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CÓD:SL-082JL-22

7908433224389

TRT-PI
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 22ª REGIÃO

Técnico Judiciário
Área Administrativa
EDITAL Nº 1, DE 12 DE JULHO DE 2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2. Emprego da acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Flexão nominal e verbal. Emprego de tempos e modos verbais. Vozes do verbo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
6. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Domínio dos mecanismos de coesão textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
8. Concordância nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
9. Regência nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
10. Morfossintaxe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
11. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Adequação da linguagem ao tipo de documento . . . 22
12. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . 30
13. Figuras de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
14. Discurso direto, indireto e indireto livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Regimento Interno do TRT da 22ª Região


1. Regimento interno do TRT da 22ª região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Raciocínio Lógico Matemático


1. Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; deduzir novas informações das relações
fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e elaboração da lógica das
situações por meio de: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação espacial e temporal, formação de
conceitos, discriminação de elementos.
2. Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida, a conclusões
determinadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Noções básicas de proporcionalidade e porcentagem: problemas envolvendo regra de três simples, cálculos de porcentagem,
acréscimos e descontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

Noções de Administração Geral e Pública


1. Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de
departamentalização. Processo organizacional: planejamento, direção, coordenação, comunicação, controle e avaliação. Gestão
estratégica: planejamento estratégico, tático e operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
2. Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3. Princípios básicos da Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4. Gestão de resultados na produção de serviços públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
5. Comunicação na gestão pública e gestão de redes organizacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
6. Gestão e avaliação de desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
7. Gestão de pessoas do quadro próprio e terceirizadas. Motivação. Liderança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
8. Gestão por Processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
9. Gestão por Projetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
10. Gestão de contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
11. Gestão da Qualidade: excelência nos serviços públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
12. Tipos de decisão e processo decisório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189

Noções de Direito Constitucional


1. Da aplicabilidade das normas constitucionais: normas de eficácia plena, contida e limitada; normas programáticas. . . . . . . . . 199
2. Princípios fundamentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
3. Dos direitos e garantias fundamentais: dos direitos e deveres individuais e coletivos; dos direitos sociais; dos direitos de nacio-
nalidade; dos direitos políticos. Dos partidos políticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
4. Da organização político-administrativa: da União. Das competências da União, Estados e Municípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
5. Da Administração Pública: disposições gerais; dos servidores públicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
6. Da organização dos Poderes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
ÍNDICE

7. Do Poder Executivo: do Presidente e do Vice-Presidente da república. Das atribuições e responsabilidades do Presidente da


República. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
8. Do Poder Legislativo: do processo legislativo. Da fiscalização contábil, financeira e orçamentária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
9. Do Poder Judiciário: disposições gerais; do Supremo Tribunal Federal; do Conselho Nacional de Justiça: organização e competência.
Do Superior Tribunal de Justiça. Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho. 223
10. Das funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; da Advocacia Pública; da Advocacia e da Defensoria Pública. . . . . . . . . 226

Noções de Direito Administrativo


1. Administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
2. Regime jurídico administrativo. Princípios constitucionais e legais da Administração Pública. Princípios administrativos implícitos. 230
3. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4.657/1942) e sua aplicação na Administração Pública. . . . . . 240
4. Poderes da Administração Pública. Poderes e deveres dos administradores públicos. Uso e abuso do poder. . . . . . . . . . . . . . . . . 242
5. Lei de abuso de autoridade (Lei nº 13.869/2019) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
6. Organização da Administração Direta e Indireta. Órgãos públicos. Aspectos gerais da Administração Direta. Autarquias. Empresas
públicas e sociedades de economia mista. Fundações públicas. Consórcios públicos. Agências. Entes de colaboração e entidades par-
aestatais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252
7. Ato administrativo. Conceito, características e atributos. Elementos e requisitos de validade. Classificação dos atos administrativos.
Formação e efeitos. Extinção, revogação, invalidação e convalidação. Cassação e caducidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
8. Processo administrativo. Lei nº 9.784/1999. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265
9. Controle da administração pública. Classificações relativas ao controle da Administração Pública. Controle externo e procedimentos
de tomadas de contas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273
10. Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992 com redação dada pela Lei nº 14.230/2021). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
11. Licitação. Conceito, natureza jurídica, objeto e finalidade. Princípios básicos e correlatos. Modalidades. Obrigatoriedade, dispensa
e inexigibilidade. Procedimento licitatório. Anulação, revogação e recursos administrativos. Sanções e procedimento sancionatório.
Crimes em licitações e contratos administrativos. Lei nº 14.133/2021. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285
12. Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais (Lei nº 8.112/1990
atualizada). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295

Noções de Direito do Trabalho


1. Dos princípios e fontes do Direito do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321
2. Dos direitos constitucionais dos trabalhadores (art. 7º da CF/1988) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321
3. Da relação de trabalho e da relação de emprego: requisitos e distinção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322
4. Dos sujeitos do contrato de trabalho stricto sensu: do empregado e do empregador: conceito e caracterização; dos poderes do
empregador no contrato de trabalho. Do grupo econômico; da sucessão de empregadores; da responsabilidade solidária . 323
5. Do contrato individual de trabalho: conceito, classificação e características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 324
6. Da alteração do contrato de trabalho: alteração unilateral e bilateral; o jus variandi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 326
7. Da suspensão e interrupção do contrato de trabalho: caracterização e distinção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
8. Da rescisão do contrato de trabalho: das justas causas; da despedida indireta; da dispensa arbitrária; da despedida coletiva; da
culpa recíproca; da indenização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328
9. Do aviso prévio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
10. Da duração do trabalho; da jornada de trabalho; Horas in itinere; dos períodos de descanso; do intervalo para repouso e alimen-
tação; do descanso semanal remunerado; do trabalho noturno e do trabalho extraordinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
11. Do salário mínimo: conceito, irredutibilidade e garantia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
12. Das férias: do direito a férias e da sua duração; da concessão e da época das férias; das férias coletivas; da remuneração e do abono
de férias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
13. Do salário e da remuneração: conceito e distinções; composição do salário; modalidades de salário; formas e meios de pagamento
do salário; 13º salário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
14. Do FGTS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334
15. Da prescrição e decadência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
16. Da segurança e medicina no trabalho: das atividades perigosas ou insalubres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
17. Da proteção ao trabalho do menor. Da proteção ao trabalho da mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338
18. da estabilidade da gestante; da licença-maternidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345
19. Do direito coletivo do trabalho: das convenções e acordos coletivos de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345
20. Das comissões de Conciliação Prévia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347
21. Da renúncia e transação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348
22. Do teletrabalho (Lei nº 13.467/2017 atualizada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
23. Dano moral nas relações de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
24. Súmulas e Orientações da Jurisprudência uniformizada do Tribunal Superior do Trabalho sobre Direito do Trabalho . . . . . . . 361
ÍNDICE

25. Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal relativas ao Direito do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361
26. Instruções e atos Normativos do TST em matéria de Direito do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361
27. Reforma Trabalhista - Lei 13467/2017 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361

Noções de Direito Processual de Trabalho


1. Da Justiça do Trabalho: organização e competência. Das Varas do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho: jurisdição e
competência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363
2. Dos serviços auxiliares da Justiça do Trabalho: das secretarias das Varas do Trabalho e dos distribuidores . . . . . . . . . . . . . . . . 365
3. Dos peritos na Justiça do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 366
4. Do processo judiciário do trabalho: princípios gerais do processo trabalhista (aplicação subsidiária do CPC) . . . . . . . . . . . . . . 368
5. Dos atos, termos e prazos processuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371
6. Das custas e emolumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376
7. Das partes e procuradores; do jus postulandi; da substituição e representação processuais; da assistência judiciária; dos honorários
de advogado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 377
8. Das audiências: de conciliação, de instrução e de julgamento; da notificação das partes; do arquivamento do processo; da revelia
e confissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 378
9. Dos dissídios individuais: da forma de reclamação e notificação; da reclamação escrita e verbal; da legitimidade para
ajuizar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 380
10. Do procedimento ordinário e sumaríssimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381
11. Execução: Procedimentos; Embargos à execução; Praça e leilão; Arrematação. Execução contra a Fazenda Pública . . . . . . . . 382
12. Recursos no processo do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 386
13. Normas sobre Processo Judicial Eletrônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390
14. Reforma Trabalhista - Lei nº 13.467/2017 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
15. Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST em matéria de Direito Processual do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404
16. Instruções Normativas e Atos em Geral do TST em matéria de Direito Processual do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404
17. Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal relativas ao Direito Processual do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404
18. da estabilidade da gestante; da licença-maternidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387
19. Do direito coletivo do trabalho: das convenções e acordos coletivos de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387
20. Das comissões de Conciliação Prévia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389
21. Da renúncia e transação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390
22. Do teletrabalho (Lei nº 13.467/2017 atualizada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391
23. Dano moral nas relações de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401
24. Súmulas e Orientações da Jurisprudência uniformizada do Tribunal Superior do Trabalho sobre Direito do Trabalho . . . . . . . 403
25. Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal relativas ao Direito do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403
26. Instruções e atos Normativos do TST em matéria de Direito do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403
27. Reforma Trabalhista - Lei 13467/2017 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403
LÍNGUA PORTUGUESA

• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural


DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
ORTOGRAFIA OFICIAL • É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein- palavras forma/fôrma.
troduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O Uso de hífen
PQRSTUVWXYZ Regra básica:
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, mem.
gui, que, qui.
Outros casos
Regras de acentuação 1. Prefixo terminado em vogal:
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das – Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima – Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
sílaba) semicírculo.
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
mo, antissocial, ultrassom.
Como era Como fica
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
alcatéia alcateia das.
apóia apoia
2. Prefixo terminado em consoante:
apóio apoio – Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
-bibliotecário.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
u tônicos quando vierem depois de um ditongo. Observações:
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
Como era Como fica
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
baiúca baiuca • Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
bocaiúva bocaiuva
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: • Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. mirante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
e ôo(s). pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
Como era Como fica usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
abençôo abençoo
crêem creem Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ vamos passar para mais um ponto importante.
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Atenção:
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.

9
LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto de interrogação ( ? )
EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati-
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para Você vai à festa?
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
Vejamos um por um: Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama-
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre tiva.
aberto. Ex: Que bela festa!
Já cursei a Faculdade de História.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre Reticências ( ... )
fechado. Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor
caso afundo mais à frente). nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Sou leal à mulher da minha vida. Ex: Essa festa... não sei não, viu.

As palavras podem ser: Dois-pontos ( : )


– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída.
-já, ra-paz, u-ru-bu...) Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
sa-bo-ne-te, ré-gua...) distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
Ponto e vírgula ( ; )
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas,
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, ração (frequente em leis), etc.
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) bém uma linda decoração e bebidas caras.
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, Travessão ( — )
dói, coronéis...) Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) -men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
nar e fixar as regras. um diálogo, com ou sem aspas.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Parênteses e colchetes ( ) – [ ]


Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
Pontuação mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- rem uma nova inserção.
CHARA, 2009, p. 514) Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a vernador)
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon- Aspas ( “ ” )
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau- Vírgula
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
reticências. disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
Estaremos presentes na festa. vírgula:

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LÍNGUA PORTUGUESA
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
mos” o momento certo de fazer uso dela. forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o mações comprovam, etc.
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal, Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?! nizar o problema.
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo > A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj). é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
Maria foi à padaria ontem. demonstrativo.
Sujeito Verbo Objeto Adjunto a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)

Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor- • Devemos usar crase:
re por alguns motivos: – Antes palavras femininas:
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. Iremos à festa amanhã
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. Mediante à situação.
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do O Governo visa à resolução do problema.
verbo e o adjunto.
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
é necessária: Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Ontem, Maria foi à padaria. Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti-
Maria, ontem, foi à padaria. vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase.
À padaria, Maria foi ontem. Mas... há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- -me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
sário:
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- – Expressões fixas
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de
ção.
crase:
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von-
serem observadas na redação oficial.
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às
• Separa aposto.
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
• Separa vocativo.
didas, à medida que, à proporção que.
Brasileiros, é chegada a hora de votar. • NUNCA devemos usar crase:
• Separa termos repetidos. – Antes de substantivos masculinos:
Aquele aluno era esforçado, esforçado. Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a
pé.
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, – Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com plural) usado em sentido generalizador:
efeito, digo. Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho-
ou seja, de fácil compreensão. mem.
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- – Antes de artigo indefinido “uma”
tos). Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) – Antes de pronomes
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
• Separa orações coordenadas assindéticas.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
ideias na cabeça... A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
• Isola o nome do lugar nas datas.
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. – Antes de verbos no infinitivo
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.

11
LÍNGUA PORTUGUESA
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
FLEXÃO NOMINAL E VERBAL. EMPREGO DE TEMPOS E forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
MODOS VERBAIS. VOZES DO VERBO epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
CLASSES DE PALAVRAS a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
Substantivo macho/palmeira fêmea.
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi- b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen- que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.  testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
Classificação dos substantivos para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
o/a estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
sua estrutura. macaco/sabão
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/ • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
são formados por mais de um porta-voz/ diminutivo.
radical em sua estrutura. pé-de-moleque – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
são os que dão origem a mundo/ – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
a primeira. /formiga
Adjetivo
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/ É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo:
são formados por outros populacional/formigueiro imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão com-
radicais da língua. posta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo:
designa determinado ser /Brasil golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vesper-
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da tino).
espécie. São sempre iniciados Liberdade
por letra maiúscula. Flexão do Adjetivos
• Gênero:
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
no: homem feliz, mulher feliz.
uma mesma espécie.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
própria. Esses seres podem /lobisomem
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê • Número:
reais ou imaginários. – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
nomeiam ações, estados, bondade/ res, japonês/ japoneses.
qualidades e sentimentos que confiança/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
não tem existência própria, ou lembrança/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
seja, só existem em função de amor/
um ser. alegria • Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ rioso (do) que o seu.
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/ – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) rioso (do) que o seu.
mesmo quando empregado – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
no singular e constituem um quanto o seu.
substantivo comum. – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS mo.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
moso.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- mais famoso de todos.
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
uniformes nos famoso de todos.
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina

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LÍNGUA PORTUGUESA
Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição.  Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E COLOCAÇÃO

A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do pronome
antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou após
o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na linguagem
falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas não
forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia da frase.

Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.

Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.


Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pacientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito anteposto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus intentos são para nos prejudicarem.

Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.

Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: Apres-
sei-me a convidá-los.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Mesóclise Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
futuro do pretérito que iniciam a oração. elementos formativos de um texto.
Dir-lhe-ei toda a verdade. A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
Far-me-ias um favor? aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
elementos textuais.
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
Eu lhe direi toda a verdade. sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
Tu me farias um favor? tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
imediato a coerência de um discurso.
Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal A coerência:
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
Exemplos: tual;
Devo-lhe dizer a verdade. - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
Devo dizer-lhe a verdade. o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
do auxiliar ou depois do principal. Coesão
Exemplos: É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
Não lhe devo dizer a verdade. numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
Não devo dizer-lhe a verdade. ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, tem-se a coesão lexical.
o pronome átono ficará depois do auxiliar. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do nentes do texto.
auxiliar. Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
do infinitivo. advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
Exemplos: A coesão:
Hei de dizer-lhe a verdade. - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
Tenho de dizer-lhe a verdade. - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
Observação componentes do texto;
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância Nominal
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de referem.
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre- sa.
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili-
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além Casos Especiais de Concordância Nominal
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. • Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam
Coerência alerta.
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- • Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na ção de palavras compostas:
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
outra”).

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Empenho de, em, por
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Fácil a, de, para,
Junto a, de
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan- Pendente de
do advérbios: Preferível a
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./
Próximo a, de
Usou meia dúzia de ovos.
Respeito a, com, de, para com, por
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Situado a, em, entre
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Ajudar (a fazer algo) a
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Aludir (referir-se) a
substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados. Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Concordância Verbal
Deparar (encontrar) com
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Implicar (consequência) Não usa preposição
mes. Lembrar Não usa preposição
Concordância ideológica ou silepse Pagar (pagar a alguém) a
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Precisar (necessitar) de
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Proceder (realizar) a
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Responder a
Blumenau estava repleta de turistas. Visar ( ter como objetivo a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú- pretender)
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
texto. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- QUE NÃO ESTÃO AQUI!
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
MORFOSSINTAXE
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
As palavras são formadas por estruturas menores, com
significados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL para a formação das palavras.

• Regência Nominal  Estrutura das palavras


A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- menores - os morfemas, também chamados de elementos mórficos: 
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- – radical e raiz;
mento é estabelecida por uma preposição. – vogal temática;
– tema;
• Regência Verbal – desinências;
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o – afixos;
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  – vogais e consoantes de ligação.
Isto pertence a todos. Radical: Elemento que contém a base de significação do
vocábulo.
Regência de algumas palavras Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Esta palavra combina com Esta preposição
Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
Acessível a
Apto a, para Dividem-se em:

Atencioso com, para com Nominais


Coerente com Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Exemplos
Conforme a, com pequenO, pequenA, alunO, aluna.
Dúvida acerca de, de, em, sobre pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Verbais Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos sufixo ao radical da primitiva.
Exemplos Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo) cafezAL, meninINHa, loucaMENTE.
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem. um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo.
Exemplos Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR.
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra
primitiva.
Observação Exemplo
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica Todos ficaram encantados com seu  andar: verbo usado com
oposição masculino/feminino. valor de substantivo.
Exemplos
livrO, dentE, paletó. Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética
de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em
Tema: União do radical e a vogal temática. geral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Exemplos Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr. combater – o combate
chorar – o choro
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se
interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia. Prefixos
Exemplos Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em:
chaLeira, cafeZal. vernáculos, latinos e gregos.

Afixos Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou


Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do foram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre,
radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem- mal, menos, sem, sob, sobre, soto.
se em: Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: 
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical. abordar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição,
Exemplos menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc.
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina
Sufixo original:
Afixo que se coloca depois do radical. a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar.
Exemplos a, ad – aproximação, direção: amontoar.
contentaMENTO, reallDADE, enaltECER. ambi – dualidade: ambidestro.
Processos de formação das palavras bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
junção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos: circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante.
cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na com, con, co – companhia, concomitância: combater,
estrutura fonética das primitivas. contemporâneo.
Exemplos contra – oposição, posição inferior: contradizer.
passa + tempo = passatempo de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento:
gira + sol = girassol decrescer, deportar.
des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar.
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária:
estrutura fonética das primitivas. distrair, dimanar.
Exemplos entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha,
em + boa + hora = embora entrevista.
vossa + merce = você ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade,
privação, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
Derivação: extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordinário.
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
Temos: ingrato.
inter – no meio de: intervocálico, intercalado.
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer.
um prefixo ao radical da primitiva. justa – perto de: justapor.
Exemplos multi – pluralidade: multiforme.
CONter, INapto, DESleal. ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
pene – quase: penúltimo, península.

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LÍNGUA PORTUGUESA
per – movimento através de, acabamento de ação; ideia Verbais
pejorativa: percorrer. Comuns: -ar, -er, -ir.
post, pos – posteridade: postergar, pospor. Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
pre – anterioridade: predizer, preclaro. Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural. Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
procurador, pronome. Adverbial = há apenas um
re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repetição: MENTE: mecanicamente, felizmente etc.
regressar, revirar.
retro – movimento para trás: retroceder. SINTAXE
satis – bastante: satisdar. Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos
sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé. estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
subter – por baixo: subterfúgio. da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita
super, supra – posição superior, excesso: super-homem, coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al-
superpovoado. gumas questões importantes:
trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro. • Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen-
ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo. tido completo. 
uni – um: unânime, unicelular. Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 
Grego: Os principais prefixos de origem grega são:
a, an – privação, negação: ápode, anarquia. • Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia. locução verbal.
anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro. Este filme causou grande impacto entre o público.
anti – oposição: antipatia, antagonista.
A inflação deve continuar sob controle.
apo – afastamento: apólogo, apogeu.
arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
• Período Simples: formado por uma única oração.
caco – mau: cacofonia.
O clima se alterou muito nos últimos dias.
cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
deca – dez: decâmetro.
• Período Composto: formado por mais de uma oração.
dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia.
endo – para dentro: endocarpo. Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período.
epi – por cima: epiderme, epígrafe. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia. • Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
hecto – cem: hectômetro. O problema da violência preocupa os cidadãos.
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério. • Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole. A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia. • Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo
homo – semelhança, identidade: homônimo. direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da pre-
meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase. posição.
míria – dez mil: miriâmetro. A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
mono – um: monóculo, monoculista. Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
neo – novo, moderno: neologismo, neolatino. • Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transi-
para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo. tivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
penta – cinco: pentágono. preposição. 
peri – em volta de: perímetro. Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
poli – muitos: polígono, polimorfo. João gosta de beterraba.
pro – antes de: prótese, prólogo, profeta. • Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime
Sufixos determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica
Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial. um verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Nominais Vamos sair do mar.
Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama. • Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem prati-
Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -astro, ca a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
-az. Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista. • Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um subs-
Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório. tantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato. de um verbo.
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico. Um casal de médicos eram os novos moradores do meu pré-
Origem, procedência: -estre, -este, -esco. dio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa no-
mes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
nado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
lanchamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

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LÍNGUA PORTUGUESA

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por
vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem
Assumem a função de advérbio de de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

REDAÇÃO (CONFRONTO E RECONHECIMENTO DE FRASES CORRETAS E INCORRETAS). ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM


AO TIPO DE DOCUMENTO

O que é Redação Oficial1


Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Inte-
ressa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto
de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade
e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos
atos e comunicações oficiais. Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
ou impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do pró-
prio Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente,
clareza e concisão. Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para
sua elaboração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por decreto
imperial de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde a Independência.
Essa prática foi mantida no período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de lin-
guagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

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LÍNGUA PORTUGUESA
e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem. Nesse a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para
quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são neces- elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
sariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o alcançada a necessária impessoalidade.
Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio
Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de for- A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
ma homogênea (o público). nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca-
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida-
oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati-
tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em
para comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo
de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primei- informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem
ra edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e
que se buscou fazer das características específicas da forma oficial qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há
a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita,
linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem
se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente
redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema-
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases. mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im- auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para
pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân-
que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma-
texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de
essas características fundamentais da redação oficial, passemos à si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre-
análise pormenorizada de cada uma delas. ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter-
A Impessoalidade minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema-
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos
a) alguém que comunique, dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se
b) algo a ser comunicado, e faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre
c) alguém que receba essa comunicação. com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade
de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul-
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di- to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal,
visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór- padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci-
gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce- ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo,
assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: os cidadãos.
embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che- Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade
fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex-
que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro- pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre-
nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e
setores da Administração guardem entre si certa uniformidade; figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir,
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua-
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes- expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for-
soal; mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre-
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem- indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros

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LÍNGUA PORTUGUESA
órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. É pela correta observação dessas características que se redige
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis- com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros
e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu-
Formalidade e Padronização ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente,
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi- destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por
gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de-
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da- que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre
quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni-
(v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa-
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro-
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima.
padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma- Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
nual, exige que se atente para todas as características da redação
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza As comunicações oficiais
datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se-
correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza- guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da
ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada
normas específicas para cada tipo de expediente. tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo.
Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
Concisão e Clareza a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação
texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo do signatário.
de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com
essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento Pronomes de Tratamento
do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar Breve História dos Pronomes de Tratamento
o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem
percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após
de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos,
princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre- “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a
gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis-
forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de
reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e
foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com
todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se
secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de- o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia
talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência,
que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes
clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de-
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em
claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes
No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida-
estritamente das demais características da redação oficial. Para ela des civis, militares e eclesiásticas.
concorrem:
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações Concordância com os Pronomes de Tratamento
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
restrita, como a gíria e o jargão; matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni-
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo
cindível uniformidade dos textos; concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís- sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
ticos que nada lhe acrescentam. cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero

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LÍNGUA PORTUGUESA
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e A Sua Excelência o Senhor
não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in- Fulano de Tal
terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa- Juiz de Direito da 10a Vara Cível
do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Rua ABC, no 123
Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. 01.010-000 – São Paulo. SP

Emprego dos Pronomes de Tratamento Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig-
a secular tradição. São de uso consagrado: nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público,
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
a) do Poder Executivo; para particulares. O vocativo adequado é:
Presidente da República; Senhor Fulano de Tal,
Vice-Presidente da República; (...)
Ministros de Estado;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe- No envelope, deve constar do endereçamento:
deral; Ao Senhor
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Fulano de Tal
Embaixadores; Rua ABC, nº 123
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de 70.123 – Curitiba. PR
cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em-
Prefeitos Municipais. prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o
b) do Poder Legislativo: uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor
Deputados Federais e Senadores; não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
Ministro do Tribunal de Contas da União; indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em
Deputados Estaduais e Distritais; comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese-
c) do Poder Judiciário: jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma
Ministros dos Tribunais Superiores; Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu-
Membros de Tribunais; nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
Juízes; vocativo:
Auditores da Justiça Militar.
Magnífico Reitor,
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos (...)
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
tivo: Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, hierarquia eclesiástica, são:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede- Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca-
ral. tivo correspondente é:
Santíssimo Padre,
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, (...)
seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador, Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co-
Senhor Juiz, municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Senhor Ministro, Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Senhor Governador, Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
(...)
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se-
A Sua Excelência o Senhor nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
Fulano de Tal religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
Ministro de Estado da Justiça e demais religiosos.
70.064-900 – Brasília. DF
Fechos para Comunicações
A Sua Excelência o Senhor O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Senador Fulano de Tal óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
Senado Federal para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
70.165-900 – Brasília. DF taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze

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LÍNGUA PORTUGUESA
padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to- de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
das as modalidades de comunicação oficial: – Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura,
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re- na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
pública: uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-
Respeitosamente, -me informar que”, empregue a forma direta;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in- – Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto
ferior: contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
Atenciosamente, em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
– Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au- tada a posição recomendada sobre o assunto.
toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de-
vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
Relações Exteriores. em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos
Identificação do Signatário a estrutura é a seguinte:
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú- – Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina- sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
tura. A forma da identificação deve ser a seguinte: nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
(espaço para assinatura) sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
NOME segundo a seguinte fórmula:
Chefe da Secretária-geral da Presidência da República “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
(espaço para assinatura) tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi-
NOME dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento,
Ministro de Estado da Justiça a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ”
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me- – Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
nos a última frase anterior ao fecho. algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
O Padrão Ofício não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi- encaminhamento.
nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de
cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme- g) assinatura do autor da comunicação; e
lhanças.
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa-
Partes do documento no Padrão Ofício tário).
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
partes: Forma de diagramação
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte
o expede: forma de apresentação:
Exemplos: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha- der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
mento à direita: c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
Exemplo: da página;
13 d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Brasília, 15 de março de 1991. sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
c) assunto: resumo do teor do documento espelho”);
Exemplos: e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. cia da margem esquerda;
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
mo, 3,0 cm de largura;
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
dereço. mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).

26
LÍNGUA PORTUGUESA
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de — Forma e Estrutura
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
comportar tal recurso, de uma linha em branco; ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio-
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, nado pelo cargo que ocupa.
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer Exemplos:
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche-
documento; fe para Assuntos Jurídicos
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos Exposição de Motivos
e ilustrações; — Definição e Finalidade
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; República ou ao Vice-Presidente para:
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo a) informá-lo de determinado assunto;
Rich Text nos documentos de texto; b) propor alguma medida; ou
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
veitamento de trechos para casos análogos; Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem República por um Ministro de Estado.
ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi-
documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
produtividade ano 2002” Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi-
nisterial.
Aviso e Ofício
— Definição e Finalidade — Forma e Estrutura
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica- Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe- padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a
dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex-
demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
no caso do ofício, também com particulares. exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma
medida ou submeta projeto de ato normativo.
— Forma e Estrutura No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen-
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula. Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
Exemplos: sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
Excelentíssimo Senhor Presidente da República ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam
Senhora Ministra também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá-
Senhor Chefe de Gabinete rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin- apontar:
tes informações do remetente: a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
– Nome do órgão ou setor; medida ou do ato normativo proposto;
– Endereço postal; b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
– telefone E endereço de correio eletrônico. aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
tuais alternativas existentes para equacioná-lo;
Memorando c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
— Definição e Finalidade qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março
caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex- de 2002.
posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério
determinado setor do serviço público. Sua característica principal é ou órgão equivalente) nº de 200.
a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro- 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências
cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni- 2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio medida proposta
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. 3. Alternativas existentes às medidas propostas
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- Mencionar:
plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, - Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no - Se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
memorando. - Outras possibilidades de resolução do problema.

27
LÍNGUA PORTUGUESA
4. Custos Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
Mencionar: a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão,
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la; linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
especial ou suplementar; Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia
- Valor a ser despendido em moeda corrente; ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada
no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva Mensagem
tramitar em regime de urgência) — Definição e Finalidade
Mencionar: É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
- Se o problema configura calamidade pública; Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
- Por que é indispensável a vigência imediata; do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te- da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
nham sido previstos; da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
prevista. veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa-
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi- gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re-
da proposta possa vir a tê-lo) pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens
7. Alterações propostas mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se-
8. Síntese do parecer do órgão jurídico guintes finalidades:
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro- a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de
exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos,
anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é
alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade: encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
resolver; que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria-
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
cutivo (v. 10.4.3.). Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
(nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, rever- de encaminhamento ao Congresso.
são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, b) encaminhamento de medida provisória.
demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,
o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos. o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
Ressalte-se que: dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos c) indicação de autoridades.
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação
comentários a serem ali incluídos. de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do
Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di-
plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci-

28
LÍNGUA PORTUGUESA
sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado, República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
devidamente assinado, acompanha a mensagem. – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata- – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a (Constituição, art. 84, XX);
autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-
Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. tituição, art. 137);
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de – Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII – Proposta de modificação de projetos de leis financeiras
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a (Constituição, art. 166, § 5o);
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso – Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166,
art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga § 8o);
ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo – Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi-
administrativo. cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc.
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a — Forma e Estrutura
abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as As mensagens contêm:
contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui- talmente, no início da margem esquerda:
ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a Mensagem no
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em da República, não traz identificação de seu signatário.
forma de livro.
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). Telegrama
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio- — Definição e Finalidade
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san- tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
ção. e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
i) comunicação de veto. ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se — Forma e Estrutura
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto) Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura
j) outras mensagens. dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência na Internet.
mensagens com:
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en- Fax
cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); — Definição e Finalidade
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera- O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for-
ções e prestações interestaduais e de exportação ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen-
(Constituição, art. 155, § 2o, IV); volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa-
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
– Pedido de autorização para operações financeiras externas documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
(Constituição, art. 52, V); e outros. segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário
Entre as mensagens menos comuns estão as de: o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida-
ção, art. 57, § 6o); mente.

29
LÍNGUA PORTUGUESA
— Forma e Estrutura Tipos de Linguagem
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o facilite a interpretação de textos.
documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário • Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor- pode ser escrita ou oral.
me exemplo a seguir:

Correio Eletrônico
— Definição e finalidade
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
transformou-se na principal forma de comunicação para transmis-
são de documentos.

— Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es-
trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatí-
vel com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e
Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio
eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or-
ganização documental tanto do destinatário quanto do remetente. • Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe- fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha al-
gum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de
leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pe-
dido de confirmação de recebimento.

—Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser
aceito como documento original, é necessário existir certificação di-
gital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
em lei.

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE


GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
GÊNEROS TEXTUAIS lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
com a não-verbal.
Compreensão e interpretação de textos
Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-


tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.

30
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de Texto Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se-
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela
uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su- ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir do texto.
de um texto. O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden-
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré- tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica-
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci- prova.
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia- Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan- ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
do de alguma forma o leitor. didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti- extrapole a visão dele.
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.
Identificando o tema de um texto
É muito importante que você: O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta- principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
do, país e mundo; identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto- significativo, que é o texto.
gráficas, gramaticais e interpretativas; Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po- texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
lêmicos; título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre o assunto que será tratado no texto.
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
Dicas para interpretar um texto:
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
– Leia lentamente o texto todo.
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa- xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
– Sublinhe as ideias mais importantes. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia estudos?
principal e das ideias secundárias do texto. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
– Separe fatos de opiniões. bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu-
tável). CACHORROS
– Retorne ao texto sempre que necessário. Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
enunciados das questões. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
– Reescreva o conteúdo lido. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
picos ou esquemas. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- outro e a parceria deu certo.
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa
to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos-
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As informações que se relacionam com o tema chamamos de Ironia de situação
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida- resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li-
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
capaz de identificar o tema do texto! vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias- planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a
-secundarias/ morte.

Identificação de efeitos de ironia ou humor em textos varia- Ironia dramática (ou satírica)
dos A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
Ironia literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
novo sentido, gerando um efeito de humor. flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
Exemplo: da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Análise e a interpretação do texto segundo o gênero em que Gêneros Discursivos
se inscreve Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter- totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha romance nós temos uma história central e várias histórias secun-
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto. dárias.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente
principal. Compreender relações semânticas é uma competência imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos. nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode- ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro- encaminham-se diretamente para um desfecho.
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia-
Busca de sentidos do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
apreensão do conteúdo exposto. finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já curto.
citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- como horas ou mesmo minutos.
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
Importância da interpretação guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- imagens.
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
específicos, aprimora a escrita. Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- vencer o leitor a concordar com ele.
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apre- de destaque sobre algum assunto de interesse.
ensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não
estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você berdade para quem recebe a informação.
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau- irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
sas, previmos suas consequências. escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon- prova.
tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen- Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e
ças sejam detectáveis. ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até
Exemplos de interpretação: citações de pessoas que tenham autoridade no assunto.
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
tro país. Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras
do que com a filha. diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
Opinião clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto-
que fazemos do fato. res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên- fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí-
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião odo, e o tópico que o antecede.
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações para a clareza do texto.
anteriores: Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão sem coerência.
do que com a filha. Ela foi egoísta. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- mais direto.
mos expressando nosso julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, NÍVEIS DE LINGUAGEM
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando Definição de linguagem
analisamos um texto dissertativo. Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Exemplo: gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
com o sofrimento da filha. cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. e caem em desuso.
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento Língua escrita e língua falada
e o do leitor. A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
Parágrafo falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
sentada na introdução. pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Linguagem popular e linguagem culta sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua- dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, exemplos e as principais características de cada um deles.
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou Tipo textual descritivo
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
o diálogo é usado para representar a língua falada. objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto,
Linguagem Popular ou Coloquial um movimento etc.
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase Características principais:
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin- • Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
– erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo- caracterizadora.
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, • Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular meração.
está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, • A noção temporal é normalmente estática.
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na • Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini-
expressão dos esta dos emocionais etc. ção.
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo.
A Linguagem Culta ou Padrão • Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún-
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Exemplo:
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Era uma casa muito engraçada
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Não tinha teto, não tinha nada
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Ninguém podia entrar nela, não
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Porque na casa não tinha chão
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Gíria Ninguém podia fazer pipi
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como Porque penico não tinha ali
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam Mas era feita com muito esmero
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- Na rua dos bobos, número zero
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. (Vinícius de Moraes)
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
de pequenos grupos ou cair em desuso. comportamentos, nas leis jurídicas.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
“mina”, “tipo assim”. Características principais:
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Linguagem vulgar
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”.
Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
Linguagem regional ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
perior para formação de oficiais.
Tipos e genêros textuais
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- Tipo textual expositivo
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- pode ser expositiva ou argumentativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as- Tipo textual narrativo
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma- O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate. um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
Características principais: personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
• O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor- Características principais:
mar. • O tempo verbal predominante é o passado.
• Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente. • Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
• Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
de ponto de vista. onisciente).
• Apresenta linguagem clara e imparcial. • Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
prosa, não em verso.
Exemplo:
O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no Exemplo:
questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex- Solidão
pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de- João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
terminado tema. o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe-
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta- liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se.
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa). Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as- rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente. Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684
Tipo textual dissertativo-argumentativo
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- GÊNEROS TEXTUAIS
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
(leitor ou ouvinte). funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
Características principais: do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- ais que neles predominam.
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
gestão/solução). Descritivo Diário
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Relatos (viagens, históricos, etc.)
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente Biografia e autobiografia
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Notícia
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Currículo
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Lista de compras
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Cardápio
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Anúncios de classificados
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Injuntivo Receita culinária
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Bula de remédio
Manual de instruções
Exemplo: Regulamento
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Textos prescritivos
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
administração política (tese), porque a força governamental certa- Expositivo Seminários
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Palestras
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Conferências
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Entrevistas
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Trabalhos acadêmicos
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Enciclopédia
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Verbetes de dicionários
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma
cobrança efetiva (conclusão).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico PONTO DE VISTA


Carta de opinião O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
Resenha sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
Artigo vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
Ensaio preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
Monografia, dissertação de da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
mestrado e tese de doutorado diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
Narrativo Romance servador e o narrador-personagem.
Novela
Crônica Primeira pessoa
Contos de Fada Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
Fábula de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
Lendas o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for- leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi- vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
nitos e mudam de acordo com a demanda social. só descobrimos ao decorrer da história.

INTERTEXTUALIDADE Segunda pessoa


A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As- logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção quase como outro personagem que participa da história.
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de Terceira pessoa
ambos: forma e conteúdo. Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
provérbios, charges, dentre outros. tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
Tipos de Intertextualidade outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- leitura não fique confuso.
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- ARGUMENTAÇÃO
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
ticos. de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele
significa a “repetição de uma sentença”. propõe.
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo
e “graphé” (escrita). tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção vista defendidos.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-
“citação” (citare) significa convocar. tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur-
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). sos de linguagem.
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
escolher entre duas ou mais coisas”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- cimento. Nunca o inverso.
mento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
Então: C é igual a B. tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
Logo, a vaca é um mamífero. mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se Argumento do Consenso
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con- que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não
instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati- desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
outro fundado há dois ou três anos. confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as carentes de qualquer base científica.
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
der bem como eles funcionam. Argumento de Existência
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó- aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar-
mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório do que dois voando”.
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi- Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre-
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci-
essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori- vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
zado numa dada cultura. comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento quase lógico O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do injustiça, corrupção).
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
indevidas.
o argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con-
Argumento do Atributo
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
que é mais grosseiro, etc. que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce- uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, outros à sua dependência política e econômica”.
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida- A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
de. ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da o assunto, etc).
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
dizer dá confiabilidade ao que se diz. (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei- sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade- construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali-
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa dades não se prometem, manifestam-se na ação.
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
por bem determinar o internamento do governador pelo período Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al- a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi- gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
tal por três dias.
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
comportamento.
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
texto tem sempre uma orientação argumentativa. da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto mica e até o choro.
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó- Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
outras, etc. Veja: vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca- ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
vam abraços afetuosos.” dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse

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LÍNGUA PORTUGUESA
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
Pode-se dizer que o homem vive em permanente ati- verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
tude argumentativa. A argumentação está presente em fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo o efeito. Exemplo:
que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Fulano é homem (premissa menor = particular)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- Logo, Fulano é mortal (conclusão)
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
ver as seguintes habilidades: caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
mente contrária; O calor dilata o ferro (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o bronze (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- O calor dilata o cobre (particular)
ria contra a argumentação proposta; O ferro, o bronze, o cobre são metais
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos- Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
ta.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques- algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé- essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes- sofisma no seguinte diálogo:
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co- - Lógico, concordo.
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Claro que não!
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução. Exemplos de sofismas:
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Dedução
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro Todo professor tem um diploma (geral, universal)
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Fulano tem um diploma (particular)
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
da verdade:
- evidência; Indução
- divisão ou análise; O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
- ordem ou dedução; cular)
- enumeração. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
– conclusão falsa)
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con- tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con- infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não ados nos sentimentos não ditados pela razão.
caracteriza a universalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
o relógio estaria reconstruído. ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
relacionadas: metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. - o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - a diferença específica.
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco- O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
lha dos elementos que farão parte do texto. ma espécie. Exemplo:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as Elemento especie diferença
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se a ser definido específica
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís- Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, ou instalação”;
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
sabiá, torradeira. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”

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LÍNGUA PORTUGUESA
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
dida;d forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as que, melhor que, pior que.
diferenças). Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
vra e seus significados. bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- caráter confirmatório que comprobatório.
mentação coerente e adequada. Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- caso, incluem-se
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- mortal, aspira à imortalidade);
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- dos e axiomas);
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
parece absurdo).
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. cretos, estatísticos ou documentais.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
virtude de, em vista de, por motivo de. evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- gumentação:
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, dadeira;
assim, desse ponto de vista. Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração dade da afirmação;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
ridade que contrariam a afirmação apresentada;
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra- criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis-
que gera o controle demográfico”. tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao é inserida.
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
elaboração de um Plano de Redação. Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
tecnológica escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder textos caracterizada por um citar o outro.
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
ta, justificar, criando um argumento básico; texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di-
(rever tipos de argumentação); ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ- mencionar um provérbio conhecido.
ência); Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
argumento básico; tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em zá-lo ou ao compará-lo com outros.
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu- Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
mento básico; grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
menos a seguinte: tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
Introdução alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia;
FIGURAS DE LINGUAGEM
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.

Desenvolvimento Figuras de Linguagem


- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
vimento tecnológico; valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
condições de vida no mundo atual; comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- nando-o poético.
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
desenvolvidos; As figuras de linguagem classificam-se em
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; - figuras de palavra;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- - figuras de pensamento;
sado; apontar semelhanças e diferenças; - figuras de construção ou sintaxe.
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
banos; Figuras de palavra: emprego de um termo com sentido dife-
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar rente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conse-
mais a sociedade. guir um efeito mais expressivo na comunicação.

Conclusão Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-


- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ- nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
ências maléficas; vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
apresentados.

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos Figuras Sonoras
...a vida é cigana Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral-
É caravana mente em posição inicial da palavra.
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença) Exemplo:
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve-
Encarnado e azul são as cores do meu desejo. ladas.
(Carlos Drummond de Andrade) (Cruz e Sousa)

Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um
ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal verso ou poesia.
como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
paração: parecer, assemelhar-se e outros. Exemplo:
Sou Ana, da cama,
Exemplo: da cana, fulana, bacana
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando Sou Ana de Amsterdam.
você entrou em mim como um sol no quintal. (Chico Buarque)
(Belchior)
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou
qual não existe uma designação apropriada. na prosódia, mas diferentes no sentido.

Exemplos Exemplo:
– folha de papel Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
– braço de poltrona [erro
– céu da boca quero que você ganhe que
– pé da montanha [você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen- [mamãe.
tidos físicos. (Caetano Veloso)

Exemplo: Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-


Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) duzido por seres animados e inanimados.
mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade) Exemplo:
Vai o ouvido apurado
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste- na trama do rumor suas nervuras
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- inseto múltiplo reunido
ça gelada”. para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino). Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
O águia de Haia (= Rui Barbosa). onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que Figuras de sintaxe ou de construção: dizem respeito a desvios
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem,
possíveis repetições ou omissões.
Exemplos:
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) Podem ser formadas por:
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Tomei um Danone. (iogurte) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- ruptura: anacoluto;
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural. concordância ideológica: silepse.

Exemplo: Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,


A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro frase ou verso.
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
plural)
(José Cândido de Carvalho)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior-
Dentro do tempo o universo mente.
[na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar Exemplos:
[do verão. Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
Dentro da vida uma vida me (Camilo Castelo Branco)
[conta uma estória que fala
[de mim. Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
Dentro de nós os mistérios (Machado de Assis)
[do espaço sem fim!
(Toquinho/Mutinho) Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-
tos na frase.
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam
vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por Exemplos:
vírgulas. Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Carlos Drummond de Andrade)
Exemplo:
Não nos movemos, as mãos é Paciência tenho eu tido...
que se estenderam pouco a (Antônio Nobre)
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se. Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a
(Machado de Assis) frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde- período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical. função sintática definida.

Exemplo: Exemplos:
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
tuge, nem muge. (Manuel Bandeira)
(Rubem Braga)
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter- tassem as mãos.
mo já expresso. (José Lins do Rego)

Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres- Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
são, dando ênfase à mensagem. pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).

Exemplos: Exemplo:
Não os venci. Venceram-me ...em cada olho um grito castanho de ódio.
eles a mim. (Dalton Trevisan)
(Rui Barbosa) ...em cada olho castanho um grito de ódio)

Morrerás morte vil na mão de um forte. Silepse:


(Gonçalves Dias)
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia- ou pronome com a pessoa a que se refere.
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado.
Exemplos:
Exemplos: Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Ouvir com os ouvidos. (Rachel de Queiroz)
Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos. V. Ex.a parece magoado...
Hemorragia de sangue. (Carlos Drummond de Andrade)
Repetir de novo.
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben- o sujeito da oração.
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con-
junções, preposições e verbos. Exemplos:
Os dois ora estais reunidos...
Exemplos: (Carlos Drummond de Andrade)
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu) Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
Ele dormiu duas horas. (durante) (Machado de Assis)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Silepse de número: Não há concordância do número verbal tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
com o sujeito da oração. advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
Exemplo:
Corria gente de todos os lados, e gritavam. Exemplo:
(Mário Barreto) — O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos-
sas vidas.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão)
DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a
seguir:
Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, Estilo 1:
ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa. João perguntou:
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com- — Que tal o carro?
pletamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu: Estilo 2:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
o seu marido que os outros querem ir para casa. Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
(Stanislaw Ponte Preta)
Estilo 3:
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro- Verbos de elocução no meio da fala:
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará- — Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o
grafo. carro.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, — Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco- Verbos de elocução no fim da fala:
etes pessoais. — Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou João.
declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa- — Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
gem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são: Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
acrescentar travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos:
afirmar
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu
concordar
filho. (Machado de Assis)
consentir
contestar
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse
continuar
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis)
declamar
determinar — Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta
dizer e oito. (Machado de Assis)
esclarecer
exclamar — Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
explicar
gritar Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla-
indagar mativas:
insistir — Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com
interrogar insistência. (Machado de Assis)
interromper — Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
intervir — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
mandar
ordenar, pedir Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
perguntar culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
prosseguir
protestar Discurso indireto
reclamar No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
repetir da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
replicar passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
responder verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
retrucar ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
solicitar pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona- personagem na voz do narrador.
gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-

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LÍNGUA PORTUGUESA
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava Discurso Direto
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos) • Presente
A enfermeira afirmou:
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; – É uma menina.
respondeu-me que não.
(Machado de Assis) • Pretérito perfeito
Discurso indireto livre – Já esperei demais, retrucou com indignação.
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso • Futuro do presente
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, Pedrinho gritou:
o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das – Não sairei do carro.
personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde • Imperativo
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador. Olhou-a e disse secamente:
As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen- – Deixe-me em paz.
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo- Outras alterações
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes • Primeira ou segunda pessoa
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse Maria disse:
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e – Não quero sair com Roberto hoje.
ritmo que confere ao texto.
• Vocativo
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in- – Você quer café, João?, perguntou a prima.
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era • Objeto indireto na oração principal
bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. A prima perguntou a João se ele queria café.
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
cadeia por que ele não sabe falar direito? • Forma interrogativa ou imperativa
(Graciliano Ramos) Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
– E o amarelo?
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em • Advérbios de lugar e de tempo
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
livre: Era bruto, sim. • Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte- esse(s), este(s)
rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias isso, isto
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen- meu, minha
tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente teu, tua
nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra- nosso, nossa
dor.
Discurso Indireto
Transposição de discurso • Pretérito imperfeito
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se A enfermeira afirmou que era uma menina.
a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O • Futuro do pretérito
domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar Pedrinho gritou que não sairia do carro.
corretamente os tipos de discurso na redação. • Pretérito mais-que-perfeito
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha esperado)
recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não demais.
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na • Pretérito imperfeito do subjuntivo
atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis- Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz.
tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem Outras alterações
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece • Terceira pessoa
dificuldade. Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa pelo
amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia anterior,
na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo, seu,
sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)

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LÍNGUA PORTUGUESA
5. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
EXERCÍCIOS oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
1. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série nhados classificam-se, respectivamente, em
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
-vermelho. (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
fra-assinado. (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- 6. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ain-
trarregra. da suja o Brasil”:
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
-mencionado. no desenvolvimento do assunto.
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
2. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA- blemas no uso de conjunções e preposições.
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex- III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse de palavras e da ordem sintática.
objetivo é a seguinte: IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
(A) pôr. temática e bom uso dos recursos coesivos.
(B) ilhéu. Analise as assertivas e responda:
(C) sábio. (A) Somente a I é correta.
(D) também. (B) Somente a II é incorreta.
(E) lâmpada. (C) Somente a III é correta.
(D) Somente a IV é correta.
3. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
mente correta a pontuação do seguinte período: 7. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberdades
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a nossa
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque- Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase aci-
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente ma, na ordem dada, as expressões:
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (A) a que – de que;
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (B) de que – com que;
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas (C) a cujas – de cujos;
providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem (D) à que – em que;
importância, ditam o rumo de toda a história. (E) em que – aos quais.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas 8. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2011)
providências, que, tomadas por figurantes aparentemente, Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem 35% deles fosse despejado em aterros.
importância, ditam o rumo de toda a história. (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque- de lixo.
nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
sem importância, ditam o rumo de toda a história. 9. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
4. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL – cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamente utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase. palavra primitiva foi formada respectivamente é:
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos. (A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta. tica (en + trist + ecer);
(C) Pretendo viajar a Paraíba. (B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
(D) Ele gosta de bife à cavalo. (en + triste + cer);
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
tética (en + trist + ecer);
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
xal (des + entristecer);
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
ca (des + entristecer).

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LÍNGUA PORTUGUESA
10. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
mas nunca à custa de nossos filhos...” coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin- sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
dética adversativa; se tornou uma bomba relógio na região.”
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex- Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem ris-
plicativa; cos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Se-
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- gundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos
bial concessiva; 16 barragens de mineração em todo o País apresentam condições
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar
sindética adversativa; órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con- Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
cessiva. do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco
11. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018) regulatório da mineração, por sua vez, também concede priorida-
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. de à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos ju-
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda- diciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
mentem esses usos. Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. 13. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona- I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes fato.
de desferir os golpes. II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
gênero textual editorial.
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
da vírgula em cada frase. que se trata de uma reportagem.
( ) Para destacar deslocamento de termos. IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
( ) Para separar adjuntos adverbiais. se trata de um editorial.
( ) Para indicar um aposto. Analise as assertivas e responda:
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: (A) Somente a I é correta.
(A) 1 – 2 – 3. (B) Somente a II é incorreta.
(B) 2 – 1 – 3. (C) Somente a III é correta
(C) 3 – 1 – 2. (D) A III e IV são corretas.
(D) 3 – 2 – 1.
Leia o texto abaixo para responder as questões.
12. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade
é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO UM APÓLOGO
se fundamenta em intertextualidade é: Machado de Assis.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
há muito tempo.” — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
mete onde não é chamada.” — Deixe-me, senhora.
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
mesmo!” com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, der na cabeça.
tudo bem.” — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
Leia o texto abaixo para responder a questão. outros.
A lama que ainda suja o Brasil — Mas você é orgulhosa.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) — Decerto que sou.
— Mas por quê?
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei- ama, quem é que os cose, senão eu?
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio que quem os cose sou eu, e muito eu?
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu- — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam- daço ao outro, dou feição aos babados…
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela

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LÍNGUA PORTUGUESA
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
mando… (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
— Também os batedores vão adiante do imperador. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
— Você é imperador? (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su- puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o e mando...” (L.14-15)
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a abaixo e acima.” (L.25-26)
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en- (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? 15. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX-
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é CELÊNCIA - 2019)
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
e acima… Na tirinha abaixo, há dois exemplos de figura de linguagem,
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela identifique-os e assinale a alternativa CORRETA:
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca- (A) Metáfora e pleonasmo.
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: (B) Metáfora e antítese.
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é (C) Metonímia e hipérbole.
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze (D) Metonímia e ironia.
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, (E) Nenhuma das alternativas.
fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis- 16. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX-
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a CELÊNCIA - 2019)
muita linha ordinária!
Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de linguagem,
14. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis assinale a alternativa em que os termos destacados têm a classifi-
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- cação corretamente:
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os ”Hoje o tempo voa, amor
elementos dos textos: escorre pelas mãos
...Vamos viver tudo que há pra viver .
..eu vejo um novo começo de era
de gente fina, elegante, sincera
com habilidade para dizer mais sim do que não

(A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese.


(B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese.
(C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese.
(D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação.
(E) Nenhuma das alternativas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
17. (AL-AP - AUXILIAR LEGISLATIVO - AUXILIAR OPERACIONAL Tendo por base o conceito veiculado no Texto, qual tipo de lin-
– FCC – 2020) guagem apresenta-se na tirinha?
(A) Oral.
Retrato (B) Verbal.
(C) Escrita.
Eu não tinha este rosto de hoje, (D) Não verbal.
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios, 19. (CREMERJ - AGENTE ADMINISTRATIVO – IDIB – 2019)
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


Tão simples, tão certa, tão fácil:
− Em que espelho ficou perdida
a minha face?

(Cecília Meirelles)

− Em que espelho ficou perdida a minha face? (3ª estrofe)


Caso a frase acima seja transposta para o discurso indireto, o
elemento sublinhado assumirá a seguinte forma:
(A) ficasse.
(B) ficará.
(C) ficou.
(D) ficava.
(E) ficara.

18. ( PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG – AGENTE COMUNITÁ-


RIO DE SAÚDE – FCM – 2019)
Texto
“Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e,
ao mesmo tempo, o elemento comum que possibilita o processo
comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade.”(CEREJA &
MAGALHÃES, 2013, p.13).

O tipo textual predominante no texto de Martha Medeiros é:


(A) argumentativo, pois o seu principal interesse é a discussão
de um determinado tema, apresentando argumentos que rati-
fiquem a opinião defendida.
(B) descritivo, pois apresenta a descrição pormenorizada do
que se pode considerar como “ocasião especial”.
(C) narrativo, pois seu objetivo é contar uma história, valendo-
-se de uma sequência de acontecimentos.
(D) injuntivo, pois visa ao fornecimento de informações que
condicionem a conduta do leitor

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LÍNGUA PORTUGUESA
20. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - TÉCNI- ______________________________________________________
CO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – IBFC – 2019)
Analise as afirmativas abaixo e dê valores (V) Verdadeiro ou (F) ______________________________________________________
Falso.
( ) A Tipologia Textual considera a estrutura, o conteúdo e a ______________________________________________________
forma de como um texto se apresenta.
______________________________________________________
( ) Considera-se texto injuntivo aquele que apresenta, em sua
estrutura, características que indicam uma exposição de um assun- ______________________________________________________
to ou tema.
( ) A dissertação é a tipologia textual em que o escritor disserta ______________________________________________________
sobre algo, ou seja, explica ou apresenta o resultado comprovado
de um estudo. ______________________________________________________

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de ______________________________________________________


cima para baixo.
______________________________________________________
(A) V, F, V
(B) V, F, F ______________________________________________________
(C) F, V, F
(D) F, V, V ______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 D ______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 A
4 A ______________________________________________________

5 B ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 E
9 A ______________________________________________________
10 D ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 E
______________________________________________________
13 C
14 E ______________________________________________________
15 C ______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 E
18 D ______________________________________________________
19 A ______________________________________________________
20 B
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________

52
REGIMENTO INTERNO
DO TRT DA 22ª REGIÃO

Art. 9º - Para os efeitos legais, regimentais e administrativos,


REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO a antigüidade dos Desembargadores do Trabalho do Tribunal Re-
gional do Trabalho da 22ª Região conta-se a partir do efetivo
REGIMENTO INTERNO - TRT 22ª REGIÃO exercício no cargo, prevalecendo, em caso de empate, os seguin-
tes critérios, pela ordem:
TÍTULO I a) Nomeação;
DO TRIBUNAL b) Posse;
CAPÍTULO I c) Idade.
DA ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL Art. 10 - O Presidente, o Vice-Presidente e os demais mem-
bros do Tribunal tomarão posse perante o Tribunal Pleno, pres-
Art. 1º - O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região tem tando, no ato, o compromisso de desempenharem fielmente os
sede na cidade de Teresina e jurisdição em todo o território do deveres do cargo e o de cumprirem e fazerem cumprir a Consti-
Piauí. tuição Federal e as leis da República.
Art. 2º- São órgãos da Justiça do Trabalho da 22ª Região: Parágrafo único - A posse do Presidente e Vice-Presidente
I - O Tribunal Regional do Trabalho; será no mês de dezembro dos anos pares.
II - Os Desembargadores do Trabalho da Região. Art. 11 - O mandato dos cargos de direção é de 02 (dois)
Art. 3º - O Tribunal Regional do Trabalho é composto de 08 anos, a contar de 1º de janeiro dos anos ímpares.
(oito) Desembargadores Federais do Trabalho nomeados pelo Parágrafo único - REVOGADO. (pela Resolução Administrati-
Presidente da República, 06 (seis) dos quais escolhidos por pro- va nº 62/2011, publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011).
moção dentre Juízes Titulares de Varas do Trabalho, obedecidos Art. 12 - O Presidente e o Vice-Presidente serão eleitos, pelo
os critérios alternados de antigüidade e merecimento, 01 (um) voto dos membros efetivos do Tribunal, até 60 (sessenta) dias
dentre advogados no efetivo exercício da profissão e 01 (um) antes do término de cada mandato.
dentre membros do Ministério Público da União junto à Justiça §1º - A eleição do Presidente e do Vice-Presidente do Tri-
do Trabalho; bunal será processada em conformidade com a lei que dispõe
Art. 4º - O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região tem sobre a Magistratura Nacional, proibida a reeleição para iguais
organização, competência e atribuições definidas na Constitui- cargos antes que se cumpra o rodízio de antigüidade dos compo-
ção Federal, nas leis da República e neste Regimento. nentes do Tribunal.
Art. 5º - Constituem cargos de direção do Tribunal, o de Pre- §2º - É elegível o Desembargador do Trabalho que tenha
sidente, e, de substituição, o de Vice-Presidente, para os efeitos sido conduzido ao cargo de direção com a finalidade de comple-
da lei que dispõe sobre a Magistratura Nacional. tar período de mandato inferior a um ano, ou aquele que exer-
Art. 6º - Ao Tribunal dar-se-á o tratamento de “Egrégio”; aos ceu cargo de substituição por até quatro anos.
Desembargadores do Trabalho que o compõem e aos aposenta- §3º - REVOGADO.
dos no cargo, o de “Excelência”. §4º - Antes do início da votação para os cargos de direção
Art. 7º - Durante as sessões do Tribunal, os Desembargado- e de substituição do Tribunal, os Desembargadores do Trabalho
res do Trabalho usarão vestes talares. presentes deliberarão sobre recusa manifestada.
Parágrafo único - O Secretário do Tribunal Pleno e os demais Art. 13 - Nas sessões do Tribunal, o Presidente ocupará o
servidores que funcionarem nas sessões do Tribunal usarão ca- assento central, ficando o representante do Ministério Público
pas. imediatamente à sua direita, no mesmo plano, e o Secretário do
Art. 8º São órgãos do Tribunal: Pleno, à esquerda. Os demais membros do Tribunal ocuparão os
I- o Tribunal Pleno; assentos laterais, alternadamente, na ordem de antiguidade, a
II- a Presidência; começar pela direita.
III- a Vice-Presidência; Parágrafo único - REVOGADO. (pela Resolução Administrati-
IV- as Turmas; va nº 62/2011, publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011).
V- a Corregedoria-Regional; Art. 14 - As sessões do Tribunal serão conduzidas pelo Presi-
VI- a Escola Judicial; (Inserido pela RA nº 031/2016, publica- dente ou, na sua ausência ou quando for Relator, pelo Vice-Pre-
da no DEJT nº 1982 DE 20.05.2016.) sidente; ausente ambos, pelo membro do Tribunal mais antigo.
VII - a Ouvidoria Regional. (Inserido pela RA nº 031/2016, (Alteração feita pela Resolução Administrativa nº 001/2020, pu-
publicada no DEJT nº 1982 DE 20.05.2016.) blicada no DEJT nº 2904/2020 de 30.01.2020).
Art. 8º-A - O Tribunal Pleno funcionará com a presença de, Art. 15 - (Revogado pela Resolução Administrativa nº
pelo menos, metade mais um de seus membros. 001/2020, publicada no DEJT nº 2904/2020 de 30.01.2020).
Art. 8º-B - As Turmas compõem-se de quatro Desembarga- §1º - Tratando-se de promoção de magistrado, somente os
dores do Trabalho, constituídas na forma do artigo 15-A deste membros efetivos terão direito a voto, observando-se a maioria
Regimento Interno. absoluta.

53
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§2º - Excetuada a matéria relativa à inconstitucionalidade de CAPÍTULO II
lei ou de ato do Poder Público, o Presidente do Tribunal só terá DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL
voto de desempate.
§3º - Na apreciação de matéria administrativa, o Presidente Art. 16. Compete ao Tribunal Pleno, além da matéria expres-
do Tribunal ou o seu substituto legal proferirá voto em primeiro samente prevista em lei ou em outro dispositivo deste Regimen-
lugar, prevalecendo o seu voto em caso de empate. to:
§ 4º - A alteração regimental dependerá da aprovação da I - originariamente:
maioria absoluta dos membros efetivos do Tribunal. a) processar, conciliar e julgar os dissídios coletivos no âm-
§ 5º - O recurso em matéria administrativa será distribuído bito de sua jurisdição, suas revisões e os pedidos de extensão
a relator, de cuja votação não participará o autor da decisão ver- das sentenças normativas, bem como apreciar e homologar os
gastada, cabendo ao presidente da sessão o voto de qualidade. acordos realizados nos referidos dissídios;
Art. 15-A. As Turmas serão presididas pelo Presidente e Vi- b) processar e julgar os mandados de segurança contra atos
ce-Presidente da Corte. e decisões, inclusive administrativas ou provenientes da Comis-
§ 1º. Na composição das Turmas, observar-se-á a ordem de são de concursos para provimento de cargo de Juiz do Trabalho
antiguidade dos membros do Tribunal. Substituto, do próprio Tribunal, de suas Turmas, do seu Presi-
§ 2º. Por ocasião da eleição dos dirigentes do Tribunal, o dente, dos seus membros e das demais autoridades sob a sua
Plenário fará os ajustes necessários na composição das Turmas, jurisdição em matéria trabalhista;
de sorte a minimizar a alteração da distribuição processual. c) processar e julgar os habeas corpus contra atos dos Juízes
§ 3º. O novo membro do Tribunal, empossado no cargo de das Varas do Trabalho e demais autoridades submetidas a sua
Desembargador do Trabalho, passará a integrar a turma onde jurisdição;
existe a vaga. d) processar e julgar os habeas data contra atos do próprio
Art. 15-B. Cada Turma funcionará com o quorum mínimo de Tribunal, suas Turmas, seu Presidente, seus membros e demais
três membros, incluído o respectivo Presidente. autoridades submetidas à sua jurisdição;
§ 1º. No caso de ausência temporária do Presidente da Tur- e) processar e julgar as ações rescisórias de sua competên-
cia;
ma será ele substituído pelo membro mais antigo que estiver
f) processar e julgar os conflitos de competência, os inciden-
presente à sessão.
tes, as exceções de incompetência, suspeição ou de impedimen-
§ 2º. A turma funcionará com a presença de pelo menos um
to de seus membros, dos membros das Turmas e dos Juízes do
de seus membros efetivos.
Trabalho Titulares de Vara ou Substitutos, bem como as ações
Art. 15-C. Nas sessões das Turmas, o Presidente tomará as-
incidentais de qualquer natureza em processos sujeitos a seu
sento no centro da mesa principal; à sua direita ficará o repre-
julgamento;
sentante do Ministério Público; à sua esquerda, o secretário da
g) processar e julgar os conflitos de competência ou de atri-
Turma; e os demais membros tomarão assento observando a
buições entre as Turmas e Varas do Trabalho,
ordem de antiguidade.
h) julgar os embargos de declaração opostos a seus acór-
§ 1º. Nos casos de impedimento ou suspeição do Presidente dãos;
da turma atuará em seu lugar o membro mais antigo. i) processar e julgar a restauração dos autos de processos de
§ 2º. Nos casos de impedimento ou suspeição dos demais sua competência originária, observada a legislação processual
integrantes será convocado membro da outra turma e, na impos- pertinente;
sibilidade deste, Juiz Titular de Vara do Trabalho. j) processar e julgar as matérias administrativas, as medidas
Art. 15-D. Não poderão integrar a mesma turma do Tribunal cautelares, as medidas disciplinares e os processos não especifi-
nem atuar conjuntamente nas respectivas sessões, magistrados cados neste Regimento;
que sejam cônjuges, parentes consangüíneos ou afins, em linha l) processar e julgar a habilitação incidente em processos de
reta ou colateral até 3º grau. sua competência;
Art. 15-E. Nas Turmas participarão do julgamento, obrigato- m) julgar os incidentes de falsidade suscitados nos proces-
riamente, três membros. sos de sua competência;
§ 1º REVOGADO (pela Resolução Administrativa nº 62/2011, n) julgar, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros
publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011). efetivos, as argüições de inconstitucionalidade de lei ou de ato
§ 2º Participarão do julgamento o relator e os magistrados normativo do poder público, em processos de sua competência
que se seguirem à ordem regimental de antiguidade, votando originária e as que lhe forem submetidas pelas Turmas;
o presidente da Turma somente para complementação de quó- o) processar e julgar as ações anulatórias de cláusula de con-
rum. (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, venção ou acordo coletivo com abrangência territorial ou infe-
publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012) rior à jurisdição de um Tribunal Regional;
§ 3º Não haverá revisão nos processos de competência das p) processar e julgar os incidentes de uniformização de juris-
turmas. prudência de suas Turmas;
§ 4º Observar-se-á o disposto no parágrafo segundo tam- q) editar, revisar e cancelar a súmula da jurisprudência do
bém na hipótese de convocação de Juiz Titular de Vara do Traba- Tribunal;
lho ou de substituição dos integrantes da turma. r) apreciar pedido de autorização para o Juiz do Trabalho
§ 5º As regras dos parágrafos anteriores deixarão de ser residir fora da sede da jurisdição;
aplicadas quando somente três magistrados comparecerem à s) decidir, pela maioria absoluta de seus membros, proposi-
sessão. ção prévia e fundamentada de atribuição de nomes de pessoas
em logradouros da Justiça o Trabalho da 22ª Região, observada
a legislação pertinente. (Alteração dada pela Resolução Admi-
nistrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012)

54
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
II - em grau de recurso: XVI - apreciar os processos de aposentadoria dos servido-
a) os agravos regimentais interpostos contra ato do Presi- res do quadro de pessoal, autorizando o Presidente a baixar os
dente, do Corregedor ou contra as decisões monocráticas nos respectivos atos de sua concessão; (Alteração dada pela Reso-
processos de competência originária do Tribunal Pleno; lução Administrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de
b) as questões de natureza administrativa, quando se tratar 21.03.2012)
de direitos ou interesses dos magistrados; XVII - apreciar o processo de verificação de invalidez do ma-
c) os recursos contra atos administrativos do Presidente ou gistrado, para fim de aposentadoria, observando-se o que dis-
de qualquer de seus membros, quando se tratar de direitos ou põe a Lei que regula a Magistratura Nacional; (Alteração dada
interesses dos servidores; pela Resolução Administrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº
d) os recursos das multas impostas pelas Turmas; 942, de 21.03.2012)
e) os recursos ordinários interpostos em mandados de segu- XVIII - aprovar o regulamento de sua Secretaria e Serviços
rança, habeas-corpus e habeas-data de competência originária Auxiliares, bem como o Regimento Interno da Corregedoria-Re-
das Varas do Trabalho; gional, integrando ambos este Regimento;
f) julgar os recursos interpostos contra decisões dos juízes de XIX - determinar a remessa, quando houver indícios de prá-
Vara do Trabalho, na fase de conhecimento, em ações civis públi- tica de crime, às autoridades competentes, das peças necessá-
cas e ações civis coletivas (Incluida pela Resolução Administrati- rias, e representar junto às mesmas autoridades, sempre que se
va nº 62/2011, publicada no DEJT nº 845/2011, de 28.10.2011); fizer necessário, para resguardar a dignidade e a honorabilidade
III - determinar às Varas do Trabalho e solicitar aos Juízes de da Instituição; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
Direito investidos na jurisdição trabalhista, a realização dos atos 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012)
processuais e diligências necessários ao julgamento dos feitos XX - aprovar a lista de antigüidade dos Juízes do Trabalho
submetidos à sua apreciação; da Região, organizada anualmente pelo Serviço de Pessoal, bem
IV - fiscalizar o cumprimento de suas próprias decisões; como decidir sobre as reclamações oferecidas pelos interessa-
V - declarar a nulidade dos atos praticados com infração de dos, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir de
suas decisões; sua publicação no órgão oficial, observado o disposto no art. 9º
VI - impor multas e demais penalidades relativas a atos de deste Regimento;
sua competência; XXI - decidir sobre os pedidos de averbação de tempo de
VII - eleger o Presidente e o Vice-Presidente e Corregedor do serviço, para efeitos legais, de Juízes do Trabalho e dos servido-
Tribunal, na forma prevista neste Regimento e observadas as dis- res; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012,
posições da Lei que dispõe sobre a Magistratura Nacional; (Alte- publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012)
ração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, publicada XXII - aplicar aos servidores do seu quadro de pessoal as pe-
no DEJT nº 942, de 21.03.2012) nalidades disciplinares de sua competência exclusiva;
VIII - elaborar e reformar o Regimento Interno, organizar os XXIII - promover e decidir sobre a matéria contida no Título
serviços auxiliares e dispor sobre a estruturação do quadro de II, Capítulo I, Seção I e Título III, Capítulo I, II e III, da Lei Orgânica
pessoal, observados os limites legais; da Magistratura Nacional;
IX - convocar Juízes Titulares de Varas do Trabalho para subs- XXIV - mandar riscar, de ofício ou a requerimento do interes-
tituírem ou auxiliarem membros vitalícios, quando afastados por sado, expressões injuriosas contra Juízes do Trabalho da Região,
período superior a 30 (trinta) dias, observada a Lei que rege a empregadas pelas partes ou seus procuradores, nos processos
Magistratura Nacional e a regulamentação do CNJ; sob sua apreciação;
X - aprovar o valor das diárias e a concessão de ajuda de XXV - (Revogado pela Resolução Administrativa nº 22/2012,
custo aos Juízes do Trabalho e servidores, nas hipóteses previs- publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012)
tas em lei; XXVI - indicar o Juiz do Trabalho Substituto e o Juiz Titular
XI - aprovar a escala anual de férias dos Juízes do Trabalho de Vara Trabalho que devam ser promovidos pelo critério de an-
da Região, bem como lhes conceder licença e abonar as suas tiguidade, na forma prescrita na Lei; (Alteração dada pela Reso-
faltas; lução Administrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de
XII - estabelecer o horário de funcionamento dos órgãos da 21.03.2012)
Justiça do Trabalho da 22ª Região; (Alteração dada pela Reso- XXVII - deliberar sobre os pedidos de remoção e permuta de
lução Administrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de Juízes do Trabalho, observadas as prescrições legais; (Alteração
21.03.2012) dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, publicada no
XIII - fixar os dias das sessões ordinárias do pleno e das tur- DEJT nº 942, de 21.03.2012)
mas; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, XXVIII - autorizar, quando julgar conveniente, a redistribui-
publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012) ção entre servidores da mesma categoria funcional ou equiva-
XIV - estabelecer critérios para a realização de concurso pú- lente, para outros órgãos do Poder Judiciário Federal, desde que
blico para provimento de cargos de Juiz do Trabalho Substituto e manifestada, reciprocamente, por escrito, a intenção de o faze-
de servidores do quadro de pessoal, observadas as normas per- rem;
tinentes, bem como aprovar os editais, designar as comissões XXIX - ratificar a proposta orçamentária da Justiça do Traba-
respectivas e homologar as listas de classificação final dos can- lho da 22ª Região; (Alteração dada pela Resolução Administrati-
didatos aprovados; va nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012)
XV - aprovar o processo de aposentadoria dos magistrados XXX - conceder aos servidores do quadro de pessoal as licen-
sujeitos à sua jurisdição, para encaminhamento às instâncias ad- ças previstas em Lei e que não sejam da competência expressa
ministrativas de direito; (Alteração dada pela Resolução Admi- do Presidente;
nistrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012)

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
XXXI - decidir sobre a conversão do julgamento em diligência IV - declarar as nulidades decorrentes de atos praticados
dos processos de sua competência; (Alteração dada pela Reso- com infração de suas decisões;
lução Administrativa nº 22/2012, publicada no DEJT nº 942, de V - impor multas e demais penalidades relativas a atos de
21.03.2012) sua competência; (Alteração dada pela Resolução Administrativa
XXXII - organizar, pelo voto de seus membros efetivos, a lista nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
para promoção por merecimento dos Juízes Titulares de Varas VI - promover, por proposta de qualquer de seus membros,
do Trabalho e Juízes Substitutos, mediante a aferição do desem- a remessa de processos ao Tribunal Pleno, quando se tratar de
penho, por critérios objetivos previamente estabelecidos; (Alte- matéria da competência deste;
ração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, publicada VII - dar ciência às autoridades competentes de fato que
no DEJT nº 942, de 21.03.2012) possa configurar crime de ação pública; (Alteração dada pela Re-
XXXIII - advertir ou censurar, por deliberação da maioria dos solução Administrativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001,
seus membros efetivos, os Juízes do Trabalho de primeiro grau, de 18.06.2012).
por faltas cometidas no cumprimento de seus deveres; (Altera- VIII - dar ciência à Corregedoria-Regional de atos considera-
ção dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, publicada dos atentatórios à boa ordem processual;
no DEJT nº 942, de 21.03.2012) IX - determinar às Varas do Trabalho e aos Juízes do Trabalho
XXXIV - deliberar sobre a concessão de afastamento aos ma- a realização dos atos processuais e diligências necessárias ao jul-
gistrados, sem prejuízo de seus vencimentos e vantagens, para gamento dos feitos sob sua apreciação;
frequência a curso ou estudos de aperfeiçoamento, na forma da X - requisitar às autoridades competentes as diligências ne-
lei; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, cessárias ao esclarecimento dos feitos sob apreciação, represen-
publicada no DEJT nº 942, de 21.03.2012) tando contra aquelas que não atenderem a tais requisições;
XXXV - adotar providências no sentido de promover a agili- XI - deliberar acerca das ausências de seus membros às ses-
zação das execuções de sentenças dos processos de competên- sões;
cia das Varas do Trabalho. XII - resolver as questões de ordem que lhe forem submeti-
XXXVI - exercer no interesse da Justiça do Trabalho, as de- das; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 33/2012,
mais atribuições decorrentes de sua atividade jurisdicional e ad- publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
ministrativa, e estabelecer as atribuições dos seus órgãos. (Alte- XIII - exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho,
ração dada pela Resolução Administrativa nº 22/2012, publicada as demais atribuições que decorram de sua competência. (Alte-
no DEJT nº 942, de 21.03.2012). ração dada pela Resolução Administrativa nº 33/2012, publicada
Parágrafo Único - Para fins do disposto no inciso X deste ar- no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
tigo, será devida ajuda de custo para moradia a requerimento Art. 17-A. Compete aos Presidentes de Turmas:
do magistrado interessado e atendida as hipóteses do art. 65, I - deliberar sobre a organização e publicação das pautas
II, da Lei Complementar nº 35/79 c/c o art. 6º da Constituição da Turma; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
Federal e Resolução Administrativa nº 13/2014, de 12/02/2014, 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
deste Regional. (Inclusão feita pela Resolução Administrativa nº II - presidir as sessões da Turma, submetendo as questões
28/2014, publicada no DEJT nº 1466, de 06.05.2014). a julgamento; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
Art. 17. Compete às Turmas, além da matéria expressamen- 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
te prevista em lei: III - apurar os votos emitidos e proclamar as decisões; (Alte-
I - julgar: ração dada pela Resolução Administrativa nº 33/2012, publicada
a) os recursos ordinários previstos no art. 895, alínea “a” e § no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
1º, da CLT, e as remessas ex officio, com exceção das matérias de IV - relatar os processos que lhe forem distribuídos;
competência do Tribunal Pleno; V - encaminhar ao Setor competente os processos que de-
b) os agravos de petição e de instrumento, em matéria de vam ser redistribuídos; (Alteração dada pela Resolução Adminis-
sua competência (Alteração dada pela Resolução Administrativa trativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012); VI - assinar a ata da sessão e despachar expedientes em ge-
c) os recursos adesivos; e ral, orientando e fiscalizando as tarefas administrativas da Tur-
d) embargos de declaração opostos aos seus acórdãos; ma, vinculadas às atribuições judiciárias respectivas;
e) os agravos, de que trata o § 1º do art. 557 do CPC, in- VII - supervisionar os trabalhos da Secretaria referentes à
terpostos da decisão do relator em matéria de competência da Turma;
turma; VIII - convocar as sessões extraordinárias da Turma, desig-
II - processar e julgar, nos processos de sua competência (Al- nando dia e hora;
teração dada pela Resolução Administrativa nº 33/2012, publica- IX - designar o magistrado que deva redigir o acórdão;
da no DEJT nº 1001, de 18.06.2012): X - determinar a baixa dos autos à instância inferior, quando
a) as habilitações incidentes e arguições de falsidade (Alte- for o caso;
ração dada pela Resolução Administrativa nº 33/2012, publicada XI - manter a ordem e o decoro nas sessões; (Alteração dada
no DEJT nº 1001, de 18.06.2012); pela Resolução Administrativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº
b) medidas cautelares e os agravos regimentais dos feitos 1001, de 18.06.2012).
de sua competência; e (Alteração dada pela Resolução Adminis- XII - requisitar às autoridades competentes a força neces-
trativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012); sária à manutenção da ordem; (Alteração dada pela Resolu-
c) restauração de autos. (Alteração dada pela Resolução ção Administrativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de
Administrativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012).
18.06.2012).
III - fiscalizar o cumprimento de suas decisões;

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
XIII - convocar magistrado para integrar o órgão que pre- XI - REVOGADO; (pela Resolução Administrativa nº 38/2012,
side, a fim de compor quorum; (Alteração dada pela Resolu- publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
ção Administrativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de XII - executar e fazer cumprir as suas próprias decisões, as do
18.06.2012). Tribunal e as dos Tribunais Superiores, determinando aos Juízes
XIV - apresentar, anualmente, o relatório dos trabalhos reali- do Trabalho de primeiro grau a realização dos atos processuais e
zados pela Turma no decurso do ano anterior ou sempre que lhe diligências que se fizerem necessárias;
for solicitado; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº XIII - expedir ordens, determinar diligências e providências
33/2012, publicada no DEJT nº 1001, de 18.06.2012). relativas a processos, desde que não pendam acórdãos e não
XV - cumprir e fazer cumprir as disposições deste Regimen- sejam de competência privativa do Relator; (Alteração dada
to; pela Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº
Parágrafo único - O exercício do encargo de presidente de 1017, de 11.07.2012).
Turma não o exclui da participação na distribuição de processos, XIV - velar pelo bom funcionamento do Tribunal e dos ór-
exceto em relação ao Presidente do Tribunal. (Alteração dada gãos que lhe são subordinados, expedir provimentos, recomen-
pela Resolução Administrativa nº 33/2012, publicada no DEJT nº dações, atos, ordens de serviço, portarias e adotar outras provi-
1001, de 18.06.2012). dências que entender necessárias;
XV - determinar o processamento de precatórios e de requi-
sição de pequeno valor; (Alteração dada pela Resolução Adminis-
CAPÍTULO III
trativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
DA PRESIDÊNCIA
XVI - prover, na forma da lei, os cargos efetivos ou em comis-
são e as funções comissionadas do Quadro de Pessoal; (Altera-
Art. 18 - São atribuições do Presidente do Tribunal: ção dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada
I - representar o Tribunal perante os demais poderes e au- no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
toridades, bem como nos atos e solenidades oficiais, podendo XVII - aplicar penas disciplinares aos servidores do Tribunal
delegar essa atribuição ao Vice-Presidente ou, na impossibilida- da 22ª Região, observadas as limitações legais e Regimentais;
de deste, a outro membro do Tribunal; (Alteração dada pela Re- XVIII - antecipar, prorrogar e suspender o expediente dos
solução Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, órgãos da Justiça do Trabalho da 22ª Região, ad referendum
de 11.07.2012). do Tribunal; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
II - dirigir os trabalhos do Tribunal, observando e fazendo 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
cumprir a Constituição Federal, as leis da República e o Regi- XIX - conceder e autorizar o pagamento de diárias e ajuda de
mento Interno; custo, na conformidade da tabela aprovada pelo Tribunal;
III - presidir as sessões do Tribunal, convocando sessões XX - organizar a escala de férias dos magistrados e submetê-
extraordinárias de caráter judicial ou administrativo; colher os -la ao Tribunal Pleno para aprovação na 1ª quinzena de novem-
votos e proferir voto de qualidade, nos casos previstos em lei bro; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012,
e neste Regimento, bem como proclamar os resultados dos jul- publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
gamentos; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº XXI - conceder férias a magistrados e servidores, observadas
38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). as respectivas escalas; (Alteração dada pela Resolução Adminis-
IV - manter a ordem nas sessões e audiências, podendo re- trativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
quisitar força pública, quando necessário; (Alteração dada pela XXII - conceder aposentadoria aos servidores, observados os
Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº estritos limites da Constituição Federal e da Lei;
1017, de 10.07.2012). XXIII - encaminhar ao poder Executivo os processos de apo-
V - designar e presidir as audiências de conciliação e instru- sentadoria de membros do Tribunal; (Alteração dada pela Reso-
ção dos dissídios coletivos, podendo delegar essas atribuições, lução Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de
na forma do artigo 866 da Consolidação das Leis do Trabalho; 11.07.2012).
(Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012, pu- XXIV - organizar o Gabinete da Presidência e demais ser-
viços auxiliares, respeitados os atos de competência privativa
blicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
do Tribunal; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
VI - presidir a audiência pública de distribuição dos feitos
38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
no âmbito do Tribunal; (Alteração dada pela Resolução Adminis-
XXV - propor ao Tribunal a realização de concursos públicos,
trativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
submetendo à sua aprovação as respectivas instruções; (Altera-
VII - despachar os recursos interpostos das decisões do Tri- ção dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada
bunal, inclusive de revista, negando ou admitindo-lhes segui- no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
mento, com a devida fundamentação, e, neste último caso, de- XXVI - designar os integrantes de comissões de licitações, de
clarando o efeito em que o recebe; sindicâncias e de inquéritos;
VIII - despachar os agravos de instrumento contra atos de- XXVII - determinar descontos e averbações nos vencimen-
negatórios de seguimento a recursos; REVOGADO; (pela Resolu- tos dos magistrados e servidores, quando decorrentes de lei,
ção Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de sentença judicial, decisão do Tribunal, ou mediante autorização
11.07.2012). do interessado, quando for o caso; (Alteração dada pela Resolu-
IX - julgar, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contadas ção Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de
a partir do seu recebimento com a devida conclusão, os pedidos 11.07.2012).
de revisão de valor de alçada, previstos no parágrafo primeiro, XXVIII - dar posse a servidores e magistrados, decidindo so-
do artigo 2º, da Lei nº 5.584/70; bre a prorrogação de prazo para posse e entrada em exercício, na
X - homologar as desistências nos dissídios coletivos, na for- conformidade com que a lei dispuser; (Alteração dada pela Re-
ma da lei, quando ainda não distribuídos; solução Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017,
de 11.07.2012).

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
XXIX - propor ao Tribunal a aplicação de penas disciplina- IL - decidir sobre quaisquer incidentes processuais, inclusive
res aos Desembargadores do trabalho e Juízes do Trabalho da desistência e acordo, nos processos de competência originária
22ª Região; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº do Tribunal, quando ainda não distribuídos ou após o julgamen-
38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). to do feito;
XXX - propor ao Tribunal a instauração de processo de apo- L - conceder vistas dos autos às partes e seus procuradores,
sentadoria de magistrados, nas hipóteses previstas na Lei que antes da distribuição e após o julgamento dos feitos;
dispõe sobre a Magistratura Nacional, e determinar de oficio LI - REVOGADO (pela Resolução Administrativa nº 38/2012,
que se instaure o processo de afastamento compulsório do ma- publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
gistrado que não a requerer até 40 (quarenta) dias antes da data LII - REVOGADO.
em que implementar a idade legal respectiva; (Alteração dada LIII - estabelecer e fiscalizar o controle de freqüência dos
pela Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº servidores do Tribunal;
1017, de 11.07.2012). LIV - praticar todos os demais atos inerentes às suas fun-
XXXI - visar, como ordenador da despesa, as folhas de paga- ções, nos termos da lei e observado este Regimento.
mento do pessoal; (Alteração dada pela Resolução Administrati- LV - conceder aos servidores do Tribunal as licenças para tra-
va nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). tamento de saúde, à gestante, à adotante e paternidade.
XXXII - organizar a lista de antigüidade dos magistrados, no LVI - Poderá o Presidente do Tribunal, a requerimento da
primeiro mês de cada ano, submetendo-a à aprovação do Tri- pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério
bunal Pleno; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº Público do Trabalho, nas ações de competência originária das Va-
38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). ras do Trabalho movidas contra o Poder Público ou seus agentes,
XXXIII - propor alteração do Regulamento-Geral das secreta- em caso de manifesto interesse público, ou de flagrante ilegiti-
rias do Tribunal; (Alteração dada pela Resolução Administrativa midade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança
nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). e à economia públicas, suspender, em decisão fundamentada, a
XXXIV - velar pela exatidão e regularidade das publicações execução de liminar ou de decisão concessiva de mandado de se-
legalmente exigidas; gurança, antecipação de tutela e liminar em ação cautelar, bem
XXXV - REVOGADO; como suspender a execução de sentença proferida em processo
de ação cautelar inominada e em ação civil pública, enquanto
XXXVI - decidir os pedidos de magistrados e de servidores,
não transitada em julgado.
em matéria administrativa, desde que não constituam compe-
§ 1º - As atribuições de que tratam os incisos XVII, XIX, XXI,
tência privativa do Tribunal;
XXVI, XXVII, XXVIII, XXXI e XXXVI, deste artigo, poderão ser de-
XXXVII - submeter a proposta orçamentária do Tribunal ao
legadas, no todo ou em parte, ao Diretor Geral do Tribunal, ex-
Pleno e supervisionar a execução orçamentária da despesa;
ceto no que diz respeito a magistrados. (Alteração dada pela
XXXVIII - exercer a função de ordenador da despesa, prati-
RA nº 93/2014, disponibilizada no DeJT nº 1617/2014, do dia
cando todos os atos a ela inerentes;
05/12/2014).
XXXIX - REVOGADO (pela Resolução Administrativa nº
§ 2º - As designações dos Diretores de Secretaria das Varas
38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
do Trabalho poderão recair sobre servidores efetivos do qua-
XL - apresentar ao Tribunal, para exame e aprovação, após a dro de pessoal do Tribunal, bacharéis em Direito, ou cedidos do
competente auditoria, a tomada de contas; Poder Judiciário Federal, indicados pelo Juiz Titular de Vara do
XLI - propor ao Tribunal proposição de anteprojeto de lei de Trabalho ao Presidente, que, observados os requisitos legais, o
interesse do órgão e remeter os aprovados ao órgão competen- nomeará, sendo que a sua posse se dará na presença de quem o
te; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012, indicou. (Alteração dada pela RA nº 73/2015, disponibilizada no
publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). DeJT nº 1820/2015, do dia 24/09/2015).
XLII - apresentar ao Tribunal, na segunda quinzena de mar- § 3.º - REVOGADO.(pela Resolução Administrativa nº
ço de cada ano, relatório das atividades do exercício anterior, 75/2005, publicada no DJT nº 538, de 13.10.2005).
dele enviando cópia ao Tribunal Superior do Trabalho; (Altera-
ção dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada CAPÍTULO IV
no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). DA VICE-PRESIDÊNCIA
XLIII - designar os substitutos dos Juízes Titulares de Varas
do Trabalho nos casos de férias, licenças ou impedimentos le- Art. 19 - São atribuições do Vice-Presidente do Tribunal :
gais; I - suceder o Presidente, em caso de vaga, e substituí-lo no
XLIV - decidir outras questões não previstas neste Regimen- seu impedimento, férias, licenças e ausências;
to, desde que não sejam da competência exclusiva do Tribunal II - exercer a função de Corregedor-Regional, com as atribui-
ou da corregedoria; (Alteração dada pela Resolução Administra- ções definidas neste Regimento Interno;
tiva nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). III - exercer outras atribuições que, de comum acordo, lhe
XLV - publicar mensalmente dados estatísticos sobre os tra- forem delegadas pelo Presidente ou que lhe tenham sido desig-
balhos do Tribunal; (Alteração dada pela Resolução Administrati- nadas pelo Tribunal;
va nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). IV - indicar os servidores de seu gabinete, bem como os ser-
XLVI - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº vidores do Gabinete da Corregedoria Regional.
25/2010, publicada no DEJT nº 453, de 07.04.2010). § 1º - A delegação de atribuições a que se refere o inciso III
XLVII - designar Juiz do Trabalho Substituto, em função auxi- deste artigo será exercida mediante ato do Presidente do Tribu-
liar, ou Titular de Vara do Trabalho para responder, na ausência nal, que fixará os limites e o prazo da delegação.
do titular, pela jurisdição de outra Vara; § 2º - A regra constante dos incisos II e IV terá vigência a
XLVIII - aprovar a escala de férias dos servidores da 22ª Re- partir da posse do Presidente e Vice-Presidente deste Regional a
gião. ser eleito para o biênio de 2010/2012;

58
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
Art. 20 - A função de Vice-Presidente não impede o Desem- I - receber consultas, diligenciar junto aos setores adminis-
bargador do Trabalho que a exerce de ser contemplado na dis- trativos competentes e prestar informações e esclarecimentos
tribuição dos feitos tanto de competência do Tribunal Pleno ou sobre os atos praticados no âmbito da Justiça do Trabalho da
de competência das Turmas, salvo nesse último caso quando no 22ª Região;
exercício da Presidência, por tempo igual ou superior a 08 (oito) II - receber informações, sugestões, reclamações, denúncias,
dias consecutivos, ou em missão oficial, fora da sede do Tribunal, críticas e elogios sobre as atividades do Tribunal e encaminhar
por igual período. (Alteração feita pela Resolução Administrativa tais manifestações aos setores administrativos competentes,
nº 001/2020, publicada no DEJT nº 2904/2020 de 30.01.2020). mantendo o interessado sempre informado sobre as providên-
cias adotadas;
CAPÍTULO V III - promover a apuração das reclamações acerca de defici-
DA CORREGEDORIA-REGIONAL ências na prestação de serviços, abusos e erros cometidos por
servidores e magistrados, observada a competência da Correge-
Art. 21- Compete à Corregedoria Regional, que será exercida doria do TRT da 22ª Região;
pelo Vice-Presidente, o seguinte: IV - apresentar e dar publicidade aos dados estatísticos acer-
I- No exercício da correição permanente: ca das manifestações recebidas e providências adotadas;
a) velar pelo regular funcionamento da Justiça do Trabalho V - encaminhar anualmente à Presidência do Tribunal relató-
da 22ª Região por meio de provimentos, instruções, recomenda- rio das atividades desenvolvidas pela Ouvidoria.
ções ou despachos; § 1º Na mesma sessão de eleição dos cargos de Presidente
b) velar pela assiduidade e diligência dos Juízes do Trabalho e Vice–Presidente do Tribunal, também serão eleitos o Ouvidor
de primeiro grau, no exercício de suas funções; e o seu substituto, dentre os Desembargadores que compõem o
c) pugnar pela fiel observância das leis, regulamentos, pro- Tribunal para o mandato de dois anos.
vimentos, atos, portarias, ordens de serviço, recomendações e § 2º O Ouvidor exercerá a direção das atividades da Ouvido-
despachos, referentes à administração da Justiça do Trabalho; ria, atentando para os parâmetros fixados na Resolução CNJ n°
d) apurar, pelos meios regulares de direito, fatos que depo- 103/2010 e na Resolução CSJT nº 163/2016.
nham contra as atividades funcionais de qualquer dos membros § 3º Ao Ouvidor Substituto compete substituir o Ouvidor nos
da Justiça do Trabalho e dos seus servidores, levando-os ao co- casos de vacância, férias, licenças, impedimentos ou ausências
nhecimento do Tribunal e, quando for o caso, à Corregedoria- ocasionais.
-Geral da Justiça do Trabalho; § 4º No caso de vacância do Ouvidor e Ouvidor Substituto,
e) propor punições, na forma da lei, ao Juiz do Trabalho que será realizada nova eleição, nos moldes do § 1º do art. 21-A, para
não cumprir os deveres do cargo, inclusive aos que excederem, complementar o mandato previsto neste Regimento.
injustificadamente, dos prazos para prolação de sentenças e de- Art. 22 - A reclamação correicional deverá ser protocolizada
cisões; no Tribunal e dirigida, diretamente, ao Desembargador do Tra-
f) prestar informações sobre os Juízes do Trabalho de primei- balho Corregedor no prazo de 08 (oito) dias, contado da ciência
ro grau, para fins de vitaliciedade, promoção por merecimento do ato impugnado, devendo a petição inicial conter, obrigatoria-
ou aplicação de penalidades; mente:
g) ordenar as providências adequadas quando verificar a I - a qualificação do autor e a indicação da autoridade a que
falta de assiduidade ou de diligência dos Juízes do Trabalho na se refere a impugnação;
administração da Justiça, ou a prática, por parte dos Juízes do II - o fato com a indicação dos fundamentos jurídicos do pe-
Trabalho de primeiro grau, de erros ou abusos que devam ser dido;
corrigidos, evitados ou punidos; III - o pedido, com suas especificações;
h) publicar no órgão de divulgação oficial as atas das correi- IV - a indicação das provas necessárias à instrução dos fatos
ções ordinárias. alegados.
II- No exercício da correição ordinária, inspecionar, pelo me- § 1º - A petição inicial será instruída com a certidão de intei-
nos uma vez por ano, cada uma das Varas do Trabalho da Região; ro teor, ou cópia reprográfica, da decisão ou do despacho recla-
III- No exercício de correição parcial, conhecer de reclama- mado e dos documentos indispensáveis ao procedimento.
ções contra atos e despachos dos Juízes do Trabalho de primeiro § 2º - A petição inicial e os documentos que a acompanham
grau e Juízes de Direito, quando investidos na jurisdição traba- deverão ser apresentados em tantas vias quantas forem as auto-
lhista, destinadas a corrigir erros, abusos e atos contrários à boa ridades reclamadas.
ordem processual, desde que não suscetíveis de impugnação por §3º- A inicial, quando subscrita por advogado, deverá ser
recurso específico; acompanhada do respectivo mandato, na forma da lei.
§ 4º- A inicial será indeferida, desde logo, quando não for
CAPÍTULO VI caso de reclamação correicional ou quando a petição inicial não
DA OUVIDORIA REGIONAL contiver os requisitos a que se refere este artigo.
§ 5º- Estando a petição em ordem e regularmente instruí-
Art. 21-A - A Ouvidoria do TRT da 22ª Região, órgão da ad- da, o Corregedor mandará autuá-la e ordenará a notificação da
ministração da justiça, alicerçada nos princípios constitucionais autoridade reclamada, encaminhando-lhe cópia da inicial e dos
da eficiência e da participação do cidadão na Administração Pú- documentos que a acompanham, para que se manifeste, no pra-
blica, tem como objetivos o aperfeiçoamento e a transparência zo de 10 (dez) dias.
dos serviços prestados por este Tribunal, competindo-lhe: (Arti- § 6º- Quando for relevante o fundamento ou quando do ato
go inserido pela RA nº 031/2016, publicada no DEJT nº 1982 DE impugnado puder resultar a ineficácia da medida requerida, o
20.05.2016.) pedido poderá ser liminarmente deferido, podendo a medida, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada.

59
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§ 7º- A decisão proferida será comunicada à autoridade re- f) Agravo de Instrumento/Recurso Ordinário em Procedi-
clamada para cumprimento imediato, sob pena de responsabi- mento Sumaríssimo;
lidade; g) Agravo de Instrumento/Agravo de Petição;
§ 8º- Das decisões proferidas pelo Corregedor-Regional cabe h) Agravo de Instrumento/Agravo de Petição em Procedi-
Agravo Regimental, no prazo de 08 (oito) dias, contados da publi- mento Sumaríssimo;
cação no órgão oficial. i) Embargos de Declaração;
Art. 23 - Para fins correicionais, somente o Corregedor terá j) Ação Cautelar;
acesso aos livros, papéis e processos administrativos ou juris- l) Pedido de Restauração de Autos;
dicionais das Secretarias do Tribunal, das Varas do Trabalho e m) Incidente de Falsidade;
demais serviços auxiliares. n) Habilitação Incidente.
o) Remessa ex officio quando não for matéria da competên-
TÍTULO II cia do Tribunal Pleno.
DA ORDEM DOS SERVIÇOS NO TRIBUNAL III - De competência do Presidente do Tribunal:
CAPÍTULO I a) Pedido de Suspensão de Segurança;
DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS b) Pedido de Revisão de Valor da Alçada.
IV- Administrativos:
Art. 24 - Os processos de competência do Tribunal serão a) Aplicação de Penalidades;
distribuídos por classes, com designação própria e na seguinte b) Matéria Administrativa;
ordem: c) Recurso Administrativo.
I- De competência do Tribunal Pleno: Parágrafo Único. Não concorrerão à distribuição os mem-
a) Dissídio Coletivo; bros do Tribunal que estiverem impedidos, nos termos da lei
b) Pedido de Extensão de Decisões proferidas em dissídios e deste Regimento, bem como o Presidente, nesse último caso
coletivos; para os processos de competência das Turmas. (Alteração feita
c) Pedido de Revisão de Sentenças Normativas; pela Resolução Administrativa nº 001/2020, publicada no DEJT
d) Homologação de Acordo em dissídios coletivos; nº 2904/2020 de 30.01.2020).
e) Mandado de Segurança; Art. 25 - Os processos de competência recursal serão regis-
f) Recurso Ordinário em Mandado de Segurança; trados e autuados nas Varas do Trabalho. Após triagem, os feitos
g) “Habeas-Corpus”; que mereçam intervenção obrigatória do Ministério Público do
h) Recurso Ordinário em “Habeas-Corpus”; Trabalho, ser-lhe-ão remetidos, no prazo de 48 (quarenta e oito)
i) “Habeas-Data”; horas, contadas do recebimento e os demais ao Serviço de Ca-
j) Recurso Ordinário em “Habeas-Data”; dastramento Processual.
k) Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas; (Acres- § 1º - Não serão remetidos ao Ministério Público do Traba-
centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do lho os processos de rito sumaríssimo a que refere o art. 852-A
dia 07.02.2018) da Consolidação das Leis do Trabalho, podendo, nas sessões de
l) Ação Rescisória; julgamento, ser emitido parecer oral, desde que requerido antes
m) Ação Cautelar; da sustentação oral e do voto do Relator.
n) Ação Anulatória; § 2º - Para facilitar a emissão de parecer oral em sessão de
o) Conflito de Competência; julgamento, os autos dos processos a serem julgados ficarão à
p) Exceção de Incompetência, de Suspeição ou de Impedi- disposição do Ministério Público do Trabalho 48 (Quarenta e
mento; oito) horas antes das respectivas sessões, na Secretaria do Tribu-
q) Argüição de Inconstitucionalidade; nal Pleno ou em local para esse fim destinado pela Presidência
r) Pedido de Restauração de Autos; do Tribunal.
s) Incidente de Falsidade; § 3º Os processos de competência originária serão protoco-
t) (Revogado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº lados no Serviço de Cadastramento Processual, que fará o regis-
2411 do dia 07.02.2018) tro, autuação e distribuição.
u) Agravo Regimental; § 4º Os processos serão distribuídos, por classe e segundo a
v) Embargos de Declaração; ordem em que forem apresentados, adotando-se sistema infor-
w) Incidente de Assunção de Competência; (Acrescenta- matizado, em que se observará absoluta transparência e a igual-
do pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia dade numérica de processos distribuídos a cada magistrado.
07.02.2018) § 5 º- Por conveniência do serviço, o Presidente do Tribunal
x) Habilitação Incidente; poderá designar outro Desembargador do Trabalho para presidir
y) Reclamação;(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publi- a audiência de distribuição dos feitos.
cada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) § 6º- Os mandados de segurança com pedido de liminar, os
z) Recurso Ordinário em Ação Civil Pública e Ações Civis Co- dissídios coletivos decorrentes de greve e outros feitos que, a ju-
letivas; ízo do Presidente do Tribunal, mereçam providências imediatas,
II- De competência das Turmas: serão, desde logo, distribuídos, observados os critérios deste Re-
a) Recurso Ordinário; gimento.
b) Recurso Ordinário em Procedimento Sumaríssimo; § 7º - Tratando-se de recurso em matéria administrativa de-
c) Agravo de Petição; verá ser distribuído a relator (§ 5º do art. 15).
d) Agravo de Petição em Procedimento Sumaríssimo; § 8º - A distribuição será feita imediatamente, pelo Presi-
e) Agravo de Instrumento/Recurso Ordinário; dente, em audiência pública, cuja ata será publicada no Diário
Eletrônico da Justiça do Trabalho.

60
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§ 9º - A distribuição será suspensa nos dez dias que antece- § 2º - REVOGADO;
derem o início do recesso forense. § 3º - REVOGADO pela Resolução Administrativa nº 62/2011,
Art. 25-A - O magistrado de Segunda Instância, ao se transfe- publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011).
rir para outro órgão fracionário ou gabinete, assumirá os proces- Art. 31 - Após o retorno da Procuradoria Regional do Traba-
sos respectivos e receberá na nova atuação idêntica ou superior lho os processos serão distribuídos e remetidos, em 24 (vinte e
quantidade de processos da unidade anterior. (Inserido pela RA quatro) horas, ao Gabinete do Desembargador do Trabalho Re-
nº 033/2016, publicada no DEJT nº 1982 DE 20.05.2016.) lator e, quando devolvidos por este, ao Gabinete do Desembar-
Art. 26 - Vincular-se-á ao mesmo órgão o processo que re- gador do Trabalho Revisor, quando for o caso, em igual prazo.
tornar ao Tribunal para julgamento de qualquer outro recurso.
(Alterado pela RA nº 112/2016, publicada no DEJT nº 2103 do CAPÍTULO II
dia 11.11.2016). DO RELATOR
§ 1º - Os processos que se relacionem por conexão ou conti-
nência com outro em andamento serão distribuídos por depen- Art. 32 - Compete ao Relator:
dência ao Relator já sorteado, observando-se a compensação. I - ordenar, mediante despacho nos autos, a realização das
(Alterado pela RA nº 112/2016, publicada no DEJT nº 2103 do diligências julgadas necessárias à instrução do processo e fixar
dia 11.11.2016). prazo para o seu julgamento;
§ 2º - Na hipótese do caput deste artigo, caberá ao Desem- II - processar os feitos que tenham sido distribuídos, poden-
bargador, Redator da decisão anterior, relatar o processo e, se do delegar poderes a Juiz do Trabalho Titular de Vara ou Substi-
for o caso, ao seu substituto. (Alterado pela RA nº 112/2016, tuto para proceder à instrução, quando for o caso;
publicada no DEJT nº 2103 do dia 11.11.2016). III - processar as habilitações e os incidentes de falsidade e
§ 3º - Não estando o Redator mais integrado ao órgão, dis- de suspeição, argüidos pelas partes, nos feitos de competência
tribuir-se-á o feito entre os Magistrados que o compõem. (In- do Tribunal;
serido pela RA nº 112/2016, publicada no DEJT nº 2103 do dia IV - indeferir, em despacho liminar fundamentado, a petição
11.11.2016). inicial em ação rescisória, mandado de segurança e ação caute-
Art. 27 - Distribuído o processo ao Relator, este ficará vin- lar;
culado, independentemente de seu “visto”, exceto nos casos de V - proferir despacho liminar fundamentado em mandado
afastamento para os fins do art. 73, I, da Lei Complementar nº de segurança e ação cautelar;
35/79, de férias regulamentares ou licença médica superior a 30 VI - requisitar os autos originais dos processos que subirem
(trinta) dias, hipóteses em que haverá redistribuição, mediante ao seu exame em traslado e bem assim, os feitos com os quais
compensação. ALTERAÇÃO feita pela Resolução Administrativa tenham conexão ou dependência;
nº 94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). VII - resolver os incidentes que não dependam de acórdão;
§1º- O membro do Tribunal, afastado por período igual ou VIII – Devolver, seja por decisão monocrática, seja por voto,
inferior a 30 (trinta) dias, por qualquer motivo, participará nor- os feitos recebidos em seu Gabinete, no prazo de 20 dias úteis,
malmente da distribuição, salvo quanto aos feitos que necessi- contados da distribuição; (ALTERADO pela Resolução Adminis-
tarem de medidas urgentes, permanecendo suspensos os prazos trativa nº 102/2015, publicada no DEJT nº 1877, de 16.12.2015).
enquanto durar o afastamento. IX - Lavrar e publicar em 10 (dez) dias, a contar da sessão de
§2º- Nos casos de suspeição ou impedimento será processa- julgamento, o acórdão que lhe caiba redigir, digitado e assinado;
da nova distribuição, mediante compensação. X - homologar os acordos e desistências de recursos de pro-
Art. 28 - Não haverá distribuição de processos de competên- cessos que lhe tenham sido distribuídos, independentemente
cia das Turmas para o membro do Tribunal nos 30 (trinta) dias de pronunciamento do Tribunal, até à publicação da pauta de
que antecederem a data de sua posse no cargo de Presidente. julgamento;
(Alteração feita pela Resolução Administrativa nº 001/2020, pu- XI - solicitar a audiência do Ministério Público do Trabalho,
blicada no DEJT nº 2904/2020 de 30.01.2020). através da Procuradora Regional, quando a entender necessária;
§1º- REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº XII - conceder vistas dos autos, desde que o processo ainda
03/2010, publicada no DEJT nº 364, de 05.03.2010). não tenha sido colocado em pauta de julgamento;
§2º- O Desembargador do Trabalho terá suspensa a distri- XIII - praticar os demais atos que lhe incumbam ou sejam
buição de feitos e a remessa de processos para revisão nos 40 facultados em lei ou no presente Regimento;
(quarenta) dias que antecederem sua aposentadoria compulsó- Art. 33 - Participará do julgamento, obrigatoriamente, o De-
ria. sembargador do Trabalho que houver lançado “visto” no proces-
§3º- REVOGADO so, como Relator, ainda que investido nas funções de Presidente.
Art. 29 - Quando, no mesmo processo, houver interposi- (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada
ção de mais de um recurso e o não acolhimento de um deles no DEJT nº 1868, de 03.12.2015).
acarretar Agravo de Instrumento, este deverá tramitar anexado
ao recurso admitido e distribuído ao mesmo Desembargador CAPÍTULO III
do Trabalho sorteado como Relator do processo principal, para DA PAUTA DE JULGAMENTO
serem julgados na mesma sessão, se for o caso, com acórdãos
distintos; na pauta a ser publicada deverão constar ambos os Art. 34 - As pautas das sessões de julgamento do Tribunal
recursos, com indicação das partes e advogados. Pleno serão organizadas pela Secretaria, com a aprovação do
Art. 30 - Todo processo de competência do Tribunal terá Presidente do Tribunal, e as das Turmas, pela Secretaria, devida-
sempre um relator. mente aprovadas pelos seus Presidentes, devendo ser publica-
§1º - REVOGADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, das no órgão oficial e disponibilizadas em meio eletrônico com
publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas.

61
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§1º - A pauta de julgamento será organizada observando-se a) deverão estar registrados nas resoluções os nomes dos
a ordem cronológica de entrada dos autos na Secretaria do Tri- Desembargadores vitalícios e efetivos, eventualmente ausentes
bunal Pleno e das Turmas. (ALTERADO pela Resolução Adminis- da sessão;
trativa nº 94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). b) de igual forma, ficará consignado na resolução o nome
§2º - Independem de publicação de pauta: dos Desembargadores Federais do Trabalho vitalícios e efetivos,
I - Homologação de Acordos; vencidos no todo ou em parte, na decisão proclamada;
II - Embargos de Declaração; § 6º Havendo acúmulo de processos pendentes de julga-
III - Conflito de Competência; mento, poderá o Tribunal Pleno ou Turma marcar o prossegui-
IV - REVOGADO; (pela Resolução Administrativa nº 62/2011, mento da sessão para o subseqüente dia livre, ficando as partes
publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011). intimadas mediante comunicação na sessão.
V - Agravo Regimental, salvo nos casos em que o Relator in- § 7º Nas sessões extraordinárias, o Tribunal Pleno ou Turma
deferir, liminarmente, a petição inicial de mandado de seguran- somente deliberarão sobre a matéria objeto da convocação.
ça, ação rescisória e ação cautelar; § 8º Serão solenes as sessões destinadas à Posse do Presi-
VI - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº 62/2011, dente e do Vice-Presidente, ou de Desembargador do Tribunal.
publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011). § 9º O cerimonial das sessões solenes será regulado por ato
§3º- A Secretaria do Tribunal Pleno deverá elaborar, para en- do Presidente do Tribunal.
trega aos Desembargador do Trabalho e à Procuradoria Regional Art. 37 - Nas sessões administrativas e no julgamento de
do Trabalho, com antecedência de 48 (quarenta e oito) horas, mandado de segurança contra ato do Presidente do Tribunal, ou
lista contendo a matéria administrativa a ser apreciada. de seu substituto eventual, em matéria administrativa, somente
Art. 35 - A pauta de julgamento deverá conter a natureza e terão direito a voto os membros efetivos do Tribunal.
o número do processo, o órgão de origem, o número de ordem e §1º - As sessões administrativas serão convocadas pelo Pre-
os nomes das partes e seus respectivos procuradores. sidente, ou quem suas vezes fizer, mediante comunicação en-
§1º- A Secretaria do Tribunal Pleno e das Turmas remeterá a caminhada aos membros efetivos e ao Ministério Público do
pauta de julgamento publicada aos Gabinetes dos Desembarga- Trabalho, ainda que em gozo de férias ou licença, observado o
dores do Trabalho e à Procuradoria Regional do Trabalho, com a
disposto no art. 34 deste Regimento.
antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas.
§2º - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº
§ 2º- Os processos não julgados na sessão respectiva per-
62/2011, publicada no DEJT nº 845, de 28.10.2011).
manecerão em pauta, independentemente de nova publicação,
Art. 38 - As sessões administrativas poderão ser secretas, ou
preferindo aos da sessão seguinte, ressalvados os casos de adia-
em conselho, se assim o decidir a maioria dos membros efetivos
mento, pedido de vista regimental, conversão do julgamento em
presentes.
diligência, ou quando o Relator deva afastar-se do Tribunal. (AL-
§1º - Nas sessões secretas permanecerão em plenário, além
TERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada no
dos dos Desembargadores do Trabalho, o representante do Mi-
DEJT nº 1868, de 03.12.2015).
nistério Público do Trabalho e o Secretário do Tribunal Pleno, ou
CAPÍTULO IV o seu substituto.
DAS SESSÕES DO TRIBUNAL §2º - Se a matéria discutida envolver assunto pertinente a
magistrado ou de economia interna do Tribunal, a sessão será
Art 36. O Tribunal Pleno e as Turmas reunir-se-ão em ses- em conselho, permanecendo em plenário apenas os Desembar-
sões ordinárias e extraordinárias, cuja pauta será publicada no gadores do Trabalho e o representante do Ministério Público do
órgão oficial com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) Trabalho, secretariando-a, se for o caso, o Desembargador do
horas, salvo disposição expressa em contrário. Trabalho mais moderno.
§ 1º - As sessões ordinárias do Tribunal Pleno serão realiza- §3º - As deliberações do Tribunal, em matéria administrati-
das às quartas-feiras, sempre com início às 9 (nove) horas; as da va, serão expressas em Resoluções, numeradas seqüencialmen-
Primeira Turma, às segundas-feiras e as da Segunda Turma, às te, ano a ano, e publicadas no órgão oficial.
terças-feiras, observado o mesmo horário e sem necessidade de Art. 39 - As sessões do Tribunal e das Turmas serão públi-
convocação formal de seus membros. (Alteração dada pela Re- cas, salvo se o interesse público exigir o contrário, quando será
solução Administrativa nº 91/2015, Publicado no DeJT nº 1860- limitada a presença, em determinados atos, às das partes e seus
2015 do dia 23.11.2015. advogados, ou somente destes, e ainda, nas hipóteses previstas
§ 2º As sessões extraordinárias serão realizadas, quando ne- no art. 38 e §§ 1º e 2º, deste Regimento.
cessárias, mediante convocação do Presidente do Tribunal ou da Parágrafo único: Nos casos previstos em lei e neste Regi-
Turma, ou da maioria absoluta dos membros efetivos do Tribunal mento, participarão das sessões o Representante do Ministério
ou da Turma, publicada no órgão oficial, com antecedência míni- Público do Trabalho e o Secretário do Tribunal Pleno ou o seu
ma de 48 (quarenta e oito) horas, delas intimando-se a Procura- substituto eventual.
doria Regional do Trabalho, com igual antecedência. Art. 40 - Aberta a sessão à hora regimental, não havendo
§ 3º Em casos especiais, poderá ser designado outro local número para deliberar, aguardar-se-á por 15 (quinze) minutos a
para a realização das sessões, afixando-se edital, na sede do Tri- formação de quorum. Decorrido esse prazo, persistindo a falta
bunal, com a antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas. de número, será encerrada a sessão.
§ 4º O Tribunal, a requerimento de qualquer dos Desem- Art. 41 - Os advogados, quando tiverem de requerer ou fazer
bargadores do Trabalho e pelo voto da maioria dos presentes, sustentação oral, ocuparão a tribuna e farão uso de beca.
poderá transformar as sessões judiciais em administrativas. Art. 42 - Nas sessões do Tribunal e das Turmas, os trabalhos
§ 5º As decisões do Tribunal em matéria administrativa se- obedecerão a seguinte ordem:
rão publicadas através de resolução, assinada pelo Secretário do I - verificação do número de Desembargadores do Trabalho
Tribunal Pleno, observando-se: presentes;

62
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
II - discussão e aprovação da ata da sessão anterior, cuja có- §3º - Ainda que não inscrito, o advogado de qualquer das
pia deverá ser remetida aos Gabinetes dos Desembargadores do partes poderá usar a palavra, pela ordem, para esclarecimentos
Trabalho, com antecedência de 24 (vinte e quatro) horas; sobre matéria de fato, desde que permitido pelo Presidente.
III - comunicações e propostas; Art. 47 - As questões preliminares e as prejudiciais serão
IV - julgamento dos processos em pauta. apreciadas e julgadas antes do mérito, não se conhecendo deste
Parágrafo único: Na ausência ou impedimento do Presiden- se incompatível com a decisão adotada.
te, do Vice-Presidente, ou quando este for Relator, a sessão de §1º - Rejeitada a preliminar ou prejudicial, ou se com elas
julgamento será presidida pelo Desembargador do Trabalho mais não for incompatível a apreciação do mérito, seguir-se-á o jul-
antigo. (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, gamento deste, sobre o qual votarão os Desembargadores do
publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). Trabalho vencidos em qualquer das preliminares.
Art. 43 - Terão preferência de julgamento: §2º - Tratando-se de nulidade sanável, o julgamento será
I - os processos em que haja inscrição de advogado para sus- convertido em diligência, a fim de que a parte a repare, no prazo
tentação oral;
que lhe for assinado, ressalvados os casos do art. 249, § 2º, do
II - os processos remanescentes de sessões anteriores;
CPC.
III - os processos em que tenha havido pedido de vista;
§3º - As preliminares e prejudiciais serão votadas separada-
IV - os processos cujos Relatores tenham que se retirar ou
mente.
que estejam convocados, exclusivamente, para esses julgamen-
tos; (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, pu- §4º - Quando o mérito se desdobrar em questões distintas,
blicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). a votação poderá realizar-se sobre cada uma, sucessivamente,
V - dissídios coletivos, mandados de segurança e ações cau- devendo o Relator, entretanto, mencioná-las desde logo, em seu
telares; todo, após a apreciação das preliminares.
VI - processos em que sejam partes empresas em liquidação, §5º - Caberá ao Presidente encaminhar a votação, para a
concordata ou falência. boa ordem dos trabalhos.
Art. 44 - A inscrição de advogado, para sustentação oral, será Art. 48 - Iniciada a votação, não serão permitidos apartes ou
requerida ao Presidente do Tribunal ou da Turma, a partir da intervenções, enquanto o Desembargador do Trabalho estiver
publicação da pauta no órgão oficial e até 15 (quinze) minutos proferindo o seu voto.
antes da hora designada para o início da sessão. § 1º - Uma vez iniciado o julgamento, ultimar-se-á na mesma
§1º - Excepcionalmente, a critério do Presidente, poderá ser sessão, salvo pedido de vista ou motivo relevante, argüido pelo
admitido pedido de preferência, formulado verbalmente, após o Relator. (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015,
prazo a que se refere este artigo. publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015).
§2º - Não será admitido o pedido de preferência quando o §2º - Nenhum Desembargador do Trabalho fará uso da pala-
advogado não pretenda fazer sustentação oral. vra sem prévia autorização do Presidente.
Art. 45 - Apregoado o processo, o Relator fará uma exposi- §3º - O Desembargador do Trabalho não poderá eximir-se
ção circunstanciada da causa. de proferir o seu voto, exceto quando não houver assistido ao
§1º - Findo o relatório, o Presidente dará a palavra aos ad- relatório, for impedido ou suspeito, podendo, no primeiro caso,
vogados das partes, por 10 (dez) minutos cada, para sustentação participar da votação se se julgar habilitado.
oral; (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, pu- §4º - O Desembargador do Trabalho poderá modificar o voto
blicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). já proferido, desde que antes de proclamada a decisão.
§2º - Falará, em primeiro lugar, o advogado do recorrente e, §5º - Durante a votação nenhum Desembargador do Traba-
se ambas as partes o forem, o do autor; havendo litisconsortes, lho poderá retirar-se do recinto, sem a permissão do Presidente.
representados por mais de um advogado, o tempo será dividido Art. 49 - Nos processos judiciais e administrativos aprego-
entre eles, proporcionalmente, podendo o Presidente, se rele-
ados em sessões colegiadas, quando um dos julgadores não se
vante a matéria, e a seu critério, dilatar o tempo que entender
considerar habilitado a proferir imediatamente seu voto, pode-
razoável;
rá, desde que ainda não proclamada a decisão, solicitar vista
§3º - Não será permitida sustentação oral nos embargos de
pelo prazo máximo de 10 (dez) dias, prorrogável por igual pe-
declaração, conflito de competência, pedido de restauração de
autos, homologação de acordo ou desistência, matéria adminis- ríodo, mediante pedido devidamente justificado, após o qual o
trativa e agravo regimental, ressalvado, quanto ao último, o dis- processo será reincluído em pauta para julgamento na sessão
posto no art. 137, deste Regimento. seguinte. ALTERADO pela RA Nº 038/2016, publicada no DEJT nº
Art. 46 - Após a sustentação oral, quando houver, terá início 1992 DE 03.06.2016.
o julgamento, com o voto do Relator, seguidos dos demais De- § 1° - Se o processo judicial ou administrativo não for de-
sembargadores do Trabalho, por ordem de antigüidade. (ALTE- volvido tempestivamente, ou se o vistor deixar de solicitar pror-
RADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada no rogação de prazo, o presidente do órgão correspondente fará a
DEJT nº 1868, de 03.12.2015). requisição para julgamento na sessão subsequente, com publica-
§1º - Após o voto do Relator, qualquer Desembargador do ção na pauta em que houver a inclusão. (ALTERADO pela RA Nº
Trabalho poderá pedir-lhes esclarecimentos. (ALTERADO pela 038/2016, publicada no DEJT nº 1992 DE 03.06.2016.
Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada no DEJT nº § 2° - Ocorrida a requisição na forma do §1°, se aquele que
1868, de 03.12.2015). fez o pedido de vista ainda não se sentir habilitado a votar, o pre-
§2º - O representante do Ministério Público do Trabalho po- sidente convocará substituto para proferir voto. (ALTERADO pela
derá manifestar-se, verbalmente, sobre a matéria em debate, RA Nº 038/2016, publicada no DEJT nº 1992 DE 03.06.2016).
sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direi- § 3° - Tratando-se de vista em mesa, o julgamento prossegui-
to de vista dos autos dos processos em julgamento, ou solicitar rá na mesma sessão, tão logo o Desembargador do Trabalho que
as diligências que julgar convenientes ao melhor esclarecimento a requereu se declare habilitado a votar. (ALTERADO pela RA Nº
do feito. 038/2016, publicada no DEJT nº 1992 DE 03.06.2016).

63
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§ 4° - Na sessão de reinicio do julgamento não será neces- §3º - Quando todos os Desembargadores do Trabalho forem
sária a presença do Relator, desde que haja votado sobre toda a vencidos, ainda que em parte, redigirá o acórdão o próprio Re-
matéria em discussão nos autos. Em caso contrário, e na impos- lator originário.
sibilidade de comparecimento nas sessões subseqüentes, por §4º - Em qualquer caso , o relatório que não houver sido
período superior a 30 (trinta) dias, o Presidente fará nova dis- impugnado pelo Tribunal deverá integrar, obrigatoriamente, o
tribuição do processo, mediante compensação. (ALTERADO pela acórdão.
RA Nº 038/2016, publicada no DEJT nº 1992 DE 03.06.2016). Art. 53 - As atas do Tribunal serão lavradas pelo Secretário
§ 5° - Na ausência do Desembargador do Trabalho que presi- do Tribunal Pleno ou da Turma e nelas se resumirá, com clareza,
diu o julgamento anterior, a sessão de reinicio do julgamento po- tudo quanto ocorrido na sessão, devendo conter:
derá ser presidida por outro Desembargador do Trabalho, desde I - dia, mês, ano e hora da abertura da sessão;
que não tenha proferido o voto na oportunidade em que ocorreu II - nome do Presidente ou do Desembargador do Trabalho
o pedido de vista. (ALTERADO pela RA Nº 038/2016, publicada que o estiver substituindo;
no DEJT nº 1992 DE 03.06.2016). III - nome dos Desembargadores do Trabalho e Juízes do Tra-
§ 6° - O pedido de vista regimental não impede que outros balho presentes e do representante do Ministério Público;
Desembargadores do Trabalho profiram os seus votos, se julga- IV - relatório sumário do expediente, mencionando a natu-
rem habilitados. (ALTERADO pela RA Nº 038/2016, publicada no reza do processo, os recursos ou os requerimentos apresentados
DEJT nº 1992 DE 03.06.2016.). na sessão, os nomes das partes e a decisão tomada, com os vo-
§ 7° - Reiniciado o julgamento, serão computados os votos tos vencidos e os nomes dos advogados que fizeram sustentação
anteriormente proferidos. (INCLUÍDO pela RA Nº 038/2016, pu- oral.
blicada no DEJT nº 1992 DE 03.06.2016). Art. 54 - Elaborada a ata, o Secretário do Tribunal Pleno a co-
§ 8° - Somente quando indispensável para decidir questão locará à disposição dos Desembargadores do Trabalho, para apre-
nova surgida no julgamento, será dado substituto ao Desembar- ciação e, após aprovada, será assinada pelo Presidente e pelo Se-
gador do Trabalho ausente, cujo voto nesse caso, não será com- cretário, e armazenada em CD-ROM ou mídia equivalente.
putado. (INCLUÍDO pela RA Nº 038/2016, publicada no DEJT nº Art. 55. Findos os trabalhos da sessão, o Secretário certifi-
1992 DE 03.06.2016). cará nos autos a decisão e os nomes dos Desembargadores do
Art. 50 - Salvo matéria de competência do Pleno, matéria Trabalho e do representante do Ministério Público que tomaram
adminstrativa, unificação de jurisprudência, edição, alteração parte no respectivo julgamento, bem como o dos advogados que
ou revogação de Súmula, e argüição de inconstitucionalidade, o fizeram sustentação oral, consignando os votos vencedores e
Presidente do Tribunal Pleno somente votará no caso de empate, os vencidos, o nome do Desembargador do Trabalho que não
podendo pedir vista dos autos, se não se julgar habilitado a vo- participou do julgamento, bem como a designação do redator
tar. (Alteração feita pela Resolução Administrativa nº 001/2020, do acórdão, na hipótese de não prevalecer o voto do relator do
publicada no DEJT nº 2904/2020 de 30.01.2020). feito.
Parágrafo único: Tratando-se de matéria administrativa, o Parágrafo único: Os fundamentos do acórdão são os do voto
Presidente do Tribunal votará em primeiro lugar e, em caso de vencedor, ressalvando-se aos Desembargadores do Trabalho o
empate, terá voto de qualidade, salvo em matéria recursal. direito de apresentar, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
Art. 51 - Quando as soluções divergirem, mas várias delas contado do recebimento dos autos, justificação ou declaração
apresentarem pontos coincidentes, serão somados os votos de voto, devendo ser encaminhado ao Relator para publicação
dessas correntes, no que tiverem em comum. Permanecendo a concomitante ao acórdão.
divergência, sem possibilidade de qualquer soma, serão as ques-
tões submetidas ao pronunciamento de todos os Desembarga- CAPÍTULO V
dores do Trabalho, duas a duas, eliminando-se, sucessivamente, DAS AUDIÊNCIAS
as que tiverem menor votação e prevalecendo a que reunir, ao
final, a maioria de votos. Art. 56 - As audiências de instrução e julgamento dos feitos
Parágrafo único. No julgamento de recursos contra decisão de competência originária do Tribunal serão públicas, realizadas
ou despacho do Presidente do Tribunal ou do Corregedor-Re- em local, dia e hora designados pelo Desembargador do Traba-
gional, ocorrendo empate, prevalecerá a decisão ou o despacho lho a quem couber a instrução do processo.
recorrido. Art. 57 - Na audiência terão assento, além do representante
Art. 52 - Findo o julgamento, o Presidente da sessão no Tri- do Ministério Público, quando for o caso, as partes, os advoga-
bunal Pleno ou da sessão na Turma proclamará a decisão, desig- dos, as testemunhas e quaisquer outras pessoas citadas ou inti-
nando para redigir o acórdão o Relator. Vencido este, a redação madas.
ficará a cargo do Desembargador que primeiro tiver votado e §1º - A abertura e o encerramento da audiência serão apre-
cuja tese seja a vencedora. (Alteração feita pela Resolução Ad- goados em voz alta.
ministrativa nº 001/2020, publicada no DEJT nº 2904/2020 de §2º - O Secretário do Tribunal Pleno, ou o seu substituto
30.01.2020). eventual, mencionará em ata os nomes das partes, advogados
§1º - Vencido o Relator, apenas na preliminar, a ele caberá a e do representante do Ministério Público do Trabalho presentes,
redação do acórdão. as citações, intimações, requerimentos verbais, determinações
§2º - Na decisão em que o desempate tiver sido parcial, ca- do Presidente e todos os demais atos e ocorrências.
berá ao Relator lavrar o acórdão. Vencido este, o Desembargador Art. 58 - O Desembargador do Trabalho que presidir a audi-
Federal do Trabalho cujo voto tenha prevalecido no julgamento. ência manterá a ordem de acordo com as leis em vigor, podendo
(ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada mandar retirar os que a perturbarem ou faltarem com o devido
no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). respeito, lavrando auto contra os desobedientes e adotando as
providências legais cabíveis;

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
Parágrafo único: Com exceção dos advogados e do Procura- CAPÍTULO II
dor do Trabalho, as pessoas mencionadas no art. 57 não poderão DOS PROCEDIMENTOS DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRU-
retirar-se da sala, durante a audiência, sem prévia autorização DÊNCIA
do Desembargador do Trabalho que a presida. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
2411 do dia 07.02.2018)
CAPÍTULO VI
DOS ACÓRDÃOS Art. 65 - (Revogado pela R.A. nº 010/2018, publicada no
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
Art. 59 - O Desembargador do Trabalho a quem couber a
redação do acórdão deverá lavrá-lo e publicá-lo em 10 (dez) dias, SEÇÃO I
contados da sessão de julgamento. (Acrescentada pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
§1º - Os acórdãos deverão conter ementa que, de modo 2411 do dia 07.02.2018)
sucinto, indique a questão de fato e a tese jurídica prevalente DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITI-
durante o julgamento. VAS
§ 2º - Os acórdãos serão assinados somente pelo Relator do (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
processo ou pelo julgador designado para lavrá-lo. 2411 do dia 07.02.2018)
§ 3º - Junto a cada assinatura deverá constar o nome e o
cargo/função do signatário. Art. 66-A. É cabível a instauração do incidente de resolução
Art. 60 - Na ausência do Desembargador do Trabalho que de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente, a
deveria assinar o acórdão, a assinatura caberá ao primeiro De- efetiva repetição de processos que contenham controvérsia so-
sembargador do Trabalho, cujo voto seja coincidente com a bre a mesma questão unicamente de direito e o risco de ofensa
tese vencedora. (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº à isonomia e à segurança jurídica. (Acrescentado pela R.A. nº
94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
Art. 61 - Após as assinaturas, os acórdãos serão publicados Art. 66-B. O pedido de instauração do incidente, nos termos
no órgão oficial. do art. 977 do Código de Processo Civil, será dirigido ao Presi-
Parágrafo único: A publicação indicará, apenas, os dados in- dente do Tribunal: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publi-
dicadores do processo, tais como o número de ordem, nomes cada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
das partes e respectivos advogados, a ementa e a decisão. I. pelo juiz ou relator, por ofício; (Acrescentado pela R.A. nº
Art. 62 - Somente haverá republicação do acórdão em virtu- 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
de de incorreções na publicação anterior e mediante autoriza- II. pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelas
ção, por despacho do Presidente do Tribunal. partes, por petição. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publi-
Parágrafo único: Na hipótese de republicação do acórdão o cada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
prazo de interposição de recurso correrá da nova publicação. § 1º. A petição ou o ofício deverão ser instruídos com os
documentos necessários à demonstração do preenchimento dos
TÍTULO III pressupostos para a instauração do incidente e indicarão o nú-
DOS PROCEDIMENTOS NO TRIBUNAL mero do processo originário, do recurso ordinário ou da remes-
CAPÍTULO I sa necessária que lhe deu origem. (Acrescentado pela R.A. nº
DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
DE ATO DO PODER PÚBLICO § 2º. O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas,
de iniciativa das partes, do Ministério Público do Trabalho ou
Art. 63 - Argüida a inconstitucionalidade de lei ou de dis- da Defensoria Pública, somente poderá ser suscitado antes do
posição nela contida, ou de ato normativo do Poder Público, o início do julgamento do(s) processo(s), da remessa necessária
Relator submeterá a questão ao Tribunal Pleno. ou do(s) recurso(s) afetado(s) como paradigma(s), com prazo de
Parágrafo único: Somente pelo voto da maioria absoluta dos antecedência de 05 (cinco) dias, no mínimo. (Acrescentado pela
seus membros efetivos, poderá o Tribunal declarar a inconstitu- R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
cionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público, obser- Art. 66-C. O Presidente do Tribunal despachará o ofício ou a
vado, quando for o caso, o disposto no art. 16, inciso I, letra “n”, petição de instauração do incidente, determinando: (Acrescen-
deste Regimento. tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia
Art. 64 - Rejeitada a alegação, prosseguirá o julgamento; se 07.02.2018)
for acolhida, lavrar-se-á o acórdão respectivo. I. o sobrestamento do processo originário, da remessa ne-
Parágrafo único: Não mais será admitida nova alegação so- cessária ou do recurso que estiver afetado ao Incidente de Re-
bre a mesma matéria, salvo demonstração de que após o pro- solução de Demandas Repetitivas suscitado; (Acrescentado pela
nunciamento do Tribunal, o Supremo Tribunal Federal haja jul- R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
gado a mesma questão em sentido contrário. II. a autuação do incidente na classe processual respectiva e
a distribuição ao Relator; (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018,
publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
III. a comunicação da instauração do incidente ao Núcleo do
Gerencimento de precentes – NUGEP. (Acrescentado pela R.A. nº
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
§ 1º. É incabível o processamento do Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas quando: (Acrescentado pela R.A. nº
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
I - admitido anteriormente o incidente sobre a mesma ma- a) a comunicação, para fins de suspensão dos processos em
téria no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho; (Acrescen- relação à tese jurídica controvertida a ser uniformizada, aos ór-
tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia gãos jurisdicionais competentes de primeiro e segundo graus;
07.02.2018) (Acrescentada pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411
II - o Tribunal Superior do Trabalho por decisão anterior tiver do dia 07.02.2018)
afetado recurso para definição da tese sobre questão de direi- b) a comunicação ao Núcleo de Gerenciamento de Prece-
to material ou processual repetitiva. (Acrescentado pela R.A. nº dentes - NUGEP para que disponibilize no portal da internet
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) (www.trt22.jus.br), registrando as informações específicas sobre
§ 2º. Os autos do incidente serão distribuídos mediante sor- as questões de direito objeto do incidente, a data da instauração
teio. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº e o processo de origem; (Acrescentada pela R.A. nº 010/2018,
2411 do dia 07.02.2018) publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
§ 3º. Se houver mais de um incidente de uniformização de c) a comunicação ao Conselho Nacional de Justiça e ao Tri-
qualquer natureza, tratando da mesma matéria, a distribuição bunal Superior do Trabalho da instauração do incidente, em con-
será promovida por prevenção ao Relator que recebeu o primei- formidade com as normas relacionadas com o gerenciamento de
ro. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº precedentes; (Acrescentada pela R.A. nº 010/2018, publicada no
2411 do dia 07.02.2018) DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
Art. 66-D. Distribuído o incidente ao Desembargador Rela- IV - ouvir as partes e demais interessados na controvérsia
tor, este solicitará inclusão na pauta do Tribunal Pleno, que pro- que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, poderão requerer a
cederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando a presen- juntada de documentos e a realização de diligências necessárias
ça dos pressupostos previstos no art. 66-A e §1º do art. 66-C. para a elucidação da questão de direito controvertida; (Acres-
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do
do dia 07.02.2018) dia 07.02.2018)
Art. 66-E. Não admitido o incidente, da decisão do Tribunal V - requisitar, a seu critério, informações à unidade judiciária
Pleno será lavrado acórdão com os fundamentos do voto ven- em que tramita o processo no qual se discute o objeto do inci-
cedor, comunicando-se de imediato: (Acrescentado pela R.A. nº dente, que serão prestadas no prazo de 15 (quinze) dias; (Acres-
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do
I - àquele que requereu sua instauração, ou ao Ministé- dia 07.02.2018)
VI - designar, se entender conveniente, data para, em audi-
rio Público do Trabalho, na hipótese do art. 976, § 2º, do CPC;
ência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411
conhecimento da matéria, para instruir o incidente; (Acrescen-
do dia 07.02.2018)
tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia
II - ao órgão de origem para prosseguimento do proces-
07.02.2018)
so de competência originária, remessa necessária ou recurso,
VII - determinar a intimação do Ministério Público para, que-
com sobrestamento determinado; (Acrescentado pela R.A. nº
rendo, manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias, exceto quan-
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
do se tratar do requerente do incidente;(Acrescentado pela R.A.
III - Ao Núcleo de Gerenciamento de Precedentes - NUGEP
nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
para disponibilizar a informação no portal da internet (www.
VIII - determinar a redistribuição do processo piloto (proces-
trt22.jus.br). (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no so originário, remessa necessária ou recurso que estiver afetado
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) ao incidente para julgamento) ao órgão julgador-Tribunal Pleno,
Parágrafo único. A não admissão do Incidente de Resolução ficando o Relator anteriormente designado prevento quanto à
de Demandas Repetitivas por ausência de qualquer de seus pres- redistribuição. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada
supostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
o requisito, seja o incidente novamente suscitado. (Acrescen- § 1º. Concluídas as diligências, o Relator solicitará pauta
tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia para o julgamento do incidente, que deverá ser incluído em pau-
07.02.2018) ta com antecedência de 15 (quinze) dias, para garantir o amplo
Art. 66-F. Admitido o incidente, e lavrado o acórdão, com- conhecimento da matéria objeto da uniformização. (Acrescen-
pete ao Relator: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia
no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) 07.02.2018)
I - determinar, por Edital de Divulgação, a suspensão dos § 2º. Durante a suspensão, eventual pedido de tutela de ur-
processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no gência será dirigido ao juízo pelo qual tramita o processo sus-
Estado, inclusive com interposição de recurso de revista pen- penso. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT
dentes de exame de admissibilidade, desde que satisfaçam os nº 2411 do dia 07.02.2018)
pressupostos extrínsecos, relativamente ao tema objeto do inci- Art. 66-G. Não cabe recurso da decisão de admissibilidade do
dente; (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT incidente pelo Colegiado. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018,
nº 2411 do dia 07.02.2018) publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
II - cientificar a todos os Desembargadores e Juízes convoca- Art. 66-H. O Tribunal Pleno, órgão incumbido de julgar o inci-
dos; (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº dente e de fixar a tese jurídica prevalecente, julgará, igualmen-
2411 do dia 07.02.2018) te, o processo piloto (processo originário, remessa necessária
III - informar a Coordenadoria do Tribunal Pleno para viabili- ou recurso). (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no
zar: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
2411 do dia 07.02.2018) § 1º. No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte
ordem: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT
nº 2411 do dia 07.02.2018)

66
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
I. Relator, após expor o objeto do incidente, proferirá voto; Art. 66-J. Nos processos com recursos de revista sobresta-
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 dos: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
do dia 07.02.2018) 2411 do dia 07.02.2018)
II. poderão sustentar suas razões, sucessivamente, median- I - se o resultado do incidente coincidir com a tese originária
te prévia inscrição, com antecedência mínima de 02 (dois) dias adotada no órgão fracionário, será retomado o procedimento re-
da data do julgamento: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, lativo ao juízo de admissibilidade do recurso; (Acrescentado pela
publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Públi- II - se a tese adotada no julgamento proferido no órgão fra-
co, pelo prazo de 10 (dez) minutos, cada um; (Acrescentado pela cionário for diversa, o Presidente do Tribunal determinará o re-
R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) torno dos autos ao órgão de origem para reinclusão em pauta de
b) os demais interessados, pelo prazo comum de 10 (dez) julgamento, para que seja observada a tese vencedora, inclusive
minutos, que poderá ser ampliado até 30 (trinta) minutos, para readequação de decisões proferidas antes da uniformiza-
em razão do número de inscritos. (Acrescentado pela R.A. nº ção e ainda pendentes de análise de admissibilidade prévia de
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) recurso de revista. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publi-
§ 2º. Na hipótese de julgamento do incidente pelo voto da cada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
maioria absoluta dos componentes do Tribunal Pleno, admitido § 1º. O novo julgamento do recurso pelo órgão de origem
o voto eletrônico, a tese vencedora será objeto de súmula, pro- restringir-se-á à matéria delimitada no incidente, salvo se exis-
posta pelo relator ou redator, e aprovada pelo Tribunal Pleno, tirem questões ainda não apreciadas ou que exijam reanálise
constituindo precedente para uniformização da jurisprudência. em decorrência da alteração da tese, mantido o julgamento
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 original quanto às demais questões. (Acrescentado pela R.A. nº
do dia 07.02.2018) 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
§ 3º. Na hipótese de julgamento do incidente pelo voto da § 2º. Realizado novo julgamento, na forma do parágrafo an-
maioria simples dos Desembargadores presentes na sessão, a terior, a publicação do acórdão reabrirá o prazo recursal exclu-
tese vencedora será objeto de tese jurídica prevalecente, re- sivamente para impugnação do que ficou alterado em face do
digida por relator ou redator, e aprovada pelo Tribunal Pleno, acórdão original, inclusive da decisão plenária que julgou o in-
constituindo precedente para uniformização da jurisprudência. cidente, sendo desnecessária a ratificação das demais questões
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 já abordadas no recurso de revista. (Acrescentado pela R.A. nº
do dia 07.02.2018) 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
Art. 66-K. A desistência ou o abandono do processo não
§ 4º.O verbete de súmula ou de tese jurídica prevalecente
impedirão o exame do mérito do incidente, hipótese em que o
será aprovado na mesma sessão em que se finalizar o julgamen-
Ministério Público do Trabalho assumirá sua titularidade. (Acres-
to. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do
2411 do dia 07.02.2018)
dia 07.02.2018)
§ 5º. Havendo empate, prevalecerá no processo que origi-
Art. 66-L. Da decisão que resolver o mérito do incidente
nou o incidente a decisão proferida na forma do rito regimental.
cabe recurso de revista, dotado de efeito devolutivo. (Acrescen-
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411
tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia
do dia 07.02.2018)
07.02.2018)
§ 6º. Na hipótese do parágrafo anterior, não se editará sú-
Art. 66-M. A revisão da tese jurídica firmada no incidente
mula, tampouco existirá impedimento para uniformização da far-se-á pelo mesmo órgão julgador, de ofício, ou mediante re-
jurisprudência em julgamento ulterior no qual se verifique idên- querimento formulado pelo Ministério Público ou pela Defenso-
tica divergência. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada ria Pública. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no
no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
Art. 66-I. Julgado o incidente, a súmula ou tese jurídica será
aplicada: (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no SEÇÃO II
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem 2411 do dia 07.02.2018)
sobre idêntica questão de direito e que tramitam na área de ju- DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA
risdição deste Tribunal; (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) 2411 do dia 07.02.2018)
II - aos casos futuros, ressalvadas as hipóteses de revisão da
súmula ou tese jurídica prevalecente. (Acrescentado pela R.A. nº Art. 66-N. É admissível a assunção de competência quando
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo
§ 1º. A tese fixada no julgamento do incidente não será apli- de competência originária envolver relevante questão de direito,
cada aos casos em que se demonstrar que a situação de fato ou com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos pro-
de direito é distinta daquela delimitada pelo incidente. (Acres- cessos. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT
centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do nº 2411 do dia 07.02.2018)
dia 07.02.2018) § 1º O Relator, de ofício, a requerimento da parte, do Mi-
§ 2º. A decisão do Tribunal Pleno sobre o tema objeto de nistério Público ou da Defensoria Pública, proporá ao órgão ao
uniformização constará em acórdão, cabendo aos órgãos juris- qual esteja vinculado que o recurso, a remessa necessária, ou o
dicionais de origem e aos demais, que tiveram feitos sobresta- processo de competência originária seja julgado pelo Tribunal
dos, aplicar ao caso concreto a tese jurídica fixada no incidente. Pleno, órgão responsável pela uniformização da jurisprudência.
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411
do dia 07.02.2018) do dia 07.02.2018)

67
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§ 2º O Pleno julgará o recurso, a remessa necessária ou o SEÇÃO III
processo de competência originária se reconhecer interesse pú- (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
blico na assunção de competência. (Acrescentado pela R.A. nº 2411 do dia 07.02.2018)
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) DA RECLAMAÇÃO
§ 3º Submetida a proposta do Relator ao órgão ao qual es- (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
teja vinculado o recurso, a remessa necessária ou o processo de 2411 do dia 07.02.2018)
competência originária, caso seja rejeitada, será lavrado acór-
dão pelo julgador que proferir o primeiro voto divergente, retor- Art. 66-P. Caberá reclamação da parte interessada na cau-
nando, em seguida, o processo para o regular prosseguimento. sa, ou do Ministério Público para: (Acrescentado pela R.A. nº
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
do dia 07.02.2018) I - preservar a competência do Tribunal; (Acrescentado pela
§ 4º Caso admitida a proposta, nos fundamentos do voto R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
do Relator, será lavrado acórdão nos autos com as razões conti- II - garantir a autoridade das decisões do Tribunal; (Acres-
das na exposição da questão de direito e a demonstração de sua centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do
relevância. A seguir, extraída cópia do acórdão e instruído pelo dia 07.02.2018)
Relator com os elementos necessários, o incidente será devida- III - garantir a observância de enunciado de súmula vincu-
mente autuado. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada lante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle
no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) concentrado de constitucionalidade; (Acrescentado pela R.A. nº
§ 5º A decisão que admite o processamento do Incidente 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
de Assunção de Competência é irrecorrível. (Acrescentado pela IV – garantir a observância de acórdão proferido em julga-
R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) mento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
§ 6º O procedimento do incidente, devidamente autuado, incidente de assunção de competência. (Acrescentado pela R.A.
será apensado ao feito no qual foi suscitado, e ambos serão dis- nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
tribuídos por prevenção ao mesmo Relator originário que formu- § 1º. A reclamação será proposta perante o Tribunal Pleno.
lou a proposição. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publica- (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411
da no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) do dia 07.02.2018)
§ 7° Distribuído o incidente, o Relator submeterá à apre- § 2º. É inadmissível reclamação: (Acrescentado pela R.A. nº
ciação pelo órgão competente para a admissibilidade quanto à 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
existência do interesse público na assunção de competência, por I - proposta após o trânsito em julgado da decisão recla-
voto da maioria dos Magistrados presentes. Rejeitada a admis- mada; (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT
sibilidade, será lavrado o respectivo acórdão, e desapensado o nº 2411 do dia 07.02.2018)
processo em que foi suscitado, retornando ao Relator no órgão II - proposta para garantir a observância de acórdão de re-
de origem, e permanecendo os autos do incidente arquivados curso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de
no Tribunal. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordiná-
Art. 66-O. Acolhida a admissibilidade do incidente de as- rias. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
sunção de competência, caberá ao Relator promover os atos 2411 do dia 07.02.2018)
de instrução até oportuno julgamento, aplicando-se as dispo- § 3º. A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso in-
sições atinentes à realização de audiência pública e o direito a terposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado não
sustentação oral, bem como as formalidades legais contidas nos prejudica a reclamação. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018,
arts. 66-H a 66-J. deste Regimento, naquilo que for compatível publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
para a discussão e votação da causa. (Acrescentado pela R.A. nº § 4º. A reclamação será dirigida ao Presidente do Tribunal e
010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) será instruída com prova documental. (Acrescentado pela R.A.
§ 1º O Tribunal Pleno, reconhecendo o interesse público nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
afetado na assunção de competência, procederá, nos termos do § 5º. Assim que recebida a reclamação, será autuada e dis-
voto do Relator, o julgamento do recurso, da remessa necessária tribuída a um relator mediante sorteio. (Acrescentado pela R.A.
ou do processo de competência originária, decidindo pela maio- nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
ria de votos. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no Art. 66-Q. Ao despachar a reclamação, o relator: (Acrescen-
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) tado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia
§ 2º O precedente firmado no acórdão, acolhido pela vo- 07.02.2018)
tação de dois terços dos julgadores que compõem o Tribunal I - requisitará informações da autoridade a quem for impu-
Pleno, tem por objetivo uniformizar e impor a observância da tada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10
jurisprudência, vinculando todos os Juízes e órgãos fracionários (dez) dias; (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no
(arts. 332, III, 927, III e 947, § 3º, do Código de Processo Civil), DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
com o cabimento de Reclamação, caso a tese adotada não seja II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do
observada (art. 988, IV, do Código de Processo Civil), ficando o ato impugnado para evitar dano irreparável; (Acrescentado pela
Relator do processo principal prevento para a distribuição, sem- R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
pre que possível. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publica- III - determinará a citação do beneficiário da decisão impug-
da no DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018) nada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua
contestação. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)

68
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
Art. 66-R. Decorrido o prazo para informações, e o prazo de este mandará ouvir o Desembargador do Trabalho recusado no
contestação do beneficiário da decisão impugnada, dar-se-á vis- prazo de 05 (cinco) dias e designará audiência de instrução e
ta ao Ministério Público quando a reclamação não tenha sido julgamento, em igual prazo.
por ele formulada, que poderá se manifestar em 5 (cinco) dias. Parágrafo único - Acolhida a argüição pelo Tribunal, a Presi-
(Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 dência providenciará a substituição na forma regimental.
do dia 07.02.2018)
Art. 66-S. Julgando procedente a reclamação, o Plenário ou CAPÍTULO IV
a Turma poderá cassar decisão exorbitante de seu julgado, ou DO INCIDENTE DE FALSIDADE
determinar medida adequada a solução da controvérsia. (Acres-
centado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº 2411 do Art. 78 - O incidente de falsidade será processado perante o
dia 07.02.2018) Relator do feito e julgado pelo Tribunal, aplicando-se o disposto
Art. 66-T. O Presidente do Tribunal determinará o imediato nos artigos 390 a 395, do Código de Processo Civil e demais dis-
cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormen- posições legais pertinentes.
te. (Acrescentado pela R.A. nº 010/2018, publicada no DeJT nº
CAPÍTULO V
2411 do dia 07.02.2018)
DOS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA
Art. 67 - (Revogado pela R.A. nº 010/2018, publicada no
DeJT nº 2411 do dia 07.02.2018)
Art. 79 - Ocorrendo conflito de competência entre órgãos
judiciários da Região, deverá o mesmo ser suscitado perante o
CAPÍTULO III Presidente do Tribunal.
DO IMPEDIMENTO, DA SUSPEIÇÃO E DA INCOMPETÊNCIA Art. 80 - Dar-se-á conflito de competência nos casos previs-
tos em lei.
Art. 68 - O Desembargador do Trabalho é obrigado a decla- Art. 81 - O conflito de competência poderá ser suscitado:
rar-se impedido ou suspeito nas hipóteses previstas nos artigos I - pelos Juízes do Trabalho e Tribunais do Trabalho;
134 e seguintes, do Código de Processo Civil. II - pelos Juízes de Direito, quando investidos na jurisdição
Art. 69 - A declaração de impedimento ou suspeição do Rela- trabalhista;
tor será feita por despacho nos autos, que serão redistribuídos. III - pelo Ministério Público do Trabalho;
Art. 70 (REVOGADO pela Resolução Administrativa nº IV - pela parte interessada ou seu representante legal.
94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). §1º - O ofício e a petição serão instruídos com os documen-
Art. 71 - Nos demais casos, o Desembargador do Trabalho tos necessários à prova do conflito, ou com a remessa dos pró-
declarará verbalmente seu impedimento ou suspeição na sessão prios autos, se assim o entender o processante.
de julgamento, registrando-se na ata a declaração. §2º - O Ministério Público do Trabalho será ouvido, através
Art. 72 - Tratando-se de recurso administrativo contra ato do da Procuradoria Regional, em todos os conflitos de competência,
Presidente do Tribunal, ficará este impedido. Igualmente impe- mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar.
dido ficará o Vice-Presidente, quando o recurso administrativo Art. 82 - Não poderá suscitar conflito a parte que, no proces-
for oferecido contra ato seu, no exercício da Presidência. so, houver oposto exceção de incompetência.
Art. 73 - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº Art. 83 - O conflito de competência não obsta que a parte
23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003). que não o suscitou ofereça exceção declinatória do foro.
Art. 74 - Na argüição de impedimento ou de suspeição pela Art. 84 - Quando der entrada no Tribunal processo de con-
parte interessada, observar-se-á o disposto nos artigos 138, e flito, será de imediato, após protocolado e autuado, remetido à
parágrafos, e 312 a 314 do CPC, conforme o caso. Secretaria do Tribunal Pleno para ser distribuído.
Art. 75 - A argüição de impedimento ou de suspeição do Re- Art. 85 - Após a distribuição, o Relator poderá mandar ouvir
os Juízes em conflito, ou apenas o suscitado, se um deles for o
lator poderá ser suscitada até 05 (cinco) dias após a distribuição;
suscitante. Dentro do prazo assinado pelo Relator, caberá ao Juiz
a contar da conclusão dos autos; e a dos demais Desembargado-
do Trabalho ou Juízes do Trabalho prestarem informações.
res do Trabalho, até o anúncio da pauta de julgamento. (ALTE-
Art. 86 - Poderá o Relator, de ofício, ou a requerimento de
RADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada no
qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo,
DEJT nº 1868, de 03.12.2015). seja sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de
Parágrafo único - O prazo a que alude o caput deste arti- conflito negativo, designará um dos Juízes para resolver, em ca-
go será contado da ciência do autor, do réu ou do litisconsorte ráter provisório, as medidas urgentes.
quando houver. Art. 87 - Decorrido o prazo, com informações ou sem elas,
Art. 76 - Tratando-se de argüição de impedimento ou de será ouvido, em 5 (cinco) dias, o Ministério Público do Trabalho;
suspeição do Relator, e se este a reconhecer como procedente, em seguida, o Relator apresentará o conflito na primeira sessão
mandará juntar a petição, com os documentos que a instruem, e ordinária do Tribunal.
ordenará, por despacho, a remessa dos autos à Presidência, que Art. 88 - Ao decidir o conflito, o Tribunal declarará qual o
providenciará a substituição na forma deste Regimento. Juiz do Trabalho competente, pronunciando-se, também, sobre
§1º - (REVOGADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, a validade dos atos do Juiz do Trabalho incompetente.
publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). Art. 89 - Os autos do processo em que se manifestou o con-
§2º - O não-acolhimento liminar de argüição implicará na flito serão remetidos ao Juiz do Trabalho declarado competente.
vinculação do Desembargador do Trabalho ao processo, com a Art. 90 - Nos conflitos suscitados entre os órgãos desta Jus-
suspensão do julgamento até a solução do incidente. tiça e os de outra, os autos serão instruídos com as provas e
Art. 77 - Argüido o impedimento ou a suspeição quanto aos a informação da autoridade suscitante para serem remetidos
demais Desembargadores do Trabalho, a petição será autuada diretamente ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça, nos
e conclusa. Reconhecida a relevância de argüição pelo Relator, termos da Constituição Federal.

69
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
CAPÍTULO VI Art. 99 - Recusada a conciliação, ou não comparecendo as
DA AÇÃO RESCISÓRIA partes, ou uma delas, o Presidente, se entender necessário, de-
terminará as diligências indispensáveis à instrução do feito.
Art. 91 - Caberá ação rescisória das sentenças das Varas do Art. 100 - O Ministério Público do Trabalho será intimado
Trabalho, dos juízes de Direito investidos na Jurisdição trabalhis- para a conciliação e instrução de dissídio, manifestando sua con-
ta e de acórdãos deste Tribunal, nos casos previstos nos artigos cordância ou discordância em acordos eventualmente firmados,
485 e seguintes, do Código de Processo Civil. antes da homologação.
Parágrafo único - É dispensável o depósito de que trata o Art. 101 - As partes terão o prazo sucessivo de 05 (cinco)
inciso II, do art. 488, do CPC. minutos para razões finais, facultado ao Presidente prorrogá-lo,
Art. 92 - Proposta a ação, o Presidente do Tribunal a distri- por igual período, em caso de litisconsórcio, concedendo a pa-
buirá na forma deste Regimento, excluído, quando for o caso, o lavra, em seguida, ao Representante do Ministério Público do
Desembargador do Trabalho que tenha atuado como Relator no Trabalho.
processo em que proferida a decisão rescindenda. Art. 102 - Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribu-
Parágrafo único - Será indeferida a petição inicial nos casos nal, o Presidente poderá delegar a Juiz Titular de Vara do Tra-
previstos no artigo 295 do CPC e, ainda, quando não acompa- balho da jurisdição, ou a Juiz de Direito, investido na jurisdição
nhada da certidão do trânsito em julgado da sentença ou do trabalhista, as atribuições de que tratam os artigos 860 e 862
acórdão rescindendo. da CLT. Neste caso, não havendo acordo, a autoridade delegada
Art. 93 - Atendidos os pressupostos processuais, compete encaminhará os autos ao Tribunal, fazendo exposição circuns-
ao Relator: tanciada dos fatos e indicando a solução que lhe parecer con-
I - ordenar as citações, notificações e intimações necessá- veniente.
rias; Parágrafo único - Na hipótese do artigo, a autoridade dele-
II - processar as questões incidentes; gada intimará o Ministério Público do Trabalho da audiência de
III - receber, ou rejeitar, liminarmente, as exceções opostas, Conciliação designada.
designar audiência especial para produção de provas, se reque- Art. 103 - Instruído o feito, o Presidente o distribuirá, pro-
ridas ou lhe parecerem necessárias, delegando competência, na cessando-se o julgamento na forma prevista neste Regimento,
forma prevista no art. 492, do CPC; de preferência na primeira sessão ordinária subseqüente à de-
IV - pedir dia para julgamento das questões incidentes e ex- volução dos autos pelo Relator, observadas, quanto aos prazos,
ceções opostas, quando regularmente processadas. as instruções expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (AL-
Art. 94 - Feita a citação, o réu, no prazo entre 15 (quinze) e TERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, publicada no
30 (trinta) dias, conforme assinado pelo Relator, apresentará a DEJT nº 1868, de 03.12.2015).
contestação na Secretaria do Tribunal Pleno. Art. 104 - Da decisão do Tribunal serão notificadas as partes,
Art. 95 - Concluída a instrução, será aberta vista dos autos, ou seus procuradores, em registro postal, fazendo-se, outrossim,
sucessivamente , ao autor e ao réu, para razões finais, pelo prazo sua publicação no órgão oficial, para ciência dos demais interes-
de 10 (dez) dias, e, após, os autos serão remetidos à Procurado- sados.
ria Regional do Trabalho para o seu opinativo. Parágrafo único - O prazo para recurso corre da notificação
Art. 96 - Devolvidos os autos pelo Órgão Ministerial, será postal das partes.
concluso ao Relator e, após o “visto” , incluído em pauta para jul- Art. 105 - Havendo acordo entre as partes, o Presidente,
gamento. (ALTERADO pela Resolução Administrativa nº 94/2015, após ouvir o Ministério Público do Trabalho, o submeterá à ho-
publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015). mologação do Tribunal, independente de distribuição, na sessão
ordinária subseqüente.
CAPÍTULO VII Parágrafo único - A homologação dar-se-á por Resolução Ad-
DOS DISSÍDIOS COLETIVOS ministrativa, com a notificação das partes na forma do art. 104 e
seu parágrafo único, e a publicação no órgão oficial, com o texto
Art. 97 - Os dissídios coletivos serão suscitados na forma da integral do acordo, que valerá como sentença normativa.
legislação pertinente, observadas, também, as instruções expe-
didas pelo Tribunal Superior do Trabalho. CAPÍTULO VIII
Parágrafo único - A instância será instaurada mediante re- DO MANDADO DE SEGURANÇA
presentação escrita, devidamente fundamentada, ao Presiden-
te do Tribunal; será instaurada, ainda, mediante promoção do Art. 106 - Cabe mandado de segurança contra ato de qual-
Ministério Público do Trabalho, quando houver paralisação de quer autoridade que estiver sob a jurisdição do Tribunal.
serviços de qualquer natureza. Art. 107 - O mandado de segurança, de competência originá-
Art. 98 - Recebida, protocolada e autuada a representação ria do Tribunal, terá seu processo iniciado por petição, em dupli-
em dissídio coletivo ou de extensão de sentença normativa, se- cata, que deverá preencher os requisitos legais e conterá a indi-
rão os autos conclusos ao Presidente, que designará audiência cação prévia da autoridade a quem se atribua o ato impugnado.
de conciliação dentro do prazo de 10 (dez) dias, determinando- §1º - A Segunda via da inicial será instruída com cópias de
-se a citação do suscitado para, no mesmo prazo, responder a todos os documentos, devidamente autenticados pelo impetran-
ação. te.
Parágrafo único - Na audiência, as partes se pronunciarão §2º - Havendo litisconsorte será determinada a sua citação,
sobre as bases da conciliação, cabendo ao Presidente, se não hipótese em que o impetrante deverá apresentar tantas cópias
aceitas, propor a solução que lhe pareça capaz de resolver o dis- quantas sejam necessárias.
sídio.

