. O objetivo é capturar e compreender
as percepções dos atores envolvidos e afetados pela política/programa. Em vez dos objetivos explicitados, os custos, riscos e benefícios
são examinados “através dos olhos” dos stakeholders.
2) Meta Avaliação - freqüentemente uma política ou programa passa por diversas avaliações em diferentes estágios da sua formula-
ção e implementação. Essas avaliações podem focalizar diversos aspectos e informantes. Elas são o material para a Meta-avaliação. Não
podem ser tomadas pelo seu valor de face, mas são examinadas de modo a propiciar uma visão da qualidade e do contexto em que a po-
lítica/programa se desenvolveu. A Meta-avaliação serve para nos situarmos melhor sobre a política/programa, identificarmos problemas
recorrentes, contradições, etc6. Os critérios para apreciar esses relatórios de avaliação são:
a) confiabilidade das evidências ou dados nos quais as avaliações se baseiam;
b) período em que foram realizadas, que dá o contexto da avaliação e indica se os dados ainda são válidos;
c) qualidade, expertise e independência dos avaliadores;
d) aceitabilidade das recomendações apresentadas;
e) ações que resultaram da avaliação.

3) Mapeamento Organizacional – trata-se de examinar o arranjo organizacional para a decisão/implementação de uma política, pro-
grama ou projeto, já que podem ser muitas e complexas as ligações entre agências e instâncias envolvidas. A análise focaliza como (e se)
as agências envolvidas em uma política/programa são organizadas de modo a
(a) evitar duplicação ou superposição e assegurar que suas ações sejam articuladas e complementares;
(b) garantir um interface consistente e facilmente compreensível com os usuários/clientes;
(c) atingir um objetivo comum e sustentável;
(d) a presença dos incentivos adequados e os procedimentos necessários para promover efetiva parceria. Este tipo de técnica requer
os seguintes passos:

[1] – identificar todas as organizações ou partes de uma organização que possam influenciar o sucesso ou fracasso da política/progra-
ma/projeto ou um exame.).
[2]– estimar a contribuição de cada agência para a consecução de cada um dos objetivos da política/programa/projeto. Procurar es-
clarecer tal contribuição segundo pontuação ou níveis (alto/médio/baixo).
[3]– produzir um “mapa” organizacional mostrando os vínculos entre as agências e entre estas e os principais resultados.
[4]– usando tal mapa, avaliar se o envolvimento de cada agência é relevante, consistente e complementar.
[5]– investigar lacunas aparentes, gargalos, superposições, contradições (por exemplo, onde os inputs de uma organização parecem
inconsistentes com os de outra; onde os mais afetados pelos resultados desejados são incapazes de procurar esclarecimentos porque a
interface com os clientes não está clara; ou onde o programa como um todo parece incoerente e mal organizado, colocando em risco seus
resultados e impactos).
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Para o mapeamento organizacional é útil usar critérios como: compartilhamento de objetivos e metas; clareza da comunicação; com-
partilhamento dos riscos (e ônus) de não consecução dos resultados; grau de compartilhamento do financiamento do programa; apoio
para atuar em conjunto; responsabilização compartilhada. Usa-se surveys e grupos focais para obter dados que permitam estimar o peso
de cada critério.

4) Marco Lógico – Trata-se de uma estratégia que permite definir os fatores e os vários estágios de uma política/programa. Na sua
forma mais simples um marco lógico pode assumir a seguinte representação:

Vantagens desta estratégia:


a) provê a compreensão de como o programa foi concebido em termos de funcionamento , principais impactos, outputs, outcomes e
de como efetivamente se realizou; permite avaliar o afastamento entre o planejado e o realizado.
b) ajuda a identificar projetos que necessitam ser incrementados ou componentes (recursos financeiros, tecnológicos e humanos,
parcerias, etc.) que são condições para produzir os outputs e outcomes pretendidos.
c) ajuda a identificar onde os vários inputs e outputs têm relações implausíveis ou inconsistentes.
d) permite identificar pontos-chave para a mensuração de resultados e questões essenciais para a avaliação, tornando mais fácil fo-
calizar a coleta de dados.
Um aspecto crítico do Marco Lógico é a identificação e descrição dos fatores contextuais externos ao programa, que não estão sob
controle (governabilidade) e que podem influenciar positiva e negativamente os seus resultados e impactos. É preciso examinar as condi-
ções externas sob as quais um programa é implementado e definir como estas podem afetar os outputs, outcomes e impactos.

5) Análise de Custo-benefício – corresponde à estimação dos benefícios tangíveis e intangíveis de um programa e os custos de sua
realização.
Por exemplo, num programa de alfabetização, os benefícios tangíveis seriam a redução do analfabetismo, o aumento da escolarização
global, etc. Os benefícios intangíveis seriam o aumento da auto estima, do exercício da cidadania, etc.
Após serem identificados, tantos os custos como os benefícios devem ser transformados em uma medida comum, geralmente uma
unidade monetária. Evidentemente, há custos que são imensuráveis do ponto de vista ético. Porém, ainda assim é útil tentar transforma-
-los em medidas. Por exemplo, é sempre válido o esforço de estimar o custo da violência e/ou o custo da miséria, em termos objetivos, de
modo a mostrar como são vantajosas as medidas de mitigação.
Uma variante desta análise é a de custo-efetividade, na qual somente os custos são estimados em unidades monetárias. Os benefícios
são expressos de alguma outra forma quantitativa. Por exemplo:
Num programa de distribuição de renda a famílias com crianças carentes o custo-efetividade pode ser expresso da seguinte forma:
“cada R$ 1.000,00 dispendidos pelo programa aumentam os níveis de escolaridade, na média, em 1 ano para cada 100 crianças.”
É importante ter claro que todo programa ou projeto pode apresentar efeitos colaterais ou externalidades, ou conseqüências não
pretendidas, que podem ser benéficas ou prejudiciais. Tais efeitos devem ser incluídos na análise.

6) Mapeamento Cognitivo – é uma técnica de coleta de dados adequada tanto à formulação de políticas/programas quanto à sua
análise. É um instrumento para saber como os indivíduos percebem a operação de uma política/programa ou projeto. Possibilita
(a) visualizar e esclarecer as percepções dos informantes no momento de coleta de dados;
(b) focalizar os pontos fortes e as fraquezas do programa;
(c) focalizar as percepções sobre os outcomes e impactos dos programas;
(d) compreender os problemas a partir da perspectiva das pessoas envolvidas e afetadas pelo programa examinado.

O Mapeamento Cognitivo compreende os seguintes passos:


(1) Identificar os atores que tem maior influência ou que são mais afetados pelo programa examinado.
(2) Realizar sessões de brainstorming com esses atores, individualmente ou em grupos focais, de modo a formar um quadro de como
eles percebem o programa em termos de: interesses, incentivos, operação, vantagens, fragilidades, outputs, outcomes, impactos.
(3) Com a participação dos entrevistados, inicia-se um esforço de ordenar e representar graficamente suas visões. O resultado deve
ser um mapa lógico apontando os fatores que exercem influência sobre o funcionamento do programa. Quando são identificadas dificulda-
des, deve-se solicitar aos informantes que digam sob que condições tais dificuldades podem ser consideradas aceitáveis ou como podem
ser solucionadas.
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(4) Analisar o mapa completo com o foro na identificação de vantagens e desvantagens, lacunas e superposições recorrentemente
apontadas pelos diversos informantes.

7) Mystery Shopping – é uma estratégia observacional, baseada no princípio de que a melhor maneira de avaliar a qualidade de um
serviço ou de compreender os seus efeitos sobre os usuários é experimentar a condição de usuário daquele serviço. O que a diferencia
de qualquer outra forma de observação participante é o fato de que o avaliador não revela a sua identidade ou condição. Esta estratégia
requer bastante cuidado na seleção da amostra para assegurar que os locais visitados sejam representativos.
8) Avaliação de Impacto Social – trata-se de um conjunto de estratégias destinadas a isolar e mensurar as conseqüências dos resulta-
dos obtidos com as políticas, programas ou projetos. Um dos grandes desafios da Avaliação de Impacto é conseguir isolar, em uma situação
específica, as mudanças “naturais” - por assim dizer - e as mudanças “provocadas”, ou seja:
(i) resultantes de uma determinada intervenção, cujo impacto se pretende avaliar; e
(ii) resultantes de outras intervenções.

Na tentativa de responder a este desafio podem ser adotados três métodos para avaliar impacto social. O primeiro baseia-se numa
abordagem sincrônica. Significa, basicamente, identificar um conjunto de situações reais comparáveis (S), dotadas de características si-
milares ou equivalentes, de acordo com as variáveis selecionadas para a análise de impacto. Em seguida, separa-se dois subconjuntos:
o primeiro (S1), composto por situações onde se pretende realizar intervenções; o segundo (S2), constituído de situações onde isso não
ocorre. A seguir, tendo início as intervenções (X), acompanha-se, nos dois subconjuntos, sob perspectiva comparativa, o comportamento
das variáveis selecionadas. Este método, de lógica sincrônico-comparativa, é também denominado “acompanhamento de impactos”.
Outro método envolve a abordagem diacrônica. Significa identificar uma ou mais situações-objeto de intervenções. Realiza-se uma
descrição/mensuração/caracterização de cada uma das situações (diagnóstico) no momento imediatamente anterior à intervenção (Tze-
ro), a partir das variáveis selecionadas para a análise de impacto. Em seguida, examina-se os diversos aspectos da intervenção (X). E, por
fim, compara-se o comportamento das variáveis em Tzero com o seu comportamento em um momento dado, após a intervenção (T1).
Nesse caso, é preciso dispor, primeiro, de um diagnóstico adequado quanto a Tzero; e segundo, de capacidade de isolar outras inter-
venções que não aquela cujos impactos se pretende medir, de modo a evitar interveniências. Este método é conhecido como “diagnóstico
de impactos”.
O terceiro método equivale, por assim dizer, a uma combinação dos dois anteriores. Permite comparar situações similares para rea-
lizar previsões para o futuro. Se as situações examinadas compõem áreas relativamente próximas ou contíguas, permite avaliar o alcance
(extensão no espaço) dos impactos. E permite re-examinar situações de intervenção para avaliar quais foram os impactos efetivos, de
modo a medir a consistência entre o impacto previsto e o impacto efetivo. É o que se entitula “análise de controle de impactos e análise
prospectiva”.
Qualquer que seja o método adotado, entretanto, a primeira tarefa, para a Avaliação de Impacto Social é, sempre, selecionar as
situações a serem examinadas. Os critérios básicos de seleção são similaridade e comparabilidade. Tais critérios compreendem algumas
dimensões-chave que devem ser contempladas:
(1) unidade sócio-espacial de análise (município, assentamento, etc), pois cada um destes possui diversas características próprias; por
exemplo, o grau de autonomia e de complexidade de um município é muito distinto do de um bairro, e assim por diante. Isto não significa
que só se possa analisar um tipo de unidade, mas que devem ser selecionados vários exemplares de cada tipo, de maneira a permitir a
comparação intra-tipos e entre-tipos.
(2) características geográficas e sócio-culturais similares. Vale a mesma observação feita quanto às unidades de análise.
(3) projetos de magnitude, metodologia, tipo e finalidades (resultados) similares. Observe-se que deve-se compatibilizar esta dimen-
são (3) com as dimensões (1) e (2). Como princípio metodológico deve-se compor grupos homogêneos – tanto quanto possível - de situa-
ções a serem analisadas, combinando-se estas três dimensões, que se referem à natureza da comunidade e do projeto.
As duas outras dimensões referem-se aos dados disponíveis para análise: (4) bases de dados com datas similares (horizonte de tempo
coberto,); (5) fontes de dados comparáveis (variáveis e categorias compatíveis).

A segunda tarefa, na avaliação de impacto social, é selecionar a(s) perspectiva(s) de análise, porque isso estabelece a referência para a
elaboração/seleção dos indicadores. Vale assinalar que a clara definição da perspectiva de análise é essencial, porque os impactos sociais
podem variar conforme diversas dimensões.
Para começar, podem variar quanto à escala. Por exemplo, uma determinada intervenção pode gerar 50 ou 1000 empregos, etc. Pode
alterar a produtividade de uma certo tipo de cultivo em 1% ou em 500%.
Isto exemplifica a variação de escala do impacto obtido.
Os impactos sociais igualmente podem variar em intensidade. Por exemplo, uma intervenção pode transformar radicalmente os pa-
drões de vida, hábitos e comportamentos de um grupo ou população ou mudá-los apenas marginalmente.
Os impactos sociais variam, também, conforme a extensão no espaço. Ou seja, determinadas intervenções têm impacto localizado,
outras têm desdobramentos sobre áreas contíguas, mais ou menos amplas, alterando a distribuição da população, provocando migrações,
etc.
Os impactos sociais variam, ainda, quanto à duração no tempo. Vale dizer, uma intervenção pode gerar empregos em uma área du-
rante curto período de tempo, podendo atrair trabalhadores temporários, etc, até se esgotar. Outras têm impacto de maior duração pois
geraram atividades econômicas dotadas de sustentabilidade, de modo que, quando a intervenção se esgota, persistem seus efeitos, que
geram novos impactos, e assim por diante. Esta dimensão é especialmente delicada para a análise de impacto social, havendo analistas
que afirmam que somente podem ser efetivamente avaliados os impactos de curta duração, já que é impossível isolar os demais.

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Ademais, os impactos sociais variam quanto à cumulatividade. Ou seja, podem expressar mudanças que se reforçam mutuamente ou,
ao invés, que se neutralizam umas às outras. Por exemplo, sabe-se que renda e saúde, interagem e geram impactos cumulativos sobre a
qualidade de vida. Mas também sabe-se que determinados programas de geração de emprego neutralizam os ganhos em saúde porque
contêm externalidades como atividades de risco, deterioração ambiental, etc, que geram efeitos negativos sobre a qualidade de vida.
Finalmente, os impactos variam quanto à sua racionalidade. Neste caso, inclui-se um componente de valor que é a desejabilidade de
um impacto frente aos seus custos, às suas possíveis consequências e à capacidade do planejador de prever estas últimas. Assim, tem-se
as seguintes possibilidades:

Cuidados para assegurar a qualidade da avaliação


A avaliação formal não possui uma metodologia específica. Pode lançar mão de um conjunto de métodos de diagnóstico e análise, de
técnicas de coleta de dados como surveys, observação, entrevistas em profundidade, individuais ou em grupos focais; e de instrumentos
como questionários, formulários, roteiros de observação, etc. A experiência tem ensinado que a avaliação ganha precisão quando recorre
a dados quantitativos e qualitativos, combinando abordagens em extensão e em profundidade. Por outro lado, a mesma experiência tem
mostrado que há alguns cuidados imprescindíveis à qualidade das avaliações.
1) Incorporação da avaliação ao processo regular de planejamento, sendo assumida como disciplina pelos stakeholders.
2) Julgamento de avaliabilidade. Trata-se de um estudo exploratório a ser efetuado antes de começar a avaliação. Nem todos os
programas estão prontos para ser avaliados. O objetivo deste estudo é definir o que precisa ser feito para preparar o programa para ser
avaliado e identificar os aspectos/questões que requerem atenção.
3) Definição dos objetivos da avaliação, claramente; e escolher o tipo de avaliação adequada a tais objetivos.
4) Identificação e inclusão dos stakeholders – quem é afetado pela política/programa, desde os gestores até os usuários finais – como
interlocutores.
5) Identificação da teoria que orienta a política ou programa a ser avaliado. Seja o “marco lógico” ou outro modelo qualquer, é neces-
sário definir uma teoria ou modelo que indica as condições e ações necessárias para a política ou programa funcionar.
6) Identificação e teste dos métodos, que devem ser consistentes com os objetivos e tipo de avaliação a ser realizada.
7) Apresentação de recomendações práticas, claras, exeqüíveis e consistentes com os custos e benefícios esperados.

Conceituação básica de indicadores


Para Merico (1996 apud REIS 2005, p. 34), “o termo indicador origina-se do latim indicare que significa destacar, anunciar, tornar públi-
co, estimar. Indicadores comunicam informações que podem ser simplesmente luzes acesas ou piscando em um aparelho eletrônico, bem
como tornar perceptível um conjunto de fenômenos que não é imediatamente detectável”.
Segundo Waterhouse (1984 apud GRATERON 1999, p.9), os indicadores podem ser definidos como “unidades de medição que permi-
tem acompanhar e avaliar em forma periódica, as variáveis consideradas importantes em uma organização. Esta variação é feita através
da comparação com os valores ou padrões correspondentes preestabelecidos como referência, sejam internos ou externos à organização”.
Os indicadores são medidores de uma atividade. Expressam um número que indica que as coisas podem ser medidas; e, se, podem
ser medidas, podem ser comparadas e administradas, como preconizam Globerson e Frampton, apud Camargo (2000, p.51), ao afirmarem
que “você não pode administrar o que não pode medir”.
Outra definição trazida por Fernandes (2004, p.3) mostra que “a tarefa básica de um indicador é expressar, da forma mais simples
possível, uma determinada situação que se deseja avaliar. O resultado de um indicador é uma fotografia de dado momento, e demonstra,
sob uma base de medida, aquilo que está sendo feito, ou o que se projeta para ser feito”.
Fernandes (2004, p.5) dissertando ainda sobre o assunto diz que “levando em conta que um indicador é um número que expressa o
estado de alguma coisa que se considera relevante e importante para a empresa, sua construção passa, primeiramente, pela análise da
contribuição para a tomada de decisão. O indicador deve ser representante de algo que se toma como necessário para a rotina de ge-
renciamento da empresa. Em função disso, são necessários cuidados quando do estabelecimento da coleta e tratamento de dados, que
constituem a base para a formação de um indicador”.

Importância do indicador
Conforme Furtado (2003), um grupo especial de indicadores de desempenho de gestão tem como objetivo medir os níveis de eficiên-
cia e eficácia das decisões tomadas, verificando se as ações implementadas estão atingindo os resultados esperados, a que custos e outros
impactos que estão gerando e suas tendências. Esses indicadores são essenciais ao planejamento e ao controle dos processos porque pos-
sibilitam o estabelecimento de metas e visualização de seus desdobramentos, ao tempo em que permitem a análise crítica que embasará
o re-planejamento ao longo da gestão.

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Os indicadores são sinais vitais da organização. Eles informam Ainda segundo Catelli (2001, p.174), “não é possível adminis-
às pessoas o que estão fazendo, como estão se saindo e se estão trar algo que não tenha seus resultados mensurados, pois, as de-
agindo como parte do todo. Eles comunicam o que é importante cisões devem ser tomadas sobre elementos que representem a
para a organização: a estratégia do primeiro escalão para os demais realidade da forma mais precisa possível. Esta é uma característica
níveis, resultados de processo, desde os níveis inferiores até o pri- essencial do sistema de medição que são instrumentos de gestão
meiro escalão, o controle e melhoria dentro dos processos. Os in- para diversos modelo de administração dos negócios” .
dicadores devem interligar estratégia, recursos e processos. Hronec De acordo com Toscano Jr. (2000, p.12) o desenvolvimento de
(apud REIS, 2005, p.37) sistemas contábeis gerenciais que permitam a criação de informa-
Wright citado por Neves Júnior (2003, p.10), destaca que o pro- ções úteis para a tomada de decisão, é de importância fundamental
cesso de controle estratégico é exercido pela alta administração, para a instrumentalização do processo de geração e monitoramen-
que decide quais elementos do ambiente e da empresa devam ser to de indicadores de performance, a fim de viabilizar a mensuração
avaliados e controlados. Segundo o autor, o processo de controle do desempenho da gestão pública.
estratégico possibilita a adoção de alguns passos que visam à toma- Conforme Grateron (1999, p. 15), a variação fundamental para
da de decisão corretivas: a mensuração da gestão de um organismo público é avaliar a gestão
1) dentro do parâmetro da missão e dos objetivos gerais e es- através da análise e confrontação restrita dos valores monetários
pecíficos da organização, determinar que necessidades devem ser
da contabilidade tradicional, ou introduzir, na análise e avaliação,
monitoradas, avaliadas e controladas;
outras variáveis não monetárias que permitam relacionar as variá-
2) estabelecer padrões;
veis tradicionais à finalidade da entidade pública.
3) mensurar o desempenho;
4) comparar desempenho com padrões;
5) não tomar medida alguma se o desempenho se harmonizar Segundo a Associación Española de Contabilidad y Administra-
com os padrões; ción de Empresas (apud Grateron, 1999, p. 15), a utilização e a apli-
6) tomar medidas corretivas se o desempenho não se harmo- cação de técnicas de gestão, como por exemplo, os indicadores para
nizar com os padrões. medir e comparar o desempenho dos gestores no setor publico, são
muito mais complicados, se comparados como setor privado. Algu-
Para Kaplan e Norton (1997, apud REIS 2005, p. 38), os indica- mas das limitações mais conhecidas são a falta de indicadores, a
dores são usados para controlar e melhorar a qualidade e o desem- dificuldade para fixar e quantificar os objetivos sociais, a utilização
penho de produtos e processos. A apuração dos resultados através de termos não monetários, a falta de clareza nos objetivos, metas e
dos indicadores permite avaliar o desempenho em relação à meta atividades realizadas, entre outros.
e a outros referenciais, possibilitando o controle e a tomada de de-
cisão gerencial. Outra importante função é a de induzir atitudes nas Características da gestão por resultados
pessoas cujo desempenho está medido, pois as pessoas tendem a Para que seja possível adotar esse tipo de gestão na empresa, é
agir influenciadas pela forma como são avaliadas. preciso saber como o processo realmente funciona e se ele de fato
é adequado para atingir seus objetivos. Algumas características da
O controle da gestão pública gestão por resultados podem ajudar a entender melhor como ela
Segundo Cruz Silva (1999, p.1), “os mecanismos de controle acontece dentro da empresa:
representam o elemento essencial para assegurar que o governo • A chave para todo o processo é o foco no resultado e não
atinja os objetivos estabelecidos nos programas de longa duração nos procedimentos;
com eficiência, efetividade e dentro dos preceitos legais da ordem • A responsabilidade por atingir ou não os resultados pro-
democrática”. postos é de todos;
Para Grateron (1999, p.2) “o sistema tradicional de contabilida- • A liderança é mais participativa;
de e de informação que auxilia o gestor não cumpre sua missão de • Todas as unidades da empresa andam juntas e estão inte-
garantir as melhores decisões ou, no mínimo, prestarlhes suporte; gradas para que seja possível obter o resultado desejado, cada uma
por isso, é necessário considerar a possibilidade de um modelo que contribuindo com sua tarefa.
responda às necessidades de informação para contribuir com a me-
lhoria de uma gestão que tem sido objeto permanente de crítica: a
Vantagens desse modelo de gestão
gestão pública”.
Uma das maiores vantagens de se adotar a gestão orientada
O autor ressalta ainda que “a gestão pública precisa ser avalia-
para resultados é o fato de que os colaboradores se sentem mais
da para conhecer e dar respostas ao cidadão, comum quanto o grau
de adequação e coerência existente entre as decisões dos gestores motivados, pois estão envolvidos em todo o processo e sabem que
e a eficácia, eficiência e economia com que foram administrados sua participação realmente faz diferença para o alcance das metas.
os recursos públicos para serem atingidos os objetivos e metas da Isso sem contar que a comunicação também melhora, com a boa
organização, estabelecidos nos planos e orçamentos e; para realizar interação entre os membros da equipe surgindo como fundamental
avaliação da gestão pública, é necessário considerar a possibilidade para o sucesso do empreendimento. O comprometimento do time
de um modelo de contabilidade desenhado para a gestão, que con- e sua produtividade também aumentam, uma vez que cada um pas-
sidere indicadores ou parâmetros de gestão adequados”. sa a ter clareza do seu papel para chegar aos resultados. Assim a
Cruz Silva afirma ainda que: “sem controle, os rumos não são sensação de pertencimento é maior e o engajamento e a produção
corrigidos, os objetivos fundamentais ficam colocados em segundo consequentemente melhoram.
plano, há desperdício e inadequação no uso dos recursos”.
Aplicação da gestão de resultados na empresa
Indicadores de gestão na administração pública Existem várias metodologias para a aplicação da gestão de
“Na avaliação das organizações públicas é usual que resultados serviços ou de produtos orientada a resultados em uma empresa,
sejam definidos por indicadores físicos ou qualitativos”. (CATELLI, havendo entre elas alguns passos em comum para que a implemen-
2001, p. 6). tação tenha êxito:
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Revisar os objetivos da empresa: para que os gestores e Notadamente no que se refere:
empresários tenham uma visão clara dos objetivos e do planeja- • Aos princípios Constitucionais e Administrativos;
mento estratégico do negócio; • À forma como os Órgãos e Entidades Públicos adquirem,
• Definir os objetivos da equipe: gestores e colaboradores guardam e utilizam seus recursos;
precisam se reunir para estabelecer os objetivos de cada um, deter- • Às causas das práticas antieconômicas e ineficientes;
minando um prazo para a apresentação dos resultados; • À obediência aos dispositivos legais aplicáveis aos aspec-
• Monitorar o processo: antes de o prazo estabelecido ter- tos da economicidade, eficácia e eficiência da gestão;
minar, é preciso organizar algumas reuniões para saber se os objeti- • À adequação dos objetivos estratégicos às prioridades do
vos efetivamente serão alcançados; titular do Poder;
• Avaliar o desempenho: análise baseada no atingimento • À identificação dos principais produtos, indicadores de de-
ou não dos objetivos; sempenho e metas organizacionais;
• Recompensar: os colaboradores são recompensados por • À matriz SWOT (FOFA);
atingirem os resultados. • À existência de superposição e duplicação de funções;
• À adequação da estrutura organizacional aos objetivos do
O sucesso da gestão por resultados leva a empresa a enxugar Órgão ou Entidade;
custos, otimizar um projeto ou aumentar a produtividade da equi- • À existência de controles adequados;
• À existência de rotinas e procedimentos de trabalho docu-
pe. Tudo isso requer um envolvimento maior entre os gestores e
mentados e atualizados.
os colaboradores e o estabelecimento de objetivos e prazos cla-
ros para cada um. A equipe deve ser monitorada, acompanhada e
Avaliação e mensuração do desempenho governamental ba-
poder contar com os líderes para os momentos de dificuldade. Ao
seia-se na mensuração dos resultados alcançados na execução das
final, se os resultados forem obtidos, deve haver uma recompen- políticas públicas, projetos, programas, e ações governamentais,
sa pelo envolvimento e comprometimento com o trabalho. Assim por meio de indicadores de desempenho capazes de demonstrar
todos saem ganhando. o cumprimento das metas previstas nos instrumentos de planeja-
AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO GOVERNA- mento (PPA, LDO, LOA, e outros).
MENTAL
Bruno Palvarini, autor do “Guia referencial de mensuração do
desempenho na administração pública” apresenta os conceitos de
desempenho e mensuração do desempenho governamental. De- COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA E GESTÃO DE REDES
sempenho é um termo sujeito a inúmeras variações semânticas ORGANIZACIONAIS
e conceituais, embora existam alguns consensos majoritários em
torno de uma definição. Segundo uma abordagem abrangente, o
desempenho pode ser compreendido como esforços empreendidos Os tipos de personalidade podem contribuir ou não para o de-
na direção de resultados a serem alcançados. A equação simplifica- sempenho das equipes. Cada personalidade possui características
da é: desempenho = esforços + resultados; ou desempenho = esfor- definidas com seus respectivos focos de atenção, que, todavia, se
ços → resultados. interagem, definindo indivíduos com certas características mais sa-
Uma vez definido desempenho, o conceito de gestão do de- lientes e que incorporam características de um outro estilo.
sempenho precisa ser qualificado. A gestão do desempenho consti- Vistos de maneira objetiva, nenhum dos tipos de personalida-
tui um conjunto sistemático de ações que buscam definir o conjunto de é bom ou mau, certo ou errado. Cada um é uma combinação
de resultados a serem alcançados e os esforços e capacidades ne- distinta de força e fraqueza, beleza e feiura. Nenhum padrão é me-
cessários para seu alcance, incluindo-se a definição de mecanismos lhor ou o melhor, pior ou o pior. Às vezes, determinada pessoa pode
de alinhamento de estruturas implementadoras e de sistemática de achar que o seu padrão é o melhor, outra vezes, que é o pior. Mas
monitoramento e avaliação. A mensuração é parte essencial de um é possível, num momento, encontrar força em um padrão e, num
modelo de gestão do desempenho. Mas, não é apenas a ação que outro, encontrar uma fraqueza.
apura, em sentido estrito, por meio de indicadores, valores ou me- O que se observa é que as pessoas acabam ficando perplexas
umas com as outras quando começam a perceber os segredos que
didas dos esforços e resultados.
as outras pessoas ocultam das suas personalidades.
Os sistemas de avaliação podem ser caracterizados a partir
Na análise das personalidades, nada é estanque e tudo pode se
dos mecanismos e instrumentos que definem um fluxo regular e
ajustar, desde que se esteja disposto a fazê-lo. Nunca um protetor,
contínuo de demandas, que orientam um conjunto de práticas ava-
por exemplo, carrega somente as características da sua tipologia.
liativas, formalizadas, estruturadas e coordenadas, para produzir e Uma pessoa com o centro emocional predominante não será ne-
fornecer conhecimento, com o objetivo de subsidiar os processos cessariamente uma boa artista. Talvez brilhe mais como administra-
decisórios e de aprendizado para aperfeiçoamento da gestão e da dora, quem sabe? Todos os tipos são interligados e se movimentam
implementação de programas e políticas públicas (SERPA; CALMON, fazendo contrapontos e complementos.
2012). Cada tipo de personalidade é formado por três aspectos: o pre-
O professor Antônio Alan de Freitas Gonçalves, gerente de dominante, que vigora na maior parte do tempo, quando as coisas
avaliação de desempenho da área pública, em seus estudos expli- transcorrem normalmente e que é chamado de seu tipo; o aspecto
ca que a Avaliação e mensuração do desempenho governamental que vigora quando se é colocado em ação, gerando situações de es-
aborda os múltiplos aspectos da Gestão Administrativa, Orçamen- tresse; e o terceiro, que surge nos momentos em que não se sente
tária, Financeira, Contábil e Patrimonial, com o intuito de verificar em plena segurança.
a adequação dos atos em relação ao ordenamento jurídico-admi-
nistrativo, tendo em vista o foco nos resultados e na transparência
governamental. A seguir estão algumas de suas colocações sobre
esse tema.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Exemplificando, ao ver-se numa situação de estresse, o obser- as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin-
vador (em geral, quieto e retraído) torna-se repentinamente extro- cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in-
vertido e amistoso, características típicas do epicurista, num esfor- terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade.
ço de reduzir o estresse. Sentindo-se em segurança, o observador Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es-
tende a se tornar o patrão, direcionando os outros e controlando o pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente
espaço pessoal. ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta
Todos têm virtudes e aspectos negativos. Então, vivem-se os ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, baseado
aspectos mais positivos de cada tipo. Essas qualidades pode se so- naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. Os
mar a outras de outro tipo, promovendo integração. valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros.
Se o tipo empreendedor se integra com o sonhador, ele pode Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
passar a ter autoestima apurada e a saber levar a vida sem dramas. ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refle-
Ficará mais otimista, espontâneo e criativo também. Não se prende tem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quan-
a fazer coisas que não satisfazem seus desejos e os dos outros. Se do digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha atitude
o tipo individualista integra-se com o empreendedor, provavelmen- em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
te ele poderá ser capaz de agir no presente e com objetividade, res, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três componen-
aceitando a realidade e vivendo suas emoções como são, sem ten- tes: cognitivo, afetivo e comportamental.
tar ampliá-las. Já se o sonhador integrar-se com o observador, sua A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
capacidade de introspecção será imensa e saberá como ninguém liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela
apreciar o silêncio e a reflexão. estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu
Para o sucesso das equipes, se faz necessário que os seus inte- componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
grantes utilizem-se de empatia, coloquem-se no lugar dos outros, ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto
estejam receptivos ao processo de integração e, dessa forma, per- de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento
mitam-se amoldar. Se não houver esse tipo de abertura, em que pode provocar resultados no comportamento. O componente com-
cada um dos elementos ceda, a equipe será composta de pesso- portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar
as que competem entre si, o que traz o retrocesso da equipe ao de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En-
conceito simplista de grupo, ou seja, apenas um agrupamento de tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de
indivíduos que dividem o mesmo espaço físico, mas que possuem João por causa dos meus sentimentos em relação a ele.
objetivos e metas diferentes, bem como não buscam o aprimora- Encarar a atitude como composta por três componentes – cog-
mento e crescimento dos outros.1 nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor-
desenvolver relações interpessoais. tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis.
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser Eficácia no relacionamento interpessoal
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito, com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma
amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da situ-
sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados ini- ação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmente
cialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão com relações interpessoais de acordo com três critérios:
as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis
de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coopera- relevantes e respectiva interrelação.
ção, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo
produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e que não haja regressões.
rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento nas Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas
atividades, com provável queda de produtividade. continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos,
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona como quando começaram a resolver seus problemas.
diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio- Dois componentes da competência interpessoal assumem im-
nais competentes individualmente podem render muito abaixo de portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O
sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma da situação interpessoal.
base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe- A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica-
cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos, ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em
crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc.
de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres-
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório sões de uma outra na esperança de compreendê-la.
novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são
encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento Empatia
entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor- Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos e situa-
dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou- ções vivenciadas.
tro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma “Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao envolvi-
modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há mento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da perspectiva dos
respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não outros quebra estereótipos tendenciosos e assim leva a tolerância e
são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A a aceitação das diferenças. A empatia é um ato de compreensão tão
maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre seguro quanto à apreensão do sentido das palavras contidas numa
página impressa.
1 Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A empatia é o primeiro inibidor da crueldade humana: reprimir • Motivação – proporcionar motivação às pessoas para incen-
a inclinação natural de sentir com o outro nos faz tratar o outro tivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempe-
como um objeto. nho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas partici-
O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente a empa- pem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance das metas.
tia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos apelos dos outros. • Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos de
Suprimir essa inclinação natural de sentir com outro desencadeia a capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa
crueldade. treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento,
Empatia implica certo grau de compartilhamento emocional - ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos
um pré-requisito para realmente compreender o mundo interior do na organização.
outro. • Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso signi-
fica orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos hori-
A empatia nas empresas zontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.

Qual a relação entre empatia e produtividade? Alguns gestores pensam que o ato de delegar a tomada de
“O conceito de empatia está relacionado á capacidade de ouvir decisão para um funcionário é sinônimo de perda de controle ou
o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de seu ponto liderança. Este é um ponto que merece uma discussão maior, uma
de vista. Não pressupõe concordância ou discordância, mas o en- vez que abrange diversos aspectos, mas o mais importante de se
tendimento da forma de pensar, sentir e agir do interlocutor. No destacar é que o empowerment valoriza os funcionários e melhora
momento em que isso ocorre de forma coletiva, a organização dia- a condução dos processos internos à empresa.
loga e conhece saltos de produtividade e de satisfação das pessoas”.
“A empatia é primordial para o desenvolvimento das organi-
Vantagens do empowerment
zações pois, ela é que define no comportamento individual a preo-
Com mencionado anteriormente, a adoção do empowerment
cupação de cada indivíduo no equilíbrio comportamental de todos
por parte das empresas traz diversos benefícios para elas, como por
os envolvidos no processo, pois, empatia pressupõe o respeito ao
exemplo: o aumento da motivação e da satisfação dos funcionários,
outro.”
É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, um aumentando assim a taxa de retenção dos talentos da empresa, o
tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem os va- compartilhamento das responsabilidades e tarefas, maior agilidade
lores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das relações e flexibilidade no processo de tomada de decisão, etc. Além, claro,
humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacionamentos in- de estimular o aparecimento de novos líderes dentro das empresas.
terpessoais depende do grau de compreensão entre os indivíduos. Por este motivo, é cada vez maior o número de gestores que
Quando há compreensão mútua as pessoas comunicam-se melhor preparam suas organizações para a prática do empowerment, trei-
e conseguem resolver conflitos de modo saudável. nando e doutrinando seus funcionários para que possam receber
Empoderamento tais responsabilidades de forma correta.
Para Chiavenato, o empowerment ou empoderamento, é uma
ação que permite melhorar a qualidade e a produtividade dos co- Para Carlos Hilsdorf, o empowerment corresponde a uma re-
laboradores, fazendo com que o resultado do serviço prestado seja lação que envolve poder e responsabilidade, como duas faces de
satisfatoriamente melhor. Estas melhorias acontecem através de uma mesma moeda. Para promovê-lo, não basta transferir verbal-
delegação de autoridade e de responsabilidade, fomentando a co- mente poder às pessoas; elas precisam ter reais condições de agir
laboração sistêmica entre diferentes níveis hierárquicos e a propa- no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvolvendo o que
gação de confiança entre os liderados e os líderes. chamamos de “ownership“, ou seja, agirem como intraempreen-
Ele simboliza a estratégia da organização e de seus gestores de dedores e como se fossem “proprietárias” do negócio, pensando
delegar a tomada de decisão para seus colaboradores, promovendo como empresários.
a flexibilidade, rapidez e melhoria no processo de tomada de deci-
são da empresa. Aplicação do empowerment
O empowerment permite aos funcionários da empresa toma- Segundo Hilsdorf, para uma correta implantação do empower-
rem decisões com base em informações fornecidas pelos gestores, ment é necessário:
aumentando sua participação e responsabilidade nas atividades 1. Um profundo compartilhamento das informações com to-
da empresa. Geralmente é utilizado em organizações com cultura dos os envolvidos. A informação é o objeto que destrói a incerteza.
participativa, que utilizam equipes de trabalho autodirigidas e que Ela é fundamental para a correta tomada de decisões. A Informação
compartilham o poder com todos os seus funcionários.
deve circular, de maneira clara, transparente e adaptada à condição
O empowerment está diretamente ligado ao conceito de lide-
e necessidade de cada equipe em particular. Algumas informações
rança e, também, cultura organizacional. Uma vez que não se pode
gerais para o bom entendimento do negócio e do cenário devem
criar uma cultura de delegação de poder aos funcionários em uma
ser compartilhadas com todas as pessoas, outras mais restritas e
empresa engessada e burocrática, sem uma estrutura de hábitos
e pensamentos preparada para isso. A empresa que pretende se sigilosas, apenas com as pessoas-chave.
utilizar de uma prática como o empowerment não pode ter uma 2. A abertura para uma real autonomia dando às pessoas não
cultura de tomada de decisões centralizada, por exemplo. somente as informações, mas o apoio e a liberdade necessária para
agirem. É preciso confiar nestes profissionais e incentivá-los a lide-
O empowerment possui quatro bases principais, que são: rar os processos em que estão envolvidos, e sob os quais assumi-
• Poder – dar poder às pessoas, delegando autoridade e res- ram responsabilidades. Uma cultura punitiva impede a autonomia;
ponsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar erros devem ser corrigidos, não punidos. A autonomia deve guiar-
importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia -se pela visão, missão e valores da empresa, assim como por seus
de ação. objetivos e metas, dentro do contexto dos sistemas e processos em
vigor na organização.
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3. Redução dos níveis hierárquicos e da burocracia que tor- verdade, algumas dessas habilidades só ganharam destaque recen-
nam as empresas lentas e rígidas. Através da prática de empower- temente, enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizando-
ment, equipes auto-gerenciadas podem atingir alta performance e -se. Vejamos algumas delas:
buscar a excelência em níveis muito superiores aos de empresas Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissional exige
centralizadoras. uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber se compor-
Seguindo estes 3 passos básicos, a empresa torna sua adapta- tar em público, honrar os compromissos e prezar pela organização
ção mais fácil e menos traumática. Gerando um ambiente apropria- no ambiente de trabalho.
do para o aprendizado dos funcionários a fim de torná-los tomado- Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário estar
res de decisão dentro da empresa.2 sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar a rou-
pa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo com
Eficácia no comportamento interpessoal. que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é certo
A postura profissional é o comportamento adequado dentro e o que é errado para cada ambiente.
das organizações, na qual busca seguir os valores da empresa para Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma questão de
um resultado positivo. bom senso, mas também uma questão de comprometimento pro-
fissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um ponto
A importância da qualidade positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do cola-
As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contínu- borador.
as aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao fe- Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e cumpra
nômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocupação os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade para os
com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores. compromissos marcados.
Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar seu Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é necessário
perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajustando ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo é uma
às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os no- obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em demais
vos desafios impostos pela realidade e atender às expectativas dos situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os limites no
clientes, as empresas precisam de profissionais competentes e que relacionamento com os outros é fundamental.
realizem suas atividades com qualidade. Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e aceitar
opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as pessoas a
Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor- também entenderem o seu ponto de vista, sem que este seja im-
porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia, posto ao demais.
significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constante em
seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma po- melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a postura pro-
sitiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agregam fissional, pois essa preocupação constante em melhorar é um ponto
valor ao seu trabalho. que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais.
Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico, mas
Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o o novo profissional deve demonstrar também esforço e interesse
profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas incansáveis para aprender.
a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O É necessário ter um ânimo permanente, disposição para o tra-
grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber balho e para correr atrás do que se quer.
se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e boa
disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compa- administração do seu tempo e das suas tarefas.
tível com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se Muitas organizações começam a mostrar interesse em investir
fazer entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir). na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é preciso uma
Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâmi- sólida relação de confiança mútua.
co, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que representa A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, nenhuma
qualidade para uma empresa não necessariamente o é para outra. relação profissional pode dar certo.
Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional, procure en-
tender quais são as competências valorizadas naquele ambiente de Há, ainda, outras características que certamente podem contar
trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para realizar suas tarefas pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência
com qualidade. diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per-
sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta);
As novas exigências cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade.
Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já A Conexão Profissional, na terceira edição da série Desafios
devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien- para se tornar um bom profissional, trata de mais um dos desafios
tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é pre- dos recém-chegados ao mundo corporativo: a atenção aos proces-
ciso se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já sos e às rotinas nas organizações.
podem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática? Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos
Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es- a serem dados é procurar compreender a rotina da organização.
colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve é
é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma indispensável para um bom desempenho e, principalmente, para a
vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental atenção contí-
de se executar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho nua aos processos. Com isso, você pode compreender o seu papel
que exigem uma nova postura profissional — a de desenvolver as na equipe e na organização, além de entender como os setores in-
“habilidades” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na teragem e qual a função e inter-relação de cada um, considerando
o conjunto.
2 Texto adaptado de Gustavo Periard
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Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar A COMPETÊNCIA TÉCNICA envolve o C.H.A em áreas técnicas
e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar específicas.
melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas
com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar a A COMPETÊNCIA INTERPESSOAL envolve o C.H.A nas relações
qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados. interpessoais.
Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber
o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil.
pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur- Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora
sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competiti- certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil.
vidade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa. Aristóteles
Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez
mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho. Como trabalhar bem com os outros? Como entender os outros
Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos e fazer-se entender?
só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emocio-
competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em- nal. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se nos recifes das
presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o paixões e dos impulsos desenfreados, pessoas com alto nível de QI
conjunto, melhores resultados.3 pode ser pilotos incompetentes de sua vida particular.
A aptidão emocional é uma capacidade que determina até
A competência interpessoal é habilidade de lidar eficazmente onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões que tenhamos,
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma incluindo o intelecto bruto.
adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da situ- Inteligência emocional: É a habilidade de lidar eficazmente
ação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma
com relações interpessoais de acordo com três critérios: adequada as necessidades de cada uma e as exigências da situação,
Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis observando as emoções e reações evidenciadas no comportamento
relevantes e respectiva inter-relação. do outro e no seu próprio comportamento.
Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo Inteligência intrapessoal: É a habilidade de lidar com o seu
que não haja regressões. próprio comportamento. Exige autoconhecimento, controle emo-
Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas cional, automotivação e saber reconhecer os sentimentos quando
continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, eles ocorrem.
como quando começaram a resolver seus problemas. Inteligência interpessoal: É a habilidade de lidar eficazmente
com outras pessoas de forma adequada.
Dois componentes da competência interpessoal assumem im-
portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O ELEMENTOS BÁSICOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada • Autoconhecimento: Conhecer a si próprio, gerar autocon-
da situação interpessoal. fiança, conhecer pontos positivos e negativos.
A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica- • Controle Emocional: Capacidade de gerenciar as próprias
ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em emoções e impulsos.
suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc. • Automotivação: Capacidade de gerenciar as próprias emo-
A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres- ções com vistas a uma meta a ser alcançada. Persistir diante de fra-
sões de uma outra na esperança de compreendê-la. cassos e dificuldades.
Novas COMPETÊNCIAS começam a ser exigidas pelas organiza- • Reconhecer emoções nos outros: Empatia.
ções, que reinventam sua dinâmica produtiva, desenvolvendo no- • Habilidade em relacionamentos interpessoais: aptidão so-
vas formas de trabalho e de resolução de conflitos. Surgem novos cial
paradigmas de relações das organizações com fornecedores, clien-
tes e colaboradores. Nesse contexto, as relações humanas no am- Fatores positivos do relacionamento
biente de trabalho tem sido foco da atenção dos gestores, para que Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num soma-
sejam desenvolvidas habilidades e atitudes necessárias ao manejo tório geral, irão contribuir para uma boa qualidade no atendimento
inteligente das relações interpessoais. interno e externo. Assim, desde que cumpridos ou atendidos re-
quisitos básicos de valorização do outro, estaremos falando de um
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA bom relacionamento. Os níveis de relacionamento aqui devem ser
Chamamos de competência a integração e a coordenação de elevados, tendo em vista sempre o direito de cada indivíduo de re-
um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (C.H.A.) que ceber com qualidade a supressão de suas necessidades.
na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada. O relacionamento entre pessoas é a forma como eles se tratam
e se comunicam. Quando os indivíduos se comunicam bem, e o gos-
C – conhecimento - SABER tam de fazer, se diz que há um bom relacionamento entre as partes.
H – habilidade – SABER FAZER Quando se tratam mal, e pelo menos um deles não gosta de entrar
A - atitude - QUERER FAZER em contato com os outros, é um mau relacionamento.

Fatores que interferem no trabalho em equipe


- Estrelismo;
- Ausência de comunicação e de liderança;
- Posturas autoritárias;
- Incapacidade de ouvir;
3 Por Rozilane Mendonça
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- Falta de treinamento e de objetivos; A curiosidade é inerente do comportamento receptivo.
- Não saber “quem é quem” na equipe.
Comportamento Defensivo
Fatores positivos do relacionamento O servidor não tem comportamento receptivo quando:
• parecem saber de tudo;
Comunicabilidade • nunca têm dúvidas;
• habilidade de expor as ideias; • que têm resposta para qualquer pergunta;
• clareza na comunicação verbal; • sempre têm certeza das coisas;
• é a qualidade do ato comunicativo otimizado, no qual a men- • que não admitem ser contestados;
sagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente e • têm todas as informações;
sem “ruídos”. • acham que estão sempre certos;
• tendem a colocar os outros na defensiva.
Objetividade • age como o “dono da verdade” - transmite a ideia de que
• relacionada com a clareza na informação prestada ao usuário. todos os outros são “ignorantes” e não têm nada de útil ou interes-
• é importante ser claro e direto nas informações prestadas, sante a dizer.
sem rodeios, dispensando informações desnecessárias à situação. • quando afirma suas verdades e não admite contestação -
transmite a mensagem de que vê a si mesmo como professor, con-
Eficiência siderando todos os outros como aprendizes.
• A Administração Pública deve atender o cidadão com agilida- • faz os ouvintes experimentarem sentimentos de inferiorida-
de, com adequada organização interna e ótimo aproveitamento dos de, o que produz um comportamento defensivo.
recursos disponíveis.
Habilidades necessárias ao bom relacionamento no trabalho
Presteza • Habilidade de comunicar ideias de forma clara e precisa em
• Manifestação do interesse em atender às necessidades do situações individuais e de grupo.
usuário. • Habilidade de ouvir e compreender o que os outros dizem.
• Habilidade de aceitar críticas sem fortes reações emocionais
Interesse defensivas (tornando-se hostil ou “fechando-se”)
• É importante mostrar-se interessado pelo problema/situação • Habilidade de dar feedback aos outros de modo útil e cons-
do cidadão-usuário. trutivo.
• Mostrar empenho para lhe apresentar as soluções. • Habilidade de percepção e consciência de necessidades, sen-
• O interesse na prestação do serviço está diretamente relacio- timentos e reações dos outros.
nado à presteza, à eficiência e à empatia.
• Habilidade de reconhecer, diagnosticar e lidar com conflitos e
Não apenas nas relações humanas assim como nas relações de hostilidade dos outros.
trabalho, colocar-se no lugar do outro (empatia) garante maior sen- • Habilidade de modificar o meu ponto de vista e comporta-
sibilidade e interesse ao usuário do serviço público. mento no grupo em função do feedback dos outros e dos objetivos
a alcançar.
Tolerância • Tendência a procurar relacionamento mais próximo com as
• É a tendência em admitir que modos de pensar, agir e sentir pessoas, dar e receber afeto no seu grupo de trabalho.
são diferentes de pessoa para pessoa.
• É tolerante aquele que admite as diferenças e respeita à di- Órgão, servidor e opinião pública
versidade. A opinião pública tem uma visão estereotipada do funcionário
Discrição público. Nesta visão, são realçados os aspectos negativos: menor
• Ser discreto é ter sensatez, ser reservado, recatado e des- empenho no trabalho, descaso na prestação de serviços e acomo-
cente. dação nas rotinas do emprego etc.
• Não devemos confundir com o princípio da publicidade. Os Esta é uma visão muito antiga.
atos administrativos devem seguir o princípio da publicidade que Desmistificar um estereótipo social é sabidamente uma tarefa
significa manter a total transparência na prática dos atos da Admi- de paciência e que demanda tempo. É necessária uma estratégia,
nistração Pública. permanente e progressiva de esclarecimento da sociedade civil, a
• Ser discreto nas relações de trabalho e nas relações com o fim de mostrar o porquê da existência do servidor público e sua
cidadão-usuário é preservar a privacidade e a individualidade, não necessidade. O porquê de sua necessária e constante valorização.
invadir a privacidade, não espalhar detalhes da vida pessoal nem A Constituição de 1988 estabelece que a única maneira de pro-
tampouco detalhes de assuntos que correm em segredo de justiça. vimento de cargos públicos efetivo é através de concurso. Atual-
mente, a maior parte do funcionalismo público de cargos efetivos é
Comportamento receptivo e defensivo formada por servidores concursados, aprovados em certames que
exigem muito preparo.
Comportamento Receptivo Mas, uma boa parte dos cargos comissionados, a maioria car-
Significa perceber e aceitar possibilidades que a maioria das gos de gestão, são ocupados por servidores nomeados segundo cri-
pessoas ignora ou rejeita prematuramente. térios de interresses políticos. Isso gera um quadro onde o servidor
Pode ser de natureza sensorial ou psicológica. tem uma boa formação, mas os chefes são amadores.
No primeiro caso a pessoa se caracteriza por estar atento ao
que acontece a sua volta.
No segundo a característica é de pessoa de mente aberta e sem
preconceitos à novas ideias.
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Além disso, há uma gama de outros funcionários selecionados Tudo e todos comunicam. Cada integrante de uma organização
pelo critério “quem indica”, contratados temporariamente, ou ter- é um agente responsável por ajudar o cidadão a saber da existência
ceirizados, ou para Consultoria e cujos contratos são renovados inú- de informações, ter acesso fácil e compreensão, delas se apropriar e
meras vezes equivalendo na prática a quase um cargo permanente. ter a possibilidade de dialogar e participar em busca da transforma-
Infelizmente há ainda esses que caem de paraquedas no serviço ção de sua própria realidade. (DUARTE, Jorge, 2007, p. 68).
público. O Estado, portanto, fala por meio de seus servidores. Ao aten-
Entretanto, o que se percebe é que a cena da repartição cheia der o cidadão, ele é um braço do Estado em posição estratégica
de máquinas de datilografia e cadeiras com paletós sobre elas re- de porta-voz dos serviços disponíveis e “tradutor” de normas e
pousando, hoje é tão pitoresca quanto rara. procedimentos, incumbido de adequar o conteúdo e a linguagem
É claro que exames rigorosos para admissão de novos servido- a cada demanda e a cada interlocutor. Além disso, também está em
res aumentam a qualidade do funcionalismo , mas não é só isso. É situação privilegiada para captar as impressões, críticas, desejos e
preciso estruturar carreiras no serviço público com cursos obrigató- necessidades do público, na medida em que o contato direto coti-
rios e específicos para o setor público. diano com os cidadãos oferece subsídios para identificar fragilida-
Os cidadãos estão cada vez mais conscientes de que o serviço des no atendimento, nos processos, na divulgação dos serviços e na
público que lhe é prestado não é gratuito: é muito caro. Pagam- própria política.
-se tributos de várias espécies, numa complexa configuração fiscal Lipsky (1980) destaca que esses atores têm informações que
(cumulatividade, bi-tributação, efeito cascata, guerra fiscal, etc...) podem indicar caminhos para aprimorar as políticas e promover a
que precisam arcar, inclusive, com os custos da burocracia excessiva gestão democrática dos programas. O valor estratégico da media-
e da provisão para fraudes. ção que os servidores fazem entre o Estado e a sociedade, não só
A sociedade está ciente de que o serviço público deve ser efi- como executores, mas também definidores dessa relação, chama a
ciente e de que o servidor público está ali para servir a sociedade. atenção para a análise do seu papel na grande rede social interliga-
O emprego público deve explorar as habilidades que fizeram o da ao Estado.
candidato ser empossado. A remuneração, a depender da carreira, O que alimenta o funcionamento de uma organização é o que o
deve ser mantida em níveis competitivos ao da esfera privada. Mas, funcionário sabe. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Nessa perspectiva,
nada disso visa a efemeridade do “status” que alguns servidores ele é percebido não como cumpridor de planos, mas um negocia-
públicos apreciam. Tudo visa o fim público, objetiva a satisfação das dor, capaz de incentivar o diálogo, coletivizar ideias, formular alter-
necessidades coletivas. nativas e articular a ação conjunta.
Uma nova política de recursos humanos é necessária. Deverá A complexidade dos problemas sociais requer retroalimenta-
ser permanente e estar em constante aperfeiçoamento, produzin- ção e aprendizagem constantes, decodificação das informações re-
do, na ponta, servidores mais críticos, competentes, inovadores e cebidas, flexibilização de regras e disseminação de conhecimento.
cientes de sua missão pública. Essa é a única forma de se resgatar, Sob essa perspectiva, os servidores se revelam duplamente agen-
perante a sociedade, a dignidade da função, e se ganhar do público, tes de comunicação pública: como agentes melhor posicionados
o reconhecimento devido. para contribuir com informações e conhecimento para aprimorar
Perante a sociedade, maus servidores não têm direitos - nem os serviços públicos (levando informação do cidadão para o Estado
de grevar, porque são dispensáveis. Bons servidores, ao contrário, e deste para o cidadão) e também como agentes encarregados de
competentes e atenciosos, tornam-se mais fortes e reconhecidos, efetivar as políticas públicas.
porque imprescindíveis. Não adianta simplesmente lutar pelo salá- A comunicação dirigida face a face pode viabilizar soluções
rio sem ter postura e ética na hora de servir.4 cotidianas para os cidadãos que solicitam atenção e esperam por
informações corretas. Além disso, Argenti (2006) afirma que a cre-
O servidor na interação entre o Estado e a sociedade dibilidade adquirida por meio do relacionamento com grupos espe-
Ao trazer para o debate a importância de priorizar os servido- cíficos tende a surtir mais efeito que campanhas e anúncios corpo-
rativos massivos.
res públicos nos processos de comunicação e relacionamento, par-
As organizações públicas, e especificamente as administra-
te-se do pressuposto de que é no dia a dia, no atendimento face a
ções municipais, que desejam atingir resultados na implantação
face que o Estado mais é chamado a se posicionar.
das práticas de comunicação com seus cidadãos precisam utilizar
E é nessa circunstância de interação direta entre os represen-
com eficiência o contato direto com estes, gerando interatividade e
tantes do governo e aqueles que compõem a sociedade, que a ima-
contribuindo para a constituição de imagem favorável. (GERZSON;
gem construída nos demais meios de comunicação se confirma ou
MULLER, 2009, p. 65).
é atirada por terra.
Woodrow Wilson, um dos inspiradores do paradigma clássico
A maioria das críticas ao governo é recebida pela equipe de
da administração pública, já em 1887, demonstrava a importância
trabalho antes de chegar às autoridades eleitas. E quem mais exer-
de aproximá-la da sociedade. Ele defendia a eliminação do anoni-
ce esse papel de “para-raios” é o servidor que trabalha em contato mato burocrático e a discricionariedade como formas de aumentar
direto com o cidadão. Seja nos setores destinados exclusivamente a responsabilidade e criticava a desconfiança ilimitada nos adminis-
ao atendimento de reclamações e solicitações, seja na portaria, na tradores e nas instituições públicas.
rua, na obra, nas escolas, nas unidades de saúde ou nos setores Considerando tais questões, abordar a comunicação pública
administrativos. Independentemente de seu perfil e função, ele é sob o prisma da relação individual entre servidor e cidadão é uma
reiteradamente indagado pelo cidadão sobre os serviços oferecidos tentativa de compreender as estratégias e os mecanismos envolvi-
pela administração pública, bem como sobre as formas de acesso e dos na comunicação formal e informal e o modo como os servidores
os prazos de execução. lidam com os interesses e as demandas dos cidadãos.
Atendentes, motoristas, recepcionistas, dirigentes, telefonis- Chamar a atenção para o papel dos servidores na adequação
tas, técnicos, terceirizados, representam uma instituição aos olhos das políticas governamentais é considerar que ações públicas não
do público externo. são isentas. Elas trazem a marca dos interesses e das percepções de
seus executores, o que pode causar distorções entre as necessida-
4 Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com.br
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des dos cidadãos e o que o Estado lhes oferece. (SKOCPOL, 1985). Do ponto de vista comportamental, muito do que se sabe so-
Busca-se, portanto, destacar a necessidade de considerar que o Es- bre as estratégias de interação entre os servidores e os cidadãos
tado se submete não só a interesses localizados na sociedade, mas deve-se às pesquisas empíricas desenvolvidas por Lipsky (1980). O
também aos interesses de seus próprios membros. autor afirma que os servidores públicos desenvolvem um conjunto
Segundo Rhodes (1986), implícito à concepção de redes está o de estratégias que são postas em ação de acordo com o tipo de
argumento de que a implementação é um elemento-chave no pro- demanda existente.
cesso político, pois os objetivos iniciais podem ser substancialmen- Chamado de “burocrata no nível da rua”, por Michael Lipsky
te transformados quando levados à prática. (1980), o servidor focado nesse estudo trata-se de um prestador de
Porém, a concepção tradicional da administração pública pres- serviços públicos, diretamente atuante na oferta desses serviços e
supõe que as políticas são implementadas tal como foram planeja- com contato pessoal com os usuários. A burocracia de nível de rua
das, desconsiderando o contexto e as especificidades de quem as (street level bureaucracy) considera que os escalões mais baixos são
implementa e de quem as recebe. Focar as redes numa perspectiva essenciais para o funcionamento efetivo e prega que a aproxima-
micro possibilita perceber in loco como, de fato, a implementação ção ajuda a definir a relação entre Estado e sociedade. (FERRAREZI,
das políticas é efetivada. 2007).
O distanciamento hierárquico e a falta de interação entre os Dasso Junior (2002) destaca que o papel a ser desempenhado
formuladores (agentes políticos) e implementadores (agentes ad- pelos servidores diante da necessidade de flexibilizar procedimen-
ministrativos) podem gerar distorções em ambos os processos, re- tos burocráticos incongruentes com a realidade dos atendimentos
fletidas na distância entre a política planejada e a política que chega passa por reconstruir a capacidade analítica do Estado. É preciso
ao cidadão. A implementação dos programas criados nos níveis hie- “dotar a administração pública de capacidade para dar respostas
rárquicos superiores pode diferir do que foi proposto, por diversos às demandas sociais, definidas através de processos participativos”.
motivos: a falta de entendimento, a não explicitação dos objetivos, (DASSO JUNIOR, 2002, p. 13). Para isso, o autor defende a flexibili-
os interesses políticos de quem implementa a ação, a (re)significa- zação e redução da estrutura hierárquica, bem como a inclusão dos
ção em função da vivência e percepção do servidor, ou mesmo a servidores na formulação e gestão das políticas.
adaptação consciente às condições de trabalho ou às condições es- “O instrumento fundamental de ação do servidor é a informa-
pecíficas dos cidadãos atendidos. ção, o que requer capacidade de captar, transferir, disseminar e uti-
Dentre os fatores que podem levar a essa desconexão está o lizá-la de forma proativa e interativa.” (JUNQUEIRA; INOJOSA, 1992,
fato de que os trabalhadores que estão em suas atividades diárias p. 29). Mas, para alterar o formato instrumental de comunicação, é
em contato direto com os cidadãos possuem suas próprias referên- preciso vencer resistências e posições arraigadas. A construção de
cias; eles agem em respeito a elas (...). É relevante o fato de as po- relacionamentos requer a superação de barreiras como a resistên-
líticas públicas serem executadas no nível da rua, por funcionários cia de gestores e servidores historicamente acostumados com es-
muitas vezes desconhecedores das políticas conforme o desenho truturas hierarquizadas e com um processo verticalizado e marcado
original, desmotivados, sobrecarregados, trabalhando sob situação pela apropriação e pelo controle da informação.
de estresse devido ao alto grau de incerteza inerente à diversida- Ao se analisar o Estado após o processo de redemocratização
de das necessidades dos clientes e aos parcos recursos disponíveis, do Brasil, é possível verificar que a incapacidade de os governos
quer para o pagamento dos salários, quer para a execução mesmo centrais darem respostas a demandas sociais cada vez mais com-
das políticas. (SCHMIDT, 2006, p. 17-18). plexas, diversas e conflitantes, cujos atores reivindicam atenção di-
Hogwood e Gunn (1993) listam diversas precondições para a ferenciada, resulta na descentralização administrativa.
adequada implementação das políticas públicas. Dentre outros fa- Embora tal medida, baseada no modelo da nova gestão públi-
tores, eles apontam o acordo sobre os objetivos, a perfeita comuni- ca, busque proporcionar mais flexibilidade e autonomia para apro-
cação e coordenação e a obediência aos superiores. Considera-se, ximar as estruturas de decisão dos cidadãos, a tendência dos gover-
no entanto, que tais aspectos dificilmente serão totalmente atendi- nos em implementar políticas autorreferentes persiste. Verifica-se
dos porque os indivíduos tendem a resistir a serem tratados como uma proliferação de decisões “por um pequeno círculo que se loca-
meios. Eles interagem como seres integrais, trazendo suas próprias liza em instâncias enclausuradas na alta burocracia governamental”.
perspectivas. (DINIZ, 1998, p. 34).
Mesmo que a formalidade burocrática vise a padronizar proce- Assim, o desenho institucional trazido pela nova administração
dimentos, os servidores têm uma certa liberdade de decisão. Sua pública aumentou o isolamento dos decisores. (DINIZ, 2000). Via de
adaptação às normas pode ser feita de modo a desvirtuar comple- regra, eles trabalham em gabinetes distantes dos pontos de atendi-
tamente os objetivos, ampliando ainda mais as cobranças relativas mento e não mantêm contato frequente com os cidadãos atingidos
aos procedimentos burocráticos irrelevantes ou promovendo uma por suas decisões. Por outro lado, a maioria daqueles que mantêm
adaptação favorável ao cidadão, explicando os trâmites de forma contato cotidiano com os cidadãos no processo de implementação
simplificada, apontando alternativas ou mesmo flexibilizando as e disponibilização das políticas, nos balcões de atendimento, repre-
normas para melhor atender cada cidadão. sentando o governo em reuniões com os diferentes grupos asso-
Assim, as prioridades outorgadas pelos planejadores também ciativos da sociedade civil, ou executando políticas de educação,
são influenciadas pelo poder político de instâncias do próprio po- saúde, habitação, infraestrutura e assistência social, exerce suas
der público. Destaca-se, então, a importância de focar a tríade go- funções longe dos níveis hierárquicos estratégicos. Não raro, seu
verno-servidor-cidadão na comunicação pública. Entende-se, neste papel é considerado inexpressivo no modelo top-down de imple-
caso, que o governo é o agente do primeiro escalão, responsável mentação de políticas.
por grandes decisões e por formatar e planejar a implantação das A participação no gerenciamento pode criar motivação para o
políticas públicas. Por outro lado, considera-se que tanto a política trabalho e mais independência além, é claro, de proporcionar mui-
quanto a comunicação pública direcionadas ao cidadão só se efeti- tos benefícios para a instituição, que poderá entender melhor as
vam na ação, e o servidor que as implementa pode alterar o curso demandas do cidadão, ao mesmo tempo em que o beneficia com
delas. um atendimento mais adequado.
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Resolver problemas, seguidas vezes partindo do zero e utilizar relacional e que, em razão desta posição, possuem maior poder de
esforços em duplicata são, segundo Davenport e Prusak (1998), prá- influenciar a comunicação entre os indivíduos com os quais se re-
ticas comuns nas quais o conhecimento14 de soluções já criadas lacionam.
não é compartilhado. Os autores destacam que há um saber oculto, A análise de rede aponta o poder de influência dos atores com
em estado latente no processo de trabalho e na mente dos traba- base em diferentes aspectos posicionais. Ela identifica não só os
lhadores, que pode ser conhecido e socializado. A transferência de líderes de opinião, caracterizados como aqueles que mais influen-
conhecimento nas organizações também ocorre nas conversas in- ciam as atividades, os relacionamentos e as informações na rede,
formais e contatos pessoais. O desafio é transformar o conhecimen- mas também os membros pelos quais passam os fluxos mais in-
to latente em linguagem comunicativa, de modo a incorporá-lo ao tensos, aqueles que mais intermedeiam contatos ou aqueles cujo
processo de trabalho e ao patrimônio da instituição. potencial pode ser melhor explorado; além das conexões diretas
Tal como destacam tais autores, se a realidade política de uma e indiretas, o grau de reciprocidade; a interação dentro e entre os
organização permite que se multipliquem enclausuradores do co- subgrupos e a coesão das relações. De forma análoga, também é
nhecimento, o intercâmbio será mínimo. Eles defendem que, ao possível identificar aqueles que constituem barreiras, comprome-
invés de as informações serem represadas nos altos escalões ou tendo o processo comunicacional.
mesmo em nível gerencial, elas tenham fluxo entre os níveis hie- Assim, a análise da comunicação organizacional, sob o prisma
rárquicos e cheguem à ponta, aos funcionários que representam das relações em rede, possibilita responder questões como: com
diretamente a organização nos atendimentos cotidianos. Assim, a quem cada indivíduo busca informação sobre determinado assun-
informação constituiria não só recurso estratégico para o planeja-
to; quais deles se conhecem ou quem tem acesso a quem; com que
mento, controle e tomada de decisão, mas também para embasar
frequência trocam informações; se os colegas sabem com quem
as ações cotidianas.
buscar cada tipo de informação; se utilizam tais fontes; que tipo de
relação estabelecem. Mais que responder tais questões, a análise
Análise de redes sociais na comunicação organizacional
A abundância de fluxos e demandas informacionais requer demonstra como cada aspecto influencia a estrutura de relações
reconhecer a organização como ator social com influências mul- do grupo.
tidirecionais. Nessa perspectiva, a rede não é apenas uma cadeia A rede considera a dinâmica dos objetos empíricos das ciên-
de vínculos, mas também uma maneira de analisar e entender os cias sociais e, portanto, é mutável. Ela possibilita indicar mudan-
processos de comunicação no contexto das organizações de uma ças e permanências nos modos de comunicação e transferência de
forma dinâmica e próxima da prática cotidiana, considerando-se as informações, nas formas de sociabilidade, aprendizagem, autorias,
relações que as constituem. escritas e acesso aos patrimônios culturais e de saberes das socie-
Ao estabelecer vínculos internos e externos entre diferentes dades mundializadas. (MARTELETO, 2010, p. 28).
conjuntos de ação, a análise das redes de comunicação possibilita Com isso, as redes constituem um meio de aprimorar a comu-
estabelecer nexos explicativos entre as relações dinâmicas do sis- nicação, respeitando a autonomia e as diferenças individuais, onde
tema do “nós” da comunidade de comunicação com o ecossistema cada um constitui uma unidade em si, único em forma e posição.
externo do “eles” possibilitando, inclusive identificar suas dialéticas Ao considerar a capacidade e os recursos informacionais de cada
na definição cognitiva de um campo de ação comum. (HANSEN, membro e sua competência em compartilhá-los, a rede possibilita
2006, p. 2-3). melhor promover articulações tanto na concepção quanto na exe-
Dentro das organizações, pode-se utilizar a metodologia de cução de suas funções.
rede para identificar relações de cooperação e conflito, bem como A comunicação no contexto das organizações como processo
para avaliar a influência da hierarquia e de interesses individuais relacional entre seus membros e destes com redes externas não é
nas relações, as interações dentro dos setores e transetoriais, as restrita às relações hierárquicas e aos meios formais. Mais que as
competências e as relações de poder. No aspecto das redes exter- estratégias utilizadas pelos meios de comunicação institucional e
nas, cabe considerar o atendimento, a captação de informações mais ainda que os aspectos estritamente hierárquicos, analisar a
que possibilitem adequar às demandas e as relações estabelecidas comunicação nesse contexto requer uma abordagem a partir dos
com outras organizações. vínculos, construídos intencionalmente ou não e que estão em
Se por um lado, a análise de redes sociais trabalha com os mes- constante interação e transformação.
mos instrumentos de captação de dados utilizados pelas ciências
sociais: questionários, entrevista, análise documental; por outro,
A comunicação não é algo estanque. Ela existe a partir de uma
ela oferece novas possibilidades na análise de tais dados.
rede de relações que produz múltiplos sentidos. Nessa concepção, a
proposta é abordar a comunicação organizacional como um proces-
A análise de redes sociais tem uma dimensão propriamente so-
so social capaz de reconfigurar-se e reconfigurar continuamente a
cial e comunicacional, que permite traçar os elos, as interações e as
motivações dos atores em função do convívio (concreto ou virtual) e organização. Ao mesmo tempo em que ela constitui a realidade da
dos interesses e dos objetivos compartilhados. (MARTELETO, 2010, organização, ela modifica estruturas e comportamentos.
p.39) Embora a análise de redes possibilite mapear o fluxo informal
Nessa rede cujos nós são conectados pela relação que estabe- de informações, percebe-se que os atores mais centrais são os líde-
lecem, percebe-se que não só emissor e receptor se ajustam e se res formais. Gerentes e coordenadores possuem grande influência
influenciam na interação como também recebem outras influências sobre o fluxo de informação. A unilateralidade das relações aponta
diretas e indiretas. A análise de redes sociais possibilita mapear e uma reduzida permeabilidade da rede ao cidadão. Os atendentes,
analisar não apenas a mútua afetação, mas múltiplas afetações de- cuja função é manter contato direto com o cidadão, em geral, es-
correntes das interações intraorganizacionais e sociais mais amplas. tão à margem. Atores periféricos, eles interagem com o ambiente
No enfoque da rede, ter prestígio significa ser um ator que re- externo e captam novos elementos que poderiam possibilitar a ino-
cebe mais informações do que envia. (WASSERMAN; FAUST, 1999, vação dentro da rede. No entanto, sua tímida participação no envio
p. 173). Sendo assim, a partir da análise das ligações é possível de informações para os demais faz com que grande parte dessas
identificar indivíduos mais bem posicionados em relação ao fluxo informações se percam.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Considerando o servidor como ator com grande potencial não Empatia e a Comunicação
só para a definição e implementação de políticas públicas, como A empatia é uma forma de compreensão definida como: capa-
também para a participação individual do cidadão, o mapeamento cidade de perceber e de compreender os sentimentos de uma outra
da rede e a análise das relações indicam a necessidade de incentivar pessoa. Uma condição psicológica que permite a uma pessoa sentir
o aumento da densidade das relações e a reciprocidade dos laços. o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância experimen-
O histórico de reformas administrativas e a influência dos di- tada por outra pessoa.
versos modelos de gestão pública emergem. A rede está inserida Um olhar, um tom de voz um pouco diferente, um levantar de
no centro da aposta de uma administração gerencialista focada em sobrancelhas, podem comunicar muito mais do que está contido
metas e resultados. No entanto, a reprodução do organograma nas em uma mensagem manifestada através das palavras.
relações informais é um indicativo da influência do padrão burocrá-
tico de administrar. Comunicação não-verbal
Desconsiderar a ponte entre a rede intraorganizacional e a rede A expressão não-verbal é um poderoso complemento, e às ve-
extraorganizacional do órgão como elemento estratégico de acesso zes um substituto, para a mensagem verbal. Apesar da expressão
ao cidadão por meio da interação pessoal é criar uma barreira. É corporal assumir até mais importância do que a expressão verbal
por meio da interação entre as redes que elas se renovam. A troca ela é comumente posta em segundo plano. Quando você estiver
de informações é que as torna dinâmicas e possibilita inovações. se comunicando com seu cliente preste atenção nos sinais que seu
corpo e o do seu cliente estão emitindo. Saiba ler nestas entre li-
A comunicação é a utilização de qualquer meio pelo qual uma nhas e garanta melhores negócios. Seja simples e natural.
mensagem é transmitida. Podemos dizer que a comunicação é a A comunicação, quando eficaz, se dá através de atos simples
transmissão de um modo de pensar, de ser e de sentir. Seu objetivo e naturais, resultados de treino e observação. A simplicidade e a
é influenciar com o objetivo de se obter uma reação específica de naturalidade estão presentes quando identificamos e afastamos os
quem recebe a mensagem. obstáculos que interferem na comunicação.
É através da comunicação que as pessoas conseguem expressar
suas emoções, motivar outras pessoas, transmitir fatos, opiniões e O que é comunicação?
experiências. É preciso que se tenha um bom conhecimento sobre É uma busca de entendimento, de compreensão. É uma liga-
como bem utilizar esta ferramenta. Saber comunicar é um atributo ção, transmissão de sentimentos e de ideias. Ao se comunicar o in-
que todos nós possuímos, porém, alguns sabem utiliza-la melhor divíduo coloca em ação todos os seus sentidos com o objetivo de
do que os outros. transmitir ou receber de forma adequada a mensagem.
É preciso que a comunicação, como ferramenta, seja usada em A comunicação na Administração Pública volta-se à:
benefício do indivíduo e da empresa. • Comunicação assertiva – utiliza técnicas que desenvolvem
Um grande engano ocorre quando se confunde comunicação uma linguagem corporal e verbal capaz de garantir segurança e cre-
com falar. Comunicação é muito mais do que simplesmente o ato da dibilidade em reuniões e contato com clientes internos e externos,
fala. Ela envolve outros sentidos que, na maioria das vezes, não são além de contribuir para a adequada transmissão de informações
considerados como importantes. Ver, ouvir, sentir são, constante- perante as equipes de trabalho;
mente, esquecidos quando se discute o processo de comunicação. • Comunicação eficaz para multiplicadores internos – foca o
Muitas pessoas falam, e por não saber COMUNICAR provocam da- corpo técnico do órgão público, com o objetivo de potencializar a
nos irreparáveis na sua rede de relações humanas, principalmente comunicação dos colaboradores, aprimorando a sua atuação em
na rede de relacionamentos profissionais. reuniões e contato com clientes por meio de uma linguagem dinâ-
Muitas pessoas escutam mas não ouvem, muitas olham mas mica, segura e objetiva.
não vêem. Ouvir requer muita prática e paciência. Requer a capaci-
dade de saber segurar o impulso da impaciência para deixar a outra Barreiras ocorrem quando a comunicação se estabelece mal ou
pessoa se expressar. Quando realmente estamos ouvindo, uma for- não se estabelece entre pessoas ou entre grupos. Daí resultam al-
te conexão é estabelecida entre nós e o outro. Uma ligação invisí- guns fenômenos psíquicos (CIEE, 2013):
vel que nos conecta e nos permite ocuparmos o lugar do outro, e • Ruído é a interrupção da comunicação através de mecanis-
com isso conseguimos entender melhor que esta outra pessoa é e mos externos, sons estranhos à comunicação, visualizações que
o que ela deseja. Quando você estiver ouvindo, foque sua atenção comprometem a comunicação, ou mecanismos utilizados pelo locu-
somente na outra pessoa. Escute, veja, sinta o que ela tem a di- tor, que seja incompreendido pelo interlocutor. A partir do momen-
zer. Escute não somente o que está sendo dito, mas preste atenção to em que se elimina o ruído a comunicação tende a se estabelecer.
principalmente no que não está sendo dito. • Bloqueio é a interrupção total ou provisória da comunicação
e paradoxalmente parecem comprometer menos a evolução da co-
‘Leia’ a expressão corporal, sinta a energia transmitida, veja a municação do que a filtragem.
luz que brilha no olhar do outro. Quando você realmente souber • Filtragem é o mecanismo de seleção, danosa, dos aspectos
ouvir um mundo de oportunidades surgirá. Ouça seus clientes, sua da comunicação que erroneamente interessam aos interlocutores.
família, seus amigos e você aprenderá muito com eles; principal-
mente a ouvir você mesmo. Ouça, pergunte, compreenda e, só en- De acordo com o CIEE, o surgimento de um bloqueio obriga os
tão, dê a sua resposta. interlocutores a questionar suas comunicações e geralmente lhes
Saber ouvir permite reatá-las e restabelecê-las em clima mais aberto e em uma
Um ouvinte eficiente é aquele que ‘ouve’ com todos os seus base mais autêntica. Desde que cada interlocutor, tenha tomado
sentidos, emoções e sentimentos. Um bom ouvinte deve ser capaz consciência de que neles, e entre eles, existam obstáculos às suas
de pensar rapidamente para sintetizar e encontrar prontas respos- trocas. Em caso de filtragem, a comunicação tende a acompanhar-
tas para aquilo que o transmissor está comunicando. Saber ouvir -se de reticências e de restrições mentais, degradando-se pouco a
exige reflexão, questionamento e poder de síntese sobre aquilo que pouco em mensagens cada vez mais ambíguas e equivocadas.
está acontecendo. Alguns aspectos podem ser refletidos com a finalidade de mini-
mizar as barreiras na comunicação, segundo o CIEE:
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Comunicação é sempre uma via de mão dupla. Uma das me- 3. A comunicação como base de lançamento de valores
lhores maneiras de fortalecer a comunicação é desenvolver a ha- Função: expressão de cultura. O sistema de comunicação é fon-
bilidade não apenas de falar, mas de ouvir também. Dar a atenção te de irradiação de valores. No planejamento, um conjunto de prin-
completa, inclusive com os olhos e as expressões faciais. Quando cípios valorativos se faz necessário para alimentar a cultura interna
concentramos nossa atenção, mostrando que não estamos apenas e projetar o conceito junto aos diversos públicos-alvo. Os valores
escutando com os ouvidos, poderemos nos identificar com o que a devem estar centrados no interesse e no papel da instituição, não
outra pessoa está sentindo ou experimentando. Consequentemen- nos interesses do dirigente. É claro que ele irá imprimir a sua marca,
te, a pessoa que nos fala também nos dará a atenção que deseja- mas a identidade institucional é o foco principal.
mos quando formos nós os locutores.
• É preciso o momento certo para se comunicar. Às vezes pas- 4. A comunicação como base de cidadania
samos por cima dos sentimentos das pessoas, sem observarmos se Função: direito à informação. A comunicação deve ser enten-
estão preparadas para ouvirem determinadas coisas ou se aquele dida como um dever da administração pública e um direito dos
momento é adequado para uma conversa mais séria. É preciso boa usuários e consumidores serviços. Sonegar tal dever e negar esse
vontade e discernimento para saber qual a melhor ocasião para que direito é um grave erro das entidades públicas. Os comunicadores
o diálogo seja eficaz. precisam internalizar esse conceito, na crença de que a base da ci-
• A precipitação ao responder pode ser prejudicial. Esperar o dadania se assenta também no direito à informação.
outro terminar de dizer o que pensa, para que então se possa emitir
o próprio pensamento, pode ser uma grande arma para resolver 5. A comunicação como função orientadora do discurso dos
uma barreira de comunicação. Às vezes pensamos que sabemos o dirigentes
que o outro vai dizer e, sem vacilar, cortamos o seu momento na Função: assessoria estratégica. Essa é uma das mais relevan-
conversa. Somente depois descobrimos que não era nada daqui- tes funções da comunicação. Trata-se de elevar o status do sistema
lo que iria falar, correndo o risco de criarmos uma barreira ainda de comunicação ao patamar estratégico de orientação das cúpulas
maior. dirigentes. Essa função exige dos comunicadores boa bagagem con-
• É preciso estar aberto à cordialidade. Nunca será demais ceitual e cultural.
estarmos dispostos a desejar um bom dia, pedir desculpas, dizer
obrigado, pedir por favor... e a sorrir. Às vezes, gestos como estes 6. A comunicação como forma de mapeamento dos interes-
desarmam mecanismos de defesa e formas de ser não muito dadas ses sociais
ao contato pessoal, ao diálogo e à interação. Função: pesquisa. Há de se considerar a prospecção ambiental
como ferramenta importante do planejamento estratégico de co-
O exercício de se colocar no lugar do outro (empatia) permite municação. Afinal de contas, a pesquisa é que detecta o foco, os
fazer da comunicação um importante instrumento de fortalecimen- eixos centrais e secundários, as demandas e expectativas dos re-
to das relações interpessoais. ceptores.
Gaudêncio Torquato destaca as funções da comunicação na Ad-
ministração Pública: 7. A comunicação como forma de orientação aos cidadãos
Um dos modos eficientes de planejar a comunicação na admi- Função: educativa. Nesse aspecto, a comunicação assume o
nistração púbica é espelhar seus programas em um leque de fun- papel da fonte de educação, pela transmissão de valores, ideias e
ções. A seguir, um pequeno roteiro com 10 funções. cargas informativas que sedimentarão a bagagem de conhecimento
dos receptores.
1. A comunicação como forma de integração interna – dia-
pasão 8. A comunicação como forma de democratização do poder
Função: ajustamento organizacional. Os ambientes internos, Função: política. Compartilhar as mensagens é democratizar o
alimentados por eficientes fontes de comunicação, motivam-se e poder. Pois a comunicação exerce um poder. Assim, detém mais po-
integram-se ao espírito organizacional, contribuindo de forma mais der quem tem mais informação. Nas estruturas administrativas, tal
eficaz para a consecução das metas. poder é maior nas altas chefias. E quando se repartem as informa-
ções por todos os ambientes e categorias de públicos, o que se está
2. A comunicação como forma de expressão de identidade – fazendo, de certa forma, é uma repartição de poderes.
tuba de ressonância
Função: Imagem e credibilidade. O Poder Executivo sofre cons- 9. A comunicação como forma de integração social
tantemente da desintegração das estruturas e equipes, o que acaba Função: social. A comunicação tem o dom de integrar os gru-
gerando dissonância na comunicação. E dissonância fragmenta a pos pelo elo informativo. Ou seja, quem dispõe das mesmas infor-
identidade governamental. A comunicação integrada e comandada mações pode entender melhor seus semelhantes, dialogar, colocar-
por um polo central tem condições de equacionar esse problema. -se no lugar do interlocutor. A comunicação, como a língua, exerce
O poder legislativo carece de um planejamento de comunica- o extraordinário poder de integrar as comunidades, unindo-as em
ção externa, voltado para traduzir todas as funções e atividades, torno de um ideal.
salvaguardando a imagem da instituição. O poder judiciário, o mais
fechado, carece da mesma intensificação de programas de comuni- 10. A comunicação como instrumento a serviço da verdade
cação externa. Função: ética. Não se deve transigir. A verdade deve ser a fonte
de inspiração da comunicação pública. Até porque a mentira e as
falsas versões acabam sendo desmascaradas. A comunicação preci-
sa servir ao ideário da ética, valor básico dos cidadãos.5

5. Obtido em http://votoemarketing.blogspot.com.br/2010/02/fun-
coes-da-comunicacao-na-administracao_28.html
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A comunicação pode ser formal e informal. A comunicação ins-
titucional é formal e diz respeito a qualquer tipo de informação que ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL
tenha caráter oficial de uma instituição pública ou privada.
De acordo com Aluízio Ferreira (1997, 236), “é toda informação
cuja fonte ou proveniência seja uma entidade ou órgão estatal, ou Administração de recursos humanos
um ente privado que realize atividades que tenha caráter público”.
Em Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada, Finalidades da gestão de pessoas
Margarida Maria Krohiling Kunsch (2003, 165) afirma que “a comu- Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos
nicação institucional é a responsável direta, por meio da gestão es- (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir
tratégica das relações públicas, pela construção e formação de uma os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou
imagem e identidade corporativas fortes e positivas de uma organi- recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento,
zação. A comunicação institucional está diretamente ligada aos as- recompensa e avaliação de desempenho. É o conjunto de decisões
pectos corporativos institucionais que explicitam o lado público das integradas sobre as relações de emprego que influencia a eficácia
organizações, constrói uma personalidade creditiva organizacional dos funcionários e das organizações (CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus
e tem como proposta básica a influência político-social na socieda- objetivos são:
de onde está inserta”. Uma definição objetiva e simples de comuni- • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
cação institucional é a de Abílio da Fonseca (1999, 140), professor e missão;
especialista em relações públicas de Portugal, que a designa “como • Proporcionar competitividade à organização;
conjunto que é de procedimentos destinados a difundir informa- • Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
ções de interesse público sobre as filosofias, as políticas, as práticas bem motivados;
e os objetivos das organizações, de modo a tornar compreensíveis • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
essas propostas”. Para Gaudêncio Torquato do Rego (Apud Kunsh, no trabalho;
2003), “a comunicação institucional objetiva conquistar simpatia, • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
credibilidade e confiança, realizando, como meta finalista, a influ- • Administrar a mudança;
ência político-social, a partir da utilização de estratégias de relações • Manter políticas éticas e comportamento socialmente res-
públicas, tanto no campo empresarial como no governamental, de ponsável.
imprensa, publicidade, até as técnicas e práticas do lobby”. Em úl-
tima instância, Margarida Kunsh conclui que a comunicação insti- Durante muito tempo as organizações consideraram o capital
tucional,através das relações públicas, destaca os aspectos relacio- financeiro como a principal fonte de desenvolvimento. Todavia atu-
nados com a missão, os valores e a filosofia da organização e soma almente percebe-se que a força para o desenvolvimento das orga-
para o desenvolvimento do que chama de subsistema institucional, nizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu desenvolvimento
compreendido pela “junção desses atributos.” Como comunicado- comprometido pela inabilidade na seleção de pessoas; por falta de
res e formadores de opinião que somos, com a utilização dessa im- boas ideias; por falta de potencial criativo; falta de entusiasmo e
portante ferramenta, temos o poder de passar a informação de for- motivação da equipe; falta de conhecimentos e competências e não
ma positiva sem nos esquecer, entretanto, de que a comunicação pela falta de recursos financeiros (Chiavenato, 2005).
institucional deve passar veracidade e confiabilidade. No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estratégia
Por sua vez, a comunicação interpessoal é informal e acontece e o planejamento de RH têm mudado e crescido significativamente
quando pessoas trocam informações entre si, troca que pode ser nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), fato revelado pelas
direta e imediata ou pode ser indireta e mediada, conforme Dante mudanças da área de RH no período. Viu-se uma evolução desde
Diniz Bessa (2006). No primeiro caso, as pessoas estão cara a cara o pensamento pouco estratégico (anterior aos anos da década de
e se relacionam, principalmente, por meio da fala e da gesticula- 1980 e que resumia a área de RH ao DP – Departamento Pessoal), o
ção, como, por exemplo, quando conversam em algum ambiente aparecimento de estratégias funcionais (década de 80), a proposta
informal (em uma festa ou no intervalo do trabalho, por exemplo) de desenvolvimento de capacidades estratégicas (nos anos iniciais
e contam histórias; relatam acontecimentos; descrevem pessoas; da década de 90) até a visão atual, de busca de alinhamento da
dizem o que leram no jornal; avisam da chegada de alguém, contam área aos resultados estratégicos. Essas mudanças na área de RH es-
piadas, entre outros. pelharam-se nas mudanças do mercado de trabalho e das rupturas
Já a comunicação indireta e mediada acontece quando as pes- verificadas no pensamento relacionado às estratégias de negócios,
soas estão distantes e não podem se enxergar nem escutar uma notadamente na discussão que se fez relacionada à competitividade
a outra. Nessa situação, elas precisam usar algum meio que lhes e ao desenvolvimento de competências essenciais para o negócio.
possibilite a troca de informações, transportando a voz ou os gestos
que uma faz até a outra. Os meios utilizados podem ser variados ANTES AGORA
(telefone, carta, computador), mas uma vez usado um meio, ele
estará mediando (intermediando) a comunicação entre as pessoas • operacional • estratégica
(BESSA, 2006). • foco no curto prazo • foco no longo prazo
Conforme Bessa (2006), “há uma semelhança fundamental en- • papel administrativo • papel consultivo
tre os dois tipos de comunicação: ambos são relações sociais que • ênfase na função • ênfase no “negócio”
colocam as pessoas em interação no próprio ato da troca de infor- • foco no público interno • foco públicos interno e
mações” • reativa/solucionadora de externo
problemas • proativa e preventiva
• foco no processo e • foco nos resultados
atividades

Figura – Síntese das mudanças na função de RH


Fonte: Helena Tonet
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções senvolvimento de produtos e serviços, e qualidade. As organizações
clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma demanda, precisam que as funções de RH estejam alinhadas ao propósito da
as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da cultura, organização, de modo que as mesmas dêem suporte à estratégia do
das competências e do desenvolvimento do comprometimento dos negócio (ASHTON et al., 2004).
empregados para que a empresa alcançasse seus objetivos. A questão é ser estratégico quando se tem tempo e recursos
A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atração, apenas para o operacional, desafiando a área de RH a estruturar-se
provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, mensuração para criar maior valor às organizações. David Ulrich (1988) sugere
e remuneração alinhada à performance da empresa e dos empre- cinco ações para que RH crie valor para a organização:
gados; do controle de investimento em pessoas, de acordo com as I. Entender o mundo externo;
demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro desta nova visão, II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes,
estratégica, o foco da área de RH é móvel, conforme as mudanças investidores e gerentes de linha);
no cenário no qual a organização está imersa, mudanças estas que III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performance,
podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da em- informação e trabalho);
presa. Assim, dá-se importância a ações diferentes dentro da área, IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de
dependendo das exigências da organização para um determinado recursos humanos;
momento.6 V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por
Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três capa- meio de suas atuações e competências.
cidades-chave que devem atuar de maneira simultânea para ajudar
as empresas a serem competitivas: em primeiro lugar, distribuir os Estas ações nada mais são do que parte das competências
serviços relacionados a processos de RH, de modo que todos os de qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling
empregados possam ter acesso aos canais internos ou externos (2008) defende que a área de RH deve olhar o negócio com lente
a eles relacionados. Em segundo lugar, estabelecer serviços de estratégica e realizar mudanças profundas e significativas no modo
consultoria de gestão de RH que funcionem como parceiros para de operar, alinhando seu novo papel junto aos clientes internos; de-
executivos, unidades de negócio e gestores de linha; esse tipo de finir, remanejar e treinar suas competências, e adequar os sistemas
consultoria deve estar ligado às necessidades específicas de cada de RH com foco nos resultados, uma vez que a Gestão de Pessoas
área, oferecendo serviços ligados às competências essenciais da contribui com o dinamismo, a agilidade e a competitividade pró-
área e aos aspectos de diferenciação que sejam chave para o ne- prias das organizações de sucesso.
gócio. Em terceiro lugar, a área deve oferecer mais apoio e serviços A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da
estratégicos para a direção da organização. Esta terceira opção é empresa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro do
vista pelos autores como o futuro da área e envolve significativas ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir as
mudanças, que devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento dos
condições de custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ash- elementos constituintes da cultura que é possível compreender
ton et al. (2004) propõem seis características para que a área de RH os mecanismos de interação entre os colaboradores e as tarefas
seja estratégica: que executam, sendo possível destacar ainda os seguintes fatores
I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão do críticos de sucesso:
negócio em si; I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as expec-
II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam alinhadas tativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as condições
aos objetivos do negócio; de reciprocidade essenciais para atingir um desempenho que aten-
III – alta competência na análise de causa e efeito, priorização da às pressões internas e externas da organização. As lideranças
e execução de programas da área, o que envolve habilidades ana- devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado quanto
líticas; pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos
IV – excelência em serviços de relacionamento e competências entre estes dois polos, buscando atuar de maneira conciliatória na
para desenvolver o nível de tecnologia da informação; resolução dos conflitos surgidos.
V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvimento II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que exigem alto atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade de
desempenho; adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colaborado-
VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a equilibrar res e empresa.
oferta, demanda e expectativas de clientes internos, escolhendo III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do
prioridades e alterando alvos, sempre que necessário. Em outras grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente nas
palavras, é preciso que gestores da área de RH pensem como ges- tarefas executadas.
tores do negócio o que, segundo os autores, tradicionalmente não IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo que os
ocorre, vez que gestores de RH não adotam as crenças dos outros colaboradores incorporem novos conhecimentos que permitam
altos gestores e não atuam como tal. analisar criticamente o seu trabalho e seu ambiente, permitindo
que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar de V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas
um modelo mais transacional para atuarem como parceiros estra- auto-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes.
tégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Recursos Hu- Desta forma, as equipes possuem a capacitação necessária para
manos é essencial para que uma empresa se expanda globalmente. gerir seus próprios recursos de forma otimizada.
Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm contribuído para a
emergência de mercados e competidores, crescentes pressões de Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada
acionistas e desafios crescentes em relação a custos, tempo de de- pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua
responsabilidade. A área de recursos humanos atua então como
6. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; Mauro Neves GARCIA. órgão consultivo, constantemente sintonizado com as tendências
Um novo RH? – avaliando a atuação e o papel da área de RH em organizações do mercado e introduzindo novas ideias à estrutura vigente. Assim,
brasileiras. FACEF PESQUISA – v.9 – n.2 – 2006.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
os profissionais de Recursos Humanos devem evitar os vícios inter- Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão de
nos, buscando sempre novos patamares de desempenho através da pessoas identifica:
aplicação de “benchmarkings” (SOLEDADE, 2007). • foco nas lideranças
• ênfase no trabalho em equipe
A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005), • exigência de multiqualificação
baseia-se em três aspectos: • rodízio na execução de tarefas
I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem • interesse relaçãopessoal/profissional
conhecimentos, competências, com uma história pessoal que os • ênfase em pesquisa
torna únicos, diferentes entre si e não como recursos necessitando • aprendizagem de ferramentas
que alguém as administre pois são sujeitos passivos das ações das • treinamento à distância
organizações; • formação in company
II – tratar como talentos que impulsionam a organização, dotan- • gestão do conhecimento
do-a de dinamismo, de conhecimento para continuar competitiva; • compartilhamento de conhecimento
III – tratar as pessoas como parceiros que investem na orga- • T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia de
nização através de seus esforços, dedicação, comprometimento, negócio
responsabilidade tendo como expectativa o retorno deste investi- • aprendizado × performance: maior foco no aumento de
mento traduzidos em autonomia, desenvolvimento, remuneração, performance
reconhecimento, dentre outros. • e-learning × presencial: o crescimento dos programas blended
• liderança e coaching: transformação dos modelos de lideran-
Os programas de RH devem ser desenhados de modo a ofe- ça
recer benefícios e oportunidades de crescimento profissional aos • diversidade: inserção e valorização das diferenças
empregados. A função de administrar Recursos Humanos é das • saberes mais demandados:
lideranças (supervisores/gerentes) das organizações. A função • técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, nor-
dos profissionais de Recursos Humanos é de buscar ferramentas e mas, tecnologia, know-how
práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar, dar suporte • conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabelecer
e apoiar as lideranças na fixação das estratégias, na implementação relações, know-why
dos processos de mudança organizacional, e nos processos de • interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabelecer
aprendizagem e desenvolvimento das pessoas; estimular o autode- relacionamentos convergentes, estimular motivações, decodificar
senvolvimento das pessoas; manter os referenciais da organização emoções, perceber perfis
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante demandas
transparente.
organizacionais – competências distintivas, essenciais, básicas
As organizações necessitam de profissionais de RH que tenham
perfil generalista e não mais de especialistas, dando maior abran-
Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4
gência às atividades e responsabilidades, devendo possuir maior
objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos
qualificação e capacitação profissional (Resende e Takeshima,
capazes de atender aos desejos e expectativas da empresa; b) ma-
2000). Deve-se atentar para:
nutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimento das
a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os objetivos
pessoas; d) folha de pagamento, admissão, demissão.7
maiores da organização e como suporte mais efetivo às áreas pro-
Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mudança
dutivas e de negócios, favorecendo o cumprimento de suas metas neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não mais por uma
(Resende e Takeshima, 2000) área específica, por haver se tornado um atributo de qualquer líder
b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os pro- de equipe. Esta mudança de perspectiva levou à descentralização
jetos, planos e sistemas para garantir que a missão e objetivo da dos objetivos acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas
área sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções principais de diversas áreas da empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a
recursos humano(Resende e Takeshima, 2000). gestão dos colaboradores sob a sua responsabilidade. Cabe então
à nova área de RH, atuar como um agente facilitador do processo
Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se: de gestão de pessoas, propiciando as áreas da empresa os recursos
• Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierárqui- e instrumentos necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007).
cos, estruturas em rede; Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingencial
• Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o e situacional por ser dependente da cultura da organização, da
compromisso de agregar valor; estrutura organizacional adotada, das características do contexto
• Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das ambiental, do negócio da organização, da tecnologia adotada, entre
pessoas e orientando resultados; outros fatores. Seus objetivos são:
• Necessidade da organização aprender continuamente (lear- • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
ning organization). missão;
• Proporcionar competitividade à organização;
As tendências relacionadas à estrutura de RH são: • Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
• formações diversas – predomínio administração e psicologia bem motivados;
– também pedagogia e engenharias consoantes com o negócio. • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
• ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da empresa no trabalho;
– maior exigência de competências conceituais e interpessoais • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• por projetos – redução de funções • Administrar a mudança;
• com poucas pessoas
• atuação em comissões internas 7. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Recursos Humanos (2007).
Obtido em http://www.ogerente.com.br/novo/artigos_sug_ler.php?canal=16&-
• comitês suprassistema
canallocal=48&canalsub2=154&id=453
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
•Manter políticas éticas e comportamento socialmente res- Outra distinção é tratar as pessoas como recursos ou como
ponsável. parceiros.

As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público come- Tratar pessoas Tratar pessoas
çam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do Estado e como recursos como parceiros
surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou Gerencialis-
mo. A reforma é gerencial porque busca inspiração na administração – As pessoas são vistas – As pessoas são fornece-
de empresas privadas, e porque visa dar ao administrador público como recursos de produção, doras de conhecimentos,
profissional condições efetivas de gerenciar (BRESSER-PEREIRA, ao lado dos recursos competências, habilidades
1998). As mudanças na Administração pública se refletem na Admi- financeiros e materiais. e inteligência. Constituem
nistração de Recursos Humanos (ARH), especialmente no estilo de – Como recursos, elas o capital intelectual da
lidar com as pessoas. precisam ser administradas, organização.
o que envolve planejamento, – Nesta concepção, as
Diferenças de Administração de Recursos Humanos organização, direção e pessoas são vistas como
controle de suas atividades, seres humanos, dotadas de
Estilo Tradicional Estilo Flexível já que são sujeitos passivos personalidade, possuem uma
da ação organizacional. história de vida particular,
• Paradigma burocrático- • Preocupação desloca-se da são diferentes e singulares e
mecanicista – ênfase nas estrutura organizacional para possuem necessidades que
tarefas e na estrutura e visão os processos e a dinâmica motivam seu comportamen-
da organização percebida organizacional. to.
como “máquina”. • Estilo aberto, flexível
• Estilo de administração e participativo, que – São elementos impul-
rígido e autocrático, baseado dá oportunidades de sionadores e dinamizadores
em padrões inflexíveis. crescimento individual. da organização e capazes
• As pessoas são preguiçosas • Descentralização de dotá-la de inteligência,
por natureza e só são e participação nas talento e aprendizados in-
motivadas por recompensas decisões e delegação de dispensáveis à sua constante
materiais. responsabilidades renovação e adequação a um
mundo em mudanças.
• Paradigma burocrático- • Enriquecimento do cargo,
mecanicista - ênfase nas substituindo a especialização – Deve haver recipro-
tarefas e na estrutura e visão estrita pela ampliação de cidade entre expectativas
da organização percebida tarefas e responsabilidades. pessoais e organizacionais
como “máquina”. • O ser humano não tem
• Estilo de administração desprazer inerente em Assim sendo, o órgão de gestão de pessoas deve apresentar 3
rígido e autocrático, baseado trabalhar, nem uma natureza momentos de atuação:
em padrões inflexíveis. intrínseca de passividade e 1º Momento: departamentos de pessoal, destinados a fazer
• As pessoas são preguiçosas resistência. cumprir as exigências legais com relação ao emprego – admissão,
por natureza e só são • As pessoas têm anotações cadastrais, controle de frequência, aplicação de penali-
motivadas por recompensas motivação, potencial dades, férias etc.
materiais. de desenvolvimento e 2º Momento: departamento de recursos humanos, responsá-
• As pessoas não querem capacidade de assumir vel pelas funções clássicas de RH.
responsabilidades e responsabilidades. 3º Momento: gestão de pessoas, responsável por um conjunto
preferem ser dirigidas e Falta de ambição, fuga mais complexo de funções, assumindo papel estratégico.
dependentes. à responsabilidade e
• Por sua natureza intrínseca, preocupação excessiva Segundo Brito (2008), há uma tendência para entender que a
o ser humano é resistente à com segurança são, muitas gestão de pessoas deve ser compartilhada com os gerentes que li-
mudança. vezes, conseqüências de dam cotidianamente com os próprios subordinados. Neste sentido,
As atividades devem ser experiências negativas. o RH passa a funcionar como prestador de serviços especializados
padronizadas e as pessoas • Para que as potencialidades de gestão de pessoas, no âmbito interno, fornecendo assessoria e
devem ser persuadidas, intelectuais não fiquem consultoria às demais áreas:
controladas, recompensadas subutilizadas, deve ser • Recrutamento e seleção: previsão constitucional para, de
e coagidas para cumprir seu estimulada a criatividade um lado, concurso público e, de outro, livre nomeação para cargos
papel. para a solução de problemas comissionados.
• A remuneração é vista organizacionais. • Desenho de cargos e avaliação de desempenho: algumas
como meio de recompensa, • As pessoas podem atingir vezes a criação de cargos não atende a critérios técnicos. Dificul-
uma vez que o homem é objetivos pessoais ao mesmo dade de implementar programa de avaliação e mensuração de
motivado por incentivos tempo que perseguem os desempenho.
econômicos objetivos organizacionais. • Remuneração e benefícios: dificuldade de recompensar os
bons funcionários.
Fonte: Marcilio de Medeiros Brito, 2008. • Treinamento e desenvolvimento de carreiras: ausência de
planejamento, principalmente de médio e longo prazos, e desconti-
nuidade administrativa prejudicam desenvolvimento consistente e
contínuo das pessoas, com foco em competências.
Editora
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Banco de dados e Sistema de Informações Gerenciais (SIG): Este sistema de gestão conduz a importante mudança de para-
ausência de bases de dados e falta de compreensão da importância digma relacionado a seleção – treinamento – desempenho – remu-
de informações que subsidiem o planejamento e a tomada de neração – carreira, pois passam a ser mais objetivamente centrados
decisão. nas pessoas. Favorece o aperfeiçoamento das áreas de RH (Gestão
de Pessoas), no sentido de atuar maior integração.
Gestão por competências As competências da organização são as estratégias formuladas
O Conceito de competência vai além do conceito de qualifi- pelas organizações que determinarão as competências necessárias
cação como um saber acumulado, classificado e certificado pelo para alcançar suas metas e objetivos (FAISSAL et al, 2006). Segundo
sistema educacional. Implica saber como mobilizar, integrar e Resende (2000), envolvem:
transferir conhecimentos, recursos e habilidades, agregando valor • Processos – ter excelência nos processos de produção, vendas
à organização e aos indivíduos. Segundo Dutra (2004), as pessoas e serviços, estratégias de marketing, excelência e investimento na
concretizaram as competências organizacionais, ao colocarem em gestão de pessoas, logística, etc.
pratica o “patrimônio de conhecimentos da organização validando • Foco na Inovação e Qualidade: desenvolver novos produtos,
ou implementando modificações para aprimorá-lo”. investindo em tecnologia e garantindo a qualidade.
“COMPETÊNCIA É UM SABER AGIR RESPONSÁVEL E RECO- • Orientação para Clientes: gerar impacto positivo, estabele-
NHECIDO, QUE IMPLICA EM MOBILIZAR, INTEGRAR, TRANSFERIR cendo parcerias e conhecendo a satisfação dos seus clientes.
CONHECIMENTOS, RECURSOS, HABILIDADES E ATITUDES QUE • Social: garantir uma imagem positiva perante a sociedade e
AGREGUEM VALOR ECONÔMICO À ORGANIZAÇÃO E VALOR SOCIAL clientes, saber ser, incluindo autonomia, flexibilidade, responsabili-
AO INDIVÍDUO.”(Fleury, 2002) dade e comunicação.
“COMPETÊNCIAS HUMANAS SÃO ENTENDIDAS COMO COM-
BINAÇÕES SINÉRGICAS DE CONHECIMENTOS, HABILIDADES E A descrição de cargo tradicionalmente utilizada prevê a
ATITUDES, EXPRESSAS PELO DESEMPENHO PROFISSIONAL, DENTRO descrição as funções e atividades que compõem o cargo, indepen-
DE DETERMINADO CONTEXTO OU ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL.” dentemente das estratégias da organização (Faissal et al, 2006). A
(CARBONE E COLABORADORES, 2005). identificação do perfil de competências prevê o mapeamento das
competências que estão alinhadas com as estratégias e conheci-
Exemplos de algumas Competências: mentos definidos pela organização.
Orientação para resultados: age para melhorar a performance, As pessoas deverão alcançar resultados através destas compe-
com maior agilidade e qualidade. Compete contra padrões de de- tências, de forma a contribuir com a competitividade da organiza-
sempenho, buscando sempre mais. Busca Inovações. ção.
Iniciativa: assume fazer mais do que é esperado ou solicitado; O levantamento do perfil de competências deverá ser realizado
age antes de ser solicitado (antecipa-se aos problemas); cria novas com o gestor da área e de gestores de áreas afins da organização;
oportunidades. através de entrevista e observação de profissionais considerados
Construção de relacionamentos: constrói e mantém contatos com melhor desempenho, indicado pelo requisitante da vaga.
dentro e fora da organização, trazendo conhecimentos. Articula Exemplos de perguntas para identificar as competências (Rabaglio,
relacionamentos voltados para o alcance de objetivos. 2005):
Flexibilidade: pensa por diferentes estratégias e por diferentes • Defina os conhecimentos, atitudes e habilidades para realiza-
padrões de raciocínio. Considera diferentes pontos de vista. Aceita ção do trabalho;
mudança com naturalidade. • O que torna um candidato perfeito para este cargo?
Pensamento Estratégico: Habilidade em analisar a posição • O que torna um candidato inadequado para este cargo?
competitiva, tendências de mercado, clientes potenciais, novas • Desafios que este cargo apresenta e as habilidades que o can-
tecnologias, visão a médio/longo prazo, análise da concorrência. didato deverá demonstrar para enfrentar e superar estes desafios.
Foco no Cliente: Identifica o que os clientes precisame valori- • Resultados esperados para o desenvolvimento desta posição
zam. Prevê e antecipa-se a atender as necessidades com agilidade e na organização.
com qualidade visando lucro econômico.
• SER FLEXÍVEL E NÃO ESPECIALISTA DEMAIS Após o levantamento das competências, há necessidade de
• TER MAIS INOVAÇÃO DO QUE INFORMAÇÃO agrupar e definir as competências; de uma análise alinhando com
• ESTUDAR DURANTE TODA A VIDA as estratégias da organização e definindo os indicadores e por fim,
• ADQUIRIR HABILIDADES SOCIAIS E CAPACIDADE DE EXPRES- validar com o gestor solicitante da posição. Exemplos de perguntas
SÃO para identificar as competências na entrevista de seleção (Bruno,
• ASSUMIR RESPONSABILIDADES 2000):
• SER EMPREENDEDOR
• ENTENDER E LIDAR COM DIVERSIDADE CULTURAL PENSAMENTO ESTRATÉGICO
• ADQUIRIR INTIMIDADE COM NOVAS TECNOLOGIAS • O que sua área está fazendo (ou fez) para garantir o sucesso
do plano estratégico da empresa atual?
Fonte: UNESCO • O que você faz para conseguir analisar informações estraté-
gicas?
O foco nas competências busca destacar e desenvolver os dife- • Como você avaliaria nossos produtos em relação aos produ-
renciais de capacitação, desempenho, resultado e competitividade tos do concorrente?
das pessoas, funções, áreas e organizações. O sistema de gestão
por competência leva inevitavelmente à necessidade de valorizar INOVAÇÃO
o conhecimento e habilidades humanas e destacar as qualificações • O que fez de inovador na última empresa (ou atual)?
e os atributos pessoais que fazem a diferença nos resultados dos • Quais os recursos que utilizou para elaborar essa proposta?
processos, as áreas e da organização como um todo (Fleury, 2002). • Dê exemplos de pessoas bem-sucedidas. Qual foi sua contri-
buição?
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FLEXIBILIDADE
• O que você faz quando tem de enfrentar obstáculos em momentos de mudança?
• O que faz quando discorda de alguém com relação a uma política, projeto etc?
• Fale sobre uma situação que teve que abrir mão de suas ideias a favor da equipe

FOCO NO CLIENTE
• Como você identifica tarefas que estejam prejudicando um bom atendimento ao cliente?
• Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis problemas para seu cliente e qual foi a solução recomendada
• Fale sobre o feedback recebido de seus clientes no último ano

ORIENTAÇÃO PARA RESULTADOS


• O que você fez para atingir um ou dois resultados notáveis?
• Como você organiza seu dia-a-dia?
• Qual sua avaliação de seu comportamento numa situação de pressão e prazos

Nos modelos de competência, há necessidade de identificar os conhecimentos e experiências para o desenvolvimento das atividades.
Após o levantamento das competências, há necessidade de agrupar e definir as competências; de uma análise alinhando com as estraté-
gias da organização e definindo os indicadores e por fim, validar com o gestor solicitante da posição.

Gestão por Competências


Missão, Estratégias,
Objetivos e Metas

Análise das Valorização Identificação


Competências das Pessoas dos Gaps
Identificação e
definição de Gestão por
competências Competências
essenciais, grupais e
individuais
Adequação Envolvimento Coerência com
de Perfil Gerencial o negócio
Formulação do Perfil
de Competências Ideal
individual e grupal, Plano de Ação
segmentados por Área
Hierárquica ou por
Sistemas Operacionais Formais Não-Formais
Maria Cecilia Araujo – 06.05.2004

Figura – Gestão por Competências


Fonte: Maria Cecilia Araújo, 2004

O conceito de competência emerge na década de 90, com o desenvolvimento de capacidades que podem ser mobilizadas em situa-
ções pouco previsíveis, relacionadas a novos usos e novos processos que fazem parte da organização. Segundo Dutra (2002), as premissas
para a gestão por competências são:
• Passagem do foco no controle para o foco no desenvolvimento.
• Passagem do foco nos instrumentos para o foco no processo.
• Foco no interesse conciliado em vez do foco no interesse da organização, esse foco caracteriza-se pela busca de desenvolvimento
mútuo de forma dinâmica, na qual e a negociação torna-se imprescindível.
• Foco no modelo integrado e estratégico em vez de foco no modelo construído por partes desarticuladas entre si.

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Gestão por Competências

Outputs
Integração com demais sistemas de RH

Alinhamento Estratégico
Recrutamento e Seleção

Remuneração Sucessão e
e Incentivo Seleção Interna
GESTÃO POR
COMPETÊNCIA

Educação Corporativa

Gestão do Desempenho
Carreira e Sucessão
Figura – Gestão por Competências – integração com demais sistemas de RH
Maria Cecilia Araujo – 06.05.2004

Fonte: Maria Cecilia Araújo, 2004

O sistema de gestão por competência leva inevitavelmente à necessidade de valorizar o conhecimento e habilidades humanas e
destacar as qualificações e os atributos pessoais que fazem a diferença nos resultados dos processos, as áreas e da organização como um
todo (Fleury, 2002). Este sistema de gestão conduz a importante mudança de paradigma relacionado a seleção – treinamento – desempe-
nho – remuneração – carreira, pois passam a ser mais objetivamente centrados nas pessoas. Favorece o aperfeiçoamento das áreas de RH
(Gestão de Pessoas), no sentido de atuar maior integração.
Mudanças no mundo do trabalho que geraram a necessidade de adotar o modelo de gestão por competência
• Eventos: ocorrem de forma imprevista, afetando o equilíbrio ou a normalidade da organização, ultrapassando as habilidades roti-
neiras para solução dos problemas. A competência não está contida nas precondições das tarefas, o profissional precisa mobilizar recursos
para dar respostas a estas situações;
• Noção de serviço: as pessoas produzem algo destinado aos outros, portanto o conceito de cliente externo e interno deve estar
sempre presente nos processos de trabalho;
• Comunicação: as organizações devem ter fronteiras flexíveis, com comunicação fácil em todos os níveis, partilhando conhecimentos
sobre a organização vinculados as estratégias, procedimentos e outros.

Fonte: Fleury (2002)

Na gestão de pessoas, a abordagem de competências tem se mostrado uma forma avançada e inovadora: na identificação dos
conhecimentos requeridos pela organização; na flexibilização do conceito de posto de trabalho; no envolvimento e responsabilização
permanente do indivíduo em seu desenvolvimento.
Esse modelo tem por objetivos planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização pública, as competências
necessárias à consecução dos objetivos organizacionais. O conceito se baseia em três dimensões: conhecimento (saber o quê, saber o
porquê); habilidade (saber como fazer); atitude (querer fazer).
Vale salientar a importância do mapeamento das competências visando identificar e gerenciar as lacunas (gaps) de competências
eventualmente existentes na organização. Essa lacuna diz respeito à discrepância entre as competências necessárias à consecução dos
objetivos organizacionais e àquelas de que a organização dispõe.
Brandão (2008 apud Mauger et al) relaciona a avaliação de desempenho com a gestão por competências, afirmando que os resultados
alcançados na avaliação são comparados com os que eram esperados, gerando informações para retroalimentar o processo de gestão
por competências. E completa, afirmando que qualquer que seja o modelo de avaliação de desempenho adotado em uma organização, é
imprescindível a descrição do perfil de competências básicas que sirvam de paradigma para uma comparação com as existentes.8
A gestão de pessoas por competências tem sido empregada nas organizações como importante ferramenta por incentivar a criação de
soluções que agreguem valor aos seus produtos e/ou serviços por parte de seus colaboradores.

8. Obtido em <http://www.servidor.gov.br/sad/biblioteca/artigos/ad_como_ferramenta_de_gestao-Mauger-clad-nov2010.pdf> Acesso em 3 jul 2012.


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Sua premissa é a de que, se os funcionários realizarem suas as novas tecnologias e processos de produção propiciados pela
atividades de forma crítica e inovadora, alinhados ao planejamento iniciativa de cada indivíduo ou equipe, passando a valorizá-las ainda
estratégico da organização em que atuam, haverá benefícios a serem mais (OLIVEIRA, DIAS, ROQUETTE).
desfrutados por ambas as partes. Por um lado, a instituição terá sua
marca solidificada no mercado através de vantagens competitivas Recrutamento e seleção
criadas pela atuação de sua força de trabalho, que por sua vez pas- O contexto de Gestão de Pessoas, mais conhecido como
sará a ser mais valorizada pelo seu desempenho. Condições estas Recursos Humanos, é formado, por pessoas e organização, esta-
altamente desejadas em um contexto de grande competitividade belecendo uma relação de dependência mútua para o alcance das
e instabilidade no qual as organizações estão inseridas atualmente. metas e objetivos (CHIAVENATO 2005). Para que exista esta relação
Para o correto entendimento do modelo de gestão por entre pessoas e organização, há necessidade de que as organiza-
competências, faz-se necessário melhor delimitar o conceito de ções escolham as pessoas que desejam como empregados e que
“competência” empregado no presente trabalho/artigo. Apesar as pessoas escolham onde pretendem trabalhar. Este processo de
de ter sido estudado ao longo das últimas três décadas, o conceito escolha mútua ocorre quando as organizações divulgam suas vagas
de competência tem sido utilizado em diferentes formatos e ainda no mercado de trabalho e as pessoas interessadas, candidatam-se
permanece em evolução. A corrente mais difundida tem origens as vagas disponíveis (TEDESCO, 2009).
nos trabalhos de Le Boterf (1994) e Zarifian (2001) e caracteriza Em termos tradicionais, a seleção busca entre os candidatos
a competência dos indivíduos como decorrente da articulação de recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na em-
seus conhecimentos, habilidades e atitudes nas situações enfren- presa, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do
tadas no trabalho. pessoal, bem como a eficácia da organização (CHIAVENATO, 2009,
O conhecimento é o conjunto de saberes acumulados por uma p.172).
pessoa durante sua trajetória pessoal e profissional, seja através de A seleção é um processo de comparação entre duas variáveis:
ações formais ou informais de aprendizagem, é o domínio técnico de um lado, os critérios da organização (como requisitos do cargo a
sobre determinados conteúdos. A habilidade está relacionada ser preenchido ou as competências individuais necessárias à orga-
com a execução de alguma atividade que envolva instauração dos nização) e, de outro lado, o perfil das características dos candidatos
conhecimentos armazenados durante a vida por parte de um in- que se apresentam. A primeira variável é fornecida pela descrição
e análise do cargo ou das competências requeridas, enquanto a
divíduo. Ter esse recurso indica que o indivíduo sabe como fazer
seguida é obtida por meio de aplicação das técnicas de seleção
uma determinada tarefa, trabalho, etc., dentro de um determinado
(CHIAVENATO, 2009, p.173).
processo. Por fim, a atitude diz respeito à conduta das pessoas no
Existem dois tipos de mercado: o Mercado de Trabalho onde
interior de uma organização. Trata-se do comportamento assumido
são divulgadas as oportunidades de emprego e o Mercado de
diante dos aspectos sociais e afetivos presentes no contexto da Recursos Humanos, caracterizado pelo conjunto de candidatos que
organização. estão em busca das oportunidades oferecidas pelas organizações.
Destarte, a presença de indivíduos extremamente qualificados Tanto no mercado de trabalho quanto no mercado de recursos
no âmbito de uma empresa não é garantia de rendimento superior humanos, existem constantes alterações, que influenciam nas
frente aos concorrentes. práticas das organizações no que se refere as gestão de pessoas e
Paralelamente, é fundamental que cada integrante de uma no comportamento das pessoas que estão disponíveis no mercado
organização tenha uma atitude favorável à aplicação destes conhe- ou que pretendem buscar outro emprego.
cimentos em situações concretas de trabalho para gerar resultados Quando o mercado tem mais ofertas do que procura, os
cada vez melhores. candidatos podem escolher as organizações que oferecem me-
Dessa forma, não se pode confundir potencial com competên- lhores condições e oportunidades, aumentando assim seu poder
cia. A competência é a “forma como a pessoa mobiliza seu estoque de negociação. As organizações por outro lado, investem mais
e repertório de conhecimentos e habilidades em um determinado em benefícios sociais e salariais, em treinamento e programas de
contexto, de modo a agregar valor para a organização no qual está desenvolvimento, dentre outras, para atrair e reter os candidatos.
inserida (competência em ação). Esta agregação de valor implica Geralmente os critérios de seleção são mais flexíveis e as pessoas
em uma contribuição efetiva da pessoa ao patrimônio de conheci- sentem-se mais propensas a lançar-se no mercado.
mento da organização”. (DUTRA, 2004). Quando a situação é inversa, existe mais procura por emprego
Um dos mecanismos mais eficazes para conseguir que o indiví- do que ofertas de vagas diminui o poder de negociação por parte
duo contribua para a consolidação da visão de futuro de sua insti- dos candidatos, sentem-se inseguros em deixar seu emprego,
tuição é incentivar e valorizar suas competências, direcionando-as aumenta a competição entre os candidatos. Há pouco ou nenhum
e desenvolvendo-as de forma alinhada aos objetivos estratégicos investimento salarial, benefícios, treinamento e a ênfase acaba
organizacionais. sendo no recrutamento externo para melhorar o potencial interno.
Nesse sentido, diversos foram os modelos desenvolvidos, e o Vários são os fatores que interferem tanto no mercado de
que parece melhor responder às novas necessidades organizacio- recursos humanos quanto no mercado de trabalho. Um deles está
nais parece ser o modelo de gestão de pessoas por competências, relacionado ao desenvolvimento tecnológico que aumentou a
sofisticação do trabalho, demandando habilidades e competências
que define quais são os conhecimentos, habilidades e atitudes
mais variadas dos trabalhadores, automatizando os processos,
necessários aos indivíduos.
aumentando a produtividade, gerando novos empregos, eliminan-
O grande apelo à adoção da gestão de competências pelas
do postos de trabalho. A intensificação da tecnologia possibilitou
organizações pode ser entendido quando se compreende o ciclo
ofertas de produtos mais acessíveis, aumentando o consumo o que
virtuoso que a mesma tende a gerar principalmente no que diz pode ser um fator gerador de emprego.
respeito ao processo de inovação e aprendizagem organizacional. O O mercado está cada vez mais competitivo fazendo com que as
pressuposto é o de que as pessoas, vendo suas diferentes entregas organizações criem estratégias para gestão de pessoas mais eficien-
reconhecidas pela empresa, passem a produzir cada vez mais, tes para atrair e reter pessoas. A responsabilidade por pesquisar
gerando maiores benefícios para a organização, que reconhecerá interna e externamente os candidatos potenciais para preencher as
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
vagas existentes na organização, cabe ao Recrutamento e Seleção. O papel primordial do selecionador de pessoal é garantir,
Portanto, o processo de recrutamento e seleção desempenha um enquanto estratégia de gestão de Recursos Humanos, a eficiência
papel essencial. das atividades mediadas por organismos dentro das organizações
Para se alcançar a integração estratégica entre a área de mantendo ou elevando a produtividade via seleção de perfil psico-
Recursos Humanos e os negócios da empresa, é preciso que cada lógico. Tal qualidade está automaticamente vinculada a prática de
atividade de RH seja integrada verticalmente, de modo a se alinhar recrutamento, compreendida como as seguintes etapas:
aos imperativos da estratégia da empresa (MILLMORE, 2003).
Recrutamento e seleção são práticas que se mantiveram relativa- a) Recebimento da Vaga
mente imutáveis ao longo do tempo, sendo ainda frequentemente O trabalho de recrutamento inicia-se no momento em que
relacionadas aos modelos psicossomáticos, abordagens padroniza- se recebe a liberação da vaga, solicitação de pessoal, perfil profis-
das onde se procurava a pessoa certa para o lugar certo. Hoje o siográfico ou afim. Embora a nomenclatura deste documento se
enfoque dessas práticas tem se tornado mais orientado estrategi- diferencie de empresa para empresa, o objetivo é único: munir a
camente, buscando-se pessoas para a organização e não mais para divisão de recrutamento e seleção sobre os dados e critérios que
um cargo específico. O que importa é a busca de capital humano, servirão de base para preterir ou aprovar currículos.
que se revela pelo conjunto de competências que as pessoas têm e Em algumas empresas, o RH atua como staff ou Consultoria
que se alinham às competências essenciais da empresa.9 Interna junto aos departamentos requisitantes no desenho do perfil
Se o comportamento estratégico exige que a organização de uma vaga. Em agências de emprego e Consultoria de RH, quan-
do recebemos uma vaga, ligamos para os clientes para confirmar
combine seus recursos no longo prazo, às demandas de mudanças
o recebimento e automaticamente, aproveitamos a contingência
ambientais, as organizações consideram que o capital humano
para esclarecer ou flexibilizar os requisitos para o desempenho de
seja uma das principais fontes de vantagem competitiva; sob este
um cargo vago. Negligenciar quaisquer informações a respeito do
aspecto, recrutamento e seleção são funções essenciais dentro da
perfil de um cargo é sinônimo de comprometer o recrutamento e,
área de RH para dar suporte à execução da estratégia da corpora- portanto, o processo seletivo como um todo.
ção, o que já vinha sendo percebido há cerca de quinze anos atrás Assim, o processo de recrutamento e seleção tem início quando
(HENDRY, PETTIGREW; SPARROW, 1988). houver disponibilidade de vaga motivada por substituição em fun-
Mas, para que o recrutamento e seleção sejam considerados ção de desligamentos por aposentadoria, promoções, afastamen-
estratégicos, eles precisam atender a três condições primárias in- tos, dentre outros ou por necessidade de aumentar a quantidade
dependentes: integração estratégica; foco no longo prazo; e meca- de pessoas em virtude do aumento da produção, novos produtos,
nismo para transformar demandas estratégicas em especificações ampliações da organização, aquisição de novos maquinários, dentre
apropriadas para recrutamento e seleção. Sob esta perspectiva, o outros. Quando surge a vaga, a área requisitante deve encaminhar
papel das funções de recrutamento e seleção está no provimento a solicitação para recursos humanos, que iniciará o processo de
de pessoas com as competências vistas como críticas para o futuro recrutamento e seleção.
ou, em outras palavras, em saber escolher as pessoas que “tocarão” Geralmente o processo tem início com a Análise da Descrição
a gestão da empresa no futuro. de Cargo e/ou Definição do Perfil de competências, que pode ser
O termo “recrutamento” pode facilmente ser encontrado em feita através da leitura da Descrição do Cargo que está sendo solici-
dicionários, como por exemplo, na versão on line do http://www. tado ou entrevistando o requisitante para conhecer quais requisitos
priberam.pt/ como ato ou efeito de recrutar uma leva de recrutas. são necessários para este cargo.
Sua morfologia e significado teve origem, praticamente nos exérci- São necessárias as seguintes definições: requisitos mínimos im-
tos, pois estava vinculado a prática de captar recrutas para vagas prescindíveis para ocupar o cargo, que se o candidato não possuir,
de futuros soldados ou postos de guerrilha. Rapidamente o termo, não poderá ser indicado para a vaga e os requisitos considerados
bem como seu objetivo (captação de pessoas) foi ampliado para como adequados, que se o candidato não possuir, poderão ser
o sistema de RH, em especial, ao subsistema de Recrutamento e desenvolvido posteriormente e/ou podem servir como diferencial
Seleção de Pessoal.10 no momento da decisão.
O papel do recrutamento é ser o elo entre a organização e o As informações que o recrutamento e seleção necessita para
mercado de trabalho. Recrutamento e Seleção é um processo que iniciar o processo são as seguintes: atividades que a pessoa irá
procura integrar pessoas e trabalho, através do estudo das dife- desempenhar; responsabilidades e autonomia; posição do cargo na
hierarquia; Conhecimentos e habilidades técnicas necessárias para
renças individuais das pessoas que se apresentam às vagas, com
desenvolver as funções e atividades; Os comportamento, habilida-
a finalidade de prognosticar, através da utilização das técnicas de
des e atitudes para o desenvolvimento das funções e atividades;
seleção, quais estariam capacitadas para ocupar um cargo dentro
Desafios e dificuldades características deste cargo; Relações diretas
de uma organização (Bruno, 2000).
e indiretas, tanto internas quanto externas; Horário de trabalho;
O processo de Recrutamento e Seleção terá um resultado posi- Oportunidades de desenvolvimento que esta função gera; dentre
tivo, quando atender as necessidades com rapidez; com quantidade outras.
suficiente de candidatos considerados potencialmente capacitados; Atualmente os processos estão voltados para a Seleção por
com custo adequado despendido no processo e que haja perma- Competências, mapeando-se as competências da organização e a
nência dos candidatos na organização. O resultado será negativo que a organização necessita para cada cargo:
quando ocorrer um alto turnover (rotatividade) no período expe- a) técnicas que são os pré-requisitos do cargo, conhecimentos
rimental, poucos candidatos potenciais para o processo seletivo, e habilidades especificas para atribuições ou funções específicas e;
alto custo do recrutamento;poucos funcionários qualificados o que b) comportamentais que são as atitudes e comportamentos
poderá comprometer a eficiência e eficácia da organização. compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas, por
9. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; Mauro Neves GARCIA. exemplo comunicação, liderança, negociação, persuasão, flexibili-
Um novo RH? – avaliando a atuação e o papel da área de RH em organizações dade, etc., como vimo anteriormente (para maiores conhecimentos
brasileiras. FACEF PESQUISA – v.9 - n.2 – 2006. consulte livro “Seleção por Competência” de Maria Odete Rabaglio,
10. Eduardo Alencar, Camilla Pauferro, Alcimar Fraga, Érica Soares e Tatiane
2005).
Rosa. Introdução ao Recrutamento de Pessoal (2008)
Editora
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) Anúncio ou divulgação de vagas em fontes e parceiros de Por exemplo, os anúncios nos jornais, revistas e internet, têm
recrutamento como vantagens, além de ser uma fonte para atrair candidatos
Na etapa de anúncios, pode-se proceder com três condutas: potenciais, é um meio para propaganda da organização, se bem
I – Recrutamento Interno: Consiste nas práticas empregadas elaborados. Os anúncios nos jornais e revistas têm como desvanta-
à divulgação de vagas em aberto dentro das empresas ou orga- gens, o alto custo e o retorno demorado para receber os candidatos
nizações, focando o mercado de mão de obra interno, como por e/ou currículos.
exemplo, um teaser, anúncio na copa, e-mail, comunicado formal Após a divulgação da(s) vaga(s) e o recebimento dos currículos
ou semelhante, com o intuito de recrutar colaboradores de outros ou dos candidatos, inicia-se o processo de Triagem que compreende
departamentos que tenham interesse em mudar de área a título a análise do currículo ou da ficha de solicitação de emprego e uma
de promoção, interesse profissional ou semelhante. A grande van- entrevista inicial.
tagem de um recrutamento interno é o baixo custo com fontes de Na análise do currículo ou da Ficha de Solicitação devemos
recrutamento. A desvantagem, é que ingressamos em um circulo considerar: as realizações profissionais; os projetos desenvolvidos e
vicioso, ou como diríamos no senso comum, “cobre um santo e implantados; a formação acadêmica; os cursos realizados; a experi-
descobre outro”. Caso um colaborador venha ser aprovado para ência profissional observando a compatibilidade com os requisitos
um processo de recrutamento e seleção interno, a vaga dele no seu solicitados; a compatibilidade entre a formação e as funções ou
antigo cargo, provavelmente abrirá junto ao subsistema de recruta- cargos ocupados pelo candidato; as datas de admissões e demis-
mento e seleção de pessoal. sões; o local onde reside, dentre outros, considerando sempre os
Assim, o Recrutamento Interno é fundamentado na movimen- requisitos definidos pelo requisitante.
tação dos funcionários seja através de transferências, promoções, Após a triagem, os candidatos deverão ser convocados para
baseados geralmente nos programas de desenvolvimento de o processo de seleção. Esta convocação pode ser feita através de
Recursos Humanos. mensagens eletrônicas, telegramas, telefonemas, cartas, recados
Este tipo de recrutamento apresenta como vantagens a rapidez, através de funcionários, dentre outros. Deve-se informar horário e
economia, conhecimento, aumento da motivação, utilização dos local. Na convocação via telefone ou correio eletrônico é possível
investimentos em treinamento e como limitações a frustração dos esclarecer algumas condições de trabalho tais como: horários da
candidatos não selecionados; a demora na liberação do candidato empresa; fases do processo de seleção; faixa salarial; a área em que
pela supervisão atual, a quantidade insuficiente de candidatos para a vaga está disponível e outras.
o processo de seleção.
Devem-se preparar o local, materiais e todos meios que serão
Os meios para divulgação das vagas internamente podem ser
utilizados no processo de seleção.
o quadro-de-avisos; intranet; consulta aos gestores (gerentes /
supervisores); consulta aos planos de desenvolvimento de recursos
III – Recrutamento Misto: Consiste nas práticas empregadas à
humanos.
divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão de obra
II – Recrutamento Externo: Consiste nas práticas empregadas interno e externo. As vantagens concentram uma flexibilidade de
à divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão de obra cenário e vantagens estratégicas mencionadas nos itens anteriores,
externo à organização/empresa, como por exemplo, anúncios em bem como a flexibilidade para com as consequências negativas.
jornais, contratação de agências de emprego, consultorias de RH e – Instituições de Ensino (Técnico, Médio, Graduação, Pós Gra-
afins. As vantagens consistem em uma gama diversificada de perfis duação, Profissionalizante, Qualificação profissional e afins);
para proceder com seleção de pessoal e agilidade na captação de – Sites;
pessoas. As desvantagens são geralmente, custo e desmotivação de – Jornais (Locais, Nacionais, regionais) e Mídias;
colaboradores internos ao não serem considerados para processos – Instituições diversas (Ongs, Associações, Igrejas, eventos,
seletivos da empresa. etc);
Assim, o Recrutamento Externo é caracterizado pela identifica- – Anúncio(s) na porta da empresa ou consultoria;
ção de candidatos no mercado externo. Apresenta como vantagens – Agência de Emprego, Consultoria de RH; Outplacement e
a geração de novas ideias trazidas pelos candidatos; maior diversi- afins;
dade nos recursos humanos da organização, aproveitamento dos – Indicação de candidatos ou funcionários;
treinamentos de outras empresas; e outros e como limitações, a – Indicação de empresas parceiras, fornecedores e clientes;
falta de candidatos potenciais; a demora dos contratados para – Internet e seus recursos;
conhecer os processos e procedimentos da organização; maior – Etc
tempo despendido no processo; custo mais alto do que no processo
interno, e a possibilidade de gerar insatisfações internamente pelo Em aspectos gerais, a escolha de fontes de recrutamento varia
não aproveitamento dos funcionários. conforme perfil da vaga, criatividade do recrutador e recursos
Os meios para identificação dos candidatos externos podem financeiros e institucionais da empresa.
ser a consulta ao Banco de Candidatos; a Indicação de Funcionários;
a colocação das oportunidades em Agências de Empregos, Consul- C) Análise e triagem de currículos oriundos destas ações
torias; Intercâmbio entre Empresas, os Grupos de Profissionais; O currículo é praticamente o “cartão de visita” dos candidatos
as Apresentações espontâneas; Associação de Classes, Sindicatos,
recrutados ou interessados em oportunidades de trabalho junto a
Universidades; Jornais, Revistas, Internet, e outros.
uma empresa. Não há uma “fórmula” mágica ou modelo padrão,
A decisão sobre qual o melhor meio para divulgação das vagas
devido à grande diversidade na conduta de confeccionar este “car-
está relacionada ao custo operacional, retorno rápido; e a eficiência
tão de visita”. Entretanto, sugere-se:
e eficácia do processo.
Origem: A palavra Curriculum Vitae é de origem latina e traduz-
-se como “trajetória de vida”. Hoje em dia, não utilizamos mais esta
nomenclatura e nem é necessário colocar “Currículo”. Indica-se
como título, o nome do candidato.

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Abas: é necessário dados pessoais (endereço, telefone, bairro, a) individual, quando o entrevistador e candidato estão face a
CEP, estado civil, nacionalidade e e-mail), Objetivo (Departamento face;
e cargo de interesse), Experiência profissional (Empresas onde já b) em Grupo envolvendo vários candidatos e entrevistadores;
trabalhou, tempo que permaneceu, destacando cargo, data de c) Por Banca envolvendo dois entrevistadores e um entrevis-
entrada, saída e síntese de atividades desenvolvidas), escolaridade tado;
(técnico, médio, graduação, pós-graduação e afins), idiomas (em d) o Painel de Entrevista envolvendo grupo de entrevistadores,
caso de tê-los, indicar nível e instituição onde cursou), Informática geralmente 3, que entrevistam individualmente o candidato.
(Indicar softwares que sabe operacionalizar, caso tenha feito curso,
adicionar a escola e período), Atividades extra-curriculares (em A entrevista por banca, painel ou grupo, em relação à entre-
caso de estágios supervisionados, atividades filantrópicas e afins). vista individual apresenta algumas vantagens tais como: a redução
Lay-out: O segredo é nada muito extravagante, com português do tempo tanto dos profissionais envolvidos quanto dos entre-
correto, objetivo, claro, conciso. vistadores; evitam repetições de perguntas ou temas; permitem
Tendo o currículo em mãos, o recrutador/selecionador de o confronto de percepções dos entrevistadores aumentando a
pessoal verificará se o candidato tem os pré-requisitos da vaga objetividade e permitem a participação de profissionais de áreas
em aberto, em caso de afirmativo, abordará o candidato para uma diferentes, porém interdependentes.
entrevista, em caso de negativo, o candidato fica preterido nesta Podemos ter indicar como desvantagens que alguns dados
etapa da seleção. pessoais ou referentes ao emprego anterior não podem ser pesqui-
Particularmente, em processos de recrutamento em agências e sados para não expor os entrevistados, pois estes podem perder a
consultorias de RH, onde a demanda de currículos é muito grande, espontaneidade ou sentir-se constrangidos.
qualquer detalhe do candidato que não esteja compatível com A utilização da técnica de entrevista prevê a preparação dos
o perfil da vaga, o retira do processo. No caso de recrutamento entrevistadores para que não ocorram perguntas repetidas, que
interno, é possível levar em consideração outros dados além do não façam perguntas dirigidas apenas para um candidato, para não
currículo, como por exemplo, a avaliação de seu gestor imediato. demonstrar falta de planejamento. O método de entrevista pode
Outro aspecto a ser considerado é a fidedignidade das infor- ser:
mações mencionadas no currículo. Se o candidato coloca cursos, o a) Diretivo – baseia-se em um roteiro planejado, permite man-
ideal é que traga na entrevista, cópia destes. Se coloca informações ter o controle da situação quanto ao tempo a ser utilizado e per-
sobre experiência, o ideal é que traga na entrevista sua carteira de guntas a serem feitas, é recomendado quando se dispõe de pouco
trabalho e assim por diante. Como o agendamento de entrevistas é tempo para coleta de dados; quando os dados a serem pesquisados
a ponte entre o recrutamento e a seleção de pessoal propriamente são objetivos.
dita, é necessário estes cuidados metodológicos para não incluir- b) Não Diretivo – enfatiza-se a relação entrevistado e entre-
mos candidatos negligentes ou inadimplentes com as informações vistador , assim como suas expressões verbais e não verbais, é
mencionadas em seus currículos. adequado para situações onde o entrevistado apresenta acentuada
tensão emocional; apresenta recursos intelectuais satisfatórios.
D) Convocação de candidatos para processos seletivos O responsável pelo processo de recrutamento e seleção deve
O Processo de Seleção tem como objetivo identificar e avaliar o preparar-se para a entrevista através da elaboração do Roteiro da
perfil de competências das pessoas no que se referem às habilidades Entrevista; ler novamente o currículo ou Ficha de Solicitação de Em-
cognitivas, os conhecimentos técnicos, a comunicação, a criativida- prego; preparação dos outros entrevistadores; preparação do local
de, a iniciativa, o trabalho em equipe, a liderança, as formas de lidar de atendimento garantindo privacidade e outras características
com situações de pressão, os conflitos, as mudanças, a flexibilidade, que permitam condições éticas e pessoais mínimas; evitar que haja
a tomada de decisão, a capacidade para solução de problemas, o interrupções, que a sala seja fechada, iluminada e arejada.
comportamento ético, a negociação, e outros, conforme solicitação
do requisitante (BRUNO, 2000). No início da entrevista, deve estabelecer o rapport, quebrar o
O sucesso do processo de seleção depende fundamentalmente gelo através de um conversa informal criando um ambiente des-
da definição clara e objetiva do perfil de competências. A definição contraído e cordial, falar sobre a empresa, seu histórico, missão,
deve estar voltada não só ao cargo em aberto, mas também a car- valores, produtos, perspectivas, organograma, benefícios, motivo
reira, objetivos da posição e perspectivas da organização. da abertura da vaga, dentre outras. Deve-se tomar cuidado para
Devem-se estabelecer os requisitos que se o candidato não não superdimensionar a organização, falar sobre o cargo, o motivo
possuir, terá pouca probabilidade de sucesso na posição. da abertura da vaga, principais atividades, responsabilidades,
Deve-se tomar cuidado com a supervalorização da pessoa em perspectivas, fornecer ao candidato as informações sobre o perfil
detrimento do cargo efetivo. esperado e como será o processo seletivo. Isto possibilita que o
As técnicas utilizadas na Seleção são identificadas a partir dos candidato analise se atende suas expectativas e se deseja continuar.
requisitos definidos no início do processo. Identificamos algumas O candidato é cliente da seleção e deve ser tratado com consi-
delas: deração, ética e respeito.
1) Entrevista; O fechamento da entrevista deve dar oportunidade ao candi-
2) Dinâmica de Grupo; dato para expressar opiniões ou fazer alguma pergunta; devem-se
3) Provas Situacionais; dar explicações sobre as próximas fases e comprometer-se com o
4) Teste Psicológico; retorno.
5) Testes Técnicos ou Prova de conhecimentos e de capacida- A duração da entrevista é de 45 a 60 minutos. Este tempo é
des, dentre outras técnicas. utilizado para: Introdução – Informações Pessoais e Profissionais –
Informações sobre Perfil de Atribuições e Competências.
Entrevista Após a entrevista, deve-se analisar se o perfil do candidato é
É uma forma de coleta de dados e também o recurso mais efi- compatível com o solicitado pela organização e preencher imedia-
ciente do processo seletivo, se bem elaborada. Portanto não deve tamente o relatório com as devidas avaliações e parecer da seleção
ser substituída por outra técnica. Os tipos de entrevistas são: (RABAGLIO, 2005).
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Analisando a Entrevista: Dinâmica de Grupo
• Correlação entre o que foi narrado e as competências – pos- Técnica que integra o processo seletivo através da aplicação
tura e estilo pessoal do candidato e a adequação com a empresa; de exercícios, jogos e simulações. Ela dá aos examinadores a pos-
• Competências que não atendem as exigências, se são passí- sibilidade de observar as pessoas exercendo diversos papéis onde
veis de treinamento e a viabilidade para a empresa. são encontrados os requisitos básicos exigidos para o cargo a ser
• Se as expectativas e reivindicações do candidato vão ao preenchido. Faz parte de um conjunto de instrumentos para avaliar
encontro às da empresa; o candidato. Sua finalidade é auxiliar a revelar ao selecionador se o
• Contribuições que serão efetivas para a empresa (RABAGLIO, candidato apresenta as características profissionais e pessoais que a
2005). empresa está buscando. Esta técnica consiste em oferecer algumas
situações que possam colocar o grupo em funcionamento, a fim de
Parecer da Seleção: relatar os principais atributos e os aspectos que se estabeleça uma dinâmica, de tal forma que os candidatos
que não atendem a necessidade. Indicar se está: venham a se expor.
• acima do esperado. Embora as etapas e propostas das dinâmicas mudem de uma
• se é favorável ou atende as expectativas. empresa para outra, de modo geral, elas consistem de três etapas:
• se é Favorável, porém com restrições. Estas atividades grupais possibilitam que algumas características dos
• se é inaceitável ou desfavorável. candidatos se revelem e, assim, permitam ao selecionador avaliar
a compatibilidade entre o candidato e a vaga oferecida. Observa-se
Com relação às características do entrevistador, destacam-se: como cada pessoa se comporta em grupo, como é a comunicação,
atenção concentrada, capacidade analítica, receptividade, neutrali- o nível de iniciativa, a liderança, o processo de pensamento, o nível
dade; mobilidade, empatia, sensibilidade, equilíbrio, dentre outras. de frustração, se aceita bem o fato de não ter sua ideia levada em
• Algumas perguntas que podem ser feitas na entrevista: conta, dentre outros.
• Descreva suas tarefas e responsabilidades mais importantes.
• Relate duas ou Três situações que experimentou ou projetos Provas situacionais
que realizou no último(s) trabalho(s) que representaram realização. São simulações de problemas rotineiros e/ou de situações do
• Relate situações/atividades/projetos que representaram dia-a-dia ocorridos nas organizações onde os candidatos devem
frustração e como lidou com estas situações. posicionar-se apresentando soluções para estas situações, demons-
• Na sua vida profissional, qual ou quais metas ou situações trando suas capacidades para percepção, análise e solução de um
que foram as mais desafiadoras – as mais frustrantes e as mais problema concreto. As situações problema permitem mais de um
estressantes. caminho ou forma para solução do problema, pois o objetivo é ava-
• Quais expectativas para esta posição, nesta empresa. liar como o candidato aplica seus conhecimentos, como toma de-
• Como espera contribuir para com esta empresa. cisões muitas vezes colocando-se no lugar do gestor, suas atitudes
• Os objetivos para daqui a dois e cinco anos e o que está diante das situações. Portanto dependendo de como formularem
fazendo para alcançá-los. esta prova, é possível avaliar a ética, a prioridade que o candidato
• O que te levou a deixar a(s) ou que te faz pensar em deixar estabelece em relação às pessoas e a organização, avaliação da
a(s) empresa(s) anterior(es). relação custo benefício de suas decisões, se consegue enxergar um
• Quais as decisão mais difícil que você já tomou. mesmo problema sob diversos ângulos, dentre outros Geralmente
• Qual situação faria você desrespeitar alguma norma da são aplicadas individualmente e podem ser utilizadas para discus-
empresa. são em grupo. Quanto mais alto o cargo, menor a possibilidade da
• Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis pro- utilização desta técnica.
blemas para seu cliente e qual foi à solução recomendada.
• Exemplifique um trabalho/projeto/nova tecnologia e qual Testes Psicológicos
metodologia usaria para implementação. Os testes avaliam principalmente aptidões, interesses, atitudes
personalidade com a finalidade de identificar o perfil e as caracterís-
Existem outras questões relevantes dependo da área / cargo/ ticas e prognosticar o comportamento em determinadas formas de
perfil estabelecido. trabalho bem como o potencial de desenvolvimento do candidato.
Além disso, podem-se criar situações relacionadas à área/em- A escolha de um teste psicológico deve ser feita pelo psicólogo e
presa/atividades e solicitar para que o candidato relate como agiria este deve observar determinados fatores como atributos e caracte-
ou o que pensa a respeito da situação ou problemática abordada. rísticas que serão avaliadas.
Ao convocar candidatos para fase de entrevistas, o ideal é Os testes são ferramentas auxiliares no processo de decisão,
utilizar uma abordagem que perpasse os seguintes itens: nunca podem ser vistos como fim. Eles complementam as impres-
• Empatia; sões que são colhidas nas entrevistas, dinâmicas de grupos e nas
• Clareza; provas. Os testes psicológicos para serem usados devem passar
• Apresentação da empresa; por um crivo científico que comprovem sua validade (capacidade
• Apresentação da Vaga, focando condições de trabalho; de medir aquilo a que se propõe), precisão e fidedignidade (consis-
Etc. tência dos resultados e estabilidade das respostas, comparando-se
grupos de pesquisa e instrumentos similares) e padronização
Pode-se utilizar o período de contato telefônico com os recru- (instruções normativas para aplicação dos testes) e a existência de
tados para analisar: normas específicas e atualizadas para a população brasileira.
• Fluência verbal;
• Expectativas;
• Motivação para participar do processo;
• Desenvoltura;
• Etc.

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Testes Técnicos ou Prova de conhecimentos e de capacidades É um documento formal, geralmente um formulário ou
São instrumentos utilizados para avaliar o nível de conheci- relatório com o detalhamento do que um cargo exige em termos
mentos gerais e específicos dos candidatos exigidos pelo cargo a de conhecimentos, habilidades e capacidades para que possa ser
ser preenchido. Podem ser orais ou escritas, através de perguntas e desempenhada determinada função. A descrição e análise de
respostas ou de realização, aplicadas por meio de execução de uma cargos tende a otimizar o desenvolvimento de outras atividades,
tarefa (CHIAVENATO, 2005). tais como: recrutamento, seleção, treinamentos, planejamento de
Algumas empresas estão utilizando o recrutamento on-line. cargos e salários, avaliação de desempenho e segurança no traba-
Existe uma série de funcionalidades de e-Recruitment que orga- lho (MATOSO, 2008).11
nizam cada processo seletivo de modo que cada candidato em Matoso explica que, dentro da estrutura, cada cargo está direta
cada vaga mantenha seu status atualizado, tal como: avaliações ou indiretamente responsável por um ou mais processos, de forma
do recrutador – entrevistas e dinâmicas, testes on-line etc. Isso que estes (os processos) requerem profissionais com características
facilita o trabalho dos recrutadores, consultores, assistentes e das específicas, daí a necessidade de se fazer a descrição e análise dos
áreas coligadas como: Administração de Pessoal, Cargos e Salários, cargos dos Núcleos Sistêmicos com o objetivo de alocar as pessoas
Treinamento e Desenvolvimento, Planejamento de Carreira, já que certas nos cargos adequados. Destaca-se aqui as ideias deste servi-
todas as informações podem ser compartilhadas. dor público sobre análise e descrição de cargos:
As empresas podem manter um contato mais personalizado Além disso, a descrição e análise de cargos oferece:
com os candidatos, enviando mensagens de atualização, agrade- • Insumo para nomear pessoas para os cargos existentes: Uma
cimento, informando sobre os processos seletivos etc., podendo vez que o perfil do cargo já está descrito, basta encontrar a pessoa
atingir um grande público individualmente, melhorando a sintonia que melhor preencha os requisitos exigidos.
com todos os profissionais. Por outro lado, beneficia também os • Insumo para avaliação de desempenho: O desempenho do
candidatos às futuras vagas, pois eles podem manter seus dados ocupante do cargo pode e deve ser avaliado com base nas caracte-
atualizados – entrando com login e senha na área destinada a eles, rísticas que o cargo requer.
no site – facilitando futuros contatos Rapidez e baixo custo caracte- • Insumo para levantar necessidades de capacitação: A análise
riza o processo virtual. e descrição do cargo contém o perfil de profissional ideal para ocu-
Parecer da Seleção após aplicação das técnicas par aquele cargo. Se o ocupante não possui certa habilidade ou co-
Deve-se relatar os principais atributos e os aspectos que não nhecimento requerido pelo cargo, deve desenvolver tal habilidade
atendem a necessidade. ou conhecimento para desempenhar de maneira satisfatória suas
Indicar se o parecer é favorável ou desfavorável funções. A necessidade de capacitação é, portanto, a diferença en-
a) Está acima do esperado tre a descrição do cargo e a avaliação de desempenho do servidor.
b) atende as expectativas/requisitos definidos • Insumo para ações de segurança no trabalho, porque identi-
c) Favorável com restrições (citar em quais requisitos) fica os cargos em que os riscos a saúde do trabalhador são maiores.
d) desfavorável • Insumo para revisão de leis de carreira: Na medida em que
a descrição dos cargos é analisada periodicamente e sofre mudan-
Finalização do Processo Seletivo: Após o parecer da seleção ças devido as novas demandas dos processos (leia-se sociedade),
indicando ou não o(s) candidato(s) e a decisão do requisitante aumentando a complexidade das atividades pode-se propor al-
pela aprovação ou não, o recrutamento e seleção deverá tomar as terações nas leis de carreira objetivando adequar o salário/carga
seguintes ações: horária as exigências do cargo.
a) Retorno aos Candidatos não aprovados: deve ocorrer logo • Clareza para os ocupantes dos cargos sobre as atividades,
após a conclusão do processo através de e-mail, carta, telegrama, responsabilidades e a importância do seu trabalho para a melhoria
telefonema ou outra forma julgar conveniente. dos serviços públicos.
b) Retorno ao candidato aprovado: encaminhando para exame • Etapas da realização da descrição e análise de cargos (Como)
médico admissional; entrega de documentação para processar a • Objetivamente a descrição de cargos é realizada nas seguin-
contratação; Integração de Novos Funcionários. tes etapas:
c) Após o período de experiência ou outro período designado • Elaboração de formulário
pela empresa, deverá haver um acompanhamento do novo fun- • Elaboração de manual de instrução de preenchimento do
cionário objetivando verificar sua adaptação, se suas expectativas formulário e/ou treinamento dos facilitadores.
estão sendo atendidas, dificuldades que está encontrando e como • Preenchimento dos formulários (pode ser por meio de entre-
está resolvendo, além de outras e a avaliação do gestor sobre o vista de um facilitador ao ocupante do cargo, ou o próprio ocupante
desenvolvimento do funcionário. preenchendo o formulário)
• Validação/correção dos formulários preenchidos
Análise e descrição de cargos • Revisão periódica da descrição para adequação do cargo às
Segundo Joelson Matoso, técnico da Secretaria de Adminis- mudanças nos processos/atividades
tração do Estado de Mato Grosso, em um modelo de gestão por
processos a quantidade de cargos se dá em função da quantidade Entrevista de levantamento de dados para elaboração da des-
de processos e das demandas de trabalho. O conjunto de cargos crição e análise de cargos.
responsáveis por um número específico de processos (sistemas) A entrevista é uma das formas de coleta de dados com
compõe a estrutura organizacional. maior potencial para refletir de maneira fidedigna a realidade da
A análise e descrição de cargos é uma ferramenta gerencial organização. Tanto o entrevistador quanto o entrevistado têm
muito eficiente para a uma organização, principalmente pela gran- oportunidades de refletir sobre o cargo de uma forma sistemática.
de quantidade de informações que gera e que servem de subsídios A entrevista levanta pontos e questões que normalmente passam
para diversos processos de gestão de pessoas. despercebidos no dia a dia da organização.
Como qualquer outra ferramenta de gestão, possui fundamento
teórico, base desse artigo, que objetiva de maneira clara e objetiva
fornecer alguns conceitos e orientações para a sua aplicação. 11. Obtido em http://gestaocomaspessoas.blogspot.com.br/2008/01/anlise-e-
descrio-de-cargos.html
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A entrevista deve iniciar com o entrevistado dando uma visão Treinamento: é a educação profissional que adapta a pessoa
geral do cargo, em termos de objetivos e responsabilidades. A seguir para um cargo ou função. Seus objetivos situados no curto prazo
o entrevistador deve iniciar as perguntas diretivas que propiciarão são restritos e imediatos, visando dar ao homem os elementos
as respostas para preencher o formulário. As respostas devem essenciais para o exercício de um cargo, preparando-o adequada-
contemplar os itens de um plano de ação: O que faz? Quando faz? mente para ele. É dado nas empresas ou em firmas especializadas
Como faz? Onde faz? Porque faz? em treinamento. Nas empresas, é delegado geralmente ao chefe
Algumas perguntas que o entrevistador pode fazer: imediato da pessoa que está trabalhando. Obedece a um programa
• Qual o objetivo central que o seu cargo deve alcançar? preestabelecido e atende a uma ação sistemática visando à adapta-
• Quais são as principais atividades que você dirige, supervi- ção do homem ao trabalho. Pode ser aplicado a todos os níveis ou
siona ou controla? (Esta pergunta pode gerar muitas outras. Pode setores da empresa (CHIAVENATO, 2009, pp.388-389).
tomar algum tempo para cobrir todas as atribuições do cargo). O papel de T&D é o de coordenar e apoiar os processos de
• Qual a participação do seu cargo na definição de políticas, mudança, contribuindo para conquista equilibrada e simultânea
objetivos, normas e procedimentos para sua área? dos resultados das pessoas e das organizações (BOOG, 2005). As
• Como são estabelecidos os objetivos e metas de curto/longo funções de treinamento e desenvolvimento têm um papel essen-
prazos para o seu cargo? cial no crescimento de uma organização. Vários estudos mostram
• Como é feito o planejamento, o acompanhamento e as corre- isto. Pettigrew et al. (1988) já discutiam, há quase vinte anos, que
ções dos planos e objetivos do seu trabalho? a função de treinamento podia ir além de promover treinamento
• Como você planeja, acompanha, controla e avalia o resultado técnico ou desenvolver capacidades alinhadas ao mercado. Para
do trabalho dos membros da sua equipe? esses autores, há quatro aspectos relacionados ao crescimento da
• Quais as principais complexidades do seu cargo? atividade de treinamento e desenvolvimento em uma empresa: fa-
• Que tipos de obstáculos ou de oportunidades exigem o máxi- tores estratégicos, política e personalidade da empresa, restrições
mo de sua habilidade para atingir seus objetivos? de tempo e mobilização para mudanças.
• Como o seu superior pode saber se você está tendo um de- Os fatores estratégicos relacionam-se às mudanças tecnoló-
sempenho satisfatório em relação aos objetivos estabelecidos para gicas ou às mudanças que ocorrem no mercado e que provocam
o seu cargo? gaps de habilidades; isto é especialmente sério em empresas com
• Quais os principais objetivos que poderiam ser tomados base tecnológica onde treinamento em alto nível, às vezes, é uma
como representativos para o seu cargo? das únicas opções viáveis para a empresa manter competitividade.
• Qual a medida (quantitativa ou qualitativa) poderia ser utili- Quanto aos aspectos relacionados à política e à personalidade da
zada para descrever ou medir o seu desempenho? empresa, Pettigrew et al. (1988) comentam a necessidade de uma
filosofia que seja apoiadora de treinamento e que seja traduzida
Sugestão de verbos para iniciar as frases de descrição das ati- em níveis de responsabilidade da companhia no tocante à criação
vidades de estruturas para identificação de necessidades, criação e compar-
Aconselhar, adotar, ajustar, ajudar, analisar, apoiar, apresentar, tilhamento de treinamento. O aspecto relacionado às restrições de
aprovar, aprimorar, avaliar, aferir, conduzir, consultar, contatar, tempo refere-se mais a questões operacionais do que estratégicas,
controlar, desenvolver, determinar, dirigir, elaborar, especificar, pois envolve ações de apoio para cobertura temporária de postos
estabelecer, estudar, examinar, executar, facilitar, informar, liderar, de trabalho, uma barreira frequentemente apresentada pelos
manter, motivar, orientar, organizar, participar, pesquisar, planejar, gestores de linha. Quanto à mobilização para mudança, os autores
preparar, prever, receber, recomendar, reportar, representar, rever, comentam a necessidade de alinhamento dos programas de mu-
selecionar, supervisionar, treinar, verificar. dança propostos pela área de RH e as demandas por mudanças nas
demais áreas da empresa.
Sugestão de verbos para descrever a missão do cargo Mas como fazer para verificar se o investimento em desen-
Verbos para você usar no meio da frase, depois de palavras volvimento de pessoas representa uma estratégia de intervenção
como “visando a”, “afim de”, “para”, “com o objetivo de” etc. efetiva para a aprendizagem organizacional, tema essencial quando
Alcançar, apoiar, aprimorar, assegurar, assistir, atingir, aumentar, o assunto é competitividade? Berry e Grieves (2003) apontam que
auxiliar, conseguir, contribuir, controlar, coordenar, criar, cumprir, o caminho para a verificação está na extensão em que esse inves-
desenvolver, estabelecer, estimular, facilitar, formular, implementar, timento é capaz de promover a transferência de aprendizagem,
manter, maximizar, minimizar, motivar, obter, otimizar, preservar, desenvolver a capacidade de treinamento e encorajar o desenvol-
promover, proteger, reduzir. vimento de um RH estratégico. Para os autores, a transferência de
aprendizagem é avaliada pela capacidade que as pessoas têm de
Treinamento transferir para suas situações reais de trabalho o que aprenderam
O Treinamento e Desenvolvimento (T&D) pode ser definido de em programas de treinamento. A capacidade de treinamento é
modo amplo como um processo educacional aplicado de maneira vista como a habilidade que as organizações têm para promover,
organizada e sistemática, que visa mudança de atitudes e compor- desenvolver continuamente e sustentar as habilidades para apren-
tamentos. De modo mais específico: der e criar novos conhecimentos aplicáveis.
Desenvolvimento profissional: é a educação profissional que Esta capacidade é uma mistura de recursos aplicados pela or-
aperfeiçoa a pessoa para uma carreira dentro de uma profissão. É a ganização para alcançar um determinado fim e o desenvolvimento
educação profissional que visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar a de competências essenciais à empresa que garantem à mesma sua
pessoa para seu crescimento profissional em determinada carreira vantagem competitiva.
na organização ou para que se torne mais eficiente e produtiva no
seu cargo. Seus objetivos são menos amplos que os da formação
e situados no médio prazo, visando proporcionar conhecimentos
que transcendem o que é exigido no cargo atual, preparando-a para
assumir funções mais complexas. É dado nas organizações ou em
firmas especializadas em desenvolvimento de pessoal.
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Quanto ao desenvolvimento de um RH estratégico, os autores apontam que este se relaciona à capacidade que a organização tem de
operacionalizar sua missão através de fatores de sucesso críticos; de criar indicadores de desempenho da área que sejam adequados; do
desenvolvimento da habilidade para fazer diagnósticos; da aplicação de conhecimentos no processo de transformação cultural; da capa-
cidade de aplicação de competências para relacionar o processo de mudança em curso com o processo planejado. Segundo os autores,
todas estas ações, embora não exatamente alocadas na área de RH, dependem do suporte da mesma para que a vantagem competitiva
se consolide.
O Processo de T&D prevê as seguintes etapas:
1) Diagnóstico das Necessidades: efetuando o levantamento e análise das necessidades de Treinamento e desenvolvimento;
2) Elaboração e Implementação do Programa de Treinamento e Desenvolvimento;
3) Avaliações: compreende avaliações de reação; de acompanhamento e de conhecimento, quando prevista.
4) Registros e Controles.

PROCESSO DE TREINAMENTO E
DESENVOLVIMENTO

*População
*OBJET IVO
Envolvida

*Diagnóstico
das
Necessidades

*PROGRAMA
*T REINAMENTOS INTERNOS DE T REINAMENT OS EXTERNOS
TREINAMENT O

Implementação Implementação
das ações de das ações de
treinamento treinamento
interno* externo*
AVALIAÇÕES

REGIST ROS E CONT ROLES

Figura – Processo de Treinamento e Desenvolvimento

Existem diversas oportunidades e meios para identificar as necessidades de treinamento e desenvolvimento. É necessário que haja
clareza do por que, para quê, quem e em quanto tempo precisamos treinar. É fundamental para o Planejamento, definir objetivamente
quais habilidades e competências que precisam ser desenvolvidas e as prioridades para este desenvolvimento (BOOG, 2002). É fundamen-
tal o alinhamento com as Estratégias e metas da organização.
As necessidades apontadas devem ser analisadas considerando os requisitos mínimos da função; as perspectivas para o(s) funcioná-
rio(s); as estratégias e metas da organização; dentre outras.
O Diagnóstico de Treinamento e Desenvolvimento compreende o levantamento e a análise das adequações ou inadequações das
Necessidades de treinamento que pode ser feito através:
a) Pesquisa junto ao gestor: que pode ser feita através de entrevista, questionário ou utilizando outros instrumentos abordando os
tipos de necessidades, por exemplo, fortalecer o relacionamento e a comunicação na equipe de trabalho; justificativa; prioridade que deve
ser estabelecida em função da necessidade, por exemplo, capacitar operadores para operar a máquina X que deverá estar instalada em
três meses. Neste caso a prioridade é alta devendo ser atendida em no máximo dois meses; identificar os funcionários que deverão ser
treinados; etc.
b) Avaliação de Desempenho: resultado da avaliação das competências, habilidades e desempenho e da identificação das ações que
podem ser resolvidas através de treinamento e desenvolvimento, como por exemplo: baixa produtividade e erros frequentes em função de
despreparo para efetuar determinadas análises laboratoriais. Envolve ação de treinamento técnico ou uma recomendação para promoção
em função de bom desempenho, envolve ações de treinamento para identificar os gaps e preparar o funcionário para ocupar a posição
indicada.
c) Introdução de novas tecnologias ou Mudanças: fornece demanda para que treinamento e desenvolvimento capacitem as pessoas
para operar os novos equipamentos ou processos, desenvolver novos produtos; efetuar processos de transferências de tecnologias, dentre
outros.
d) Entrevista de Desligamento: quando o funcionário desligar-se da empresa, efetua-se a entrevista para verificar as razões do desli-
gamento; dificuldades que encontrou no desempenho de suas funções, estilo de liderança, ações para que melhorasse seu desempenho,
dentre outras.
e) Pesquisa de Clima Organizacional: avaliar a percepção dos funcionários relacionadas com as práticas e políticas da organização
relacionadas ao sistema de gestão; capacitação; oportunidades de desenvolvimento; relações interpessoais, processo de comunicação;
imagem da organização; dentre outros, avaliando quais ações de treinamento e desenvolvimento pode contribuir para melhorar o nível de
satisfação ou insatisfação dos funcionários.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
f) Os processos de Qualidade, Segurança e Meio ambiente, g) Integração de Novos funcionários: indicado para preparar os
devem indicar necessidades de treinamento e desenvolvimento funcionários recém admitidos através de orientações sobre políti-
em função de implementação de políticas, certificações, auditorias, cas, procedimentos, estrutura, valores, produtos, histórico, dentre
exigências legais, ou aumento de índices de acidentes, não cumpri- outros, sempre com a utilização de um bom planejamento para
mento das normas e procedimentos, dentre outros. impactar de forma positiva no funcionário podendo estabelecer
g) Pesquisa com Clientes ou Reclamações de Mercado: se a clima de confiança e relação duradoura.
organização adota esta prática, deve identificar quais ações de trei-
namento e desenvolvimento que contribuem para sanar problemas No que se refere aos métodos e técnicas de treinamento, os
indicados pelos clientes ou para prevenir possíveis reclamações. mais usuais são:
a) Palestras – apresentação de curta duração – atualização
A elaboração de um programa de treinamento deve levar em b) Workshops – tem caráter de formação – exercício do conhe-
consideração o Estágio de desenvolvimento da organização; deve- cimento
-se dimensionar o custo e como pode ser otimizado; cronograma c) Multiplicadores – profissionais da própria empresa treinados
dos treinamentos, conforme prioridades estabelecidas; os recursos para reproduzir treinamentos
necessários; as instituições ou instrutores que estarão capacitados d) Seminários – conceituais – indicados para aperfeiçoamento
para atender a demanda da organização; análise dos conteúdos e e) Job Rotation – deslocamento de pessoas de uma função para
metodologias; quais e quantas pessoas serão treinadas; e outras. outra, para aprender exercitando.
A implementação requer que os profissionais de treinamento e f) On the job – treinamento no local de trabalho
desenvolvimento cuidem da logística para viabilizar a execução de g) Coaching – orientação personalizada para questões especí-
todos os treinamentos programados, verificando com antecedência ficas
o local cuidando do acesso, verificando iluminação, ventilação, h) Mentoring – orientação personalizada que visa estimular o
espaço, ruído; a data, horários; materiais e equipamentos; convites, crescimento e resolução de problemas
certificados, crachás; alimentação, dentre outros. i) Vivencial – reprodução de uma situação similar a do dia a dia,
através de dramatizações, rol playng, Jogos de Empresa, Dinâmicas
Quando o treinamento for ministrado por instrutores internos, de Grupo -.
deve-se elaborar o Plano de treinamento que deve abranger os j) À Distância – (E-Learning) realizado por algum meio de comu-
seguintes tópicos: nicação, internet, intranet, fitas e vídeo e outros.
• Título; k) Estudo de casos – pode ser usado casos reais ou fictícios
• Objetivo a ser atingido;
• População alvo (quem participará do treinamento); Quanto aos recursos didáticos, salientam-se: datashow, multi-
• Carga horária; mídia, flip-chart, filmadoras, gravadores, televisor, vídeos, blu-ray,
• Período ou data para realização; DVD, livros, apostilas, projetores, dentre outros.
• Local;
• Conteúdo a ser ministrado;
• Recursos instrucionais; ADMINISTRAÇÃO DE COMPRAS E MATERIAIS: PROCESSOS
• Metodologia; DE COMPRAS GOVERNAMENTAIS E GERENCIAMENTO DE
• Avaliações. MATERIAIS E ESTOQUES

Cabe aos profissionais de treinamento e desenvolvimento a


responsabilidade de treinar os instrutores internos para garantir a ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
eficácia dos treinamentos. Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de
Com relação aos tipos de treinamento, pode-se fazer a seguinte forma efetiva, riqueza.
divisão:
a) Formação: programas desenvolvidos com a finalidade de Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que plane-
instalar competências ou habilidades básicas e necessárias para ja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas,
o exercício da função atual ou futura, fornecer uma formação ao o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e com-
treinando. Podemos incluir idiomas, programas em universidades, prar até a entrega do produto terminado para o cliente.
cursos técnicos, dentre outros. É um sistema integrado com a finalidade de prover à adminis-
b) Aperfeiçoamento ou atualização: indicado para melhorar tração, de forma contínua, recursos, equipamentos e informações
o padrão de desempenho na própria função. Pode-se citar como essenciais para a execução de todas as atividades da Organização.
exemplo, uma selecionadora com experiência no cargo que irá fazer
um curso sobre técnicas inovadoras na área de seleção. Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimo-
c) Gerenciais: indicados para desenvolver ou aperfeiçoar as niais
habilidades de lideranças, de gestão de pessoas. A evolução da Administração de Materiais processou-se em
d) Técnicos: indicados para estabelecer novas metodologias, várias fases:
novas tecnologias ou técnicas de trabalho. - A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empre-
e) Programas de Trainees ou estagiários: desenvolvimento de sa, pois comprar era a essência do negócio;
recém-formados ou no caso de estagiários, de estudantes de cursos - Atividades de compras como apoio às atividades produtivas
técnico ou superior, objetivando que ocupem funções superiores se, portanto, integradas à área de produção;
na organização. - Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando
f) Outdoor training: realizado em ambiente aberto, utilizando com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos
técnicas vivenciais em situações planejadas, possibilitando fixar acabados, em uma organização independente da área produtiva;
conceitos importantes na realidade das organizações e de funções - Agregação à área logística das atividades de suporte à área
específicas. de marketing.
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Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente - Preço;
de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a - Condições de pagamento.
Administração de Materiais é uma ferramenta fundamental para
manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-pri- Qualidade do Material
ma, porém não haja excedentes. O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua
Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas aceitação dentro e fora da empresa (mercado).
fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de
produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administração Quantidade
de Materiais tem como função principal o controle de produção e Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades
estoque, como também a distribuição dos mesmos. da produção e estoque, evitando a falta de material para o abasteci-
mento geral da empresa bem como o excesso em estoque.
As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Patri-
moniais Prazo de Entrega
1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência. Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendi-
2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar ou- mento aos consumidores e evitar falta do material.
tras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender Menor Preço
bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade. O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posi-
ção da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um
Visão Operacional e Visão Estratégica lucro maior.
Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a ativida-
des específicas. Melhorar algo que já existe. Condições de pagamento
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha
um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance maior flexibilidade na transformação ou venda do produto.
de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de
maneira interrelacional. Diferença Básica entre Administração de Materiais e Adminis-
Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do autor tração Patrimonial
era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das ações A diferença básica entre Administração de Materiais e Admi-
dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de são nistração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a
recompensados pela Organização. Na moderna interpretação da distribuição ao consumidor externo e a área patrimonial é respon-
Fábula a autora passa a idéia de que precisamos além de trabalhar sável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a
investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, poderemos conservação e manutenção de bens.
não só garantir a sustentabilidade da Organização para os diversos
invernos como, também, fazê-los em Paris.
Historicamente, a administração de recursos materiais e patri- A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de ativi-
moniais tem seu foco na eficiência de processos – visão operacio- dades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada
nal. Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser chamada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais
de área de logística dentro das Organizações devido à ênfase na necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições.
melhor maneira de facilitar o fluxo de produtos entre produtores Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento,
e consumidores, de forma a obter o melhor nível de rentabilidade inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o
para a organização e maior satisfação dos clientes. fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as opera-
A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estraté- ções gerais de controle de estoques etc.
gica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e não A Administração de Materiais destina-se a dotar a adminis-
baseado na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica a tração dos meios necessários ao suprimento de materiais impres-
Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser co- cindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno,
nhecida por LOGISTICA. na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor
custo.
Sendo assim: A oportunidade, no momento certo para o suprimento de
materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do
VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das
necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providên-
EFICIENCIA EFETIVIDADE cia do suprimento após esse momento poderá levar a falta do ma-
ESPECIFICA SISTEMICA terial necessário ao atendimento de determinada necessidade da
administração.
QUANTITATIVA E São tarefas da Administração de Materiais:
QUANTITATIVA
QUALTAITIVA - Controle da produção;
MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO - Controle de estoque;
- Compras;
QUANTO QUANDO
- Recepção;
- Inspeção das entradas;
Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patrimo-
- Armazenamento;
niais
- Movimentação;
- Qualidade do material;
- Inspeção de saída
- Quantidade necessária;
- Distribuição.
- Prazo de entrega
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Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten- Normalização
dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza- A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili-
ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização
atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar
aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for- e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino-
mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida
de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o e formato.
serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature-
za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), Codificação
ou do tipo de demanda, estocagem, etc. É a apresentação de cada item através de um código, com as
informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou
Classificação de Materiais letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armazena-
Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, dos no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em
dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu- função de uma boa classificação do material, poderemos partir para
são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as informações
seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica- necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou le-
ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material tras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o al-
ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos pode- fabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se
rão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si. a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico e
Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema utili-
critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, zado deve estar voltada para obtenção de uma codificação clara e
contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração na precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a
qualidade. respeito do material. Este processo ficou conhecido como “código
O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalo- alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de
gação, simplificação, especificação, normalização, padronização afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresen-
e codificação de todos os materiais componentes do estoque da tarem na pronta identificação de um material.
empresa. O sistema classificatório permite identificar e decidir priorida-
O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa- des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da
eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos mate-
correto do almoxarifado. riais.
Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: características: ser abrangente, flexível e prático.
- Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
Catalogação em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de - Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjun- de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
to de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadas- mento do estoque;
trados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da - Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
empresa. Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi- uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de
de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a materiais.
simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplifi-
carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as Para o autor Viana os principais tipos de classificação são:
despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com - Por tipo de demanda
capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que - Materiais críticos
haja a normalização. Ao requisitar uma quantidade desse material, - Pericibilidade
o usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número de - Quanto à periculosidade
folhas e formato), o que facilitará sobremaneira não somente sua - Possibilidade de fazer ou comprar
aquisição, como também o desempenho daqueles que se servem - Tipos de estocagem
do material, pois a não simplificação (padronização) pode confundir - Dificuldade de aquisição
o usuário do material, se este um dia apresentar uma forma e outro - Mercado fornecedor.
dia outra forma de maneira totalmente diferente.
- Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda se
Especificação divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. Mate-
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do riais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para
material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de
material a ser requisitado. regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais
somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em
que isso se faça necessário.

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O usuário é que solicita sua aquisição quando necessário. De-
vem ser comprados para uso imediato e se forem utilizados poste-
riormente, devem ficar temporariamente no estoque. A outra divi-
são são os Materiais de estoques: são materiais que devem sempre
existir nos estoques para uso futuro e para que não haja sua falta
são criadas regras e critérios de ressuprimento automático. Deve
existir no estoque, seu ressuprimento deve ser automático, com
base na demanda prevista e na importância para a empresa.

Os materiais de estoque se subdividem ainda;

Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que


compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo
produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é
como materiais em processamento que estão sendo processados uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes,
ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque por- desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes, segun-
que já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque do algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes.
ainda não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já Assim, economiza-se tempo e recursos.
prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manu- Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o
tenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais processo em 6 etapas a seguir:
não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa. 1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques
Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada
diversos setores da empresa. um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do
estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na 2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são:
gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com
que é essencial do que é secundário em termos de valor de consu- esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a
mo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta quantidade pelo custo unitário.
chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a im- 3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é
portância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
consumo em determinado período. Curva ABC é um importante 4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram
instrumento para se examinar estoques, permitindo a identifica- organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumu-
ção daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados lado e os percentuais do custo total acumulado de cada item em
quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo relação ao total.
espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo 5º) Construir a curva ABC
em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distri-
eles possam ser classificados em ordem decrescente de importân- buídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo
cia. total acumulado.
Os materiais são classificados em:
- Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra-
balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados
aqui classificados correspondem, em média, a 80% do valor mone-
tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são
orientativos e não são regra).
- Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados
logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
gundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem
em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são
regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de
movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera-
rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após
todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, so-
mente 5% do valor monetário total representam esta classe, po-
rém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são
orientadores e não são regra).

Metodologia de cálculo da curva ABC


A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques,
para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de
prioridades, para a programação da produção.
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6º) Análise dos resultados
Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

Classe % itens Valor acumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

Classe Nº itens % itens Valor acumulado Itens em estoque


A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola, Giz, Isqueiro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C
(sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais
rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter
o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.

Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem
colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais
classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em
curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas,
ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?

Ainda em relação aos tipos de materiais temos;

- Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o ris-
co. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto,
sujeitos ao controle de obsolescência.
A quantidade de material cadastrado como material crítico dentro de uma empresa deve ser mínimo.

Os materiais são classificados como críticos segundo os seguintes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material impor-
tado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de difícil obtenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de materiais de
valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte; Críticos por problemas de armazenagem ou transporte de materiais
perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes dimensões; Críticos por problema de previsão, por ser difícil prever seu uso;
Críticos por razões de segurança de materiais de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção.

- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades físi-
co-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado em um
período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos
períodos. Ex. alimentos, remédios;

- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite a identificação de materiais que devido a suas características físico-quí-
micas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, transporte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis.

- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabricados
internamente ou comprados:
- Fazer internamente: fabricados na empresa;
- Comprar: adquiridos no mercado;
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- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; - Constatação se a compra autorizada está no prazo de entrega
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a contratual;
análise de custos. - Constatação se o número do documento de compra consta
na nota fiscal;
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados em - Cadastramento no sistema das informações referentes a com-
materiais de estocagem permanente e temporária. pras autorizadas, para as quais se inicia o processo de recebimento;
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis - O encaminhamento desses veículos para a descarga;
de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes.
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- As compras não autorizadas ou em desacordo com a programa-
mento, ou seja, é um material não de estoque. ção de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os motivos
no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve para as opera-
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classifica- ções de análise de avarias e conferência de volumes é o “Conheci-
dos por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisi- mento de Transporte Rodoviário de Carga”, que é emitido quando
ção e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: do recebimento da mercadoria a ser transportada.
Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogra- As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em
ma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no relação às condições de contrato devem motivar a recusa do rece-
mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalida- bimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fiscal as circuns-
de: há alteração da oferta do material em determinados períodos tâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos do
do ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um transportador. O exame para constatação das avarias é feito através
único fornecedor; Logística sofisticada: material de transporte es- da análise da disposição das cargas, da observação das embalagens,
pecial, ou difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves quanto a evidências de quebras, umidade e amassados.
burocráticos, liberação de verbas ou financiamentos externos. Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser
encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do mate-
- Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente li- rial no Almoxarifado, a recepção é voltada para a conferência de vo-
gada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mer- lumes, confrontando-se a Nota Fiscal com os respectivos registros
cado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais do e controles de compra. Para a descarga do veículo transportador
mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais sejam:
em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvol- paleteiras, talhas, empilhadeiras e pontes rolantes.
vendo fornecedores nacionais. O cadastramento dos dados necessários ao registro do rece-
bimento do material compreende a atualização dos seguintes sis-
Recebimento e Armazenagem temas:
Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de - Sistema de Administração de Materiais e gestão de esto-
compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade ques: dados necessários à entrada dos materiais em estoque, vi-
a conferência dos materiais destinados à empresa. sando ao seu controle;
As atribuições básicas do Recebimento são:
- Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devo- - Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação de
lução de materiais; pendências com fornecedores, dados necessários à atualização da
- Analisar a documentação recebida, verificando se a compra posição de fornecedores;
está autorizada; - Sistema de Compras : dados necessários à atualização de sal-
- Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto dos e baixa dos processos de compras;
de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos;
- Proceder a conferência visual, verificando as condições de 2a fase - Conferência Quantitativa
embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo forne-
for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos docu- cedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida. A confe-
mentos; rência por acusação também conhecida como “contagem cega “ é
- Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos mate- aquela no qual o conferente aponta a quantidade recebida, desco-
riais recebidos; nhecendo a quantidade faturada pelo fornecedor. A confrontação
- Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso; do recebido versus faturado é efetuada a posteriori por meio do Re-
- Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da libe- gularizador que analisa as distorções e providencia a recontagem.
ração de pagamento ao fornecedor; Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes po-
- Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxa- dem ser contados utilizando os seguintes métodos:
rifado; - Manual: para o caso de pequenas quantidades;
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens
A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite dividir padronizadas com grandes quantidades;
a função em quatro fases: - Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos que
envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos,
1a fase - Entrada de Materiais porcas, arruelas;
A recepção dos veículos transportadores efetuada na portaria - Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesa-
da empresa representa o início do processo de Recebimento e tem gem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferroviárias;
os seguintes objetivos: - Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas;
- A recepção dos veículos transportadores;
- A triagem da documentação suporte do recebimento;
- Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise,
está autorizada pela empresa;
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3a fase - Conferência Qualitativa - Compensa defasagens de produção
Visa garantir a adequação do material ao fim que se destina. A - Melhor aproveitamento do espaço;
análise de qualidade efetuada pela inspeção técnica, por meio da
confrontação das condições contratadas na Autorização de Forneci- Desvantagens da armazenagem:
mento com as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornecedor, visa ga- Algumas desvantagens segundo:
rantir o recebimento adequado do material contratado pelo exame - Imobilização de capital;
dos seguintes itens: - A armazenagem requer serviços administrativos de controles
- Características dimensionais; e gerenciamento;
- Características específicas; - A mercadoria tem prazo de validade nos quais devem ser res-
- Restrições de especificação; peitados;
- Um armazém de grande porte requer máquinas com tecno-
A armazenagem nada mais é do que um conjunto de funções logia.
que tem nele a recepção, descarga, carregamento, arrumação e
conservação de matérias – primas, produtos acabados ou semi – Armazenagem em função das prioridades
acabados. Não existe nenhuma norma que regule o modo como os ma-
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz resulta- teriais devem estar dispostos no armazém, porém essa decisão de-
dos quando é realizado uma operação com o objetivo de lhe acres- pende de vários fatores. Senão veja-se:
centar valor. A armazenagem pode ser definida como o compromis-
so entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na prática Armazenagem por agrupamento:
isso só é possível se tiver em conta todos os fatores que influenciam Esta espécie de armazenagem facilita a arrumação e busca de
os custos de armazenagem, bem como a importância relativa dos materiais, podendo prejudicar o aprovisionamento do espaço. É o
mesmos. caso dos moldes, peças, lotes de aprovisionamento aos quais se
A função de armazenamento de material é agir com maior agi- atribui um número que por sua vez pertence a um grupo, identifi-
lidade entre suprimento e as necessidades de produção. cando-os com a divisão da estante respectiva .
O armazenamento incorpora diversos aspectos diferentes das
operações logísticas. Devido à interação, o armazenamento não Armazenagem por tamanho, peso e característica do mate-
se enquadra nitidamente em esquemas de classificação utilizados rial.
quando se fala em gerenciamento de pedidos, inventário ou trans- Neste critério o talão de saída deve conter a informação relati-
porte. va ao setor do armazém onde o material se encontra. Este critério
permite um melhor aprovisionamento do espaço, mas exige um
As atividades que compõem a armazenagem são: controlo rigoroso de todas as movimentações.
- Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a
identificação do material recebido, analisar o documento fiscal com Armazenagem por frequência
o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal. O controle através da ficha técnica permite determinar o local
- Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda onde o material deverá ser colocado, consoante a frequência com
do material. A classificação dos estoques constitui-se em: estoque que este é movimentado. A ficha técnica também consegue veri-
de produtos em processo, estoque de matéria – prima e materiais ficar o tamanho das estantes, de modo a racionalizar o aproveita-
auxiliares ,estoque operacional, estoque de produtos acabados e mento do espaço.
estoques de materiais administrativos.
- Distribuição: está relacionada à expedição do material, que Armazenagem com separação entre lote de reserva e lote di-
envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estocagem, ário
a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu des- Esta armazenagem é constituída por um segundo armazém de
tino final. Nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de pequenos lotes o qual se destina a cobrir as necessidades do dia-
saída para que haja controle do estoque. -a-dia. Este armazém de movimento possui uma variada gama de
materiais.
Tipos de armazenagem:
A armanezagem temporária tem como função conseguir uma Armazenagem por setores de montagem
forma de arrumação fácil de material, como por exemplo, a coloca- Neste tipo de armazenagem as peças de série são englobadas
ção de estrados para uma armazenagem direta entre outros. Já a ar- num só grupo, de forma a constituir uma base de uma produção por
mazenagem permanente tem um local pré-definido para o depósito família de peças. Este critério conduz à organização das peças por
de materiais, assim o fluxo do material determina a disposição do prioridades dentro de cada grupo.
armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, assim, garantin-
do a organização do mesmo. A mecanização dos processos de armazenagem fará com que o
critério do percurso mais breve e de menor frequência seja imple-
Vantagens da armazenagem: mentado na elaboração de novas técnicas de armazenagem
A armazenagem quando efetuada de maneira correta pode
trazer muitos benefícios, nos quais traz diretamente a redução de Tipos de Armazenagem
custos. Armazenagem temporária
- Redução dos custos de movimentação bem como das exis- Aqui podem ser criadas armações corridas de modo a conse-
tências; guir uma arrumação fácil do material, colocação de estrados para
- Facilidade na fiscalização do processo; uma armazenagem direta, pranchas entre outros. Aqui a força da
- Redução de perdas e inutilidades. gravidade joga a favor.
- Aproxima a empresa de seus clientes e fornecedores;
- Agiliza o processo de entrega;
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Armazenagem permanente 2. armazenamento por frequência: esse critério implica arma-
É um processo predefinido num local destinado ao depósito de zenar próximo da saída do almoxarifado os materiais que tenham
matérias. maior frequência de movimento;
O fluxo de material determina: 3. armazenagem especial, onde destacam-se:
- A disposição do armazém - critério de armazenagem; a) os ambientes climatizados;
- A técnica de armazenagem - espaço físico no armazém; b) os produtos inflamáveis, que são armazenados sob rígidas
- Os acessórios do armazém; normas de segurança;
- A organização da armazenagem. c) os produtos perecíveis (método FIFO)

Armazenagem interior/exterior 4. Armazenagem em área externa: devido à sua natureza, mui-


A armazenagem ao ar livre representa uma clara vantagem a tos materiais podem ser armazenados em áreas externas, o que
nível econômico, sendo esta muito utilizada para material de ferra- diminui os custos e amplia o espaço interno para materiais que ne-
gens e essencialmente material pesado. cessitam de proteção em área coberta. Podem ser colocados nos
pátios externos os materiais a granel, tambores e “containers”, pe-
Armazenagem em função dos materiais ças fundidas e chapas metálicas.
A armazenagem deve ter em conta a natureza dos materiais 5. Coberturas alternativas: não sendo possível a expansão do
de modo a obter-se uma disposição racional do armazém, sendo almoxarifado, a solução é a utilização de galpões plásticos, que dis-
importante classificá-los. pensam fundações, permitindo a armazenagem a um menor custo.
- Armazém de commodities: Madeira, algodão, tabaco e cere-
ais; Independentemente do critério ou método de armazenamento
- Armazém para granel: A armazenagem deste material deve adotado é oportuno observar as indicações contidas nas embala-
ocorrer nas imediações do local de utilização, pois o transporte des- gens em geral.
te tipo de material é dispendioso. Para grandes quantidades deste
material a armazenagem faz-se em silos ou reservatórios de gran- Estudo do layout
des dimensões. Para quantidades menores utilizam-se bidões, latas Alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto do
e caixas. Armazena-se grãos, produtos líquidos, etc; layout de um almoxarifado, de forma que se possa obter as seguin-
- Armazéns frigorificados: Produtos perecíveis, frutas, comida tes condições:
congelada, etc; 1. Máxima utilização do espaço;
- Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Produtos 2. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra e
domésticos e mobiliário; equipamentos);
- Armazéns de mercadorias em geral: Produtos diversos. O 3. Pronto acesso a todos os itens;
principal objetivo é agregar o material em unidades de transporte e 4. Máxima proteção aos itens estocados;
armazenagem tão grandes quanto possíveis, de modo a preencher 5. Boa organização;
o veiculo por completo. 6. Satisfação das necessidades dos clientes.
- Gases - Os gases obedecem a medidas especiais de precau-
ção, uma vez que tornam-se perigosos ao estarem sujeitos a altas No projeto de um almoxarifado devem ser verificados os se-
pressões e serem inflamáveis. Por sua vez a armazenagem de gar- guintes aspectos:
rafas de gás está sujeita a regras específicas e as unidades de trans- 1. Itens a serem estocados (itens de grande circulação, grande
porte são por norma de grandes dimensões. peso e volume);
2. Corredores (facilidades de acesso);
Critérios de Armazenagem 3. Portas de acesso (altura, largura);
Dependendo das características do material, a armazenagem 4. Prateleiras e estruturas (altura x peso);
pode dar-se em função dos seguintes parâmetros: 5. Piso (resistência).
- Fragilidade;
- Combustibilidade; Distribuição De Materiais
- Volatilização; O processo de distribuição: conceitos e estratégias
- Oxidação; Ter um bom produto (bem ou serviço) não basta! Há a necessi-
- Explosividade; dade que esse produto chegue até o cliente da melhor forma possí-
- Intoxicação; vel, seja esse um produto de consumo ou industrial. Nesse sentido,
- Radiação; é necessário identificar adequadamente os meios para distribuir o
- Corrosão; produto, para que esse chegue ao cliente certo, na quantidade cer-
- Inflamabilidade; ta e no momento certo.
- Volume; Um bom produto pode não ter aceite do mercado, caso esse
- Peso; não esteja disponível nos lugares certos para o consumo. Portan-
- Forma. to, o sucesso ou fracasso de um produto no mercado depende de
sua disponibilidade para consumo, no tempo e quantidade certa. O
Os materiais sujeitos à armazenagem não obedecem regras ta- cliente ao procurar uma determinada marca, não encontrando-a,
xativas que regulem o modo como os materiais devem ser dispostos esse tenderá comprar uma outra marca qualquer. Dessa forma, um
no Almoxarifado. Por essa razão, deve-se analisar, em conjunto, os dos instrumentos da Logística que busca solucionar esse problema
parâmetros citados anteriormente, para depois decidir pelo tipo de e o desenvolvimento e utilização de um correto Processo de Distri-
arranjo físico mais conveniente, selecionando a alternativa que me- buição.
lhor atenda ao fluxo de materiais:
1. armazenagem por tamanho: esse critério permite bom apro-
veitamento do espaço;
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Dimensões do processo de distribuição: canal de distribuição Facilitação: relacionam-se com o financiamento de crédito,
e distribuição física o controle de produtos (inspecionar e classificar produtos), bem
- Canal de distribuição está relacionado ao conjunto de orga- como a coleta de informações de marketing, tornando mais fáceis
nizações interdependentes envolvidas na disponibilização de um os processos de compra e venda. Produtores e intermediários po-
produto (bem e/ou serviço) para uso e/ou consumo. Dessa forma, dem trabalhar juntos para criar valor para seus clientes por meio
entende-se canal de distribuição como sendo, o conjunto de or- de previsões de vendas, análises competitivas e relatórios sobre as
ganizações que executam as funções necessárias para deslocar os condições do mercado, focando atingir as reais necessidades dos
produtos da produção até o consumo. Nesse contexto surgem os clientes;
intermediários que são as organizações que constituem o canal de Logísticas: envolvem a movimentação e a combinação de pro-
distribuição, ou seja, são empresas comerciais que operam entre os dutos em quantidades que os tornem fáceis de comprar.
produtores e os clientes finais.
- Distribuição Física: refere-se à movimentação de produtos DECISÕES DE PROJETO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
para o local adequado, nas quantidades e tempos (prazos) corretos, Para se projetar um canal de distribuição é necessário avaliar
de maneira eficiente e eficaz em termos de custo, ou seja, refere-se alguns atributos:
ao uso correto das estratégias de logística relacionadas ao processo Avaliar claramente os mercados (reais e potenciais) a serem
de distribuição, tais como, armazenagem/estocagem, embalagem, trabalhados.
transporte, movimentação interna de materiais, bem como dos sis- - Determinar as características dos clientes (segmentação), em
temas e equipamentos necessários para essas funções. termos de números de clientes, dispersão geográfica, frequência de
compra, etc.
INTERMEDIÁRIOS - Determinar as características dos produtos quanto à perecibi-
Relacionam-se abaixo, alguns exemplos dos principais interme- lidade, dimensões, grau de padronização e necessidades dos clien-
diários atuantes em um canal de distribuição: tes.
- Varejista: tipo de intermediário cujo principal objetivo é re- - Determinar as características dos intermediários, quanto ao
alizar a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente final. tipo de transporte, sistema de equipamentos e armazenagem utili-
Ex.: Supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de calçados, etc. zado, sistemas de TI, etc.
- Atacadista: intermediário que compra e revende mercadorias - Diagnosticar as características ambientais quanto às condi-
para os varejistas e a outros comerciantes e/ou para estabelecimen- ções locais, legislação, etc.
tos industriais, institucionais e usuários comerciantes, mas que não
- Avaliar as características das empresas envolvidas quanto so-
vende em pequenas quantidades para clientes finais. Ex.: Martins,
lidez financeira, composto de produtos (bens e serviços), nível de
Atacadão
serviço, estratégias de marketing, etc.
- Distribuidor: geralmente, esse termo é confundido com o
Atacadista. Porém, para bens industriais, o mesmo agrega, além da
venda, armazenagem e assistência técnica dentro de uma área ge- TIPOLOGIAS DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
ográfica delimitada de atuação, ou seja, busca atender demandas FabricanteCliente Final/Cliente Empresarial (NÍVEL ZERO) - é o
mais regionalizadas. Ex.: Distribuidor de tratores e implementos canal de distribuição mais simples e direto do fabricante até o usu-
agrícolas em uma determinada região. ário final, sendo também o mais comum no cenário empresarial.
- Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações de Quando essse canal de distribuição é usado em mercados de con-
curto prazo): pessoas jurídicas comissionadas que vendem uma li- sumo, pode assumir duas formas. A primeira é a Venda Direta que
nha de produtos de uma empresa sob relação contratual. Podem envolve contatos de vendas pessoais entre o comprador e o ven-
trabalhar com exclusividade apenas os produtos de uma única em- dedor, como aqueles que ocorrem com os produtos agrícolas (fei-
presa (agentes exclusivos) ou trabalham com produtos similares de ras), processo Avon, Yakult, etc. Já a segunda forma é o Marketing
empresas diferentes (agentes não exclusivos). Direto, o qual abrange uma comunicação direta entre o comprador
e o vendedor, conforme ocorre nas vendas por meio de catálogos
IMPORTÂNCIA DOS INTERMÉDIARIOS ou mala direta. Pode-se considerar que os canais diretos são mais
Pode-se identificar diversos aspectos que justificam a impor- importantes no mercado empresarial (B2B), onde a maior parte
tância dos intermediários no canal de distribuição, dentre esses dos equipamentos, peças e matéria-prima são vendidas por meio
destacam-se: de contatos diretos entre vendedores e compradores. Esse canal é
- Aumento da eficiência do processo de distribuição, pois não requisitado quando o fabricante prefere não utilizar os intermediá-
seria eficiente para um fabricante ou produtor buscar atender clien- rios disponíveis no mercado, optando pela força de venda própria
tes individualmente; e providenciando a movimentação física dos produtos até o cliente
- Transformação das transações em processos repetitivos e ro- final. O mesmo oferece às empresas a vantagem de maior controle
tineiros, simplificando atividades e os processos de pedido, paga- das funções de Marketing a serem desempenhadas, sem a necessi-
mento, etc. dade de motivar intermediários e depender de resultados de tercei-
- Facilitação do processo de busca de produtos, ampliando o ros. Uma das desvantagens é a exigência de maiores investimentos,
acesso dos clientes a uma gama maior de produtos. uma vez que as funções mercadológicas são assumidas.
FUNÇÕES DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos canais
As funções objetivam tornar o canal de distribuição mais efe-
mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha, como
tivo (eficiente e eficaz), podendo ser dividida em três categorias:
alimentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse caso, o fa-
Transacionais: compreendem a compra, a venda dos produtos,
bricante transfere ao intermediário grande parte das funções mer-
bem como assumir os riscos comerciais envolvidos no processo;
cadológicas (venda, transporte, crédito, embalagens). Ex.: Lojas
Bahia, Supermercado Extra, etc.

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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) - esse - Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um fabri-
tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo, quando cante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem para o
a distribuição visa atingir um número muito grande e disperso de mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso de repre-
clientes (ampliar capilaridade). sentantes.
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen- Poder no canal
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicio- Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem de
nais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc. influenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro membro.
Nesse sentido, o membro que exerce Poder está interferindo ou até
FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL modificando os objetivos mercadológicos do outro membro. De
TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função de uma forma mais geral, conceito de Poder está associado à capaci-
reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, um inter- dade de um membro particular do canal de controlar ou influenciar
mediário que não compra produtos, apenas representa o fabricante o comportamento de outro(s) membro(s) do canal.
ou o atacadista (aqueles que realmente compram os bens) na busca
de mercados à produção dos fabricantes ou na localização de fontes Fontes de Poder no canal
de suprimento para esses fabricantes. Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são exer-
cidos no canal:
Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de serviços - Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar um
para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta do que outro quando esse último conforma-se à influência do primeiro. A
a distribuição de bens tangíveis, em função das características dos recompensa, normalmente está associada com fontes econômicas.
serviços. O profissional de Marketing de Serviços está menos pre-
- Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o exer-
ocupado com a armazenagem, transporte e controle do estoque e,
cício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes em
normalmente usa canais mais curtos. Outra consideração é a contí-
relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não se sub-
nua necessidade de manutenção de relacionamentos pessoais en-
meta às tentativas de influência do primeiro.
tre produtores e usuários de serviços.
- Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro
Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de ser- (contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito de
viços também há a possibilidade da utilização de agentes, os quais influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência.
nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos mais co- - Informacional: origina-se pela posse de um membro de infor-
muns incluem os corretores de seguro, corretores de fundo de in- mações valorizadas por outros membros do canal.
vestimentos, agentes de viagem, etc. - Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um
membro detem em relação a outro membro.
GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
Liderança do canal
Conflitos no Canal Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coo-
Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos peração entre os membros do canal, essas características podem
relacionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distribui- resultar no surgimento de membros que, devido a fatores como,
ção, o conflito surge quando um membro do canal crê que outro alto poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, tor-
membro esteja impedindo a realização de seus objetivos especí- nam-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores identificaram
ficos. Diversos fatores podem favorecer o surgimento de conflito um padrão consistente de condições que determinam o surgimento
entre os membros do canal: de uma liderança no canal: o líder do canal tende emergir quando
- Incongruência de papéis entre os membros; o canal de distribuição enfrenta ambientes ameaçadores, aqueles
- Escassez de recursos e discordância na sua alocação; onde a demanda é declinante, a concorrência aumenta e a incer-
- Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos am- teza é elevada.
bientais;
- Diferenças de expectativas em relação ao comportamento es- Construindo a confiança no canal
perado dos outros membros; Muitos canais estão rumando para a construção da confiança
- Discordância no domínio da decisão; mútua como base para o sucesso das relações entre os membros
- Incompatibilidade de metas específicas dos membros; do canal. Geralmente essa confiança requer que esses membros re-
- Dificuldades de comunicação.
conheçam sua interdependência e saibam compartilhar processos
e informações.
Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos ca-
nal de distribuição:
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO
- O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca- Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de distri-
distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos buição:
diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo de - Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo produ-
conflito vertical entre esse e seus varejistas. to disponível no maior número de estabelecimentos de uma região,
- O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências entre visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade de venda.
membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas versus Ata- Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de compra são
cadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa franquia vendidos intensivamente, de modo que os clientes considerem con-
competindo em uma mesma região. Esses conflitos podem ocorrer, veniente comprá-los. Assim, por meio da distribuição intensiva, os
devido as diferenças quanto aos limites de território ou em termos clientes podem encontrar os produtos no maior número de locais
dos preços praticados. possíveis.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do fabri- Entre fatores estratégicos importantes no sistema distributivo
cante vender produtos por meio de mais de um dos intermediários podem ser levantadas as seguintes questões:
disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo assim, os in- - Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris
termediários escolhidos são considerados osmelhores para vender atendem às necessidades de mercado,
os produtos com base em sua localização, reputação, clientela e - Se a localização geográfica dos mercados e os seus respectivos
outros pontos fortes. A distribuição seletiva é empregada quando custos de abastecimento são compatíveis,
osclientes buscam produtos de compra comparada. Cabe ainda - Se a frequência de compras dos clientes, o número e o tama-
destacar que, nesse caso, havendo menos “parceiros” de canal, nho dos pedidos justificam o esforço distributivo,
torna-se possível desenvolver relacionamentos mais estreitos com - Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em bases
cada um desses, permitindo que o fabricante obtenha boa cobertu- compatíveis com o mercado,
ra do mercado com mais controle e menos custos, comparado com - Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justificá-
a distribuição intensiva. veis com os resultados operacionais gerados,
- Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante vende seus - Se os métodos de transporte adotados são adequados,
produtos por meio de um único intermediário em uma determina-
da região, onde esserecebe o direito exclusivo de distribuir tais pro- Em conformidade com o potencial do mercado, é importante
dutos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando um determinado analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa e se o
produto requer um esforço especializado de venda ou investimen- tipo de sistema de distribuição adotado é adequado.
tos em estoques e instalações específicas. A distribuição exclusiva é
oposta à distribuição intensiva, sendo mais adequada à medida em DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
que se deseja operar apenas com “parceiros” exclusivos de canal A distribuição física de produtos ou distribuição física são os
que possam apoiar ou servir o produto de forma adequada, ou seja, processos operacionais e decontrole que permitem transferir os
enfatizando uma determinada imagem que possa caraterizar luxo produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que a mer-
ou exclusividade. cadoria é finalmente entregue ao consumidor. (NOVAES, 1994).
Pode-se dizer que seu objetivo geral é levar os produtos certos,
A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de dis- para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço
tribuição depende essencialmente de cada organização, da forma desejado, pelo menor custo possível.
com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia A distribuição física tem, como foco principal, todos os produ-
de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores gerais, tos que a companhia oferece para vender, ou seja, desde o instante
comum na maioria deles: em que a produção é terminada até o momento em que o cliente
- Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado recebe a mercadoria (produto).
identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar dis- Toda produção visa a um ponto final, que é chegar às mãos do
ponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo cor- consumidor.
reto; “Nadar e morrer na praia” não é objetivo de nenhuma institui-
- Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto sob ção que vise ao lucro. Nem entidades sem fins lucrativos desejam
enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista que que seus feitos não alcancem os objetivos, mesmo que estes não
possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas lojas; sejam financeiros.
- Promover cooperação entre os participantes da cadeia de su- Uma boa distribuição, associada a um produto de boa qualida-
primentos, principalmente relacionada aos fatores mais significati- de, a uma propaganda eficaz e a um preço justo, faz com que os pro-
vos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes mínimos dutos sejam disponibilizados a seus consumidores, de modo que
dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos especiais de estes possam fazer a opção pela compra. Estando nas prateleiras, o
acondicionamentos em embalagens, condições de descarga, restri- produto passa a fazer parte de uma gama de produtos concorrentes
ções de tempo de espera, etc. que podem ser comprados ou não.
- Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos O primeiro passo para ele poder fazer parte dessa opção de
parceiros da cadeia de suprimentos; compra é estar disponível nas prateleiras.
- Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os par- Outros fatores como propaganda, preço e qualidade do produ-
ceiros; e to, podem variar entre produtos concorrentes, mas a distribuição
- Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuando é uma condição obrigatória para todas as empresas que querem
em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de suprimentos vender seus produtos.
na sua totalidade. Se o produto não está disponível na prateleira, independente
de todos os outros fatores que influenciam a compra, este não po-
Os canais de distribuição podem desempenhar quatro funções derá ser comprado.
básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo supply
chain management: Imagine um produto com uma qualidade maravilhosa, com
- Indução da demanda – as empresas da cadeia de suprimentos uma estratégia de propaganda primorosa, com um preço imbatível,
necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços ou merca- mas não disponível no mercado.
dorias; A distribuição física acontece em vários níveis dentro de uma
- Satisfação da demanda – é necessário comercializar os servi- instituição. Isso ocorre em razão de que a posição hierárquica inter-
ços ou mercadorias para satisfazer a demanda; fere no processo. Uma decisão tomada pela alta administração de
- Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços uma empresa é chamada de decisão estratégica e deve ser seguida
ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e pelos demais níveis hierárquicos.
- Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa- A decisão tática é tomada e imposta pela média gerência e a
ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se tam- operacional diz respeito à supervisão que se encarregará de fazer
bém os consumidores que disponibilizam um retorno importante com que os projetos sejam cumpridos e executados.
tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
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a solução para o seu concurso!
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Para um melhor entendimento, seguem os níveis da adminis- VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE TRANSPORTE
tração da distribuição física.
• Estratégico; Transporte Rodoviário
• Tático; É aquele que se realiza em estradas, com utilização de cami-
• Operacional. nhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil,
apesar do custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.
a. Nível Estratégico
Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo Vantagens Desvantagens
que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem ser
relacionadas às seguintes preocupações: • Capacidade de tráfe- • Menor capacidade de
• Localização dos armazéns; go por qualquer rodovia (flexi-
cargas entre todos os modais;
• Seleção dos modais de transportes; bilidade operacional)
• Sistema de processamento de pedidos etc. • Usado em qualquer • Alto custo de opera-
tipo de carga. ção
b. Nível Tático
É o nível em que a média gerência da empresa estará envolvida
• Agilidade no trans- • Alto risco de roubo/
em utilizar seus recursos da melhor e maior forma possível. Suas porte e no acesso às cargas Frota antiga- acidentes
preocupações são: • Não necessita de • Vias com gargalos
• Ociosidade do equipamento de transmissão de pedidos ser gerando gastos extras e maior
a mínima; entrepostos especializados
tempo para entrega.
• Ocupação otimizada da área de armazéns;
• Otimização dos meios de transportes, sempre em níveis má-
• Amplamente dispo- • Alto grau de poluição
nível
ximos possíveis à carga etc.
• Fácil contratação e • Alto valor de trans-
c. Nível Operacional gerenciamento. porte.
É o nível em que a supervisão garante a execução das tarefas • Adequado para cur- • Menos competitivo à
diárias para assegurar que os produtos se movimentem pelo canal tas e médias distâncias longa distância;
de distribuição até o último cliente. Podem ser citadas:
• Carregar caminhões; Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias perecíveis,
• Embalar produtos; mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias (até 400
• Manter registros dos níveis de inventário etc. Km), trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quan-
do o tempo de trânsito for valor agregado.
MODALIDADES DE TRANSPORTE
O transporte de mercadorias é parte fundamental do comér- Transporte Ferroviário
cio. Como o produto é entregue e a qualidade com que chega até o Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas férreas,
cliente final é o que define a satisfação do comprador e a possibili- para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias transpor-
dade de um cliente fiel. Sendo assim, deve-se usar o modal – meio tadas neste modal são de baixo valor agregado e em grandes quan-
de transporte – que atenda às expectativas do comprador. tidades como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão, de-
Dados mostram que o transporte representa 60% dos custos rivados de petróleo, etc.
logísticos, 3,5% do faturamento e tem papel preponderante na qua-
lidade dos serviços logísticos, impactando diretamente no tempo
de entrega, confiabilidade e segurança dos produtos. Vantagens Desvantagens
• Grande capacidade de • Alto custo de implan-
Qual o melhor modal? cargas tação
São basicamente cinco os modais: rodoviário, ferroviário, aqua-
viário, aéreo e dutoviário.
• Baixo custo de trans- • Transporte lento
Para o transporte de mercadorias, cada modal possui suas van- porte (Inexistência de pedá- devido às suas operações de
tagens e desvantagens. Para cada rota há possibilidade de escolha gios) carga e descarga
e esta deve ser feita mediante análise profunda dos custos e carac- • Adequado para longas • Pouca flexibilidade de
terísticas do serviço. distâncias equipamentos.
• Baixíssimo nível de • Malha ferroviária
O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
acidentes. insuficiente.
classifica o Sistema de Transporte, quanto à forma, em:
- Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário); • Alta eficiência ener- • Malha ferroviária
- Intermodal: envolve mais de uma modalidade (ex.: Rodoviário gética. sucateada
e Ferroviário); • Melhores condições • Necessita de entre-
- Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, regido de segurança da carga. postos especializados.
por um único contrato;
- Segmentados: envolve diversos contratos para diversos mo- • Menor flexibilidade
dais; • Menor poluição do no trajeto (nem sempre chega
- Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino fi- meio ambiente ao destino final, dependendo
nal, necessita ser transbordada para prosseguimento em veículo da de outros modais.)
mesma modalidade de transporte (regido por um único contrato).

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de • Não necessita • Valor do frete mais
cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos exclu- embalagem mais reforçada elevado em relação aos outros
sivos (não há vias para outros modais) (manuseio mais cuidadoso); modais
Transporte Aquaviário • Os aeroportos nor-
Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba tanto malmente estão localizados • Depende de terminais
o transporte marítimo, utilizando como via de comunicação os ma- mais próximos aos centros de acesso
res abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. É o transpor- de produção.
te mais utilizado no comércio internacional.
• Transporte de
grandes distâncias.
Vantagens Desvantagens
• Maior capacidade de • Necessidade de • Seguro de trans-
carga transbordo nos portos porte é muito baixo.
• Menor custo de trans- • Longas distâncias Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes de
porte (Frete de custo relativa-
dos centros de produção cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frágeis /
mente baixo) Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há via
• Apesar de limitado às • Menor flexibilidade para outros modais) / Tempo de trânsito é muito importante.
zonas costeiras, registra grande nos serviços aliado a fre-
competitividade para longas quentes congestionamentos Tipos de Aeronaves:
distâncias nos portos Full pax = somente de passageiros.

• Mercadoria de baixo • É de gerenciamento Full cargo = somente de cargas.


Combi = misto de carga e passageiros
complexo, exigindo muitos
valor agregado.
documentos. Transporte Dutoviário
Esta modalidade de transporte não apresenta nenhuma flexi-
Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de bilidade, visto que há uma limitação no número de produtos que
carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não podem utilizar este modal. O transporte é feito através de dutos
há vias para outros modais) / Tempo de trânsito não é importante / cilíndricos. Pode ser utilizado para transporte de petróleo, produtos
Encontra-se uma redução de custo de frete. derivados do minério, gases e grãos.
Tipos de navios:
Navios para cargas gerais ou convencionais: Vantagens Desvantagens
Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados • Muitas dutovias
para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.
são subterrâneas e/ou • Pode ocasionar um
submarinas, considerado uma grande acidente ambiental
Navios especializados:
vantagem, pois minimizam caso suas tubulações se rom-
Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e só-
os riscos causados por outros pam
lido), sem decks.
veículos;
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por
rampa, vários decks de diversas alturas. • O dutoviário trans- • Possui uma ca-
porta de forma segura e para pacidade de serviço muito
Navios Multipropósito: longas distancias limitada
Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializados
ao mesmo tempo. • Proporciona um me- • Custos fixos são
Granel sólido + líquido nor índice de perdas e roubos mais elevados
Minério + óleo
Ro-ro + container
• Baixo consumo de • Investimento inicial
energia. elevado.
Navios porta-container:
• Alta confiabilidade. • Requer mais licen-
Transportam exclusivamente cargas em container. ças ambientais.
Sólido, líquido, gasoso
Desde que seja em container • Simplificação de car-
Tem apenas 01 (um) deck (o principal) ga e descarga
Transporte Aéreo
O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves e
• Transporte de volu-
pode ser dividido em Nacional e Internacional. mes granéis muito elevados.

Tipos de dutos
Vantagens Desvantagens
- Subterrâneos
• É o transporte mais • Menor capacidade - Aparentes
de carga (Limite de volume e - Submarinos
rápido
peso|)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Oleodutos = gasolina, álcool, nafta, glp, diesel. Os estoques podem ser classificados como:
Minerodutos = sal-gema, ferro, concentr.fosfático. - Matéria-prima
Gasodutos = gás natural. - Produtos em processo
- Materiais de embalagem
Observa-se que os meios de transportes estão cada vez mais - Produtos acabados
inter-relacionados buscando compartilhar e gerar economia em es- - Suprimentos
cala, capacidade no movimento de cargas e diferencial na oferta
de serviços logísticos. Porém, o crescimento dessa integração multi- A razão para manutenção de estoques depende fundamental-
modal muitas vezes é dificultado pela infraestrutura ofertada pelos mente da natureza desses materiais.
setores privados e públicos. Para manutenção dos estoques de matérias primas, são utiliza-
das justificativas como a facilidade para o planejamento do proces-
Estoques so produtivo, a manutenção do melhor preço deste produto, a pre-
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas venção quanto à falta de materiais e, eventualmente, a obtenção de
nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que descontos por aquisição de grandes quantidades.
descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de Essas razões são contra-argumentadas de várias formas. Atu-
estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab- almente, as modernas técnicas de administração de estoques,
sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção o conceito do “Supply Chain Management” que ajuda a reduzir
substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta custos, representam alternativas eficientes para evitar-se falta de
compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ge- materiais. Adicionalmente, a realização de contratos futuros pode
renciados”. representar um instrumento eficiente para proteger a empresa de
eventual oscilação de preços de seus insumos básicos.
Razões para manter estoque Para manutenção de estoques de materiais em processos, jus-
A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exi- tifica-se a maior flexibilidade do processo produtivo, caso ocorra
ge investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita interrupção em alguma das linhas de produção da empresa. Obvia-
sincronização entre a oferta e a demanda, de maneira a tornar a mente, essa questão deve ser substituída pela adoção de proces-
manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impos- sos de produção mais confiáveis, para evitar a ocorrências destas
sível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre interrupções.
os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se A manutenção de estoques de produtos acabados é justificada
acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias por duas razões: garantir atendimentos efetuados para as vendas
e minimizar os custos totais de produção e distribuição. realizadas e diminuir os custos de mudança na linha de produção.

Na verdade, estoques servem para uma série de finalidades, Técnicas de Administração de estoques
ou seja:
- Melhoram o nível de serviço. CURVA ABC
- Incentivam economias na produção. Segrega os estoques em três grupos, demonstrando grafica-
- Permitem economias de escala nas compras e no transporte. mente com eixos de valores e quantidades, que considera os mate-
- Agem como proteção contra aumentos de preços. riais divididos em três grandes grupos, de acordo com seus valores
- Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo de preço/custo e quantidades, sendo assim materiais “classe A” re-
de ressuprimento. presentam a minoria da quantidade total e a maioria do valor total,
- Servem como segurança contra contingências. “classe C” a maioria da quantidade total e a minoria do valor total,
“classe B” valores e quantidades intermediárias.
Abrangência da Administração de Estoques O controle da “classe A” é mais intenso e o controle da “classe
A administração de estoques é de importância significativa na B e C” menos sofisticados.
maioria das empresas, tanto em função do próprio valor dos itens
mantidos em estoque, associação direta com o ciclo operacional da MODELO DE LOTE ECONÔMICO
empresa. Da mesma forma como as contas a receber, os níveis de Permite determinar a quantidade ótima que minimiza os cus-
estoques também dependem em grande parte do nível de vendas, tos totais de estocagem de pedido para um item do estoque. Con-
com uma diferença: enquanto os valores a receber surgem após a siderando os custo de pedir e os custos de manter os materiais.
realização das vendas, os estoques precisam ser adquiridos antes Sendo os custos de pedir, os fixos, administrativos ao se efetuar e
das realizações das vendas. receber um pedido e o custo de manter são os variáveis por unida-
de da manutenção de um item de estoque por umdeterminado pe-
Essa é uma diferença crítica e a necessidade de prever as ven- ríodo (custo de armazenagem) segundo, “oportunidade” de outros
das antes de se estabelecer os níveis desejados de estoques, torna investimentos.
sua administração uma tarefa difícil. Deve se observar também que
os erros na fixação dos níveis de estoque podem levar à perda das
vendas (caso tenham sido subdimensionados) ou a custos de es- Custo total = custo de pedir + custo de manter
tocagem excessivos (caso tenham sido superdimensionados), resi-
dindo, portanto, na correta determinação dos níveis de estoques, PONTO DE PEDIDO
a importância da sua administração. Seu objetivo é garantir que os Determina em que ponto os estoques serão pedidos levando
estoques necessários estejam disponíveis quando necessários para em consideração o tempo de entrega dos principais itens.
manutenção do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que os
custos de encomenda e manutenção de estoques sejam minimiza- Ponto de pedido = tempo de reposição em dias x demanda
dos. diária

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUES tendo de passar por filas de espera de atendimento nos diversos
Os Sistemas básicos utilizados na administração de estoques postos de trabalho na fábrica. O conjunto de postos de trabalho
são: forma então uma rede de filas de espera.
O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais para
1. FMS (Flexible Manufacturing System) ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente ou sub-
Nesse sistema, os computadores comandam as operações das montagem a ser processado em cada posto de trabalho. Muita ên-
máquinas de produção e, inclusive, comandam a troca de ferramen- fase é dedicada aos pontos de gargalo da produção.
tas das operações de manuseio de materiais, ferramentas, acessó-
rios e estoques. Pode-se incluir no software módulos de monitora- 5. Sistema KANBAN-JIT
ção do controle estatístico da qualidade. Normalmente, é aplicado O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os
em fábricas com grande diversidade de peças de produtos finais empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber-
montados em lotes. Podemos destacar entre as vantagens do FMS, dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados
as seguintes: trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um traba-
• Permite maior produtividade das máquinas, que passam a lhador parar a linha de montagem ou produção porque achou algo
ter utilização de 80% a 90% do tempo disponível. errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo, aju-
• Possibilita maior atenção aos consumidores em função da dando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as neces-
flexibilidade proporcionada. sidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a produção
• Diminui os tempos de fabricação. da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessidades ge-
• Em função do aumento da flexibilidade, permite aumen- radas na montagem final. As peças ou submontagens são colocadas
tar a variedade dos produtos ofertados. em caixa feitas especialmente para cada uma dessas partes, que, ao
serem esvaziadas na montagem, são remetidas ao posto de traba-
2. MRP-Material Requirement Planing lho que faz a última operação a essa remessa, que funciona como
O MRP é um sistema completo para emitir ordens de fabri- uma ordem de produção.
cação, de compras, controlar estoques e administrar a carteira de
pedidos dos clientes. Opera em base semanal, impondo com isso 6. Sistema Just in Time
uma previsão de vendas no mesmo prazo, de modo a permitir a ge- É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de
ração de novas ordens de produção para a fábrica. O sistema pode distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do
operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de compras, sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi, a
fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando
material em processo, como estoque de matérias primas, partes, esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar
submontagens e produtos acabados.A maior vantagem do MRP em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a res-
consiste em utilizar programas de computadores complexos, levan- ponsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção
do em consideração todos os fatores relevantes para conseguir o para seus terceirizados.
melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos, O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é
mesmo que a fábrica tenha muitos produtos em quantidade, de suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa,
uma semana para outra. somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as re-
Um ponto fundamental para o correto funcionamento do sis- lações entre as empresas - inclusive com o emprego de recursos de
tema é a rigorosa disciplina a ser observada pelos funcionários que comunicação e tecnologias de informação, devem ser garantidas de
interagem com o sistema MRP, em relação à informação de dados tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços prestados pela
para computador. Sem essadisciplina, a memória do MRP vai acu- logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços ex-
mulando erros nos saldos em estoques e nas quantidades neces- pressas pelos clientes. É muito importante, portanto que haja uma
sárias. cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e seus for-
necedores externos e internos. Um ponto muito favorável no Just
3. Sistema Periódico in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram perdas
A característica básica deste sistema é a divisão da fábrica em de produtos.
vários setores de processamento sucessivo de vários produtos simi-
lares. Cada setor recebe um conjunto de ordens de fabricação para Outros sistemas de estoques
serem iniciados e terminados no período. Com isso, no fim de cada Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em
período, se todos os setores cumprirem sua carga de trabalho, não duas partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da en-
haverá qualquer material em aberto. Isso facilita o controle de cada comenda de um novo lote e a outra será utilizada entre a data da
setor da fábrica, atribuindo responsabilidades bem definidas. encomenda e a data do recebimento do novo lote. A grande van-
Esse sistema com período fixo é antigo, mas devido às suas ca- tagem deste sistema está na substancial redução do processo bu-
racterísticas, não se tornou obsoleto face aos sistemas modernos, rocrático de reposição de material (bujão de gás). A denominação
nos quais é possível à adoção de períodos curtos, menores que uma “DUAS GAVETAS” decorre da ideia de guardar um mesmo lote em
semana. duas gavetas distintas.

4. OPT-Optimezed Production Technology Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando


O sistema OPT foi desenvolvido com uma abordagem diferen- a separação entre as duas partes do estoque não é feita fisicamen-
te dos sistemas anteriores, enfatizando a racionalidade do fluxo te, mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, com o
de materiais pelos diversos postos de trabalho de uma fábrica. Os ponto de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo
pressupostos básicos do OPT foram originados por formulações ma- estiver sendo utilizado, o Departamento de Compras terá prazo su-
temáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como ficiente para adquirir e repor o material no estoque.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – conhecida
para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-estabe- como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em seus artigos
lecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o custo de 44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do patrimônio públi-
estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser com- co. Uma delas estabelece que o resultado da venda de bens móveis
prada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade e imóveis e de direitos que integram o patrimônio público não po-
existente em estoque, seja suficiente para atender a demanda até derá mais ser aplicado em despesas correntes, exceto se a lei auto-
o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este siste- rizativa destiná-la aos financiamentos dos regimes de previdência
ma obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar social, geral e própria dos servidores.
períodos iguais para um grande número de itens em estoque pois, Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação de
procedendo a compra simultânea de diversos itens, pode-se obter ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser aplicados em
condições vantajosas na transação (compra e transporte). despesa de capital, provocando a desincorporação de dívidas (pas-
sivo), por meio da despesa de amortização da dívida ou o incremen-
Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta duas to de outro ativo, com a realização de despesas de investimento, de
subdivisões: forma a manter preservado o valor do patrimônio público.
a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-
-determinado: TOMBAMENTO DE BENS
É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo que O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento
estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis de produ- dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela con-
ção. A programação (para vários períodos, semanas e meses) elabo- ferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entrada
rada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmentos, des- do bem no sistema de gerenciamento de material no estoque, o
de o recebimento do material até o embarque do produto acabado. responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de
Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais e
Vantagens: outros que se fizerem necessários), informando o destino (centros
* Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetiva- de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em esto-
mente controlados por se conhecer a demanda futura. que, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de saí-
* Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se da deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo
aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas. Aa- Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino
tividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emitirpedi- final, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio,
dos de fornecimento para cada lote de material. juntamente com os demais documentos do processo de empenho.
O tombamento consiste na formalização da inclusão física de
b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem de um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um
produção ou a uma requisição: É o método empregado nas produ- único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma sequ-
ções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob encomenda, ência de registros patrimoniais quando for por lote, que é denomi-
sendo justificável no caso de materiais especiais ou necessários es- nado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se uma
poradicamente. Os pedidos de material neste sistema são baseadas conta patrimonial do Plano de Contas do órgão a cada material, de
principalmente na lista material (“ROW MATERIAL”) e na programa- acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do bem
ção geral (AP = “ANNUAL PLANNING”). Existem casos em que o pe- a ser registrado é o valor constante do respectivo documento de
dido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto do pro- incorporação (valor de aquisição).
duto estar detalhado, ou seja, antes da listagem do material estar A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de pla-
pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de fabricação queta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual conterá
excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e navios. o número de registro patrimonial.
Na colocação da plaqueta deverão ser observados os seguintes
Enfim, o controle de estoques exerce influência muito grande aspectos: local de fácil visualização para efeito de identificação por
na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia meio de leitor óptico, preferencialmente na parte frontal do bem;
estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumentar a ro- evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que pos-
tatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza o custo sam acarretar sua deterioração; evitar fixar a plaqueta em partes
de manutenção e controle que podem absorver de 25 a 40% dos que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremida-
custos totais, conforme mencionado anteriormente. des ou sobre alguma indicação importante do bem.
Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física antes
Gestão patrimonial de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do
O patrimônio é o objeto administrado que serve para propi- órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua
ciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também
seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: o terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados
elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja
econômico avaliável em moeda; e exista interdependência dos ele- de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes en-
mentos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a costadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao
uma entidade que vise alcançar determinados fins. peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo
Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado uma ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da
riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade coletiva, plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado de-
sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquanto que sob verá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio.
o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo (Ativo =Pas-
sivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando se utiliza
o termo “substância patrimonial” é que a contabilidade visualiza o
patrimônio de forma qualitativa.
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A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação de Tal informação permitirá o acompanhamento da manutenção
plaquetas (ou adesivos): dos bens e identificação de todos os problemas ocorridos nestes
a) estantes, armários, arquivos e bens semelhantes: a plaqueta números do Termo de Responsabilidade; e plaquetável ou não pla-
deve ser fixada na parte frontal superior direita, no caso de arqui- quetável.
vos de aço, e na parte lateral superior direita, no caso de armários, O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o recebimen-
estantes e bens semelhantes, sempre com relação a quem olha o to da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que procederá
móvel; ao tombamento e cadastramento em sistema específico, utilizando
b) mesas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na diversos dados, tais como: número do registro; tipo de imóvel; de-
parte frontal central, contrária à posição de quem usa o bem, com nominação do imóvel; características (descrição detalhada do bem);
exceção das estações de trabalho e/ou àqueles móveis que foram valor de aquisição (valor histórico); forma de ingresso (compra, do-
projetados para ficarem encostados em paredes, nos quais as pla- ação, permuta, comodato, construção, usucapião, desapropriação,
quetas serão fixadas em parte de fácil visualização; cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; número do em-
c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte fixa inferior do penho e data de emissão; fonte de recurso; número do processo
motor; de aquisição e ano; tipo/número do documento de aquisição (nota
d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada no fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de
lado externo direito, em relação a quem opera a máquina; Doação, Termo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros);
e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a plaque- nome do fornecedor (código); localização (identificação do centro
ta nunca deve ser colocada em partes revestidas por courvin, couro de responsabilidade); situação do bem (registrado, alocado, cedido
ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segurança. A pla- em comodato, em manutenção, em depósito para manutenção, em
queta deverá ser fixada na base, nos pés ou na parte mais sólida; depósito para triagem, em depósito para redistribuição, em depó-
f) aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em apa- sito para alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros);
relhos de ar condicionado, o local indicado é sempre na parte mais estado de conservação (bom, regular, precário, inservível); data da
fixa e permanente do aparelho, nunca no painel removível ou na incorporação; unidade da federação; tipo de logradouro; número;
carcaça; complemento;bairro/distrito; município; cartório de registro; ma-
g) automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada trícula; livro; folhas; data do registro; data da reavaliação; moeda
na parte lateral direita do painel de direção, em relação ao motoris- da reavaliação; valor do aluguel; valor do arrendamento; valor de
ta, na parte mais sólida e nãoremovível, nunca em acessórios; utilização; valor de atualização; moeda de atualização; data da atu-
h) quadros e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste alização; reavaliador; e CPF/CNPJ do reavaliador.
caso, deve ser feita de tal forma que não lhes tire a estética, nem
diminua seu valor comercial; CONTROLE DE BENS
i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser fixada na base. Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o
Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás, na lateral di- conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferência,
reita; saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão sujeitos
j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a plaqueta no período decorrido entre sua incorporação e desincorporação.
deverá ser colocada na parte frontal inferior direita, caso não seja Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de
possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição na parte material permanente recém adquirido, de acordo com a destinação
posterior do quadro; e dada no processo administrativo de aquisição correspondente.
k) fixação de plaquetas em outros bens: entende-se como ou- A movimentação de qualquer bem móvel será feita mediante o
tros bens aqueles materiais que não podem ser classificados cla- preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá conter
ramente como aparelhos, máquinas, motores, etc. Em tais bens, a no mínimo, as seguintes informações: número do Termo de Res-
plaqueta deve ser fixada na base, na parte onde são manuseados. ponsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluindo tam-
bém o nome do sublocal de lotação); declaração de responsabilida-
A seguir são elencados, como sugestões, dados necessários de; número do tombamento; descrição; quantidade; indicação se é
ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do tomba- plaquetável; valor unitário; valor total; total de bens arrolados no
mento; data do tombo; descrição padronizada do bem (descrição Termo de Responsabilidade; data do Termo; nome e assinatura do
básica pré-definida em um sistema de patrimônio); marca/modelo/ responsável patrimonial; e data de assinatura do Termo.
série (também pré-definidos em um sistema de patrimônio); carac- A transferência é a operação de movimentação de bens, com a
terísticas (descrição detalhada); valor unitário de aquisição (valor consequente alteração da carga patrimonial. A autoridade transfe-
histórico); agregação (acessório ou componente); forma de ingres- ridora solicita ao setor competente do órgão a oficialização do ato,
so (compra, fabricação própria, doação, permuta, cessão, outras); por meio das providências preliminares. É importante destacar que
classificação contábil/patrimonial; número do empenho e data a transferência de responsabilidade com movimentação de bens
de emissão; fonte de recurso; número do processo de aquisição e somente será efetivada pelo Setor de Patrimônio mediante solicita-
ano; tipo/número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura, ção do responsável pela carga cedente com anuência do recebedor.
comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Ter- A devolução ao Setor de Patrimônio de bens avariados, obsoletos
mo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome do ou sem utilização também se caracteriza como transferência. Neste
fornecedor (código); garantia (data limite da garantia e empresa de caso, a autoridade da unidade onde o bem está localizado devolve-
manutenção); localização (identificação do centro de responsabili- -o com a observância das normas regulamentares, a fim de que a o
dade); situação do bem (registrado, alocado, cedido em comodato, Setor Patrimonial possa manter rigoroso controle sobre a situação
em manutenção, em depósito para manutenção, em depósito para do bem. Os bens que foram restituídos ao Setor de Patrimônio do
triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para alie- órgão também ficam sob a guarda dos servidores deste setor (fiéis
nação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado de depositários), e serão objetos de análise para a determinação da
conservação (bom, regular, precário, inservível, recuperável); histó- baixa ou transferência a outros setores.
rico do bem vinculado a um sistema de manutenção, quando existir.

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É importante colocar que uma cópia do Termo de Responsa- INVENTÁRIO
bilidade de cada setor deverá ser fixada em local visível a todos, O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque
dentro de seu recinto de trabalho, visando facilitar o controle dos e em processos, para comparar a quantidade física com os dados
bens (sugestão: atrás da porta de acesso ao setor). Para que ocorra contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias
a transferência de responsabilidade entre dois setores pertencen- que possam existir entre os valores contábeis, dos livros, e o que
tes a um mesmo órgão, deverão ser observados os seguintes parâ- realmente existe em estoque.
metros:solicitação, por escrito, do interessado em receber o bem, O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é
dirigida ao possível cedente; “de acordo” do setor cedente com a elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com a
autorização de transferência ; solicitação do agente patrimonial ao contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário ro-
Setor de Patrimônio para emissão do Termo de Responsabilidade; tativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer
após a emissão do Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimô- tipo de parada no processo operacional, concentrando-se em cada
nio remeterá o mesmo ao agente patrimonial, para que este colha grupo de itens em determinados períodos.
assinaturas do cedente e do recebedor. Inventário na administração pública: Inventário são a discrimi-
Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois nação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de
setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser observados consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momen-
os seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do interessado to, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento
em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do de controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxari-
setor cedente com a autorização de transferência e anuência das fados e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão
unidades de controle do patrimônio e do titular do órgão; solici- ou entidade, informando seu estado de conservação, e mantendo
tação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão atualizados e conciliados os registros do sistema de administração
do Termo de Transferência de Responsabilidade; após a emissão do patrimonial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além
Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio o remeterá ao disso, o inventário também pode ser utilizado para subsidiar as to-
agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e madas de contas indicando saldos existentes, detectar irregularida-
do recebedor. Quando a transferência de responsabilidade do bem des e providenciar as medidas cabíveis.
ocorrer sem a movimentação deste, isto é, quando ocorrer a mu- Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribui-
dança da responsabilidade patrimonial de um servidor para outro, ção da carga de cada material permanente, permitindo a atualiza-
desde que não pressuponha mudança de local do bem, deverão ser ção dos registros dos bens permanentes bem como o levantamento
observados os seguintes procedimentos: o Setor de Recursos Hu- da situação dos equipamentos e materiais em uso, apurando a ocor-
manos (ou equivalente) deverá encaminhar ao Setor de Patrimônio rência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade. Podem-
cópia da portaria que substitui o servidor responsável; de posse das -se verificar também no inventário as necessidades de manutenção
informações contidas na portaria, o Setor de Patrimônio emite o e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens móveis,
respectivo Termo de Transferência de Responsabilidade; emitido o possibilitando maior racionalização e minimização de custos, bem
Termo, este será encaminhado ao agente patrimonial da unidade, como a correta fixação da plaqueta de identificação. Na Adminis-
que providenciará a conferência dos bens e assinatura do Termo;
tração Pública, o inventário é entendido como o arrolamento dos
uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que uma
direitos e comprometimentos da Fazenda Pública, feito periodica-
das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram e outra
mente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos valores que
encaminhada ao Setor de Patrimônio.
são registrados na contabilidade e que formam o Ativo e o Passivo
Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela movi-
ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade dos agen-
mentação de bens patrimoniais para fora da instalação ou depen-
tes sob cuja guarda se encontram determinados bens. Os diversos
dência onde estão localizados, em decorrência da necessidade de
tipos de inventários são realizados por determinação de autorida-
conserto, manutenção ou da sua utilização temporária por outro
de competente, por iniciativa própria do Setor de Patrimônio e das
centro de responsabilidade ou outro órgão, quando devidamente
autorizado. Qualquer que seja o motivo da saída provisória, esta unidades de controle patrimonial ou de qualquer detentor de car-
deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão gestor ou por outro ga dos diversos centros de responsabilidade, periodicamente ou a
servidor que recebeu delegação para autorizar tal ato. Toda a ma- qualquer tempo. Os inventários na Administração Pública devem
nutenção de bem incorporado ao patrimônio de um órgão deverá ser levantados não apenas por uma questão de rotina ou de dispo-
ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou responsáveis e resulta- sição legal, mas também como medida de controle, tendo em vis-
rá na emissão de uma Ordem de Serviço pelo Setor de Manutenção, ta que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa física,
que tomará todas as providências para proceder à assistência de mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a quaisquer
bem em garantia ou utilizando-se de seus recursos próprios. danos. Na Administração Pública o inventário é obrigatório, pois a
Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamento legislação estabelece que o levantamento geral de bens móveis e
de bens entre órgãos por um período determinado de tempo, sem imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade gestora
envolvimento de transação financeira. O empréstimo deve ser evi- e os elementos da escrituração sintética da contabilidade (art. 96 da
tado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos envolvidos devem Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964).
manter um rigoroso controle, de modo a assegurar a devolução do A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais,
bem na mesma condição em que estava na ocasião do empréstimo. bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais
Já o empréstimo a terceiros de bens pertencentes ao poder público bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário median-
é vedado, salvo exceções previstas em leis. te verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de atu-
Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros tam- alização física e monetária e de controle, a época da inventariação
bém deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum res- será: anual para todos os bens móveis e imóveis sob-responsabi-
paldo legal. lidade da unidade gestora em 31 de dezembro (confirmação dos
dados apresentados no Balanço Geral); e no início e término da ges-
tão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no caso de
bens móveis.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históri- a) bens móveis permanentes inservíveis: quando for consta-
cos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constan- tado serem os bens danificados, obsoletos, fora do padrão ou em
tes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição. desuso devido ao seu estado precário de conservação; e
Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica ve- b) bens móveis permanentes excedentes ou ociosos: quando
dada toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos for constatado estarem os bens em perfeitas condições de uso e
endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante operação, porém sem utilização.
autorização específica das unidades de controle patrimonial, ou do Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou
dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a Comis- ociosos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando proi-
são de Inventário de Bens. bida a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, exceto
Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados nos casos autorizados pelo chefe da unidade gestora.
sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/ou
contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levantamento ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS
efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida dos O desfazimento é a operação de baixa de um bem pertencente
componentes patrimoniais. ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do seu valor
Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de
do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, a retirada de
elementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O simples
bem da carga patrimonial do órgão, mediante registro da transfe-
arrolamento não interessa para a contabilidade se não for comple-
rência deste para o controle de bens baixados, feita exclusivamente
tado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o arrolamento
pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo gestor. O
serve apenas para controle da existência dos componentes patri-
moniais. número de patrimônio de um bem baixado não deverá ser utilizado
O inventário é dividido em três fases: Levantamento: compre- em outro bem.
ende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e passivos A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas a
do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: identificação, seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; como-
agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o registro das carac- dato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no cadastro. Em
terísticas e quantidades obtidas no levantamento. O arrolamento qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa
pode apresentar os componentes patrimoniais deforma resumida definitiva dos bens considerados inservíveis por obsoletismo, por
e recebe a denominação “sintética”. Quando tais componentes são seu estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço
relacionados individualmente, o arrolamento é analítico; Avaliação: público. As orientações administrativas devem ser obedecidas, em
é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao elemento pa- cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sistema de ges-
trimonial. Os critérios de avaliação dos componentes patrimoniais tão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessada.
devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor aos com- Sendo o bem considerado obsoleto ou não havendo interesse em
ponentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a sua na- utilizá-lo no órgão onde se encontra, mas estando em condições
tureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade. de uso (em estado regular de conservação), o dirigente do órgão
deverá, primeiramente, colocá-lo em disponibilidade. Para tanto,
ALIENAÇÃO DE BENS o detentor da carga deverá preencher formulário próprio criado
De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende-se pelo órgão normatizador e encaminhar ao órgão competente que
como alienação a transferência de propriedade, remunerada ou poderá verificar, antecipadamente, junto às entidades filantrópicas
gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em paga- reconhecidas como de interesse público, delegacias, escolas ou bi-
mento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio. bliotecas municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se
Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela existe interesse pelos bens.
Administração, desde que satisfaça as exigências administrativas. Se houver interesse, a autoridade competente deverá efetuar
Muito embora as Constituições Estaduais possam determinar que o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado permane-
a autorização de doação de bens móveis seja submetida à Assem- cerá guardado em local apropriado, sob a responsabilidade de um
bleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que
servidor público, até a aprovação de baixa, ficando expressamente
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
proibido o uso do bem desde o início da tramitação do processo de
37 e dá outras providências, faculta a obrigação de licitação especí-
baixa até sua destinação final.
fica para doação de bens para fins sociais e dispõe sobre a alienação
por leilão.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor- O registro no sistema patrimonial será efetivado com base no
dinada à existência de interesse público devidamente justificado. Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes dados:
A alienação de bens está sujeita à existência de interesse públi- número do tombamento; descrição; quantidade baixada (quando
co e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos previs- se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de baixa; motivo
tos em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efetuada por de baixa; data de baixa; número da Portaria ou Termo de Baixa. Vi-
comissão de licitação de leilão ou outra modalidade prevista para a sando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial,
Administração Pública. faz-se necessário a adoção dos procedimentos a seguir: o Setor de
A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à alie- Patrimônio, ao receber o processo que autoriza a baixa, emitirá por
nação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser remetido ao processamento o Termo de Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio
Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento respectivo; verificará junto ao Setor Financeiro quanto à existência do compro-
sempre que possível, os bens serão agrupados em lotes para que vante de pagamento, em caso de licitação e, em seguida, procede-
seja procedida a sua baixa; os bens objeto de baixa serão vistoria- rá à entrega do mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo,
dos in loco por uma Comissão Interna de Avaliação de Bens, no pró- o Setor de Patrimônio providenciará o documento de quitação de
prio órgão, os quais, observando o estado de conservação, a vida responsabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha a
útil, o valor de mercado e o valor contábil, formalizando laudo de responsabilidade do bem.
avaliação dos bens, classificando-os em:
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao Recentemente a Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de 2010,
dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes para que introduziu a expressão “desenvolvimento nacional sustentável” ao
seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação ou caput do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, o que
desfazimento.12 leva à constatação de que as contratações sustentáveis impõem-se
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas como um caminho implacável. Os desafios são muitos e vão além
nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que de garantir a segurança jurídica, que já conta com consideráveis
descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de avanços, porquanto visa a alcançar, especialmente, a esfera das es-
estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab- pecificações na preparação da licitação.
sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção Nesse sentido, o edital de licitação se transforma numa ferra-
substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta menta importante e eficiente de promoção do desenvolvimento
compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ge- sustentável na esfera pública, com repercussão direta na iniciativa
renciados”. privada. Pequenos ajustes na licitação podem determinar grandes
mudanças na direção da ecoeficiência, com o uso racional e susten-
tável dos recursos.
SUSTENTABILIDADE DAS CONTRATAÇÕES
Contratações Sustentáveis
As contratações sustentáveis são também conhecidas como li-
Considerações iniciais citações públicas sustentáveis, compras públicas sustentáveis, eco-
A noção de sustentabilidade é baseada na “necessidade de se -aquisições, compras ambientalmente amigáveis, consumo respon-
garantir a disponibilidade dos recursos da Terra hoje, assim como sável e licitação positiva. Para as finalidades desta Orientação, será
para nossos descendentes, por meio de uma gestão que contemple
empregado o termo contratações sustentáveis.
a proteção ambiental, a justiça social e o desenvolvimento econô-
As contratações sustentáveis são uma solução para integrar
mico equilibrado de nossas sociedades.” (Guia de Compras Públicas
considerações ambientais e sociais em todas as fases do processo
Sustentáveis para Administração Federal, p.6)
de aquisição e contratação do governo, visando reduzir impactos
A sustentabilidade, normalmente, abarca três pilares funda-
mentais: o ambiental, o econômico e o social, podendo perpassar sobre a saúde humana, o meio ambiente e os direitos humanos.
por outros, como, por exemplos: a reeducação, conscientização É um procedimento administrativo que tem por finalidade a satis-
quanto aos impactos do consumo desenfreado, proposição de novo fação do interesse público, respeitando a igualdade de condições
estilo de vida, consumo racional e consciente dos recursos natu- entre os participantes, fazendo com que a Administração
rais, processamento e descarte do lixo, estreitamento da relação Pública adquira bens ou contrate serviços ambientalmente cor-
indivíduo-planeta. Durante muitos anos os atores governamentais retos, levando em consideração todo o ciclo produtivo dos produtos
e autoridades públicas não consideravam o impacto nem o valor e processos.
intrínseco dos produtos que compravam, dos serviços que contrata- As contratações sustentáveis buscam identificar produtos mais
vam, nem o das obras que empreendiam. Porém, com o surgimento sustentáveis que cumpram as especificações requeridas. Logo, não
do conceito de desenvolvimento sustentável no contexto mundial, se trata de priorizar produtos apenas devido a seu aspecto ambien-
observa-se a tendência de políticas que levam em conta os aspec- tal, mas sim considerar seriamente tal aspecto juntamente com os
tos ambientais que geralmente comprometem também os aspectos tradicionais critérios de especificações técnicas e preço. Assim, as
sociais e econômicos. Necessitando, com isso, de um esforço com- contratações públicas apresentam um novo paradigma.
binado, no qual os governos desempenham um papel fundamental A fim de direcionar as contratações sustentáveis, a Secretaria
como indutores de mudanças para o estabelecimento de de Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do Planeja-
um novo paradigma de desenvolvimento, compatível com os mento, Orçamento e Gestão publicou a IN SLTI/MPOG nº 01, de 19
limites do Planeta. de janeiro de 2010, que dispõe sobre critérios de sustentabilidade
Ressalta-se que um passo significativo em direção a proposta ambiental nas aquisições de bens, contratação de serviços ou obras
da sustentabilidade foi dado com a Lei n° 10.520, de 17 de julho de pela administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
2002, que instituiu a modalidade de licitação denominada pregão e No art. 2º desse normativo exige-se que “o instrumento convocató-
previu a possibilidade de realizá-lo por meios eletrônicos (§ 1º do rio das licitações deverá formular exigências de natureza ambiental
art. 2º). Com isso, possibilitou-se uma sensível economia dos re- de forma a não frustrar a competitividade”.
cursos materiais utilizados para levar a cabo o processo licitatório. Além dos critérios normalmente utilizados para a seleção de
Posteriormente, a modalidade de licitação denominada pre- fornecedores por parte da Administração, as licitações sustentáveis
gão, na forma eletrônica, passou a ser priorizada nas licitações para
devem se basear em informações confiáveis e precisas sobre o ciclo
aquisição de bens e serviços comuns (§ 1º e caput do art. 4º, De-
de vida dos produtos e serviços, informações essas muito importan-
creto nº. 5450/05), e nas contratações de bens e serviços comuns
tes para determinar se os produtos possuem adequação ambiental
realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos
para serem adquiridos. Assim, ao contratar terceiros, a Administra-
públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos con-
gêneres, ou consórcios públicos (Decreto n°5.504 de 05 de agosto ção Pública deve estabelecer certas primazias, considerando a ne-
de 2005). cessidade de atendimento ao interesse público.
Os produtos sustentáveis são feitos ou funcionam de forma a:
a) usar menos recursos naturais em seus processos produtivos;
b) conter menos materiais perigosos ou tóxicos;
c) ter maior vida útil;
12 Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração de materiais e
d) consumir menos água ou energia em sua produção ou uso;
distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia
e) poder ser reutilizado ou reciclado;
de informação: planejamento e gestão/www.administradores.com.br /www.
f) gerar menos resíduos (ex: ser feito de material reciclado, usar
itsmnapratica.com.br/www.purainfo.com.br – por DiegoDuarte/ por Rogerio
menos material na embalagem ou ser reciclado pelo fornecedor).
Araujo)
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a solução para o seu concurso!
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Nas contratações sustentáveis deve-se exigir o cumprimento Amparo Legal para as Contratações Sustentáveis
da legislação e regulamentação pertinente. Determinar a disponi-
bilidade dos fornecedores de produtos ambientalmente corretos é A Constituição Federal estabeleceu, no art. 170, inciso VI, como
um fator crítico para as compras sustentáveis, para tanto, é neces- um dos princípios da ordem econômica, a defesa do meio ambien-
sário que se realizem levantamentos dos produtos e fornecedores, te, a qual foi ampliada pela Emenda Constitucional n 42, de 19 de
realizando, quando pertinente, consulta pública e, deixando claro a dezembro de 2003, ao prever a possibilidade de tratamento dife-
estes a política de compras sustentáveis da organização. renciado conforme o impacto dos produtos e serviços e de seus
Deve-se, no processo de contratações sustentáveis incentivar processos de elaboração e prestação.
os fornecedores a: O dever constitucional de o Estado preservar o meio ambiente
• oferecer produtos e serviços ambientalmente responsáveis a está expresso no art. 225 da Constituição Federal. Assim, a realiza-
preços competitivos; ção das chamadas contratações sustentáveis é um instrumento de
• realizar a coleta ou reciclagem dos produtos usados; concretização desse dever.
• considerar os impactos ambientais dos serviços. “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
Contratações Sustentáveis e o Princípio da Isonomia dade de vida, impondose ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. ”
A observância de critérios sustentáveis nas contratações pú- De acordo com o art. 23 da Constituição Federal – Inciso VI – é
blicas não é faculdade do gestor, mas imposição constitucional e competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
legal em respeito aos princípios da eficiência, da economicidade e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição
do meio ambiente equilibrado. em qualquer de suas formas.
A adoção de critérios e práticas de sustentabilidade deverá ser A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os
justificada nos autos e preservar o caráter competitivo do certame, arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 e estabelece dire-
de acordo com Parágrafo Único do Decreto nº 7.746, de 5 de junho trizes gerais da política urbana, dentre as quais a adoção de padrões
de 2012. de proteção e consumo de bens e serviços de expansão urbana
Nas justificativas técnicas devem-se observar as várias opções compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e
de bens ou serviços disponíveis no mercado que se adequem mais econômica do Município e do Território sob sua área de influência
ao princípio de proteção ao meio ambiente e de sustentabilidade, (art. 2, VIII) é mais um instrumento legal que fortalece a inclusão de
para fins de assegurar o cumprimento à legislação vigente. critérios de sustentabilidade nas licitações e contratações públicas.
A inserção de critérios ambientais nos editais de licitação, não De acordo com a Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que
se vislumbra qualquer conflito com o art. 37, inciso XXI, da Cons- institui a Política Nacional sobre Mudança de Clima (PNMC), art. 5º
tituição Federal, que estabelece igualdade de condições a todos – são diretrizes da Política Nacional sobre Mudanças do Clima: XIII o
os concorrentes nas licitações públicas. A igualdade ou a isonomia estímulo e o apoio à manutenção e à promoção: a) de práticas, ati-
consiste em tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os vidades e tecnologias de baixas emissões de gases de efeito estufa;
desiguais, na medida de sua desigualdade. b) de padrões sustentáveis de produção e consumo.
O princípio da isonomia implica em um duplo dever para a ad- A Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 1, de 19 de janeiro de
ministração: tratar isonomicamente os que participam da disputa 2010, dispõe sobre critérios de sustentabilidade ambiental na aqui-
(vedação a discriminações, especialmente no julgamento das pro- sição de bens, contratos de serviços ou obras pela Administração
postas) e possibilidade de participação a quaisquer interessados Pública Federal. Ainda, prevê expressamente que as especificações
que tenham condições de assegurar a realização do objeto do con- técnicas para aquisições de bens e contratações de obras e serviços
trato. deverão conter critérios ambientais nos processos de extração, fa-
De acordo com a segunda parte do art. 3º, da Lei 8.666/93, bricação, utilização e descarte de matérias-primas, sem frustrar o
a licitação tem como escopo selecionar a proposta mais vantajosa caráter competitivo do certame.
para a administração, sendo a proposta mais vantajosa aquela que Também, a IN SLTI/MPOG nº 1, de 19 de janeiro de 2010, esta-
melhor satisfaz as necessidades da administração, em termos de beleceu a observância de regras definidas pelos vários institutos de
desempenho e de custo. Incentivar e encorajar a inovação pode im- normatização e controle, a exemplo de: cumprimento de requisitos
plicar na utilização de recursos com maior eficiência, obtendo a me- ambientais para certificação pelo INMETRO; emprego de produtos
lhor solução possível e contribuir para objetivos outros, que estão de limpeza e conservação que respeitem normas da ANVISA; obe-
dentro de programas e metas do governo (por exemplo: redução da diência à resolução do CONAMA sobre ruídos; atendimento às nor-
emissão de gases poluidores). mas da ABNT sobre resíduos sólidos.
Conforme Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, arts. 2º e De acordo com a Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, (Política
3º, a Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional Nacional de Resíduos Sólidos). Objetivos da política (art. 7º, inci-
e as empresas estatais dependentes poderão adquirir bens e con- so XI) – prioridade, nas aquisições e contratações governamentais,
tratar serviços e obras considerando critérios e práticas de susten- para: a) Produtos reciclados e recicláveis; b) Bens, serviços e obras
tabilidade objetivamente definidos no instrumento convocatório e que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo so-
veiculados como especificação técnica do objeto ou como obriga- cial e ambientalmente sustentáveis.
ção da contratada. A expressão “desenvolvimento nacional sustentável” foi intro-
A adoção das licitações sustentáveis tem pleno amparo consti- duzida pela Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de2010 ao art. 3º da
tucional e legal e, a Administração Pública não só pode como deve Lei nº 8.666/93, cujo caput passou a ter a seguinte redação:
caminhar no sentido de implementá-las, objetivando um paradig-
ma de produção e consumo mais sustentável.
As normas jurídicas que estão em vigor e, por seu efeito vincu-
lante, devem ser obrigatoriamente cumpridas.

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“A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a mpromoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os prin-
cípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” (grifo nosso)
A Lei 12.349, de 15 de dezembro de 2010, definiu como não comprometedores ou não restritivos da competitividade das licitações
vários dispositivos incluídos no art. 3º da Lei 8.666/93 (§§5º ao 12), muitos voltados à proteção a indústria e produção locais, dentre os
quais, o § 5º, que autoriza o estabelecimento de margem de preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam
a normas técnicas brasileiras.
O Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, regulamenta o art. 3º da Lei 8.666/93 para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela Administração Pública Federal, e institui a Comissão
Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP.
A Instrução Normativa nº 10, de 12 de novembro de 2012, estabelece regras para elaboração dos Planos de Logística Sustentável de
que trata o art. 16, do Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, e dá outras providências.
Registram-se, também, outros instrumentos importantes nesse processo:
• Agenda 21, documento final da Conferência Rio-92, a qual estabeleceu um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, com
destaque para o capítulo 4, que, ao tratar das mudanças de padrões de consumo, relacionou uma série de atividades, entre as quais o
exercício da liderança por meio das aquisições pelos Governos, de modo a aperfeiçoar o aspecto ecológico de suas políticas de aquisição.
• O Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de 1990, regulamenta o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de
desfazimento de material.
• O Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, disciplina a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades
da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de
materiais recicláveis.

MUDANÇAS INSTITUCIONAIS: CONSELHOS, ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE


PÚBLICO (OSCIP), AGÊNCIA REGULADORA, AGÊNCIA EXECUTIVA, CONSÓRCIOS PÚBLICOS

Formas de Prestação da Atividade Administrativa (Concentração e Desconcentração, Centralização e Descentralização)


Por meio da Constituição, os entes políticos (União, Estados, DF e Municípios) recebem uma série de atividades que devem ser
prestadas à sociedade. Veremos que a atividade pode ser prestada de forma centralizada ou descentralizada e, também, concentrada e
desconcentrada.
Na centralização, a pessoa política desempenha suas tarefas diretamente por meio de seus órgãos. Nesse caso, a própria pessoa
estatal (União, Estados, DF e Municípios) realiza diretamente a atividade administrativa, sem a interferência de qualquer outra entidade.
Não há transferência de atividades para outras pessoas. A Lei chamou a nossa Administração centralizada de Administração direta (art. 4º,
Decreto-Lei n. 200/1967).
Quando a atividade é prestada por meio de órgãos, significa que o próprio ente político executa a atividade sem intermediários.
Os órgãos são centros de competência, sem personalidade jurídica própria, instituídos para o desempenho de funções estatais, por
meio de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa a que pertencem. Assim, todos os atos praticados pelos órgãos são atribuídos
à pessoa jurídica da qual fazem parte.
A criação de órgãos decorre da desconcentração, que é uma distribuição interna de competências, dentro da mesma pessoa jurídica.
Isso é feito para desacumular, tirar do centro um volume grande de atribuições. Na desconcentração, há o controle hierárquico, pois os
órgãos de menor hierarquia permanecem subordinados aos órgãos que lhes são superiores

Mas cabe ressaltar que os Ministérios são órgãos da pessoa jurídica União.
Nesse caso, a União presta suas atividades diretamente por meio de seus órgãos (Ministérios).
Na desconcentração, existe relação de hierarquia entre os diversos órgãos e autoridades.
Como consequência dessa hierarquia, há o poder de controlar, de revisar, coordenar e corrigir os órgãos subordinados, avocar e de-
legar atos.
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Quais são as espécies de desconcentração? Dissemos que entre os órgãos (Administração direta) há rela-
A desconcentração pode ser feita, tanto em razão da matéria, ção de subordinação. No entanto, entre a Administração direta e
como, por exemplo, a criação dos Ministérios em nível federal (Mi- a indireta (descentralizada) não há relação de hierarquia, mas de
nistério da Saúde, da Fazenda, da Justiça, da Educação, do Traba- vinculação. Mas isso não significa que as entidades da Administra-
lho), quanto da hierarquia, com diversos níveis de responsabilidade ção indireta estejam totalmente sem controle. Nesse caso, ocorre
decisória, como, por exemplo, diretor de Departamento, diretor controle finalístico.
de Divisão, chefe de Seção; ou em razão do Território (geográfica), O controle finalístico visa evitar que a entidade descentraliza-
como no caso das agências da Receita Federal espalhadas pelos di- da atue fora (além) das finalidades que resultaram na sua criação.
versos Estados Assim, a entidade descentralizada não pode realizar atividades que
Por outro lado, a concentração ocorre quando um único órgão não são de sua atribuição. Entretanto, nas matérias de sua compe-
(ou poucos) desempenha todas as funções administrativas do ente tência, possuem autonomia para adotar as medidas que entende-
político, sem divisão em outros órgãos menores. rem mais adequadas.
Imagine que a União tenha um único órgão desempenhando São objetivos do controle finalístico assegurar o cumprimento
todas as suas atividades. Difícil até de imaginar, já que na estrutura dos objetivos fixados no ato de criação da entidade descentralizada;
da União, há centenas, senão milhares de órgãos. harmonizar sua atuação com a política e programação do Governo;
Imagine se a União tivesse um único órgão executando todas zelar pela obtenção de eficiência administrativa; e garantir a auto-
as suas atividades... nomia administrativa, operacional e financeira da entidade (art. 26,
DL n. 200/1967).
Vamos estudar a Administração indireta em seus detalhes mais
adiante.
Na descentralização administrativa, surgem novas pessoas, do-
tadas de personalidade jurídica própria, ou seja, com capacidade
para responder por seus próprios atos e exercer suas atividades
com autonomia. Na desconcentração, os órgãos criados não pos-
suem personalidade jurídica; assim, a pessoa jurídica que realizou
a distribuição interna de competências responderá pelos atos de
seus órgãos.
Essa é a principal diferença entre um órgão e uma entidade: a
personalidade jurídica. Órgão não é sujeito de direitos. Não pode
ter direitos e obrigações, pois não tem capacidade (própria) para
tanto. Todas as atividades do Ministério da Justiça, em verdade, são
atividades de responsabilidade da União, pois esse Ministério é ór-
gão da União. Se um policial federal, na perseguição de um crimino-
so, dispara um tiro e acerta um particular, a responsabilidade pela
reparação dos danos será da União, uma vez que um órgão seu foi
Lembre-se! Os conceitos de centralização e desconcentração quem executou a atividade.
(ou concentração) não se excluem. Pelo contrário, se completam, Já as entidades têm personalidade jurídica. São pessoas jurídi-
porque a Administração centralizada deve criar órgãos para prestar cas e são titulares de direitos e obrigações. Se um servidor do Insti-
suas atividades. tuto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia vinculada à União,
Também ocorrerá concentração quando órgãos forem extintos que trabalha na seção de aposentadorias, no exercício de sua ati-
e suas funções forem atribuídas a outro órgão, de modo que ele vidade, ofendeu, segurado, causando-lhe danos morais, eventual
passe a concentrar mais atribuições. ação de reparação de danos deve ser proposta em face do próprio
Exemplo: Ministério da Previdência Social é extinto e suas fun- INSS, e não em face do setor em que ele trabalha; nem mesmo em
ções são repassadas para o Ministério da Fazenda. face de qualquer Ministério. É equívoco pensar também que a ação
Por outro lado, na descentralização, a atividade é prestada por deve ser interposta em face da União, pois o INSS, como entidade,
pessoa diversa. Ocorre a distribuição de competências de uma para deve responder por seus próprios atos.
outra pessoa. Assim, pressupõe duas pessoas: o ente político e a Para haver Administração descentralizada, devem existir, pelo
entidade descentralizada. menos, duas pessoas: o ente político (ente federativo) e a entidade
Na descentralização, o Estado, por questão de autonomia ad- administrativa, à qual será atribuída a atividade. Por outro lado, na
ministrativa, visando maior eficiência, resolve repassar a atividade desconcentração, há uma relação intrassubjetiva (intersubjetiva),
para que outra pessoa a exerça em seu lugar. pois não há pessoa jurídica diversa na execução da atividade.
Vamos imaginar uma situação. Portanto, a concentração e a centralização têm em comum o
A descentralização pode ser por outorga, isto é, o Estado cria, acúmulo de competências.
por lei, uma pessoa jurídica (entidade administrativa) que integra a Do mesmo modo, há semelhança entre desconcentração e
Administração indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e descentralização, pois ambos se referem à distribuição de compe-
sociedades de economia mista). tências. Contudo, a diferença reside no fato de que na desconcen-
A descentralização também pode ocorrer por delegação e, nes- tração a distribuição é interna (dentro da mesma pessoa jurídica) e
se caso, o Estado transfere, por contrato de concessão ou permis- na descentralização é externa (de uma pessoa jurídica para outra).
são de serviços públicos, ou ato administrativo de autorização, a
execução de um serviço, para que um particular o preste por sua AGÊNCIAS REGULADORAS
conta e risco. No caso de permissão de serviços públicos, pode ser O Liberalismo, como política econômica, apresenta o postulado
feita a delegação para pessoas físicas ou jurídicas; na concessão, nuclear do Estado-mínimo, ou seja, não-interventor, o qual deixe ao
somente para pessoas jurídicas ou consórcio de empresas. Mercado e sua mão invisível a autorregulação. Adotado pelo gover-
no pátrio, o neoliberalismo (nova fase do liberalismo) retirou das
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mãos do Estado a prestação de diversos serviços públicos passíveis Em face de seus fins, tais autarquias, inevitavelmente, enve-
de produção de lucro, sustentando-se sobre a tese da superior efi- redam-se pela imprescindível prática de atividades exclusivas do
ciência da atividade privada, destinando ao Poder Público apenas Estado, à primeira vista, passíveis de classificação como típicas dos
as tarefas cuja atuação do mesmo seja imprescindível e/ou intrans- Poderes Legislativo ou Judiciário, desencadeando controvérsias
ferível, como se faz função regulatória da economia. De tal modo, doutrinárias. Tal ocorre em virtude da capacidade de dessas pesso-
com o fim de proteger o interesse público e, simultaneamente, as de lançar mão não apenas do poder de polícia, mas também do
proporcionar uma adequada prestação de serviços, fixou-se o Esta- poder normativo e autonomia decisória.
do em um meio caminho, entre a indiferença e a intervenção, por O poder de polícia concretiza-se, em especial, pela fiscalização
intermédio da criação de entidades responsáveis pela regulação e e aplicação de sanção administrativa, ao passo que o processo ad-
fiscalização das atividades econômicas lato sensu. Nesse sentido, a ministrativo consubstancia a autonomia decisória das agências re-
lição de ALEXANDRINO e PAULO[8]: guladoras, respeitada a inafastabilidade da jurisdição estatal.
O poder normativo, envolto de controvérsias, manifesta-se
Não é novidade o fato de se reconhecer a necessidade de in- pela edição de regulamentos, previamente autorizados por lei, a
tervenção do Estado no domínio econômico (em sentido amplo). qual define também seus parâmetros e limites. Referidos atos ad-
O interesse que as atuais agências reguladoras despertou, quando ministrativos normativos restringem-se, ainda, à matéria delimita-
começaram a ser aqui implantadas (a partir de 1996), decorre prin- da e à natureza puramente técnica. No viés de CARVALHO FILHO,
cipalmente do fato de que a retirada do Estado Brasileiro das ati- entendemos que o direito novo do regulamento, por si só, não
vidades de produção direta de bens de prestação de serviços – re- fere a ordem jurídica se exercido nos limites e moldes que lhe fora
dução do papel de “Estado-empresário” – ampliou sobremaneira a autorizado, haja vista não representar transmissão do poder legis-
relevância da atuação estatal regulatória nos setores que passaram ferante. Para parte da doutrina, apesar do circunscrito espaço de
a ser explorados pela iniciativa privada. atuação, a dificuldade encontra-se nos limites voláteis e subjetivos
Observe-se que a função reguladora, própria do Estado, sem- entre a autorização e a delegação legislativa, esta ofensa à Consti-
pre existiu, sobre serviços estatais e privados, fortificando-se em tuição Federal.
decorrência do intenso processo de privatização ocorrido na década Note-se que, embora o universo jurídico preze pela abstração
de 90 do século XX, época de adoção, pelo ordenamento pátrio, das e generalidade, diante de um mundo dinâmico e de relações sócias
chamadas agências reguladoras, termo este importado e adaptado complexas, a efetividade de uma norma pode depender, substan-
do agency do sistema norteamericano, para designar uma categoria cialmente, de sua especificação técnica, quando esta obste que a
de pessoas Jurídicas que, na prática, já pertenciam e atuavam em abstração esvazie a totalidade do conteúdo normativo e torne-lhe
mera letra sem vida ou anacrônica.
território nacional, como bem leciona CELSO DE MELLO[9]:
Com efeito, restam afastados da legalidade regulamentos que
Em rigor, autarquias com funções reguladoras não se consti-
ultrapassem o círculo autorizado e insiram normas autônomas no
tuem em novidade alguma. O termo com que foram ora batizados é
mudo jurídico. Nesse sentido, decidiu a segunda turma do STJ,
que é novo no Brasil. Apareceu ao ensejo da tal “Reforma Adminis-
em AgRg no REsp 1326847 RN 2012/0115210-8, com relatoria do
trativa”, provavelmente para dar sabor de novidade ao que é mui-
ministro Humberto Martins, que a resolução nº 207/06 da ANEEL
to antigo, atribuindo-lhe, ademais, o suposto prestígio de ostentar
exorbitava o poder regulamentar a Lei n. 10.438/2002 ao estabele-
uma terminologia norte-americana (“agência”).
cer requisito não previsto na lei para se fazer jus ao benefício nela
disposto, o que o tornava ilegal.
Conceito
Devido à inexistência de lei nacional geral para as agências Regime Jurídico e Estrutura Organizacional
reguladoras e em virtude do fato de cada uma dessas pessoas As agências reguladoras, por consistirem em autarquias – por
apresentar características próprias, ausenta-se do ordenamento e preferência e não obrigatoriedade –, sujeitam-se, como é possível
da doutrina precisa definição do que sejam elas. Com efeito, seu inferir, à disciplina legal regente destas, figurando, pois, como pes-
conceito, em sínteses, constrói-se a partir de especificação do con- soas jurídicas do direito público (o que lhes permite titularidade das
ceito geral de autarquias (categoria a qual integram), mantendo- tarefas estatais), com função exclusivamente administrativa, partici-
-se, entretanto, elevado grau de abstração em relação às agências pantes da Administração descentralizada. Diferem, entretanto, das
individuais. Na tentativa de condensar seus principais elementos, autarquias ordinárias por serem dotadas de características legais
conceituaram-nas ALEXANDRINO e PAULA[10], como: que lhe concedem maior grau de autonomia perante a Administra-
[...] entidades administrativas com alto grau de especialização ção Pública, com o escopo de bem executar suas finalidades, ade-
técnica, integrantes da estrutura formal da administração pública, quando-se, por isso, à categoria denominada sob regime especial
instituídas como autarquias sob regime especial, com a função de O aludido regime especial, nas palavras de CARVALO FILHO[11]:
regular um setor específico de atividade econômica ou um dado “se caracterizaria pelas regalias que a lei conferisse à autarquia,
serviço público, ou de intervir em certas relações jurídicas decor- houvesse ou não referência em dispositivo legal”. Tais regalias nada
rentes dessas atividades, que devem atuar com a maior autonomia mais são do que elementos responsáveis pela ampliação da autono-
possível relativamente quanto ao Poder Executivo e com imparcia- mia das agências, a exemplo de rol taxativo das hipóteses de exone-
lidade perante as partes interessadas (Estado, setores regulados e ração de seus dirigentes e dos mandatos por tempo fixo.
sociedade).. O elevado grau de autonomia que apresentado em relação ao
Poder Público, cabe ressaltar, consiste em elemento primordial das
Finalidades agências reguladoras, manifesta-se por meio de autonomia econô-
As agências reguladoras visam, respeitadas as especificidades mica, financeira e administrativa. Bem justifica a razão de tal medi-
individuais, precipuamente, o controle (regulação e fiscalização) da ALEXANDRINO E PAULA[12]:
sobre pessoas da iniciativa privada responsáveis pela execução de Desejava-se, entretanto, transmitir ao setor privado uma ideia
serviços púbicos e atividades econômicas de relevância social – não de exercício técnico e “independente” da atividade regulatória, li-
obstante voltarem-se, em acréscimo, ao fomento do setor regula- vre de ingerências de natureza política.
do. Trata-se de forma indireta da intervenção estatal na economia.
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É claro que tal desiderato não teria credibilidade se as com- Insta consignar, no que tange aos servidores que, conforme dis-
petências pertinentes fossem atribuídas a um órgão da administra- pões a lei 10.871/04, estes serão regidos pelo regime estatutário
ção direta [...]. Das entidades da administração indireta apenas as constante na lei 8.112/90. É salutar, por fim, a denominada quaren-
autarquias e fundações autárquicas têm personalidade jurídica de tena, imposta pela lei 9986/00 aos ex-dirigentes de agências regu-
direito público ladoras na esfera federal.
[...]
Com isso podem exercer atribuições típicas do poder público, SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS
uma vez que possuem personalidade jurídica de direito público. En-
tretanto, sendo autarquias, integram formalmente a administração Conceito
pública, estando sujeitas a todos os controles constitucionalmente Os termos “serviço social autônomo” ou ainda, “pessoas de
previstos. Para conferir maior autonomia para as agências regula- cooperação governamental”, nas palavras de José Carvalho Filho,
doras [...], o legislador tem atribuído a elas o status de “autarquia referem-se aquelas entidades que colaboram com o Poder Público,
sob regime especial”, o que se traduz, nos termos de cada lei ins- a que são vinculadas, através da execução de alguma atividade ca-
tituidora, em prerrogativas especiais, normalmente relacionadas à racterizada como serviço de utilidade pública. Estas entidades com-
ampliação de sua autonomia orçamentária, gerencial e financeira. põe o sistema “S” e são criadas diretamente por lei, para prestar,
sem fins lucrativos, certos serviços sociais consistentes em ministrar
Como as autarquias em geral, as agências reguladoras são assistência ou ensino a determinadas categorias sociais ou profis-
criadas por meio de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, sionais.
conforme dispões a Constituição Federal em seu artigo 37, XIX, res-
saltando-se que, pelo princípio da simetria, os estados, DF e Muni- Estrutura Organizacional
cípios devem reproduzir, em seus sistemas jurídicos, a forma ado- Conforme já mencionado, a criação destas entidades ocor-
tada pela esfera federal para criação dessas entidades (que atuarão re através de autorização legislativa, contudo, para efetivamente
conforme a competência do ente político). A extinção, a seu tempo, existirem, é necessário que sejam criados pelas respectivas Confe-
remetendo-se ao princípio da harmonia das formas, dependerá de derações Nacionais, além disso, estas pessoas jurídicas podem ser
edição de nova lei. constituídas por meio de instituições particulares convencionais, a
Corolário do exposto, a personalidade jurídica da agência ini- saber, fundações, sociedades civis ou associações, além de estrutu-
cia com a entrada em vigor da lei instituidora, findando com sua ras peculiares com previsão em lei específica.
revogação. Contudo, a organização da entidade é, diversamente, O Estado incentiva estas entidades por meio de dotações or-
delineada por ato administrativo, normalmente decreto do Chefe çamentárias específicas ou contribuições parafiscais (contribuições
do Executivo. sociais destinadas a entidades paralelas do Estado), as quais são
No que tange ao patrimônio, conforme dicção do artigo 98 CC, instituídas em seu favor e pagas pelos empresários e por todos
os bens das autarquias são públicos, protegidos, assim, pela impe- aqueles que exercem atividade industrial. Frisa-se que os serviços
nhorabilidade e imprescritibilidade. Gozam, ademais, de imunidade sociais autônomos não gozam de privilégios administrativos, fiscais
tributária, prazos especiais e demais prerrogativas ofertadas pela ou processuais, que somente serão concedidos mediante atribuição
lei. oriunda de lei especial.
No diapasão do exposto, como membros da Administração Pú- Cumpre anotar, que a CLT é a responsável pelo regime de pes-
blica, sujeitam-se ao controle legislativo e judicia, além do adminis- soal (tais empregados não estão sujeitos a concursos públicos, por-
trativo finalístico (alcance das metas legalmente traçadas). tanto, seguem o regime privado) que atuam nos serviços sociais
autônomos, todavia, os atos dos dirigentes são passíveis a exemplo,
Principais Atividades Exercidas de mandado de segurança, ação popular, bem como podem ser fis-
Segue-se algumas das principais agências reguladoras atuais: calizadas pelo Tribunal de Contas.
• Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL): criada pela No que se refere à competência, observa-se que a Súmula nº
lei 9.472/97, está vinculada ao Ministério das Comunicações, regula 516 do STF, dispõe que: “O Serviço Social da Indústria (SESI) está su-
as telecomunicações, possuindo sede no Distrito Federal, podendo jeito a jurisdição da Justiça Estadual”, logo, nas ações que envolvam
estabelecer unidades regionais. autores ou réus, é da Justiça Estadual a competência para julgar as
• Agência Nacional do Cinema (ANCINE): criada pela MP- ações.
2228-1,está vinculada ao Ministério da Cultura, objetiva o fomento,
a regulação e a fiscalização do mercado audiovisual e de cinema Finalidades
brasileiros, com sede no Distrito Federal A finalidade destas entidades consiste em prestar assistência
• Agência Nacional das Águas (ANA): criada pela lei 9.984/00, ou ensino a determinadas categorias sociais ou grupos profissio-
está vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, tendo finalidade de nais, dentre esses entes, merecem destaque os seguintes: Serviço
implementar a política nacional de recursos hídricos. Social da Indústria (SESI), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Nacional de
Legislação Aprendizagem Industrial (SENAI), as quais se destinam à formação
No âmbito constitucional, apenas duas agências reguladoras profissional, educação para o trabalho, à indústria e ao comércio.
encontram-se previstas, quais sejam as responsáveis pela fiscaliza-
ção dos serviços de telecomunicação (art. 21, I, CF/88) e do mono- Principais atividades exercidas
pólio da União sobre o petróleo (art. 177, § 2º, III, CF/88), sendo Além destas entidades supramencionadas, destacam-se ainda:
referidas pela Carta Política como órgãos reguladores. A criação por Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), Serviço
meio de lei proporciona a cada agência reguladora substrato nor- Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), as
mativo central específico, complementado pelas disposições gerais quais exercem suas atividades por meio de programas de auxílio
relativas às autarquias e à Administração Pública. e orientação a empresas de pequeno porte. A SESCOOP (Serviço
Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo) surgiu com o ob-
jetivo de organizar, administrar e executar o ensino de formação
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profissional, desenvolvimento e promoção social de trabalhadores ENTIDADES DE APOIO
em cooperativa e dos cooperados. Recentemente foram criadas a Conceito e finalidade
APEX- BRASIL (Agência de Promoção de Exportação do Brasil) e a As entidades de apoio são as pessoas jurídicas de natureza pri-
ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) que atu- vada que exercem atividade social e/ou serviços sociais sem fins
am com políticas de desenvolvimento no setor de exportação in- lucrativos e não exclusivos do Estado, ligadas a ciência, pesquisa,
dustrial, respectivamente. Ressalta-se que estas últimas entidades saúde e educação, frisa-se que tais pessoas não integram a Admi-
possuem regime e perfil jurídicos diferentes das anteriores, posto nistração Indireta, apenas estão paralelas ao Estado a fim de coo-
que se afastaram do modelo clássico e aproximaram-se do sistema perar.
da Administração Pública descentralizada, podendo até mesmo ser
enquadradas como agência executivas nos moldes de autarquia. Regime Jurídico
Estas entidades são instituídas diretamente por servidores pú-
Legislação blicos com nomes e recursos próprios com a finalidade de exercer
No que se refere à legislação, é imperioso reforçar que as leis atividades de interesse social relacionadas aos serviços prestados
que deram origem a tais entidades não as criaram diretamente, pelas entidades estatais, nas quais esses servidores atuam.
nem autorizaram o Poder Executivo a fazê-lo, como ocorrem com as No que tange ao regime jurídico-administrativo, autores como
entidades da Administração Indireta, tais leis atribuíram a Confede- Di Pietro, afirma que essas entidades não se sujeitam a nenhum
rações Nacionais o encargo de fazê-lo, a exemplo, os Decretos-Leis regime, posto que a prestação de serviço é de natureza privada,
nº 9.403/46 e 9.853/46, por meio dos quais designaram o encargo dessa forma, os contratos possuem natureza de direito privado, ce-
à Confederação Nacional da Indústria e à Confederação Nacional lebrados sem licitação e com empregados celetistas, os quais foram
do Comércio a criação do SESI, SESC, bem como garantiu a manu- contratados sem concurso público, acrescenta ainda que a grande
tenção das entidades pelo Poder Público por meio de contribuições vantagem dessas entidades é a roupagem com que se reveste para
parafiscais recolhidas pelos empregadores. escapar às normas do regime jurídico de direito público. Estas en-
Outras legislações que merecem destaque são as Leis de nú- tidades podem receber dotação orçamentária, servidor e bens pú-
meros : 8.246/1991, nº10.668/2003, nº 11.080, que autorizaram o blicos.
Poder público a instruir, respectivamente o SSAAPS, Apex- Brasil e Apesar das entidades de apoio serem instituídas sob a forma
a ABDI. de fundação de natureza privada, estas também podem ser instituí-
Em razão destas entidades administrarem verbas oriundas de das sob a forma de associação ou cooperativa. Constituídas tal pes-
contribuições parafiscais e gozarem de privilégios sujeitam-se às soa jurídica, a cooperação com o Estado se faz através de convênios,
normas semelhantes às da Administração Pública, especialmente estabelecendo assim o vínculo jurídico.
no que se refere a licitação, conforme previsão do art. 1º, parágrafo O entendimento abaixo ilustra a natureza privada destes entes
único, da Lei nº 8.666/93, por outro lado, há entendimento diverso e consequentemente a competência que cabe ao Juízo Estadual em
do próprio TCU, haja vista que em determinado caso este Tribunal ações que os envolvam, posto que estes não fazem parte da Admi-
decidiu no sentindo de afastar as regras licitatórias e adotar um re- nistração Indireta.
gulamento próprio para licitações envolvendo os serviços sociais CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO ORDINÁRIA.
autônomos, nesse passo, estabeleceu que devem ser admitidas re- FUNDAÇÃO DE APOIO A UNIVERSIDADE PÚBLICA. PERSONALIDADE
gras simplificadas, previamente aprovada pelo próprio órgão. Nesse JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTADU-
diapasão, vejamos os diferentes entendimentos transcritos abaixo: AL. I - As fundações de apoio às universidades públicas têm perso-
nalidade jurídica de direito privado, com patrimônio e administra-
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVERSÃO DE REPRESENTA- ção próprios, não fazendo parte da Administração Pública Indireta,
ÇÃO. CITAÇÃO E DETERMINAÇÕES. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO razão pela qual as ações em que atuarem como parte devem deve-
CONTRA MEDIDAS CORRETIVAS. CONHECIMENTO. INSUFICIÊNCIA rão ser julgadas pela Justiça Comum Estadual, mormente não se en-
DOS ARGUMENTOS PARA REFORMA DA DELIBERAÇÃO RECORRI- quadrarem na previsão do artigo 109, inciso I, da CF/88. II - Conflito
DA. NEGATIVA DE PROVIMENTO. CIÊNCIA.1,Conquanto os Serviços de competência conhecido, para declarar competente o MM. Juízo
Sociais Autônomos não se sujeitem às mesmas normas que regem de Direito da Vara Cível de Santa Maria - RS, suscitado.
a Administração Pública por ostentarem capacidade tributária ati-
va e gozarem de privilégios próprios dos entes públicos, também Principais atividades exercidas
devem respeitar os princípios constitucionais a ela aplicáveis, den- Sua atuação, geralmente ocorre junto a hospitais públicos e
tre os quais os da licitação, insculpidos no art. 37, inciso XXI, da universidades públicas, a exemplo: a Fundação Universitária de De-
Constituição Federal.2.De acordo com a interpretação teleológica senvolvimento de Extensão e Pesquisa (FUNDEPES), ligada à Uni-
do caput do art. 33 da Resolução Sesc nº 1.102/2006, e tendo em versidade Federal de Alagoas; a Fundação de Apoio a Pesquisa e Ex-
conta o princípio da eficiência da Administração Pública, insculpido tensão (FAPEX), ligada a Fundação Federal da Bahia, a Fundação de
no caput do art. 37 da CF/88, é poder-dever do Serviço Social do Co- Desenvolvimento da UNICAMP, ligada a Universidade de Campinas
mércio a utilização do Sistema de Registro de Preço quando estive- e a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), ligada a
rem presentes as condições para a sua implantação, estabelecidas Universidade de São Paulo.
nos incisos I, II e III do art. 33 da referida norma interna.
Legislação
RECURSO DE REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ADMISSÕES As entidades de apoio são despidas de legislação específica,
DE PESSOAL E AQUISIÇÕES DE BENS E SERVIÇOS IRREGULARES existindo apenas a Lei Federal nº 8.958/94, a qual é regulamentada
CONFIRMADAS EM DENÚNCIA POSTERIOR AO JULGAMENTO DAS pelo Decreto nº 7.423/2010, que estabelece as normas que discipli-
CONTAS. IMPROCEDÊNCIA DOS ARGUMENTOS DOS RESPONSÁVEIS. nam as relações entre as instituições federais de ensino superior e
PROVIMENTO. IRREGULARIDADE. 1. As entidades do Sistema s de- de pesquisas científicas e tecnologia e as fundações de apoio. Dessa
vem realizar aquisições de bens e serviços e contratar pessoal na forma, as entidades de apoio deverão constituir-se sob a forma de
forma de seus regulamentos próprios, que devem balizar-se pelos funções de direito privada, sem fins lucrativos, sendo regidas pelo
princípios constitucionais relativos à administração pública. Código Civil Brasileiro e sujeitando-se à fiscalização do Ministério
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Público, à legislação trabalhista, em especial, ao prévio registro e contraentes. Sua elaboração, ressalte-se, não poder escusar-se aos
credenciamento nos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecno- princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
logia, renovável bienalmente. Não são criadas por lei nem mantidas economicidade, além da definição dos programas, metas, controle
pela União. e forma de avaliação de desempenho.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS Note-se que a parceria com o Poder Público não altera a natu-
reza de direito privado da pessoa jurídica – tornando-a pública –,
Conceito de modo que esta não integrar a Administração centralizada nem
Organizações sociais, diversamente do que soe à primeira vis- descentralizada.
ta, não representam uma categoria jurídica autônoma, tratando-se, Note-se que, ademais, que as organizações, apesar de exerce-
em verdade, de uma qualificação jurídica, um título atribuído a pes- rem atividades de interesse social e utilidade pública, não são dele-
soa jurídica pré-existente. Nas palavras de CARVALHO FILHO[21], gatárias de tais serviços, posto não se tratar de atividades privativas
“Essas pessoas, a quem incumbirá a execução de serviços públicos do Estado.
em regime de parceria com o Poder Público, formalizado por con-
trato de gestão, constituem as organizações sociais”. AS AGÊNCIAS REGULADORAS
Considerando-se o conceito ventilado, a dois elementos cabe As agências reguladoras são fruto de um remodelamento do
pioneiro destaque. Primeiramente, os contratos de gestão: funda- Estado em um processo de modernização iniciado nos anos de
mentais ao entendimento do tema, não possuem definição legal ou 1990 – precisamente nos anos de 1994/1995 (governo do Presiden-
doutrinária e, como bem ponderado por CELSO A. B. MELLO[22],, te Fernando Henrique Cardoso) com o processo de privatização de
“rotulam duas coisas totalmente diversas”, posto que, de forma algumas atividades estatais. É correto afirmar que tal fato se dá a
simplificada, podem referir-se tanto a acordo firmado entre mem-
contar de um pensamento de política neoliberal dominante à épo-
bros da Administração Pública direta e/ou indireta, quanto entre
ca. O objetivo maior que ensejou a criação das chamadas agências
o Estado e pessoas alheias a este, quais sejam, exclusivamente, as
executivas foi exercer um papel de regulação da atividade econô-
organizações sociais. O segundo ponto de relevo é determinar quais
mica impedindo o abuso do poder econômico e ao mesmo tempo
pessoas pré-existentes estão aptas à qualificação.
Segundo os ditames da lei 9.637/98, apenas são passíveis do regulando serviços públicos até então desenvolvidos pelo Estado.
aludido título pessoas jurídica de direito privado que não detenham As agências reguladoras segundo algumas vozes são dotadas
fins lucrativos e destinem-se ao ensino, à cultura, à saúde, à pes- de poder normativo (comumente chamado de poder regulamentar)
quisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à preservação que é a competência para editar atos administrativos (resoluções,
do meio ambiente, além de possuírem organização adequada aos por exemplo) para disciplinar seu espaço de atuação.
demais requisitos legalmente estabelecidos. Em virtude da proibi- O Poder Normativo das agências reguladoras deve ser interpre-
ção de fins lucrativos, tais entidades restringem-se, por decorrência tado com inteligência. Não se trata na verdade de “Poder Normati-
lógica, às associações ou fundações privadas. vo/regulamentar”, mas, se trata, isso sim, do poder de normatizar
questões estritamente técnicas sem qualquer desobediência (aqui
Finalidades se entenda também extrapolar limites) à legalidade, vale dizer, sem
Bem leciona DIRLEY DA CUNHA JR[23]: qualquer desrespeito à CF ou às leis infraconstitucionais. E essa
Definidas pela lei 9.637/98, as organizações sociais provoca- normatização técnica, portanto, está dentro daquilo que tanto a CF
ram grandes polêmicas entre os juristas, devido ao fato de estas como as leis infraconstitucionais deferiram as agências reguladoras.
entidades terem sido idealizadas para absorver atividades hoje de- Podemos dar o seguinte exemplo para melhor compreensão:
sempenhadas por órgãos ou entidades da Administração Pública, A ANS (agência nacional de saúde) poderá determinar que medi-
causando a extinção destes órgãos ou destas entidades administra- camentos que contenham sódio sejam retirados do mercado. Veja
tivas com a cessão de suas instalações, incluindo seus bens móveis que neste singelo exemplo a questão é estritamente técnica. É nes-
e imóveis, e de seus servidores para a organização social. se ambiente técnico que atua o que se chama Poder Regulamentar/
normativo das agências reguladoras. As agências reguladoras são
É notório que, por meio da qualificadora “organizações sociais”, pessoas jurídicas de direito público interno, autarquias em regime
a Administração transfere para o terceiro setor tarefa que, a princí- especial, e integram a administração pública indireta, sendo certo
pio, estava abarcada pelo seu leque de responsabilidades no âmbi- que a contratação de seu pessoal se dá por concurso público de pro-
to do ensino, cultura, saúde, pesquisa científica, desenvolvimento vas ou provas e títulos. Possuem as agências reguladoras regramen-
tecnológico e preservação do meio ambiente. Ao referir-se à extin- to próprio que deve obedecer às diretrizes da lei que criou a agência
ção dos órgãos e entidades públicas, o renomado autor traz à baila
reguladora. Somente a lei poderá criar uma agência reguladora (lei
a consequência do progressivo uso de tal instrumento, corolário da
específica) e somente a lei poderá declará-la extinta.
crescente “publicização” do Estado.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS
Regime Jurídico e Estrutura Organizacional
A qualificação é ato discricionário do Pode Público, observada, Tudo o que se falou até aqui acerca das agências reguladoras
pelo Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área é aplicável em grande parte as agências executivas que também é
de atividade correspondente ao objeto social da pessoa jurídica, a fruto da reforma administrativa acontecida no Brasil que implantou
conveniência e oportunidade. Havendo aprovação, ela é declarada no país o modelo de administração gerencial. As agências executi-
como de interesse social e utilidade pública. vas tem assento no art. 37, §8º7 da CF.
Segue-se à declaração, a celebração do contrato de gestão – As agências executivas não são figura jurídica nova no âmbito
que, apesar do nome, revela verdadeiro convênio – entre a entida- da administração pública, mas uma qualificação/rotulação que au-
de qualificada e a Administração Pública (órgão ou entidade super- tarquias e fundações públicas poderão receber do governo federal
visora), sendo elaborado de comum acordo entre ambos, voltado que de forma discricionária poderá através de decreto concedê-las
à discriminação as atribuições, responsabilidades e obrigações dos após a autarquia ou fundação ter apresentado um plano estratégi-
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co10 e ter ainda celebrado um contrato de gestão com o Ministério 7. Servem como meio de a administração pública arrecadar e
supervisor11 . Essa qualificação se dá para que a autarquia ou a fun- como forma de incentivo para que a iniciativa privada invista na es-
dação, agora rotulada de agência executiva possa ter maior autono- trutura da instituição pública, na qual a entidade de apoio se instala.
mia financeira e gerencial visando atingir metas de desempenho. 8. Temos como exemplos a FIPE e a Fundação Zerbini.
Aliás, tanto isso é marcante nas agências executivas que têm elas
tratamento diferenciado até mesmo na lei de licitações, conforme III. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
se depreende do art. 24, §1º da Lei Federal 8.666/93. O instrumen- 1. A categoria foi criada pela lei 9637/98 – contexto da reforma
to jurídico que estabelece essa ligação entre a agência executiva e do Estado.
a administração pública direta como já dito, é o chamado contrato 2. São pessoas jurídicas de direito privado.
de gestão, que não encontra nenhuma conceituação doutrinária. O 3. Instituídas sob forma de fundação, associação ou coopera-
contrato de gestão terá periodicidade mínima de 1(um) ano. tiva.
Em arremate então podemos informar o seguinte: as agên- 4. Não possuem fins lucrativos.
cias executivas são uma qualificação dada pelo chefe do executivo 5. Desempenham prestação de serviços públicos não exclusi-
através de decreto para autarquias ou fundações que cumpram as vos do Estado.
regras do art. 51 da Lei 9.649/98; possuem maior autonomia finan- 6. Os serviços são delegados por meio de contrato de gestão –
ceira e administrativa; é fruto da reforma administrativa do Estado geralmente na área da saúde.
(EC 19/98) e tem por ideologia o modelo de administração geren- 7. Do contrato, advém a obrigação de cumprir os objetivos es-
cial; travam com a administração pública direta contrato de gestão tabelecidos com o investimento público.
e plano estratégico como condição para recebimento do rótulo de 8. São fiscalizadas tanto pela administração pública, quanto
“agências executivas”. pelo tribunal de contas.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS), ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDA- IV. ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PPÚBLI-
DE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP); CO (OSCIP)
1. É pessoa jurídica de direito privado.
Entidades paraestatais 2. Instituída por particulares.
As entidades paraestatais são entidades fomentadas pelo Es- 3. Presta serviços sociais não exclusivos do Estado.
tado, embora não façam parte da administração pública indireta. 4. Não tem fins lucrativos.
A elas compete o desenvolvimento de tarefas de interesse social, 5. Estabelecida mediante termo de parceira com a administra-
razão pela qual se justifica o fomento pelo Poder Público, que em ção pública.
contrapartida deve exercer certo controle. 6. Não é delegação da atividade estatal e sim fomento para a
Hely Lopes Meirelles em seu artigo define as paraestatais: São atividade.
pessoas jurídicas de direito público, cuja criação é autorizada por lei 7. São fiscalizadas pela administração pública e pelo tribunal
específica (CF, art. 37, XIX e XX), com patrimônio público ou misto, de contas.
para realização de atividades, obras ou serviços de interesse co-
letivo, sob normas e controle do estado. Não se confundem com As Organizações Sociais
as autarquias nem com as fundações públicas, e também não se As Organizações Sociais (OS) são pessoas jurídicas de direito
identificam com as entidades estatais. Responde por seus débitos, privado, sem fins lucrativos, instituídas, em regra, por iniciativa de
exercem direitos e contraem obrigações, são autônomas. particulares, qualificadas pelo Poder Executivo como OS e cujas ati-
As entidades paraestatais dividem-se em: vidades se destinem taxativamente às seguintes atividades: pesqui-
sa científica; desenvolvimento tecnológico; meio ambiente; cultura;
I. SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (SISTEMA S) preservação e conservação do meio ambiente; e saúde. O Projeto
1. São instituídos por lei. de Organizações Sociais partiu da constatação de existência, no seio
2. Têm personalidade jurídica de direito privado. da sociedade civil organizada, de instituições sem fins lucrativos,
3. Prestam serviço de forma filantrópica. destinadas e vocacionadas ao desenvolvimento de atividades pró-
4. São mantidos por dotações orçamentárias ou contribuições prias do Estado. Destarte, embora pela dicotomia clássica do direi-
parafiscais. to essas instituições sejam classificadas como pessoas jurídicas de
5. Ministram assistência ou ensino a certas categorias sociais direito privado, por seus fins de natureza eminentemente públicos,
ou profissionais. foram classificadas pelos reformistas como instituições públicas não
6. Têm algumas características da administração pública, como estatais.
a necessidade de processo seletivo e respeito a algumas regras de Essas instituições, que compõem o terceiro setor, são funda-
licitação. ções e associações sem fins lucrativos, que nascem da organização
7. Integram o Sistema S: SESI, SESC, SENAI, SENAC, SEBRAE e da própria sociedade civil para atendimento do interesse público.
outros. Dessa forma, são despidas de propriedade, ou seja, não são de pro-
priedade privada nem tampouco de propriedade pública, perten-
II. ENTIDADES DE APOIO cem a sociedade.
1. Têm personalidade jurídica de direito privado. Pelo modelo de OS, o Estado deixa de executar diretamen-
2. São constituídas sob forma de fundação (geralmente), asso- te os serviços sociais para assumir uma posição de promotor dos
ciação ou cooperativa. mesmos, subsidiando-os e controlando-os. As funções burocráticas
3. São instituídas por servidores públicos. inerentes à prestação dos serviços públicos são transferidas às ins-
4. Não têm fins lucrativos. tituições previamente qualificadas como organizações sociais, que
5. Prestam serviços não exclusivos do Estado, em caráter pri- as desenvolve com a flexibilidade do regime jurídico privado, pas-
vado. sando o Estado a assumir uma função gerencial, de financiamento
6. Estabelecem vínculo com a administração pública mediante e controle.
convênio.
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Destarte, na busca pela eficiência na prestação de serviços so-
ciais e científicos, o foco do Poder Público no procedimento buro- CONCEITOS BÁSICOS DE PLANEJAMENTO. ASPECTOS
crático é desviado para o procedimento gerencial, visando a melho- ADMINISTRATIVOS, TÉCNICOS, ECONÔMICOS E FI-
ria continua dos serviços ofertados. NANCEIROS. FORMULAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJE-
TOS. AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS. TIPOS
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) DE AVALIAÇÃO. ANÁLISE CUSTO BENEFÍCIO E ANÁLISE
Denominado por “Marco Legal do Terceiro Setor”, o modelo CUSTO-EFETIVIDADE. PLANEJAMENTO E AVALIA-
das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ÇÃO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
foi uma iniciativa do Conselho de Comunidade Solidária que, por
intermédio de um amplo diálogo com a sociedade civil, buscou for-
talecer as relações do terceiro setor com o Estado, por intermédio Pode-se afirmar, preliminarmente, que a avaliação é um instru-
de uma parceria estabelecida sobre novas bases, mais condizentes mento importante para a melhoria da eficiência do gasto público,
com as exigências de eficiências e responsabilização nas ações so- da qualidade da gestão, do controle social sobre a efetividade da
ciais. ação do Estado, esse último instrumentalizado pela divulgação de
O Prof. Cyonil Borges apresenta a definição da seguinte forma: resultados das ações de governo.
São constituídas por iniciativa de particulares, sob o regime jurídico
de direito privado e sem o intuito de lucro. As Oscip prestam servi- Na última década, propostas metodológicas de avaliação foram
ços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização do geradas por organismos internacionais de cooperação e financia-
Poder Público, com vínculo jurídico junto a este por meio de termo mento, entre eles: Organizações das Nações Unidas (ONU), Banco
de parceria. Verifica-se, pois, que as Oscip possuem conceito asse- Mundial (World Bank), Banco Interamericano de Desenvolvimento
melhado ao das OS. (BID), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econô-
O modelo emergiu como uma alternativa à tradicional figura mico (OCDE), Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
do convênio, para facilitar o acesso da sociedade civil organizada (Cepal), Centro Latino-Americano de Administração para o Desen-
aos recursos públicos. De acordo com a avaliação feita pelo Con- volvimento (Clad).
selho de Comunidade Solidária, a agilidade operacional para for-
malização de parcerias do terceiro setor com o Poder Público não Não existe uma única definição de avaliação. Para Costa e
era adequada, pois as exigências impostas às organizações, como o Castanhar (2003), trata-se do exame sistemático e objetivo de um
prévio registro no Conselho de Assistência Social, dificultava dema- projeto ou programa, finalizado ou em curso, que contemple seu
siadamente o acesso aos recursos. desempenho, implementação e resultados, tendo em vista a deter-
O novo “marco legal” foi inserido no ordenamento jurídico minação de sua eficiência, efetividade, impacto, sustentabilidade e
pela Lei Federal nº 9.790, de 23/3/1999, que dispõe sobre a quali- relevância de seus objetivos. É uma atividade permanente e não
ficação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, restrita à etapa final do ciclo da política pública (que inclui as fases:
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e ins- definição da agenda, formulação, implementação e avaliação), que
tituiu e disciplinou o Termo de Parceria. A Lei foi regulamentada informa sobre seus avanços e limites. “O propósito da avaliação é
pelo Decreto nº 3.100, de 30/06/1999 e pela Portaria nº 361, de guiar os tomadores de decisão, orientando-os quanto à continuida-
27/06/1999, do Ministério da Justiça. A norma não criou uma nova de, necessidade de correções ou mesmo suspensão de uma deter-
instituição, mas um título conferido Pelo Poder Público à institui- minada política ou programa” (Costa e Castanhar, 2003:972).
ções preexistentes, como associações e fundações de direito pri-
vado, que passaram a ostentar uma qualificação, conferida pelo Além de aprimorar o processo de tomada de decisão, vislum-
Ministério da Justiça, conforme explicitado por Diógenes Gasparini: brar a alocação apropriada de recursos e promover a responsabi-
“Na realidade não se cuida da instituição de nova entidade, lização por decisões e ações (accountability) dos governantes pe-
mas da atribuição do status de organização da sociedade civil de rante o parlamento, as agências reguladoras e fiscalizadoras e os
interesse público a pessoas jurídicas criadas nos moldes do Direito cidadãos, a avaliação permite aos formuladores e gestores de políti-
Privado, existentes, portanto na sociedade.” cas públicas desenharem políticas mais consistentes, com melhores
Diferente do modelo de Organizações Sociais, que fora con- resultados e melhor utilização dos recursos.
cebido no âmbito do Plano de Reforma como uma das estratégias
para delimitação do aparelho do Estado, para que as entidades sem A avaliação constitui-se na determinação de valor de uma ativi-
fins lucrativos assumam a execução de serviços públicos próprios dade, programa ou política, um julgamento tão sistemático e objeti-
do Estado, o modelo parceria com Organizações da Sociedade Civil vo quanto possível, efetuado por avaliadores internos ou externos.
de Interesse Público, por seu turno, visou apoiar o terceiro setor em Ao incorporar elementos valorativos e de julgamento, a avaliação
ações de interesse social que não representasse o próprio serviço contempla aspectos qualitativos, não se confundindo com o mero
público prestado diretamente pelo Administração Pública. acompanhamento das ações governamentais.
Segundo Flávio Alcoforado, “a diferença principal entre as OS’s
e OSCIP’s é conceitual: enquanto as primeiras seriam contratadas Ela estabelece critérios fundamentais para se decidir se uma
para assumir serviços já prestados pelo Estado, as últimas presta- política deve continuar a ser implementada, caso esteja promoven-
riam determinados serviços de interesse coletivo, que o Estado de- do desejável distribuição de bem-estar (Figueiredo e Figueiredo,
cidiria apoiar.” 1986), ou produzindo mudanças nos sistemas econômico e social
Nesse sentido, enquanto no modelo de OS o Estado transfere a na direção dos resultados desejados, sendo, assim, preferível a
execução de determinado serviço público que presta diretamente à qualquer outra política. Fazendo parte do processo de planejamen-
gestão da Organização Social como, por exemplo, a gestão de uma to de qualquer política pública, a avaliação gera uma retroalimenta-
unidade hospitalar, no modelo de OSCIP o Estado apóia iniciativas ção que permite escolher entre diferentes projetos de acordo com
sociais da própria sociedade, que complementem a atuação estatal. sua eficácia e eficiência, e, ao cotejar os resultados, possibilita reti-
ficar as ações e reorientá-las em direção ao fim postulado (Cohen e
Franco, 2004:73).
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Trata-se de atividade estratégica que: Cabe destacar, ainda, que a avaliação de políticas públicas tem
- Propicia a compreensão das políticas e do Estado em ação, um caráter eminentemente político, na medida em que está vincu-
visando o seu aprimoramento (Draibe, 1997). Assim, beneficia o lada ao processo político mais abrangente, às estratégias e aos in-
pesquisador, o técnico, o usuário, o Estado e a sociedade em geral. teresses dos decisores e demais envolvidos (Faria, 2005). Enquanto
- É um instrumento para a tomada de decisões e para viabilizar momento do processo de análise de políticas públicas, a avaliação
o controle social sobre o gasto público e as ações de governo, um incorpora, segundo a literatura anglo-saxã, uma dupla natureza:
importante direito democrático (Lobo, 2001; Arretche, 2001). estudo da política (of policy) e para a política (for policy). Por um
lado, ela representa a atividade acadêmica que objetiva um melhor
Em comparação com outras pesquisas, a pesquisa avaliativa entendimento do processo político; por outro, volta-se à solução de
possui a característica explícita de atribuição de valor (como justi- problemas sociais, sendo, portanto, aplicada.
ça social, eficiência, redução de custos, equidade, entre tantos ou-
tros), além de ser mais orientada para a decisão (Faria, 2001). Em outros termos, subjacente à análise e à avaliação de políti-
cas públicas, aparece a orientação pela política (for policy), ou seja,
No Brasil, o crescente interesse dos governos com a avaliação o interesse em que os achados dos estudos avaliativos possam me-
está relacionado às questões de efetividade (alcance das metas, lhorar o processo político e o bem-estar da população, uma vez que
aferição dos resultados esperados e não esperados dos programas) os avaliadores são também agentes sociais, cidadãos participantes
ou eficácia (à maior produção, maior eficácia), à eficiência (a um do processo político e eventuais beneficiários das ações estatais. Ao
menor custo de produção, maior eficiência), ao desempenho e à passo que a postura mais crítica e distanciada desenvolvida dentro
accountability da gestão pública. A avaliação permite ao governante do espaço acadêmico é importante por permitir a isenção e o rigor
certo conhecimento dos resultados de um dado programa ou proje- científico; uma postura engajada não significa, necessariamente, a
to, informação essa que pode ser utilizada para melhorar a concep- identificação com os objetivos daqueles que controlam o processo
ção ou a implementação das ações públicas, fundamentar decisões, político e o governo.
promover a prestação de contas. Em nível acadêmico, estudos nes- Enfim, uma postura crítica, que coloque em suspenso os pres-
sa área vêm proliferando, embora a atenção maior seja dada aos supostos dos tomadores de decisão, sempre é recomendável ao
processos de formação da agenda e formulação das políticas, em analista de políticas públicas; não fazê-lo conduz a uma posição
detrimento da implementação, da avaliação e do monitoramento. conservadora.

Além da preocupação com a efetividade, podem ser citadas Tipos de avaliação


outras razões que fomentaram a demanda por avaliações em nosso Existem diferentes maneiras de se realizar uma avaliação. Por
país, especialmente a partir dos anos 1990: a crise fiscal que di- exemplo, a avaliação acadêmica, que é mais formal e enfoca a efe-
minuiu a capacidade de gasto dos governos e aumentou a pressão tividade das políticas, seus impactos e benefícios; por sua vez, a
por maior eficiência; o fim do processo inflacionário, que reduziu as avaliação da implementação privilegia o exame de sua eficiência e
receitas financeiras dos governos e expôs os problemas das finan- eficácia. Ainda que estudos neutros representem um mito, a pes-
ças públicas; o aprofundamento da democracia, que trouxe novos quisa avaliativa acadêmica permite maior isenção e rigor científico.
atores sociais e reivindicações aos governos; a longa crise econô-
mica brasileira que aumentou a desigualdade social e a busca por As avaliações com foco na questão fiscal são denominadas “ge-
programas sociais públicos; a desestruturação da função de plane- rencialistas”, e em contraposição a elas, as de cunho mais acadêmi-
jamento, que deixou os governantes sem elementos de informação co, são chamadas de “não gerencialistas” (Faria, 2005).
e avaliação; a redução da ajuda externa e a pressão dos organismos
internacionais de fomento pela aferição dos resultados dos progra- Os tipos de avaliação podem ser agrupados de acordo com ou-
mas sociais por eles financiados. tros critérios não excludentes, como se observará na sequência.

Dentro desse contexto, o Estado brasileiro passou a redefinir Conforme o agente que avalia e quem participa do processo
sua área de atuação diante das restrições fiscais e, ao mesmo tem- de avaliação
po, sofreu uma pressão até então inédita pela ampliação de políti- A avaliação é externa quando realizada por especialistas de
cas públicas mais universais, de qualidade e eficientes. fora da instituição responsável pelo programa, apresentando vanta-
gens e desvantagens. Entre suas vantagens citam-se: a isenção e ob-
Na última década do século XX verificou-se um abrangente jetividade dos avaliadores externos, não implicados diretamente no
movimento de reforma de Estado e de seu aparelho administrati- processo, e a possibilidade de comparação dos resultados obtidos
vo nos países desenvolvidos, que rapidamente proliferou para os com os de outros programas similares já analisados. Entre suas des-
demais. Tal movimento, conhecido como Nova Gestão Pública ou vantagens ressaltam-se: o difícil acesso aos dados e uma provável
New Public Management, preconizava, em termos gerais, uma re- posição defensiva dos que terão seu trabalho avaliado, fazendo com
definição do papel do Estado e a implantação de mecanismos de que, muitas vezes, forneçam informações parciais ou minimizem o
gestão oriundos da iniciativa privada na administração pública. Em efeito da avaliação sobre a melhoria dos programas.
nosso país, o fato mais emblemático dessa nova orientação políti-
co-ideológica e gerencial foi a Reforma Administrativa promovida A avaliação é interna quando executada dentro da instituição
pelo governo federal em 1998, através da Emenda Constitucional e conta com maior colaboração das pessoas que participam direta-
nº 19 (Brasil, 1998). mente do programa-projeto. Entre suas vantagens tem-se: a elimi-
nação da resistência natural ao avaliador externo, e a possibilidade
As questões imediatas e centrais a serem respondidas pelos es- de reflexão, aprendizagem e compreensão acerca das atividades
tudos de avaliação são: em que medida os objetivos propostos na institucionais. Já entre as desvantagens pode-se perder muito em
formulação do programa-projeto são ou foram alcançados? Como objetividade, já que os que julgam estão envolvidos na formulação
o programa funciona? Quais os motivos que levam ou levaram a e execução dos programas.
atingir ou não os resultados?
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Todavia, se a avaliação interna for realizada por funcionários Por sua vez, a avaliação ex post é realizada durante a execução
que não participam diretamente do programa, na tentativa de se de um programa ou ao seu final, quando as decisões passam a se
diminuir a subjetividade, a situação torna-se análoga à do avaliador basear nos resultados alcançados. Quando o programa está em exe-
externo (Cunha, 2006). cução, julga-se se ele deve continuar ou não, com base nos resul-
tados obtidos até o momento. Se a resposta for positiva, avalia-se
Do exposto acima se depreende que o conhecimento da meto- se se deve manter a formulação original ou efetuar modificações,
dologia de avaliação não substitui o conhecimento sobre as especi- redirecionando os objetivos, propostas e atividades.
ficidades e os detalhes do programa, não existindo um único mode-
lo a ser aplicado em todos os casos. Neste sentido, cita-se, ainda, Quando o programa já foi concluído, examina-se a pertinência
a avaliação mista, que combina os dois tipos anteriores, fazendo do uso futuro da experiência, isto é, se o mesmo tipo de programa
com que os avaliadores externos tenham contato estreito com os deve ser replicado ou não. A avaliação ex post é a mais desenvolvida
participantes do programa a ser avaliado, o que pode maximizar as metodologicamente e a que tem tido maior aplicação.
vantagens e minimizar ou superar as desvantagens das avaliações
(Cunha, 2006). Para captar o impacto recomenda-se combinar ambas as análi-
ses (ex ante e ex post) a fim de se comparar o alcance do programa
Por fim, evoca-se a avaliação participativa, usada principal- (ex post) com as predições (ex ante).
mente em pequenos projetos, e que prevê a participação dos be-
neficiários no planejamento, execução e avaliação das ações. Essa Conforme o tipo de problema ao qual a avaliação responde
modalidade não costuma fornecer informações específicas sobre o Existem ainda duas modalidades de estudos avaliativos, que
impacto de um programa, mas sim sobre a opinião/percepção dos se referem aos tipos de problemas ou perguntas que pretendem
participantes (Spink, 2001; Abma, 2004, Kayano e Caldas, 2002). responder (Cohen e Franco, 2004; Cotta, 1998): a avaliação de pro-
cessos, que é realizada durante a implementação do programa e
Conforme a natureza da avaliação diz respeito à dimensão da gestão, e a avaliação de resultados e de
Quanto à natureza, as avaliações podem ser formativas quando impacto, com objetivos mais ambiciosos, especialmente o de res-
relacionadas com a formação do programa. Elas são voltadas para ponder se o programa funcionou ou não (Cunha, 2006).
a análise e a produção de informações sobre as etapas da imple-
mentação aos diretamente envolvidos, fornecendo elementos para A avaliação processual procura detectar, periodicamente, as
a correção de procedimentos. dificuldades que ocorrem durante o processo, a fim de se efetua-
rem correções ou adequações. Ela permite identificar os verdadei-
Por sua vez, as avaliações somativas referem-se à análise e à ros conteúdos do programa, se ele está sendo realizado conforme
produção de informações sobre a implementação e etapas poste- o previsto, se está atingindo o público-alvo e se os benefícios es-
riores, sendo efetuadas quando o programa está sendo executado tão sendo distribuídos corretamente. Acompanhando os processos
há algum tempo ou após, no sentido de verificar se alcançou as me- internos, ela focaliza os fatores que influenciam a implementação,
tas previstas e julgar seu valor geral. Elas contemplam as relações estimulando mudanças, quando necessárias.
entre o processo, os resultados e o impacto, podendo incluir com-
parações entre diferentes programas (Cunha, 2006). Por intermédio de procedimentos mais céleres, essa avaliação
serve de suporte para melhorar a eficiência operativa e a eficácia
Conforme o momento de realização da avaliação dos programas, disponibilizando resultados e informações úteis aos
Quando se leva em conta o momento de sua realização, os es- gestores e gerentes, mais diretamente voltados às situações con-
tudos avaliativos diferenciam-se em ex ante e ex post. A avaliação textuais. Seus desenhos adaptam-se ao contexto, ao problema e à
ex ante é realizada antes do começo de um programa, com o fito de abrangência da pesquisa, frequentemente combinando métodos
dar suporte à decisão de implementá-lo ou não, e ordenar os vários quantitativos e qualitativos: surveys com questionários fechados,
projetos segundo sua eficiência para alcançar os objetivos determi- entrevistas semiestruturadas ou abertas e observação.
nados (Cunha, 2006).
Conforme Viana (1996), a avaliação de processo diferencia-se
Destaca-se neste tipo de avaliação o diagnóstico (ou estudo da da de impacto pelo seu objeto — que é a aferição da adequação
situação), quando se mapeiam as necessidades e são realizados es- entre meios e fins, considerando os aspectos organizacional e ins-
tudos de factibilidade que orientarão a formulação do programa, titucional, social, econômico e político — e pelo seu objetivo, qual
além do exame do custo-benefício e do custo-efetividade,1 que ob- seja, o de permitir a correção do modelo de causalidade e da imple-
jetiva adequar os recursos disponíveis aos objetivos propostos. Tais mentação, visando reorientá-la em função dos objetivos propostos.
procedimentos permitem aquilatar a viabilidade dos programas e
projetos. Por sua vez, a avaliação de resultados procura verificar em que
medida o programa alcançou os objetivos e quais foram seus efei-
Ainda dentro da avaliação ex ante, Khander e colaboradores tos e consequências, indagando, após sua implementação, se hou-
(2010) ressaltam a importância de se realizar estudos prospectivos ve modificações na situação-problema que originou a formulação
para dimensionar os possíveis benefícios ou obstáculos de uma do programa e examinando o sucesso ou fracasso em termos de
intervenção, simulando-se situações futuras (com e sem o progra- mudança efetiva nas condições prévias de vida das populações be-
ma), e de se utilizar o modelo de análise estrutural que identifica os neficiadas.
principais agentes envolvidos (indivíduos, comunidades, governos
locais ou nacionais), suas interações e os diferentes contextos que
influenciam os resultados do programa. Tais procedimentos podem
colaborar com o refinamento das ações antes mesmo da sua imple-
mentação, ao prever seus efeitos potenciais em diferentes ambien-
tes sociais.
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a solução para o seu concurso!
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Avançando-se um pouco mais em torno de seus objetivos, a Diferenças entre avaliação e monitoramento
aferição dos resultados contempla a avaliação de impacto, que veri- Acompanhamento ou monitoramento é uma atividade ge-
fica a existência de um nexo causal entre os resultados da implanta- rencial interna, realizada sistematicamente durante o período de
ção do programa ou projeto e as alterações nas condições sociais da execução e operação, para se saber como uma intervenção evolui
população. É uma dimensão ex post do resultado, relacionada com ao longo do tempo, através de dados da gerência do projeto sobre
os objetivos gerais e o alcance efetivo das metas.2 metas iniciais, indicadores e resultados associados aos programas.
Ela é necessária para se dimensionarem as metas de um projeto, os
Tratando-se de avaliação mais complexa, essa modalidade pro- caminhos que uma intervenção percorre e as métricas potenciais
cura responder a três questões fundamentais: para medir os efeitos na população-objetivo.
a) As mudanças observadas na situação-problema se devem à
intervenção ou a outros fatores? Através do monitoramento, gestores, pesquisadores ou outros
b)Uma solução se aplica a outras realidades, ou apenas a de- agentes podem examinar como a implementação está sendo rea-
terminado contexto? lizada, se está atingindo seus objetivos, além de verificar que pro-
c) As mudanças são permanentes ou temporárias, cessando blemas estão interferindo nas ações, processos e consecução dos
com a interrupção do programa? objetivos previstos (Faria, 2005; Cunha, 2006). De acordo com seus
resultados, pode-se recomendar o ajuste do plano, das condições
A avaliação de impacto, geralmente realizada por meio de operacionais e a correção dos rumos.
desenhos quase experimentais, usa métodos quantitativos para a
coleta e o tratamento dos dados e modelos estatísticos e economé- Os desafios para um bom monitoramento são:
tricos para analisá-los. O principal desafio é demonstrar que os re- — Identificar os objetivos que o programa ou a estratégia busca
sultados encontrados estão causalmente relacionados aos produtos alcançar;
oferecidos pelo programa. — Elaborar indicadores que possam monitorar o progresso em
relação às metas;
As exigências para uma adequada aferição de impacto são: — Fixar metas quantitativas e temporais para cada indicador.
— observar um tempo de maturação do programa (ou do “tra-
tamento”) para se identificar o registro de impacto; Um dos aspectos constitutivos do monitoramento é a elabora-
— contar com uma gama de informações anteriores à imple- ção de indicadores de performance e de progresso da política, ob-
mentação (estudos ex ante); servados periodicamente (a cada trimestre, semestre ou ano). En-
— encontrar um bom contrafactual3 — um indivíduo ou grupo quanto os indicadores finais medem os resultados dos programas e
de comparação que não tenha participado do programa, mas que seu impacto em termos de bem-estar, os intermediários examinam
seja similar ao factual ou de tratamento — a fim de se controlar o os inputs (recursos e meios necessários) e os outputs do programa
viés de seleção do indivíduo ou grupo de comparação; (tais como: estradas construídas, desemprego masculino, emprego
— comparar o estudo com outras avaliações. feminino) (Thoenig, 2000; Henry, 2001; Jannuzzi, 2004).

Esses desenhos possuem alta legitimidade na comunidade in- Por sua vez, a avaliação pode ser realizada antes, durante a
ternacional que discute avaliação de políticas públicas e permitem implementação ou mesmo algum tempo depois, após o programa
a realização de análises abrangentes, com grandes amostras popu- provocar todo o seu impacto, e com a preocupação centrada no
lacionais. São pesquisas mais complexas e caras, e demoram mais modo, medida e razão dos benefícios advindos.
tempo até produzirem resultados aos tomadores de decisão. Por Em ambos os instrumentos é latente a função de provisão de
estes motivos, Khander e colaboradores (2010) sugerem sua utili- informações sobre um determinado programa ou política governa-
zação parcimoniosa, especialmente quando: a) o programa é inova- mental em todo o seu ciclo, inclusive o momento inicial de identifi-
dor e de importância estratégica, b) há uma falta de conhecimento cação do problema.
do que funciona ou não, c) houver dados viáveis e de qualidade.
Em uma conceituação abrangente, a avaliação e o monitora-
Na classificação de Figueiredo e Figueiredo (1986), tanto a ava- mento de programas consistem na verificação da adequação do de-
liação de processo quanto a de impacto podem chegar às seguintes senho à sua finalidade e aos objetivos pretendidos, da correlação
conclusões: entre os serviços prestados e as metas definidas estrategicamente,
a) O resultado esperado é alcançado. dos efeitos (resultados e/ou impactos) mensuráveis e, por fim, da
b) Um resultado não esperado é produzido, sendo, porém, po- lógica de eficiência subjacente, ou seja, examinar se os benefícios
sitivo. advindos da política compensam seus custos.
c) Resultados do tipo a) e b) ocorrem e são positivos no curto
prazo, mas podem ser negativos no médio e longo prazo. A avaliação necessita das informações provenientes do moni-
d) O resultado esperado é atingido no que se refere aos mem- toramento para realizar o julgamento que lhe cabe a respeito da
bros da população-alvo, isto é, cada indivíduo melhorou sua situa- eficiência, eficácia e efetividade dos programas; ambos os estudos
ção com a política pública; no entanto, em médio prazo, a categoria são, portanto, complementares. Porém, a primeira vai além, pois
social a que esses indivíduos pertencem, ou passam a pertencer, verifica se o plano originalmente traçado está, de fato, produzindo
piora. as transformações pretendidas.
e) O resultado esperado não é alcançado e nenhum outro re-
sultado é produzido. Os diferentes usos das avaliações
f) Um resultado não esperado ocorre, sendo, porém, negativo. A utilização dos estudos avaliativos envolve, fundamentalmen-
te, quatro possibilidades: instrumental, conceitual, como instru-
mento de persuasão e para o esclarecimento (Faria, 2005).

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O uso instrumental depende da qualidade da avaliação e da Um aspecto relevante neste tópico é a importância da divulga-
adequada divulgação de seus resultados, de sua inteligibilidade e ção dos resultados de avaliações, pois de nada adianta avaliar se as
da factibilidade das recomendações eventualmente propostas. No conclusões não são publicizadas. Por exemplo, nos Estados Unidos
uso conceitual, as descobertas da avaliação (a sua própria realiza- existe o Escritório Geral de Prestação de Contas (General Accouting
ção) podem al-terar a maneira como os técnicos compreendem Office) e um canal de televisão que divulga regularmente resultados
a natureza, o modo de operação e o impacto do programa. Essa de avaliações.
aprendizagem é potencializada quando os técnicos participam ati-
vamente do processo de avaliação. Carlos Aurélio Faria (2005) enumera alguns fatores que podem
interferir na forma como são aproveitados os resultados da avalia-
A utilização da avaliação como instrumento de persuasão ocor- ção: a existência de crenças e interesses conflitantes na organização
re quando ela é um recurso para mobilizar o apoio à posição que que gerencia o programa, a ocorrência de conflitos de interesses
os tomadores de decisão já têm sobre as mudanças necessárias na entre as distintas unidades do programa, as mudanças no pesso-
política ou programa e para ganhar novos adeptos para as mudan- al encarregado (quando, por exemplo, os novatos têm prioridades
ças desejadas. diferentes daquelas vigentes no início da avaliação), a eventual in-
flexibilidade das regras e dos padrões operacionais da organização
Já o uso para o esclarecimento incide sobre as redes de profis- (que podem impedir a adoção das recomendações feitas quando da
sionais e comunidades de políticas, os formadores de opinião e as avaliação), as mudanças nas condições externas, tais como cortes
advocacy coalitions, no sentido de produzir alterações nas crenças orçamentários e alterações no ambiente político, que podem tornar
e na forma de ação institucional, pautando, assim, a agenda gover- impossível para a organização responder à necessidade de mudan-
namental (Faria, 2005). ça revelada pelos avaliadores.

Para Faria (2005), a avaliação pode igualmente ser elemento A avaliação no mundo e no Brasil
central na disputa eleitoral, no controle das relações intergoverna-
mentais e na busca de acomodação de forças e de interesses no Histórico da avaliação de políticas públicas
âmbito intraburocrático. Segundo Faria (2005), nas décadas de 1980 e 1990, a avaliação
de políticas públicas foi posta a serviço da reforma do Estado.
Também podem ser usados elementos específicos da avalia-
ção, tais como: Para esse autor, o primeiro boom da avaliação de políticas e
— A aplicação das ideias e generalizações derivadas da avalia- programas públicos ocorreu nos Estados Unidos, na década de
ção pelos formuladores e pessoal técnico do programa. 1960. A pesquisa avaliativa era então encarada como ferramenta
— O uso do próprio fato de a avaliação ter sido ou estar sendo de planejamento destinada aos formuladores de políticas e aos
feita como desculpa para a não ação. gerentes de mais alto escalão. Nesse contexto, a avaliação acabou
— A realização da avaliação pode tanto ser pensada em termos institucionalizando-se, dentro de um enfoque topdown e por meio
de legitimação do programa, quanto sugerir que algo não vai bem de uma ordem executiva do presidente norte-americano, a qual de-
ou que há problemas no desenho do programa. terminava que os programas sociais fossem avaliados.
— A utilização do foco do estudo: o público (interno e externo)
do programa avaliado passará a dar atenção prioritária aos elemen- Nos EUA, essa “era de ouro” da avaliação durou até o final da
tos da avaliação, com destaque para os que deverão ser mensura- década de 1980, dentro da qual predominava um paradigma meto-
dos. O risco é que sejam negligenciados outros aspectos do pro- dológico experimental, randomizado e controlado.
grama que não incidem sobre os indicadores de sucesso definidos.
— Utilização do desenho da pesquisa avaliativa: possibilidade A inicial abordagem top-down foi sendo progressivamente re-
de que as categorias de análise usadas pelos avaliadores, a meto- vertida, com o surgimento de metodologias bottom-up.
dologia de avaliação e a forma de se analisar os dados tenham in- Na década de 1990 passou a predominar em muitos países a
fluência não apenas sobre a gestão da política ou do programa em função de realocação, associada ao movimento do New Public Ma-
questão, mas também sobre outras áreas e esferas de governo. nagement, tendo os avaliadores se convertido em auditores que
privilegiavam a aferição dos resultados.
Os usuários potenciais da pesquisa avaliativa podem ser: os fi-
nanciadores do programa (e da própria avaliação), os gerentes e Na América Latina, a institucionalização da “função avaliação”
encarregados de mais alto escalão, os técnicos e profissionais que aconteceu apenas entre o final da década de 1980 e o início da dé-
lidam de maneira mais direta com os beneficiários (os agentes cada de 1990, sendo instrumentalizada para o sucesso da reforma
encarregados da implementação, street level bureaucracy, Souza, do Estado a partir de três propósitos básicos: a) a adoção de uma
2003), os beneficiários, os gerentes de programas similares e/ou perspectiva de contenção dos gastos públicos, b) a busca de melho-
de diferentes níveis governamentais, os agentes do governo cen- ria da eficiência e da produtividade, de ampliação da flexibilidade
tral, os representantes de fundações, os interessados em conhecer gerencial e da capacidade de resposta dos governos, c) a maximiza-
projetos exitosos que mereçam financiamento ou preocupados ção da transparência da gestão pública e de responsabilização dos
em melhorar programas sob sua responsabilidade, os membros do gestores, o consumidor vindo em primeiro plano (Melo, 1998).
Legislativo engajados na melhoria de programas existentes ou na A consolidação de sistemas de avaliação no continente teve
elaboração de novas propostas, os cientistas sociais, outros avalia- forte caráter de indução externa. Dentro de uma perspectiva geren-
dores que buscam aprender com as descobertas e com as meto- cialista, percebe-se a ênfase dada à implantação dos sistemas de
dologias empregadas, as próprias organizações que administram o avaliação pelos organismos multilaterais, que investem sistematica-
programa avaliado e o público em geral ou a sociedade civil. mente no processo: disponibilizando assistência técnica, fornecen-
do financiamento, articulando redes de profissionais, sensibilizando
lideranças políticas e acadêmicas e atrelando o financiamento de
projetos à exigência de avaliação (Faria, 2005; Melo, 1999).
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Esta nova ênfase dada à avaliação de políticas no Brasil, cen- O ex-presidente da Associação Americana de Avaliação, Micha-
trada em pesquisas que aplicam metodologias de avaliação de re- el Patton, palestrante do seminário “Futuras Tendências em Avalia-
sultados ou de impacto,4 não despertou interesse por parte da co- ção”,7 comentou as tendências mundiais recentes da atividade ava-
munidade acadêmica dos analistas de políticas públicas, e das áreas liativa: a globalização da profissão, a sua natureza transdisciplinar,
de sociologia e de ciência política, esta sempre tendo privilegiado o emergente interesse político por accountability, pelos indicadores
os processos decisórios nas análises, em detrimento de investimen- de performance e pela transparência, a crescente ênfase no desen-
tos mais sistemáticos no estudo dos processos de implementação volvimento de capacidades e habilidades em avaliar, o debate em
e avaliação. torno da apropriação dos diferentes métodos de avaliação.

Parte significativa dos estudos sobre os processos de avaliação A avaliação na atualidade no Brasil
de políticas públicas realizados desde a década de 1960 refere-se às No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo do tí-
questões de ordem metodológica e/ou às distintas maneiras de se tulo VI — da Tributação e do Orçamento —, estabeleceu como leis
classificar a avaliação, além de seu viés acentuadamente normati- de iniciativa do Poder Executivo, a serem submetidas à aprovação
vo. Sempre houve uma crença de que os resultados seriam automá- do Legislativo:
tica e necessariamente encampados pelos tomadores de decisões a) O Plano Plurianual (PPA), abrangendo quatro anos e conten-
para a melhoria da política ou do programa em questão. E também do as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública
uma expectativa ingênua de que se poderia produzir “melhores e federal para as despesas de capital e para os programas de longa
mais sábias decisões” com base apenas na realização da avaliação duração.
(Faria, 2005). b) As Diretrizes Orçamentárias e os Orçamentos Anuais, como
componentes de um sistema integrado de planejamento e orça-
Tendências internacionais recentes mento.
As instituições multilaterais — como o Banco Mundial (BM) e a
Organização das Nações Unidas (ONU) — têm desempenhado papel Todos os demais planos e programas nacionais, regionais e se-
fundamental na priorização e definição dos arcabouços metodoló- toriais devem ser subordinados ao PPA.
gicos da avaliação de políticas públicas. O BM, por exemplo, esta-
beleceu em 1994 o Modelo do Quadro Lógico (Logical Framework), Embora os PPA dos quatriênios 1996-99 e 2000-03 já possuís-
ferramenta destinada a facilitar a conceituação, o desenho, a execu- sem instrumentos de avaliação e monitoramento, os modelos apre-
ção e a avaliação de projetos. sentavam falhas, o que suscitou a necessidade de corrigir certos
aspectos (Garcia, 2000; Silva e Costa, 2000).
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dentro do Já o PPA de 2004 a 2007 trouxe uma inovação inexistente
Projeto Fortalecimento da Função Avaliativa na América do Sul, tem nos anos anteriores: o Sistema de Avaliação do Plano Plurianual.
procurado analisar os avanços no campo da avaliação, promovido o O objetivo era assegurar que a avaliação integrasse a gestão dos
intercâmbio de experiências quanto à gestão pública, principalmen- programas subsidiando a tomada de decisão, bem como dissemi-
te entre Brasil, Argentina e Chile, e buscado disseminar informações nar a cultura avaliativa e garantir sua utilização na formulação e
sobre a avaliação como parte integrante da gestão pública.5 implementação das políticas e programas de governo. A estrutura
principal desse Sistema é a Comissão de Monitoramento e Avalia-
Outra instituição importante na definição de critérios de ava- ção (CMA), assessorada pela Câmara Técnica de Monitoramento e
liação tem sido a ONU. Através de suas agências, a instituição esta- Avaliação (CTMA). A Comissão é constituída pelos Ministérios do
belece as diretrizes dos programas a serem avaliados. Destaca-se, Planejamento, da Fazenda e do Meio Ambiente, além da Casa Civil,
nesse sentido, a metodologia recomendada pelo Fundo das Nações com a finalidade de deliberar sobre propostas de normas e proce-
Unidas para a Infância (Unicef) para avaliação dos programas da dimentos gerais relativos à Avaliação e Monitoramento (A&M) dos
área. programas do Poder Executivo. Além disso, essa Comissão oferece
Ainda quanto à atualidade da avaliação no contexto interna- elementos técnicos que orientam o processo de alocação de recur-
cional, menciona-se a Agenda pela Eficácia da Ajuda ao Desenvolvi- sos orçamentários e financeiros e a revisão dos programas, com vis-
mento, movimento apoiado por governos de países desenvolvidos tas ao alcance dos resultados.
e em desenvolvimento, agências multilaterais de cooperação e or-
ganizações privadas de financiamento. A eficácia da ajuda entrou Segundo a legislação, o relatório anual de avaliação deve con-
para o “léxico da indústria da ajuda” (Kaufmann, 2009) na década ter:
de 1990, quando a comunidade internacional de cooperação mútua a) avaliação do desempenho das variáveis macroeconômicas
constatou que os recursos alocados eram ineficazes para promover que fundamentaram a elaboração do Plano;
o desenvolvimento humano e reduzir a pobreza, além de gerarem b) demonstrativo da execução física, financeira e regionalizada
enormes custos aos países beneficiados ou nutrirem a corrupção e dos programas;
a má governança. Dentro desta Agenda, cujos fóruns e atividades c) demonstrativo do desempenho dos indicadores de cada pro-
são coordenados pela OCDE, foi firmada em 2005 a “Declaração de grama;
Paris para a Eficácia da Ajuda”, a qual estipula cinco compromissos d) avaliação do alcance das metas físicas e financeiras e da evo-
de parceria em prol do desenvolvimento: apropriação e liderança lução dos indicadores de cada programa (Lei nº 9.989/2000, Brasil,
dos países beneficiados, alinhamento da ajuda para apoiar as ini- 2000).
ciativas locais, harmonização dos procedimentos dos organismos
internacionais, gestão por resultados mensuráveis de desenvolvi-
mento, responsabilização (accountability) mútua. Uma das conside-
rações da Declaração foi a necessidade de se especificar indicado-
res, calendários e metas a fim de se aquilatar o nível de progresso
em desenvolvimento alcançado por país, monitorando-se, assim, a
implementação dos programas locais.6
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Quanto ao monitoramento, o principal instrumento do PPA é a O Ministério do Planejamento adiciona essas avaliações a uma
Portaria nº198, de 18 de julho de 2005, do Ministério do Planeja- análise das variáveis macroeconômicas, do cenário que integra a
mento, Orçamento e Gestão, que “estabelece os procedimentos e Lei de Diretrizes Orçamentárias e da conjuntura, para consolidar o
a periodicidade para registro de informações relacionadas com o Relatório Anual de Avaliação.
desempenho das ações do Plano Plurianual, no Sistema de Infor-
mações Gerenciais e de Planejamento — SIGPlan” (Brasil, 2004:1). O Sigplan foi implantado para apoiar o planejamento, execu-
ção, monitoramento, gestão e avaliação do Plano. Esse sistema
A norma obriga o registro de informações do desempenho físi- agregou os dados de execução orçamentária e financei-ra de todos
co das ações no sistema pelos coordenadores de ação, como tam- os programas e ações do governo federal, além de informações de
bém das restrições à execução e providências adota-das para sua monitoramento e gestão fornecidas pelos gerentes de programas,
superação. ministérios setoriais e Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão.
No que tange à avaliação, o PPA inclui o Relatório Anual de Ava-
liação, obrigatório por lei e encaminhado ao Congresso Nacional, A integração entre o Plano Plurianual e o Orçamento permitiu
junto com as normas propostas de revisão do Plano e da Lei Orça- que a atualização da execução orçamentária e financeira dos pro-
mentária Anual. Esse Relatório contém: gramas fosse procedida semanalmente e que os gerentes comple-
a) a avaliação do desempenho das variáveis macroeconômicas mentassem periodicamente as informações sobre o desempenho
que fundamentaram a elaboração do Plano; físico. Os técnicos do Ministério do Planejamento têm por tarefa
b) o demonstrativo da execução física, financeira e regionaliza- monitorar as informações no Sigplan. Também há um módulo nesse
da dos programas; Sistema com o objetivo de tornar acessíveis à sociedade as informa-
c) o demonstrativo do desempenho dos indicadores de cada ções sobre o andamento dos programas.
programa;
d) a avaliação do alcance das metas físicas e financeiras e da Por outro lado, no âmbito da Secretaria de Avaliação e Ges-
evolução dos indicadores de cada programa (Brasil, 2000). tão da Informação (Sagi), do Ministério do Desenvolvimento Social
(MDS, criado em 2004), foi desenvolvido em 2006 o Sistema de Ava-
O Relatório Anual é constituído, ainda, de três níveis de ava- liação e Monitoramento de Políticas e Programas Sociais. Ele tem
liação: como objetivo principal desenvolver e implementar instrumentos
a) dos Programas, realizada pelos gerentes; de avaliação e de monitoramento das políticas e dos programas re-
b)Avaliação Setorial, elaborada no âmbito da Secretaria-Execu- ferentes às ações da pasta. Além dessa responsabilidade, a Secreta-
tiva dos ministérios; ria responde pela capacitação de gestores de políticas sociais, pela
c) Avaliação do Plano, uma avaliação geral realizada pelo Minis- promoção da gestão do conhecimento e pela publicação de estudos
tério do Planejamento. e pesquisas, sejam elas contratadas ou realizadas internamente.

A etapa de Avaliação do Programa, de responsabilidade do ge- A Sagi substituiu e herdou a estrutura da Secretaria de Avalia-
rente de programa, é, de fato, uma autoavaliação em que os geren- ção dos Programas Sociais do extinto Ministério da Assistência e
tes destacam os avanços e resultados alcançados e apresentam as Promoção Social (MAS), que funcionou por cerca de um ano sem
restrições (de recursos orçamentários e humanos etc.) que dificul- apresentar resultados expressivos. Ela é constituída pelas seguintes
taram a obtenção de melhores desempenhos. A avaliação subdivi- secretarias e programas:
de-se em três partes interdependentes, quanto a: — Senarc — Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (respon-
a) concepção do programa; sável pelo Programa Bolsa Família)
b)implantação do programa, — Sesan — Secretaria Nacional de Segurança Alimentar
c) resultados do programa. — PAA/Compra Local — Programa de Aquisição de Alimento
— PAA/Conab
Todas as etapas são importantes para o alcance dos objetivos — PAA/Leite
da avaliação. Contudo, a terceira (resultados do programa) valori- — Cisternas
za a elaboração, o acompanhamento e a apuração dos indicadores — Distribuições de cestas
como forma de propiciar objetividade e credibilidade ao processo. — Hortas comunitárias
A metodologia de avaliação de programas do PPA envolve a escolha — Cozinhas comunitárias
de um conjunto de critérios e o uso de indicadores possibilitando — Restaurantes populares
um julgamento continuado e eficaz acerca do desempenho de um — Educação alimentar
programa ou conjunto de programas, por meio da comparação com — Banco de alimentos
padrões de desempenho predefinidos. — Snas — Secretaria Nacional de Assistência Social
— Peti — Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
A Avaliação Setorial fica a cargo da Unidade de Monitoramento — BPC — Benefício Assistencial da Prestação Continuada
e Avaliação (UMA), a unidade de assessoramento do secretário exe- — Agente Jovem
cutivo ou seu equivalente. Ela se baseia em questões mais abran- — PAC — Proteção Social Básica à Criança de 0 a 6 anos
gentes, buscando relacionar os resultados aos objetivos da pasta. — Sentinela — Programa de Combate ao Abuso e à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes
As etapas de avaliação dos programas e de avaliação setorial — API — Atenção à Pessoa Idosa
são realizadas através de questionários de múltipla escolha, aos — Paif — Programa de Atenção Integral à Família
quais se adicionaram algumas questões de resposta aberta e discur- — PDC — Atenção às Pessoas com Deficiência
siva. O questionário é preenchido pelos gerentes e pela secretaria
executiva de cada ministério por meio do Sistema de Informações
Gerenciais e de Planejamento (Sigplan), acessível pela internet.
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O formato de órgão específico com a finalidade precípua de identificou toda a estrutura pública de organização da política (as-
avaliação e gestão da informação como a Sagi é inédito no governo sociações, conselhos, instituições) e de prestação de serviços nos
federal. Na prática, a Sagi tem um funcionamento do tipo matricial municípios brasileiros. A segunda, a rede de assistência do setor
na medida em que executa e contrata pesquisas, realiza cursos e privado, com informações sobre equipamentos assistenciais, tipos
publicações e atende às necessidades das secretarias responsáveis de serviços prestados e recursos humanos (MDS, 2010). Também
pelas políticas nacionais de segurança alimentar e nutricional, de se pode citar a pesquisa, realizada pela primeira vez no país, sobre
assistência social e de renda de cidadania. as percepções da população em relação às condições de acesso a
alimentos suficientes e de qualidade, cujos dados foram coletados
De acordo com o regimento interno do MDS, as informações pelo IBGE, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
produzidas pela Sagi têm como objetivo subsidiar gestores e formu- de 2004. Se repetida, essa pesquisa permitirá o acompanhamento
ladores das políticas sociais na tomada de decisões de modo a aper- regular das condições alimentares da população.
feiçoar os programas e racionalizar o uso dos recursos financeiros.
Ademais, a disseminação do conhecimento ao público, mediante Outro estudo, também realizado pelo IBGE, é o Suplemento da
publicações técnicas e seminários, contribui para a ampliação do Pnad-2006 sobre o trabalho infantil, que permitiu acompanhar a
controle social e o fortalecimento da transparência governamental. evolução desse fenômeno, o qual já havia sido medido em 2001 por
metodologia similar.
É importante esclarecer que a Sagi não possui uma exclusivida-
de na avaliação das políticas sociais no país; sua responsabilidade Menciona-se, igualmente, o trabalho desenvolvido pelo Insti-
é institucional, mas outras agências, tanto internas (como o Ipea e tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do Ministério do Plane-
o IBGE) como externas (universidades, fundações privadas e think jamento, Orçamento e Gestão, que tem como uma de suas missões
tanks)8 também estão envolvidas em atividades avaliativas. acompanhar o desenho e a implementação das políticas públicas,
de modo a subsidiar o governo em seu processo de tomada de deci-
A Secretaria também atua no acompanhamento de todas as são. Entre as várias publicações desse Instituto, cita-se o Boletim de
fases das pesquisas, inclusive enviando servidores para o trabalho Políticas Sociais — Acompanhamento e Análise, o qual é publicado
de campo, promovendo assim aprendizado organizacional. desde 200010 e cujo propósito é avaliar o conjunto das ações reali-
zadas pelo governo federal para a promoção dos direitos sociais da
Em relação às atividades de monitoramento, o principal ins- população, visando responder os seguintes questionamentos prin-
trumento elaborado pela Sagi é a Matriz de Informação Social (MI cipais: como estão evoluindo as políticas sociais? A quem atendem,
Social), uma ferramenta de informações georreferenciadas sobre os quanto gastam, como operam e quais são seus resultados?
programas do MDS, na qual são depositadas informações migradas
de outros sistemas e agregadas tabelas específicas de informações Por último, é interessante apontar a formação de redes de es-
não sistematizadas. Tais informações podem ser visualizadas em pecialistas em torno da avaliação e do monitoramento de políticas
públicas, as quais vêm aproximando profissionais das mais diversas
vários níveis de agregação, sejam unidades da Federação, microrre-
áreas do conhecimento, estados e países, divulgando experiências
giões, municípios ou territórios especiais.
e produções acadêmicas, organizando e apoiando fóruns e eventos
científicos, promovendo, enfim, um acúmulo de conhecimento e de
Além dos indicadores e informações básicas dos programas so-
expertise sobre essa temática. Dentre elas destaca-se, no Brasil, a
ciais do MDS, estão disponíveis para consulta na ferramenta infor-
“Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação”, que contava com
mações demográficas e socioeconômicas.
mais de 1.100 membros em janeiro de 2011.11
A apresentação dos resultados das pesquisas é dirigida ao pú-
Conclusão
blico do próprio Ministério e convidados externos envolvidos com o Para alguns, o motor da avaliação é a necessidade urgente
tema. A divulgação também se dá por meio de várias publicações, de obter eficiência e ampliar a área de influência do governo com
como os Cadernos de Estudos de Desenvolvimento Social e livros. programas sociais e, ao mesmo tempo, dar retorno às autoridades
Quatro meses após a divulgação dos resultados da pesquisa, os quanto ao planejamento e à implantação de novas políticas. Para
microdados — sem a identificação pessoal de qualquer entrevista- outros, a avaliação é parte não apenas da aferição da eficiência dos
do — são disponibilizados para o Consórcio de Informações Sociais gastos públicos, mas de todo um processo de participação social,
(CIS).9 que vem crescendo desde a redemocratização do país. Nesse con-
Há certos tipos de estudos realizados pela Sagi que não cum- texto, a pesquisa avaliativa promove um importante direito demo-
prem diretamente a função de avaliação, mas, sim, a de produzir crático, relacionado com o controle social sobre a atuação estatal
informação para o planejamento e a programação das próprias po- (Arretche, 2001).
líticas. Esse foi o caso, por exemplo, do levantamento sobre os be-
neficiários do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Ao longo deste artigo foram analisados diversos aspectos re-
Como a Secretaria responsável, a Snas, só possuía dados relativos lativos à pesquisa avaliativa: o seu papel, os seus tipos, os seus
aos recursos repassados aos municípios, sem qualquer informação diversos usos, a situação atual da temática no mundo e no Brasil.
sobre o público-alvo, foi realizado um levantamento junto aos mu- No sentido de se reiterar sua importância estratégica para a retro-
nicípios, que então forneceram informações que serviram de base alimentação do ciclo das políticas públicas, além de sua relevância
para se fazer um perfil dos beneficiários e subsidiar a gestão do pro- como temática no campo das ciências sociais e políticas públicas,
grama (MDS, 2010). conclui-se este texto sinalizando as dificuldades e necessidades ao
seu aprimoramento.
Outro exemplo foram as duas pesquisas feitas em conjunto
com o IBGE sobre a rede da assistência social no Brasil com o intuito a) Dificuldades:
de subsidiar o investimento e o planejamento da implementação - Muitos programas e ações não são desenhados para serem
e gestão do Sistema Único de Assistência Social (Suas). A primeira avaliados.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- A prevalência de delineamentos de pesquisa que não “contro- Reduzida à sua forma mais simples, a gerência de projetos é
lam” as variáveis antecedentes, processuais e de resultados, e que a disciplina de manter os riscos de fracasso em um nível tão baixo
produzem inferências espúrias, atribuindo ao programa a responsa- quanto necessário durante o ciclo de vida do projeto. O risco de
bilidade de resultados (bons ou ruins) não provocados por ele, mas fracasso aumenta de acordo com a presença de incerteza duran-
por outros fatores. te todos os estágios do projeto. Um ponto de vista alternativo diz
- Poucos dados disponíveis e, quando existentes, bastante limi- que gerenciamento de projetos é a disciplina de definir e alcançar
tados e com periodicidade irregular. objetivos ao mesmo tempo em que se otimiza o uso de recursos
- A resistência na administração pública, devido à predominân- (tempo, dinheiro, pessoas, espaço, etc).
cia de uma cultura autoritária. As autoridades públicas ficam cons- A gerência de projetos é frequentemente a responsabilidade
trangidas com a perspectiva de serem analisadas as suas ações e de um indivíduo intitulado gerente de projeto. Idealmente, esse
reagem através de: proibições diretas, ou colocação de dificuldades indivíduo raramente participa diretamente nas atividades que pro-
burocráticas: desinteresse no levantamento de dados, tornar ina- duzem o resultado final. Ao invés disso, o gerente de projeto traba-
cessíveis as fontes, falta de apoio. lha para manter o progresso e a interação mútua progressiva dos
diversos participantes do empreendimento, de modo a reduzir o
b)Necessidades: risco de fracasso do projeto.
- Assumir a avaliação como atividade regular da instituição, im-
plantando uma cultura de avaliação. Variáveis controláveis e incontroláveis
- Constituir sistemas de informações, de acessibilidade garan- Dentro de um ambiente de projetos, e até mesmo no seu dia-
tida e atendendo às peculiaridades dos programas sociais, para ge- -a-dia existem variáveis que podem ser controladas e/ou previstas
rar um mínimo de factibilidade à avaliação (ou de “avaliabilidade”, e outras que não podem ser previstas e/ou controladas. Um bom
Cano, 2002:25 e 111; Costa e Castanhar, 2003:985 e 986). planejamento leva ambas em consideração.
- Fortalecer e aprimorar os sistemas de informações gerenciais
existentes, a fim de construir indicadores de desempenho. Variáveis controláveis ou previsíveis
- Sua execução por órgãos independentes (como garantia de Existem variáveis previsíveis e controláveis no seu ciclo de pro-
rigor metodológico e isenção) e, na medida do possível, mesclando jeto, são variáveis que você conhece claramente. Por controlável
técnicas quantitativas e qualitativas (Lobo, 2001; Arretche, 2001; entendemos que é algo que você possa prever e/ou medir.
Khander et al., 2010). Por exemplo tempo, valores, recursos são variáveis controlá-
- Incorporar, de forma aberta, todos os atores envolvidos e ma- veis. Você não tem controle sobre o tempo, mas pode considera-lo
pear suas percepções, devolvendo-lhes as informações recebidas. em seus planejamentos, é possível calcular o tempo necessário para
- Ampliar o escopo da avaliação, considerando o contexto da executar uma tarefa, mas não se pode estende-lo por exemplo.
macropolítica e utilizando modelos dinâmicos que incluam as estru- É possível prever os recursos financeiros e através do contro-
turas organizacionais, os distintos recursos de apoio mobilizados e le é possível até mesmo redimensiona-los. É possível aumentar a
as características sociais, culturais e econômicas dos atores (Perez, produtividade de uma tarefa, otimizando os métodos e processos
2001:72). utilizados e/ou alocando mais recursos humanos à tarefa.

Variáveis incontroláveis ou imprevisíveis


GESTÃO DE PROJETOS . ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIA- São variáveis que não podemos controlar, em geral imprevis-
ÇÃO DE PROJETOS tos, ou atividades que dependam de terceiros. Num planejamento
de projeto, levamos em conta os recursos humanos partindo do
principio de que eles estarão sempre disponíveis para trabalhar e
A gestão estratégica de projetos reduz riscos e identifica opor- sempre com o mesmo nível de produtividade, o que não é verdade,
tunidades, a presença de um profissional é essencial para geren- funcionários podem estar desmotivados, e podem faltar, e isto pre-
ciamento das informações, é preciso que haja esforços de forma cisa ser levado em conta.
integrada para os projetos serem realizados com êxito. Pode acontecer uma catástrofe, um recurso material pode ser
O gerenciamento de projetos têm relação direta com a capaci- danificado e/ou utilizado equivocadamente para outra tarefa, isto
dade das empresas de atingirem suas metas, justamente porque os pode acontecer, assim como pode faltar determinado material,
projetos atuais necessitam da união de esforços aplicados de forma mas neste caso a falta pode se dar por diversos fatores:
integrada para serem realizados com êxito. Em diversas ações das Pode ser que a entrega esteja atrasada, ou que ele tenha sido
empresas, é necessário um projeto, direcionando esforços tempo- mal dimensionado, ou ainda que tenha sido providenciado tarde
rários para produzir determinado produto, serviço ou resultado demais. Mas isto é previsível, você pode se informar de todo o
único. processo e considerar o prazo necessário no seu planejamento. O
Gerência de projetos ou gestão de projetos é a aplicação de que seria imprevisível neste caso, por exemplo, seria o roubo ou
conhecimentos, habilidades e técnicas na elaboração de atividades danificação de materiais. Controlar todas as variáveis em todas as
relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré definidos. O atividades de um projeto é extremamente trabalhoso, prevê-las
conhecimento e as práticas da gerência de projetos são mais bem é muito mais difícil, por mais experiente que o gestor de projetos
descritos em termos de seus processos componentes. seja, ele sempre encontrará novas variáveis em novos projetos.
Esses processos podem ser classificados em cinco grupos de
processo (iniciação, planejamento, execução, controle e encerra- As variáveis do triângulo de gerência de projeto
mento) e nove áreas de conhecimento (gerência de integração de Alguns empreendimentos necessitam ser executados e entre-
projetos, gerência de escopo de projetos, gerência de tempo de gues sob determinadas variáveis. As variáveis principais também
projetos, gerência de custo de projetos, gerência de qualidade de podem ser denominadas como tradicionais. São eles o escopo, o
projetos, gerência de recursos humanos de projetos, gerência de tempo e o custo. Isto é conhecido também como “triângulo da ge-
comunicações de projetos, gerência de riscos de projetos e gerên- rência de projeto”, onde cada lado representa uma variável. Um
cia de aquisições de projetos). lado do triângulo não pode ser mudado sem impactar no outro.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A restrição do tempo influencia o prazo até o termino do pro- O princípio de Pareto é um bom critério para você usar no pla-
jeto. A restrição de custo informa o valor monetário incluído no or- nejamento e análise do seu projeto. Não estamos falando que a re-
çamento disponível para o projeto. Já a restrição do escopo designa lação será precisamente 80-20, pode-se variar entre 90-10 e 70-30,
o que deve ser feito para produzir o resultado de fim do projeto. mas geral fica nesta faixa.
Estas três variáveis estão frequentemente competindo: o escopo Por exemplo 80% do custo do seu projeto esta relacionado à
aumentado significa tipicamente o tempo aumentado e o custo 20% das tarefas, ou 80% do prazo esta relacionado à 20% das tare-
aumentado, uma restrição apertada de tempo poderia significar fas, e por ai vai. O importante mesmo é identificar no seu projeto
custos aumentados e o escopo reduzido, e um orçamento aperta- quais as tarefas que fazem parte destes 20% e dedicar uma atenção
do poderia significar o tempo aumentado e o escopo reduzido. A especial à elas.
disciplina da gerência de projeto é sobre fornecer as ferramentas
e as técnicas que permitem a equipe de projeto (não apenas ao Etapas de um projeto
gerente de projeto) organizar seu trabalho para se encontrar com Todo projeto é desenvolvido em cinco etapas: Iniciação, plane-
estas variáveis. jamento, execução, controle e conclusão.

Tempo ou prazo
O tempo requerido para terminar as etapas do projeto, é nor-
malmente influenciado quando se pretende baixar o tempo para
execução de cada tarefa que contribui diretamente à conclusão de
cada componente. Ao executar tarefas usando a gerência de proje-
to, é importante cortar o trabalho em diversas partes menores de
modo que seja fácil definirmos condições de criticidade e de folga.

Custo
O Custo para desenvolver um projeto depende de diversas
condições iniciais que possuímos para o desenvolvimento de cada
projeto tais como: custo de mão de obra, custos de materiais, ge-
rência de risco, planta (edifícios, máquinas, etc.), equipamento, e
lucro.

Escopo ou contexto
São as exigências especificadas para o resultado fim, ou seja, o
que se pretende, e o que não se pretende realizar. A qualidade do Iniciação é a etapa onde tomamos conhecimento do projeto a
produto final pode ser tratada como um componente do escopo. ser feito, é o momento da confecção do briefing, ou de sua leitura à
Normalmente a quantidade de tempo empregada em cada tarefa é equipe, é nesta hora onde surgem diversas dúvidas do projeto. Em
determinante para a qualidade total do projeto. geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em uma reunião de
Lembre-se das variáveis incontroláveis ou imprevisíveis, elas brainstorming.
estão ai para dar o tempero do seu projeto. Gestores de projetos Planejamento é onde o projeto é detalhado, se aplicarmos o
costumam considerar margens de segurança definidas com o apoio principio de Pareto, é onde investimos 80% do nosso tempo. É o
de gestores técnicos que irão executar o projeto. momento em que detalhamos as atividades, pesquisamos, deter-
Por exemplo, aplica-se uma margem de segurança na mão de minamos prazos, alocamos recursos e custos. O resultado do plane-
obra, para cobrir eventuais faltas e atrasos, e para prover o projeto jamento é uma lista de tarefas e/ou um gráfico de Gantt.
uma certa “margem de manobra” para que atividades de emergên- Execução é o objetivo do projeto, é a “hora da verdade”, quem
cia sejam executadas sem um impacto muito grande no prazo final executa é o gestor técnico,é a hora de colocar o projeto em prática.
do projeto. Aplica-se uma margem de segurança nos recursos ma- Controle, o gestor do projeto faz o controle da execução, re-
teriais prevendo desperdícios e eventuais danos ou extravios, mas gistrando tempo e recursos, e gerenciando as possíveis mudanças.
as margens neste caso devem ser aplicadas com critério para que a Conclusão é a hora em que o projeto termina.
excessiva margem de segurança em materiais não seja um prejuízo Na verdade as cinco etapas do projeto não acontecem como
no projeto. uma sequência linear, afinal, como já vimos existem problemas não
Um projeto bem planejado leva em conta o imprevisto, se al- previstos, existem ajustes à serem feitos. E estes ajustes são feitos
guma coisa der errado, o projeto vai parar? Pode-se executar outra “on the fly”, ou seja, durante a execução do projeto, configurando
tarefa enquanto resolvemos o problema que impede o andamento um ciclo claro que passa por execução, controle e planejamento.
do projeto? E este problema pode ser simplesmente uma etapa de Geralmente na hora da execução é que o planejamento é pos-
aprovação do cliente por exemplo. Neste caso as tarefas que não to a prova, o controle é o acompanhamento que o gestor de pro-
fazem parte do caminho crítico podem ser executadas para que a jetos faz junto ao gestor técnico, ele registra os tempos e uso de
equipe não fique parada por exemplo. recursos. Este controle pode apontar tanto uma tendência à eco-
O principio de Pareto, também conhecida pela regra 80-20 se nomia de recursos quando à necessidade de utilizar recursos alem
resume em que 80% dos efeitos são provenientes de 20% das cau- do planejado.
sas. O estudioso de Administração Joseph M. Juran identificou o É atribuição do gestor de projetos revisar seu planejamento
principio que ganhou este nome após o economista Italiano Vilfre- para avaliar os impactos destas variações e tomar as devidas pro-
do Pareto ter observado que 80% da renda Italiana é proveniente vidências.
de 20% da população. Esta é uma regra comum nos negócios, em
geral 80% das suas vendas são provenientes de 20% de seus clien-
tes.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O gerenciamento de projetos tenta adquirir controle sobre essas três variáveis (tempo, custo, escopo), no entanto, algumas literatu-
ras definem como quatro variáveis, sendo qualidade a quarta variável, contudo a qualidade é uma das principais componentes do escopo.
Estas variáveis podem ser dadas por clientes externos ou internos. O(s) valor(es) das variáveis remanescentes está/estão a cargo do ge-
rente do projeto, idealmente baseado em sólidas técnicas de estimativa.
Geralmente, os valores em termos de tempo, custo, qualidade e escopo são definidos por contrato.
Para manter o controle sobre o projeto do início ao fim, um gerente de projetos utiliza várias técnicas, dentre as quais se destacam:
- Planejamento de projeto
- Análise de valor agregado
- Gerenciamento de riscos de projeto
- Cronograma
- Melhoria de processo

GOVERNANÇA PÚBLICA. CONCEITOS FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E NÍVEIS DE ANÁLISE. SISTEMA DE GOVER-
NANÇA. PRÁTICAS DE GOVERNANÇA

A expressão governar nos traz como compreensão “deter uma posição de força a partir da qual seja possível desempenhar uma função
imediatamente associada ao poder de decidir e implementar decisões ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas”.

Dessa expressão derivam outras duas:

Já as expressões governabilidade e governança são muito mais qualificativas, ou seja, representam atribuições e qualidades (no caso
da governabilidade) ou qualidades e meios/processos (no caso da governança). Não é simples fazer distinções precisas entre os dois con-
ceitos – governabilidade e governança, mas pode-se assim delimitar os campos:
a) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder. Diz respeito às “condições sistêmicas institucionais sob
as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o
sistema de intermediação de interesses” (Santos, 1997). Ainda segundo Luciano Martins, o termo governabilidade refere-se à arquitetura
institucional, distinto, portanto de governança, basicamente ligada à performance dos atores e sua capacidade no exercício da autoridade
política (apud Santos, 1997, p. 342). Se observadas as três dimensões envolvidas no conceito de governabilidade apresentadas por Diniz
(1995): capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular políticas adequadas ao seu enfrentamento; capacidade
governamental de mobilizar os meios e recursos necessários à execução dessas políticas, bem como à sua implementação; e capacidade
liderança do Estado sem a qual as decisões tornam-se inócuas, ficam claros dois aspectos:
a) governabilidade está situada no plano do Estado;
b) representa um conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais nenhum poder será exercido;
b) Já a governança tem um caráter mais amplo. Pode englobar dimensões presentes na governabilidade, mas vai além. Veja-se, por
exemplo, a definição de Melo (apud Santos, 1997): “refere-se ao modus operandi das políticas governamentais – que inclui, dentre outras,
questões ligadas ao formato político institucional do processo decisório, à definição do mix apropriado de financiamento de políticas e
ao alcance geral dos programas”. Como bem salienta Santos (1997) “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos aspectos
gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao funcionamento eficaz do aparelho de Estado”. Dessa forma, a governança refere-se a
“padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro
e através das fronteiras do sistema econômico”, incluindo-se aí “não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de
interesses, tais como os partidos políticos e grupos de pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, geren-
tes), hierarquias e associações de diversos tipos” (Santos, 1997). Ou seja, enquanto a governabilidade tem uma dimensão essencialmente
estatal, vinculada ao sistema político-institucional, a governança opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo.
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Resumidamentte, as expressões governabilidade e governan- DECRETA:
ça são muito mais qualificativas, ou seja, representam atribuições Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a política de governança da
e qualidades (no caso da governabilidade) ou qualidades e meios/ administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
processos (no caso da governança). Não é simples fazer distinções Art. 2º Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se:
precisas entre os dois conceitos – governabilidade e governança, I - governança pública - conjunto de mecanismos de lideran-
mas pode-se assim delimitar os campos. ça, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e
A expressão de “governança” surgiu a partir de reflexões con- monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à
duzidas pelo Banco Mundial, que pretendiam aprofundar o conhe- prestação de serviços de interesse da sociedade;
cimento das condições que garantem um Estado eficiente. A partir II - valor público - produtos e resultados gerados, preservados
dessa preocupação, o foco das questões estatais fora deslocado ou entregues pelas atividades de uma organização que represen-
para questões mais abrangentes, envolvendo as dimensões sociais tem respostas efetivas e úteis às necessidades ou às demandas de
por exemplo. Em termos gerais, nós podemos definir a governan- interesse público e modifiquem aspectos do conjunto da sociedade
ça como a maneira pela qual o governo exerce seu poder, ou ainda ou de alguns grupos específicos reconhecidos como destinatários
o modo como é administrado os recursos sociais e econômicos de legítimos de bens e serviços públicos;
um país. Resumindo, governança é a capacidade de um governo III - alta administração - Ministros de Estado, ocupantes de car-
planejar, formular, programar e cumprir funções, pois se relaciona gos de natureza especial, ocupantes de cargo de nível 6 do Grupo-
intimamente com a ação e a execução de decisões. -Direção e Assessoramento Superiores - DAS e presidentes e direto-
Pode-se dizer que a governança possui um caráter mais amplo res de autarquias, inclusive as especiais, e de fundações públicas ou
do que a governabilidade, uma vez que ela se refere à capacidade autoridades de hierarquia equivalente; e
administrativa do governo de executar as políticas públicas. Apesar IV - gestão de riscos - processo de natureza permanente, es-
da governança englobar algumas dimensões presentes na governa- tabelecido, direcionado e monitorado pela alta administração, que
bilidade ela ainda vai mais além, pois se refere ao modus operandi contempla as atividades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais
das políticas governamentais, que inclui questões do processo de- eventos que possam afetar a organização, destinado a fornecer se-
cisório, do financiamento de políticas, e do alcance dos programas gurança razoável quanto à realização de seus objetivos.
de governo, porém, não se restringindo apenas aos aspectos geren- Art. 3º São princípios da governança pública:
ciais e administrativos do Estado. É válido lembrar, que a governan- I - capacidade de resposta;
ça no contexto da administração pública é um reflexo da governan- II - integridade;
ça corporativa da administração privada. III - confiabilidade;
IV - melhoria regulatória;
O conceito de governança pública é fundamentado em seis V - prestação de contas e responsabilidade; e
princípios, que são: VI - transparência.
I - capacidade de resposta; Art. 4º São diretrizes da governança pública:
II - integridade; I - direcionar ações para a busca de resultados para a socieda-
III - confiabilidade; de, encontrando soluções tempestivas e inovadoras para lidar com
IV - melhoria regulatória; a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades;
V - prestação de contas e responsabilidade; e II - promover a simplificação administrativa, a modernização da
VI - transparência. gestão pública e a integração dos serviços públicos, especialmente
aqueles prestados por meio eletrônico;
Para que a governança na gestão pública seja implantada, de- III - monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a imple-
ve-se considerar alguns aspectos, ou seja, o processo para ser efi- mentação e os resultados das políticas e das ações prioritárias para
ciente e confiável deve estar alinhado à regras definidas com foco assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas;
em proporcionar uma boa gestão. IV - articular instituições e coordenar processos para melhorar
Sendo assim, a seguir veremos o Decreto nº 9.203/2017, que a integração entre os diferentes níveis e esferas do setor público,
dispõe sobre a política de governança da administração pública fe- com vistas a gerar, preservar e entregar valor público;
deral direta, autárquica e fundacional. V - fazer incorporar padrões elevados de conduta pela alta ad-
ministração para orientar o comportamento dos agentes públicos,
em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos e
de suas entidades;
VI - implementar controles internos fundamentados na gestão
de risco, que privilegiará ações estratégicas de prevenção antes de
processos sancionadores;
CÂMARA DOS DEPUTADOS VII - avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoa-
Centro de Documentação e Informação mento de políticas públicas e de concessão de incentivos fiscais e
aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios;
VIII - manter processo decisório orientado pelas evidências,
DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017 pela conformidade legal, pela qualidade regulatória, pela desburo-
cratização e pelo apoio à participação da sociedade;
Dispõe sobre a política de governança da administração públi- IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas
ca federal direta, autárquica e fundacional. práticas regulatórias e pela legitimidade, estabilidade e coerência
do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe que conveniente;
confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, X - definir formalmente as funções, as competências e as res-
ponsabilidades das estruturas e dos arranjos institucionais; e

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XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente I - propor medidas, mecanismos e práticas organizacionais para
das atividades e dos resultados da organização, de maneira a forta- o atendimento aos princípios e às diretrizes de governança pública
lecer o acesso público à informação. estabelecidos neste Decreto;
Art. 5º São mecanismos para o exercício da governança pública: II - aprovar manuais e guias com medidas, mecanismos e prá-
I - liderança, que compreende conjunto de práticas de natureza ticas organizacionais que contribuam para a implementação dos
humana ou comportamental exercida nos principais cargos das or- princípios e das diretrizes de governança pública estabelecidos nes-
ganizações, para assegurar a existência das condições mínimas para te Decreto;
o exercício da boa governança, quais sejam: III - aprovar recomendações aos colegiados temáticos para ga-
a) integridade; rantir a coerência e a coordenação dos programas e das políticas de
b) competência; governança específicos;
c) responsabilidade; e IV - incentivar e monitorar a aplicação das melhores práticas
d) motivação; de governança no âmbito da administração pública federal direta,
II - estratégia, que compreende a definição de diretrizes, obje- autárquica e fundacional; e
tivos, planos e ações, além de critérios de priorização e alinhamen- V - editar as resoluções necessárias ao exercício de suas com-
to entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e petências.
produtos de responsabilidade da organização alcancem o resultado § 1º Os manuais e os guias a que se refere o inciso II do caput
pretendido; e deverão:
III - controle, que compreende processos estruturados para mi- I - conter recomendações que possam ser implementadas nos
tigar os possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos institu- órgãos e nas entidades da administração pública federal direta, au-
cionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, efi- tárquica e fundacional definidos na resolução que os aprovar;
ciente e eficaz das atividades da organização, com preservação da II - ser observados pelos comitês internos de governança, a que
legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos públicos. se refere o art. 15-A.
Art. 6º Caberá à alta administração dos órgãos e das entidades, § 2º O colegiado temático, para fins do disposto neste Decreto,
observados as normas e os procedimentos específicos aplicáveis, é a comissão, o comitê, o grupo de trabalho ou outra forma de co-
implementar e manter mecanismos, instâncias e práticas de gover- legiado interministerial instituído com o objetivo de implementar,
nança em consonância com os princípios e as diretrizes estabeleci- promover ou executar políticas ou programas de governança rela-
dos neste Decreto. tivos a temas específicos. (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.901,
Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de de 8/7/2019)
governança de que trata o caput incluirão, no mínimo: Art. 10. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019)
I - formas de acompanhamento de resultados; Art. 10-A. O CIG poderá instituir grupos de trabalho específicos
II - soluções para melhoria do desempenho das organizações; e com o objetivo de assessorá-lo no cumprimento das suas compe-
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- tências.
mentado em evidências. § 1º Representantes de órgãos e entidades públicas e privadas
Art. 7º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) poderão ser convidados a participar dos grupos de trabalho consti-
Art. 7º-A. O Comitê Interministerial de Governança - CIG tem tuídos pelo CIG.
por finalidade assessorar o Presidente da República na condução § 2º O CIG definirá no ato de instituição do grupo de trabalho
da política de governança da administração pública federal. (Artigo os seus objetivos específicos, a sua composição e o prazo para con-
acrescido pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) clusão de seus trabalhos. (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.901,
Art. 8º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) de 8/7/2019)
Art. 8º-A. O CIG é composto pelos seguintes membros titulares: Art. 10-B. Os grupos de trabalho:
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da Re- I - serão compostos na forma de ato do CIG;
pública, que o coordenará; II - não poderão ter mais de cinco membros;
II - Ministro de Estado da Economia; e III - terão caráter temporário e duração não superior a um ano;
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União. e
§ 1º Os membros do CIG poderão ser substituídos, em suas IV - estarão limitados a três operando simultaneamente. (Arti-
ausências e seus impedimentos, pelos respectivos Secretários-Exe- go acrescido pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019)
cutivos. Art. 11. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019)
§ 2º As reuniões do CIG serão convocadas pelo seu Coordena- Art. 11-A. A Secretaria-Executiva do CIG será exercida pela Se-
dor. cretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da República.
§ 3º Representantes de outros órgãos e entidades da adminis- Parágrafo único. Compete à Secretaria-Executiva do CIG:
tração pública federal poderão ser convidados a participar de reu- I - receber, instruir e encaminhar aos membros do CIG as pro-
niões do CIG, sem direito a voto. (Artigo acrescido pelo Decreto nº postas recebidas na forma estabelecida no caput do art. 10-A e no
9.901, de 8/7/2019) inciso II do caput do art. 13-A;
Art. 8º-B. O CIG se reunirá, em caráter ordinário, trimestral- II - encaminhar a pauta, a documentação, os materiais de dis-
mente e, em caráter extraordinário, sempre que necessário. cussão e os registros das reuniões aos membros do CIG;
§ 1º O quórum de reunião do CIG é de maioria simples dos III - comunicar aos membros do CIG a data e a hora das reuni-
membros e o quórum de aprovação é de maioria absoluta. ões ordinárias ou a convocação para as reuniões extraordinárias;
§ 2º Além do voto ordinário, o Coordenador do CIG terá o voto IV - comunicar aos membros do CIG a forma de realização da
de qualidade em caso de empate. (Artigo acrescido pelo Decreto nº reunião, que poderá ser por meio eletrônico ou presencial, e o lo-
9.901, de 8/7/2019) cal, quando se tratar de reuniões presenciais; e
Art. 9º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) V - disponibilizar as atas e as resoluções do CIG em sítio ele-
Art. 9º-A. Ao CIG compete: trônico ou, quando o seu conteúdo for classificado como confiden-
cial, encaminhá-las aos membros. (Artigo acrescido pelo Decreto nº
9.901, de 8/7/2019)
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Art. 12. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
Art. 12-A. A participação no CIG ou nos grupos de trabalho por independente, segundo os padrões de auditoria e ética profissional
ele constituídos será considerada prestação de serviço público re- reconhecidos internacionalmente;
levante, não remunerada. (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.901, II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
de 8/7/2019) to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
Art. 13. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) época e da extensão dos procedimentos de auditoria; e
Art. 13-A. Compete aos órgãos e às entidades integrantes da III - promoção à prevenção, à detecção e à investigação de frau-
administração pública federal direta, autárquica e fundacional: des praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
I - executar a política de governança pública, de maneira a in- recursos públicos federais.
corporar os princípios e as diretrizes definidos neste Decreto e as Art. 19. Os órgãos e as entidades da administração direta, au-
recomendações oriundas de manuais, guias e resoluções do CIG; e tárquica e fundacional instituirão programa de integridade, com o
II - encaminhar ao CIG propostas relacionadas às competências objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
previstas no art. 9º-A, com a justificativa da proposição e da minuta destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de
da resolução pertinente, se for o caso. (Artigo acrescido pelo Decre- fraudes e atos de corrupção, estruturado nos seguintes eixos:
to nº 9.901, de 8/7/2019) I - comprometimento e apoio da alta administração;
Art. 14. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) II - existência de unidade responsável pela implementação no
Art. 15. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) órgão ou na entidade;
Art. 15-A. São competências dos comitês internos de governan- III - análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema
ça, instituídos pelos órgãos e entidades da administração pública da integridade; e
federal direta, autárquica e fundacional: IV - monitoramento contínuo dos atributos do programa de in-
I - auxiliar a alta administração na implementação e na ma- tegridade.
nutenção de processos, estruturas e mecanismos adequados à in- Art. 20. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019)
corporação dos princípios e das diretrizes da governança previstos Art. 20-A. Cabe à Controladoria-Geral da União estabelecer os
neste Decreto; procedimentos necessários à estruturação, à execução e ao monito-
II - incentivar e promover iniciativas que busquem implementar ramento dos programas de integridade dos órgãos e das entidades
o acompanhamento de resultados no órgão ou na entidade, que da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
promovam soluções para melhoria do desempenho institucional (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019)
ou que adotem instrumentos para o aprimoramento do processo Art. 21. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
decisório;
III - promover e acompanhar a implementação das medidas, Brasília, 22 de novembro de 2017; 196º da Independência e
dos mecanismos e das práticas organizacionais de governança defi- 129º da República.
nidos pelo CIG em seus manuais e em suas resoluções; e
IV - elaborar manifestação técnica relativa aos temas de sua MICHEL TEMER
competência. (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.901, de 8/7/2019) Dyogo Henrique de Oliveira
Wagner de Campos Rosário
Art. 16. Os comitês internos de governança publicarão suas
atas e suas resoluções em sítio eletrônico, ressalvado o conteúdo
sujeito a sigilo. GESTÃO DE RISCOS: PRINCÍPIOS, OBJETOS, TÉCNICAS,
Art. 17. A alta administração das organizações da administra- MODELOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, INTEGRAÇÃO
ção pública federal direta, autárquica e fundacional deverá estabe- AO PLANEJAMENTO. PROCESSO DE GESTÃO DE RISCOS:
lecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de gestão de riscos e COMUNICAÇÃO, CONSULTA, CONTEXTUALIZAÇÃO, IDEN-
controles internos com vistas à identificação, à avaliação, ao trata- TIFICAÇÃO, ANÁLISE, TRATAMENTO, MONITORAMENTO E
mento, ao monitoramento e à análise crítica de riscos que possam RETROALIMENTAÇÃO. BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO DE
impactar a implementação da estratégia e a consecução dos obje- RISCOS
tivos da organização no cumprimento da sua missão institucional,
observados os seguintes princípios:
I - implementação e aplicação de forma sistemática, estrutu- Risco é o efeito da incerteza sobre objetivos estabelecidos. É a
rada, oportuna e documentada, subordinada ao interesse público; possibilidade de ocorrência de eventos que afetem a realização ou
II - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento alcance dos objetivos, combinada com o impacto dessa ocorrência
estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces- sobre os resultados pretendidos13.
sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização, Os riscos existem independentemente da atenção que damos
relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos a eles. Seja na nossa vida cotidiana, seja no mundo corporativo,
institucionais; estamos imersos em ambiente repleto de riscos, oportunidades e
III - estabelecimento de controles internos proporcionais aos ameaças que, se não gerenciados, podem comprometer o alcance
riscos, de maneira a considerar suas causas, fontes, consequências de objetivos almejados.
e impactos, observada a relação custo-benefício; e A cada tomada de decisão, a cada movimento que executamos,
IV - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à ou deixamos de executar, alteramos a probabilidade de ocorrência
melhoria contínua do desempenho e dos processos de gerencia- de eventos futuros e, por conseguinte, ampliamos ou reduzimos o
mento de risco, controle e governança. nível de riscos a que estamos expostos.
Art. 18. A auditoria interna governamental deverá adicionar
valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
13 Brasil. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de gestão de
para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento
riscos / Tribunal de Contas da União. – Brasília: TCU, Secretaria Geral
de riscos, dos controles e da governança, por meio da:
de Controle Externo (SEGECEX), 2018.
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Na vida, existem pessoas com maior apetite a riscos, que se dispõem a aceitar maiores níveis de risco por avaliarem que os impactos
positivos superam os negativos. No extremo oposto, há pessoas que não se sentem confortáveis com possíveis efeitos da incerteza sobre
seus objetivos.
Desse modo, diante de um mesmo risco pessoas podem ter reações diferentes, a depender de sua maturidade e experiências pre-
gressas, de sua capacidade de evitar, mitigar ou potencializar sua ocorrência, bem como de reduzir ou tolerar seu impacto. Em geral, à
medida que amadurecemos tomamos maior consciência do ambiente em que estamos inseridos, ficamos mais hábeis na identificação de
vulnerabilidades (falhas ou fraquezas), mais aptos a identificar ameaças e oportunidades e, portanto, mais prontos a identificar eventos
que podem impactar o alcance de nossos objetivos.
Ao analisarmos o ambiente em que estamos inseridos, e tendo em vista os objetivos estabelecidos, podemos decidir acerca de quais
medidas ou controles internos podem ser adotados para tratar os potenciais riscos de sorte a mantê-los em níveis compatíveis com nosso
apetite (aceitação) e tolerância (resiliência).
Considerando que não existe risco zero, é bom lembrar que restam, ao final da adoção das medidas mitigadoras, riscos residuais que
precisam ser monitorados e mantidos dentro de limites compatíveis com os critérios de risco estabelecidos.

Roteiro básico para gestão de riscos


Cientes destes conceitos iniciais, refletiremos acerca de um empreendimento no qual esteja envolvido e a responder às seguintes
questões:

1. Que empreendimento você deseja proteger ou ver bem-sucedido? Pode ser um projeto, um processo, um departamento, uma orga-
nização, uma política.
2. Quais são os objetivos desse empreendimento?
3. Que fatores (fraquezas, ameaças, erros, falhas...) podem afetar o alcance desses objetivos?
4. Que riscos podem se originar da ocorrência desses fatores?
5. Qual seria a probabilidade e o impacto da ocorrência de cada um desses riscos se nada tivesse sido feito para mitigá-los até o mo-
mento? Calcule o nível de risco inerente (probabilidade inicial x impacto inicial).
6. Qual é o seu apetite e a sua tolerância a risco? Qual nível de risco você considera aceitável?
7. Quais medidas mitigadoras já foram adotadas e que controles internos já estão implantados? Qual a eficácia dessas medidas e
controles? Algum deles pode ser eliminado?
8. Que outras medidas mitigadoras e controles internos podem ser adotados para adequar o nível de risco ao apetite e à tolerância a
risco?
9. Qual é a probabilidade e o impacto esperado da ocorrência desses riscos após a avaliação de eficácia e adequação das medidas
mitigadoras e controles internos? Calcule o nível de risco residual (nível de risco inerente x risco de controle).
10. Com que frequência esses riscos devem ser monitorados?
11. Quem são os responsáveis por monitorar os riscos? Quem deve ser comunicado acerca desses? Com que frequência isso deve ser
feito e por quais mecanismos?

Note que as questões supracitadas explicitam uma das possíveis formas de se gerenciar riscos. A literatura é rica em modelos, técni-
cas, ferramentas e estudos que podem, a depender da necessidade, produzir análises mais simples ou robustas, mais genéricas ou espe-
cíficas, mais gerais ou precisas. Cabe a cada pessoa e organização, à luz do seu contexto, escolher os modelos e instrumentos que melhor
se adequem à sua necessidade.

Gestão de riscos
Gestão de riscos consiste em um conjunto de atividades coordenadas para identificar, analisar, avaliar, tratar e monitorar riscos. É o
processo que visa conferir razoável segurança quanto ao alcance dos objetivos.
Para lidar com riscos e aumentar a chance de alcançar objetivos, as organizações adotam desde abordagens informais até abordagens
altamente estruturadas e sistematizadas de gestão de riscos, dependendo de seu porte e da complexidade de suas operações.
Adotar padrões e boas práticas estabelecidos em modelos reconhecidos é uma maneira eficaz de estabelecer uma abordagem siste-
mática, oportuna e estruturada para a gestão de riscos, que contribua para a eficiência e a obtenção de resultados consistentes, evitando
que a organização seja aparelhada com uma coleção de instrumentos e procedimentos burocráticos, descoordenados, que podem levar
à falsa impressão da existência de um sistema de gestão de riscos e controle efetivo, mas que, na prática, não garantem os benefícios
desejados.

Evolução histórica
Em termos históricos a gestão de riscos pode ser rastreada à época em que os primeiros chefes de clãs decidiram fortificar muralhas,
realizar alianças com outras tribos e estocar provisões para o futuro. Práticas relacionadas com a mitigação de riscos existiam na antiga
Babilônia, a exemplo de indenizações em caso de perdas por roubos e inundações, ou a seleção, feita pelos primordiais banqueiros, de
devedores com maior capacidade de honrar seus empréstimos.
No período recente, atribui-se a Frank Knight a publicação, em 1921, de obra (Risk, Uncertainty and Profit) que se tornou referência
por estabelecer conceitos, definir princípios e introduzir alguma sistematização ao tema.

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Linha do tempo

https://www.gov.br/governodigital/pt-br/seguranca-e-protecao-de-dados/outros-documentos-externos/tcu_referencial_gestao_riscos.
pdf

Cinquenta anos depois, em 1975, a revista Fortune publicou o artigo The Risk Management Revolution, um dos primeiros documentos
a tratar o tema sob o enfoque corporativo e a atribuir à alta administração a responsabilidade por instituir políticas, supervisionar e coor-
denar as várias funções de riscos existentes em uma organização. No início dos anos 90, as bases para o que conhecemos como gestão de
risco foram estabelecidas, mediante a publicação de três documentos que se tornaram referência mundial no tema: o COSO I, o Cadbury
e a AS/NZS 4360:1995.
O guia Internal Control - Integrated Framework (COSO I), publicado em 1992 pelo Committee of Sponsoring Organizations of the Tre-
adway Commission – COSO, consolidou a ideia de gestão de risco corporativo e apresentou um conjunto de princípios e boas práticas de
gestão e controle interno.
No mesmo ano, o relatório do Comitê Cadbury, do Reino Unido, atribui ao corpo governante superior das entidades a responsabilida-
de por definir a política de gestão de riscos, supervisionar o processo de gestão e assegurar que a organização entenda os riscos aos quais
está exposta.
Em 1995, esforço conjunto das entidades padronizadoras Standards Australia e Standards New Zealand resulta na publicação do
primeiro modelo padrão oficial para a gestão de riscos, a norma técnica Risk Management Standard, AS/NZS 4360:1995. Nos anos que se
seguiram, normas técnicas semelhantes foram publicadas no Canadá, no Reino Unido e em outros países.
No início do Século XXI, houve a consolidação e disseminação de práticas de gestão de risco corporativo. Entre as publicações que se
tornaram referências internacionais no tema estão: o The Orange Book, a lei Sarbanes-Oxley, o COSO-ERM, o Acordo de Basileia II, a AS/
NZS 4360:2004 e a ISO 31000:2009.
O The Orange Book - Management of Risk - Principles and Concepts, produzido e publicado pelo HM Treasury Britânico, foi a principal
referência do programa de gestão de riscos do governo do Reino Unido, iniciado em 2001. O modelo tem como vantagens, além de ser
compatível com padrões internacionais de gestão de riscos, introduzir e tratar esse tema complexo de forma simples e abrangente.
Em 2002, um ano após o colapso da empresa Enron, decorrente de esquema gigantesco de ocultação e manipulação de dados contá-
beis e falhas em auditorias, os Estados Unidos aprovaram a chamada Lei Sarbanes-Oxley. Por meio dela, buscaram mitigar riscos, evitar a
ocorrência de fraudes, proteger investidores e assegurar que as empresas que participam do mercado acionário norte-americano possuam
estruturas e mecanismos adequados de governança.
Em 2004, o COSO publicou o Enterprise Risk Management - Integrated Framework (conhecido como COSO-ERM ou COSO II), modelo
de referência que estendeu o COSO I, tendo como foco a gestão de riscos corporativos. No mesmo ano foi firmado o Acordo de Basileia
II, aplicável a instituições bancárias em nível mundial, contendo requisitos específicos relacionados à gestão de riscos operacionais (BCBS,
2004).
Ainda em 2004 foi lançada versão atualizada e expandida da norma AS/NZS 4360. Em 2009 foi publicada a norma técnica ISSO 31000
Risk Management – Principles and Guidelines, que provê princípios e boas práticas para um processo de gestão de riscos corporativos,
aplicável a organizações de qualquer setor, atividade e tamanho (ABNT, 2009) e é hoje uma das principais referências mundiais no tema.
O modelo preconizado na ISO 31000 aprimorou os conceitos, as diretrizes e as práticas recomendadas em normas técnicas de aplica-
ção local que a precederam, como a AS/NZS 4360. A partir de 2015 iniciou-se o processo de revisão da ISO 31000 pelo Comitê Técnico da
ISO ISO/TC 262/WG2.

PROCESSO DE FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS: CONSTRUÇÃO DE AGENDAS, FORMULAÇÃO DE POLÍ-


TICAS, IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS, FINANCIAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, INDICADORES DE DESEMPENHO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS

O processo de formulação das Políticas Públicas, também chamado de ciclo das Políticas Públicas, apresenta diversas fases, que você
aprende no infográfico a seguir:

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Segunda fase: a formulação da política

É a fase de apresentação de soluções ou alternativas. É o mo-


mento em que deve ser definido o objetivo da política, quais serão
os programas desenvolvidos e as linhas de ação. Após esse proces-
so, se avaliam as causas e são avaliadas prováveis alternativas para
minimizar ou eliminar o problema em questão.
Portanto, a segunda etapa é caracterizada pelo detalhamen-
to das alternativas já definidas na agenda. Organizam-se as ideias,
alocam-se os recursos e recorre-se à opinião de especialistas para
estabelecer os objetivos e resultados que querem alcançar com as
estratégias que são criadas. Nesse ponto, os atores criam suas pró-
prias propostas e planos e as defendem individualmente.

Terceira fase: processo de tomada de decisão


Com as todas as alternativas avaliadas, na terceira fase se defi-
ne qual será o curso de ação adotado. São definidos os recursos e o
prazo temporal da ação da política.

O QUE É O CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS? Quarta fase: implementação da política


As políticas públicas são uma resposta do Estado às necessi- É o momento em que o planejamento e a escolha são transfor-
dades do coletivo que, por meio do desenvolvimento de ações e mados em atos. É quando se parte para a prática. O planejamento
programas, objetivam o bem-comum e a diminuição da desigual- ligado à organização é transformado em ação. São direcionados
dade social. Esses programas e ações precisam ser estruturados de recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos para exe-
maneira funcional e sequencial para tornar possível a produção e cutar a política.
organização do projeto. Esclarecido isso, o ciclo das políticas públi-
cas nada mais é que um processo que leva em conta: Quinta fase: avaliação
• A participação de todos os atores públicos e privados na ela- É um elemento crucial para as políticas públicas. A avaliação
boração das políticas públicas, ou seja, governantes, políticos, tra- deve ser realizada em todos os ciclos, contribuindo para o sucesso
balhadores e empresas; da ação. Também é uma fonte de aprendizado para a produção de
• O poder que esses atores possuem e o que podem fazer com melhores resultados. Nela se controla e supervisiona a realização
ele; da política, o que possibilita a correção de possíveis falhas para
• O momento atual do país no aspecto social (problemas, limi- maior efetivação. Inclui-se também a análise do desempenho e dos
tações e oportunidades); resultados do projeto. Dependendo do nível de sucesso da política,
• Organização de ideias e ações. o poder público delibera se é necessário reiniciar o ciclo das po-
Ela é tida como um recurso heurístico, sabe o que é isso? Um líticas públicas com as alterações cabíveis, ou se simplesmente o
processo que busca desvendar e compreender algo ou uma situa- projeto é mantido e continua a ser executado.
ção. No caso das políticas públicas, é um modelo para compreender
em que pé se encontra o país e o que pode ser feito por ele. A boa política pública deve cumprir as seguintes funções:
– promover e melhorar a cooperação entre os atores;
Primeira fase: a formação da agenda – constituir-se num programa implementável
Para começar a elaboração de uma política, é preciso decidir o
que é prioritário para o poder público. A fase da agenda caracteri- Fonte: https://www.politize.com.br/ciclo-politicas-publicas/
za-se pelo planejamento, que consiste em perceber os problemas
existentes que merecem maior atenção. Essa percepção precisa ser
consistente com o cenário real em que a população se encontra. AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO BRASILEIRO CON-
São analisados nessa fase: a existência de dados que mostram a TEMPORÂNEO; DESCENTRALIZAÇÃO E DEMOCRACIA;
condição de determinada situação, a emergência e os recursos dis- PARTICIPAÇÃO, ATORES SOCIAIS E CONTROLE SOCIAL;
poníveis. GESTÃO LOCAL, CIDADANIA E EQUIDADE SOCIAL

O reconhecimento dos problemas que precisam ser solucio-


nados de imediato ganham espaço na agenda governamental. En- Vamos ver agora como está a conjuntura das políticas públicas
tretanto, nem tudo que está na agenda será solucionado imediata- no Brasil. Maria das Graças Rua aponta algumas características nas
mente. Saiba que o planejamento é flexível e que a viabilização de políticas públicas brasileiras. A autora usa o termo “regularidades”
projetos depende de alguns fatores. São esses: para se referir a essas características. Regular pode signif icar algo
que está em conformidade com as regras, as leis, mas pode signifi-
• Avaliação do custo-benefício car também algo que demonstra constância, continuidade. A autora
• Estudo do cenário local e suas necessidades usa o termo aqui no segundo sentido, ou seja, fala de características
• Recursos disponíveis que estão presentes na grande maioria de nossas políticas públicas.
• A urgência que o problema pode tomar por uma provável
mobilização social
• Necessidade política

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Segundo a autora, um dos aspectos que primeiro chamam a De fato, à luz dessa clivagem é possível entender a constatação
atenção nas políticas públicas brasileiras é a fragmentação. Embora recente de que, “em lugar da suposta paralisia decisória, o que t em
as demandas da sociedade geralmente necessitem ser resolvidas se o bs er vado é a in cap ac id ad e do governo no sent ido de imple-
de form a articulada, em que diferentes agências setoriais atuem de mentar as decisões que toma. Dessa forma, à hiperati vidad e de-
forma coordenada, na prática o que ocorre é a existência de linhas cisória da cúpula governamental contrapõe-se a falênc ia executiva
rígidas – mas nem sempre consensuais e respeitadas – de demarca- do Estado, que não se mostra capaz de tornar efetivas as medidas
ção das áreas de atuação de cada uma delas que adota e de assegurar a continuidade das políticas formuladas”.
Como conseqüência da fragmentação, as políticas muito fre- Esses problemas são ainda mais aflitivos na área das políticas
qüentemente emperram devid o à competição interbur ocrática. As sociais, onde é acentuada a ineficácia e dispersão organizacional.
políticas ou são fragmentadas em áreas de controle de cada agên- De fato, comparadas com outras áre a s , a maior parte das agên-
cia, na busca de uma convivência pacífica; ou estabelecem-se su- cias e dos seus quadros são pouco modernos, exibem capacitação
perposições que levam à baixa racionalidade e ao desperdício de insuficiente e red uzid a eficácia /eficiência gerencial; as diversas
recursos. agências são desarticuladas entre si e freqüentemente constituem
Uma terceira característica recorrente é a descontinuidade ad- nichos de interesses políticos persona lizados. Além disso, como se
ministrativa. Segundo a autor a , em regra, “inexistem concepções trata de agências (e polí ti cas) qu e co nso mem recursos, ao invés
consolidadas de missão institucional”, uma vez que as preferências, d e gerá-los, a clivagem acima mencionada se torna aind a mais
convicções e compromissos políticos e pessoais dos escalões mais acentuada com a sua exclusão da maioria das decis õ es relevantes,
elevados possuem muita influên cia sobre a definição dos rumos ou seja, as decisões quanto a recursos , que são tomadas em outras
das políticas. Como ess es cargos são na maioria das vezes preen- esferas governamentais.
chidos conforme critérios políticos, há muita alternância entre seus Isso, por sua vez, tem a ver com outr a recorrência observa-
ocupantes. Cada mudança dos titulares dos cargos, como regra, da: a hegemonia do economicismo e a desarticulação entre política
provoca alterações nas políticas em andamento. Essas podem ser econômica e política social. Como regra, as políticas econômicas
alterações de rumo, de prioridade, etc. assumem a primazia em todo o planejamento governamental,
Em conseqüência, com a mudança de dirigentes, freqüente- cabendo às polí ti c as sociais um papel absolutamente secundário,
mente programas e políticas são redimensionados, reorientados, subordinado e subsidiário.
suspensos, ou deixam de concentrar as atenções e energias dos São várias as co ncepções que sustentam o primado da política
quadros daqu elas agências. Além disso, nas raras situações em que econômica. Uma delas supõe que o mercado é perfeito e que, se
se logra superar a fragmentação e a disputa interburocrática e são for permitido o seu livre funcionamento, aos pouco s as distorçõ es
estabelecidas formas cooperativas d e ação entre as agências, nem serão resolvidas; logo, as políticas sociais devem ficar restritas aos
sempre os novos dirigentes mantêm os vínculos de solidariedade interstícios nos quais não cabe a ação do mercado e onde, por isso
dos seus antecessores, porque também as relações de cooperação mesmo, não serão capazes de transtor nar a sua dinâ mic a. Out ra
tendem a ser personalizadas. pe rspec tiva admite que o mercado não é perfeit o, mas m antém o
Outro aspecto recorrente nas políticas públicas, principalmen- crescime nto econômico como priori dade máxima; assim, caberia
te nas políticas sociais, é o de que as decisões e ações tendem a ser às polí tic as sociais a função de corrigir os desvios sociais advindos
pensadas a partir da oferta e muito raramente são efetivamente em conseqüência.
consideradas as demandas. Os instrumentos de avaliação (indica- Uma varian te desta conc epção, em época relativamente re-
dores e procedimentos) na maior parte das vezes são inadequados cente, encontrava-se na máxima do regime militar de que “primeiro
ou precários e os mecanismos de controle social são absolutamen- é preciso deixar o bolo crescer, para depois dividir ” .
te incipie ntes ou inexistentes. Disso resultam descompassos entre Só muito recentemente é que começou a ser abandonada a
oferta e demanda de políticas, acarretando desperdícios, lacunas perc epção de que as políti cas sociais se destinam a corrigir de-
no exercício da cidadania, frustração social, perda de credibilidad ficiências. Isso porque só há muito pouco tempo desenvolveu-se
e governamental, desconfiança e óbices à plena utilização do po- a concepção de que política social é - mais até que direit o de ci-
tencial de participa ção dos atores sociais, etc. dadania - investimento produtivo e de que deve haver coordena-
Uma quinta regularidade é a presença de uma clara clivagem ção e equalização entre os objetivos da política econômica e os das
entre formulação/decisão e impl ementação. Clivagem, segundo o políticas sociai s, uma vez q ue os novos parâmetros do processo
Dicionári o, significa “separação, diferenciação ou oposição entre produtivo enfatizam o capital humano.
duas ou mais coisas quaisquer”. Portanto, no Brasil ainda se adota a O exame dos programas sociais do governo federal mostra
visão clássica da implementação, top-down, uma cultura que enfati claramente diversos dos aspectos acima mencionados. De fato, ob-
za a formulação/decisão, tomando a implementação como dada. serva-se nitidamente a ocorrência de ações dis p e r s as entre as
A percepção da complexidade das políticas públicas se restr inge a diferentes agências e de programas desarticulados no inte rior de
fa se da formulaç ão, enquanto a implementação é vista como um cada uma delas. Além disso, a maior parte das aç ões reflete a con-
conjunto de tarefas de baixa complexidade, acerca das quais as de cepção típica do primado da economia: são propostas de correção
cisõe s já foram tomadas. de desvios e seqüelas. Não chegam sequer a expressar concepções
Por outro lado, essa clivagem se manifesta nas diferenças de de prevenção de problemas, e muito menos ainda, de investimento
status e de capacitaç ão dos qu adr os funcionais encarregados, res- consistente na formação de capital humano, visando o destino fu-
pectivamente, da formulação/decisão e da implementação. Conc turo do país .
retament e, esta característica tem como resultado a tendência à Neste ponto talvez fosse útil lembrar o conc eit o de de ci sõ
centralização, a reduzida autonomia das agências implementado- es es tr ut ur antes , de Etzioni. Segundo tal conceito, caso o conju
ras, a baixa adaptabilidade dos modelos adotados para as políticas nto das políticas sociais fosse efetivamente orientado por um a con-
públicas e uma acentuada fragilidade dos níveis e agências imple- cepçã o de investimento na formação de capital humano visando
mentadores. O produto final, freqüentemente, é o desperdício de o destino futuro do país , caberiam decisões estruturantes. Não é
recursos pela ineficác ia das políticas públicas. o que ocorre. Nos divers os programas em andam ento, os proble-
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mas são tratados numa perspectiva incremental. Finalmente, cabe adscritos a uma ou a out ra for ma de gestão local do Sistema Único
assinalar que a maioria dos programas existentes peca pela falta de Saúde - SUS. A área de educação também tem se de stacado no
de focalização. Este é um tema bastante controvertido. Na forma proc esso de descentralização. A promulgação, em 1996, da Lei de
defendida pelo Consenso de Washington, a focalização e seletivi- Diretrizes e Bases - LDB da educação nacional explicitou com maior
dade das políticas sociais ameaça a idéia da univer sal iz aç ão, tão clarez a as atribuições dos três níveis de governo, tendo por funda-
cara a certos setores polític os br asileiro s, já que corresponde ao mento o regime de colaboração entre as instâncias da Federação.
estreitamente do grupo beneficiado pelas políticas, restringindo-as Outra linha de mudanças, a participação da sociedade na
progressivamente aos estratos sociais mais excluídos, cabendo aos formulaç ão, na implementação e no controle das políticas sociais
demais recorrer à oferta de serviços pelo mercado. Na realidade, ocorre essencialmente por interm édi o dos conselhos. Atualmente,
embora tal estratégia seja potencialmente viável nas economias a maioria absoluta das políticas sociais está atrelada a conselhos
desenvolvidas do pós-welfare state - onde o bem-estar é mais ou que, em ger al, desdobram-se nas três esferas de governo – federal,
menos generalizado e identificam-se apenas minorias excluídas – estadual e municipal – e contam com integrantes governamentais
no caso dos países em desenvolvimento, suas imensas assimetrias e não governamentais. As composições e as competências variam
sociais e uma maciça maioria de excluídos, a focalização parece per- de conselho para conselho; alguns, por exemplo, são paritários, e
der totalmen te o sentido . outros não o são; alguns são deliberativos, e outros, apenas consul-
Entreta nto, é possível pensar que, exatamente po rqu e os re- tivos. Ademais, em alguns setores, como o da saúde e o da assistênc
cursos são escassos e os contingen tes a serem atendidos são tã o ia, são as conferências nacionais – integradas por representantes do
num erosos, a focalização é uma estratégia a ser considerada. Qual governo e da sociedade – que le galmente definem os rumos das
seria, então, o seu significado? Em primeiro lugar, focalização e se- respectivas políticas. Porém, há o reconhecimento de que esses
letividade implicariam a eliminação de pri vilé gio s e vantagens instrumentos, que visam à partilha das decisões e da gestão das
cumulativas. Em segundo lugar, focalização e seletividade significa- políticas sociais entr e Estado e sociedade, ainda necessitem de ser
riam, em sociedades como a nossa, que os direit os são universais, aprimor a dos.
mas os recursos são redistribuídos segundo as necessidades so- No que se refere à focalização ou seletividade das ações, ob-
ciais, setoriais, locais e regionais, que são, sempre, extremamente serva-se um esforço em dar prioridade a grupos social e biologicam
diferenciadas. Por fim, f ocalização e seletividade implicam clara ente vul neráveis no âmbito das políticas sociais. Trata-se de um
definição de clientelas pri orit ári as, e a decorrente disposição de caminho para a universalização do atendimento, que, assim, con-
arcar com o custo político dessa decisão. figura-se em uma prática cujo objetivo é beneficiar a todos e mais
a quem tem menos. Isto é, esse movimento busca contemplar tan-
A questão da universalização/focalização também está na aná-
to a garantia dos direitos sociais quanto a execução de programas
lise que o IPEA realiza sobre as políticas sociais. Segundo o IPEA, a
expressivos de combate à pobreza. Esse é o caso, por exemplo, do
trajetória recente das políticas sociais tem sido marcada por mud
Projeto Alvorada .
ança s que vêm int rod uzindo transformações importantes no perfil
As mudanças no padrão de regulação e a regulamentação de
do Estado Soci al brasileir o herda do do regim e autorit ário, e vêm
be ns e serviços públicos vêm gradativamente definindo novos pa-
permitindo avanços no cumprimento dos princípios de responsabi-
râmetros para a gestão e para o controle da produção de bens e
lidade, de transparência e de parceria Estado/sociedade.
de serviços de natureza social. Um exemplo expressivo dess e mo-
Essas mudanças podem ser agrupadas em dimensões repre-
vimento pode ser encontrado na área se saúde, na qual foram re-
sentativas: universalização, descentralização, participação da so-
centemente criadas duas ag ênci as reg ula tórias: a Agên cia Nacio-
ciedade, focalização ou seletividade das ações, regulamentação e nal de Saúde Suplementar (ANS) e Agência Naciona l de Vigilân cia
regulação, promoção de inovações sociais, adoção de medidas que Sanitária (ANVISA). A primeira visa a controlar a oferta dos planos
visam a elevar a eficiência e a eficácia do aparelho governamental, de saúde, e a segunda, como já foi comentado em capítulo ante-
e progressiva elevação do gasto social federal. rior, busca resguardar a saúde da população por meio do controle
Enquanto a Maria das Graç as Rua fala de problemas em nossas sanitário. Outro exemplo de intervenção regulatória, que pode ser
políticas, o IPEA trata de tendências de melhoria. Essas dimensões bastante eficaz na garantia da qualidade, e na acessibilid ade, de
são, na maior parte dos casos, movimentos ainda embrionários que um importante insumo de saúde, é o estí mulo à difusão de medi-
não se cons ti tuem em um conjunto coeso de dir etrizes claras so- camentos denominados genéricos, há pouco regulamentados pela
bre os rumos das políticas sociais brasileiras. ANS.
A universalização das ações encontra seu fundamento na Cons- Outro movimento de transformação das políticas sociais pode
tituição de 1988. Em que pese o fato de o sistema de prot eção ser observado no conjunto de medida s e de instrumentos que o
social brasileiro aind a estar distante de um padrão redistributivo e governo federal vem implementando para melhorar seu gerencia-
eqüitativo, a universalidade das políticas de saúde, de assistênc ia, mento, buscando maximizar sua eficiência e eficácia. Nesse sentido
de previdência e de educação tem sido objeto de inúmeros avanços , tem-se procurado aperfeiçoar a qualidade dos serviços prestados,
nos últimos anos. Assim, em relação à saúde consolida-se, progres- por medidas dentre as quais se destacam:
sivamente, o Sistema Único de Saúde – SUS, que busca garantir o A contratação de gestores via concurso público e o treinamento
acesso igualitário de toda a população aos serviços de saúde por int regular dos servidores ;
er mé dio da organi zação de uma rede de scentral izada. Além da O aperfeiçoamento dos sistemas de informação e uma maior
descentralização, enfatiza-se também o atendimento integral cujas divulgação deles, com o uso dos meios propiciados pela informática
prioridades são as atividades preventivas e a participação da comu- e pela internet, entre outros;
nidade. A mensuração dos resultados para que se conh eç a melhor o
A descentralização das ações, da União, para o s esta do s, m un alcance das políticas.
ic ípio s e instituições da sociedade civil é, por seu turno, um movi- A implementação de mecanismos de aproximação dos usuári
mento que vem ganhando força desde a década de 1980, e é bem os ao acesso a bens e a serviços públicos, tais como a instalaç
embl emá tico em algum as áreas . O setor saúde é pio neir o nesse ão , em praticamente todos os ministérios sociais, de centrais de
processo a ponto de, atualmente, 97% dos municípios já estarem atendimento gratuito (linhas 0800).
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Nesses últimos anos, tem-se assistido à emergência de uma A autora coloca que após a rede mocrat ização o Brasil cami-
série de inovações soci ai s, aind a muit o restr itas, e que têm em nhou na direção da descentralização. Desde os anos 80, o Brasil vive
comum uma forte vertente de localismo (o local como ponto pri- a lenta mudança de uma forma de federalismo centralizado para
vilegiado para impulsionar um desenvolvimento mais sustentável) um modelo cooper ativo descentralizado. As políticas sociais situ-
e a busca de processos de parti cipação demo cráti c a. Es sa s e am-se em um dos eixos centrais dessa mudança, na medida em que
xper iê nc ia s ma is po nt uai s têm procurado rearticular o esp aç o constituíram uma das dimensões da centralização de prerrogativas
social no qual se processam as políticas, promovendo uma mudan- e funções no governo federal, especialmente marcan te sob os re-
ça nos modos de produzir e distri buir os bens e serviços sociais. gimes autoritários.
Exemplos nessa linha – ainda que com magnitudes e naturezas dife- Já vimos algumas vezes a questão do CESPE do último con-
renciadas – podem ser encontrados em propostas como a Agenda curso do TCU que fala que temos uma forte tradição municipalis-
21 Local, a Comunidade Ativa, os programas de desenvolvimento ta. A CF/88 realizou uma grande descentralização políti ca, em co
local impulsionados pelo Banco do Nordest e ou pelo Ministério do ntraponto à centralização da ditadura. No contexto da luta contra
Desenvolvimento Agrá rio, os programas de renda mínima e as um regime autoritário de fortes traços centralizadores, a descen-
experiências municipais de orçamento participativo. tralização se tornou, para as oposições, sinônimo de democracia,
Pode-se concluir que esse movimento de reforma s est á em de devolução à cidadania da autonomia usurpada pelos governos
andamento. Sua consolidaç ão dependerá do reforço da capacidade militares. Segundo a per cepção oposicionista dominante na época,
de coordenação e de controle estatais, bem como de maior “per- a descentralização era condição para o aumento da participação, e
meabilidade ” em relação à sociedade civil organizada. Coordena- ambas compunham uma utopia democrática cujo horizonte remoto
ção, planejamento e mobilização de recursos condizentes com o ta- era o autogoverno dos cidadãos.
manho da dívida social, de um lado, e, de outro, sólidas instituições Assim, a CF/88 definiu um novo arranjo federativo, com signi-
legais guardiãs dos direitos constituem condições necessárias à ficativa transferência de capacidade decisória, funções e recursos
conquista de maior eqüidade e justiça social e, conseqüentemente, do governo nacional para os estados e, especialmente, para os mu-
à realização do direito humano à alimentação adequada. nicípios. A des ce ntraliz ação para os municípios está basea da na
suposição de que é mais fácil o controle democrático exercido pelos
Descentralização e Democracia cidadãos quando as decisões são tomadas próximas a eles. É na co-
A descentralização de políticas públicas representa a transfe- muni dade que nas pessoas têm a chance de participar. Segundo
Arretche:
rência da gestão de serviços sociais, como saúde, educação fun-
Já não é nenhuma novidade afirmar que nas últimas décadas
damental, habitação, saneamento básico e assistência social do
a gestão local de políticas públicas tem sido portadora de expecta-
Governo Federal para os est ados e municípios e também para a
tivas as mais positivas com relação a resultados desejáveis da ação
sociedade civil.
do Estado. Democratização do processo decisório; eficiência na
Duran te o regim e militar, as relações intergovernamentais do gestão das políticas pública s; controle social; qualidade da infor-
Estado brasileiro eram, na prática, muito mais próximas às formas mação entre decis ores , provedores e beneficiários estão no topo
que caracterizam um Estado unitário do que àqu el a s que carac- da lista dos resultados virtuosos da descentralização , em oposição
terizam as federações. Governadores e prefeitos das capitais e de aos vícios e problemas gerados pela s estruturas centraliza das instit
cerca de 150 cidades de médio e grande porte foram destituídos uídas ao longo do século 20
de base própria de autonomia política: selecionados formalmente Contudo, a descentralização também apresenta problemas.
por eleições indiretas e, de fato, por indicação da cúpula militar, Em Estados federativos, estados e municípios — por que dotados
sua autoridade política não era derivada do voto popular. Além dist de autonomia política e fiscal — assumem funções de gestã o de
o, todos os governadores e prefeitos detinham escassa autonomia políticas públicas ou por própria iniciativa, ou por adesão a al gum
fiscal: a centralização financei ra instit uída pela r eform a fiscal de programa proposto por outro nível mais abrangente de governo, ou
meados dos anos 60 concent rou os principais tributos nas mãos do ainda por expressa imposição constit ucional. Assim , a transfe rên-
governo federal e, ainda que tenha ampliado o volum e da receita cia de at ribuições en tre níveis de governo supõe a adesão do nível
dispon ível dos municípios, uma vez realiz adas as tr ans ferências, de governo que passará a desempenhar as funções que se preten-
estas estavam sujeitas a estrit os controles do governo federal. de que sejam transferidas. A recuperação das bases federativas do
Foi um Estado dotado destas caract erís ticas que consolidou Estado brasileiro tem impacto sobre o processo de descentralização
o Sistema Brasileiro de Proteção Social, até então um conjunto d das políticas soci ais no país pelo fato de que, resguardados pelo
ispers o, fragmentado, com reduzidos índices de cobertura e fragil- princípio da soberania, estados e/ou municípios assumem a gestão
mente financiado de iniciativas governamentais na área social. Esta de pol íticas públicas sob a prerrogativa da adesão, precisando, por-
forma de Estado moldou uma das princi pais características insti- tanto, ser incentivados para tal.
tucionais do Sis t ema bra s i le i ro : sua centralização financeira e Isto significa que as agências federais já não dispõem dos me-
administrativa. canismos de alinhamento dos go vernos lo cais — aut oridade políti-
Após a CF/88, a redefinição de competências e atribuições da ca delegada pelo centro e centralização fiscal — de que dispunham
gestão das políticas sociais tem-se realizado sob as bases in stit ucio sob o regime militar . Assim , no Estado feder ati vo, tornam-se es-
na is d e u m Es ta do feder ati vo , o que significa dizer que o modo senciais estratégias de indução capazes de obter a adesão dos go-
vernos locais. Ou, dit o de outro modo, as dificuldades para que a
pelo qual os gove rnos locais assumem funções de gestão de políti-
União — ou um governo estadual — delegue funções a um nível de
cas públicas é inteiramente distinto daquele sob o qual elas foram
governo menos abrangente são maiores hoje do que sob o regime
assumidas no regime militar. Segundo Maria Hermínia Tavares de
militar.
Almeida:
No caso brasileiro, a responsabilidade pública pela gestão de
O Federalismo caracteriza-se, assim, pela não centralização, políticas sociais passo u a ser um dos elementos da barganha
isto é, pela difusão dos poderes de governo entre muitos centros, federativa. Dadas as dimensões da pobreza brasileira e, portanto,
cuja autoridade não resulta da delegação de um poder central, mas da população-alvo dos programa s sociais, a gestão de políticas
é conferida por sufrágio popular. sociais e m nosso país tende a s er simult aneam ente c ara e inefe
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tiva, na me dida em que tende a consumir um elevado volume Tais órgãos assumem o gozo da capacidade de det erminar,
de recursos e apresent ar baixos níveis de proteção efetiva. Nes- conduz ir ou fiscalizar as políticas públicas eleitas e as demais ações
te caso, nas situações em que os custos políticos e/ou financeiros tomadas pela Administração Pública, a qual passa a ter um vié
da gestão de uma dada política forem avaliados como muito s participativo que apr oxima o público do privado. Essa des-
elevados, a barganha federati va consiste em buscar atribuí-los centralização administrativa passa a ser vist a como resultado da
ou imputá-los a outro nível de governo. Tais custos serão tanto implantação do modelo democrático participativo. Tais “órgãos
maiores quanto mais elevados forem os recursos exigidos pela administrativos” permitem um co- gerenciamento do patrimônio
engenharia operacional de uma dada política e na medida direta da público e o encaminhamento de ações destinadas ao atendimento
extensão legal do escopo de beneficiários. do interesse coletivo.
Não há nenhuma garantia intrínseca à autonomia dos governos A competência de cada conselho gestor reserva a tais órgãos
locais que os torne responsáveis, co mprometidos com as necessi- a prerrogativa de intervir na promoção, defesa e divulgaçã o dos
dades dos cidadãos e determinados a administrar com eficiência. direito s e interesses coletivos voltados às suas áreas específicas de
Em primeiro lugar, descentralização e autonomia da gestã o local atuação, de acordo com os moldes previstos na legislação que os
são term os muito genéricos, dizem muito pouco quanto à natureza constituiu. Assim, os assuntos discutidos como pauta de agenda de
dos arranjos institucionais sob os quais a gestão local das políticas um conselho devem ser todos direcionados ou interligados à sua
pode ocorrer. pertinência temática, confor me o setor público obje to de seu fun-
Em segundo lugar, a autonomia dos governos pode produzir cionamento, não obstante a possibilida de de entr elace com outros
resultados opostos aos esperados pelos defensores mais otimis tas conselhos no caso de discussões de políticas plurisetoriais.
No entanto, já vimos que são inúmeros os probl emas que li-
da descentralização. Govern os locais dotados de autonomia para
mitam a efetividade dos conselhos gestores. Segundo Luciana Ta-
contrair empréstimos e dependentes de um sist ema naciona l de
tagiba:
transferências fiscais tendem a produzir déficits fiscais sistemáticos,
A divisão das funções entr e Conselhos e as instituições
contrariamente à expectativa de que a descentralização fiscal pro-
administrativas e buro cr átic a s quanto à definição, execuç ão e/
duziria responsabilidade fiscal. Já vimo s na Aula 02 que, nos EUA, a ou acompanhamento das políticas públicas não está resolvida no
autonomia política e fi scal dos estados produz a conhecida corrida âmbito da legisla ção pertinente. Dessa institucionalização incom-
para baixos patamares de gasto social (race to the bottom) devido pleta dos Conselhos decorrem as dificuldades em definir até onde
ao temor dos governos de que programas sociais generosos atraiam as suas deliberações possuem poder vinculante. Não é consenso,
migrantes pobres, o que os obrigari a a elevar impostos para finan- no âmbito da literatura pertinente, se deve ou não o Estado acatar
ciá-los, afast ando, assim, os investimentos privados. as decisões dos Conselhos.
A autonomia local para a gestão de políticas cria oportunidades Ao fazer um balanço de alguns estudos, Tatagiba mostra que
institucionais para que os governantes implementem decisões de “as avaliações mais comuns presentes na literatura são de que os
acor do com s uas própri as prefer ênc ias , as quais não são ne- conselhos não estão cumprin do sua vocação deliberativa, suge-
cessariamente compatíveis com o interesse público e o bem-estar rindo que essa participação assume contornos mais reativos que
da população. São as regras institucionais de uma política pública propo siti vos”. Também, do ponto de vista institucional, a autora
– isto é, regras do pro c es s o decisóri o, mecanismos de controle e alerta que a ausência de um marco legal que defina com clar eza as
punição, arenas institucionalizadas de representação de interesses, funções dos conselhos em relação ao papel exe rcido pelas instân-
etc. – que propiciam os incentivos ao compor tamento do s gover- cias administrativas e burocráticas, produ z ambigüidades que pas-
nos locais. sam ou a favorecer o executivo municipal, ou a depender de negoc
Já a descentralização social ocorre por meio do processo de iações e acordo s em cada situação particular. Embora se observem
transferência do poder decisório para a sociedade civil, prin cipalm algumas conquistas mais pontuais, de maneira geral “os conselhos
ente por m eio dos conselhos gestores de políticas públicas que já apresentam, no cenário atual, uma baixa capacidade propositiva,
estudamos na Aula 04. Os Conselhos são cana is importantes de executando um reduzido poder de influência sobre o processo de
participação coletiva e de criação de novas rela ções pol ític as en- definição das políticas públicas”.
tre governos e cidadãos e, principalmente, de constr ução de um
processo continuado de interlocução pública. Por meio desta in-
terlocução objeti va-se propor alternativas de políticas públicas ,
criar espaços de debate, estabelecer mecanismos de negociação e LEI FEDERAL Nº 12.527/2011 E SUAS ALTERAÇÕES (LEI DE
pactuação, penetrar a lógica burocrática estatal para transformá-la ACESSO À INFORMAÇÃO)
e exercer o controle socializado da s ações e deliberações governa-
mentais.
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.
Neste processo, a sociedade civil também é interpelada a mo-
dificar-se, a construir alianças em torno de pautas coletivas, a trans- Mensagem de veto
cender a realização de interesses particulari stas e corporativistas, Vigência
convocada ao exercício de mediações sociais e políticas para o aten- Regulamento Regula o acesso a informações previsto no inciso
dimento de demandas populares. Trata-se, portanto, de um movi- XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216
mento que pretende modificar tanto o Estado quanto a sociedade da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
em direção à construção de esf er as públicas autônomas e demo 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos
cráticas no campo das decisões políticas. da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
São espaços que estão sendo construídos pela ação coletiva de
inúmeros sujeitos sociais, espec ialm ente no âmbito dos munic A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
ípio s, que buscam a ampliação e o fortalecimento do poder local. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Os Conselhos representam, dessa forma, uma conquista da socie-
dade civil.
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CAPÍTULO I IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
DISPOSIÇÕES GERAIS com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser- mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. preensão.
5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Consti-
tuição Federal. CAPÍTULO II
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju- Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
diciário e do Ministério Público; das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces-
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas so a ela e sua divulgação;
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
nicípios. autenticidade e integridade; e
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza- observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente tual restrição de acesso.
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen- de, entre outros, os direitos de obter:
tos congêneres. I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en- acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos obtida a informação almejada;
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas II - informação contida em registros ou documentos, produ-
a que estejam legalmente obrigadas. zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- não a arquivos públicos;
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
executados em conformidade com os princípios básicos da adminis- entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
tração pública e com as seguintes diretrizes: ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
como exceção; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti-
II - divulgação de informações de interesse público, indepen- dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
dentemente de solicitações; VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú-
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec- blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis-
nologia da informação; trativos; e
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência VII - informação relativa:
na administração pública; a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro-
V - desenvolvimento do controle social da administração pú- gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem
blica. como metas e indicadores propostos;
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti- de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in-
lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
qualquer meio, suporte ou formato; VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de 2022)
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer § 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende
que seja o suporte ou formato; as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen-
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu-
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade rança da sociedade e do Estado.
para a segurança da sociedade e do Estado; § 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não
identificada ou identificável; sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à parte sob sigilo.
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações
transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena- neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa- e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato deci-
ção; sório respectivo.
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co- § 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for-
nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au- mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não
torizados; fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido termos do art. 32 desta Lei.
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in- § 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o
divíduo, equipamento ou sistema; interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in- de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva docu-
clusive quanto à origem, trânsito e destino; mentação.
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§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o res- b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de pectivas unidades;
10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro- c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a infor-
vem sua alegação. mações; e
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in- II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil participação popular ou a outras formas de divulgação.
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. CAPÍTULO III
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, de- DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
verão constar, no mínimo: SEÇÃO I
I - registro das competências e estrutura organizacional, en- DO PEDIDO DE ACESSO
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi-
mento ao público; Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur- acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
sos financeiros; desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
III - registros das despesas; identificação do requerente e a especificação da informação reque-
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, in- rida.
clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os § 1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi-
contratos celebrados; ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, a solicitação.
projetos e obras de órgãos e entidades; e § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti- seus sítios oficiais na internet.
dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí- § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios determinantes da solicitação de informações de interesse público.
oficiais da rede mundial de computadores (internet). Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce-
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regula- der o acesso imediato à informação disponível.
mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: § 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve-
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
linguagem de fácil compreensão;
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta,
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
efetuar a reprodução ou obter a certidão;
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
parcial, do acesso pretendido; ou
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura-
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
ção da informação;
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações interessado da remessa de seu pedido de informação.
disponíveis para acesso; § 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso; 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientifi-
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co- cado o requerente.
municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entida- § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
de detentora do sítio; e e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po-
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili- derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar
dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. a informação de que necessitar.
17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor-
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada mação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser infor-
pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008. mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha- interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe-
bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet tente para sua apreciação.
a que se refere o § 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, § 5º A informação armazenada em formato digital será forneci-
em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e da nesse formato, caso haja anuência do requerente.
financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com- § 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de
Fiscal). acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o
Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me- lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir
diante: a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo
entidades do poder público, em local com condições apropriadas se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si
para: mesmo tais procedimentos.
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa- Art. 12.  O serviço de busca e de fornecimento de informação é
ções; gratuito.(Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021)(Vigência)
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§ 1º  O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia-
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
entidade pública consultada.(Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) Armadas, ao respectivo Comando.
(Vigência) § 2º Indeferido o recurso previsto no  caput  que tenha como
§ 2º  Estará isento de ressarcir os custos previstos no § 1º des- objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
te artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos ter- prevista no art. 35.
mos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
14.129, de 2021)(Vigência) proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica-
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró-
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de- pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer
confere com o original. caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o Art. 19. (VETADO).
interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão § 1º (VETADO).
de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não § 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor-
ponha em risco a conservação do documento original. marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de
de negativa de acesso, por certidão ou cópia. recurso, negarem acesso a informações de interesse público.
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a  Lei nº
SEÇÃO II 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata
DOS RECURSOS este Capítulo.

Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou CAPÍTULO IV


às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re- DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua SEÇÃO I
ciência. DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária
manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti- Parágrafo único. As informações ou documentos que versem
dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos prati-
Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) cada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não
dias se: poderão ser objeto de restrição de acesso.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne-
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo
gado;
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi-
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi-
qualquer vínculo com o poder público.
ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
pedido de acesso ou desclassificação;
SEÇÃO II
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO AO GRAU E
estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
PRAZOS DE SIGILO
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
mentos previstos nesta Lei. Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie-
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri- dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor-
gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre- mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida-
àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de do território nacional;
de 5 (cinco) dias. II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Contro- relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas
ladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que ado- em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
te as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
nesta Lei. IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica
§ 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da ou monetária do País;
União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavalia- V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi-
ção de Informações, a que se refere o art. 35. cos das Forças Armadas;
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica- VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen-
ção de informação protocolado em órgão da administração públi- volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens,
ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava- VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori-
liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
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VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de in- SEÇÃO IV
vestigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a pre- DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO, RECLASSIFICAÇÃO
venção ou repressão de infrações. E DESCLASSIFICAÇÃO
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi-
cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como administração pública federal é de competência:(Regulamento)
ultrassecreta, secreta ou reservada. I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, a) Presidente da República;
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data b) Vice-Presidente da República;
de sua produção e são os seguintes: c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro-
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; gativas;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
III - reservada: 5 (cinco) anos. e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança no exterior;
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju- II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos
ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si- titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda-
gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, des de economia mista; e
em caso de reeleição. III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º , poderá ser I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia,
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula-
do prazo máximo de classificação. mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis-
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o posto nesta Lei.
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au- § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
tomaticamente, de acesso público. à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e no exterior, vedada a subdelegação.
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: § 2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre-
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de-
Estado; e verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo
previsto em regulamento.
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
§ 3º A autoridade ou outro agente público que classificar in-
defina seu termo final.
formação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que
trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a
SEÇÃO III
que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento.
DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si-
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação seguintes elementos:
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, I - assunto sobre o qual versa a informação;
assegurando a sua proteção.(Regulamento) II - fundamento da classificação, observados os critérios esta-
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas- belecidos no art. 24;
sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne- III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites
forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes previstos no art. 24; e
públicos autorizados por lei. IV - identificação da autoridade que a classificou.
§ 2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. mesmo grau de sigilo da informação classificada.
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela au-
serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo toridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente supe-
a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e rior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previs-
divulgação não autorizados. tos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne- do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24.(Regulamento)
cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente § 1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar
conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu- as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto-
rança para tratamento de informações sigilosas. ridades ou agentes públicos.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em § 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa-
razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de
de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne- danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes § 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação,
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua
observem as medidas e procedimentos de segurança das informa-
produção.
ções resultantes da aplicação desta Lei.

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Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pu- II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili-
blicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação
veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conheci-
regulamento: mento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos função pública;
últimos 12 (doze) meses; III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com à informação;
identificação para referência futura; IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa- V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
ções genéricas sobre os solicitantes. terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou
§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi- por outrem;
cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes. VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in-
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo de terceiros; e
e dos fundamentos da classificação. VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con-
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de
SEÇÃO V agentes do Estado.
DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS § 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e
do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão con-
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito sideradas:
de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas,
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios ne-
individuais. les estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relati- contravenção penal; ou
vas à intimidade, vida privada, honra e imagem: II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica- de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão
ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e estabelecidos.
à pessoa a que elas se referirem; e § 2º Pelas condutas descritas no  caput,  poderá o militar ou
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei- agente público responder, também, por improbidade adminis-
ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa trativa, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de
a que elas se referirem. 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor-
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será exi- público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às
gido quando as informações forem necessárias: seguintes sanções:
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver I - advertência;
física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamen- II - multa;
te para o tratamento médico; III - rescisão do vínculo com o poder público;
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi- IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe-
dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a dimento de contratar com a administração pública por prazo não
identificação da pessoa a que as informações se referirem; superior a 2 (dois) anos; e
III - ao cumprimento de ordem judicial; V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
IV - à defesa de direitos humanos; ou administração pública, até que seja promovida a reabilitação peran-
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. te a própria autoridade que aplicou a penalidade.
§ 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli-
honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa
de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol- § 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente
tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância. quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti-
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata- dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção
mento de informação pessoal. aplicada com base no inciso IV.
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên-
CAPÍTULO V cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública,
DAS RESPONSABILIDADES facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo
de 10 (dez) dias da abertura de vista.
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili- Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamen-
dade do agente público ou militar: te pelos danos causados em decorrência da divulgação não autori-
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des- zada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações
ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
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Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi- § 1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia-
ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na- ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre-
tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa vistos nesta Lei.
ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. § 2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação
prevista no  caput  poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Co-
CAPÍTULO VI missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS desta Lei.
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto
Art. 35. (VETADO). no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da
§ 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa- legislação precedente.
ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so- § 4º As informações classificadas como secretas e ultrassecre-
bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá tas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas,
competência para: automaticamente, de acesso público.
I - requisitar da autoridade que classificar informação como ul- Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
trassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou inte- desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
gral da informação; nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se- lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo ór-
cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, gão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;
ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre-
acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação
relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao
do art. 24. correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno- IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum-
vação. primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1º deve- Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação tração pública federal responsável:
prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo-
mento à cultura da transparência na administração pública e cons-
ou secretos.
cientização do direito fundamental de acesso à informação;
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao
Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3º implicará a
desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi-
desclassificação automática das informações.
nistração pública;
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad-
funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi-
observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de-
cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
mais disposições desta Lei.(Regulamento)
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra- anual com informações atinentes à implementação desta Lei.
tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco- Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei
mendações constantes desses instrumentos. no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu-
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Insti- blicação.
tucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Cre- Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem-
denciamento (NSC), que tem por objetivos:(Regulamento) bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento “Art. 116. ...................................................................
de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para ............................................................................................
tratamento de informações sigilosas; e VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, dade competente para apuração;
acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo .................................................................................” (NR)
das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990,
órgãos competentes. passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
ganização e funcionamento do NSC. vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí- autoridade competente para apuração de informação concernente
dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover- à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
namentais ou de caráter público. ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea- ção pública.”
valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre-
tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de
vigência desta Lei.
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Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis- realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III. número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
Art. 46. Revogam-se: viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; 
II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991. II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extra-
a data de sua publicação. ordinários.” 
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência e “Art. 73-A.  Qualquer cidadão, partido político, associação ou
123º da República. sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de
DILMA ROUSSEFF Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri-
José Eduardo Cardoso mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar.” 
Celso Luiz Nunes Amorim “Art. 73-B.  Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o
Antonio de Aguiar Patriota cumprimento das determinações dispostas nos incisos II e III do pa-
Miriam Belchior rágrafo único do art. 48 e do art. 48-A: 
Paulo Bernardo Silva I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Gleisi Hoffmann Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; 
José Elito Carvalho Siqueira II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000
Helena Chagas (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; 
Luís Inácio Lucena Adams III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000
Jorge Hage Sobrinho (cinquenta mil) habitantes. 
Maria do Rosário Nunes Parágrafo único.  Os prazos estabelecidos neste artigo serão
contados a partir da data de publicação da lei complementar que
introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo.” 
LEI COMPLEMENTAR Nº 131/2009 (LEI DA “Art. 73-C.  O não atendimento, até o encerramento dos pra-
TRANSPARÊNCIA) zos previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos
II e III do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à
sanção prevista no inciso I do § 3o do art. 23.” 
LEI COMPLEMENTAR Nº 131, DE 27 DE MAIO DE 2009 Art. 3o  Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
publicação. 
Acrescenta dispositivos à Lei Complementar  no 101, de 4 de Brasília,  27  de  maio  de 2009; 188o  da Independência e
maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas 121o da República. 
para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informa- Tarso Genro
ções pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira Guido Mantega
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.  Paulo Bernardo Silva
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- Luiz Augusto Fraga Navarro de Britto Filho
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: 
Art. 1o  O art. 48 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de
2000, passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Art. 48.  ...................................................................................  QUESTÕES
Parágrafo único.  A transparência será assegurada também me-
diante: 
I – incentivo à participação popular e realização de audiências
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla- 1.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;  CEITA FEDERAL
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da O termo governança pode ser entendido como:
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a Alternativas
execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de aces- (A) conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os de-
so público;  cisores governamentais a prestarem contas dos resultados de
III – adoção de sistema integrado de administração financeira suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido das políticas públicas.
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A.” (NR)  (B) a forma com que os recursos econômicos e sociais de um
Art. 2o  A Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, pas- país são gerenciados, com vistas a promover o desenvolvimen-
sa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 48-A, 73-A, 73-B e 73-C:  to.
“Art. 48-A.  Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo (C) as condições do exercício da autoridade política.
único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer (D) um conceito que está relacionado estreitamente ao univer-
pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:  so político-administrativo anglo-saxão.
(E) o reconhecimento que tem uma ordem política.

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2.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- 4.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAl CEITA FEDERAL
Considerando-se os modelos teóricos de administração públi- Entre novas tecnologias gerenciais e organizacionais aplicadas
ca:patrimonialista,burocrático e gerencial, é correto afirmar que: à Administração Pública, temos a Carta de Serviços ao Cidadão, pre-
Alternativas conizada pelo Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocra-
(A) a Administração Pública burocrática acredita em uma ra- tização - GESPÚBLICA, no Ministério do Planejamento, Orçamento
cionalidade absoluta, pregando o formalismo, rigidez e o rigor e Gestão. Segundo o GESPÚBLICA, a Carta de Serviços tem como
técnico. premissas
(B) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade Alternativas
como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual (A) transparência e accountability.
os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições (B) Lei de Responsabilidade Fiscal e Lei de Acesso à Informação.
ideológicas. (C) gestão de processos e prestação de contas ao cidadão.
(C) a Administração Pública burocrática prega a descentraliza- (D) foco no cidadão e indução do controle social.
ção, com delegação de poderes, atribuições e responsabilida- (E) canais de acesso à informação pelo cidadão e governo ele-
des para os escalões inferiores. trônico.
(D) a Administração Pública Gerencial é autorreferente e se
concentra no processo, em suas próprias necessidades e pers- 5.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
pectivas, sem considerar a alta ineficiência envolvida. CEITA FEDERAL
(E) a Administração Pública Gerencial assume que o modo mais Sobre o modelo de Administração Pública Burocrática, é corre-
seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígi- to afirmar que:
do dos processos com o controle de procedimentos. Alternativas
(A) pensa na sociedade como um campo de conflito, coopera-
3.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- ção e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses
CEITA FEDERAL e afirmam suas posições ideológicas.
Conforme o Instrumento “Para Avaliação da Gestão Públi- (B) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a
ca”(Brasil,2010),diversas características inerentes à natureza pú- corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle
blica diferenciam as organizações da administração pública das de procedimentos.
organizações da iniciativa privada.É incorreto apresentar como ca- (C) prega a descentralização, com delegação de poderes, atri-
racterística: buições e responsabilidades para os escalões inferiores.
Alternativas (D) preza os princípios de confiança e descentralização da deci-
(A) o controle social é requisito essencial para a administração são, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estru-
pública contemporânea em regimes democráticos, o que re- turas e descentralização de funções.
sulta em garantia de transparência de suas ações e atos e na (E) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico
institucionalização de canais de participação social, enquanto e preocupa-se em oferecer serviços, e não em gerir programas.
as organizações privadas estão fortemente orientadas para a
preservação e proteção dos interesses corporativos (dirigentes 6.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
e acionistas). CEITA FEDERAL
(B) a administração pública e as organizações privadas não po- No âmbito da administração pública, o empreendedorismo
dem fazer acepção de pessoas, devem tratar a todos igualmen- pressupõe a incorporação dos seguintes comportamentos, exceto:
te e com qualidade. O tratamento diferenciado não é permitido Alternativas
por lei. (A) participação dos cidadãos nos momentos de tomada de de-
(C) a administração pública só pode fazer o que a lei permite, cisão.
enquanto a iniciativa privada pode fazer tudo que não estiver (B) substituição do foco no controle dos inputs pelo controle
proibido por lei. A legalidade fixa os parâmetros de controle da dos outputs e seus impactos.
administração e do administrador, para evitar desvios de con- (C) criação de mecanismos de competição dentro das organiza-
duta. ções públicas e entre organizações públicas e privadas.
(D) a administração pública tem o poder de regular e gerar (D) adoção de uma postura reativa, em detrimento da proativa,
obrigações e deveres para a sociedade, assim, as suas decisões e elaboração de planejamento estratégico, de modo a antever
e ações normalmente geram efeitos em larga escala para a so- problemas potenciais.
ciedade e em áreas sensíveis. O Estado é a única organização (E) aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e
que, de forma legítima, detém este poder de constituir unilate- ampliação da prestação de serviços remunerados.
ralmente obrigações em relação a terceiros.
(E) as organizações privadas buscam o lucro financeiro e formas 7.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
de garantir a sustentabilidade do negócio. A administração pú- CEITA FEDERAL
blica busca gerar valor para a sociedade e formas de garantir o Sob o ponto de vista do cidadão, podemos afirmar que os se-
desenvolvimento sustentável, sem perder de vista a obrigação guintes mecanismos, todos acessíveis pela Internet, são mantidos
de utilizar os recursos de forma eficiente. pelo governo federal como instrumentos de transparência, exceto:
Alternativas
(A) ComprasNet.
(B) SIAFI.
(C) Portal Brasil.
(D) Portal da Transparência.
(E) Portal de Convênios.

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8.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- 11.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAl CEITA FEDERAL
Sobre o tema ‘governabilidade, governança e accountability’, Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é
assinale a opção incorreta. incorreto afirmar que, em nosso país:
Alternativas Alternativas
(A) A accountability visa a fortalecer o controle social e político, (A) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o mo-
em detrimento do controle burocrático. delo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e
(B) Governança pode ser entendida como um modelo horizon- competitividade.
tal de relação entre atores públicos e privados no processo de (B) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por
elaboração de políticas públicas. meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designa-
(C) O conceito de governança possui um caráter mais amplo ções para cargos públicos baseadas na lealdade política.
que o conceito de governabilidade. (C) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria
(D) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exem- administrativa moderna, trazendo, para os administradores pú-
plo de coordenação de atores estatais e não estatais, típico da blicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada.
governança. (D) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo
(E) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.
exercício do poder. (E) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo ge-
rencial adotado também se preocupa com a função controle.
9.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL
Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão Públi-
ca, pelo Brasil, revela que: GABARITO
Alternativas
(A) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já dis-
ponibilizava a base legal sufi ciente para a implementação da-
quele novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.
1 B
(B) toda a máquina pública passou a adotar o controle por re-
sultados, razão pela qual foram descontinuados alguns meca- 2 A
nismos de controle financeiro e orçamentário até então exis- 3 B
tentes.
(C) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o ní- 4 D
vel de accountability a que se submeteriam os órgãos regula- 5 B
dores.
6 D
(D) no plano federal, a implementação das Organizações So-
ciais sagrou-se vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espa- 7 B
lhadas pelo país, prestando serviços públicos essenciais. 8 A
(E) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e
promotor dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, 9 E
a descentralização, a desburocratização e o aumento da auto- 10 C
nomia de gestão.
11 A
10.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL
O estudo das experiências de reformas administrativas havidas ANOTAÇÕES
em nosso país permite concluir, acertadamente, que:
Alternativas
______________________________________________________
(A) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de
vista dos princípios políticos que a orientaram, a sa- ber: parti- ______________________________________________________
cipação, accountability e controle social.
(B) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, espe- ______________________________________________________
cialmente a da década de 1960, teve como consequência o for-
talecimento da administração direta, em detrimento da admi- ______________________________________________________
nistração indireta.
(C) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter ______________________________________________________
um modelo de burocracia pública consolidada.
(D) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão ______________________________________________________
pública, adotado a partir dos anos 1990, possuiu inspiração ______________________________________________________
autóctone e em nada se valeu das experiências britânica e es-
tadunidense. ______________________________________________________
(E) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova
administração pública, de caráter gerencialista, visando conso- ______________________________________________________
lidar o ideário keynesiano e o estado do bem-estar social.
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AUDITORIA

ESTRUTURA CONCEITUAL (DOU 25/11/15) - Estrutura Concei-


NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE DE AUDITORIA tual para Trabalhos de Asseguração;
- NBC TA E NBC PA NBC TA 200 (R1) (DOU 05/09/16) - Objetivos Gerais do Auditor
Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com
Normas de Auditoria;
A Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade está re- NBC TA 210 (R1) (DOU 05/09/16) Concordância com os Termos
gulamentada na Resolução CFC nº. 1.328/11, que sofreu alteração do Trabalho de Auditoria;
pela Resolução CFC nº 1.548/2018. A partir da mesma, as alterações NBC TA 220(R3) (DOU 09/12/21) - Gestão de Qualidade da Au-
em normas passam a obedecer esse novo padrão1: ditoria de Demonstrações Contábeis;
NBC TA 230 (R1) (DOU 05/09/16) - Documentação de Auditoria;
▪ Quando a alteração é total, ou seja, dá-se nova redação à nor-
NBC TA 240 (R1) (DOU 05/09/16) - Responsabilidade do Audi-
ma, a sigla e o número da norma é mantido e a nova redação é
tor em Relação a Fraude, no Contexto da Auditoria de Demonstra-
identificada pela letra R + o número sequencial;
ções Contábeis;
▪ Quando a alteração é parcial, é editado o documento Revisão
NBC TA 250 (DOU 14/02/19Consideração de Leis e Regulamen-
NBC e as alterações, inclusões e exclusões são incorporadas às res-
tos na Auditoria de Demonstrações Contábeis;
pectivas normas, mantendo a sigla da norma alterada.
NBC TA 260(R2) (DOU 04/07/16) - Comunicação com os Res-
Referente à vigência, a mesma encontra-se sempre antes da ponsáveis pela Governança;
data e da assinatura da norma, interpretação, comunicado e Revi- NBC TA 265 (1.210/09) - Comunicação de Deficiências de Con-
são NBC. As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se em trole Interno;
Profissionais e Técnicas. NBC TA 300 (R1) (DOU 05/09/16) - Planejamento da Auditoria
As Normas Profissionais estabelecem regras de exercício pro- de Demonstrações Contábeis;
fissional. Dentre sua classificação, encontram-se as NBC PA – do Au- NBC TA 315 (R2) (DOU 02/09/21) Identificação e Avaliação dos
ditor Independente. Vejamos: Riscos de Distorção Relevante por meio do Entendimento da Enti-
NBC PA 01 (09/12/21) - Gestão de Qualidade para Firmas (Pes- dade e do seu Ambiente;
soas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes Revisão de NBC TA 320 (R1) (DOU 05/09/16) - Materialidade no Planeja-
Qualidade do Trabalho; mento e na Execução da Auditoria;
NBC PA 02 (09/12/21) - Revisão de Qualidade do Trabalho; NBC TA 330 (R1) (DOU 05/09/16) - Resposta do Auditor aos Ris-
NBC PA 11 (DOU 13/12/2017) - Revisão Externa de Qualidade cos Avaliados;
pelos Pares; NBC TA 402 (1.215/09) - Considerações de Auditoria para a En-
NBC PA 13 (R3) (DOU 20/08/2020) - Exame de Qualificação Téc- tidade que Utiliza Organização Prestadora de Serviços;
nica; NBC TA 450 (R1) (DOU 05/09/16) - Avaliação das Distorções
Resolução 1.495 (DOU 27/11/2015) - Cadastro Nacional de Au- Identificadas durante a Auditoria;
ditores Independentes (CNAI); NBC TA 500 (R1) (DOU 05/09/16) - Evidência de Auditoria;
NBC PA 400 (DOU 27/11/2019) - Independência para Trabalho NBC TA 501 (1.218/09) - Evidência de Auditoria – Considera-
de Auditoria e Revisão; ções Específicas para Itens Selecionados;
NBC PO 900 (DOU 27/11/2019) - Independência para Trabalho NBC TA 505 (1.219/09) - Confirmações Externas;
de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão. NBC TA 510 (R1) (DOU 05/09/16) - Trabalhos Iniciais – Saldos
Iniciais;
As Normas Brasileiras de Contabilidade de Au- NBC TA 520 (1.221/09) - Procedimentos Analíticos;
NBC TA 530 (1.222/09) - Amostragem em Auditoria;
ditoria - NBC PA, encontram-se disponíveis em sua NBC TA 540 (R2) (DOU 23/10/19) - Auditoria de Estimativas
integralidade, no seguinte endereço eletrônico: Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas;
NBC TA 550 (1.224/09) - Partes Relacionadas;
https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de- NBC TA 560 (R1) (DOU 05/09/16) - Eventos Subsequentes;
-contabilidade/nbc-pa-do-auditor-independente/ NBC TA 570 (DOU 04/07/16) - Continuidade Operacional;
NBC TA 580 (R1) (DOU 05/09/16) - Representações Formais;
No tocante às Normas Técnicas, as mesmas estabelecem con- NBC TA 600 (R1) (DOU 05/09/16) - Considerações Especiais –
ceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de Contabili- Auditorias de Demonstrações Contábeis de Grupos, Incluindo o Tra-
dade. Dentre sua classificação, encontram-se as NBC TA – de Audi- balho dos Auditores dos Componentes;
toria Independente de Informação Contábil Histórica. Vejamos: NBC TA 610 (DOU 29/01/14) - Utilização do Trabalho de Audi-
toria Interna;
NBC TA 620 (1.230/09) - Utilização do Trabalho de Especialistas;
1 https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/
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AUDITORIA
NBC TA 700 (DOU 04/07/16) - Formação da Opinião e Emis- CTA 17 (DOU 31/07/13) - Emissão do Relatório do Auditor Inde-
são do Relatório do Auditor Independente sobre as Demonstrações pendente sobre as Demonstrações Contábeis Individuais e Conso-
Contábeis; lidadas em decorrência de alterações introduzidas para o Teste de
NBC TA 701 (DOU 04/07/16) - Comunicação dos Principais As- Adequação de Passivos pela SUSEP;
suntos de Auditoria no Relatório do Auditor Independente; CTA 18 (DOU 31/07/13) - Emissão do Relatório do Auditor In-
NBC TA 705 (DOU 04/07/16) - Modificações na Opinião do Au- dependente e procedimentos de auditoria requeridos quando da
ditor Independente; reapresentação de demonstrações contábeis ou informações inter-
NBC TA 706 (DOU 04/07/16) - Parágrafos de Ênfase e Parágra- mediárias;
fos de Outros Assuntos no Relatório do Auditor Independente; CTA 19 (DOU 25/02/14) - Orientação aos auditores indepen-
NBC TA 710 (R1) (DOU 05/09/16) - Informações Comparativas dentes sobre o entendimento a respeito dos procedimentos ado-
– Valores Correspondentes e Demonstrações Contábeis Compara- tados, ou a serem adotados, pela administração das entidades na
tivas; avaliação dos assuntos contidos na Medida Provisória 627/13;
NBC TA 720 (DOU 05/09/16) - Responsabilidade do Auditor em CTA 21 (DOU 11/06/14) - Orientação para emissão de relatório
Relação a Outras Informações; do auditor independente sobre as Demonstrações Contábeis Con-
NBC TA 800 (DOU 22/02/17) - Considerações Especiais – Au- solidadas do Conglomerado Prudencial das instituições financeiras
ditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de Acordo com e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Estruturas Conceituais de Contabilidade para Propósitos Especiais; Brasil, exceto cooperativas de crédito, a que se refere a Resolução
NBC TA 805 (DOU 22/02/17) - Considerações Especiais – Audi- nº 4.280 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 31 de outubro
toria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e de Ele- de 2013 e regulamentações complementares;
mentos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis; CTA 22 (DOU 28/01/15) - Procedimentos de auditoria a serem
NBC TA 810 (DOU 22/02/17) - Trabalhos para a Emissão de Re- considerados para aplicação do CTG 08;
latório sobre Demonstrações Contábeis Condensadas; CTA 23 (DOU 22/05/15) - Dispõe sobre procedimentos que de-
CTA 02 (DOU 09/03/15) - Emissão do Relatório do Auditor In- vem ser observados quando o auditor independente for contratado
dependente sobre Demonstrações Contábeis Individuais e Conso- para emitir Carta-Conforto em conexão com processo de oferta de
lidadas; títulos e valores mobiliários;
CTA 03 (1.321/11) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- CTA 24 (DOU 28/10/16) - Emissão de relatório de auditoria so-
dente sobre Demonstrações Contábeis Individuais e Consolidadas bre as Demonstrações Contábeis Regulatórias (DCRs), elaboradas
de Instituições Financeiras e Demais Instituições Autorizadas a Fun- de acordo com o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE);
cionar pelo Banco Central do Brasil (BCB); CTA 25 (R1) (DOU 15/04/19) - Emissão do Novo Modelo de Re-
CTA 04 (1.322/11) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- latório do Auditor Independente;
dente sobre Demonstrações Contábeis Individuais e Consolidadas CTA 26 (DOU 05/12/18) - Relatório dos Auditores Indepen-
de Entidades Supervisionadas pela Superintendência de Seguros dentes sobre o Demonstrativo do Direcionamento dos Recursos de
Privados (SUSEP); Poupança;
CTA 05 (1.331/11) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- CTA 27 (DOU 22/02/19) - Relatórios sobre as Demonstrações
dente sobre Demonstrações Contábeis de Fundos de Investimento; Contábeis de Entidade de Incorporação Imobiliária;
CTA 06 (1.332/11) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- CTA 28 (DOU 17/12/19) - Relatório de Auditoria de Patrimônio
dente sobre Demonstrações Contábeis de Companhias Abertas, Separado de Securitizadoras;
conforme facultado pela Deliberação CVM nº 656/11; CTA 29 (DOU 07/10/20) - Orientações aos Auditores Indepen-
CTA 07 (1.333/11) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- dentes sobre a emissão de relatório de auditoria das demonstra-
dente sobre Demonstrações Contábeis Individuais e Consolidadas ções contábeis semestrais das instituições autorizadas a funcionar
de Entidades Supervisionadas pela ANS; pelo Banco Central do Brasil (BACEN);
CTA 08 (DOU 31/07/13) - Emissão do Relatório do Auditor Inde- CTA 30 (DOU 01/07/21) - Relatório de Auditoria de Demonstra-
pendente sobre Demonstrações Contábeis das Entidades Fechadas ções Contábeis de Entidades envolvidas ou suspeitas de não confor-
de Previdência Complementar (EFPC); midade com leis e regulamentos;
CTA 11 (1.338/11) - Emissão de Relatórios de Revisão das Infor- CTA 31 (DOU 01/07/21) - Orientação aos auditores indepen-
mações Trimestrais do ano de 2010; dentes no atendimento aos requerimentos específicos da Circular
CTA 12 (DOU 29/6/18) - Relatório do Auditor Independente so- Susep nº 517/2015, alterada pela Circular Susep n.º 616/2020;
bre as Demonstrações Contábeis de Grupo Econômico; CTA 32 (DOU 30/11/2021) - Auditoria das Demonstrações Con-
CTA 13 (1.388/12) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- tábeis dos Fundos de Investimento.
dente sobre as Demonstrações Contábeis Individuais e Consolida-
das de Entidades Supervisionadas pela ANS; As Normas Brasileiras de Contabilidade de Au-
CTA 14 (1.393/12) - Emissão do Relatório do Auditor Indepen- ditoria - NBC TA, encontram-se disponíveis em sua
dente sobre Demonstrações Contábeis de Instituições Autorizadas integralidade, no seguinte endereço eletrônico:
a Funcionar pelo BCB, em decorrência da opção facultada para dife-
rimento do resultado líquido negativo; https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
CTA 15 (1.405/12) - Emissão de Relatório de Auditoria sobre as
-contabilidade/nbc-ta-de-auditoria-independente/
Demonstrações Contábeis Intermediárias Individuais de Entidades
Supervisionadas pela SUSEP, referentes ao semestre findo em 30 de
junho de 2012;
CTA 16 (DOU 18/6/19) - Relatório de Auditoria sobre a Base de
Contribuições dos Agentes Financeiros ao Fundo de Compensação
de Variações Salariais (FCVS);

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AUDITORIA
Definições
AMOSTRAGEM EM AUDITORIA. NBC TA 530, APROVADA 5. Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os
PELA RESOLUÇÃO CFC Nº 1.222/2009 significados a eles atribuídos:
Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de
RESOLUÇÃO CFC Nº 1.222/092 auditoria em menos de 100% dos itens de população relevante para
fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de amostragem
Aprova a NBC TA 530 – Amostragem em Auditoria.
tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de uma base razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a
suas atribuições legais e regimentais, população.
CONSIDERANDO o processo de convergência das Normas Brasi-
População é o conjunto completo de dados sobre o qual a
leiras de Contabilidade aos padrões internacionais;
amostra é selecionada e sobre o qual o auditor deseja concluir.
CONSIDERANDO que o Conselho Federal de Contabilidade é
membro associado da IFAC – Federação Internacional de Contado- Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor,
res; com base em amostra, pudesse ser diferente se toda a população
CONSIDERANDO a Política de Tradução e Reprodução de Nor- fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de amos-
mas, emitida pela IFAC em dezembro de 2008; tragem pode levar a dois tipos de conclusões errôneas:
CONSIDERANDO que a IFAC, como parte do serviço ao interesse (a) no caso de teste de controles, em que os controles são consi-
público, recomenda que seus membros e associados realizem a tra- derados mais eficazes do que realmente são ou no caso de teste de
dução das suas normas internacionais e demais publicações; detalhes, em que não seja identificada distorção relevante, quando,
CONSIDERANDO que mediante acordo firmado entre as partes, na verdade, ela existe. O auditor está preocupado com esse tipo de
a IFAC autorizou, no Brasil, como tradutores das suas normas e pu- conclusão errônea porque ela afeta a eficácia da auditoria e é pro-
blicações, o Conselho Federal de Contabilidade e o IBRACON – Insti- vável que leve a uma opinião de auditoria não apropriada.
tuto dos Auditores Independentes do Brasil; (b) no caso de teste de controles, em que os controles são con-
CONSIDERANDO que a IFAC, conforme cessão de direitos firma- siderados menos eficazes do que realmente são ou no caso de teste
do, outorgou aos órgãos tradutores os direitos de realizar a tradu- de detalhes, em que seja identificada distorção relevante, quando,
ção, publicação e distribuição das normas internacionais impressas na verdade, ela não existe. Esse tipo de conclusão errônea afeta a
e em formato eletrônico, eficiência da auditoria porque ela normalmente levaria a um traba-
lho adicional para estabelecer que as conclusões iniciais estavam
RESOLVE:
incorretas.
Art. 1º. Aprovar a NBC TA 530 – “Amostragem em Auditoria”,
Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor
elaborada de acordo com a sua equivalente internacional ISA 530.
chegue a uma conclusão errônea por qualquer outra razão que não
Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor nos exercícios iniciados seja relacionada ao risco de amostragem.
em ou após 1º. de janeiro de 2010.
Anomalia é a distorção ou o desvio que é comprovadamente
Art. 3º. Observado o disposto no art. 3º da Resolução CFC nº não representativo de distorção ou desvio em uma população.
1.203/09, ficam revogadas a partir de 1º de janeiro de 2010 as dis-
Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais que
posições em contrário nos termos do art. 4º da mesma resolução.
constituem uma população.
Brasília, 27 de novembro de 2009.
Amostragem estatística é a abordagem à amostragem com as
NBC TA 530 – AMOSTRAGEM EM AUDITORIA seguintes características:
Introdução (a) seleção aleatória dos itens da amostra; e
Alcance (b) o uso da teoria das probabilidades para avaliar os resulta-
dos das amostras, incluindo a mensuração do risco de amostragem.
1. Esta Norma se aplica quando o auditor independente decide
usar amostragem na execução de procedimentos de auditoria. Essa A abordagem de amostragem que não tem as características
Norma trata do uso de amostragem estatística e não estatística na (a) e (b) é considerada uma amostragem não estatística.
definição e seleção da amostra de auditoria, na execução de testes Estratificação é o processo de dividir uma população em subpo-
de controles e de detalhes e na avaliação dos resultados da amos- pulações, cada uma sendo um grupo de unidades de amostragem
tra. com características semelhantes (geralmente valor monetário).
2. Esta Norma complementa a NBC TA 500 – Evidência de Audi- Distorção tolerável é um valor monetário definido pelo auditor
toria, que trata da responsabilidade do auditor na definição e exe- para obter um nível apropriado de segurança de que esse valor mo-
cução de procedimentos de auditoria para obter evidência de au- netário não seja excedido pela distorção real na população.
ditoria apropriada e suficiente para chegar a conclusões razoáveis
Taxa tolerável de desvio é a taxa de desvio dos procedimentos
que fundamentem sua opinião de auditoria. A NBC TA 500 fornece
de controles internos previstos, definida pelo auditor para obter um
orientação sobre os meios disponíveis para o auditor selecionar os
nível apropriado de segurança de que essa taxa de desvio não seja
itens para teste, dos quais a amostragem de auditoria é um deles.
excedida pela taxa real de desvio na população.
Data de vigência
Requisitos
3. Esta Norma é aplicável a auditoria de demonstrações contá-
Definição da amostra, tamanho e seleção dos itens para teste
beis para os períodos iniciados em ou após 1º. de janeiro de 2010.
6. Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve conside-
Objetivo
rar a finalidade do procedimento de auditoria e as características da
4. O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é população da qual será retirada a amostra.
o de proporcionar uma base razoável para o auditor concluir quanto 7. O auditor deve determinar o tamanho de amostra suficiente
à população da qual a amostra é selecionada. para reduzir o risco de amostragem a um nível mínimo aceitável.
2 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1222.pdf
Editora
327
a solução para o seu concurso!
AUDITORIA
8. O auditor deve selecionar itens para a amostragem de forma Definição da amostra, tamanho e seleção dos itens para teste
que cada unidade de amostragem da população tenha a mesma Definição da amostra
chance de ser selecionada. A4. A amostragem de auditoria permite que o auditor obtenha
Execução de procedimentos de auditoria e avalie a evidência de auditoria em relação a algumas característi-
9. O auditor deve executar os procedimentos de auditoria, cas dos itens selecionados de modo a concluir, ou ajudar a concluir
apropriados à finalidade, para cada item selecionado. sobre a população da qual a amostra é retirada. A amostragem em
10. Se o procedimento de auditoria não for aplicável ao item auditoria pode ser aplicada usando tanto a abordagem de amostra-
selecionado, o auditor deve executar o procedimento em um item gem não estatística como a estatística.
que substitua o anteriormente selecionado. A5. Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve consi-
11. Se o auditor não puder aplicar os procedimentos de audito- derar os fins específicos a serem alcançados e a combinação de pro-
ria definidos ou procedimentos alternativos adequados em um item cedimentos de auditoria que devem alcançar esses fins. A conside-
selecionado, o auditor deve tratar esse item como um desvio do ração da natureza da evidência de auditoria desejada e as eventuais
controle previsto, no caso de testes de controles ou uma distorção, condições de desvio ou distorção ou outras características relacio-
no caso de testes de detalhes. nadas com essa evidência de auditoria ajudam o auditor a definir
o que constitui desvio ou distorção e qual população usar para a
Natureza e causa de desvios e distorções
amostragem. Ao cumprir com as exigências do item 8 da NBC TA
12. O auditor deve investigar a natureza e a causa de quaisquer 500, quando definir a amostragem em auditoria, o auditor executa
desvios ou distorções identificados e avaliar o possível efeito causa- os procedimentos de auditoria para obter evidência de que a po-
do por eles na finalidade do procedimento de auditoria e em outras pulação da qual a amostra de auditoria foi extraída está completa.
áreas de auditoria. A6. A consideração do auditor sobre a finalidade do procedi-
13. Em circunstâncias extremamente raras, quando o auditor mento de auditoria, conforme exigido pelo item 6, inclui um claro
considera que uma distorção ou um desvio descobertos na amostra entendimento do que constitui desvio ou distorção, de modo que
são anomalias, o auditor deve obter um alto grau de certeza de que todas essas condições, e somente elas, que são relevantes para a
essa distorção ou esse desvio não sejam representativos da popula- finalidade do procedimento de auditoria estejam inclusas na ava-
ção. O auditor deve obter esse grau de certeza mediante a execução liação de desvios ou na projeção de distorções. Por exemplo, em um
de procedimentos adicionais de auditoria, para obter evidência de teste de detalhes relacionado com a existência de contas a receber
auditoria apropriada e suficiente de que a distorção ou o desvio não tais como, confirmação, pagamentos efetuados pelo cliente da en-
afetam o restante da população. tidade antes da data de confirmação, mas que a entidade recebeu
Projeção de distorções pouco depois dessa data, não é considerada distorção. Adicional-
14. Para os testes de detalhes, o auditor deve projetar, para a mente, um registro errôneo entre as contas de clientes não afeta o
população, as distorções encontradas na amostra. saldo total das contas a receber. Portanto, pode não ser apropriado
considerar que isso seja uma distorção na avaliação dos resultados
Avaliação do resultado da amostragem em auditoria
da amostragem desse procedimento de auditoria em particular,
15. O auditor deve avaliar: embora isso possa ter um efeito importante em outras áreas da au-
(a) os resultados da amostra; e ditoria, como por exemplo, na avaliação do risco de fraude ou da
(b) se o uso de amostragem de auditoria forneceu uma base adequação da provisão para créditos de liquidação duvidosa.
razoável para conclusões sobre a população que foi testada. A7. Ao considerar as características de uma população, para
Aplicação e outros materiais explicativos testes de controles, o auditor faz uma avaliação da taxa esperada
Definições de desvio com base no entendimento do auditor dos controles rele-
vantes ou no exame de pequena quantidade de itens da população.
Risco não resultante da amostragem. Essa avaliação é feita para estabelecer a amostra de auditoria e
A1. Os exemplos de risco não resultante da amostragem in- determinar o tamanho dessa amostra. Por exemplo, se a taxa es-
cluem o uso de procedimentos de auditoria não apropriados ou a perada de desvio for inaceitavelmente alta, o auditor geralmente
interpretação errônea da evidência de auditoria e o não reconheci- decide por não executar os testes de controles. Da mesma forma,
mento de uma distorção ou de um desvio. para os testes de detalhes, o auditor faz uma avaliação da distorção
Unidade de amostragem esperada na população. Se a distorção esperada for alta, o exame
A2. As unidades de amostragem podem ser itens físicos (por completo ou o uso de amostra maior pode ser apropriado ao execu-
exemplo, cheques relacionados em comprovante de depósito, lan- tar os testes de detalhes.
çamentos de crédito em extratos bancários, faturas de venda ou A8. Ao considerar as características da população da qual a
saldos de devedores) ou unidades monetárias. amostra será extraída, o auditor pode determinar que a estratifi-
Distorção tolerável cação ou a seleção com base em valores é apropriada. O Apêndice
A3. Ao definir uma amostra, o auditor determina a distorção 1 apresenta mais informações sobre estratificação e seleção com
tolerável para avaliar o risco de que o conjunto de distorções in- base em valores.
dividualmente irrelevantes possa fazer com que as demonstrações A9. A decisão quanto ao uso de abordagem de amostragem
contábeis apresentem distorções relevantes e forneça margem para estatística ou não estatística é uma questão de julgamento do audi-
possíveis distorções não detectadas. A distorção tolerável é a aplica- tor, entretanto, o tamanho da amostra não é um critério válido para
ção da materialidade na execução da auditoria, conforme definido distinguir entre as abordagens estatísticas e não estatísticas.
na NBC TA 320, item 9, em procedimento de amostragem específico. Tamanho da amostra
A distorção tolerável pode ter o mesmo valor ou valor menor do que A10. O nível de risco de amostragem que o auditor está dispos-
o da materialidade na execução da auditoria. to a aceitar afeta o tamanho da amostra exigido. Quanto menor o
risco que o auditor está disposto a aceitar, maior deve ser o tama-
nho da amostra.

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a solução para o seu concurso!
AUDITORIA
A11. O tamanho da amostra pode ser determinado median- Avaliação do resultado da amostragem de auditoria
te aplicação de fórmula com base em estatística ou por meio do A21. Para os testes de controles, uma taxa de desvio da amos-
exercício do julgamento profissional. Os Apêndices 2 e 3 indicam a tra inesperadamente alta pode levar a um aumento no risco identifi-
influência que geralmente vários fatores têm na determinação do cado de distorção relevante, a menos que sejam obtidas evidências
tamanho da amostra. Quando as circunstâncias são semelhantes, adicionais de auditoria que comprovem a avaliação inicial. Para os
o efeito de fatores no tamanho da amostra, como aqueles identi- testes de detalhes, o valor de distorção inesperadamente alto em
ficados nos Apêndices 2 e 3 é semelhante, independentemente da uma amostra pode levar o auditor a acreditar que uma classe de
abordagem escolhida, estatística ou não estatística. operações ou o saldo de uma conta está distorcido de modo rele-
Seleção dos itens para teste vante, na ausência de evidências adicionais de auditoria de que não
A12. Pela amostragem estatística, os itens da amostra são se- há distorções relevantes.
lecionados de modo que cada unidade de amostragem tenha uma A22. No caso de testes de detalhes, a distorção projetada mais
probabilidade conhecida de ser selecionada. Pela amostragem não a distorção anômala, quando houver, é a melhor estimativa do au-
estatística, o julgamento é usado para selecionar os itens da amos- ditor de distorção na população. Quando a distorção projetada mais
tra. Como a finalidade da amostragem é a de fornecer base razoá- a distorção anômala, se houver, excederem uma distorção tolerável,
vel para o auditor concluir quanto à população da qual a amostra a amostra não fornece uma base razoável para conclusões sobre a
é selecionada, é importante que o auditor selecione uma amostra população que foi testada. Quanto mais próximo o somatório da
representativa, de modo a evitar tendenciosidade mediante a es- distorção projetada e da distorção anômala estiver da distorção
colha de itens da amostra que tenham características típicas da po- tolerável, mais provável será que a distorção real na população ex-
pulação. ceda a distorção tolerável. Além disso, se a distorção projetada for
A13. Os principais métodos para selecionar amostras corres- maior do que as expectativas de distorção do auditor usadas para
pondem ao uso de seleção aleatória, seleção sistemática e seleção determinar o tamanho da amostra, o auditor pode concluir que há
ao acaso. Cada um desses métodos é discutido no Apêndice 4. um risco inaceitável de amostragem de que a distorção real na po-
Execução dos procedimentos de auditoria pulação exceda a distorção tolerável. A consideração dos resultados
de outros procedimentos de auditoria ajuda o auditor a avaliar o
A14. Um exemplo de quando é necessário executar o procedi-
risco de que a distorção real na população exceda a distorção to-
mento em item de substituição é quando um cheque cancelado é se-
lerável e o risco pode ser reduzido se for obtida evidência adicional
lecionado durante teste de evidência de autorização de pagamento.
de auditoria.
Se o auditor estiver satisfeito que o cheque foi cancelado de forma
apropriada de modo a não constituir desvio, um item escolhido de A23. Se o auditor conclui que a amostragem de auditoria não
maneira apropriada para substituí-lo é examinado. forneceu uma base razoável para conclusões sobre a população que
A15. Um exemplo de quando o auditor não pode aplicar os pro- foi testada, o auditor pode:
cedimentos de auditoria definidos a um item selecionado é quando ▪ solicitar que a administração investigue as distorções
a documentação relacionada com esse item tiver sido perdida. identificadas e o potencial para distorções adicionais e faça quais-
A16. Um exemplo de procedimento alternativo adequado pode quer ajustes necessários; ou
ser o exame de recebimentos subsequentes, juntamente com a evi- ▪ ajustar a natureza, época e extensão desses procedimentos
dência da fonte dos recebimentos e os itens que eles visam liquidar adicionais de auditoria para melhor alcançar a segurança exigida.
quando nenhuma resposta tiver sido recebida para uma solicitação Por exemplo, no caso de testes de controles, o auditor pode aumen-
positiva de confirmação. tar o tamanho da amostra, testar um controle alternativo ou modi-
ficar os respectivos procedimentos substantivos.
Natureza e causa de desvios e distorções
Apêndice 1: Estratificação e seleção com base em valor
A17. Ao analisar os desvios e as distorções identificados, o au-
Apêndice 2: Exemplos de fatores que influenciam o tamanho da
ditor talvez observe que muitos têm uma característica em comum
amostra para os testes de controles
como, por exemplo, o tipo de operação, local, linha de produto ou
Apêndice 3: Exemplos de fatores que influenciam o tamanho da
período de tempo. Nessas circunstâncias, o auditor pode decidir
amostra para os testes de detalhes
identificar todos os itens da população que tenham a característi-
Apêndice 4: Métodos de seleção da amostra
ca em comum e estender os procedimentos de auditoria para esses
itens. Além disso, esses desvios ou distorções podem ser intencio- Os apêndices encontram-se disponíveis em
nais e podem indicar a possibilidade de fraude.
sua integralidade, no seguinte endereço ele-
Projeção de distorções trônico:
A18. O auditor deve projetar as distorções para a população
para obter uma visão mais ampla da escala de distorção, mas essa https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/
projeção pode não ser suficiente para determinar o valor a ser re-
RES_1222.pdf
gistrado.
A19. Quando a distorção tiver sido estabelecida como uma
anomalia, ela pode ser excluída da projeção das distorções para a
população. Entretanto, o efeito de tal distorção, se não for corrigido,
ainda precisa ser considerado, além da projeção das distorções não
anômalas.
A20. Para testes de controles, não é necessária qualquer proje-
ção explícita dos desvios uma vez que a taxa de desvio da amostra
também é a taxa de desvio projetada para a população como um
todo. A NBC TA 330, item 17, fornece orientação para quando são
detectados desvios nos controles nos quais o auditor pretende con-
fiar.

Editora
329
a solução para o seu concurso!
AUDITORIA

TESTES DE OBSERVÂNCIA

Os testes de observância possuem disposição legal na NBC TI 013 – Da Auditoria Interna. De acordo com referida norma, no tocante
aos Procedimentos da Auditoria Interna, dispõe-se que:
Os procedimentos da Auditoria Interna constituem exames e investigações, incluindo testes de observância e testes substantivos, que
permitem ao auditor interno obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade.
Os testes de observância visam à obtenção de razoável segurança de que os controles internos estabelecidos pela administração es-
tão em efetivo funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários e administradores da entidade. Na sua aplicação,
devem ser considerados os seguintes procedimentos:
a) inspeção – verificação de registros, documentos e ativos tangíveis;
b) observação – acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua execução;
c) investigação e confirmação – obtenção de informações perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e das
operações, dentro ou fora da entidade.

TESTES SUBSTANTIVOS

Os testes substantivos possuem disposição legal na NBC TI 014 – Da Auditoria Interna. De acordo com referida norma, no tocante aos
Procedimentos da Auditoria Interna, dispõe-se que:
Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas
de informação da entidade

TESTES PARA SUBAVALIAÇÃO E TESTES PARA SUPERAVALIAÇÃO

Uma forma de averiguar se os valores refletem adequadamente a situação econômico-financeira consiste nos testes de superavalia-
ção e de subavaliação. Como consequência do princípio da partida-dobrada5, todo e qualquer registro contábil feito de forma incorreta
afeta uma ou mais contas6.
Com o objetivo de garantir a correta adoção dos princípios contábeis, os testes de superavaliação são normalmente orientados às
contas do Ativo e de Despesas, e testes de subavaliação são orientados às contas do Passivo e de Receitas.
De forma estrutural, esse conjunto de testes pode ser resumido conforme o quadro a seguir. Vejamos:
Estrutura dos testes de super e subavaliação

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/194933/Auditoria_Contabil_II_MIOLO.pdf?sequence=1&isAllowed=y
3 https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-ti-de-auditoria-interna/
4 https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-ti-de-auditoria-interna/
5 O método das partidas dobradas determina que para cada lançamento a débito em uma conta deve haver um lançamento correspondente ao crédito em outra conta.
Ou seja, não pode haver um valor credor sem um valor devedor correspondente.
6 Vicente, Ernesto Fernando Rodrigues. Auditoria Contábil II / Ernesto Fernando Rodrigues Vicente. - Florianópolis: Departamento de Ciências Contábeis / UFSC, 2012.
Editora
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330
a solução para o seu concurso!
AUDITORIA

EVIDÊNCIAS DE AUDITORIA

As evidências de auditoria possuem disposição legal na NBC TI 017 – Da Auditoria Interna. De acordo com referida norma, no tocante
aos Procedimentos da Auditoria Interna, dispõe-se que:
As informações que fundamentam os resultados da Auditoria Interna são denominadas de “evidências”, que devem ser suficientes,
fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecer base sólida para as conclusões e recomendações à administração da entidade. Vejamos:
→ Confiabilidade e fidedignidade
Informações confiáveis são entendidas como as melhores de se obter por meio de técnicas de auditoria apropriadas. Para que sejam
confiáveis, as evidências devem ser fidedignas e representarem de forma precisa os fatos, ou seja, devem ser válidas, sem erros ou ten-
dências8.
Embora não haja regras rígidas para determinar a confiabilidade das evidências, existem diretrizes gerais utilizadas por auditores in-
ternos governamentais, conforme demonstra o quadro a seguir:

https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5146/1/Mod1_Considera%C3%A7%C3%B5es%20iniciais%20referentes%20
%C3%A0s%20t%C3%A9cnicas%20de%20auditoria.pdf
→ Relevância
Requer que a evidência esteja diretamente relacionada aos objetivos e ao escopo do trabalho. A avaliação do que seja uma informa-
ção relevante é uma questão de lógica e de julgamento profissional.
Uma evidência relevante faz diferença para os usuários das informações, ou seja, é capaz de mudar a decisão do usuário sobre
determinada questão. Como os recursos destinados ao trabalho de auditoria são sempre escassos, é bom lembrar que, se a equipe des-
pender tempo em uma análise que irá gerar uma evidência com menor grau de relevância, terá menos tempo disponível para as demais
análises.
→ Utilidade
Relaciona-se com a capacidade de auxiliar o auditor a atingir os objetivos da auditoria. Para tanto, deve ser útil também para a cons-
trução dos achados e para a formação da opinião emitida pelo auditor.
→ Grau de persuasão
A persuasão é a capacidade de a informação apoiar o auditor na formulação de achados, de conclusões e de recomendações, garan-
tindo-lhe segurança razoável para convencer o auditado e os demais destinatários do trabalho de que a sua opinião está correta.

PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

Procedimento de auditoria é um conjunto de exames, previstos no programa de trabalho, com a finalidade de obter evidências sufi-
cientes, confiáveis, fidedignas, relevantes e úteis, que permitam responder a uma questão de auditoria definida na fase de planejamento
do trabalho9.
A escolha dos procedimentos a serem utilizados para o alcance dos objetivos de auditoria é feita durante a fase de planejamento. Para
tanto, devem ser levados em consideração:
a) a extensão, a época e a natureza dos procedimentos;
7 https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-ti-de-auditoria-interna/
8https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5146/1/Mod1_Considera%C3%A7%C3%B5es%20iniciais%20referentes%20%C3%A0s%20t%C3%A9cnicas%20de%20audi-
toria.pdf
9 BRASIL. Manual de Orientações Técnicas da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal. Aprovado pela Instrução Normativa SFC nº 8,
de 8 de dezembro de 2017.
Editora
331
a solução para o seu concurso!
AUDITORIA
b) a capacidade que o procedimento detém de contribuir para
o alcance dos objetivos da auditoria;
IDENTIFICAÇÃO DE FRAUDES NA ESCRITA CONTÁBIL
c) a relação custo x benefício de realização dos procedimentos.
Extensão e profundidade
Cabe ao auditor interno governamental determinar, de acordo
Fraude e erro possuem disposição legal na NBC TI 0110 – Da
com cada caso específico, a extensão e a profundidade de opera-
Auditoria Interna. De acordo com referida norma, dispõe-se que:
ções a serem examinadas. Para tanto, deve se basear:
A Auditoria Interna deve assessorar a administração da enti-
a) na complexidade e no volume das operações;
dade no trabalho de prevenção de fraudes e erros, obrigando-se a
b) na natureza do item em exame;
informá-la, sempre por escrito, de maneira reservada, sobre quais-
c) nos principais riscos e na avaliação preliminar dos controles
quer indícios ou confirmações de irregularidades detectadas no de-
a eles relacionados;
correr de seu trabalho.
d) no grau de segurança e no tipo de evidência que pretende
O termo “fraude” aplica-se a ato intencional de omissão e/
obter, a fim de fundamentar sua opinião.
ou manipulação de transações e operações, adulteração de
É necessário também que o auditor verifique se há necessidade documentos, registros, relatórios, informações e demonstrações
de que todos os itens componentes do universo sob análise sejam contábeis, tanto em termos físicos quanto monetários.
revisados de acordo com a mesma extensão e profundidade. O termo “erro” aplica-se a ato não-intencional de omissão, de-
Época satenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na elabo-
A época diz respeito ao período apropriado para a aplicação ração de registros, informações e demonstrações contábeis, bem
dos procedimentos de auditoria. O benefício proporcionado pela como de transações e operações da entidade, tanto em termos físi-
utilização de determinado procedimento será maior ou menor em cos quanto monetários.
decorrência de o momento de sua aplicação ser oportuno ou não. Da mesma forma, em concordância com a NBC TA 240 (R1)11 –
Natureza Responsabilidade do auditor em relação a fraude, no contexto da
Conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade, a natureza auditoria de demonstrações contábeis:
do procedimento de auditoria se refere à sua finalidade e ao seu (a) Fraude é o ato intencional de um ou mais indivíduos da
tipo. administração, dos responsáveis pela governança, empregados ou
De acordo com a finalidade, tem-se: testes de controle e pro- terceiros, que envolva dolo para obtenção de vantagem injusta ou
cedimentos substantivos, sendo que, estes últimos, por sua vez, se ilegal.
subdividem em testes de detalhes e procedimentos analíticos subs- (b) Fatores de risco de fraude são eventos ou condições que
tantivos. indiquem incentivo ou pressão para que a fraude seja perpetrada
De acordo com o tipo, tem-se: inspeção, confirmação externa, ou ofereçam oportunidade para que ela ocorra.
recálculo, observação, indagação, procedimentos analíticos, reexe-
Características da fraude
cução, entre outros. Os procedimentos classificados por tipo são
também conhecidos como técnicas de auditoria. As distorções nas demonstrações contábeis podem originar-se
de fraude ou erro. O fator distintivo entre fraude e erro está no fato
Assim, de acordo com a natureza, os procedimentos de audito-
de ser intencional ou não intencional a ação subjacente que resulta
ria podem ser divididos em:
em distorção nas demonstrações contábeis.
Embora a fraude constitua um conceito jurídico amplo, para
efeitos das normas de auditoria, o auditor está preocupado com
a fraude que causa distorção relevante nas demonstrações contá-
beis. Dois tipos de distorções intencionais são pertinentes para o
auditor, distorções decorrentes de informações contábeis fraudu-
lentas e da apropriação indébita de ativos.
Apesar de o auditor poder suspeitar ou, em raros casos, iden-
tificar a ocorrência de fraude, ele não estabelece juridicamente se
realmente ocorreu fraude.
Responsabilidade pela prevenção e detecção da fraude
A principal responsabilidade pela prevenção e detecção da
fraude é dos responsáveis pela governança da entidade e da sua
administração. É importante que a administração, com a supervisão
geral dos responsáveis pela governança, enfatize a prevenção da
fraude, o que pode reduzir as oportunidades de sua ocorrência, e a
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5146/1/Mod1_Consi- dissuasão da fraude, o que pode persuadir os indivíduos a não per-
dera%C3%A7%C3%B5es%20iniciais%20referentes%20%C3%A0s%20 petrar fraude por causa da probabilidade de detecção e punição.
t%C3%A9cnicas%20de%20auditoria.pdf Isso envolve um compromisso de criar uma cultura de hones-
tidade e comportamento ético, que pode ser reforçado por super-
visão ativa dos responsáveis pela governança. A supervisão geral
por parte dos responsáveis pela governança inclui a consideração
do potencial de burlar controles ou de outra influência indevida so-
bre o processo de elaboração de informações contábeis, tais como
10 https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-ti-de-
-auditoria-interna/

11 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA240(R1).pdf
Editora
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332
a solução para o seu concurso!
AUDITORIA
tentativas da administração de gerenciar os resultados para que contábeis contiverem distorção relevante). Contudo, asseguração
influenciem a percepção dos analistas quanto à rentabilidade e de- razoável não é um nível absoluto de segurança porque há limita-
sempenho da entidade. ções inerentes em uma auditoria, as quais resultam do fato de que
a maioria das evidências de auditoria em que o auditor baseia suas
conclusões e sua opinião, é persuasiva e não conclusiva.
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUJEITAS A AUDITORIA Requisitos
O auditor deve cumprir as exigências éticas relevantes, inclusi-
ve as pertinentes à independência, no que se refere aos trabalhos
Em concordância com a NBC TA 200 (R1)12 – Objetivos gerais do de auditoria de demonstrações contábeis. São requisitos éticos re-
auditor independente e a condução da Auditoria em conformidade lacionados à auditoria de demonstrações contábeis:
com normas de auditoria: → Ceticismo profissional
Demonstrações contábeis são a representação estruturada de O auditor deve planejar e executar a auditoria com ceticismo
informações financeiras históricas, incluindo divulgações, com a fi- profissional, reconhecendo que podem existir circunstâncias que
nalidade de informar os recursos econômicos ou as obrigações da causam distorção relevante nas demonstrações contábeis.
entidade em determinada data no tempo ou as mutações de tais → Julgamento profissional
recursos ou obrigações durante um período de tempo em confor-
O auditor deve exercer julgamento profissional ao planejar e
midade com a estrutura de relatório financeiro. O termo “demons-
executar a auditoria de demonstrações contábeis.
trações contábeis” refere-se normalmente ao conjunto completo
de demonstrações contábeis como determinado pela estrutura de → Evidência de auditoria apropriada e suficiente e risco de
relatório financeiro aplicável, mas também pode referir-se a qua- auditoria
dros isolados das demonstrações contábeis. Para obter segurança razoável, o auditor deve obter evidência
As divulgações compreendem informações explicativas ou de auditoria apropriada e suficiente para reduzir o risco de audi-
descritivas, elaboradas conforme requeridas, permitidas expres- toria a um nível baixo aceitável e, com isso, possibilitar a ele obter
samente ou de outra forma pela estrutura de relatório financeiro conclusões razoáveis e nelas basear a sua opinião.
aplicável, incluídas nas demonstrações contábeis, ou nas notas ex-
plicativas, ou incorporadas por referência cruzada.
Auditoria de demonstrações contábeis AUDITORIA NO ATIVO CIRCULANTE. RECOMPOSIÇÃO
CONTÁBIL DO FLUXO DE CAIXA DA EMPRESA
O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas
demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcança-
do mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as Auditoria em contas do ativo
demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos Os ativos possuem sua classificação em ordem decrescente de
relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório finan- liquidez. Dessa maneira, as contas de caixas e bancos estão apre-
ceiro aplicável. sentadas no grupo ativo do balanço patrimonial da empresa, ou
No caso da maioria das estruturas conceituais para fins gerais, seja, ambas representam os ativos que possuem maior liquidez13.
essa opinião expressa se as demonstrações contábeis estão apre- Dentro de caixas e bancos, estão dispostos os recursos disponí-
sentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, em veis para aplicação imediata em transações das organizações, como:
conformidade com a estrutura de relatório financeiro. A auditoria
• dinheiro em caixa;
conduzida em conformidade com as normas de auditoria e exigên-
• dinheiro em conta corrente bancária.
cias éticas relevantes capacita o auditor a formar essa opinião.
As demonstrações contábeis sujeitas à auditoria são as da enti- Nesse grupo de caixa e equivalente de caixa, são apresentados
dade, elaboradas pela sua administração, com supervisão geral dos somente os ativos que não possuem qualquer restrição de uso ins-
responsáveis pela governança. As NBCs TA não impõem responsa- tantâneo, ou seja, qualquer motivo que impossibilite seu uso ime-
bilidades à administração ou aos responsáveis pela governança e diato. Os cheques que foram emitidos e ainda não foram entregues
não se sobrepõe às leis e regulamentos que governam as suas res- aos beneficiários não podem ser considerados como redução de
ponsabilidades. caixas e bancos.
Contudo, a auditoria em conformidade com as normas de au- É necessário que as contas bancárias no exterior passem por
ditoria é conduzida com base na premissa de que a administração atualização constante. Isto é, deve-se demonstrar o saldo dessa
e, quando apropriado, os responsáveis pela governança têm conhe- conta em moeda estrangeira convertida para Real mediante a taxa
cimento de certas responsabilidades que são fundamentais para a de câmbio do término do período. Da mesma maneira, é necessário
condução da auditoria. A auditoria das demonstrações contábeis que o auditor externo tenha conhecimento referente à administra-
não exime dessas responsabilidades a administração ou os respon- ção financeira.
sáveis pela governança. Assim, ele conseguirá compreender o andamento referente
Como base para a opinião do auditor, as NBCs TA exigem que às contas de caixas e bancos. Além disso, poderá sugerir melhoras
ele obtenha segurança razoável de que as demonstrações contábeis para as políticas financeiras da organização. O auditor externo ne-
como um todo estão livres de distorção relevante, independente- cessita observar algumas situações:
mente se causadas por fraude ou erro. Asseguração razoável é um • se os valores de caixas como fundo fixo são excessivos ou
nível elevado de segurança. necessitam de reposição constante;
Esse nível é conseguido quando o auditor obtém evidência • se as aplicações de sobras de caixas e bancos não terão uso
de auditoria apropriada e suficiente para reduzir a um nível acei- imediato;
tavelmente baixo o risco de auditoria (isto é, o risco de que o au-
ditor expresse uma opinião inadequada quando as demonstrações 13 Araújo, Adriano Santos. Auditoria II / Adriano Santos Araújo. - Salva-

dor: UFBA, Faculdade de Ciências Contábeis; Superintendência de Educação a


12 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA200(R1).pdf Distância, 2020.
Editora
333
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AUDITORIA
• se a organização utiliza os meios de financiamentos mais • confirmação do depósito dos recebimentos de clientes nas
acessíveis; contas bancárias.
• se há centralização no controle de recursos dispostos em lo- O auditor precisa controlar todos os elementos existentes no
cais diferentes, como escritórios, filiais, entre outros, a fim de evitar setor, em se tratando da contagem de caixa. Ele também precisa
sobra de recursos em algum desses locais enquanto o outro tenha estar atento aos demais itens de ativo negociáveis, impedindo, as-
falta e necessite realizar empréstimos; sim, a substituição; contudo, sem nunca se apossar do caixa. O pro-
• se há política definida referente a descontos financeiros, ou cesso de substituição implica mascarar qualquer falta de dinheiro,
seja, se é possível usufruir pagando na data de vencimento ou tar- realizando transporte de fundos de um lugar para outro, ou ainda
dar os pagamentos a fim de negociar as transações; realizando a conversão do dinheiro em outros elementos de ativo
• se é elaborado diariamente relatório para recursos de caixas negociáveis, de maneira que um mesmo fundo seja contado duas
e bancos, com intuito de possibilitar que a administração da organi- vezes.
zação execute o controle destes. Após a contagem do numerário, os montantes de caixa peque-
Existe uma maior possibilidade de erro em caixas e bancos de- no precisam ser comparados com o razão geral. Além disso, é preci-
vido à sua pronta liquidez. Ou seja, é mais fácil ocorrer o uso inde- so conferir os recebimentos não depositados com os recebimentos
vido dessas contas. Sendo assim, o auditor realiza um número de registrados em caixa. Durante a contagem, as especificações dos
testes bem maior nelas, já que o risco também é maior. Isso ocorre cheques, saques, recibos de desembolso e demais elementos que
mesmo na existência de um bom sistema de controle interno. demonstrarem dúvidas precisam ser apontados.
Os testes têm como finalidade verificar a existência dos ativos. Pode se fazer isso mediante os papéis de trabalho. Posterior-
Um dos métodos mais eficientes de testes quanto aos recursos de mente o auditor deverá evidenciar a explicação correta referente
caixas é a contagem física. Contudo, o mesmo processo não pode a tais dúvidas.
ser efetuado para as contas bancárias. Referente ao caixa depositado, o auditor faz uso de critérios
O método utilizado para as contas bancárias é a solicitação ao diferentes ao verificar o caixa mesmo. Nesse caso, não trata com
banco de uma carta referente aos saldos das contas, denominada dinheiro em espécie, mas, sim, com documentação que evidencia a
carta de confirmação. Entretanto, o saldo que o banco informa me- existência do dinheiro.
diante a carta de confirmação para a empresa nem sempre será o Quanto aos processos preliminares, os métodos para análise
mesmo apresentado contabilmente na entidade. Isso acontece por de caixa em depósito precisam começar por ocasião do processo
consequência da defasagem de tempo referente à contabilização de contagem de dinheiro em mãos, isto é, na data de confirmação.
dos registros. Após esse processo, ocorre a coleta de dados de caixa, instan-
Procedimentos aplicáveis no ativo taneamente antecipando a data de verificação. É função do auditor
registrar nos papéis de trabalho os montantes auferidos de caixa re-
As disponibilidades correspondem aos recursos que a empresa
ferentes aos últimos dias do período, bem como a data, a numera-
possui. Eles são apresentados nos caixas e equivalentes de caixa e
ção e a quantidade dos últimos cheques que foram emitidos antes
estão à disposição para utilização instantânea e sem restrições.
da data de análise.
O caixa ou equivalente de caixa, na circulação dos recursos fi-
Os métodos ou procedimentos finais de auditoria de caixa de-
nanceiros, não estão inseridos somente o saldo da moeda em caixa
positado, isto é, executados posteriormente à data de verificação,
ou o depósito em conta bancária. Incluem-se também outras espé-
estão focados nas conciliações bancárias. É preciso requisitar ao
cies de contas que tenham as mesmas particularidades quanto à
banco uma reconciliação da data de verificação ou, se for preciso,
liquidez imediata.
realizar uma.
Como equivalentes de caixa, são consideradas as aplicações fi-
Uma espécie de reconciliação bancária muito útil é a prova de
nanceiras que possuem características de liquidez instantânea.
caixa. Nela são verificadas as operações bancárias em conformida-
Auditoria em caixas e bancos de com o período da verificação. Essa análise vai apresentar qual-
Os métodos de auditoria em caixa e bancos precisam ser esta- quer movimentação relativa à conta, quer conste nos livros ou não.
belecidos conforme as finalidades que o auditor possui para o setor Um exemplo dessa situação é um saque que não possui autori-
que será auditado. O caixa é considerado um bem de difícil mo- zação encoberto mediante um depósito de compensação que não
nitoramento e de grande risco. Dessa maneira, os procedimentos foi registrado e que seria constatado pela prova de caixa.
aplicados nele normalmente são mais extensos e mais específicos Principais erros e fraudes no ativo
em comparação aos utilizados nas demais áreas.
Os desfalques encobertos representam os que são geralmen-
O valor referente ao caixa e bancos demonstrado no balanço
te realizados por intermédio de um lançamento de compensação
patrimonial é constituído por dois elementos: o encaixe (numerário
nos registros contábeis. Dessa maneira, a inexistência do bem pas-
em mãos) e também os depósitos bancários. Esses elementos pos-
sa despercebida. Como exemplo de desfalque encoberto, pode-se
suem particularidades próprias.
considerar a redução referente a recebimentos de caixa, acompa-
Por esse motivo, os processos de auditoria são considerados
nhada de um lançamento a débito em despesas e a crédito do caixa.
em separado para cada um deles. O encaixe ou numerário em mãos
Contudo, isso somente é possível na falta de controle interno.
geralmente é apresentado no fundo fixo de caixa e de recebimentos
Nesse caso, é possível que o cidadão desonesto acesse o caixa e
de clientes, antecedendo os depósitos.
efetive lançamentos indevidos no diário.
Os métodos fundamentais utilizados pela auditoria para os dois
O desfalque não coberto corresponde àquele que não possui
tipos de encaixe são:
contrapartida no lançamento contábil. Dessa forma, os desfalques
• contagem realizada pelo auditor; não cobertos podem ser mascarados apenas por algum tempo, ou
• averiguação posterior dos montantes alcançados na apura- não ser mascarados de forma alguma.
ção dos constantes dos registros contábeis; São tipos de desfalques não cobertos:
• teste de elementos, como cheques de clientes e comprovan-
• Lapping: ocorre por meio de cobranças de contas a receber.
tes de caixa pequena, para constatar se são exatos e legítimos;
Tem como base o desvio de resultados referentes a cobranças, efe-
tuando a substituição do total desviado por cobranças posteriores.
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• Kiting: contempla os desembolsos realizados. Refere-se a um
tipo de sistema que encobre as faltas de dinheiro com transferên- SUPRIMENTO DAS DISPONIBILIDADES SEM QUE HAJA
cias, em cheques, não registradas. COMPROVAÇÃO QUANTO À EFETIVA ENTREGA DOS RE-
O kiting é mais fácil de ser percebido do que o lapping. Isso CURSOS FINANCEIROS: AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL,
ocorre porque os métodos de auditoria de caixa permitem encon- ADIANTAMENTOS DE CLIENTES, EMPRÉSTIMOS DE SÓ-
trar a fraude no período da análise. CIOS OU DE TERCEIROS, OPERAÇÕES, PRESTAÇÕES OU
RECEBIMENTOS SEM ORIGEM, ALIENAÇÃO DE INVES-
TIMENTOS E BENS DO ATIVO IMOBILIZADO
IDENTIFICAÇÃO DE SALDO CREDOR NA CONTA CAIXA POR
FALTA DE EMISSÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS
Suprimentos de Caixa Não Comprovados
Quando a pessoa jurídica paga duplicatas com recursos pro-
Saldo Credor da Conta Caixa venientes de receitas omitidas e contabiliza os pagamentos terá
O saldo credor da conta Caixa, também conhecido por “estouro necessidade de contabilizar a entrada de dinheiro na conta Caixa
de Caixa”, é decorrente da falta de contabilização de valores prove- porque, do contrário, o seu saldo ficaria credor. Essa contabilização,
nientes de uma receita, operacional ou não. O cálculo do montante denominada suprimentos de Caixa, poderá ter como contrapartida
do saldo credor da conta Caixa, base tributável dos tributos e con- a conta dos sócios ou capital15.
tribuições, é feito utilizando-se dois critérios: o primeiro, que cor- São artifícios muito usados para evitar o surgimento do saldo
responde a soma de todos os saldos credores de um determinado credor da conta Caixa, através de suprimentos não comprovados:
período, e neste caso toda vez que houver um saldo credor, o saldo a) contabilização de suprimento de numerários fictícios, sob a
inicial para o dia seguinte é zerado; o outro é considerar o maior forma de empréstimos efetuados por administradores, sócios, titu-
saldo credor do período fiscalizado14. lar de empresa individual e acionista controlador;
O procedimento para determinar eventual saldo credor da b) aumento fictício de capital, instrumentalizado em alteração
conta Caixa, para quem escritura este livro em partidas mensais, do contrato social, registrado na Junta Comercial.
é a reconstituição analítica do movimento, confrontando-o com os
documentos contabilizados. Para iniciar a auditoria é necessária a — Aumento do capital social
identificação exata das fontes ou documentos que representam as O aumento do capital social surge num momento diferente do
entradas e as saídas de dinheiro do Caixa, bem como o seu saldo da constituição da sociedade, com o propósito de fazer face às suas
inicial. necessidades de financiamento. Contudo, isso implica alterar a sua
Como elementos comprobatórios de entrada de dinheiro, ci- organização.
ta-se o Livro Registro de Saída de Mercadorias ou de Prestação de Os novos acionistas, com a realização de novas entradas, vão
Serviços, selecionando as operações à vista; recebimento de dupli- obter uma nova ou maior participação social, enquanto que os
catas ou títulos; empréstimos devidamente comprovados e lança- atuais acionistas vão ver a sua participação social diluir. Ou seja, os
dos a débito de Caixa, cheques emitidos que tenham comprovação atuais acionistas irão, em termos absolutos, deter o mesmo capital
de pagamentos, desde que transitados pelo Caixa. social, mas em termos relativos, irão ver a sua participação social
Como elementos de saída, o Livro Registro de Entradas (com- diminuir16
pras à vista); pagamentos de duplicatas ou títulos, pagamentos de Assim, a gerência, perseguindo os interesses dos atuais acio-
despesas, tributos e contribuições, depósitos bancários e adianta- nistas, apenas opte pelo aumento do capital, como forma de finan-
mentos diversos. ciamento, como último recurso. Por sua vez, o aumento do capital
A reconstituição do livro caixa é um trabalho moroso e deta- também traduz uma maior garantia para os credores.
lhado, e, sem dúvida, o volume de documentos a ser examinado é Porém, os credores, devido às assimetrias de informação exis-
grande. Primordial verificar se todos os documentos de entrada e tentes, também podem interpretar o aumento do capital social
saída de numerários foram apresentados à fiscalização. como um sinal da possível má situação financeira da empresa. Por
A soma desses documentos (entrada e saída) devem ter os outro lado, como o aumento do capital social é realizado num mo-
mesmos valores registrados na escrituração em partida mensal ou mento posterior ao da constituição da sociedade, é normal que o
em partida diária. Ocorrendo divergência, existem outras irregu- seu valor de mercado não coincida com a sua rubrica contabilística
laridades, além da escrituração do livro Diário em partida mensal de capital social, nem mesmo com o total do seu capital próprio.
como, por exemplo, lançamentos “frios” ou até mesmo o descum- Assim, é comum serem-se emitidas novas ações com valores
primento do método de partidas dobradas, que descaracteriza a superiores ao do capital social a que dão direito, sendo a diferença
escrituração contábil. entre estes dois valores designada de prémio de emissão. A socie-
dade receberá a totalidade do valor de emissão das novas ações,
contudo, os novos acionistas apenas receberão uma participação
social proporcional ao capital social que detenham no total da so-
ciedade.
— Adiantamentos de clientes
No caso de adiantamentos fictícios de clientes, contabiliza-se
uma entrada fictícia no Caixa, referente ao adiantamento inexisten-
te de seus clientes, de uma venda que será concretizada futuramen-
te. Contabiliza-se o adiantamento de clientes (fictício), em seguida,
o lançamento é “zerado”, quando efetivamente houver a venda.
15 https://www.sefaz.ba.gov.br/scripts/ucs/arquivos/monografia_tania_
vera.pdf
14 https://www.sefaz.ba.gov.br/scripts/ucs/arquivos/monografia_ta-
16 https://estudogeral.sib.uc.pt/retrieve/190598/Edgar%20Marques%20
nia_vera.pdf -%20Relat%C3%B3rio%20de%20Est%C3%A1gio.pdf
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Outro lançamento que pode ocorrer é a regularização através ma do recebimento; se os clientes forem de fora da praça, emitir
de estorno. Nesta hipótese, o adiantamento fictício foi para dar co- subsídios para que um preposto, devidamente credenciado, proce-
bertura momentânea da insuficiência do saldo de Caixa, acertando- da as diligências necessárias.
-se a situação quando o saldo comportar o lançamento de correção. d) Vendas a prazo contabilizadas como à vista
— Empréstimos de sócios ou de terceiros Com a finalidade de dar cobertura a insuficiência do saldo de
Qualquer que seja a contrapartida dos lançamentos, os su- caixa, existem empresas que contabilizam as vendas a prazo como
primentos de caixa devem ser comprovados com documentação se fossem à vista, geralmente quando ocorre o recebimento das du-
idônea e coincidente em datas e valores. A simples prova da ca- plicatas, e se o saldo da conta caixa suportar, regulariza-se a situa-
pacidade financeira do supridor não basta para comprovação dos ção através de lançamentos de estorno ou retificadores.
suprimentos efetuados à pessoa jurídica, por exemplo, a prova da Caso a empresa proceda o desconto ou cobrança de duplicatas
transferência bancária dos recursos dos sócios para a pessoa jurídi- na rede bancária, deve-se examinar os respectivos borderôs com as
ca é apta a comprovar somente a efetiva entrega, mas não a origem. contas de duplicatas a receber. Podem aparecer títulos que, embora
O empréstimo ou aumento de capital em dinheiro, com recur- transacionados com os bancos, não constam do saldo de duplicatas
sos de origem externa comprovada, deverá ser feito mediante che- a receber, pois foram contabilizados como vendas à vista.
que nominal cruzado em favor da pessoa jurídica a fim de evitar e) Compras à vista contabilizadas como a prazo
que os suprimentos de recursos sejam considerados como receitas
Outro meio muito utilizado, acredita-se de maior incidência, é a
omitidas. Não basta, todavia, comprovar somente a efetiva entrega
contabilização de compras com pagamento à vista como se fossem
do dinheiro.
a prazo, em razão de insuficiência de saldo na conta Caixa.
A comprovação da origem dos recursos supridos significa a
Normalmente, a regularização deste lançamento dá-se antes
necessidade de ser demonstrado que os recursos advenientes dos
do encerramento do balanço, visto que a permanência deste sal-
sócios foram percebidos por estes de fonte estranha à sociedade
do dá surgimento ao Passivo Fictício. No exame deve-se verificar
ou, se da empresa, submetidos a regular contabilização. A ausên-
dentre os fornecedores, da empresa, aqueles que as operações
cia de comprovação, quer da origem dos recursos utilizados para
mercantis são sempre com pagamento à vista, como por exemplo,
integralização de capital, quer da efetiva entrega desses valores à
fornecedores de cigarros e bebidas.
empresa, evidencia desvio de receitas da contabilidade e justifica o
lançamento do crédito tributário correspondente. — Alienação de investimentos e bens do ativo imobilizado
A comprovação deve ser da origem dos recursos utilizados para Ao alienar bens do ativo imobilizado, a empresa pode obter um
integralização do capital e também da efetiva entrega dos valores. A resultado não operacional positivo ou negativo (ganho ou perda).
melhor comprovação da efetiva entrega dos valores é a entrega de Quando o resultado não operacional for positivo, a empresa obteve
cheque nominal depositado na conta bancária da empresa. um ganho de capital. Se o resultado não operacional for negativo, a
A origem e a efetiva entrega dos recursos para empresa deve- empresa teve uma perda de capital.
rão ser provadas também na liquidação de empréstimos contraí- O resultado não operacional corresponde à diferença entre o
dos pelos sócios. A falta de qualquer uma das duas provas constitui valor de venda e o valor líquido contábil do bem objeto de alie-
omissão de receita. Se as provas fossem dispensáveis, a omissão de nação. O valor líquido contábil, por sua vez, corresponde ao valor
receitas era facilmente praticável do seguinte modo: o sócio contrai corrigido do bem menos a depreciação.
empréstimo efetivo e devolve ficticiamente. Vejamos:
— Operações, prestações ou recebimentos sem origem Resultado não operacional = valor de venda do bem - valor lí-
As operações, prestações ou recebimentos sem origem são quido contábil do bem;
formas de encobrir a omissão de receitas através do Caixa Geral. Valor líquido contábil = custo corrigido do bem – depreciação.
Vejamos algumas hipóteses:
a) Depósitos bancários não contabilizados
AQUISIÇÕES DE MERCADORIAS, BENS, SERVIÇOS E OU-
Detectar depósitos bancários não contabilizados, constitui uma
TROS ATIVOS NÃO CONTABILIZADOS E SEM COMPROVA-
forma de provar a omissão de receitas. As quantias depositadas, em
ÇÃO DA ORIGEM DO NUMERÁRIO
valores que superam as entradas em Caixa, são tidas como vendas
omitidas.
b) Saldo de caixa elevado Pagamentos não contabilizados
Também existem empresas que apresentam saldo de caixa ele- Os pagamentos não contabilizados são forte indício de omissão
vado, porém inexistentes. É que são efetuados adiantamentos, não de receitas, salvo se a origem externa dos recursos seja compro-
contabilizados, substituídos por vales, principalmente a dirigentes vada. Falta de registro de pagamento de notas fiscais de compras
para diversas finalidades, tais como: pagamento de contas e outras e de despesas, com a utilização de recursos financeiros de origem
despesas pessoais. não comprovada, autorizam a presunção de que tais recursos sejam
c) Recebimento antecipado de vendas a prazo provenientes de anterior omissão de receitas.
A empresa registra como entrada de “Caixa” o recebimento As compras e pagamentos não contabilizados podem ser en-
antecipado de Duplicatas sem que os clientes houvessem pago. Na contrados até em bens do ativo imobilizado de elevado valor tais
data efetiva do recebimento, a empresa não registra a entrada do como máquinas, nas indústrias, e ônibus e caminhões nas empresas
numerário em caixa. de transportes.
O auditor deve apurar: se foram concedidos descontos passi- A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 199617, que dispõe sobre
vos, em decorrência dos recebimentos antecipados; se os clientes a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade
forem da mesma praça auditada, será indispensável um exame na social, o processo administrativo de consulta, em seu Art. 40, no
escrita destes, para constatar se a data do pagamento foi a mes- tocante à omissão de receita, dispõe o seguinte:

17 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm#:~:text=LEI%20
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Falta de Escrituração de Pagamentos Art. 300. Verificada a omissão de receita, a autoridade tribu-
Art. 40. A falta de escrituração de pagamentos efetuados pela tária determinará o valor do imposto sobre a renda e o valor do
pessoa jurídica, assim como a manutenção, no passivo, de obriga- adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação
ções cuja exigibilidade não seja comprovada, caracterizam, tam- a que estiver submetida a pessoa jurídica no período de apuração a
bém, omissão de receita. que corresponder a omissão.
Da mesma forma, de acordo com o Decreto nº 9.580, de 22
de novembro de 201818, que regulamenta a tributação, a fiscaliza-
ção, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e BAIXA FICTÍCIA DE TÍTULOS NÃO RECEBIDOS
Proventos de Qualquer Natureza, referente à omissão de receita,
têm-se que:
Saldo credor de caixa, falta de escrituração de pagamento,
Entende-se como passivo fictício aquele valor que figura no
manutenção no passivo de obrigações pagas e falta de compro-
passivo da empresa sem representar uma dívida efetiva, ou seja, é a
vação do passivo
existência nas contas do Passivo Exigível da empresa de obrigações
Art. 293 - Caracteriza-se como omissão no registro de receita, já satisfeitas, cuja liquidação não foi registrada na contabilidade19.
ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção,
Dois elementos distinguem o Passivo Fictício:
a ocorrência das seguintes hipóteses:
I - a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; a) a existência de irregularidade contábil, onde os saldos apre-
II - a falta de escrituração de pagamentos efetuados; ou sentados nas contas do passivo exigível, resultantes dos lançamen-
III - a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja tos a débito e a crédito no período, são superiores ao total das obri-
exigibilidade não seja comprovada. gações realmente pendentes de pagamento;
b) presunção de que esta irregularidade contábil resultou da
Suprimentos de caixa
omissão de receitas na contabilidade da empresa, as quais foram
Art. 294. Provada a omissão de receita, por indícios na escritu- utilizadas para liquidação de suas obrigações, geradoras do passivo
ração do contribuinte ou por outro elemento de prova, a autoridade fictício.
tributária poderá arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa
fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não
anônima, titular da empresa individual, ou por acionista controla-
O Passivo Fictício deve ser analisado sob dois
dor da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recur- aspectos distintos:
sos não forem comprovadamente demonstradas. O aspecto contábil, O aspecto fiscal,
Falta de emissão de nota fiscal que corresponde à de- que se baseia no pas-
Art. 295. Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, in- monstração de irregu- sivo sob o aspecto con-
cluídos os ganhos de capital, a falta de emissão de nota fiscal, reci- laridades contábeis pro- tábil, para caracterizar
bo ou documento equivalente, no momento da efetivação das ope-
vocadas por omissão de o fato como infração à
rações de venda de mercadorias, prestação de serviços, operações
de alienação de bens móveis, locação de bens móveis e imóveis ou receita. legislação tributária.
outras transações realizadas com bens ou serviços, e a sua emissão
Causas do passivo fictício
com valor inferior ao da operação.
Várias são as situações que geram o passivo fictício. Entre elas
Arbitramento da receita por indícios de omissão
citam-se:
Art. 296. Verificada a omissão de receita por meio de indícios,
• Sonegação de receitas de vendas a dinheiro;
a autoridade tributária poderá, para fins de determinação da base
• Omissão de escrituração do pagamento de obrigações, quan-
de cálculo sujeita à incidência do imposto sobre a renda, arbitrar
do não existe disponibilidade;
a receita do contribuinte, tomando por base as receitas, apuradas
• Escrituração de compras à vista como se a prazo fossem;
em procedimento fiscal, correspondentes ao movimento diário das
• Existência de suprimentos inconfessáveis de origem no “mer-
vendas, da prestação de serviços e de outras operações.
cado paralelo”, ou de empréstimos de sócios cuja origem não dese-
Levantamento quantitativo por espécie jam ou não podem explicar;
Art. 298. A omissão de receita poderá, também, ser determina- • Subfaturamento.
da a partir de levantamento por espécie de quantidade de matérias- O passivo de uma empresa consiste em obrigações pagáveis
-primas e produtos intermediários utilizados no processo produtivo em dinheiro, mercadorias ou serviços. Convém lembrar que estas
da pessoa jurídica. obrigações são geralmente provenientes da aquisição de um ativo,
Depósitos bancários de serviços, ou surgem de um prejuízo ou de despesas realizadas
Art. 299. Caracterizam-se também como omissão de receita os da empresa.
valores creditados em conta de depósito ou de investimento man- Certas deliberações estatutárias da empresa (tais como as re-
tida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, lacionadas com dividendos, participações da administração nos lu-
pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, por meio cros, etc.), acabam também por gerar a necessidade do registro de
de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados passivo.
nessas operações. De acordo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 197620,
Tratamento tributário que dispõe sobre as Sociedades por Ações:
N%C2%BA%209.430%2C%20DE%2027%20DE%20DEZEMBRO%20DE%20
1996.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20tri- 19 https://www.lcsantos.pro.br/wp-content/uploads/2020/10/Monoigra-
but%C3%A1ria,consulta%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.
fia_Especializacao17032014-104723.pdf
18 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/
D9580.htm 20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
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Passivo Exigível Sobras físicas
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamen- São os itens identificados fisicamente durante o inventário,
tos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão clas- mas que por algum motivo não foi localizado seu correspondente
sificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício contábil. Existem diversos motivos para uma sobra física, sendo um
seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em dos mais comuns problemas na contabilização (Aquisição / baixa).
prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179 Como esses itens não tem lastro contábil, não é possível “ativá-
desta Lei. -los”, sendo o procedimento correto apenas o controle físico desses
Art. 179 (....); bens.
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da Sobras contábeis
empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação As sobras contábeis são aqueles registros do imobilizado que
no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. constam na contabilidade, mas por algum motivo não existem ou
não foram localizados fisicamente.
Existem diversos motivos para sobras contábeis, sem os mais
COTEJAMENTO DE RECEBÍVEIS COM OS REGISTROS CON- comuns problemas de procedimentos, por exemplo bens baixados
TÁBEIS DE RECEITAS fisicamente, mas que não foram baixados contabilmente, furtos,
etc. Uma vez comprovado que esses bens não existem fisicamente,
o procedimento deve ser a baixa desses bens na contabilidade.
De forma geral, pode-se definir o cotejamento ou conciliação Correlação das informações obtidas
como o processo de comparação e verificação de lançamentos con-
A técnica de auditoria que representa o “cotejamento de infor-
tábeis com o objetivo de validação. No processo de regularização
mações obtidas de fontes independentes, autônomas e distintas,
contábil do ativo imobilizado é uma etapa fundamental que deve
no interior da própria organização” é a correlação das informações
ser realizada após a conclusão do inventário físico21.
obtidas. Essa técnica procura a consistência mútua entre diferentes
A conciliação tem como objetivo certificar que o saldo constan- amostras de evidência, como no caso apresentado na questão.
te no balanço realmente confere com a posição patrimonial física
Conciliação bancária
existente na companhia. O processo de regularização ou implanta-
ção do ativo imobilizado pode ser dividido em 3 etapas: A técnica da conciliação bancária é um procedimento: obriga-
tório, que pode ser efetuado a qualquer tempo e consiste em um
1) Inventário físico do imobilizado
cotejamento dos valores da conta banco conta movimento com o
O inventário físico consiste no processo de identificação dos extrato da conta bancária respectiva, podendo o ponto de partida
bens com as placas patrimoniais e coleta de dados (informações para a conciliação ser os registros da empresa ou os do banco.
físicas) do bem.
2. Cotejamento físico x contábil
É o processo de cruzamento da base física e contábil, cujo ob- AUDITORIA NO ATIVO NÃO CIRCULANTE
jetivo é “unir” essas bases. O grande objetivo final da etapa de con-
ciliação é ter uma base saneada (limpa) que represente a realidade
do imobilizado e com informações úteis para os usuários da conta-
bilidade, isto é, os registros do imobilizado devem ter informações Para auditar as contas do ativo não circulante, os auditores uti-
ricas, descrição completa, marca, modelo, número de série, dimen- lizam-se dos procedimentos citados no quadro abaixo22:
são, etc. e as informações contábeis que dão lastro ao registro. Procedimentos aplicados nas contas do ativo não circulante
3. Saneamento das sobras
Após o cotejamento, a última etapa do processo de regulariza-
ção é o saneamento das sobras físicas e contábeis, cujo objetivo é
minimizar essas sobras. No saneamento então podem ser adotadas
diferentes estratégias de acordo com as particularidades de cada
empresa.
https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/hand-
→ Reconstituição contábil le/11338/1652/TCC%20Leticia%20Flores%20de%20Miranda.pdf?-
Um dos pré-requisitos para a conciliação contábil é que a base sequence=1&isAllowed=y
tenha informações suficientes para a correta identificação do bem O quadro acima demonstra as principais áreas do ativo não cir-
e que também esteja analítica, ou seja, individualizada trazendo as culante e os respectivos procedimentos de auditoria que lhes são
informações contábeis e técnicas do ativo conforme documento de aplicados. Os investimentos são contas que trazem muito risco aos
origem. auditores, deste modo são aplicados procedimentos para verificar a
Quando a base contábil apresenta problemas, seja de deficiên- existência e propriedade dos investimentos, para exercer este pro-
cias de informações: descrições pobres, falta de informações de cesso geralmente são utilizados os seguintes procedimentos:
marca, modelo, etc. e/ou quando os lançamentos foram feitos de
forma agrupada (exemplo: equipamentos p/ informática, móveis e - inspeção física dos títulos dos principais valores dos investi-
utensílios para o escritório), é necessário a realização do trabalho mentos, bem como dos próprios bens e exames de entradas e bai-
de reconstituição contábil antes da etapa de cotejamento. xas dos investimentos;
O trabalho de reconstituição, consiste resumidamente na pes- - a confirmação sobre a custódia de títulos e também a
quisa das informações contábeis para a melhoria da descrição dos confirmação com terceiros;
registros e abertura de lançamentos para termos uma base contábil
analítica em conformidade com as leis e normas contábeis.
22 https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1652/TCC%20
21 (Adaptado de): https://www.afixcode.com.br/blog/cotejamento-contabil/ Leticia%20Flores%20de%20Miranda.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Editora
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AUDITORIA
- o recálculo para conferência dos cálculos de atualizações, Concluído o trabalho do inventário, as diferenças porventu-
equivalências patrimoniais e análise da adequação das provisões ra apuradas, se relevantes, devem ser propostas como ajustes no
para perdas conjuntamente com os procedimentos analíticos e in- balanço. Finalmente, o auditor deve apurar a razoabilidade do in-
dagação. ventário, considerando suas quantidades históricas, procurando
O ativo imobilizado representa uma parcela significativa dos identificar variações relevantes, principalmente no início e final do
ativos de uma empresa, deste modo são utilizados os seguintes exercício, aplicando, inclusive, o teste do lucro bruto e comparando-
procedimentos: -o com o de exercícios anteriores.
- inspeção de bens classificados como imobilizados da empre- Avaliação dos estoques
sa, procedimento este realizado para verificar se os bens registra- A avaliação dos estoques deve ser feita em consonância com
dos como ativos da empresa existem fisicamente. Também são o princípio do conservadorismo pelo preço de custo ou mercado,
examinados os documentos de entradas, transferências e baixas do dos dois o menor. Também vários critérios de avaliação podem ser
imobilizado; adotados, alguns sofrendo restrições do fisco por conduzir a resul-
- observação, utilizado para verificar se o imobilizado está ade- tados diferentes.
quadamente classificado e de acordo com as normas e princípios No entanto, uma vez definido, este deve ser uniforme no tem-
contábeis. Também são utilizados os procedimentos analíticos e a po para obedecer a princípio contábil da uniformidade e caso haja
indagação com o intuito de um melhor resultado na auditoria desta mudança de critério este deve ser objeto de avaliação e evidencia-
área contábil. do nas demonstrações através de nota explicativa.
Nas depreciações e amortizações onde o objetivo é verificar a Superavaliação de estoques - causas e efeitos
vida útil que foi estabelecida para cada classe de bem, se esta está A saída de mercadorias sem a respectiva emissão do docu-
adequada e consistente com o ano anterior e também verificar se mento fiscal, resultará naturalmente na falta dessas mercadorias
os métodos de depreciação estão de acordo com as normas e prin- quando do levantamento do Inventário físico no final do período.
cípios contábeis o procedimento utilizado é o recálculo, pois através Para regularizar esta situação a empresa inclui no livro registro de
deste procedimento são realizados os testes das depreciações bem Inventário as quantidades que deveriam constar fisicamente, supe-
como a conferência dos cálculos das depreciações e amortizações ravaliando desta forma os estoques.
acumuladas. Conjuntamente com os procedimentos analíticos e in- Esta prática ilícita só poderá ser detectada através de um le-
dagação. vantamento específico dessas mercadorias, antes que a empresa
Nos ativos intangíveis são verificados se os mesmos atendem regularize de fato esta falta, com a compra/entrada de mercadorias
os critérios de reconhecimento, deve-se também conferir os saldos da mesma espécie e quantidades, também desacompanhadas de
no início e finais de períodos junto com a amortização acumulada, documento fiscal.
conferir custos com as provas documentais, conferir valores baixa- A superavaliação também pode se dar, com o valor unitário das
dos, conferir cálculos de amortizações e verificar se foram testados mercadorias e/ou produtos, superior ao de aquisição. Outra forma
para sua recuperabilidade. Os procedimentos aplicados a está área de superavaliar os estoques, são erros propositais nos cálculos e
são: nos transportes de valores, ou simplesmente efetuar o registro con-
- inspeção dos documentos referentes aos custos incorridos no tábil a maior que o registro de inventário.
período; Neste caso, cabe ao auditor concentrar teste que busquem a
- recálculo dos cálculos de amortização no período, bem como identificação desta prática, tais como contagem física e inspeção de
a consistência em relação ao período anterior e a reconciliação do documentos fiscais, a fim de evitar fraudes ou erros através da su-
valor amortizado com a respectiva conta de resultado; peravaliação dos estoques.
- Indagação, realizado com os administradores referente a
classificação dos ativos em vida útil indefinida e a metodologia da
amortização. Juntamente com os procedimentos analíticos. AUDITORIA NO ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO. IDEN-
TIFICAÇÃO DE ORIGENS DE RECURSOS FICTÍCIAS

SUPERAVALIAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS CUSTOS DE ESTO-


QUE Procedimentos e Testes de Auditoria – Ativo não Circulante
No grupo do não circulante estão as contas em que os prazos
são superiores ao ano, tanto de recebimento como as de pagamen-
Auditoria dos estoques to. Aquelas contas que superam o exercício seguinte, considerando
Entre os procedimentos de auditoria nos estoques destaca-se a data de fechamento do balanço24.
a realização do inventário físico, acompanhado pessoalmente pelo Para o grupo do ativo não circulante têm-se:
auditor, verificando se os itens contados foram incluídos no inven- ▪Realizável a Longo Prazo;
tário, sua avaliação e conferência de cálculos, observando o “corte” ▪ Investimentos;
que é o momento em que os registros contábeis, os registros auxi- ▪ Intangível;
liares e os documentos com eles relacionados, refletem o levanta- ▪ Imobilizado.
mento do inventário porque um item pode ser incluído ou excluído Em conformidade com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
a depender deste momento. 197625, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, referente ao ati-
Muitas vezes, o inventário é realizado antes da data do balan- vo:
ço e, neste caso, avulta a importância dos controles internos, pois,
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
posteriormente, só será feita uma avaliação da razoabilidade dos
valores constantes no balanço, a partir da contagem efetuada e da
confiança que mereçam os controles internos23. 24 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/
Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf

23 https://periodicos.ufsm.br/contabilidade/article/download/5810/3426. 25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
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339
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AUDITORIA
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis Em conformidade com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
no curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos 197627, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, referente ao ba-
em despesas do exercício seguinte; lanço patrimonial:
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após Grupo de Contas
o término do exercício seguinte, assim como os derivados de ven-
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os
das, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou con-
elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a
troladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro
facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da com-
da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração
panhia.
do objeto da companhia;
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente
III - em investimentos: as participações permanentes em outras
de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes
sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no
grupos:
ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade
I – ativo circulante;
da companhia ou da empresa;
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto
prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da com-
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes
panhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive
grupos:
os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefí-
I – passivo circulante;
cios, riscos e controle desses bens;
II – passivo não circulante;
V – (Revogado);
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incor-
capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações
póreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com
em tesouraria e prejuízos acumulados.
essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver
Realizável a Longo Prazo direito de compensar serão classificados separadamente.
O ativo realizável a longo prazo compreende os valores a rece-
ber que ultrapassam o exercício social seguinte à data do balanço.
Sua composição pode abranger diversas contas, desde emprésti- AUDITORIA NO ATIVO IMOBILIZADO. ATIVOS OCULTOS
mos até tributos a compensar.
Ativo fictício
O ativo fictício abriga os direitos e bens inexistentes, a partir Ativo Imobilizado
da manipulação deliberada por parte dos responsáveis da empresa, Ativo imobilizado é um bem tangível que se destina à manu-
ou pessoa jurídica. Por exemplo, pode-se mencionar um valor no tenção da atividade operacional e administrativa da empresa e que
caixa ou no banco que não existe, configurando como ocultação de pode ser utilizado por mais de um período28.
receitas que tenham sido desviadas para outro destino. A auditoria do imobilizado tem o objetivo verificar a existência
Em outras palavras, utilizar uma conta de que seja de ativo fic- física e a permanência em uso, se é de propriedade da empresa, a
tício é uma maneira legítima de manter despesas não vinculadas aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade, se os bens
até que elas possam ser processadas. Porém, essa situação torna-se do imobilizados foram depreciados corretamente, verificar a exis-
ilegal quando as empresas criam uma conta para realizar fraudes ou tência de imobilizado penhorado ou em garantia, e se estão classifi-
falsificar o seu balanço patrimonial. cados corretamente no balanço patrimonial.
Ativos Ocultos
Ao contrário do ativo fictício, que não existe, mas é elencado
AUDITORIA EM INVESTIMENTOS no Balanço Patrimonial, o ativo oculto existe, mas não é declarado.
Geralmente é referente a atividades ilícitas, que não podem ser ex-
plicitadas.
Investimentos Devido à complexidade da legislação fiscal no Brasil, os ativos
Neste grupo são registrados os investimentos efetuados pela ocultos correspondem à “verdadeiras fontes de dinheiro”, escondi-
empresa em participações permanentes de outras empresas, como das na contabilidade, decorrentes de créditos tributários gerados
os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circu- por:
lante, e que não se destinem à manutenção da atividade da em- – interpretações equivocadas das normas em vigor (ou mesmo
presa26. aplicação de normas “antigas”);
Os valores da conta investimento são classificados em dois – disposições regulamentares de impostos duvidosas (que dei-
grandes grupos: xam margem a diversas interpretações) e contra as normas consti-
• Os valores avaliados pelo método de equivalência patrimonial tucionais pertinentes;
(MEP) – neste grupo são relacionados os investimentos em coliga- – ênfase no “recolher” e não no “planejar” e “economizar”
das ou controladas e em outras sociedades que façam parte de um (sempre dentro dos limites legais);
mesmo grupo ou estejam sob controle comum; – excesso de burocracia, normas, empecilhos à compensação,
• Os valores avaliados pelo valor de custo – neste grupo são interpretações equivocadas do fisco sobre direitos legítimos do
registradas todas as demais participações em entidades que não contribuinte, etc.
sejam controladas ou coligadas.

27 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm

26 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/ 28 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/
Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf
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AUDITORIA
• For identificável e separável, ou seja, puder ser separado da
ALIENAÇÃO FICTÍCIA DE BENS entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado,
seja individualmente ou em conjunto com um contrato, ativo ou
passivo relacionado.
Existem artifícios utilizados para esconder omissões de recei- A contabilização de ativo intangível baseia-se na sua vida útil,
tas/saldo credor de caixa. Tais artifícios são meios ilegais que “ma- que pode ser definida ou indefinida. Um ativo de vida útil definida
quiam” a contabilidade a fim de evitar o saldo credor de caixa, que deve ser amortizado, enquanto um ativo com vida útil indefinida
constitui presunção legal relativa de omissão de receitas. São eles: não deve ser amortizado.
Muitos fatores são considerados na determinação da vida útil
→ Passivos fictícios; de ativo intangível, inclusive:
→ Falta de escrituração de pagamentos;
→ Injeção simulada de dinheiro na conta caixa por meio de su- a) A utilização prevista de um ativo pela entidade e se o ativo
primentos de caixa não comprovados. pode ser gerenciado eficientemente por outra equipe de adminis-
tração.
Nesta esfera, uma das formas da injeção simulada de dinheiro b) Os ciclos de vida típicos dos produtos do ativo e as informa-
na conta caixa por meio de suprimentos de caixa não comprovados ções públicas sobre estimativas de vida útil de ativos semelhantes,
é a venda não comprovada de imobilizados, ou seja, a alienação utilizados de maneira semelhante.
fictícia de bens, que, por consequência, gera um ativo oculto. c) Obsolescência técnica, tecnológica, comercial ou de outro
A alienação fictícia do imobilizado é uma espécie de “técnica” tipo.
utilizada por empresas para a prática da fraude fiscal. Com a venda d) A estabilidade do setor em que o ativo opera e as mudanças
“forjada”, o bem não pertenceria mais à empresa. Não aparecerá na demanda de mercado para produtos ou serviços gerados pelo
(ou não deverá aparecer) em seu inventário. ativo.
O Auditor, possivelmente, se deparará com documentos que e) Medidas esperadas da concorrência ou de potenciais con-
atestariam a venda. Porém, fisicamente, o bem continuaria no es- correntes.
tabelecimento do contribuinte, sob sua posse, sendo utilizado nor- f) O nível de gastos de manutenção requerido para obter os
malmente no processo produtivo da empresa. Se com fins fiscais, o benefícios econômicos futuros do ativo e a capacidade e intenção
artifício será usado para “alimentar” o Caixa, “camuflando” even- da entidade para atingir tal nível.
tual saldo credor. g) O período de controle sobre os ativos e os limites legais ou
Assim, o que ocorre é a transferência da posse indireta. A posse similares para a sua utilização, tais como datas de vencimentos dos
direta permanece. Pois quando há a celebração da alienação fidu- arrendamentos/locações relacionados.
ciária, a alienação é fictícia, somente da posse indireta da proprie- h) Se a vida útil do ativo depende da vida útil de outros ativos
dade. A partir do momento que você transfere a propriedade do da entidade.
bem ao credor fiduciário, ocorre a fragmentação da posse. A posse
até então, plena, vai tornar-se, apenas, uma posse direta, em razão De acordo com a NBC TG 04 (R4) – Ativo intangível30, a defini-
do contrato. ção de ativo intangível requer que ele seja identificável, para dife-
Seria então, uma condição resolutiva porque a propriedade do renciá-lo do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura
credor fiduciário é na verdade uma propriedade resolúvel, pois uma (goodwill).
vez operando-se o pagamento de todas as parcelas, a propriedade O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goo-
vai se resolver. Mesmo que todas as parcelas não sejam pagas, a dwill) reconhecido em uma combinação de negócios é um ativo
propriedade também vai se resolver, pois é vedado ele adjudicar que representa benefícios econômicos futuros gerados por outros
o bem. ativos adquiridos em uma combinação de negócios, que não são
O credor fiduciário está sempre obrigado ou a restituir a pro- identificados individualmente e reconhecidos separadamente. Tais
priedade ao devedor, caso ele pague todas as parcelas ou alienar benefícios econômicos futuros podem advir da sinergia entre os
extrajudicialmente o bem na hipótese de inadimplemento da obri- ativos identificáveis adquiridos ou de ativos que, individualmente,
gação principal. O que não pode é ele permanecer com o bem. não se qualificam para reconhecimento em separado nas demons-
trações contábeis.
Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de defi-
AUDITORIA NO ATIVO INTANGÍVEL nição de um ativo intangível, quando:
(a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e
vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individual-
Intangível mente ou junto com um contrato, ativo ou passivo relacionado, in-
dependente da intenção de uso pela entidade;
Os ativos intangíveis são bens não monetários incorpóreos ad- (b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, in-
quiridos ou gerados internamente e destinados à manutenção da dependentemente de tais direitos serem transferíveis ou separáveis
entidade ou exercidos com essa finalidade29. da entidade ou de outros direitos e obrigações.
O reconhecimento desta conta no balanço patrimonial deve ser
feito inicialmente pelo seu valor de custo, além de ter obrigatória e
concomitantemente as seguintes características:
• For provável que os benefícios econômicos futuros esperados
atribuíveis ao ativo sejam gerados em favor da entidade.
• O custo do ativo puder ser mensurado com segurança.

29 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/
Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf 30 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG04(R4).pdf
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AUDITORIA
O Código Civil em seu artigo 1.179 também obriga as empre-
AUDITORIA NO PASSIVO CIRCULANTE sas a terem seus fatos registrados. A falta de registro contábil pode
acarretar:
1- Impossibilidade de utilizar a informação para defesa de pro-
Procedimentos e Testes de Auditoria – Passivo Circulante cessos tributários.
2- Impossibilidade de distribuir Lucro Isentos acima da Presun-
O passivo representa os recursos de terceiros aplicados na em- ção.
presa e, consequentemente, as obrigações da empresa para com 3- Impossibilidade de analisar o desempenho da empresa con-
esses terceiros31. siderando a competência, visão que muitas vezes o Fluxo de Caixa
As obrigações podem ser classificadas em: não permitirá.
• Passivo Circulante: obrigações com prazo de vencimento até 4- Não possibilitará o requerimento de recuperação judicial da
o final do próximo exercício social. empresa, já que ele é imprescindível conforme a Lei nº 11.101/2005.
• Exigível a longo prazo: obrigações com prazo de vencimento Dado que os passivos de modo geral são obrigações exigíveis,
após o final do próximo exercício social. ou seja, transações passadas e reclamadas em uma data futura para
Passivo Circulante – Fornecedores a empresa. Esse item faz parte de todo balanço patrimonial de uma
Nesta conta são registradas as obrigações da empresa junto companhia.
aos seus fornecedores. Os principais objetivos da auditoria da conta Assim, como o passivo circulante é aquele que é exigível a curto
fornecedores são verificar se seus valores são efetivamente devidos prazo, ou segundo a contabilidade, são contas a serem liquidadas
e se estão corretamente avaliados e registrados. no exercício social seguinte, tem-se que os passivos não circulantes
Os papéis de trabalho mínimos a serem realizados são: são obrigações que devem ser liquidadas num prazo superior a 12
meses.
• Inicial com saldo do balanço patrimonial; A importância de se avaliar os passivos de curto prazo de uma
• Composição do saldo com os respectivos vencimentos; empresa é bastante grande, principalmente aqueles passivos liga-
• Seleção aleatória dos fornecedores que serão testados. dos ao endividamento de uma companhia.
Os principais procedimentos de auditoria realizados nesta con- Historicamente, o dinheiro de curto prazo tem sido mais barato
ta são: Circularização de fornecedores e Teste de liquidação subse- do que o de longo prazo. Desse modo, é muito comum ocorrer de
quente. algumas empresas quitarem suas dívidas antigas e próximas a ven-
Passivo Circulante – Salários e Encargos a Pagar cer apenas com mais dívidas de curto prazo.
Representa o valor de salários e encargos incidentes sobre a fo- No entanto, além do perigo do aumento das taxas de juros, a
lha. Além dos valores descontados mensalmente dos funcionários, empresa pode se deparar com credores muito mais resistentes a
a empresa tem obrigações mensais, que são recolhidas aos cofres conceder empréstimos, fato que pode colocar a organização numa
públicos. espiral bastante negativa de liquidez. Ou seja, em toda análise de in-
Os papéis de trabalho elaborados são: vestimentos é imprescindível que o investidor tenha em mente que
• Inicial com o saldo do balanço patrimonial. toda companhia precisa de algum grau de liquidez para manter-se
• Composição mensal dos valores relativos à folha de paga- “viva” no mercado, e um dos componentes que podem servir para
mento. essa análise é a observância do passivo circulante dessa empresa e
Passivo Circulante – impostos a recolher colocá-lo em comparação com os ativos circulantes.
Como toda e qualquer conta que tenha o vencimento de até
Esta conta refere-se aos tributos devidos pela empresa que não 12 meses pode se classificar como passivo circulante, a variedade
se relacionam diretamente com a folha de pagamento. É constituí- de contas que podem ser classificadas como passivos circulantes é
da pelas seguintes contas: Imposto de Renda, Contribuição Social extensa.
sobre Lucro Líquido, Contribuição para o Financiamento da Seguri- A chave para entender quais obrigações financeiras do ciclo
dade Social, Programa de Integração Social, Imposto sobre Circula- operacional da empresa fazem parte da categoria ou não, é manter
ção de Mercadorias e Serviços. um registro organizado dos movimentos de recursos. De preferên-
Passivo Circulante – Empréstimos cia, com o auxílio de um programa de gestão financeira.
Esta conta abrange as obrigações da empresa junto à institui- É comum que ocorram empréstimos entre sócios,
ção financeira. Pode ser classificada em passivo circulante ou não principalmente para promover ações de expansão e crescimento
circulante. na empresa. Assim como um pagamento para as instituições finan-
A averiguação é feita pelo exame dos contratos e títulos repre- ceiras ou fornecedores, é preciso contabilizar o crédito que deve ser
sentativos das dívidas, investigação e confirmação por meio de cir- pago ao sócio ou acionista que contribuiu de alguma forma.
cularização de bancos. Tudo depende do acordo entre ambas as partes para realizar
o pagamento. Antes de firmar o acordo, é importante consultar os
relatórios financeiros e descobrir quanto a empresa pode dispo-
FALTA DE REGISTRO CONTÁBIL DOS PASSIVOS DE CURTO nibilizar para pagar a conta sem comprometer outras obrigações
PRAZO financeiras.
Geralmente, o pagamento é dividido em parcelas, uma moda-
lidade que cabe dentro do prazo de passivo circulante e pode ser
Os registros contábeis antecedem o balanço patrimonial, con-
incluída no relatório.
sistindo em todas as alterações e movimentações envolvendo os
bens, direitos e obrigações da empresa. Este registro é obrigatório
segundo as normas do CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e
aplicado sobre qualquer tipo de empresa.
31 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/
Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf
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AUDITORIA
Em ambas situações se está, portanto, face a presunções re-
PASSIVOS FICTÍCIOS lativas que são suscetíveis de elisão, isto é, oposição de provas e
argumentos que modificam a conclusão sobre os fatos. E assim o é
pois, muitas vezes, a constatação de Passivo Fictício não decorre de
uma efetiva omissão de receita, mas de mero lapso contábil.
Referente à omissão de receitas, O saldo credor de caixa (cai- Efetivamente, imagine-se a hipótese em que um pagamento
xa negativo) é indício lógico de falta de escrituração de receitas. A não foi escriturado no momento oportuno por equívoco contábil,
falta do registro de custos, despesas, pagamentos pela aquisição constituindo, pois, o crédito na conta passiva não baixado um Pas-
de bens permanentes ou de direitos de qualquer natureza, admite sivo Fictício. Contudo, em análise à conta Caixa, por exemplo, verifi-
a presunção de omissão de receitas, pois a ausência do registro faz ca-se que esta dispunha, à época do pagamento, de saldo suficiente
pressupor que este foi efetuado com dinheiro à margem da conta- para absorver um creditamento respectivo ao pagamento não es-
bilidade32. criturado. Observa-se, também, que a ausência de lançamento da
O passivo fictício tem seu fundamento na seguinte lógica: pa- quitação foi devidamente retificada em momento posterior, antes
gam-se, por exemplo, duplicatas a fornecedores com dinheiro do de iniciada qualquer fiscalização fazendária.
“caixa dois”. Como não há saldo de caixa (contábil) suficiente, não Tem-se, por conseguinte, situação em que a lógica da presun-
se procede a baixa porque ocorreria o “estouro do caixa” contábil ção da omissão de receita, saldo insuficiente na conta ativa originá-
(saldo credor de caixa). Desta forma, mantém-se o passivo penden- ria para contabilização do pagamento, não se sustenta, porquanto a
te de registro, embora pago, baixando-o quando o caixa contábil ausência de escrituração do pagamento não implicaria saldo credor
apresenta condições. de Caixa, a indicar que as receitas estão sendo devidamente escri-
A forma de identificar o passivo fictício mais comumente en- turadas.
contrado nas empresas é comparar o saldo da conta fornecedores, Em verdade, cabe ao próprio Auditor Fiscal, quando da fisca-
existente na data do balanço, com as duplicatas representativas lização, reunir elementos indiciários que corroborem a presunção
deste saldo. Pela análise da data da quitação verifica-se a ocorrên- de omissão de receita decorrente de Passivo Fictício, tal qual a per-
cia ou não de passivo fictício, ou seja, as duplicatas quitadas antes quirição acerca do saldo da conta ativa na data dos pagamentos
do balanço, ainda pendentes contabilmente, representam passivo não escriturados e a existência de retificação posterior, a fim de não
fictício. proceder a glosas indevidas.

IDENTIFICAÇÃO DE PASSIVOS JÁ PAGOS E NÃO BAIXADOS  AUDITORIA NO PASSIVO NÃO CIRCULANTE

A existência de Passivo Fictício na contabilidade pode ter duas Procedimentos e Testes de Auditoria – Passivo não Circulante
origens possíveis33: O passivo não circulante retrata o passível exigível total, deno-
(I) a manutenção no passivo de obrigações já pagas; minado também capital de terceiros, utilizado pela empresa, e o
(II) a manutenção no passivo de obrigações cuja exigibilidade patrimônio líquido representa o capital próprio não exigível34.
não seja comprovada. Ao verificar o grupo do passivo não circulante, os objetivos do
Em termos contábeis, a primeira hipótese significa a ausência auditor são:
ou intempestividade da escrituração do pagamento de obrigação, • Verificar se existe controle interno satisfatório sobre o não
ou seja, dos consequentes lançamentos a débito na conta passiva circulante;
respectiva e a crédito na conta ativa originária dos recursos. Já a se- • Determinar a razoabilidade e a propriedade do passivo re-
gunda hipótese decorre de lançamentos a crédito em conta passiva gistrado;
sem que haja lastro probatório da existência da obrigação. • Certificar-se de que todo o passivo foi registrado, ou seja, de
A constatação de qualquer uma dessas situações implica a que não há item algum do passivo sem registro;
presunção de omissão de receita, nos termos do art. 40 da Lei nº • Determinar se os registros do passivo são corretamente apre-
9.430/96. Em virtude disso, enseja que a autoridade fiscal lance sentados nas demonstrações financeiras.
suplementarmente tributos cuja base de cálculo seja diretamente → Financiamento
influenciada pela receita, tais quais IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Esta conta não comporta obrigações a pagar com vencimento
A lógica do legislador no primeiro caso, isto é, a manutenção após o ano seguinte. Desta forma, na data do balanço a empresa
no passivo de obrigações já pagas, é a de que a quitação não foi es- deverá avaliar as obrigações e reclassificá-las de acordo com os ven-
criturada, ou o foi a destempo, pois o correspondente lançamento cimentos.
a crédito na conta ativa originária dos recursos utilizados no paga- O objetivo deste programa é determinar que:
mento já implicaria saldo credor nesta conta, a indicar omissão de
receita. Este saldo credor resultaria, justamente, da não contabiliza- • As obrigações foram devidamente autorizadas e apropriada-
ção das receitas com que a obrigação foi quitada. mente classificadas e descritas nas demonstrações contábeis;
No segundo caso, o legislador presumiu que a escrituração in- • Passivos são registrados corretamente;
devida de uma obrigação (crédito em uma conta passiva) se deu • Os respectivos encargos são contabilizados de acordo com os
com o fito de justificar acréscimos no patrimônio do contribuinte Princípios Fundamentais de Contabilidade;
cujo custo, na verdade, foi arcado com receitas mantidas à margem • A contabilização dos encargos é consistentemente efetuada;
da escrituração. • As demonstrações financeiras incluem informações adequa-
das sobre cláusulas restritivas, em encargos, ativos caucionados.
32 http://www.portaldeauditoria.com.br/tematica/audtrib_omissaoderecei-
→ Provisão para Contingências
ta.htm

33 https://portalcontabilsc.com.br/artigos/passivo-ficticio-e-presuncao-de- 34 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/
-omissao-de-receita/ Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf
Editora
343
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AUDITORIA
Contingência é uma condição ou situação cujo resultado final, AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL SEM COMPROVAÇÃO
favorável ou desfavorável, depende de eventos futuros incertos. De QUANTO À EFETIVA ENTREGA DOS RECURSOS FINANCEI-
acordo com as normas, o auditor deve considerar os procedimentos ROS
mínimos para a realização de um exame, para identificar passivos
não registrados e contingências ativas ou passivas relacionadas a
litígios, pedidos de indenização ou questões tributárias, e assegu- Capital Social
rar-se da adequada contabilização e/ou divulgação nas Demonstra- O Capital Social representa a participação dos sócios na for-
ções Contábeis examinadas. mação do patrimônio da empresa. Este abrange não só as parcelas
entregues pelos acionistas como também os valores obtidos pela
sociedade e que, por decisão dos proprietários, se incorporam ao
AUDITORIA NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social, representando uma espécie de renúncia a sua distri-
buição na forma de dinheiro ou de outros bens37.
Corresponde à parte do Patrimônio Líquido formada por ações
Procedimentos e Testes de Auditoria – Patrimônio Líquido subscritas na constituição ou no aumento do capital de uma socie-
dade anônima. De acordo com o art. 182 da Lei n° 6.404/76, a conta
O Patrimônio Líquido é um grupo do balanço patrimonial que
do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução,
reflete a riqueza dos acionistas quando positiva, através da diferen-
a parcela ainda não realizada.
ça entre ativo circulante mais o não circulante e o passivo circulante
somado ao não circulante (PL= (AC + AnC) – (PC + PnC)35. Capital Autorizado
A auditoria do patrimônio líquido tem o objetivo de verificar Denomina-se capital autorizado o limite, estabelecido em valor
se as ações ou títulos de propriedade do capital social foram ade- ou número de ações, até o qual o Estatuto da sociedade anônima
quadamente emitidos, se as normas descritas nos estatutos sociais autoriza os órgãos de administração a promoverem aumento de ca-
foram cumpridas; se foram aplicados os princípios fundamentais de pital da companhia, independentemente de reforma estatutária ou
contabilidade, e se o patrimônio líquido está classificado correta- de assembleia de acionistas.
mente no balanço patrimonial. É restrito às sociedades anônimas, e trata-se de uma autoriza-
De acordo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 197636, ção prévia do Estatuto, para futuros aumentos de capital.
que dispõe sobre as Sociedades por Ações: Sendo o capital autorizado apenas uma autorização para que,
Patrimônio Líquido no futuro, alguém possa aumentar o capital social da companhia
(sem o cumprimento de maiores formalidades), não há que se re-
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
gistrar, no patrimônio, qualquer valor a título de capital autorizado.
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
Em outras palavras, a autorização de capital é um mero ato e não
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que
um fato contábil, portanto não cabe lançamento ou qualquer regis-
registrarem:
tro dele em contas contábeis, até o momento do efetivo aumento
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor
de capital, quando o capital não será mais autorizado, porém subs-
nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nomi-
crito.
nal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital
De acordo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 197638,
social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou
que dispõe sobre as Sociedades por Ações:
partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de Capital Autorizado
subscrição; Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do
c) (revogada); capital social independentemente de reforma estatutária.
d) (revogada). § 1º A autorização deverá especificar:
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número de
da correção monetária do capital realizado, enquanto não- ações, e as espécies e classes das ações que poderão ser emitidas;
capitalizado. b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões, que
§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, poderá ser a assembleia-geral ou o conselho de administração;
enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões;
ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou dimi- d) os casos ou as condições em que os acionistas terão direito
nuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em de preferência para subscrição, ou de inexistência desse direito (ar-
decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta tigo 172).
Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, § 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do capital
com base na competência conferida pelo § 3º do art. 177 desta Lei. social, será anualmente corrigido pela assembleia-geral ordinária,
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas com base nos mesmos índices adotados na correção do capital so-
constituídas pela apropriação de lucros da companhia. cial.
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço § 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite
como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assem-
origem dos recursos aplicados na sua aquisição. bleia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus administra-
dores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à
companhia ou a sociedade sob seu controle.