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§3º - Afirmado pelo impetrante que o documento necessá- Art. 119 - O Relator mandará citar a parte contrária para,
rio à prova de suas alegações se acha em repartição ou estabe- em 05 (cinco) dias, contestar o feito, intimando-a para trazer a
lecimento público, ou em poder de autoridade que lhe recuse juízo cópias de peças e documentos que possua, necessárias à
certidão, solicitará ao Relator seja requisitada, por ofício, a exi- instrução do feito.
bição do documento, em original ou cópia autenticada, no prazo Parágrafo único - O Relator ordenará as diligências que jul-
de 05 (cinco) dias úteis. Se a autoridade indicada pelo requeren- gar necessárias, podendo solicitar cópias autenticadas de peças
te for a coatora, far-se-á requisição no próprio instrumento da e documentos a outros juízos.
intimação. Art. 120 - Se as partes concordarem com a restauração, será
Art. 108 - A petição inicial poderá ser indeferida, desde logo, lavrado auto, por estas assinado, que, homologado pelo Relator,
pelo Relator, se for manifesta a incompetência do Tribunal, se suprirá o processo desaparecido.
não for caso de mandado de segurança, ou lhe faltarem os re- Parágrafo único - Caso contrário, após a ouvida do Ministé-
quisitos do art. 107, §§ 1º e 2º. Em tais hipóteses, serão dispen- rio Público do Trabalho, o processo, com o visto do Relator, será
sadas as informações da autoridade apontada como coatora e a incluído em pauta para julgamento.
ouvida do Ministério Público do Trabalho. Art. 121 - Julgado o pedido ou tendo as partes concordado
Parágrafo único - Do despacho de indeferimento cabe agra- com a restauração, o processo seguirá a tramitação normal; en-
vo regimental para o Tribunal, no prazo de oito dias, facultada a contrado o processo principal, nele prosseguirá o feito, apensa-
sustentação oral. dos os autos do pedido de restauração.
Art. 109 - Admitida a inicial, o Relator, em 24 horas, mandará Art. 122 - No Tribunal, a habilitação incidente será requerida
notificar a autoridade, cujo ato é impugnado, mediante ofício ao Relator e perante ele processada, na forma da lei processual.
acompanhado da segunda via da petição, instruída com as có-
pias dos documentos, a fim de que preste informações no prazo CAPÍTULO XI
de 10 (dez) dias. DA MATÉRIA ADMINISTRATIVA
Parágrafo único - Se o Relator entender relevante o funda-
mento do pedido e do ato impugnado puder resultar a ineficácia Art. 123 - Em caso de urgência, as matérias administrativas
da medida, caso venha a ser deferida, poderá conceder liminar poderão ser apreciadas nas sessões ordínárias do E. Tribunal Ple-
suspendendo sua execução, dando imediata ciência dessa deci- no.
são à referida autoridade. Art. 124 - Na convocação de sessão administrativa observa-
Art. 110 - Feitas as notificações, a Secretaria do Tribunal Ple- -se-á o disposto no art. 37 e parágrafos, deste Regimento.
no juntará aos autos as respectivas cópias autenticadas, com a
prova de sua remessa ao destinatário. CAPÍTULO XII
Art. 111 - Transcorridos os prazos, com as informações da DOS PRECATÓRIOS
autoridade e com a manifestação do litisconsorte, se for o caso,
ou sem elas, o Relator determinará a remessa dos autos ao Mi- Art. 125 - Os valores devidos pelas Fazendas Públicas Fede-
nistério Público do Trabalho. ral, Estadual e Municipal e de suas respectivas Autarquias e Fun-
Parágrafo único - Havendo oficiado o Órgão Ministerial e, dações, em virtude de sentença judicial transitada em julgado,
após o “visto” do Relator, o processo irá a julgamento, na primei- e que ultrapassem os limites previstos na legislação pertinente,
ra sessão ordinária subseqüente. serão pagos mediante precatórios judiciais expedidos na forma
Art. 112 - A decisão será comunicada pelo Presidente do da lei e deste regimento.
Tribunal, através da Secretaria do Tribunal Pleno, à autoridade Parágrafo único - A execução dos créditos de pequeno valor
apontada como coatora, pelo meio técnico mais rápido, seguin- será efetuado pelo juízo da execução na forma prevista em lei e
do-se a expedição do ofício confirmatório. neste Regimento.
Parágrafo único - Da decisão cabe recurso ordinário, no pra- Art. 126 - Expedido o precatório e requisitado o seu paga-
zo de oito dias, contados da publicação do acórdão, para o Tribu- mento, eventuais incidentes deverão ser dirimidos nos autos
nal Superior do Trabalho. deste.
Art. 127 - Os precatórios serão expedidos pelo Juiz Titular de
CAPÍTULO X Vara do Trabalho ou Substituto da execução e remetidos ao Pre-
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS E DA HABILITAÇÃO INCIDENTE sidente do Tribunal, que examinará as suas formalidades legais e
requisitará o pagamento ao ente público devedor.
Art. 117 - Verificado o desaparecimento dos autos, pode § 1º - As requisições de pagamento serão dirigidas:
qualquer das partes promover-lhes a restauração, na forma da I - À Secretaria de Orçamento e Finanças, por intermédio
lei processual. do serviço orçamentário do TST-SRAF, se for devedora a União;
Parágrafo único - A restauração poderá ser determinada de II - À Procuradoria do Estado se o devedor for o Estado-
ofício ou a requerimento do Ministério Público do Trabalho, caso -membro;
em que as partes serão notificadas para trazerem aos autos, em III- Ao chefe do Poder Executivo Municipal quando se tratar
10 (dez) dias, cópias das peças e documentos pertinentes, em da fazenda municipal.
seu poder. § 2º- Se o ente devedor for Autarquia ou Fundação as requi-
Art. 118 - Quando requerida por uma das partes, a petição sições serão enviadas ao respectivo dirigente.
será dirigida ao Presidente do Tribunal, quando for o caso, acom- Art. 128 - O precatório conterá, obrigatoriamente, o número
panhada das peças e documentos que possuir. do processo, nome endereço e CPF/CNPJ do exeqüente e do exe-
Parágrafo único - Protocolado e autuado, o pedido será con- cutado, o valor do débito atualizado e cópia das seguintes peças,
cluso ao Presidente, que o distribuirá, sempre que possível, ao I - petição inicial da demanda trabalhista;
Relator que haja funcionado no processo. II - decisão exeqüenda;

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
III - conta de liquidação; TÍTULO IV
IV - decisão proferida sobre a conta de liquidação; DOS RECURSOS
V - certidões de trânsito em julgado da decisão proferida na CAPÍTULO I
fase de conhecimento e de execução; DOS RECURSOS PARA O TRIBUNAL
VI - despacho que ordenou a formação do precatório;
VII - atualização dos cálculos e, facultativamente, outras pe- Art. 135 - São admissíveis para o Tribunal os seguintes re-
ças que as partes indicarem ou o Juiz Titular de Vara do Trabalho cursos, a serem processados na forma da lei processual vigente:
ou Substituto entender necessárias. I - Recurso Ordinário;
§ 1º - Nas execuções contra a Fazenda Pública Federal, deve- II - Recurso Adesivo;
rá também instruir os autos do precatório a notificação para que III - Agravo de Petição;
a Advocacia Geral da União manifeste-se no prazo de 10 dias, IV - Agravo de Instrumento;
perante o juízo da execução, atestando que o valor requisitado V - Agravo Regimental;
no precatório está conforme o apurado na execução; VI - Embargos de Declaração;
§2º- Nas ações plúrimas o valor requisitado deverá ser in- VII - Agravo (art. 557 do CPC).
dividualizado por exeqüente, caso em que havendo expedição
simultânea de ofício precatório e requisição de pequeno valor CAPÍTULO II
(RPV) instruirá o precatório, como excluídos, a relação nominal DO AGRAVO REGIMENTAL
dos beneficiários cujos créditos serão satisfeitos com dispensa
de precatório Art. 136 - Exceto quando competir recurso previsto em lei,
§3º- Para fins do disposto no artigo 87, § único, do Ato das cabe agravo regimental para o Tribunal Pleno ou Turma, no prazo
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) o Juiz Titular de de 08 (oito) dias, contados da publicação no órgão oficial: (Alte-
Vara do Trabalho ou Substituto da execução notificará o exe- ração dada pela Resolução Administrativa nº 38/2012, publicada
qüente para que, em dez dias, exerça seu direito à renúncia, na no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
forma prevista no referido artigo. I - da decisão que indeferir petição inicial nas ações de com-
Art. 129 - No Tribunal, os precatórios serão autuados e re- petência originária; (Alteração dada pela Resolução Administra-
metidos à Secretaria Judiciária para exame da regularidade de tiva nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
sua formação, cabendo-lhe, ainda, verificada a ausência de peça II - da decisão que conceder ou denegar pedido de tutela
essencial, solicitá-la ao Juiz Titular de Vara do Trabalho ou Subs- de urgência; (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
tituto da Execução. 100/2016, publicada no DEJT nº 2081, de 07.10.2016).
§1º-Examinada a formação e certificada a regularidade, o III - da decisão do Presidente, do Corregedor ou do Rela-
precatório será submetido ao Presidente do Tribunal para apre- tor, em processos de competência originária, quando contrariar
ciação e requisição do pagamento. norma expressa deste Regimento; (Alteração dada pela Resolu-
§2º-Para efeito de precedência na ordem do pagamento, ção Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de
será considerado como dies a quo aquele que o executado re- 11.07.2012).
ceber a determinação para inclusão no orçamento respectivo. IV - da decisão do Corregedor-Regional, em Correição Par-
Art. 130 - Ao Presidente do Tribunal compete: cial ou Pedido de Providências; (Alteração dada pela Resolu-
I- praticar todos os atos necessários ao cumprimento do ção Administrativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de
precatório: 11.07.2012).
II - baixar instruções gerais e outros atos necessários à for- V - das decisões do Presidente em precatório e requisição de
mação do precatório, bem como ordenar as diligências cabíveis pequeno valor (RPV); (Alteração dada pela Resolução Adminis-
à sua regularização; trativa nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
III - disponibilizar o relatório geral de precatórios pela ordem VI - REVOGADO (pela Resolução Administrativa nº 38/2012,
cronológica na internet, para conhecimento dos interessados. publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
Art. 131 - Na requisição de pagamento constará o número da VII -Da decisão a que se refere o inciso LVI do art. 18 deste
conta bancária para fim de depósito do valor devido. Regimento, se concessiva da suspensão.
Art. 132 - Decorrido o exercício orçamentário, sem o paga- §1º - Excetuadas as hipóteses deste artigo, não se admitirá
mento, o credor será notificado para se manifestar sobre o des- Agravo Regimental;
cumprimento da ordem. §2º - O agravo regimental será interposto e, sem qualquer
Art. 133 - O pagamento deverá ser feito pelo valor atualiza- outra formalidade, submetido ao prolator da decisão, que po-
do, inclusive dos tributos, nos autos do precatório. derá reconsiderar seu ato ou submeter o agravo ao julgamento
Parágrafo único - Quitado o precatório, os autos serão de- do Pleno ou da Turma, a quem caiba a competência do proces-
volvidos ao juízo da execução para apensamento ao processo so principal, sem direito a voto; (Alteração dada pela Resolu-
principal e extinção da execução. ção Administrativa nº 100/2016, publicada no DEJT nº 2081, de
Art. 134 - Aplicam-se ao procedimento dos precatórios, no 07.10.2016).
que couber, as instruções que, sobre a matéria, vier a expedir §3º - Provido o agravo, o Pleno ou a Turma determinará o
o Tribunal Superior do Trabalho, ou este Tribunal, observado o que for de direito. (Alteração dada pela Resolução Administrati-
disposto neste Regimento. va nº 38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012).
§ 4º - O agravo regimental deve ser processado nos autos
do processo em que foi proferida a decisão agravada, não terá
efeito suspensivo e, em caso de empate, prevalecerá a decisão
agravada. (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
91/2015, Publicada no DeJT nº 1860-2015 do dia 23.11.2015.

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§ 5º - Tratando-se de julgamento de agravo regimental de Art. 144 - Participarão da votação os Desembargadores do
competência das Turmas, será aplicado o disposto nos arts. 15-B Trabalho presentes à sessão em que os embargos forem apre-
e 15-E, incluído o relator para fins de apuração do quorum míni- sentados, independentemente de haverem ou não votado no
mo; (Redação dada pela Resolução Administrativa nº 100/2016, julgamento do feito.
publicada no DEJT nº 2081, de 07.10.2016).
§ 6º - Mantida a decisão agravada, será redator do Acór- CAPÍTULO V
dão o próprio relator, que consignará os fundamentos da tese DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
vencedora; (Redação dada pela Resolução Administrativa nº
100/2016, publicada no DEJT nº 2081, de 07.10.2016). Art. 145 - As disposições do art. 897 da Consolidação das
§ 7º - Havendo reforma da decisão, será redator do Acórdão Leis do Trabalho regulam o processamento e o julgamento do
o magistrado mais antigo que tiver se pronunciado no sentido da agravo de instrumento.
tese vencedora. (Redação dada pela Resolução Administrativa nº Art. 146 - Provido o agravo de instrumento, na mesma ses-
100/2016, publicada no DEJT nº 2081, de 07.10.2016). são será julgado o recurso destrancado.
Art. 137 - É facultada a sustentação oral, por ocasião do Art. 147 - Será de 5 (cinco) minutos o prazo para sustentação
julgamento. (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº oral do agravo de instrumento e, se provido, a parte retomará a
38/2012, publicada no DEJT nº 1017, de 11.07.2012). palavra para produzir sustentação oral do recurso destrancado.
Art. 148 - Antes da publicação do acórdão, os autos serão
CAPÍTULO III remetidos a autuação e registro do recurso destrancado.
DOS RECURSOS CABÍVEIS DAS DECISÕES DO TRIBUNAL Art. 149 - Ao agravo de instrumento interposto em processo
sujeito ao rito sumaríssimo aplicam-se as disposições dos arti-
Art. 138 - Das decisões do Tribunal são admissíveis os se- gos anteriores, dispensada, contudo, em qualquer hipótese, a
guintes recursos: redação do acórdão, devendo seus fundamentos, quando não
I - Embargos de Declaração; juntados aos autos, constar da certidão de julgamento.
II - Recurso Ordinário, nos processos de competência origi-
nária; TÍTULO V
III - Recurso Adesivo; DAS COMISSÕES PERMANENTES E TEMPORÁRIAS
IV - Recurso de Revista; CAPÍTULO ÚNICO
V - Agravo de Instrumento. DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único - Os recursos serão processados na forma
da legislação processual trabalhista, observadas, no que esta for Art. 150 - Com finalidades específicas, o Tribunal, sempre
omissa, a lei processual comum, exceto naquilo em que for in- que entender necessárias, constituirá comissões, permanentes
compatível com aquela, e, ainda, as disposições constantes des- ou temporárias, mediante proposta do Presidente ou de qual-
te Regimento. quer de seus Desembargadores do Trabalho. (Alteração dada
pela Resolução Administrativa nº 11/2022, disponibilizada no
CAPÍTULO IV DEJT nº 3429/2022 em 10.03.2022 – Caderno Administrativo).
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO § 1º - Além de outras que venham a ser constituídas com
essa característica, são permanentes:
Art. 139 - Aos embargos de declaração aplicam-se as disposi- I - Comissão de Regimento;
ções do art. 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho, dispen- II - Comissão de Vitaliciedade;
sada, contudo, no caso de processo sujeito ao rito sumaríssimo, III - Comissão de Revista.
a redação do acórdão, devendo os seus fundamentos, quando IV - Comissão Permanente de Avaliação de Documentos -
não juntados aos autos, constar da certidão de julgamento. CPAD.
Art. 140 - Conferindo efeito modificativo à decisão, nos ca- (Alteração dada pela Resolução Administrativa nº 11/2022,
sos de omissão, contradição ou manifesto equívoco no exame disponibilizada no DEJT nº 3429/2022 em 10.03.2022 – Cader-
dos pressupostos extrínsecos do recurso, na mesma sessão será no Administrativo).
este julgado. § 2º - As comissões serão compostas de 03 (três) membros,
§ 1º Havendo possibilidade de efeito modificativo, antes do podendo funcionar com a presença de dois, exceto a de Vitali-
julgamento dos embargos declaratórios, o Relator abrirá o con- ciedade, que terá dois suplentes, e a Comissão Permanente de
traditório, determinando a notificação da parte contrária para se Avaliação de Documentos - CPAD que terá composição definida
manifestar no prazo previsto no art. 897-A da CLT. por meio de ato específico a luz das normas do Conselho Nacio-
Art. 141 - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº nal de Justiça.(Alteração dada pela Resolução Administrativa nº
23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003). 11/2022, disponibilizada no DEJT nº 3429/2022 em 10.03.2022
Art. 142 - REVOGADO.(pela Resolução Administrativa nº – Caderno Administrativo).
23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003). I - Um(a) Desembargador(a) para presidir; (Inserido pela Re-
Art. 143 - Será Relator o prolator da decisão embargada, que solução Administrativa nº 104/2016, publicada no DEJT nº 2099,
lavrará o acórdão respectivo; quando vencido o Relator, o Pre- de 07.11.2016).
sidente designará o Desembargador do Trabalho cujo voto haja II - Um(a) representante da Secretaria Geral da Presidência;
prevalecido. (Inserido pela Resolução Administrativa nº 104/2016, publicada
Parágrafo único -Impossibilitado o Relator ou o Redator de- no DEJT nº 2099, de 07.11.2016).
signado, por período superior a 30 (trinta) dias, os embargos de III - Um(a) representante da Diretoria Geral de Administra-
declaração serão redistribuídos na forma regimental ção; (Inserido pela Resolução Administrativa nº 104/2016, publi-
cada no DEJT nº 2099, de 07.11.2016).

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
IV - Um(a) representante da Coordenadoria de Gestão de SEÇÃO II
Pessoas; (Inserido pela Resolução Administrativa nº 104/2016, DA COMISSÃO DE VITALICIEDADE
publicada no DEJT nº 2099, de 07.11.2016).
V - Um(a) assessor(a) jurídico; (Inserido pela Resolução Art. 154 - Durante o primeiro biênio de exercício do cargo, a
Administrativa nº 104/2016, publicada no DEJT nº 2099, de contar da posse, os Juízes do trabalho de primeiro grau da magis-
07.11.2016). tratura de carreira serão avaliados com vistas à efetivação.
VI - Um(a) bibliotecário(a); (Inserido pela Resolução Adminis- Parágrafo único - A Comissão de Vitaliciamento será com-
trativa nº 104/2016, publicada no DEJT nº 2099, de 07.11.2016). posta por (03) Desembargadores do Trabalho, sendo um o Cor-
VII - Um(a) representante do arquivo; (Inserido pela Resolu- regedor Regional e dois eleitos pelo Plenário do Tribunal. (Alte-
ção Administrativa nº 104/2016, publicada no DEJT nº 2099, de rado pela RA nº 81/2014 de 05/11/2014, publicada no DEJT nº
07.11.2016). 1597/14 do dia 06.11.2014)
VIII - Um(a) historiador(a); (Inserido pela Resolução Adminis- Art. 155 - O Presidente baixará Provimento disciplinando,
trativa nº 104/2016, publicada no DEJT nº 2099, de 07.11.2016). complementarmente, o processo de vitaliciedade, estabelecen-
IX - Um(a) secretário(a). (Inserido pela Resolução Adminis- do os critérios para a avaliação do Juiz do Trabalho Substituto,
trativa nº 104/2016, publicada no DEJT nº 2099, de 07.11.2016). submetendo-o à apreciação do Tribunal. (Alterado pela RA nº
Art. 151 - Os integrantes das comissões permanentes serão 81/2014 de 05/11/2014, publicada no DEJT nº 1597/14 do dia
eleitos na mesma sessão em que o forem os ocupantes dos car- 06.11.2014)
gos de direção e substituição, com mandatos de igual duração. Art. 156 - Concluindo a Comissão pelo desligamento do Juiz
Art. 151-A - Na sessão de eleição dos cargos de direção do do Trabalho Substituto, será aberto a este o prazo improrrogável
Tribunal, também serão eleitos o Diretor e o Vice-Diretor da Es- de 15 (quinze) dias para apresentar a defesa que tiver.
cola Judicial, cujos mandatos coincidirão com os dos dirigentes Art. 157 - Esgotado o prazo previsto no artigo anterior, com
da Corte. (Acrescentado pela RA nº 93/2014, disponibilizada no ou sem defesa, será o processo submetido, nos termos da Cons-
DeJT nº 1617/2014, do dia 05/12/2014). tituição Federal e da lei, à deliberação do Tribunal.
§1º - O Desembargador do Trabalho somente poderá eximir- Parágrafo único - O Presidente da Comissão de Vitaliciedade
-se de participar de Comissão, mediante justificativa fundamen- será o Relator do processo administrativo e terá voto de qualida-
tada, aceita pelo Tribunal; de na hipótese de empate no julgamento.
§2º - Cada comissão será presidida pelo Desembargador do
Trabalho mais antigo, exceto a Comissão de Regimento, cujo pre- SEÇÃO III
sidente nato será o Vice-Presidente do Tribunal. DA COMISSÃO DE REVISTA
§3º - Ausente o Presidente, será este substituído pelo De-
sembargador do Trabalho remanescente mais antigo. Art. 158 - A Comissão de Revista será composta de dois De-
Art. 152 - Às comissões permanentes ou temporárias com- sembargadores do Trabalho do Tribunal, sendo um deles o seu
pete: Presidente, e de um Juiz Titular da Vara do Trabalho, tendo como
I - expedir normas relativas aos seus serviços e sugerir ao atribuições principais:
Presidente do Tribunal as que ultrapassem o âmbito de sua com- I - apreciar e selecionar textos de doutrina e jurisprudência,
petência; bem como atos oficiais e legislação especializada, com vistas à
II - articular-se, através dos seus Presidentes, com outras publicação na Revista do Tribunal, denominada “Revista do Tri-
autoridades ou instituições, quanto aos assuntos que lhes são bunal Regional do Trabalho da 22ª Região”;
inerentes. II - manter entendimentos, por seu Presidente, com autori-
dades e instituições, visando à produção de material para divul-
SEÇÃO I gação na Revista.
DA COMISSÃO DE REGIMENTO Parágrafo único - Sempre que necessário, a Comissão solici-
tará da Presidência do Tribunal que lhe sejam colocados à dispo-
Art. 153 - Compete, especialmente à Comissão de Regimen- sição servidores para auxiliarem nos trabalhos de organização,
to: preparo e revisão da Revista.
I - manter o Regimento Interno permanentemente atualiza-
do, propondo emendas ao texto em vigor; TÍTULO VI
II - examinar as emendas de iniciativa de outras Comissões DAS VARAS DO TRABALHO E DO DIRETOR DO FÓRUM
ou Desembargadores do Trabalho, emitindo pareceres funda- CAPÍTULO I
mentados. DAS VARAS DO TRABALHO
§1º - Considerada a proposta objeto de deliberação, dela
dar-se-á ciência prévia aos Desembargadores do Trabalho, quan- Art. 159 - As Varas do Trabalho têm sede e jurisdição fixadas
to ao seu conteúdo, em sessão administrativa convocada para em lei e estão, financeira e administrativamente, subordinadas
esse fim, e, após, em sessão administrativa própria, será discu- ao Tribunal.
tida e votada. §1º - Cada Vara do Trabalho é composta de um Juiz do Tra-
§2º - Será dispensado parecer escrito, quando houver ur- balho, que será seu titular.
gência manifesta na apreciação da matéria sob exame. §2º - Nas localidades não compreendidas na jurisdição das
§ 3º - A alteração regimental dependerá da aprovação da Varas do Trabalho, os Juízes de Direito exercerão as atribuições e
maioria absoluta dos membros efetivos do Tribunal. jurisdição cometidas à Justiça do Trabalho.
Art. 160 - As Varas do Trabalho da Região funcionarão segun-
do o horário estabelecido pelo Tribunal.

74
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
Parágrafo único - O Juiz Titular da Vara do Trabalho é o res- CAPÍTULO II
ponsável pelo bom andamento dos serviços da respectiva Se- DOS DIREITOS DOS JUÍZES
cretaria, competindo-lhe adotar as providências indispensáveis SEÇÃO I
ao seu regular funcionamento, inclusive baixando portarias para DAS FÉRIAS
esse fim, enviando cópia à Secretaria da Corregedoria-Regional.
Art. 161 - Os Juízes Titulares das Varas do Trabalho e os seus Art. 167 - Os Desembargadores do Trabalho do Tribunal e
substitutos legais presidirão as audiências com vestes talares, os Juízes do Trabalho de primeiro grau terão férias anuais de 60
segundo o modelo aprovado e fornecido pelo Tribunal. (sessenta) dias, conforme disposições expressas no Capítulo II da
Parágrafo único - As Varas terão o tratamento de “Meritíssi- Lei Complementar nº 35.
ma”; seus Titulares e Substitutos legais, o de “Excelência”. Art. 168 - Não serão concedidas férias, no mesmo período, a
Art. 162 - O Tribunal fixará, por Resolução Administrativa, Desembargadores do Trabalho do Tribunal, em número que pos-
os critérios para convocação de Juízes do Trabalho Substitutos, sa comprometer o “quorum” de julgamento, dando-se preferên-
tanto para substituir o Titular da Vara, quanto para funcionarem cia ao Desembargador do Trabalho mais antigo.
como Juiz do Trabalho auxiliar. Parágrafo único - Não poderão gozar férias, simultaneamen-
Parágrafo único - O Juiz Titular de Vara do Trabalho poderá te, o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal.
solicitar ao Presidente e Corregedor-Regional a dispensa do Juiz Art. 169 - Os Desembargadores do Trabalho terão compen-
do Trabalho designado como auxiliar, sempre que a atuação des- sados os dias em que tenham trabalhado no curso das férias,
te venha comprometendo o regular funcionamento da Vara sob quando comparecerem às sessões de julgamento dos processos
sua direção, justificando, por escrito, os motivos da solicitação. a que estejam vinculados como Relator, ou, tratando-se de Juiz
Titular de Vara do Trabalho, quando convocado para compor o
CAPÍTULO II quórum do Tribunal. (ALTERADO pela Resolução Administrativa
DO DIRETOR DO FÓRUM nº 94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015).

Art. 163 - A função de Diretor do Fórum Osmundo Pontes SEÇÃO II


será exercida por Juiz Titular de Vara da sede do Tribunal, esco- DAS LICENÇAS E AFASTAMENTOS
lhido em sistema de rodízio anual, pelo critério de antigüidade.
Parágrafo único - O Diretor do Fórum poderá ser dispensado Art. 170 - O Desembargador do Trabalho do Tribunal e Juiz
da função, por conveniência administrativa, ouvido previamente do Trabalho Titular de Vara ou Substituto têm direito a licença:
o Tribunal. I- para tratamento de saúde;
Art. 164 - Compete ao Diretor do Fórum: II- por motivo de doença em pessoa da família;
I - administrar o prédio do Fórum, adotando as providências III- para repouso à gestante;
de caráter administrativo indispensáveis aos serviços comuns a IV- para a mãe adotiva.
todas as Varas nele localizadas; Art. 171 - A licença para tratamento de saúde por tempo
II - representar o Tribunal em solenidades locais, quando a superior a trinta dias, bem como as prorrogações por igual prazo,
elas presente e às quais não comparecer nenhum dos Desembar- sem interrupção do período de afastamento, dependem de ins-
gadores do Trabalho do Tribunal. peção por junta médica do Tribunal, que expedirá laudo.
Parágrafo único - O Presidente do Tribunal baixará provi- §1º- A inspeção poderá ser feita, fora da sede, excepcional-
mento, disciplinando, complementarmente, as atribuições do mente, por junta médica do serviço público, cujo laudo, para
Diretor do Fórum. produzir efeitos, dependerá de ratificação pela junta médica do
Tribunal.
TÍTULO VII §2º - O Desembargador do Trabalho, o Juiz Titular de Vara do
DOS MAGISTRADOS Trabalho ou Substituto não poderá, no curso da licença, exercer
CAPÍTULO I funções jurisdicionais ou administrativas, ou quaisquer outras,
DO INGRESSO NA MAGISTRATURA DE CARREIRA públicas ou particulares, exceto as previstas neste Regimento.
Art. 172 - A licença para tratamento de saúde, por prazo
Art. 165 - O ingresso na Magistratura do Trabalho far-se-á igual ou inferior a trinta dias, exige, na sede, inspeção por médi-
para o cargo de Juiz do Trabalho Substituto, mediante concurso co do Tribunal.
público de provas e títulos, de acordo com as respectivas instru- Parágrafo único - A inspeção poderá ser feita, fora da sede,
ções e na conformidade com o que a lei dispuser. por médico do serviço público, ou excepcionalmente, por mé-
Art. 166 - Compete privativamente ao Tribunal, em sua com- dico particular, devendo ser ratificada pelo Serviço Médico do
posição efetiva, prover os cargos de Juiz do Trabalho, na inves- Tribunal.
tidura como Juiz do Trabalho Substituto e na promoção a Juiz Art. 173 - O Desembargador do Trabalho, o Juiz Titular de
Titular de Vara do Trabalho e, ao Presidente do Tribunal, expedir Vara do Trabalho ou Substituto licenciado poderá, desde que se
os atos respectivos considere em condições de reassumir as funções, requerer ins-
Parágrafo único - A posse dar-se-á perante o Presidente, pre- peção médica, cabendo-lhe, uma vez julgado apto, reassumi-las,
cedida da apresentação de declaração de bens, exame de saúde imediatamente.
e do compromisso de exercer, fielmente, as funções do cargo, Art. 174 - A licença por motivo de doença em pessoa da
cumprindo e fazendo cumprir a Constituição Federal e as leis da família depende de inspeção médica do paciente, efetuada em
República. conformidade com os critérios e formalidades estabelecidos
para a concessão de licença para tratamento de saúde do funcio-
nário, além da prova de ser indispensável a assistência pessoal
do requerente.

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
Parágrafo único - Para fins deste artigo, tem-se como pessoa Art. 183 - A indicação à promoção, por merecimento, far-se-
da família: -á, sempre que possível, por lista tríplice, votada pelos Desem-
I - o ascendente; bargadores do Trabalho.
II - o descendente ou enteado; Art. 184 - O merecimento será apurado com prevalência de
III - o colateral, consangüíneo ou afim, até o 2º grau; critérios de ordem objetiva, tendo-se em conta, em especial, a
IV - o cônjuge do qual não haja separação legal, bem como o conduta do Juiz do Trabalho, sua operosidade no exercício do
convivente na forma da lei civil. cargo, o número de vezes que tenha integrado lista tríplice e o
Art. 175 - A licença à gestante será concedida por cento e aproveitamento em estudos e/ou cursos de aperfeiçoamento.
vinte dias. Art. 185 - Somente após dois anos de exercício no cargo,
§1º - A licença, em caso de parto prematuro, aborto natural poderá o Juiz do Trabalho Substituto ser promovido, salvo se não
ou terapêutico, será deferida a contar do dia em que se derem houver, com tais requisitos, quem aceite o lugar vago, observa-
esses eventos ou a critério médico. das, no que couber, a Constituição Federal e a Lei que dispõe
§2º - Ocorrendo aborto natural ou terapêutico, a licença sobre a Magistratura Nacional.
será de trinta dias, a partir do fato, prazo esse prorrogável a cri- Art. 186 - Quando da promoção por merecimento, o Presi-
tério médico. dente, previamente, prestará aos demais Desembargadores do
§3º - O tempo correspondente à licença para repouso à ges- Trabalho as informações de que dispuser sobre os concorrentes,
tante será contado para todos os efeitos legais. inclusive quanto à inclusão de qualquer deles em listas tríplices
Art. 176 - À Desembargadora ou juíza que adotar ou obtiver anteriores.
a guarda judicial de criança até um ano de idade, serão concedi- Art. 187 - A permuta entre Juízes do Trabalho de uma região
dos 60 (sessenta) dias de licença remunerada. para outra, ou dentro da região, será admitida, nos termos da
Parágrafo único - No caso de adoção ou guarda judicial de lei, observadas as instruções do Tribunal Superior do Trabalho.
criança com mais de um ano de idade, o prazo de que trata este Parágrafo único - A permuta não será concedida quando um
artigo será de trinta dias, a critério do Tribunal. dos interessados houver requerido aposentadoria.
Art. 177 - O Desembargador do Trabalho em gozo de licença,
salvo licença médica, poderá comparecer às sessões do Tribunal
SEÇÃO IV
para julgar processos que antes do afastamento tenham recebi-
DA APOSENTADORIA
do o seu visto como Relator. (ALTERADO pela Resolução Adminis-
trativa nº 94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015).
Art. 188 - A aposentadoria dos Desembargadores do Traba-
Art. 178 - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº
lho e Juízes do Trabalho será compulsória, por invalidez compro-
23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003).
vada e facultativa, nos termos da Constituição Federal e legisla-
Art. 179 - O magistrado poderá afastar-se de suas funções,
ção pertinente.
sem prejuízo de quaisquer direitos, vencimentos ou vantagens:
§1º - O interessado, quando se tratar de aposentadoria a
I - por oito dias consecutivos, por motivo de:
pedido, dirigirá seu requerimento ao Presidente do Tribunal, ins-
a) casamento;
b) falecimento do cônjuge ou convivente, nos termos da lei truindo-o com declaração de bens e, se for o caso, certidão de
civil, ascendente, descendente, irmãos ou dependente; tempo de serviço estranho à Justiça do Trabalho.
II - por cinco dias consecutivos, por motivo de paternidade. §2º - Tratando-se de aposentadoria compulsória, por im-
Art. 180 - A critério do Tribunal, ao magistrado vitalício de plemento, o Presidente do Tribunal, à falta de requerimento do
primeiro e Segundo graus, conceder-se-á afastamento, sem pre- interessado, quarenta dias antes da data em que o Desembarga-
juízo dos vencimentos ou vantagens, para freqüência a cursos dor do Trabalho, o Juiz Titular de Vara do Trabalho ou Substituto
de aperfeiçoamento e/ou estudos, desde que esteja com seu completar setenta anos, baixará Portaria para que se instaure o
serviço em dia e não submetido a qualquer procedimento admi- procedimento “ex officio” , fazendo-se a prova da idade median-
nistrativo-disciplinar. te certidão de nascimento ou pela matrícula do magistrado.
Art. 189 - O procedimento de verificação de invalidez do ma-
SEÇÃO III gistrado, para fins de aposentadoria, obedecerá aos seguintes
DA REMOÇÃO, DA PROMOÇÃO E DA PERMUTA requisitos básicos:
I - terá início a requerimento do magistrado ou por ordem
Art. 181 - O cargo de Juiz Titular de Vara do Trabalho será do Presidente, que agirá de ofício ou em cumprimento de deli-
preenchido por remoção de outro Juiz Titular de Vara do Tra- beração do Tribunal;
balho, obedecida a antigüidade, ou pela promoção de Juiz do II - tratando-se de incapacidade mental, o Presidente nome-
Trabalho Substituto, sendo que a remoção precede a promoção. ará curador ao paciente, sem prejuízo da defesa que este queira
Parágrafo único - A existência de vaga destinada à remoção oferecer, pessoalmente ou por procurador que venha a consti-
ou promoção será divulgada no órgão oficial, mediante edital, tuir;
que fixará o prazo de 15 (quinze) dias para a inscrição dos inte- III - o paciente será afastado, desde logo, do exercício do
ressados, contados da publicação, e indicará qual o critério de cargo, até final decisão, devendo ficar concluído o procedimento
provimento do cargo. no prazo de 60 (sessenta) dias;
Art. 182 - A promoção de magistrado do cargo de Juiz do IV - a invalidez do magistrado será tecnicamente atestada
Trabalho Substituto ao de Juiz Titular de Vara do Trabalho e des- pela junta médica do Tribunal, cujo laudo será anexado aos au-
te para o de Desembargador do Trabalho, ocorrerá segundo os tos;
critérios alternativos de antigüidade e merecimento. V - a recusa do paciente a submeter-se à perícia médica per-
Parágrafo único - A antigüidade dos Juízes Substitutos e Juí- mitirá o julgamento baseado em outras provas;
zes Titulares de Varas será apurada na conformidade com o dis-
posto no artigo 9º (nono) deste Regimento.

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
VI - o magistrado que, no curso de 2 (dois) anos consecu- § 6º. Aos Juízes convocados para substituição serão desti-
tivos, vier a afastar-se durante 6 (seis) meses, consecutivos ou nados o gabinete e a assessoria do Desembargador substituído
não, para tratamento de saúde, será submetido, se requerer (Alterado pela RA 28/2017, de 19.04.2017, publicada no DEJT nº
nova licença para igual fim, dentro de 2 (dois) anos, a exame 2217 de 02.05.2017.
para verificação de invalidez; § 7º. A convocação de Juiz Titular de Vara do Trabalho para
VII - a aposentadoria compulsória somente terá seu procedi- substituição no Tribunal não excederá o prazo de 90 (noventa)
mento iniciado depois que a invalidez do magistrado houver sido dias, convocando-se novo Juiz para atuar no período residual,
irrecorrivelmente declarada pelo Tribunal; que não poderá exceder o prazo previsto neste parágrafo. (Alte-
VIII - se o Tribunal concluir pela incapacidade do magistrado, rado pela RA 81/2019, de 04.12.2019, disponibilizada no DEJT nº
comunicará a decisão ao Poder Executivo, imediatamente, se for 2866 de 05.12.2019)
o caso, para os devidos fins; Art. 192 - No caso de vacância do cargo ou afastamento por
IX - contra a decisão só cabe recurso, no prazo de 8 (oito) qualquer motivo, por prazo superior a 30 (trinta) dias, de De-
dias, a contar da ciência respectiva, com fundamento de nuli- sembargador do Trabalho, poderá haver a convocação de Juiz
dade. Titular de Vara do Trabalho, somente para o exercício de ativida-
Parágrafo único - Aos Desembargadores do Trabalho e Juí- de jurisdicional, observado o disposto na lei que rege a Magis-
zes do Trabalho de primeiro grau, aplica-se, no que couber, a Lei tratura Nacional.
4.493, de 24 de novembro de 1964. Art. 193 - Nos casos de afastamento até 30 (trinta) dias, a
Art. 190 - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº convocação do Juiz Titular de Vara do Trabalho será feita apenas
23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003). para compor o quorum de julgamento.
Art. 194 - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº
CAPÍTULO III 23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003).
DAS CONVOCAÇÕES E DAS SUBSTITUIÇÕES Art. 195 - No exercício da substituição, o Juiz do Trabalho
Titular de Vara deliberará somente a respeito de matéria juris-
Art. 191 - O Presidente do Tribunal é substituído pelo Vi- dicional.
ce-Presidente e este pelos demais Desembargadores, na ordem Art. 196 - O Juiz do Trabalho Titular de Vara convocado para
decrescente de antigüidade, assumindo também este Desem- substituir Desembargador do Trabalho funcionará pelo tempo
bargador a função de Desembargador-Corregedor durante a previsto na convocação e participará da distribuição de proces-
substituição. sos
Art. 191-A. A convocação de Juízes do Trabalho para subs- Parágrafo único - Encerrado o período de convocação, os
tituição, composição de quorum e auxílio a Desembargadores, processos em poder do Juiz Titular de Vara do Trabalho convo-
cado serão atribuídos ao Desembargador do Trabalho substituí-
será feita dentre Juízes Titulares de Vara do Trabalho da sede
do, ressalvados aqueles em que haja lançado o relatório ou que
da Região, mediante critério de antiguidade, observado o sis-
tenham sido incluídos em pauta de julgamento. (Acrescido pela
tema de rodízio. (Alterado pela RA 81/2017, publicada no DEJT
RA 15/2020, de 22/04/2020, publicada no DEJT nº 2959/2020,
nº 2328/2017 e pela RA 15/2020, de 22/04/2020, publicada no
de 27/04/2020).
DEJT nº 2959/2020, de 27/04/2020)
Art. 196-A. A convocação de juízes do Trabalho de primeiro
§ 1º. Revogado pela RA 81/2017, publicada no DEJT nº
grau para auxílio a Desembargadores dar-se-á sempre em ca-
2328/2017.
ráter excepcional e quando o justificado acúmulo de serviço o
§ 2º. Não será convocado Juiz punido com as penas previs-
exigir. (Alterado pela RA 15/2020, de 22/04/2020, publicada no
tas no art. 42, I, II, III e IV, da Lei Complementar nº 35/1979 (Lei
DEJT nº 2959/2020, de 27/04/2020).
Orgânica da Magistratura Nacional), nem que esteja responden- Parágrafo único - O acúmulo de serviço é reconhecido sem-
do ao procedimento previsto no art. 27 da referida lei comple- pre que a quantidade média de distribuição de feitos no tribu-
mentar. (Alterado pela RA 28/2017, de 19.04.2017, publicada no nal superar a capacidade média de julgamento de todos os seus
DEJT nº 2217 de 02.05.2017) membros e assim se conservar por 6 (seis) meses. (Acrescido pela
§ 3º. Não será convocado Juiz que, no ato da convocação, RA 15/2020, de 22/04/2020, publicada no DEJT nº 2959/2020,
retiver, injustificadamente, autos em seu poder além dos prazos de 27/04/2020).
do art. 226, incisos I, II e III, da Lei nº 13.105/2015 (Código de Art. 196-B. Poderá ser convocado até 1 (um) Juiz do Traba-
Processo Civil), conforme apurado pela Corregedoria Regional. lho para auxílio aos trabalhos da Presidência ou da Corregedoria.
(Alterado pela RA 28/2017, de 19.04.2017, publicada no DEJT nº (Acrescido pela RA 15/2020, de 22/04/2020, publicada no DEJT
2217 de 02.05.2017) nº 2959/2020, de 27/04/2020).
§ 4º. Os Juízes Titulares de Vara do Trabalho convocados Art. 196-C. A convocação de juízes do Trabalho para auxílio
para substituição ou auxílio ficam afastados da jurisdição de suas será permitida pelo prazo de 2 (dois) anos. (Acrescido pela RA
respectivas varas durante todo o período de convocação e não 15/2020, de 22/04/2020, publicada no DEJT nº 2959/2020, de
poderão aceitar ou exercer outro encargo jurisdicional ou ad- 27/04/2020).
ministrativo, ficando o diretor do foro afastado de suas funções Parágrafo único - A prorrogação ou a convocação de magis-
enquanto perdurar a convocação. (Alterado pela RA 28/2017, de trado, de forma ininterrupta ou sucessiva, pelo mesmo órgão
19.04.2017, publicada no DEJT nº 2217 de 02.05.2017) ou por órgãos distintos, será permitida desde que devidamente
§ 5º. A desincompatibilização do encargo de diretor do foro fundamentada. (Acrescido pela RA 15/2020, de 22/04/2020, pu-
ou de outro encargo administrativo deverá ser efetivada até a blicada no DEJT nº 2959/2020, de 27/04/2020).
data de início da convocação. (Alterado pela RA 28/2017, de Art.197 - O Juiz Titular de Vara do Trabalho convocado para
19.04.2017, publicada no DEJT nº 2217 de 02.05.2017) substituir ou auxiliar no Tribunal receberá exclusivamente a di-
ferença de vencimento correspondente ao cargo de Desembar-
gador do Trabalho.

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
§1º - Findo o prazo da convocação, o Juiz do Trabalho de- Art. 206 - O prazo para oferecer representação é de 08 (oito)
volverá os processos já relatados ou revisados à Secretaria do dias, a partir da ciência do ato, devendo ser apresentada em
Tribunal Pleno, para julgamento nas três sessões ordinárias sub- duas vias e dirigida ao Corregedor-Regional.
seqüentes. Art. 207 - O Corregedor-Regional, recebida a representação,
§2º - Quando a convocação for para compor o quórum do dará ciência ao Juiz Titular de Vara do Trabalho ou Substituto
Tribunal, ou na hipótese do parágrafo anterior, a participação do para que preste informações em 08 (oito) dias, remetendo-lhe
Juiz do Trabalho nas sessões não será remunerada. cópia da inicial. As diligências requeridas por qualquer dos De-
Art. 198 - Em caso de afastamento em virtude de licença sembargadores do Trabalho, atinentes ao julgamento, indepen-
médica, por período superior a 30 (trinta) dias, os feitos em po- dem da manifestação das partes para sua votação.
der do Desembargador Federal do Trabalho afastado e aqueles Art. 208 - O Corregedor-Regional, decorrido o prazo, com ou
em que tenha lançado o “visto”, bem como aqueles que colocou sem manifestação do Juiz do Trabalho requerido, procederá à
em mesa para julgamento, serão atribuídos ao Juiz convocado instrução, se assim achar necessário; com relatório e conclusão,
para substituí-lo, quando for o caso, ou, do contrário, serão re- submeterá a matéria ao Tribunal.
distribuídos entre os demais membros do Tribunal, na forma
deste Regimento. REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº SEÇÃO III
03/2010, publicada no DEJT nº 364, de 05.03.2010). DA ADVERTÊNCIA, DA CENSURA E DE OUTRAS PENALIDA-
Art. 199 -REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº DES
23/2003, publicada no DJT de 25.06.2003).
Art. 200- Nos casos de férias, licenças, impedimentos ou Art. 209 - O Tribunal, quando do julgamento, verificando
afastamentos legais, o Juiz Titular de Vara do Trabalho terá subs- constar da representação indícios de infrações puníveis com pe-
tituto designado por ato do Presidente do Tribunal, observado o nas de advertência ou censura, sorteará relator, que assegurará
rodízio na ordem de antigüidade. amplo direito de defesa ao Juiz Titular de Vara do Trabalho ou
Parágrafo único - Para atender à necessidade dos serviços e Substituto no prazo de dez dias; se necessária, a instrução será
evitar colapso da Justiça, se não houver Juízes do Trabalho Subs- realizada no prazo assinado pelo Relator, que fixará também o
titutos disponíveis, poderá o Juiz Titular de Vara do Trabalho ser prazo para oferecer razões escritas, podendo o Juiz do Trabalho
designado para acumular, em caráter excepcional, a titularidade fazê-lo pessoalmente ou por advogado constituído; em seguida,
de outra Vara. o processo será julgado pelo Tribunal.
Art. 201 - Quando não estiverem em regime de substituição, Parágrafo único - As penas de advertência e censura somen-
os Juízes do Trabalho Substitutos serão designados para auxilia- te são aplicáveis aos Juízes do Trabalho de primeiro grau.
rem Juízes Titulares de Varas do Trabalho, com a remuneração Art. 210 - O procedimento para a decretação da perda do
de lei. cargo, da disponibilidade e da remoção compulsória de Juiz Titu-
lar de Vara do Trabalho ou Substituto obedecerá, quanto à maté-
CAPÍTULO IV ria, a lei que dispõe sobre a Magistratura Nacional.
DA DISCIPLINA JUDICIÁRIA
SEÇÃO I CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS DO CONTROLE DE PRODUTIVIDADE

Art. 202 - A atividade censória do Tribunal será exercida com Art. 211 - O Tribunal fará publicar, mensalmente, dados es-
o resguardo devido à dignidade e à independência do magistra- tatísticos relativos ao desempenho individual dos Juízes do Tra-
do. balho da Região, a saber:
Art. 203 - A prática de ato que configure desrespeito aos I - o número de votos que cada um, nominalmente indicado,
deveres do magistrado, previstos na lei Orgânica da Magistratu- proferiu, como Relator; (ALTERADO pela Resolução Administrati-
ra Nacional, poderá ser suscitada por qualquer interessado, me- va nº 94/2015, publicada no DEJT nº 1868, de 03.12.2015).
diante Pedido de Providências, cabendo ao Corregedor-Regional II - o número de feitos distribuídos a cada membro, no mes-
promover o competente procedimento administrativo-discipli- mo período;
nar, salvo na hipótese de perda do cargo. III - o número de processos recebidos em conseqüência de
Art. 204 - Os Desembargadores do Trabalho serão proces- pedido de vista ou como Revisor;
sados e julgados pelo Superior Tribunal de Justiça, nos crimes IV - o número dos feitos conclusos para voto, despacho e
comuns e de responsabilidade, e os Juízes do Trabalho de Pri- lavratura de acórdãos ainda não devolvidos, embora decorridos
meiro Grau, pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região, os prazos legais;
segundo o disposto na Constituição Federal. V - o número de sentenças e decisões proferidas pelos Juízes
do Trabalho de primeiro grau.
SEÇÃO II Parágrafo único - Cabe ao Presidente zelar pela regularidade
DO PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS e exatidão das publicações.

Art. 205 - A representação contra Juizes Titulares de Vara CAPÍTULO VI


do Trabalho ou Substitutos será protocolada e autuada como DO PODER DE POLÍCIA
Pedido de Providências; quando promovida contra Juiz do Tra-
balho de primeiro grau, a competência para conhecer e instruir Art. 212 - O Presidente, para exercer o poder de polícia, no
a representação é do Corregedor-Regional. (Alteração dada pela âmbito do Tribunal, poderá requisitar auxílio de outras autori-
RA nº 93/2014, disponibilizada no DeJT nº 1617/2014, do dia dades.
05/12/2014).

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REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
Art. 213 - O Presidente, ocorrendo infração à lei penal, em dades praticadas nos serviços administrativos deverá comunicá-
dependências do Tribunal, requisitará a presença da autoridade -las, de imediato, ao seu superior hierárquico, para a adoção das
policial, para a lavratura do auto de prisão em flagrante, se for providências cabíveis.
o caso, ou para a instauração de inquérito policial; se a infração
penal envolver magistrado, serão observadas as disposições da TÍTULO IX
Constituição Federal, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional e DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
demais normas legais pertinentes.
Parágrafo único - O Presidente do Tribunal poderá determi- Art. 222 - O Tribunal observará o recesso referido no item I,
nar, nas hipóteses cabíveis, a instauração de procedimento ad- do art. 62 da Lei nº 5.010, de 30 de maio de 1966, sem prejuízo
ministrativo. do funcionamento dos serviços considerados essenciais, a crité-
Art. 214 - A polícia das sessões e das audiências compete ao rio do Presidente da Corte.
respectivo Presidente, que poderá requisitar força policial. §1º - Durante o recesso, o Presidente do Tribunal, ou seu
substituto legal, decidirá sobre pedidos de liminar em mandados
TÍTULO VIII de segurança e ações cautelares, podendo determinar a liberda-
DOS SERVIÇOS AUXILIARES E DO PESSOAL de provisória e sustar ordem de prisão, se for o caso, e deliberar
CAPÍTULO ÚNICO sobre outras medidas que reclamem urgência.
DA SECRETARIA DO TRIBUNAL §2º - O Presidente do Tribunal disciplinará sistema de plan-
tão no Fórum Osmundo Pontes, assegurando aos jurisdiciona-
Art. 215 - Os serviços administrativos reger-se-ão por regu- dos, no período a que se refere este artigo, o acesso à Justiça do
lamento especial, aprovado pelo Tribunal, considerado parte in- Trabalho.
tegrante deste Regimento e serão dirigidos pela Presidência, que §3º - A prática de atos processuais durante o recesso não
expedirá as normas ou instruções complementares necessárias. implicará início de fluência de prazo, que começará a correr a
Art. 216 - O Regulamento mencionado obedecerá ao dispos- partir do primeiro dia útil após o recesso.
to no art. 37 da Constituição Federal e aos seguintes princípios: Art. 223 - O Membro do Tribunal que não puder comparecer
I - descentralização administrativa, agilização de procedi- às sessões ou audiências deverá comunicar o fato ao Presidente
mentos e utilização de informática; do Colegiado, sempre que possível, com antecedência mínima
II - orientação da política de recursos humanos do Tribunal, de 48 (quarenta e oito) horas.
no sentido de que as atividades administrativas e judiciárias se- Art. 224 - REVOGADO. (pela Resolução Administrativa nº
jam executadas, preferencialmente, por integrantes do quadro 23/2003, publicada no DJT em 25.06.2003).
e tabelas de pessoal, recrutados mediante concurso público de Art. 225 - Os casos omissos neste RI serão resolvidos pelo
provas, ou de provas e títulos, ressalvadas as exceções previstas Tribunal, observadas a Constituição Federal e as Leis da Repú-
em lei; blica.
III - organização dos serviços de assessoria, de orçamento, Art. 226 - Este Regimento entrará em vigor na data de sua
controle e fiscalização financeira do acompanhamento de pla- publicação no órgão oficial, revogadas as disposições em con-
nos, programas e projetos; trário.
IV - adoção de política da valorização de recursos humanos
das diversas carreiras judiciárias, mediante programas e ativida-
des permanentes e sistemáticas de capacitação, treinamento, ANOTAÇÕES
desenvolvimento e avaliação profissional.
Art. 217 - O Quadro de Pessoal da Secretaria do Tribunal é
constituído de Funções Comissionadas, escalonadas de FC-01 a ______________________________________________________
FC-10, e de cargos de provimento efetivo, observado, quanto à
______________________________________________________
estruturação das carreiras, o disposto na Lei Nº 9.421, de 24-
12-96. ______________________________________________________
Art. 218 - Os servidores do Quadro de Pessoal da Secretaria
do Tribunal serão regidos pela Lei Nº 8.112/90, legislação com- ______________________________________________________
plementar que lhes for pertinente e por este Regimento.
Art. 219 - Para aplicação das penalidades previstas na legis- ______________________________________________________
lação são competentes:
______________________________________________________
I - o Tribunal, nos casos de demissão, aposentadoria discipli-
nar, cassação de aposentadoria ou disponibilidade; ______________________________________________________
II - o Presidente do Tribunal, nos casos de suspensão por
período entre 31 (trinta e um) e 90 (noventa ) dias, inclusive; ______________________________________________________
III - os Juízes Titulares, quanto aos servidores lotados nas
respectivas Varas do Trabalho, excetuados os casos previstos nos ______________________________________________________
números I e II;
______________________________________________________
IV - o Diretor-Geral do Tribunal, nos demais casos.
Art. 220 - O servidor punido poderá pleitear reconsideração, ______________________________________________________
no prazo de 30 (trinta) dias, e, em caso de indeferimento, poderá
recorrer à autoridade imediatamente superior, em igual prazo. ______________________________________________________
Parágrafo Único - O recurso será apreciado pelo Tribunal.
Art. 221 - O servidor que tiver conhecimento de irregulari- ______________________________________________________

79
REGIMENTO INTERNO DO TRT DA 22ª REGIÃO
______________________________________________________ ______________________________________________________

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80
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

RACIOCÍNIO VERBAL
ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS
ENTRE PESSOAS, LUGARES, OBJETOS OU EVENTOS Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
FICTÍCIOS; DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELA- conclusões lógicas.
ÇÕES FORNECIDAS E AVALIAR AS CONDIÇÕES USADAS Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de
PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELA- habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a
ÇÕES. COMPREENSÃO E ELABORAÇÃO DA LÓGICA uma vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou
DAS SITUAÇÕES POR MEIO DE: RACIOCÍNIO VERBAL, inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e apli-
RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL, cação do conhecimento por meio da linguagem.
ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL, FORMAÇÃO DE Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
CONCEITOS, DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS. COM- trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afir-
PREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO QUE, A PARTIR DE mações, selecionando uma das possíveis respostas:
UM CONJUNTO DE HIPÓTESES, CONDUZ, DE FORMA A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das
VÁLIDA, A CONCLUSÕES DETERMINADAS informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as
informações ou opiniões contidas no trecho)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
verdadeira ou falsa sem mais informações)
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver pro-
blemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das ESTRUTURAS LÓGICAS
diferentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, Precisamos antes de tudo compreender o que são propo-
leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. sições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual
Essa parte consiste nos seguintes conteúdos: podemos atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso,
- Operação com conjuntos. nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geo- Elas podem ser:
métricos e matriciais. • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico
- Geometria básica. verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
- Álgebra básica e sistemas lineares. é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Calendários. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou on-
- Numeração. tem? – Fez Sol ontem?
- Razões Especiais. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Análise Combinatória e Probabilidade. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue
- Progressões Aritmética e Geométrica. a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais,
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O ca-
chorro do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica
de Argumentação. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNI-
CO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL considerada uma frase, proposição ou sentença lógica.
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO con-
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
tém nenhuma outra proposição como parte integrante de si
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orien-
mesma. As proposições simples são designadas pelas letras lati-
tação temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o
nas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que en- • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas ló-
volvam os conteúdos: gicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais propo-
- Lógica sequencial sições simples. As proposições compostas são designadas pelas
- Calendários letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras
proposicionais.
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
por duas proposições simples.

81
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Proposições Compostas – Conectivos
As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
podemos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

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RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F
correspondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

83
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa-
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUN-
CA existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), por-
tanto, não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será consi-
derada uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma.
As proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposi-
ções simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras pro-
posicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

84
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a
quantidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

85
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos
(da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é re-
presentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação
é uma proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que
a compõe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples
componentes, ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo
seguinte teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da
proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que
sejam as proposições P0, Q0, R0, ...
• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da
Tautologia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer
que sejam as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma propo-
sição composta que não é tautologia e nem contradição.

86
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda,
na qual identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças
(proposições). No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou
falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a
mesma solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

87
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o co-
nectivo por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO transforma: CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsida-
de (F) quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou
argumentos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

88
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Conectivo “ou” (v)
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se
fizer sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à
praia). Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

89
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Conectivo “Se e somente se” (↔)
Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p
é condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver
qualquer questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica ma-
temática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo-
los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alterna-
tiva que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é re-
presentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação
é uma proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemen-
te do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

90
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo: Propriedades
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a pro- • Reflexiva:
posição ~P ∧ P é: – P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
(A) uma tautologia. – Uma proposição complexa implica ela mesma.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição. • Transitiva:
(D) uma contingência. – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
(E) uma disjunção. Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
Resolução: P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
Montando a tabela teremos que: – Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

P ~p ~p ^p Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógi-
V F F cas de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras.
V F F Em outras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir
F V F de proposições verdadeiras já existentes.

F V F Regras de Inferência obtidas da implicação lógica

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos dian-


te de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição


Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verda-
deira. Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbo-
licamente temos: • Silogismo Disjuntivo

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).
ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente dis-
tintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um co-
nectivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação
lógica que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:
• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

91
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Tautologias e Implicação Lógica – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposi-
• Teorema ção categórica em afirmativa ou negativa.
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,- – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
q,r,...) uma proposição categórica em universal ou particular. A classifi-
cação dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualida-


de e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados
pelas letras A, E, I e O.

Observe que: • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das Teremos duas possibilidades.
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P
→ Q é tautológica.
Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido


no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A”
Princípio da inconsistência é também elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é dife-
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação rente de “Todo B é A”.
lógica p ^ ~p ⇒ q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer pro- • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
posição q. Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a mesmo que dizer “nenhum B é A”.
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica. Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
diagrama (A ∩ B = ø):
Lógica de primeira ordem
Existem alguns tipos de argumentos que apresentam propo-
sições com quantificadores. Numa proposição categórica, é im-
portante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características des-
sas proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo


com o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios
fundamentais: qualidade e extensão ou quantidade.

92
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B” Em síntese:
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta
proposição:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da
“A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto afirmação anterior é:
“B”. Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são
que nem todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que pardos.
“Algum B é A”. (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são par-
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” dos não miam alto.
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
três representações possíveis: (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele
é pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposi-
ção do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, se-
guindo o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou
nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjun-
ção, em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”.
Descartamos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por:
o conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence Todo A é não B.
ao conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que
mesmo que Algum B não é A. não são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C
• Negação das Proposições Categóricas
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer
as seguintes convenções de equivalência: que a afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do
– Ao negarmos uma proposição categórica universal gera- ponto de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação
mos uma proposição categórica particular. é verdadeira
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma propo- (A) Todos os não psicólogos são professores.
sição categórica particular geramos uma proposição categórica (B) Nenhum professor é psicólogo.
universal. (C) Nenhum psicólogo é professor.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sem-
pre, uma proposição de natureza afirmativa. Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a ne-
gação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz
através de um quantificador existencial negativo. Logo teremos:
Pelo menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

93
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
• Equivalência entre as proposições Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo
na resolução de questões. TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a nega-
ção lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou NENHUM
E
igual a cinco”? AéB
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. Existe pelo menos um elemento que
(C) Todo número natural é diferente de cinco. pertence a A, então não pertence a B, e
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco. vice-versa.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e
pede-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo
o esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um,
existe ao menos um, etc. Não se nega um quantificador univer- Existe pelo menos um elemento co-
sal com Todos e Nenhum, que também são universais. mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as al-
ternativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual
a cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários
problemas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que
envolvam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste ar-
gumento podem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos


para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas
lógicos.

94
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
- Existem teatros que não são cinemas

ALGUM - Algum teatro é casa de cultura


O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
Exemplo: (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o úl-
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRA- timo diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que
ÇÃO – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma existe pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.
casa de cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “al-
gum teatro é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo
Teatro = T mesmo princípio acima.
Analisando as proposições temos: (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Er-
- Todo cinema é uma casa de cultura rado, a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagra-
ma nos afirma isso

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a jus-


tificativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. –
Correta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez
que todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de
cultura também não é cinema.

95
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
• Como saber se um determinado argumento é mesmo vá-
lido?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um
método muito útil e que será usado com frequência em ques-
tões que pedem a verificação da validade de um argumento.
Vejamos como funciona, usando o exemplo acima. Quando se
afirma, na premissa P1, que “todos os homens são pássaros”,
poderemos representar essa frase da seguinte maneira:

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de pro-
posições iniciais redunda em outra proposição final, que será
consequência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que
associa um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas
premissas do argumento, a uma proposição Q, chamada de con-
clusão do argumento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior
(dos pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da
frase “Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o
círculo menor a representar o grupo de quem se segue à palavra
TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a
palavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela ex-
Exemplo: prime é de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumen-


to formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados
em verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a
entender o que significa um argumento válido e um argumento
inválido.

Argumentos Válidos Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença


Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto
bem construído), quando a sua conclusão é uma consequência em comum.
obrigatória do seu conjunto de premissas. Tomemos agora as representações gráficas das duas pre-
missas vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.
... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um
argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e
da conclusão sejam totalmente questionáveis.
ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-
TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é
válido, independentemente do conteúdo das premissas ou da
conclusão!

96
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Comparando a conclusão do nosso argumento, temos: Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequên- argumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse re-
cia necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o sultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
conjunto dos homens está totalmente separado (total dissocia- - É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de
ção!) do conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que
válido! não! Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora
do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro
Argumentos Inválidos do círculo)! Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não
Dizemos que um argumento é inválido – também denomi- garantiram a veracidade da conclusão!
nado ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a
verdade das premissas não é suficiente para garantir a verdade Métodos para validação de um argumento
da conclusão. Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
Exemplo: 1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indica-
P1: Todas as crianças gostam de chocolate. da quando nas premissas do argumento aparecem as palavras
P2: Patrícia não é criança. TODO, ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que
pois as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da ocorre quando nas premissas não aparecem as palavras todo,
conclusão. Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”.
seja criança, pois a primeira premissa não afirmou que somente Baseia-se na construção da tabela-verdade, destacando-se uma
as crianças gostam de chocolate. coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este méto-
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade do tem a desvantagem de ser mais trabalhoso, principalmente
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo ar- quando envolve várias proposições simples.
tifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela 3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e con-
primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”. siderando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a
validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na im-
possibilidade do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades.
Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, desco-
briremos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar tam-
bém em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, con-


siderando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação
do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor ló-
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia gico da conclusão de maneira direta, mas somente por meio de
não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama análises mais complicadas.
acima (da primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar
localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda
premissa. Vemos facilmente que a Patrícia só não poderá es-
tar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a
segunda premissa! Isto posto, concluímos que Patrícia poderá
estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

97
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!

98
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando falsa, utilizando isso temos:
uma conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fer-
ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os nando estava estudando. // B → ~E
valores lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se Iniciando temos:
mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos deter- 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A →
minar se o argumento é ou NÃO VÁLIDO. ~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando
chove tem que ser F.
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que
Teremos: Maria vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é ver- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C →
dadeiro! ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando
Agora, passamos a testar as premissas, que são considera-
Cláudio sai de casa tem que ser F.
das verdadeiras! Teremos:
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são
(V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudan-
verdadeiros, então a primeira parte da condicional acima tam-
do pode ser V ou F.
bém é verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser
falsa. Logo: r é verdadeiro. 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi
ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui temos dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
no 4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existên- Resposta: Errado
cia simultânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, tere-
mos que o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma
Exemplos: fada, então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tris-
as seguintes proposições sejam verdadeiras. teza é uma bruxa.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um cen-
• Quando Fernando está estudando, não chove. tauro.
• Durante a noite, faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
o item subsecutivo.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. Resolução:
( ) Certo Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza
( ) Errado não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como
conclusão o valor lógico (V), então:
Resolução:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
(F) → V
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
A = Chove
B = Maria vai ao cinema (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
C = Cláudio fica em casa (F) → V
D = Faz frio (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bru-
E = Fernando está estudando xa(F) → V
F = É noite (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será ver-
dadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a
única que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

99
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
mos o passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem.
Eles trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente
descobrir o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas
no enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que
ficam meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões
acerca dos grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a
nenhuma dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas
demais células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cru-
zamento de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o
advogado (logo colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

100
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preen-
chemos sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas
conclusões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não
vamos fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples.
Vamos continuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como
Paulo é o advogado, podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

101
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado − Luiz não viajou para Fortaleza.
(que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos)
e Maria é casada com o médico (que é Luís). Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está
resolvido: Luiz N N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Arnaldo N N

Carlos Engenheiro Patrícia Mariana N N S N

Luís Médico Maria Paulo N N

Paulo Advogado Lúcia Agora, completando o restante:


Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou.
Exemplo: Então, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em ja-
neiro, todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiâ- Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
nia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles Luiz N S N N
viajaram, sabe-se que: Arnaldo S N N N
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Mariana N N S N
− Paulo não viajou para Goiânia; Paulo N N N S
− Luiz não viajou para Fortaleza.
É correto concluir que, em janeiro, Resposta: B
(A) Paulo viajou para Fortaleza.
(B) Luiz viajou para Goiânia. Quantificador
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os
(D) Mariana viajou para Salvador. quantificadores são utilizados para transformar uma sentença
(E) Luiz viajou para Curitiba. aberta ou proposição aberta em uma proposição lógica.

Resolução: QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA


Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
Tipos de quantificadores
• Quantificador universal (∀)
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo
− Mariana viajou para Curitiba;
Exemplo:
Todo homem é mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então
Luiz N N será mortal.
Arnaldo N N Na representação do diagrama lógico, seria:
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é
Mariana N N S N homem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclu-
Paulo N N sões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.

102
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então Exemplos:
B. Todo cavalo é um animal. Logo,
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(∀ (x) (A (x) → B). (B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
Observe que a palavra todo representa uma relação de in- (C) Todo animal é cavalo.
clusão de conjuntos, por isso está associada ao operador da con- (D) Nenhum animal é cavalo.
dicional.
Resolução:
Aplicando temos: A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes con-
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da clusões:
forma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
temos x + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será – Se é cavalo, então é um animal.
verdadeira? Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantifica- de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda
dor, a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e pode- forma de conclusão).
mos julgar, logo, é uma proposição lógica. Resposta: B

• Quantificador existencial (∃) (CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a propo-
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: sição (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números
reais (R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos
reais (R) tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
Exemplo: os valores de x devem satisfazer a propriedade.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa fra- Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
se é: cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elemen-
tos x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
O quantificador existencial tem a função de elemento co- Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
mum. A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa ter- x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está
mos comuns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma correto.
simbólica: (∃ (x)) (A (x) ∧ B). Resposta: CERTO

Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) NOÇÕES BÁSICAS DE PROPORCIONALIDADE E POR-
∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N CENTAGEM: PROBLEMAS ENVOLVENDO REGRA DE
tal que x + 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de TRÊS SIMPLES, CÁLCULOS DE PORCENTAGEM, ACRÉS-
x, a sentença será verdadeira?
CIMOS E DESCONTOS
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantifica-
dor, a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e po- Razão
demos julgar, logo, é uma proposição lógica.
Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com
ATENÇÃO: b ≠ 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A a/b ou a : b.
é B” é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A Exemplo:
é B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de mo-
Forma simbólica dos quantificadores ças. (lembrando que razão é divisão)
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).

103
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Proporção Terceira propriedade das proporções
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção en- Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos
tre A/B e C/D é a igualdade: antecedentes está para a soma ou a diferença dos consequen-
tes, assim como cada antecedente está para o seu respectivo
consequente. Temos então:

Propriedade fundamental das proporções


Numa proporção:

Ou

Os números A e D são denominados extremos enquanto os


números B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos
meios é igual ao produto dos extremos, isto é:
Ou
AxD=BxC

Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:

Ou

Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 es-


teja em proporção com 4/6.

Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:


Grandezas Diretamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente


proporcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é
igual a razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma
maneira mais informal, se eu pergunto:
Segunda propriedade das proporções Quanto mais.....mais....
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos
dois primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo Exemplo
termo, assim como a soma ou a diferença dos dois últimos ter- Distância percorrida e combustível gasto
mos está para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)
13 1
26 2
Ou
39 3
52 4

Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?


Diretamente proporcionais
Ou Se eu dobro a distância, dobra o combustível

Grandezas Inversamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
Ou ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...

104
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo
Velocidade x Tempo a tabela abaixo: cuja solução segue das propriedades das proporções:

VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)


5 200
8 125
10 100
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
16 62,5
20 50 Regra de três simples
Regra de três simples é um processo prático para resolver
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? problemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos
Inversamente proporcional três deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade. três já conhecidos.

Diretamente Proporcionais Passos utilizados numa regra de três simples:


Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta- 1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mes-
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema ma espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grande-
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M zas de espécies diferentes em correspondência.
e p1+p2+...+pn=P. 2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversa-
mente proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de
400Km/h, faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto
tempo faria esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fos-
A solução segue das propriedades das proporções: se de 480km/h?

Solução: montando a tabela:

1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)

Exemplo 400 ----- 3


Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Car- 480 ----- X
los entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o
prêmio de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o 2) Identificação do tipo de relação:
combinado entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma di-
retamente proporcional?
VELOCIDADE Tempo
400 ↓ ----- 3↑
480 ↓ ----- X↑

Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os


números mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda
coluna ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em
baixo na segunda coluna vai para cima

VELOCIDADE Tempo
Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00. 400 ↓ ----- 3↓
480 ↓ ----- X↓
Inversamente Proporcionais
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn in- 480x=1200
versamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este X=25
número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a
1/p1, 1/p2, ..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n Regra de três composta
incógnitas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso Regra de três composta é utilizada em problemas com mais
de duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais.

105
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplos: ACRÉSCIMO OU LUCRO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia.
Em 5 horas, quantos caminhões serão necessários para descar- 10% 1,10
regar 125m³? 15% 1,15
20% 1,20
Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as
grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de 47% 1,47
espécies diferentes que se correspondem: 67% 1,67

HORAS CAMINHÕES VOLUME Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos:


8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↑
10 x 1,10 = R$ 11,00
5↑ ----- X↓ ----- 125 ↑
Desconto
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
onde está o x. Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma de-
cimal)
Observe que: Veja a tabela abaixo:
Aumentando o número de horas de trabalho, podemos di-
minuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversa-
mente proporcional (seta para cima na 1ª coluna). DESCONTO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o nú- 10% 0,90
mero de caminhões. Portanto a relação é diretamente propor-
25% 0,75
cional (seta para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão
que contém o termo x com o produto das outras razões de acor- 34% 0,66
do com o sentido das setas. 60% 0,40
Montando a proporção e resolvendo a equação temos:
90% 0,10

HORAS CAMINHÕES VOLUME Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:


8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↓
5↑ ----- X↓ ----- 125 ↓ 10 X 0,90 = R$ 9,00

Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando: Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra
e venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
Lucro=preço de venda -preço de custo
HORAS CAMINHÕES VOLUME
8 ----- 20 ----- 160 Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de
5 ----- X ----- 125 duas formas:

Logo, serão necessários 25 caminhões

PORCENTAGEM
Exemplo
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu (DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de
símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encon- aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe.
tramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máqui- Se x% das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor
nas de calcular, etc. possível para x é igual a
(A) 8.
Os acréscimos e os descontos é importante saber porque (B) 15.
ajuda muito na resolução do exercício. (C) 10.
(D) 6.
Acréscimo (E) 12.
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando Resolução
esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acrésci- 45------100%
mo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja X-------60%
a tabela abaixo: X=27

106
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to- A expressão matemática utilizada para o cálculo das situa-
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão. ções envolvendo juros simples é a seguinte:
J = C i n, onde:
J = juros
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
Resposta: C. ano...)

ACRÉSCIMOS E DESCONTOS Observação importante: a taxa de juros e o tempo de apli-


cação devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os
Matemática Financeira dois devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres,
A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atu- anos... O que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em
al sistema econômico. Algumas situações estão presentes no anos, ou qualquer outra combinação de períodos.
cotidiano das pessoas, como financiamentos de casa e carros, Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras
realizações de empréstimos, compras a crediário ou com cartão “JUROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
de crédito, aplicações financeiras, investimentos em bolsas de Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser
valores, entre outras situações. Todas as movimentações finan- trabalhada de várias maneiras para se obter cada um de seus
ceiras são baseadas na estipulação prévia de taxas de juros. Ao valores, ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir
realizarmos um empréstimo a forma de pagamento é feita atra- o quarto, ou seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o
vés de prestações mensais acrescidas de juros, isto é, o valor de Capital Inicial (C) e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação
quitação do empréstimo é superior ao valor inicial do emprésti- (n). E isso vale para qualquer combinação.
mo. A essa diferença damos o nome de juros.
Exemplo
Capital Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista.
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação fi- Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
nanceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações
Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (in- de R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa
dicado pela tecla PV nas calculadoras financeiras). de juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de:
(A) 5,0%
Taxa de juros e Tempo (B) 5,9%
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao di-
(C) 7,5%
nheiro emprestado, para um determinado período. Ela vem nor-
(D) 10,0%
malmente expressa da forma percentual, em seguida da especi-
(E) 12,5%
ficação do período de tempo a que se refere:
Resposta Letra “e”.
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri-
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45)
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária,
e a parcela a ser paga de R$45.
que é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
Aplicando a fórmula M = C + J:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre) 45 = 40 + J
J=5
Montante Aplicando a outra fórmula J = C i n:
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Ca- 5 = 40 X i X 1
pital Inicial com o juro produzido em determinado tempo. i = 0,125 = 12,5%
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resol-
ver questões. Juros Compostos
M=C+J o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do
M = montante saldo no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de
C = capital inicial cada intervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa
J = juros a render juros também.
M=C+C.i.n
M=C(1+i.n) Quando usamos juros simples e juros compostos?
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros
Juros Simples compostos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo,
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, as apli-
empréstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, cações financeiras usuais como Caderneta de Poupança e aplica-
por um prazo determinado, produzida exclusivamente pelo ca- ções em fundos de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso
pital inicial. para o regime de juros simples: é o caso das operações de cur-
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado tíssimo prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas.
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplica-
ção.

107
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
O cálculo do montante é dado por: (A) 8 horas de segunda-feira.
(B) 14 horas de segunda-feira.
M = C (1 + i)t (C) 10 horas de terça-feira.
(D) 20 horas de terça-feira.
Exemplo (E) 9 horas de quarta-feira.
Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses 4. (EMBASA – ASSISTENTE DE LABORATÓRIO – IBFC/2017)
C = 25000 Um marceneiro possui duas barras de ferro, uma com 1,40 me-
i = 25%aa = 0,25 tros de comprimento e outra com 2,45 metros de comprimento.
i = 72 meses = 6 anos Ele pretende cortá-las em barras de tamanhos iguais, de modo
que cada pedaço tenha a maior medida possível. Nessas circuns-
M = C (1 + i)t tâncias, o total de pedaços que o marceneiro irá cortar, utilizan-
M = 25000 (1 + 0,25)6 do as duas de ferro, é:
M = 25000 (1,25)6 (A) 9
M = 95367,50 (B) 11
(C) 12
M=C+J (D) 13
J = 95367,50 - 25000 = 70367,50
5. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO/2017)
José, pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5 e 8 anos, res-
pectivamente, pretende dividir entre os filhos a quantia de R$
EXERCÍCIOS 240,00, em partes diretamente proporcionais às suas idades.
Considerando o intento do genitor, é possível afirmar que cada
1. (PREFEITURA DE SALVADOR /BA - TÉCNICO DE NÍVEL filho vai receber, em ordem crescente de idades, os seguintes
SUPERIOR II - DIREITO – FGV/2017) Em um concurso, há 150 valores:
candidatos em apenas duas categorias: nível superior e nível (A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00.
médio. (B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00.
Sabe-se que: (C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00.
• dentre os candidatos, 82 são homens; (D)R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00.
• o número de candidatos homens de nível superior é igual (E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00.
ao de mulheres de nível médio;
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres. 6. (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2017) Sabe-se que 16 caixas K, todas iguais, ou 40 caixas
O número de candidatos homens de nível médio é Q, todas também iguais, preenchem totalmente certo compar-
(A) 42. timento, inicialmente vazio. Também é possível preencher to-
(B) 45. talmente esse mesmo compartimento completamente vazio
(C) 48. utilizando 4 caixas K mais certa quantidade de caixas Q. Nessas
(D) 50. condições, é correto afirmar que o número de caixas Q utilizadas
(E) 52. será igual a
(A) 10.
2. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - (B) 28.
MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e (C) 18.
José foram a uma prova de hipismo, na qual ganharia o com- (D) 22.
petidor que obtivesse o menor tempo final. A cada 1 falta se- (E) 30.
riam incrementados 6 segundos em seu tempo final. Ingrid fez
1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella 7. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO/2017)
fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” Durante 90 dias, 12 operários constroem uma loja. Qual o núme-
com 1 falta. Verificando a colocação, é correto afirmar que o ro mínimo de operários necessários para fazer outra loja igual
vencedor foi: em 60 dias?
(A) José (A) 8 operários.
(B) Isabella (B) 18 operários.
(C) Maria Eduarda (C) 14 operários.
(D) Raoni (D) 22 operários.
(E) 25 operários
3. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO /2017)
Em um determinado zoológico, a girafa deve comer a cada 4 ho- 8. (FCEP – TÉCNICO ARTÍSTICO – AMAUC/2017) A vazão
ras, o leão a cada 5 horas e o macaco a cada 3 horas. Conside- de uma torneira é de 50 litros a cada 3 minutos. O tempo neces-
rando que todos foram alimentados às 8 horas da manhã de do- sário para essa torneira encher completamente um reservatório
mingo, é correto afirmar que o funcionário encarregado deverá retangular, cujas medidas internas são 1,5 metros de compri-
servir a alimentação a todos concomitantemente às: mento, 1,2 metros de largura e 70 centímetros de profundidade
é de:

108
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
(A) 1h 16min 00s 5. Resposta: E
(B) 1h 15min 36s 2k+5k+8k=240
(C) 1h 45min 16s 15k=240
(D) 1h 50min 05s K=16
(E) 1h55min 42s Alfredo: 2⋅16=32
Bernardo: 5⋅16=80
9. (CRMV/SC – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IE- Caetano: 8⋅16=128
SES/2017) Trabalhando durante 6 dias, 5 operários produzem
600 peças. Determine quantas peças serão produzidas por sete 6. Resposta: E
operários trabalhando por 8 dias: Se, com 16 caixas K, fica cheio e já foram colocadas 4 caixa,
(A) 1120 peças faltam 12 caixas K, mas queremos colocar as caixas Q, então va-
(B)952 peças mos ver o equivalente de 12 caixas K
(C) 875 peças
(D) 1250 peças

10. (MPE/SP – OFICIAL DE PROMOTORIA I – VUNESP/2016)


Para organizar as cadeiras em um auditório, 6 funcionários, to- Q=30 caixas
dos com a mesma capacidade de produção, trabalharam por 3
horas. Para fazer o mesmo trabalho, 20 funcionários, todos com 7. Resposta: B
o mesmo rendimento dos iniciais, deveriam trabalhar um total
de tempo, em minutos, igual a OPERÁRIOS dias
(A) 48.
(B) 50. 12 ----- 90
(C) 46. X ----- 60
(D) 54.
(E) 52.
Quanto mais operários, menos dias (inversamente propor-
cional)
GABARITO

1. Resposta: B.
150-82=68 mulheres 60x=1080
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são X=18
de nível médio.
Portanto, há 37 homens de nível superior. 8. Resposta: B
82-37=45 homens de nível médio. V=1,5.1,2.0,7=1,26m³=1260 litros
50 litros-----3 min
2. Resposta: D. 1260--------x
Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o ven- X=3780/50=75,6min
cedor. 0,6min=36s
75min=60+15=1h15min
3. Resposta: D.
Mmc(3, 4, 5)=60 9. Resposta: A
60/24=2 dias e 12horas
Como foi no domingo às 8h d amanhã, a próxima alimenta- ↑ DIAS ↑ OPERÁRIOS PEÇAS ↑
ção será na terça às 20h.
6 ----- 5 ----- 600
4. Resposta: B. 8 ----- 7 ----- X

140 2 245 5
70 2 49 7
35 5 7 7
7 7 1 30x=33600
X=1120
1

Mdc=5.7=35
140/35=4
245/35=7
Portanto, serão 11 pedaços.

109
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
10. Resposta: D
Como o exercício pede em minutos, vamos transformar 3 ______________________________________________________
horas em minutos
______________________________________________________
3x60=180 minutos
______________________________________________________
↑ FUNCIONÁRIOS Minutos ↓
6 ----- 180 ______________________________________________________
20 ----- X
______________________________________________________
As Grandezas são inversamente proporcionais, pois quanto
______________________________________________________
mais funcionários, menos tempo será gasto.
Vamos inverter os minutos
______________________________________________________
↑ FUNCIONÁRIOS Minutos ↑
______________________________________________________
6 ----- X
20 ----- 180 ______________________________________________________

20x=6.180 ______________________________________________________
20x=1040
X=54 minutos ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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______________________________________________________ ______________________________________________________

110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA

5. Abordagem Comportamental: que é subdividida na Teoria


CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES Comportamental e Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO).
FORMAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA 6. Abordagem Sistêmica: centrada no conceito cibernético
ORGANIZACIONAL, NATUREZA, FINALIDADES E para a Administração, Teoria Matemática e a Teria de Sistemas da
CRITÉRIOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO. PROCESSO Administração.
ORGANIZACIONAL: PLANEJAMENTO, DIREÇÃO, 7. Abordagem Contingencial: que se desdobra na Teoria da
COORDENAÇÃO, COMUNICAÇÃO, CONTROLE E Contingência da Administração.
AVALIAÇÃO. GESTÃO ESTRATÉGICA: PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL

ADMINISTRAÇÃO GERAL
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de
administração, podemos destacar que:

“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utili-


zação eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou
mais objetivos ou metas organizacionais.”

Ou seja, a Administração vai muito além de apenar “cuidar de


uma empresa”, como muitos imaginam, mas compreende a capa-
cidade de conseguir utilizar os recursos existentes (sejam eles: re- Origem da Abordagem Clássica
cursos humanos, materiais, financeiros,…) para atingir os objetivos 1 — O crescimento acelerado e desorganizado das empresas:
da empresa. • Ciência que substituísse o empirismo;
O conceito de administração representa uma governabilidade, • Planejamento de produção e redução do improviso.
gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades 2 — Necessidade de aumento da eficiência e a competência
sejam administradas com planejamento, organização, direção, e das organizações:
controle. • Obtendo melhor rendimento em face da concorrência;
• Evitando o desperdício de mão de obra.
O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de
outras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem Abordagem Científica – ORT (Organização Racional do Traba-
como de seus membros. lho)
Montana e Charnov • Estudo dos tempos e movimentos;
• Estudo da fadiga humana;
Principais abordagens da administração (clássica até contin- • Divisão do trabalho e especialização;
gencial) • Desenho de cargo e tarefas;
É importante perceber que ao longo da história a Administra- • Incentivos salariais e premiação de produção;
ção teve abordagens e ênfases distintas. Apesar de existir há pouco • Homo Economicus;
mais de 100 (cem) anos, como todas as ciências, a Administração • Condições ambientais de trabalho;
evoluiu seus conceitos com o passar dos anos. • Padronização;
De acordo com o Professor Idalberto Chiavenato (escritor, pro- • Supervisão funcional.
fessor e consultor administrativo), a Administração possui 7 (sete)
abordagens, onde cada uma terá seu aspecto principal e agrupa- Aspectos da conclusão da Abordagem Científica: A percepção
mento de autores, com seu enfoque específico. Uma abordagem, de que os coordenadores, gerentes e dirigentes deveriam se preo-
poderá conter 2 (duas) ou mais teorias distintas. São elas: cupar com o desenho da divisão das tarefas, e aos operários cabia
1. Abordagem Clássica: que se desdobra em Administração única e exclusivamente a execução do trabalho, sem questionamen-
científica e Teoria Clássica da Administração. tos, apenas execução da mão de obra.
2. Abordagem Humanística: que se desdobra principalmente — Comando e Controle: o gerente pensa e manda e os traba-
na Teoria das Relações Humanas. lhadores obedecem de acordo com o plano.
3. Abordagem Neoclássica: que se desdobra na Teoria Neo- — Uma única maneira correta (the best way).
clássica da Administração, dos conceitos iniciais, processos admi- — Mão de obra e não recursos humanos.
nistrativos, como os tipos de organização, departamentalização e — Segurança, não insegurança. As organizações davam a sen-
administração por objetivos (APO). sação de estabilidade dominando o mercado.
4. Abordagem Estruturalista: que se desdobra em Teoria Buro-
crática e Teoria Estruturalista da Administração.

111
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Teoria Clássica
• Aumento da eficiência melhorando a disposição dos órgãos componentes da empresa (departamentos);
• Ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento);
• Abordagem do topo para a base (nível estratégico tático);
• Do todo para as partes.

Diferente do processo neoclássico, na Teoria Clássica temos 5 (cinco) funções – POC3:


— Previsão ao invés de planejamento: Visualização do futuro e traçar programa de ação.
— Organização: Constituir a empresa dos recursos materiais e social.
— Comando: Dirigir e orientar pessoas.
— Coordenação: Ligação, união, harmonizar todos os esforços coletivamente.

Controle: Se certificar de que tudo está ocorrendo de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.

• Princípios da Teoria Clássica:


— Dividir o trabalho;
— Autoridade e responsabilidade;
— Disciplina;
— Unidade de comando;
— Unidade de direção;
— Subordinação dos interesses individuais aos gerais;
— Remuneração do pessoal;
— Centralização;
— Cadeia escalar;
— Ordem;
— Equidade;
— Estabilidade do pessoal;
— Iniciativa;
— Espírito de equipe.

A Abordagem Clássica, junto da Burocrática, dentre todas as abordagens, chega a ser uma das mais importantes.

Abordagem Neoclássica
No início de 1950 nasce a Teoria Neoclássica, teoria mais contemporânea, remodelando a Teoria Clássica, colocando novo figurino
dentro das novas concepções trazidas pelas mudanças e pelas teorias anteriores. Funções essencialmente humanas começam a ser inseri-
das, como: Motivação, Liderança e Comunicação. Preocupação com as pessoas passa a fazer parte da Administração.

• Fundamentos da Abordagem Neoclássica


— A Administração é um processo operacional composto por funções, como: planejamento, organização, direção e controle.
— Deverá se apoiar em princípios basilares, já que envolve diversas situações.
— Princípios universais.
— O universo físico e a cultura interferem no meio ambiente e afetam a Administração.

112
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
— Visão mais flexível, de ajustamento, de continuidade e inte- riores e não proporciona bases adequadas para uma nova teoria. Já
ratividade com o meio. na Teoria Estruturalista da Organização percebemos que o TODO é
— Ênfase nos princípios e nas práticas gerais da Administração. maior que a soma das partes. Significa que ao se colocar todos os
— Reafirmando os postulados clássicos. indivíduos dentro de um mesmo grupo, essa sinergia e cooperação
— Ênfase nos objetivos e resultados. dos indivíduos gerará um valor a mais que a simples soma das indi-
— Ecletismo (influência de teorias diversas) nos conceitos. vidualidades. É a ideia de equipe.

Teoria Burocrática
Tem como pai Max Weber, por esse motivo é muitas vezes cha-
mada de Teoria Weberiana. Para a burocracia a organização alcan-
çaria a eficiência quando explicasse, em detalhes, como as coisas
deveriam ser feitas.
Burocracia não é algo negativo, o excesso de funções sim. A
Burocracia é a organização eficiente por excelência. O excesso da
Burocracia é que transforma ela em algo negativo, o que chamamos
de disfunções.

• Características
— Caráter formal das normas e regulamentos.
— Caráter formal das comunicações. • Teoria Estruturalista - Sociedade de Organizações
— Caráter racional e divisão do trabalho. — Sociedade = Conjunto de Organizações (escola, igreja, em-
— Impessoalidade nas relações. presa, família).
— Hierarquia de autoridade. — Organizações = Conjunto de Membros (papéis) – (aluno, pro-
— Rotinas e procedimentos padronizados. fessor, diretor, pai).
— Competência técnica e meritocracia.
— Especialização da administração. O mesmo indivíduo faz parte de diferentes organizações e tem
— Profissionalização dos participantes. diferentes papéis.
— Completa previsibilidade de comportamento.
• Teoria Estruturalista – O Homem Organizacional:
• Disfunções — Homem social que participa simultaneamente de várias or-
— Internalização das regras e apego aos procedimentos. ganizações.
— Excesso de formalismo e de papelório. — Características: Flexibilidade; Tolerância às frustrações; Ca-
— Resistência às mudanças. pacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho,
— Despersonalização do relacionamento. em detrimento das suas preferências; Permanente desejo de reali-
— Categorização como base do processo decisório. zação.
— “Superconformidade” às rotinas e aos procedimentos.
— Exibição de sinais de autoridade. • Teoria Estruturalista – Abordagem múltipla:
— Dificuldade no atendimento. — Tanto a organização formal, quanto a informal importam;
— Tanto recompensas salariais e materiais, quanto sociais e
Abordagem Estruturalista simbólicas geram mudanças de comportamento;
A partir da década de 40, tínhamos: — Todos os diferentes níveis hierárquicos são importantes em
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização. uma organização;
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pes- — Todas as diferentes organizações têm seu papel na socieda-
soas. de;
— As análises intra organizacional e Inter organizacional são
As duas correntes sofreram críticas que revelaram a falta de fundamentais.
uma teoria sólida e abrangente, que servisse de orientação para o
administrador.
A Abordagem Estruturalista é composta pela Teoria Burocrática
e a Teoria Estruturalista. Além da ênfase na estrutura, ela também
se preocupa com pessoas e ambiente, se aproxima muito da Teoria
de Relações Humanas.

No início da Teoria Estruturalista, vive-se a mesma gênese da


Teoria da Burocracia, esse movimento onde só se encontram críti-
cas da Teoria das Relações Humanas às outras Teorias e não se tem
uma preposição de um novo método.
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização.
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pes-
soas.

A Teoria Estruturalista é um desdobramento da Burocracia e


uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Ainda que
a Teoria das Relações Humanas tenha avançado, ela critica as ante-

113
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Teoria Estruturalista – Conclusão:
— Tentativa de conciliação dos conceitos clássicos e humanísticos;
— Visão crítica ao modelo burocrático;
— Ampliação das abordagens de organização;
— Relações Inter organizacionais;
— Todas as heranças representam um avanço rumo à Abordagem Sistêmica e uma evolução no entendimento para a Teoria da Admi-
nistração.

Abordagem Humanística
É um desdobramento da Teoria das Relações Humanas. A Abordagem Humanística nasce no período de entendimento de que a pro-
dutividade era o elemento principal, e seu modelo era “homem-máquina”, em que o trabalhador era visto basicamente como operador de
máquinas, não havia a percepção com outro elemento que não fosse a produtividade.

• Suas preocupações:
— Nas tarefas (abordagem científica) e nas estruturas (teoria clássica) dão lugar para ênfase nas pessoas;
— Nasce com a Teoria das Relações Humanas (1930) e no desenvolvimento da Psicologia do Trabalho:
* Análise do trabalho e adaptação do trabalhador ao trabalho.
* Adaptação do trabalho ao trabalhador.
— A necessidade de humanizar e democratizar a Administração libertando dos regimes rígidos e mecanicistas;
— Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a psicologia, e sua influência no campo industrial;
— Trazendo ideias de John Dewey e Kurt Lewin para o humanismo na Administração e as conclusões da experiência em si.

• Principais aspectos:
— Psicologia do trabalho, que hoje chamamos de Comportamento Organizacional, demonstrando uma percepção diferenciada do tra-
balhador, com viés de um homem mais social, com mais expectativas e desejos. Percebe-se então que o comportamento e a preocupação
com o ambiente de trabalho do indivíduo tornam-se parte responsável pela produtividade. Agregando a visão antagônica desse homem
econômico, trazendo o conceito de homem social.
— Experiência de Hawthorn desenvolvida por Elton Mayo, na qual a alteração de iluminação traz um resultado importante:
Essa experiência foi realizada no ano de 1927, pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos, em uma fábrica da Western
Eletric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorn. Lá dois grupos foram selecionados e em um deles foi alterada a iluminação
no local de trabalho, observando assim, uma alteração no desempenho do comportamento e na produtividade do grupo em relação ao
outro. Não necessariamente ligada a alteração de iluminação, mas com a percepção dos indivíduos de estarem sendo vistos, começando
então a melhorarem seus padrões de trabalho. Sendo assim, chegou-se à conclusão de que:
1. A capacidade social do trabalhador determina principalmente a sua capacidade de executar movimentos, ou seja, é ela que de-
termina seu nível de competência. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência e não sua
capacidade de executar movimentos eficientes dentro de um tempo estabelecido.
2. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos, equipe de trabalho.
3. As pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento.
4. Grupos informais: alicerçada no conceito de homem social, ou seja, o trabalhador é um indivíduo dotado de vontade e desejos
de estruturas sociais mais complexas, e que esse indivíduo reconhece em outros indivíduos elementos afins aos seus e esses elementos
passam a influenciar na produtividade do indivíduo. Os níveis de produtividade são controlados pelas normas informais do grupo e não
pela organização formal.

114
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
5. A Organização Informal:
• Relação de coesão e antagonismo. Simpatia e antipatia;
• Status ou posição social;
• Colaboração espontânea;
• Possibilidade de oposição à organização formal;
• Padrões de relações e atitudes;
• Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais;
• A organização informal transcende a organização formal;
• Padrões de desempenho nos grupos informais.

Abordagem Comportamental
A partir do ano de 1950 a Abordagem Comportamental (behavorista) marca a influência das ciências do comportamento. Tem como
participantes: Kurt Lewin, Barnard, Homans e o livro de Herbert Simon que podem ser entendidos como desdobramento da Teoria das
Relações Humanas. Seus aspectos são:
— Homem é um animal social, dotado de necessidades;
— Homem pode aprender;
— Homem pode cooperar e/ou competir;
— Homem é dotado de sistema psíquico;

Tendo a Teoria das Relações Humanas uma visão ingênua do indivíduo, em que se pensava que a Organização é que fazia do homem
um indivíduo ruim, na Teoria Comportamental a visão é diferente, pois observa-se que o indivíduo voluntariamente é que escolhe partici-
par ou não das decisões e/ou ações da organização. Aparecendo o processo de empatia e simpatia, em que o indivíduo abre mão, ou não
da participação, podendo ser ou não protagonista.
— Abandono das posições afirmativas e prescritivas (como deve ser) para uma lógica mais explicativa e descritiva;
— Mantem-se a ênfase nas pessoas, mas dentro de uma posição organizacional mais ampla
— Estudo sobre: Estilo de Administração – Processo decisório – Motivação – Liderança – Negociação

• Evolução do entendimento do indivíduo

115
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Teoria Comportamental – Desdobramentos
• É possível a integração das necessidades individuais de auto expressão com os requisitos de uma organização;
• As organizações que apresentam alto grau de integração entre objetivos individuais e organizacionais são mais produtivas;
• Ao invés de reprimir o desenvolvimento e o potencial do indivíduo, as organizações podem contribuir para sua melhor aplicação.

• Comportamento Organizacional
É a área que estuda a previsão, explicação, modificação e entendimento do comportamento humano e os processos mentais dos
indivíduos em relação ao seu trabalho dentro da organização. Tem grande relação com a Psicologia Organizacional e do trabalho, se
tornando uma fonte importante para a Administração e para a Gestão de Pessoas, pois passa-se a compreender melhor a relação entre
o indivíduo, o trabalho e as entidades organizacionais.
Baseia-se nas relações internas e externas, e que as forças psicológicas que atuam sobre o indivíduo nesse contexto, estão ligadas
também aos grupos e a própria organização.

• Objetos de estudo:
1. Impacto do emprego na vida humana (o quanto que esse elemento interfere na sua satisfação, felicidade, convivência com a família);
2. Relação entre as pessoas e grupos dentro de um contexto de trabalho (contexto diferente da vida particular de casa, família, escola);
3. Percepções, crenças e atitudes do indivíduo com relação ao trabalho (como as pessoas enxergam a organização, o seu papel dentro
das relações que ela desenvolve e quanto essas questões se tornam significativas para vida do indivíduo);
4. Desempenho e produtividade (que fatores levam ao maior produtividade e desempenho, como pode-se influenciar nisso);
5. Saúde no trabalho (como as organizações afetam a saúde do indivíduo e como pode-se minimizar o impacto das suas atividades
nessa questão);
6. Ética nas relações de trabalho (o quanto as relações internas, de poder e de subordinação levam em consideração questões morais);
7. Diversidade da força de trabalho (questões de gênero, raça e credo);
8. Ações ou comportamentos do indivíduo dentro desse contexto (aprendizagem, cultura organizacional, poder, grupos e equipes,
liderança, motivação, comprometimento, bem como as causas e consequências dessas ações).
O comportamento organizacional é fundamental para os gestores e para a Gestão de Pessoas, propiciando todo o conjunto de ferra-
mentas para facilitar as decisões relacionadas a Gestão de Pessoas e Administração, bem como a vida diária dos gestores.

Abordagem Sistêmica
A partir do ano de 1950, muitas das teorias começaram a aparecer paralelamente, entre elas nasce a abordagem sistêmica. Ludwig
Von Bertalanffy, biólogo alemão, coordenava um estudo interdisciplinar a fim de transcender problemas existentes em cada ciência e
proporcionar princípios gerais. Princípios esses que darão a visão de uma organização como organismo, ensinando quatro princípios im-
portantes que devem ser pensados dentro das organizações. Nasce a Teoria Geral dos Sistemas
— Visão Totalizante;
— Visão Expansionista;
— Visão Sistêmica;
— Visão Integrada;

• Características da abordagem sistêmica


— Expansionismo: Tem a ideia totalmente contrária ao Reducionismo, significa dizer que o desempenho de um sistema menor, de-
pende de como ele interage com o todo maior que o envolve e do qual faz parte.
— Pensamento Sintético: É o fenômeno visto como parte de um sistema maior e é explicado em termos do papel que desempenha
nesse sistema maior. Juntando as coisas e não as separando. Há uma coordenação com as demais variáveis, em que as trocas das partes
de um todo estão completamente ajustadas. Verificando-se assim, o comportamento de cada parte no todo.
— Teleologia: A lógica sistêmica procura entender a inter-relação entre as diversas variáveis de um campo de forças que atuam entre
si. O todo é diferente de cada uma das suas partes.

Exemplo: o indivíduo é o que é pelo meio onde nasceu, pela educação que recebeu, pela forma de relacionamentos e cultura que
conviveu. Existe grandes diferenças entre os indivíduos devido às influências que sofreram ao longo da vida e é isso que a Teoria Geral de
Sistemas vai procurar explicar, o indivíduo é produto do meio em que vive, não está sozinho e isolado, tudo está fortemente conectado.
• Os sistemas existem dentro de sistemas (uma pequena parte, faz parte de um todo maior);
• Os sistemas são abertos (intercambio com o todo);
• As funções de um sistema dependem de sua estrutura (pessoas, recursos, do meio onde está).

116
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Teoria dos Sistemas

• Sistema Aberto
— Está constantemente e de forma dual (entrega e recebimento) interagindo com o ambiente;
— É capacitado para o crescimento, mudanças, adaptações ao ambiente, podendo também ser autor reprodutor sob certas condições;
— É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas.

Abordagem Contingencial
A Abordagem Contingencial traz para nós a ideia de que não se alcança eficácia organizacional seguindo um modelo exclusivo, ou seja,
não há uma fórmula única e exclusiva ou melhor de se alcançar os objetivos organizacionais. Ela abraça todas as Teorias e dá razão para
cada uma delas.

• Características
— Não há regra absoluta;
— Tudo é relativo;
— Tudo dependerá (de Ambiente, Mapeamento ambiental, Seleção ambiental, Percepção ambiental, Consonância e Dissonância,
Desdobramentos do ambiente, Tecnologia);

• Abordagem Contingencial – Conclusão


— A variável tecnologia passa a assumir um importante papel na sociedade e nas organizações;
— O foco em novos modelos organizacionais mais flexíveis, ajustáveis e orgânicos como: estrutura matricial, em redes e equipes;
— O modelo de homem complexo= social + econômico + organizacional.

Teoria Geral da Administração

TEORIAS ÊNFASE ENFOQUES PRINCIPAIS


Administração Científica Nas tarefas Racionalizar o trabalho no nível operacional
Taylor (1856-1915) - Gantt (1861-1919) - ORT
Gilbreth (1868-1924) - Ford (1863-1947) Padronização
Clássica e Neoclássica Na estrutura Organização formal
Fayol (1841-1925) – Mooney (1884-1957) Princípios Gerais da Administração
Urwick (1891-1979) – Gulik (1892-1993) e outros Funções de Administrador
Burocrática e Organização Formal Burocrática
Max Weber (1864-1920) Racionalidade organizacional
Chamada Teoria Weberiana.
Abordagem múltipla:
Estruturalista Organização Formal e Informal
Análise Intra e Inter organizacional
Relações Humanas - Humanística Nas pessoas Organização Informal
Experiência de Hawthorn (1927) Motivação, Liderança, Comunicação e Dinâ-
Desenvolvida por Elton Mayo mica em grupo
John Dewey e Kurt Lewin

117
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA

Comportamento Organizacional Estilos de Administração


Abordagem Comportamental Teoria das decisões
Kurt Lewin, Barnard, Homans e Herbert Simon Integração dos objetivos organizacionais e
A partir de 1950 individuais

Desenvolvimento Organizacional Mudança organizacional planejada


Abordagem de sistema aberto
Sistêmica No ambiente Análise ambiental
Ludwig Von Bertalanffy, biólogo alemão (1950) Abordagem de sistema
Contingência No ambiente Administração da tecnologia
(tecnologia) (Imperativo tecnológico)

Funções de administração

• Planejamento, organização, direção e controle

• PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

— Planejamento
Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada. A organização estabelece num primeiro momento, através de
um processo de definição de situação atual, de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de planeja-
mento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um processo, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano.
• Ele é o passo inicial;
• É uma maneira de ampliar as chances de sucesso;
• Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
• Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o futuro;
• Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como as ações presentes podem desenhar o futuro;
• Organização ser PROATIVA e não REATIVA;
• Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas competências;
• O processo de Planejamento é muito mais importante do que seu produto final (assertiva);

Idalberto Chiavenato diz: “Planejamento é um processo de estabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”.
• Processo: Sequência de etapas que levam a um determinado fim. O resultado final do processo de planejamento é o PLANO;
• Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim;
• Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar.

• Passos do Planejamento
— Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
— Determinar a situação atual: Situar a Organização.
— Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar eventos.
— Analisar e escolher entre as alternativas.
— Implementar o plano e avaliar o resultado.

• Vantagens do Planejamento
— Dar um “norte” – direcionamento;
— Ajudar a focar esforços;
— Definir parâmetro de controle;
— Ajuda na motivação;
— Auxilia no autoconhecimento da organização.

118
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
— Processo de planejamento Efetividade
- manter-se no ambiente; e
• Planejamento estratégico ou institucional - apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo
Estratégia é o caminho escolhido para que a organização possa (permanentemente)
chegar no destino desejado pela visão estratégica. É o nível mais
amplo de planejamento, focado a longo prazo. É desdobrado no Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na
Planejamento Tático, e o Planejamento Tático é desdobrado no Pla- execução de um procedimento ou na prestação de um serviço.
nejamento Operacional.
— Global — Objetivos gerais e genéricos — Diretrizes estratégi- Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados
cas — Longo prazo — Visão forte do ambiente externo. institucionais da organização.

Fases do Planejamento Estratégico: Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o problema


— Definição do negócio, missão, visão e valores organizacio- que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão.
nais;
— Diagnóstico estratégico (análise interna e externa);
— Formulação da estratégia;
— Implantação;
— Controle.

• Planejamento tático ou intermediário


Complexidade menor que o nível estratégico e maior que o
operacional, de média complexidade e compõe uma abrangência
departamental, focada em médio prazo.
— Observa as diretrizes do Planejamento Estratégico;
— Determina objetivos específicos de cada unidade ou depar-
tamento;
— Médio prazo.

• Planejamento operacional ou chão de fábrica


Baixa complexidade, uma vez que falamos de somente uma
única tarefa, focado no curto ou curtíssimo prazo. Planejamento
mais diário, tarefa a tarefa de cada dia para o alcance dos objetivos.
Desdobramento minucioso do Planejamento Estratégico. • Negócio, Missão, Visão e Valores
— Observa o Planejamento Estratégico e Tático; Negócio, Visão, Missão e Valores fazem parte do Referencial
— Determina ações específicas necessárias para cada atividade estratégico: A definição da identidade a organização.
ou tarefa importante; — Negócio = O que é a organização e qual o seu campo de
— Seus objetivos são bem detalhados e específicos. atuação. Atividade efetiva. Aspecto mais objetivo.
— Missão = Razão de ser da organização. Função maior. A Missão
Com a ação de planejar, busca-se: contempla o Negócio, é através do Negócio que a organização alcança
• Eficiência: medida do rendimento individual dos componen- a sua Missão. Aspecto mais subjetivo. Missão é a função do presente.
tes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refere-se à — Visão = Qual objetivo e a visão de futuro. Define o “grande
otimização dos recursos utilizados para a obtenção dos resultados. plano”, onde a organização quer chegar e como se vê no futuro, no
• Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer destino desejado. Direção mais geral. Visão é a função do futuro.
o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados — Valores = Crenças, Princípios da organização. Atitudes bá-
obtidos para alcance dos objetivos globais da empresa. sicas que sem elas, não há negócio, não há convivência. Tutoriza a
• Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcança- escolha das estratégias da organização.
dos e os objetivos propostos ao longo do tempo.
No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetivi- • Análise SWOT
dade são assim resumidos por Oliveira (1999): Strenghs – Weaknesses – Opportunities – Threats.
Ou FFOA
Eficiência Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças.
- fazer as coisas de maneira adequada;
- resolver problemas; É a principal ferramenta para perceber qual estratégia a orga-
- salvaguardar os recursos aplicados; nização deve ter.
- cumprir o seu dever; e É a análise que prescreve um comportamento a partir do cruza-
- reduzir os custos. mento de 4 variáveis, sendo 2 do ambiente interno e 2 do ambiente
externo. Tem por intenção perceber a posição da organização em
Eficácia relação às suas ameaças e oportunidades, perceber quais são as
- fazer as coisas certas; forças e as fraquezas organizacionais, para que a partir disso, a orga-
- produzir alternativas criativas; nização possa estabelecer posicionamento no mercado, sendo elas:
- maximizar a utilização de recursos; Posição de Sobrevivência, de Manutenção, de Crescimento ou De-
- obter resultados; e senvolvimento. Em que para cada uma das posições a organização
- aumentar o lucro. terá uma estratégia definida.

119
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Ambiente Interno: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela tem o poder de controle. Pontos Fortes: Elementos que
influenciam positivamente. Pontos Fracos: Elementos que influenciam negativamente.
Ambiente Externo: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela NÃO tem o poder de controle. Oportunidades: Elementos
que influenciam positivamente. Ameaças: Elementos que influenciam negativamente.

• Matriz GUT
Gravidade + Urgência + Tendência
Gravidade: Pode afetar os resultados da Organização.
Urgência: Quando ocorrerá o problema.
Tendência: Irá se agravar com o passar do tempo.
Determinar essas 3 métricas plicando uma nota de 1-5, sendo 5 mais crítico, impactante e 1 menos crítico e com menos impacto.
Somando essas notas. Levando em consideração o problema que obtiver maior total.

PROBLEMA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA TOTAL


X 1 3 3 7
Y 3 2 1 6

• Ferramenta 5W2H
Ferramenta que ajuda o gestor a construir um Plano de Ação. Facilitando a definição das tarefas e dos responsáveis por cada uma
delas. Funciona para todos os tipos de negócio, visando atingir objetivos e metas.
5W: What? – O que será feito? - Why? Porque será feito? - Where? Onde será feito? - When? Quando será feito? – Who? Quem fará?
2H: How? Como será feito? – How much? Quanto irá custar para fazer?
Não é uma ferramenta para buscar causa de problemas, mas sim elaborar o Plano de Ação.

WHAT WHY WHERE WHEN WHO HOW HOW MUCH


Padronização Otimizar Coordenação Agosto 2021 João Silva Contratação 2.500,00
de Rotinas tempo de Assessoria
externa
Sistema de Impedir Setor Compras 20/08/21 Paulo Compra de 4.000,00
Segurança entrada de Santos equipamentos e
Portaria pessoas não instalação
Central autorizadas

• Análise competitiva e estratégias genéricas


Gestão Estratégica: “É um processo que consiste no conjunto de decisões e ações que visam proporcionar uma adequação competiti-
vamente superior entre a organização e seu ambiente, de forma a permitir que a organização alcance seus objetivos”.
Michael Porter, Economista e professor norte-americano, nascido em 1947, propõe o segundo grande essencial conceito para a com-
preensão da vantagem competitiva, o conceito das “estratégias competitivas genéricas”.
Porter apresenta a estratégia competitiva como sendo sinônimo de decisões, onde devem acontecer ações ofensivas ou defensivas
com finalidade de criar uma posição que possibilite se defender no mercado, para conseguir lidar com as cinco forças competitivas e com
isso conseguir e expandir o retorno sobre o investimento.
Observa ainda, que há distintas maneiras de posicionar-se estrategicamente, diversificando de acordo com o setor de atuação, capa-
cidade e características da Organização. No entanto, Porter desenha que há três grandes pilares estratégicos que atuarão diretamente no
âmbito da criação da vantagem competitiva.
As 3 Estratégias genéricas de Porter são:
1. Estratégia de Diferenciação: Aumentar o valor – valor é a percepção que você tem em relação a determinado produto. Exemplo:
Existem determinadas marcas que se posicionam no mercado com este alto valor agregado.
2. Estratégia de Liderança em custos: Baixar o preço – preço é quanto custo, ser o produto mais barato no mercado. Quanto vai custar
na etiqueta.
3. Estratégia de Foco ou Enfoque: Significa perceber todo o mercado e selecionar uma fatia dele para atuar especificamente.

• As 5 forças Estratégicas
Chamada de as 5 Forças de Porter (Michael Porter) – é uma análise em relação a determinado mercado, levando em consideração 5
elementos, que vão descrever como aquele mercado funciona.
1. Grau de Rivalidade entre os concorrentes: com que intensidade eles competem pelos clientes e consumidores. Essa força tenciona
as demais forças.
2. Ameaça de Produtos substitutos: ameaça de que novas tecnologias venham a substituir o produto ou serviço que o mercado ofe-
rece.
3. Ameaça de novos entrantes: ameaças de que novas organizações, ou pessoas façam aquilo que já está sendo feito.
4. Poder de Barganha dos Fornecedores: Capacidade negocial das empresas que oferecem matéria-prima à organização, poder de
negociar preços e condições.
5. Poder de Barganha dos Clientes: Capacidade negocial dos clientes, poder de negociar preços e condições.

120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Redes e alianças É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol-
Formações que as demais organizações fazem para que tenham vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
uma espécie de fortalecimento estratégico em conjunto. A forma- alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura
ção de redes e alianças estratégicas de modo a poder compartilhar pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
recursos e competências, além de reduzir seus custos. qualquer transformação.
Redes possibilitam um fortalecimento estratégico da organi- Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal
zação diante de seus concorrentes, sem aumento significativo de e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a
custos. Permite que a organização dê saltos maiores do que seriam controle, porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a
capazes sozinhas, ou que demorariam mais tempo para alcançar in- controle.
dividualmente.
Tipos: Joint ventures – Contratos de fornecimento de longo • Tipos de departamentalização
prazo – Investimentos acionários minoritário – Contratos de forne- É  uma forma de sistematização  da  estrutura organizacional,
cimento de insumos/ serviços – Pesquisas e desenvolvimento em visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação
conjunto – Funções e aquisições. com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa.
Vantagens: Ganho na posição de barganha (negociação) com Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te-
seus fornecedores e Aumento do custo de entrada dos potenciais nham esse ponto em comum.
concorrentes em um mercado = barreira de entrada. Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos
de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis
• Administração por objetivos de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de-
A Administração por objetivos (APO) foi criada por Peter Duc- partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem
ker que se trata do esforço administrativo que vem de baixo para relação com a divisão e variedade de tarefas.
cima, para fazer com que as organizações possam ser geridas atra-
vés dos objetivos. • Departamentalização funcional ou por funções: É a forma
Trata-se do envolvimento de todos os membros organizacio- mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan-
nais no processo de definição dos objetivos. Parte da premissa de do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções
que se os colaboradores absorverem a ideia e negociarem os obje- e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru-
tivos, estarão mais dispostos e comprometidos com o atingimento pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como
dos mesmos. financeira, marketing, pessoal, dentre outras.
Fases: Especificação dos objetivos – Desenvolvimento de pla- Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a
nos de ação – Monitoramento do processo – Avaliação dos resul- cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi-
tados. cada para ambientes estáveis.
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa-
• Balanced scorecard mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um
Percepção de Kaplan e Norton de que existem bens que são todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró-
intangíveis e que também precisam ser medidos. É necessário apre- prios objetivos e problemas.
sentar mais do que dados financeiros, porém, o financeiro ainda faz
parte do Balanced scorecard. • Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização
Ativos tangíveis são importantes, porém ativos intangíveis me- ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organiza-
recem atenção e podem ser ponto de diferenciação de uma organi- ção possui. Justificando-se assim, quando há necessidades hete-
zação para a outra. rogêneas entre os diversos públicos da organização. Por exemplo
Por fim, é a criação de um modelo que complementa os dados (loja de roupas): departamento masculino, departamento feminino,
financeiros do passado com indicadores que buscam medir os fato- departamento infantil.
res que levarão a organização a ter sucesso no futuro. Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às deman-
das específicas de cada nicho de clientes.
• Processo decisório Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos
É o processo de escolha do caminho mais adequado à organiza- globais da organização e multiplicação de funções semelhantes
ção em determinada circunstância. nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além de
Uma organização precisa estar capacitada a otimizar recursos e poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departamento
atividades, assim como criar um modelo competitivo que a possibi- diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao seu tipo de
lite superar os rivais. Julgando que o mercado é dinâmico e vive em cliente.
constante mudança, onde as ideias emergem devido às pressões.
Para que um negócio ganhe a vantagem competitiva é neces-
• Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga-
sário que ele alcance um desempenho superior. Para tanto, a or-
nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo
ganização deve estabelecer uma estratégia adequada, tomando as
assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ-
decisões certas.
tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga-
nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
— Organização
Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
• Estrutura organizacional equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um
A estrutura organizacional na administração é classificada melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan-
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilidades, do a eficiência e ganhos em produtividade.
sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões de uma
organização ou empresa. • Departamentalização por produtos: A organização se estru-
tura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou serviços.
Justificando-se quando a organização possui uma gama muito va-

121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
riada de produtos que utilizem tecnologias bem diversas entre si, • Organização formal e informal
ou mesmo que tenham especificidades na forma de escoamento da Organização formal trata-se de uma organização onde duas ou
produção ou na prestação de cada serviço. mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com um
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos en- relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela alta ad-
volvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, possibi- ministração e tem um conjunto de regras e regulamentos a seguir.
litando maior inovação na produção. O principal objetivo da organização é atingir as metas estabeleci-
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da or- das. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada indivíduo com
ganização, dificultando a coordenação entre eles. base em suas capacidades. Em outras palavras, existe uma cadeia
de comando com uma hierarquia organizacional e as autoridades
• Departamentalização geográfica: Ou departamentalização são delegadas para fazer o trabalho.
territorial, trata-se de critério de departamentalização em que a Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do mun- lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
do, alocando recursos, esforços e produtos conforme a demanda do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os dois
da região. membros é apenas por meio de canais planejados.
Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obviamen- Tipos de estruturas de organização formal:
te, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justificarão que — Organização de Linha
cada filial tenha suas especificidades, exatamente para atender a — Organização de linha e equipe
cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada filial nacional, — Organização funcional
poderão existir subdivisões, para atender às diferentes regiões de — Organização de Gerenciamento de Projetos
cada país, com seus costumes e desejos. Como cada filial estará — Organização Matricial
estabelecida em uma determinada região geográfica e as filiais es-
tarão focadas em atender ao público dessa região. Logo, provavel- Organização informal refere-se a uma estrutura social interliga-
mente haverá dificuldade em conciliar os interesses de cada filial da que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É pos-
geográfica com os objetivos gerais da empresa. sível formar organizações informais dentro das organizações. Além
disso, esta organização consiste em compreensão mútua, ajuda e
• Departamentalização por projetos: Os departamentos são amizade entre os membros devido ao relacionamento interpessoal
criados e os recursos alocados em cada projeto da organização. que constroem entre si. Normas sociais, conexões e interações go-
Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno das vernam o relacionamento entre os membros, ao contrário da orga-
construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter grande nização formal.
autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos objetivos de Embora os membros de uma organização informal tenham res-
cada projeto. ponsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacionem com
Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do projeto e seus próprios valores e interesses pessoais sem discriminação.
proporciona melhores resultados. A estrutura de uma organização informal é plana. Além disso,
Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como as decisões são tomadas por todos os membros de forma coleti-
um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estruturas va. A unidade é a melhor característica de uma organização infor-
(sugando mais recursos), e insegurança nos empregados sobre sua mal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem
continuidade ou não na empresa quando o projeto no qual estão regras e regulamentos rígidos dentro das organizações informais;
alocados se findar. regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis ​​às mudanças.
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados.
• Departamentalização matricial Existem muitas organizações informais dentro de organizações for-
Também é chamada de organização em grade, e é uma mistu- mais, portanto, eles são mutuamente exclusivos.
ra da departamentalização funcional (mais verticalizada), com uma
outra mais horizontalizada, que geralmente é a por projetos. • Cultura organizacional
Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por res- A  cultura organizacional  é responsável por reunir os hábitos,
ponder ao comando da linha funcional e ao gerente da horizontal. comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas in-
Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou balanceada: ternas e externas da organização.
• Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autoridade;
• Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade; — Direção
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre os Direção essencialmente como uma função humana, apêndice
gerentes de projeto e funcional. de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços para que
os indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela or-
Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização ganização.
matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacida-
de estrutura organizacional. de de sobrevivência (gatilhos da motivação)

Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autono- • Motivação


mia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administra- “Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e mo-
tivo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os tivos que são responsáveis pela direção, intensidade e persistência
empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões do comportamento humano em busca de resultados. ” É o que des-
e dificuldade de coordenação. perta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos. Algo
acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível
parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa.

122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança é o que
próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio. consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os poderes for-
Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sem- mais e informais.
pre uma resposta interna aos estímulos.
• Tipos de Liderança:
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incenti-
vos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e
liderados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Ins-
pira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima
da transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de
agentes de mudança e inovação.

• Comunicação
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é ne-
cessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo
dentro da organização. A organização que possui uma boa comuni-
cação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente
gera melhores resultados.
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o
êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarreta-
rá um grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificul-
tando a organização de atingir seus objetivos.
Através da comunicação a organização, bem como sua lideran-
ça, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma mais
efetiva.
A comunicação interna tem como objetivo manter os indiví-
duos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e
resultados obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a
Liderança organização competitiva no mercado.
Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto
ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança • Descentralização e delegação
– influência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não Centralização ocorre quando uma organização decide que a
fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder para maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos car-
influenciar o comportamento de outras pessoas, ocorrendo em gos no topo somente. Descentralização ocorre quando o contrário
uma dada situação. acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está
— Liderança precisa de pessoas. dispersa pela empresa, na base, através dos diversos setores.
— Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude Delegação é o processo usado para transferir autoridade e res-
de comportamento. ponsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierár-
— Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via quicos inferiores.
informal.
— Situação: em determinadas situações a liderança pode apa- — Controle
recer. Segundo Djalma de Oliveira:
“Controle é uma função do processo administrativo que, me-
Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por diante a comparação com padrões previamente estabelecidos, pro-
algum aspecto) – Liderança – Poder. cura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a
A influência acontece e gera a liderança, o poder é por onde finalidade de realimentar os tomadores de decisões, de forma que
essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal. possam corrigir ou reforçar esse desempenho ou interferir em fun-
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém ções do processo administrativo, para assegurar que os resultados
fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que satisfaçam aos desafios e aos objetivos estabelecidos. ”
este ofereça resistência. ” – Exemplo: votação, alistamento militar Segundo Robbins e Coulter:
para homens. “O processo de monitorar as atividades de forma a assegurar
— Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao car- que elas estejam sendo realizadas conforme o planejado e corrigir
go e ficam no cargo independente de quem o ocupe. Já poderes quaisquer desvios significativos. ”
informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do Segundo Maximiano:
cargo que o indivíduo ocupe. “Consiste em fazer comparação e tomar a decisão de confirmar
— Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém ou modificar os objetivos e os recursos empregados em sua reali-
tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de con- zação. ”
duzir ações.
— Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações No processo administrativo o controle aparece como a etapa
baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes for- final, porém, o controle acontece durante todas as fases do proces-
mais. E o líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue so, é contínua.
liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente
do cargo que ocupe.

123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Objetivo:
— Identificar os problemas, falhas, erros e desvios.
— Fazer com que os resultados obtidos estejam próximos dos resultados esperados.
— Fazer com que a organização trabalhe de forma mais adequada.
— Proporcionar informações gerenciais periódicas.
— Redefinir e retroalimentar os objetivos (feedback).

• Características
- Monitorar e avaliar ações.
- Verificar desvios (positivos e negativos)
- Promover mudanças (correção e aprimoramento)

• Tipos, vantagens e desvantagens.


— Preventivo (ex-ante): Controle proativo. Objetiva prevenir, evitar e identificar possíveis problemas, antes que eles aconteçam.
— Simultâneo: Controle reativo. Acontece durante a execução das tarefas. Controle estatístico da produção, verificar as margens de
erro de produção. Avaliação, monitoramento.
— Posterior (ex-post): Controle reativo. Inspeção no final do processo produtivo se avalia o resultado dado. Acontece após.

• Sistema de medição de desempenho organizacional


Faz parte das etapas do Processo de Controle os sistemas de medição de desempenho, onde pode-se:
— Estabelecer padrões: definição de objetivos, metas e desempenho esperado.
— Monitorar desempenho: acompanhar, coletar informação, andar simultaneamente ao processo. Determinar o que medir, como
medir e quando medir.
— Comparação com o padrão: análise dos resultados reais em comparação com o objetivo previamente estabelecido.
— Medidas Corretivas: tomar as decisões que levem a organização a atingir os resultados desejados. Caminhos: Não mudar nada.
Corrigir desempenho. Alterar padrões.
Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de trabalho nas organizações do mundo contemporâneo. As evidências
sugerem que as equipes são capazes de melhorar o desempenho dos indivíduos quando a tarefa requer múltiplas habilidades, jul-
gamentos e experiências. Quando as organizações se reestruturaram para competir de modo mais eficiente e eficaz, escolheram as
equipes como forma de utilizar melhor os talentos dos seus funcionários. As empresas descobriram que as equipes são mais flexíveis
e reagem melhor às mudanças do que os departamentos tradicionais ou outras formas de agrupamentos permanentes. As equipes
têm capacidade para se estruturar, iniciar seu trabalho, redefinir seu foco e se dissolver rapidamente. Outras características im-
portantes é que as equipes são uma forma eficaz de facilitar a participação dos trabalhadores nos processos decisórios aumentar a
motivação dos funcionários.

CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA

CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS
Embora com focos diferentes, observamos que a Administração Pública traz para sua forma de gestão cada vez mais conceitos utili-
zados na Administração Privada, visto que, mesmo em cenários diferentes os desafios e problemas organizacionais, são de certo modo,
muito semelhantes em alguns aspectos.
Apesar dessa tendência, alguns aspectos ainda apresentam diferenças, conforme colocaremos no quadro comparativo abaixo para
melhor visualização.

ASPECTO ADM. PÚBLICA ADM. PRIVADA


Objetivo Atender necessidades coletivas (socie- Atender Interesses Individuais (Lucro)
dade)
Obtenção de recursos Receitas derivadas de Tributos Investimento privado e receitas advindas
dos negócios praticados
Mecanismo de controle do Controle Político através das eleições Controle pelo Mercado, através da concor-
desempenho rência com outras organizações.
Subordinação ao ordenamento Tudo o que não está juridicamente deter- Tudo o que não está juridicamente proibido
jurídico minado está juridicamente proibido. Prepon- está juridicamente facultado. Preponderância
derância de normas de direito público (direito de normas de direito privado (contratual; direito
constitucional e administrativo). civil e direito comercial)
Garantia da sobrevivência Tempo de existência indeterminado: o Sobrevivência depende da eficiência organi-
Estado não vai à falência. zacional; competitividade acirrada no mercado

124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA

Processo de Tomada de deci- Decisões mais lentas, influenciadas por Decisões mais rápidas, buscando a racio-
são variáveis de ordem política. Políticas Públicas nalidade. Políticas Empresariais voltadas para
de acordo com os programas de Governo objetivos de mercado.
Modo de criação, alteração ou Através da Lei Através de instrumento contratual ou
extinção societário
Concorrência Tendencialmente inexistente ou limita Outras empresas ou profissionais do seg-
mento no mercado

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administração pública
Conceito
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a atividade que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos inte-
resses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos.
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como “a
atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos interes-
ses coletivos”.
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e órgãos
administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa em sentido
objetivo.
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
Em suma, temos:

SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e


SUBJETIVO órgãos administrativos}.
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e
SUBJETIVO agentes públicos}.
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis-
OBJETIVO trativa}.
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por
OBJETIVO esses entes}.

Existem funções na Administração Pública que são exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são sub-
divididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e serviço público.
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada uma das funções. Vejamos:
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilidade ou
de interesse público.
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa. São os atos da Administração que limitam interesses individuais em
prol do interesse coletivo.
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Administração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satisfazer os
anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime jurídico e com predominância pública. O serviço público também regula a ati-
vidade permanente de edição de atos normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementativa de políticas
de governo.
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de governo e desempenhar a função administrativa em favor do interesse
público, dentre outros atributos essenciais ao bom andamento da Administração Pública como um todo com o incentivo das atividades
privadas de interesse social, visando sempre o interesse público.
A Administração Pública também possui elementos que a compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado
por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa estatal.

— Observação importante:
Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da co-
letividade. Em se tratando do direito público externo, possuem a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas nações
estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
No direito público interno encontra-se, no âmbito da administração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Distrito
Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).

125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art. po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação
41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi- em concurso público para o provimento dos cargos públicos.
cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con- Princípios Administrativos
sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados, Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad-
Municípios e Distrito Federal). ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017), Vejamos:
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de – Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra-
um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito
jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre- Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo
tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é
de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or- considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva
pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica. atuar somente no instante e da forma que a lei permitir.
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade — Observação importante: O princípio da legalidade considera
aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa. a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen- art. 59 da Constituição Federal.
te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute- – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez, óticas:
os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
observadas em matérias específicas ou diante das particularidades aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes. na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in- na objetividade.
tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe-
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
dando-lhe unicidade e coerência. primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
sitivados e não escritos na lei de forma expressa. terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’

— Observação importante: – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati-


Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci- va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im- na Administração Pública.
plícitos.
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin- conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis- costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público. nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.

– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-


Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
os individuais.
pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
Sua principal função é orientar a nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que dade sobre os seus atos.
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
PÚBLICO
ses da Administração Pública. luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais ser afastado.
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri-

126
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra- O Estado tem passado a desempenhar um papel-chave como
tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos produtor de valor público, e como tal tem priorizado a criação de
não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados. condições para o desenvolvimento e o bem-estar social, além da
produção de serviços e da oferta de infra-estrutura.
– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser Esta mudança na função do Estado tem transformado várias
exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo- frentes da administração pública, pela exigência cada vez mais con-
micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier- tundente dos cidadãos que exercem também o papel de usuários
namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a dos serviços.
EC n. 19/1998. A crise fiscal do modelo anterior, uma vez esgotado o período
de esplendor do Estado do Bem-Estar, tem trazido novos proble-
São decorrentes do princípio da eficiência: mas. Dentre eles, destaca-se a crescente necessidade de atender
a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça- uma demanda irrefreável de bens públicos de boa qualidade, típica
mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis- do Estado de Bem-Estar, porém hoje acompanhada da exigência de
trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão. diminuir a pressão fiscal – inclusive naqueles casos em que ainda
persiste um modelo de estado anterior ao de bem-estar. Esta substi-
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial tuição de missão trouxe muitos desafios ao Estado, entre os quais a
para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do redefinição dos conceitos de administração, gestão pública e valor
art. 41, § 4º da CFB/88. público.
Além disso, essas transformações têm afetado profundamente
as práticas dos dirigentes públicos (políticos e gerentes) e a teoria
GESTÃO DE RESULTADOS NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS na qual fundamentavam suas ações.
PÚBLICOS Da mesma forma, esta mudança afetou o sistema de controle
da ação do Estado; está-se migrando da exigência de rigor nos pro-
A gestão privada prioriza o econômico-mercantil e desenvolve cedimentos para a exigência de resultados – inerente a um Estado
seus instrumentos e processos de gestão sempre dando prioridade que se apresenta como provedor de serviços, capacitador de de-
às finalidades de ordem econômica, sobretudo mercadológica. A senvolvimento e fornecedor de bem-estar. Desta troca de missão se
deriva uma variação na posição do cidadão perante o Estado.
gestão pública tem como atribuição a gestão de necessidades do
O cidadão comum se preocupa em assegurar-se uma correta
social, principalmente por meio das chamadas políticas públicas e
e burocrática (homogênea, idêntica e não discricionária) aplicação
políticas sociais.
da lei e da norma. O cidadão-usuário se interessa por conseguir o
Gestão pública refere-se às funções de gerência pública dos ne-
melhor retorno fiscal – enquanto bens coletivos.
gócios do governo.
Vê-se, pois, que o Estado deve deslocar sua atenção, antes co-
De uma maneira sucinta, pode-se classificar o agir do adminis-
locada no procedimento como produto principal de sua atividade,
trador público em três níveis distintos:
agora voltada para o de serviços e bem-estar. A gestão por resul-
a) atos de governo, que situam-se na órbita política;
tados é um dos lemas que melhor representa o novo desafio. Isto
b) atos de administração, atividade neutra, vinculada à lei; e
não significa que não interessa o modo de fazer as coisas, apenas
c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parâmetro
exprime que agora é muito mais relevante o quê se faz pelo bem da
básicos:
comunidade.
I - tradução da missão;
Nestes últimos tempos, a Gestão Pública – como disciplina –
II - realização de planejamento e controle;
tem abordado estes desafios novos com o auxílio da lógica geren-
III - administração de recursos humanos, materiais, tecnológi-
cial, isto é, pela racionalidade econômica que procura conseguir
cos e financeiros;
eficácia e eficiência. Esta lógica compartilha, mais ou menos expli-
IV - inserção de cada unidade organizacional no foco da orga-
nização; e citamente, três propósitos fundamentais:
V - tomada de decisão diante de conflitos internos e externos. • Assegurar a constante otimização do uso dos recursos pú-
blicos na produção e distribuição de bens públicos como resposta
Portanto, fica clara a importância da gestão pública na realiza- às exigências de mais serviços e menos impostos, mais eficácia e
ção do interesse público, porque é ela que vai viabilizar o controle mais eficiência, mais equidade e mais qualidade.
da eficiência do Estado na realização do bem comum estabelecido • Assegurar que o processo de produção de bens e serviços
politicamente e normatizado administrativamente. públicos (incluindo a concessão, a distribuição e a melhoria da pro-
No que tange a gestão por resultados, temos que a sociedade dutividade) seja transparente, equitativo e controlável.
demanda – de modo insistente – a necessidade de promover um • Promover e desenvolver mecanismos internos que me-
crescimento constante da produtividade no ambiente público, exi- lhorem o desempenho dos dirigentes e servidores públicos, e, com
gindo a redução da pressão fiscal e o incremento, ao mesmo tempo, isso, fomentar a efetividade dos organismos governamentais, visan-
da produção de bens públicos. O resultado se transforma, assim, do a concretização dos objetivos anteriores.
em um instrumento-chave para a valorização da ação pública; e a
gestão para resultados e do resultado surge como instrumento e Estes objetivos, presentes nas atuais demandas cidadãs e aos
objetivo da melhoria e modernização da administração pública. quais se orienta a Gestão por Resultados (GpR), são, conjuntamen-
As especificidades nacionais, a natureza abrangente do concei- te com a democracia, o principal pilar de legitimidade do Estado
to gestão para resultados – derivada da própria lógica integrado- atual. Desta forma, a Nova Gestão Pública fornece os elementos
ra do processo de gestão – e a enorme quantidade de produção necessários à melhoria da capacidade de gerenciamento da admi-
teórica, conceitual, operacional e experimental existente sobre o nistração pública bem como à elevação do grau de governabilidade
tema, convidam e obrigam à mais absoluta humildade em qualquer do sistema político.
tentativa de aproximação ao tema. O conceito e a prática da GpR no setor público têm um grau de
desenvolvimento e consolidação relativamente baixo. Inicialmente,
a GpR se utilizou principalmente no setor privado, mesmo quando

127
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
o governo federal dos Estados Unidos da América começou a usar Todas estas dimensões situam a GpR como uma ferramenta
algumas de suas propostas no gerenciamento de diferentes órgãos cultural, conceitual e operacional, que se orienta a priorizar o resul-
públicos. Somente durante o governo do presidente Nixon é que se tado em todas as ações, e que é capaz de otimizar o desempenho
começou a implantar no conjunto da administração pública o que governamental. Assim, se trata de um exercício de direção dos orga-
passou a ser conhecida como a Nova Gestão Pública. nismos públicos que procura conhecer e atuar sobre todos aqueles
Esta moderna filosofia sugere a passagem de uma gestão buro- aspectos que afetem ou modelem os resultados da organização.
crática a uma de tipo gerencial. A GpR tem, portanto, uma dimensão de controle organizacio-
nal que convém esclarecer, pois o conceito de controle no setor pú-
Na base destas novas ideias se encontrava uma preocupação blico possui conotações particulares derivadas, fundamentalmente,
generalizada sobre as mudanças que o entorno exigia e sobre a im- do sistema de auditoria externa que domina nesse Estado. A fer-
periosa necessidade de repensar o papel do Estado; de melhorar a ramenta GpR não faz parte dessa concepção de controle, mas de
eficiência, a eficácia e a qualidade dos serviços públicos; de otimizar outro universo: o de gestão e direção estratégico/operacional, por-
o desempenho dos servidores públicos e das organizações em que que permite e facilita aos gerentes da administração pública melhor
trabalhavam. conhecimento, maior capacidade de análise, desenho de alternati-
Vários estudiosos e especialistas em gestão pública alertaram vas e tomada de decisões para que sejam alcançados os melhores
para os benefícios que o enfoque da GpR poderia trazer para este resultados possíveis, afinados com os objetivos pré-fixados.
novo cenário. De acordo com Emery, a GpR acarreta três tipos de É importante assinalar esta diferença porque, muito embora a
considerações para a administração do setor público: GpR seja uma boa base para uma melhor prestação de contas (e
• Constitucionais: a maioria das constituições regula o uso uma maior transparência), sua função principal não é a de servir
dos fundos públicos por parte das autoridades em cumprimento de como instrumento de controle da atuação dos gerentes públicos,
mandato. mas a de proporcionar a eles um meio de monitoramento e regula-
• Políticas: as autoridades devem responder pelas suas ção que lhes garanta o exercício de suas
ações e pelo conteúdo dos seus programas eleitorais, por respeito
ao princípio da responsabilidade do cargo. A Gestão por Resultados (GpR) está caracterizada por:
• Cidadãs: por obediência ao princípio de delegação de- • Uma estratégia na qual se definam os resultados espera-
mocrática, os cidadãos confiam nas autoridades eleitas, delegan- dos por um organismo público no que se refere à mudança social e
do-lhes a gestão dos fundos públicos – produto da coleta de seus à produção de bens e serviços;
impostos. • Uma cultura e um conjunto de ferramentas de gestão
orientado à melhoria da eficácia, da eficiência, da produtividade e
Apesar de existirem muitos documentos que tratem da GpR, da efetividade no uso dos recursos do Estado para uma melhora
não existe uma definição única para ela. A maioria dos textos usa dos resultados no desempenho das organizações públicas e de seus
este termo como uma noção “guarda-chuvas”, por assim dizer. Na funcionários;
literatura em língua espanhola é comum achar um uso indistinto de • Sistemas de informação que permitam monitorar a ação
conceitos: controle de gestão, gestão do desempenho, gestão por pública, informar à sociedade e identificar o serviço realizado, ava-
resultados, gestão por objetivos, avaliação do desempenho, avalia- liando-o;
ção de resultados, sem uma clara diferenciação. • Promoção da qualidade dos serviços prestados aos cida-
Trata-se, portanto, de um conceito muito amplo quanto ao seu dãos, mediante um processo de melhoramento contínuo;
uso, interpretação e definição. A heterogeneidade da expressão e • Sistemas de contratação de funcionários de gerência pú-
do conceito também se observa na sua aplicação operacional: os blica, visando aprofundar a responsabilidade, o compromisso e a
países põem em prática a GpR segundo suas próprias perspectivas. capacidade de ação dos mesmos;
Um estudo para identificar o significado que lhe atribuem os
• Sistemas de informação que favoreçam a tomada de deci-
gestores públicos de diferentes nações demonstrou que frequen-
sões dos que participam destes processos.
temente eles empregam os mesmo termos com sentido diferente.
É assim como o conceito “resultados” varia notavelmente entre as
Por conseguinte, com base nestes elementos, sugere-se a se-
distintas instituições públicas. Isto não ocorre na empresa privada,
guinte definição para a GpR:
onde os indicadores-chave do êxito se conhecem nitidamente: ren-
A Gestão para Resultados é um marco conceitual cuja função
tabilidade, benefícios, quotas de mercado etc. Muitos autores des-
é a de facilitar às organizações públicas a direção efetiva e integra-
tacam a dificuldade de determinar e avaliar os resultados da ação
estatal como uma das características que diferenciam a gestão do da de seu processo de criação de valor público, a fim de otimizá-lo,
setor público do privado. assegurando a máxima eficácia, eficiência e efetividade de desem-
Pode-se observar que a GpR possui as seguintes dimensões: penho, além da consecução dos objetivos de governo e a melhora
• É um marco conceitual de gestão organizacional, pública contínua de suas instituições.
ou privada, em que o fator resultado se converte na referência-cha- Dentre as principais transformações na direção das empresas
ve quando aplicado a todo o processo de gestão. e nas práticas gerenciais em geral, destaca-se o desenvolvimento
• É um marco de assunção de responsabilidade de gestão, de organizações articuladas em redes, com a finalidade de agregar
por causa da vinculação dos dirigentes ao resultado obtido. valor à sua cadeia produtiva.
• É um marco de referência capaz de integrar os diversos As novas formas organizacionais vêm sendo visualizadas basi-
componentes do processo de gestão, pois se propõe interconectá- camente de duas maneiras: como representação de uma lógica de
-los para otimizar o seu funcionamento. ação diferente da instrumental, que é típica do modelo modernista
• Finalmente, e especialmente na esfera pública, a GpR se de organização, e como simples aperfeiçoamento da abordagem
apresenta como uma proposta de cultura organizadora, diretora, contingencial da administração.
de gestão, mediante a qual se põe ênfase nos resultados e não nos É importante salientar que os traços que compõem as novas
processos e procedimentos. formas organizacionais trazem à tona a condição implícita da fle-
xibilidade na gestão das organizações. No entanto a flexibilidade

128
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
compreende diversos aspectos relacionados à adaptação da orga- desempenho está de acordo com as expectativas, qual é o seu valor
nização frente às mudanças constantes no ambiente tanto externo para a empresa e onde poderá chegar caso permaneça nesta em-
quanto interno. presa ou vá para outra qualquer.
O surgimento de uma economia informacional global deve-se Uma das práticas mais úteis para ajudar a encarar este desafio
a transformações profundas ocorridas no ambiente econômico nos tem sido o processo de gestão do desempenho.
últimos anos, mais especificamente na organização da produção Trata-se de um processo mais recente, no âmbito da gestão
e na configuração dos mercados ao redor do mundo. Apoiadas na de pessoas, que vem evoluindo muito nas organizações, passando
tecnologia da informação, estas mudanças eram uma resposta das de um mero processo de avaliação para um processo de gestão da
organizações ao acelerado ritmo dos acontecimentos. aprendizagem, do autodesenvolvimento, da gestão da própria car-
reira, das aspirações profissionais, além da contratação de resulta-
Desenvolver a gestão de agentes sociais em redes, ao mesmo dos quantitativos do negócio.
tempo que possibilita articular vários saberes e habilidades em Antes praticava-se a avaliação de desempenho focando-se es-
torno de uma atividade de forma dinâmica, estimula a iniciativa, sencialmente números, metas e objetivos, identificando-se ao final
a flexibilidade e a participação dos integrantes, direcionados ao in- de um período os resultados obtidos pela empresa, área ou unida-
cremento da conectividade. Isso faz com que as parcerias sejam o de de trabalho e dos indivíduos que tinham seus objetivos cascatea-
instrumento principal de geração de informação e conhecimento dos dos objetivos e metas mais amplos da empresa.
destinados ao serviço que visam prestar. Hoje, na era do planejamento e dos mapas estratégicos, as or-
A constituição de uma teia de relações em torno de objetivos ganizações, além de traçarem seus planos de negócio e resultados
delimitados e fortemente compartilhados, articulada para a concre- esperados, também definem as expectativas de seus clientes, as
tização de atividades diversas e mutáveis, amplia o campo de ação competências essenciais da organização, traços de cultura e valores
das organizações não governamentais, gerando oportunidades e e diferenciais dos produtos e de serviços que não podem ser tradu-
aumentando seu potencial competitivo. zidos apenas em números e que demandam uma avaliação compor-
Participar de uma rede organizacional envolve, portanto, algo tamental, por parte dos gestores, tornando o processo mais subje-
mais do que apenas trocar informações a respeito dos trabalhos tivo e cheio de significados específicos para o sucesso do negócio.
que um grupo de organizações realiza isoladamente. Estar em rede A partir das definições de metas e objetivos do negócio, da cla-
significa comprometer-se a realizar conjuntamente ações concre- rificação dos valores e competências requeridas para a organização
tas, compartilhando valores e atuando de forma flexível, transpon- e para o cargo e dos profissionais expressarem suas aspirações e
do, assim, fronteiras geográficas, hierárquicas, sociais ou políticas. registrarem seu histórico profissional e de aprendizagem, um banco
Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indiví- de dados pode ser elaborado e com a ajuda da tecnologia, pode
duos e instituições, de forma democrática e participativa, em torno ser acompanhado pela empresa gerando um verdadeiro mapa de
de causas afins. Estruturas flexíveis e estabelecidas horizontalmen- talentos e potenciais, onde os critérios do desempenho superior
te, as dinâmicas de trabalho das redes supõem atuações colaborati- ficam mais claros e transparentes para todos os envolvidos no pro-
vas e se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, ca- cesso.
racterizando-se como um significativo recurso organizacional para a Em outras palavras a gestão do desempenho tem sido uma
estruturação social. importante ferramenta de competitividade e de identidade orga-
A palavra rede é bem antiga e vem do latim retis, significando o nizacional. Ela permite que colaboradores, gestores e a área de Re-
entrelaçamento de fios com aberturas regulares que formam uma cursos Humanos, construam ciclos virtuosos de comprometimento,
espécie de tecido. A partir da noção de entrelaçamento, malha e na medida em que articulam os interesses da empresa, da área e
estrutura reticulada, a palavra rede foi ganhando novos significados do indivíduo, atingindo um elevado nível de qualidade e excelência
ao longo dos tempos, passando a ser empregada em diferentes si- gerencial.
tuações.
Uma estrutura em rede significa que seus integrantes se ligam Fundamentos de Excelência Gerencial
horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos Os fundamentos da excelência são conceitos que definem o en-
que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha de múl- tendimento contemporâneo de uma gestão de excelência na admi-
tiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os la- nistração pública e que, orientados pelos princípios constitucionais,
dos, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal compõem a estrutura de sustentação do Modelo de Excelência em
ou representante dos demais. Pode-se dizer que no trabalho em Gestão Pública e estão classificados como:
rede não há um “chefe”, o que há é uma equipe trabalhando com
uma vontade coletiva de realizar determinado objetivo. 1) Pensamento sistêmico
Dessa forma, as redes apresentam-se como uma solução viável Entendimento das relações de interdependência entre os di-
e desejável aos cidadãos ativos e conscientes das necessidades de versos componentes de uma organização, bem como entre a orga-
transformações do mundo, reduzindo o nível de incertezas causado nização e o ambiente externo, com foco na sociedade.
pelas constantes e abruptas mudanças no mercado. As organiza- Esse conceito é colocado em prática quando se considera que
ções, sejam empresariais ou não, estão constantemente em busca as organizações são constituídas por uma complexa combinação de
de estruturas capazes de enfrentar ambientes de maior complexi- recursos humanos e organizacionais, cujo desempenho pode afe-
dade. Uma das respostas a esta busca por estruturas e estratégias tar, positiva ou negativamente, a organização em seu conjunto. As
alternativas de trabalho é o surgimento de uma forma de atuação organizações públicas são vistas como sistemas vivos, integrantes
que articula organizações e pessoas em um padrão de rede. de ecossistemas complexos que devem interagir com o meio e se
No mundo empresarial, identificar o profissional de desempe- adaptar. Assim, é importante que o seu sistema de gestão seja di-
nho superior, aquele que traz resultados significativos para a em- nâmico e capaz de contemplar a organização como um todo para
presa e que não deveria ser “perdido” para o mercado é ainda um rever e consolidar os seus objetivos e suas estratégias, observando
desafio para os gestores, para a área de Recursos Humanos e para o alinhamento e a interconexão dos seus componentes, ou seja, a
o próprio profissional que, na maioria das vezes, não sabe se seu consistência entre os seus objetivos, planos, processos, ações e as
respectivas mensurações.

129
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Como sistemas vivos, as organizações precisam aprender a va- Esse conceito é colocado em prática por meio da compreensão
lorizar as redes formais com cidadãos-usuários, interessados e par- do processo como um conjunto de atividades inter-relacionadas ou
ceiros, bem como as redes que emergem informalmente, entre as interativas que transformam insumos (entradas) em produtos/ser-
pessoas que as integram, e destas com pessoas de outras organiza- viços (saídas) com alto valor agregado. Os fatos e dados gerados em
ções e entidades. Dessa forma, o pensamento sistêmico pressupõe cada um desses processos, bem como os obtidos externamente à
que as pessoas da organização entendam o seu papel no todo (as organização, se transformam em informações que subsidiam a to-
inter-relações entre os elementos que compõem a organização – a mada de decisão e alimentam a produção de conhecimentos.
dimensão interna e a dimensão externa). Esses conhecimentos dão à organização pública alta capacida-
de para agir e poder para inovar. A tomada de decisões e a execução
2) Aprendizado organizacional de ações devem estar suportadas por medição e análise do desem-
Busca contínua e alcance de novos patamares de conhecimen- penho, levando-se em consideração as informações disponíveis,
to, individuais e coletivos, por meio da percepção, reflexão, avalia- além de incluir os riscos identificados. As informações e dados de-
ção e compartilhamento de informações e experiências. finem tendências, projeções e causas e efeitos e devem, portanto,
Esse conceito é colocado em prática na medida em que a or- subsidiar o planejamento, a avaliação, a tomada de decisões e a
ganização busca de maneira estruturada, específica e proativa, o implementação de melhorias. A excelência em gestão pressupõe:
conhecimento compartilhado, incentiva a experimentação, utiliza o obtenção e tratamento sistemáticos de dados e informações de
erro como instrumento pedagógico, dissemina suas melhores prá- qualidade, alinhados às suas necessidades; sistemas de informa-
ticas, desenvolve soluções e implementa refinamentos e inovações ções estruturados e adequados; e obtenção e uso sistemáticos de
de forma sustentável, coloca em prática o aprendizado organizacio- informações comparativas. A orientação por processos permite pla-
nal. Preservar o conhecimento que a organização tem de si própria, nejar e executar melhor as atividades pela definição adequada de
de sua gestão e de seus processos é fator básico para a sua evolu- responsabilidades, uso dos recursos de modo mais eficiente, rea-
ção. lização de prevenção e solução de problemas, eliminação de ati-
vidades redundantes, aumentando a produtividade. A orientação
3) Cultura da inovação por processos e informações implica postura próativa relacionada à
Promoção de um ambiente favorável à criatividade, à experi- noção de antecipação e resposta rápida às mudanças do ambiente
mentação e à implementação de novas ideias que possam gerar um – percepção dos sinais do ambiente e antecipação – com vistas a
diferencial para a atuação da organização. evitar problemas e/ou aproveitar oportunidades. A resposta rápida
Esse conceito é colocado em prática ao buscar e desenvolver agrega valor à prestação dos serviços públicos e aos resultados do
continuamente ideias originais e incorporá-las aos processos, pro- exercício do poder de Estado.
dutos, serviços e relacionamentos, associado ao rompimento das
barreiras do serviço público antiquado e burocrático de forma a oti- 6) Visão de futuro
mizar o uso dos recursos públicos e produzir resultados eficientes Indica o rumo de uma organização e a constância de propósitos
para a sociedade. que a mantém nesse rumo. Está diretamente relacionada à capaci-
dade de estabelecer um estado futuro desejado que dê coerência
4) Liderança e constância de propósitos ao processo decisório e que permita à organização antecipar-se às
A liderança é o elemento promotor da gestão, responsável pela necessidades e expectativas dos cidadãos e da sociedade. Inclui,
orientação, estímulo e comprometimento para o alcance e melho- também, a compreensão dos fatores externos que afetam a organi-
ria dos resultados organizacionais e deve atuar de forma aberta, zação com o objetivo de gerenciar seu impacto na sociedade.
democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando o de- Por meio da formulação das estratégias a organização se pre-
senvolvimento da cultura da excelência, a promoção de relações de para para colocar em prática sua Visão de Futuro. O alcance dessa
qualidade e a proteção do interesse público. É exercida pela alta visão é o resultado da implementação dessas estratégias sistemati-
administração, entendida como o mais alto nível gerencial e asses- camente monitoradas, levando em consideração as tendências do
soria da organização. ambiente externo, as necessidades e expectativas das partes inte-
Esse conceito é colocado em prática por meio da participação
ressadas, os desenvolvimentos tecnológicos, os requisitos legais, as
pessoal, ativa e continuada da alta administração que é fundamen-
mudanças estratégicas dos concorrentes e as necessidades da so-
tal para dar unidade de propósitos à organização. Seu papel inclui a
ciedade, no sentido de readequá-las e redirecioná-las, quando for
criação de um ambiente propício à inovação e ao aperfeiçoamento
o caso. Assim uma organização com Visão de Futuro pensa, planeja
constantes, à gestão do conhecimento, ao aprendizado organizacio-
e aprende estrategicamente, obtendo resultados de alto desempe-
nal, ao desenvolvimento da capacidade da organização de se ante-
nho e sustentáveis.
cipar e se adaptar com agilidade às mudanças no seu ecossistema
e de estabelecer conexões estratégicas. A alta administração deve
atuar como mentora, precisa ter visão sistêmica e abrangente, ul- 7) Geração de valor
trapassando as fronteiras da organização e as restrições de curto Alcance de resultados consistentes, assegurando o aumento de
prazo, mantendo comportamento ético e habilidade de negociação, valor tangível e intangível de forma sustentada para todas as partes
liderando pelo exemplo. A sua ação da liderança deve conduzir ao interessadas.
cumprimento da missão e alcance da visão de futuro da organiza- Esse conceito é colocado em prática considerando que gerar
ção. valor para todas as partes interessadas visa aprimorar relações de
qualidade e assegurar o desenvolvimento da organização. Ao agir
5) Orientação por processos e informações desta forma a organização enfatiza o acompanhamento dos resul-
Compreensão e segmentação do conjunto das atividades e pro- tados em relação às suas finalidades e às suas metas, a comparação
cessos da organização que agreguem valor para as partes interessa- destes com referenciais pertinentes e o monitoramento da satis-
das, sendo que a tomada de decisões e a execução de ações devem fação de todas as partes interessadas, obtendo sucesso de forma
ter como base a medição e análise do desempenho, levando-se em sustentada e adicionando valor para todas elas. A geração de valor
consideração as informações disponíveis. depende cada vez mais dos ativos intangíveis, que atualmente re-

130
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
presentam a maior parte do valor das organizações públicas. Isto das por um determinado período e envolvem a negociação e o claro
implica visão estratégica das lideranças para possibilitar à sociedade entendimento das funções de cada parte, bem como dos benefícios
a percepção da utilidade e da credibilidade da própria organização. decorrentes.

8) Comprometimento com as pessoas 11) Responsabilidade social


Estabelecimento de relações com as pessoas, criando condi- Atuação voltada para assegurar às pessoas a condição de cida-
ções de melhoria da qualidade nas relações de trabalho, para que dania com garantia de acesso aos bens e serviços essenciais, e ao
elas se realizem profissional e humanamente, maximizando seu de- mesmo tempo tendo também como um dos princípios gerenciais
sempenho por meio do comprometimento, de oportunidade para a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, po-
desenvolver competências e de empreender, com incentivo e reco- tencializando a capacidade das gerações futuras de atender suas
nhecimento. próprias necessidades.
A prática desse conceito pressupõe dar autonomia para atingir A prática pressupõe o reconhecimento da sociedade como
metas e alcançar resultados, assumir riscos, criar oportunidade de parte integrante do ecossistema da organização, com necessidades
aprendizado e desenvolvimento de competência e reconhecendo o e expectativas que precisam ser identificadas, compreendidas e
bom desempenho, criando práticas flexíveis e produtivas para atrair atendidas. Trata-se do exercício constante da consciência moral e
e reter talentos, propiciando um clima organizacional participativo cívica da organização, advinda da ampla compreensão de seu pa-
e agradável. Criar um ambiente flexível e estimulante à geração do pel no desenvolvimento da sociedade. O respeito à individualidade,
conhecimento, disseminando os valores e as crenças da organiza- ao sentimento coletivo e à liberdade de associação, assim como a
ção e assegurando um fluxo aberto e contínuo de informações é adoção de políticas não-discriminatórias e de proteção das mino-
fundamental para que as pessoas se motivem e atuem com auto- rias são regras básicas nas relações da organização com as pessoas.
nomia. A organização deve buscar o desenvolvimento sustentável,
identificar os impactos na sociedade que possam decorrer de suas
9) Foco no cidadão e na sociedade instalações, processos, produtos e serviços e executar ações pre-
Direcionamento das ações públicas para atender, regular e con- ventivas para eliminar ou minimizar esses impactos em todo o ciclo
tinuamente, as necessidades dos cidadãos e da sociedade, na con- de vida das instalações, produtos e serviços.
dição de sujeitos de direitos, beneficiários dos serviços públicos e Adicionalmente, deve preservar os ecossistemas naturais, con-
destinatários da ação decorrente do poder de Estado exercido pelas servar os recursos não-renováveis e racionalizar o uso dos recursos
organizações públicas. renováveis. Além do atendimento e superação dos requisitos legais
Esse conceito é colocado em prática considerando que os ci- e regulamentares associados aos seus bens, serviços, processos e
dadãos usuários, atuais e potenciais, e a sociedade são sujeitos de instalações. O exercício da cidadania pressupõe o apoio a ações de
direitos e as organizações públicas têm obrigação de atender, com interesse social e pode incluir: a educação e a assistência comunitá-
qualidade e presteza, às suas necessidades e às suas demandas, de ria; a promoção da cultura, do esporte e do lazer; e a participação
forma regular e contínua. Nesse sentido, a organização tem que ali- no desenvolvimento nacional, regional ou setorial.
nhar as suas ações e os seus resultados às necessidades e às expec-
tativas dos cidadãos e da sociedade e antecipar suas necessidades 12) Controle social
futuras o que implica estabelecer um compromisso com a socie- Atuação que se define pela participação das partes interessa-
dade no sentido de fazer o melhor no cumprimento da sua missão das no planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades
institucional considerando o interesse público. A administração pú- da Administração Pública e na execução das políticas e dos progra-
blica tem o dever de garantir o direito dos cidadãos de acesso dos mas públicos.
serviços públicos de maneira contínua (princípio da Continuidade Para promover a prática desse conceito a alta administração
do Serviço Público), com o objetivo de não prejudicar o atendimen- das organizações públicas tem que estimular a sociedade a exercer
to à população, particularmente no que se refere aos serviços es- ativamente o seu papel de guardiã de seus direitos e de seus bens
senciais. comuns. A transparência e a participação social são os requisitos
fundamentais para a efetivação do controle social. Assim, a gestão
10) Desenvolvimento de parcerias pública de excelência pressupõe viabilizar as condições necessárias
Desenvolvimento de atividades conjuntamente com outras para que o controle social possa ser exercido pela sociedade. Nesse
organizações com objetivos específicos comuns, buscando o pleno sentido, a administração pública deve garantir visibilidade de seus
atos e ações e implementar mecanismos de participação social.
uso das suas competências complementares para desenvolver si-
Propiciar transparência significa democratizar o acesso às in-
nergias.
formações sobre o funcionamento da organização, o que implica:
Na prática as organizações modernas reconhecem que no mun-
disponibilizar informações sobre as ações públicas em condições de
do de hoje - de mudanças constantes e aumento da demanda - o
serem entendidas, interpretadas e de possibilitarem efetivamente
sucesso pode depender das parcerias que elas desenvolvem. Essas
o controle social (informações claras, detalhadas, completas e com
organizações procuram desenvolver maior interação, relaciona-
dados desagregados); tornar acessíveis aos cidadãos as informa-
mento e atividades compartilhadas com outras organizações, de
ções sobre o funcionamento da administração pública. Participação
modo a permitir a entrega de valor agregado a suas partes interes- social é ação democrática dos cidadãos nas decisões e ações que
sadas por meio da otimização das suas competências essenciais. Es- definem os destinos da sociedade. Colocá-la em prática implica
sas parcerias podem ser com clientes, fornecedores, organizações aprender a lidar e interagir com as mobilizações e movimentos so-
de cunho social, ou mesmo com competidores e são baseadas em ciais.
benefícios mútuos claramente identificados. O trabalho conjunto
dos parceiros, apoiado nas competências, no conhecimento e nos
recursos comuns, assim como o relacionamento baseado em con-
fiança mútua, respeito e abertura facilitam o alcance dos objetivos.
As parcerias são usualmente estabelecidas para atingir um objetivo
estratégico ou entrega de um produto ou serviço, sendo formaliza-

131
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
13) Gestão participativa Estas diferenças implicam, necessariamente, em procurar no-
Estilo de gestão que determina uma atitude gerencial da alta vos caminhos para o setor público, tornando-o sim mais empreen-
administração que busque o máximo de cooperação das pessoas, dedor, mas não transformando-o em uma empresa.
reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado de cada um Ao contrário também da epidemia generalizada contra a buro-
e harmonizando os interesses individuais e coletivos, a fim de con- cracia que vigorou nos EUA no começo da década de 80 o “Reinven-
seguir a sinergia das equipes de trabalho. tando o governo” não coloca a culpa dos problemas governamen-
Na prática uma gestão participativa é implementada dando-se tais em seus funcionários; o problema não está nas pessoas, mas no
às pessoas autonomia para o alcance de metas e cobrando a coo- sistema. É a reforma das instituições e dos incentivos que tornará a
peração, o compartilhamento de informações e a confiança para burocracia apta a responder novas demandas.
delegar. Como resposta, as pessoas tomam posse dos desafios e A reforma do sistema significa, ao mesmo tempo, a introdução
dos processos de trabalho dos quais participam, tomam decisões, de métodos voltados para a produção qualitativa de serviços públi-
criam, inovam e geram um clima organizacional saudável. cos com a prioridade dada aos clientes e cidadãos como razões úl-
timas do setor público, o que quer dizer não só que eles devem ser
Em suma, temos aqui uma natureza gerencial da administra- bem atendidos, mas que devem ser também chamados a participar
ção que busca pela qualidade na prestação do serviço ao público do governo, definindo os destinos de suas comunidades.
de forma imperativa, sendo o cidadão o foco sempre, proporcio-
nando a ele atendimento de excelência, que coloque os serviços e A maioria dos exemplos do livro de Osborne e Gaebler mos-
as rotinas de maneira transparente, participativa e que permita o tra que a melhor resposta para tornar melhor um serviço público é
controle social. chamar a comunidade a participar de sua gestão, seja fiscalizando,
seja trabalhando voluntariamente na prestação de serviços— cons-
Essa excelência é inclusive tema de legislação e também de al- tituindo-se numa resposta adequada tanto para a questão da efi-
guns programas, por exemplo: ciência como para o problema da transparência. Portanto, a moder-
• Decreto nº 3.507/2000 (padrões de qualidade do atendimen- nização do setor público deve caminhar lado a lado com o aumento
to prestado aos cidadãos); da accountability.
• Decreto nº 5.378/2005 (GESPÚBLICA e seu Comitê Gestor);
Mas a reinvenção do governo deve ser realizada ainda ga-
• Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP);
rantindo o princípio da equidade. Desta maneira, a introdução de
• Programa da Qualidade e Participação na Administração Pú-
mecanismos gerenciais, tais como são propostos no livro, não é in-
blica (PQPAP);
compatível com a busca de justiça redistributiva, um conceito que
• Programa da Qualidade no Serviço Público (PQSP);
por muito tempo foi abandonado no debate sobre reforma admi-
• GesPública: Sistema Nacional de Avaliação da Satisfação do
nistrativa. Osborne e Gaebler propõem dez princípios básicos para
Usuário dos Serviços Públicos
reinventar o governo, listados a seguir:
• Instrumento Padrão de Pesquisa de Satisfação (IPPS).

EMPREENDEDORISMO GOVERNAMENTAL E NOVAS LIDERAN- 1. Competição entre os prestadores de serviço;


ÇAS NO SETOR PÚBLICO 2. Poder aos cidadãos, transferindo o controle das atividades à
A obra de David Osborne e Ted Gaebler, “Reinventando o go- comunidade;
verno”, é um dos marcos na literatura internacional sobre a nova 3. Medir a atuação das agências governamentais através dos
administração pública, notadamente com relação aos seus reflexos resultados;
na administração pública norte-americana. 4. Orientar-se por objetivos, e não por regras e regulamentos;
Os autores propõem um modelo que incorpora conceitos que 5. Redefinir os usuários como clientes;
estiveram separados no desenvolvimento do modelo gerencial in- 6. Atuar na prevenção dos problemas mais do que no trata-
glês, tais como a implantação de uma administração por objetivos mento;
— ou por missões —, a mensuração do desempenho das agências 7. Priorizar o investimento na produção de recursos, e não em
através dos resultados, a busca da qualidade total como método seu gasto;
administrativo, a ênfase no cliente, a transferência do poder aos 8. Descentralização da autoridade;
cidadãos, e tentar garantir a equidade. 9. Preferir os mecanismos de mercado às soluções burocráti-
Osborne e Gaebler propõem uma redefinição da atividade go- cas;
vernamental. “Nosso problema fundamental é o fato de termos o 10. Catalisar a ação dos setores público, privado e voluntário.
tipo inadequado de governo. Não necessitamos de mais ou menos Não se trata aqui de comentar ponto por ponto a lista exposta
governo: precisamos de melhor governo. Para sermos mais preci- acima, mas de discutir, rapidamente, algumas das ideias do “Rein-
sos, precisamos de uma melhor atividade governamental”. A ativi- ventando o governo”. A primeira refere-se ao conceito de governo
dade governamental é entendida como algo com uma natureza es- catalisador, que “navega em vez de remar”. O intuito desse con-
pecífica, que não pode ser reduzida ao padrão de atuação do setor ceito não é tornar o Estado mínimo, mas redirecionar a atividade
privado. governamental. Inclusive, os autores renegam o conceitual privatis-
Entre as grandes diferenças, a motivação principal dos coman- ta, típico do neoliberalismo. “A privatização é uma resposta, não a
dantes do setor público é a reeleição, enquanto os empresários têm resposta”, afirmam Osborne e Gaebler.
como fim último a busca do lucro; os recursos do governo provêm O sentido do governo catalisador é reformular as relações
do contribuinte — que exigem a realização de determinados gastos Estado/mercado e governo/sociedade. Neste sentido, o governo
—, e na iniciativa privada os recursos são originados das compras empreendedor, catalisador, se aproxima das ideias de Pollitt, que
efetuadas pelos clientes; as decisões governamentais são tomadas conceitualiza a relação pública entre cidadãos e governo como uma
democraticamente e o empresário decide sozinho ou no máximo parceria e não como uma dependência.
com os acionistas da empresa — a portas fechadas; por fim, o obje- Indo para outra discussão do Reinventando o governo, encon-
tivo de ambos é diverso, isto é, o governo procura fazer “o bem” e a tramos um referencia interligada ao anterior, qual seja, o tratamen-
empresa “fazer dinheiro”. to da população como cliente e como cidadão. Cliente dos serviços
públicos, que deseja a melhor qualidade possível dos equipamentos

132
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
sociais. E cidadão que quer e tem como dever participar das deci- das organizações, e as mudanças introduzidas pelo ciclo de gestão
sões da comunidade, e por isso a descentralização da autoridade é do gasto, que traduz a preocupação, essencial ao Estado moderno,
um objetivo fundamental para alcançar esse grau de accountability. com os impactos na sociedade.
No que tange à gestão da burocracia, propõe-se a orientação Assim, o dirigente público deve ajustar a sua organização públi-
administrativa por missões. A partir dela, o governo pode ser mais ca à gestão por programas. Para tanto, é fundamental, em primeiro
flexível, como também torna-se mais fácil a avaliação de cada agên- lugar, que os objetivos dos programas espelhem com precisão, em
cia, comparando-se o objetivo inicialmente formulado com o resul- cada ministério, os problemas ou as oportunidades que devem ser
tado efetivamente alcançado. enfrentados, para viabilizar uma situação futura desejada, compatí-
A orientação por missões, portanto, é um mecanismo que con- vel com uma orientação estratégica que integre e mobilize a equipe
grega os ideais do Consumerism (flexibilidade) com os da corrente do ministério. Essa orientação, por sua vez, deve refletir os compro-
gerencial mais preocupada com a avaliação de resultados. missos do governo.
Entretanto, a discussão em torno da avaliação de resultados na Também é fundamental o fortalecimento e a integração das
obra de Osborne e Gaebler toma um rumo diferenciado daquele funções de planejamento, orçamento e gestão. Em uma perspec-
proposto pelo gerencialismo puro. Para os dois autores, a avaliação tiva de gestão por resultados, e recomendável que se de ênfase ao
da eficiência não pode ser dissociada da avaliação da efetividade. planejamento e à gestão estratégica, à elaboração e execução orça-
mentária e financeira orientada pelos resultados dos programas, a
Pois, se a eficiência mede o custo do que foi produzido, a efe- um processo contínuo de evolução organizacional, que tenha por
tividade mede a qualidade dos resultados. Desta maneira, “quando objetivo incorporar a gestão por programas às estruturas formais e
medimos a eficiência, podemos saber quanto nos custa alcançar aos processos decisórios da organização.
uma produção determinada; ao medir a efetividade, sabemos se Dar consequência à avaliação de desempenho no processo alo-
nosso investimento valeu a pena. Nada mais tolo do que fazer com cativo e na gestão pública. Assim, a avaliação de desempenho vol-
eficiência o que não deveria continuar a ser feito”. ta-se para o aperfeiçoamento contínuo do novo modelo de gestão.
Osborne e Gaebler tentam definir a relação entre eficiência e Assume um papel de transformação da gestão.
efetividade a partir dos objetivos do governo. E concluem: “Não há Em relação à comunicação com a sociedade, Ariel Garces afir-
dúvida de que o público quer um governo mais eficiente, mas ele ma que a gestão orientada para resultados cria percepções de ga-
deseja ainda mais um governo efetivo”. nhos e perdas. Perdem as estruturas da organização, cujo poder é
aparentemente ameaçado pela transparência que decorre da ges-
A reforma do Estado, tal qual preconizada por Bresser Perei- tão por programas. Ganham os segmentos da sociedade beneficiá-
ra, preconizava a valorização do bom desempenho, envolvendo a rios dos programas e os gestores de alto nível da administração pú-
maior autonomia do dirigente público, cobrando-lhe, no entanto, o blica, que são avaliados em função dos resultados percebidos pela
preço da responsabilização. sociedade em geral.
Após o fim do MARE e das reformas mais profundas na Ad-
ministração Pública brasileira, a comunidade administrativa organi- Nesse contexto, a comunicação com a sociedade assume um
zou-se em tomo da Gestão, aproveitando o PPA, o programa Avança papel de melhoria constante dos programas e de transformação da
Brasil, do segundo mandato de FHC. gestão. Nossa experiência tem mostrado que a interação com o pú-
A grande inovação do PPA era a introdução da gestão por pro- blico-alvo do programa é um dos principais fatores de motivação
gramas, com a integração de planejamento, orçamento e gestão. dos gerentes e uma referência concreta para sua ação integradora
Não parece haver dúvidas quanto ao progresso que representou a da organização.
adoção do conceito de programa não só como forma de integrar o
PPA e os orçamentos anuais, mas em termos. De transparência da AS NOVAS LIDERANÇAS DO SETOR PÚBLICO
alocação dos recursos públicos e de compromisso da gestão com Dentro do novo paradigma de gestão disposto, destaca-se a
resultados. necessidade do surgimento de novas lideranças no setor público.
Essa nova situação pôs na linha de frente do setor público a Esses novos dirigentes, que muitas vezes serão os gerentes de pro-
figura do gerente de programa, como urna nova liderança do setor gramas do próprio PPA, deverão ter a capacidade de lidar com di-
público, que deve ser capaz de levar adiante a gestão por progra- versos temas que estão hoje na agenda do Governo. Por exemplo:
mas, que e orientada por resultados. Ariel Garces, em trabalho de 1. Entender a Gestão Pública Contemporânea: a Nova Gestão
reconhecido mérito na comunidade de administração pública, dis- Pública, suas variantes e dilemas. O Brasil e suas opções. Entender
correu sobre essa situação. como se relacionam Patrimonialismo, clientelismo e Weberianismo
A introdução da gestão por programas no ambiente atual da na administração pública atual.
administração pública engendra urna tensão entre as práticas exis- 2. Entender e manejar os processos de Regulação: ser capaz
tentes e os novos valores e atitudes empreendedoras, característi- de entender a Reforma do Estado, privatização e regulação e a As-
cas da administração orientada para resultados. A estratégia é a de censão do Estado Regulador. Quais são as figuras que surgem com
manejar essa tensão, de tal modo que sua intensidade não seja um o novo Estado, os Arranjos Institucionais, o Marco Regulatório e as
obstáculo, mas, ao contrário, exerça um efeito indutor do processo Políticas regulatórias. O papel do TCU no Controle da Regulação.
de mudança. Para tanto, e necessário superar progressivamente um 3. Recursos Humanos: aqui os desafios são relativos (também)
certo número de óbices, na medida em que avança a implemen- ao Clientelismo e Patrimonialismo na ocupação de cargos. Buro-
tação do novo modelo integrado de planejamento, orçamento e cracias Weberianas - Críticas a burocracia tradicional. A questão do
gestão. mérito e do desempenho, com a ascensão do gerencialismo. Novas
Ariel Garces ainda lembra que essa forma de penar, por pro- formas de contratação de servidores: a flexibilização.
gramas, significa, em outros termos, implementar uma reforma de 4. Descentralização: as oportunidades aqui estão em conhe-
Estado, que combine, simultaneamente, os princípios da Reforma cer e implementar formas de descentralização (política, espacial,
do Aparelho de Estado, de 1995, fortemente voltada para o aumen- mercado e administrativa). Quais são os tipos de descentralização
to da produtividade e qualidade, a partir de uma transformação

133
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
aplicáveis a cada caso: desconcentração, devolução, delegação. O Não se trata de descartar a administração racional-legal, mas
federalismo. Conhecer as vantagens, mas também os riscos da des- de manter as características que ainda se mantém válidas para ga-
centralização. rantir efetividade à administração e trazer novas ações e ferramen-
5. Processos participativos de gestão pública: conselhos de ges- tas que aprimorem essa administração, permitindo que ela fique
tão, orçamento participativo, parceria entre governo e sociedade. mais atualizada, mais atenta às mudanças comportamentais da
6. Público e Privado: Governança e Accountability, Relações sociedade e também às mudanças que o próprio mercado privado
entre os diversos entes federativos. Parcerias e Consórcios e sua sobre e que de certa forma afeta a gestão pública.
implementação. Políticas Sociais (Quase Mercados) Compradores,
Provedores e Financiadores Eficiência e Equidade - As novas formas Portanto, cabe às novas lideranças (líderes públicos) estarem se
de organização da prestação dos serviços públicos- Politícas Sociais inserindo nesse modelo e desenvolver ações políticas baseadas em
e Gestão de Redes. objetivos e comportamentos que:
7. Contratualização: a gestão de contratos hoje é fundamental • Melhorem a eficiência, eficácia e efetividade na produção de
na AP, por dois motivos: bens e serviços públicos,
- A complexidade e; • Minimizem esforços, custos, maximizando e buscando novas
- A cobrança por resultados. fontes de receitas, através de aplicações financeiras;
- A Contratualização e Planejamento Governamental e • Criem uma gestão baseada na avaliação pela sociedade, men-
- os Contratos de Gestão. suração do desempenho e dos resultados;
8. Gestão de Desempenho e Governo Eletrônico: a gestão ba- • Sejam inovador, pró-ativo; criativo; que corram riscos calcula-
seada em regras versus a gestão orientada para resultados: Burocra- dos, que sejam mobilizadores de ação conjunta voluntária privada e
cia X NGP. A Gestão de mudanças e gestão de resultados. - Cultura pública, que sejam intraempreendedores.
de resultados e transformação organizacional, com a implantação
de avaliações de desempenho. Transparência - Inovações tecnoló-
gicas e organização governamental. O Atendimento ao Cidadão e COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA E GESTÃO DE
Tecnologias de informação e comunicação. REDES ORGANIZACIONAIS
9. Insumos, produtos e resultados - Auditoria de desempenho.
Desempenho e conformidade - Controle orientado para resultados Os tipos de personalidade podem contribuir ou não para o de-
e Políticas Públicas. sempenho das equipes. Cada personalidade possui características
10. Prospecção e Tendências - Hibridismos - Valor público - Ges- definidas com seus respectivos focos de atenção, que, todavia, se
tão e Desenvolvimento - Dilemas de Coordenação Executiva - Ac- interagem, definindo indivíduos com certas características mais sa-
countability. lientes e que incorporam características de um outro estilo.
Vistos de maneira objetiva, nenhum dos tipos de personalida-
Há tempo o empreendedorismo, que tem como foco uma pos- de é bom ou mau, certo ou errado. Cada um é uma combinação
tura na gestão de inovação, busca por alternativas, e principalmen- distinta de força e fraqueza, beleza e feiura. Nenhum padrão é me-
te excelência em resultados se faz presente na Administração Publi- lhor ou o melhor, pior ou o pior. Às vezes, determinada pessoa pode
ca, isso percebe-se através de alguma iniciativas achar que o seu padrão é o melhor, outra vezes, que é o pior. Mas
Parcerias com o setor privado e com as (ONGs); é possível, num momento, encontrar força em um padrão e, num
• Avaliação de desempenho individual e de resultados organi- outro, encontrar uma fraqueza.
zacionais, atrelados a indicadores de qualidade e produtividade; O que se observa é que as pessoas acabam ficando perplexas
• Autonomia às agências governamentais, horizontalizando a umas com as outras quando começam a perceber os segredos que
estrutura; as outras pessoas ocultam das suas personalidades.
• Descentralização política: poder de decisão próximo ao cida- Na análise das personalidades, nada é estanque e tudo pode se
dão, melhoria da qualidade e da accountability; ajustar, desde que se esteja disposto a fazê-lo. Nunca um protetor,
• Estabelecimento do conceito de planejamento estratégico; por exemplo, carrega somente as características da sua tipologia.
• Flexibilização das regras que regem a burocracia pública; Uma pessoa com o centro emocional predominante não será ne-
• Profissionalização do servidor público, através de políticas de cessariamente uma boa artista. Talvez brilhe mais como administra-
motivação, de desenvolvimento pessoal e revalorização a questão dora, quem sabe? Todos os tipos são interligados e se movimentam
da ética no serviço público; fazendo contrapontos e complementos.
• Desenvolvimento das habilidades gerenciais dos funcioná- Cada tipo de personalidade é formado por três aspectos: o pre-
rios; dominante, que vigora na maior parte do tempo, quando as coisas
• Competição administrada; transcorrem normalmente e que é chamado de seu tipo; o aspecto
• Princípio da subsidiariedade, como base do conceito de des- que vigora quando se é colocado em ação, gerando situações de es-
centralização. tresse; e o terceiro, que surge nos momentos em que não se sente
• Ênfase e orientação da ação do Estado para o cidadão-cliente; em plena segurança.
• Controle social com mecanismo de prestação de contas e ava- Exemplificando, ao ver-se numa situação de estresse, o obser-
liação de desempenho; vador (em geral, quieto e retraído) torna-se repentinamente extro-
• Vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente vertido e amistoso, características típicas do epicurista, num esfor-
de se seus serviços; ço de reduzir o estresse. Sentindo-se em segurança, o observador
• Resultados são considerados bons não porque os processos tende a se tornar o patrão, direcionando os outros e controlando o
administrativos estão sob controle e são seguros (APB), mas porque espaço pessoal.
as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas (interes- Todos têm virtudes e aspectos negativos. Então, vivem-se os
se público – diferenças do significado; aspectos mais positivos de cada tipo. Essas qualidades pode se so-
• Confiança, descentralização das decisões e de funções. mar a outras de outro tipo, promovendo integração.

134
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Se o tipo empreendedor se integra com o sonhador, ele pode Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
passar a ter autoestima apurada e a saber levar a vida sem dramas. ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refle-
Ficará mais otimista, espontâneo e criativo também. Não se prende tem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quan-
a fazer coisas que não satisfazem seus desejos e os dos outros. Se do digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha atitude
o tipo individualista integra-se com o empreendedor, provavelmen- em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
te ele poderá ser capaz de agir no presente e com objetividade, res, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três componen-
aceitando a realidade e vivendo suas emoções como são, sem ten- tes: cognitivo, afetivo e comportamental.
tar ampliá-las. Já se o sonhador integrar-se com o observador, sua A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
capacidade de introspecção será imensa e saberá como ninguém liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela
apreciar o silêncio e a reflexão. estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu
Para o sucesso das equipes, se faz necessário que os seus inte- componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
grantes utilizem-se de empatia, coloquem-se no lugar dos outros, ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto
estejam receptivos ao processo de integração e, dessa forma, per- de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento
mitam-se amoldar. Se não houver esse tipo de abertura, em que pode provocar resultados no comportamento. O componente com-
cada um dos elementos ceda, a equipe será composta de pesso- portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar
as que competem entre si, o que traz o retrocesso da equipe ao de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En-
conceito simplista de grupo, ou seja, apenas um agrupamento de tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de
indivíduos que dividem o mesmo espaço físico, mas que possuem João por causa dos meus sentimentos em relação a ele.
objetivos e metas diferentes, bem como não buscam o aprimora- Encarar a atitude como composta por três componentes – cog-
mento e crescimento dos outros.1 nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor-
desenvolver relações interpessoais. tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis.
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser Eficácia no relacionamento interpessoal
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficaz-
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito, mente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas
amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os de forma adequada à necessidade de cada uma delas e às exi-
sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados ini- gências da situação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade
cialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão de lidar eficazmente com relações interpessoais de acordo com
as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos três critérios:
de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coopera- Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variá-
ção, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior veis relevantes e respectiva interrelação.
produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo
rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento nas
que não haja regressões.
atividades, com provável queda de produtividade.
Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona
continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos,
diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio-
como quando começaram a resolver seus problemas.
nais competentes individualmente podem render muito abaixo de
sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. Dois componentes da competência interpessoal as-
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma sumem importância capital: a percepção e a habilidade
base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe- propriamente dita. O processo da percepção precisa ser
cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos, treinado para uma visão acurada da situação interpessoal.
crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças A percepção seletiva é um processo que aparece na comuni-
de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação cação, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório em suas necessidades, experiências, formação, interesses, valo-
novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são res, etc.
encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma im-
entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor- pressões de uma outra na esperança de compreendê-la.
dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou-
tro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma Empatia
modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos e si-
respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não tuações vivenciadas.
são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A “Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao en-
maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre volvimento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da perspec-
as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin- tiva dos outros quebra estereótipos tendenciosos e assim leva
cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in- a tolerância e a aceitação das diferenças. A empatia é um ato
terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. de compreensão tão seguro quanto à apreensão do sentido das
Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es- palavras contidas numa página impressa.
pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente A empatia é o primeiro inibidor da crueldade humana: re-
ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta primir a inclinação natural de sentir com o outro nos faz tratar o
ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, baseado outro como um objeto.
naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. Os
valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros.
1 Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente a em- O empowerment possui quatro bases principais, que são:
patia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos apelos dos • Poder – dar poder às pessoas, delegando autoridade e res-
outros. Suprimir essa inclinação natural de sentir com outro de- ponsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa
sencadeia a crueldade. dar importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e au-
Empatia implica certo grau de compartilhamento emocio- tonomia de ação.
nal - um pré-requisito para realmente compreender o mundo • Motivação – proporcionar motivação às pessoas para in-
interior do outro. centivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom de-
sempenho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas
A empatia nas empresas participem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance
das metas.
Qual a relação entre empatia e produtividade? • Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos
“O conceito de empatia está relacionado á capacidade de de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso
ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de significa treinar continuamente, proporcionar informações e co-
seu ponto de vista. Não pressupõe concordância ou discordân- nhecimento, ensinar continuamente novas técnicas, criar e de-
cia, mas o entendimento da forma de pensar, sentir e agir do senvolver talentos na organização.
interlocutor. No momento em que isso ocorre de forma coletiva, • Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso
a organização dialoga e conhece saltos de produtividade e de significa orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir no-
satisfação das pessoas”. vos horizontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.
“A empatia é primordial para o desenvolvimento das orga-
nizações pois, ela é que define no comportamento individual a Alguns gestores pensam que o ato de delegar a tomada de
preocupação de cada indivíduo no equilíbrio comportamental decisão para um funcionário é sinônimo de perda de controle
de todos os envolvidos no processo, pois, empatia pressupõe o ou liderança. Este é um ponto que merece uma discussão maior,
respeito ao outro.” uma vez que abrange diversos aspectos, mas o mais importante
É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, de se destacar é que o empowerment valoriza os funcionários e
um tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem melhora a condução dos processos internos à empresa.
os valores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das
relações humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacio- Vantagens do empowerment
namentos interpessoais depende do grau de compreensão en- Com mencionado anteriormente, a adoção do empower-
tre os indivíduos. Quando há compreensão mútua as pessoas ment por parte das empresas traz diversos benefícios para elas,
comunicam-se melhor e conseguem resolver conflitos de modo como por exemplo: o aumento da motivação e da satisfação dos
saudável. funcionários, aumentando assim a taxa de retenção dos talentos
da empresa, o compartilhamento das responsabilidades e tare-
Empoderamento fas, maior agilidade e flexibilidade no processo de tomada de
Para Chiavenato, o empowerment ou empoderamento, é decisão, etc. Além, claro, de estimular o aparecimento de novos
uma ação que permite melhorar a qualidade e a produtivida- líderes dentro das empresas.
de dos colaboradores, fazendo com que o resultado do serviço Por este motivo, é cada vez maior o número de gestores que
prestado seja satisfatoriamente melhor. Estas melhorias acon- preparam suas organizações para a prática do empowerment,
tecem através de delegação de autoridade e de responsabilida- treinando e doutrinando seus funcionários para que possam re-
de, fomentando a colaboração sistêmica entre diferentes níveis ceber tais responsabilidades de forma correta.
hierárquicos e a propagação de confiança entre os liderados e Para Carlos Hilsdorf, o empowerment corresponde a uma
os líderes. relação que envolve poder e responsabilidade, como duas faces
Ele simboliza a estratégia da organização e de seus gesto- de uma mesma moeda. Para promovê-lo, não basta transferir
res de delegar a tomada de decisão para seus colaboradores, verbalmente poder às pessoas; elas precisam ter reais condições
promovendo a flexibilidade, rapidez e melhoria no processo de de agir no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvol-
tomada de decisão da empresa. vendo o que chamamos de “ownership“, ou seja, agirem como
O empowerment permite aos funcionários da empresa intraempreendedores e como se fossem “proprietárias” do ne-
tomarem decisões com base em informações fornecidas pelos gócio, pensando como empresários.
gestores, aumentando sua participação e responsabilidade nas
atividades da empresa. Geralmente é utilizado em organizações Aplicação do empowerment
com cultura participativa, que utilizam equipes de trabalho au- Segundo Hilsdorf, para uma correta implantação do empo-
todirigidas e que compartilham o poder com todos os seus fun- werment é necessário:
cionários.
O empowerment está diretamente ligado ao conceito de li- 1. Um profundo compartilhamento das informações com
derança e, também, cultura organizacional. Uma vez que não se todos os envolvidos. A informação é o objeto que destrói a in-
pode criar uma cultura de delegação de poder aos funcionários em certeza. Ela é fundamental para a correta tomada de decisões.
uma empresa engessada e burocrática, sem uma estrutura de há- A Informação deve circular, de maneira clara, transparente e
bitos e pensamentos preparada para isso. A empresa que pretende adaptada à condição e necessidade de cada equipe em particu-
se utilizar de uma prática como o empowerment não pode ter uma lar. Algumas informações gerais para o bom entendimento do
cultura de tomada de decisões centralizada, por exemplo. negócio e do cenário devem ser compartilhadas com todas as
pessoas, outras mais restritas e sigilosas, apenas com as pes-
soas-chave.

136
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
2. A abertura para uma real autonomia dando às pessoas As novas exigências
não somente as informações, mas o apoio e a liberdade neces- Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já
sária para agirem. É preciso confiar nestes profissionais e incen- devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien-
tivá-los a liderar os processos em que estão envolvidos, e sob os tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é preci-
quais assumiram responsabilidades. Uma cultura punitiva impe- so se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já po-
de a autonomia; erros devem ser corrigidos, não punidos. A au- dem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática?
tonomia deve guiar-se pela visão, missão e valores da empresa, Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à
assim como por seus objetivos e metas, dentro do contexto dos escolha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas
sistemas e processos em vigor na organização. não é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante
uma vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias
3. Redução dos níveis hierárquicos e da burocracia que tor- e formas de se executar melhor uma tarefa e, com elas, rela-
nam as empresas lentas e rígidas. Através da prática de empo- ções de trabalho que exigem uma nova postura profissional — a
werment, equipes auto-gerenciadas podem atingir alta perfor- de desenvolver as “habilidades” necessárias para enfrentar os
mance e buscar a excelência em níveis muito superiores aos de desafios propostos. Na verdade, algumas dessas habilidades
empresas centralizadoras. só ganharam destaque recentemente, enquanto outras apenas
Seguindo estes 3 passos básicos, a empresa torna sua adap- mudaram de foco, atualizando-se. Vejamos algumas delas:
tação mais fácil e menos traumática. Gerando um ambiente  Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissio-
apropriado para o aprendizado dos funcionários a fim de torná- nal exige uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber
-los tomadores de decisão dentro da empresa.2 se comportar em público, honrar os compromissos e prezar pela
organização no ambiente de trabalho.
Eficácia no comportamento interpessoal.  Mantenha sempre uma boa aparência. Não é neces-
A postura profissional é o comportamento adequado dentro sário estar sempre elegante, pois uma boa aparência significa
das organizações, na qual busca seguir os valores da empresa saber usar a roupa certa no lugar certo. Devemos saber nos ves-
para um resultado positivo. tir de acordo com que o local de trabalho nos solicita, sabendo
sempre o que é certo e o que é errado para cada ambiente.
 Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma
A importância da qualidade
questão de bom senso, mas também uma questão de compro-
As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais con-
metimento profissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atri-
tínuas aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve
buídas é um ponto positivo que acaba também sendo avaliado
ao fenômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preo-
por gestores do colaborador.
cupação com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores.
 Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e
Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar
cumpra os horários planejados, mantendo sempre a pontualida-
seu perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se
de para os compromissos marcados.
ajustando às exigências do mercado, cada vez maiores. Para su-
 Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é neces-
perar os novos desafios impostos pela realidade e atender às sário ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-
expectativas dos clientes, as empresas precisam de profissionais -lo é uma obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas
competentes e que realizem suas atividades com qualidade. em demais situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças
e os limites no relacionamento com os outros é fundamental.
Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem  Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e
corporativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em aceitar opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as
dia, significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. pessoas a também entenderem o seu ponto de vista, sem que
Ou seja, é um conjunto de características que distinguem, de este seja imposto ao demais.
forma positiva, um profissional ou uma empresa dos demais e  Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação cons-
que agregam valor ao seu trabalho. tante em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação
Para se manter competitivo no mercado e ter um diferen- a postura profissional, pois essa preocupação constante em me-
cial, o profissional precisa realizar suas atividades corretamen- lhorar é um ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras
te. Apenas a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no profissionais.
mercado. O grande desafio do profissional de qualquer área de  Espera-se que todo profissional tenha um preparo bási-
atuação é saber se relacionar bem (tratar as pessoas adequa- co, mas o novo profissional deve demonstrar também esforço e
damente, mostrar-se disponível e acessível, ser gentil), ter um interesse incansáveis para aprender.
comportamento compatível com as regras e valores da empresa  É necessário ter um ânimo permanente, disposição
e se comunicar bem (se fazer entender pelos outros, escrever para o trabalho e para correr atrás do que se quer.
bem, saber ouvir).  O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade
Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito di- e boa administração do seu tempo e das suas tarefas.
nâmico, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que  Muitas organizações começam a mostrar interesse em
representa qualidade para uma empresa não necessariamente investir na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é
o é para outra. Portanto, ao iniciar qualquer experiência profis- preciso uma sólida relação de confiança mútua.
sional, procure entender quais são as competências valorizadas  A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, ne-
naquele ambiente de trabalho. Investir nelas é o primeiro passo nhuma relação profissional pode dar certo.
para realizar suas tarefas com qualidade. Há, ainda, outras características que certamente podem
contar pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na
convivência diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de
2 Texto adaptado de Gustavo Periard

137
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
contatos; persistência (uma vez que a vontade, por si só, às ve- Novas COMPETÊNCIAS começam a ser exigidas pelas organi-
zes não basta); cuidado com a aparência; assiduidade e pontua- zações, que reinventam sua dinâmica produtiva, desenvolvendo
lidade. novas formas de trabalho e de resolução de conflitos. Surgem
A Conexão Profissional, na terceira edição da série Desafios novos paradigmas de relações das organizações com fornece-
para se tornar um bom profissional, trata de mais um dos desa- dores, clientes e colaboradores. Nesse contexto, as relações hu-
fios dos recém-chegados ao mundo corporativo: a atenção aos manas no ambiente de trabalho tem sido foco da atenção dos
processos e às rotinas nas organizações. gestores, para que sejam desenvolvidas habilidades e atitudes
Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros pas- necessárias ao manejo inteligente das relações interpessoais.
sos a serem dados é procurar compreender a rotina da organi-
zação. Ter uma visão global das atividades que a organização DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA
desenvolve é indispensável para um bom desempenho e, prin- Chamamos de competência a integração e a coordenação de
cipalmente, para a conquista da autonomia. Para tanto, é fun- um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (C.H.A.)
damental atenção contínua aos processos. Com isso, você pode que na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada.
compreender o seu papel na equipe e na organização, além de
entender como os setores interagem e qual a função e inter-re- C – conhecimento - SABER
lação de cada um, considerando o conjunto. H – habilidade – SABER FAZER
Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite oti- A - atitude - QUERER FAZER
mizar e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode ad-
ministrar melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais A COMPETÊNCIA TÉCNICA envolve o C.H.A em áreas técnicas
problemas com mais agilidade, bem como propor alternativas específicas.
para aprimorar a qualidade do trabalho, sempre com o foco nos
resultados. A COMPETÊNCIA INTERPESSOAL envolve o C.H.A nas rela-
Sem a compreensão dos processos, é menos provável per- ções interpessoais.
ceber o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício,
menos produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto auto- INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
mático”. Isso pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil.
energia e recursos, não-cumprimento de prazos, burocratização Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora
e baixa competitividade. Em síntese: prejuízo para você e para certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil.
Aristóteles
a empresa.
Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada
Como trabalhar bem com os outros? Como entender os ou-
vez mais importante possuir uma visão global do ambiente de
tros e fazer-se entender?
trabalho. Conhecer a rotina da organização e manter atenção
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emo-
aos processos só trazem ganhos para ambas as partes: para o
cional. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se nos recifes
profissional, maior competitividade e possibilidade de agilizar
das paixões e dos impulsos desenfreados, pessoas com alto nível
soluções e, para a empresa, equipes mais integradas e que falam
de QI pode ser pilotos incompetentes de sua vida particular.
a mesma língua. Para o conjunto, melhores resultados.3
A aptidão emocional é uma capacidade que determina até
onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões que tenha-
A competência interpessoal é habilidade de lidar eficazmen- mos, incluindo o intelecto bruto.
te com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de Inteligência emocional: É a habilidade de lidar eficazmen-
forma adequada à necessidade de cada uma delas e às exigên- te com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de
cias da situação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de li- forma adequada as necessidades de cada uma e as exigências
dar eficazmente com relações interpessoais de acordo com três da situação, observando as emoções e reações evidenciadas no
critérios: comportamento do outro e no seu próprio comportamento.
 Percepção acurada da situação interpessoal, de suas Inteligência intrapessoal: É a habilidade de lidar com o seu
variáveis relevantes e respectiva inter-relação. próprio comportamento. Exige autoconhecimento, controle
 Habilidade de resolver realmente os problemas de tal emocional, automotivação e saber reconhecer os sentimentos
modo que não haja regressões. quando eles ocorrem.
 Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas en- Inteligência interpessoal: É a habilidade de lidar eficazmen-
volvidas continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo te com outras pessoas de forma adequada.
menos, como quando começaram a resolver seus problemas.
ELEMENTOS BÁSICOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Dois componentes da competência interpessoal assumem • Autoconhecimento: Conhecer a si próprio, gerar autocon-
importância capital: a percepção e a habilidade propriamente fiança, conhecer pontos positivos e negativos.
dita. O processo da percepção precisa ser treinado para uma vi- • Controle Emocional: Capacidade de gerenciar as próprias
são acurada da situação interpessoal. emoções e impulsos.
A percepção seletiva é um processo que aparece na comuni- • Automotivação: Capacidade de gerenciar as próprias
cação, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base emoções com vistas a uma meta a ser alcançada. Persistir diante
em suas necessidades, experiências, formação, interesses, valo- de fracassos e dificuldades.
res, etc. • Reconhecer emoções nos outros: Empatia.
A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma im- • Habilidade em relacionamentos interpessoais: aptidão
pressões de uma outra na esperança de compreendê-la. social

3 Por Rozilane Mendonça

138
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Fatores positivos do relacionamento Tolerância
Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num • É a tendência em admitir que modos de pensar, agir e sen-
somatório geral, irão contribuir para uma boa qualidade no tir são diferentes de pessoa para pessoa.
atendimento interno e externo. Assim, desde que cumpridos ou • É tolerante aquele que admite as diferenças e respeita à
atendidos requisitos básicos de valorização do outro, estaremos diversidade.
falando de um bom relacionamento. Os níveis de relacionamen-
to aqui devem ser elevados, tendo em vista sempre o direito de Discrição
cada indivíduo de receber com qualidade a supressão de suas • Ser discreto é ter sensatez, ser reservado, recatado e des-
necessidades. cente.
O relacionamento entre pessoas é a forma como eles se tra- • Não devemos confundir com o princípio da publicidade.
tam e se comunicam. Quando os indivíduos se comunicam bem, Os atos administrativos devem seguir o princípio da publicidade
e o gostam de fazer, se diz que há um bom relacionamento entre que significa manter a total transparência na prática dos atos da
as partes. Quando se tratam mal, e pelo menos um deles não Administração Pública.
gosta de entrar em contato com os outros, é um mau relacio- • Ser discreto nas relações de trabalho e nas relações com
namento. o cidadão-usuário é preservar a privacidade e a individualidade,
não invadir a privacidade, não espalhar detalhes da vida pessoal
Fatores que interferem no trabalho em equipe nem tampouco detalhes de assuntos que correm em segredo de
- Estrelismo; justiça.
- Ausência de comunicação e de liderança;
- Posturas autoritárias; Comportamento receptivo e defensivo
- Incapacidade de ouvir;
- Falta de treinamento e de objetivos; Comportamento Receptivo
- Não saber “quem é quem” na equipe. Significa perceber e aceitar possibilidades que a maioria das
pessoas ignora ou rejeita prematuramente.
Fatores positivos do relacionamento Pode ser de natureza sensorial ou psicológica.
Comunicabilidade No primeiro caso a pessoa se caracteriza por estar atento ao
• habilidade de expor as ideias; que acontece a sua volta.
• clareza na comunicação verbal; No segundo a característica é de pessoa de mente aberta e
• é a qualidade do ato comunicativo otimizado, no qual a sem preconceitos à novas ideias.
mensagem é transferida integral, correta, rápida e economica- A curiosidade é inerente do comportamento receptivo.
mente e sem “ruídos”.
Comportamento Defensivo
Objetividade O servidor não tem comportamento receptivo quando:
• relacionada com a clareza na informação prestada ao • parecem saber de tudo;
usuário. • nunca têm dúvidas;
• é importante ser claro e direto nas informações prestadas, • que têm resposta para qualquer pergunta;
sem rodeios, dispensando informações desnecessárias à situa- • sempre têm certeza das coisas;
ção. • que não admitem ser contestados;
• têm todas as informações;
Eficiência • acham que estão sempre certos;
• A Administração Pública deve atender o cidadão com agi- • tendem a colocar os outros na defensiva.
lidade, com adequada organização interna e ótimo aproveita- • age como o “dono da verdade” - transmite a ideia de que
mento dos recursos disponíveis. todos os outros são “ignorantes” e não têm nada de útil ou in-
teressante a dizer.
Presteza • quando afirma suas verdades e não admite contestação
• Manifestação do interesse em atender às necessidades do - transmite a mensagem de que vê a si mesmo como professor,
usuário. considerando todos os outros como aprendizes.
• faz os ouvintes experimentarem sentimentos de inferiori-
Interesse dade, o que produz um comportamento defensivo.
• É importante mostrar-se interessado pelo problema/situa-
ção do cidadão-usuário. Habilidades necessárias ao bom relacionamento no traba-
• Mostrar empenho para lhe apresentar as soluções. lho
• O interesse na prestação do serviço está diretamente rela- • Habilidade de comunicar ideias de forma clara e precisa
cionado à presteza, à eficiência e à empatia. em situações individuais e de grupo.
• Habilidade de ouvir e compreender o que os outros dizem.
Não apenas nas relações humanas assim como nas relações • Habilidade de aceitar críticas sem fortes reações emocio-
de trabalho, colocar-se no lugar do outro (empatia) garante nais defensivas (tornando-se hostil ou “fechando-se”)
maior sensibilidade e interesse ao usuário do serviço público. • Habilidade de dar feedback aos outros de modo útil e
construtivo.
• Habilidade de percepção e consciência de necessidades,
sentimentos e reações dos outros.

139
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Habilidade de reconhecer, diagnosticar e lidar com confli- Perante a sociedade, maus servidores não têm direitos - nem
tos e hostilidade dos outros. de grevar, porque são dispensáveis. Bons servidores, ao contrá-
• Habilidade de modificar o meu ponto de vista e compor- rio, competentes e atenciosos, tornam-se mais fortes e reconhe-
tamento no grupo em função do feedback dos outros e dos ob- cidos, porque imprescindíveis. Não adianta simplesmente lutar
jetivos a alcançar. pelo salário sem ter postura e ética na hora de servir.4
• Tendência a procurar relacionamento mais próximo com
as pessoas, dar e receber afeto no seu grupo de trabalho. O servidor na interação entre o Estado e a sociedade
Ao trazer para o debate a importância de priorizar os servi-
Órgão, servidor e opinião pública dores públicos nos processos de comunicação e relacionamento,
A opinião pública tem uma visão estereotipada do funcio- parte-se do pressuposto de que é no dia a dia, no atendimento
nário público. Nesta visão, são realçados os aspectos negativos: face a face que o Estado mais é chamado a se posicionar.
menor empenho no trabalho, descaso na prestação de serviços E é nessa circunstância de interação direta entre os repre-
e acomodação nas rotinas do emprego etc. sentantes do governo e aqueles que compõem a sociedade, que
Esta é uma visão muito antiga. a imagem construída nos demais meios de comunicação se con-
Desmistificar um estereótipo social é sabidamente uma ta- firma ou é atirada por terra.
refa de paciência e que demanda tempo. É necessária uma es- A maioria das críticas ao governo é recebida pela equipe de
tratégia, permanente e progressiva de esclarecimento da socie- trabalho antes de chegar às autoridades eleitas. E quem mais
dade civil, a fim de mostrar o porquê da existência do servidor exerce esse papel de “para-raios” é o servidor que trabalha em
público e sua necessidade. O porquê de sua necessária e cons- contato direto com o cidadão. Seja nos setores destinados exclu-
tante valorização. sivamente ao atendimento de reclamações e solicitações, seja
A Constituição de 1988 estabelece que a única maneira de na portaria, na rua, na obra, nas escolas, nas unidades de saúde
provimento de cargos públicos efetivo é através de concurso. ou nos setores administrativos. Independentemente de seu per-
Atualmente, a maior parte do funcionalismo público de cargos fil e função, ele é reiteradamente indagado pelo cidadão sobre
efetivos é formada por servidores concursados, aprovados em os serviços oferecidos pela administração pública, bem como so-
certames que exigem muito preparo. bre as formas de acesso e os prazos de execução.
Mas, uma boa parte dos cargos comissionados, a maioria Atendentes, motoristas, recepcionistas, dirigentes, telefo-
cargos de gestão, são ocupados por servidores nomeados segun- nistas, técnicos, terceirizados, representam uma instituição aos
do critérios de interresses políticos. Isso gera um quadro onde o olhos do público externo.
servidor tem uma boa formação, mas os chefes são amadores. Tudo e todos comunicam. Cada integrante de uma organi-
Além disso, há uma gama de outros funcionários seleciona- zação é um agente responsável por ajudar o cidadão a saber da
dos pelo critério “quem indica”, contratados temporariamente, existência de informações, ter acesso fácil e compreensão, delas
ou terceirizados, ou para Consultoria e cujos contratos são reno- se apropriar e ter a possibilidade de dialogar e participar em busca
vados inúmeras vezes equivalendo na prática a quase um cargo da transformação de sua própria realidade. (DUARTE, Jorge, 2007,
permanente. Infelizmente há ainda esses que caem de paraque- p. 68).
das no serviço público. O Estado, portanto, fala por meio de seus servidores. Ao
Entretanto, o que se percebe é que a cena da repartição atender o cidadão, ele é um braço do Estado em posição es-
cheia de máquinas de datilografia e cadeiras com paletós sobre tratégica de porta-voz dos serviços disponíveis e “tradutor” de
elas repousando, hoje é tão pitoresca quanto rara. normas e procedimentos, incumbido de adequar o conteúdo e
É claro que exames rigorosos para admissão de novos ser- a linguagem a cada demanda e a cada interlocutor. Além disso,
vidores aumentam a qualidade do funcionalismo , mas não é só também está em situação privilegiada para captar as impres-
isso. É preciso estruturar carreiras no serviço público com cursos sões, críticas, desejos e necessidades do público, na medida em
obrigatórios e específicos para o setor público. que o contato direto cotidiano com os cidadãos oferece subsí-
Os cidadãos estão cada vez mais conscientes de que o serviço dios para identificar fragilidades no atendimento, nos proces-
público que lhe é prestado não é gratuito: é muito caro. Pagam- sos, na divulgação dos serviços e na própria política.
-se tributos de várias espécies, numa complexa configuração fiscal Lipsky (1980) destaca que esses atores têm informações que
(cumulatividade, bi-tributação, efeito cascata, guerra fiscal, etc...) podem indicar caminhos para aprimorar as políticas e promover
que precisam arcar, inclusive, com os custos da burocracia exces- a gestão democrática dos programas. O valor estratégico da me-
siva e da provisão para fraudes. diação que os servidores fazem entre o Estado e a sociedade,
A sociedade está ciente de que o serviço público deve ser efi- não só como executores, mas também definidores dessa rela-
ciente e de que o servidor público está ali para servir a sociedade. ção, chama a atenção para a análise do seu papel na grande rede
O emprego público deve explorar as habilidades que fizeram social interligada ao Estado.
o candidato ser empossado. A remuneração, a depender da car- O que alimenta o funcionamento de uma organização é o
reira, deve ser mantida em níveis competitivos ao da esfera pri- que o funcionário sabe. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Nessa
vada. Mas, nada disso visa a efemeridade do “status” que alguns perspectiva, ele é percebido não como cumpridor de planos,
servidores públicos apreciam. Tudo visa o fim público, objetiva a mas um negociador, capaz de incentivar o diálogo, coletivizar
satisfação das necessidades coletivas. ideias, formular alternativas e articular a ação conjunta.
Uma nova política de recursos humanos é necessária. De- A complexidade dos problemas sociais requer retroalimen-
verá ser permanente e estar em constante aperfeiçoamento, tação e aprendizagem constantes, decodificação das informa-
produzindo, na ponta, servidores mais críticos, competentes, ções recebidas, flexibilização de regras e disseminação de co-
inovadores e cientes de sua missão pública. Essa é a única forma nhecimento. Sob essa perspectiva, os servidores se revelam
de se resgatar, perante a sociedade, a dignidade da função, e se duplamente agentes de comunicação pública: como agentes
ganhar do público, o reconhecimento devido. 4 Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com.br

140
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
melhor posicionados para contribuir com informações e conhe- o fato de as políticas públicas serem executadas no nível da rua,
cimento para aprimorar os serviços públicos (levando informa- por funcionários muitas vezes desconhecedores das políticas
ção do cidadão para o Estado e deste para o cidadão) e também conforme o desenho original, desmotivados, sobrecarregados,
como agentes encarregados de efetivar as políticas públicas. trabalhando sob situação de estresse devido ao alto grau de
A comunicação dirigida face a face pode viabilizar soluções incerteza inerente à diversidade das necessidades dos clientes
cotidianas para os cidadãos que solicitam atenção e esperam e aos parcos recursos disponíveis, quer para o pagamento dos
por informações corretas. Além disso, Argenti (2006) afirma salários, quer para a execução mesmo das políticas. (SCHMIDT,
que a credibilidade adquirida por meio do relacionamento com 2006, p. 17-18).
grupos específicos tende a surtir mais efeito que campanhas e Hogwood e Gunn (1993) listam diversas precondições para
anúncios corporativos massivos. a adequada implementação das políticas públicas. Dentre outros
As organizações públicas, e especificamente as administra- fatores, eles apontam o acordo sobre os objetivos, a perfeita
ções municipais, que desejam atingir resultados na implantação comunicação e coordenação e a obediência aos superiores. Con-
das práticas de comunicação com seus cidadãos precisam utili- sidera-se, no entanto, que tais aspectos dificilmente serão total-
zar com eficiência o contato direto com estes, gerando interati- mente atendidos porque os indivíduos tendem a resistir a serem
vidade e contribuindo para a constituição de imagem favorável. tratados como meios. Eles interagem como seres integrais, tra-
(GERZSON; MULLER, 2009, p. 65). zendo suas próprias perspectivas.
Woodrow Wilson, um dos inspiradores do paradigma clássi- Mesmo que a formalidade burocrática vise a padronizar
co da administração pública, já em 1887, demonstrava a impor- procedimentos, os servidores têm uma certa liberdade de de-
tância de aproximá-la da sociedade. Ele defendia a eliminação cisão. Sua adaptação às normas pode ser feita de modo a des-
do anonimato burocrático e a discricionariedade como formas virtuar completamente os objetivos, ampliando ainda mais as
de aumentar a responsabilidade e criticava a desconfiança ilimi- cobranças relativas aos procedimentos burocráticos irrelevantes
tada nos administradores e nas instituições públicas. ou promovendo uma adaptação favorável ao cidadão, explican-
Considerando tais questões, abordar a comunicação pública do os trâmites de forma simplificada, apontando alternativas
sob o prisma da relação individual entre servidor e cidadão é ou mesmo flexibilizando as normas para melhor atender cada
uma tentativa de compreender as estratégias e os mecanismos cidadão.
envolvidos na comunicação formal e informal e o modo como os Assim, as prioridades outorgadas pelos planejadores tam-
servidores lidam com os interesses e as demandas dos cidadãos. bém são influenciadas pelo poder político de instâncias do pró-
Chamar a atenção para o papel dos servidores na adequa- prio poder público. Destaca-se, então, a importância de focar
ção das políticas governamentais é considerar que ações públi- a tríade governo-servidor-cidadão na comunicação pública.
cas não são isentas. Elas trazem a marca dos interesses e das Entende-se, neste caso, que o governo é o agente do primei-
percepções de seus executores, o que pode causar distorções ro escalão, responsável por grandes decisões e por formatar e
entre as necessidades dos cidadãos e o que o Estado lhes ofere- planejar a implantação das políticas públicas. Por outro lado,
ce. (SKOCPOL, 1985). Busca-se, portanto, destacar a necessida- considera-se que tanto a política quanto a comunicação pública
de de considerar que o Estado se submete não só a interesses direcionadas ao cidadão só se efetivam na ação, e o servidor que
localizados na sociedade, mas também aos interesses de seus as implementa pode alterar o curso delas.
próprios membros. Do ponto de vista comportamental, muito do que se sabe
Segundo Rhodes (1986), implícito à concepção de redes está sobre as estratégias de interação entre os servidores e os cida-
o argumento de que a implementação é um elemento-chave no dãos deve-se às pesquisas empíricas desenvolvidas por Lipsky
processo político, pois os objetivos iniciais podem ser substan- (1980). O autor afirma que os servidores públicos desenvolvem
cialmente transformados quando levados à prática. um conjunto de estratégias que são postas em ação de acordo
Porém, a concepção tradicional da administração pública com o tipo de demanda existente.
pressupõe que as políticas são implementadas tal como foram Chamado de “burocrata no nível da rua”, por Michael Lipsky
planejadas, desconsiderando o contexto e as especificidades de (1980), o servidor focado nesse estudo trata-se de um prestador
quem as implementa e de quem as recebe. Focar as redes numa de serviços públicos, diretamente atuante na oferta desses ser-
perspectiva micro possibilita perceber in loco como, de fato, a viços e com contato pessoal com os usuários. A burocracia de
implementação das políticas é efetivada. nível de rua (street level bureaucracy) considera que os escalões
O distanciamento hierárquico e a falta de interação entre mais baixos são essenciais para o funcionamento efetivo e prega
os formuladores (agentes políticos) e implementadores (agen- que a aproximação ajuda a definir a relação entre Estado e so-
tes administrativos) podem gerar distorções em ambos os pro- ciedade. (FERRAREZI, 2007).
cessos, refletidas na distância entre a política planejada e a po- Dasso Junior (2002) destaca que o papel a ser desempe-
lítica que chega ao cidadão. A implementação dos programas nhado pelos servidores diante da necessidade de flexibilizar
criados nos níveis hierárquicos superiores pode diferir do que procedimentos burocráticos incongruentes com a realidade dos
foi proposto, por diversos motivos: a falta de entendimento, a atendimentos passa por reconstruir a capacidade analítica do
não explicitação dos objetivos, os interesses políticos de quem Estado. É preciso “dotar a administração pública de capacida-
implementa a ação, a (re)significação em função da vivência e de para dar respostas às demandas sociais, definidas através de
percepção do servidor, ou mesmo a adaptação consciente às processos participativos”. (DASSO JUNIOR, 2002, p. 13). Para
condições de trabalho ou às condições específicas dos cidadãos isso, o autor defende a flexibilização e redução da estrutura hie-
atendidos. rárquica, bem como a inclusão dos servidores na formulação e
Dentre os fatores que podem levar a essa desconexão está gestão das políticas.
o fato de que os trabalhadores que estão em suas atividades “O instrumento fundamental de ação do servidor é a infor-
diárias em contato direto com os cidadãos possuem suas pró- mação, o que requer capacidade de captar, transferir, dissemi-
prias referências; eles agem em respeito a elas (...). É relevante nar e utilizá-la de forma proativa e interativa.” (JUNQUEIRA;

141
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
INOJOSA, 1992, p. 29). Mas, para alterar o formato instrumental Análise de redes sociais na comunicação organizacional
de comunicação, é preciso vencer resistências e posições arrai- A abundância de fluxos e demandas informacionais requer
gadas. A construção de relacionamentos requer a superação de reconhecer a organização como ator social com influências mul-
barreiras como a resistência de gestores e servidores historica- tidirecionais. Nessa perspectiva, a rede não é apenas uma cadeia
mente acostumados com estruturas hierarquizadas e com um de vínculos, mas também uma maneira de analisar e entender
processo verticalizado e marcado pela apropriação e pelo con- os processos de comunicação no contexto das organizações de
trole da informação. uma forma dinâmica e próxima da prática cotidiana, consideran-
Ao se analisar o Estado após o processo de redemocratiza- do-se as relações que as constituem.
ção do Brasil, é possível verificar que a incapacidade de os go- Ao estabelecer vínculos internos e externos entre diferentes
vernos centrais darem respostas a demandas sociais cada vez conjuntos de ação, a análise das redes de comunicação possibili-
mais complexas, diversas e conflitantes, cujos atores reivindi- ta estabelecer nexos explicativos entre as relações dinâmicas do
cam atenção diferenciada, resulta na descentralização adminis- sistema do “nós” da comunidade de comunicação com o ecossis-
trativa. tema externo do “eles” possibilitando, inclusive identificar suas
Embora tal medida, baseada no modelo da nova gestão pú- dialéticas na definição cognitiva de um campo de ação comum.
blica, busque proporcionar mais flexibilidade e autonomia para (HANSEN, 2006, p. 2-3).
aproximar as estruturas de decisão dos cidadãos, a tendência Dentro das organizações, pode-se utilizar a metodologia
dos governos em implementar políticas autorreferentes persis- de rede para identificar relações de cooperação e conflito, bem
te. Verifica-se uma proliferação de decisões “por um pequeno como para avaliar a influência da hierarquia e de interesses indi-
círculo que se localiza em instâncias enclausuradas na alta buro- viduais nas relações, as interações dentro dos setores e transe-
cracia governamental”. (DINIZ, 1998, p. 34). toriais, as competências e as relações de poder. No aspecto das
Assim, o desenho institucional trazido pela nova adminis- redes externas, cabe considerar o atendimento, a captação de
tração pública aumentou o isolamento dos decisores. (DINIZ, informações que possibilitem adequar às demandas e as rela-
2000). Via de regra, eles trabalham em gabinetes distantes dos ções estabelecidas com outras organizações.
pontos de atendimento e não mantêm contato frequente com Se por um lado, a análise de redes sociais trabalha com os
os cidadãos atingidos por suas decisões. Por outro lado, a maio- mesmos instrumentos de captação de dados utilizados pelas
ria daqueles que mantêm contato cotidiano com os cidadãos no ciências sociais: questionários, entrevista, análise documental;
processo de implementação e disponibilização das políticas, nos por outro, ela oferece novas possibilidades na análise de tais
balcões de atendimento, representando o governo em reuniões dados.
com os diferentes grupos associativos da sociedade civil, ou exe-
cutando políticas de educação, saúde, habitação, infraestrutura A análise de redes sociais tem uma dimensão propriamente
e assistência social, exerce suas funções longe dos níveis hierár- social e comunicacional, que permite traçar os elos, as intera-
quicos estratégicos. Não raro, seu papel é considerado inexpres- ções e as motivações dos atores em função do convívio (concre-
sivo no modelo top-down de implementação de políticas. to ou virtual) e dos interesses e dos objetivos compartilhados.
A participação no gerenciamento pode criar motivação para (MARTELETO, 2010, p.39)
o trabalho e mais independência além, é claro, de proporcio- Nessa rede cujos nós são conectados pela relação que esta-
nar muitos benefícios para a instituição, que poderá entender belecem, percebe-se que não só emissor e receptor se ajustam
melhor as demandas do cidadão, ao mesmo tempo em que o e se influenciam na interação como também recebem outras in-
beneficia com um atendimento mais adequado. fluências diretas e indiretas. A análise de redes sociais possibilita
Resolver problemas, seguidas vezes partindo do zero e uti- mapear e analisar não apenas a mútua afetação, mas múltiplas
lizar esforços em duplicata são, segundo Davenport e Prusak afetações decorrentes das interações intraorganizacionais e so-
(1998), práticas comuns nas quais o conhecimento14 de solu- ciais mais amplas.
ções já criadas não é compartilhado. Os autores destacam que No enfoque da rede, ter prestígio significa ser um ator que
há um saber oculto, em estado latente no processo de traba- recebe mais informações do que envia. (WASSERMAN; FAUST,
lho e na mente dos trabalhadores, que pode ser conhecido e 1999, p. 173). Sendo assim, a partir da análise das ligações é pos-
socializado. A transferência de conhecimento nas organizações sível identificar indivíduos mais bem posicionados em relação ao
também ocorre nas conversas informais e contatos pessoais. O fluxo relacional e que, em razão desta posição, possuem maior
desafio é transformar o conhecimento latente em linguagem co- poder de influenciar a comunicação entre os indivíduos com os
municativa, de modo a incorporá-lo ao processo de trabalho e quais se relacionam.
ao patrimônio da instituição. A análise de rede aponta o poder de influência dos atores
Tal como destacam tais autores, se a realidade política de com base em diferentes aspectos posicionais. Ela identifica não
uma organização permite que se multipliquem enclausuradores só os líderes de opinião, caracterizados como aqueles que mais
do conhecimento, o intercâmbio será mínimo. Eles defendem influenciam as atividades, os relacionamentos e as informações
que, ao invés de as informações serem represadas nos altos es- na rede, mas também os membros pelos quais passam os flu-
calões ou mesmo em nível gerencial, elas tenham fluxo entre xos mais intensos, aqueles que mais intermedeiam contatos ou
os níveis hierárquicos e cheguem à ponta, aos funcionários que aqueles cujo potencial pode ser melhor explorado; além das co-
representam diretamente a organização nos atendimentos co- nexões diretas e indiretas, o grau de reciprocidade; a interação
tidianos. Assim, a informação constituiria não só recurso estra- dentro e entre os subgrupos e a coesão das relações. De forma
tégico para o planejamento, controle e tomada de decisão, mas análoga, também é possível identificar aqueles que constituem
também para embasar as ações cotidianas. barreiras, comprometendo o processo comunicacional.
Assim, a análise da comunicação organizacional, sob o pris-
ma das relações em rede, possibilita responder questões como:
com quem cada indivíduo busca informação sobre determinado

142
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
assunto; quais deles se conhecem ou quem tem acesso a quem; A comunicação é a utilização de qualquer meio pelo qual
com que frequência trocam informações; se os colegas sabem uma mensagem é transmitida. Podemos dizer que a comunica-
com quem buscar cada tipo de informação; se utilizam tais fon- ção é a transmissão de um modo de pensar, de ser e de sentir.
tes; que tipo de relação estabelecem. Mais que responder tais Seu objetivo é influenciar com o objetivo de se obter uma reação
questões, a análise demonstra como cada aspecto influencia a específica de quem recebe a mensagem.
estrutura de relações do grupo. É através da comunicação que as pessoas conseguem ex-
A rede considera a dinâmica dos objetos empíricos das ciên- pressar suas emoções, motivar outras pessoas, transmitir fatos,
cias sociais e, portanto, é mutável. Ela possibilita indicar mudan- opiniões e experiências. É preciso que se tenha um bom conhe-
ças e permanências nos modos de comunicação e transferência cimento sobre como bem utilizar esta ferramenta. Saber comu-
de informações, nas formas de sociabilidade, aprendizagem, au- nicar é um atributo que todos nós possuímos, porém, alguns
torias, escritas e acesso aos patrimônios culturais e de saberes sabem utiliza-la melhor do que os outros.
das sociedades mundializadas. (MARTELETO, 2010, p. 28). É preciso que a comunicação, como ferramenta, seja usada
Com isso, as redes constituem um meio de aprimorar a co- em benefício do indivíduo e da empresa.
municação, respeitando a autonomia e as diferenças individuais, Um grande engano ocorre quando se confunde comunica-
onde cada um constitui uma unidade em si, único em forma e ção com falar. Comunicação é muito mais do que simplesmente
posição. Ao considerar a capacidade e os recursos informacio- o ato da fala. Ela envolve outros sentidos que, na maioria das
nais de cada membro e sua competência em compartilhá-los, a vezes, não são considerados como importantes. Ver, ouvir, sen-
rede possibilita melhor promover articulações tanto na concep- tir são, constantemente, esquecidos quando se discute o pro-
ção quanto na execução de suas funções. cesso de comunicação. Muitas pessoas falam, e por não saber
A comunicação no contexto das organizações como proces- COMUNICAR provocam danos irreparáveis na sua rede de rela-
so relacional entre seus membros e destes com redes externas ções humanas, principalmente na rede de relacionamentos pro-
não é restrita às relações hierárquicas e aos meios formais. Mais fissionais.
que as estratégias utilizadas pelos meios de comunicação insti- Muitas pessoas escutam mas não ouvem, muitas olham mas
tucional e mais ainda que os aspectos estritamente hierárqui- não vêem. Ouvir requer muita prática e paciência. Requer a ca-
cos, analisar a comunicação nesse contexto requer uma aborda-
pacidade de saber segurar o impulso da impaciência para deixar
gem a partir dos vínculos, construídos intencionalmente ou não
a outra pessoa se expressar. Quando realmente estamos ouvin-
e que estão em constante interação e transformação.
do, uma forte conexão é estabelecida entre nós e o outro. Uma
ligação invisível que nos conecta e nos permite ocuparmos o lu-
A comunicação não é algo estanque. Ela existe a partir de uma
gar do outro, e com isso conseguimos entender melhor que esta
rede de relações que produz múltiplos sentidos. Nessa concepção,
outra pessoa é e o que ela deseja. Quando você estiver ouvindo,
a proposta é abordar a comunicação organizacional como um pro-
foque sua atenção somente na outra pessoa. Escute, veja, sinta
cesso social capaz de reconfigurar-se e reconfigurar continuamente
o que ela tem a dizer. Escute não somente o que está sendo dito,
a organização. Ao mesmo tempo em que ela constitui a realidade
mas preste atenção principalmente no que não está sendo dito.
da organização, ela modifica estruturas e comportamentos.
Embora a análise de redes possibilite mapear o fluxo infor-
mal de informações, percebe-se que os atores mais centrais são ‘Leia’ a expressão corporal, sinta a energia transmitida, veja
os líderes formais. Gerentes e coordenadores possuem grande a luz que brilha no olhar do outro. Quando você realmente sou-
influência sobre o fluxo de informação. A unilateralidade das ber ouvir um mundo de oportunidades surgirá. Ouça seus clien-
relações aponta uma reduzida permeabilidade da rede ao cida- tes, sua família, seus amigos e você aprenderá muito com eles;
dão. Os atendentes, cuja função é manter contato direto com o principalmente a ouvir você mesmo. Ouça, pergunte, compreen-
cidadão, em geral, estão à margem. Atores periféricos, eles inte- da e, só então, dê a sua resposta.
ragem com o ambiente externo e captam novos elementos que
poderiam possibilitar a inovação dentro da rede. No entanto, Saber ouvir
sua tímida participação no envio de informações para os demais Um ouvinte eficiente é aquele que ‘ouve’ com todos os seus
faz com que grande parte dessas informações se percam. sentidos, emoções e sentimentos. Um bom ouvinte deve ser
Considerando o servidor como ator com grande potencial capaz de pensar rapidamente para sintetizar e encontrar pron-
não só para a definição e implementação de políticas públicas, tas respostas para aquilo que o transmissor está comunicando.
como também para a participação individual do cidadão, o ma- Saber ouvir exige reflexão, questionamento e poder de síntese
peamento da rede e a análise das relações indicam a necessi- sobre aquilo que está acontecendo.
dade de incentivar o aumento da densidade das relações e a
reciprocidade dos laços. Empatia e a Comunicação
O histórico de reformas administrativas e a influência dos A empatia é uma forma de compreensão definida como:
diversos modelos de gestão pública emergem. A rede está in- capacidade de perceber e de compreender os sentimentos de
serida no centro da aposta de uma administração gerencialista uma outra pessoa. Uma condição psicológica que permite a uma
focada em metas e resultados. No entanto, a reprodução do or- pessoa sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circuns-
ganograma nas relações informais é um indicativo da influência tância experimentada por outra pessoa.
do padrão burocrático de administrar. Um olhar, um tom de voz um pouco diferente, um levantar
Desconsiderar a ponte entre a rede intraorganizacional e de sobrancelhas, podem comunicar muito mais do que está con-
a rede extraorganizacional do órgão como elemento estratégi- tido em uma mensagem manifestada através das palavras.
co de acesso ao cidadão por meio da interação pessoal é criar
uma barreira. É por meio da interação entre as redes que elas
se renovam. A troca de informações é que as torna dinâmicas e
possibilita inovações.

143
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Comunicação não-verbal • Comunicação é sempre uma via de mão dupla. Uma das
A expressão não-verbal é um poderoso complemento, e às melhores maneiras de fortalecer a comunicação é desenvolver
vezes um substituto, para a mensagem verbal. Apesar da expres- a habilidade não apenas de falar, mas de ouvir também. Dar a
são corporal assumir até mais importância do que a expressão atenção completa, inclusive com os olhos e as expressões faciais.
verbal ela é comumente posta em segundo plano. Quando você Quando concentramos nossa atenção, mostrando que não esta-
estiver se comunicando com seu cliente preste atenção nos si- mos apenas escutando com os ouvidos, poderemos nos identifi-
nais que seu corpo e o do seu cliente estão emitindo. Saiba ler car com o que a outra pessoa está sentindo ou experimentando.
nestas entre linhas e garanta melhores negócios. Seja simples e Consequentemente, a pessoa que nos fala também nos dará a
natural. atenção que desejamos quando formos nós os locutores.
A comunicação, quando eficaz, se dá através de atos simples • É preciso o momento certo para se comunicar. Às vezes
e naturais, resultados de treino e observação. A simplicidade e a passamos por cima dos sentimentos das pessoas, sem observar-
naturalidade estão presentes quando identificamos e afastamos mos se estão preparadas para ouvirem determinadas coisas ou
os obstáculos que interferem na comunicação. se aquele momento é adequado para uma conversa mais séria.
É preciso boa vontade e discernimento para saber qual a melhor
O que é comunicação? ocasião para que o diálogo seja eficaz.
É uma busca de entendimento, de compreensão. É uma liga- • A precipitação ao responder pode ser prejudicial. Esperar
ção, transmissão de sentimentos e de ideias. Ao se comunicar o o outro terminar de dizer o que pensa, para que então se possa
indivíduo coloca em ação todos os seus sentidos com o objetivo emitir o próprio pensamento, pode ser uma grande arma para
de transmitir ou receber de forma adequada a mensagem. resolver uma barreira de comunicação. Às vezes pensamos que
sabemos o que o outro vai dizer e, sem vacilar, cortamos o seu
A comunicação na Administração Pública volta-se à: momento na conversa. Somente depois descobrimos que não
• Comunicação assertiva – utiliza técnicas que desenvolvem era nada daquilo que iria falar, correndo o risco de criarmos uma
uma linguagem corporal e verbal capaz de garantir segurança barreira ainda maior.
e credibilidade em reuniões e contato com clientes internos e • É preciso estar aberto à cordialidade. Nunca será demais
externos, além de contribuir para a adequada transmissão de estarmos dispostos a desejar um bom dia, pedir desculpas, dizer
informações perante as equipes de trabalho; obrigado, pedir por favor... e a sorrir. Às vezes, gestos como es-
• Comunicação eficaz para multiplicadores internos – foca o tes desarmam mecanismos de defesa e formas de ser não muito
corpo técnico do órgão público, com o objetivo de potencializar dadas ao contato pessoal, ao diálogo e à interação.
a comunicação dos colaboradores, aprimorando a sua atuação
em reuniões e contato com clientes por meio de uma linguagem O exercício de se colocar no lugar do outro (empatia)
permite fazer da comunicação um importante instrumento de
dinâmica, segura e objetiva.
fortalecimento das relações interpessoais.
Gaudêncio Torquato destaca as funções da comunicação na
Barreiras ocorrem quando a comunicação se estabelece
Administração Pública:
mal ou não se estabelece entre pessoas ou entre grupos. Daí
Um dos modos eficientes de planejar a comunicação na
resultam alguns fenômenos psíquicos (CIEE, 2013):
administração púbica é espelhar seus programas em um leque
de funções. A seguir, um pequeno roteiro com 10 funções.
• Ruído é a interrupção da comunicação através de mecanis-
mos externos, sons estranhos à comunicação, visualizações que
1. A comunicação como forma de integração interna – diapasão
comprometem a comunicação, ou mecanismos utilizados pelo
Função: ajustamento organizacional. Os ambientes internos,
locutor, que seja incompreendido pelo interlocutor. A partir do alimentados por eficientes fontes de comunicação, motivam-se
momento em que se elimina o ruído a comunicação tende a se e integram-se ao espírito organizacional, contribuindo de forma
estabelecer. mais eficaz para a consecução das metas.
• Bloqueio é a interrupção total ou provisória da comunica- 2. A comunicação como forma de expressão de identidade
ção e paradoxalmente parecem comprometer menos a evolução – tuba de ressonância
da comunicação do que a filtragem. Função: Imagem e credibilidade. O Poder Executivo sofre
• Filtragem é o mecanismo de seleção, danosa, dos aspectos constantemente da desintegração das estruturas e equipes, o
da comunicação que erroneamente interessam aos interlocuto- que acaba gerando dissonância na comunicação. E dissonân-
res. cia fragmenta a identidade governamental. A comunicação
integrada e comandada por um polo central tem condições de
De acordo com o CIEE, o surgimento de um bloqueio obriga equacionar esse problema.
os interlocutores a questionar suas comunicações e geralmente O poder legislativo carece de um planejamento de comuni-
lhes permite reatá-las e restabelecê-las em clima mais aberto cação externa, voltado para traduzir todas as funções e ativida-
e em uma base mais autêntica. Desde que cada interlocutor, des, salvaguardando a imagem da instituição. O poder judiciário,
tenha tomado consciência de que neles, e entre eles, existam o mais fechado, carece da mesma intensificação de programas
obstáculos às suas trocas. Em caso de filtragem, a comunicação de comunicação externa.
tende a acompanhar-se de reticências e de restrições mentais,
degradando-se pouco a pouco em mensagens cada vez mais 3. A comunicação como base de lançamento de valores
ambíguas e equivocadas. Função: expressão de cultura. O sistema de comunicação é
Alguns aspectos podem ser refletidos com a finalidade de fonte de irradiação de valores. No planejamento, um conjunto de
minimizar as barreiras na comunicação, segundo o CIEE: princípios valorativos se faz necessário para alimentar a cultura
interna e projetar o conceito junto aos diversos públicos-alvo. Os

144
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
valores devem estar centrados no interesse e no papel da institui- A comunicação pode ser formal e informal. A comunicação
ção, não nos interesses do dirigente. É claro que ele irá imprimir a institucional é formal e diz respeito a qualquer tipo de infor-
sua marca, mas a identidade institucional é o foco principal. mação que tenha caráter oficial de uma instituição pública ou
privada.
4. A comunicação como base de cidadania De acordo com Aluízio Ferreira (1997, 236), “é toda infor-
Função: direito à informação. A comunicação deve ser en- mação cuja fonte ou proveniência seja uma entidade ou órgão
tendida como um dever da administração pública e um direito estatal, ou um ente privado que realize atividades que tenha
dos usuários e consumidores serviços. Sonegar tal dever e negar caráter público”. Em Planejamento de Relações Públicas na Co-
esse direito é um grave erro das entidades públicas. Os comuni- municação Integrada, Margarida Maria Krohiling Kunsch (2003,
cadores precisam internalizar esse conceito, na crença de que a 165) afirma que “a comunicação institucional é a responsável
base da cidadania se assenta também no direito à informação. direta, por meio da gestão estratégica das relações públicas,
pela construção e formação de uma imagem e identidade cor-
5. A comunicação como função orientadora do discurso porativas fortes e positivas de uma organização. A comunicação
dos dirigentes institucional está diretamente ligada aos aspectos corporativos
Função: assessoria estratégica. Essa é uma das mais rele- institucionais que explicitam o lado público das organizações,
vantes funções da comunicação. Trata-se de elevar o status do constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como
sistema de comunicação ao patamar estratégico de orientação proposta básica a influência político-social na sociedade onde
das cúpulas dirigentes. Essa função exige dos comunicadores está inserta”. Uma definição objetiva e simples de comunicação
boa bagagem conceitual e cultural. institucional é a de Abílio da Fonseca (1999, 140), professor e
especialista em relações públicas de Portugal, que a designa
6. A comunicação como forma de mapeamento dos inte- “como conjunto que é de procedimentos destinados a difundir
resses sociais informações de interesse público sobre as filosofias, as políticas,
Função: pesquisa. Há de se considerar a prospecção ambien- as práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar
tal como ferramenta importante do planejamento estratégico de compreensíveis essas propostas”. Para Gaudêncio Torquato do
comunicação. Afinal de contas, a pesquisa é que detecta o foco, Rego (Apud Kunsh, 2003), “a comunicação institucional objetiva
os eixos centrais e secundários, as demandas e expectativas dos conquistar simpatia, credibilidade e confiança, realizando, como
receptores. meta finalista, a influência político-social, a partir da utilização
de estratégias de relações públicas, tanto no campo empresarial
7. A comunicação como forma de orientação aos cidadãos como no governamental, de imprensa, publicidade, até as técni-
Função: educativa. Nesse aspecto, a comunicação assume o cas e práticas do lobby”. Em última instância, Margarida Kunsh
papel da fonte de educação, pela transmissão de valores, ideias conclui que a comunicação institucional,através das relações
e cargas informativas que sedimentarão a bagagem de conheci- públicas, destaca os aspectos relacionados com a missão, os va-
mento dos receptores. lores e a filosofia da organização e soma para o desenvolvimento
do que chama de subsistema institucional, compreendido pela
8. A comunicação como forma de democratização do poder “junção desses atributos.” Como comunicadores e formadores
Função: política. Compartilhar as mensagens é democratizar de opinião que somos, com a utilização dessa importante
o poder. Pois a comunicação exerce um poder. Assim, detém ferramenta, temos o poder de passar a informação de forma
mais poder quem tem mais informação. Nas estruturas admi- positiva sem nos esquecer, entretanto, de que a comunicação
nistrativas, tal poder é maior nas altas chefias. E quando se institucional deve passar veracidade e confiabilidade.
repartem as informações por todos os ambientes e categorias Por sua vez, a comunicação interpessoal é informal e
de públicos, o que se está fazendo, de certa forma, é uma repar- acontece quando pessoas trocam informações entre si, troca
tição de poderes. que pode ser direta e imediata ou pode ser indireta e media-
da, conforme Dante Diniz Bessa (2006). No primeiro caso, as
9. A comunicação como forma de integração social pessoas estão cara a cara e se relacionam, principalmente, por
Função: social. A comunicação tem o dom de integrar os meio da fala e da gesticulação, como, por exemplo, quando
grupos pelo elo informativo. Ou seja, quem dispõe das mesmas conversam em algum ambiente informal (em uma festa ou no
informações pode entender melhor seus semelhantes, dialogar, intervalo do trabalho, por exemplo) e contam histórias; relatam
colocar-se no lugar do interlocutor. A comunicação, como a lín- acontecimentos; descrevem pessoas; dizem o que leram no jor-
gua, exerce o extraordinário poder de integrar as comunidades, nal; avisam da chegada de alguém, contam piadas, entre outros.
unindo-as em torno de um ideal. Já a comunicação indireta e mediada acontece quando as
pessoas estão distantes e não podem se enxergar nem escutar
10. A comunicação como instrumento a serviço da verdade uma a outra. Nessa situação, elas precisam usar algum meio que
Função: ética. Não se deve transigir. A verdade deve ser lhes possibilite a troca de informações, transportando a voz ou
a fonte de inspiração da comunicação pública. Até porque a os gestos que uma faz até a outra. Os meios utilizados podem
mentira e as falsas versões acabam sendo desmascaradas. A ser variados (telefone, carta, computador), mas uma vez usado
comunicação precisa servir ao ideário da ética, valor básico dos um meio, ele estará mediando (intermediando) a comunicação
cidadãos.5 entre as pessoas (BESSA, 2006).
Conforme Bessa (2006), “há uma semelhança fundamental
entre os dois tipos de comunicação: ambos são relações sociais
que colocam as pessoas em interação no próprio ato da troca de
5. Obtido em http://votoemarketing.blogspot.com.br/2010/02/funcoes-da- informações”
-comunicacao-na-administracao_28.html

145
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Pesquisa de campo: tem base na realização de reuniões entre
GESTÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO um especialista em avaliação de desempenho da área de Recursos
Humanos e cada líder, para avaliação do desempenho de cada um
GESTÃO DE DESEMPENHO dos subordinados, levantando-se os motivos de tal desempenho
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos por meio de análise de fatos e situações. Este método permite um
resultados apresentados por seus colaboradores é acompanhando diagnóstico padronizado do desempenho, minimizando a subjetivi-
de perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz dade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, conjuntamen-
de demonstrar esse acompanhamento é por meio da Avaliação de te com o líder, do desenvolvimento profissional de cada um.
Desempenho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma • Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam
ferramenta da gestão de pessoas que visa a analisar o desempenho desempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser
individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada realçados e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que
empresa. É um processo de identificação, diagnóstico e análise do devem ser corrigidos através de orientação constante. O método
comportamento de um colaborador durante um intervalo de tem- não se preocupa em avaliar as situações normais. No entanto, para
po, analisando sua postura profissional, seu conhecimento técnico, haver sucesso na utilização desse método, é necessário o registro
sua relação com os parceiros de trabalho etc. constante dos fatos para que estes não passem despercebidos.
Esse método tem por objetivo analisar as melhores práticas dos • Comparação de pares: também conhecida como compa-
funcionários, proporcionando um crescimento profissional e pesso- ração binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois
al, visando a um melhor desempenho de suas funções no ambiente colaboradores ou entre o desempenho de um colaborador e sua
de trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio equipe, podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo
à administração de recursos humanos da empresa, alimentando-a muito simples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de
com informações que auxiliam a tomada de decisão sobre práticas ser realizado quanto maior for o número de pessoas avaliadas.
de bonificação, aumento de salários, demissões, necessidades de • Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com
treinamento etc. relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado
conjuntamente a outros sistemas para minimizar o forte viés e a
Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação de desem- falta de sinceridade que podem ocorrer.
penho de um colaborador inclui, dentre outras, as expectativas • Relatório de performance: também chamada de avaliação
desejadas e os resultados reais, sendo dividida em algumas etapas: por escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição
• Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus mais livre acerca das características do avaliado, seus pontos
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento fortes, fracos, potencialidades e dimensões de comportamento,
permanente de feedback instantâneo; entre outros aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se
• Identificação e equacionamento imediato dos problemas combinar ou comparar as classificações atribuídas e por isso exige
emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão a suplementação de um outro método, mais formal.
de motivação e de obtenção de resultados; • Avaliação por resultados: é um método de avaliação baseado
• Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho, na comparação entre os resultados previstos e realizados. É um
em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no pe- método prático, mas que depende somente do ponto de vista do
ríodo considerado e redefinem novas orientações, compromissos supervisor a respeito do desempenho avaliado.
recíprocos e ações corretivas, se for o caso. • Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcance
de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limita- organizacionais e negociados previamente entre cada colaborador
ções dos funcionários, buscando identificar pontos de melhoria, e seu superior. É importante ressaltar que, durante a avaliação,
necessidade de treinamento, ou até mesmo remanejamento do não devem ser levados em consideração aspectos que não esta-
indivíduo para outras funções em que poderia render melhor. vam previstos nos objetivos, ou não tinham sido comunicados ao
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é identi- colaborador. E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua autoava-
ficar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de desempenho liação para discussão com seu gestor.
entre os muitos funcionários da organização. Tendo sempre como • Padrões de desempenho: também chamado de padrões de
base a interação constante entre avaliador e avaliado. trabalho, é quando há estabelecimento de metas somente por
parte da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas
1. Formas de avaliação de desempenho que serão avaliadas.
Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de avaliação: • Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de com-
• Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado nas portamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-se
empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores definidos, “sim” quando o comportamento do colaborador corresponde ao
graduados através da descrição de desempenho numa variação de comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É
ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver exemplos diferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido
de comportamentos esperados para facilitar a observação da da não obrigatoriedade na escolha das frases.
existência ou não do indicador. Permite a elaboração de gráficos • Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado recebe fee-
que facilitarão a avaliação e o acompanhamento do desempenho dbacks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação,
histórico do avaliado. também chamados de stakeholders, como pares, superior imedia-
• Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos to, subordinados, clientes, entre outros.
indivíduos através de frases descritivas de determinado tipo de • Avaliação de competências: trata-se da identificação de
desempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre competências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habili-
as quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para dades) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado
descrever os comportamentos do avaliado. Este método busca mi- desempenho seja obtido.
nimizar a subjetividade do processo de avaliação de desempenho.

146
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das • Identificação de problemas de trabalho em geral, no relacio-
avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da namento individual, intraequipe ou interequipes;
existência ou não das competências necessárias de acordo com o • Registro histórico suplementar para ações administrativas de
desempenho apresentado. gestão;
• Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro, • Apoio às pesquisas de clima organizacional.
identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvol-
vimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita 4. Indicadores de Desempenho
a identificação de talentos que estejam trabalhando aquém de suas O que não é medido não é gerenciado....
capacidades, fornecendo base para a recolocação dessas pessoas. Robert Kaplan
• Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S.
Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho Se você não mede algo, você não pode entender o processo.
sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos Se você não entende o processo, você não consegue aperfei-
internos e do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos çoá-lo.
estratégicos para cada uma das perspectivas e tarefas para o aten- Peter Druker
dimento da meta em cada objetivo estratégico.
A utilização de indicadores de desempenho para aferir os
2. Vantagens da Avaliação de desempenho resultados alcançados pelos administradores é uma metodologia
Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar que está relacionada ao conceito de gerenciamento voltado para
novos talentos dentro da própria organização, mediante análise resultados (result oriented management – ROM). Esse conceito
do comportamento e das qualidades de cada indivíduo, gerando, tem sido adotado nas administrações públicas de diversos países,
assim, novas possibilidades para remanejamento interno de cola- especialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália, Reino
boradores. Além disso, pode oferecer bonificações e premiações Unido).
aos funcionários que mais se destacarem na avaliação. Para alguns estudiosos/autores da literatura especializada,
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais o conceito de indicador de desempenho pode ser definido como
fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que tem um instrumento de mensuração quantitativa ou qualitativa de
como resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para aspectos do desempenho. Neste material, vamos adotar a seguinte
um resultado eficiente. Esse feedback faz com que os avaliados definição:
queiram investir ainda mais em seu desenvolvimento, melhorando Um indicador de desempenho é um número, percentagem ou
razão que mede um aspecto do desempenho, com o objetivo de
seu desempenho e trazendo vantagens para a empresa.
comparar esta medida com metas pré-estabelecidas.
Este método é importante, também, para eliminar “achismos”
e palpites quanto à avaliação de um funcionário. É um meio de
5. Medição de desempenho e indicador de desempenho
obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma
A expressão indicador de desempenho é também normalmen-
possível mudança na gestão de recursos humanos da empresa.
te utilizada no sentido de medição de desempenho. Entretanto, é
possível estabelecer-se uma distinção entre ambas. Medições de
Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer muitos
desempenho são efetuadas quando os aspectos do desempenho
benefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma
podem ser mensurados diretamente e quantificados com facilida-
organização, seja qual for o seu tamanho. Com ela, o gestor pode de. Exemplos: quilometragem de estradas conservadas; número de
avaliar melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho, alunos matriculados no 1º grau.
investir no treinamento de seus pares, melhorar a produtividade, Indicadores de desempenho são utilizados quando não é pos-
desenvolver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de sível efetuar tais mensurações de forma direta. Atuam como uma
forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe é alternativa para a medição do desempenho, embora não forneçam
avaliada de forma satisfatória pelos gerentes. uma mensuração direta dos resultados. Exemplo: a utilização do
índice de repetência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores a
3. Aplicações serem considerados na formação de um indicador de desempenho
A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de dife- para medir a efetividade do ensino de 1º grau.
rentes funções administrativas, motivacionais e de comunicação, O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é que os
como citadas a seguir: indicadores de desempenho podem fornecer uma boa visão acerca
• Identificação de pontos fortes e fracos dos colaboradores e, do resultado que se deseja medir, mas são apenas aproximações do
consequentemente, da organização; que realmente está ocorrendo, necessitando, sempre, de interpre-
• Identificação de diferenças individuais; tação no contexto em que estão inseridos.
• Estímulo à comunicação interpessoal;
• Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, formada por 6. Natureza comparativa dos indicadores de desempenho
chefe e subordinado; Informações sobre desempenho são essencialmente compara-
• Informação ao colaborador de como o seu desempenho é tivas. Um conjunto de dados isolado mostrando os resultados atin-
percebido; gidos por uma instituição não diz nada a respeito do desempenho
• Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do da mesma, a menos que seja confrontado com metas ou padrões
avaliado; preestabelecidos, ou realizada uma comparação com os resultados
• Indicações de promoções e de aumentos salariais por mérito; atingidos em períodos anteriores, obtendo-se assim uma série
• Indicações de necessidade de treinamento; histórica para análise.
• Gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais
(sistemas técnicos e sociais);
• Auxílio na verificação de aprendizagens;

147
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
7. Variáveis empregadas na construção de indicadores
Os indicadores quase sempre são compostos por variáveis provenientes de um dos seguintes grupos: custo, tempo, quantidade e
qualidade.

8. Principais usos de indicadores de desempenho


A utilização de indicadores de desempenho pela instituição:
• Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa do desempenho global da instituição, por meio da avaliação de seus principais
programas e/ou departamentos;
• Permite o acompanhamento e a avaliação do desempenho ao longo do tempo e ainda a comparação entre:
• Desempenho anterior x desempenho corrente;
• Desempenho corrente x padrão de comparação;
• Desempenho planejado x desempenho real;
• Possibilita enfocar as áreas relevantes do desempenho e expressá-las de forma clara, induzindo um processo de transformações
estruturais e funcionais que permite eliminar inconsistências entre a missão da instituição, sua estrutura e seus objetivos prioritários;
• Ajuda o processo de desenvolvimento organizacional e de formulação de políticas a médio e longo prazos;
• Melhora o processo de coordenação organizacional, a partir da discussão fundamentada dos resultados e o estabelecimento de
compromissos entre os diversos setores da instituição;
• Possibilita a incorporação de sistemas de reconhecimento pelo bom desempenho, tanto institucionais quanto individuais.

9. Qualidades desejáveis em um indicador de desempenho


Tanto na análise de indicadores de desempenho já existentes, quanto na elaboração de novos, deve-se verificar as seguintes carac-
terísticas:
I. Representatividade: o indicador deve ser a expressão dos produtos essenciais de uma atividade ou função; o enfoque deve ser no
produto: medir aquilo que é produzido, identificando produtos intermediários e finais, além dos impactos desses produtos (outcomes).
Este atributo merece certa atenção, pois indicadores muito representativos tendem a ser mais difíceis de ser obtidos.
II. Homogeneidade: na construção de indicadores devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas. Por exemplo, ao estabe-
lecer o custo médio por auditoria, devem-se identificar os diversos tipos de auditoria, já que para cada tipo tem-se uma composição de
custo diversa.
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões gerenciais. Para tanto,
deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado.
V. Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser evitados indicadores
que possam ser influenciados por fatores externos.
VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma que diferentes avaliadores
possam chegar aos mesmos resultados.
VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais do que se quer
monitorar.
VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do fenômeno moni-
torado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um custo razoável, em
outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção para o cálculo dos
indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabilidade dos procedi-
mentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar o desempenho ao longo do tempo.
10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores
O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de análise: economici-
dade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais indicadores.

148
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
11. Tipos de indicadores

12. Requisitos dos indicadores


• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;
• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.

13. Exemplo de Indicadores de Desempenho

PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e fornecedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários
▪ Produtos e índices de qualidade de processos
▪ Investimento na formação de equipes
Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio

149
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA

Criar e executar estratégias ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela empresa
adequadas para o negócio Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do cliente de encomen-
das personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura externa ▪ Quantidade de produtos terceirizados
ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implementar ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
sistemas apropriados ao ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à atividade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas pessoalmente
ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega
Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente
▪ Número de clientes atendidos pela concorrência
▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, armazenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida
Aquisição de novos clientes ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)
Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente
cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
▪ Média dos preços pagos pelos consumidores
▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa a ▪ Preço do estoque
longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfeiçoamento sempre
será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entidades de classe, enti-
dades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no desempenho do serviço da entidade
pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo
possível do desejado e necessário.

Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-funciona/>. Acesso em: 14 jul. 2018.

150
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
As instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem
GESTÃO DE PESSOAS DO QUADRO PRÓPRIO E parte do plano de carreira não tem vida própria. Equipes, empre-
TERCEIRIZADAS. MOTIVAÇÃO. LIDERANÇA sas, corporações ou governos é resultado do trabalho de um gru-
po de pessoas. Empresas não têm sucesso, pessoas sim. Pessoas
Gestão de pessoas: Conceito, importância, relação com os ou- são importantes nas corporações, nas empresas no governo ou em
tros sistemas de organização qualquer outra instituição, Robert W. Woodruff, ex-diretor execu-
tivo da Coca-Cola diz, “são as pessoas e suas reações que fazem as
Conceito de Gestão de Pessoas empresas serem bem-sucedidas ou quebrar”.
A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade No mundo globalizado muito se fala em diferencial competiti-
que predomina nas organizações.Ela é contingencial e situacional, vo, neste processo existe vários fatores que influenciam a tecnolo-
pois depende de vários aspectos coma a cultura que existe em cada gia, os orçamentos milionários as metodologias de desenvolvimen-
organização, a estrutura organizacional adotada, as características to de novos projetos, novos métodos de gerenciamento tudo isto
do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia uti- são alguns dos fatores essenciais para o diferencial competitivo e o
lizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis crescimento de qualquer organização, mas só farão diferença aque-
importantes. les que investirem no desenvolvimento de pessoas, com equipes
de alto desempenho, formando lideres capazes de criar ambientes
Conceitos de RH ou de Gestão de Pessoas ideais que façam com que as pessoas dêem o melhor de si e expres-
Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de sam o que há de melhor como potencial. Quando uma organização
políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posi- passa por dificuldade não se troca o nome da empresa ou as suas
ção gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, instalações, trocam as pessoas, procuram um novo gerente um
incluindo recrutamento, seleção, treinamento, re­compensas e ava- novo CEO, ou seja, uma nova liderança. Quando a seleção brasileira
liação de desempenho. de futebol não corresponde às expectativas a CBF procura um novo
ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treina- técnico de futebol, ai se percebe a importância das pessoas dentro
mento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os geren- das organizações. Quando as pessoas são motivadas a usar o que
tes são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos têm de melhor de si as qualidades individuais aparecem.
estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas,
O papel do líder dentro das organizações é extremamente im-
seleção e treinamento.
portante, líder com uma liderança afirmadora, que sejam os me-
ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de
lhores “animadores de torcida” das pessoas, seus melhores incen-
emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organi-
tivadores! Devem ser capazes de dizer-lhes: “Vocês podem voar!
zações.
Eu as ajudo” e não ficar esperando que cometam um erro para
repreendê-las.
ARH é a função na organização que está relacionada com provi-
No mundo globalizado a diferença será feita pelas pessoas que
são, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos
compõem o organismo das organizações, indivíduos com capaci-
empregados.
dade de comunicação, espírito de equipe, liderança, percepção da
relação custo-benefício e foco em resultados. Gente que tenha ini-
O que é a Gestão de Pessoas?
ciativa, vontade de assumir riscos e agilidade na adaptação a novas
Em seu trabalho, cada administrador — seja ele, um diretor,
situações, através do comprometimento, motivação, disciplina a
gerente, chefe ou supervisor — desempenha as quatro funções ad-
busca constante de conhecimento e da habilidade no relaciona-
ministrativas que constituem o processo administrativo: planejar,
mento pessoal. E quanto mais às pessoas assumirem esses papéis
organizar, dirigir e controlar. A ARH está relacionada a todas essas
mais fortes se tornará as organizações.
funções do administrador. A ARH refere-se às políticas e práticas
necessárias para se administrar o trabalho das pessoas, a saber:
Relação com os outros sistemas de organização
- Análise e descrição de cargos.
Confesso que pesquisei muito este último item e não achei
- Desenho de cargos.
nada que fosse mais especifico, então pelo que entendi a matéria
- Recrutamento e seleção de pessoal.
abaixo pode servir. Você que está estudando e talvez tenha alguma
- Admissão de candidatos selecionados.
apostila sobre este tema especifico, me ajuda aí fazendo um co-
- Orientação e integração de novos funcionários.
mentário de onde eu poderia encontrar ou digite o que leu na sua
- Administração de cargos e salários.
apostila, sua informação terá enorme valor, obrigado
- Incentivos salariais e benefícios sociais.
A sociedade busca uma Justiça mais célere, capaz de resolver
- Avaliação do desempenho dos funcionários.
questões cada vez mais complexas. Neste sentido, espera-se das
- Comunicação aos funcionários.
- Treinamento e desenvolvimento de pessoal. instituições, o desenvolvimento e utilização de instrumentos de
- Desenvolvimento organizacional. gestão que garantam uma resposta eficaz. Esse cenário impõe a
- Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho. necessidade de contar com profissionais altamente capacitados,
- Relações com empregados e relações sindicais. aptos a fazer frente às ameaças e oportunidades, propondo mu-
danças que possam atender as demandas do cidadão.
A importância das pessoas nas Organizações: A partir desse raciocínio é possível visualizar a gestão de pesso-
Qual a importância das organizações em ter lideres, prepara- as por competências.
dos para liderar pessoas. Liderança é uma das maiores competên- A gestão de pessoas por competências consiste em planejar,
cia nos dias de hoje, pessoas com visão, habilidades de relaciona- captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização
mento, boa comunicação, com a capacidade de desenvolver lideres (individual, grupal e organizacional), as competências necessárias à
de influenciar e motivar pessoas é o maior patrimônio das organi- consecução dos objetivos institucionais.
zações.

151
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Para a Justiça Federal foi adotado o conceito de competência Durante muito tempo as organizações consideraram o capital
como a combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e ati- financeiro como a principal fonte de desenvolvimento. Todavia atu-
tudes, expressas pelo desempenho profissional, que agreguem va- almente percebe-se que a força para o desenvolvimento das orga-
lor à pessoa e à organização. nizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu desenvolvimento
O modelo de gestão de pessoas por competências tem como comprometido pela inabilidade na seleção de pessoas; por falta de
diretriz a busca pelo autodesenvolvimento e possibilita um diag- boas ideias; por falta de potencial criativo; falta de entusiasmo e
nóstico capaz de investigar as reais necessidades apresentadas no motivação da equipe; falta de conhecimentos e competências e
contexto de trabalho, bem como aquelas necessárias ao atingimen- não pela falta de recursos financeiros (Chiavenato, 2005).
to dos desafios estratégicos da organização. No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estratégia
As competências classificam-se em: e o planejamento de RH têm mudado e crescido significativamente
a) humanas (ou individuais), quando constituírem atributos de nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), fato revelado
indivíduos; e pelas mudanças da área de RH no período. Viu-se uma evolução
desde o pensamento pouco estratégico (anterior aos anos da dé-
b) organizacionais (ou institucionais), quando representarem
cada de 1980 e que resumia a área de RH ao DP – Departamento
propriedades da organização como um todo ou de suas unidades
Pessoal), o aparecimento de estratégias funcionais (década de 80),
produtivas.
a proposta de desenvolvimento de capacidades estratégicas (nos
anos iniciais da década de 90) até a visão atual, de busca de ali-
As competências humanas ou individuais serão classificadas nhamento da área aos resultados estratégicos. Essas mudanças na
como: área de RH espelharam-se nas mudanças do mercado de trabalho e
a) fundamentais, aquelas que descrevem comportamentos de- das rupturas verificadas no pensamento relacionado às estratégias
sejados de todos os servidores; de negócios, notadamente na discussão que se fez relacionada à
b) gerenciais, que descrevem comportamentos desejados de competitividade e ao desenvolvimento de competências essenciais
todos os servidores que exercem funções gerenciais; e para o negócio
c) específicas, aquelas que descrevem comportamentos espe-
rados apenas de grupos específicos de servidores, em razão da área
ANTES AGORA
ou unidade em que eles atuam.
• operacional • estratégica
A adoção do método de diagnóstico com base no modelo de • foco no curto prazo • foco no longo prazo
gestão de pessoas por competências requer, em primeiro lugar, a • papel administrativo • papel consultivo
definição do dicionário de competências que será utilizado como • ênfase na função • ênfase no “negócio”
referência do processo – o dicionário de competências fundamen- • foco no público interno • foco públicos interno e •
tais, válidas para todos os servidores da Justiça Federal, e geren- • reativa/solucionadora de externo
ciais, que são específicas daqueles que ocupam função de gestão. problemas • proativa e preventiva
Há um terceiro grupo, as competências específicas, referen- • foco no processo e ativi- • foco nos resultados
tes aos diversos sistemas técnicos, tais como gestão de pessoas, dades
de material, informática, assuntos judiciários, entre outros. Estas
competências, ao contrário das outras duas, variam de um sistema Figura – Síntese das mudanças na função de RH
para o outro e precisam de uma aproximação maior dos processos Fonte: Helena Tonet
de trabalho para serem mapeadas.
Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções
Administração de recursos humanos clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma demanda,
as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da cultura,
Finalidades da gestão de pessoas das competências e do desenvolvimento do comprometimento dos
Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos empregados para que a empresa alcançasse seus objetivos.
(ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atração,
os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, mensuração
recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, e remuneração alinhada à performance da empresa e dos empre-
recompensa e avaliação de desempenho. É o conjunto de decisões gados; do controle de investimento em pessoas, de acordo com as
integradas sobre as relações de emprego que influencia a eficácia demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro desta nova visão,
dos funcionários e das organizações (CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus estratégica, o foco da área de RH é móvel, conforme as mudanças
objetivos são: no cenário no qual a organização está imersa, mudanças estas
que podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua empresa.
missão; Assim, dá-se importância a ações diferentes dentro da área,
• Proporcionar competitividade à organização; dependendo das exigências da organização para um determinado
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados e momento.6
bem motivados; Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três capaci-
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados dades-chave que devem atuar de maneira simultânea para ajudar
no trabalho; as empresas a serem competitivas: em primeiro lugar, distribuir os
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• Administrar a mudança;
• Manter políticas éticas e comportamento socialmente res- 6. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; Mauro Neves
ponsável. GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o papel da área de RH em orga-
nizações brasileiras. FACEF PESQUISA – v.9 – n.2 – 2006.

152
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
serviços relacionados a processos de RH, de modo que todos os estratégica e realizar mudanças profundas e significativas no modo
empregados possam ter acesso aos canais internos ou externos a de operar, alinhando seu novo papel junto aos clientes internos;
eles relacionados. definir, remanejar e treinar suas competências, e adequar os sis-
Em segundo lugar, estabelecer serviços de consultoria de temas de RH com foco nos resultados, uma vez que a Gestão de
gestão de RH que funcionem como parceiros para executivos, uni- Pessoas contribui com o dinamismo, a agilidade e a competitivida-
dades de negócio e gestores de linha; esse tipo de consultoria deve de próprias das organizações de sucesso.
estar ligado às necessidades específicas de cada área, oferecendo A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da
serviços ligados às competências essenciais da área e aos aspectos empresa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro do
de diferenciação que sejam chave para o negócio. Em terceiro ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir as
lugar, a área deve oferecer mais apoio e serviços estratégicos para pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento dos
a direção da organização. Esta terceira opção é vista pelos autores elementos constituintes da cultura que é possível compreender
como o futuro da área e envolve significativas mudanças, que os mecanismos de interação entre os colaboradores e as tarefas
devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas condições de
que executam, sendo possível destacar ainda os seguintes fatores
custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ashton et al. (2004)
críticos de sucesso:
propõem seis características para que a área de RH seja estratégica:
I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as expec-
I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão do
tativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as condições
negócio em si;
II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam alinhadas de reciprocidade essenciais para atingir um desempenho que aten-
aos objetivos do negócio; da às pressões internas e externas da organização. As lideranças
III – alta competência na análise de causa e efeito, priorização devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado quanto
e execução de programas da área, o que envolve habilidades ana- pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos
líticas; entre estes dois polos, buscando atuar de maneira conciliatória na
IV – excelência em serviços de relacionamento e competências resolução dos conflitos surgidos.
para desenvolver o nível de tecnologia da informação; II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvimento atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade de
de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que exigem alto adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colaborado-
desempenho; res e empresa.
VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a equilibrar III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do
oferta, demanda e expectativas de clientes internos, escolhendo grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente nas
prioridades e alterando alvos, sempre que necessário. Em outras tarefas executadas.
palavras, é preciso que gestores da área de RH pensem como ges- IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo que os
tores do negócio o que, segundo os autores, tradicionalmente não colaboradores incorporem novos conhecimentos que permitam
ocorre, vez que gestores de RH não adotam as crenças dos outros analisar criticamente o seu trabalho e seu ambiente, permitindo
altos gestores e não atuam como tal. que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas
Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar auto-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes.
de um modelo mais transacional para atuarem como parceiros Desta forma, as equipes possuem a capacitação necessária para
estratégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Recursos gerir seus próprios recursos de forma otimizada.
Humanos é essencial para que uma empresa se expanda global-
Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada
mente. Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm contri-
pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua
buído para a emergência de mercados e competidores, crescentes
responsabilidade. A área de recursos humanos atua então como
pressões de acionistas e desafios crescentes em relação a custos,
órgão consultivo, constantemente sintonizado com as tendências
tempo de desenvolvimento de produtos e serviços, e qualidade. As
do mercado e introduzindo novas ideias à estrutura vigente. Assim,
organizações precisam que as funções de RH estejam alinhadas ao os profissionais de Recursos Humanos devem evitar os vícios inter-
propósito da organização, de modo que as mesmas dêem suporte à nos, buscando sempre novos patamares de desempenho através
estratégia do negócio (ASHTON et al., 2004). da aplicação de “benchmarkings” (SOLEDADE, 2007).
A questão é ser estratégico quando se tem tempo e recursos A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005),
apenas para o operacional, desafiando a área de RH a estruturar-se baseia-se em três aspectos:
para criar maior valor às organizações. David Ulrich (1988) sugere I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem
cinco ações para que RH crie valor para a organização: conhecimentos, competências, com uma história pessoal que os
I. Entender o mundo externo; torna únicos, diferentes entre si e não como recursos necessitando
II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes, que alguém as administre pois são sujeitos passivos das ações das
investidores e gerentes de linha); organizações;
III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performance, II – tratar como talentos que impulsionam a organização,
informação e trabalho); dotando-a de dinamismo, de conhecimento para continuar com-
IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de petitiva;
recursos humanos; III – tratar as pessoas como parceiros que investem na orga-
V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por nização através de seus esforços, dedicação, comprometimento,
meio de suas atuações e competências. responsabilidade tendo como expectativa o retorno deste investi-
mento traduzidos em autonomia, desenvolvimento, remuneração,
Estas ações nada mais são do que parte das competências reconhecimento, dentre outros.
de qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling
(2008) defende que a área de RH deve olhar o negócio com lente

153
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Os programas de RH devem ser desenhados de modo a ofe- Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão de
recer benefícios e oportunidades de crescimento profissional aos pessoas identifica:
empregados. A função de administrar Recursos Humanos é das • foco nas lideranças
lideranças (supervisores/gerentes) das organizações. A função • ênfase no trabalho em equipe
dos profissionais de Recursos Humanos é de buscar ferramentas e • exigência de multiqualificação
práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar, dar suporte • rodízio na execução de tarefas
e apoiar as lideranças na fixação das estratégias, na implementação • interesse relaçãopessoal/profissional
dos processos de mudança organizacional, e nos processos de • ênfase em pesquisa
aprendizagem e desenvolvimento das pessoas; estimular o autode- • aprendizagem de ferramentas
senvolvimento das pessoas; manter os referenciais da organização • treinamento à distância
transparente. • formação in company
As organizações necessitam de profissionais de RH que tenham • gestão do conhecimento
perfil generalista e não mais de especialistas, dando maior abran- • compartilhamento de conhecimento
gência às atividades e responsabilidades, devendo possuir maior • T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia de
qualificação e capacitação profissional (Resende e Takeshima, negócio
2000). Deve-se atentar para: • aprendizado × performance: maior foco no aumento de
a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os objetivos performance
maiores da organização e como suporte mais efetivo às áreas pro- • e-learning × presencial: o crescimento dos programas blen-
dutivas e de negócios, favorecendo o cumprimento de suas metas ded
(Resende e Takeshima, 2000) • liderança e coaching: transformação dos modelos de lideran-
b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os pro- ça
jetos, planos e sistemas para garantir que a missão e objetivo da • diversidade: inserção e valorização das diferenças
área sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções principais de • saberes mais demandados:
recursos humano(Resende e Takeshima, 2000). • técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, nor-
mas, tecnologia, know-how
• conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabelecer
relações, know-why
• interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabelecer
relacionamentos convergentes, estimular motivações, decodificar
emoções, perceber perfis
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante demandas
organizacionais – competências distintivas, essenciais, básicas

Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4


objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos
capazes de atender aos desejos e expectativas da empresa; b) ma-
nutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimento das
pessoas; d) folha de pagamento, admissão, demissão.7
Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mudança
neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não mais por uma
área específica, por haver se tornado um atributo de qualquer líder
Figura – Gestão Integrada de RH de equipe. Esta mudança de perspectiva levou à descentralização
dos objetivos acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas
Fonte: Tania Del Tedesco- 2007 diversas áreas da empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a
gestão dos colaboradores sob a sua responsabilidade. Cabe então
Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se: à nova área de RH, atuar como um agente facilitador do processo
• Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierárqui- de gestão de pessoas, propiciando as áreas da empresa os recursos
cos, estruturas em rede; e instrumentos necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007).
• Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingencial
compromisso de agregar valor; e situacional por ser dependente da cultura da organização, da
• Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das estrutura organizacional adotada, das características do contexto
pessoas e orientando resultados; ambiental, do negócio da organização, da tecnologia adotada,
• Necessidade da organização aprender continuamente (lear- entre outros fatores. Seus objetivos são:
ning organization). • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
missão;
As tendências relacionadas à estrutura de RH são: • Proporcionar competitividade à organização;
• formações diversas – predomínio administração e psicologia • Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
– também pedagogia e engenharias consoantes com o negócio. bem motivados;
• ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da empresa • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
– maior exigência de competências conceituais e interpessoais no trabalho;
• por projetos – redução de funções • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• com poucas pessoas
7. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Recursos Humanos (2007).
• atuação em comissões internas
Obtido em http://www.ogerente.com.br/novo/artigos_sug_ler.php?canal=16&-
• comitês suprassistema
canallocal=48&canalsub2=154&id=453

154
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Administrar a mudança; Tratar pessoas Tratar pessoas
•Manter políticas éticas e comportamento socialmente res- como recursos como parceiros
ponsável.
As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público
– As pessoas são fornece-
começam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do
doras de conhecimentos,
Estado e surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou
competências, habilidades
Gerencialismo. A reforma é gerencial porque busca inspiração
e inteligência. Constituem
na administração de empresas privadas, e porque visa dar ao
o capital intelectual da
administrador público profissional condições efetivas de gerenciar
organização.
(BRESSER-PEREIRA, 1998). As mudanças na Administração pública
– Nesta concepção, as
se refletem na Administração de Recursos Humanos (ARH), espe-
pessoas são vistas como
cialmente no estilo de lidar com as pessoas. – As pessoas são vistas como
seres humanos, dotadas de
recursos de produção, ao
personalidade, possuem uma
Diferenças de Administração de Recursos Humanos lado dos recursos financeiros
história de vida particular,
e materiais.
são diferentes e singulares e
Estilo Tradicional Estilo Flexível – Como recursos, elas
possuem necessidades que
precisam ser administradas,
• Paradigma burocrático-me- • Preocupação desloca-se da motivam seu comportamen-
o que envolve planejamento,
canicista – ênfase nas tarefas estrutura organizacional para to.
organização, direção e
e na estrutura e visão da os processos e a dinâmica – São elementos impulsio-
controle de suas atividades,
organização percebida como organizacional. nadores e dinamizadores
já que são sujeitos passivos
“máquina”. • Estilo aberto, flexível da organização e capazes
da ação organizacional.
• Estilo de administração e participativo, que dá de dotá-la de inteligência,
rígido e autocrático, baseado oportunidades de crescimen- talento e aprendizados in-
em padrões inflexíveis. to individual. dispensáveis à sua constante
• As pessoas são preguiçosas • Descentralização e renovação e adequação a um
por natureza e só são participação nas decisões e mundo em mudanças.
motivadas por recompensas delegação de responsabili- – Deve haver reciprocidade
materiais. dades entre expectativas pessoais e
organizacionais
• Paradigma burocrático-me- • Enriquecimento do cargo,
canicista - ênfase nas tarefas substituindo a especialização
e na estrutura e visão da estrita pela ampliação de Assim sendo, o órgão de gestão de pessoas deve apresentar 3
organização percebida como tarefas e responsabilidades. momentos de atuação:
“máquina”. • O ser humano não tem 1º Momento: departamentos de pessoal, destinados a fazer
• Estilo de administração desprazer inerente em cumprir as exigências legais com relação ao emprego – admissão,
rígido e autocrático, baseado trabalhar, nem uma natureza anotações cadastrais, controle de frequência, aplicação de penali-
em padrões inflexíveis. intrínseca de passividade e dades, férias etc.
• As pessoas são preguiçosas resistência. 2º Momento: departamento de recursos humanos, responsá-
por natureza e só são • As pessoas têm motivação, vel pelas funções clássicas de RH.
motivadas por recompensas potencial de desenvolvimen- 3º Momento: gestão de pessoas, responsável por um conjunto
materiais. to e capacidade de assumir mais complexo de funções, assumindo papel estratégico.
• As pessoas não querem responsabilidades.
responsabilidades e preferem Falta de ambição, fuga Segundo Brito (2008), há uma tendência para entender que a
ser dirigidas e dependentes. à responsabilidade e gestão de pessoas deve ser compartilhada com os gerentes que li-
• Por sua natureza intrínseca, preocupação excessiva com dam cotidianamente com os próprios subordinados. Neste sentido,
o ser humano é resistente à segurança são, muitas vezes, o RH passa a funcionar como prestador de serviços especializados
mudança. conseqüências de experiên- de gestão de pessoas, no âmbito interno, fornecendo assessoria e
As atividades devem ser cias negativas. consultoria às demais áreas:
padronizadas e as pessoas • Para que as potencialidades • Recrutamento e seleção: previsão constitucional para, de
devem ser persuadidas, intelectuais não fiquem um lado, concurso público e, de outro, livre nomeação para cargos
controladas, recompensadas subutilizadas, deve ser comissionados.
e coagidas para cumprir seu estimulada a criatividade • Desenho de cargos e avaliação de desempenho: algumas
papel. para a solução de problemas vezes a criação de cargos não atende a critérios técnicos. Dificul-
• A remuneração é vista organizacionais. dade de implementar programa de avaliação e mensuração de
como meio de recompensa, • As pessoas podem atingir desempenho.
uma vez que o homem é objetivos pessoais ao mesmo • Remuneração e benefícios: dificuldade de recompensar os
motivado por incentivos tempo que perseguem os bons funcionários.
econômicos objetivos organizacionais. • Treinamento e desenvolvimento de carreiras: ausência de
planejamento, principalmente de médio e longo prazos, e descon-
tinuidade administrativa prejudicam desenvolvimento consistente
e contínuo das pessoas, com foco em competências.

155
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Banco de dados e Sistema de Informações Gerenciais (SIG): ausência de bases de dados e falta de compreensão da importância de
informações que subsidiem o planejamento e a tomada de decisão.

Capacitação de Pessoas

Levantamento de necessidades, programação, execução e avaliação.


As organizações organizam as ações de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E) em um ciclo composto de quatro etapas.
A primeira etapa é o levantamento de necessidades de treinamento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças) entre as competências
atualmente existentes e as competências necessárias, obtíveis por treinamento. O gap ou diferença seriam justamente as necessidades.
A segunda etapa, denominada programação, consiste na elaboração do planejamento instrucional. O planejamento instrucional é a
etapa na qual as ações educacionais são formatadas. Inclui a definição dos objetivos instrucionais, estratégias de ensino, estratégias de
avaliação, planejamento e produção de materiais didáticos etc.
Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quando a ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a aprendizagem ocorra, a
execução requer uma série de atividades pedagógicas e logísticas.

Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do ciclo. Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela ação educacional.
A avaliação se dá em diversos níveis:
- Avaliação de reação: nível mais imediato que busca avaliar as opiniões e satisfações dos participantes acerca do treinamento;
- Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos repertórios, conhecimentos e capacidades dos participantes antes e depois dos
treinamentos;
- Avaliação de transferência ou impacto: realizada alguns meses após o final do treinamento, verifica se houve mudança de compor-
tamento dos indivíduos após o treinamento.
- Mudança organizacional: verifica se houve alterações em processos de trabalho, indicadores duros, estrutura organizacional ou
outras mudanças na organização, decorrentes do treinamento.
- Valor final: Último nível da avaliação e verifica a contribuição do treinamento para os objetivos mais importantes da organização

Este ciclo é preconizado, por exemplo, pela norma ISO 10.015. A figura abaixo ilustra estas etapas.

156
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Com base no contexto atual das empresas e nos desafios que O autor justifica o uso do método de avaliação, na medida
as pessoas enfrentam no desempenho de suas funções, decidiu-se em que ele permitiria verificar: a necessidade de manutenção
pesquisar as competências requeridas aos funcionários para atu- do programa de treinamento; aperfeiçoamentos para programas
arem nos setores da organização, para a partir daí propor treina- futuros; e a validação da função dos responsáveis pelos programas
mentos nas áreas adequadas. de treinamento (KIRKPATRICK, 1998, p. 5).
Nos últimos anos as organizações, cada vez mais conscientes
de que seu sucesso será determinado pela qualificação de seus em- Recrutamento e Seleção
pregados passaram a atribuir maior relevância à gestão estratégica O fator humano dentro das organizações é, ainda hoje, um
de pessoas principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento tema frequentemente estudado por pesquisadores das áreas de
de competências humanas ou profissionais. psicologia e sociologia, os quais analisam o comportamento e as re-
O conceito de treinamento não é algo consensual, tendo assim lações no ambiente corporativo. Contribuindo para o bom funcio-
autores apresentando definições diferentes para esse conceito. namento das empresas, as políticas de RH são regras estabelecidas
Chiavenato é o que apresenta a definição que melhor repre- para administrar funções e fazer os colaboradores de uma orga-
senta esse conceito e mais usualmente é adotada: nização desempenharem seu papel de forma eficiente, de acordo
“Treinamento é o processo pelo qual a pessoa é preparada com os objetivos estipulados pela empresa.
para desempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do As políticas de Recursos Humanos são guias para ação. Servem
cargo que deve ocupar.” para promover a resolução dos problemas que acabam ocorrendo
Modernamente, o treinamento é considerado um meio de de- com frequência no mundo organizacional. Para evitar conflitos den-
senvolver competências nas pessoas para que elas se tornem mais tro deste ambiente, é preciso estabelecer práticas com objetivo de
produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para administrar os comportamentos internos e potencializar o capital
os objetivos organizacionais. humano, tendo como finalidade selecionar, gerir e nortear os cola-
Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo educa- boradores na direção das metas da organização.
cional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, No entanto, as polícias de Recursos Humanos de uma empre-
através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e sa podem variar de acordo com a sua cultura organizacional. Para
habilidades em função de objetivos definidos”. que o objetivo da empresa tenha possibilidade de ser atingido de
Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de forma eficiente, é preciso estabelecer uma competente e eficaz po-
pessoas. Embora os seus métodos sejam similares para afetar a lítica de RH. Isso requer investimentos e recomposição integral de
aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. conhecimento organizacional tanto operacional quanto gerencial.
Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), constituem
processos de aprendizagem por isso que Chiavenato afirma que Veja algumas políticas de RH que as empresas adotam:
segundo a base primordial para o atingimento dos objetivos de - Valorização do potencial humano para gerar ambiência or-
uma instituição, começa pelo treinamento e desenvolvimento das ganizacional favorável à motivação das pessoas, levando-as a con-
pessoas. Tende-se a investir pesadamente em treinamentos para tribuir e se comprometer com a excelência do desempenho e dos
obter um retomo garantido. resultados organizacionais.
Assim, acredita-se que através de um treinamento visando o - Salário condizente com o que o mercado oferece.
desenvolvimento das pessoas nas organizações os resultados serão - Bonificação por performance.
satisfatórios tanto para os indivíduos como para as organizações. - Progressão na carreira.
- Remuneração nos padrões do mercado.
Avaliação de T&D - Benefícios educacionais.
Na tentativa de se estabelecer um modo de mensurar os - Assistência médica.
efeitos decorrentes dos programas de treinamento utilizados nas - Treinamentos de capacitação.
organizações, Donald Kirkpatrick (KIRKPATRICK, 1998, p. ix), sugere - Promoção de cargos.
a adoção de um método de avaliação dos programas de treina- - Dar feedbacks com frequência.
mento que leva o seu nome. Tal método distingue quatro níveis de - Promoção de desafios.8
avaliação dos programas de treinamento:
- Reação: medida de como os participantes se sentem sobre os O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos
vários aspectos do programa de treinamento. É basicamente uma que visam atrair candidatos potencialmente qualificados, capazes
medida de “satisfação do consumidor”; de assumirem cargos dentro da organização. É como um sistema
- Aprendizado: medida do conhecimento adquirido, habilida- de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao
des melhoradas e atitudes mudadas devido ao treinamento; mercado de recursos humanos as oportunidades de emprego que
- Comportamento: medida da extensão da mudança de com- pretende preencher. O recrutamento é uma atividade que tem por
portamento no trabalho dos participantes devido ao treinamento; objetivo imediato atrair candidatos que, na fase de seleção serão
- Resultados: medida dos resultados que ocorreram devido ao apontados como adequados ou não para a vaga disponível, o que
treinamento, incluindo aumento de vendas, produtividade, redu- leva a afirmação de que o recrutamento é uma atividade de comu-
ção de custos etc. (KIRKPATRICK, 1998, p. 4-5) nicação com o ambiente externo.

Avaliar os resultados obtidos com treinamento, considerando- Fontes de recrutamento


-se esses quatro níveis, implica planejar e integrar todo processo As fontes de recrutamento representam os alvos específicos
de avaliação para que se tenha clareza da informação (o que?) que sobre os quais irão incidir as técnicas de recrutamento. Para melhor
se pretende levantar, em qual fonte (onde?), por meio de qual identificar as fontes de recrutamento (dentro dos requisitos que a
método (como?) e em que momento (quando?). organização irá exigir aos candidatos), são possíveis dois tipos de
pesquisa: a pesquisa externa e a pesquisa interna.

8 Fonte: www.sbcoaching.com.br

157
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a oferecer, A partir desse levantamento é possível descrever as competên-
onde está o candidato ideal para suprir essa deficiência na organi- cias técnicas e comportamentais requeridas e desejadas. A diferen-
zação. Relaciona-se com a elaboração de uma pesquisa do mercado ça entre elas é que enquanto as técnicas são imprescindíveis para a
de recursos humanos, de modo a poder segmentá-lo, para facilitar realização das funções, as comportamentais são um complemento
a sua análise. ideal, mas cabível de desenvolvimento após a contratação. Toda a
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, ou seja: etapa de seleção deverá ser pensada para avaliar essas competên-
- Descrição – o que o funcionário vai fazer cias.
- Análise – o que ele tem que ter Durante o planejamento a participação do gestor da área con-
tribui para o alinhamento das expectativas. Isso garantirá que o
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades da orga- processo seja moldado a partir do nivelamento entre o que o líder
nização em relação aos recursos humanos e quais as políticas que espera e o que é bom para a empresa.
a organização pretende adaptar em relação ao seu pessoal. Esta Além disso, é fundamental estudar as características da cultura
pesquisa, geralmente, envolve a: organizacional. Aspectos como missão, visão, valores e rituais da
1. Elaboração das políticas de recrutamento; organização devem ser compreendidos a fim de subsidiar a escolha
2. Organização do recrutamento, delegação de autoridade e de candidatos compatíveis com tais aspectos.
responsabilidade apropriadas a essa função; Com todas essas informações em mãos é possível estruturar
3. Listagem dos requisitos necessários à força de trabalho; o processo seletivo em fases bem definidas. Para isso estabeleça
4. Utilização de meios e técnicas para atrair; quais critérios serão eliminatórios e quais serão classificatórios.
5. Avaliação do programa de recrutamento, em função dos ob- Cada fase deve conter ao menos um critério eliminatório que de-
jetivos e dos resultados alcançados. terminará quais são os candidatos que continuarão no processo.
O mais aconselhável é que esses critérios sejam objetivos e
Processo de recrutamento e etapas do processo seletivo que haja uma forma de pontuação. Desse modo, a classificação dos
O recrutamento envolve um processo que varia conforme a candidatos será facilitada e a decisão pautada em maiores emba-
organização. O órgão de recrutamento não tem autoridade para samentos.
efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada Após planejar como será feita a atração e estruturar os méto-
de decisão por parte do órgão que possui a vaga a ser preenchida. dos de seleção que serão utilizados também é interessante fazer
O recrutamento de pessoal é oficializado através de uma ordem de um levantamento do tempo médio de duração do processo para
serviço denominada como requisição de pessoal. Quando o órgão deixar as expectativas dos candidatos alinhadas.
de recrutamento a recebe, verifica se existe algum candidato ade-
quado disponível nos seus arquivos; caso contrário, deve recrutá-lo A fase de atração
através das técnicas de recrutamento. Depois do planejamento, o próximo passo é atrair bons can-
didatos. A fim de atingir profissionais competentes e atualizados
Chiavenato nos diz que “lidar com as pessoas deixou de ser um quanto as mudanças tecnologias da geração é imprescindível que a
desafio e passou a ser vantagem competitiva para as organizações oportunidade seja atraente.
bem-sucedidas”. Hoje os talentos são vistos como um dos mais va- Prepare cuidadosamente o anúncio da vaga, pois ele deve ser
liosos recursos que as empresas possuem. Para garantir seu suces- eficiente, conciso e conter todas as informações necessárias, como
so, as companhias dependem de pessoas qualificadas, por isso um os pré-requisitos, atividades exercidas, horário de trabalho, remu-
bom processo de seleção faz toda a diferença. Mas você sabe quais neração, dentre outros.
são as etapas de um processo seletivo bem estruturado? Escolha em quais canais a vaga será anunciada, lembrando que
O setor de RH é o responsável por contratar os melhores pro- cada meio de divulgação tem suas características de custo, tempo
fissionais, atrair pessoas que possam ocupar os cargos oferecidos e de resposta, perfil e quantidade de participantes.
selecionar os candidatos mais capacitados. Um processo de seleção Tenha em mente o perfil de sua vaga e qual público de candida-
estruturado e bem planejado pode garantir uma boa contratação e tos está buscando para que seu recrutamento seja mais eficiente.
minimizar os custos de turnover. Alguns dos meios mais utilizados são:
Neste post vamos falar sobre as etapas de um processo seleti- - Sessão “Trabalhe Conosco” no próprio site da empresa;
vo e as suas características. Continue a leitura e confira! - Redes sociais;
- Sites voltados para vagas e captação de candidatos;
A etapa de planejamento - Feiras de recrutamento;
O planejamento é a base para um processo seletivo de sucesso. - Consultorias de RH.
Aqui você deverá definir desde como será a vaga que está sendo
aberta, quais meios de atração serão utilizados, até como será feita Quanto melhor a etapa de divulgação e atração, maior será o
a seleção. número de candidatos competentes. Essa diversidade aumenta as
Antes de tudo, é necessário identificar e avaliar a necessidade possibilidades de a empresa encontrar o profissional que mais se
da vaga. De onde surgiu essa demanda? É possível preencher essa encaixa em suas necessidades.
vaga promovendo ou transferindo outro colaborador da organiza-
ção? Algumas vezes um processo seletivo externo não se mostra O processo de seleção
necessário, podendo haver o preenchimento das vagas com os re- Agora é a hora de selecionar os profissionais em meio a todas
cursos da própria companhia. as candidaturas recebidas. O primeiro passo é realizar uma triagem,
Em seguida, é importante fazer o levantamento do perfil da levando em consideração os pré-requisitos do cargo, e separar as
vaga: definir e descrever o cargo, as atividades, as responsabilida- aplicações mais relevantes.
des, a remuneração e as expectativas, além dos conhecimentos,
experiência e habilidades necessárias. Assim ficará mais fácil o pro-
cesso de escolha tanto para a empresa quanto para o candidato.

158
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Dependendo da vaga e do porte da corporação, a empresa Meios de recrutamento
receberá centenas de currículos e analisar um a um requer muito Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas do mer-
tempo e é pouco eficaz. Para melhorar esses processos, existem cado de recursos humanos exploradas pelos mecanismos de recru-
softwares que otimizam essa seleção, realizando a triagem de for- tamento. O mercado de recursos humanos apresenta fontes diver-
ma prática e centralizada. sificadas que devem ser diagnosticadas e localizadas pela empresa.
Todas as informações e testes dos candidatos são compilados Deste modo, ela passa a influencia-las através de uma multiplici-
e os melhores aparecem em um sistema de ranking. Assim o pro- dade de técnicas de recrutamento, visando atrair candidatos para
fissional de RH pode se focar nos perfis mais compatíveis com a atender às suas necessidades. Verificamos também que o mercado
organização. de recursos humanos é constituído por um conjunto de candidatos
Separados os candidatos, é hora de seguir com a seleção. É im- que podem ser empregados (a exercer atividades noutra empre-
portante que ela contenha etapas de avaliação técnica e de avalia- sa) ou disponíveis (desempregados). Os candidatos empregados ou
ção psicológica. Dessa forma o processo será completo e terá maior disponíveis podem ser reais (que estão à procura ou querem mudar
probabilidade de resultar na contratação do melhor candidato para de emprego) ou potenciais (que não estão interessados em procu-
a vaga. rar emprego). Daí existirem dois meios de recrutamento: o interno
A participação do líder direto na avaliação dos requisitos técni- e o externo.
cos é imprescindível, pois o domínio das funções executadas torna
sua opinião muito relevante. Além disso, o envolvimento do gestor Recrutamento interno
nas etapas de um processo seletivo faz com que ele se sinta respon- Diz-se que o recrutamento é interno quando uma determinada
sabilizado pela contratação e invista no desenvolvimento do futuro empresa, para preencher uma vaga, aproveita o potencial humano
contratado. existente na própria organização. A razão deste aproveitamento
Existem vários métodos de dinâmicas, testes e entrevistas para prende-se, muitas vezes, com promoções, programas de desen-
afunilar a escolha, portanto, escolha os mais adequados para você volvimento pessoal, planos de carreira e transferências. Para isso,
e prepare um roteiro. Utilize perguntas estratégicas nas entrevistas algumas questões devem ser levadas em consideração:
e avalie as competências, habilidades e comportamentos. 1. Resultados das avaliações de desempenho do candidato in-
As metodologias escolhidas devem ser capazes de avaliar a terno;
compatibilidade dos candidatos tanto com a vaga quanto com a 2. Análise e descrição do cargo atual do candidato interno e
organização. Para isso é aconselhável que tudo seja estruturado comparação com a análise e descrição do cargo que se está a pen-
com antecedência, principalmente as entrevistas, pois consistem sar ocupar;
no principal método avaliativo. 3. Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a trajetó-
Toda a seleção deve ser padronizada, ou seja, os candidatos ria mais adequada para o ocupante do cargo em questão;
devem passar pelas mesmas etapas e processos. Assim, há a ga- 4. Condições de promoção do candidato interno, para saber se
rantia de imparcialidade, otimização do tempo e justiça entre os este tem um substituto preparado para o seu lugar;
concorrentes. 5. Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de se-
Depois de todo o material obtido e todas etapas realizadas, é leção no momento da sua entrada na organização;
hora de tomar a decisão e realizar a contratação, considerando o 6. Resultados dos programas de formação, caso tenha feito, do
conjunto de resultados e escolhendo os mais adequados ao perfil. candidato interno.

A gestão das vagas de diferentes departamentos Vantagens do recrutamento interno


Agora imagine que existam muitas posições em aberto, para O recrutamento interno constitui uma transferência de recur-
vários setores diferentes, com vários concorrentes para cada uma sos humanos dentro da própria organização. As principais vanta-
delas. Como não se confundir? gens deste tipo de recrutamento são:
O processo se torna mais simples quando você realiza a gestão 1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no recrutamen-
por meio de um software. Você pode registrar todos os pareceres, to externo, como por exemplo, a colocação de anúncios, a espera
resultados de testes, histórico dos avaliados, além da possibilidade de respostas e ainda a demora natural do próprio processo de ad-
de enviar mensagens diretas a todos. Assim, fica mais prático orga- missão;
nizar os processos e gerir todas as fases e a evolução de cada pes- 2. Mais econômico para a empresa: evita os custos inerentes
soa, ganhando tempo, eliminando papéis e tornando seu processo ao processo do recrutamento externo, custos de admissão do novo
muito mais efetivo. candidato e os custos relacionados com a integração do novo cola-
Outro aspecto importante sobre gestão é a organização de cur- borador;
rículos em um banco de dados e o direcionamento de talentos para 3. Aproveita os investimentos da empresa em formação do
outras oportunidades que venham a surgir. pessoal: o que, por vezes, só tem retorno quando o colaborador
Muitas vezes durante o processo seletivo identificamos pro- passa a ocupar cargos mais complexos;
fissionais compatíveis com a empresa e muito competentes, mas 4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é conhe-
nem sempre são os mais indicados para o cargo em questão ou cido, a empresa tem a sua avaliação de desempenho, dispensa-se
não são os primeiros colocados após as avaliações. Nesses casos a integração na organização e, por vezes, não necessita de período
é recomendado que se retome o contato com o candidato com o experimental;
surgimento da vaga ideal. 5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: porque
As etapas de um processo seletivo sempre devem ser bem pla- possibilita o crescimento dentro da organização. Quando uma em-
nejadas e estruturadas, por isso a escolha das ferramentas certas presa desenvolve uma política consistente de recrutamento inter-
para auxiliar esse processo são primordiais para garantir a contra- no estimula os seus colaboradores a um constante autoaperfeiço-
tação dos melhores profissionais para a empresa.9 amento, no sentido de estes depois estarem aptos a ocupar cargos
mais elevados e complexos;

9 Fonte: www.gupy.io

159
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma vez que fontes de recrutamento, a proximidade de movimento de pessoas,
as oportunidades serão oferecidas aqueles que realmente as me- facilidade de acesso. É uma técnica que espera que o candidato vá
recerem. até ela. Normalmente, é utilizada para funções de baixo nível;
4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma das técni-
Desvantagens do recrutamento interno cas de recrutamento que atrai mais candidatos à organização. Po-
1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade e ino- rém, é mais quantitativa, uma vez que se dirige ao público em geral
vação; e a sua discriminação depende da objetividade do anúncio;
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de cresci- 5. Contatos com sindicatos e associações de classe: tem a van-
mento no momento certo, corre-se o risco de defraudar as expec- tagem de envolver outras organizações no processo de recruta-
tativas dos colaboradores e, consequentemente, podem-se criar mento sem que isso traga à organização qualquer tipo de encargos;
estados de desinteresse, apatia e até levar à demissão; 6. Contatos com centros de emprego;
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que estão 7. Contatos com universidades, associações de estudantes, es-
em pé de igualdade para ocupar o mesmo cargo;
colas e centros de formação profissional, no sentido de divulgar as
4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes, normal-
oportunidades oferecidas pela empresa;
mente em cargos de chefia, um sentimento de insegurança que
8. Conferências em universidades e escolas: no sentido de pro-
poderá fazer com que estes sufoquem o desempenho e aspirações
mover a empresa: para tal, há uma apresentação da organização,
dos subordinados, a fim de evitarem futura concorrência;
5. Quando administrado incorretamente, pode levar à situação em que esta fala dos seus objetivos, da sua estrutura e das políticas
denominada de Principio de Peter, segundo o qual as empresas, ao de emprego;
promoverem incessantemente os seus colaboradores, elevam-nos 9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quando o
sempre à posição onde demonstram o máximo da sua incompetên- mercado de recursos humanos local está bastante explorado, a em-
cia; ou seja, à medida que um colaborador demonstra competên- presa pode recorrer ao recrutamento em outras cidades ou outras
cia num determinado cargo, a organização, a fim de premiar o seu localidades. Neste caso o técnico de recrutamento dirige-se ao local
desempenho, promove-o sucessivamente até ao cargo em que o em questão e anuncia através da rádio e imprensa local;
colaborador por se mostrar incompetente, estagnará, uma vez que 10. Contatos com outras empresas que atuam no mesmo mer-
o sistema jurídico-laboral não permite que o colaborador retome à cado, em termos de cooperação mútua: estes contatos interempre-
sua posição anterior; sas chegam a formar cooperativas de recrutamento;
6. Não pode ser feito em termos globais dentro da organiza- 11. Agências de recrutamento: estas agências estão a pro-
ção: uma vez que o recrutamento interno só pode ser efetuado à liferar, no sentido de prestar serviços de recrutamento e seleção
medida que o candidato interno tenha, a curto prazo, condições de a pequenas, médias e grandes empresas. Estão aptas a recrutar e
igualar a performance do antigo ocupante. selecionar candidatos independentemente das suas qualificações.
Ou seja, ao contrário de outras técnicas, esta permite recrutar can-
Recrutamento externo didatos não só de baixo nível, mas também altamente qualificados.
O recrutamento é externo quando, havendo uma determinada Torna-se, então uma das técnicas mais caras, embora seja compen-
vaga, a organização tenta atrair os talentos disponíveis no mercado sada pelos fatores tempo e rendimento. Na maior parte das vezes,
através de técnicas de recrutamento. As técnicas de recrutamento as técnicas de recrutamento são utilizadas conjuntamente, pois o
são os métodos através dos quais a organização divulga a existência processo de recrutamento tem que ter em conta a relação custo/
de uma oportunidade de trabalho junto às fontes de recursos hu- rapidez. Assim, o custo de recrutamento aumenta à medida que
manos mais adequadas. O que vai definir as técnicas são as fontes se exige maior rapidez no recrutamento e seleção dos candidatos.
de recrutamento e as qualificações. O recrutamento externo incide
sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou em situação de Vantagens do recrutamento externo
emprego e pode envolver uma ou mais técnicas de recrutamento.
1. Traz sangue novo e experiências novas à organização: a en-
As principais técnicas de recrutamento externo são:
trada de recursos novos na organização impulsiona novas ideias,
1. Consulta de bases de dados: os candidatos que tenham
novas estratégias, diferentes abordagens dos problemas internos
enviado o seu currículo para uma organização e não tenham sido
da organização;
considerados em recrutamentos anteriores, têm a sua candidatu-
ra devidamente arquivada no órgão de recrutamento e podem ser 2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com forma-
chamados a qualquer momento para um processo de seleção. A ção no exterior: isto não significa que, a partir da admissão, não
organização deve estimular a vinda de candidaturas espontâneas, tenha que investir em formação com esse candidato, mas o que é
para garantir um stock de candidatos para qualquer eventualidade. certo é que vai usufruir de imediato do retorno dos investimentos
Considera-se esta técnica a que acarreta menores custos para a or- efetuados pelos outros;
ganização, uma vez que elimina a necessidade de colocar anúncios, 3. Renova e enriquece os recursos humanos da organização;
tornando-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas; 4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da mesma or-
2. Boca a boca: apresentação do candidato a partir de um co- ganização: no caso de, por exemplo, duas pessoas estarem aptas a
laborador. Desta forma, a organização faz com que o colaborador ocupar o mesmo cargo e a organização escolher uma delas, pode
se sinta prestigiado pelo fato da organização considerar as suas re- desencadear na rejeitada um sentimento de injustiça e provocar
comendações, ao apresentar um amigo ou conhecido e, dependen- um conflito grave.
do da forma como o processo é conduzido, o colaborador torna-se
co-responsável junto à empresa pela sua admissão. É também uma Desvantagens do recrutamento externo
técnica de baixo custo, alto rendimento e baixa morosidade; 1. É um processo mais demorado do que o recrutamento inter-
3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma técnica no: porque temos de considerar o tempo despendido com a esco-
de baixo custo, mas cuja eficácia nos resultados depende de uma lha das técnicas mais adequadas, com as fontes de recrutamento,
série de fatores, como a localização da empresa, a proximidade das

160
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
com a atração dos candidatos, com a seleção, os exames médicos, Definições e conceitos
com possíveis compromissos do candidato a outra organização e Desempenho: “conjunto de entregas e resultados de determi-
com o processo de admissão. nada pessoa para a empresa ou negócio” (DUTRA, 2002);
2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organização: os Avaliação de desempenho: implica na “identificação, mensu-
funcionários podem, em determinados casos, ver o recrutamento ração e administração do desempenho humano nas organizações”
externo como uma política de deslealdade para com eles; (GÓMEZ-MEJÍA, BALKIN e CARDY, 1995).
3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem de novo, - Identificação: ao notar as consequências das atividades, a em-
normalmente vem ganhar mais do que aquele que já está há mais presa estará apta a remanejar pessoas de acordo com a definição
tempo na organização e a desempenhar a mesma função, o que de desempenho exigida para satisfazer as suas necessidades;
pode levar ao aumento dos salários em geral, para evitar grandes - Mensuração: elemento central, tem por objetivo principal a
disparidades; busca pela determinação de como o desempenho pode ser relacio-
4. É mais caro: exige despesas imediatas com anúncios, jornais, nado a certas formas de medições.
- Administração: dirigida para o futuro. Busca o desenvolvi-
agências de recrutamento;
mento e fornece subsídios que geram a possibilidade de alcance de
5. É menos seguro do que o recrutamento interno: dado que
todo o potencial das pessoas, gerando resultados positivos.
os candidatos são desconhecidos: apesar das técnicas de seleção,
muitas vezes a empresa não tem condições de confirmar as qua-
A AD engloba todo o processo desde a identificação do desem-
lificações do candidato; daí submeter o candidato a um período penho, passando pela mensuração, ou seja, medindo tal desem-
experimental, precisamente pela insegurança da empresa relativa- penho, até alcançar projeções para o médio e curto prazo, onde o
mente ao processo de recrutamento e seleção. potencial de cada estará a serviço da organização”.
Independente da estratégia ou tipo de recrutamento e seleção Alguns dos motivos queque leva à utilização da AD:
utilizados é necessário estar atento aos erros de avaliação que fre- - Alicerçar a ação do gestor: a empresa se torna mais transpa-
quentemente são observados, tais como: rente, pois as ações de seus gestores estão alicerçadas em elemen-
- Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou do candi- tos palpáveis (avaliação realizada com rigor técnico).
dato) - Nortear e mensurar o processo de treinamento e desenvolvi-
- Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não gostou dele) mento (T&D): ponderação do nível de CHA (conhecimentos, habili-
- Recenticidade - O que importa são os últimos fatos dades e atitudes), determinando a direção que o processo de T&D
- Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que fica deve tomar e a sua medida em cada caso;
- Tendencia Central - Intermediário, todos são bons. - Facilitar o feedback das pessoas: na medida em que mensura
- Identificação - Espelho, o candidato é parecido comigo. os desempenhos das pessoas em avaliação e informa de modo a
sugerir mudanças, quando necessário; e
Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, inicial, de - Facilitar o progresso das organizações: feedback organizacio-
agregar pessoas à organização. É uma comunicação, emitida pela nal, acompanhamento do desempenho identificando pontos críti-
organização, para as pessoas, a respeito das vagas em aberto na cos, negativos e positivos dando caráter facilitador à elaboração de
organização. Seleção, por sua vez, é uma etapa posterior. A seleção estratégias para manutenção e crescimento.
é uma espécie de filtro: é a etapa em que a organização utiliza ins-
trumentos concretos para avaliar e classificar os candidatos. Finalidades:
Os processos de recrutamento e seleção podem ser internos, - Identificar o valor das pessoas para a organização: men-
quando são voltados para as pessoas que já trabalham para a or- surar qualitativamente o impacto de cada pessoa nos resultados
ganização; ou externos, quando buscam atrair para a organização organizacionais;
pessoas que ainda não são colaboradoras dela. - Desenvolver talentos: detectados os pontos fortes e fra-
cos das pessoas, via avaliação de desempenho, as necessidades de
O processo decisório, na contratação de pessoas, não é feito
desenvolvimento tornam-se transparentes;
apenas pela área de gestão de pessoas. O processo é conduzido em
parceria, tanto pela área que quer preencher a vaga quanto pela
- Fornecer informações essenciais: que auxiliem o desen-
volvimento das demais atividades referentes à gestão de pessoas;
unidade de gestão de pessoas. A decisão final a respeito da contra-
- Tornar transparente a relação entre avaliadores e avalia-
tação cabe à área que quer preencher a vaga. dos: ao se recolher informações essenciais sobre o quadro funcio-
Existem diversas técnicas de seleção, tais como entrevistas, nal, identificar talentos potenciais e o que as pessoas agregam para
provas de conhecimento, testes psicológicos, técnicas vivenciais e a organização; e
análise de currículo. No caso de concursos públicos, a divulgação do - Abastecer a organização com avaliações periódicas: as
edital corresponde ao recrutamento, enquanto as provas de conhe- organizações necessitam estar permanentemente empenhadas na
cimento e de títulos correspondem à seleção. atualização da AD.

Avaliação Convencional e Diferenciada de Desempenho Vantagens da utilização


As organizações necessitam de sistemáticas de avaliação capa- - Possibilita a descoberta de talentos: por meio da identifi-
zes de acompanhar o crescimento das pessoas que nela exercem cação dos atributos de cada pessoa;
suas atribuições; - Facilita o feedback às pessoas da organização: desfrutar
A questão é de que formaque é possível obter um acompanha- do que foi coletado, analisado e concluído pelos avaliadores, po-
mento eficiente ao mesmo tempo integrado com os propósitos da dendo a partir daí encontrar caminhos para auto-desenvolvimento;
organização como um todo. - Auxilia o direcionamento dos esforços da organização: o
O essencial é a maneira com que as pessoas dão andamento fato de se ter informações proporciona a organização a possibilida-
as suas atribuiçõese o desempenho será mensurado a partir dessas de de “identificar aquelas pessoas que necessitam de aperfeiçoa-
exigências. mento” (MARRAS, 2000);

161
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
- Auxilia o aprimoramento da qualidade de vida: “constitui O cidadão comum se preocupa em assegurar-se uma correta
um poderoso meio de resolver problemas de desempenho e me- e burocrática (homogênea, idêntica e não discricionária) aplicação
lhorar a qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das da lei e da norma. O cidadão-usuário se interessa por conseguir o
organizações” (CHIAVENATO, 1999); melhor retorno fiscal – enquanto bens coletivos.
- Situa as pessoas na estrutura organizacional:a AD subsidia Vê-se, pois, que o Estado deve deslocar sua atenção, antes co-
as demais atividades desencadeando ações que culminem com al- locada no procedimento como produto principal de sua atividade,
terações significativas na estrutura da organização; e agora voltada para o de serviços e bem-estar. A gestão por resul-
- Incentiva a utilização do coaching: a AD “ajuda ou estimu- tados é um dos lemas que melhor representa o novo desafio. Isto
la os supervisores a observarem seus subordinados mais de perto não significa que não interessa o modo de fazer as coisas, apenas
e a desempenhar melhor a função de treinadores” (OBERG, 1997). exprime que agora é muito mais relevante o quê se faz pelo bem da
comunidade.
Limitações da utilização Nestes últimos tempos, a Gestão Pública – como disciplina –
- Serve de justificativa para discussões salariais: ao situar as tem abordado estes desafios novos com o auxílio da lógica geren-
pessoas na estrutura organizacional, pode gerar argumentações di- cial, isto é, pela racionalidade econômica que procura conseguir
recionadas a salários e vantagens face à uma possível nova posição eficácia e eficiência. Esta lógica compartilha, mais ou menos expli-
funcional numa outra unidade; citamente, três propósitos fundamentais:
- Trata-se de um processo vulnerável: “as avaliações forne- - Assegurar a constante otimização do uso dos recursos públi-
cem informações inadequadas sob as sutilezas do desempenho, os cos na produção e distribuição de bens públicos como resposta às
gerentes freqüentemente fazem julgamentos arbitrários” (LEVIN- exigências de mais serviços e menos impostos, mais eficácia e mais
SON, 1997); eficiência, mais equidade e mais qualidade.
- Há uma tendência à exclusão dos não envolvidos direta- - Assegurar que o processo de produção de bens e serviços pú-
mente: com o processo. A não influência direta nos resultados da blicos (incluindo a concessão, a distribuição e a melhoria da produ-
organização, dificulta o questionamento à avaliação feita desmo- tividade) seja transparente, equitativo e controlável.
tivação e desinteresse; - Promover e desenvolver mecanismos internos que melhorem
o desempenho dos dirigentes e servidores públicos, e, com isso,
- Dificuldade de manter as avaliações periódicas: a elaboração
fomentar a efetividade dos organismos governamentais, visando a
e aplicação do processo de AD depende do feedback oferecido às
concretização dos objetivos anteriores.
pessoas pelos avaliadores;
Estes objetivos estão relacionados ao fator QUALIDADE, pre-
- Inibe o desenvolvimento criativo do potencial humano: sentes nas atuais demandas cidadãs e aos quais se orienta a Ges-
manter avaliações constantes, dependendo da maneira como é
tão por Resultados (GpR), são, conjuntamente com a democracia, o
realizada, pode representar um controle na visão das pessoas em
principal pilar de legitimidade do Estado atual. Desta forma, a Nova
processo de avaliação; e
Gestão Pública fornece os elementos necessários à melhoria da
- Dificulta a avaliação do grupo: este tipo de procedimento capacidade de gerenciamento da administração pública focada na
sempre tende a recair numa avaliação individualizada.10 Gestão da Qualidade bem como à elevação do grau de governabili-
dade do sistema político.
O Estado tem passado a desempenhar um papel-chave como O conceito e a prática da GpR no setor público têm um grau de
produtor de valor público, e como tal tem priorizado a criação de desenvolvimento e consolidação relativamente baixo. Inicialmente,
condições para o desenvolvimento e o bem-estar social, além da a GpR se utilizou principalmente no setor privado, mesmo quando
produção de serviços e da oferta de infraestrutura. o governo federal dos Estados Unidos da América começou a usar
Esta mudança na função do Estado tem transformado várias algumas de suas propostas no gerenciamento de diferentes órgãos
frentes da administração pública, pela exigência cada vez mais con- públicos. Somente durante o governo do presidente Nixon é que se
tundente dos cidadãos que exercem também o papel de usuários começou a implantar no conjunto da administração pública o que
dos serviços. passou a ser conhecida como a Nova Gestão Pública.
A crise fiscal do modelo anterior, uma vez esgotado o período Esta moderna filosofia sugere a passagem de uma gestão buro-
de esplendor do Estado do Bem-Estar, tem trazido novos proble- crática a uma de tipo gerencial.
mas. Dentre eles, destaca-se a crescente necessidade de atender Na base destas novas ideias se encontrava uma preocupação
uma demanda irrefreável de bens públicos de boa qualidade, típica generalizada sobre as mudanças que o entorno exigia e sobre a im-
do Estado de Bem-Estar, porém hoje acompanhada da exigência de periosa necessidade de repensar o papel do Estado; de melhorar a
diminuir a pressão fiscal – inclusive naqueles casos em que ainda eficiência, a eficácia e a qualidade dos serviços públicos; de otimizar
persiste um modelo de estado anterior ao de bem-estar. Esta substi- o desempenho dos servidores públicos e das organizações em que
tuição de missão trouxe muitos desafios ao Estado, entre os quais a trabalhavam.
redefinição dos conceitos de administração, gestão pública e valor Vários estudiosos e especialistas em gestão pública alertaram
público. para os benefícios que o enfoque da GpR poderia trazer para este
Além disso, essas transformações têm afetado profundamente novo cenário. De acordo com Emery, a GpR acarreta três tipos de
as práticas dos dirigentes públicos (políticos e gerentes) e a teoria considerações para a administração do setor público:
na qual fundamentavam suas ações. - Constitucionais: a maioria das constituições regula o uso dos
Da mesma forma, esta mudança afetou o sistema de controle fundos públicos por parte das autoridades em cumprimento de
da ação do Estado; está-se migrando da exigência de rigor nos pro- mandato.
cedimentos para a exigência de resultados – inerente a um Estado - Políticas: as autoridades devem responder pelas suas ações e
que se apresenta como provedor de serviços, capacitador de desen- pelo conteúdo dos seus programas eleitorais, por respeito ao prin-
volvimento e fornecedor de bem-estar. cípio da responsabilidade do cargo.
Desta troca de missão se deriva uma variação na posição do - Cidadãs: por obediência ao princípio de delegação democrá-
cidadão perante o Estado. tica, os cidadãos confiam nas autoridades eleitas, delegando-lhes a
10Fonte: gestaopublica.org gestão dos fundos públicos – produto da coleta de seus impostos.

162
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Apesar de existirem muitos documentos que tratem da GpR, A Gestão por Resultados GpR) está caracterizada por:
não existe uma definição única para ela. A maioria dos textos usa - Uma estratégia na qual se definam os resultados esperados
este termo como uma noção “guarda-chuvas”, por assim dizer. Na por um organismo público no que se refere à mudança social e à
literatura em língua espanhola é comum achar um uso indistinto de produção de bens e serviços;
conceitos: controle de gestão, gestão do desempenho, gestão por - Uma cultura e um conjunto de ferramentas de gestão orien-
resultados, gestão por objetivos, avaliação do desempenho, avalia- tado à melhoria da eficácia, da eficiência, da produtividade e da
ção de resultados, sem uma clara diferenciação. efetividade no uso dos recursos do Estado para uma melhora dos
Trata-se, portanto, de um conceito muito amplo quanto ao seu resultados no desempenho das organizações públicas e de seus
uso, interpretação e definição. A heterogeneidade da expressão e funcionários;
do conceito também se observa na sua aplicação operacional: os - Sistemas de informação que permitam monitorar a ação pú-
países põem em prática a GpR segundo suas próprias perspectivas. blica, informar à sociedade e identificar o serviço realizado, avalian-
Um estudo para identificar o significado que lhe atribuem os do-o;
gestores públicos de diferentes nações demonstrou que frequen- - Promoção da qualidade dos serviços prestados aos cidadãos,
temente eles empregam os mesmo termos com sentido diferente. mediante um processo de melhoramento contínuo;
É assim como o conceito “resultados” varia notavelmente entre as - Sistemas de contratação de funcionários de gerência pública,
distintas instituições públicas. Isto não ocorre na empresa privada, visando aprofundar a responsabilidade, o compromisso e a capaci-
onde os indicadores-chave do êxito se conhecem nitidamente: ren- dade de ação dos mesmos;
tabilidade, benefícios, quotas de mercado etc. Muitos autores des- - Sistemas de informação que favoreçam a tomada de decisões
tacam a dificuldade de determinar e avaliar os resultados da ação dos que participam destes processos.
estatal como uma das características que diferenciam a gestão do
setor público do privado. Implantação da Gestão por Resultados
Após a tomada de decisão referente adoção da gestão por re-
Pode-se observar que a GpR possui as seguintes dimensões: sultados e também às alternativas para atingir os objetivos, a etapa
- É um marco conceitual de gestão organizacional, pública ou seguinte é a implantação do modelo. Nessa etapa, compete ao ges-
privada, em que o fator resultado se converte na referência-chave tor coordenar a implantação, procurando vincular dinamicamente
quando aplicado a todo o processo de gestão. os recursos aos objetivos. Para tanto, a função de coordenação
- É um marco de assunção de responsabilidade de gestão, por pode ser empreendida por outro conjunto de mecanismos, que se-
causa da vinculação dos dirigentes ao resultado obtido. gundo Mintzberg (2001) são os seguintes:
- É um marco de referência capaz de integrar os diversos com- - Ajustamento mútuo - típico de tarefas que envolvem grupos
ponentes do processo de gestão, pois se propõe interconectá-los pequenos, a coordenação é obtida pelo simples processo de comu-
para otimizar o seu funcionamento. nicação informal. São realizadas reuniões com o objetivo de discutir
- Finalmente, e especialmente na esfera pública, a GpR se apre- os processos de trabalho, ajustando-os quando necessário;
senta como uma proposta de cultura organizadora, diretora, de - Supervisão direta - segundo este mecanismo, uma pessoa ou
gestão, mediante a qual se põe ênfase nos resultados e não nos organização coordena o processo, por meio de instruções, cobran-
processos e procedimentos. ças, alocação de recursos, etc;
- Padronização de normas - significa que os funcionários com-
Todas estas dimensões situam a GpR como uma ferramenta partilham um conjunto de crenças e valores; é exposta a compreen-
cultural, conceitual e operacional, que se orienta a priorizar o resul- são de cada um em relação às normas, com o objetivo de criar uma
tado em todas as ações, e que é capaz de otimizar o desempenho ideia coletiva de conduta, obtendo, informalmente, a coordenação
governamental. Assim, se trata de um exercício de direção dos orga- a partir delas;
nismos públicos que procura conhecer e atuar sobre todos aqueles - Padronização de processos - refere-se à prescrição do conte-
aspectos que afetem ou modelem os resultados da organização. údo do trabalho por meio de procedimentos, normalmente escri-
A GpR tem, portanto, uma dimensão de controle organizacio- tos, a serem seguidos. Trata-se do mapeamento dos processos e
nal que convém esclarecer, pois o conceito de controle no setor pú- da manualização dos procedimentos. Na iniciativa privada, é muito
blico possui conotações particulares derivadas, fundamentalmente, comum em programas de qualidade, como aqueles promovidos
do sistema de auditoria externa que domina nesse Estado. A fer- pela International Organization for Standardization com a série ISO-
ramenta GpR não faz parte dessa concepção de controle, mas de 9000. No caso das organizações públicas, podemos associar esta
outro universo: o de gestão e direção estratégico/operacional, por- padronização às regras formais burocráticas ou à própria legislação;
que permite e facilita aos gerentes da administração pública melhor - Padronização de resultados - trata-se da especificação dos
conhecimento, maior capacidade de análise, desenho de alternati- resultados a serem atingidos, em substituição à especificação dos
vas e tomada de decisões para que sejam alcançados os melhores meios como os procedimentos ou habilidades;
resultados possíveis, afinados com os objetivos pré-fixados. - Padronização de habilidades - refere-se à designação de pes-
É importante assinalar esta diferença porque, muito embora a soal qualificado, já possuidor de determinada habilidade adequada
GpR seja uma boa base para uma melhor prestação de contas (e ao trabalho a ser feito. Não é o trabalho, mas o funcionário que é
uma maior transparência), sua função principal não é a de servir padronizado. A coordenação é obtida em razão do funcionário já
como instrumento de controle da atuação dos gerentes públicos, possuir determinado conhecimento. No setor público, podemos en-
mas a de proporcionar a eles um meio de monitoramento e regula- tender os requisitos dos concursos públicos como um esforço nesse
ção que lhes garanta o exercício de suas sentido, particularmente para contratação de especialistas como
médicos ou dentistas.

163
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Por conseguinte, com base nestes elementos, sugere-se a seguinte definição para a GpR:
A Gestão para Resultados é um marco conceitual cuja função é a de facilitar às organizações públicas a direção efetiva e integrada de
seu processo de criação de valor público, a fim de otimizá-lo, assegurando a máxima eficácia, eficiência e efetividade de desempenho, além
da consecução dos objetivos de governo e a melhora contínua de suas instituições, de maneira que a excelência de qualidade nos serviços
públicos seja de fato alcançada.

GESTÃO POR PROCESSOS

Um processo é uma sequência de atividades rotineiras que, em conjunto com outros processos, compõe a forma pela qual a
organização funcionará. É a abordagem pela qual esses processos serão desenhados, descritos, medidos, supervisionados e con-
trolados.
Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ, esse tipo de gestão necessita de visão sistêmica, pois sem ela é impossível
perceber como o todo significa muito mais do que a uma simples soma das partes. A abordagem sistêmica dentro de uma organiza-
ção faz com que o foco de sua gestão esteja voltado não só para o seu ambiente interno, mas para o externo também, ou seja, que
haja uma sinergia entre as partes para que os objetivos planejados sejam alcançados.
A gestão de processos realiza diversos papéis dentro da organização. Sendo o primeiro passo para organizar e entender como
as áreas, bem como seus processos funcionam internamente. É por meio dela que os responsáveis compreenderão como melhorar
o aproveitamento dos recursos disponíveis e quais ações necessitam ser tomadas para aperfeiçoar o fluxo de trabalho e otimizando
e adequando a organização para o mercado vigente.
Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o entendimento de como funciona a organização. A série de atividades
estruturadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com
base na departamentalização, onde os procedimentos existentes dentro de cada setor da organização eram separados por departa-
mentos e cada área pensava separadamente, sem sinergia umas com as outras. Focada em ciclos verticais separados.

Marketing <-> Financeiro <-> Produção <-> RH


A Gestão de Processos busca tornar horizontal a relação entre as áreas dentro da organização.

Objetivos da Gestão de Processos


• Gerir sistemas de rotinas que envolve o cotidiano da organização e delegar responsabilidades;
• Administrar os processos com o objetivo de alcançar resultados perceptíveis (e não tarefas específicas);
• Ampliar e detectar melhorias contínuas na comunicação e relação entre participantes e áreas da organização;
• Facilitar o planejamento, padronizando-o com acompanhando de perto o que acontece no ambiente;
• Perceber oportunidades de otimização de processos através de gargalos encontrados;
• Ao invés de criar novos modelos; concentrar-se na melhoria de processos que já existem.
• Efetuar toda e qualquer correção que possam surgir nos processos antes de automatizá-los, para não acelerar o que está
desorganizado.

Análise de Processos
Geralmente é nessa etapa que a empresa é mapeada. É preciso analisar com exatidão como acontece cada processo no negócio
atualmente. Assim, os processos são listados e descritos pelo conjunto de atividades que os compõem.
É preciso conhecer realmente como funciona a empresa, para realizar esse mapeamento. Somente sim o gestor terá conhe-
cimento dos pontos de melhoria na operação com clareza.

Nessa etapa verifica-se:


• A compreensão do negócio com os processos principais que o compõem;
• Plano estratégico com metas e indicadores;
• Senso comum dos processos;
• Entradas e saídas, incluindo clientes e fornecedores;
• Responsabilidades de diferentes áreas e equipes;
• Avaliação dos recursos disponíveis.

164
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Exemplo do elemento Consumidor X Cliente
Nessa relação, há processos de entradas/Imputs (Insumos) dos fornecedores e saídas/Outputs: Produtos, Serviços ao cliente,
inter-relacionando essas áreas na organização.
Elementos desse Processo:

CONSUMIDOR
FORNECEDORES PROCESSO CLIENTES
• Entradas / Inputs
• Saídas / Outputs

• As diversas entradas passam por transformação no processo, e a saída (entrega) sempre será diferente da entrada.
• O consumidor é quem consome o produto/serviço e o cliente é quem decide pela compra/aquisição, não necessariamente
serão a mesma pessoa.

Execução
É importante estudar os recursos necessários, antes de institucionalizar as mudanças, como: remanejar equipe, ferramentas,
mudanças no layout da organização, aquisição de programas (softwares), entre outras.
Existem duas vertentes para a implantação das novas estratégias:
• Implantação sistêmica, quando são utilizados softwares para isso
• Implantação não sistêmica, que não necessitam de ferramentas desse tipo.

A visão dessa execução deve ser positiva, pois irá auxiliar organização a estruturar melhor seus processos, não sendo que atra-
palhará o ciclo de trabalho.

Monitoramento
Através dos indicadores de desempenho pré-definidos, os novos processos devem ser constantemente acompanhados. Geral-
mente, algumas das métricas a constar em cada processo são: o tempo de duração, o custo, a capacidade (quanto cada processo
realmente produz) e a qualidade (medida com indicadores próprios que variam de processo a processo).

Melhoria de Processos
Nessa etapa, observa-se os indicadores previamente levantados, onde se torna possível identificar quais são os principais gar-
galos em todo processo e se os objetivos estão sendo conquistados.
As melhorias podem ser concernentes a inclusão ou exclusão de atividades, realocação de responsabilidades, documentação,
novas ferramentas de apoio e sequências diferentes, por exemplo. Melhorar o desempenho para reduzir custos, aumentar a efici-
ência, aprimorar a qualidade do produto/serviço e melhorar o relacionamento com o cliente, devem ser o objetivo.
O processo todo em si é cíclico: finalizando essa fase, volta-se a analisar a situação no negócio, investigam se os processos estão
sinérgicos ao objetivo da empresa, mapeia-se novas situações diante das melhorias apontadas, executa-se as mudanças, monito-
rando-as e otimizando-as.

Técnicas de Mapeamento
Modelo AS-IS
Levantar e documentar a atual situação dos processos, geralmente realizado pelos usuários diretamente envolvidos nos pro-
cessos-chaves.
O levantamento das principais oportunidades de melhorias é realizado com as equipes através de entrevistas feitas com essas
pessoas, que relatarão como são realizadas as atividades.