35 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/ 37 https://s3.amazonaws.com/ead_casa/ead_casa/Aula/9137-patrimonio-
Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf -liquido-fernando-aprato.pdf

36 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm 38 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
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AUDITORIA
Capital Subscrito O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências e
É o Capital que os sócios se comprometeram a integralizar de de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social; atingido
uma só vez ou em parcelas nas condições pactuadas no contrato esse limite, a assembleia deliberará sobre a aplicação do excesso na
social (Ltda.) ou estatuto (S/A). Na ocorrência do fato subscrição de integralização ou no aumento do capital social, ou na distribuição
capital, surge um direito no patrimônio da empresa (de exigir que de dividendos.
os sócios cumpram o que foi prometido - entregar o capital subs- Diferença entre Reservas e Provisões
crito). As provisões representam expectativas de perdas de ativos (an-
Trata-se de um compromisso irrevogável dos sócios para com a tigamente) ou estimativas de valores a desembolsar que, apesar de
sociedade, que pode ser exigido legalmente. financeiramente ainda não efetivadas, derivam de fatos geradores
Capital à Subscrever contábeis já ocorridos. A partir do momento que essas perdas de
É a diferença entre o Capital autorizado pela assembleia e ativos ou obrigações (antigamente) se tornam totalmente definidas,
aquele já subscrito pelos sócios. Refere-se à parcela do Capital para deixam de ser consideradas como provisões, como por exemplo: a
a qual ainda não existe sócio definido para realizá-lo. provisão para férias se transforma em salários a pagar, a provisão
para Imposto de Renda passa a ser Impostos de Renda a pagar.
Capital Integralizado ou Realizado
Por outro lado, as reservas representam a diferença entre o pa-
É o mesmo que capital realizado, isto é, a diferença entre o trimônio líquido e o capital, sendo resultantes de valores entregues
Capital Subscrito e o Capital a Integralizar. Corresponde às ações pelos titulares do capital que não representam aumento de capital,
subscritas e realizadas pelos acionistas ou quaisquer outros bens ou representam acréscimos de valor de elementos do ativo, ou ain-
suscetíveis de avaliação em dinheiro. da se originam de lucros não distribuídos aos sócios ou acionistas.
Assim, na realização do capital subscrito, surge no patrimônio
Classificação
da empresa um recurso (dinheiro ou outro, entregue pelos sócios)
e, também, desaparece do patrimônio da empresa o direito de exi- Pela Lei das S/A, classificam-se como reservas de lucros:
gir que os sócios o entreguem (capital a realizar). a) Reserva Legal
No caso de sociedades anônimas, a realização de capital deve A reserva legal deverá ser constituída mediante destinação de
ocorrer, no mínimo, em 10% do capital subscrito, em dinheiro, na 5% (cinco por cento) do lucro líquido do exercício, antes de qual-
data da subscrição, conforme art. 80 da Lei das S/A. Vejamos: quer outra destinação. Esta reserva será constituída, obrigatoria-
Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento mente, pela companhia, até que seu valor atinja 20% do capital
dos seguintes requisitos preliminares: social realizado, quando então deixará de ser acrescida.
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as A critério da companhia, a reserva legal poderá deixar de rece-
ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; ber créditos, quando o saldo desta reserva, somado ao montante
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no míni- das reservas de capital (exceto a reserva de correção monetária do
mo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; capital realizado), atingir 30% do capital social.
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabeleci- A finalidade da reserva legal é assegurar a integralidade do ca-
mento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, pital social, sendo permitida a sua utilização exclusivamente para
da parte do capital realizado em dinheiro. absorção de prejuízos, cuja compensação ocorrerá obrigatoriamen-
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às com- te quando houver saldo de prejuízos, após terem sido absorvidos os
panhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do saldos de lucros acumulados e das demais reservas de lucros.
capital social. b) Reserva Estatutária
Capital à Integralizar ou à Realizar As reservas estatutárias são constituídas por determinação do
É o mesmo que Capital a Realizar ou Não Realizado, isto é, a estatuto da companhia, como destinação de uma parcela dos lu-
parcela do capital já subscrita e ainda não entregue à sociedade cros do exercício, e não podem restringir o pagamento do dividendo
pelos sócios. obrigatório.
Adiantamento para futuro aumento de capital O estatuto poderá criar as reservas desde que, para cada uma:
De acordo com a Resolução CFC n° 1.159 de 13/02/2009, os 1 - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
adiantamentos para futuros aumentos de capital realizados, sem 2 - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros
que haja a possibilidade de sua devolução, devem ser registrados líquidos que serão destinados à sua constituição;
no Patrimônio Líquido, após a conta de capital social. Caso haja 3 - estabeleça o limite máximo da reserva.
qualquer possibilidade de sua devolução, devem ser registrados no c) Reserva para Contingências
Passivo Não Circulante. De acordo com o artigo 195 da Lei nº 6.404/76, a assembleia
geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar
parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de
CONTABILIZAÇÃO DE RESERVAS compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorren-
te de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. Nesse
caso, a proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa
Reservas de Lucros da perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a re-
As reservas de lucros são as contas de reservas constituídas comendem, a constituição da reserva.
pela apropriação de lucros da companhia, conforme previsto no § No exercício em que ocorrer a perda efetivamente, ou deixa-
4º do art. 182 da Lei nº 6.404/76, para atender a várias finalidades, rem de existir as razões que justificaram a sua constituição, efetua-
sendo sua constituição efetivada por disposição da lei ou por pro- -se a reversão da Reserva para Contingências anteriormente consti-
posta dos órgãos da administração39. tuída para a conta de Lucros Acumulados.
d) Reserva de Lucros a Realizar
39 ALVES, Cláudio. Contabilidade Geral – Balanço Patrimonial: Reservas
de Capital e Reservas de Lucros.
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No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, troca do cumprimento passado ou futuro de certas condições rela-
calculado nos termos do estatuto ou do art. 202 da Lei das S/A, cionadas às atividades operacionais da entidade. Não são subven-
ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a as- ções governamentais aquelas que não podem ser razoavelmente
sembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, quantificadas em dinheiro e as transações com o governo que não
destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar. podem ser distinguidas das transações comerciais normais da en-
Desta forma, à opção da companhia, poderá ser constituída a tidade.
reserva de lucros a realizar, mediante destinação dos lucros do exer- Uma subvenção governamental deve ser reconhecida como
cício, cujo objetivo é evidenciar a parcela de lucros ainda não rea- receita ao longo do período e confrontada com as despesas que
lizada financeiramente, apesar de reconhecida contabilmente, pela pretende compensar, em base sistemática, desde que atendidas as
empresa. Esta situação pode ocorrer em decorrência, por exemplo, condições desta Norma. A subvenção governamental não pode ser
de lucro em vendas a prazo cuja realização financeira ocorrerá após creditada diretamente no patrimônio líquido.
o término do exercício seguinte. Subvenções relacionadas a ativos são subvenções governa-
Desta forma, evita-se distribuir dividendo obrigatório sobre mentais cuja condição principal para que a entidade se qualifique é
essa parcela de lucros que, apesar de existente, não está realizada a de que ela compre, construa ou de outra forma adquira ativos de
financeiramente no caixa da empresa. Tais valores, à medida da sua longo prazo. Também podem ser incluídas condições acessórias que
realização financeira, devem ser transferidos para lucros ou prejuí- restrinjam o tipo ou a localização dos ativos, ou os períodos durante
zos acumulados, entrarão no cômputo para cálculo dos dividendos. os quais devem ser adquiridos ou mantidos.
e) Reserva de Lucros para Expansão Subvenções relacionadas a resultado são as outras subvenções
Para atender a projetos de investimento e expansão, a compa- governamentais que não aquelas relacionadas a ativos.
nhia poderá reter parte dos lucros do exercício. Essa retenção de-
verá estar justificada com o respectivo orçamento de capital apro-
vado pela assembleia geral. O orçamento, submetido pelos órgãos AUDITORIA EM CONTAS DE RESULTADO
da administração com justificação da retenção de lucros proposta,
deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de
capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) Procedimentos de Auditoria – Contas de Resultado
exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto Na área de resultado, o auditor utiliza alguns procedimentos
de investimento. básicos, divididos nos seguintes tópicos42:
Com o advento da Lei nº 11.638/2007, foi extinta a nomencla-
tura “Lucros Acumulados”, assim esta conta deverá ser composta 1. Análise das contas que se revelam no balanço patrimonial e
apenas pelo saldo dos prejuízos acumulados apurados, após as no resultado;
compensações com as reservas citadas. 2. Estudo e exame do controle interno;
3. Teste de procedimentos;
f) Reserva de Incentivos Fiscais 4. Análise, verificação e estudo das contas de resultado.
A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de admi- O processo de auditar as contas de resultado tem como finali-
nistração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do dade verificar se:
lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamen-
tais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo ▪ As receitas e despesas foram atribuídas conforme os Princí-
do dividendo obrigatório, tendo como base legal, o artigo 195-A da pios Fundamentais de Contabilidade, afincados em relação ao exer-
Lei nº 6.404/76. cício anterior;
▪ As despesas e receitas antecipadas ou diferidas estão expos-
tas de maneira correta em contas patrimoniais;
▪ As notas explicativas informam os principais critérios adota-
SUBVENÇÕES
dos em relação à apropriação das receitas e despesas;
▪ Apropriação das despesas correspondentes às receitas rea-
lizadas no período, analisando o comportamento das receitas e
Subvenção é um auxílio pecuniário, em geral concedido pelo despesas (revisão analítica), procurando identificar variações que
poder público. É uma modalidade de transferência de recursos fi- lhe parecem anormais e que mereçam um exame minucioso dos
nanceiros públicos para instituições privadas e públicas, de caráter documentos.
assistencial, sem fins lucrativos, com o objetivo de cobrir despesas
de seus custeios.
Existem diversos tipos de subvenção governamental. Merecem REGISTRO DE RECEITAS E DESPESAS
destaque os incentivos fiscais, os subsídios, destinação de bens
tangíveis e intangíveis, contratos de assistência e ajuda financeira,
entre outros, que são realizados entre um ente federado ligado a Sendo as Relações de Resultado, operações que envolvem a
uma das esferas – municipal, distrital, estadual ou federal, e uma conta sob auditoria e que tem como contrapartida contas de resul-
entidade sem finalidade de lucros40. tado (receitas e despesas), pode-se conceituar receitas como todos
De acordo com a NBC TG 07 (R2) – Subvenção e assistência go- os recursos, em princípio, provenientes da venda de mercadorias
vernamentais41: ou de uma prestação de serviços.
Subvenção governamental é uma assistência governamental Uma receita aumenta o Ativo de uma empresa, seja através do
geralmente na forma de contribuição de natureza pecuniária, mas caixa, bancos ou em forma de direitos. Por outro lado, conceitua-
não só restrita a ela, concedida a uma entidade normalmente em mos despesa como todo o gasto (sacrifício) que a empresa precisa
40 https://www2.crcpr.org.br/uploads/arquivo/2020_05_26_5ec- ter para obter uma receita.
d701aa0703.pdf
42 https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/
41 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG07(R2).pdf Auditoria%20em%20Sa%C3%BAde.pdf
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AUDITORIA
Uma despesa representa uma diminuição do Ativo ou aumento Em contraponto à evasão fiscal tem-se a elisão fiscal, a qual se
do Passivo; isto é, quando a empresa paga a despesa a prazo. Da caracteriza pela prática de atos lícitos almejando a economia no pa-
mesma forma que as receitas provocam um aumento do Patrimô- gamento de tributos em uma empresa e sendo possível de realizar
nio Líquido, as despesas, por sua vez, acarretam uma diminuição por meio de um planejamento tributário.
no PL. O setor de auditoria interna busca avaliar a eficiência e eficácia
A auditoria das contas de resultado tem por finalidade deter- dos processos dentro de uma organização, visto que faz a revisão
minar se todas as receitas custos e despesas, estão corretamente e análise das operações executadas por outros setores e assim, as-
comprovados e contabilizados; estão de acordo com os Princípios segurar que as atividades estão sendo realizadas conforme as dire-
Fundamentais de Contabilidade com bases uniformes, se estão cor- trizes e regras estabelecidas; e também de acordo com as normas
retamente classificados nas demonstrações contábeis e se as divul- brasileiras de contabilidade para auditoria interna – NBC TI 01.
gações cabíveis foram expostas por notas explicativas. A auditoria interna é um relevante setor para uma empresa,
→ Receitas pois tem a função de analisar a aplicabilidade dos controles inter-
nos, verificando a veracidade das informações e de como os proces-
Considera-se receita a transferência de elementos para o ativo,
sos estão sendo executados, visando corrigir e coibir os processos
sob forma de dinheiro ou direitos a receber, proveniente de suas
errôneos. Essa checagem de informações e relatórios é de grande
operações, correspondentes normalmente à venda de mercado-
importância, pois servirá de base para a tomada de decisão de seus
rias, produtos e/ou prestações de serviços. São valores que afetam
gestores, fazendo com que a empresa melhore seus processos, ga-
positivamente a situação patrimonial, contribuindo, assim, para o
ranta a confiabilidade de sua marca e tenha a credibilidade do mer-
aumento da riqueza líquida da empresa43.
cado e de seus clientes.
São representadas por contas de natureza credora. Uma recei-
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TI
ta também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títu-
01- Auditoria Interna, 2003:
los e de outros ganhos eventuais.
Em resumo, a receita é a expressão monetária, validada pelo O termo “erro” aplica-se a atos não-intencionais de omissão,
mercado, do agregado de bens e serviços da entidade, em senti- desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na ela-
do amplo (em determinado período de tempo), e que provoca um boração de registros, informações e demonstrações contábeis, e de
acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio líquido, conside- transações e operações da entidade, tanto em termos físicos quanto
rado separadamente da diminuição do ativo (ou do acréscimo do monetários.
passivo) e do patrimônio líquido provocados pelo esforço em pro- E ainda de acordo com a NBC TI 01- Auditoria Interna, 2003:
duzir tal receita. O termo “fraude” refere-se a ato intencional de omissão e/ou
→ Despesas manipulação de transações e operações, adulteração de documen-
Despesa representa a utilização ou o consumo de bens e ser- tos, registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis,
viços no processo de produzir receitas. A despesa pode referir-se a tanto em termos físicos quanto monetários.
gastos efetuados no passado, no presente ou que serão realizados A aplicação dos controles internos em uma empresa visa que
no futuro. De forma geral, pode-se dizer que o grande fato gera- haja o planejamento organizacional, com a finalidade de que as di-
dor de despesa é o esforço continuado para produzir receita, já que retrizes e a política interna dessa companhia sejam seguidas, apre-
uma está relacionada com a outra. sente eficiência nos processos operacionais; bem como evitar os
Assim o que caracteriza a despesa é o fato de ela tratar de expi- erros e fraudes, a fim de salvaguardar seus ativos e seu patrimônio.
rações de fatores de serviços, direta ou indiretamente relacionados Evasão Fiscal X Elisão Fiscal
com a produção e a venda do produto (ou serviço) da entidade.
A prática de atos ilícitos como fraudes, omissões e sonegações
Despesas são gastos desembolsados ou devidos, necessários
fiscais, além da falsidade e “maquiagem” em informações nos do-
ao desenvolvimento de suas operações, porém, não compreendi-
cumentos contábeis, buscando o recolhimento de um valor menor
dos nos custos, consumidos direta ou indiretamente no esforço da
de tributos após a incidência do fato gerador tributário é denomina-
entidade de auferir receitas. Há gastos que nunca serão custos, por
da como evasão fiscal. Essa é uma ação realizada por algumas em-
não estarem vinculados ao processo de produção de bens ou servi-
presas para que não sejam recolhidos na integralidade os impostos
ços ou à atividade de aquisição de mercadorias para revenda.
devidos, ocasionando divergência entre o pagamento realizado e a
A diferença entre despesa e gasto é que o gasto é incorrido
real obrigação tributária prevista.
após a receita respectiva e a despesa deve ser reconhecida no mes-
Essas práticas, presentes em grande parte das organizações
mo período da receita.
brasileiras, porém não assumidas, se traduzem no exercício de atos
ilícitos (fraude, sonegação, simulação) para fugir dos pagamentos
de tributos, chamada de evasão fiscal.
OCULTAÇÃO DE RECEITAS
Os administradores das companhias devem realizar o recolhi-
mento dos impostos de acordo com o que estabelecem a legisla-
ção governamental em seus diversos âmbitos, caso ocorra atraso
A omissão ou ocultação de receitas denomina-se evasão fiscal, no pagamento e compensação de um tributo apesar de incorrer a
e consiste numa prática realizada por algumas companhias utilizan- cobrança de juros e multa não é considerado crime perante a le-
do-se de meios ilícitos como a sonegação, fraudes e simulação “ma- gislação tributária, sendo considerado apenas com inadimplência
quiagem” de documentação para driblar o pagamento de tributos fiscal; porém ao recolher-se um montante com valor a menor do
após a incidência do fato gerador, recolhendo de forma fraudulenta que a real obrigação de pagar, isto sim se caracteriza crime, pois
valores inferiores a efetiva obrigação tributária44. demonstra a efetivação de um delito em benefício da empresa e
43 https://silo.tips/download/auditoria-em-receitas-e-despesas-financeiras
lesando o erário público.
44 A Importância da Auditoria Interna e dos Controles Internos em uma
Organização. Letícia Monteiro Amarante, Clébia Ciupak Bocardi, Jair Antonio
Fagundes. Revista Controladoria e Gestão – RCG, Vol. 3, n° 1, p. 612-631, Jan./
Jun. 2022.
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Existem diversas maneiras de uma companhia praticar atos ini- A superavaliação refere-se a contas devedoras, normalmente
dôneos e ilegais contra a administração pública, foram elencadas as contas do ativo e despesas.
abaixo quatro dos mais populares meios de sonegação praticados Teste para Superavaliação
pelas organizações:
No teste de superavaliação, parte-se do valor registrado no ra-
▪ Omissão e ocultação de notas fiscais e recibos (entrada ou zão geral para o documento suporte da transação. O registro final
saída) - Para mascarar a movimentação do caixa; representa o último registro contábil antes do razão geral.
▪ Alteração do valor do produto - Ocasionando divergência O registro inicial é elaborado com base no documento e repre-
entre o preço vendido com o descrito no documento fiscal, o qual senta o 1º registro contábil em função de uma operação. Vejamos:
geralmente é mais lançado com valor mais baixo; Visão geral dos Testes para Super/Subavaliação
▪ A não emissão de Nota Fiscal de venda- Para que não seja → Ativo Fictício (superavaliação): Representa os valores que
efetivado o fato gerador do tributo, o qual implica no não recolhi- somente existem no Balanço Patrimonial, mas de fato não constam
mento do imposto que envolve a operação realizada; no Patrimônio da Empresa;
▪ Utilização de pessoas terceiras (“laranjas”) no contrato social → Passivo Fictício (superavaliação): São as obrigações que
da empresa – Visando buscar benefícios fiscais de enquadramento somente constam nas demonstrações, mas de fato não existem ou
em regimes de apuração diferenciados perante o fisco e também já foram quitadas.
realizar uma declaração fraudulenta do imposto de renda dos pro-
Direção dos testes
prietários da companhia.
O Saldo do Balanço de Pagamentos - BP ou a Demonstração
A realização de evasão fiscal e sonegação de tributos por uma
do Resultado do Exercício - DRE podem estar errados para mais ou
empresa é considerado crime e seus agentes estão sujeitos as pe-
para menos.
nalidades impostas pela lei nº 8.137/1990, a qual discorre sobre os
crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de Testes para superavaliação
consumo. As empresas mais estruturadas contabilmente realizam
uma prática conhecida como elisão fiscal, a qual se configura como
a realização de um planejamento tributário, almejando a economia
no pagamento de impostos antes que seja efetivado o fato gerador https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3192362/mod_resource/con-
tributário, que é o ponto determinante para a mensuração do mon- tent/1/Procedimentos_2017_ALUNO.pdf
tante de tributos a serem pagos. Objetivos dos procedimentos
A elisão fiscal compreende uma atitude lícita por parte da em-
presa, a qual deve respeitar o ordenamento jurídico vigente, visan- Detectar superavaliação de débitos:
do à economicidade de custos e uma melhor gestão dos recursos da ▪ Falta de documento ou inválido;
companhia seguindo o planejamento tributário elaborado. ▪ Soma maior dos registros ou razão geral;
O planejamento tributário permite a prática conhecida como ▪ Transporte a maior do documento para o registro inicial.
elisão fiscal, que compreende a prática de atos lícitos visando estri-
tamente à economia de tributos, e, em uma perspectiva funcional,
é considerada por muitos como uma importante ferramenta na ges- IDENTIFICAÇÃO DE FRAUDES E ERROS NA ESCRITA FISCAL
tão da empresa com objetivo de proporcionar condições seguras
para que a empresa prepare e conduza seu controle e sistema tri-
butário com o menor custo. De acordo com a NBC TA 240 (R1) – Responsabilidade do au-
O contraponto entre as práticas de evasão e elisão fiscal está ditor em relação a fraude, no contexto da auditoria de demonstra-
na licitude ou não do ato praticado pela organização; caso vise uma ções contábeis45:
economia ou redução no pagamento dos encargos, por meio da
Responsabilidade do auditor pela prevenção e detecção da
elaboração de um planejamento tributário e aderindo as regras vi-
fraude
gentes pela legislação pertinente tem-se a prática de elisão fiscal,
a qual é considerada idônea. Caso haja atitudes praticadas pelos O auditor que realiza auditoria de acordo com as normas de
agentes da companhia que caracterizem má fé na prestação das auditoria é responsável por obter segurança razoável de que as de-
informações, usando artifícios de alteração de dados e omissão de monstrações contábeis, como um todo, não contêm distorções re-
documentos, tem-se um caso de evasão fiscal, ato este passível de levantes, causadas por fraude ou erro. Devido às limitações ineren-
punição pelos órgãos fiscalizadores como as Secretarias de Fazen- tes da auditoria, há um risco inevitável de que algumas distorções
das ou Finanças Estaduais e também pela Receita Federal do Brasil relevantes das demonstrações contábeis podem não ser detecta-
(RFB), mediante a aplicação de seus regulamentos e normas inter- das, apesar de a auditoria ser devidamente planejada e realizada de
nas e pelo punitivo disposto na lei nº 8.137/1990. acordo com as normas de auditoria.
Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante de-
corrente de fraude
SUPERAVALIAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS O auditor deve identificar e avaliar os riscos de distorção rele-
vante decorrente de fraude no nível das demonstrações contábeis e
no nível das afirmações por tipo de operação, saldo contábil e divul-
O saldo de uma conta de balanço patrimonial ou de demons- gação. Na identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante
tração do resultado do exercício pode estar errado para mais (su- decorrente de fraude, o auditor deve, com base na presunção de
peravaliado) ou para menos (subavaliado). Devido a esse risco, as que há riscos de fraude no reconhecimento de receitas, avaliar que
contas da contabilidade devem ser testadas para superavaliação e tipos de receita, operações ou afirmações de receita geram esses
para subavaliação. riscos.

45 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA240(R1).pdf
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AUDITORIA
Especifica-se a documentação requerida no caso em que o au-
ditor conclui que a presunção não é aplicável nas circunstâncias do AUDITORIA EM OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO
trabalho e, portanto, não identifica o reconhecimento de receitas
como um risco de distorção relevante decorrente de fraude.
O auditor deve tratar os riscos de distorção relevantes decor-
rentes de fraude avaliados como riscos significativos e, por con- O comércio exterior pode ser definido como uma atividade de
seguinte, na medida em que ainda não tenha sido feito, o auditor troca de bens e serviços entre as nações, com o propósito de ge-
deve obter entendimento dos respectivos controles da entidade, rar um retorno financeiro para os envolvidos no processo. Trata-se
inclusive atividades de controle, que são relevantes para tais riscos. de uma atividade dinâmica e requer uma constante atualização no
planejamento estratégico e, consequentemente, do planejamento
Riscos de fraude no reconhecimento de receita operacional das empresas46.
A distorção relevante decorrente de informações contábeis O comércio internacional é uma estrada de duas mãos – expor-
fraudulentas relativas ao reconhecimento de receita muitas vezes tação e importação – e, nesta época em que vivemos, a capacidade
é resultado do seu registro de forma superestimada, por exemplo, de trabalhar nos dois sentidos é cada vez mais importante a consoli-
o seu reconhecimento prematuro ou o registro de receitas fictícias. dação das economias e ao desenvolvimento das empresas. Quando
Pode resultar também do registro de receitas inferiores, por exem- um país vende um bem ou serviço para outro, a sua operação é
plo, transferindo receitas inadequadamente para um período pos- chamada de exportação, e quando compra de outro país a sua ope-
terior. ração é chamada de importação.
Os riscos de fraude no reconhecimento de receita podem ser O avanço industrial, os transportes, a globalização e o surgi-
maiores em algumas entidades do que em outras. Por exemplo, mento de novas multinacionais contribuíram para o crescimento
pode haver pressões ou incentivos para que a administração come- do comércio exterior, o qual determina os resultados da balança
ta fraude nas informações contábeis mediante o reconhecimento comercial, que demonstra os valores recebidos pelas exportações,
inadequado de receita, no caso de entidade com ações na bolsa, menos os valores pagos pelas importações, gerando uma balança
quando, por exemplo, o desempenho é medido em termos de cres- superavitária se as exportações forem maiores que as importações,
cimento de receita ou lucro, ano a ano. ou deficitária, quando a quantidade importada é maior que a ex-
Similarmente, por exemplo, os riscos de fraude no reconhe- portada.
cimento de receita podem ser maiores no caso de entidade que Para que a pessoa jurídica possa realizar as operações referen-
geram parte substancial da receita por meio de vendas à vista. A tes ao comércio exterior, deverá efetuar um cadastro no Registro
presunção de que há riscos de fraude no reconhecimento de receita e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros – RA-
pode ser refutada. DAR. Trata-se do sistema da Receita Federal que permite que as
Por exemplo, o auditor pode concluir que não há nenhum risco empresas efetuem operações de importação e exportação, já que,
de distorção relevante decorrente de fraude no que se refere ao sem possuir o registro no Radar, a empresa fica impossibilitada
reconhecimento de receita, no caso em que há um único tipo de de utilizar o Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, e
operação de receita, por exemplo, a receita de aluguel originária de consequentemente, não consegue realizar nenhuma operação de
uma única unidade alugada. comércio exterior.
Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante de- De acordo com a Receita Federal o Siscomex, é um sistema in-
vido a fraude e entendimento dos controles relacionados da enti- formatizado que possibilita a integração das atividades de registro,
dade acompanhamento e controle das operações de comércio exterior,
A administração pode fazer julgamentos quanto à natureza e através de um fluxo único e informatizado de dados. O Siscomex
extensão dos controles que escolhe implementar e quanto à na- possibilita a integração das atividades de todos os órgãos gestores
tureza e extensão dos riscos que escolhe assumir. Ao determinar do comércio exterior, que são responsáveis pela administração,
quais controles implementar para prevenir a existência de fraude e manutenção e aprimoramento do sistema dentro de suas áreas de
detectá-la, a administração considera os riscos de que as demons- competência.
trações contábeis sejam distorcidas de maneira relevante como re- São eles: a Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB e a
sultado de fraude. Secretaria de Comércio Exterior – SECEX. Os anuentes que são os
Como parte desta consideração, a administração pode concluir responsáveis pela autorização do processo de importação e expor-
que não é eficaz, no que se refere a custos, implementar e manter tação de determinados bens, como por exemplo o Ministério da
um controle específico em relação à redução nos riscos de distor- Saúde, Ministério da Agricultura, dentre outros, também contri-
ção relevante decorrente de fraude. Portanto, é importante que o buem com o fluxo de informações no sistema.
auditor obtenha entendimento dos controles que a administração Os principais usuários do Siscomex são a Aduana: auditores fis-
planejou, implementou e mantém para impedir e detectar fraude. cais e analistas tributários da RFB e outros servidores aduaneiros,
Ao fazer isto, o auditor pode descobrir, por exemplo, que a ad- a Secex, Banco Central (Bacen) e anuentes que atuam no controle
ministração escolheu conscientemente aceitar os riscos associados administrativo e cambial. O importador, o depositário que é respon-
à falta de segregação de funções. Informações obtidas com este en- sável pelo Recinto Alfandegado e as cargas sob controle aduaneiro e
tendimento também podem ser úteis na identificação de fatores de o transportador de cargas do percurso internacional e/ou transpor-
risco de fraude que possam afetar a avaliação do auditor quanto tador de trânsito aduaneiro.
aos riscos de que as demonstrações contábeis possam conter dis- Com a entrada em vigor do sistema Siscomex, foram elimina-
torção relevante decorrente de fraude. dos vários formulários e outros documentos, o processo de des-
pacho aduaneiro foi desburocratizado e passou a ser tratado em
forma de fluxo informatizado, ganhando transparência, agilidade,
confiabilidade, rápido acesso a informações estatísticas e redução

46 https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/hand-
le/123456789/5590/Fl%c3%a1via%20Ta%c3%ads%20R%c3%b6glin%20de%20
Carvalho.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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de custos. Os processos de importação e exportação, devem seguir to à entrada ou saída de mercadorias do país. Juntamente com a
todos os procedimentos exigidos pelas autoridades para a entrada mercadoria é obrigatório constar a fatura comercial, o packing list
e a saída de mercadorias do país. (romaneio de carga), onde constam-se as informações referentes a
Para a realização da importação, existem diversas fases ad- embalagens e pesos.
ministrativas e fiscais, envolvendo as atividades de licenciamento, Também é necessário constar os documentos de conhecimento
controle de carga, registro da declaração de importação, análise dos de carga, que são referentes ao embarque da mercadoria. O conhe-
documentos, desembaraço aduaneiro e a entrega da mercadoria. cimento de carga recebe denominações específicas em função da
Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços via de transporte: CRT - Carta de porte internacional (Rodoviário),
(Mdic), atual Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos TIF - Conhecimento de transporte de mercadorias por ferrovia (Fer-
Internacionais (SECINT), a empresa que deseja realizar importações roviário), BL - Bill of Lading (Marítimo) ou AWB - Air Waybill (Aéreo).
e exportações, deve definir primeiramente qual será o produto a Após a conclusão da conferência aduaneira, se a importação
ser importado, identificando o fornecedor que possui a melhor for liberada, a empresa emite a nota fiscal de importação e efetua o
condição para atender a sua demanda. Após definido o produto e pagamento dos impostos para que a mercadoria possa transitar da
o fornecedor, a empresa precisa verificar a classificação fiscal (No- aduana até o destino.
menclatura Comum do Mercosul – NCM) do produto, identificando
desta forma os impostos que incidirão sobre a importação.
Logo após definido o produto, fornecedor e verificado o NCM, o LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 (DISPÕE SOBRE SIGILO
importador e o exportador irão negociar o acordo comercial através DAS OPERAÇÕES DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E DÁ OU-
do Incoterms (International Commercial Terms), que são os termos TRAS PROVIDÊNCIAS)
internacionais de comércio, que definem os direitos e obrigações
do importador e do exportador. Os incoterms possuem como obje-
tivo o entendimento entre o vendedor e o comprador referente aos Sendo o sigilo bancário um direito da pessoa física ou jurídica,
procedimentos fundamentais para o deslocamento da mercadoria e uma obrigação da instituição financeira, de acordo com a LC Nº
do seu país de origem até o seu destino. 105/2001, o mesmo refere-se ao fato de as instituições financeiras
Após efetuado o acordo comercial, o fornecedor emite a Fatura não repassem quaisquer dados de seus clientes a qualquer pessoa,
Proforma, que é semelhante ao orçamento interno, formalizando órgão ou instituição.
o pedido de compra. O importador verifica se os dados contidos Contudo, existem algumas determinadas ações que não são
na fatura proforma estão de acordo com a negociação, e então irá consideradas violação do dever de sigilo, ou seja, não são conside-
autorizar o exportador a emitir a Fatura Comercial, que possui os radas afronta ao dever de sigilo e podem ser realizadas indepen-
mesmos dados da fatura proforma, porém a sua importância é se- dentemente de autorização judicial (Art. 1º, § 3º, I a VII).
melhante a nota fiscal no Brasil. Quanto à quebra do sigilo bancário, a mesma poderá ser decre-
A fatura comercial é um documento básico de uma transação tada, quando necessária para apuração de ocorrência de qualquer
comercial e de reconhecimento e exigência internacionais. De acor- ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e es-
do com a Receita Federal as entradas e saídas de moeda estrangeira pecialmente nos crimes definidos no Art. 1º, § 4º, I a IX.
referente ao pagamento e recebimento das exportações deve ser Vejamos a Lei complementar nº 105/2001 em sua integralida-
realizado através da liquidação do contrato de câmbio em banco de:
autorizado a operar no mercado de câmbio. LEI COMPLEMENTAR Nº 105, DE 10 DE JANEIRO DE 2001.
No Brasil, toda entrada e saída de moeda estrangeira passa por Dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras
um registro de controle cambial. A moeda estrangeira que é com- e dá outras providências.
prada ou vendida deve, obrigatoriamente, transitar por um banco
devidamente autorizado a operar em câmbio. Na importação, o O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
pagamento é realizado de acordo com a conformidade dos dados cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
constantes na Declaração de Importação (DI), registrada no Sisco- Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas
mex ou na documentação da operação comercial, no caso de ainda operações ativas e passivas e serviços prestados.
não estar disponível a DI, a liquidação do contrato de câmbio na § 1o São consideradas instituições financeiras, para os efeitos
exportação acontece mediante a entrega da moeda estrangeira ou desta Lei Complementar:
do documento que a represente ao banco com o qual tenha sido I – os bancos de qualquer espécie;
celebrado o contrato de câmbio. II – distribuidoras de valores mobiliários;
A DI é um documento onde são apresentadas as informações III – corretoras de câmbio e de valores mobiliários;
correspondentes a importação, contendo dados de natureza co- IV – sociedades de crédito, financiamento e investimentos;
mercial, fiscal e cambial sobre as mercadorias. O importador deve V – sociedades de crédito imobiliário;
consultar se a importação está sujeita a licenciamento, se for obri- VI – administradoras de cartões de crédito;
gatória a Licença de Importação (LI), será necessário verificar qual VII – sociedades de arrendamento mercantil;
órgão do governo é responsável pela anuência da licença. Após soli- VIII – administradoras de mercado de balcão organizado;
citada a licença o importador deverá aguardar a anuência do órgão IX – cooperativas de crédito;
do governo e registrar a LI no Siscomex. X – associações de poupança e empréstimo;
Se a operação for dispensada de LI, o importador deve somen- XI – bolsas de valores e de mercadorias e futuros;
te registrar a DI no Siscomex quando a mercadoria entrar em ter- XII – entidades de liquidação e compensação;
ritório nacional. Quando a licença de importação é necessária, no XIII – outras sociedades que, em razão da natureza de suas ope-
momento em que a mercadoria chegar no Brasil, entra automatica- rações, assim venham a ser consideradas pelo Conselho Monetário
mente em canal vermelho, na parametrização da Receita Federal. Nacional.
Quando a mercadoria chega no Brasil, é confirmada a presença § 2o As empresas de fomento comercial ou factoring, para os
de carga, e a DI é registrada no Siscomex, e é iniciado o processo de efeitos desta Lei Complementar, obedecerão às normas aplicáveis
desembaraço aduaneiro, liberação realizada pela alfândega quan- às instituições financeiras previstas no § 1o.

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§ 3o Não constitui violação do dever de sigilo: § 3o O disposto neste artigo aplica-se à Comissão de Valores
I – a troca de informações entre instituições financeiras, para Mobiliários, quando se tratar de fiscalização de operações e ser-
fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, obser- viços no mercado de valores mobiliários, inclusive nas instituições
vadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo financeiras que sejam companhias abertas.
Banco Central do Brasil; § 4o O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobi-
II - o fornecimento de informações constantes de cadastro liários, em suas áreas de competência, poderão firmar convênios:
de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores I - com outros órgãos públicos fiscalizadores de instituições fi-
inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as nanceiras, objetivando a realização de fiscalizações conjuntas, ob-
normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco servadas as respectivas competências;
Central do Brasil; II - com bancos centrais ou entidades fiscalizadoras de outros
III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. países, objetivando:
11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996; a) a fiscalização de filiais e subsidiárias de instituições financei-
IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ras estrangeiras, em funcionamento no Brasil e de filiais e subsidiá-
ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de rias, no exterior, de instituições financeiras brasileiras;
informações sobre operações que envolvam recursos provenientes b) a cooperação mútua e o intercâmbio de informações para a
de qualquer prática criminosa; investigação de atividades ou operações que impliquem aplicação,
V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento negociação, ocultação ou transferência de ativos financeiros e de
expresso dos interessados; valores mobiliários relacionados com a prática de condutas ilícitas.
VI – a prestação de informações nos termos e condições esta- § 5o O dever de sigilo de que trata esta Lei Complementar es-
belecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Comple- tende-se aos órgãos fiscalizadores mencionados no § 4o e a seus
mentar. agentes.
VII - o fornecimento de dados financeiros e de pagamentos, § 6o O Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliá-
relativos a operações de crédito e obrigações de pagamento adim- rios e os demais órgãos de fiscalização, nas áreas de suas atribui-
plidas ou em andamento de pessoas naturais ou jurídicas, a gesto- ções, fornecerão ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras
res de bancos de dados, para formação de histórico de crédito, nos – COAF, de que trata o art. 14 da Lei no 9.613, de 3 de março de
termos de lei específica.(Incluído pela Lei Complementar nº 166, de 1998, as informações cadastrais e de movimento de valores rela-
2019)(Vigência) tivos às operações previstas no inciso I do art. 11 da referida Lei.
§ 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando neces- Art. 3o Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela Co-
sária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer missão de Valores Mobiliários e pelas instituições financeiras as
fase do inquérito ou do processo judicial, e especialmente nos se- informações ordenadas pelo Poder Judiciário, preservado o seu
guintes crimes: caráter sigiloso mediante acesso restrito às partes, que delas não
I – de terrorismo; poderão servir-se para fins estranhos à lide.
II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas § 1o Dependem de prévia autorização do Poder Judiciário a
afins; prestação de informações e o fornecimento de documentos sigilo-
III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material sos solicitados por comissão de inquérito administrativo destinada
destinado a sua produção; a apurar responsabilidade de servidor público por infração pratica-
IV – de extorsão mediante sequestro; da no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
V – contra o sistema financeiro nacional; atribuições do cargo em que se encontre investido.
VI – contra a Administração Pública; § 2o Nas hipóteses do § 1o, o requerimento de quebra de sigilo
VII – contra a ordem tributária e a previdência social; independe da existência de processo judicial em curso.
VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e va- § 3o Além dos casos previstos neste artigo o Banco Central do
lores; Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários fornecerão à Advocacia-
IX – praticado por organização criminosa. -Geral da União as informações e os documentos necessários à de-
Art. 2o O dever de sigilo é extensivo ao Banco Central do Brasil, fesa da União nas ações em que seja parte.
em relação às operações que realizar e às informações que obtiver Art. 4o O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mo-
no exercício de suas atribuições. biliários, nas áreas de suas atribuições, e as instituições financeiras
§ 1o O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, aplicações fornecerão ao Poder Legislativo Federal as informações e os docu-
e investimentos mantidos em instituições financeiras, não pode ser mentos sigilosos que, fundamentadamente, se fizerem necessários
oposto ao Banco Central do Brasil: ao exercício de suas respectivas competências constitucionais e le-
I – no desempenho de suas funções de fiscalização, compreen- gais.
dendo a apuração, a qualquer tempo, de ilícitos praticados por con- § 1o As comissões parlamentares de inquérito, no exercício de
troladores, administradores, membros de conselhos estatutários, sua competência constitucional e legal de ampla investigação, ob-
gerentes, mandatários e prepostos de instituições financeiras; terão as informações e documentos sigilosos de que necessitarem,
II – ao proceder a inquérito em instituição financeira submetida diretamente das instituiçõesfinanceiras, ou por intermédio do Ban-
a regime especial. co Central do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários.
§ 2o As comissões encarregadas dos inquéritos a que se refere § 2o As solicitações de que trata este artigo deverão ser pre-
o inciso II do § 1o poderão examinar quaisquer documentos rela- viamente aprovadas pelo Plenário da Câmara dos Deputados, do
tivos a bens, direitos e obrigações das instituições financeiras, de Senado Federal, ou do plenário de suas respectivas comissões par-
seus controladores, administradores, membros de conselhos esta- lamentares de inquérito.
tutários, gerentes, mandatários e prepostos, inclusive contas cor- Art. 5o O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à pe-
rentes e operações com outras instituições financeiras. riodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as
instituições financeiras informarão à administração tributária da
União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus
serviços.(Regulamento)
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§ 1o Consideram-se operações financeiras, para os efeitos des- Art. 8o O cumprimento das exigências e formalidades previstas
te artigo: nos artigos 4o, 6o e 7o, será expressamente declarado pelas auto-
I – depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de poupança; ridades competentes nas solicitações dirigidas ao Banco Central do
II – pagamentos efetuados em moeda corrente ou em cheques; Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários ou às instituições finan-
III – emissão de ordens de crédito ou documentos assemelha- ceiras.
dos; Art. 9o Quando, no exercício de suas atribuições, o Banco
IV – resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo, inclu- Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários verificarem
sive de poupança; a ocorrência de crime definido em lei como de ação pública, ou in-
V – contratos de mútuo; dícios da prática de tais crimes, informarão ao Ministério Público,
VI – descontos de duplicatas, notas promissórias e outros títu- juntando à comunicação os documentos necessários à apuração ou
los de crédito; comprovação dos fatos.
VII – aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou variável; § 1o A comunicação de que trata este artigo será efetuada pe-
VIII – aplicações em fundos de investimentos; los Presidentes do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores
IX – aquisições de moeda estrangeira; Mobiliários, admitida delegação de competência, no prazo máximo
X – conversões de moeda estrangeira em moeda nacional; de quinze dias, a contar do recebimento do processo, com manifes-
XI – transferências de moeda e outros valores para o exterior; tação dos respectivos serviços jurídicos.
XII – operações com ouro, ativo financeiro; § 2o Independentemente do disposto no caput deste artigo,
XIII - operações com cartão de crédito; o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários co-
XIV - operações de arrendamento mercantil; e municarão aos órgãos públicos competentes as irregularidades e os
XV – quaisquer outras operações de natureza semelhante que ilícitos administrativos de que tenham conhecimento, ou indícios
venham a ser autorizadas pelo Banco Central do Brasil, Comissão de de sua prática, anexando os documentos pertinentes.
Valores Mobiliários ou outro órgão competente. Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta
§ 2o As informações transferidas na forma do caput deste ar- Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena
tigo restringir-se-ão a informes relacionados com a identificação de reclusão, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que
dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que per- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem omitir, retar-
mita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles dar injustificadamente ou prestar falsamente as informações reque-
efetuados. ridas nos termos desta Lei Complementar.
§ 3o Não se incluem entre as informações de que trata este ar- Art. 11. O servidor público que utilizar ou viabilizar a utilização
tigo as operações financeiras efetuadas pelas administrações direta de qualquer informação obtida em decorrência da quebra de sigilo
e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- de que trata esta Lei Complementar responde pessoal e diretamen-
pios. te pelos danos decorrentes, sem prejuízo da responsabilidade obje-
§ 4o Recebidas as informações de que trata este artigo, se de- tiva da entidade pública, quando comprovado que o servidor agiu
tectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometi- de acordo com orientação oficial.
mento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as Art. 12. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar publicação.
fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. Art. 13. Revoga-se o art. 38 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro
§ 5o As informações a que refere este artigo serão conservadas de 1964.
sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor.
Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, QUESTÕES
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras,
inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financei-
1. (Carris Porto-Alegrense – Auditor – FUNDATEC/2021) A NBC
ras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedi-
TA 530 trata da Amostragem em auditoria e se aplica quando o
mento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispen-
auditor independente decide utilizar amostragem na execução de
sáveis pela autoridade administrativa competente.(Regulamento)
procedimentos de auditoria. Com base nesta norma, assinale a al-
Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os
ternativa INCORRETA.
documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigi-
(A) O nível de risco de amostragem que o auditor está disposto
lo, observada a legislação tributária.
a aceitar afeta o tamanho da amostra exigido. Quanto menor
Art. 7o Sem prejuízo do disposto no § 3o do art. 2o, a Comissão
o risco que o auditor está disposto a aceitar, menor deve ser o
de Valores Mobiliários, instaurado inquérito administrativo, poderá
tamanho da amostra.
solicitar à autoridade judiciária competente o levantamento do si-
(B) O tamanho da amostra pode ser determinado mediante
gilo junto às instituições financeiras de informações e documentos
aplicação de fórmula com base em estatística ou por meio do
relativos a bens, direitos e obrigações de pessoa física ou jurídica
exercício do julgamento profissional.
submetida ao seu poder disciplinar.
(C) O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria,
Parágrafo único. O Banco Central do Brasil e a Comissão de
é o de proporcionar uma base razoável para o auditor concluir
Valores Mobiliários, manterão permanente intercâmbio de infor-
quanto à população da qual a amostra é selecionada.
mações acerca dos resultados das inspeções que realizarem, dos
(D) Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais
inquéritos que instaurarem e das penalidades que aplicarem, sem-
que constituem uma população.
pre que as informações forem necessárias ao desempenho de suas
(E) A amostragem em auditoria pode ser aplicada usando tanto
atividades.
a abordagem de amostragem não estatística quanto a estatís-
tica.

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a solução para o seu concurso!
AUDITORIA
2. (Prefeitura de Formiga/MG - Auditor de Controle Interno - finalizado o relatório de auditoria.
INSTITUTO CONSULPLAN/2020) O auditor deve ter pleno conheci- (C) os testes de observância visam à obtenção de razoável se-
mento dos significados dos termos existentes nas normas de audi- gurança de que os controles internos estabelecidos pela admi-
toria. Conforme disposto na NBC TA 530, que versa sobre a seleção nistração estão em efetivo funcionamento.
da amostra em auditoria, assinale o significado INCORRETO. (D) é vedado o uso de amostragem na execução de auditorias.
(A) Unidade de amostragem: é cada um dos itens individuais (E) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos
que constituem uma população. de auditoria interna a serem aplicados não podem, em nenhu-
(B) Amostra: é o conjunto completo de dados sobre o qual a po- ma situação, estar alinhadas com a política de gestão de riscos
pulação é selecionada e sobre o qual o auditor deseja concluir. da entidade.
(C) Distorção tolerável: é um valor monetário definido pelo
6. (Prefeitura de São Carlos/SC - Controlador Interno – FEPE-
auditor para obter um nível apropriado de segurança de que
SE/2021) Os testes de auditoria se constituem em exames, proce-
esse valor monetário não seja excedido pela distorção real na
dimentos e investigações com o objetivo de coletar evidências de
população.
auditoria e formação de opinião.
(D) Amostragem em auditoria: é a aplicação de procedimentos
Os testes de observância visam à:
de auditoria em menos de 100% dos itens de população rele-
(A) análise de evidência quanto à suficiência, exatidão e valida-
vante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades
de dos dados produzidos pelo sistema de informação da enti-
de amostragem tenham a mesma chance de serem seleciona-
dade.
das para proporcionar uma base razoável que possibilite o au-
(B) leitura de protocolos, fluxogramas e rotinas de trabalho
ditor concluir sobre toda a população.
descritas nos manuais da entidade como forma de visualização
3. (Prefeitura de Santo Augusto/RS - Auditor Fiscal de Tributos de informações econômico-financeiras da entidade.
Municipais – FUNDATEC/2020) De acordo com a Norma Brasileira (C) obtenção de razoável segurança de que os controles inter-
de Contabilidade aprovada pela Resolução CFC nº 1.222/2009 (NBC nos estabelecidos pela administração estão em efetivo funcio-
TA 530), que trata especificamente da amostragem em auditoria, namento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos colabo-
a Amostragem Estatística é a abordagem à amostragem que tem radores da entidade.
como características: (D) avaliação de transações registradas no sistema de informa-
I. O uso da teoria das probabilidades para avaliar os resultados ção contábil da entidade quanto à sua existência, legitimidade,
das amostras, incluindo a mensuração do risco de amostragem. quantidade, qualidade e materialidade.
II. Seleção aleatória dos itens da amostra. (E) análise da efetividade de desempenho dos colaboradores
III. Seleção de no mínimo 10 (dez) por cento dos itens que cons- no alcance das metas organizacionais por meio da comparação
tituem a população. entre metas descritas no manual orçamentário e resultados al-
Quais estão corretas? cançados.
(A) Apenas I.
7. (APEX Brasil - Auditoria Interna - CESPE/CEBRASPE/2022) Os
(B) Apenas II.
procedimentos da auditoria interna constituem exames e investi-
(C) Apenas III.
gações que permitem ao auditor interno subsídios suficientes para
(D) Apenas I e II.
fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da
(E) I, II e III.
entidade. Os testes substantivos de auditoria interna visam à
4. (SEFAZ/AM - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais – FGV/2022) (A) constatação de razoável segurança de que os controles in-
Os procedimentos da Auditoria Interna constituem exames e inves- ternos estabelecidos pela administração estão em funciona-
tigações, incluindo testes de observância e testes substantivos. mento, por meio da verificação de registros, de documentos e
Em relação aos testes de observância, analise os procedimen- de ativos tangíveis.
tos a seguir. (B) confirmação de fatos, por meio da obtenção de informa-
I. Inspeção: verificação de registros, documentos e ativos tan- ções perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das
gíveis. transações e das operações, dentro ou fora da entidade.
II. Observação: acompanhamento de processo ou procedimen- (C) verificação do cumprimento pelos funcionários e adminis-
to quando de sua execução. tradores, por meio do acompanhamento de processo ou pro-
III. Investigação e confirmação: obtenção de informações pe- cedimento quando de sua execução.
rante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e (D) obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e va-
das operações, dentro ou fora da entidade. lidade dos dados produzidos pelos sistemas de informação da
Na avaliação dos testes de observância, está correto o que se entidade.
afirma em
8. (CFO/DF – Contador – QUADRIX/2022) Quanto à auditoria,
(A) I, somente.
julgue o item.
(B) I e II, somente.
A observação é um procedimento que deve ser considerado na
(C) I e III, somente.
realização de testes substantivos, com vistas ao acompanhamento
(D) II e III, somente.
da execução dos processos que envolvem a realização das diversas
(E) I, II e III.
atividades ou operações da entidade auditada.
52. (UFSC – Auditor – UFSC/2022) De acordo com as normas (...) Certo
técnicas e profissionais aplicáveis ao trabalho de auditoria, é corre- (...) Errado
to afirmar que:
9. (SEFAZ/AM - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais – FGV/2022)
(A) os testes substantivos visam à obtenção de razoável segu-
De acordo com a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna, os testes subs-
rança de que os controles internos estabelecidos pela adminis-
tantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exati-
tração estão em efetivo funcionamento.
dão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informação
(B) a análise dos riscos da Auditoria Interna deve ser feita após
da entidade.
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AUDITORIA
No processo de obtenção de informações sobre os assuntos (C) relevante.
relacionados aos objetivos e ao alcance da Auditoria Interna, de- (D) suficiente.
vem ser observados os procedimentos a seguir, à exceção de um. (E) útil.
Assinale-o.
14. (IF/TO – Auditor – IF/TO/2021) As evidências de auditoria
(A) A informação útil auxilia a entidade a atingir as suas metas.
são as informações coletadas, analisadas e avaliadas pelo auditor
(B) A informação relevante dá suporte às conclusões e às reco-
para apoiar os achados e as conclusões do trabalho de auditoria.
mendações da Auditoria Interna.
Constituem meio de informação ou de prova para fundamentar a
(C) A informação tempestiva é conservadora e livre de erros.
opinião da UAIG e, ao mesmo tempo, reduzir o risco de auditoria a
(D) A informação suficiente é factual e convincente, de tal for-
um nível aceitável.
ma que uma pessoa prudente e informada possa entendê-la da
Sobre os atributos das evidências de auditoria, assinale a alter-
mesma forma que o auditor interno.
nativa incorreta.
(E) A informação adequada, sendo confiável, propicia a melhor
(A) A evidência suficiente é aquela concreta, adequada e con-
evidência alcançável, por meio do uso apropriado das técnicas
vincente.
de Auditoria Interna.
(B) Para que sejam confiáveis, as evidências devem ser também
10. (TCM/SP - Agente de Fiscalização – FGV) Durante a execu- fidedignas, ou seja, válidas e representarem de forma precisa
ção do trabalho de auditoria em uma determinada empresa, um os fatos, sem erros ou tendências.
auditor detectou que uma aquisição de mercadorias a prazo reali- (C) A evidência mais confiável é aquela oriunda de apenas uma
zada em dezembro de 2012 só foi registrada quando do efetivo pa- fonte de informação, maior ainda do que aquela corroborada
gamento, no exercício seguinte. Em consequência disso, as contas por mais fontes.
de fornecedores a pagar e mercadorias para revenda apresentaram (D) O atributo da relevância assegura que a evidência esteja di-
distorções no exercício de competência. retamente relacionada aos objetivos e ao escopo do trabalho.
Nessa situação os testes realizados pelo auditor são: (E) A utilidade da informação registrada como evidência rela-
(A) teste principal para superavaliação de ativo e teste secun- ciona-se com a sua capacidade de auxiliar a Unidade Auditada
dário para subavaliação de passivo. a atingir os seus objetivos.
(B) teste principal para superavaliação de passivo e teste secun-
15. (Prefeitura de São Carlos/SC - Controlador Interno – FEPE-
dário para subavaliação de ativo.
SE/2021) As evidências de auditoria são informações utilizadas para
(C) teste principal para subavaliação de ativo e teste secundário
fundamentar as conclusões e a opinião do auditor.
para subavaliação de passivo.
As evidências de auditoria devem contemplar os seguintes as-
(D) teste principal para subavaliação de passivo e teste secun-
pectos:
dário para subavaliação de ativo;
(A) a adequação, que consiste na medida da quantidade da in-
(E) teste principal para subavaliação de passivo e teste secun-
formação, e a suficiência que consiste na medida da qualidade
dário para superavaliação de ativo.
da informação.
11. (Câmara Municipal do Rio de Janeiro – Contabilidade - Pre- (B) a confiabilidade, que consiste na medida da quantidade da
feitura do Rio de Janeiro/RJ) O teste de auditoria contábil que parte informação, e a relevância, que consiste na medida da qualida-
do valor registrado no razão geral para o documento-suporte da de da informação.
transação é o teste para: (C) a suficiência, que consiste na medida da qualidade da infor-
(A) subavaliação. mação, e a veracidade, que consiste na medida da quantidade
(B) subutilização. da informação.
(C) superavaliação. (D) a suficiência, que consiste na medida da quantidade da in-
(D) superutilização. formação, e a adequação que consiste na medida da qualidade
da informação.
12. (Câmara Municipal do Rio de Janeiro – Contabilidade -
(E) a adequação, que consiste na medida da qualidade da infor-
Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ) O auditor contábil independente
mação, e a oportunidade, que consiste na medida da quantida-
observou, por ocasião da inspeção dos contratos de empréstimos,
de da informação.
que os juros devidos e não pagos, até a data de encerramento do
exercício social, não foram provisionados. Este é um tipo de teste de 16. (PRODAM/AM - Analista Administrativo – QUADRIX/2022)
auditoria principal para: Ao analisar o balanço orçamentário relativo ao exercício de 2021 de
(A) superavaliação do ativo e secundário para subavaliação de determinado ente da Federação e compará-lo com o balanço orça-
receita. mentário do exercício anterior, o auditor do Tribunal de Contas per-
(B) subavaliação do passivo e secundário para subavaliação de cebeu uma relevante variação no montante das despesas pagas em
despesa. determinada rubrica orçamentária. Em razão disso, ele questionou,
(C) subavaliação do passivo e secundário para superavaliação verbalmente, o contador da entidade a respeito das causas ou dos
de despesa. motivos dessa abrupta variação.
(D) superavaliação do passivo e secundário para superavaliação Nesse caso hipotético, os procedimentos/técnicas de auditoria
de despesa. adotados foram
(A) inspeção e circularização.
13. (TJ/RO – Contador – FGV/2021) As informações que funda-
(B) exame documental e confirmação externa.
mentam os resultados da Auditoria Interna denominam-se evidên-
(C) recálculo e entrevista.
cias, as quais fornecem a base sólida para as conclusões e recomen-
(D) observação e circularização.
dações à administração da entidade. Quando um auditor, em seu
(E) revisão analítica e indagação.
trabalho, obtém uma informação que auxilia a entidade a atingir
suas metas, trata-se de uma evidência:
(A) fidedigna.
(B) objetiva.
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AUDITORIA
17. (FUNSAÚDE/CE - Auditor Administrativo – FGV/2021) Em suspeitas ou indícios de fraude que afetem o componente ou
relação aos procedimentos de auditoria, assinale a opção correta. o grupo.
(A) A observação consiste na execução independente pelo au- (E) o processo da administração do grupo para identificar e res-
ditor de procedimentos ou controles que foram originalmente ponder aos riscos de fraude no grupo, inclusive quaisquer ris-
realizados como parte do controle interno da entidade. cos específicos de fraude identificados pela equipe de auditoria
(B) A reexecução consiste na verificação da exatidão matemáti- ou saldos contábeis, classes de transações ou divulgações para
ca de documentos ou registros e pode ser realizada manual ou as quais, o risco de fraude seja provável.
eletronicamente.
20. (FUNSAÚDE/CE - Auditor Administrativo – FGV/2021) De
(C) O recalculo consiste na avaliação das informações feitas por
acordo com a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna, em relação à fraude
meio de estudo das relações plausíveis entre dados financeiros
e ao erro em auditoria interna, assinale a opção correta.
e não financeiros.
(A) A fraude é um ato intencional de omissão, desatenção, des-
(D) A indagação consiste na busca de informações junto a pes-
conhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de
soas com conhecimento, financeiro e não financeiro, dentro ou
registros, informações e demonstrações contábeis.
fora da entidade.
(B) O erro é um ato não-intencional de omissão, e/ou manipu-
(E) Os procedimentos analíticos consistem no exame de proce-
lação de transações e operações, adulteração de documentos,
dimento executado por outros, como a observação, pelo audi-
registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis.
tor, da contagem do estoque pelos empregados da entidade ou
(C) A fraude é aplicável a atos exclusivamente monetários, en-
da execução de atividades de controle.
quanto o erro é aplicável a atos físicos e monetários.
18. (Prefeitura de São Carlos/SC - Controlador Interno – FEPE- (D) A Auditoria Interna deve assessorar a administração da en-
SE/2021) Para formar a opinião de auditoria, a maior parte do tra- tidade no trabalho de prevenção de fraudes e erros, obrigan-
balho do auditor consiste na obtenção e avaliação de evidências de do-se a informá-la sobre quaisquer indícios ou irregularidades
auditoria. Os procedimentos de auditoria utilizados para coleta de detectadas.
evidências podem incluir: inspeção, observação, recálculo, reexecu- (E) Detectados possíveis indícios de irregularidades, a adminis-
ção e procedimentos analíticos. tração da entidade deve se reunir pessoalmente com a audito-
Assinale a alternativa correta. ria interna e os gestores da entidade, e comunicá-los publica-
(A) Inspeção - consiste no exame de processo ou de procedi- mente sobre as descobertas.
mento executado por outros.
21. (Prefeitura de São Carlos/SC - Controlador Interno – FEPE-
(B) Procedimentos Analíticos - consistem em avaliação das in-
SE/2021) As distorções nas demonstrações contábeis podem ser
formações feitas por meio de estudo das relações plausíveis
decorrentes de fraude e erro. A distinção conceitual entre fraude e
entre dados financeiros e não financeiros.
erro está no fato de que:
(C) Observação - envolve o exame de registros ou documentos,
(A) a fraude é ato intencional e o erro é ato não intencional.
internos ou externos, em forma de papel, em forma eletrônica
(B) a fraude é ato de desconhecimento e o erro é ato de ma-
ou em outras mídias, ou o exame físico.
nipulação.
(D) Recálculo - envolve a execução independente pelo auditor
(C) a fraude é ato de má-interpretação e o erro é ato de omis-
de procedimentos ou controles que foram originalmente reali-
são.
zados como parte do controle interno da entidade.
(D) a fraude é ato de desatenção e o erro é ato de adulteração.
(E) Reexecução - consiste na verificação da exatidão matemáti-
(E) a fraude é ato de omissão e o erro é ato de dolo.
ca de documentos ou registros, de modo manual ou eletroni-
camente. 22. (TRE/SP – Contabilidade – FCC) As demonstrações contá-
beis de determinada empresa de Economia mista do exercício de
19. (TCE/AL - Agente de Controle Interno – COPEVE/UFAL/2022)
2016 foram auditadas pela firma de auditoria Pontual & Associados.
Exige-se que o auditor identifique e avalie os riscos de distorção
No que tange a auditoria independente, segundo a NBC TA 200,
relevantes nas demonstrações contábeis decorrentes de fraude, e
(A) as demonstrações contábeis sujeitas à auditoria são as da
que planeje e implemente respostas apropriadas para os riscos ava-
entidade, elaboradas pela sua administração, com supervisão
liados, de acordo com a NBC TA 240 – Responsabilidade do Auditor
geral dos responsáveis pela governança.
em Relação a Fraude, no Contexto da Auditoria de Demonstrações
(B) o objetivo e recomendar à alta Administração soluções para
Contábeis.
as irregularidades ou impropriedades detectadas durante os
As informações usadas para identificar os riscos de distorção
trabalhos de auditoria.
relevantes nas demonstrações contábeis do grupo devido à fraude
(C) para expressar uma opinião exige-se que o auditor obtenha
podem incluir:
segurança razoável de que as demonstrações contábeis foram
(A) a avaliação, pela equipe de auditoria, dos riscos de que suas
avaliadas pelo controle interno da entidade.
demonstrações contábeis possam ser distorcidas de maneira
(D) o objetivo e auxiliar a Administração da entidade no cum-
relevante como resultado de fraude.
primento de suas metas e objetivos operacionais.
(B) os responsáveis pela governança do grupo monitoram o
(E) a administração da entidade utiliza-se de informações ob-
processo da administração para identificar e responder aos ris-
tidas mediante evidências de auditoria registradas nos papeis
cos de fraude no grupo e os controles que o grupo estabeleceu
de trabalho, para o aperfeiçoamento da gestão e dos controles
para mitigar esses riscos.
internos.
(C) os componentes gerais, para os quais o risco de fraude é
provável, bem como determinar se a equipe encarregada do 23. (CGE/MT – Auditor Estadual - FMP CONCURSOS) O(s) obje-
trabalho tem conhecimento de quaisquer casos reais, suspeitas tivo(s) da auditoria das demonstrações contábeis constante na NBC
ou indícios de fraude que afetem o componente ou o grupo. TA 200 é (são):
(D) as respostas da equipe de auditoria encarregada do tra- I - obter segurança razoável de que as demonstrações contá-
balho às indagações dos responsáveis pela governança, para beis como um todo estão livres de distorção relevante, independen-
determinar se têm conhecimento de quaisquer casos reais, temente se causadas por fraude ou erro, possibilitando assim que o
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AUDITORIA
auditor expresse sua opinião sobre se as demonstrações contábeis respectiva emissão de documentos fiscais pelos valores corre-
foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformi- tos da efetiva transação.
dade com a estrutura de relatório financeiro aplicável
28. (TCM-RJ – Auditor – FGV) Durante a aplicação dos proce-
II - apresentar relatório sobre as demonstrações contábeis e co-
dimentos atinentes à espécie, o auditor detectou, com base nos
municar-se como exigido pelas NBC TAs, em conformidade com as
documentos contábeis, que em determinado dia a conta “caixa” da
constatações do auditor.
entidade apresentava saldo contábil credor. Em relação a esse fato,
III - aumentar o grau de confiança nas demonstrações contá-
assinale a melhor explicação.
beis por parte dos usuários.
(A) Trata-se de ativo fictício, uma vez que há valores registrados
Assinale a alternativa que apontas a(s) assertiva(s) correta(s).
que, de fato, inexistem.
(A) I, II e III.
(B) Trata-se de passivo oculto, tendo em vista que dívidas con-
(B) Apenas II.
tratadas foram registradas erroneamente no passível exigível a
(C) Apenas III.
longo prazo.
(D) Apenas I e II.
(C) Corresponde a “estouro de caixa”, situação decorrente, por
(E) Apenas II e III.
exemplo, de receitas recebidas, mas não contabilizadas.
24. (Prefeitura de Recife/PE - Auditor do Tesouro Municipal – (D) Corresponde a “estouro de caixa”, decorrente, por exemplo,
FGV) O reconhecimento pelo auditor de que existem circunstâncias de mercadorias adquiridas e pagas, mas não contabilizadas.
que podem causar distorção relevante nas demonstrações contá- (E) Corresponde ao que culturalmente chamamos de “caixa 2”,
beis revela o requisito ético relacionado à auditoria de demonstra- prática sabidamente conhecida e permitida pela legislação.
ções contábeis, denominado
29. (Prefeitura de São Paulo/SP - Auditor Fiscal do Município
(A) julgamento profissional.
– FCC) Nos trabalhos de auditoria externa, o profissional encarre-
(B) evidência funcional.
gado de revisar as contas a pagar da Cia. Madeirense verificou a
(C) ceticismo profissional.
existência de várias duplicatas quitadas, emitidas por fornecedores
(D) condução apropriada.
da companhia, mas cuja baixa não tinha sido registrada na escritu-
(E) conformidade legal.
ração contábil. Esse fato constitui um indício de
25. (SEFAZ/CE – Auditor - CESPE/CEBRASPE/2021) Em relação (A) falta de origem para suprimentos de caixa.
à auditoria da conta contábil de estoque de mercadorias do ativo (B) subestimação de passivos.
circulante, julgue o item seguinte. (C) passivo fictício.
Em se tratando de testes de superavaliação da conta de esto- (D) passivo real a descoberto.
ques do ativo circulante, os testes são geralmente orientados às (E) passivo oculto.
contas do próprio ativo e de receitas: por exemplo, considerando-se
30. (Prefeitura de Natal/RN - Auditoria – ESAF) O auditor fiscal,
o método das partidas dobradas, é possível que, quando a conta de
ao avaliar o extrato bancário da conta, pela qual a empresa realiza
ativo estoques de mercadorias para revenda esteja superavaliada
suas cobranças, constata que o volume de recursos existentes nessa
(teste principal), a receita de mercadorias para revenda esteja tam-
conta, somados às cobranças em aberto, superam em 20% o total
bém superavaliada (teste secundário).
do faturamento do mês contabilizado na conta de vendas. Com essa
(...) Certo
informação pode o auditor concluir que:
(...) Errado
(A) o saldo da conta caixa se encontra negativo.
26. (SEFAZ/CE – Auditor - CESPE/CEBRASPE/2021) Em relação (B) existem ativos ocultos na empresa.
à auditoria da conta contábil de estoque de mercadorias do ativo (C) existe evidência de suprimentos não comprovados.
circulante, julgue o item seguinte. (D) existe omissão de pagamentos efetuados pela empresa.
Quando se realizam testes de subavaliação da conta de receita (E) os registros estão adequados, sendo necessário somente
de vendas, os testes são geralmente orientados às contas de ati- conciliar as contas.
vo: por exemplo, é possível que, quando a conta de receita esteja
31. (Carris Porto-Alegrense – Auditor – FUNDATEC/2021) Um
subavaliada (teste principal), as contas de ativo circulante – caixa,
dos objetivos da auditoria das contas de resultado é determinar se
bancos ou contas a receber – estejam superavaliadas (teste secun-
todas as receitas, custos e despesas atribuídos ao período estão
dário), o que pode ser causado pela não contabilização de uma ven-
devidamente comprovados e contabilizados. Com base no que es-
da realizada.
tabelece a doutrina, analise as assertivas abaixo, assinalando V, se
(...) Certo
verdadeiras, ou F, se falsas, quanto aos objetivos da auditoria das
(...) Errado
contas de resultado.
27. (SEFAZ/SC - Auditor- FCC/2018) O Auditor Fiscal Rodrigo, ( ) Determinar se todas as receitas, custos e despesas não atri-
continuando seu trabalho de auditoria tributária na empresa Ma- buídos ao período ou que beneficiem exercícios futuros estão
nezinho Comercial Ltda., em Florianópolis, ao conferir no encerra- corretamente diferidos.
mento do exercício social o Balanço Patrimonial da empresa, iden- ( ) Determinar se as receitas, custos e despesas estão contabili-
tificou que a rubrica contábil “Caixa-numerário físico” disponível na zados de acordo com os princípios de contabilidade, em bases
empresa apresentava saldo credor. uniformes.
A única opção que poderia explicar essa situação é: ( ) Determinar se as receitas, custos e despesas estão corre-
(A) pagamentos a fornecedores não contabilizados. tamente classificados nas demonstrações contábeis, e se as
(B) adiantamentos recebidos de clientes regularmente conta- divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas. ( )
bilizados. Determinar a existência de ativos dados em garantia ou vincu-
(C) pagamentos de despesas não contabilizados. lações aos passivos.
(D) recebimentos de numerários não contabilizados por meio ( ) Verificar se existe controle interno satisfatório sobre o não
da falta de emissão de documentos fiscais. circulante.
(E) realização de vendas regularmente contabilizadas e com a A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima
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a solução para o seu concurso!
AUDITORIA
para baixo, é: cotejamento dos valores da conta banco conta movimento com
(A) V – V – F – V – V. o extrato da conta bancária respectiva, podendo o ponto de
(B) V – V – V – F – F. partida para a conciliação ser os registros da empresa ou os
(C) F – V – V – F – F. do banco.
(D) V – F – V – V – F. (C) obrigatório, que pode ser efetuado a qualquer tempo e
(E) F – F – F – V – V. consiste em um cotejamento dos valores da conta banco conta
movimento com o extrato da conta bancária respectiva, po-
32. (DNPM - Auditoria Externa – MOVENS) Entre as afirmações
dendo o ponto de partida para a conciliação ser os registros da
da administração consideradas pelo auditor para avaliar os diferen-
empresa ou os do banco.
tes tipos de distorções potenciais que possam ocorrer, temos a de
(D) obrigatório, que deve ser efetuado por ocasião da apuração
que as transações e os eventos foram registrados no período de
dos resultados do exercício e que consiste em um cotejamento
corte, ou seja, no período contábil correto. Na auditoria do ciclo de
dos valores da conta banco conta movimento com o extrato da
receitas, ao fazer a revisão do corte de vendas (também conhecida
conta bancária respectiva, sendo os registros do banco o ponto
como de cut-off), a ocorrência que o auditor mais provavelmente
de partida para a conciliação.
detectaria seria a de
(E) opcional, que pode ser efetuado a qualquer tempo e que
(A) ativos existentes na data de encerramento das demonstra-
consiste em um cotejamento dos valores da conta banco conta
ções, realizados no período subsequente por valores diferentes
movimento com o extrato da conta bancária respectiva, sendo
dos registrados.
os registros da empresa o ponto de partida para a conciliação.
(B) concessão excessiva de descontos de vendas, acima do per-
mitido pela política comercial da empresa auditada. 37. (IF/PA - Gestão Financeira – FUNRIO/2016) A técnica de au-
(C) desvio de contas a receber no fim do ano. ditoria destinada ao cotejamento de informações obtidas de fon-
(D) recebimento não autorizado de mercadorias devolvidas. tes independentes, autônomas e distintas, no interior da própria
(E) vendas não contabilizadas no ano. organização, com objetivo de verificar a consistência mútua entre
diferentes amostras de evidências, denomina-se
33. (Prefeitura de Taubaté/SP - Auditor Chefe - INSTITUTO EX-
(A) inspeção física
CELÊNCIA/2019) Um auditor ao se deparar com ativos e passivos
(B) confirmação externa.
fictícios vai constatar uma:
(C) conferência de cálculos.
(A) Subavaliação das contas do ativo e passivo.
(D) correlação das informações obtidas.
(B) Superavaliação da conta do ativo e subavaliação da conta
(E) exame dos registros.
do passivo.
(C) Subavaliação da conta do ativo e superavaliação da conta 38. (Prefeitura de Criciúma/SC - Auditor – FEPESE/2022) Ao
do passivo. aplicar procedimentos de auditoria no ativo do balanço patrimo-
(D) Superavaliação das contas do ativo e passivo. nial de um shopping center, um auditor constatou que o gasto com
energia elétrica de um período estava erroneamente registrado em
34. (TJ/PI – Auditor – FCC) Um auditor constatou, no decurso
uma conta analítica (subconta) do grupo do ativo não circulante –
de seus trabalhos, que várias obrigações com terceiros da compa-
investimentos.
nhia auditada já tinham sido quitadas, mas seu valor ainda constava
Como o valor é relevante, o auditor apontou em seu relatório
do balanço patrimonial da entidade. Esse tipo de erro ou fraude é
que:
denominado
(A) A reserva de capital está subavaliada.
(A) Passivo a descoberto.
(B) O ativo não circulante está subavaliado.
(B) Ativo Oculto.
(C) O passivo não circulante está superavaliado.
(C) Passivo Real.
(D) A despesa operacional está superavaliada.
(D) Ativo Nominal.
(E) O resultado líquido do exercício está superavaliado.
(E) Passivo Fictício.
39. (FUNSAÚDE/CE - Auditor – FGV/2021) O auditor indepen-
35. (CONTER - Contador – QUADRIX/2017) Entre as técnicas
dente percebeu que uma entidade contabilizava seus gastos com
de auditoria adotadas pelo Sistema de Controle Interno do Poder
pesquisa e desenvolvimento de produtos como ativo intangível, em
Executivo Federal, o cotejamento de informações obtidas de fon-
seu balanço patrimonial. Assinale a opção que indica a constatação
tes independentes, no âmbito da própria organização, com vistas à
do auditor.
consistência mútua entre diferentes amostras de evidência, consti-
(A) O passivo no Balanço Patrimonial está superavaliado.
tui-se no(na)
(B) O ativo circulante no Balanço Patrimonial está subavaliado.
(A) confirmação externa.
(C) O ativo não circulante no Balanço Patrimonial está supera-
(B) confirmação interna.
valiado.
(C) correlação das informações obtidas.
(D) O resultado apresentado na Demonstração do Resultado do
(D) observação das atividades e condições.
Exercício está subavaliado.
(E) rastreamento.
(E) O resultado apresentado na Demonstração das Mutações
36. (TRE/BA – Contabilidade – CESPE/2017) A técnica da conci- do Patrimônio Líquido está subavaliado.
liação bancária é um procedimento
40. (SEFAZ/AL – Auditor - CESPE/CEBRASPE/2020) Acerca da
(A) opcional, que deve ser efetuado por ocasião da apuração
auditoria de contas do ativo, julgue o item a seguir, considerando as
dos resultados do exercício e que consiste em um cotejamento
normas de auditoria aplicáveis.
dos valores da conta banco conta movimento com o extrato da
Se em determinada entidade auditada o saldo das contas de
conta bancária respectiva, sendo os registros do banco o ponto
ativo intangível tiver multiplicado dez vezes e a amortização cor-
de partida para a conciliação.
respondente tiver multiplicado cinco vezes, conclui-se que houve
(B) opcional, que, normalmente, deve ser efetuado por ocasião
superavaliação de um ativo não circulante.
da apuração dos resultados do exercício e que consiste em um

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(...) Certo (E) Qual foi o modo de pagamento utilizado na compra do ativo.
(...) Errado
46. (CFC - Auditor - CFC) No processo de acompanhamento do
41. (Prefeitura de Campinas/SP - Auditor – VUNESP/2019) Na inventário físico de estoques de matéria-prima, o Auditor Indepen-
auditoria das contas de resultado de uma empresa industrial, se dente constatou a existência de quantidades relevantes de itens
uma despesa for lançada incorretamente como custo de produção que não constavam dos registros físico-financeiros e contábeis. Nes-
do período, o valor do te caso, o Auditor Independente detectou:
(A) estoque final de matérias-primas será subavaliado. (A) Ativos fictícios.
(B) custo das mercadorias vendidas será superavaliado. (B) Ativos ocultos.
(C) lucro líquido do exercício será superavaliado. (C) Ativos ocultos e passivos fictícios.
(D) estoque final de produtos em elaboração será menor do (D) Ativos fictícios e passivos ocultos.
que o verdadeiro.
47. (SEFAZ/AL - Auditor - CESPE/CEBRASPE/2020) Acerca da au-
(E) custo da produção acabada será subavaliado.
ditoria de contas do ativo, julgue o item a seguir, considerando as
42. (Prefeitura de Natal/RN – Auditor – ESAF) A empresa Celta normas de auditoria aplicáveis.
S.A. apresentou um nível de ociosidade de 30% de sua capacidade Um auditor não pode concluir que houve a alienação fictícia de
instalada. Seu gestor, com o objetivo de apresentar resultados mais um veículo para justificar suprimento fictício das disponibilidades
condizentes com a performance de seus negócios, decidiu reter apenas com base no procedimento de exame documental.
essa ociosidade no processo produtivo, dimensionando esses valo- (...) Certo
res e mantendo-os nos estoques. O auditor, ao realizar os testes nas (...) Errado
contas de estoques, deve concluir que o saldo da conta:
48. (CFC - Perito contábil – CFC/2019) Um perito contábil no-
(A) Estoques está superavaliado, visto que não é permitido no
meado pelo juiz e um perito contábil assistente adentraram em um
sistema de custeio reconhecer a ociosidade.
embate técnico no decorrer da prova pericial acerca do devido re-
(B) Custo das Mercadorias Vendidas está superavaliado por ter
conhecimento de um ativo intangível resultante de desenvolvimen-
reconhecido mais custos do que deveria apropriar aos resul-
to. Da leitura do laudo do perito do Juízo e do parecer do assistente
tados.
técnico, restou evidente a disparidade de entendimentos e certifi-
(C) Fornecedores está superavaliado por não ter sido apropria-
cações apresentadas pelos experts. Diante do incansável embate
do aos custos dos produtos.
técnico entre os dois, por meio das peças produzidas, o Douto Juí-
(D) Depreciação está superavaliado, visto ter reconhecido mais
zo designou audiência para oitiva dos peritos. Com base na Norma
depreciação em função da ociosidade.
Brasileira de Contabilidade TG 04 (R4) - Ativo Intangível, identifique
(E) Estoques está correto, visto que desde que fundamentado a
os itens que apresentam critérios de reconhecimento do ativo in-
ociosidade pode ser retida nos custos.
tangível aplicável ao caso e, em seguida, assinale a opção CORRETA.
43. (Prefeitura de Major Isidoro/AL – Contador - ADM&- I. Deve ser reconhecido como um ativo intangível resultante de
TEC/2018) Leia as afirmativas a seguir: desenvolvimento se a entidade puder demonstrar viabilidade técni-
I. A auditoria contábil tem por objetivo, entre outros aspectos, ca para concluir o ativo intangível de forma que ele seja disponibili-
verificar a efetividade e a aplicação de recursos de convênios. zado para uso ou venda.
II. O Ativo Realizável a Longo Prazo é uma divisão do Ativo Não II. Deve ser reconhecido como um ativo intangível resultante
Circulante. de desenvolvimento se a entidade puder demonstrar a intenção de
III. Antes de iniciar a execução do seu trabalho, o auditor deve concluir o ativo intangível, desde que não vá usá-lo ou vendê-lo.
planejar as atividades a serem realizadas. III. Deve ser reconhecido como um ativo intangível resultante
Marque a alternativa CORRETA: de desenvolvimento se a entidade puder demonstrar a capacidade
(A) Nenhuma afirmativa está correta. para usar ou vender o ativo intangível.
(B) Está correta a afirmativa I, apenas. IV. Não deve ser reconhecido como um ativo intangível resul-
(C) Estão corretas as afirmativas II e III, apenas. tante da capacidade de mensurar com confiabilidade os gastos atri-
(D) Estão corretas as afirmativas I e III, apenas. buíveis ao ativo intangível durante seu desenvolvimento.
(E) Todas as afirmativas estão corretas. Estão CORRETOS os itens:
(A) I e IV.
44. (SEFAZ/RS – Auditor – CESPE/2018) Na auditoria em inves-
(B) II e III.
timentos de controladas, coligadas e de empreendimentos em con-
(C) I e II.
junto, os ajustes de avaliação patrimonial ocorrem na área do
(D) I e III.
(A) fluxo de caixa.
(B) ativo. 49. (MPU - Finanças e Controle - CESPE) Acerca de atividades de
(C) passivo. controle e avaliação de riscos, julgue o seguinte item.
(D) patrimônio líquido. Na atividade de controle, lidar com o risco é tratar de algo in-
(E) ativo diferido. tangível, porém passível de ser quantificado.
(...) Certo
45. (SEFAZ/AM – Auditor – FGV/2022) Um auditor realiza a au-
(...) Errado
ditoria do ativo imobilizado de uma sociedade empresária.
Assinale a opção que indica o fator que deve receber maior 50. (Prefeitura de Capanema/PA – Auditor – CONSUL-
atenção do auditor independente, pois influencia no cálculo do re- PLAN/2020) Em uma auditoria, o auditor deve verificar se na data
sultado. do fechamento do Balanço Patrimonial, as obrigações que vencem
(A) Qual é a procedência do ativo. até o término do exercício social seguinte estão devidamente classi-
(B) Como é utilizado o caixa gerado com o seu uso. ficadas. Neste caso, as referidas obrigações deverão estar no:
(C) Se os ativos foram comprados novos ou usados. (A) Ativo Circulante.
(D) Como são estimados a vida útil e o valor residual. (B) Passivo Circulante.

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(C) Patrimônio Líquido. Em 2020, a sociedade empresária vendeu à vista todos os mó-
(D) Ativo não Circulante. veis que eram utilizados em seu escritório com lucro e que estes
(E) Passivo não Circulante. foram substituídos por móveis novos, adquiridos a prazo.
O auditor pode concluir que nas demonstrações contábeis de
51. (Prefeitura de Campinas/SP – Auditor – VUNESP/2019) O
31/12/2020, o seguinte grupo estava subavaliado:
Passivo Fictício corresponde a
(A) Patrimônio Líquido.
(A) soma total do Passivo da sociedade que não pode ser co-
(B) Ativo Circulante.
berto pela transformação em numerário de todos os ativos da
(C) Passivo Circulante.
sociedade.
(D) Ativo Imobilizado.
(B) dívidas oriundas da aquisição de mercadorias ou insumos
(E) Passivo Não Circulante.
de produção sem a respectiva emissão da nota fiscal pela so-
ciedade vendedora. 55. (SAAE de Teotônio Vilela/AL – Contador - ADM&TEC/2019)
(C) obrigações para com terceiros, que ainda não se tornaram Leia as afirmativas a seguir:
exigíveis em função de não ter ocorrido o seu fato gerador. I. O Patrimônio Líquido representa a soma entre o ativo e o
(D) títulos de crédito decorrentes de compra a prazo já pagos, passivo.
mas não baixados da contabilidade da sociedade devedora. II. O auditor é obrigado a praticar atos contrários à legislação
(E) obrigações contingentes para com terceiros, para as quais o ou destinados a fraudá-la.
desembolso de recursos pareça altamente improvável ou que Marque a alternativa CORRETA:
não possam ser estimados com segurança. (A) As duas afirmativas são verdadeiras.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
52. (Receita Federal – Auditor – ESAF) Caracteriza omissão de
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
receita, e não mera presunção de omissão de receita, constituindo
(D) As duas afirmativas são falsas.
prova suficiente para o lançamento do Imposto de Renda em desfa-
vor da pessoa jurídica: 56. (Prefeitura de Palmeira dos Índios/AL – Contador - ADM&-
(A) falta de emissão de nota fiscal ou documento equivalente TEC/2019) Leia as afirmativas a seguir:
por ocasião da efetivação das vendas de mercadorias. I. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o ca-
(B) falta de escrituração de pagamentos efetuados. pital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal,
(C) manutenção de obrigações já pagas registradas no passivo. conforme disposto na Lei Federal nº 6.404, de 15 de dezembro de
(D) divergência entre a quantidade de matéria-prima registrada 1976.
na entrada e a soma da quantidade de mercadorias registradas II. É permitido ao auditor exercer atividade ou ligar o seu nome
na saída com os produtos em estoque. a empreendimentos com finalidades ilícitas. Marque a alternativa
(E) diferença de valores no confronto entre a movimentação CORRETA:
bancária contabilizada e a receita auferida registrada. (A) As duas afirmativas são verdadeiras.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
53. (BANPARÁ – Contador – EXATUS/2015) Relatório de suges-
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
tões e recomendações:
(D) As duas afirmativas são falsas.
Uma das principais recomendações que o auditor faz ao con-
tador gerencial, ao término da auditoria das contas: bancos conta 57. (SEFAZ/SC – Auditor – FCC/2018) Os benefícios fiscais de
movimento e de duplicatas a receber ou clientes é que ele classifi- ICMS fruídos por uma empresa, na situação em que o valor da sub-
que e evidencie no balanço, os direitos e obrigações que envolvam venção governamental não é distribuído ou de qualquer forma re-
cheques, respeitando a forma de negociação e a realização desses passado aos sócios ou acionistas (fazendo-se a retenção), após o
direitos e obrigações. Com base nesta afirmação analise as situa- trânsito pela demonstração do resultado, devem ser contabilizados
ções abaixo, considerando o exercício atual de agosto de 2015: na conta contábil de Reserva de Incentivos Fiscais, conforme disci-
|- A empresa Delta recebeu um cheque de um cliente pós-da- plinado pelo Pronunciamento técnico CPC 07 - Subvenção e Assis-
tado para 10 de novembro de 2017. tências Governamentais emitido pelo Comitê de Pronunciamentos
Il - À empresa Delta emitiu um cheque para um fornecer para Contábeis.
pagamento a vista e não foi compensado dentro do período. Desejando realizar uma auditoria na conta contábil de Reserva
III - A empresa Delta recebeu um cheque de um cliente a vista. de Incentivos Fiscais, o Auditor Fiscal deverá se debruçar na seguin-
IV - A empresa Delta emitiu um cheque para um fornecedor te área do Balanço Patrimonial:
pós-datado para o dia 05 de janeiro de 2017. (A) Despesas Antecipadas.
V- A empresa Delta emitiu um cheque para um fornecedor pós- (B) Ativo Fiscal Diferido.
-datado para o dia 03 de março de 2016. (C) Contas a Pagar.
É correto o que: (D) Investimentos em Participações Societárias.
(A) Classificam-se como ativo circulante as alternativas I e III. (E) Patrimônio Líquido.
(B) Classifica-se como passivo circulante alternativa IV.
58. (TJ/GO – Contador - UEG) A auditoria das doações e sub-
(C) Classificam-se como ativo não circulante as alternativas I e
venções para investimentos é realizada em qual área do balanço
V.
patrimonial?
(D) Classifica-se como passivo não circulante a alternativa IV.
(A) Ativo Diferido.
(E) Classifica-se no patrimônio Líquido.
(B) Patrimônio Líquido.
54. (SEFAZ/AM – Auditor – FGV/2022) Ao realizar a auditoria (C) Contas a Pagar.
das demonstrações contábeis de uma sociedade empresária relati- (D) Receitas e Despesas.
va ao exercício de 2020, o auditor independente constatou que em
2019, o contador havia avaliado todos os ativos imobilizados, que
eram constituídos por móveis e utensílios, a valor de mercado, que
eram maiores do que os valores contábeis.
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59. (TSE – Contabilidade - CONSULPLAN) A auditoria das contas 63. (SEFAZ/ES – Auditor – FGV/2021) Ao auditar uma sociedade
de resultado exige maior tempo do auditor, devido ao volume de empresária, o auditor independente constatou que o resultado es-
lançamentos efetuados nas mesmas. São objetivos da auditoria das tava superavaliado. Assinale a opção que indica uma possível causa
contas de resultado, EXCETO: desse efeito no resultado.
(A) Verificar se as receitas, despesas e os custos são pertinentes (A) A sociedade empresária não reconheceu a perda de recupe-
às atividades da empresa e estão suportadas por documenta- rabilidade de seus ativos intangíveis.
ção. (B) A sociedade empresária não reconheceu o valor residual de
(B) Constatar a existência, posse e propriedade dos itens que seus ativos imobilizados para cálculo da depreciação.
justificam a existência das receitas, despesas e dos custos. (C) A sociedade empresária não reconheceu a reversão da pro-
(C) Assegurar que as receitas, despesas e os custos foram con- visão para contingências de uma causa julgada favoravelmente
tabilizados corretamente de acordo com as normas contábeis na justiça.
e regulamentares. (D) A sociedade empresária não contabilizou o lucro obtido
(D) Determinar se os custos e as despesas estão corretamente com a venda de um ativo imobilizado.
contrapostos às receitas referentes ao período. (E) A sociedade empresária não reconheceu os dividendos de-
clarados no período.
60. (SEFAZ/SP - Analista – FCC) Na auditoria das contas de re-
sultados, NÃO se aplica a diagramação da trilha de auditoria para 64. (Prefeitura de Vassouras/RJ – Auditor - FUNCAB) Em uma
as operações de auditoria da conta matéria-prima, o auditor observou que a conta
(A) acumulação por centro de custo. estava superavaliada. Assinale a alternativa que apresenta uma si-
(B) apropriação dos custos diretos. tuação que pode ter gerado esse efeito.
(C) transferências de despesas. (A) Registro indevido de perdas de estoque.
(D) rateios por produto. (B) Baixa de estoque por valor mensurado acima do valor cor-
(E) ajustes dos ativos. reto.
(C) Entrada de bens sem a inclusão de gastos que integramos
61. (Prefeitura de Santo Augusto/RS – Contador – FUNDA-
custos de aquisição.
TEC/2020) Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis –
(D) Registro contábil de entrada de uma nota fiscal do período
CPC 00 R2, .................... são reduções nos ativos, ou aumentos nos
de competência contábil subsequente.
passivos, que resultam em reduções no patrimônio líquido, exceto
(E) Saída de bens com mensuração pelo UEPS em um cenário
aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre
inflacionário.
o patrimônio.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do 65. (EPTC - Agente Tributário - OBJETIVA) No teste de supera-
trecho acima valiação, o auditor busca detectar a superavaliação de débitos, par-
(A) despesas. tindo da razão geral e chegando no documento de suporte da tran-
(B) ativos. sação. É um dos procedimentos básicos do teste de superavaliação:
(C) passivos. (A) Selecionar a parcela do registro intermediário e conferir seu
(D) receitas. valor com o valor total do registro inicial.
(E) custos. (B) Verificar a inclusão do valor total do registro final no razão
geral.
62. (IMESF – Contador – FUNDATEC/2019) Considerando as de-
(C) Verificar a inclusão do valor total do registro inicial no regis-
finições de fraude e erro na Norma Brasileira de Contabilidade NBC
tro intermediário
TI 01 – Auditoria Interna, analise as seguintes afirmações:
(D) Verificar a inclusão do valor do documento no registro ini-
I. O termo “fraude” aplica-se a ato intencional de omissão e/ou
cial.
manipulação de transações e operações, adulteração de documen-
tos, registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis, 66. (SEFAZ/PA – Auditor – FADESP/2022) Quanto ao atendimen-
tanto em termos físicos quanto monetários. to às disposições da NBC TA 240 – Responsabilidade do Auditor em
II. O termo “erro” aplica-se a ato intencional de omissão e/ou Relação a Fraude no Contexto da Auditoria de Demonstrações Con-
manipulação de transações e operações, adulteração de documen- tábeis –, é correto afirmar o seguinte:
tos, registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis, (A) o auditor deve implementar controles internos com objeti-
tanto em termos físicos quanto monetários. vo de minimizar as oportunidades de ocorrência dos efeitos de
III. O termo “fraude” aplica-se a ato não intencional de omis- fraudes da empresa auditada.
são, desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na (B) o auditor deve receber treinamento para ser especialista na
elaboração de registros, informações e demonstrações contábeis, verificação de autenticidade de documentos.
bem como de transações e operações da entidade, tanto em ter- (C) na execução dos procedimentos de auditoria, o risco de o
mos físicos quanto monetários. auditor não detectar uma distorção relevante decorrente de
IV. O termo “erro” aplica-se a ato não intencional de omissão, fraude da administração é maior do que no caso de fraude co-
desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na ela- metida por empregados.
boração de registros, informações e demonstrações contábeis, bem (D) o auditor detecta uma fraude por meio de suas habilidades
como de transações e operações da entidade, tanto em termos físi- em pensar como um perpetrador, na frequência e a extensão
cos quanto monetários. da manipulação, e a dimensão relativa dos valores individuais
Quais estão corretas? manipulados.
(A) Apenas I. (E) os procedimentos de auditoria são tão eficazes na detecção
(B) Apenas IV. de erros quanto na detecção de fraude.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e IV.
(E) Apenas II e III.

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67. (UFJF – Auditor - FUNDEP/2022) Considerando as responsa- 70. (SEFAZ/RS – Auditor – CESPE/2018) A companhia se insere
bilidades do auditor em relação a fraudes, com base nos ditames da no seguimento de comércio, importação e exportação de conservas
NBC TA 240, assinale a alternativa incorreta. alimentícias, doces, geleias, sucos, frutas, cereais e outros produtos
(A) A principal responsabilidade pela prevenção e detecção da alimentícios em geral e seus derivados.
fraude é dos responsáveis pela governança da entidade e da Considerando-se que o texto apresentado é parte de uma nota
sua administração. Fatores de risco de fraude são eventos ou explicativa, é correto afirmar que se trata de informação de con-
condições que indiquem incentivo ou pressão para que esta texto
seja perpetrada ou ofereçam oportunidade para que ela ocor- (A) fiscal.
ra. (B) legal.
(B) O auditor que realiza auditoria de acordo com as normas de (C) formal.
auditoria é responsável por obter segurança razoável de que (D) jurídico.
as demonstrações contábeis, como um todo, não contêm dis- (E) operacional.
torções relevantes, causadas por fraude ou erro. A não ser que
71. (MPE/SP - Promotor de Justiça – MPE/SP/2022) Analise as
existam razões para crer o contrário, o auditor deve aceitar os
afirmações acerca da Lei Complementar nº 105/2001, que trata do
registros e os documentos como legítimos.
Sigilo Bancário.
(C) A capacidade de o auditor detectar uma fraude depende de
Não constitui violação do dever de sigilo, dispensando a prévia
fatores como a habilidade do perpetrador, a frequência e a ex-
autorização judicial:
tensão da manipulação, o grau de conluio, a dimensão relativa
I. a revelação de informações sigilosas com o consentimento
dos valores individuais manipulados e a posição dos envolvi-
expresso dos interessados.
dos. O conluio pode levar o auditor a acreditar que a evidência
II. o fornecimento de informações constantes de cadastro de
de fraude é persuasiva, quando de fato ela é falsa.
emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores
(D) A possibilidade de o auditor detectar uma distorção rele-
inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as
vante decorrente de fraude da administração é maior do que
normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco
no caso de fraude cometida por empregados, porque a admi-
Central do Brasil.
nistração frequentemente tem condições de manipular os re-
III. a comunicação, às autoridades competentes, da prática de
gistros contábeis e de apresentar informações contábeis frau-
ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de
dulentas ou de burlar procedimentos de controle.
informações sobre operações que envolvam recursos provenientes
(E) Na obtenção de segurança razoável, o auditor tem a respon-
de qualquer prática criminosa.
sabilidade de manter atitude de ceticismo profissional durante
IV. a prestação de informações e o fornecimento de documen-
a auditoria, considerando o potencial de burlar os controles
tos sigilosos solicitados por comissão de inquérito administrativo
pela administração, e de reconhecer o fato de que procedimen-
destinada a apurar responsabilidade de servidor público por infra-
tos de auditoria eficazes na detecção de erros podem não ser
ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação
eficazes na detecção de fraude.
com as atribuições do cargo em que se encontre investido.
68. (AL/AP - Técnico de Controle Interno – FCC/2020) É respon- Estão corretas:
sabilidade do auditor, segundo a NBC TA 240, (A) II e IV, apenas.
(A) estabelecer se a fraude ocorreu, em seu conceito jurídico. (B) I, II e III, apenas.
(B) prevenir e detectar a fraude, principalmente. (C) I, II, III e IV.
(C) estabelecer se eventual fraude causou distorções relevan- (D) II, III e IV, apenas.
tes, principalmente. (E) III e IV, apenas.
(D) não se manter cético ao que narram os empregados da au-
72. (MPE/AP - Promotor de Justiça - CESPE/CEBRASPE/2021)
ditada, posto que são os principais incumbidos de cumprir os
Assinale a opção que, de acordo com a Lei Complementar nº
procedimentos de controle.
105/2001, apresenta conduta de instituição financeira que constitui
(E) manter-se cético aos sinais de fraude, pois é relativamente
uma violação do dever do sigilo bancário ou fiscal, quando feita sem
mais difícil para a administração ter condições de manipular os
autorização judicial e sem o consentimento do interessado, como
registros contábeis.
regra.
69. (UFMG – Auditor – UFMG/2019) A NBC TA 240 (R1) apre- (A) a troca de informações entre instituições financeiras, para
senta informações sobre a responsabilidade do auditor. De acordo fins cadastrais, por intermédio de centrais de risco.
com essa norma, é CORRETO afirmar: (B) o fornecimento de informações constantes de cadastro de
(A) A principal responsabilidade pela prevenção e detecção da emitentes de cheques sem provisão de fundos a entidades de
fraude em uma entidade é do auditor. proteção ao crédito.
(B) O auditor, na obtenção de segurança razoável, não tem a (C) o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por
responsabilidade de manter atitude de ceticismo profissional comissão de inquérito administrativo destinada a apurar a
durante a auditoria. responsabilidade de servidor público pela prática de infração
(C) O risco do auditor não detectar uma distorção relevante de- administrativa.
corrente de fraude da administração é maior do que no caso de (D) a disponibilização, para exame pelos agentes fiscais tributá-
fraude cometida por empregados. rios, de informações referentes às contas de depósitos de um
(D) O auditor que realiza auditoria de acordo com as normas de investigado consideradas indispensáveis pela autoridade, se
auditoria não é responsável por obter segurança razoável de houver procedimento fiscal em curso.
que as demonstrações contábeis, como um todo, não contêm (E) o fornecimento de dados financeiros relativos a operações
distorções relevantes, causadas por fraude ou erro. de crédito a gestores de bancos de dados, para formação de
histórico de crédito.

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73. (MPE/CE - Promotor de Justiça – CESPE/2020) De acordo
11 C
com a Lei Complementar nº 105/2001, as instituições financeiras
devem conservar o sigilo de suas operações, sendo uma violação 12 B
desse dever 13 E
(A) a revelação de informações sigilosas, ainda que com o con-
sentimento expresso do interessado. 14 C
(B) a comunicação, às autoridades competentes, da prática de 15 D
ilícitos penais ou administrativos, sem ordem judicial.
16 E
(C) a troca de informações entre instituições financeiras, para
fins cadastrais, ainda que observadas as normas do Banco Cen- 17 D
tral e do Conselho Monetário Nacional. 18 B
(D) o fornecimento, a gestores de bancos de dados, de informa-
ções financeiras relativas a operações de crédito adimplidas, 19 B
para formação de histórico de crédito. 20 D
(E) a transferência, à autoridade tributária, de informações re-
lativas a operações com cartão de crédito que permitam iden- 21 A
tificar a natureza dos gastos efetuados. 22 A
74. (MPE/SC - Promotor de Justiça - INSTITUTO CONSUL- 23 C
PLAN/2019) As sociedades de arrendamento mercantil são conside- 24 C
radas instituições financeiras, para os efeitos da Lei Complementar
nº 105/2001, constituindo violação do dever de sigilo a troca de 25 ERRADO
informações sigilosas com o consentimento expresso dos interes- 26 ERRADO
sados.
(...) Certo 27 D
(...) Errado 28 C
75. (BRB – Advogado – IADES/2019) Acerca da Lei Complemen- 29 C
tar nº 105/2001, que dispõe quanto ao sigilo das operações de ins- 30 B
tituições financeiras, assinale a alternativa correta.
(A) O dever de sigilo não é aplicável à BRB Distribuidora de Tí- 31 B
tulos e Valores Mobiliários, tendo em vista que ela não é consi- 32 E
derada instituição financeira.
(B) O Fisco não pode requisitar diretamente ao BRB informa- 33 D
ções a respeito da movimentação bancária dos respectivos 34 E
clientes, independentemente de autorização judicial.
35 C
(C) Mediante a decisão fundamentada do respectivo presiden-
te, uma CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal pode re- 36 C
quisitar ao BRB informações a respeito da movimentação ban- 37 D
cária de clientes da instituição financeira.
(D) As operações financeiras que envolvam recursos públicos 38 E
não estão abrangidas pelo sigilo de que trata a referida lei com- 39 C
plementar de acordo com jurisprudência do STJ.
(E) O dever de sigilo não é aplicável às empresas de fomento 40 ERRADO
mercantil (factoring), tendo em vista que elas não são conside- 41 B
radas instituições financeiras.
42 E
43 E
GABARITO
44 D
45 D
1 A
46 B
2 B
47 CERTO
3 D
48 D
4 E
49 CERTO
5 C
50 B
6 C
51 D
7 D
52 A
8 ERRADO
53 D
9 C
54 A
10 D
55 D
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AUDITORIA
______________________________________________________
56 B
57 E ______________________________________________________
58 D ______________________________________________________
59 B
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60 E
61 A ______________________________________________________
62 D ______________________________________________________
63 A
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64 D
______________________________________________________
65 A
66 C ______________________________________________________
67 D ______________________________________________________
68 C
______________________________________________________
69 C
70 E ______________________________________________________

71 B ______________________________________________________
72 C
______________________________________________________
73 E
______________________________________________________
74 ERRADO
75 D ______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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CONTABILIDADE GERAL

Externos - Esses usuários costumam analisar qual situação da


CONTABILIDADE. CONCEITO, OBJETO, OBJETIVOS, CAMPO empresa no mercado, eles procuram saber quais as condições fi-
DE ATUAÇÃO E USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL. nanceiras da empresa, tem capacidade de cumprir com suas obri-
PRINCÍPIOS gações para realizar operações de crédito (score), se estão em dia
com suas obrigações tributárias. Resumindo, os usuários externos
precisão saber se empresa está cumprindo com os seus compromis-
Conceito sos para que assim possam negociar.
Contabilidade é ciência social que registra fenômenos financei- • Concorrentes;
ros e econômicos que estão atrelados com PATRIMÔNIO (bens, di- • Bancos;
reitos e obrigações) da entidade (pode ser pessoa física ou jurídica; • Fornecedores;
exemplo empresa, organização ou cia). Gerar relatórios com inter- • Governo; e
pretação das mudanças que ocorreram com patrimônio da empresa • Investidores.
e auxiliando na tomada de decisões pelos usuários.
Funções da Contabilidade
As principais funções na contabilidade é:
Objetivo
• Registrar os fatos ocorridos identificado na escrituração em
Objetivo da Contabilidade é estudar e compreender o patrimô-
livros contábeis;
nio, que é formado por:
• Organizar adequar sistema para empresa, exemplo, arquiva-
• BENS – prédios, veículos, máquinas, estoque, etc;
mento de documentos físicos ou eletrônicos;
• DIREITOS – contas a receber (exemplo, cliente que efetua o
• Demonstrar, expor por meio de relatórios a situações econô-
pagamento) que pode ser de curto ou longo prazo;
mica, com base nos dados adquiridos no registro, exemplo elaborar
• OBRIGAÇÕES – contas a pagar (exemplo, boletos de fornece-
balanço das contas contábeis;
dores, empréstimos) que são em curto ou longo prazo;
• Analisar as demonstrações com finalidade de apuração de
resultado, exemplo análise do balanço patrimonial;
E com identificação das alterações do patrimônio expor os da-
• Acompanhar o planejamento financeiro definidos após aná-
dos aos usuários ligados a entidade (internos e externos) para de-
lise dos resultados. Normalmente fica uma equipe responsável por
senvolver objetivos a organização.
controlar o desempenho dos eventos financeiro, e verificando se os
planos estabelecidos estão sendo cumpridos e se existe necessida-
Finalidade de de ajustes.
Contabilidade tem finalidade de organizar, analisar e mensu-
rar a riqueza da empresa. Com coleta e registro das mudanças do Princípios Contábeis
patrimônio, é possível visualizar o desenvolvimento da organização A contabilidade é estudo das mudanças econômicas por acom-
junto ao mercado. panhar as alterações do mercado é definida como ciência social, e
Além de acompanhar os resultados, compreendendo os da- para manter confiabilidade e segurança sobre estes estudos surgi
dos financeiro é possível a tomada de decisão pelos usuários da os Princípios Fundamentas da Contabilidade. Resumindo, os princí-
entidade. Com atual cenário econômico no mundo, a contabilidade pios são como “leis” para regulamentar os conhecimentos técnicos
passou a ser importante direcionador de estratégias definindo dire- e nenhum órgão (como Banco Central, Receita Federal ou Comitê
trizes a serem tomadas pelas empresas. de Pronunciamentos Contábeis) pode ultrapassá-las.
Os princípios contábeis foram elaborados pela Resolução do
Usuários CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 750, de 29/12/1993
Com as informações contábeis analisadas e registradas, os da- (posteriormente alterado pela Resolução nº 1282/2010), e nº 774,
dos para criação de medidas ficam adequadas para os usuários in- de 16/12/1994. São eles:
ternos e externos. Que são: — Princípio da Entidade – reconhece que o patrimônio da em-
Internos – São aqueles que estão ligados diretamente com presa é independente dos patrimônios dos sócios. Objetivo é dife-
empresa, que precisam acompanhar o crescimento, rentabilidade, renciar as contas da pessoa física, no caso dos proprietários, das
verificar a criação de projetos. Com os dados os usuários internos contas da pessoa jurídica (entidade).
podem saber o melhor momento de expansão da empresa, como — Princípio da Continuidade – determina a continuidade das
criação de filial; aumentar folha de pagamento; aumenta ou dimi- atividades da entidade, considerando as mudanças patrimoniais,
nuição dos lucros. classificando e avaliando de forma quantitativa e qualitativa. Exem-
• Sócios e proprietários; plo, é confirmação que a contabilidade vai manter os registros atua-
• Acionista; lizados das mutações financeiras durante tempo de vida da entida-
• Empregados; de.
• Administradores. — Princípio da Oportunidade – afirma que os registros finan-
ceiros devem ser computados no mesmo tempo que são realizadas.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Exemplo:
Empresa fez compra de matéria prima no dia 25/04/2021 por R$ 50.000,00. Essa movimentação deve ser lançada no livro:
Data: 25/04/2021 D - Estoque
C - Banco 50.000,00

Obs.: D – DÉBITO
C - CRÉDITO

— Princípio do Registro pelo valor Original – considera os registros dos verdadeiros valores dos componentes do patrimônio fiéis as
transações e configuração em moeda nacional.

Usando o exemplo acima, no momento de registrar o valor da compra correto, identificar os descontos, e no caso de moeda estran-
geira, dever realizar a conversão para moeda do país.
— Princípio da atualização monetária - este princípio estabelece que os valores originais do patrimônio devam sempre ser atualizados,
e utilizando indexadores econômicos para ajustar conforme moeda nacional.

— Princípio da Prudência – procurar medidas aceitáveis e que não sofram grandes impactos no patrimônio, seria cautela para que as
ações realizadas não prejudiquem o Patrimônio Líquido da empresa. Exemplo, seria controlar os gastos mensais para que isso não interfira
no lucro no fechamento do balanço.

Todos esses princípios tem intenção de ajudar o contabilista salvar- guarda informações ligados a entidade. Por tanto o contador se-
guindo esses princípios auxilia os gestores e sócios na realização de tomadas de decisão mantendo segurança financeira, realiza atividades
dentro da conduta ética do profissional de contabilidade.

Patrimônio
Patrimônio é conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa. Bens e direitos são denominados como ATIVO e as obrigações
denominados PASSIVO, junto com passivo inclui o PQTRIMÔNIO LIQUIDO.

▪ Ativos
Onde constitui os direitos e bens da empresa e é identificada no lado esquerdo do Balanço Patrimonial.
Os bens são classificados como Tangíveis (que são materiais), exemplo carro, computador, e bens Intangíveis (não são materiais),
exemplo: no hall, marcas e patentes.
Direitos é tudo que é de direito da empresa, exemplo, é direito da empresa receber seus dividendos, manter conta bancária e que
pode ser mensurado.
No ativo é identificado as seguintes contas:
• Caixa;
• Banco;
• Estoque;
• Duplicatas a receber;
• Imobilizado.

▪ Passivos
Representado pelas obrigações da empresa, conhecidas como as dívidas, que pode ser boleto, cobranças, empréstimos, folha de pa-
gamento, recolhimento de tributos. O passivo fica no lado direito do Balanço Patrimonial, e com o total somado das obrigações tem que
igualar ao valor do total do ativo. Exemplo:

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
As contas do passivo são classificadas em Circulante, Exigível As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se em Pro-
a longo prazo e Patrimônio Líquido. No circulante é identificado as fissionais e Técnicas.
obrigações de curto prazo (mensais):
• Fornecedores; As Normas Profissionais estabelecem regras de exercício pro-
• Alugueis a pagar; fissional e classificam-se em:
• Salários a pagar; NBC PG-Geral
• Impostos a pagar. NBC PA-do Auditor Independente
NBC PP - do Perito Contábil
As contas do exigível a longo prazo, são os que tem mais de
um ano: As Normas Técnicas estabelecem conceitos doutrinários, re-
• Empréstimos a longo prazo; gras e procedimentos aplicados de Contabilidade e classificam-se
• Financiamento. em:

Patrimônio Liquido NBC TG-Geral


Patrimônio Líquido pode ser identificado como riqueza liquida Normas Completas
da empresa, é a dedução entre o ativo e passivo e as contas, são: Normas Simplificadas para PMEs
• Capital Social; Normas Específicas
• Reserva de Capital;
• Lucros Acumulados. NBC TSP-do Setor Público
NBC TA-de Auditoria Independente de Informação Contábil His-
Todas as contas identificadas a cima representa o patrimônio tórica
da empresa e agrupadas formam o demonstrativo BALANÇO PATRI- NBC TASP-de Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicá-
MONIAL, onde o profissional de contabilidade irá informar a evolu- vel ao Setor Público
ção financeira da instituição frequentemente seguindo os princípios NBC TR-de Revisão de Informação Contábil Histórica
contábeis: NBC TO-de Asseguração de Informação Não Histórica
• Princípio da Entidade; NBC TSC-de Serviço Correlato
• Princípio da Continuidade; NBC TI-de Auditoria Interna
• Princípio da Oportunidade; NBC TP-de Perícia
• Princípio do Registro pelo valor Original;
• Princípio da atualização monetária; e Cada NBC categorizada é subdividida em dezenas de normas
• Princípio da Prudência. que tratam de assuntos específicos, exemplo : a NBC TA-de Audito-
ria Independente de Informação Contábil Histórica possui inúmeras
Desta forma a contabilidade como uma ciência constitui de normas que tratam de assuntos relacionados a auditoria.
princípios éticos para evitar irregularidades e distorções dos fatos
contábeis, isso faz com que exista uma padronização na apresenta- RESOLUÇÃO CFC N.º 1.328/111
ção da movimentação financeira das organizações.
Dispõe sobre a Estrutura das Normas Brasileiras de Contabili-
dade
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE EMANADAS O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas
PELO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC) atribuições legais e regimentais, e com fundamento no disposto na
alínea “f” do art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei
n.º 12.249/10,
A Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade está regula- CONSIDERANDO o processo de convergência das Normas Brasi-
mentada na Resolução CFC nº. 1.328/11. leiras de Contabilidade aos padrões internacionais;
CONSIDERANDO que a técnica legislativa utilizada no desenvol-
Revisão NBC vimento das Normas Brasileiras de Contabilidade, quando compa-
O documento Revisão NBC altera, inclui e exclui texto das nor- rada com a linguagem utilizada nas normas internacionais, pode
mas vigentes. Esse documento foi criado pela Resolução CFC n. º significar, ou sugerir, a eventual adoção de diferentes procedimen-
1.548/2018. Assim, a partir de outubro de 2018, as alterações em tos técnicos no Brasil;
normas passam a obedecer esse novo padrão que está resumido CONSIDERANDO que os organismos internacionais da profissão,
abaixo: responsáveis pela edição das normas internacionais, estão atuali-
Quando a alteração é total, ou seja, dá-se nova redação à nor- zando e editando novas normas, de forma continuada;
ma, a sigla e o número da norma é mantido e a nova redação é CONSIDERANDO a necessidade de redefinição e revisão da atual
identificada pela letra R + o número sequencial. estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, de forma que ela
Quando a alteração é parcial, é editado o documento Revisão se apresente alinhada e convergente aos padrões internacionais,
NBC e as alterações, inclusões e exclusões são incorporadas às res- RESOLVE:
pectivas normas, mantendo a sigla da norma alterada. Art. 1º As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos
Vigência padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais
A vigência encontra-se sempre antes da data e da assinatura da e compreendem as Normas propriamente ditas, as Interpretações
norma, interpretação, comunicado e Revisão NBC. Técnicas e os Comunicados Técnicos.
1 https://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001328
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Art. 2º As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se tants (Ifac) e recepcionadas pela Organização Internacional de Enti-
em Profissionais e Técnicas. dades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). (alterado pela Resolução
Parágrafo único. As Normas Brasileiras de Contabilidade, sejam CFC n.º 1.601/2020)
elas Profissionais ou Técnicas, estabelecem preceitos de conduta Parágrafo único. As normas de que trata o inciso I do caput são
profissional e padrões e procedimentos técnicos necessários para o segregadas em:
adequado exercício profissional. a) Normas completas que compreendem as normas editadas
Art. 3º As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se pelo CFC a partir dos documentos emitidos pelo CPC que estão con-
estruturam conforme segue: vergentes com as normas do IASB, numeradas de 00 a 999;
I-Geral-NBC PG-são as Normas Brasileiras de Contabilidade apli- b) Normas simplificadas para PMEs que compreendem a norma
cadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade; de PME editada pelo CFC a partir do documento emitido pelo IASB,
II-do Auditor Independente-NBC PA-são as Normas Brasileiras bem como as ITs e os CTs editados pelo CFC sobre o assunto, nume-
de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que rados de 1000 a 1999;
atuam como auditores independentes; c) Normas específicas que compreendem as ITs e os CTs edita-
III-do Auditor Interno-NBC PI-são as Normas Brasileiras de Con- dos pelo CFC sobre entidades, atividades e assuntos específicos,
tabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam numerados de 2000 a 2999.
como auditores internos; Art. 5º A Interpretação Técnica tem por objetivo esclarecer a
IV-do Perito-NBC PP-são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, definindo regras
aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos e procedimentos a serem aplicados em situações, transações ou ati-
contábeis. vidades específicas, sem alterar a substância dessas normas.
Art. 4º As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas se estru- Art. 6º O Comunicado Técnico tem por objetivo esclarecer as-
turam conforme segue: suntos de natureza contábil, com a definição de procedimentos a
I-Geral-NBC TG-são as Normas Brasileiras de Contabilidade con- serem observados, considerando os interesses da profissão e as de-
vergentes com as normas internacionais emitidas pelo Internatio- mandas da sociedade.
nal Accounting Standards Board (IASB); e as Normas Brasileiras de Art. 7º As Normas são identificadas conforme segue:
Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes I-a Norma Brasileira de Contabilidade é identificada pela sigla
internacionais; NBC, seguida das letras conforme disposto nos arts. 3º e 4º, nume-
II-do Setor Público-NBC TSP-são as Normas Brasileiras de Con- ração específica em cada agrupamento, seguido de hífen e denomi-
tabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas nação. Por exemplo: NBC PA 290-“Denominação”; NBC TG 01-“De-
Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela nominação”;
International Federation of Accountants (IFAC); e as Normas Brasi- II-a Interpretação Técnica é identificada pela sigla IT, seguida da
leiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público editadas por ne- letra ou letras e numeração do grupo a que pertence conforme dis-
cessidades locais, sem equivalentes internacionais; posto nos arts. 3º e 4º, seguida de hífen e denominação. Por exem-
III-de Auditoria Independente de Informação Contábil Históri- plo: ITG 01-“Denominação”; ITSP 01-“Denominação”.
ca-NBC TA-são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à III-o Comunicado Técnico é identificado pela sigla CT, seguida
Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria da letra ou letras e numeração do grupo a que pertence conforme
Independente emitidas pela IFAC; disposto nos arts. 3º e 4º, seguido de hífen e denominação. Por
IV-de Revisão de Informação Contábil Histórica-NBC TR-são as exemplo: CTG 01-“Denominação”; CTSP 01-“Denominação”.
Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão convergen- IV-As Normas, Interpretações e Comunicados alterados devem
tes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC; ser identificados pela letra “R” de revisão, seguida do número da
V-de Asseguração de Informação Não Histórica-NBC TO-são as revisão realizada. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.443/13) (Revo-
Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Asseguração con- gado pela Resolução CFC n.º 1.548/2018)
vergentes com as Normas Internacionais de Asseguração emitidas Art. 7-A. Para alteração de Norma Brasileira de Contabilidade,
pela IFAC; de Interpretação Técnica e de Comunicado Técnico, serão observa-
VI-de Serviço Correlato-NBC TSC-são as Normas Brasileiras de dos os seguintes casos e condições:
Contabilidade aplicadas aos Serviços Correlatos convergentes com I-alteração total: nos casos de alteração redacional de toda a
as Normas Internacionais para Serviços Correlatos emitidas pela norma, interpretação ou comunicado, deverá ser mantida a sigla e
IFAC; identificada a nova redação pela letra “R”, seguida do número se-
VII-de Auditoria Interna-NBC TI-são as Normas Brasileiras de quencial (Ex: NBC PA 290 (R1); ITG 01 (R1); CTG 01 (R1)).
Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna; II-alteração parcial: nos casos de alteração, exclusão ou inclu-
VIII-de Perícia-NBC TP-são as Normas Brasileiras de Contabilida- são de item(ns) da norma, interpretação ou comunicado, deverá ser
de aplicáveis aos trabalhos de Perícia; editado documento denominado “Revisão NBC” seguido da nume-
IX-de Auditoria Governamental-NBC TAG-são as Normas Bra- ração inicial 01 e seguintes (Ex: Revisão NBC 01, Revisão NBC 02,
sileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental Revisão NBC 03, ...).
convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Gover- § 1º A alteração, inclusão e revogação de dispositivo deverão ser
namental emitidas pela Organização Internacional de Entidades consolidadas na respectiva norma, fazendo referência à “Revisão
Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). NBC”, sem alterar a sigla da norma modificada.
IX-de Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicável ao § 2º O dispositivo alterado ou revogado deve ser tachado,
Setor Público-NBC TASP-são as Normas Brasileiras de Contabilidade permanecendo no corpo da norma alterada.
Aplicáveis à Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicadas à § 3º As alterações incluídas na norma não alteram a letra “R +
Auditoria do Setor Público convergentes com as Normas Internacio- numeração” na sigla de normas vigentes. (Incluído pela Resolução
nais de Auditoria emitidas pela International Federation of Accoun- CFC n.º 1.548/2018)

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Art. 8º As Normas Brasileiras de Contabilidade, com exceção dos Comunicados Técnicos, devem ser submetidas à audiência pública
com duração mínima de 30 (trinta) dias.
Art. 9º A inobservância às Normas Brasileiras de Contabilidade constitui infração disciplinar sujeita às penalidades previstas nas alíneas
de “c” a “g” do art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, e ao Código de Ética Profissional do Contador.
Art. 10. As Normas Brasileiras de Contabilidade, tanto as Profissionais quanto as Técnicas, editadas pelo Conselho Federal de Conta-
bilidade continuarão vigendo com a identificação que foi definida nas Resoluções CFC n.º 751/93, n.º 1.156/09 e n.º 1.298/10 até serem
alteradas ou revogadas mediante a emissão de novas normas em conformidade com as disposições previstas nesta Resolução.
Art. 11. Fica revogada a Resolução CFC n.º 1.298/10, publicada no D.O.U., Seção 1, de 21/9/2010.
Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 18 de março de 2011.


Contador Juarez Domingues Carneiro
Presidente
Ata CFC n.º 948

Caro(a) Candidato(a), as normas são um assunto extenso, aqui fizemos apenas apresentamos cada uma. Para obter maiores informa-
ções e detalhes de todas as Normas Brasileiras de Contabilidade, acesse o site do CFC: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
-contabilidade/

CONCEITOS, FORMA DE AVALIAÇÃO, EVIDENCIAÇÃO, NATUREZA, ESPÉCIE E ESTRUTURA

CONCEITOS
Contabilidade é a ciência social que estuda, analisa e controla todos os registros que movimentam e permitem a variação do patrimô-
nio de uma entidade. Essa entidade pode ser pessoa física ou jurídica, além de organizações sem fins lucrativos e governo.
Os registros e lançamentos contábeis apresentados através de relatórios, possibilitam aos gestores tomar decisões futuras mais asser-
tivas. Para isso dispões de alguns conteúdos fundamentais:
• Objeto: O estudo do patrimônio (conjunto de Bens, Direitos e Obrigações) das entidades.
• Objetivo: Controle do patrimônio e análise de suas alterações ao longo de um período.
• Finalidade: Gerar informações aos seus usuários (público de interesse), facilitando a tomada de decisão.

FORMA DE AVALIAÇÂO
A avaliação de ativos e passivos é feita através de bases de mensuração. Mensuração inicial é aquela em que em que se passa pelos
passos de como registrar e depois, a mensuração subsequente.
A mensuração inicial será realizada através pelo custo da aquisição ou pelo valor justo.
No custo de aquisição estarão englobados todos os gastos necessários para a logística desde que arcados pelo comprador. Para o
recebimento de uma doação, a mensuração ocorrerá através de um valor justo.
Já na forma subsequente, será necessário fazer uma nova mensuração, assim o registro não acontecerá de maneira que um ativo seja
registrado por um valor além do justo. É o tipo de mensuração que fornece informações relevantes e tempestivas, auxiliando a tomada de
decisão dos usuários.

EVIDENCIAÇÃO
A evidenciação é o conjunto das demonstrações contábeis que apresentam a situação da entidade, como o Balanço Patrimonial, a DRE
(Demonstração dos Resultados do Exercício), DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa), DMPL (Demonstrações das Mutações do Patrimô-
nio Líquido), DVA (Demonstração do Valor Adicionado) e DRA (Demonstração do Resultado Abrangente) e Notas Explicativas.
É através desse processo que são retiradas as informações necessárias para a tomada de decisão e demais informações para os usu-
ários da contabilidade.

NATUREZA
Na Contabilidade a escrituração é responsável pelos registros de todos os fatos contábeis, através de lançamentos de Débitos e Crédi-
tos, conforme as contas contábeis. Assim, cada conta contábil tem uma natureza.
A natureza contábil apresenta a “explicação” da origem das contas, que pode ser devedora ou credora.
As contas de Ativo e Despesas tem sua natureza devedora, pois apresentam onde foram aplicados os recursos. Já as contas do Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas, são de natureza credora, explicando a origem dos recursos.

Contas Patrimoniais Natureza Variação - Aumento Variação Redução


Ativo Devedora Débito Crédito
Passivo Credora Crédito Débito
Contas de Resultado Natureza Variação - Aumento Variação Redução
Receita Credora Crédito
Despesa Devedora Débito
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ESPÉCIE E ESTRUTURA  Fatos Modificativos ou Quantitativos
A estrutura conceitual básica da contabilidade, com base no Os FATOS MODIFICATIVOS, como o próprio nome já diz, modi-
CPC 00, que é o pronunciamento contábil; apresenta as ferramen- ficam alguma coisa. No caso, eles alteram a SITUAÇÃO LÍQUIDA da
tas para os relatórios contábeis, que devem representar fielmente empresa (seu PATRIMÔNIO LÍQUIDO), aumentando ou diminuindo
a situação econômica das entidades. Suas principais características seu valor por meio de operações que envolvem contas de receitas e
são a relevância e a apresentação fidedigna. de despesas. São exemplos deste tipo de operações:
 Relevância – É o conjunto de informações necessárias
para tomada de decisão de todos os usuários, mas principalmente - Receitas Obtidas por Serviços Prestados:
os gestores. (+) Aumenta o Ativo na conta Caixa/Bancos
 Apresentação fidedigna – É de extrema importância que (+) Altera o Patrimônio Líquido na conta Receita
todos os números apresentados pelos relatórios contábeis estejam D – Caixa/Bancos
representando o mais próximo possível da situação real da entida-
C – Receita de Prestação de Serviços R$2.000,00
de, sem erros.
- Pagamento de Despesa:
ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS (-) Altera o Patrimônio Líquido, na conta Despesa.
(-) Diminui Ativo na conta Caixa/Bancos.
D – Despesa
C – Caixa/Bancos R$ 800,00
Atos Administrativos - Devemos entender por ATOS ADMINIS-
TRATIVOS ou CONTÁBIL aqueles que não modificam quaisquer ele-
- Apropriação de Despesas:
mentos do PATRIMÔNIO.
(-) Altera o Patrimônio Líquido na conta Despesa
Como exemplo trivial deste tipo de procedimento, tem-se a elei-
(+) Aumenta Passivo na Contas a Pagar
ção da diretoria de uma empresa.
D – Despesa com Energia Elétrica
C- Energia Elétrica a Pagar R$ 300,00
Fatos Administrativos ou Contábeis - Os FATOS ADMINISTRATI-
VOS são aqueles que provocam modificações no patrimônio. Classi-
Fatos Mistos ou Compostos
ficam-se em FATOS PERMUTATIVOS, MODIFICATIVOS e MISTOS.
Os fatos mistos ou compostos são uma combinação dos permu-
tativos e dos modificativos, podendo ainda provocar efeitos aumen-
Fatos Permutativos, Qualitativos ou Compensativos
tativos ou diminutivos. São exemplos deste tipo de fatos:
O termo “permutativo” significa troca, mudança de valor ou de
posição, intercâmbio. Assim, são considerados permutativos aque-
No caso de Fato Misto Aumentativo:
les fatos que provocam trocas entre elementos do PATRIMÔNIO,
- Recebimento de Duplicata com Juros.
tais como bens por bens, bens obrigações, direitos por bens, etc.
Ocorre aumento no Ativo pela entrada de dinheiro, diminuição
Para fins de ilustração, elencamos quatro exemplos de fatos
do Ativo pela baixa da conta Cliente e aumento no PL dos juros, por
permutativos:
se caracterizarem Receita.
D - Duplicatas 1.200,00
Compra à Vista de Mercadoria:
C - Clientes 1.000,00
(+) Aumenta ativo na conta Mercadoria
C - Juros Recebidos 200,00
(-) Diminui Ativo conta Caixa/Bancos
D – Mercadoria
No caso de Fato Misto Diminutivo:
C – Caixa/Bancos R$1.200,00
- Pagamento de uma Duplicata com Juros
Ocorre a diminuição do Passivo pela quitação da obrigação, di-
Compra a Prazo de Mercadoria:
minuição no Ativo pela saída de dinheiro e diminuição no PL pelo
(+) Aumenta Ativo na conta Mercadoria
pagamento dos juros ser uma Despesa.
(+) Aumenta Passivo na conta Fornecedores
D - Fornecedores 1.000,00
D – Mercadoria
D - Juros Passivos 200,00
C – Fornecedores R$1.500,00
C - Caixa 1.200,00
Pagamento de Fornecedores:
Dica: Variações do Patrimônio Líquido ocorrem quando há
(-) Diminui Passivo na conta Fornecedores
investimento de Capital feito por sócios ou acionistas na entidade
(-) Diminui Ativo na Conta Caixa/Bancos)
ou através do resultado apurado entre a diferente da Receita e da
D – Fornecedores
Despesa. Enquanto as Receitas aumentam o Patrimônio Líquido, as
C – Caixa/Bancos R$1.500,00 despesas diminuem o Patrimônio Líquido.
Aumento de Capital, com o Saldo da Conta Reserva de Capital:
(-) Diminui Patrimônio Líquido na conta Reserva de Capital RESUMO DOS FATOS ADMINISTRATIVOS
(+) Aumenta Patrimônio Líquido na conta Capital Fato Contábil Conta Debitada Conta Creditada
D – Reserva de Capital Permutativo Patrimonial Patrimonial
C – Capital R$1.000,00
(+ Ativo ou – (- Ativo ou
Passivo) +Passivo)

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(- Patrimônio (+ Patrimônio Livro Razão


Líquido) Líquido) O Livro Razão registra, também, todos os fatos, só que dan-
do ênfase às contas que compõem o patrimônio. É esse livro que
Modificativo Patrimonial Receita permite conhecer a movimentação de débito e crédito de cada ele-
Aumentativo (+ Ativo ou – (+ Resultado) mento que compõe o patrimônio da empresa
Passivo)
Modificativo Despesa Patrimonial De acordo com o Código Civil:
- A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacio-
Diminutivo (- Resultado) (- Ativo) nais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano,
Misto Patrimonial Patrimonial e sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras emen-
Receita das ou transportes para as margens (art. 1.183 do Código Civil).
Aumentativo (+ Ativo ou – (+ Resultado) - Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que
Passivo) não excedam o período de 30 dias, relativamente a contas cujas
operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabele-
Misto Patrimonial e Patrimonial
cimento, desde que utilizados livros auxiliares regulamente auten-
Despesa
ticados, para registro individualizado e conservados os documentos
Diminutivo (- Resultado) (- Ativo) que permitam a sua perfeita verificação (art. 1.184, § 1º, do Código
Civil).

LIVROS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS Livros Auxiliares


- Livro de Inventário: tem a finalidade de registrar os bens de
consumo, as mercadorias, as matérias-primas e outros materiais
Atualmente, com a utilização do Sistema Público de Escritura- que se achem estocados nas datas em que forem levantados os ba-
ção Digital (SPED), e da Escrituração Contábil Digital (ECD), também lanços.
conhecida como SPED Contábil, há livros contábeis em forma digital No Livro de Inventário deverão ser arrolados, com especifica-
(para as empresas obrigadas ao SPED Contábil) e livros contábeis ções que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produtos
em forma não digital (impresso em papel). manufaturados, as matérias-primas, os produtos em fabricação e os
Os livros contábeis obrigatórios em forma não digital, como o bens em almoxarifado existentes na data do balanço patrimonial le-
Livro Diário e o Livro Razão, devem possuir as seguintes formalida- vantado ao fim de cada período de apuração (Lei 154/47, artigo 2°,
des extrínsecas: § 2°, e Lei 6.404/1976, artigo 183, inciso II, e 8.541/1992, artigo 3°).
- Devem ser encadernados;
- As suas folhas devem ser numeradas sequencialmente; - Livro Registro de Duplicatas: este livro foi estabelecido pelo
- Devem conter termo de abertura e termo de encerramento artigo 19 da Lei 5.474/1968, sendo obrigatório para o vendedor
assinados pelo titular ou representante legal da entidade e que efetuar vendas com prazo de pagamento igual ou superior a
pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado no 30 (trinta) dias.
Conselho Regional de Contabilidade. No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronologicamen-
Já os livros contábeis obrigatórios em forma digital, como o Li-
te, todas as duplicatas emitidas, com o número de ordem, data e
vro Diário e o Livro Razão, devem possuir as seguintes formali-
valor das faturas originárias e data de sua expedição; nome e domi-
dades extrínsecas:
cílio do comprador; anotações das reformas; prorrogações e outras
- Devem ser assinados digitalmente pela entidade e pelo profis-
circunstâncias necessárias.
sional da contabilidade regularmente habilitado;
- Devem ser autenticados no registro público competente
(exemplo: Juntas Comerciais) - Livro de Entrada de Mercadorias: destina-se ao registo, em
No caso de escrituração contábil digital (ECD), não há a neces- ordem cronológica, das mercadorias adquiridas e recebidas pelas
sidade de impressão e encadernação dos livros. Contudo, o ar- empresas.
quivo magnético autenticado pelo registro público competente Nele também são registradas as entradas de bens de qualquer
deve ser mantido pela entidade. espécie, inclusive os que se destinam a uso ou consumo.
Vejamos a seguir os tipos de livros Contábeis.
- Livro de Saída de Mercadorias: registram-se, em ordem cro-
Livro Diário nológica, as vendas de mercadorias ou de produtos, bem como
No Livro Diário devem ser registradas, em ordem cronológica toda e qualquer saída, inclusive de bens móveis da empresa.
rigorosa, com individualização, clareza e referência ao documento
comprobatório do lançamento, todas as operações ocorridas na - Livro de Registro de Prestação de Serviços: é obrigatório
entidade e quaisquer outros fatos que provoquem variação patri- perante o fisco municipal, podendo ser utilizado como auxiliar do
moniais. Diário, pois nele registram-se todas as operações de serviços, in-
As principais características do livro Diário são: obrigatório (exi- dividualizando as respectivas Notas Fiscais em ordem cronológica.
gido pelo Código Civil); principal (registra todos os fatos contábeis);
comum (para todas as empresas) e cronológico (fatos contábeis re- Regras Gerais2
gistrados em ordem cronológica). Independentemente de os livros contábeis serem opcionais ou
As demonstrações contábeis devem ser transcritas no Livro Diá- obrigatórios, observando as diretrizes que os regem, algumas reso-
rio, completando-se com as assinaturas do titular ou de represen- luções devem ser seguidas sempre. Elas asseguram a idoneidade do
tante legal da entidade e do profissional da contabilidade legalmen-
te habilitado. 2 https://blog.sage.com.br/livros-contabeis-o-que-sao-e-para-que-servem-2/
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que é registrado em cada livro, dando a certeza de que não houve
e nem haverá adulteração de lançamentos e garantindo a padroni- DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL
zação das emissões.
Ressaltando que nenhum destes livros pode conter rasuras
ou qualquer tipo de adição ou alteração de dados após a emissão DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL 
do sistema de gestão contábil. Além de sempre respeitarem a or- A documentação contábil representa o conjunto dos principais
dem cronológica e de alguns serem abertos e encerrados por ter- documentos de uma empresa. utilizados no momento da escritu-
mos, os documentos-base da escrituração devem ser idôneos de ração e formalização dos registros contábeis que são originários de
acordo com as leis fiscais. Todas essas normas certificam o atendi- acontecimentos como vendas, compras, prestação de serviços etc.
mento dos livros contábeis às resoluções legais de exatidão e boa-fé Para isso, tais documentos não podem conter erros ou rasuras e
da escrituração. Além disso, também garantem a eles a qualidade precisam de arquivamento correto e de fácil acesso.
de serem instrumentos úteis à gestão empresarial. Existem diversos documentos contábeis, ao mais importantes
são:
LIVROS FISCAIS  Comprovantes de despesas diversas: Conta de energia
Geralmente, esses livros são exigidos pelos órgãos fiscais muni- elétrica, água, aluguel, condomínio, telefone, internet etc.
cipais, estaduais e federal, e por meio deles é possível obter todas Suas informações estarão disponíveis nos principais de-
informações fiscais da organização. Eles devem seguir uma forma- monstrativos contábeis, como balanço patrimonial, DFC,
tação padronizada, constando: identificação; numeração do livro; DRE etc.
 Notas fiscais: Por meio desses documentos será possível
encadernação; termos de abertura e encerramento; assinatura do
comprovar a compra e venda de produtos ou serviços,
representante da empresa; assinatura de um contador competente.
apresentando o faturamento e todas as operações passí-
A obrigatoriedade do livro fiscal na instituição vai depender do
veis de tributação.
regime tributário escolhido.  Extratos das movimentações bancárias: Documentos que
apresentam a movimentação financeira diária da entida-
Os livros fiscais mais utilizados: de, também são considerados documentos contábeis pois
Registro de Entradas: Nele consta todos os documentos refe- registram as receitas e despesas, além de compor os de-
rentes à entrada de mercadorias, patrimônios e serviços pela em- monstrativos contábeis.
presa que contribui com o Imposto sobre Circulação de Mercado-  Documentos trabalhistas: Informações sobre os funcioná-
rias e Serviços (ICMS). rios e da rotina do Departamento Pessoal, como folha de
pagamento, recibos de pagamentos de salários e demais
Registro de Saídas: Livro onde consta todos os documentos verbas pertinentes aos contratados com carteira assinada,
referentes à saída de mercadorias, patrimônios e serviços pela em- contratos de trabalho, guia de recolhimento de FGTS etc.
presa que contribui com o Imposto sobre Circulação de Mercado-  Guias de impostos, taxas e tributos diversos: GPS, DAS,
rias e Serviços (ICMS). DARF, IPTU etc.

Registro de Inventário: Livro utilizado para os lançamentos de


todo o estoque no momento da realização do balanço. VARIAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. RECEITA, DESPESA,
GANHOS E PERDAS. ITENS PATRIMONIAIS. CONTEÚDO,
Registro de Recebimento de Impressos Fiscais e Termos de CONCEITOS, ESTRUTURA, FORMAS DE AVALIAÇÃO E CLAS-
Ocorrências: Livro para registro de Autorização de Impressão de SIFICAÇÃO DOS ITENS PATRIMONIAIS DO ATIVO, DO PAS-
Documentos Fiscais – AIDF, e também utilizado para anotações do SIVO E DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Fisco em caso de eventuais fiscalizações.

Registro de Apuração de IPI: Esse é o livro onde são feitos to- O Patrimônio de uma entidade é o conjunto de Bens, Direitos e
dos os lançamentos das operações de débitos e créditos referentes Obrigações, sendo também conhecidos como Ativo, Passivo e Patri-
ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). mônio Líquido.

Registro de Apuração de ICMS: Neste livro são feitos todos os Ativo3


lançamentos das operações de débitos e créditos referentes ao Im- O Ativo faz parte das  Contas Patrimoniais  e compreende o
posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). conjunto de Bens e Direitos da organização (entidade, empresa),
possuindo valores econômicos e podendo ser convertido em
Escrituração dinheiro (proporcionando ganho para a empresa).
Normalmente, a escrituração dos livros fiscais é feita pelos É a parte positiva da posição patrimonial e identifica onde os
contribuintes, por meio do Sistema Público de Escrituração Digital recursos foram aplicados. Representa os benefícios presentes e
(SPED). Mas, como já mencionado antes, isso vai depender das ca- futuros para a empresa.
racterísticas e regime tributário da empresa. As contas do Ativo são classificadas em ordem decrescente do
O SPED foi criado para facilitar o envio das informações de grau de liquidez (de acordo com a rapidez com que podem ser con-
modo mais simples e padronizado. Isso facilita muito para o Fisco vertidas em dinheiro).
— já que ele tem um controle mais efetivo e o cruzamento de dados É um recurso controlado pela entidade como resultado
se torna mais seguro — e para os gestores, que podem se beneficiar de eventos passados e do qual se espera que resultem, no
utilizando dos próprios dados enviados no SPED. futuro, benefícios econômicos para a entidade. Ou seja, deve
ser compreendido como o conjunto de recursos financeiros e
3 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_ativo8.php
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econômicos que são administrados de forma a gerarem mais Estoque: São as mercadorias para serem revendidas que a em-
recursos financeiros e econômicos. A finalidade de uma empresa presa possui. Essa conta registra o valor dos estoques na data do
é o lucro, e o Ativo é a aplicação de bens e direitos de modo a fechamento do balanço. São contas deste grupo:
produzir lucro. Estoque de Produtos Acabados - produtos cujo processo de
Para que algo possa ser considerado um ativo, é necessário fabricação foi concluído e já se encontram em condições de venda.
que ele cumpra quatro requisitos: constituir bem ou direito para a Estoque de Mercadoria para Revenda - compreende as merca-
empresa, ser de propriedade, posse ou controle da sociedade, ser dorias adquiridas para comercialização.
mensurável monetariamente e trazer benefícios (ou expectativa de Estoque de Produtos em Elaboração - são classificados todos
benefícios) para a empresa. O dinheiro é o ativo por excelência, pois os produtos que, no fechamento do balanço, ainda se encontram
é o meio de troca da economia e sua liquidez é plena. em fase de produção. Compreende todos os custos aplicados nes-
As contas deste grupo não se encerram com a apuração do re- ses produtos. Em empresas prestadoras de serviços, essa conta é
sultado do exercício e podem ser debitadas ou creditadas, sendo o chamada de Serviços em Andamento.
saldo sempre devedor (com exceção das Contas redutoras do ati-
vo). Outros Créditos: São as contas a receber que não se enquadram
O Ativo se divide em duas partes: Ativo Circulante e Ativo Não nos grupos anteriores, sendo contas de curto prazo, assim como as
Circulante. demais do Ativo Circulante.
Impostos a Recuperar - impostos pagos no ato da compra de
Ativo Circulante mercadorias, incidentes sobre as compras realizadas. Denomina-se a
recuperar pois quando ocorrer a vendas das mercadorias, o valor
O Ativo Circulante agrupa dinheiro e tudo o que será transfor-
de imposto pago será reduzido dos Impostos a recolher (referente
mado em dinheiro rapidamente. São contas que estão constante-
à venda de mercadorias). Desta forma, a empresa pagará apenas a
mente em giro, movimento, circulação.
diferença de valor, diminuindo o imposto das compras do imposto
Neste grupo são registrados os bens e direitos que a empresa
das vendas. São contas de impostos a recuperar: ICMS; PIS; COFINS;
consegue realizar (transformar) em dinheiro até o final do exercício IPI e outros.
seguinte, ou seja, no curto prazo. Adiantamento a Funcionários - nesta conta devemos juntar
todas as operações de créditos a funcionários por adiantamentos
Abaixo algumas contas do Ativo Circulante: concedidos por conta de salários, de despesas, de empréstimos
Disponibilidades: Compreendem valores existentes em Caixa e outros. Quando chegar o dia de pagamento de cada um destes
e Bancos, assim como as aplicações de curtíssimo prazo e liquidez itens, o valor que constar de adiantamento deverá ser reduzido do
absoluta. Significa o que está disponível para a empresa, podendo valor a ser pago pela empresa. São contas de adiantamento a fun-
ser utilizado a qualquer momento e para qualquer fim. As contas cionários: Adiantamento para viagens; Adiantamento de salários;
deste grupo estão a todo instante sendo movimentadas (entra e Adiantamento de férias e 13º salário, entre outros.
sai dinheiro)
Caixa - dinheiro existente (em espécie) na empresa, sendo o Ativo Não Circulante
item de maior liquidez (rapidez com que pode ser convertido em São registrados os direitos que serão realizados (transformados
dinheiro). Quando for necessário usar este dinheiro, ele estará à em dinheiro) após o final do exercício seguinte (longo prazo), assim
disposição na própria empresa. como os bens de uso (veículos, máquinas, etc.) e de renda da em-
Banco - nessa conta são registrados os recursos depositados presa (aluguéis, imóveis para vendas, etc.).
em contas-correntes de livre movimentação. As contas de livre mo- Ou seja, no Não Circulante são incluídos todos os bens de natu-
vimentação são as contas bancárias cujo saldo pode ser sacado ime- reza duradoura destinados ao funcionamento normal da sociedade
diatamente pelo cliente, no todo ou em parte. São as contas que a e do seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com
empresa usa para fins de compras (com cheque ou cartão), vendas
essa finalidade.
(recebimentos de compras parceladas), empréstimos, etc.
Realizável a Longo Prazo: São classificados neste grupo as
Créditos: São direitos que a empresa tem a receber. Fazem parte
contas de bens e direitos da empresa cujas realizações se darão
deste grupo as contas:
no  longo prazo  (após o término do exercício seguinte). Também
Duplicatas a Receber / Clientes - valores a receber decorrentes
estão inseridas  neste grupo as contas de direitos sem prazo
das vendas efetuadas pela empresa. Esta conta é usada quando o
de vencimento. Ou seja, quando não se determina o prazo de
cliente compra e leva o produto ainda sem ter pago o valor total
que deve (compra a crédito com cartão ou com cheque pré-datado, vencimento do direito, em contabilidade, entende-se como de
compra parcelada a curto prazo). Ou seja, são valores ainda não longo prazo. São contas de natureza devedora, assim como as do
recebidos decorrentes de vendas de mercadorias. Ativo Circulante. 
Títulos a Receber - são representados, na maioria das vezes, Aplicações Financeiras de Longo Prazo - aplicações que a em-
por notas promissórias. Esses títulos podem ser originários de du- presa faz, mas que só terá o direito de retirar o dinheiro aplicado
plicatas não pagas no vencimento, cujos valores renegociados pas- após um prazo de 12 meses
sam a ser representados por notas promissórias ou por outro título Duplicadas a Receber a Longo Prazo - também conhecida
equivalente com prazo de vencimento dilatado, conforme acordo como  Clientes de longo prazo, são valores a receber decorrentes
entre as partes. Representam também valores de empréstimos a das vendas efetuadas pela empresa a longo prazo.
receber de terceiros e de vendas não ligadas às operações normais
da empresa, tais como vendas de investimentos como ações, de- Investimentos: No grupo Investimentos são classificadas as par-
bêntures, imóveis, etc. ticipações e aplicações financeiras de caráter permanente, com o
objetivo de gerar rendimentos para a empresa de forma que esses
bens e direitos não sejam destinados à manutenção das atividades
normais da companhia.
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Obra de Arte - as obras de arte existentes na empresa são um As contas do Passivo podem ser debitadas ou creditadas, mas o
tipo de investimento, sendo elas desvinculadas da atividade princi- seu saldo será sempre credor, com exceção das contas redutoras do
pal da empresa. Para que uma obra de arte seja classificada como Passivo. Essas contas não se encerram com a apuração do resultado
investimento, a empresa não deve ter a intenção de vendê-la. do exercício.
Investimentos e Ouro - uma forma de investimento (aplicação) O Passivo compreende as origens de recursos representados
que tem por objetivo gerar lucro para a empresa. pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos ocor-
Participações Societárias - são participações (investimentos) ridos que exigirão ativos para a sua liquidação.
em outras sociedades (coligadas e controladas) que não são des- Já o passivo, simplificadamente, evidencia toda a obrigação
tinadas à venda. A empresa não deve ter a intenção de se desfazer (dívida) que a empresa tem com terceiros, por exemplo: contas a
destes investimentos em um horizonte previsível. Ou seja, são par- pagar, fornecedores de matéria-prima à prazo, impostos a pagar,
ticipações em outras empresas obtidas com o objetivo de mantê-las financiamentos, empréstimos, etc. O Passivo é uma obrigação exigí-
em caráter permanente para se obter o controle societário ou por vel, isto é, no momento em que a dívida vencer, será exigida (recla-
interesses econômicos, como por exemplo, fonte permanente de
mada) a liquidação da mesma. Por isso é mais adequado chamá-lo
renda. Se a empresa comprar a participação esperando sua valori-
Passivo Exigível.
zação para vendê-la, ela deve ser registrada no Realizável a longo
prazo. São elas: Investimentos em coligadas; Investimentos em con-
Passivo Circulante
troladas.
Neste grupo, classificam-se as contas que representam obriga-
Imobilizado: No Imobilizado são classificados os bens e direitos ções da empresa para com terceiros no curso do exercício seguinte.
de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção Ex.: Salários a Pagar, Fornecedores, Impostos a Pagar, Empréstimos
das atividades normais da empresa, servindo a sua estrutura. A em- Bancários etc.
presa  não  pretende vender os seus bens e direitos, ou seja, não São as obrigações (dívidas) exigíveis que deverão ser pagas até
há intenção de transformá-los em dinheiro. Caracterizam-se por se o fim do exercício seguinte.
apresentarem na forma tangível (bens corpóreos). Neste grupo são escrituradas as obrigações da entidade, inclusi-
Imóveis - são os imóveis que fazem parte da empresa e que po- ve financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulan-
dem ser usados para o desenvolvimento das atividades necessárias. te, quando se vencerem no exercício seguinte. No caso de o ciclo
Fazem parte: Terrenos, Edificações, etc. operacional da empresa ter duração maior que a do exercício social,
Máquinas e Equipamentos - são as máquinas e equipamentos a concepção terá por base o prazo desse ciclo.
que a empresa usa para desenvolver as suas atividades.  Fornecedores – Fornecedores; Duplicatas a pagar; Energia elé-
Veículos - são os carros, motos, camionetes, caminhões, etc. trica, entre outros
que são usados para o desenvolvimento da companhia, seja para Obrigações Trabalhistas – INSS, FGTS, PIS, Salários, entre ou-
entrega de produtos, deslocamento dos funcionários e para qual- tros
quer outra atividade da empresa. Empréstimos e Financiamentos – Empréstimos e financiamen-
tos a curto prazo.
Intangível: São Intangíveis os bens que não podem ser tocados Obrigações Tributárias – IRRF, PIS, COSINF, IR, ICMS, ISS, entre
ou vistos, já que são incorpóreos (não tem corpo). Eles possuem outros.
valor econômico mas carecem de substância física (material), tendo Provisões e Encargos das Provisões – Provisão para 13٥, FGTS,
o valor patrimonial nos direitos de propriedade imaterial que são INSS, Férias, entre outros
conferidos a seus possuidores. Outras Obrigações.
Softwares – Sistemas de aplicativos
Marcas e Patentes - É o nome que a empresa utiliza nos seus Passivo Não Circulante
produtos e serviços. São conhecidos e reconhecidos pelos seus Neste grupo são escrituradas as obrigações da entidade, inclu-
fornecedores e clientes. Patentes são de propriedades incorpóreas sive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circu-
e de uso exclusivo, ou seja, significa prevenir que os competidores lante, quando se vencerem após o exercício seguinte. No caso de o
copiem ou vendam a sua invenção ou criação ciclo operacional da empresa ter duração maior que a do exercício
social, a concepção terá por base o prazo desse ciclo.
Licenças Exigível a Longo Prazo – Fornecedores a longo prazo; Financia-
Direitos Autorais mentos a longo prazo, entre outros
Direitos de Exploração de Serviços Públicos Resultados de Exercícios Futuros - Neste grupo, classificam-se
as contas que representam obrigações da empresa para com ter-
Passivo4 ceiros, com vencimento após o curso do exercício seguinte (longo
O Passivo faz parte das  Contas Patrimoniais  e compreende prazo).
as obrigações da organização, entidade ou empresa  para com
terceiros, por sua natureza e por sua expressão monetária. Patrimônio Líquido5
É a parte negativa do Patrimônio e identifica a  origem  dos O Patrimônio Líquido é formado pelo grupo de contas que regis-
recursos aplicados. As contas representam os  recursos de tra o valor contábil pertencente aos acionistas ou quotistas.
terceiros  que foram usados e são classificadas segundo a  ordem A partir de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007, para as
decrescente de exigibilidade (são classificadas de acordo com o seu sociedades por ações, a divisão do patrimônio líquido será realizada
vencimento, através do curto e longo prazo). da seguinte maneira:
Ou seja, o Passivo se classifica de acordo com o prazo de reali- a) Capital Social - O capital social representa os valores recebi-
zação das obrigações. dos pela empresa, em forma de subscrição ou por ela gerados. A in-
tegralização do capital poderá ser feita por meio de moeda corrente
ou bens e direitos.
4 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_passivo.php 5 http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/pl.htm
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b) Reservas de Capital - A reserva de capital abrange as seguin- Receita Financeira8
tes subcontas: São considerados como receita financeira, para fins tributários:
- Reserva de Correção Monetária do Capital Realizado; 1) Os juros recebidos, os descontos obtidos, o lucro na opera-
- Reserva de Ágio na Emissão de Ações; ção de reporte, o prêmio de resgate de títulos ou debêntures e os
- Reserva de Alienação de Partes Beneficiárias; rendimentos nominais relativos a aplicações financeiras de renda
- Reserva de Alienação de Bônus de Subscrição; fixa, auferidos pela empresa no período de apuração, compõem as
- Reserva de Prêmio na Emissão de Debêntures; (excluída des- receitas financeiras e como tal deverão ser incluídas no lucro opera-
de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007) cional. Tais receitas, quando derivados de operações ou títulos com
- Reserva de Doações e Subvenções para Investimento; (excluí- vencimento posterior ao encerramento do período de apuração,
da desde 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007) poderão ser rateados pelos períodos a que competirem. 
- Até 31.12.2007, a Reserva de Incentivo Fiscal. A partir de 2) A atualização monetária dos valores de tributos pagos indevi-
01.01.2008, respectiva reserva passa a fazer parte do grupo de Re- damente ou a maior, bem como saldos negativos de IRPJ e CSLL, su-
servas de Lucros. jeitos à taxa de juros Selic a partir do mês seguinte ao do pagamento
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial - é o resultado do valor indevido/ou a maior e, no caso de Saldo Negativo de IRPJ e CSLL, a
da avaliação dos bens em relação ao seu valor justo. O valor justo partir do mês seguinte ao do fechamento do período de apuração
é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo (trimestral ou anual).
liquidado, por duas partes dispostas a isso e independentes entre si 3) As  variações monetárias  dos direitos de crédito e das
d) Reservas de Lucros - As reservas de lucros são constituídas obrigações do contribuinte em função da taxa de câmbio ou de
pelos lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade específi- índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual
ca. Os lucros retidos com finalidade específica e classificados nesta serão consideradas para efeitos da legislação do Imposto de Renda,
conta são transferidos da conta de “Lucros ou Prejuízos Acumula- como receitas financeiras, quando for o caso (Lei 9.718/98, art. 9°).
dos”. 4) Os juros sobre capital próprio (TJLP) - Lei 9.249/1995, artigo
e) Ações em Tesouraria - As  ações  ou quotas adquiridas pela 9°.
companhia ou sociedade limitada serão registradas em conta Para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL, as receitas financei-
específica redutora do Patrimônio Líquido, intitulada «ações ou ras são receitas tributáveis tanto para as pessoas jurídicas que ado-
quotas em tesouraria” tem o Lucro Presumido quanto para as que tributam pelas regras
f) Prejuízos Acumulados - Os lucros ou prejuízos representam do Lucro Real.
resultados acumulados obtidos, que foram retidos sem finalidade
específica (quando lucros) ou estão à espera de absorção futura Despesa Financeira9
(quando prejuízos). São consideradas despesas financeiras os juros pagos ou incor-
ridos, os quais serão dedutíveis como custos ou despesa operacio-
Adiantamentos para Aumento de Capital: Adiantamentos au- nais observadas às seguintes normas (RIR/1999, art. 374):
mento de capital são os valores recebidos pela empresa por meio Os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de
de seus acionistas ou de seus quotistas, onde são destinados e uti- créditos e o deságio concedido na colocação de debêntures ou tí-
lizados como futuro aporte de capital da organização. O Contador tulos de crédito, deverão ser apropriados proporcionalmente ao
estar atento, pois caso o valor do adiantamento seja efetivamente tempo decorrido (pro rata tempore), nos períodos de apuração a
utilizado para tal situação, deve ser registrado no Patrimônio Líqui- que competirem;
do. Havendo a hipótese deste valor ser devolvido a quotistas ou Os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição
acionista, o mesmo deve ser lançando no Passivo Não Circulante. ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as
fases de construção e pré-operacional, podem ser registrados no
Receita e Despesa ativo diferido, para serem amortizados.
Receita6 é a entrada bruta de benefícios econômicos durante o A partir de 01 /01/1999, as variações monetárias dos direitos
período que ocorre no curso das atividades ordinárias de uma em- de créditos e das obrigações do contribuinte, em função da taxa
presa, quando tais entradas resultam em aumento do patrimônio de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição
líquido, excluídos aqueles decorrentes de contribuições dos pro- legal ou contratual, serão consideradas, para efeitos da legislação
prietários, acionistas ou cotistas. do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
Nas contas do grupo de receitas7 são registrados todos os (e também da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS), como
valores que são recebidos pela empresa. Estes valores podem despesas financeiras, quando passivas (Lei nº 9.718, de 1998, art.
ser provenientes da operação direta da empresa, como venda de 9 º e 17, inciso II).
produtos, mercadorias ou serviços, ou ainda podem ser receitas
não operacionais, como juros recebidos ou até mesmo da venda de Despesa é saída ou decréscimo de recursos econômicos durante
um ativo não mais utilizado. o período, que ocorre no curso das atividades ordinárias de uma
empresa, excluídas as reduções patrimoniais decorrentes de
pagamento de recursos efetuados aos proprietários, acionistas ou
cotistas.
O grupo de despesas é composto pelas contas onde são regis-
tradas todas os desembolsos realizados pela organização, como pa-
gamento de funcionários e fornecedores, compra de matéria-prima
ou equipamentos, pagamento por serviços de terceiros etc.
8 http://www.portaltributario.com.br/artigos/conceito-tributario-receitas-financeiras.
6 http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc14.htm htm
7 https://www.treasy.com.br/blog/o-que-classificacao-contabil-ativo-passivo-recei- 9 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/despesas-finan-
ta-e-despesa ceiras/38869
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375
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Investimentos A DRE representa um desafio até mesmo para os profissionais
Em termos económicos, é o capital que é aplicado com o intuito de contabilidade, já que é uma bastante complexa. Porém, o 1º pas-
de obter alguns rendimentos a prazo. Esta aplicação é uma escolha so para tornar tudo mais claro é entender a finalidade da apuração
de um benefício imediato por um futuro incerto. Empresas tendem do resultado do exercício.
a fazer investimentos com determinada frequência, onde alguns
são necessárias para o funcionamento quotidiano, como compra de Lucro x Prejuízo
equipamentos de imobilizado, por exemplo. Outros investimentos O objetivo da DRE é determinar se uma empresa está obtendo
são realizados com o propósito de obter lucros no futuro, como por lucros ou prejuízos a partir das suas atividades, listando as opera-
exemplo, a compra de máquinas e equipamentos que permitem au- ções que alteram o patrimônio líquido contábil, tanto positivamen-
xiliar no processo produtivo. te (receitas) como negativamente (despesas).
Tudo parece bastante simples se pensarmos que é só pegar o
valor das receitas e subtrair as despesas. Entretanto, a empresa
APURAÇÃO DOS RESULTADOS pode vender um produto neste mês e só receber o pagamento da-
qui alguns meses, da mesma forma que existem vendas parceladas.
Quando a empresa faz um investimento (por exemplo, a compra
A demonstração ou apuração do resultado do exercício (DRE) é de produtos para o estoque), é difícil determinar quanto esse inves-
uma demonstração contábil que cruza receitas, custos e resultados timento trouxe de resultado, já que os produtos não são vendidos
com o objetivo de determinar o resultado líquido em um período no mesmo mês — e, mesmo que sejam, o pagamento nem sempre
de tempo. entra de imediato.
Empreender envolve uma série de coisas boas e também mui- O mesmo vale para as despesas, que muitas vezes são difíceis
tos desafios, afinal, a lista de novos aprendizados para quem está de identificar, pois nem sempre são provenientes apenas da compra
começando é grande e apuração do resultado do exercício é a mais de mercadorias. Existem itens como aluguel, refeições, horas extras
importante delas. Entre as habilidades a serem aprendidas, existe a e diversos outros.
necessidade de organizar o financeiro da empresa. Sem ela, qual- Por todas essas questões, a DRE é uma ferramenta capaz de de-
quer empreendedor pode quebrar ou entrar em crise em pouco monstrar com exatidão qual foi o resultado líquido (lucro) obtido
tempo. por uma empresa dentro de um determinado período.
A melhor ferramenta para medir a rentabilidade de uma organi-
zação é a DRE: Demonstração ou Apuração do Resultado do Exercí- DICA: Vale lembrar que as empresas pagam impostos como o
cio. Essa técnica permite saber quanto foi seu lucro no último mês Imposto de Renda da pessoa jurídica e a Contribuição Social sobre
ou nos últimos 6 meses, por exemplo. Consequentemente, pode o lucro líquido. Esses tributos são calculados em cima do lucro apu-
revelar o futuro do negócio e mostrar se ele está crescendo ou se rado pela DRE.
está tendo prejuízos. Ou seja, se houver algum erro na apuração, consequentemente
existirá um erro no pagamento dos impostos. Nesse caso, a empre-
Conceito sa sempre sairá perdendo. Se o erro na apuração do lucro for para
A demonstração ou apuração do resultado do exercício (DRE) é menos, o imposto pago também será menor e a empresa estará su-
uma demonstração contábil que cruza receitas, custos e resultados jeita a uma multa da Receita Federal ou qualquer outro órgão fiscal.
com o objetivo de determinar o resultado líquido em um período de Se o erro for para mais, a empresa acabará desperdiçando dinheiro,
tempo. De forma simplificada, é um resumo financeiro que aponta o que também é totalmente indesejado.
se a empresa teve lucro ou prejuízo. O termo “resultado” represen-
ta as contas de receita (dinheiro que entra) e de gastos (despesas e Incorporação e Distribuição de Lucros
custos). O DRE é elaborado anualmente para prestação de contas, A incorporação de lucros é uma das diversas formas para au-
mas pode ser feito mensalmente pela administração da empresa mentar o capital social das empresas.
para acompanhar os resultados. Sob perspectiva fiscal, é tratado no artigo 41 do Regulamento
Segundo a legislação brasileira, a apuração do resultado do do Imposto de Renda - RIR/1999. O regulamento afasta a incidência
exercício apresentada anualmente deve detalhar: do imposto de renda sobre os valores decorrentes de aumento de
- A receita bruta das vendas de produtos e serviços, as deduções capital mediante a incorporação de reservas ou lucros, desde que
(descontos) das vendas, os abatimentos e os impostos; apurados:
- A receita líquida das vendas de produtos e de serviços, o custo
das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados e o lucro bruto; DECRETO Nº 3.000, DE 26 DE MARÇO DE 1999.
- Todas as despesas operacionais, como as despesas com as ven-
das, as financeiras, as deduzidas das receitas, as despesas gerais e CAPÍTULO II
as administrativas; RENDIMENTOS ISENTOS OU NÃO TRIBUTÁVEIS
- O lucro ou o prejuízo operacional, as outras despesas e as re-
ceitas; Seção I
- O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provi- Rendimentos Diversos
são para o imposto;
- As participações de empregados, debêntures, partes benefi- Seção III
ciárias e administradores mesmo na forma de instrumentos finan- Incorporação de Reservas ou Lucros ao Capital
ceiros, e de fundos ou instituições de assistências e previdência de
empregados; Art. 41.  Não estão sujeitos à incidência do imposto os valores
- O lucro ou o prejuízo líquido do exercício e o seu montante por decorrentes de aumento de capital mediante a incorporação de re-
ação do capital social. servas ou lucros apurados:
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
I  -  de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992, que - Os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando
tenham sido tributados na forma do  art. 35 da Lei nº 7.713, de realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exer-
1988 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XVII, alínea «a»); cícios subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo
II - no ano-calendário de 1993, por pessoas jurídicas tributadas declarado após a realização.” (Art. 202, inciso III)
com base no lucro real (Lei nº 8.383, de 1991, art. 75); - Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º
III - de 1º de janeiro de 1994 a 31 de dezembro de 1995, obser- serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por
vado o disposto no art. 3º da Lei nº 8.849, de 1994, com as modifi- prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser pagos como di-
cações da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995; videndo assim que o permitir a situação financeira da companhia”
IV - a partir de 1º de janeiro de 1996, por pessoas jurídicas tribu- (Art. 202, §5º)
tadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Lei nº 9.249,
de 1995, art. 10). O dividendo obrigatório pode também deixar de ser distribuído,
Parágrafo único.  No caso do inciso IV, o lucro a ser incorporado ou pode ser distribuído por um valor inferior ao determinado no es-
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou tatuto social da entidade ou na lei, por decisão soberana e unânime
arbitrado deverá ser apurado em balanço. da Assembleia Geral de Acionistas de:
- companhia aberta, se com registro na CVM exclusivamente
Quando o lucro da pessoa jurídica10 não tributado em virtude para captação de recursos por debêntures não conversíveis em
de isenção ou redução do imposto de renda, apurado com base ações; ou
no lucro da exploração, pode ser distribuído aos sócios, desde - companhia fechada, exceto se controlada por companhia
que deduzido do correspondente imposto de renda não pago. aberta registrada na CVM para captação de recursos por meio de
Portanto, o valor que deixar de ser pago em virtude dessas isenções qualquer valor mobiliário que não seja uma debênture não conver-
ou reduções, não poderá ser distribuído aos sócios e constituirá sível em ações (Art. 202, §3º).
reserva de capital da pessoa jurídica, que somente poderá ser
utilizada para absorção de prejuízos ou aumento de capital. Segundo a IAS 1011 – Eventos após o período de relatório quan-
Considera-se distribuição do valor do imposto a restituição de do forem declarados dividendos após o período de relatório, porém
capital aos sócios, em casos de redução do capital social, até o mon- antes da autorização para emissão das demonstrações financeiras,
tante do aumento com incorporação da reserva. Considera-se, tam- os dividendos não devem ser reconhecidos como passivo no final
bém, distribuição do valor do imposto a partilha do acervo líquido do período. Tal tratamento é devido, pois os critérios de uma obri-
da sociedade dissolvida, até o valor do saldo da reserva de capital. gação presente segundo a IAS 37 – Provisões, passivo contingente
e ativo contingente não são atendidos. De acordo com a IAS 37 a
Dividendos obrigação presente existe quando existe uma obrigação legal que
Conforme a ITG 08 (R1) Contabilização da Proposta de Pagamen- faça a entidade não ter outra alternativa realista a não ser liquidar
to de Dividendos - a legislação societária brasileira, Lei nº. 6.404/76, a obrigação.
determina a distribuição de dividendo obrigatório aos acionistas
por meio do artigo 202: Vamos a um pequeno exemplo:
“Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo Alpha declara em 20 de fevereiro de 2010 que vai distribuir R$
obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no 5 milhões em dividendos referentes ao exercício findo em 31 de de-
estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acor- zembro de 2009, a data de autorização para emissão das demons-
do com as seguintes normas…” trações financeiras é 10 de março de 2010. Segundo o estatuto
social de Alpha, o dividendo mínimo obrigatório a ser distribuído
A lei societária prevê que o dividendo obrigatório pode deixar corresponde a 10% do lucro líquidos após impostos. O lucro líquido
de ser distribuído ou pode ser distribuído por valor inferior ao de- de Alpha em 2009 foi de $ 20 milhões.
terminado no estatuto social da entidade, quando não houver lu-
cro realizado em montante suficiente (art. 202, inciso II). Quando Assim, a obrigação de pagamento de 10% do lucro líquido (R$ 2
o dividendo obrigatório, devido por força do estatuto social ou da milhões) atende aos requisitos para o reconhecimento do passivo,
própria lei, excede o montante do lucro líquido do exercício realiza- porém qualquer montante acima do mínimo obrigatório (R$ 3 mi-
do financeiramente, pode a parcela não distribuída ser destinada à lhões) não deve ser reconhecido no passivo, sendo reconhecido em
constituição da reserva de lucros a realizar. conta patrimonial (i.e. dividendo adicional proposto).
A lei societária ainda prevê que o dividendo obrigatório pode
deixar de ser distribuído quando os órgãos da administração infor- Reservas de Capital
marem à Assembleia Geral Ordinária ser ele incompatível com a A Reserva de capital, são consideradas contribuições dos pro-
situação financeira da companhia (art. 202, § 4º). É uma discricio- prietários, sócios, acionistas, ou de terceiros que investem no pa-
nariedade conferida por lei aos administradores com vistas a evitar trimônio de uma determinada empresa por meio da compra dos
o comprometimento da gestão de caixa e equivalente de caixa da seus títulos.
entidade, desde que observadas outras condicionantes legais. A São apresentados como reserva de capital os valores que não
parcela dos lucros não distribuída deve ser destinada à constituição representam receitas, mas sim uma origem de capital que não exige
de reserva especial. uma contrapartida de entrega de bens ou prestação de serviços. É
Em ambos os casos, o procedimento estabelecido em lei é a por esta razão que não devem transitar por contas de resultado,
retenção de lucros por meio da constituição de reservas de lucros pois não são tributadas.
que poderão não necessariamente ser destinadas ao pagamento de
dividendos, já que poderão vir a ser absorvidas por prejuízos em
exercícios subsequentes. Consta na lei: 11 http://ifrsbrasil.com/outros-assuntos/diversos/exemplo-pratico-pagamento-de-
10 http://www.crcba.org.br/boletim/edicoes/tfis.htm -dividendos-e-a-ias-10
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Fluxo de Caixa Conhecer a Receita Operacional Líquida - Receita Operacional
Muitos empreendedores acreditam que o lucro da empresa é Líquida = Receita Operacional Bruta – Deduções da Receita Bruta,
identificado no fluxo de caixa, mas esse é um equívoco. sendo que:
O fluxo de caixa registra as movimentações financeiras, mos- - A Receita Operacional Bruta é formada por: Vendas de Produ-
trando se a empresa pagou todas as contas do período e se faltou tos + Vendas de Mercadorias + Prestação de Serviços;
ou sobrou dinheiro. Porém, fechar o caixa no vermelho — ou seja, - E as Deduções da Receita Bruta são formadas por: Devoluções
faltar dinheiro para pagar as contas — não quer dizer que a empre- de Vendas + Abatimentos + Impostos e Contribuições Incidentes so-
sa não dá lucro. A organização pode ter altos valores em direitos a bre Vendas.
receber, por exemplo.
Muitas vezes, a ausência de dinheiro no caixa pode acontecer Conhecer o Resultado Operacional Bruto
devido ao aumento do volume de compra (para abastecer o esto- Resultado Operacional Bruto = Receita Operacional Líquida –
que, digamos) devido a um aumento nas vendas. Pode ser que a Custos das Vendas
Sendo que:
empresa esteja vendendo à prazo, mas comprando à vista.
- Os Custos das Vendas são formados por: Custo dos Produtos
Daí a importância de analisar a situação por meio da apuração
Vendidos + Custo das Mercadorias + Custo dos Serviços Prestados
do resultado do exercício. Só ela vai mostrar se a empresa está
efetivamente operando com lucro, ajudando a encontrar falhas de
Conhecer o Resultado Operacional antes do Imposto de Renda
gestão que podem ir desde a precificação até os custos e despesas e da Contribuição Social sobre o Lucro
variáveis. Resultado Operacional pré-IR/Contribuição Social = Resultado
Operacional Bruto – Despesas Operacionais – Despesas Financeiras
Elaboração da Apuração dos Resultados Líquidas – Outras Receitas e Despesas
Antes de entrarmos em um exemplo de apuração do resultado Sendo que:
do exercício, é importante compreender alguns conceitos e defini- - As Despesas Operacionais são formadas por: Despesas Com
ções básicas das variáveis que estarão contidas na própria DRE. Vendas + Despesas Administrativas;
- Ativo: representa todos os bens, os direitos e os valores a rece- - As Despesas Financeiras Líquidas são formadas por: (Despe-
ber de uma entidade. Por exemplo: dinheiro em caixa, mercadorias sas Financeiras – Receitas Financeiras) + (Variações Monetárias e
e depósitos bancários; Cambiais Passivas – Variações Monetárias e Cambiais Ativas);
- Passivo: representa todas as obrigações financeiras de uma - As Outras Receitas e Despesas são formadas por: (Resultado
empresa junto a terceiros, ou seja, todas as dívidas contraídas, con- da Equivalência Patrimonial) + (Venda de Bens e Direitos do Ativo
tas a pagar, fornecedores etc; Não Circulante – Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não
- Patrimônio líquido: representa o registro de valor que os pro- Circulante). 
prietários de uma empresa têm aplicado no negócio;
- Receita: são os grupos de contas que registram as operações Conhecer o Lucro Líquido antes das participações
que levam ao aumento do patrimônio, como aumento de dinheiro Lucro Líquido Antes das Participações = Resultado Operacional
ou de direitos, como contas a receber; pré-IR/Contribuição Social – Provisão para Imposto de Renda e Con-
- Custos: são grupos de contas que registram as operações que tribuição Social Sobre o Lucro 
causam uma redução no patrimônio. Vale lembrar que os custos
estão sempre diretamente associados às vendas, ou seja, um custo Conhecer o Resultado Líquido do Exercício
ocorre quando há diminuição de um ativo por meio de uma venda Resultado Líquido do Exercício = Lucro Líquido Antes das Par-
(por exemplo: a diminuição do número de mercadorias); ticipações – Empregados, Partes Beneficiárias, Participações de
- Despesas: são grupos de contas que registram as operações Administradores, Debêntures, Fundos de Previdência e Assistência
para Empregados.
que levam a uma redução no patrimônio. É importante se atentar
para o fato de que as despesas não estão diretamente associadas às
Lançamentos Contábeis
vendas, diferenciando-se dos custos por essa característica. Ainda
assim, também representam a diminuição de um ativo, geralmente
Por ocasião da compra de matéria prima:
dinheiro. D - Estoque de MP
C - Fornecedores
Custo x Despesa
- Custo: Ao vender uma mercadoria, a empresa faz a entrega e Por ocasião da provisão da Mão de Obra (salário):
tem a diminuição de um ativo (mercadorias). Em contrapartida, re- D - Salários
cebe dinheiro pela venda. Ou seja, nessa operação há um custo de C - Salários a pagar
mercadoria vendida, já que a saída da mercadoria está diretamente
associada à venda que foi feita Por ocasião de início da produção:
- Despesa: Por outro lado, o pagamento de uma conta (aluguel, D - Estoque de Produto em elaboração
por exemplo) também causa a diminuição de um ativo (dinheiro), C - Estoque de MP
mas não está associada a uma venda. Afinal, a conta do aluguel será C - Salários
paga mesmo que a empresa não efetue nenhuma venda
Por ocasião de término da produção:
Etapas para a Apuração do Resultado do Exercício D - Estoque de Produtos Acabados
São 5 etapas para a apuração do resultado do exercício, sendo C - Estoque de Produtos em elaboração
que o Resultado Líquido do Exercício é o valor que deve ser identifi-
cado ao final do processo. 

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Por ocasião da venda:
D - CPV REGIMES DE APURAÇÃO
C - Estoque de Produtos Acabados

Dica: Apresentaremos os lançamentos contábeis referente a REGIMES DE APURAÇÃO (DOS RESULTADOS)


distribuição de lucros: Os regimes de apuração da contabilidade são relacionados ao
Exemplificando que uma sociedade empresária limitada momento em que despesas e receitas são reconhecidas. Temos en-
apurou lucro apurado no fechamento do Demonstrativo de R$ tão, o os regimes de caixa e de competência para orientar nosso
150.000,00 e cujo contrato social preveja distribuição de lucros de entendimento na contabilidade.
50% (R$ 75.000,00): Em algumas situações nas empresas, existe um desequilíbrio
D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido) R$ 150.000,00 entre a data da venda e do recebimento, por exemplo; para minimi-
C – Lucros a Pagar (Passivo Circulante) R$ 75.000,00 zar alguma perda, é necessário encontrar o regime mais adequado
C – Reserva de Lucros (Patrimônio Líquido) R$ 75.000,00 a entidade. É fundamental levar em consideração as características
dos dois regimes:
No Momento do Pagamento
D – Lucros a Pagar (Passivo Circulante) • Regime de competência:
C – Caixa/Bancos (Ativo Circulante – disponibilidades) R$ o Trata do fato propriamente dito,
75.000,00 o a receita será registrada quando ocorre,
o a despesa será contabilizada no momento em
É fundamental lembrar que a Demonstração do Resultado do que é consumida,
Exercício (DRE) está prevista na lei brasileira e deve ser apresentada o está ligado ao regime econômico, que revela a
pelas empresas anualmente. Portanto, o 1º cuidado a ser tomado condição do resultado da empresa demonstrado
é a realização periódica da apuração, evitando que a empresa seja na DRE (Demonstração dos Resultados do Exercí-
punida por essa omissão. cio), dentro de um período analisado,
Em 2º lugar, é importante recordar que a empresa está sujeita a o exige a comparação das receitas com as despe-
multas e medidas judiciais caso efetue de forma equivocada o paga- sas relacionadas; pois toda receita obtida terá
mento de impostos. Como os impostos são justamente calculados um custo ou uma despesa associada, por exem-
sobre o lucro, a DRE deve ser executado com precisão para que ne- plo:
nhuma consequência negativa venha a ocorrer. a) Venda de mercadorias R$ 2.000,00
Além disso, obviamente, uma empresa que negligencia a DRE
b) Custo das Mercadorias Vendidas - R$ 700,00
está sujeita a complicações financeiras por não conhecer o real de-
sempenho da organização. Isso prejudica imensamente a tomada c) Apuração do resultado = R$ 1.300,00
de decisões, podendo levar a companhia à falência ou a uma grave
crise. • Regime de caixa:
Atualmente, a maior parte das empresas opta por utilizar um o Trata da movimentação de valores,
software para ajudar na gestão financeira. Esses programas são o a receita será registrada no período em que foi
conhecidos como sistemas de gestão e, ao contrário do que muita recebida,
gente pensa, não são de uso exclusivo das grandes organizações.
o a despesa será contabilizada quando foi paga,
o está vinculado ao sistema financeiro da empre-
Pelo contrário: existem softwares desenvolvidos especialmente
sa,
para auxiliar as pequenas e médias empresas a organizar sua conta-
o é exposto na DFC (Demonstração do Fluxo de
bilidade no cotidiano da rotina corporativa. Caixa), que apresenta a movimentação (aumen-
Hoje em dia são raras as empresas que optam por fazer toda a to ou redução do período) do caixa através das
sua contabilidade manualmente. No caso da DRE, o próprio sistema
de gestão se encarrega de zerar as contas de resultado e fazer a
transferência para o Patrimônio Líquido, facilitando muito o proces- CAIXA
so e ajudando a prevenir erros.
Uma das vantagens de contar com um sistema de gestão é
que não há necessidade de investir em infraestrutura (como com- Receitas e despesas são reconhecidas quando acontece a en-
putadores e equipe) se o software for totalmente armazenado na trada ou saída de dinheiro, independente de quando houve o fato
de origem.
nuvem. Assim não é preciso se preocupar com instalações. Isso
No caso de uma compra parcelada em três vezes (15, 30 e 45
também traz mais segurança para os dados da empresa, além de
dias), o momento do lançamento contábil será a data do pagamen-
possibilitar o acesso via internet de qualquer lugar para os usuários
to da primeira parcela, seguida da segunda e da terceira; todos em
cadastrados. datas diferentes.
Uma das dificuldades da contabilidade e da DRE em si é a visua-
lização dos dados, que nem sempre é clara ou rápida de ser feita,
podendo levar a erros. Os softwares de gestão financeira exibem COMPETÊNCIA
informações em tempo real, de forma visual e objetiva. Assim os
profissionais da equipe otimizam seu trabalho, já que não precisam
gastar tempo com pesquisas e análises. Um software é capaz de COMPETÊNCIA
gerar gráficos de resultados com muita eficiência, facilitando a vi- As despesas e receitas são reconhecidas quando ocorrem, ou
sualização dos dados, o controle financeiro e, consequentemente, a seja, a partir do momento em que a nota fiscal é emitida; indepen-
tomada de decisões dentro da empresa. dente do seu pagamento ou recebimento, por isso, esse regime é
conhecido como aquele associado ao calendário.
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379
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Embora até se perceba alguns dos valores transacionados, ve-
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL rifica-se que o método das partidas simples é imperfeito, pois ele
não revela dados suficientes para tomadas de decisão racionais. Por
esta razão este método não é mais utilizado.
As mutações do Patrimônio, tanto no aspecto qualitativo como
no quantitativo, precisam ser acompanhadas através de um sistema Importante:
lógico de anotações, um sistema que não apenas registre apenas Podemos conceituar Débito e Crédito da seguinte forma:
os fatos ou as mutações mas que, ao mesmo tempo produza infor- DEBITO significa registrar em uma de conta determinado valor
mações que orientem o administrador na tomada de decisões. Este que representa um Bem ou um Direito ou ainda para diminuir seu
registro contábil recebe o nome de Lançamento ou Partida. valor, se a conta representar uma obrigação.
A técnica de se fazer esse registro para dele extrair informações CREDITO significa registrar em uma conta determinado valor
é que constitui a escrituração. que represente uma obrigação ainda para diminuir seu valor se a
Escrituração é a técnica de se manter sob registros escritos – a conta representar um Bem ou Direito.
que chamamos de lançamentos ou partidas – o controle dos ele-
mentos que compõem um Patrimônio. Partidas Dobradas13
Para que essa escrituração aconteça é necessário: Este método foi desenvolvido pelo frade veneziano Luca Pacioli
a) existência de símbolos escritos que representem os diversos na Itália do século XV – e hoje universalmente aceito dando início a
componentes patrimoniais; uma nova fase para a contabilidade como disciplina.
b) livros adaptados à Técnica Contábil; A propagação deste método, àquela época fez desabrochar as-
c) utilização de método e linguagem próprios; sim a chamada Escola Contábil Italiana, que dominou o cenário das
d) observância a princípios e convenções usualmente aceitos; práticas contábeis até o início do século XX.
e) documentação legal que comprove a ocorrência do fato ob- É também conhecido como método da causa e efeito ou mé-
jeto de registro. todo da origem e aplicação. É o método utilizado na contabilidade
para a elaboração das demonstrações contábeis.
Métodos de Escrituração Esse método consiste no fato de que um débito efetuado em
O método de escrituração é o meio pelo qual procedemos os uma ou mais contas deve corresponder a um crédito equivalente
registros de fatos contábeis. em uma ou mais contas, de maneira que a soma dos valores dos
Embora os fatos contábeis possam ser escriturados de diversas débitos seja igual à soma dos valores dos créditos, ou seja, não há
maneiras, todas elas derivam de dois métodos fundamentais: o das devedor sem credor correspondente. A todo débito corresponde
Partidas Simples e o das Partidas Dobradas. um crédito de igual valor e vice-versa. Se aumentar de um lado,
deve consequentemente aumentar do outro lado também.
Método das Partidas Simples12 Utilizamos da ferramenta de razonetes14 para desenvolver o
Por ser incompleto e deficiente, este método encontra-se em método das partidas dobradas.
desuso. Nele, é registrado somente as operações realizadas com Exemplos:
pessoas, excluindo o registro de elementos do patrimônio e do re-
sultado.
As únicas contas controladas contabilmente são Caixa e as con-
tas representativas dos agentes correspondentes (terceiros com os
quais mantemos relações de débito e crédito). Todos os itens do
patrimônio e do resultado (mercadorias, imóveis, máquinas, des-
pesas, receitas, etc.) são controlados extracontabilmente. Apenas
uma das operações débito (D) ou crédito (C) é contabilizada nele.
As contas do Ativo, quando debitadas, aumentam de valor e
Como exemplo desse método, suponha-se um pequeno agri- quando creditadas diminuem de valor.
cultor, sem muita preocupação em controlar efetivamente os seus
haveres, realiza os seguintes lançamentos:

Operação Lançamento
Venda à vista de sua Lança uma entrada de di-
produção. nheiro, isto é, debita o caixa.
Compra à vista de semen- Lança uma saída de di-
tes. nheiro, isto é, credita o caixa.
Vai ao Banco X e toma Lança uma dívida, isto é,
algum dinheiro emprestado. credita o Banco X.
Vende a prazo para a Lança como valor a rece-
Cooperativa Y. ber, isto é, debita a Coopera-
tiva Y. 13 GONÇALVES, E. C.; BAPTISTA, A. E. Contabilidade geral. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
14 Razonete é uma representação gráfica em forma de “T” utilizada por contadores,
12 GONÇALVES, E. C.; BAPTISTA, A. E. Contabilidade geral. 4. ed. São sendo um instrumento didático para o desenvolvimento do raciocínio contábil.
Paulo: Atlas, 1998.
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CONTABILIDADE GERAL
As contas do Passivo e Patrimônio Líquido quando debitadas diminuem de valor e quando creditadas aumentam de valor.

Processos de Escrituração
Processo é a maneira pela qual se realiza uma operação, segundo determinadas normas.
O processo eletrônico que é utilizado atualmente, utiliza a memória do computador para armazenar todas as informações contábeis
anteriores, devidamente sistematizadas através das contas próprias.
Os novos lançamentos são introduzidos por digitação e processados pela máquina, que poderá, a qualquer tempo, fornecer o saldo e a
movimentação de cada conta, o Balancete de Verificação, o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício, entre outras.

Balancete de Verificação
O Balancete de verificação é uma planilha onde são feitos todos os lançamentos a débito e crédito, para então fazer a verificação se os
totais lançados são iguais, devendo sempre ser igual ao valor lançado a débito e ao valor lançado a crédito no saldo final.

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CONTABILIDADE GERAL
Após fazer os lançamentos nos razonetes, deve-se apurar o saldo final das contas e fazer a verificação para saber se os lançamentos
estão corretos. Uma forma de fazer esta verificação é através do Balancete de Verificação.
Exemplo:

Balancete de Verificação
Débito Crédito Saldo
Contas 50,00 - Débito Cré-
dito
Caixa 30,00 50,00 - -
Mercadorias 40,00 - 30,00 -
Equipamentos - - 40,00 -
Fornecedores - 20,00 - 20,00
Capital 120,00 50,00 - 50,00
Totais 120,00 120,00 - -

No método das partidas dobradas um débito efetuado em uma ou mais contas devem corresponder a um crédito equivalente em uma
ou mais contas, de maneira que a soma dos valores dos débitos seja igual à soma dos valores dos créditos.
Portanto, como corolários15∗ do método das partidas dobradas temos os seguintes:
a) a soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;
b) a soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores;
c) as aplicações de capital, registradas a débito das contas ativas, são sempre iguais à soma dos capitais fornecidos ao patrimônio,
creditados nas contas passivas, na qual será o Ativo sempre igual ao Passivo;
d) a diferença entre a soma dos bens e dos direitos e a soma das obrigações indica a posição líquida patrimonial, que representa o
crédito do titular e se chama patrimônio líquido;
e) as despesas sempre debitadas, contribuem para a redução do patrimônio líquido; e
f) as receitas, sempre creditadas, contribuem para o aumento do patrimônio líquido.

Interpretação Técnica Geral - ITG 2000 (R1)


O Conselho Federal de Contabilidade CFC, emitiu em 2014 a ITG 2000 (R1) que estabelece critérios e procedimentos a serem adotados
pelas entidades no processo de escrituração contábil. Abaixo traremos a ITG para análise.

ITG 2000 (R1) – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL16

Objetivo
1. Esta Interpretação estabelece critérios e procedimentos a serem adotados pela entidade para a escrituração contábil de seus fatos
patrimoniais, por meio de qualquer processo, bem como a guarda e a manutenção da documentação e de arquivos contábeis e a respon-
sabilidade do profissional da contabilidade.

Alcance
2. Esta Interpretação deve ser adotada por todas as entidades, independente da natureza e do porte, na elaboração da escrituração
contábil, observadas as exigências da legislação e de outras normas aplicáveis, se houver.

Formalidades da escrituração contábil


3. A escrituração contábil deve ser realizada com observância aos Princípios de Contabilidade.
4. O nível de detalhamento da escrituração contábil deve estar alinhado às necessidades de informação de seus usuários. Nesse
sentido, esta Interpretação não estabelece o nível de detalhe ou mesmo sugere um plano de contas a ser observado. O detalhamento dos
registros contábeis é diretamente proporcional à complexidade das operações da entidade e dos requisitos de informação a ela aplicáveis
e, exceto nos casos em que uma autoridade reguladora assim o requeira, não devem necessariamente observar um padrão pré-definido.

5. A escrituração contábil deve ser executada:


a) Em idioma e em moeda corrente nacionais;
b) Em forma contábil;
c) Em ordem cronológica de dia, mês e ano;
d) Com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas; e
e) Com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos con-
tábeis.
15∗ Afirmação deduzida de uma verdade já demonstrada
16 http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/ITG2000(R1)
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CONTABILIDADE GERAL
6. A escrituração em forma contábil de que trata o item 5 deve 15. Quando o Livro Diário e o Livro Razão forem gerados por
conter, no mínimo: processo que utilize fichas ou folhas soltas, deve ser adotado o re-
a) Data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato con- gistro “Balancetes Diários e Balanços”.
tábil ocorreu;
b) Conta devedora; 16. No caso da entidade adotar processo eletrônico ou me-
c) Conta credora; canizado para a sua escrituração contábil, os formulários de folhas
d) Histórico que represente a essência econômica da transação soltas, devem ser numerados mecânica ou tipograficamente e enca-
ou o código de histórico padronizado, neste caso baseado em tabela dernados em forma de livro.
auxiliar inclusa em livro próprio;
e) Valor do registro contábil; 17. Em caso de escrituração contábil em forma digital, não
f) Informação que permita identificar, de forma unívoca, todos há necessidade de impressão e encadernação em forma de livro,
os registros que integram um mesmo lançamento contábil. porém o arquivo magnético autenticado pelo registro público com-
petente deve ser mantido pela entidade.
7. O registro contábil deve conter o número de identificação
do lançamento em ordem sequencial relacionado ao respectivo do- 18. Os registros auxiliares, quando adotados, devem obede-
cumento de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elemen- cer aos preceitos gerais da escrituração contábil.
tos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis.
19. A entidade é responsável pelo registro público de livros
8. A terminologia utilizada no registro contábil deve expressar contábeis em órgão competente e por averbações exigidas pela le-
a essência econômica da transação. gislação de recuperação judicial, sendo atribuição do profissional de
contabilidade a comunicação formal dessas exigências à entidade.
9. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o
Livro Razão, em forma não digital, devem revestir-se de formalida- Escrituração contábil de filial
des extrínsecas, tais como: 20. A entidade que tiver unidade operacional ou de negócios,
a) Serem encadernados; quer como filial, agência, sucursal ou assemelhada, e que optar por
b) Terem suas folhas numeradas sequencialmente; sistema de escrituração descentralizado, deve ter registros contá-
c) Conterem termo de abertura e de encerramento assinados beis que permitam a identificação das transações de cada uma des-
pelo titular ou representante legal da entidade e pelo profissional sas unidades.
da contabilidade regularmente habilitado no Conselho Regional de
Contabilidade. 21. A escrituração de todas as unidades deve integrar um úni-
co sistema contábil.
10. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e
o Livro Razão, em forma digital, devem revestir-se de formalidades 22. A opção por escrituração descentralizada fica a critério da
extrínsecas, tais como: entidade.
a) Serem assinados digitalmente pela entidade e pelo profissio-
nal da contabilidade regularmente habilitado; 23. Na escrituração descentralizada, deve ser observado o
b) Quando exigível por legislação específica, serem autenti- mesmo grau de detalhamento dos registros contábeis da matriz.
cados no registro público ou entidade competente. (Alterada pela
ITG 2000 (R1)) 24. As contas recíprocas relativas às transações entre matriz e
unidades, bem como entre estas, devem ser eliminadas quando da
11. Admite-se o uso de códigos e/ou abreviaturas, nos históri- elaboração das demonstrações contábeis da entidade.
cos dos lançamentos, desde que permanentes e uniformes, devendo
constar o significado dos códigos e/ou abreviaturas no Livro Diário 25. As despesas e as receitas que não possam ser atribuídas
ou em registro especial revestido das formalidades extrínsecas de às unidades devem ser registradas na matriz e distribuídas para as
que tratam os itens 9 e 10. unidades de acordo com critérios da administração da entidade.

12. A escrituração contábil e a emissão de relatórios, peças, Documentação contábil


análises, demonstrativos e demonstrações contábeis são de atribui- 26. Documentação contábil é aquela que comprova os fatos
ção e de responsabilidade exclusivas do profissional da contabilida- que originam lançamentos na escrituração da entidade e com-
de legalmente habilitado. preende todos os documentos, livros, papéis, registros e outras pe-
ças, de origem interna ou externa, que apoiam ou componham a
13. As demonstrações contábeis devem ser transcritas no escrituração.
Livro Diário, completando-se com as assinaturas do titular ou de
representante legal da entidade e do profissional da contabilidade 27. A documentação contábil é hábil quando revestida das
legalmente habilitado. características intrínsecas ou extrínsecas essenciais, definidas na
legislação, na técnica-contábil ou aceitas pelos “usos e costumes”.
Livro diário e livro razão
14. No Livro Diário devem ser lançadas, em ordem cronoló- 28. Os documentos em papel podem ser digitalizados e arma-
gica, com individualização, clareza e referência ao documento pro- zenados em meio magnético, desde que assinados pelo responsável
bante, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros fatos que pela entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente ha-
provoquem variações patrimoniais. bilitado, devendo ser submetidos ao registro público competente.

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CONTABILIDADE GERAL
Contas de compensação A estrutura do lançamento tem por alicerce o secular método
29. Contas de compensação constituem sistema próprio para das “partidas dobradas”, segundo o qual todo débito corresponde a
controle e registro dos fatos relevantes que resultam em assunção um crédito de mesmo valor, ou seja: em todo lançamento contábil
de direitos e obrigações da entidade cujos efeitos materializar-se-ão são utilizadas no mínimo duas contas - uma para débito, outra para
no futuro e que possam se traduzir em modificações no patrimônio crédito do mesmo valor. 
da entidade. Dissemos “no mínimo” porque há inúmeros casos em que o lan-
çamento contém, por exemplo, uma conta a débito e duas a crédito.  
30. Exceto quando de uso mandatório por ato de órgão regu- Mas, nesse caso, a soma das duas contas creditadas será sem-
lador, a escrituração das contas de compensação não é obrigatória. pre exatamente igual ao valor lançado na conta debitada.
Nos casos em que não forem utilizadas, a entidade deve assegu-
rar-se que possui outros mecanismos que permitam acumular as O método das partidas dobradas é a razão pela qual, na Con-
informações que de outra maneira estariam controladas nas contas tabilidade, a soma de todos os valores debitados é sempre igual à
de compensação. soma de todos os valores creditados.
E é também por isso que, no Balanço Patrimonial, o total do
Retificação de lançamento contábil Ativo é sempre igual ao total do Passivo.
31. Retificação de lançamento é o processo técnico de corre-
ção de registro realizado com erro na escrituração contábil da enti- No dia-a-dia das empresas ocorrem operações simples18 (como
dade e pode ser feito por meio de: o pagamento de uma conta de consumo de energia elétrica no pra-
a) Estorno; zo) e outras bem mais complexas, que envolvem lançamentos mais
b) Transferência; e sofisticados (por exemplo: pagamento, com juros, de duplicata, par-
c) Complementação. te em dinheiro e parte mediante emissão de cheque). Para registrar
qualquer fato contábil existem quatro fórmulas (ou modalidades)
32. Em qualquer das formas citadas no item 31, o histórico do de lançamentos, a saber:
lançamento deve precisar o motivo da retificação, a data e a locali- 1ª fórmula: caracteriza-se pela simplicidade. Requer uma conta
zação do lançamento de origem. devedora e uma conta credora e pode ser assim representada (pa-
gamento de duplicata de fornecedor, no prazo):
33. O estorno consiste em lançamento inverso àquele feito er- 2ª fórmula: modalidade de lançamento de complexidade inter-
roneamente, anulando-o totalmente. mediária, que requer uma conta devedora e duas ou mais contas
credoras.
34. Lançamento de transferência é aquele que promove a 3ª fórmula: igualmente de complexidade intermediária, esta
regularização de conta indevidamente debitada ou creditada, por fórmula requer duas ou mais contas devedoras e apenas uma cre-
meio da transposição do registro para a conta adequada. dora.
4ª fórmula: menos usual e mais complexa do que as anterio-
35. Lançamento de complementação é aquele que vem pos- res, requer duas ou mais contas devedoras e duas ou mais contas
teriormente complementar, aumentando ou reduzindo o valor an- credoras
teriormente registrado.
Débito e Crédito19
36. Os lançamentos realizados fora da época devida devem As palavras Débito e Crédito, na linguagem contábil, têm signi-
consignar, nos seus históricos, as datas efetivas das ocorrências e a ficados muito diferentes daqueles que têm na linguagem cotidiana.
razão do registro extemporâneo. É errado associar o débito e o crédito da contabilidade, com
“subtração” e “adição” do financeiro. O correto é associá-los aos
Em razão dessa alteração, as disposições não alteradas des- termos Destino e Origem, respectivamente.
ta Interpretação são mantidas e a sigla da ITG 2000, publicada no
DOU, Seção 1, de 22.3.11, passa a ser ITG 2000 (R1). Debitar  significa anotar na coluna do Débito de uma conta,
para aumentar o seu valor (se a conta representa um Bem ou um
A alteração desta Interpretação entra em vigor na data de sua Direito), ou para diminuir seu valor (se a conta representa uma
publicação.
obrigação).
Brasília, 5 de dezembro de 2014.
Creditar significa registrar uma importância na coluna de Crédito
Contador José Martonio Alves Coelho
de uma conta, para aumentar seu valor (se a conta representa uma
Presidente
obrigação), ou para diminuir seu valor (se a conta representa um
Bem ou Direito).
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Há duas formas de os lançamentos contábeis serem feitos:

D – Estoques
Lançamento contábil17 é a forma como a Contabilidade registra
C – Bancos
os fatos que afetam (ou que possam vir a afetar) o patrimônio da
empresa. 

18 http://teoriascontabeis.blogspot.com.br/2009/09/o-lancamento-contabil-e-for-
ma-como.html
17 http://www.iob.com.br/noticiadb.asp?area=contabil&noticia=37114 19 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/deb_cred.php
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CONTABILIDADE GERAL
2ª a) Estorno - é utilizado quando ocorre duplicidade de um mes-
Estoques mo lançamento contábil (quando o contabilista faz o mesmo lança-
a Bancos mento duas vezes) ou por erro de lançamento da conta debitada
ou da conta creditada na escrituração das entidades, fazendo um
No primeiro caso, “D” e “C” significam débito e crédito, respec- lançamento inverso àquele feito erroneamente, anulando-o total-
tivamente. Já no segundo caso, o “a” sinaliza crédito, sem a necessi- mente.
dade de colocar a letra “D” antes da conta Estoque. Tem-se por mais A correção, no caso de duplicidade, é simples. Deve-se efetuar
usada a primeira opção. apenas o estorno do lançamento feito a mais. Se o caso for erro de
Débito é a aplicação de recurso, enquanto Crédito é a origem do lançamento, estornamos conforme o exemplo a seguir.
recurso aplicado. Ou seja, quando um contador faz um lançamento
a débito em uma conta, significa que o dinheiro, o bem ou o serviço Exemplo: A empresa Alfa adquiriu uma mesa para escritório do
destina-se àquela conta. Agora, quando ele faz um lançamento a fornecedor ModelOffice no valor de $4.000,00 e a pagará a prazo.
crédito em uma conta, significa que o dinheiro, o bem ou o serviço Lançamento efetuado:
teve origem naquela conta. D- Máquinas e equipamentos - $4.000,00
C- Banco - $4.000,00
Por exemplo: Uma empresa comprou um terreno do valor de H.: Vlr referente aquisição de mesa p/ escritório, conforme NF
$80.000,00. Para pagar à vista, foi usado o dinheiro disponível nº589 do Fornecedor Model Office.
no caixa da empresa. Lançamos o registro destas duas contas da
seguinte forma: Estorno total:
D- Imóveis (O terreno teve destino na conta em questão, já D- Banco - $4.000,00
que faz parte dos imóveis da empresa.) C- Máquinas e equipamentos - $4.000,00
C- Caixa (O lançamento teve origem na conta Caixa, já que foi H.: Vlr referente estorno do lançamento feito em xx/xx/20x1,
pago à vista com o dinheiro da empresa.) referente compra de uma mesa para escritório.

Se uma conta recebe algo ou assume o compromisso de entre- Lançamento correto:


gar algo, é debitada. Se uma conta entrega algo ou adquire o direito D- Móveis e utensílios - $4.000,00
de receber algo, é creditada. C- Fornecedores - $4.000,00
H.: Vlr referente compra de mesa para escritório, conforme NF
CONTAS NATU- AUMEN- DIMINUI- nº589 do Fornecedor Model Office.
REZA TOS ÇÕES
b) Lançamento Retificativo - serve para retificar as contas lan-
Ativo Devedora D C çadas erradamente e para estornar parte do lançamento, corrigin-
Passivo Credora C D do registros feitos por importância maior. No caso de o valor ser
Despesa Devedora D C lançado maior do que é, a correção pode ser feita estornando todo
o lançamento e depois fazendo o lançamento no valor correto, ou
Receita Credora C D então estornando apenas a diferença dos valores.
Patrimônio Credora C D
Líquido Exemplo: A empresa Alfa adquiriu um veículo do fornecedor Au-
toCar no valor de $60.000,00 à vista em dinheiro.
Correção de Lançamentos20 Lançamento efetuado: 
A escrituração feita nos livros contábeis não deve conter inter- D- Veículos - $80.000,00
valos em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou trans- C- Caixa - $80.000,00
portes para as margens. Entretanto, ao desenvolver suas ativida- H.: Vlr referente compra de veículo, conforme NF nº290 do For-
des profissionais, o ser humano pode cometer enganos durante o necedor AutoCar.
processo de escrituração. Estes erros podem ocorrer de diversas
formas: Estorno da diferença: 
- Lançamento de valor incorreto; D- Caixa - $20.000,00
- Borrões ou rasuras na escrituração; C- Veículos - $20.000,00
- Espaço em branco; H.: Vlr referente estorno de parte do lançamento lançado à
- Lançamentos em duplicidade de valor; maior no dia xx/xx/20x1, referente compra de veículo, conforme NF
- Inversão das contas; nº290 do Fornecedor AutoCar.
- Erro na redação de histórico;
- Entre Outros. c) Lançamento Complementar - serve para complementar um
lançamento feito de importância menor. No caso de o valor ser lan-
Quando os erros acontecem, eles devem ser declarados na es- çado menor do que é, a correção pode ser feita através do estorno
crituração mediante retificação através de estorno, lançamento re- total e posterior lançamento correto, ou do lançamento comple-
tificativo, lançamento complementar, lançamento de transferência mentar apenas da diferença do valor lançado para o que de fato é
ou ressalva (por profissional qualificado). correto.

20 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/erros_escrit.php
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CONTABILIDADE GERAL
Exemplo: A empresa Alfa adquiriu um veículo do fornecedor Au- f) Omissão de lançamentos - A omissão se dá por esquecimen-
toCar no valor de $60.000,00 à vista em dinheiro. to. Ex.: Na época apropriada, o contabilista deixou de efetuar o re-
Lançamento efetuado:  gistro de um fato, por um motivo qualquer. Passado algum tempo,
D- Veículos - $6.000,00 ele verificou a omissão. Neste caso, a correção é simples. Basta efe-
C- Caixa - $6.000,00 tuar o registro do fato no dia em que se verificou a omissão, men-
H.: Vlr referente compra de veículo, conforme NF nº290 do For- cionando, no histórico, a data de sua efetiva ocorrência e o motivo
necedor AutoCar. do atraso.
Quando a omissão implicar falta de recolhimento de impostos,
Lançamento complementar: a empresa deverá providenciar os devidos recolhimentos, esponta-
D- Veículos - $54.000,00 neamente, acrescidos dos encargos correspondentes.
C- Caixa - $54.000,00
H.: Vlr referente complemento da importância lançada à menor Exemplos de Lançamentos21
no dia xx/xx/20x1, referente compra de veículo, conforme NF nº290 Lançamento de abertura de uma Empresa (Patrimônio Líqui-
do Fornecedor AutoCar. do)
CAPITAL SUBSCRITO
d) Lançamento de Transferência - regulariza o lançamento da Pela subscrição do capital dos Sócios “A” e “B”:
conta debitada ou creditada indevidamente, através da transposi- D – Capital Social a Integralizar (PL)
ção do valor para a conta adequada. C – Capital Social Subscrito (PL)........................R$ (Valor Total)
– Transferência: é o lançamento que promove a regularização
da conta indevidamente debitada ou creditada, através da transpo- Integralização do Capital Subscrito em Dinheiro dos Sócios “A”
sição do valor para a conta adequada; e “B”
C – Capital Social (PL)
Exemplo: A empresa Alfa adquiriu uma mesa para escritório do D – Caixa (AC)............................R$ (Valor Total)
fornecedor Model Office no valor de $4.000,00 e a pagará a prazo.
Lançamento efetuado:  Lançamento de compra de mercadoria (Despesa)22
D- Máquinas e equipamentos - $4.000,00 D – Estoque (Ativo)
C- Fornecedores - $4.000,00 D – ICMS a Recuperar (Ativo)
H.: Vlr referente aquisição de mesa p/ escritório, conforme NF D – PIS a Recuperar (Ativo)
nº589 do Fornecedor Model Office. D – COFINS a Recuperar (Ativo)
C – Fornecedores (Passivo)
Lançamento de transferência: 
D- Móveis e utensílios - $4.000,00 Lançamento de venda de mercadoria (Receita)
C- Máquinas e equipamentos - $4.000,00 D – Clientes (Ativo Circulante – Contas a receber)
H.: Vlr referente transferência da importância lançada erronea- C – Faturamento Bruto (Resultado – Receita de vendas)
mente no dia xx/xx/20x1, em conta de Máquinas e equipamentos.
D – ICMS sobre Vendas (Conta de Resultado – Deduções da re-
e) Ressalva - quando se tratar de um erro de redação obser- ceita)
vado antes mesmo do encerramento do respectivo lançamento, a C – ICMS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a recolher)
retificação ocorre no próprio histórico. Ou seja, se o erro for veri-
ficado antes de se terminar de redigir o histórico do lançamento, D – PIS sobre Vendas (Resultado – Dedução da receita)
basta se utilizar de alguma expressão do tipo: “digo”, “isto é”, “ou C – PIS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a recolher)
melhor”, “aliás”, “em tempo”, etc. Vejamos um exemplo:
D – COFINS sobre Vendas (Resultado – Dedução da receita)
D – Veículos R$20.000,00 C – COFINS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a reco-
C – Caixa R$ 20.000,00 lher)
H.: Referente à compra de um computador, digo, de um auto-
móvel conforme nota fiscal nº 00053. Lançamento de outras despesas à vista
D – Honorários contábeis
Nos casos de borrões, rasuras, lacunas, saltos de linhas ou de C – Caixa
páginas, a ressalva deve ser assinada por profissional registrado no
CRC (Conselho Regional de Contabilidade). Os borrões, falhas de PAGAMENTO DE ALUGUEL
impressão e outros erros que comprometam a autenticidade do D – Aluguéis
Livro Diário, poderão ser sanados através de declaração, assinada C - Caixa
pelo contador, tornando sem efeito aquela folha e refazendo, a se-
guir, os lançamentos ali contidos. Lançamentos da folha de pagamento (Provisão)
D – Folha de Pagamento (Resultado – Despesa com pessoal)
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga-
ções trabalhistas)

21 http://accountingfundaments.blogspot.com.br/p/alguns-exemplos-de-lancamen-
tos.html
22 http://www.comocontabilizar.com.br/como-contabilizar-folha-de-pagamento/
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
D – Provisão de Férias (Passivo Circulante – Provisões traba- Lançamentos de depreciação, amortização e exaustão
lhistas) D – Depreciação (Resultado)
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- C – Depreciação Acumulada (Redutora Ativo Imobilizado)
ções trabalhistas)
D – Amortização (Resultado)
D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante – Provisões traba- C – Amortização Acumulada (Redutora Ativo Imobilizado)
lhistas)
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- D – Exaustão (Resultado)
ções trabalhistas) C – Exaustão Acumulada (Redutora Ativo Imobilizado)

D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante – Provisões traba- PRINCIPAIS TAXAS DE DEPRECIAÇÃO


lhistas) Imóveis: taxa anual de 4%; vida útil de 25 anos.
C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas Instalações: taxa anual de 10%; vida útil de 10 anos.
a pagar) Máquinas e Equipamentos: taxa anual de 10%; vida útil de 10
anos.
D – FGTS sobre Folha de Pagamento (Resultado – Despesa com Móveis e Utensílios: taxa anual de 10%; vida útil de 10 anos.
encargos trabalhistas) Veículos: taxa anual de 20%; vida útil de 5 anos.
C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas Equipamentos de Informática: taxa anual de 20%; vida útil de 5
a pagar) anos.

D – INSS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas Lançamentos de lucros ou prejuízo (Reservas)


a pagar) Prejuízos
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- D – Lucros ou Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido) - Pre-
ções trabalhistas) juízo
C – Resultado do Exercício (Conta de Resultado)
Lançamentos da folha de pagamento
D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- D – Reservas de Lucros (Patrimônio Líquido) – Absorção do Pre-
ções trabalhistas) juízo
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Disponibilida- C – Lucros ou Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido)
des)
Lucros
D – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido)
a pagar) C – Lucros a Pagar (Passivo Circulante)
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Disponibilida- C – Reserva de Lucros (Patrimônio Líquido)
des)
D – Lucros a Pagar (Passivo Circulante)
D – INSS a Pagar (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas a C – Caixa/Bancos (Ativo Circulante – disponibilidades)
pagar)
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Disponibilida-
des) CONTAS PATRIMONIAIS, RESULTADO

Lançamentos de aplicações financeiras e investimentos


D – Aplicações Financeiras de Renda Variável (Ativo Circulante O patrimônio é uma realidade econômica formada de bens, di-
ou Realizável a Longo Prazo) – No ato da aplicação reitos e obrigações de variadas naturezas. Cada um desses elemen-
C – Banco c/movimento (Ativo Circulante – Disponibilidades) tos constitui uma individualidade que precisa ser representada por
um demonstrativo. Para isso, adotamos nomes que representam os
D – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante – disponibilida- elementos e as mutações sofridas pelo patrimônio ao longo de um
des) – No ato do resgate da aplicação determinado período.
D – IRRF a Recuperar (Ativo Circulante – impostos a recuperar) Essa representação é chamada de CONTA23, nome através do
C – Aplicações Financeiras de Renda Variável (Ativo Circulante qual representa um ou mais elementos do Patrimônio e que tam-
ou Realizável a Longo Prazo) bém designa as alterações por qual passa a riqueza efetiva da em-
C – Rendimentos de Aplicações Financeiras (Conta de Resulta- presa, seu Patrimônio Líquido.
do – receitas financeiras) A função da conta é representar a variação patrimonial que um
fato24 promove no patrimônio da empresa. Todo fato mensurável
Lançamentos de Ativo Imobilizado em dinheiro é representado por uma conta.
D – Máquinas e Equipamentos (Ativo Imobilizado) É através das contas que a contabilidade consegue exercer o
C – Fornecedores (Passivo Circulante) seu papel. Todos os acontecimentos que ocorrem diariamente na
empresa como: compras, vendas, pagamentos, recebimentos, etc.,
D – Fornecedores (Passivo Circulante) são registrados pela contabilidade em contas próprias.
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – disponibilida- 23 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/contas2.php
des) 24 FATOS contábeis ou administrativos são aqueles que provocam modificações
no patrimônio.
Editora
387
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Teoria das Contas b) Contas de Resultado - são as receitas e despesas do período,
Ao longo da história da contabilidade, a classificação das con- que devem ser encerradas no final do exercício financeiro para que
tas tem dividido os doutrinadores entre várias respostas, resultan- se apure o resultado da empresa. Representado na forma de lucro
do em formas diferentes de classificação e interpretação. Fazendo ou prejuízo que será incorporado ao Patrimônio através da conta
surgir assim várias teorias para justificar os diferentes critérios ado- Prejuízos Acumulados (quando o resultado for negativo), ou Reser-
tados quanto as classificações. Entre as teorias apresentadas, três va de Lucros (quando o resultado for positivo). São acontecimentos
delas se tornaram as mais importantes: Teoria Personalista; Teoria que modificam a situação líquida da empresa e representam varia-
Materialista e Teoria Patrimonialista. ções no Patrimônio da entidade. Estas contas não fazem parte do
Balanço Patrimonial, mas permitem que o resultado do exercício
Teoria Personalista - as contas podem ser representadas por seja apurado.
pessoas com as quais são mantidas relações jurídicas, ou seja, que
se relacionam com a entidade em termos de débito e crédito. Todos Funcionalidades das Contas Patrimoniais
os débitos efetuados nas contas dessas pessoas representam suas Quanto a funcionalidade, as contas são divididas em:
responsabilidades, enquanto todos os créditos representam seus ‐ Contas Unilaterais - são aquelas que sofrem variações so-
direitos em relação ao titular do Patrimônio. mente em um sentido, com registro a débito ou a crédito. Ex.: as
Por essa teoria, as contas são classificadas segundo a natureza contas de receitas serão via de regra creditadas e as de despesas
da relação jurídica que essas pessoas mantêm com o titular do Pa- debitadas.
trimônio.
‐ Contas Bilaterais - são aquelas que sofrem variações nos dois
Nesta teoria, temos três tipos de contas que representas essas sentidos, aceitando tanto registro de débito quanto de crédito. Ex.:
pessoas: Caixa, Banco, Duplicatas a receber, entre outras. Podendo apresen-
a) Proprietários: consiste nos responsáveis pelas contas do pa- tar tanto saldo devedor quanto credor. Quando apresenta saldo
trimônio líquido e suas variações, como receitas e despesas. São, devedor, é chamada de Conta Bilateral Ativa e quando apresenta
portanto, contas dos proprietários: Capital social, Receita de ven- saldo credor, é chamada de Conta Bilateral Passiva.
das, Custo da mercadoria vendida (CMV), Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre vendas, Devoluções de ven- ‐ Contas de compensação - conforme a Interpretação Técnica
das, Receitas financeiras, Reserva legal, etc.; Geral - ITG 2000 (R1)25 – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL, itens:
b) Agentes consignatários: consiste nos responsáveis pelas 29. Contas de compensação constituem sistema próprio para
contas a quem a entidade confia a guarda os bens que estão repre- controle e registro dos fatos relevantes que resultam em assunção
sentadas no Ativo. São, portanto, contas dos agentes consignatá- de direitos e obrigações da entidade cujos efeitos materializar-se-ão
rios: Caixa, Banco, Veículos, Móveis, Terrenos, etc.; no futuro e que possam se traduzir em modificações no patrimônio
c) Agentes correspondentes: consiste nos responsáveis pelas da entidade.
contas que representam os direitos a receber do Ativo ou obriga- 30. Exceto quando de uso mandatório por ato de órgão regula-
ções a pagar do Passivo. São terceiros, que se situam na posição dor, a escrituração das contas de compensação não é obrigatória.
de devedor ou credor da entidade, como por exemplo, Clientes e Nos casos em que não forem utilizadas, a entidade deve assegu-
Fornecedores. rar-se que possui outros mecanismos que permitam acumular as
informações que de outra maneira estariam controladas nas contas
Teoria Materialista – se opõe a teoria personalista. Defenden- de compensação.
do que as contas representam entradas e saídas de valores e não
simples relações de débito e crédito entre pessoas, excluindo as Atributos Conceituas das Contas
relações com terceiros. Uma visão mais econômica do que vem a São características próprias que as distinguem de outras contas
ser a conta e sua relação entre a entidade é material e não pessoal, do plano de contas. Os atributos podem ser decorrentes de concei-
sendo que a conta só deve existir enquanto houver também o ele- tos teóricos, da lei ou do sistema operacional utilizado.
mento material por ela representado. a) Código: estrutura numérica que identifica cada uma das con-
tas que compõem o plano de contas;
As contas dividem-se em: b) Título / Nome: designação que identifica o objeto de uma
a) Integrais ou Elementares - são aquelas representadas pelos conta;
bens, direitos e obrigações da entidade, ou seja, Ativo e Passivo. c) Função: descrição da natureza dos atos e fatos registráveis
na conta;
b) Diferenciais ou Derivadas: são aquelas representadas pelo d) Natureza do Saldo: identifica se a conta tem saldo devedor,
Patrimônio Líquido, das receitas e despesas da entidade. credor ou ambos.

Teoria Patrimonialista - é a teoria adotada no Brasil. Segundo - Conta Devedora: possui saldo predominantemente devedor;
esta teoria, o objeto de estudo da ciência contábil é o Patrimônio de - Conta Credora: possui saldo predominantemente credor;
uma entidade. A contabilidade tem como finalidade controlar este - Conta Mista / Híbrida: possui saldo devedor ou credor.
patrimônio e apurar o resultado das empresas.
Estas contas se classificam em:
a) Contas Patrimoniais - são aquelas que representam o Ativo
(Bens e Direitos) e o Passivo (Obrigações e Patrimônio Líquido). São
elas que representam o Patrimônio da empresa, através do Balanço
Patrimonial. 25 http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/IT-
G2000(R1)
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CONTABILIDADE GERAL
– Mistos aumentativos: envolvem duas ou mais contas
FATOS CONTÁBEIS. PERMUTATIVOS, MODIFICATIVOS E patrimoniais e uma ou mais contas de receita (venda com lucro,
MISTOS aumenta PL). Ex.: recebimento de duplicatas com juros, pagamento
de duplicatas com desconto, reforma de dívida com desconto,
vendas com lucro, pagamentos de obrigações com desconto, etc.
Fatos contábeis (ou fatos administrativos) são ocorrências que
têm por efeito a alteração da composição do Patrimônio, seja em
seu aspecto qualitativo ou em seu aspecto quantitativo.
São todos os eventos que ocorrem na empresa, passíveis de
se determinar um valor monetário. O registro de um fato contábil
pode ou não alterar o valor do Patrimônio Líquido da empresa.
– Mistos diminutivos: envolvem duas ou mais contas
Classificam-se em três grupos: Fatos contábeis permutativos
patrimoniais e uma ou mais contas de despesa (venda com
(qualitativos ou compensativos), Fatos contábeis modificativos (ou
prejuízo, diminui PL). Ex.: recebimento de duplicatas com desconto,
quantitativos) e Fatos contábeis mistos (ou compostos).
pagamentos de duplicatas com juros, reforma de dívida com juros,
etc.
Permutativos, Qualitativos ou Compensativos
São fatos que acarretam uma troca (permuta) entre elementos
do ativo, do passivo, ou de ambos, porém sem provocar alteração
no Patrimônio Líquido, alterando apenas a composição qualitativa
dos elementos pertencentes ao Patrimônio. Ex.: compra de uma
máquina à vista – ocorre a permuta de um bem (dinheiro) por outro
bem (máquina), ambos elementos do ativo. Os fatos contábeis alteram o Patrimônio sob seus dois
aspectos básicos: o qualitativo e o quantitativo. Ao analisar os
fatos permutativos, observa-se que estes provocam variações
estritamente qualitativas, isto é, modifica-se apenas a natureza
dos elementos patrimoniais envolvidos. Já os fatos modificativos
e os fatos mistos geram mudanças reais na expressão monetária
da situação líquida, ou seja, provocam variações de natureza
quantitativa.

OBS.: Não confunda fato com ato administrativo. O ato


Modificativos ou Quantitativos administrativo, ao contrário do fato administrativo, não produz
São fatos que alteram a composição do Patrimônio e de imediato qualquer alteração no Patrimônio e não deve ser
modificam para mais (modificativos aumentativos) ou para menos registrado na contabilidade. Se contabilizado, é chamado de
(modificativos diminutivos) a situação líquida da empresa. operação extra-patrimonial (conta de compensação). Encarregar
– Modificativos aumentativos: Envolvem uma conta um empregado a desempenhar determinada tarefa constitui um
patrimonial e uma conta de receita, aumentando o Patrimônio ATO ADMINISTRATIVO. Agora, pagar a ele o seu salário define um
Líquido (PL). Ex.: Receita de vendas, receita de aluguel, etc. FATO ADMINISTRATIVO, pois estará alterando o Patrimônio da
entidade.

Fonte: https://www.socontabilidade.com.br/conteudo/diario.php

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
– Modificativos diminutivos: Envolvem uma conta patrimonial
e uma conta de despesa, diminuindo o Patrimônio Líquido (PL). Ex.:
pagamento de despesas em geral, etc.  As Demonstrações Contábeis são uma representação monetá-
ria, estruturada, da posição patrimonial e financeira de uma enti-
dade. Representada através de determinado período, por meio das
transações realizadas pela entidade. No qual tem como objetivo,
de modo geral, fornecer informações sobre a posição patrimonial,
financeira e de resultados da entidade.
Assim fazem parte das demonstrações contábeis os seguintes
Mistos ou Compostos
itens:
São os que envolvem simultaneamente um fato permutativo
Balanço Patrimonial;
(qualitativo) e um fato modificativo (quantitativo), alterando o Demonstração de Resultado do Exercício;
Patrimônio Líquido (PL), ou seja, a troca de elemento patrimonial Demonstração do Resultado Abrangente;
com lucro ou prejuízo. Demonstração do Fluxo de Caixa;
Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido;
Demonstração do Valor Adicionado – se exigida regularmente
por algum órgão regulador;
Notas explicativas às Demonstrações Contábeis.
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CONTABILIDADE GERAL
Informações muito úteis para o processo de tomada de deci- Ativo28
sões, assim como para uma ampla variedade de usuários como: só- Compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de re-
cios/acionistas, governo, investidores, dentre outros. cursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios eco-
nômicos futuros, originados de eventos ocorridos.
Balanço Patrimonial26 - Ativo Circulante: São todas as contas que espera-se que se-
jam realizadas ou consumidas durante o curso do exercício social
O Balanço Patrimonial, dentre todas as demonstrações con- seguinte a apresentação do Balanço Patrimonial.
tábeis, é uma das mais importantes para desvendar e evidenciar, a) Disponibilidades (também chamada de Caixa e Equivalentes
quantitativa e qualitativamente o patrimônio de uma empresa, haja de Caixa) - as principais contas que encontramos neste grupo são o
vista que, todas as informações que são reveladas e as decisões es- Caixa (caixa físico, dinheiro, cédulas e moedas), os saldos de contas
tratégicas que eventualmente são tomadas, advém dele. Contudo, correntes e as aplicações financeiras de liquidez imediata (àquelas
trata-se de uma informação estática, e que pode ser modificada no que possam ser convertidas em dinheiro e que estejam sujeitas a
dia seguinte de sua divulgação, por ser elaborado de acordo com um risco insignificante, no prazo máximo de 90 dias);
determinado período. b) Contas a Receber - neste grupo são reunidas, principalmen-
te, as contas que representam direitos de receber por vendas ou
Dica: A Estática Patrimonial é o estudo do patrimônio quando serviços prestados relacionados ao Objeto Social da empresa, isto
considerado sem movimento, em um determinado momento, ou é, a atividade operacional da empresa. Suas contrapartidas são con-
seja, nos seus elementos, nos componentes e nos valores. Procura tas de resultados, que são registradas não no Balanço Patrimonial,
ainda demonstrar num dado momento a estrutura e a composição mas encerradas na Demonstração de Resultados do Exercício. Tam-
patrimonial da empresa. bém é comum visualizarmos neste grupo a conta “provisão para
devedores duvidosos – uma conta redutora do ativo circulante”,
A legislação preconiza a elaboração e fechamento do balanço que representam, grosso modo, aquelas duplicatas ou faturas que a
patrimonial no último dia do exercício da empresa, para atender empresa percebe que dificilmente conseguirá receber;
a legislação fiscal, instituição financeira ou terceiros. Porém pode c) Estoques - os estoques alocados no Ativo Circulante são es-
ser elaborado mensalmente ou semestralmente de acordo com sua sencialmente os estoques de mercadorias, materiais de uso e con-
necessidade. sumo, matérias primas, produtos em fabricação e produtos acaba-
Ressaltando que quando, em circunstâncias excepcionais, a dos. Entretanto, nada impede que a empresa constitua outros tipos
data do exercício social de uma entidade mudar e as demonstra- de estoques;
ções contábeis forem apresentadas por um período mais longo ou d) Títulos, Valores Mobiliários e Bens - neste grupo devem ser
mais curto que um ano, deve-se divulgar, além do período abrangi- alocadas as aplicações financeiras não alocadas em Disponibilida-
do pelas demonstrações contábeis, as seguintes informações: des e com prazos de vencimento/resgate até o fim do exercício se-
- Livro Razão27 para um período diferente de um ano; e
guinte a data de apresentação do Balanço; e os ativos destinados à
- O fato de que os valores comparativos entre os períodos apre-
venda, que não sejam estoques e espera-se que sejam realizados
sentados para as demonstrações do resultado, das mutações do pa-
no curso do exercício seguinte à apresentação do balanço;
trimônio líquido e dos fluxos de caixa (ou das origens e aplicações
e) Despesas Antecipadas - aqui devem ser alocadas todas as
de recursos), bem com as notas explicativas relacionadas a essas
demonstrações, não são comparáveis. contas que representam pagamentos efetuados por serviços ainda
não recebidos ou consumidos integralmente, e que o serão (pre-
A legislação determina que, no balanço, as contas sejam classi- sumidamente) pagas ao longo do próximo exercício, por exemplo:
ficadas segundo os elementos do patrimônio que registram, agru- seguros pagos à vista, mas que ainda possui vigência por meses se-
padas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação guintes;
financeira da entidade. f) Ativos Especiais - aqui se alocam aqueles ativos que geram ou
O balanço patrimonial é composto e representado graficamen- podem gerar benefícios econômicos para a empresa, como exem-
te pelos seguintes grupos de contas: plos deste tipo de ativo: os direitos de transmissão de um filme, os
Ativo: que compreende os bens, os direitos e as demais aplica- direitos de uso de um software, a seção de direitos autorais, etc.
ções de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar bene-
fícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos - Ativo Não Circulante: São incluídos todos os bens de natureza
Passivo: que compreende as origens de recursos representa- duradoura destinados ao funcionamento normal da sociedade e do
dos pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa
ocorridos que exigirão ativos para sua liquidação finalidade.
Patrimônio Líquido: que compreende os recursos próprios da a) Ativo Realizável a Longo Prazo - neste grupo são classifica-
Entidade, onde seu valor é a diferença positiva entre o valor do Ati- dos os ativos com mesma natureza dos Ativos Circulantes, mas que,
vo e o valor do Passivo. entretanto, serão realizados ou consumidos apenas após o término
do exercício seguinte à apresentação do Balanço. Vale ressaltar que
sua classificação é residual em relação aos demais grupos de contas
do Ativo Não Circulante, ou seja, classificam-se aqui os ativos que
não puderem ser classificados nos demais grupos do Ativo Não Cir-
26 RODRIGUES, Adenir Ortiz; PROENÇA, André Eduardo de; BUSCH, Cleber culante (Investimentos, Imobilizado e Intangível) e apenas se não
Marcel; GARCIA, Edino Ribeiro; TODA, William Haruo – Planejamento Contábil e puderem ser classificados neles;
Reorganização Societária – 2ª ed. São Paulo: IOB, 2013
27 O Livro Razão é fundamental para processo contábil e exigido por legislação para
empresas tributadas pelo Imposto de Renda. Este livro agrega as contas patrimoniais do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, contas de ativo, passivo
e patrimônio líquido e também de receitas e despesas. 28 http://contadores.cnt.br/noticias/artigos/2016/07/11/classificacao-de-ativos.html
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CONTABILIDADE GERAL
b) Investimentos - neste grupo devem ser classificados os imó- c) Obrigações Tributárias de Longo Prazo: incluindo parce-
veis que a empresa eventualmente possua com a finalidade de lo- las  relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e
cação ou valorização e as participações em sociedades coligadas, previdenciárias (como o REFIS), acrescidos dos encargos legais pre-
controladas e controladas em conjunto; vistos pelo regime de competência;
c) Imobilizado - aqui devem ser alocadas todas as contas que d) Debêntures e outras obrigações: as contratuais exigíveis
representem bens materiais (corpóreos, tangíveis) que sejam man- após o exercício seguinte;
tidos pela empresa com a finalidade de produção ou fornecimento e) Receitas Diferidas: menos os custo e despesas relativas às
de mercadorias e serviços, para locação, ou para fins administrati- respectivas receitas (antigo agrupamento de Resultados de Exer-
vos, e que se espera utilizar para além do exercício seguinte à apre- cícios Futuros), incluindo as receitas à prazo ou em prestações de
sentação do balanço. São exemplos: terrenos, edifícios, máquinas unidades imobiliárias em construção.
e equipamentos, móveis e utensílios, veículos, instalações, com-
putadores, etc. Por determinação do (Comitê de Pronunciamentos - Patrimônio Líquido: Corresponde à riqueza de uma organiza-
Contábeis - CPC 06 (R2) – Operações de Arrendamento Mercantil, ção, o que ela possui descontadas as contas que precisa pagar. Ele
devem-se alocar aqui também os arrendamentos financeiros; representa a fonte interna de recursos da empresa e o quanto seus
d) Intangível - neste grupo devem ser alocados os direitos que proprietários têm investido na companhia.
tenham por objeto bens incorpóreos ligados à manutenção da em- a) Capital Social - discrimina o montante subscrito e a parcela
presa ou exercidos com esta finalidade, inclusive, o fundo de co- ainda não realizada por sócios e acionistas;
mércio. b) Reservas de Capital - são recursos obtidos pela empresa que
não possuem vínculo com a formação de lucro. São decorrentes,
Passivo por exemplo, do reembolso ou compra de ações, da incorporação
Compreende os saldos das obrigações devidas pela empresa. ao capital e do pagamento de dividendos a ações preferenciais,
dentro outros;
- Passivo Circulante29: São as obrigações da empresa, inclusive c) Ajustes de Avaliação Patrimonial - as contrapartidas de au-
financiamentos para aquisição de bens e direitos do Ativo Não mentos ou diminuições de elementos do ativo e do passivo que não
Circulante, cujo vencimento ocorrerá no exercício seguinte, foram computadas no exercício, em decorrência da sua reavaliação,
incluindo dívidas com fornecedores, matéria prima, tributos a desde que sigam as regras legais;
pagar, aluguel, água, energia elétrica, etc. d) Reservas de Lucros - valores da apropriação de parte dos lu-
a) Obrigações com funcionários: relativas a salários, participa- cros em decorrência da lei ou da vontade do proprietário;
ções nos resultados, férias a pagar, abonos pecuniários e outras ver- e) Ações em Tesouraria - é uma conta redutora do patrimônio
bas de natureza trabalhista líquido que registra o valor das ações da companhia adquiridas pela
b) Provisões: de Férias e 13º Salário, incluindo os respectivos própria empresa;
encargos sociais e adicional de 1/3 de férias f) Prejuízos Acumulados - registros de prejuízos acumulados e
c) Obrigações Tributárias: inclusive parcelas a vencerem a cur- ainda não cobertos.
to prazo relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais
e previdenciárias (como o REFIS), FGTS e outros encargos de natu- Exemplo de Balanço Patrimonial:
reza tributária, incluindo multa e juros ATIVO PASSIVO
d) Fornecedores: (incluindo juros, multas e outras obrigações
contratuais, pelo regime de competência) ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
e) Instituições Financeiras: empréstimos, financiamentos e sal- ATIVO NÃO CIRCULAN- PASSIVO NÃO CIRCULANTE
dos devedores bancários, incluindo cheques pré-datados e valores TE
dos limites de crédito de contas correntes utilizadas Realizável a Longo Passivo Exigível a Longo
f) Créditos: de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga- Prazo Prazo
das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada para o
exercício seguinte Investimentos PATRIMÔNIO LIQUIDO
Imobilizado Capital Social
- Passivo Não Circulante30: São escrituradas as obrigações da Intangível Reserva de Capital
entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ati-
vo não-circulante, quando se vencerem após o exercício seguinte. Ajuste de Avaliação Patri-
monial
Normalmente tais obrigações correspondem a valores exigíveis a
partir do 13º mês seguinte ao do exercício social. Reserva de Lucros
a) Instituições Financeiras: parcelas de empréstimos e finan- Ações em Tesouraria
ciamentos, incluindo os respectivos juros e encargos contratuais
Prejuízos Acumulados
decorridos, vencíveis após o exercício seguinte ao do fechamento
de balanço (ou seja, a partir do 13º mês do encerramento do exer-
DICA: O Balanço Patrimonial e sua estrutura está discriminado
cício);
na Lei das S.A. - Lei 6404/76 Artigo 178 SEÇÃO III.
b) Créditos: de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga-
das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada após o
exercício seguinte;

29 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-circulante.htm
30 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-nao-circulante.htm
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Demonstração do Resultado do Exercício31 Custos dos Produtos, das Mercadorias ou dos Serviços Ven-
É na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que apare- didos
cerão todas as contas de Receitas e Despesas do período, que são Os custos a serem atribuídos como CMV, CSP ou CPV no exercí-
contas transitórias, ou seja, ao final do período de apuração estarão cio devem ser correspondentes às receitas de vendas dos produtos
com seus saldos zerados. e serviços reconhecidos como tal no mesmo período, obedecendo
A DRE tem por objetivo evidenciar a situação econômica da ao princípio da competência.
entidade em um determinado período por meio da apuração do
resultado do exercício (lucro ou prejuízo) Cálculo do Custo da Mercadoria Vendida – CMV
Além disso, a DRE é uma demonstração dedutiva e dinâmica, CMV= EI + C – EF
mostrando o cálculo do resultado do exercício, enquanto o Balanço
Patrimonial é uma é uma demonstração estática, pois mostra a si- Onde:
tuação patrimonial em um dado momento. CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
Portando, a demonstração do resultado destina-se a evidenciar EI = Estoque Inicial
a composição do resultado formado em determinado período de C = Compras
operações da entidade. As demonstrações do resultado do período EF = Estoque Final (inventário final)
devem, no mínimo, obedecer as determinações legais e as seguin-
tes rubricas: Cálculo do Custo do Serviço Prestado (CSP)
CSP = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi
Receitas
Receita Operacional Bruta: é a somatória de todas as vendas Onde:
ou serviços que foram efetuados e que tenham sido faturados, ou CSV = Custo dos Serviços Vendidos
seja, que tenham gerado a emissão de uma nota fiscal em determi- Sin = Saldo Inicial dos Serviços em Andamento
nado período, obedecendo ao princípio da competência. MO = Mão de Obra Direta aplicada nos serviços vendidos
Dedução da Receita Bruta: são representadas pelas contas de GDS = Gastos Diretos (locação de equipamentos, subcontrata-
devolução (vendas canceladas), abatimentos, descontos comerciais ções, etc.) aplicados nos serviços vendidos
e impostos incidentes sobre venda de produtos ou serviços. Para
efeito de análise, as receitas não são demonstradas de forma líqui- GIS = Gastos Indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações
da, ou seja, registram-se as receitas na forma bruta e, em separado, de equipamentos, etc.) aplicados nos serviços vendidos
suas respectivas deduções: Sfi = Saldo Final dos Serviços em Andamento
- Devolução ou Vendas Canceladas: correspondem à anulação
de valores registrados como receita, decorrentes do cancelamen- Cálculo do Custo do Produto Vendido – (CPV)
to de vendas, devoluções totais ou parciais, quebras ou avarias na CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF
mercadoria vendida, pela não concretização da entrega dos produ-
tos ou pela má qualidade na prestação de serviços. Onde:
- Abatimentos: também conhecidos como descontos incon- CPV = Custo dos Produtos Vendidos
dicionais, são concedidos aos clientes quando, após a entrega do EI = Estoque Inicial
produto, este apresenta defeitos de qualidade, caracterizados por In = Insumos (matérias primas, materiais de embalagem e ou-
quebras ou avarias, por exemplo. Esses descontos não podem ser tros materiais) aplicados nos produtos vendidos
confundidos com descontos financeiros, nem tampouco com des- MO = Mão de Obra Direta aplicada nos produtos vendidos
contos de preço de venda (promoções). GGF = Gastos Gerais de Fabricação (aluguéis, energia, depre-
- Impostos Incidentes sobre Vendas de Produtos e Prestação ciações, mão de obra indireta, etc.) aplicada nos produtos vendidos
de Serviços: também serão deduzidos da receita bruta, pois são os EF = Estoque Final (inventário final)
que guardam proporcionalidade com o preço da venda efetuada ou
do serviço prestado. São exemplos de impostos incidentes sobre o Lucro Bruto
faturamento: IPI - Imposto sobre produtos Industrializados (União); De acordo com o artigo 187, item II, da Lei nº 6.404/76, deve
PIS - Programa de Integração Social (União); COFINS - Contribuição ser computado na DRE o custo das mercadorias e serviços vendidos
para Financiamento da Seguridade Social (União); ICMS - Imposto ou prestados no exercício, que deduzido das receitas corresponden-
sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre tes, gera o Lucro Bruto.
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal,
Despesas com Vendas, Gerais, Administrativas e Outras Des-
de Comunicação e Energia Elétrica (Estado); ISSQN - Imposto sobre pesas e Receitas Operacionais
Serviços de Qualquer Natureza (Município). Despesas de Vendas: Têm a função de registrar as despesas
Receita Operacional Líquida: Constitui a base de cálculo para com a comercialização dos produtos, mercadorias ou serviços
a análise das receitas efetivamente realizadas pela empresa em de- para atender aos objetivos da empresa. São alguns exemplos de
terminado período. Evidencia o valor da venda líquida de bens e despesas com vendas: despesas com pessoal de vendas; marketing;
serviços, oriundos da atividade da empresa, subtraindo as dedu- distribuição; administrativo interno de vendas; comissões sobre
ções incidentes sobre a receita bruta (faturamento). vendas; propaganda e publicidade; garantia de produtos; despesas
com estimativas de perdas com duplicatas derivadas de vendas a
prazo (provisão para devedores duvidosos), etc.
Despesas Administrativas: Representam os gastos pagos ou
incorridos necessários para arcar com despesas para a gestão ou
direção da empresa. Sua função é registrar, em cada conta espe-
cífica, as despesas com a administração do negócio para atender
31 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada aos objetivos da empresa. Dentre as despesas administrativas mais
e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus, 2016.
comuns, temos: honorários da administração; salários e encargos
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CONTABILIDADE GERAL
do pessoal administrativo; despesas legais e judiciais; material de O saldo remanescente integrará o Patrimônio Líquido da em-
escritório; depreciação de móveis e utensílios; seguro do escritório; presa nas contas Reservas de Lucros - caso ocorra lucro - e Prejuízos
energia elétrica; telefone, etc. Acumulados - caso ocorra prejuízo, no qual compõe os seguintes
Despesas Operacionais: Segundo a Lei das S.A. – Lei 6.404/76, itens:
as despesas operacionais correspondem ao esforço financeiro ne- - Resultado líquido após tributos das operações descontinua-
cessário para que a empresa possa funcionar, ou seja, financiar suas das;
atividades de vendas, produção e prestação de serviços. Constituem - Resultado após os tributos decorrente da mensuração ao va-
as despesas pagas ou incorridas no período (princípio da competên- lor justo menos despesas de vendas ou na baixa dos ativos ou do
cia). Não estão relacionadas a elas aquelas alocadas na fabricação grupo de ativo à disposição para venda que constituem a unidade
de produtos ou na prestação dos serviços, pois estas compõem os operacional descontinuada;
custos das mercadorias ou dos serviços. - Resultado líquido do exercício.

Ganho de Equivalência Patrimonial DICAS:


Resultados Financeiros Líquidos: O art. 187 da Lei das S.A. – Lei - Resultado do período é o total das receitas deduzido das des-
nº 6.404/76 define como despesas operacionais as despesas finan- pesas, exceto os itens reconhecidos como outros resultados abran-
ceiras deduzidas das receitas, ou seja, as receitas financeiras deve- gentes ao patrimônio líquido;
rão ser compensadas das despesas financeiras. - Operação descontinuada corresponde ao componente da
Ex.: Valor das Receitas Financeiras – Valor das Despesas Finan- entidade que foi baixado ou está classificado como mantido para
ceiras = Valor dos Resultados Financeiros Líquidos. venda e:
a) Representa uma importante linha separada de negócios ou
Receitas Financeiras - São receitas geradas em função de: área geográfica de operações;
- Descontos obtidos; b) É parte integrante de um único plano coordenado para
- Juros recebidos; venda de uma importante linha separada de negócios ou área
- Rendimentos de aplicações financeiras (fundos de investi- geográfica de operações;
mentos, por exemplo). c) É uma empresa controlada adquirida exclusivamente com
objetivo de revenda, ou seja, são ativos imobilizados que a empresa
Perda de Equivalência Patrimonial de uma linha separada de negócios ou área geográfica de opera-
Despesas Financeiras - São caracterizadas por serem despesas ções que ficaram obsoletos ou descontinuados e foram colocados à
decorrentes da necessidade de Capital de Giro ou do financiamento venda, ou um investimento de aquisição de uma empresa controla-
do Ativo: da adquirida com o objetivo de revenda.
- Juros pagos;
- Descontos concedidos; Exemplo de DRE:
- Despesas bancárias (IOF, manutenção da conta corrente, den-
tre outras, por exemplo)
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Resultado antes das Receitas e Despesas Financeiras Vendas de Produtos
São as chamadas atividades acessórias do objetivo social da
empresa. Compõem-se de itens que não são provenientes da ati- Vendas de Mercadorias
vidade fim da empresa, tais como: participação nos resultados de Prestação de Serviços
coligadas e controladas pelo método de equivalência patrimonial; (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 
dividendos e rendimentos de outros investimentos; amortização de
ágio ou deságio de investimentos; vendas diversas que não corres- Devoluções de Vendas 
pondem à atividade fim da empresa (venda de sucatas). Abatimentos 
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
Resultado operacional antes do Imposto de Renda (IR) e Con-
tribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - lucro ou prejuízo: o (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
resultado obtido até este ponto na DRE constitui base de cálculo da (-) CUSTOS DAS VENDAS
Provisão para Imposto de Renda e da Provisão para Contribuição
Social. Caso o resultado obtido seja negativo, caracterizando prejuí- Custo dos Produtos Vendidos 
zo em sua movimentação, não haverá incidência de IR e CSLL. Para Custo das Mercadorias
o cálculo do imposto de renda a pagar, que deverá ser recolhido
pela empresa, a base de cálculo (lucro tributável) é denominada Custo dos Serviços Prestados
Lucro Real, que será obtido mediante a escrituração do livro fiscal (=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
denominado LALUR - Livro de apuração do Lucro Real. Nesse livro,
registram-se os ajustes necessários (adições e exclusões ou com- (-) DESPESAS OPERACIONAIS 
pensações) de acordo com a legislação vigente. Despesas Com Vendas 
- Participações e Contribuições: após a apuração do “Resultado
depois do IR e CSLL”, deve-se calcular e deduzir outras participa- Despesas Administrativas
ções do resultado, tais como dos empregados, administradores e (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
de assistência ou previdência do empregado. Essas participações
normalmente estão previstas no estatuto da empresa. Despesas Financeiras
- Resultado líquido do exercício (lucro ou prejuízo): o Resultado (-) Receitas Financeiras
Líquido corresponde ao resultado final do exercício “à disposição”
dos proprietários (sócios ou acionistas) que, apoiados em determi- Variações Monetárias e Cambiais Passivas
nações legais e estatutárias, determinam a forma como será feita a (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
sua distribuição.
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

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CONTABILIDADE GERAL

Resultado da Equivalência Patrimonial Outros Resultados Abrangentes33


O resultado abrangente total é composto do resultado líquido
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante do exercício, dos outros resultados abrangentes e dos ajustes de re-
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circu- classificação. Portanto, todas as modificações do patrimônio líquido
lante não provenientes de transações de capital com os sócios são consi-
deradas outros resultados abrangentes, exceto o resultado líquido
(=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE
do exercício e os ajustes de reclassificação.
RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO Dessa forma, resumidamente, compõem os outros resultados
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social abrangentes:
Sobre o Lucro - Reserva de reavaliação;
(=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES - Ganhos e perdas na conversão de demonstrações contábeis
de operações no exterior;
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administra- - Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão;
dores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdên- - Ajustes de avaliação patrimonial na mensuração a valor justo
cia para Empregados de ativos financeiros disponíveis para venda;
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO - Ajustes de avaliação patrimonial referente à efetiva parcela
de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em hedge de fluxo
Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)32 de caixa.
Foi através do Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) Apresen-
tação das Demonstrações Contábeis, onde surgiu a determinação Na prática, o resultado abrangente34 visa apresentar os ajustes
para apresentação da demonstração de resultado abrangente. efetuados no Patrimônio Líquido como se fosse um lucro da empre-
A entidade deve, apresentar as receitas e despesas do período sa. Por exemplo, a conta ajuste da avaliação patrimonial registra as
na demonstração do resultado do exercício, mas todas as outras modificações de ativos e passivos a valor justo, que pelo princípio
variações ocorridas no patrimônio, como por exemplo ajustes de da competência não entram na DRE; no entanto, no lucro abrangen-
te estas variações serão computadas, a fim de apresentar o lucro o
reavaliação, variações cambiais, alguns ajustes de instrumentos fi-
mais próximo da realidade econômica da empresa.
nanceiros entre outros, que poderão alterar em determinado tem-
A entidade deve divulgar em notas explicativas os ajustes de
po o resultado do período ou diretamente os Lucros ou Prejuízos, reclassificação relativos aos componentes dos outros resultados
deverão ser apresentados como Outros Resultados Abrangentes, abrangentes.
dentro do DRA.
A DRA refere-se a soma do resultado do período com a soma Exemplo de DRA:
dos outros resultados abrangentes, não fazendo parte do conjunto
de demonstrações contábeis exigidos pela Lei das S.A., sendo inclu-
ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRAN-
ída posteriormente pelo CPC, conforme já citado, e em decorrência
GENTE (DRA)
das mudanças na convergência às normas internacionais.
A DRA, deve incluir as seguintes rubricas: Resultado Líquido do Exercício
- Resultado Líquido do Período; (+/-) Outros Resultados Abrangentes:
- Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas inves- 1 – Reservas de Reavaliação:
tidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (-) Realização de Reserva de Reavaliação
(+) Tributos Sobre Realização da Reserva de Reavaliação
- Cada item dos outros resultados abrangentes classificados
2 – Plano de Pensão – Benefícios a Empregados
conforme sua natureza;
(+/-) Ganhos e Perdas Atuariais em Planos de Previdência
- Resultado abrangente do período;
Complementar
(+/-) Tributos Sobre Ganhos e Perdas Atuariais
Podemos dizer que o resultado abrangente é a mutação que 3 – Ajustes de Conversão das Demonstrações Contábeis
ocorre no patrimônio líquido durante um determinado período, (+/-) Ganhos e Perdas de conversão das Demonstrações Contá-
onde resulta de transações e outros eventos, os quais não são deri- beis para o Exterior
vados de transações com os sócios, ou seja, é o resultado do exercí- (+/-) Tributos Sobre Ajustes de Conversão das Demonstrações
cio adicionado de ganhos ou perdas que eram reconhecidas direta Contábeis para o Exterior
e temporariamente na DMPL. 4 – Ajustes de Avaliação Patrimonial – Ativos Financeiros
A demonstração do resultado abrangente inicia com o resul- (+/-) Ganhos e Perdas na Remuneração de Ativos Financeiros
tado líquido e inclui os outros resultados abrangentes, dos quais Disponíveis para Venda
são correspondente às mutações do patrimônio líquido que não (+/-) Tributos Sobre Ajustes de Instrumentos Financeiros
representam receitas e despesas realizadas pelo princípio da com- 5 – Ajustes de Avaliação Patrimonial – Instrumentos de Hedge
petência, dessa forma podendo causar variações em períodos sub- (+/-) Resultado Abrangente de Empresas Investidas Reconheci-
sequentes. das pelo Método da Equivalência Patrimonial
(=) Resultado Abrangente do Período
Parcela dos Sócios da Controladora
Parcela dos Sócios não Controladores
33 SANTOS, J. L. [et al.]. Manual de Práticas Contábeis: Aspectos Societários e
Tributários: 2.ª Ed. Atualizada pela Lei n° 11.941/09 e pelas normas do CPC. São
Paulo: Atlas, 2011.
34 Conteúdo na Íntegra. LUNELLI, R. L. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
32 Moraes Junior, José Jayme – Contabilidade Geral, contabilidade avançada e ABRANGENTE - <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstra-
análise das demonstrações contábeis – 5 ed. Niterói-RJ – Impetus – 2016. caoresultadoabrangente.htm>.
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CONTABILIDADE GERAL
Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC35 Exemplo de DFC:
A partir de Janeiro de 2008, com as alterações da Lei das S.A. MÉTODO DIRETO MÉTODO INDIRETO
(6.404/76), pela Lei nº 11.638/2007, a Demonstração de Fluxo de Atividades Operacionais Atividades Operacionais
Caixa (DFC) passou a ser obrigatória para as sociedades por ações (+) Recebimento de Lucro líquido do Exercício
(abertas ou fechadas). clientes (+) Depreciação
De acordo com o pronunciamento técnico CPC 26 (R1) – Apre- (-) Pagamento de contas (+/-) Variação no Circulan-
sentação das Demonstrações Contábeis – a informação sobre flu- (-) Pagamento de despe- te (Capital de Giro) Fluxo de
xos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações contá- sas operacionais Caixa das Atividades Opera-
beis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa (-) Pagamento de Im- cionais
e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade para utilizar postos Atividades de Financia-
esses fluxos de caixa. Fluxo de Caixa das Ativi- mento
A DFC controlará a variação do disponível da empresa em de- dades Operacionais (+/-) Novos empréstimos
terminado período. Ela é a única demonstração contábil a ser ela- Atividades de Financia- de curto e longo prazos
borada pela entidade, sem a utilização do regime de competência. mento (+) Aumento de capital
A elaboração da DFC utiliza o regime de caixa. (+/-) Novos empréstimos (-) Despesas financeiras
de curto e longo prazos (-) Pagamentos de divi-
Dentre os principais benefícios no uso da DFC, vale destacar: (+) Aumento de capital dendos
a) Avaliação das opções de investimentos; (-) Despesas financeiras Fluxo de Caixa das Ativi-
b) Avaliação dos saldos presentes e futuros do caixa; (-) Pagamentos de Divi- dades de Financiamento
c) Analise da capacidade da empresa em gerar fluxo de caixa dendos Atividades de Investimen-
positivo, como na situação de pagar dívidas, distribuir dividendos e Fluxo de Caixa das Ativi- tos
a necessidade de captações externas; dades de Financiamento (+/-) Aquisição de Imobi-
d) Verificar a razão das diferenças entre lucro líquido e geração Atividades de Investi- lizado
de caixa. mentos (+/-) Outros Investimentos
(+/-) Aquisição de Imo- Fluxo de Caixa das Ativi-
bilizado dades de Investimentos
A DFC é dividida em três contas36:
(+/-) Outros Investimen- (+/-) Caixa inicial
1) Atividades Operacionais: é o caixa gerado nas operações
tos Resultado do Caixa Final
da empresa menos as despesas e gastos decorrentes da
Fluxo de Caixa das Ativi-
industrialização, comercialização ou prestação de serviços da dades de Investimentos
companhia. (+/-) Caixa inicial
Resultado do Caixa Final
2) Atividades de Investimentos: onde examina a grande quanti-
dade de dinheiro que a empresa dispende com despesas de capital, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL37
como por exemplo, aquisição de imóveis, automóveis ou qualquer É a demonstração destinada a evidenciar as mudanças, em na-
outro ativo que tenha o objetivo de manter o negócio funcionando. tureza e valor, ocorridas no Patrimônio Líquido da entidade, num
Faz parte também o controle de outras empresas e de movimenta- determinado período de tempo, ou seja, a DMPL não se limita ape-
ções em aplicações financeiras. nas a demonstrar as mutações da conta “Lucros Acumulados” ou
da conta “Prejuízos Acumulados”. Ela demonstra as mutações de
3) Atividades de financiamento: representa as entradas de todas as contas do patrimônio líquido, consequentemente a DLPA
empréstimos e financiamentos de curto prazo e as saídas de paga- (Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados) está contida na
mentos destas dívidas e pagamentos dos proventos aos acionistas. DMPL.
Dessa maneira quando quitar um empréstimo bancário, deve apa-
recer como saída do fluxo de caixa, sendo este negativo. O mesmo A DMPL discriminará:
acontece com o pagamento de dividendos aos acionistas. Já quan- - Os saldos no início do período;
do ocorre a captação de dívida, o contador fica na obrigação de lan- - Os ajustes dos exercícios anteriores;
çar esses recursos na forma de um número positivo de entrada no - As revisões e transferências de reservas de lucro;
caixa da empresa. - Os aumentos de capital, discriminado sua natureza;
- A redução de capital;
DICA: De acordo com o § 6. ° do art. 176 da Lei n° 11.638/07, - As destinações do lucro do período;
a companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, - As reavaliações de ativos e sua realização, líquida do efeito
não superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será dos impostos correspondentes;
obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de - O resultado líquido do período;
caixa. - As compensações de prejuízos;
- Os lucros distribuídos;
- Os saldos no final do período.

35 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada


e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus : 37 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada
2016. e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus :
36 https://www.sunoresearch.com.br/artigos/demonstrativo-fluxo-de-caixa/ 2016.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Apesar da Lei nº 6.404/76 não obrigar a divulgação da DMPL, tornando-a apenas facultativa, esse demonstrativo passou a ser obriga-
do para as empresas de capital aberto por exigência da CVM nº 59 de 1986.
De acordo com o CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis – a entidade deve apresentar a DMPL, que incluem as
seguintes informações.
a) O resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total atribuível aos proprietários da entidade con-
troladora e o montante correspondente à participação de não controladores;
b) Para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva, reconheci-
do de acordo com o CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro;
c) Para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no final do período, demonstrando-se separada-
mente as mutações decorrentes:
- Do resultado líquido;
- De cada item dos outros resultados abrangentes;
- De transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as
distribuições realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do controle. Informação a
ser apresentada na DMPL ou nas notas explicativas.
Para cada componente do patrimônio líquido, a entidade deve apresentar, ou na DMPL ou nas notas explicativas, uma análise dos
outros resultados abrangentes por item.
As contas que formam o Patrimônio Líquido podem apresentar diversas variações:

Alteram o patrimônio líquido


- Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;
- Redução por dividendos;
- Acréscimo por integralização de capital;
- Acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o preço de emissão das ações sem
valor nominal;
- Acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
- Redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;
- Acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores.

Não alteram o patrimônio líquido


- Aumento de capital com utilização de lucros ou reservas;
- Apropriação de lucro líquido do exercício reduzindo a conta Lucro Acumulados para formação de reservas, como Reserva Legal, Re-
serva de Lucros a Realizar, Reserva para Contingência e outras;
- Reversões de reservas patrimoniais para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
- Compensação de Prejuízos com Reservas.

Assim podemos destacar as seguintes destinações:


a) Reserva legal - tem a finalidade de garantir a integridade do Capital Social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos
ou aumentar o Capital. Do Lucro Líquido do Exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer destinação, na constituição da Reserva legal,
que não excederá 20% do Capital Social.
A companhia poderá deixar de constituir reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas
de capital, exceder 30% do Capital Social;
b) Reservas estatutárias - são criadas pelo estatuto da empresa e possuem regras claras, que indicam, de modo preciso e completo, a
sua finalidade (destino) e fixam os critérios que determinam a parcela anual dos lucros líquidos a serem destinados à sua constituição. O
estatuto também determina o limite máximo da reserva;
c) Reserva para contingência - a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do Lucro Líquido à
formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a administração do lucro decorrente de perda julgada provável,
cujo valor possa ser estimado. Como exemplo, temos: geadas ou secas, cheias ou inundações, etc.
A constituição da Reserva é opcional, e a proposta da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões
de prudência, a sua constituição.
Essa Reserva deixará de ser constituída e será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua cons-
tituição;
d) Reserva orçamentária - também conhecida como Reserva para Expansão, tem a finalidade de garantir o investimento em expansão
da empresa quando previsto no orçamento de capital; deverá ser aprovada em Assembleia geral;
e) Reserva de lucros a realizar - no exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido dos valores destinados às
Reservas legal, estatutária, contingência e orçamentária, a Assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar o
excesso à constituição de Reserva de lucros a realizar;
f) Resultado Líquido do Exercício (atual) - resultado Líquido do Exercício apurado na DRE do exercício;
g) Proposta de destinação do lucro do período - a destinação do resultado do exercício atual nas reservas;
h) Saldo Final do Período - saldo de todas as contas do patrimônio líquido ao final do exercício atual.

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CONTABILIDADE GERAL
Exemplo de DMPL:

RESERVAS DE LUCROS
Histórico Capital Reservas Reserva Para Reserva Reserva Reserva de Lucros Lucros Total
Realizado de Capital Contingência Estatutária Legal a Realizar Acumulados
Saldo em 31.12. Exercício                
Anterior
Ajustes de Exercícios Ante-                
riores:
Efeitos de mudança de crité-                
rios contábeis
Retificação de erros de exer-                
cícios anteriores
Aumento de Capital:                
Com lucros e reservas                
Por subscrição realizada                
Reversões de Reservas:                
De contingências                
De lucros a realizar                
Lucro Líquido do Exercício:                
Proposta de Destinação do                
Exercício:
Reserva para contingência                
Reserva legal                
Reserva estatutária                
Reserva de lucros para                
expansão
Reserva de lucros a realizar                
Outras reservas                
Dividendos a distribuir (R$                
por ação)
Saldo em 31.12.Exercício              
Atual

Demonstração do Valor Adicionado – DVA38


A partir de 01/01/2008, com a alteração da Lei das S.A., pela Lei nº 11.638/2007. A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) passou
a ser obrigatória para as sociedades por ações abertas.
As sociedades por ações de capital aberto, e outras entidades que a lei assim estabelecer, devem elaborar a DVA e apresenta-la como
parte das demonstrações contábeis divulgadas a fim de cada exercício social. É recomendado, entretanto, a sua elaboração por todas as
entidades que divulgam demonstrações contábeis.
Além disso, as sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, são obrigadas a elabora-
ções de demonstrações financeiros, que deverão sofrer auditoria independente.

As seguintes companhias são obrigadas à elaboração do DVA:


- Sociedades por ações abertas;
- Sociedades de grande porte.

A principal função da DVA é identificar e divulgar o valor da riqueza gerada por uma entidade e a forma pela qual essa riqueza foi dis-
tribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para sua geração, ou seja, é destinada a evidenciar, de forma
concisa, os dados e informações do valor da riqueza gerada pela entidade em determinado período e a sua distribuição.
As informações devem ser extraídas da contabilidade e os valores informados devem ter como base o princípio da competência. O
valor adicionado constitui-se das receitas obtidas pela empresa em razão de suas atividades deduzidas dos custos dos bens e serviços
adquiridos de terceiros para geração dessas receitas. O que demonstra a contribuição da empresa para a geração de riqueza da economia,
resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.

38 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus : 2016.
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A DVA apresenta uma posição dinâmica e evidencia os aspec- Perda e recuperação de valores ativos: inclui valores relativos a
tos econômico e social do valor adicionado. Sob a ótica econômica, ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados,
expressa o desempenho da entidade na geração da riqueza e a sua investimentos, etc. Também devem ser incluídos os valores reco-
eficiência na utilização dos fatores de produção, comparando os va- nhecidos no resultado do período, tanto na constituição quanto na
lores de saída com os valores de entrada. Sob o ponto de vista social reversão de provisão para perdas por desvalorização de ativos;
Depreciação, amortização e exaustão: inclui a despesa ou o
(integra o balanço social), demostra a riqueza gerada pela empresa custo contabilizado no período.
e a forma de sua distribuição no encerramento de determinado pe- Resultado de equivalência patrimonial: o resultado da equiva-
ríodo, contendo a participação dos empregados, do governo, dos lência pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser
agentes financiadores, dos acionistas, da parcela retida pela em- considerado como redução ou valor negativo;
presa, entre outros. Receitas financeiras: inclui todas as receitas financeiras, inclusi-
A elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas demons- ve as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem;
trações consolidadas e evidenciar a participação dos sócios não Outras receitas: inclui os dividendos relativos a investimentos
controladores, devendo proporcionar aos usuários das demonstra- avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia, etc.
ções contábeis informações relativas à riqueza criada pela entida-
de, em determinado período e a forma como tais riquezas foram Distribuição da Riqueza
distribuídas. A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada,
A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minima- como a riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Os principais
mente, da seguinte forma: componentes dessa distribuição estão apresentados a seguir:
- Pessoal e encargos; Remuneração direta: representada pelos valores relativos a
salários, 13.º salário, honorários da administração (inclusive os
- Impostos, taxas e contribuições;
pagamentos baseados em ações), férias, comissões, horas extras,
- Juros e aluguéis; participação de empregados nos resultados, etc;
- Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; Benefícios: representados pelos valores relativos à assistência
- Lucros retidos/prejuízos do exercício. médica, alimentação, transporte, planos de aposentadoria, etc.;
FGTS: representado pelos valores depositados em conta vincu-
As informações contábeis contidas na demonstração são de lada dos empregados;
responsabilidade técnica de contabilista registrado no Conselho Impostos, taxas e contribuições: valores relativos ao imposto
Regional de Contabilidade, devendo ser consistente com a demons- de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS
tração do resultado e conciliada em registros auxiliares mantidos (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que
pela empresa. sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e con-
tribuições a que a empresa esteja sujeita. Para os impostos com-
A demonstração deve ser objeto de revisão ou auditoria, se a
pensáveis, tais como ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser conside-
entidade possuir auditores externos independentes que revisem ou rados apenas os valores devidos ou já recolhidos, e representam
auditem suas Demonstrações Contábeis. a diferença entre os impostos e contribuições incidentes sobre as
Os principais componentes da riqueza criada estão apresenta- receitas e os respectivos valores incidentes sobre os itens conside-
dos a seguir nos seguintes itens: rados como “insumos adquiridos de terceiros”;
- Receitas; Tributos Federais: inclui os tributos devidos à União, inclusive
- Insumos Adquiridos de Terceiros; aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, Mu-
- Distribuição da Riqueza; nicípios, Autarquias etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS, CO-
- Ajustes de Exercícios Anteriores; FINS. Inclui também a contribuição sindical patronal;
- Ativos Construídos pela Empresa para uso próprio; Tributos Estaduais: inclui os tributos devidos aos Estados, inclu-
- Distribuição de Lucros Relativos a Exercícios Anteriores. sive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Municí-
pios, Autarquias etc., tais como o ICMS e o IPVA;
Tributos Municipais: inclui os tributos devidos aos Municípios,
Receitas
inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte às Au-
Venda de mercadorias, produtos e serviços: inclui os valores tarquias, ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU;
dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, Remuneração de capitais de terceiros: valores pagos ou credi-
IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou fatu- tados aos financiadores externos de capital;
ramento bruto, mesmo quando na demonstração do resultado tais Juros: inclui as despesas financeiras, inclusive as variações
tributos estejam fora do cômputo dessas receitas; cambiais passivas, relativas a quaisquer tipos de empréstimos e fi-
Outras receitas - da mesma forma que o item anterior, inclui os nanciamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo
tributos incidentes sobre essas receitas; ou outras formas de obtenção de recursos. Inclui os valores que
Provisão para créditos de liquidação duvido: inclui os valores tenham sido capitalizados no período;
Aluguéis: inclui os aluguéis (inclusive as despesas com arren-
relativos à constituição e reversão dessa provisão.
damento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive os
acrescidos aos ativos;
Insumos Adquiridos de Terceiros Outras Riquezas: inclui outras remunerações que configurem
Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos: transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas em ca-
inclui os valores de matéria-prima adquiridas junto a terceiros e pital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc.;
contidas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos servi- Remuneração de capitais próprios: valores relativos à remune-
ços vendidos adquiridos de terceiros; não inclui gastos com pessoal ração atribuída aos sócios e acionistas;
próprio; Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos: inclui os valo-
Materiais, energia, serviços de terceiros e outros: inclui valores res pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resulta-
relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilida- do do período, ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para
des e serviços adquiridos junto a terceiros, como por exemplo: nos conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores
valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, distribuídos com base no resultado do próprio exercício, desconsi-
serviços, energia, etc;

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
derando-se os dividendos distribuídos com base em lucros acumu- Referido procedimento de reconhecimento dos valores gastos
lados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como no período como outras receitas, além de aproximar do conceito
“lucros retidos” no exercício em que foram gerados; econômico de valor adicionado, evita controles complexos adicio-
Lucros retidos e prejuízos do exercício: inclui os valores relativos nais, que podem ser custosos, durante toda a vida útil econômica
ao lucro do exercício destinados às reservas, inclusive os JCP quan- do ativo.
do tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve
ser incluído com sinal negativo;
As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de Distribuição de Lucros Relativos a Exercícios Anteriores
Juros sobre o Capital Próprio: JCP, independentemente de serem A Demonstração do Valor Adicionado está estruturada para ser
registrados como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, elaborada a partir da Demonstração do Resultado do período. As-
devem ter o mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz sim, há uma estreita vinculação entre essas duas demonstrações, a
respeito ao exercício a que devem ser imputados; qual deve servir para sustentação da consistência entre elas. Mas
Alguns casos especiais, como por exemplo: depreciação de ela tem também uma interface com a Demonstração dos Lucros ou
itens reavaliados ou avaliados ao valor justo (fair value); a reava- Prejuízos Acumulados na parte em que movimentações nesta conta
liação de ativos e a avaliação de ativos ao seu valor justo provocam dizem respeito à distribuição do resultado do exercício apurado na
alterações na estrutura patrimonial da empresa e, por isso, normal- demonstração própria.
mente requerem o registro contábil dos seus efeitos tributários; os
resultados da empresa são afetados sempre que houver a realiza- A entidade é livre, dentro dos limites legais, para distribuir seus
ção dos respectivos ativos reavaliados ou avaliados ao valor justo. lucros acumulados, sejam eles oriundos do próprio exercício ou
Quando a realização de determinado ativo ocorrer pelo pro- de exercícios anteriores. Porém, pela vinculação referida no item
cesso normal de depreciação, por consequência, a DVA também anterior, os dividendos que compõem a riqueza distribuída pela
é afetada. Assim, no momento da realização da reavaliação ou da entidade devem se restringir exclusivamente à parcela relativa aos
avaliação ao valor justo, deve-se incluir esse valor como “outras re- resultados do próprio período; os relativos a lucros de períodos an-
ceitas” na DVA, bem como se reconhecem os respectivos tributos teriores não são considerados, pois já figuraram como lucros reti-
na linha própria de impostos, taxas e contribuições. dos naqueles respectivos períodos.
Ajustes de Exercícios Anteriores Substituição Tributária
Os ajustes de exercícios anteriores, decorrentes de efeitos A legislação brasileira, por meio de dispositivos legais próprios,
provocados por erro imputável a exercício anterior ou da mudança permite a transferência de responsabilidade tributária a um tercei-
de critérios contábeis que vinham sendo utilizados pela entidade, ro, desde que vinculado ao fato gerador do tributo. Essa transferên-
devem ser adaptados na demonstração de valor adicionado rela- cia de responsabilidade, que pode ser total ou parcial e tem como
tiva ao período mais antigo apresentado para fins de comparação, finalidade precípua a garantia de recolhimento do tributo, é efetiva-
bem como os demais valores comparativos apresentados, como se da de duas formas: progressiva e regressiva.
a nova prática contábil estivesse sempre em uso ou o erro fosse A substituição tributária progressiva ocorre com a antecipação
corrigido. do pagamento do tributo que só será devido na operação seguinte.
Do ponto de vista do substituto tributário (normalmente fabricante
Ativos Construídos pela Empresa para uso Próprio
ou importador), deve-se incluir o valor do “imposto antecipado” no
A construção de ativos dentro da própria empresa para seu
faturamento bruto e depois apresentá-lo como dedução desse fatu-
próprio uso é procedimento comum. Nessa construção diversos fa-
ramento para se chegar à receita bruta.
tores de produção são utilizados, inclusive a contratação de recur-
No caso da substituição tributária regressiva, por exemplo,
sos externos (por exemplo, materiais e mão de obra terceirizada) e
quando o comerciante realiza operação com produtor rural e é
a utilização de fatores internos como mão de obra, com os conse-
responsável pelo recolhimento do tributo, podem ocorrer duas si-
quentes custos que essa contratação e utilização provocam. Para
tuações: no caso de o comerciante ter direito ao crédito na opera-
elaboração da DVA, essa construção equivale à produção vendida
ção seguinte, quando o valor do tributo recolhido deve ser tratado
para a própria empresa, e por isso seu valor contábil integral precisa
como impostos a recuperar, na DVA o valor dos impostos incidentes
ser considerado como receita. A mão de obra própria alocada é con-
sobre as vendas deve ser considerado pelo valor total, uma vez que
siderada como distribuição dessa riqueza criada, e eventuais juros
foi recolhido pelo próprio comerciante; se este não fizer jus ao cré-
ativados e tributos também recebem esse mesmo tratamento. Os
dito do tributo, o valor recolhido deve ser tratado como custo dos
gastos com serviços de terceiros e materiais são apropriados como
estoques.
insumos.
À medida que tais ativos entram em operação, a geração de
Exemplo de DVA
resultados deles recebe tratamento idêntico aos resultados gerados
por qualquer outro ativo adquirido de terceiros; portanto, sua de-
preciação também deve receber igual tratamento. Estrutura da Demonstração do Valor Adicionado – DVA
Para evitar o desmembramento das despesas de depreciação, 1 – RECEITAS
na elaboração da DVA, entre os componentes que serviram de base
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
para o respectivo registro do ativo construído internamente (mate-
riais diversos, mão de obra, impostos, aluguéis e juros), os valores 1.2) Outras receitas
gastos nessa construção devem, no período da construção, ser tra- 1.3) Receitas Relativas à construção de ativos próprios
tados como Receitas relativas à construção de ativos próprios. Da 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Re-
mesma forma, os componentes de seu custo devem ser alocados versão/(Constituição)
na DVA seguindo-se suas respectivas naturezas.
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(Inclui os valores de impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL

2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços BP - Balanço Patrimonial40
vendidos O Balanço Patrimonial, dentre todas as demonstrações con-
tábeis é uma das mais importantes para desvendar e evidenciar,
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros quantitativa e qualitativamente o patrimônio, haja vista, todas as
2.3) Perda/Recuperação de valores ativos informações que são reveladas e as decisões estratégicas que even-
2.4) Outras (especificar) tualmente são tomadas. Contudo, trata-se de uma informação es-
tática e que pode ser modificada no dia seguinte de sua divulgação.
3- VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) A legislação preconiza a elaboração e fechamento do balanço
4- DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO patrimonial no último dia do exercício, entretanto, para atender a
5- VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTI- legislação fiscal ou até mesmo terceiros, instituição financeira, o
DADE (3-4) balanço patrimonial poderá ser elaborado mensalmente ou semes-
tralmente.
6- VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA Quando, em circunstâncias excepcionais, a data do exercício
6.1) Resultado de equivalência patrimonial social de uma entidade mudar e as demonstrações contábeis forem
6.2) Receitas financeiras apresentadas por uma período mais longo ou mais curto que um
ano, deve-se divulgar, além do período abrangido pelas demonstra-
6.3) Outras
ções contábeis, as seguintes informações:
7- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) - Razão para um período diferente de um ano e;
- O fato de que os valores comparativos entre os períodos apre-
8- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)
sentados para as demonstrações do resultado, das mutações do pa-
8.1) Pessoal trimônio líquido e dos fluxos de caixa (ou das origens e aplicações
8.1.1- Remuneração direta de recursos), bem com as notas explicativas relacionadas a essas
demonstrações, não são comparáveis.
8.1.2- Benefícios
8.1.3- FGTS A legislação determina que, no balanço, as contas sejam classi-
ficadas segundo os elementos do patrimônio que registram, agru-
8.2) Impostos, taxas e contribuições
padas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação
8.2.1- Federais financeira da entidade.
8.2.2- Estaduais O balanço patrimonial é composto e representado graficamen-
te pelos seguintes grupos-contas:
8.2.3- Municipais
- Ativo: que compreende os bens, os direitos e as demais aplica-
8.3) Remuneração de capitais de terceiros ções de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar bene-
8.3.1- Juros fícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos
- Passivo: que compreende as origens de recursos represen-
8.3.2- Aluguéis tados pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos
8.3.3- Outras ocorridos que exigirão ativos para sua liquidação
- Patrimônio Líquido: que compreende os recursos próprios da
8.4) Remuneração de Capitais Próprios Entidade, e seu valor é a diferença positiva entre o valor do Ativo e
8.4.1- Juros sobre o Capital Próprio o valor do Passivo.
8.4.2- Dividendos O balanço patrimonial deve incluir rubricas que apresentem os
8.4.3- Lucros retidos/Prejuízo do exercício montantes das principais contas ou grupo de contas, se aplicável,
8.4.4- Participação dos não controladores nos lucros reti- em ordem decrescente de liquidez ou exigibilidade, que normal-
dos (só p/ consolidação) mente inclui o seguinte:

Ativo41
Ativo Circulante – São todas as contas que espera-se que se-
BALANÇO PATRIMONIAL, DEMONSTRAÇÃO DO RESULTA- jam realizadas ou consumidas durante o curso do exercício social
DO DO EXERCÍCIO, DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PRE- seguinte a apresentação do Balanço Patrimonial.
JUÍZOS ACUMULADOS, DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES - Disponibilidades (também chamada de Caixa e Equivalentes
DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO, DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS de Caixa) - as principais contas que encontramos neste grupo são o
DE CAIXA E DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO Caixa (caixa físico, dinheiro, cédulas e moedas), os saldos de contas
correntes e as aplicações financeiras de liquidez imediata (àquelas
que possam ser convertidas em dinheiro e que estejam sujeitas a
um risco insignificante, no prazo máximo de 90 dias);
As Demonstrações Contábeis são uma representação monetá- - Contas a Receber - neste grupo são reunidas, principalmente,
ria estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada as contas que representam direitos de receber por vendas ou ser-
data e das transações realizadas por uma entidade no período findo viços prestados relacionados ao Objeto Social da empresa, isto é, a
nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral atividade operacional da empresa. Suas contrapartidas são contas
é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o de resultados, que são registradas não no Balanço Patrimonial, mas
resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para
uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões.39 40 RODRIGUES, Adenir Ortiz; PROENÇA, André Eduardo de; BUSCH, Cleber
Marcel; GARCIA, Edino Ribeiro; TODA, William Haruo – Planejamento Contábil e
Reorganização Societária – 2ª ed. São Paulo: IOB, 2013
39 IBRACON (NPC 27) 41 http://contadores.cnt.br/noticias/artigos/2016/07/11/classificacao-de-ativos.html
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CONTABILIDADE GERAL
encerradas na Demonstração de Resultados do Exercício. Também Passivo
é comum visualizarmos neste grupo a conta “provisão para devedo- Passivo Circulante42 – São as obrigações da empresa, inclusive
res duvidosos – uma conta redutora do ativo circulante”, que repre- financiamentos para aquisição de bens e direitos e direitos do Ativo
sentam, grosso modo, aquelas duplicatas ou faturas que a empresa Não Circulante, cujo vencimento ocorrerá no exercício seguinte,
percebe que dificilmente conseguirá receber; incluindo dívidas com fornecedores, matéria prima, tributos a
- Estoques (CPC 16) - os estoques alocados no Ativo Circulante pagar, aluguel, água, energia elétrica, etc.
são essencialmente os estoques de mercadorias, materiais de uso - Obrigações com funcionários - relativas a salários, participa-
e consumo, matérias primas, produtos em fabricação e produtos ções nos resultados, férias a pagar, abonos pecuniários e outras ver-
acabados. Entretanto, nada impede que a empresa constitua bas de natureza trabalhista
outros tipos de estoques; - Provisões: de Férias e 13º Salário, incluindo os respectivos en-
- Títulos, Valores Mobiliários e bens - neste grupo devem ser cargos sociais e adicional de 1/3 de férias
alocadas as aplicações financeiras não alocadas em Disponibilida- - Obrigações Tributárias - inclusive parcelas a vencerem a curto
des e com prazos de vencimento/resgate até o fim do exercício se- prazo relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e
guinte a data de apresentação do Balanço; e os ativos destinados à previdenciárias (como o REFIS), FGTS e outros encargos de natureza
venda, que não sejam estoques e espera-se que sejam realizados tributária, incluindo multa e juros
no curso do exercício seguinte à apresentação do balanço; - Fornecedores - (incluindo juros, multas e outras obrigações
- Despesas Antecipadas - aqui devem ser alocadas todas as con- contratuais, pelo regime de competência)
tas que representam pagamentos efetuados por serviços ainda não - Instituições Financeiras - empréstimos, financiamentos e sal-
recebidos ou consumidos integralmente, e que o serão (presumida- dos devedores bancários, incluindo cheques pré-datados e valores
mente) pagas ao longo do próximo exercício, por exemplo: seguros dos limites de crédito de contas correntes utilizadas
pagos à vista, mas que ainda possui vigência por meses seguintes; e - Créditos - de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga-
- Ativos Especiais - aqui se alocam aqueles ativos que geram ou das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada para o
podem gerar benefícios econômicos para a empresa, como exem- exercício seguinte
plos deste tipo de ativo: os direitos de transmissão de um filme, os
direitos de uso de um softwares, a seção de direitos autorais, etc. Passivo Não Circulante43 – São escrituradas as obrigações da
entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do
Ativo Não Circulante - São incluídos todos os bens de natureza ativo não-circulante, quando se vencerem após o exercício seguin-
duradoura destinados ao funcionamento normal da sociedade e do te. Normalmente tais obrigações correspondem a valores exigíveis
seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa a partir do 13º mês seguinte ao do exercício social.
finalidade. - Instituições Financeiras - parcelas de empréstimos e financia-
- Ativo Realizável a Longo Prazo  (art. 179, II, Lei 6.404/76) - mentos, incluindo os respectivos juros e encargos contratuais de-
neste grupo são classificados os ativos com mesma natureza dos corridos, vencíveis após o exercício seguinte ao do fechamento de
Ativos Circulantes, mas que, entretanto, serão realizados ou consu- balanço (ou seja, a partir do 13º mês do encerramento do exercício)
midos apenas após o término do exercício seguinte à apresentação - Créditos - de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga-
do Balanço. Vale ressaltar que sua classificação é residual em rela- das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada após o
ção aos demais grupos de contas do Ativo Não Circulante, ou seja, exercício seguinte
classificam-se aqui os ativos que não puderem ser classificados nos - Obrigações Tributárias de longo prazo - incluindo parcelas re-
demais grupos do Ativo Não Circulante (Investimentos, Imobilizado lativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e previ-
e Intangível) e apenas se não puderem ser classificados neles; denciárias (como o REFIS), acrescidos dos encargos legais previstos
- Investimentos (art. 179, III, Lei 6.404/76) - neste grupo devem pelo regime de competência
ser classificados os imóveis que a empresa eventualmente possua - Debêntures e outras obrigações - as contratuais exigíveis após
com a finalidade de locação ou valorização (CPC 28), e as participa- o exercício seguinte
ções em sociedades coligadas (art. 243, §1ª, Lei 6.404/76), contro- - Receitas Diferidas - menos os custo e despesas relativas às res-
ladas (art. 243, §2ª, Lei 6.404/76) e controladas em conjunto (CPC pectivas receitas (antigo agrupamento de Resultados de Exercícios
19); Futuros), incluindo as receitas à prazo ou em prestações de unida-
- Imobilizado  (CPC 27 e art. 179, IV, Lei 6.404/76) - aqui de- des imobiliárias em construção
vem ser alocadas todas as contas que representem bens materiais
(corpóreos, tangíveis) que sejam mantidos pela empresa com a fi- Patrimônio Líquido
nalidade de produção ou fornecimento de mercadorias e serviços, Corresponde à riqueza de uma organização, o que ela possui
para locação, ou para fins administrativos, e que se espera utilizar descontadas as contas que precisa pagar. Ele representa a fonte in-
para além do exercício seguinte à apresentação do balanço. São terna de recursos da empresa e o quanto seus proprietários têm
exemplos: terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos, móveis e investido na companhia.
utensílios, veículos, instalações, computadores, etc. Por determina- - Capital social - discrimina o montante subscrito e a parcela
ção do CPC 06, devem-se alocar aqui também os arrendamentos ainda não realizada por sócios e acionistas.
financeiros; e - Reservas de capital - são recursos obtidos pela empresa que
- Intangível (CPC 04) - neste grupo devem ser alocados os direi- não possuem vínculo com a formação de lucro. São decorrentes,
tos que tenham por objeto bens incorpóreos ligados à manutenção por exemplo, do reembolso ou compra de ações, da incorporação
da empresa ou exercidos com esta finalidade, inclusive, o fundo de ao capital e do pagamento de dividendos a ações preferenciais,
comércio (art. 179, VI, Lei 6.404/76). dentro outros.

42 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-circulante.htm
43 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-nao-circulante.htm
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CONTABILIDADE GERAL
- Ajustes de avaliação patrimonial - as contrapartidas de au- - Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despe-
mentos ou diminuições de elementos do ativo e do passivo que não sas e receitas operacionais
foram computadas no exercício, em decorrência da sua reavaliação, - Parcela dos resultados da empresa investidas reconhecidas
desde que sigam as regras legais. por meio do método de equivalência patrimonial (ganho de equiva-
- Reservas de lucros - valores da apropriação de parte dos lucros lência patrimonial e perda de equivalência patrimonial)
- Resultado antes das receitas e despesas financeiras
em decorrência da lei ou da vontade do proprietário. - Despesas e receitas financeiras
- Ações em tesouraria - é uma conta redutora do patrimônio - Resultados antes dos tributos sobre o lucro
líquido que registra o valor das ações da companhia adquiridas pela - Despesa com tributo sobre o lucro
própria empresa. - Resultado líquido das operações continuadas
- Prejuízos acumulados - registros de prejuízos acumulados e - Valor líquido dos seguintes itens:
ainda não cobertos. a) Resultado líquido após tributos das operações descontinua-
das
Exemplo de Balanço Patrimonial: b) Resultado após os tributos decorrente da mensuração ao va-
lor justo menos despesas de vendas ou na baixa dos ativos ou do
grupo de ativo à disposição para venda que constituem a unidade
ATIVO PASSIVO operacional descontinuada
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE c) Resultado líquido do exercício

ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULAN- Importante: Resultado do período é o total das receitas dedu-
TE zido das despesas, exceto os itens reconhecidos como outros resul-
Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo tados abrangentes ao patrimônio líquido.
Prazo Operação descontinuada corresponde ao componente da enti-
dade que foi baixado ou está classificado como mantido para venda
Investimentos PATRIMÔNIO LIQUIDO e:
Imobilizado Capital Social - Representa uma importante linha separada de negócios ou
área geográfica de operações
Intangível Reserva de Capital
- É parte integrante de um único plano coordenado para venda
Ajuste de Avaliação Patri- de uma importante linha separada de negócios ou área geográfica
monial de operações
- É uma controlada adquirida exclusivamente com objetivo de
Reserva de Lucros
revenda
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados Ou seja, são ativos imobilizados que a empresa de uma linha
separada de negócios ou área geográfica de operações que ficaram
Importante: O Balanço Patrimonial e sua estrutura está discri- obsoletos ou descontinuados e foram colocados à venda ou um in-
minado na Lei das S.A. - Lei 6404/76 Artigo 178 SEÇÃO III vestimento em controlada adquirido com o objetivo de revenda.

DRE - Demonstração do Resultado do Exercício44 Receita operacional bruta


É na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que apare- A Receita Bruta de uma empresa é a somatória de todas as ven-
cerão todas as contas de Receitas e Despesas do período, que são das ou serviços que foram efetuados e que tenham sido faturados,
contas transitórias, ou seja, ao final do período de apuração estarão ou seja, que tenham gerado a emissão de uma nota fiscal em deter-
com seus saldos zerados. minado período, obedecendo ao princípio da competência.
A DRE tem por objetivo evidenciar a situação econômica da
Dedução da receita bruta
entidade em um determinado período por meio da apuração do
As Deduções da Receita Bruta são representadas pelas contas
resultado do exercício (lucro ou prejuízo)
de devolução (vendas canceladas), abatimentos, descontos comer-
Além disso, a DRE é uma demonstração dedutiva e dinâmica,
ciais e impostos incidentes sobre venda de produtos ou serviços.
mostrando o cálculo do resultado do exercício, enquanto o Balanço
Para efeito de análise, as receitas não são demonstradas de forma
Patrimonial é uma é uma demonstração estática, pois mostra a si-
líquida, ou seja, registram-se as receitas na forma bruta e, em sepa-
tuação patrimonial em um dado momento.
rado, suas respectivas deduções.
Portando, a demonstração do resultado destina-se a evidenciar
- Devolução ou vendas canceladas - correspondem à anulação
a composição do resultado formado em determinado período de
de valores registrados como receita, decorrentes do cancelamen-
operações da entidade.
to de vendas, devoluções totais ou parciais, quebras ou avarias na
De acordo com o pronunciamento CPC 26 (R1) – Apresenta-
mercadoria vendida, pela não concretização da entrega dos produ-
ção das Demonstrações Contábeis, aprovado pela Resolução CPF nº
tos ou pela má qualidade na prestação de serviços.
1.185/2009, alterado pela Resolução CFC nº 1.376/2011, a demons-
- Abatimentos - também conhecidos como descontos incon-
tração do resultado do período deve, no mínimo, indicar as seguin-
dicionais, são concedidos aos clientes quando, após a entrega do
tes rubricas, obedecidas também as determinações legais.
produto, este apresenta defeitos de qualidade, caracterizados por
- Receitas quebras ou avarias, por exemplo. Esses descontos não podem ser
- Custos dos produtos, das mercadorias ou dos serviços ven- confundidos com descontos financeiros, nem tampouco com des-
didos contos de preço de venda (promoções).
- Lucro bruto
44 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada
e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus : 2016
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
- Impostos incidentes sobre vendas de produtos e prestação de Lucro bruto ou resultado bruto
serviços - também serão deduzidos da receita bruta, pois são os que De acordo com o artigo 187, item II, da Lei nº 6.404/76, deve
guardam proporcionalidade com o preço da venda efetuada ou do ser computado na DRE o custo das mercadorias e serviços vendidos
serviço prestado. São exemplos de impostos incidentes sobre o fa- ou prestados no exercício, que deduzido das receitas corresponden-
turamento: tes, gera o Lucro Bruto.
IPI - Imposto sobre produtos Industrializados (União);
PIS - Programa de Integração Social (União); Despesas operacionais
COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade So- Segundo a Lei das S.A. – Lei 6.404/76, as despesas operacionais
cial (União); correspondem ao esforço financeiro necessário para que a empresa
ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mer- possa funcionar, ou seja, financiar suas atividades de vendas, pro-
cadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual dução e prestação de serviços. Constituem as despesas pagas ou
e Intermunicipal, de Comunicação e Energia Elétrica (Estado); incorridas no período (princípio da competência). Não estão rela-
ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (Muni- cionadas a elas aquelas alocadas na fabricação de produtos ou na
cípio). prestação dos serviços, pois estas compõem os custos das merca-
dorias ou dos serviços.
Receita operacional líquida
Constitui a base de cálculo para a análise das receitas efetiva- Despesas de Vendas
mente realizadas pela empresa em determinado período. Evidencia Têm a função de registrar as despesas com a comercialização
o valor da venda líquida de bens e serviços, oriundos da atividade dos produtos, mercadorias ou serviços para atender aos objetivos
da empresa, subtraindo as deduções incidentes sobre a receita bru- da empresa. São alguns exemplos de despesas com vendas:
ta (faturamento). - Despesas com pessoal de vendas
- Marketing
Custos - Distribuição
Os custos a serem atribuídos como CMV, CSP ou CPV no exercí- - Administrativo interno de vendas
cio devem ser correspondentes às receitas de vendas dos produtos - Comissões sobre vendas
- Propaganda e publicidade
e serviços reconhecidos como tal no mesmo período, obedecendo - Garantia de produtos
ao princípio da competência. - Despesas com estimativas de perdas com duplicatas deriva-
das de vendas a prazo (provisão para devedores duvidosos), etc.
Cálculo do Custo da Mercadoria Vendida – CMV
CMV= EI + C – EF Despesas administrativas
Representam os gastos pagos ou incorridos necessários para
Onde: arcar com despesas para a gestão ou direção da empresa. Sua fun-
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas ção é registrar, em cada conta específica, as despesas com a admi-
EI = Estoque Inicial nistração do negócio para atender aos objetivos da empresa. Den-
C = Compras tre as despesas administrativas mais comuns, temos;
EF = Estoque Final (inventário final) - Honorários da administração
- Salários e encargos do pessoal administrativo
Cálculo do Custo do Serviço Prestado (CSP) - Despesas legais e judiciais
CSP = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi - Material de escritório
- Depreciação de móveis e utensílios
Onde: - Seguro do escritório
CSV = Custo dos Serviços Vendidos - Energia elétrica
- Telefone, etc.
Sin = Saldo Inicial dos Serviços em Andamento
MO = Mão de Obra Direta aplicada nos serviços vendidos Resultados financeiros líquidos
GDS = Gastos Diretos (locação de equipamentos, subcontrata- O art. 187 da Lei das S.A. – Lei nº 6.404/76 define como despe-
ções, etc.) aplicados nos serviços vendidos sas operacionais as despesas financeiras deduzidas das receitas, ou
GIS = Gastos Indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações seja, as receitas financeiras deverão ser compensadas das despesas
de equipamentos, etc.) aplicados nos serviços vendidos financeiras.
Sfi = Saldo Final dos Serviços em Andamento (=) Resultados Financeiros Líquidos
(+) Receitas Financeiras
Cálculo do Custo do Produto Vendido – (CPV)
(-) Despesas Financeiras
CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF
Receitas Financeiras
Onde: São receitas geradas em função de:
CPV = Custo dos Produtos Vendidos - Descontos obtidos
EI = Estoque Inicial - Juros recebidos
In = Insumos (matérias primas, materiais de embalagem e ou- - Rendimentos de aplicações financeiras (fundos de investi-
tros materiais) aplicados nos produtos vendidos mentos, por exemplo).
MO = Mão de Obra Direta aplicada nos produtos vendidos
GGF = Gastos Gerais de Fabricação (aluguéis, energia, depre-
ciações, mão de obra indireta, etc.) aplicada nos produtos vendidos
EF = Estoque Final (inventário final)

Editora
403
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Despesas Financeiras Custo dos Produtos Vendidos 
São caracterizadas por serem despesas decorrentes da necessi-
dade de Capital de Giro ou do financiamento do Ativo: Custo das Mercadorias
- Juros pagos Custo dos Serviços Prestados
- Descontos concedidos
- Despesas bancárias (IOF, manutenção da conta corrente, den- (=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
tre outras, por exemplo) (-) DESPESAS OPERACIONAIS 
Despesas Com Vendas 
Outras Receitas e Despesas Operacionais
São as chamadas atividades acessórias do objetivo social da Despesas Administrativas
empresa. Compõem-se de itens que não são provenientes da ativi- (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
dade fim da empresa, tais como:
- Participação nos resultados de coligadas e controladas pelo Despesas Financeiras
método de equivalência patrimonial (-) Receitas Financeiras
- Dividendos e rendimentos de outros investimentos
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
- Amortização de ágio ou deságio de investimentos
- Vendas diversas que não correspondem à atividade fim da (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
empresa (venda de sucatas). OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado operacional antes do Imposto de Renda (IR) e Con- Resultado da Equivalência Patrimonial
tribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - lucro ou prejuízo Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
O resultado obtido até este ponto na DRE constitui base de cál-
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circu-
culo da Provisão para Imposto de Renda e da Provisão para Contri-
lante
buição Social. Caso o resultado obtido seja negativo, caracterizando
prejuízo em sua movimentação, não haverá incidência de IR e CSLL. (=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE
Para o cálculo do imposto de renda a pagar, que deverá ser re- RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO
colhido pela empresa, a base de cálculo (lucro tributável) é denomi- (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social
nada Lucro Real, que será obtido mediante a escrituração do livro Sobre o Lucro
fiscal denominado LALUR - Livro de apuração do Lucro Real. Nesse
(=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
livro, registram-se os ajustes necessários (adições e exclusões ou
compensações) de acordo com a legislação vigente. (-) Debêntures, Empregados, Participações de Administra-
dores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdên-
Participações e Contribuições cia para Empregados
Após a apuração do “Resultado depois do IR e CSLL”, deve-se (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
calcular e deduzir outras participações do resultado, tais como dos
empregados, administradores e de assistência ou previdência do
empregado. Essas participações normalmente estão previstas no NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS.
estatuto da empresa. CONTEÚDO, FORMA DE APRESENTAÇÃO E EXIGÊNCIAS LE-
GAIS DE INFORMAÇÕES
Resultado líquido do exercício (lucro ou prejuízo)
O Resultado Líquido corresponde ao resultado final do exercício
“à disposição” dos proprietários (sócios ou acionistas) que, apoia- O Balanço Patrimonial e as demais demonstrações contábeis
dos em determinações legais e estatutárias, determinam a forma serão complementados por notas explicativas e outros quadros ana-
como será feita a sua distribuição. O saldo remanescente integrará líticos ou demonstrações contábeis necessárias ao esclarecimento
o Patrimônio Líquido da empresa nas contas Reservas de Lucros - da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Portanto, as
caso ocorra lucro - e Prejuízos Acumulados - caso ocorra prejuízo. notas explicativas fazem parte das demonstrações contábeis e são
obrigatórias, devendo apresentar:
Exemplo de DRE: a) Apresentar informações sobre a base de preparação das de-
monstrações financeiras e das práticas contábeis específicas sele-
cionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;
RECEITA OPERACIONAL BRUTA b) Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis
Vendas de Produtos adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma ou-
tra parte das demonstrações financeiras;
Vendas de Mercadorias
c) Fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias
Prestação de Serviços demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma
apresentação adequada;
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 
d) Indicar:
Devoluções de Vendas  - Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimo-
Abatimentos  niais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amor-
tização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização
(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA de elementos do ativo;
- Os investimento em outras sociedades, quando relevantes;
(-) CUSTOS DAS VENDAS - O aumento de valor de elementos do ativo resultantes de no-
vas avaliações;
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404
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
- O ônus constituídos sobre elementos do ativo, as garantias a) A Demonstração das Origens e Apli-
prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou con- cações de Recursos - DOAR foi extinta;
tingentes; b) Torna-se obrigatória a elaboração e publicação da Demonstração
- A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das dos Fluxos de Caixa - DFC e da Demonstração do Valor Adicionado – DVA;
obrigações a longo prazo; c) A DFC não é obrigatória às pessoas jurídicas com patrimô-
- O número, espécie e classes das ações do capital social; nio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais);
- As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no d) A DVA é exigida para todas as companhias abertas;
exercício;
e) O Ativo Permanente agora possui um novo grupo chamado “Intangí-
- Os ajustes de exercício anteriores;
- Os eventos subsequentes à data de encerramento do exercí- vel”, além dos já existentes “Investimentos”, “Imobilizado” e “Diferido”;
cio que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevantes sobre a situa- f) Fora extinta a “Reserva de Reavaliação” que deu lugar a conta “Ajus-
ção financeira e os resultados futuros da companhia. tes de Avaliação Patrimonial” que possui características diferentes;
g) Ainda no Patrimônio líquido, fora incluí-
Complementação às Demonstrações Financeiras do também a rubrica “Ações em Tesouraria”;
No momento da publicação das Demonstrações Financeiras, as h) Foram extintas as reservas de capital “Prêmio Recebido na Emissão
Sociedades por Ações deverão informar aos usuários desses relató- de Debêntures” e “Doações e Subvenções para Investimentos”, sen-
rios os seguintes dados adicionais: do esta última, controlada na conta “Reserva de Incentivos Fiscais” e
- Relatório da diretoria (ou administração); poderá ser excluída da base de cálculo dos dividendos obrigatórios;
- Mudanças futuras previstas. i) A conta “Lucros e Prejuízos Acumulados”, deixa de exis-
tir, dando lugar a conta “Prejuízos Acumulados”, assim o re-
a) Relatório da diretoria (ou administração) sultado positivo deve ser controlado nas contas de reservas
Após a identificação da empresa, na publicação das Demons- de lucros ou destinado de acordo com a determinação social.
j) Ocorreram alterações para a avaliação dos inves-
trações Financeiras, destaca-se, em primeiro plano, o Relatório da
timentos pelo Método da Equivalência Patrimo-
Administração, em que a diretoria dará ênfase às informações nor-
nial que agora, não mais precisam ser relevantes.
malmente de caráter não financeiro (não monetário). As principais
Além das alterações relacionadas, foram adequados os critérios de
informações são:
avaliação dos ativos e passivos, a fim de contemplar os novos gru-
- dados estatísticos diversos; pos de contas. A Comissão de Valores Mobiliários – CVM, deverá
- indicadores de produtividade; elaborar normas de acordo com os padrões internacionais que tor-
- desenvolvimento tecnológico; nar-se-ão obrigatórias para as sociedades abertas e grandes empre-
- a empresa no contexto socioeconômico; sas e poderão ser observadas pelas demais sociedades.
- políticas diversas: recursos humanos, exportação, etc.;
- expectativas com relação ao futuro; Alterações através da Lei nº 11.941/2009
- dados do orçamento de capital; Com as novas condições contábeis, débitos sob a gestão da Se-
- projetos de expansão; cretaria da Receita Federal e pendências com a Procuradoria Geral
- desempenho em relação aos concorrentes, etc. da Fazenda Nacional, incluindo saldos de programas anteriores de
REFIS, PAES e PAEX; trariam oportunidade do parcelamento em até
b) Mudanças futuras previstas 180 (cento e oitenta) meses.
Os administradores da companhia aberta são obrigados a co- Também poderão ser parcelados os débitos decorrentes do
municar imediatamente à Bolsa de Valores e a divulgar pela im- aproveitamento indevido de créditos do Imposto sobre Produtos
prensa qualquer deliberação da assembleia geral ou dos órgãos Industrializados - IPI oriundos da aquisição de matérias-primas,
de administração da companhia ou qualquer outro fato relevante material de embalagem e produtos intermediários relacionados na
ocorrido em seus negócios, que possa influir de modo ponderável Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados -
na decisão dos investidores. TIPI, aprovada pelo Decreto 6.006/2006, com incidência de alíquota
0 (zero) ou como não-tributados.
O parcelamento aplica-se aos créditos constituídos ou não,
AJUSTES, CLASSIFICAÇÕES E AVALIAÇÕES DOS ITENS PA- inscritos ou não em Dívida Ativa da União, mesmo em fase de exe-
TRIMONIAIS EXIGIDOS PELAS NOVAS PRÁTICAS CONTÁ- cução fiscal já ajuizada, inclusive os que foram indevidamente apro-
BEIS ADOTADAS NO BRASIL TRAZIDAS PELA LEI FEDERAL veitados na apuração do IPI.
Nº 11.638/07 E SUAS ALTERAÇÕES E LEI FEDERAL Nº Poderão ser pagas ou parceladas as dívidas vencidas até 30 de
11.941/09 E SUAS ALTERAÇÕES novembro de 2008, de pessoas físicas ou jurídicas, consolidadas
pelo sujeito passivo, com exigibilidade suspensa ou não, inscritas ou
não em dívida ativa, consideradas isoladamente, mesmo em fase
de execução fiscal já ajuizada, ou que tenham sido objeto de parce-
As Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009 foram criadas para
lamento anterior, não integralmente quitado, ainda que cancelado
alterar a Lei nº 6.404/76, conhecida como a Lei das SAs.
por falta de pagamento, assim considerados:
A Lei nº 11.638/2007, publicada na Edição Extra do Diário Oficial
I - os débitos inscritos em Dívida Ativa da União, no âmbito da
da União de 28.12.207, passando a vigorar a partir de 01/01/2008.
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;
Com a legislação contábil atualizada, foram necessárias mudanças
II - os débitos relativos ao aproveitamento indevido de crédito
importantes; pois a contabilidade brasileira deveria se adequar aos
de IPI;
padrões internacionais.
III - os débitos decorrentes das contribuições sociais previstas
Mudanças muito benéficas também, pois essa relação com o
nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei  8.212, de
exterior, facilitaria negociações globais e a entrada de investimen-
24 de julho de 1991, das contribuições instituídas a título de subs-
tos estrangeiros.
Com o novo conjunto de regras, alterações fundamentais se fi-
zeram necessárias, conforme o destaque a seguir:
Editora
405
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
tituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas Os estoques estão representados basicamente por: mercado-
outras entidades e fundos, administrados pela Secretaria da Receita rias para revenda, produtos acabados, produtos em elaboração,
Federal do Brasil; e matérias-primas, almoxarifado, importações em andamento e
IV - os demais débitos administrados pela Secretaria da Receita adiantamentos a fornecedores de estoques, observando-se que se-
Federal do Brasil. rão também considerados:
Podem ser parcelados os débitos de Contribuição para o Fi- a) os itens existentes fisicamente em estoques, excluindo-se
nanciamento da Seguridade Social - COFINS das sociedades civis de aqueles que estão fisicamente na empresa, mas não são de pro-
prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profis- priedade da empresa, tais como aqueles recebidos em consigna-
são legalmente regulamentada a que se referia o Decreto-Lei 2.397, ção, para conserto, etc.
de 21 de dezembro de 1987, revogado pela Lei 9.430, de 27 de de- b) os itens adquiridos, mas que estão em trânsito, (compras
zembro de 1996. em trânsito) para as instalações da empresa, com cláusula FOB no
Redução de multa e juros - Os débitos que não foram objeto de
ponto de embarque, na data do balanço;
parcelamentos anteriores poderão ser pagos ou parcelados com até
c) os itens de propriedade da empresa que estão em poder de
100% de redução da multa e 45% de juros.
terceiros para conserto, consignação, beneficiamento ou armaze-
Prazo de opção - A opção pelo pagamento a vista ou pelos par-
celamentos dos débitos, deverá ser efetivada até o último dia útil namento;
de novembro de 2009. d) itens em trânsito para um cliente com cláusula FOB no des-
Utilização de prejuízos fiscais - As empresas que optarem pelo tino;
pagamento ou parcelamento dos débitos tributários poderão liqui- Por outro lado, não devem ser incluídos na conta estoque, na
dar os valores correspondentes a multa, de mora ou de ofício, e a data do balanço:
juros moratórios, inclusive as relativas a débitos inscritos em dívida a) as compras em trânsito, quando as condições são de sua en-
ativa, com a utilização de prejuízo fiscal e de base de cálculo negati- trega na fábrica ou em outro lugar designado pela empresa (FOB-
va da contribuição social sobre o lucro líquido próprios. -destino);
O valor a ser utilizado será determinado mediante a aplicação b) as mercadorias recebidas de terceiros em consignação, de-
sobre o montante do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa pósito, etc.;
das alíquotas de 25% (vinte e cinco por cento) e 9% (nove por cen- c) os materiais comprados, mas sujeitos a aprovação, que so-
to), respectivamente. mente serão integrados ao estoque após a aprovação.
*Prezado aluno, é muito importante a leitura das Leis na
íntegra, não deixe de consultá-las nos links abaixo: Classificação Contábil dos Estoques
Leis nº 11.638/2007 O termo “estoque” refere-se a todos os bens tangíveis manti-
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarin- dos para venda ou uso próprio no curso ordinário de negócio, bens
tegra?codteor=785083 em processo de produção para venda ou para uso próprio ou que
Lei nº 11.941/2009 se destinam ao consumo na produção de mercadorias para venda
ou uso próprio.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarinte-
Seguindo o conceito de liquidez, o subgrupo estoques classifi-
gra;jsessionid=FD2DD097F4503843F5E7BD8F9AA20F5C.proposico-
ca-se no Circulante, após o subgrupo Outros Créditos.
esWebExterno2?codteor=679240&filename=LegislacaoCitada+-PL-
Todavia, poderão haver casos de empresas que tenham esto-
V+13/2009+%253D%253E+MPV+462/2009
ques cuja realização ultrapasse o exercício seguinte, assim deve ha-
ver a reclassificação dos estoques para o Realizável a Longo Prazo,
ESTOQUES. TIPOS DE INVENTÁRIOS, CRITÉRIOS E MÉTO- em conta à parte.
DOS DE AVALIAÇÃO
-Produtos Acabados: Nessa conta são registrados os produtos
terminados e oriundos da própria fabricação da empresa, dispo-
nível para venda, podendo ser estocados na fábrica, depósitos de
ESTOQUES CONTÁBIL45
terceiros ou filiais.
Os estoques representam um dos ativos mais importantes da
Essa conta é debitada pela transferência da conta produtos em
empresa e, por isso, a sua correta determinação no início e no fim
elaboração e creditada por ocasião das vendas ou transferências
do período contábil é essencial para apuração do lucro líquido do
para outro estabelecimento da empresa.
exercício.
-Mercadorias Para Revenda: Representa os produtos adquiri-
Itens Integrantes dos Estoques
dos de terceiros para revenda, acabados e que não sofrem nenhum
A contabilização das compras de itens dos estoques deve ocor-
processo de transformação na empresa.
rer no momento da transmissão do direito de propriedade dos mes-
mos. Assim, para determinar se os itens integram ou não a conta de
-Matérias-Primas: Engloba todos os materiais a serem utiliza-
estoques, deve-se ter em conta o direito de sua propriedade, e não
dos ou transformados no processo produtivo.
a sua posse física.
-Material de Embalagem: Abriga os itens de estoque que se
destinam à embalagem ou acondicionamento dos produtos para
45 Manual de Contabilidade. Disponível em: https://www.google.com.br/
venda.
url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CB0Q-
FjAAahUKEwjgqr7l4PvGAhXGmYAKHU22AGQ&url=http%3A%2F%2Fwww.
ccontabeis.com.br%2FTrabalho%2FManual%2520de%2520Contabilidade_Par-
-Manutenção e Suprimento: Nessa conta são registrados os
te_I.doc&ei=oV-2VaDWBMazggTN7IKgBg&usg=AFQjCNG9Eqgc_ZQmny-
valores relativos aos estoques de peças para manutenção de má-
t-ZBUqkzJMA-Yl4A&sig2=EBDzx8HkqZbhlxsack1aSw&bvm=bv.98717601,d.eXY. quinas, equipamentos, edifícios, etc., que serão utilizados em con-
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406
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
sertos. No caso de troca de peças mediante baixa da peça anterior, Para fins fiscais, esta provisão passou a ser indedutível para efei-
o valor das peças será agregado ao imobilizado e não apropriado to de apuração do lucro real a partir de 01.01.96 (Lei nº 9.249/95,
como despesas. art. 13, I).

-Importação em Andamento: Serão registrados nessa conta os -Provisão Para Perdas em Estoques: As quebras e perdas co-
custos incorridos relativos às importações em andamento de maté- nhecidas em estoques ou calculados por estimativa, relativas a es-
rias-primas ou itens destinados ao estoque. toques obsoletos ou que se perdem ou evaporam no processo pro-
dutivo, podem ser ajustadas mediante a constituição da provisão
- Almoxarifado e Bens de Consumo Eventual: Nessa conta são para perdas em estoques, classificada com redutora do subgrupo
registrados itens de estoque de consumo geral, tais como: material estoques, tendo como contrapartida uma conta de despesa no re-
de escritório, produtos de higiene, produtos para alimentação dos sultado, não dedutível para efeitos fiscais.
funcionários, etc.
É comum as empresas lançarem tais valores como despesas no Critérios de Avaliação dos Estoques
momento da compra, mantendo à parte, um controle quantitativo, Para elaboração de balanços e apuração de resultados são ne-
uma vez que tais itens, na maioria das vezes, representam uma cessários o levantamento e a avaliação dos estoques de mercado-
quantidade muito grande de itens, mas de pequeno valor, não rias para revenda, matérias-primas, materiais de embalagem, pro-
afetando os resultados. dutos acabados e produtos em elaboração da pessoa jurídica.
Poderá ser registrado diretamente como custo de produção a De acordo com o item II do artigo 183 da Lei das S/A, “os direi-
aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a 5% tos que tiverem por objeto mercadoria e produtos do comércio da
(cinco por cento) do custo total dos produtos vendidos no exercício companhia, assim como matéria-prima, produtos em fabricação e
social anterior. bens em almoxarifado, serão avaliados pelo custo de aquisição ou
Bens de consumo eventual são aqueles de uso imprevisível ou produção, deduzido da provisão para ajustá-lo ao valor de mercado
de frequência irregular ou esporádica no processo produtivo, tais quando este for inferior”.
como (PN CST nº 70/79): A apuração e determinação dos custos dos estoques é um dos
a) materiais destinados a restaurar a integridade ou a apresen- aspectos mais complexos da área contábil, não só pelo fato de ser
tação de produtos danificados; um ativo significativo, mas pelo reflexo que produz na apuração dos
b) materiais e produtos químicos para testes; resultados.
c) produtos químicos e outros materiais para remoção de im-
purezas de recipientes utilizados no processo produtivo; Composição do Custo de Aquisição
d) embalagens especiais utilizadas, por exemplo, para atender O custo de mercadorias para revenda, assim como o das maté-
determinadas necessidades de transporte; rias-primas e outros bens de produção compreende, além do valor
e) produtos para retificar deficiências reveladas pelas matérias- pago ao fornecedor, o valor correspondente ao transporte (fretes)
-primas ou produtos intermediários; e seguro e dos tributos devidos na aquisição ou na importação, ex-
f) materiais destinados ao reparo de defeitos ocorridos durante cluídos os impostos recuperáveis através de crédito na escrita fiscal.
a produção; As mercadorias ou bens importados têm seu custo avaliado por
g) produtos a serem utilizados em serviço especial de manu- todos os valores dispendidos até a data da entrada no estabeleci-
tenção. mento importador, tais como taxas bancárias, gastos com desemba-
raço aduaneiro, honorários de despachante, etc.
-Adiantamento a Fornecedores: Os adiantamentos efetuados
a fornecedores de matéria-prima ou produto para revenda são re- Apuração do Custo
gistrados nessa conta; a baixa será efetuada por ocasião do efetivo Como regra geral, a pessoa jurídica deverá promover ao final
recebimento, registrando-se o custo total na correspondente conta de cada exercício, o levantamento e avaliação dos estoques, ado-
do estoque, e caso haja saldo a pagar, na conta fornecedores, no tando-se os seguintes critérios, conforme o caso:
passivo circulante. a) pelo custo médio ponderado; ou
b) pelo custo dos bens adquiridos ou produzidos mais recente-
-Provisão Para Ajuste do Estoque ao Valor de Mercado: O cus- mente (PEPS - primeiro a entrar, primeiro a sair);
to de aquisição ou produção dos bens existentes na data do balan- c) pelo preço de venda, subtraída a margem de lucro;
ço deverá ser ajustado ao valor de mercado, mediante a constitui- d) pelo custo da última mercadoria que entrou - UEPS - último
ção de uma provisão, quando este for menor, que será classificada a entrar, primeiro a sair.
como conta redutora do subgrupo estoques.
Para constituição da provisão é necessário que se especifique, Observe-se que não é permitida, pela legislação do Imposto de
item por item, os bens que, comprovadamente, estejam com preço Renda, a avaliação dos estoques pelo método UEPS - último a en-
de mercado inferior ao seu custo. trar, primeiro a sair.
Segundo o artigo 183 da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº
6.404/76), considera-se valor de mercado: I - Custo Médio Ponderado
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço Este sistema consiste em avaliar o estoque pelo custo médio
pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; e de aquisição, apurado em cada entrada de mercadorias ou matéria-
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de -prima, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anterior-
realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e mente existentes.
demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro. Demonstramos, na ficha de estoque, abaixo, o método de ava-
liação pelo custo médio:

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL

Data Histórico ENTRADAS SAÍDAS SALDO


Quant Custo Total R$ Quant Custo Total R$ Quant Custo Total R$
Histórico R$ Médio R$ Médio R$
05.06 Compra 20 50.00 1.000,00 - - - 20 50,00 1.000,00
12.06 Compra 20 55,00 1.100,00 - - - 40 52,50 2.100,00
18.06 Venda - - - 10 52,50 525,00 30 52,50 1.575,00
28.06 Compra 20 100,00 2.000,00 - - - 50 71,50 3.575,00
30.06 Venda - - - 30 71,50 2.145,00 20 71,50 1.430,00
  Totais 60 - 4.100,00 40 - 2.670,00 20 71,50 1.430,00

De acordo com o PN CST nº 06/79, o Fisco admite que as saídas sejam registradas unicamente no final do mês, desde que avaliadas ao
preço médio, sem considerar a baixa para fins de cálculo daquele custo médio.
Assim, com base nos dados da ficha de estoque anterior, teremos:

Data Histórico ENTRADAS SAÍDAS SALDOS


Quant. Custo Total R$ Quant. Custo Total R$ Quant. Custo Total R$
Unitário Unitário Unitário
R$ R$ R$
05.06 Compra 20 50,00 1.000,00 - - - 20 50,00 1.000,00
12.06 Compra 20 55,00 1.100,00 - - - 40 52,50 2.100,00
28.06 Compra 20 100,00 2.000,00 - - - 60 68,34 4.100,00
30.06 Vendas no - - - 40 68,34 2.733,60 20 68,34 1.366,40
Mês
  Totais 60   4.100,00 40   2.733,60 20 68,34 1.366,40
II - PEPS - Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair
Por este método, as saídas do estoque são avaliadas pelos respectivos custos de aquisição, pela ordem de entrada, resultando que o
estoque ficará sempre avaliado aos custos das aquisições mais recentes (últimas compras).
Neste caso, a ficha de estoque mostraria os seguintes valores:

Data Histórico ENTRADAS SAÍDAS SALDO


Quant. Custo Total R$ Quant. Custo Total Quant. Custo Uni- Total
Unitário Unitário R$ tário R$ R$
R$ R$
05.06 Compra 20 50,00 1.000,00 - - - 20 50,00 1.000,00
12.06 Compra 20 55,00 1.100,00 - - - 20 50,00 1.000,00
20 55,00 1.100,00
______ ________
40 2.100,00
18.06 Venda       10 50,00 500,00 10 50,00 500,00
20 55,00 1.100,00
____ ________
30 1.600,00
28.06 Compra 20 100,00 2.000,00       10 50,00 500,00
20 55,00 1.100,00
20 100,00 2.000,00
_____ _______
50 3.600,00
30.06 Venda       10 50,00 500,00  
20 55,00 1.100,00
____ _______
30 1.600,00
20  
100,00  
2.000,00
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CONTABILIDADE GERAL
III - Preço de Venda, Subtraída a Margem de Lucro Os gastos relativos às devoluções de compras ou vendas, tais
Admite-se, ainda, que se proceda a avaliação dos estoques de como fretes, seguro, etc., serão tratados como despesas operacio-
mercadorias a preço de venda, subtraída a margem de lucro, em- nais, não sendo agregados ao custo.
bora entendemos não ser o melhor critério, mas é também aceito b) Contagem Física para Ajuste dos Saldos
pela legislação fiscal. A empresa que possuir registro permanente de estoques só es-
Tendo em vista que a margem de lucro corresponde à diferença tará obrigada a ajustar os saldos contábeis, pelo confronto com a
entre o preço de venda e o custo de aquisição ou produção dos contagem física, ao final do exercício.
bens, não pode o contribuinte atribuir uma margem de lucro qual-
quer para avaliação dos estoques, uma vez que tal procedimento Empresa que não mantém registro permanente de estoques:
pode implicar numa superavaliação ou subavaliação dos valores e, A pessoa jurídica que não possuir registro permanente de esto-
consequentemente, na majoração dos resultados ficando sujeito a ques deverá promover, ao final de cada exercício, o levantamento
possíveis questionamentos fiscais. físico dos seus estoques, sendo que os estoques encontrados serão
IV - Quadro Comparativo das Avaliações Apresentadas avaliados pelo preço praticado nas compras mais recentes, cons-
De conformidade com os critérios de avaliação de estoque apre- tantes das notas fiscais de aquisição, excluídos os impostos quando
sentados e uma receita líquida de vendas de R$ 10.000,00, pode- recuperáveis (IPI/ICMS).
mos fazer as seguintes comparações:
I - Custo das Mercadorias Vendidas - CMV
CUSTO MÉDIO PONDERADO A apuração do custo das mercadorias vendidas está diretamen-
te relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa
  SAÍDAS SAÍDAS REGIS- PEPS efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período.
REGISTRADAS TRADAS NO Quando o controle de estoques é feito mediante contagem
DIARIAMENTE FINAL DO MÊS física, o custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas
RECEITA 10.000,00 10.000,00 10.000,00 utilizadas no processo de produção é obtido através da seguinte
LÍQUIDA DE operação:
VENDAS CMV = EI + C - EF (custo das mercadorias vendidas = estoque
(-) CUSTO DAS 2.670,00 2.733,60 2.100,00 inicial mais compras do período, menos estoque final)
MERCADO- Onde:
RIAS VENDI-
DAS CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
EI = Estoque Inicial
(=) LUCRO 7.330,00 7.266,40 7.900,00
BRUTO C = Compras
EF = Estoque Final (inventário final)
ESTOQUE 1.430,00 1.366,40 2.000,00
FINAL II - Resultado Com Mercadorias - RCM
O resultado com mercadorias surge do confronto entre as ven-
Registro Permanente de Estoques das efetuadas e o custo das mercadorias vendidas.
No caso de controle permanente de estoques, deverão ser ob- Se o valor das vendas for maior do que o CMV, pode-se dizer
servados os seguintes procedimentos: que houve um lucro bruto.
Se o valor das vendas for menor do que o CMV, pode-se dizer
I - Critérios a Observar que houve um prejuízo com mercadorias.
O registro permanente de estoques pode ser feito em livros, fi- O resultado com mercadorias pode ser apurado através da
chas ou em formulários contínuos emitidos por processamento de equação:
dados, sendo que os modelos são de livre escolha da empresa e RCM = V - CMV
cujos saldos serão transpostos para o livro Registro de Inventário. Onde:
Os registros deverão ser feitos em ordem cronológica, sendo RCM = Resultado Com Mercadorias
aberta uma ficha para cada espécie de bem a controlar. V = Vendas
O custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas utili- CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
zadas na produção deverá corresponder ao total dos valores lança-
dos durante o período na coluna “saídas”. Avaliação Dos Produtos em Processo e Acabados
a) Devoluções
Ocorrendo devoluções, tanto de compras como de vendas efe- Custeio por Absorção
tuadas, deverão ser adotados os seguintes procedimentos: O custo dos estoques dos produtos em processo e acabados
- no caso de devolução de compras, serão registradas na ficha deve incluir todos os custos diretos como matéria-prima, mão de
de estoque na coluna “entradas” de forma negativa (entre parênte- obras e outros, e os indiretos como gastos gerais de fabricação, ne-
ses), pelo mesmo valor lançado por ocasião da aquisição; cessários para colocação do produto em condições de venda.
- no caso de devolução de vendas, serão registrados na ficha de No custeio por absorção, os custos de produção incorridos, dire-
estoque na coluna “saídas”, também de forma negativa, pelo mes- tos ou indiretos são atribuídos ao produto final, observando-se que:
mo valor da saída correspondente. a) os custos relativos à matéria-prima e materiais diretos, serão
Observe-se que o lançamento da devolução implica em ajuste apropriados com base nos custos apurados da forma mencionada
do custo médio, uma vez que este fato altera o saldo físico e mone- no tópico 17.5.1.
tário do estoque.

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CONTABILIDADE GERAL
b) os custos relativos à mão-de-obra correspondem aos salários Importante:
e encargos do pessoal que trabalha diretamente na fabricação do Os materiais diretos, que são utilizados no processo de produ-
produto; ção possuem como base de apropriação seu valor histórico de aqui-
c) os gastos gerais de fabricação correspondem aos demais cus- sição, entretanto durante a sua utilização, alguns problemas podem
tos incorridos na produção tais como: energia, seguros, deprecia- ser encontrados dos quais podem ser:
ção, almoxarifado, supervisão, etc.). - avaliação;
- controle;
Centros de Custo - programação.
A definição clara dos centros de custos é fundamental para apu-
ração e controle dos gastos e para a manutenção de um sistema de Todas as três são de extrema importância na classificação dos
custo eficiente. custos de matérias.
A classificação possui as finalidades de:
- facilitar a apuração dos gastos relacionados com o trabalho Etapas para a Apuração do Custo
realizado em cada setor, facilitando, posteriormente, a sua apro- A primeira etapa consiste na classificação dos custos por natu-
priação por produto; reza. Esta separação deve ser analisada cuidadosamente, com o ob-
- caracterizar a responsabilidade pelos gastos ocorridos em cada jetivo de detectar possíveis variações significativas.
setor. Nessa análise efetuamos a verificação da adequação dos gastos
com os volumes de produção do mês corrente.
Os centros de custos são constituídos por setores ou áreas da Para efetuar essa análise a contabilidade de custos faz uso de
empresa que executam atividades homogêneas e que permitem a métodos de comparação e estatísticos.
apuração dos gastos dessa atividade. Falhas nessa análise poderão conduzir a erros na apuração do
Os centros de custos são classificados em produtivos (diretos) custo do produto, cuja descoberta e correção posterior poderá
ou não produtivos (indiretos), também chamados auxiliares. acarretar perda de tempo.
Geralmente, essas duas classificações se relacionam à produ- A segunda etapa consiste em transferir os custos dos setores de
ção. Os não produtivos, em uma classificação mais ampla, incluem apoio ou auxiliares aos setores produtivos.
os setores administrativos e comerciais. O setores que realizam trabalhos diretamente relacionados aos
A identificação e o tratamento a ser dado ao respectivo gasto produtos possuem dois componentes no custo: o dele próprio e o
deve levar em consideração as necessidades posteriores de análise dos setores de apoio.
do ponto de vista gerencial e de controle. Com esse objetivo, a clas- Um dos maiores problemas dos sistemas de custeio é o de como
sificação pode ser mais detalhada. transferir esse custo dos setores de apoio aos setores diretos.
A classificação dos centros de custos deve ser consistente com O método adotado para as transferências de custo é o do rateio
a estrutura da organização. Esta classificação deve ser definida es- de gastos, que para ser realizado exige que as atividades desses cen-
pecificamente de acordo com as condições, peculiaridades e conve- tros de apoio possam ser medidas através de unidades, mediante as
niências de cada empresa, devendo refletir uma decisão conjunta quais se possa conhecer a quantidade total de atividade executada.
entre o responsável pelo custo e a administração. As unidades de medida mais comumente empregadas são a ho-
Para atender o que dispõe a legislação do Imposto de Renda ra-homem, a hora-máquina, o quilograma, o metro, o litro, o volu-
(custeio por absorção), os gastos devem ser apurados em três gru- me das peças produzidas, etc.
pos: material direto ou matéria-prima, mão-de-obra direta e gastos Para a transferência dos setores de apoio ou auxiliares para os
gerais de fabricação. diretos devemos, inicialmente, efetuar uma análise dos serviços
O controle por centros de custo deve ser exercido sobre a mão- prestados pelos diversos setores indiretos aos outros setores de
-de-obra direta e sobre os gastos gerais de fabricação, para auxiliar apoio ou mesmo aos setores comerciais e administrativos.
na análise das variações e nas explicações sobre o comportamento Cuidados especiais deverão também ser tomados quando os
dos custos. setores de apoio, como de manutenção, executam trabalhos com
A classificação dos centros de custos deve ser comunicada a to- características de Ativo Imobilizado. Os seus custos deverão ser
dos os setores da empresa, de forma que todos tenham conheci- transferidos a esses ativos.
mento de como se pretende apurar e controlar os gastos. Após as análises dos serviços prestados por todos os centros de
A indicação do número do centro de custo passa a ser obrigató- custos de apoio, é possível estabelecer critérios para a transferência
ria em toda documentação destinada a indicar uma despesa. Nessa desses custos aos demais setores, principalmente aos centros dire-
etapa, a contabilidade geral ou de custo passa a desempenhar a tos. Essa é a principal característica do custeio por absorção. Todos
tarefa importante de treinar os envolvidos nessa classificação. os custos da fábrica deverão ser absorvidos no custo do produto e
O plano de contas deverá ser estruturado de forma em que to- daí transferidos para os estoques de produtos.
dos os custos estejam separados por sua natureza específica e pela Uma vez definidos os critérios poderemos efetuar a transferên-
sua aplicação (direto, fixo, indireto) e, também, deverá ter as contas cia dos custos dos setores de apoio para os diversos setores rece-
englobadas de acordo com os critérios definidos pelo controle or- bedores.
çamentário. A legislação do Imposto de Renda dispõe que o sistema de custo
A legislação fiscal deixa a critério da empresa decidir pela apu- deverá ser integrado com o sistema de contabilidade e essa inte-
ração diária desses gastos na dependência da complexidade de sua gração é representada pelo registro na contabilidade de todas as
obtenção, principalmente quanto à folha de pagamento. etapas da apuração do custeio, inclusive as transferências entre os
A apuração mensal é obrigatória para fins de custeio por absor- setores.
ção, incluindo os custos fixos e variáveis.

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CONTABILIDADE GERAL
Para possibilitar essa contabilização deveremos ter no plano de b.2) por certificado de autoridade competente, nos casos de in-
contas centros de custo e contas contábeis de natureza credora, cêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;
para serem utilizadas como ponte entre um setor e outro quando b.3) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a
das transferências de gastos. destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando
A transferência adequada ao custo de produção depende tam- não houver valor residual apurável.
bém da análise e seleção da base de rateio mais adequada para
cada setor. Sucatas e Subprodutos
Os tipos mais utilizados para atribuição de gastos por produtos As sucatas e os subprodutos são as sobras, pedaços, resíduos,
são: aparas e outros materiais derivados da atividade industrial que têm
- bases representando unidade de produção: como característica nascerem do processo da produção. A diferen-
- número de itens produzidos; ça entre um e outro reside no fato de que a sucata não tem um
- números de metros, galões, etc; mercado garantido de comercialização e os preços bastante incer-
- bases representando elementos de custo: tos enquanto os subprodutos têm condições de demanda e de pre-
- custo da mão-de-obra direta; ços bons.
- custo do material; Contabilmente, os custos incorridos nos bens sucateados devem
- custo do material e da mão-de-obra direta; ser agregados aos custos de fabricação dos produtos bons aprovei-
- bases representando tempo de processamento: tados. No caso de sucatas que não sejam relativas ao processo de
- horas de mão-de-obra direta; produção, os seus custos devem ser retirados do custo de produção
- horas-máquina. e lançados como perdas no resultado do período. Os estoques de
sucata a serem comercializados existirá fisicamente, devendo ser
Custo Padrão controlado pela empresa, no entanto, não terá valor contábil. Por
Esse método de custeio, geralmente utilizado por grandes em- ocasião da comercialização das sucatas, o valor da receita será reco-
presas, com operações de grande volume ou com linhas de monta- nhecido nesse momento no resultado no subgrupo “outras receitas
gem que envolvem muitas peças, consiste em que o custo de cada operacionais”.
produto é predeterminado, antes da produção, com base nas espe- No tocante aos subprodutos, por possuírem mercado estável e
cificações dos produtos, componentes do custo e condições de pro- preço de venda previsível, tais itens devem ser avaliados ao valor
dução. Dessa forma, os estoques são apurados com base em custos líquido de realização e considerado como redução do custo de pro-
unitários padrão e comparado com os custos de reais apurados, re- dução do período em que surgiram.
gistrando-se as diferenças em contas de variação. Por valor líquido de realização de um subproduto deve ser en-
A legislação fiscal aceita que a empresa apure custos com base tendido como o valor bruto menos os impostos incidentes sobre
em padrões pré-estabelecidos (custo padrão ou “standard”), como essa venda, menos as despesas de comercialização como comis-
instrumento de controle de gestão, desde que observado o seguin- sões, taxas de entrega.
te: (PN CST nº 06/79): Quando a empresa comercializar os subprodutos, terá um valor
a) que o padrão preestabelecido incorpore todos os elementos efetivo de venda e atribuirá como redutor dessas receitas o valor
constitutivos do custeio por absorção; dos estoques dos subprodutos e a diferença líquida será registrada
b) as variações de custos (negativas e positivas) sejam distribuí- como outras receitas/despesas operacionais”, conforme o caso.
das aos produtos de modo que a avaliação final dos estoques não
discrepe da que seria obtida com o emprego do custo real; Amostras
c) as variações de custos sejam identificadas em nível de item Quando a empresa efetuar a distribuição de amostras ou outros
final de estoque, de forma a permitir a verificação do critério de itens similares, os valores dispendidos na aquisição ou produção de
neutralidade do sistema adotado de custos sobre a valoração dos tais itens não devem ser registrados em conta de estoque, e sim,
inventários. lançados diretamente às despesas no resultado.

Quebras e Perdas de Estoque Estoque de Produtos Rurais


É normal no processo produtivo ocorrerem quebras e perdas Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda pode-
de estoque como é o caso de aparas e rebarbas de matéria-prima, rão ser avaliadas pelo valor de mercado, quando esse for o costume
evaporação de produtos químicos, etc. Nesse caso, os valores mercantil aceito pela técnica contábil (§ 4º do art. 183 da Lei das
relativos a quebras e perdas, serão agregados ao custo normal de S/A.
produção, sempre que normais e relativas ao processo produtivo, Assim, os estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos
e serão lançados como despesas ao resultado do período, se forem poderão ser avaliados aos preços correntes de mercado, conforme
esporádicas e anormais. as práticas usuais em cada tipo de atividade.
Nesse sentido, a legislação do Imposto de Renda estabelece que Por preço corrente de mercado entende-se que seria o valor
integrará também o custo o valor (art. 291 do RIR/99): pelo qual tais estoques podem ser vendidos a terceiros na época do
a) das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do balanço. Nesse caso a diferença apurada entre o valor de mercado
bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e ma- e o valor contábil é acrescida ou diminuída do valor dos estoques,
nuseio; tendo como contrapartida uma conta de resultado.
b) das quebras ou perdas de estoque por deterioração e obso- A definição de valor de mercado pode ser encontrada em re-
lescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros, vistas especializadas, bolsa de mercadorias, etc. A pauta de valores
desde que comprovada: fiscais serve de parâmetro para avaliação ao preço de mercado.
b.1) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de se-
gurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas
ou inutilizadas e as razões da providência;
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CONTABILIDADE GERAL
Compras Com Preço a Fixar Produtos em Elaboração
De acordo com o Manual “Normas e Práticas Contábeis no Brasil a) por uma vez e meia (150%) o maior custo das matérias-primas
- Fipecafi”, os estoques relativos a compras com preço a fixar, geral- adquiridas no período-base (sem ICMS/IPI quando recuperáveis);
mente produtos agrícolas, são contabilizados pelo custo estimado, b) 80% (oitenta por cento) do valor dos produtos acabados, de-
até que seja fixado o preço efetivo, quando é efetuado o ajuste nas terminado segundo o critério do item II;
contas Estoques e/ou Custo das Mercadorias/Produtos Vendidos,
referente à parcela já baixada do estoque. Produtos Acabados
70% (setenta por cento) do maior preço de venda do período-
Aspectos Fiscais -base, sem inclusão do IPI, mas com ICMS incluso (PN CST nº 14/81).
A legislação do Imposto de Renda faz várias referências aos es- A utilização desse critério apresenta grandes distorções na apu-
toques e sua avaliação. Examinamos alguns desses aspectos. ração do resultado, uma vez que a percentagem de 70% é bastante
Periodicidade de Escrituração: O custo das mercadorias vendi- elevada e, nesse caso, supervaloriza o estoque de materiais em pro-
das e os bens de produção serão determinados com base em re- cessamento e de produtos acabados no encerramento do período-
gistro permanente de estoques ou no valor do estoque existente, -base. Essa supervalorização, em algumas situações, poderá fazer
de acordo com o livro Registro de Inventário, escriturado no fim de com que o custo dos produtos vendidos apresente-se negativo. É
cada trimestre ou ao término do ano-calendário, conforme o caso. comum o custo dos produtos vendidos apresentar valor negativo
a) Lucro Real quando existir grande quantidade de estoque de produtos acaba-
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deverão dos em decorrência de vendas reduzidas. Neste caso, o custo dos
efetuar o levantamento e a avaliação dos seus estoques ao final de produtos vendidos deverá ser considerado igual a zero.
cada período de apuração dos resultados. Assim, a empresa fica
obrigada a escriturar o livro Registro de Inventário ao final de cada Avaliação de Estoque Por Arbitramento - Produtos Acabados -
trimestre, se apurar o lucro real trimestralmente, ou somente em Maior Preço de Venda
31 de dezembro, no caso de pagamento do Imposto de Renda men- No caso de avaliação do estoque de produtos acabados pelo cri-
sal sobre base de cálculo estimada. tério do arbitramento, a determinação do maior preço de venda,
em algumas situações, tem causado algumas dúvidas para valori-
No entanto, se a empresa mantiver registro permanente de es- zação do estoque.
toques, somente estará obrigada a ajustar os saldos contábeis pelo Note-se que o inciso II do artigo 296 do RIR/99 faz referência à
confronto com a contagem física, ao final do período de apuração expressão “maior preço de venda no período-base”. Pode ocorrer,
relativo ao mês de dezembro de cada ano-calendário. por exemplo, que determinado produto não tenha sido vendido no
b) Lucro Presumido período-base.
As empresas tributadas com base no lucro presumido devem Neste caso, embora a legislação do Imposto de Renda seja omis-
proceder ao levantamento e a avaliação dos estoques em 31 de sa, entendemos que poderá ser utilizado como parâmetro o maior
dezembro, uma vez que estão obrigadas a escriturar, nessa data, o preço de venda praticado no período-base imediatamente anterior.
livro Registro de Inventário. A situação adquire maior grau de complexidade no caso de pro-
duto novo que ainda não foi vendido. Em princípio, poderíamos
Avaliação de Estoque Com Base em Sistema de Custo Integra- afirmar que o produto novo seria avaliado a custo zero, uma vez
do e Coordenado que não existe parâmetro para aplicarmos a regra do arbitramento.
A empresa que mantiver sistema de contabilidade de custos, Entretanto, entendemos que, no caso vertente, deve existir um pro-
integrado com o restante da escrituração, poderá utilizar os custos cedimento lógico, buscando-se, inclusive, o preço do referido pro-
apurados contabilmente para avaliação dos estoques de produtos duto no mercado. Aliás, a nosso ver, esse referencial estaria correto.
em fabricação e acabados, para fins de apuração do imposto. A questão apresenta-se, ainda, mais complexa, quando se tratar
Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e de produto novo e inédito, ou seja, sem referencial no mercado.
coordenado com o restante da escrituração aquele: Neste caso, a nosso ver, a valorização desse produto poderia ser
a) apoiado em valores originados da escrituração contábil (ma- feita com base nos custos das matérias-primas utilizadas na sua fa-
téria-prima, mão-de-obra direta, custos gerais de fabricação); bricação. De qualquer modo, e diante da omissão da legislação do
b) que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do Imposto de Renda, recomendamos que seja formulada consulta ao
valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos Fisco.
em elaboração e produtos acabados; Os critérios impostos pela legislação são arbitrários, visando pe-
c) apoiado em livros auxiliares, ou fichas, ou formulários con- nalizar as empresas que não mantêm uma contabilidade adequada
tínuos, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de custos, não sendo no entanto, aceitáveis para fins contábeis, pe-
de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração las distorções que provocam no resultado da empresa.
principal;
d) que permite avaliar os estoques existentes na data de encer- Escrituração do Livro Registro de Inventário
ramento do exercício segundo os custos efetivamente incorridos. Devido a obrigatoriedade da escrituração do livro Registro de
Inventário, pelas empresas, perante a legislação fiscal, examinare-
Arbitramento do Valor do Estoque de Produtos Acabados e em mos, nesse tópico, alguns aspectos relativos a escrituração desse
Elaboração livro.
Caso a escrituração do contribuinte não atenda os requisitos
mencionados no tópico anterior, ou seja, não haja integração e
coordenação da contabilidade de custos com o resto da escritura-
ção, os estoques deverão ser avaliados (art. 296 do RIR/99):

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CONTABILIDADE GERAL
Pessoas Jurídicas Obrigadas a Escrituração Normas Para Escrituração do Livro Registro de Inventário
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real e àquelas
optantes pelo regime de tributação com base no lucro presumido I - Normas Gerais
ficam obrigadas a escriturar o livro Registro de Inventário, obser- No livro Registro de Inventário deverão ser arrolados, com espe-
vando as normas e prazos abordados neste trabalho. cificações que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produ-
I - Pessoa Jurídica Tributada Com Base no Lucro Real tos manufaturados, as matérias-primas, os produtos em fabricação
a) quando o imposto de renda for calculado com base no lucro e os bens em almoxarifado existentes na data do encerramento de
real apurado trimestralmente, o livro Registro de Inventário deve cada período-base de apuração do lucro real (mensal ou trimestral),
ser escriturado até a data prevista para o pagamento do imposto ou no caso de empresa tributada pelo lucro presumido, no último
devido no trimestre a que se referir o inventário, ou seja, até o últi- dia do ano-calendário (art. 261 do RIR/99).
mo dia útil do mês seguinte; Os bens serão relacionados e avaliados de acordo com os crité-
b) quando o imposto mensal for calculado por estimativa (pre- rios admitidos pela legislação do Imposto de Renda. Vale lembrar
sunção de lucros), o livro Registro de Inventário deverá ser escritu- que os bens devem ser discriminados, individualmente, com espe-
rado até a data fixada para a entrega tempestiva da Declaração de cificações que indiquem a sua natureza, unidade, quantidade, valor
Rendimentos que tiver por base o balanço a que se referir o inven- unitário e valor total de cada um, bem como o valor global por agru-
tário. pamento (IN SRF nº 81/86).

II - Pessoa Jurídica Tributada Com Base no Lucro Presumido II - Empresas Editoras


No caso das pessoas jurídicas que optarem pela tributação de- As empresas editoras devem fazer constar de seu inventário os
finitiva com base no lucro presumido, entendemos que o Registro fascículos não comercializados por falta ou esgotamento de merca-
de Inventário deverá ser escriturado até a data estabelecida para a do, e os que tenham recebido em restituição pelos mesmos motivos,
entrega da Declaração de Rendimentos do ano-calendário a que se observando-se o seguinte (Portaria MF nº 496/77):
referir o inventário. a) quando se tratar de fascículos obsoletos, assim considerados
aqueles que tenham sido rejeitados pelo mercado e, em decorrên-
Modelo a Ser Utilizado: Não existe um modelo prescrito para cia, não mais figurem nas vendas normais de empresa, poderão ser
o livro Registro de Inventário. De acordo com o § 1º do art. 260 do computados no livro Registro de Inventário com valor zero, desde
RIR/99, o contribuinte poderá: que, no prazo de trinta dias, contado da data do balanço, a empresa
- criar modelo próprio; comunique a ocorrência à repartição da Secretaria da Receita Fede-
- adotar livro exigido por outra lei fiscal; ral de sua jurisdição;
- substituir o livro por série de fichas numeradas; b) a empresa deve manter o estoque em condições de ser veri-
- utilizar sistema de processamento de dados. ficado e, caso pretenda, antes da auditoria fiscal inutilizar, destruir
ou vender os fascículos como matéria-prima para reaproveitamen-
Utilização do Modelo 7, do Sinief (IPI/ICMS): A pessoa jurídica to industrial, deve fazer nova comunicação à Secretaria da Receita
poderá utilizar o livro Registro de Inventário, modelo 7, de que trata Federal, até dez dias antes de se desfazer, total ou parcialmente o
o Convênio Sinief/70, que é exigido pela legislação do ICMS e do IPI. estoque.
No entanto, para que seja viável manter e escriturar um único livro
Registro de Inventário que satisfaça, concomitantemente, às legis- III - Empresas Que Exploram Atividade Imobiliária
lações do Imposto de Renda e do ICMS e IPI, é indispensável que as A pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a compra e
pessoas jurídicas façam, nesse modelo, as adaptações necessárias venda de imóveis, desmembramento ou loteamento de terrenos,
capazes de torná-lo apto a atender aos ditames de cada legislação incorporação imobiliária e construção de prédio para venda, deve-
específica (PN CST nº 5/86).  rão fazer constar do livro Registro de Inventário todos os imóveis
destinados à venda em estoque, por ocasião do levantamento do
Utilização de Fichas Numeradas: As pessoas jurídicas obrigadas balanço, discriminados do seguinte modo (IN SRF Nº 94/79):
a escriturar o livro Registro de Inventário, poderão substituí-lo por
fichas numeradas, mecânica ou tipograficamente. a) os imóveis adquiridos para venda, um por um;
Ressalte-se, no entanto, que a utilização de fichas para registro b) os terrenos oriundos de desmembramento ou loteamento,
de movimentação de estoques não supre a exigência do livro Regis- por conjunto de lotes com idêntica dimensão ou por quadras, quan-
tro de Inventário (PN CST nº 500/70).  do referentes a um mesmo empreendimento; ou então terreno por
terreno, se assim preferir o contribuinte;
Utilização de Sistema de Processamento de Dados: O livro Re- c) as edificações resultantes de incorporação imobiliária, inclu-
gistro de Inventário poderá ser escriturado mediante utilização de sive respectivos terrenos, por conjunto de unidades autônomas com
sistema de processamento de dados, em formulários contínuos nu- idêntica área de construção e o mesmo padrão de acabamento,
merados em ordem seqüencial mecânica ou tipograficamente. conquanto se refiram a um mesmo empreendimento; ou, então,
De acordo com o PN CST nº 11/85, após o processamento, os unidade por unidade, se assim preferir o contribuinte;
impressos deverão ser destacados e encadernados em forma de d) os prédios construídos para venda e respectivos terrenos, pré-
livro, lavrados os termos de abertura e de encerramento e submeti- dio por prédio.
do à autenticação do órgão competente.
Ressalte-se, ainda, que de acordo com a IN SRF nº 84/79, a exi-
gência do registro permanente de estoque não dispensa o contri-
buinte da obrigação de possuir e escriturar o livro Registro de Inven-

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CONTABILIDADE GERAL
tário, sendo função daquele subsidiar este, principalmente no que II - Época em Que Deve Ser Procedida a Legalização
se refere à determinação do custo e discriminação dos imóveis em O Registro de Inventário, seja em forma de livro ou folhas pre-
estoque por ocasião do balanço. viamente encadernadas e numeradas tipograficamente, seja em
série de fichas, deverá ser legalizado antes do início de sua escri-
IV - Procedimentos na Escrituração do Livro Modelo 7 turação. Para tanto, ressalvada a hipótese de início de atividade,
No caso da pessoa jurídica utilizar unicamente o livro Registro a autenticação de livro novo se fará mediante a exibição daquele
de Inventário, modelo 7, do Sinief, deverá fazer as adaptações ne- a ser encerrado, por estar totalmente esgotado ou em vias de se
cessárias capazes de torná-lo apto a atender às exigências do IPI/ esgotar, entendendo como tal aquele cujas folhas em branco não
ICMS e do Imposto de Renda, observando o seguinte (PN CST nº comportem a totalidade dos bens a serem arrolados por ocasião de
5/86): um determinado balanço (PN CST nº 5/86).
a) deverão ser acrescentados os bens cujo arrolamento não é Observe-se, no entanto, que a IN DNRC nº 54/96 estabeleceu,
exigido pela legislação do IPI/ICMS, (bens em almoxarifado) mas o é no art. 13, que a autenticação de instrumentos de escrituração in-
perante a legislação do Imposto de Renda; depende da apresentação de outros livros ou fichas anteriormente
b) deverão acrescentar o valor unitário dos bens em conformi- autenticados.
dade com a legislação do Imposto de Renda, quando diferente dos No caso de processamento eletrônico de dados, quando o livro
critérios previstos na legislação do IPI/ICMS. Tal acréscimo é autori- ou fichas são substituídos por formulários contínuos, a autenticação
zado pelo § 12, do artigo 63, do próprio Convênio SINIEF/70, como será procedida após a escrituração, mediante termos de abertura e
“outras indicações”. encerramento com as especificações abordadas no tópico seguinte.
c) o valor do ICMS recuperável, a ser excluído do valor dos esto-
ques, para efeito do Imposto de Renda, poderá ser destacado, item III - Requisitos Para Autenticação
por item, na coluna “observações” do livro modelo 7, uma vez que Os instrumentos de escrituração das empresas mercantis, exce-
as legislações do IPI/ICMS não contemplam essa exclusão. to as microfichas, deverão ter suas folhas sequencialmente numera-
das, tipograficamente, em se tratando de livros e conjunto de folhas
V - Empresas Com Mais de um Estabelecimento ou folhas soltas, mecânica ou tipograficamente no caso de folhas
Considerando que cada estabelecimento contribuinte do IPI/ contínuas e conterão termo de abertura e encerramento apostos,
ICMS está obrigado a manter e escriturar o livro Modelo 7, com as respectivamente, no anverso da primeira e no verso da última ficha
especificações previstas no Convênio SINIEF/70, observados os pro- ou folha numerada, observando-se o seguinte (IN DNRC nº 54/96):
cedimentos descritos nas letras “a” a “c” do item anterior, é admi-
tido que a matriz, no caso de contabilidade descentralizada, após a) termo de abertura:
arrolar os bens em seu poder, adicione por totais, grupo a grupo, os No termo de abertura deverá constar:
inventários de cada dependência que mantenha contabilidade não - nome empresarial;
centralizada (PN CST nº 5/86). - Número de Identificação do Registro de Empresas - NIRE e a
Neste caso, a matriz estará obrigada, quando solicitada pela au- data do arquivamento dos atos constitutivos;
toridade tributária, a apresentar, juntamente com o livro Diário, o - o local da sede ou filial;
livro Registro de Inventário dos demais estabelecimentos, os quais - a finalidade a que se destina o instrumento de escrituração
serão tidos como livros auxiliares, uma vez que as operações ne- mercantil;
les consignadas não se encontram lançadas, pormenorizadamente, - o número de ordem do livro ou conjunto de folhas e a
nos livros da matriz (PN CST nº 5/86). quantidade de folhas;
- o número de inscrição no CGC-MF.
Falta da Escrituração do Livro Registro de Inventário
As pessoas jurídicas que não escriturarem o livro Registro de In- b) termo de encerramento:
ventário ficam sujeitas ao arbitramento do lucro pela autoridade No termo de encerramento deverá constar:
fiscal (art. 530 do RIR/99). - nome empresarial;
- o fim a que se destinou o instrumento escriturado;
Legalização do Livro Registro de Inventário - o número de ordem do livro ou conjunto de folhas e a
quantidade de folhas escrituradas.
I - Registro e Autenticação
O livro Registro de Inventário ou as fichas que o substituírem c) assinatura pelo titular ou representante legal
serão registrados e autenticados pelo Departamento Nacional do Os termos de abertura e encerramento serão datados e assi-
Registro do Comércio ou pelas Juntas Comerciais ou repartições en- nados pelo titular de firma mercantil individual, administrador de
carregadas de Registro do Comércio (PN CST nº 5/86). sociedade mercantil ou representante legal e por contabilista le-
Quando o livro ou fichas que o substituam pertencerem a socie- galmente habilitado, com indicação do número de sua inscrição no
dades civis, o registro e autenticação serão efetuados pelo Cartório Conselho Regional de Contabilidade - CRC.
de Registro de Títulos e Documentos ou de Registro Civil das Pessoas Não havendo contabilista habilitado na localidade onde se situa
Jurídicas, onde se acharem registrados os atos constitutivos da pró- a sede da empresa, os termos de abertura e de encerramento serão
pria sociedade (PN CST Nº 5/86). assinados, apenas, pelo titular de firma individual, administrador de
Observe-se que os contribuintes do IPI/ICMS que adaptarem o sociedade mercantil ou representante legal.
livro Registro de Inventário, Modelo 7, ao exigido pela legislação do
Imposto de Renda, deverão submetê-lo a registro nos órgãos men- Guarda e Conservação do Livro
cionados acima, uma vez que, o visto do Fisco estadual, não supre A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem o livro Regis-
o registro exigido pela legislação do Imposto de Renda (PN CST nº tro de Inventário, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes
5/86). sejam pertinentes.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Caso ocorra extravio, deterioração ou destruição do livro ou fi- Fórmula do CMV: (Apuração dos custos)
chas do Registro de Inventário, a pessoa jurídica fará publicar em CMV = EI + C + CA – DC – EF
jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso CMV – custo da mercadoria vendida
concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de EI – estoque inicial
48 horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remeten- C – compras
do cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal CA – custo acessório (fretes, seguros, carga e descarga)
de sua jurisdição (§ 1º do art. 264 do RIR/99). DC – devoluções de compras
EF – estoque final

APURAÇÃO DO CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS, Exemplo:


TRATAMENTO CONTÁBIL DOS TRIBUTOS INCIDENTES EM Em determinada empresa, os saldos das contas em 31/12/X1,
OPERAÇÕES DE COMPRAS E VENDAS foram:
Estoque mercadorias: R$ 5.000
Compras de mercadorias: R$ 20.000
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS Vendas de mercadorias: R$ 23.000
Mercadorias são os bens que uma empresa adquiri com esto- Estoque final: R$ 12.000
que para poder revender, são assim chamadas de “bens de venda”.
Para que possamos registrar as Operações com Mercadorias, Então:
devemos então utilizar as contas Compras e Vendas (Método da CMV = EI + C + CA – DC – EF
Conta Desdobrada). CMV = 5.000 + 20.000 + 0 – 0 – 12.000
De acordo com as Normas Contábeis existem dois métodos a CMV = 13.000
serem utilizados no registro das Operações com Mercadorias, que
são: Resultado Simplificado da Conta Mercadorias
Conta Mista – consiste na utilização de uma só conta para poder Aqui serão apurados os resultados das Contas Mercadorias para
ser chamada de Estoque de Mercadorias (Estoque Inicial e Estoque podermos identificar se a empresa obteve lucro ou prejuízo.
Final).
Conta Desdobrada – consiste em desdobrar a conta de merca- O resultado da negociação com as mercadorias pode ser apurado
dorias em quantas forem necessárias para que se possa contabilizar na DRE (Demonstração de Resultado do Exercício), onde é chamado
cada tipo de fato que envolva as operações com mercadorias. Resultado Bruto com mercadorias e é obtido através da equação:
Independentemente do método utilizado pela empresa ela po-
derá adotar um dos seguintes sistemas: RCM = V – DV – CMV
Inventário Periódico: acontece quando a empresa efetua uma RCM – resultado com circulação de mercadorias
venda sem um controle do estoque, deixando assim de registrar o V – vendas
custo das Mercadorias Vendidas naquele momento, portanto o va- DV – devolução de vendas
lor do estoque somente será conhecido no final do período, após CMV – custo da mercadoria vendida
uma contagem física de todas as mercadorias existentes (inventá-
rio). Exemplo:
Inventário Permanente: a empresa controla de maneira rotinei- Usando os mesmo dados do exemplo anterior para cálculo do
ra o Estoque de Mercadorias, a cada compra feita, o custo da res- RMC:
pectiva compra será acrescido do Estoque, a cada venda efetuada, RCM = V – DV – CMV
o custo da venda é diminuído do estoque. RCM = 23.000 – 0 – 13.000
RCM = 10.000
IMPORTANTE:
A Apuração Contábil consiste nos lançamentos feitos no ra- Sendo o RCM positivo, significa que o valor das vendas de mer-
zonetes e livros contábeis. A Apuração Extra Contábil consiste na cadorias foi superior ao custo das respectivas Mercadorias Vendi-
apuração dos valores com mercadorias, utilizando apenas fórmulas das; isto corresponde a lucro.
matemáticas, como por exemplo a Fórmula do CMV que veremos Esse lucro apurado nas vendas de mercadorias denomina-se Lu-
logo abaixo. cro Bruto do Exercício.
Sendo o RCM negativo, significa que o valor das vendas de mer-
Custo da Mercadoria Vendida cadorias foi inferior ao custo das respectivas mercadorias vendidas;
É o custo da mercadoria que foi vendida no período. Para que se isto corresponde a prejuízo. Esse prejuízo apurado nas vendas de
possa calcular o CMV (custo da mercadoria vendida) não é preciso mercadorias denomina-se Prejuízo Sobre Vendas.
se ter o preço de venda. Apuração Contábil
Para eu a empresa possa analisar o CMV, apenas soma-se o es- Para facilitar a contabilização do resultado da Conta Mercado-
toque inicial juntamente com suas compras e subtrai do estoque rias, tanto no Diário como no Razão ou nos Razonetes, podemos
final. tomar, como roteiro, as duas fórmulas apresentadas (CMV e RCM).
O CMV é uma despesa e na apuração do resultado será deduzi- Acompanhe:
do da receita líquida de vendas.

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CONTABILIDADE GERAL
1º Passo: Reconstituição dos Razonetes Vendas de Mercadorias RCM
Exemplo: (4) 23.000 23.000 (4)
Em determinada empresa, os saldos das contas em 31/12/X1,
foram: Para transferência do saldo do CMV para o RCM, basta transferir
Estoque de Mercadorias – R$ 5.000 para os razonetes, debitando R$ 13.000 na conta Resultado da Con-
Compras Mercadorias – R$ 20.000 ta Mercadorias (RCM) e creditando o mesmo valor na conta Custo
Vendas de Mercadorias – R$ 23.000 das Mercadorias Vendidas (CMV). Oposição das contas no razonete
Observe os Razonetes das três contas movimentadas durante o fica assim:
período, com seus respectivos saldos.
RCM CMV
Estoque de Mercadorias Compras de Mercadorias (5) 13.000 13.000 (5)
5.000 20.000 23.000(4)
10.000
Vendas Mercadorias
23.000 Contabilizações de Algumas Operações que Afetam Vendas e
Compras
2º Passo: Contabilização do CMV Devoluções e Abatimentos
Para contabilizarmos a apuração do Custo das Mercadorias Ven- Quando um comerciante se vê prejudicado ao receber certa
didas, devemos transferir os saldos de todas as contas que integram mercadoria cujo tipo, qualidade, preço, de outra característica es-
a fórmula do CMV para a respectiva Conta Custo das Mercadorias teja em desacordo com seu pedido ou com a nota fiscal, ou mesmo
Vendidas (CMV). com as condições físicas que deveriam cercar o produto, pode ele
Inicialmente, será lançado no Razonete da Conta Custo das Mer- adotar uma das seguintes medidas.
cadorias Vendidas (CMV), no lado débito, a importância de R$ 5.000 a) devolver a mercadoria, total ou parcialmente;
e, em seguida, lançará no razonete da Conta Estoque de Mercado- b) solicitar um abatimento (desconto) não vendedor
rias, no lado do crédito, R$ 5.000. A questão das “devoluções” e dos “abatimentos” pode ser ana-
lisada sob ângulos: a empresa como compradora das mercadorias
CMV Estoque de Mercadorias que revende e a empresa como vendedora dessas últimas.
(1) 5.000 5.000 (1) Fretes e Seguros Sobre Compra
São importâncias pagas diretamente ao fornecedor de uma em-
Para transferirmos o saldo da Conta Compras de Mercadorias presa, ou a uma empresa transportadora, referentes a Despesas
para a conta Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), lançaremos, com seguros e transporte de mercadorias do estabelecimento do
no débito, R$ 20.000; e no razonete da conta Compras de Mercado- fornecedor até a empresa que as comprou.
rias, lançaremos, no crédito, também R$ 20.000.
Notas:
CMV Compras de Mercadorias • Os valores dos fretes e dos seguros calculados sobre as ven-
(1) 5.000 20.0002 (2) das, quando correram por conta do fornecedor (vendedor), deverão
(2) 20.000 ser contabilizados em contas representativas de Despesas Opera-
Supondo que o Estoque Final, apurado através do inventário fí- cionais, classificadas no grupo das Despesas com vendas. Portanto,
sico realizado em 31/12/X1, tenha sido de R$ 12.000. esses gastos não interferem no valor das vendas de mercadorias.
Para que possamos registrar o valor do Estoque Final. Debita- Lembrando que estamos tratando somente dos fatos que interfe-
mos a Conta Estoque de Mercadorias que no razonete estava ze- rem nos valores das compras e das vendas de mercadorias.
rada, para que, a partir deste momento, ela passe a representar o • Como os saldos das contas Vendas Anuladas, Abatimentos so-
Estoque de Mercadorias nesta data. bre Vendas, interferem no valor das vendas, eles serão transferidos
Para transcrevermos nos razonetes, lançamos a importância de para a conta RCM, no final do Exercício, por ocasião da apuração do
R$ 12.000 a débito na Conta Estoque de Mercadorias e a crédito da resultado Bruto.
conta Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). Impostos e Taxas Sobre Venda
Os Impostos ou Taxas Sobre Vendas incidem sobre vendas e
Estoque de Mercadorias CMV guardam proporcionalidade com preço de venda. Portanto quanto
(1) 5.000 12.000 (3) maior for a venda, maior será os impostos ou taxas sobre vendas,
(2) 20.000 por outro lado, se a empresa nada vender, não serão gerados im-
(3)12.000 postos e taxas sobre vendas.

3º Passo: Contabilização do RCM São considerados Impostos sobre vendas:


O critério é o mesmo adotado para contabilização do CMV: as IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) – de competência
contas deverão ser transferidas na mesma ordem em que se en- da União (Governo Federal). A alíquota do IPI varia de acordo com
contram na respectiva fórmula do RMC. Para isso basta debitar a o produto, ou seja, tratando-se de produtos de primeira necessida-
importância de R$ 23.000 no razonete da conta Vendas de Merca- de, a alíquota é baixa ou até mesmo zero (produtos alimentícios,
dorias e creditar a mesma importância na conta Resultado da Conta vestuário, calçados, matéria-prima básica, etc), tratando-se de pro-
Mercadorias (RCM). Veja: dutos supérfluos, a alíquota é elevada, podendo chegar, como é o
caso de cigarros, próximos dos 400%. Outros produtos de alíquotas
elevadas são: bebidas alcoólicas, perfumes, automóveis, etc.

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CONTABILIDADE GERAL
ICMS (Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mer- Receita Bruta Caixa/Clientes
cadorias e Sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual 70.000.000 70.000.000
e Intermunicipal e de Comunicação) – de competência dos Estados
e do Distrito Federal, alguns impostos vendas que eram de compe- Em seguida, destaca-se contabilmente o ICMS:
tência da União foram, com a Constituição de 1988, para o alcance
do ICMS (por exemplo: Imposto Único Sobre Energia Elétrica, Im- D: ICMS Sobre Vendas 12.600.000
posto Único Sobre Minerais, Imposto Sobre Combustíveis e Lubri- C: ICMS à Recolher 12.600.000
ficantes). O ICMS incide, também, sobre a entrada de mercadorias
importadas, ainda que se trate de bens destinados ao consumo ou A Receita Líquida é evidenciada da seguinte maneira:
ao ativo imobilizado das empresas.
ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza) – de com- Apuração do ICMS a Recolher
petência dos Municípios e do Distrito Federal, por este não possuir Na venda da mercadoria foi destacada o ICMS recebido do com-
municípios. As alíquotas variam de acordo com as legislações muni- prador da mercadoria de R$ 12.600.000, que deve ser recolhido ao
cipais e de acordo com a natureza dos serviços. estado.
IVVC (Imposto Sobre Vendas a Varejo de Combustíveis) – de Todavia, quando da compra da mercadoria para revenda, foi
competência dos Municípios e do Distrito Federal, foi criado com a adiantado um pagamento do ICMS. Portanto, será descontada
Constituição de 1988. Entre os contribuintes do IVVC podem estar aquela quantia já paga, uma vez que o ICMS é um imposto não
as empresas distribuidoras, quando efetuarem tal tipo de venda. cumulativo, então ele é abatido a cada operação.
São Taxas guardam proporcionalidade com Vendas:
PIS (Programa de Integração Social) – quando calculado pela ICMS pago na Compra 9.000.000
aplicação de uma alíquota sobre a soma das receitas que entram no ICMS recebido na Venda 9.000.000 (1)
cálculo do lucro operacional (Líquido) delas podendo ser excluídos
alguns valores, tais como: as Vendas Canceladas, as Devoluções de ICMS a recuperar 19.000.000
Vendas, os Descontos Incondicionais, o IPI as reversões de Provi- ICMS a recolher 12.600.000
sões e Recuperações de créditos.
Cofins (Contribuição Para Financiamento da Seguridade Social) Saldo devido
3.600.000
Alguns Aspectos Contábeis do ICMS
Portanto, a empresa deve Recolher aos cofres públicos R$
Na Compra 3.600.000, já que R$ 9.000.000 foram pagos no momento da com-
De acordo com a Legislação Fiscal, deve ser excluído do custo de pra ao fornecedor. Esta parcela será destacada no Passivo Circulan-
aquisição de mercadorias para revenda e de matéria-prima o mon- te – ICMS a Recolher R$ 3.600.00, como uma obrigação.
tante do ICMS recuperável, destacado em Nota Fiscal. Tal procedi- Caso a empresa não venda a mercadoria adquirida, ou venda
mento implica registrar em conta própria de “ICMS a Recuperar”. somente parte dela, haveria saldo na conta ICMS a Recuperar que
A base de cálculo do ICMS é o preço da mercadoria. Assim se comporia o Ativo Circulante como um direito.
determinada empresa comercial adquiri uma mercadoria para re-
venda por R$ 50.000.000 a Nota Fiscal terá os seguintes destaques: Tratamento do IPI nas Empresas Comerciais
Uma empresa comercial, quando adquiri produtos de uma in-
A Contabilização é: dústria, para o IPI e o ICMS. No entanto, normalmente a empresa
comercial só recuperará o ICMS, já que é cobrado do seu cliente.
D: Compra de Mercadorias 41.000.000 Como o IPI, normalmente, não é cobrado pela empresa comercial,
D: ICMS à Recuperar 9.000.000 não há recuperação. Portanto, o IPI caracteriza custo para empresa.

C: Fornecedores/Caixa 50.000.000 Alguns Aspectos Contábeis do PIS Sobre Faturamento


O Programa de Integração Social (PIS) é uma contribuição que
O ICMS pago (ou a Pagar) por ocasião da Compra caracteriza-se as empresas em geral devem recolher, mensalmente, ao Governo
como um adiantamento da empresa adquirente, já que os impos- Federal.
tos sobre vendas são cobrados do consumidor e não da empresa. A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, ex-
Esta é apenas depositária ou um veículo de arrecadação. Portanto, cluídos os valores relativos às Vendas Canceladas, aos Descontos In-
a empresa tem o direito de recuperar o ICMS pago a seu fornecedor. condicionais Concedidos, às Receitas decorrentes da venda do ativo
imobilizado e outros, conforme estabelece a Legislação própria.
Na Venda
Quando a venda se realiza, a empresa comercial deverá tam- Exemplo:
bém cobrar o ICMS do comprador da mercadoria. Uma empresa compra mercadorias a prazo no valor de R$
Suponha-se que esta mesma mercadoria seja vendida por R$ 3.500, com uma alíquota de PIS de 1,65%. E efetua uma venda de
70.000.000 a vista. Na emissão da Nota Fiscal haveria os seguintes mercadorias a vista no valor de R$ 8.000, com uma alíquota de PIS
destaques: de 1,75%
No Momento da venda, ao contrário da compra, o ICMS (assim
como os outros Impostos Sobre Vendas) comporá a Receita Bruta, Compra…………………………..3.500
devendo ser deduzido, em seguida, para apuração da Receita Lí- (-) PIS (3.500 x 1,65% = 57,75)
quida: 3.500 - 57,75
(=) 3.442,25
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CONTABILIDADE GERAL
D-Fornecedores 3.500
C- Compras 3.442.25 QUESTÕES
C-PIS a Recuperar 57,75

Venda…………………………….8.000 1. (FGV - 2013 - CONDER - Contador) • O patrimônio líqui-


(-) PIS (8.000 x 1,75% = 140) do inicial de uma empresa de economia mista era composto por
8.0000 - 140 $600.000 de Capital integralizado, $100.000 de Reserva Legal e $
(=) 7.860 10.000 de Reserva para futuro aumento de capital, apresentando
uma situação líquida de propriedade total dos ativos onde todos
Receita de Venda 8.000 os valores estão concentrados no ativo de giro.
• No final do ano foi apurado um lucro líquido do exercício
D - PIS 140 de$500.000 gerado exclusivamente por operações de curto prazo
C - PIS a Recolher 140 a vencer no próximo exercício financeiro.
• Na assembléia geral ordinária foi decidido que a empresa
Alguns Aspectos Contábeis da Cofins constituirá a reserva de lucro obrigatória destinando 50% de divi-
A Contribuição para financiamento da Seguridade Social (Co- dendos declarados a distribuir no início do ano subsequente e o
fins) foi criada pelo Governo federal com a finalidade de carrear saldo remanescente do lucro seria transferido para a reserva para
recursos para aplicação na área social. futuro aumento de capital.
O valor dessa contribuição é calculada no final de cada mês, me-
diante a aplicação de uma alíquota (taxa) sobre o faturamento do A variação dos saldos inicial e final do Patrimônio Líquido evi-
respectivo mês. denciado na demonstração das mutações do patrimônio líquido
do exercício findo é:
Exemplo: (A) $240.000.
Uma empresa compra mercadorias a prazo no valor de R$ (B) $250.000.
3.500, com uma alíquota de Cofins de 7,6%. E efetua uma venda (C) $260.000.
de mercadorias a vista no valor de R$ 8.000, com uma alíquota de (D) $262.500.
Cofins de 7,6%. (E) $265.000.

Compra……………………….3.500 2. (CESPE - 2014 - CADE - Contador) Com relação a princípios


(-) Cofins (3.500 x 7,6% = 266) de contabilidade sob a perspectiva do setor público, campo de
3.500 - 266 aplicação, regime contábil, sistemas de contabilidade federal, pa-
(=) 3.234 trimônio e suas variações, julgue o item a seguir.
As variações patrimoniais qualitativas são representadas por
D - Fornecedores 3.500 alterações do patrimônio público, sem que haja variação do patri-
C -Compras 3.234 mônio líquido.
C - Cofins a Recuperar 266 ( ) CERTO
( ) ERRADO
Venda………………………….8.000
(-) Cofins (8.000 x 7,6% = 608) 3. (IDECAN - 2016 - UERN - Contador) Na contabilidade os da-
8.000 - 608 dos constantes do Balanço Patrimonial são melhor interpretados
(=) 7.392 por meio das demonstrações contábeis que explicam a realidade
de suas contas. De acordo com o exposto correlacione, adequada-
Receita de Venda 8.000 mente, as colunas de acordo com a função de cada demonstração
apresentada.
D (-) Cofins 608 1. DRE.
C - Cofins a Recolher 608 2. DMPL.
3. DOAR.
4. DFC.
5. DLPAC.

( ) Variação da conta lucros acumulados.


( ) Aumento ou diminuição do Patrimônio Líquido.
( ) Variação das disponibilidades.
( ) Variação do capital circulante líquido.
( ) Variação das contas do patrimônio líquido.

A sequência está correta em:


(A) 1, 3, 2, 5, 4.
(B) 5, 1, 4, 3, 2.
(C) 4, 5, 3, 1, 2.
(D) 3, 1, 2, 4, 5.

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CONTABILIDADE GERAL
4. (CESGRANRIO - 2012 - TERMOBAHIA - Técnico de Supri- 9. (IBADE - 2019 - DEPASA - AC - Contador) Sobre os princi-
mento de Bens e Serviços - Júnior) No que diz respeito à variação pais livros contábeis exigidos pelas Normas que estabelecem aos
do patrimônio, o fato administrativo que envolve apenas as con- empresários e à sociedade empresária a obrigação de seguir um
tas patrimoniais e que não modifica o patrimônio líquido é o sistema de contabilidade com base na escrituração uniforme de
(A) misto seus livros contábeis, indique a alternativa correta:
(B)quantitativo (A) Diário e Contas Correntes.
(C) modificativo (B) Razão e Contas Correntes.
(D) permissivo (C) Livro de Inventário e Razão.
(E) permutativo (D) Livro Caixa e Contas a Pagar.
(E) Livro Diário e Razão.
5. (CESPE - 2019 - SLU-DF - Analista de Gestão de Resíduos
Sólidos - Ciências Contábeis) Com relação ao reconhecimento, à 10. (CESPE - 2013 - BACEN - Técnico - Suporte Administrativo)
avaliação, à mensuração e à escrituração de itens patrimoniais A respeito de teoria contábil, livros e registros dos fatos contábeis
passivos e do patrimônio líquido, julgue o item seguinte. e método das partidas dobradas, julgue os itens a seguir.
A conta ajuste de avaliação patrimonial, integrante do patri- O livro de apuração do lucro real é um livro contábil auxiliar,
mônio líquido, registra a variação de valor justo de instrumen- no qual os fatos contábeis são registrados por tipo de conta.
tos patrimoniais designados ao valor justo em outros resultados ( ) CERTO
abrangentes (VJORA) e será creditada quando ocorrer variação ( ) ERRADO
positiva desse valor justo.
( ) CERTO 11. (ESAF - 2004 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
( ) ERRADO Área - Auditoria e Fiscalização - Prova 3) O nosso Ativo Imobiliza-
do consta apenas de Equipamento adquirido por R$ 60.000,00,
6. (VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de em abril de 2002, e Veículo comprado em julho do mesmo ano,
Registros - Remoção) Ressalvadas as inexatidões materiais e as por R$ 45.000,00, com utilização imediata.
irregularidades constatáveis documentalmente, uma escritura Para fins de apropriar o desgaste físico, nós consideramos a
pública somente pode ser retificada vida útil de 10 anos e 5 anos, respectivamente, com valor residual
(A) mediante uma ordem judicial, tanto no âmbito administra- de 20%. O encargo de depreciação contabilizado no exercício so-
tivo quanto no âmbito jurisdicional. cial de aquisição (2002) foi no valor de
(B) por outra escritura, com o comparecimento das mesmas (A) R$ 4.500,00
partes que, na primeira, manifestaram sua vontade e participa- (B) R$ 6.600,00
ram do negócio jurídico instrumentalizado. (C) R$ 7.200,00
(C) a escritura pública é um ato jurídico perfeito e acabado e, (D) R$ 8.400,00
portanto, não admite retificação (E) R$ 12.500,00
(D) mediante uma ordem judicial, desde que no âmbito juris-
dicional 12. (ESAF - 2004 - CGU - Analista de Finanças e Controle - Área
- Auditoria e Fiscalização - Prova 3) Sobre o Plano de Contas da
7. (VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Administração Federal, não podemos afirmar que:
Registros - Remoção) Quanto à lavratura de escrituras públicas, (A) é composto também de uma tabela de eventos.
deverá o Tabelião de Notas observar as normas a seguir, exceto: (B) desdobra-se em 9 (nove) níveis, relativos a 12 (doze) dígitos,
(A) manifestação clara da vontade das partes, excluída a dos indo desde “Classe” até “Conta Corrente”.
intervenientes. (C) na Tabela de Contas Correntes, constam campos específicos
(B) referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais para “Nota de Empenho” e para “Fonte de Recursos”.
inerentes à legitimidade do ato (D) são classificadas como “Exigível a Longo Prazo” aquelas
(C) assinatura das partes e dos demais comparecentes ou, caso obrigações que são exigíveis após o término do exercício finan-
não possam ou não saibam escrever, de outras pessoas capa- ceiro seguinte.
zes, que assinarão a rogo e no lugar daqueles, cujas impressões (E) possui como conta do ativo a Conta Única do Tesouro Na-
digitais, no entanto, deverão ser colhidas mediante emprego cional.
de coletores de impressões digitais, vedada a utilização de tinta
para carimbo. 13. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
(D) assinatura do Tabelião de Notas ou a de seu substituto legal Área - Correição - Prova 2) A respeito do Balanço Orçamentário é
correto afirmar, exceto que
8. (MS CONCURSOS - 2018 - Câmara de Cabixi - RO - Conta- (A) apresenta a receita prevista e a despesa fixada.
dor) Nos livros contábeis é que são registrados os fatos contábeis. (B) o confronto da receita realizada com a despesa realizada
O livro diário apresenta as características apontadas em qual al- demonstra o resultado orçamentário.
ternativa? (C) a receita e a despesa são apresentadas por categoria eco-
(A) Obrigatório, secundário e cronológico. nômica.
(B) Facultativo, principal e sistemático. (D) não evidencia o fluxo financeiro da entidade no exercício.
(C) Facultativo, secundário e sistemático. (E) evidencia o resultado patrimonial da entidade.
(D) Obrigatório, principal e cronológico.

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CONTABILIDADE GERAL
14. (FAU - 2019 - IF-PR - Professor - Ciências Contábeis) A Lei Assinale a alternativa correta.
Federal nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007 instituiu modifica- (A) Somente a proposição V está correta.
ções na Contabilidade das Companhias em consonância com as (B) Somente as proposições II e III estão corretas.
normas internacionais de contabilidade. Assinale a única alterna- (C) Somente a proposição I, está correta.
tiva que não apresenta uma alteração na legislação brasileira que (D) Somente as proposições III e IV estão corretas.
versa sobre contabilidade: (E) Somente as proposições II e IV estão corretas.
(A) As aplicações em instrumentos financeiros destinadas à
negociação ou disponíveis para venda, inclusive derivativos, e 17. (FGV - 2013 - CONDER - Contador) Quanto aos efeitos dos
em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulan- regimes de caixa e de competência, analise as afirmativas a seguir.
te ou no realizável a longo prazo serão avaliados pelo valor de I. O lucro ou prejuízo final apurado na demonstração do re-
custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme sultado do exercício por competência do período terá sempre o
disposições legais ou contratuais. mesmo valor da variação de caixa das atividades de operações
(B) A Demonstração do Valor Adicionado representa o valor evidenciado na demonstração do fluxo de caixa.
da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os II. Uma receita de prestação de serviço recebida antecipada-
elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais mente altera o saldo de caixa sem alterar imediatamente o resul-
como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, tado do período em razão do fato gerador da receita por compe-
bem como a parcela da riqueza não distribuída. tência somente ocorrer quando da efetiva prestação do serviço.
(C) Dispensa da elaboração da Demonstração dos Fluxos de III. Uma despesa paga antecipadamente envolve somente
Caixa as companhias fechadas com patrimônio líquido inferior contas patrimoniais sendo apropriada a conta de resultado so-
a dois milhões de reais na data do balanço. mente no momento do consumo dessa transação.
(D) Divisão do patrimônio líquido em capital social, reservas
de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, Assinale:
ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(E) Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, (B) se somente a afirmativa II está correta.
enquanto não computadas no resultado do exercício em obedi- (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
ência ao regime de competência, as contrapartidas de aumen- (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
tos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado.
18. (IF-ES - 2019 - IF-ES - Técnico em Contabilidade) A empre-
15. (FEMPERJ - 2012 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - sa Cia. Sucesso vendeu no mês X1 $ 40.000, dos quais $ 22.000
Controle Externo) Os regimes de caixa e competência são também recebeu à vista e o restante receberá a prazo, no mês X2. As des-
conhecidos como regime financeiro e econômico, tendo em vista pesas no mês X1 foram de $ 28.000, sendo que $ 14.000 foram
a abordagem com que cada um reconhece e apropria receitas e pagos à vista e o restante será pago no mês X2. Considerando as
despesas. A esse respeito, é correto afirmar que: informações apresentadas, assinale a alternativa que apresenta o
(A) no regime de caixa, as despesas devem ser apropriadas de Resultado Líquido do mês X1 pelos Regimes de Caixa e Competên-
acordo com a venda efetuada no período; cia, respectivamente:
(B) no regime de competência, as receitas são reconhecidas (A) $ 20.000 e $ 12.000
proporcionalmente às vendas do período; (B) $ 32.000 e $ 26.000
(C) no regime de caixa, as despesas incorridas, mas não pagas (C) $ 10.000 e $ 2.000
dentro do exercício, provocam um passivo menor e um lucro (D) $ 8.000 e $ 12.000
maior comparativamente ao que seria apresentado pelo regi- (E) $ 8.000 e $ 6.000
me de competência;
(D) no regime de caixa, as despesas incorridas, mas não pagas 19. (AL/CE – ANALISTA LEGISLATIVO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS –
dentro do exercício, provocam um ativo maior e um passivo SUPERIOR – CESPE – 2021) De acordo com o Pronunciamento Téc-
menor comparativamente ao que seria apresentado pelo regi- nico CPC 00(R2) – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, a
me de competência; elaboração do relatório financeiro, para fins gerais, deve priorizar a
(E) no regime de competência, as despesas devem ser apro- prestação de informações financeiras que sejam úteis para a toma-
priadas de acordo com seu pagamento ou desembolso. da de decisões de
(A) investidores e credores, existentes e potenciais.
16. (TJ-SC - 2011 - TJ-SC - Analista Administrativo) Analise as (B) administradores e membros de conselhos fiscais.
proposições abaixo sobre o regime contábil governamental ado- (C) órgãos reguladores e fiscalizadores.
tado no Brasil. (D) profissionais da contabilidade e auditores independentes. 
I - Utiliza-se o regime contábil misto: caixa para a arrecadação (E) pessoas do público em geral, sem distinção.
das receitas e competência para a realização das despesas.
II - São três os regimes adotados no Brasil: caixa, competência 20. (PREFEITURA DE SÃO JOÃO DEL REI/MG – TÉCNICO EM CON-
e prudência. TABILIDADE – MÉDIO – IBGP – 2021) O objeto da contabilidade é o
III - Utiliza-se somente o regime de competência. patrimônio, que é definido como o conjunto de bens, direitos e obri-
IV - São dois: o de competência para a arrecadação das recei- gações, mensuráveis monetariamente e vinculados a uma entidade.
tas e o de caixa para a realização das despesas. Nesse contexto, é  CORRETO  afirmar que o Balanço Patrimonial é
V - São dois: o de prudência para as despesas e o de compe- a representação gráfica do patrimônio, e tecnicamente evidencia:
tência para as receitas.