TO-BE
Após, é realizado o mapeamento “To-Be”, que define a meta a ser alcançada e as mudanças que será necessário implementar
para isso. Nesse processo é importante documentar pontos de melhorias e acréscimos esperados quantitativamente, realizar a
definição dos recursos, ferramentas e responsabilidades de cada atividade.

165
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Tipos de Mapeamento Variáveis incontroláveis ou imprevisíveis
• Fluxograma de processos: Desenho simplificado de um Ocorrências naturais, mortes, acidentes, atividades que se
processo usando símbolos padronizados. Forma simples de re- dependa de uma terceira pessoa.
presentar visualmente a teia de atividades envolvidas na ope-
ração. No gerenciamento do projeto, temos três variáveis funda-
• Fluxograma horizontal: Visando uma melhor representa- mentais para a sua execução.
ção dos processos, o fluxograma horizontal foi criado, possibili-
tando assim mais alternativas ao gestor. Em uma matriz o fluxo Tempo ou prazo
de tarefas é detalhado, cujo o eixo horizontal indica quais pro- O tempo requerido para terminar as etapas do projeto, é
cessos estão em andamento e o eixo vertical mostra as etapas normalmente influenciado quando se pretende baixar o tempo
de produção ou os responsáveis por cada processo. Possibili- para execução de cada tarefa que contribui diretamente à con-
tando assim, uma visão mais clara em relação ao fluxograma de clusão de cada componente.
processos.
• Mapofluxograma: Principal mapeamento utilizado para Custo
linhas de produção, por exemplo. É a união de um fluxograma Envolve vários aspectos, tais como custo de mão de obra,
dentro de um layout industrial. Aqui, o fluxograma é represen- custos de materiais, gerência de risco, produtos, equipe, equipa-
tado sobre o desenho da planta. Isso facilita a visão e compre- mento, o próprio tempo, lucro, entre outros.
ensão da movimentação de materiais e pessoas.
• BPMN: Tipo de modelagem de processos mais utilizado, Escopo ou contexto
atendendo inclusive às normas especiais. Os símbolos são padro- São as exigências especificadas para o resultado fim, ou seja,
nizados com formas e cores previamente definidas, facilita muito o que se pretende, e o que não se pretende realizar. A qualidade
mais a compreensão e representação de um processo complexo. do produto final pode ser tratada como um componente do es-
Como é de uma “linguagem universal”, se torna também possível copo. Normalmente a quantidade de tempo empregada em cada
apresentar o fluxo para clientes, possibilita que novos integrantes tarefa é determinante para a qualidade total do projeto.
façam alterações agregando valor aos processos. Lembre-se das variáveis incontroláveis ou imprevisíveis, elas
estão ai para dar o tempero do seu projeto. Gestores de proje-
tos costumam considerar margens de segurança definidas com o
GESTÃO POR PROJETOS apoio de gestores técnicos que irão executar o projeto.
Por exemplo, aplica-se uma margem de segurança na mão
O Gerenciamento de Projetos é a aplicação de conhecimen- de obra, para cobrir eventuais faltas e atrasos, e para prover o
tos, habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma projeto uma certa “margem de manobra” para que atividades de
efetiva e eficaz. Trata-se de uma competência estratégica para emergência sejam executadas sem um impacto muito grande no
organizações, permitindo com que elas unam os resultados dos prazo final do projeto. Aplica-se uma margem de segurança nos
projetos com os objetivos do negócio – e, assim, melhor competir recursos materiais prevendo desperdícios e eventuais danos ou
em seus mercados. extravios, mas as margens neste caso devem ser aplicadas com
Tem relação direta com a capacidade das empresas de atin- critério para que a excessiva margem de segurança em materiais
girem suas metas, justamente porque os projetos atuais neces- não seja um prejuízo no projeto.
sitam da união de esforços aplicados de forma integrada para Um projeto bem planejado leva em conta o imprevisto, se
serem realizados com êxito. Em diversas ações das empresas, é alguma coisa der errado, o projeto vai parar? Pode-se executar
necessário um projeto, direcionando esforços temporários para outra tarefa enquanto resolvemos o problema que impede o an-
produzir determinado produto, serviço ou resultado único. damento do projeto? E este problema pode ser simplesmente
Gerência de projetos ou gestão de projetos é a aplicação de uma etapa de aprovação do cliente por exemplo. Neste caso as
conhecimentos, habilidades e técnicas na elaboração de ativida- tarefas que não fazem parte do caminho crítico podem ser execu-
des relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré defi- tadas para que a equipe não fique parada por exemplo.
nidos. O conhecimento e as práticas da gerência de projetos são
mais bem descritos em termos de seus processos componentes. Etapas de um projeto
A gerência de projetos é frequentemente a responsabilidade Todo projeto é desenvolvido em cinco etapas: Iniciação, pla-
de um indivíduo intitulado gerente de projeto, que trabalha para nejamento, execução, controle e conclusão.
manter o progresso e a interação mútua progressiva dos diversos
participantes do empreendimento, de modo a reduzir o risco de Iniciação é a etapa onde tomamos conhecimento do projeto
fracasso do projeto. a ser feito, é o momento da confecção do briefing, ou de sua lei-
Todo processo é sujeito a influencia de variáveis, que podem tura à equipe, é nesta hora onde surgem diversas dúvidas do pro-
afetar, seu andamento caso a organização não esteja preparada jeto. Em geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em uma
para lidar com elas. reunião de brainstorm.
Vejamos as variáveis mais comuns: Planejamento é onde o projeto é detalhado, se aplicarmos
o principio de Pareto, é onde investimos 80% do nosso tempo.
Variáveis controláveis ou previsíveis É o momento em que detalhamos as atividades, pesquisamos,
Ex.: recursos, valores ou tempo (embora não possa controlar determinamos prazos, alocamos recursos e custos. O resultado
o tempo é possível calcular o tempo estimado para executar de- do planejamento é uma lista de tarefas e/ou um gráfico de Gantt.
terminada tarefa, de forma, que se torna possível controlar essa Execução é o objetivo do projeto, é a “hora da verdade”,
variável dentro de um planejamento). quem executa é o gestor técnico, é a hora de colocar o projeto
em prática.

166
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Controle, o gestor do projeto faz o controle da execução, re- cução; Monitoramento; Encerramento. Vamos descrever o que
gistrando tempo e recursos, e gerenciando as possíveis mudan- cada área do conhecimento aborda, para depois estabelecer a
ças. relação entre as áreas de conhecimento e os processos.
Conclusão, bom conclusão dispensa mais comentários, é a - Integração: “O Gerenciamento da integração do projeto
hora em que o projeto termina. inclui os processos e as atividades necessárias para identificar,
Na verdade as cinco etapas do projeto não acontecem como definir, combinar, unificar e coordenar os vários processos e ati-
uma sequência linear, afinal, como já vimos existem problemas vidades dos grupos de processos de gerenciamento.” Em suma,
não previstos, existem ajustes à serem feitos. E estes ajustes são podemos dizer que à área de integração cabe a tarefa de articu-
feitos “on the fly”, ou seja, durante a execução do projeto, confi- lar as partes interessadas para que objetivos do projeto sejam
gurando um ciclo claro que passa por execução, controle e pla- atingidos.
nejamento. - Escopo: Esse gerenciamento está relacionado principalmen-
Geralmente na hora da execução é que o planejamento é te com a definição e controle do que está e do que não está incluso
posto a prova, o controle é o acompanhamento que o gestor de no projeto. Consiste em definir o que será feito e o que não será
projetos faz junto ao gestor técnico, ele registra os tempos e uso feito no projeto, monitorar e controlar possíveis mudanças.
de recursos. Este controle pode apontar tanto uma tendência à - Tempo: “O Gerenciamento do tempo do projeto inclui os
economia de recursos quando à necessidade de utilizar recursos processos necessários para gerenciar o término pontual do pro-
alem do planejado. jeto.“ Consiste de definição das atividades, sequenciamento de
É atribuição do gestor de projetos revisar seu planejamen- atividades, estimativas de duração de atividades, criação do cro-
to para avaliar os impactos destas variações e tomar as devidas nograma e controle do cronograma.
providências. - Custos: “O gerenciamento dos custos do projeto inclui os
O gerenciamento de projetos tenta adquirir controle sobre processos envolvidos em estimativas, orçamentos e controle dos
essas três variáveis (tempo, custo, escopo), no entanto, algu- custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do
mas literaturas definem como quatro variáveis, sendo qualida- orçamento aprovado.
de a quarta variável, contudo a qualidade é uma das principais - Qualidade: O gerenciamento é responsável por monitorar
componentes do escopo. Estas variáveis podem ser dadas por se os resultados do projeto estão as necessidades que originaram
clientes externos ou internos. O(s) valor(es) das variáveis rema- o projeto. Na etapa do planejamento são estabelecidos padrões
nescentes está/estão a cargo do gerente do projeto, idealmente de qualidade, que permitem aferir o desempenho do projeto no
baseado em sólidas técnicas de estimativa. quesito qualidade.
Geralmente, os valores em termos de tempo, custo, qualida- - Recursos Humanos: Projetos sempre envolvem pessoas. É
de e escopo são definidos por contrato. preciso montar uma equipe, selecionar, organizar e definir pa-
Para manter o controle sobre o projeto do início ao fim, um péis e estabelecer prazos. Estes são assuntos que dizem respeito
gerente de projetos utiliza várias técnicas, dentre as quais se des- ao gerenciamento de recursos humanos.
tacam: - Comunicação: “O gerenciamento das comunicações do
- Planejamento de projeto projeto inclui os processos necessários para assegurar que as
- Análise de valor agregado informações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas,
- Gerenciamento de riscos de projeto armazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna
- Cronograma e apropriada.”. Comunicação é, sem dúvida, uma das áreas mais
- Melhoria de processo importantes na gestão de projetos. Gerentes passam boa parte
do tempo recebendo informações dos interessados no projeto
Áreas de conhecimento em Gerenciamento de Projetos e transferindo estas informações para a equipe executora. Esse
Há um consenso por parte dos gerentes que atuam na área
processo contínuo de comunicação garante que uma ideia seja
de gestão de projetos: Um mesmo projeto, gerenciado por 10 ge-
transformada em projeto e posteriormente executada na prática.
rentes diferentes, vai gerar 10 resultados distintos. Mesmo que
- Riscos: Trata da identificação, análise e resposta a riscos
estejam alinhados a um guia comum. Cada gerente, enquanto
do projeto. É composta pelo plano de gerência, identificação,
pessoa, tem um modo específico de perceber e decidir sobre a
análise qualitativa, análise quantitativa, plano de respostas, e
situação. Isso tem impacto direto sobre cronograma, custos e de-
monitoramento e controle dos riscos. O gerenciamento de riscos
sempenho do projeto. Mesmo que todos projetos tenham uma
visa reduzir a probabilidade e o impacto de eventos negativos,
estrutura organizacional semelhante, com elementos repetitivos,
aumentando a probabilidade de eventos positivos.
o resultado de cada projeto é obtido sob uma combinação exclu-
siva de objetivos, circunstâncias, condições, contextos, fornece-
dores etc. O gerenciamento de projetos consiste na aplicação de EAP – Estrutura Analítica de Projetos, também conhecida
conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas adequadas como WBS – Work breakdown structure. O conhecimento da
às atividades do projeto, a fim de atender aos seus requisitos. aplicação dessa ferramenta serve para o gerenciamento de pro-
Aqui vamos abordar, detalhadamente, as nove áreas do conhe- jetos e para profissionais que vão se submeter a certificação PMP
cimento que caracterizam os principais aspectos envolvidos em – Project Management Professional, o qual é indispensável, va-
um projeto e no seu gerenciamento. mos entender o porquê:
Áreas do conhecimento: Ao todo são nove áreas do conheci- Para o PMI a EAP é um elemento obrigatório no gerencia-
mento: Integração; Escopo; Tempo; Custo; Qualidade; Recursos mento de projeto. É uma ferramenta que organiza todo o escopo
humanos; Comunicações; Riscos; Aquisições. Este conjunto de do projeto de maneira visual, subdividindo o mesmo em entregas
conhecimentos é utilizado para orientar o gerenciamento de 42 de maneira que essas sejam melhores gerenciadas. Ao invés do
processos, agrupados em 5 grupos: Iniciação; Planejamento; Exe- gerente de projetos apresentar um documento textual extenso
às partes interessadas (patrocinador, clientes, equipe, gerente
funcional, gerente de portfólio e pessoas afetadas pelo projeto),

167
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
ele apresenta a EAP, fornecendo uma visão rápida e geral do que Um Escritório de Projetos baseia a sua gestão nas principais
está incluso no escopo do projeto, facilitando a análise e ajudan- abordagens ou melhores práticas de gerenciamento de projetos
do a identificar possíveis incoerências e necessidades. Também conhecidas no mercado e como exemplo podemos citar as me-
ajuda o gerente de projetos e a equipe de desenvolvimento a lhoras práticas definidas pelo PMI – Project Management Insti-
não se esquecerem dos elementos solicitados, evitando impactos tute, através de seu Guia de Conhecimento (PMBOK – Project
negativos e diminuindo o número de solicitações de mudanças. Management Body of Knowledge).
A EAP é desenvolvida dentro do processo de gerenciamento A principal função é do Escritório de Projetos é assegurar que
de escopo, mas pode ser utilizada em vários outros processos a metodologia de gerenciamento de projetos seja seguida, po-
do gerenciamento de projetos; na gestão de riscos, na gestão de rém, não é a única, vejamos algumas delas:
tempo, na gestão de custos, e até nas comunicações, pois ela - Definição, padronização e suporte à metodologia e ferra-
facilita a demonstração do andamento do projeto, identifican- menta de gerenciamento de projetos.
do as entregas finalizadas, as em execução, ou ainda as que não - Assegurar que o projeto ande conforme o planejado, forne-
começaram. A criação de uma EAP é um esforço para decompor cendo apoio as áreas funcionais.
as entregas e o trabalho necessário para produzi-las em partes - Definição e acompanhamento dos indicadores de desem-
menores, chamadas de pacotes de trabalho. Ela permite dividir penho.
um projeto grande em partes que você possa planejar, organizar, - Coaching: suporte e treinamento aos gerentes funcionais,
gerenciar e controlar, mas não se engane, pois para o PMI ela membros de equipe e áreas interessadas.
também é obrigatória em projetos pequenos. - Revisão, auditoria de projetos e intervenção para recupera-
É interessante destacar que em uma EAP não se inclui as ati- ção de projetos com problemas.
vidades, mas sim os pacotes de trabalho ou entregas que resul- - Monitoramento do portfólio de projetos.
tam em uma atividade ou grupos de atividades. Cada pacote de - Garantir a qualidade final do projeto e satisfação do Cliente.
trabalho deve ser referenciado com substantivos – coisas, em vez
de ações. Uma EAP deve ser orientada a entregas, mas isso não Existe uma diversidade de modelos e funções que o Escri-
significa que apenas as entregas são inclusas, deve ser incluso tório de Projetos pode assumir. Os modelos de PMO variam de
todo escopo do projeto, do produto e os esforços para alcançá- acordo com o nível de controle e a influência que podem exercer
-los. na gestão de projetos dentro da organização. Como exemplo po-
demos citar:
Para criar uma EAP, são necessárias as seguintes entradas: - Projeto Autônomo (APT – Autonomus Project Team): des-
- Plano de gerenciamento do projeto; tinado ao gerenciamento de um projeto ou programa específico.
- Declaração do escopo do projeto; - Escritório de Suporte a Projetos (PSO – Project Support Of-
- Documentação dos requisitos; fice): criado em uma esfera departamental para apoio a diversos
- Fatores ambientais da empresa; projetos simultâneos.
- Ativos de processos organizacionais. - Centro de Excelência (PMCOE – Project Management Cen-
Podem ser utilizadas as seguintes ferramentas: ter of Excellence): seu papel é disseminar a cultura de gerencia-
- Decomposição; mento de projetos na empresa, manter as metodologias, desen-
- Opinião especializada. volver gerentes de projetos, líderes e membros de equipes.
E irá resultar nas seguintes saídas: - Escritório de Projetos Corporativo (PrgMO – Program Mana-
- Linha de base do escopo; gement Office): criado em uma esfera corporativa, compreende
- Atualizações dos documentos do projeto. as funções do Centro de Excelência e, alguns casos, compreende
Algumas regras a serem seguidas para o desenvolvimento de as funções do Escritório de Suporte a Projetos, atuando no geren-
uma EAP: ciamento estratégico dos projetos.
- A EAP deve ser criada com a ajuda da equipe; Não há garantia de sucesso com a implementação de um de-
- Cada nível da EAP é uma parte menor do nível anterior; terminado modelo, mas sim com a implementação do modelo
- O projeto inteiro deve ser incluso em cada um dos níveis correto e adequado à estrutura organizacional e nível de maturi-
mais elevados da EAP; dade da empresa.
- A EAP deve incluir apenas as entregas necessárias para o O apoio da Alta Administração é fundamental para o sucesso
projeto; da sua implementação. O PMO é uma entidade organizacional
- As entregas que não estão na EAP não fazem parte do pro- estratégica empregada em nível corporativo, que define padrões
jeto.11 para o gerenciamento de projetos em toda a empresa e é apoia-
do pela Alta Administração.
Escritório de Projetos
O objetivo do Escritório de Projetos é que a partir da sua im-
GESTÃO DE CONTRATOS
plementação a empresa alcance benefícios com a padronização
de processos, definição de políticas, procedimentos e práticas
de gerenciamento de projetos. O Escritório de Projetos também O que é gestão de contratos
pode fornecer funções de controle, como auditorias nos proje- Gestão de contratos não tem a ver só com o arquivamento e
tos. Mas isso não é o bastante. O Escritório deve evoluir para o controle de documentos em depósitos ou no ambiente virtual.
servir também como uma fonte de orientação, documentação Ela acompanha todo o ciclo de vida de cada documento, desde sua
e capacitação relacionadas às práticas envolvidas na gestão dos criação, passando pela execução e chegando até o término de sua
projetos dentro da organização. vigência/utilidade.
Esse processo também assegura benefícios a contratados e
contratantes, além de fornecer apoio e informações para o geren-
11 Texto adaptado de Daiany Silva ciamento financeiro e a gestão de projetos de uma empresa.

168
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
A importância da gestão de contratos • manter um acompanhamento constante de prazos de
As organizações privadas e públicas são pressionadas constan- vencimento dos documentos;
temente para diminuírem os custos, elevarem a performance finan- • garantir que os envolvidos tenham conhecimento detalha-
ceira e reduzirem os riscos operacionais. Além disso, também preci- do do conteúdo contratual;
sam maximizar o capital de giro por meio de economia de recursos • montar uma tabela de planejamento que organize as ati-
e investimentos planejados. vidades e eventos constantes nos acordos, bem como suas etapas.
Para conquistar esses objetivos, além de eliminar desperdícios Isso pode ser feito, inclusive, por meio de planilhas ou em um siste-
e otimizar fluxos de trabalho, é preciso monitorar as variações or- ma de gestão que automatize esse processo, como um ERP;
çamentárias, controlar adequadamente o fluxo de caixa e negociar • checar frequentemente se as cláusulas contratuais estão
contratos mais vantajosos. Além disso, é necessário ter atenção a sendo realmente cumpridas;
regulamentos e legislações. • implantar sistemas que acompanham vencimentos e de-
Todos esses pontos podem ser aperfeiçoados direta ou indire- mais prazos. Isso evita custos extras com juros e multas devido a
tamente por uma boa gestão de contratos. Afinal, ela é a respon- atrasos;
sável por lidar com a crescente complexidade e o volume dos con- • assegurar que cada contrato, após arquivado, seja facil-
tratos atuais, tendo por objetivo uma administração eficaz desses mente encontrado;
documentos. Para tanto, ela atua: • verificar renovações e rescisões, buscando evitar que es-
• dando suporte para a elevação do poder de negociação ses processos gerem custos financeiros ou problemas jurídicos à
da empresa e para a maximização dos benefícios de cada contrato; companhia.
• supervisionando, de forma eficaz, o cumprimento de obri-
gações contratuais; Para garantir uma boa organização dos contratos, é fundamen-
• aumentando o controle sobre as condições que podem tal contar com uma equipe especializada na gestão desses docu-
ser aceitas nos contratos, protegendo a empresa de acatar valores mentos. É interessante que seus integrantes tenham conhecimen-
e cláusulas incluídas pelos fornecedores sem realizar pesquisas e tos sobre planejamento e confecção desses acordos. Habilidades
cotações com outras organizações; de negociação são diferenciais, pois ajudam na obtenção de mais
• fornecendo apoio para a gestão de obrigações, fazendo vantagens para o negócio.
com que as partes de um acordo tenham vantagens estratégicas;
• administrando contratos de vários tipos, como os relacio- Como entender o ciclo de vida dos contratos
nados a fornecedores, obtenção de crédito (antecipação de recebí- Uma boa gestão do ciclo de vida do contrato ajuda a mitigar ris-
veis, financiamentos, empréstimos etc.), contratação de colabora- cos e diminuir custos. Para isso, primeiro, é preciso entender quais
dores, entre outros; as etapas desse ciclo, que são:
• melhorando o controle de cronogramas e vencimentos de • pré-contratação: identifica-se a necessidade de um pro-
pagamentos inclusos nos acordos, beneficiando, entre outros pon- duto, serviço ou parceria. Depois, ocorre a definição dos requisitos
tos, o ciclo financeiro e o ciclo operacional do empreendimento necessários para a negociação, como formas de pagamento, tipo
etc. de entrega, exigências para a contratação etc. Após isso, cria-se o
rascunho do contrato;
Todas essas atribuições beneficiam a empresa, gerando redu- • contratação: negociação e formalização do acordo. As
ção de custos e, consequentemente, melhorando o lucro e outras cláusulas são debatidas e, se necessário, realizam-se ajustes no do-
contas que constituem o DRE e o Balanço Patrimonial do negócio. cumento. Aspectos econômicos, técnicos e jurídicos precisam estar
corretamente registrados. Após aprovação pelas partes, o contrato
O papel do gestor de contratos é assinado;
O papel do gestor de contratos é amplo, já que ele deve acom- • pré-execução (técnica): são feitas as ações iniciais para a
panhar todas as fases de um contrato, analisando e checando se o execução do que consta no contrato, como aquisição de insumos,
que foi estabelecido está em conformidade com o realizado. Para contratação de colaboradores, organização de materiais etc. Essa e
tanto, ele deve registrar eventos relacionados a cada acordo, visan- outras etapas devem ter cronogramas de entregas e vistorias;
do a obter maior controle para fins de auditoria. • pré-execução (administrativa): aqui, acontecem a compila-
Além disso, ele precisa detectar desvios e ocorrências desali- ção, a estruturação e o armazenamento da documentação contratual;
nhadas às cláusulas contratuais e procurar meios de solucioná-los. • pré-execução (financeira): o financeiro recebe o fluxo
Também deve ser apto a buscar o cumprimento de obrigações con- de pagamentos e dados econômicos de cada acordo. Nessa e nas
tratuais que envolvam documentos gerenciais e contábeis, como demais fases, é preciso definir certidões, termos necessários para
notas fiscais, atas, inventários, entre outros. execução do contrato, notificar envolvidos sobre prazos, liberar ati-
Inclusive, ele precisa exigir que os contratos sejam feitos e vidades etc;
cumpridos com qualidade, objetivando a mitigação de riscos e a • execução: o objeto do contrato é entregue e as ações
economia. Realizar análises críticas, observar pontos de ajustes e administrativas de acompanhamento do documento são feitas de-
sugerir melhorias são outras ações que devem ser tomadas quando talhadamente. Nessa etapa, os pagamentos são controlados, reali-
necessário. za-se a prorrogação de termos, ocorre o registro de aditivos, entre
outras ações;
• encerramento: se a data de vigência do contrato expirar
Como organizar os contratos de forma eficiente
e não ocorrer renovação, conclui-se a negociação. É nessa etapa
Contratos administrativos, de fornecedores, de clientes etc.
que se verifica se todas as ações previstas nas cláusulas contratuais
precisam ser controlados adequadamente. Para isso, é fundamen-
foram feitas adequadamente.
tal adotar procedimentos de organização, que ajudam a monitorar
e a otimizar o trabalho do gestor de contratos e de sua equipe. Veja
Como gerir contratos empresariais
alguns:
Uma gestão de contratos efetiva atua minuciosamente com or-
• garantir que a companhia tenha recursos suficientes para
ganização, programação e planejamento de ações relacionadas à
executar o que for estabelecido nos contratos; administração desses documentos. Algumas empresas contam com

169
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
setores específicos para isso, enquanto outras delegam as ativida- poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos,
des dessa área para a controladoria ou o departamento adminis- agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o
trativo. princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen-
Para otimizar o gerenciamento dos contratos, é importante tos legais é ilícito.
contar com indicadores de desempenho, métricas de resultados
e análises de históricos. Também é preciso analisar orçamentos e Princípio da impessoalidade
cotações para verificar se há viabilidade nos acordos prontos, em Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui
vigência ou que ainda serão feitos. duas interpretações possíveis:
Esse item é essencial para assegurar maior sustentabilidade a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Públi-
financeira para a empresa, de modo que ela consiga atingir seus ca deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico
objetivos com os acordos e obtenha benefícios. Além disso, é im- aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas
portante definir, por exemplo: a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da
• responsabilidades de cada uma das partes e os cargos que CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata-
ajudarão na gestão do contrato; mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em
• prioridades de serviços, produtos ou demais ações previs- posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade
tas nas cláusulas; material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei
• prazos de disponibilização de produtos ou serviços; 8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para
• datas para liberação da equipe para começar a gerenciar portadores de deficiência.
os principais pontos dos contratos. b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como
Como guardar os contratos de maneira organizada feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais
Primeiramente, lembre-se de fazer, ao menos, uma cópia de toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter
cada contrato final e manter documentos relacionados a ele. Ex- educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art.
tensões nos acordos ou modificações, como ordens de mudança, 37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar nomes, símbolos
devem ser executadas em conformidade com as cláusulas desses
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
documentos, sendo guardadas junto a eles.
ou servidores públicos”.
Também é preciso contar com um bom sistema de gerencia-
mento para organizar os contratos e facilitar a sua busca. Digitali-
Princípio da moralidade
zá-los é uma opção positiva para diminuir as chances de perdas de
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua-
documentos e facilitar a administração.
ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia-
Com uma boa gestão de contratos, você conseguirá melhorar a
pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao
empresa, pois as negociações passam a ser otimizadas. Isso resulta
em economias de custos, prazos mais condizentes com as condi- administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação
ções do negócio e maior controle dos acordos. segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo:
a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13
Fonte: https://blog.biva.com.br/empreendedor/gestao-de-contratos/ do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada
súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não
Contratos Administrativos parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é
No desempenho da função administrativa, o Poder Público um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo
empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídicas, a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política.
públicas e privadas. A partir do momento em que tais relações se
constituem por intermédio da manifestação bilateral da vontade Princípio da publicidade
das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato da Adminis- Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos
tração. do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art.
Denota-se que os contratos da Administração podem ser nas 2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a
formas: transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com
Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin-
normas de Direito Público. do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos
Contratos de Direito Privado firmados pela Administração: praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a
são aqueles comandados por normas de Direito Privado. atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos
Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di-
Princípios reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais,
Princípio da legalidade com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ-
um produto do Liberalismo, que propagava evidente superioridade ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo-
do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade veio a ser tivação dos atos administrativos.
bipartida em importantes desdobramentos:
1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre os Princípio da eficiência
atos da Administração; Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998,
2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser for- com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela
malizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de caráter Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio-
normativo. nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das
Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo:
principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis- duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita-
trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só

170
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica-
bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art. da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998). que será efetivado.
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que
garantem sua eficiência: Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna se privado (princípio da finalidade pública)
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio- É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
rar a situação de outrem. tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas categorias:
de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a
de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”). necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi-
acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por
econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre
de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do outros.
serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as- b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró-
pectos. prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se
ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple-
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade mentado através de atividades administrativas instrumentais que
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna são necessárias ao atendimento do interesse público primário.
Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di- Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes
reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial público e ao patrimônio público.
da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da
Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará- Princípio da continuidade
ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra- Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que
ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para, tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode
por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de
law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação.
abusos do Estado). Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú-
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador
aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o
constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons- serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen-
trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito
direitos fundamentais dispostos na legislação pátria. às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das te- pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que
orias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular.
no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho- Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não
mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente
do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber, e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser
na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em prestado sempre na medida em que a necessidade da população
que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor- vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne-
cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado
de Direito. sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne-
Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di- cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem-
ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro- plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou-
porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi- tros.
lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma
paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade, Princípio da autotutela
vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re-
excessos cometidos pelo Poder Público. ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de
O princípio da proporcionalidade é subdividido em três legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência
subprincípios: e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será 346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999.
adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
pretendido. bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela
b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal
do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan- e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que
o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda- esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante
mentais. à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti-
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma culares de modo geral.
típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual

171
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Princípios da consensualidade e da participação Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi-
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor- ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização
naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi-
de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer nam por surpreender os seus receptores.
a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí-
contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com
atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí-
mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei-
comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos. to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988.
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
assumir um importante papel no condizente ao processo de iden- 9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti-
tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
tutela da Administração Pública. a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida- no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos:
de e da participação, a administração termina por voltar-se para a confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente;
coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi-
da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de
resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou que as suas expectativas são razoáveis;
entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi-
ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in- nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien-
teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola- tam o cidadão a adotar determinada conduta;
boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa-
consenso e da participação. ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma- jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável;
da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con- fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to-
selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa lerância da Administração); e
ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga-
é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o ções no caso.
mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do
interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação Elementos
dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atu- Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a respei-
ação coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de to, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer alguns
interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz do contrato
NETO, 2006, p. 337-338). administrativo. Desta forma, o contrato administrativo é:
Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio- 1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas e
neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico- determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabelecidas
-políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além de rece-
seus institutos participativos e consensuais. berem da outra prestação proporcional à sua, podem apreciar ime-
diatamente, verificando previamente essa equivalência. Ressalta-se
Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da que o contrato comutativo se encontra em discordância do contrato
boa-fé aleatório que é aquele contrato por meio do qual, as partes se ar-
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da riscam a uma contraprestação que por ora se encontra desconheci-
boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si. da ou desproporcional, dizendo respeito a fatos futuros. Exemplo:
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti- contrato de seguro, posto que uma das partes não sabe se terá que
dos: cumprir alguma obrigação, e se tiver, nem sabe qual poderá ser.
a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do Decre-
conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido, to-Lei n.7.568/2011:
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB); Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse com
b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas rela- entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de chama-
cionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais. mento público a ser realizado pelo órgão ou entidade concedente,
visando à seleção de projetos ou entidades que tornem mais eficaz
Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções: o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto n. 7.568, de 2011)
a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos 2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens
particulares; para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um
b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológico sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Existe
daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteri- um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por meio
zação da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre de forma
particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela contrária do contrato gratuito, como a doação, posto que neste, só
atuação do Estado. uma das partes possui obrigação, que é entregar o bem, já a outra,
não tem.

172
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na legis- em vista vez que permite que uma empresa que não participou por
lação para que tenha validade. A formalização do contrato encon- meios legais da licitação de forma indireta, acabe contratando com
tra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se, por opor- o Poder Público, o que ofende o princípio da licitação previsto no
tuno, que o contrato administrativo é celebrado pela forma escrita, art. 37, XXI, da Constituição Federal.
nos ditames art. 60, parágrafo único.
Formalização
Características Em regra, os contratos administrativos são precedidos da reali-
A doutrina não é unânime quanto às características dos contra- zação de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das quais a lei
tos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos aduzir estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste procedimento. Além
que são as seguintes: disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado pela Administração
A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi- com o licitante vencedor, constitui anexo do edital de licitação, dele
nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual na sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III).
posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um rol de Os contratos administrativos são em regra, formais e escritos.
prerrogativas que acabam por a colocar em posição de hierarquia Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório
diante do particular, sendo que tais prerrogativas se materializam nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços,
nas cláusulas exorbitantes; bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade de
B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos de licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados nos
direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá estar limites daquelas duas modalidades licitatórias.
presente a incessante busca da satisfação do interesse público, sob Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será facul-
pena de incorrer em desvio de poder; tativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento con-
C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei pro- tratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instrumento
cedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos contratos hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir (art. 62, §
administrativos, que contém, dentre outras medidas, autorização 2º):
legislativa, justificativa de preço, motivação, autorização pela auto- Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de ade-
ridade competente, indicação de recursos orçamentários e licita- são, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Adminis-
ção; tração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas são
D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito fixadas por apenas uma das partes, no caso do contrato administra-
privado ou de direito público, os contratos são formados a partir de tivo, a Administração.
manifestações bilaterais de vontades da Administração contratante
e do particular contratado; Prazo
E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de vonta- Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter
des plenas e livres, e não de ato impositivo; prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência dos
F) Formalidade – não basta que haja a vontade das partes para respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em regra, os con-
que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo necessário o tratos terão duração de um ano, levando em conta que esse é o
cumprimento de determinações previstas na Lei 8.666/1993; prazo de vigência dos créditos orçamentários que são passados aos
H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico conven- órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei 4.320/1964, o crédito
cionado; orçamentário tem duração de um ano, vindo a coincidir com o ano
I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das presta- civil.
ções do contratante e do contratado, sendo que estas devem ser Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras situa-
previamente definidas e conhecidas; ções que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos:
J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações recíprocas • Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me-
tanto para a Administração contratante como para o contratado; tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro-
K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contratos gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha
administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela Admi- sido previsto no ato convocatório;
nistração. • À prestação de serviços a serem executados de forma contí-
Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta nua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e suces-
do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao sivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais
fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais es- vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Reda-
tabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não esteja ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998);
precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a adminis- • Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de
tração quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato de estar informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48
vinculada às normas e também ao princípio da indisponibilidade do (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
interesse público; De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo pra-
L) Caráter intuitu personae – por que os contratos administrati- zo do Governo tem o dever de estar contida do plano plurianual.
vos são firmados tomando em conta as características pessoais do Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa programa-
contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida a subcontra- ção a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida enquanto
tação total ou parcial do objeto contratado, a associação do contra- existir a previsão nessa lei específica.
tado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem Em relação aos serviços contínuos na Administração Pública,
como a fusão, cisão ou incorporação, cuja desobediência é motivo denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do servi-
para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei 8.666/1993). Entretanto, a ço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente manter por
regra anterior é amparada pelo art. 72 da mesma lei, que determina um período maior ao invés de ficar renovando e trocando todos os
a possibilidade de subcontratação de partes de obra, serviço ou for- anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi acrescentado
necimento, até o limite admitido pela Administração. Aduz-se que a mais um dispositivo que determina que o contrato pode ter dura-
possibilidade de subcontratação é abominada pela doutrina, tendo ção superior a um ano, que é a regra geral

173
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Alteração Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato sem
Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Lici- que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabelecida.
tações, a Administração Pública possui o poder de fazer alterações Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional. Nesse sen-
durante a execução de seus contratos de maneira unilateral, inde- tido, caso o contrato seja atingido por acontecimentos posteriores
pendentemente da vontade do ente contratado. à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o equilíbrio econô-
Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o condão mico-financeiro inicial deverá, nos termos legais que lhe assiste, ser
de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo. Além dis- restabelecido por intermédio da recomposição contratual. Desta
so, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser de ordem maneira, a inexecução sem culpa do contratado virá a acarretar a
qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo legal acerca do revisão contratual, caso tenha havido alteração do equilíbrio eco-
assunto: nômico-financeiro
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: Prorrogação
I - unilateralmente pela Administração: Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela Lei
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- 8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vigência
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há exceções a
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- essa regra nas seguintes situações:
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos cujos
nos limites permitidos por esta Lei; produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano
II - por acordo das partes: Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato con-
b) quando necessária a modificação do regime de execução da vocatório (art. 57, I);
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços a se-
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori- rem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração
ginários; prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à obtenção de
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor a 60 meses (art. 57, II);
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de pro-
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art. 57, IV);
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis- seguintes motivos:
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, I) possibilidade de comprometimento da segurança nacional;
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini- II) para as compras de material de uso das forças armadas,
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força apoio logístico naval, aéreo e terrestre;
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô- III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou pres-
mica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº tados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade
8.883, de 1994) tecnológica e defesa nacional;
Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo per- IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa e de-
mite de forma regulamentada, que haja alteração em suas cláu- senvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º, 4º, 5º e
sulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é um 20 da Lei 10.973/2004.
documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo pode Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120 me-
sofrer alterações para que venha a se adequar às modificações que ses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo incluído
forem preciso durante a execução contratual. Além disso, a lei fixa pela Lei 12.349, de 2010).
percentuais por meio dos quais a Administração pode promover al- É importante registrar que em se tratando de casos de contra-
terações no objeto do contrato, restando o contratado obrigado a tos celebrados com dispensa de licitação por motivos de emergên-
acatar as modificações realizadas, desde que dentro dos percentu- cia ou calamidade pública, a duração do contrato deverá se esten-
ais fixados pela legislação. der apenas pelo período necessário ao afastamento da urgência,
tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocorrência da emer-
Revisão gência ou calamidade, vedada a sua prorrogação (art. 24, IV).
A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexecu- Embora a lei determine a proibição da prorrogação de contrato
ção contratual possuem o condão de gerar apenas a interrupção com fundamento na dispensa de licitação por emergência ou cala-
momentânea da execução contratual, bem como a total impos- midade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar entendi-
sibilidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em tais mento de que pode haver exceções a essa regra em algumas hipó-
situações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa do con- teses restritas, advindas de fato superveniente, e também, desde
tratado, este poderá vir a paralisar a execução de forma que não que a duração do contrato se estenda por período de tempo razo-
seja considerado descumpridor. Assegurado pela CFB/1988, em seu ável e suficiente para enfrentar a situação emergencial (AC- 1941-
art. 37, XXI, o equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual 39/07-P).
consiste na manutenção das condições de pagamento estabeleci- Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se que
das quando do início do contrato, de forma que a relação se mante- este proíbe a existência de contrato administrativo com prazo de
nha estável entre as obrigações do contratado e haja correta e justa vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é aplicada ao
retribuição da Administração pelo fornecimento do bem, execução contrato de concessão de direito real de uso de terrenos públicos
de obra ou prestação de serviço. para finalidades específicas de regularização fundiária de interes-

174
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
se social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, Execução e inexecução
aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comuni- Por determinação legal a execução do contrato será acompa-
dades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modali- nhada e também fiscalizada por um representante advindo da Ad-
dades de interesse social em áreas urbanas, que poderá ser firmado ministração designado, sendo permitida a contratação de terceiros
por tempo certo ou indeterminado (Decreto-lei 271/1967, art. 7º, para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a essa atribui-
com redação dada pela Lei 11.481/2007). ção.
Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrências
cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto, exis- pertinentes à execução do contrato, determinando o que for pre-
tem situações nas quais não é possível o cumprimento da avença no ciso à regularização das faltas bem como dos defeitos observados.
prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei admite a prorro- Ressalta-se, que tanto as decisões como as providências que ultra-
gação dos prazos contratuais, desde que tal fato seja justificado e passarem a competência do representante deverão ser requeridas
autorizado de forma antecedente pela autoridade competente para a seus superiores em tempo suficiente para a adoção das medidas
celebrar o contrato, o que é aceito pela norma nos casos em que que se mostrarem pertinentes.
houver (art. 57, § 1º): Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admitido
A) alteração do projeto ou especificações, pela Administração; pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo
B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra- na execução contratual. O contratado possui como obrigação o de-
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi- ver de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas
ções de execução do contrato; custas, no total ou em parte, o objeto do contrato no qual forem
C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo encontrados vícios, defeitos ou incorreções advindas da execução
de trabalho por ordem e no interesse da Administração; aumento ou de materiais empregados.
das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites per- Além do exposto a respeito do contratado, este também é res-
mitidos por essa Lei; ponsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a
D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução contratual,
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem- não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou
porâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providências a car- o acompanhamento por meio do órgão interessado. O contratado
go da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de também se encontra responsável pelos encargos trabalhistas, previ-
que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na exe- denciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
cução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos
responsáveis. Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que a
mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93. Veja-
Renovação mos:
Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou em Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua
parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A finalidade rescisão com as consequências contratuais e as previstas em lei ou
da renovação contratual é a manutenção da continuidade do servi- regulamento.
ço público, tendo em vista a admissão da recontratação direta do
atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a justifiquem e Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Administra-
permitam seu enquadramento numa das hipóteses dispostas por ção Pública responde solidariamente com o contratado pelos encar-
lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação, como acontece por gos previdenciários resultantes da execução do contrato
exemplo, quando o contrato original é extinto, vindo a faltar ínfima
parte da obra, serviço ou fornecimento para concluída, ou quando Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial ou
durante a execução, surge a necessidade de reparação ou amplia- total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das partes,
ção não prevista, mas que pode ser feita pelo pessoal e equipamen- não é observado um prazo disposto em cláusula específica em ha-
tos que já se encontram em atividade. vendo a inexecução total, se o contratado não veio a executar o ob-
Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova lici- jeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas situações são passí-
tação, com a devida observância de todas as formalidades legais. veis de propiciar responsabilidade para o inadimplente, resultando
Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento no edital em sanções contratuais e legais proporcionais à falta cometida pela
de cláusulas que venham a favorecer o atual contratado em preju- parte inadimplente, vindo tais sanções a variar desde as multas, a
ízo dos demais concorrentes, com exceção das que prevejam sua revisão ou a rescisão do contrato.
indenização por equipamentos ou benfeitorias que serão utilizados Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resulta-
pelo futuro contratado. do de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte agi-
do com negligência, imprudência e imperícia. Podem também ter
Reajuste contratual acontecido causas justificadoras por meio das quais o contratan-
Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio econô- te tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas contratu-
mico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte de ais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de qualquer
uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para proteger os responsabilidade assumida, tendo em vista que o comportamento
contratados dos efeitos inflacionários. ocorreu de forma alheia à vontade da parte.
Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o reajus- Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do contra-
te como cláusula estritamente necessária em todo contrato a que to enseja à Administração Pública o poder de aplicar as sanções de
estabeleça o preço e as condições de pagamento, os critérios, data- natureza administrativa dispostas no art. 87:
-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Adminis-
atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga- tração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as
ções e a do efetivo pagamento. seguintes sanções:
I – advertência;

175
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos atos administra-
no contrato; tivos se encontra baseado no princípio da autotutela, que se trata
III – suspensão temporária de participação em licitação e impe- do poder - dever da Administração Pública de revogar e anular seus
dimento de contratar com a Administração, por prazo não superior próprios atos, desde que haja justificação pertinente, com vistas a
a 2 (dois) anos; preservar o interesse público, bem como sejam respeitados o devi-
IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com do processo legal e os direitos e interesses legítimos dos destinatá-
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi- rios, conforme determina a Súmula 473 do STF. Vejamos:
nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus próprios
a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
no inciso anterior. em todos os casos, a apreciação judicial.
Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93,
Cláusulas exorbitantes assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitatórios:
De todas as características, essa é a mais importante. As Cláu-
sulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a Adminis- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedi-
tração em detrimento do contratado. Mesmo que de forma implíci- mento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse
ta, se encontram presentes em todos os contratos administrativos. público decorrente de fato superveniente devidamente compro-
São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
esses poderes para a Administração Pública, consideradas como anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade, vindo mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
a conferir poderes apenas a uma das partes. Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrativo,
O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes ou por motivos de interesse público, a discricionariedade administra-
leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ilegali- tiva exige que a questão do interesse público deve ser justificada
dade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos, além em fatos de grande relevância, o que torna insuficiente a simples
disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos e obriga- alegação do interesse público, se restarem ausentes a comprovação
ções. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato privado que das lesões advindas da manutenção do contrato e das circunstân-
atribua direito somente a uma das partes, esta cláusula será ilegal cias extraordinárias, bem como dos danos irreparáveis ou de difícil
e leonina. reparação.
São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de alte-
ração unilateral do contrato por intermédio da Administração, sua Extinção e Consequências
rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade de A extinção do contrato administrativo diz respeito ao término
aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na hipótese da obrigação vinculada existente entre a Administração e o contra-
de rescisão contratual. tado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas:
A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.: na
Anulação finalização da construção de instituição pública) ou pelo aconteci-
Apenas a Administração Pública detém o poder de executar a mento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data final de um
anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou outro contrato de fornecimento de forma contínua);
interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que recorrer B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão
às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anulação do contra- contratual.
to é advinda de ilegalidade constatada na sua execução ou, ainda, Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não com-
na fase de licitação, posto que os vícios gerados no procedimento porta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao cumprir suas
licitatório causam a anulação do contrato. obrigações, a consequência natural a ocorrer é a extinção do víncu-
Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demonstrado lo obrigacional, sem maiores necessidades de manifestação por via
que a nulidade não possui o condão de exonerar a Administração administrativa ou judicial.
do dever de indenização ao contratado pelo que este houver feito Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anulação,
até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos causados considera-se que a lei prevê consequências diferentes para o caso
comprovados, desde que não lhe seja imputável, vindo a promover de haver ou não haver culpa do contratado no fato que deu causa à
a responsabilização de quem deu motivo ao ocorrido. Assim sendo, rescisão contratual. Existindo culpa do contratado pela rescisão do
caso ocorra anulação, o contratado deverá auferir ganhos pelo que contrato, as consequências são as seguintes (art. 80, I a IV):
já executou, pois, caso contrário, seria considerado enriquecimen- 1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
to ilícito da Administração Pública. Porém, caso seja o contratado em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
que tenha dado causa à nulidade, infere-se que este não terá esse 2) ocupação e utilização provisória do local, instalações, equi-
mesmo direito. pamentos, material e pessoal empregados na execução do contra-
to, necessários à sua continuidade, que deverá ser precedida de
Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc, ou autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secre-
seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a lei tário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art. 80, § 3º);
dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos e im- 3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da Ad-
pede que se produzam novos efeitos. ministração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos;
4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite
Revogação dos prejuízos causados à Administração.
A questão da possibilidade de desfazimento do processo de
licitação e do contrato administrativo por meio da própria Adminis-
tração Pública é matéria que não engloba discussões doutrinárias e

176
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Em síntese, temos: V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
terceiro reconhecido pela Administração em documento contempo-
EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO râneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra-
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, dire-
I –Pelo cumprimento do objeto; tamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato,
I – Pela anulação; sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
II – Pelo advento do termo final do
II – Pela rescisão. Como se observa, existe previsão explicita na Lei no. 8666/93,
contrato.
art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve ser equilibrado
Equilíbrio Econômico-financeiro sempre que houver uma das condições dos incisos I a VI, de forma
Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contratual, que o legislador previu quais as hipóteses que se encaixam para o
a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI dispõe o equilíbrio. Entretanto, não apresenta de forma clara, cabendo ao
seguinte: administrador agir com legalidade e bom senso nos casos concretos
Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qualquer específicos. No entanto, a aludida previsão não se restringe somen-
dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obedecerá aos te ao art. 57, § 1º, incisos I, II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e previsão ainda no art. 58 do mesmo diploma legal. Vejamos:
eficiência e também, ao seguinte: Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- prerrogativa de:
so de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa- finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra-
gamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos tado;
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação téc- II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no in-
nica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das ciso I do art. 79 desta Lei;
obrigações. III – fiscalizar-lhes a execução;
Denota-se que os mencionados dispositivos determinam que IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial
as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não tendo do ajuste;
como argumentar de maneira contrária no que diz respeito à le- V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente
galidade da modificação do valor contratual original, com o obje- bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
tivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pactuado no contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi-
momento da assinatura, bem como ao que foi disposto a pagar a nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó-
contratante ao contratado. tese de rescisão do contrato Administrativo.
Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos con-
adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também tratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia con-
pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias ade- cordância do contratado.
quadas que o valor do serviço ou produto contratado se encontra § 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômi-
acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por deflação ou co-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante-
queda de valores nos insumos, produtos ou serviços, ou até mesmo nha o equilíbrio contratual.
em decorrência de uma desvalorização cambial. Além disso, o Po- Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o direi-
der Público não tem a obrigação de pagar além do que se propôs, to ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação em
nem valor menor ao acordado inicialmente, devendo sempre haver manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º prevê
equilíbrio em relação aos pactos contratuais. respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido que a
Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9 1e administração, desde que seja motivos de interesse público se ne-
10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se completam gue a equilibrar um contrato que esteja resultando em prejuízos ao
em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da legalidade, contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe em uma das
existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos aos entes hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Proposta que não
públicos. Vejamos: pode ser executada, não é passível de equilíbrio.
Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 destaca
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos:
quanto aos relativos: Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
§ 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do I - unilateralmente pela Administração:
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico- a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devida- ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
mente autuados em processo: b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração; corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho nos limites permitidos por esta Lei;
à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições II - por acordo das partes:
de execução do contrato; a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do rit- b) quando necessária a modificação do regime de execução da
mo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra- verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori-
to, nos limites permitidos por esta Lei; ginários;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração de
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades da
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- Administração Pública depende de antecedente aprovação de com-
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- petente plano de trabalho a ser proposto pela organização interes-
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; sada, que deverá conter as seguintes informações:
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- A) identificação do objeto a ser executado;
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da Adminis- B) metas a serem atingidas;
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, C) etapas ou fases de execução;
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini- D) plano de aplicação dos recursos financeiros;
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou E) cronograma de desembolso;
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem assim,
impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força da conclusão das etapas ou fases programadas;
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
mica extraordinária e extracontratual. Em relação à terceirização na esfera da Administração Pública,
Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve haver depreende-se que é exigida do administrador muito cuidado, posto
o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avençado, que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei 8.666/93, a dívi-
devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a retri- da trabalhista das empresas terceirizadas acabam por recair sobre
buição da administração para que haja justa remuneração, sendo o órgão tomador dos serviços, que é o que chamamos de respon-
mantidas as condições originais do termo contratual. Em se tratan- sabilidade subsidiária. Assim sendo, o administrador público deverá
do, especificamente da concessão de serviço público, a Lei 8.987/95 exigir garantias, bem como passar a acompanhar o cumprimento
dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma forma de equilíbrio das obrigações trabalhistas advindos da empresa prestadora de ser-
financeiro. Vejamos: viços, com fito especial quando do encerramento do contrato.
Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomadora
preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas re- dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base no
gras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. § 2º. Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do Traba-
Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a lho – TST, que aduz:
fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º. Ressal- “O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
vados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da
proposta, quando comprovado seu impacto, implicara a revisão da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das
tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 4º. Em haven- empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que
do alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio haja participado da relação processual e constem também do título
econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, executivo judicial.”
concomitantemente à alteração. Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incon-
Art. 10º. Sempre que forem atendidas as condições do contra- táveis são as decisões condenatórias à Administração Pública, em
to, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro. relação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem de for-
Atentos às fundamentações legais, observamos que parte na ma original à empresa prestadora de serviços, onerando o erário,
inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administração Pú- vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é a redução
blica é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro, entretan- de custos à Administração Pública.
to, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajuste contratual,
principalmente pela ausência de conhecimento da legislação, o que
acaba por causar problemas de ordem econômica, tanto em relação GESTÃO DA QUALIDADE: EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS
ao contratado quanto ao contratante. Registre-se, por fim, que o PÚBLICOS
pacto contratual deve ser mantido durante o período completo de
execução, e o equilíbrio financeiro acaba por se tornar a ferramenta A gestão da qualidade nas organizações como um processo
mais adequada para proporcionar essa condição. participativo entre dirigentes das organizações e trabalhadores
tem relação com alguns acontecimentos posteriores à 2a Guer-
Convênios e terceirização ra, no Japão. A reconstrução do Japão pelos aliados pavimen-
Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o tou as condições para o desenvolvimento de uma nova atitude
Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais estejam administrativa flexível à maior participação dos indivíduos que
estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito de reali- trabalham nas organizações.
zação de objetivos de interesse comum. Tornava-se necessário um novo projeto que assegurasse a
Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato reconstrução do país. A reorganização social do mundo do tra-
o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde. balho foi o caminho escolhido para atender às exigências da so-
Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são ciedade japonesa. Os grandes especialistas americanos de quali-
comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos e dade contribuíram como consultores para o aperfeiçoamento da
contraditórios. qualidade na produção industrial japonesa. A partir de William
Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alude Edwards Deming, a qualidade se alastra no mundo, abrindo es-
que nos contratos existem partes e nos convênios existem partíci- paço para abordagens de planejamento, da produção com er-
pes. ro-zero e do controle da qualidade. Taichiro Ohno, engenhei-
ro-chefe da Toyota, empreendeu esse novo modo de produção
aproveitando o máximo da capacidade produtiva do indivíduo
e introduzindo outras formas de apropriação do indivíduo pela
produção capitalista. Surge o toyotismo:

178
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
[…] Seu primeiro passo foi agrupar os trabalhadores em A oportunidade de participar mais, de trazer com isso uma
equipes, com um líder de equipe no lugar do supervisor. Cada mudança positiva para a organização, de obter reconhecimen-
equipe era responsável por um conjunto de etapas de montagem to e realização é de alguém que deseja e necessita pertencer
e uma parte da linha, e se pedia que trabalhassem em grupo, e estar integrado, que sente a possibilidade de realizar-se e de
executando o melhor possível as operações necessárias. O líder sentir-se valorizado e amado: um indivíduo. Todavia, é preciso
da equipe, além de coordená-la, realizava tarefas de montagem; compreender que esse desejo de participar, essa necessidade de
particularmente, substituía trabalhadores eventualmente fal- pertencer aponta para uma individualidade que não é parte da
tantes – conceitos esses inéditos nas fábricas de produção em organização, não pertence a ela. Há um universo de compreen-
massa. (WOMACK, 1992, p. 47). sões, sentimentos e expectativas do indivíduo distintos dos da
A atitude administrativa de maior utilização possível das ap- organização.
tidões de todos os empregados fez Ohno atribuir aos indivíduos É um movimento de necessidades e desejos do indivíduo e
novas funções relacionadas com o controle de qualidade. Era as necessidades e desejos da organização. A perspectiva da or-
reservado um horário em que, regularmente, a equipe sugeria ganização e de seus dirigentes e a dos indivíduos que nela tra-
aos administradores um conjunto de medidas para melhorar os balham.
processos de trabalho, surgindo, assim, o Círculo de Controle da O conceito de contrato psicológico apresentado por Edgar
Qualidade (CCQ). Shein (1982, p. 18) estabelece quais as relações que permeiam
O estabelecimento desse círculo envolvia estudos e apri- esse movimento: “A idéia de um contrato psicológico denota que
moramento do conhecimento dos trabalhadores na solução há um conjunto não explícito de expectativas atuando em todos
de problemas a serem enfrentados nos processos de trabalho os momentos entre todos os membros de uma organização e
e também os problemas enfrentados pela própria empresa, in- os diversos dirigentes e outras pessoas dessa organização.” A
flacionando o acúmulo de responsabilidades do trabalhador e organização e seus dirigentes cuidam dos interesses institucio-
criando uma via de apropriação de aptidões e capacidades antes nais, estabelecendo objetivos, diretrizes e tomando decisões
não exploradas pela empresa. A participação nesses círculos ser- que afetam os indivíduos que ali trabalham. As expectativas do
via como critério de promoção e seleção dos trabalhadores para indivíduo têm relação com aspectos objetivos, como salários ou
possíveis cargos na gerência. A adesão não era voluntária pelos vencimentos, horas de trabalho, benefícios, etc. e aspectos sub-
indivíduos no CCQ e, também, não era voluntária a decisão pelas jetivos, ligados ao íntimo do indivíduo que envolvem o senso de
equipes de utilizar essa técnica gerencial no enfrentamento dos dignidade e valor da pessoa.
problemas. Nas expectativas da organização o comprometimento do
Aquela ideia de uma carga de subjetividade que toca no indivíduo deve ser primeiramente com a organização em detri-
reconhecimento, valorização e integração do indivíduo pela or- mento de sua individualidade.
ganização, sendo ela a responsável e detentora das condições A organização também tem certas expectativas implícitas
de modificar, influenciar e aprimorar as coisas, as relações e os mais sutis, por exemplo, de que o empregado melhorará a ima-
processos de trabalho permite uma abordagem epistemológica gem da organização, será leal, manterá os segredos da organi-
desse modelo de gestão da qualidade considerando suas rela- zação e tudo fará em prol dela [isto é, sempre terá elevado nível
ções com o indivíduo que participa, fazendo uma reflexão dos de motivação e disposição de se sacrificar pela organização].
pensamentos de Drucker (da escola neoclássica da administra- (SCHEIN, 1982, p. 19).
ção) e de Edgar Schein (da psicologia organizacional). Na disposição do indivíduo participante, o modelo de gestão
da qualidade elogia essa atitude que interessa à produtividade
As organizações e o indivíduo participante e lucro das organizações capitalistas e subverte as diferentes
Se as organizações aplicam mudanças nos tipos de gestão, expectativas do contrato psicológico, apresentando as expecta-
na atitude administrativa e na compreensão de um novo perfil tivas do indivíduo como sendo as suas expectativas em relação
de indivíduo trabalhador amplamente manifestadas pelo neo- ao indivíduo. Entretanto, os conceitos amplamente estimulados
classicismo da escola científica da administração é porque o in- e valorizados da excelência, do “fazer certo o que é certo des-
divíduo continua sendo uma base fundamental para o desenvol- de a primeira vez”, o “erro zero” ou “zero-defeito”, a obrigação
vimento das organizações. de ser forte, a certeza do êxito sempre, o adaptar-se sempre, a
Para Peter Drucker a história do êxito das organizações é a necessidade de um desafio como estímulo e motivo sempre, a
história do êxito da gerência. Os novos pressupostos gerenciais constância de propósitos, a internalização da cultura organiza-
estabelecem: um novo perfil de trabalhador nas organizações, cional são valores do modelo de gestão da qualidade total que
colocando em aplicação o que aprende durante uma educação estabelecem um controle social, um instituto que assegura a
sistemática e não apenas a sua habilidade manual ou seus mús- harmonia entre as expectativas do indivíduo e aquelas da orga-
culos; um administrador com a função de tornar produtivos os nização.
recursos humanos, fazendo com que as pessoas trabalhem em O indivíduo participante digere esses ideais, ajusta-se a essa
conjunto, unindo as habilidades e conhecimentos de cada indiví- lógica, sujeita-se a padrões de comportamento que o levam a
duo para um fim comum; uma atitude administrativa constante
renunciar sua autonomia. É a desconstrução de sua individua-
e crescente de utilização das aptidões de todos os empregados
lidade.
(DRUCKER, 1971, 1970, 1964).
A junção desse novo perfil de trabalhador, de administrador
e dessa atitude administrativa vai estabelecendo uma nova rela-
ção do indivíduo com a organização que trabalha. A organização
espera mais do trabalhador: suas aptidões, habilidades e sua
subjetividade – a realização de suas aspirações e reconhecimen-
to pelo trabalho.

179
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Gestão da qualidade nas organizações e a desconstrução “eu próprio”, mas apenas para o “eu adaptável” à organização.
da individualidade Para evitar conflitos, o indivíduo submete-se a compreensões
Os modos de gestão das organizações capitalistas têm como “prontas” da realidade e passa a estabelecer padrões de condu-
característica e fundamento uma abordagem funcionalista. Os ta que aliviem as tensões de uma contradição entre o “eu pró-
modelos de Taylor, Ford, Fayol, Deming, Ohno sempre primaram prio” e o “autoconceito” da organização.
pelas operações – a tarefa é o movimento do indivíduo e nela se
concentra seu comportamento. O discurso da qualidade como prática organizacional
A história das organizações tem ideais de um novo indiví- No decorrer do século XX, a progressiva atenção dedicada à
duo, de um administrador com a função de unir, dispor, esti- linguagem nas ciências humanas e sociais favoreceu uma nova
mular, induzir, propor, maximizar as capacidades humanas e de concepção de realidade, da natureza do conhecimento e da con-
uma atitude administrativa de uso dessas capacidades para os cepção de linguagem. A linguagem passa a ser instrumento para
interesses da organização. Serão abordados três aspectos da criar acontecimentos. É centrada nas relações do cotidiano. É
gestão da qualidade como afirmação de um contrato psicológico uma forma de ação no mundo. É uma prática discursiva.
com o indivíduo-trabalhador que subvertem sua individualidade A linguagem é possibilidade de configurar a realidade na
com aquela ideia de harmonia ou de igualdades de expectativas medida em que é uma prática que provoca efeitos. Tem como
entre organização/indivíduo: a cultura da qualidade e os víncu- função empreender e executar ações e não somente descrever o
los que se estabelecem entre indivíduo e organização; o discur- mundo. Assim, a linguagem é compreendida como ação (MELLO
so da qualidade como prática organizacional; autorrealização do et al., 2007, p. 26-32).
indivíduo, trabalho e o modelo da qualidade. A gestão da qualidade utiliza o discurso nas organizações
como prática de construção do novo. Esse discurso é encontrado
A CULTURA DA QUALIDADE E OS VÍNCULOS QUE SE ESTA- na forma escrita (manuais da qualidade, a difusão da missão, vi-
BELECEM ENTRE INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO são e valores da organização em documentos oficiais, expositores
Uma leitura da psicologia das organizações acerca da cultu- e locais de convivência), falada (oficinas, encontros, seminários e
ra da qualidade aponta para uma crítica à institucionalização da reuniões) e nas imagens veiculadas internamente na organização
ação do indivíduo, visando garantir aquela harmonia organiza- (símbolos da qualidade, fotos de personalidades ilustres apresen-
ção/indivíduo. A socialização é vista como uma aprendizagem de tadas na organização como apoiadores da qualidade, etc.).
papéis a serem desempenhados no sistema em vigor. É um discurso que flui como convocação ao indivíduo, sen-
Deming (1990, p. 263) destaca que o desenvolvimento das do a gestão da qualidade o meio de produção e reprodução da
pessoas numa cultura de qualidade é responsabilidade privativa prática discursiva. É, portanto, um discurso ideológico da organi-
da organização : “[…] o recrutamento, o treinamento, a chefia zação que conclama os indivíduos a construírem uma realidade
e o apoio aos operários da produção do sistema de produção. essencializante do perfeito, da qualidade total, da única e ver-
Quem poderia ser responsável por essas atividades se não a ad- dadeira gestão. Contudo, o discurso da qualidade total esconde
ministração de produção?” Cada indivíduo deve saber o que se sua forma de um sistema de produção que se apropria do indiví-
espera dele no desempenho de um papel e também o que ele duo com a roupagem de participativo e descentralizado.
pode e deve esperar dos outros indivíduos. Quanto mais o indi- O oxigênio que se respira no discurso da qualidade é o da organi-
víduo se adapta ao sistema tanto mais melhora seu desempe- zação perfeita a priori. Os objetivos de aplicação do modelo (BRASIL,
nho, adquirindo, assim, uma identidade nessa organização. 2008/2009) estão expostos nos seus manuais: avaliar a qualidade do
É um projeto de controle e previsão do comportamento hu- sistema de gestão da organização e promover o aperfeiçoamento e o
mano com propósitos de adaptá-lo ao meio, àquilo que está fora aprendizado contínuo a partir das práticas de gestão.
dele, além dele (FIGUEIREDO, 1989, p. 100-103). Fora dele e além Esse avaliar é a avaliação da aplicação do método, do mode-
dele é a organização. Faria e Oliveira (2007, p. 199) destacam que lo. Mas de forma alguma será a avaliação crítica do método, do
“[...] as novas tecnologias industriais revelaram-se ambiciosas modelo. Os critérios de avaliação estão previamente definidos:
estratégias de dominação da alma humana e a organização foi liderança; planejamento ou estratégias e planos; foco no cliente
reduzida a um sistema politico-econômico, sociocultural e simbó- ou cidadãos; sociedade; informação e conhecimento; pessoas;
lico-imaginário destinado a institucionalizar a relação de submis- processos e resultados institucionais.
são.” A organização ganha uma identidade e proclama aos indi- O Modelo de Gestão da qualidade traz a “explicação ideal”
víduos, por intermédio da gestão da qualidade, um autoconceito do que significa Gestão Excelente. É a construção de uma ver-
de missão (razão de sua existência, o seu fim último, o seu papel são de determinada realidade. A concepção da linguagem como
na sociedade – quem é a organização), visão de futuro (o que a “amo do sujeito” tem força maior em um projeto assim. As pes-
organização quer ser quando crescer – quem será a organização) soas e seus grupos recebem o modelo de gestão como algo uni-
e valores (os princípios e normas da organização). Não significam versalmente testado e aprovado, como uma realidade ideal que
apenas conceitos sobre a organização, mas um autoconceito da existia em outro lugar e não se sabia disso, como algo que a
organização pela organização. A gestão da qualidade declara o ali- partir dali vai ressignificar todas as coisas e como se o passado
nhamento da missão de vida do indivíduo com a missão da orga- vivido da organização tivesse sido uma grande alucinação. Esse
nização, um sobrepor da visão individual de tempo e futuro com a discurso é uma prática que transforma o autoconceito. Uma rea-
visão de tempo e futuro da organização e a aceitação dos valores lidade ideal conquistada coletivamente e importante para todos
da organização como sendo seus valores individuais. é uma versão negociada e construída da organização e tem efei-
A discordância do indivíduo nesse processo é estranhada tos no indivíduo.
pela organização; compreende uma atitude inadequada que po-
derá desfigurar a imagem que a organização tem do indivíduo, Se a questão da prática discursiva da gestão da qualidade
porque este “eu” tem uma identidade própria estranha a uma não revela “a sua outra face”, há no discurso outra intenção. Há
cultura onde os papéis estão definidos. Não há espaço para o um jogo em curso. Foucault (2007, p. 20) analisa assim a situa-

180
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
ção: “[…] se o discurso verdadeiro não é mais, com efeito, desde os gregos, aquele que responde ao desejo ou aquele que exerce
o poder, na vontade de verdade, na vontade de dizer esse discurso verdadeiro, o que está em jogo, senão o desejo e o poder?”
A prática discursiva da gestão da qualidade serve aos interesses de um poder constituído, de um que domina sobre os demais na
organização e que tem o desejo de que os indivíduos apoiem seus objetivos na e pela organização. O discurso da qualidade reúne
alguns instrumentos de controle da organização sobre o indivíduo, desconstruindo sua individualidade.

Autorrealização do indivíduo, trabalho e o modelo da qualidade


A teoria liberal destaca uma sociedade com oportunidades iguais de ascensão, felicidade e prosperidade parecendo estar pre-
sente uma autonomia do indivíduo como construtor de seu futuro. Essa conduta liberal da sociedade capitalista lançou a base para
uma autorrealização do indivíduo. O interesse individual é apresentado como a mola propulsora dos sistemas baseados na livre
iniciativa. Defende que os indivíduos, por procurarem seus próprios interesses, agem por fim em benefício da própria sociedade.
Assim, as condições políticas de legitimação da acumulação pela via do individualismo e da livre iniciativa são consumadas. A indi-
vidualidade foi reduzida a um mero instrumento produtivo.
Se os vínculos que se estabelecem entre indivíduo e a organização na cultura da qualidade e suas práticas discursivas subvertem
a individualidade, uma posição passiva do indivíduo diante das formas de dominação sociais pode indicar o triunfo de uma revolu-
ção contra si mesmo. Essa subversão apresenta-se de forma sutil, mas sempre de forma intencional pela organização e, geralmente,
não percebida pelo indivíduo.
O mais importante é a atitude do indivíduo consigo. O reducionismo de que todas as necessidades pessoais serão satisfeitas
a partir e somente pelo trabalho podem abrir um caminho de aceitação de modelos de gestão das organizações sem a necessária
crítica e autonomia frente a eles.
As ideias de Maslow sobre as necessidades humanas (fisiológicas, segurança, sociais, de estima e autorrealização) e as de Druc-
ker sobre a organização como viabilizadora das condições ideais para a satisfação dessas necessidades pode tornar mais severo o
controle do comportamento do indivíduo pela organização:
O administrador precisa, de fato, supor com a Teoria Y (Maslow), que existe no mínimo um número considerável de pessoas
na força de trabalho que busca realização. [...] O administrador precisa ainda aceitar como sua tarefa tornar o trabalhador e suas
atividades plenas de realização. (DRUCKER, 1981, p. 321).
O humanismo na gestão das organizações apontou para várias frentes de mudança nas condições de trabalho. A escola com-
portamental da administração e a humanista da psicologia receberam valiosas contribuições dos estudos de Maslow. Entretanto,
as implicações de uma gestão com foco na autorrealização dos indivíduos que trabalham em uma organização têm outras variáveis:
Na teoria da auto-realização, o contrato envolve a troca de oportunidade de obter recompensas intrínsecas (satisfação pela
realização e uso das capacidades próprias) pelo desempenho de alta qualidade e pela criatividade. Isso, por definição, cria um en-
volvimento moral, e não um envolvimento calculista, e, dessa maneira, libera um maior potencial de dedicação aos objetivos da
organização e um maior esforço criador desses objetivos [...] de modo dependente e submisso. (SCHEIN, 1982, p. 55, grifo nosso).
A base da gestão pela qualidade é ser uma gestão participativa que convida o indivíduo a usar de suas habilidades, seu pensa-
mento planejador e de sua subjetividade por outro caminho: o da cooperação “voluntária”. As concepções mais aceitas e investi-
gadas sobre o comprometimento dos indivíduos na organização tem sido consideradas (afetiva, calculativa e normativa) em outros
estudos (GOMIDE JÚNIOR; SIQUEIRA, 2004). Esse comprometimento reúne atitudes individuais com base afetiva (sentimentos e
afetos) e base cognitiva (crenças sobre o papel social dos envolvidos em uma relação de troca econômica e social). A organização
espera que o indivíduo tenha o desejo de participar e compreenda a importância de sua participação.
Entretanto, as pesquisas sobre comprometimento organizacional descrevem as bases psicológicas que sustentam o comprome-
timento dos indivíduos relacionando-o com estados psicológicos de desejo, obrigação ou necessidade de permanecer, de participar,
de pertencer à organização, conforme o Quadro 1 (FEITOSA, 2008; DEMO, 2003; REGO, 2003).12

Categorias Caracterização Participa na implementação porque Estado psicológico


Grau em que o indivíduo se sente emocionalmente
Afetiva ... sente que quer participar Desejo
ligado à organização e identificado e envolvido com ela.
Grau em que o indivíduo possui um sentido de ... sente que tem o dever de
Normativa Obrigação
obrigação (ou dever moral) de participar. participar
Grau em que o indivíduo participa devido ao
reconhecimento dos custos associados com sua não
... sente que tem necessidade de
Calculativa participação. Esse reconhecimento pode advir do Necessidade
participar
sentimento de perda de recompensas econômicas ou
sociais.

Benefícios da gestão da qualidade às empresas


Gerir a qualidade é administrar os processos organizacionais a partir de padrões pré-estabelecidos, corrigindo e implementan-
do melhorias continuamente.

A atual conjuntura dos mercados, de distintos segmentos, impõe às empresas um padrão de qualidade e capacidade de prover
resultados para se destacar em meio a alta competitividade existente, e ser bem sucedida.
12Fonte: www.repositorio.ufc.br - Por Gustavo Pucci Schaumann/Antônio Caubi Ribeiro Tupinambá

181
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
A preocupação com a gestão da qualidade é algo que vem nanceiro que busca o profissional atual. Ele busca um ambiente
evoluindo junto às histórias das organizações, estando mais di- saudável, que lhe proporcione um bem estar no aspecto físico,
recionada aos produtos e processos inicialmente, e depois vol- intelectual, emocional, espiritual e social.
tando sua atenção também aos desejos dos consumidores e às Sim, esse contexto todo atendido proporciona uma quali-
questões internas da empresa. Dado os diversos aspectos a se- dade de vida e saúde aos profissionais que traz retorno não so-
rem observados para o controle da gestão, foi criado o conceito mente a eles, mas principalmente às organizações, isso porque,
de um sistema de gestão da qualidade, ou SGQ, que abrange quando esse conceito é levando em consideração, problemas
todas essas questões, planifica e executa as ações necessárias à como falta de autoestima, baixa motivação, queda de produtivi-
consecução dos padrões de qualidade. dade, ausências, alta rotatividade, e tantas outras posturas que
geram um quadro de negatividade podem ser melhor adminis-
Sistema de gestão da qualidade trados gerando retornos diretos e indiretos.
Este instrumento de gestão visa propiciar à organização o Em razão disso, as organizações estão investindo em prá-
controle de todos os seus processos, de forma que um padrão ticas de boa conduta, de saúde física, mental e emocional, em
de excelência seja concebido e que as ações dos colaboradores prevenção, em campanhas de consciência individual e coletiva,
no desempenho de suas atividades não saiam do pré-estabele- ou seja, estimulando hábitos e estilos de vida que proporcionem
cido, evitando a queda da qualidade dos produtos ou serviços, maior bem estar entre todos, aumentando assim a qualidade e a
possibilitando uma melhoria contínua e um subsídio de informa-
produtividade oferecida pelo profissional, mas também gerando
ções à tomada de decisão.
mais satisfação percebida por esse.
Uma ótima referência de padrões de excelências de quali-
Abaixo relacionamos alguns benefícios percebidos rapida-
dade que as empresas buscam alcançar é a NBR ISO 9001. Tal
mente quando o conceito de qualidade de vida no ambiente
normativa orienta as empresas a estabelecer seus processos de
profissional recebe maior atenção das organizações:
forma bem definida, podendo acompanhá-los de perto e apri-
- Aumento de produtividade.
morá-los constantemente. Através dos indicadores de cada pro-
- Profissionais mais presentes, atentos e motivados.
cesso, e também dos objetivos, informações preciosas à tomada
- Melhora nas relações interpessoais
de decisões são geradas e vão auxiliar os gestores nas ações cor-
retivas, preventivas e de melhorias. - Diminuição em ocorrências de enfermidades
A definição das responsabilidades nos processos, dos indi- - Baixa na rotatividade de profissionais
cadores e sua forma de acompanhamento permite à empresa - Aumento na disposição
um salto na sua produtividade: produtos concebidos com o me- - Melhora no clima organizacional
nor custo e no menor tempo possível, evitando-se o retrabalho - Aumento no nível de satisfação
e alcançando algo de qualidade que promova a satisfação do - Diminuição no nível de stress
cliente. - Baixa no nível de acidentes de trabalho
O sistema de gestão da qualidade aliado à gestão de pessoas - Melhora na imagem da organização
vai garantir que a implementação da norma abranja todos os - Aumento na capacidade de desempenho
níveis hierárquicos da empresa, de forma que todos adiram ao
novo padrão de qualidade e se comprometam com a melhoria O aumento da competitividade entre as empresas, ocasionado
contínua no desempenho. É essencial, também, que a alta ad- por inúmeros fatos ocorridos nos últimos anos no cenário mundial,
ministração e os líderes desempenhem o papel de difundir os dentre eles a própria globalização, tem obrigado as empresas a bus-
valores, estimular a mudança e assegurar o cumprimento dos car formas para se tornarem mais competitivas. Portanto os inves-
novos padrões de forma satisfatória e permanente na empresa. timentos em tecnologia, marketing e qualificação profissional são
cada vez mais importantes, sendo que as máquinas, equipamentos
Benefícios de um sistema de gestão da qualidade às empresas e tecnologia têm grande importância no sucesso das empresas. Por
– Maior rentabilidade; outro lado, as pessoas que trabalham nas organizações são respon-
– Maior satisfação dos clientes; sáveis por conduzir e produzir estes resultados. Com base nisso, as
– Maior competitividade da organização; empresas começam a perceber as pessoas como seu recurso mais
– Diminuição do retrabalho – menos custos e mais celeri- valioso, é o que alguns autores denominam de capital humano ou
dade; intelectual (ODEBRECH e PEDROSO, 2010).
– Maior auto estima e motivação da equipe. Dentro das organizações, as pessoas são consideradas re-
– Incrementos no desenvolvimento de competências e com- cursos, isto é, como portadores de habilidades e conhecimentos,
partilhamento de conhecimentos inerentes às atividades da or- que auxiliam no processo produtivo e crescimento empresarial,
ganização, visto que são implementadas as melhores práticas de porém, é de extrema importância não esquecer de que essas
gestão.13 pessoas são humanas, formadas de personalidade, expectativas,
objetivos pessoais, e possuem necessidades (ANDRADE, 2012).
Qualidade de vida no trabalho - QVT Para um melhor desenvolvimento das organizações, é preci-
Quando falamos em organizações, estamos falando em um so que os gestores preocupem-se com as condições de trabalho
conjunto composto por indivíduos que buscam desempenhar que oferecem aos seus funcionários, visando proporcionar fato-
suas funções e ter em contrapartida, atendidas suas necessida- res que contribuam positivamente nas condições e qualidade de
des, expectativas e desejos. vida dos trabalhadores (BORTOLOZO e SANTANA, 2011).
Na sociedade atual em que vivemos, uma dessas necessi- Para garantir a qualidade de vida no trabalho, a organização
dades mais discutidas no momento é o nível de qualidade de precisa preocupar-se não apenas com o ambiente físico da orga-
vida no âmbito profissional, ou seja, não é apenas o retorno fi- nização, mas também com os aspectos psicológicos e físicos de
seus funcionários.

13Fonte: www.ibccoaching.com.br – Por José Roberto Marques

182
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Alcançar a qualidade de vida é a verdadeira vontade do ser implementação de diferentes técnicas que visem à reformulação
humano, que busca tudo que possa proporcionar maior bem es- dos cargos e funções de uma organização, contado também com
tar e o equilíbrio físico, psíquico e social, ou uma regra para se participação dos trabalhadores envolvidos nesse processo.
obter uma vida mais satisfatória (SUMARIVA e OURIQUES, 2010). Conforme salienta Vieira e Hanashiro (1990), a qualidade de
De acordo com Chiavenato (1999), a qualidade de vida tem se vida no trabalho tem por objetivo melhorar as condições de tra-
tornado um fator de grande importância nas organizações e está balho e também todas as demais funções, em qualquer que seja
diretamente relacionada à maximização do potencial humano, e a natureza ou mesmo, nível hierárquico.
isto depende de tão bem as pessoas se sentem trabalhando na Além disso, a QVT atua também nas variáveis ambientais,
organização. Nesse sentido, uma organização que se preocupa e comportamentais e organizacionais a fim de possibilitar humani-
tem ações voltadas à qualidade de vida de seus funcionários pas- zação do setor produtivo e, logicamente, obter resultados mais
sará confiança aos mesmos, pois são organizações que se preocu- satisfatórios, seja para o colaborador, seja para a instituição em-
pam com o bem estar, satisfação, segurança, saúde e a motivação pregadora. Assim, espera-se também da QVT, a diminuição do
de seus funcionários (BORTOLOZO e SANTANA, 2011). conflito entre o trabalhador e o capitalismo (organização).
Verifica-se também que no atual cenário empresarial e in- A literatura cientifica traz alguns modelos estruturais refe-
dustrial, a motivação exerce papel fundamental e primordial rentes à abordagem da qualidade de vida no trabalho. Tais mo-
para a realização das atividades laborais dentro das organiza- delos atuam como indicadores da satisfação dos colaboradores
ções, uma vez que afeta diretamente a qualidade de vida e o com a situação de trabalho bem como abordam também a satis-
comportamento do colaborador. Colaborando com essa afirma- fação dos mesmos com suas atividades laborais.
ção, Chiavenato (1999) afirma que o funcionário, quando mo- Dentre os vários modelos difundidos na literatura, o mais
tivado, tem maior disposição e capacidade para desempenhar contundente e abrangente é o que foi proposto por Watson
suas atividades laborais. Assim, as organizações, para obterem (1973). Para este autor, uma organização é humanizada quando
de seus colaboradores uma melhor produtividade e execução de ela atribui responsabilidades e autonomia aos seus colaborado-
suas funções, precisam investir em seus funcionários, proporcio- res, cujo nível varia de acordo com o cargo, bem como tem enfo-
nando aos mesmos, maior satisfação e motivação para a realiza- que no desenvolvimento pessoal do indivíduo, proporcionando,
ção de suas atividades de trabalho (ANDRADE, 2012). assim, melhor desempenho dentro da instituição.
Diante do exposto, observa-se que a motivação é fator es- Na prática, os critérios do modelo de Walton podem ser de-
sencial para que o colaborador tenha melhor desempenho e finidos da seguinte forma (CHIAVENATO, 1999):
comprometimento com suas atividades laborais. 1 - Compensação justa e adequada: mensura a adequação
Assim, a organização que enfatiza a motivação de seus co- entre a remuneração do colaborador com suas atividades labo-
laboradores apresenta, por conseguinte, maior produtividade e, rais; avalia e compara, também, a remuneração entre os vários
além disso, propicia também ambientes de trabalho mais agra- cargos e funções dentro da empresa; compara a remuneração
dáveis e melhor qualidade de vida para seus funcionários (AN- do funcionário com outros profissionais no mercado de traba-
DRADE, 2012). lho.
Pelo que foi mencionado anteriormente, o presente estu- 2 - Condições de trabalho: avalia a jornada laboral e o am-
do tem por objetivo buscar e identificar na literatura científica, biente de trabalho, com vista a determinar que não sejam peri-
artigos relacionados à qualidade de vida nas organizações e à gosos ou que tragam malefícios à saúde do colaborador.
motivação dos colaboradores, visando discorrer sobre os fatores 3 - Uso e desenvolvimento de capacidades: refere-se à pos-
que interagem na motivação dos mesmos e sua associação com sibilidade do funcionário fazer uso, na prática, de todo seu co-
a qualidade de vida dos funcionários. nhecimento e destreza.
4 - Oportunidade de crescimento e segurança: verifica se a
Qualidade de Vida nas Organizações organização oferece oportunidade e possibilidade para cresci-
O principal objetivo da implementação de programas que mento e desenvolvimento pessoal e profissional.
visam oferecer maior qualidade de vida é a reestruturação do 5 - Integração social na organização: refere-se à presença
setor produtivo, que possa estabelecer estratégias a fim de de respeito, ambiente harmônico, apoio mútuo e ausência de
atender as necessidades humanas básicas dos trabalhadores e preconceitos e diferenças hierárquicas na instituição.
também, maiores eficácia e produtividade. 6 - Constitucionalismo: verifica se a instituição possui nor-
Verifica-se que ainda não há uma definição precisa e con- mas e regras e se a mesma segue a legislação trabalhista.
sensual, na literatura científica sobre a qualidade de vida no 7 - O trabalho e espaço total de vida: verifica se há equilíbrio
trabalho (QVT), uma vez que a implementação desse tema em entre a vida laboral e a vida pessoal.
nosso país e em nossas instituições ainda é principiante. 8 - Relevância social da vida no trabalho: objetiva verificar
Muitos pesquisadores defendem que a qualidade de vida o desempenho da empresa na sociedade e responsabilidade so-
no trabalho pode ser entendida com uma estratégia, cuja “meta cial.
principal de tal abordagem volta-se para a conciliação dos in-
teresses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo Qualidade de Vida e Motivação no Trabalho
tempo em que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a É sabido que a maior parte da vida das pessoas se passa
produtividade da empresa” (FERNANDES, 1996). dentro das instituições de trabalho. Desse modo, é notória e
De acordo com Werther e Davis (1983), para que uma ins- inegável a importância que o trabalho exerce sobre a vida das
tituição melhore a qualidade de vida no trabalho de seus cola- pessoas. Há, contudo, uma nítida contradição em relação à ati-
boradores, é necessário reunir esforços para tentar estabelecer vidade laboral: muitas pessoas o têm como um fardo, como algo
cargos mais satisfatórios e produtivos. Para tanto, precisa-se da difícil, que só é realizado por uma necessidade financeira. Para

183
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
outros, o trabalho é interpretado com meio para crescimento Ressalta-se também que é através da motivação, associada
pessoal, como sentido para a vida, definidor de responsabilida- à educação formal e à capacitação, que o profissional pode uti-
de e identidade pessoal. lizar todo seu potencial, realizar todos seus objetivos e ideais,
Para muitos, a própria rotina e alienação que o trabalho além de tornar-se evidência e um profissional de sucesso.
promove, acabam por caracterizá-lo como um simples meio de
sobrevivência. Fatores Motivacionais
Nessa interpretação sobre o trabalho, é desprezado e des- A literatura científica evidencia que alguns fatores podem
considerado as expectativas, os sentimentos, a motivação e a interferir diretamente na motivação dos colaboradores de uma
qualidade de vida dos colaboradores nas organizações, o que organização, seja de maneira positiva ou negativamente. Dentre
acaba refletindo negativamente em sua autoestima e no seu de- entre diversos fatores, pode-se elencar a remuneração e os be-
sempenho na instituição empregadora (MIRANDA, 2009). nefícios sociais, as condições físicas e psicológicas do trabalho e
Desse modo, ressalta-se a importância de se abordar a qua- a questão da segurança no ambiente de trabalho.
lidade de vida nas organizações, cujo propósito principal consis-
te na satisfação pessoal do indivíduo na execução de suas tare- Remuneração e Benefícios Sociais
fas dentro das organizações (MAXIMIANO, 2000). A remuneração e os benefícios sociais despontam como
Verifica-se nos dias atuais, uma grande diferença, nas ins- sendo uma das principais funções da organização. Conforme sa-
tituições e organizações, entre o avanço e o progresso técnico- lienta Marras (2002), estes itens sempre mereceram uma aten-
-científico e as questões sociais e aquelas relacionadas à quali- ção especial dos gestores da empresa que, com o passar dos
dade de vida. A qualidade de vida nas organizações, bem como a tempos, ganhou ainda mais relevância, exigindo ainda mais da
motivação e satisfação do colaborador com sua atividade labo- administração.
ral são estratégias que devem ser utilizadas pelas organizações É importante ressaltar ainda que salário e remuneração são
a fim de se obter maiores níveis de produtividade, levando-se coisas distintas. De acordo com Gonçalves (2008) apud Andra-
sempre em consideração que o fator mais importante emprega- de (2012), a remuneração refere-se ao quantitativo referente
do no setor produtivo é o humano (MARRAS, 2002). à soma do salário devido pelo empregador aos valores que o
Com base na afirmação anterior e de acordo com o que é empregado recebe de terceiros, em detrimento do contrato de
descrito na literatura científica, a motivação é algo que necessi- trabalho. Como exemplo desse valor que o colaborador recebe
ta estar continuamente sendo estimulada numa organização, de de terceiros, pode-se citar a gorjeta.
modo que o colaborador possa aplicar e desenvolver todo seu Desse modo, salário é o valor fixo, pré determinado, rece-
potencial. Para tanto, é necessário que a organização propicie bido pelo serviço prestado, e a remuneração constitui-se do sa-
meios adequados para que o seu colaborar sinta e esteja sempre lário e dos demais benefícios e incentivos recebidos, seja por
motivado, a fim de se obter um ambiente de trabalho saudável, parte da empresa, ou por parte dos clientes (ANDRADE, 2012).
humano, produtivo e eficaz (MIRANDA, 2009). É importante salientar ainda que, a fim de atender esta ne-
cessidade de complementar o salário, existem os benefícios,
Motivação dos Colaboradores nas Organizações conceituado por Marras (2005) apud Andrade (2012) como pla-
A motivação humana tem sido apontada como um dos maio- nos ou programas que a organização oferece aos seus colabora-
res desafios e preocupações das organizações modernas. Este dores a fim de complementar sua renda fixa, ou seja, seu salário.
tema tem, inclusive, despertado o interesse depesquisadores, Como já salientado anteriormente, estes itens atuam como
os quais tentam explicar e entender o sentido dessa força que estímulos para que o colaborador se sinta satisfeito e motivado
faz com que as pessoas agem e atinjam seus objetivos. com suas atividades profissionais, ao passo que, quanto mais sa-
Conforme explica Maximiano (2000), o termo motivação tisfeito, desempenhará com mais afinco e eficácia suas ativida-
pode ser interpretado como “processo pelo qual um conjunto de des dentro da organização.
razões ou motivos explica, induz, incentiva, estimula ou provoca
algum tipo de ação ou comportamento humano”. Nesse sentido, Condições físicas e psicológicas do trabalho
a motivação pode ser entendida como uma razão que leva as É sabido que, numa organização, os funcionários estão ex-
pessoas à uma determinada ação ou comportamento. postos a uma série de fatores e condições de riscos ou insalu-
Nesse contexto, para que os colaboradores possam reali- bridades. Dentre esses fatores, pode-se citar a própria questão
zar suas atividades, de modo a obter satisfação e motivação, é estrutural, o manuseio e operação dos recursos mecânicos e
necessário que as organizações ofereçam um ambiente de tra- também os fatores psicológicos que podem interferir direta-
balho confortável e seguro. Além destes fatores, evidencia-se mente na saúde e na funcionalidade dos colaboradores. Dessa
também a importância de que sejam realizadas, no ambiente de forma, para que o colaborador consiga uma maior produtivida-
trabalho, atividades de socialização e interação, uma vez que de, é necessário que a empresa ofereça condições ambientais
estes elementos mostram-se de fundamental importância para mínimas para que os funcionários se sintam capazes. Assim, a
a satisfação dos colaboradores com a organização e, consequen- organização precisa estar atenta a tais fatores, os quais podem
temente, maior produtividade (BORTOLOZO, 2011). interferir e refletir diretamente no bem estar dos funcionários,
De acordo com Miranda (2009), sobre a motivação nas or- na sua satisfação e na produtividade da organização (FERNADES,
ganizações, atuam alguns sistemas motivacionais. Tais sistemas 1996 apud ANDRADE, 2012).
podem ser entendidos como todos e quaisquer incentivos ou re- Neste contexto, fala-se muito em humanização do ambien-
compensas que o colaborador recebe para conseguir atingir um te de trabalho, o qual precisa ser bom, alegre, descontraído e
determinado objetivo laboral. Podem ser citados, para exempli- desafiador, a fim de se ofertar um mínimo de qualidade de vida.
ficar esses incentivos, programas de estímulo, remuneração de
acordo com os resultados, autogestão nos grupos de trabalho,
enriquecimento do trabalho, dentre outros.

184
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
No que se refere às questões físicopsicológicas do trabalho, patrimônio da instituição, o trabalhador, tenha condições para
ressalta-se as condições reais oferecidas ao colaborador para o desempenhar com eficácia, suas tarifas, de modo que todos
desempenho de suas funções, no tocante à jornada de trabalho saiam ganhando, empregador e colaborador.14
e ambiente saudável (ANDRADE, 2012).
Contudo, é sabido que, muito mais que motivacional, a Quando surgiu o selo?
abordagem dessa questão juntos às organizações é de funda- Para entender o surgimento do selo, precisa-se primeiro
mental importância para a manutenção e preservação de uma compreender a origem da ISO 9001. O selo de qualidade é re-
boa saúde aos funcionários, a fim de assegurar uma prática pro- sultado da certificação na ISO 9001. A norma de qualidade foi
fissional livre de malefícios e que traga benefícios para sua so- criada pela Organização ISO, cuja sigla significa International Or-
brevivência e bem estar. ganization for Standardization, traduzida para o português como
Organização Internacional de Normalização.
Segurança no trabalho Sediada em Genebra, Suíça, a ISO foi fundada há aproxima-
Muito se discute hoje em dia acerca da questão da seguran- damente 70 anos. A ISO foi projetada na intenção de se criar
ça do trabalhador e de seu ambiente laboral. Assim, ressalta-se normas que fossem padrões para organizações de todos os paí-
que uma organização ideal para se trabalhar é aquela que busca ses. Ou seja, que elas pudessem ser utilizadas e reconhecidas
aplicar, captar e manter na organização, todos os recursos hu- em qualquer língua ou nação. Atualmente a Organização pos-
manos corretamente. Para que esse objetivo seja atingido, ou sui membros em aproximadamente 170 países. No Brasil, a ISO
seja, para que a empresa consiga manter o recurso humano, é é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
necessário abordar diversas questões e fatores, como a saúde, a (ABNT).
higiene e a segurança no trabalho (ANDRADE, 2012). Com o surgimento da Organização, desenvolveu-se em 1987
A segurança no trabalho refere-se à área responsável pela a ISO 9001, consequentemente criando-se também o selo de
segurança industrial, higiene e medicina do trabalho, frente aos qualidade que é o símbolo da certificação da norma. A ISO 9001
funcionários da organização, atuando profilaticamente, vidando é baseada na norma britânica BS5750. Embora fosse considera-
a prevenção de acidentes e agravos à saúde, e atuando também da relevante, a BS5750 apresentava algumas ineficiências como
na correção de acidentes de trabalho. a questão da gestão dos processos e satisfação do cliente.
Desse modo, é necessário que as organizações possuam A ISO 9001 foi pensada para se tornar padrão internacional
políticas de prevenção a acidentes de trabalho, estimulem e para garantir a qualidade de produtos e serviços. Como tam-
orientem a utilização de equipamentos de proteção individual bém, facilitar a questão das exportações e reduzir os custos de
e coletiva, além de contar também com serviços de segurança fabricação.
no trabalho, visando à melhoria para as causas de higiene e se-
gurança no trabalho (RIBEIRO, 2005). Além disso, é fundamental A norma mais utilizada no mundo
que a organização possibilite condições mínimas de trabalho, A ISO apresenta uma série de normas para diferentes áreas
proteção e higiene, de modo a garantir e assegurar os mesmos do mercado; como a ISO 14001 voltada para o sistema de gestão
contra qualquer incidente e eventualidade, de modo que eles ambiental. Ela aborda os principais requisitos para as empresas
possam executar suas atividades com confiança e evitar proble- identificarem, controlarem e monitorarem o impacto sobre o
mas futuros. meio ambiente. Existe a ISO 22000 voltada para a segurança dos
De acordo com Marras (2004) apud Andrade (2012), a pre- alimentos, a OHSAS 18001 focada na gestão de segurança e saú-
venção de acidentes de trabalho tem por objetivo conscientizar de ocupacional, entre outras.
o colaborador e oferecer proteção à sua vida e de seus compa- Dentre as normas da ISO, a mais utilizada pelas empresas é a
nheiros de trabalho, através de estratégias e ações seguras, bem ISO 9001 tanto por sua relevância, quanto pela abrangência. Ela
como reflexões das condições insalubres que, eventualmente, é a responsável pelo sistema de gestão de qualidade. É a partir
possam provocar acidentes e agravos à saúde. Nota-se então o dela que as empresas se fundamentam para otimizar os proces-
quão importante é proporcionar a segurança no trabalho, tendo sos de funcionamento.
em vista que os colaboradores, estando seguros que a empresa
está se preocupando com sua saúde e com sua vida, irão sen- Funcionalidades da ISO 9001
tir-se mais valorizados e motivados para trabalharem e produ- A ISO 9001 foi criada com a perspectiva que as empresas
zirem. certificadas atinjam metas e possam garantir a capacidade de
Com base em tudo que foi levantado e elucidado neste tra- eficiência tanto na produção quanto na entrega dos produtos/
balho, torna-se evidente a importância e relevância da qualida- serviços.
de de vida no trabalho, seja para a melhoria da qualidade de Neste sentido, uma das soluções básicas da ISO 9001 é, por-
vida pessoal, seja melhoria do convício social, seja maior satisfa- tanto, alcançar um consenso sobre soluções que possam aten-
ção e motivação do trabalhador com a instituição e, consequen- der às demandas da empresa, da sociedade e do comércio, ou
temente, melhora na produtividade das empresas. seja todas as partes interessadas.
Pode-se constatar também que a motivação do colaborador
com sua instituição empregadora estão diretamente atreladas Para que serve o selo?
a fatores como salário, benefícios e remuneração; condições fí- Uma das preocupações dos empresários é o que o selo de
sicas e psicológicas do trabalho e também, a um ambiente de qualidade não seja mais que um quadro pendurado no escritó-
trabalho seguro. Ressalta-se ainda que a motivação dos colabo- rio ou um símbolo adquirido pela empresa. Para esclarecer esse
radores esteja associada à qualidade de vida nas organizações.
Dessa forma, abordar qualidade de vida nas empresas, hoje
em dia, é mais que um benefício para o trabalhador/colabora- 14Fonte: www.unifia.edu.br – Texto adaptado de Jéssica Faria de Carvalho/
dor, é uma necessidade de vital importância para que o maior Érica Preto Tamaio Martins/ Laureny Lúcio/ Pedro José Papandréa

185
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
tipo de dúvida e mostrar os benefícios reais que a certificação na Embora a norma não atue diretamente nos serviços e pro-
ISO 9001 proporciona a um empreendimento, citaremos abaixo dutos, sua aplicação resulta na melhoria destes.Sendo assim, os
algumas vantagens da norma. Confira! resultados da adequação aos requisitos é a melhoria dos produ-
tos/serviços.
Confiabilidade
Os clientes desejam mais que um produto ou serviço com Satisfação do consumidor
bom preço, esperam também por qualidade naquilo que estão Ter o selo 9001 é sinônimo de preocupação com as expecta-
pagando. Não é difícil encontrar casos de consumidores contes- tivas e interesses dos clientes. Haja vista que a norma foi criada
tando a confiabilidade de determinada marca. Serviços e pro- com o foco voltado para o cliente. Pesquisas e entrevistas com o
dutos que apresentam incertezas em sua origem ou qualidade consumidor fazem parte das estratégias da norma para adapta-
são vistos de forma negativa pelo mercado e possuem a imagem ção aos interesses do público.
danificada. Toda empresa que conta com clientes satisfeitos, tem mais
A ISO 9001 propõe requisitos que aperfeiçoam o sistema de probabilidade de crescimento no faturamento e consequente-
gestão de qualidade aprimorando os processos de forma geral mente na lucratividade. Outro benefício de ser bem quisto é a
da organização. Portanto, ela incentiva a melhora crescente das melhora da imagem externa que configura como uma das fun-
empresas. cionalidades da gestão de qualidade.
A norma é respeitada e conhecida por todos os países. Agre-
gar o selo a sua marca significa que a empresa cumpre cada um Investimentos mais assertivos
dos requisitos estipulados pela ISO 9001. Ou seja, o selo de quali- Empresários com o sistema de gestão de qualidade alinhado
dade traz segurança e confiança para as empresas que a utilizam. com a ISO 9001 poderão realizar investimentos mais seguros.
Uma vez que os processos são mais organizados e apresentam
Reconhecimento internacional menos erros nos sistemas, contribuindo para o funcionamento
Cerca de 170 países utilizam a normas da Organização ISO como um todo da empresa. Nesse sentido, o empreendimento
e mais de um milhão de empresas espalhadas pelo mundo já se torna mais sólido, permitindo investimentos mais seguros e
foram certificadas na ISO 9001. Apenas na América do Sul são com a qualidade ISO.
aproximadamente 50 mil empresas certificadas. A ISO 9001 pos-
sui validação e reconhecimento internacional. O selo na norma Melhora a imagem da empresa
abre portas para negociação com qualquer tipo de empresa den- Associar sua marca com o selo de qualidade é mostrar ao
tro e fora do país. mercado o empenho com o aperfeiçoamento contínuo da sua
É importante destacar que a cada nação a norma recebe empresa. Tendo em vista, que uma de suas premissas refere-se
sua própria versão baseada e adaptada na legislação interna. No ao aprimoramento contínuo dos processos. Outro benefício se
Brasil, a norma é conhecida como NBR ISO 9001, que é reconhe- deve ao fato que a ISO 9001 é vista positivamente pelo público
cida para relações comerciais com qualquer outro país. Portan- externo, portanto estar ligado a norma é compartilhar dos mes-
to, se você deseja ampliar as fronteiras do seu negócio, um dos mos atributos e qualidades dela.
esforços da sua empresa deve consistir em adquirir o selo de
qualidade. Todas as empresas precisam ter o selo?
No Brasil não há nenhuma cobrança na legislação que obri-
Melhoria do desempenho do produto/serviço gue uma empresa a ser certificada, exceto para algumas moda-
Informamos com certa frequência nos artigos do blog da lidades específicas de negócios (confira no tópico “Quais requi-
Consultoria Online que a ISO 9001 não beneficia diretamente a sitos são necessários para iniciar o processo de implementação
qualidade dos produtos e serviços.Isso porque o selo de quali- da ISO 9001?” e veja quais organizações são obrigadas a possuir
dade é focado na qualidade dos processos de uma organização. a certificação).
Caso sua dúvida esteja relacionada a qualidade dos produ- Todavia, existe uma obrigatoriedade velada no mercado
tos, mais precisamente nos alimentos, entenda que a norma res- que para determinadas relações comerciais exige-se o selo de
ponsável pela segurança em alimentos é a ISO 22000. qualidade. Um dos exemplos é a exportação. Muitos países não
Retomando o assunto da ISO 9001, para tornar ainda mais aceitam realizar trocas comerciais com empresas que não pos-
claro sua funcionalidade no que se refere a qualidade dos pro- suam o sistema de gestão de qualidade atrelado aos requisitos
dutos e serviços, daremos um breve exemplo: da ISO.
Em uma determinada empresa de produção de bolos conta Não apenas no mercado externo, como também entre em-
coma equipe de três funcionários. Essa organização não utiliza o presas brasileiras exige-se a certificação em muitas situações.
sistema de gestão de qualidade baseado na ISO 9001, portanto As organizações exigem o selo como uma maneira de atestarem
não há controle nos processos de produção. Por esse motivo, que a empresa com a qual farão negócios possui certa compro-
ocorrem uma série de consequências negativas como a irregula- vação de qualidade e profissionalismo em sua gestão.
ridade na qualidade dos produtos. Quando um dos funcionários Esse é inclusive um dos motivos pelos quais as empresas
responsáveis pela massa se ausenta, o critério para a produção procuram às pressas empresas de consultoria à procura da im-
se perde. A norma de qualidade resolve exatamente problemas plementação da norma. Alertamos para os tipos de problemas
como esses. Ela cria padrões que possibilitam que a empresa que podem ser gerados devido a certificação realizada de última
mantenha a qualidade independentemente da presença ou au- hora e apenas por pressões comerciais:
sência de um ou mais funcionários. Ou seja, a norma ajuda a
manter a qualidade dos bolos.

186
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Gastos elevados com a certificação; Alguns dos requisitos muito citados por quem está imple-
Uma vez que a implementação da norma será realizada em mentando a ISO 9001 são o PPRA (Programa de Prevenção de
pouco tempo devido a necessidade de estar com o selo antes Riscos Ambientais) e PCMSO (Programa de Controle Médico
que a outra empresa desista de fechar o contrato, os gastos com de Saúde Ocupacional). Porém no caso dos dois, há uma certa
consultores serão redobrados. Já que eles terão que cumprir as confusão, pois eles são obrigatórios para todas as empresas que
ações com menos tempo de intervalo. possuem funcionários contratados no âmbito da CLT e não ape-
A organização também terá que arcar com custos de con- nas às empresas que estão procurando se certificar na ISO 9001.
tratação de outros colaboradores para auxiliar no processo de O fato de eles serem bastante citados se dá em função de existir
adequação aos requisitos da ISO 9001. Soma-se ainda a falta de uma auditoria rigorosa nestes itens, pois são de grande impor-
tempo para pesquisas de consultorias e certificadoras com valo- tância para a garantia da qualidade.
res mais em conta.
O que uma empresa precisa para obter o selo?
Adequação aos processos feitos de forma irregular; A norma ISO 9001 foi criada para todas as áreas do merca-
A norma é funcional e de fato propicia a empresa mudan- do, ou seja para a indústria, comércio e prestação de serviços.
ças positivas em seu sistema como um todo (como foi dito nos Como também para todos os portes de empreendimento, tanto
tópicos anteriores). Implementá-la às pressas pode não ser tão para grandes corporações quanto para microempresas.
construtivo para os colaboradores, haja vista que algumas eta- Portanto, se você almeja aprimorar o sistema de gestão de
pas de implementação exigem mais tempo por sua complexida- qualidade do seu negócio e ampliar as relações comerciais, bas-
de e abrangência de atuação. ta:
- Ter um CNPJ regular
Desgaste da equipe encarregada do processo; - Estar instalada em um imóvel regular
Pela pressão gerada do prazo reduzido, muitos colabora- - Disponibilidade de equipe para acompanhar a consultoria
dores são exigidos além do habitual e por isso sofrem desgas- no processo de implementação*
te e estresse profissional. Consequências como essas também - Contratar um órgão certificador
podem reduzir o sucesso do projeto de certificação. É essencial *Em algumas microempresas, o próprio proprietário junto a
que a equipe encarregada esteja apta e com tempo hábil para um consultor promove o processo de implementação da norma
promover de maneira satisfatória cada uma das exigências da de qualidade.
norma de qualidade.
Como obter o selo ISO 9001?
Pouco aproveitamento dos requisitos da ISO 9001 que con- Uma empresa que possua um sistema de gestão da qua-
tribuem positivamente para a empresa. lidade compatível com a norma ISO 9001 pode solicitar o selo
A ISO 9001 gera uma série de resultados positivos, por isso de qualidade a partir de um órgão certificador autorizado pelo
embora ela não seja obrigatória é utilizada por milhares de em- Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INME-
presas. A implantação feita com urgência pode impedir que a TRO).
organização usufrua de todos os benefícios presentes na norma. Mas como saber se o meu sistema está de acordo com o pa-
Portanto, para não enfrentar nenhuma das dificuldades drão ISO? A norma de qualidade possui uma série de requisitos
apontadas acima, aconselhamos que você inicie o quanto antes que precisam ser interpretados para adequação. Para verificar
as fases de adequação do sistema de gestão de qualidade ao da cada um dos itens está sendo cumprido, é aconselhável que se
ISO 9001. tenha um conhecimento prévio sobre o assunto.Por isso, reco-
Mas o que eu preciso fazer para ser certificado? Para orien- menda-se auxílio de um profissional da área.
tá-lo de modo prático informaremos algumas dicas que podem Para isso, existem empresas de consultoria com especialis-
ser seguidas por qualquer empreendimento, independentemen- tas em cada uma das normas que poderão tornar o processo
te do tamanho e tipo de organização. rápido e o menos burocrático possível.
A consultoria Online Verde Ghaia possui experiência de 18
Quais requisitos são necessários para iniciar o processo de anos no seguimento, auxiliando mais de duas mil organizações
implementação da ISO 9001? espalhadas pelo Brasil e por outros países. Ela fornece um soft-
Do ponto de vista legal, os únicos requisitos obrigatórios ware online que pode reduzir em até 60% os gastos, comparado
para uma empresa que está procurando se certificar na ISO 9001, a uma consultoria convencional.
são as regulamentações do seu setor específico de operação. Ou Com a ferramenta, é possível iniciar o processo a qualquer
seja, uma construtora deve seguir normas legais aplicáveis à sua hora e lugar. O software facilita a flexibilidade da equipe envol-
atividade, assim como um escritório de contabilidade, etc. Em vida e proporciona meios como material online que pode ser
suma, não há leis específicas a serem seguidas em detrimento consultado no momento mais oportuno à organização
da norma, cada empresa precisa apenas estar regular com suas
obrigações legais particulares. Qual é o processo de implementação da ISO 9001?
Algumas empresas específicas precisam ter o certificado da
ISO 9001 por força legal, como é o caso das vistorias veiculares 1º passo: Pesquise
no estado de São Paulo, ou das empresas pertencentes ao polo Informar sobre a norma é uma das melhores formas de se
industrial de Manaus, Amazonas. Para tais empresas, a regra de preparar para o processo de implementação e antever as ne-
manter-se regular às leis inerentes à sua atividade continua vá- cessidades de ajustes que serão necessários. Entenda como ela
lida, acrescida agora da necessidade de ser certificada na ISO funciona, seus reais benefícios e a aplicação dela para sua em-
9001 por determinação legal. presa. Se você chegou até aqui então essa parte já foi bastante
explorada.

187
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
2ª passo: Estipule uma equipe A meta é definir objetivos de gestão e legitimá-los por meio
A organização é uma das chaves para o sucesso da adequa- de comparações externas. A comparação costuma ser um sau-
ção aos requisitos. Portanto, estipule colaboradores que estarão dável método didático, pois desperta para as ações que as em-
empenhados em otimizar e promover adequadamente os itens presas excelentes estão desenvolvendo e que servem de lição. A
presentes na ISO 9001. base do benchmarking é não fechar-se em si mesma, no caso da
empresa, mas sim observar e avaliar constantemente o mundo
3º passo: treinamento exterior.
Essa é a fase de interpretação da ISO 9001. A consultoria Segundo Chiavenato, o benchmarking exige três objetivos
Online Verde Ghaia traz os cursos a partir de uma plataforma que a organização precisa definir:
online. O material é disponibilizado através de vídeos, ilustra- • Conhecer suas operações e avaliar seus pontos fortes e
ções e textos para facilitar a compreensão dos consultores in- fracos. Deve documentar os passos e práticas de processos de
ternos, colaboradores da empresa que serão responsáveis pela trabalho, definir medidas de desempenho e diagnosticar suas
implementação do projeto. fragilidades.
• Localizar e conhecer os concorrentes ou organizações lí-
4º passo: diagnóstico deres do mercado, para poder definir as habilidades, conhecen-
Nesta etapa a empresa deverá junto a consultoria avaliar do seus pontos fortes e fracos e compará-los com seus próprios
como está o sistema de gestão atual da empresa. É o momento pontos fortes e fracos.
de analisar quais requisitos são cumpridos e quais não foram • Incorporar o melhor do melhor adotando os pontos fortes
atendidos. É um processo minucioso que exige atenção e tempo dos concorrentes e, se possível, excedendo-os e ultrapassando-
suficiente para que nenhum requisito passe despercebido. -os. A principal barreira à adoção dessa ferramenta é convencer
os administradores de que seus desempenhos podem ser me-
5º passo: Adequação aos requisitos lhorados. Isso requer uma paciente abordagem e apresentação
A alta direção deve estar aberta as mudanças que serão pro- de evidências de melhores métodos utilizados por outras orga-
movidas para adequar corretamente os itens exigidos pela ISO nizações.
9001. O consultor fará esse processo alinhado a liderança, para
não ocorrer qualquer tipo de transtorno ou desvio inapropriado BRAINSTORMING
do funcionamento normal da operação. O brainstorming, desenvolvido em 1930 por Alex F. Osborn,
busca, a partir da criatividade de um grupo, a geração de ideias
6º passo: Auditoria interna para um determinado fim.
A auditoria interna funciona como um teste para a empresa. A técnica propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez
Essa etapa é semelhante a simulação da auditoria externa que pessoas) se reúna e se utilize das diferenças em seus pensamen-
será realizada por uma certificadora.É neste momento que são tos e ideias para que possa chegar a um denominador comum
observados se as exigências estão sendo cumpridas corretamen- eficaz e com qualidade.
te. A Consultoria Online Verde Ghaia oferece 100% de garantia É preferível que as pessoas que se envolvam nesse método
na certificação de forma contratual. sejam de setores e competências diferentes e nenhuma ideia
Depois de submetida a implementação, a empresa deve é descartada ou julgada como errada ou absurda. O ambiente
contatar um órgão auditor, ou seja, uma empresa certificado- deve ser encorajador e sem críticas para os participantes fica-
ra. Após passar pelo crivo de auditoria externa e for aprovada, rem a vontade e deve ser incentivado o trabalho em grupo. Pe-
a organização avaliada será certificada com o selo ISO 9001. A gar carona nas ideias dos outros deve ser incentivado.
certificação é portanto a comprovação de que a empresa anda
de acordo com a norma. As quatro principais regras do brainstorming são:
Muitas empresas, independentemente do seu processo pro- • Críticas são rejeitadas, pois a crítica pode inibir a partici-
dutivo, fazem uso do selo junto a marca para divulgarem que pação das pessoas;
têm a ISO 9001. O selo e o certificado trazem o mesmo signifi- • Criatividade é bem-vinda. Vale qualquer ideia que lhe ve-
cado: confirmação de que a organização atua de acordo com o nha a mente, sem preconceitos e sem medo que isso irá preju-
sistema de gestão de qualidade reconhecido no mundo inteiro. dicar. Uma ideia esdrúxula pode desencadear ideias inovadoras;
• Quantidade é necessária. Quanto mais ideias forem gera-
FERRAMENTAS de Gestão da qualidade das, maior é a chance de se encontrar uma boa ideia;
• Combinação e aperfeiçoamento são necessários.
BENCHMARKING
O benchmarking, introduzido em 1970 na empresa Xerox, O brainstorming pode ser feito de duas formas: estruturado
é caracterizado como um processo contínuo e sistemático de ou não estruturado.
pesquisa para avaliar produtos, serviços, processos de trabalho • No brainstorming ESTRUTURADO - os participantes lan-
de ouras empresas, a fim de identificar quais são as melhores çam ideias seguindo uma sequência inicialmente estabelecida.
práticas adotadas por elas. A partir dessa análise, a instituição Quando chega a sua vez, você lança a sua ideia. A vantagem des-
verifica seus próprios processos e realiza o aprimoramento or- ta forma é que propicia oportunidades iguais a todos os partici-
ganizacional, desenvolvendo a habilidade dos administradores pantes, gerando maior envolvimento.
de visualizar no mercado as melhores práticas administrativas • No brainstorming NÃO ESTRUTURADO - as ideias são lan-
das empresas consideradas excelentes (benchmarks) em certos çadas aleatoriamente, sem uma sequencia inicialmente defini-
aspectos. da. Isso cria um ambiente mais informal, porém com risco dos
mais falantes dominarem a cena.

188
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
BRAINWRITING O Diagrama de Ishikawa é uma das ferramentas mais efica-
É uma variação do brainstorming, em que as ideias são escri- zes e mais utilizadas nas ações de melhoria e controle de quali-
tas, trazendo ordem e calma ao processo. Evita efeitos negativos dade nas organizações, permitindo agrupar e visualizar as várias
de reuniões, como a influência da opinião de coordenadores e causas que estão na origem qualquer problema ou de um resul-
chefes, ou a dificuldade em verbalizar rapidamente as ideias. tado que se pretende melhorar.

MATRIZ GUT 5W2H


A Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) é uma for- A ferramenta 5W2H é uma forma rápida de verificação de
ma de priorização baseado em medidas ou observações subjeti- execução de tarefas a serem distribuídas aos colaboradores
vas. As letras têm o seguinte significado: da empresa. Funciona como um mapeamento das atividades e
• G (gravidade) – impacto do problema sobre os processos, pode se
pessoas, resultados. Refere-se ao custo por deixar de tomar uma
ação que poderia solucionar o problema; TIPOS DE DECISÃO E PROCESSO DECISÓRIO
• U (urgência) - relaciona-se com o tempo disponível ou o
necessário para resolver o problema;
• T (tendência) – refere-se ao rumo ou propensão que o pro- PROCESSO DECISÓRIO
blema assumirá se nada for feito para eliminar o problema. Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acir-
rada entre as organizações, a todo momento necessitamos tomar
A filosofia do GUT é atribuir notas de 1 a 5 para cada uma
decisões sempre que estamos diante de um problema que apresen-
das variáveis G, U e T dos problemas listados e tomar o produto
ta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando possuímos
como o peso relativo do problema.
uma única opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de
O método deve ser desenvolvido em grupo, sendo as notas
adotar ou não essa opção.
atribuídas por consenso. Consenso é a concordância obtida pela O processo de escolher o caminho mais adequado para a em-
argumentação lógica. Uma vez obtidas as notas, os problemas presa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada
são organizados em ordem decrescente. de decisão.
Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas
PRINCÍPIO DE PARETO de decisão:
O diagrama de Pareto é uma técnica de priorização das in- • minimizar perdas;
formações, dando uma ordem hierárquica de importância. Esta • maximizar ganhos; e
técnica permite estabelecer dois grupos de causas para a maio- • alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor
ria dos processos. Uma grande quantidade de causas (ordem julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a
de 80%) contribui muito pouco (ordem de 20%) para os efei- organização e o estado em que irá se encontrar depois de imple-
tos observados. Uma pequena quantidade de causas (ordem de mentada a decisão.
20%) contribui de forma preponderante (ordem de 80%) para os
efeitos observados. O primeiro grupo é denominado “maiorias Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações
triviais” e o segundo grupo de “minorias essenciais”. de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar to-
Esta técnica utiliza uma abordagem de classificação para das as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visan-
enumerar as causas de acordo com suas contribuições para atin- do escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se
gir um dado efeito. A causa mais recorrente é vista do lado es- decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse
querdo do diagrama e as causas menos recorrentes são mostra- contexto de competitividade tão agressiva.
das em ordem decrescente do lado direito. Em geral, a melhoria
inicia-se a partir da causa mais recorrente, indo para as outras O que significa decidir
em ordem decrescente e assim por diante. • “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um
conjunto de alternativas.”(Caravantes)
DIAGRAMA DE ISHIKAWA • “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como
Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica utilizada uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de
pela administração para o gerenciamento e o controle da quali- resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral).
dade em diversos processos, e também é conhecido como Dia- • “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto
grama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de peixe. é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o esta-
Na sua estrutura, os problemas são classificados em seis ti- do desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação al-
pos diferentes: ternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema
• Método, e sobre a necessidade de uma decisão depende da percepção da
• Matéria prima, pessoa.” (Robbins).
• Mão de obra, • “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva
• Máquinas, a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões se-
• Medição jam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégi-
• Meio ambiente. cas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas
pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões
Esse sistema permite estruturar hierarquicamente as causas gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões
potenciais de um determinado problema ou também uma opor- que permite à organização resolver problemas, aproveitar oportu-
nidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)
tunidade de melhoria, assim como seus efeitos sobre a qualida-
de dos produtos.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Administrar é, em última análise, tomar decisões.
Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e eficaz, é preciso fazer escolhas.
Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utilizada? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos financei-
ros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada? Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas durante a gestão
de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer escolhas, é preciso decidir!

Técnicas de análise e solução de problemas


O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou melhoria
de padrões. É uma metodologia para se manter e controlar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou seja, deve ser
dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma organização.
Esse método apresenta duas grandes vantagens:
• permite a solução de problemas de modo eficaz;
• permite que os indivíduos de uma organização se capacitem de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsabili-
dade.

O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e subpassos pré-definidos para a escolha de um problema, análise de suas
causas, determinação e planejamento de um conjunto de ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solução e reali-
mentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
Partindo também do pressuposto de que em toda solução há um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela que
maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode obter o maior
benefício para o menor esforço, o que pode ser definido como decisão ótima (BAZERMAN).
A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas dentro das organizações passou pela idealização de um con-
ceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação e compro-
vação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz, ele
procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como característica
a racionalidade utilizando lógica e dados.

O MASP é formado por oito etapas:

1. Identificação do problema
A identificação do problema é a primeira etapa do processo de melhoria em que o MASP é empregado. Se feita de forma clara e crite-
riosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o tempo necessário à obtenção do resultado.

190
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: 1. Análise
(a) selecionar um tópico dentre uma série de possibilidades, con- A etapa de análise é aquela em que serão determinadas as
centrando o esforço para a obtenção do maior resultado possível; principais causas do problema. Se não identificamos claramente as
e (b) aplicar critérios para que a escolha recaia sobre um problema causas provavelmente serão perdidos tempo e dinheiro em várias
que mereça ser resolvido. tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa mais impor-
tante do processo de solução de problemas. Para Kume a análise se
O que é um problema? compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e
Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, o teste dessas hipóteses para confirmação das causas. A identifica-
de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos pro- ção das causas deve ser feita de maneira “científica” o que consiste
pomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, da utilização de ferramentas da qualidade, informações, fatos e da-
necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo. dos que deem ao processo um caráter objetivo.
Exemplo: Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que estão
– Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objeti- ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em questão,
vos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los. assim como os potenciais ganhos que o MASP pode trazer. O item
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes “quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente. Falconi afirma
componentes: que nesta fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o
• um objetivo a ser alcançado; que se está perdendo e o que é possível ganhar.
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natureza
• a situação inicial do problema. qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo para a
organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja impossível.
Outro exemplo: Quais podem ser os custos do aumento do número de ocorrên-
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal cias de reclamações dos clientes? Quais serão os custos para a ima-
a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Ad- gem da organização, provocados pela perda de credibilidade em de-
mite-se a ocorrência de um problema apenas quando for consta- corrência de algum defeito existente em um determinado produto?
tado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10
parafusos defeituosos por milhão produzido. Passos da Etapa 3 –
Análise
Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indese- - Levantamento das variáveis que influenciam no problema
jável (Falconi), mas geralmente a solução implica o retorno a um - Escolha das causas mais prováveis (hipóteses)
desempenho anterior aceitável. - Coleta de dados nos processos
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma si- - Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipóteses
tuação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um - Teste de consistência da causa fundamental
conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher - Foi descoberta a causa fundamental?
uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser
caracterizados por: 2. Plano de Ação
(a) diferença entre situação real e ideal; Uma vez que as verdadeiras causas do problema foram iden-
(b) situação adversa; tificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre várias, as
(c) missões e objetivos; formas de eliminá-las devem então ser encontradas Para Hosotani
(d) situação que oferece escolhas; esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar as verda-
(e) obstáculos ao tentar atingir metas; e deiras causas do problema identificadas pela análise e então trans-
(f) desvios do comportamento esperado. formar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do
processo em que o problema se apresenta, é possível que possa
Passos da Etapa 1 – existir um conjunto de possíveis soluções. As ações que eliminam as
Identificação do problema causas devem, portanto, ser priorizadas, pois somente elas podem
- Identificação dos problemas mais comuns evitar que o problema se repita novamente.
- Levantamento do histórico dos problemas Passos da Etapa 4:
- Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis Plano de ação
- Escolha do problema - Definir estratégia de ação.
- Formar a equipe e definir responsabilidades - Elaborar plano de ação.
- Definir o problema e a meta
Essa fase consiste no estabelecimento de metas a atingir, isto
2. Observação é, elas devem ser alcançadas com o método MASP. Na maioria dos
A observação do problema é a segunda etapa do MASP e con- MASPs de manutenção, o objetivo é, de maneira geral, o retorno às
siste averiguar as condições em que o problema ocorre e suas ca- condições ideais anteriores à ocorrência do problema.
racterísticas específicas do problema sob uma ampla gama de pon-
tos de vista. 3.Ação
O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar in- Na sequência da elaboração do plano de ação, está o desen-
formações que podem ser úteis para direcionar um processo de volvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta etapa
análise que será feito na etapa posterior. Kume compara esta etapa do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua execução,
com uma investigação criminal observando que “os detetives com- iniciando-se por meio da comunicação do plano com as pessoas en-
parecem ao local do crime e investigam cuidadosamente o local volvidas, passando pela execução propriamente dita, e terminando
procurando evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu-
equipe que buscam a solução para um problema. ção foi feita de forma correta e conforme planejado.

191
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Passos da Etapa 5 –
Ação
- Divulgação e alinhamento
- Execução das ações
- Acompanhamento das ações

4. Verificação
Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo PDCA e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final
(problema) e outros aspectos para analisar as variações positivas e negativas possibilitando concluir pela efetividade ou não das ações de
melhoria (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as expectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da autoestima, cresci-
mento pessoal e a descoberta do prazer e excitação que a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI).

Parker observa que “nenhum problema pode ser considerado resolvido até que as ações estejam completamente implantadas, ela
esteja sob controle e apresente uma melhoria em performance”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade da solução implantada
são essenciais por um período de tempo para que haja confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este ponto ao afirmar
que os resultados devem ser medidos em termos numéricos, comparados com os valores definidos e analisados usando ferramentas da
qualidade para ver se as melhorias prescritas foram ou não atingidas.

Passos da Etapa 6 –
Verificação
- Comparar resultados obtidos com os previstos.
- Listar efeitos colaterais não previstos.
- Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do plano de ação)

5. Padronização
Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos objetivos ela podem
ser instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo com Kume existem dois objetivos para a padronização. Primeiro, afirma o
autor, sem padrões o problema irá gradativamente retornar à condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o problema pro-
vavelmente acontecerá novamente quando novas pessoas (empregados, transferidos ou temporários) se envolverem com o trabalho. A
preocupação neste momento é, portanto, a reincidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da ação humana. A padro-
nização não se faz apenas por meio de documentos. Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma dos pensamentos e hábitos
dos trabalhadores” (KUME), o que inclui a educação e o treinamento.

Passos da Etapa 7 –
Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação
- Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedimento Padrão Operacional — PPO.
- Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
- Treinar pessoal (no PPO revisado).
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
- Auditar cumprimento do padrão

6. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo o
processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendizado,
aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de melhoria.

Passos da Etapa 8 –
Conclusão
- Identificação dos problemas remanescentes
- Planejamento das ações antirreincidência
- Balanço do aprendizado
- Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.

O MASP é um método que permanece atual e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da Qua-
lidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por organizações de todos os portes e ramos.

192
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
FATORES QUE AFETAM A DECISÃO

São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assu-
midos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do
tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc.

Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode ser tomada:

Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fatores que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os riscos e
probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre custos, sabemos quais são os fatores potencializadores e restritores,
temos estudos de viabilidade das alternativas etc.
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocorrência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de acordo
com os riscos que estamos dispostos a assumir.
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência de
cada evento futuro.

Tipos de decisões
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alternativas ou possibilidades.
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de problemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas relativas a as-
pectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou estratégicos, como entrar ou não no mercado internacional.
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo influenciarestra-
tégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determinada parcela da sociedade onde elas estejam inseridas.
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se apoiando em diversos fatores para que a tomada de decisão seja o mais asser-
tiva possível e o tomador de decisão possa estar mais seguro diante de possíveis e prováveis problemas que possam surgir.

193
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no momen- Pelo fato de as decisões não programadas serem tão importan-
to da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois tipos de tes para as empresas e tão comuns para a gerência, a eficiência de
situação que, de acordo com sua natureza, terão e abordagem dife- um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a qualidade de
rente para se alcançar as soluções adequadas. sua tomada de decisão.
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se com-
põe de uma sequência de etapas, que vão da identificação da ques- Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em
tão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa de solução é que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aquelas mais
colocada em prática. amplas, referentes à organização como um todo e sua relação com
o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e pos-
As decisões nas organizações se dividem em duas categorias suem consequências de longo prazo.
principais: as programadas e as não programadas. As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos níveis
Podemos considerar decisões programadas aquelas que toma- das unidades organizacionais ou departamentos.
mos quando percebemos os problemas como bem compreendidos,
Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no
altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para cuja solução
dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realida-
podemos utilizar procedimentos e regras sistemáticos. Essas deci-
de organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a definição de
sões são sempre semelhantes.
tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra tipologia,
As decisões programadas ou estruturadas compõem o acervo,
o estoque de soluções armazenadas pela organização, com base referente a quem é o tomador de decisões:
nas experiências anteriores por que passou. Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discussões,
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já foram acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
enfrentados antes e que possuem um comportamento semelhante. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de criação rápida de tomada de decisão e não deve ser questionada. Muitas
de alternativas de solução e escolha da mais adequada. Basta seguir vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
as ações que já foram exercidas com sucesso nas ocasiões anterio- Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
res. Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
da pirâmide hierárquica. marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio, onde Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consul-
já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe qual ca- ta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
minho os ocupantes de cada andar do prédio devem seguir, pois Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa que
todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com antecedência. recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser
Esses são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu-
e rotineiras. me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor-
Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para
da pirâmide hierárquica. decidir da melhor maneira possível”.

As decisões não programadas ou não estruturadas são neces- Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da de-
sárias em situações em que as decisões programadas não conse- cisão o item de:
guem resolver.
Quando nos referimos a decisões não programadas nos referi- Certeza, risco e incerteza
mos àquelas que resultam de problemas que não são bem compre- Podemos chamar de incerteza aquela situação que, muitas ve-
endidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser singulares e zes, se configura por existirem informações insuficientes e dúbias
não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros.
para os tomadores de decisão. Isso certamente inviabiliza a clareza
São situações inesperadas, que a organização está enfrentando
das alternativas e traz consigo riscos inerentes, fazendo com que a
pela primeira vez e que admitem diferentes formas de resolução,
decisão tomada se torne mais difícil de ser operacionalizada.
cada uma com suas vantagens e desvantagens.
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser neces-
Estas situações exigem uma análise mais profunda, um diag- sário identificar claramente qual é o problema e de se ter em mão-
nóstico para o perfeito entendimento do problema até a tomada sinformações de qualidade, o gestor precisa possuir também um
de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais comuns conhecimento aprofundado do mercado em que atua, conhecendo
no nível institucional ou estratégico da organização, no topo da pi- seus concorrentes e a capacidade organizacional deles. É assim que
râmide hierárquica. são geridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse gru-
Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solucio- po é composto especialmente pelas organizações de grande porte.
nados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões, já É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza
que não existem soluções rotineiras. a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégica
Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmente possíveis ações futuras que poderão dar à sua empresa vantagem
nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes necessitam competitiva em relação às concorrentes.
tomar decisões não programadas durante o curso de definição de • decisão em condições de certeza – ocorre quando há total
metas e estratégias de uma empresa e em suas atividades diárias. conhecimento de todos os estados da natureza do processo deci-
Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução sório.
desse tipo de problema, procurando princípios e soluções que pos- Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está
sam ser aplicados à situação, mas sempre levando em consideração ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão.
que as metodologias de solução de problemas passados podem não
ser aplicáveis no caso em questão.

194
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• decisão em condições de risco – ocorre quando não são co- Representa uma reconstrução e não simplesmente uma re-
nhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados da forma parcial da empresa. Não se trata de fazer reparos rápidos
natureza do processo decisório. ou mudanças cosméticas na engenharia atual, mas de fazer um
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão em desenho organizacional totalmente novo e diferente.
condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob con- A reengenharia se baseia nos processos empresariais e con-
dições de risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua intuição sidera que eles devem fundamentar o formato organizacional.
ou informações secundárias para mensurar as chances de acerto de Não se pretende melhorar os processos já existentes, mas a sua
alternativas ou resultados. total substituição por processos inteiramente novos. Nem se
pretende automatizar os processos já existentes. Não se con-
• decisão em condições de incerteza ou em condições de igno- funde com a melhoria contínua, pois a reengenharia pretende
rância – ocorre quando não se obtiveram informações e dados so- criar um processo inteiramente novo e baseado na tecnologia
bre as circunstâncias do processo decisório ou em relação à parcela da informação e não o aperfeiçoamento gradativo e lento do
dessa situação. Para decidir numa situação dessas deve-se recorrer
processo atual.
à intuição e à criatividade.
Segundo Chiavenato, a reengenharia se fundamenta em
quatro palavras chave:
• decisão em condições de competição ou em condições de
• Fundamental – busca reduzir a organização ao essencial e
conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do processo
de tomada de decisão são determinadas pela ação de competido- fundamental.
res. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma decisão, prever • Radical – impõe uma renovação radical, desconsiderando
que não haverá nenhum resultado não previsto, classificamos essa as estruturas e os procedimentos atuais para inventar novas ma-
decisão como uma decisão programada.15 neiras de fazer o trabalho.
• Drástica – destrói o antigo e busca sua substituição por
r usada de várias formas: para organizar tarefas, escrever algo inteiramente novo.
um texto, enviar um email ou escrever um. A grande vantagem • Processos – orienta o foco para os processos e não mais
é criar um mecanismo de comunicação eficaz uma vez que, se para as tarefas ou serviços, nem para pessoas ou para a estrutu-
preenchidas as questões, teremos tudo o que é preciso para em ra organizacional.
termos de dados. A sigla 5W2H representa:
- O QUÊ será feito (what) CLICLO PDCA
- QUANDO será feito (when)
- QUEM fará (who)
- ONDE será feito (where)
- POR QUÊ será feito (why)
- COMO será feito (how)
- QUANTO custará (how much)

PROGRAMA 5S
O Programa 5S, originário no Japão, é considerado um pré-
-requisito para qualquer programa de Gestão da Qualidade To-
tal. O 5S foca o ambiente de trabalho da organização a fim de
simplificar o ambiente de trabalho e reduzir o desperdício. Como
resultado, ocorre melhoria no aspecto de qualidade e seguran-
ça. O ambiente se torna limpo, organizado, evitando a perda de
tempo e o desperdício de material.
Assim, o resultado da implantação dessa ferramenta será o
menor desperdício, melhor qualidade e ganhos expressivos na
administração do tempo.
A sigla 5S refere-se na realidade a 5 letras iniciais de pala-
vras japonesas:
• Seiri - Descartar
• Seiton - Organizar O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é um
• Seiso - Limpar ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua.
• Seiketsu - Saudável e seguro O PDCA foi idealizado por Shewhart e divulgado por Deming,
• Shitsuke – Autodisciplina quem efetivamente o aplicou. Inicialmente deu-se o uso para es-
tatística e métodos de amostragem. O ciclo de Deming tem por
REENGENHARIA princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na
A reengenharia pode ser considerada uma reação às mu- execução da gestão, como por exemplo na gestão da qualidade,
danças ambientais velozes e intensas e à total inabilidade das dividindo-a em quatro principais passos.
organizações em ajustar-se a essas mudanças. Significa fazer O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um
uma nova engenharia da estrutura organizacional. sistema de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de
forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da
área de atuação da empresa.

15Por Aberlardo Neves / Fonte: www.sandrow.ecn.br

195
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou (D) são fatores indutores do processo motivacional, correspon-
conjunto de ações planejadas são executadas, checa-se se o que dendo às recompensas diretas por comportamentos ou ações
foi feito estava de acordo com o planejado, constantemente e desejadas.
repetidamente (ciclicamente), e toma-se uma ação para elimi- (E) representam forças antagônicas à motivação, devendo ser
nar ou ao menos mitigar defeitos no produto ou na execução. neutralizados pelo reforço positivo e evitados mediante puni-
Os passos são os seguintes: ção.
• Plan (planejamento): estabelecer uma meta ou identifi-
car o problema (um problema tem o sentido daquilo que impede 3. Assinale a alternativa que apresenta os elementos do pro-
o alcance dos resultados esperados, ou seja, o alcance da meta); cesso administrativo e sua definição conceitual.
analisar o fenômeno (analisar os dados relacionados ao proble- (A) Planejamento, organização, direção e controle, quando vi-
ma); analisar o processo (descobrir as causas fundamentais dos sualizados separadamente, formam o processo administrativo.
problemas) e elaborar um plano de ação. Os elementos do processo agem uns sobre os outros indivi-
dualmente e podem afetar todos os demais.
• Do (execução): realizar, executar as atividades confor-
(B) Planejamento, organização, direção e controle, quando vi-
me o plano de ação.
sualizados em conjunto, formam o processo administrativo. Os
• Check (verificação): monitorar e avaliar periodicamente elementos do processo agem uns sobre os outros e cada um
os resultados, avaliar processos e resultados, confrontando-os
pode afetar todos os demais.
com o planejado, objetivos, especificações e estado desejado, (C) Organização, direção e controle são os únicos elementos do
consolidando as informações, eventualmente confeccionando processo administrativo. Os elementos do processo agem uns
relatórios. Atualizar ou implantar a gestão à vista. sobre os outros e cada um pode afetar todos os demais.
• Act (ação): Agir de acordo com o avaliado e de acor- (D) Planejamento, organização, direção e controle, quando vi-
do com os relatórios, eventualmente determinar e confeccionar sualizados separadamente, formam o processo administrativo.
novos planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiên- As funções são separadas e não interferem nos demais elemen-
cia e eficácia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais tos do processo.
falhas. (E)Planejamento, direção e controle, quando visualizados no
conjunto, formam o processo administrativo. Os elementos do
processo agem uns sobre os outros na função organização e,
EXERCÍCIOS
individualmente, pode afetar todos os demais.

1. A motivação no ambiente corporativo vem sendo estudada 4.(FGV/2018 - CÂMARA DE SALVADOR/BA) Um sistema de
sob dois diferentes aspectos, redundando nas teorias de conteúdo, classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas:
que buscam identificar quais fatores geram motivação, e nas teo- (A) identificação – simplificação – codificação – normaliza-
rias de processo, que objetivam explicar como a motivação ocorre. ção – padronização – catalogação;
Exemplo clássico da primeira vertente é a Teoria Bifatorial, desen- (B) catalogação – simplificação – especificação – normatiza-
volvida por Herzberg, que predica a existência de fatores ção – aglutinação – codificação;
(A) tangíveis, como recompensas e punições, que podem ser (C)catalogação – complementação – identificação – norma-
facilmente manejados para gerar motivação; e intangíveis, que, tização – padronização – codificação;
embora relevantes para a motivação, não são gerenciáveis. (D) sintetização – simplificação – normatização – padroniza-
(B) exclusivamente financeiros, que geram a motivação inicial; ção – codificação – identificação;
e fatores existenciais, que são os necessários para a manuten- (E) catalogação – simplificação – flexibilização – normaliza-
ção da motivação. ção – padronização – codificação.
(C) individuais, próprios da personalidade de cada um, de abor-
dagem mais complexa na organização; e fatores coletivos, pas-
5. Analise os itens a seguir e assinale a opção correta.
síveis de serem induzidos para motivação do grupo.
I. O controle, assim como o planejamento, existe nos três
(D) que previnem a insatisfação, denominados fatores de higie-
níveis organizacionais: o estratégico, o intermediário e o opera-
ne, como salário; e fatores motivacionais propriamente ditos,
cional.
como autonomia e reconhecimento.
II. A avaliação do desempenho do pessoal é um tipo de con-
(E) primários, ligados a aspectos inconscientes do indivíduo,
trole organizacional e pode incluir informações sobre índices
como desejo de pertencimento; e fatores secundários, como
como produção por empregado.
responsabilidade corporativa, que afloram a partir da aplicação
III. Entre as melhores práticas de governança corporativa re-
de dinâmicas motivacionais.
comendadas pelo Instituto Nacional de Governança Corporativa
2. De acordo com a Teoria Bifatorial, desenvolvida por Herzberg para a área de gestão estão a transparência, a clareza e a objeti-
para buscar explicar os elementos que envolvem a satisfação no tra- vidade na prestação de contas.
balho, os denominados fatores higiênicos
(A) estão relacionados à insatisfação no trabalho, sendo admi- (A) Somente I e II estão corretas.
nistrados pela empresa e extrínsecos à motivação do funcio- (B) Somente II e III estão corretas.
nário. (C)Somente I e III estão corretas.
(B) são intrínsecos à satisfação dos indivíduos em geral, indu- (D) Nenhuma das afirmativas está correta.
zindo o processo de motivação no trabalho. (E)Todas as afirmativas estão corretas.
(C)não repercutem na satisfação ou insatisfação do indivíduo,
sendo neutros do ponto de vista da motivação.

196
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
6. (AOCP/BRDE) A comunicação e relação interpessoal são 11. (IADES - 2014 - UFBA - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)
apresentadas como habilidade interpessoal e comunicação, Considerando a gestão da qualidade, assinale a alternativa que
também chamadas de habilidades humanas e são consideradas apresenta uma vantagem que pode decorrer da implementação do
extremamente necessárias na vida de um administrador, em fun- gerenciamento da qualidade nas organizações.
ção de proporcionar (A) Os produtos da organização tornam-se menos vendáveis.
(A)trabalho com eficácia e esforços cooperativos na direção (B) O aumento da insatisfação dos clientes.
dos objetivos estabelecidos. (C)A redução da competitividade empresarial.
(B) visão sistêmica da organização com envolvimento das (D) Os resultados operacionais ficam abaixo das expectativas.
pessoas. (E) A eliminação de defeitos e desperdícios.
(C)trabalho com eficácia, empregabilidade e polivalência.
(D) visão sistêmica da organização e facilidade no uso de téc- 12. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário - Conhecimentos
nicas específicas. Básicos) No que concerne aos princípios da administração pública,
assinale a opção correta.
(E) trabalho com eficácia e esforços individualizados na dire-
(A) Em razão do princípio da continuidade, os serviços públicos
ção dos objetivos estabelecidos.
não podem ser interrompidos, visto que se destinam a atender
os interesses da coletividade. Por isso, é vedado àquele que
7. (CESPE/2018 – EBSERH – Psicólogo Organizacional) Em re-
contrata com a administração pública valer-se da exceção de
lação à satisfação, à motivação e ao envolvimento no trabalho, contrato não cumprido quando a administração, sem ter cum-
julgue o seguinte item. prido sua obrigação, exige a satisfação de obrigação de quem
O gestor que pretenda usar a teoria da hierarquia das ne- com ela contratou.
cessidades de Maslow para diagnosticar o nível atual de necessi- (B) A administração pública está obrigada a controlar os atos
dades dos seus empregados a fim de determinar iniciativas com administrativos em relação ao mérito e à legalidade. Nesse
vistas a satisfazê-las deve ter cautela, pois não há respaldo cien- sentido, os atos inconvenientes ou inoportunos devem ser re-
tífico para as cinco categorias da teoria, tampouco para a ideia tirados do ordenamento jurídico por meio da anulação, e os
de preponderância. ilegítimos, por meio da revogação.
( ) CERTO (C)Dado o principio da publicidade, é imprescindível a divulga-
( ) ERRADO ção dos atos, contratos e outros instrumentos celebrados pela
administração pública, de modo que os órgãos e as entidades
8. (FCC – AL/SP) Um dos fatores de qualidade no atendimen- públicas são obrigados a divulgar informações relativas à exe-
to ao público é a empatia. Empatia é cução orçamentária e financeira, mas não as referentes a des-
(A) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e pesas e receita.
confiança ao público. (D) O princípio da moralidade apenas adquiriu conotação e
(B) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o que significação jurídica para a administração pública a partir da
foi prometido ao público edição da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe so-
(C)o grau de cuidado e atenção individual que o atendente de- bre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de
monstra para com o público, colocando-se em seu lugar para enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, em-
um melhor entendimento do problema. prego ou função na administração pública.
(D) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pronta- (E) A administração pública direta, as autarquias e as funda-
mente o cidadão ções de direito público submetem-se aos princípios adminis-
(E) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo trativos constantes do texto constitucional; já as empresas
atendimento públicas e as sociedades de economia mista, por exercerem
atividades de natureza econômica, não se sujeitam a tais
9. Assinale a opção que apresenta uma prática da função da princípios, mas ao sistema normativo aplicável às empresas
administração conhecida por direção. privadas.
(A) Comparação entre padrões visados e realizados pela orga-
nização. 13. (AFPR/COPS-UEL) - Sobre sistemas de arquivos e protoco-
(B) Monitoramento e avaliação do desempenho organizacional. los, considere as afirmativas a seguir.
(C)Distribuição de recursos, tarefas e autoridades no contexto I. O método de arquivamento por assunto ou específico recu-
organizacional. pera arquivos através de seu conteúdo.
(D) Especificação de objetivos orientadores das atividades or- II. Os documentos públicos são identificados como ofício, re-
ganizacionais. correntes e fixos.
(E) Condução da ação dos colaboradores para o alcance dos III. Os documentos de valor corrente são inalienáveis e im-
objetivos organizacionais. prescritíveis.
IV. Arquivos Públicos são arquivos de instituições governa-
10. (PRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE - 2013) A respeito mentais de âmbito federal ou estadual ou municipal.
da ética no serviço público, julgue os itens subsequentes.
O elemento ético deve estar presente na conduta de todo ser- Assinale a alternativa correta.
vidor público, que deve ser capaz de discernir o que é honesto e
(A) Somente as afirmativas I e II são corretas
desonesto no exercício de sua função.
(B) Somente as afirmativas I e IV são corretas
( ) CERTO
(C)Somente as afirmativas III e IV são corretas
( ) ERRADO (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
(E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas

197
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
14. (CESPE/ANTAQ) Julgue o item que se segue, a respeito de
arquivologia.
ANOTAÇÕES
Ainda que tenham surgido novos suportes documentais, prin-
cipalmente os documentos natodigitais, o conceito de arquivo ______________________________________________________
mantém-se inalterado.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
15. (CONSULPLAN/TSE) Em relação à comunicação nas orga-
nizações, analise. ______________________________________________________
I. Uma comunicação eficaz é um processo horizontal, em que ______________________________________________________
todos os envolvidos mantêm uma ética relacional.
II. É possível melhorar a comunicação por meio de treinamen- ______________________________________________________
to e desenvolvimento de pessoal.
III. A comunicação é elemento acessório no processo de busca ______________________________________________________
de qualidade nas organizações.
______________________________________________________
Assinale
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta. ______________________________________________________
(B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
______________________________________________________
(C)se apenas a afirmativa II estiver correta.
(D) se apenas a afirmativa III estiver correta. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 D ______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 B
4 A ______________________________________________________
5 E ______________________________________________________
6 A
______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 C
9 E ______________________________________________________
10 CERTO ______________________________________________________
11 E
______________________________________________________
12 A
13 B ______________________________________________________

14 CERTO _____________________________________________________
15 C
_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

198
NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por


DA APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA; Constituição.
NORMAS PROGRAMÁTICAS
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988
A criação de uma norma constitucional não lhe dá eficácia e estão previstos no art. 1º da Constituição e são:
aplicabilidade automática. Portanto, as normas constitucionais po- A soberania, poder político supremo, independente interna-
dem ser: de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada. cionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o
poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordena-
— Normas de eficácia plena, contida e limitada mento jurídico.
As normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado,
direta, imediata e integral e são aquelas normas da Constituição dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo
que, no momento entram em vigor, estão aptas a produzir todos os jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
seus efeitos, independentemente de norma integrativa infracons- A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo
titucional. inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no
Já as normas constitucionais de eficácia contida ou prospecti- respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de
va têm aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. Embora condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igual-
tenham força de produzir todos os seus efeitos quando da promul- dade de direitos.
gação da nova Constituição, ou da entrada em vigor ou introdução Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é atra-
de novos preceitos por emendas à Constituição, poderá haver a vés do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui
redução de sua abrangência e limitação ou restrição à eficácia e à para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio
aplicabilidade que pode se dar por decretação do estado de defesa que defende a total liberdade para o exercício de atividades econô-
ou de sítio, além de outras situações, por motivo de ordem pública, micas, sem qualquer interferência do Estado.
bons costumes e paz social. O pluralismo político que decorre do Estado democrático de
Por sua vez, as normas constitucionais de eficácia limitada são Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubs-
aquelas normas que, de imediato, não têm o poder e a força de pro- tanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O
duzir todos os seus efeitos, precisando de norma regulamentadora Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e
infraconstitucional a ser editada pelo poder, órgão ou autoridade não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou
competente, ou até mesmo de integração por meio de emenda democratas e republicanos.
constitucional. São, portanto, consideradas normas de aplicabilida- Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Mu-
de indireta, mediata e reduzida, ou ainda, diferida. nicípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade
de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da
— Normas programáticas impossibilidade de separação de seus entes federativos, ou seja, o
As normas programáticas são verdadeiras metas a serem atin- vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indis-
gidas pelo Estado e seus programas de governo na realização de solúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se trans-
seus fins sociais, trazem princípios para serem cumpridos em longo formar em um novo país.
prazo. A Constituição de 1988 é programática, pois traça metas e Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os go-
objetivos futuros. vernantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuído pelo
povo.
Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Municípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes estatais
– Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica
— Princípios fundamentais do Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de autonomia e
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união independência no exercício de suas funções, para que possam atuar
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- em harmonia. 
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais
I - a soberania; (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da Repú-
II - a cidadania blica Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os funda-
III - a dignidade da pessoa humana; mentos ou princípios fundamentais representam a essência, cau-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei sa primária do texto constitucional e a base primordial de nossa
nº 13.874, de 2019). República Federativa, os objetivos estão relacionados à destinação,
V - o pluralismo político. ao que se pretende, às finalidades e metas traçadas no texto cons-
titucional que a República Federativa do Estado brasileiro anseia
alcançar.

199
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a ma-
democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições nifestação do pensamento. Esta liberdade, entretanto, não é abso-
livres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo luta não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem.
respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias funda- Daí, a vedação do anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais
mentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez, sem identificação de autoria, o que não impede, contudo, a apura-
o Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema ção de crimes de denúncia anônima.
de normas pautado na preservação da segurança jurídica, pela se-
paração dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos Direito de resposta e indenização:
fundamentais, bem como pela necessidade do Direito ser respeito- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
so com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público. além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pes-
soa física ou jurídica ofendida em sua honra, e reputação, conceito,
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DOS nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS; por dano moral ou material.
DOS DIREITOS SOCIAIS; DOS DIREITOS DE
NACIONALIDADE; DOS DIREITOS POLÍTICOS. DOS Liberdade religiosa e de consciência:
PARTIDOS POLÍTICOS VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
— Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak): ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
• Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade in- VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
dividual – direitos civis e políticos; religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
• Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
direitos sociais e econômicos; ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
• Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
ou solidariedade – direitos transindividuais, difusos e coletivos. prestação alternativa, fixada em lei;
O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial,
— Direitos e deveres individuais e coletivos mas que adota a liberdade de crença e de pensamento, assegurada
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não priva-
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, que trazem ção de direitos em razão da crença pessoal.
A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de
alguns dos direitos e garantias fundamentais.
se recusar a cumprir determinada obrigação ou a praticar determi-
nado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religiosas ou
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
à sua convicção filosófica ou política, devendo então cumprir uma
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
prestação alternativa, fixada em lei.
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Liberdade de expressão e proibição de censura:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
Princípio da igualdade entre homens e mulheres:
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de ex-
termos desta Constituição; pressão e a vedação da censura.
Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de di-
reitos e deveres entre homens e mulheres. Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
Princípio da legalidade e liberdade de ação: imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma material ou moral decorrente de sua violação;
coisa senão em virtude de lei; Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolá-
Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou vel a imagem, a honra e a intimidade pessoa humana, assegurando
não fazer algo que esteja previsto em lei. o direito à reparação material ou moral em caso de violação.

Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de- Proteção do domicílio do indivíduo:
sumano e degradante: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
mano ou degradante; te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo de por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
tratamento desumano, degradante ou contrário à dignidade huma-
na, por qualquer autoridade e também entre os próprios cidadãos. Proteção do sigilo das comunicações:
A vedação à tortura é uma cláusula pétrea de nossa Constituição e XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
ainda crime inafiançável na legislação penal brasileira. telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano- tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu- penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
lação de ideias e práticas prejudiciais: A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das co-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- municações, por isso, a invasão de domicílio e a quebra de sigilo
nimato; telefônico só pode se dar por ordem judicial.

200
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Liberdade de profissão: XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis- petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; prietário indenização ulterior, se houver dano;
É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão. Essa li- O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do
berdade, entretanto, não é absoluta, pois se limita às qualifica- interesse público sobre o particular, nas hipóteses legais é permiti-
ções profissionais que a lei estabelece. da a intervenção do Estado na propriedade.

Acesso à informação: Pequena propriedade rural:


XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
O direito à informação é assegurado constitucionalmente, ga- pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
rantido o sigilo da fonte. pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir: por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, Direitos autorais:
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
cer ou dele sair com seus bens; publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do ter- ros pelo tempo que a lei fixar;
ritório nacional em tempos de paz. XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
Direito de reunião: à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- desportivas;
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
petente; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri-
Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
uso comum do povo, desde que não venham a interferir ou atrapa- ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
lhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local. e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Liberdade de associação: Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma
ampla proteção às obras intelectuais: criação artística, científica,
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (es-
a de caráter paramilitar;
critas ou orais), musicais, artísticas, científicas, obras de escultura,
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
pintura e fotografia, bem como o direito das empresas de rádio
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
fusão e cinematográficas. A Constituição Federal protege ainda a
estatal em seu funcionamento;
propriedade industrial, esta difere da propriedade intelectual e não
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
é objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
busca reprimir o plágio, a proteção à propriedade industrial busca
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- conter a concorrência desleal.
necer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto- Direito de herança:
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou XXX - é garantido o direito de herança;
extrajudicialmente; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de as- regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
sociações e cooperativas para fins lícitos, não podendo sofrer inter- brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
venção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa Social é atri- do “de cujus”;
buição exclusiva do Estado, por isso, as associações paramilitares O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico
(milícias, grupos ou associações civis armadas, normalmente com do Direito Civil que visa regular as relações jurídicas decorrentes do
fins político-partidários, religiosos ou ideológicos) são vedadas. falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens
e direitos aos seus sucessores.
Direito de propriedade e sua função social:
XXII - é garantido o direito de propriedade; Direito do consumidor:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que sumidor;
privada deve atender a interesses coletivos, não sendo nociva ou O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina
causando prejuízo aos demais. as relações entre fornecedores e prestadores de bens e serviços
e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação
Intervenção do Estado na propriedade: jurídica. As relações de consumo, além do amparo constitucional,
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação encontram proteção no Código de Defesa do Consumidor e na legis-
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- lação civil e no Procon, órgão do Ministério Público de cada estado,
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos responsável por coordenar a política dos órgãos e entidades que
previstos nesta Constituição; atuam na proteção do consumidor.

201
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei pe-
aos órgãos públicos: nal. Se a conduta não está prescrita no Código Penal, não é crime e
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a con-
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, dutas praticadas antes de sua entrada em vigor, mas se a lei nova for
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, mais benéfica, esta sim poderá ser aplicada para beneficiar o réu.
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011). Princípio da não discriminação:
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
mento de taxas: tos e liberdades fundamentais;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- Decorre do princípio da igualdade.
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; e anistia:
Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
direito à obtenção de informações, protocolo de petição e obtenção critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessi- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
dades, salvo necessidade de sigilo. graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
trole jurisdicional: podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
ou ameaça a direito; grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apre- o Estado Democrático.
ciar as causas de lesão ou ameaça a direito que chegam até ele. • Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo-
Segurança jurídica: crático;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico • Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá-
perfeito e a coisa julgada; tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri-
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico mes hediondos.
de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido.
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi- Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fian-
nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. ça, ou seja, que não dão ao acusado o direito de responder seu
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen- processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante pa-
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo, gamento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento de
portanto, ser modificada. determinadas obrigações;
Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e po-
Tribunal de exceção: dem ser julgados e punidos em qualquer tempo, independente-
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; mente da data em que foram cometidos;
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva- Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não per-
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde mitem a exclusão do crime com a rescisão da condenação e extin-
os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda ção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade,
tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento ainda que parcial (graça).
dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências
pré-fixadas. Princípio da intranscendência da pena:
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
Tribunal do Júri: do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
que lhe der a lei, assegurados: executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
a) a plenitude de defesa; A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser
b) o sigilo das votações; cumprida por pessoa diversa da pessoa do condenado.
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra Individualização da pena:
a vida; XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes:
O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusi- a) privação ou restrição da liberdade;
vamente para o julgamento da prática de crimes dolosos contra a b) perda de bens;
vida. c) multa;
d) prestação social alternativa;
Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade e) suspensão ou interdição de direitos;
da lei penal:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas,
sem prévia cominação legal; observado o histórico pessoal a atuação individual, de modo que
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida.

202
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Proibição de penas: Provas ilícitas:
XLVII – não haverá penas: LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do meios ilícitos;
art. 84, XIX; Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulen-
b) de caráter perpétuo; to, ou que infrinja as normas e princípios básicos de direito, motivo
c) de trabalhos forçados; pelo qual não são aceitas no processo judicial.
d) de banimento;
e) cruéis. Presunção de inocência:
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pes- gado de sentença penal condenatória;
soa humana, a Constituição Federal de 1988 veda a pena de morte, Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o con-
pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis. trário, com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Estabelecimentos para cumprimento de pena: Identificação criminal:
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi-
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: da validade e veracidade dos documentos cíveis apresentados ou
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identifi-
e moral; cada sobre uso de diversos nomes e fraude em registros policiais.

Direito de permanência e amamentação dos filhos pela pre- Ação Privada Subsidiária da Pública:
sidiária mulher: LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- esta não for intentada no prazo legal;
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
ção; A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos ca-
Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Cons- sos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim como
tituição Federal de 1988 determina que as penas sejam cumpridas pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério
em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade Público, titular da ação penal, permanece inerte e não apresenta a
e natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, respeitando-se denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofen-
sua integridade física e moral, garantindo ainda à apenada mulher, dido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a
o direito de permanecer com os filhos e ter condições dignas de ação penal privada subsidiária da pública.
amamenta-los.
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
Extradição: LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processu-
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, ais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o se-
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- gredo de justiça, que pode ser determinado de ofício pelo juiz da
gas afins, na forma da lei; causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime de menor, interesse social ou demanda de grande repercussão etc.,
político ou de opinião; ou a requerimento justificado das partes do processo.
A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que
consiste na entrega de uma pessoa – o extraditando, acusado ou Legalidade da prisão:
condenada pela prática de um ou mais crimes em território estran- LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
geiro, ao país que o reclama. A Constituição determina que não ha- dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
verá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipótese, e o natu- salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
ralizado somente nas exceções previstas. litar, definidos em lei;
Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por
Direito ao julgamento pela autoridade competente autoridade policial, mediante ordem judicial escrita e devidamente
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- fundamentada.
toridade competente;
Comunicabilidade da prisão:
Devido Processo Legal: LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
devido processo legal; do preso ou à pessoa por ele indicada;

Contraditório e a ampla defesa: Informação ao preso:


LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
com os meios e recursos a ela inerentes; lia e de advogado;
Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido pro-
cesso legal, onde deverá ser assegurado, sob pena de nulidade ab- Identificação dos responsáveis pela prisão:
soluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transita- LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
da em julgado (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou sua prisão ou por seu interrogatório policial;
autoridade judiciária competente.

203
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de Habeas data:
sua prisão e o local onde se encontra à sua família e ao juízo com- LXXII – conceder-se-á habeas data:
petente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
por sua prisão e interrogatório. pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público;
Relaxamento da prisão ilegal: b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori- por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
dade judiciária;
O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto Ação Popular:
em liberdade, pela incidência de alguma ilegalidade no ato de sua LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
prisão. popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
Garantia da liberdade provisória: ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; da sucumbência;
A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por
acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do pro- meio do qual qualquer cidadão pode vir a questionar a validade de
cesso criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal con- atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade ad-
denatória, mediante o estabelecimento ou não de determinadas ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
condições e a colaboração com as investigações.
Assistência Judiciária:
Prisão civil: LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon- aos que comprovarem insuficiência de recursos;
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias
alimentícia e a do depositário infiel; sem prejuízo de seu sustento pessoal e de sua família, para se ter o
A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.
civil por dívidas, salvo a do alimentante inadimplente (pensão ali-
mentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil Indenização por erro judiciário:
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
São remédios constitucionais em casos de violação de:
- Liberdade: Habeas Corpus Gratuidade de serviços públicos:
- Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
- Informações: Habeas data ma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
- Preceito constitucional que necessite de norma regulamenta- a) o registro civil de nascimento;
dora: Mandado de Injunção b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
Habeas corpus: data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidada-
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer nia (Regulamento).
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda- A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratui-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; dade de serviços públicos – registro civil, a obtenção de certidão
de óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economica-
Mandado de Segurança: mente hipossuficientes.
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas Princípio da Celeridade Processual:
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri- gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
buições do Poder Público; celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado nº 45, de 2004).
por: É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de
a) partido político com representação no Congresso Nacional; forma a evitar que direitos se percam no transcorrer processual
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal- pela demora do Judiciário.
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados; Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen-
tais:
Mandado de Injunção: § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta tais têm aplicação imediata.
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda-
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona- mentais são autoaplicáveis.
lidade, à soberania e à cidadania;

204
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Rol é exemplificativo: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não outros que visem à melhoria de sua condição social:
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati- Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
va do Brasil seja parte. I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não indenização compensatória, dentre outros direitos;
excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indetermi-
constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio- nado e a legislação protege a continuidade das relações laborais
nais. Assim, os direitos fundamentais podem ser esparsos, consubs- contra dispensa imotivada.
tanciados em toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional.
Seguro-Desemprego:
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assis-
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, tência financeira temporária, que tenha prestado serviços laborais
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem- a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela meses. Nos termos do art. 4º da Lei do seguro desemprego, o be-
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma nefício será concedido ao trabalhador desempregado, por período
deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou
de 2015, DEC 9.522, de 2018). alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de que deu origem à última habilitação, nos seguintes critérios:
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re-
conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so-
mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus SEGURO DESEMPREGO
membros em dois turnos de votação. 1ª Solicitação:
Parcelas Tempo de trabalho
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- 4 (quatro) 12 a 23 meses
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela 5 (cinco) 24 meses ou mais
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
2ª Solicitação:
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal Parcelas Tempo de trabalho
Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho 3 (três) 9 a 11 meses
de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a 4 (quatro) 12 a 23 meses
esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
5 (cinco) 24 meses ou mais
punir autores de crimes contra a humanidade.
3ª Solicitação:
— Direitos sociais Parcelas Tempo de trabalho
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi- 3 (três) 6 a 11 meses
mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi- 4 (quatro) 12 a 23 meses
lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.
5 (cinco) 24 meses ou mais
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência III – fundo de garantia do tempo de serviço;
aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015). compulsória do trabalhador, gerida pela Caixa Econômica Federal
e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve
Do direito ao trabalho depositar nas contas vinculadas de seus funcionários o valor cor-
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or- respondente a 8% (oito por cento) do salário de cada trabalhador.
dens:
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; Salário mínimo:
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
11, CF. capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destina- higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
dos a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigual- que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
dade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e para qualquer fim;
o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44
trabalhista. horas semanais, podendo ser proporcional, em caso de jornada in-
ferior.

205
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Piso salarial: Salário-família:
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
trabalho; dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda
O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada Constitucional nº 20, de 1998).
categoria profissional pode receber pela sua jornada de trabalho, O salário-família é um benefício da previdência social corres-
considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido pondente ao valor pago ao empregado de baixa renda, que receba
e devendo ser sempre superior ao salário-mínimo nacional. salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao tra-
balhador avulso, e possua filhos menores de 14 anos de idade ou
Irredutibilidadade do salário: portadores de deficiência, sem limite de idade.
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
ou acordo coletivo; Jornada de Trabalho:
A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas di-
a ter o seu salário reduzido arbitrariamente pelo empregador, du- árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
rante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à es- horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
tabilidade econômica do trabalhador. coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de tra-
Proteção aos que percebem remuneração variável: balho não superior a oito horas diárias ou quarenta e quatro horas
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que semanais, facultada a compensação e a redução.
percebem remuneração variável;
Os empregados que recebem salários com valores variáveis, Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento:
como comissões sobre vendas etc, nunca devem receber salário in- XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
corresponde a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele
mínima aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-ho- prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de traba-
ra. lho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina: que funcionam em tempo integral, sem pausas. A jornada do traba-
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte- lhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas diárias.
gral ou no valor da aposentadoria; Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR):
O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário inte- XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
gral (ou proporcional ao período trabalhado, se for o caso) por oca-
mingos;
sião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores,
O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a
aposentados e pensionistas do INSS.
um dia de folga semanal remunerado ao trabalhador a ser concedi-
do preferencialmente aos domingos.
Remuneração superior por trabalho noturno:
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Pagamentos de horas extras:
Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí-
a saúde, o trabalho noturno tem remuneração superior em 20% a
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59
mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos
§ 1º).
e 25%, para os trabalhadores rurais.
Considera-se trabalho noturno: O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remunera-
– entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para traba- ção superior em, no mínimo, 50% das horas trabalhadas, além da
lhadores urbanos; jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o
– entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os traba- excedente em apenas 2 horas extraordinárias diárias, totalizando
lhadores rurais da agricultura; e 10 horas diárias trabalhadas, salvo condições excepcionais. É lici-
– entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os traba- ta também a compensação de jornada (banco de horas), quando
lhadores rurais pecuária. ao invés de receber o acréscimo salarial que lhe é devido, o tra-
balhador passa a ter direito a usufruir a compensação das horas
Proteção do salário contra retenção dolosa: excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua cumprimento de alguns requisitos legais pela empregadora.
retenção dolosa;
É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas Férias remuneradas:
os descontos salariais autorizados em Lei. XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal;
Participação nos lucros: Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- trabalhador passa a ter direito a um período de até 30 dias para
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido
sa, conforme definido em lei; de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a critério do empre-
A Participação nos Lucros e Resultados da empresa correspon- gador, que após o término do período aquisitivo, tem até um ano
de a uma recompensa pelo reconhecimento do bom desempenho para concedê-las (período concessivo).
e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada em-
presa sobre o lucro excedente de determinado período de suas ati- Licença à gestante:
vidades. XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
rio, com a duração de cento e vinte dias;

206
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao - 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, cal-
período em que a mulher está prestes a ter um filho, acabou de culado sob o salário mínimo, nos termos da lei.
ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mu-
lher tem direito a permanecer afastada do seu trabalho e receber o São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profis-
salário maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas sionais da saúde, radiologistas, mineradores, entre outros.
condições. Em regra, a licença maternidade é de 120 dias, podendo E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante
ser ampliado para 180 dias, nos casos em que a empregadora for risco à integridade física do trabalhador. Como exemplos, temos as
aderente ao Programa Empresa Cidadã. atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétri-
ca, segurança pessoal ou patrimonial, com o uso de motocicleta,
Licença-paternidade: entre outros. O adicional de periculosidade é correspondente a
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 30% (trinta por cento) sobre o salário-base.
A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais
primeiro dia útil após o nascimento da criança em que o pai tem não são cumulativos!
direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu
salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no progra- Aposentadoria:
ma Empresa Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias, XXIV – aposentadoria;
totalizando 20 dias. A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência So-
cial ao trabalhador segurado da previdência que preencher os re-
Proteção da mulher no mercado de trabalho: quisitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecu-
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante niária recebida mensalmente pelo aposentado, calculada conforme
incentivos específicos, nos termos da lei; suas contribuições à previdência ao longo de toda a sua vida laboral.
A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública,
com vias a garantir a isonomia de condições laborais. Assim, são Assistência aos filhos pequenos:
vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da ati- XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
vidade, pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as diferen-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
ciações em razão do gênero para fins de remuneração, formação
A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos
profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez,
genitores de filhos e dependentes pequenos, garante assistência
proibição de revistas íntimas ou práticas que venham a ferir a digni-
gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo,
dade feminina são alguns dos exemplos de medidas de proteção do
ainda depende de regulamentação para o seu pleno exercício.
mercado de trabalho da mulher.
Aviso Prévio:
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra-
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
balho:
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunica- trabalho;
ção da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes, empre- Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as conven-
gador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência ções e acordos coletivos como instrumentos com força de lei entre
mínima de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indeniza- as partes, desde que conformes com o texto constitucional.
do, quando concedido por qualquer uma das partes.
Proteção em face da automação:
Redução dos riscos do trabalho: XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de A proteção em face da automação consiste em proteger a
normas de saúde, higiene e segurança; classe trabalhadora do desemprego pela automação abusiva, bem
É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às ati- como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio
vidades desempenhadas por seus colaboradores, através do cum- ambiente de trabalho automatizado.
primento de todas as normas regulamentadoras de saúde, higiene
e segurança, bem como do fornecimento de equipamentos de pro- Seguro contra acidentes de trabalho:
teção individual e da exigência da execução de todas as normas da XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
empresa por seus funcionários, sob pena de justa causa. gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa;
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao em-
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, pregado, às expensas do empregador, que assume os riscos da ativi-
insalubres ou perigosas, na forma da lei; dade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de
O trabalho penoso é aquele considerado extremamente des- salários de seus empregados, com administração atribuída à Previ-
gastante para a pessoa humana, em que o trabalhador depreende dência Social. Tal seguro tem função de seguridade por ser destina-
um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. do a beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam
Não há regulamentação de um adicional. associados ao sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de
O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exer- trabalho está regulamentado pela Lei 8.212/91.
cício de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico, químico
ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem
ocasionar uma doença ocupacional. O adicional de insalubridade
pode variar entre:
- 10% (dez por cento) em grau mínimo;
- 20% (vinte por cento) em grau médio;

207
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ação trabalhista nos prazos prescricionais: Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to-
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017)
nº 28, de 2000). entende que servidores que atuam diretamente na área de segu-
A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclama- rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese.
tória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro dos prazos processuais
legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02 Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos
anos, a partir da rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
para que o trabalhador possa ingressar com a Ação Trabalhista. O em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
prazo prescricional de 05 anos, previsto no mesmo inciso da Consti- discussão.
tuição, refere-se ao período cujos direitos podem ser questionados,
ou seja, o funcionário pode reclamar apenas dos direitos corres- Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11,
pondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados. CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
Não discriminação: promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou — Direitos de nacionalidade
estado civil; A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio-
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; nalidade se dá por dois critérios:
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na-
Proibição de distinção do trabalho: cional;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo
intelectual ou entre os profissionais respectivos; nascido no exterior.
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri-
Trabalho do menor: térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis grupos: os brasileiros natos e os naturalizados.
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Art. 12 São brasileiros:
- De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz. I - natos:
- De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno, a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
perigoso ou insalubre. pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
- A partir de 18 anos: Trabalho normal. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
Igualdade ao trabalhador avulso: ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo tiva do Brasil;
empregatício permanente e o trabalhador avulso. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma em- sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
presa de maneira eventual e que, apesar de não possuir vínculo petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
vínculo e a sua prestação de serviços deve obrigatoriamente ser in- nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
termediada por um sindicato de sua categoria. nal nº 54, de 2007).
II - naturalizados:
Empregados domésticos: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha- exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra-
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como de 1994).
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 72, de 2013). Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa V - da carreira diplomática;
dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e VI - de oficial das Forças Armadas.
econômicos. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999).

208
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Naturalização O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento
A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado
da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida pela Constituição.
que preencher determinados requisitos.
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não — Direitos políticos
possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão
mais de uma nacionalidade. na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci-
diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu- dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma
ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre-
natos e naturalizados. sentantes junto aos poderes públicos.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio-
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos-
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar
Portugueses:
do processo governamental, sobretudo pelo voto.
Aos portugueses com residência permanente no país serão
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po-
atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com
ciprocidade. valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen-
tos de participação semidireta pelo povo.
Art. 12 Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons- à elaboração da lei.
tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou
3, de 1994). rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje-
to de lei já existente.
Perda da Nacionalidade: Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1%
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; usar deste instrumento em nível estadual e municipal.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re-
trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
1994). ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; res de setenta anos.
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço
militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
Extradição, repatriação, deportação e expulsão foram convocados a prestar serviço militar.
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu-
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser
giada em seu território a outro Estado estrangeiro.
votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato
va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes- mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi-
soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que dos os devidos requisitos.
a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não
será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
opinião. I - a nacionalidade brasileira;
Repatriação é medida administrativa consistente no processo II - o pleno exercício dos direitos políticos;
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou III - o alistamento eleitoral;
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
sileiro após determinado período. V - a filiação partidária; Regulamento.
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- VI - a idade mínima de:
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território Senador;
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira. b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com- trito Federal;
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu- tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
rado pela prática de crimes em território brasileiro. d) 18 anos para Vereador.

209
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Inelegibilidades: Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses ou suspensão só se dará nos casos de:
de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa- III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de durarem seus efeitos;
Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito. alternativa, nos termos do art. 5º, VIII
§7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado — Partidos Políticos
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in-
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. vontade popular, determinando o governo e a orientação política
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí-
Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti- dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante
tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e
Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con- autonomia para gerir sua organização interna.
trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re- No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú-
condução por um período somente, no Brasil, após o período de um blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis-
mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto. mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi- criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter
tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos
período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti-
nº 16, de 1997). lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos a lei.
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
pleito. permitidas.
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re-
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos: gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.
dições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade; DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA: DA
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela UNIÃO. DAS COMPETÊNCIAS DA UNIÃO, ESTADOS E
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato MUNICÍPIOS
da diplomação, para a inatividade.
— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal,
O Mandato Eletivo pode ser impugnado: municípios e territórios
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- Estado Federal Brasileiro
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o
fraude; território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719)
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de bem comum de um povo situado em determinado território”.
manifesta má-fé. Soberania é o poder político supremo e independente que o
Estado detém consistente na capacidade para editar e reger suas
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos próprias normas e seu ordenamento jurídico.
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a comum, conjunto de condições para o desenvolvimento integral da
perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença pessoa humana.
transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar comum, ligados a um determinado território pelo vínculo da nacio-
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá nalidade.
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re- Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- poder e sua soberania. Onde o povo se estabelece e se organiza
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. com ânimo de permanência.
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover-
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a Estado. Note tratar-se de três definições distintas.
suspensão será, da mesma forma, temporária.

210
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: Na complementar, o ente federativo tem competência naqui-
• Forma de Estado: Federação lo que a norma federal (superior) lhe dê condição de atuar e na
• Forma de Governo: República suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência
• Regime de Governo: Democrático federal não exercida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com
• Sistema de Governo: Presidencialismo base na competência suplementar perde a eficácia, naquilo que lhe
for contrário.
O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva,
pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi- devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre que falarmos em le-
bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira: gislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência
a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios. privativa ou concorrente.
Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai-
co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa, Entes Federativos
admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção.
União
Fundamentos da República Federativa do Brasil A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter-
O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federa- namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com
tiva do Brasil: autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-
- soberania; to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
- cidadania; Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
- dignidade da pessoa humana; Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
- valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
- pluralismo político. elencados, no art. 20, CF.
São bens da União:
Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil atribuídos;
não se confundem com os fundamentos e estão previstos no art. II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
3.º da CF/88: das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
- construir uma sociedade livre, justa e solidária; nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
- garantir o desenvolvimento nacional; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual- seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
dades sociais e regionais; com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas re- das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
lações internacionais áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional
regida nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: nº 46, de 2005).
- independência nacional; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
- prevalência dos direitos humanos; econômica exclusiva;
- autodeterminação dos povos; VI - o mar territorial;
- não intervenção; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
- igualdade entre os Estados; VIII - os potenciais de energia hidráulica;
- defesa da paz; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
- solução pacífica dos conflitos; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
- repúdio ao terrorismo e ao racismo; e pré-históricos;
- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
- concessão de asilo político.
Como ente federativo, a União possui competências adminis-
Competências trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
Competência é o poder, normalmente legal, de uma autorida- tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
de pública para a prática de atos administrativos e tomada de deci- com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
sões. As competências dos entes federativos podem ser: cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e cípios (art. 24, CF).
comuns;
Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes, Competências
complementares e suplementares; Comuns e Exclusivas Arts. 21 e 23, CF
Administrativas
Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos en-
tes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com Competências Privativas e
Arts. 22 e 24, CF
exclusão dos demais. Legislativas Concorrentes
Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente,
com possibilidade, entretanto, de delegação para outro.
Concorrente, que é a competência legislativa conferida em co-
mum a mais de um ente federativo.

211
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária
Art. 21. Compete à União: e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de de 1998)
organizações internacionais; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
II - declarar a guerra e celebrar a paz; natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
III - assegurar a defesa nacional; enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for- de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin-
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma- cípios e condições:
neçam temporariamente; a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
ção federal; Nacional;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
bélico; ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
VII - emitir moeda; industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as 2022)
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso
privada; médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- 2022)
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão 2006)
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
gão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela atividade de garimpagem, em forma associativa.
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão pessoais, nos termos da lei.
ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- Competências administrativas comuns da União, Estados, Dis-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) trito Federal e Municípios: art. 23, CF:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- to Federal e dos Municípios:
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aero- democráticas e conservar o patrimônio público;
portuária; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- tia das pessoas portadoras de deficiência; (Vide ADPF 672)
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
de Estado ou Território; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- notáveis e os sítios arqueológicos;
cional de passageiros; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul-
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público tural;
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Terri- V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
tórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
(Produção de efeito) Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como quer de suas formas;
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
Emenda Constitucional nº 104, de 2019) cimento alimentar;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- IX - promover programas de construção de moradias e a me-
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (Vide
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões ADPF 672)
públicas e de programas de rádio e televisão; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
XVII - conceder anistia; zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
midades públicas, especialmente as secas e as inundações; de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos territórios;
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regu- XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
lamento) rança do trânsito.
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi-
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
de viação;

212
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni- dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es- neste artigo.
tar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 53, de 2006) Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Dis-
trito Federal: art. 24, CF:
Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: gislar concorrentemente sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - desapropriação; II - orçamento;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e III - juntas comerciais;
em tempo de guerra; IV - custas dos serviços forenses;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi- V - produção e consumo;
fusão; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
V - serviço postal; fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos controle da poluição;
metais; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- tico e paisagístico;
lores; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
VIII - comércio exterior e interestadual; midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
IX - diretrizes da política nacional de transportes; e paisagístico;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
aérea e aeroespacial;
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda
XI - trânsito e transporte;
Constitucional nº 85, de 2015)
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
causas;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de XI - procedimentos em matéria processual;
estrangeiros; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições 672)
para o exercício de profissões; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, deficiência;
bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela XV - proteção à infância e à juventude;
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia vis.
nacionais; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
popular; de 2019)
XX - sistemas de consórcios e sorteios; § 2º A competência da União para legislar sobre normas ge-
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, rais não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- 13.874, de 2019)
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas pe-
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e culiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
ferroviária federais; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
XXIII - seguridade social; pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide Lei
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; nº 13.874, de 2019).
XXV - registros públicos; Estados
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as autonomia, consubstanciada na capacidade de auto-organização,
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
auto legislação, autogoverno e autoadministração.
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi-
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane-
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Re-
xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti- mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou
ma, defesa civil e mobilização nacional; subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados
XXIX - propaganda comercial. autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) (formação) ou anexação a outro Estado já existente.
As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os
bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:

213
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui- sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu-
ção. nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici-
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes pal, nos termos do art. 31, CF.
sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con- Distrito Federal e Territórios
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe-
a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Reda- deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre
ção dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995). nem como estado-membro ou município. Sua principal função é
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ-
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- nica própria, que define os princípios básicos de sua organização,
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi- suas competências e a organização de seus poderes governamen-
cas de interesse comum. tais, nos termos do art. 32, CF.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
tes de obras da União; tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no Constituição.
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla-
ou terceiros;
tivas reservadas aos Estados e Municípios.
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa-
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com
Municípios a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
O Município, que também é um ente federado que possui au- duração.
tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado o disposto no art. 27.
ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis-
fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de- trito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do
terminado por lei complementar federal, além da realização de ple- corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda Constitu-
biscito. cional nº 104, de 2019).
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade
da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em
pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es- Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per-
fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. nambuco.
A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais
e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi-
tantes do município. DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DISPOSIÇÕES GERAIS;
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF. DOS SERVIDORES PÚBLICOS
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; — Disposições gerais
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; A administração pública consiste no conjunto de meios institu-
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem cionais, materiais, financeiros e humanos do Estado, preordenado
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; coletivas.
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação A função administrativa é institucionalmente imputada a diver-
estadual;
sas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37 da
Constituição Federal.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
Administração Pública Direta e Indireta
de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e A administração direta é a administração centralizada, defini-
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- da como o conjunto de órgãos administrativos subordinados dire-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) tamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e Forças Armadas, a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo,
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; Legislativo, Judiciário etc.
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, com-
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e posta por entidades personalizadas de prestação de serviço ou ex-
da ocupação do solo urbano; ploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, Executivos da entidade pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Refor-
ma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras, Universidade Fe-

214
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
deral de Alfenas – UNIFAL-MG e outras universidades federais, Cen- VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
tros e Institutos Federais de Educação Tecnológica, Banco Central ciação sindical;
do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conse- VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
lhos Profissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica definidos em lei específica (Redação dada pela Emenda Constitucio-
Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos etc; Sociedades nal nº 19, de 1998);
de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações pú- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
blicas: Funai, Funasa, IBGE etc. para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
sua admissão;
Princípios Específicos da Administração Pública IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
lei; interesse público;
Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não
são imputáveis ao agente político que o realiza, mas sim ao órgão O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras
ou entidade pública em nome da qual atuou. quanto a valores, limitações e formas de recebimento de remunera-
Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de ção e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre
formal, mas como na sua teleologia. Não bastará ao administrador acúmulo de cargos e funções:
o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de
sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade Art. 37.
e justiça. X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipóteses restritas que envol- lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu-
vam a segurança nacional. rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este prin- índices (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cípio estabelece que os atos administrativos devem cumprir os seus (Regulamento);
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
propósitos de forma eficaz.
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Redação
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emen- Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
da Constitucional nº 19, de 1998); cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
— Servidores públicos de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supre-
Concurso Público: mo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
meio de concurso público. Enquanto não há a posse, os aprovados Defensores Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido 41, 19.12.2003);
em relação ao cargo pela simples aprovação em concurso público. XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
Art. 37. tivo;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para de 1998);
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
ração (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional
anos, prorrogável uma vez, por igual período; nº 19, de 1998);
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- Constitucional nº 19, de 1998):
buições de direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); Constitucional nº 19, de 1998);

215
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen- dos serviços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
da Constitucional nº 34, de 2001); II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta Lei nº 12.527, de 2011);
ou indiretamente, pelo poder público (Redação dada pela Emenda III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
Constitucional nº 19, de 1998); XVIII - a administração fazendária e ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos,
na forma da lei; Improbidade Administrativa
A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade pratica-
E também a criação de autarquias e instituição de empresas da pelo servidor, qualificada pela finalidade de atribuir situação de
públicas, fundações e sociedades de economia mista: vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de
Improbidade Administrativa, disciplina este dispositivo constitucio-
Art. 37. nal, previsto no art. 37, §4º.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- Art. 37.
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
caso, definir as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
Constitucional nº 19, de 1998); bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos ter- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
mos do que preceitua o art. 37 da Constituição, deverão ser contra- vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
tadas por meio de licitação pública. seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Art. 37. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi-
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- bilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a Constitucional nº 19, de 1998).
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
obrigações (Regulamento). desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamen-
O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Ad- to) (Vigência) :
ministração Pública: I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Cons-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do titucional nº 19, de 1998)
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di-
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes (Incluído pela
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitu-
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (In- cional nº 19, de 1998);
cluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, pios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
ridades ou servidores públicos. § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
da lei. cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
administração pública direta e indireta, regulando especialmente neração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

216
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Consti- concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
tucional nº 47, de 2005). de 1998).
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, § 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Inclu-
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti- ído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos 1998);
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (In- III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
cluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005). penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser re- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
adaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabili- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
dades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
muneração proporcional ao tempo de serviço (Redação dada pela
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
gem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- outro cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In- 1998);
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servi- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
dores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que não para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não 1998).
seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, indi- DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
vidual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas
públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos Princípio da Separação dos Poderes
resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons- A CF/88 consagra a tripartição de Poderes no seu Artigo 2º,
titucional nº 109, de 2021) protegendo-o como cláusula pétrea no Artigo 60, § 4º, III.
O termo tripartição de funções seria o mais adequado para de-
Regime Jurídico dos Servidores Públicos signar a existência de três Poderes independentes e harmônicos en-
O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de prin- tre si, haja vista que o Poder soberano do Estado, que pertence ao
cípios e regras destinadas à regulação das relações funcionais da povo, é uno e indivisível. O que se tem na verdade é uma repartição
administração pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a das funções estatais por órgãos distintos e independentes.
todos os servidores de uma determinada pessoa política (da Admi- A Constituição brasileira adotou o sistema de freios e contra-
nistração Pública Federal, Estadual, Municipal, por exemplo) ou es- pesos (chamado pela doutrina norte-americana de checks and ba-
pecífico, como é o caso de algumas carreiras, como a Magistratura, lances), que, de acordo com Montesquieu se caracteriza como um
Ministério Público etc. método de controles recíprocos entre os Poderes a ser exercido nos
O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatu- limites previstos na Constituição, privilegiando a independência e a
harmonia entre os Poderes.
tário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esferas distrital, es-
Importante destacar que a visão moderna da separação dos
taduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, des-
Poderes não impede que cada um dos Poderes da República exerça
de compatíveis com os preceitos da Constituição Federal e da Lei
atipicamente (de forma secundária), além de sua função típica (pre-
8.112/90.
ponderante), funções atribuídas a outro Poder.
No regime estatutário não há relação contratual empregatícia. Percebe-se, assim, que uma determinada função estatal típica
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servi- poderá ser exercida atipicamente por outro Poder, sem, contudo,
dores Públicos, com sistema remuneratório, regime previdenciário violar a separação dos Poderes. Por esclarecedor, vejamos o quadro
e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF. a seguir:
A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista
constitucionalmente. É adquirida pelo funcionário concursado após
três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele
seja desvinculado do serviço público arbitrariamente, a não ser por
sentença transitada em julgado ou decisão administrativa em que
lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória,
exoneração a pedido ou morte:

217
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Funções Típicas Funções Atípicas I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;


II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
Poder Legislar e Administrar pessoas e superior da administração federal;
Legislativo Fiscalizar bens III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
Julgar certas autoridades nesta Constituição;
por crimes de IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
responsabilidade (Artigo expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
52, I e II da CF) V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Poder Administrar Legislar medidas VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emen-
Executivo provisórias (Artigos da Constitucional nº 32, de 2001).
62 e 84, XXVI, da CF), a) organização e funcionamento da administração federal,
leis delegadas (Artigo quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
68 da CF) e decretos de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
autônomos (Artigo 84, 2001).
VI, da CF) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (In-
Julgar recursos cluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
administrativos VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
representantes diplomáticos;
Poder Julgar Administrar pessoas e
Judiciário bens VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei-
Legislar, elaborando seus tos a referendo do Congresso Nacional;
regimentos internos IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
(Artigo 96, I, a, da CF) X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-
Referências Bibliográficas: cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
cessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo-
DO PODER EXECUTIVO: DO PRESIDENTE E DO VICE- ver seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
PRESIDENTE DA REPÚBLICA. DAS ATRIBUIÇÕES E privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de
RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função princi- tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go-
pal é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de admi- vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
nistração, mas de forma atípica, também legisla através da edição sidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando
de Medidas Provisórias e julga contenciosos administrativos. determinado em lei;
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú- XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
blica, auxiliado pelos Ministros de Estado. Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti-
Chefe de Estado e Chefe de Governo tuição, e o Advogado-Geral da União;
O Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas na figura XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos
do Presidente da República as funções do Chefe de Estado e Chefe do art. 89, VII;
de Governo. Portanto, o Poder Executivo brasileiro é monocrático. XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho
Como chefe de Estado, o presidente representa o país nas suas re- de Defesa Nacional;
lações internacionais e como chefe de governo exerce a liderança XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autori-
nacional, gerindo o país política e administrativamente. zado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor-
O presidente será eleito por maioria absoluta de votos, não rida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
computados os em branco e os nulos. Entende-se por maioria ab- decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
soluta, mais que a metade, o número subsequente à metade, ou XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres-
a metade +1 do número total de votantes. Quando o candidato so Nacional;
mais votado não alcança a maioria absoluta, realiza-se segundo tur- XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
no entre os dois mais votados. A maioria absoluta é diferente da XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
maioria simples, que consiste no maior resultado da votação, inde- forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
pendentemente de exigência de quórum percentual relacionado à maneçam temporariamente;
quantidade total de votantes XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro-
jeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
— Atribuições e responsabilidades do presidente da Repúbli- previstos nesta Constituição;
ca XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de
Como chefe de Governo e Estado, compete ao Presidente da sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe-
República as atribuições e responsabilidades trazidas nos artigos rentes ao exercício anterior;
84, CF. XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: da lei;

218
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos — Funcionamento e atribuições
do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Atribuições e competência do Congresso Nacional
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do estado A maioria das pessoas se preocupa muito com as eleições para
de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167- os cargos do Executivo, dando menos importância aos Deputados
B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído Federais, Estaduais, Senadores e Vereadores municipais, entretan-
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) to, a esses representantes competem uma função típica tão impor-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as tante quanto a de governar e administrar: a legislatura. São eles os
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, responsáveis por pensarem e fazerem as leis que regem todo o país
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao e são aplicadas pelo Poder Judiciário.
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente
respectivas delegações. da República, nos termos do art. 48, CF, dispor sobre todas as maté-
rias de competência da União, especialmente sobre:
Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente — Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
— Ser brasileiro nato;
— Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
— Estar no gozo dos direitos políticos;
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
— Ter mais de trinta e cinco anos;
— Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
— Não ser inelegível;
— Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de-
— Possuir filiação partidária.
senvolvimento;
Ordem de sucessão presidencial no caso de impedimento ou — Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e
vacância: bens do domínio da União;
Em caso de impedimento ou vacância do cargo de Presidente, — Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de
este será substituído pelo: Vice-presidente, Presidente da Câmara Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legisla-
dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do Su- tivas;
premo Tribunal Federal, nesta ordem. — Transferência temporária da sede do Governo Federal;
— Concessão de anistia;
— Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público
DO PODER LEGISLATIVO: DO PROCESSO LEGISLATIVO. e da Defensoria Pública da União e dos Territórios, e organização ju-
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E diciária e do Ministério Público do Distrito Federal (EC n. 69/2012);
ORÇAMENTÁRIA — Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, “b”, já
— Estrutura que, quando vagos os cargos ou funções públicas, caberá ao Presi-
O Poder Legislativo no Brasil é bicameral, ou seja, composto dente, mediante decreto, dispor sobre a extinção;
por duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a pri- — Criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração
meira constituída por representantes do povo e a segunda, por re- Pública (confira, também, o art. 88 da CF/88, alterado pela EC n.
presentantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal (LENZA, 32/2001);
2019). Câmara e Senado formam o Congresso Nacional. — Telecomunicações e radiodifusão;
Já o Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal, distrital — Matéria financeira, cambial e monetária, instituições finan-
e dos Territórios Federais, é do tipo unicameral, composto por uma ceiras e suas operações;
única casa legislativa, sendo a Assembleia Legislativa, composta pe- — Moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mo-
los Deputados Estaduais, em âmbito estadual, e a Câmara Munici- biliária federal;
pal, composta pelos Vereadores em âmbito municipal. — Fixação do subsídio dos Ministros do STF, observado o que
As casas Legislativas são geralmente formadas por três instân-
dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2.º, I (LENZA,
cias: mesa diretora, comissões e plenário.
2019, p. 886).
A mesa diretora tem funções administrativas sobre o funciona-
mento da Casa, e o presidente da mesa é o responsável pelo proces-
Também compete exclusivamente ao Congresso Nacional, nos
so legislativo. É ele quem organiza a pauta das reuniões e, portanto,
decide quais assuntos serão examinados pelo plenário. Tem o poder termos do art. 49, CF:
de obstruir as decisões do Executivo ou os projetos de lei dos par- — Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in-
lamentares se não os colocar em votação. A mesa do Congresso ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
Nacional é presidida pelo presidente do Senado. patrimônio nacional;
As comissões podem ser permanentes, definidas pelos respec- — Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce-
tivos regimentos internos, com o poder para discutir e votar alguns lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri-
projetos de lei sem passar pelo plenário, e temporárias, criadas tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
para tratar de assuntos específicos. As comissões também podem os casos previstos em lei complementar (cf. LC n. 90/97, com as
realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil, con- alterações introduzidas pela LC n. 149/2015);
vocar autoridades e cidadãos para prestar informações. — Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
O Plenário é a instância máxima e soberana no Legislativo para ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
qualquer decisão. Nas votações, a decisão de cada um dos parla- — Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autori-
mentares é influenciada por vários fatores, dentre eles o programa zar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
do partido político ao qual cada parlamentar é filiado e os compro- — Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
missos assumidos com as chamadas bases eleitorais. do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
— Mudar temporariamente sua sede;

219
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
— Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se- O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e
nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, do Distrito Federal e tem a mesma relevância e força dada à Câmara
153, III, e 153, § 2.º, I; dos Deputados.
— Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Segundo Lenza (2019) cada Estado e o Distrito Federal elegerão
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os 3 Senadores, sendo que cada Senador será eleito com 2 suplentes
arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I; para o mandato de 8 anos, portanto, duas legislaturas. São requisi-
— Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da tos para a candidatura dos Senadores: ser brasileiro nato ou natura-
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de lizado, maior de 35 anos, estar em pleno exercício dos direitos po-
governo; líticos; ter domicílio eleitoral na circunscrição; alistamento eleitoral
— Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas e filiação partidária.
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
indireta; Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
— Zelar pela preservação de sua competência legislativa em I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
face da atribuição normativa dos outros Poderes; pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de
— Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
emissoras de rádio e televisão;
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (Redação dada
— Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da
pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99);
União;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,
— Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativida-
des nucleares; os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio-
— Autorizar referendo e convocar plebiscito; nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Ad-
— Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveita- vogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (Redação
mento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mine- dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004);
rais; III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú-
— Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras blica, a escolha de:
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (LEN- a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
ZA, 2019, p. 887). b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
— XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito sidente da República;
nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167- c) Governador de Território;
G desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, d) Presidente e diretores do banco central;
de 2021) e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
Competências privativas da Câmara dos Deputados e do Se- IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
nado Federal sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-
As matérias de competência privativa dos Deputados Federais ráter permanente;
não dependerão de sanção presidencial, nos termos do art. 48, V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
caput, CF e estão previstas no art. 51, CF. Tais atribuições, geram teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
espécies normativas materializadas por meio de resoluções. dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo-
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de do Distrito Federal e dos Municípios;
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações
Ministros de Estado; de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Fede-
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
ral e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades contro-
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
ladas pelo Poder Público federal;
ta dias após a abertura da sessão legislativa;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga-
III - elaborar seu regimento interno;
rantia da União em operações de crédito externo e interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria-
ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune- dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
de 1998). XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone-
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término
art. 89, VII. de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re-
muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire-
trizes orçamentárias (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998);
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
art. 89, VII.

220
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu- turalmente, os de iniciativa popular terão início na Câmara dos De-
tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempe- putados, sendo esta, portanto, a casa iniciadora e o Senado Federal,
nho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Dis- em todas essas hipóteses lembradas, a casa revisora. Perante o Se-
trito Federal e dos Municípios (Incluído pela Emenda Constitucional nado Federal são propostos somente os projetos de lei de iniciativa
nº 42, de 19.12.2003). dos Senadores ou de Comissões do Senado, funcionando, nesses
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio- casos, a Câmara dos Deputados como casa revisora (LENZA, 2019).
nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se Ainda segundo Lenza (2019), terminada a fase de discussão
a condenação, que somente será proferida por dois terços dos vo- e votação, aprovado o projeto de lei, deverá ele ser encaminhado
tos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito para a apreciação do Chefe do Executivo para sanção, concordân-
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais cia, ou veto, discordância total ou parcial. A sanção poderá ser ex-
sanções judiciais cabíveis. pressa ou tácita e representa o momento em que o projeto de lei
se transforma em lei, para promulgação. Em caso de discordância,
— Processo legislativo poderá o Presidente da República vetar o projeto de lei, total ou
O processo legislativo é o conjunto de regras constitucional- parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do rece-
mente previstas para elaboração das normas e leis previstas no art. bimento. O veto deverá ser sempre expresso e justificado, podendo
59, CF, pelo Poder Legislativo. ser considerado inconstitucional (veto jurídico), ou contrário ao in-
teresse público (veto político). O veto é irretratável, porém, relativo,
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: podendo ser derrubado em sessão conjunta da Câmara e do Sena-
I - emendas à Constituição; do, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento, pelo voto da
II - leis complementares; maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
III - leis ordinárias; A fase final ou complementar do processo legislativo compre-
IV - leis delegadas; ende a promulgação e a publicação. A promulgação é o ato de vali-
V - medidas provisórias; dade da lei, ainda não eficaz. E a publicação é o ato de se dar publi-
VI - decretos legislativos; cidade a nova lei, inserindo o conteúdo do texto no Diário Oficial.
VII - resoluções. Com a publicação se estabelece o momento da obrigatoriedade
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, do cumprimento da lei. Em regra, a lei começa a vigorar em todo
redação, alteração e consolidação das leis. o país, 45 dias depois de sua publicação, nos termos da Lei de In-
trodução às Normas do Direito Brasileiro. Excepcionalmente, a Lei
O processo legislativo brasileiro é o indireto ou representativo, também pode entrar em vigor na data de sua publicação.
pelo qual o povo escolhe seus mandatários (parlamentares), que
receberão de forma autônoma poderes para decidir sobre os as- — Fiscalização contábil, financeira e orçamentária
suntos de sua competência constitucional. Há quatro espécies de A fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos órgãos da
processos ou procedimentos legislativos, o comum ou ordinário, o União e da Administração Pública são de competência interna do
sumário, os especiais e os especialíssimos. sistema de controle de cada Poder e externo, do Congresso Nacio-
O processo legislativo ordinário se destina à elaboração das leis nal, com auxílio do Tribunal de Contas.
ordinárias, caracterizando-se pela sua maior extensão. O processo
legislativo sumário, difere-se do ordinário apenas pela existência de Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
prazo para que o Congresso Nacional delibere sobre determinado racional e patrimonial da União e das entidades da administração
assunto. Os processos legislativos especiais são estabelecidos para direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
a elaboração das emendas à Constituição, leis complementares, leis aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos e resoluções. Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
E, o especialíssimo é previsto para leis financeiras e orçamentárias. controle interno de cada Poder.
São basicamente três as etapas ou fases do processo legislativo Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurí-
brasileiro, havendo divergências doutrinárias: a iniciativa, a consti- dica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
tutiva, que compreende a deliberação parlamentar, com a discus- administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
são e votação, e a deliberação executiva, através da sanção ou veto, responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de nature-
e a complementar, que compreende a promulgação e a publicação. za pecuniária (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
As hipóteses da iniciativa são: geral, concorrente, privativa, po- 1998).
pular, conjunta, do art. 67 e a parlamentar ou extraparlamentar. De
maneira ampla, a CF atribui competência às seguintes pessoas e aos O Tribunal de Contas da União é o órgão auxiliar e de orienta-
órgãos, conforme prevê o art. 61, caput (iniciativa geral): qualquer ção do Poder Legislativo, embora autônomo e a ele não subordina-
Deputado Federal ou Senador da República; Comissão da Câmara do, praticando atos de natureza administrativa, concernentes, ba-
dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; Pre- sicamente, à fiscalização. Deve, portanto, examinar rotineiramente
sidente da República; Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superio- as contas públicas, nos termos do art. 71 e seguintes da Constitui-
res; Procurador-Geral da República e cidadãos (LENZA, 2019). ção Federal:
A fase constitutiva expressa a conjugação de vontades do legis-
lativo (deliberação parlamentar - discussão e votação) e do executi- Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
vo (deliberação executiva - sanção ou veto). A discussão e votação será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Su- compete:
premo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, bem como os I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
projetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de Comissões República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
da Câmara, os de iniciativa do Procurador-Geral da República e, na- sessenta dias a contar de seu recebimento;

221
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Mi-
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in- nistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e
direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber,
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa as atribuições previstas no art. 96.
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea-
erário público; dos dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e idade;
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder II - idoneidade moral e reputação ilibada;
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas financeiros ou de administração pública;
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati-
fundamento legal do ato concessório; vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no in-
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, ciso anterior.
do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão esco-
e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope- lhidos:
racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e
inciso II; membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e mere-
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, cimento;
nos termos do tratado constitutivo; II - dois terços pelo Congresso Nacional.
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mes-
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos mas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e van-
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; tagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio- -lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas art. 40 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mes-
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe- mas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das
ções realizadas; demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
Federal.
pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário mante-
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
rão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finali-
causado ao erário;
dade de:
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria-
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da
ilegalidade;
União;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
abusos apurados. nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire- da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
Poder Executivo as medidas cabíveis. tias, bem como dos direitos e haveres da União;
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti-
noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo ante- tucional.
rior, o Tribunal decidirá a respeito. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe-
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên-
ou multa terão eficácia de título executivo. cia ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral solidária.
e anualmente, relatório de suas atividades. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou
166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsá- Embora tenha o nome de Tribunal, é órgão administrativo que
vel que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessá- não exerce função judicial. Entretanto, apesar de não ser órgão ju-
rios. dicial, o cumprimento de suas decisões é obrigatório. O Tribunal
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes de Contas pode responsabilizar entidades e agentes por débitos ir-
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento regulares e aplicar multas, nos termos da lei, decisões, essas, que
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. têm eficácia de título executivo. Pode determinar também que se
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei.
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão A aprovação de contas pelo Tribunal de Contas não afasta o seu
à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. exame pelo Legislativo ou pelo Judiciário.

222
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O modelo federal deverá ser seguido pelos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, inclusive em relação à composição e
modo de investidura dos respectivos conselheiros, respeitando-se as proporcionalidades de escolha entre o Poder Executivo e o Poder
Legislativo, nos mesmos moldes da Constituição Federal.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conse-
lheiros.

— Comissões parlamentares de inquérito


De modo geral, as comissões parlamentares são organismos instituídos em cada Câmara, para uma determinada finalidade, como
estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres. As CPIs são comissões investigativas temporárias, destinadas a
averiguação e apuração de fato certo e determinado e estão disciplinadas no art. 58, § 3.º, da CF/88, na Lei n. 1.579/52 (alterada pelas Leis
10.679/2003 e 13.367/2016), na Lei n. 10.001/2000, na LC n. 105/2001 e nos Regimentos Internos das Casas Legislativas.
As CPIs serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento
de 1/3 da totalidade de seus membros, com indicação precisa do fato a ser apurado na investigação parlamentar e do prazo certo para o
desenvolvimento e conclusão dos trabalhos.
Além de ouvir testemunhas e investigados as CPIs podem determinar quebra do sigilo fiscal, bancário e de dados, inclusive telefônicos.

DO PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GERAIS; DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL; DO CONSELHO NACIONAL DE


JUSTIÇA: ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA. DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO, DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO E DOS JUÍZES DO TRABALHO

— Disposições gerais
Mais do que o Poder incumbido da função e prestação jurisdicional, é o Poder Judiciário o guardião da Constituição e garantidor dos
direitos fundamentais. A função jurisdicional só pode ser desempenhada pelo Poder Judiciário, único poder capaz de produzir decisões
que venham se revestir da força de coisa julgada.
O Judiciário não é subordinado ao governo e suas principais características são a independência, autonomia a imparcialidade, funda-
mentais para que a lei possa ser aplicada ao caso concreto até mesmo em desfavor do governo e da administração.
A função típica do Poder Judiciário é a prestação jurisdicional, mas este também exerce funções atípicas, legislativas, como a edição
de normas regimentais de seus órgãos, e administrativas, como a concessão de férias aos seus membros e serventuários e o provimento
dos cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição.
Para garantir a independência do exercício da jurisdição, os membros do Poder judiciário gozam de algumas garantias, tais como:
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos.

— Órgãos do poder judiciário


Conforme art. 92, CF são órgãos do Poder Judiciário:
— Supremo Tribunal Federal (STF);
— Conselho Nacional de Justiça (CNJ);
— Superior Tribunal de Justiça (STJ);
— Tribunal Superior do Trabalho (TST);
— Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (TRFs);
— Tribunais e Juízes do Trabalho (TRTs);
— Tribunais e Juízes Eleitorais (TREs);
— Tribunais e Juízes Militares (TJM);
— Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios (TJs).

O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em
todo o território nacional.
O CNJ é um órgão do Poder Judiciário, entretanto, goza de autonomia e independência e não está hierarquicamente subordinado a
nenhum outro órgão de nenhuma das instâncias. Também não está acima do STF ou abaixo dele, pois exerce a fiscalização dos atos de
todos os outros órgãos e o controle disciplinar de todos os membros do Judiciário.

223
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O STF é o órgão máximo e a mais alta instância do Judiciário brasileiro. É o guardião da Constituição Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993),
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Mi-
nistros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas enti-
dades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos
estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única ins-
tância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999).
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos
processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade
dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso
Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de
um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004).
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;

224
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal
em única ou última instância, quando a decisão recorrida: de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau,
a) contrariar dispositivo desta Constituição; pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Mi-
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face litar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
desta Constituição. integrantes (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (In- 2004).
cluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tri- ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a com-
bunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emen- petência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal com-
da Constitucional nº 3, de 17/03/93). petente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supre- graduação das praças (Redação dada pela Emenda Constitucional
mo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nº 45, de 2004).
nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar
contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar
Constitucional nº 45, de 2004). e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitu-
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demons- cional nº 45, de 2004).
trar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizada-
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a ad- mente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
missão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitu- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
cional nº 45, de 2004). § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a
realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio-
Por sua vez, o STJ é a corte jurisdicional responsável por unifor- nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
mizar a interpretação da lei federal em todo o Brasil, composta por equipamentos públicos e comunitários (Incluído pela Emenda Cons-
33 ministros. titucional nº 45, de 2004).
Segundo dados do próprio site do STJ (2021), é de sua res-
ponsabilidade a solução definitiva dos casos civis e criminais que — Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
não envolvam matéria constitucional nem a justiça especializada. Segundo conceitua o próprio site do CNJ (2021), o Conselho
O principal tipo de processo julgado pelo STJ é o recurso especial, Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfei-
que serve fundamentalmente para que o tribunal resolva interpre- çoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no
tações divergentes sobre um determinado dispositivo de lei. que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e pro-
É ainda de responsabilidade do STJ resolver crimes de autori-
cessual, desenvolvendo políticas judiciárias que promovam a efeti-
dades, magistrados e políticos, federalizar processos de grande vio-
vidade e a unidade do Poder Judiciário, orientadas para os valores
lação de Direitos Humanos, julgar habeas corpus, habeas data ou
de justiça e paz social, impulsionando cada vez mais a efetividade
mandado de segurança, contra ato ilegal de governadores, desem-
da Justiça brasileira.
bargadores ou conselheiros de tribunais de contas e outras autori-
dades, bem como habeas corpus e mandados de segurança nega-
Composição
dos em 2ª instância pelos Tribunais de Justiça ou Tribunais Federais.
Criado com a Emenda Constitucional nº 45, o Conselho Nacio-
É também responsável pela administração da Justiça Federal e por
nal de Justiça é composto por 15 (quinze) membros com mandato
solucionar conflitos de competência entre Tribunais. Todas as suas
competências estão expressas no art. 105, CF (STJ, 2021). de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, nos termos do art.
Já os Tribunais de Justiça compreendem a 2ª instância do ju- 103-B, CF, sendo: o Presidente do Supremo Tribunal Federal; um
diciário brasileiro e os juízes estaduais ou juízes de direito corres- Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo
pondem à primeira instância da Justiça comum. Cada estado tem tribunal; um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado
seu tribunal. Os tribunais são também responsáveis pelos Juizados pelo respectivo tribunal; um desembargador de Tribunal de Justiça,
Especiais Cíveis e Criminais suas Turmas recursais, regidos pela Lei indicado pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz estadual, indicado
9099/1995, e os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cida- pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz de Tribunal Regional Fede-
dania – CEJUSCs. Em sede de 1ª instância, os juízes de direito são os ral, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz federal, indi-
responsáveis pelas diversas varas, espalhadas nas comarcas. Cada cado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz de Tribunal Regional
tribunal será responsável por sua organização estrutural. do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um juiz
do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um mem-
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os bro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral
princípios estabelecidos nesta Constituição. da República; um membro do Ministério Público estadual, escolhi-
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados
do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tri- pelo órgão competente de cada instituição estadual; dois advoga-
bunal de Justiça. dos, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de incons- Brasil; dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
titucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fe-
em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitima- deral. É sempre presidido pelo Presidente do STF.
ção para agir a um único órgão.

225
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Competências III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a pro-
— Elaborar projetos, propostas ou estudos sobre matérias de teção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
competência do CNJ e apresentá-los nas sessões plenárias ou reu- interesses difusos e coletivos;
niões de Comissões, observada a pauta fixada pelos respectivos IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representa-
Presidentes; ção para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos pre-
— Requisitar de quaisquer órgãos do Poder Judiciário, do CNJ e vistos nesta Constituição;
de outras autoridades competentes as informações e os meios que V - defender judicialmente os direitos e interesses das popula-
considerem úteis para o exercício de suas funções; ções indígenas;
— Propor à Presidência a constituição de grupos de trabalho ou VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de
Comissões necessários à elaboração de estudos, propostas e proje- sua competência, requisitando informações e documentos para ins-
tos a serem apresentados ao Plenário do CNJ; truí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma
— Propor a convocação de técnicos, especialistas, representan- da lei complementar mencionada no artigo anterior;
tes de entidades ou autoridades para prestar os esclarecimentos VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
que o CNJ entenda convenientes; inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas ma-
— Pedir vista dos autos de processos em julgamento; nifestações processuais;
— Participar das sessões plenárias para as quais forem regular- IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
mente convocados; compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
— Despachar, nos prazos legais, os requerimentos ou expe- judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
dientes que lhes forem dirigidos; § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis
— Desempenhar as funções de Relator nos processos que lhes previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
forem distribuídos (CNJ, 2021).
teses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: DO MINISTÉRIO por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da res-
PÚBLICO; DA ADVOCACIA PÚBLICA; DA ADVOCACIA E pectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição (Redação
DA DEFENSORIA PÚBLICA dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á me-
Para a efetiva a prestação jurisdicional não basta que existam diante concurso público de provas e títulos, assegurada a partici-
os juízes e tribunais. O acesso à Justiça só é possível graças a algu- pação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exi-
mas funções essenciais: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a gindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
Advocacia e a Defensoria Pública. jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.   

— Ministério público — Advocacia pública


O Ministério Público é instituição permanente e essencial ao A Advocacia Pública é a instituição que representa a União, ju-
Judiciário, atuando como custus legis – fiscal da lei, na defesa da dicial e extrajudicialmente, que, assim como todo ente jurídico, tem
ordem jurídica, regime democrático e dos interesses individuais e seus problemas e interesses, que precisam ser defendidos perante
coletivos. O MP está fora da estrutura dos demais poderes da Re- o Poder Público. Assim, é a Advocacia-Geral da União, chefiada por
pública, consagrando sua total autonomia e independência para o um Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente
cumprimento de suas funções sempre em defesa dos direitos, ga- da República, entre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
rantias e prerrogativas da sociedade. notável saber jurídico e reputação ilibada e integrada por muitos
Constitucionalmente, o Ministério Público abrange duas gran- advogados que atuam vinculados e subordinados à defesa dos in-
des Instituições, sem que haja qualquer relação de hierarquia e su- teresses da nação.
bordinação entre elas: o Ministério Público da União, que compre- É importante não confundir a Advocacia Pública com advocacia
ende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho; gratuita ou Assistência Judiciária. A assessoria jurídica prestada gra-
o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal tuitamente ao cidadão se dá pela Defensoria Pública ou por órgãos
e Territórios; e o Ministério Público dos Estados. de assistência judiciária, normalmente municipais, que contratam
Os membros do Ministério Público Federal são os procuradores profissionais para tal fim, ou ainda, por nomeação de advogados
da República e os do Ministério Público dos Estados e do Distrito dativos feita pelos Tribunais. Também não se pode confundir Procu-
Federal são os Promotores e Procuradores de Justiça. radores do Estado com Procuradores de Justiça ou Procuradores da
São princípios institucionais do Ministério Público: a unidade, a
República, que não são advogados, mas sim membros do Ministério
indivisibilidade, a independência funcional e o princípio do promo-
Público Estadual e Federal.
tor natural. Ao Ministério Público compete a função de custos legis
(fiscal da lei), a defesa do patrimônio público e os direitos constitu-
— Defensoria Pública
cionais do cidadão, além de ter poder investigativo, dentre tantas
outras funções de grande relevância elencadas no art. 129, CF e na Função essencial individualizada da advocacia pela Emenda
Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93). Constitucional nº 80/2014, a Defensoria Pública é instituição per-
manente do Estado, que também tem como finalidade primordial a
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: orientação jurídica e a defesa do cidadão em todos os graus, carac-
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma teriza-se por garantir o acesso à justiça aos mais necessitados. Pos-
da lei; sui autonomia funcional e administrativa, competindo-lhe a promo-
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos servi- ção dos direitos humanos, a defesa, em todos os graus, judicial e
ços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constitui- extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos e a orientação ju-
ção, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; rídica dos cidadãos que não possuem recursos financeiros suficien-

226
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tes para a contratação de um advogado particular. A independência 2. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Federal,
funcional no desempenho de suas atribuições, a inamovibilidade, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
a irredutibilidade de vencimentos e a estabilidade são também garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
garantias dos defensores públicos. São princípios institucionais da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência ça e à propriedade, nos seguintes termos, entre outros:
funcional. O ingresso na carreira de defensor também deve se dar I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
por concurso público. tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
Diante da omissão constitucional sobre a necessidade de o de- II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o
fensor público continuar inscrito nos quadros da OAB, dada a si- sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
militude das atividades da Defensoria Pública com a advocacia, se III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da corres-
discute nos Tribunais superiores a obrigatoriedade da inscrição na pondência e das comunicações telefônicas, uma vez que, poderá
OAB para os defensores públicos. ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual
penal e, nos casos de investigação criminal, por determinação do
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essen- delegado responsável pela investigação.
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expres- Está(ão) CORRETO(S):
são e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a (A) Somente o item I.
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, (B) Somente o item II.
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e (C) Somente os itens I e III.
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma (D) Somente os itens II e III.
do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal (Redação dada (E) Todos os itens.
pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014).
3. (FUNDEP – 2021) Sobre os municípios na Constituição da Re-
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da
pública de 1988, assinale a alternativa correta.
União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas
(A) Compete aos municípios legislar tanto sobre matérias de
gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira,
interesse local quanto de interesse regional.
providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e tí-
(B) Os municípios são regidos por lei orgânica, votada em dois
tulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade turnos e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais Municipal.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). (C) A composição da Câmara Municipal será sempre de nove
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas au- vereadores, independentemente do número de habitantes do
tonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta município.
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes (D) Os municípios são fiscalizados pela Câmara Municipal, pelo
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º (Incluído Tribunal de Contas Municipal e pela Assembleia Legislativa Es-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). tadual.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da
União e do Distrito Federal (Incluído pela Emenda Constitucional nº 4. (VUNESP – 2021) No tocante às disposições constitucionais,
74, de 2013). que tratam do tema dos servidores públicos, é correto afirmar que
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni- (A) o tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou mu-
dade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se nicipal e o tempo de serviço público correspondente serão con-
também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. tados para fins de disponibilidade e aposentadoria do servidor.
96 desta Constituição Federal (Incluído pela Emenda Constitucional (B) aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
nº 80, de 2014). cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
neração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo,
o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores.
(C) por motivos de segurança, é expressamente vedado aos Po-
EXERCÍCIOS deres Executivo, Legislativo e Judiciário divulgar ou publicar os
valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos
1. (ADVISE – 2021) Após a aula de Direito Constitucional, Sa- públicos dos seus respectivos servidores.
mira, estudante do 4º período do curso de direito da Universidade (D) o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Mi-
Kappa Beta, estava em dúvida sobre a definição dos princípios fun- nistros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela
damentais previstos na Constituição Federal de 1988. A principal
única, que poderá ser acrescido de gratificação, adicional, abo-
dúvida de Samira, dizia respeito à classificação constitucional do
no, prêmio e verba de representação.
que dispõe a Constituição ao prever a expressão “garantir o desen-
(E) é vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo-
volvimento nacional”. Dessa forma, buscou auxílio com a professora
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de
Roberta, que prontamente lhe explicou que a garantia do desenvol- cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.
vimento nacional, constitui:
(A) Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil.
(B) Um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
(C) Um dos princípios que rege a República Federativa do Brasil
nas relações internacionais.
(D) Um dos princípios econômicos da Constituição.
(E) Um dos preceitos tributários.

227
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
5. (SELECON – 2021) L.R. é Deputado Estadual, tendo sido elei- 9. (INSTITUTO AOCP – 2020) Dispõe o artigo art. 5º, inciso XIII,
to para o exercício de várias legislaturas. Consulta o partido ao qual da Constituição Federal de 1988, que “é livre o exercício de qual-
pertence sobre a possibilidade de lançar candidatura ao Senado quer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-
Federal. Após pesquisa de intenção de votos, afere que está nas sionais que a lei estabelecer”. Quanto à aplicabilidade das normas
primeiras colocações e apresenta seu pleito ao partido. Nos termos constitucionais, o excerto apresentado é exemplo de norma consti-
da Constituição Federal quanto ao Senado, a representação de cada tucional de eficácia
Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro (A) plena.
anos, alternadamente, por: (B) limitada.
(A) metade e um terço (C) contida.
(B) dois terços e um quinto (D) exaurida.
(C) três quintos e um terço (E) absoluta.
(D) um e dois terços
10. (PC-ES – 2019) A Constituição define dentre as funções es-
6. (NSTITUTO MAIS – 2021) Julgar, em sede de recurso ordiná- senciais à justiça a existência do Ministério Público, da Advocacia
rio, as causas em que forem partes organismo internacional, de um Pública, da Advocacia e da Defensoria Pública. Seguem-se cinco
lado, e, do outro, município, é competência do(s) afirmações sobre os órgãos citados:
(A) Supremo Tribunal Federal. I – É vedado a seus membros receber, saldo em casos excepcio-
(B) Superior Tribunal de Justiça. nais, honorários, percentagens ou custas processuais;
(C) Tribunais Regionais Federais. II – O Advogado Geral da União representa a União na execução
(D) Tribunais de Justiça. da dívida ativa de natureza tributária;
III – O advogado é dispensável à administração da justiça, sen-
7. (INSTITUTO AOCP – 2021) No que diz respeito ao Poder Judi- do inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profis-
ciário, assinale a alternativa correta. são, mesmo que fora dos limites da lei;
(A) O ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por IV – A defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma in-
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto de dois ter- tegral e gratuita, aos necessitados, em todos os graus e apenas no
ços do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, âmbito judicial, incumbe à Defensoria Pública;
assegurada ampla defesa. V – A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciati-
(B) Os tribunais, por sua função jurisdicional, não elaboram va do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização
propostas orçamentárias. da maioria absoluta do Senado Federal.
(C) Somente pelo voto da maioria simples de seus membros ou Marque a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) correta(s)
dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribu- com relação aos órgãos citados do enunciado.
nais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (A) Quatro delas: II, III, IV e V.
do Poder Público. (B) Quatro delas: I, II, III e IV.
(D) A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados (C) Apenas a V.
criarão justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos elei- (D) Apenas a III.
tos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de dois
anos.
(E) É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes GABARITO
consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento.

8. (FUNDATEC – 2021) Em relação aos princípios constitucionais 1 A


que regem a administração pública(conforme artigo 37 da Consti-
tuição Federal vigente), analise as assertivas a seguir: 2 B
• O Princípio da __________ exige que a atividade administra- 3 B
tiva seja desenvolvida de modo leal e que assegure a toda a comu-
nidade a obtenção de vantagens justas. 4 E
• As ações do administrador público são plenamente vincula- 5 D
das ao que estabelecem as normas vigentes, ou seja, ele somente
6 B
pode fazer o que a lei autoriza ou determina. Diferente do gestor
privado, que pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Esse é o Prin- 7 E
cípio da __________. 8 E
• O Princípio da __________ exige que os atos estatais sejam
levados ao conhecimento de todos, ressalvadas hipóteses em que 9 C
se justificar o sigilo. 10 C
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen-
te, as lacunas dos trechos acima.
(A) Eficiência – Impessoalidade – Transparência
(B) Eficiência – Legalidade – Transparência
(C) Moralidade – Impessoalidade – Publicidade
(D) Moralidade – Impessoalidade – Transparência
(E) Moralidade – Legalidade – Publicidade

228
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO

A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA governo e desempenhar a função administrativa em favor do in-
teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda-
Administração pública mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
Conceito atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- público.
de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos A Administração Pública também possui elementos que a com-
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
agentes públicos. privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e função administrativa estatal.
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- — Observação importante:
gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco-
interesses coletivos”. pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
em sentido objetivo. No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
Em suma, temos: 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
SUBJETIVO órgãos administrativos}. sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal).
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e
SUBJETIVO agentes públicos}. Princípios da administração pública
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis- De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
OBJETIVO trativa}. princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por
jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
OBJETIVO esses entes}.
tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
Existem funções na Administração Pública que são exercidas dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
viço público. aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada
uma das funções. Vejamos: Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de- te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida- legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
de ou de interesse público. la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati- os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
em prol do interesse coletivo. que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi-
nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis- Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in-
fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
jurídico e com predominância pública. O serviço público também legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con- dando-lhe unicidade e coerência.
cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati-
va de políticas de governo.

229
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati-
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po- va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
sitivados e não escritos na lei de forma expressa. de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
na Administração Pública.
— Observação importante:
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci- O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im- costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
plícitos. decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin- nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis-
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público. está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
Conclama a necessidade da sobreposi- nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
SUPREMACIA DO dade sobre os seus atos.
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
os individuais.
luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
Sua principal função é orientar a vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que
DE DO INTERESSE ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
atuem em nome e em prol dos interes-
PÚBLICO intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
ses da Administração Pública.
ser afastado.
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in-
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
em concurso público para o provimento dos cargos públicos. exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
Princípios Administrativos namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad- EC n. 19/1998.
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. São decorrentes do princípio da eficiência:
Vejamos:
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo, b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir. art. 41, § 4º da CFB/88.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIOS
art. 59 da Constituição Federal. CONSTITUCIONAIS E LEGAIS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
óticas:
Conceito
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
O vocábulo “regime jurídico administrativo” se refere às inú-
aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
meras particularidades que tornam a atuação da administração
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
pública individualizada nos momentos em que é comparada com a
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
na objetividade. atuação dos particulares de forma generalizada. Possui sentido res-
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe- trito, restando-se com a serventia única de designar o conjunto de
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo normas de direito público que caracterizam o Direito Administrativo
primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos de modo geral, estabelecendo, via de regra, prerrogativas que colo-
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos cam a Administração Pública em posição privilegiada no que condiz
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, às suas relações com os particulares, bem como restrições, que tem
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- o fulcro de evitar que ela se distancie da perseguição que não deve
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’ cessar no sentido da consecução do bem comum.

230
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta forma, de maneira presumida, o Regime Jurídico Admi- Em relação ao princípio da reserva legal, ou da legalidade em
nistrativo passa a atuar na busca da consecução de interesses cole- sentido positivo, infere-se que não basta que o ato administrativo
tivos por meio dos quais a Administração usufrui de vantagens não simplesmente não contrarie a lei, não sendo contra legem, e nem
extensivas aos particulares de modo geral, como é o caso do poder mesmo de ele pode ir além da lei praeter legem, ou seja, o ato ad-
de desapropriar um imóvel, por exemplo. Assim sendo, a Adminis- ministrativo só pode ser praticado segundo a lei secundum legem.
tração Pública não pode abrir mão desses fins públicos, ou seja, ao Por esta razão, denota-se que o princípio da reserva legal ou da le-
agente público não é lícito, sem a autorização da lei, transigir, ne- galidade em sentido positivo, se encontra dotado do poder de con-
gociar, renunciar, ou seja, dispor de qualquer forma de interesses dicionar a validade do ato administrativo à prévia autorização legal
públicos, ainda que sejam aqueles cujos equivalentes no âmbito de forma geral, uma vez que no entendimento do ilustre Hely Lopes
privado, seriam considerados via de regra disponíveis, como o direi- Meirelles, na administração pública não há liberdade nem vontade
to de cobrar uma pensão alimentícia, por exemplo. pessoal, pois, ao passo que na seara particular é lícito fazer tudo o
Nesse sentido, pode-se se afirmar que a supremacia do inte- que a lei não proíbe, na Administração Pública, apenas é permitido
resse público se encontra eivada de justificativas para a concessão fazer o que a lei disponibiliza e autoriza.
de prerrogativas, ao passo que a indisponibilidade de tal interesse, Pondera-se que em decorrência do princípio da legalidade, não
por sua vez, passa a impor a estipulação de restrições e sujeições à pode a Administração Pública, por mero ato administrativo, permi-
atuação administrativa, sendo estes os princípios da Administração tir a concessão por meio de seus agentes, de direitos de quaisquer
Pública, que nesse estudo, trataremos especificamente dos Princí- espécies e nem mesmo criar obrigações ou impor vedações aos ad-
pios Expressos e Implícitos de modo geral. ministrados, uma vez que para executar tais medidas, ela depende
de lei. No entanto, de acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello,
Princípios Expressos da Administração Pública
existem algumas restrições excepcionais ao princípio da legalidade
Princípio da Legalidade
no ordenamento jurídico brasileiro, sendo elas: as medidas provisó-
Surgido na era do Estado de Direito, o Princípio da Legalidade
rias, o estado de defesa e o estado de sítio.
possui o condão de vincular toda a atuação do Poder Público, seja
Em resumo, temos:
de forma administrativa, jurisdicional, ou legislativa. É considerado
uma das principais garantias protetivas dos direitos individuais no • Origem: Surgiu com o Estado de Direito e possui como obje-
sistema democrático, na medida em que a lei é confeccionada por tivo, proteger os direitos individuais em face da atuação do Estado;
intermédio dos representantes do povo e seu conteúdo passa a li- • A atividade administrativa deve exercida dentro dos limites
mitar toda a atuação estatal de forma geral. que a lei estabelecer e seguindo o procedimento que a lei exigir,
Na seara do direito administrativo, a principal determinação devendo ser autorizada por lei para que tenha eficácia;
advinda do Princípio da Legalidade é a de que a atividade adminis- • Dimensões: Princípio da supremacia da lei (primazia da lei ou
trativa seja exercida com observância exata dos parâmetros da lei, legalidade em sentido negativo); e Princípio da reserva legal (legali-
ou seja, a administração somente poderá agir quando estiver devi- dade em sentido positivo);
damente autorizada por lei, dentro dos limites estabelecidos por • Aplicação na esfera prática (exemplos): Necessidade de pre-
lei, vindo, por conseguinte, a seguir o procedimento que a lei exigir. visão legal para exigência de exame psicotécnico ou imposição de
O Princípio da Legalidade, segundo a doutrina clássica, se des- limite de Idade em concurso público, ausência da possibilidade de
dobra em duas dimensões fundamentais ou subprincípios, sendo decreto autônomo na concessão de direitos e imposição de obriga-
eles: o Princípio da supremacia da lei (primazia da lei ou da lega- ções a terceiros, subordinação de atos administrativos vinculados e
lidade em sentido negativo); e o Princípio da reserva legal (ou da atos administrativos discricionários;
legalidade em sentido positivo). Vejamos: • Aplicação na esfera teórica: Ao passo que no âmbito parti-
De acordo com os contemporâneos juristas Ricardo Alexandre cular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na administração
e João de Deus, o princípio da supremacia da lei, pode ser concei- pública só é permitido fazer o que a lei devidamente autorizar;
tuado da seguinte forma: • Legalidade: o ato administrativo deve estar em total confor-
midade com a lei e com o Direito, fato que amplia a seara do con-
O princípio da supremacia da lei, ou legalidade em sentido ne- trole de legalidade;
gativo, representa uma limitação à atuação da Administração, na • Exceções existentes: medida provisória, estado de defesa e
medida em que ela não pode contrariar o disposto na lei. Trata- se estado de sítio.
de uma consequência natural da posição de superioridade que a
lei ocupa no ordenamento jurídico em relação ao ato administra- Princípio da Impessoalidade
tivo. (2.017, ALEXANDRE e DEUS, p. 103).
É o princípio por meio do qual todos os agentes públicos devem
Entende-se, desta forma, que o princípio da supremacia da lei,
cumprir a lei de ofício de maneira impessoal, ainda que, em decor-
ou legalidade em sentido negativo, impõe limitações ao poder de
rência de suas convicções pessoais, políticas e ideológicas, conside-
atuação da Administração, tendo em vista que esta não pode agir
rem a norma injusta.
em desconformidade com a lei, uma vez que a lei se encontra em
posição de superioridade no ordenamento jurídico em relação ao Esse princípio possui quatro significados diferentes. São eles: a
ato administrativo como um todo. Exemplo: no ato de desapropria- finalidade pública, a isonomia, a imputação ao órgão ou entidade
ção por utilidade pública, caso exista atuação que não atenda ao administrativa dos atos praticados pelos seus servidores e a proibi-
interesse público, estará presente o vício de desvio de poder ou de ção de utilização de propaganda oficial para promoção pessoal de
finalidade, que torna o ato plenamente nulo. agentes públicos.
Pondera-se que a Administração Pública não pode deixar de
buscar a consecução do interesse público e nem tampouco, a con-
servação do patrimônio público, uma vez que tal busca possui cará-
ter institucional, devendo ser independente dos interesses pessoais
dos ocupantes dos cargos que são exercidos em conluio as ativida-
des administrativas, ou seja, nesta acepção da impessoalidade, os

231
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
fins públicos, na forma determinada em lei, seja de forma expressa • Princípio implícito: O princípio da finalidade, posto que se
ou implícita, devem ser perseguidos independentemente da pessoa por ventura o agente público vier a praticar o ato administrativo
que exerce a função pública. sem interesse público, visando tão somente satisfazer interesse pri-
Pelo motivo retro mencionado, boa parte da doutrina conside- vado, tal ato sofrerá desvio de finalidade, vindo, por esse motivo a
ra implicitamente inserido no princípio da impessoalidade, o prin- ser invalidado.
cípio da finalidade, posto que se por ventura, o agente público vier • Aspecto importante: A imputação da atuação administrativa
a praticar o ato administrativo sem interesse público, visando tão ao Estado, e não aos agentes públicos que a colocam em prática.
somente satisfazer interesse privado, tal ato sofrerá desvio de fina- • Nota importante: proibição da utilização de propaganda ofi-
lidade, vindo, por esse motivo a ser invalidado. cial com o fito de promoção pessoal de agentes públicos.
É importante ressaltar também que o princípio da impesso- • Dispositivo de Lei combatente à violação do princípio da im-
alidade traz o foco da análise para o administrado. Assim sendo, pessoalidade e a promoção pessoal de agentes públicos, por meio
independente da pessoa que esteja se relacionando com a adminis- de propaganda financiada exclusivamente com os cofres públicos:
tração, o tratamento deverá ser sempre de forma igual para todos. Art. 37, § 1.º, da CFB/88:
Desta maneira, a exigência de impessoalidade advém do princípio § 1.º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
da isonomia, vindo a repercutir na exigência de licitação prévia às campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, in-
contratações a ser realizadas pela Administração; na vedação ao formativo ou de orientação social, dela não podendo constar no-
nepotismo, de acordo com o disposto na Súmula Vinculante 13 do mes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
Supremo Tribunal Federal; no respeito à ordem cronológica para autoridades ou servidores públicos.
pagamento dos precatórios, dentre outros fatores.
Outro ponto importante que merece destaque acerca da acep- Princípio da Moralidade
ção do princípio da impessoalidade, diz respeito à imputação da A princípio ressalta-se que não existe um conceito legal ou
atuação administrativa ao Estado, e não aos agentes públicos que constitucional de moralidade administrativa, o que ocorre na ver-
a colocam em prática. Assim sendo, as realizações estatais não são dade, são proclamas de conceitos jurídicos indeterminados que são
imputadas ao agente público que as praticou, mas sim ao ente ou formatados pelo entendimento da doutrina majoritária e da juris-
entidade em nome de quem foram produzidas tais realizações. prudência.
Por fim, merece destaque um outro ponto importante do prin- Nesse diapasão, ressalta-se que o princípio da moralidade é
cípio da impessoalidade que se encontra relacionado à proibição condizente à convicção de obediência aos valores morais, aos prin-
da utilização de propaganda oficial com o fito de promoção pesso- cípios da justiça e da equidade, aos bons costumes, às normas da
al de agentes públicos. Sendo a publicidade oficial, custeada com boa administração, à ideia de honestidade, à boa-fé, à ética e por
recursos públicos, deverá possuir como único propósito o caráter último, à lealdade.
educativo e informativo da população como um todo, o que, assim
A doutrina denota que a moral administrativa, trata-se daquela
sendo, não se permitirá que paralelamente a estes objetivos o ges-
que determina e comanda a observância a princípios éticos retira-
tor utilize a publicidade oficial de forma direta, com o objetivo de
dos da disciplina interna da Administração Pública.
promover a sua figura pública.
Dentre os vários atos praticados pelos agentes públicos viola-
Lamentavelmente, agindo em contramão ao princípio da im-
dores do princípio da moralidade administrativa, é coerente citar:
pessoalidade, nota-se com frequência a utilização da propaganda
a prática de nepotismo; as “colas” em concursos públicos; a práti-
oficial como meio de promoção pessoal de agentes públicos, agin-
ca de atos de favorecimento próprio, dentre outros. Ocorre que os
do como se a satisfação do interesse público não lhes fosse uma
particulares também acabam por violar a moralidade administrati-
obrigação. Entretanto, em combate a tais atos, com o fulcro de
va quando, por exemplo: ajustam artimanhas em licitações; fazem
restringir a promoção pessoal de agentes públicos, por intermédio
de propaganda financiada exclusivamente com os cofres públicos, “colas” em concursos públicos, dentre outros atos pertinentes.
o art. 37, § 1.º, da Constituição Federal, em socorro à população, É importante destacar que o princípio da moralidade é possui-
determina: dor de existência autônoma, portanto, não se confunde com o prin-
Art. 37. [...] cípio da legalidade, tendo em vista que a lei pode ser vista como
§ 1.º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e imoral e a seara da moral é mais ampla do que a da lei. Assim sendo,
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- ocorrerá ofensa ao princípio da moralidade administrativa todas as
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, vezes que o comportamento da administração, embora esteja em
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- concordância com a lei, vier a ofender a moral, os princípios de jus-
ridades ou servidores públicos. tiça, os bons costumes, as normas de boa administração bem como
Desta maneira, em respeito ao mencionado texto constitucio- a ideia comum de honestidade.
nal, ressalta-se que a propaganda anunciando a disponibilização de Registra-se em poucas palavras, que a moralidade pode ser
um recente serviço ou o primórdio de funcionamento de uma nova definida como requisito de validade do ato administrativo. Desta
escola, por exemplo, é legítima, possuindo importante caráter in- forma, a conduta imoral, à semelhança da conduta ilegal, também
formativo. se encontra passível de trazer como consequência a invalidade do
Em resumo, temos: respectivo ato, que poderá vir a ser decretada pela própria adminis-
• Finalidade: Todos os agentes públicos devem cumprir a lei tração por meio da autotutela, ou pelo Poder Judiciário.
de ofício de maneira impessoal, ainda que, em decorrência de suas Denota-se que o controle judicial da moralidade administrativa
convicções pessoais, políticas e ideológicas, considerem a norma se encontra afixado no art. 5.º, LXXIII, da Constituição Federal, que
injusta. dispõe sobre a ação popular nos seguintes termos:
• Significados: A finalidade pública, a isonomia, a imputação Art. 5.º [...]
ao órgão ou entidade administrativa dos atos praticados pelos seus
servidores e a proibição de utilização de propaganda oficial para
promoção pessoal de agentes públicos.

232
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação Princípio da Publicidade
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de Advindo da democracia, o princípio da publicidade é carac-
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, terizado pelo fato de todo poder emanar do povo, uma vez que
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o sem isso, não teria como a atuação da administração ocorrer sem
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus o conhecimento deste, fato que acarretaria como consequência a
da sucumbência. impossibilidade de o titular do poder vir a controlar de forma con-
Pontua-se na verdade, que ao atribuir competência para que tundente, o respectivo exercício por parte das autoridades consti-
agentes públicos possam praticar atos administrativos, de forma tuídas.
implícita, a lei exige que o uso da prerrogativa legal ocorra em con-
sonância com a moralidade administrativa, posto que caso esse re- Pondera-se que a administração é pública e os seus atos devem
quisito não seja cumprido, virá a ensejar a nulidade do ato, sendo ocorrer em público, sendo desta forma, em regra, a contundente e
passível de proclamação por decisão judicial, bem como pela pró- ampla publicidade dos atos administrativos, ressalvados os casos de
pria administração que editou a ato ao utilizar-se da autotutela. sigilo determinados por lei.
Registra-se ainda que a improbidade administrativa constitui- Assim sendo, denota-se que a publicidade não existe como um
-se num tipo de imoralidade administrativa qualificada, cuja gra- fim em si mesmo, ou apenas como uma providência de ordem me-
vidade é preponderantemente enorme, tanto que veio a merecer ramente formal. O principal foco da publicidade é assegurar trans-
especial tratamento constitucional e legal, que lhes estabeleceram parência ou visibilidade da atuação administrativa, vindo a possibi-
consequências exorbitantes ante a mera pronúncia de nulidade do litar o exercício do controle da Administração Pública por meio dos
ato e, ainda, impondo ao agente responsável sanções de caráter administrados, bem como dos órgãos determinados por lei que se
pessoal de peso considerável. Uma vez reconhecida, a improbidade encontram incumbidos de tal objetivo.
administrativa resultará na supressão do ato do ordenamento jurí- Nesse diapasão, o art. 5º, inciso XXXIII da CFB/88, garante a to-
dico e na imposição ao sujeito que a praticou grandes consequên- dos os cidadãos o direito a receber dos órgãos públicos informações
cias, como a perda da função pública, indisponibilidade dos bens, de seu interesse particular, ou de interesse coletivo, que deverão
ressarcimento ao erário e suspensão dos direitos políticos, nos ter- serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, com
mos do art. 37, § 4.º da Constituição Federal. exceção daquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so-
Por fim, de maneira ainda mais severa, o art. 85, V, da Consti- ciedade como um todo e do Estado de forma geral, uma vez que
tuição Federal Brasileira, determina e qualifica como crime de res- esse dispositivo constitucional, ao garantir o recebimento de infor-
ponsabilidade os atos do Presidente da República que venham a mações não somente de interesse individual, garante ainda que tal
atentar contra a probidade administrativa, uma vez que a prática de recebimento seja de interesse coletivo ou geral, fato possibilita o
crime de responsabilidade possui como uma de suas consequências exercício de controle de toda a atuação administrativa advinda por
determinadas por lei, a perda do cargo, fato que demonstra de for- parte dos administrados.
ma contundente a importância dada pelo legislador constituinte ao É importante ressaltar que o princípio da publicidade não pode
princípio da moralidade, posto que, na ocorrência de improbidade ser interpretado como detentor permissivo à violação da intimida-
administrativa por agressão qualificada, pode a maior autoridade de, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, conforme
da República ser levada ao impeachment. explicita o art. 5.º, X da Constituição Federal, ou do sigilo da fonte
Em resumo, temos: quando necessário ao exercício profissional, nos termos do art. 5.º,
• Conceito doutrinário: Moral administrativa é aquela deter- XIV da CFB/88.
minante da observância aos princípios éticos retirados da disciplina Destaca-se que com base no princípio da publicidade, com
interna da administração; vistas a garantir a total transparência na atuação da administração
• Conteúdo do princípio: Total observância aos princípios da pública, a CFB/1988 prevê: o direito à obtenção de certidões em
justiça e da equidade, à boa-fé, às regras da boa administração, aos repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de si-
valores morais, aos bons costumes, à ideia comum de honestidade, tuações de interesse pessoal, independentemente do pagamento de
à ética e por último à lealdade; taxas (art. 5.º, XXXIV, “b”); o direito de petição aos Poderes Públicos
• Observância: Deve ser observado pelos agentes públicos e em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder, in-
também pelos particulares que se relacionam com a Administração dependentemente do pagamento de taxas (art. 5.º, XXXIV, “a”); e o
Pública; direito de acesso dos usuários a registros administrativos e atos de
• Alguns atos que violam o princípio da moralidade adminis- governo (art. 37, § 3.º, II).
trativa a prática de nepotismo; as “colas” em concursos públicos; a Pondera-se que havendo violação a tais regras, o interessado
prática de atos de favorecimento próprio, dentre outros. possui à sua disposição algumas ações constitucionais para a tutela
• Possuidor de existência autônoma: O princípio da moralida- do seu direito, sendo elas: o habeas data (CF, art. 5.º, LXXII) e o
de não se confunde com o princípio da legalidade; mandado de segurança (CF, art. 5.º, LXIX), ou ainda, as vias judiciais
• É requisito de validade do ato administrativo: Assim quando ordinárias.
a moralidade não for observada, poderá ocorrer a invalidação do No que concerne aos mecanismos adotados para a concretiza-
ato; ção do princípio, a publicidade poderá ocorrer por intermédio da
• Autotutela: Ocorre quando a invalidação do ato administra- publicação do ato ou, dependendo da situação, por meio de sua
tivo imoral pode ser decretada pela própria Administração Pública simples comunicação aos destinatários interessados.
ou pelo Poder Judiciário; Registra-se, que caso não haja norma determinando a publi-
• Ações judiciais para controle da moralidade administrativa cação, os atos administrativos não geradores de efeitos externos
que merecem destaque: ação popular e ação de improbidade ad- à Administração, como por exemplo, uma portaria que cria deter-
ministrativa. minado evento, não precisam ser publicados, bastando que seja
atendido o princípio da publicidade por meio da comunicação aos
interessados. Entendido esse raciocínio, pode-se afirmar que o de-

233
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ver de publicação recai apenas sobre os atos geradores de efeitos • Não havendo exigência legal, a publicidade dos atos internos
externos à Administração. É o que ocorre, por exemplo, num edital poderá ser feita por intermédio de comunicação direta ao interes-
de abertura de um concurso público, ou quando exista norma legal sado;
determinando a publicação. • A Lei 12.527/2011 foi aprovada como um mecanismo amplo
Determinado a lei a publicação do ato, ressalta-se que esta de- e eficaz de concretização do acesso à informação, vindo a se tornar
verá ser feita na Imprensa Oficial, e, caso a divulgação ocorra ape- um genuíno corolário do princípio da publicidade.
nas pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial, não • A publicação deverá ser feita pela Imprensa Oficial, ou, onde
se considerará atendida essa exigência. No entanto, conforme o en- não houver órgão oficial, em consonância com a Lei Orgânica do
sinamento do ilustre Hely Lopes Meirelles, onde não houver órgão Município, a publicação oficial poderá ser feita pela afixação dos
oficial, em consonância com a Lei Orgânica do Município, a publica- atos e leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara Munici-
ção oficial poderá ser feita pela afixação dos atos e leis municipais pal.
na sede da Prefeitura ou da Câmara Municipal.
Dotada de importantes mecanismos para a concretização do Princípio da Eficiência
princípio da publicidade, ganha destaque a Lei 12.527/2011, tam- A princípio, registra-se que apenas com o advento da Emenda
bém conhecida como de Lei de Acesso à Informação ou Lei da Constitucional nº 19/1998, também conhecida como “Emenda da
Transparência Pública. A mencionada Lei estabelece regras gerais, Reforma Administrativa”, o princípio da eficiência veio a ser previs-
de caráter nacional, vindo a disciplinar o acesso às informações to no caput do art. 37 da Constituição Federal Brasileira de 1988.
contidas no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 Acrescido a tais informações, o princípio da eficiência também se
e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal Brasileira de 1.988. encontra previsto no caput do art. 2.º da Lei 9.784/1999, lei que
Encontram-se subordinados ao regime da lei 12.527/2011, tanto regula o processo administrativo na seara da Administração Pública
a Administração Direta, quanto as entidades da Administração In- Federal.
direta e demais entidades controladas de forma direta ou indireta Desta forma, elevado à categoria de princípio constitucional ex-
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios. presso pela Emenda Constitucional 19/1998, o dever de eficiência
Também estão submetidas à ordenança da Lei da Transparência Pú- corresponde ao dever de bem administrar a Máquina Pública.
blica as entidades privadas sem fins lucrativos, desde que recebam No entendimento de Hely Lopes Meirelles, “o princípio da efi-
recursos públicos para a realização de ações de interesse público, ciência exige que a atividade administrativa seja exercida com pres-
especialmente as relativas à publicidade da destinação desses re- teza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio
cursos, sem prejuízo de efetuarem as prestações de contas a que da função administrativa, que já não se contenta em ser desem-
estejam obrigadas por lei. penhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para
Por fim, pontua-se que embora a regra ser a publicidade, a Lei o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da
12.527/2011 excetua com ressalvas, o sigilo de informações que comunidade e de seus membros”.
sejam imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado de Pondera-se que princípio da eficiência deverá estar eivado de
forma geral. Ocorre que ainda nesses casos, o sigilo não será eter- valores e uma boa administração pública que dê preferência por
no, estando previstos prazos máximos de restrição de acesso às produtividade elevada, economicidade, excelente qualidade e ce-
informações, conforme suas classificações da seguinte forma, nos leridade dos serviços prestados, vindo a reduzir os desperdícios e,
ditames do art. 24, § 1º: ainda, que trabalhe pela desburocratização e pelo elevado rendi-
a) Informação ultrassecreta (25 anos de prazo máximo de res- mento funcional como um todo.
trição ao acesso); De acordo com a Constituição Federal Brasileira, existem nor-
b) Informação secreta (15 anos de prazo máximo de restrição mas inseridas no ordenamento jurídico pátrio que possuem o con-
ao acesso); dão de tornar mais eficiente a prestação de serviços públicos. Pas-
c) Informação reservada (cinco anos de prazo máximo de res- semos a analisar almas destas regras:
trição ao acesso). 1. Nos termos do art. art. 41, § 4.º da CFB/88, com o fito de
Em síntese, temos: adquirir estabilidade, o servidor público, após ser aprovado em con-
• É advindo da democracia e se encontra ligado ao exercício da curso, terá que passar por uma avaliação especial de desempenho
cidadania; por comissão instituída para essa finalidade;
• Exige divulgação ampla dos atos da Administração Pública, 2. Segundo o art. 41, §1º da CFB/88, após ter adquirido estabi-
com exceção das hipóteses excepcionais de sigilo; lidade, o servidor não pode relaxar, uma vez que se encontra sujeito
• Se encontra ligado à eficácia do ato administrativo; a passar por periódicas avaliações de desempenho, podendo correr
• Possui como foco assegurar a transparência da atuação admi- o risco de perder o cargo, caso seja declarado insuficiente, assegu-
nistrativa, vindo a possibilitar o exercício do controle da Administra- rada ampla defesa;
ção Pública de modo geral; Apelidada de “Lei de Responsabilidade das Estatais”, a Lei
• Em relação à sua manifestação, concede ao cidadão: direito 13.303/2016, dentre as diversas novidades estatuídas em seu di-
à obtenção de certidões em repartições públicas; direito de petição; ploma, destacamos com ênfase no art. 17, a estipulação de notório
direito de acesso dos usuários a registros administrativos e atos de conhecimento, bem como tempo de experiência profissional e for-
governo; direito a receber dos órgãos públicos informações de seu mação acadêmica como pré-requisitos legais para que alguém pos-
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, com exceção sa ser nomeado para o Conselho de Administração ou Diretoria de
daquelas informações, cujo sigilo seja indispensável à segurança da uma Empresa Pública ou sociedade de economia mista. Pondera-se
sociedade e do Estado. que tais exigências são uma autêntica homenagem ao princípio da
• Não se trata de um princípio absoluto, necessitando que seja eficiência, bem como aos princípios da moralidade e da isonomia.
harmonizado com os demais princípios constitucionais; Por fim, denota-se que o princípio da eficiência não se sobrepõe
• A publicação é exigida desde que exista previsão legal ou de aos demais princípios, aliás, acrescente-se, que ela se soma aos
atos que sejam produtores de efeitos externos; demais princípios administrativos, fatos que demonstram que a

234
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
função administrativa executada de forma eficiente, deverá sempre Embora haja doutrinárias divergentes em relação ao assunto,
ser exercida nos parâmetros de conformidade com o princípio da entende-se de modo geral, que o princípio da razoabilidade está re-
legalidade. lacionado ao aceitamento explícito da conduta em face de padrões
Em suma, temos: racionais de comportamento, que buscam levar em conta tanto o
• Se encontra expresso na Constituição Federal e foi inserido bom senso do homem médio, quanto a finalidade para a qual foi
pela EC 19/1998; outorgada a competência legítima ao agente público. Assim sen-
• Princípio da eficiência ou dever de eficiência é o dever bem do, o princípio da razoabilidade exige de maneira contundente do
administrar; administrador, atuação com bom senso, coerência e racionalidade.
• É o mais moderno princípio da função administrativa, que Em relação ao princípio da proporcionalidade, entende-se que
já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, este se refere à postura de conduta equilibrada, sendo proporcional
exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório à finalidade que se destina e também sem excessos em si mesmo.
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros; Ponto importante que merece registro, é que o que considera uma
• Exigências legais: as atividades administrativas devem ser conduta como proporcional em um caso concreto, uma vez que de-
exercidas com presteza, perfeição e rendimento funcional; deverão vem estar presentes três elementos, sendo eles:
surtir resultados positivos para o serviço público, bem como um 1. A adequação: Trata-se da compatibilidade entre o meio em-
atendimento que possa satisfazer as necessidades da população e pregado e o fim almejado;
de seus membros; prima-se por economicidade, produtividade ele- 2. A exigibilidade: Por meio da qual, a conduta praticada deve
vada, qualidade e celeridade na prestação dos serviços bem como ser necessária, não existindo meio menos gravoso para alcançar o
pela redução dos desperdícios e desburocratização; fim público;
• Aspectos importantes: o modo como o agente público atua; 3. A proporcionalidade em sentido estrito: Por meio da qual,
a forma de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Públi- as vantagens obtidas com conduta acabam por superar as desvan-
ca como um todo; tagens.
• Trata-se de um princípio que se encontra relacionado à admi- Na seara de controle de constitucionalidade, denota-se que o
nistração pública gerencial;
Supremo Tribunal Federal tem adotado com enorme frequência os
• É um princípio de se soma-se aos demais princípios da Ad-
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, de forma especial
ministração Pública, não se sobrepõe a nenhum deles e deve ser
nas situações em que o legislador ordinário edita lei que, embo-
exercido nos conformes ditados pelo princípio da legalidade.
ra aparentemente não contrarie qualquer dispositivo disposto na
CFB/88, definha de ausência plena de razoabilidade.
Princípios Implícitos da Administração Pública
Explicita-se ainda, que a jurisprudência do Supremo Tribunal
No estudo anterior, foi exposto com ênfase os princípios apli-
Federal tem usado de maneira contundente o princípio da razoa-
cáveis à administração pública expressos na Constituição Federal
bilidade como forma de examinar se discriminações usadas pelo
de 1988. Entretanto, a doutrina também reconhece outros princí-
legislador ordinário ou pela Administração Pública, são ou não de
pios que, embora não estejam contidos de forma expressa no texto
constitucional, são retirados da Carta Magna e são igualmente aco- fato agressivas ao princípio da isonomia que se encontra inserido
lhidos pelo sistema constitucional e importantes no estudo do direi- na Constituição Federal.
to administrativo. Trata-se dos princípios administrativos implícitos, Ressalte-se, por fim, que o princípio da isonomia, além de auto-
os quais iremos abordar em estudo neste tópico. rizar, exige também tratamentos de forma diferente entre pessoas
Afirma-se que diversos desses princípios constitucionais implí- que se encontram em situações distintas. Desta maneira, o proble-
citos são encontrados contemporaneamente em diversas leis. A Lei ma não é diferenciar, mas sim saber aplicar a razoabilidade do cri-
9.784/1999, por exemplo se encontra eivada de normas e regras tério utilizado para a diferenciação. Um exemplo clássico disso, é a
básicas sobre o processo administrativo na seara da Administração exigência de altura mínima para cargos de carreiras policiais, uma
Federal, vindo a citar diversos princípios que não se encontram vez que esta é considerada razoável e válida, levando em conta que
dispostos na Constituição Federal de 1.988, embora sejam desta o porte físico é característica importante e relevante para o exercí-
advindos, como o interesse público, a segurança jurídica, a finalida- cio de tais cargos.
de, a motivação, dentre outros. Desta maneira, depreende-se que Em resumo, temos:
quando um princípio administrativo é qualificado como implícito,
significa que ele não se encontra nominalmente expresso no texto Razoabilidade
constitucional, fato que não importa para efeito tal classificação, se • Exige do administrador atuação coerente, racional e com
ele se encontra ou não previsto de modo explícito em alguma forma bom senso;
de norma respectivamente infraconstitucional. • Diz respeito à aceitabilidade de uma conduta, dentro de pa-
drões e ditames normais de comportamento;
Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade • Permite o controle de legalidade das leis e atos administra-
Sendo princípios gerais de direito, a razoabilidade e a propor- tivos, vindo a se constituir em limitação ao poder discricionário da
cionalidade, embora não estejam previstos expressamente no texto Administração Pública como um todo.
da CFB/88, transpassam vários dispositivos da CF/1988, vindo a se
constituir em princípios constitucionais implícitos. Proporcionalidade
Assim sendo, pondera-se que não existe nenhuma uniformida- • Exige do administrador conduta equilibrada, balanceada, sem
de na doutrina em relação ao conteúdo dos princípios da razoabi- excessos, proporcional ao fim ao qual se destina;
lidade e da proporcionalidade, tendo em vista que há autores que • É uma das características do princípio da razoabilidade;
entendem os dois princípios como sendo sinônimos, ao passo que • Elementos:
consideram que a proporcionalidade se trata apenas uma das ca- 1) adequação;
racterísticas do princípio da razoabilidade, havendo ainda, uma cor- 2) exigibilidade;
rente que considera os dois como princípios distintos um do outro. 3) proporcionalidade em sentido estrito;

235
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• É permissionário do controle de legalidade das leis e atos ad- por exemplo, como sendo suficiente a afirmação de que o ato ad-
ministrativos, vindo a se constituir em limitação ao poder discricio- ministrativo foi praticado por causa de interesse público, ou, ainda
nário da Administração Pública. porque os argumentos que foram demonstrados pelo administrado
não são suficientes, sendo necessário que seja indicado, no primei-
Princípio da motivação ro caso, a correlação existente entre o ato e o interesse público vi-
Trata-se de um princípio implícito que determina à Adminis- sado e, no segundo, o porquê da falta de suficiência dos argumento
tração Púbica a indicação dos fundamentos de fato e de direito apresentados.
referentes às suas decisões. Por permitir o controle por meio dos Em síntese, temos:
administrados, tendo em vista a licitude, a existência e a ampla sufi- • É um princípio implícito que determina à Administração Pú-
ciência dos motivos indicados pela Administração na prática de seus bica a indicação dos fundamentos de fato e de direito referentes às
atos, o princípio da motivação é considerado como um princípio suas decisões;
moralizador. • É considerado como um princípio moralizador;
Depreende-se que motivo é a circunstância de fato ou de di- • Motivo é a circunstância de fato ou de direito determinadora
reito determinadora ou autorizadora da prática de ato específico. ou autorizadora da prática de ato específico;
Referindo-se a atos vinculados, o motivo passa a determinar que o • Na Legislação Pátria, a regra geral é a necessidade de moti-
ato seja praticado. Porém, quando o ato é discricionário, havendo vação de todos os atos ou decisões administrativas, fato que indica
a presença do motivo, ela apenas irá validar a consumação do ato. que a Administração Pública deve, por força de lei, deixar sempre
Exemplo: contemplando uma manobra proibida no trânsito, sendo expressos os motivos que a levaram a praticar um ato ou a tomar
esta o “motivo”, o agente deverá aplicar a multa correspondente, certa decisão, seja esta de ato vinculado ou de ato discricionário;
não sendo permitido e nem lícito à autoridade de trânsito analisar • De acordo com o art. 50, § 1º da Lei 9.784/1999, a motivação
a conveniência e nem tampouco a oportunidade em relação à puni- deve ser explícita, clara, harmônica ou congruente, ainda que, via
ção da infração cometida, tendo em vista que o ato é vinculado e a de regra, esta não exija uma forma específica.
presença do motivo acabam por determinar sua prática. • O momento da motivação pode ocorrer de forma prévia ou
Na Legislação Pátria, a regra geral é a necessidade de motiva- simultaneamente ao ato, caso não se tenha atendido o requisito
ção de todos os atos ou decisões administrativas, fato que indica com uma posterior declinação de motivos.
que a Administração Pública deve, por força de lei, deixar sempre
expressos os motivos que a levaram a praticar um ato ou a tomar Princípio da autotutela
certa decisão, seja esta de ato vinculado ou de ato discricionário. O princípio da autotutela consiste na possibilidade de a Ad-
Bastante reconhecido pela doutrina e pela jurisprudência, o ministração rever seus próprios atos. É o poder acompanhado do
princípio da motivação encontra-se previsto em diversos diplomas dever concedido à administração para zelar pela legalidade, pela
normativos. Um exemplo disso, é o art. 50 da Lei 9.784/1999 que conveniência e pela oportunidade dos atos que pratica.
ordena que os atos administrativos deverão ocorrer sempre de for- Levando em conta que a Administração Pública poderá agir
ma motivada eivados da indicação dos fatos e dos fundamentos ju-
apenas quando autorizada por lei e nos termos legalmente esta-
rídicos, quando:
belecidos, dessa enunciação, decorre a presunção de que os atos
a) Negarem, limitarem ou vierem a afetar direitos ou interes-
administrativos são dotados de presunção de legalidade, ou seja,
ses;
são legais e se encontram fundamentados em presunção de veraci-
b) Agravarem ou imporem deveres, encargos ou sanções;
dade, sendo por isso, considerados verdadeiros.
c) Decidirem a respeito de processos administrativos de con-
Tendo a Administração a prerrogativa de agir de ofício, pode-
curso ou seleção pública;
-se afirmar que esta possui o deve anular seus atos ilegais, e pode,
d) Dispensarem ou declararem a inexigibilidade de processo
também revogar os atos que considerar inoportunos ou inconve-
licitatório;
e) Decidirem a respeito de recursos administrativos; nientes, independentemente de houver ou não a intervenção de
f) Decorrerem de reexame de ofício; terceiros.
g) Sempre que deixarem de aplicar jurisprudência firmada so- Pondera-se que a autotutela possui dois aspectos do controle
bre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e re- interno dos atos administrativos, sendo eles:
latórios oficiais; 1) O controle de legalidade: Por meio do qual a Administração
h) Importarem sobre anulação, suspensão, revogação ou con- Pública anula os atos ilegais;
validação de ato administrativo. 2) O controle de mérito: Por meio do qual a Administração
pode revogar os atos inoportunos ou inconvenientes.
De acordo com o art. 50, § 1º da Lei 9.784/1999, a motivação Registra-se com grande ênfase, o fato de o princípio autotutela
deve ser explícita, clara, harmônica ou congruente, ainda que, via se achar consagrado em duas súmulas do Supremo Tribunal Fede-
de regra, que não exija uma forma específica. Por esse motivo, são ral, sendo elas:
considerados nulos os atos que dependem de motivação. Porém, STF – Súmula 346: “A administração pública pode declarar a
a autoridade competente, de modo geral, compreende que ela se nulidade dos seus próprios atos.”
encontra implícita nas circunstâncias causadoras da edição do ato, STF – Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios
ou que aponta motivos complexos, ou que não possuem nada a ver atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
com a medida tomada, ou, ainda, que estejam eivados da necessi- não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
dade de providência colocada de forma oposta à que foi adotada. ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
Por fim, é importante registrar que o momento da motivação em todos os casos, a apreciação judicial”.
pode ocorrer de forma prévia ou simultaneamente ao ato, caso não Denota-se que embora as Súmulas mencionadas acima afir-
se tenha atendido ao requisito com uma posterior declinação de mem que a administração “pode anular seus próprios atos”, ela
motivos. Isso ocorre por que a doutrina e a jurisprudência afugen- na verdade, “deve anular seus atos”, tendo em vista que anular a
tam o uso de fórmulas prontas e vazias como forma de motivação revogação é um poder-dever, e não uma somente uma simples pos-
para a prática de atos administrativos. Desta maneira, não se aceita sibilidade.

236
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Destaca-se com grande importância, o fato da autotutela, se c) Os atos que estiverem sendo apreciados por autoridade de
diferenciar do controle judicial no sentido de que ela depende de instância superior;
provocação externa para poder se manifestar, bem como pode ser d) Os meros atos administrativos como certidões, atestados,
exercida de ofício, ou, ainda por meio de provocação de terceiros votos, dentre outros, porque os efeitos deles advindos são estabe-
estranhos à Administração. Colocando em prática, quando uma lecidos pela lei;
autoridade pública recebe uma comunicação de irregularidade na e) Os atos que integram um procedimento, tendo em vista que
Administração Pública, ela obtém a obrigação de dar ciência do a cada novo ato praticado ocorre a preclusão quanto ao ato ante-
ocorrido ao seu chefe imediato ou, sendo esta competente, poderá rior;
a adotar as providências cabíveis para a apuração dos fatos, bem f) Os atos geradores de direitos adquiridos, posto que violam a
como dos demais procedimentos necessários para a correção da ili- Constituição Federal Brasileira de 1.988.
citude ocorrida e, caso seja necessário, punir os culpados, sob pena
de ser responsabilizada por omissão. Assim sendo, é plenamente Princípios da segurança jurídica, da proteção à confiança e da
possível afirmar que a provocação do exercício da autotutela pode boa-fé
vir de fora da Administração Pública. De antemão, salienta-se que a segurança jurídica é um dos
A respeito da revogação de atos da Administração Pública, Ma- princípios fundamentais do direito e possui como atributos garantir
ria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que não podem ser revogados os a estabilidade das relações jurídicas consolidadas, bem como a cer-
seguintes atos: teza das consequências jurídicas dos atos praticados pelos indivídu-
a) Os atos vinculados, tendo em vista que não há nestes os os em suas diversas relações sociais.
aspectos da oportunidade e conveniência de sua prática como um Tendo em vista garantir os retro mencionados atributos, em re-
todo; lação à estabilidade das relações jurídicas, o ordenamento jurídico
b) Os atos que extenuaram seus efeitos. Isso ocorre pelo fato pugna pela exigência do respeito ao direito adquirido e também ao
da revogação não retroagir, mas apenas impedir que o ato continue ato jurídico perfeito e à coisa julgada. Já em relação à certeza das
a produzir seus efeitos, uma vez que não haveria proveito em revo- consequências jurídicas dos atos praticados, é possível se prever a
gar um ato que já produziu todos os seus efeitos; regra geral da irretroatividade da lei acompanhada de sua interpre-
c) Os atos que estiverem sendo apreciados por autoridade de tação de modo geral.
instância superior. Isso acontece, porque a competência da autori- No âmbito do Direito Administrativo, são plenamente aplicá-
dade que o praticou para revogá-lo se esgotou; veis todas as regras mencionadas, porém, ganha destaque a impor-
d) Os meros atos administrativos como certidões, atestados, tância da vedação em relação à interpretação retroativa da norma
votos, dentre outros, porque os efeitos deles advindos são estabe- jurídica. Ocorre que ao expressar seu entendimento a respeito de
determinada matéria, a Administração Pública acaba por subme-
lecidos pela lei;
ter o administrado à orientação administrativa e passa por boa-fé a
e) Os atos que integram um procedimento, tendo em vista que
guiar o seu comportamento. Entretanto, não pode a Administração,
a cada novo ato praticado ocorre a preclusão quanto ao ato ante-
sob pena de ferir o princípio da segurança jurídica, prejudicar o par-
rior;
ticular, aplicando a este, nova interpretação a casos retrógrados já
f) Os atos geradores de direitos adquiridos, posto que violam a
interpretados em concordância com as concepções anteriormente
Constituição Federal Brasileira.
vigentes. Por esse motivo, em âmbito federal, a Lei 9.784/1999 em
Em resumo, temos:
seu art. 2.º, parágrafo único, XIII, veda de forma expressa a aplica-
• Consiste na possibilidade de a Administração rever seus pró-
ção retroativa de nova interpretação de matéria administrativa que
prios atos. É o poder acompanhado do dever concedido à adminis- já fora anteriormente avaliada.
tração para zelar pela legalidade, pela conveniência e pela oportu- Em suma, como consequências do princípio da segurança jurí-
nidade dos atos que pratica. dica, podemos citar: a vedação da interpretação retroativa da nor-
• A Administração pode de agir de ofício, deve anular seus atos ma jurídica; a limitação temporal ao exercício da autotutela; o res-
ilegais, e pode, também, revogar os atos que considerar inoportu- peito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito.
nos ou inconvenientes, independentemente de haver ou não a in- Em relação ao princípio da proteção à confiança ou proteção
tervenção de terceiros. à confiança legítima, denota-se que se trata esse princípio de as-
pecto subjetivo da segurança jurídica, de forma que é considerado
Aspectos do controle interno dos atos administrativos: como um desdobramento deste.
1) O controle de legalidade: Por meio do qual a Administração A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, leciona que o “princípio
Pública anula os atos ilegais; da proteção à confiança leva em conta a boa-fé do cidadão, que
2) O controle de mérito: Por meio do qual a Administração acredita e espera que os atos praticados pelo Poder Público sejam
pode revogar os atos inoportunos ou inconvenientes. lícitos e, nessa qualidade, serão mantidos e respeitados pela pró-
pria Administração e por terceiros”.
Súmulas: Ressalte-se que o princípio da proteção à confiança possui o
STF – Súmula 346: “A administração pública pode declarar a condão de fundamentar a manutenção de atos ilegais e inconstitu-
nulidade dos seus próprios atos.” cionais, condições nas quais, o juízo que os pondera tem tido como
STF – Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios consequência, uma graduação redutiva do alcance do princípio da
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles legalidade como um todo. Um exemplo disso é o que ocorre nos ca-
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência sos em que a Administração, em decorrência de interpretação errô-
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, nea da lei, adimple com o pagamento de valores que não são devi-
em todos os casos, a apreciação judicial”. dos a servidores que, de boa-fé, entendem ter direito a tais verbas.
• Para Maria Sylvia Zanella não podem ser revogados os se- Ocorrendo esse tipo de erro, o Judiciário, para proteger a confiança
guintes atos: que os servidores possuem na Administração, tem se manifestado
a) Os atos vinculados; de maneira constante pela desnecessidade de reposição ao erário
b) Os atos que extenuaram seus efeitos; público de forma geral.

237
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Por fim, vale a pena mencionar outro efeito concreto do prin- Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos
cípio da proteção à confiança, que trata-se da manutenção de atos O foco fundamental do Estado é a consecução do bem comum
praticados por funcionário de fato, posto que, de forma teórica, do seu povo como um todo. Pondera-se que para atingir tal objeti-
caso o servidor tenha sido investido de forma irregular no cargo, vo, é necessário que a Administração disponibilize para os adminis-
via de regra, não teria este a competência para praticar atos admi- trados utilidades específicas, atenda necessidades determinadas, e,
nistrativos, uma vez que tais atos seriam considerados nulos. No ainda que possa oferecer comodidades a depender de cada caso
entanto, os atos praticados, por terem aparência de legalidade e específico. Ressalta-se que estas atividades podem ser encaixadas
que vierem a gerar a crença nos destinatários de que realmente são no sentido amplo do vocábulo da prestação de serviços públicos,
válidos, deverão ser mantidos. tendo em vista que a interrupção da prestação de serviços públicos
Passemos à análise do princípio da boa-fé, que mesmo se en- não pode ser vedada.
contrando implícito no texto da Carta Magna, depreende-se que ele Sem sombra de dúvidas, a busca do bem comum deverá sem-
pode ser extraído do princípio da moralidade. Ademais, esse prin- pre acontecer de maneira incessante e sem vedação de continui-
cípio se encontra previsto nos artigos 2º, parágrafo único, IV, e 4.º, dade. Desse cenário, podemos extrair o conteúdo do princípio da
II, da Lei 9.784/1999. continuidade do serviço público, cuja materialização é assegurada
Registra-se que a boa-fé está subdividida em dois aspectos, por inúmeros ordenamentos. Como exemplo, podemos citar o di-
sendo eles: reito de greve no serviço público de modo geral, que, embora seja
1) Aspecto objetivo: Esta relacionado à conduta leal e honesta, reconhecido, se encontra eivado de sujeições e restrições, tendo
considerada de forma objetiva; em vista que uma vez que o disposto no art. 37, VII da Constituição
2) Aspecto subjetivo: Refere-se à crença do agente de que está Federal que o explicita, prevê a edição de uma lei específica que
agindo de forma correta. Pois, caso contrário, se o agente tiver ciên- limita os seus termos e limites.
cia de que o seu comportamento não se encontra em consonância Assim sendo, com vistas ao mesmo objetivo e reconhecendo
com as normas jurídicas, estará agindo de má-fé. que alguns serviços públicos são delegados a particulares, a Cons-
Alguns doutrinadores identificam o princípio da boa-fé como tituição Federal no art. 9º, § 1º, ao disciplinar o direito de greve
sendo o princípio da proteção à confiança. Entretanto, entende-se assegurado aos trabalhadores em geral, estipula que a lei deverá
que ao passo que a proteção à confiança visa proteger somente a elencar com ênfase os serviços ou atividades essenciais, vindo a dis-
boa-fé dos administrados, é necessário que o princípio da boa-fé por sobre o atendimento das necessidades da comunidade que são
se encontre presente do lado da Administração Pública em geral e consideradas inadiáveis.
também do lado dos administrados. Outro ponto importante que merece ser explanado é o fato da
Por fim, vale a pena registrar que o princípio da boa-fé, seme- existência da inoponibilidade da exceção de contrato não cumpri-
lhantemente ao princípio da proteção à confiança, também tem do, exceptio non adimpleti contractus, nos contratos de concessão
sido invocado como forma de justificativa da manutenção de atos de serviços públicos, fato que nos parâmetros legais, ainda que o
administrativos sem validade, bem como de atos praticados por poder concedente se exima de cumprir as normas contratuais, os
funcionário de fato. serviços prestados pela concessionária correspondente não pode-
Em síntese: rão jamais ser interrompidos, nem tampouco paralisados sem que
haja decisão judicial transitada em julgado, nos parâmetros do art.
Princípio da segurança jurídica 39, parágrafo único da Lei 8.987/1995.
• Objetivo: Busca a garantia da estabilidade das relações jurídi- Ressalta-se que relacionado ao princípio da continuidade dos
cas consolidadas, bem como a certeza das consequências jurídicas serviços públicos, nos ditames do art. 80, II da Lei 8.666/1993, caso
dos atos que são praticados pelos indivíduos em suas distintas re- a administração venha a rescindir unilateralmente um contrato ad-
lações sociais; ministrativo, ela passará a obter o direito à ocupação e utilização
• Consequências: Busca vedar a interpretação retroativa da do local, bem como das instalações, dos equipamentos ali utiliza-
norma jurídica; a limitação temporal ao exercício da autotutela; o dos, do material e pessoal empregados na execução do contrato e
respeito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico per- tudo o mais que for necessário à continuidade do serviço público
feito. essencial.
Nos parâmetros do art. 36 da Lei 8.897/1995, depreende-se
Princípio da proteção à confiança
que ao término da concessão, existe previsão de lei para reverter
• Foco: A proteção da confiança dos administrados nos atos da
ao poder público os bens do concessionário necessários à continui-
Administração Pública;
dade e atualização dos serviços públicos que haviam sido concedi-
• Aspecto ou dimensão subjetiva do princípio da segurança ju-
dos. É importante registrar também a existência dos institutos da
rídica;
suplência, da substituição de servidores públicos, bem como da de-
• Consequências legais: A manutenção de atos ilegais ou in-
legação, para se possa evitar que diante da ausência de um servidor
constitucionais, a manutenção de atos praticados por funcionários
público ao trabalho, possa a Administração Pública e aqueles que
de fato, dentre outros.
dela dependem, vir a sofrer com a paralisação do serviço público
prestado.
Princípio da boa-fé
• Aspecto objetivo: Ter conduta leal e honesta; Entretanto, ante o mencionado acima, ressalta-se que nos pa-
• Aspecto subjetivo: A crença do agente de que está agindo de râmetros do art. 6.º, § 3.º, da Lei 8.987/1995, é caracterizada como
forma correta; descontinuidade do serviço público a sua interrupção em situação
• A boa-fé deve ser exigida da Administração e do Administra- de casos excepcionais de emergência, ou, após aviso previamente
do; dado, quando estiver motivada por razões de ordem técnica ou de
• Consequências: manutenção de atos ilegais ou inconstitucio- segurança das instalações presentes, ou em decorrência de falta de
nais, dentre outros. adimplemento do usuário, considerando, por conseguinte o inte-
resse da coletividade de modo geral.

238
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em suma, temos: Princípio da Especialidade
• Conteúdo: Vedação da interrupção da prestação de serviços O princípio da especialidade consiste na criação de entidades
públicos; da Administração Pública Indireta, fazendo alusão à ideia de des-
• Regras para garantir a continuidade do serviço público: restri- centralização administrativa. Pondera-se que tais entidades, ao se-
ção ao direito de greve no serviço público; inoponibilidade ou res- rem criadas, terão como missão a prestação de serviços públicos,
trição a exceção do contrato não cumprido, exceptio non adimpleti de forma descentralizada acrescida da especialização da função.
contractus; encampação de serviços públicos delegados; Além disso, podemos afirmar com concomitante certeza, que
o princípio da especialidade se encontra diretamente ligado aos
Objeto: A busca do bem comum deverá sempre acontecer de princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público.
maneira incessante e sem cessação de continuidade. Denota-se que esta ligação com a legalidade, decorre do fato
da criação de entidades da Administração Indireta da Administra-
• Inoponibilidade da exceção de contrato não cumprido, ex- ção, que só pode ser executada diretamente por lei ou, dependen-
ceptio non adimpleti contractus: nos contratos de concessão de do do caso, por autorização legal. E, ainda, da indisponibilidade do
serviços públicos, ainda que o poder concedente se exima de cum-
interesse público, pelo motivo segundo o qual, a lei criadora ou au-
prir as normas contratuais, os serviços prestados pela concessio-
torizadora da criação de entidades da Administração Indireta, de-
nária correspondente não poderão jamais ser interrompidos, nem
talha com exatidão as finalidades que deverão ser executadas por
tampouco paralisados sem que haja decisão judicial transitada em
essas entidades, de forma que não cabe ao administrador da enti-
julgado.
• Hipóteses legais de interrupção dos serviços públicos: dade criada, dispor com precisão a respeito dos objetivos definidos
Em situação de emergência e sem aviso prévio; razões de or- pela legislação equivalente.
dem técnica ou de segurança das instalações, após prévio aviso; Registra-se, por fim, que o princípio da especialidade possui
inadimplemento do usuário, após prévio aviso. abrangência somente para a criação de entidades da administra-
ção indireta. Isso significa que sua abrangência não diz respeito, por
Princípio da Presunção de Legitimidade ou de Veracidade exemplo, a parcerias feitas pelo poder público com as entidades do
Trata-se de um importante princípio que diz respeito a duas terceiro setor e suas funções gerenciais como um todo.
características dos atos praticados pela Administração Pública, sen- Em breve síntese:
do elas: • O princípio da especialidade consiste na criação de entidades
1) A presunção de verdade: Que se encontra relacionada aos da Administração Pública Indireta, fazendo alusão à ideia de des-
fatos; centralização administrativa.
2) A presunção de legalidade: Que se encontra relacionada ao • É composto por meio da criação de entidades da Adminis-
direito. tração Indireta, que se tornarão prestadoras de serviços públicos
Infere-se que em decorrência da presunção de legitimidade ou de forma descentralizada acrescida com especialização de função;
de veracidade dos atos administrativos, todos os fatos argumenta- • Relaciona-se com princípios da legalidade e da indisponibili-
dos pela Administração são verdadeiros e os seus atos são prati- dade do interesse público;
cados de acordo com as normas determinadas por lei, até que se • O princípio da especialidade não é adaptável às parcerias fir-
prove o contrário, assegurada a ampla defesa. madas pelo Poder Público com as organizações do terceiro setor.
Refere-se à presunção relativa ou juris tantum, vindo a acolher
a produção de prova em contrário com o fito de afastá-la, sendo Princípio da Hierarquia
que o efeito primordial e principal da referida presunção trata-se de De antemão, afirma-se que existe em decorrência princípio da
inverter o ônus da prova. Desta maneira, caso um agente de trânsi- hierarquia, uma ligação correlata de coordenação e subordinação
to aplique uma autuação a um condutor de veículo automotor em entre os órgãos da Administração Pública. Depreende-se que desta
decorrência de avanço de sinal, para que o motorista afaste a multa, ligação advém um rol de funções laborativas para o superior hie-
terá que provar que não cometeu a infração.
rárquico. As que mais se destacam, são: fazer a revisão dos atos
Denota-se que como consequência da presunção de legitimi-
dos subordinados, fazer a delegação de competências e punir os
dade, em regra, as decisões administrativas que podem ser feitas de
agentes subordinados. Em relação ao agente público subordinado à
forma imediata, vindo a gerar obrigações para os particulares, fato
relação hierárquica, por sua vez, é imposto o dever de prestar obe-
que independe de sua concordância. Ademais, em determinadas
situações, poderá a própria Administração Pública vir a executar as diência às ordens imediatamente superiores, ressalvadas aquelas
suas próprias decisões, utilizando-se de meios diretos bem como manifestamente ilegais.
indiretos de coação que lhes forem disponíveis e permitidos. Ressalta-se que a relação de hierarquia é condizente aos órgãos
Em resumo: de uma mesma pessoa jurídica. Isso significa dizer que o princípio
• Conteúdo: A presunção de que os atos praticados pela Admi- da hierarquia se encontra diretamente relacionado à ideia de des-
nistração são verdadeiros, bem como são praticados de acordo com concentração administrativa, fato que não diz respeito, por exem-
as normas legais”; plo, ao processo de descentralização administrativa ou de criação
• Aspectos: A presunção da verdade no que diz respeito à ve- de entidades da Administração Pública Indireta como um todo.
racidade das alegações da Administração Pública; e a presunção de Em breve síntese:
legalidade; • É composto por meio de uma relação de coordenação e su-
• Presunção relativa juris tantum: Possuindo o efeito de inver- bordinação entre os órgãos da Administração Pública de modo am-
ter o ônus da prova; plo e total;
• Consequências da presunção de legitimidade: decisões • Consequências do princípio da hierarquia: Existe a possibili-
administrativas possuem execução imediatas; decisões adminis- dade de o superior fazer revisão junto aos atos dos subordinados;
trativas podem criar obrigações particulares, ainda que estes não há a possibilidade de o superior vir a delegar ou a avocar competên-
concordem; em algumas situações, a própria Administração pode cias; existe a possibilidade de punir na forma da lei ao subordina-
executar suas próprias decisões do; dever do subordinador de obedecer as ordens do seu superior

239
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
imediato, ressalvadas as manifestamente ilegais; o princípio da hie- Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina
rarquia se encontra relacionado à ideia de desconcentração admi- as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
nistrativa; o princípio da hierarquia não se encontra relacionado ao capacidade e os direitos de família.
processo de descentralização administrativa. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei
brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades
da celebração.
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante
BRASILEIRO (DECRETO-LEI Nº 4.657/1942) E SUA autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nu-
APLICAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA bentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de
DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942. invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei
Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. (Redação do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diver-
dada pela Lei nº 12.376, de 2010) so, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao
confere o artigo 180 da Constituição, decreta: juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao
mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respei-
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em tados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente
todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publica- registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)
da. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasi- cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois
leira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmen- de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido ante-
te publicada. (Vide Lei nº 1.991, de 1953) (Vide Lei nº 2.145, de cedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a ho-
1953) (Vide Lei nº 2.410, de 1955) (Vide Lei nº 2.770, de 1956) mologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
(Vide Lei nº 3.244, de 1957) (Vide Lei nº 4.966, de 1966) (Vide estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país.
Decreto-Lei nº 333, de 1967) (Vide Lei nº 2.807, de 1956) (Vide Lei O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno,
nº 4.820, de 1965) poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publica- de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os
ção de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da famí-
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei lia estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o
nova. do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á
vigor até que outra a modifique ou revogue. domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se en-
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente contre.
o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles con-
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. cernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o pro-
a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. prietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destina-
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se res- rem a transporte para outros lugares.
taura por ter a lei revogadora perdido a vigência. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pes-
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não soa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
a conhece. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acor- do país em que se constituirem.
do com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas
que ela se dirige e às exigências do bem comum. as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrín-
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados secos do ato.
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Reda- § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida
ção dada pela Lei nº 3.238, de 1957) no lugar em que residir o proponente.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei
a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Incluído pela Lei nº do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qual-
3.238, de 1957) quer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu ti- § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País,
tular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comê- será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
ço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabele- filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes
cida inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela Lei nº 3.238, seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela
de 1957) Lei nº 9.047, de 1995)
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capa-
de que já não caiba recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) cidade para suceder.

240
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coleti- § 2o É indispensável a assistência de advogado, devidamente
vo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, jun-
em que se constituirem. tamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a
§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que
estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados a assinatura do advogado conste da escritura pública. (Incluído
pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. pela Lei nº 12.874, de 2013) Vigência
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no ar-
qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam tigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência
investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que
imóveis ou susceptiveis de desapropriação. satisfaçam todos os requisitos legais. (Incluído pela Lei nº 3.238,
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade de 1957)
dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos Parágrafo único. No caso em que a celebração dêsses atos ti-
ou dos agentes consulares. (Vide Lei nº 4.331, de 1964) ver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quan- no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado
do for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data
obrigação. da publicação desta lei. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial,
das ações relativas a imóveis situados no Brasil. não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluí-
exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as do pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento)
diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato,
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro re- ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
ge-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controlado-
lei brasileira desconheça. ra ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, pro-
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir cesso ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso
de quem a invoca prova do texto e da vigência. suas consequências jurídicas e administrativas. (Incluído pela Lei
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no es- nº 13.655, de 2018) (Regulamento)
trangeiro, que reuna os seguintes requisitos: Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo
a) haver sido proferida por juiz competente; deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a regula-
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente veri- rização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo
ficado à revelia; aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam
necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; anormais ou excessivos. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
d) estar traduzida por intérprete autorizado; Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, se-
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide rão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e
art.105, I, i da Constituição Federal). as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). direitos dos administrados. (Regulamento)
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se hou- § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade
ver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição des- de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
ta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto,
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como limitado ou condicionado a ação do agente. (Incluído pela Lei nº
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, 13.655, de 2018)
quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza
bons costumes. e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as auto- para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou ate-
ridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os nuantes e os antecedentes do agente. (Incluído pela Lei nº 13.655,
mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de de 2018)
nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta
no país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº 3.238, na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas
de 1957) ao mesmo fato. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que
celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de bra- estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de
sileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e ob- conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicio-
servados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar namento de direito, deverá prever regime de transição quando in-
da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição dispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito
e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem
acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro prejuízo aos interesses gerais. (Regulamento)
ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de
(Incluído pela Lei nº 12.874, de 2013) Vigência 2018)

241
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a
judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de
norma administrativa cuja produção já se houver completado le- regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
vará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento)
com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste ar-
inválidas situações plenamente constituídas. (Incluído pela Lei nº tigo terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a
13.655, de 2018) (Regulamento) que se destinam, até ulterior revisão. (Incluído pela Lei nº 13.655,
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as inter- de 2018)
pretações e especificações contidas em atos públicos de caráter
geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária,
e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de am-
plo conhecimento público. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PODERES E
Art. 25. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) DEVERES DOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS. USO E
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou si- ABUSO DO PODER
tuação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no
caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, Poder Hierárquico
após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realiza- Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade
ção de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus
geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a le- órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi-
gislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publi- nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia.
cação oficial. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento) A estrutura de organização da Administração Pública é baseada
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo: (Incluído em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com-
pela Lei nº 13.655, de 2018) petências e a hierarquia.
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficien- Em decorrência da amplitude das competências e das res-
te e compatível com os interesses gerais; (Incluído pela Lei nº ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a
13.655, de 2018) função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen-
ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação ge-
tes integrantes da Administração Pública.
ral; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma-
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o
neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados
prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se
descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor-
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa,
dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o
controladora ou judicial, poderá impor compensação por bene-
dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia-
fícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes
to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os
do processo ou da conduta dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018) (Regulamento) atos dos agentes subordinados.
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
caso, seu valor. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII,
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser cele- da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re-
brado compromisso processual entre os envolvidos. (Incluído pela presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali-
Lei nº 13.655, de 2018) dade, omissão ou abuso de poder.
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento) outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu-
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) mas regras, sendo elas:
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos norma- A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po-
tivos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da
interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifes- Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que
tação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele-
qual será considerada na decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de gar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
2018) (Vigência) (Regulamento) B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem-
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará plos: o veto e a sanção de lei;
o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina-
normas legais e regulamentares específicas, se houver. (Incluído da autoridade, não podem ser delegadas;
pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigência) D) O subordinado não pode recusar a delegação;
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigên- E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
cia) autorização do delegante.

242
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele- Observação importante: “revisão” do ato administrativo não
gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de
ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin- ato é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em
tes regras relacionadas a esse assunto: relação à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su-
• A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser bordinado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui-
delegada se não houver impedimento legal; co. Já na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do
• A delegação de competência é sempre exercida de forma par- ato administrativo é realizada pela própria autoridade que confec-
cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não cionou o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder
detém o poder de delegar todas as suas atribuições; hierárquico.
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e, Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do
e agentes não subordinados à hierarquia. Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun-
ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes
Não podem ser objeto de delegação: Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie-
• A edição de atos de caráter normativo; rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis-
• A decisão de recursos administrativos; trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente
• As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida- obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no
de; julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra-
-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida-
Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo- de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos
gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei. serviços administrativos da sua Vara.
Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po- Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação
não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi-
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da
os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível
mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super-
à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição
visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so-
delegada.
bre as entidades da Administração Indireta.
O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela Esquematizando, temos:
autoridade delegante como forma de transferência não definitiva
de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men-
cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
como editada pelo delegado.
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses
casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór-
gão subordinado.
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do
órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem-
porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im- Poder conferido à autoridade admi-
preterivelmente justificados. nistrativa para distribuir e dirimir funções
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados, PODER em escala de seus órgãos, que estabelece
como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do ção entre os servidores que estiverem sob
interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis- a sua hierarquia.
trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi-
ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se A edição de atos de caráter normativo
que pode ocorrer de duas formas: NÃO PODEM SER
A decisão de recursos administrativos
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato OBJETO
DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva
válido se tornar inconveniente ou inoportuna;
do órgão ou autoridade
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios.
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po- Por revogação: quando a manutenção
derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos DESFAZIMENTO do ato válido se tornar inconveniente ou
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a DO ATO inoportuna
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresen-
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver tar vícios
sido criado o direito subjetivo para o particular.

243
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Poder Disciplinar Poder Disciplinar
O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de • Apura infrações e aplica penalidades;
autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos • Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é
servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli- preciso que possua vínculo funcional com a administração;
na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi- • A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de
co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao
possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan- contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que
do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual. seja aplicada a penalidade disciplinar cabível;
Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é • Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre
decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri- sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação.
buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes-
ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o Poder regulamentar
cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado, Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste
o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi- o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po-
nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas
chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun- destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento
cional. e eficaz execução.
Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po-
alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po-
der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme-
der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços
lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres-
à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de
são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos
hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para
conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com
a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui-
co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra-
o particular. tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções,
Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há
punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs-
instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro
somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis- de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do
tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so- poder normativo.
mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes. No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar, utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve- competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor- regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati-
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia, vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis- autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo,
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação Registra-se que os regulamentos são publicados através de
funcional ou contratual com a Administração. decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
Em suma, temos: pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda,
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín- a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta
culo específico com a Administração Pública. última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém determinado nome a um prédio público.
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con-
às regulamentações de polícia administrativa. dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu-
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge-
lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução.
ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem
Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen-
crimes ou contravenções penais.
tes:
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o
A) Regulamento executivo;
poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação
deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance B) Regulamento independente ou autônomo;
como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis- c) Regulamento autorizado.
trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será Vejamos a composição de cada em deles:
aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a
aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona- Regulamento Executivo
riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis- suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re-
trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re- gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer
fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes-
e da exata sanção cabível. mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso,
Em resumo, temos: suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente
detalhar a sua execução.

244
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen- à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o
do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da
determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad-
situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para
que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con- o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi
creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas. uniformizado.
Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo Embora exista uma enorme importância em termos de pratici-
material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for- dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie-
mal. rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica,
O ato de regulamento executivo é constituído por importantes criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou
funções. São elas: restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo,
atos normativos considerados secundários que são editados pelo
1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan- normativos primários elaborados pelas leis.
do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li- Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à
berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na-
margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme-
de um regulamento executivo que estipula regras de observância tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto
obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe-
proceder no fiel cumprimento da lei. cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento.
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer- Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe- uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer em função de o Presidente da República entender que o projeto
autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
a discussão de casos e fatos sem importância para a administração o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
pública. o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por
exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico.
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei
Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula-
sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte-
mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum-
resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como
prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato
a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen-
que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada.
te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi-
Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car-
tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi-
reira de Policial Rodoviário Federal.
co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento.
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei
Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu-
ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º. Executivo no exercício da autotutela.
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto, Regulamento independente ou autônomo
o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam-
abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe-
servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo
em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma
privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula- lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará- diretamente da Constituição.
grafo único da Lei 8.112/1990. A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi-
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es- a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá- inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri-
satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma, que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo-
a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi- sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente
dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa- funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
do dirigente máximo do órgão. públicos.
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe- na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi-
lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi-

245
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de aos órgãos administrativos.
determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
hierarquia. controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou-
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa- trina maior tem aceitado que as competências para regular deter-
râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui- minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador
-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da
de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei
que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto. para a esfera do regulamento autorizado.
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita-
nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de- do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade,
creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc-
determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres-
concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar. sa determinação legal.
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta- confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en- ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por-
regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força
ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti- jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá-
tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas
agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside- a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora, Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu-
lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso
em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma
é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista
primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional,
que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de
de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal
estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de
Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de-
controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição
terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
do Supremo Tribunal Federal:
admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do
venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi-
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição,
tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm
ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas,
o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá, como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên-
por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri- cias reguladoras.
bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio-
nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e
isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle os regulamentos administrativos ou de organização.
difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio- Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá- passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece
gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387- com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio). regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es-
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob- De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos,
República e ao Advogado é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí-
do art. 84 da Constituição Federal. fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor
grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis-
Regulamento autorizado ou delegado trativos.
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men-
ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele-
gado.

246
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Esquematicamente, temos: B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do
fato; pela decisão condenatória recorrível;
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
REGULAMENTO expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de Administração Pública Federal.
DESTINATÁRIOS organização Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em
determinadas situações específicas, quando o interessado inter-
Poder de Polícia romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos
para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício parâmetros do art. 3.º.
de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte- Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
resse público. 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do
Limites art. 5.º.
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está Atributos
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de
fins, aos motivos ou ao objeto. polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida-
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po- de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características
lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro- estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia.
porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri-
medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de buto:
atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem-
plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos- Discricionariedade
suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas, Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re-
mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura. lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí-
Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in- cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia
terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria
seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de
desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade,
polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori-
seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas.
dade responsável possa executar qualquer tipo de opção.
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judici- mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
ário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de-
no exercício da autotutela. preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os
Prescrição requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe- ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para
deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu- exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re-
nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia, ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente
desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou
infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis-
cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade
Administração também for considerado crime, a prescrição deverá da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma
se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º. autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma-
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação terial bélico.
de execução da administração pública federal relativa a crédito não
tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação Autoexecutoriedade
em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini- Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da auto-
tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua executoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir
redação incluída pela Lei 11.941/2009. e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi- intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer-
lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público
curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi- poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo
car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des- desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que
pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que
excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário
haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren-
para fazer cessar o ato de polícia abusivo.
te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º.
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação
punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso
das seguintes hipóteses:
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
meio de edital;

247
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia Como uma das mais claras manifestações do princípio segun-
são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no
que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen- exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações
do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida-
não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma-
urgência que demande a execução direta da medida. O que infere nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre-
que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po- sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público,
lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem- o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de
plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado,
o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o Esquematizando, temos:
mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne-
cessário que promova a execução judicial da dívida. ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma DISCRICIONARIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE
que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em
dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu- Liberdade de Faculdade de a
toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili- escolha da autori- Administração deci- Faz com que
dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões dade pública em dir e executar dire- o ato seja imposto
executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a relação à conveni- tamente sua decisão ao particular, con-
concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade ência e oportunida- por seus próprios cordando este, ou
de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a de do exercício do meios, sem interven- não.
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando poder de polícia. ção do Judiciário.
for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como
exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de Uso e abuso de poder
desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece
que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente,
sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em
de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade). atendimento à consecução dos fins públicos.
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida- fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se
de de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul- que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor-
tas de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa
meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião, que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por
da apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito.
da demolição de prédio. Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas:
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente
em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade, • Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au-
que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou toridade atua extrapolando os limites da sua competência.
em situações de urgência. • Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po-
Coercibilidade rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja ao interesse público como um todo.
imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos, Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder
o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por
consignado à dependência da concordância do particular para que intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju-
tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso- dicial.
ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe-
xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 13.869/2019)
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019
desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº
Poder de polícia originário e poder de polícia delegado 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho
Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de
aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de
como fundamento a própria repartição de competências materiais 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988. 1940 (Código Penal).
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder seguinte Lei:
de polícia originário.

248
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO I III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
DISPOSIÇÕES GERAIS Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput
deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em cri-
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, come- me de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
tidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas declarados motivadamente na sentença.
funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
sido atribuído. Seção II
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso Das Penas Restritivas de Direitos
de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade es-
pecífica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a tercei- Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privati-
ro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. vas de liberdade previstas nesta Lei são:
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
fatos e provas não configura abuso de autoridade. II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato,
pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos
CAPÍTULO II e das vantagens;
DOS SUJEITOS DO CRIME III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser apli-
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qual- cadas autônoma ou cumulativamente.
quer agente público, servidor ou não, da administração direta, indi-
reta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, CAPÍTULO V
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equipara- Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas indepen-
das; dentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabí-
II - membros do Poder Legislativo; veis.
III - membros do Poder Executivo; Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que
IV - membros do Poder Judiciário; descreverem falta funcional serão informadas à autoridade compe-
V - membros do Ministério Público; tente com vistas à apuração.
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são inde-
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos des-
pendentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a
ta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
decididas no juízo criminal.
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no ad-
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput
ministrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido
deste artigo.
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
CAPÍTULO III
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de di-
DA AÇÃO PENAL
reito.
Art. 3º (VETADO).
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública CAPÍTULO VI
incondicionada. (Promulgação partes vetadas) DOS CRIMES E DAS PENAS
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifes-
a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em ta desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, inter- vetadas)
por recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
retomar a ação como parte principal. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 que, dentro de prazo razoável, deixar de:
(seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para ofe- I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
recimento da denúncia. II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou
de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
CAPÍTULO IV III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando mani-
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS festamente cabível.’
DE DIREITOS Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou in-
Seção I vestigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de
Dos Efeitos da Condenação comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 4º São efeitos da condenação: Art. 11. (VETADO).
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em fla-
crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na senten- grante à autoridade judiciária no prazo legal:
ça o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
considerando os prejuízos por ele sofridos; Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;

249
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o
pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito
indicada; ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de plei-
prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; to de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de pri- da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
são temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que,
executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providên-
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou cias tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir
legal. sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, o seja.
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: Art. 20. (VETADO).
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reser-
pública; vada do preso com seu advogado: (Promulgação partes vetadas)
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
autorizado em lei; Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso,
III - (VETADO). o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservada-
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Pro- mente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
mulgação partes vetadas) audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem -se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso
prejuízo da pena cominada à violência. de audiência realizada por videoconferência.
Art. 14. (VETADO). Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa espaço de confinamento:
que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guar- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dar segredo ou resguardar sigilo: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de
Parágrafo único. (VETADO). idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adoles-
o interrogatório: (Promulgação partes vetadas) cente).
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou
ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên-
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado cias, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determina-
ou defensor público, sem a presença de seu patrono. ção judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Violência Institucional (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha artigo, quem:
de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fran-
invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade: (Incluído quear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
pela Lei nº 14.321, de 2022) II - (VETADO);
I - a situação de violência; ou (Incluído pela Lei nº 14.321, de III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as
2022) 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro,
ou estigmatização: (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Inclu- do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
ído pela Lei nº 14.321, de 2022) Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de in-
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a víti- vestigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
ma de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar
pena aumentada de 2/3 (dois terços). (Incluído pela Lei nº 14.321, criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
de 2022) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a condu-
gerando indevida revitimização, aplica-se a pena em dobro. (Incluí- ta com o intuito de:
do pela Lei nº 14.321, de 2022) I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por ex-
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao cesso praticado no curso de diligência;
preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informa-
sua detenção ou prisão: (Promulgação partes vetadas) ções incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ou do processo.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como respon- Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcio-
sável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de nário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a
infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mes- admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com
mo falsa identidade, cargo ou função. o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apu-
Art. 17. (VETADO). ração:

250
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de
pena correspondente à violência. processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 38. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de pro- Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio
va, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conheci- de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
mento de sua ilicitude. concluídas as apurações e formalizada a acusação: (Promulgação
Art. 26. (VETADO). partes vetadas)
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento in- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
vestigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito CAPÍTULO VII
funcional ou de infração administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide DO PROCEDIMENTO
ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou
a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou CAPÍTULO VIII
acusado: DISPOSIÇÕES FINAIS
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse passa a vigorar com a seguinte redação:
de investigado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240) “Art.2º ........................................................................................
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ...............
Parágrafo único. (VETADO). ....................................................................................................
Art. 30. (VETADO). ....................
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou ad- § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o perí-
ministrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe odo de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste
inocente: (Promulgação partes vetadas) artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ....................................................................................................
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procras- .....................
tinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: (Vide ADIN § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a au-
6234) (Vide ADIN 6240) toridade responsável pela custódia deverá, independentemente de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da pri-
prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de são temporária ou da decretação da prisão preventiva.
forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no
do fiscalizado. cômputo do prazo de prisão temporária.” (NR)
Art. 32. (VETADO). Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado aces- a vigorar com a seguinte redação:
so aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, “Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunica-
ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de ções telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a ob- ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial
tenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências ou com objetivos não autorizados em lei:
em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas) Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. que determina a execução de conduta prevista no caput deste arti-
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclu- go com objetivo não autorizado em lei.” (NR)
sive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do seguinte
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de car- art. 227-A:
go ou função pública ou invoca a condição de agente público para “Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do
se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
indevido. (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
Art. 34. (VETADO). servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
Art. 35. (VETADO). ocorrência de reincidência.
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função,
ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o va- nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.”
lor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demons- Art. 43. (VETADO).
tração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. acrescida do seguinte art. 7º-B: (Promulgação partes vetadas)

251
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advo- estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su-
gado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei: bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’” nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia.
Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848, de de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
7 de dezembro de 1940 (Código Penal). transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
vinte) dias de sua publicação oficial. Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin-
do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser-
viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E que transfere e a que acolhe as atribuições.
INDIRETA. ÓRGÃOS PÚBLICOS. ASPECTOS GERAIS DA
ADMINISTRAÇÃO DIRETA. AUTARQUIAS. EMPRESAS Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
FUNDAÇÕES PÚBLICAS. CONSÓRCIOS PÚBLICOS. e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
AGÊNCIAS. ENTES DE COLABORAÇÃO E ENTIDADES de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
PARAESTATAIS forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au-
mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
Administração direta e indireta (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex-
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon- tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis-
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá
que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto.
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a
Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais,
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto
o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con-
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do
gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu-
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade
ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os
administrativa de maneira centralizada.
regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas
de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi-
órgão. Vejamos:
nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de
maneira descentralizada.
ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer-
cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona- ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, des-
lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu- de que não provoque aumento de despesas, bem como a criação
lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público ou a extinção de outros órgãos.
ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi- controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu-
reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução nal de Contas da União.
especializado de certas atividades, são consideradas como sendo
manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica, Pessoas administrativas
de modo geral. Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad-
ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias,
Desconcentração e Descentralização fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- mista.
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra- uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede- entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen- entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União, funções para as quais foram criadas de forma correta.
os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, Pessoas políticas
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons-
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político.
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven-
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos çadas na Constituição Federal.

252
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois, O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte- nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
rística que se encontra presente somente no âmbito da República que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati- sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
vos. a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con-
Autarquias corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti-
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e tuição Federal, que assim determina:
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
lização. ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a
econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo.
ção de serviços, dispondo sobre:
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço
sociedade;
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser- II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, balhistas e tributários;
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe- III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação nações, observados os princípios da Administração Pública;
a que estão vinculadas. IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi-
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que dade dos administradores
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica-
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re- Vejamos em síntese, algumas características em comum das
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais empresas públicas e das sociedades de economia mista:
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no • Devem realizar concurso público para admissão de seus em-
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na pregados;
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo constitucional;
Poder. • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
bem como ao controle do Poder Legislativo;
Empresas Públicas • Não estão sujeitas à falência;
Sociedades de Economia Mista • Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di- trativo no que se refere às suas atividades-meio;
reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
empresas estatais. constitucionalmente;
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas
lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan-
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos
Fundações e outras entidades privadas delegatárias
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco-
Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
nomia mista.
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- duas características que se encontram presentes de forma contun-
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre-
legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe-
exclusiva e prioritária pelo direito público. deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza-
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco- das autarquias.
nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.

253
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun- Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
Autárquica. objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I – promoção da assistência social;
Observação importante: a autarquia é definida como serviço II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu- histórico e artístico;
ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
a uma finalidade específica de interesse social. complementar de participação das organizações de que trata esta
Lei;
Vejamos como o Código Civil determina: IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis- promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo-
tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado. luntariado;
O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a bate à pobreza;
Administração Pública. IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro-
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so- e crédito;
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
que o foro de ambas é na Justiça Federal. direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
Delegação Social manos, da democracia e de outros valores universais;
Organizações sociais XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
As organizações sociais são entidades privadas que recebem ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de- neste artigo.
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma receber a qualificação. Vejamos:
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá I – as sociedades comerciais;
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam de categoria profissional;
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec- III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali- fundações;
ficação de OSs. V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los de e assemelhados;
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, mantenedoras;
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para tuito e suas mantenedoras;
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é IX – as Organizações Sociais;
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as X – as cooperativas;
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili-
zação de bens públicos e servidores públicos. Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade
e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi-
Organizações da sociedade civil de interesse público cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me-
sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu- nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n.
tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades
do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de
o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos: Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De

254
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá-
deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es- veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a
tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en-
a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos, tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
consultorias, cooperação técnica e assessoria. ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.

Entidades de utilidade pública


O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS
seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta- E ATRIBUTOS. ELEMENTOS E REQUISITOS
tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o DE VALIDADE. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS
setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. ADMINISTRATIVOS. FORMAÇÃO E EFEITOS.
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro EXTINÇÃO, REVOGAÇÃO, INVALIDAÇÃO E
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, CONVALIDAÇÃO. CASSAÇÃO E CADUCIDADE
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem-
plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil Conceito
de interesse público (OSCIP). Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda- que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res-
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga- obrigações aos administrados ou a si própria”.
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos. Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de- declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici- O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
ência da sociedade. explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa regulamentos.
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es- Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen-
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
civil de interesse público. legitimidade por órgão jurisdicional”.
O termo publicização também é atribuído a um segundo sen- B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for-
à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos-
fins lucrativos. ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por
No que condizente às características das entidades que com- exemplo, bem como os atos abstratos.
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten- Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.
nham sido autorizadas por lei; De antemão, é importante observar que, embora o exercício
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú- da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado); cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi- mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios
nistração legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em
5. Pública e ao Tribunal de Contas; todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci-
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga- da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função
do parcialmente por normas direito público; exclusiva do Poder Executivo.
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício
não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam- da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú-
bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi- meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
reta. desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri- dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de privado e não público.

255
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser Relativo à competência com aplicação de multa por infração à
praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União
o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam-
como, os entes da Administração Indireta e particulares, como bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em
acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser- relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que
viços públicos. é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre- da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na-
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos penalidades.
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-
veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara- Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-
das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi- dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
judicial específico. da pela lei ou pela Constituição Federal.
b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
Em suma, temos:
normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade
mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am-
agente que possui competência primária.
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con-
trole judicial específico. Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
Atos de Direito Privado matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Atos materiais Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên-
cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF),
Atos políticos órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re-
Contratos ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver-
dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos
Atos normativos Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
A competência possui como características:
Requisitos a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência vez que se trata de um poder-dever de ambos.
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência, b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta-
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez
falta ou o defeito desses elementos pode resultar. que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo:
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan- da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá
do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente. jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra a crimes considerados menos graves.
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in-
rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa.
minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú-
poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação
delegação.
Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e
liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente
Polícia Federal. estas normas poderão alterá-la.
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às não tenha sido utilizada por muito tempo.
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista
o desempenho de suas atividades. em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo
A competência possui como fundamento do seu instituto a di- mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a
visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con- tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua
junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri- prática.
buição de competências possibilita a organização administrativa
do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa
política, órgão ou agente.

256
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a Importante ressaltar:
avocação, que podem ser definidas da seguinte forma: Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí-
a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in- cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu-
termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público rança ou a medida judicial.
delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen-
parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não
é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior. poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada.
No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi- Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada,
cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie- todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve-
rárquica. rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri-
buição da autoridade delegante, que continua competente para o Seguindo temos:
exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos. de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando
te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode-
res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen-
de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de
poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer
impedimentos legais vigentes. Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
gação:
É importante conhecer a respeito da delegação de competên-
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
pondo em seus arts. 11 a 14: sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
autoridade avocante.
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos • Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
delegação e avocação legalmente admitidos. achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega-
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- cunho de mão própria.
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
presidentes. to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
I - a edição de atos de caráter normativo; competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribu-
II - a decisão de recursos administrativos; ídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
dade. Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi-
presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
cados no meio oficial.
competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes
Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob-
mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva
de exercício da atribuição delegada. tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
autoridade delegante. a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
legado. ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po-
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega-
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação.

257
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato Em resumo, temos:
está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo Específica ou Imediata e
de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento. FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem
toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da Ato praticado com finalidade
teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta diversa da prevista em Lei.
deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados e
DESVIO DE FINALIDADE
válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato. Ato praticado formalmente
OU DESVIO DE PODER
com finalidade prevista em Lei, po-
rém, visando a atender a fins pes-
soais de autoridade.

Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis-


tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
Em suma, temos: A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
modo de exteriorização do ato administrativo.
B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa-
das no seu curso de formação.
Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo
que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto
Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for-
das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão, mação do ato administrativo.
a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor- Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
de ato administrativo. tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
de finalidade pública. São elas: que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
co considerado de forma geral. verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
ato. Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não requisito primordial à validade do ato.
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. ma, mas não vício de motivo.
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser elemento motivo.
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício
de finalidade. Motivo
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que
rifica em duas hipóteses. São elas: estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da Quando a autoridade administrativa não tem margem para de-
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato
de punição. administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte- administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse- tica do ato.
guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse
público.

258
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se Exemplo
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser-
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente
empírico da situação prevista em lei. venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida-
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis- de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá
trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o
to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua-
previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá
se integre à tal previsão. ser anulada.
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor- É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
rer nas seguintes situações: pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto
a) quando o motivo é inexistente. aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
b) quando o motivo é falso. Em suma, temos:
c) quando o motivo é inadequado.
• Motivo do ato administrativo
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
motivação. Vejamos: edição do ato administrativo.
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do — Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs-
ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati- trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti- — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real
mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo. que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen- racterizando o motivo de direito.
do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo-
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos, VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício Inexistente
de forma, e não de motivo. Falso
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o
Inadequado
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se-
guinte:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com • Teoria dos motivos determinantes
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
pública; quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- está adequado à realidade fática”.
tatório;
V - decidam recursos administrativos; Objeto
VI - decorram de reexame de ofício; O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
ção de ato administrativo. a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve objeto é a punição do transgressor.
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- drões aceitos como éticos e justos.
grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva- Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen-
sendo admitida no direito brasileiro. tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os
seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
A motivação dos atos administrativos
É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res- a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen-
peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica.
determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi- b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para
gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.
validade se os motivos declarados forem verdadeiros. c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de
dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas
nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au-
toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro.

259
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes- Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida-
soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem
de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato
é tido como imoral. administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem-
plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
Atributos do Ato Administrativo do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- • Autoexecutoriedade
vados. Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção
bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos prévia do Poder Judiciário.
públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
atos administrativos são: rapidez e eficiência.
No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
• Presunção de legitimidade riedade somente é possível quando estiver expressamente previs-
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente interesse público.
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade,
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
com a lei, até que se prove o contrário. Demolição de edifício em situação de risco
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e
Internação de pessoa com doença contagiosa
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como Dissolução de reunião que ameace a segurança
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida- Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi- tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
das pela administração são verdadeiras. considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No dos seus direitos.
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido Tipicidade
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub- a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis-
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas, que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos. atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de-
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera- veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca-
que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl-
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela
ser punido. lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo,
em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
• Imperatividade ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são viamente definido na lei.
impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio
concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien- da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar
te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o
editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da
para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda-
em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos
possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua inominados.
expressa concordância.

260
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se Exemplo:
que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran- Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for-
do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do
impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu- • Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im-
lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e
tanto ao interesse público como ao interesse particular. sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e
papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
Classificação dos Atos Administrativos
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada Exemplo:
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica- devidas análises”.
ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade
prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos
abordagem nas provas de concursos públicos. simples, complexos e compostos.
• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór-
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um
minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada
uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula- administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole-
mento do Imposto de Renda. giado.
• O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter- É importante não confundir ato complexo com procedimento
minados em si. administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com-
plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de
Exemplo: um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra-
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato de um ato final e principal”.
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti-
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
este também decorre do resultado da manifestação de vontade de
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de
ser atos vinculados e discricionários. que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos,
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com- um principal e outro acessório.
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória,
nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei-
de imóvel. relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em-
com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de- bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa-
cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú-
conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática. blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico
do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi- o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de
nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente. vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili-
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administra- dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato
ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais administrativo composto”.
usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e co-
ercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabeleci- Espécies
mentos comerciais. O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e
a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove- atos punitivos.
nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os
particulares.
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam
a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos.

261
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• Atos normativos Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es- por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do
miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de-
da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais, terminando a instauração de processo disciplinar específico.
não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas, Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena-
versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos. dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais.
Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi-
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po- ca.
dem ser: Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res-
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de
geral ou individual prevista na legislação, englobando também de entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de
forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio
Casas Legislativas. de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú-
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- de.
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
classificados em decreto geral e individual. Vejamos: rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli- é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do nhas.
Imposto de Renda”.
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi- • Atos negociais
ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação Também chamados de atos receptícios, são atos administrati-
produz de imediato, efeitos concretos. vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com
o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
Exemplo: utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte
para fim de desapropriação. desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão.
Vejamos:
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re- a) Licença: possui algumas características. São elas:
gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos
o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li-
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da- cença;
queles do que é permitido por Lei. — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi-
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon- como um todo;
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001,
que predispõe a competência privativa do Presidente da República b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do-
para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen- tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú-
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico.
A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
• Atos ordinatórios — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada,
ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis- bem como da utilização de bem público por particulares;
ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare- — Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade
mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve-
circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e niência e à oportunidade do ato administrativo;
os despachos. — Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape-
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a nas de direito subjetivo ao ato.
atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru-
ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna c) Autorização: é detentora de características iguais às da per-
na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni- missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis-
camente por particular. sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou,
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan- ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per-
to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência. missão, a autorização possui como características: o ato de consen-
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo.
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre-
latos aos respectivos Ministérios.

262
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador • Atos punitivos
do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos
específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in-
o particular preencha devidamente os requisitos legais teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com
a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer
• Atos enunciativos forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi-
São atos administrativos que expressam opiniões ou, ain- ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição
da, que certificam fatos no campo da Administração Pública. A dou- Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te-
trina reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio
as certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos: da legalidade.
a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar Podemos dividir as sanções em dois grupos:
a opinião do agente público a respeito de determinada questão de 1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe-
ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu-
licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico. lares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé- 2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
cies de pareceres. São eles: basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
vincula a autoridade competente; contratada pela Administração.
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa- espécie:
recer de forma motivada; Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de aos administrados.
forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis- Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen-
trativa com o dever de acatá-lo. sivos do exercício de atividades diversas.
Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos população em risco.
administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po- Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a
rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas. autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si-
consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais, tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo-
no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen- mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi-
dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé-
situações de interesse pessoal”. dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior.
Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio-
c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos
certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a
de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer- Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação
tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi-
ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha
públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re- cometido falta grave.
tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da *Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos
Administração Pública. particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as
sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da
o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados.
pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior
o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis-
contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as
de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°, denominadas sanções internas.
da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.
Extinção do ato administrativo
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de
Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá
ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos,
vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito,
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção
objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be-
neficiário.

263
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos
ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu A Administração Pública pode declarar
SÚMULA 346
efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes a nulidade dos seus próprios atos.
situações: A Administração pode anular seus pró-
prios atos, quando eivados de vícios
Cassação que os tornam ilegais, porque deles
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido não se originam direitos; ou revogá-
condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar SÚMULA 473 -los, por motivo de conveniência ou
continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção oportunidade, respeitados os direitos
do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo adquiridos, e ressalvada, em todos os
sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua casos, a apreciação judicial.
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento
de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti-
tuição. Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in-
vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade,
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni-
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu- dade.
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar. A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por
Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de- provocação do interessado.
monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer-
a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi-
fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento, nistrativo havendo pedido do interessado.
em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
trativo. de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para
proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen- o exercício da autotutela.
tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên-
cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria, Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no
acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os
dados públicas. atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa- destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos,
recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad- contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal
vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a
para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo estipulação de prazos diferentes em outras esferas.
que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato
ocorreu na formação do ato. Revogação
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró-
Anulação pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade,
É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de
de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento
e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per-
de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração
legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do pública poderá suprimi-lo por meio da revogação.
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu-
ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse- nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra-
guinte, revogá-lo, e não o anular. ção que o editou.
Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen- É fundamental compreender que a revogação somente pode
te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá-
de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida- tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não
de. lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
Em relação à competência, a anulação do ato administrativo conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma-
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição
Poder Judiciário. do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des-
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando feito pela revogação.
isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au-
totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF:

264
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin- Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual- sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos: o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con-
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná- funde com o exercício da ação para manifestá-lo”.
lise de conveniência e oportunidade; Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis-
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú-
retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses
próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos:
transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público, Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi-
após o gozo do direito, não há como revogar o ato; nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori- salvo comprovada má-fé.
dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou § 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
deixou de ser competente para revogá-lo; decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados, § 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
lei; dade do ato.”
e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai
novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior; no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati-
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per-
adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF. manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo
que o beneficia.
Convalidação Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad-
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida-
por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu- das contando com a proteção da segurança jurídica.
sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora. Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento
que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu:
os efeitos. “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca-
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do
anuláveis. Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático
incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético,
art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi- social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive,
lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis, as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável
levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes- o fato de que o Poder Público não se submente também a essa
se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de-
à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido curso do tempo.”
aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe
dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux
esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná- promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e
ria vigente. Administração Pública, suprimindo da administração o poder de
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru- usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis-
dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina- trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes-
das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do sadas.
princípio da segurança jurídica. Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota-
do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo,
Decadência Administrativa propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta-
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi- gem do prazo decadencial.
to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter-
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda
no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que PROCESSO ADMINISTRATIVO. LEI Nº 9.784/1999
não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
Processo administrativo
O Processo Administrativo Disciplinar tem como objetivo apu-
rar possíveis infrações disciplinares e, conforme o caso, aplicar a
penalidade cabível.

265
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
As regras disciplinares são de competência de cada ente fede- *Diante de uma denuncia anônima é preciso instaurar o PAD? A
rativo, que irão regular os devidos procedimentos disciplinares de Lei 8.112/90 de a entender que a denuncia anônima está vedada de
seus respectivos servidores públicos. maneira geral para evitar o chamado denuncismo. Uma vez que, a
Na esfera federal, temos o nosso estudo baseado na Lei Lei fala que a denúncia deve ser clara, demonstrando seu endereço,
8.112/90, sendo o estatuto dos servidores públicos. Vale destacar, nome, ou seja, você tem que ser responsável pela sua denúncia –
que as regras estatutárias não podem desrespeitar os princípios e assumir a responsabilidade. Ocorre que, nessa situação, ao exigir
as regras constitucionais. que a denúncia seja sempre clara, pode estar evitando que certas
Dentro da Lei 8.112/90 existem três modalidades de Processo denúncias cheguem à Administração Pública. Assim, conclui-se que
Administrativo Disciplinar, logo nas três hipóteses, por se tratar de a denúncia anônima não deve ser desconsiderada de fato, sendo
processo administrativo disciplinar é possível à existência de uma necessário analisar a presença de elementos concretos na denúncia
penalidade ao final. São modalidades do PAD: anônima.
I. Processo Administrativo Disciplinar Simplificado/ Sindicância De modo que, ao receber a denúncia anônima a Autoridade
(Art. 145 da Lei 8.112/90): possui como objetivo a apuração das competente não pode abrir um PAD de prontidão. Mas, caso a Au-
condutas que em tese são de menor potencial ofensivo, pressupõe toridade verifique elementos concretos nesta denúncia anônima,
então que os tipos de penalidade a serem aplicadas aqui possuem instaura-se um PAD de sindicância investigatório, se neste proces-
natureza leve. so for confirmado os elementos instaura-se um PAD propriamente
Caso ao dar início a esta modalidade de PAD e, verifica-se a não dito, para apurar a fundo as infrações e aplicar as penalidades ne-
existência do fato, o PAD é arquivado, uma vez que está ausente de cessárias.
provas/ elementos probatórios. O PAD Propriamente Dito pode ser instaurado de prontidão
Por outro lado, caso o PAD simplificado seja confirmado, apli- caso verifique-se uma conduta gravíssima, de uma denúncia clara
ca-se uma advertência, ou então, uma suspensão de até 30 dias ao (pessoa assumi a responsabilidade), desta forma percebe-se que a
servidor público. sindicância não é pré-requisito para a instauração do PAD, desde
Assim, a punição para condutas do servidor público de natu- que a denúncia seja clara.
reza leve é de advertência ou suspensão de até 30 dias. Nota-se Um dos elementos da Portaria que instaura o PAD é o afasta-
que caso conclua-se, diante da apuração do PAD simplificado, que a mento preventivo da servidor público (Ato Administrativo – Porta-
infração é gravíssima, finaliza-se o PAD simplificado e instaura-se o ria). Esse afastamento ocorre, pois muitas vezes, os demais servi-
PAD propriamente dito. dores não se sentem confortáveis em testemunharem algo com o
Ex. Ocorre uma denuncia de um servidor, que está vendendo acusado ainda ocupando o cargo, pois ele poderia utilizar sua in-
pão de mel dentro da administração pública, as pessoas sabem que fluência – por exemplo, se vocês testemunharem acontecerá algo.
este servidor não sabe cozinhar. A autoridade recebe a informação. Assim, o afastamento é utilizado como um acautelamento do Admi-
Sabe-se que essa conduta não é gravíssima, assim abre-se um PAD nistrador Público em relação ao processo administrativo disciplinar.
simplificado para apurar a situação, mas com a informação de que Vale ressaltar que o afastamento temporário não é uma puni-
a pessoa não sabe cozinhar, ao abrir o PAD simplificado ele não se ção, tendo em vista que ainda não houve PAD. Sendo assim, neste
confirma, assim arquiva-se. No caso de confirmação, por exemplo, afastamento é razoável que o servidor público continue recebendo
não era pão de mel, mas cocada, aqui não se arquiva o processo, a sua remuneração. O prazo de afastamento temporário do servidor
mas aplica-se uma advertência. público é de no máximo 60 dias, prorrogáveis, desde que justificá-
Obs. Cuidado com o termo sindicância, na doutrina do Direito vel, por mais 60 dias (Art. 147 da Lei 8.112/90).
Administrativo em Geral (Processo Administrativo – Lei 9.784/99), Caso passe o período total de 120 dias (60 + 60 prorrogáveis), e
existe o termo sindicância, no sentido investigativo-inquisitório e a Autoridade necessite de mais tempo para a investigação, não tem
acusatória- punitivo. Assim, dentro do Processo Administrativo Ge- como aumentar o prazo e o servidor continuar afastado, assim o
ral, existem duas modalidades de sindicância. servidor retorna para o seu cargo e o PAD continua.
O PAD simplificado possui uma sindicância punitiva/acusatória, O Ato Administrativo que instaura o PAD indica o nome de três
uma vez que ao final ela apresenta uma penalidade. Esta distinção servidores públicos para compor uma Comissão Processante. Ou
ocorre, pois, caso esteja-se diante de uma sindicância investigati- seja, uma autoridade instaura o PAD, sendo somente os Ministros
va/ inquisitória, não é necessário fornecer a ninguém o direito de que possuem competência para tanto, entretanto não são os Minis-
ampla defesa e contraditório, uma vez que não se está acusando tros que tocam o Processo Administrativo Disciplinar, mas sim uma
ninguém, mas apenas investigando. Comissão Processante.
Não existe muitas regras sobre o processo administrativo dis- Dentro do ato de instauração o Ministro já indica os servido-
ciplinar simplificado, de modo que, de maneira geral, utiliza-se o res públicos, sendo a regra geral que a Comissão Processante seja
procedimento do propriamente dito como margem. composta por três Servidores Estáveis (estabilidade é um requisito
O prazo para a conclusão de um PAD simplificado é de 30 dias, – Artigo 149 da Lei 8.112/90). Um desses três Servidores será Presi-
ou seja, após o início da sindicância tem-se 30 dias para encerrar, dente da Comissão, este tem que ter o cargo superior ou similar ao
podendo ser prorrogados por mais 30 dias. do servidor púbico acusado.
A regra geral prevê a estabilidade, pois esta funciona como
II. Processo Administrativo Disciplinar Propriamente Dito: utili- uma garantia do servidor público que compõe a comissão, de modo
zado nos casos de infrações gravíssimas. Este processo administra- a garantir que este não pode ser retirado/ perder o cargo a não ser
tivo disciplinar possui três fases, sendo elas: nas hipóteses do artigo 41 da CF, ou seja, não sofro o risco de ser
* Primeira Fase: Compreende a instauração do processo. Para a ameaça a ser mandada embora. (Obs. Não pode estar este Servidor
instauração do processo é necessário que o Administrador Público Público somente no cargo de comissão, uma vez que cargos em co-
tome conhecimento de uma conduta indisciplinar, assim, é preciso missão não possuem a estabilidade).
conhecer a conduta, para depois instaurar um PAD.