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CONTABILIDADE GERAL
(A) A situação patrimonial da entidade em uma determinada (A) É obrigatória a escrituração do livro razão por qualquer pes-
data. soa jurídica.
(B) O resultado econômico decorrente da gestão patrimonial (B) A escrituração do livro razão deverá ser individualizada,
em um determinado período. obedecendo-se à ordem cronológica das operações.
(C) O saldo da equação patrimonial da entidade em uma deter- (C) O livro razão, com escrituração sintética, é auxiliar do livro
minada data. diário.
(D) Os aspectos estático e dinâmico do patrimônio da entidade.  (D) São dispensados no livro razão os termos de abertura e de
encerramento.
21. (PC/SE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – MÉDIO – CESPE – 2021) Com (E) As entidades comerciais que adotem escrituração completa
relação aos conceitos fundamentais da contabilidade e seu meca- estão obrigadas a autenticar o livro razão.
nismo de registro de fatos administrativos, julgue o item que segue. 
Contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra as va- 26. (DPU - Contador - CESPE) A respeito dos componentes patri-
riações expressas na equação fundamental do patrimônio, as quais moniais e dos fatos contábeis, julgue o item a seguir.
afetam a situação líquida patrimonial.  O recebimento de vendas a prazo é considerado um fato contá-
( ) CERTO bil permutativo, visto que ele não provoca alterações no patrimônio
( ) ERRADO líquido da entidade e modifica apenas a composição do ativo circu-
lante com o aumento das disponibilidades.
22. (FUNSAÚDE/CE – TÉCNICO EM CONTABILIDADE – MÉDIO – ( ) CERTO
FGV – 2021) O campo de atuação da Contabilidade é muito amplo e ( ) ERRADO
abrange diferentes segmentos. Com relação às finalidades de cada
segmento, assinale a afirmativa correta. 27. (Prefeitura de Niterói/RJ - Contador - COSEA) Das operações
(A) A Contabilidade de Custos é utilizada exclusivamente pela que alteram a estrutura contábil do patrimônio líquido de uma em-
Contabilidade Gerencial.  presa, a que NÃO gera nem aumento nem diminuição do total do
(B) A Contabilidade Gerencial abrange as informações a serem patrimônio líquido é
fornecidas aos tomadores de decisão, isto é, às pessoas inter- (A) constituição de dividendos a pagar
nas à organização.  (B) aproveitamento de reserva de lucros para aumento de ca-
pital social.
(C) A Contabilidade Fiscal tem como objetivo orientar investi-
(C) encerramento de exercício com apuração de prejuízos.
dores e credores na decisão de onde alocar seus recursos.
(D) aumento de capital por aporte.
(D) A Contabilidade Financeira é utilizada internamente para
(E) encerramento de exercício com apuração de lucros.
decisões sobre a produção de novos produtos. 
(E) A Contabilidade Pública objetiva fornecer informação ao
28. (TJ/SP - Contador Judiciário - VUNESP) Passivo é:
Governo, principalmente à Secretaria da Receita Federal do
(A) uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos
Brasil. 
já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de
recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos.
23. (IMBEL – CONTADOR – SUPERIOR – FGV – 2021) Assinale a (B) uma obrigação possível que resulta de eventos passados e
opção que indica a situação em que a receita mensal contabilizada cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não
pelo Regime de Competência e pelo Regime de Caixa é a mesma.   de um ou mais eventos futuros incertos, mas que está total-
(A) Venda a prazo de passagem aérea para ser utilizada ime- mente sob controle da entidade.
diatamente. (C) um evento futuro que cria uma coobrigação legal ou não
(B) Venda de curso mensal de informática, cujo pagamento formalizada que faça com que a entidade não tenha nenhuma
ocorre no último dia útil do mês das aulas.  alternativa realista senão liquidar ou postergar essa obrigação.
(C) Venda à vista de plano trimestral em uma academia.  (D) uma obrigação presente ou passada da entidade, deriva-
(D) Venda à vista de assinatura anual de revista. da de eventos ocorridos ou a incorrer, cuja liquidação poderá
(E) Recebimento de dinheiro por encomenda de roupa que fi- ocorrer por pagamento ou troca com ativos.
cará pronta em dois meses. (E) uma obrigação provável resultante de eventos presentes e
cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não
24. (TRT 10ª Região - Analista Judiciário - CESPE) O balanço pa- de um ou mais eventos futuros certos e pela saída de recursos
trimonial e o de resultado econômico devem ser lançados no livro da entidade ou mesmo pela troca por ativos.
razão. Ambos têm de ser assinados por técnico em ciências contá-
beis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empre- 29. (CEGAS – Assistente Técnico – Administrativo e Financeiro –
sária. IESES) O lucro líquido de uma organização é apresentado em qual
( ) CERTO demonstração contábil?
( ) ERRADO (A) Demonstração do Resultado do Exercício.
(B) Demonstração de Fluxo de Caixa.
25. (TRE/BA - Técnico Judiciário - CESPE) A pessoa jurídica tri- (C) Balanço Patrimonial.
butada com base no lucro real deverá manter o livro razão ou fi- (D) Inventário Periódico.
chas utilizadas para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os
lançamentos efetuados no livro diário. Com relação ao livro razão,
assinale a opção correta.

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
30. (UFG – Auditor – CS-UFG) A partir do conhecimento das re-
ceitas e despesas, pode-se estruturar a Demonstração de Resulta-
ANOTAÇÕES
do, que tem como objetivo principal apresentar, de forma vertical
resumida, ______________________________________________________
(A)O resultado apurado em relação ao conjunto de operações
realizadas num determinado período. ______________________________________________________
(B)A capacidade da entidade de pagar seus empregados e pro-
porcionar-lhes outros benefícios. ______________________________________________________
(C)O rendimento vinculado às políticas tributárias e de distri-
______________________________________________________
buição de lucros e dividendos.
(D)A decisão de manter ou vender um investimento em ações ______________________________________________________
resultantes de operações financeiras.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 CERTO
______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 E
5 CERTO ______________________________________________________
6 B ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 D
9 E ______________________________________________________

10 ERRADO ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 E
14 A ______________________________________________________
15 C ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 E
18 E ______________________________________________________

19 A ______________________________________________________
20 A _____________________________________________________
21 CERTO
_____________________________________________________
22 B
23 B ______________________________________________________
24 ERRADO ______________________________________________________
25 B
______________________________________________________
26 CERTO
______________________________________________________
27 B
28 A ______________________________________________________
29 A ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA
AO SETOR PÚBLICO

- Aqueles que utilizam os serviços oferecidos pelo Governo e


NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL - ESTRUTURA CONCEI-
pelas entidades do setor público;
TUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE INFORMA-
- Os provedores dos recursos que financiam esses serviços.
ÇÃO CONTÁBIL DE PROPÓSITO GERAL PELAS ENTIDADES
Observação: Assim como os usuários citados acima, os mem-
DO SETOR PÚBLICO. RELATÓRIO CONTÁBIL DE PROPÓSITO
bros do Poder Legislativo são considerados usuários primários dos
GERAL DAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO (RCPG): OB-
RCPGs, já que são os representantes dos mais interessados na des-
JETIVOS E USUÁRIOS; PRESTAÇÃO DE CONTAS E RESPON-
tinação dos recursos - os cidadãos -, que exercem fortemente a
SABILIZAÇÃO (ACCOUNTABILITY) E TOMADA DE DECISÃO;
função fiscalizadora desses relatórios.
A CONTINUIDADE DAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO;
SITUAÇÃO PATRIMONIAL, DESEMPENHO E FLUXOS DE Além dos usuários primários, os RCPGs também devem aten-
CAIXA; REGIME DE COMPETÊNCIA E REGIME DE CAIXA. der àqueles que não são considerados cidadãos, mas que utilizam
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO: os serviços, ou seja, provedores de recursos e que dependam dos
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS; RCPGs para a tomada de decisão, prestação de contas e responsa-
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA. bilização (accountability).
CARACTERÍSTICAS DA ENTIDADE QUE REPORTA A Logo, a própria NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL exemplifica
INFORMAÇÃO CONTÁBIL. os “indivíduos que pagam tributos e recebem benefícios, mas não
são cidadãos; agências bilaterais ou multilaterais; fornecedores de
Diante da globalização e do estreitamento das relações entre recursos e corporações que realizam transações com o Governo; e
os países, viu-se a necessidade de uma padronização das Normas aqueles que financiam e/ou se beneficiam dos serviços fornecidos
Internacionais da Contabilidade. Isso se tornou importante para por organizações governamentais internacionais” como interessa-
que a comparabilidade e transparência dos relatórios fossem pre- dos nas informações contidas no RCPGs.
servadas. No entanto, há outros usuários dos relatórios, os quais podem
Dessa maneira, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) se apropriar da informação para usá-la de distintas formas. Como,
passou a ter como uma de suas funções a tradução das normas in- por exemplo:
ternacionais, que, no caso do Setor Público, são produzidas e emi- “os responsáveis pelas estatísticas de finanças públicas, os ana-
tidas pelo International Federation of Accountants (IFAC) e adapta- listas, a mídia, os consultores financeiros, os grupos de interesse
das para o contexto brasileiro. Em 23 de Setembro de 2016, o CFC público ou privado”
aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) e suas técnicas Além das organizações que possuem a prerrogativa de exigir a
aplicadas ao Setor Público, formando, assim, a NBC TSP ESTRUTURA elaboração do relatório contábil, há também:
CONCEITUAL. “agências reguladoras e supervisoras, entidades de auditoria,
Portanto, a Estrutura Conceitual traz os conceitos que devem comissões do Poder Legislativo ou outro órgão do Governo, órgãos
ser levados em consideração pelas entidades públicas, na elabora- centrais de orçamento e controle, gestão da entidade, agências de
ção e divulgação dos seus relatórios contábeis. classificação de risco e, em alguns casos, entidades emprestadoras
Agora, se a atividade finalística do Estado é prestação de servi- de recursos e de fomento”
ços à sociedade, qual a utilidade dessas informações para os seus Portanto, a essencialidade dos RCPGs é que eles devem ser ela-
usuários? borados de modo que as necessidades de todos os usuários sejam
Então, para que haja a prestação de serviços pelo Estado são atendidas, contendo informações úteis e relevantes para a tomada
necessários recursos que financiem esses gastos. Diante do princi- de decisão, prestação de contas e responsabilização (accountabili-
pio Constitucional da “Eficiência”, o Estado deve oferecer o máximo ty).
com os recursos à sua disposição. Nesse sentido, encontra-sea im- Nesse sentido, a ilustração abaixo demonstra a relação de co-
portância dos relatórios contábeis para os seus usuários, os quais laboração entre o Governo e os principais usuários dos RCPGs, a
acabam por ter uma função fiscalizatória sobre o dinheiro público. qual enfatiza a conversão dos recursos monetários - entregues pe-
Além disso, há outras informações que podem ser retiradas los usuários - em prestação de serviços – geridos e executados pelo
desses relatórios, como: Governo e entidades públicas.
- a capacidade de prestação de serviços da entidade;
- os recursos disponíveis para gastos futuros;
- mudanças na carga tributária.
Agora, quem são os usuários desses relatórios emitidos pelas
entidades do setor público?
Os principais usuários dos Relatórios Contábeis de Propósito
Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs) - como são conheci-
dos – são:

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
O equilíbrio entre esses agentes internos da economia só é mente em suas disposições constitucionais e em suas metodolo-
permitido pela evidenciação e registros contábeis emitidos pelo gias de funcionamento. No entanto, a governança no setor público,
Governo e suas entidades. Mas, de que valeria, no contexto mun- geralmente, envolve a realização de prestação de contas do Poder
dial da globalização, um país equilibrado internamente e que não Executivo para o Poder Legislativo.
se comunica com os demais, economicamente? Por isso a Estrutura 4. As seções a seguir destacam as características do setor pú-
Conceitual é importante, pois auxilia no diálogo do Brasil com os blico selecionadas para serem incluídas no desenvolvimento desta
demais países, transmitindo suas informações com maior transpa- estrutura conceitual.
rência e fidedignidade, no momento em que seguem um “padrão
internacional”.1 Volume e significância das transações sem contraprestação
5. Em transação sem contraprestação, a entidade recebe o
NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE - NBC TSP ES- valor da outra parte sem dar diretamente em troca valor aproxi-
TRUTURA CONCEITUAL, DE 23.09.2016 madamente igual. Tais transações são comuns no setor público. A
Aprova a NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Concei- quantidade e a qualidade dos serviços públicos prestados a um in-
tual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Pro- divíduo ou a um grupo de indivíduos, normalmente, não são direta-
pósito Geral pelas Entidades do Setor Público. mente proporcionais ao volume de tributos cobrados. O indivíduo
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de ou o grupo pode ter que pagar tarifa ou taxa adicional e/ou pode
suas atribuições legais e regimentais e com fundamento no dispos- estar sujeito a cobranças específicas para ter acesso a determina-
to na alínea “f” do Art. 6º do Decreto-Lei nº 9.295/1946, alterado dos serviços.
pela Lei nº 12.249/2010, faz saber que foi aprovada em seu Plenário No entanto, essas operações são, geralmente, transações sem
a seguinte Norma Brasileira de Contabilidade (NBC): contraprestação, porque o valor dos benefícios que indivíduo ou
NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CONCEITUAL grupo de indivíduos pode obter não será aproximadamente igual
PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL DE ao valor de quaisquer cobranças pagas por eles. A natureza das
PROPÓSITO GERAL PELAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO transações sem contraprestação pode impactar a forma pela qual
elas são reconhecidas, mensuradas e evidenciadas, no sentido de
Prefácio dar suporte às avaliações por parte dos usuários dos serviços e dos
Introdução provedores de recursos.
6. A tributação é uma transação que ocorre por força de lei e,
1. A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de In-
portanto, uma transação sem contraprestação entre entidades (ou
formação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Pú-
indivíduos) e o governo. A distribuição das competências tributárias
blico (Estrutura Conceitual) estabelece os conceitos que devem ser
entre os níveis de governo não é uniforme e depende da relação
aplicados no desenvolvimento das demais Normas Brasileiras de
entre as competências tributárias do governo federal, dos demais
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCs TSP) do Conselho
entes federativos e de outras entidades do setor público. As entida-
Federal de Contabilidade (CFC) destinados às entidades do setor
des internacionais do setor público são financiadas principalmente
público.
por meio de transferências oriundas dos governos. Tal financiamen-
Além disso, tais conceitos são aplicáveis à elaboração e à divul-
to pode ser regido por tratados e convenções e pode também ser
gação formal dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Enti-
voluntário.
dades do Setor Público (RCPGs).
7. Os governos e outras entidades do setor público são res-
2. O objetivo principal da maioria das entidades do setor pú- ponsabilizáveis perante os provedores de recursos, especialmente
blico é prestar serviços à sociedade, em vez de obter lucros e gerar àqueles que provêm esses recursos por meio do pagamento de
retorno financeiro aos investidores. Consequentemente, o desem- obrigações tributárias e de outras obrigações da mesma natureza.
penho de tais entidades pode ser apenas parcialmente avaliado por O objetivo da prestação de contas e responsabilização (accountabi-
meio da análise da situação patrimonial, do desempenho e dos flu- lity) relacionado com a elaboração e divulgação dos RCPGs consta
xos de caixa. no Capítulo 2, intitulado Objetivos e Usuários da Informação Contá-
Os RCPGs fornecem informações aos seus usuários para subsi- bil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público.
diar os processos decisórios e a prestação de contas e responsabili-
zação (accountability). Importância do orçamento público
Portanto, os usuários dos RCPGs das entidades do setor público
precisam de informações para subsidiar as avaliações de algumas 8. O governo e outras entidades do setor público elaboram
questões, tais como: orçamentos. No Brasil, a Constituição exige a elaboração do orça-
(a) se a entidade prestou seus serviços à sociedade de maneira mento anual, a sua aprovação pelo poder Legislativo e a sua dis-
eficiente e eficaz; ponibilização à sociedade. A legislação brasileira define o que a
(b) quais são os recursos atualmente disponíveis para gastos peça orçamentária deve conter. A sociedade fiscaliza a gestão das
futuros, e até que ponto há restrições ou condições para a utilização entidades públicas diretamente, respaldada pela Constituição, ou
desses recursos; indiretamente, por meio de representantes. O orçamento aprovado
(c) a extensão na qual a carga tributária, que recai sobre os con- é utilizado como base para a definição dos níveis de tributação e de
tribuintes em períodos futuros para pagar por serviços correntes, outras receitas, compondo o processo de obtenção de autorização
tem mudado; e legislativa para a realização do gasto público.
(d) se a capacidade da entidade para prestar serviços melhorou 9. Devido à importância do orçamento público aprovado, as in-
ou piorou em comparação com exercícios anteriores. formações que possibilitam aos usuários compararem a execução
orçamentária com o orçamento previsto facilitam a análise quanto
3. Os governos geralmente têm amplos poderes, incluindo a
ao desempenho das entidades do setor público. Tais informações
capacidade de estabelecer e fazer cumprir requisitos legais e alterar
instrumentalizam a prestação de contas e a responsabilização (ac-
esses requisitos. Globalmente, o setor público varia consideravel-
countability) e fornecem subsídios para o processo decisório rela-
1 Fonte: www.mmpcursos.com.br
tivo aos orçamentos dos exercícios subsequentes. A elaboração de
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
demonstrativo que apresenta e compara a execução do orçamento e outros artefatos. Os entes públicos também podem ser responsá-
com o orçamento previsto é o mecanismo normalmente utilizado veis por parques nacionais e outras áreas naturais relevantes com
para demonstrar a conformidade com os requisitos legais relativos fauna e flora nativas. Esses itens geralmente não são mantidos para
às finanças públicas. As necessidades dos usuários quanto às infor- serem vendidos, mesmo que o mercado para eles exista. Além dis-
mações orçamentárias são discutidas no Capítulo 2. so, os governos e as entidades do setor público, normalmente, têm
a responsabilidade de preservá-los e mantê-los para as gerações
Natureza dos programas e longevidade do setor público atuais e futuras.
16. Governos frequentemente exercem poderes sobre recursos
10. Muitos programas do setor público são de longo prazo, e a
naturais e outros recursos, como reservas minerais, água, áreas de
capacidade para cumprir os compromissos depende dos tributos e
pesca, florestas e o espectro eletromagnético (bandas de frequên-
das contribuições a serem arrecadados no futuro. Muitos compro-
cia de transmissões de telecomunicações). Esses poderes conferem
missos decorrentes dos programas do setor público e as prerroga-
aos governos a prerrogativa de concessão de licenças, a obtenção
tivas para cobrar e arrecadar tributos futuros não se encaixam nas
de royalties ou a arrecadação de tributos pela utilização desses re-
definições de ativo e passivo apresentados no Capítulo 5, intitulado
cursos. A definição e os critérios de reconhecimento de ativo são
Elementos das Demonstrações Contábeis. Portanto, os compromis-
discutidos nos capítulos 5, intitulado Elementos das Demonstrações
sos e as prerrogativas com essa característica não são reconhecidos
Contábeis, e 6, intitulado Reconhecimento nas Demonstrações Con-
nas demonstrações contábeis.
tábeis.
11. Consequentemente, as demonstrações que evidenciam a
17. Governos e outras entidades do setor público incorrem em
situação patrimonial e o desempenho não fornecem todas as in-
passivos relacionados aos seus objetivos de prestação de serviços.
formações que os usuários precisam conhecer a respeito dos pro-
Muitos passivos são oriundos de transações sem contrapres-
gramas de longo prazo. Os efeitos financeiros de determinadas de-
tação e isso inclui aqueles relacionados a programas direcionados
cisões poderão ser observados após muitos anos. Dessa forma, os
ao fornecimento de benefícios sociais. Os passivos também podem
RCPGs, ao conterem informações financeiras prospectivas acerca
ser oriundos do papel governamental de credor em última instân-
da sustentabilidade em longo prazo das finanças e de programas
cia de entidades com problemas financeiros, e podem ser oriundos
essenciais da entidade do setor público, são documentos necessá-
de quaisquer obrigações de transferência de recursos para afetados
rios para fins de prestação de contas e responsabilização (accounta-
por desastres.
bility) e tomada de decisão, como será visto no Capítulo 2.
A definição de passivo e os critérios de reconhecimento são
12. Embora o controle político possa mudar periodicamente, os
discutidos nos capítulos 5 e 6.
estados soberanos, geralmente, têm existências muito longas. Eles
continuam a existir mesmo que passem por severas dificuldades fi-
Papel regulador das entidades do setor público
nanceiras e se tornem inadimplentes com as obrigações oriundas
da sua respectiva dívida soberana. Se os entes subnacionais passa- 18. Muitos governos e outras entidades do setor público pos-
rem por dificuldades financeiras, os governos nacionais podem, por suem poder de regulação de entidades que operam em determina-
exemplo, agir como credores em última instância ou podem prestar dos setores da economia, de forma direta ou por meio de agências
garantias em larga escala para os empréstimos tomados por esses reguladoras. A principal razão da regulação é assegurar o interesse
entes. Nesse exemplo, os principais compromissos de prestação de público de acordo com objetivos definidos nas políticas públicas.
serviços das entidades subnacionais podem continuar a serem fi- A intervenção regulatória também pode ocorrer quando exis-
nanciados pelo governo nacional (ou central). Em outros exemplos, tem mercados imperfeitos ou falhas de mercado para determinados
as entidades do setor público que são incapazes de liquidar as suas serviços, ou, ainda, para mitigar alguns fatores, como, por exemplo,
obrigações na data de vencimento podem continuar a existir por a poluição. Essas atividades regulatórias são conduzidas de acordo
meio da reestruturação de suas operações. com o estabelecido na legislação.
13. A continuidade das entidades do setor público (going con- 19. Governos podem também se autorregularem e regularem
cern principle) fundamenta a elaboração das demonstrações con- outras entidades do setor público. Pode ser necessário um julga-
tábeis. mento para determinar se a regulação cria direitos ou obrigações
É necessário que a interpretação desse princípio expresse as para as entidades do setor público, os quais irão requerer o reco-
questões discutidas nos itens 11 e 12. nhecimento de ativos e passivos, ou se a prerrogativa de modificar
essa regulação exerce impacto na forma que tais direitos e obriga-
Natureza e propósito dos ativos e passivos no setor público ções são contabilizados.
O Capítulo 5 aborda os direitos e as obrigações das entidades
14. No setor público, a principal razão de se manterem ativos
do setor público.
imobilizados e outros ativos é voltada para o potencial de serviços
desses ativos e, não, para a sua capacidade de gerar fluxos de caixa.
Relacionamento com as estatísticas de finanças públicas (EFP)
Em razão dos tipos de serviços prestados, uma parcela signifi-
cativa dos ativos utilizados pelas entidades do setor público é espe- 20. Muitos governos produzem dois tipos de informações fi-
cializada, como, por exemplo, os ativos de infraestrutura e os ativos nanceiras ex-post: (a) Estatísticas de Finanças Públicas (EFP) do
militares. Setor Governo Geral (SGG), com o propósito de permitir a análise
Pode existir mercado limitado para esses ativos e, mesmo as- macroeconômica e a tomada de decisão; e (b) Demonstrações Con-
sim, eles podem necessitar de uma considerável adaptação para tábeis de Propósito Geral (Demonstrações Contábeis) para a pres-
serem utilizados por outros operadores. Esses fatores têm implica- tação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de
ções para a mensuração desses ativos. O Capítulo 7, intitulado Men- decisão ao nível da entidade, incluindo as demonstrações contábeis
suração de Ativos e Passivos nas Demonstrações Contábeis, discute consolidadas do governo.
as bases de mensuração dos ativos no setor público. 20A. Os objetivos das informações contábeis e das estatísticas
15. Governos e outras entidades do setor público podem man- de finanças públicas são distintos e podem ocasionar interpreta-
ter itens que contribuam para o legado cultural e histórico da nação ções diferentes para o mesmo fenômeno, mas deve-se buscar, sem-
ou da região, como, por exemplo, obras de arte, prédios históricos pre que possível, o alinhamento entre essas informações.
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
21. (Não convergido). e considerar a aplicabilidade das definições, dos critérios de reco-
22. As demonstrações contábeis e os relatórios de EFP têm nhecimento, dos princípios de mensuração e de outros conceitos
muito em comum. Ambas as estruturas de relatórios estão voltadas identificados nesta estrutura conceitual.
para (a) informação contábil, baseada no regime de competência,
(b) ativos, passivos, receitas e despesas governamentais e (c) infor- Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor
mações abrangentes sobre os fluxos de caixa. Há uma considerável Público (RCPG)
sobreposição entre as duas estruturas de relatórios que sustentam
1.4 Os RCPGs são os componentes centrais da transparência da
essas informações.
informação contábil dos governos e de outras entidades do setor
23. No entanto, as NBCs TSP e as diretrizes para relatórios de
público, aprimorando-a e favorecendo-a. Os RCPGs são relatórios
EFP têm objetivos diferentes. O objetivo das demonstrações con-
contábeis elaborados para atender às necessidades dos usuários
tábeis das entidades do setor público é o fornecimento de infor-
em geral, não tendo o propósito de atender a finalidades ou neces-
mações úteis sobre a entidade que reporta a informação, voltadas
sidades específicas de determinados grupos de usuários.
para os usuários dos RCPGs para fins de prestação de contas e
1.5 Alguns usuários da informação contábil podem ter a prer-
responsabilização (accountability) e para a tomada de decisão. Os
rogativa de exigir a elaboração de relatórios para atender às suas
relatórios de EFP são utilizados, principalmente, para: (a) analisar
necessidades específicas. Mesmo que esses usuários identifiquem
opções de política fiscal, definir essas políticas e avaliar os seus im-
que a informação fornecida pelos RCPGs seja útil aos seus propósi-
pactos; (b) determinar o impacto sobre a economia; e (c) comparar
tos, esses relatórios não são elaborados especificamente para aten-
os resultados fiscais nacional e internacionalmente. O foco é sobre
der a essas necessidades.
a avaliação do impacto do SGG e do setor público em geral sobre a
1.6 Os RCPGs podem compreender múltiplos relatórios, cada
economia, no âmbito da estrutura conceitual das estatísticas ma-
qual atendendo a certos aspectos dos objetivos e do alcance da ela-
croeconômicas.
boração e divulgação da informação contábil. Os RCPGs abrangem
24. Os objetivos e o alcance distintos levam ao tratamento tam-
as demonstrações contábeis, incluindo as suas notas explicativas
bém distinto de algumas transações e eventos. A eliminação das
(doravante referido como demonstrações contábeis, a menos que
diferenças não fundamentais para os objetivos das duas estruturas
especificado em contrário). Os RCPGs abrangem também a apre-
conceituais e a utilização de um único sistema de informação con-
sentação de informações que aprimoram, complementam e suple-
tábil integrado para gerar tanto as demonstrações contábeis quanto
mentam as demonstrações contábeis.
os relatórios de EFP podem proporcionar benefícios aos usuários
em termos de qualidade, tempestividade e compreensibilidade dos 1.7 O alcance da elaboração e divulgação da informação con-
relatórios. tábil estabelece o limite relacionado às transações e outros even-
Essas questões e suas implicações foram consideradas no de- tos e atividades que podem ser reportados nos RCPGs. O alcance
senvolvimento dos capítulos 2, 4, e 7. dos relatórios é determinado pela necessidade de informações dos
usuários primários dos RCPGs e pelos objetivos da elaboração e
divulgação da informação contábil. Os fatores que determinam o
CAPÍTULO 1
que deve estar no alcance da informação contábil são abordados
FUNÇÃO, AUTORIDADE E ALCANCE DA ESTRUTURA CON- no Capítulo 2.
CEITUAL
Alcance da estrutura conceitual e das NBCs TSP
Função
1.8 (Não convergido).
1.1 A estrutura conceitual estabelece os conceitos que funda- 1.8A Esta estrutura conceitual e as demais NBCs TSP aplicam-
mentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de -se, obrigatoriamente, às entidades do setor público quanto à ela-
Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs), os quais boração e divulgação dos RCPGs. Estão compreendidos no conceito
devem ser elaborados com base no regime de competência. O Con- de entidades do setor público: os governos nacionais, estaduais,
selho Federal de Contabilidade (CFC) aplicará estes conceitos no de- distrital e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os
senvolvimento das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas tribunais de contas, as defensorias e o Ministério Público), órgãos,
ao Setor Público (NBCs TSP) e nas demais disposições aplicáveis à secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações (insti-
elaboração e divulgação dos RCPGs. Autoridade tuídas e mantidas pelo poder público), fundos, consórcios públicos
1.2 (Não convergido). e outras repartições públicas congêneres das administrações direta
1.2A Os requisitos obrigatórios relacionados ao reconhecimen- e indireta (inclusive as empresas estatais dependentes).
to, mensuração e apresentação das transações e outros eventos e 1.8B As empresas estatais dependentes são empresas contro-
atividades evidenciados nos RCPGs são especificados nas demais ladas que recebem do ente controlador recursos financeiros para
NBCs TSP, aplicando-se, subsidiariamente, os conceitos descritos pagamento de despesas com pessoal, despesas de custeio em geral
nesta estrutura conceitual. ou despesas de capital, excluídos, no último caso, aqueles prove-
1.2B Em caso de eventual conflito entre esta estrutura concei- nientes de aumento de participação acionária.
tual e outras NBCs TSP, prevalecem as disposições específicas vigen- 1.8C As empresas estatais independentes são todas as demais
tes nestas últimas em relação às constantes na primeira. As referên- empresas controladas pelas entidades do setor público que não se
cias às NBCs TSP abrangem as NBCs T 16 nas partes não revogadas enquadram nas características expostas no item 1.8B, as quais, em
destas últimas (ver dispositivos de revogação nas disposições finais princípio, não estão no alcance desta estrutura conceitual e das de-
desta estrutura conceitual e nas demais NBCs TSP). mais NBCs TSP (ver item 1.8D).
1.3 Esta estrutura conceitual pode fornecer orientações para 1.8D As demais entidades não compreendidas no item 1.8A,
lidar com situações a serem evidenciadas pelas entidades do setor incluídas as empresas estatais independentes, poderão aplicar esta
público que não são tratadas por outras NBCs TSP ou por outras estrutura conceitual e as demais NBCs TSP de maneira facultativa
disposições do CFC aplicáveis às entidades do setor público. Nessas ou por determinação dos respectivos órgãos reguladores, fiscaliza-
circunstâncias, os profissionais da contabilidade podem consultar dores e congêneres.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
CAPÍTULO 2 ções que possuem a prerrogativa de exigir a elaboração de relatório
OBJETIVOS E USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL DE contábil estruturado para atender as suas necessidades específicas
PROPÓSITO GERAL DAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO de informação podem também utilizar a informação fornecida pe-
los RCPGs para os seus propósitos - como, por exemplo: agências
Objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil reguladoras e supervisoras, entidades de auditoria, comissões do
poder Legislativo ou de outro órgão do governo, órgãos centrais
2.1 Os objetivos da elaboração e divulgação da informação de orçamento e controle, agências de classificação de risco e, em
contábil estão relacionados ao fornecimento de informações sobre alguns casos, entidades emprestadoras de recursos e de fomento.
a entidade do setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs Mesmo que esses outros indivíduos ou entidades encontrem infor-
para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e mações úteis nos RCPGs, eles não são usuários primários desses
tomada de decisão. relatórios. Assim, os RCPGs não são elaborados e divulgados para
2.2 A elaboração e a divulgação de informação contábil não são atender a necessidades de informações específicas ou particulares.
um fim em si mesmas. O propósito é o de fornecer informações
úteis aos usuários dos RCPGs. Os objetivos da elaboração e divulga- Prestação de contas e responsabilização (accountability) e to-
ção da informação contábil são determinados com base nos usuá- mada de decisão
rios dos RCPGs e suas necessidades de informações.
2.7 A principal função dos governos e de outras entidades do
Usuários dos RCPGs setor público é a de fornecer serviços que aprimorem ou mante-
nham o bem-estar dos cidadãos e dos outros indivíduos. Esses ser-
2.3 Governos e outras entidades do setor público obtêm re- viços incluem, por exemplo: programas e políticas de bem-estar,
cursos dos contribuintes, doadores, credores por empréstimos e de educação pública, segurança nacional e defesa nacional. Na maioria
outros provedores de recursos para serem utilizados na prestação dos casos, esses serviços são fornecidos como resultado de transa-
de serviços aos cidadãos e aos outros usuários. Essas entidades são ção sem contraprestação em ambiente não competitivo.
responsáveis pela gestão e utilização dos recursos perante os usu- 2.8 Governos e outras entidades do setor público devem pres-
ários desses serviços. Aqueles que provêm os recursos também re- tar contas àqueles que provêm os seus recursos, bem como àqueles
querem informações que sirvam de base para a tomada de decisão. que dependam deles para que os serviços sejam prestados durante
2.4 Consequentemente, os RCPGs devem ser elaborados e di- determinado exercício ou em longo prazo. O atendimento das obri-
vulgados, principalmente, para atender às necessidades de infor- gações relacionadas à prestação de contas e responsabilização (ac-
mações dos usuários dos serviços e dos provedores de recursos, countability) requer o fornecimento de informações sobre a gestão
quando estes não detêm a prerrogativa de exigir que a entidade do dos recursos da entidade confiados com a finalidade de prestação
setor público divulgue as informações que atendam às suas neces- de serviços aos cidadãos e aos outros indivíduos, bem como a sua
sidades específicas. Os membros do poder Legislativo são também adequação à legislação, regulamentação ou outra norma que dis-
usuários primários dos RCPGs e utilizam extensiva e continuamente ponha sobre a prestação dos serviços e outras operações. Em razão
esses relatórios enquanto atuam como representantes dos interes- da maneira pela qual os serviços prestados pelas entidades do se-
ses dos usuários de serviços e dos provedores de recursos. Assim, tor público são financiados (principalmente pela tributação e outras
para os propósitos desta estrutura conceitual, os usuários primários transações sem contraprestação) e da dependência dos usuários
dos RCPGs são os usuários dos serviços e seus representantes e os dos serviços no longo prazo, o atendimento das obrigações relacio-
provedores de recursos e seus representantes (doravante identifi- nadas à prestação de contas e responsabilização (accountability)
cados como usuários dos serviços e provedores de recursos, a não requer também o fornecimento de informação sobre o desempe-
ser que sejam identificados de outra forma). nho da prestação dos serviços durante o exercício e a capacidade
2.5 Os cidadãos recebem os serviços do governo e de outras de continuidade dos mesmos em exercícios futuros.
entidades do setor público e proveem parte dos recursos para esse 2.9 Os usuários dos serviços e os provedores de recursos tam-
fim. Assim, eles são usuários primários dos RCPGs. Alguns usuários bém exigem informações como insumo para a tomada de decisão,
dos serviços e alguns provedores de recursos que dependem dos como, por exemplo:
RCPGs para obter informações que eles necessitam para os propó- (a) credores, doadores e outros que provêm recursos volunta-
sitos de prestação de contas e responsabilização (accountability) e riamente, incluindo transação com contraprestação, tomam deci-
tomada de decisão podem não ser cidadãos, como, por exemplo: sões sobre se provêm recursos para dar suporte às atividades atuais
indivíduos que pagam tributos e recebem benefícios e não são con- ou futuras do governo ou de outra entidade do setor público. Em
siderados cidadãos; agências bilaterais ou multilaterais; provedores algumas circunstâncias, os membros do legislativo ou órgão repre-
de recursos e corporações que realizam transações com o governo; sentativo semelhante, que dependem dos RCPGs para obter a in-
bem como aqueles que financiam e/ou se beneficiam dos serviços formação de que necessitam, podem tomar ou influenciar as deci-
fornecidos por organizações governamentais internacionais. Na sões sobre os objetivos da prestação do serviço dos departamentos,
maioria dos casos, os governos que provêm recursos para as organi- órgãos ou programas do governo e os recursos alocados para dar
zações governamentais internacionais são dependentes dos RCPGs suporte à sua realização; e
daquelas organizações para fins de prestação de contas e responsa- (b) os contribuintes normalmente não provêm recursos ao
bilização (accountability) e tomada de decisão. governo ou a outra entidade do setor público voluntariamente ou
2.6 Os RCPGs, elaborados para atender às necessidades de in- como resultado de transação com contraprestação. Além disso, em
formações dos usuários dos serviços e provedores de recursos com muitos casos, eles não detêm a prerrogativa de escolher se aceitam
a finalidade de prestação de contas e responsabilização (accounta- ou não os serviços prestados pela entidade do setor público ou de
bility) e tomada de decisão, podem também fornecer informações escolher um prestador alternativo do serviço. Consequentemente,
úteis para outros indivíduos ou entidades para propósitos distintos. eles têm pouca capacidade direta ou imediata para tomar decisões
Por exemplo, os responsáveis pelas estatísticas de finanças pú- sobre prover recursos ao governo, sobre os recursos a serem alo-
blicas, os analistas, a mídia, os consultores financeiros, os grupos cados para a prestação dos serviços por entidade do setor públi-
de interesse público ou privado podem entender que a informação co em particular ou, ainda, se compram ou consomem os serviços
fornecida pelos RCPGs é útil para os seus propósitos. As organiza-
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
prestados. Entretanto, os usuários dos serviços e os provedores de (b) o alcance, o volume e o custo dos serviços prestados duran-
recursos podem tomar decisões sobre as suas preferências de voto te o exercício são apropriados, bem como os montantes e as fontes
e das representações que delegam aos eleitos ou aos órgãos gover- de recuperação dos custos; e
namentais essas decisões, em tese, podem ter implicação na aloca- (c) a carga tributária atual e outros recursos angariados são su-
ção de recursos para determinadas entidades, setores ou serviços ficientes para manter o volume e a qualidade dos serviços presta-
públicos. dos atualmente.
2.10 A informação fornecida nos RCPGs para fins de prestação Os usuários dos serviços exigem, também, informação sobre
de contas e responsabilização (accountability) subsidia e contribui as consequências das decisões tomadas e das atividades realizadas
para a tomada de decisão. Por exemplo, as informações sobre os pela entidade durante o exercício e sobre os recursos disponíveis
custos, a eficiência ou a eficácia das atividades de prestação de ser- para dar suporte à prestação de serviços em períodos futuros, às
viços no passado, o montante e as fontes de recuperação de custos atividades e objetivos da prestação de serviços, aos montantes e
e os recursos disponíveis para dar suporte às atividades futuras, são às fontes de recuperação dos custos necessários para dar suporte
necessárias para o atendimento da prestação de contas e respon- a essas atividades.
sabilização (accountability). Essa informação também é útil para a 2.13 Os provedores de recursos exigem informação como sub-
tomada de decisão pelos usuários dos RCPGs, inclusive as decisões sídio para as avaliações sobre se a entidade:
que os doadores e outros patrocinadores tomam sobre o provimen- (a) está alcançando os objetivos estabelecidos de modo a justi-
to de recursos à entidade. ficar os recursos angariados durante o exercício;
(b) financiou as operações atuais a partir dos recursos anga-
Necessidade de informação dos usuários dos serviços e dos riados dos contribuintes, de empréstimos ou de outras fontes no
provedores de recursos período atual; e
(c) provavelmente necessita de recursos adicionais (ou menos
2.11 Para fins de prestação de contas e responsabilização (ac-
recursos) no futuro e as fontes prováveis destes recursos.
countability) e tomada de decisão, os usuários de serviço e os pro-
Os credores por empréstimos e outros credores exigem in-
vedores de recursos necessitam de informações que possam dar
formação como insumo para avaliações da liquidez da entidade
suporte às avaliações de questões como:
e, portanto, se o montante e o prazo para pagamento estarão em
(a) o desempenho da entidade durante o exercício como, por
conformidade com o que foi contratado. Os doadores exigem infor-
exemplo, em:
mação para dar suporte às avaliações se a entidade está utilizando
(I) satisfazer a sua prestação de serviços e outros objetivos ope-
os recursos com eficácia, eficiência e economicidade, e da maneira
racionais e financeiros;
pretendida.
(II) administrar os recursos pelos quais é responsável; e
(III) estar em conformidade com a legislação, regramentos or- Eles também exigem informação sobre as atividades previstas
çamentários ou com os pronunciamentos de outro órgão ou entida- de prestação de serviços e as necessidades de recursos.
de que regulamente a captação e a utilização dos recursos;
(b) a liquidez (por exemplo, a capacidade de satisfazer as obri- Informação fornecida pelos RCPGs
gações atuais) e a solvência (por exemplo, a capacidade de satisfa- Situação patrimonial, desempenho e fluxos de caixa
zer as obrigações em longo prazo) da entidade;
2.14 A informação sobre a situação patrimonial do governo ou
(c) a sustentabilidade da prestação de serviços pela entidade
outra entidade do setor público possibilita aos usuários identifica-
e de outras operações em longo prazo, e as mudanças decorrentes
rem os recursos da entidade e as demandas sobre esses recursos na
como resultado das atividades da entidade durante o exercício, in-
data de divulgação do relatório. Isso fornece informação útil como
cluindo, por exemplo:
subsídio às avaliações de questões tais como:
(I) a capacidade de a entidade de continuar a financiar as suas
(a) a extensão na qual a administração cumpriu suas obriga-
atividades para satisfazer aos seus objetivos operacionais em futuro
ções em salvaguardar e administrar os recursos da entidade;
(a sua capacidade financeira), inclusive as fontes prováveis de finan-
(b) a extensão na qual os recursos estão disponíveis para dar
ciamento e a extensão na qual a entidade depende de tais fontes e,
suporte às atividades relativas à prestação de serviços futuros e as
portanto, é vulnerável ao financiamento ou a pressões por deman-
mudanças durante o exercício relativas ao montante ou à composi-
das que estariam fora do seu controle; e
ção desses recursos, bem como as demandas sobre esses recursos;
(II) os recursos físicos e outros disponíveis atualmente para dar
e
suporte à prestação de serviços no futuro (a sua capacidade opera-
(c) os montantes e o cronograma de fluxos de caixa futuros
cional); e
necessários aos serviços e ao pagamento das demandas existentes
(d) a capacidade da entidade de se adaptar a novas situações,
sobre os recursos da entidade.
devido a mudanças demográficas ou nas condições econômicas
nacionais ou globais que provavelmente irão impactar a natureza 2.15 A informação sobre o desempenho do governo ou de outra
ou a composição das atividades que realiza ou os serviços que são entidade do setor público orienta as avaliações de questões, como,
prestados. por exemplo, se a entidade adquiriu recursos com economicidade e
os utilizou com eficácia e eficiência para atingir os seus objetivos de
2.12 A informação que os usuários dos serviços e os provedo-
prestação de serviços. A informação sobre os custos da prestação
res de recursos precisam para os propósitos citados no item 2.11,
de serviços e os montantes e fontes de recuperação desses custos
provavelmente, se sobrepõe em muitos aspectos. Por exemplo, os
durante o exercício irá auxiliar os usuários a determinar se os custos
usuários de serviços exigem informação como insumo para avalia-
operacionais foram recuperados a partir de, por exemplo, tributos,
ção de questões tais como se:
cobranças aos usuários, contribuições e transferências, ou se foram
(a) a entidade está utilizando os recursos com eficácia, eficiên-
financiados pelo aumento do nível de endividamento da entidade.
cia e economicidade, e da maneira pretendida, e se tal uso corres-
2.16 A informação sobre os fluxos de caixa do governo ou de
ponde ao interesse público;
outra entidade do setor público contribui para as avaliações do de-
sempenho e da liquidez e da solvência da entidade. Ela indica como

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
a entidade arrecadou e utilizou os recursos durante o período, in- regulamentação acerca da captação e da utilização dos recursos, é
clusive os empréstimos tomados e pagos, bem como as suas aqui- importante para a determinação de quão bem a entidade do setor
sições e vendas, por exemplo, do seu ativo imobilizado. Identifica público alcançou os seus objetivos financeiros. Tal informação é ne-
também os recursos recebidos a partir de, por exemplo, tributos e cessária para a prestação de contas e responsabilização (accounta-
investimentos ou as transferências de recursos concedidas ou rece- bility) do governo ou de outra entidade do setor público perante os
bidas em transações com outros governos, órgãos governamentais administrados, para o aprimoramento da avaliação do desempenho
ou organismos internacionais. A informação sobre os fluxos de caixa da entidade e para a tomada de decisão.
também pode subsidiar as avaliações sobre a conformidade da en-
tidade com o que foi definido pelos responsáveis pela gestão finan- Resultado da prestação de serviços
ceira e informar a avaliação dos montantes e fontes prováveis de
2.22 O objetivo principal dos governos e da maioria das en-
recursos para dar suporte aos objetivos da prestação de serviços.
tidades do setor público é prestar os serviços necessários para a
2.17 As informações sobre a situação patrimonial, sobre o de-
sociedade. Consequentemente, o desempenho dos governos e da
sempenho e sobre os fluxos de caixa são normalmente apresenta-
maioria das entidades do setor público não está total ou adequa-
das nas demonstrações contábeis. Para auxiliar os usuários a en-
damente refletido em qualquer medida de resultados financeiros.
tender, interpretar e inserir em contexto a informação apresentada
Portanto, os resultados financeiros necessitam ser avaliados no
nas demonstrações contábeis, os RCPGs também podem fornecer
contexto dos resultados da prestação de serviços à sociedade.
informações financeiras e não financeiras que aprimoram, comple-
2.23 Em alguns casos, as mensurações quantitativas dos pro-
mentam e suplementam as demonstrações contábeis, inclusive as
dutos e resultados das atividades de prestação de serviços da enti-
informações sobre questões relacionadas ao governo ou outra enti-
dade durante o exercício fornecem informações relevantes sobre o
dade do setor público, tais como:
cumprimento dos objetivos da prestação de serviços - por exemplo,
(a) a conformidade com os orçamentos aprovados e outra re-
a informação sobre o custo, o volume e a frequência da prestação
gulamentação relativa às suas operações;
de serviços e a relação dos serviços prestados com a quantidade de
(b) as atividades de prestação de serviços e os seus respectivos
recursos da entidade. Em outros casos, pode ser necessário comu-
resultados durante o exercício; e
nicar a realização dos objetivos da prestação de serviços por meio
(c) as expectativas relacionadas às atividades da prestação de
da explicação da qualidade de determinados serviços prestados ou
serviços e outras atividades no futuro, bem como as consequências,
do resultado de determinados programas.
em longo prazo, das decisões tomadas e das atividades realizadas
2.24 A divulgação de informações não financeiras e de infor-
durante o exercício, inclusive aquelas que possam impactar as ex-
mações financeiras das atividades de prestação de serviços, desem-
pectativas sobre o futuro.
penho e/ou os resultados durante o exercício, fornecem insumos
Essa informação pode ser apresentada nas notas explicativas
para avaliações da economicidade, da eficiência e da eficácia das
às demonstrações contábeis ou em relatórios separados incluídos
operações da entidade. A divulgação dessas informações é necessá-
nos RCPGs.
ria para que o governo ou outra entidade do setor público cumpra
com suas obrigações de prestação de contas e responsabilização
Informação orçamentária e cumprimento da legislação ou ou-
(accountability) - isto é, justificar a utilização dos recursos capta-
tra regulamentação relativa à captação e à utilização de recursos
dos da sociedade ou em nome dela. Decisões de doadores sobre
2.18 O governo elabora, aprova e divulga o orçamento anual. a alocação de recursos para entidades e programas específicos são
O orçamento fornece informação financeira aos interessados também tomadas com base em informação sobre os resultados da
sobre os planos operacionais da entidade para o período futuro, prestação de serviços durante o período e os objetivos da prestação
as suas necessidades de capital e, frequentemente, os seus obje- de serviços no futuro (pelo menos em parte).
tivos e as suas expectativas em relação à prestação de serviços. O
orçamento é utilizado para justificar a captação de recursos dos Informações financeiras e não financeiras prospectivas
contribuintes e de outros provedores de recursos e estabelece os
2.25 Dada a longevidade das entidades do setor público e de
regramentos para os dispêndios de recursos.
muitos programas governamentais, os efeitos financeiros de muitas
2.19 Alguns recursos para dar suporte às atividades das enti-
decisões tomadas no exercício somente podem se tornar evidentes
dades do setor público podem ser recebidos de doadores, credores
vários anos depois. As demonstrações contábeis que apresentam
por empréstimos ou como resultado de transações com contrapres-
informação sobre a situação patrimonial em um ponto no tempo e
tação.
sobre o desempenho e os fluxos de caixa durante o exercício preci-
Entretanto, os recursos se originam, predominantemente, de
sam ser avaliadas no contexto de longo prazo.
transações sem contraprestação advindas dos contribuintes e de
2.26 As decisões tomadas pelo governo ou por outra entidade
outros, de acordo com as expectativas refletidas no orçamento
do setor público em determinado período sobre programas para a
aprovado.
prestação e financiamento de serviços no futuro podem ter conse-
2.20 Os RCPGs fornecem informação sobre os resultados (sen-
quências significativas para:
do descritos como “superávit ou déficit”, “lucro ou prejuízo”, ou por
(a) os usuários que são dependentes desses serviços no futuro;
outros termos cabíveis), o desempenho e os fluxos de caixa da enti-
e
dade durante o exercício, os ativos e os passivos na data do relatório
(b) as gerações atuais e futuras de contribuintes e outros pro-
e as alterações realizadas nesses itens durante o período (situação
vedores involuntários que recolhem tributos e taxas para financiar
patrimonial), bem como os resultados obtidos na prestação de ser-
as atividades planejadas de prestação de serviços e os compromis-
viços.
sos financeiros relacionados.
2.21 A inclusão nos RCPGs de informação que auxilia os usu-
ários na avaliação da extensão na qual as receitas, as despesas, os 2.27 As informações sobre os objetivos e atividades previstas
fluxos de caixa e os resultados financeiros da entidade devem es- de prestação de serviços futuros, bem como o impacto provável
tar em conformidade com as estimativas refletidas nos orçamentos nas necessidades futuras de recursos pela entidade e as fontes de
aprovados, bem como a aderência da entidade à legislação ou outra financiamento prováveis, são necessárias como subsídio para qual-
quer avaliação da capacidade do governo ou de outra entidade do
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
setor público em satisfazer aos seus compromissos financeiros e de CAPÍTULO 3
prestação de serviços no futuro. A evidenciação de tais informações CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS
nos RCPGs permite avaliações da sustentabilidade da prestação de
serviços pelo governo ou outra entidade do setor público, aprimora Introdução
a prestação de contas e responsabilização (accountability) e fornece
informação útil adicional para fins de tomada de decisão. 3.1 Os RCPGs apresentam informações financeiras e não finan-
ceiras sobre fenômenos econômicos, além de outros fenômenos.
Informação explicativa As características qualitativas da informação incluída nos RCP-
Gs são atributos que tornam a informação útil para os usuários e
dão suporte ao cumprimento dos objetivos da informação contábil.
2.28 As informações sobre os principais fatores relacionados O objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil é for-
ao desempenho e aos resultados da prestação de serviços da enti- necer informação para fins de prestação de contas e responsabiliza-
dade durante o exercício e sobre as premissas que corroboram as ção (accountability) e tomada de decisão.
expectativas sobre esses fatores que provavelmente irão influen- 3.2 As características qualitativas da informação incluída nos
ciar o desempenho futuro da entidade podem ser apresentadas RCPGs são a relevância, a representação fidedigna, a compreensi-
nos RCPGs em notas explicativas às demonstrações contábeis ou bilidade, a tempestividade, a comparabilidade e a verificabilidade.
em relatórios separados. Tal informação irá auxiliar os usuários a 3.3 As restrições inerentes à informação contida nos RCPGs são
entenderem melhor, e no contexto adequado, as informações fi- a materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio apro-
nanceiras e não financeiras incluídas nos RCPGs e, ainda, aprimorar priado entre as características qualitativas.
o papel dos RCPGs, no sentido de fornecer informação útil para fins 3.4 Cada uma das características qualitativas é integrada e
de prestação de contas e responsabilização (accountability) e toma- funciona em conjunto com as outras características, de modo a
da de decisão. fornecer informação útil nos RCPGs para cumprir os objetivos da
informação contábil. Entretanto, na prática, talvez não seja possível
Demonstrações contábeis e a informação que as aprimore, alcançar todas as características qualitativas e, nesse caso, um equi-
complemente e suplemente líbrio ou compensação entre algumas delas poderá ser necessário.
2.29 O alcance da informação contábil estabelece o limite das 3.5 As características qualitativas se aplicam a todas as infor-
transações, outros eventos e atividades que podem ser reporta- mações financeiras e não financeiras apresentadas nos RCPGs, in-
das nos RCPGs. Para responder às necessidades de informação dos clusive às informações histórica e prospectiva, além da informação
usuários, esta estrutura conceitual reflete o alcance da informa- explicativa. Contudo, pode haver variação no grau que as caracte-
ção contábil, que é mais abrangente do que é evidenciado pelas rísticas qualitativas podem ser alcançadas, dependendo do nível
demonstrações contábeis. Ela fornece a apresentação nos RCPGs de incerteza e de avaliação subjetiva envolvidos na compilação das
de informação adicional que aprimore, complemente e suplemente informações financeiras e não financeiras. A necessidade de orien-
essas demonstrações. tação adicional na interpretação e aplicação das características
2.30 Mesmo que a estrutura conceitual preveja que o alcance qualitativas àquilo que estende o alcance da informação contábil
da informação contábil seja mais abrangente do que aquela evi- para além das demonstrações contábeis deve ser considerada no
denciada nas demonstrações contábeis, a informação apresentada desenvolvimento de qualquer NBC TSP ou de outras disposições do
nestas últimas permanece sendo o núcleo da informação contábil. CFC inerentes às entidades do setor público e que tratam de tais
A forma na qual os elementos das demonstrações contábeis são questões.
definidos, reconhecidos e mensurados e as formas de apresentação
e comunicação que podem ser adotadas para a informação incluída Relevância
nos RCPGs são consideradas em outros capítulos desta estrutura 3.6 As informações financeiras e não financeiras são relevan-
conceitual, e no desenvolvimento de outras normas, quando for tes caso sejam capazes de influenciar significativamente o cumpri-
apropriado. mento dos objetivos da elaboração e da divulgação da informação
contábil. As informações financeiras e não financeiras são capazes
Outras fontes de informação de exercer essa influência quando têm valor confirmatório, prediti-
2.31 Os RCPGs têm papel significativo em fornecer a informa- vo ou ambos. A informação pode ser capaz de influenciar e, desse
ção necessária para dar suporte ao cumprimento da obrigação do modo, ser relevante, mesmo se alguns usuários decidirem não con-
governo ou de outra entidade do setor público em prestar contas, siderá-la ou já estiverem cientes dela.
assim como o de fornecer informação útil para a tomada de deci- 3.7 As informações financeiras e não financeiras têm valor
são. confirmatório se confirmarem ou alterarem expectativas passadas
Entretanto, é improvável que os RCPGs forneçam todas as in- (ou presentes). Por exemplo, a informação é relevante, para fins de
formações que os usuários necessitem para fins de prestação de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada
contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. de decisão, se confirmar as expectativas sobre questões, tais como:
Consequentemente, os usuários dos serviços e os provedores de a extensão na qual os gestores cumpriram as suas responsabilida-
recursos podem também considerar informação de outras fontes, des pelo uso eficiente e eficaz dos recursos; a realização dos obje-
inclusive os relatórios sobre as condições econômicas atuais e pro- tivos especificados da prestação de serviços; e o cumprimento da
jetadas, orçamentos e conjunturas governamentais, além de infor- legislação e de regulamentos orçamentários, além de outros.
mação sobre as iniciativas de políticas governamentais não relata- 3.8 Os RCPGs podem apresentar informação acerca dos objeti-
das nos RCPGs. vos, custos e atividades previstas de prestação de serviços, além do
montante e das fontes de recursos que se destinam a serem aloca-
das na prestação de serviços no futuro. Tal informação voltada para
o futuro tem valor preditivo e é relevante para fins de prestação de
contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. A
informação sobre fenômenos econômicos e outros que existam ou
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
já tenham ocorrido também pode ter valor preditivo ao auxiliar a A relevância é uma característica qualitativa, e, por definição, a
formar expectativas sobre o futuro. Por exemplo, a informação que informação relevante é capaz de influenciar as avaliações e as deci-
confirma ou refuta expectativas passadas pode reforçar ou alterar sões dos seus usuários.
expectativas sobre o desempenho e os resultados da prestação de 3.15 Os fenômenos econômicos e outros fenômenos represen-
serviços que possam ocorrer no futuro. tados nos RCPGs ocorrem normalmente sob condições de incerteza.
3.9 As funções confirmatória e preditiva da informação são in- Desse modo, a informação incluída nos RCPGs frequentemente
ter-relacionadas, por exemplo, a informação sobre o nível e a es- apresenta estimativas que incorporam o julgamento de valor dos
trutura atual dos recursos da entidade e as demandas por esses gestores. Para representar fielmente o fenômeno econômico ou de
recursos auxilia os usuários a confirmarem o resultado das estraté- outra natureza, a estimativa deve ser baseada em dados apropria-
gias de gestão durante o período, além de preverem a capacidade dos e cada um deles precisa refletir a melhor informação disponível.
da entidade em responder às mudanças e às necessidades previstas Deve-se ter o devido cuidado ao se lidar com condições de incer-
relacionadas à prestação de serviços no futuro. A mesma informa- teza. Às vezes, pode ser necessário divulgar explicitamente o nível
ção auxilia a confirmar ou a corrigir as expectativas e previsões pas- de incerteza das informações financeiras e não financeiras para re-
sadas dos usuários acerca da capacidade da entidade de responder presentar fielmente fenômenos econômicos ou de outra natureza.
a tais alterações. Auxilia também a confirmar ou corrigir as informa- 3.16 Estar livre de erro material não significa exatidão completa
ções financeiras prospectivas incluídas nos RCPGs anteriores. em todos os aspectos. Estar livre de erro material significa que não
há erros ou omissões que sejam individualmente ou coletivamente
Representação fidedigna relevantes na descrição do fenômeno, e que o processo utilizado
para produzir a informação relatada foi aplicado conforme descri-
3.10 Para ser útil como informação contábil, a informação deve
to. Em alguns casos, pode ser possível determinar a exatidão de
corresponder à representação fidedigna dos fenômenos econômi-
alguma informação incluída nos RCPGs, por exemplo, o montante
cos e outros que se pretenda representar. A representação fidedig-
da transferência de disponibilidades para outra esfera de governo,
na é alcançada quando a representação do fenômeno é comple-
o volume dos serviços prestados ou o valor pago pela aquisição
ta, neutra e livre de erro material. A informação que representa
de item do imobilizado. Entretanto, em outros casos pode não ser
fielmente um fenômeno econômico ou outro fenômeno retrata a
possível determinar a exatidão da informação, por exemplo, pode
substância da transação, a qual pode não corresponder, necessaria-
não ser possível estimar a eficácia de programa de prestação de
mente, à sua forma jurídica.
serviços com exatidão ou o valor ou custo do item. Nesses casos, a
3.11 Na prática, pode não ser possível ter certeza ou saber se a
estimativa está livre de erro material se o montante for descrito cla-
informação apresentada nos RCPGs está completa, neutra e livre de
ramente como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitações
erro material. Entretanto, a informação deve estar completa, neutra
do processo de estimativa forem explicadas e se nenhum erro ma-
e livre de erro material tanto quanto possível.
terial tiver sido identificado na seleção e na aplicação do processo
3.12 A omissão de algumas informações pode fazer com que
de elaboração da estimativa.
a representação do fenômeno econômico ou outro qualquer seja
falsa ou enganosa, não sendo útil para os usuários dos RCPGs. Por
Compreensibilidade
exemplo, a descrição completa de item do imobilizado nos RCPGs
deve incluir a representação numérica do montante agregado do 3.17 A compreensibilidade é a qualidade da informação que
item juntamente com outras informações quantitativas, descriti- permite que os usuários compreendam o seu significado. Os RCP-
vas e explicativas necessárias para representar fielmente essa clas- Gs devem apresentar a informação de maneira que corresponda às
se de ativo. Em alguns casos, isso pode incluir a evidenciação de necessidades e à base do conhecimento dos usuários, bem como a
informação sobre questões, tais como: as classes importantes do natureza da informação apresentada. Por exemplo, as explicações
imobilizado; os fatores que afetaram a sua utilização no passado ou acerca das informações financeiras e não financeiras e as informa-
que podem impactar a sua utilização no futuro; e a base e o pro- ções adicionais acerca da prestação de serviços e outros resultados
cesso para determinar a sua representação numérica. Do mesmo durante o exercício, além das expectativas para os períodos futu-
modo, as informações financeiras e não financeiras prospectivas e ros, devem ser escritas em linguagem simples e apresentadas de
a informação sobre o cumprimento dos objetivos e dos resultados maneira que sejam prontamente compreensíveis pelos usuários. A
incluídos nos RCPGs devem ser apresentadas em conjunto com as compreensão é aprimorada quando a informação é classificada e
premissas-chave e quaisquer explicações que sejam necessárias apresentada de maneira clara e sucinta. A comparabilidade pode
para assegurar que a sua representação seja completa e útil para também aprimorar a compreensibilidade.
os usuários. 3.18 Espera-se que os usuários dos RCPGs tenham conheci-
3.13 A neutralidade da informação contábil corresponde à au- mento razoável das atividades da entidade e do ambiente no qual
sência de viés. Isso significa que a seleção e a apresentação das in- ela funciona, além de serem capazes e preparados para lerem os
formações financeiras e não financeiras não devem ser feitas com a RCPGs e revisar e analisar a informação apresentada com a diligên-
intenção de se atingir um resultado particular predeterminado, por cia apropriada. Alguns fenômenos econômicos e de outra natureza
exemplo, para influenciar a avaliação dos usuários acerca da pres- são particularmente complexos e difíceis de serem representados
tação de contas e responsabilização (accountability) por parte da nos RCPGs, e alguns usuários podem precisar de ajuda de assistente
entidade, para uma decisão ou julgamento que está para ser feito, para auxiliá-los em sua compreensão. Todos os esforços devem ser
ou, ainda, para induzir a determinado comportamento. realizados para representar os fenômenos econômicos e de outra
3.14 A informação neutra representa fielmente os fenômenos natureza incluídos nos RCPGs de maneira que seja compreensível
econômicos e outros fenômenos que ela se propõe a representar. para a grande quantidade de usuários. Contudo, a informação não
Contudo, exigir que a informação incluída nos RCPGs seja neu- deve ser excluída dos RCPGs somente pelo fato de ser muito com-
tra não significa que não haja propósito ou que não influencie al- plexa ou ser difícil para alguns usuários compreenderem sem a de-
gum comportamento. vida assistência.

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Tempestividade 3.25 A aplicação consistente dos princípios contábeis, das polí-
ticas e da base de elaboração para as informações financeiras e não
3.19 Tempestividade significa ter informação disponível para os
financeiras prospectivas aprimora a utilidade de qualquer compa-
usuários antes que ela perca a sua capacidade de ser útil para fins
ração entre os resultados projetados e os reais. A comparabilidade
de prestação de contas e responsabilização (accountability) e toma-
com outras entidades pode ser menos significativa para as explica-
da de decisão. Ter informação disponível mais rapidamente pode
ções da percepção ou opinião dos gestores acerca de fatores rela-
aprimorar a sua utilidade como insumo para processos de avalia-
cionados ao desempenho atual da entidade.
ção da prestação de contas e responsabilização (accountability) e a
sua capacidade de informar e influenciar os processos decisórios. A
Verificabilidade
ausência de tempestividade pode tornar a informação menos útil.
3.20 Alguns itens de informação podem continuar sendo úteis 3.26 A verificabilidade é a qualidade da informação que ajuda
por bastante tempo após a publicação do relatório ou após o encer- a assegurar aos usuários que a informação contida nos RCPGs re-
ramento do exercício. Por exemplo, para fins de prestação de contas presenta fielmente os fenômenos econômicos ou de outra natureza
e responsabilização (accountability) e tomada de decisão, os usuá- que se propõe a representar. A suportabilidade, ou seja, a qualidade
rios dos RCPGs podem precisar avaliar as projeções do desempenho referente àquilo que dá suporte a algo, algumas vezes é utilizada
e da prestação de serviços da entidade e a sua conformidade com para descrever esta qualidade, quando aplicada em relação à in-
os orçamentos por vários exercícios. Adicionalmente, o resultado e formação explicativa e à informação quantitativa financeira e não
os efeitos de alguns programas de prestação de serviços podem não financeira prospectiva divulgada nos RCPGs. Quer referida como ve-
ser determináveis até períodos futuros, por exemplo, em relação rificabilidade ou como suportabilidade, a característica implica que
aos programas em que se tenha a intenção de aprimorar o bem-es- dois observadores esclarecidos e independentes podem chegar ao
tar econômico da sociedade, reduzir a incidência de determinada consenso geral, mas não necessariamente à concordância comple-
doença ou aumentar os níveis de alfabetização de determinados ta, em que:
grupos etários. (a) a informação representa os fenômenos econômicos e de
outra natureza, os quais se pretende representar sem erro material
Comparabilidade ou viés; ou
(b) o reconhecimento apropriado, a mensuração ou o método
3.21 Comparabilidade é a qualidade da informação que possi-
de representação foi aplicado sem erro material ou viés.
bilita aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois
3.27 Para ser verificável, a informação não precisa ser um pon-
conjuntos de fenômenos. A comparabilidade não é uma qualidade
to único estimado. Um intervalo de possíveis valores e suas proba-
de item individual de informação, mas, antes, a qualidade da rela-
bilidades relacionadas também pode ser utilizado.
ção entre dois ou mais itens de informação.
3.22 A comparabilidade difere da consistência. A consistência 3.28 A verificação pode ocorrer de forma direta ou indireta.
se refere à utilização dos mesmos princípios ou políticas contábeis e Com a verificação direta, o montante ou outra representação
da mesma base de elaboração, seja de período a período dentro da podem ser verificados em si mesmos, tais como: pela contagem de
entidade ou de um único período entre duas ou mais entidades. A caixa; pela observação de títulos negociáveis e suas cotações de
comparabilidade é o objetivo, enquanto que a consistência auxilia a preço; ou pela confirmação de que os fatores identificados que in-
atingi-lo. Em alguns casos, os princípios ou políticas contábeis ado- fluenciaram o desempenho passado estejam presentes e relaciona-
tados pela entidade podem ser revisados para melhor representar dos com os efeitos identificados. Com a verificação indireta, o mon-
determinada transação ou evento nos RCPGs. tante ou outra representação podem ser verificados ao se checar os
Nesses casos, a inclusão de evidenciação ou explicação adicio- dados e recalcular os resultados utilizando a mesma convenção ou
nal pode ser necessária para satisfazer às características da compa- metodologia contábil.
rabilidade. Um exemplo corresponde à verificação do valor contábil do
3.23 A comparabilidade também difere da uniformidade. Para estoque por meio da conferência das entradas (quantidades e cus-
que a informação seja comparável, coisas semelhantes devem pare- tos) e do recálculo do estoque final utilizando o mesmo método
cer semelhantes e coisas distintas devem parecer distintas. A ênfase de mensuração (por exemplo, custo médio ou “primeiro que entra,
demasiada na uniformidade pode reduzir a comparabilidade ao fa- primeiro que sai” (PEPS)).
zer com que coisas distintas pareçam semelhantes. A comparabili- 3.29 A qualidade da verificabilidade (ou suportabilidade, se tal
dade da informação nos RCPGs não é aprimorada ao se fazer com termo for utilizado para descrever essa característica) não é absolu-
que coisas distintas pareçam semelhantes, assim como ao fazer ta - alguma informação pode ser mais ou menos passível de verifi-
com que coisas semelhantes pareçam distintas. cação do que outra. Contudo, quanto mais verificável for a informa-
3.24 A informação sobre a situação patrimonial da entidade, o ção incluída nos RCPGs, mais se irá assegurar aos usuários de que a
desempenho, os fluxos de caixa, a conformidade com os orçamen- informação representa fielmente os fenômenos econômicos, ou de
tos aprovados ou com outra legislação relevante ou com os demais outra natureza os quais se pretende representar.
regulamentos relacionados à captação e à utilização dos recursos, 3.30 Os RCPGs podem incluir informação financeira e outra in-
o desempenho da prestação de serviços e os seus planos futuros, formação quantitativa, além de explicação sobre (a) as influências-
é necessária para fins de prestação de contas e responsabilização -chave a respeito do desempenho da entidade durante o período;
(accountability) e tomada de decisão. A utilidade de tal informação (b) os efeitos ou resultados futuros projetados dos programas de
é aprimorada se puder ser comparada com, por exemplo: prestação de serviços realizados durante o período; e (c) informa-
(a) informações financeiras e não financeiras prospectivas ante- ções financeiras e não financeiras prospectivas. Pode não ser pos-
riormente apresentadas para aquele exercício ou data do relatório; sível verificar a exatidão de todas as representações quantitativas e
(b) informação similar sobre a mesma entidade referente a al- explicações de tal informação até período futuro.
gum outro exercício ou a algum outro momento no tempo; e 3.31 Para ajudar a assegurar aos usuários de que a informação
(c) informação similar sobre outras entidades (por exemplo, quantitativa financeira e não financeira (prospectivas) e as expli-
entidades do setor público prestando serviços semelhantes em ju- cações incluídas nos RCPGs representam fielmente os fenômenos
risdições distintas) para o mesmo exercício. econômicos ou de outra natureza os quais se pretende representar,

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deve haver transparência nas premissas observadas em relação à assumir os custos desses esforços, uma vez que os recursos são re-
informação divulgada, nas metodologias adotadas na compilação direcionados da prestação de serviços para a elaboração da infor-
dessa informação e nos fatores e nas circunstâncias que apoiam mação dos RCPGs.
quaisquer opiniões expressas ou evidenciações feitas. Isso possi- 3.38 Os usuários em geral obtêm a maior parte dos benefícios
bilita aos usuários formar opinião sobre a adequabilidade dessas das informações fornecidas nos RCPGs. Contudo, a informação ela-
premissas e sobre o método de compilação, mensuração, represen- borada para os RCPGs também pode ser utilizada internamente
tação e interpretação da informação. pela administração, influenciando o processo decisório por parte
dela. A evidenciação da informação nos RCPGs, consistente com os
Restrições acerca da informação incluída nos RCPGs Materia- conceitos desta estrutura conceitual e das NBCs TSP e com outras
lidade disposições do CFC, deve aprimorar e reforçar as percepções da
transparência da informação contábil pelos governos e outras en-
3.32 A informação é material se a sua omissão ou distorção
tidades do setor público, além de contribuir para a avaliação mais
puder influenciar o cumprimento do dever de prestação de contas
precisa da dívida pública por agentes externos. Portanto, as entida-
e responsabilização (accountability), ou as decisões que os usuá-
des do setor público podem beneficiar-se de diversas maneiras da
rios tomam com base nos RCPGs elaborados para aquele exercício.
informação fornecida nos RCPGs.
A materialidade depende tanto da natureza quanto do montante
3.39 A aplicação da restrição custo-benefício envolve avaliar se
do item analisado dentro das particularidades de cada entidade.
os benefícios de divulgar a informação provavelmente justificam os
Os RCPGs podem englobar informação qualitativa e quantitativa
custos incorridos para fornecê-la e utilizá-la. Ao fazer essa avalia-
acerca do cumprimento da prestação de serviços durante o período
ção, é necessário considerar se uma ou mais características quali-
de referência e das expectativas sobre a prestação de serviço e o
tativas podem ser sacrificadas até certo ponto para reduzir o custo.
desempenho no futuro. Consequentemente, não é possível especi-
3.40 Ao se desenvolverem as NBCs TSP, leva-se em considera-
ficar um limite quantitativo uniforme no qual determinada informa-
ção a informação obtida dos responsáveis pelas demonstrações,
ção se torna material.
dos usuários, da academia e de outros atores, acerca da natureza
3.33 As avaliações de materialidade são feitas no contexto do
e dos benefícios esperados, bem como dos custos dos requisitos
ambiente legislativo, institucional e operacional dentro do qual as
propostos.
entidades funcionam e, em relação às informações financeiras e
não financeiras prospectivas, o conhecimento de quem as elabora
Equilíbrio entre as características qualitativas
e as expectativas acerca do futuro. A evidenciação da informação
sobre a conformidade, ou não, com a legislação, regulamentação ou 3.41 As características qualitativas funcionam, conjuntamente,
outro normativo pode ser material devido à sua natureza, indepen- para contribuir com a utilidade da informação. Por exemplo, nem a
dentemente da magnitude de quaisquer dos montantes envolvidos. descrição que represente fielmente um fenômeno irrelevante, nem
Nesse contexto, ao se determinar se um item é material, deve-se a descrição que represente de modo não fidedigno um fenômeno
levar em consideração questões, tais como a natureza, a legalidade, relevante resultam em informação útil. Do mesmo modo, para ser
a sensibilidade e os efeitos de eventos e transações passados ou relevante, a informação precisar ser tempestiva e compreensível.
previstos; as partes envolvidas em tais transações; e as circunstân- 3.42 Em alguns casos, o equilíbrio ou a compensação (tradeoff)
cias que deram origem a essas transações. entre as características qualitativas pode ser necessário para se al-
3.34 De acordo com esta estrutura conceitual, a materialidade cançar os objetivos da informação contábil. A importância relativa
é classificada como uma restrição na informação incluída nos RCP- das características qualitativas em cada situação é uma questão de
Gs. Ao se desenvolver as NBCs TSP e outras disposições, deve-se julgamento profissional. A meta é alcançar o equilíbrio apropriado
considerar a materialidade dos efeitos da aplicação de uma polí- entre as características para satisfazer aos objetivos da elaboração
tica contábil específica. Sujeitas aos requisitos de quaisquer NBCs e da divulgação da informação contábil.
TSP, a entidade, ao elaborar os RCPGs, deve considerar também a
materialidade, por exemplo, da aplicação de uma política contábil CAPÍTULO 4
específica e da evidenciação em separado de determinados itens ENTIDADE QUE REPORTA A INFORMAÇÃO CONTÁBIL
da informação.
Introdução
Custo-benefício
4.1 A entidade do setor público que reporta a informação con-
3.35 A informação contábil impõe custos, e seus benefícios de- tábil é um ente governamental ou outra organização, programa ou
vem justificá-los. Avaliar se os benefícios da informação justificam outra área identificável de atividade (doravante referida como enti-
seus custos é, com frequência, uma questão de julgamento de valor, dade ou entidade do setor público) que elabora os RCPGs.
pois não é possível identificar todos os custos e todos os benefícios 4.2 A entidade do setor público que reporta a informação con-
da informação incluída nos RCPGs. tábil pode compreender duas ou mais entidades que apresentem
3.36 Os custos, para fornecerem a informação, incluem os de os RCPGs como se fossem uma única entidade - tal entidade é refe-
coleta, de processamento e de verificação e/ou de apresentação rida como grupo de entidades que reportam a informação contábil.
das premissas e das metodologias que dão suporte a elas, além dos Características-chave de entidade do setor público que reporta
de disseminação. Os usuários incorrem nos custos da análise e in- a informação contábil
terpretação. 4.3 As características-chave de entidade do setor público que
A omissão da informação útil também impõe custos, inclusive reporta a informação contábil são:
aqueles em que os usuários incorrem na obtenção de informação (a) ser uma entidade que capta recursos da sociedade ou em
necessária de terceiros, além dos custos advindos da tomada de nome desta e/ou utiliza recursos para realizar atividades em bene-
decisão utilizando dados incompletos fornecidos pelos RCPGs. fício dela; e
3.37 Os responsáveis pelos RCPGs envidam a maior parte dos
seus esforços para agregar informação aos relatórios. Entretanto,
os usuários dos serviços e os provedores de recursos acabam por
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(b) existir usuários de serviços ou provedores de recursos de- incorrer em responsabilidades e impactar o bem-estar econômico
pendentes de informações contidas nos RCPGs para fins de pres- e/ou social das comunidades que dependem deles para a prestação
tação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de de serviços.
decisão. 4.10 Contudo, nem sempre está claro se há usuários de servi-
4.4 O governo pode estabelecer e/ou funcionar por meio de ços ou provedores de recursos que dependam dos RCPGs de, por
unidades administrativas como, por exemplo, ministérios, secreta- exemplo, departamentos ou órgãos individuais do governo, progra-
rias ou departamentos. Ele pode funcionar também por meio de mas especiais ou áreas identificáveis de atividades com informação
fundos, autoridades estatutárias, empresas estatais e outras enti- para fins de prestação de contas e responsabilização (accountabi-
dades com identidade jurídica própria ou autonomia operacional lity) e tomada de decisão. Determinar se essas organizações, pro-
para realizar, ou de outra maneira dar suporte à prestação de ser- gramas ou atividades devem ser identificados como entidades que
viços à sociedade. reportam a informação e, consequentemente, serem exigidas a ela-
Outras organizações do setor público, inclusive organizações borarem os RCPGs envolve o exercício de julgamento profissional.
internacionais do setor público e autoridades municipais, podem 4.11 O governo e algumas outras entidades do setor público
realizar também determinadas atividades por intermédio das en- têm identidade e enquadramento legal específicos (personalidade
tidades com identidade jurídica própria ou autonomia operacional jurídica).
e podem beneficiar-se e estarem sujeitas a encargo financeiro ou Entretanto, as organizações, os programas e as atividades do
perda resultante das atividades. setor público sem personalidade jurídica também podem captar ou
4.5 Os RCPGs são elaborados para reportar informação útil empregar recursos, adquirir e administrar ativos, incorrer em obri-
aos usuários para fins de prestação de contas e responsabilização gações, realizar atividades para atingir os objetivos da prestação de
(accountability) e tomada de decisão. Os usuários de serviços ou serviços ou, de outra maneira, implementar a política governamen-
os provedores de recursos são os usuários primários dos RCPGs. tal.
Consequentemente, uma característica-chave da entidade do setor Os usuários de serviços e os provedores de recursos podem de-
público que reporta a informação, inclusive de grupo dessas en- pender dos RCPGs para obter informação para os fins de prestação
tidades, é a existência de usuários de serviços ou provedores de de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.
recursos que são dependentes dos RCPGs para fins de prestação Consequentemente, a entidade que reporta a informação contábil
de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. do setor público pode ter personalidade jurídica específica ou ser,
4.6 Os RCPGs englobam as demonstrações contábeis e a infor- por exemplo, organização, acordo administrativo ou programa sem
mação que as aprimore, complemente e suplemente. As demons- personalidade jurídica.
trações contábeis apresentam informação sobre os recursos e as
demandas sobre estes, além dos fluxos de caixa da entidade ou gru- CAPÍTULO 5
po de entidades que reportam a informação durante o exercício. ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Portanto, para possibilitar a elaboração das demonstrações contá-
beis, a entidade que reporta a informação deve captar recursos e/ Introdução
ou deve utilizar recursos captados anteriormente para realizar ativi-
Propósito
dades em benefício da sociedade ou em nome dela.
4.7 A existência de usuários dos RCPGs de entidade do setor
público ou grupo de entidades pressupõe a existência de entidade 5.1 Este capítulo define os elementos utilizados nas demons-
que tenha a responsabilidade ou a capacidade de captar ou utilizar trações contábeis e fornece explicação adicional acerca dessas de-
recursos, adquirir ou administrar bens públicos, incorrer em passi- finições.
vos ou realizar atividades para atingir os objetivos da prestação de
serviços. Elementos e sua importância
Quanto maiores os recursos que a entidade do setor públi-
co capta, administra e/ou tem a capacidade de utilizar, e quanto 5.2 As demonstrações contábeis retratam os efeitos financei-
maiores as obrigações que incorre e maior o impacto econômico ros e não financeiros das transações e outros eventos ao agrupá-los
ou social das suas atividades, é mais provável que existam usuários em classes amplas que compartilham características econômicas
de serviços ou provedores de recursos que sejam dependentes dos comuns.
RCPGs para obter informação para fins de prestação de contas e Essas classes amplas são denominadas elementos das demons-
responsabilização (accountability) e tomada de decisão. Na ausên- trações contábeis. Os elementos correspondem às estruturas bási-
cia desses fatores, em que eles não sejam significativos, é imprová- cas a partir das quais as demonstrações contábeis são elaboradas.
vel que existam usuários dos RCPGs dessas entidades. Essas estruturas fornecem um ponto inicial para reconhecer, clas-
4.8 A elaboração dos RCPGs não é um processo sem custos. sificar e agregar dados e atividades econômicas de maneira a for-
Portanto, se a imposição de requisitos para a informação contá- necer aos usuários informação que satisfaça aos objetivos e atinja
bil pressupõe que estas devam ser eficientes e eficazes, é importan- as características qualitativas da informação contábil, levando em
te que seja exigido que os RCPGs sejam elaborados somente pelas consideração as restrições sobre a informação incluída nos RCPGs.
entidades do setor público para as quais existam usuários. 5.3 Os elementos definidos neste capítulo não se referem aos
4.9 Em muitos casos, é clara a existência, ou não, de usuá- itens individuais que são reconhecidos como resultado de transa-
rios de serviços ou de provedores de recursos que dependam dos ções e eventos. As subclassificações dos itens individuais dentro de
RCPGs para fornecer informação para fins de prestação de con- um elemento e as agregações de itens são utilizadas para aprimorar
tas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. Por a compreensibilidade das demonstrações contábeis. A apresenta-
exemplo, tais usuários, provavelmente, existem para os RCPGs de ção dos RCPGs é tratada no Capítulo 8, intitulado Apresentação de
governo em nível nacional, estadual ou municipal e para as organi- Informação no Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades
zações internacionais do setor público. Isso porque esses governos do Setor Público.
e organizações normalmente têm a capacidade de captar recursos
substanciais e/ou empregar esses recursos em nome da sociedade,
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
5.4 Em algumas circunstâncias, para assegurar que as demons- Controlado no presente pela entidade
trações contábeis forneçam informação útil para uma avaliação sig-
5.11 A entidade deve ter o controle do recurso. O controle do
nificativa do desempenho e da situação patrimonial da entidade, o
recurso envolve a capacidade da entidade em utilizar o recurso (ou
reconhecimento de fenômenos econômicos não capturados pelos
controlar terceiros na sua utilização) de modo que haja a geração
elementos definidos neste capítulo pode ser necessário. Conse-
do potencial de serviços ou dos benefícios econômicos originados
quentemente, a identificação dos elementos neste capítulo não im-
do recurso para o cumprimento dos seus objetivos de prestação de
pede as NBCs TSP de exigirem ou permitirem o reconhecimento de
serviços, entre outros.
recursos ou obrigações que não satisfaçam a definição de elemento
5.12 Para avaliar se a entidade controla o recurso no presente,
identificada neste capítulo (doravante referidos como “outros re-
deve ser observada a existência dos seguintes indicadores de con-
cursos” ou “outras obrigações”), quando necessário no sentido de
trole:
se alcançarem os objetivos da informação contábil.
(a) propriedade legal;
(b) acesso ao recurso ou a capacidade de negar ou restringir o
Elementos
acesso a esses;
5.5 Os elementos definidos neste capítulo são: (c) meios que assegurem que o recurso seja utilizado para al-
(a) ativo; cançar os seus objetivos; ou
(b) passivo; (d) a existência de direito legítimo ao potencial de serviços ou
(c) receita; à capacidade para gerar os benefícios econômicos advindos do re-
(d) despesa; curso.
(e) contribuição dos proprietários; Embora esses indicadores não sejam determinantes conclu-
(f) distribuição aos proprietários. sivos acerca da existência do controle, sua identificação e análise
podem subsidiar essa decisão.
Ativo 5.12A A propriedade legal do recurso, tal como terreno ou
Definição equipamento, é um dos métodos para se verificar o potencial de
serviços ou os benefícios econômicos de um ativo. No entanto, os
5.6 Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade direitos ao potencial de serviços ou à capacidade de gerar benefí-
como resultado de evento passado. cios econômicos podem existir sem que se verifique a propriedade
legal do recurso. Por exemplo, os direitos ao potencial de serviços
Recurso ou à capacidade de gerar benefícios econômicos por meio da ma-
nutenção e utilização de item patrimonial arrendado são verifica-
5.7 Recurso é um item com potencial de serviços ou com a ca- dos sem que haja a propriedade legal do próprio item arrendado.
pacidade de gerar benefícios econômicos. A forma física não é uma Portanto, a propriedade legal do recurso não é uma característica
condição necessária para um recurso. O potencial de serviços ou essencial de um ativo. No entanto, a propriedade legal é um indica-
a capacidade de gerar benefícios econômicos podem surgir direta- dor de controle.
mente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. Alguns 5.12B O direito de acesso ao recurso pode fornecer à entidade
recursos incluem os direitos da entidade a uma série de benefícios, a capacidade para determinar se pode, ou não:
inclusive, por exemplo, o direito a: (a) utilizar diretamente o potencial de serviços do recurso para
(a) utilizar o recurso para a prestação de serviços (inclusive prestar serviços aos usuários;
bens); (b) trocar o recurso por outro ativo, tal como caixa; ou
(b) utilizar os recursos de terceiros para prestar serviços como, (c) utilizar o ativo em quaisquer outras maneiras de modo a
por exemplo, arrendamento mercantil; prestar serviços ou gerar benefícios econômicos.
(c) converter o recurso em caixa por meio da sua alienação;
(d) beneficiar-se da valorização do recurso; ou 5.12C Enquanto o acesso ao recurso é crucial, existem recur-
(e) receber fluxos de caixa. sos aos quais a entidade tem acesso que não dá origem a ativos
como, por exemplo, o ar. Portanto, a capacidade de acessar o recur-
5.8 O potencial de serviços é a capacidade de prestar serviços so precisa ser suplementada pela capacidade de negar ou restringir
que contribuam para alcançar os objetivos da entidade. O potencial o acesso de terceiros ao recurso, por exemplo, (a) a entidade pode
de serviços possibilita a entidade alcançar os seus objetivos sem, decidir se estabelece entrada grátis ao museu ou restringe o aces-
necessariamente, gerar entrada líquida de caixa. so daqueles que não pagam a taxa, e (b) o governo pode controlar
5.9 Os ativos do setor público que ensejam potencial de ser- um recurso natural sob o seu território ao qual pode restringir o
viços podem ser representados pelos ativos de recreação, do pa- acesso de terceiros. Demandas legalmente aplicáveis relativas a re-
trimônio cultural, comunitários, de defesa nacional e outros que cursos específicos como, por exemplo, o direito de acesso a uma
sejam mantidos pelos governos e outras entidades do setor público rodovia ou o direito de explorar um território na busca por recursos
e que sejam utilizados para a prestação de serviços a terceiros. Tais minerais, poderia representar um ativo para o titular. No entanto,
serviços podem ser para consumo coletivo ou individual. Vários ser- a entidade pode ser capaz de acessar o potencial de serviços ou a
viços podem ser fornecidos em áreas onde não haja concorrência capacidade de gerar benefícios econômicos associados ao recurso
de mercado ou concorrência limitada de mercado. A utilização e a sem que haja a necessidade de obtenção de direitos jurídicos.
alienação de tais ativos podem ser restritas, já que muitos ativos
que ensejam potencial de serviços são especializados por natureza. Evento passado
5.10 Os benefícios econômicos correspondem a entradas de
caixa ou a reduções das saídas de caixa. As entradas de caixa (ou as 5.13 A definição de ativo exige que o recurso controlado pela
reduções das saídas de caixa) podem derivar, por exemplo: entidade no presente tenha surgido de transação ou outro even-
(a) da utilização do ativo na produção e na venda de serviços; to passado. Podem existir diversas transações passadas ou outros
ou eventos que resultem no ganho do controle do recurso pela enti-
(b) da troca direta do ativo por caixa ou por outros recursos. dade e, por conseguinte, o caracterize como ativo. As entidades
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podem obter ativos por intermédio da sua compra em transação tidade tem pouca ou nenhuma alternativa realista de evitar a saída
com contraprestação, bem como pelo seu desenvolvimento. Os de recursos. Ao se fazer tal avaliação, fatores jurisdicionais devem
ativos também podem surgir de transações sem contraprestação, ser levados em consideração pela entidade.
inclusive por meio do exercício dos direitos soberanos. O poder de
tributar ou emitir licenças, acessar, restringir ou negar acesso aos Obrigações legais e não legalmente vinculadas
benefícios oriundos de recursos intangíveis como, por exemplo, o
5.18 As obrigações vinculadas podem ser obrigações legais (ou
espectro eletromagnético (bandas de frequência de transmissões
legalmente vinculadas) ou não legalmente vinculadas. As obriga-
de telecomunicações), são exemplos dos poderes específicos do
ções vinculadas podem originar-se tanto de transações com contra-
setor público e dos direitos que podem dar origem a ativos. Ao se
prestação quanto de transações sem contraprestação. A obrigação
avaliar o surgimento do direito de controle de recursos, os seguin-
deve estar relacionada a um terceiro para poder gerar um passivo.
tes eventos devem ser considerados:
A entidade não pode obrigar a si mesma, mesmo quando tenha di-
(a) a capacidade geral para exercer o poder;
vulgado publicamente a intenção de se comportar de determinado
(b) a constituição de poder por meio de lei, estatuto ou instru-
modo. A identificação de terceiros é uma indicação da existência de
mento congênere;
obrigação que dá origem a um passivo. Entretanto, não é essencial
(c) o exercício do poder de criar um direito; e
saber a identidade dos terceiros antes da época da extinção do pas-
(d) o evento que dá origem ao direito de receber recursos de
sivo para que a obrigação presente exista.
terceiros.
5.19 Muitas transações que dão origem à obrigação preveem
O ativo surge quando o poder for exercido e os direitos de re- prazos de liquidação. A existência de prazo de liquidação pode for-
ceber recursos existirem. necer uma indicação de que a obrigação envolve a saída de recur-
sos e origina um passivo. Entretanto, existem muitos contratos ou
Passivo acordos que não preveem prazos para a liquidação. A ausência de
Definição data de liquidação não impede que a obrigação origine um passivo.

5.14 Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento Obrigações legais


passado, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da enti- 5.20 Obrigação legal (ou legalmente vinculada) é exigível por
dade. força de lei. Tais obrigações exigíveis podem advir de uma série de
dispositivos legais. Transações com contraprestação normalmente
Obrigação presente são de natureza contratual e, portanto, exigíveis por meio do direi-
to contratual ou equivalente. Para alguns tipos de transações sem
5.15 As entidades do setor público podem ter uma série de contraprestação, é necessário julgamento profissional para se de-
obrigações. Obrigação presente é uma obrigação que ocorre por terminar se a obrigação é exigível por força de lei. Quando for defi-
força de lei (obrigação legal ou obrigação legalmente vinculada) ou nido que a obrigação é exigível por força de lei, não há dúvida que
uma obrigação que não ocorre por força de lei (obrigação não legal- a entidade não tem realisticamente alternativa alguma para evitar a
mente vinculada), as quais não possam ser evitadas pela entidade. obrigação e que, consequentemente, o passivo existe.
5.21 Algumas obrigações relacionadas a transações com con-
Saída de recursos da entidade traprestação não são rigorosamente exigíveis por terceiros na data
de apresentação das informações contábeis, mas serão exigíveis no
5.16 Um passivo deve envolver uma saída de recursos da en- transcurso do tempo sem que terceiros tenham que satisfazer ou-
tidade para ser liquidado ou extinto. A obrigação que pode ser li- tras condições - ou ter que realizar qualquer outra ação - antes da
quidada ou extinta sem a saída de recursos da entidade não é um liquidação.
passivo. As demandas que são exigíveis incondicionalmente em razão
5.16A Para os fins desta estrutura conceitual, os termos “liqui- do transcurso do tempo são obrigações exigíveis no contexto da de-
dado” ou “liquidação” não se confundem com os termos corres- finição de passivo.
pondentes utilizados na execução orçamentária, conforme legisla-
ção brasileira sobre orçamento. 5.22 O poder soberano é a autoridade maior do governo para
fazer, aditar e vetar os dispositivos legais. A existência do poder so-
Evento passado berano não é uma condição para se concluir que a obrigação não
satisfaz a definição de passivo conforme esta estrutura conceitual.
A situação jurídica deve ser avaliada a cada apresentação da infor-
5.17 Para satisfazer a definição de passivo, é necessário que a mação contábil para determinar se a obrigação deixa de ser vincu-
obrigação presente surja como resultado de transação ou de ou- lada e de satisfazer a definição de passivo.
tro evento passado e necessite da saída de recursos da entidade
para ser extinta. A complexidade inerente ao setor público faz com Obrigações não legalmente vinculadas
que eventos diversos referentes ao desenvolvimento, implantação
e execução de determinado programa ou atividade possam gerar 5.23 Passivos podem surgir de obrigações não legalmente vin-
obrigações. Para fins de elaboração e divulgação da informação culadas. Estas se diferenciam das obrigações legais, pois as partes a
contábil, é necessário determinar se tais compromissos e obriga- quem as obrigações dizem respeito não podem tomar ações legais
ções, inclusive aqueles que não possam ser evitados pela entidade, para liquidá-las. Obrigações não legalmente vinculadas que geram
mas que não ocorrem por força de lei (obrigações não legalmente passivos têm as seguintes características:
vinculadas), são obrigações presentes e satisfazem a definição de (a) a entidade indica a terceiros, por meio de um padrão esta-
passivo. Quando a transação tem forma jurídica e é vinculada, tal belecido de práticas passadas, políticas publicadas ou de declaração
como um contrato, o evento passado pode ser identificado de for- específica, que aceitará certas responsabilidades;
ma inequívoca. Em outros casos, pode ser mais difícil identificar o
evento passado e é necessário fazer uma avaliação de quando a en-
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
(b) como resultado de tal indicação, a entidade cria uma ex- satisfaça a definição de elemento definido nesta estrutura concei-
pectativa válida da parte de terceiros de que cumprirá com essas tual precise ser reconhecido nas demonstrações contábeis. Nesses
responsabilidades; e casos, as NBCs TSP podem exigir ou permitir que esses recursos ou
(c) a entidade tem pouca ou nenhuma alternativa realista para obrigações sejam reconhecidos como outros recursos ou outras
evitar o cumprimento da obrigação gerada a partir dessas respon- obrigações, os quais são itens adicionais aos seis elementos defini-
sabilidades. dos nesta estrutura conceitual.
5.24 No setor público, as obrigações podem surgir em uma sé- 5.28 A situação patrimonial líquida é a diferença entre os ativos
rie de eventos. Por exemplo, na implementação de programa ou e os passivos após a inclusão de outros recursos e a dedução de
serviço, a obrigação pode decorrer: outras obrigações, reconhecida na demonstração que evidencia a
(a) da realização de promessa política, tal como compromisso situação patrimonial como patrimônio líquido. A situação patrimo-
eleitoral; nial líquida pode ser um montante residual positivo ou negativo.
(b) do anúncio de política; e
(c) da proposta (e aprovação) do orçamento (que podem ser Receita e despesa
dois eventos distintos). 5.29 Receita corresponde a aumentos na situação patrimonial
Os estágios iniciais de implementação não devem dar origem líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietá-
a obrigações presentes que atendem à definição de passivo. Fases rios.
posteriores como, por exemplo, requerimentos que cumpram os 5.30 Despesa corresponde a diminuições na situação patrimo-
critérios de elegibilidade para o serviço a ser prestado, pode dar nial líquida da entidade não oriundas de distribuições aos proprie-
lugar a obrigações que atendem à definição de passivo. tários.
5.25 O momento no qual a obrigação dá origem ao passivo 5.31 Receitas e despesas originam-se de transações com con-
depende da natureza da obrigação. Os fatores que provavelmente traprestação e sem contraprestação, de outros eventos, tais como:
irão impactar os julgamentos de que terceiros podem concluir de aumentos e decréscimos não realizados de ativos e passivos; do
maneira válida que a obrigação é tal que a entidade tem pouca ou consumo dos ativos por meio da depreciação; e da redução do po-
nenhuma alternativa realista de evitar a saída de recursos incluem: tencial de serviços e da capacidade de gerar benefícios econômi-
(a) a natureza do evento ou eventos passados que dão origem cos por meio da redução ao valor recuperável. Receitas e despesas
à obrigação. Por exemplo, a promessa feita em eleição é improvável podem ser originadas de transações individuais ou de grupos de
que dê origem a uma obrigação presente, porque uma promessa transações.
eleitoral raramente cria uma expectativa válida por parte de tercei-
ros de que a entidade tem obrigação que tem pouca ou nenhuma Superávit ou déficit do exercício
alternativa realista para evitar o seu cumprimento. No entanto, um
anúncio em relação a evento ocorrido pode ter apoio político tal 5.32 O superávit ou o déficit da entidade para o exercício é a di-
que o governo não possa se desobrigar de cumpri-lo. Onde o gover- ferença entre as receitas e as despesas que constam na demonstra-
no se comprometeu a introduzir e a assegurar a dotação orçamen- ção que evidencia o desempenho das entidades do setor público.
tária necessária, tal anúncio pode dar origem a uma obrigação não
legalmente vinculada; Contribuição dos proprietários e distribuição aos proprietá-
(b) a capacidade da entidade em modificar ou alterar a obri- rios
gação antes que ela se cristalize. Por exemplo, o anúncio de uma
política geralmente não vai dar origem a uma obrigação não legal- 5.33 Contribuição dos proprietários corresponde a entrada de
mente vinculada, que não possa ser modificada antes de ser imple- recursos para a entidade a título de contribuição de partes exter-
mentada. Da mesma forma, se a obrigação depende da ocorrência nas, que estabelece ou aumenta a participação delas no patrimônio
de eventos futuros, pode haver discernimento para evitar a saída de líquido da entidade.
recursos antes de ocorrerem esses eventos; e 5.34 Distribuição aos proprietários corresponde a saída de re-
(c) pode haver uma correlação entre a disponibilidade de fun- cursos da entidade a título de distribuição a partes externas, que
dos para liquidar uma obrigação particular e a criação de uma obri- representa retorno sobre a participação ou a redução dessa partici-
gação presente. Por exemplo, quando a despesa orçamentária foi pação no patrimônio líquido da entidade.
aprovada e seu financiamento vinculado é assegurado por meio 5.35 É importante distinguir os conceitos de despesa e receita
de apropriação, quando há disponibilidade de financiamento para dos conceitos de distribuição aos proprietários e contribuição dos
uma contingência ou quando há transferência de nível diferente de proprietários, inclusive as entradas que estabelecem inicialmente
governo, a obrigação não legalmente vinculada pode existir. No en- suas participações na entidade. Além do aporte de recursos e do
tanto, a ausência de dotação orçamentária própria não significa que pagamento de dividendos que podem ocorrer, é relativamente co-
a obrigação presente não surgiu. mum que ativos e passivos sejam transferidos entre entidades do
5.26 “Coerção econômica”, “necessidade política” ou outras setor público. Sempre que tais transferências satisfizerem as defini-
circunstâncias podem criar situações em que, apesar de o setor pú- ções de contribuição dos proprietários ou de distribuição aos pro-
blico não ser legalmente obrigado a incorrer na saída de recursos, prietários, elas devem ser contabilizadas como tal.
as consequências políticas ou econômicas de não as atender são 5.36 As participações dos proprietários podem surgir na cria-
tão significativas que não deixam alternativa à entidade a não ser a ção da entidade quando outra entidade contribui com recursos
de despender recursos para liquidá-las. para dar à nova entidade a capacidade de iniciar suas operações.
No setor público, as contribuições ou as distribuições de recursos
Situação patrimonial líquida, outros recursos e outras obriga- são, algumas vezes, relacionadas à reestruturação do governo e
ções irão tomar a forma de transferências de ativos e passivos em vez de
transações em espécie. As participações dos proprietários podem
5.27 Conforme o item 5.4, em alguns casos, ao se desenvolver tomar diferentes formas, podendo não ser evidenciadas por meio
ou revisar uma NBC TSP, pode-se determinar que, para alcançar os de instrumento de capital próprio.
objetivos da informação contábil, o recurso ou a obrigação que não
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
5.37 A contribuição dos proprietários pode tomar a forma de Incerteza quanto à mensuração
aporte inicial de recursos na criação da entidade ou de aporte de
6.7 Para se reconhecer um item nas demonstrações contábeis,
recursos subsequente, inclusive quando da reestruturação da en-
é necessário atribuir um valor monetário a ele. Isso requer escolher
tidade.
a base de mensuração apropriada e determinar se a mensuração do
Já a distribuição aos proprietários pode ser: (a) o retorno sobre
item cumpre as características qualitativas, levando-se em conside-
investimento;
ração as restrições acerca da informação nos RCPGs, inclusive que
(b) o retorno total ou parcial de investimentos; ou (c) no caso
a mensuração seja suficientemente relevante e fidedignamente re-
da extinção ou reestruturação da entidade, o retorno de qualquer
presentativa para o item a ser reconhecido nas demonstrações con-
recurso residual.
tábeis. A seleção da base de mensuração adequada é considerada
no Capítulo 7.
CAPÍTULO 6 6.8 Pode haver incerteza associada à mensuração de montantes
RECONHECIMENTO NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS apresentados nas demonstrações contábeis. O uso de estimativas é
parte essencial da contabilidade sob o regime de competência.
Critérios de reconhecimento e sua relação com a evidenciação Uma decisão acerca da relevância e da representação fidedig-
na da mensuração envolve a consideração de técnicas como, por
6.1 Este capítulo identifica os critérios que devem ser satisfei-
exemplo, utilizar intervalos de resultados e estimativas pontuais,
tos para que um elemento seja reconhecido nas demonstrações
e se uma evidência adicional sobre as circunstâncias econômicas
contábeis. O reconhecimento é o processo de incorporar e de in-
existentes na data do relatório está disponível. A evidenciação pode
cluir um item, expresso em valores a serem demonstrados no corpo
fornecer informação útil sobre as técnicas de estimativa emprega-
da demonstração contábil apropriada, que satisfaça a definição de
das. Pode haver raras circunstâncias nas quais o nível de incerteza
elemento e possa ser mensurado de maneira que observe as carac-
em um único ponto da estimativa é tão grande que a relevância e
terísticas qualitativas, levando em consideração as restrições sobre
a representação fidedigna da medida utilizada são questionáveis,
a informação incluída nos RCPGs.
mesmo que haja a evidenciação das técnicas de estimativa utiliza-
6.2 O item deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis
das. Nessas circunstâncias, o item não deve ser reconhecido.
quando:
(a) satisfizer a definição de elemento; e
(b) puder ser mensurado de maneira que observe as caracte- Evidenciação e reconhecimento
rísticas qualitativas, levando em consideração as restrições sobre a
informação incluída nos RCPGs. 6.9 A falha ao se reconhecer itens que satisfazem a definição de
6.3 Todos os itens que satisfaçam os critérios de reconhecimen- elemento e os critérios de reconhecimento utilizados não é convali-
to são inseridos nas demonstrações contábeis. Em algumas circuns- dada pela evidenciação das políticas contábeis, notas ou outro deta-
tâncias, determinada NBC TSP pode também especificar que, para lhe explicativo. Contudo, a evidenciação pode fornecer informação
alcançar os objetivos da elaboração e da divulgação da informação sobre os itens que satisfazem muitas características que definem o
contábil, um recurso ou obrigação que não satisfaça a definição elemento, mas nem todas. A evidenciação pode também fornecer
de elemento deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis informação sobre os itens que satisfazem a definição de elemen-
desde que possa ser mensurado de maneira que satisfaça as ca- to, mas que não podem ser mensurados de maneira que satisfa-
racterísticas qualitativas e as restrições sobre a informação incluída ça suficientemente as características qualitativas e ir de encontro
nos RCPGs. Outros recursos e outras obrigações são discutidos no aos objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil.
Capítulo 5. A evidenciação é apropriada quando o conhecimento sobre o item
6.4 O reconhecimento envolve a avaliação da incerteza relacio- é considerado relevante para a avaliação da situação patrimonial
nada à existência e à mensuração do elemento. As condições que líquida da entidade e, portanto, satisfaz os objetivos da elaboração
dão origem à incerteza, se existirem, podem mudar. Portanto, é im- e divulgação da informação contábil.
portante que a incerteza seja avaliada em cada data de divulgação
do relatório. Desreconhecimento

Definição de elemento 6.10 O desreconhecimento é o processo de avaliar se ocorre-


ram mudanças, desde a data do relatório anterior, que justifiquem
6.5 Para ser reconhecido como elemento, o item precisa satis- a remoção de elemento que tenha sido previamente reconhecido
fazer a definição de um dos elementos descritos no Capítulo 5. A nas demonstrações contábeis, bem como remover esse item se tais
incerteza sobre a existência de elemento é examinada ao conside- mudanças ocorrerem. Ao se avaliar a incerteza sobre a existência
rar a evidência disponível para emitir julgamento neutro sobre se do elemento, os mesmos critérios devem ser utilizados para o des-
o item satisfaz todas as características essenciais da definição de reconhecimento, tais como aqueles utilizados no reconhecimento
elemento, considerando todos os fatos e circunstâncias disponíveis inicial.
na data do relatório.
6.6 Caso se determine que o elemento, de fato, existe, a incer-
teza sobre o montante do potencial de serviços ou da capacidade
de gerar benefícios econômicos representados por ele deve ser le-
vado em consideração na sua mensuração (ver itens 6.7 e 6.8). Os
responsáveis pela elaboração dos RCPGs revisam e avaliam toda a
evidência disponível ao determinarem se o elemento existe e deve
ser reconhecido, se aquele elemento continua a se qualificar para o
reconhecimento (ver item 6.9), ou se houve mudança em elemento
existente.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
CAPÍTULO 7 Valores de entrada e de saída
MENSURAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS NAS DEMONSTRA- 7.8 As bases de mensuração podem fornecer valores de entra-
ÇÕES CONTÁBEIS da e valores de saída. Para o ativo, os valores de entrada refletem
o custo da compra. O custo histórico e o custo de reposição são
Introdução valores de entrada. Os valores de saída refletem os benefícios eco-
nômicos da venda e também o montante que será obtido com a uti-
7.1 Este capítulo identifica os conceitos que orientam a seleção lização do ativo. Em economia diversificada, os valores de entrada e
das bases de mensuração de ativos e passivos para as NBCs TSP e saída diferem à medida que as entidades, normalmente:
pelos responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis (a) adquirem ativos concebidos para suas particularidades ope-
quando não existirem regramentos específicos constantes das NBCs racionais para as quais outros participantes do mercado não esta-
TSP. riam dispostos a pagar valor semelhante; e
(b) incorrem em custos de transação na aquisição.
Objetivo da mensuração 7.9 As bases de mensuração para o passivo também podem
7.2 O objetivo da mensuração é selecionar bases que reflitam ser classificadas em termos de valores de entrada ou de saída. Os
de modo mais adequado o custo dos serviços, a capacidade opera- valores de entrada se relacionam à transação na qual a obrigação
cional e a capacidade financeira da entidade de forma que seja útil é contraída ou ao montante que a entidade aceitaria para assumir
para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e um passivo. Os valores de saída refletem o montante exigido para
tomada de decisão. cumprir a obrigação ou o montante exigido para liberar a entidade
7.3 A seleção da base de mensuração para ativos e passivos da obrigação.
contribui para satisfazer aos objetivos da elaboração e divulgação
da informação contábil pelas entidades do setor público ao forne- Medidas observáveis e não observáveis
cer informação que possibilita os usuários avaliarem: 7.10 Determinadas medidas podem ser classificadas como sen-
(a) o custo dos serviços prestados no período, em termos his- do ou não observáveis em mercado aberto, ativo e organizado. As
tóricos ou atuais; medidas observáveis em mercado são, provavelmente, mais fáceis
(b) a capacidade operacional - a capacidade da entidade em de serem compreendidas e verificadas do que as medidas não ob-
dar suporte à prestação de serviços no futuro por meio de recursos serváveis.
físicos e outros; e Elas também podem representar mais fielmente os fenômenos
(c) a capacidade financeira - a capacidade da entidade em fi- que estejam mensurando.
nanciar as suas próprias atividades.
7.4 A seleção da base de mensuração também pressupõe a Medidas específicas e não específicas para a entidade
avaliação do grau de observância das características qualitativas
enquanto considera as restrições sobre a informação nos RCPGs.
7.11 As medidas podem ser também classificadas conforme o
Bases de mensuração e sua seleção. fato de serem ou não específicas para a entidade. As bases de men-
suração que são específicas para a entidade refletem as restrições
7.5 No nível de estrutura conceitual, não é possível identificar de cunho econômico ou político presentes que afetam as utiliza-
uma única base de mensuração que melhor atenda ao objetivo ções possíveis de ativo e a extinção de passivo. As medidas especí-
da mensuração. Portanto, a estrutura conceitual não propõe uma ficas para a entidade podem refletir as oportunidades econômicas
única base de mensuração (ou a combinação de bases de mensu- que não estão disponíveis para outras entidades e os riscos que não
ração) para todas as transações, eventos e condições. A estrutura são vivenciados por estas. As medidas não específicas para a enti-
conceitual fornece orientação na seleção da base de mensuração dade refletem as oportunidades e os riscos gerais de mercado. A
para ativos e passivos. decisão de se utilizar ou não uma medida específica para a entidade
7.6 As seguintes bases de mensuração para os ativos são identi- é tomada com base no objetivo da mensuração e nas características
ficadas e discutidas à luz da informação que fornecem sobre o custo qualitativas.
de serviços prestados, a capacidade operacional e a capacidade fi-
nanceira da entidade, além da extensão na qual fornecem informa- Nível de agregação ou desagregação para fins de mensuração
ção que satisfaça as características qualitativas:
(a) custo histórico; 7.12 Para apresentar os ativos e os passivos nas demonstrações
(b) valor de mercado; contábeis de modo a fornecer a informação que melhor satisfaça
(c) custo de reposição ou substituição; o objetivo da mensuração e a observar as características qualita-
(d) preço líquido de venda; tivas pode ser necessário agregá-los ou desagregá-los para fins de
(e) valor em uso. mensuração. Os custos são comparados com os benefícios para se
7.7 As seguintes bases de mensuração dos passivos são identi- avaliar se tal agregação ou desagregação é apropriada.
ficadas e discutidas à luz (a) da informação que fornecem sobre o
custo dos serviços prestados, da capacidade operacional e da capa- Bases de mensuração para os ativos
cidade financeira da entidade, e (b) da extensão na qual fornecem
Custo histórico
informação que satisfaça as características qualitativas:
(a) custo histórico; 7.13 Custo histórico de um ativo é a importância fornecida para
(b) custo de cumprimento da obrigação; se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou
(c) valor de mercado; equivalentes de caixa ou o valor de outra importância fornecida à
(d) custo de liberação; e época de sua aquisição ou desenvolvimento.
(e) preço presumido.

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7.14 Custo histórico é o valor de entrada, específico para a enti- A avaliação da capacidade financeira também exige informação
dade. No modelo do custo histórico, os ativos devem ser inicialmen- sobre o montante que poderia ser recebido pela venda do ativo e
te reconhecidos pelo custo incorrido na sua aquisição. Subsequen- reinvestido em outros ativos para fornecer serviços diferentes.
temente ao reconhecimento inicial, esse custo pode ser alocado O custo histórico não fornece essa informação quando é signi-
como despesa do exercício na forma de depreciação ou amortiza- ficativamente diferente dos valores de saída atuais.
ção para determinados ativos, à medida que o potencial de serviços
ou a capacidade de gerar benefícios econômicos fornecidos por tais Aplicação das características qualitativas
ativos são consumidos durante a sua vida útil. Após o reconheci-
7.19 Os itens 7.16 a 7.18 explicam as áreas nas quais o cus-
mento inicial, a mensuração de ativo não é alterada para refletir as
to histórico fornece informação relevante em termos do seu valor
mudanças nos preços ou aumentos no valor do ativo.
confirmatório ou preditivo. Frequentemente, a aplicação do custo
7.15 No modelo do custo histórico, o montante do ativo pode
histórico é direta, porque a informação da transação está disponível
ser reduzido ao se reconhecer a redução ao valor recuperável. O
prontamente. Como resultado, os montantes derivados do modelo
referido ajuste corresponde à extensão na qual o potencial de ser-
do custo histórico são, geralmente, representações fidedignas na
viços ou a capacidade de gerar benefícios econômicos fornecidos
medida em que representam o que pretendem representar, isto é,
por ativo diminuiu devido às mudanças nas condições econômicas
o custo de se adquirir ou desenvolver um ativo baseado nas tran-
ou em outras condições, as quais são distintas do seu consumo. Isso
sações efetivamente ocorridas. As estimativas de depreciação e re-
envolve avaliações da capacidade de recuperação. Por outro lado,
dução ao valor recuperável utilizadas no modelo do custo histórico,
o montante do ativo pode ser aumentado para refletir o custo das
particularmente para ativos não geradores de caixa, podem afetar
adições e aprimoramentos (excluindo aumentos de preço para os
a fidedignidade da representação da informação. Pelo fato da apli-
ativos sem melhorias) ou outros eventos como, por exemplo, o in-
cação do custo histórico geralmente refletir os recursos consumidos
cremento do valor de face de ativo financeiro.
com referência às transações efetivamente ocorridas, as medidas
dessa aplicação são verificáveis, compreensíveis e podem ser ela-
Custo dos serviços
boradas em tempo hábil.
7.16 Quando o custo histórico for utilizado, o custo dos serviços 7.20 A informação do custo histórico é comparável na extensão
reflete o montante dos recursos gastos para se adquirir ou desen- em que os ativos tenham a mesma data de aquisição ou data simi-
volver ativos consumidos na prestação de serviços. Normalmente, lar. Como o custo histórico não reflete o impacto das mudanças do
o custo histórico fornece um elo direto com as transações que, de preço, não é possível comparar os montantes dos ativos que foram
fato, foram realizadas pela entidade. Como os custos utilizados são adquiridos em épocas distintas quando os preços variarem signifi-
aqueles trazidos de exercícios anteriores sem ajuste pelas mudan- cativamente.
ças do preço, eles não refletem o custo dos ativos quando consu- 7.21 Em determinadas circunstâncias, a aplicação do custo his-
midos. tórico pressupõe o uso de alocações, por exemplo, quando:
Na medida em que o custo dos serviços é evidenciado utilizan- (a) vários ativos são adquiridos em uma única transação;
do-se preços passados, a informação fornecida pelo custo histórico (b) os ativos são construídos pela própria entidade e os custos
não irá facilitar a avaliação do custo futuro de prestação de serviços operacionais e outros gastos têm que ser atribuídos; e
caso as mudanças no valor cumulativo desde a sua aquisição sejam (c) a utilização de método de mensuração, tal como o primeiro
significativas. a entrar é o primeiro a sair (PEPS), é necessária quando vários ativos
semelhantes são mantidos. Na medida em que tais alocações forem
Capacidade operacional arbitrárias, faz com que se reduza a extensão na qual a mensuração
atende às características qualitativas.
7.17 Caso o ativo tenha sido adquirido em transação com con-
traprestação, o custo histórico fornece informação sobre os recur-
Mensurações a valor corrente
sos disponíveis para a prestação de serviços no futuro, baseada no
seu custo de aquisição. À época em que o ativo é comprado ou de- 7.22 As mensurações a valor corrente refletem o ambiente eco-
senvolvido, pode-se assumir que o valor do seu potencial de servi- nômico vigente na data de apresentação do relatório.
ços para a entidade é igual ou maior do que o custo da aquisição. 7.23 Existem quatro bases de mensuração a valor corrente para
Quando a depreciação ou amortização é reconhecida, ela re- os ativos:
flete a extensão na qual o potencial de serviços do ativo foi con- (a) valor de mercado;
sumido. A informação do custo histórico mostra que os recursos (b) custo de reposição ou substituição;
disponíveis para serviços futuros são equivalentes ao montante no (c) preço líquido de venda; e
qual foram evidenciados. (d) valor em uso.
Os aumentos no valor do ativo não são refletidos no modelo
do custo histórico. Caso o ativo tenha sido adquirido em transação Valor de mercado
sem contraprestação, o valor da transação não fornece informação
7.24 Valor de mercado para ativos é o montante pelo qual um
sobre a capacidade operacional.
ativo pode ser trocado entre partes cientes e dispostas, em transa-
ção sob condições normais de mercado.
Capacidade financeira
7.25 Na aquisição, o valor de mercado e o custo histórico são os
7.18 O montante no qual os ativos são apresentados nas de- mesmos, caso os custos da transação sejam ignorados e a transação
monstrações contábeis auxilia na avaliação da capacidade financei- seja uma transação com contraprestação. A extensão na qual o va-
ra. lor de mercado satisfaz os objetivos da elaboração e divulgação da
O custo histórico pode fornecer informação sobre o montante informação contábil e as necessidades de informação dos usuários
dos ativos que pode ser utilizado como garantia efetiva para em- depende, parcialmente, da qualidade das evidências do mercado.
préstimos. Essas, por sua vez, dependem das características do mercado no
qual o ativo é comercializado. O valor de mercado é especialmente

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apropriado quando se julga que a diferença entre os valores de en- Custos dos serviços
trada e de saída provavelmente não será significativa ou o ativo é
7.30 A receita da prestação de serviços evidenciada nas de-
mantido com a intenção de ser vendido.
monstrações contábeis deve ser mensurada com base nos valores
7.26 Em princípio, os valores de mercado fornecem informa-
relativos ao exercício. Caso os ativos utilizados para prestar os servi-
ção útil porque refletem, de maneira adequada, o valor do ativo
ços sejam mensurados pelo valor de mercado, a alocação do custo
para a entidade. Em mercado aberto, ativo e organizado (ver item
dos ativos para refletir o seu consumo no período se baseia nele.
7.28), o ativo não pode valer menos do que o valor de mercado,
7.31 A utilização de valores do mercado permite que o retorno
uma vez que a entidade pode obter esse montante pela venda, e o
sobre os ativos seja determinado. Contudo, as entidades do setor
ativo também não pode valer mais do que o valor de mercado, uma
público normalmente não realizam atividades com o objetivo prin-
vez que a entidade pode obter potencial de serviços equivalente ou
cipal de gerar lucros, e os serviços, com frequência, são prestados
capacidade de gerar benefícios econômicos pela compra do mesmo
por meio de transações sem contraprestação ou em condições sub-
ativo.
sidiadas.
7.27 A utilidade dos valores de mercado é mais questionável
quando não se observa a premissa de que os mercados são abertos,
Consequentemente, pode haver pouca relevância nas infor-
ativos e organizados. Em tais circunstâncias, não se pode presumir
mações de resultados decorrentes de saídas baseadas em valores
que o ativo possa ser vendido pelo mesmo valor pelo qual ele pode
de mercado.
ser adquirido e é necessário determinar se o valor de saída ou de
entrada é a medida mais útil. Os valores de mercado baseados em
valores de saída são úteis para ativos que são mantidos para co- 7.32 Conforme observado no item 7.30, a receita da presta-
mercialização como, por exemplo, certos instrumentos financeiros, ção de serviços evidenciada nas demonstrações contábeis deve ser
mas pode não ser útil para ativos operacionais especializados. Além mensurada com base nos valores correntes no exercício. Assim, o
disso, enquanto a compra de um ativo fornece evidência de que o superávit ou o déficit do período inclui movimentações de valores
valor do ativo para a entidade é, pelo menos, tão grande quanto o que acontecem durante o período no qual os ativos e passivos são
seu preço de compra, os fatores operacionais podem significar que mantidos e nenhum resultado é evidenciado na venda do ativo.
o valor para a entidade pode ser maior. Desse modo, os valores de Quando o ativo é comercializado em mercado aberto, ativo e or-
mercado podem não refletir o valor do ativo para a entidade, repre- ganizado, a existência do mercado fornece segurança à entidade
sentado pela sua capacidade operacional. para constatar o valor de mercado (e nada além disso) à data do
relatório. Portanto, é desnecessário adiar o reconhecimento das
Valores de mercado em mercado aberto, ativo e organizado mudanças no valor até que o ganho seja realizado no ato da venda.
Contudo, quando os ativos utilizados para prestar serviços não são
7.28 Os mercados abertos, ativos e organizados têm as seguin- comercializados em mercados abertos, ativos e organizados (ou em
tes características: mercados assemelhados), a relevância da receita e da despesa rela-
(a) não existem barreiras que impeçam a entidade de realizar cionadas às mudanças no valor de mercado é questionável.
transações no mercado;
(b) eles são mercados ativos e, assim, há frequência e volume Capacidade operacional
suficientes de transações para fornecer informação sobre o valor; e
(c) eles são organizados, com compradores e vendedores bem 7.33 A informação sobre o valor de mercado dos ativos manti-
informados, agindo sem impulsos, de modo a haver garantia de im- dos para prestar serviços futuros é útil se refletir o valor que a enti-
parcialidade na determinação dos preços correntes, inclusive que dade é capaz de obter deles ao utilizá-los na prestação de serviços.
os preços não representem vendas precipitadas. Entretanto, se o valor de mercado baseado em valores de saída
Mercado organizado é aquele que funciona de maneira con- for significativamente menor do que o custo histórico, o valor de
fiável, segura, precisa e eficiente. Tais mercados lidam com ativos mercado é provavelmente menos relevante do que o custo históri-
que são idênticos e, portanto, mutuamente intercambiáveis como, co para fornecer informação sobre a capacidade operacional. Além
por exemplo, commodities, moedas e títulos em que os preços são disso, esse valor de mercado também é provavelmente menos re-
públicos. levante do que as medidas correntes baseadas em valores de en-
Na prática, poucos mercados, se houver, exibem plenamente trada.
todas essas características, mas alguns poderão se aproximar de
mercado organizado tal como descrito. Capacidade financeira

Valores de mercado em que os mercados não podem ser con- 7.34 A avaliação da capacidade financeira requer a informação
siderados abertos, ativos e organizados sobre o montante que deveria ser recebido na venda do ativo. Essa
informação é fornecida pelo valor de mercado.
7.29 Os mercados de ativos que sejam únicos e raramente co-
mercializados não são abertos, ativos e organizados, ou seja, quais- Aplicação das características qualitativas
quer compras e vendas são negociadas individualmente e pode ha- 7.35 Os valores determinados em mercados abertos, ativos
ver grande amplitude de valores pelos quais uma transação pode e organizados podem ser prontamente utilizados para fins de ela-
ser acordada. Portanto, os participantes incorrem em custos signi- boração e divulgação da informação contábil. Nesses casos, a in-
ficativos para comprar ou vender um ativo. Em tais circunstâncias, formação irá satisfazer as características qualitativas, isto é, é rele-
é necessário utilizar uma estimativa do valor de venda, à data de vante, fidedignamente representada, compreensível, comparável e
mensuração e conforme as condições presentes de mercado. verificável. Em tais condições de mercado, os valores de entrada e
de saída podem ser assumidos como sendo os mesmos ou muito
semelhantes. Pelo fato de ser em tempo hábil, tal informação, pro-
vavelmente, também é tempestiva.

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7.36 A extensão na qual os valores de mercado satisfazem as Custo dos serviços
características qualitativas diminui na medida em que a qualidade
7.43 O custo de reposição fornece uma medida relevante do
das evidências de mercado diminui e a determinação de tais valo-
custo de prestação de serviços. O custo de consumo do ativo é equi-
res é baseada em estimativas. Conforme indicado acima, os valores
valente ao montante do sacrifício do potencial de serviços incorrido
de mercado baseados em valores de saída somente são relevantes
por essa utilização. Esse montante é o seu custo de reposição - a
para avaliações da capacidade financeira e, não, para as avaliações
entidade é capaz de restaurar a sua posição para aquela imedia-
dos custos dos serviços e da capacidade operacional.
tamente anterior ao consumo do ativo pelo desembolso igual ao
custo de reposição.
Custo de reposição ou substituição
7.44 Os custos dos serviços devem ser evidenciados em ter-
7.37 Custo de reposição ou substituição é o custo mais econô- mos presentes quando baseados no custo de reposição. Assim, o
mico exigido para a entidade substituir o potencial de serviços de montante do ativo consumido deve ser reconhecido pelo valor dos
ativo (inclusive o montante que a entidade recebe a partir de sua ativos à época em que foram consumidos - e não na época em que
alienação ao final da sua vida útil) na data do relatório. foram adquiridos, como custo histórico. Isso fornece uma base vá-
7.38 O custo de reposição difere do valor de mercado porque: lida para a comparação entre o custo dos serviços e o montante de
(a) no contexto do setor público, é, explicitamente, um valor de tributos e outras receitas recebidos no período - os quais são ge-
entrada que reflete o custo de reposição do potencial de serviços ralmente as transações do período atual e mensuradas aos valores
do ativo; atuais - e para avaliar se os recursos foram utilizados com economi-
(b) inclui todos os custos que seriam, necessariamente, incorri- cidade e eficiência.
dos na reposição do potencial de serviços do ativo; e Fornece também uma base útil para comparação com outras
(c) é específico à entidade e, portanto, reflete a posição eco- entidades que evidenciam na mesma base, já que os valores do ati-
nômica da entidade em vez da posição predominante em mercado vo não são afetados pelas diferentes datas de aquisição, além de
hipotético. Por exemplo, o custo de reposição de veículo é menor possibilitar a avaliação do custo de se prestar serviços futuros e das
para a entidade que normalmente adquire grande número de veí- necessidades futuras de recursos, já que os custos futuros prova-
culos em uma única transação e é capaz de negociar descontos do velmente serão mais assemelhados aos custos presentes do que
que para a entidade que compra os veículos individualmente. aqueles incorridos no passado, quando os valores eram diferentes
7.39 Como as entidades normalmente adquirem os seus ativos (ver também o item 7.48).
pelo meio mais econômico disponível, o custo de reposição reflete
o processo de compra ou de construção que a entidade geralmente Capacidade operacional
observa. O custo de reposição reflete a substituição do potencial de
serviços no curso normal das operações e, não, os custos que pode- 7.45 Em princípio, o custo de reposição fornece uma medida
riam ser incorridos caso surgisse a necessidade urgente resultante útil dos recursos disponíveis para prestar os serviços no futuro, uma
de evento imprevisível, tal como um incêndio. vez que está centrado no valor atual dos ativos e o seu potencial de
7.40 O custo de reposição corresponde ao custo para substi- serviços para a entidade.
tuir o potencial de serviços do ativo. O custo de reposição adota
a abordagem otimizada e difere do custo de reprodução, que é o Capacidade financeira
custo de se adquirir um ativo idêntico. Ainda que, em muitos ca-
sos, a substituição mais econômica do potencial de serviços corres-
ponda à compra de ativo semelhante ao que é controlado, o custo 7.46 O custo de reposição não fornece informação sobre os
de reposição se baseia em ativo alternativo caso forneça o mesmo montantes que seriam recebidos na venda de ativos. Portanto, não
potencial de serviços, com custo menor. Para os fins da informação facilita a avaliação da capacidade financeira.
contábil, portanto, é necessário evidenciar a diferença no potencial
de serviços entre o ativo existente e o ativo substituto. Aplicação das características qualitativas
7.41 O potencial de serviços apropriado é aquele no qual a en- 7.47 Conforme observado anteriormente, o custo de reposição
tidade seja capaz de utilizar ou espera utilizar, tendo em vista a ne- é relevante para avaliações do custo dos serviços e da capacidade
cessidade de se manter capacidade de serviços suficiente para lidar operacional, mas não é relevante para avaliações da capacidade
com as contingências. Dessa maneira, o custo de reposição do ativo financeira. Em algumas circunstâncias, o cálculo do custo de repo-
reflete a redução na capacidade de serviço exigida. Por exemplo, sição é complexo e exige opiniões subjetivas. Esses fatores podem
se a entidade possui uma escola que comporte quinhentos alunos, reduzir a representação fidedigna do custo de reposição. Nesse
mas, devido a mudanças demográficas desde a sua construção, seja contexto, a tempestividade, a comparabilidade e a verificabilidade
adequada uma escola para cem alunos para as necessidades atuais da informação elaborada com base no custo de reposição podem
e razoavelmente requeridas, o custo de reposição do ativo é aquele ser afetadas e o custo de reposição pode ser mais dispendioso do
de uma escola para cem alunos. que outras alternativas. A informação do custo de reposição pode
7.42 Em alguns casos, o valor a ser obtido do ativo será maior também não ser de compreensão direta, especialmente quando a
do que o seu custo de reposição. Contudo, não seria apropriado informação reflete a redução na capacidade de serviços exigida (ver
mensurar o ativo por aquele valor, uma vez que ele inclui os be- item 7.41).
nefícios das atividades futuras, em vez do potencial de serviços na 7.48 A informação do custo de reposição é comparável dentro
data do relatório. O custo de reposição representa o maior valor da entidade quando os ativos que fornecem potencial de serviços
potencial do ativo, já que, por definição, a entidade deve ser capaz equivalentes são informados em montantes semelhantes, inde-
de assegurar o potencial de serviços equivalente ao incorrer no cus- pendentemente de quando tiverem sido adquiridos. Em princípio,
to de reposição. entidades diferentes podem evidenciar ativos semelhantes em
montantes diferentes porque o custo de reposição é uma medida
específica que reflete as oportunidades de substituição que estão
disponíveis para a entidade. As oportunidades de substituição po-

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dem ser as mesmas ou semelhantes para diferentes entidades do Para os ativos mais importantes, pode ser possível obter, com
setor público. Quando são diferentes, a vantagem econômica da en- custo benefício razoável, avaliações de profissionais. O preço líqui-
tidade que é capaz de adquirir o ativo de forma menos dispendiosa do de venda geralmente fornece informação compreensível.
é evidenciada nas demonstrações contábeis por meio de valores 7.57 Na maioria dos casos em que é relevante, o preço líquido
mais baixos dos ativos e de menor custo de serviços, de modo a ser de venda cumpre as características qualitativas da representação
uma representação fidedigna. fidedigna, da verificabilidade e da tempestividade.

Preço líquido de venda Valor em uso


7.49 Preço líquido de venda é o montante que a entidade pode
obter com a venda do ativo após deduzir os gastos para a venda. 7.58 Valor em uso é o valor presente, para a entidade, do po-
7.50 O preço líquido de venda é diferente do valor de mercado, tencial de serviços ou da capacidade de gerar benefícios econômi-
uma vez que não exige mercado aberto, ativo e organizado ou esti- cos remanescentes do ativo, caso este continue a ser utilizado, e do
mativa de preço em tal mercado e que inclua os gastos para a venda valor líquido que a entidade receberá pela sua alienação ao final da
da entidade. Portanto, o preço líquido de venda reflete as restrições sua vida útil.
na venda e é específico à entidade.
7.51 A utilidade potencial de mensurar ativos pelo preço líqui- Adequação do valor em uso
do de venda é que o ativo não pode valer menos para a entidade 7.59 O valor em uso é um valor específico à entidade que refle-
do que o montante que ela poderia obter na venda do ativo. Entre- te o montante que pode ser obtido do ativo por meio da sua opera-
tanto, não é apropriado como base de mensuração se a entidade ção e de sua alienação ao final da sua vida útil. Como observado no
for capaz de utilizar os seus recursos de maneira mais eficiente ao item 7.42, o valor que deriva do ativo é, muitas vezes, maior do que
empregar o ativo de outra maneira, por exemplo, ao utilizá-lo na seu custo de reposição - normalmente é, também, maior do que o
prestação de serviços. seu custo histórico.
7.52 O preço líquido de venda é útil, portanto, quando o em- Quando for esse o caso, evidenciar o ativo pelo seu valor em
prego mais eficiente para a entidade, sob o ponto de vista dos re- uso é de utilidade limitada, uma vez que, por definição, a entidade
cursos, for vender o ativo. Esse é o caso quando o ativo não puder é capaz de garantir o potencial de serviços equivalente pelo custo
fornecer potencial de serviços ou gerar benefícios econômicos ao de reposição.
menos tão valiosos quanto seu preço líquido de venda. O preço lí- 7.60 O valor em uso também não é base de mensuração apro-
quido de venda pode fornecer informação útil quando a entidade priada quando for menor que o preço líquido de venda, já que, nes-
estiver obrigada contratualmente a vender o ativo abaixo do valor se caso, o uso mais eficiente do ativo é vendê-lo em vez de conti-
de mercado. Pode haver casos em que o preço líquido de venda nuar a utilizá-lo.
pode indicar uma oportunidade de negócios. 7.61 Portanto, o valor em uso é apropriado quando for menor
Custo dos serviços do que o custo de reposição e maior do que o seu preço líquido de
venda. Isso ocorre quando não vale a pena substituir o ativo, mas
o valor do seu potencial de serviços ou da capacidade de gerar be-
7.53 Não é apropriado quantificar o custo da prestação de ser-
nefícios econômicos for maior do que o seu preço líquido de venda.
viços pelo preço líquido de venda. Tal abordagem envolveria a utili-
zação do valor de saída como base da despesa evidenciada.
Em tais circunstâncias, o valor em uso representa o valor do
ativo para a entidade.
Capacidade operacional

7.62 O valor em uso é base de mensuração apropriada para a


7.54 O registro de ativos mantidos para utilização na prestação
avaliação de determinados ajustes de redução ao valor recuperável
de serviços ao preço líquido de venda não fornece informação útil
porque é utilizado na determinação do montante recuperável para
para a avaliação da capacidade operacional. O preço líquido de ven-
o ativo ou grupo de ativos.
da demonstra o montante que poderia ser obtido na venda do ativo
em vez do valor do potencial de serviços que poderia ser obtido
Custo dos serviços, capacidade operacional e capacidade fi-
daquele ativo.
nanceira
Capacidade financeira
7.63 Dada a sua complexidade potencial (ver item 7.66), a sua
aplicabilidade limitada e o fato de que a sua operacionalização no
7.55 Conforme observado anteriormente, a avaliação da ca-
contexto do setor público para ativos não geradores de caixa envol-
pacidade financeira exige informação sobre o montante que seria
ve, subsidiariamente, a utilização do custo de reposição, em regra, o
recebido na venda do ativo. Tal informação é fornecida pela utiliza-
valor em uso é inapropriado para determinar o custo dos serviços e
ção do preço líquido de venda. Entretanto, essa mensuração não é
sua utilidade para avaliações da capacidade operacional é limitada
relevante para ativos que podem gerar potencial de serviços mais
e provavelmente só deve ser significativa em circunstâncias atípi-
significativos ao continuar utilizando-os para prestar serviços.
cas quando as entidades têm grande número de ativos que não se
justifique substituir, mas o seu valor em uso é maior do que o seu
Aplicação das características qualitativas
preço líquido de venda. Esse pode ser o caso, por exemplo, da des-
7.56 Conforme indicado no item 7.52, o preço líquido de ven- continuidade da prestação do serviço no futuro, em que os recursos
da fornece informação relevante somente quando o emprego mais advindos da venda imediata sejam menores do que o potencial de
eficiente para a entidade, sob o ponto de vista dos recursos, for ven- serviços gerado pelos ativos. O valor em uso não envolve uma esti-
der o ativo. As avaliações do preço líquido de venda podem ser fei- mativa do montante líquido que a entidade receberá pela alienação
tas por meio de referência aos mercados ativos onde eles existirem. do ativo. Entretanto, a sua aplicabilidade limitada reduz a sua rele-
vância para as avaliações da capacidade financeira.
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Aplicação das características qualitativas 7.73 As vantagens e as desvantagens de se utilizar a base do
custo histórico para passivos são semelhantes às aplicadas em re-
7.64 Enquanto o valor em uso pode ser utilizado nas avaliações
lação aos ativos. O custo histórico é apropriado quando os passivos
de determinadas perdas por redução ao valor recuperável, a sua
provavelmente forem liquidados nos termos estabelecidos. No en-
relevância para a informação contábil é limitada às circunstâncias
tanto, o custo histórico não pode ser aplicado para os passivos que
delineadas no item 7.61.
não se originam de transação como, por exemplo, passivo para o
7.65 A extensão na qual o valor em uso satisfaz as outras ca-
pagamento de danos civis. É também improvável que o custo his-
racterísticas qualitativas depende de como ele for determinado. Em
tórico forneça informação relevante quando o passivo decorrer de
alguns casos, o valor em uso do ativo pode ser quantificado ao se
transação sem contraprestação, uma vez que esta não fornece uma
calcular o valor que a entidade pode obter do ativo assumindo a
representação fidedigna das demandas sobre os recursos da enti-
sua utilização continuada. Isso pode se basear nas entradas de caixa
dade. Também se torna difícil aplicar o custo histórico aos passivos
futuras relacionadas ao ativo ou nas reduções de custo que se acu-
que podem variar em seu montante como, por exemplo, aqueles
mulam para a entidade por meio do controle do ativo. O cálculo do
relacionados a passivos previdenciários.
valor em uso leva em consideração o valor temporal do dinheiro e,
em princípio, o risco das variações no montante e no cronograma
Custo de cumprimento da obrigação
dos fluxos de caixa.
7.66 O cálculo do valor em uso pode ser complexo. Os ativos 7.74 Custo de cumprimento da obrigação corresponde aos cus-
que são empregados nas atividades geradoras de caixa fornecem, tos nos quais a entidade incorre no cumprimento das obrigações
muitas vezes, fluxos de caixa juntamente com outros ativos. representadas pelo passivo, assumindo que o faz da maneira menos
Nesses casos, o valor em uso pode ser estimado somente ao onerosa.
calcular o valor presente dos fluxos de caixa de grupo de ativos e 7.75 Quando o custo de cumprimento depender de eventos fu-
então fazer a alocação para os ativos individuais. turos incertos, todos os resultados possíveis devem ser levados em
7.67 No setor público, a maioria dos ativos é mantida com o consideração em sua estimativa, visando refletir todos esses possí-
objetivo primordial de contribuir para o fornecimento de serviços veis resultados de forma imparcial.
em vez da geração de retorno comercial, sendo que tais ativos são 7.76 Quando o cumprimento da obrigação exigir que algum
referidos como ativos não geradores de caixa. Como o valor em uso trabalho venha a ser feito (obrigação de fazer) - por exemplo, quan-
normalmente é derivado dos fluxos de caixa esperados, a sua ope- do o passivo for para sanar dano ambiental -, os custos relevantes
racionalização em tal contexto pode ser difícil. Pode ser inapropria- devem corresponder àqueles em que a entidade irá incorrer; pode
do calcular o valor em uso com base nos fluxos de caixa esperados corresponder ao custo de reparação por conta própria ou por meio
porque tal mensuração não seria uma representação fidedigna do de terceiros. Contudo, os custos de contratar um terceiro somente
valor em uso de tal ativo para a entidade. Portanto, seria necessário são relevantes quando se tratar da maneira menos onerosa para se
utilizar, subsidiariamente, o custo de reposição para fins de elabo- liquidar a obrigação.
ração e divulgação da informação contábil. 7.77 Quando o cumprimento da obrigação vier a ser realizado
7.68 O método de se determinar o valor em uso reduz a sua por conta própria, o custo de cumprimento da obrigação não deve
representação fidedigna em muitos casos. Afeta também a tempes- incluir qualquer ganho, dado que tais ganhos não representam a
tividade, a comparabilidade, a compreensibilidade e a verificabili- utilização dos recursos da entidade. Quando o cumprimento for
dade da informação elaborada com base no valor em uso. baseado em terceiros, o montante deve incluir, implicitamente, o
lucro exigido pelo contratado, já que o valor total cobrado por este
Bases de mensuração para os passivos é uma demanda por recursos da entidade - isso é consistente com
a abordagem para ativos, em que o custo de reposição incluiria o
7.69 Esta seção discute as bases de mensuração para os pas-
lucro exigido pelo fornecedor, mas nenhum lucro seria incluído no
sivos, não repete toda a discussão sobre os ativos e considera as
custo de reposição para ativos que a entidade deve substituir por
seguintes bases de mensuração:
meio de desenvolvimento próprio.
(a) custo histórico;
7.78 Quando o cumprimento da obrigação não acontecer por
(b) custo de cumprimento da obrigação;
período prolongado, os fluxos de caixa devem ser descontados para
(c) valor de mercado;
refletir o valor do passivo na data do relatório.
(d) custo de liberação; e
7.79 Geralmente, o custo de cumprimento da obrigação é rele-
(e) preço presumido.
vante para mensurar passivos, com exceção das seguintes circuns-
tâncias:
Custo histórico
(a) quando a entidade puder ser dispensada da obrigação em
7.70 Custo histórico para o passivo é a importância recebida montante menor do que o custo de seu cumprimento, então o cus-
para se assumir uma obrigação, a qual corresponde ao caixa ou to dessa dispensa é a mensuração mais relevante do ônus do pas-
equivalentes de caixa, ou ao valor de outra importância recebida à sivo, do mesmo modo que, para o ativo, o preço líquido de venda é
época na qual a entidade incorreu no passivo. mais relevante quando for maior do que o valor em uso; e
7.71 No modelo do custo histórico, as mensurações iniciais po- (b) no caso dos passivos assumidos por determinada impor-
dem ser ajustadas para refletir fatores como o acúmulo de juros, o tância, o preço presumido (ver itens 7.87 a 7.91) é mais relevante
acréscimo de descontos ou a amortização de prêmio. quando for maior que o custo de cumprimento da obrigação e o
7.72 Quando o valor temporal do passivo é material – por custo da liberação.
exemplo, quando o prazo de vencimento for significativo - o mon-
tante do pagamento futuro é descontado de modo que, quando do Valor de mercado
reconhecimento inicial do passivo, ele represente o valor do mon-
7.80 Valor de mercado para passivos é o montante pelo qual
tante recebido. A diferença entre o montante a ser pago no futuro e
um passivo pode ser liquidado entre partes cientes e interessadas
o valor presente do passivo é amortizada ao longo da vida do passi-
em transação sob condições normais de mercado.
vo, sendo registrada conforme a data do fato gerador.

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7.81 As vantagens e desvantagens do valor de mercado para os cionalmente aceitaria na troca pela assunção do passivo existente.
passivos são as mesmas que para os ativos. Tal base de mensuração As transações com contraprestação realizadas em condições nor-
pode ser adequada, por exemplo, quando o passivo for atribuível a mais fornecem evidência do preço presumido - esse não é o caso
mudanças em determinada taxa, preço ou índice cotado em mer- das transações sem contraprestação.
cado aberto, ativo e organizado. Entretanto, quando a capacidade 7.88 No contexto da atividade que é realizada visando lucro, a
para transferir o passivo for restrita e os termos nos quais a trans- entidade assumirá o passivo somente se o montante pago para as-
ferência puder ser feita não estiverem claros, os casos nos quais os sumi-lo for maior do que o custo de cumprimento da obrigação ou
valores de mercado são aplicáveis, mesmo que existam, serão signi- que o custo de liberação, isto é, o montante da liquidação. Uma vez
ficativamente mais frágeis. Esse é particularmente o caso dos passi- que o preço presumido tiver sido aceito pela entidade, a entidade
vos originados das obrigações nas transações sem contraprestação, tem a obrigação com o seu credor.
dado ser improvável que exista mercado aberto, ativo e organizado 7.89 Quando se incorre em passivo pela primeira vez em
para tais passivos. transação com contraprestação, o preço presumido representa
o montante que foi aceito pela entidade para assumi-lo - é razo-
Custo de liberação ável considerar que o preço presumido é o valor que a entidade
racionalmente aceitaria para assumir um passivo semelhante. Se-
7.82 O custo de liberação é o termo utilizado no contexto dos
ria cobrado um valor maior caso algumas pressões concorrenciais
passivos para se referir ao mesmo conceito de preço líquido de ven-
permitissem fazê-lo, mas não necessariamente um menor. Assim,
da utilizado no contexto dos ativos. O custo de liberação se refere ao
como o custo de reposição é o valor atual, conceitualmente o preço
montante que corresponde à baixa imediata da obrigação. O custo
presumido também é. Existem, contudo, problemas práticos ao se
de liberação é o montante que o credor aceita no cumprimento da
refletir mudanças nos valores das obrigações que são informadas
sua demanda, ou que terceiros cobrariam para aceitar a transferên-
no preço presumido.
cia do passivo do devedor. Quando há mais de um modo de garantir
7.90 Uma consequência de se informar as obrigações do exer-
a liberação do passivo, o custo de liberação é aquele que representa
cício com base no preço presumido é que nenhum ganho é infor-
o menor montante - isso é consistente com a abordagem para os
mado à época na qual a obrigação é aceita. O ganho ou a perda é
ativos, em que, por exemplo, o preço líquido de venda não refletiria
evidenciado nas demonstrações contábeis no período em que ocor-
o montante que deveria ser recebido na venda a sucateiro, caso o
re o cumprimento da obrigação (ou liberação), já que corresponde
preço maior pudesse ser obtido na venda para o comprador que
à diferença entre a receita originada e o custo de cumprimento da
utilizaria o ativo.
obrigação.
7.83 Para alguns passivos, especialmente no setor público, a
7.91 A entidade pode ter a obrigação potencial que seja maior
transferência de passivo é praticamente impossível e, assim, o custo
do que o preço presumido. Caso a entidade tenha que buscar a li-
de liberação corresponde ao montante que o credor aceita para o
beração do contrato, a outra parte no contrato poderá ser capaz de
cumprimento da sua demanda. Esse montante é conhecido se esti-
demandar compensação por perdas, bem como o retorno de quais-
ver especificado no acordo com o credor - por exemplo, quando o
quer montantes pagos. Contudo, dado que a entidade pode liquidar
contrato inclui cláusula específica de cancelamento.
a obrigação, ela pode evitar tais obrigações adicionais e seria uma
7.84 Em alguns casos, pode haver evidência do valor pelo qual
representação fidedigna evidenciar a obrigação por valor inferior
o passivo poderá ser transferido - por exemplo, no caso do passivo
ao preço presumido - esta é uma situação análoga à situação do
de algumas obrigações por pensões. Transferir o passivo pode ser
ativo que gera benefícios superiores ao custo de reposição. Em tais
diferente de celebrar um acordo com a parte que cumprirá a obri-
circunstâncias, como explicado no item 7.42, o custo de reposição
gação da entidade ou arcará com todos os custos decorrentes do
(em vez do valor em uso) é a base de mensuração mais relevante.
passivo. Para o passivo ser transferido é necessário que todos os
direitos do credor em relação à entidade sejam extintos. Caso esse
não seja o efeito do acordo, o passivo da entidade permanece com CAPÍTULO 8
ela. APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÃO NO RELATÓRIO
7.85 Ao se avaliar se o custo de liberação é adequado para CONTÁBIL DE PROPÓSITO GERAL DAS ENTIDADES DO SETOR
mensurar passivos, é necessário considerar se a maneira prevista PÚBLICO
é uma opção que, na prática, está aberta para entidade, estando
ciente de quaisquer consequências da obtenção da liberação como, Introdução
por exemplo, dano à reputação da entidade. 8.1 Este capítulo estabelece os conceitos aplicáveis à apresen-
7.86 Assim como o preço líquido de venda é relevante somente tação da informação nos RCPGs, inclusive nas demonstrações con-
quando a alternativa mais eficiente do recurso para a entidade for tábeis dos governos e outras entidades do setor público.
vender o ativo, o custo de liberação é relevante somente quando a 8.2 A apresentação das informações nos RCPGs possui ligação
alternativa mais eficiente for buscar a liberação imediata da obriga- com os capítulos 1 a 4 - os objetivos da elaboração e da divulga-
ção. Em especial, quando o custo do cumprimento da obrigação for ção da informação contábil, as necessidades dos usuários, as ca-
menor do que o custo de liberação, o primeiro fornece informação racterísticas qualitativas, as restrições na informação incluída nos
mais relevante do que o segundo, mesmo se for viável negociar a RCPGs e a entidade que reporta a informação contábil influenciam
liberação da obrigação, conforme os métodos de transferência de as decisões relativas à apresentação das informações. Para a infor-
passivos previstos no item 7.84. mação evidenciada nas demonstrações contábeis, a apresentação é
relacionada também às definições dos elementos, critérios de reco-
Preço presumido nhecimento e bases de mensuração identificados nos capítulos 5 a
7.87 O preço presumido é o termo utilizado no contexto dos 7, por exemplo:
passivos para se referir ao mesmo conceito do custo de reposição (a) a definição dos elementos afeta os itens que podem ser
para os ativos. Do mesmo modo que o custo de reposição represen- apresentados nas demonstrações contábeis;
ta o montante que a entidade pagaria racionalmente para adquirir o (b) a aplicação dos critérios de reconhecimento afeta a locali-
ativo, o preço presumido representa o montante que a entidade ra- zação da informação; e
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(c) a seleção das bases de mensuração impacta a informação usuários necessitam para satisfazer esses objetivos. Aquela descri-
apresentada nas metodologias de mensuração. ção orienta as decisões sobre se determinados tipos de relatórios
são necessários. Este capítulo foca na seleção da informação a ser
Idioma no qual as demonstrações contábeis e outros RCPGs apresentada nos RCPGs, incluindo as demonstrações contábeis e
são divulgados outros relatórios.
8.3 O idioma (ou idiomas) no qual as demonstrações contábeis
Seleção e natureza da informação
e outros RCPGs são divulgados dá suporte à realização dos objetivos
da elaboração e da divulgação da informação contábil e as caracte- Natureza da informação nas demonstrações contábeis
rísticas qualitativas. Todas as versões traduzidas precisam ser fiéis à 8.11 As necessidades de informação dos usuários identificados
versão do idioma original. A versão traduzida é disponibilizada para no Capítulo 2 corroboram a seleção da informação para as demons-
satisfazer as necessidades dos usuários em referência a: trações contábeis. Essas necessidades incluem a informação sobre
(a) dispositivos legais na jurisdição da entidade; e a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da enti-
(b) relação custo-benefício da tradução. dade para:
(a) possibilitar aos usuários identificarem os recursos da enti-
Apresentação dade e as demandas por estes recursos na data do relatório;
8.4 A apresentação corresponde à seleção, à localização e à or- (b) informar as avaliações de questões como se a entidade ad-
ganização da informação que é evidenciada nos RCPGs. quiriu recursos com economicidade e os utilizou de forma eficiente
8.5 A apresentação visa fornecer informação que contribua e eficaz para alcançar os seus objetivos na prestação de serviços; e
com os objetivos da elaboração e da divulgação da informação con- (c) informar as avaliações do desempenho e a liquidez e solvên-
tábil e alcança as características qualitativas, enquanto considera cia da entidade.
as restrições na informação incluída nos RCPGs. As decisões sobre 8.12 As demonstrações contábeis podem fornecer também in-
a seleção, a localização e a organização da informação são tomadas formação que auxilia os usuários na avaliação da extensão na qual:
em resposta às necessidades dos usuários pela informação sobre os (a) a entidade satisfez os seus objetivos financeiros;
fenômenos econômicos, financeiros e de outra natureza. (b) as receitas, as despesas, os fluxos de caixa e o desempenho
8.6 O Capítulo 1 explica que os RCPGs compreendem relatórios da entidade estão em conformidade com os orçamentos aprova-
múltiplos, cada um respondendo mais diretamente a determinados dos; e
aspectos dos objetivos da elaboração e divulgação da informação (c) a entidade observou a legislação vigente e outros regula-
contábil ou no alcance dessas informações. Adicionalmente às de- mentos que regem a captação e a utilização de recursos públicos.
monstrações contábeis, os RCPGs fornecem informação relevante, 8.13 As demonstrações contábeis não evidenciam de modo
por exemplo, para avaliações do desempenho dos serviços da enti- abrangente o desempenho dos serviços da entidade. Contudo, a in-
dade e a sustentabilidade das suas finanças. Os objetivos da elabo- formação nas demonstrações contábeis pode fornecer informação
ração e divulgação da informação contábil aplicados à área coberta relevante aos aspectos financeiros do desempenho dos serviços,
por determinado relatório orientam as decisões sobre a apresenta- como informação sobre:
ção daquele relatório. (a) receita, despesa e fluxos de caixa relativos aos serviços; e
8.7 As decisões sobre a apresentação podem: (b) os ativos e os passivos que orientam as avaliações dos usuá-
(a) resultar no desenvolvimento de novo RCPG, na movimen- rios em relação à capacidade operacional da entidade ou aos riscos
tação da informação entre os relatórios ou na fusão dos relatórios financeiros que podem impactar no fornecimento do serviço.
existentes; ou
8.14 Outros relatórios nos RCPGs apresentam informação adi-
(b) ser decisões detalhadas sobre a seleção, a localização e a
cional às demonstrações contábeis. Tal informação poderia, por
organização da informação no RCPG.
exemplo, incluir:
(a) informação sobre a sustentabilidade das finanças públicas
Decisões sobre a apresentação estão interligadas
da entidade;
(b) discussão e análise das demonstrações contábeis; ou
8.8 As decisões sobre a seleção, a localização e a organização (c) informação sobre o desempenho dos serviços.
da informação estão interligadas e, na prática, provavelmente são
consideradas em conjunto. O montante ou o tipo de informação Informação selecionada para exposição ou evidenciação
selecionada pode ter implicações sobre se relatório é elaborado em
separado ou organizado em quadros ou tabelas separados. As três 8.15 A informação é selecionada para exposição ou para evi-
seções seguintes focam separadamente em cada decisão sobre a denciação nos RCPGs. A informação selecionada para exposição
apresentação. comunica mensagens-chave no RCPG, enquanto a informação sele-
cionada para evidenciação torna a informação exposta mais útil ou
Seleção da informação fornece detalhes que auxiliam os usuários a entenderem a informa-
ção exposta. A evidenciação não substitui a exposição.
8.9 As decisões sobre a seleção da informação tratam da infor- 8.16 A repetição da informação no RCPG geralmente precisa
mação que é evidenciada: ser evitada. Contudo, a mesma informação pode ser tanto exposta
(a) nas demonstrações contábeis; e como evidenciada. Por exemplo, o montante exposto nas demons-
(b) nos RCPGs que não correspondam às demonstrações con- trações contábeis pode ser repetido nas notas explicativas quando
tábeis (outros RCPGs). tais notas fornecem o detalhamento do total exposto. Do mesmo
8.10 Como explica o Capítulo 2, os objetivos da elaboração e da modo, a mesma informação pode ser apresentada em RCPGs dife-
divulgação da informação contábil são o de fornecer informação so- rentes para tratar diferentes propósitos.
bre a entidade que seja útil para os usuários dos RCPGs para fins de
prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada
de decisão. O Capítulo 2 descreve os tipos de informações que os
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Informação selecionada para exposição (a) os fatores relacionados à entidade que podem influenciar as
opiniões sobre a informação evidenciada (por exemplo, informação
8.17 Todos os RCPGs contêm mensagens-chave que são co-
sobre as partes relacionadas e entidades controladas ou participa-
municadas, uma vez que todos eles contêm informação exposta. A
ções em outras entidades);
informação exposta observa um nível conciso e compreensível de
(b) a fundamentação para o que é exposto (por exemplo, a in-
modo que os usuários possam focar nas mensagens-chave apresen-
formação sobre as políticas contábeis e critérios de mensuração,
tadas e não serem distraídos por algum detalhe que, de outra ma-
inclusive os métodos e as incertezas quanto à mensuração, quando
neira, poderia obscurecer essas mensagens. A informação exposta
aplicáveis);
é destacadamente apresentada utilizando-se técnicas de apresenta-
(c) os detalhamentos dos montantes expostos nas demonstra-
ção apropriadas, como classificações, margens, quadros e gráficos.
ções (por exemplo, a divisão do imobilizado em classes diferentes);
8.18 Os itens expostos nas demonstrações contábeis fornecem
(d) os itens que não satisfazem a definição de elemento ou os
informação sobre questões como, por exemplo, a situação patrimo-
critérios de reconhecimento, mas são importantes para a devida
nial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade que reporta a
compreensão das finanças e da capacidade de prestar serviços da
informação.
entidade, por exemplo, a informação sobre os eventos e as condi-
8.19 A avaliação se o item satisfaz os critérios de reconhecimen-
ções que podem afetar fluxos de caixa ou potencial de serviços futu-
to é um dos principais mecanismos para se determinar se a infor-
ros, inclusive as suas naturezas, os efeitos possíveis sobre os fluxos
mação deve ser exposta no demonstrativo que evidencia a situação
de caixa ou potencial de serviços, as probabilidades de ocorrência e
patrimonial ou no demonstrativo que evidencia o desempenho das
as sensibilidades a mudanças nas condições; e
entidades do setor público e/ou divulgada nas notas explicativas
(e) a informação que pode explicar as tendências subjacentes
ou em outro lugar nos RCPGs. Em outros casos, por exemplo, a de-
afetando os totais expostos.
monstração dos fluxos de caixa apoia também o cumprimento dos
objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil.
Princípios aplicáveis à seleção da informação
8.20 O desenvolvimento de requisitos para a exposição das
rubricas dos relatórios e os respectivos totais envolve equilibrar a 8.25 As decisões sobre qual informação precisa ser exposta e
padronização da informação exposta (a qual facilita a compreensibi- evidenciada envolve considerar:
lidade) com a informação que é elaborada para os fatores específi- (a) os objetivos da elaboração e da divulgação da informação
cos à entidade. O objetivo tanto dos requisitos da exposição padro- contábil;
nizada como da informação específica à entidade é assegurar que a (b)as características qualitativas e as restrições das informa-
informação necessária para satisfazer aos objetivos da elaboração ções contidas nos RCPGs; e
e da divulgação da informação contábil esteja disponível para todas (c) os fenômenos econômicos relevantes e outros fenômenos
as entidades, ao permitir que a informação seja exposta de maneira sobre os quais a informação seja necessária.
que reflita a natureza e as operações de entidades específicas. 8.26 A seleção da informação contribui para satisfazer aos ob-
jetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil, uma
Informação selecionada para evidenciação vez que deve ser aplicada à informação coberta por relatório em
8.21 A informação evidenciada deve incluir: particular e fornecer o nível de detalhe apropriado. As decisões so-
(a) a base para a informação exposta como, por exemplo, polí- bre a seleção da informação envolvem priorizar e resumir e evita
ticas e metodologias aplicáveis; a sobrecarga de informação, a qual reduz a compreensibilidade.
(b) detalhamentos da informação exposta; e Informação em demasia pode dificultar a compreensão das mensa-
(c) itens que compartilham alguns, mas nem todos os aspectos gens- chave por parte dos usuários e, consequentemente, compro-
da informação exposta, por exemplo, evidenciações de itens que sa- meter a realização dos objetivos da elaboração e da divulgação da
tisfaçam algumas, mas nem todas as características da definição de informação contábil.
elemento ou evidenciações sobre itens que satisfaçam a definição 8.27 Os responsáveis pela elaboração das demonstrações con-
de elemento, mas não os critérios de reconhecimento. O Capítulo tábeis, que aplicam as normas e o julgamento profissional, são res-
5 explica quais os outros recursos e outras obrigações que não sa- ponsáveis por assegurar que a informação que satisfaça aos obje-
tisfazem a definição de elementos e que podem ser reconhecidos tivos da elaboração e da divulgação da informação contábil e que
para contribuir com os objetivos da elaboração e da divulgação da alcance as características qualitativas fornecidas nos RCPGs.
informação contábil. 8.28 As decisões sobre a seleção da informação exigem revisão
8.22 O nível de detalhe fornecido pela informação exposta con- contínua e crítica. A informação identificada para possível seleção
tribui para a realização dos objetivos da elaboração e da divulgação é revisada à medida que for desenvolvida e considerada para apre-
da informação contábil, desde que não seja excessivo. A informação sentação, com referência especial à sua relevância, materialidade e
evidenciada, assim como a informação exposta, é necessária para a custo-benefício, embora todas as características qualitativas e res-
realização dos objetivos da elaboração e da divulgação da informa- trições sejam aplicadas às decisões sobre a seleção da informação.
ção contábil. As decisões passadas podem exigir reconsideração porque nova in-
8.23 A informação evidenciada nas notas explicativas às de- formação pode tornar redundante a informação existente, fazendo
monstrações contábeis: com que esses itens não alcancem mais as características qualitati-
(a) é necessária para a compreensão dos usuários das demons- vas e/ou as restrições.
trações contábeis; 8.29 Todas as transações materiais, eventos e outros itens re-
(b) fornece informação que apresenta as demonstrações con- portados são apresentados de maneira que transmitam a sua es-
tábeis no contexto da entidade e o seu ambiente operacional; e sência em vez da sua forma jurídica ou outra forma, de modo que
(c) geralmente tem relação clara e demonstrável com a infor- as características qualitativas da relevância e da representação fide-
mação exposta nas demonstrações contábeis às quais ela pertence. digna sejam alcançadas.
8.30 Os benefícios para os usuários ao receberem a informação
8.24 A informação evidenciada nas notas explicativas pode in-
precisam justificar os custos das entidades em coletar e apresentar
cluir também:
a informação. Ao se fazer essa avaliação, é importante considerar
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
como os itens individuais impactam o quadro geral apresentado e 8.38 Os fatores relevantes para as decisões sobre alocar a infor-
a natureza da informação apresentada. Os itens que aparentarem mação entre as demonstrações contábeis e outros RCPGs incluem:
gerar pouco benefício quando vistos isoladamente, podem contri- (a) Natureza: se a natureza da informação - por exemplo, histó-
buir significativamente para o conjunto completo da informação rica versus prospectiva - indica a inclusão da informação no mesmo
apresentada. ou em RCPG diferente em razão das considerações relacionadas a,
8.31 A informação precisa ser apresentada em base suficiente- por exemplo, comparabilidade e/ou compreensibilidade;
mente oportuna para possibilitar aos usuários manter a administra- (b) Especificidade à jurisdição: se os fatores específicos à juris-
ção sujeita à prestação de contas e responsabilização (accountabi- dição, como, por exemplo, os dispositivos legais vigentes, especifi-
lity) e para subsidiar a tomada de decisão por parte dos usuários. carem regras acerca da localização da informação; e
8.32 Os RCPGs podem incluir informação adicional derivada de (c) Conexão: se a informação adicional considerada precisa ou
fontes distintas do sistema de informação financeira. As caracterís- não estar conectada de modo estreito com a informação já incluída
ticas qualitativas se aplicam a essa informação e a data da entrega em relatório existente. As conexões entre todas as informações pre-
dela precisa ser mais próxima possível da data da divulgação das cisam ser avaliadas, não se restringindo somente à conexão entre a
demonstrações contábeis, de modo que seja tempestiva. informação nova e a já existente.
8.39 Os fatores expostos nos itens 8.36 a 8.38, os quais repre-
Princípios para a seleção da informação para a exposição ou sentam a perspectiva de se adicionar informação ao conjunto de
evidenciação informação já existente, também se aplicam à consideração se o
8.33 As decisões sobre a exposição e a evidenciação se aplicam agrupamento da informação existente pode ser aprimorado, o que
tanto às demonstrações contábeis quanto aos outros RCPGs. é discutido na seção sobre a organização da informação.
Os objetivos da elaboração e da divulgação da informação con- 8.40 Um RCPG específico pode ser necessário quando:
tábil são aplicados à área coberta por relatório em particular para (a) necessidades adicionais de informação do usuário, não sa-
orientar a identificação da informação para exposição ou evidencia- tisfeitas por relatório existente, são identificadas; e
ção. A identificação da informação para exposição e evidenciação (b) um RCPG específico para satisfazer essas necessidades é
em RCPG em particular pode envolver o desenvolvimento de: mais adequado ao alcance dos objetivos da elaboração e da divul-
(a) princípios de classificação; gação da informação contábil e do cumprimento das características
(b) lista de tipos gerais de informações que são expostas e de qualitativas do que a inclusão da informação em relatório já exis-
lista semelhante de tipos gerais de informações que são evidencia- tente.
das; e/ou
(c) listas de informação específica que aqueles que elaboram a Princípios para a localização da informação dentro do relató-
informação precisam expor ou evidenciar. rio
8.34 As decisões sobre a seleção da informação a ser exposta e 8.41 O item 8.17 afirma que a informação exposta é destaca-
evidenciada são tomadas: damente apresentada utilizando-se técnicas de apresentação apro-
(a) com referência umas às outras, em vez de estarem isoladas; priadas - a localização é o modo de se alcançar isso. A localização da
e informação dentro do relatório assegura que a informação exposta
(b) para comunicar efetivamente o conjunto integrado de in- tenha o destaque apropriado e não fique obscurecida por informa-
formação. ção evidenciada com mais detalhe e extensão.
8.35 As decisões sobre a seleção da informação em outros RCP- 8.42 A localização da informação nas demonstrações contábeis
Gs são tomadas após considerar, cuidadosamente, a relação dos contribui para representar um panorama financeiro mais abrangen-
outros RCPGs com as demonstrações contábeis. te da entidade.
8.43 Para as demonstrações contábeis, a informação exposta é
Localização da informação
mostrada na demonstração apropriada, enquanto as evidenciações
8.36 As decisões sobre a localização da informação são toma- encontram-se nas notas explicativas. Distinguir a informação ex-
das sobre: posta e a informação evidenciada por meio da localização assegura
(a) o local no qual a informação é contida no relatório; e que esses itens, os quais se relacionam diretamente a questões de
(b) o local no qual o componente do relatório está localizado. comunicação, como, por exemplo, os itens da demonstração que
8.37 A localização da informação tem impacto sobre a contri- evidencia a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa
buição da informação para a realização dos objetivos da elaboração da entidade, podem ser realçados, com informação ainda mais de-
e da divulgação da informação contábil e para o atendimento das talhada fornecida por meio da evidenciação em notas explicativas.
características qualitativas. A localização pode afetar a maneira que 8.44 Para outros RCPGs, a informação exposta pode estar lo-
os usuários interpretam a informação e a comparabilidade da in- calizada separadamente da informação evidenciada ou no mesmo
formação. local, mas difere-se da informação evidenciada e do destaque dado
A localização pode ser utilizada para: por meio de outra técnica de apresentação.
(a) transmitir a importância relativa da informação e as suas
conexões com os outros itens da informação; Organização da informação
(b) transmitir a natureza da informação; 8.45 A organização da informação trata da disposição, agrupa-
(c) ligar itens de informação diferentes que se combinam para mento e ordenamento da informação, a qual inclui decisões sobre:
satisfazer a necessidade de um usuário em particular; e (a) como a informação está disposta no RCPG;
(d) distinguir entre a informação selecionada para exposição e (b) a estrutura geral do RCPG.
a informação selecionada para evidenciação.
8.46 A organização da informação envolve uma série de deci-
sões incluindo as decisões sobre a utilização de referência cruzada,
Princípios para a alocação da informação entre diferentes re-
quadros, tabelas, gráficos, cabeçalhos, numeração e a disposição
latórios
dos itens dentro de determinado componente de relatório, incluin-
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
do decisões sobre a ordem dos itens. A forma na qual a informação os conjuntos de informações, a natureza dos diferentes conjuntos
está organizada pode afetar a sua interpretação por parte dos usu- de informações e, na extensão apropriada, os fatores específicos à
ários. determinada jurisdição.

Natureza da informação relevante para fins de organização Princípios aplicáveis à organização da informação
8.47 As decisões sobre a organização da informação levam em 8.54 A organização da informação:
consideração: (a) dá suporte ao alcance dos objetivos da elaboração e da di-
(a) importantes relacionamentos entre a informação; e vulgação da informação contábil; e
(b) se a informação é para exposição ou para evidenciação. (b) auxilia a informação evidenciada a satisfazer as caracterís-
ticas qualitativas.
Tipos de relacionamentos 8.55 A organização da informação:
8.48 Os relacionamentos importantes incluem, mas não se res- (a) busca assegurar que as mensagens-chave sejam compreen-
tringem a: síveis;
(a) aprimoramento; (b) identifica claramente as relações importantes;
(b) similaridade; e (c) fornece o destaque apropriado à informação que transmite
(c) propósito comum. mensagens-chave; e
(d) facilita as comparações.
8.49 Aprimoramento: a informação em determinado lugar no
RCPG pode ser aprimorada por meio de informação fornecida em 8.56 A informação evidenciada está conectada por meio da
outro local. Por exemplo, o orçamento, a informação prospectiva e utilização de cabeçalhos consistentes, ordem de apresentação e/
do desempenho de serviços aprimoram a informação das demons- ou outros métodos apropriados à relação e ao tipo de informação.
trações contábeis. Os quadros e os gráficos podem ser utilizados Quando há conexões com informações evidenciadas fora dos RCP-
para aprimorar a compreensão da informação narrativa. Os elos Gs é importante que:
com a informação evidenciada fora dos RCPGs podem aprimorar a (a) as conexões com a informação proveniente de outras fontes
compreensibilidade da informação evidenciada pelos RCPGs. não prejudiquem o alcance das características qualitativas do RCPG; e
8.50 Similaridade: a relação de similaridade existe quando a (b) a data de emissão de qualquer informação conectada seja tão
informação evidenciada em um lugar se baseia na informação rela- próxima quanto possível à data da divulgação das demonstrações con-
tada em outro local nos RCPGs, e a informação ou não foi ajustada tábeis, de modo que a informação evidenciada seja tempestiva.
ou teve ajustes relativamente menores. Por exemplo, caso a infor-
mação do desempenho dos serviços inclua o custo dos serviços, ou Comparabilidade
o valor dos ativos utilizados em diferentes serviços, pode auxiliar
a demonstrar como aqueles totais se relacionam à despesa e aos 8.57 A organização da informação leva em consideração os
ativos evidenciados nas demonstrações contábeis. Outro exemplo benefícios da apresentação consistente no decorrer do tempo. A
é a relação entre a despesa total evidenciada no orçamento e o apresentação consistente dá suporte à capacidade dos usuários em
total da despesa evidenciada na demonstração de desempenho. A entenderem a informação e facilitam o seu acesso. Além disso, au-
conciliação ou aproximação, na medida do possível, entre os dois xilia o alcance da característica qualitativa da comparabilidade.
montantes diferentes, pode aprimorar a compreensão dos usuários
sobre as finanças da entidade. Princípios da organização da informação nas demonstrações
8.51 Propósito comum: o relacionamento de propósito comum contábeis
existe quando a informação relatada em locais diferentes contribui
para os mesmos fins. Um exemplo é quando demonstrações e evi- 8.58 A informação exposta nas demonstrações contábeis, usu-
denciações diferentes fornecem informação necessária para avalia- almente, é organizada em totais e subtotais numéricos. A sua or-
ções de responsabilização pelos serviços prestados. As informações ganização fornece um resumo estruturado de tais parâmetros por
sobre (a) o custo real e orçado de serviços diferentes, (b) os recur- meio dos itens das demonstrações que evidenciam a situação patri-
sos financeiros e não financeiros utilizados na prestação de serviços monial, o desempenho e os fluxos de caixa.
diferentes e (c) o fornecimento futuro de serviços diferentes podem 8.59 Nas demonstrações contábeis, algumas relações podem
ser incluídos em locais diferentes. Para tornar clara a relação entre existir entre:
a informação em locais diferentes, é adequado organizar a infor- (a) subconjuntos de montantes expostos ou mudanças nos
mação por intermédio da utilização de técnicas como cabeçalhos montantes expostos e o seu impacto nos itens das demonstrações
e referências. que evidenciam a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos
8.52 Podem existir relações entre informações expostas em di- de caixa da entidade;
ferentes: (b) os diferentes montantes expostos em demonstrações con-
(a) RCPGs; tábeis diferentes, os quais refletem o impacto de determinado
(b) componentes dentro do RCPG; evento externo comum ou contribuem juntos para a compreensão
(c) partes de um único componente. de aspecto das demonstrações que evidenciam a situação patrimo-
nial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade; e
(c) os montantes expostos e as evidenciações respectivas nas
Agrupamento da informação
notas explicativas que explicam ou podem, de outra maneira, dar
suporte à compreensão dos usuários acerca dos itens expostos.
8.53 Os três fatores constantes do item 8.38 da seção sobre
8.60 A organização da informação nas demonstrações contá-
localização da informação - natureza, especificidade à jurisdição e
beis inclui decisões sobre:
conexão - se aplicam também às considerações se o agrupamento
(a) o tipo e o número de demonstrações;
da informação existente puder ser aprimorado. As decisões sobre o
(b) o detalhamento dos totais em subcategorias significativas;
agrupamento efetivo da informação consideram as conexões entre

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
(c) o ordenamento e o agrupamento de itens expostos em cada (j) a Resolução CFC nº 1.367/2011, publicada no D.O.U., Seção
demonstração; 1, de 29.11.2011;
(d) a identificação de agregados (aditivos ou subtrativos); e (k) os arts. 1º e 2º da Resolução CFC nº 1.437/2013, publicada
(e) a identificação de outra informação para inclusão na de- no D.O.U., Seção 1, de 2.4.2013;
monstração. (l) os itens 12(a), 12(b), 12(c), 12(d), 27 e 28 da NBC T 16.6 (R1),
8.61 A informação evidenciada nas notas explicativas às de- publicada no D.O.U., Seção 1, de 31.10.2014.
monstrações contábeis é organizada de modo que as relações com JOSÉ MARTONIO ALVES COELHO
os itens evidenciados nas demonstrações contábeis sejam claras. Presidente do Conselho
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações con-
tábeis. Comitê de Pronunciamentos Contábeis
Origem
Princípios para a organização da informação em outros RCPGs
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a
8.62 A organização da informação em outros RCPGs, assim partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes
como para as demonstrações contábeis, busca assegurar que as entidades:
mensagens-chave que são transmitidas pela informação exposta ABRASCA;
são compreensíveis. A apresentação que identifica claramente as APIMEC NACIONAL;
relações relevantes aprimora a extensão na qual o relatório: BOVESPA;
(a) satisfaça os objetivos da elaboração e da divulgação da in- Conselho Federal de Contabilidade;
formação contábil; FIPECAFI; e
(b) alcance as características qualitativas. IBRACON.
8.63 Conectar informações relacionadas auxilia os usuários a Em função das necessidades de:
encontrar informações importantes. Algumas informações são mais - convergência internacional das normas contábeis (redução
compreensíveis quando organizadas em gráficos, quadros, tabelas, de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e
percentuais ou indicadores-chave de desempenho. Outra informa- custo nas análises e decisões, redução de custo de capital);
ção pode ser representada mais efetivamente de forma narrativa. A - centralização na emissão de normas dessa natureza (no Bra-
organização da informação apoia a compreensão por parte dos usu- sil, diversas entidades o fazem);
ários acerca das conexões entre as informações no mesmo RCPG.
Representação e processos democráticos na produção dessas
8.64 A organização da informação facilita as comparações ao
informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário,
tornar mais claro quando determinados itens são semelhantes ou
intermediário, academia, governo).
não.
A comparabilidade intertemporal é facilitada ao se evitar alte- Criação e Objetivo
rações no modo em que a informação é organizada, para a mesma Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como obje-
entidade, ano após ano, a menos que tais mudanças aprimorem a tivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos
relevância e a compreensibilidade. A comparação entre entidades sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informa-
é facilitada quando diferentes entidades que reportam a informa- ções dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela enti-
ção contábil organizam de maneira semelhante a informação que dade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização
apresentam. do seu processo de produção, levando sempre em conta a conver-
gência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”.
Disposições Finais Características Básicas
1A. Esta estrutura conceitual entra em vigor na data de sua pu- - O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas,
blicação, tendo os seus efeitos aplicados a partir de 1º de janeiro deliberando por 2/3 de seus membros;
de 2017. - O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura ne-
2B. Ficam revogados, a partir de 1º de janeiro de 2017: cessária;
(a) a Resolução CFC nº 750/1993, publicada no D.O.U., Seção - As seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a
1, de 31.12.1993; ser convidadas futuramente;
b) a Resolução CFC nº 1.111/2007, publicada no D.O.U., Seção - Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contado-
1, de 5.12.2007; res, não auferem remuneração.
(c) a Resolução CFC nº 1.128/2008, publicada no D.O.U., Seção Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a par-
1, de 25.11.2008; ticipar representantes dos seguintes órgãos:
(d) a Resolução CFC nº 1.129/2008, publicada no D.O.U., Seção - Banco Central do Brasil;
1, de 25.11.2008; - Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
(e) a Resolução CFC nº 1.130/2008, publicada no D.O.U., Seção - Secretaria da Receita Federal;
1, de 25.11.2008; - Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
(f) a Resolução CFC nº 1.131/2008, publicada no D.O.U., Seção
Outras entidades ou especialistas poderão ser convidados. Po-
1, de 25.11.2008;
derão ser formadas Comissões e Grupos de Trabalho para temas
(g) a Resolução CFC nº 1.132/2008, publicada no D.O.U., Seção
específicos.
1, de 25.11.2008;
Produtos do CPC:
(h) os arts. 1º, 2º e 3º da Resolução CFC nº 1.268/2009, publi-
Pronunciamentos Técnicos;
cada no D.O.U., Seção 1, de 21.12.2009;
Orientações; e
(i) a Resolução CFC nº 1.282/2010, publicada no D.O.U., Seção
Interpretações.
1, de 2.6.2010;
FICADICA

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Os Pronunciamentos Técnicos serão obrigatoriamente subme- NBC TSP 11 – APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
tidos a audiências públicas. As Orientações e Interpretações pode- CONTÁBEIS
rão, também, sofrer esse processo.
Objetivo
Estrutura 1. O objetivo desta norma é estabelecer como as demonstra-
Assembleia dos Presidentes das Entidades elegem os membros ções contábeis devem ser apresentadas para assegurar a compara-
do CPC (representantes das seis entidades), com mandatos de qua- bilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos ante-
tro anos (exceto metade dos primeiros membros, com dois anos); riores da mesma entidade quanto com as de outras entidades. Para
- podem, por 3/4 de seus membros, indicar outros membros alcançar esse objetivo, esta norma estabelece exigências gerais
do CPC; para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes quan-
- podem alterar o Regimento Interno do CPC. to à sua estrutura e às exigências mínimas para o seu conteúdo.
Quatro Coordenadorias: O reconhecimento, a mensuração e a divulgação de transações e
- de Operações; outros eventos específicos são tratados em outras normas.
- de Relações Institucionais;
- de Relações Internacionais; ALCANCE
- Técnica.2
2. Esta norma deve ser aplicada em todas as demonstrações
contábeis elaboradas e apresentadas de acordo com o regime de
ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: PROPÓ- competência e com as NBCs TSP.
SITO E DEFINIÇÕES DE ATIVOS E PASSIVOS, RECEITAS E 3. As demonstrações contábeis de propósito geral (doravante
DESPESAS; SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO. RECO- referidas como demonstrações contábeis) são aquelas destinadas a
NHECIMENTO E MENSURAÇÃO NAS DEMONSTRAÇÕES satisfazer às necessidades de informação de usuários que não se en-
CONTÁBEIS: EVIDENCIAÇÃO, RECONHECIMENTO E DESRE- contram em condições de exigir relatórios elaborados para atender
CONHECIMENTO; BASES DE MENSURAÇÃO PARA ATI- às suas necessidades específicas. Os usuários das demonstrações
VOS E PASSIVO. contábeis incluem contribuintes, parlamentares, credores, fornece-
dores, mídia e empregados, entre outros. Demonstrações contábeis
são apresentadas em separado ou incluídas em outro documento
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado público, talcomo o relatório anual. Esta norma não se aplica às de-
em tópicos anteriores. monstrações contábeis condensadas de períodos intermediários.
4. Esta norma aplica-se igualmente a todas as entidades, inclu-
sive àquelas que apresentam demonstrações contábeis consolida-
ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES das, de acordo com a NBC TSP 17 – Demonstrações Contábeis Con-
CONTÁBEIS DO SETOR PÚBLICO. DEFINIÇÕES, FINALIDADE, solidadas, e demonstrações contábeis separadas, de acordo com a
COMPONENTES, ESTRUTURA E CONTEÚDO DAS DEMONS- NBC TSP 16 – Demonstrações Contábeis Separadas.
TRAÇÕES: DE ACORDO COM A LEI 4320/1964; DE ACORDO 5. Esta norma aplica-se às entidades do setor público, confor-
COM A NBC T SP 11; DE ACORDO COM O MCASP me o alcance definido na NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL.
6. (Não convergido).

NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE, NBC TSP 11, DE DEFINIÇÕES


18 DE OUTUBRO DE 2018
7. Os termos a seguir são utilizados nesta norma com os seguin-
APROVA A NBC TSP 11 – APRESENTAÇÃO DAS DEMONS- tes significados:
TRAÇÕES CONTÁBEIS. Regime de competência é o regime contábil segundo o qual
transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, considerando o (não necessariamente quando caixa e equivalentes de caixa são
processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade recebidos ou pagos). Portanto, as transações e os eventos são re-
aos padrões internacionais e mediante acordo firmado com a Ifac, gistrados contabilmente e reconhecidos nas demonstrações contá-
que autorizou, no Brasil, o CFC como um dos tradutores de suas beis dos períodos a que se referem. Os elementos reconhecidos, de
normas e publicações, outorgando os direitos de realizar tradução, acordo com o regime de competência, são ativos, passivos, contri-
publicação e distribuição das normas internacionais e demais pro- buições dos proprietários, distribuições aos proprietários, receitas
nunciamentos em formato eletrônico, no exercício de suas atribui- e despesas.
ções legais e regimentais e com fundamento no disposto na alínea Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como
“f” do Art. 6º do DecretoLei n.º 9.295/1946, alterado pela Lei n.º resultado de evento passado.
12.249/2010, faz saber que foi aprovada em seu Plenário a seguinte Contribuição dos proprietários corresponde à entrada de re-
Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), elaborada de acordo com cursos para a entidade a título de contribuição de partes externas,
a Ipsas 1 – Presentation of Financial Statements, editada pelo Inter- que estabelece ou aumenta a participação delas no patrimônio lí-
national Public Sector Accounting Standards Board da International quido da entidade e que estabeleça vantagem financeira sobre o
Federation of Accountants (IPSASB/Ifac): patrimônio líquido da entidade, a qual:
(a) dá direito a (i) distribuições de benefícios econômicos futu-
ros ou potencial de serviços pela entidade durante sua vida, quan-
do assim decidido pelos proprietários ou seus representantes e (ii)
distribuições de quaisquer ativos líquidos excedentes, no caso de a
entidade cessar suas atividades; e/ou
(b) pode ser vendida, trocada, transferida ou resgatada.
2 Fonte: www.cpc.org.br
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451
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Distribuição aos proprietários corresponde à saída de recursos micos futuros. Para abranger todos os propósitos dos ativos, esta
da entidade a título de distribuição a partes externas, que represen- norma utiliza o termo “benefícios econômicos futuros ou potencial
ta retorno sobre a participação ou a redução dessa participação no de serviços” para descrever as características essenciais dos ativos.
patrimônio líquido da entidade. 12. (Não convergido).
Entidade econômica é um grupo de entidades que inclui a enti-
dade controladora e suas controladas. MATERIALIDADE
Despesa corresponde a diminuições na situação patrimonial 13. Avaliar se uma omissão ou distorção pode influenciar o
líquida da entidade não oriunda de distribuições aos proprietários. cumprimento do dever de prestação de contas e responsabilização
Aplicação impraticável de exigência ocorre quando a entidade (accountability) e tomada de decisão e, portanto, se material, deve
não pode aplicá-la depois de ter feito todos os esforços razoáveis considerar as características desses usuários. Pressupõe-se que os
nesse sentido. usuários tenham conhecimento razoável do setor público, das ati-
Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento passa- vidades econômicas e da contabilidade e que tenham propensão
do, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da entidade. para estudar a informação com razoável diligência. A avaliação deve
Omissões ou distorções materiais de itens das demonstrações levar em conta como os usuários com tais atributos poderiam ser
contábeis quando, individual ou coletivamente, puderem influen- influenciados em suas avaliações e na tomada de suas decisões.
ciar as decisões que os usuários das demonstrações contábeis to-
mam com base nessas demonstrações. A materialidade depende
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
da dimensão e da natureza da omissão ou da distorção julgada à
14. Patrimônio líquido é o termo utilizado nesta norma para se
luz das circunstâncias a que está sujeita. A dimensão ou a natureza
referir à mensuração residual no balanço patrimonial (ativo menos
do item, ou a combinação de ambas, pode ser o fator determinante
passivo). O patrimônio líquido pode ser positivo ou negativo. Ou-
para a definição da materialidade.
tros termos podem ser utilizados no lugar de patrimônio líquido,
Patrimônio líquido corresponde à participação residual nos ati-
desde que seu significado esteja claro.
vos da entidade após deduzir todos os seus passivos.
Notas explicativas contêm informação adicional em relação
àquela apresentada nas demonstrações contábeis. As notas expli- FINALIDADE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
cativas oferecem descrições narrativas ou detalhamentos de itens 15. As demonstrações contábeis são a representação estrutu-
divulgados nessas demonstrações e informação sobre itensque não rada da situação patrimonial e do desempenho da entidade. A fi-
se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações nalidade das demonstrações contábeis é proporcionar informação
contábeis. sobre a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da
entidade que seja útil a grande número de usuários em suas ava-
Receita corresponde a aumentos na situação patrimonial líqui-
liações e tomada de decisões sobre a alocação de recursos. Espe-
da da entidade não oriundos de contribuições dos proprietários.
cificamente, as demonstrações contábeis no setor público devem
7A. Para fins desta norma:
proporcionar informação útil para subsidiar a tomada de decisão e
(a) instrumento financeiro com opção de venda, que inclui a
a prestação de contas e responsabilização da entidade quanto aos
obrigação contratual para o emissor de recomprar ou resgatar esse
recursos que lhe foram confiados, fornecendo informações:
instrumento em troca de caixa ou outro ativo financeiro no período
(a) sobre as fontes, as alocações e os usos de recursos finan-
da opção de venda, é classificado como instrumento patrimonial;
ceiros;
(b) instrumento que impõe à entidade a obrigação de entre-
(b) sobre como a entidade financiou suas atividades e como
gar a outra parte uma parcela pro rata dos ativos líquidos apenas
supriu suas necessidades de caixa;
em caso de extinção da entidade é classificado como instrumento
(c) úteis na avaliação da capacidade de a entidade financiar
patrimonial.
suas atividades e cumprir com suas obrigações e compromissos;
ENTIDADE ECONÔMICA (d) sobre a condição financeira da entidade e suas alterações; e
8. O termo “entidade econômica” é utilizado nesta norma para (e) agregadas e úteis para a avaliação do desempenho da enti-
definir, para fins de demonstrações contábeis, um grupo de entida- dade em termos dos custos dos serviços, eficiência e cumprimento
des que inclui a entidade controladora e quaisquer entidades con- dos seus objetivos.
troladas. 16. As demonstrações contábeis também podem ter a função
9. Outros termos algumas vezes utilizados para se referir a uma preditiva ou prospectiva, proporcionando informações úteis para
entidade econômica incluem entidade administrativa, entidade fi- prever o nível de recursos necessários pelas operações continu-
nanceira, entidade consolidada e grupo. adas, os recursos que podem ser gerados pela continuidade das
10. A entidade econômica pode incluir entidades com objetivos operações e os riscos e as incertezas a elas associadas. As demons-
direcionados a políticas sociais e objetivos comerciais. Por exemplo, trações contábeis também podem proporcionar informação aos
a secretaria de habitação pode ser a entidade econômica que inclui usuários indicando:
entidades que fornecem habitação a valor igual ou inferior ao custo, (a) se os recursos foram obtidos e utilizados de acordo com o
bem como entidades que fornecem moradia com fins comerciais. orçamento aprovado; e
Benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços (b) se os recursos foram obtidos e utilizados de acordo com as
11. Os ativos fornecem meios para que as entidades alcancem exigências legais e contratuais, inclusive os limites financeiros esta-
seus objetivos. Os ativos que são utilizados para fornecer bens e belecidos por autoridades competentes.
serviços de acordo com os objetivos da entidade, mas que não ge- 17. Para satisfazer a essas finalidades, as demonstrações contá-
ram diretamente fluxos de caixa líquidos positivos são geralmente beis proporcionam informação da entidade acerca de:
descritos como aqueles que possuem potencial de serviços. Ativos (a) ativos;
que são utilizados para gerar fluxos de caixa líquidos positivos são (b) passivos;
geralmente descritos como aqueles que contêm benefícios econô- (c) patrimônio líquido;
(d) receitas;
(e) despesas;

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
(f) outras alterações no patrimônio líquido; e çamento aprovado e os valores realizados para o período a que se
(g) fluxos de caixa. refere. Os relatórios referentes ao orçamento podem ser apresen-
18. Embora a informação contida nas demonstrações contá- tados de diferentes maneiras, incluindo:
beis possa ser relevante para satisfazer aos objetivos descritos no (a) o uso de formato de colunas para as demonstrações contá-
item 15, é improvável que todos os objetivos sejam satisfeitos. Es- beis, com colunas separadas para valores orçamentários e valores
pecificamente, isso é provável de acontecer no que diz respeito a realizados. Uma coluna mostrando quaisquer variações do orça-
entidades cujo objetivo principal não seja o de gerar lucro, dado mento ou na dotação também pode ser apresentada com o fim de
que seus gestores são responsáveis pela entrega de serviços, bem fornecer a informação completa; e
como pela gestão financeira. Informação suplementar, incluindo (b) divulgação de que os valores orçados não foram excedidos.
demonstrativos não financeiros, pode ser apresentada junto com Se quaisquer valores orçados ou dotações forem excedidos, ou des-
as demonstrações contábeis no intuito de proporcionar uma visão pesas forem incorridas sem dotação ou outra forma de autorização,
mais abrangente das atividades da entidade durante o período. então os detalhes devem ser divulgados por meio de nota explicati-
Responsabilidade pelas demonstrações contábeis va sobre esse item relevante nas demonstrações contábeis.
19. A legislação brasileira define a responsabilidade pela elabo- 25. As entidades são incentivadas a apresentar informações
ração e apresentação das demonstrações contábeis do governo e adicionais para auxiliar os usuários na avaliação do desempenho
de outras entidades do setor público. da entidade e na administração dos seus bens, bem como auxili-
20. A responsabilidade pela elaboração das demonstrações á-los a tomar e avaliar decisões sobre a alocação de recursos. Essa
contábeis consolidadas nacionais e por esfera de governo cabe, informação adicional pode incluir detalhes sobre os produtos e os
normalmente, a uma determinada autoridade definida pela legis- resultados da entidade na forma de
lação. (a) indicadores de desempenho, (b) demonstrativos de desem-
penho dos serviços prestados,
COMPONENTES DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
(c) revisões de programas e (d) outros relatórios de gestão so-
21. O conjunto completo das demonstrações contábeis inclui: bre o cumprimento dos objetivos da entidade durante o período
(a) balanço patrimonial; divulgado.
(b) demonstração do resultado; 26. As entidades são incentivadas também a divulgar informa-
(c) demonstração das mutações do patrimônio líquido; ção sobre a conformidade com leis e outras normas. Quando a in-
(d) demonstração dos fluxos de caixa; formação sobre a conformidade não é incluída nas demonstrações
(e) quando a entidade divulga publicamente seu orçamento contábeis, pode ser útil utilizar uma nota explicativa referente a
aprovado, comparação entre o orçamento e os valores realizados, quaisquer documentos que incluam tal informação. Provavelmente,
quer seja como demonstração contábil adicional (demonstração o reconhecimento da inconformidade também pode ser relevante
das informações orçamentárias) ou como coluna para o orçamento para fins de prestação de contas e responsabilização e pode afetar a
nas demonstrações contábeis; avaliação do usuário sobre o desempenho e o direcionamento das
(f) notas explicativas, compreendendo a descrição sucinta das operações futuras da entidade. Pode também influenciar as deci-
principais políticas contábeis e outras informações elucidativas; e sões sobre os recursos a serem alocados na entidade no futuro.
(g) informação comparativa com o período anterior, conforme
CONSIDERAÇÕES GERAIS
especificado nos itens 53 e 53A.
Apresentação adequada e conformidade com as NBCs TSP
21A. O apêndice desta norma dispõe sobre a estrutura mínima
27. As demonstrações contábeis devem apresentar adequada-
das demonstrações contábeis a serem elaboradas pelas entidades
mente a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa
do setor público.
da entidade. A apresentação adequada exige a representação fide-
22. As demonstrações elencadas no item 21 podem ter outras
digna dos efeitos das transações, outros eventos e condições, de
nomenclaturas definidas, conforme normas específicas ou de acor-
acordo com as definições e critérios de reconhecimento para ativos,
do com a legislação aplicável, mas, em qualquer caso, devem evi-
passivos, receitas e despesas como estabelecido nas NBCs TSP. Pre-
denciar as informações, conforme os dispositivos desta norma e das
sume-se que a aplicação das NBCs TSP, com divulgação adicional,
demais NBCs TSP, bem como observar a estrutura mínima referida
quando necessária, resulta em demonstrações contábeis que se en-
no item 21A.
quadram como apresentações adequadas.
23. As demonstrações contábeis fornecem aos usuários infor-
28. A entidade, cujas demonstrações contábeis estejam em
mações sobre recursos e obrigações da entidade na data das de-
conformidade com as NBCs TSP, deve declarar, de forma explícita e
monstrações contábeis e sobre o fluxo dos recursos no período a
sem reservas, essa conformidade nas notas explicativas. As demons-
que se refere as demonstrações. Essas informações são úteis para
trações contábeis não devem ser descritas como em conformidade
os usuários na realização de avaliações sobre a capacidade de a en-
com as NBCs TSP, a menos que cumpram todas as suas exigências.
tidade continuar a fornecer bens e serviços a certo nível, bem como
29. Em praticamente todas as circunstâncias, a apresentação
a quantidade necessária de recursos que devem ser fornecidos à
adequada é obtida pela conformidade com as NBCs TSP aplicáveis.
entidade no futuro para que ela possa continuar a cumprir com
A apresentação adequada também exige que a entidade:
suas obrigações de fornecer bens e serviços.
(a) selecione e aplique políticas contábeis de acordo com orien-
24. Em regra, as entidades do setor público estão sujeitas a
tações específicas que tratem de políticas contábeis;
limites orçamentários na forma de dotações ou autorizações (ou
(b) apresente informação, incluindo suas políticas contábeis, de
outros termos equivalentes), que podem ter eficácia por intermé-
forma que proporcione informação relevante, representação fide-
dio de autorização legislativa. As demonstrações contábeis podem
digna, compreensível, tempestiva, comparável e verificável;
fornecer informações se os recursos foram obtidos e utilizados de
(c) forneça divulgações adicionais quando o cumprimento das
acordo com o orçamento aprovado. Entidades que publicam seus
exigências específicas contidas nas NBCs TSP for insuficiente para
orçamentos aprovados devem atender às exigências da NBC TSP
permitir que os usuários compreendam o impacto de determinadas
13 – Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstra-
transações, outros eventos e condições sobre a situação patrimo-
ções Contábeis. Para as demais entidades, esta norma incentiva a
nial e o desempenho da entidade.
inclusão, nas demonstrações contábeis, da comparação entre o or-

Editora
453
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
30. Políticas contábeis inadequadas não devem ser convalida- (a) a razão pela qual a finalidade das demonstrações contábeis
das em razão de sua divulgação, seja por meio de notas explicativas não é alcançada nessa circunstância particular; e
ou qualquer outra divulgação explicativa. (b) como as circunstâncias da entidade diferem daquelas de
31. Em circunstâncias extremamente raras, nas quais a admi- outras entidades que cumprem a exigência. Se outras entidades em
nistração concluir que a conformidade com uma exigência em uma circunstâncias similares cumprem a exigência, há uma hipótese re-
NBC TSP pode conduzir a uma apresentação tão distorcida que en- futável de que o cumprimento da exigência por parte da entidade
traria em conflito com a finalidade das demonstrações contábeis não resultaria em divulgação tão distorcida a ponto de entrar em
estabelecida nesta norma, a entidade não deve aplicar essa exigên- conflito com a finalidade das demonstrações contábeis estabeleci-
cia e deve seguir o disposto no item 32, a não ser que esse procedi- da nesta norma.
mento seja vedado sob o ponto de vista regulatório. 37. O descumprimento das exigências de uma NBC TSP, com
32. Quando a entidade não aplicar uma exigência de uma nor- a finalidade de atender a uma exigência estatutária ou legal para
ma, de acordo com o item 31, ela deve divulgar: elaboração das demonstrações contábeis em uma jurisdição em
(a) que a administração concluiu que as demonstrações contá- particular, não constitui descumprimento conflitante com a finali-
beis apresentam de forma adequada a situação patrimonial, o de- dade das demonstrações contábeis estabelecidas nesta norma, de
sempenho e os fluxos de caixa da entidade; acordo com o que estabelece o item 31. Se tal descumprimento da
(b) que aplicou as NBCs TSP, exceto pela não aplicação de uma norma for material, a entidade não pode declarar queestá em con-
exigência específica com a finalidade de obter apresentação ade- formidade com as NBCs TSP.
quada; CONTINUIDADE
(c) o título da norma que a entidade não aplicou; a natureza 38. Quando da elaboração das demonstrações contábeis, a
da exceção, incluindo o tratamento que a norma exigiria; a razão administração deve fazer a avaliação da capacidade de a entidade
pela qual esse tratamento seria tão distorcido e entraria em conflito continuar em operação. Essa avaliação deve ser feita pelos respon-
com a finalidade das demonstrações contábeis estabelecida nesta sáveis pela elaboração das demonstrações contábeis. As demons-
norma; e o tratamento efetivamente adotado; e trações contábeis devem ser elaboradas sob o pressuposto da con-
(d) para cada período apresentado, o impacto financeiro da tinuidade, a menos que a administração tenha intenção de liquidar
não aplicação da norma vigente sobre cada item nas demonstra- a entidade ou cessar as suas operações ou se não possuir alterna-
ções contábeis que teria sido informado, caso tivesse sido cumprido tiva realista senão a descontinuidade de suas atividades. Quando a
a exigência não aplicada. administração tiver ciência, ao fazer a sua avaliação, de incertezas
33. Quando a entidade não aplicar uma exigência de uma NBC relevantes relacionadas a eventos ou condições que possam gerar
TSP em período anterior, e esse procedimento afetar os valores re- dúvidas significativas acerca da capacidade da entidade continuar
conhecidos nas demonstrações contábeis do período corrente, ela em operação, esse fato deve ser divulgado. Quando as demonstra-
deve proceder às divulgações estabelecidas no item 32(c) e (d). ções contábeis não forem elaboradas no pressuposto da continui-
34. O item 33 se aplica, por exemplo, quando a entidade deixa dade, esse fato deve ser divulgado juntamente com as bases sobre
de aplicar determinada exigência em período anterior para a men- as quais as demonstrações contábeis foram elaboradas e a razão
suração de ativos ou passivos, e esse procedimento afeta a men- pela qual não se pressupõe a continuidade da entidade.
suração das mudanças nos ativos e nos passivos reconhecidos nas 39. Normalmente, as demonstrações contábeis são elaboradas
demonstrações contábeis do período corrente. com o pressuposto de que a entidade terá continuidade, permane-
35. Em circunstâncias extremamente raras, nas quais a admi- cerá em operação e atenderá às suas obrigações legais no futuro
nistração vier a concluir que a conformidade com uma exigência de previsível. Ao avaliar se o pressuposto de continuidade é apropria-
uma NBC TSP conduziria à apresentação tão distorcida que entraria do, os responsáveis pela elaboração das demonstrações devem le-
em conflito com a finalidade das demonstrações contábeis esta- var em consideração toda a informação disponível sobre o futuro,
belecida nesta norma, mas a legislação ou regulamentos vigentes que é o período mínimo de doze meses (mas não limitado a esse
proíbem a não aplicação da exigência, a entidade deve, na maior período) a partir da data de aprovação das demonstrações contá-
extensão possível, reduzir os aspectos distorcidos identificados no beis.
cumprimento estrito dessa norma pela divulgação: 40. A profundidade da análise depende dos fatos de cada caso
(a) o título da norma em questão, a natureza da exigência e as e as avaliações do pressuposto de continuidade não são estabeleci-
razões que levaram a administração a concluir que o cumprimento das com base no teste de solvência aplicável às entidades do setor
dessa exigência tornaria as demonstrações contábeis tão distorci- privado (em particular, às empresas). Podem existir circunstâncias
das que entrariam em conflito com a finalidade das demonstrações para as quais avaliações de continuidade da liquidez e solvência
contábeis estabelecida nesta norma; e aparentemente sejam desfavoráveis, mas outros fatores sugerem
(b) para cada período apresentado, os ajustes de cada item nas que a entidade esteja em continuidade. Por exemplo:
demonstrações contábeis que a administração concluiu serem ne- (a) na avaliação, se o governo está em condição de continuida-
cessários para se obter a apresentação adequada. de, o poder de arrecadar tributos pode habilitar algumas entidades
36. Para a finalidade dos itens 31 a 35, um item de informa- a serem consideradas em continuidade, mesmo que operem por
ção poderia entrar em conflito com a finalidade das demonstrações longos períodos com patrimônio líquido negativo; e
contábeis quando não representasse fidedignamente as transa- (b) para a entidade individualmente, a avaliação do balanço pa-
ções, outros eventos e condições que se propõe a representar ou trimonial na data de divulgação pode sugerir que o pressuposto da
que se poderia esperar razoavelmente que representasse e, conse- continuidade não seja apropriado.
quentemente, seria provável que influenciasse as decisões toma- Entretanto, podem existir acordos de financiamento plurianu-
das pelos usuários das demonstrações contábeis. Ao avaliar se o ais, ou outros acordos, que devam assegurar a continuidade das
cumprimento de uma exigência em particular de uma norma resul- operações da entidade.
taria em divulgação distorcida a ponto de entrar em conflito com a 41. A determinação se o pressuposto da continuidade é apro-
finalidade das demonstrações contábeis estabelecida nesta norma, priado é mais relevante para entidades individuais do que para o
a administração deve considerar: governo como um todo. Para entidades individuais, na avaliação
se a adoção do pressuposto da continuidade é apropriada, os res-
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
ponsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis precisam outros eventos e condições que tenham ocorrido e (b) de avaliar os
considerar uma ampla quantidade de fatores relacionados (a) ao futuros fluxos de caixa da entidade. A mensuração de ativos ajus-
desempenho atual e esperado, (b) às reestruturações potenciais já tados, como, por exemplo, com a obsolescência nos estoques ou
anunciadas de unidades organizacionais, (c) às estimativas de recei- com a perda de créditos nas contas a receber de clientes, não é
tas ou à probabilidade de financiamento contínuo do governo e (d) considerada compensação.
a outras fontes potenciais de refinanciamento antes de concluírem 50. A NBC TSP 02 – Receita de Transação com Contrapresta-
que o pressuposto da continuidade é apropriado. ção define o que são receitas e requer que estas sejam mensura-
CONSISTÊNCIA DE APRESENTAÇÃO das pelo valor justo do montante recebido ou a receber, levando
42. A apresentação e a classificação de itens nas demonstra- em consideração a quantia de quaisquer descontos comerciais e
ções contábeis devem ser mantidas de um período para outro, sal- abatimentos concedidos pela entidade. A entidade desenvolve, no
vo se: decurso das suas atividades ordinárias, outras transações que não
(a) for evidente, após a alteração significativa na natureza das geram propriamente receitas, mas que são decorrentes das ativida-
operações da entidade ou após a revisão das respectivas demons- des principais geradoras de receitas. Os resultados de tais transa-
trações contábeis, que outra apresentação ou classificação seja ções devem ser apresentados quando essa apresentação refletir a
mais adequada, tendo em vista os critérios para a seleção e aplica- essência da transação ou outro evento, compensando-se quaisquer
ção de políticas contábeis, conforme norma específica; ou receitas com as despesas relacionadas resultantes da mesma tran-
(b) outra norma requerer alteração na apresentação. sação. Por exemplo:
43. Uma aquisição ou alienação significativa, ou revisão da (a) ganhos e perdas na alienação de ativos não circulantes, in-
apresentação das demonstrações contábeis pode sugerir que as cluindo investimentos e ativos operacionais, devem ser apresenta-
demonstrações contábeis devam ser apresentadas de maneira dis- dos de forma líquida, deduzindo-se seus valores contábeis dos va-
tinta. Por exemplo, a entidade pode vender a posse de instituição lores recebidos pela alienação e reconhecendo-se as despesas de
financeira que representa uma de suas principais entidades contro- venda relacionadas; e
ladas e a entidade econômica remanescente conduz principalmen- (b) despesas relacionadas com a provisão reconhecida de acor-
te os serviços administrativos e de assessoria política. do com a NBC TSP 03 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
Nesse caso, é improvável que a apresentação das demons- Contingentes e que tiveram reembolso, segundo acordo contratual
trações contábeis baseadas nas atividades principais da entidade com terceiros (por exemplo, acordo de garantia do fornecedor), po-
econômica como instituição financeira seja relevante para a nova dem ser compensadas com o respectivo reembolso.
entidade econômica. 51. Adicionalmente, ganhos e perdas provenientes de grupo de
44. A entidade altera a apresentação das suas demonstrações transações semelhantes devem ser apresentados em base líquida,
contábeis apenas se proporcionar informação que seja uma repre- por exemplo, ganhos e perdas de diferenças cambiais ou ganhos
sentação fidedigna e mais relevante para seus usuários e se for pro- e perdas provenientes de instrumentos financeiros classificados
vável que a estrutura revista continue sendo adotada, de modo que como para negociação. Não obstante, esses ganhos e perdas devem
a comparabilidade não seja prejudicada. Ao efetuar tais alterações ser apresentados separadamente se forem materiais.
na apresentação, a entidade deve reclassificar a informação compa- 52. A compensação de fluxos de caixa é tratada na NBC TSP 12
rativa de acordo com os itens 55 e 56. – Demonstração dos Fluxos de Caixa.
MATERIALIDADE E AGREGAÇÃO INFORMAÇÃO COMPARATIVA
45. A entidade deve apresentar, separadamente, nas demons- 53. A menos que uma norma permita ou exija de outra for-
trações contábeis, cada classe material de itens semelhantes. A ma, a entidade deve divulgar informação comparativa com respei-
entidade deve apresentar, separadamente, os itens de natureza ou to ao período anterior para todos os montantes apresentados nas
função distinta, a menos que não sejam materiais. demonstrações contábeis do período corrente. Também deve ser
46. As demonstrações contábeis resultam do processamento apresentada de forma comparativa a informação narrativa e des-
de grande número de transações ou outros eventos que são agrega- critiva que vier a ser apresentada quando for relevante para a com-
dos em classes de acordo com a sua natureza ou função. preensão do conjunto das demonstrações contábeis do período
A fase final do processo de agregação e classificação é a apre- corrente.
sentação de dados condensados e classificados que formam itens 53A. A entidade deve apresentar, como informação mínima,
das demonstrações contábeis. Se o item não for individualmente balanço patrimonial, demonstração do resultado, demonstração
material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações dos fluxos de caixa e demonstração das mutações do patrimônio
contábeis, seja nas notas explicativas. O item pode não ser suficien- líquido, todos com informação comparativa relativa ao
temente material para justificar a sua apresentação individualiza- período anterior, bem como as respectivas notas explicativas.
da nas demonstrações contábeis, mas pode ser suficientemente 54. Em alguns casos, as informações narrativas disponibilizadas
material para ser apresentado de forma individualizada nas notas nas demonstrações contábeis de períodos anteriores continuam a
explicativas. ser relevantes no período corrente. Por exemplo, a entidade divulga
47. A aplicação do conceito de materialidade significa que não no período corrente os detalhes de disputa legal, cujo desfecho era
é necessário fornecer divulgação específica exigida por NBC TSP se incerto no final do período anterior e ainda está para ser resolvido.
a informação não for material. Os usuários podem se beneficiar da divulgação da informação de
que a incerteza existia no final do período anterior e da divulgação
Compensação de valores
de informações sobre as medidas que foram tomadas durante o pe-
48. Ativos, passivos, receitas e despesas não devem ser com-
ríodo para resolver a incerteza.
pensados, exceto quando exigido ou permitido por NBC TSP.
55. Quando a apresentação ou a classificação de itens nas
49. A entidade deve informar separadamente os ativos e os
demonstrações contábeis forem modificadas, os montantes apre-
passivos, as receitas e as despesas. A compensação desses elemen-
sentados para fins comparativos devem ser reclassificados, a me-
tos no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado, exce-
nos que a reclassificação seja impraticável. Quando os montantes
to quando refletir a essência da transação ou outro evento, preju-
apresentados para fins comparativos são reclassificados, a entidade
dica a capacidade dos usuários (a) de compreender as transações,
deve divulgar:
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(a) a natureza da reclassificação; apresentar tais informações, é necessário o exercício de julgamen-
(b) o montante de cada item ou classe de itens que foi reclas- to. Por exemplo, quando as demonstrações contábeis são apresen-
sificado; e tadas eletronicamente, nem sempre podem ser utilizadas páginas
(c) a razão para a reclassificação. separadas; as informações exigidas nas alíneas “a” a “e” do item 63
56. Quando for impraticável reclassificar valores apresentados devem ser então apresentadas com frequência suficiente de forma
para fins comparativos, a entidade deve divulgar: a assegurar a devida compreensão das informações incluídas nas
(a) a razão para não reclassificar os montantes; e demonstrações contábeis.
(b) a natureza dos ajustes que teriam sido feitos se os montan- 65. As demonstrações contábeis tornam-se, muitas vezes, mais
tes tivessem sido reclassificados. compreensíveis pela apresentação de informação em milhares ou
57. Aperfeiçoar a comparabilidade de informação entre perí- milhões de unidades da moeda de apresentação. Esse procedimen-
odos ajuda os usuários a tomar decisões, sobretudo porque lhes to é aceitável desde que o nível de arredondamento na apresenta-
permite avaliar as tendências na informação financeirapara fins de ção seja divulgado e não seja omitida informação material.
previsão. Em algumas circunstâncias, torna-se impraticável reclassi- Período a que se referem as demonstrações contábeis
ficar a informação comparativa para o período anterior para obter 66. As demonstrações contábeis devem ser apresentadas pelo
a comparabilidade com o período corrente. Por exemplo, podem menos anualmente (inclusive informação comparativa). Quando
não ter sido coletados os dados necessários para a apresentação se altera a data de encerramento das demonstrações contábeis da
comparativa do período anterior com o período corrente, de modo entidade e as demonstrações contábeis são apresentadas para pe-
a permitir a reclassificação e, consequentemente, pode não ser pra- ríodo mais longo ou mais curto do que um ano, a entidade deve di-
ticável reconstruir essa informação. vulgar, além do período abrangido pelas demonstrações contábeis:
58. (Não convergido). (a) a razão de se utilizar período mais longo ou mais curto; e
ESTRUTURA E CONTEÚDO (b) o fato de que não são inteiramente comparáveis os valores
INTRODUÇÃO apresentados em certas demonstrações, tais como demonstração
59. Esta norma requer determinadas divulgações no balanço do resultado, demonstração das mutações do patrimônio líquido,
patrimonial, na demonstração do resultado e na demonstração das demonstração dos fluxos de caixa e respectivas notas explicativas.
mutações do patrimônio líquido e requer a divulgação de outros 67. Em circunstâncias excepcionais, a entidade pode ser so-
itens nessas demonstrações ou nas notas explicativas. A NBC TSP licitada a alterar a data-base de apresentação, por exemplo, para
12 estabelece as exigências para a apresentação da demonstração alinhar o período contábil ao ciclo orçamentário. Quando esse for o
dos fluxos de caixa. caso, é importante que (a) usuários estejam cientes de que os valo-
60. Esta norma utiliza, por vezes, o termo “divulgação” em res apresentados para o período corrente e os valores comparativos
sentido amplo, englobando itens apresentados nas demonstra- não são comparáveis e que (b) a razão para a mudança da data-base
ções contábeis e nas notas explicativas. Divulgações também são de apresentação seja divulgada. Um exemplo adicional é quando,
exigidas por outras NBCs TSP. A menos que seja especificado em ao fazer a transição de regime de caixa para o regime de competên-
contrário, tais divulgações podem ser incluídas nas demonstrações cia, a entidade muda a data-base das demonstrações contábeis das
contábeis. entidades que fazem parte da entidade econômica para permitir a
Identificação das demonstrações contábeis elaboração das demonstrações contábeis consolidadas.
61. As demonstrações contábeis devem ser identificadas clara- 68. (Não convergido).
mente e distinguidas de qualquer outra informação que porventura Tempestividade
conste no mesmo documento divulgado. 69. A utilidade das demonstrações contábeis é prejudicada
62. As NBCs TSP aplicam-se apenas às demonstrações contá- quando essas não são disponibilizadas aos usuários dentro de pe-
beis e não necessariamente à informação apresentada em outro ríodo razoável após a data-base das demonstrações contábeis. A
relatório anual ou qualquer outro documento. Por isso, é impor- entidade deve estar pronta para divulgar suas demonstrações con-
tante que os usuários possam distinguir a informação elaborada, tábeis em até seis meses a partir da data-base das demonstrações
utilizando-se as NBCs TSP de qualquer outra informação que possa contábeis. Fatores constantemente presentes, tal como a comple-
ser útil a eles, mas que não seja objeto de exigências das NBCs TSP. xidade das operações da entidade, não são razões suficientes para
63. Cada componente das demonstrações contábeis deve ser deixar de se divulgar as demonstrações contábeis dentro de prazo
identificado claramente. aceitável. Prazos dilatados mais específicos podem ser tratados por
Além disso, as seguintes informações devem ser divulgadas de legislações e regulamentos.
forma destacada e repetida, quando necessário, para a devida com- BALANÇO PATRIMONIAL
preensão da informação apresentada: DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE
(a) o nome da entidade às quais as demonstrações contábeis 70. A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circu-
se referem ou outro meio que permita sua identificação, bem como lantes e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de con-
qualquer alteração que possa ter ocorrido nessa identificação des- tas separados no seu balanço patrimonial, de acordo com os itens
de o término do período anterior; 76 a 87, exceto quando a apresentação baseada na liquidez pro-
(b) se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade porcionar informação que seja mais fidedigna e relevante. Quan-
individual ou a um grupo de entidades; do essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser
(c) a data de encerramento do período a que se referem ou o apresentados por ordem de liquidez.
período a que se refere o conjunto das demonstrações contábeis; 71. Qualquer que seja o método de apresentação adotado,
(d) a moeda de apresentação; e para cada item de ativo e passivo que reúne valores os quais se
(e) o nível de arredondamento utilizado na apresentação dos esperam serem realizados ou exigidos (a) em até doze meses após a
valores nas demonstrações contábeis. data-base das demonstrações contábeis e (b) em mais do que doze
64. As exigências do item 63 são normalmente satisfeitas pela meses após a data-base das demonstrações contábeis, a entidade
sua adequada apresentação nos títulos das páginas das demons- deve divulgar o valor que espera ser realizado ou exigido após mais
trações e nos títulos abreviados das colunas em cada página das de doze meses.
demonstrações contábeis. Na determinação da melhor forma de
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
72. Quando a entidade fornecer bens ou serviços dentro de ci- dos, consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional nor-
clo operacional claramente identificável, a classificação separada de mal, mesmo quando não se espera que sejam realizados no período
ativos e passivos circulantes e não circulantes no balanço patrimo- de até doze meses após a data das demonstrações contábeis. Os
nial proporciona informação útil ao distinguir os ativos que estejam ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos
continuamente em circulação, como capital de giro, dos que são uti- com a finalidade de serem negociados (exemplos incluem alguns
lizados nas operações de longo prazo da entidade. Essa classificação ativos financeiros classificados como “mantidos para negociação”)
também deve destacar os ativos que se espera que sejam realizados e a parcela circulante de ativos financeiros não circulantes.
dentro do ciclo operacional corrente, bem como os passivos que PASSIVO CIRCULANTE
devam ser exigidos dentro do mesmo período. 80. O passivo deve ser classificado como circulante quando sa-
73. Para algumas entidades, tais como instituições financeiras, tisfizer a qualquer dos seguintes critérios:
a apresentação de ativos e passivos por ordem crescente ou de- (a) espera-se que o passivo seja exigido durante o ciclo opera-
crescente de liquidez proporciona informação fidedigna e mais re- cional normal da entidade;
levante do que a apresentação em circulante e não circulante pelo (b) o passivo está mantido essencialmente para a finalidade de
fato de que tais entidades não fornecem bens ou serviços dentro de ser negociado;
ciclo operacional claramente identificável. (c) o passivo deve ser exigido no período de até doze meses
74. Na aplicação do item 70, é permitido à entidade apresentar após a data das demonstrações contábeis; ou
alguns dos seus ativos e passivos, utilizando-se da classificação em (d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liqui-
circulante e não circulante e outros por ordem de liquidez e exigi- dação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do
bilidade quando esse procedimento proporcionar informação que balanço (ver item 84). Os termos de passivo que podem, à opção
represente fidedignamente e seja mais relevante. A necessidade de da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de
apresentação em base mista pode surgir quando a entidade tem instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação.
diversos tipos de operações. Todos os outros passivos devem ser classificados como não cir-
75. A informação acerca das datas previstas para a realização culantes.
de ativos e de passivos é útil na avaliação da liquidez e solvência da 81. Alguns passivos circulantes, tais como contas a pagar co-
entidade. As datas de vencimento de ativos financeiros e de passi- merciais e algumas apropriações por competência relativas a gastos
vos financeiros devem ser divulgadas. Os ativos financeiros incluem com empregados e outros custos operacionais, são parte do capital
valores comerciais a receber e outros valores a receber e os passi- circulante utilizado no ciclo operacional normal da entidade. Tais
vos financeiros incluem dívidas a pagar comerciais e outras dívidas itens operacionais são classificados como passivos circulantes, mes-
a pagar. A informação sobre a data prevista para a realização de mo que estejam para ser liquidados em mais de doze meses após
ativos e passivos não monetários, tais como estoques e provisões, é a data das demonstrações contábeis. O mesmo ciclo operacional
também útil, qualquer que seja a classificação desses ativos e passi- normal aplica-se à classificação dos ativos e passivos da entidade.
vos como circulantes ou não circulantes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for clara-
ATIVO CIRCULANTE mente identificável, pressupõese que a sua duração seja de doze
76. O ativo deve ser classificado como circulante quando satis- meses.
fizer a qualquer dos seguintes critérios: 82. Outros passivos circulantes não são exigidos como parte do
(a) espera-se que esse ativo seja realizado, ou pretende-se que ciclo operacional normal, mas têm sua liquidação prevista para o
seja mantido com a finalidade de ser vendido ou consumido no de- período de até doze meses após a data das demonstrações contá-
curso normal do ciclo operacional da entidade; beis ou estão essencialmente mantidos com a finalidade de serem
(b) o ativo está mantido essencialmente com a finalidade de negociados. Exemplos disso são os passivos financeiros classificados
ser negociado; como “mantidos para negociação”, saldos bancários negativos e a
(c) espera-se que o ativo seja realizado em até doze meses após parte circulante de passivos financeiros não circulantes, dividendos
a data das demonstrações contábeis; ou a pagar, imposto de renda e outras dívidas a pagar não comerciais.
(d) o ativo seja caixa ou equivalente de caixa (conforme defini- Os passivos financeiros que proporcionem financiamento de
do na NBC TSP 12), a menos que sua troca ou uso para pagamen- longo prazo (ou seja, não fazem parte do capital circulante utiliza-
to de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses do no ciclo operacional normal da entidade) e cuja liquidação não
após a data das demonstrações contábeis. esteja prevista para o período de até doze meses após a data das
Todos os demais ativos devem ser classificados como não cir- demonstrações contábeis são passivos não circulantes, sujeitos aos
culantes. itens 85 e 86.
77. Esta norma utiliza o termo “ativo não circulante” para in- 83. A entidade deve classificar os seus passivos financeiros
cluir ativos tangíveis, ativos intangíveis e ativos financeiros de longo como circulante quando o seu pagamento estiver previsto para o
prazo. Não se proíbe o uso de descrições alternativas, contanto que período de até doze meses após a data das demonstrações contá-
seu significado seja claro. beis, mesmo que:
78. O ciclo operacional da entidade é o tempo que se leva para (a) o prazo original para sua liquidação tenha sido por período
converter entradas (inputs) ou recursos em saídas (outputs). Por superior a doze meses; e
exemplo, governos transferem recursos para entidades do setor pú- (b) acordo de refinanciamento ou de reescalonamento de pa-
blico para que elas possam converter tais recursos em mercadorias, gamentos de longo prazo seja completado após a data das demons-
serviços ou outros tipos de produtos (outputs), para alcançar os trações contábeis e antes das demonstrações contábeis serem au-
resultados econômicos, políticos e sociais desejados pelo governo. torizadas para sua divulgação.
Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente 84. Se a entidade espera – e tiver a possibilidade de refinan-
identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses. ciar ou rolar a dívida para, pelo menos, doze meses após a data das
79. Os ativos circulantes incluem ativos (tais como impostos a demonstrações contábeis, segundo as condições de flexibilidade
receber, taxas sobre os usuários a receber, multas e tarifas regula- do empréstimo existente –, deve classificar a obrigação como não
tórias a receber, estoques e receitas de investimentos reconhecidas circulante, mesmo que, de outra forma, fosse devida dentro de pe-
pelo regime de competência e ainda não recebidas) que são vendi- ríodo mais curto. Contudo, quando orefinanciamento ou substitui-
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ção da obrigação não depender somente da entidade (por exemplo, 89. Contas adicionais, cabeçalhos e subtotais devem ser apre-
se não houver acordo de refinanciamento), o simples potencial de sentados no balanço patrimonial sempre que tais apresentações
refinanciamento não é considerado suficiente para a classificação sejam relevantes para o entendimento da posição financeira e pa-
como não circulante e, portanto, a obrigação deve ser classificada trimonial da entidade.
como circulante. 90. Esta norma não determina a ordem ou o formato que deve
85. Quando a entidade não cumprir compromisso, segundo ser utilizado na apresentação das contas. O item 88 simplesmente
acordo de empréstimo de longo prazo até a data das demonstra- lista os itens que são suficientemente diferentes na sua natureza ou
ções contábeis, tendo como consequência a condição de o passivo função para assegurar a apresentação individualizada no balanço
se tornar vencido e pagável à ordem do credor, o passivo deve ser patrimonial.
classificado como circulante, mesmo que o credor tenha concorda- ADICIONALMENTE:
do, após a data das demonstrações contábeis e antes da data da au- (a) contas do balanço patrimonial devem ser incluídas sempre
torização para emissão das demonstrações contábeis, em não exigir que o tamanho, natureza ou função de item ou agregação de itens
pagamento antecipado como consequência do descumprimento do similares apresentados separadamente seja relevante na compre-
compromisso. ensão da posição financeira da entidade; e
O passivo deve ser classificado como circulante porque, à data (b) a nomenclatura de contas utilizada e sua ordem de apre-
das demonstrações contábeis, a entidade não tem direito incon- sentação dos itens e das agregações de itens semelhantes podem
dicional de diferir a sua liquidação para, pelo menos, doze meses ser modificadas de acordo com a natureza da entidade e de suas
após essa data. transações, no sentido de fornecer informação que seja relevante
86. Entretanto, o passivo deve ser classificado como não circu- para a compreensão da situação patrimonial da entidade.
lante, se o credor tiver concordado, até a data das demonstrações 91. A entidade deve julgar a adequação da apresentação de
contábeis, em proporcionar um período de carência a terminar pelo contas adicionais separadamente com base na avaliação:
menos doze meses após a data das demonstrações contábeis, den- (a) da natureza e liquidez dos ativos;
tro do qual a entidade pode retificar o descumprimento e durante (b) da função dos ativos na entidade; e
o qual o credor não pode exigir o pagamento imediato do passivo (c) dos montantes, natureza e prazo dos passivos.
em questão. 92. A utilização de distintos critérios de mensuração de classes
87. Com respeito a empréstimos classificados como passivo diferentes de ativos sugere que suas naturezas ou funções são dis-
circulante, se os eventos que se seguem ocorrerem entre a data tintas e, portanto, devem ser apresentadas em contas separadas.
das demonstrações contábeis e a data em que as demonstrações Por exemplo, diferentes classes de imobilizado podem ser reconhe-
contábeis forem autorizadas para serem emitidas, esses eventos se cidas ao custo ou pelo valor de reavaliação em conformidade com a
qualificam para divulgação como eventos que não originam ajustes. NBC TSP 07 – Ativo Imobilizado.
Os eventos que se enquadram nessa situação são os seguintes:
Informação a ser apresentada no balanço patrimonial ou nas
(a) refinanciamento para uma base de longo prazo;
notas explicativas
(b) retificação de descumprimento de acordo de empréstimo
93. A entidade deve divulgar, no balanço patrimonial ou nas no-
de longo prazo; e
tas explicativas, detalhamentos adicionais às rubricas apresentadas
(c) concessão por parte do credor de período de carência para
(subclassificações), classificadas de forma adequada às operações
retificar descumprimento de acordo de empréstimo de longo prazo
da entidade.
que termine pelo menos doze meses após a data das demonstra-
94. O detalhamento proporcionado nas subclassificações de-
ções contábeis.
pende das exigências das NBCs TSP e da dimensão, natureza e fun-
Informação a ser apresentada no balanço patrimonial ção dos valores envolvidos. Os fatores estabelecidos no item 91
88. No mínimo, o balanço patrimonial deve incluir os seguintes também devem ser utilizados para decidir as bases para tal subclas-
itens que apresentam valores: sificação. As divulgações variam para cada item, por exemplo:
(a) ativo imobilizado; (a) os itens do ativo imobilizado devem ser segregados em clas-
(b) propriedade para investimento; ses de acordo com a NBC TSP 07;
(c) ativo intangível; (b) as contas a receber devem ser segregadas em valores a re-
(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas (e), ceber de taxas dos usuários, tributos e outras receitas de transa-
(g), (h) e (i)); ções sem contraprestação, contas a receber de partes relacionadas,
(e) investimentos avaliados pelo método da equivalência pa- pagamentos antecipados e outros valores;
trimonial; (c) os estoques devem ser subclassificados, de acordo com a
(f) estoques; NBC TSP 04 – Estoques, em classificações, tais como mercadorias
(g) valores a receber de transação sem contraprestação (impos- para revenda, insumos, materiais, produtos em elaboração e pro-
tos e transferências); dutos acabados;
(h) contas a receber de transação com contraprestação; (d) os tributos e transferências a pagar devem ser segregados
(i) caixa e equivalentes de caixa; em restituição de tributos a pagar, transferências a pagar e valores
(j) tributos e transferências a pagar; a pagar a outros membros da entidade econômica;
(k) contas a pagar oriundas de transação com contraprestação; (e) as provisões devem ser segregadas em provisões para bene-
(l) provisões; fícios a empregados e outros itens; e
(m) passivos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas (f) os componentes do patrimônio líquido devem ser segrega-
(j), (k) e (l)); dos em capital integralizado, resultados acumulados e quaisquer
(n) participação de não controladores apresentada de forma reservas.
destacada dentro do patrimônio líquido; e 95. Quando a entidade não possui nenhuma parcela de capital
(o) patrimônio líquido atribuíveis aos proprietários da entidade representado por ações, ela deve divulgar o patrimônio líquido no
controladora. balanço patrimonial ou nas notas explicativas, demonstrando sepa-
radamente:

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(a) o capital integralizado, consistindo do valor total acumula- 101. Outras normas tratam de itens que podem atender às de-
do, na data das demonstrações contábeis, das contribuições dos finições de receita e de despesa estabelecidas nesta norma, mas
proprietários menos as distribuições aos proprietários; que são geralmente excluídos do resultado. Exemplos incluem (a)
(b) resultados acumulados; resultados positivos de reavaliação (ver NBC TSP 07); (b) ganhos e
(c) reservas, incluindo descrição da natureza e finalidade de perdas específicos provenientes da conversão das demonstrações
cada reserva dentro do patrimônio líquido; e contábeis das operações no exterior da entidade que tenha opera-
(d) participação dos não controladores. ção no exterior; e (c) ganhos e perdas de remensuração de ativos
95A. Se a entidade reclassificou: financeiros classificados como disponíveis para venda. Informação
(a) instrumento financeiro com opção de venda classificado a ser apresentada na demonstração do resultado
como instrumento patrimonial; ou 102. No mínimo, a demonstração do resultado deve incluir
(b) instrumento que impõe à entidade a obrigação de entregar itens que apresentam os seguintes valores do período contábil:
à contraparte o valor pro rata dos seus ativos líquidos (patrimônio (a) receita;
líquido) somente na liquidação da entidade e é classificado como (b) despesa;
instrumento patrimonial; entre passivos financeiros e o patrimônio (c) parcela do resultado de coligadas, controladas e empreen-
líquido, ela deve divulgar o montante reclassificado, o momento e o dimento controlado em conjunto mensurada pelo método da equi-
motivo dessa reclassificação. valência patrimonial;
96. Muitas entidades do setor público não possuem capital re- (d) ganhos ou perdas antes dos tributos reconhecidos na alie-
presentado por ações, mas a entidade é controlada exclusivamen- nação de ativos ou pagamento de passivos relativos a operações em
te por outra entidade do setor público. A natureza da participação descontinuidade; e
do governo no patrimônio líquido da entidade é, provavelmente, a (e) resultado do período.
combinação de capital integralizado e do valor resultante dos re- 103. Os itens a seguir devem ser divulgados na demonstração
sultados acumulados e reservas que refletem o patrimônio líquido do resultado como alocações do resultado do período:
atribuível às operações da entidade. (a) resultado atribuível aos acionistas não controladores; e
97. Em alguns casos, pode haver a participação de não contro- (b) resultado atribuível aos acionistas controladores da entida-
ladores no patrimônio líquido da entidade. Por exemplo, no nível do de.
governo como um todo, no sentido amplo, a entidade econômica 104. Outros itens e contas, títulos e subtotais devem ser apre-
pode incluir empresa estatal que foi parcialmente privatizada. sentados na demonstração do resultado quando tal apresentação
Consequentemente, pode haver acionistas do setor privado for relevante para a compreensão do desempenho financeiro da
com participação no patrimônio líquido da entidade. entidade.
98. Quando a entidade possui seu capital representado por 105. Em função de os efeitos das várias atividades, transações e
ações, além das divulgações previstas no item 95, ela deve divul- outros eventos da entidade diferirem em termos de seus impactos
gar as seguintes informações no balanço patrimonial ou nas notas na capacidade de cumprir suas obrigações na entrega de serviços,
explicativas: a divulgação dos componentes do resultado ajuda a compreender
(a) para cada classe de ações do capital: o desempenho alcançado e a fazer projeções de futuros resultados.
(i) a quantidade de ações autorizadas; Outros itens devem ser incluídos na demonstração do resultado, e
(ii) a quantidade de ações subscritas e inteiramente integraliza- as descrições utilizadas e a ordem dos itens são modificadas quan-
das, e subscritas mas não integralizadas; do for necessário explicar os elementos que compõem o resultado.
(iii) o valor nominal por ação, ou informar que as ações não têm Os fatores a serem considerados incluem a materialidade, a natu-
valor nominal; reza e a função dos componentes das receitas e despesas. Os itens
(iv) a conciliação entre as quantidades de ações em circulação de receitas e despesas não devem ser compensados, a menos que
no início e no fim do período; sejam atendidos os critérios do item 48. Informação a ser apresen-
(v) os direitos, as preferências e as restrições associados a essa tada na demonstração do resultado ou nas notas explicativas
classe de ações, incluindo restrições na distribuição de dividendos e 106. Quando os itens de receitas e despesas são materiais, sua
no reembolso de capital; natureza e valores devem ser divulgados separadamente.
(vi) ações ou quotas da entidade mantidas pela própria enti- 107. As circunstâncias que dão origem à divulgação separada
dade (ações ou quotas em tesouraria) ou por controladas ou coli- de itens de receitas e despesas incluem:
gadas; e (a) reduções nos estoques ao seu valor realizável líquido ou no
(vii) ações reservadas para emissão em função de opções e ativo imobilizado ao seu valor recuperável, bem como as reversões
contratos para a venda de ações, incluindo os prazos e respectivos de tais reduções;
montantes; e (b) reestruturações das atividades da entidade e reversões de
(b) a descrição da natureza e da finalidade de cada reserva den- quaisquer provisões para gastos de reestruturação;
tro do patrimônio líquido. (c) baixas de itens do ativo imobilizado;
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (d) baixas de investimento;
Superávit ou Déficit (e) unidades operacionais descontinuadas;
99. Todos os itens de receita e de despesa reconhecidos no pe- (f) solução de litígios; e
ríodo contábil devem ser incluídos no resultado, a menos que outra (g) outras reversões de provisão.
norma requeira tratamento diferente. 108. A entidade deve apresentar, na demonstração do resulta-
100. Normalmente, todos os itens de receita e de despesa re- do ou nas notas explicativas, o detalhamento do total das receitas,
conhecidos no período contábil são incluídos no resultado. Isso in- cuja classificação esteja de acordo com as operações da entidade.
clui os efeitos das mudanças nas estimativas contábeis, que devem 109. A entidade deve apresentar, na demonstração do resul-
observar os procedimentos aplicáveis relativos à correção de erros tado ou nas notas explicativas, a análise das despesas utilizando o
e ao efeito de mudanças de políticas contábeis. Porém, em algumas detalhamento baseado na sua natureza ou na sua função dentro da
circunstâncias, itens específicos podem ser excluídos do resultado entidade, devendo selecionar o critério que proporcionar informa-
do período corrente. ção que seja fidedigna e mais relevante.
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110. As entidades são incentivadas a apresentar as análises ci- ficação funcional da despesa. No item 115, a expressão “benefícios
tadas no item 109 na demonstração do resultado. a empregados” tem o mesmo significado dado na NBC TSP 15 – Be-
111. As despesas devem ser subclassificadas a fim de destacar nefícios a Empregados.
os custos e suas apropriações de custos a programas específicos, 117. Quando a entidade distribuir dividendos ou outro item
atividades ou outros segmentos relevantes à entidade que é retra- similar para os seus proprietários e possuir capital representado
tada nas demonstrações contábeis. Essa análise deve ser proporcio- por ações, ela deve divulgar, na demonstração do resultado, na
nada em uma das duas maneiras descritas a seguir. demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas
112. A primeira forma de análise é o método da natureza da explicativas, o valor de dividendos ou outro item similar distribuí-
despesa. As despesas são agregadas na demonstração do resultado dos e reconhecidos como distribuições aos proprietários durante o
de acordo com a sua natureza, como, por exemplo: depreciações, período e o respectivo valor por ação.
consumo de materiais, despesas com transporte, benefícios a em- Demonstração das mutações do patrimônio líquido
pregados e despesas de publicidade, não sendo realocadas entre 118. A entidade deve apresentar a demonstração das muta-
as várias funções dentro da entidade. Esse método pode ser sim- ções do patrimônio líquido, demonstrando:
ples de aplicar porque não são necessárias alocações de gastos em (a) o resultado do período;
classificações funcionais. Segue abaixo um exemplo de classificação (b) cada item de receita e de despesa do período que, confor-
que utiliza o método da natureza do gasto: me exigido por outras NBCs TSP, seja reconhecido diretamente no
patrimônio líquido e o total desses itens;
(c) o total de receitas e de despesas do período (calculados
como a soma das alíneas
(a) e (b)), demonstrando separadamente o valor total atribuível
aos proprietários da entidade controladora e o valor corresponden-
te à participação de não controladores; e
(d) para cada componente do patrimônio líquido divulgado se-
112A . Para os fins desta norma, os termos “natureza da des- paradamente, os efeitos das alterações nas políticas contábeis e da
pesa” e “classificação funcional” não se confundem com os termos correção de erros.
correspondentes utilizados no orçamento. 119. A entidade também deve apresentar, na demonstração
113. A segunda forma de análise é o método da função da des- das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, as
pesa, classificando-se as despesas de acordo com o programa ou seguintes informações:
o propósito para o qual elas foram incorridas. Esse método pode (a) os valores das transações com os proprietários agindo na
proporcionar informação mais relevante aos usuários do que a clas- sua capacidade de detentores do capital próprio da entidade, de-
sificação de gastos por natureza, mas a alocação de despesas às monstrando separadamente as distribuições para os proprietários;
funções pode exigir alocações arbitrárias e envolver considerável (b) o saldo de resultados acumulados no início do período e na
capacidade de julgamento. Segue abaixo exemplo de classificação data-base da demonstração e as alterações durante o período; e
que utiliza o método da função da despesa: (c) na medida em que componentes do patrimônio líquido são
divulgados separadamente, a conciliação entre o valor contábil de
cada componente do patrimônio líquido no início e no final do perí-
odo, divulgando separadamente cada alteração.
120. As alterações no patrimônio líquido da entidade entre
duas datas das demonstrações contábeis refletem o aumento ou a
redução do patrimônio líquido durante o período.
121. A alteração total do patrimônio líquido durante um perío-
114. As despesas associadas às principais funções empreendi- do representa o valor total do resultado desse período, adicionado
das pela entidade devem ser apresentadas separadamente. Nesse a outras receitas e despesas reconhecidas diretamente como altera-
exemplo, a entidade tem funções relacionadas ao fornecimento de ções no patrimônio líquido (sem passar pelo resultado do período),
serviços de saúde e educação. A entidade deve apresentar linhas de junto comqualquer contribuição dos proprietários e deduzindo-se
itens de despesa para cada uma dessas funções. as distribuições para os proprietários agindo na sua capacidade de
115. As entidades que classificarem os gastos por função de- detentores do capital próprio da entidade.
vem divulgar informação adicional sobre a natureza das despesas, 122. Contribuições dos proprietários e distribuições para os
incluindo as despesas de depreciação e de amortização e as despe- proprietários incluem transferências entre duas entidades que fa-
sas com benefícios a empregados. zem parte da mesma entidade econômica (por exemplo, transfe-
116. A escolha entre a classificação funcional das despesas e rência de governo, atuando em sua qualidade de detentor de ca-
a classificação da natureza das despesas depende de fatores histó- pital próprio, para departamento de governo). Contribuições dos
ricos e regulatórios e da natureza da entidade. Ambos os métodos proprietários, em sua qualidade de detentores de capital próprio,
proporcionam uma indicação daquelas despesas que podem variar, para entidades controladas devem ser reconhecidas como ajuste
diretamente e indiretamente, com o nível de vendas ou de produ- direto no patrimônio líquido da entidade controlada somente quan-
ção (outputs) da entidade. Dado que cada classificação tem seu mé- do contribuições explicitamente aumentam a participação residual
rito, conforme características de diferentes tipos de entidade, esta na entidade controlada na forma de direitos sobre o patrimônio lí-
norma estabelece que cabe à administração apresentar o método quido.
que possibilite a representação fidedigna e seja mais relevante. 123. Esta norma requer que todos os itens de receita e de des-
Entretanto, dado que a informação fornecida, quando se utiliza o pesa reconhecidos no período sejam incluídos no resultado, a me-
método da natureza das despesas, é útil, ao prever os futuros fluxos nos que outra norma requeira outro procedimento. Outras normas
de caixa, é exigida divulgação adicional quando for utilizada a classi- requerem que alguns itens (tais como aumento ou redução por re-
avaliação e ganhos ou perdas decorrentes de ajustes específicos de
conversão para moeda estrangeira) sejam reconhecidos diretamen-
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te como alteração no patrimônio líquido (sem transitar pelo resul- (c) informação de suporte sobre itens apresentados no balanço
tado do período). Como é importante considerar todos os itens de patrimonial, na demonstração do resultado, na demonstração das
receita e de despesa na avaliação das mudanças ocorridas na situ- mutações do patrimônio líquido e na demonstração dos fluxos de
ação patrimonial da entidade entre duas datas das demonstrações caixa pela mesma ordem em que cada demonstração e cada item
contábeis, esta norma exige que a apresentação da demonstração são apresentados; e
das mutações do patrimônio líquido destaque o total das receitas e (d) outras divulgações, incluindo:
das despesas da entidade, incluindo aquelas que foram reconheci- (i) passivos contingentes (ver a NBC TSP 03) e compromissos
das diretamente no patrimônio líquido. contratuais não reconhecidos; e
124. Os ajustes retroativos e as republicações retroativas para (ii) divulgações não financeiras, por exemplo, os objetivos e as
corrigir erros devem ser registrados tendo como contrapartida o políticas de gestão do risco financeiro da entidade.
saldo de resultados acumulados, ou seja, corrigindo o saldo de re- 130. Em algumas circunstâncias, pode ser necessário ou dese-
sultados acumulados, exceto quando outra norma requerer ajustes jável alterar a ordem de determinados itens nas notas explicativas.
retroativos em outro componente do patrimônio líquido. O item Por exemplo, a informação sobre variações no valor justo reconheci-
118(d) requer a divulgação na demonstração das mutações do pa- das no resultado pode ser divulgada juntamente com a informação
trimônio líquido do ajuste total para cada componente do patrimô- sobre vencimentos de instrumentos financeiros, embora a primeira
nio líquido, em separado do resultado divulgado, em separado das informação se relacione com a demonstração do resultado e a úl-
alterações nas políticas contábeis e em separado das correções de tima informação se relacione com o balanço patrimonial. Contudo,
erro. Esses ajustes devem ser divulgados em cada período anterior até onde for possível, deve ser mantida uma estrutura sistemática
e no início do período seguinte. (padronizada) das notas explicativas.
125. As exigências nos itens 118 e 119 podem ser cumpridas, 131. As notas explicativas que proporcionam informação acer-
utilizando-se o formato de colunas que concilia a abertura e o fe- ca da base para a elaboração das demonstrações contábeis e as
chamento dos saldos de cada elemento da classe do patrimônio lí- políticas contábeis específicas podem ser apresentadas como com-
quido. Uma alternativa consiste em apresentar apenas os itens des- ponente separado das demonstrações contábeis.
critos no item 118 na demonstração das mutações do patrimônio DIVULGAÇÃO DE POLÍTICAS CONTÁBEIS
líquido. Segundo essa abordagem, os itens descritos no item 119 132. A entidade deve divulgar no resumo de políticas contábeis
devem ser apresentados nas notas explicativas. significativas:
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (a) a base de mensuração utilizada na elaboração das demons-
126. A informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuá- trações contábeis;
rios das demonstrações contábeis base para avaliar (a) a capacida- (b) o grau em que a entidade tem aplicado qualquer disposição
de da entidade para gerar caixa e seus equivalentes e (b) as necessi- transitória de qualquer outra norma; e
dades da entidade para utilizar esses fluxos de caixa. A NBC TSP 12 (c) outras políticas contábeis utilizadas que sejam relevantes
estabelece as exigências para a apresentação da demonstração dos para a compreensão das demonstrações contábeis.
fluxos de caixa e divulgações relacionadas. 133. É importante que os usuários estejam informados sobre a
NOTAS EXPLICATIVAS base ou bases de mensuração utilizadas nas demonstrações contá-
ESTRUTURA beis (por exemplo, custo histórico, custo corrente, valor realizável
127. As notas explicativas devem: líquido, valor justo ou valor recuperável) porque a base sobre a qual
(a) apresentar informação acerca da base para a elaboração as demonstrações contábeis são elaboradas afeta significativamen-
das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas te a análise dos usuários.
utilizadas, de acordo com os itens 132 a 139; Quando mais de uma base de mensuração for utilizada nas de-
(b) divulgar a informação requerida pelas NBCs TSP que não monstrações contábeis, por exemplo, quando determinadas classes
tenha sido apresentada no balanço patrimonial, na demonstração de ativos são reavaliadas, é suficiente divulgar a indicação das cate-
do resultado, na demonstração das mutações do patrimônio líquido gorias de ativos e de passivos à qual cada base de mensuração foi
e na demonstração dos fluxos de caixa; e aplicada.
(c) prover informação adicional que não tenha sido apresenta- 134. Ao decidir se determinada política contábil específica
da no balanço patrimonial, na demonstração do resultado, na de- deve, ou não, ser divulgada, a administração deve considerar se sua
monstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstra- divulgação proporciona aos usuários melhor compreensão da forma
ção dos fluxos de caixa, mas que seja relevante para a compreensão com que as transações, outros eventos e condições estão refletidos
de quaisquer dessas demonstrações contábeis. no desempenho e na situação patrimonial. A divulgação de deter-
128. As notas devem ser apresentadas, tanto quanto seja prati- minadas políticas contábeis é especialmente útil para os usuários
cável, de forma sistemática. quando essas políticas são selecionadas entre opções permitidas
Cada item do balanço patrimonial, da demonstração do resul- nas NBCs TSP. Um exemplo é a divulgação, pela entidade, da base
tado, da demonstração das mutações do patrimônio líquido e da de mensuração de suas propriedades para investimento, se pelo va-
demonstração dos fluxos de caixa deve ter referência cruzada entre lor justo ou pelo modelo de custo (ver NBC TSP 06 – Propriedade
informações relativas a cada uma dessas demonstrações e aquelas para Investimento). Algumas normas requerem especificamente a
correspondentes apresentadas nas notas explicativas. divulgação de determinadas políticas contábeis, incluindo escolhas
129. As notas explicativas são normalmente apresentadas pela feitas pela administração entre diferentes políticas que as normas
ordem a seguir, no sentido de auxiliar os usuários a compreender as permitem. Por exemplo, a NBC TSP 07 requer especificamente a
demonstrações contábeis e compará-las com demonstrações con- divulgação das bases de mensuração utilizadas para as classes do
tábeis de outras entidades: ativo imobilizado. A NBC TSP 14 – Custos de Empréstimos requer
(a) declaração de conformidade com as NBCs TSP (ver item 28); a divulgação se os custos de empréstimos foram lançados como
(b) resumo das políticas contábeis significativas aplicadas (ver despesa ou se foram capitalizados como parte do custo de ativos
item 132); qualificáveis.

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135. Cada entidade deve considerar a natureza das suas ope- 141. Definir os montantes de alguns ativos e passivos exige a
rações e as políticas que os usuários de suas demonstrações contá- estimativa dos efeitos de eventos futuros incertos sobre esses ati-
beis esperam que sejam divulgadas para esse tipo de entidade. Por vos e passivos ao término do período de reporte. Por exemplo, na
exemplo, espera-se que entidades do setor público divulguem suas ausência de preços de mercado recentemente observados, passam
políticas contábeis para reconhecimento das receitas de impostos, a ser necessárias estimativas orientadas para o futuro para men-
doações e outras formas de receitas de transações sem contra- surar o valor recuperável de ativos do imobilizado, o efeito da ob-
prestação em bens e serviços. Quando a entidade possui entida- solescência tecnológica nos estoques, provisões sujeitas ao futuro
des com operações significativas no exterior ou possui transações resultado de litígio em curso e passivos de longo prazo de benefícios
significativas em moeda estrangeira, espera-se que ela evidencie a empregados, tais como obrigações de pensão. Essas estimativas
as políticas contábeis para o reconhecimento de ganhos e perdas envolvem pressupostos sobre esses assuntos, como o risco associa-
cambiais. Quando combinações no setor público tiverem ocorrido, do aos fluxos de caixa ou taxas de desconto, futuras alterações em
as políticas utilizadas para a mensuração do ágio por expectativa de salários e futuras alterações nos preços que afetam outros custos.
rentabilidade futura (goodwill) e para a mensuração da participação 142. Os principais pressupostos e outras principais abordagens
dos acionistas não controladores devem ser divulgadas. a respeito de incerteza das estimativas, divulgados de acordo com o
136. A política contábil pode ser significativa devido à natureza item 140, relacionam-se a estimativas cujos julgamentos requeridos
das operações da entidade, mesmo que os valores associados a pe- são os mais difíceis, subjetivos ou complexos a serem exercidos pela
ríodos anteriores e ao corrente não sejam materiais. administração. Na medida em que o número de variáveis e de pres-
É também adequado divulgar cada política contábil significativa supostos que afetam a possível futura solução das incertezas au-
que não seja especificamente exigida pelas NBCs TSP, mas que te- menta, esses julgamentos tornam-se mais subjetivos e complexos,
nha sido selecionada e aplicada. aumentando, consequente e proporcionalmente, a probabilidade
137. A entidade deve divulgar, no resumo das políticas contá- de ajuste material dos valores contábeis de ativos e de passivos.
beis significativas ou em outras notas explicativas, os julgamentos 143. As divulgações descritas no item 140 não são requeridas
realizados, com a exceção dos que envolvem estimativas (ver item para ativos e passivos que tenham risco significativo de que seus
140) que a administração fez no processo de aplicação das políticas valores contábeis possam sofrer alteração significativa no próximo
contábeis da entidade e que têm efeito mais significativo nos valo- período contábil se, à data das demonstrações contábeis, os ativos
res reconhecidos nas demonstrações contábeis. e os passivos forem mensurados pelo valor justo com base em pre-
138. No processo de aplicação das políticas contábeis da enti- ços de mercado recentemente observados (os valores justos podem
dade, a administração exerce diversos julgamentos, com a exceção alterar-se materialmente no próximo período, mas essas alterações
dos que envolvem estimativas, que podem afetar, significativamen- não serão fruto de pressupostos ou de outras abordagens a respeito
te, os montantes reconhecidos nas demonstrações contábeis. Por da incerteza das estimativas à data das demonstrações contábeis).
exemplo, a administração exerce julgamento ao definir: 144. As divulgações descritas no item 140 são apresentadas de
(a) se ativos são propriedades para investimento; forma a ajudar os usuários das demonstrações contábeis a compre-
(b) se os acordos para o suprimento de produtos e/ ou serviços ender os julgamentos que a administração fez acerca do futuro e
que envolvem a utilização de ativos são arrendamentos; sobre outras principais fontes de incerteza de estimativas. A natu-
(c) se, em essência, determinadas vendas de bens decorrem de reza e a extensão da informação a ser divulgada variam de acordo
acordos de financiamento e, portanto, não dão origem a receitas com a natureza dos pressupostos e outras circunstâncias. Exemplos
de venda; e dessas divulgações são:
(d) se a essência da relação entre a entidade que elabora as de- (a) a natureza dos pressupostos ou de outras incertezas nas es-
monstrações contábeis e outras entidades indica que essas outras timativas;
entidades são controladas pela entidade que elabora as demons- (b) a sensibilidade dos valores contábeis aos métodos, pressu-
trações contábeis. postos e estimativas subjacentes ao respectivo cálculo, incluindo as
139. Algumas divulgações feitas de acordo com o item 137 são razões para essa sensibilidade;
exigidas por outras normas. Por exemplo, a NBC TSP 20 – Divulga- (c) a resolução esperada para uma incerteza e a variedade de
ção de Participações em Outras Entidades exige que a entidade desfechos possíveis ao longo do próximo período social em relação
divulgue os julgamentos que realizou para determinar se exerce o aos valores contábeis dos ativos e dos passivos impactados; e
controle sobre outra entidade. A NBC TSP 06 requer a divulgação (d) a explicação de alterações feitas nos pressupostos adotados
dos critérios utilizados pela entidade para distinguir a proprieda- no passado no tocante a esses ativos e passivos, caso a incerteza
de de investimento da propriedade ocupada pelo proprietário e permaneça sem solução.
dapropriedade mantida para venda no curso ordinário da atividade 145. Não é necessária a divulgação de previsões ou orçamentos
comercial, nas situações em que a classificação das propriedades é ao fazer as divulgações descritas no item 140.
difícil. 146. Por vezes, é impraticável divulgar a extensão dos possí-
PRINCIPAIS FONTES DE INCERTEZA DAS ESTIMATIVAS veis efeitos de pressuposto ou de outra fonte principal de incerteza
140. A entidade deve divulgar nas notas explicativas informa- das estimativas ao término do período de reporte. Nessas circuns-
ção acerca (a) dos principais pressupostos relativos ao futuro e (b) tâncias, a entidade deve divulgar, dentro do que for razoavelmente
de outras abordagens principais a respeito da incerteza das estima- possível e com base no conhecimento existente, aqueles resultados
tivas à data das demonstrações contábeis, que tenham risco signifi- que, no próximo período contábil, sejam diferentes dos pressupos-
cativo de provocar ajuste material nos valores contábeis de ativos e tos e poderiam requerer ajustes materiais nos valores contábeis
de passivos durante o próximo período. Com respeito a esses ativos dos ativos e passivos impactados. Em todos os casos, a entidade
e passivos, as notas explicativas devem incluir detalhes informati- deve divulgar a natureza e o valor contábil do ativo ou do passivo
vos acerca: específico (ou classe de ativos ou passivos) afetado por esses pres-
(a) da sua natureza; e supostos.
(b) do seu valor contábil à data das demonstrações contábeis.

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147. As divulgações descritas no item 137, acerca de julgamen- (b) seus objetivos, políticas e processos de gestão de sua obri-
tos específicos feitos pela administração no processo de aplicação gação de recompra ou resgate dos instrumentos quando exigido a
das políticas contábeis da entidade, não se relacionam com a divul- fazer pelos detentores desses instrumentos, incluindo quaisquer
gação das principais fontes das incertezas das estimativas descritas alterações em relação ao período anterior;
no item 140. (c) o fluxo de caixa de saída esperado na recompra ou no resga-
148. A divulgação de alguns dos principais pressupostos que te dessa classe de instrumentos financeiros; e
seria de outro modo exigida, de acordo com o que diz o item 140, (d) informação sobre como esse fluxo de caixa esperado na re-
é requerida por outras normas. Por exemplo, a NBC TSP 03 requer compra ou no resgate dessa classe de instrumentos financeiros foi
a divulgação, em circunstâncias específicas, de pressupostos impor- determinado.
tantes relativos a eventos futuros que afetem determinadas classes OUTRAS DIVULGAÇÕES
de provisões. A NBC TSP 07 requer a divulgação de pressupostos 149. A entidade deve divulgar nas notas explicativas:
significativos aplicados na estimativa de valores justos de itens rea- (a) o montante de dividendos, ou outras distribuições simi-
valiados do ativo imobilizado. lares, propostos ou declarados antes da data em que as demons-
CAPITAL trações contábeis foram autorizadas para serem publicadas e não
148A. A entidade deve divulgar informação que possibilite aos reconhecido como distribuição aos proprietários durante o período
usuários das demonstrações contábeis avaliar os objetivos, as polí- abrangido pelas demonstrações contábeis, bem como o respectivo
ticas e os processos de gestão do capital dessa entidade. valor por ação ou equivalente; e
148B. Para cumprir com o item 148A, a entidade deve eviden- (b) a quantia de quaisquer dividendos preferenciais cumulati-
ciar o seguinte: vos, ou outras distribuições similares, não reconhecidos.
(a) informação qualitativa sobre os seus objetivos, políticas e 150. A entidade deve divulgar, caso não sejam divulgadas em
processos de gestão do capital, incluindo, sem a elas se limitar: outro lugar nas demonstrações contábeis, as seguintes informa-
(i) descrição dos elementos abrangidos pela gestão do capital; ções:
(ii) se a entidade está sujeita a exigências de capital impostas (a) o domicílio e a forma jurídica da entidade, e a jurisdição
externamente, a natureza dessas exigências e a forma como são onde ela opera;
integradas na gestão de capital; e (b) a descrição da natureza das operações da entidade e de
(iii) como está cumprindo os seus objetivos em matéria de ges- suas principais atividades;
tão de capital; (c) a referência à legislação relevante que rege as operações
(b) dados quantitativos sintéticos sobre os elementos incluídos da entidade;
na gestão do capital. (d) o nome da entidade controladora e a entidade controladora
Algumas entidades consideram alguns passivos financeiros da entidade econômica em última instância (onde for aplicável); e
(como, por exemplo, algumas formas de dívidas subordinadas) (e) se é entidade com prazo de duração limitado, a informação
como parte do capital. Outras consideram que devem ser excluídos sobre o tempo da sua duração.
do capital alguns componentes do capital próprio (como, por exem- 151 e 152. (Eliminados).
plo, os componentes associados a operações de hedge de fluxos de 153 a 155. (Não convergidos).
caixa);
(c) quaisquer alterações dos elementos referidos nas alíneas (a) VIGÊNCIA
e (b) em relação ao período anterior;
(d) indicação do cumprimento, ou não, durante o período, das
eventuais exigências de capital impostas externamente a que a en- Esta norma deve ser aplicada nas entidades do setor público a
tidade está ou esteve sujeita; partir de 1º de janeiro de 2019, salvo na existência de algum norma-
(e) caso a entidade não tenha atendido a essas exigências ex- tivo em âmbito nacional que estabeleça prazos específicos – casos
ternas de capital, as consequências dessa não observância. em que estes prevalecem, e revoga, a partir de 1º de janeiro de
Essas informações devem se basear nas informações prestadas 2019, a NBC T 16.6, aprovada pela Resolução CFC n.º 1.133/2008, e
internamente pelo pessoalchave da gestão da entidade. sua alteração (R1), a NBC T 16.8, aprovada pela Resolução CFC n.º
148C. A entidade pode gerir o capital de várias formas e pode 1.135/2008, a Resolução CFC n.º 1.268/2009 e os artigos 3º, 6º e 7º
estar sujeita a diferentes exigências no que diz respeito ao seu ca- da Resolução CFC n.º 1.437/2013, publicadas no DOU,Seção 1, de
pital. Por exemplo, um conglomerado pode incluir entidades que 25/11/2008 e 31/10/2014, 25/11/2008, 21/12/2009 e 2/4/2013,
exerçam a atividade de seguro, em paralelo com outras que exer- respectivamente.
cem a atividade bancária, e essas entidades podem desenvolver a
sua atividade em vários países diferentes. Caso a divulgação agre- MANUAL DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLI-
gada das exigências de capital e da forma como ele é gerido não CO (MCASP)
proporcione uma informação adequada ou contribua para distorcer [...]
o entendimento acerca dos recursos de capital da entidade pelos
usuários das demonstrações contábeis, a entidade deve divulgar in- 2. ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
formações distintas relativamente a cada requerimento de capital a Conforme a NBC TSP – Estrutura Conceitual, os elementos cor-
que está sujeita. respondem às estruturas básicas a partir das quais as demonstra-
Instrumentos financeiros com opção de venda classificados no ções contábeis são elaboradas. Essas estruturas fornecem um pon-
patrimônio líquido to inicial para reconhecer, classificar e agregar dados e atividades
148D. No caso de instrumentos financeiros com opção de ven- econômicas de maneira a fornecer aos usuários informação que sa-
da (put) classificados como instrumentos patrimoniais, a entidade tisfaça aos objetivos e atinja as características qualitativas da infor-
deve divulgar (na medida em que não tiver divulgado em outro lu- mação contábil, levando em consideração as restrições sobre esta.
gar nas demonstrações contábeis):
(a) dados quantitativos sintéticos sobre os valores classificados
no patrimônio líquido;
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Os conceitos de ativo e passivo identificam os seus aspectos Embora esses indicadores não sejam conclusivos acerca da
essenciais, mas não especificam os critérios para seu reconheci- existência do controle, sua identificação e análise podem subsidiar
mento. Ao avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, essa decisão. A propriedade legal do recurso não é uma característi-
passivo ou patrimônio líquido, deve-se atentar para a sua essência ca essencial de um ativo, mas é um indicador de controle.
e realidade econômica e não apenas sua forma legal. Por exemplo, os direitos ao potencial de serviços ou à capacida-
A classificação do ativo e do passivo considera a segregação de de gerar benefícios econômicos são verificados por meio da ma-
em “circulante” e “não circulante”, com base em seus atributos de nutenção e utilização de equipamento arrendado (por arredamento
conversibilidade e exigibilidade, conforme disposto na NBC T 16.6 – mercantil financeiro) sem que haja a propriedade legal29.
Demonstrações Contábeis28. 2.1.1.3. Evento passado
Os elementos definidos na NBC TSP – Estrutura Conceitual são: A definição de ativo exige que o recurso controlado pela enti-
a. Ativo; dade no presente tenha surgido de um evento passado, por meio
b. Passivo; de transação com ou sem contraprestação30. Exemplos: compra de
c. Receita (neste Manual, denominar-se-á Variação Patrimonial ativos por meio de uma transação comercial (com contraprestação)
Aumentativa) ou emissão de licenças para bandas de frequência de transmissões
d. Despesa (neste Manual, denominar-se-á Variação Patrimo- de telecomunicações (sem contraprestação).
nial Diminutiva)
2.1.2.Reconhecimento e Desreconhecimento do Ativo
e. Contribuição dos proprietários;
Um ativo deve ser reconhecido quando:
f. Distribuição aos proprietários.
a. Satisfizer a definição de ativo; e
2.1. ATIVO
b. Puder ser mensurado de maneira que observe as caracte-
2.1.1.Definição de Ativo
rísticas qualitativas, levando em consideração as restrições sobre a
Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como
informação contábil.
resultado de evento passado.
Também são reconhecidos no ativo os depósitos caracterizados
2.1.1.1. Recurso como entradas compensatórias31 no ativo e no passivo financeiro.
Recurso é um item com potencial de serviços ou com a capa- São exemplos destes depósitos as cauções em dinheiro para garan-
cidade de gerar benefícios econômicos. A forma física não é uma tia de contratos, consignações a pagar, retenção de obrigações de
condição necessária para um recurso. O potencial de serviços ou terceiros a recolher e outros depósitos com finalidades especiais,
a capacidade de gerar benefícios econômicos podem surgir direta- como os para garantia de recursos.
mente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. Alguns O desreconhecimento é o processo de avaliar se ocorreram
recursos incluem os direitos da entidade a uma série de benefícios, mudanças, desde a data do relatório anterior, que justifiquem a re-
inclusive, por exemplo, o direito a: moção de elemento que tenha sido previamente reconhecido nas
a. Utilizar o recurso para a prestação de serviços (inclusive demonstrações contábeis, bem como remover esse item se tais mu-
bens); danças ocorrerem.
b. Utilizar os recursos de terceiros para prestar serviços como, O reconhecimento do ativo envolve a avaliação da incerteza re-
por exemplo, arrendamento mercantil; lacionada à existência e à mensuração do elemento. As condições
c. Converter o recurso em caixa por meio da sua alienação; que dão origem à incerteza, se existirem, podem mudar.
d. Beneficiar-se da valorização do recurso; ou Portanto, é importante que a incerteza seja avaliada em cada
e. Receber fluxos de caixa. data da demonstração contábil.
Os benefícios econômicos correspondem a entradas de caixa Por exemplo, sob certas circunstâncias, o montante dos crédi-
ou a reduções das saídas de caixa. tos tributários a receber cuja expectativa de geração de benefícios
As entradas de caixa (ou as reduções das saídas de caixa) po- econômicos seja considerada remota (baixíssima probabilidade)
dem derivar, por exemplo, da utilização do ativo na produção e na devem ser desreconhecidos das demonstrações contábeis por não
venda de serviços ou da troca direta do ativo por caixa ou por ou- atenderem a definição de ativo.
tros recursos. Entretanto, os créditos desreconhecidos continuam sendo ob-
O potencial de serviços é a capacidade de prestar serviços que jeto de controle contábil em contas apropriadas, assegurando-se a
contribuam para alcançar os objetivos da entidade. O potencial de devida transparência.
serviços possibilita a entidade alcançar os seus objetivos sem, ne-
2.1.3.Ativo Circulante e Não Circulante
cessariamente, gerar entrada líquida de caixa, como, por exemplo,
Os ativos devem ser classificados como circulante quando satis-
ativos do patrimônio cultural, de defesa nacional, entre outros.
fizerem a um dos seguintes critérios:
2.1.1.2. Controlado no presente pela entidade a. Estiverem disponíveis para realização imediata; e
O controle do recurso envolve a capacidade da entidade em b. Tiverem a expectativa de realização até doze meses após a
utilizar o recurso (ou controlar o uso por terceiros) de modo que data das demonstrações contábeis.
haja a geração do potencial de serviços ou dos benefícios econômi- Os demais ativos devem ser classificados como não circulantes.
cos originados do recurso para o cumprimento dos seus objetivos
2.1.4.Ativo Financeiro e Permanente
de prestação de serviços, entre outros.
No Balanço Patrimonial, o ativo é classificado em ativo finan-
Para avaliar se a entidade controla o recurso no presente, deve
ceiro e ativo permanente (não financeiro)32 conforme o art. 105 da
ser observada a existência dos seguintes indicadores de controle:
Lei nº 4.320/1964:
a. Propriedade legal;
§1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores
b. Acesso ao recurso ou a capacidade de negar ou restringir o
realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os
acesso a esses;
valores numerários.
c. Meios que assegurem que o recurso seja utilizado para alcan-
§2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e va-
çar os seus objetivos; ou
lores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legis-
d. A existência de direito legítimo ao potencial de serviços ou
lativa.
à capacidade para gerar os benefícios econômicos advindos do re-
curso.
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Destaca-se que os conceitos de ativos financeiros e perma- b. Puder ser mensurado de maneira que observe as caracte-
nentes guardam relação com aspectos legais definidos na Lei nº rísticas qualitativas, levando em consideração as restrições sobre a
4.320/1964. A conceituação presente em normas contábeis é dis- informação contábil.
tinta da apresentada na referida lei. Do ponto de vista patrimonial, as obrigações em que o fato
2.2. PASSIVO gerador não tenha ocorrido (por exemplo, obrigações decorrentes
2.2.1.Definição de Passivo de pedidos de compra de produtos e mercadorias, mas ainda não
Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento passa- recebidos) não são geralmente reconhecidas como passivos nas de-
do, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da entidade. monstrações contábeis.
Também são reconhecidos no passivo, pois se caracterizam
2.2.1.1. Obrigação Presente
como obrigações para com terceiros, os depósitos caracterizados
Uma característica essencial para a existência de um passivo é
como entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro.
que a entidade tenha uma obrigação presente. Obrigação presente
São exemplos destes depósitos as cauções em dinheiro para garan-
é aquela que ocorre por força de lei (obrigação legal ou obrigação
tia de contratos, consignações a pagar, retenção de obrigações de
legalmente vinculada) ou não (obrigação não legalmente vincula-
terceiros a recolher e outros depósitos com finalidades especiais,
da), a qual não possa ser evitada pela entidade.
como os para garantia de recursos.
2.2.1.2. Saída de recursos da entidade Aplicam-se aos passivos os mesmos critérios para o desreco-
Um passivo deve envolver uma saída de recursos da entidade nhecimento de ativos, desde que se justifiquem a remoção de ele-
para ser extinto. A obrigação que pode ser extinta sem a saída de mento previamente reconhecido nas demonstrações contábeis.
recursos da entidade não é um passivo. Por exemplo, perdão de
2.2.3.Passivo Circulante e Não Circulante
dívidas.
Os passivos devem ser classificados como circulantes quando
2.2.1.3. EVENTO PASSADO corresponderem a valores exigíveis até doze meses após a data das
Para satisfazer a definição de passivo, é necessário que a obri- demonstrações contábeis. Os demais passivos devem ser classifica-
gação presente surja como resultado de um evento passado e ne- dos como não circulantes.
cessite da saída de recursos da entidade para ser extinta.
2.2.4.Passivo Financeiro e Permanente
A complexidade inerente ao setor público faz com que eventos
No Balanço Patrimonial, o passivo é classificado em passivo
diversos referentes ao desenvolvimento, implantação e execução
financeiro e passivo permanente (não financeiro) conforme o art.
de determinado programa ou atividade possam gerar obrigações.
105 da Lei nº 4.320/1964:
Para fins de elaboração e divulgação da informação contábil, é ne-
§3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e
cessário determinar se tais compromissos e obrigações, inclusive
outros pagamentos que independam de autorização orçamentária.
aqueles que não possam ser evitados pela entidade, mas que não
§4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas
ocorrem por força de lei (obrigações não legalmente vinculadas),
e outras que dependam de autorização legislativa para amortização
são obrigações presentes e satisfazem a definição de passivo.
ou resgate.
2.2.1.4. CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS A exemplo da conceituação de ativos financeiros e permanen-
As obrigações vinculadas podem originar-se tanto de transa- tes, os conceitos de passivos financeiros e permanentes guardam
ções com contraprestação quanto de transações sem contrapres- relação com aspectos legais definidos na Lei nº 4.320/1964. A con-
tação. ceituação presente em normas contábeis é distinta da apresentada
Obrigação legal (ou legalmente vinculada) é exigível por força na referida lei.
de lei. Obrigação não legalmente vinculada se diferencia da obriga-
2.2.5.Relação entre Passivo Exigível (Visão Patrimonial) e as
ção legal, pois as partes a quem a obrigação diz respeito não podem
Etapas da Execução Orçamentária (Visão Orçamentária)
tomar ações legais para extingui-la. A obrigação não legalmente vin-
2.2.5.1. Passivo Exigível X Empenho
culada que gera passivo tem as seguintes características:
Segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, o empenho de des-
a. A entidade indica a terceiros, por meio de um padrão esta-
pesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o
belecido de práticas passadas, políticas publicadas ou de declaração
Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento
específica, que aceitará certas responsabilidades;
de condição.
b. Como resultado de tal indicação, a entidade cria uma expec-
Quando a lei utiliza a palavra “obrigação”, ela não se refere à
tativa válida para terceiros de que cumprirá com essas responsabi-
obrigação patrimonial (passivo exigível), pois uma obrigação patri-
lidades; e
monial é caracterizada por um fato gerador já ocorrido, ou, confor-
c. A entidade tem pouca ou nenhuma alternativa factível para
me a lei, por uma condição já implementada. A Lei nº 4.320/1964
evitar o cumprimento da obrigação gerada a partir dessas respon-
refere-se ao comprometimento de recurso financeiro da entidade
sabilidades.
governamental que fez o empenho, ou seja, uma obrigação finan-
A obrigação deve estar relacionada a um terceiro para poder
ceira para fins de cálculo do superávit financeiro, fonte da abertura
gerar um passivo. A identificação de terceiros é uma indicação da
de créditos adicionais nos exercícios seguintes. Por outro lado, o
existência de obrigação que dá origem a um passivo. Entretanto,
registro da obrigação patrimonial independe da execução orçamen-
não é essencial saber a identidade dos terceiros antes da época da
tária.
extinção do passivo para que a obrigação presente exista.
A existência de prazo de extinção pode fornecer uma indicação 2.2.5.2. Passivo Exigível X Em Liquidação
de que a obrigação envolve a saída de recursos e origina um passi- Quando o fato gerador do passivo exigível ocorrer antes do
vo. Entretanto, existem muitos contratos ou acordos que não pre- empenho, ou entre o empenho e a liquidação, é necessário o re-
veem prazos para extinção da obrigação. A ausência de tais prazos gistro de uma etapa intermediária entre o empenho e a liquidação,
não impede que a obrigação origine um passivo. chamada “empenho em liquidação”. Essa etapa é necessária para a
diferenciação, ao longo e no final do exercício, dos empenhos não
2.2.2.Reconhecimento e Desreconhecimento do Passivo
liquidados e que constituíram, ou não, obrigação presente. Ainda,
Um passivo deve ser reconhecido quando:
tal registro é importante para que não haja duplicidade no passi-
a. Satisfizer a definição de passivo; e
vo financeiro utilizado para fins de cálculo do superávit financeiro.
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Como o passivo financeiro é apurado pela soma da conta “crédi- D 2.1.2.2.x.xx.xx Empréstimos a Curto Prazo – Externo (F)
to empenhado a liquidar” com as contas de passivo financeiro, ou C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na-
seja, que representem obrigações independentes de autorização cional (F)
orçamentária para serem realizadas, haveria duplicidade nesse cál- Natureza da informação: orçamentária
culo, pois seu montante seria considerado tanto em “crédito empe- D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
nhado a liquidar” quanto na obrigação anteriormente contabilizada C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago
no passivo exigível. Natureza da informação: controle
2.2.5.3. Passivo Exigível X Liquidação D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas
Segundo o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste Compensatórias
na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os tí- C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
tulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, ou seja, 2.3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO (OU SITUAÇÃO PATRIMONIAL LÍ-
é a verificação de um passivo exigível já existente. QUIDA)
Em alguns casos, pode ser que ocorra uma lacuna temporal A situação patrimonial líquida é a diferença entre os ativos e os
significativa entre a entrega do bem, serviço ou fonte de origem da- passivos após a inclusão de outros recursos e a dedução de outras
quele crédito e a efetiva liquidação do crédito orçamentário. Nesses obrigações, reconhecida no Balanço Patrimonial como patrimônio
casos, também é necessário o registro da etapa entre o empenho líquido. A situação patrimonial líquida pode ser um montante po-
e a liquidação chamada “em liquidação”, etapa essa que evidencia sitivo ou negativo.
a ocorrência do fato gerador da variação patrimonial diminutiva Integram o patrimônio líquido: patrimônio ou capital social,
(VPD), com o surgimento de um passivo exigível, e a não ocorrência reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lu-
da liquidação da despesa orçamentária. cros, demais reservas, ações em tesouraria, resultados acumulados
2.2.5.4. Passivo Exigível X Pagamento e outros desdobramentos.
O pagamento consiste na efetiva saída do recurso financeiro No patrimônio líquido, deve ser evidenciado o resultado do
que ocasionará a baixa de um passivo exigível existente. período segregado dos resultados acumulados de períodos ante-
Exemplo: riores. O resultado patrimonial do período é a diferença entre as
Considere a contratação de uma operação de crédito pelo ente. variações patrimoniais aumentativas e diminutivas, apurada na De-
a. Na contratação: monstração das Variações Patrimoniais, que evidencia o desempe-
Natureza da informação: patrimonial nho das entidades do setor público. As variações patrimoniais são
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na- discutidas no Capítulo 2 desta Parte II do Manual.
cional (F) É importante distinguir os conceitos de VPA e VPD dos concei-
C 2.1.2.2.x.xx.xx Empréstimos a Curto Prazo – Externo (P) tos de distribuição aos proprietários e contribuição dos proprietá-
Natureza da informação: orçamentária rios, inclusive as entradas que estabelecem inicialmente suas parti-
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar cipações na entidade. Além do aporte de recursos e do pagamento
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada de dividendos que podem ocorrer, é relativamente comum que ati-
vos e passivos sejam transferidos entre entidades do setor público.
Natureza da informação: controle
Sempre que tais transferências satisfizerem as definições de
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
contribuição dos proprietários ou de distribuição aos proprietários,
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos
elas devem ser contabilizadas como tal.
(DDR)
Contribuição dos proprietários corresponde a entrada de re-
b. No empenho: cursos para a entidade a título de contribuição de partes externas,
Natureza da informação: orçamentária que estabelece ou aumenta a participação delas no patrimônio lí-
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível quido da entidade. Exemplos: o aporte inicial de recursos na criação
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar da entidade ou o aporte de recursos subsequente, inclusive quando
Natureza da informação: orçamentária da reestruturação.
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Distribuição aos proprietários corresponde a saída de recursos
C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação da entidade a título de distribuição a partes externas, que represen-
Natureza da informação: patrimonial ta retorno sobre a participação ou a redução dessa participação no
D 2.1.2.2.x.xx.xx Empréstimos a Curto Prazo – Externo (P) patrimônio líquido da entidade. Exemplos: o retorno sobre inves-
C 2.1.2.2.x.xx.xx Empréstimos a Curto Prazo – Externo (F) timento ou, no caso da extinção ou reestruturação da entidade, o
retorno de qualquer recurso residual.
Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos 2.4. VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS E DIMINUTIVAS
(DDR) 2.4.1.Definição de Variações Patrimoniais Aumentativas e Di-
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho minutivas
c. Na liquidação: As variações patrimoniais aumentativas e diminutivas são tran-
sações que promovem alterações nos elementos patrimoniais da
Natureza da informação: orçamentária
entidade do setor público e que afetam o resultado.
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
Essas variações patrimoniais podem ser definidas como:
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
a. Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA): corresponde a
Natureza da informação: controle aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não oriundos
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho de contribuições dos proprietários;
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas b. Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD): corresponde a di-
Compensatórias minuições na situação patrimonial líquida da entidade não oriundas
d. Na saída do recurso financeiro: de distribuições aos proprietários.
Natureza da informação: patrimonial
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Para fins deste Manual, a receita sob o enfoque patrimonial Considere o recebimento antecipado de valores provenientes
será denominada de variação patrimonial aumentativa (VPA) e a da venda a termo de serviços. Nesse caso, a receita orçamentária é
despesa sob o enfoque patrimonial será denominada de variação registrada antes da ocorrência do fato gerador, ou seja, a VPA ocor-
patrimonial diminutiva (VPD). Ambas não devem ser confundidas re em momento posterior à arrecadação da receita orçamentária.
com a receita e a despesa orçamentária, que são abordadas na Par- Há troca de um direito (entrada antecipada dos valores) por uma
te I deste Manual. obrigação de prestar o serviço, constituindo uma variação patrimo-
2.4.2.Reconhecimento das Variações Patrimoniais Aumentati- nial qualitativa.
vas e Diminutivas Natureza da informação: patrimonial
Considera-se realizada a variação patrimonial aumentativa D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na-
(VPA): cional (F)
a. Nas transações com contribuintes e terceiros, quando estes C 2.2.9.1.x.xx.xx Variação Patrimonial Aumentativa Diferida (P)
efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efeti-
Natureza da informação: orçamentária
vá-lo, quer pela ocorrência de um fato gerador de natureza tributá-
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
ria, investidura na propriedade de bens anteriormente pertencen-
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
tes à entidade, ou fruição de serviços por esta prestados;
b. Quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qual- Natureza da informação: controle
quer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
um ativo de valor igual ou maior; C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos
c. Pela geração natural de novos ativos independentemente da (DDR)
intervenção de terceiros; Quando o serviço for prestado, ocorrerá o fato gerador da va-
d. No recebimento efetivo de doações e subvenções. riação patrimonial aumentativa, causando impacto no resultado da
entidade pública:
Considera-se realizada a variação patrimonial diminutiva (VPD):
a. Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por Natureza da informação: patrimonial
transferência de sua propriedade para terceiro; D 2.2.9.1.x.xx.xx Variação patrimonial aumentativa (VPA) dife-
b. Diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; rida (P)
c. Pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. C 4.3.3.1.x.xx.xx Valor bruto de exploração de bens e direitos e
O reconhecimento da variação patrimonial pode ocorrer em prestação de serviços
três momentos: para a variação patrimonial aumentativa, antes, de- 2.4.2.3. Reconhecimento da VPA junto com a ocorrência da ar-
pois ou no momento da arrecadação da receita orçamentária e para recadação da receita orçamentária
a variação patrimonial diminutiva, antes, depois ou no momento da Quando ocorrer o recebimento de valores provenientes da
liquidação da despesa orçamentária, conforme os exemplos abaixo: venda de serviços concomitantemente com a prestação do serviço,
a receita orçamentária é contabilizada junto com a ocorrência do
2.4.2.1. Reconhecimento da VPA antes da ocorrência da arreca-
fato gerador:
dação da receita orçamentária
Exemplo: Natureza da informação: patrimonial
Considere que o fato gerador do Imposto sobre a Propriedade D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na-
Predial e Territorial Urbana (IPTU) ocorre no dia 1º de janeiro de cional (F)
cada ano. Nesse caso, o reconhecimento do direito e da VPA deve C 4.3.3.1.x.xx.xx Valor Bruto de Exploração de Bens e Direitos e
ser feito no momento do fato gerador e não no momento da arre- Prestação de Serviços
cadação, que ocorrerá futuramente. Natureza da informação: orçamentária
a. No momento do fato gerador (1º de janeiro): D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
Natureza da informação: patrimonial C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
D 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P) Natureza da informação: controle
C 4.1.1.2.x.xx.xx Impostos Sobre Patrimônio e a Renda D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
Neste caso, o registro da VPA aumenta o resultado patrimonial, C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos
constituindo um fato modificativo. (DDR)
b. No momento da arrecadação: 2.4.2.4. Reconhecimento da VPD antes da ocorrência da liqui-
Natureza da informação: patrimonial dação da despesa orçamentária
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na- O 13° salário, a ser pago no final do ano, deve ser reconhecido
cional (F) a cada mês trabalhado, ou seja, uma variação patrimonial diminuti-
C 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P) va deve ser reconhecida mensalmente, mas o empenho, liquidação
Natureza da informação: orçamentária e pagamento da despesa orçamentária só acontecerá no mês do
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar pagamento:
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: controle D 3.1.1.1.x.xx.xx Remuneração a Pessoal Ativo Civil – Abrangi-
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos dos pelo RPPS
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos C 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (P)
(DDR) No mês do pagamento, então, haverá o registro da despesa or-
No momento da arrecadação há troca de um direito por caixa, çamentária.
constituindo um fato permutativo. a. No empenho da dotação orçamentária:
2.4.2.2. Reconhecimento da VPA após a ocorrência da arreca- Natureza da informação: orçamentária
dação da receita orçamentária D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Natureza da informação: controle Natureza da informação: orçamentária
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
(DDR) C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho Natureza da informação: controle
Natureza da informação: orçamentária D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Compensatórias
C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
Natureza da informação: patrimonial d. Na prestação de contas:
D 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (P) Natureza da informação: patrimonial
C 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (F) D 3.x.x.x.x.xx.xx Variação Patrimonial Diminutiva
b. Na liquidação: C 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal e a Ter-
Natureza da informação: orçamentária ceiros (P)
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação 2.4.2.6. Reconhecimento da VPD junto com a liquidação da
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar despesa orçamentária
Natureza da informação: controle Quando ocorrer liquidação da despesa orçamentária concomi-
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho tantemente com a prestação do serviço, a despesa orçamentária e
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas o fato gerador da variação patrimonial diminutiva são contabiliza-
Compensatórias dos juntos:
a. No empenho da dotação orçamentária:
c. Na saída do recurso financeiro:
Natureza da informação: patrimonial Natureza da informação: orçamentária
D 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (F) D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na- C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
cional (F) Natureza da informação: controle
Natureza da informação: orçamentária D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos
D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar (DDR)
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
b. Liquidação e reconhecimento da variação patrimonial dimi-
Natureza da informação: controle
nutiva:
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas
Compensatórias Natureza da informação: orçamentária
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
2.4.2.5. Reconhecimento da VPD após a liquidação da despesa
orçamentária Natureza da informação: controle
Quando há uma concessão de suprimento de fundos, a despe- D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
sa orçamentária é empenhada, liquidada e paga no ato da conces- C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas
são e só com a prestação de contas do suprido é que há o efetivo Compensatórias
registro da variação patrimonial diminutiva. Natureza da informação: patrimonial
a. No empenho da dotação orçamentária: D 3.x.x.x.x.xx.xx Variação Patrimonial Diminutiva
Natureza da informação: orçamentária C 2.1.8.x.x.xx.xx Demais Obrigações a Curto Prazo (F)
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível c. Saída do recurso financeiro:
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: controle D 2.1.8.x.x.xx.xx Demais Obrigações a Curto Prazo (F)
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na-
(DDR) cional (F)
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho Natureza da informação: orçamentária
b. Na liquidação: D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
Natureza da informação: orçamentária C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Natureza da informação: controle
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas
Natureza da informação: controle Compensatórias
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas 2.5. RESULTADO PATRIMONIAL
Compensatórias O resultado patrimonial corresponde à diferença entre o valor
Natureza da informação: total das VPA e o valor total das VPD, apurado na Demonstração das
D 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal e a Ter- Variações Patrimoniais do período.
ceiros (P) Caso o total das VPA sejam superiores ao total das VPD, diz-se
C 2.1.8.9.x.xx.xx Suprimento de Fundos a Pagar (F) que o resultado patrimonial foi superavitário ou que houve um su-
c. Saída do recurso financeiro: perávit patrimonial. Caso contrário, diz-se que o resultado patrimo-
Natureza da informação: patrimonial nial foi deficitário ou que houve um déficit patrimonial.
D 2.1.8.9.x.xx.xx Suprimento de Fundos a Pagar (F) Prezado candidato, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Se-
C 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na- tor Público na íntegra está dispon´´ivel em: https://sisweb.tesouro.
cional (F) gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Demonstração Contábeis segundo a Lei 4.320/64: elaboração MODO 2
e obrigatoriedade Receitas Orçamentárias
As Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (+) Transferências Financeiras Recebidas
(DCASP) são compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei (+) Recebimentos Extraorçamentários
nº 4.320/19641, pelas demonstrações exigidas pela NBC T 16. 6 – (-) Despesa Orçamentária
Demonstrações Contábeis, editada pelo Conselho Federal de Con- (-) Transferências Financeiras Concedidas
tabilidade, e pelas demonstrações exigidas pela Lei Complementar (-) Pagamentos Extraorçamentários
nº 101/2000, as quais são: = Resultado Financeiro do Exercício
a. Balanço Orçamentário; ATENÇÃO
b. Balanço Financeiro; O resultado financeiro do exercício não deve ser confundido
c. Balanço Patrimonial; com o superávit ou déficit financeiro do exercício apurado no Ba-
d. Demonstração das Variações Patrimoniais; lanço Patrimonial.
e. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e
BALANÇO PATRIMONIAL - Lei nº 4.320/1964 art. 105
f. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).
Introdução
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que eviden-
O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas cia, qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial da enti-
previstas em confronto com as realizadas. dade pública por meio de contas representativas do patrimônio pú-
‘Lei nº 4.320/1964 (...) blico, bem como os atos potenciais, que são registrados em contas
Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e de compensação (natureza de informação de controle).
despesas previstas em confronto com as realizadas.’ Os ativos e passivos são conceituados e segregados em circu-
O Balanço Orçamentário é composto por: lante e não circulante, conforme critérios estabelecidos na Parte II
a. Quadro Principal; – Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) deste Manual.
b. Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não Processados; e A Lei nº 4.320/1964 confere viés orçamentário ao Balanço Pa-
c. Quadro da Execução dos Restos a Pagar Processados. trimonial ao separar o ativo e o passivo em dois grupos, Financeiro
O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas detalhadas e Permanente, em função da dependência ou não de autorização
por categoria econômica e origem, especificando a previsão inicial, legislativa ou orçamentária para realização dos itens que o com-
a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, põem.
que corresponde ao excesso ou déficit de arrecadação. Demons- O Balanço Patrimonial é composto por:
trará, também, as despesas por categoria econômica e grupo de a. Quadro Principal;
natureza da despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação b. Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Permanentes;
atualizada para o exercício, as despesas empenhadas, as despesas c. Quadro das Contas de Compensação (controle); e
liquidadas, as despesas pagas e o saldo da dotação. d. Quadro do Superávit / Déficit Financeiro.
BALANÇO FINANCEIRO O Balanço Patrimonial permite análises diversas acerca da si-
‘Lei nº 4.320/1964(...) tuação patrimonial da entidade, como sua liquidez e seu endivida-
Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a des- mento, dentre outros.
pesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS - Lei nº
de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em es-
4.320/1964 Art. 104
pécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem
para o exercício seguinte.’ A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidenciará
as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou indepen-
Introdução
dentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimo-
O Balanço Financeiro (BF) evidencia as receitas e despesas or-
nial do exercício.
çamentárias, bem como os ingressos e dispêndios extraorçamentá-
O resultado patrimonial do período é apurado pelo confronto
rios, conjugados com os saldos de caixa do exercício anterior e os
entre as variações patrimoniais quantitativas aumentativas e dimi-
que se transferem para o início do exercício seguinte.
nutivas.
O Balanço Financeiro é composto por um único quadro que evi-
dencia a movimentação financeira das entidades do setor público, A DVP poderá ser elaborada de acordo com um dos dois mode-
demonstrando: los apresentados neste Capítulo:
a. a receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária a. Modelo Sintético: este modelo facilita a visualização dos
executada, por fonte / destinação de recurso, discriminando as or- grandes grupos de variações patrimoniais que compõem o resulta-
dinárias e as vinculadas; do patrimonial. Esse modelo especifica apenas os grupos (2º nível
b. os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários; de detalhamento do PCASP), acompanhado de quadros anexos que
c. as transferências financeiras recebidas e concedidas, decor- detalham sua composição.
rentes ou independentes da execução orçamentária, destacando os b. Modelo Analítico: este modelo detalha os subgrupos das va-
aportes de recursos para o RPPS; e riações patrimoniais em um único quadro.
d. o saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício Esse modelo auxilia o recebimento das contas anuais por meio
seguinte. do Siconfi para fins de consolidação.
O Balanço Financeiro possibilita a apuração do resultado finan- Este Demonstrativo tem função semelhante à Demonstração
ceiro do exercício. Esse cálculo pode ser efetuado de dois modos: do Resultado do Exercício (DRE) do setor privado. Contudo, é im-
MODO 1 portante ressaltar que a DRE apura o resultado em termos de lucro
Saldo em Espécie para o Exercício Seguinte ou prejuízo líquido, como um dos principais indicadores de desem-
(-) Saldo em Espécie do Exercício Anterior. penho da entidade. Já no setor público, o resultado patrimonial
= Resultado Financeiro do Exercício

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
não é um indicador de desempenho, mas um medidor do quanto Sua elaboração deve ser personalizada, com características
o serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos próprias e de interesses individuais de cada entidade; tendo seu
elementos patrimoniais. formato compatível as normas contábeis vigentes; não é preciso ser
A DVP permite a análise das alterações dos elementos patrimo- extenso, porém, deve ter contas suficientes para atender as neces-
niais e do desempenho da administração pública. sidades da empresa.
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ELENCO DE CONTAS
Introdução O Elenco de Contas é o conjunto que determina a utilização
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) identificará: das contas e os códigos utilizados pela entidade para os registros de
a. as fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa; atos e fatos administrativos, decorrentes da gestão do patrimônio.
b. os itens de consumo de caixa durante o período das demons- FUNÇÃO
trações contábeis; e
Sua função é apresentar os componentes patrimoniais (bens,
c. o saldo do caixa na data das demonstrações contábeis.
direitos e obrigações, além da Situação Líquida Patrimonial) e os
Esta Demonstração permite a análise da capacidade de a enti- itens de resultado (receitas e despesas).
dade gerar caixa e equivalentes de caixa e da utilização de recursos
FUNCIONAMENTO
próprios e de terceiros em suas atividades.
Ocorre quando as operações de débito e crédito indicam a va-
Pode ser analisada, também, mediante comparação dos flu-
riação (aumento ou diminuição) dos saldos.
xos de caixa, gerados ou consumidos, com o resultado do perío-
ito) (lado do crédito)
do e com o total do passivo, permitindo identificar, por exemplo:
a parcela dos recursos utilizada para pagamento da dívida e para
investimentos, e a parcela da geração líquida de caixa atribuída às
atividades operacionais. ESCRITURAÇÃO: DÉBITO, CRÉDITO, SALDO, SISTEMA DE
PARTIDAS DOBRADAS
A Demonstração dos Fluxos de Caixa é composta por:
a. Quadro Principal
b. Quadro de Receitas Derivadas e Originárias
c. Quadro de Transferências Recebidas e Concedidas Escrituração é a técnica contábil que tem por objetivo o regis-
d. Quadro de Desembolsos de Pessoal e Demais Despesas por tro em livros específicos de todos os fatos que alteram o patrimô-
Função nio. É a partir da escrituração que se desenvolvem as técnicas de
e. Quadro de Juros e Encargos da Dívida demonstração, análises, auditoria, etc., e também a gestão do Pa-
trimônio das empresas.
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Introdução
A Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL) LANÇAMENTOS CONTÀBEIS
demonstrará a evolução do patrimônio líquido da entidade. Dentre Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração.
os itens demonstrados, podemos citar: Os fatos administrativos são registrados através do lançamen-
a. os ajustes de exercícios anteriores; to, primeiramente no livro Diário, mediante documentos que com-
b. as transações de capital com os sócios, por exemplo: o au- provem a operação (Notas fiscais, recibos, contratos, etc.).
mento de capital, a aquisição ou venda de ações em tesouraria e os ELEMENTOS ESSENCIAIS
juros sobre capital próprio;
c. o superávit ou déficit patrimonial; O lançamento no livro Diário é realizado em ordem cronológi-
d. a destinação do resultado, por exemplo: transferências para ca e os elementos que o compõem obedecem a uma determinada
reservas e a distribuição de dividendos; e disposição:
e. outras mutações do patrimônio líquido. a) Local e data da ocorrência do fato.
A DMPL complementa o Anexo de Metas Fiscais (AMF), inte- b) Veracidade do documento que foi emitido na operação.
grante do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). c) Identificação de elementos envolvidos na operação.
A DMPL é obrigatória para as empresas estatais dependentes, d) Conta(s) de débito.
desde que constituídas sob a forma de sociedades anônimas, e fa- e) Conta(s) de crédito.
cultativa para os demais órgãos e entidades dos entes da Federação. f) Histórico.
g) Valor.
Fonte: https://sites.google.com/site/aulatesteetecribeiraopi-
res/3---demonstracao-contabeis-segundo-a-lei-4-320-64-elabora- FÓRMULAS DE LANÇAMENTO
cao-e-obrigatoriedade Para a realização dos lançamentos existem quatro fórmulas:
1ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada e
outra creditada.
PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO. CON- Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de R$
CEITO DE CONTAS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO. FUN- 700,00.
ÇÃO E ESTRUTURA DAS CONTAS.CONCEITOS São Paulo, 30 de junho de XX
Caixa (Débito)
a Duplicatas a receber (Crédito)
CONCEITOS
Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$ 700,00
O Plano de Contas é o grupo de contas previamente estabeleci-
2ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada e
do que orienta as atividades da contabilidade de uma empresa com
diversas creditadas.
o objetivo de padronizar os registros contábeis.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de R$ LIVROS DE ESCRITURAÇÃO
700,00. Venda de mercadorias à vista, nº 8200, no valor de R$ Os livros de escrituração contábeis obrigatórios são o livro Diá-
400,00. rio e o livro Razão. Cada um tem sua formalidade no que consiste a
estruturas e obrigatoriedades de conteúdos.
Existem ainda, alguns livros que são utilizados como apoio aos
São Paulo, 30 de agosto de XX
lançamentos, que são os Livros Auxiliares do Diário e do Razão,
Caixa(Débito) como o Caixa, o Contas-Correntes, Registro de Duplicatas, Contas
a Diversos (Crédito) a Pagar, etc.
a Duplicatas a receber
Livro Diário: tem a função de registrar diariamente todos os
Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$ 700,00 fatos contábeis que afetam o Patrimônio da empresa. Os registros
a Vendas devem ser efetuados de maneira individualizada, em ordem crono-
lógica de dia, mês e ano, todas as movimentações que provocam al-
Vendas de mercadorias à vista conf. NF. 8200R$ 400,00 R$ terações no Patrimônio. É obrigatório, devendo obedecer algumas
1.100,00 formalidades:
a) Formalidades intrínsecas (internas): ser escriturado em
3ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debita-
idioma e moeda corrente nacionais; com linguagem contábil, de
das e uma conta creditada.
forma individualizada e transparente; fundamentado em documen-
Fato: pagamento da duplicata nº 1330, no valor de R$ 300,00. tos verídicos que comprovem as operações registradas; sem conter
Pagamento do imposto predial, guia nº 223, no valor de R$ 200,00. rasuras, emendas, intervalos, borrões; por ordem cronológica (dia,
mês e ano).
São Paulo, 30 de Julho de XX
b) Formalidades extrínsecas (externas): deve ser encadernado
Diversos (Débito) e conter numeração em todas as folhas de forma seqüencial; conter
a Caixa(Crédito) Termo de Abertura na primeira folha, Termo de Encerramento la-
Duplicatas a pagar vrado na última página do livro, e assinado por profissional habilita-
do e por um dirigente da empresa e, ser registrado na Junta Comer-
Pagamento de duplicata nº 1330 R$ 300,00 cial ou no Cartório em que foram arquivados os atos constitutivos.
Impostos e Taxas Diversas Livro Razão: tem a função de registrar a movimentação indi-
Pagamento de imposto predial Guia nº 223 R$ 200,00R$ vidual das contas contábeis. É obrigatório e deve ser escriturado
sem rasuras, entrelinhas, borrões, rasuras ou qualquer indício que
500,00
impeça a clareza dos registros.
4ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debita-
das e diversas contas creditadas. Livro Caixa: a finalidade do Livro Caixa é registrar a movimenta-
Fato: pagamento de duplicata nº 3332, no valor de R$ 450,00. ção de entrada e saída de dinheiro da empresa.
Recebimento de duplicata nº 55, no valor de R$ 520,00. Vendas de Livro Contas – Correntes: é o auxiliar o Razão, serve para con-
mercadorias a vista nº 3321 à 3328, no valor de R$ 420,00. Paga- trolar as contas que representam Direitos e Obrigações para a em-
mento de imposto predial guia nº 4567, no valor de R$ 310,00. presa.
São Paulo, 30 de setembro de XX MÉTODOS E PROCESSOS
Diversos(Débito) São as formas em que ocorrem as escriturações de fatos e atos
administrativos.
a Diversos (Crédito) Métodos das partidas dobradas: Método de aceitação univer-
Duplicatas a pagar sal, que consiste em que o registro de qualquer operação implica
que, um débito em uma ou mais contas, deverá corresponder a um
Duplicatas a pagar
crédito de valor igual em uma ou mais contas. Dessa maneira, a
a Caixa soma dos valores debitados sempre será a mesma dos valores cre-
Pagamento de duplicata nº 3332 BetysR$ 450,00 ditados.
Método das partidas simples: Método que envolve os elemen-
Caixa
tos de maneira individual (conta a conta), sem relacioná-las entre si;
a Duplicatas a receber registrando as operações através do controle de um só elemento.
Recebimento da duplicata nº 55 Xfactor R$ 520,00 REGIME DE COMPETENCIA E REGIME DE CAIXA
Caixa Regime de Competência: O procedimento do registro de lança-
mentos contábeis é efetuado no período de competência da receita
a Mercadorias ou despesa, ou seja, quando estas forem de fato realizadas.
Vendas a vista Conf. Nf. 3321 à 3328 R$ 420,00 Regime de Caixa: É considerado o registro dos documentos
Impostos e taxas diversas apenas na data em que foram pagos ou recebidos.
a Caixa
Pagamento de imposto predial guia 4567 R$ 310,00R$
1.700,00

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO

TÓPICOS SELECIONADOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000. CONCEITOS DE DÍVIDA PÚBLICA E RESTOS A PAGAR, ESCRI-
TURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS. RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA: ESTRUTURA, COMPOSI-
ÇÃO.RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL: ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO

Estamos aqui falando da Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê um mecanismo para melhor controlar as contas publicas, impondo
mais rigor nas ações do governo no tocante à contrair empréstimos ou dividas, proporcionando mais fiscalização e transparência.
Quanto aos seus princípios, o quadro abaixo mostra cada um deles com sua respectiva descrição.

Planejamento

Outro ponto importante da Lei é sobre o planejamento. Ela busca enfatizar o papel dessa função, vinculando inclusive o planejamento
à execução do gasto publico, e para isso, aponta alguns instrumentos que permitem o planejamento do gasto publico, dentre eles o PPA,
a LDO e LOA.
LDO (art. 4°) - Requisitos/Funções da LDO além do disposto no art. 165, §2°, CF/88
· Equilíbrio entre receitas e despesas
· Critérios e Forma da Limitação de Empenho (art. 9°,II, “ b” e art. 31, §1°, II)
· Condições/Exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas, além das contidas na CF/88 e na LRF (vide art.
25, §1° - transferências voluntárias e art. 26, caput, - destinação de recursos para o setor privado).
· Anexo de Metas Fiscais (art. 4°, §1° - exercício de referência + 2 seguintes)
· Anexo de Riscos Fiscais (art. 4°, §3°) - Riscos capazes de afetar as contas públicas
· Definição da forma de utilização e do montante, em percentual da RCL, da Reserva de Contingência, com base na análise dos riscos
fiscais.
· Condições para renúncia de receitas (art. 14, caput)
· Autorização para os municípios contribuírem para o custeio de despesas de competência de outros entes federados (art. 62)

LOA (art. 5°)

· compatibilidade com o PPA e da LDO (art. 5°, caput)


· reserva de contingência (art. 5°, III)
· vedação à consignação na LOA de crédito com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada (art. 5°, §4°)

Receita Pública

· Dever de instituir, prever e arrecadas os tributos da competência constitucional do ente federado (art. 11) - Sanção institucional:
vedação às transferências voluntárias para o ente que não observe este dever, no tocante aos impostos.
· Renúncia de Receitas: a lei não veda, mas impõe condições (art. 14):
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
estimativa de impacto financeiro-orçamentário (exercício ref. + Disponibilidades financeiras dos Estados/Municípios deverão
2 seguintes) ser depositadas em Instituições Financeiras Oficiais, ressalvados os
atendimento das condições/requisitos da LDO casos previstos em lei nacional.
atendimento a uma das condições: Disponibilidades de Caixa dos Regimes de Previdência
§ demonstração de que a renúncia de receitas foi considerada a) conta separada das demais disponibilidades de cada ente;
na LOA e de que não afetará as metas fiscais (art. 14, I) b) aplicação nas condições de mercado com a observância dos
§ medidas de compensação com o aumento de receita (art. 14, limites e condições de proteção e prudência financeira.
II) - a adoção destas medidas de compensação constitui condição c) vedada a aplicação em títulos da dívida pública dos estados/
para que a renúncia de receita entre em vigor. municípios e em ações/papeis de empresas controladas ou em em-
Despesa Pública - Geração de despesa (art. 16) préstimos aos segurados, ao poder público e empresas controla-
· condições para criação, expansão e aperfeiçoamento da ação das.3
governamental:
estimativa de impacto financeiro-orçamentário (exercício ref. + LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
2 seguintes) Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a respon-
declaração do ordenador de despesas sobre a adequação fi- sabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
nanceira/orçamentária com a LOA, LDO, PPA. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
· o atendimento a estes requisitos constitui condição prévia cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
para empenho/licitação e para a desapropriação de imóveis urba-
nos (art. 16, §4°)
CAPÍTULO I
Transferências Voluntárias (art. 25) DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Entrega de recursos de um ente federado a outro a título de co-
operação, auxílio ou assistência financeira que não seja decorrente
de determinação constitucional, legal ou do SUS. Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças
Exigências para a realização de transferências voluntárias (art. públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com am-
25, §1°) paro no Capítulo II do Título VI da Constituição.
a) existência de dotação específica; § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação
b) atendimento às condições específicas da LDO; planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem
c) não podem ser destinadas ao pagamento de despesas de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
pessoal; cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obe-
d) contrapartida; diência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração
e) comprovação, pelo beneficiário de atendimento de determi- de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas conso-
nadas condições como: prestação de contas dos recursos já recebi- lidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
dos; atendimento aos limites constitucionais de educação e saúde; receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
atendimento aos limites da dívida, das despesas de pessoal e com § 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União,
restos a pagar. os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3º Nas referências:
Destinação de recursos públicos para o setor privado (art. 26) I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
a) autorização em lei específica; estão compreendidos:
b) condições previstas na LDO; a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os
c) previsão na LOA e nos créditos adicionais; Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,
Dívida e endividamento fundações e empresas estatais dependentes;
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
Dívida consolidada ou fundada: prazo de amortização superior III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da
a 12 meses (art. 29, I) (REGRA) União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de
· No caso da União, os títulos de responsabilidade do BACEN Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.
estão incluídos (art. 29, §2°) Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
· Op. Crédito com prazo inferior a 12 meses cujas receitas te- como:
nham constado do orçamento (art. 29, §3°) I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal
· Precatórios não pagos durante a execução do orçamento em e cada Município;
que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital so-
fins de aplicação dos limites (art. 30, §7°) cial com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da
Dívida flutuante (art. 92, Lei n° 4.320/64): obrigações como Federação;
prazo inferior a 12 meses III - empresa estatal dependente: empresa controlada que re-
a) restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; ceba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de
b) serviços da dívida; despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí-
c) depósitos; dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de partici-
d) débitos em tesouraria. pação acionária;
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias,
Gestão Patrimonial e Contábil (art. 43) de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de servi-
ços, transferências correntes e outras receitas também correntes,
Atendimento ao art. 164, §3°, CF/88 deduzidos:

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a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições men- a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
cionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. dores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
239 da Constituição; b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natu-
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter- reza atuarial;
minação constitucional; V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistên- caráter continuado.
cia social e as receitas provenientes da compensação financeira ci- § 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos
tada no § 9º do art. 201 da Constituição. Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris-
§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên-
valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no cias a serem tomadas, caso se concretizem.
87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do § 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apre-
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária,
§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o para o exercício subsequente.
inciso V do § 1º do art. 19.
§ 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se as SEÇÃO III
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL
excluídas as duplicidades.
Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma
CAPÍTULO II compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamen-
tárias e com as normas desta Lei Complementar:
DO PLANEJAMENTO
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da
SEÇÃO I programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes
DO PLANO PLURIANUAL do documento de que trata o § 1o do art. 4o;
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do
Art. 3º (VETADO) art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação
a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de
SEÇÃO II caráter continuado;
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização
DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão
Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:
§ 2o do art. 165 da Constituição e: a)(VETADO)
I - disporá também sobre: b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e
a) equilíbrio entre receitas e despesas; eventos fiscais imprevistos.
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada § 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou
nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orça-
9o e no inciso II do § 1o do art. 31; mentária anual.
c)(VETADO) § 2º O refinanciamento da dívida pública constará separada-
d)(VETADO) mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re- § 3º A atualização monetária do principal da dívida mobiliária
sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre-
f) demais condições e exigências para transferências de recur- visto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.
sos a entidades públicas e privadas; § 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finali-
II -(VETADO) dade imprecisa ou com dotação ilimitada.
III -(VETADO) § 5º A lei orçamentária não consignará dotação para investi-
§ 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Ane- mento com duração superior a um exercício financeiro que não es-
xo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em teja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclu-
valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, re- são, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição.
sultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o § 6º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei
exercício a que se referirem e para os dois seguintes. orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e
§ 2º O Anexo conterá, ainda: encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a
I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano ante- benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.
rior; § 7º (VETADO)
II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e Art. 6º (VETADO)
metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, Art. 7º O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após
comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi- a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesou-
denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da ro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subsequente à
política econômica nacional; aprovação dos balanços semestrais.
III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três § 1º O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro
exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos para com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação
com a alienação de ativos; específica no orçamento.
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§ 2º O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo CAPÍTULO III
Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos DA RECEITA PÚBLICA
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União. SEÇÃO I
§ 3º Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil con- DA PREVISÃO E DA ARRECADAÇÃO
terão notas explicativas sobre os custos da remuneração das dis-
ponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade
cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de to-
de emissão da União. dos os tributos da competência constitucional do ente da Federa-
ção.
SEÇÃO IV Parágrafo único. É vedada a realização de transferências volun-
tárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se
DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DO CUMPRIMENTO
refere aos impostos.
DAS METAS
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técni-
Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos cas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação,
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e obser- da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
vado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demons-
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execu- trativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os
ção mensal de desembolso.(Vide Decreto nº 4.959, de 2004)(Vide dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cál-
Decreto nº 5.356, de 2005) culo e premissas utilizadas.
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalida- § 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só
de específica serão utilizados exclusivamente para atender ao ob- será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica
jeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em ou legal.
que ocorrer o ingresso. § 2º O montante previsto para as receitas de operações de cré-
Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização dito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes
da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de re- do projeto de lei orçamentária.(Vide ADIN 2.238-5)
sultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis- § 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos
cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes
e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limita- do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentá-
ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios rias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício sub-
fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. sequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias
§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda de cálculo.
que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão
limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre-
§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das
obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas desti- medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo-
nadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da
de diretrizes orçamentárias. evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobran-
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministé- ça administrativa.
rio Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no
caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financei- SEÇÃO II
ros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. DA RENÚNCIA DE RECEITA
(Vide ADIN 2.238-5)
§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de
Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar
fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão re- acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro
ferida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
Legislativas estaduais e municipais. atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo me-
§ 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de cada se- nos uma das seguintes condições:(Vide Medida Provisória nº 2.159,
mestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta de 2001)(Vide Lei nº 10.276, de 2001)
das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avalia- I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi con-
ção do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, siderada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do
creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas
operações e os resultados demonstrados nos balanços. no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os II - estar acompanhada de medidas de compensação, no pe-
beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de ríodo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, pro-
sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da majoração ou criação de tributo ou contribuição.
Constituição. § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédi-
to presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração
de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redu-
ção discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios
que correspondam a tratamento diferenciado.

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§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou bene- § 3º Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de
fício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base
no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
as medidas referidas no mencionado inciso. § 4º A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo pro-
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica: ponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas,
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos in- sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as de-
cisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; mais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentá-
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao rias.
dos respectivos custos de cobrança. § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada an-
tes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais inte-
CAPÍTULO IV grarão o instrumento que a criar ou aumentar.
DA DESPESA PÚBLICA § 6º O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas
ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pes-
SEÇÃO I
soal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
DA GERAÇÃO DA DESPESA § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e le- criada por prazo determinado.
sivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de
obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. SEÇÃO II
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação go- DAS DESPESAS COM PESSOAL
vernamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado SUBSEÇÃO I
de:
DEFINIÇÕES E LIMITES
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente
adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos
e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e
orçamentárias. de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais
§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proven-
I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto tos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gra-
de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por cré- tificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza,
dito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, entidades de previdência.
não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; § 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orça- que se referem à substituição de servidores e empregados públicos
mentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”.
prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja § 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a
qualquer de suas disposições. realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompa- anteriores, adotando-se o regime de competência.
nhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Consti-
§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considera- tuição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração
da irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orça- e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais
mentárias. da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para: I - União: 50% (cinqüenta por cento);
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou II - Estados: 60% (sessenta por cento);
execução de obras; III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o § 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste
do art. 182 da Constituição. artigo, não serão computadas as despesas:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
SUBSEÇÃO I II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
DA DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do
art. 57 da Constituição;
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a des- IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de perío-
pesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato adminis- do anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
trativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e
execução por um período superior a dois exercícios. Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emen-
o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso da Constitucional no 19;
I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específi-
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompa- co, custeadas por recursos provenientes:
nhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201
no § 1º do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos da Constituição;
seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita
ou pela redução permanente de despesa.
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c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vin- SUBSEÇÃO II
culado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, DO CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL
direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da
com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no despesa com pessoal e não atenda:
limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o dis-
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá posto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;
exceder os seguintes percentuais: II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas
I - na esfera federal: com pessoal inativo.
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legisla- Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que
tivo, incluído o Tribunal de Contas da União; resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oi-
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; tenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para Poder ou órgão referido no art. 20.
o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabeleci-
com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do dos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.
art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95%
repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou ór-
a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente gão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;(Vide Decreto remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença ju-
nº 3.917, de 2001) dicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;
União; II - criação de cargo, emprego ou função;
II - na esfera estadual: III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de de despesa;
Contas do Estado; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo; aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação,
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados; saúde e segurança;
III - na esfera municipal: V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no in-
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de ciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na
Contas do Município, quando houver; lei de diretrizes orçamentárias.
b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo. Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão re-
§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os li- ferido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo,
mites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exce-
média das despesas com pessoal, em percentual da receita corren- dente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen-
te líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente do pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar. providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.
§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão: § 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o
I - o Ministério Público; objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e fun-
II - no Poder Legislativo: ções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.(Vide ADIN
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União; 2.238-5)
b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas; § 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Con- com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN
tas do Distrito Federal; 2.238-5)
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas § 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquan-
do Município, quando houver; to perdurar o excesso, o ente não poderá:
III - no Poder Judiciário: I - receber transferências voluntárias;
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição; II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver. III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas
§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciá- ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução
rio, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constitui- das despesas com pessoal.
ção, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o. § 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a des-
§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Mu- pesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre
nicípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos
caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% no art. 20.
(quatro décimos por cento). § 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se apli-
§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega cam ao Município em caso de queda de receita real superior a 10%
dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pes- (dez por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre
soal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percen- do exercício financeiro anterior, devido a:(Incluído pela Lei Comple-
tuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes mentar nº 164, de 2018)Produção de efeitos
orçamentárias.
§ 6o(VETADO)

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Partici- CAPÍTULO VI
pação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tributá- DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR
rias pela União; e(Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) PRIVADO
Produção de efeitos Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamen-
II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participa- te, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas
ções especiais.(Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condi-
Produção de efeitos ções estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar previs-
§ 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa ta no orçamento ou em seus créditos adicionais.
total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o limite § 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração in-
percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considera- direta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no
da, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e
correspondente do ano anterior atualizada monetariamente.(In- o Banco Central do Brasil.
cluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Produção de efeitos § 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos,
financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorro-
SEÇÃO III gações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a
DAS DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL participação em constituição ou aumento de capital.
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pes-
Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade so- soa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou in-
cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da direto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres
fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constitui- não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
ção, atendidas ainda as exigências do art. 17. Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as
§ 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o au- prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações
mento de despesa decorrente de: de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financia-
I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de mentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspon-
habilitação prevista na legislação pertinente; dente consignado na lei orçamentária.
II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços pres- Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utili-
tados; zados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para
III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que
preservar o seu valor real. mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financia-
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de mentos para mudança de controle acionário.
saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos § 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo
servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do
CAPÍTULO V Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.
DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS § 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e
transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de ca- de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.
pital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
assistência financeira, que não decorra de determinação constitu- CAPÍTULO VII
cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO
§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntá- SEÇÃO I
ria, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
DEFINIÇÕES BÁSICAS
I - existência de dotação específica;
II - (VETADO) Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas
III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Cons- as seguintes definições:
tituição; I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total,
IV - comprovação, por parte do beneficiário, de: apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou
empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem tratados e da realização de operações de crédito, para amortização
como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele em prazo superior a doze meses;
recebidos; II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por
b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educa- títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
ção e à saúde; Estados e Municípios;
c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido
de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,
inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal; aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
d) previsão orçamentária de contrapartida. provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento
§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalida- mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de
de diversa da pactuada. derivativos financeiros;
§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de trans- IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de
ferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, exce- obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação
tuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência ou entidade a ele vinculada;
social. V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos
para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reco- SEÇÃO III
nhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem DA RECONDUÇÃO DA DÍVIDA AOS LIMITES
prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultra-
relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central passar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser
do Brasil. a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo
§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as ope- o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no pri-
rações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas te- meiro.
nham constado do orçamento. § 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver
§ 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não incorrido:
excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou
final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito au- externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinan-
torizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, ciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;
acrescido de atualização monetária. II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívi-
da ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de em-
Seção II penho, na forma do art. 9o.
Dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito § 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e en-
Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei quanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de re-
Complementar, o Presidente da República submeterá ao: ceber transferências voluntárias da União ou do Estado.
I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante § 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o mon-
da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo tante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último
o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como ano do mandato do Chefe do Poder Executivo.
de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo § 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a rela-
artigo; ção dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas con-
II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites solidada e mobiliária.
para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inci- § 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de
so XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações
de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da de crédito internas e externas.
União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.
§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas SEÇÃO IV
alterações conterão:
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
I - demonstração de que os limites e condições guardam coe-
rência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com SUBSEÇÃO I
os objetivos da política fiscal; DA CONTRATAÇÃO
II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos
das três esferas de governo; limites e condições relativos à realização de operações de crédito
III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro-
esfera de governo; ladas, direta ou indiretamente.
IV - metodologia de apuração dos resultados primário e no- § 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentan-
minal. do-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando
§ 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput tam- a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da opera-
bém poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evi- ção e o atendimento das seguintes condições:
denciando a forma e a metodologia de sua apuração. I - existência de prévia e expressa autorização para a contra-
§ 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão tação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei
fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera específica;
de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos re-
que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos. cursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por
§ 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apu- antecipação de receita;
ração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado
cada quadrimestre. Federal;
§ 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar
enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o de operação de crédito externo;
caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
previstos nos incisos I e II do caput. tituição;
§ 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei
que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alte- Complementar.
rações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da Repúbli- § 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autori-
ca poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional zadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão
solicitação de revisão dos limites. objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.
§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução § 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á,
do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de
consolidada, para fins de aplicação dos limites. crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
observado o seguinte:

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I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição
sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida-
o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de de de beneficiário do empréstimo.
competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi-
ou indireta, do ônus deste; nanceira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida públi-
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida
for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Fe- de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
deração, o valor da operação será deduzido das despesas de capital; Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:
III - (VETADO) I - captação de recursos a título de antecipação de receita de
§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido,
do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o regis- sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição;
tro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o
e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão: Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capi-
I - encargos e condições de contratação; tal social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da
II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada legislação;
e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias. III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou
§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conte- operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou
rão cláusula que importe na compensação automática de débitos serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não
e créditos. se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
§ 6o O prazo de validade da verificação dos limites e das condi- IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária,
ções de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no
máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da SUBSEÇÃO III
Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017) DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE
Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de cré- RECEITA ORÇAMENTÁRIA
dito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobi-
liária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita des-
atende às condições e limites estabelecidos. tina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício finan-
§ 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei ceiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as
Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cance- seguintes:
lamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do
de juros e demais encargos financeiros. exercício;
§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inciden-
dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentá- tes, até o dia dez de dezembro de cada ano;
ria para o exercício seguinte. III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos
§ 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada
ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;
do § 3o do art. 23. IV - estará proibida:
§ 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não
ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da integralmente resgatada;
Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32. b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou
Prefeito Municipal.
SUBSEÇÃO II § 1o As operações de que trata este artigo não serão computa-
das para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição,
DAS VEDAÇÕES
desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida § 2o As operações de crédito por antecipação de receita reali-
pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple- zadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertu-
mentar. ra de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.
ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autar- § 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acom-
quia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive panhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de
suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição
de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída credora.
anteriormente.
§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera- SUBSEÇÃO IV
ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL
inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des-
tinem a: Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição mais às seguintes:
concedente. I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no
§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de mercado, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo-
nibilidades.
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institui- § 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de ga-
ção financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por rantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as trans-
título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e ferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.
venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à § 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela
permuta; União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em ope-
III - concessão de garantia. ração de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou finan-
§ 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de ciamentos até a total liquidação da mencionada dívida.
Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na cartei-
ra das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante SEÇÃO VI
novas operações de venda a termo. DOS RESTOS A PAGAR
§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente
títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fede- Art. 41. (VETADO)
ral que estiver vencendo na sua carteira. Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
§ 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri-
taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público. gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den-
§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
pública federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mo- Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa
biliária. serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa-
gar até o final do exercício.
SEÇÃO V
DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA CAPÍTULO VIII
DA GESTÃO PATRIMONIAL
Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de
SEÇÃO I
crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo,
as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA
condições estabelecidos pelo Senado Federal. Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação
§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de con- serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Cons-
tragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedi- tituição.
da, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência
obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas, social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas
observado o seguinte: a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Cons-
I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do tituição, ficarão depositadas em conta separada das demais dispo-
próprio ente; nibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado,
II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, com observância dos limites e condições de proteção e prudência
ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação financeira.
de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de § 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o
transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garan- § 1o em:
tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como
dívida vencida. em ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo
§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo finan- respectivo ente da Federação;
ceiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao
para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a Poder Público, inclusive a suas empresas controladas.
ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para
o recebimento de transferências voluntárias.
SEÇÃO II
§ 3o (VETADO)
§ 4o (VETADO) DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada
Senado Federal. da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público
§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por
suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
que com recursos de fundos. públicos.
§ 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamen-
por: tária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após
I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as
prestação de contragarantia nas mesmas condições; despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em
II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei. que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada: Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes
normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cum-
com a legislação pertinente; primento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divul-
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza gação.
financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às
operações de seguro de crédito à exportação.
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imó- § 4o A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as
vel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do penalidades previstas no § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple-
art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da in- mentar nº 156, de 2016)
denização. § 5o Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
SEÇÃO III cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput. (In-
DAS EMPRESAS CONTROLADAS PELO SETOR PÚBLICO cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
§ 6o Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos
Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e
em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na for- fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
ma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e finan- execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo
ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da Poder Executivo, resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei Com-
Constituição. plementar nº 156, de 2016)
Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balan- Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
ços trimestrais nota explicativa em que informará: único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com res- pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluí-
pectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no do pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
mercado; I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, espe- gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
cificando valor, fonte e destinação; realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de em- número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
préstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
diferentes dos vigentes no mercado. e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; (Incluí-
do pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
CAPÍTULO IX II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos ex-
traordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
SEÇÃO I
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
DA TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrôni- consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
cos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes or- Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
çamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
§ 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re- concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
I – incentivo à participação popular e realização de audiências tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla-
nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei SEÇÃO II
Complementar nº 131, de 2009). DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS
II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de
acesso público; e (Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obriga-
2016) tória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;
III – adoção de sistema integrado de administração financeira II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter com-
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído plementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185, III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e
de 2010) conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis- entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusi-
ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários ve empresa estatal dependente;
e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e
pela Lei Complementar nº 156, de 2016) as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos
§ 3o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha- junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o
rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se- montante e a variação da dívida pública no período, detalhando,
rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações pelo menos, a natureza e o tipo de credor;
necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque
e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de
§ 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016) ativos.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
operações intragovernamentais. tituição, conforme o § 3o do art. 32;
§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, en- geral e próprio dos servidores públicos;
quanto não implantado o conselho de que trata o art. 67. III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ati-
§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que vos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
financeira e patrimonial. I - da limitação de empenho;
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta II - da frustração de receitas, especificando as medidas de com-
de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das con- bate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações
tas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua de fiscalização e cobrança.
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.
§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao SEÇÃO IV
Poder Executivo da União nos seguintes prazos: DO RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo
Estado, até trinta de abril; Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titu-
II - Estados, até trinta e um de maio. lares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo im- Fiscal, assinado pelo:
pedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Fede- I - Chefe do Poder Executivo;
ração receba transferências voluntárias e contrate operações de II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão
crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atua- decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
lizado da dívida mobiliária. Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de
SEÇÃO III Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimen-
tos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
DO RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁ-
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
RIA
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas auto-
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Cons- ridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle
tituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e Poder ou órgão referido no art. 20.
composto de: Art. 55. O relatório conterá:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria eco- I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Comple-
nômica, as: mentar, dos seguintes montantes:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e
como a previsão atualizada; pensionistas;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação b) dívidas consolidada e mobiliária;
para o exercício, a despesa liquidada e o saldo; c) concessão de garantias;
II - demonstrativos da execução das: d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita rea- II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se
lizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; ultrapassado qualquer dos limites;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da III - demonstrativos, no último quadrimestre:
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um
despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício; de dezembro;
c) despesas, por função e subfunção. b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobi- 1) liquidadas;
liária constarão destacadamente nas receitas de operações de cré- 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a
dito e nas despesas com amortização da dívida. uma das condições do inciso II do art. 41;
§ 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo
o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51. da disponibilidade de caixa;
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos
relativos a: empenhos foram cancelados;
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do
inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu inciso IV do art. 38.
desempenho até o final do exercício; § 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos in-
II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso cisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas
IV do art. 50; à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.
III - resultados nominal e primário; § 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerra-
IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o; mento do período a que corresponder, com amplo acesso ao públi-
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no co, inclusive por meio eletrônico.
art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante § 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita
a pagar. o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51.
§ 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será
acompanhado também de demonstrativos:
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§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser ela- I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no in-
borados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser ciso II do art. 4o e no art. 9o;
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou
90% (noventa por cento) do limite;
SEÇÃO V III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária,
DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram
acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos acima do limite definido em lei;
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos
referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separada- programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
mente, do respectivo Tribunal de Contas. (Vide ADIN 2324) § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálcu-
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âm- los dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
bito: referido no art. 20.
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e § 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumpri-
dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais; mento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, con- CAPÍTULO X
solidando as dos demais tribunais.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será
proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista perma- Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores
nente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consoli-
das Casas Legislativas estaduais e municipais. (Vide ADIN 2324) dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente
das contas, julgadas ou tomadas. escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, po-
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclu- derão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou
sivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico,
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas conforme definido pelo Ministério da Fazenda.
leis orgânicas municipais. Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despe-
§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que te- sas de competência de outros entes da Federação se houver:
nham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orça-
oitenta dias. mentária anual;
§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua le-
existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes gislação.
de parecer prévio. Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da cinquenta mil habitantes optar por:
arrecadação em relação à previsão, destacando as providências I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do
adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sone- semestre;
gação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias adminis- II - divulgar semestralmente:
trativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento a) (VETADO)
das receitas tributárias e de contribuições. b) o Relatório de Gestão Fiscal;
c) os demonstrativos de que trata o art. 53;
SEÇÃO VI III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o
DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de dire-
trizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Com-
Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Po- plementar.
der e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas § 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser
desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a: (Vide ADIN realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.
2324) § 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes or- pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação,
çamentárias; o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de
II - limites e condições para realização de operações de crédito retorno ao limite definidos para os demais entes.
e inscrição em Restos a Pagar; Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi-
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas admi-
pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23; nistrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.
para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliá- § 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desen-
ria aos respectivos limites; volvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia,
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o
tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Comple- art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público.
mentar; § 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu- e valores, o financiamento por intermédio das instituições finan-
nicipais, quando houver. ceiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações ex-
§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos ternas.
referidos no art. 20 quando constatarem:
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Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legis- jurídica em débito com a Previdência Social;
lativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;
situação: VI - recursos provenientes do orçamento da União.
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições § 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro
estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; Social, na forma da lei.
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir
limitação de empenho prevista no art. 9o. regime próprio de previdência social para seus servidores conferir-
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de esta- -lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de
do de defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição. contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e
Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão du- atuarial.
plicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total
Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Com-
ou superior a quatro trimestres. plementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20
§ 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eli-
acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento), minando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a.
no período correspondente aos quatro últimos trimestres. (cinquenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das
§ 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Ins- medidas previstas nos arts. 22 e 23.
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no pra-
substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB zo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23.
nacional, estadual e regional. Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Cons-
§ 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as me- tituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à
didas previstas no art. 22. entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pes-
§ 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na con- soal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em
dução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exer-
Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado cício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento),
em até quatro quadrimestres. se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20.
Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma perma- Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e
nente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão reali- órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da
zados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor
de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguin-
de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a: te.
I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação; Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar
II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de recei- de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o
tas, no controle do endividamento e na transparência da gestão Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2
fiscal; de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente.
III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa- Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou
dronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstra- sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de
tivos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri-
e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. (In-
outros, necessários ao controle social; cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos. Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cum-
§ 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de primento das determinações dispostas nos incisos II e III do pará-
premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder que grafo único do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído pela Lei Complemen-
alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvi- tar nº 131, de 2009).
mento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pauta- I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e
da pelas normas desta Lei Complementar. os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído
§ 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funciona- pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
mento do conselho. II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000
Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei
do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da Complementar nº 131, de 2009).
Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recur- III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000
sos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdên- (cinquenta mil) habitantes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131,
cia social. de 2009).
§ 1o O Fundo será constituído de: Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão
I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacio- contados a partir da data de publicação da lei complementar que
nal do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste; introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído
II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei; Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos
III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III
previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Consti- do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção
tuição; prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Comple-
mentar nº 131, de 2009).
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua carga tributária suportada pelos diversos segmentos da sociedade,
publicação. além de permitir a avaliação da programação da despesa pública e
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio do equilíbrio fiscal das contas públicas.
de 1999. 2. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Os Princípios Orçamentários visam estabelecer diretrizes nor-
TÓPICOS ESPECIAIS DA CONTABILIDADE APLICADA AO SE- teadoras básicas, a fim de conferir racionalidade, eficiência e trans-
TOR PÚBLICO. PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS ORÇAMEN- parência para os processos de elaboração, execução e controle do
TÁRIOS (REGIME ORÇAMENTÁRIO E REGIME CONTÁBIL OU orçamento público. Válidos para os Poderes Executivo, Legislativo e
PATRIMONIAL (MCASP) Judiciário de todos os entes federativos – União, estados, Distrito
Federal e municípios – são estabelecidos e disciplinados por nor-
mas constitucionais, infraconstitucionais e pela doutrina.
Nesse ínterim, integram este Manual os princípios orçamentá-
PARTE I rios cuja existência e aplicação derivem de normas jurídicas, como
PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS ORÇAMENTÁRIOS os seguintes:
1. INTRODUÇÃO 2.1. UNIDADE OU TOTALIDADE
Esta Parte, intitulada Procedimentos Contábeis Orçamentários Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei no
(PCO), visa dar continuidade ao processo que busca reunir concei- 4.320/1964, determina existência de orçamento único para cada
tos, regras e procedimentos relativos aos atos e fatos orçamentá- um dos entes federados – União, estados, Distrito Federal e mu-
rios e seu relacionamento com a contabilidade. Também tem como nicípios – com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos
objetivo a harmonização, por meio do estabelecimento de padrões paralelos dentro da mesma pessoa política.
a serem observados pela Administração Pública, no que se refere à Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas,
receita e à despesa orçamentária, suas classificações, destinações e em cada exercício financeiro, devem integrar um único documen-
registros, de modo a permitir a evidenciação e a consolidação das to legal dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária Anual
contas públicas nacionais. (LOA)1.
Para cumprimento do objetivo de padronização dos procedi- 2.2. UNIVERSALIDADE
mentos, este Manual procura descrever rotinas e servir como instru-
Estabelecido, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei no
mento orientador para os procedimentos relacionados às receitas
4.320/ 1964, recepcionado e normatizado pelo § 5º do art. 165 da
e às despesas orçamentárias. Busca, assim, melhorar a qualidade
Constituição Federal, determina que a LOA de cada ente federado
e a consistência das informações prestadas a toda a sociedade, de
deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes,
modo a possibilitar o exercício da cidadania no processo de fiscali-
órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo
zação da arrecadação das receitas e da execução das despesas, bem
Poder Público.
como o efetivo controle social sobre as contas dos Governos Fede-
ral, Estaduais, Distrital e Municipais. 2.3. ANUALIDADE OU PERIODICIDADE
É importante destacar que o Manual não reduz a força norma- Estipulado, de forma literal, pelo caput do art. 2º da Lei no
tiva das regras orçamentárias fixadas pela Lei nº 4.320/1964, pela 4.320/1964, delimita o exercício financeiro orçamentário: período
Portaria MOG nº 42/1999, ou pela Portaria STN/SOF nº 163/2001 de tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas
e suas alterações, que continuam sendo a base normativa para a registradas na LOA irão se referir.
elaboração e execução dos orçamentos nos três níveis de governo. Segundo o art. 34 da Lei nº 4.320/1964, o exercício financeiro
A receita e a despesa orçamentárias assumem, na Administra- coincidirá com o ano civil, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezem-
ção Pública, fundamental importância, pois representam o montan- bro de cada ano.
te que o Estado se apropria da sociedade por intermédio da tribu- 2.4. EXCLUSIVIDADE
tação e a sua contrapartida aos cidadãos por meio da geração de
bens e serviços. Também se torna importante em face de situações Previsto no § 8º do art. 165 da Constituição Federal, estabelece
legais específicas, como a distribuição e destinação da receita en- que a LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e
tre as esferas governamentais e o cumprimento dos limites legais à fixação da despesa. Ressalvam-se dessa proibição a autorização
para a realização de despesas, impostos pela Lei Complementar nº para abertura de crédito suplementar e a contratação de operações
101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). de crédito, nos termos da lei.
É relevante destacar que a relação entre a receita e a despesa 2.5. ORÇAMENTO BRUTO
é fundamental para o processo orçamentário, visto que a previsão Previsto pelo art. 6º da Lei no 4.320/ 1964, obriga registrarem-
da receita dimensiona a capacidade governamental em autorizar a -se receitas e despesas na LOA pelo valor total e bruto, vedadas
despesa, entendendo a receita orçamentária como o mecanismo de quaisquer deduções.
financiamento do Estado, sendo considerada também a decorrente 2.6. LEGALIDADE
de operações de crédito. Além disso, de acordo com o art. 9º da
LRF, a arrecadação é instrumento condicionante da execução orça- Apresenta o mesmo fundamento do princípio da legalidade
mentária da despesa. O conhecimento dos aspectos relacionados aplicado à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder
à receita e à despesa no âmbito do setor público, principalmente Público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressa-
diante da Lei de Responsabilidade Fiscal, é de suma importância, mente autorizar, ou seja, subordina-se aos ditames da lei. A Consti-
pois contribui para a transparência das contas públicas e para o tuição Federal de 1988, no art. 37, estabelece os princípios explíci-
fornecimento de informações de melhor qualidade aos diversos tos da administração pública, dentre os quais o da legalidade e, no
usuários, especialmente por intermédio do Relatório Resumido de seu art. 165, estabelece a necessidade de formalização legal das leis
Execução Orçamentária (RREO) e o Relatório de Gestão Fiscal (RGF). orçamentárias:
Dessa forma, esta Parte subsidia a realização de análises acerca da Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I – o plano plurianual;

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.
2.7. PUBLICIDADE
Princípio básico da atividade da Administração Pública no regime democrático, está previsto no caput do art. 37 da Magna Carta de
1988. Justifica-se especialmente pelo fato de o orçamento ser fixado em lei, sendo esta a que autoriza aos Poderes a execução de suas
despesas.
2.8. TRANSPARÊNCIA
Aplica-se também ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da LRF, que determinam ao governo, por
exemplo: divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal;
disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a arrecadação da receita e a execução da despesa.
2.9. NÃO-VINCULAÇÃO (NÃO-AFETAÇÃO) DA RECEITA DE IMPOSTOS
O inciso IV do art. 167 da CF/1988 veda vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas
pela própria Constituição Federal, in verbis:
Art. 167. São vedados: [...]
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a
que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimen-
to do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, §2º, 212 e
37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8o, bem como o disposto no
§4o deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...]
§4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que
tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de débitos para com
esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).
São exemplos de ressalvas estabelecidas pela própria Constituição as relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos impos-
tos aos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e Fundos de Participação dos Municípios (FPM), Fundos de Desenvolvimento das Regiões
Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), bem como à destinação de recursos para as áreas de saúde e educação, além do ofere-
cimento de garantias às operações de crédito por antecipação de receitas. Ressalta-se, que há diversas receitas que são excetuadas à regra
constitucional, e que não foram citadas neste capítulo.
3. RECEITA ORÇAMENTÁRIA
3.1. CONCEITO
O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou privada, e representa o fluxo pre-
visto de ingressos e de aplicações de recursos em determinado período.
A matéria pertinente à receita vem disciplinada no art. 3º, conjugado com o art. 57, e no art. 35 da Lei nº 4.320/1964:
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de pa-
pel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros.
[...]
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas
próprias, tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
I - as receitas nêle arrecadadas;
II - as despesas nêle legalmente empenhadas.
Para fins contábeis, quanto ao impacto na situação patrimonial líquida, a receita pode ser “efetiva” ou “não-efetiva”:
a. Receita Orçamentária Efetiva aquela em que os ingressos de disponibilidade de recursos não foram precedidos de registro de reco-
nhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes.
b. Receita Orçamentária Não Efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro do
reconhecimento do direito ou constituem obrigações correspondentes, como é o caso das operações de crédito.
Em sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado denominam-se receitas públicas, registradas como recei-
tas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos financeiros para o erário, ou ingressos extraorçamentários, quando
representam apenas entradas compensatórias.
Em sentido estrito, chamam-se públicas apenas as receitas orçamentárias.

Ingressos Extraorçamentários
Ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente depositário. Sua devo-
lução não se sujeita a autorização legislativa, portanto, não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e
passivos exigíveis, os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no Patrimônio Líquido da Entidade.

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São exemplos de ingressos extraorçamentários: os depósitos Em âmbito federal, a codificação da classificação por natureza
em caução, as fianças, as operações de crédito por antecipação de da receita é normatizada por meio de Portaria da SOF, órgão do
receita orçamentária (ARO)3, a emissão de moeda, e outras entra- Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Já para estados
das compensatórias no ativo e passivo financeiros4. e municípios, é feita por meio de Portaria Interministerial (SOF e
Receitas Orçamentárias STN).
Importante destacar que essa classificação é utilizada por to-
São disponibilidades de recursos financeiros que ingressam du-
dos os entes da Federação e visa identificar a origem do recurso se-
rante o exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição.
gundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso
Instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas
da receita nos cofres públicos.
públicas, as receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas
Assim, a natureza de receita é a menor célula de informação no
pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é aten-
contexto orçamentário para as receitas públicas; por isso, contém
der às necessidades públicas e demandas da sociedade.
todas as informações necessárias para as devidas alocações orça-
Essas receitas pertencem ao Estado, transitam pelo patrimônio
mentárias.
do Poder Público e, via de regra, por força do princípio orçamen-
Na União, para o exercício de 2016, incluindo a elaboração do
tário da universalidade, estão previstas na Lei Orçamentária Anual
Orçamento, entrou em vigor a nova estrutura de codificação das
– LOA.
Naturezas de Receita, de forma a prover melhorias na estrutura de
Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA regis-
formação dos códigos da classificação, aplicando lógica integral-
trar a previsão de arrecadação, a mera ausência formal do registro
mente voltada para a gestão das receitas orçamentárias. A nova
dessa previsão, no citado documento legal, não lhes retira o caráter
codificação estrutura os códigos de forma a proporcionar extração
de orçamentárias, haja vista o art. 57 da Lei nº 4.320, de 1964, de-
de informações imediatas, a fim de prover celeridade, simplicidade
terminar classificar-se como receita orçamentária toda receita arre-
e transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento pa-
cadada que porventura represente ingressos financeiros orçamen-
ralelo para concatenar dados.
tários, inclusive se provenientes de operações de crédito, exceto:
Tal alteração foi estabelecida pela Portaria nº 05, de 25 de
operações de crédito por antecipação de receita – ARO, emissões
agosto de 20159 , que também determinou que os desdobramen-
de papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e pas-
tos específicos para atendimento das peculiaridades de estados,
sivo financeiros.
Distrito Federal e municípios serão promovidos pela Secreta-
3.2. CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA ria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda. Ressalta-se que
A classificação da receita orçamentária é de utilização obriga- para os referidos entes, tal codificação é válida a partir do exercí-
tória para todos os entes da Federação, sendo facultado seu desdo- cio financeiro de 2018, inclusive no que se refere à elaboração do
bramento para atendimento das respectivas peculiaridades. respectivo projeto de lei orçamentária (que é elaborado durante o
Nesse sentido, as receitas orçamentárias são classificadas se- exercício de 2017).
gundo os seguintes critérios: A estrutura da nova codificação cria possibilidade de associar,
a. Natureza; de forma imediata, a receita principal com aquelas dela originadas:
b. Fonte/Destinação de Recursos; e Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A as-
c. Indicador de Resultado Primário. sociação é efetuada por meio de um código numérico de 8 dígitos,
O detalhamento das classificações orçamentárias da receita, no cujas posições ordinais passam a ter o seguinte significado:
âmbito da União, é normatizado por meio de portaria da Secretaria
de Orçamento Federal (SOF), órgão do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG).
Observação:
A doutrina classifica as receitas públicas, quanto à procedência, Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é reco-
em Originárias e Derivadas. Essa classificação possui uso acadêmico lhido dos trabalhadores, aloca-se a receita pública correspondente
e não é normatizada; portanto, não é utilizada como classificador na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1”, segundo esquema
oficial da receita pelo Poder Público. abaixo:
Receitas Públicas Originárias, segundo a doutrina, seriam aque-
las arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas
pela Administração Pública. Resultariam, principalmente, de rendas
do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de alu-
guel), de preços públicos, de prestação de serviços comerciais e de
venda de produtos industriais ou agropecuários.
Receitas Públicas Derivadas, segundo a doutrina, seria a receita
Como se depreende do nível de detalhamento apresentado, a
obtida pelo poder público por meio da soberania estatal. Decorre-
classificação por natureza é a de nível mais analítico da receita; por
riam de imposição constitucional ou legal8 e, por isso, auferidas de
isso, auxilia na elaboração de análises econômico-financeiras sobre
forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de
a atuação estatal.
contribuições especiais.
3.2.1.1. Categoria Econômica
3.2.1. Classificação da Receita Orçamentária por Natureza
O § 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens da O §§1º e 2º do art. 11 da Lei no 4.320/1964, classificam as re-
discriminação da receita, mencionados no art. 11 dessa lei, serão ceitas orçamentárias em “Receitas Correntes” e “Receitas de Capi-
identificados por números de código decimal. Convencionou-se de- tal”. A codificação correspondente seria:
nominar este código de natureza de receita.

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1- Receitas Correntes
Receitas Orçamentárias Correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Esta-
do e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades
públicas.
Classificam-se como correntes as receitas provenientes de tributos; de contribuições; da exploração do patrimônio estatal (Patrimo-
nial); da exploração de atividades econômicas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras pessoas
de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); por
fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores, nem no conceito de receita de capital (Outras Receitas Correntes).
2- Receitas de Capital
Receitas Orçamentárias de Capital são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Esta-
do e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de
forma diversa das receitas correntes, as receitas de capital em geral não provocam efeito sobre o patrimônio líquido.
Receitas de Capital são as provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas e da conver-
são, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital.
Observação:
Receitas de Operações Intraorçamentárias:
Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do or-
çamento fiscal e do orçamento da seguridade social do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos
nos cofres públicos do ente, mas apenas movimentação de receitas entre seus órgãos. As receitas intraorçamentárias são a contrapartida
das despesas classificadas na Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades
Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social” que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito
da dupla contagem na consolidação das contas governamentais.
Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de operações intraorçamentárias na consolidação das
contas públicas, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338/2006, incluiu as “Receitas Correntes Intraorçamentárias” e “Receitas de Capital
Intraorçamentárias”, representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas classificações, segundo
disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias econômicas de receita, mas apenas especificações das Categorias
Econômicas “Receita Corrente” e “Receita de Capital”.