266
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Obs. É muito comum na jurisprudência quando se anula um Nesta fase também é necessário buscar a verdade material/
processo administrativo, anula-se a comissão processante em um real, ou seja, a verdade mais próxima do que realmente aconteceu,
sentido geral. Assim qual é o ato que a autoridade competente tem nesse sentido, pode se falar que o PAD é muito parecido com o pro-
que fazer? Instaurar um novo PAD, com a nomeação de novas pes- cesso penal.
soas para compor a comissão processante, uma vez que a anterior Durante a Instrução do Processo serão tomadas todas as me-
foi desfeita, pois não garantiu a ampla defesa e o contraditório. didas necessárias como, por exemplo: oitiva de testemunhas, pe-
Caso anteriormente tenha ocorrido alguma nulidade que tenha ge- rícias, acareações, sempre com a possibilidade de o servidor pú-
rado o desfazimento da comissão processante, pode esta mesma blico causado intervir no procedimento, ou seja, apresentar seus
comissão ser escolhida novamente. Assim, a Comissão Processante próprios laudos, testemunhas.
só não pode ser a mesma caso esta não garanta o contraditório e a Nota-se que caso ocorra à violação ao contraditório e a ampla
ampla defesa. defesa, o PAD deverá ser arquivado.
A Suspensão e Advertência podem ser aplicadas no PAD, no Obs. É possível emprestar provas produzidas em processos ju-
momento em que o Servidor Público é suspenso ou advertido, dicias em andamento? Sim, desde que esta prova emprestada seja
começa a correr um prazo para o cancelamento desse registro de lícita.
penalidades na sua ficha de servidor público. De modo que, após Obs. É necessário que se dê a possibilidade de participação de
3 (para o caso de advertência) ou 5 (para a suspensão) anos o servi- advogado, não podendo ser vedada a sua participação no PAD.
dor cometa outro ilícito/ não sofra nenhuma outra sanção, ele não Esta situação do Advogado gerou a Súmula Vinculante nº 5 do
será considerado como reincidente. Assim, aqui não se cancela os STF, que prevê que a falta de defesa técnica, ou seja, de advoga-
efeitos da suspensão e da advertência, mas o Registro de Penalida- do em um PAD não ofende a Constituição Federal. Entretanto o STJ
des em sua ficha. acredita que é necessária a presença do advogado no PAD. O que
Prazo de Prescrição do PAD: o Servidor Público no exercício da vale, neste caso, é a posição do STF na Súmula Vinculante nº 5.
sua atividade, pratica uma conduta em que a penalidade típica é - Defesa
demissão, assim, o poder público / administração pública, tem o - Relatório
prazo de 5 anos, a partir do conhecimento do fato da conduta pela
autoridade competente para abrir um PAD, sob pena de prescrição. * Terceira Fase: Julgamento
Caso a conduta leve a suspensão do servidor, a Administração
Pública tem dois anos, a partir do conhecimento da conduta, para LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.
abrir o PAD sob pena de prescrição.
Por outro lado, caso a conduta leve a advertência ao servidor, Regula o processo administrativo no âmbito da Administração
a Administração Pública tem 180 dias, a partir do conhecimento da Pública Federal.
conduta, para abrir o PAD, sob pena de prescrição.
Vale ressaltar, que nos três casos acima (demissão, suspen- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
são e advertência), caso a Autoridade competente, tome conheci- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
mento da conduta e não instaure o PAD ela sofre as sanções da Lei
8.112/90, ou seja, assume a responsabilidade. CAPÍTULO I
Ademais, importante ressaltar que no momento em que o PAD DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
é aberto, o prazo prescricional do mesmo se interrompe até a de-
cisão da autoridade competente (Art. 142, § 3º da Lei 8.112/90). Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad-
Entretanto existem discussões acerca da razoabilidade desse tempo ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta,
de decisão da autoridade competente, de modo que a previsão le- visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
gal diverge da jurisprudencial. ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
A lei entende que a Autoridade tem o tempo necessário para § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
se chegar a uma decisão, já a jurisprudência, entende que, uma vez Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho
interrompido o prazo prescricional do PAD, após 140 dias, diante de função administrativa.
da ausência de uma decisão pela autoridade competente, o pra- § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
zo prescricional volta a correr. Isto é, uma vez instaurado o PAD, a I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad-
autoridade competente tem 140 dias para concluí-lo, uma vez que ministração direta e da estrutura da Administração indireta;
o PAD normalmente deve durar 60 dias, prorrogáveis por mais 60, II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
após isso a autoridade competente tem 20 dias para julgá-lo – to- jurídica;
talizando 140 dias. III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
* Segunda Fase: esta se subdivide em: de decisão.
- Inquérito Administrativo: é tocado pela Comissão Processan- Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
te, composta por três servidores públicos que possuem estabilida- princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro-
de. porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
- Instrução do Processo: nesta fase mantem-se a regra funda- ça jurídica, interesse público e eficiência.
mental inserida no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. Em Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa-
que, toda fase de Processo Administrativo Disciplinar será acom- dos, entre outros, os critérios de:
panhada pelo Servidor acusado, uma vez que, caso não tenha este I - atuação conforme a lei e o Direito;
acompanhamento não existirá a possibilidade do contraditório e II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to-
nem da ampla defesa. tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
Outro princípio que rege esta fase é o Princípio da Oficialidade, III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
no sentido de que a Comissão Processante ao tocar o inquérito ad- a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
ministrativo age de ofício, não sendo necessário que a Autoridade IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
Administrativa de comandos para a Comissão Processante. boa-fé;

267
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
hipóteses de sigilo previstas na Constituição; fundamentos;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri- V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita- Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada
mente necessárias ao atendimento do interesse público; de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o in-
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter- teressado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
minarem a decisão; Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem
direitos dos administrados; pretensões equivalentes.
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade- Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi- tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula-
nistrados; dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale-
gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, CAPÍTULO V
nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de DOS INTERESSADOS
litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi-
as previstas em lei; nistrativo:
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem preju- I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de
ízo da atuação dos interessados; direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de re-
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me- presentação;
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
aplicação retroativa de nova interpretação. ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a
CAPÍTULO II direitos e interesses coletivos;
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan-
to a direitos ou interesses difusos.
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad- Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor-
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que mativo próprio.
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
suas obrigações; CAPÍTULO VI
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em DA COMPETÊNCIA
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có-
pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões profe- Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
ridas; administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci- delegação e avocação legalmente admitidos.
são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
quando obrigatória a representação, por força de lei. tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns-
CAPÍTULO III tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, presidentes.
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - expor os fatos conforme a verdade; I - a edição de atos de caráter normativo;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; II - a decisão de recursos administrativos;
III - não agir de modo temerário; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo- dade.
rar para o esclarecimento dos fatos. Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi-
cados no meio oficial.
CAPÍTULO IV § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
DO INÍCIO DO PROCESSO transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a de exercício da atribuição delegada.
pedido de interessado. § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela au-
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em toridade delegante.
que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar ex-
conter os seguintes dados: plicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo dele-
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; gado.
II - identificação do interessado ou de quem o represente; Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co- relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
municações; competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

268
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi- CAPÍTULO IX
camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor administrativo determinará a intimação do interessado para ciência
grau hierárquico para decidir. de decisão ou a efetivação de diligências.
§ 1o A intimação deverá conter:
CAPÍTULO VII I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad-
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO ministrativa;
II - finalidade da intimação;
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser- III - data, hora e local em que deve comparecer;
vidor ou autoridade que: IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; representar;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste- V - informação da continuidade do processo independente-
munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao mente do seu comparecimento;
cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte- § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias
ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro. úteis quanto à data de comparecimento.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen- § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por
to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio
de atuar. que assegure a certeza da ciência do interessado.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi- § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor meio de publicação oficial.
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos inte- § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
ressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su-
e afins até o terceiro grau. pre sua falta ou irregularidade.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco-
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
administrado.
CAPÍTULO VIII Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti-
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO do direito de ampla defesa ao interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em de outra natureza, de seu interesse.
vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
autoridade responsável. CAPÍTULO X
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente DA INSTRUÇÃO
será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
ser feita pelo órgão administrativo. comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencial- de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo proces-
mente e rubricadas. so, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, probatórias.
no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au-
o processo. tos os dados necessários à decisão do processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados
atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro- devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou obtidas por meios ilícitos.
autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de
participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo- interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho
tivo de força maior. motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para
até o dobro, mediante comprovada justificação. a parte interessada.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial- § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos-
o local de realização. sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale-
gações escritas.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si,
a condição de interessado do processo, mas confere o direito de
obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser
comum a todas as alegações substancialmente iguais.

269
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú- manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for
blica para debates sobre a matéria do processo. legalmente fixado.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
administrados, diretamente ou por meio de organizações e associa- prévia manifestação do interessado.
ções legalmente reconhecidas. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob-
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou- ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que
tros meios de participação de administrados deverão ser apresen- o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote-
tados com a indicação do procedimento adotado. gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên- Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi-
cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali- tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o
zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre- conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci-
sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori-
ser juntada aos autos. dade competente.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale-
gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a CAPÍTULO XI
instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. DO DEVER DE DECIDIR
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
registrados em documentos existentes na própria Administração Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór- decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla-
gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos mações, em matéria de sua competência.
documentos ou das respectivas cópias. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad-
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorro-
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili- gação por igual período expressamente motivada.
gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
objeto do processo. CAPÍTULO XI-A
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na DA DECISÃO COORDENADA
motivação do relatório e da decisão. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun-
damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as de-
ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. cisões administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci-
a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão são coordenada, sempre que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela Lei
forma e condições de atendimento. nº 14.210, de 2021)
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór- II - houver discordância que prejudique a celeridade do proces-
gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a so administrativo decisório. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
omissão, não se eximindo de proferir a decisão. § 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao a instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua
interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o proces-
não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec- so administrativo mediante participação concomitante de todas as
tiva apresentação implicará arquivamento do processo. autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilida-
ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan- de do procedimento e de sua formalização com a legislação perti-
do-se data, hora e local de realização. nente. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quin- § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
ze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior § 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade origi-
prazo. nária de cada órgão ou autoridade envolvida. (Incluído pela Lei nº
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti- 14.210, de 2021)
do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva § 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legali-
apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. dade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser necessário, da simplificação do procedimento e da concentração
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade § 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos admi-
de quem se omitiu no atendimento. nistrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído pela Lei nº
estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res- 14.210, de 2021)
ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór- III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distin-
gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. tos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

270
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coorde- IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
nada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art. tatório;
9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) V - decidam recursos administrativos;
Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir VI - decorram de reexame de ofício;
direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
responsável pela convocação da decisão coordenada. (Incluído pela ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
Lei nº 14.210, de 2021) VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida-
Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) ção de ato administrativo.
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po-
intimados na forma do art. 26 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos
de 2021) de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que,
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável neste caso, serão parte integrante do ato.
pela elaboração de documento específico sobre o tema atinente à § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode
respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
o processo da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos inte-
2021) ressados.
Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis-
abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais pre- sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo
cedentes. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) escrito.
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão
coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma
CAPÍTULO XIII
fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alte-
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS
ração necessárias para a resolução da questão. (Incluído pela Lei nº
DE EXTINÇÃO DO PROCESSO
14.210, de 2021)
Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao
objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re-
será consolidada em ata, que conterá as seguintes informações: (In- nunciar a direitos disponíveis.
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021) § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei nº 14.210, atinge somente quem a tenha formulado.
de 2021) § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso,
II - síntese dos fundamentos aduzidos; (Incluído pela Lei nº não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração
14.210, de 2021) considerar que o interesse público assim o exige.
III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação; (In- Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o proces-
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021) so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar
IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convoca-
ção; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) CAPÍTULO XIV
V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atu- DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
ação governamental em matéria idêntica ou similar; e (Incluído pela
Lei nº 14.210, de 2021) Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan-
VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujei- do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
ta à sua competência. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fun- Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis-
damentação da decisão da autoridade ou do agente a respeito de trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
matéria de competência do órgão ou da entidade representada. (In- decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021) salvo comprovada má-fé.
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de-
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União,
cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV do
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coordenada
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu inteiro teor,
dade do ato.
para conhecimento dos interessados. (Incluído pela Lei nº 14.210,
de 2021)
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
CAPÍTULO XII ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen-
DA MOTIVAÇÃO tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad-
ministração.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: CAPÍTULO XV
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de
pública; razões de legalidade e de mérito.

271
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, Art. 64-B.Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á
à autoridade superior. ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julga-
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administra- mento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões admi-
tivo independe de caução. nistrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização
§ 3oSe o recorrente alegar que a decisão administrativa contra- pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.(Incluído pela Lei
ria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora nº 11.417, de 2006). Vigência
da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san-
encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabili- ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
dade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí-
Lei nº 11.417, de 2006).Vigência veis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. agravamento da sanção.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- CAPÍTULO XVI
cesso; DOS PRAZOS
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
afetados pela decisão recorrida; Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-
III - as organizações e associações representativas, no tocante a ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin-
direitos e interesses coletivos; do-se o do vencimento.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se-
difusos. guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ci-
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a
ência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque-
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis-
le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
do recebimento dos autos pelo órgão competente. os prazos processuais não se suspendem.
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita. CAPÍTULO XVII
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no DAS SANÇÕES
qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree-
xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes. Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe-
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa-
efeito suspensivo. zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida CAPÍTULO XVIII
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
efeito suspensivo ao recurso.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a
conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
de cinco dias úteis, apresentem alegações. os preceitos desta Lei.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: Art. 69-A.Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão
I - fora do prazo; ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como
II - perante órgão incompetente; parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
III - por quem não seja legitimado; I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;(In-
IV - após exaurida a esfera administrativa. cluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a auto- II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído
ridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. pela Lei nº 12.008, de 2009).
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra- III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla,
neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan-
administrativa.
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui-
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con-
losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da
firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci-
doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação,
são recorrida, se a matéria for de sua competência.
síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave,
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi- doença tenha sido contraída após o início do processo.(Incluído
cado para que formule suas alegações antes da decisão. pela Lei nº 12.008, de 2009).
Art. 64-A.Se o recorrente alegar violação de enunciado da sú- § 1oA pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando
mula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explici- prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra-
tará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, con- tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri-
forme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência das. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

272
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2oDeferida a prioridade, os autos receberão identificação pró- • Controle externo: é realizado por órgão estranho à estrutu-
pria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela ra do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práticos,
Lei nº 12.008, de 2009). quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa a julgar
§ 3o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário.
§ 4o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Controle Judicial
Registremos, a princípio, que o controle judicial da Administra-
ção Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário, quan-
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. do em exercício de função jurisdicional, sobre os atos administra-
CLASSIFICAÇÕES RELATIVAS AO CONTROLE DA tivos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROLE EXTERNO E Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual, o Poder
PROCEDIMENTOS DE TOMADAS DE CONTAS Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a juridicida-
de que engloba a regularidade, a legalidade e a constitucionalidade
Controle exercido pela Administração Pública (controle inter- da conduta administrativa.
no) Denota-se que o controle externo da Administração por meio
A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Constituição
possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de controle,
certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os direi- como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, o mandado
tos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores do Poder de injunção e o habeas data.
tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso não esteja sujei- O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade de
ta a controle, culminará no abuso, ou até no absolutismo. jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de juris-
Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a teoria dição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Judiciário
dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes constituídos possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a inferir que
possuem a incumbência de controlar, freando e contrabalanceando somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em sentido pró-
as atuações dos demais poderes, de maneira que cada um deles prio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de serem modi-
tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma liberdade sob vi- ficadas.
gilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita leis que podem ser Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida pela
vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que poderá ter seu veto Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrativo en-
derrubado ou freado pelo Poder Legislativo. Ou seja, não concor- contram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário.
dando o Executivo com a derrubada de um veto vindo a entender É importante registrar que o fundamento da adoção do siste-
que a lei aprovada seja inconstitucional, deterá o poder de incumbir ma de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se encontra
a matéria à análise do Poder Judiciário que irá dirimir o conflito, inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual ficou es-
como por exemplo, uma ADI ajuizada pelo Presidente da Repúbli- tabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
ca. O Judiciário contém os membros de sua cúpula (STF), que são lesão ou ameaça a direito”.
indicados pelo chefe de outro Poder, no caso, o Presidente da Repú- Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sistema
blica, sendo a indicação restrita à aprovação de uma das Casas do de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso administrati-
Parlamento (Senado Federal), o que acaba por ser uma espécie de vo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a função juris-
controle prévio. dicional é exercida por duas estruturas orgânicas que são regidas
Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de Di- de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciária e a Justiça
reito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos que Administrativa, posto que cada uma profere decisão com força de
possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais instru- coisa julgada no âmbito de suas competências.
mentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se mantenha Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no sistema
sempre consolidada com o direito, visando ao interesse público e de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tribunais
mantendo o respeito aos direitos dos administrados. administrativos cuja competência cuida-se em geral, de resolver
Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando a Justiça Ad-
pode ser interno ou externo. Vejamos: ministrativa, está a Justiça Judiciária, composta por órgãos do Poder
• Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder sobre- Judiciário, tendo competência para julgar com definitividade confli-
pondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo Poder, tos que envolvam somente particulares.
ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Administração Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário, via
indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa jurídi- de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do
ca da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador encon- ato administrativo. No exercício da função jurisdicional, os Magis-
tra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser controlada. trados não apreciam o mérito do ato administrativo, não analisando
Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, pois a conveniência e a oportunidade da prática do ato.
esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores controlar Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou
os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em resumo, o de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício, a
controle interno que venha a depender da existência de hierarquia decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato admi-
entre controlador e controlado, é aquele exercido pelas chefias so- nistrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é cabível
bre seus subordinados, sendo o tradicional “sistema de controle in- no exercício da função jurisdicional a revogação do ato administra-
terno” é organizado por lei incumbida de lhe definir as atribuições, tivo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do mérito do ato.
não dependendo de hierarquia para o exercício de suas prerroga-
tivas.

273
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É de suma importância destacar que o controle judicial possui Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legislati-
abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos dis- vo também possui o poder de exercer o controle interno sobre os
cricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos de seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder Legislativo
validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta forma, estará realizando um controle administrativo interno. Esse é o mo-
é possível que tanto os atos administrativos vinculados quanto os tivo pelo qual quando falamos no controle parlamentar, estamos
discricionários venham a apresentar vícios de legalidade ou ilegiti- abordando somente o controle externo exercido pelo Poder Legis-
midade, em decorrência dos quais poderão vir a ser anulados pelo lativo.
Poder Judiciário quando estiver no exercício do controle jurisdicio- Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém sobre
nal. a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses previs-
Explicita-se que o controle judicial da Administração, de modo tas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque caso con-
geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da iniciativa trário, haveria inferiorização do princípio da separação dos poderes.
de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Qualquer pes- Acontece que em razão disso, não podem leis ordinárias, comple-
soa que tenha a pretensão de provocar o controle da administração mentares ou Constituições Estaduais predispor outras modalidades
pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, propor judicialmente a de controle diversas das que são previstas na Constituição Federal,
ação cabível para o alcance desse objetivo. sob risco de ferir o mesmo princípio.
Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies de De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle le-
ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou ame- gislativo: o político e o financeiro.
aça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o habeas O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais de
corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A relação das contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade e de
ações que dão possibilidade ao controle judicial da Administração mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, con-
será sempre a título de exemplificação, tendo em vista que o con- forme o caso.
trole pode ser exercido, inclusive, por intermédio de ação judicial
ordinária sem denominação especial ou específica. Formas de controle político:
1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art.
Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di- 49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter-
reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou um
nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
novo mecanismo de controle judicial da Administração Pública, ato
patrimônio nacional; autorizar o Presidente da República a declarar
por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de reclamação
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transi-
ao STF contra ato administrativo que contrarie súmulas vinculantes
tem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamen-
editadas pela Corte Suprema.
te, ressalvados os casos previstos em lei complementar; autorizar
Controle Legislativo o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla- País, quando a ausência exceder a quinze dias; aprovar o estado de
tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou sus-
ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades com o pender qualquer uma dessas medidas; sustar os atos normativos
objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle externo do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal de Contas. limites de delegação legislativa; julgar anualmente as contas pres-
O controle legislativo, também denominado de controle parla- tadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
mentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce poder execução dos planos de governo; fiscalizar e controlar, diretamente,
sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder Judi- ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí-
ciário, sendo este último somente no que condiz ao desempenho dos os da administração indireta; apreciar os atos de concessão e
da função administrativa. Trata-se assim, o controle parlamentar de renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar
um controle externo sobre os demais Poderes. iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; au-
Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira deve torizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente federa- recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar,
do, posto que não somente o princípio da simetria, como também previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área
as regras específicas que a Constituição Federal predispõe para os superior a dois mil e quinhentos hectares.
âmbitos federal, estadual, municipal e distrital.
Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicamera- 2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art. 52):
lismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto por processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República
duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por represen- nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Esta-
tantes do povo e o Senado Federal que é composto por represen- do e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
tantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; processar e
De acordo com o sistema constitucional, o controle parlamen- julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
tar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; b) pelas
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa diretora do
Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comissões do Con-
União nos crimes de responsabilidade; autorizar operações exter-
gresso Nacional ou de cada Casa.
nas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Levando em conta o princípio da simetria de organização, as
regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que lhes cou- Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; fixar, por propos-
ber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal e distrital, ta do Presidente da República, limites globais para o montante da
desde que realizadas as devidas adaptações, principalmente aque- dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
las que advém do fato de nos planos estadual, municipal e distrital a Municípios; dispor sobre limites globais e condições para as opera-
organização do Poder Legislativo serem do tipo unicameral. ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito

274
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades • requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de ins-
controladas pelo Poder Público federal; dispor sobre limites e con- peções e auditorias que entender necessárias.
dições para a concessão de garantia da União em operações de cré- Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, a
dito externo e interno; estabelecer limites globais e condições para CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, sempre
o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e por meio de decisão fundamentada e motivada, observadas todas
dos Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a as formalidades da legislação, determinar a quebra de sigilo fiscal,
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/RJ).
término de seu mandato; aprovar previamente, por voto secreto,
após arguição pública, a escolha de: Em esquema básico, temos:
• Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
• Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
sidente da República; Financeiro: é exercido com o auxílio dos
• Governador de Território; CONTROLE tribunais de contas.
• Presidente e diretores do Banco Central; LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade
• Procurador-Geral da República; ESPÉCIES e de mérito, vindo a ser preventivo, concomi-
• Titulares de outros cargos que a lei determinar. tante ou repressivo.
• Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- Controle pelos Tribunais de Contas
ráter permanente; Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são
órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execução
3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados (CF, do exercício do controle externo da Administração Pública. São ór-
art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração gãos especializados e não integram a estrutura administrativa do
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e Parlamento e também não mantém com ele mantém qualquer es-
os Ministros de Estado; proceder à tomada de contas do Presiden- pécie de relação hierárquica.
te da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.
de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos entes
da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos termos
4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Depu-
tados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação de novos
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire- tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais.
tamente subordinados à Presidência da República para prestarem, Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o TCU
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determina- (Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribunais de
do, importando crime de responsabilidade a ausência sem justifi- Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal de Con-
cação adequada; as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado tas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal, percebe-se
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Mi- a organização dos tribunais de contas não ocorre de maneira uni-
nistros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente forme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter criado até a
subordinados à Presidência da República, importando em crime de CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função de prestar auxí-
responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trin- lio ao Poder Legislativo municipal no exercício do controle externo é
ta dias, bem como a prestação de informações falsas. normalmente repassada ao Tribunal de Contas do respectivo Estado
Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe espe- que é dotado de atribuições de controle ao das administrações es-
cial destaque referente ao controle exercido pelas comissões parla- tadual e municipal.
mentares de inquérito (CPIs). Em relação à sua composição, verificamos com afinco que os
As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar fato Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de pessoal
certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das funções próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos etc.), sendo
típicas do Parlamento que é a função de fiscalização. o TCU composto por nove ministros, ao passo que os demais Tri-
De acordo com a Constituição Federal, as comissões parlamen- bunais de contas são compostos, em regra, por sete conselheiros,
tares de inquérito possuem poderes de investigação que são pró- número sempre observado nos Estados, com exceção do Tribunal
prios das autoridades judiciais, além de outros poderes que estão de Contas do Município de São Paulo que conta com apenas cinco
previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são criadas conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei Orgânica daquele
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja em conjun- Município.
to ou de forma separada mediante pugnação de um terço de seus Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais”
membros, com o objetivo de apurar fato determinado e por prazo de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição em
certo, sendo que as suas conclusões, quando for preciso, serão en-
sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o caráter
caminhadas ao Ministério Público, para que este órgão promova a
de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem anuladas
responsabilidade civil ou criminal dos infratores, nos termos dispos-
pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado com o fito
tos no art. 58, § 3º da CFB/1988.
de anular a decisão da corte de contas é distinto do processo de
Em decorrência do exercício dos seus poderes de investigação,
a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autorização natureza administrativa em que foi proferida tal decisão. Desta for-
judicial para: ma, o interessado não poderá interpor um recurso para o Judiciário
• realizar as diligências que entender necessárias; em desfavor da decisão final do Tribunal de Contas com o fulcro
• convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir tes- de reformá-la, mas sim ajuizar processo autônomo perante o órgão
temunhas sob compromisso e ouvir indiciados; jurisdicional competente com o objetivo de anular o mencionado
• requisitar de órgãos públicos informações e documentos de julgado.
qualquer natureza;

275
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Registra-se que em relação ao controle externo financeiro e Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacional, o
as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal criou controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal de Contas
um sistema harmonizado de controle, que prevê a existência de um da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 da CFB/1988:
controle externo associada a um controle interno executado por A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
cada órgão sobre seus agentes e seus atos. República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de con- sessenta dias a contar de seu recebimento;
trolar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Poderes B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in-
controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange de direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, opera- pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
cional e patrimonial, levando em conta os aspectos da legalidade, a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
de receitas. de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos contá- e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
beis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito financeiro, é veri- Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
ficado o verdadeiro ingresso das receitas, através de comprovantes comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
de depósito ou transferência de recursos, bem como a realização de e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
forma efetiva de despesas, vindo a comprovar os seus tradicionais fundamento legal do ato concessório;
estágios de licitação, empenho, liquidação e pagamento. Por sua C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do
vez, o controle orçamentário é aquele que acompanha a execução Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
do orçamento, que é a legislação em que se encontram as receitas auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio-
previstas e também as despesas fixadas. Em referência ao controle nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legis-
operacional, ressaltamos que o mesmo trata de diversos aspectos lativo, Executivo e
do desempenho da atividade administrativa, como por exemplo, Judiciário, e demais entidades referidas na letra b;
numa auditoria operacional, pode ser computado o tempo médio D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
que o usuário usa esperando por atendimento médico em uma uni- de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
dade do sistema público de saúde. Finalmente, temos o controle nos termos do tratado constitutivo;
patrimonial, que cuida da fiscalização do patrimônio público. E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
Analisando a legalidade do controle externo, observamos que União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
este investiga se a conduta administrativa está de acordo com as congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
diversas normas jurídicas. F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional,
O controle de legitimidade atua complementando o controle por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comis-
de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos além da sões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
adequação formal da conduta à legislação pertinente. Nesse diapa- cional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
são, são passíveis de averiguação aspectos como a finalidade do ato realizadas;
e a obediência aos princípios constitucionais como a moralidade G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
administrativa, por exemplo. ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que es-
Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à uti- tabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
lização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, pre- causado ao erário;
tende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspectos da H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
melhor relação custo-benefício. vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
Destaca-se que o controle externo também investiga se hou- ilegalidade;
ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam de I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comu-
transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de cobrir nicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
despesas de custeio das entidades beneficiadas. J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: subven- abusos apurados.
ções sociais e subvenções econômicas.
A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de institui- Observação: As normas retro mencionadas acima relativas ao
ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à organi-
não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964, zação, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Es-
art. 12, § 3º, I. tados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do art.75 da
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrí- CFB/1988.
cola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II.
Registra-se, que o controle externo também se incumbe de
apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários mecanis-
mos que tornam possível a renúncia de receita, como por exemplo:
a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da alíquota ou da
base de cálculo de tributo que implique sua redução.

276
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de rida importância dentro do prazo estipulado por lei, poderá sofrer
Contas a cobrança judicial da importância diretamente por intermédio de
Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” e uma ação de execução, sendo desnecessário o ajuizamento de uma
“julgar contas”. ação de conhecimento para rediscutir a matéria que já foi objeto de
Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu- decisão da corte de contas.
Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas que
nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja a
imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de títu-
emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no prazo lo executivo, sua execução independe da inscrição em dívida ati-
de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que é va. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscrever to-
competência do Poder dos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, o que
Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta ma- ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a inscrição dá
neira, as contas anuais do Presidente da República são julgadas pelo possibilidade para que a execução siga o rito estabelecido na Lei
Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; as dos Go- 6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma série de van-
vernadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado; a do tagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscrição acaba por
Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legislativa do Distrito submeter o crédito a um controle mais amplo, na medida em que
Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respectivas câmaras muni- ele fica registrado em sistemas informatizados criados para a admi-
cipais. nistração, controle de prazos e cobrança dos valores inscritos.
Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tri-
bunal de contas do Estado ou do município emite a respeito das LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº
contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos termos 8.429/1992 COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº
do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio, emitido 14.230/2021)
pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito deve anual-
mente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992
dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo, é por essa razão
que grande parte da doutrina afirma que nessa hipótese, o parecer Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de
prévio é relativamente vinculante, não sendo absolutamente vin- atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37
culante pelo fato de poder ser superado, porém, como a superação da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada
depende de quórum qualificado, tem-se uma vinculação relativa. pela Lei nº 14.230, de 2021)
Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão “só
deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não quer di- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na-
zer que o parecer conclusivo do tribunal de contas poderia produ- cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
zir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar permanentes em
caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema Corte, o parecer CAPÍTULO I
do Tribunal de Contas que rejeita as contas do chefe do executivo DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
possui natureza opinativa, só podendo produzir o efeito de inelegi-
bilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I, alínea “g”) após transcor- Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade
rido o julgamento das contas pela respectiva Câmara de Vereadores administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no
(RE 729.744/MG e RE 848.826/DF). exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade
De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte de do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada
Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos Prefei- pela Lei nº 14.230, de 2021)
tos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou inconstitucio- Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
nal dispositivo de constituição estadual que permitia às Câmaras de 2021)
Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas pelos prefeitos, § 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con-
independentemente do parecer do Tribunal de Contas do Estado, dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados
quando este não fosse oferecido no prazo de 180 dias. (ADI 3.077/ tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
SE).
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan-
Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para jul-
çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não
gar as contas dos administradores e demais responsáveis por verba
bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230,
pública, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
de 2021)
inclusive das fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo § 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe-
Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ensejarem e de- tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,
rem causa à perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
prejuízo ao erário público, nos termos do disposto no art. 71, III da (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
CFB/1988. § 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta
Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que ao Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona-
julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que cau- dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
sarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de contas § 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza-
imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou multa com ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
caráter de punição. Denota-se que decisões das Cortes de Contas patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
que imputam débito ou multa terão validade de título executivo diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da
nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, caso a pessoa a União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Incluído
quem foi imputada a multa ou o débito não vier a adimplir a refe- pela Lei nº 14.230, de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida- do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú- ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente
blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta,
estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade pratica- CAPÍTULO II
dos contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou SEÇÃO I
receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR-
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (In- TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan-
de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain- do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do-
da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati-
do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referi- quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
das no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, agente público;
sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con- cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou
trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela Lei preço superior ao valor de mercado;
nº 14.230, de 2021) III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne-
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de
dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação dada mercado;
pela Lei nº 14.230, de 2021) IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel,
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas
pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im- no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre-
probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação
comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído pela V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
Lei nº 14.230, de 2021) ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona- quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni-
2021) co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre
Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado-
Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art.
Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) 1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-
que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe- to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles,
tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei nº bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput
14.230, de 2021) deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô-
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo
de 2021) agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada pela
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao Lei nº 14.230, de 2021)
erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa- sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-
trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de atividade;
transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária. IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara- ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi- ção a que esteja obrigado;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en- objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa-
tidades mencionadas no art. 1° desta lei; da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores nº 11.107, de 2005)
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi-
art. 1° desta lei. ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali-
dades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
SEÇÃO II XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens,
PREJUÍZO AO ERÁRIO rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias,
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli-
lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe- cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos
referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela pela administração pública a entidade privada mediante celebração
Lei nº 14.230, de 2021) de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula-
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, (Vigência)
de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida-
patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula-
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri- (Vigência)
vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca-
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada
à espécie; pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper- XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren- pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; pela Lei nº 13.204, de 2015)
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu-
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
por preço inferior ao de mercado; Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem 14.230, de 2021)
ou serviço por preço superior ao de mercado; § 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais
VI - realizar operação financeira sem observância das normas ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô- ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento
nea; sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser- pela Lei nº 14.230, de 2021)
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es- § 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô-
pécie; mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro-
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei nº
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra- 14.230, de 2021)
tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) SEÇÃO III
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN-
das em lei ou regulamento; TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi- Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre- legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Reda-
gular; ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
queça ilicitamente; II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei nº
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. 14.230, de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua CAPÍTULO III
imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou DAS PENAS
de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021) Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon-
de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató- sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica,
rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen-
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, te, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº
desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar 14.230, de 2021)
irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei- acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus-
ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de
econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço. multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi-
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
blica com entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
2014) (Vigência)
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela Lei
IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021)
X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori- acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân-
dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene-
na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com- ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma-
preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação dada
Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur- III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil
sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida
do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de
enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro- receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in-
gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi- diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica- Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do de 2021)
agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para § 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in-
si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma
de 2021) qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos o poder público na época do cometimento da infração, podendo
de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe- o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis-
caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de
Lei nº 14.230, de 2021)
que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside-
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído pela rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
Lei nº 14.230, de 2021) na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela Lei
lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis nº 14.230, de 2021)
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei nº
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- 14.230, de 2021)
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)

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§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute- § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação
prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen-
quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído pela te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis-
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de
dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri- procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im-
do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto probidade.
os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta de Contas poderá, a requerimento, designar representante para
Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar acompanhar o procedimento administrativo.
o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser
14.230, de 2021) formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis-
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo-
deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus- sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique-
pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial, § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, § 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere
de 2021) o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da
§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº
executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória. 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen- que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e
são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter- o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man-
valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o
CAPÍTULO IV caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração
DA DECLARAÇÃO DE BENS no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re-
sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili-
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio- dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda-
nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven- mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu
tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser- § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com-
viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras
2021)
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti-
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores
go será atualizada anualmente e na data em que o agente público
declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado
deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por
declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a
pela Lei nº 14.230, de 2021) instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de-
monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu-
CAPÍTULO V rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI- incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro-
CIAL cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
conhecimento. da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es-
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen-
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen-
exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in- te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº
cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de 14.230, de 2021)
multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade § 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará
lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem
§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve- no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do
ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo- art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro-
ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub- § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao § 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas
longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (Incluí-
§ 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do pela Lei nº 14.230, de 2021)
do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre- § 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode-
tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes-
14.230, de 2021) tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei
§ 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de nº 13.964, de 2019)
até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de § 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor,
poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente. o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo,
§ 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida-
família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van- de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei. II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de-
Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta
cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi-
Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (Inclu-
de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei
ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021) § 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro-
proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar- de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de
tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste- 2021)
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na
mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele
Lei nº 14.230, de 2021) tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen- 2021)
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte- § 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis-
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi- tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce-
bilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230, dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - será instruída com documentos ou justificação que con- § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte-
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In-
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi-
§ 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da
tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei nº
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação § 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere
civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu-
14.230, de 2021) reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da
os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido,
§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa: deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso
2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença
Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi- § 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re-
nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de
Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) § 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con-
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in-
de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades
de 2021) e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis- favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (Inclu-
trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a § 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o
decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen- de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita- conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento.
das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Incluí-
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) do pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído pela
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns- III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor
tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In- direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (Inclu-
14.230, de 2021) ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar- b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior de 2021)
ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei
2021) nº 14.230, de 2021)
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções Lei nº 14.230, de 2021)
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên-
ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo Lei nº 14.230, de 2021)
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior
quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe-
responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230,
concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais de 2021)
indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito,
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje- o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos
14.230, de 2021) e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre-
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual- CAPÍTULO VI
quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva, de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca- da denúncia o sabe inocente.
ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su-
e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. imagem que houver provocado.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con-
de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes denatória.
públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por § 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o
danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou- ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for
tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba- necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática
nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº
(noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median-
7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con- quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10
forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior § 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con-
procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar- siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens. conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên- correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação
cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con-
contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação § 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre- duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí- 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído pela qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
Lei nº 14.230, de 2021) tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- nº 14.230, de 2021)
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da
tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras
va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con-
no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o
to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

284
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei
e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de nº 14.230, de 2021)
2021) Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de
CAPÍTULO VII honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela
DA PRESCRIÇÃO Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais des-
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei pesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº 14.230,
prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato de 2021)
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per- § 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re-
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis- cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão
trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) 1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso
não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído CAPÍTULO VIII
pela Lei nº 14.230, de 2021) DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri- Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun- Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
damentado submetido à revisão da instância competente do órgão 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído em contrário.
pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação de-
verá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de ar-
LICITAÇÃO. CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA,
quivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
OBJETO E FINALIDADE. PRINCÍPIOS BÁSICOS E
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter- CORRELATOS. MODALIDADES. OBRIGATORIEDADE,
rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DISPENSA E INEXIGIBILIDADE. PROCEDIMENTO
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa; LICITATÓRIO. ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E RECURSOS
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ADMINISTRATIVOS. SANÇÕES E PROCEDIMENTO
II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei SANCIONATÓRIO. CRIMES EM LICITAÇÕES E
nº 14.230, de 2021) CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. LEI Nº 14.133/2021
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena-
tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei Princípios
nº 14.230, de 2021) Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu- mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór- continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do com a aplicação da nova Lei.
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº.
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei- que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº.
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art.
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 5º, da seguinte forma:
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
2021) da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe- julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre- competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
§ 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei
Lei nº 14.230, de 2021) de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).

285
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside-
que for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos
à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis-
que este possui como foco, determinar que a licitação seja destina- tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses
da com o objetivo de garantir a observância do princípio constitu- dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com
cional da isonomia. o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar
Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é
é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou- constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade
tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa
expressa no texto legal. possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992.
Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do
art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do Princípio da Publicidade
desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa, Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu-
apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento
qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão do que os administradores estão realizando, e também de manei-
de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se
serviços nacionais. tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da
Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e
Princípio da legalidade acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao
A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”.
juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito
de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório. de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in-
A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos
público, representando, desta forma, uma garantia aos administra- (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine).
dos contra as condutas abusivas do Estado. A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici-
No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega- dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela
lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên-
licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior
que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú- número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o
blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado valor do contrato dispensa maior divulgação. “
na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for-
venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver-
alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por
ou judicial. obediência ao princípio da publicidade.
Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual-
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de- Princípio da eficiência do interesse público
corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao Trata-se de um dos princípios norteadores da administração
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con- pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili-
trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993. da segurança jurídica e do interesse público.
Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da
Princípio da impessoalidade legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial
Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que
impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra- haja melhor organização e estruturação advinda da administração
ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que pública.
estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme-
quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento
administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob- jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios
servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao
do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi- cuidar da Administração Pública.
deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como
passível de fazer interferências no julgamento das propostas. Princípio da Probidade Administrativa
A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro-
Princípios da moralidade e da probidade administrativa bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois
A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada
da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração
distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um
que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética, comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja
isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes em conformidade com a ética e os bons costumes.

286
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí- O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor-
pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição
significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos. Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da
O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob-
vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida- jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085,
de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009).
8.429/1992.
Princípio da eficácia
Princípio da igualdade Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for-
Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por
a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan- parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado
tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual- dentro da legalidade.
dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação, Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido
todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe, ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação
ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien-
propostas. te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de
Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei maneira conjunta e não sobrepostas.
8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir,
prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital
Princípio da segregação de funções
ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem
Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar
o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades co-
falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o
operativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên-
poder e criando independência para as funções de execução opera-
cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de
“qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o cional, custódia física, bem como de contabilização
específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina-
12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991. da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun-
Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa
restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e
relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru- controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização
mento de convocação do certame. de uma verificação cruzada.
O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua- O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da
litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi- moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput,
guais, na medida de suas desigualdades. da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item
3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle
Princípio do Planejamento Interno do Ministério da Fazenda.
A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o Princípio da motivação
dever legal do planejamento como um todo. O princípio da motivação predispõe que a administração no
Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen- processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo
der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com
licitação e também toda a contratação pública de forma adequada a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que
e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham
forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que
princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um levaram o agente público a proceder daquele modo.
todo.
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla- Princípio da vinculação ao edital
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi-
ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res-
dade das determinações de habilidades, que possui o condão de
ponsabilidade do agente público.
impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de
que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira
Princípio da transparência
objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade.
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade, Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem
imparcialidade, eficiência, dentre outros. estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas
um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici- entidades.
dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se
do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans- a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida- moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le-
das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
de forma transparente. convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

287
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí- Princípio da celeridade
pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside-
proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório, rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o
sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje- princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro-
to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal. cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi-
gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for
Princípio do julgamento objetivo possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão.
O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De
acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató- Princípio da economicidade
rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório, Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais
para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces-
forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas. sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar
Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre- coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona-
tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e, do ao princípio da moralidade e da eficiência.
por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros. Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade,
entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida-
Princípio da razoabilidade de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco-
Trata-se de um princípio de grande importância para o contro- nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente
le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho,
1998, p.66).
que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos
requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao
Princípio da licitação sustentável
trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí-
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten-
nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im-
tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de
portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a
determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a preservação do meio ambiente”.
razão administrativa como um todo. Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido
Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco- na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei
plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção
com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida do desenvolvimento nacional sustentável.
a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida. Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi-
Princípio da competitividade mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser-
O princípio da competição se encontra relacionado à competiti- vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal.
vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com
de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de-
se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º:
inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei- A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só-
ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que lidos gerados pelas obras contratadas;
pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental,
pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi- que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental;
dade na licitação. c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova-
Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin- damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais;
gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação
poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro- urbanística;
cesso licitatório. E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con- reto causado pelas obras contratadas;
F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com
tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si-
mobilidade reduzida.
tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada
a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a
Princípios correlatos
Administração Pública, como também a observância do princípio
Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá- 8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que
rio). também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os
quais se destacamos:
Princípio da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio Princípio da obrigatoriedade
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto
determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que
suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e
exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão locações da Administração Pública, quando forem contratadas por
no âmbito dos direitos fundamentais. terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório,
com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente.

288
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio do formalismo Competência Legislativa
Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo A União é munida de competência privativa para legislar sobre
com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi-
art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro- nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati- Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII,
vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração da CFB/1988.
Pública”. Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita-
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes
Princípio do sigilo das propostas federados, competindo a estes, editar normas específicas que são
Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante- aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple-
cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la.
pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43, Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar
§ 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro- supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades li-
postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar citatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o esta-
a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de- belecimento de novos tipos de licitação (critérios de julgamento das
mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das propostas); c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos.
Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2 É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art.
(dois) a 3 (três) anos, e multa; 173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada
lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú-
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi- explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá
seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com-
nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior. pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis-
Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga- tração pública.
rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con- A mencionada modificação constitucional, teve como objeti-
trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto. vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e
Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica
possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba-
licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in- lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado.
teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula- O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das
ridade Insanável. vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam
ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi-
Princípio da competitividade cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti-
É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha- cos da administração direta, autárquica e fundacional.
vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi- Em observância e cumprimento à determinação da Constitui-
nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que
da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi-
competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú- das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista
blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde-
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope- nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I.
rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu- De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em-
ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen-
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga-
do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados
no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” . a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten- não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias.
de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de
manifestação do princípio da indistinção. nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser-
va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme-
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen- ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.
te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá, Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são
por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es- pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de
teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- nº. 14.133/2.021:
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas 1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula-
ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32,
Lei 8.666/1993. IV, da Lei nº 13.303/16;
2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e

289
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao
nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de- inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe-
sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que
encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza
vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações. singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O
serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade,
Dispensa e inexigibilidade relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin-
Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver do demandar a contratação de prestador com a devida e notória
inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei especialização.
de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória
as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por- especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no
tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos: âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante-
riormente como estudos, experiências, publicações, organização,
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com
em especial nos casos de: suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto
contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, do contrato.
empresa ou representante comercial exclusivos; Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado
ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata-
crítica especializada ou pela opinião pública; ção de serviços de advocacia e também de contabilidade.
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife-
serviços de publicidade e divulgação: rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje- nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o
tos executivos; procedimento.
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande
ou tributárias; parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce-
viços; der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen-
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en- Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a
saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento Administração já determinou previamente para qual órgão ou en-
de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de
serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso; realização do certame licitatório.
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento; Critérios de Julgamento
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins- Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências
talações e de localização tornem necessária sua escolha. que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis-
Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu- tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac-
sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu- terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação
sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe-
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para
ainda, pelas entidades equivalentes. a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des-
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis- conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior
pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis- lance (leilão), maior retorno econômico.
sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário,
levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente. Vejamos:
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos Menor preço
especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási-
publicidade e divulgação. co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o
pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante
forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá
ser adotado.

290
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração
comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape- não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente
nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens
por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de
a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma-
trabalho de qualidade. quina pública.

Maior desconto Modalidades


Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Lici-
maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
tações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da
vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de
nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo
Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: con-
ponentes venham a oferecer seus descontos. corrência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo.
Denota-se que o texto de lei determina que a administração li- Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo,
citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de
orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos
para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação
grande importância para a administração Pública, tendo em vista para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar
que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem
instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen- após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica-
do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar ção da nova Lei.
mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que
a Administração admite. Concorrência
Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência
Melhor técnica ou conteúdo artístico é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi-
em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques- sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de
tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es- seu objeto.
pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade
de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso
exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi- ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie
vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou- de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon-
tros pertinentes à matéria. tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores
forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de
Técnica e preço publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do
Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga- procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da
modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida-
tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica
de, jamais o contrário.
como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de
Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con-
concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe-
corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada
cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu-
a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in-
mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para
para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge-
o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais
ordem. simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a
prazos mais extensos de publicidade do certame.
Maior lance (leilão)
Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon- Concurso
tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade
próximos tópicos. de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita-
Maior retorno econômico ções:
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida- Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas
des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser em edital, que indicará:
um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam I - a qualificação exigida dos participantes;
uma espécie de contrato de eficiência. II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação concedida ao vencedor.
de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante,
na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra-
tado com base em percentual da economia gerada;

291
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de A classificação a respeito das formas de pregão está também
projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter- eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o prego-
mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao eiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima
projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo
oportunidade das autoridades competentes. ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas.
Leilão Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em
Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de
ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto- participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema,
ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou
deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais. carta convite.
Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da
oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia- licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse-
mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul- guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor.
gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas, É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são
utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer-
que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por
serem leiloados este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste-
ma, até que esta fase venha a se encerrar.
O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de-
habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em
de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre-
licitante vencedor, na forma definida no edital.
denciamento.
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação,
Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes
que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior participantes, para evitar conluio.
lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ-
de avaliação do bem. metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final
A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou da Sessão.
por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá
os ditames da legislação pertinente. de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis-
trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá
Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi- conter as exposições com a motivação da interposição.
nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos
por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não Diálogo competitivo
for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve- Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali-
rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações. dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi-
nistração:
Pregão Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata-
Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata- ções em que a Administração:
-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço, I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns. a) inovação tecnológica ou técnica;
Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade
formas eletrônica e presencial. satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é com precisão suficiente pela Administração;
fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta-
eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05.
que para os seguintes aspectos:
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de
a) a solução técnica mais adequada;
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi-
diferentes que serão adotadas pelo Poder Público.
nida;
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe- Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
rencial. tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici- autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de
par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con-
quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia- tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades
mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta
como os documentos pertinentes. mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis,
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin- parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele-
do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. mentos necessários para a realização do projeto.

292
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Habilitação, Julgamento e recursos 5. Maior lance, no caso de leilão;
Habilitação 6. Maior retorno econômico.
Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do
da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente
e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci- nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade,
dade do licitante de realizar o objeto da licitação. trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie
Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato
renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de de eficiência de forma geral.
aceitação de balanço de abertura. Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico
No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe- que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço
dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que
para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
trouxer um maior retorno econômico.
para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
Recursos
cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor-
e devidamente justificados no processo de licitação.
De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha- rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em
bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex- face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta-
pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato
o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das deverá acontecer em apenas uma etapa.
empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos. Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul-
Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita- gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se
ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi-
direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada no de cada sessão, sob pena de preclusão
por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e, Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre-
quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento,
contratada. afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in-
Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento
exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio- das propostas.
nal. Vejamos:
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis- Adjudicação e homologação
sional e técnico-operacional será restrita a: O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser- como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira
viço de características semelhantes, para fins de contratação; pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse- a execução.
lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm
capacidade operacional na execução de serviços similares de com- início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi-
como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do
ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório,
art. 88 desta Lei;
embora não seja livre.
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare-
Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o
lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da
encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho-
licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc-
nica que se responsabilizará pelos trabalhos; mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe- administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de
cial, quando for o caso; produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, Considera-se que a homologação do processo de licitação re-
quando for o caso; presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor-
as informações e das condições locais para o cumprimento das obri- dante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
gações objeto da licitação. Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi-
nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con-
Julgamento trato.
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de Registro de preços
agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra
os seguintes critérios: apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco-
1. Menor preço; mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento
2. Maior desconto; de licitação de forma específica para cada uma destas contratações.
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a
4. Técnica e preço; mais órgãos pertencentes à Administração.

293
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor- I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado;
riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re-
que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como gulamento;
quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela- III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle;
das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma IV - atualização periódica dos preços registrados;
vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de V - definição do período de validade do registro de preços;
tais bens vir a perecer ou deteriorar. VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei-
Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence-
Lictações que regem o sistema de registro de preços: dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante
Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará que mantiver sua proposta original.
as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre: § 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu-
I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen-
quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida; sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de
II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou, serviços por mais de um órgão ou entidade.
no caso de serviços, de unidades de medida; Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro-
III - a possibilidade de prever preços diferentes: misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri-
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife- gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita-
rentes; ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente
b) em razão da forma e do local de acondicionamento; motivada.
c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de
lote; 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que
d) por outros motivos justificados no processo; comprovado o preço vantajoso.
IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de
quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis-
nos limites dela; posições nela contidas.
V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no Revogação e anulação da licitação
mercado; De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce-
VI - as condições para alteração de preços registrados; dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso
VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi- tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a
ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não
vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se
a ordem de classificação; impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer-
VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de
de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de interesse público, impõe-se a aplicação da revogação.
validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da
ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a
no edital; anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo
e suas consequências ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó-
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de rio e à ampla defesa”.
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia- Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório
preços unitários máximos deverá ser indicado no edital. e a ampla defesa.
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di-
a contratação posterior de item específico constante de grupo de reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio-
vantagem para o órgão ou entidade. nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei
apenas nas seguintes situações: 8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o
entidade não tiver registro de demandas anteriores; contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
II - no caso de alimento perecível; procedimento de licitação tiver sido concluído.
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é
de bens. considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con-
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo-
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se
de outro órgão ou entidade na ata. ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como
engenharia, observadas as seguintes condições: os motivos de não prosseguir com o processo licitatório.

294
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro- TÍTULO I
cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021 CAPÍTULO ÚNICO
• Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17, DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
para todos os procedimentos licitatórios. Art. 1oEsta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públi-
• Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação cos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial,
seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato e das fundações públicas federais.
e de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da Art. 2oPara os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente
obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo. investida em cargo público.
• O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do siste- Art. 3oCargo público é o conjunto de atribuições e responsabi-
ma virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade, lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-
segurança e isonomia para as licitações de forma geral. tidas a um servidor.
• A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de Parágrafo único.Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasi-
Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório. leiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento
• Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações, pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou
sejam eles federais, estaduais ou municipais. em comissão.
• Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as de- Art. 4oÉ proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os ca-
mandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de sos previstos em lei.
qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finali-
dades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo. TÍTULO II
• Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E
a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação SUBSTITUIÇÃO
de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de va- CAPÍTULO I
lor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). DO PROVIMENTO
• São atos da Administração Pública antes de formalizar ou SEÇÃO I
prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal DISPOSIÇÕES GERAIS
do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas
e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP). Art. 5oSão requisitos básicos para investidura em cargo públi-
• A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Pe- co:
nal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Có- I - a nacionalidade brasileira;
digo Penal de 1.940: II - o gozo dos direitos políticos;
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a V - a idade mínima de dezoito anos;
Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação VI - aptidão física e mental.
ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatu- § 1oAs atribuições do cargo podem justificar a exigência de ou-
ra com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade: tros requisitos estabelecidos em lei.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. § 2oÀs pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi-
to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
Perturbação de processo licitatório cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atua- cento) das vagas oferecidas no concurso.
lizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao § 3oAs universidades e instituições de pesquisa científica e
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a subs- tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
tituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
PNCP. procedimentos desta Lei.(Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
Art. 6oO provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato
da autoridade competente de cada Poder.
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS Art. 7oA investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
DA UNIÃO, DAS AUTARQUIAS E DAS FUNDAÇÕES Art. 8oSão formas de provimento de cargo público:
PÚBLICAS FEDERAIS (LEI Nº 8.112/1990 ATUALIZADA) I - nomeação;
II - promoção;
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis V - readaptação;
da União, das autarquias e das fundações públicas federais. VI - reversão;
VII - aproveitamento;
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEM- VIII - reintegração;
BRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART.13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 IX - recondução.
DE DEZEMBRO DE 1997.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

295
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO II § 5oNo ato da posse, o servidor apresentará declaração de
DA NOMEAÇÃO bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
Art. 9oA nomeação far-se-á: § 6oSerá tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de pro- não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
vimento efetivo ou de carreira; Art. 14.A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos médica oficial.
de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único.Só poderá ser empossado aquele que for julga-
Parágrafo único.O servidor ocupante de cargo em comissão ou do apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, inte- Art. 15.Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
rinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribui- cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei nº
ções do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela 9.527, de 10.12.97)
remuneração de um deles durante o período da interinidade.(Reda- § 1oÉ de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. (Re-
Art. 10.A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso § 2oO servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não
classificação e o prazo de sua validade. entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o
Parágrafo único.Os demais requisitos para o ingresso e o de- disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão § 3oÀ autoridade competente do órgão ou entidade para onde
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4oO início do exercício de função de confiança coincidirá com
a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servi-
SEÇÃO III dor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo le-
DO CONCURSO PÚBLICO gal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação.
Art. 11.O concurso será de provas ou de provas e títulos, po- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o Art. 16.O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer-
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscri- cício serão registrados no assentamento individual do servidor.
ção do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando Parágrafo único.Ao entrar em exercício, o servidor apresenta-
indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta-
nele expressamente previstas. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de mento individual.
10.12.97) (Regulamento) Art. 17.A promoção não interrompe o tempo de exercício, que
Art. 12.O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela Lei
§ 1oO prazo de validade do concurso e as condições de sua rea- nº 9.527, de 10.12.97)
lização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial Art. 18.O servidor que deva ter exercício em outro município
da União e em jornal diário de grande circulação. em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou
§ 2oNão se abrirá novo concurso enquanto houver candidato posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo,
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expi- trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retoma-
rado. da do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse
prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.
SEÇÃO IV (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DA POSSE E DO EXERCÍCIO § 1oNa hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afas-
tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a
Art. 13.A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e alte-
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- rado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão § 2oÉ facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
os atos de ofício previstos em lei. Art. 19.Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em
§ 1oA posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu- razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada
blicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e obser-
10.12.97) vados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias,
§ 2oEm se tratando de servidor, que esteja na data de publi- respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
cação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III § 1oO ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o
alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
do término do impedimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) 10.12.97)
§ 3oA posse poderá dar-se mediante procuração específica. § 2oO disposto neste artigo não se aplica a duração de traba-
§ 4oSó haverá posse nos casos de provimento de cargo por no- lho estabelecida em leis especiais.(Incluído pela Lei nº 8.270, de
meação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 17.12.91)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 20.Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo § 2oA readaptação será efetivada em cargo de atribuições
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí- afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi-
odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19) ocorrência de vaga. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - assiduidade;
II - disciplina; SEÇÃO VIII
III - capacidade de iniciativa; DA REVERSÃO
IV - produtividade; (REGULAMENTO DEC. Nº 3.644, DE 30.11.2000)
V- responsabilidade.
§ 1o4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- Art. 25.Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta-
batório, será submetida à homologação da autoridade competen- do: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
te a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis-
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei tentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Pro-
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da visória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela
do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008 Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 2oO servidor não aprovado no estágio probatório será exone- a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisória
rado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, nº 2.225-45, de 4.9.2001)
observado o disposto no parágrafo único do art. 29. b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medi-
§ 3oO servidor em estágio probatório poderá exercer quais- da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provisó-
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anterio-
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do res à solicitação;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4.9.2001)
4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
§ 4oAo servidor em estágio probatório somente poderão ser 45, de 4.9.2001)
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, § 1oA reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para 45, de 4.9.2001)
outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei nº § 2oO tempo em que o servidor estiver em exercício será con-
9.527, de 10.12.97) siderado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida
§ 5oO estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim § 3oNo caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o ser-
na hipótese de participação em curso de formação, e será retoma- vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
do a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
de 10.12.97) § 4oO servidor que retornar à atividade por interesse da admi-
SEÇÃO V nistração perceberá, em substituição aos proventos da aposenta-
DA ESTABILIDADE doria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com
as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à
Art. 21.O servidor habilitado em concurso público e empossa- aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
do em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no servi- 4.9.2001)
ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 § 5oO servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
anos - vide EMC nº 19) ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo
Art. 22.O servidor estável só perderá o cargo em virtude de menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- 2.225-45, de 4.9.2001)
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. § 6oO Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
SEÇÃO VI Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
DA TRANSFERÊNCIA 4.9.2001)
Art. 27.Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple-
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tado 70 (setenta) anos de idade.

SEÇÃO VII SEÇÃO IX


DA READAPTAÇÃO DA REINTEGRAÇÃO

Art. 24.Readaptação é a investidura do servidor em cargo de Art. 28.A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em ins- formação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis-
peção médica. trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1oSe julgado incapaz para o serviço público, o readaptando § 1oNa hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
será aposentado. em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.

297
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2oEncontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante CAPÍTULO III
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. SEÇÃO I
DA REMOÇÃO
SEÇÃO X
DA RECONDUÇÃO Art. 36.Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de
ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Art. 29.Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
anteriormente ocupado e decorrerá de: por modalidades de remoção:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; 10.12.97)
II - reintegração do anterior ocupante. I - de ofício, no interesse da Administração;(Incluído pela Lei nº
Parágrafo único.Encontrando-se provido o cargo de origem, o 9.527, de 10.12.97)
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. II - a pedido, a critério da Administração;(Incluído pela Lei nº
30. 9.527, de 10.12.97)
III -a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
SEÇÃO XI teresse da Administração:(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
Art. 30.O retorno à atividade de servidor em disponibilidade Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- interesse da Administração;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro
Art. 31.O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determina- ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assen-
rá o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em tamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração oficial;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Pública Federal. c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
Parágrafo único.Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servi- que o número de interessados for superior ao número de vagas,
dor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili- de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
dade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro ór- 10.12.97)
gão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 32.Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a SEÇÃO II
disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, DA REDISTRIBUIÇÃO
salvo doença comprovada por junta médica oficial.
Art. 37.Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimen-
CAPÍTULO II to efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,
DA VACÂNCIA para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apre-
ciação do órgão central do SIPEC,observados os seguintes precei-
Art. 33.A vacância do cargo público decorrerá de: tos:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - exoneração; I - interesse da administração;(Incluído pela Lei nº 9.527, de
II - demissão; 10.12.97)
III - promoção; II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527,
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de 10.12.97)
V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluído
VI - readaptação; pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VII - aposentadoria; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi-
VIII - posse em outro cargo inacumulável; dade das atividades;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IX - falecimento. V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
Art. 34.A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser- profissional;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vidor, ou de ofício. VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida-
Parágrafo único.A exoneração de ofício dar-se-á: des institucionais do órgão ou entidade.(Incluído pela Lei nº 9.527,
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; de 10.12.97)
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em § 1oA redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de
exercício no prazo estabelecido. lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu-
Art. 35.A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou
função de confiança dar-se-á:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de entidade.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97) § 2oA redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
I - a juízo da autoridade competente; ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades
II - a pedido do próprio servidor. da Administração Pública Federal envolvidos.(Incluído pela Lei nº
Parágrafo único.(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 9.527, de 10.12.97)

298
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3oNos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en- Art. 42.Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão título de remuneração, importância superior à soma dos valores
ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será co- percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no
locado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
arts. 30 e 31.(Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal
de 10.12.97) Federal.
§ 4oO servidor que não for redistribuído ou colocado em dispo- Parágrafo único.Excluem-se do teto de remuneração as vanta-
nibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão cen- gens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
tral do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entida- Art. 43.(Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98)(Vide Lei nº
de, até seu adequado aproveitamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, 9.624, de 2.4.98)
de 10.12.97) Art. 44.O servidor perderá:
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
CAPÍTULO IV justificado;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DA SUBSTITUIÇÃO II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art.
Art. 38.Os servidores investidos em cargo ou função de direção 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de ho-
ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão subs- rário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida
titutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, pre- pela chefia imediata.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
viamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. Parágrafo único.As faltas justificadas decorrentes de caso for-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
§ 1oO substituto assumirá automática e cumulativamente, chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, Art. 45.Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.(Vide
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- Decreto nº 1.502, de 1995)(Vide Decreto nº 1.903, de 1996)(Vide
les durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Decreto nº 2.065, de 1996)(Regulamento)(Regulamento)
de 10.12.97) § 1oMediante autorização do servidor, poderá haver consig-
§ 2oO substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, administração e com reposição de custos, na forma definida em re-
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su- gulamento.(Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de § 2o O total de consignações facultativas de que trata o § 1o
efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração men-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:
Art. 39.O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) (Vide Lei nº 14.131, de
unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. 2021)
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
TÍTULO III crédito; ou(Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
DOS DIREITOS E VANTAGENS II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de
CAPÍTULO I crédito.(Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO Art. 46.As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até
30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor
ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo má-
Art. 40.Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
ximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessa-
cargo público, com valor fixado em lei.
do.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único.(Revogado pela Medida Provisória nº 431, de
§ 1oO valor de cada parcela não poderá ser inferior ao corres-
2008).(Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
pondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.
Art. 41.Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
§ 2oQuando o pagamento indevido houver ocorrido no mês
§ 1oA remuneração do servidor investido em função ou cargo
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime-
em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
diatamente, em uma única parcela.(Redação dada pela Medida Pro-
§ 2oO servidor investido em cargo em comissão de órgão ou visória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de § 3oNa hipótese de valores recebidos em decorrência de cum-
acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que
§ 3oO vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a
caráter permanente, é irredutível. data da reposição.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-
§ 4oÉ assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de 45, de 4.9.2001)
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser- Art. 47.O servidor em débito com o erário, que for demitido,
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi- exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas-
vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito.(Redação
§ 5oNenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
mínimo.(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Parágrafo único.A não quitação do débito no prazo previsto
implicará sua inscrição em dívida ativa(Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

299
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 48.O vencimento, a remuneração e o provento não serão Art. 57.O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de pres- quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra-
tação de alimentos resultante de decisão judicial. zo de 30 (trinta) dias.

CAPÍTULO II SUBSEÇÃO II
DAS VANTAGENS DAS DIÁRIAS

Art. 49.Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as Art. 58.O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter
seguintes vantagens: eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
I - indenizações; para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar
II - gratificações; as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação
III - adicionais. e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.(Redação
§ 1oAs indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro- dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vento para qualquer efeito. § 1oA diária será concedida por dia de afastamento, sendo de-
§ 2oAs gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci- vida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despe-
Art. 50.As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem sas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei nº
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrés- 9.527, de 10.12.97)
cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun- § 2oNos casos em que o deslocamento da sede constituir exi-
damento. gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
§ 3oTambém não fará jus a diárias o servidor que se deslocar
SEÇÃO I dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou
DAS INDENIZAÇÕES microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países
Art. 51.Constituem indenizações ao servidor: limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e
I - ajuda de custo;
servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver per-
II - diárias;
noite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre
III - transporte.
as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. (In-
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 52.Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a
Art. 59.O servidor que receber diárias e não se afastar da sede,
III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no
estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.355,
prazo de 5 (cinco) dias.
de 2006)
Parágrafo único.Na hipótese de o servidor retornar à sede em
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
SUBSEÇÃO I
DA AJUDA DE CUSTO diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.

Art. 53.A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas SUBSEÇÃO III


de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE
exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter per-
manente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer Art. 60.Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo-
a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Reda- ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
§ 1oCorrem por conta da administração as despesas de trans-
porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba- SUBSEÇÃO IV
gagem e bens pessoais. DO AUXÍLIO-MORADIA
§ 2oÀ família do servidor que falecer na nova sede são asse- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.355, DE 2006)
gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. Art. 60-A.O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das des-
§ 3oNão será concedida ajuda de custo nas hipóteses de re- pesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de
moção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa
(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo
Art. 54.A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo ex- Art. 60-B.Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendi-
ceder a importância correspondente a 3 (três) meses. dos os seguintes requisitos:(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 55.Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi-
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. dor;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 56.Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu- funcional;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
dança de domicílio. III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
Parágrafo único.No afastamento previsto no inciso I do art. 93, nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,

300
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.(Incluído
nos doze meses que antecederem a sua nomeação;(Incluído pela pela Lei nº 11.314 de 2006)
Lei nº 11.355, de 2006)
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba SUBSEÇÃO I
auxílio-moradia;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO,
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu- CHEFIA E ASSESSORAMENTO
par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97)
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza
Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes(Incluído pela Lei nº Art. 62.Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
11.355, de 2006) função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun- em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em relação ao local de residência ou domicílio do servidor;(Incluído Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
pela Lei nº 11.355, de 2006) dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.(Redação
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominal-
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in- mente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exer-
ferior a sessenta dias dentro desse período; e(Incluído pela Lei nº cício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de pro-
11.355, de 2006) vimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da
de lotação ou nomeação para cargo efetivo.(Incluído pela Lei nº Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998.(Incluído pela Medida Provisória
11.355, de 2006) nº 2.225-45, de 4.9.2001)
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. Parágrafo único.A VPNI de que trata o caput deste artigo so-
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) mente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servi-
Parágrafo único.Para fins do inciso VII, não será considerado o dores públicos federais.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão 45, de 4.9.2001)
relacionado no inciso V.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 60-C.(Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) SUBSEÇÃO II
Art. 60-D.O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% DA GRATIFICAÇÃO NATALINA
(vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função co-
missionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.(Incluído pela
Art. 63.A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
Lei nº 11.784, de 2008
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem-
§ 1oO valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte
bro, por mês de exercício no respectivo ano.
e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
pela Lei nº 11.784, de 2008
será considerada como mês integral.
§ 2oIndependentemente do valor do cargo em comissão ou
Art. 64.A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de
função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem
dezembro de cada ano.
os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oito-
centos reais).(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Parágrafo único. (VETADO).
§ 3o(Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)(Vigência Art. 65.O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata-
encerrada) lina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a
§ 4o(Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)(Vigência remuneração do mês da exoneração.
encerrada) Art. 66.A gratificação natalina não será considerada para cálcu-
Art. 60-E.No caso de falecimento, exoneração, colocação de lo de qualquer vantagem pecuniária.
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.(Incluído pela SUBSEÇÃO III
Lei nº 11.355, de 2006) DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO

SEÇÃO II Art. 67.(Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de


DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS 2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)

Art. 61.Além do vencimento e das vantagens previstas nesta SUBSEÇÃO IV


Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, grati- DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE OU
ficações e adicionais:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ATIVIDADES PENOSAS
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
sessoramento;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 68.Os servidores que trabalhem com habitualidade em lo-
II - gratificação natalina; cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas,
III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas vencimento do cargo efetivo.
ou penosas; § 1oO servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; de periculosidade deverá optar por um deles.
VI - adicional noturno; § 2oO direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
VII - adicional de férias; cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram cau-
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. sa a sua concessão.

301
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 69.Haverá permanente controle da atividade de servidores I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol-
em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou peri- vimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da
gosos. administração pública federal;(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único.A servidora gestante ou lactante será afastada, II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa-
enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais pre- mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur-
vistos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento
serviço não penoso e não perigoso. de recursos intentados por candidatos;(Incluído pela Lei nº 11.314
Art. 70.Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de de 2006)
insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações III - participar da logística de preparação e de realização de
estabelecidas em legislação específica. concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde-
Art. 71.O adicional de atividade penosa será devido aos servi- nação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais
dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições perma-
condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites nentes;(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
fixados em regulamento. IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exa-
Art. 72.Os locais de trabalho e os servidores que operam com me vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas ativi-
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per- dades.(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra- § 1oOs critérios de concessão e os limites da gratificação de
passem o nível máximo previsto na legislação própria. que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
Parágrafo único.Os servidores a que se refere este artigo serão seguintes parâmetros:(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a
natureza e a complexidade da atividade exercida;(Incluído pela Lei
nº 11.314 de 2006)
SUBSEÇÃO V
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex-
cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada
Art. 73.O serviço extraordinário será remunerado com acrés- pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori-
cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 74.Somente será permitido serviço extraordinário para III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos se-
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite guintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da
máximo de 2 (duas) horas por jornada. administração pública federal:(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando
SUBSEÇÃO VI de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;(Reda-
DO ADICIONAL NOTURNO ção dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando
Art. 75.O serviço noturno, prestado em horário compreendido de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.(Reda-
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia se- ção dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
guinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), § 2oA Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente
computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste ar-
segundos. tigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que
Parágrafo único.Em se tratando de serviço extraordinário, o o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na
prevista no art. 73. forma do § 4o do art. 98 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 11.314 de
2006)
SUBSEÇÃO VII § 3oA Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
DO ADICIONAL DE FÉRIAS incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei-
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer
Art. 76.Independentemente de solicitação, será pago ao servi- outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da
aposentadoria e das pensões.(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um
terço) da remuneração do período das férias.
CAPÍTULO III
Parágrafo único.No caso de o servidor exercer função de di-
DAS FÉRIAS
reção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a
respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de Art. 77.O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem
que trata este artigo. ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces-
sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
SUBSEÇÃO VIII específica.(Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)(Vide Lei
DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO nº 9.525, de 1997)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.314 DE 2006) § 1oPara o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos
12 (doze) meses de exercício.
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é § 2oÉ vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº § 3oAs férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
11.314 de 2006) (Regulamento) (Vide Decreto nº 11.069, de 2022) que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
Vigência pública.(Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)

302
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 78.O pagamento da remuneração das férias será efetuado SEÇÃO II
até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observan- DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ-
do-se o disposto no § 1o deste artigo.(Vide Lei nº 9.525, de 1997) LIA
§ 1° e § 2°(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3oO servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, Art. 83.Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di- doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras-
reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.(Incluído pela e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação
Lei nº 8.216, de 13.8.91) por perícia médica oficial.(Redação dada pela Lei nº 11.907, de
§ 4oA indenização será calculada com base na remuneração do 2009)
mês em que for publicado o ato exoneratório.(Incluído pela Lei nº § 1oA licença somente será deferida se a assistência direta do
8.216, de 13.8.91) servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea-
§ 5oEm caso de parcelamento, o servidor receberá o valor mente com o exercício do cargo ou mediante compensação de ho-
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Fede- rário, na forma do disposto no inciso II do art. 44.(Redação dada
ral quando da utilização do primeiro período.(Incluído pela Lei nº pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.525, de 10.12.97) § 2oA licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
Art. 79.O servidor que opera direta e permanentemente com poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu-
condições:(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
qualquer hipótese a acumulação.
remuneração do servidor; e(Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Parágrafo único.(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
Art. 80.As férias somente poderão ser interrompidas por moti-
vo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, neração.(Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada § 3oO início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação dada pela partir da data do deferimento da primeira licença concedida.(Inclu-
Lei nº 9.527, de 10.12.97)(Vide Lei nº 9.525, de 1997) ído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Parágrafo único.O restante do período interrompido será goza- § 4oA soma das licenças remuneradas e das licenças não remu-
do de uma só vez, observado o disposto no art. 77.(Incluído pela Lei neradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um
nº 9.527, de 10.12.97) mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o,
não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do
CAPÍTULO IV § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
DAS LICENÇAS
SEÇÃO I SEÇÃO III
DISPOSIÇÕES GERAIS DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE

Art. 81.Conceder-se-á ao servidor licença: Art. 84.Poderá ser concedida licença ao servidor para acompa-
I - por motivo de doença em pessoa da família; nhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; do território nacional, para o exterior ou para o exercício de manda-
III - para o serviço militar; to eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
IV - para atividade política; § 1oA licença será por prazo indeterminado e sem remunera-
V - para capacitação;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de ção.
10.12.97) § 2oNo deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei-
VI - para tratar de interesses particulares; ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos
VII - para desempenho de mandato classista. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
§ 1oA licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem pios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que
por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.(Redação
Lei(Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3oÉ vedado o exercício de atividade remunerada durante o
SEÇÃO IV
período da licença prevista no inciso I deste artigo.
Art. 82.A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR
término de outra da mesma espécie será considerada como pror-
rogação. Art. 85.Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
cífica.
Parágrafo único.Concluído o serviço militar, o servidor terá até
30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
go.

303
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO V III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA 8 (oito) servidores.(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 1oSomente poderão ser licenciados os servidores eleitos para
Art. 86.O servidor terá direito a licença, sem remuneração, du- cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des-
rante o período que mediar entre a sua escolha em convenção par- de que cadastradas no órgão competente.(Redação dada pela Lei nº
tidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de 12.998, de 2014)
sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. § 2oA licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
§ 1oO servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde renovada, no caso de reeleição.(Redação dada pela Lei nº 12.998,
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, de 2014)
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a CAPÍTULO V
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.(Redação DOS AFASTAMENTOS
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) SEÇÃO I
§ 2oA partir do registro da candidatura e até o décimo dia se- DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU ENTI-
guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os DADE
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em ou-
tro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:(Redação
SEÇÃO VI
dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)(Regulamento)(Vide Decreto nº
DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
4.493, de 3.12.2002)(Vide Decreto nº 5.213, de 2004)(Vide Decreto
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97)
nº 9.144, de 2017)
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
Art. 87.Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
Lei nº 8.270, de 17.12.91)
para participar de curso de capacitação profissional.(Redação dada § 1oNa hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou en-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) tidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
Parágrafo único.Os períodos de licença de que trata o caput da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o
não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº
Art. 88.(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 8.270, de 17.12.91)
Art. 89.(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2ºNa hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou
Art. 90.(VETADO). sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do
SEÇÃO VII cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das des-
pesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem.(Redação dada
Art. 91.A critério da Administração, poderão ser concedidas ao pela Lei nº 11.355, de 2006)
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está- § 3oA cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo Oficial da União.(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação § 4oMediante autorização expressa do Presidente da Repúbli-
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro ór-
Parágrafo único.A licença poderá ser interrompida, a qualquer gão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.(Redação de pessoal, para fim determinado e a prazo certo.(Incluído pela Lei
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) nº 8.270, de 17.12.91)
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servi-
SEÇÃO VIII dor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na-
muneração para o desempenho de mandato em confederação, cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato re- pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§
presentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido con-
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade dicionado a autorização específica do Ministério do Planejamento,
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso comissão ou função gratificada.(Incluído pela Lei nº 10.470, de
VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e ob- 25.6.2002)
servados os seguintes limites:(Redação dada pela Lei nº 11.094, de § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com
2005)(Regulamento) a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá de-
servidores;(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) terminar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trin- pendentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º
ta mil) associados, 4 (quatro) servidores;(Redação dada pela Lei nº e 2º deste artigo.(Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)(Vide
12.998, de 2014) Decreto nº 5.375, de 2005)

304
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO II § 2oOs afastamentos para realização de programas de mestra-
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
Art. 94.Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in-
seguintes disposições: cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença
afastado do cargo; capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos an-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, teriores à data da solicitação de afastamento.(Incluído pela Lei nº
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; 11.907, de 2009)
III - investido no mandato de vereador: § 3oOs afastamentos para realização de programas de pós-dou-
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- torado somente serão concedidos aos servidores titulares de car-
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; gos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do anos, incluído o período de estágio probatório, e que não tenham
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. se afastado por licença para tratar de assuntos particulares ou com
§ 1oNo caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data da soli-
para a seguridade social como se em exercício estivesse. citação de afastamento.(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 2oO servidor investido em mandato eletivo ou classista não
§ 4oOs servidores beneficiados pelos afastamentos previstos
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di-
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício
versa daquela onde exerce o mandato.
de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afas-
tamento concedido.(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
SEÇÃO III
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR § 5oCaso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou
aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência pre-
Art. 95.O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo visto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na
ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Pre- forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos
sidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo gastos com seu aperfeiçoamento.(Incluído pela Lei nº 11.907, de
Tribunal Federal.(Vide Decreto nº 1.387, de 1995) 2009)
§ 1oA ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão § 6oCaso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou
ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o
ausência. deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
§ 2oAo servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a § 7oAplica-se à participação em programa de pós-graduação
hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamen- no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
to. nos §§ 1o a 6o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 3oO disposto neste artigo não se aplica aos servidores da car-
reira diplomática. CAPÍTULO VI
§ 4oAs hipóteses, condições e formas para a autorização de DAS CONCESSÕES
que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
servidor, serão disciplinadas em regulamento.(Incluído pela Lei nº Art. 97.Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
9.527, de 10.12.97) do serviço:
Art. 96.O afastamento de servidor para servir em organismo I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar- II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
-se-á com perda total da remuneração.(Vide Decreto nº 3.456, de to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
2000) (dois) dias;(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
SEÇÃO IV
a) casamento;
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.907, DE 2009)
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa-
DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMA DE
drasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO PAÍS
Art. 98.Será concedido horário especial ao servidor estudante,
Art. 96-A.O servidor poderá, no interesse da Administração, e quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e
desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar- § 1oPara efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res-
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em peitada a duração semanal do trabalho.(Parágrafo renumerado e
instituição de ensino superior no País.(Incluído pela Lei nº 11.907, alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 2009) § 2oTambém será concedido horário especial ao servidor por-
§ 1oAto do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, tador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
em conformidade com a legislação vigente, os programas de capa- médica oficial, independentemente de compensação de horário.
citação e os critérios para participação em programas de pós-gra- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
duação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão § 3oAs disposições constantes do § 2o são extensivas ao servi-
avaliados por um comitê constituído para este fim.(Incluído pela Lei dor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência.(Reda-
nº 11.907, de 2009) ção dada pela Lei nº 13.370, de 2016)

305
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4oSerá igualmente concedido horário especial, vinculado à XI - afastamento para servir em organismo internacional de que
compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, o Brasil participe ou com o qual coopere.(Incluído pela Lei nº 9.527,
ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do de 10.12.97)
caput do art. 76-A desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.501, de Art. 103.Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e dis-
2007) ponibilidade:
Art. 99.Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios
da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou e Distrito Federal;
na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do
qualquer época, independentemente de vaga. servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em perí-
Parágrafo único.O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge odo de 12 (doze) meses.(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com au- IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
torização judicial. tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no
serviço público federal;
CAPÍTULO VII V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre-
DO TEMPO DE SERVIÇO vidência Social;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
Art. 100.É contado para todos os efeitos o tempo de serviço VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
Art. 101.A apuração do tempo de serviço será feita em dias, 102.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen- § 1oO tempo em que o servidor esteve aposentado será conta-
tos e sessenta e cinco dias. do apenas para nova aposentadoria.
Parágrafo único.(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2oSerá contado em dobro o tempo de serviço prestado às
Art. 102.Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são Forças Armadas em operações de guerra.
considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude § 3oÉ vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço pres-
de:(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) tado concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão
I - férias; ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Mu-
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão nicípio, autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis- e empresa pública.
trito Federal;
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, CAPÍTULO VIII
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presi- DO DIREITO DE PETIÇÃO
dente da República;
IV - participação em programa de treinamento regularmen- Art. 104.É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Po-
te instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no deres Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
País, conforme dispuser o regulamento;(Redação dada pela Lei nº Art. 105.O requerimento será dirigido à autoridade competen-
11.907, de 2009)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) te para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que esti-
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici- ver imediatamente subordinado o requerente.
pal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; Art. 106.Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou-
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta- ser renovado.(Vide Lei nº 12.300, de 2010)
mento, conforme dispuser o regulamento;(Redação dada pela Lei Parágrafo único.O requerimento e o pedido de reconsideração
nº 9.527, de 10.12.97)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
VIII - licença: prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
a) à gestante, à adotante e à paternidade; Art. 107.Caberá recurso:(Vide Lei nº 12.300, de 2010)
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
prestado à União, em cargo de provimento efetivo;(Redação dada § 1oO recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva-
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de mente, em escala ascendente, às demais autoridades.
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída § 2oO recurso será encaminhado por intermédio da autoridade
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
efeito de promoção por merecimento;(Redação dada pela Lei nº Art. 108.O prazo para interposição de pedido de reconsidera-
11.094, de 2005) ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº 12.300,
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;(Reda- de 2010)
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 109.O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
f) por convocação para o serviço militar; a juízo da autoridade competente.
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; Parágrafo único.Em caso de provimento do pedido de reconsi-
X - participação em competição desportiva nacional ou convo- deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
cação para integrar representação desportiva nacional, no País ou ato impugnado.
no exterior, conforme disposto em lei específica; Art. 110.O direito de requerer prescreve:

306
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa- III - recusar fé a documentos públicos;
ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; e processo ou execução de serviço;
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
outro prazo for fixado em lei. da repartição;
Parágrafo único.O prazo de prescrição será contado da data da VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessa- vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
do, quando o ato não for publicado. sabilidade ou de seu subordinado;
Art. 111.O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí- VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
veis, interrompem a prescrição. associação profissional ou sindical, ou a partido político;
Art. 112.A prescrição é de ordem pública, não podendo ser re- VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
levada pela administração. confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
Art. 113.Para o exercício do direito de petição, é assegurada civil;
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
procurador por ele constituído. trem, em detrimento da dignidade da função pública;
Art. 114.A administração deverá rever seus atos, a qualquer X - participar de gerência ou administração de sociedade priva-
tempo, quando eivados de ilegalidade.
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
Art. 115.São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Redação dada
neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
pela Lei nº 11.784, de 2008
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
TÍTULO IV
DO REGIME DISCIPLINAR ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
CAPÍTULO I ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
DOS DEVERES companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
Art. 116.São deveres do servidor: quer espécie, em razão de suas atribuições;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
II - ser leal às instituições a que servir; geiro;
III - observar as normas legais e regulamentares; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XV - proceder de forma desidiosa;
mente ilegais; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
V - atender com presteza: serviços ou atividades particulares;
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
ressalvadas as protegidas por sigilo; que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici-
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do tado.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver Parágrafo único.A vedação de que trata o inciso X do caput
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- deste artigo não se aplica nos seguintes casos:(Incluído pela Lei nº
dade competente para apuração;(Redação dada pela Lei nº 12.527, 11.784, de 2008
de 2011) I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri- presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
mônio público; mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; constituída para prestar serviços a seus membros; e(Incluído pela
IX - manter conduta compatível com a moralidade administra-
Lei nº 11.784, de 2008
tiva;
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
interesses.(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único.A representação de que trata o inciso XII será
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su- CAPÍTULO III
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- DA ACUMULAÇÃO
sentando ampla defesa.
Art. 118.Ressalvados os casos previstos na Constituição, é ve-
CAPÍTULO II dada a acumulação remunerada de cargos públicos.
DAS PROIBIÇÕES § 1oA proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
Art. 117.Ao servidor é proibido:(Vide Medida Provisória nº sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
2.225-45, de 4.9.2001) Estados, dos Territórios e dos Municípios.
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- § 2oA acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada
torização do chefe imediato; à comprovação da compatibilidade de horários.
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto da repartição;

307
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3oConsidera-se acumulação proibida a percepção de venci- I - advertência;
mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina- II - suspensão;
tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remune- III - demissão;
rações forem acumuláveis na atividade.(Incluído pela Lei nº 9.527, IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;(Vide ADPF
de 10.12.97) nº 418)
Art. 119.O servidor não poderá exercer mais de um cargo em V - destituição de cargo em comissão;
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, VI - destituição de função comissionada.
nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação Art. 128.Na aplicação das penalidades serão consideradas a
coletiva.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica à remu- provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
neração devida pela participação em conselhos de administração e atenuantes e os antecedentes funcionais.
fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas Parágrafo único.O ato de imposição da penalidade mencionará
subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.(Incluído
dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla- Art. 129.A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
ção específica.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e
de 4.9.2001) de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamenta-
Art. 120.O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu- ção ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade
lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de mais grave.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- Art. 130.A suspensão será aplicada em caso de reincidência das
tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições
e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada pela podendo exceder de 90 (noventa) dias.
Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1oSerá punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser-
vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe-
CAPÍTULO IV ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
DAS RESPONSABILIDADES efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
§ 2oQuando houver conveniência para o serviço, a penalidade
Art. 121.O servidor responde civil, penal e administrativamente de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin-
pelo exercício irregular de suas atribuições. qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando
Art. 122.A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou o servidor obrigado a permanecer em serviço.
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou Art. 131.As penalidades de advertência e de suspensão terão
a terceiros. seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco)
§ 1oA indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. Parágrafo único.O cancelamento da penalidade não surtirá
§ 2oTratando-se de dano causado a terceiros, responderá o efeitos retroativos.
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. Art. 132.A demissão será aplicada nos seguintes casos:
§ 3oA obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores I - crime contra a administração pública;
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- II - abandono de cargo;
bida. III - inassiduidade habitual;
Art. 123.A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- IV - improbidade administrativa;
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
Art. 124.A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato VI - insubordinação grave em serviço;
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun- VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
ção. em legítima defesa própria ou de outrem;
Art. 125.As sanções civis, penais e administrativas poderão VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
cumular-se, sendo independentes entre si. IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
Art. 126.A responsabilidade administrativa do servidor será cargo;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
fato ou sua autoria. cional;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, XI - corrupção;
penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autori- cas;
dade competente para apuração de informação concernente à prá- XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
tica de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda Art. 133.Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de
que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pú- cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere
blica.(Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011) o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime-
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias,
CAPÍTULO V contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro-
DAS PENALIDADES cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata,
cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguin-
Art. 127.São penalidades disciplinares: tes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

308
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- Art. 137.A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultanea- por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
mente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de
apuração;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 5 (cinco) anos.(Vide ADIN 2975)
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e re- Parágrafo único.Não poderá retornar ao serviço público federal
latório;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por
III - julgamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
§ 1oA indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo Art. 138.Configura abandono de cargo a ausência intencional
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação Art. 139.Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. (Reda- durante o período de doze meses.
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 140.Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
§ 2oA comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as refere o art. 133, observando-se especialmente que:(Redação dada
informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promo- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
verá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de I - a indicação da materialidade dar-se-á:(Incluído pela Lei nº
sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defe- 9.527, de 10.12.97)
sa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, ob- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
servado o disposto nos arts. 163 e 164.(Redação dada pela Lei nº período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
9.527, de 10.12.97) trinta dias;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3oApresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e ses;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
§ 4oNo prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro-
vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se,
respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167.(Incluído pela Lei
cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
nº 9.527, de 10.12.97)
trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
§ 5oA opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa
julgamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automatica-
Art. 141.As penalidades disciplinares serão aplicadas:
mente em pedido de exoneração do outro cargo.(Incluído pela Lei
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
nº 9.527, de 10.12.97)
Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
§ 6oCaracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, apli-
da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
car-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposenta-
doria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou fun- tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
ções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que der, órgão, ou entidade;
os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.(Incluído II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
§ 7oO prazo para a conclusão do processo administrativo disci- tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
plinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
exigirem.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
§ 8oO procedimento sumário rege-se pelas disposições deste tratar de destituição de cargo em comissão.
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamen- Art. 142.A ação disciplinar prescreverá:
te, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.(Incluído pela Lei nº I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
9.527, de 10.12.97) são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
Art. 134.Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do cargo em comissão;
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
missão. (Vide ADPF nº 418) III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
Art. 135.A destituição de cargo em comissão exercido por não § 1oO prazo de prescrição começa a correr da data em que o
ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujei- fato se tornou conhecido.
ta às penalidades de suspensão e de demissão. § 2oOs prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
Parágrafo único.Constatada a hipótese de que trata este artigo, infrações disciplinares capituladas também como crime.
a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em § 3oA abertura de sindicância ou a instauração de processo dis-
destituição de cargo em comissão. ciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
Art. 136.A demissão ou a destituição de cargo em comissão, autoridade competente.
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi- § 4oInterrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
penal cabível.

309
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
TÍTULO V Art. 149.O processo disciplinar será conduzido por comissão
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
CAPÍTULO I competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indica-
DISPOSIÇÕES GERAIS rá, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
Art. 143.A autoridade que tiver ciência de irregularidade no igual ou superior ao do indiciado.(Redação dada pela Lei nº 9.527,
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, de 10.12.97)
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- § 1oA Comissão terá como secretário servidor designado pelo
gurada ao acusado ampla defesa. seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) bros.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) § 2oNão poderá participar de comissão de sindicância ou de
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da au- inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
toridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irre- Art. 150.A Comissão exercerá suas atividades com independên-
gularidade, mediante competência específica para tal finalidade, cia e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do
delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da fato ou exigido pelo interesse da administração.
Parágrafo único.As reuniões e as audiências das comissões te-
República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos
rão caráter reservado.
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito
Art. 151.O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fa-
do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competên-
ses:
cias para o julgamento que se seguir à apuração.(Incluído pela Lei
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
nº 9.527, de 10.12.97) missão;
Art. 144.As denúncias sobre irregularidades serão objeto de II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do e relatório;
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten- III - julgamento.
ticidade. Art. 152.O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
Parágrafo único.Quando o fato narrado não configurar eviden- excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra-
por falta de objeto. zo, quando as circunstâncias o exigirem.
Art. 145.Da sindicância poderá resultar: § 1oSempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte-
I - arquivamento do processo; gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon-
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até to, até a entrega do relatório final.
30 (trinta) dias; § 2oAs reuniões da comissão serão registradas em atas que de-
III - instauração de processo disciplinar. verão detalhar as deliberações adotadas.
Parágrafo único.O prazo para conclusão da sindicância não ex-
cederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a SEÇÃO I
critério da autoridade superior. DO INQUÉRITO
Art. 146.Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) Art. 153.O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração ção dos meios e recursos admitidos em direito.
de processo disciplinar. Art. 154.Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
nar, como peça informativa da instrução.
CAPÍTULO II Parágrafo único.Na hipótese de o relatório da sindicância con-
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in-
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
Art. 147.Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
Art. 155.Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada
venha a influir na apuração da irregularidade, aautoridade instaura-
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
dora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre- técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
juízo da remuneração. fatos.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por Art. 156.É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
concluído o processo. reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
CAPÍTULO III § 1oO presidente da comissão poderá denegar pedidos con-
DO PROCESSO DISCIPLINAR siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum
interesse para o esclarecimento dos fatos.
Art. 148.O processo disciplinar é o instrumento destinado a § 2oSerá indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer- provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições Art. 157.As testemunhas serão intimadas a depor mediante
do cargo em que se encontre investido. mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun-
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.

310
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único.Se a testemunha for servidor público, a expe- § 2oReconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
dição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da re- indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
inquirição. Art. 166.O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
Art. 158.O depoimento será prestado oralmente e reduzido a será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. julgamento.
§ 1oAs testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2oNa hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir- SEÇÃO II
mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. DO JULGAMENTO
Art. 159.Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
mentos previstos nos arts. 157 e 158. do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1oNo caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido § 1oSe a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori-
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações so- dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
bre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles. de competente, que decidirá em igual prazo.
§ 2oO procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, § 2oHavendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter- o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri- pena mais grave.
-las, por intermédio do presidente da comissão. § 3oSe a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
Art. 160.Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autorida-
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja des de que trata o inciso I do art. 141.
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo § 4oReconhecida pela comissão a inocência do servidor, a auto-
menos um médico psiquiatra. ridade instauradora do processo determinará o seu arquivamento,
Parágrafo único.O incidente de sanidade mental será processa- salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. (Incluído pela
do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe- Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dição do laudo pericial. Art. 168.O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
Art. 161.Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi- quando contrário às provas dos autos.
ciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e Parágrafo único.Quando o relatório da comissão contrariar as
das respectivas provas. provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
§ 1oO indiciado será citado por mandado expedido pelo presi- agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 responsabilidade.
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. Art. 169.Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade
§ 2oHavendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de que determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia
20 (vinte) dias. superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no
§ 3oO prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de
diligências reputadas indispensáveis. novo processo. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4oNo caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia § 1oO julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em processo.
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a § 2oA autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
assinatura de (2) duas testemunhas. trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV
Art. 162.O indiciado que mudar de residência fica obrigado a do Título IV.
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. Art. 170.Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
Art. 163.Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indi-
será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em viduais do servidor.
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co- Art. 171.Quando a infração estiver capitulada como crime, o
nhecido, para apresentar defesa. processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
Parágrafo único.Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital. Art. 172.O servidor que responder a processo disciplinar só
Art. 164.Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
citado, não apresentar defesa no prazo legal. após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
§ 1oA revelia será declarada, por termo, nos autos do processo so aplicada.
e devolverá o prazo para a defesa. Parágrafo único.Ocorrida a exoneração de que trata o parágra-
§ 2oPara defender o indiciado revel, a autoridade instauradora fo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se
do processo designará um servidor como defensor dativo, que de- for o caso.
verá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou Art. 173.Serão assegurados transporte e diárias:
ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Reda- I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou in-
Art. 165.Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi- diciado;
nucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obriga-
as provas em que se baseou para formar a sua convicção. dos a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de mis-
§ 1oO relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à são essencial ao esclarecimento dos fatos.
responsabilidade do servidor.

311
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO III ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
DA REVISÃO DO PROCESSO mencionado regime de previdência. (Incluído pela Lei nº 10.667,
de 14.5.2003)
Art. 174.O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
inadequação da penalidade aplicada. mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido
§ 1oEm caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computan-
processo. do-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído
§ 2oNo caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
requerida pelo respectivo curador. § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até
Art. 175.No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- o segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
querente. servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
Art. 176.A simples alegação de injustiça da penalidade não execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos, vencimento. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
ainda não apreciados no processo originário. Art. 184.O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
Art. 177.O requerimento de revisão do processo será dirigido riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende
ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes fina-
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade lidades:
onde se originou o processo disciplinar. I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, inva-
Parágrafo único.Deferida a petição, a autoridade competente lidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e re-
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. clusão;
Art. 178.A revisão correrá em apenso ao processo originário. II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e III - assistência à saúde.
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que Parágrafo único.Os benefícios serão concedidos nos termos e
condições definidos em regulamento, observadas as disposições
arrolar.
desta Lei.
Art. 179.A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a con-
Art. 185.Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servi-
clusão dos trabalhos.
dor compreendem:
Art. 180.Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que
I - quanto ao servidor:
couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do pro-
a) aposentadoria;
cesso disciplinar.
b) auxílio-natalidade;
Art. 181.O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pena-
c) salário-família;
lidade, nos termos do art. 141.
d) licença para tratamento de saúde;
Parágrafo único.O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a au- f) licença por acidente em serviço;
toridade julgadora poderá determinar diligências. g) assistência à saúde;
Art. 182.Julgada procedente a revisão, será declarada sem efei- h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
to a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do satisfatórias;
servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, II - quanto ao dependente:
que será convertida em exoneração. a) pensão vitalícia e temporária;
Parágrafo único.Da revisão do processo não poderá resultar b) auxílio-funeral;
agravamento de penalidade. c) auxílio-reclusão;
d) assistência à saúde.
TÍTULO VI § 1oAs aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
CAPÍTULO I servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 2oO recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem
Art. 183.A União manterá Plano de Seguridade Social para o prejuízo da ação penal cabível.
servidor e sua família.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, CAPÍTULO II
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na admi- DOS BENEFÍCIOS
nistração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito SEÇÃO I
aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da as- DA APOSENTADORIA
sistência à saúde. (Redação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem Art. 186.O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Consti-
direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial tuição)
internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se- ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento proporcionais nos demais casos;

312
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven- Art. 190.O servidor aposentado com provento proporcional ao
tos proporcionais ao tempo de serviço; tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias especifi-
III - voluntariamente: cadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for conside-
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 rado inválido por junta médica oficial passará a perceber provento
(trinta) se mulher, com proventos integrais; integral, calculado com base no fundamento legal de concessão da
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma- aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proven- Art. 191.Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento
tos integrais; não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação nata-
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de lina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
serviço. respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.
§ 1oConsideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, Art. 195.Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa-
a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida
ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, do- aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de
ença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondi- serviço efetivo.
loartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do
mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência SEÇÃO II
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina DO AUXÍLIO-NATALIDADE
especializada.
§ 2oNos casos de exercício de atividades consideradas insalu- Art. 196.O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo
bres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci-
aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o dispos- mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.
to em lei específica. § 1oNa hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
§ 3oNa hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a in- § 2oO auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
capacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im- público, quando a parturiente não for servidora.
possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) SEÇÃO III
Art. 187.A aposentadoria compulsória será automática, e de- DO SALÁRIO-FAMÍLIA
clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço ati- Art. 197.O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inati-
vo, por dependente econômico.
vo.
Parágrafo único.Consideram-se dependentes econômicos para
Art. 188.A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a
efeito de percepção do salário-família:
partir da data da publicação do respectivo ato.
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
§ 1oA aposentadoria por invalidez será precedida de licença
até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte
quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
e quatro) meses.
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
§ 2oExpirado o período de licença e não estando em condições
ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será aposen-
inativo;
tado. III - a mãe e o pai sem economia própria.
§ 3oO lapso de tempo compreendido entre o término da licen- Art. 198.Não se configura a dependência econômica quando o
ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou
de prorrogação da licença. de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposen-
§ 4oPara os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão con- tadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
sideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade enseja- Art. 199.Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi-
dora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
11.907, de 2009) separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
§ 5oA critério da Administração, o servidor em licença para dos dependentes.
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con- Parágrafo único.Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº Art. 200.O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
11.907, de 2009) nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a
Art. 189.O provento da aposentadoria será calculado com ob- Previdência Social.
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e Art. 201.O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
em atividade.
Parágrafo único.São estendidos aos inativos quaisquer bene-
fícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em
atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou re-
classificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.

313
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO IV SEÇÃO V
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LICENÇA-PATER-
NIDADE
Art. 202.Será concedida ao servidor licença para tratamento de
saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem pre- Art. 207.Será concedida licença à servidora gestante por 120
juízo da remuneração a que fizer jus. (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
Art. 203.A licença de que trata o art. 202 desta Lei será conce- (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
dida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, § 1oA licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
de 2009) gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
§ 1oSempre que necessário, a inspeção médica será realizada § 2oNo caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se partir do parto.
encontrar internado. § 3oNo caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even-
§ 2oInexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e reassumirá o exercício.
não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. § 4oNo caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 208.Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
§ 3oNo caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos Art. 209.Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra-
§ 4oA licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afasta- períodos de meia hora.
mento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. Art. 210.À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
(Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
§ 5oA perícia oficial para concessão da licença de que trata o de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial Parágrafo único.No caso de adoção ou guarda judicial de crian-
previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hi- ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
póteses em que abranger o campo de atuação da odontologia. (In-
será de 30 (trinta) dias.
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 204.A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quin-
SEÇÃO VI
ze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO
oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela Lei
nº 11.907, de 2009)
Art. 211.Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
Art. 205.O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
acidentado em serviço.
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
Art. 212.Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual-
quer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente,
Art. 206.O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas com as atribuições do cargo exercido.
ou funcionais será submetido a inspeção médica. Parágrafo único.Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
Art. 206-A.O servidor será submetido a exames médicos perió- I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
dicos, nos termos e condições definidos em regulamento. (Incluído dor no exercício do cargo;
pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento). II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
Parágrafo único.Para os fins do disposto no caput, a União e -versa.
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela Art. 213.O servidor acidentado em serviço que necessite de
Lei nº 12.998, de 2014) tratamento especializado poderá ser tratado em instituição priva-
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór- da, à conta de recursos públicos.
gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica
pela Lei nº 12.998, de 2014) oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quan-
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce- do inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública.
ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar- Art. 214.A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência
à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam SEÇÃO VII
autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma do art. DA PENSÃO
230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato Art. 215.Por morte do servidor, os seus dependentes, nas hipó-
administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de ju- teses legais, fazem jus à pensão por morte, observados os limites
nho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº estabelecidos no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição Fede-
12.998, de 2014) ral e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação
dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
(Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 217.São beneficiários das pensões:
I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

314
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) § 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória
c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de ra-
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) teio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressal-
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, vada a existência de decisão judicial em contrário. (Redação dada
com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente; pela Lei nº 13.846, de 2019)
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) § 3º Nas ações em que for parte o ente público responsável pela
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) concessão da pensão por morte, este poderá proceder de ofício à
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) habilitação excepcional da referida pensão, apenas para efeitos de
c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) rateio, descontando-se os valores referentes a esta habilitação das
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito
III - o companheiro ou companheira que comprove união está- em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão
vel como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) judicial em contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin- § 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou § 3º deste
tes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) artigo, o valor retido será corrigido pelos índices legais de reajusta-
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº mento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes,
13.135, de 2015) de acordo com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefí-
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) cios. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015)(Vigência) § 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão conces-
d) tenha deficiência intelectual ou mental; (Redação dada pela sor da pensão por morte a cobrança dos valores indevidamente
Lei nº 13.846, de 2019) pagos em função de nova habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.846,
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do de 2019)
servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 220.Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência pela Lei nº 13.135, de 2015)
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela
inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do
§ 1oA concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos V II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro-
e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou
§ 2oA concessão de pensão aos beneficiários de que trata o in- na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de
ciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. (Redação constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.
§ 3oO enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me- (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên- Art. 221.Será concedida pensão provisória por morte presumi-
cia econômica, na forma estabelecida em regulamento. (Incluído da do servidor, nos seguintes casos:
pela Lei nº 13.135, de 2015) I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe-
§ 4º (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) tente;
Art. 218.Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, o II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários acidente não caracterizado como em serviço;
habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
§ 1o(Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) ou em missão de segurança.
§ 2o(Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Parágrafo único.A pensão provisória será transformada em vi-
§ 3o(Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) talícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
Art. 219.A pensão por morte será devida ao conjunto dos de- de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
pendentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
data: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 222.Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta I - o seu falecimento;
dias) após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais depen- concessão da pensão ao cônjuge;
dentes;(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário in-
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previs- válido, ou o afastamento da deficiência, em se tratando de benefici-
to no inciso I do caput deste artigo; ou (Redação dada pela Lei nº ário com deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes
13.846, de 2019) da aplicação das alíneas a e b do inciso VII do caput deste artigo;
III - da decisão judicial, na hipótese de morte presumida. (Reda- (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019) IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
§ 1º A concessão da pensão por morte não será protelada pela ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
falta de habilitação de outro possível dependente e a habilitação V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135,
produzirá efeito a partir da data da publicação da portaria de con- de 2015)
cessão da pensão ao dependente habilitado. (Redação dada pela VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III
Lei nº 13.846, de 2019) do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

315
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que § 8º No ato de requerimento de benefícios previdenciários,
o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o não será exigida apresentação de termo de curatela de titular ou
casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 de beneficiário com deficiência, observados os procedimentos a se-
(dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, rem estabelecidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846,
de 2015) de 2019)
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo Art. 223.Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação dada
vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) pela Lei nº 13.135, de 2015)
anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído pela I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Lei nº 13.135, de 2015) II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; Art. 224.As pensões serão automaticamente atualizadas na
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art.
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 189.
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos Art. 225.Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
de idade;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa-
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
SEÇÃO VIII
três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
DO AUXÍLIO-FUNERAL
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 226.O auxílio-funeral é devido à família do servidor faleci-
§ 1oA critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
do na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da
preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por remuneração ou provento.
deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para avalia- § 1oNo caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago
ção das referidas condições. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) somente em razão do cargo de maior remuneração.
§ 2oSerão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso § 2o(VETADO).
III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos do caput, § 3oO auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer natureza por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que
ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do houver custeado o funeral.
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da compro- Art. 227.Se o funeral for custeado por terceiro, este será inde-
vação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável. (Incluído nizado, observado o disposto no artigo anterior.
pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 228.Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do
§ 3oApós o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte
que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fun-
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspon- dação pública.
dente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer,
poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins SEÇÃO IX
previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Ministro de DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acrésci-
mo na comparação com as idades anteriores ao referido incremen- Art. 229.À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão,
to. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) nos seguintes valores:
§ 4oO tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de
Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais competente, enquanto perdurar a prisão;
referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. (Incluído pela II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu-
Lei nº 13.135, de 2015) de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não deter-
mine a perda de cargo.
§ 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data de seu
§ 1oNos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá
falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimentos
direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a
§ 2oO pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do
imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do que condicional.
benefício. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) § 3oRessalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será
§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de que trata devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos depen-
o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, observado o disposto dentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.135,
nos incisos I e II do caput do art. 95 da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015)
de 2015. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condi-
ção de microempreendedor individual, não impede a concessão ou
manutenção da cota da pensão de dependente com deficiência in-
telectual ou mental ou com deficiência grave. (Incluído pela Lei nº
13.846, de 2019)

316
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO III TÍTULO VII
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE CAPÍTULO ÚNICO
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERES-
Art. 230.A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de SE PÚBLICO
sua família compreende assistência médica, hospitalar, odontoló-
gica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o imple- Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
mento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou median- Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
te convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante
ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou TÍTULO VIII
inativo, e seus dependentes oupensionistas com planos ou seguros CAPÍTULO ÚNICO
privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em regula- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
mento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 1oNas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perí- Art. 236.O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e
cia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta oito de outubro.
médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebra- Art. 237.Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe-
rá, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais,
sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira:
de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos
INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos
§ 2oNa impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação
operacionais;
do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con-
contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que cons-
decoração e elogio.
tituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os
Art. 238.Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação
de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci-
disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído pela mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o pra-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) zo vencido em dia em que não haja expediente.
§ 3oPara os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a Art. 239.Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a: sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
I - celebrar convênios exclusivamente para aprestação de servi- eximir-se do cumprimento de seus deveres.
ços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados Art. 240.Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da
ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se-
grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas guintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce- a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substitu-
lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam to processual;
autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
que os convênios celebrados depois dessa data somente poderão final do mandato, exceto se a pedido;
sê-lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas em assembléia geral da categoria.
também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de Art. 241.Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do do seu assentamento individual.
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Parágrafo único.Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
III -(VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
§ 4o(VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Art. 242.Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
§ 5oO valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício,
pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de
em caráter permanente.
assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)

CAPÍTULO IV TÍTULO IX
DO CUSTEIO CAPÍTULO ÚNICO
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 231.(Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
Art. 243.Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Po-
deres da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em
regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711,
de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis

317
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Art. 253.Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais
por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorroga- disposições em contrário.
dos após o vencimento do prazo de prorrogação.
§ 1oOs empregos ocupados pelos servidores incluídos no regi-
me instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data EXERCÍCIOS
de sua publicação.
§ 2oAs funções de confiança exercidas por pessoas não in- 1. A administração Pública é considerada por Di Pietro (2009, p.
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm 57), como “a atividade concreta e imediata que o Estado desenvol-
exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas ve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a conse-
enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou enti- cução dos interesses coletivos”.
dades na forma da lei. ( ) CERTO
§ 3oAs Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas ( ) ERRADO
por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam ex-
tintas na data da vigência desta Lei. 2. Em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em
§ 4o(VETADO). órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
§ 5oO regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários administrativas em sentido objetivo, sendo subdividida também na
da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. atividade exercida por esses entes em sentido subjetivo.
§ 6oOs empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade ( ) CERTO
no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade bra- ( ) ERRADO
sileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão
ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car- 3. O princípio da moralidade é possuidor de existência autôno-
reira aos quais se encontrem vinculados os empregos. ma, portanto, não se confunde com o princípio da legalidade, tendo
§ 7oOs servidores públicos de que trata o caput deste artigo, em vista que a lei pode ser vista como imoral e a seara da moral é
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais mais ampla do que a da lei.
Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme A assertiva se encontra:
critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados median- ( ) CERTO
te indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo ( ) ERRADO
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) 4. Denota-se que a publicidade não existe como um fim em si
§ 8oPara fins de incidência do imposto de renda na fonte e na mesmo, ou apenas como uma providência de ordem meramente
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações formal. O principal foco da publicidade é assegurar transparência
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista ou visibilidade da atuação administrativa, vindo a possibilitar o
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) exercício do controle da Administração Pública por meio dos admi-
§ 9oOs cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto nistrados, bem como dos órgãos determinados por lei que se en-
no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando conside- contram incumbidos de tal objetivo.
rados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) A assertiva se encontra:
Art. 244.Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos ( ) CERTO
servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuê- ( ) ERRADO
nio.
Art. 245.A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº 5. Sendo princípios gerais de direito, a razoabilidade e a propor-
1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em cionalidade, embora não estejam previstos expressamente no texto
licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90. da CFB/88, transpassam vários dispositivos da CF/1988, vindo a se
Art. 246. (VETADO). constituir em princípios constitucionais implícitos.
Art. 247.Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá ( ) CERTO
ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao perí- ( ) ERRADO
odo de contribuição por parte dos servidores celetistas abrangidos
pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) 6. Quando praticados de forma regular os atos de gestão, pas-
Art. 248.As pensões estatutárias, concedidas até a vigência sam a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. Exemplo:
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de forma vin-
do servidor. culante entre a administração e o locatário aos termos do contrato,
Art. 249.Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per- ( ) CERTO
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União ( ) ERRADO
conforme regulamento próprio.
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, 7. O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentado- direito inexistente, pela falta de seu exercício, no período de tempo
ria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Fun- determinado em lei e também pela vontade das próprias partes e,
cionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de ainda no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu ti-
1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo. tular, que não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido
(Mantido pelo Congresso Nacional) pela lei.
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ( ) CERTO
Art. 252.Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com ( ) ERRADO
efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subseqüente.

318
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
8. Ocorre o desvio de poder ou desvio de finalidade quando a 15. Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata-
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- -se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço,
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns. O
ao interesse público como um todo. pregão pode ocorrer somente de forma presencial.
( ) CERTO A assertiva se encontra:
( ) ERRADO ( ) CERTO
( ) ERRADO
9. O ato de regulamento executivo não é norma geral e abstra-
ta. Sendo geral pelo fato de não possuir destinatários determinados 16. De acordo com a Nova lei de Licitações, os documentos exi-
ou determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam gidos para a habilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito
nas situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipó- de falência expedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por
teses que, se e no momento em que forem verificadas no mundo último, exige-se o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios
concreto, passarão a gerar as consequências abstratamente pre- sociais, salvo das empresas que foram constituídas no lapso de me-
vistas. Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui nos de três anos.
conteúdo material de lei, porém, com ela não se confunde sob o A assertiva se encontra:
aspecto formal. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
17. A Administração Direta é correspondente aos órgãos que
10. A discricionariedade consiste na liberdade de escolha da compõem a estrutura das pessoas federativas que executam a ati-
autoridade pública em relação à conveniência e oportunidade do vidade administrativa de maneira centralizada. O vocábulo “Admi-
exercício do poder de polícia. Entretanto, mesmo que a discriciona- nistração Direta” possui sentido abrangente vindo a compreender
riedade dos atos de polícia seja a regra, em determinadas situações todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto os que fazem
o exercício do poder de polícia é vinculado e por isso, não deixa parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do Poder Judiciá-
margem para que a autoridade responsável possa executar qual- rio, que são os responsáveis por praticar a atividade administrativa
quer tipo de opção. de maneira centralizada.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

11. Controle interno é aquele realizado por órgãos de um Poder 18. Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser
sobrepondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com per-
Poder, ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Adminis- sonalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a
tração indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito
jurídica da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador público ou de direito privado para esta finalidade.
encontra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser con- ( ) CERTO
trolada. ( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO 19. (CESPE- 2012-TRE-RJ- TÉCNICO JUDICIÁRIO) Para os efeitos
da Lei n° 8.112/1990, servidor público é o ocupante de cargo públi-
12. Controle externo é aquele realizado por órgão estranho à co, conceituação que abrange os ocupantes de cargo em comissão
estrutura do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos prá- e função de confiança.
ticos, quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa ( ) CERTO
a julgar as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário. ( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO 20. (CESPE-2012-TRE-RJ-TÉCNICO JUDICIÁRIO) Aos servidores
públicos civis da União são assegurados alguns dos direitos sociais
13. Com a edição da Lei n. 8.429/1992, Lei da Improbidade Ad- garantidos aos trabalhadores em geral, como a licença paternidade.
ministrativa de observância obrigatória por parte da administração ( ) CERTO
direta e indireta de todos os entes federativos, o legislador infra- ( ) ERRADO
constitucional veio a estabelecer as regras e procedimentos a se-
rem observados quando ocorrer a prática de atos de improbidade.
( ) CERTO
( ) ERRADO

14. Em apoio à disposição constitucional, a Lei n. 8.429/1992


dispõe em seu artigo 7º, que a indisponibilidade dos bens será
declarada sempre que o ato de improbidade administrativa ficar
caracterizado como enriquecimento ilícito ou lesão ao patrimônio
público.
( ) CERTO
( ) ERRADO

319
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 CERTO
2 ERRADO ______________________________________________________
3 CERTO ______________________________________________________
4 CERTO
______________________________________________________
5 CERTO
6 CERTO ______________________________________________________

7 CERTO ______________________________________________________
8 CERTO
______________________________________________________
9 ERRADO
______________________________________________________
10 CERTO
11 CERTO ______________________________________________________
12 CERTO
______________________________________________________
13 CERTO
______________________________________________________
14 CERTO
15 ERRADO ______________________________________________________
16 ERRADO ______________________________________________________
17 CERTO
______________________________________________________
18 CERTO
19 CERTO ______________________________________________________
20 CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

320
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO

Princípio da primazia da realidade


DOS PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Estabelece que a verdade real prevalecerá sobre a formal. Isso
para impedir procedimentos fraudatórios do empregador, para
A lei trabalhista (CLT, art. 8º) dispõe que as autoridades admi- mascarar o vínculo de emprego existente ou mesmo conferir direi-
nistrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou tos menores do que os realmente devidos.
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por
analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais do direi- Princípio da inalterabilidade contratual lesiva
to, principalmente do direito do trabalho. Com base na cláusula pacta sunt servanda, onde os contratos
devem ser cumpridos, esse princípio só permite a alteração de cláu-
Princípio da proteção sulas e condições contratuais em caso de mútuo consentimento, e
De extrema importância, consiste em conferir ao polo mais fra- que não cause, direta ou indiretamente, prejuízo ao trabalhador,
co, ou seja, o empregado, a superioridade jurídica capaz de garantir sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
mecanismos destinados a tutelar os direitos mínimos estampados Princípio da intangibilidade salarial
na legislação laboral vigente. Prima pela impossibilidade de redução salarial. É um princípio
Deste princípio, decorrem outros três, a saber1: flexível, pois a CF prevê que por meio de CCT ou ACT, exista uma
redução temporária de salários. Isso é exceção, e não pode ser por
Princípio do in dubio pro operario: induz o intérprete ao ana- decisão unilateral do empregador, nem mesmo mediante acordo
lisar um preceito de cunho trabalhista, dentre duas ou mais inter- individual escrito entre empregador e empregado.
pretações possíveis, que se opte pela mais favorável ao empregado;
Princípio da razoabilidade
Princípio da norma favorável ao trabalhador: é tríplice a sua Embora a maioria da doutrina não faça referência à razoabili-
função: dade como um dos princípios do Direito do Trabalho, este princípio
→ primeiro, é princípio de elaboração de normas jurídicas, consiste na afirmação essencial de que o ser humano, em suas rela-
significando que, as leis devem dispor no sentido de aperfeiçoar o ções trabalhistas, procede e deve proceder conforme a razão.
sistema, favorecendo o trabalhador, só por exceção afastando-se
desse objetivo; Princípio da boa-fé
→ a segunda função é hierárquica, é princípio de hierarquia en- Este princípio abrange tanto o empregado como o emprega-
tre as normas; é necessário estabelecer uma ordem de hierarquia dor2. No primeiro caso, baseia-se na suposição de que o trabalha-
na aplicação destas; assim, havendo duas ou mais normas, estatais dor deve cumprir seu contrato de boa-fé, que tem, entre suas exi-
ou não estatais, aplica-se a que mais beneficiar o empregado; gências, a de que coloque todo o seu empenho no cumprimento de
→ a terceira função é interpretativa, para que, havendo obs- suas tarefas.
curidade quanto ao significado destas, prevaleça a interpretação Em relação ao empregador, supõe que deva cumprir lealmente
capaz de conduzir o resultado que melhor se identifique com o sen- suas obrigações para com o trabalhador.
tido social do direito do trabalho.

Princípio da condição mais benéfica: significa que na mesma rela- DOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS
ção de emprego uma vantagem já conquistada não deve ser reduzida. TRABALHADORES (ART. 7º DA CF/1988)

Princípio da irrenunciabilidade dos direitos CAPÍTULO II


É nulo todo ato destinado a fraudar, desvirtuar ou impedir a apli- DOS DIREITOS SOCIAIS
cação da legislação trabalhista; só é permitida a alteração nas condi-
ções de trabalho com o consentimento do empregado e, ainda assim, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
desde que não lhe acarretem prejuízos, sob pena de nulidade. outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
Princípio da continuidade da relação de emprego ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
Em regra, os contratos devem ser pactuados por prazo indeter- indenização compensatória, dentre outros direitos;
minado, dessa forma, o obreiro integra a estrutura da empresa per- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
manentemente, e somente por exceção, admitindo-se o contrato III - fundo de garantia do tempo de serviço;
por prazo determinado ou a termo. IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,

1 https://vividomingues123.jusbrasil.com.br/artigos/189640779/nocoes-ge- 2 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
rais-do-direito-do-trabalho-fontes-principios-e-relacao-de-trabalho quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

321
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
para qualquer fim; anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
trabalho; empregatício permanente e o trabalhador avulso.
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
ou acordo coletivo; res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
percebem remuneração variável; atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
ou no valor da aposentadoria; sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua integração à previdência social.
retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- DA RELAÇÃO DE TRABALHO E DA RELAÇÃO DE
sa, conforme definido em lei; EMPREGO: REQUISITOS E DISTINÇÃO
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
dor de baixa renda nos termos da lei; É importante fazer uma diferenciação das expressões relação
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas de trabalho e relação de emprego. A expressão relação de trabalho
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de representa o gênero, do qual a relação de emprego é uma espé-
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção cie3.
coletiva de trabalho; Podemos dizer que o gênero “relação de trabalho” engloba,
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos além da relação de emprego, outras formas de prestação/realiza-
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; ção de trabalho como, por exemplo, o trabalho voluntário, o traba-
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- lho autônomo, o trabalho portuário avulso, o trabalho eventual, o
mingos; trabalho institucional e o trabalho realizado pelo estagiário.
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- Assim, toda relação de emprego (espécie) é uma relação de
mo, em cinquenta por cento à do normal; trabalho, mas nem toda a relação de trabalho é uma relação de
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um emprego.
terço a mais do que o salário normal; Para compreendermos o alcance das expressões “relação de
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, trabalho” e “relação de emprego”, é importante termos claro o al-
com a duração de cento e vinte dias; cance de alguns termos utilizados no nosso cotidiano.
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; Por exemplo, a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in- está ligada à relação de trabalho subordinado que corresponde ao
centivos específicos, nos termos da lei; vínculo de emprego, querendo, por assim dizer, que se trata somen-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no te de uma relação de emprego e não de uma relação de trabalho.
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Nem todos os tipos de relações de trabalho são registrados na
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor- CTPS, mas todos os tipos de relação de emprego são registrados no
mas de saúde, higiene e segurança; referido documento.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, O que identifica a relação de emprego é o vínculo jurídico es-
insalubres ou perigosas, na forma da lei; tabelecido entre as partes, de um lado empregado, pessoa física,
XXIV - aposentadoria; e de outro o empregador, que pode ser pessoa física ou jurídica.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas- Para a existência desse vínculo, que une o empregado ao em-
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; pregador na execução de uma obra ou prestação de serviços, deve
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de haver a presença de alguns requisitos ou elementos, sem os quais
trabalho; não se configura o vínculo de emprego.
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; A norma legal (Consolidação das Leis do Trabalho- CLT) aponta
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- esses elementos fáticos e jurídicos em dois dispositivos. O caput
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando do artigo 3.º dispõe: Considera-se empregado, toda pessoa física
que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
incorrer em dolo ou culpa;
dependência deste e mediante salário.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
Já o caput do artigo 2.º dispõe: Considera-se empregador a
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da ativi-
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
dade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
contrato de trabalho;
serviços.
a) (Revogada).
b) (Revogada).
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e 3 http://www.trt4.jus.br/ItemPortlet/download/9673/Texto_01_DiferenciaA-
intelectual ou entre os profissionais respectivos; cAao_entre__RelaAcAao_de_Trabalho_e_RelaAcAao_de_Emprego_ricar-
do_jahn.pdf.

322
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Da análise de tais artigos, conclui-se que são requisitos neces- Equiparação
sários à caracterização da condição de empregado e existência de A lei equiparou ao empregador, “para os efeitos exclusivos da
vínculo de emprego: relação de emprego”, e desde que admitam empregados (art. 2º, §
→ a pessoalidade; 1º, CLT):
→ a não eventualidade; → os profissionais liberais;
→ a dependência; → as instituições de beneficência;
→a onerosidade ou contraprestação pelos serviços. → as associações recreativas;
→ outras instituições sem fins lucrativos.
Observe-se que, em algumas relações de trabalho (gênero),
não temos a presença de todos os elementos/requisitos caracteri- Poderes do Empregador
zadores da relação de emprego. Poder de direção do empregador
No trabalho voluntário não temos o requisito da onerosidade Ao ser contratado, o empregado transfere para o empregador
ou contraprestação; no trabalho autônomo não temos a presença o poder de direção sobre seu trabalho, passando a ser a ele subor-
do requisito da subordinação; no trabalho eventual não temos a dinado5.
presença do requisito não eventualidade; etc.
Na doutrina verifica-se que, de regra, os requisitos são os mes- Assim, estrutura-se a relação jurídica objeto do Direito do Traba-
mos, com pequenas variações na denominação, sendo tradicional- lho: de um lado, o poder de direção reconhecido pela ordem jurídica
mente considerados os seguintes: ao empregador e exercido como contrapartida aos riscos da atividade
→ trabalho prestado por pessoa física; econômica inerentes à própria atividade empresarial. De outro lado,
→ pessoalidade; o estado de subordinação do empregado, que se submete às regras
→ não eventualidade; de caráter hierárquico e técnico impostas pelo empregador.
→ onerosidade; O poder de direção se divide em poder de organização (ou de
→ subordinação; comando), em poder de controle (ou de fiscalização) e poder dis-
→ alteridade. ciplinar:
→ Poder de organização: consiste na ordenação das ativida-
A análise desses requisitos é feita caso a caso, sendo que em des do empregado, inserindo-as no conjunto das atividades da pro-
determinada relação preponderam uns ou outros, dependendo das dução, visando a obtenção dos objetivos econômicos e sociais da
particularidades da relação estabelecida entres as partes. empresa; a empresa poderá ter um regulamento interno para tal;
decorre dele a faculdade de o empregado definir os fins econômi-
DOS SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO STRICTO cos visados pelo empreendimento;
SENSU: DO EMPREGADO E DO EMPREGADOR: → Poder de controle: significa o direito de o empregador fisca-
CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO; DOS PODERES lizar as atividades profissionais dos seus empregados; justifica-se,
DO EMPREGADOR NO CONTRATO DE TRABALHO. uma vez que, sem controle, o empregador não pode ter ciência de
DO GRUPO ECONÔMICO; DA SUCESSÃO DE que, em contrapartida ao salário que paga, vem recebendo os ser-
EMPREGADORES; DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA viços dos empregados;
→ Poder disciplinar: consiste no direito de o empregador im-
por sanções disciplinares ao empregado, de forma convencional
Empregado (previstas em convenção coletiva) ou estatutária (previstas no regu-
Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem lamento da empresa), subordinadas à forma legal.
serviços não eventuais, subordinados e assalariados4.
“Considera-se empregado, toda pessoa física que prestar servi- No direito brasileiro as penalidades que podem ser aplicadas
ços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste são a suspensão disciplinar e a advertência; o atleta profissional é
e mediante salário” (CLT, art. 3º). ainda passível de multa.
Requisitos legais do conceito Grupo econômico
a) pessoa física: empregado é pessoa física e natural; Existe grupo econômico, para fins trabalhistas, sempre que
b) continuidade: empregado é um trabalhador não eventual; uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas persona-
c) subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é lidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou admi-
exercida sob dependência; nistração de outra, ainda que guardem cada uma sua autonomia.
d) salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, Caracterizado o grupo econômico, serão solidariamente res-
alguém que, pelo serviço que presta, recebe uma retribuição; ponsáveis pelas obrigações decorrentes da relação de emprego, a
e) pessoalidade: empregado é um trabalhador que presta pes- empresa principal e cada uma das subordinadas (art. 2º, § 2º, CLT).
soalmente os serviços. Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios,
sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração
Empregador de interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atua-
É o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem ção conjunta das empresas dele integrantes (art. 2º, § 3º, CLT).
fim lucrativo, que tiver empregado. O estudo do grupo econômico leva, ainda, à análise do efeito
“Considera-se empregador a empresa. individual ou coletiva, decorrente de sua caracterização, qual seja, a responsabilidade so-
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria lidária dos integrantes do grupo em relação aos créditos trabalhis-
e dirige a prestação pessoal de serviços” (CLT, art. 2º). tas dos empregados. A questão envolve a discussão sobre o tipo de
solidariedade que resulta do grupo econômico:

4 https://www.jurisite.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2017/03/direi- 5 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
to_-trabalho.pdf quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

323
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Solidariedade passiva entre os integrantes do grupo econômico Há, porém, situações peculiares nas quais não ocorrem os efei-
— tal entendimento decorre do próprio texto do § 2º do art. 2º da CLT. tos da sucessão trabalhista.
Como efeito jurídico clássico e incontroverso do grupo econômico, está As normas sobre sucessão trabalhista são de ordem pública e,
“a imposição de solidariedade passiva entre as entidades componen- por isso, não podem ser afastadas por vontade das partes. Qual-
tes do grupo perante os créditos trabalhistas derivados de contrato de quer ajuste feito entre o sucessor e o sucedido, no sentido de exi-
trabalho subscrito por uma ou algumas dessas entidades. Solidarieda- mir aquele da responsabilidade pelos contratos de trabalho e pe-
de passiva, isto é, por obrigações trabalhistas, portanto”. los direitos trabalhistas dos empregados, não servirá para impedir
que seja chamado a saldar os créditos dos empregados, podendo,
Solidariedade ativa das empresas componentes do grupo eco- no máximo, ter o efeito de assegurar-lhe ação de regresso contra
nômico — trata-se de tema bastante discutido. o alienante, pelas vias próprias. Observadas as situações especiais
Há quem defenda a existência de uma solidariedade ativa, definidas em lei.
além da solidariedade passiva inerente à hipótese (haveria, portan-
to, uma responsabilidade dual). Portanto, as obrigações das empre- Consórcio de empregadores
sas que integram o grupo não se limitam aos créditos trabalhistas, A figura do consórcio de empregadores existe quando duas ou
mas abrangem o contrato de trabalho como um todo, assumindo o mais pessoas físicas se reúnem e celebram acordo no sentido de
grupo a posição de empregador único. compartilhar a mão de obra do mesmo empregado.
Disto resulta o entendimento de que o empregado presta ser- Neste acordo, estabelecem quais as atividades a serem desen-
viços ao grupo, e não a uma empresa especificamente, razão pela volvidas, como será dividida entre os vários empregadores a presta-
qual estará sujeito ao poder de comando deste empregador único. ção de serviços dos empregados contratados, com quanto cada um
No entanto, este posicionamento encontra resistência em parte da contribuirá para a remuneração destes etc.
doutrina. Certo é, porém, que este ajuste de responsabilidade só tem
efeitos civis, pois para o Direito do Trabalho todos respondem soli-
Sucessão de empregadores dariamente pelos créditos trabalhistas dos empregados.
O termo sucessão, em sua concepção mais ampla, refere-se às Portanto, tendo em vista a sua própria finalidade, o consórcio
hipóteses em que ocorre a alteração da titularidade do direito ou de empregadores revela-se em uma possibilidade maior de formali-
da obrigação em razão da modificação do sujeito. Tratando-se de zação das relações de trabalho, ressalvando-se, porém, que ele não
obrigações e direitos previstos em um contrato, é possível afirmar- é, por si só, garantia de lisura, pois os empregadores consorciados
-se que a sucessão refere-se a uma alteração subjetiva na relação podem cometer as mesmas fraudes que qualquer outro.
jurídica contratual.
No campo do Direito do Trabalho, a sucessão tem reflexos dire-
tos na relação de emprego e implica em direitos e obrigações para DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO: CONCEITO,
os seus sujeitos, empregado e empregador. No entanto, consideran- CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
do-se que para a caracterização da relação de emprego deve estar
presente, entre outras características, a pessoalidade na prestação Considerando que a denominação ideal de uma figura jurídi-
dos serviços, resta evidente que o tema da sucessão assume real ca deve ser aquela que melhor representa o seu conteúdo, parte
importância no que tange ao outro sujeito da relação de emprego, da doutrina critica a denominação contrato de trabalho, afirmando
o empregador. que não corresponde ao pacto laborativo a que se reporta, que é a
A sucessão de empregadores é prevista pelos arts. 10 e 448 da relação de emprego6.
CLT, que dispõem que qualquer alteração na estrutura jurídica da Afirmam ainda alguns autores que a expressão trabalho é am-
empresa ou na sua propriedade não afeta os contratos de trabalho pla demais, abarcando todo e qualquer tipo de prestação de serviço
dos respectivos empregados nem os direitos adquiridos por eles. de uma pessoa física a outrem, e não só o trabalho subordinado.
Trata-se de instituto que se fundamenta nas ideias de: Exatamente por tais razões, e com o intuito de distinguir a for-
→ garantia dos direitos trabalhistas; ma de prestação de serviço a que se refere, o contrato de trabalho
→ despersonalização do empregador; vem sendo denominado por alguns autores contrato de emprego.
→ continuidade da relação de emprego. No entanto, a denominação contrato de emprego não é a mais
utilizada, tendo sido consagrada a expressão contrato de trabalho,
A sucessão decorrente de alteração na estrutura jurídica da adotada em sentido estrito e referindo-se à relação de emprego.
empresa abrange hipóteses como mudança de sociedade para fir-
ma individual, ou vice-versa, alteração do tipo societário, fusão, in- Conceito e caracterização
corporação, cisão etc. Essas modificações formais são irrelevantes O art. 442 da CLT define contrato de trabalho como “o acordo
para os contratos de trabalho que seguem normalmente seu curso. tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”.
Assim, caracterizada a sucessão empresarial ou de empregado- O conceito constante do texto da CLT é bastante criticado pela
res, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em doutrina, que afirma não ter o legislador utilizado da melhor técni-
que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de ca de construção de definições. Na realidade, “o texto celetista ver-
responsabilidade do sucessor (art. 448-A, caput, CLT). dadeiramente resultou de um ‘acordo teórico’ entre as correntes
contratualistas e acontratualistas na época da elaboração da CLT, na
Em relação à possibilidade de responsabilização do sucedido, o década de 1940: a norma legal reverenciou, a um só tempo, tanto a
parágrafo único do art. 448-A da CLT prevê que a empresa sucedida noção de contrato (teoria contratualista) como a noção de relação
responderá solidariamente com a sucessora quando ficar compro- de emprego (teorias da relação de trabalho e institucionalista) —
vada fraude na transferência. em franco prejuízo da melhor técnica jurídica”.
Quanto ao título jurídico que transfere os bens, ele não se
restringe à alienação propriamente dita. Pelo contrário, deve ter a
maior amplitude possível, abrangendo cessões, doações, arrenda-
6 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
mentos etc.
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

324
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Assim, considerando as críticas que são feitas à definição legal É um contrato complexo — uma das características do contrato
contida no art. 442 da CLT, podemos definir o contrato de trabalho de trabalho é a possibilidade de que sejam celebrados contratos
como sendo o acordo de vontades, manifestado de forma expressa acessórios a ele, como, por exemplo, um contrato de locação, um
(verbalmente ou por escrito) ou de forma tácita, por meio do qual contrato de mandato, um contrato de comodato etc. Tais contratos
uma pessoa física (empregado) se compromete a prestar pessoal- auxiliares dependem do contrato principal, o que significa dizer que
mente e de forma subordinada serviços contínuos a uma outra pes- seguem a sorte dele: extinto o contrato de trabalho, extinguem-se
soa física, a uma pessoa jurídica ou a um ente sem personalidade os contratos acessórios.
jurídica (empregador), mediante remuneração.
Alguns autores ainda apontam a alteridade como uma das ca-
Quanto à caracterização do contrato de trabalho, entre os ca- racterísticas do contrato de trabalho, tendo em vista que a pres-
racteres apontados pela doutrina, destacamos os seguintes: tação laboral empregatícia se desenvolve em favor e por conta de
É um contrato de Direito Privado — não obstante o fato de o outrem, que aufere os frutos do trabalho do empregado e, por isso,
Direito do Trabalho se caracterizar pela predominância de normas assume os riscos do empreendimento.
imperativas e indisponíveis, o contrato de trabalho insere-se no âm-
bito do Direito Privado. Classificação
A caracterização do contrato de trabalho como sendo um con- O contrato de trabalho pode ser classificado:
trato de Direito Privado respalda-se nos seguintes fundamentos:
→ natureza essencialmente privada de seus sujeitos (mesmo → Quanto à forma de manifestação de vontade que levou à
o Estado, quando contrata empregados, sob o regime da CLT, age sua celebração
como particular, submetendo-se à legislação trabalhista sem qual- Os contratos de trabalho podem ser celebrados mediante duas
quer privilégio ou prerrogativa especial); formas de manifestação de vontade das partes:
→ natureza privada dos interesses envolvidos; Contrato expresso: aquele que decorre de uma expressão ex-
→ celebração do contrato de trabalho como fruto do exercício plícita de vontade, pela qual as partes estipulam os direitos e as
da autonomia da vontade das partes, que voluntariamente se obri- obrigações que vão reger a relação jurídica;
gam reciprocamente; Contrato tácito: aquele que se revela por um conjunto de atos
→ possibilidade de pactuação pelas partes das condições que praticados pelas partes, sem que tenha havido manifestação ine-
vão reger a relação a ser mantida durante a vigência do contrato. quívoca de vontade. A conduta das partes revela elementos indi-
cativos da pactuação empregatícia, sem que tenham manifestado
É um contrato consensual — o contrato de trabalho pode ser expressamente sua vontade.
ajustado livremente pelas partes contratantes, sem necessidade No Direito do Trabalho, como regra, o contrato de trabalho não
da observância de formalidades imperativas, sendo suficiente para exige formalidade ou solenidade para sua formação válida. Pode ser
atribuir validade ao contrato o simples consentimento. celebrado tanto por manifestação expressa de vontade (por escrito
Nasce da manifestação da vontade livre das partes e, como re- ou verbalmente) como por manifestação de vontade apenas tácita.
gra, não depende de forma prevista em lei, podendo ser celebrado Apenas excepcionalmente, e em decorrência de previsão legal,
verbalmente, por escrito ou até tacitamente (art. 442, CLT). alguns contratos de trabalho devem necessariamente ser celebra-
dos por escrito.
É um contrato sinalagmático — trata-se de pacto de natureza
bilateral que gera obrigações recíprocas às partes contratantes, re- → Quanto ao número de sujeitos ativos componentes do res-
sultando um equilíbrio formal entre as prestações ajustadas. pectivo polo da relação jurídica
O contrato de trabalho é um ato jurídico bilateral, à medida
É um contrato celebrado intuitu personae — o contrato de tra- que necessariamente decorre do ajuste de vontade de dois sujeitos:
balho gera uma obrigação pessoal em relação a um de seus sujeitos, de um lado, o empregado; de outro, o empregador.
o empregado. A obrigação de prestar serviços é infungível. Tal ca- Sempre que o contrato for celebrado entre o empregador e um
racterística está ligada à fidúcia que decorre do contrato de traba- único empregado, o que é o normal, fala-se em contrato individual
lho e que permite que o empregador exija a prestação de serviços de trabalho, expressão utilizada pelo legislador (arts. 442 e 443,
daquele que contratou como empregado. CLT).
De outra forma, quando, em razão da unidade necessária que
É um contrato comutativo — na celebração do contrato de cerca a prestação do serviço, o contrato de trabalho for celebrado
trabalho é dado conhecimento prévio às partes das vantagens que com diversos empregados ao mesmo tempo, trata-se do contrato
receberão por conta do adimplemento do contrato: o empregado de trabalho plúrimo ou contrato de trabalho por equipe.
sabe quanto receberá pelos serviços prestados e o empregador
sabe quais atividades laborais poderá exigir do empregado. → Quanto à sua duração
Os contratos de trabalho podem classificar-se em:
É um contrato de trato sucessivo — o contrato de trabalho Contrato por prazo indeterminado, que são aqueles que têm
vincula as partes contratantes ao cumprimento de obrigações de duração indefinida no tempo;
débito permanente, que se sucedem continuadamente no tempo, Contratos por prazo determinado, cujo período de duração é
cumprindo-se e vencendo-se seguidamente. O contrato de trabalho estabelecido desde o início da pactuação;
não se esgota com o cumprimento da obrigação, que, após cum- Contratos de trabalho intermitente, no qual a prestação de
prida, renasce. Tal dinâmica perdura enquanto vigorar o contrato. serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alter-
nância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, deter-
É um contrato oneroso — as obrigações assumidas em decor- minados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
rência do contrato de trabalho são, para ambas as partes, economi- atividade do empregado e do empregador.
camente mensuráveis. Do contrato decorrem perdas e vantagens
econômicas tanto para o empregado como para o empregador.

325
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
A duração indeterminada dos contratos de trabalho é a regra Em relação à alteração de local de trabalho especificamente,
geral. Exatamente por isso, em qualquer contratação incide a pre- o caput do art. 469 da Consolidação das Leis do Trabalho também
sunção de que a relação de emprego foi pactuada sem determina- expressa a inalterabilidade como regra geral, e assim dispõe:
ção de prazo, salvo se existir prova em sentido contrário. Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem
A indeterminação do prazo de duração do contrato de trabalho a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato,
faz prevalecer, na prática e concretamente, o princípio da continui- não se considerando transferência a que não acarretar necessaria-
dade da relação de emprego e o princípio da norma mais favorável, mente a mudança de seu domicílio.
tendo em vista que esta modalidade de contratação assegura ao Portanto, em relação a este tipo específico de alteração do
trabalhador um conjunto mais amplo de direitos rescisórios. contrato de trabalho, o mútuo consentimento é ressaltado pelo le-
Assim, somente por exceção os contratos de trabalho são cele- gislador, sendo vedada a transferência do empregado por vontade
brados por prazo determinado. unilateral do empregador.
Importante destacar, porém, que a Lei n. 13.467/2017 (Refor-
ma Trabalhista) ampliou consideravelmente o âmbito de exercício
DA ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: da autonomia da vontade no contrato de trabalho, em especial em
ALTERAÇÃO UNILATERAL E BILATERAL; O JUS relação aos chamados empregados “hipersuficientes” (que têm di-
VARIANDI ploma de nível superior e recebem remuneração mensal igual ou
superior a duas vezes o valor do teto máximo dos benefícios do Re-
A regra genérica proibitiva da alteração in pejus das condições gime Geral de Previdência Social).
contratuais, que vem traçada de forma explícita no caput do art. Assim, como decorrência dessa ampla autonomia de vontade
468 da CLT, é que deve ser aplicada quando, na sua execução, o que lhes é assegurada pelo art. 444, parágrafo único, da CLT, es-
contrato de trabalho sofre uma alteração em qualquer de suas con- ses empregados podem pactuar e aceitar alterações do contrato de
dições essenciais7. trabalho, sem que se possa falar em nulidade destas em razão de
Após a análise dos aspectos acima, importante ressaltar que, prejuízos decorrentes.
embora o art. 468 da CLT expresse o princípio da inalterabilidade
do contrato de trabalho, determinando o legislador que as cláusu- Diferença entre alteração do contrato de trabalho e jus va-
las convencionais, regra geral, não podem sofrer transformações, riandi do empregador
o que se verifica na prática é uma realidade que se distancia desta Aspecto relevante em relação às modificações que podem
ideia. ocorrer ao longo da relação entre empregado e empregador é o
Isso porque o tempo imprime ao contrato de trabalho uma ca- que diz respeito à diferenciação entre alteração contratual e jus va-
racterística peculiar: com fundamento no princípio da continuida- riandi.
de, o contrato de trabalho é feito para durar, para se estender no A comparação entre estas duas situações relativas ao contrato
tempo, e quanto maior o tempo de vigência do contrato de traba- de trabalho é importante porque, na prática, é difícil identificar a
lho, mais sujeito a alterações durante seu curso ele estará. modificação procedida pelo empregador como alteração contratual
Vários são os fatores que influenciam o contrato de trabalho, ou como exercício do jus variandi. Ambas se aproximam em muitos
tais como a criação de novas técnicas, a expansão do empreendi- pontos e somente a partir de um paralelo entre os aspectos dife-
mento, ou a diversificação das atividades; e, como ajuste de trato renciais de cada uma delas é possível uma conclusão mais acertada.
sucessivo que é, o contrato de trabalho deve adaptar-se às novas A questão, na realidade, reside no dinamismo do contrato de
circunstâncias, sendo maleável para manter a sua própria continui- trabalho e nos limites de tolerância às modificações de seu conteú-
dade. do, ou seja, quem pode alterar, e até que ponto, o conteúdo con-
Em razão disso, surge o questionamento acerca de como é pos- tratual, identificando-se quais as cláusulas que podem ser atingidas
sível compatibilizar a alterabilidade inata do contrato de trabalho, por modificações.
que se revela claramente em virtude de ser de trato sucessivo, com As possíveis modificações no contrato de trabalho podem ser
o disposto no art. 468 da CLT. classificadas da seguinte forma:
O dispositivo legal sob análise reflete forte intervenção na auto- → variações procedidas pelo empregador de forma unilateral
nomia da vontade, o que, no entanto, é inegavelmente necessário. dentro do âmbito contratual, constituindo expressão do jus variandi;
Se assim não fosse, o empregador poderia, aproveitando-se de → alterações das condições essenciais do pacto, que, quando
sua situação de superioridade econômica, coagir o empregado a determinadas unilateralmente pelo empregador, importam em vio-
aceitar alterações de cláusulas essenciais do contrato, mesmo que lação do contrato e, quando ajustadas bilateralmente e não tragam
isso lhe fosse prejudicial. Portanto, diante de qualquer prova de prejuízos para o empregado, são consideradas válidas.
prejuízo (e não é necessário que este seja direto), a declaração da
nulidade da alteração é a solução apresentada pela lei, fundando-se O jus variandi é o poder de direção exercido nos espaços em
no art. 9º da própria CLT. branco do contrato de trabalho, ou seja, em relação ao que não
A violação contratual derivada da alteração gera, portanto, a foi ajustado previamente, sendo que por meio dele o empregador
consequência natural da nulidade do ato, restituindo as partes às introduz unilateralmente, mas sempre dentro de certos limites, va-
condições de trabalho vigentes antes da alteração. riações em relação à prestação de serviço do empregado e à orga-
Tratando-se de alteração bilateral, a cláusula alterada, eivada nização empresarial.
de vício, torna-se nula. Os limites do jus variandi encontram-se exatamente nas cláu-
Quando, porém, a alteração for unilateral, além da nulidade sulas essenciais do contrato de trabalho e em necessidades reais da
do ato, o empregado pode rescindir o contrato de trabalho e re- empresa, coibindo-se seu uso indiscriminado e abusivo.
ceber a respectiva indenização (rescisão indireta, por violação das Assim, o exercício do jus variandi como faculdade do empre-
obrigações contratuais por parte do empregador). gador deve efetuar-se e ser reconhecido quando seja utilizado de
forma razoável, e não arbitrariamente.
7 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

326
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Embora a nossa legislação não contenha um dispositivo especí- Somente a partir do uso irregular e abusivo do jus variandi, ou
fico sobre o jus variandi, o art. 2º da CLT, concedendo ao empregador em virtude de alguma alteração do conteúdo do contrato que gere
a faculdade de dirigir a prestação de serviços, exercendo seu poder de prejuízo, é que surgirá a possibilidade do empregado exercer seu
direção, permite, indiretamente, que possa, quando necessário e para direito de resistência.
tornar a atividade mais produtiva, variar a forma de prestação desses
serviços, desde que as variações implementadas não impliquem em
modificações de cláusulas essenciais do contrato de trabalho. DA SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
O exercício do jus variandi pelo empregador não atinge o con- TRABALHO: CARACTERIZAÇÃO E DISTINÇÃO
teúdo básico do contrato de trabalho, mas apenas aspectos circuns-
tanciais que o envolvem. Caso o empregador proceda a variações Como um dos princípios do Direito do Trabalho, a continuidade
substanciais, atingindo cláusulas essenciais do contrato, tais como da relação de emprego reflete-se no ordenamento jurídico, entre
as relativas a localidade da prestação dos serviços, jornada de tra- outros, por meio de dispositivos que determinam a manutenção da
balho, salário e função exercida, não mais estaremos diante do jus relação laboral, “mesmo que, em virtude de certos acontecimentos,
variandi, mas passaremos ao campo das alterações contratuais. Se ocorra a inexecução provisória da prestação de serviço”8.
as modificações importam em uma alteração substancial do contra- Assim, diante de alguma causa específica, não obstante o con-
to, já se saiu do âmbito do jus variandi. trato de trabalho permaneça em vigor, os seus principais efeitos
Desta forma, as alterações do contrato individual de trabalho deixam de ser verificados, falando-se, genericamente, em sua sus-
são modificações de seu conteúdo essencial, daquilo que decorre pensão.
do ajuste preliminar entre empregado e empregador e de cláusu- Ocorre a suspensão do contrato de trabalho quando se verifica
las que são obrigatoriamente inseridas no contrato por força de lei ou a paralisação temporária de sua execução.
de norma coletiva, como reflexo do dirigismo contratual, e têm fun- O legislador brasileiro denominar como suspensão as hipó-
damento no caráter de trato sucessivo de que o contrato é revestido. teses de paralisação total dos efeitos do contrato de trabalho, e
As cláusulas básicas do contrato de trabalho não podem ser interrupção, as situações em que ocorre apenas uma paralisação
modificadas porque são revestidas de obrigatoriedade que assegu- parcial dos efeitos do pacto laboral.
ra às partes uma segurança jurídica e evita que o empregado, como As causas que dão origem à suspensão e à interrupção sem-
contratante mais fraco que é, fique constantemente submetido às pre têm caráter transitório, pois, caso contrário, não se justificaria a
alterações impostas pelo empregador economicamente mais forte. conservação do vínculo contratual.
Assim, a inalterabilidade é a regra, sendo a alteração a exceção, Assim, a suspensão desobriga as partes contratantes de cum-
que somente terá validade quando procedida nos limites previstos prirem o contrato durante determinado período. Nos períodos de
pelo art. 468 da CLT e, no caso de alteração da localidade da presta- suspensão do contrato, não há trabalho, não há pagamento de sa-
ção dos serviços, pelo art. 469 da CLT. lário e não se conta tempo de serviço para fins trabalhistas, corres-
Portanto, o exercício do jus variandi pelo empregador não se pondendo “à sustação dos efeitos do contrato empregatício, que
confunde com alteração do contrato de trabalho, embora ambas as preserva, porém, sua vigência”.
situações refiram-se a hipóteses de modificações que são verifica- A interrupção acarreta a inexecução provisória da prestação de
das no curso da relação de emprego mantida pelas partes. serviço, sem embargo da eficácia de outras cláusulas contratuais.
Referimo-nos anteriormente aos limites impostos tanto no que diz Assim, quando o contrato está interrompido, não há trabalho,
respeito ao jus variandi como em relação às alterações contratuais. mas o salário é pago e conta-se o tempo de serviço para fins tra-
Na esteira deste raciocínio, podemos dizer que esses limites balhistas, correspondendo tal período a uma “sustação restrita e
estão contidos em um espaço demarcado, de um lado, pela possibi- unilateral de efeitos contratuais, abrangendo essencialmente ape-
lidade de variar a prestação de serviços como faculdade decorrente nas a prestação laborativa e disponibilidade obreira perante o em-
do poder de direção do empregador (jus variandi) e, de outro lado, pregador”.
pela possibilidade que tem o empregado de resistir ao cumprimen- As paralisações do contrato de trabalho têm por fundamento
to de ordens que impliquem em modificações essenciais do contra- razões de índole:
to ou lhe acarretem prejuízos (jus resistentiae). → biológica-social (exs.: enfermidade, maternidade, férias
Então, o jus variandi e o jus resistentiae funcionam como bali- etc.);
zas, dentro das quais o conjunto de condições contratuais é capaz → físico-econômica (exs.: acidentes, crises econômicas etc.);
de flutuar com intensa mutabilidade. → político-social (exs.: greves, exercício de representação sin-
dical etc.);
Caso se ultrapasse o terreno delimitado por estas balizas, a vio- → jurídico-penal (exs.: suspensão disciplinar, detenção policial
lação de direito torna-se evidente, gerando consequências que irão etc.).
variar em intensidade, podendo culminar, inclusive, com a ruptura
do vínculo contratual. Na análise do sistema legal brasileiro, cumpre distinguir três si-
O poder de resistência que é conferido ao empregado funcio- tuações distintas: rescisão, que corresponde à cessação do contrato
na, portanto, como um instrumento importante na preservação de de trabalho; suspensão, que desobriga as partes contratantes de
sua dignidade. Diante de um arbítrio do empregador, com o desres- cumprirem o contrato durante determinado período; e interrupção,
peito à pessoa do empregado, o interesse social é frontalmente vul- que acarreta a inexecução provisória da prestação de serviços, sem
nerado, além de evidenciar-se uma lesão contratual com a afronta prejuízo da eficácia das demais cláusulas contratuais.
ao princípio da força obrigatória dos contratos.
Assim, o direito de resistência é uma possibilidade de autode-
fesa do empregado em face do seu empregador.
O jus resistentiae caracteriza-se, então, como uma contrapo-
sição ao jus variandi e à possibilidade de alteração contratual pelo
empregador. Isso não significa que estas faculdades possam ser
8 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
exercidas concomitantemente, uma anulando a outra.
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

327
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
As hipóteses de interrupção e de suspensão do contrato de tra- Licença remunerada concedida pelo empregador — como
balho podem ser: permissão concedida pelo empregador ao empregado (a pedido
a) previstas em lei; deste ou voluntariamente) para ausentar-se do trabalho tempora-
b) ajustadas pelos contratantes, desde que objetive atender aos riamente, com pagamento da remuneração e cômputo do período
interesses do empregado; como tempo de serviço para todos os efeitos, considera-se como
c) previstas em convenções ou acordos coletivos de trabalho. período de interrupção do contrato.

As regras básicas sobre suspensão e interrupção do contrato de Casos de suspensão do contrato de trabalho
trabalho encontram-se nos arts. 471 a 476-A da CLT. Como sustação ampla e bilateral de efeitos do contrato empre-
De início, cumpre ressaltar que o art. 471 da CLT assegura ao gatício, são exemplos de suspensão do contrato de trabalho:
empregado, após o período de interrupção ou de suspensão do Suspensão disciplinar — trata-se de punição disciplinar aplica-
contrato de trabalho, o retorno ao cargo que exercia, bem como da pelo empregador ao empregado que pratica atos considerados
todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à faltosos, podendo ter duração de um a trinta dias, conforme a gra-
categoria a que pertence na empresa, tanto as derivadas de lei ou vidade da falta (art. 474, CLT);
de normas coletivas como aquelas concedidas por ato espontâneo Eleição para cargo de diretor de sociedade anônima — confor-
do próprio empregador. me entendimento adotado pelo TST, durante o período em que o
O prazo para o empregado retornar ao trabalho é de trinta dias empregado estiver exercendo cargo de diretor de sociedade anôni-
contados da cessão da causa do afastamento, salvo as exceções pre- ma, seu contrato de trabalho ficará suspenso, salvo se permanecer
vistas em lei. Não retornando o empregado ao trabalho neste prazo, a subordinação jurídica dele em relação ao empregador;
considera-se caracterizado o abandono de emprego (art. 474, CLT). Licença não remunerada — concedida pelo empregador a pe-
Situação específica em relação ao retorno do empregado é a dido do empregado, para atendimento de necessidades pessoais.
que diz respeito ao afastamento do trabalho em virtude de exigên- Ressalte-se que, por inexistir qualquer previsão legal autorizadora
cia do serviço militar ou de encargo público. Nestas hipóteses, para de tal modalidade de licença, para que se caracterize como suspen-
que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se são do contrato de trabalho é necessário que decorra de solicitação
afastou, é indispensável que notifique o empregador dessa inten- expressa do empregado, configurando ajuste bilateral;
ção, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo máximo de Suspensão bilateral para qualificação profissional do em-
trinta dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa pregado — o art. 476-A da CLT, prevê hipótese de suspensão do
ou a terminação do encargo a que estava obrigado (§ 1º, art. 472, contrato de trabalho para participação do empregado em curso ou
CLT). programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador.
O empregador não pode rescindir o contrato de trabalho du-
rante períodos em que esteja suspenso ou interrompido, ainda que
arque com todas as reparações devidas, salvo em caso de justa cau- DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: DAS
sa cometida pelo empregado devidamente reconhecida pela Justiça JUSTAS CAUSAS; DA DESPEDIDA INDIRETA; DA
do Trabalho ou em caso de extinção da empresa, impossibilitando a DISPENSA ARBITRÁRIA; DA DESPEDIDA COLETIVA; DA
continuidade das relações de emprego. CULPA RECÍPROCA; DA INDENIZAÇÃO

Casos de interrupção do contrato de trabalho Dispensa por justa causa


Como paralisações parciais dos efeitos do contrato de trabalho, A dispensa por justa causa decorre da prática de falta grave
são exemplos típicos de interrupção do contrato de trabalho: pelo empregado. A conduta por ele adotada torna impossível a ma-
Licença à gestante — à empregada gestante é assegurado o nutenção do vínculo de emprego, impondo-se a rescisão do contra-
direito a licença de cento e vinte dias, sem prejuízo do emprego e to de trabalho por iniciativa do empregador9.
do salário (art. 7º, XVIII, CF); Trata-se de modalidade de extinção do contrato de trabalho na
Afastamento em caso de aborto espontâneo — nos termos qual é suprimida a maior parte das verbas rescisórias a serem rece-
do art. 395 da CLT, em caso de aborto não criminoso, comprovado bidas pelo empregado, restando o direito apenas ao recebimento
por atestado médico oficial, a mulher terá direito a um período de das verbas caracterizadas como direito adquirido: saldo de salário e
repouso de duas semanas, devidamente remunerado, sendo-lhe férias vencidas, acrescidas de 1/3, se houver.
assegurado o retorno à função que ocupava antes de seu afasta- Isso porque a dispensa por justa causa caracteriza-se como
mento; uma pena disciplinar; aliás, a mais grave de todas as penas que o
Licença-paternidade — ao empregado é assegurado licença de ordenamento jurídico autoriza que sejam aplicadas ao empregado
cinco dias, por ocasião do nascimento de filho, período este remu- pelo empregador em razão da prática de alguma falta.
nerado e computado como tempo de serviço (art. 7º, XIX, CF, e art. O legislador brasileiro adotou um sistema de indicação taxativa
10, § 1º, ADCT); das justas causas. Assim, somente podem ser consideradas justas
Férias — período de descanso anual remunerado que, como causas os atos que se encaixem em uma das hipóteses taxativamen-
regra, tem duração de trinta dias e é computado como tempo de te indicadas pela lei.
serviço para todos os efeitos (art. 7º, XVII, CF, e art. 130, CLT);
Demais descansos trabalhistas, desde que remunerados — os As figuras de justa causa estão previstas no art. 482 da CLT e
intervalos intrajornada remunerados, o descanso semanal remune- podem assim ser entendidas:
rado e os feriados caracterizam típicos períodos de interrupção do → improbidade: caracteriza-se como qualquer ato lesivo ao
contrato de trabalho; patrimônio do empregador ou de terceiro relacionado com o traba-
Faltas justificadas — os dias de afastamento previstos no art. lho. Exs.: furto, roubo, desvio de mercadorias etc.;
473 da CLT (faltas justificadas) são remunerados e considerados
como tempo de serviço para todos os efeitos;
9 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
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NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
→ incontinência de conduta: consiste no comportamento irre- Dispensa indireta
gular do empregado no ambiente de trabalho, incompatível com a A dispensa indireta caracteriza-se como a forma de extinção
moral sexual. Exs.: divulgação de fotos pornográficas, acesso a sites do contrato de trabalho por iniciativa do empregado, provocada
pornográficos, prática de atos libidinosos etc.; por ato faltoso do empregador. Trata-se do “ato que manifesta a
→ mau procedimento: é o comportamento irregular do em- resolução do contrato de trabalho pelo empregado, em virtude de
pregado incompatível com as normas exigidas pelo senso comum inexecução contratual por parte do empregador”.
do homem médio. Exs.: adulteração de cartão de ponto ou de ates- A dispensa indireta, embora decorra de ato do empregado, não
tado médico, uso de equipamentos ou materiais da empresa para se confunde com o pedido de demissão. O pedido de demissão tem
fins pessoais sem autorização etc.; como causa o interesse do empregado, que não quer mais conti-
→ negociação habitual ou em serviço: no primeiro caso, ca- nuar com o vínculo de emprego, enquanto a dispensa indireta está
racteriza-se como o ato de concorrência desleal ao empregador, relacionada ao comportamento do empregador.
exigindo a habitualidade, sem permissão do empregador. A nego- Na dispensa indireta, tendo em vista que se funda em falta grave
ciação habitual em serviço é o comércio praticado pelo empregado, praticada pelo empregador, não há que se falar em aviso prévio, sendo
no ambiente de trabalho e durante a jornada, sem consentimento o contrato de trabalho rescindido de imediato. No entanto, não obstan-
do empregador. Em qualquer um dos casos, a negociação pode se te a inexigência legal de aviso, é aconselhável que o empregado faça al-
dar por conta própria ou alheia; guma comunicação da sua intenção de desligar-se imediatamente em
→ condenação criminal sem sursis: é a condenação do empre- decorrência da justa causa do empregador, posto que deixará de pres-
gado, transitada em julgado, da qual decorra sua prisão, sem direito tar serviços, o que poderá ser entendido como abandono de emprego.
à suspensão da execução da pena. Desnecessário que o fato esteja
relacionado com o trabalho. A impossibilidade de comparecer ao As justas causas que podem ser praticadas pelo empregador,
trabalho enseja a dispensa; ou por seus prepostos, superiores hierárquicos do empregado, es-
→ desídia: é o ato de negligência, displicência habitual, desin- tão numeradas, de forma taxativa, no art. 483 da CLT e são as se-
teresse no desempenho de suas funções. Exs.: falta de assiduidade guintes:
e de pontualidade etc.; → exigir do empregado serviços superiores às suas forças:
→ embriaguez habitual ou em serviço: uso abusivo de álcool serviços que exijam esforço físico ou intelectual excessivo, fora do
ou outra substância entorpecente. Nesta hipótese, o ato garante a normal ou do que seja considerado razoável levando em conta as
imediata dispensa, se a embriaguez se deu em serviço, e depende limitações impostas por lei;
da habitualidade, se fora do serviço; → exigir do empregado serviços defesos por lei: serviços que
→ violação de segredo da empresa: consiste na divulgação não a lei proíba para aqueles que tenham uma determinada condição
autorizada de informações que possa causar dano ao empregador. (ex.: trabalho insalubre para menores de 18 anos) ou que sejam
Para a caracterização da justa causa, a informação tem que ser real- caracterizados como crime ou contravenção penal;
mente sigilosa, e sua divulgação, capaz de causar dano efetivo ao → exigir do empregado serviços contrários aos bons costu-
empregador; mes: serviços que sejam contrários à moral do homem médio, re-
→ indisciplina: significa descumprimento de ordem geral de prováveis pela sociedade;
serviço, dada pelo empregador a todos os empregados da empresa → exigir do empregado serviços alheios ao contrato: serviços
ou a todos os empregados de um ou de alguns setores da empresa; que não decorram do cargo para o qual o empregado foi contrata-
→ insubordinação: é o descumprimento de ordem pessoal de do, caracterizando típico desvio ou acúmulo de função;
serviço, dirigida pelo empregador individualmente ao empregado; → tratar o empregado com rigor excessivo: exercício excessi-
→ abandono de emprego: requer ausência continuada e âni- vo, desmedido, pelo empregador, do seu poder de comando, ex-
mo de não mais trabalhar para o empregador. A jurisprudência fi- trapolando os limites da dignidade humana e do respeito que deve
xou em 30 dias o prazo que caracteriza o abandono de emprego. pautar a relação entre os sujeitos do contrato de trabalho;
→ ato lesivo da honra e boa fama: prática pelo empregado de → colocar o empregado em situação em que corra perigo ma-
atos, por gestos ou palavras, que ofendam a honra ou a boa fama de nifesto de mal considerável: submeter o empregado a condições
qualquer pessoa ligada ao serviço (empregador, superiores hierár- de trabalho que ponham em risco sua integridade física acima do
quicos, colegas de trabalho, clientes, fornecedores etc.). que é razoavelmente decorrente das atividades que exerce;
→ não cumprir as obrigações do contrato: descumprimento
Não é caracterizada a justa causa quando o empregado agir em de qualquer obrigação em relação aos direitos do empregado. Tra-
legítima defesa, própria ou de outrem; ta-se da figura mais ampla entre todas as hipóteses de justa causa
→ ofensas físicas: praticadas pelo empregado contra qualquer do empregador, nela se enquadrando toda inadimplência relativa
pessoa ligada ao trabalho (empregador, superiores hierárquicos, co- ao que está previsto na lei ou no contrato de trabalho;
legas de trabalho, clientes, fornecedores etc.); Não é caracterizada → praticar contra o empregado, ou pessoas de sua família, ato
a justa causa quando o empregado agir em legítima defesa, própria lesivo da honra e boa fama: prática pelo empregador ou por seus
ou de outrem; prepostos de atos, por gestos ou palavras, que ofendam a honra ou
→ prática de jogos de azar: prática de jogos ilícitos, não previs- a boa fama do empregado ou de qualquer pessoa de sua família.
tos na legislação. Exs.: jogo do bicho; rifas não autorizadas; apostas Não é caracterizada a justa causa quando o empregador ou seus
de corrida de cavalo, fora do hipódromo ou casas autorizadas. Re- prepostos agirem em legítima defesa, própria ou de outrem;
quer habitualidade; → ofender fisicamente o empregado, salvo em caso de legí-
→ perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei tima defesa, própria ou de outrem: ofensas físicas praticadas pelo
para o exercício da profissão, em razão de conduta dolosa do em- empregador ou por seus prepostos contra o empregado. Não é ca-
pregado: hipótese somente aplicável aos casos em que a profissão racterizada a justa causa quando o empregador ou seus prepostos
efetivamente não pode ser exercida sem a habilitação e desde que agirem em legítima defesa, própria ou de outrem;
o dolo do empregado tenha sido comprovado. → reduzir o trabalho do empregado, sendo este por peça ou
tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salá-
Além destas figuras, a CLT traz as hipóteses de justa causa pre- rios: redução salarial provocada diretamente pelo empregador em
vistas no art. 240 e no art. 158, parágrafo único. face da redução proposital e considerável do trabalho do empre-

329
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
gado quando este tenha sido contratado por peça ou por tarefa. A → o aviso prévio será concedido na proporção de 30 (trinta)
redução decorrente da diminuição efetiva de serviço da empresa, dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na
contrária também ao interesse do próprio empregador, não carac- mesma empresa;
teriza justa causa. → ao aviso prévio de 30 (trinta) dias, serão acrescidos 3 (três) dias
por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60
Além disso, se a redução for de pequena monta, sem que tenha (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.
um peso real e efetivo nos ganhos do empregado, também não res-
ta configurada a justa causa. Em relação ao cômputo do acréscimo da duração do aviso pré-
vio, a Lei n. 12.506/2011 prevê uma regra-base (art. 1º, caput) e
Culpa recíproca uma regra adicional (art. 1º, parágrafo único).
Caracteriza-se a culpa recíproca sempre que se verifique, si- Assim, o cálculo para saber a quantos dias de aviso prévio o
multaneamente, a prática de ato faltoso grave pelo empregado e empregado tem direito por ocasião de sua dispensa, deve ser feito
pelo empregador. em duas etapas:
Nos termos do art. 484 da CLT, havendo culpa recíproca no ato 1. aplica-se a regra-base = 30 dias (pouco importa se o contrato
que determinou a rescisão do contrato de trabalho, a indenização foi de 1 mês ou de 10 anos, a regra-base não muda);
que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador (40% 2. aplica-se a regra adicional, segundo a qual para cada ano de
dos depósitos do FGTS) será reduzida pela metade (20% dos depó- serviço em favor do empregador serão acrescidos 3 dias.
sitos do FGTS).
Na hipótese de o aviso prévio ser dado pelo empregador, du-
Dispensa arbitrária ou sem justa causa e indenização rante o período do aviso o horário de trabalho do empregado será
A dispensa sem justa causa constitui-se na modalidade de ex- reduzido de acordo com uma das seguintes regras, escolhida pelo
tinção do contrato de trabalho decorrente da vontade do emprega- empregado, sem prejuízo do salário integral (art. 488, CLT):
dor, independentemente da vontade do empregado. → redução de 2 (duas) horas diárias durante todo o período
Tradicionalmente sempre se entendeu tratar-se a dispensa de do aviso;
um direito potestativo do empregador, que não comporta oposição,
→ redução de 7 (sete) dias corridos do período do aviso prévio,
nem do empregado, nem da autoridade pública; de uma declaração
sem que haja a redução de duas horas nos dias trabalhados.
unilateral de vontade, de natureza receptícia e constitutiva.
Assim, inexistindo fator impeditivo da dispensa, como, por
A redução do horário de trabalho durante o aviso prévio dado
exemplo, estabilidade no emprego, o empregador pode dispensar
pelo empregador é impositiva, não podendo ser substituída pelo
o empregado.
pagamento das horas que foram trabalhadas.
A indenização compensatória a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição Federal está prevista no art. 18, § 1º, da Lei n. 8.036/90
e corresponde a 40% de todos os depósitos efetuados na conta do DA DURAÇÃO DO TRABALHO; DA JORNADA DE
FGTS do empregado durante a vigência do contrato de trabalho, TRABALHO; HORAS IN ITINERE; DOS PERÍODOS
atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. DE DESCANSO; DO INTERVALO PARA REPOUSO
Portanto, em caso de dispensa arbitrária ou sem justa causa, E ALIMENTAÇÃO; DO DESCANSO SEMANAL
a única reparação do empregado constitui-se no recebimento da REMUNERADO; DO TRABALHO NOTURNO E DO
indenização compensatória acima referida. TRABALHO EXTRAORDINÁRIO

DO AVISO PRÉVIO Jornada de Trabalho


Jornada é uma medida de tempo no qual se inclui o labor diá-
rio do empregado; é a quantidade de trabalho que diariamente o
Aviso prévio é a notificação dada por uma das partes do contra-
empregado cumpre em favor de seu empregador como obrigação
to de trabalho à outra parte, comunicando sua intenção de rescindir
decorrente do contrato de trabalho11.
o contrato, sem justa causa10.
O critério do tempo efetivamente trabalhado é afastado pelo
Trata-se de instituto típico dos contratos por prazo indetermi-
legislador trabalhista brasileiro, que conceitua jornada de trabalho
nado e tem por finalidade evitar a surpresa da ruptura abrupta do
como sendo o período de um dia no qual o empregado permanece
contrato de trabalho.
à disposição do empregador, trabalhando ou aguardando ordens
O aviso prévio é previsto pelo art. 7º, XXI, da Constituição Fe-
(art. 4º, CLT).
deral como um direito dos trabalhadores urbanos e rurais, sendo
Assim, como regra, desde o momento em que o empregado
estendido aos trabalhadores avulsos (art. 7º, XXXIV, CF) e aos do-
chega à empresa até o momento em que vai embora está à dispo-
mésticos (art. 7º, parágrafo único, CF).
sição do empregador e, portanto, está cumprindo jornada de tra-
A regulamentação do aviso prévio está contida nos arts. 487 a
balho.
491 da CLT. A Lei n. 12.506/2011 regulou a proporcionalidade da du-
ração do aviso prévio em relação ao tempo de serviço do empregado.
Teoria do tempo in itinere
A proporcionalidade da duração do aviso prévio de acordo
Com as alterações trazidas pela Lei n. 13.467/2017 (Reforma
com o tempo de serviço do empregado foi regulamentada pela Lei
Trabalhista), passou a ser previsto expressamente pelo legislador
n. 12.506/2011, sendo certo, portanto, que a partir de então os em-
(art. 58, § 2º, CLT) que o tempo despendido pelo empregado desde
pregados podem exigir o aviso prévio com duração que irá variar
a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para
conforme o tempo de serviço que tenham em relação aos seus em-
o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte,
pregadores, garantido sempre o prazo mínimo de 30 (trinta)dias.
inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jor-
Em relação à proporcionalidade, dispõe a Lei que:
nada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.
10 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es- 11 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

330
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Diversas são as possibilidades de classificação da jornada de Os períodos de repouso podem ser considerados tanto em
trabalho apontadas pela doutrina. No entanto, tais classificações relação à jornada diária de trabalho como ao módulo semanal de
podem ser resumidas em dois grupos: jornada. No primeiro caso, abrangem os intervalos que devem ser
a) classificação da jornada de trabalho quanto à sua duração; concedidos durante a jornada de trabalho (intervalos intrajornadas)
b) classificação da jornada de trabalho quanto ao período em e aqueles que separam uma jornada de trabalho de outra (interva-
que é prestada. los interjornadas).
Na segunda hipótese, referem-se aos descansos semanais que
Quanto à duração, a jornada pode ser classificada em jornada devem ser concedidos entre uma semana e outra de trabalho e,
normal que, por sua vez, divide-se em jornada normal máxima e ainda, aos feriados que, por força de lei, excepcionalmente impõem
em jornada normal especial, e em jornada extraordinária ou suple- descanso aos empregados. Por fim, também deve ser considerado
mentar. o descanso que é assegurado anualmente aos empregados (férias).
Quanto ao período em que é prestada, a jornada de trabalho A concessão pelo empregador de períodos de repouso tem por
pode ser diurna, noturna ou mista. objetivo a preservação da saúde e da integridade física do trabalha-
dor e, por tal razão, devem obrigatoriamente ser concedidos pelo
Jornada extraordinária empregador ao empregado. Assim, a renúncia pelo trabalhador em
Jornada extraordinária é aquela prestada além da jornada nor- relação a tais períodos de repouso é absolutamente inválida.
mal de cada empregado, seja máxima, seja especial. A transação, como regra, deve ser respaldada em negociação
A jornada extraordinária pode ser realizada tanto antes do iní- coletiva, sendo inválida a meramente bilateral, decorrente de ne-
cio da jornada normal como após o seu término, ou ainda, durante gociação direta entre o empregado e o empregador. De acordo com
a jornada, quando exista trabalho nos intervalos intrajornada re- a previsão do art. 611-B, parágrafo único, da CLT, as regras sobre
munerados. intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e
A jornada extraordinária deve ser prestada apenas excepcio- segurança do trabalho, podendo ser objeto de negociação coletiva
nalmente e sua regularidade depende do cumprimento dos requisi- mais ampla, na forma prevista no art. 611-A, III e XI, CLT.
tos previstos em lei (art. 59, CLT, e art. 7º, XVI, CF) Intervalos intrajornadas
Os intervalos intrajornadas são períodos de descanso regular-
Trabalho noturno mente concedidos durante a jornada de trabalho, em que o em-
Trabalho noturno é aquele prestado em horário noturno. O ho- pregado deixa de trabalhar e de estar à disposição do empregador.
rário noturno é definido por lei, sendo diferenciado para os empre- Podem ser remunerados ou não remunerados, conforme se-
gados urbanos e para os empregados rurais. jam ou não computados na duração da jornada de trabalho.
Para os empregados urbanos, considera-se trabalho noturno Os intervalos intrajornadas visam permitir que o empregado
aquele realizado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia recupere suas energias durante os períodos de cumprimento da jor-
seguinte (§ 2º, art. 73, da CLT). nada de trabalho. “Seus objetivos, portanto, concentram-se essen-
Para os rurais, o horário noturno para os empregados que tra- cialmente em torno de considerações de saúde e segurança do tra-
balham na agricultura é definido entre 21 horas de um dia e 5 horas balho, como instrumento relevante de preservação da higidez física
do dia seguinte. O trabalho noturno dos empregados que traba- e mental do trabalhador ao longo da prestação diária de serviços”.
lham na pecuária é aquele realizado entre 20 horas de um dia e 4
horas do dia seguinte (art. 7º, Lei n. 5.889/73). Intervalo intrajornada não remunerado
O trabalho em horário noturno é mais desgastante para o tra- O intervalo intrajornada não remunerado é o intervalo para re-
balhador, trazendo-lhe inegáveis prejuízos à saúde, além de dificul- pouso e alimentação, previsto no art. 71 da CLT.
tar-lhe o convívio familiar e social.
Intervalos intrajornadas remunerados
Exatamente por isso, nos termos do art. 7º, IX, da Constitui- A legislação trabalhista estabelece algumas hipóteses nas quais
ção Federal, a remuneração do trabalho noturno será superior à o intervalo concedido durante a jornada de trabalho é computado
do diurno. na duração da jornada de trabalho, contando como tempo à dispo-
Assim, o trabalho noturno é remunerado com o adicional no- sição do empregador, sendo, portanto, remunerado.
turno, ou seja, as horas trabalhadas em horário noturno devem ser
remuneradas sempre com acréscimo do adicional noturno. Intervalos interjornadas
Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem perío- Os intervalos interjornadas são aqueles que devem ser conce-
dos diurnos e noturnos, as horas noturnas devem ser remuneradas didos pelo empregador entre o término de uma jornada de trabalho
com o respectivo adicional (§ 4º, art. 73, CLT). e o início de outra ou, ainda, entre o término de uma semana de
O adicional noturno dos empregados urbanos é de, pelo me- trabalho e o início da semana subsequente.
nos, 20% sobre a hora diurna (art. 73, CLT). O empregado rural (tan- Portanto, são intervalos que têm incidência diária e semanal,
to da agricultura como da pecuária) recebe adicional noturno de podendo ser não remunerados ou remunerados.
25% sobre a remuneração normal (parágrafo único, art. 7º, Lei n. Estes intervalos também têm por objetivo a proteção da saúde
5.889/73). e da integridade física do trabalhador à medida que visam recupe-
rar as energias gastas no cumprimento de sua jornada diária e de
Períodos de repouso sua jornada semanal.
O estudo da duração do trabalho abrange não só a análise da
jornada de trabalho, considerada como o tempo em que o empre- Intervalo interjornada não remunerado
gado se coloca à disposição do empregador como decorrência do Nos termos do art. 66 da CLT, entre duas jornadas de trabalho
contrato de trabalho, mas também e necessariamente dos períodos deve haver um período mínimo de 11 horas consecutivas, para des-
de repouso que são assegurados ao empregado. canso, as quais não podem ser interrompidas. Trata-se de intervalo
obrigatório, que visa a preservação da saúde e da integridade física
do trabalhador.

331
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Intervalo interjornada remunerado A concessão de férias também tem por objetivo a preservação
O intervalo entre duas jornadas de trabalho que deve ser remu- da saúde e da integridade física do empregado, à medida que o
nerado pelo empregador é o repouso semanal remunerado, cujas repouso a ser usufruído nesse período visa recuperar as energias
regras são analisadas a seguir. gastas e permitir que o trabalhador retorne ao serviço em melhores
condições físicas e psíquicas.
Repouso semanal remunerado
Também chamado de descanso semanal remunerado (DSR), Duração das férias
vem a ser o período de 24 horas consecutivas em que o emprega- A duração das férias é fixada de forma objetiva pelo legislador
do deixa de prestar serviços ao empregador, uma vez por semana, a partir do critério assiduidade do empregado no emprego. A regra
preferencialmente aos domingos, mas recebe a respectiva remu- geral, inclusive para os empregados contratados sob o regime de
neração. tempo parcial, é que sua duração é de 30 dias corridos.
O direito ao repouso semanal remunerado é garantido pelo art. No entanto, a duração do período de férias poderá ser menor
7º, XV, da Constituição Federal e regulamentado pelo art. 67 da CLT, em razão do número de faltas injustificadas ao trabalho que o em-
pela Lei n. 605/49 e pelo Decreto n. 27.048/49, e é assegurado aos pregado tiver durante o período aquisitivo, conforme a proporção
empregados urbanos, rurais e domésticos. prevista no art. 130 da CLT.
Constitui objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo co-
letivo de trabalho a supressão ou a redução do descanso semanal Concessão das férias
remunerado (art. 611-B, IX, CLT). O legislador estabelece de forma objetiva um prazo para que o
empregador conceda as férias ao empregado, chamado de período
concessivo das férias.
DO SALÁRIO MÍNIMO: CONCEITO, IRREDUTIBILIDADE Assim, as férias serão concedidas por ato do empregador no
E GARANTIA período concessivo, que corresponde aos 12 meses subsequentes
ao período aquisitivo (art. 134, CLT).
Salário é uma das parcelas da remuneração, equivalente ao A época da concessão das férias será a que melhor consulte os
valor pago diretamente pelo empregador ao empregado como con- interesses do empregador, devendo este, porém, respeitar o perío-
traprestação decorrente da relação de emprego, abrangendo os do concessivo respectivo (art. 136, CLT).
períodos de prestação de serviços, o tempo à disposição do em- As férias deverão, como regra, ser concedidas em um só pe-
pregador e os períodos de interrupção do contrato de trabalho (art. ríodo, sendo que, havendo concordância do empregado, poderão
457, CLT)12. ser usufruídas em até 3 (três) períodos, sendo que um deles não
As características do salário são os traços distintivos que permi- poderá ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser
tem que se reconheça em um determinado pagamento a natureza inferiores a 5 dias corridos cada um (art. 134, caput e § 1º, CLT).
de contraprestação decorrente da relação de emprego. A enumera-
ção destes caracteres do salário não é feita de forma pacífica pela Com a revogação do § 2º do art. 134 da CLT pela Lei n.
doutrina, não havendo, portanto, uma sistematização uniforme. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), não há mais vedação para o
fracionamento das férias dos empregados maiores de 50 anos e
Dentre tais características, destacamos: menores de 18 anos.
É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede
Irredutibilidade — em razão do seu caráter alimentar, o salário feriado ou dia de repouso semanal remunerado (art. 134, § 3º, CLT).
não pode ser reduzido. A fonte de sustento do trabalhador e de sua Nos termos do art. 137 da CLT, a concessão das férias após o
família não pode ser reduzida por ato unilateral ou bilateral; período concessivo implica na obrigação do empregador pagar em
Garantia de salário – o salário deve ser nunca inferior ao míni- dobro a respectiva remuneração [(remuneração normal + 1/3) x 2].
mo, para os que percebem remuneração variável.
Remuneração das férias
A irredutibilidade como característica do salário foi relativizada A remuneração das férias equivale à remuneração normal do
pelo texto constitucional, que passou a permitir como exceção a empregado, ou seja, o mesmo valor que o empregado receberia
sua redução, desde que mediante convenção ou acordo coletivo de caso trabalhasse no respectivo período, acrescida de 1/3 (art. 142,
trabalho (art. 7º, VI, CF). CLT, e art. 7º, XVII, CF).
O pagamento da remuneração das férias deve ser feito até 2
dias antes do empregado iniciar o período respectivo, mediante
DAS FÉRIAS: DO DIREITO A FÉRIAS E DA SUA recibo, do qual deve constar indicação do início e do término das
DURAÇÃO; DA CONCESSÃO E DA ÉPOCA DAS FÉRIAS; férias (art. 145, CLT).
DAS FÉRIAS COLETIVAS; DA REMUNERAÇÃO E DO
ABONO DE FÉRIAS Irrenunciabilidade
A natureza imperativa das normas sobre férias faz com que o
As férias constituem um direito do empregado de deixar de tra- direito a elas seja irrenunciável pelo empregado. A indisponibilida-
balhar e de estar à disposição do empregador durante um determi- de do direito tem como objetivo garantir o repouso do empregado
nado número de dias consecutivos por ano, sem prejuízo da remu- durante o período respectivo.
neração, desde que preenchidos alguns requisitos exigidos por lei13. Assim, o descanso deve obrigatoriamente ser observado pelo
empregado, que não poderá, durante as férias, prestar serviços a
outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de
contrato de trabalho regularmente mantido com aquele (art. 138,
12 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
CLT).
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf
13 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

332
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Além disso, não pode o empregado substituir o período de des- Além do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salário,
canso por parcela em dinheiro, sendo inválida a chamada “venda para todos os efeitos legais, as prestações in natura (utilidades) que
de férias”. o empregador fornecer habitualmente ao empregado, por força do
No entanto, o legislador amenizou esta imperatividade ao per- contrato ou do costume (art. 458, CLT). Trata-se do chamado salá-
mitir a conversão parcial do período de férias em pecúnia. Trata-se rio-utilidade.
do abono de férias, que é caracterizado pela faculdade concedida
ao empregado de converter 1/3 do período de férias a que tiver di- Salário = salário-base + comissões/percentagens + gratifica-
reito em trabalho, recebendo, como consequência, abono pecuniá- ções ajustadas + diárias para viagem que
rio no valor da remuneração correspondente aos dias trabalhados excedam 50% do salário + abonos + outras parcelas previstas
(art. 143, CLT). em lei + parcelas salariais
O abono de férias deverá ser requerido pelo empregado até voluntariamente concedidas pelo empregador + utilidades
15 dias antes do término do período aquisitivo (art. 143, § 1º, CLT).
O pagamento do abono será feito no mesmo prazo e da mesma A importância de se caracterizar um pagamento feito pelo em-
forma que o pagamento da remuneração das férias, ou seja, até pregador ao empregado como salário reside no fato de que, sendo
dois dias antes do empregado sair de férias (art. 145, CLT). considerado salário, integrará a base de cálculo dos demais direitos
Com a revogação do art. 143, § 3º, CLT, pela Lei n. 13.467/2017 trabalhistas.
(Reforma Trabalhista), o abono de férias também pode ser reque- A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm pre-
rido pelos empregados contratados sob regime de tempo parcial. valência sobre a lei quando dispuserem sobre remuneração por
Em se tratando de férias coletivas, o abono de férias deve ser produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
objeto de acordo coletivo e, ainda, ser requerido individualmente remuneração por desempenho individual (art. 611-A, IX, CLT).
pelo empregado que tenha interesse na conversão (art. 143, § 2º,
CLT). Modalidades de salário
O abono de férias tem natureza indenizatória, não integrando Salário-base
a remuneração do empregado para os efeitos da legislação traba- O salário-base (ou básico) é a contraprestação salarial fixa paga
lhista (art. 144, CLT). pelo empregador ao empregado em decorrência do contrato de tra-
balho.
Ao salário-base recebido pelo empregado podem ser agre-
DO SALÁRIO E DA REMUNERAÇÃO: CONCEITO gados outros pagamentos feitos pelo empregador, com natureza
E DISTINÇÕES; COMPOSIÇÃO DO SALÁRIO; salarial, somando-se a ele na composição do complexo salarial do
MODALIDADES DE SALÁRIO; FORMAS E MEIOS DE empregado.
PAGAMENTO DO SALÁRIO; 13º SALÁRIO Os direitos trabalhistas do empregado são calculados ou sobre
o salário-base ou sobre o complexo salarial por ele recebido, depen-
Salário e remuneração correspondem à contraprestação pe- dendo do caso e da previsão normativa específica.
cuniária paga ao empregado em decorrência da sua prestação de
serviços14. Comissões
A comissão constitui modalidade de contraprestação variável,
Remuneração é gênero, do qual salário é espécie. condicionada ao serviço realizado ou à produção alcançada pelo
Remuneração é o conjunto de todas as verbas recebidas pelo trabalhador.
empregado como contraprestação pelos serviços prestados, abran- Trata-se de modalidade de salário por unidade de obra, cons-
gendo aquela que é paga pelo próprio empregador (salário), como tiuindo verba calculada levando-se em conta o montante produzido
aquelas pagas por terceiros (gorjetas). pelo trabalhador em relação à sua natureza jurídica, as comissões
são modalidade de salário pago por unidade de obra ou serviço.
Composição do salário
A contraprestação pelo serviço devida e paga diretamente pelo Gratificações legais
empregador ao empregado não se limita ao salário. Gratificação significa demonstração de agradecimento, retri-
Nesse sentido, o art. 457, § 1º, da CLT prevê que, além da im- buição e, no campo do Direito do Trabalho, originariamente tinha
portância fixa estipulada (salário base), integram o salário as grati- uma conotação de recompensa ou prêmio pago pelo empregador
ficações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador. ao empregado, por mera liberalidade e sem qualquer promessa de
As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de repetição de pagamento.
custo, limitadas a 50% da remuneração mensal, o auxílio alimenta- O legislador fazia a distinção entre gratificações ajustadas (de-
ção, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem correntes de ajuste prévio, tácito ou expresso, gerando expectati-
e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se va de recebimento) e gratificações pagas por mera liberalidade do
incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de inci- empregador (sem ajuste prévio e sem expectativa de recebimento),
para o fim de definir sua integração ou não ao salário do emprega-
dência de encargo trabalhista e previdenciário (art. 457, § 2º, CLT).
do.
Também a lei estipula situações que geram obrigatoriamente
No entanto, a Lei n. 13.467/2015 (Reforma Trabalhista) acabou
pagamentos de natureza salarial ao empregado, como é o caso da
com referida distinção para fins de definição de integração ao sa-
gratificação de Natal e dos adicionais de remuneração, quando pa-
lário, tendo modificado a redação dos parágrafos 1º e 2º do art.
gos com habitualidade.
457 e redefinido a abrangência do salário e, consequentemente,
da remuneração para fins de incidência de encargos trabalhistas e
previdenciários.
Assim, somente as gratificações legais (por exemplo, a gratifica-
ção por exercício de função paga, nos termos do art. 62, parágrafo
14 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es- único, CLT, em decorrência do cargo de confiança) integram o salá-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf rio do empregado.

333
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Não se tratando de gratificação legal, a gratificação paga pelo Por força do disposto no inciso XXXIV, do art. 7º, da Constitui-
empregador ao empregado, ainda que de forma habitual, não inte- ção Federal, aos trabalhadores avulsos são assegurados todos os
gram o salário deste. direitos trabalhistas, razão pela qual têm direito ao décimo terceiro
salário.
Parcelas não salariais A gratificação de Natal é um direito recebido com periodicida-
Nem todos os valores recebidos pelo empregado em decorrên- de anual, com valor equivalente à remuneração que o empregado
cia do contrato de trabalho têm natureza salarial. O legislador prevê receber em dezembro de cada ano, compreendendo o salário e to-
alguns tipos de pagamento recebidos pelo empregado que não são dos os seus componentes, inclusive salário in natura e gorjetas.
incluídos no salário, como a ajuda de custo, o auxílio-alimentação, Os demais valores pagos pelo empregador ao empregado que
vedado seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem, os prê- tenham natureza salarial, tais como adicional de horas extras e adi-
mios e os abonos (art. 457, § 2º, CLT). cional noturno pagos habitualmente, adicionais de insalubridade,
Outros pagamentos, embora não previstos expressamente por de periculosidade e de transferência, integram o cálculo da gratifi-
lei, têm reconhecida sua natureza não salarial pela doutrina e pela cação natalina.
jurisprudência. Outras gratificações recebidas pelo empregado com periodici-
dade semestral integram o décimo terceiro salário pelo seu duodé-
Meios de pagamento do salário cimo (o cálculo é feito da seguinte forma: somam-se as duas gra-
O ordenamento jurídico trabalhista permite que o salário, tificações semestrais e divide-se por 12; o resultado da operação,
como contraprestação pelos serviços prestados, seja pago em pe- isto é, o duodécimo, será integrado ao cálculo do décimo terceiro).
cúnia, ou seja, em moeda corrente do país, ou em bens ou serviços, O pagamento do décimo terceiro salário será efetuado pelo
caracterizando o chamado salário-utilidade ou salário in natura (art. empregador em duas parcelas: a primeira, a título de adiantamen-
458, CLT). to, será paga de uma só vez ao empregado entre os meses de feve-
reiro e novembro de cada ano, sendo o seu valor calculado à base
Salário-utilidade de cinquenta por cento do salário do mês anterior ao seu pagamen-
Salário-utilidade é a prestação in natura que o empregador, por to (art. 2º, Lei n. 4.749/65, e art. 3º, Decreto n. 57.155/65); a segun-
força do contrato de trabalho ou do costume, atribui ao empregado da será paga até o dia 20 de dezembro de cada ano, tomando-se
em retribuição dos serviços prestados. Constitui modalidade de re- por base a remuneração de dezembro e compensando-se o valor
muneração paralela ao salário pago em dinheiro. do adiantamento (art. 1º, Lei n. 4.749/65, e art. 1º, caput, e art. 3º,
Assim, conclui-se que o salário pode ser pago em dinheiro ou
§ 3º, Decreto n. 57.155/65).
em bens de outra natureza, com valor econômico significativo para
Caso o contrato de trabalho não tenha vigorado durante todo
o empregado, especificamente denominados utilidades.
o ano, a gratificação natalina será devida de forma proporcional,
O pagamento de salário em utilidades é permitido expressa-
calculada à base de 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em
mente pela legislação trabalhista, no art. 458 da CLT.
dezembro, por mês de serviço, sendo que a fração igual ou superior
Este dispositivo legal não é taxativo no que diz respeito à enu-
a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral (art. 1º, §§
meração das utilidades que são consideradas salário.
1º e 2º, Lei n. 4.090/62, e art. 1º, caput e parágrafo único, Decreto
Para a caracterização das prestações in natura como salário, é
n. 57.155/65).
necessário, porém, que sejam preenchidos os seguintes requisitos:
a) habitualidade — nem toda utilidade fornecida pelo empre-
gador é salário; uma utilidade só terá natureza salarial quando pre- DO FGTS
sente o requisito da habitualidade. A habitualidade constitui, pois,
elemento intrínseco do conceito de utilidade como prestação re-
O que é o FGTS
muneratória;
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado
b) a prestação in natura deve representar um ganho para o
com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa cau-
trabalhador — isto é, deve satisfazer total ou parcialmente um con-
sa, mediante a abertura de uma conta vinculada ao contrato de
sumo; se a utilidade não fosse fornecida pelo empregador, o traba-
trabalho.
lhador só teria podido adquiri-la a suas próprias expensas;
No início de cada mês, os empregadores depositam em con-
c) a prestação in natura não é indispensável para a realização
tas abertas na Caixa, em nome dos empregados, o valor corres-
do trabalho — sendo fornecida pelo trabalho, ou seja, como contra-
pondente a 8% do salário de cada funcionário.
prestação pelo serviço prestado, a utilidade terá natureza salarial;
O FGTS é constituído pelo total desses depósitos mensais e os
ao contrário, a utilidade necessária para que o empregado possa
valores pertencem aos empregados que, em algumas situações,
realizar seu trabalho, ou seja, que é fornecida para o trabalho, não
podem dispor do total depositado em seus nomes.
tem natureza salarial.
Por que o FGTS foi criado
O § 2º do art. 458 da CLT estabelece quais utilidades conce-
Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um
didas pelo empregador que não serão consideradas como salário.
patrimônio, que pode ser sacado em momentos especiais, como o
da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em situações
Gratificação de Natal (Décimo Terceiro Salário)
de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa
A gratificação de Natal, também chamada de décimo tercei-
causa ou em caso de algumas doenças graves.
ro salário, foi instituída pela Lei n. 4.090/62, com regulamentação
O trabalhador pode utilizar os recursos do FGTS para a mora-
pelo Decreto n. 57.155/65, e pelos acréscimos trazidos pela Lei n.
dia nos casos de aquisição de imóvel novo ou usado, construção,
4.749/65.
liquidação ou amortização de dívida vinculada a contrato de finan-
A Constituição Federal de 1988 estendeu o direito à gratifica-
ciamento habitacional.
ção de Natal a todos os empregados, inclusive domésticos (art. 7º,
Assim, o FGTS tornou-se uma das mais importantes fontes
VIII e parágrafo único).
de financiamento habitacional, beneficiando o cidadão brasileiro,
principalmente o de menor renda.

334
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
A importância dos recursos do Fundo para o desenvolvimento
do país ultrapassa os benefícios da moradia digna, pois financiam, DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
também, obras de saneamento e infraestrutura, gerando melho-
rias na qualidade de vida, ao proporcionar água de qualidade, co- Prescrição no direito do trabalho
leta e tratamento do esgoto sanitário. A prescrição ocorre em função do tempo; ela é um efeito do
O FGTS tem sido a maior fonte de recursos para a Habitação tempo nas relações jurídicas, à medida que, em razão da inércia do
Popular e o Saneamento Básico.​ titular do direito, conduz à extinção da relação jurídica15.
O direito em si não é atingido pela prescrição, sendo certo que
Como foi criado o FGTS o que desaparece é a sua exigibilidade por intermédio do Poder Ju-
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado diciário.
pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 e vigente a partir de O direito, para se afirmar, para ter eficácia e produzir os resul-
01 de janeiro de 1967, para proteger o trabalhador demitido sem tados desejados por seu titular, tem de exercitar-se, e a ação é a
justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas forma pela qual se pode alcançar esse fim. Assim, violado o direito,
em nome de cada trabalhador, quando o empregador efetua o nasce para o titular a pretensão (art. 189, CC).
primeiro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos No entanto, “a atividade do titular do direito tem de ser esti-
depósitos mensais efetivados pelo empregador, acrescidos de mulada, sob pena de se verificar uma situação de expectativa que
atualização monetária e juros. impede o próprio desenvolvimento social, tornando-se, pois, de in-
teresse público e até mesmo de ordem pública, a advertência que
Quem tem direito ao FGTS passa a ser expressa pela ameaça da perda do direito de ação, pelo
Todos os trabalhadores regidos pela CLT que firmaram contra- decurso de certo prazo”.
to de trabalho a partir de 05/10/1988. Antes dessa data, a opção Portanto, a pretensão, que nasceu com a violação do direito,
pelo FGTS era facultativa. Também têm direito ao FGTS os traba- extingue-se, pela prescrição, nos prazos previstos por lei (art. 189,
lhadores rurais, os temporários, os avulsos, os safreiros (operá- CC).
rios rurais, que trabalham apenas no período de colheita) e os O objetivo da prescrição da ação é, portanto, impedir a pertur-
atletas profissionais (jogadores de futebol, vôlei, etc.). O diretor bação da ordem social, à medida que impede que indefinidamente
não-empregado poderá ser equiparado aos demais trabalhado- no tempo possa ocorrer a revivescência de situações duvidosas que
res sujeitos ao regime do FGTS. Foi facultado ao empregador do- mantinham credor e devedor na incerteza de seu direito.
méstico recolher ou não o FGTS referente ao seu empregado até A prescrição atinge diretamente a ação, e só como consequên-
30/09/2015, a partir de 01/10/2015 o recolhimento passou a ser cia será atingido o direito. Mas, embora a prescrição refira-se à
obrigatório. A opção pelo recolhimento, quando facultado (antes ação, em regra a extinção da ação e a do direito ocorrem ao mesmo
de 01/10/2015), estabelece a sua obrigatoriedade enquanto du- tempo, porque um direito não será eficaz se não houver meio de
rar o vínculo empregatício. O FGTS não é descontado do salário, é fazê-lo valer perante terceiros.
obrigação do empregador. Dessa forma, pode-se concluir que, se de um lado, em nome
do princípio da justiça, o ordenamento jurídico assegura a repara-
Também têm direito ao FGTS: ção das violações de direitos, de outro lado o mesmo ordenamento
Trabalhadores Rurais impõe a prescritibilidade da oportunidade de o titular do direito
Trabalhadores temporários exercer essa reparação.
Trabalhadores avulsos Embora aparentemente antagônicas e conflitantes essas pos-
Safreiros (operários rurais, que trabalham apenas no período turas assumidas pelo ordenamento jurídico, o fato é que são ab-
de colheita) solutamente conciliáveis, resolvendo-se a questão pelo princípio
Atletas profissionais(jogadores de futebol, vôlei, etc.) da proporcionalidade, que impõe reconhecer que “a reparação é
Diretor não-empregado poderá ser equiparado aos demais um direito, mas que deve ser exercido num certo prazo em nome
trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. do princípio da estabilidade ou segurança, de forma a possibilitar a
Empregado doméstico consolidação das relações sociais. Enfim, tanto a prescrição como a
reparação de direitos são formas de realização do Direito”.
Quem deposita O Direito consagra duas espécies de prescrição:
O empregador ou o tomador de serviços faz o depósito na Prescrição extintiva ou liberatória — trata-se de um modo de
conta vinculada ao FGTS do trabalhador. O depósito pode ser feito extinguir direitos pela perda da ação que os assegurava, devido à
até o dia 7 de cada mês. inércia do credor durante um decurso de tempo determinado pela
O FGTS não é descontado do salário do trabalhador. Quem lei. Ou seja, significa a perda, pelo decurso de certo tempo, da facul-
deve depositar é o empregador. dade de pleitear um direito, por meio da ação judicial competente.
Essa é a modalidade de prescrição aplicada no âmbito do Direito
Qual o valor depositado do Trabalho.
O depósito equivale a 8% do valor do salário pago ou devido Prescrição aquisitiva — por meio da qual, pelo decurso do
ao trabalhador, cujo contrato é regido pela CLT. No caso de contra- tempo, surge o direito, adquire-se o direito (ex.: usucapião). Não se
tos de menores aprendizes, o percentual é de 2%. fala de prescrição aquisitiva no campo do Direito do Trabalho.
fonte: https://www.fgts.gov.br/Pages/sou-empregador/o- Independentemente de tratar-se de uma ou de outra das situa-
-que.aspx ções supracitadas, o fato é que na prescrição há sempre um patri-
mônio que se perde e outro que se aumenta.

15 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf

335
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Fundamentos da prescrição 3. continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tem-
O fundamento da prescrição reside na busca da paz social e da po — o titular deixa passar o prazo fixado em lei para a busca da
tranquilidade da ordem jurídica, pois há um interesse de ordem pú- reparação dos danos causados pela violação de seu direito;
blica no afastamento das incertezas em torno da existência e eficá- 4. ausência de algum fato ou ato, a que a lei atribua eficácia
cia dos direitos. Assim, a prescrição justifica-se basicamente como impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso prescricional —
uma forma de pacificação das relações sociais. ainda que se verifiquem a exigibilidade da pretensão e a inércia do
É uma regra de ordem, de harmonia, de paz, imposta pela ne- titular, determinadas circunstâncias previstas em lei podem impedir
cessidade de certeza das relações jurídicas. o curso da prescrição.
Tendo sido desrespeitado um direito, se o seu titular tiver inte-
resse em resguardá-lo ou em vê-lo reconhecido por intermédio do As causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas não afastam
Poder Judiciário, deverá estar atento ao tempo, pois, decorrido o a inércia do titular, mas a justificam, à medida que caracterizam situa-
lapso temporal estipulado pela lei, não mais poderá buscar a tutela ções nas quais o titular do direito não tem condições de exigi-lo.
do Judiciário, o que torna seu direito ineficaz e inexigível. Por força da previsão contida no art. 8º da CLT, que permite
Assim, podemos dizer que a prescrição é uma consequência do a aplicação subsidiária do Direito Comum ao Direito do Trabalho,
tempo, pura e simplesmente, aliada à inércia do titular do direito. referidos elementos são aplicáveis no âmbito da prescrição traba-
Questiona-se a aplicabilidade da prescrição em relação aos lhista.
créditos trabalhistas, sob o argumento de que, por sua natureza ali-
mentar, revestem-se de proteção diferenciada e são irrenunciáveis, Prazo prescricional no direito do trabalho
razão pela qual não poderiam estar sujeitos aos efeitos da prescri- Como consequência das alterações legislativas podemos iden-
ção. tificar a seguinte evolução dos prazos prescricionais trabalhistas:
No entanto, só se poderia entender desse modo se a prescrição → O prazo prescricional trabalhista era de dois anos para todos
resultasse apenas de uma regra moral ou de concepções subjetivas os direitos (art. 11, CLT).
alheias à ordem jurídica. Nesse caso, uma “dívida de honra”, sagra- → A Constituição Federal de 1988, no entanto, modificou este
da para quem a ela se obrigara, ou uma “dívida social”, existente em prazo para cinco anos para o trabalhador urbano, como regra geral,
relação a uma parte mais fraca, não deveriam beneficiar-se com a sendo que no caso de rescisão do contrato de trabalho o prazo foi
prescrição. reduzido para dois anos, contados da data da extinção do vínculo
Adotando-se, porém, uma concepção de ordem jurídica e de empregatício.
sociedade, a prescrição funciona como elemento de tranquilidade
e de pacificação, do qual não se pode abrir mão em nome de uma Em relação ao trabalhador rural, o legislador constituinte man-
proteção que, de fato, não se justifica no contexto de ordem jurídi- teve o prazo da prescrição da ação em dois anos contados da extin-
ca justa e de afastamento das incertezas em torno da existência e ção do contrato de trabalho. Assim, para estes trabalhadores não
corria a prescrição durante a relação de emprego.
eficácia dos direitos.
Isto significa que, se o empregado tivesse 14 anos de trabalho
O instituto da prescrição se encontra no mundo dos bens ju-
para o empregador, ao ser dispensado poderia reclamar os direitos
ridicamente resguardados, e a norma legal a impõe à sociedade,
de todo este período, desde que ajuizasse a ação no prazo de dois
independentemente de especulações éticas ou de proteção indivi-
anos após a rescisão do contrato de trabalho.
dual diferenciada em detrimento do contexto social, que deve ser
A EC n. 28/2000 alterou a redação do inciso XXIX, do art. 7º, da
pacificado.
Constituição Federal e revogou o art. 233, da Constituição Federal,
A prescrição é um instituto que encontra sua razão de ser nas
passando a prescrição trabalhista a ser de cinco anos para os traba-
exigências da segurança jurídica e na proteção da coletividade, à lhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção
medida que assegura a paz social do contrato de trabalho (art. 7º, XXIX, CF).
Não se pode considerar, portanto, que da irrenunciabilidade Portanto, o trabalhador urbano e o trabalhador rural têm o
dos direitos trabalhistas possa decorrer a imprescritibilidade. Isso prazo de cinco anos para reclamar seus direitos, mas, em caso de
porque a prescrição não depende diretamente da vontade do titu- extinção do contrato de trabalho, o direito de ação prescreve em
lar do direito, mas de uma situação contínua de inércia, encontran- dois anos, podendo o trabalhador reclamar os direitos trabalhistas
do sua razão de ser em um interesse público que o ordenamento dos últimos cinco anos contados, retroativamente, da data do ajui-
jurídico considera prevalente em relação a outro interesse público, zamento da ação (art. 7º, XXIX, CF, e art. 11, caput, CLT).
qual seja, a proteção do trabalhador, que justifica a irrenunciabilida-
de do direito por parte do titular. Prescrição parcial e prescrição total
A prescrição pode ser total, quando afeta o próprio direito, ten-
Elementos da prescrição no direito do trabalho do em vista que não se poderá mais pleiteá-lo em juízo, ou parcial,
Segundo a doutrina, são elementos integrantes da prescrição: quando afeta apenas as partes ainda não prescritas.
1. existência de uma ação exercitável (actio nata) — tal ele- No Direito do Trabalho, fala-se em prescrição total, por exem-
mento é entendido como a exigibilidade da pretensão ou o nasci- plo, quando o titular do direito violado deixa transcorrer o prazo de
mento da pretensão. dois anos após a extinção do contrato de trabalho para o ajuizamen-
Somente é possível falar-se em prescrição quando o direito te- to da ação, sem exercitar o referido direito, ou seja, deixa de propor
nha sido adquirido por seu titular (não se inserem no campo da a ação neste prazo.
prescrição os direitos futuros, entre os quais se incluem o direito A prescrição parcial incide em relação às prestações periódi-
condicional e o direito eventual, nem uma expectativa de direito) e cas decorrentes do contrato de trabalho. A cada violação de uma
quando tenha ocorrido sua violação por terceiro; prestação devida em decorrência do contrato, nasce para o titular o
direito de reclamar seu cumprimento, devendo tal direito ser exer-
2. inércia do titular da ação pelo seu não exercício — o titular cido no prazo máximo de cinco anos.
do direito deixa de buscar a reparação dos danos causados pela vio-
lação de seu direito;

336
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Decadência no direito do trabalho do trabalhador para prevenir doenças e acidentes do trabalho, por
O efeito do tempo nas relações jurídicas institui o requisito de meio da legislação e da fiscalização no cumprimento das normas de
validade de alguns direitos, que somente podem ser exercidos den- higiene e segurança do trabalho.
tro de um certo prazo, sob pena de perecerem. Importante ressaltar que “a finalidade de evitar ou reduzir os
Assim, a decadência é causa extintiva de direito pelo seu não riscos do trabalho sempre foi acentuada pelos estudiosos da ques-
exercício no prazo estipulado pela lei. “É a perda de um direito po- tão social e das atividades do trabalhador, especialmente porque, a
testativo de sujeitar outrem à constituição, desconstituição, modifi- cada dia, com o crescimento no progresso da maquinaria e a inven-
cação ou extinção de uma relação jurídica, pela inércia do titular em ção de novos instrumentos, aumentavam os riscos profissionais”.
exercitá-lo, num determinado prazo, legal ou convencional”. Assim, além de se caracterizar como um dos fundamentos da
No Direito do Trabalho, o exemplo mais claro de decadência é o segurança social, a segurança do trabalhador é um dever do empre-
do inquérito para apuração de falta grave que se segue à suspensão gador, decorrente do contrato de trabalho, sendo certo que, além
de empregado detentor de estabilidade no emprego (art. 853, CLT). dos deveres éticos e econômicos que lhe são atribuídos, ele assume
Neste caso, o legislador estipulou um prazo de 30 dias para esse dever de proteção à integridade física e à saúde dos seus em-
decadência do direito. Suspenso o empregado, em 30 dias decai o pregados, desdobrado em quatro deveres específicos:
empregador do seu direito de ingressar em juízo com o referido in- → organização racional do trabalho;
quérito. Note-se que é um prazo para o exercício de um direito (o → higiene e segurança dos locais de trabalho;
do empregador de ajuizar inquérito para poder dispensar emprega- → prevenção de acidentes;
do estável faltoso). → reparação de sinistros ou incapacidades.

Distinção entre prescrição e decadência Os esforços da OIT — que, além de dedicar ao tema diversas
Convenções e Recomendações, mantém programa permanente de
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA cooperação técnica para a segurança e a saúde do trabalhador —
Extingue a ação vinculada ao Extingue o próprio direito. não são suficientes para evitar os alarmantes índices de acidentes
direito; extingue a pretensão do trabalho e de doenças profissionais verificados nos diversos paí-
para exercício do direito. ses, entre eles o Brasil.
Entre as inúmeras Convenções e Recomendações da OIT que
Dirige-se aos direitos Dirige-se de preferência aos tratam do tema, merecem destaque a Convenção n. 155, que de-
subjetivos. direitos potestativos. termina que os países-membros adotem políticas nacionais em ma-
A ação nasce depois do direito, São simultâneos o nascimento téria de segurança e saúde dos trabalhadores e de meio ambiente
após sua violação. do direito e o da ação. de trabalho, e a Convenção n. 161, que se refere aos serviços de
saúde no trabalho.
Flui desde o momento em que Começa a fluir no momento
A legislação brasileira referente às questões de segurança e
a pretensão é em que nasce o direito.
medicina do trabalho é adequada e, até certo ponto, extensa.
descumprida
Prevê a Constituição Federal:
Prazo prescricional é fixado Prazo decadencial pode ser “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
por lei fixado em lei, em normas de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)
coletivas, em regulamentos de XXII — redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
empresa. normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII — adicional de remuneração para as atividades penosas,
Prazo prescricional pode ser Prazo decadencial corre
insalubres ou perigosas, na forma da lei; (...)
interrompido ou continuamente, sem
XXVIII — seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em-
suspenso. interrupção ou suspensão.
pregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quan-
No Direito do Trabalho, deve Pode ser decretada em face do incorrer em dolo ou culpa; (...)”.
ser arguida pela parte. de alegação da parte, do
Ministério Público ou de ofício Os arts. 193 e 196, também da Constituição Federal, dispõem:
pelo juiz. “Art. 193. A ordem social tem como base o primado do traba-
lho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”;
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
DA SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO: DAS do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
ATIVIDADES PERIGOSAS OU INSALUBRES risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
A constatação de que o exercício de qualquer atividade pro- É imposta ao Estado pela Constituição a efetivação de tais me-
fissional gera riscos à saúde e à integridade física do trabalhador didas, que deverão ser implementadas pelos Poderes Legislativo,
fez com que, gradativamente, desde a Revolução Industrial, fosse Executivo e Judiciário, cada um na sua esfera de atuação.
sendo construída, em todos os países, uma estrutura de proteção A CLT, em capítulo específico sobre o tema, dispõe sobre as
ao trabalhador, passando a questão relativa a segurança e medicina condições de segurança e medicina do trabalho, elencadas em seus
do trabalho a ser vista a partir de uma concepção profundamente Artigos 154 a 200.
humana, sendo considerada, inclusive, como um dos aspectos dos
direitos fundamentais do trabalhador16. Trabalho em condições perigosas
A Revolução Industrial, como marco histórico, trouxe como Quanto ao conceito de periculosidade, o art. 193 da CLT assim
consequência, além do progresso, problemas de saúde e higiene dispõe: “São consideradas atividades ou operações perigosas, na
para a classe operária. Foram criados, então, mecanismos de defesa forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
16 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es- impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf do trabalhador a:

337
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
I — inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; O direito ao recebimento do adicional de insalubridade é re-
II — roubos ou outras espécies de violência física nas atividades conhecido a todos os trabalhadores urbanos e rurais que exerçam
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial”. suas atividades em condições de risco à saúde.

O § 4º do art. 193, acrescentado pela Lei n. 12.997/2014, prevê


que também são consideradas perigosas as atividades de trabalha- DA PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR. DA
dor em motocicleta, que foram definidas pela Portaria do Ministé- PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER
rio do Trabalho e Emprego — MTE n. 1.565/2014.
Da análise deste dispositivo legal, é possível perceber que o Consolidação das Leis do Trabalho
conceito de trabalho perigoso é muito mais restrito do que se possa
imaginar. TÍTULO III
Assim, segundo a CLT, somente o trabalho em contato com in- DAS NORMAS ESPECIAIS DE TUTELA DO TRABALHO
flamáveis, explosivos ou energia elétrica e o trabalho nas atividades
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial que exponha o CAPÍTULO III
trabalhador a roubo ou outras espécies de violência física e em ati- DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER
vidades em que se utilize motocicleta são considerados perigosos. SEÇÃO I
O direito ao recebimento do adicional de periculosidade é re- DA DURAÇÃO, CONDIÇÕES DO TRABALHO E DA
conhecido a todos os trabalhadores urbanos e rurais que exerçam DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
suas atividades em área de risco, independentemente de manipu- (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.799, DE 26.5.1999)
larem ou estarem em contato direto com o agente perigoso. O in-
gresso ou a permanência em área de risco é que gera o direito ao Art. 372 - Os preceitos que regulam o trabalho masculino são
adicional. aplicáveis ao trabalho feminino, naquilo em que não colidirem
Assim, se o empregador colocar o empregado em área de risco com a proteção especial instituída por este Capítulo.
(por exemplo, empresa prestadora de serviços de informática tem Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017)
seus empregados trabalhando em plataforma de petróleo do toma- Art. 373 - A duração normal de trabalho da mulher será de
dor dos serviços), terá que lhe pagar o adicional de periculosidade. 8 (oito) horas diárias, exceto nos casos para os quais for fixada
O trabalho em condições perigosas dá direito ao empregado ao duração inferior.
recebimento de um adicional de remuneração (art. 7º, XXIII, CF). O Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a
adicional de periculosidade corresponde a 30% (trinta por cento) corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao merca-
sobre o salário contratual, sem os acréscimos resultantes de gratifi- do de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos
cações, prêmios ou participação nos lucros ou resultados (art. 193, trabalhistas, é vedado: (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
§ 1º, CLT). I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja
Assim, o adicional de periculosidade incide apenas sobre o sa- referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quan-
lário básico, e não sobre este acrescido de outros adicionais. do a natureza da atividade a ser exercida, pública e notoriamente,
assim o exigir; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
Trabalho em condições insalubres II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do
O direito ao recebimento de adicional de remuneração por trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou esta-
trabalho em atividades insalubres é previsto pelo art. 7º, XXIII, da do de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notó-
Constituição Federal. ria e publicamente incompatível; (Incluído pela Lei nº 9.799, de
Considera-se trabalho insalubre a atividade que pode abalar a 26.5.1999)
saúde do trabalhador de forma grave, ocasionando doenças. A insa- III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como
lubridade diz respeito, portanto, a um risco à saúde do trabalhador. variável determinante para fins de remuneração, formação profis-
O art. 189 da CLT assim conceitua o trabalho insalubre: “Serão sional e oportunidades de ascensão profissional; (Incluído pela Lei
consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por nº 9.799, de 26.5.1999)
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os em- IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para
pregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou perma-
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tem- nência no emprego; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
po de exposição aos seus efeitos”. V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para defe-
Desse modo, para a caracterização de uma atividade como rimento de inscrição ou aprovação em concursos, em empresas
insalubre, deve-se levar em conta a natureza do agente, as condi- privadas, em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado
ções ou métodos de trabalho, e estes devem expor o empregado de gravidez; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
a situação de trabalho agressiva à sua saúde acima dos limites de VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas
tolerância ao agente insalubre, fixados pelo Ministério do Trabalho nas empregadas ou funcionárias. (Incluído pela Lei nº 9.799, de
e Emprego. 26.5.1999)
Constatada pela perícia a insalubridade no local de trabalho, o Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção
empregado faz jus ao adicional de insalubridade em percentuais de de medidas temporárias que visem ao estabelecimento das políti-
40%, 20% ou 10%, calculados sobre o salário mínimo, conforme a cas de igualdade entre homens e mulheres, em particular as que
insalubridade constatada seja em grau máximo, médio ou mínimo, se destinam a corrigir as distorções que afetam a formação profis-
respectivamente. sional, o acesso ao emprego e as condições gerais de trabalho da
Portanto, o adicional de insalubridade corresponde a uma par- mulher. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)
cela remuneratória destinada a compensar o trabalho prestado em Art. 374. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
condições que possibilitem a atuação de agentes nocivos à saúde. Art. 375. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
O adicional de insalubridade integra a remuneração do empre- Art. 376 (Revogado pela Lei nº 10.244, de 2001)
gado para todos os efeitos legais.

338
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Art. 377 - A adoção de medidas de proteção ao trabalho das III - a instalar vestiários com armários individuais privativos
mulheres é considerada de ordem pública, não justificando, em das mulheres, exceto os estabelecimentos comerciais, escritórios,
hipótese alguma, a redução de salário. bancos e atividades afins, em que não seja exigida a troca de rou-
Art. 378. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) pa e outros, a critério da autoridade competente em matéria de
segurança e higiene do trabalho, admitindo-se como suficientes
SEÇÃO II as gavetas ou escaninhos, onde possam as empregadas guardar
DO TRABALHO NOTURNO seus pertences; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
IV - a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade compe-
Art. 379 - (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) tente, os recursos de proteção individual, tais como óculos, más-
Art. 380 (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) caras, luvas e roupas especiais, para a defesa dos olhos, do apare-
Art. 381 - O trabalho noturno das mulheres terá salário supe- lho respiratório e da pele, de acordo com a natureza do trabalho.
rior ao diurno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 1º - Para os fins desse artigo, os salários serão acrescidos § 1º - Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos
duma percentagem adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo. 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade te-
§ 2º - Cada hora do período noturno de trabalho das mulhe- rão local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar
res terá 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. sob vigilância e assistência os seus filhos no período da amamen-
tação. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
SEÇÃO III § 2º - A exigência do § 1º poderá ser suprida por meio de
DOS PERÍODOS DE DESCANSO creches distritais mantidas, diretamente ou mediante convênios,
com outras entidades públicas ou privadas, pelas próprias empre-
Art. 382 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho, haverá um in- sas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do SESC, da LBA
tervalo de 11(onze) horas consecutivas, no mínimo, destinado ao ou de entidades sindicais. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de
repouso. 28.2.1967)
Art. 383 - Durante a jornada de trabalho, será concedido à Art. 390 - Ao empregador é vedado empregar a mulher em
empregada um período para refeição e repouso não inferior a 1 serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20
(uma) hora nem superior a 2 (duas) horas salvo a hipótese previs- (vinte) quilos para o trabalho continuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos
ta no art. 71, § 3º. para o trabalho ocasional.
Art. 384 - (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único - Não está compreendida na determinação
Art. 385 - O descanso semanal será de 24 (vinte e quatro) ho- deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração
ras consecutivas e coincidirá no todo ou em parte com o domingo, de vagonetes sobre trilhos, de carros de mão ou quaisquer apare-
salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa lhos mecânicos.
de serviço, a juízo da autoridade competente, na forma das dispo- Art. 390-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)
sições gerais, caso em que recairá em outro dia. Art. 390-B. As vagas dos cursos de formação de mão-de-obra,
Parágrafo único - Observar-se-ão, igualmente, os preceitos da ministrados por instituições governamentais, pelos próprios em-
legislação geral sobre a proibição de trabalho nos feriados civis e pregadores ou por qualquer órgão de ensino profissionalizante,
religiosos. serão oferecidas aos empregados de ambos os sexos. (Incluído
Art. 386 - Havendo trabalho aos domingos, será organizada pela Lei nº 9.799, de 1999)
uma escala de revezamento quinzenal, que favoreça o repouso Art. 390-C. As empresas com mais de cem empregados, de
dominical. ambos os sexos, deverão manter programas especiais de incen-
tivos e aperfeiçoamento profissional da mão-de-obra. (Incluído
SEÇÃO IV pela Lei nº 9.799, de 1999)
DOS MÉTODOS E LOCAIS DE TRABALHO Art. 390-D. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)
Art. 390-E. A pessoa jurídica poderá associar-se a entidade de
Art. 387 - (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) formação profissional, sociedades civis, sociedades cooperativas,
Art. 388 - Em virtude de exame e parecer da autoridade com- órgãos e entidades públicas ou entidades sindicais, bem como fir-
petente, o Ministro do Trabalho, Industria e Comercio poderá es- mar convênios para o desenvolvimento de ações conjuntas, visan-
tabelecer derrogações totais ou parciais às proibições a que alude do à execução de projetos relativos ao incentivo ao trabalho da
o artigo anterior, quando tiver desaparecido, nos serviços consi- mulher. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)
derados perigosos ou insalubres, todo e qualquer caráter perigoso
ou prejudicial mediante a aplicação de novos métodos de traba- SEÇÃO V
lho ou pelo emprego de medidas de ordem preventiva. DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE
Art. 389 - Toda empresa é obrigada: (Redação dada pelo De-
creto-lei nº 229, de 28.2.1967) Art. 391 - Não constitui justo motivo para a rescisão do con-
I - a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à trato de trabalho da mulher o fato de haver contraído matrimônio
higienização dos métodos e locais de trabalho, tais como ventila- ou de encontrar-se em estado de gravidez.
ção e iluminação e outros que se fizerem necessários à segurança Parágrafo único - Não serão permitidos em regulamentos de
e ao conforto das mulheres, a critério da autoridade competente; qualquer natureza contratos coletivos ou individuais de trabalho,
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) restrições ao direito da mulher ao seu emprego, por motivo de
II - a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dis- casamento ou de gravidez.
por de cadeiras ou bancos, em número suficiente, que permitam Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no
às mulheres trabalhar sem grande esgotamento físico; (Incluído curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a

339
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluí-
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela do o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser
Lei nº 12.812, de 2013) afastada de: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se ao I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, en-
empregado adotante ao qual tenha sido concedida guarda provi- quanto durar a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
sória para fins de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou mí-
Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença-mater- nimo durante a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
nidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do (Vide ADIN 5938)
salário. (Redação dada pela Lei nº 10.421, 15.4.2002) (Vide Lei nº III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, du-
13.985, de 2020) rante a lactação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vide ADIN
§ 1o A empregada deve, mediante atestado médico, notificar 5938)
o seu empregador da data do início do afastamento do empre- § 1o (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
go, que poderá ocorrer entre o 28º (vigésimo oitavo) dia antes § 2o Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à
do parto e ocorrência deste. (Redação dada pela Lei nº 10.421, gestante ou à lactante, efetivando-se a compensação, observado
15.4.2002) o disposto no art. 248 da Constituição Federal, por ocasião do re-
§ 2o Os períodos de repouso, antes e depois do parto, po- colhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários
derão ser aumentados de 2 (duas) semanas cada um, mediante e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à
atestado médico. (Redação dada pela Lei nº 10.421, 15.4.2002) pessoa física que lhe preste serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467,
§ 3o Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos de 2017)
120 (cento e vinte) dias previstos neste artigo. (Redação dada pela § 3o Quando não for possível que a gestante ou a lactante
Lei nº 10.421, 15.4.2002) afastada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades
§ 4o É garantido à empregada, durante a gravidez, sem preju- em local salubre na empresa, a hipótese será considerada como
ízo do salário e demais direitos: (Redação dada pela Lei nº 9.799, gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade,
de 26.5.1999) nos termos da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo
I - transferência de função, quando as condições de saúde o o período de afastamento. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exer- Art. 395 - Em caso de aborto não criminoso, comprovado por
cida, logo após o retorno ao trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.799, atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado
de 26.5.1999) de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar
II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário à função que ocupava antes de seu afastamento.
para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e de- Art. 396. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de
mais exames complementares. (Incluído pela Lei nº 9.799, de adoção, até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher
26.5.1999) terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descan-
§ 5o (VETADO) (incluído pela Lei nº 10.421, de 2002) sos especiais de meia hora cada um. (Redação dada pela Lei nº
Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judi- 13.509, de 2017)
cial para fins de adoção de criança ou adolescente será concedida § 1o Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis)
licença-maternidade nos termos do art. 392 desta Lei. (Redação meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1o (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o Os horários dos descansos previstos no caput deste arti-
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência go deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o
§ 3o (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência empregador. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4o A licença-maternidade só será concedida mediante apre- Art. 397 - O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas
sentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. (In- destinadas à assistência à infância manterão ou subvencionarão,
cluído pela Lei nº 10.421, 15.4.2002) de acordo com suas possibilidades financeiras, escolas maternais
§ 5o A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a conces- e jardins de infância, distribuídos nas zonas de maior densidade
são de licença-maternidade a apenas um dos adotantes ou guar- de trabalhadores, destinados especialmente aos filhos das mu-
diães empregado ou empregada. (Incluído pela Lei nº 12.873, de lheres empregadas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de
2013) 28.2.1967)
Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é assegurado ao Art. 398 - (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por todo o Art. 399 - O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio confe-
período da licença-maternidade ou pelo tempo restante a que te- rirá diploma de benemerência aos empregadores que se distingui-
ria direito a mãe, exceto no caso de falecimento do filho ou de seu rem pela organização e manutenção de creches e de instituições
abandono. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais
Art. 392-C. Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 392-A serviços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência
e 392-B ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para das respectivas instalações.
fins de adoção. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Art. 400 - Os locais destinados à guarda dos filhos das ope-
Art. 393 - Durante o período a que se refere o art. 392, a mu- rárias durante o período da amamentação deverão possuir, no
lher terá direito ao salário integral e, quando variável, calculado mínimo, um berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha
de acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, dietética e uma instalação sanitária.
bem como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda fa-
cultado reverter à função que anteriormente ocupava. (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
Art. 394 - Mediante atestado médico, à mulher grávida é fa-
cultado romper o compromisso resultante de qualquer contrato
de trabalho, desde que este seja prejudicial à gestação.

340
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
SEÇÃO VI § 3º Considera-se prejudicial à moralidade do menor o traba-
DAS PENALIDADES lho: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cine-
Art. 401 - Pela infração de qualquer dispositivo deste Capítu- mas, buates, cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos aná-
lo, será imposta ao empregador a multa de cem a mil cruzeiros, logos; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
aplicada, nesta Capital, pela autoridade competente de 1ª ins- b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltim-
tância do Departamento Nacional do Trabalho, e, nos Estados e banco, ginasta e outras semelhantes; (Incluída pelo Decreto-lei nº
Território do Acre, pelas autoridades competentes do Ministério 229, de 28.2.1967)
do Trabalho, Industria e Comercio ou por aquelas que exerçam c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos,
funções delegadas. impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas,
§ 1º - A penalidade será sempre aplicada no grau máximo imagens e quaisquer outros objetos que possam, a juízo da auto-
a) se ficar apurado o emprego de artifício ou simulação para ridade competente, prejudicar sua formação moral; (Incluída pelo
fraudar a aplicação dos dispositivos deste Capítulo; Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
b) nos casos de reincidência. d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas. (In-
§ 2º - O processo na verificação das infrações, bem como na cluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
aplicação e cobrança das multas, será o previsto no título “Do § 4º Nas localidades em que existirem, oficialmente reconhe-
Processo de Multas Administrativas”, observadas as disposições cidas, instituições destinadas ao amparo dos menores jornaleiros,
deste artigo. só aos que se encontrem sob o patrocínio dessas entidades será
Art. 401A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999) outorgada a autorização do trabalho a que alude o § 2º. (Incluído
Art. 401B. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999) pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 5º Aplica-se ao menor o disposto no art. 390 e seu parágrafo
CAPÍTULO IV único. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR Art. 406 - O Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o
SEÇÃO I trabalho a que se referem as letras “a” e “b” do § 3º do art. 405:
DISPOSIÇÕES GERAIS (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
I - desde que a representação tenha fim educativo ou a peça
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consoli- de que participe não possa ser prejudicial à sua formação moral;
dação o trabalhador de quatorze até dezoito anos (Redação dada (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
pela Lei nº 10.097, de 2000) II - desde que se certifique ser a ocupação do menor indispen-
Parágrafo único - O trabalho do menor reger-se-á pelas dispo- sável à própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e
sições do presente Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que não advir nenhum prejuízo à sua formação moral. (Redação dada
trabalhem exclusivamente pessoas da família do menor e esteja pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado, entretanto, Art. 407 - Verificado pela autoridade competente que o tra-
o disposto nos arts. 404, 405 e na Seção II. (Redação dada pelo balho executado pelo menor é prejudicial à sua saúde, ao seu de-
Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) senvolvimento físico ou a sua moralidade, poderá ela obrigá-lo a
Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezes- abandonar o serviço, devendo a respectiva empresa, quando for
seis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar
quatorze anos. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000) de funções. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realiza- Parágrafo único - Quando a empresa não tomar as medidas
do em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento possíveis e recomendadas pela autoridade competente para que
físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não per- o menor mude de função, configurar-se-á a rescisão do contrato
mitam a frequência à escola. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de trabalho, na forma do art. 483. (Incluído pelo Decreto-lei nº
de 2000) 229, de 28.2.1967)
a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000) Art. 408 - Ao responsável legal do menor é facultado pleite-
b) revogada. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000) ar a extinção do contrato de trabalho, desde que o serviço possa
Art. 404 - Ao menor de 18 (dezoito) anos é vedado o trabalho acarretar para ele prejuízos de ordem física ou moral. (Redação
noturno, considerado este o que for executado no período com- dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
preendido entre as 22 (vinte e duas) e as 5 (cinco) horas. Art. 409 - Para maior segurança do trabalho e garantia da saú-
Art. 405 - Ao menor não será permitido o trabalho: (Redação de dos menores, a autoridade fiscalizadora poderá proibir-lhes o
dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) gozo dos períodos de repouso nos locais de trabalho.
I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes Art. 410 - O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio po-
de quadro para esse fim aprovado pelo Diretor Geral do Departa- derá derrogar qualquer proibição decorrente do quadro a que se
mento de Segurança e Higiene do Trabalho; (Incluído pelo Decre- refere a alínea “a” do art. 405 quando se certificar haver desapa-
to-lei nº 229, de 28.2.1967) recido, parcial ou totalmente, o caráter perigoso ou insalubre, que
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade. (Inclu- determinou a proibição.
ído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 1º (Revogado pela Lei 10.097, de 2000)
§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradou-
ros dependerá de prévia autorização do Juiz de Menores, ao qual
cabe verificar se a ocupação é indispensável à sua própria subsis-
tência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não
poderá advir prejuízo à sua formação moral. (Redação dada pelo
Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

341
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
SEÇÃO II SEÇÃO IV
DA DURAÇÃO DO TRABALHO DOS DEVERES DOS RESPONSÁVEIS LEGAIS DE MENORES E
DOS EMPREGADORES DA APRENDIZAGEM
Art. 411 - A duração do trabalho do menor regular-se-á pelas
disposições legais relativas à duração do trabalho em geral, com Art. 424 - É dever dos responsáveis legais de menores, pais,
as restrições estabelecidas neste Capítulo. mães, ou tutores, afastá-los de empregos que diminuam conside-
Art. 412 - Após cada período de trabalho efetivo, quer con- ravelmente o seu tempo de estudo, reduzam o tempo de repouso
tínuo, quer dividido em 2 (dois) turnos, haverá um intervalo de necessário à sua saúde e constituição física, ou prejudiquem a sua
repouso, não inferior a 11(onze) horas. educação moral.
Art. 413 - É vedado prorrogar a duração normal diária do tra- Art. 425 - Os empregadores de menores de 18 (dezoito) anos
balho do menor, salvo: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de são obrigados a velar pela observância, nos seus estabelecimen-
28.2.1967) tos ou empresas, dos bons costumes e da decência pública, bem
I - até mais 2 (duas) horas, independentemente de acréscimo como das regras da segurança e da medicina do trabalho.
salarial, mediante convenção ou acordo coletivo nos termos do Art. 426 - É dever do empregador, na hipótese do art. 407,
Título VI desta Consolidação, desde que o excesso de horas em proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de ser-
um dia seja compensado pela diminuição em outro, de modo a ser viço.
observado o limite máximo de 48 (quarenta e oito) horas sema- Art. 427 - O empregador, cuja empresa ou estabelecimento
nais ou outro inferior legalmente fixada; (Incluído pelo Decreto-lei ocupar menores, será obrigado a conceder-lhes o tempo que for
nº 229, de 28.2.1967) necessário para a frequência às aulas.
II - excepcionalmente, por motivo de fôrça maior, até o má- Parágrafo único - Os estabelecimentos situados em lugar
ximo de 12 (doze) horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, onde a escola estiver a maior distância que 2 (dois) quilômetros,
25% (vinte e cinco por cento) sobre a hora normal e desde que o e que ocuparem, permanentemente, mais de 30 (trinta) menores
trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do es- analfabetos, de 14 (quatorze) a 18 (dezoito) anos, serão obrigados
tabelecimento. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) a manter local apropriado em que lhes seja ministrada a instrução
Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do trabalho do me- primária.
nor o disposto no art. 375, no parágrafo único do art. 376, no art. Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho
378 e no art. 384 desta Consolidação. (Incluído pelo Decreto-lei nº especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que
229, de 28.2.1967) o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (qua-
Art. 414 - Quando o menor de 18 (dezoito) anos for emprega- torze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa
do em mais de um estabelecimento, as horas de trabalho em cada de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, com-
um serão totalizadas. patível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o
aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a
SEÇÃO III essa formação. (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)
DA ADMISSÃO EM EMPREGO E DA CARTEIRA DE TRABALHO E § 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe ano-
PREVIDÊNCIA SOCIAL tação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e fre-
quência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino
Art. 415 - Haverá a Carteira de Trabalho e Previdência Social médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido
para todos os menores de 18 anos, sem distinção do sexo, em- sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-pro-
pregados em empresas ou estabelecimentos de fins econômicos fissional metódica. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008)
e daqueles que lhes forem equiparados. (Vide Decreto-lei nº 926, § 2o Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garan-
de 10.10.1969) tido o salário mínimo hora. (Redação dada pela Lei nº 13.420, de
Parágrafo único. (Revogada pela Lei nº 13.874, de 2019) 2017)
Art. 416 - Os menores de 18 anos só poderão ser admitidos, § 3º O contrato de aprendizagem profissional não poderá ter
como empregados, nas empresas ou estabelecimentos de fins duração superior a três anos, exceto: (Redação dada pela Medida
econômicos e naqueles que lhes forem equiparados, quando pos- Provisória nº 1.116, de 2022)
suidores da carteira a que se refere o artigo anterior, salvo a hipó- I - quando se tratar de pessoa com deficiência, hipótese em
tese do art. 422. (Vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) que não há limite máximo de prazo; (Incluído pela Medida Provi-
Art. 417 - (Revogada pela Lei nº 13.874, de 2019) sória nº 1.116, de 2022)
Art. 418. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) II - quando o aprendiz for contratado com idade entre qua-
Art. 419 - (Revogada pela Lei nº 13.874, de 2019) torze e quinze anos incompletos, hipótese em que poderá ter seu
Art. 420 - (Revogada pela Lei nº 13.874, de 2019) contrato firmado pelo prazo de até quatro anos; ou (Incluído pela
Art. 421. (Revogada pela Lei nº 13.874, de 2019) Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
Art. 422 - (Revogada pela Lei nº 13.874, de 2019) III - quando o aprendiz se enquadrar nas situações previstas
Art. 423 - O empregador não poderá fazer outras anotações no § 5º do art. 429, hipótese em que poderá ter seu contrato fir-
na carteira de trabalho e previdência social além das referentes mado pelo prazo de até quatro anos. (Incluído pela Medida Provi-
ao salário, data da admissão, férias e saída. (Vide Lei nº 5.686, de sória nº 1.116, de 2022)
1971) § 4o A formação técnico-profissional a que se refere o caput
deste artigo caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, me-
todicamente organizadas em tarefas de complexidade progressi-
va desenvolvidas no ambiente de trabalho. (Incluído pela Lei nº
10.097, de 2000)
§ 5º A idade máxima prevista no caput não se aplica: (Reda-
ção dada pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)

342
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
I - a pessoas com deficiência, que poderão ser contratadas § 1º-B Os estabelecimentos a que se refere o caput poderão
como aprendizes em qualquer idade a partir de quatorze anos; ou destinar o equivalente a até 10% (dez por cento) de sua cota de
(Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) aprendizes à formação técnico-profissional metódica em áreas
II - a aprendizes inscritos em programas de aprendizagem relacionadas a práticas de atividades desportivas, à prestação de
profissional que envolvam o desempenho de atividades vedadas serviços relacionados à infraestrutura, incluindo as atividades de
a menores de vinte e um anos de idade, os quais poderão ter até construção, ampliação, recuperação e manutenção de instalações
vinte e nove anos de idade. (Incluído pela Medida Provisória nº esportivas e à organização e promoção de eventos esportivos.
1.116, de 2022) (Redação dada pela Lei nº 13.420, de 2017)
§ 6o Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprova- § 1o As frações de unidade, no cálculo da percentagem de
ção da escolaridade de aprendiz com deficiência deve conside- que trata o caput, darão lugar à admissão de um aprendiz. (Inclu-
rar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com ído pela Lei nº 10.097, de 2000)
a profissionalização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) § 2o Os estabelecimentos de que trata o caput ofertarão va-
(Vigência) gas de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacional
§ 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condições a serem
para o cumprimento do disposto no § 1o deste artigo, a contrata- dispostas em instrumentos de cooperação celebrados entre os
ção do aprendiz poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde estabelecimentos e os gestores dos Sistemas de Atendimento So-
que ele já tenha concluído o ensino fundamental. (Incluído pela cioeducativo locais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Lei nº 11.788, de 2008) § 3º Os estabelecimentos de que trata o caput poderão ofer-
§ 8o Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos tar vagas de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacio-
ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe ano- nal de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD nas condições a se-
tação na CTPS e matrícula e frequência em programa de apren- rem dispostas em instrumentos de cooperação celebrados entre
dizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada os estabelecimentos e os gestores locais responsáveis pela pre-
em formação técnico-profissional metódica. (Incluído pela Lei nº venção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
13.146, de 2015) (Vigência) e dependentes de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 9º O contrato de aprendizagem profissional poderá ser § 4º O aprendiz contratado por prazo indeterminado pela
prorrogado, por meio de aditivo contratual e anotação na CTPS, empresa ou entidade ao término do seu contrato de aprendiza-
respeitado o prazo máximo de quatro anos, na hipótese de con- gem profissional continuará a ser contabilizado para fins de cum-
tinuidade de itinerário formativo, conforme estabelecido em ato primento da cota de aprendizagem profissional enquanto estiver
do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência. (Incluído pela contratado, considerado o período máximo de doze meses para
Medida Provisória nº 1.116, de 2022) essa contabilização. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
§ 10. Na hipótese prevista no § 9º, a continuidade do itine- 2022)
rário formativo poderá ocorrer pelo reconhecimento dos cursos § 5º Para fins de cumprimento da cota de aprendizagem pro-
ou de parte de cursos da educação profissional e tecnológica de fissional, será contabilizada em dobro a contratação de aprendi-
graduação como atividade teórica de curso de aprendizagem pro- zes, adolescentes ou jovens, que se enquadrem nas seguintes hi-
fissional. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) póteses: (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
§ 11. Para fins do disposto no § 10, considera-se o início do I - sejam egressos do sistema socioeducativo ou estejam em
itinerário formativo aquele que tenha ocorrido a partir de curso cumprimento de medidas socioeducativas; (Incluído pela Medida
ou de parte de curso: (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, Provisória nº 1.116, de 2022)
de 2022) II - estejam em cumprimento de pena no sistema prisional;
I - de educação profissional técnica de nível médio; ou (Inclu- (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
ído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) III - integrem famílias que recebam benefícios financeiros de
II - de itinerário da formação técnica e profissional do ensino que trata a Lei nº 14.284, de 29 de dezembro de 2021, e de outros
médio. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) que venham a substituí-los; (Incluído pela Medida Provisória nº
§ 12. Nas hipóteses previstas nos § 9º a § 11, desde que o 1.116, de 2022)
estabelecimento cumpridor da cota de aprendizagem profissional IV - estejam em regime de acolhimento institucional; (Incluí-
seja mantido, poderá haver alteração: (Incluído pela Medida Pro- do pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
visória nº 1.116, de 2022) V - sejam protegidos no âmbito do Programa de Proteção a
I - da entidade qualificada em formação técnico-profissional Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, instituído pelo art.
metódica; e (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) 109 do Decreto nº 9.579, de 22 de novembro de 2018; (Incluído
II - do programa de aprendizagem profissional. (Incluído pela pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
Medida Provisória nº 1.116, de 2022) VI - sejam egressos do trabalho infantil; ou (Incluído pela Me-
Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obri- dida Provisória nº 1.116, de 2022)
gados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais VII - sejam pessoas com deficiência. (Incluído pela Medida
de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por Provisória nº 1.116, de 2022)
cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalha- Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendi-
dores existentes em cada estabelecimento, cujas funções deman- zagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender
dem formação profissional. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de à demanda dos estabelecimentos, esta poderá ser suprida por
2000) outras entidades qualificadas em formação técnico-profissional
a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000) metódica, a saber: (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)
b) revogada. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000) I - instituições educacionais que oferecem educação profissio-
§ 1o-A. O limite fixado neste artigo não se aplica quando o nal e tecnológica; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.116,
empregador for entidade sem fins lucrativos, que tenha por obje- de 2022)
tivo a educação profissional. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

343
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
II – entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a 3. educação; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas 2022)
no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. 4. saúde; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
(Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000) 5. segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Medida
III - entidades de prática desportiva das diversas modalidades Provisória nº 1.116, de 2022)
filiadas ao Sistema Nacional do Desporto e aos Sistemas de Des- 6. proteção do meio ambiente e promoção do desenvolvi-
porto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído mento sustentável; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
pela Lei nº 13.420, de 2017) 2022)
§ 1o As entidades mencionadas neste artigo deverão contar 7. ciência e tecnologia; (Incluído pela Medida Provisória nº
com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de 1.116, de 2022)
aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de 8. promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos di-
ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados. (Incluído reitos humanos; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
pela Lei nº 10.097, de 2000) 2022)
§ 2o Aos aprendizes que concluírem os cursos de aprendiza- 9. desporto; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
gem, com aproveitamento, será concedido certificado de qualifi- 2022)
cação profissional. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000) 10. atividades religiosas; ou (Incluído pela Medida Provisória
§ 3o O Ministério do Trabalho fixará normas para avaliação da nº 1.116, de 2022)
competência das entidades mencionadas nos incisos II e III deste c) por microempresas ou empresas de pequeno porte. (Inclu-
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.420, de 2017) ído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
§ 4o As entidades mencionadas nos incisos II e III deste artigo § 1º Aos candidatos rejeitados pela seleção profissional será
deverão cadastrar seus cursos, turmas e aprendizes matriculados oferecida, tanto quanto possível, orientação profissional para in-
no Ministério do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.420, de 2017) gresso em atividade mais adequada às qualidades e às aptidões
§ 5o As entidades mencionadas neste artigo poderão fir- demonstradas. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
mar parcerias entre si para o desenvolvimento dos programas 2022)
de aprendizagem, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº § 2º Para fins do disposto na alínea “a” do inciso II do caput, as
13.420, de 2017) atividades práticas do contrato de aprendizagem profissional po-
§ 6º Para fins do disposto nesta Consolidação, as instituições derão ser executadas nessas entidades ou nos estabelecimentos
educacionais que oferecem educação profissional e tecnológi- cumpridores da cota de aprendizagem profissional, a que se refe-
ca compreendem: (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de re o inciso I do caput, e não gerará vínculo empregatício com esses
2022) estabelecimentos. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de
I - as instituições de educação profissional e tecnológica pú- 2022)
blicas dos sistemas de ensino federal, estaduais, distrital e munici- § 3º Para fins do disposto nas alíneas “b” e “c” do inciso II do
pais; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) caput, as atividades práticas do contrato de aprendizagem profis-
II - as instituições de ensino médio das redes públicas de edu- sional serão executadas nessas entidades ou empresas e não ge-
cação que desenvolvam o itinerário de formação técnica e profis- rará vínculo empregatício com os estabelecimentos cumpridores
sional ou o itinerário formativo integrado que contenha unidades da cota de aprendizagem profissional, a que se refere o inciso I do
curriculares, etapas ou módulos de cursos de educação profissio- caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
nal e tecnológica, nos termos do disposto no inciso V do caput e § 4º Nas hipóteses previstas neste artigo, os aprendizes deve-
do § 3º do art. 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e rão estar matriculados nos cursos de aprendizagem profissional
(Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) das entidades a que se refere o art. 430. (Incluído pela Medida
III - as instituições educacionais privadas que legalmente ofer- Provisória nº 1.116, de 2022)
tem: (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) § 5º Ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência po-
a) cursos técnicos de nível médio; (Incluído pela Medida Pro- derá regulamentar as condições e as hipóteses para a contratação
visória nº 1.116, de 2022) de forma indireta prevista neste artigo. (Incluído pela Medida Pro-
b) itinerário de formação técnica e profissional do ensino mé- visória nº 1.116, de 2022)
dio; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) Art. 432. A duração do trabalho do aprendiz não excederá de
c) cursos de educação profissional tecnológica de graduação. seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação
(Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) de jornada. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
Art. 431. A contratação do aprendiz poderá ser efetivada: (Re- § 1o O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito ho-
dação dada pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) ras diárias para os aprendizes que já tiverem completado o ensi-
I - de forma direta pelo estabelecimento que se obrigue ao no fundamental, se nelas forem computadas as horas destinadas
cumprimento da cota de aprendizagem profissional; ou (Incluído à aprendizagem teórica. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de
pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) 19.12.2000)
II - de forma indireta: (Incluído pela Medida Provisória nº § 2o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de
1.116, de 2022) 19.12.2000)
a) pelas entidades a que se referem os incisos II e III do caput § 3º O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito horas
do art. 430; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022) diárias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino
b) por entidades sem fins lucrativos não abrangidas pelo dis- médio. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
posto na alínea “a”, entre outras, de: (Incluído pela Medida Provi- § 4º O tempo de deslocamento do aprendiz entre as entida-
sória nº 1.116, de 2022) des a que se refere o art. 430 e o estabelecimento onde se reali-
1. assistência social; (Incluído pela Medida Provisória nº zará a aprendizagem profissional não será computado na jornada
1.116, de 2022) diária. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)
2. cultura; (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)

344
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu SEÇÃO VI
termo ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, DISPOSIÇÕES FINAIS
ressalvada a hipótese prevista no § 5o do art. 428 desta Consoli-
dação, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses: (Reda- Art. 439 - É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos
ção dada pela Lei nº 11.180, de 2005) salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho,
a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000) é vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos
b) revogada. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000) seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebi-
I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, sal- mento da indenização que lhe for devida.
vo para o aprendiz com deficiência quando desprovido de recur- Art. 440 - Contra os menores de 18 (dezoito) anos não corre
sos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio neces- nenhum prazo de prescrição.
sário ao desempenho de suas atividades; (Redação dada pela Lei Art. 441 - O quadro a que se refere o item I do art. 405 será
nº 13.146, de 2015) (Vigência) revisto bienalmente. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de
II – falta disciplinar grave; (Incluído pela Lei nº 10.097, de 28.2.1967)
19.12.2000)
III – ausência injustificada à escola que implique perda do ano
letivo; ou (Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000) DA ESTABILIDADE DA GESTANTE; DA LICENÇA-
IV – a pedido do aprendiz. (Incluído pela Lei nº 10.097, de MATERNIDADE
19.12.2000)
Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.097, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
de 19.12.2000)
§ 2o Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Conso- ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
lidação às hipóteses de extinção do contrato mencionadas neste Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se
artigo. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000) refere o art. 7º, I, da Constituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para
SEÇÃO V quatro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, “caput” e § 1º,
DAS PENALIDADES da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
Art. 434 - Os infratores das disposições deste Capítulo ficam a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões
sujeitos à multa de valor igual a 1 (um) salário mínimo regional, internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua can-
aplicada tantas vezes quantos forem os menores empregados em didatura até um ano após o final de seu mandato;
desacordo com a lei, não podendo, todavia, a soma das multas b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez
exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, salvo no caso de rein- até cinco meses após o parto. (Vide Lei Complementar nº 146, de
cidência em que esse total poderá ser elevado ao dobro. (Redação 2014)
dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) § 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX,
Parágrafo único. Na hipótese de descumprimento da cota de da Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se refere o
aprendizagem profissional pelo estabelecimento, será aplicada a inciso é de cinco dias.
multa prevista no art. 47 desta Consolidação, por aprendiz não § 2º Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribui-
contratado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.116, de ções para o custeio das atividades dos sindicatos rurais será feita
2022) juntamente com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão
Art. 435 - Fica sujeita à multa de valor igual a 1 (um) salário- arrecadador.
-mínimo regional e ao pagamento da emissão de nova via a em- § 3º Na primeira comprovação do cumprimento das obriga-
presa que fizer na Carteira de Trabalho e Previdência Social ano- ções trabalhistas pelo empregador rural, na forma do art. 233,
tação não prevista em lei. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, após a promulgação da Constituição, será certificada perante a
de 28.2.1967) Justiça do Trabalho a regularidade do contrato e das atualizações
Art. 436. (Revogado pela Lei 10.097, de 2000) das obrigações trabalhistas de todo o período.
Art. 437 (Revogado pela Lei 10.097, de 2000)
Art. 438 - São competentes para impor as penalidades previs-
tas neste Capítulo: DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO: DAS
a) no Distrito Federal, a autoridade de 1ª instância do Depar- CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO
tamento Nacional do Trabalho;
b) nos Estados e Território do Acre, os delegados regionais do A Conferência Geral da Organização Internacional do Traba-
Ministério do Trabalho, Industria e Comercio ou os funcionários lho.
por eles designados para tal fim. Convocada em São Francisco pelo Conselho de Administração
Parágrafo único - O processo, na verificação das infrações, da Repartição Internacional do Trabalho e ali reunida a 17 de ju-
bem como na aplicação e cobrança das multas, será o previsto nho de 1948, em sua 31ª Sessão.
no título “Do Processo de Multas Administrativas”, observadas as Após ter decidido adotar sob forma de uma Convenção diver-
disposições deste artigo. sas propostas relativas à liberdade sindical e à proteção do direito
sindical, assunto que constitui o sétimo ponto da ordem do dia
da sessão.
Considerando que o Preâmbulo da Constituição da Organiza-
ção Internacional do Trabalho enuncia, entre os meios suscetíveis
de melhorar a condição dos trabalhadores e de assegurar a paz, ‘a
afirmação do princípio da liberdade sindical’;

345
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Considerando que a Declaração de Filadélfia proclamou no- afetar qualquer lei, sentença, costume ou acordo já existentes que
vamente que ‘a liberdade de expressão e de associação é uma concedam aos membros das forças armadas e da polícia garantias
condição indispensável a um progresso ininterrupto’; previstas pela presente Convenção.
Considerando que a Conferência Internacional do Trabalho Art. 10 — Na presente Convenção, o termo ‘organização’
em sua 30ª Sessão adotou, por unanimidade, os princípios que significa qualquer organização de trabalhadores ou de emprega-
devem constituir a base da regulamentação internacional; dores que tenha por fim promover e defender os interesses dos
Considerando que a Assembléia Geral das Nações Unidas, em trabalhadores ou dos empregadores.
sua Segunda Sessão, endossou esses princípios e convidou a Orga-
nização Internacional do Trabalho a prosseguir em todos os seus PARTE II
esforços no sentido de que seja possível adotar uma ou várias con- PROTEÇÃO DO DIREITO SINDICAL
venções internacionais;
Adota, aos nove dias de julho de mil novecentos e quarenta Art. 11 — Cada Membro da Organização Internacional do Tra-
e oito, a Convenção seguinte, que será denominada ‘Convenção balho para o qual a presente Convenção está em vigor, se com-
sobre a Liberdade Sindical e à Proteção do Direito Sindical, 1948’. promete a tomar todas as medidas necessárias e apropriadas a
assegurar aos trabalhadores e aos empregadores o livre exercício
PARTE I do direito sindical.
LIBERDADE SINDICAL
PARTE III
Art. 1 — Cada Membro da Organização Internacional do Tra- MEDIDAS DIVERSAS
balho, para o qual a presente Convenção está em vigor, se com-
promete a tornar efetivas as disposições seguintes. Art. 12 — 1. No que se refere aos territórios mencionados
Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção no art. 35 da Constituição da Organização Internacional do Tra-
de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização balho, tal como foi emendada pelo Instrumento de Emenda da
prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se Constituição da Organização Internacional do Trabalho, 1946, com
filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar exclusão dos territórios citados nos §§ 4º e 5º do dito artigo assim
com os estatutos das mesmas. emendado, todo Membro da Organização que ratificar a presente
Art. 3 — 1. As organizações de trabalhadores e de emprega- Convenção deverá transmitir ao Diretor-Geral da Repartição In-
dores terão o direito de elaborar seus estatutos e regulamentos ternacional do Trabalho com a ratificação, ou no mais breve prazo
administrativos, de eleger livremente seus representantes, de possível após a ratificação, uma declaração que estabeleça:
organizar a gestão e a atividade dos mesmos e de formular seu a) os territórios aos quais se compromete a aplicar as disposi-
programa de ação. ções da Convenção sem modificação;
2. As autoridades públicas deverão abster-se de qualquer in- b) os territórios aos quais se compromete a aplicar as dispo-
tervenção que possa limitar esse direito ou entravar o seu exercí- sições da Convenção com modificações, e em que consistem tais
cio legal. modificações;
Art. 4 — As organizações de trabalhadores e de empregado- c) os territórios aos quais a Convenção é inaplicável e, no
res não estarão sujeitas à dissolução ou à suspensão por via ad- caso, as razões pelas quais é ela Inaplicável.
ministrativa. 2. Os compromissos mencionados nas alíneas a e b do pará-
Art. 5 — As organizações de trabalhadores e de empregado- grafo 1 do presente artigo serão considerados partes integrantes
res terão o direito de constituir federações e confederações, bem da ratificação e produzirão idênticos efeitos.
como o de filiar-se às mesmas, e toda organização, federação ou 3. Qualquer Membro poderá, por nova declaração, retirar, no
confederação terá o direito de filiar-se às organizações internacio- todo ou em parte, as reservas contidas na sua declaração anterior
nais de trabalhadores e de empregadores. em virtude das alíneas b, c e d do parágrafo 1 do presente artigo.
Art. 6 — As disposições dos arts. 2, 3 e 4 acima se aplicarão às 4. Qualquer Membro poderá nos períodos durante os quais a
federações e às confederações das organizações de trabalhadores presente Convenção pode ser denunciada de acordo com as dis-
e de empregadores. posições do art. 16, transmitir ao Diretor-Geral uma nova declara-
Art. 7 — A aquisição de personalidade jurídica por parte das ção que modifique em qualquer outro sentido os termos de qual-
organizações de trabalhadores e de empregadores, suas federa- quer declaração anterior e estabeleça a situação relativamente a
ções e confederações, não poderá estar sujeita a condições de determinados territórios.
natureza a restringir a aplicação das disposições dos arts. 2, 3 e Art. 13 — 1. Quando as questões tratadas pela presente Con-
4 acima. venção forem da competência própria das autoridades de um ter-
Art. 8 — 1. No exercício dos direitos que lhe são reconhecidos ritório não metropolitano e Membro responsável pelas relações
pela presente convenção, os trabalhadores, os empregadores e internacionais desse território, de acordo com o Governo do refe-
suas respectivas organizações deverão da mesma forma que ou- rido território, poderá comunicar ao Diretor-Geral da Repartição
tras pessoas ou coletividades organizadas, respeitar a lei. Internacional do Trabalho uma declaração de aceitação, em nome
2. A legislação nacional não deverá prejudicar nem ser apli- desse território, das obrigações da presente Convenção.
cada de modo a prejudicar as garantias previstas pela presente 2. Uma declaração de aceitação das obrigações da presente
Convenção. Convenção será transmitida ao Diretor-Geral da Repartição Inter-
Art. 9 — 1. A medida segundo a qual as garantias previstas nacional do Trabalho:
pela presente Convenção se aplicarão às forças armadas e à polí- a) por dois ou mais Membros da Organização, com relação a
cia será determinada pela legislação nacional. um território colocado sob sua autoridade conjunta;
2. De acordo com os princípios estabelecidos no § 8º do art. b) por qualquer autoridade internacional responsável pela
19 da Constituição da Organização Internacional do Trabalho a ra- administração de um território em virtude das disposições da Car-
tificação desta Convenção, por parte de um Membro, não deverá ta das Nações Unidas ou de qualquer outra disposição em vigor,
com relação a esse território.

346
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
3. As declarações transmitidas ao Diretor-Geral da Reparti- à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação da presente
ção Internacional do Trabalho de acordo com as disposições dos Convenção e decidirá da conveniência de ser inscrita na ordem do
parágrafos precedentes do presente artigo, deverão indicar se as dia da Conferência a questão de sua revisão total ou parcial.
disposições da Convenção serão aplicadas no território com ou Art. 20 — 1. Caso a Conferência adotar uma nova Convenção
sem modificação; quando a declaração indicar que as disposições que implique revisão total ou parcial da presente Convenção e a
da Convenção sob reserva de modificações, ela deverá especificar menos que a nova Convenção não disponha de outro modo:
em que consistem tais modificações. a) a ratificação, por parte de um Membro, da nova Convenção
4. O Membro ou os Membros ou a autoridade internacional revista acarretará de pleno direito, não obstante o artigo 16 aci-
interessados poderão, por uma declaração posterior, renunciar ma, denúncia imediata da presente Convenção desde que a nova
inteira ou parcialmente ao direito de invocar uma modificação in- Convenção revista tenha entrado em vigor;
dicada numa declaração anterior. b) a partir da data da entrada em vigor da nova Convenção
5. O Membro ou os Membros ou a autoridade internacional revista, a presente Convenção cessará de estar aberta a ratificação
interessados poderão, nos períodos durante os quais a presente por parte dos Membros.
Convenção pode ser denunciada de acordo com as disposições do 2. A presente Convenção permanecerá, entretanto, em vigor
Artigo 16, transmitir ao Diretor-Geral da Repartição Internacional na sua forma e teor para os Membros que a houverem ratificado
do Trabalho uma nova declaração que modifique em qualquer ou- e que não ratificarem a Convenção revista.
tro sentido os termos de qualquer declaração anterior e estabele- Art. 21 — As versões francesa e inglesa do texto da presente
ça a situação no que se refere à aplicação desta Convenção. Convenção são igualmente autênticas.”

PARTE IV
DISPOSIÇÕES FINAIS DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Art. 14 — As ratificações formais da presente Convenção se- TÍTULO VI-A


rão transmitidas ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
Trabalho e por ele registradas.
Art. 15 — 1. A presente Convenção obrigará somente os Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Co-
Membros da Organização Internacional do Trabalho cujas ratifica- missões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com re-
ções tenham sido registradas pelo Diretor-Geral. presentantes dos empregados e dos empregadores, com a atribui-
2. Entrará em vigor doze meses após serem registradas pelo ção de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.
Diretor-Geral, as ratificações por parte de dois Membros. Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo
3. Posteriormente esta Convenção entrará em vigor, para cada poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter
Membro, doze meses após a data de registro de sua ratificação. intersindical.
Art. 16 — 1. Todo Membro que tenha ratificado a presente Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será
Convenção poderá denunciá-la ao expirar o prazo de dez anos, composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e ob-
contados da data inicial da vigência da Convenção, por meio de servará as seguintes normas:
um ato comunicado ao Diretor-Geral da Repartição Internacional I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador
do Trabalho e por ele registrado. A denúncia somente se tornará e a outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto,
efetiva um ano após haver sido registrada. fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;
2. Todo Membro que tenha ratificado a presente Convenção II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os
e que no prazo de um ano após o termo do período de dez anos, representantes titulares;
mencionado no parágrafo precedente, não houver feito uso da III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de
faculdade de denúncia prevista pelo presente artigo, ficará ligado um ano, permitida uma recondução.
por um novo período de dez anos e, posteriormente, poderá de- § 1o É vedada a dispensa dos representantes dos empregados
nunciar a presente Convenção ao termo de cada período de dez membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplen-
anos, nas condições previstas no presente artigo. tes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta
Art. 17 — 1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do grave, nos termos da lei.
Trabalho notificará a todos os Membros da Organização Interna- § 2o O representante dos empregados desenvolverá seu tra-
cional do Trabalho o registro de todas as ratificações, declarações balho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas
e denúncias que lhe forem transmitidas pelos Membros da Orga- quando convocado para atuar como conciliador, sendo computa-
nização. do como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.
2. Ao notificar aos Membros da Organização o registro da se- Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá
gunda ratificação que lhe tenha sido transmitida, o Diretor-Geral sua constituição e normas de funcionamento definidas em con-
chamará a atenção dos Membros da Organização para a data na venção ou acordo coletivo.
qual a presente Convenção entrará em vigor. Art. 625-D.. Qualquer demanda de natureza trabalhista será
Art. 18 — O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Tra- submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da
balho transmitirá ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para fins prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbi-
de registro de acordo com o artigo 102 da Carta das Nações Uni- to da empresa ou do sindicato da categoria.
das, informações completas a respeito de todas as ratificações, § 1o A demanda será formulada por escrito ou reduzida a
declarações, e atos de denúncia que tenha registrado de acordo termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue
com os artigos precedentes. cópia datada e assinada pelo membro aos interessados.
Art. 19 — Ao termo de cada período de dez anos, contados da
entrada em vigor da presente Convenção, o Conselho de Adminis-
tração da Repartição Internacional do Trabalho deverá apresentar

347
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 2o Não prosperando a conciliação, será fornecida ao em- MOMENTOS EM QUE PODE OCORRER A RENÚNCIA
pregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória Pré-contratual: neste momento, há impossibilidade de renún-
frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros cia a direitos futuros (exemplo previsto na Súmula nº 199 do TST
da Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação tra- sobre a pré-contratação das horas extras no caso do profissional
balhista. bancário)
§ 3o Em caso de motivo relevante que impossibilite a obser- Durante a vigência do contrato de trabalho: pode ocorrer
vância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a cir- mediante previsão em lei. Por exemplo, temos a majoração da
cunstância declarada na petição inicial da ação intentada perante jornada de trabalho em regime de compensação, o trabalhador
a Justiça do Trabalho. “hipersuficiente” (com nível superior de ensino e remuneração
§ 4o Caso exista, na mesma localidade e para a mesma cate- em dobro ou maior que o teto do Regime Geral de Previdência
goria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado Social) equiparado ao empregador e capaz de “livre estipulação”
optará por uma delas para submeter a sua demanda, sendo com- (estabelecer as condições de seu contrato nas hipóteses do artigo
petente aquela que primeiro conhecer do pedido. 611-A da CLT) e a Súmula nº 51 do TST (em que o empregado pode
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado renunciar o antigo regulamento antigo da empresa para adotar o
pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos mem- novo)
bros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes. Na ruptura do contrato de trabalho: neste momento é pos-
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo ex- sível apenas renunciar direitos disponíveis, como a possibilidade
trajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parce- de um empregado com dois empregos renunciar o direito a aviso
las expressamente ressalvadas. prévio (prevista na Súmula nº 276 do TST)
Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de
dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a Transação
partir da provocação do interessado. A transação abrange concessões recíprocas. Ao mesmo tem-
Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, po que o empregado abre mão de determinado direito, o empre-
será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refe- gador assim também procede. A transação aborda apenas ques-
re o § 2o do art. 625-D. tões fáticas ou jurídicas duvidosas.
Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da
provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a Poderá ser celebrada em âmbito judicial ou extrajudicial.
fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de concilia-
ção ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F. Na judicial, o empregado ajuíza uma ação trabalhista e realiza
Art. 625-H. Aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de Concilia- uma transação na audiência de conciliação. Por exemplo, temos
ção Trabalhista em funcionamento ou que vierem a ser criados, a jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial
no que couber, as disposições previstas neste Título, desde que (artigos 855-B a 855-E da CLT), quando empregado e empregador
observados os princípios da paridade e da negociação coletiva na realizam um acordo extrajudicial mas pedem a sua homologação
sua constituição.” judicial.

Na extrajudicial, temos um acordo de vontades entre em-


DA RENÚNCIA E TRANSAÇÃO pregado e empregador sem envolvimento do sistema judiciário.
Como exemplos, temos as transações ocorridas perante à Comis-
Princípio da indisponibilidade são de Conciliação Prévia, com possibilidade de negociação entre
O princípio da indisponibilidade determina que, na vigência empregado e empregador.
do contrato de trabalho, os direitos trabalhistas são indisponíveis.
Este princípio busca proteger o empregado, uma vez que o em- LIMITES DA TRANSAÇÃO
pregador figura como hipersuficiente. Por conta disso, é possível Como ainda sujeita ao princípio da indisponibilidade, a tran-
a disponibilidade dos direitos quando o empregado estiver sob sação tem certos limites legais. É impossível transacionar direitos
representação do sindicato (por conta da presunção de que o sin- indisponíveis, conforme os seguintes artigos da CLT:
dicato equipara os pólos).
Art. 9º. Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o
Deste princípio decorrem ideias como a irredutibilidade e a objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos precei-
intangibilidade salarial. Porém, a renúncia e a transação são figu- tos contidos na presente Consolidação.
ras distintas. Ainda sujeitas ao princípio da indisponibilidade (por
não poder tratar de direitos indisponíveis), não configuram uma (...)
infração.
Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser ob-
Renúncia jeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto
A renúncia se dá por meio de ato unilateral e apenas pode não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos con-
recair sobre direito certo e atual. tratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das auto-
ridades competentes.
A renúncia não é aplicável a direitos indisponíveis (como a
renúncia total às férias) e não pode ser realizada tacitamente. Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput
deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta
Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância so-
bre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de

348
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora,
superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
Geral de Previdência Social. direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
(...) econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações
decorrentes da relação de emprego.
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a de-
e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, monstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de inte-
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infrin- resses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.” (NR)
gente desta garantia. “Art. 4º ................................................................
§ 1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para
§ 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empre-
empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo gado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por
efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função motivo de acidente do trabalho.
de confiança. § 2º Por não se considerar tempo à disposição do emprega-
dor, não será computado como período extraordinário o que ex-
§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem ceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco
justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manuten- minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação, quando
ção do pagamento da gratificação correspondente, que não será o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em
incorporada, independentemente do tempo de exercício da res- caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáti-
pectiva função. cas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da em-
presa para exercer atividades particulares, entre outras:
Como apontam estes artigos, é impossível transicionar direi- I - práticas religiosas;
tos indisponíveis e a transação deve ser benéfica ao trabalhador. II - descanso;
III - lazer;
TRANSAÇÃO NO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO IV - estudo;
O doutrinador Maurício Godinho Delgado define que as nor- V - alimentação;
mas coletivas não prevalecem se servirem como instrumento de VI - atividades de relacionamento social;
renúncia (e não de transação). Todavia, o artigo 611-A da CLT per- VII - higiene pessoal;
mite uma flexibilização, sem obrigatoriedade de aplicação do prin- VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obriga-
cípio da contrapartida. Sendo assim, a negociação coletiva com re- toriedade de realizar a troca na empresa.” (NR)
presentação dos empregados pelo sindicato da categoria permite “Art. 8º .................................................................
a restrição de direitos dentro dos limites da lei. § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do tra-
balho.
Neste contexto, aplica-se o princípio da adequação setorial § 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados
negociada. O padrão setorial de direitos é implementado como pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais
superior à legislação estatal e apenas as parcelas de indisponibili- do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos
dade relativa podem ser transacionadas (não podendo dispor so- nem criar obrigações que não estejam previstas em lei.
bre normas de natureza absoluta, como por exemplo normas de § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de
saúde e segurança do trabalho). trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a confor-
midade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado
Fonte: https://trilhante.com.br/curso/direito-coletivo-do-tra- o disposto no art. 104 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
balho-1/aula/renuncia-e-transacao-4 (Código Civil) , e balizará sua atuação pelo princípio da interven-
ção mínima na autonomia da vontade coletiva.” (NR)
“ Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pe-
DO TELETRABALHO (LEI Nº 13.467/2017 ATUALIZADA) las obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em
que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois
LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a
seguinte ordem de preferência:
Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada I - a empresa devedora;
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º II - os sócios atuais; e
6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e III - os sócios retirantes.
8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente
novas relações de trabalho. com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração so-
cietária decorrente da modificação do contrato.”
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso “ Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das rela-
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ções de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do con-
Art. 1 o A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada trato de trabalho.
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa a vigorar I - (revogado);
com as seguintes alterações: II - (revogado).
“Art. 2º ................................................................ .....................................................................................
.....................................................................................

349
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido de presta- “ Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida
ções sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo
pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
esteja também assegurado por preceito de lei. § 1º A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cin-
§ 3º A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajui- quenta por cento) superior à da hora normal.
zamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incom- ......................................................................................
petente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, § 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que
produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.” tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária,
(NR) na forma dos §§ 2º e 5º deste artigo, o trabalhador terá direito ao
“ Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre
trabalho no prazo de dois anos. o valor da remuneração na data da rescisão.
§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se § 4º (Revogado).
quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no § 5º O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá
curso da execução. ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compen-
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser reque- sação ocorra no período máximo de seis meses.
rida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição.” § 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabele-
“ Art. 47. O empregador que mantiver empregado não regis- cido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação
trado nos termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a no mesmo mês.” (NR)
multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não “ Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consoli-
registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. dação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito,
§ 1º Especificamente quanto à infração a que se refere o caput convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer
deste artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oi- horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas
tocentos reais) por empregado não registrado, quando se tratar ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os interva-
de microempresa ou empresa de pequeno porte. los para repouso e alimentação.
§ 2º A infração de que trata o caput deste artigo constitui ex- Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horá-
ceção ao critério da dupla visita.” (NR) rio previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos
“ Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados,
que se refere o parágrafo único do art. 41 desta Consolidação, o e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações
empregador ficará sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos reais) de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o
por empregado prejudicado.” § 5º do art. 73 desta Consolidação.”
“Art. 58. ................................................................ “ Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para
...................................................................................... compensação de jornada, inclusive quando estabelecida median-
§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua resi- te acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas
dência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração
retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusi- máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.
ve o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não
de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco
§ 3º (Revogado).” (NR) de horas.”
“ Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo par- “Art. 60. ................................................................
cial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença prévia
a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas inin-
aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, terruptas de descanso.” (NR)
com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares “Art. 61. .................................................................
semanais. § 1º O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido in-
..................................................................................... dependentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo de
§ 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal trabalho.
normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cen- .............................................................................” (NR)
to) sobre o salário-hora normal. “Art. 62. .................................................................
§ 4º Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de .......................................................................................
tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis III - os empregados em regime de teletrabalho.
horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão .............................................................................” (NR)
consideradas horas extras para fins do pagamento estipulado no “Art. 71. .................................................................
§ 3º, estando também limitadas a seis horas suplementares se- .......................................................................................
manais. § 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo in-
§ 5º As horas suplementares da jornada de trabalho normal trajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados
poderão ser compensadas diretamente até a semana imediata- urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória,
mente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quita- apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta
ção na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de tra-
compensadas. balho.
§ 6º É facultado ao empregado contratado sob regime de .............................................................................” (NR)
tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver
direito em abono pecuniário.
§ 7º As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo
disposto no art. 130 desta Consolidação.” (NR)

350
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
“ TÍTULO II ‘Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial to-
CAPÍTULO II-A dos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tu-
DO TELETRABALHO telado, na proporção da ação ou da omissão.’
‘Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser
‘ Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regi- pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais
me de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo.’ decorrentes do mesmo ato lesivo.
‘Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços § 1º Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a
preponderantemente fora das dependências do empregador, com decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos
a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatri-
por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. monial.
Parágrafo único. O comparecimento às dependências do em- § 2º A composição das perdas e danos, assim compreendidos
pregador para a realização de atividades específicas que exijam a os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere na ava-
presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o liação dos danos extrapatrimoniais.’
regime de teletrabalho.’ ‘Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará:
‘Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletra- I - a natureza do bem jurídico tutelado;
balho deverá constar expressamente do contrato individual de II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;
trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo III - a possibilidade de superação física ou psicológica;
empregado. IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;
§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;
e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo mo-
registrado em aditivo contratual. ral;
§ 2º Poderá ser realizada a alteração do regime de teletraba- VII - o grau de dolo ou culpa;
lho para o presencial por determinação do empregador, garantido VIII - a ocorrência de retratação espontânea;
prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;
registro em aditivo contratual.’ X - o perdão, tácito ou expresso;
‘Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;
aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tec- XII - o grau de publicidade da ofensa.
nológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação § 1º Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indeniza-
do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arca- ção a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes
das pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. parâmetros, vedada a acumulação:
Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário con-
artigo não integram a remuneração do empregado.’ tratual do ofendido;
‘Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário
maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim contratual do ofendido;
de evitar doenças e acidentes de trabalho. III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário
Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de res- contratual do ofendido;
ponsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções forneci- IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o últi-
das pelo empregador.’” mo salário contratual do ofendido.
“Art. 134. ............................................................. § 2º Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixa-
§ 1º Desde que haja concordância do empregado, as férias da com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no §
poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles 1º deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor.
não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não § 3º Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá ele-
poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. var ao dobro o valor da indenização.’”
§ 2º (Revogado). “Art. 394-A . Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluí-
§ 3º É vedado o início das férias no período de dois dias que do o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser
antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado.” (NR) afastada de:
I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, en-
“ TÍTULO II-A quanto durar a gestação;
DO DANO EXTRAPATRIMONIAL II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou mí-
nimo, quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico
‘Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza ex- de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a
trapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dis- gestação; (Vide ADIN 5938)
positivos deste Título.’ III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau,
‘Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de
ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a
física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à lactação. (Vide ADIN 5938)
reparação.’ § 1º ......................................................................
‘Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de § 2º Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à ges-
ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integrida- tante ou à lactante, efetivando-se a compensação, observado o
de física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa disposto no art. 248 da Constituição Federal, por ocasião do re-
física.’ colhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários
‘Art. 223-D. A imagem, a marca, o nome, o segredo empresa- e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à
rial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente tutela- pessoa física que lhe preste serviço.
dos inerentes à pessoa jurídica.’

351
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 3º Quando não for possível que a gestante ou a lactante § 5º O período de inatividade não será considerado tempo à
afastada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar servi-
em local salubre na empresa, a hipótese será considerada como ços a outros contratantes.
gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, § 6º Ao final de cada período de prestação de serviço, o em-
nos termos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo pregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas:
o período de afastamento.” (NR) I - remuneração;
“Art. 396. ............................................................. II - férias proporcionais com acréscimo de um terço;
§ 1º ....................................................................... III - décimo terceiro salário proporcional;
§ 2º Os horários dos descansos previstos no caput deste arti- IV - repouso semanal remunerado; e
go deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o V - adicionais legais.
empregador.” (NR) § 7º O recibo de pagamento deverá conter a discriminação
“Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no
todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma § 6º deste artigo.
contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. § 8º O empregador efetuará o recolhimento da contribuição
3º desta Consolidação.” previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de
“Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acor- Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período
dado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento
prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de tra- dessas obrigações.
balho intermitente. § 9º A cada doze meses, o empregado adquire direito a usu-
.................................................................................... fruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no
§ 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo
no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é con- empregador.”
tínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de “Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vesti-
serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, menta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uni-
independentemente do tipo de atividade do empregado e do em- forme de logomarcas da própria empresa ou de empresas par-
pregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação pró- ceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade
pria.” (NR) desempenhada.
“Art. 444. ........................................................... Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabi-
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput lidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem neces-
deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta sários procedimentos ou produtos diferentes dos utilizados para a
Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância so- higienização das vestimentas de uso comum.”
bre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de “Art. 457. ...........................................................
diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou § 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as grati-
superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime ficações legais e as comissões pagas pelo empregador.
Geral de Previdência Social.” (NR) § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de
“Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de em- ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em
pregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a
obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de
os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de res- trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encar-
ponsabilidade do sucessor. go trabalhista e previdenciário.
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidaria- .............................................................................................
mente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na trans- § 4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo
ferência.” empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a
“Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser ce- empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho
lebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas ativi-
de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário dades.” (NR)
mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabeleci- “Art. 458. ...........................................................
mento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ....................................................................................
ou não. § 5º O valor relativo à assistência prestada por serviço médico
§ 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comu- ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despe-
nicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será sas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses,
a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo
§ 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um quando concedido em diferentes modalidades de planos e cober-
dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, turas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito
a recusa. nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea
§ 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação q do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.”(NR)
para fins do contrato de trabalho intermitente. “Art. 461 . Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual
§ 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabeleci-
parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no mento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de
prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da re- sexo, etnia, nacionalidade ou idade.
muneração que seria devida, permitida a compensação em igual
prazo.

352
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será “Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada,
o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em conven-
técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o ção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena
mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia,
de tempo na função não seja superior a dois anos. salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.”
§ 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o “Art. 482. .............................................................
empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou .....................................................................................
adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em
coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolo-
homologação ou registro em órgão público. sa do empregado.
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão ser ...........................................................................” (NR)
feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um des- “Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por
tes critérios, dentro de cada categoria profissional. acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devi-
...................................................................................... das as seguintes verbas trabalhistas:
§ 5º A equiparação salarial só será possível entre empregados I - por metade:
contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indica- a) o aviso prévio, se indenizado; e
ção de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâ- b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tem-
neo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. po de Serviço, prevista no § 1º do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de
§ 6º No caso de comprovada discriminação por motivo de maio de 1990;
sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das di- II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
ferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discri- § 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo
minado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.” (NR) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do
“Art. 468. ............................................................. art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80%
§ 1º ....................................................................... (oitenta por cento) do valor dos depósitos.
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem § 2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput des-
justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manuten- te artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desem-
ção do pagamento da gratificação correspondente, que não será prego.”
incorporada, independentemente do tempo de exercício da res- “Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remu-
pectiva função.” (NR) neração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido
“Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá
deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que
Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância ex-
pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabele- pressa, nos termos previstos na Lei nº 9.307, de 23 de setembro
cidos neste artigo. de 1996.”
§ 1º (Revogado). “Art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na
...................................................................................... vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de qui-
§ 3º (Revogado). tação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos
§ 4º O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: empregados da categoria.
I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, confor- Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar
me acordem as partes; ou e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual
II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele
for analfabeto. especificadas.”
......................................................................................
§ 6º A entrega ao empregado de documentos que compro- “ TÍTULO IV-A
vem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competen- DA REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS
tes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumen-
to de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até ‘Art. 510-A. Nas empresas com mais de duzentos emprega-
dez dias contados a partir do término do contrato. dos, é assegurada a eleição de uma comissão para representá-los,
a) (revogada); com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os
b) (revogada). empregadores.
§ 7º (Revogado). § 1º A comissão será composta:
..................................................................................... I - nas empresas com mais de duzentos e até três mil empre-
§ 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Tra- gados, por três membros;
balho e Previdência Social é documento hábil para requerer o II - nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empre-
benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vin- gados, por cinco membros;
culada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nas hipóteses III - nas empresas com mais de cinco mil empregados, por
legais, desde que a comunicação prevista no caput deste artigo sete membros.
tenha sido realizada.” (NR) § 2º No caso de a empresa possuir empregados em vários
“Art. 477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou Estados da Federação e no Distrito Federal, será assegurada a
coletivas equiparam-se para todos os fins, não havendo necessi- eleição de uma comissão de representantes dos empregados por
dade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração Estado ou no Distrito Federal, na mesma forma estabelecida no §
de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua 1º deste artigo.’
efetivação.”

353
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
‘Art. 510-B. A comissão de representantes dos empregados “Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da
terá as seguintes atribuições: folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles
I - representar os empregados perante a administração da devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato,
empresa; quando por este notificados.
II - aprimorar o relacionamento entre a empresa e seus em- ..........................................................................” (NR)
pregados com base nos princípios da boa-fé e do respeito mútuo; “Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos par-
III - promover o diálogo e o entendimento no ambiente de ticipantes das categorias econômicas ou profissionais ou das pro-
trabalho com o fim de prevenir conflitos; fissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob
IV - buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e apli-
de trabalho, de forma rápida e eficaz, visando à efetiva aplicação cadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e
das normas legais e contratuais; expressamente autorizadas.” (NR)
V - assegurar tratamento justo e imparcial aos empregados, “Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicio-
impedindo qualquer forma de discriminação por motivo de sexo, nado à autorização prévia e expressa dos que participarem de
idade, religião, opinião política ou atuação sindical; uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma
VI - encaminhar reivindicações específicas dos empregados profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma
de seu âmbito de representação; categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do
VII - acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, previ- disposto no art. 591 desta Consolidação.” (NR)
denciárias e das convenções coletivas e acordos coletivos de tra- “Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da fo-
balho. lha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março
§ 1º As decisões da comissão de representantes dos empre- de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autoriza-
gados serão sempre colegiadas, observada a maioria simples. ram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos
§ 2º A comissão organizará sua atuação de forma indepen- sindicatos.
dente.’ ..........................................................................” (NR)
‘Art. 510-C . A eleição será convocada, com antecedência mí- “Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente
nima de trinta dias, contados do término do mandato anterior, aos empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no mês de
por meio de edital que deverá ser fixado na empresa, com ampla abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autô-
publicidade, para inscrição de candidatura. nomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês de fevereiro,
§ 1º Será formada comissão eleitoral, integrada por cinco observada a exigência de autorização prévia e expressa prevista
empregados, não candidatos, para a organização e o acompanha- no art. 579 desta Consolidação.
mento do processo eleitoral, vedada a interferência da empresa e ..........................................................................” (NR)
do sindicato da categoria. “Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento
§ 2º Os empregados da empresa poderão candidatar-se, ex- da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada
ceto aqueles com contrato de trabalho por prazo determinado, ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o referido mês,
com contrato suspenso ou que estejam em período de aviso pré- na ocasião em que requererem às repartições o registro ou a li-
vio, ainda que indenizado. cença para o exercício da respectiva atividade.” (NR)
§ 3º Serão eleitos membros da comissão de representantes “Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no
dos empregados os candidatos mais votados, em votação secreta, mês destinado ao desconto da contribuição sindical e que venham
vedado o voto por representação. a autorizar prévia e expressamente o recolhimento serão descon-
§ 4º A comissão tomará posse no primeiro dia útil seguinte à tados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho.
eleição ou ao término do mandato anterior. ...........................................................................” (NR)
§ 5º Se não houver candidatos suficientes, a comissão de re- “Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de tra-
presentantes dos empregados poderá ser formada com número balho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuse-
de membros inferior ao previsto no art. 510-A desta Consolidação. rem sobre:
§ 6º Se não houver registro de candidatura, será lavrada ata e I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites
convocada nova eleição no prazo de um ano.’ constitucionais;
‘Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de repre- II - banco de horas anual;
sentantes dos empregados será de um ano. III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trin-
§ 1º O membro que houver exercido a função de represen- ta minutos para jornadas superiores a seis horas;
tante dos empregados na comissão não poderá ser candidato nos IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata
dois períodos subsequentes. a Lei nº 13.189, de 19 de novembro de 2015 ;
§ 2º O mandato de membro de comissão de representantes V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a con-
dos empregados não implica suspensão ou interrupção do contra- dição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos
to de trabalho, devendo o empregado permanecer no exercício que se enquadram como funções de confiança;
de suas funções. VI - regulamento empresarial;
§ 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;
do mandato, o membro da comissão de representantes dos em- VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermi-
pregados não poderá sofrer despedida arbitrária, entendendo-se tente;
como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, eco- IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas per-
nômico ou financeiro. cebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho indi-
§ 4º Os documentos referentes ao processo eleitoral devem vidual;
ser emitidos em duas vias, as quais permanecerão sob a guarda X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
dos empregados e da empresa pelo prazo de cinco anos, à disposi- XI - troca do dia de feriado;
ção para consulta de qualquer trabalhador interessado, do Minis- XII - enquadramento do grau de insalubridade;
tério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho.’”

354
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salá-
licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Tra- rio e critérios de admissão do trabalhador com deficiência;
balho; XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventual- a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de
mente concedidos em programas de incentivo; dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quator-
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. ze anos;
§ 1º No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3º do XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
art. 8º desta Consolidação. empregatício permanente e o trabalhador avulso;
§ 2º A inexistência de expressa indicação de contrapartidas XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do
recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa
não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negó- e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial esta-
cio jurídico. belecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
§ 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jorna- XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores deci-
da, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão dir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que
prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada du- devam por meio dele defender;
rante o prazo de vigência do instrumento coletivo. XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essen-
§ 4º Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláu- ciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades
sula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, inadiáveis da comunidade em caso de greve;
quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igual- XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
mente anulada, sem repetição do indébito. XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-
§ 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação.
acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsor- Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e interva-
tes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como los não são consideradas como normas de saúde, higiene e segu-
objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos.” rança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.”
“Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva “Art. 614. .............................................................
ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou .....................................................................................
a redução dos seguintes direitos: § 3º Não será permitido estipular duração de convenção co-
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações letiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo
na Carteira de Trabalho e Previdência Social; vedada a ultratividade.” (NR)
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; “Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); coletiva de trabalho.” (NR)
IV - salário mínimo; “Art. 634. .............................................................
V - valor nominal do décimo terceiro salário; § 1º ......................................................................
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; § 2º Os valores das multas administrativas expressos em mo-
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime eda corrente serão reajustados anualmente pela Taxa Referencial
sua retenção dolosa; (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, ou pelo índice que
VIII - salário-família; vier a substituí-lo.” (NR)
IX - repouso semanal remunerado; “Art. 652 . Compete às Varas do Trabalho:
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- .....................................................................................
mo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em
XI - número de dias de férias devidas ao empregado; matéria de competência da Justiça do Trabalho.
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um ..........................................................................” (NR)
terço a mais do que o salário normal; “Art. 702. ............................................................
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e I - .........................................................................
vinte dias; ....................................................................................
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei; f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de ju-
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante risprudência uniforme, pelo voto de pelo menos dois terços de
incentivos específicos, nos termos da lei; seus membros, caso a mesma matéria já tenha sido decidida de
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços das
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas,
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho pre- podendo, ainda, por maioria de dois terços de seus membros, res-
vistas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do tringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
Trabalho; eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial;
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, .....................................................................................
insalubres ou perigosas; § 3º As sessões de julgamento sobre estabelecimento ou alte-
XIX - aposentadoria; ração de súmulas e outros enunciados de jurisprudência deverão
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- ser públicas, divulgadas com, no mínimo, trinta dias de antece-
gador; dência, e deverão possibilitar a sustentação oral pelo Procurador-
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de -Geral do Trabalho, pelo Conselho Federal da Ordem dos Advoga-
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- dos do Brasil, pelo Advogado-Geral da União e por confederações
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
do contrato de trabalho;

355
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 4º O estabelecimento ou a alteração de súmulas e outros III - a natureza e a importância da causa;
enunciados de jurisprudência pelos Tribunais Regionais do Traba- IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido
lho deverão observar o disposto na alínea f do inciso I e no § 3º para o seu serviço.
deste artigo, com rol equivalente de legitimados para sustenta- § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará ho-
ção oral, observada a abrangência de sua circunscrição judiciária.” norários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre
(NR) os honorários.
“Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão conta- § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
dos em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos ca-
dia do vencimento. pazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estrita- sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
mente necessário, nas seguintes hipóteses: somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes
I - quando o juízo entender necessário; ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor de-
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. monstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de re-
§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a cursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às neces- passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
sidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconven-
do direito.” (NR) ção.”
“Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do
trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça “ TÍTULO X
do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça .....................................................................................
Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas CAPÍTULO II
ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por .....................................................................................
cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e SEÇÃO IV-A
quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos DA RESPONSABILIDADE POR DANO PROCESSUAL
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calcu-
ladas: ‘Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar
...........................................................................” (NR) de má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente.’
“Art. 790. ............................................................. ‘Art. 793-B . Considera-se litigante de má-fé aquele que:
..................................................................................... I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei
§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes ou fato incontroverso;
dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a re- II - alterar a verdade dos fatos;
querimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salá- IV - opuser resistência injustificada ao andamento do proces-
rio igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo so;
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou
§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que ato do processo;
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas VI - provocar incidente manifestamente infundado;
do processo.” (NR) VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protela-
“Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorá- tório.’
rios periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perí- ‘Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará
cia, ainda que beneficiária da justiça gratuita. o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1%
§ 1º Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido
respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta
Justiça do Trabalho. sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as
§ 2º O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários pe- despesas que efetuou.
riciais. § 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o ju-
§ 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para ízo condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse
realização de perícias. na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a
§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da justiça gra- parte contrária.
tuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a § 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a
despesa referida no caput , ainda que em outro processo, a União multa poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos
responderá pelo encargo.” (NR) benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, § 3º O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso
serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o míni- não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo
mo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) procedimento comum, nos próprios autos.’
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito ‘Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o va- Consolidação à testemunha que intencionalmente alterar a ver-
lor atualizado da causa. dade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou dar-se-á nos mesmos autos.’”
substituída pelo sindicato de sua categoria. “Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência
I - o grau de zelo do profissional; e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o
II - o lugar de prestação do serviço; procedimento estabelecido neste artigo.

356
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar
realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação a ação;
até que se decida a exceção. II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que in- III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
timará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para mani- que a lei considere indispensável à prova do ato;
festação no prazo comum de cinco dias. IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem
§ 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juí- inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
zo designará audiência, garantindo o direito de o excipiente e de dos autos.
suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo § 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na
que este houver indicado como competente. audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventual-
§ 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o pro- mente apresentados.”(NR)
cesso retomará seu curso, com a designação de audiência, a apre- “Art. 847. ..............................................................
sentação de defesa e a instrução processual perante o juízo com- Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita
petente.” (NR) pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.” (NR)
“Art. 818. O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; “ TÍTULO X
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, mo- ......................................................................................
dificativo ou extintivo do direito do reclamante. CAPÍTULO III
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da ......................................................................................
causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de SEÇÃO IV
cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir PERSONALIDADE JURÍDICA
o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade ‘Art. 855-A . Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de
de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133
§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser profe- a 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Pro-
rida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, cesso Civil.
implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos § 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o inci-
por qualquer meio em direito admitido. dente:
§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na for-
situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja im- ma do § 1º do art. 893 desta Consolidação;
possível ou excessivamente difícil.” (NR) II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independen-
“Art. 840. .............................................................. temente de garantia do juízo;
§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente
do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos instaurado originariamente no tribunal.
de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, deter- § 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem
minado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar
reclamante ou de seu representante. de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
§ 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas (Código de Processo Civil) .’
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado,
no que couber, o disposto no § 1º deste artigo. CAPÍTULO III-A
§ 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste DO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA
artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito.” (NR) HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL
“Art. 841. ..............................................................
...................................................................................... ‘Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudi-
§ 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o cial terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a represen-
reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, de- tação das partes por advogado.
sistir da ação.” (NR) § 1º As partes não poderão ser representadas por advogado
“Art. 843. .............................................................. comum.
...................................................................................... § 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do
§ 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa sindicato de sua categoria.’
ser empregado da parte reclamada.” (NR) ‘Art. 855-C . O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo
“Art. 844. .............................................................. estabelecido no § 6º do art. 477 desta Consolidação e não afasta
§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o a aplicação da multa prevista no § 8º art. 477 desta Consolidação.’
julgamento, designando nova audiência. ‘Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição
§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será con- da petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se en-
denado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 tender necessário e proferirá sentença.’
desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, sal- ‘Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial
vo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela
por motivo legalmente justificável. especificados.
§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia
para a propositura de nova demanda. útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a
§ 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste homologação do acordo.’”
artigo se: “Art. 876. ..............................................................

357
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurispru-
contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II dência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo
do caput do art. 195 da Constituição Federal , e seus acréscimos Tribunal Federal;
legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito
que proferir e dos acordos que homologar.” (NR) social constitucionalmente assegurado;
“Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da inter-
a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal ape- pretação da legislação trabalhista.
nas nos casos em que as partes não estiverem representadas por § 2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimen-
advogado. to ao recurso de revista que não demonstrar transcendência, ca-
Parágrafo único. (Revogado).” (NR) bendo agravo desta decisão para o colegiado.
“Art. 879. .............................................................. § 3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter
...................................................................................... transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral so-
§ 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir bre a questão da transcendência, durante cinco minutos em ses-
às partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamen- são.
tada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, § 4º Mantido o voto do relator quanto à não transcendên-
sob pena de preclusão. cia do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta,
...................................................................................... que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.
§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação § 5º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em
judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente
Central do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991 a transcendência da matéria.
.” (NR) § 6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido
“Art. 882. O executado que não pagar a importância recla- pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à
mada poderá garantir a execução mediante depósito da quantia análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não
correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais, abrangendo o critério da transcendência das questões nele veicu-
apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de bens à ladas.” (NR)
penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 835 “Art. 899. .............................................................
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo .....................................................................................
Civil .” (NR) § 4º O depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo
“Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somen- e corrigido com os mesmos índices da poupança.
te poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do exe- § 5º (Revogado).
cutado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional ......................................................................................
de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de § 9º O valor do depósito recursal será reduzido pela meta-
transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação de para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos,
do executado, se não houver garantia do juízo.” microempreendedores individuais, microempresas e empresas de
“Art. 884. ............................................................. pequeno porte.
..................................................................................... § 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da jus-
§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às enti- tiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recupe-
dades filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a ração judicial.
diretoria dessas instituições.” (NR) § 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança
“Art. 896. .............................................................. bancária ou seguro garantia judicial.” (NR)
...................................................................................... Art. 2º A Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974 , passa a vigorar
§ 1º -A. ................................................................... com as seguintes alterações:
....................................................................................... “Art. 4º -A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a
IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preli- transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de
minar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdi- suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica
cional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade
pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso econômica compatível com a sua execução.
ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos ...........................................................................” (NR)
quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrên- “Art. 4º -C. São asseguradas aos empregados da empresa
cia da omissão. prestadora de serviços a que se refere o art. 4º -A desta Lei, quan-
...................................................................................... do e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das
§ 3º (Revogado). atividades da contratante, forem executados nas dependências da
§ 4º (Revogado). tomadora, as mesmas condições:
§ 5º (Revogado). I - relativas a:
§ 6º (Revogado). a) alimentação garantida aos empregados da contratante,
....................................................................................... quando oferecida em refeitórios;
§ 14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe se- b) direito de utilizar os serviços de transporte;
guimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de intempesti- c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas depen-
vidade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência dências da contratante ou local por ela designado;
de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de admis- d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando
sibilidade.” (NR) a atividade o exigir.
“Art. 896-A. .......................................................... II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança
§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros: no trabalho e de instalações adequadas à prestação do serviço.
I - econômica, o elevado valor da causa;

358
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
§ 1º Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim k) art. 601 ;
entenderem, que os empregados da contratada farão jus a salário l) art. 604 ;
equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de ou- m) art. 792 ;
tros direitos não previstos neste artigo. n) parágrafo único do art. 878 ;
§ 2º Nos contratos que impliquem mobilização de emprega- o) §§ 3º, 4º, 5º e 6º do art. 896 ;
dos da contratada em número igual ou superior a 20% (vinte por p) § 5º do art. 899 ;
cento) dos empregados da contratante, esta poderá disponibilizar II - a alínea a do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho
aos empregados da contratada os serviços de alimentação e aten- de 1991 ;
dimento ambulatorial em outros locais apropriados e com igual III - o art. 2º da Medida Provisória nº 2.226, de 4 de setembro
padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno funciona- de 2001 .
mento dos serviços existentes.” Art. 6º Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e vinte
“Art. 5º -A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que cele- dias de sua publicação oficial.
bra contrato com empresa de prestação de serviços relacionados
a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.
...........................................................................” (NR) DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
“Art. 5º -C. Não pode figurar como contratada, nos termos do
art. 4º -A desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios te- DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE DANO MORAL
nham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante Dentre os direitos fundamentais estabelecidos pela Consti-
na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo emprega- tuição Federal, estão o respeito à dignidade da pessoa humana e
tício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados. sua intimidade, expressos no art. 5º, incisos, III, V e X além do art.
“Art. 5º -D. O empregado que for demitido não poderá prestar 6º no que se refere o direito à saúde (mental) da referida Carta
serviços para esta mesma empresa na qualidade de empregado Maior.
de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de
dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado.” Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
Art. 3º O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 , passa quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros resi-
a vigorar acrescido do seguinte inciso I-A: dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
“Art. 20. ............................................................. igualdade, à segurança e à propriedade.
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A (...)
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decre- III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de-
to- Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 ; sumano ou degradante;
.........................................................................” (NR) (...)
Art. 4º O art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 , passa V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra-
a vigorar com as seguintes alterações: vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
“Art. 28. ............................................................. (...)
................................................................................... X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
§ 8º (Revogado). imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
a) (revogada); dano material ou moral decorrente de sua violação.
....................................................................................
§ 9º ..................................................................... O dano moral caracteriza-se como a ofensa ou violação dos
.................................................................................... bens de ordem moral de uma pessoa, tais sejam o que se referem
h) as diárias para viagens; à sua liberdade, à sua honra, à sua saúde (mental ou física), à sua
.................................................................................... imagem.
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médi- Note-se que quando são mencionados na legislação os ter-
co ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, mos intimidade, vida privada e honra, a referência é à vida parti-
inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, cular do indivíduo (que somente a ele lhe diz respeito), e a ele é
aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hos- garantido o direito de tornar público ou não suas informações ou
pitalares e outras similares; acontecimentos ocorridos.
..................................................................................... A oportunidade da reparação do prejuízo por dano moral é
z) os prêmios e os abonos. gerada na hipótese de o indivíduo entender que foi lesado a sua
..........................................................................” (NR) privacidade, pelo fato de suas informações ou acontecimentos te-
Art. 5º Revogam-se: rem sido tornadas públicas por conta de terceiros.
I - os seguintes dispositivos da Consolidação das Leis do Tra- O Código Civil (CC) em seu art. 932, inciso III, dispõe que o
balho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio empregador também é responsável pela reparação civil, por seus
de 1943 : empregados, quando no exercício do trabalho que lhes competir
a) § 3º do art. 58 ; ou em razão dele.
b) § 4º do art. 59 ; A referida lei infraconstitucional prevê também no art. 927
c) art. 84 ; que aquele que comete ato ilícito (conforme art. 186 e 187 do
d) art. 86 ; CC) ficará obrigado a repará-lo, independentemente de culpa, nos
e) art. 130-A ; casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
f) § 2º do art. 134 ; desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
g) § 3º do art. 143; para os direitos de outrem.
h) parágrafo único do art. 372 ;
i) art. 384 ;
j) §§ 1º , 3º e 7º do art. 477 ;

359
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
DANO MORAL E ASSÉDIO SEXUAL NAS RELAÇÕES DE TRA- PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS
BALHO Tendo em vista que o dano moral é um fato real e concreto,
O principal interesse das relações estabelecidas por meio é exigida uma posição cautelosa do empregador e de seus pre-
de contrato de trabalho é que sejam alcançadas pelas partes os postos em relação aos subordinados, pois se extrapolarem no
seus objetivos, dentro do respeito aos dispositivos e procedimen- exercício regular de seu poder disciplinar poderá causar eventuais
tos previstos em leis, convenções, acordos coletivos de trabalho, pagamentos referentes a título de indenização por dano moral.
regulamentos internos e usos e costumes em geral e da própria Normalmente alguns acontecimentos, que poderiam parecer
empresa, constituída pelo empregador, seus prepostos e empre- improváveis, podem resultar em despesas judiciais, em perda de
gados. tempo e em outros fatos desagradáveis decorrentes de ações ju-
Caracteriza-se um dano moral quando a pessoa se sente pre- diciais propostas por ex-empregados e empregados, mesmo que
judicada em seus valores subjetivos, de âmbito moral. desprovidos de provas.
A moral diz respeito à reputação do indivíduo em seu meio Exemplificando, numa situação de um acidente do trabalho,
social, à boa fama, à dignidade, à sua privacidade, e estes concei- procurar não se omitir, evitando assim, que do acidente resulte
tos são muito subjetivos, pois referem-se ao foro íntimo de cada sequelas para o empregado ou até sua invalidez.
pessoa.
Quando falamos em dano moral geralmente consideramos COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
que o empregador é o causador e o empregado é a vítima. No en- A emenda constitucional 45, art. 114 inciso VI, dispõe que
tanto, o empregado também pode ser causador de danos morais cabe expressamente à Justiça do Trabalho a competência para
ao empregador e uma vez ocorrendo, poderá ser responsabilizado processar e julgar ações envolvendo a indenização por prejuízos
a indenizar o empregador pelo dano causado. morais que tenham origem na relação de emprego. O novo texto
Da mesma forma que a honra, a boa fé, os valores subjetivos tornou expressa uma atribuição que já vinha sendo reconhecida
de âmbito moral sejam destinados à pessoa física, também à pes- pela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.
soa jurídica se aplicam tais valores no ponto em que estes valores
são destinados à obtenção de crédito externo. JURISPRUDÊNCIA
Toda empresa busca consolidar uma imagem de integridade, EMENTA: ASSÉDIO MORAL. DIREITO AO TRABALHO. ESVAZIA-
de confiança e de respeito junto aos seus clientes ou consumido- MENTO DE FUNÇÕES. CONFIGURAÇÃO. O esvaziamento de fun-
res. ções, no qual o empregador impõe o ócio ao empregado, ofen-
Se o empregado através de ações ou omissões lesar o em- de a moral do trabalhador e faz nascer o dever de reparação. Tal
pregador, de forma que esta imagem construída seja afetada ne- situação representa desrespeito à dignidade da pessoa humana,
gativamente perante seus clientes e consumidores, o empregado ensejando a condenação em danos morais.(TRT da 3.ª Região;
poderá responder e indenizar o empregador por danos morais. Processo: 0001060-69.2014.5.03.0014 RO; Data de Publicação:
O assédio moral ainda não faz parte do ordenamento jurídico 16/11/2015; Disponibilização: 13/11/2015, DEJT/TRT3/Cad.Jud,
brasileiro, ou seja, não há lei Federal como no assédio sexual. No Página 140; Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Cesar Ma-
entanto, a Justiça do Trabalho tem se posicionado independente- chado; Revisor: Camilla G.Pereira Zeidler).
mente da existência de leis específicas.
Caracteriza-se pela sequência de atos de violência psicológica ASSÉDIO SEXUAL POR INTIMIDAÇÃO. CONFIGURAÇÃO. RE-
a qual uma pessoa é submetida, seja pelo superior hierárquico, PARAÇÃO PECUNIÁRIA POR DANOS MORAIS. DEVIDA. O assédio
por colegas de trabalho ou até mesmo por subordinados. sexual por intimidação, também denominado assédio sexual am-
Já o assédio sexual é crime definido por Lei Federal 10.224/01 biental, caracteriza-se por incitações sexuais inoportunas, solici-
e se caracteriza pelo ato praticado pelo superior hierárquico, que tações sexuais ou outras manifestações da mesma índole, verbais
usa de sua posição para obter favores sexuais dos subordinados. ou físicas, com o efeito de prejudicar a atuação de uma pessoa
ou de criar uma situação ofensiva, hostil, de intimidação ou abu-
Esta lei introduziu no Código Penal o art. 216-A que dispõe: so no ambiente de trabalho em que é intentado. Evidenciado, no
“Assédio sexual – art. 216-A. Constranger alguém com o intui- caso concreto, que a reclamante era importunada sexualmente
to de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se por seu superior hierárquico, o qual pegava em suas partes ínti-
o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência mas, inobstante a sua recusa, criando um ambiente de trabalho
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.” (AC) hostil e ofensivo, além de acarretar abalo moral à trabalhadora,
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.” (AC). agravado pelo fato de o marido dela também trabalhar na recla-
mada, fica caracterizado o assédio sexual por intimidação, fazen-
Os processos que chegam à Justiça do Trabalho buscando re- do jus a trabalhadora à indenização por danos morais, nos mol-
paração por danos causados pelo assédio moral revelam que há des dos artigos 186 e 927, do Código Civil.(TRT da 3.ª Região; PJe:
basicamente três tipos de reparação: 0011045-18.2014.5.03.0061 (RO); Disponibilização: 10/09/2015,
Rescisão Indireta do contrato de trabalho (justa causa em DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 223; Órgão Julgador: Setima Turma;
favor do empregado); Relator: Fernando Luiz G.Rios Neto).
Danos morais (que visa a proteção da dignidade do trabalha-
dor); RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. ASSÉDIO
Danos materiais (casos em que os prejuízos psicológicos ao MORAL. Comprovado o alegado assédio mora/sexual sofrido pela
empregado tenham gerado gastos com remédios ou tratamen- reclamante, insustentável se torna a manutenção do vínculo em-
tos). pregatício, resultando na aplicação do dispositivo do artigo 483
da CLT, devendo ser mantida a r. decisão que deferiu o pedido de
rescisão indireta do contrato de trabalho e indenização pelo assé-
dio sofrido.(TRT da 3.ª Região; PJe: 0010879-39.2013.5.03.0087

360
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
(RO); Disponibilização: 11/09/2014, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página Ao inverso, a Lei nº 13.467/2017 estendeu a arbitragem para
140; Órgão Julgador: Quinta Turma; Relator: Ana Maria Amorim trabalhadores com remunerações, na prática, inferiores a 12 salá-
Reboucas). rios mínimos, considerada a data de publicação ou de vigência do
respectivo diploma legal (ambas no ano de 2017). Embora a arbi-
tragem ostente algum sucesso em segmentos jurídicos nos quais
SÚMULAS E ORIENTAÇÕES DA JURISPRUDÊNCIA prepondere o princípio da autonomia e simetria de poderes e von-
UNIFORMIZADA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO tades entre as partes contratuais, ela se mostra flagrantemente in-
TRABALHO SOBRE DIREITO DO TRABALHO compatível com os campos do Direito em que vigoram princípios
jurídicos diferentes e/ou, até mesmo, antitéticos àquela diretriz
Prezado candidato o edital não especifica quais Súmulas e civilista tradicional.
Orientações da Jurisprudência Uniformizada do Tribunal Supe- Ademais, evidencia-se lancinante diferenciação de poder entre
rior do Trabalho serão abordadas, portanto, disponibilizaremos os sujeitos das relações jurídicas centrais desses campos normati-
o site oficial para consulta e complemento de seus estudos, con- vos específicos. É o que acontece com o Direito do Trabalho e o
forme segue: Direito do Consumidor.
https://www.tst.jus.br/sumulas A propósito, enquanto no Direito Consumerista se menciona
https://www.tst.jus.br/web/guest/ojs que o sujeito consumidor se caracteriza pela presença de sua vulne-
rabilidade perante o produtor ou fornecedor, no Direito Individual
do Trabalho está comprovado que o sujeito empregado se carac-
SÚMULAS VINCULANTES DO SUPREMO TRIBUNAL teriza pela presença não só da vulnerabilidade como também da
FEDERAL RELATIVAS AO DIREITO DO TRABALHO hipossuficiência perante o respectivo empregador.
Uma vez mais a Lei da Reforma Trabalhista afronta a estrutura
Prezado candidato o edital não especifica quais Súmulas normativa e principiológica da Constituição da República, quer seu
Vinculantes do STF serão abordadas, portanto, disponibilizare- conceito de Estado Democrático de Direito, que supõe a centralida-
mos o site oficial para consulta e complemento de seus estudos, de da pessoa humana na ordem jurídica e na vida socioeconômica,
conforme segue: além da democratização e inclusão da sociedade civil, quer seus
princípios constitucionais do trabalho, a par do próprio princípio
https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSu- constitucional da proporcionalidade. Exacerbar os poderes do polo
mulaVinculante empresarial na relação empregatícia, negligenciando o fato decisivo
da hipossuficiência e da vulnerabilidade do trabalhador, a par da
pletora de princípios constitucionais e legais em direção firmemen-
INSTRUÇÕES E ATOS NORMATIVOS DO TST EM te humanística e social, é conduta que fere a matriz estrutural da
MATÉRIA DE DIREITO DO TRABALHO Constituição da República Federativa do Brasil.
Registre-se, por fim, que a adoção do instituto arbitral no cam-
Prezado candidato o edital não especifica quais Instruções po das relações contratuais de trabalho, no âmbito do Direito Indivi-
e Atos Normativos do TST serão abordados, portanto, disponi- dual do Trabalho, jamais poderá afastar do trabalhador, de qualquer
bilizaremos o site oficial para consulta e complemento de seus maneira, o seu direito e garantia constitucionais de amplo acesso à
estudos, conforme segue: jurisdição, que são explicitamente enunciados pelo art. 5º, XXXV, da
Constituição Federal (“XXXV — a lei não excluirá da apreciação do
https://www.tst.jus.br/instrucoes-normativas Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”).
https://www.tst.jus.br/web/guest/atos-normativos

REFORMA TRABALHISTA - LEI 13467/2017 EXERCÍCIOS

Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) 1. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa –


A Lei nº 13.467, vigorante desde 11.11.17, ao deflagrar refor- FCC/2013) Conforme previsão expressa contida na Consolidação
ma trabalhista nos campos do Direito Individual do Trabalho, Direito das Leis do Trabalho, a Justiça do Trabalho, na falta de disposições
Coletivo do Trabalho e Direito Processual do Trabalho, inseriu novo legais ou contratuais, decidirá conforme o caso, NÃO podendo utili-
art. 507-A na CLT, referindo-se à arbitragem no plano das relações zar como fonte supletiva do Direito do Trabalho
contratuais empregatícias. Assim, estatuiu que, nos contratos indi- (A) a jurisprudência.
viduais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o (B) os usos e costumes.
limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de (C) valores sociais da livre iniciativa.
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória (D) os princípios gerais do Direito.
de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante (E) a analogia e equidade.
a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei nº 9.307,
de 23 de setembro de 1996. 2. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa –
Observe-se que a Lei da Reforma Trabalhista sequer teve a pru- FCC/2013) O artigo 7º da Constituição Federal elenca um rol de di-
dência e o senso de proporcionalidade de estender a arbitragem reitos dos trabalhadores urbanos e rurais, que visam à melhoria da
estritamente para os altos executivos, dotados, pelas empresas em- sua condição social, dentre os quais tem-se
pregadoras, de exponenciais poderes de gestão e de enormes sa- (A) a proteção em face da automação, na forma da lei.
lários e vantagens contratuais trabalhistas, combinação de fatores (B) a possibilidade de distinção entre trabalho manual, técnico
que poderia, em determinada medida, atenuar ou elidir a situação e intelectual.
de hipossuficiência e vulnerabilidade que caracteriza a posição do (C) a distinção entre os direitos do trabalhador com vínculo em-
empregado no interior da relação de emprego. pregatício permanente e o avulso.

361
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
(D) o direito de participação na CIPA da empresa, aposentado, 7. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa –
desde que filiado ao sindicato. FCC/2013) Diana é empregada da empresa Colapso Produções,
(E) a permissão de trabalho insalubre ao menor na condição de exercendo as funções de oficial produtora e recebendo seu salário
aprendiz, a partir de 14 anos. calculado por tarefa realizada. Em razão de crise financeira por que
passa a empresa, nos últimos quatro meses, houve redução do seu
3. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa – trabalho de forma a afetar sensivelmente a importância dos seus
FCC/2013) A relação de trabalho é diversa da relação de emprego, salários. Nessa situação, cabe à trabalhadora
visto que essa última deve conter requisitos previstos na legislação (A) pedir demissão, sem ter que cumprir aviso prévio trabalha-
trabalhista para sua configuração. Segundo esses requisitos, haverá do e receber as verbas rescisórias cabíveis a essa modalidade
relação de emprego, na situação de rescisória.
(A) contrato de estágio. (B) postular a rescisão ou despedida indireta do contrato por
(B) empreiteiro de construção civil autônomo. falta grave cometida pelo empregador e receber as verbas res-
(C) trabalho voluntário para instituição de caridade. cisórias cabíveis na modalidade dispensa sem justa causa.
(D) acompanhante de idoso, remunerado e com trabalho diá- (C) ajuizar ação para receber as diferenças salariais, mas não
rio. pode pedir rescisão ou despedida indireta do contrato.
(E) associado de cooperativa. (D) requerer a rescisão do contrato por motivo de culpa recí-
proca, recebendo pela metade a indenização cabível.
4. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa – (E) pedir judicialmente a rescisão ou despedida indireta do con-
FCC/2013) O poder de direção do empregador pode se manifestar trato, devendo obrigatoriamente permanecer no serviço até o
de algumas formas: (1) criação de um quadro de carreira; (2) a exi- final da decisão do processo.
gência de marcação de ponto pelos empregados; (3) aplicação de
advertência e suspensão ao empregado desidioso. Estes exemplos 8. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa –
aplicam-se, respectivamente, nas seguintes modalidades: FCC/2013) A CLT regulamenta o instituto do aviso prévio, que
(A) poder de controle; poder de organização; poder disciplinar. (A) é um ato bilateral, ou seja, só é válido se houver o aceite
(B) poder de organização; poder de controle; poder disciplinar. da outra parte, mas apresenta prazos distintos e formalidades
(C) poder de controle; poder disciplinar; poder de organização. diversas em relação à figura de quem comunica a intenção de
(D) poder disciplinar; poder de organização; poder de controle. rescisão contratual.
(E) poder de organização; poder disciplinar; poder de controle. (B) é um ato meramente unilateral, visto que se trata de comu-
nicação que o empregador deve fazer ao empregado no senti-
5. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa – do de que o contrato será rescindido, não sendo aplicado ao
FCC/2013) A Consolidação das Leis do Trabalho apresenta regras empregado que pretende pedir demissão.
que classificam e apresentam características dos contratos indivi- (C) a falta de aviso prévio por parte do empregador dá ao em-
duais de trabalho, segundo as quais é correto afirmar que pregado o direito aos salários correspondentes ao prazo de avi-
(A) o empregador poderá exigir do candidato a emprego com- so, garantida sempre a integração desse período no tempo de
provação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) serviço.
meses no mesmo tipo de atividade, para fins de contratação. (D) o valor das horas extraordinárias habituais não integra o
(B) a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da em- aviso prévio indenizado, salvo se houver uma convenção coleti-
presa afetará os contratos de trabalho dos respectivos empre- va de trabalho estipulando essa hipótese.
gados, criando novas regras contratuais a partir dessas mudan- (E) dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de
ças. expirado o prazo, não cabendo reconsideração do ato, mesmo
(C) o contrato por prazo determinado só será válido em se tra- que essa ocorra na fluência do prazo.
tando de contrato de experiência pelo prazo máximo de (120)
cento e vinte dias.
GABARITO
(D) as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de
livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não
contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos con-
tratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das au- 1 C
toridades competentes. 2 A
(E) o contrato de trabalho por prazo determinado poderá, tá-
3 D
cita ou expressamente, ser prorrogado até três vezes, sem que
passe a vigorar por prazo indeterminado. 4 B
5 D
6. (TRT/5R/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa –
FCC/2013) Em algumas situações, os contratos de trabalho podem 6 C
ser considerados interrompidos, em outras, suspensos. Haverá sus- 7 B
pensão em se tratando de
8 C
(A) férias anuais.
(B) licença remunerada por duas semanas em caso de aborto
não criminoso.
(C) aposentadoria por invalidez.
(D) auxílio doença até o 15° dia.
(E) licença-paternidade.

362
NOÇÕES DE DIREITO
PROCESSUAL DE TRABALHO

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior


DA JUSTIÇA DO TRABALHO: ORGANIZAÇÃO E do Trabalho.
COMPETÊNCIA. DAS VARAS DO TRABALHO E DOS
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO: JURISDIÇÃO E
COMPETÊNCIA I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Ma-
gistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, re-
gulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
carreira;
Organização da Justiça do Trabalho II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe
O art. 111 da CF/1988 define como órgãos da Justiça do exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamen-
Trabalho: tária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primei-
→ o Tribunal Superior do Trabalho (TST); ro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas deci-
→ os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs); sões terão efeito vinculante.
→ os juízes do trabalho. § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar
O Judiciário trabalhista, portanto, é dividido em três graus e julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de
de jurisdição, quais sejam: TST (terceiro grau de jurisdição), sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. (In-
TRTs (segundo grau de jurisdição) e os juízes do trabalho (pri- cluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
meiro grau de jurisdição, que exercem a jurisdição nas Varas do
Trabalho)1. Tribunais Regionais do Trabalho
Os TRTs fazem parte da Justiça do Trabalho no Brasil, em
CF/88, Seção V conjunto com as Varas do Trabalho e com o Tribunal Superior
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) do Trabalho. Usualmente, correspondem à segunda instância
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais na tramitação, mas detém competências originárias de julga-
do Trabalho e dos Juízes do Trabalho mento.

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: CF/88, Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com-
I - o Tribunal Superior do Trabalho; põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí-
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; vel, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da Repú-
III - Juízes do Trabalho. blica dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta
§§ 1º a 3º (Revogados) e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-
Tribunal Superior do Trabalho tiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
O TST tem como principal função uniformizar a jurisprudên- Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado
cia trabalhista no país. Possui o poder de julgar recursos contra o disposto no art. 94;
decisões de Tribunais Regionais do Trabalho -TRTs e dissídios II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
coletivos de categorias organizadas em nível nacional. antiguidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça
CF/88, Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor- itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva ju-
mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, risdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Consti- de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em to-
tucional nº 92, de 2016) das as fases do processo.
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-
tiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Juízes do Trabalho
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado Em função da extinção das Juntas de Conciliação e Julga-
o disposto no art. 94; mento (EC 24/1999), a jurisdição trabalhista no primeiro grau
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Traba- passou a ser exercida por um juiz singular, denominado juiz do
lho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo pró- trabalho, que exerce suas funções nas denominadas Varas do
prio Tribunal Superior. Trabalho.
1 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato
Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO.

363
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
CF/88, Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atri- entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e emprega-
buí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribu- dores;
nal Regional do Trabalho. IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas
data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, ju- jurisdição;
risdição, competência, garantias e condições de exercício dos V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
órgãos da Justiça do Trabalho. trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
Varas do Trabalho decorrentes da relação de trabalho;
CF/88, Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será VII as ações relativas às penalidades administrativas impos-
exercida por um juiz singular. tas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações
de trabalho;
Parágrafo único. (Revogado).
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previs-
tas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes
Competência da Justiça do Trabalho
das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
Jurisdição e competência na forma da lei.
O Estado é detentor do monopólio da Justiça, somente a § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão ele-
ele cabendo dizer o direito. ger árbitros.
A jurisdição, por consequência, consiste no poder/dever do § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coleti-
Estado de prestar a tutela jurisdicional a todo aquele que tenha va ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo,
uma pretensão resistida por outrem, aplicando a regra jurídica ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Jus-
à celeuma. tiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições
O exercício da jurisdição pelo Estado restabelece a ordem mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as conven-
jurídica, mediante eliminação do conflito de interesses que cionadas anteriormente.
ameaça à paz social. A jurisdição, portanto, é una e indivisível. § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possi-
Neste contexto, podemos conceituar competência como a bilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do
medida da jurisdição, ou seja, a determinação da esfera de atri- Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça
buições dos órgãos encarregados da função jurisdicional. do Trabalho decidir o conflito.
As regras fixadoras da competência se encontram dispostas Competência funcional
na Carta Maior e nas leis infraconstitucionais.
Diversos critérios para determinação da competência fo- Competência das Varas do Trabalho
ram criados, levando-se em conta a matéria (ratione materiae), Reza o art. 652 da CLT que compete às Varas do Trabalho:
as pessoas (ratione personae), a função (ou hierarquia) ou o
território (ratione loci). Art. 652. Compete às Varas do Trabalho: (Redação dada
O tema competência na seara trabalhista ganhou gran- pela Lei nº 13.467, de 2017)
de importância em função da alteração introduzida pela EC a) conciliar e julgar:
45/2004, a qual, ao modificar a redação do art. 114 da CF/1988, I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da
elasteceu, consideravelmente, a competência material da Jus- estabilidade de empregado;
tiça do Trabalho, razão pela qual procuraremos analisar, espe- II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e inde-
nizações por motivo de rescisão do contrato individual de tra-
cífica e exaustivamente, todas as regras e peculiaridades envol-
balho;
vendo o tema.
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em
que o empreiteiro seja operário ou artífice;
Competência em razão da matéria e da pessoa
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual
A competência em razão da matéria é definida em função de trabalho;
da natureza da lide descrita na peça inaugural, ou seja, a com- V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores
petência é firmada em função da causa de pedir e dos pedidos portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decor-
contidos na petição inicial. rentes da relação de trabalho;
No âmbito da Justiça laboral, a competência é definida em b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta
razão da matéria e tem como fundamento jurídico principal o grave;
art. 114 da Carta Maior, artigo este alterado pela EC 45/2004, c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;
a qual ampliou, significativamente, a competência material da d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de
Justiça do Trabalho. sua competência;
e) (Suprimida);
CF/88, Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em
e julgar: matéria de competência da Justiça do Trabalho. (Incluído pela
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os Lei nº 13.467, de 2017)
entes de direito público externo e da administração pública di- Parágrafo único - Terão preferência para julgamento os dis-
reta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos sídios sobre pagamento de salário e aqueles que derivarem da
Municípios; falência do empregador, podendo o Presidente da Junta, a pedi-
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; do do interessado, constituir processo em separado, sempre que
a reclamação também versar sobre outros assuntos.