3.2.1.2. Origem da Receita


A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a identificar a proce-
dência das receitas no momento em que ingressam nos cofres públicos.
Os códigos da Origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei nº 4.320/1964, são:

A atual codificação amplia o escopo de abrangência do conceito de origem e passa a explorá-lo na sequência lógico-temporal na qual
ocorrem naturalmente atos e fatos orçamentários co-dependentes.
Nesse contexto, considera que a arrecadação das receitas ocorre de forma concatenada e sequencial no tempo, sendo que, por regra,
existem arrecadações inter-relacionadas que dependem da existência de um fato gerador inicial a partir do qual, por decurso de prazo sem
pagamento, originam-se outros fatos, na ordem lógica dos acontecimentos jurídicos:
a. Primeiro, o fato gerador da Receita Orçamentária Propriamente Dita, que ocorre quando da subsunção do fato, no mundo real, à
norma jurídica;
b. Segundo, a obrigação de recolher multas e juros incidentes sobre a Receita Orçamentária propriamente dita, cujo fato gerador é o
decurso do prazo estipulado por lei para pagamento, sem que isso tenha ocorrido. (Esse fato gerador depende, fundamentalmente – na
origem –, da existência da Receita Orçamentária propriamente dita);
c. Terceiro, a obrigação de pagar a dívida ativa referente à Receita Orçamentária propriamente dita e às multas e aos juros dessa re-
ceita, cujo fato gerador é a inscrição em dívida ativa, que decorre do transcurso de novo prazo e da permanência do não pagamento da
receita e das multas e juros que lhe são afetos. (Novamente, ao remetermos para o início do processo – a origem – há dependência do fato
gerador primeiro, inicial: a existência da Receita

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Orçamentária propriamente dita); e • “7”, quando se tratar das Multas da Dívida Ativa da respectiva
d. Quarto, a obrigação de recolher multas e juros incidentes so- receita, quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das
bre a dívida ativa da Receita Orçamentária propriamente dita, cujo Multas da Dívida Ativa da destinação dos Juros de Mora da Dívida
fato gerador é o decurso do prazo estipulado por lei para pagamen- Ativa, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arreca-
to da dívida ativa, sem que o pagamento tenha ocorrido. (Ao bus- dação no Tipo “4 – Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa”;
car-se o marco inicial dessa obrigação, conclui-se, novamente, que, • “8”, quando se tratar dos Juros da Dívida Ativa da respectiva
na origem, há dependência da existência da Receita Orçamentária receita, quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das
propriamente dita). Multas da Dívida Ativa da destinação dos Juros de Mora da Dívida
Destaca-se que o ponto de partida – a origem – de todo o Ativa, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arreca-
processo relatado no parágrafo anterior foi a existência da Receita dação no Tipo “4 – Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa”;
Orçamentária propriamente dita, e as demais arrecadações que se • “9”, quando se tratar de desdobramentos que poderão ser
originaram a partir do não pagamento dessa receita foram, na se- criados, caso a caso, pela Secretaria de Orçamento Federal do Mi-
quência temporal dos acontecimentos: multas e juros da receita, nistério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – SOF/MP,
dívida ativa da receita e multas e juros da dívida ativa da receita. O mediante Portaria específica.
raciocínio estruturado acima explora o fato de que se a existência Assim, todo código de natureza de receita será finalizado com
de multas, juros, dívida ativa e multas e juros da dívida ativa de- um dos dígitos mencionados, e as arrecadações de cada recurso
correm do não pagamento da Receita Orçamentária propriamente – sejam elas da receita propriamente dita ou de seus acréscimos
dita dentro dos prazos estabelecidos em lei, então dependem da legais – ficarão agrupadas sob um mesmo código, sendo diferen-
existência dessa receita e nela tiveram origem. ciadas apenas no último dígito, conforme detalhamento a seguir:
O detalhamento e conceito das origens das receitas orçamen-
tárias constam em item específico deste manual.
3.2.1.3. Espécie
É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qua-
lificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo,
dentro da Origem Contribuições, identifica-se as espécies “Contri-
buições Sociais”, “Contribuições Econômicas”, “Contribuições para
Entidades Privadas de Serviço Social e de Formação Profissional” e
“Contribuição para Custeio de Iluminação Pública”.
3.2.1.4. Desdobramentos para Identificação de Peculiaridades
da Receita
Na nova estrutura de codificação foram reservados 4 dígitos
para desdobramentos com o objetivo de identificar as particula-
ridades de cada receita, caso seja necessário. Assim, esses dígitos
podem ou não ser utilizados, observando-se a necessidade de es-
pecificação do recurso.
Quanto às receitas exclusivas de estados, Distrito Federal e mu-
nicípios, serão identificadas pelo quarto dígito da codificação, que O registro do ingresso de recursos deverá, prioritariamente,
utilizará o número “8” (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x - Outras Receitas Corren- ser efetuado por meio do uso dos Tipos de Receita identificados
tes Exclusivas de Estados e Municípios), respeitando a estrutura dos por “1”, “3”, “5”, “6”, “7” e “8”, a fim de que o recolhimento das
três dígitos iniciais. Assim, os demais dígitos (quinto, sexto e sétimo) Multas seja efetuado por meio de código específico e em separado
serão utilizados para atendimento das peculiaridades e necessida- do recolhimento dos Juros de Mora das receitas às quais se refe-
des gerenciais dos entes. rem. Excepcionalmente é facultado ao órgão ou entidade efetuar o
3.2.1.5. Tipo recolhimento em conjunto das Multas e dos Juros de Mora, sob o
mesmo código, por meio do uso dos Tipos de Receita identificados
O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, por “2” e “4”, apenas e tão somente nos casos em que os recursos
tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que se refere tanto das Multas quanto dos Juros de Mora possuam exatamente as
aquela natureza, sendo: mesmas normas de aplicação na despesa.
• “0”, quando se tratar de natureza de receita não valorizável Importante destacar que as portarias SOF e STN que desdobra-
ou agregadora; rão o Anexo I da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de
• “1”, quando se tratar da arrecadação Principal da receita; maio de 2001, conterão apenas as naturezas de receita agregado-
• “2”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva ras, finalizadas com dígito “0”, considerando criadas automatica-
receita; mente, para todos os fins, as naturezas valorizáveis, terminadas em
• “3”, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita; “1”, “2”, “3” e “4”,”5”,”6”,”7” e “8” Ressalta-se ainda que, para fins
• “4”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida de observância da classificação orçamentária em “Receita Corren-
Ativa da respectiva receita.; te” e “Receita de Capital” estipulada pela Lei nº 4.320/64, deve-se
• “5”, quando se tratar das Multas da respectiva receita quando considerar os seguintes códigos:
a legislação pertinente diferenciar a destinação das Multas da desti-
nação dos Juros de Mora, situação na qual não poderá ser efetuado a. Receita Corrente:
registro de arrecadação no Tipo “2 – Multas e Juros de Mora”; i. Todos os códigos cujo o primeiro dígito seja “1” (categoria
• “6”, quando se tratar dos Juros de Mora da respectiva receita, econômica “receitas correntes”); e
quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das Multas ii. Códigos cujo o primeiro dígito seja “2” (categoria econômi-
da destinação dos Juros de Mora, situação na qual não poderá ser ca “receitas de capital”) e cujo o oitavo dígito, tipo de natureza de
efetuado registro de arrecadação no Tipo “2 – Multas e Juros de receita, seja “2” (Multas e Juros) , “4” (Multas e Juros da Dívida Ati-
Mora”; va), “5” (Multas quando não se aplicar o tipo 2), “6” (Juros quando
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não se aplicar o tipo 2), “7” ( Multas da Dívida Ativa quando não se de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
aplicar o tipo 4) ou “8” (Juros da Dívida Ativa quando não se aplicar específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua dis-
o tipo 4). posição.
b. Receita de Capital: Nesse contexto, taxas são tributos vinculados porque o aspecto
material do fato gerador é prestação estatal específica diretamente
i. Códigos cujo o primeiro dígito seja “2” (categoria econômica
referida ao contribuinte, em forma de contraprestação de serviços.
“receitas de capital”) e cujo o oitavo dígito, tipo de natureza de re-
Porém, podem ser tributos de arrecadação não-vinculada, pois as
ceita, seja “1” (Principal) ou “3” (Dívida Ativa).
receitas auferidas por meio das taxas não se encontram afetas a
3.2.2. Origens e Espécies de Receita Orçamentária
determinada despesa, salvo se a lei que instituiu o referido tributo
A seguir a descrição das origens e espécies de receita orçamen-
assim determinou.
tária, de acordo com a nova estrutura de codificação. Ressalta-se
A taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva legal e,
que os demais tópicos deste manual quando fizerem referência à
sob a ótica orçamentária, classificam-se em: Taxas de Fiscalização10
natureza da receita orçamentária utilizarão as duas codificações. Já
e Taxas de Serviço.
que a estrutura anterior ainda é válida para estados, Distrito Federal
e municípios até 2017 (apenas para fins de execução orçamentária) i. Código 1.1.2.1.00.0.0 – Receita Corrente – Taxas – Taxas pelo
e a nova estrutura já é válida para União. Ressalta-se que as duas Exercício do Poder de Polícia
estruturas de codificação se encontram como anexos deste manual. São definidas em lei e têm como fato gerador o exercício do
3.2.2.1. Origens e Espécies de Receita Orçamentária Corrente poder de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado
Código 1.1.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Impostos, Taxas e intervém em determinadas atividades, com a finalidade de garantir
Contribuições de Melhoria Tributo é uma das origens da Receita a ordem e a segurança. A definição de poder de polícia está discipli-
Corrente na classificação orçamentária por Categoria Econômica. nada pelo art. 78 do CTN:
Quanto à procedência, trata-se de receita derivada cuja finalidade é Considera-se poder de polícia atividade da administração pú-
obter recursos financeiros para o Estado custear as atividades que blica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
lhe são correlatas. Sujeitam-se aos princípios da reserva legal e da regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
anterioridade da lei, salvo exceções. público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costu-
O art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN) define tributo da mes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de ati-
seguinte forma: vidades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato e aos direitos individuais e coletivos.
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa ii. Código 1.1.2.2.00.0.0 – Receita Corrente – Taxas – Taxas pela
plenamente vinculada. Prestação de Serviços
O art. 4º do CTN preceitua que a natureza específica do tributo, São as que têm como fato gerador a utilização de determina-
ao contrário de outros tipos de receita, é determinada pelo fato dos serviços públicos, sob ponto de vista material e formal. Nesse
gerador, sendo irrelevante para caracterizá-lo: contexto, o serviço é público quando estabelecido em lei e prestado
I – a sua denominação; e pela Administração Pública, sob regime de direito público, de forma
II – a destinação legal do produto de sua arrecadação. direta ou indireta.
O art. 5º do CTN e os incisos I, II e III do art. 145 da CF/1988 A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalidade, ou
tratam das espécies tributárias impostos, taxas e contribuições de seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. É receita de-
melhoria. rivada e os serviços têm que ser específicos e divisíveis. Conforme
a. Código 1.1.1.0.00.0.0 – Receita Corrente – Impostos o art. 77 do CTN:
Os impostos, segundo o art. 16 do CTN, são espécies tributárias Os serviços públicos têm que ser específicos e divisíveis, presta-
cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de dos ao contribuinte, ou colocados à sua disposição.
qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual Para que a taxa seja cobrada, não há necessidade de o parti-
não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. cular fazer uso do serviço, basta que o Poder Público coloque tal
O art. 167 da CF/1988 proíbe, salvo em algumas exceções, a serviço à disposição do contribuinte.
vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Os c. Código 1.1.3.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuição de
impostos estão enumerados na Constituição Federal, ressalvando- Melhoria
-se unicamente a possibilidade de utilização, pela União, da compe- É espécie de tributo na classificação da receita orçamentária e
tência residual prevista no art. 154, I, e da competência extraordi- tem como fato gerador valorização imobiliária que decorra de obras
nária, no caso dos impostos extraordinários de guerra prevista no públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria havida e a
inciso II do mesmo artigo. realização da obra pública. De acordo com o art. 81 do CTN:
b. Código 1.1.2.0.00.0.0 – Receita Corrente – Taxas A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, pelo
As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Fede- Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
ral e pelos Municípios, no âmbito das respectivas atribuições, são, atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas
também, espécie de tributo na classificação orçamentária da recei- de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
ta, tendo, como fato gerador, o exercício regular do poder de polícia despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que
administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço pú- da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
blico específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua Código 1.2.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições
disposição – art. 77 do CTN: Segundo a classificação orçamentária, Contribuições são Ori-
Art. 77: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Dis- gem da Categoria Econômica Receitas Correntes.
trito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas O art. 149 da Magna Carta estabelece competir exclusivamente
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômi-
cas, como instrumento de atuação nas respectivas áreas, e o §1º do
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
artigo em comento estabelece que estados, Distrito Federal e mu- Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição con-
nicípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, federativa, fixada pela assembleia geral da categoria, e uma outra
para o custeio, em benefício destes, de regimes de previdência de contribuição, prevista em lei, que é a contribuição sindical. A pri-
caráter contributivo e solidário. meira não é tributo, pois será instituída pela assembleia geral e
As contribuições classificam-se nas seguintes espécies: não por lei. A segunda é instituída por lei, portanto compulsória, e
a. Código 1.2.1.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições – encontra sua regra matriz no art. 149 da Constituição Federal, pos-
Contribuições Sociais Classificada como espécie de Contribuição, suindo assim natureza de tributo.
por força da Lei nº 4.320/1964, a Contribuição Social é tributo vin- d. 1.2.4.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições – Contri-
culado a uma atividade Estatal que visa atender aos direitos sociais buição para Custeio da Iluminação Pública
previstos na Constituição Federal. Pode-se afirmar que as contribui- Instituída pela Emenda Constitucional nº 39/2002, que acres-
ções sociais atendem a duas finalidades básicas: seguridade social centou o art. 149-A à Constituição Federal, possui a finalidade de
(saúde, previdência e assistência social) e outros direitos sociais custear o serviço de iluminação pública. A competência para insti-
como, por exemplo: o salário educação. tuição é dos municípios e do Distrito Federal.
A competência para instituição das contribuições sociais é da Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
União, exceto das contribuições dos servidores estatutários dos es- contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do servi-
tados, DF e municípios, que são instituídas pelos respectivos entes. ço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
As contribuições sociais estão sujeitas ao princípio da anterioridade Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que
nonagesimal, o que significa dizer que apenas poderão ser cobradas se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
noventa dias após a publicação da lei que as instituiu ou majorou. Municípios e DF, a partir dessa autorização constitucional,
Observação: iniciaram a regulamentação por lei complementar, visando a dar
Conforme dispõe o art. 195 da Constituição, a seguridade social eficácia plena ao citado artigo 149-A da Constituição da República
será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, Federativa do Brasil.
mediante recursos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Sob a ótica da classificação orçamentária, a “Contribuição de
municípios, e de contribuições sociais. Em complemento, a compo- Iluminação Pública” é Espécie da Origem “Contribuições”, que inte-
sição das receitas que financiam a Seguridade Social é discriminada gra a Categoria Econômica “Receitas Correntes”.
nos arts. 11 e 27 da Lei nº 8.212/1991, que “instituiu o Plano de Código 1.3.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Patrimonial
Custeio da Seguridade Social”. São receitas provenientes da fruição do patrimônio de ente pú-
b. Código 1.2.2.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições – blico, como por exemplo, bens mobiliários e imobiliários ou, ainda,
Contribuições Econômicas bens intangíveis e participações societárias. São classificadas no or-
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) çamento como receitas correntes e de natureza patrimonial.
é tributo classificado no orçamento público como uma espécie de Quanto à procedência, trata-se de receitas originárias. Pode-
contribuição que atinge um determinado setor da economia, com mos citar como espécie de receita patrimonial as concessões e per-
finalidade qualificada em sede constitucional – intervenção no do- missões, cessão de direitos, dentre outras.
mínio econômico – instituída mediante um motivo específico.
Código 1.4.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Agropecuária
Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de fomen-
São receitas correntes, constituindo, também, uma origem de
to, como por exemplo, desenvolvimento de pesquisas para cresci-
receita específica na classificação orçamentária. Quanto à proce-
mento do setor e oferecimento de linhas de crédito para expansão
dência, trata-se de uma receita originária, com o Estado atuando
da produção. São exemplos dessa espécie a CIDE-Combustíveis,
como empresário, em pé de igualdade como o particular.
relativa às atividades de comercialização de petróleo e seus deriva-
Decorrem da exploração econômica, por parte do ente público,
dos, gás natural e álcool carburante, e a CIDE-Tecnologia, relativa à
de atividades agropecuárias, tais como a venda de produtos: agríco-
exploração de patentes, uso de marcas, fornecimento de conheci-
las (grãos, tecnologias, insumos etc.); pecuários (sêmens, técnicas
mentos tecnológicos ou prestação de assistência técnica no caso de
em inseminação, matrizes etc.); para reflorestamento e etc.
contratos que impliquem transferência de tecnologia.
Código 1.5.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Industrial
c. 1.2.3.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições – Contri-
Registra as receitas provenientes das atividades industriais.
buição para Entidades Privadas de Serviço Social e de Formação
Envolvem a extração e o beneficiamento de matérias-primas, bem
Profissional
como a produção e comercialização bens relacionados às indústrias
Espécie de contribuição que se caracteriza por atender a de-
extrativa mineral, mecânica, química e de transformação em geral.
terminadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua
Compreende a produção e comercialização de petróleo e demais
arrecadação às entidades que as instituíram. Não transitam pelo
hidrocarbonetos, produtos farmacêuticos e a fabricação de subs-
Orçamento da União.
tâncias químicas e radioativas, de produtos da agricultura, pecuá-
Estas contribuições são destinadas ao custeio das organiza-
ria e pesca em produtos alimentares, de bebidas e destilados, de
ções de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo: OAB,
componentes e produtos eletrônicos, as atividades de edição, im-
CREA, CRM e assim por diante. Visam também ao custeio dos servi-
pressão ou comercialização de publicações em meio físico, digital
ços sociais autônomos prestados no interesse das categorias, como
ou audiovisual, além de outras atividades industriais semelhantes.
SESI, SESC e SENAI.
É preciso esclarecer que existe uma diferença entre as contri- Código 1.6.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Serviços
buições sindicais aludidas acima e as contribuições confederativas. São receitas correntes, cuja classificação orçamentária constitui
Conforme esclarece o art. 8º da Constituição Federal: origem específica, abrangendo as receitas decorrentes das ativida-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado des econômicas na prestação de serviços por parte do ente público,
o seguinte: [...] tais como: comércio, transporte, comunicação, serviços hospitala-
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratan- res, armazenagem, serviços recreativos, culturais, etc. Tais serviços
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio são remunerados mediante preço público, também chamado de
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
dependentemente da contribuição prevista em lei.
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
tarifa. Exemplos de naturezas orçamentárias de receita dessa ori- 3.2.2.2. Origens e Espécies de Receita Orçamentária de Capital
gem são os seguintes: Serviços Comerciais; Serviços de Transporte; Código 2.1.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Operações de Cré-
Serviços Portuários, etc. dito
Observação: Origem de recursos da Categoria Econômica “Receitas de Capi-
A distinção entre Taxa e Preço Público: tal”, são recursos financeiros oriundos da colocação de títulos pú-
A distinção entre taxa e preço público, também chamado de blicos ou da contratação de empréstimos obtidas junto a entidades
tarifa, está descrita na Súmula nº 545 do Supremo Tribunal Federal públicas ou privadas, internas ou externas. São espécies desse tipo
(STF): “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, por- de receita:
que estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua a. Operações de Crédito Internas
cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em rela- b. Operações de Crédito Externas
ção à lei que a instituiu”. Código 2.2.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Alienação de Bens
Assim, conforme afirmado anteriormente, preço público (ou Origem de recursos da Categoria Econômica “Receitas de Ca-
tarifa) decorre da utilização de serviços públicos facultativos (por- pital”, são ingressos financeiros com origem específica na classifi-
tanto, não compulsórios) que a Administração Pública, de forma cação orçamentária da receita proveniente da alienação de bens
direta ou por delegação para concessionária ou permissionária, co- móveis, imóveis ou intangíveis de propriedade do ente público.
loca à disposição da população, que poderá escolher se os contrata Nos termos do artigo 44 da LRF, é vedada a aplicação da receita
ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação con- de capital decorrente da alienação de bens e direitos que integrem
tratual regida pelo direito privado. o patrimônio público, para financiar despesas correntes, salvo as
A taxa decorre de lei e serve para custear, naquilo que não destinadas por lei aos regimes previdenciários geral e próprio dos
forem cobertos pelos impostos, os serviços públicos, essenciais à servidores públicos.
soberania do Estado (a lei não autoriza que outros prestem alter- Código 2.3.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Amortização de
nativamente esses serviços), específicos e divisíveis, prestados ou Empréstimos
colocados à disposição do contribuinte diretamente pelo Estado. O São ingressos financeiros provenientes da amortização de fi-
tema é regido pelas normas de direito público. nanciamentos ou empréstimos concedidos pelo ente público em
Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é títulos e contratos.
remunerado por taxa ou por preço público. Como exemplo, pode- Na classificação orçamentária da receita são receitas de capital,
mos citar o caso do fornecimento de energia elétrica. Em localida- origem específica “amortização de empréstimos concedidos” e re-
des onde estes serviços forem colocados à disposição do usuário, presentam o retorno de recursos anteriormente emprestados pelo
pelo Estado, mas cuja utilização seja de uso obrigatório, compulsó- poder público.
rio (por exemplo, a lei não permite que se coloque um gerador de
Código 2.4.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Transferências de
energia elétrica), a remuneração destes serviços é feita mediante
Capital
taxa e sofrerá as limitações impostas pelos princípios gerais de tri-
Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de
butação (legalidade, anterioridade, etc). Por outro lado, se a lei per-
outras pessoas de direito público ou privado e destinados para
mite o uso de gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o
atender despesas em investimentos ou inversões financeiras11, a
serviço estatal oferecido pelo ente público, ou por seus delegados,
fim de satisfazer finalidade pública específica; sem corresponder,
não teria natureza obrigatória, seria facultativo e, portanto, seria
entretanto, a contraprestação direta ao ente transferidor.
remunerado mediante preço público.
Os recursos da transferência ficam vinculados à finalidade pú-
Código 1.7.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Transferências Cor- blica e não a pessoa. Podem ocorrer a nível intragovernamental
rentes (dentro do âmbito de um mesmo governo) ou intergovernamental
Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de (governos diferentes, da União para estados, do estado para os mu-
outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender nicípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições priva-
despesas de manutenção ou funcionamento relacionadas a uma das (do exterior e de pessoas).
finalidade pública específica, mas que não correspondam a uma
Código 2.9.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Outras Receitas de
contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou a trans-
Capital
ferência. Dentre as oito espécies de transferências correntes, pode-
São classificadas nessa origem as receitas de capital que não
mos citar, como exemplos, as seguintes:
atendem às especificações anteriores. Enquadram-se nessa classi-
a. Transferências da União e de suas Entidades ficação, a integralização de capital social, a remuneração das dis-
Recursos oriundos das transferências voluntárias, constitucio- ponibilidades do Tesouro Nacional, resgate de títulos do Tesouro,
nais ou legais, efetuadas pela União em benefício dos estados, Dis- entre outras.
trito Federal ou municípios, como as transferências constitucionais 3.2.2.3. Tabela-Resumo: Origens e Espécies de Receitas Orça-
destinadas aos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e Fundos mentárias na ótica da nova Estrutura de Codificação válida para
de Participação dos Municípios (FPM). União a partir de 2016 e para Estados e Municípios a partir de 2018.
b. Transferências de Pessoas Físicas
Compreendem as contribuições e doações que pessoas físicas
realizem para a Administração Pública.
Código 1.9.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Outras Receitas Cor-
rentes
Constituem-se pelas receitas cujas características não permi-
tam o enquadramento nas demais classificações da receita corren-
te, tais como indenizações, restituições, ressarcimentos, multas
administrativas, contratuais e judiciais, previstas em legislações es-
pecíficas, entre outras.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO

3.2.2.4. Tabela-Resumo: Origens e Espécies de Receitas Orça-


mentárias na ótica da Estrutura de Codificação válida para Estados 3.2.3. Recursos Arrecadados em Exercícios Anteriores (RAEA)
e Municípios até 2017. referente aos RPPS
Para que a lei orçamentária seja aprovada de modo equilibra-
do, a classificação “9990.00.00 – Recursos arrecadados em exercí-
cios anteriores” encontra-se disponível na relação de naturezas de

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
receitas, conforme estabelecido Portaria Interministerial STN/SOF 3.3. REGISTRO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA
nº 163/2001. Somente para suprir a excepcionalidade dos Regimes O registro da receita orçamentária ocorre no momento da arre-
Próprios de Previdência Social (RPPS), o Balanço Orçamentário des- cadação, conforme art. 35 da Lei nº 4.320/1964 e decorre do enfo-
tes entes poderá incluir recursos arrecadados em exercícios ante- que orçamentário dessa Lei, tendo por objetivo evitar que a execu-
riores para fins de equilíbrio orçamentário. Quando da execução ção das despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação efetiva.
do orçamento, estes recursos serão identificados por meio de su- Considerando-se, a título de exemplo, a aprovação de um or-
perávit financeiro, fonte para suportar as despesas orçamentárias çamento de uma determinada entidade pública e a arrecadação de
previamente orçadas. certa receita, os registros contábeis sob a ótica do Plano de Contas
Para fins de contabilização dos valores previstos no Projeto de
Aplicado ao Setor Público seriam os seguintes:
Lei Orçamentária Anual (PLOA), o ente poderá efetuar facultativa-
a. Registro da previsão da receita no momento da aprovação
mente os registros em contas orçamentárias e de controle de dispo-
da Lei Orçamentária:
nibilidade de recursos, conforme demonstrado a seguir:
Natureza da informação: orçamentária
Natureza da informação: orçamentária
D 5.2.1.1.x.xx.xx Previsão Inicial da Receita
D 5.2.2.1.1.xx.xx Dotação Inicial – (RAEA)
C 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
C 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
b. Registro da arrecadação da receita durante a execução do
Natureza da informação: controle orçamento:
D 8.2.1.1.1.01.xx DDR – Recursos Disponíveis para o Exercício
Natureza da informação: orçamentária
C 8.2.1.1.1.02.xx DDR – Recursos de Exercícios Anteriores
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
A conta 8.2.1.1.1.02.xx DDR – Recursos de Exercícios Anteriores C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
registra o valor das disponibilidades provenientes de recursos de
Natureza da informação: controle
exercícios anteriores, cuja execução depende de autorização. Essa
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
conta tem natureza credora e não inverte saldo. Quando da utiliza-
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos
ção desses recursos no exercício corrente, além dos registros nas
(DDR)
contas de execução orçamentária, registra-se os valores autoriza-
dos em contas de controle. Não devem ser reconhecidos como receita orçamentária os re-
cursos financeiros oriundos de:
Natureza da informação: controle
a. Superávit Financeiro – a diferença positiva entre o ativo fi-
D 8.2.1.1.1.02.xx DDR – Recursos de Exercícios Anteriores
nanceiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos
C 8.2.1.1.1.01.xx DDR – Recursos Disponíveis para o Exercício
dos créditos adicionais transferidos e as operações de créditos ne-
Destaca-se, contudo, que outra forma alternativa de registro les vinculadas. Portanto, trata-se de saldo financeiro e não de nova
corresponderia a não incluir no PLOA as despesas que seriam su- receita a ser registrada. O superávit financeiro pode ser utilizado
portadas pelos RAEA. Ao optar por esta prática, no início do exercí- como fonte para abertura de créditos suplementares e especiais;
cio seguinte o ente poderia abrir créditos adicionais, agora já supor- b. Cancelamento de Despesas Inscritas em Restos a Pagar –
tados pelo Superávit Financeiro no Balanço Patrimonial do exercício consiste na baixa da obrigação constituída em exercícios anteriores,
anterior. portanto, trata-se de restabelecimento de saldo de disponibilidade
3.2.4. Classificação Da Receita Para Apuração Do Resultado Pri- comprometida, originária de receitas arrecadadas em exercícios an-
mário Esta classificação orçamentária da receita não tem caráter teriores e não de uma nova receita a ser registrada. O cancelamento
obrigatório para todos os entes e foi instituída para a União com o de restos a pagar não se confunde com o recebimento de recursos
objetivo de identificar quais são as receitas e as despesas que com- provenientes do ressarcimento ou da restituição de despesas pagas
põem o resultado primário do Governo Federal, que é representado em exercícios anteriores que devem ser reconhecidos como receita
pela diferença entre as receitas primárias e as despesas primárias. orçamentária do exercício.
As receitas do Governo Federal podem ser divididas entre pri-
3.4. RELACIONAMENTO DO REGIME ORÇAMENTÁRIO COM O
márias e financeiras. O primeiro grupo refere-se predominante-
REGIME CONTÁBIL
mente a receitas correntes (exceto receitas de juros) e é composto
daquelas que advêm dos tributos, das contribuições sociais, das A contabilidade aplicada ao setor público mantém um proces-
concessões, dos dividendos recebidos pela União, da cota-parte das so de registro apto para sustentar o dispositivo legal do regime da
compensações financeiras, das decorrentes do próprio esforço de receita orçamentária, de forma que atenda a todas as demandas de
arrecadação das unidades orçamentárias, das provenientes de do- informações da execução orçamentária, conforme dispõe o art. 35
ações e convênios e outras também consideradas primárias. Além da Lei nº 4.320/1964:
disso, há receitas de capital primárias, decorrentes da alienação de Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
bens e transferências de capital. I – as receitas nele arrecadadas;
Já as receitas financeiras são aquelas que não contribuem para II – as despesas nele legalmente empenhadas.
o resultado primário no exercício financeiro correspondente, uma No entanto, há de se destacar que o art. 35 se refere ao regime
vez que criam uma obrigação ou extinguem um direito, ambos de orçamentário e não ao regime contábil (patrimonial) e a citada Lei,
natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo, ao abordar o tema “Da Contabilidade”, determina que as variações
alterando concomitantemente o ativo e o passivo financeiros. São patrimoniais devam ser evidenciadas, sejam elas independentes ou
adquiridas junto ao mercado financeiro, decorrentes da emissão de resultantes da execução orçamentária.
títulos, da contratação de operações de crédito por organismos ofi- Título IX – Da Contabilidade [...]
ciais, das receitas de aplicações financeiras da União (juros recebi- Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de for-
dos, por exemplo), das privatizações, amortização de empréstimos ma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária,
concedidos e outras. o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos
custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais,
a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.
[...]
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à adminis- C 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P)
tração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial. [...] Natureza da informação: orçamentária
Art. 100. As alterações da situação líquida patrimonial, que D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
variações independentes dessa execução e as superveniências e
Natureza da informação: controle
insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da conta
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
patrimonial. [...]
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recursos
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais eviden-
(DDR)
ciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou inde-
Fonte: https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_
pendentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patri-
ID_PUBLICACAO:31484
monial do exercício.
Observa-se que, além do registro dos fatos ligados à execução Prezado candidato, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Se-
orçamentária, deve-se proceder à evidenciação dos fatos ligados tor Público - MCASP, está disponível na íntegra em: https://sisweb.
à administração financeira e patrimonial, de maneira que os fatos tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484
modificativos sejam levados à conta de resultado e que as infor-
mações contábeis permitam o conhecimento da composição patri-
monial e dos resultados econômicos e financeiros de determinado PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS PATRIMONIAIS CONFORME
exercício. MANUAL DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLI-
Nesse sentido, a contabilidade deve evidenciar, tempestiva- CO (MCASP), 9ª EDIÇÃO
mente, os fatos ligados à administração orçamentária, financeira e
patrimonial, gerando informações que permitam o conhecimento Prezado(a),
da composição patrimonial e dos resultados econômicos e finan- A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
ceiros. será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimô- servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
nio, deve haver o registro da variação patrimonial aumentativa, in- sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
dependentemente da execução orçamentária, em função do fato dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
gerador. cabem na estrutura de nossas apostilas.
O reconhecimento do crédito apresenta como principal dificul- Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
dade a determinação do momento de ocorrência do fato gerador. organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
No entanto, no âmbito da atividade tributária, pode-se utilizar o dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
momento do lançamento como referência para o seu reconheci- material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
mento, pois é por esse procedimento que: Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
a. Verifica-se a ocorrência do fato gerador da obrigação corres- lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
pondente; apostila.
b. Determina-se a matéria tributável; Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo link
c. Calcula-se o montante do tributo devido; e a seguir: https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_
d. Identifica-se o sujeito passivo. ID_PUBLICACAO:41943
Ocorrido o fato gerador, pode-se proceder ao registro contá-
bil do direito a receber em contrapartida de variação patrimonial
aumentativa, o que representa o registro da variação patrimonial RESTOS A PAGAR, EMPENHO, LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO
aumentativa por competência. (LEI Nº 4.320/1964 E MCASP)

RESTOS A PAGAR
São Restos a Pagar todas as despesas regularmente empenha-
Por exemplo, a legislação que regulamenta o Imposto sobre a das, do exercício atual ou anterior, mas não pagas até 31 de dezem-
Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) estabelece, de modo bro do exercício financeiro vigente. Distingue-se dois tipos de restos
geral, que o fato gerador deste tributo ocorrerá no dia 1º de janeiro a pagar: os processados (despesas já liquidadas); e os não proces-
de cada ano. Nesse momento, os registros contábeis sob a ótica do sados (despesas a liquidar ou em liquidação). A continuidade dos
Plano de Contas Aplicado ao Setor Público são os seguintes: estágios de execução dessas despesas ocorrerá no próximo exercí-
Lançamento no momento do fato gerador (dia 1º de janeiro): cio, devendo ser controlados em contas de natureza de informação
Natureza da informação: patrimonial orçamentária específicas. Nessas contas constarão as informações
D 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P) de inscrição, execução (liquidação e pagamento) e cancelamento.
C 4.1.1.2.x.xx.xx Impostos Sobre o Patrimônio e a Renda Também, haverá tratamento específico para o encerramento, trans-
ferência e abertura de saldos entre o exercício financeiro que se
Esse registro provoca o aumento do ativo e do resultado do encerra e o que inicia.
exercício, atendendo ao disposto nos arts. 100 e 104 da Lei nº
4.320/1964. 4.7.1. Inscrição dos Restos a Pagar
Na arrecadação, registra-se a receita orçamentária e procede- No fim do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e
-se à baixa do ativo registrado. não pagas serão inscritas em restos a pagar. A inscrição de restos a
Natureza da informação: patrimonial pagar deve observar as disponibilidades financeiras e condições da
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Na- legislação pertinente, de modo a prevenir riscos e corrigir desvios
cional (F) capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, conforme esta-
belecido na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Assim, observa-se
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
que, embora a LRF não aborde o mérito do que pode ou não ser ▪ Recebimento de receitas tributárias no valor de R$ 1.000,00;
inscrito em restos a pagar, veda contrair obrigação no último ano ▪ Empenho da despesa no valor de R$ 900,00;
do mandato do governante sem que exista a respectiva cobertu- ▪ Liquidação de despesa corrente no valor de R$ 700,00; e
ra financeira, eliminando desta forma as heranças fiscais onerosas, ▪ Inscrição de Restos a Pagar, sendo R$ 700,00 de Restos a Pa-
conforme disposto no seu art. 42: gar Processado e R$ 200,00 de Restos a Pagar Não Processado (900-
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 700).
20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri- O ingresso no caixa corresponderá a receita orçamentária. O
gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den- empenho da despesa é ato que potencialmente afetará o patrimô-
tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte nio. Deverá ser criado um passivo financeiro que comprometerá o
sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. ativo financeiro, diminuindo o valor do superavit financeiro, caso
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa se verifique a realização do fato gerador patrimonial. Após o imple-
serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa- mento de condição e a verificação do direito adquirido pelo credor,
gar até o final do exercício. deve-se verificar os possíveis efeitos sobre o patrimônio. Seguindo
o procedimento acima descrito, o registro da despesa orçamentá-
De tal forma, a norma estabelece que, no encerramento do
ria ao longo do exercício deve ser realizado nas contas de natureza
exercício, a parcela da despesa orçamentária que se encontrar em-
de informação orçamentária no momento do empenho, ao passo
penhada, mas ainda não paga, poderá ser inscrita em restos a pa-
que nas contas de natureza de informação patrimonial deve-se ve-
gar. Vale ressaltar que as obrigações de despesas contraídas, citadas
rificar a necessidade de assunção de passivo financeiro, de acordo
no art. 42 da LRF, referem-se às obrigações presentes que, por força
com a ocorrência do fato gerador da obrigação patrimonial. Dessa
de lei ou de outro instrumento, devem ser extintas até o final do
forma, na situação acima descrita, todas as despesas serão inscri-
exercício financeiro de referência do demonstrativo. Caso as obriga-
tas em restos a pagar, segregadas entre “liquidadas e não pagas”
ções não sejam cumpridas integralmente dentro do exercício, deve
e “não liquidadas”. Assim, o total de restos a pagar inscrito será de
ser deixada suficiente disponibilidade de caixa para o pagamento
R$ 900,00, sendo R$ 700,00 referentes a restos a pagar processa-
no exercício seguinte. Tais práticas corroboram para responsabilida-
dos (liquidados) e R$ 200,00 (900-700) referentes a restos a pagar
de na gestão fiscal, que pressupõe a ação planejada e transparente
não processados (não liquidados). Com isso, para o exemplo aci-
em que se previnem riscos e se corrigem desvios capazes de afetar
ma, tem-se superavit financeiro de R$ 100,00, que corresponde à
o equilíbrio das contas públicas.
diferença entre a receita arrecadada de R$ 1.000,00 e a despesa
O raciocínio implícito na lei é de que, de forma geral, a receita
empenhada de R$ 900,00.
orçamentária a ser utilizada para pagamento da despesa orçamen-
tária já deve ter sido arrecadada em determinado exercício, ante- Assim, para maior transparência, as despesas executadas de-
riormente à realização dessa despesa. vem ser segregadas em:
Com base nessa premissa, assim como a receita orçamentá- ▪ Despesas não liquidadas: aquelas empenhadas, mas que não
ria que ampara o empenho da despesa orçamentária pertence ao cumpriram os termos do art. 63 da Lei nº 4.320/1964, que serão,
exercício de sua arrecadação e serviu de base, dentro do princípio ao encerramento do exercício, inscritas como restos a pagar não
do equilíbrio orçamentário, para a fixação da despesa orçamentá- processados; e
ria pelo Poder Legislativo, a despesa que for empenhada com base ▪ Despesas liquidadas: consideradas aquelas empenhadas e em
nesse crédito orçamentário também deverá pertencer ao referido que houve a entrega do material ou serviço, nos termos do art. 63
exercício. da Lei nº 4.320/1964.
Observe-se, no entanto, que o critério de definição do exercício O impacto da inscrição em restos a pagar no Balanço Patrimo-
financeiro para alocar a despesa orçamentária não será o pagamen- nial é abordado na Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao
to da mesma, e sim o seu empenho. Setor Público deste manual.
Considerando-se que determinada receita tenha sido arreca- 4.7.2. Restos a Pagar Não Processados (RPNP)
dada e permaneça no caixa, integrando o ativo financeiro do ente Serão inscritas em restos a pagar não processados as despesas
público ao fim do exercício, e que exista, concomitantemente, não liquidadas, nas seguintes condições:
despesa empenhada com a ocorrência de fato gerador, mas sem a ▪ O serviço ou material contratado tenha sido prestado ou en-
correspondente liquidação, deverá ser registrado o passivo finan- tregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício
ceiro correspondente ao empenho, atendidos os demais requisi- financeiro em fase de verificação do direito adquirido pelo credor
tos legais. Caso contrário, o ente público apresentará no balanço (despesa em liquidação); ou
patrimonial, sob a ótica da Lei nº 4.320/1964, ao fim do exercício, ▪ O prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo cre-
superavit financeiro indevido. Se este procedimento não for reali- dor estiver vigente (despesa a liquidar).
zado, tal superavit financeiro indevido poderá servir de fonte para
A inscrição de despesa em restos a pagar não processados é
abertura de crédito adicional no ano seguinte, na forma prevista
realizada após a anulação dos empenhos que não serão inscritos
na lei(4.320/1964, art. 43, §1º, inciso). Porém, a receita que per-
em virtude de restrição em norma do ente da Federação, ou seja,
maneceu no caixa na abertura do exercício seguinte estará com-
verifica-se quais despesas devem ser inscritas em restos a pagar e
prometida com o empenho que foi inscrito em restos a pagar e,
anula-se as demais. Após, inscrevese os restos a pagar não proces-
portanto, não poderá ser utilizada para abertura de novo crédito, o
sados do exercício.
que ocasionará problemas para a Administração. Dessa forma, para
A Lei nº 4.320/1964 admite a possibilidade de que seja reali-
atendimento da Lei nº 4.320/1964, é necessário o reconhecimento
zado o empenho global de despesas sujeitas a parcelamento. Os
do passivo financeiro quando verificada a ocorrência do fato gera-
empenhos globais devem contemplar as parcelas previstas dentro
dor da obrigação patrimonial, mesmo não se tratando de obrigação
do exercício financeiro ao qual pertence a referida dotação orça-
presente por falta do implemento de condição, o qual somente se
mentária. Em atenção ao Princípio da Anualidade Orçamentária,
verificará com a devida liquidação.
Como exemplo, considere-se os seguintes fatos a serem regis-
trados na contabilidade de determinado ente público:
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
recomenda-se que não seja utilizada dotação orçamentária de um Considerando a inclusão da fase “em liquidação”, as despesas
exercício financeiro para cumprir obrigações em exercícios financei- inscritas em restos a pagar não processados a liquidar (não houve o
ros futuros. fato gerador) poderão passar pela fase “em liquidação”, caso o fato
Em casos excepcionais, a norma prevê a possibilidade de inscri- gerador ocorra antes da liquidação.
ção em restos a pagar relativos aos créditos orçamentários que não Registra-se que os empenhos inscritos em restos a pagar ao
foram executados integralmente durante o exercício. Porém, esses final do exercício serão contabilizados nas contas: 6.3.1.7.1.xx.
valores foram consignados no orçamento, o que difere de despesas xx (RPNP a liquidar), 6.3.1.7.2.xx.xx (RPNP em liquidação) ou
contratuais que estão previstas para serem executadas ao longo de 6.3.2.7.x.xx.xx (RPP). No exercício seguinte, os respectivos saldos
vários exercícios. Logo, a prática de empenhar por seus montantes serão transferidos paras as contas: 6.3.1.1.x.xx.xx (RPNP a liquidar),
totais ou despesas sujeitas a parcelamento que excedem o exercício 6.3.1.2.x.xx.xx (RPNP em liquidação) e 6.3.2.1.x.xx.xx (RPP), quando
financeiro pode gerar o uso excessivo dos restos a pagar não pro- então ocorrerá a execução das demais fases da despesa e registros
cessados, que deveria ser residual. contábeis.
As despesas empenhadas e ainda não liquidadas, para efeito Ressalta-se que os modelos apresentados não esgotam os lan-
do adequado tratamento contábil, são divididas entre “a liquidar” e çamentos contábeis para o tipo de operações em análise. Para os
“em liquidação”. Essa distinção depende da correta identificação da demais procedimentos e registros contábeis, deve-se seguir as re-
ocorrência do fato gerador da obrigação a ser reconhecida. gras estabelecidas na Parte IV – PCASP deste manual.
Para maior compreensão sobre a ocorrência da obrigação pa- 4.7.4.1. Inscrição de Restos a Pagar Não Processados a Liquidar
trimonial e seu respectivo fato gerador, bem como a estrutura e Registrado o empenho, mas não ocorrido o fato gerador da
funcionamento da fase da despesa orçamentária “em liquidação”, obrigação, e caso comprovadas as condições necessárias para ins-
deve-se consultar o item 4.4 deste capítulo, bem como o item 3.4 crição de restos a pagar, dar-se-á a inscrição de Restos a Pagar Não
– Crédito Empenhado em Liquidação, da Parte IV – PCASP deste Processados a liquidar, conforme modelo de contabilização:
manual.
Natureza da informação: orçamentária
As despesas empenhadas a liquidar são aquelas cujo prazo
D 6.2.2.1.3.01xx Credito empenhado a liquidar
para cumprimento da obrigação, assumida pelo credor (contrata-
C 6.2.2.1.3.05.xx Empenhos a liquidar inscritos em restos a pa-
do), encontra-se vigente, ou seja, ainda não ocorreu o fato gerador
gar não processados
da obrigação patrimonial para o ente, estando pendente de entrega
do material ou do serviço adquirido. Natureza da informação: orçamentária
As despesas empenhadas em liquidação são aquelas em que D 5.3.1.7.x.xx.xx RP não processados - inscrição no exercício
houve o adimplemento da obrigação pelo credor (contratado), ca- C 6.3.1.7.1.xx.xx RP não processados a liquidar - inscrição no
racterizado pela entrega do material ou prestação do serviço, es- exercício
tando na fase de verificação do direito adquirido, ou seja, tem-se a 4.7.4.2. Inscrição De Restos a Pagar Não Processados em Liqui-
ocorrência do fato gerador da obrigação patrimonial, todavia, ainda dação
não se deu a devida liquidação. Ocorrido o fato gerador da obrigação antes do término do
O cancelamento das despesas empenhadas em liquidação exercício em curso, sem que se tenha procedido o estágio da liqui-
deve ser criterioso, tendo em vista que o fornecedor de bens/ser- dação, deve-se reconhecer o impacto patrimonial da despesa. Nes-
viços cumpriu com a obrigação de fazer e a Administração está em se sentido, as despesas deverão ser registradas ao fim do exercício
fase de avaliação da prestação do serviço ou entrega do material. como RP não processados “em liquidação”, conforme modelo de
Tal cancelamento pode gerar a devolução do material recebido, in- contabilização:
denização ou não dos serviços já realizados, observada a legislação
Natureza da informação: orçamentária
pertinente.
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito empenhado em liquidação
4.7.3. Restos a Pagar Processados (RPP) C 6.2.2.1.3.06.xx Empenhos em liquidação inscritos em restos
Serão inscritas em restos a pagar processados as despesas li- a pagar não processados
quidadas e não pagas no exercício financeiro, ou seja, aquelas em
Natureza da informação: orçamentária
que o serviço, a obra ou o material contratado tenha sido prestado
D 5.3.1.7.x.xx.xx RP não processados - inscrição no exercício
ou entregue e aceito pelo contratante, nos termos do art. 63 da Lei
C 6.3.1.7.2.xx.xx RP não processados em liquidação - inscrição
nº 4.320/1964. No caso das despesas orçamentárias inscritas em
no exercício
restos a pagar processados, verifica-se na execução o cumprimento
dos estágios de empenho e liquidação, restando pendente apenas o 4.7.4.3. Inscrição De Restos a Pagar Processados
pagamento. Neste caso, em geral, não podem ser cancelados, ten- Ocorrido o fato gerador da obrigação e procedido o estágio
do em vista que o fornecedor de bens ou serviços satisfez a obriga- da liquidação antes do término do exercício em curso, as despesas
ção de fazer e a Administração conferiu essa obrigação. Portanto, deverão ser registradas ao fim do exercício como RP Processados “a
não poderá deixar de exercer a obrigação de pagar, salvo motivo pagar”, conforme modelo de contabilização:
previsto na legislação pertinente. Natureza da informação: orçamentária
4.7.4. Estágios da Execução dos Restos a Pagar D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito empenhado liquidado a pagar
Conforme orientação neste capítulo, a execução da despesa C 6.2.2.1.3.07.xx Empenhos liquidados inscritos em restos a pa-
orçamentária ocorre em três estágios: empenho, liquidação e pa- gar processados
gamento, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964. A despesa orça- Natureza da informação: orçamentária
mentária inscrita em restos a pagar também atenderá esses está- D 5.3.2.7.x.xx.xx RP processados - inscrição no exercício
gios, considerando que: C 6.3.2.7.x.xx.xx RP processados - inscrição no exercício
▪ Restos a Pagar Não Processados: foram empenhados, pen- 4.7.4.4. Evidenciação da Ocorrência do Fato Gerador
dentes de liquidação e pagamento; Ocorrido o fato gerador em exercício seguinte à inscrição, sem
▪ Restos a Pagar Processados: foram empenhados e liquidados, o registro da liquidação, o RPNP a liquidar será reclassificado para
pendentes de pagamento. “em liquidação”, conforme modelo de contabilização:
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Natureza da informação: patrimonial Nos casos em que houver obrigação a pagar, como já houve
D 1.x.x.x.x.xx.xx Ativo (P) autorização orçamentária, o atributo do superavit financeiro é
C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F) “F”. Assim, no cancelamento de restos a pagar, deve-se alterar o
ou atributo financeiro “F” para atributo “P”. Os lançamentos a seguir
D 3.x.x.x.x.xx.xx VPD C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F) consideram a manutenção da obrigação da entidade, conforme de-
Natureza da informação: orçamentária mostrado:
D 6.3.1.1.x.xx.xx RP não processados a liquidar Registro do cancelamento de RPNP a liquidar:
C 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquidação Natureza da informação: orçamentária
4.7.4.5. Liquidação de Restos a Pagar Não Processados em Li- D 6.3.1.1.x.xx.xx RP não processados a liquidar
quidação C 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados
Ocorrida a liquidação em exercício seguinte à inscrição, o RPNP Natureza da informação: controle
em liquidação será reclassificado para “liquidado”, conforme mode- D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR comprometida por empenho
lo de contabilização: C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de recursos
Natureza da informação: Registro do cancelamento de RPNP em liquidação:
orçamentária D 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquida- Natureza da informação: patrimonial
ção D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
C 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a pagar C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (P)
Natureza da informação: controle Natureza da informação: orçamentária
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR comprometida por empenho
D 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquidação
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação e entradas
C 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados
compensatórias
Natureza da informação: controle
Observa-se que ao final do exercício, se não houver pagamen-
to, o RPNP “liquidado” deverá ser reclassificado para RPP, conforme D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR comprometida por empenhos
subitem C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de recursos
4.7.6. 4.7.4.6. Pagamento de Restos a Pagar Registro do cancelamento de RPNP liquidado a pagar:
As despesas inscritas em restos a pagar, processadas ou não, Natureza da informação: patrimonial
serão pagas em exercícios seguintes, desde que liquidadas. Para D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
tanto, apresentamos os seguintes modelos de contabilização: C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (P)
Registro do pagamento de RPNP liquidado a pagar: Natureza da informação: orçamentária
Natureza da informação: patrimonial D 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a pagar
D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F) C 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados
C 1.1.1.x.x.xx.xx Caixa e equivalente de caixa (F)
Natureza da informação: controle
Natureza da informação: orçamentária D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação e entradas
D 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a pagar compensatórias
C 6.3.1.4.x.xx.xx RP não processados pagos C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de recursos
Natureza da informação: controle Registro do cancelamento de RPP a pagar:
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação e entradas
Natureza da informação: patrimonial
compensatórias
D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR utilizada
C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (P)
Registro do pagamento de RPP a pagar:
Natureza da informação: orçamentária
Natureza da informação: patrimonial D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo
D 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar
circulante (F)
C 6.3.2.9.x.xx.xx RP processados cancelados
C 1.1.1.x.x.xx.xx Caixa e equivalente de caixa (F)
Natureza da informação: controle
Natureza da informação: orçamentária
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação e entradas
D 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar
compensatórias
C 6.3.2.2.x.xx.xx RP processados pagos
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de recursos
Natureza da informação: controle
4.7.6. Encerramento, Transferência e Abertura dos Saldos de
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação e entradas
Restos a Pagar
compensatórias
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR utilizada a.Do encerramento do exercício:
4.7.5. Cancelamento de Restos a Pagar Ao encerrar o exercício, quanto aos saldos em contas de restos
a pagar, grupo contábil 5.3 – Inscrição de Restos a Pagar e 6.3 –
O cancelamento de despesas empenhadas e inscritas em res-
Execução de Restos a Pagar, deve-se proceder o encerramento das
tos a pagar deve observar rotinas específicas quanto às informações
seguintes contas contábeis:
de natureza patrimonial, orçamentária e controle.
Essa rotina terá tratamento específico, conforme o estágio em Natureza da informação: orçamentária
que a despesa se encontrar, podendo estar pendente de liquidação D 6.3.1.4.x.xx.xx RP não processados pagos
(“a liquidar” ou “em liquidação”) ou liquidado. D 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados
Os lançamentos em contas de natureza de informação patrimo- C 5.3.1.x.x.xx.xx Inscrição de RP não processados
nial dependerão de informações quanto à pertinência da obrigação, Natureza da informação: orçamentária
portanto, não serão tratados neste capítulo.
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D 6.3.2.2.x.xx.xx RP processados e pagos LEI N° 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964
D 6.3.2.9.x.xx.xx RP processados cancelados
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração
C 5.3.2.x.x.xx.xx Inscrição de RP processados
e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
b.Da transferência de saldos no processo de encerramento e Municípios e do Distrito Federal.
abertura entre exercícios: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
Os RPNP liquidados no exercício, mas não pagos, devem ser seguinte Lei;
transferidos para RPP. Essa rotina pode ocorrer no encerramento,
abertura ou processo de transferência entre os exercícios. Para isso, DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
deve-se efetuar os seguintes lançamentos:
Natureza da informação: orçamentária Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para
D 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a pagar elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Es-
C 5.3.1.x.x.xx.xx Inscrição de RP não processados tados, dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o dis-
Natureza da informação: orçamentária posto no art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal.
D 5.3.2.x.x.xx.xx Inscrição de RP processados
C 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar TÍTULO I
c.Da abertura de saldos ao iniciar o exercício: DA LEI DE ORÇAMENTO
No processo de abertura de saldos haverá transferência dos CAPÍTULO I
restos a pagar que estavam em contas de controle da aprovação do DISPOSIÇÕES GERAIS
planejamento e orçamento, inscritos em exercício imediatamente
anterior, pelos saldos finais constantes em contas de título 5.3.1.1 Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita
– “RPNP inscritos” e 5.3.2.1 – “RPP inscritos” para os títulos 5.3.1.2 e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e
– “RPNP exercícios anteriores” e 5.3.2.2 – “RPP exercícios anterio- o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de
res”, respectivamente. Por outro lado, os títulos 5.3.1.7 – “RPNP ins- unidade universalidade e anualidade.
critos no exercício” e 5.3.2.7 – “RPP inscritos no exercício” deverão § 1° Integrarão a Lei de Orçamento:
ser transferidos para compor os novos saldos dos títulos 5.3.1.1 – I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções
“RPNP inscritos” e 5.3.2.1 – “RPP inscritos”. Da mesma forma, nas do Governo;
contas de controle de execução do planejamento e orçamento, os II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Ca-
restos a pagar inscritos no exercício imediatamente anterior devem tegorias Econômicas, na forma do Anexo nº 1;
ser transferidos para o que se inicia pelos saldos finais das contas de III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva
título 6.3.1.7 – “RPNP inscritos no exercício” e 6.3.2.7 – “RPP inscri- legislação;
tos no exercício”, de acordo com sua situação quanto à liquidação, IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Admi-
para os títulos 6.3.1 – “RPNP” ou 6.3.2.1 – “RPP a pagar”. nistração.
§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:
Primeiramente, deve-se transferir os saldos finais advindos do
I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos
exercício anterior ao que se inicia, das seguintes contas:
fundos especiais;
Natureza da informação: orçamentária II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos
D 5.3.1.2.x.xx.xx RP não processados – exercícios anteriores nºs 6 a 9;
C 5.3.1.1.x.xx.xx RP não processados – inscritos III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Go-
Natureza da informação: orçamentária verno, em termos de realização de obras e de prestação de serviços.
D 5.3.2.2.x.xx.xx RP processados – exercícios anteriores Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas,
C 5.3.2.1.x.xx.xx RP processados – inscritos Após os lançamen- inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.
tos anteriores, deve-se efetuar transferências dos saldos dos RP ins- Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo
critos no exercício anterior ao que se inicia, das seguintes contas: as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de
papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo
Natureza da informação: orçamentária
financeiros . (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
D 5.3.1.1.x.xx.xx RP não processados – inscritos
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas
C 5.3.1.7.x.xx.xx RP não processados – inscrição no exercício
próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou
Natureza da informação: orçamentária que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto
D 6.3.1.7.1.xx.xx RP não processados a liquidar – inscrição no no artigo 2°.
exercício Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais
C 6.3.1.1.x.xx.xx RP não processados a liquidar destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma-
Natureza da informação: orçamentária terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, res-
D 6.3.1.7.2.xx.xx RP não processados em liquidação – inscrição salvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.
no exercício Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orça-
C 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquidação mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.
Natureza da informação: orçamentária § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva trans-
D 5.3.2.1.x.xx.xx RP processados – inscritos ferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade
C 5.3.2.7.x.xx.xx RP processados – inscrição no exercício obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as
deva receber.
Natureza da informação: orçamentária
D 6.3.2.7.x.xx.xx RP processados – inscrição no exercício
C 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
§ 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o § 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balan-
calculo das cotas terá por base os dados apurados no balanço do ceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na
exercício anterior aquele em que se elaborar a proposta orçamen- demonstração a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item
tária do governo obrigado a transferência. (Veto rejeitado no DOU, de receita orçamentária. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939,
de 5.5.1964) de 1982)
Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Exe- § 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esque-
cutivo para: ma: (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982)
I - Abrir créditos suplementares até determinada importância RECEITAS CORRENTES
obedecidas as disposições do artigo 43; (Veto rejeitado no DOU, de RECEITA TRIBUTÁRIA
5.5.1964) Impostos.
II - Realizar em qualquer mês do exercício financeiro, operações Taxas.
de crédito por antecipação da receita, para atender a insuficiências Contribuições de Melhoria.
de caixa. RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES
§ 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes RECEITA PATRIMONIAL
de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para RECEITA AGROPECUÁRIA
atender a sua cobertura. RECEITA INDUSTRIAL
§ 2° O produto estimado de operações de crédito e de aliena- RECEITA DE SERVIÇOS
ção de bens imóveis somente se incluirá na receita quando umas TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
e outras forem especificamente autorizadas pelo Poder Legislativo OUTRAS RECEITAS CORRENTES
em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá- RECEITAS DE CAPITAL
-las no exercício. OPERAÇÕES DE CRÉDITO
§ 3º A autorização legislativa a que se refere o parágrafo ante- ALIENAÇÃO DE BENS
rior, no tocante a operações de crédito, poderá constar da própria AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
Lei de Orçamento. TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa de cada OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
órgão do Governo ou unidade administrativa, a que se refere o arti-
go 2º, § 1º, incisos III e IV obedecerá à forma do Anexo nº 2. CAPÍTULO III
§ 1° Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencio- DA DESPESA
nados nos artigos 11, § 4°, e 13, serão identificados por números de
códigos decimal, na forma dos Anexos nºs 3 e 4. Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias
§ 2º Completarão os números do código decimal referido no econômicas: (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
parágrafo anterior os algarismos caracterizadores da classificação DESPESAS CORRENTES
funcional da despesa, conforme estabelece o Anexo nº 5. Despesas de Custeio
§ 3° O código geral estabelecido nesta lei não prejudicará a Transferências Correntes
adoção de códigos locais. DESPESAS DE CAPITAL
Investimentos
CAPÍTULO II Inversões Financeiras
Transferências de Capital
DA RECEITA
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações
Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as
de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contri- destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens
buições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria imóveis.
financeira, destinado-se o seu produto ao custeio de atividades ge- § 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações
rais ou especificas exercidas por essas entidades (Veto rejeitado no para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em
DOU, de 5.5.1964) bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções desti-
Art. 10. (Vetado). nadas a atender à manutenção de outras entidades de direito pú-
Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias eco- blico ou privado.
nômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (Redação dada § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as
pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entida-
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contri- des beneficiadas, distinguindo-se como:
buições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públi-
e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de ou- cas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade
tras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a lucrativa;
atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. (Redação II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas
dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de pastoril.
recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da con- § 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o pla-
versão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de nejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisi-
outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender ção de imóveis considerados necessários à realização destas últi-
despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit mas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição
do Orçamento Corrente. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de instalações, equipamentos e material permanente e constituição
de 1982) ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter co-
mercial ou financeiro.

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§ 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-
destinadas a: -á no mínimo por elementos. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; § 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa
II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se
ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a opera- serve a administração publica para consecução dos seus fins. (Veto
ção não importe aumento do capital; rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
III - constituição ou aumento do capital de entidades ou em- § 2º Para efeito de classificação da despesa, considera-se mate-
presas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive rial permanente o de duração superior a dois anos.
operações bancárias ou de seguros.
§ 6º São Transferências de Capital as dotações para investimen- SEÇÃO I
tos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público DAS DESPESAS CORRENTES
ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação
SUBSEÇÃO ÚNICA
direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxí-
lios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Or- DAS TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
çamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações I) Das Subvenções Sociais
para amortização da dívida pública. Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades
Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art. 12, a dis- financeiras a concessão de subvenções sociais visará a prestação
criminação ou especificação da despesa por elementos, em cada de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional,
unidade administrativa ou órgão de governo, obedecerá ao seguin- sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplica-
te esquema: dos a esses objetivos, revelar-se mais econômica.
DESPESAS CORRENTES Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível,
Despesas de Custeio será calculado com base em unidades de serviços efetivamente
Pessoa Civil prestados ou postos à disposição dos interessados obedecidos os
Pessoal Militar padrões mínimos de eficiência previamente fixados.
Material de Consumo Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamen-
Serviços de Terceiros to forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização
Encargos Diversos serão concedidas subvenções.
Transferências Correntes II) Das Subvenções Econômicas
Subvenções Sociais Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas
Subvenções Econômicas públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subven-
Inativos ções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes
Pensionistas do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Fe-
Salário Família e Abono Familiar deral.
Juros da Dívida Pública Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções
Contribuições de Previdência Social econômicas:
Diversas Transferências Correntes. a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços
DESPESAS DE CAPITAL de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros ali-
Investimentos mentícios ou outros materiais;
Obras Públicas b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a pro-
Serviços em Regime de Programação Especial dutores de determinados gêneros ou materiais.
Equipamentos e Instalações Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a
Material Permanente qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empre- de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autoriza-
sas ou Entidades Industriais ou Agrícolas da em lei especial.
Inversões Financeiras
Aquisição de Imóveis
SEÇÃO II
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empre-
sas ou Entidades Comerciais ou Financeiras DAS DESPESAS DE CAPITAL
Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em SUBSEÇÃO PRIMEIRA
Funcionamento DOS INVESTIMENTOS
Constituição de Fundos Rotativos Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orça-
Concessão de Empréstimos mento segundo os projetos de obras e de outras aplicações.
Diversas Inversões Financeiras Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por
Transferências de Capital sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas
Amortização da Dívida Pública gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações
Auxílios para Obras Públicas globais, classificadas entre as Despesas de Capital.
Auxílios para Equipamentos e Instalações
Auxílios para Inversões Financeiras
Outras Contribuições. SUBSEÇÃO SEGUNDA
DAS TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de ser-
viços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão con- Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para inves-
signadas dotações próprias. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) timentos que se devam incorporar ao patrimônio das emprêsas pri-
Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas do- vadas de fins lucrativos.
tações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.
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Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transfe- Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos e de
rências de capital à conta de fundos especiais ou dotações sob regi- Aplicação de Capital sempre que possível serão correlacionados a
me excepcional de aplicação. metas objetivas em termos de realização de obras e de prestação
de serviços.
TÍTULO II Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que se
DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA pretendem obter com a realização de cada programa.
Art. 26. A proposta orçamentária conterá o programa anual
CAPÍTULO I
atualizado dos investimentos, inversões financeiras e transferências
CONTEÚDO E FORMA DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA previstos no Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital.
Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo enca-
minhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Consti- SEÇÃO SEGUNDA
tuições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á: DAS PREVISÕES ANUAIS
I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da si-
tuação econômico-financeira, documentada com demonstração da Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão estri-
dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a ta conformidade com a política econômica-financeira, o programa
pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e jus- anual de trabalho do Govêrno e, quando fixado, o limite global má-
tificação da política econômica-financeira do Govêrno; justificação ximo para o orçamento de cada unidade administrativa.
da receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de Art. 28 As propostas parciais das unidades administrativas, or-
capital; ganizadas em formulário próprio, serão acompanhadas de:
II - Projeto de Lei de Orçamento; I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma estabelecida no
III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de artigo 22, inciso III, letras d, e e f;
receita e despesa, constarão, em colunas distintas e para fins de II - justificação pormenorizada de cada dotação solicitada, com
comparação: a indicação dos atos de aprovação de projetos e orçamentos de
a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores obras públicas, para cujo início ou prosseguimento ela se destina.
àquele em que se elaborou a proposta; Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação
b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a pro- organizar demonstrações mensais da receita arrecadada, segundo
posta; as rubricas, para servirem de base a estimativa da receita, na pro-
c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta; posta orçamentária.
d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior; Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento,
e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a pro- essas demonstrações ser-lhe-ão remetidas mensalmente.
posta; e Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstra-
f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a propos- ções a que se refere o artigo anterior à arrecadação dos três últimos
ta. exercícios, pelo menos bem como as circunstâncias de ordem con-
IV - Especificação dos programas especiais de trabalho cus- juntural e outras, que possam afetar a produtividade de cada fonte
teados por dotações globais, em termos de metas visadas, decom- de receita.
postas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão revistas e
prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social coordenadas na proposta geral, considerando-se a receita estimada
e administrativa. e as novas circunstâncias.
Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada
unidade administrativa, descrição sucinta de suas principais finali- TÍTULO III
dades, com indicação da respectiva legislação. DA ELABORAÇÃO DA LEI DE ORÇAMENTO
Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixa-
CAPÍTULO II do nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder
DA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.
SEÇÃO PRIMEIRA Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orça-
DAS PREVISÕES PLURIENAIS mento que visem a:
a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo
Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto de um
quando provada, nesse ponto a inexatidão da proposta;
Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado por decre-
b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não es-
to do Poder Executivo, abrangendo, no mínimo um triênio.
teja aprovado pelos órgãos competentes;
Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capi-
c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de ser-
tal será anualmente reajustado acrescentando-se-lhe as previsões
viço que não esteja anteriormente criado;
de mais um ano, de modo a assegurar a projeção contínua dos pe-
d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fi-
ríodos.
xados em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios
Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital abran-
e subvenções.
gerá:
I - as despesas e, como couber, também as receitas previstas
em planos especiais aprovados em lei e destinados a atender a re- TÍTULO IV
giões ou a setores da administração ou da economia; DO EXERCÍCIO FINANCEIRO
II - as despesas à conta de fundos especiais e, como couber, as Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
receitas que os constituam; Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
III - em anexos, as despesas de capital das entidades referidas I - as receitas nele arrecadadas;
no Título X desta lei, com indicação das respectivas receitas, para as II - as despesas nele legalmente empenhadas.
quais forem previstas transferências de capital.
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Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenha- I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamen-
das mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as pro- tária;
cessadas das não processadas. II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja
Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos dotação orçamentária específica;
com vigência plurienal, que não tenham sido liquidados, só serão III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e im-
computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do cré- previstas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pú-
dito. blica.
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autoriza-
orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo sufi- dos por lei e abertos por decreto executivo.
ciente para atendê-las, que não se tenham processado na época Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais de-
própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida pende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa
e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício e será precedida de exposição justificativa. (Veto rejeitado no DOU,
correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica de 5.5.1964)
consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que
sempre que possível, a ordem cronológica. (Regulamento) não comprometidos: (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
no exercício; quando a anulação ocorrer após o encerramento des- exercício anterior; (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
te considerar-se-á receita do ano em que se efetivar. II - os provenientes de excesso de arrecadação; (Veto rejeitado
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributá- no DOU, de 5.5.1964)
ria ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações
em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; (Veto
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo trans- IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma
curso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legisla- que juridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las. (Veto
ção própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva
título. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ain-
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública da, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de
dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos credito a eles vinculadas. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste
os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre
de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a ten-
multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, dência do exercício. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, pre- § 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes
ços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indeniza- de excesso de arrecadação, deduzir-se-a a importância dos crédi-
ções, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitiva- tos extraordinários abertos no exercício. (Veto rejeitado no DOU,
mente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações de 5.5.1964)
em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto
outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações le- do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Po-
gais. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) der Legislativo.
§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estran- Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exer-
geira será convertido ao correspondente valor na moeda nacional à cício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição
taxa cambial oficial, para compra, na data da notificação ou intima- legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários.
ção do devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importân-
data da inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a cia, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for
atualização monetária e os juros de mora, de acordo com preceitos possível.
legais pertinentes aos débitos tributários. (Incluído pelo Decreto Lei
nº 1.735, de 1979) TÍTULO VI
§ 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos menciona- DA EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO
dos nos parágrafos anteriores, bem como os valores corresponden-
CAPÍTULO I
tes à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora e
ao encargo de que tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 DA PROGRAMAÇÃO DA DESPESA
de outubro de 1969, e o art. 3º do Decreto-lei nº 1.645, de 11 de Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orça-
dezembro de 1978. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) mento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo apro-
§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procu- vará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade
radoria da Fazenda Nacional. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, orçamentária fica autorizada a utilizar.
de 1979) Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior
atenderá aos seguintes objetivos:
TÍTULO V a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma
DOS CRÉDITOS ADICIONAIS de recursos necessários e suficientes a melhor execução do seu pro-
grama anual de trabalho;
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equi-
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. líbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.
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Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para efeito Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
do disposto no artigo anterior, levará em conta os créditos adicio- § 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será
nais e as operações extra-orçamentárias. dispensada a emissão da nota de empenho.
Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o § 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo mon-
exercício, observados o limite da dotação e o comportamento da tante não se possa determinar.
execução orçamentária. § 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e
outras, sujeitas a parcelamento.
CAPÍTULO II Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento de-
DA RECEITA nominado “nota de empenho” que indicará o nome do credor, a
representação e a importância da despesa bem como a dedução
Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que desta do saldo da dotação própria.
a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando or-
prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o denado após sua regular liquidação.
imposto lançado por motivo de guerra. Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do di-
Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quais- reito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
quer outras rendas com vencimento determinado em lei, regula- comprobatórios do respectivo crédito.
mento ou contrato. § 1° Essa verificação tem por fim apurar:
Art. 53. O lançamento da receita é ato da repartição competen- I - a origem e o objeto do que se deve pagar;
te, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é II - a importância exata a pagar;
devedora e inscreve o débito desta. III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obri-
Art. 54. Não será admitida a compensação da obrigação de gação.
recolher rendas ou receitas com direito creditório contra a Fazenda § 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou servi-
Pública. ços prestados terá por base:
Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
importâncias que arrecadarem. II - a nota de empenho;
§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação
soma arrecadada, proveniência e classificação, bem como a data efetiva do serviço.
a assinatura do agente arrecadador. (Veto rejeitado no DOU, de Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por au-
5.5.1964) toridade competente, determinando que a despesa seja paga.
§ 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via. Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita em documentos processados pelos serviços de contabilidade (Veto
observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qual- rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
quer fragmentação para criação de caixas especiais. Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3. ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos ban-
desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as ru- cários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adian-
bricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as prove- tamento.
nientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orça- Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades orçamen-
mento. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) tárias poderão quando expressamente determinado na Lei de Or-
çamento ser movimentadas por órgãos centrais de administração
CAPÍTULO III geral.
DA DESPESA Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das
dotações de pessoal, de uma para outra unidade orçamentária,
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade quando considerada indispensável à movimentação de pessoal
competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pen- dentro das tabelas ou quadros comuns às unidades interessadas, a
dente ou não de implemento de condição. (Veto rejeitado no DOU, que se realize em obediência à legislação específica.
de 5.5.1964) Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em vir-
Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite tude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação
dos créditos concedidos. (Redação dada pela Lei nº 6.397, de 1976) dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo proibida
§ 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição Federal, a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e
é vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do nos créditos adicionais abertos para esse fim.
Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa prevista no orça- Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de
mento vigente. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976) despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de
§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação
assumir, por qualquer forma, compromissos financeiros para exe- própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordi-
cução depois do término do mandato do Prefeito. (Incluído pela Lei nar-se ao processo normal de aplicação.
nº 6.397, de 1976) Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem
§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam a responsável por dois adiantamento. (Veto rejeitado no DOU, de
nos casos comprovados de calamidade pública. (Incluído pela Lei 5.5.1964)
nº 6.397, de 1976) Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a adjudica-
§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos ção de obras e serviços serão regulados em lei, respeitado o princí-
praticados em desacordo com o disposto nos parágrafos 1º e 2º pio da concorrência.
deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito nos ter-
mos do Art. 1º, inciso V, do Decreto-lei n.º 201, de 27 de fevereiro
de 1967. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976)
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TÍTULO VII Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Po-
DOS FUNDOS ESPECIAIS der Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis
Orgânicas dos Municípios.
Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas espe- § 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder
cificadas que por lei se vinculam à realização de determinados Legislativo, com Parecer prévio do Tribunal de Contas ou órgão
objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de equivalente.
aplicação. § 2º Quando, no Município não houver Tribunal de Contas ou
Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a órgão equivalente, a Câmara de Vereadores poderá designar peri-
fundos especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei de tos contadores para verificarem as contas do prefeito e sobre elas
Orçamento ou em créditos adicionais. emitirem parecer.
Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu,
o saldo positivo do fundo especial apurado em balanço será transfe-
rido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo. TÍTULO IX
Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar DA CONTABILIDADE
normas peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem CAPÍTULO I
de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal de DISPOSIÇÕES GERAIS
Contas ou órgão equivalente.
Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública
a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem recei-
TÍTULO VIII tas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela perten-
DO CONTROLE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA centes ou confiados.
CAPÍTULO I Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou ór-
DISPOSIÇÕES GERAIS gão equivalente, a tomada de contas dos agentes responsáveis por
bens ou dinheiros públicos será realizada ou superintendida pelos
Art. 75. O controle da execução orçamentária compreenderá: serviços de contabilidade.
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da re- Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de for-
ceita ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de ma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária,
direitos e obrigações; o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, res- custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais,
ponsáveis por bens e valores públicos; a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.
III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em ter- Art. 86. A escrituração sintética das operações financeiras e pa-
mos monetários e em termos de realização de obras e prestação trimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas dobradas.
de serviços. Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações
oriundos de ajustes ou contratos em que a administração pública
CAPÍTULO II for parte.
DO CONTROLE INTERNO Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com individua-
ção do devedor ou do credor e especificação da natureza, impor-
Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a tância e data do vencimento, quando fixada.
que se refere o artigo 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à adminis-
de Contas ou órgão equivalente. tração orçamentária, financeira patrimonial e industrial.
Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orça-
mentária será prévia, concomitante e subsequente.
Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando CAPÍTULO II
instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer DA CONTABILIDADE ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA
tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os Art. 90 A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros,
responsáveis por bens ou valores públicos. o montante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa em-
Art. 79. Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orça- penhada e a despesa realizada, à conta dos mesmos créditos, e as
mentária ou a outro indicado na legislação, caberá o controle esta- dotações disponíveis.
belecido no inciso III do artigo 75. Art. 91. O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de
Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em acordo com as especificações constantes da Lei de Orçamento e dos
termos de unidades de medida, previamente estabelecidos para créditos adicionais.
cada atividade. Art. 92. A dívida flutuante compreende:
Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equi- I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
valentes verificar a exata observância dos limites das cotas trimes- II - os serviços da dívida a pagar;
trais atribuídas a cada unidade orçamentária, dentro do sistema III - os depósitos;
que for instituído para esse fim. IV - os débitos de tesouraria.
Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por exer-
CAPÍTULO III cício e por credor distinguindo-se as despesas processadas das não
DO CONTROLE EXTERNO processadas.
Art. 93. Todas as operações de que resultem débitos e crédi-
Art. 81. O controle da execução orçamentária, pelo Poder Le- tos de natureza financeira, não compreendidas na execução orça-
gislativo, terá por objetivo verificar a probidade da administração, mentária, serão também objeto de registro, individuação e controle
a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento contábil.
da Lei de Orçamento.

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CAPÍTULO III § 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores
DA CONTABILIDADE PATRIMONIAL E INDUSTRIAL realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os
valores numerários.
Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter § 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e
permanente, com indicação dos elementos necessários para a per- valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização le-
feita caracterização de cada um deles e dos agentes responsáveis gislativa.
pela sua guarda e administração. § 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e
Art. 95 A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens outras pagamento independa de autorização orçamentária.
móveis e imóveis. § 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá e outras que dependam de autorização legislativa para amortização
por base o inventário analítico de cada unidade administrativa e os ou resgate.
elementos da escrituração sintética na contabilidade. § 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens,
Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedo- valores, obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos
res, ter-se-á o registro contábil das receitas patrimoniais, fiscalizan- anteriores e que, mediata ou indiretamente, possam vir a afetar o
do-se sua efetivação. patrimônio.
Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de exi- Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as
gibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a dese- normas seguintes:
quilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu
(Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) valor nominal, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à
Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com indi- taxa de câmbio vigente na data do balanço;
viduação e especificações que permitam verificar, a qualquer mo- II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo
mento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos servi- custo de produção ou de construção;
ços de amortização e juros. III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das
Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organi- compras.
zados como emprêsa pública ou autárquica, manterão contabilida- § 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos,
de especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das corres-
sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeira comum. pondentes importâncias em moeda nacional.
Art. 100 As alterações da situação líquida patrimonial, que § 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, crédi-
abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as tos e valores em espécie serão levadas à conta patrimonial.
variações independentes dessa execução e as superveniências e § 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.
insubsistência ativas e passivas, constituirão elementos da conta
patrimonial.
TÍTULO X
DAS AUTARQUIAS E OUTRAS ENTIDADES
CAPÍTULO IV
DOS BALANÇOS Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de
previdência social ou investidas de delegação para arrecadação de
Art. 101. Os resultados gerais do exercício serão demonstrados contribuições parafiscais da União, dos Estados, dos Municípios e
no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patri- do Distrito Federal terão seus orçamentos aprovados por decreto
monial, na Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os do Poder Executivo, salvo se disposição legal expressa determinar
Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os quadros demonstrativos cons- que o sejam pelo Poder Legislativo. (Vide Decreto nº 60.745, de
tantes dos Anexos números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17. 1967)
Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e Parágrafo único. Compreendem-se nesta disposição as empre-
despesas previstas em confronto com as realizadas. sas com autonomia financeira e administrativa cujo capital perten-
Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a des- cer, integralmente, ao Poder Público.
pesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos Art. 108. Os orçamentos das entidades referidas no artigo an-
de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em es- terior vincular-se-ão ao orçamento da União, dos Estados, dos Mu-
pécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem nicípios e do Distrito Federal, pela inclusão:
para o exercício seguinte. I - como receita, salvo disposição legal em contrário, de saldo
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computa- positivo previsto entre os totais das receitas e despesas;
dos na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na II - como subvenção econômica, na receita do orçamento da
despesa orçamentária. beneficiária, salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais eviden- previsto entre os totais das receitas e despesas.
ciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou inde- § 1º Os investimentos ou inversões financeiras da União, dos
pendentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patri- Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados por inter-
monial do exercício. médio das entidades aludidas no artigo anterior, serão classificados
Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará: como receita de capital destas e despesa de transferência de capital
I - O Ativo Financeiro; daqueles.
II - O Ativo Permanente; § 2º As previsões para depreciação serão computadas para
III - O Passivo Financeiro; efeito de apuração do saldo líquido das mencionadas entidades.
IV - O Passivo Permanente; Art. 109. Os orçamentos e balanços das entidades compreen-
V - O Saldo Patrimonial; didas no artigo 107 serão publicados como complemento dos or-
VI - As Contas de Compensação. çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal a que estejam vinculados.

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Art. 110. Os orçamentos e balanços das entidades já referidas, ções legais e regimentais e com fundamento no disposto na alínea
obedecerão aos padrões e normas instituídas por esta lei, ajustados “f” do Art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/1946, alterado pela Lei n.º
às respectivas peculiaridades. 12.249/2010, faz saber que foi aprovada em seu Plenário a seguinte
Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os ba- Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), elaborada de acordo com
lanços serão remetidos ao órgão central de contabilidade da União, a Ipsas 24 – Presentation of Budget Information in Financial Sta-
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, para fins de incor- tements, editada pelo International Public Sector Accounting Stan-
poração dos resultados, salvo disposição legal em contrário. dards Board da International Federation of Accountants (IPSASB/
Ifac):
TÍTULO XI
DISPOSIÇÕES FINAIS NBC TSP 13 – APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÃO ORÇA-
MENTÁRIA NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Art. 111. O Conselho Técnico de Economia e Finanças do Minis-
tério da Fazenda, além de outras apurações, para fins estatísticos,
de interesse nacional, organizará e publicará o balanço consolidado SUMÁRIO ITEM
das contas da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas
OBJETIVO 1
autarquias e outras entidades, bem como um quadro estrutural-
mente idêntico, baseado em dados orçamentários. ALCANCE 2–6
§ 1º Os quadros referidos neste artigo terão a estrutura do Ane- DEFINIÇÕES 7-13
xo nº 1.
ORÇAMENTO APROVADO 8 – 10
§ 2 O quadro baseado nos orçamentos será publicado até o
último dia do primeiro semestre do próprio exercício e o baseado ORÇAMENTO ORIGINAL E 11 – 12
nos balanços, até o último dia do segundo semestre do exercício FINAL
imediato àquele a que se referirem. VALOR REALIZADO 13
Art. 112. Para cumprimento do disposto no artigo precedente,
a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal remeterão APRESENTAÇÃO DA 14 – 38
ao mencionado órgão, até 30 de abril, os orçamentos do exercício, COMPARAÇÃO ENTRE OS
e até 30 de junho, os balanços do exercício anterior. VALORES ORÇADOS E OS
Parágrafo único. O pagamento, pela União, de auxílio ou con- REALIZADOS
tribuição a Estados, Municípios ou Distrito Federal, cuja concessão APRESENTAÇÃO E DIVUL- 21-24
não decorra de imperativo constitucional, dependerá de prova do GAÇÃO
atendimento ao que se determina neste artigo.
NÍVEL DE AGREGAÇÃO 25-28
Art. 113. Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas,
o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fa- ALTERAÇÃO DO ORÇA- 29-30
zenda atenderá a consultas, coligirá elementos, promoverá o inter- MENTO ORIGINAL EM
câmbio de dados informativos, expedirá recomendações técnicas, RELAÇÃO AO ORÇAMEN-
quando solicitadas, e atualizará sempre que julgar conveniente, os TO FINAL
anexos que integram a presente lei. BASE COMPARÁVEL 31-36
Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, poderão ser
ORÇAMENTO PLURIANU- 37-38
promovidas, quando necessário, conferências ou reuniões técnicas,
AL
com a participação de representantes das entidades abrangidas por
estas normas. DIVULGAÇÃO NAS NOTAS 39-46
Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1º de EXPLICATIVAS ACERCA
janeiro de 1964 para o fim da elaboração dos orçamentos e a partir DO REGIME, DO PERÍODO
de 1º de janeiro de 1965, quanto às demais atividades estatuídas. E DO ALCANCE DO ORÇA-
(Redação dada pela Lei nº 4.489, de 1964) MENTO
Art. 115. Revogam-se as disposições em contrário. CONCILIAÇÃO DOS VA- 47-55
LORES REALIZADOS EM
BASE COMPARÁVEL COM
APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA NAS OS VALORES DAS DE-
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (NBC TSP 13) MONSTRAÇÕES CONTÁ-
BEIS
VIGÊNCIA
NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE, NBC TSP 13, DE 18
DE OUTUBRO DE 2018 Objetivo
Aprova a NBC TSP 13 – Apresentação de Informação Orçamen- 1. Esta norma exige a comparação dos valores orçados com
tária nas Demonstrações Contábeis. os valores realizados decorrentes da execução do orçamento, a ser
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, considerando o incluída nas demonstrações contábeis das entidades que publicam
processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade seu orçamento aprovado, obrigatória ou voluntariamente e, em ra-
aos padrões internacionais e mediante acordo firmado com a Ifac, zão disto, submetem-se à prestação de contas e responsabilização
que autorizou, no Brasil, o CFC como um dos tradutores de suas (accountability). Esta norma também exige a divulgação das razões
normas e publicações, outorgando os direitos de realizar tradução, das diferenças materiais entre os valores realizados e os orçados. O
publicação e distribuição das normas internacionais e demais pro- atendimento das exigências desta norma deve garantir que as enti-
nunciamentos em formato eletrônico, no exercício de suas atribui- dades do setor público cumpram suas obrigações de prestação de
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
contas e responsabilização e aprimorem a transparência das suas Orçamento final é o orçamento original ajustado por todas as
demonstrações contábeis pela apresentação (a) da conformidade reservas, transferências, alocações, créditos adicionais e outras
com o orçamento aprovado, quando tenham a obrigatoriedade de mudanças autorizadas pelo Poder Legislativo ou autoridade com
publicá-lo; e (b) no caso em que o orçamento e as demonstrações prerrogativa semelhante, aplicáveis ao período a que se refere o
contábeis forem elaborados sob o mesmo regime, o desempenho orçamento.
da entidade no sentido de alcançar os resultados orçados. Orçamento plurianual é o orçamento aprovado para período
Alcance maior do que um ano. Não inclui a publicação de estimativas ou
projeções futuras para períodos posteriores ao período a que se
2. A entidade que elabora e apresenta as demonstrações
refere o orçamento.
contábeis de acordo com o regime de competência deve aplicar
Orçamento original é o orçamento inicialmente aprovado para
esta norma.
o período a que se refere.
3. Esta norma se aplica às entidades do setor público, confor-
Orçamento aprovado
me o alcance definido na NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL.
8. O orçamento aprovado, conforme definição desta nor-
3A. Esta norma também se aplica às entidades paraestatais
ma, apresenta as receitas estimadas para o período orçamentário
que, por força de determinação de órgão fiscalizador, esteja obriga-
anual ou plurianual, com base nos planos atuais e nas condições
da a observar as NBCs TSP.
econômicas previstas durante o referido período orçamentário, e as
4 e 5. (Não convergidos). despesas aprovadas pelo Poder Legislativo ou autoridade com prer-
6. Em alguns casos, os orçamentos aprovados devem abran- rogativa semelhante. O orçamento aprovado não é somente uma
ger todas as atividades controladas por entidade do setor públi- projeção ou uma estimativa com base em premissas sobre eventos
co. Em outros, orçamentos aprovados separadamente podem ser, futuros e possíveis ações de gerenciamento que não são necessa-
obrigatoriamente, publicados quando abrangerem determinadas riamente esperados que aconteçam. Da mesma forma, o orçamen-
atividades, grupos de atividades ou entidades incluídas nas de- to aprovado difere da informação financeira prospectiva, que pode
monstrações contábeis de governo ou de outras entidades do setor ser na forma de previsão, de projeção ou da combinação de ambos,
público. Isso pode ocorrer (a) quando, por exemplo, as demonstra- como, por exemplo, a previsão para um ano mais a projeção para
ções contábeis do governo abrangerem entidades governamentais cinco anos.
ou programas que têm autonomia operacional e elaboram seus 9. Os orçamentos podem ser dispostos em lei como parte
próprios orçamentos, ou (b) quando o orçamento é elaborado so- do processo de aprovação. Em alguns casos, a aprovação pode ser
mente para o Setor Governo Geral (*) no caso da consolidação do realizada sem que o orçamento se torne lei. Qualquer que seja o
governo como um todo. Esta norma se aplica a todas as entidades processo de aprovação, a característica essencial dos orçamentos
que publicam seus orçamentos aprovados ou seus componentes e aprovados é que a prerrogativa para alocar recursos do tesouro do
apresentam as demonstrações contábeis. governo ou outro órgão similar para os fins acordados e identifica-
(*) Setor Governo Geral é um conceito oriundo das normas dos é concedida pelo Poder Legislativo ou autoridade com prerro-
relacionadas a estatísticas de finanças públicas que representa a gativa semelhante. O orçamento aprovado estabelece a autorização
agregação de (a) todas as unidades de governo federal, estadual e para realizar despesas específicas. A autorização de despesa é ge-
municipal, (b) fundos de seguridade social em cada nível de gover- ralmente considerada o limite legal no qual a entidade deve operar.
no e (c) instituições não comerciais e sem fins lucrativos controladas Em alguns casos, o orçamento aprovado pelo qual a entidade deve
por unidades de governo. prestar contas e ser responsabilizada pode ser o orçamento original
Definições e, em outros, o orçamento final.
7. Os termos a seguir são utilizados nesta norma com os se- 10. Caso o orçamento não seja aprovado anteriormente ao
guintes significados: início do período a que se refere, o orçamento original é o primeiro
Regime contábil refere-se ao regime de competência ou de cai- que for aprovado para ser executado naquele ano.
xa. Orçamento original e final
Orçamento anual significa o orçamento aprovado para um ano.
11. O orçamento original pode incluir dotações residuais ad-
Não inclui estimativas futuras ou projeções divulgadas para perío-
vindas de anos anteriores por força de lei.
dos além daquele a que se refere o orçamento.
Dotação orçamentária é a autorização concedida pelo Poder 12. Créditos adicionais podem ser necessários quando o or-
Legislativo ou autoridade com prerrogativa semelhante para alocar çamento original não previu despesas, tais como as decorrentes de
recursos para os fins por eles especificados. guerras ou desastres naturais. Além disso, pode haver queda nas re-
Orçamento aprovado corresponde à autorização para realiza- ceitas orçamentárias durante o período e alterações orçamentárias
ção de despesa oriunda de lei ou outro instrumento que contenha podem ser necessárias para adaptar as alterações na priorização de
decisões relacionadas à alocação das receitas orçamentárias esti- financiamento durante o período. Consequentemente, os recursos
madas relativas a determinado período. alocados à entidade ou atividade podem ter que ser ajustados em
Regime orçamentário refere-se ao regime adotado no orça- relação ao valor originalmente orçado para o período a fim de se
mento (de competência, de caixa ou outro) que foi aprovado pelo manter a disciplina fiscal. O orçamento final inclui todas as altera-
Poder Legislativo ou outra autoridade com prerrogativa semelhan- ções autorizadas.
te. Valor realizado
Base comparável significa os valores realizados apresentados 13. Esta norma utiliza o termo “realizado” ou “montante re-
sob o mesmo regime, mesma base de classificação, para as mes- alizado” para descrever os valores resultantes da execução orça-
mas entidades e para o mesmo período para o qual o orçamento mentária. Em alguns casos, “resultado da execução do orçamento”,
foi aprovado. “execução do orçamento” ou termos similares podem ser utilizados
com o mesmo significado que “realizado” ou “montante realizado”.

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Apresentação da comparação entre os valores orçados e os re- realizados e os orçados deve ser incluída nas notas explicativas às
alizados demonstrações contábeis, a menos que (a) seja incluída em outros
14. Conforme as exigências do item 21, a entidade deve apre- documentos ou relatórios públicos emitidos conjuntamente com
sentar a comparação dos valores orçados para os quais a entidade as demonstrações contábeis, e (b) as notas explicativas às demons-
deve prestar contas e ser responsabilizada com os valores realiza- trações contábeis identifiquem os relatórios e os documentos nos
dos na forma de demonstração contábil adicional ou como colunas quais a explicação pode ser encontrada.
adicionais nas demonstrações contábeis apresentadas de acordo 20. Quando os orçamentos aprovados são publicados para al-
com as NBCs TSP. A comparação dos valores realizados com os orça- gumas das entidades ou atividades abrangidas nas demonstrações
dos deve apresentar separadamente para cada nível de supervisão: contábeis, as exigências do item 14 devem ser aplicadas somente
(a) os valores referentes aos orçamentos original e final; para as entidades ou atividades contempladas no orçamento apro-
(b) os valores realizados em base comparável; e vado. Isso significa que quando, por exemplo, o orçamento for ela-
(c) por intermédio de divulgação em nota, a explicação das borado somente para o Setor Governo Geral (ver definição no item
diferenças materiais entre o orçamento pelo qual a entidade é res- 6) nas informações consolidadas do governo como um todo, as di-
ponsável e os valores realizados, a menos que tal explicação seja vulgações exigidas pelo item 14 devem ser realizadas somente em
incluída em outros documentos públicos emitidos em conjunto com relação a ele.
as demonstrações contábeis, e a referência cruzada sobre esses do- Apresentação e divulgação
cumentos seja apresentada nas notas explicativas.
21. A entidade deve apresentar a comparação do orçamento
15. A apresentação nas demonstrações contábeis dos valores com os valores realizados por meio de colunas adicionais nas de-
referentes aos orçamentos original e final e os realizados em base monstrações contábeis somente quando as demonstrações e o or-
comparável com o orçamento que foi publicado deve cumprir o ci- çamento são elaborados em base comparável.
clo de prestação de contas e responsabilização ao permitir que os
22. As comparações dos orçamentos e dos valores realizados
usuários das demonstrações contábeis identifiquem se os recursos
podem ser apresentadas em demonstrações contábeis adicionais
foram obtidos e utilizados de acordo com o orçamento aprovado.
(demonstração das informações orçamentárias ou demonstração
Diferenças entre os valores realizados e os orçados, sejam do orça-
com finalidade semelhante) incluídas no conjunto completo das
mento original ou do final (sempre referidas como “variação” pela
demonstrações contábeis, conforme especificado na NBC TSP 11
contabilidade), também devem ser apresentadas nas demonstra-
– Apresentação das Demonstrações Contábeis. Alternativamente,
ções contábeis para garantir a integridade da informação.
quando as demonstrações contábeis e o orçamento são elaborados
16. A explicação das diferenças materiais entre os valores re- em base comparável, isto é, os valores realizados são apresentados
alizados e os orçados auxilia os usuários a entenderem as razões sob o mesmo regime, mesma base de classificação, para as mes-
para as diferenças materiais do orçamento aprovado pelo qual a mas entidades e para o mesmo período para o qual o orçamento
entidade submete-se à prestação de contas e responsabilização. foi aprovado, colunas adicionais podem ser acrescentadas às de-
17. A entidade pode publicar, obrigatória ou voluntariamente, monstrações contábeis existentes apresentadas em conformidade
seu orçamento original, seu orçamento final ou ambos. Nas circuns- com as NBCs TSP. As colunas adicionais devem identificar os valores
tâncias em que a publicação de ambos os orçamentos for obrigató- orçamentários originais e finais e, se a entidade assim escolher, as
ria, a legislação deve fornecer orientação em relação aos casos em diferenças entre os valores orçados e os realizados.
que a explicação das diferenças materiais entre os valores realiza- 23. Quando o orçamento e as demonstrações contábeis não
dos e os constantes dos orçamentos originais ou finais é obrigatória, são elaborados em base comparável, demonstração das informa-
conforme o item 14(c). Na ausência desse tipo de orientação, as di- ções orçamentárias adicional deve ser apresentada. Nesses casos,
ferenças materiais podem ser obtidas com referência, por exemplo, para garantir que os usuários interpretem adequadamente a infor-
(a) às diferenças entre o orçamento original e o realizado de modo mação contábil que é elaborada em bases diferentes, as demons-
a permitir a análise do desempenho em relação ao orçamento ori- trações contábeis podem esclarecer que o orçamento e os regimes
ginal; ou (b) às diferenças entre o orçamento final e o realizado, de de contabilização diferem e que a demonstração das informações
modo a permitir a análise em relação à observância do orçamento orçamentárias é elaborada na mesma base utilizada para o orça-
final. mento.
18. Em muitos casos, os valores do orçamento final e do reali- 24. Quando os orçamentos são elaborados com base no regi-
zado são os mesmos. Isso porque a execução orçamentária é moni- me de competência e abrangem todas as demonstrações contábeis,
torada durante o período e o orçamento original é progressivamen- colunas adicionais de orçamento podem ser adicionadas a todas as
te revisado para refletir mudanças nas condições, circunstâncias e demonstrações contábeis exigidas pelas NBCs TSP. Em alguns casos,
fatos ocorridos durante o período. O item 29 exige a divulgação da os orçamentos elaborados com base no regime de competência
explicação das razões para as alterações entre o orçamento original podem ser apresentados sob a forma de algumas das demonstra-
e o orçamento final. Tais divulgações, em conjunto com as divulga- ções contábeis que compreendem o conjunto total das demonstra-
ções exigidas pelo item 14, devem garantir que as entidades que ções contábeis, conforme especificado pelas NBCs TSP, como, por
publicam o seu orçamento aprovado sejam responsáveis pelo seu exemplo, o orçamento pode ser apresentado como demonstração
desempenho em face da relevância e da conformidade com o orça- do resultado ou como demonstração dos fluxos de caixa, com in-
mento aprovado. formação adicional fornecida em quadros adicionais. Nesses casos,
19. A análise e a discussão sobre a gestão, a revisão das ope- as colunas adicionais referentes ao orçamento podem ser incluídas
rações ou outros relatórios públicos que fornecem comentários nas demonstrações contábeis, as quais também são adotadas para
acerca do desempenho e do alcance dos objetivos da entidade a apresentação do orçamento.
durante o período, incluindo explicações de quaisquer diferenças Nível de agregação
materiais em relação aos valores orçados, são frequentemente emi-
25. A documentação referente aos orçamentos pode oferecer
tidos juntamente com as demonstrações contábeis. De acordo com
detalhes sobre as atividades, programas ou entidades. Esses deta-
o item 14(c), a explicação das diferenças materiais entre os valores
lhes são frequentemente agregados em classes amplas de acordo
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com a estrutura do orçamento, classificações orçamentárias ou ru- 32. A comparação dos valores orçados com os realizados deve
bricas orçamentárias para a apresentação e aprovação pelo Legis- ser apresentada no mesmo regime (regime de competência, de cai-
lativo ou outra autoridade com prerrogativa semelhante. A divulga- xa ou outro), no mesmo critério de classificação para as mesmas
ção dos valores orçados e realizados consistente com essas classes entidades e no período a que se refere o orçamento aprovado. Isso
e rubricas orçamentárias devem garantir que as comparações sejam garante que a divulgação nas demonstrações contábeis da infor-
feitas ao nível de supervisão identificado nos documentos orçamen- mação sobre a observância do orçamento esteja no mesmo regime
tários. que o próprio orçamento. Em alguns casos, isso pode representar
26. (Não convergido). a comparação do orçamento com os valores realizados em regimes
distintos, para diferente grupo de atividades e com formato dife-
27. Em alguns casos, a informação contábil detalhada incluída
rente de apresentação ou classificação daqueles adotados nas de-
nos orçamentos aprovados pode ser agregada com a finalidade de
monstrações contábeis.
apresentação nas demonstrações contábeis em conformidade com
as exigências desta norma. Essa agregação pode ser necessária para 33. As demonstrações contábeis consolidam as entidades e
evitar o excesso de informação e para refletir os níveis relevantes de as atividades controladas pela entidade. Orçamentos separados
supervisão do Legislativo ou de outra autoridade com prerrogativa podem ser aprovados e publicados para as entidades individuais
semelhante. Determinar o nível de agregação envolve julgamento ou para as atividades particulares que compõem as demonstrações
profissional sendo que tal julgamento deve ser aplicado no con- contábeis consolidadas. Quando isso ocorre, os orçamentos indivi-
texto do objetivo desta norma e nas características qualitativas da duais podem ser conjugados para serem apresentados nas demons-
informação contábil, conforme o disposto na NBC TSP ESTRUTURA trações contábeis em conformidade com as exigências desta norma.
CONCEITUAL. Tal conjugação não implica alterações ou revisões dos orçamentos
aprovados. Isso ocorre porque esta norma exige a comparação dos
28. A informação orçamentária adicional, incluindo infor-
valores realizados com os valores orçados.
mação sobre o desempenho dos serviços prestados, deve ser
apresentada em outros documentos que não correspondam às 34. As entidades podem adotar regimes distintos para a elabo-
demonstrações contábeis. Incentiva-se a referência cruzada nas de- ração das suas demonstrações contábeis e para os seus orçamentos
monstrações contábeis para tais documentos, especialmente para aprovados. Por exemplo, o governo pode adotar o regime de com-
vincular os dados orçados e realizados aos dados orçamentários petência para suas demonstrações contábeis e o regime de caixa
não financeiros e ao desempenho dos serviços prestados. para seu orçamento. Além disso, o orçamento pode destinar o seu
foco ou abranger informação sobre os compromissos para gastar
Alteração do orçamento original em relação ao orçamento final
recursos no futuro e as alterações em tais compromissos, enquanto
29. A entidade deve apresentar explicação se as alterações as demonstrações contábeis devem informar ativos, passivos, patri-
entre o orçamento original e o orçamento final ocorreram em con- mônio líquido, receitas, despesas, outras alterações no patrimônio
sequência das alterações do orçamento ou de outros fatores, da líquido e nos fluxos de caixa. Todavia, usualmente, as entidades a
seguinte forma: que se referem o orçamento e as que divulgam demonstrações con-
(a) por meio da divulgação em notas explicativas às demons- tábeis são as mesmas. Da mesma forma, o período para o qual o
trações contábeis; ou orçamento é elaborado e o critério de classificação adotado para o
(b) em relatório emitido anteriormente, simultaneamente, orçamento, deve, em regra, ser refletido nas demonstrações contá-
ou em conjunto com as demonstrações contábeis, sobre o qual re- beis. Isso garante que o sistema de contabilização registre e divul-
ferência cruzada deve ser incluída nas notas explicativas às demons- gue a informação contábil de maneira que facilite a comparação dos
trações. valores realizados com os orçados para fins de gestão e para fins de
30. O orçamento final inclui todas as alterações aprovadas prestação de contas e responsabilização, por exemplo, para o moni-
pelo Legislativo ou outro órgão ou entidade designado para revisar toramento do comportamento da execução orçamentária durante
o orçamento original. De acordo com as exigências desta norma, o período e para divulgação ao governo, ao público e aos outros
a entidade do setor público deve incluir nas notas explicativas às usuários de maneira relevante e tempestiva.
demonstrações contábeis ou em relatório emitido anteriormente, 35. Em alguns casos, os orçamentos podem ser elaborados
simultaneamente, ou em conjunto com as demonstrações contá- sob o regime de competência ou sob o regime de caixa, de acor-
beis, a explicação das alterações entre o orçamento original e o do com o sistema de estatísticas de finanças públicas adotado, o
orçamento final. Tal explicação deve informar se, por exemplo, as qual abrange entidades e atividades diferentes daquelas incluídas
alterações decorrem de alteração das rubricas orçamentárias do nas demonstrações contábeis. Por exemplo, os orçamentos elabo-
orçamento original ou de outros fatores, tais como alterações nos rados para serem compatíveis com os sistemas de estatísticas de
parâmetros orçamentários gerais, incluindo alterações da política finanças públicas podem estar focados no Setor Governo Geral (ver
governamental. Tais divulgações são frequentemente realizadas definição no item 6) e abrangem somente as entidades que cum-
na análise ou na discussão sobre a gestão ou relatório similar so- prem as funções primárias ou “fora de mercado” do governo como
bre as operações divulgadas conjuntamente, mas não como parte as suas principais atividades, enquanto as demonstrações contábeis
integrante das demonstrações contábeis. Tais divulgações devem divulgam todas as atividades controladas pelo governo, incluindo as
também ser incluídas nos relatórios do resultado da execução do atividades de mercado.
orçamento emitido pelas entidades do setor público para divulgar
36. Nos modelos de estatísticas de finanças públicas, o Setor
a execução orçamentária. Quando as divulgações são feitas em re-
Governo Geral (ver definição no item 6) pode incluir os níveis de
latórios separados e, não, nas demonstrações contábeis, as notas
governo municipal, estadual e nacional. Considerando que o go-
explicativas às demonstrações contábeis devem incluir referência
verno nacional não controla os governos municipais e estaduais,
cruzada ao referido relatório.
as demonstrações contábeis devem ser elaboradas para cada nível
Base comparável de governo. As exigências desta norma somente se aplicam às de-
31. Todas as comparações dos montantes realizados e dos or- monstrações contábeis das entidades governamentais quando os
çados devem ser apresentados em base comparável ao orçamento. orçamentos aprovados para as entidades e atividades que elas con-
trolam, ou subseções, estejam disponíveis ao público.
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Orçamento plurianual de doenças contagiosas) ou componentes de programas ligados aos
37. Algumas entidades do setor público podem ter a opção de objetivos de desempenho efetivo (por exemplo, programas do en-
aprovar e publicar orçamentos plurianuais em vez dos orçamentos sino superior dos estudantes de graduação ou operações cirúrgicas
anuais. Em regra, os orçamentos plurianuais abrangem uma série realizadas pelos serviços de emergência do hospital), que diferem
de orçamentos anuais ou metas orçamentárias anuais. O orçamen- das classificações adotadas nas demonstrações contábeis.
to aprovado para cada período anual reflete a aplicação das políti- 42. A NBC TSP 11 exige que as entidades apresentem nas
cas orçamentárias associadas ao orçamento plurianual para aquele notas explicativas às demonstrações contábeis, informação sobre
período específico. Em alguns casos, o orçamento plurianual permi- o regime de elaboração das demonstrações contábeis e sobre as
te a transferência de dotações não utilizadas em determinado ano políticas contábeis mais significativas adotadas. A divulgação do re-
para períodos subsequentes. gime orçamentário adotado para a elaboração e a apresentação dos
38. As entidades do setor público que elaboram orçamentos orçamentos aprovados auxilia os usuários a entenderem melhor a
plurianuais podem adotar diferentes abordagens para determinar relação entre a informação orçamentária e a informação contábil
seu orçamento original e o final, dependendo de como ocorre a divulgada nas demonstrações contábeis.
aprovação. Por exemplo, uma entidade do setor público pode apro- 43. A entidade deve divulgar nas notas explicativas às de-
var o orçamento bienal que contém dois orçamentos anuais aprova- monstrações contábeis o período a que se refere o orçamento apro-
dos, caso em que o orçamento original e o final aprovado para cada vado.
período anual devem ser identificáveis. Se as dotações não utiliza- 44. As demonstrações contábeis devem ser apresentadas, ao
das oriundas do primeiro ano do orçamento bienal forem legalmen- menos, anualmente. As entidades, em alguns casos, podem apro-
te autorizadas para serem utilizadas no segundo ano, o orçamento var os orçamentos para período anual ou para período plurianual
original para o período do segundo ano deve ser aumentado nesses nos termos desta norma. A divulgação do período abrangido pelo
valores transferidos. Nos raros casos em que a entidade do setor orçamento aprovado, quando tal período difere do período a que
público aprova o orçamento bienal ou plurianual que especifica- se referem as demonstrações contábeis, irá auxiliar os usuários des-
mente não separa os valores orçados para cada período anual, um sas demonstrações contábeis a entenderem melhor a relação das
julgamento pode ser necessário na identificação dos valores que informações orçamentárias e a comparação do orçamento com as
devem ser atribuídos para cada período anual na determinação dos demonstrações contábeis. A divulgação do período abrangido pelo
orçamentos anuais para os propósitos desta norma. Por exemplo, o orçamento aprovado, quando tal período é o mesmo que o das
orçamento original e o final aprovado para o primeiro ano do perí- demonstrações contábeis, também tem uma função útil de confir-
odo bienal devem abranger quaisquer despesas de capital aprova- mação, particularmente nas jurisdições onde os orçamentos, as de-
das que ocorreram durante o primeiro ano juntamente com o valor monstrações contábeis intermediárias e os relatórios também são
dos itens de receitas e despesas correntes atribuídos para aquele elaborados.
período. Os valores não gastos do primeiro período anual seriam,
45. A entidade deve identificar nas notas explicativas às de-
em seguida, incluídos no orçamento original para o segundo perío-
monstrações contábeis as entidades abrangidas pelo orçamento
do anual e esse orçamento, juntamente com quaisquer alterações
aprovado.
do mesmo período, formariam o orçamento final para o segundo
ano. Quando os orçamentos plurianuais são adotados, incentiva-se 46. As NBCs TSP exigem que as entidades elaborem e apresen-
que as entidades passem a oferecer em nota explicativa, divulgação tem as demonstrações contábeis que consolidam todos os recursos
adicional sobre a relação entre os valores realizados e os orçados, controlados pela entidade. Em nível de consolidação nacional, as
durante o período orçamentário. demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as NBCs TSP
devem abranger as entidades dependentes do orçamento e as em-
Divulgação nas notas explicativas acerca do regime, do período
presas estatais controladas pelo governo. Todavia, conforme obser-
e do alcance do orçamento
vado no item 35, os orçamentos aprovados elaborados de acordo
39. A entidade deve divulgar nas notas explicativas às de- com os modelos de informação de estatísticas de finanças públicas
monstrações contábeis o regime orçamentário e o critério de classi- podem não abranger as operações do governo que são realizadas
ficação adotados no orçamento aprovado. em base mercantil ou comercial. De acordo com as exigências do
40. Podem existir diferenças entre o regime (caixa, compe- item 31, os valores orçados e os realizados devem ser apresentados
tência ou alguma modificação desses regimes) que é utilizado na em base comparável. A divulgação das entidades abrangidas pelo
elaboração e apresentação do orçamento, e o regime utilizado na orçamento deve permitir que os usuários identifiquem a extensão
elaboração das demonstrações contábeis. Essas diferenças podem na qual as atividades da entidade estão submetidas ao orçamento
ocorrer quando o sistema contábil e o sistema orçamentário geram aprovado, e como a entidade que elabora o orçamento difere da
informação a partir de diferentes perspectivas. O orçamento pode entidade que divulga as demonstrações contábeis.
estar centrado nos fluxos de caixa, ou fluxos de caixa adicionados Conciliação dos valores realizados em base comparável com os
a determinados compromissos, enquanto que as demonstrações valores das demonstrações contábeis
contábeis evidenciam os fluxos de caixa e a informação contábil de
47. No caso em que as demonstrações contábeis e o orçamen-
natureza patrimonial por competência.
to não sejam elaborados em base comparável, os valores realizados
41. Os formatos e a estrutura de classificação adotados para a apresentados em base comparável ao orçamento, de acordo com
apresentação do orçamento aprovado também podem ser distintos o item 31, devem ser conciliados aos seguintes valores realizados
dos formatos adotados para a elaboração das demonstrações con- apresentados nas demonstrações contábeis, identificando separa-
tábeis. O orçamento aprovado pode classificar itens sob a mesma damente qualquer regime, periodicidade e diferença entre as enti-
estrutura adotada nas demonstrações contábeis, por exemplo, pela dades:
natureza econômica (indenização aos empregados, utilização de (a) se o regime de competência é adotado para o orçamento,
bens e serviços, etc.), ou pela função (saúde, educação, etc.). Por as receitas totais, despesas totais e os fluxos de caixa líquidos das
outro lado, o orçamento pode classificar os itens por meio de pro- atividades operacionais, de investimento e de financiamento; ou
gramas específicos (por exemplo, redução da pobreza ou controle

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(b) se outro regime, exceto o regime de competência, for 53. Esta norma exige a comparação dos valores realizados
adotado para o orçamento, os fluxos de caixa líquidos das ativida- com os orçados a serem incluídos nas demonstrações contábeis das
des operacionais, de investimento e de financiamento. entidades que publicam o seu orçamento aprovado. Não é neces-
A conciliação deve ser divulgada nas notas explicativas às de- sária a divulgação de comparação dos valores realizados do período
monstrações contábeis. anterior com o orçamento de tal período, nem é necessário que as
48. As diferenças entre os valores realizados considerados explicações relacionadas às diferenças entre os valores realizados
consistentes com a base comparável, e os valores realizados reco- e os orçados do período anterior sejam divulgadas nas demonstra-
nhecidos nas demonstrações contábeis podem ser corretamente ções contábeis do período atual.
classificadas da seguinte forma: 54 a 55. (Não convergidos).
(a) diferenças de regime, que ocorrem quando o orçamento Vigência
aprovado é elaborado em regime diferente do regime contábil. Por
Esta norma deve ser aplicada nas entidades do setor público a
exemplo, quando o orçamento é elaborado em regime de caixa ou
partir de 1º de janeiro de 2019, salvo na existência de algum norma-
regime de caixa modificado e as demonstrações contábeis são ela-
tivo em âmbito nacional que estabeleça prazos específicos – casos
boradas em regime de competência;
em que estes prevalecem.
(b) diferenças temporais, que ocorrem quando o período or-
çado difere do período a que se referem as demonstrações contá- Brasília, 18 de outubro de 2018.
beis; e Contador Zulmir Ivânio Breda
(c) diferenças de entidade, que ocorrem quando o orçamen- Presidente
to não leva em consideração os programas ou entidades que fazem Ata CFC n.º 1.045.
parte da entidade para as quais as demonstrações contábeis são
elaboradas.
Também podem existir diferenças de formatos e estruturas NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE APLICA-
de classificação adotados para a apresentação das demonstrações DAS AO SETOR PÚBLICO (IPSAS)
contábeis e do orçamento.
49. A conciliação exigida pelo item 47 permite que a entidade
cumpra melhor a sua responsabilidade em prestar contas por meio ​As normas internacionais de contabilidade para o setor público
da identificação das principais razões das diferenças entre os valo- também são chamadas de IPSAS, sigla de International Public Sec-
res realizados em regime orçamentário e os valores reconhecidos tor Accounting Standards.
nas demonstrações contábeis. Esta norma não impede a conciliação Elas representam um conjunto de normas contábeis emitidas
de cada um dos totais e subtotais principais, ou de cada classe de pelo Conselho IPSAS para utilização por entidades do setor público
itens das demonstrações contábeis, apresentados em comparação em todo o mundo na preparação das demonstrações financeiras.
dos valores realizados com os orçados com os valores equivalentes Esses padrões são baseados nos IFRS - International Financial Re-
constantes das demonstrações contábeis. porting Standards.
O International Public Sector Accounting Standards Board (IP-
50. Para algumas entidades que adotam o mesmo regime
SASB), órgão nomeado pelo IFAC (Internationall Federation of Ac-
para a elaboração do orçamento e das demonstrações contábeis,
countants), tem emitido normas internacionais para o setor público
apenas a identificação das diferenças entre os valores realizados no
desde 2002.
orçamento e os valores equivalentes nas demonstrações contábeis
​​No Brasil, as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao
é exigida. Isso ocorre quando o orçamento (a) é elaborado para
Setor Público (NBCASP) estão sendo discutidas pelo Conselho Fede-
o mesmo período; (b) inclui as mesmas entidades; e (c) adotam
ral de Contabilidade com o objetivo de convergi-las ao setor público
a mesma forma de apresentação das demonstrações contábeis.
brasileiro.
Nesses casos, a conciliação não é necessária. Para outras entida-
des que adotam o mesmo regime para o orçamento e para as de- Prezado(a),
monstrações contábeis, pode existir diferenças quanto à forma de A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
apresentação, quanto à entidade ou em relação ao período a que será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
se referem as demonstrações contábeis. Por exemplo, o orçamento servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
aprovado pode adotar uma forma de apresentação e classificação sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
diferente das demonstrações contábeis ao incluir apenas as ativida- dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
des não comerciais da entidade, ou, ainda, pode ser um orçamento cabem na estrutura de nossas apostilas.
plurianual. A conciliação pode ser necessária quando existirem di- Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
ferenças de apresentação, periodicidade ou em relação à entidade organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
mesmo quando o orçamento e as demonstrações contábeis são ela- dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
borados sob o mesmo regime. material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
51. Para as entidades que utilizam o regime de caixa (ou regi-
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
me de caixa modificado ou regime de competência modificado) na
apostila.
apresentação do orçamento aprovado e o regime de competência
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
para as suas demonstrações contábeis, os principais totais apresen-
link a seguir: https://www.cnm.org.br/contadores/img/pdf/nor-
tados na demonstração das informações orçamentárias devem ser
mas_internacionais_de_contabilidade/NornasInternacionaisde-
conciliados aos fluxos de caixa líquidos das atividades operacionais,
ContabilidadeparaoSetorPublico.pdf
das atividades de investimento e das atividades de financiamento
apresentados na NBC TSP 12 – Demonstração dos Fluxos de Caixa.
52. A divulgação da informação comparativa a respeito do
período anterior de acordo com as exigências desta norma não é
necessária.
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NOÇÕES DE INFORMAÇÕES DE CUSTOS NO SETOR PÚBLI- DEMONSTRAÇÃO DO RE- 25 – 27


CO: NBC T 16.11 - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CUSTOS SULTADO ECONÔMICO
DO SETOR PÚBLICO
Objetivo
RESOLUÇÃO CFC N.º 1.366/11 1. Esta Norma estabelece a conceituação, o objeto, os objeti-
Aprova a NBC T 16.11 – Sistema de Informação de Custos do vos e as regras básicas para mensuração e evidenciação dos custos
Setor Público. no setor público e apresentado, nesta Norma, como Subsistema de
Informação de Custos do Setor Público (SICSP). (Redação dada pela
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de
Resolução CFC n.º 1.437/13)
suas atribuições legais e regimentais e com fundamento no dispos-
to na alínea “f” do Art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela 2 O SICSP registra, processa e evidencia os custos de bens e
Lei n.º 12.249/10, serviços e outros objetos de custos, produzidos e oferecidos à so-
RESOLVE: ciedade pela entidade pública.
Art. 1º Aprovar a NBC T 16.11 – Sistema de Informação de Cus- 3 O SICSP de bens e serviços e outros objetos de custos públi-
tos do Setor Público. cos têm por objetivo:
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- (a) mensurar, registrar e evidenciar os custos dos produtos,
ção, aplicando-se aos exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro serviços, programas, projetos, atividades, ações, órgãos e outros
de 2012. A entidade que esteja sujeita a legislação que estabeleça objetos de custos da entidade;
prazo distinto para início da sua adoção pode adotar esta Norma a (b) apoiar a avaliação de resultados e desempenhos, permi-
partir do prazo estabelecido por aquela legislação. tindo a comparação entre os custos da entidade com os custos de
Brasília, 25 de novembro de 2011. outras entidades públicas, estimulando a melhoria do desempenho
Contador Juarez Domingues Carneiro dessas entidades;
Presidente (c) apoiar a tomada de decisão em processos, tais como com-
Ata CFC n.º 958 prar ou alugar, produzir internamente ou terceirizar determinado
bem ou serviço;
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE (d) apoiar as funções de planejamento e orçamento, fornecen-
NBC T 16.11 – SUBSISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CUSTOS do informações que permitam projeções mais aderentes à realida-
DO SETOR PÚBLICO de com base em custos incorridos e projetados;
(e) apoiar programas de controle de custos e de melhoria da
qualidade do gasto. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
ÍNDICE ITEM
4. A evidenciação dos objetos de custos pode ser efetuada sob
OBJETIVO 1–6 a ótica institucional, funcional e programática, com atuação inter-
ALCANCE 7-8 dependente dos órgãos centrais de planejamento, orçamento, con-
tabilidade e finanças.
DEFINIÇÕES 9
5. Para atingir seus objetivos, o SICSP deve ter tratamento con-
CARACTERÍSTICAS E ATRI- 10 – 12 ceitual adequado, abordagem tecnológica apropriada que propicie
BUTOS DA INFORMAÇÃO atuar com as múltiplas dimensões (temporais, numéricas e organi-
DE CUSTOS zacionais, etc.), permitindo a análise de séries históricas de custos
EVIDENCIAÇÃO DAS IN- 13 sob a ótica das atividades-fins ou administrativas do setor público.
FORMAÇÕES DE CUSTOS 6. É recomendável o uso de ferramentas que permitem acesso
rápido aos dados, conjugado com tecnologias de banco de dados de
REGIME DE COMPETÊN- 14 forma a facilitar a criação de relatórios e a análise dos dados.
CIA Alcance
COTA DE DISTRIBUIÇÃO 15 – 17 7. O SICSP é obrigatório em todas as entidades do setor pú-
DE CUSTOS INDIRETOS blico.
VARIAÇÃO DA CAPACIDA- 18 8. Vários dispositivos legais determinam a apuração de cus-
DE PRODUTIVA tos no setor público como requisito de transparência e prestação
de contas, seja para controle interno, externo ou controle social.
Além dos aspectos legais, esta Norma também destaca o valor da
INTEGRAÇÃO COM OS 19 – 20 informação de custos para fins gerenciais. Sua relevância para o in-
DEMAIS SISTEMAS OR- teresse público pode ser entendida pelo seu impacto sobre a gestão
GANIZACIONAIS pública, seja do ponto de vista legal ou de sua utilidade.
IMPLANTAÇÃO DO SUB- 21 Definições
SISTEMA DE CUSTOS
9. Os seguintes termos têm os significados abaixo especifica-

dos:
RESPONSABILIDADE 22 – 24 Objeto de custo é a unidade que se deseja mensurar e avaliar os
PELA INFORMAÇÃO DE custos. Os principais objetos de custos são identificados a partir de
CUSTOS informações dos subsistemas orçamentário e patrimonial.

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Informações do subsistema orçamentário: a dimensão dos pro- Investimento corresponde ao gasto levado para o Ativo em
dutos e serviços prestados; função, atividades, projetos, programas função de sua vida útil. São todos os bens e direitos adquiridos e
executados; centros de responsabilidade – poderes e órgãos, iden- registrados no ativo.
tificados e mensurados a partir do planejamento público, podendo Perdas correspondem a reduções do patrimônio que não estão
se valer, ou não, das classificações orçamentárias existentes. (Reda- associadas a qualquer recebimento compensatório ou geração de
ção dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13) produtos ou serviços, que ocorrem de forma anormal e involuntá-
Informações do subsistema patrimonial: a dimensão dos pro- ria. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
dutos e serviços prestados, identificados e mensurados a partir Custos são gastos com bens ou serviços utilizados para a produ-
das transações quantitativas e qualitativas afetas ao patrimonial da ção de outros bens ou serviços.
entidade consoante os Princípios de Contabilidade. (Redação dada Custos da prestação de serviços são os custos incorridos no pro-
pela Resolução CFC n.º 1.437/13) cesso de obtenção de bens e serviços e outros objetos de custos e
Apropriação do custo é o reconhecimento do gasto de determi- que correspondem ao somatório dos elementos de custo, ligados à
nado objeto de custo previamente definido. prestação daquele serviço.
O SICSP é apoiado em três elementos: Sistema de acumulação; Custos reais são os custos históricos apurados a posteriori e
Sistema de custeio e Método de custeio. que realmente foram incorridos.
Sistema de acumulação corresponde à forma como os custos Custo direto é todo o custo que é identificado ou associado di-
são acumulados e apropriados aos bens e serviços e outros objetos retamente ao objeto do custo.
de custos e está relacionado ao fluxo físico e real da produção. Os Custo indireto é o custo que não pode ser identificado direta-
sistemas de acumulação de custos no setor público ocorrem por mente ao objeto do custo, devendo sua apropriação ocorrer por
ordem de serviço ou produção e de forma contínua. meio da utilização de bases de rateio ou direcionadores de custos.
Por ordem de serviço ou produção é o sistema de acumulação Custo fixo é o que não é influenciado pelas atividades desen-
que compreende especificações predeterminadas do serviço ou volvidas, mantendo seu valor constante em intervalo relevante das
produto demandado, com tempo de duração limitado. atividades desenvolvidas pela entidade.
As ordens são mais adequadas para tratamento dos custos de Custo variável é o que tem valor total diretamente proporcio-
investimentos e de projetos específicos, por exemplo, as obras e nal à quantidade produzida/ofertada. (Redação dada pela Resolu-
benfeitorias. ção CFC n.º 1.437/13)
De forma contínua é o sistema de acumulação que compreen- Custo operacional é o que ocorre durante o ciclo de produção
de demandas de caráter continuado e são acumuladas ao longo do dos bens e serviços e outros objetos de custos, como energia elé-
tempo. trica, salários, etc.
Sistema de custeio está associado ao modelo de mensuração e Custo predeterminado é o custo teórico, definido a priori para
desse modo podem ser custeados os diversos agentes de acumu- valorização interna de materiais, produtos e serviços prestados.
lação de acordo com diferentes unidades de medida, dependendo Custo padrão (standard) é o custo ideal de produção de de-
das necessidades dos tomadores de decisões. No âmbito do siste- terminado produto/serviço. (Redação dada pela Resolução CFC n.º
ma de custeio, podem ser utilizadas as seguintes unidades de medi- 1.437/13)
da: custo histórico; custo-corrente; custo estimado; e custo padrão. Custo estimado é o custo projetado para subsidiar o processo
Método de custeio se refere ao método de apropriação de cus- de elaboração dos orçamentos da entidade para determinado perí-
tos e está associado ao processo de identificação e associação do odo; pode basear-se em simples estimativa ou utilizar a ferramenta
custo ao objeto que está sendo custeado. Os principais métodos do custo padrão.
de custeio são: direto; variável; por absorção; por atividade; pleno. Custo controlável utiliza centro de responsabilidade e atribui ao
Custeio direto é o custeio que aloca todos os custos – fixos e gestor apenas os custos que ele pode controlar.
variáveis – diretamente a todos os objetos de custo sem qualquer Hora ocupada é o tempo despendido pela força do trabalho
tipo de rateio ou apropriação. nos departamentos de serviço destinados a atender às tarefas vin-
Custeio variável que apropria aos produtos ou serviços apenas culadas com as áreas de produção de bens ou serviços. (Redação
os custos variáveis e considera os custos fixos como despesas do dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
período. Hora máquina corresponde à quantidade de horas que as má-
Custeio por absorção que consiste na apropriação de todos os quinas devem funcionar para realizar a produção de bens e serviços
custos de produção aos produtos e serviços. e outros objetos de custos do período. É aplicada às unidades de
Custeio pleno que consiste na apropriação dos custos de pro- produto ou serviço em função do tempo de sua elaboração.
dução e das despesas aos produtos e serviços. (Incluída pela Reso- Mão de obra direta corresponde ao valor da mão de obra utili-
lução CFC n.º 1.437/13) zado para a produção de bens e serviços e outros objetos de custos.
Custeio por atividade que considera que todas as atividades Sobre aplicação é a variação positiva apurada entre os custos e
desenvolvidas pelas entidades são geradoras de custos e conso- metas estimados e os executados.
mem recursos. Procura estabelecer a relação entre atividades e os Sub aplicação é a variação negativa apurada entre os custos e
objetos de custo por meio de direcionadores de custos que deter- metas estimados e os executados.
minam quanto de cada atividade é consumida por eles. Custo de oportunidade é o custo objetivamente mensurável da
A escolha do método deve estar apoiada na disponibilidade de melhor alternativa desprezada relacionado à escolha adotada.
informações e no volume de recursos necessários para obtenção Receita econômica é o valor apurado a partir de benefícios ge-
das informações ou dados. As entidades podem adotar mais de rados à sociedade pela ação pública, obtido por meio da multiplica-
uma metodologia de custeamento, dependendo das características ção da quantidade de serviços prestados, bens ou produtos forneci-
dos objetos de custeio. dos, pelo custo de oportunidade, custo estimado, custo padrão, etc.
Gasto é o dispêndio de um ativo ou criação de um passivo para (Incluída pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
obtenção de um produto ou serviço.
Desembolso é o pagamento resultante da aquisição do bem ou
serviço.
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Características e atributos da informação de custos Princípio de competência
10. Os serviços públicos devem ser identificados, medidos e 14. Na geração de informação de custo, é obrigatória a ado-
relatados em sistema projetado para gerenciamento de custos dos ção dos princípios de contabilidade em especial o da competência,
serviços públicos. devendo ser realizados os ajustes necessários quando algum regis-
11. Os serviços públicos possuem características peculiares tro for efetuado de forma diferente.
tais como: universalidade e obrigação de fornecimento, encaradas Cota de distribuição de custos indiretos
na maioria das vezes como direito social, em muitas situações, têm 15. As cotas de distribuição de custos indiretos, quando for o
apenas o estado como fornecedor do serviço (monopólio do Esta- caso, podem ser selecionadas entre as seguintes, de acordo com as
do). O serviço público fornecido sem contrapartida ou por custo características do objeto de custo: área ocupada; dotação planejada
irrisório diretamente cobrado ao beneficiário tem (em sua grande disponível; volume ocupado em depósitos; quantidade de ordens
maioria) o orçamento como principal fonte de alocação de recur- de compra emitida para fornecedores; consumo de energia elétrica;
sos. número de servidores na unidade administrativa responsável, etc.
12. Os atributos da informação de custos são: 16. É necessário e útil que a entidade que deseje evidenciar
(a) relevância – entendida como a qualidade que a informa- seus custos unitários, utilizando-se dos vários métodos de custeio
ção tem de influenciar as decisões de seus usuários auxiliando na existentes, o faça respeitando as etapas naturais do processo de
avaliação de eventos passados, presentes e futuros; formação dos custos dentro dos seus respectivos níveis hierárqui-
(b) utilidade – deve ser útil à gestão tendo a sua relação custo cos (institucionais e organizacionais, funcionais e programáticos).
benefício sempre positiva; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
(c) oportunidade – qualidade de a informação estar disponí-
17. A etapa natural pode ser assim identificada: identificação
vel no momento adequado à tomada de decisão;
dos objetos de custos; identificação dos custos diretos; alocação
(d) valor social – deve proporcionar maior transparência e
dos custos diretos aos objetos de custos; evidenciação dos custos
evidenciação do uso dos recursos públicos;
diretos dentro da classe de objetos definidos; identificação dos cus-
(e) fidedignidade – referente à qualidade que a informação
tos indiretos; escolha do modelo de alocação dos custos indiretos,
tem de estar livre de erros materiais e de juízos prévios, devendo,
observando sempre a relevância e, principalmente, a relação custo/
para esse efeito, apresentar as operações e acontecimentos de
benefício.
acordo com sua substância e realidade econômica e, não, mera-

mente com a sua forma legal;
Variação da capacidade produtiva
(f) especificidade – informações de custos devem ser elabo-
radas de acordo com a finalidade específica pretendida pelos usuá- 18. As variações da capacidade produtiva podem ser das se-
rios; guintes naturezas, entre outras:
(g) comparabilidade – entende-se a qualidade que a informa- (a) variação do volume ou capacidade: deve-se a sobre ou
ção deve ter de registrar as operações e acontecimentos de forma subutilização das instalações em comparação com o nível de opera-
consistente e uniforme, a fim de conseguir comparabilidade entre ção. Está representada pela diferença entre os custos indiretos fixos
as distintas instituições com características similares. É fundamen- orçados e os custos indiretos fixos alocados à produção de bens e
tal que o custo seja mensurado pelo mesmo critério no tempo e, serviços e outros objetos de custos;
quando for mudada, esta informação deve constar em nota explica- (b) variação de quantidade: reflete a variação nos elementos
tiva; de custo em relação à quantidade empregada de materiais e outros
(h) adaptabilidade – deve permitir o detalhamento das infor- insumos para produção de produtos ou serviços.
mações em razão das diferentes expectativas e necessidades infor- Integração com os demais sistemas organizacionais
macionais das diversas unidades organizacionais e seus respectivos 19. O SICSP deve capturar informações dos demais sistemas
usuários; de informações das entidades do setor público.
(i) granularidade – sistema que deve ser capaz de produzir
20. O SICSP deve estar integrado com o processo de plane-
informações em diferentes níveis de detalhamento, mediante a ge-
jamento e orçamento, devendo utilizar a mesma base conceitual
ração de diferentes relatórios, sem perder o atributo da comparabi-
se se referirem aos mesmos objetos de custos, permitindo assim
lidade.
o controle entre o orçado e o executado. No início do processo de
Evidenciação das informações de custos (Redação dada pela implantação do SICSP, pode ser que o nível de integração entre pla-
Resolução CFC n.º 1.437/13) nejamento, orçamento e execução (consequentemente custos) não
13. A entidade pública deve evidenciar ou apresentar, em esteja em nível satisfatório. O processo de mensurar e evidenciar
notas explicativas, os objetos de custos definidos previamente, de- custos deve ser realizado sistematicamente, fazendo da informação
monstrando separadamente: de custos um vetor de alinhamento e aperfeiçoamento do planeja-
(a) o montante de custos dos principais objetos, demonstran- mento e orçamento futuros.
do: a dimensão programática: programas e ações, projetos e ativi- Implantação do subsistema de custos (Redação dada pela Re-
dades; dimensão institucional ou organizacional e funcional; outras solução CFC n.º 1.437/13)
dimensões;
21. O processo de implantação do SICSP deve ser sistemáti-
(b) os critérios de comparabilidade utilizados, tais como: cus-
co e gradual e levar em consideração os objetivos organizacionais
to padrão; custo de oportunidade; custo estimado; custo histórico;
pretendidos, os processos decisórios que usarão as informações de
(c) o método de custeio adotado para apuração dos custos
custos segmentados por seus diferentes grupos de usuários, bem
para os objetos de custos; os principais critérios de mensuração; e
como os critérios de transparência e controle social.
as eventuais mudanças de critérios que possam afetar à análise da
comparabilidade da informação. (Redação dada pela Resolução CFC
n.º 1.437/13)

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
Responsabilidade pela informação de custos
22. A análise, a avaliação e a verificação da consistência das TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO (NBC TA ESTRUTURA CON-
informações de custos são de responsabilidade da entidade do se- CEITUAL - ESTRUTURA CONCEITUAL PARA TRABALHOS DE
tor público, em qualquer nível da sua estrutura organizacional, a ASSEGURAÇÃO)
qual se refere às informações, abrangendo todas as instâncias e ní-
veis de responsabilidade.
NBC TA ESTURUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CON-
23. A responsabilidade pela fidedignidade das informações CEITUAL PARA TRABALHOS DE ASSEGURAÇÃO
originadas de outros sistemas é do gestor da entidade onde a infor-
mação é gerada. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
24. A responsabilidade pela consistência conceitual e apre- sumário item
sentação das informações contábeis do subsistema de custos é introdução 1-4
do profissional contábil. (Redação dada pela Resolução CFC n.º
Princípios éticos e normas 5-9
1.437/13)
de controle de qualidade
Demonstração do resultado econômico (Incluído pela Resolu-
ção CFC n.º 1.437/13) Descrição dos trabalhos de 10-11
asseguração
25. As informações de custos descritas nesta Norma podem
subsidiar a elaboração de relatórios de custos, inclusive da Demons- Trabalhos de atestação e 12-13
tração do Resultado Econômico (DRE). (Incluído pela Resolução CFC trabalhos diretos
n.º 1.437/13) Trabalhos de asseguração 14-16
26. A DRE evidencia o resultado econômico de ações do setor razoável e trabalhos de as-
público. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13) seguração limitada
27. A DRE deve ser elaborada considerando sua interligação Abrangência da estrutura 17-19
com o subsistema de custos e apresentar na forma dedutiva, pelo conceitual
menos, a seguinte estrutura: Relatório de trabalho que 20-21
(a) receita econômica dos serviços prestados, dos bens e dos não é de asseguração
produtos fornecidos;
(b) custos e despesas identificados com a execução da ação Precondições para traba- 22-25
pública; e lho de asseguração
(c) resultado econômico apurado. (Incluído pela Resolução Elementos do trabalho de 26
CFC n.º 1.437/13) asseguração
Relacionamento entre três 27-38
partes
MANUAL DE INFORMAÇÕES DE CUSTOS DO GOVERNO FE-
DERAL, APROVADO PELA PORTARIA STN Nº 518/2018 Objeto 39-41
Critérios 42-49
Prezado(a), Evidências 50-82
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico Relatório de asseguração 83-92
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila, Outras partes 93-95
sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona- Uso inapropriado do nome 96
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não do auditor independente
cabem na estrutura de nossas apostilas. Apêndice 1: Não editado
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- Apêndice 2: Trabalhos de
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste atestação e trabalhos dire-
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. tos
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- Apêndice 3: Partes do tra-
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da balho de asseguração
apostila.
Apêndice 4: Categorização
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo link
dos objetos em trabalhos
a seguir: https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_
de asseguração
ID_PUBLICACAO:25901
Introdução
1.Esta Estrutura Conceitual é emitida apenas com o intuito de facili-
tar o entendimento dos elementos e objetivos dos trabalhos de assegu-
ração e dos trabalhos aos quais as NBCs TA, NBCs TR e NBCs TO (doravan-
te referidas como Normas de Asseguração) se aplicam.
2. Esta Estrutura não é uma norma e, por conseguinte, não esta-
belece nenhum requisito (nem princípios básicos ou procedimentos es-
senciais) para a realização de auditorias, revisões ou outros trabalhos de
asseguração. Um relatório de asseguração não pode, portanto, afirmar
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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
que o trabalho foi conduzido de acordo com esta Estrutura, devendo se (a)integridade;
referir às Normas de Asseguração aplicáveis. As Normas de Asseguração (b)objetividade;
possuem objetivos, requerimentos, aplicações e outros materiais expli- (c)competência e zelo profissionais ;
cativos, introduções e definições que são consistentes com esta Estrutu- (d)sigilo; e
ra e devem ser aplicados em auditorias, revisões e outros trabalhos de (e)comportamento profissional.
asseguração. 7. A NBC PG 100 também fornece uma estrutura conceitual para ser
3. Esta Estrutura fornece quadro de referência para: aplicada pelos profissionais da contabilidade para identificar ameaças ao
(a)auditores independentes; cumprimento dos princípios éticos, avaliar a significância das ameaças
(b)outras pessoas envolvidas com trabalhos de asseguração, incluin- identificadas e, quando necessário, aplicar salvaguardas para eliminar as
do os usuários previstos de relatório de asseguração e aqueles que con- ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável.
tratam o auditor independente (parte contratante); e 8. A NBC PG 200 descreve como os conceitos da NBC PG 100 se
(c)CFC ao emitir Normas de Asseguração e outras normas técnicas. aplicam em certas situações para profissionais da contabilidade que
4. O que se segue é uma visão geral desta Estrutura: atuem como auditor independente, incluindo a independência. Essas
Introdução: Esta estrutura trata dos trabalhos de asseguração normas profissionais definem a independência como abrangendo tanto
executados por auditores independentes. a independência de pensamento quanto a independência na aparência.
Descrição dos trabalhos de asseguração: Esta parte descreve os A independência garante a habilidade de formar uma conclusão de asse-
trabalhos de asseguração e distingue os trabalhos diretos em relação aos guração sem ser afetado por influências que podem comprometer essa
trabalhos de atestação, assim como os trabalhos de asseguração razoá- conclusão. A independência aprimora a habilidade de agir com integri-
vel e os trabalhos de asseguração limitada. dade, ser objetivo e de manter uma atitude de ceticismo profissional.
Abrangência da Estrutura Conceitual: Esta parte distingue traba- NBC PA 01
lhos de asseguração de outros trabalhos, como, por exemplo, trabalhos 9. A NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurí-
de consultoria. dicas e Físicas) de Auditores Independentes trata das responsabilidades
Precondições para trabalho de asseguração: Esta parte estabe- da firma em estabelecer e manter seu sistema de controle de qualidade
lece precondições para que o auditor independente aceite trabalho de para trabalhos de asseguração. O cumprimento da NBC PA 01 requer,
asseguração. entre outras coisas, que a firma estabeleça e mantenha sistema de con-
Elementos de trabalho de asseguração: Esta parte identifica e trole de qualidade. Esse sistema deve incluir políticas e procedimentos
discute os cinco elementos presentes em trabalhos de asseguração: o que abordem cada um dos elementos a seguir mencionados e que do-
relacionamento entre três partes, o objeto, os critérios, as evidências e cumente suas políticas e procedimentos, e os comunique ao pessoal da
o relatório de asseguração. Ela explica adicionalmente as distinções im- firma, a saber:
portantes entre trabalhos de asseguração razoável e trabalhos de asse- (a)responsabilidades da liderança pela qualidade dentro da firma;
guração limitada. Esta seção também discute, por exemplo, a variação (b)exigências éticas relevantes;
significativa no objeto dos trabalhos de asseguração, as características (c)aceitação e continuidade de relacionamento com clientes e para
requeridas dos critérios adequados, a função do risco e da relevância nos trabalhos específicos;
trabalhos de asseguração e como as conclusões são expressas em traba- (d)recursos humanos;
lhos de asseguração razoável e trabalhos de asseguração limitada. (e)execução do trabalho; e
Outros assuntos: Esta parte discute as responsabilidades de ou- (f)monitoramento.
tras comunicações do auditor independente que não estejam relaciona-
Descrição dos trabalhos de asseguração
das com o seu relatório de asseguração, a documentação e as implica-
ções da associação do auditor com o objeto ou com a informação do 10. Trabalho de asseguração é o trabalho no qual o auditor indepen-
objeto. dente visa obter evidências apropriadas e suficientes para expressar sua
conclusão de forma a aumentar o grau de confiança dos usuários previs-
Princípios éticos e normas de controle de qualidade
tos sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo
5. O controle de qualidade em firmas que executam trabalhos de com os critérios que sejam aplicáveis.
asseguração e a conformidade com os princípios éticos, incluindo reque-
11. O resultado da mensuração ou avaliação do objeto é a informa-
rimentos de independência, é amplamente reconhecido como sendo de
ção que resulta da aplicação do critério ao objeto. Por exemplo:
interesse público e parte integrante dos trabalhos de asseguração de alta
Demonstrações contábeis (objeto) resultam da mensuração da
qualidade. Tais trabalhos são realizados de acordo com as Normas de
posição patrimonial e financeira da entidade, do desempenho e dos flu-
Asseguração, que possuem como premissa a base de que:
xos de caixa (informações do objeto) ao aplicar a estrutura de relatórios
(a)os membros da equipe e o revisor de controle de qualidade (para
financeiros aplicável (critério).
aqueles trabalhos em que tal revisão foi estabelecida) estão sujeitos às
Conclusão sobre a eficácia do controle interno (resultado) decor-
normas NBCs PG 100 – Aplicação Geral aos Profissionais da Contabilida-
re da avaliação da eficácia do processo de controle interno da entidade
de e 200 – Contadores que Prestam Serviços (Contadores Externos) e
(informação do objeto) ao aplicar os critérios aplicáveis.
NBCs PA 290 – Independência – Trabalhos de Auditoria e Revisão e 291
Mensurações de desempenho específicas à entidade (resultado)
– Independência – Outros Trabalhos de Asseguração, relacionadas aos
decorrem da mensuração de vários aspectos de desempenho (informa-
trabalhos de asseguração, ou requerimentos de lei ou regulamento, que
ção do objeto) ao aplicar as metodologias de mensuração aplicáveis (cri-
sejam pelo menos tão exigentes quanto às referidas NBCs; e
tério).
(b)o auditor independente é membro da firma que está sujeita à
Declaração de gases de efeito estufa (resultado) decorre da men-
NBC PA 01 ou outros requerimentos de lei ou regulamento sobre a res-
suração das emissões de gases de efeito estufa da entidade (informação
ponsabilidade da firma pelo seu sistema de controle de qualidade, que
do objeto) ao aplicar o reconhecimento, mensuração e apresentação de
seja pelo menos tão exigente quanto a referida NBC PA 01.
protocolos (critério).
Código de ética e normas profissionais do CFC Declaração sobre o cumprimento (resultado) decorre da ava-
6. A NBC PG 100 estabelece os seguintes princípios éticos que o au- liação do cumprimento da entidade (informação do objeto) com, por
ditor independente é requerido a cumprir: exemplo, lei ou regulamento (critério).

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
A expressão “informação do objeto” é usado para significar o resul- inapropriada podem ser tão graves que o trabalho de asseguração razoá-
tado da mensuração ou avaliação da informação do objeto de acordo vel seja necessário para que o auditor independente obtenha a seguran-
com os critérios. Ela é a informação do objeto sobre a qual o auditor in- ça que é significativa nas circunstâncias.
dependente obtém evidências apropriadas e suficientes para a base de Abrangência da estrutura conceitual
sua conclusão.
17. Nem todos os trabalhos realizados por auditores independentes
Trabalhos de atestação e trabalhos diretos são trabalhos de asseguração. Outros trabalhos frequentemente reali-
12. No trabalho de atestação, o profissional, que não seja o audi- zados que não são de asseguração, como definido no item 10 não são
tor independente, deve mensurar ou avaliar o objeto de acordo com abrangidos por esta Estrutura. Esses outros trabalhos incluem:
os critérios aplicáveis. O referido profissional também deve apresentar, trabalhos abrangidos pelas Normas de Serviços Correlatos (NBCs
frequentemente, a informação resultante do objeto no relatório ou TSC, tais como procedimentos previamente acordados e trabalhos de
afirmação. Em alguns casos, contudo, a informação do objeto pode ser compilação;
apresentada pelo auditor independente no relatório de asseguração. A elaboração de declarações de imposto de renda onde nenhuma
conclusão do auditor deve mencionar se a informação do objeto está conclusão de asseguração é expressa;
livre de distorções relevantes (ver item 85). trabalhos de consultoria (ou assessoria), tais como gerenciamen-
13. No trabalho direto, o auditor deve mensurar ou avaliar o obje- to e consultorias tributárias. (*)
to de acordo com os critérios aplicáveis. Adicionalmente, o auditor deve (*) Nos trabalhos de consultoria, o profissional aplica suas habilida-
aplicar as habilidades e técnicas de asseguração para obter evidências des, seu conhecimento obtido em treinamentos, observações, experi-
apropriadas e suficientes sobre o resultado da mensuração ou avaliação ências e conhecimentos técnicos sobre o processo de consultoria. Tra-
do objeto, de acordo com os critérios aplicáveis. O auditor independen- balhos de consultoria envolvem um processo analítico que tipicamente
te pode obter essa evidência simultaneamente com a mensuração ou inclui alguma combinação das atividades relacionadas com a definição
avaliação do objeto, mas também pode obtê-la antes ou após tal men- de objetivos, a descoberta de fatos, as definições dos problemas ou das
suração ou avaliação. No trabalho direto, a conclusão do auditor inde- oportunidades, a avaliação de alternativas, o desenvolvimento ou as re-
pendente deve mencionar se o resultado reportado da mensuração ou comendações, incluindo ações, comunicação de resultados e, em alguns
avaliação do objeto de acordo com os critérios é redigido nos termos do casos, a implementação do que foi recomendado e o seu acompanha-
objeto e dos critérios. Em alguns trabalhos diretos, a conclusão do audi- mento. Os relatórios (caso emitidos) geralmente são escritos em estilo
tor independente é a informação do objeto ou é parte da informação do narrativo (ou “formato longo”). Geralmente o trabalho realizado é ape-
objeto (ver Apêndice 2). nas para uso e benefício do cliente. A natureza e o alcance do trabalho
são determinados mediante acordo entre o profissional e o cliente. Qual-
Trabalhos de asseguração razoável e trabalho de asseguração li-
quer serviço que atenda às definições de trabalho de asseguração não é
mitada
trabalho de consultoria, mas, sim, trabalho de asseguração.
14. No trabalho de asseguração razoável, o auditor independente
18. O trabalho de asseguração pode ser parte de um trabalho maior,
reduz o risco do trabalho para um nível aceitavelmente baixo nas cir-
por exemplo, quando o trabalho de consultoria para a aquisição de ne-
cunstâncias do trabalho como base para a sua conclusão. A conclusão do
gócios inclui requerimento para obter asseguração acerca da informação
auditor independente é expressa de forma que transmita a sua opinião
financeira histórica ou prospectiva. Em tais circunstâncias, esta Estrutura
sobre o resultado da mensuração ou avaliação de determinado objeto
é aplicável apenas na parte do trabalho relacionada à asseguração.
de acordo com os critérios aplicáveis.
19. Os trabalhos mencionados a seguir, que podem ser consistentes
15. No trabalho de asseguração limitada, o auditor independente
com a descrição no item 10, não são considerados trabalhos de assegu-
reduz o risco do trabalho para um nível que é aceitável nas circunstâncias
ração nos termos desta Estrutura:
do trabalho, mas que ainda é maior do que para um trabalho de asse-
(a)trabalhos para prestar declarações em processos judiciais sobre
guração razoável. Dessa forma, sua conclusão deve transmitir se, com
contabilidade, auditoria, tributação ou outros assuntos; e
base nos procedimentos realizados e evidências obtidas, algum assunto
(b)trabalhos que incluem opiniões, pontos de vista ou declarações
chegou ao seu conhecimento de forma a levá-lo a acreditar que a infor-
profissionais dos quais o usuário pode extrair alguma segurança, se to-
mação do objeto está relevantemente distorcida. A natureza, a época e a
dos os seguintes itens forem aplicáveis:
extensão dos procedimentos executados no trabalho de asseguração li-
(i)essas opiniões, pontos de vistas ou declarações são meramente
mitada são restritos (menos extensos), quando comparados com os que
fortuitos para o trabalho como um todo;
são necessários no trabalho de asseguração razoável, mas são planeja-
(ii)qualquer relatório por escrito deve ser emitido com uso expres-
dos para obter um nível de segurança que seja, no julgamento profis-
samente restrito aos usuários previstos especificados no relatório;
sional do auditor independente, significativo. Para que seja significativo,
(iii)mediante acordo formal com os usuários previstos especifica-
o nível de segurança obtido pelo auditor deve ser capaz de aumentar a
dos, não se pretendendo que seja trabalho de asseguração; e
confiança dos usuários previstos sobre a informação do objeto em nível
(iv)o trabalho não seja relatado como trabalho de asseguração no
que seja mais do que irrelevante.
relatório do auditor independente.
16. Em toda a gama de trabalhos de asseguração limitada, o sentido
Relatório de trabalho que não é de asseguração
de segurança significativa pode variar de um nível que é logo acima de
asseguração que seja capaz de aumentar a confiança dos usuários pre- 20. O auditor independente ao reportar sobre trabalho, que não é
vistos sobre a informação do objeto, em nível que seja claramente maior de asseguração no âmbito desta Estrutura, deve claramente distinguir
do que irrelevante, até um nível que é logo abaixo da segurança razoá- esse relatório de relatório de asseguração. Para não confundir os usuá-
vel. O que é significativo em trabalho específico é o julgamento dentro rios, o relatório que não é de asseguração evita, por exemplo:
desse intervalo que depende das circunstâncias do trabalho, incluindo as mencionar adequação com esta Estrutura ou Norma de Assegu-
necessidades de informação pelos usuários previstos como grupo, dos ração;
critérios utilizados, e o objeto do trabalho. Em alguns casos, as consequ- usar inapropriadamente as palavras “asseguração,” “auditoria”
ências para os usuários previstos ao receberem um tipo de asseguração ou “revisão”;

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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO
incluir declaração que pode ser confundida com conclusão com pode justificar a solicitação de alteração no trabalho. Se tal alteração for
base em evidências apropriadas e suficientes que foi desenvolvida para feita, as evidências que foram obtidas previamente não devem ser des-
aumentar o nível de confiança dos usuários previstos sobre o resultado cartadas. A impossibilidade de obter evidências apropriadas e suficientes
da mensuração ou avaliação do objeto de acordo com os critérios apli- para formar uma conclusão de asseguração razoável não é razão aceitá-
cáveis. vel para se alterar o trabalho de asseguração razoável para um trabalho
21. O auditor independente e a parte responsável podem concordar de asseguração limitada.
sobre a aplicação dos princípios desta Estrutura para o trabalho quando Elementos de um trabalho de asseguração
não existirem outros usuários previstos além da parte responsável, mas 26. Os seguintes elementos de um trabalho de asseguração são dis-
onde todos os outros requisitos aplicáveis das Normas de Asseguração cutidos nesta parte:
são atendidos. Em tais casos, o relatório do auditor independente inclui (a)relação de três partes envolvendo o auditor independente, a par-
declaração restringindo o uso do relatório à parte responsável. te responsável e os usuários previstos;
Precondições para trabalho de asseguração (b)objeto apropriado;
22. As seguintes precondições para trabalho de asseguração são re- (c)critérios aplicáveis;
levantes para aceitação e continuidade: (d)evidências apropriadas e suficientes; e
(a)as funções e responsabilidade das partes apropriadas (ou seja, (e)relatório de asseguração escrito no formato apropriado ao traba-
parte responsável, mensurador ou avaliador e contratante, conforme lho de asseguração razoável ou de asseguração limitada.
apropriado) são adequadas às circunstâncias; e Relacionamento entre três partes
(b)o trabalho apresenta todas as seguintes características: 27. Todos os trabalhos de asseguração possuem pelo menos três
(i)o objeto é apropriado; partes: o auditor independente, a parte responsável e os usuários pre-
(ii)os critérios que o auditor independente espera que sejam apli- vistos. Dependendo das circunstâncias do trabalho, pode haver também
cados na elaboração da informação do objeto são apropriados às cir- a função separada de mensurador ou avaliador, ou a parte contratante
cunstâncias do trabalho. Os critérios devem apresentar as características (ver também o Apêndice 3).
descritas no item 44;
28. A parte responsável e os usuários previstos podem ser de enti-
(iii)os critérios que o auditor independente espera que sejam apli-
dades diferentes ou da mesma. Como exemplo do último caso, na estru-
cados na elaboração da informação do objeto estarão disponíveis aos
tura de conselho de dois níveis, o conselho de administração pode buscar
usuários previstos;
a asseguração sobre uma informação fornecida pela diretoria executiva
(iv)o auditor independente espera ser capaz de obter a evidência
da entidade. O relacionamento entre a parte responsável e os usuários
necessária para fundamentar a sua conclusão;
previstos deve ser visto dentro do contexto de trabalho específico e pode
(v)a conclusão do auditor independente, na forma apropriada tanto
variar das linhas tradicionalmente melhor definidas de responsabilidade.
para o trabalho de asseguração razoável quanto para o trabalho de asse-
Por exemplo, a alta administração (usuário previsto) pode contratar o au-
guração limitada, será incluída no relatório; e
ditor independente para realizar o trabalho de asseguração em aspecto
(vi)um propósito racional incluindo, no caso de trabalho de assegu-
específico das atividades da entidade que são de responsabilidade ime-
ração limitada, que o auditor independente espera ser capaz de obter
diata de nível mais baixo da administração (parte responsável), mas pela
nível apropriado de segurança.
qual a alta administração é, no fim, responsável.
23. Os objetos de diferentes tipos de trabalhos de asseguração
Auditor independente
podem variar muito. Alguns objetos podem requerer conhecimentos e
habilidades especializados, além daqueles que o auditor independente 29. O “auditor independente” (pessoa física ou jurídica) é aquele
normalmente possuí. É importante, contudo, que o auditor esteja con- que conduz o trabalho (geralmente o sócio responsável pelo trabalho ou
vencido que a equipe que irá realizar o trabalho possua capacidade e outros membros da equipe, ou, conforme adequado, a firma), aplicando
competências apropriadas (ver também o item 31). habilidades e técnicas de asseguração para obter segurança razoável ou
limitada, conforme adequado, sobre se a informação do objeto está livre
24. Quando um trabalho em potencial não pode ser aceito como
de distorções relevantes. (*) No trabalho direto, o auditor tanto mensura
trabalho de asseguração, a parte contratante pode ser capaz de identifi-
quanto avalia o objeto de acordo com os critérios e aplica as habilidades
car um trabalho diferente que irá atender às necessidades dos usuários
e técnicas de asseguração para obter segurança razoável ou limitada,
previstos. Por exemplo:
conforme adequado, sobre se o resultado dessa mensuração ou avalia-
(a)se os critérios que o auditor independente espera aplicar não são
ção está livre de distorções relevantes.
adequados, o trabalho de asseguração que atenda às outras precondi-
(*) Sócio encarregado do trabalho” e “firma” devem ser lidos refe-
ções do item 22 ainda pode ser realizado se:
rindo-se aos seus equivalentes no setor público, quando relevante.
(i)o auditor independente puder identificar um ou mais aspectos do
objeto para o qual esses critérios são adequados. Nesses casos, o auditor 30. Esta estrutura pode também ser utilizada por outros profissio-
pode realizar o trabalho de asseguração em relação a esse aspecto espe- nais que não sejam auditores independentes, todavia esses profissionais
cífico do objeto. Nesses casos, o relatório de asseguração deve esclarecer devem reconhecer que essas normas incluem requerimentos que refle-
que o relatório não diz respeito ao objeto original em sua totalidade; ou tem as premissas nas normas profissionais e na NBC PA 01, ou outros
(ii)critérios alternativos que são apropriados para o objeto podem requerimentos profissionais, ou requerimentos em lei ou regulamento,
ser selecionados ou desenvolvidos; que sejam pelo menos tão exigentes.
(b)a parte contratante pode requisitar um trabalho que não é de 31. O trabalho não deve ser aceito se o conhecimento preliminar
asseguração, tal como trabalho de consultoria ou procedimentos previa- sobre as circunstâncias do trabalho indicar que os requisitos éticos re-
mente acordados. ferentes à competência não serão cumpridos. Em alguns casos, esses
25. Tendo sido aceito, não é apropriado alterar o trabalho de asse- requisitos podem ser cumpridos pelo auditor independente ao utilizar o
guração para um que não seja de asseguração, ou o trabalho de assegu- trabalho de especialista.
ração razoável para um de asseguração limitada, sem a justificativa razo- 32. Adicionalmente, o auditor independente precisa se envolver de
ável. Uma alteração nas circunstâncias que afetam os requerimentos dos forma suficiente no trabalho do especialista e de outros auditores para
usuários previstos, ou um mal-entendido sobre a natureza do trabalho, aceitar a responsabilidade pela conclusão da asseguração sobre a infor-

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mação do objeto e para obter a evidência necessária para concluir se o 39. O objeto do trabalho de asseguração pode ter várias formas, tais
trabalho desse especialista ou do outro auditor é apropriado para seus como:
propósitos. histórico de desempenho ou condição financeira (por exemplo,
33. O auditor independente é o único responsável pela conclusão histórico de posição financeira, desempenho financeiro e fluxos de caixa)
de asseguração emitida e essa responsabilidade não é reduzida pelo uso para o qual a informação do objeto pode ser o reconhecimento, a men-
que ele faça de seu especialista ou de outros auditores. No entanto, se o suração, a apresentação e a divulgação representada nas demonstrações
auditor independente, ao usar o trabalho de especialista, tendo seguido contábeis;
as normas aplicáveis, concluir que o seu trabalho é adequado para os condição ou desempenho financeiro futuro (por exemplo, posi-
propósitos do auditor, este pode aceitar as constatações ou conclusões ção financeira, desempenho financeiro e fluxos de caixa prospectivos)
do especialista como evidências adequadas. para o qual a informação do objeto pode ser o reconhecimento, a men-
suração, a apresentação e a divulgação representada na projeção ou pre-
Parte responsável
visão financeira;
34. É a parte responsável pelo objeto. No trabalho de atestação, a condições ou desempenhos não financeiros (por exemplo, de-
parte responsável geralmente também é o mensurador ou avaliador. A sempenho da entidade) para o qual as informações do objeto podem
parte responsável pode ser ou não a parte que contrata o auditor in- ser os indicadores principais de eficácia e eficiência;
dependente para realizar o trabalho de asseguração (parte contratante). características físicas (por exemplo, capacidade máxima de ocu-
Usuários previstos pação do prédio) para o qual a informação do objeto pode ser documen-
35. Os usuários previstos são os indivíduos, organizações ou grupos to de especificações;
que o auditor independente espera que utilizem o relatório de assegu- sistemas e processos (por exemplo, o controle interno ou o sis-
ração. A parte responsável pode ser um dos usuários previstos, mas não tema de TI da entidade) para o qual a informação do objeto deve ser
o único. declaração sobre sua efetividade;
comportamento (por exemplo, governança corporativa, confor-
36. Em alguns casos, pode haver usuários previstos além daqueles
midade com regulamentações, políticas de recursos humanos) para o
para quem o relatório de asseguração é destinado. O auditor indepen-
qual a informação do objeto pode ser uma declaração de conformidade
dente pode não ser capaz de identificar todos aqueles que lerão o rela-
ou declaração de efetividade.
tório de asseguração, especialmente se grande número de pessoas tiver
O Apêndice 4 apresenta uma categorização da gama de possíveis
acesso a ele. Em tais casos, especialmente onde os possíveis usuários
objetos com alguns exemplos.
são propensos a possuir vasta gama de interesses no objeto, os usuários
previstos podem ser limitados aos principais interessados com interes- 40. Os objetos possuem diferentes características, incluindo o grau
ses relevantes e comuns. Os usuários previstos podem ser identificados ao qual a informação sobre eles é qualitativa versus quantitativa, objeti-
de diferentes formas, por exemplo, mediante acordo entre o auditor in- va versus subjetiva, histórica versus prospectiva e se relacionam a uma
dependente e a parte responsável ou a parte contratante, ou por lei ou determinada data-base ou abrangem um período. Tais características
regulamento. afetam:
(a)a precisão na qual o objeto pode ser mensurado ou avaliado com
37. Usuários previstos ou seus representantes podem estar direta-
base em critérios identificáveis; e
mente envolvidos com o auditor independente e a parte responsável (e
(b)a persuasão da evidência disponível.
a parte contratante, caso seja diferente) em determinar os requisitos do
O relatório de asseguração pode apresentar características que são
trabalho. Independente do envolvimento de outros, e diferentemente
de relevância específica aos usuários previstos.
de trabalhos de procedimentos previamente acordados (que envolve re-
latar fatos identificados com base nos procedimentos acordados com a 41. A adequação do objeto independe do nível de asseguração, ou
parte contratante e outra parte apropriada, em vez de uma conclusão): seja, se o objeto não for apropriado para trabalho de asseguração razoá-
(a)o auditor independente é responsável pela determinação da na- vel, ele também não é apropriado para trabalho de asseguração limitada
tureza, época e extensão dos procedimentos; e e vice-versa. Um objeto apropriado é identificável e capaz de mensu-
(b)o auditor independente pode precisar realizar procedimentos ração ou avaliação consistente com base em critérios identificados de
adicionais se chegarem ao seu conhecimento informações que diferem forma que a informação do objeto resultante possa ser sujeita a procedi-
significativamente daquelas que foram utilizadas na determinação dos mentos para obter evidências apropriadas e suficientes para apoiar uma
procedimentos planejados. conclusão de asseguração razoável ou limitada, conforme apropriado.
38. Em alguns casos, os usuários previstos (bancos e reguladores, Critérios
por exemplo) impõem requisito ou pedido, às partes apropriadas para 42. Critérios são referências usadas para mensurar ou avaliar o ob-
que o trabalho de asseguração seja realizado para propósito específico. jeto. Os critérios podem ser formais, por exemplo, na elaboração das de-
Quando trabalhos usam critérios que foram desenvolvidos para propósi- monstrações contábeis, os critérios podem ser as normas internacionais
to específico, o relatório de asseguração inclui declaração alertando aos de relatórios financeiros ou as normas internacionais de contabilidade
leitores sobre esse fato. Adicionalmente, o auditor independente pode do setor público; ao emitir relatório sobre a efetividade operacional dos
considerar adequado indicar que o relatório de asseguração é destina- controles internos, os critérios podem ser baseados na estrutura esta-
do apenas para usuários específicos. Dependendo das circunstâncias do belecida de controle interno ou objetivos de controles individuais, espe-
trabalho, isso pode ser alcançado ao restringir a distribuição ou uso do cialmente desenvolvidos para o propósito; e ao emitir o relatório sobre
relatório de asseguração. Enquanto o relatório de asseguração possa ser a conformidade, os critérios podem ser estabelecidos por leis e regula-
restrito quando for destinado apenas a usuários ou propósito específi- mentos ou contratos. Um exemplo de critério menos formal seria o có-
cos, a ausência dessa restrição não indica por si só que a responsabilida- digo de conduta desenvolvido internamente ou o nível de desempenho
de legal é devida pelo auditor independente em relação aquele usuário acordado (tal como o número de vezes que se espera que um comitê
ou propósito. Se essa responsabilidade legal é devida dependerá da cir- específico se reúna no ano).
cunstância de cada caso. 43. Critérios adequados são requeridos para mensuração ou avalia-
Objeto ção razoável consistente com o objeto dentro do contexto do julgamen-
to profissional. Sem a estrutura de referência fornecida pelos critérios
adequados, qualquer conclusão está sujeita à interpretação individual
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e a mal-entendidos. Critérios adequados são sensíveis ao contexto, ou 49. Como parte do trabalho, o auditor independente estabelece se
seja, relevantes para as circunstâncias do trabalho. Para o mesmo objeto os critérios são adequados.
podem existir critérios diferentes, que conduzirão à mensuração ou ava- Evidências
liação diferente. Por exemplo, um dos critérios que um mensurador ou
50. Os trabalhos de asseguração são planejados e realizados com
avaliador pode escolher para mensuração da satisfação do consumidor
postura de ceticismo profissional para obter evidências apropriadas e
é o número de reclamações dos consumidores resolvidas de forma sa-
suficientes no contexto do trabalho sobre o resultado obtido da mensu-
tisfatória para o consumidor, enquanto outro mensurador ou avaliador
ração ou avaliação do objeto de acordo com os critérios. O julgamento
pode escolher o número de compras recorrentes nos três meses seguin-
profissional deve ser exercido ao considerar a materialidade, o risco do
tes à compra inicial. Adicionalmente, os critérios podem ser adequados
trabalho, bem como a quantidade e a qualidade das evidências dispo-
para um conjunto específico de circunstâncias do trabalho. Por exemplo,
níveis ao planejar e realizar o trabalho, especialmente, ao determinar a
reportar a governos ou reguladores pode requerer o uso de um conjun-
natureza, a época e a extensão dos procedimentos.
to específico de critérios, mas esses critérios podem não ser adequados
para um grupo mais amplo de usuários. Ceticismo profissional
44. Critérios adequados apresentam as seguintes características: 51. O ceticismo profissional é a postura que inclui estar alerta a, por
(a)Relevância: Critérios relevantes resultam na informação do obje- exemplo:
to que auxilia a tomada de decisões dos usuários previstos. (a)evidência inconsistente com outras evidências obtidas;
(b)Integralidade: Critérios são plenos quando a informação do ob- (b)informações que geram dúvidas quanto à confiabilidade de do-
jeto preparada de acordo com eles não omite fatores relevantes que cumentos e respostas a indagações que serão usadas como evidências;
poderiam se esperar, razoavelmente, que afetem decisões dos usuários (c)circunstâncias que sugerem a necessidade de procedimentos adi-
previstos feitas com base nessa informação. Critérios plenos incluem, cionais àqueles requeridos pelas Normas de Asseguração; e
quando relevantes, referências para apresentação e divulgação. (d)condições que podem indicar distorções.
(c)Confiabilidade: Critérios confiáveis permitem a mensuração ou 52. Manter o ceticismo profissional durante o trabalho é necessário,
avaliação consistente de determinado objeto, incluindo, se relevante, por exemplo, para reduzir o risco de:
apresentação e divulgação, quando usadas em circunstâncias similares negligenciar circunstâncias incomuns;
por auditores independentes diferentes. generalização excessiva ao tirar conclusões a partir das observa-
(d)Neutralidade: Critérios neutros resultam em informação do ob- ções; e
jeto que está livre de tendências como apropriado nas circunstâncias do usar premissas inapropriadas ao determinar a natureza, a época
trabalho. e a extensão dos procedimentos e avaliar os seus resultados.
(e)Compreensibilidade: Critérios compreensíveis resultam em infor- 53. O ceticismo profissional é necessário para a avaliação crítica das
mação do objeto que pode ser compreendida pelos usuários previstos. evidências. Isso inclui questionar evidências inconsistentes e a confiabi-
45. Descrições vagas de expectativas ou julgamentos das experiên- lidade de documentos e repostas a indagações. Também inclui a con-
cias de indivíduo não constituem critérios aceitáveis. sideração da suficiência e adequação das evidências obtidas à luz das
46. A importância relativa de cada uma das características acima ao circunstâncias.
avaliar a adequação dos critérios para um trabalho específico é questão 54. A menos que o trabalho envolva asseguração sobre a veracidade
de julgamento profissional. A adequação dos critérios não é influenciada de documentos, registros e documentos, podem ser aceitos como genu-
pelo nível de asseguração, ou seja, se os critérios são inadequados para ínos a não ser que o auditor independente tenha razões para acreditar o
um trabalho de asseguração razoável, eles também serão inadequados contrário. Mesmo assim, o auditor independente considera a confiabili-
para um trabalho de asseguração limitada, e vice-versa. Os critérios po- dade da informação a ser usada como evidência.
dem ser prescritos por leis e regulamentos ou emitidos por órgãos au- 55. Não se pode esperar que o auditor independente desconsidere
torizados ou reconhecidos que seguem o devido processo transparente experiências passadas sobre a honestidade e a integridade daqueles que
(critério estabelecido). Outros critérios podem ser desenvolvidos espe- fornecem evidências. Ainda assim, a crença de que aqueles que forne-
cificamente para o propósito de preparar a informação do objeto nas cem evidências são honestos e íntegros não diminui a necessidade de o
circunstâncias específicas do trabalho. Se os critérios são estabelecidos auditor manter o ceticismo profissional.
ou desenvolvidos especificamente, o procedimento necessário para
Julgamento profissional
avaliar a sua adequação para um trabalho específico pode ser afetado,
por exemplo, na ausência de indicações contrárias, presume-se que os 56. O julgamento profissional é essencial para a condução apro-
critérios serão adequados se forem relevantes para as necessidades de priada do trabalho de asseguração. Isso porque a interpretação de re-
informação dos usuários previstos. querimentos éticos e Normas de Asseguração relevantes e as decisões
necessárias durante o trabalho não podem ser tomadas sem a aplica-
47. Os critérios precisam estar disponíveis para os usuários previstos
ção de treinamento, conhecimento e experiência necessária aos fatos e
para permitir que compreendam como o objeto foi mensurado ou ava-
circunstâncias. O julgamento profissional é necessário, particularmente,
liado. Os critérios podem ser disponibilizados aos usuários previstos em
para decisões sobre:
uma ou mais das seguintes formas:
a materialidade e o risco do trabalho;
(a)publicamente;
a natureza, a época e a extensão dos procedimentos usados para
(b)por meio da inclusão de forma clara na apresentação da informa-
atender aos requerimentos das Normas de Asseguração relevantes e ob-
ção do objeto;
ter evidências;
(c)por meio da inclusão de forma clara no relatório de asseguração;
avaliar se foram obtidas as evidências apropriadas e suficientes e
(d)por entendimento geral, por exemplo, o critério de mensurar o
se algo mais precisa ser feito para alcançar os objetivos das Normas de
tempo em horas e minutos.
Asseguração aplicáveis. Especificamente, no caso de trabalho de asse-
48. Os critérios podem também ser disponibilizados apenas aos guração limitada, o julgamento profissional é requerido ao avaliar se um
usuários previstos específicos, por exemplo, os termos do contrato ou nível significativo de asseguração foi obtido;
os critérios emitidos por associação setorial que esteja disponível apenas
aos seus membros por serem relevantes para propósitos específicos (ver
o item 38).
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no caso do trabalho direto, aplicação dos critérios ao objeto e obtida de uma fonte é inconsistente com aquela obtida de outra, será
caso o auditor selecione ou desenvolva o critério, a sua seleção ou seu necessário determinar quais procedimentos adicionais devem ser exe-
desenvolvimento. No caso de trabalho de atestação, avaliar tais julga- cutados para eliminar a inconsistência.
mentos executados por terceiros; 65. A obtenção da evidência apropriada e suficiente é geralmente
as conclusões apropriadas com base nas evidências obtidas. mais difícil em uma asseguração sobre a informação do objeto, cobrindo
57. A principal característica do julgamento profissional esperada um período de tempo, do que do objeto em uma data base. Adicional-
do auditor independente é que ele seja exercido por auditor cujo treina- mente, as conclusões fornecidas sobre processos geralmente são limita-
mento, conhecimento e experiência auxiliaram no desenvolvimento das das ao período coberto pelo trabalho; o auditor independente não for-
competências necessárias para alcançar julgamentos razoáveis. nece conclusão sobre se o processo irá continuar a funcionar no futuro
58. O exercício do julgamento profissional em qualquer caso par- de modo especificado.
ticular é com base nos fatos e circunstâncias que são conhecidos pelo 66. É uma questão de julgamento profissional se evidências apro-
auditor independente. A consulta em questões difíceis ou controversas priadas e suficientes foram obtidas para suportar a conclusão do audi-
durante o curso do trabalho, quer dentro da equipe de trabalho, quer en- tor independente, o que envolve considerar a relação entre o custo e
tre a equipe de trabalho e outros com nível apropriado, dentro ou fora da o benefício da obtenção das evidências. O auditor utiliza o julgamento
firma, auxiliam o auditor independente a exercer julgamentos razoáveis. e exerce o ceticismo profissional ao avaliar a quantidade e a qualidade
59. O julgamento profissional pode ser avaliado com base se o jul- das evidências e, portanto, sua suficiência e adequação, para suportar o
gamento alcançado reflete a aplicação competente da asseguração e relatório de asseguração.
princípios de mensuração ou avaliação e se é adequado à luz dos, e con- Materialidade
sistente com, fatos e circunstâncias que eram conhecidos pelo auditor 67. A materialidade é relevante ao planejar e realizar o trabalho
independente até a data do relatório do auditor. de asseguração para determinar a natureza, a época e a extensão dos
60. O julgamento profissional deve ser exercido durante todo o tra- procedimentos, bem como para avaliar se a informação do objeto está
balho. O julgamento profissional não deve ser usado como justificativa livre de distorções. Os julgamentos profissionais sobre materialidade são
para decisões que não são, de outra forma, suportadas pelos fatos e cir- feitos à luz das circunstâncias, mas não são influenciadas pelo nível de
cunstâncias do trabalho ou por evidências apropriadas e suficientes. asseguração, ou seja, para os mesmos usuários e propósitos previstos, a
Evidência suficiente e apropriada materialidade do trabalho de asseguração razoável é a mesma utilizada
em trabalho de asseguração limitada, considerando que ela é determi-
61. A evidência suficiente e apropriada estão correlacionadas. A su-
nada com base nas necessidades de informação dos usuários previstos.
ficiência é a mensuração da quantidade de evidências. A quantidade de
evidência necessária é influenciada pelos riscos da informação do objeto 68. Distorções, incluindo omissões, são consideradas relevantes se
ser distorcida de forma relevante (quanto maior forem os riscos, mais elas, individualmente ou em conjunto, puderem razoavelmente influen-
evidência será necessária) e também pela qualidade dessas evidências ciar as decisões relevantes dos usuários previstos tomadas com base na
(quanto melhor a qualidade, menos será necessária). Obter mais evidên- informação do objeto. A consideração do auditor independente sobre a
cias, contudo, pode não compensar a sua baixa qualidade (ver itens 81 materialidade é um assunto de julgamento profissional, e é influencia-
e 82). da pela percepção que o auditor possui sobre as necessidades comuns
de informação dos usuários previstos como um grupo. A menos que o
62. Adequação é a mensuração da qualidade da evidência; ou seja,
trabalho tenha sido desenvolvido para atender as necessidades de infor-
sua relevância e confiabilidade em fornecer fundamentação para a con-
mações de usuários específicos, os possíveis efeitos das distorções para
clusão do auditor independente.
os usuários específicos, cuja necessidade de informação possa variar am-
63. A confiabilidade da evidência é influenciada por sua fonte e sua plamente, não são geralmente considerados.
natureza e depende das circunstâncias particulares sob as quais são ob-
69. A materialidade é considerada no contexto dos fatores qualitati-
tidas. Generalizações sobre a confiabilidade de vários tipos de evidências
vos e, quando aplicável, a fatores quantitativos. Ao considerar a materia-
podem ser feitas; contudo, tais generalizações estão sujeitas a exceções
lidade em trabalho específico, a importância relativa de fatores quantita-
importantes. Mesmo quando a evidência é obtida de fontes externas,
tivos e qualitativos é assunto de julgamento profissional.
podem existir circunstâncias que poderiam afetar sua confiabilidade. Por
exemplo, evidência obtida de fonte externa pode não ser confiável se a 70. A materialidade se refere à informação coberta pelo relatório
fonte não for conhecida ou objetiva. Enquanto se reconhece que possam de asseguração do auditor independente. Portanto, quando o trabalho
existir exceções, as seguintes generalizações sobre a confiabilidade da cobrir alguns, mas não todos, os aspectos da informação do objeto, a
evidência podem ser úteis: materialidade é considerada em relação apenas àquela parte da infor-
a evidência é mais confiável quando é obtida de fontes externas mação que é coberta pelo trabalho.
às partes apropriadas; Risco do trabalho
a evidência que é gerada internamente é mais confiável quando 71. A informação do objeto pode não se relacionar adequadamente
os controles relacionados são efetivos; no contexto do objeto e dos critérios, e pode, portanto, ser potencial-
a evidência obtida diretamente pelo auditor independente (por mente distorcida de forma relevante. Isso ocorre quando a informação
exemplo, na observação da efetividade de controle) é mais confiável do não reflete apropriadamente a aplicação dos critérios para mensurar ou
que a evidência obtida indiretamente ou por dedução (por exemplo, in- avaliar o objeto.
dagação sobre a efetividade do controle);
72. Risco do trabalho é o risco do auditor independente expressar
a evidência formal é mais confiável, seja em papel, de forma ele-
uma conclusão inadequada quando a informação do objeto estiver dis-
trônica ou outra mídia (por exemplo, a ata de reunião geralmente é mais
torcida de forma relevante. O risco do trabalho não se refere e nem in-
confiável do que a representação verbal do que foi discutido).
clui os riscos de negócio do auditor independente, tais como perdas em
64. Segurança maior é geralmente obtida de evidências consisten- litígios, publicidade adversa, ou outros eventos que surjam em conexão
tes de fontes ou de natureza diferentes do que evidências consideradas com a informação específica do objeto.
individualmente. Adicionalmente, obter evidências de fontes ou de na-
tureza diferente pode tanto corroborar outras evidências ou indicar que
um item particular da evidência não é confiável. Quando a evidência
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73. Eliminar totalmente o risco do trabalho é raramente alcançável A exata natureza, a época e a extensão dos procedimentos variam
ou possui um custo altíssimo em relação ao benefício, portanto, a “asse- de um trabalho para outro. Em teoria, para muitos trabalhos de assegu-
guração razoável” é menor do que asseguração absoluta, como resulta- ração, são possíveis variações infinitas dos procedimentos. Na prática,
do de fatores, tais como: contudo, elas são difíceis de comunicar de forma clara e inequívoca.
uso de testes seletivos; 77. Para a compreensão do objeto e de outras circunstâncias, tanto
limitações inerentes do controle interno; os trabalhos de asseguração razoável como de asseguração limitada re-
fato de que muitas das evidências disponíveis ao auditor inde- querem a aplicação de habilidades e técnicas, bem como a obtenção de
pendente são persuasivas, ao invés de conclusivas; evidências apropriadas e suficientes como parte do processo de trabalho
uso de julgamento profissional ao obter e avaliar as evidências e iterativo e sistemático.
formar as conclusões com base nessas evidências;
78. O trabalho de asseguração razoável deve considerar:
em alguns casos, as características do objeto quando avaliadas ou
(a)identificar e avaliar o risco de distorção relevante na informação
mensuradas pelos critérios.
do objeto, com base na compreensão da informação do objeto e de ou-
74. No geral, os riscos do trabalho podem estar representados pelos tras circunstâncias do trabalho;
seguintes componentes, apesar de que nem todos esses componentes (b)desenvolver e realizar procedimentos para responder aos ricos
estarão necessariamente presentes ou serão significativos para todos os avaliados e obter asseguração razoável para suportar a conclusão do au-
trabalhos de asseguração: ditor independente; e
(a)riscos que não dependem diretamente do auditor independente, (c)avaliar a suficiência e a adequação das evidências obtidas no con-
consistem em: texto do trabalho e, se necessário nas circunstâncias, tentar obter evi-
(i)risco inerente – a suscetibilidade da informação do objeto conter dências adicionais.
distorção relevante antes da consideração de quaisquer controles aplica-
79. A natureza, a época e a extensão dos procedimentos para obter
dos pelas partes apropriadas; e
evidências apropriadas e suficientes em trabalho de asseguração limita-
(ii)risco de controle – o risco de ocorrer distorção relevante na infor-
da são, por definição, limitadas se comparados com os necessários para
mação do objeto não seja evitado por controle preventivo ou, detectado
o trabalho de asseguração razoável. Uma Norma de Asseguração espe-
e corrigido, em tempo hábil, pelo controle interno implementado pelas
cífica para um objeto pode estabelecer que, por exemplo, as evidências
partes apropriadas; e
apropriadas e suficientes para um tipo específico de trabalho de assegu-
(b)riscos que o auditor independente influencia diretamente, con-
ração limitada são obtidas primariamente por meio de procedimentos
sistem em:
analíticos e indagações. Na ausência de Normas de Asseguração para
(i)risco de detecção – o risco dos procedimentos realizados pelo au-
objetos específicos para outros tipos de asseguração limitada os proce-
ditor independente não detectarem distorção relevante ; e
dimentos analíticos e indagações podem variar com as circunstâncias do
(ii)risco de mensuração ou avaliação – no caso de trabalho direto, o
trabalho, em particular, com o objeto e a necessidade de informações
risco associado com a mensuração ou avaliação que o auditor indepen-
dos usuários previstos e da contratante, incluindo restrições relevantes
dente fizer do objeto pelos critérios.
de tempo e custo. A determinação da natureza, da época e da extensão
75. O nível pelo qual cada um desses componentes é relevante para dos procedimentos depende de julgamento profissional e varia de um
o trabalho é influenciado pelas circunstâncias do trabalho, em particular. trabalho para outro.
A consideração de riscos é assunto de julgamento profissional, ao invés
80. O trabalho de asseguração limitada deve considerar:
de ser passível de mensuração precisa. As circunstâncias podem estar
identificar as áreas onde uma distorção relevante da informação
relacionadas com:
do objeto é capaz de surgir, com base na compreensão do objeto e ou-
A natureza do objeto e a sua informação. Por exemplo, o conceito
tras circunstâncias do trabalho;
de controle de risco pode ser mais útil quando a informação do objeto
desenvolver e realizar procedimentos para abordar essas áreas e
for relativa à preparação da informação sobre o desempenho da entida-
obter a asseguração limitada para suportar a conclusão do auditor inde-
de quando ele for relativo à informação sobre a eficácia de controle ou a
pendente; e
existência de condição física.
desenvolver e executar procedimentos adicionais para obter evi-
O tipo de trabalho de asseguração (razoável ou limitada) que está
dências, se o auditor independente tomar conhecimento de assuntos
sendo executado. Por exemplo, em trabalhos de asseguração limitada, o
que o levem a acreditar que a informação do objeto possa estar distorci-
auditor independente pode frequentemente decidir obter evidência por
da de forma relevante.
outros meios que não sejam testes de controle. Neste caso, a considera-
ção do risco de controle pode ser menos relevante do que em trabalhos Quantidade e qualidade das evidências disponíveis
de asseguração razoável sobre a mesma informação do objeto. 81. Normalmente, a evidência disponível é persuasiva ao invés de
Se for trabalho direto ou trabalho de atestação. Enquanto o con- conclusiva. A quantidade ou qualidade das evidências disponíveis são
ceito de risco de controle é relevante aos trabalhos de atestação, o con- influenciadas por:
ceito mais amplo de risco de mensuração ou avaliação é mais relevante (a)características do objeto ou da informação. Por exemplo, evi-
para trabalhos diretos. dências menos objetivas podem ser esperadas quando a informação for
Natureza, época e extensão dos procedimentos prospectiva ao invés de histórica (ver o item 40); e
(b)outras circunstâncias, relacionadas com o fato da evidência, que
76. A combinação de procedimentos é tipicamente utilizada para
poderia ser razoavelmente esperada de existir, não estiver disponível de-
obter tanto a asseguração razoável como a asseguração limitada. Os pro-
vido, por exemplo, à data de nomeação do auditor independente, à polí-
cedimentos podem incluir:
tica de retenção de documentos da entidade, a sistemas de informação
inspeção;
inadequados, ou à restrição imposta pela parte responsável.
observação;
confirmação; 82. Uma conclusão não modificada não é apropriada tanto para o
recálculo; trabalho de asseguração razoável como para o trabalho de asseguração
reexecução; limitada quando:
procedimentos analíticos; e
indagação.
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(a) as circunstâncias impedem que o auditor independente obtenha 89. O auditor deve expressar uma conclusão modificada nas seguin-
as evidências necessárias para reduzir os riscos de trabalho ao nível apro- tes circunstâncias:
priado; ou (a)quando, no julgamento profissional do auditor independente,
(b)uma das partes envolvidas com o trabalho impõe uma restrição existe uma limitação de escopo, cujo efeito do assunto pode ser relevan-
que impede o auditor independente de obter as evidências necessárias te. Em tais casos, o auditor independente expressa uma conclusão com
para reduzir o risco de trabalho ao nível apropriado. ressalva, ou se abstém de uma conclusão. Em alguns casos, o auditor
Relatório de asseguração pode considerar se retirar do trabalho;
(b)quando, no julgamento profissional do auditor independente, a
83. O auditor independente forma sua conclusão com base nas evi-
informação do objeto está relevantemente distorcida. Em tais casos, o
dências obtidas e emite o relatório escrito contendo uma expressão clara
auditor expressa uma conclusão com ressalva ou adversa. No caso de
dessa conclusão de asseguração. As Normas de Asseguração estabele-
trabalhos diretos onde a informação do objeto é a conclusão do auditor
cem elementos básicos para os relatórios de asseguração.
independente, se ele concluir que parte, ou todos os objetos, não está de
84. No trabalho de asseguração razoável, a conclusão do auditor in- acordo, em todos os aspectos relevantes, com os critérios, tal conclusão
dependente é expressa na forma positiva para transmitir a sua opinião também deve ser expressa com ressalvas (ou adversa, conforme o caso).
sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto.
90. A conclusão com ressalvas é expressa quando os efeitos, ou pos-
85. Exemplos de conclusões emitidas de forma apropriada em tra- síveis efeitos, de um assunto das distorções, individualmente ou em con-
balhos de asseguração razoável incluem: junto, são relevantes, mas não generalizados a ponto de requerer uma
Quando expressas nos termos de determinado assunto e das conclusão adversa ou a abstenção de conclusão.
normas, leis ou regulamentos aplicáveis, “Em nossa opinião, a entidade
91. Se, após o trabalho ter sido aceito, for descoberto que uma ou
cumpriu, em todos os aspectos relevantes, a lei XYZ”;
mais precondições para o trabalho de asseguração não estão presentes,
Quando expressas nos termos da informação do objeto e dos
o auditor independente discute a questão com as partes apropriadas e
critérios aplicáveis “Em nossa opinião, as demonstrações contábeis apre-
estabelece:
sentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição
(a)se o assunto pode ser resolvido de modo a satisfazer o auditor
patrimonial e financeira da entidade em [data], o desempenho de suas
independente;
operações e seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data de
(b)se é apropriado dar continuidade ao trabalho; e
acordo com a estrutura XYZ”; ou
(c)se, em caso afirmativo, como comunicar o assunto no relatório
Quando expressa nos termos de uma declaração feita pela parte
de asseguração.
responsável, “Em nossa opinião, a declaração da [parte responsável] de
que a entidade cumpriu com a lei XYZ está, em todos os aspectos rele- 92. Se, após a aceitação do trabalho, for descoberto que parte ou
vantes, adequadamente apresentada” ou “Em nossa opinião, a declara- todos os critérios são inadequados ou que parte ou todos os objetos não
ção da [parte responsável] de que os principais indicadores de desempe- são apropriados para o trabalho de asseguração, o auditor independen-
nho estão apresentados de acordo com os critérios XYZ está, em todos te pode considerar retirar-se do trabalho, caso seja possível de acordo
aspectos relevantes, adequadamente apresentada.” Por outro lado, no com lei ou regulamento. Se o auditor der continuidade ao trabalho, ele
trabalho direto, a conclusão do auditor independente é escrita nos ter- expressa:
mos de determinado objeto e critérios. (a)conclusão com ressalvas ou adversa dependendo de quanto o as-
sunto for relevante e generalizado, quando, no julgamento profissional
86. No trabalho de asseguração limitada, a conclusão do auditor in-
do auditor, o critério inadequado ou objeto inapropriado estiver propen-
dependente é expressa de forma a transmitir se, com base no trabalho
so a induzir os usuários previstos ao erro; ou
realizado, algum fato chegou ao seu conhecimento que o levasse a acre-
(b)conclusão com ressalvas ou abstenção da conclusão, dependen-
ditar que a informação do objeto esteja distorcida de forma relevante,
do do julgamento profissional do auditor independente de quanto o as-
como por exemplo, “Com base nos procedimentos realizados e nas evi-
sunto for relevante e generalizado, em outros casos.
dências obtidas, não temos conhecimento de nenhum fato que nos leve
a acreditar que a entidade não tenha cumprido, em todos os aspectos Outras partes
relevantes, com a lei XYZ.” Outras responsabilidades de comunicação
87. O auditor independente pode escolher o modelo de relatório de 93. O auditor considera, nos termos do trabalho e de outras circuns-
“forma curta” ou de “forma longa” para facilitar a efetividade da comuni- tâncias do trabalho, se algum assunto que chegou ao seu conhecimento
cação com os usuários previstos. Relatórios de “forma curta” geralmente deve ser comunicado à parte responsável, ao mensurador ou avaliador, à
incluem apenas os elementos básicos. Os relatórios de “forma longa” in- parte contratante, aos responsáveis pela governança ou a outros.
cluem outras informações e explicações que não afetam a conclusão do Documentação
auditor independente. Os relatórios em forma longa podem descrever
94. A documentação do trabalho fornece o registro da base para o
com detalhe os termos do trabalho, os critérios usados, as constações re-
relatório de asseguração quando preparada em tempo hábil e for apro-
lativas a aspectos específicos do trabalho, os detalhes sobre as qualifica-
priada e suficiente para permitir que um auditor independente experien-
ções e experiência do auditor independente e de outros envolvidos com
te, sem conexão prévia com o trabalho, compreenda:
o trabalho, a divulgação dos níveis de materialidade e, em alguns casos,
(a)a natureza, a época e a extensão dos procedimentos realizados
as recomendações. A inclusão de qualquer dessas informações depende
para cumprir com as Normas de Asseguração relevantes e requerimen-
da sua relevância para os usuários previstos.
tos de leis e regulamentos;
88. A conclusão do auditor independente é claramente separada (b)o resultado dos procedimentos realizados e as evidências obti-
das outras informações ou explicações que não pretendem afetar a sua das; e
conclusão, incluindo quaisquer Ênfases, Outros Assuntos, constatações (c)os assuntos relevantes que surgirem durante o trabalho, as con-
relativas a aspectos específicos do trabalho, recomendações ou informa- clusões alcançadas e os julgamentos profissionais significativos exercidos
ções adicionais incluídas no relatório de asseguração. A redação utilizada para se chegar a tais conclusões.
deixa bem claro que uma Ênfase, Outros Assuntos, constatações, reco- 95. A documentação do trabalho inclui como o auditor endereçou
mendações ou informações adicionais não pretendem afetar a conclu- qualquer inconsistência entre as informações por ele identificadas e a
são do auditor. sua conclusão final relacionada com um assunto relevante.
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Uso inapropriado do nome do auditor independente
96. O auditor independente está associado com o objeto ou com a informação do objeto relacionada, quando o auditor reporta informações
sobre o objeto ou consente com o uso de seu nome em conexão profissional com esse objeto ou com a informação do objeto relacionada. Se o
auditor não estiver associado dessa maneira, terceiros não podem assumir a responsabilidade do auditor. Se o auditor independente descobrir que
uma parte está usando o seu nome indevidamente em associação com o objeto ou com a informação do objeto relacionada, ele deve exigir que essa
parte cesse essa ação. O auditor também deve considerar quais outras ações podem ser necessárias, como informar quaisquer terceiros conhecidos
do uso inapropriado do seu nome ou procurar assistência legal.
Apêndice 1 – não editado.
Apêndice 2 – Trabalhos de atestação e trabalhos diretos
Este Apêndice destaca as diferenças entre um trabalho de atestação e um trabalho direto.
1. No trabalho de atestação, o mensurador ou o avaliador, que não é o auditor independente, mensura ou avalia o objeto de acordo com cri-
térios, resultando na informação do objeto. A informação do objeto pode falhar em ser adequadamente expressada no contexto de determinado
objeto e dos critérios, e pode, portanto, ser distorcida, potencialmente, a uma extensão relevante. A função do auditor independente no trabalho de
atestação é obter evidências apropriadas e suficientes de forma a expressar uma conclusão sobre se a informação do objeto, como preparada pelo
mensurador ou avaliador, está livre de distorções relevantes.
2. No trabalho direto, o auditor mensura ou avalia o objeto de acordo com critérios e apresenta a informação do objeto resultante como parte,
ou acompanhando o relatório de asseguração. A conclusão do auditor no trabalho direto aborda o resultado relatado da mensuração ou avaliação
de determinado objeto de acordo com critérios. Em alguns trabalhos diretos, a conclusão do auditor é, ou é parte da, a informação do objeto. De-
pendendo do objeto:
(a)o resultado da mensuração ou avaliação no trabalho direto pode ser semelhante ao relatório ou declaração preparada pelo mensurador ou
avaliador em trabalho de atestação. Em outras circunstâncias, contudo, o resultado, ou seja, a informação do objeto pode ser refletida na descrição
das constatações e base para a conclusão do auditor em relatório de asseguração de formato longo; e
(b)o auditor independente pode usar dados coletados ou compilados por outros. Por exemplo, os dados podem vir do sistema de informação
mantido pela parte responsável.
3. Em adição à mensuração ou à avaliação de determinado objeto, em trabalho direto, o auditor independente também aplica habilidades e
técnicas de asseguração para obter evidências apropriadas e suficientes de forma a expressar sua conclusão sobre se a informação do objeto está
relevantemente distorcida. O auditor pode obter evidências simultaneamente com a mensuração ou avaliação do objeto, mas também pode obtê-la
antes ou após tal mensuração ou avaliação.
4. O valor do trabalho direto se dá na combinação:
(a)da independência do auditor em relação ao objeto, ao contratante, aos usuários previstos e à parte responsável, não obstante ele não seja
independente da informação do objeto, porque o próprio auditor a preparou; e
(b)das habilidades e técnicas aplicadas ao mensurar ou avaliar o objeto, que resultam na acumulação de evidências que são de quantidade e
qualidade semelhantes para um trabalho de atestação. É essa obtenção de evidências apropriadas e suficientes que distingue um trabalho direto de
uma mera compilação. Para ilustrar este ponto, se o auditor independente estivesse compilando informação sobre uma declaração de emissão de ga-
ses de efeito estufa da entidade, o auditor não iria, por exemplo, testar a calibração dos dispositivos de monitoramento. No trabalho direto, contudo,
o auditor independente iria, onde relevante, calibrar os dispositivos como parte do processo de mensuração ou testar a calibração dos dispositivos
de monitoramento realizada por outros da mesma forma que iria proceder se o trabalho fosse um trabalho de atestação.
Apêndice 3 – Partes do trabalho de asseguração

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1. Todos os trabalhos de asseguração possuem pelo menos três partes: a parte responsável, o auditor independente e os usuários previstos.
Dependendo das circunstâncias do trabalho, pode haver também uma função separada de mensurador ou avaliador, ou de parte contratante.
2. O diagrama acima ilustra como as seguintes funções se relacionam ao trabalho de asseguração:
(a)a parte responsável é responsável pelo objeto;
(b)o mensurador ou o avaliador usa os critérios para mensurar ou avaliar o objeto, resultando na informação do objeto;
(c)a parte contratante contrata os termos do trabalho com o auditor independente;
(d)o auditor independente obtém evidências apropriadas e suficientes de forma a poder expressar uma conclusão desenvolvida para au-
mentar o grau de confiança dos usuários previstos, que não se referem à parte responsável, sobre a informação do objeto;
(e)os usuários previstos tomam decisões com base na informação do objeto. Os usuários previstos são indivíduos, organizações ou grupo de
indivíduos e organizações que o auditor espera que irão utilizar o relatório de asseguração.
3. As seguintes observações podem ser feitas sobre essas funções:
todo trabalho de asseguração possui pelo menos uma parte responsável e usuários previstos, em adição ao auditor independente;
o auditor independente não pode ser a parte responsável, a contratante ou um usuário previsto;
no trabalho direto, o auditor independente também é o mensurador ou o avaliador;
no trabalho de atestação, a parte responsável ou outra pessoa, que não seja o auditor independente, pode ser o mensurador ou o ava-
liador;
quando o próprio auditor independente mensurou ou avaliou o objeto de acordo com critérios, o trabalho é direto. A característica desse
trabalho não pode ser mudada para o trabalho de atestação com outra parte assumindo a responsabilidade da mensuração ou avaliação, como,
por exemplo, mediante uma declaração sobre informação do objeto anexada pela parte responsável, aceitando a responsabilidade sobre ele;
a parte responsável pode ser, também, a contratante;
em muitos trabalhos de atestação a parte responsável pode ser também o mensurador ou avaliador e a parte contratante. Por
exemplo, a entidade contrata o auditor independente para executar trabalho de asseguração sobre o relatório que foi preparado para
suas próprias práticas sustentáveis. Por outro lado, existem situações em que a parte responsável é diferente do mensurador ou avaliador.
Nesse caso, por exemplo, o auditor é contratado para executar trabalho de asseguração sobre o relatório preparado por organização go-
vernamental sobre as práticas de sustentabilidade da companhia;
no trabalho de atestação, o mensurador ou o avaliador geralmente fornece ao auditor independente uma representação escrita sobre
a informação do objeto. Em alguns casos, o auditor pode não ser capaz de obter tal representação, por exemplo, quando a contratante não é o
mensurador ou o avaliador;
a parte responsável pode ser um dos usuários previstos, mas não o único;
a parte responsável, o mensurador ou o avaliador e os usuários previstos podem ser de entidades diferentes ou da mesma. Como exem-
plo do último caso, em entidade com estrutura de administração de dois níveis, o conselho de administração pode querer obter asseguração
sobre uma informação fornecida pela diretoria executiva dessa entidade. A relação entre a parte responsável, o mensurador ou o avaliador e os
usuários previstos precisam ser observados dentro do contexto de cada trabalho específico e podem diferir das linhas tradicionalmente definidas
de responsabilidade. Por exemplo, a alta administração da entidade (usuário previsto) pode contratar o auditor independente para executar
trabalho de asseguração sobre um aspecto específico das atividades da entidade que é de responsabilidade do nível imediatamente inferior de
administração (parte responsável) em relação à alta administração, todavia, em última instância, a alta administração que é a usuária prevista é,
também, a responsável final pela informação;
uma parte contratante que não seja também uma parte responsável pode ser o usuário previsto.
4. A conclusão do auditor independente pode ser escrita nos termos:
do objeto e dos critérios aplicáveis;
da informação do objeto e dos critérios aplicáveis; ou
de declaração feita pela parte apropriada.
5. O auditor e a parte responsável podem concordar em aplicar os princípios das NBCs TO para trabalho onde não existem outros usuários
previstos além da parte responsável, mas onde todos os outros requisitos das NBCs TO são cumpridos. Em tais casos, o relatório do auditor inde-
pendente inclui declaração restringido o uso do relatório apenas à parte responsável.
Apêndice 4 – Categorização dos objetos em trabalhos de asseguração
A tabela abaixo mostra uma série de possíveis objetos em trabalhos de asseguração com alguns exemplos de trabalhos. Algumas categorias
não possuem exemplos, porque é improvável que trabalhos de asseguração relacionados com essa informação sejam realizados nessas catego-
rias. A categorização não é necessariamente completa e as categorias não são necessariamente mutuamente exclusivas. Alguns objetos ou infor-
mação do objeto podem possuir componentes em mais de uma categoria, por exemplo, relatório integrado e relatório de responsabilidade social
corporativa são propensos a ter tanto informações históricas quanto voltadas para o futuro, assim como informações financeiras e informações
não financeiras. Também, em alguns casos, os exemplos são de informação do objeto, em outros casos eles são o próprio objeto ou meramente
uma indicação do tipo de questão que a informação poderia auxiliar com o que for mais significativo nas circunstâncias.

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Prezado(a),
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é reserva-
da para a inclusão de materiais que complementam a apostila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relacionados a este
material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não cabem na estrutura de nossas apostilas.
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e podem
ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da apos-
tila.
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo link a seguir: https://www.novaconcursos.com.br/arquivos-digitais/erra-
tas/16455/21214/normas-contabilidade-estrutura-conceitual.pdf

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07. (CESPE/2018 – CAGE/RS) A respeito do regime de compe-
QUESTÕES tência e dos livros contábeis, julgue os itens a seguir.
I. No regime de competência, as receitas são reconhecidas
quando são ganhas, mesmo que não recebidas.
II. No lançamento em livro diário, devem−se descrever o título
1. (IBADE/2018 - IPM - JP) O Plano de contas é um conjunto
e o saldo da conta.
de contas, diretrizes e normas que disciplina as tarefas do setor de
III. No livro razão, o confronto dos créditos e dos débitos deno-
contabilidade. Em relação ao conjunto de contas, marque a alterna-
mina−se saldo.
tiva que demonstra como as contas do Ativo Não Circulante deve-
IV. De acordo com o regime de competência, as receitas e as
rão ser classificadas
despesas são consideradas em função dos recebimentos ou dos pa-
(A) Permanente, Investimento, Imobilizado e Intangível
gamentos.
(B) Permanente, Imobilizado e Intangível
Estão certos apenas os itens
(C) Realizável a LP, Permanente e Intangível
(A) I e II.
(D) Realizável a CP, Investimento, imobilizado e Intangível
(B) I e III.
(E) Realizável a LP, Investimentos, Imobilizado e Intangível
(C) III e IV.
2. (IBADE/2018 - Câmara de Vilhena - RO) O livro contábil que (D) I, II e IV.
se caracteriza por apresentar os registros do movimento individua- (E) II, III e IV.
lizado de todas as contas é:
8. (CESPE/2018 – CAGE/RS) Sabendo que a contabilidade regis-
(A) Livro de Inventário.
tra apenas os eventos contábeis que impactam economicamente a
(B) Livro Diário.
equação básica contábil: ativo = passivo + patrimônio líquido, assi-
(C) Registro de entradas.
nale a opção correspondente a evento que afeta a equação contá-
(D) Livro Razão.
bil.
(E) Livro Caixa.
(A) análise de proposta de fornecedor
3. (IMA/2018 - Prefeitura de Caxias - MA) Na folha de pagamen- (B) anúncio de imóveis para venda em sítios da Internet
to, devem ser registrados mensalmente todos os valores referentes (C) cotação de empréstimos em estabelecimentos bancários
à remuneração dos empregados, sendo divido em duas partes: pro- (D) contratação de empregados
ventos e descontos. Não representa um possível provento: (E) aquisição de materiais à vista
(A) Hora extra.
9. (CESPE / CEBRASPE/2020 - SEFAZ-AL) Conforme o disposto
(B) Salário família.
na NBC TSP — estrutura conceitual, julgue o item a seguir, acerca
(C) Contribuição sindical.
das restrições da informação a ser incluída nos relatórios contábeis
(D) Adicional noturno.
de propósito geral das entidades do setor público (RCPG).
4. (IBADE/2019 - JARU-PREVI - RO) Em relação aos princípios Como não é possível identificar todos os custos e benefícios
fundamentais de contabilidade, a alternativa correta que contém da informação incluída nos RCPG, avaliar se os benefícios da infor-
alguns desses princípios é a seguinte: mação justificam seus custos é frequentemente uma questão de
(A) impessoalidade e discricionariedade. julgamento de valor.
(B) eficiência e legalidade. () Certo
(C) prudência e oportunidade. ( ) Errado
(D) publicidade e discricionariedade.
10. (IF Sertão - PE/2016 – IF Sertão - PE) Considere as seguintes
(E) motivação e discricionariedade.
afirmações e preencha como (V) as verdadeiras, ou (F) as falsas.
5. (IESES/2017 – CEGÁS) Pelo método das partidas dobradas ( ) As variações patrimoniais podem ser classificadas em: Va-
empregado na contabilidade sabe-se que: riações Patrimoniais Aumentativas e Variações Patrimoniais
(A) Para cada crédito há sempre um débito correspondente. Diminutivas.
(B) Dificilmente haverá relação de igualdade entre débitos e ( ) O reconhecimento da variação patrimonial pode ocorrer
créditos. em três momentos: para a variação patrimonial aumentativa,
(C) O ideal é que os débitos sempre superem os créditos. antes, depois ou no momento da arrecadação da receita orça-
(D) Sempre deve haver mais créditos do que débitos. mentária e para a variação patrimonial diminutiva, antes, de-
pois ou no momento da liquidação da despesa orçamentária.
6. (VUNESP/2014 – Desenvolve/SP) Ao fim de cada exercício
( ) Fato Administrativo ou Fato Contábil é qualquer aconteci-
social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercan-
mento que traz reflexos no patrimônio, alterando-o.
til da companhia, as demonstrações financeiras de que trata a Lei
( ) Fato Administrativo ou Fato Contábil, pode ou não trazer
n.º 6.404/76, que deverão exprimir com clareza a situação do pa-
alterações no Patrimônio Líquido.
trimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. Das
( ) Os fatos mistos são os que combinam fatos permutativos
demonstrações financeiras publicadas, qual é a dispensável para
com fatos modificativos, também podendo ser aumentativos
companhias de capital fechado?
ou diminutivos. Ocorrem quando há, pelos fatos contábeis, al-
(A) DVA–Demonstração do Valor Adicionado.
terações qualitativas e quantitativas do patrimônio.
(B) DFC–Demonstração dos fluxos de caixa.
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de V e F,
(C) DOAR–Demonstração das origens e aplicações de recursos.
de cima para baixo.
(D) DMPL– Demonstração das mutações do patrimônio líquido.
(A) F-V-V-V-V
(E) BS–Balanço social.
(B) V-V-V-F-V
(C) F-V-V-F-V
(D) V-F-F-V-V
(E)F-V-F-V-F

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GABARITO
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1 E
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2 D
3 C ______________________________________________________
4 C ______________________________________________________
5 A
______________________________________________________
6 A
7 B ______________________________________________________
8 E ______________________________________________________
9 CERTO
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10 A
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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