364
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 653 - Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Jul- Distribuidores
gamento: Nas localidades em que há mais de uma Vara do Trabalho,
a) requisitar às autoridades competentes a realização das e também nos tribunais em que há mais de uma turma, existe
diligências necessárias ao esclarecimento dos feitos sob sua um órgão distribuidor encarregado de fazer a distribuição das
apreciação, representando contra aquelas que não atenderem reclamações trabalhistas e dos processos que chegam aos tri-
a tais requisições; bunais.
b) realizar as diligências e praticar os atos processuais or-
denados pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal CAPÍTULO VI
Superior do Trabalho; DOS SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO
c) julgar as suspeições arguidas contra os seus membros; SEÇÃO I
d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem DA SECRETARIA DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGA-
opostas; MENTO
e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem depre-
cadas; Art. 710 - Cada Junta terá 1 (uma) secretaria, sob a direção
f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, de funcionário que o Presidente designar, para exercer a função
quaisquer outras atribuições que decorram da sua jurisdição. de secretário, e que receberá, além dos vencimentos correspon-
dentes ao seu padrão, a gratificação de função fixada em lei.
Competência territorial das Varas do Trabalho
A competência territorial das Varas do Trabalho (compe- Art. 711 - Compete à secretaria das Juntas:
tência em razão do lugar) está disciplinada no art. 651 da CLT. a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a
Vejamos: conservação dos processos e outros papéis que lhe forem enca-
minhados;
Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Jul- b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos pro-
gamento é determinada pela localidade onde o empregado, re- cessos e demais papéis;
clamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda c) o registro das decisões;
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. d) a informação, às partes interessadas e seus procurado-
§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante co- res, do andamento dos respectivos processos, cuja consulta lhes
mercial, a competência será da Junta da localidade em que a facilitará;
empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria
subordinado e, na falta, será competente a Junta da localiza- secretaria;
ção em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respec-
próxima. tivos processos;
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamen- g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos li-
to, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos vros ou do arquivamento da secretaria;
em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja h) a realização das penhoras e demais diligências proces-
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em con- suais;
trário. i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem come-
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realiza- tidos pelo Presidente da Junta, para melhor execução dos servi-
ção de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é asse- ços que lhe estão afetos.
gurado ao empregado apresentar reclamação no foro da cele-
bração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Art. 712 - Compete especialmente aos secretários das Jun-
tas de Conciliação e Julgamento:
a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela
boa ordem do serviço;
DOS SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do Presiden-
TRABALHO: DAS SECRETARIAS DAS VARAS DO te e das autoridades superiores;
TRABALHO E DOS DISTRIBUIDORES c) submeter a despacho e assinatura do Presidente o expe-
diente e os papéis que devam ser por ele despachados e assi-
Serviços Auxiliares nados;
A importância dos serviços auxiliares é tamanha que a CLT d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu
dedicou um capítulo inteiro para tratar das Secretarias, dos dis- Presidente, a cuja deliberação será submetida;
tribuidores e dos oficiais de justiça. e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dis-
Além dos juízes do trabalho, as varas do trabalho contam sídios individuais;
com os seus servidores e com os órgãos de auxílio2. f) promover o rápido andamento dos processos, especial-
mente na fase de execução, e a pronta realização dos atos e
Secretarias diligências deprecadas pelas autoridades superiores;
Realizam os atos processuais e os serviços de assessora- g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respecti-
mento burocráticos da Justiça, e de documentação do processo. vas atas;
h) subscrever as certidões e os termos processuais;
i) dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos
2 https://concurseria.com.br/wp-content/uploads/2017/08/ProcTrab- processuais de que devam ter conhecimento, assinando as res-
-Servi%C3%A7os-auxiliares-da-Justi%C3%A7a-do-Trabalho.pdf pectivas notificações;

365
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
j) executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos § 4º É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais
pelo Presidente da Junta. do Trabalho cometer a qualquer Oficial de Justiça ou Oficial
Parágrafo único - Os serventuários que, sem motivo justifi- de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das de-
cado, não realizarem os atos, dentro dos prazos fixados, serão cisões dêsses Tribunais. (Redação dada pela Lei nº 5.442, de
descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos os 24.5.1968)
do excesso. § 5º Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial
de Justiça Avaliador, o Presidente da Junta poderá atribuir a
SEÇÃO II realização do ato a qualquer serventuário. (Redação dada pela
DOS DISTRIBUIDORES Lei nº 5.442, de 24.5.1968)

Art. 713 - Nas localidades em que existir mais de uma Junta


de Conciliação e Julgamento haverá um distribuidor. DOS PERITOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Art. 714 - Compete ao distribuidor: A perícia judicial


a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e suces- Como destacamos, a perícia judicial é um meio de produção
sivamente a cada Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem de prova muito eficaz, realizada por um especialista no tema
apresentados pelos interessados; com autoridade para dar um parecer técnico sobre a situação.
b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspon- Esse meio de prova pode ser utilizado em uma série de ca-
dente a cada feito distribuído; sos e deve ser querido pela parte no processo judicial, momen-
c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, to em que o juiz nomeará um perito para analisar a questão em
sendo um organizado pelos nomes dos reclamantes e o outro foco, se o entendimento do magistrado for pela necessidade da
dos reclamados, ambos por ordem alfabética; perícia.
d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbal- Alguns temas não precisam de perícia para serem compro-
mente ou por certidão, de informações sobre os feitos distribu- vados, bastando a documentação ou oitiva de testemunhas, por
ídos; exemplo, outras tantas necessitam de perícia, visto que não po-
e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for dem ser comprovadas de outra forma.
determinado pelos Presidentes das Juntas, formando, com as No âmbito do direito do trabalho, a perícia judicial encon-
fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão tra amparo legal no artigo 464 a 480 do Código de Processo
ser consultados pelos interessados, mas não serão mencionados Civil – que serve como subsidiário da CLT –, e costuma ser uma
em certidões. ferramenta muito utilizada pelas partes nas reclamatórias ajui-
Art. 715 - Os distribuidores são designados pelo Presidente zadas Brasil afora.
do Tribunal Regional dentre os funcionários das Juntas e do Tri- É comum que esse tipo de perícia seja designada como pe-
bunal Regional, existentes na mesma localidade, e ao mesmo rícia trabalhista, pois o foco são em demandas levadas a julga-
Presidente diretamente subordinados. mento na justiça do trabalho, mas ainda sim estamos falando
de uma perícia judicial.
SEÇÃO V A depender do pedido realizado pelo reclamante a perícia
DOS OFICIAIS DE DILIGÊNCIA judicial será obrigatória, como nos casos de pedido de adicional
de insalubridade ou periculosidade, por exemplo.
Art. 721 - Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Jus-
tiça Avaliadores da Justiça do Trabalho a realização dos atos Importância da perícia judicial no processo trabalhista
decorrentes da execução dos julgados das Juntas de Conciliação Conforme falamos no tópico anterior, a perícia judicial é
e Julgamento e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes um meio de provar em juízo uma alegação das partes, consis-
forem cometidos pelos respectivos Presidentes. (Redação dada tindo no exame, vistoria ou avaliação de determinada questão
pela Lei nº 5.442, de 24.5.1968) levada a julgamento na justiça do trabalho.
§ 1º Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada A função primordial da perícia judicial é fazer prova de um
Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador funcionará pe- fato alegado na justiça, ajudando uma das partes a comprovar
rante uma Junta de Conciliação e Julgamento, salvo quando da que há razão no seu pedido de condenação da parte contrária,
existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão espe- ou vice-versa, podendo ser utilizada pela parte acusada para se
cífico, destinado à distribuição de mandados judiciais. (Redação eximir da responsabilidade.
dada pela Lei nº 5.442, de 24.5.1968) Quando transportamos essa lógica para o processo traba-
§ 2º Nas localidades onde houver mais de uma Junta, res- lhista, não restam dúvidas da importância e da necessidade da
peitado o disposto no parágrafo anterior, a atribuição para o perícia judicial, pois ainda que o juiz possua certa expertise no
cumprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial tema levado a julgamento, algumas áreas técnicas são especia-
de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre lidades dos peritos, sendo eles os únicos com capacidade técni-
que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifi- ca para atestar sobre o tema.
quem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventu- Tanto é que as questões relacionadas a adicional de insalu-
ário às penalidades da lei. (Redação dada pela Lei nº 5.442, de bridade e periculosidade exigem perícia técnica, havendo pre-
24.5.1968) visão legal expressa na CLT.
§ 3º No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avalia-
dor, para cumprimento da ato, o prazo previsto no art. 888.
(Redação dada pela Lei nº 5.442, de 24.5.1968)

366
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Como é feita a perícia judicial no processo trabalhista Além disso, o médico será capaz de atestar o nexo de cau-
A perícia judicial trabalhista seguirá o estabelecido no Códi- salidade ou concausa entre a atividade desenvolvida pelo recla-
go de Processo Civil, então será muito similar a perícia cível, ha- mante e eventuais sequelas, analisando o ambiente de trabalho
vendo distinção apenas quanto às temáticas objeto de perícia. e as condições a que esse trabalhador foi submetido.
A princípio, as partes podem requerer ao juiz a realização Nesse cenário, podem existir duas etapas para realização
da perícia judicial, ao passo em que o magistrado analisará a da perícia médica. A primeira etapa consiste na realização de
necessidade dessa prova pericial e irá deferi-la ou não. exame físico no reclamante e a segunda etapa, poderá consistir
Se o entendimento for no sentido de ser necessária essa na realização de vistoria in loco, ou seja, o perito se dirige até a
produção de prova, o juiz nomeará perito especializado no ob- empresa e analisa todos os fatores que podem ter influenciado
jeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do no trabalho e nas consequências físicas e mentais do trabalha-
laudo. Será oportunizado às partes apresentarem quesitos, que dor. O perito poderá estar acompanhado dos assistentes técni-
nada mais são que perguntas relacionadas ao tema que deverão cos das partes.
ser respondidas pelo perito. Para avaliação do adicional de insalubridade ou periculosi-
O laudo pericial irá conter as considerações do perito – a dade, caso a empresa não exista mais, o perito poderá fazer a
lei exige que conste a exposição do objeto da perícia; a análise perícia indireta, colhendo declarações das partes e analisando
técnica ou científica realizada pelo perito; a indicação do méto- documentos de medicina e segurança da empresa referentes ao
do utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominan- setor onde o trabalhador se ativou.
temente aceito pelos especialistas da área do conhecimento O laudo pericial precisa deixar claro as questões relaciona-
da qual se originou; e resposta conclusiva a todos os quesitos das à insalubridade – se possui a presença de agentes físicos,
apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministé- químicos ou biológicos – ou se a atividade oferecia risco à in-
rio Público –, sendo possível ainda que o juiz indefira eventual tegridade física do trabalhador, caracterizando o adicional de
quesito que entender desnecessário, desobrigando o perito de periculosidade.
respondê-lo. É impossível atestar essas condições de trabalho sem a
É possível ainda que as partes contratem seus próprios perícia trabalhista, tendo em vista que apenas a presença de
assistentes técnicos que irão acompanhar a perícia e formular alguns agentes de insalubridade, por si só, não bastam para ca-
seus próprios pareceres. racterizar a necessidade de percebimento do adicional de insa-
lubridade, é preciso que tais agentes insalubres ultrapassem os
Tipos de perícia trabalhista limites de tolerância estabelecidos na NR 15 (norma que regu-
Apesar de todas as perícias acabarem seguindo os mesmos lamenta o tema), o que só poderá ser atestado por um perito.
moldes, algumas se diferenciam pela matéria, pela complexida-
de e pela obrigatoriedade. Podemos citar três tipos de perícia Quem pode estar presente durante a perícia judicial
trabalhista: Além da presença indispensável do perito, é possível que
Perícia de insalubridade e periculosidade – falaremos mais os assistentes técnicos das partes acompanhem o desenrolar da
sobre nos tópicos abaixo. perícia, esclarecendo os próprios requisitos e preparando seus
Perícia médica – necessária quando o reclamante alega na pareceres técnicos.
inicial que sofreu acidente de trabalho ou que é portador de A contratação de um assistente técnico é dispensável, ou
doença ocupacional. Isso porque é comum o pedido de indeni- seja, ainda que possível, as partes não são obrigadas a contra-
zação pelas más condições de trabalho e ergonomia, o que só tar um assistente. Lembrando que os assistentes técnicos são
poderá ser atestado por um perito, ou até mesmo indenização de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou
por acidente de trabalho, o que demandará a investigação de suspeição.
um médico, fisioterapeuta ou outro especialista. Além disso, quando da perícia, o perito deve assegurar aos
Perícia de cálculos trabalhistas – o pagamento de verbas assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das dili-
rescisórias ou outros valores que envolvem uma relação traba- gências e dos exames que realizar, com prévia comunicação,
lhista pode ser bem complicado, ainda mais quando considera- comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 dias.
mos algumas gratificações e muitos anos de trabalho. Com isso, Isso porque os assistentes técnicos serão os responsáveis
é essencial a assistência de um perito contador, economista ou por impugnar o laudo apresentado pelo perito e discutir even-
outro especialista em cálculos. tuais discrepâncias.
Perícia judicial em processo de insalubridade e periculosi- Por fim, os advogados das partes também podem acompa-
dade e / ou para apuração de doença ocupacional ou acidente nhar a perícia.
de trabalho
Como destacamos em outros tópicos, quando o pedido do Duração da perícia judicial trabalhista
reclamante envolve insalubridade ou periculosidade, é obriga- Isso dependerá do tipo de perícia que estamos falando, da
tória a realização da perícia judicial. Essa determinação está complexidade do caso, da extensão do ambiente de trabalho,
no artigo 195 da CLT, que assim dispõe: “A caracterização e a da quantidade de documentos a serem analisados, dos cálculos
classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as que precisam ser feitos, etc.
normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia Algumas perícias acabam tendo a duração de uma tarde,
a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, re- quando são poucos quesitos a serem respondidos e quando a
gistrados no Ministério do Trabalho.” matéria não é muito complexa. Outras tantas acabam demoran-
Com isso, um médico do trabalho ou engenheiro do tra- do mais. Se o objeto da perícia forem cálculos trabalhistas, isso
balho poderá analisar o ambiente profissional do reclamante dependerá de cada perito.
e preparar seu laudo pericial a fim de atestar as condições do Como são muitos fatores a influenciar o tempo de dura-
trabalho e se é o caso da condenação de pagamento de even- ção da perícia judicial trabalhista, a duração dependerá do caso
tuais adicionais. concreto, do tipo de perícia e do tempo de trabalho do perito.

367
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Prazo para conclusão da perícia judicial Art. 769 – Nos casos omissos, o direito processual comum
Quanto à conclusão da perícia é importante destacar que o será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto
juiz dará um prazo razoável para que o perito protocole o laudo naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.
nos autos, havendo obrigação legal de que seja de pelo menos
20 dias antes da audiência de instrução e julgamento. Princípios do direito processual do trabalho
Isso porque deve haver tempo hábil para que as partes te- Não há, no Direito Processual do Trabalho, unanimidade
nham acesso ao laudo e possam impugná-lo. Os assistentes téc- quanto aos princípios aplicados. Seguem, em regra, os princí-
nicos terão o prazo de 15 para apresentarem seus pareceres. pios gerais do processo, havendo, porém, princípios voltados
diretamente ao processo trabalhista4.
Pagamento da perícia judicial Prestam-se para orientar o legislador na elaboração da nor-
Quando da nomeação do perito judicial pelo juiz, ele será ma jurídica e auxiliam o operador na interpretação da lei, inclu-
intimado para se manifestar a respeito da nomeação, juntar seu sive integrando-a aos casos concretos quando ocorre alguma
currículo e apresentar sua proposta de honorários periciais. lacuna ou omissão no texto legal.
É possível que o juiz determine o pagamento de 50% dos Na CLT, encontram fundamento no caput artigo 8º:
honorários periciais antes do início do trabalho e o restante Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Tra-
quando da conclusão da perícia e a prestação de esclarecimen- balho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão,
tos do perito em juízo. conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equi-
Contudo, o pagamento dos honorários periciais prévios dade e outros princípios e normas gerais de direito, principal-
(antes do início dos trabalhos) é facultado pelas partes, não ha- mente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos
vendo obrigação de pagamento sob esse título. e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que
Quando a perícia for requerida por uma das partes, será nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o in-
dela a responsabilidade pelo pagamento, sendo que no caso de teresse público.
ter sido determinada de ofício pelo juízo o valor será rateado Dentro desse contexto, para melhor compreensão dos prin-
entre as partes. Se a empresa reclamada for condenada, a ela cípios aplicáveis ao processo do trabalho, passamos a dividi-los
caberá o pagamento dos honorários periciais. em princípios gerais do processo, englobando os princípios
constitucionais e os princípios do processo civil aplicados ao
A perícia judicial trabalhista na sentença do caso processo do trabalho e os princípios peculiares ao processo do
Importante destacar que a prova pericial é um excelente trabalho.
componente de prova a auxiliar no convencimento do juiz, ain- Oportuno esclarecer que o rol a seguir apresentado é
da mais quando as questões apresentadas em juízo são muito exemplificativo, não englobando todos os princípios existen-
técnicas. tes, em especial os que regulam recursos e produção de provas,
Se o magistrado não possui expertise no tema e precisa de devendo ser estudados com amparo na doutrina, legislação e
um laudo pericial para formar seu convencimento, muito pro- jurisprudência.
vavelmente as conclusões da perícia serão levadas em conside-
ração, destacando a importância da perícia para o desfecho da Princípios gerais do processo5
demanda. Princípio do devido processo legal
Com isso, o juiz apreciará a prova pericial e indicará na sen- O princípio do devido processo legal (due process of law)
tença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de é, sem dúvida, um dos mais importantes princípios constitucio-
considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método nais, encontrando-se previsto, expressamente, no art. 5º, LIV,
utilizado pelo perito. da CF/1988, dispondo que ninguém será privado da liberdade
fonte: https://bnbb.adv.br/importancia-pericia-judicial- ou de seus bens sem o devido processo legal.
-processo-trabalhista/
Princípio da instrumentalidade ou da finalidade
O princípio em comento, de aplicação subsidiária ao pro-
DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO: cesso do trabalho (art. 769 da CLT), determina que serão váli-
PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO TRABALHISTA dos os atos que, embora realizados de outra forma, alcançarem
(APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC) a sua finalidade, desde que a lei não preveja a sua nulidade,
pois o processo não é um fim em si mesmo, mas tão somente
CPC, Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos um instrumento para que o Estado preste a jurisdição.
eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste
Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Princípio do contraditório e da ampla defesa
A CF/1988, no art. 5º, LV, assegura aos litigantes, em pro-
O art. 15 do Novo CPC apresenta o aspecto subsidiário do cesso judicial ou administrativo (inclusive no âmbito trabalhis-
Código de Processo Civil. A aplicação do código em outras áre- ta), e aos acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa,
as do Direito, contudo, não se trata de uma inovação, sendo com os meios e recursos a ela inerentes.
comum a sua referência e aplicabilidade nas áreas trabalhista,
eleitoral e administrativa3.
Acerca do processo trabalhista, por exemplo, dispõe o art.
4 https://jus.com.br/artigos/61331/principios-do-direito-processual-
769 da CLT, dessa maneira: -do-trabalho
5 Saraiva, Renato Curso de direito processual do trabalho / Renato
Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro:
3 https://www.sajadv.com.br/novo-cpc/art-13-a-15-do-novo-cpc/ Forense; São Paulo: MÉTODO.

368
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Princípio do juiz natural Princípio da preclusão e da perempção
O princípio do juiz natural, aplicável ao processo do traba- Preclusão é a perda da possibilidade da prática de um ato
lho, está previsto em dois diferentes incisos do art. 5º, quais processual seja pelo seu não exercício no momento oportuno,
sejam: seja pela total incompatibilidade entre o ato realizado e o pos-
“XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; terior, ou mesmo seja pelo fato de o ato já ter sido validamente
(...) praticado.
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela Os atos processuais são ordenados por meio de fases que
autoridade competente”. se sucedem na tramitação do processo. Logo, vencida uma fase
O princípio em destaque impede que seja conferida compe- processual, resta preclusa a prática de qualquer ato nela conti-
tência não prevista na Carta Maior a quaisquer órgãos julgado- do, ressalvados os casos específicos em lei, em que o magistra-
res, ou mesmo seja estabelecido juízo ou tribunal de exceção, do pode reabrir a fase já ultrapassada.
devendo ser respeitadas as regras objetivas de determinação A preclusão classifica-se em temporal, lógica e consuma-
de competência, prestigiando-se, assim, a independência e a tiva.
imparcialidade da autoridade julgadora. A preclusão temporal opera-se quando a parte não praticar
No art. 5º, LIII, da CF/1988 também encontramos o fun- o ato processual no prazo estipulado pela lei. Já a preclusão
damento do princípio do promotor natural ao estabelecer que lógica ocorre quando a parte pratica um ato incompatível com
ninguém será processado senão pela autoridade competente,
o já praticado, ou seja, é a impossibilidade de praticar um ato,
impedindo, assim, designações arbitrárias efetuadas pela chefia
por estar o mesmo em contradição com atos praticados ante-
da Instituição estabelecendo a figura do promotor de exceção.
riormente.
A preclusão consumativa dá-se em função da prática válida
Princípio da isonomia
Representa a igualdade entre as partes. Está prevista no do ato processual no prazo estabelecido pela lei, não podendo
caput do artigo 5º da CF. a parte renovar o ato já praticado e consumado.
Na forma do artigo 507, CPC, “é vedado à parte discutir no
Princípio da publicidade curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se
Os atos processuais devem ser públicos para que seja pos- operou a preclusão”.
sível conferir-lhes credibilidade. A regra consta do artigo 5º, in- A preclusão, portanto, representa a perda do direito à prá-
ciso LX, e 93, IX (princípio da motivação das decisões judiciais), tica de determinado ato processual, podendo ocorrer de forma
da CF. Na CLT, está expresso nos artigos 770 e 813. temporal (expiração de prazo), lógica (incompatível com outro
Encontra óbice nos processos que tramitam em segredo de ato já praticado, requerer produção de prova em processo já
justiça, contudo, há previsão legal para essas hipóteses. conciliado) e consumativa (renovar ato já praticado). Na CLT, o
artigo 795, por exemplo, apresenta regra de preclusão.
Princípio do livre convencimento do juiz A perempção consiste na perda pela parte do direito de
Está previsto no artigo 371 do CPC: “O juiz apreciará a pro- praticar determinado ato processual ou mesmo de prosseguir
va constante dos autos, independentemente do sujeito que a com a demanda em função da sua própria inércia, ao deixar
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação expirar o prazo legal para o exercício do direito.
de seu convencimento”. No campo do direito processual do trabalho, apenas en-
Princípio da inafastabilidade de jurisdição contramos a figura da perempção provisória, prevista nos arts.
O princípio da inafastabilidade de jurisdição, também co- 731 e 732 da CLT, que impedem, temporariamente, a parte de
nhecido como princípio da tutela jurisdicional ou sistema de ju- ajuizar reclamação trabalhista em face do mesmo reclamado e
risdição única, está previsto na CF/1988, no art. 5º, XXXV, que envolvendo o mesmo objeto, nas seguintes hipóteses:
determina que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judici- Art. 731. Aquele que tendo apresentado ao distribuidor re-
ário lesão ou ameaça a direito. clamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no
Neste contexto, cabe ao Poder Judiciário, com força defi- parágrafo único do art. 786, à Vara ou Juízo para fazê-lo tomar
nitiva, apreciar lesão ou ameaça de direito, não podendo o le- por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de seis me-
gislador infraconstitucional restringir o acesso do indivíduo ao
ses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
Poder Judiciário.
Art. 732. Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o re-
clamante que, por duas vezes seguidas, der causa ao arquiva-
Princípio da imediatidade ou imediação
mento de que trata o art. 844.
O princípio da imediação ou da imediatidade permite um
contato direto do juiz com as partes, testemunhas, peritos, ter-
ceiros e com a própria coisa litigiosa, objetivando firmar o seu Princípio da eventualidade
convencimento, mediante a busca da verdade real. O princípio da eventualidade determina que as partes
aduzam, de uma só vez, todas as matérias de ataque e defe-
Princípio do duplo grau de jurisdição sa, objetivando resguardar seu próprio interesse, sob pena de
O princípio do duplo grau de jurisdição implica a possibili- operar-se a denominada preclusão. Em outras palavras, o autor
dade do reexame de uma demanda (administrativa ou judicial) deverá alegar e requerer todo o seu direito na peça vestibular
pela instância superior, mediante interposição de recurso em (petição inicial) e o réu deve esgotar, na peça de resistência,
face da decisão do órgão de instância inferior. toda a matéria de defesa.
Em outras palavras, o princípio do duplo grau de jurisdição Encontra abrigo no artigo 336 do CPC, devendo o reclama-
impõe a obrigatoriedade, pelo menos, de duas instâncias (judi- do apresentar em sua resposta toda a tese defensiva, abrangen-
cial ou administrativa, conforme o caso), bem como o atinente do todos os argumentos que possam influenciar a decisão final,
recurso que garanta às partes a devolução da matéria apreciada apresentando preliminares, prejudiciais de mérito, exceções,
à instância superior. assim como a defesa de mérito.

369
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Princípios peculiares do direito processual do trabalho Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recur-
sos:
Princípio da oralidade § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio
O princípio da oralidade consubstancia-se na realização de Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento
atos processuais pelas partes e pelo próprio magistrado na pró- das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão
pria audiência, de forma verbal, oral. definitiva.
Na Justiça do Trabalho o princípio da oralidade tem grande
importância, acelerando a solução dos conflitos e entrega da Princípio da conciliação
prestação jurisdicional. Com efeito, versa a CLT que a petição O art. 764 da CLT contempla, de forma explícita, o princípio
inicial pode ser apresentada de maneira verbal (art. 840, pará- da conciliação, ao dispor que os dissídios individuais ou coleti-
grafo 2º, CLT), o mesmo ocorrendo com a defesa igualmente, vos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sem-
em audiência (art. 847, caput, CLT), as razões finais são verbais pre sujeitos à conciliação.
(art. 850, CLT), os protestos em audiência são verbais (art. 795, A Justiça Trabalhista tem como princípio basilar a busca
CLT). Ainda que lavrados a termo, a oralidade traduz dinamismo constante pela conciliação, escolhida como a mais adequada
ao processo trabalhista, tornando-o ágil e célere. para a solução célere dos conflitos. O próprio texto consolidado
Sob a ótica do processo do trabalho, o princípio da oralida- exige a proposta de conciliação antes do recebimento da defesa
de constitui um conjunto de regras destinadas a simplificar o (art. 846, CLT) e após as razões finais (art. 850, CLT), sob pena
procedimento, priorizando a palavra falada, concentração dos de nulidade.
atos processuais, com um significativo aumento dos poderes do Princípio da majoração dos poderes do juiz do trabalho na
juiz na direção do processo, imprimindo maior celeridade ao condução do processo
procedimento e efetividade da jurisdição, destacando o caráter Não se pode esperar do magistrado uma postura fraca,
publicista do processo. inerte e insegura. Deve ele conduzir o processo almejando al-
cançar o julgamento de mérito e distribuir a Justiça na forma do
Princípio da concentração dos atos processuais seu convencimento, conforme as provas produzidas no decor-
Em verdade, o princípio da concentração dos atos proces- rer da instrução processual.
suais objetiva que a tutela jurisdicional seja prestada no menor Para tanto, na esfera trabalhista, goza de poderes amplos,
tempo possível, concentrando os atos processuais em uma úni- observando o caráter social da Justiça do Trabalho e a dinâmica
ca audiência. do direito processual trabalhista.
A concentração dos atos processuais em audiência, sem Assim, o artigo 765 da CLT possibilita ao juiz do trabalho
dúvida, objetiva prestigiar o princípio da celeridade proces- maiores poderes na direção do processo, podendo, ex officio,
sual, agora mais ainda evidenciada pela Constituição Federal determinar qualquer diligência processual para formar seu con-
de 1988, que, no art. 5º, LXXVIII, com redação dada pela EC vencimento em busca da verdade, inclusive são amplos os po-
45/2004, assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, deres instrutórios do Juiz do Trabalho.
a razoável duração do processo e os meios que garantam a ce- Pode o juiz trabalhista, portanto, inverter a ordem natural
leridade de sua tramitação. da oitiva de testemunhas, desmembrar a audiência trabalhista,
Princípio da proteção ou tutela converter reclamatórias submetidas ao rito sumaríssimo para
Pelo princípio da proteção, o caráter tutelar, protecionista, rito ordinário, entre outras providências.
tão evidenciado no direito material do trabalho, também é apli-
cável no âmbito do processo do trabalho, o qual é permeado de Princípio do jus postulandi da parte
normas, que, em verdade, objetivam proteger o trabalhador, O princípio do jus postulandi da parte está consubstanciado
parte hipossuficiente da relação jurídica laboral. no art. 791 da CLT, o qual estabelece que os empregados e os
empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justi-
Princípio da informalidade ça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações.
Ao contrário do processo civil, o trabalhista não se atém Frise-se que, após a EC 45/2004, que ampliou a competên-
de forma engessada às formas. A informalidade e simplicidade cia material da Justiça do Trabalho para processar e julgar qual-
estão arraigadas ao processo do trabalho, bastando que a causa quer lide envolvendo relação de trabalho (art. 114 da CF/1988),
de pedir, por exemplo, seja compreensiva e não impossibilite o entendemos que o jus postulandi da parte é restrito às ações
direito de defesa. que envolvam relação de emprego, não se aplicando às deman-
Essa informalidade, porém, não dispensa uma compreen- das referentes à relação de trabalho distintas da relação em-
são lógica das peças processuais pregatícia.
Logo, em caso de ação trabalhista ligada à relação de tra-
Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões inter- balho não subordinado, as partes deverão estar representadas
locutórias por advogados, a elas não se aplicando o art. 791 da CLT, restri-
Ao contrário do que ocorre no processo civil, as decisões to a empregados e empregadores.
interlocutórias proferidas no processo do trabalho somente são
atacadas por meio de recurso da decisão final. Essa é a regra
geral, ressalvada a exceção prevista na Súmula 214, TST.
Há previsão expressa nesse sentido no artigo 893, parágra-
fo 1º, da CLT:

370
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Contagem dos prazos
DOS ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS A Consolidação das Leis do Trabalho disciplina, nos arts.
774 e 775, a contagem dos prazos no processo do trabalho.
Atos processuais
O processo nada mais representa do que um complexo or- Vejamos os dispositivos correspondentes ao assunto do
denado de atos processuais, destinado à obtenção de um obje- presente tópico, no CPC e na CLT, respectivamente:
tivo, qual seja a sentença6.
O ato processual constitui-se numa espécie de ato jurídico CPC, LIVRO IV
que objetiva a constituição, a conservação, o desenvolvimento, DOS ATOS PROCESSUAIS
a modificação ou a extinção da relação processual. TÍTULO I
Os atos processuais ocorrem, evidentemente, no curso do DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSU-
processo, podendo ser praticados pelas partes, pelo juiz ou pe- AIS
los órgãos auxiliares da Justiça. CAPÍTULO I
O Código de Processo Civil aborda o tema (atos processu- DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
ais) nos arts. 188 a 235, e a Consolidação das Leis do Trabalho, SEÇÃO I
embora de maneira não concentrada, disciplina a matéria a par- DOS ATOS EM GERAL
tir do art. 770.
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de
Termos processuais forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir,
Termo é a redução escrita de determinado ato processu- considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
al. A Consolidação das Leis do Trabalho disciplinou, de maneira preencham a finalidade essencial.
singela, os termos processuais nos arts. 771 a 773.
Considerando que a Consolidação das Leis do Trabalho pou- Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia trami-
co dispõe sobre os termos processuais, entendemos aplicável tam em segredo de justiça os processos:
ao processo laboral (em função do que dispõe o art. 769 con- I - em que o exija o interesse público ou social;
solidado). II - que versem sobre casamento, separação de corpos, di-
vórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de
Prazos processuais crianças e adolescentes;
A doutrina adota distintas classificações dos prazos proces- III - em que constem dados protegidos pelo direito constitu-
suais. Vejamos: cional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumpri-
Quanto à origem da fixação, os prazos processuais se clas- mento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipula-
sificam em: da na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Legais – os que são estabelecidos pelo ordenamento jurí- § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite
dico vigente, como o prazo para apresentação de recursos, o em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito
prazo para o executado pagar ou garantir a execução (48 horas às partes e aos seus procuradores.
– art. 880 da CLT) etc.; § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode re-
Judicial – os que são estabelecidos pelo magistrado traba- querer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de
lhista; inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
Convencionais – os que são acordados entre os litigantes,
como a possibilidade de suspensão do processo para tentativa Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam
de conciliação. autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipu-
Quanto à natureza, os prazos processuais se classificam lar mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades
em: da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculda-
Dilatórios – são os que admitem prorrogação pelo juiz em des e deveres processuais, antes ou durante o processo.
vista da solicitação da parte, permitindo-se ao interessado dis- Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz contro-
por do prazo para a prática de ato específico. Os prazos conven- lará a validade das convenções previstas neste artigo, recusan-
cionais também são dilatórios; do-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
Peremptórios – são os prazos fatais, insuscetíveis de pror- abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se en-
rogação, decorrendo de normas imperativas, de ordem pública, contre em manifesta situação de vulnerabilidade.
não podendo ser objeto de convenção entre as partes.
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar
Quanto aos destinatários, os prazos processuais se classi- calendário para a prática dos atos processuais, quando for o
ficam em: caso.
Próprios – são os destinados às partes, sejam os previstos § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele
em lei, sejam os fixados pelo juiz, sempre sujeitos à preclusão; previstos somente serão modificados em casos excepcionais,
Impróprios – são os fixados pelo ordenamento jurídico e devidamente justificados.
destinados aos juízes e servidores do Poder Judiciário, não su- § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de
jeitos à preclusão. ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem
6 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato sido designadas no calendário.
Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO.

371
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigató- SEÇÃO III
rio o uso da língua portuguesa. DOS ATOS DAS PARTES
Parágrafo único. O documento redigido em língua estran-
geira somente poderá ser juntado aos autos quando acompa- Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações
nhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente
diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.
juramentado. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos
após homologação judicial.
SEÇÃO II
DA PRÁTICA ELETRÔNICA DE ATOS PROCESSUAIS Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arra-
zoados, papéis e documentos que entregarem em cartório.
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcial-
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou in-
mente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, co-
terlineares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as
municados, armazenados e validados por meio eletrônico, na
escrever multa correspondente à metade do salário-mínimo.
forma da lei.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que
SEÇÃO IV
for cabível, à prática de atos notariais e de registro. DOS PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeita- Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em senten-
rão a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes ças, decisões interlocutórias e despachos.
e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimen-
julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, inde- tos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o
pendência da plataforma computacional, acessibilidade e inte- juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cogni-
roperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que tiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial
de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser § 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do
feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de au- juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da par-
tenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conser- te.
vação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, con- § 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a
fidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser prati-
unificada nacionalmente, nos termos da lei. cados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando neces-
Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, su- sário.
pletivamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a comu-
nicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos
pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorpora- tribunais.
ção progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para
esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acór-
fundamentais deste Código. dãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.
§ 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput forem
proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes
-os aos juízes para revisão e assinatura.
de seu sistema de automação em página própria na rede mun-
§ 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdi-
dial de computadores, gozando a divulgação de presunção de
ção, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
veracidade e confiabilidade.
§ 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do siste- das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Di-
ma e de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo ário de Justiça Eletrônico.
registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa
prevista no art. 223, caput e § 1º. SEÇÃO V
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter DOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA
gratuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos
necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao aces- Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão
so ao sistema e aos documentos dele constantes. ou o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natu-
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio reza do processo, o número de seu registro, os nomes das partes
não eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os e a data de seu início, e procederá do mesmo modo em relação
equipamentos previstos no caput. aos volumes em formação.

Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e
pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede rubricará todas as folhas dos autos.
mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Mi-
atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e nistério Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça
à assinatura eletrônica. é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que
intervierem.

372
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessá-
semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo es- rios à conservação de direitos, quando puderem ser prejudica-
crivão ou pelo chefe de secretaria. dos pelo adiamento;
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou re-
Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados moção de tutor e curador;
pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não III - os processos que a lei determinar.
puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de
secretaria certificará a ocorrência. Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não
documentado em autos eletrônicos, os atos processuais pratica- haja expediente forense.
dos na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados
de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, SEÇÃO II
na forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado DO LUGAR
digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria,
bem como pelos advogados das partes. Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamen-
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na trans- te na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em
crição deverão ser suscitadas oralmente no momento de reali- razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato
zação do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
plano e ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão.
CAPÍTULO III
Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de DOS PRAZOS
outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais
espaços em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos
entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente prescritos em lei.
ressalvadas. § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos
em consideração à complexidade do ato.
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intima-
CAPÍTULO II
ções somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
(quarenta e oito) horas.
SEÇÃO I
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo
DO TEMPO
juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato proces-
sual a cargo da parte.
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis,
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do
das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
termo inicial do prazo.
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos ini-
ciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por
causar grave dano. lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as cita- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente
ções, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de aos prazos processuais.
férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora
do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias
art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal. compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio de peti- § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituí-
ção em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no dos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da De-
horário de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o dis- fensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça
posto na lei de organização judiciária local. exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput.
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocor- § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audi-
rer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do úl- ências nem sessões de julgamento.
timo dia do prazo.
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado
o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendi- em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses
mento do prazo. do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao
que faltava para sua complementação.
Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execu-
praticarão atos processuais, excetuando-se: ção de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover
I - os atos previstos no art. 212, § 2º ; a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com
II - a tutela de urgência. antecedência, a duração dos trabalhos.

Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for
houver, e não se suspendem pela superveniência delas: difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2
(dois) meses.

373
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anu- Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia
ência das partes. Pública, a Defensoria Pública e o Ministério Público será conta-
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput do da citação, da intimação ou da notificação.
para prorrogação de prazos poderá ser excedido.
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de pra- dia do começo do prazo:
ticar ou de emendar o ato processual, independentemente de I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento,
declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar quando a citação ou a intimação for pelo correio;
que não o realizou por justa causa. II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido,
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça;
parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatá- III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quan-
rio. do ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prá- IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz,
tica do ato no prazo que lhe assinar. quando a citação ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê,
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do ven- quando a citação ou a intimação for eletrônica;
cimento. VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos
protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a inti-
dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado mação se realizar em cumprimento de carta;
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comuni- VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo
cação eletrônica. Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio
útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
Justiça eletrônico. § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se
seguir ao da publicação. referem os incisos I a VI do caput.
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é
Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido contado individualmente.
exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira ex- § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela
pressa. parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo,
sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo
Art. 226. O juiz proferirá: do prazo para cumprimento da determinação judicial corres-
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; ponderá à data em que se der a comunicação.
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. hora certa.
Art. 232. Nos atos de comunicação por carta precatória, ro-
Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo gatória ou de ordem, a realização da citação ou da intimação
justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz
está submetido. deprecado ao juiz deprecante.

Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos con- SEÇÃO II


clusos no prazo de 1 (um) dia e executar os atos processuais no DA VERIFICAÇÃO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES
prazo de 5 (cinco) dias, contado da data em que:
I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi im- Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário exce-
posto pela lei; deu, sem motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei.
II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz. § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a processo administrativo, na forma da lei.
hora em que teve ciência da ordem referida no inciso II. § 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defen-
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de peti- soria Pública poderá representar ao juiz contra o serventuário
ções ou de manifestações em geral ocorrerá de forma automáti- que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.
ca, independentemente de ato de serventuário da justiça.
Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor pú-
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procura- blico e o membro do Ministério Público devem restituir os autos
dores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos conta- no prazo do ato a ser praticado.
dos em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer § 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advo-
juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. gado que exceder prazo legal.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo ape- § 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos no pra-
nas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. zo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de cartório e in-
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em correrá em multa correspondente à metade do salário-mínimo.
autos eletrônicos.

374
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção Parágrafo único - Tratando-se de notificação postal, no
local da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimento dis- caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de
ciplinar e imposição de multa. recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsa-
§ 4º Se a situação envolver membro do Ministério Público, bilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e
da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for oito) horas, ao Tribunal de origem.
o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato.
§ 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão conta-
competente responsável pela instauração de procedimento dis- dos em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do
ciplinar contra o membro que atuou no feito. dia do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estrita-
Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defenso- mente necessário, nas seguintes hipóteses: (Incluído dada pela
ria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Lei nº 13.467, de 2017)
Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustifi- I - quando o juízo entender necessário; (Incluído dada pela
cadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou Lei nº 13.467, de 2017)
regimento interno. II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.
§ 1º Distribuída a representação ao órgão competente e (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
ouvido previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento li- § 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alte-
minar, será instaurado procedimento para apuração da respon- rar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
sabilidade, com intimação do representado por meio eletrônico necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade
para, querendo, apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) à tutela do direito. (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
dias.
§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos
até 48 (quarenta e oito) horas após a apresentação ou não da dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, in-
justificativa de que trata o § 1º, se for o caso, o corregedor do clusive. (Incluído dada pela Lei nº 13.545, de 2017)
tribunal ou o relator no Conselho Nacional de Justiça determi- § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados insti-
nará a intimação do representado por meio eletrônico para que, tuídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da
em 10 (dez) dias, pratique o ato. Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Jus-
§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao subs- tiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no
tituto legal do juiz ou do relator contra o qual se representou caput deste artigo. (Incluído dada pela Lei nº 13.545, de 2017)
para decisão em 10 (dez) dias. § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão au-
diências nem sessões de julgamento. (Incluído dada pela Lei nº
CLT, CAPÍTULO II 13.545, de 2017)
DO PROCESSO EM GERAL
SEÇÃO I Art. 776 - O vencimento dos prazos será certificado nos pro-
DOS ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS cessos pelos escrivães ou secretários.

Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o Art. 777 - Os requerimentos e documentos apresentados, os
contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias atos e termos processuais, as petições ou razões de recursos e
úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. quaisquer outros papéis referentes aos feitos formarão os autos
Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em domingo dos processos, os quais ficarão sob a responsabilidade dos es-
ou dia feriado, mediante autorização expressa do juiz ou presi- crivães ou secretários.
dente.
Art. 771 - Os atos e termos processuais poderão ser escritos Art. 778 - Os autos dos processos da Justiça do Trabalho,
a tinta, datilografados ou a carimbo. não poderão sair dos cartórios ou secretarias, salvo se solicita-
dos por advogados regularmente constituído por qualquer das
Art. 772 - Os atos e termos processuais, que devam ser assi- partes, ou quando tiverem de ser remetidos aos órgãos compe-
nados pelas partes interessadas, quando estas, por motivo justi- tentes, em caso de recurso ou requisição.
ficado, não possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença Art. 779 - As partes, ou seus procuradores, poderão consul-
de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador tar, com ampla liberdade, os processos nos cartórios ou secre-
legalmente constituído. tarias.
Art. 773 - Os termos relativos ao movimento dos processos
constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos secretá- Art. 780 - Os documentos juntos aos autos poderão ser de-
rios ou escrivães. sentranhados somente depois de findo o processo, ficando tras-
lado.
Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos previstos
neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em Art. 781 - As partes poderão requerer certidões dos proces-
que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela sos em curso ou arquivados, as quais serão lavradas pelos escri-
em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar vães ou secretários.
o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que Parágrafo único - As certidões dos processos que correrem
for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. em segredo de justiça dependerão de despacho do juiz ou pre-
sidente.

375
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 782 - São isentos de selo as reclamações, representações, I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5%
requerimentos. atos e processos relativos à Justiça do Trabalho. (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$
1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e oito cen-
tavos);
DAS CUSTAS E EMOLUMENTOS II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:
a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);
As custas são cobradas de acordo com o respectivo Regi- b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centa-
mento e servem para remunerar o serventuário da justiça pelo vos);
andamento do processo, com a realização dos atos procedi- III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro
mentais que lhe competem. São despesas com atos judiciais reais e vinte e seis centavos);
praticados em razão do ofício e especificados nas tabelas das IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e
Corregedorias, compreendendo autuação, expedição e preparo vinte e seis centavos);
dos feitos7. V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos
Emolumentos referem-se ao preço dos serviços praticados à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis
pelos serventuários de cartório ou serventias não oficializados, centavos);
remunerados pelo valor dos serviços desenvolvidos e não pelos VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e
cofres públicos. São as despesas com atos extrajudiciais em ra- trinta e cinco centavos);
zão do ofício próprio. VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cin-
Vejamos a disposição da CLT, em concordância com a Re- quenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);
forma Trabalhista, acerca do tema supracitado: VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por
dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação;
SEÇÃO III IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo
DAS CUSTAS E EMOLUMENTOS – sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o
limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos e seis centavos).
do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Jus-
tiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Art. 789-B. Os emolumentos serão suportados pelo Reque-
Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as cus- rente, nos valores fixados na seguinte tabela:
tas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de I – autenticação de traslado de peças mediante cópia repro-
2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais gráfica apresentada pelas partes – por folha: R$ 0,55 (cinquen-
e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o ta e cinco centavos de real);
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência II – fotocópia de peças – por folha: R$ 0,28 (vinte e oito
Social, e serão calculadas: (Redação dada pela Lei nº 13.467, centavos de real);
de 2017) III – autenticação de peças – por folha: R$ 0,55 (cinquenta e
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respec- cinco centavos de real);
tivo valor; IV – cartas de sentença, de adjudicação, de remição e de
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento arrematação – por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos
do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre de real);
o valor da causa; V – certidões – por folha: R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta e
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação três centavos).
declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa;
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos
fixar. Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de paga-
§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em mento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que
julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. § 1º Tratando-se de empregado que não tenha obtido o be-
§ 2º Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á nefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que
o valor e fixará o montante das custas processuais. houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo
§ 3º Sempre que houver acordo, se de outra forma não pagamento das custas devidas.
for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes § 2º No caso de não-pagamento das custas, far-se-á execu-
iguais aos litigantes. ção da respectiva importância, segundo o procedimento estabe-
§ 4º Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão lecido no Capítulo V deste Título.
solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes
valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal. dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a re-
querimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusi-
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, ve quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final, de salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
conformidade com a seguinte tabela: máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
7 http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/custas_emolumen-
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
tos_tst.htm#:~:text=Guia%20Trabalhista&text=Emolumentos%20s%- § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte
C3%A3o%20o%20pre%C3%A7o%20dos,em%20raz%C3%A3o%20do%20 que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das
of%C3%ADcio%20pr%C3%B3prio custas do processo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

376
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos Substituição processual
beneficiários de justiça gratuita: Ocorre a substituição processual quando a parte, em nome
I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e próprio, pleiteia direito alheio, desde que autorizado por lei.
respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais Nesse sentido, estabelece o Art. 18, CPC: Ninguém poderá
ou municipais que não explorem atividade econômica; pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autoriza-
II – o Ministério Público do Trabalho. do pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcan- Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substi-
ça as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exi- tuído poderá intervir como assistente litisconsorcial.
me as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de re- A substituição processual, portanto, confere à parte legi-
embolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. timidade extraordinária, podendo o substituto praticar todos
os atos processuais, como a apresentação da petição inicial, da
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorá- defesa, produção de provas, interposição de recursos etc., não
rios periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da pe- lhe sendo dado, contudo, o direito de transigir, renunciar ou de
rícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita. (Redação dada reconhecer o pedido, uma vez que o direito material não lhe
pela Lei nº 13.467, de 2017) pertence, e sim ao sujeito da lide, ao substituído.
§ 1º Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá
respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior Representação
da Justiça do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) A representação não se confunde com a assistência. Na
§ 2º O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários pe- representação, o representante age no processo em nome do
riciais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) titular da pretensão defendendo o direito do próprio represen-
§ 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para tado.
realização de perícias. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Em outras palavras, o representante figura no processo em
§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da justiça gra- nome e na defesa de interesse de outrem.
tuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar A representação pode ser legal, como na hipótese de re-
a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a presentação de pessoas jurídicas de direito público ou conven-
União responderá pelo encargo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de cional, como ocorre em relação aos representantes indicados
2017) pelas pessoas jurídicas de direito privado.
No tocante às pessoas físicas, a incapacidade civil absoluta
ou relativa é resolvida com a intervenção de um representante
ou assistente, respectivamente.
DAS PARTES E PROCURADORES; DO JUS POSTULANDI;
DA SUBSTITUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO PROCESSUAIS; Assistência judiciária
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA; DOS HONORÁRIOS DE Na Justiça do Trabalho, a teor do art. 14 da Lei 5.584/1970,
ADVOGADO a assistência judiciária é prestada exclusivamente ao trabalha-
dor, por intermédio do sindicato da categoria profissional à
Partes e Procuradores qual pertence o obreiro.
Tradicionalmente, conceitua-se como parte aquele que de- Frise-se que a assistência judiciária será prestada ao traba-
manda em nome próprio a prestação jurisdicional do Estado, ou lhador pelo seu sindicato profissional mesmo que o obreiro não
mesmo a pessoa em cujo nome é demandada. Em outras pala- seja associado ao respectivo ente sindical, conforme previsto
vras, partes são o autor, que demanda a tutela jurisdicional, e o no art. 18 da Lei 5.584/1970, não sendo lícito, portanto, ao sin-
réu, contra quem a atuação é postulada8. dicato profissional negar assistência jurídica ao trabalhador (ou
mesmo condicioná-la à sua associação) pelo simples fato de o
Jus postulandi mesmo não ser sindicalizado.
Conforme o princípio do jus postulandi da parte está con- A assistência judiciária será prestada ao trabalhador que
substanciado no art. 791 da CLT, o qual estabelece que os em- perceber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, fi-
pregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente cando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salá-
perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclama- rio, uma vez provado que sua situação econômica não lhe per-
ções. mite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Nessa esteira, o art. 839, a, da CLT também salienta que a
reclamação trabalhista poderá ser apresentada pelos emprega- Honorários de advogado
dos e empregadores, pessoalmente, ou por seus representan- Tema polêmico nos domínios do processo do trabalho diz
tes, e pelos sindicatos de classe. respeito, nas lides decorrentes da relação de emprego, à con-
Logo, em função do jus postulandi, reclamante e reclamado denação ou não do sucumbente, em honorários advocatícios,
poderão atuar sem a presença de advogados, perante os juí- havendo forte dissenso doutrinário e jurisprudencial.
zos de primeiro grau e Tribunais Regionais. A atuação perante o
TST, como se verá abaixo, não segue esta regra. CLT, SEÇÃO IV
DAS PARTES E DOS PROCURADORES

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão recla-


8 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato mar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar
Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro: as suas reclamações até o final.
Forense; São Paulo: MÉTODO.

377
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e emprega-
dores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, DAS AUDIÊNCIAS: DE CONCILIAÇÃO, DE INSTRUÇÃO
advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos E DE JULGAMENTO; DA NOTIFICAÇÃO DAS PARTES;
Advogados do Brasil. DO ARQUIVAMENTO DO PROCESSO; DA REVELIA E
§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a CONFISSÃO
assistência por advogado.
§ 3º A constituição de procurador com poderes para o foro Audiência
em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em Dispõe o art. 813 da CLT que as audiências dos órgãos da
ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interes- Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do
sado, com anuência da parte representada. Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados entre 8 e
18 horas, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, quando houver matéria urgente.
serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mí- Em casos especiais, poderá ser designado outro local para
nimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por a realização das audiências, mediante edital afixado na sede do
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 horas.
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, Conforme determina a Constituição Federal de 1988, em
sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, seu art. 93, IX (com redação da pela EC 45/2004), todos os julga-
de 2017) mentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e funda-
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a mentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes
substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela Lei nº e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais
13.467, de 2017) a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela não prejudique o interesse público à informação.
Lei nº 13.467, de 2017) Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº a necessária antecedência, os escrivães ou chefes de Secretaria
13.467, de 2017) (art. 814 da CLT).
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº À hora marcada, o juiz declarará aberta a audiência, caben-
13.467, de 2017) do a um funcionário da Vara realizar o pregão, convocando as
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei partes para comparecerem à sala de audiências.
nº 13.467, de 2017)
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido Fracionamento da audiência
para o seu serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) O art. 849 da CLT determina que a audiência de julgamento
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará será contínua, única, em observância ao princípio da celeridade
honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação processual.
entre os honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Todavia, se não for possível, por motivo de força maior,
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que concluí-la no mesmo dia, o juiz marcará sua continuação para
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, cré- a primeira desimpedida, independentemente de nova notifica-
ditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes ção.
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibi- Em verdade, os juízes do trabalho, com base no art. 765
lidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos sub- (ampla liberdade na direção do processo) e no art. 849, ambos
sequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, da CLT, vêm adotando a praxe de dividir a audiência em três
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insufi- sessões, quais sejam:
ciência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, • Audiência de conciliação – também chamada de audiên-
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do benefici- cia inaugural, objetiva buscar a conciliação, e, não sendo esta
ário. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) possível, a apresentação da defesa pela reclamada;
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconven- • Audiência de instrução – também chamada de audiência
ção. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) em prosseguimento, com o objetivo de colher as provas;
• Audiência de julgamento – com o único objetivo de dar
Art. 792 - (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017). ciência da sentença às partes, mediante sua publicação em au-
diência.
Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos
será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Notificação
Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Minis- Torna-se imprescindível para o desenvolvimento da cadeia
tério Público estadual ou curador nomeado em juízo. procedimental que haja a comunicação dos atos processuais às
partes.
O Código de Processo Civil estabelece como formas de co-
municação dos atos processuais a citação e a intimação.
De acordo com o Art. 238, CPC, Citação é o ato pelo qual
são convocados o réu, o executado ou o interessado para inte-
grar a relação processual.
Já Intimação, é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos
atos e dos termos do processo (art. 269 do CPC).

378
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Vale destacar que o Código de Processo Civil eliminou a § 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2o é condi-
notificação como forma de comunicação dos atos processuais, ção para a propositura de nova demanda. (Incluído pela Lei nº
subsistindo, exclusivamente, como meio destinado a prevenir 13.467, de 2017)
responsabilidades, prover a conservação e ressalva de direitos § 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput des-
ou de manifestação de intenção de modo formal, conforme dis- te artigo se: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
posto no art. 726 do digesto processual civil. I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contes-
O legislador pátrio, entretanto, objetivando justificar a au- tar a ação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
tonomia do processo do trabalho, utilizou na Consolidação das II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; (Incluído pela
Leis do Trabalho, de forma indiscriminada, o termo notificação, Lei nº 13.467, de 2017)
como o meio adequado para comunicação de todo e qualquer III - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-
ato processual realizado no âmbito da Justiça laboral (seja cita- mento que a lei considere indispensável à prova do ato; (Incluí-
ção ou intimação). do pela Lei nº 13.467, de 2017)
Logo, a legislação processual trabalhista denomina, igual- IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem
mente, como notificação a comunicação dirigida ao autor como inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
também ao réu. Todavia, no processo de execução, o art. 880 dos autos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
da CLT previu, expressamente, a citação do executado pelo ofi- § 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado
cial de justiça para que cumpra o julgado, ou, tratando-se de na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos even-
pagamento em dinheiro, para que pague no prazo de 48 horas tualmente apresentados. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
ou garanta a execução sob pena de penhora.
Na inicial trabalhista, portanto, não há citação do reclama- Veja a pena em que incorrerá o reclamante em caso de não
do, mas notificação do mesmo, por meio de remessa automá- comparecimento à audiência por 2 (duas) vezes seguidas:
tica pelo servidor da secretaria da Vara, dentro de 48 horas do
recebimento da ação, via postal, de cópia da petição inicial ao Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor
reclamado, notificando-o a comparecer à audiência de julga- reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no
mento, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar
(art. 841 da CLT), ocasião em que o demandado apresentará, por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis)
caso deseje, sua defesa. meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
O art. 774, parágrafo único, da CLT esclarece que, tratan-
do-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o
reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao ar-
destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará
quivamento de que trata o art. 844.
obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolver
a notificação ao tribunal de origem, no prazo de 48 horas.
Revelia
Nos termos do art. 841 da CLT, entre o recebimento da no-
Dispõe o Art. 344, CPC - Se o réu não contestar a ação, será
tificação postal e a realização da audiência deverá decorrer o
considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de
prazo mínimo de cinco dias, tempo necessário para que o de-
fato formuladas pelo autor.
mandado prepare a sua defesa.
Por outro lado, estabelece a parte final do art. 844 da CLT
A falta da notificação pode ser suprida pelo compareci-
que, se o reclamado não comparecer à audiência, importará em
mento espontâneo do réu. Todavia, não respeitado o quinquí-
revelia, além de confissão, quanto à matéria de fato.
dio legal previsto no art. 841 consolidado, o reclamado poderá Portanto, a ausência do reclamado em audiência importa
comparecer à audiência apenas para arguir a nulidade de cita- na revelia, presumindo-se verdadeiros os fatos alegados pelo
ção, caso em que decretada a nulidade pelo juiz, será designada demandante (efeito material da revelia), fatos estes que não
nova data para realização da audiência, onde o réu apresentará mais precisarão ser provados, impondo-se o julgamento ime-
sua defesa. diato do mérito da demanda (efeito processual da revelia).

Arquivamento do processo Confissão


Como referência legislativa básica ao Arquivamento do Pro- Estabelece o Art. 389, CPC - Há confissão, judicial ou extra-
cesso, no Direito Processual do Trabalho, dispõem os Artigos judicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário ao
844; 731 e 732, da CLT: seu interesse e favorável ao do adversário.
Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiên- A confissão pode ser judicial, realizada no curso do proces-
cia importa o arquivamento da reclamação, e o não-compareci- so, ou extrajudicial, realizada fora do processo.
mento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada (art.
à matéria de fato. 390 do CPC). A confissão espontânea é feita, em regra, por pe-
§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender tição. Já a confissão provocada é proveniente do depoimento
o julgamento, designando nova audiência. (Redação dada pela pessoal da parte.
Lei nº 13.467, de 2017) Por meio da oitiva das partes, poderá o magistrado extrair
§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será con- a denominada confissão real, conhecida popularmente como a
denado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. rainha das provas. Na confissão real (realizada expressamen-
789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gra- te pela parte), o juiz consegue extrair a verdade dos fatos ale-
tuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausên- gados pelos litigantes, mediante o próprio depoimento das
cia ocorreu por motivo legalmente justificável. (Incluído pela Lei partes. A confissão espontânea e a provocada, que são reais,
nº 13.467, de 2017) geram a presunção absoluta de veracidade dos fatos narrados
pela parte adversa.

379
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
A confissão ficta ocorre pelo não comparecimento da parte Na inicial trabalhista, portanto, não há citação do reclama-
à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal, do, mas notificação via postal do mesmo, por meio de remessa
desde que devidamente intimada para esse ato, ou, compare- automática pelo servidor da secretaria da Vara, dentro de 48
cendo, o litigante se recuse a responder às perguntas formu- horas do recebimento da ação, de cópia da petição inicial ao re-
ladas pelo magistrado ou afirme ignorar os fatos relevantes e clamado, notificando-o a comparecer à audiência de julgamen-
pertinentes para a solução da lide (art. 385, § 1º, do CPC). to, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias (art.
Outrossim, se o reclamado não comparecer à audiência 841 da CLT), ocasião em que o demandado apresentará, caso
inaugural, além da revelia, também incidirá sobre o mesmo a deseje, sua defesa.
confissão ficta, a teor do art. 844 da CLT.
Legitimidade para ajuizar
Referido tema tem como referência legislativa básica, os
DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS: DA FORMA DE Artigos 791 ao 793 e 839, da CLT.
RECLAMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO; DA RECLAMAÇÃO De acordo com o art. 791 da CLT as partes poderão ajuizar
ESCRITA E VERBAL; DA LEGITIMIDADE PARA AJUIZAR reclamações trabalhistas pessoalmente (sem necessidade de
serem representadas por advogado).
Procedimento comum - Postulação do autor E, de acordo com o Art. 839 - A reclamação poderá ser apre-
Reclamação verbal ou escrita sentada:
Em função do princípio da inércia da jurisdição, o juiz so- a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou
mente prestará a tutela jurisdicional uma vez provocado, im- por seus representantes, e pelos sindicatos de classe;
pondo-se, por conseguinte, a apresentação da reclamação tra- b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça
balhista pelo interessado9. do Trabalho.
O texto consolidado (art. 840, CLT) permite que a reclama-
ção trabalhista seja apresentada de maneira verbal (oral) ou Assim, dispõe a CLT quanto aos Dissídios Individuais:
escrita.
DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
Por sua vez, o art. 786 da CLT determina que a reclamação
SEÇÃO I
verbal será distribuída antes de sua redução a termo (ato rea-
DA FORMA DE RECLAMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO
lizado por um servidor da Vara do Trabalho consistente em dar
forma escrita à reclamação apresentada oralmente).
Art. 837 - Nas localidades em que houver apenas 1 (uma)
Uma vez distribuída a reclamação verbal, o reclamante de-
Junta de Conciliação e Julgamento, ou 1 (um) escrivão do cível, a
verá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de
reclamação será apresentada diretamente à secretaria da Jun-
cinco dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo,
ta, ou ao cartório do Juízo.
sob pena de perda, pelo prazo de seis meses, do direito de re-
Art. 838 - Nas localidades em que houver mais de 1 (uma)
clamar perante a Justiça do Trabalho (art. 786, parágrafo único,
Junta ou mais de 1 (um) Juízo, ou escrivão do cível, a reclama-
c/c o art. 731 da CLT). ção será, preliminarmente, sujeita a distribuição, na forma do
O reclamante que der causa a dois arquivamentos seguidos disposto no Capítulo II, Seção II, deste Título.
da reclamação trabalhista pelo seu não comparecimento à au-
diência também fica impossibilitado, pelo prazo de seis meses, Art. 839 - A reclamação poderá ser apresentada:
de exercer o direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou
(art. 732 da CLT). por seus representantes, e pelos sindicatos de classe;
A impossibilidade de propor nova reclamação trabalhista b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça
no prazo de seis meses, conforme explicitado nas hipóteses do Trabalho.
acima, é chamado pela doutrina de perempção temporária. Tal
limitação somente ocorrerá se for distribuída nesse interregno Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
nova ação envolvendo o mesmo reclamante e reclamado e ob- § 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designa-
jeto (pedidos). ção do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos
fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
Notificação determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura
É desnecessário o requerimento de citação do réu, visto do reclamante ou de seu representante. (Redação dada pela Lei
que, nos domínios do processo do trabalho, não há citação do nº 13.467, de 2017)
reclamado, mas simples notificação para comparecimento à au- § 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas
diência, ato automático realizado pelo servidor da Vara do Tra- vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado,
balho (art. 841 da CLT), independentemente de pedido autoral. no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada
Nesta esteira, o legislador pátrio, objetivando justificar a pela Lei nº 13.467, de 2017)
autonomia do processo do trabalho, utilizou na Consolidação § 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste
das Leis do Trabalho, de forma indiscriminada, o termo noti- artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluí-
ficação, como o meio adequado para comunicação de todo e do pela Lei nº 13.467, de 2017)
qualquer ato processual realizado no âmbito da Justiça laboral
(seja citação ou intimação). Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão
ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a
9 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato
segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-
Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro: -o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamen-
Forense; São Paulo: MÉTODO. to, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.

380
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 1º - A notificação será feita em registro postal com fran- III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo
quia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar
não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento
jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. § 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da recla-
da reclamação ou na forma do parágrafo anterior. mação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da
§ 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, causa.
o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, § 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudan-
desistir da ação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) ças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se
eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indica-
Art. 842 - Sendo várias as reclamações e havendo identida- do, na ausência de comunicação.
de de matéria, poderão ser acumuladas num só processo, se se
tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento. Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão
instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz
presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO E SUMARÍSSIMO simultaneamente com o titular.

Procedimento Ordinário Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para
O procedimento ordinário dos dissídios individuais, no pro- determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus
cesso trabalhista, está regulado, de forma esparsa entre o art. probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que
763 e o art. 852 da CLT. considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem
As reclamatórias trabalhistas que se submetem ao rito ordi- como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experi-
nário são as de valores que ultrapassem 40 (quarenta) salários ência comum ou técnica.
mínimos, na data de seu ajuizamento.
Desta feita, em respeito ao princípio da concentração dos Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes pre-
atos processuais, a teor do disposto no art. 843 da CLT, as ações sentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios ade-
ajuizadas perante a Justiça do Trabalho deveriam ser resolvidas quados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em
em uma única audiência, o que englobaria a conciliação, a ins- qualquer fase da audiência.
trução e o julgamento em uma única oportunidade.
Entretanto, diante da impossibilidade fática de cumprir a Art. 852-F. Na ata de audiência serão registrados resumi-
regra, outro procedimento tem prevalecido na prática traba- damente os atos essenciais, as afirmações fundamentais das
lhista e as audiências têm-se dividido em Conciliação, Instrução partes e as informações úteis à solução da causa trazidas pela
e Julgamento. prova testemunhal.
Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os incidentes e
Procedimento Sumaríssimo exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência
O procedimento sumaríssimo foi instituído pela Lei e do processo. As demais questões serão decididas na sentença.
9.957/2000 (que acrescentou os arts. 852-A a 852-I à CLT), ob-
jetivando tornar o processo do trabalho mais célere, sendo apli- Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência
cado aos dissídios individuais, cujo valor não exceda a quarenta de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previa-
vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da recla- mente.
mação (art. 852-A da CLT). § 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes
manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrup-
SEÇÃO II-A ção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do
DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO juiz.
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.957, DE 2000) § 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada par-
te, comparecerão à audiência de instrução e julgamento inde-
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a pendentemente de intimação.
quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamen- § 3º Só será deferida intimação de testemunha que, com-
to da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumarís- provadamente convidada, deixar de comparecer. Não compa-
simo. recendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento suma- imediata condução coercitiva.
ríssimo as demandas em que é parte a Administração Pública § 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legal-
direta, autárquica e fundacional. mente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz,
desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito.
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento § 5º (VETADO).
sumaríssimo: § 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o lau-
I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o do, no prazo comum de cinco dias.
valor correspondente; § 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias,
correta indicação do nome e endereço do reclamado; salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa.

381
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de convic- contrado, far-se-á a citação por edital, publicada no jornal ofi-
ção do juízo, com resumo dos fatos relevantes ocorridos em au- cial ou, na falta deste, afixado na sede da Vara ou Juízo, durante
diência, dispensado o relatório. cinco dias.
§ 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar Realizada a citação, o oficial de justiça, de posse do man-
mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as dado, aguardará o decurso do prazo de 48 horas, podendo o
exigências do bem comum. executado nesse interregno adotar três posicionamentos, quais
sejam:
Art. 881 - No caso de pagamento da importância reclama-
EXECUÇÃO: PROCEDIMENTOS; EMBARGOS À da, será este feito perante o escrivão ou secretário, lavrando-se
EXECUÇÃO; PRAÇA E LEILÃO; ARREMATAÇÃO. termo de quitação, em 2 (duas) vias, assinadas pelo exequente,
EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA pelo executado e pelo mesmo escrivão ou secretário, entregan-
do-se a segunda via ao executado e juntando-se a outra ao pro-
Em matéria referente à execução trabalhista, primeiramen- cesso.
te aplica-se a Consolidação das Leis do Trabalho, (arts. 876 ao Parágrafo único - Não estando presente o exequente, será
depositada a importância, mediante guia, em estabelecimento
892) dedicados à execução trabalhista10.
oficial de crédito ou, em falta deste, em estabelecimento ban-
Na omissão da norma consolidada, utiliza-se a Lei
cário idôneo.
5.584/1970, que traz apenas um artigo (art. 13) dedicado à exe-
Art. 882. O executado que não pagar a importância recla-
cução trabalhista, especificamente disciplinando o instituto da
mada poderá garantir a execução mediante depósito da quantia
remição da execução pelo devedor. correspondente, atualizada e acrescida das despesas processu-
Persistindo a omissão, determina o art. 889 da CLT a apli- ais, apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de
cação subsidiária, no que não for incompatível com a norma bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida
consolidada, dos preceitos que regem o processo dos executi- no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código
vos fiscais para a cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Federal, disciplinada na Lei 6.830/1980.
Por último, sendo também omissa a Lei 6.830/1980, utili- Nomeação de bens à penhora
zam-se, de forma subsidiária à execução trabalhista, os precei- A gradação legal para nomeação de bens à penhora está
tos contidos no Código de Processo Civil. prevista no art. 835 do CPC:
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a se-
Citação, pagamento, depósito para apresentação de em- guinte ordem:
bargos I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em
Tornada a dívida líquida e certa, com a respectiva homolo- instituição financeira;
gação dos cálculos, inicia-se a execução trabalhista. O objetivo II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Dis-
da execução por quantia certa é expropriar bens do devedor a trito Federal com cotação em mercado;
fim de satisfazer o direito do credor, respondendo o executado III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
com seu patrimônio, presente ou futuro, para o cumprimento IV - veículos de via terrestre;
das obrigações. V - bens imóveis;
Nesse contexto, achando-se a dívida já com seu valor líqui- VI - bens móveis em geral;
do e certo, será expedido o mandado executivo, denominado VII - semoventes;
mandado de citação, penhora e avaliação (CPA), a ser cumprido VIII - navios e aeronaves;
pelo oficial de justiça. IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
Nos termos do art. 880 da CLT (com redação dada pela Lei X - percentual do faturamento de empresa devedora;
11.457/2007), o executado será citado para em 48 horas pagar XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e
a dívida ou mesmo garantir a execução. Vejamos:
venda e de alienação fiduciária em garantia;
Art. 880 da CLT, Requerida a execução, o juiz ou presidente
XIII - outros direitos.
do Tribunal, mandará expedir mandado de citação ao executa-
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas
do, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo
demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo
modo e sob as cominações estabelecidas, ou, em se tratando com as circunstâncias do caso concreto.
de pagamento em dinheiro, incluídas as contribuições sociais § 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se
devidas à União, para que pague em quarenta e oito horas, ou a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, des-
garanta a execução, sob pena de penhora. de que em valor não inferior ao do débito constante da inicial,
Vale destacar que a citação do devedor na execução tra- acrescido de trinta por cento.
balhista, ao contrário do que ocorre no processo de cognição, § 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora
é pessoal, sendo realizada pelos oficiais de justiça, estando a recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer
validade do ato subordinada à sua realização na pessoa do exe- a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.
cutado, ou de quem possua poderes expressos para recebê-la.
O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda Penhora
ou o termo de acordo não cumprido (art. 880, § 1º, da CLT). Dispõe o art. 883 da CLT que:
Conforme determina o art. 880, § 3º, da CLT, se o executado, Art. 883 - Não pagando o executado, nem garantindo a exe-
procurado por duas vezes no espaço de 48 horas, não for en- cução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao
10 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato pagamento da importância da condenação, acrescida de custas
Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro: e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir
Forense; São Paulo: MÉTODO. da data em que for ajuizada a reclamação inicial.

382
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somen- II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que
te poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do exe- guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor
cutado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional ou os que ultrapassem as necessidades comuns corresponden-
de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de tes a um médio padrão de vida;
transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da ci- III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do
tação do executado, se não houver garantia do juízo. (Incluído executado, salvo se de elevado valor;
pela Lei nº 13.467, de 2017) IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
Portanto, se o executado não pagar a dívida, não efetuar pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
o depósito judicial para apresentação de embargos à execução liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e
ou não nomear bens à penhora, no prazo de 48 horas contados de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os hono-
da citação, o oficial de justiça retornará ao local da execução rários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
e penhorará tantos bens quantos bastem para satisfazer o jul- V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios,
gado, inclusive custas, juros de mora, correção monetária e a os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
contribuição previdenciária (executada simultaneamente com exercício da profissão do executado;
o crédito trabalhista). VI - o seguro de vida;
Com a penhora, será materializada a apreensão judicial dos VII - os materiais necessários para obras em andamento,
bens do executado, para que sejam levados a hasta pública para salvo se essas forem penhoradas;
a satisfação da condenação imposta. A penhora será realizada VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
onde se encontrarem os bens, ainda que sob posse, detenção desde que trabalhada pela família;
ou guarda de terceiros. IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas
CPC, Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de ter- social;
ceiros. X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o
§ 1º A penhora de imóveis, independentemente de onde se limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
localizem, quando apresentada certidão da respectiva matrícu- XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por
la, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada partido político, nos termos da lei;
certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobili-
nos autos. árias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à exe-
§ 2º Se o executado não tiver bens no foro do processo, não cução da obra.
sendo possível a realização da penhora nos termos do § 1º, a § 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dí-
execução será feita por carta, penhorando-se, avaliando-se e vida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para
alienando-se os bens no foro da situação. sua aquisição.
O art. 838 do CPC determina que o auto de penhora deverá § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à
conter a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita, os
hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
nomes do credor e do devedor, a descrição dos bens penhora-
independentemente de sua origem, bem como às importâncias
dos, com os seus característicos e a nomeação do depositário
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, deven-
dos bens.
do a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art.
Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo,
529, § 3º.
que conterá:
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V
I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi
do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrí-
feita;
colas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual pro-
II - os nomes do exequente e do executado;
dutora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de
III - a descrição dos bens penhorados, com as suas caracte-
rísticas; financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio ju-
IV - a nomeação do depositário dos bens. rídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar,
Por fim, dispõe o art. 874 do CPC que o juiz, após a ava- trabalhista ou previdenciária.
liação, poderá mandar reduzir ou ampliar a penhora. Vejamos:
Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do Impenhorabilidade do bem de família (Lei nº 8.009/90 e
interessado e ouvida a parte contrária, mandar: alterações posteriores)
I - reduzir a penhora aos bens suficientes ou transferi-la A Lei 8.009/1990 tornou impenhoráveis os bens de família,
para outros, se o valor dos bens penhorados for consideravel- quais sejam o imóvel residencial próprio do casal ou da entida-
mente superior ao crédito do exequente e dos acessórios; de familiar, abrangendo o imóvel sobre o qual se assentam a
II - ampliar a penhora ou transferi-la para outros bens mais construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza
valiosos, se o valor dos bens penhorados for inferior ao crédito e todos os equipamentos, inclusive de uso profissional, ou mó-
do exequente. veis que guarnecem a casa, desde que quitados.
Portanto, os bens da família protegidos pela Lei 8.009/1990
Bens impenhoráveis não respondem por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fis-
O art. 833 do CPC, elenca diversos bens não suscetíveis de cal, trabalhista, previdenciária ou de outra natureza, seja con-
constrição judicial (absolutamente impenhoráveis), a saber: traída por qualquer dos cônjuges, pelos pais ou filhos que sejam
Art. 833. São impenhoráveis: proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas na
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, própria lei em comento.
não sujeitos à execução;

383
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Caso o imóvel seja alugado, a impenhorabilidade alcança II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento
apenas os bens móveis quitados que guarneçam a residência do destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos
locatário, desde que comprovada pelo mesmo a propriedade créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo con-
dos bens. trato;
Objetivando coibir excessos, a doutrina vem afirmando que III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os di-
a impenhorabilidade de bens móveis que guarnecem a residên- reitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor,
cia da família ou entidade familiar deve restringir-se àqueles integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em
bens indispensáveis à vida da família, respeitando-se, assim, o que ambos responderão pela dívida; (Redação dada pela Lei nº
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, ex- 13.144 de 2015)
cluindo-se da proteção, por consequência, os bens supérfluos, IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas
de mero deleite, ou que não sejam absolutamente indispensá- e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
veis à manutenção e sobrevivência dos que ali residem. V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido
Excluem-se da regra da impenhorabilidade prevista na Lei como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
8.009/1990 os veículos de transporte, obras de arte e adornos VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para
suntuosos. Esclarece, outrossim, o art. 3º da Lei 8.009/1990 execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, in-
que a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de denização ou perdimento de bens.
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra na- VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em con-
tureza, salvo as exceções neste elencadas. trato de locação.
Para efeitos da impenhorabilidade de que trata a Lei
8.009/1990, considera-se residência um único imóvel utilizado Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que,
pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso
restando claro que, na hipótese de possuírem vários imóveis para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da
utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre moradia antiga.
o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse § 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor,
fim, no Registro de Imóveis, na forma do Código Civil (art. 5º, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar ante-
parágrafo único, da Lei 8.009/1990). rior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para exe-
cução ou concurso, conforme a hipótese.
LEI Nº 8.009, DE 29 DE MARÇO DE 199011 § 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel
rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia,
Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família. com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso
XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena proprie-
Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Me- dade rural.
dida Provisória nº 143, de 1990, que o Congresso Nacional apro-
vou, e eu, NELSON CARNEIRO, Presidente do Senado Federal, Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata
para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo
Constituição Federal, promulgo a seguinte lei: casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade fami-
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade liar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência,
familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra nature- outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imó-
za, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam veis e na forma do art. 70 do Código Civil.
seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas
nesta lei. Art. 6º São canceladas as execuções suspensas pela Medida
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imó- Provisória nº 143, de 8 de março de 1990, que deu origem a
vel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as esta lei.
benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, in-
clusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
desde que quitados.
Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de
transporte, obras de arte e adornos suntuosos. Senado Federal, 29 de março de 1990; 169º da Independên-
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhora- cia e 102º da República.
bilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a
residência e que sejam de propriedade do locatário, observado Embargos à execução
o disposto neste artigo. Discute-se na doutrina a natureza jurídica dos embargos à
execução, entendendo a corrente minoritária que os embargos
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer pro- seriam mera “defesa” do devedor.
cesso de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de Contra essa corrente pesa o fato de o processo de execução
outra natureza, salvo se movido: não ser informado pelo princípio do contraditório, não havendo
I - (Revogado pela Lei Complementar nº 150, de 2015) que falar em defesa, mesmo porque o objetivo da execução é a
prática de atos coercitivos destinados a obrigar o executado a
11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htm satisfazer o direito do credor reconhecido no julgado.

384
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Com efeito, acertadamente, a corrente majoritária entende Logo, a garantia do juízo, por meio de depósito ou nomea-
que os embargos à execução constituem ação de conhecimen- ção de bens à penhora ou após a penhora coativa, representa
to incidental ao processo de execução. Em outras palavras, os requisito indispensável ao regular exercício do direito do deve-
embargos à execução se constituem numa verdadeira ação de dor de oferecer embargos à execução.
cognição incidental à execução, assumindo o executado o polo Caso o juízo não esteja totalmente garantido, os embargos
ativo da relação jurídica (e o exequente o polo passivo), formu- não serão admitidos.
lando pretensão consistente na anulação do processo de execu- Somente a Fazenda Pública, nos termos dos artigos 534 e
ção ou no desfazimento da eficácia do título executivo. 535 do CPC, estará dispensada de garantir previamente o juízo
O art. 884, § 1º, da CLT determina que a matéria de defesa para opor embargos à execução.
nos embargos à execução será restrita às alegações de cum- Com efeito, determina o art. 884 da CLT que, garantida a
primento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da execução ou penhorados os bens, terá o executado cinco dias
dívida (fatos estes ocorridos posteriores à sentença). Não obs- para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente
tante, percebe-se que a Consolidação das Leis do Trabalho (art. para impugnação.
884, § 1º) não esgotou todas as matérias possíveis de arguição Os embargos à execução no processo do trabalho são pro-
via embargos, o art. 884, § 1º, da CLT não é taxativo na identi- cessados nos mesmos autos da execução, sendo sempre recebi-
ficação das matérias arguíveis via embargos, mas meramente dos com efeito suspensivo, ficando a execução suspensa até o
exemplificativo. julgamento dos embargos.
Entendemos que o art. 509 do CPC será aplicado subsidia- Outrossim, havendo vários executados no mesmo proces-
riamente ao processo do trabalho, tendo em vista que, confor- so, os embargos à execução apresentados por um dos devedo-
me já mencionado anteriormente, o art. 884, § 1º, da CLT não res não suspendem a execução em relação aos demais, quando
esgotou todas as hipóteses arguíveis via embargos à execução. o fato e fundamento apresentados disserem respeito, exclusi-
Por outro lado, considerando as novas modalidades de vamente, ao devedor embargante. Da mesma forma, havendo
execução (art. 876 da CLT) que permitem a execução de dois vários executados no mesmo processo, somente deverão ser
títulos executivos extrajudiciais na Justiça do Trabalho (termo aceitos os embargos à execução individualmente oferecidos,
de compromisso de ajustamento de conduta firmado perante o daqueles executados que garantirem, previamente, a execução.
Ministério Público do Trabalho e termo de conciliação ajustado O juiz, nos termos do art. 918 do CPC, poderá rejeitar limi-
perante a comissão de conciliação prévia), em caso de embar- narmente os embargos nas seguintes hipóteses:
gos à execução, entendemos plenamente aplicável o art. 916, I - quando intempestivos;
CPC, que dispõe: II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de im-
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédi- procedência liminar do pedido;
to do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento III - manifestamente protelatórios.
do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de Caso considere necessário, o juiz poderá designar audiência
advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido para produção de provas, com oitiva de testemunhas arrola-
pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de das pelo embargante, a qual será realizada dentro de cinco dias
correção monetária e de juros de um por cento ao mês. (art. 884, § 2º, da CLT).
§ 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre Não tendo sido arroladas testemunhas nos embargos, o juiz
o preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o proferirá a decisão, dentro de cinco dias, julgando subsistente
requerimento em 5 (cinco) dias. ou insubsistente a penhora (art. 885 da CLT). Caso tenham sido
§ 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado arroladas testemunhas, finda a sua inquirição em audiência, o
terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente processo será concluso ao juiz no prazo de 48 horas, e este pro-
seu levantamento. ferirá sua decisão no prazo de cinco dias.
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia
depositada, e serão suspensos os atos executivos. Da praça e leilão - da arrematação - da remição
§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, Inicialmente, cabe destacar que, nos dias atuais, os oficiais
mantido o depósito, que será convertido em penhora. de justiça da Justiça do Trabalho acumulam a função de avalia-
§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarre- dor (atividade instituída pela Lei 5.645/1970), ou seja, quando
tará cumulativamente: a penhora é realizada, simultaneamente, o meirinho procede à
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prossegui- avaliação do bem, agilizando, assim, o processo de execução.
mento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos; Com isso, não há mais espaço para a aplicação dos arts. 886, §
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento 2º, 887 e 888 (primeira parte), todos da CLT12.
sobre o valor das prestações não pagas. Resolvidos os embargos do devedor propostos, ou esgo-
§ 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo tado o prazo para tal, seguir-se-á à arrematação dos bens já
importa renúncia ao direito de opor embargos avaliados no momento da constrição judicial. Não obstante, se
§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento decorrido considerável tempo entre a penhora (e consequente
da sentença. avaliação do bem) e o julgamento dos embargos, poderá o juiz
determinar a expedição de mandado de reavaliação dos bens,
Prazo e procedimento objetivando conhecer o seu valor real no momento da expro-
A possibilidade de o executado opor embargos à execução priação judicial.
está condicionada à garantia prévia do juízo, conforme se de-
preende do inteiro teor dos arts. 884 da CLT e 16, § 1º, da Lei 12 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato
6.830/1980. Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO.

385
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Ademais, a Consolidação das Leis do Trabalho é omissa Realizada a hasta pública, o bem será vendido ao licitante
quanto à possibilidade de a avaliação ser impugnada pelo inte- que oferecer o maior lanço, esclarecendo o § 2º do art. 888 con-
ressado, abrindo-se caminho para aplicação subsidiária do art. solidado que o arrematante deverá garantir o lance com sinal
13, §§ 1º, 2º e 3º, da Lei 6.830/1980. correspondente a 20% do seu valor.
Dispõe, outrossim, o art. 873 do CPC que é admitida nova Caso o arrematante ou seu fiador não pague em 24 horas
avaliação quando: qualquer das partes arguir, fundamentada- o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o
mente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; sinal dado (art. 888, § 4º, da CLT). Impende destacar que o cre-
se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração dor exequente também poderá oferecer lanço e arrematar os
ou diminuição no valor do bem; ou houver fundada dúvida so- bens levados à praça, ainda que por valor inferior ao constante
bre o valor atribuído ao bem. do edital.
Poderá o juiz, se houver excesso ou insuficiência de penho- Caso o credor somente pudesse arrematar os bens pelo
ra, a requerimento do interessado, reduzi-la, transferi-la ou preço da avaliação constante do edital, estaríamos diante de
ampliá-la, conforme aduzido no art. 874 do CPC. evidente conduta discriminatória, mormente quando os demais
licitantes podem arrematar os bens por preço inferior ao da
Praça e leilão avaliação.
A efetivação do processo de execução depende da expro- No âmbito do processo do trabalho, como os embargos
priação de bens do devedor de modo a satisfazer o direito do possuem efeito suspensivo, a arrematação somente será pro-
credor. Com efeito, os bens do executado serão alienados em cessada após o julgamento dos embargos, conforme previsão
hasta pública. explícita nos arts. 886, § 2º, e 888, ambos da CLT.
Denomina-se como “praça” a hasta pública de bem imóvel
e “leilão”, a hasta pública de bem móvel. O art. 888 da CLT, Remição
atendendo ao princípio da publicidade, determinou que a arre- A remição consiste no ato processual do pagamento da to-
matação dos bens será anunciada por edital afixado na sede do talidade da dívida executiva pelo devedor, liberando-se os bens
juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a constritos e, privilegiando-se, assim, o princípio da não prejudi-
antecedência de 20 dias. cialidade do devedor.
Portanto, o edital de hasta pública é requisito indispen- Para evitar a alienação judicial, pode o executado, confor-
sável, formal, essencial à validade do ato de expropriação dos me previsto no art. 826 do CPC, antes de adjudicados ou aliena-
bens levados à hasta pública, ensejando nulidade do ato o desa- dos os bens, a todo tempo, remir a execução, pagando ou con-
tendimento da formalidade prevista no art. 888 da CLT: signando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas
Art. 888 - Concluída a avaliação, dentro de dez dias, conta- e honorários advocatícios.
dos da data da nomeação do avaliador, seguir-se-á a arremata- Determina o art. 13 da Lei 5.584/1970 que, em qualquer hi-
ção, que será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou pótese, a remição somente será deferida ao executado se este
tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antece- oferecer preço igual ao valor da condenação. Materializada a
dência de vinte (20) dias. remição da execução pelo devedor, extingue-se a execução.
§ 1º A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anuncia-
dos e os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo o exequen- Custas na execução
te preferência para a adjudicação. Na conformidade dos incisos I a IX e parágrafos do art. 789-
§ 2º O arrematante deverá garantir o lance com o sinal cor- A da CLT, no processo de execução, são devidas custas, sempre
respondente a 20% (vinte por cento) do seu valor. de responsabilidade do executado e pagas ao final.
§ 3º Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a
adjudicação dos bens penhorados, poderão os mesmos ser ven-
didos por leiloeiro nomeado pelo Juiz ou Presidente. RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO
§ 4º Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de
24 (vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá, em Recurso ordinário
benefício da execução, o sinal de que trata o § 2º deste artigo, O recurso ordinário está previsto no art. 895 consolidado,
voltando à praça os bens executados. cabendo, no prazo de oito dias, das seguintes decisões:
→Das sentenças terminativas ou definitivas prolatadas pela
Arrematação Vara do Trabalho ou pelo juiz de direito no exercício da jurisdi-
A arrematação é o ato processual consistente na venda, ção trabalhista;
pelo Estado, de forma coercitiva, dos bens do executado, obje- →Das decisões definitivas ou terminativas prolatadas pelos
tivando satisfazer o crédito do exequente, realizado por inter- Tribunais Regionais do Trabalho em processos de sua compe-
médio da praça ou leilão. tência originária (mandado de segurança, ação rescisória, ação
Os doutos do processo civil sempre consideraram a alie- anulatória, dissídio coletivo, habeas corpus etc.), seja nos dissí-
nação em hasta pública como sendo formalista, onerosa e de- dios individuais ou coletivos.
morada, apresentando-se como a maneira menos eficaz de se Portanto, tanto as sentenças definitivas (com resolução do
alcançar um preço justo e compatível para o bem expropriado. mérito) como as terminativas (sem exame do mérito) serão pas-
Não havendo interesse na adjudicação nem requerimento síveis de recurso ordinário13.
do credor para alienação por iniciativa particular, seguirão os
bens para alienação em hasta pública, adotando-se, a partir de
então, os trâmites previstos no art. 888 da CLT, sendo possí- 13 Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato
vel, também, a implementação pelos Tribunais do Trabalho de Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio de Janeiro:
meios eletrônicos para alienação dos bens penhorados. Forense; São Paulo: MÉTODO.

386
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Embargos de declaração Caso a decisão objeto do agravo de instrumento seja man-
O recurso de embargos de declaração está previsto no art. tida, o agravado será intimado para que, no octídio legal, ofe-
897-A da CLT, que dispõe: reça razões de contrariedade ao agravo e ao recurso principal,
Art. 897-A da CLT – Caberão embargos de declaração da instruindo o agravo com as peças que entender necessárias ao
sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu jul- seu julgamento.
gamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequen- O art. 897, § 2º, da CLT esclarece que o agravo de instru-
te à sua apresentação, registrada na certidão, admitido efeito mento interposto contra despacho que não receber agravo de
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no petição não suspende a execução da sentença, não sendo dota-
julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos ex- do o agravo, portanto, de efeito suspensivo.
trínsecos do recurso. Todavia, demonstrado o fumus boni iuris e o periculum in
Embora ainda existam divergências doutrinárias, prevalece mora, nada impede que o agravante ajuíze ação cautelar pe-
o entendimento de que os embargos de declaração possuem rante o órgão competente para julgar o recurso, objetivando
natureza jurídica de recurso. conseguir o efeito suspensivo da decisão, suspendendo, assim,
a execução.
Agravo de petição Vale frisar que das decisões que denegarem seguimento a
O agravo de petição está previsto no art. 897, a, da CLT, recurso de embargos no Tribunal Superior do Trabalho o recur-
sendo utilizado para impugnar as decisões judiciais proferidas so cabível não é o agravo de instrumento, mas sim o agravo
no curso do processo de execução. Em regra, o agravo de peti- regimental.
ção será interposto em face das decisões definitivas ou termi-
nativas proferidas em processo de execução trabalhista, como Recurso de revista
na decisão que julga eventuais embargos à execução ou em- Estabelece o art. 896 da CLT que:
bargos de terceiros, ou ainda extingue, total ou parcialmente, Art. 896. Cabe recurso de revista para turma do Tribunal Su-
a execução. perior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso
O prazo para interposição e contrarrazões do agravo de ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do
petição é de oito dias, sendo o recurso julgado pelo próprio Trabalho, quando:
tribunal presidido pela autoridade recorrida, salvo se tratar de a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação
decisão de juiz do trabalho de 1ª instância ou de juiz de direi- diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu
to no exercício da jurisdição trabalhista, quando o julgamento Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
competirá a uma das turmas do Tribunal Regional a que estiver Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme
subordinado o prolator da decisão (art. 897, § 3º, da CLT). dessa Corte;
O art. 897, § 1º, da CLT estabelece um pressuposto especí- b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção
fico de admissibilidade do agravo de petição, qual seja a delimi- Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou
tação, justificada, das matérias e valores impugnados. regulamento empresarial de observância obrigatória em área
territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prola-
Agravo de instrumento tor da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da
O agravo de instrumento está previsto no art. 897, b, da alínea a;
CLT, sendo o recurso adequado para impugnar os despachos c) proferidas com violação literal de disposição de lei fede-
que denegarem seguimento a recurso. ral ou afronta direta e literal à Constituição Federal.
O prazo para interposição e contrarrazões do agravo de ins- O recurso de revista é um recurso eminentemente técnico,
trumento é de oito dias. O agravo de instrumento será julgado estando sua admissibilidade subordinada ao atendimento de
pelo tribunal que seria competente para conhecer o recurso determinados pressupostos que serão adiante estudados, não
cuja interposição foi denegada, conforme previsão no art. 897, objetivando o recurso em destaque corrigir a má apreciação da
§ 4º, consolidado. prova produzida, ou até mesmo a injustiça da decisão, mas sim
Vale destacar que o agravo de instrumento na Justiça do a interpretação correta da lei pelos tribunais do trabalho.
Trabalho somente é utilizado para destrancar recurso ao qual O recurso de revista será usado para impugnar acórdão
foi negado seguimento pelo 1º juízo de admissibilidade e não proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho em dissídios indi-
para recorrer de decisões interlocutórias, como acontece na viduais, proferido em grau de recurso ordinário. Em outras pa-
justiça comum. lavras, para a utilização do recurso de revista, é imperioso que
Neste diapasão, sempre que o 1º juízo de admissibilida- a demanda tenha sido iniciada perante a Vara do Trabalho (ou
de negar seguimento a recurso ordinário, recurso de revista, perante o juiz de direito no exercício da jurisdição trabalhista).
agravo de petição, adesivo, recurso extraordinário e ao próprio Proferida a sentença pela Vara do Trabalho, o processo
agravo de instrumento, caberá a interposição de agravo de ins- deve chegar ao Tribunal Regional do Trabalho mediante recurso
trumento objetivando destrancar o apelo e fazer com que o ordinário ou agravo de petição. Das decisões proferidas nos dis-
mesmo suba à instância superior. sídios individuais pelo Tribunal Regional, em grau de recurso or-
O agravo de instrumento é interposto perante o juízo que dinário, é que será utilizado o recurso de revista. Por consequ-
não conheceu o recurso, admitindo o chamado juízo de retrata- ência, em relação aos dissídios coletivos, não há a possibilidade
ção ou reconsideração. Portanto, interposto o agravo de instru- de utilização do recurso de revista, haja vista que são processos
mento, o juiz poderá reconsiderar a decisão agravada, conhe- de competência originária dos tribunais (Tribunal Regional do
cendo do recurso e ordenando sua remessa a instância superior Trabalho ou Tribunal Superior do Trabalho).
para julgamento do apelo. Esquematicamente, assim pode ser evidenciada a utilização
do recurso de revista:

387
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO

Saraiva, Renato. Curso de direito processual do trabalho / Renato Saraiva e Aryanna Manfredini. – 11. ed. rev., e atual. – Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO

Agravo regimental
O agravo regimental é um recurso previsto no regimento interno dos tribunais, havendo ligeira menção do recurso em comen-
to no art. 709, § 1º, da CLT.
o agravo regimental, em regra, é utilizado nas seguintes situações:
→ reexame pelo tribunal das decisões monocráticas proferidas por seus próprios juízes, como: decisões que concedem ou de-
negam medidas liminares; que indeferem, de plano, petições iniciais de ações de competência originária dos tribunais trabalhistas
(mandado de segurança, ação rescisória, dissídio coletivo, habeas corpus, ação cautelar etc.); proferidas pelo juiz corregedor em
reclamações correicionais; prolatadas pelo presidente do tribunal em matérias administrativas etc.;
→ impugnar decisão monocrática que denegue seguimento a recurso prolatada pelo juiz relator no exercício do segundo juízo
de admissibilidade (juízo ad quem);
→ impugnar decisão monocrática do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho que nega seguimento ao recurso de embar-
gos no Tribunal Superior do Trabalho.
O prazo do agravo regimental é fixado pelos próprios tribunais do trabalho, e os Tribunais Regionais do Trabalho têm fixado,
em regra, o prazo de cinco dias para o agravo regimental. O prazo do agravo regimental é contado em dobro, caso o agravante
seja pessoa jurídica de direito público ou mesmo o Ministério Público.
O agravo regimental é interposto perante o órgão judicial que proferiu a decisão impugnada, havendo também a possibilidade
do juízo de reconsideração ou retratação. Caso o relator (juiz que proferiu a decisão) não reconsidere sua decisão, determinará
a inclusão do feito em pauta para julgamento pelo Órgão Colegiado (Turma, Seção ou Pleno, conforme a hipótese e disposição
regimental), não sendo possível apresentação de razões de contrariedade nem sustentação oral.
O processamento do agravo regimental também depende do previsto no regimento interno de cada tribunal.

Embargos
Art. 894, CLT: No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias;
I – de decisão não unânime de julgamento que:
a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regio-
nais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei;
II – das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se
a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou do Su-
premo Tribunal Federal.
Cabem embargos ao TST, por divergência, das decisões das turmas do TST que contrariarem acórdãos de outras turmas do TST
ou divergirem de decisões da Sessão de Dissídios Individuais, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou
orientação jurisprudencial do TST, ou súmula do STF.

388
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Recurso adesivo § 2º O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo,
O recurso adesivo não tem previsão explícita na Consolida- deverá ser instruído com a petição inicial e a Ata da Audiência,
ção das Leis do Trabalho, sendo aplicável, subsidiariamente, o em cópia autenticada pela Secretaria da Junta, e será julgado
art. 997 do CPC: em 48 (quarenta e oito) horas, a partir do seu recebimento, pelo
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemen- Presidente do Tribunal Regional.
te, no prazo e com observância das exigências legais. § 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma deste
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por artigo, não exceder de 2 (duas) vezes o salário mínimo vigente
qualquer deles poderá aderir o outro. na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos,
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso indepen- devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria
dente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos de fato.
requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo § 4º Salvo se versarem sobre matéria constitucional, ne-
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: nhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios de
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso indepen- alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para
dente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para res- esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da
ponder; ação.
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e
no recurso especial; Reclamação correicional
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso A reclamação correicional, também chamada de correição
principal ou se for ele considerado inadmissível. parcial, é um procedimento administrativo regulamentado pe-
los Regimentos Internos dos Tribunais do Trabalho. No proces-
Recurso extraordinário so do trabalho, a correição parcial é mencionada no art. 709, II,
O recurso extraordinário encontra seu fundamento no art. da CLT, que dispõe:
102, III, da CF/1988, que estabelece: Art. 709 da CLT – Compete ao Corregedor, eleito dentre os
Art. 102 da CF/88 – Compete ao Supremo Tribunal Federal, Ministros togados do Tribunal Superior do Trabalho:
(...);
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II – decidir reclamações contra atos atentatórios da boa
(...);
ordem processual praticados pelos Tribunais Regionais e seus
III – julgar mediante recurso extraordinário, as causas deci-
presidentes, quando inexistir recurso específico.
didas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
Em verdade, a reclamação correicional não é recurso, e sim
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
um mero procedimento administrativo que visa sustar proce-
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei fede-
dimentos do juiz que atentem contra a boa ordem processual
ral;
vigente.
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em
face desta Constituição;
Súmula Vinculante
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. As decisões proferidas pelo STF no controle difuso de cons-
A Consolidação das Leis do Trabalho apenas menciona a titucionalidade não são dotadas de força vinculante em relação
possibilidade de utilização do recurso extraordinário no art. ao Poder Judiciário, tampouco perante a Administração Pública.
893, § 2º, quando dispõe que a interposição de recurso para No intuito de conferir autoridade às decisões relevantes do
o Supremo Tribunal Federal não prejudicará a execução do jul- Pretório Excelso, a Emenda Constitucional nº 45/2004 criou a fi-
gado. gura da Súmula Vinculante, nos termos do Artigo 103-A, da CF:
No âmbito da Justiça do Trabalho, o recurso extraordinário Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício
somente pode ser interposto da última decisão prolatada no ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
Tribunal Superior do Trabalho, em geral, em sede de embar- membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucio-
gos, desde que haja violação ou ofensa direta à Constituição nal, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
Federal. Logo, se a violação não for direta, mas apenas reflexa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
(como, por exemplo, ofensa a princípios constitucionais), torna- Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
-se inviável o manejo do recurso extraordinário. esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
Pedido de revisão § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpreta-
O pedido de revisão está previsto no procedimento sumá- ção e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
rio, regulado pela Lei 5.584/1970. Com efeito, a Lei 5.584/1970, controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
no art. 2º e seus parágrafos, prevê, nos chamados dissídios de administração pública que acarrete grave insegurança jurídica
alçada (causas que não excedem a dois salários mínimos), o re- e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
curso denominado pedido de revisão, in verbis: § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
Art. 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser pro-
não havendo acordo, o Presidente da Junta, ou o Juiz, antes de vocada por aqueles que podem propor a ação direta de incons-
passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para determina- titucionalidade.
ção da alçada, se este for indeterminado no pedido. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contra-
§ 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer riar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
das partes impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a pro-
revisão da decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao cedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judi-
Presidente do Tribunal Regional. cial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

389
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO

Requisitos para aprovação de uma Súmula Vinculante


Quórum de 2/3 dos membros do STF (mínimo de oito ministros);
Reiteradas decisões sobre matéria constitucional;
Controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

É aplicável ao processo do trabalho, podendo o juiz do trabalho não receber o recurso ordinário quando a sentença impugna-
da estiver em conformidade com súmula do TST ou STF, criando-se, assim, um requisito específico de admissibilidade do recurso
ordinário.

NORMAS SOBRE PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO

A Lei 11.419, de 19.12.2006, regulamentou o uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais (civil, penal e traba-
lhista), na comunicação de atos e na transmissão de peças processuais.
Para tanto, estabeleceu que o envio de petições e de recursos bem como a prática de atos processuais em geral por meio
eletrônico serão admitidos mediante uso de assinatura eletrônica, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário.

LEI Nº 11.419, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006.

Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo
Civil; e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DA INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL

Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processu-
ais será admitido nos termos desta Lei.
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais,
em qualquer grau de jurisdição.
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se:
I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais;
II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, preferencialmen-
te a rede mundial de computadores;
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário:
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei especí-
fica;
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos.
Art. 2º O envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em geral por meio eletrônico serão admitidos mediante
uso de assinatura eletrônica, na forma do art. 1º desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, con-
forme disciplinado pelos órgãos respectivos.
§ 1º O credenciamento no Poder Judiciário será realizado mediante procedimento no qual esteja assegurada a adequada iden-
tificação presencial do interessado.
§ 2º Ao credenciado será atribuído registro e meio de acesso ao sistema, de modo a preservar o sigilo, a identificação e a
autenticidade de suas comunicações.
§ 3º Os órgãos do Poder Judiciário poderão criar um cadastro único para o credenciamento previsto neste artigo.
Art. 3º Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Ju-
diciário, do que deverá ser fornecido protocolo eletrônico.
Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão consideradas tempestivas as
transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia.

CAPÍTULO II
DA COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores,
para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral.
§ 1º O sítio e o conteúdo das publicações de que trata este artigo deverão ser assinados digitalmente com base em certificado
emitido por Autoridade Certificadora credenciada na forma da lei específica.

390
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 2º A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, intima-
qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efei- ções e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas
tos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação por meio eletrônico, na forma desta Lei.
ou vista pessoal. § 1º As citações, intimações, notificações e remessas que
§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia viabilizem o acesso à íntegra do processo correspondente serão
útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da consideradas vista pessoal do interessado para todos os efeitos
Justiça eletrônico. legais.
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil § 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio
que seguir ao considerado como data da publicação. eletrônico para a realização de citação, intimação ou notifica-
§ 5º A criação do Diário da Justiça eletrônico deverá ser ção, esses atos processuais poderão ser praticados segundo as
acompanhada de ampla divulgação, e o ato administrativo cor- regras ordinárias, digitalizando-se o documento físico, que de-
respondente será publicado durante 30 (trinta) dias no diário verá ser posteriormente destruído.
oficial em uso. Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada da
Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em
portal próprio aos que se cadastrarem na forma do art. 2º des- formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser
ta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem
eletrônico. necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial,
§ 1º Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o situação em que a autuação deverá se dar de forma automática,
intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.
certificando-se nos autos a sua realização. § 1º Quando o ato processual tiver que ser praticado em
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, nos casos em que a determinado prazo, por meio de petição eletrônica, serão con-
consulta se dê em dia não útil, a intimação será considerada siderados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro)
como realizada no primeiro dia útil seguinte. horas do último dia.
§ 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá § 2º No caso do § 1º deste artigo, se o Sistema do Poder
ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do en- Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica
vio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação auto- automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte
maticamente realizada na data do término desse prazo. à resolução do problema.
§ 4º Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa § 3º Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter equi-
de correspondência eletrônica, comunicando o envio da intima- pamentos de digitalização e de acesso à rede mundial de com-
ção e a abertura automática do prazo processual nos termos putadores à disposição dos interessados para distribuição de
do § 3º deste artigo, aos que manifestarem interesse por esse peças processuais.
serviço. Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e jun-
§ 5º Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma tados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de
deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão conside-
nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de bur- rados originais para todos os efeitos legais.
la ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro § 1º Os extratos digitais e os documentos digitalizados e
meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo
juiz. Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas
§ 6º As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive autoridades policiais, pelas repartições públicas em geral e por
da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os advogados públicos e privados têm a mesma força probante dos
efeitos legais. originais, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de
Art. 6º Observadas as formas e as cautelas do art. 5º desta adulteração antes ou durante o processo de digitalização.
Lei, as citações, inclusive da Fazenda Pública, excetuadas as dos § 2º A arguição de falsidade do documento original será pro-
Direitos Processuais Criminal e Infracional, poderão ser feitas cessada eletronicamente na forma da lei processual em vigor.
por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja acessí- § 3º Os originais dos documentos digitalizados, mencio-
vel ao citando. nados no § 2º deste artigo, deverão ser preservados pelo seu
Art. 7º As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de detentor até o trânsito em julgado da sentença ou, quando ad-
um modo geral, todas as comunicações oficiais que transitem mitida, até o final do prazo para interposição de ação rescisória.
entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e § 4º (VETADO)
os dos demais Poderes, serão feitas preferentemente por meio § 5º Os documentos cuja digitalização seja tecnicamente
eletrônico. inviável devido ao grande volume ou por motivo de ilegibilidade
deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de
CAPÍTULO III 10 (dez) dias contados do envio de petição eletrônica comuni-
DO PROCESSO ELETRÔNICO cando o fato, os quais serão devolvidos à parte após o trânsito
em julgado.
Art. 8º Os órgãos do Poder Judiciário poderão desenvolver § 6º Os documentos digitalizados juntados em processo
sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por eletrônico estarão disponíveis para acesso por meio da rede
meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, pre- externa pelas respectivas partes processuais, pelos advogados,
ferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso por independentemente de procuração nos autos, pelos membros
meio de redes internas e externas. do Ministério Público e pelos magistrados, sem prejuízo da pos-
Parágrafo único. Todos os atos processuais do processo ele- sibilidade de visualização nas secretarias dos órgãos julgadores,
trônico serão assinados eletronicamente na forma estabelecida à exceção daqueles que tramitarem em segredo de justiça. (In-
nesta Lei. cluído pela Lei nº 13.793, de 2019)

391
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 7º Os sistemas de informações pertinentes a processos Parágrafo único. Da mesma forma, as peças de acusação
eletrônicos devem possibilitar que advogados, procuradores e criminais deverão ser instruídas pelos membros do Ministério
membros do Ministério Público cadastrados, mas não vincula- Público ou pelas autoridades policiais com os números de re-
dos a processo previamente identificado, acessem automatica- gistros dos acusados no Instituto Nacional de Identificação do
mente todos os atos e documentos processuais armazenados Ministério da Justiça, se houver.
em meio eletrônico, desde que demonstrado interesse para fins Art. 16. Os livros cartorários e demais repositórios dos ór-
apenas de registro, salvo nos casos de processos em segredo de gãos do Poder Judiciário poderão ser gerados e armazenados
justiça. (Incluído pela Lei nº 13.793, de 2019) em meio totalmente eletrônico.
Art. 12. A conservação dos autos do processo poderá ser Art. 17. (VETADO)
efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico. Art. 18. Os órgãos do Poder Judiciário regulamentarão esta
§ 1º Os autos dos processos eletrônicos deverão ser pro- Lei, no que couber, no âmbito de suas respectivas competên-
tegidos por meio de sistemas de segurança de acesso e arma- cias.
zenados em meio que garanta a preservação e integridade dos Art. 19. Ficam convalidados os atos processuais praticados
dados, sendo dispensada a formação de autos suplementares. por meio eletrônico até a data de publicação desta Lei, desde
§ 2º Os autos de processos eletrônicos que tiverem de ser que tenham atingido sua finalidade e não tenha havido prejuízo
remetidos a outro juízo ou instância superior que não dispo- para as partes.
nham de sistema compatível deverão ser impressos em papel, Art. 20. A Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código
autuados na forma dos arts. 166 a 168 da Lei nº 5.869, de 11 de de Processo Civil, passa a vigorar com as seguintes alterações:
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, ainda que de natu- “Art. 38. ...........................................................................
reza criminal ou trabalhista, ou pertinentes a juizado especial. Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digital-
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o escrivão ou o chefe de mente com base em certificado emitido por Autoridade Certifi-
secretaria certificará os autores ou a origem dos documentos cadora credenciada, na forma da lei específica.” (NR)
produzidos nos autos, acrescentando, ressalvada a hipótese de “Art. 154. ........................................................................
existir segredo de justiça, a forma pela qual o banco de dados Parágrafo único. (Vetado). (VETADO)
poderá ser acessado para aferir a autenticidade das peças e das § 2º Todos os atos e termos do processo podem ser produ-
respectivas assinaturas digitais. zidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrô-
§ 4º Feita a autuação na forma estabelecida no § 2º deste nico, na forma da lei.” (NR)
artigo, o processo seguirá a tramitação legalmente estabelecida “Art. 164. .......................................................................
para os processos físicos. Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus
§ 5º A digitalização de autos em mídia não digital, em tra- de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.”
mitação ou já arquivados, será precedida de publicação de edi- (NR)
tais de intimações ou da intimação pessoal das partes e de seus “Art. 169. .......................................................................
procuradores, para que, no prazo preclusivo de 30 (trinta) dias, § 1º É vedado usar abreviaturas.
se manifestem sobre o desejo de manterem pessoalmente a § 2º Quando se tratar de processo total ou parcialmente
guarda de algum dos documentos originais. eletrônico, os atos processuais praticados na presença do juiz
Art. 13. O magistrado poderá determinar que sejam reali- poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente
zados por meio eletrônico a exibição e o envio de dados e de digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, me-
documentos necessários à instrução do processo. diante registro em termo que será assinado digitalmente pelo
§ 1º Consideram-se cadastros públicos, para os efeitos des- juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos ad-
te artigo, dentre outros existentes ou que venham a ser criados, vogados das partes.
ainda que mantidos por concessionárias de serviço público ou § 3º No caso do § 2º deste artigo, eventuais contradições
empresas privadas, os que contenham informações indispensá- na transcrição deverão ser suscitadas oralmente no momento
veis ao exercício da função judicante. da realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz de-
§ 2º O acesso de que trata este artigo dar-se-á por qualquer cidir de plano, registrando-se a alegação e a decisão no termo.”
meio tecnológico disponível, preferentemente o de menor cus- (NR)
to, considerada sua eficiência. “Art. 202. .....................................................................
§ 3º (VETADO) .....................................................................................
§ 3º A carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória
CAPÍTULO IV pode ser expedida por meio eletrônico, situação em que a assi-
DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS natura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei.” (NR)
“Art. 221. ....................................................................
Art. 14. Os sistemas a serem desenvolvidos pelos órgãos do ....................................................................................
Poder Judiciário deverão usar, preferencialmente, programas com IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei pró-
código aberto, acessíveis ininterruptamente por meio da rede pria.” (NR)
mundial de computadores, priorizando-se a sua padronização. “Art. 237. ....................................................................
Parágrafo único. Os sistemas devem buscar identificar os ca- Parágrafo único. As intimações podem ser feitas de forma
sos de ocorrência de prevenção, litispendência e coisa julgada. eletrônica, conforme regulado em lei própria.” (NR)
Art. 15. Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à “Art. 365. ...................................................................
justiça, a parte deverá informar, ao distribuir a petição inicial de ...................................................................................
qualquer ação judicial, o número no cadastro de pessoas físicas V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e pri-
ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita vados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da
Federal. lei, que as informações conferem com o que consta na origem;

392
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, “Art. 2º ................................................................
público ou particular, quando juntados aos autos pelos órgãos .....................................................................................
da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxi- § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora,
liares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
e por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
processo de digitalização. econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obriga-
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados, menciona- ções decorrentes da relação de emprego.
dos no inciso VI do caput deste artigo, deverão ser preservados § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade
pelo seu detentor até o final do prazo para interposição de ação de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
rescisória. demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo extra- interesses e a atuação conjunta das empresas dele integran-
judicial ou outro documento relevante à instrução do processo, tes.” (NR)
o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório ou secre- “Art. 4º ................................................................
taria.” (NR) § 1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço,
“Art. 399. ................................................................ para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o
§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço mili-
máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões ou re- tar e por motivo de acidente do trabalho.
produções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou de § 2º Por não se considerar tempo à disposição do empre-
ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de origem. gador, não será computado como período extraordinário o que
§ 2º As repartições públicas poderão fornecer todos os do- exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco
cumentos em meio eletrônico conforme disposto em lei, certi- minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação, quando
ficando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em
consta em seu banco de dados ou do documento digitalizado.” caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climá-
(NR) ticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da
“Art. 417. ............................................................... empresa para exercer atividades particulares, entre outras:
§ 1º O depoimento será passado para a versão datilográfica I - práticas religiosas;
quando houver recurso da sentença ou noutros casos, quando o II - descanso;
juiz o determinar, de ofício ou a requerimento da parte. III - lazer;
§ 2º Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o IV - estudo;
disposto nos §§ 2º e 3º do art. 169 desta Lei.” (NR) V - alimentação;
“Art. 457. ............................................................. VI - atividades de relacionamento social;
............................................................................. VII - higiene pessoal;
§ 4º Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obri-
disposto nos §§ 2º e 3º do art. 169 desta Lei.” (NR) gatoriedade de realizar a troca na empresa.” (NR)
“Art. 556. ............................................................ “Art. 8º .................................................................
Parágrafo único. Os votos, acórdãos e demais atos proces- § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do
suais podem ser registrados em arquivo eletrônico inviolável trabalho.
e assinados eletronicamente, na forma da lei, devendo ser im- § 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência edi-
pressos para juntada aos autos do processo quando este não tados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Re-
for eletrônico.” (NR) gionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente
Art. 21. (VETADO) previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em
Art. 22. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias depois de lei.
sua publicação. § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a con-
REFORMA TRABALHISTA - LEI Nº 13.467/2017 formidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, res-
peitado o disposto no art. 104 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil) , e balizará sua atuação pelo princípio da
LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.” (NR)
“ Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente
Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprova- pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período
da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até
º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, dois anos depois de averbada a modificação do contrato, obser-
e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação vada a seguinte ordem de preferência:
às novas relações de trabalho. I - a empresa devedora;
II - os sócios atuais; e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso III - os sócios retirantes.
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidaria-
mente com os demais quando ficar comprovada fraude na alte-
Art. 1 o A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprova- ração societária decorrente da modificação do contrato.”
da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa a
vigorar com as seguintes alterações:

393
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
“ Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das re- § 5º As horas suplementares da jornada de trabalho normal
lações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhado- poderão ser compensadas diretamente até a semana imedia-
res urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção tamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua
do contrato de trabalho. quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não
I - (revogado); sejam compensadas.
II - (revogado). § 6º É facultado ao empregado contratado sob regime de
..................................................................................... tempo parcial converter um terço do período de férias a que
§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido de pres- tiver direito em abono pecuniário.
tações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento § 7º As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo
do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à disposto no art. 130 desta Consolidação.” (NR)
parcela esteja também assegurado por preceito de lei. “ Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida
§ 3º A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo
ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução § 1º A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50%
do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos (cinquenta por cento) superior à da hora normal.
idênticos.” (NR) ......................................................................................
“ Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo § 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem
do trabalho no prazo de dois anos. que tenha havido a compensação integral da jornada extraor-
§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia- dinária, na forma dos §§ 2º e 5º deste artigo, o trabalhador
-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas,
no curso da execução. calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser re- § 4º (Revogado).
querida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição.” § 5º O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo po-
“ Art. 47. O empregador que mantiver empregado não re- derá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a
gistrado nos termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito compensação ocorra no período máximo de seis meses.
a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado § 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabele-
não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. cido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensa-
§ 1º Especificamente quanto à infração a que se refere o ção no mesmo mês.” (NR)
caput deste artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ “ Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Con-
800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado, quan- solidação, é facultado às partes, mediante acordo individual
do se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte. escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, es-
§ 2º A infração de que trata o caput deste artigo constitui tabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta
exceção ao critério da dupla visita.” (NR) e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indeniza-
“ Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados dos os intervalos para repouso e alimentação.
a que se refere o parágrafo único do art. 41 desta Consolidação, Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo ho-
o empregador ficará sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos rário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos
reais) por empregado prejudicado.” devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso
“Art. 58. ................................................................ em feriados, e serão considerados compensados os feriados e
...................................................................................... as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que
§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua re- tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação.”
sidência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o “ Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para
seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, compensação de jornada, inclusive quando estabelecida me-
inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na diante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das
jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empre- horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada
gador. a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo
§ 3º (Revogado).” (NR) adicional.
“ Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo par- Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não
cial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco
sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ain- de horas.”
da, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas sema- “Art. 60. ................................................................
nais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suple- Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença pré-
mentares semanais. via as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas
..................................................................................... ininterruptas de descanso.” (NR)
§ 3º As horas suplementares à duração do trabalho sema- “Art. 61. .................................................................
nal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por § 1º O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido
cento) sobre o salário-hora normal. independentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo
§ 4º Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de de trabalho.
tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e .............................................................................” (NR)
seis horas semanais, as horas suplementares a este quantita- “Art. 62. .................................................................
tivo serão consideradas horas extras para fins do pagamento .......................................................................................
estipulado no § 3º, estando também limitadas a seis horas su- III - os empregados em regime de teletrabalho.
plementares semanais. .............................................................................” (NR)

394
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
“Art. 71. ................................................................. “ TÍTULO II-A
....................................................................................... DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
§ 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo
intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a emprega- ‘Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza
dos urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indeni- extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os
zatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% dispositivos deste Título.’
(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora ‘Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a
normal de trabalho. ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da
.............................................................................” (NR) pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do
direito à reparação.’
“ TÍTULO II ‘Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade
....................................................................................... de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a inte-
CAPÍTULO II-A gridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à
DO TELETRABALHO pessoa física.’
‘Art. 223-D. A imagem, a marca, o nome, o segredo em-
‘ Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em re- presarial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente
gime de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo.’ tutelados inerentes à pessoa jurídica.’
‘Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de ser- ‘Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial
viços preponderantemente fora das dependências do empre- todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico
gador, com a utilização de tecnologias de informação e de tutelado, na proporção da ação ou da omissão.’
comunicação que, por sua natureza, não se constituam como ‘Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode
trabalho externo. ser pedida cumulativamente com a indenização por danos ma-
Parágrafo único. O comparecimento às dependências do teriais decorrentes do mesmo ato lesivo.
empregador para a realização de atividades específicas que exi- § 1º Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir
jam a presença do empregado no estabelecimento não desca- a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de
racteriza o regime de teletrabalho.’ danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza ex-
‘Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de tele- trapatrimonial.
trabalho deverá constar expressamente do contrato individual § 2º A composição das perdas e danos, assim compreendi-
de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas dos os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere na
pelo empregado. avaliação dos danos extrapatrimoniais.’
§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presen- ‘Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará:
cial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as I - a natureza do bem jurídico tutelado;
partes, registrado em aditivo contratual. II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;
§ 2º Poderá ser realizada a alteração do regime de tele- III - a possibilidade de superação física ou psicológica;
trabalho para o presencial por determinação do empregador, IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;
garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com cor- V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;
respondente registro em aditivo contratual.’ VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo
‘Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela moral;
aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tec- VII - o grau de dolo ou culpa;
nológicos e da infraestrutura necessária e adequada à presta- VIII - a ocorrência de retratação espontânea;
ção do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;
arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. X - o perdão, tácito ou expresso;
Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;
artigo não integram a remuneração do empregado.’ XII - o grau de publicidade da ofensa.
‘Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de § 1º Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indeniza-
maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a ção a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes
fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. parâmetros, vedada a acumulação:
Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de res- I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário
ponsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções forne- contratual do ofendido;
cidas pelo empregador.’” II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salá-
“Art. 134. ............................................................. rio contratual do ofendido;
§ 1º Desde que haja concordância do empregado, as férias III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salá-
poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um de- rio contratual do ofendido;
les não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o
não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. último salário contratual do ofendido.
§ 2º (Revogado). § 2º Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será
§ 3º É vedado o início das férias no período de dois dias fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos
que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado.” no § 1º deste artigo, mas em relação ao salário contratual do
(NR) ofensor.
§ 3º Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá
elevar ao dobro o valor da indenização.’”

395
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
“Art. 394-A . Sem prejuízo de sua remuneração, nesta inclu- “Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser
ído o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da
ser afastada de: hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário
I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, en- do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados
quanto durar a gestação; do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato
II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou intermitente ou não.
mínimo, quando apresentar atestado de saúde, emitido por § 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comu-
médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento nicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual
durante a gestação; (Vide ADIN 5938) será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antece-
III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, dência.
quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de § 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de
confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no si-
lactação. (Vide ADIN 5938) lêncio, a recusa.
§ 1º ...................................................................... § 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação
§ 2º Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à para fins do contrato de trabalho intermitente.
gestante ou à lactante, efetivando-se a compensação, observa- § 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a
do o disposto no art. 248 da Constituição Federal, por ocasião parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte,
do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da
salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer remuneração que seria devida, permitida a compensação em
título, à pessoa física que lhe preste serviço. igual prazo.
§ 3º Quando não for possível que a gestante ou a lactante § 5º O período de inatividade não será considerado tem-
afastada nos termos do caput deste artigo exerça suas ativida- po à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar
des em local salubre na empresa, a hipótese será considerada serviços a outros contratantes.
como gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-ma- § 6º Ao final de cada período de prestação de serviço, o
ternidade, nos termos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, empregado receberá o pagamento imediato das seguintes par-
durante todo o período de afastamento.” (NR) celas:
“Art. 396. ............................................................. I - remuneração;
§ 1º ....................................................................... II - férias proporcionais com acréscimo de um terço;
§ 2º Os horários dos descansos previstos no caput deste ar- III - décimo terceiro salário proporcional;
tigo deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher IV - repouso semanal remunerado; e
e o empregador.” (NR) V - adicionais legais.
“Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por § 7º O recibo de pagamento deverá conter a discriminação
este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas
de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado no § 6º deste artigo.
prevista no art. 3º desta Consolidação.” § 8º O empregador efetuará o recolhimento da contribui-
“Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser ção previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo
acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no pe-
por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de ríodo mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cum-
trabalho intermitente. primento dessas obrigações.
.................................................................................... § 9º A cada doze meses, o empregado adquire direito a usu-
§ 3º Considera-se como intermitente o contrato de traba- fruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período
lho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo
contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação mesmo empregador.”
de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou “Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de ves-
meses, independentemente do tipo de atividade do empregado timenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no
e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legis- uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas
lação própria.” (NR) parceiras e de outros itens de identificação relacionados à ati-
“Art. 444. ........................................................... vidade desempenhada.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsa-
deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta bilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem ne-
Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância so- cessários procedimentos ou produtos diferentes dos utilizados
bre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador para a higienização das vestimentas de uso comum.”
de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual “Art. 457. ...........................................................
ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Re- § 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as
gime Geral de Previdência Social.” (NR) gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador.
“Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de
empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em
as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram
que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato
de responsabilidade do sucessor. de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solida- encargo trabalhista e previdenciário.
riamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na ..........................................................................................
transferência.” ...

396
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, con-
pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em di- forme acordem as partes; ou
nheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado
desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício for analfabeto.
de suas atividades.” (NR) ......................................................................................
“Art. 458. ........................................................... § 6º A entrega ao empregado de documentos que compro-
.................................................................................... vem a comunicação da extinção contratual aos órgãos com-
§ 5º O valor relativo à assistência prestada por serviço mé- petentes bem como o pagamento dos valores constantes do
dico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efe-
despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, tuados até dez dias contados a partir do término do contrato.
próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras simi- a) (revogada);
lares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de b) (revogada).
planos e coberturas, não integram o salário do empregado para § 7º (Revogado).
qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do .....................................................................................
previsto na alínea q do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de § 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de
julho de 1991.”(NR) Trabalho e Previdência Social é documento hábil para requerer
“Art. 461 . Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta
valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabeleci- vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nas hipó-
mento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção teses legais, desde que a comunicação prevista no caput deste
de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. artigo tenha sido realizada.” (NR)
§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, “Art. 477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas
será o que for feito com igual produtividade e com a mesma ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não havendo ne-
perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de cessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de ce-
serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro lebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho
anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois para sua efetivação.”
anos. “Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentiva-
§ 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando da, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em
o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja qui-
ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de nego- tação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação
ciação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada entre as
forma de homologação ou registro em órgão público. partes.”
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão “Art. 482. .............................................................
ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas .....................................................................................
um destes critérios, dentro de cada categoria profissional. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em
...................................................................................... lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta
§ 5º A equiparação salarial só será possível entre emprega- dolosa do empregado.
dos contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a ...........................................................................” (NR)
indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma con- “Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por
temporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. acordo entre empregado e empregador, caso em que serão de-
§ 6º No caso de comprovada discriminação por motivo de vidas as seguintes verbas trabalhistas:
sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das I - por metade:
diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado a) o aviso prévio, se indenizado; e
discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.” Tempo de Serviço, prevista no § 1º do art. 18 da Lei nº 8.036,
(NR) de 11 de maio de 1990;
“Art. 468. ............................................................. II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
§ 1º ....................................................................... § 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no
sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à ma- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A
nutenção do pagamento da gratificação correspondente, que do art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até
não será incorporada, independentemente do tempo de exercí- 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.
cio da respectiva função.” (NR) § 2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput
“Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empre- deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-
gador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e -Desemprego.”
Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competen- “Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja re-
tes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na muneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabe-
forma estabelecidos neste artigo. lecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
§ 1º (Revogado). poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem,
...................................................................................... desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua con-
§ 3º (Revogado). cordância expressa, nos termos previstos na Lei nº 9.307, de 23
§ 4º O pagamento a que fizer jus o empregado será efetu- de setembro de 1996.”
ado:

397
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
“Art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na § 2º Os empregados da empresa poderão candidatar-se, ex-
vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de qui- ceto aqueles com contrato de trabalho por prazo determinado,
tação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos com contrato suspenso ou que estejam em período de aviso
empregados da categoria. prévio, ainda que indenizado.
Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar § 3º Serão eleitos membros da comissão de representantes
e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anu- dos empregados os candidatos mais votados, em votação secre-
al dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas ta, vedado o voto por representação.
nele especificadas.” § 4º A comissão tomará posse no primeiro dia útil seguinte
à eleição ou ao término do mandato anterior.
“ TÍTULO IV-A § 5º Se não houver candidatos suficientes, a comissão de
DA REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS representantes dos empregados poderá ser formada com nú-
mero de membros inferior ao previsto no art. 510-A desta Con-
‘Art. 510-A. Nas empresas com mais de duzentos emprega- solidação.
dos, é assegurada a eleição de uma comissão para representá- § 6º Se não houver registro de candidatura, será lavrada ata
-los, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto e convocada nova eleição no prazo de um ano.’
com os empregadores. ‘Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de re-
§ 1º A comissão será composta: presentantes dos empregados será de um ano.
I - nas empresas com mais de duzentos e até três mil em- § 1º O membro que houver exercido a função de represen-
pregados, por três membros; tante dos empregados na comissão não poderá ser candidato
II - nas empresas com mais de três mil e até cinco mil em- nos dois períodos subsequentes.
pregados, por cinco membros; § 2º O mandato de membro de comissão de representantes
III - nas empresas com mais de cinco mil empregados, por dos empregados não implica suspensão ou interrupção do con-
sete membros. trato de trabalho, devendo o empregado permanecer no exer-
§ 2º No caso de a empresa possuir empregados em vários cício de suas funções.
Estados da Federação e no Distrito Federal, será assegurada a § 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim
eleição de uma comissão de representantes dos empregados do mandato, o membro da comissão de representantes dos em-
por Estado ou no Distrito Federal, na mesma forma estabeleci- pregados não poderá sofrer despedida arbitrária, entendendo-
-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico,
da no § 1º deste artigo.’
econômico ou financeiro.
‘Art. 510-B. A comissão de representantes dos empregados
§ 4º Os documentos referentes ao processo eleitoral devem
terá as seguintes atribuições:
ser emitidos em duas vias, as quais permanecerão sob a guarda
I - representar os empregados perante a administração da
dos empregados e da empresa pelo prazo de cinco anos, à dis-
empresa;
posição para consulta de qualquer trabalhador interessado, do
II - aprimorar o relacionamento entre a empresa e seus
Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho.’”
empregados com base nos princípios da boa-fé e do respeito
“Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da
mútuo;
folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles
III - promover o diálogo e o entendimento no ambiente de
devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindica-
trabalho com o fim de prevenir conflitos; to, quando por este notificados.
IV - buscar soluções para os conflitos decorrentes da re- ..........................................................................” (NR)
lação de trabalho, de forma rápida e eficaz, visando à efetiva “Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos
aplicação das normas legais e contratuais; participantes das categorias econômicas ou profissionais ou
V - assegurar tratamento justo e imparcial aos emprega- das profissões liberais representadas pelas referidas entidades
dos, impedindo qualquer forma de discriminação por motivo de serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, reco-
sexo, idade, religião, opinião política ou atuação sindical; lhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde
VI - encaminhar reivindicações específicas dos empregados que prévia e expressamente autorizadas.” (NR)
de seu âmbito de representação; “Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condi-
VII - acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, pre- cionado à autorização prévia e expressa dos que participarem
videnciárias e das convenções coletivas e acordos coletivos de de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou
trabalho. de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo
§ 1º As decisões da comissão de representantes dos empre- da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na con-
gados serão sempre colegiadas, observada a maioria simples. formidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.” (NR)
§ 2º A comissão organizará sua atuação de forma indepen- “Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da
dente.’ folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de
‘Art. 510-C . A eleição será convocada, com antecedência março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que
mínima de trinta dias, contados do término do mandato ante- autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos
rior, por meio de edital que deverá ser fixado na empresa, com respectivos sindicatos.
ampla publicidade, para inscrição de candidatura. ..........................................................................” (NR)
§ 1º Será formada comissão eleitoral, integrada por cinco “Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referen-
empregados, não candidatos, para a organização e o acompa- te aos empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no
nhamento do processo eleitoral, vedada a interferência da em- mês de abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalha-
presa e do sindicato da categoria. dores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês
de fevereiro, observada a exigência de autorização prévia e ex-
pressa prevista no art. 579 desta Consolidação.

398
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
..........................................................................” (NR) I - normas de identificação profissional, inclusive as anota-
“Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimen- ções na Carteira de Trabalho e Previdência Social;
to da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involun-
cada ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o refe- tário;
rido mês, na ocasião em que requererem às repartições o regis- III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória
tro ou a licença para o exercício da respectiva atividade.” (NR) do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
“Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando IV - salário mínimo;
no mês destinado ao desconto da contribuição sindical e que V - valor nominal do décimo terceiro salário;
venham a autorizar prévia e expressamente o recolhimento se- VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
rão descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
do trabalho. sua retenção dolosa;
...........................................................................” (NR) VIII - salário-família;
“Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de IX - repouso semanal remunerado;
trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dis- X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mí-
puserem sobre: nimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal;
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limi- XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
tes constitucionais; XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
II - banco de horas anual; um terço a mais do que o salário normal;
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento
trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; e vinte dias;
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que tra- XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
ta a Lei nº 13.189, de 19 de novembro de 2015 ; XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a incentivos específicos, nos termos da lei;
condição pessoal do empregado, bem como identificação dos XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
cargos que se enquadram como funções de confiança; no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
VI - regulamento empresarial; XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho inter- do Trabalho;
mitente; XVIII - adicional de remuneração para as atividades peno-
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas
sas, insalubres ou perigosas;
percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho
XIX - aposentadoria;
individual;
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em-
X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
pregador;
XI - troca do dia de feriado;
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
XII - enquadramento do grau de insalubridade;
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os traba-
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem
lhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a ex-
licença prévia das autoridades competentes do Ministério do
tinção do contrato de trabalho;
Trabalho;
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a sa-
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventual-
mente concedidos em programas de incentivo; lário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência;
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
§ 1º No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores
de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3º de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
do art. 8º desta Consolidação. quatorze anos;
§ 2º A inexistência de expressa indicação de contrapartidas XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescen-
recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de traba- tes;
lho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
negócio jurídico. empregatício permanente e o trabalhador avulso;
§ 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jor- XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do
nada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expres-
deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa sa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial
imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de tra-
§ 4º Na hipótese de procedência de ação anulatória de balho;
cláusula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de traba- XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores de-
lho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser cidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
igualmente anulada, sem repetição do indébito. que devam por meio dele defender;
§ 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades es-
acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litiscon- senciais e disposições legais sobre o atendimento das necessi-
sortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha dades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos.” XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
“Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coleti- XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392,
va ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supres- 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação.
são ou a redução dos seguintes direitos:

399
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e inter- Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas
valos não são consideradas como normas de saúde, higiene e relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2%
segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.” (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais
“Art. 614. ............................................................. e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o
..................................................................................... limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
§ 3º Não será permitido estipular duração de convenção Social, e serão calculadas:
coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, ...........................................................................” (NR)
sendo vedada a ultratividade.” (NR) “Art. 790. .............................................................
“Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo .....................................................................................
de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em con- § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes
venção coletiva de trabalho.” (NR) dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a re-
“Art. 634. ............................................................. querimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusi-
§ 1º ...................................................................... ve quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
§ 2º Os valores das multas administrativas expressos em salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
moeda corrente serão reajustados anualmente pela Taxa Re- máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
ferencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, ou pelo § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte
índice que vier a substituí-lo.” (NR) que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das
“Art. 652 . Compete às Varas do Trabalho: custas do processo.” (NR)
..................................................................................... “Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos hono-
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em rários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da
matéria de competência da Justiça do Trabalho. perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.
..........................................................................” (NR) § 1º Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá
“Art. 702. ............................................................ respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior
I - ......................................................................... da Justiça do Trabalho.
.................................................................................... § 2º O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários
f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de periciais.
jurisprudência uniforme, pelo voto de pelo menos dois terços § 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de valores
de seus membros, caso a mesma matéria já tenha sido decidida para realização de perícias.
de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços § 4º Somente no caso em que o beneficiário da justiça gra-
das turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma tuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar
delas, podendo, ainda, por maioria de dois terços de seus mem- a despesa referida no caput , ainda que em outro processo, a
bros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela União responderá pelo encargo.” (NR)
só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial; “Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa pró-
..................................................................................... pria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
§ 3º As sessões de julgamento sobre estabelecimento ou mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
alteração de súmulas e outros enunciados de jurisprudência cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
deverão ser públicas, divulgadas com, no mínimo, trinta dias proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
de antecedência, e deverão possibilitar a sustentação oral pelo sobre o valor atualizado da causa.
Procurador-Geral do Trabalho, pelo Conselho Federal da Ordem § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
dos Advogados do Brasil, pelo Advogado-Geral da União e por Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito na- substituída pelo sindicato de sua categoria.
cional. § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
§ 4º O estabelecimento ou a alteração de súmulas e ou- I - o grau de zelo do profissional;
tros enunciados de jurisprudência pelos Tribunais Regionais do II - o lugar de prestação do serviço;
Trabalho deverão observar o disposto na alínea f do inciso I e III - a natureza e a importância da causa;
no § 3º deste artigo, com rol equivalente de legitimados para IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido
sustentação oral, observada a abrangência de sua circunscrição para o seu serviço.
judiciária.” (NR) § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
“Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão con- honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
tados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão entre os honorários.
do dia do vencimento. § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que
§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estrita- não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, cré-
mente necessário, nas seguintes hipóteses: ditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes
I - quando o juízo entender necessário; de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigi-
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. bilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos
§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alte- subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certi-
rar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às ficou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratui-
à tutela do direito.” (NR) dade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
“Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos beneficiário.
do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Jus- § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconven-
tiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a ção.”

400
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
“ TÍTULO X I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direi-
..................................................................................... to;
CAPÍTULO II II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo,
..................................................................................... modificativo ou extintivo do direito do reclamante.
SEÇÃO IV-A § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades
DA RESPONSABILIDADE POR DANO PROCESSUAL da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificul-
dade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior
‘Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o ju-
de má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente.’ ízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça
‘Art. 793-B . Considera-se litigante de má-fé aquele que: por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
ou fato incontroverso; § 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser pro-
II - alterar a verdade dos fatos; ferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da par-
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; te, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do pro- fatos por qualquer meio em direito admitido.
cesso; § 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja
ato do processo; impossível ou excessivamente difícil.” (NR)
VI - provocar incidente manifestamente infundado; “Art. 840. ..............................................................
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente pro- § 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designa-
telatório.’ ção do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos
‘Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura
1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor do reclamante ou de seu representante.
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos § 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em
que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, ob-
todas as despesas que efetuou. servado, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo.
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o § 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste
juízo condenará cada um na proporção de seu respectivo inte- artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito.” (NR)
resse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para “Art. 841. ..............................................................
lesar a parte contrária. ......................................................................................
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a § 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente,
multa poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado,
benefícios do Regime Geral de Previdência Social. desistir da ação.” (NR)
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso “Art. 843. ..............................................................
não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou ......................................................................................
pelo procedimento comum, nos próprios autos.’ § 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não pre-
‘Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C des- cisa ser empregado da parte reclamada.” (NR)
ta Consolidação à testemunha que intencionalmente alterar a “Art. 844. ..............................................................
verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da § 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender
causa. o julgamento, designando nova audiência.
Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo § 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será con-
dar-se-á nos mesmos autos.’” denado ao pagamento das custas calculadas na forma do art.
“Art. 800. Apresentada exceção de incompetência terri- 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gra-
torial no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da tuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausên-
audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, cia ocorreu por motivo legalmente justificável.
seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo. § 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condi-
§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não ção para a propositura de nova demanda.
se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Conso- § 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput
lidação até que se decida a exceção. deste artigo se:
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contes-
intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para tar a ação;
manifestação no prazo comum de cinco dias. II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
§ 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o III - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-
juízo designará audiência, garantindo o direito de o excipiente mento que a lei considere indispensável à prova do ato;
e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem
juízo que este houver indicado como competente. inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constan-
§ 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o pro- te dos autos.
cesso retomará seu curso, com a designação de audiência, a § 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advoga-
apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo do na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos
competente.” (NR) eventualmente apresentados.”(NR)
“Art. 818. O ônus da prova incumbe: “Art. 847. ..............................................................

401
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita Parágrafo único. (Revogado).” (NR)
pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.” (NR) “Art. 879. ..............................................................
......................................................................................
“ TÍTULO X § 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá
...................................................................................... abrir às partes prazo comum de oito dias para impugnação fun-
CAPÍTULO III damentada com a indicação dos itens e valores objeto da dis-
...................................................................................... cordância, sob pena de preclusão.
SEÇÃO IV ......................................................................................
DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDA- § 7º A atualização dos créditos decorrentes de condena-
DE JURÍDICA ção judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo
Banco Central do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de mar-
‘Art. 855-A . Aplica-se ao processo do trabalho o incidente ço de 1991 .” (NR)
de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. “Art. 882. O executado que não pagar a importância recla-
133 a 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de mada poderá garantir a execução mediante depósito da quantia
Processo Civil. correspondente, atualizada e acrescida das despesas processu-
§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o in- ais, apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de
cidente: bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na no art. 835 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código
forma do § 1º do art. 893 desta Consolidação; de Processo Civil .” (NR)
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, indepen- “Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado so-
dentemente de garantia do juízo; mente poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em inci- do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco
dente instaurado originariamente no tribunal. Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei,
§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar
sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza da citação do executado, se não houver garantia do juízo.”
cautelar de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de mar- “Art. 884. .............................................................
ço de 2015 (Código de Processo Civil) .’ .....................................................................................
§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às
CAPÍTULO III-A entidades filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compu-
DO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMO- seram a diretoria dessas instituições.” (NR)
LOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL “Art. 896. ..............................................................
......................................................................................
‘Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extra- § 1º -A. ...................................................................
judicial terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a re- .......................................................................................
presentação das partes por advogado. IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preli-
§ 1º As partes não poderão ser representadas por advoga- minar de nulidade de julgado por negativa de prestação juris-
do comum. dicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedi-
§ 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no
do sindicato de sua categoria.’ recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou
‘Art. 855-C . O disposto neste Capítulo não prejudica o pra- os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de
zo estabelecido no § 6º do art. 477 desta Consolidação e não plano, da ocorrência da omissão.
afasta a aplicação da multa prevista no § 8º art. 477 desta Con- ......................................................................................
solidação.’ § 3º (Revogado).
‘Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribui- § 4º (Revogado).
ção da petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se § 5º (Revogado).
entender necessário e proferirá sentença.’ § 6º (Revogado).
‘Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudi- .......................................................................................
cial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos § 14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe
nela especificados. seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de intem-
Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia pestividade, deserção, irregularidade de representação ou de
útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínse-
homologação do acordo.’” co de admissibilidade.” (NR)
“Art. 876. .............................................................. “Art. 896-A. ..........................................................
Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, § 1º São indicadores de transcendência, entre outros:
as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no I - econômica, o elevado valor da causa;
inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal , e seus II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurispru-
acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante dência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supre-
das sentenças que proferir e dos acordos que homologar.” (NR) mo Tribunal Federal;
“Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permiti- III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de di-
da a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal reito social constitucionalmente assegurado;
apenas nos casos em que as partes não estiverem representa- IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da in-
das por advogado. terpretação da legislação trabalhista.

402
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
§ 2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar segui- § 2º Nos contratos que impliquem mobilização de empre-
mento ao recurso de revista que não demonstrar transcendên- gados da contratada em número igual ou superior a 20% (vinte
cia, cabendo agravo desta decisão para o colegiado. por cento) dos empregados da contratante, esta poderá dispo-
§ 3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter nibilizar aos empregados da contratada os serviços de alimenta-
transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral ção e atendimento ambulatorial em outros locais apropriados e
sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em com igual padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno
sessão. funcionamento dos serviços existentes.”
§ 4º Mantido o voto do relator quanto à não transcendên- “Art. 5º -A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que
cia do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucin- celebra contrato com empresa de prestação de serviços rela-
ta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal. cionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
§ 5º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, principal.
em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ...........................................................................” (NR)
ausente a transcendência da matéria. “Art. 5º -C. Não pode figurar como contratada, nos termos
§ 6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exerci- do art. 4º -A desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios
do pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita- tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contra-
-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do ape- tante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo
lo, não abrangendo o critério da transcendência das questões empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem
nele veiculadas.” (NR) aposentados.
“Art. 899. ............................................................. “Art. 5º -D. O empregado que for demitido não poderá
..................................................................................... prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade de em-
§ 4º O depósito recursal será feito em conta vinculada ao pregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso
juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. de prazo de dezoito meses, contados a partir da demissão do
§ 5º (Revogado). empregado.”
...................................................................................... Art. 3º O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 ,
§ 9º O valor do depósito recursal será reduzido pela metade passa a vigorar acrescido do seguinte inciso I-A:
para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos, “Art. 20. .............................................................
microempreendedores individuais, microempresas e empresas I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-
de pequeno porte. A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da Decreto- Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 ;
justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em re- .........................................................................” (NR)
cuperação judicial. Art. 4º O art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 ,
§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança passa a vigorar com as seguintes alterações:
bancária ou seguro garantia judicial.” (NR) “Art. 28. .............................................................
Art. 2º A Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974 , passa a vi- ...................................................................................
gorar com as seguintes alterações: § 8º (Revogado).
“Art. 4º -A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a a) (revogada);
transferência feita pela contratante da execução de quaisquer ....................................................................................
de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa § 9º .....................................................................
jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua ....................................................................................
capacidade econômica compatível com a sua execução. h) as diárias para viagens;
...........................................................................” (NR) ....................................................................................
“Art. 4º -C. São asseguradas aos empregados da empresa q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico
prestadora de serviços a que se refere o art. 4º -A desta Lei, ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado,
quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos,
uma das atividades da contratante, forem executados nas de- aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-
pendências da tomadora, as mesmas condições: -hospitalares e outras similares;
I - relativas a: .....................................................................................
a) alimentação garantida aos empregados da contratante, z) os prêmios e os abonos.
quando oferecida em refeitórios; ..........................................................................” (NR)
b) direito de utilizar os serviços de transporte; Art. 5º Revogam-se:
c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas de- I - os seguintes dispositivos da Consolidação das Leis do
pendências da contratante ou local por ela designado; Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, maio de 1943 :
quando a atividade o exigir. a) § 3º do art. 58 ;
II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segu- b) § 4º do art. 59 ;
rança no trabalho e de instalações adequadas à prestação do c) art. 84 ;
serviço. d) art. 86 ;
§ 1º Contratante e contratada poderão estabelecer, se as- e) art. 130-A ;
sim entenderem, que os empregados da contratada farão jus f) § 2º do art. 134 ;
a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, g) § 3º do art. 143;
além de outros direitos não previstos neste artigo. h) parágrafo único do art. 372 ;
i) art. 384 ;

403
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
j) §§ 1º , 3º e 7º do art. 477 ; (D) somente através de advogados ou de sindicatos, nos
k) art. 601 ; termos da norma constitucional aplicável.
l) art. 604 ; (E) pessoalmente, apenas para o reclamado, sendo obriga-
m) art. 792 ; tória ao reclamante a constituição de advogado.
n) parágrafo único do art. 878 ;
o) §§ 3º, 4º, 5º e 6º do art. 896 ; 2. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
p) § 5º do art. 899 ; TRATIVA – FCC/2013) O prazo destinado à parte para, respecti-
II - a alínea a do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de vamente, apresentar agravo de instrumento, recurso ordinário
julho de 1991 ; e embargos declaratórios é de
III - o art. 2º da Medida Provisória nº 2.226, de 4 de setem- (A) 10 dias; 8 dias; 5 dias.
bro de 2001 . (B) 10 dias; 8 dias; 48 horas.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e vinte (C) 8 dias; 8 dias; 8 dias.
dias de sua publicação oficial. (D) 8 dias; 8 dias; 5 dias.
(E) 8 dias; 8 dias; 48 horas.

SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS DO TST 3. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-


EM MATÉRIA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO TRATIVA – FCC/2013) Quanto à prova testemunhal no proces-
so do trabalho, é correto afirmar que se diferenciam o rito ordi-
Prezado candidato o edital não especifica quais Súmulas e nário e o rito sumaríssimo em razão de
Orientações Jurisprudenciais do TST serão abordadas, portan- (A) no rito ordinário limita-se a três testemunhas para cada
to, disponibilizaremos o site oficial para consulta e comple- parte e no rito sumaríssimo limita-se a duas testemunhas
mento de seus estudos, conforme segue: para cada parte.
https://www.tst.jus.br/sumulas (B) no rito ordinário limita-se a três testemunhas para cada
https://www.tst.jus.br/web/guest/ojs fato e no rito sumaríssimo limita-se a três para cada parte.
(C) no rito ordinário limita-se a duas testemunhas para cada
fato e no rito sumaríssimo limita-se a duas para cada parte.
INSTRUÇÕES NORMATIVAS E ATOS EM GERAL DO TST (D) em ambos os ritos a limitação do número de testemu-
EM MATÉRIA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO nhas dá-se em função do conteúdo da petição inicial e da
contestação, até o limite máximo de seis para cada parte.
Prezado candidato o edital não especifica quais Instruções (E) em ambos os ritos a limitação do número de testemu-
Normativas e Atos em Geral do TST serão abordados, portan- nhas dá-se em função da matéria debatida, até o limite má-
to, disponibilizaremos o site oficial para consulta e comple- ximo de três para cada parte.
mento de seus estudos, conforme segue:
https://www.tst.jus.br/instrucoes-normativas 4. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
https://www.tst.jus.br/web/guest/atos-normativos TRATIVA – FCC/2013) Tendo sido a intimação publicada no Di-
ário Oficial no dia 02 de agosto – 6ª feira, o prazo de cinco dias
para a parte apresentar a manifestação determinada pelo Juiz
SÚMULAS VINCULANTES DO SUPREMO TRIBUNAL vence em:
FEDERAL RELATIVAS AO DIREITO PROCESSUAL DO (A) 06 de agosto – 3ª feira.
TRABALHO (B) 07 de agosto – 4ª feira.
(C) 08 de agosto – 5ª feira.
Prezado candidato o edital não especifica quais Súmulas (D) 12 de agosto – 2ª feira.
Vinculantes do STF serão abordadas, portanto, disponibiliza- (E) 09 de agosto – 6ª feira.
remos o site oficial para consulta e complemento de seus es-
tudos, conforme segue: 5. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=ju- TRATIVA – FCC/2013) Joana foi contratada em Salvador (BA)
risprudenciaSumulaVinculante pela empresa Moça Bonita Indústria de Confecções Ltda., para
prestar serviços em Juazeiro (BA). Considerando que Joana re-
side em Petrolina (PE), eventual reclamação trabalhista que Jo-
EXERCÍCIOS ana pretenda ajuizar deverá ser distribuída para uma das Varas
do Trabalho de
1. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- (A) Salvador, que é o local da contratação.
TRATIVA – FCC/2013) O processo do trabalho admite a presen- (B) Juazeiro, que é o local da prestação dos serviços.
ça de reclamante e reclamado, atuando na primeira instância (C) Petrolina ou Juazeiro, indiferentemente, ou seja, no
(A) pessoalmente, sendo facultada a constituição de advo- local do domicílio do empregado ou no da prestação dos
gados. serviços.
(B) somente através de advogados, porque foi revogado (D) Salvador ou Juazeiro, indiferentemente, ou seja, no lo-
pela Constituição Federal de 1988 o direito de reclamação cal da contratação ou no da prestação dos serviços.
diretamente pela parte. (E) Petrolina, que é o local do domicílio da trabalhadora.
(C) pessoalmente, sendo vedada a constituição de advoga-
dos, por ofender o princípio de acesso à Justiça.

404
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
6. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- I. Com a nova lei trabalhista, as férias dos trabalhadores
TRATIVA – FCC/2013) NÃO se caracterizam como bens absolu- podem ser fracionadas em até três ou mais vezes, mesmo sem
tamente impenhoráveis: a autorização do empregado.
(A) os móveis, pertences e utilidades domésticas que guar- II. Com a nova lei trabalhista a contribuição sindical não é
necem a residência do executado. mais obrigatória. Será cobrada apenas de trabalhadores que au-
(B) os seguros de vida. torizarem o desconto de seu salário.
(C) os salários. III. Com a reforma trabalhista, o trabalhador que não com-
(D) os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal parecer a audiências ou perder ações na Justiça terá de pagar
do executado, mesmo que de elevado valor. custos processuais e honorários da parte contrária. Caso o juiz
(E) as pequenas propriedades rurais, assim definidas em lei, entenda que agiu de má fé, poderá haver multa e pagamento
desde que trabalhadas pela família. de indenizações.
IV. Com a nova lei trabalhista, não haverá controle de jor-
7. (TRT/5R/BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- nada para a modalidade home office. A remuneração do traba-
TRATIVA – FCC/2013) Luzinete ajuizou reclamação trabalhis- lho realizado em casa será por tarefa.
ta em face de seu ex-empregador Panificadora Pão Bom Ltda.,
tendo sido designada audiência UNA para o dia 20 de agosto. (A) Apenas o enunciado I está incorreto
Na data da audiência comparecem Luzinete e seu advogado e (B) Os enunciados I, II e III estão incorretos
o advogado da reclamada, mas não comparece qualquer repre- (C) Apenas o enunciado IV está incorreto
sentante da Panificadora, sem que haja um motivo relevante (D) Os enunciados I, III e IV estão incorretos
para tanto. O efeito da ausência do representante legal da re- (E) Todos os enunciados estão incorretos
clamada à audiência é
(A) nenhum, pois o advogado da mesma estava presente, 10. Nos termos do art. 1° da Lei nº 6.858/1980, “os valores
podendo a audiência prosseguir normalmente. devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes
(B) nenhum, pois o advogado da mesma estava presente, das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Ser-
mas o juiz terá que designar nova data para a realização da viço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em
audiência. vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais,
(C) arquivamento do processo. aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na
(D) a suspensão da audiência, até a chegada de um outro forma da legislação específica dos servidores civis e militares,
representante. e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados
(E) a revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. em alvará judicial, independentemente de inventário ou arro-
lamento”. Considerando tal dispositivo e os demais dispositivos
8. Considerando o disposto na Consolidação das leis do Tra- legais de promoção de inventário e partilha extrajudicial, assi-
balho (CLT) e as alterações advindas da Lei nº 13.467/2017, é nale a alternativa correta.
correto afirmar que (A) A escritura pública de inventário e partilha é juridicamen-
(A) consideram-se gorjetas as liberalidades concedidas pelo te válida para o recebimento do FGTS – Fundo de Garantia
empregador em forma de bens, serviços ou valor em di- por Tempo de Serviço, por herdeiros ou dependentes.
nheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão (B) O fato de haver herdeiro com idade de 17 (dezessete)
de desempenho superior ao ordinariamente esperado no anos, mas emancipado, impede a realização de inventário e
exercício de suas atividades. partilha por meio de escritura pública, restando às partes a
(B) está previsto legalmente a integrar o salário, além da via judicial.
importância fixa estipulada, apenas as comissões pagas (C) Em escritura de inventário e partilha, a divisão dos bens
pelo empregador. deixados pelo autor da herança terá de obedecer estrita-
(C) as importâncias pagas a título de ajuda de custo, prêmios mente à ordem e forma de partilha previstas em leis que re-
e abonos, ainda que habituais, integrarão a remuneração, gulam a sucessão por morte, não podendo as partes dispor
sendo incorporados ao contrato de trabalho e constituindo de forma diversa à prevista em lei.
base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. (D) Se os herdeiros ou dependentes, maiores e capazes, não
(D) considera-se prêmio não só a importância espontane- tiverem como demonstrar o saldo da conta de FGTS do autor
amente dada pelo cliente ao empregado, como também o da herança para promover escritura de inventário e partilha,
valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a restar-lhes-á, como meio de obter a informação acerca desse
qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. saldo (emissão de um extrato, por exemplo), o ajuizamen-
(E) compreendem-se na remuneração, para todos os efei- to de ação em que requererão ordem judicial de entrega do
tos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo extrato, já que não é juridicamente possível lavrar escritura
empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas prévia à própria escritura de inventário e partilha, por meio
que receber. da qual se nomeie inventariante que, exibindo-a, requeira a
emissão do extrato à Caixa Econômica Federal.
9. A Lei 13.467/17 modificou mais de 200 dispositivos da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Vários críticos da nova 11. (Prefeitura de Timóteo/MG – Advogado – FCM/2022)
lei trabalhista brasileira afirmam que tais mudanças devem pre- Avalie o que se afirma sobre o regime jurídico da tutela provi-
carizar ainda mais as relações de trabalho. Quanto as alterações sória.
da nova lei, analise os enunciados abaixo e em seguida assinale I - A tutela provisória de urgência pode ter caráter satisfa-
a alternativa correta: tivo ou cautelar, já a tutela provisória de evidência é de caráter
satisfativo/antecipado.

405
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
II - A tutela provisória de urgência pode ser requerida em 15. (SESCOOP/BA – Advogado – STATUS/2020) Sobre os
caráter antecedente ou incidente, já a tutela provisória de evi- pronunciamentos do juiz, assinale a alternativa correta com
dência só pode ser requerida em caráter incidente. base na legislação processual civil:
III - A tutela provisória antecedente é liminar e segue rito (A) O julgamento colegiado proferido pelos tribunais é de-
próprio disciplinado no CPC. nominado como decisão interlocutória.
IV - Na tutela provisória incidental não é necessária a ins- (B) Todo pronunciamento judicial que não se enquadra na
tauração de um incidente processual, com fase probatória es- definição de sentença é considerado despacho.
pecífica, para a apreciação de seu pedido. (C) A juntada e a vista obrigatória dependem de despacho,
V - A decisão acerca da tutela provisória é discricionária, e não podem ser praticados de ofício pelo servidor público.
tanto que admite revogação ou modificação a qualquer tempo (D) A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição,
por decisão motivada do juiz. pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.

Está correto apenas o que se afirma em 16. (Câmara de Sertãozinho/SP – Procurador – VU-
(A) I, II, III, IV. NESP/2019) A respeito dos pronunciamentos do juiz, é correto
(B) I, III, IV. afirmar:
(C) IV e V. (A) Decisão interlocutória é todo ato judicial de natureza
(D) II e V. decisória.
(B) São despachos todas as manifestações do juiz pratica-
12. (DPE/PI - Defensor Público - CESPE/CEBRASPE/2022) A das no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
concessão da tutela de urgência de natureza antecipada exige (C) Os atos meramente ordinatórios dependem de despa-
(A) abuso do direito de defesa. cho, mas podem ser praticados de ofício pelo servidor e
(B) dispensabilidade de justificação prévia. revistos pelo juiz, quando necessário.
(C) reversibilidade da decisão. (D) É sentença o ato do juiz que, aplicando as hipóteses pre-
(D) prestação de caução, se a parte não for hipossuficiente. vistas nos artigos 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva
(E) prova documental. do procedimento comum.
(E) A decisão interlocutória é, em regra, a manifestação por
13. (TJ/RJ - Analista Judiciário - CESPE/CEBRASPE/2021) meio da qual o juiz extingue a execução.
Conforme expressamente previsto no CPC, a regra processual
que permite a concessão de tutela provisória em caráter ante- 17. (DPE/RJ - Técnico Médio de Defensoria Pública –
cedente se aplica à tutela FGV/2019) Tendo percebido que um dos litisconsortes ativos
(A) da evidência, de natureza cautelar ou antecipada. era parte ilegítima, o juiz reconheceu ser ele carecedor do direi-
(B) da evidência, somente quando for cautelar. to de ação, tendo determinado o prosseguimento do feito em
(C) da evidência ou de urgência, em qualquer de suas mo- relação às demais partes.
dalidades.
(D) de urgência, de natureza cautelar ou antecipada. A natureza desse pronunciamento judicial é de:
(E) de urgência, somente quando for antecipada. (A) sentença.
(B) decisão interlocutória.
14. (PGE/RS - Analista Jurídico – FUNDATEC/2021) Analise (C) despacho.
as assertivas abaixo transcritas: (D) decisão monocrática.
I. De acordo com a sistemática legal projetada no Código (E)ato meramente ordinatório.
de Processo Civil, a tutela provisória de urgência, cautelar ou
antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou in- 18. (Prefeitura de Milagres/CE - Procurador Jurídico – CEV/
cidental. URCA/2018) Sobre os pronunciamentos do juiz, assinale a op-
II. Independentemente da reparação por dano processual, ção incorreta:
o demandante responde pelo prejuízo que a efetivação da tu- (A) Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,
tela de urgência causar à parte adversa se o juiz, ao proferir decisões interlocutórias e despachos.
sentença, acolher a alegação de decadência ou prescrição da (B) Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz
pretensão do autor. encerra a fase cognitiva do procedimento comum, com ou
III. A tutela da evidência será concedida, independente- sem resolução de mérito.
mente da demonstração, pela parte autora, quanto à presença (C) Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tri-
de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, nos bunais.
casos em que as alegações de fato puderem ser comprovadas (D) Dos despachos cabe recurso.
apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamen- (E) Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial
to de casos repetitivos. de natureza decisória que não verse sobre a extinção do
processo.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas I e II.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.

406
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
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GABARITO
______________________________________________________
1 A ______________________________________________________
2 D
______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 E
5 D ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 E
______________________________________________________
8 E
9 A ______________________________________________________

10 A ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 D
14 E ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 D
______________________________________________________
17 B
18 D ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO
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